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IMORALIDADE SEXUAL
3ª Edição
ISBN 978-85-902941-4-6
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Capítulo 1
O engano do pecado
Um pouco da minha história
Três problemas principais
“Aquele que está em pé, veja que não caia"
Entendendo melhor o problema
Como o cristão deve enfrentar uma situação assim?
O vício sexual e a prisão espiritual
Capítulo 2
Prisão diabólica
Capítulo 3
Repreensão
A vergonha
Repreendido por homens, abençoado por Deus
Pecado, repreensão, arrependimento
O Senhor repreende a quem ama
O propósito da repreensão
Quando a pessoa não se arrepende
Deilia
Eeulabeia
Phobos
O temor do Senhor
Quem teme não será aperfeiçoado no amor?
O aperfeiçoamento do amor
O que é o amor perfeito?
O amor maduro
Capítulo 4
Arrependimento
A tristeza e o arrependimento
Um cristão afastado da graça
Afligí-vos, lamentai e chorai
Ouro refinado pelo fogo, para te enriqueceres.
Vestiduras brancas para te vestires
Colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
Conversão do riso em pranto
O valor do arrependimento
O arrependimento aplaca a ira de deus
Tempo para se arrepender
Reprovação divina
As lágrimas de Esaú
Obediência à verdade
Deus vos exaltará
A purificação das mãos
Dupla intenção
Entristecimento consciente
Humilhação e exaltação
Capítulo 5
Perdão
Para que Satanás não alcance vantagem sobre nós
A realidade do problema
O perigo de desprezar os outros
Aprendendo com os erros dos outros
“Justiceiros de deus”
Quem foi perdoado, perdoa
Raiz de amargura
Quem precisa de perdão, perdoa
Por quê nem todas as orações são atendidas?
Não condeneis e não sereis condenados
Quem planta, colhe
Autor
Parceria
AGRADECIMENTOS
Hebreus 3.13
Exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se
chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido
pelo ENGANO DO PECADO.
Tecnicamente falando, tentação e pecado são duas coisas
diferentes. Nem sempre uma pessoa que é tentada chega a cometer
o pecado. Todos nós sabemos que não é pecado ser tentado,
contudo, qualquer pecado só chega a se tornar uma realidade
depois que surge alguma tentação. E não raramente, a sutileza da
tentação é tamanha que nem percebemos quando começamos a
pecar e pensamos que ainda estamos sendo tentados. Envolver-se
intencionalmente com os sentimentos que surgem durante o período
que chamamos de tentação já é pecado! Em outras palavras,
poderíamos dizer que não é pecado ser tentado, mas “curtir as
sensações e vontades que surgem durante a tentação”, é.
A este elemento de sutileza envolvente que há na tentação a
Bíblia chama de “engano do pecado”. Quando Paulo contava um
pouco da sua história antes de ter conhecido a Cristo, ao referir-se a
um determinado momento da sua vida, ele disse: “o pecado me
enganou e me matou” (Romanos 7.11). O pecado seduz e engana.
Exatamente o que Paulo disse: “o pecado me enganou!”.
Uma das razões pelas quais o pecado engana se deve ao fato
dele se esconder por trás de coisas normais, por trás de
necessidades básicas que foram criadas pelo próprio Deus.
Todo cristão sabe que qualquer obra da carne também pode ser
chamada de pecado. Todavia, o que às vezes não percebemos é
que cada obra da carne listada por Paulo em Gálatas é, na verdade,
uma perversão de alguma necessidade autêntica que Deus criou.
Vejamos: prostituição, impureza, lascívia, são perversões do
desejo sexual inventado por Deus e colocado em meio aos
“instintos” de todo ser humano. A idolatria acontece quando alguém
dá prioridade a qualquer outra coisa em sua vida que não seja à
pessoa de Deus e isso pode ser o trabalho, a diversão, o dinheiro ou
o sexo. O desejo sexual é algo normal, mas o desejo descontrolado
e desmedido, não.
Que a verdade seja dita: o cristão que peca tem prazer, enquanto
o cristão que resiste ao pecado sofre! No entanto, é importante
saber que existem sofrimentos prazerosos e prazeres que trazem
sofrimentos dolorosos.
Assim também para que “não sejamos tentados além das nossas
forças”, precisamos respeitar os “limites de carga máxima” que
podemos suportar. Pois será relativamente difícil continuarmos “de
pé” ao tentarmos resistir às tentações que surgirem se estivermos
sobrecarregados.
Número 2
Sei que isso pode soar insignificante para alguns, mas somente
quando você mantém uma vida de oração constante e de meditação
na Palavra é que você percebe o quanto pode ser superficial em seu
estilo de vida cristão. E é exatamente por isso que sentimos as
pressões que a vida oferece com muito mais impacto do que
deveriam ter em nossas emoções.
Lembrando que tudo isso que Paulo diz que não deve acontecer,
pode, sim, acontecer! E quando digo “pode” eu me refiro ao sentido
de ser “possível”. Por favor, não pense que esta é uma declaração
negativa que vai atrair o mal sobre a vida de alguém; antes, é um
reconhecimento de uma verdade da qual não se pode esquecer,
pois não existe força divina nos bastidores da vida que vá nos
proteger da nossa própria vontade de nos oferecermos ao pecado.
É uma situação triste, mas é algo que acontece com muito mais
frequência do que gostaríamos de admitir, especialmente no que diz
respeito ao pecado sexual. Somente reconhecendo a dura realidade
dos fatos poderemos ter maturidade para lidar com problemas
dessa natureza quando nos depararmos com eles e também
teremos mais maturidade para tratar com irmãos que forem
surpreendidos em algum pecado (Gálatas 6.1).
Romanos 6.17-19
17
Mas graças a Deus porque, outrora, ESCRAVOS DO
PECADO, contudo, viestes a OBEDECER DE CORAÇÃO À
FORMA DE DOUTRINA a que fostes entregues; 18 e, uma vez
LIBERTADOS DO PECADO, fostes feitos servos da justiça. 19
Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne.
Assim como oferecestes os vossos membros para a
ESCRAVIDÃO DA IMPUREZA e da maldade para a maldade,
assim OFERECEI, AGORA, OS VOSSOS MEMBROS PARA
SERVIREM À JUSTIÇA PARA A SANTIFICAÇÃO.
2 Timóteo 2.24-26
24
Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a
contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para
instruir, paciente, 25 disciplinando com mansidão os que se
opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o
arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, 26
mas também O RETORNO À SENSATEZ, LIVRANDO-SE
eles dos laços do diabo, tendo sido FEITOS CATIVOS por ele
PARA CUMPRIREM A SUA VONTADE.
Há muitas verdades importantes nesse texto de 2 Timóteo, mas
por enquanto ficaremos apenas com a parte do versículo 26.
Observe a precisão usada por Paulo ao tratar sobre a situação
espiritual destes a respeito dos quais ele espera uma possível
libertação:
Marcos 5.5
4
porque, tendo sido muitas vezes PRESO COM GRILHÕES E
CADEIAS, AS CADEIAS FORAM QUEBRADAS POR ELE, e
OS GRILHÕES, DESPEDAÇADOS. E NINGUÉM PODIA
SUBJUGÁ-LO. 5 Andava sempre, de noite e de dia, clamando
por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com
pedras.
A VERGONHA
Normalmente o cristão que peca tem vergonha do pecado
cometido. Em certo sentido, o simples fato dele sentir-se mal por
causa do erro que praticou é um indício de que ele ainda pode ser
restaurado.
Quando um cristão já não se envergonha dos pecados que
comete e até chega a se orgulhar numa roda de amigos sobre
alguns deles, a situação está ficando grave. Pior ainda ficará
quando um cristão já cansado de esconder os pecados aos quais
volta regularmente decide abandonar o convívio da igreja e se
entrega despudoradamente a uma vida pública de pecados.
Muitas vezes assistimos alguns dos nossos irmãos percorrem
toda essa caminhada descrita acima sem sequer demonstrarmos
qualquer interesse em ajudar.
Às vezes não conseguimos ajudar porque simplesmente não
sabemos das particularidades da vida íntima de cada um. Mas, e
quando ficamos sabendo? Como reagimos? Que tipo de abordagem
fazemos em situações como estas? Afinal de contas, existe algum
tipo de padrão bíblico para a abordagem que deve ser feita por um
cristão a outro que for surpreendido em algum pecado?
Sim, graças a Deus nós temos instruções nas Escrituras sobre a
maneira bíblica para restaurar irmãos surpreendidos em algum
pecado ou mesmo presos em vícios como o do pecado sexual!
No encerramento da segunda carta de Paulo aos
Tessalonicenses ele comenta rapidamente sobre uma situação
desagradável que soubera estar acontecendo naquela comunidade
cristã. Ele diz que foi informado de que alguns dos irmãos estavam
andando desordenadamente, que não trabalhavam e ainda usavam
o tempo livre para ficar se metendo na vida dos outros (2
Tessalonicenses 3.11).
Paulo já tinha dado algumas instruções a respeito desse assunto
quando estivera presente com eles, e, agora, por meio da epístola,
volta a reforçar a mesma coisa que já tinha dito (2 Tessalonicenses
3.10,12). No entanto, visando uma possível correção por parte
daqueles que porventura insistissem no erro, ele acrescenta:
2 Tessalonicenses 3.14,15
14
Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada
por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para
que fique envergonhado. 15 Todavia, não o considereis por
inimigo, mas adverti-o como irmão.
No verso 6 do mesmo capítulo Paulo já tinha dito que os irmãos
deveriam se apartar daquele que estivesse com um comportamento
desordenado; e agora nos versículos 14 e 15 ele praticamente
repete a mesma coisa acrescentando mais algumas informações
importantes. Paulo disse que os irmãos não se associassem com
ele PARA QUE FICASSE ENVERGONHADO.
A vergonha sentida por um cristão por causa de um pecado
cometido pode surtir um efeito abençoador. Paulo tinha um objetivo
em mente quando deu as instruções que acabamos de ler. Havia um
propósito divino!
Triste é quando os irmãos não têm essa mesma motivação, o
mesmo interesse, e a única razão pela qual se afastam de alguém
na igreja é porque não querem ser vistas próximas de um irmão que
“foi apanhado em pecado”. Muitos até se afastam dos que andam
desordenadamente, não por seguirem as recomendações de Paulo
na tentativa de sensibilizar o irmão apanhado em erro, mas porque
estão mais preocupadas com a sua própria imagem.
Acredito que Paulo sabia tanto que as pessoas são assim que
ele já vai logo dizendo: “Façam o que eu recomendei, mas não é
para deixar de ter consideração por ele! Não vão agir carnalmente e
considerá-lo como um inimigo. O propósito é fazer uma advertência
de irmão!”
Talvez seja por isso que tanta gente não tem sido restaurada
como poderia. Talvez estejam faltando pessoas mais espirituais na
igreja que saibam como aplicar uma correção sem se deixar levar
pelas emoções do momento. É preciso ser realmente espiritual para
corrigir a vida de alguém carnal ou que está cedendo aos desejos
da carne (Gálatas 6.1).
Se realmente queremos nos apoiar uns aos outros de forma que
sejamos uma bênção para todos, precisamos tratar as faltas dos
irmãos com conhecimento e bondade. Só o conhecimento poderá
nos deixar “duros” demais; por outro lado, bondade, somente,
poderá nos deixar “moles” demais. É preciso um equilíbrio
apropriado para que possamos nos admoestar uns aos outros como
convém no Senhor.
Romanos 15.14
E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito,
de que estais possuídos de BONDADE, cheios de todo o
CONHECIMENTO, APTOS PARA VOS ADMOESTARDES
UNS AOS OUTROS.
A aptidão necessária para praticarmos a admoestação bíblica
vem da mistura destes dois elementos: bondade e conhecimento.
Outra coisa que penso ser importante mencionar é que quando
Paulo fala aos irmãos de Tessalônica que tenham certo
procedimento para com aquele irmão ocioso e fofoqueiro, o objetivo
está bem definido: para que ele fique envergonhado. Obviamente
que o sentido de tudo isso é para que aquele tratamento o faça
pensar, para que possa rever a sua vida, arrepender-se do
comportamento desordenado e mudar.
A partir do momento que o resultado esperado seja alcançado, é
imperativo que os irmãos o tratem com atenção e amor como
sempre o fizeram. Os irmãos não se associariam com ele enquanto
estivesse vivendo desordenadamente, mas a partir do momento que
aquele irmão aceitasse a correção e mudasse, os irmãos que
estavam seguindo as instruções de Paulo de se afastar, deveriam
mudar também!
O objetivo de tudo isso é abençoar a vida do irmão que está
vivendo desordenadamente. A correção, a disciplina, é uma grande
bênção na vida daquele que dela precisa. Assim como um pai que
corrige um filho porque o ama e não porque deseja trucidá-lo por
meio de açoites, a disciplina bíblica visa o arrependimento e a
salvação dos filhos de Deus.
Se a dosagem no tratamento dos irmãos para com aquele que
estava em pecado for além do limite bíblico e saudável, em vez de
surtir o efeito positivo que as Escrituras sugerem, é possível que
aquele irmão seja consumido por demasiada tristeza.
2 Coríntios 2.6-8 (Bíblia Viva)
6
Ele já foi suficientemente castigado com a reprovação
unânime de todos vocês. 7 Agora é o momento de perdoá-lo e
confortá-lo. Do contrário, ele poderá ficar tão amargurado e
tão desanimado que não será capaz de reabilitar-se. 8 Assim,
eu lhes peço que mostrem a ele agora que vocês
verdadeiramente ainda o estimam muito.
REPREENDIDO POR HOMENS,
ABENÇOADO POR DEUS
Existem casos em que o cristão tomará a decisão por si só de
fazer aquilo que é certo, abandonando assim o comportamento
desordenado; mas nem sempre as coisas funcionam assim. Em
inúmeras situações precisaremos da ajuda dos outros para que
possamos corrigir os erros que porventura estejamos cometendo.
2 Tessalonicenses 3.11
Pois, de fato, ESTAMOS INFORMADOS de que, entre vós, há
pessoas que andam desordenadamente...
É interessante observar que Paulo disse que foi informado.
Somente após a informação que lhe chegou a respeito do problema
ele pôde tomar a decisão do que fazer para resolver a questão.
Se vamos aceitar a participação dos irmãos em nosso progresso
como cristãos, mesmo que isto tenha que acontecer por meio de
alguma correção ou repreensão, é preciso tirar os olhos dos homens
e aceitar o tratamento que vem da parte de Deus.
A este respeito, duas coisas importantes devem ser observadas:
Primeiro: a pessoa que será repreendida precisa aceitar a
participação dos irmãos no seu processo de restauração,
mesmo quando esta participação envolve a repreensão por
algum erro cometido, pois o objetivo de tudo isso é corrigir o
comportamento inadequado ou pecaminoso para que assim
ele possa viver uma vida cada vez mais digna.
Segundo: os irmãos ou pastores que aplicarão a disciplina
precisam acreditar que a correção ou repreensão aplicada
surtirá o efeito esperado, ou seja, a mudança de vida (mesmo
que isso não tenha acontecido antes do pecado ser
descoberto e a repreensão recebida).
Não seria muito saudável se o irmão faltoso de Tessalônica
mantivesse a atitude de “querer saber quem foi avisar a Paulo sobre
o que ele estava fazendo de errado” ou de “querer prestar contas
com aquele que foi entregar o seu comportamento desordenado
para o pastor”. Se o irmão que vai ser repreendido mantém uma
atitude como esta, o que poderia acontecer é que ele talvez até
revolvesse seu problema pelo qual foi corrigido, mas geraria outros
que o acompanhariam dali para frente: o rancor, a mágoa e o
sentimento de vingança. Se ele vai aceitar a correção e mudar a sua
vida diante de Deus, a primeira coisa que ele tem que fazer é
realmente tirar os seus olhos dos homens e aceitar que tudo o que
está acontecendo é uma demonstração do cuidado do próprio Deus
pela sua vida.
Mas ainda existe outro probleminha relacionado a essa situação.
O fato é que alguns irmãos não se dão por satisfeitos mesmo que o
cristão pecador seja repreendido com toda justiça. Alguns se
precipitarão em dizer: “Ah, ele não se arrependeu coisa nenhuma!
Se estivesse mesmo arrependido, teria mudado sua vida antes do
pecado ser descoberto. Ele só se arrependeu porque os irmãos
estão sabendo e agora tem que passar pela disciplina”.
Como dissemos anteriormente, o cristão que mantém seu
coração sensível e não permite que ele seja sobrecarregado com as
coisas da vida, terá condição de se arrepender facilmente e logo em
seguida, redirecionar seus caminhos. Mas quando o cristão vai se
permitindo andar na carne cada vez mais e se habitua a praticar
certos pecados, inicialmente ele ficará espiritualmente insensível e
posteriormente ficará preso em laços do diabo, e, em casos assim,
ele precisará de uma intervenção divina, mesmo que seja por meio
de outras pessoas.
Alguns pensam que “não se arrependeram de verdade” aqueles
que se arrependem somente depois do pecado ser descoberto. O
fato é que não existe arrependimento verdadeiro ou arrependimento
falso. Se alguém chegar a se arrepender realmente, então a
experiência será verdadeira. Além disso, a Bíblia está cheia de
exemplos em que os homens se arrependeram somente depois que
seus pecados foram descobertos e confrontados.
Nossa pergunta principal não deveria ser: Como foi possível
acontecer tal pecado? Em vez disso, deveríamos perguntar: Como
Deus lida com situações dessa natureza? Uma análise das
Escrituras revela que o Senhor estabeleceu um modo claro e
previsível de resolver os problemas humanos.
Podemos ver em toda a extensão da Bíblia o Pai celestial lidando
sempre de modo firme com a iniquidade quando ela acontece.
Quando Adão e Eva comeram o fruto proibido, o Criador
imediatamente os admoestou. Diante da transgressão dos filhos de
Israel no deserto, Moisés chamou-lhes a atenção. Na rebelião do rei
Saul, o profeta Samuel o confrontou. Natã desafiou Davi, após seu
adultério com Bate-Seba. Em toda a história de Israel, observamos
as respostas consistentes de Deus ao pecado e à rebelião,
reprovando seu povo por intermédio dos profetas, visando
arrependimento e compromisso com ele.
É importante ter consciência disto, pois saberemos que estamos
seguindo um padrão bíblico para a restauração dos irmãos. O
próprio texto de Tessalonicenses é um exemplo essa questão:
primeiro Paulo fora informado sobre o erro de alguns irmãos, e, por
causa disso, tomou providências para repará-lo.
Nos textos do Novo Testamento também encontramos o mesmo
princípio do arrependimento somente após o confronto e a
repreensão: o próprio Paulo no caminho de Damasco, e Pedro, após
ter negado Jesus, foram questionados pessoalmente por ele. Além
destes casos, temos outras passagens que fazem uso do mesmo
princípio:
1 Tessalonicenses 5.14
1 Timóteo1.5
1. Repreensão;
2. Na presença dos outros;
3. Para que temam.
Romanos 13.1-5
1
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores;
porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as
autoridades que existem foram por ele instituídas. 2 De modo
que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de
Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
3
Porque os magistrados não são PARA TEMOR, quando se
faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu NÃO
TEMER a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, 4 visto
que a autoridade é ministro de Deus para teu bem.
Entretanto, se fizeres o mal, TEME; porque não é sem motivo
que ela traz a espada; pois é MINISTRO DE DEUS,
VINGADOR, PARA CASTIGAR o que pratica o mal. 5 É
necessário que lhe estejais sujeitos, NÃO SOMENTE POR
CAUSA DO TEMOR DA PUNIÇÃO, mas TAMBÉM por dever
de consciência.
Romanos 11.20
Pela sua incredulidade, [os judeus] foram quebrados; tu,
porém, mediante a fé, estás firme. Não te ensoberbeças, MAS
TEME.
Romanos 13.7 (Versão Revisada)
DAI A CADA UM O QUE LHE É DEVIDO: a quem tributo,
tributo; a quem imposto, imposto; A QUEM TEMOR, TEMOR;
a quem honra, honra.
Efésios 6.5
Quanto a vós outros, servos, OBEDECEI A VOSSO SENHOR
segundo a carne COM TEMOR e tremor, na sinceridade do
vosso coração, como a Cristo.
Colossenses 3.22
Servos, OBEDECEI EM TUDO AO VOSSO SENHOR
SEGUNDO A CARNE, não servindo apenas sob vigilância,
visando tão-somente agradar homens, mas em singeleza de
coração, TEMENDO AO SENHOR.
Efésios 5.21
Sujeitando-vos uns aos outros NO TEMOR DE CRISTO.
Apocalipse 19.5
Saiu uma voz do trono, exclamando: DAI LOUVORES AO
NOSSO DEUS, todos os seus servos, OS QUE O TEMEIS, os
pequenos e os grandes.
Apocalipse 15.4
QUEM NÃO TEMERÁ E NÃO GLORIFICARÁ O TEU NOME,
Ó SENHOR? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações
virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se
fizeram manifestos.
Eu sei que mesmo diante de todos os textos que vimos acima,
sem falar de outros que não foram citados, ainda assim alguns
irmãos seriam capazes de procurar algum versículo, ou até mesmo
metade dele, para usarem como desculpa do porquê não querem
aceitar ou praticar este temor a Deus.
De vez em quando surgem doutrinas que são construídas com
base apenas em partes de verdades da Bíblia e são levadas ao
extremo por aqueles que se aventuram a ter uma devoção seletiva
pelas Escrituras. Hoje em dia, por exemplo, está muito em moda o
tipo de mensagem que menospreza todo e qualquer ensinamento
sobre juízo da parte de Deus ou que ensine sobre qualquer
responsabilidade atribuída ao cristão.
Camuflados por trás de palavras como “graça” e outras
semelhantes, ou mesmo usando versículos da Bíblia como pretexto,
muitos irmãos são capazes de ignorar todos os 18 versículos que
vimos acima por causa de um ou dois relativamente mal
interpretados.
A capacidade do filho de Deus de poder sentir vergonha, de
sentir-se culpado por algum pecado cometido, a bênção de ser
capaz de sentir o peso de uma repreensão por algum
comportamento indevido, são virtudes cristãs que não podem ser
perdidas no Corpo de Cristo.
Se um pai repreende ou reprova o procedimento de um filho e
este simplesmente dá as costas com um riso zombeteiro nos lábios,
sem nem mesmo sentir-se mal por ter desagradado o pai, o que
você me diria a respeito deste comportamento? O que se poderia
dizer sobre tal atitude? Um filho desordeiro e rebelde que “não
perde a sua paz” independente do número de reprovações ou
reprimendas que sejam feitas por seus pais, sofrerá as
consequências da sua irresponsabilidade mais cedo ou mais tarde.
Se as Escrituras nos estimulam a olharmos para formigas para
que aprendamos lições espirituais de valor, por que não podemos
observar a relação familiar entre pais e filhos para aprendermos
sobre nossa relação espiritual com nosso Pai Celeste?
O reconhecimento da nossa pequenez e fragilidade como seres
humanos diante da grandeza e invulnerabilidade do nosso Deus e
Pai nos constrange como seus filhos a lhe prestarmos submissão,
obediência e temor.
QUEM TEME
NÃO SERÁ APERFEIÇOADO NO AMOR?
Já vi alguns irmãos se apegarem ao texto de 1 João 4, de onde a
frase acima fora equivocadamente elaborada, para fazerem
declarações extremistas sobre o amor de Deus e sobre o “temor”
que, supostamente, todo crente deveria descartar.
1 João 4. 18
No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o
medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme
não é aperfeiçoado no amor.
Existem muitos pontos importantes a serem considerados no
texto acima para que o entendamos corretamente sem destoá-lo do
restante das Escrituras.
A palavra grega que no verso 18 é traduzida por “medo” é a
palavra “phobos” e a palavra “teme” foi traduzida de um derivado da
mesma palavra. Como vimos anteriormente, a palavra “phobos”
pode ser usada no sentido positivo ou no sentido negativo e o seu
sentido aqui é estritamente negativo. Ainda assim, existem algumas
coisas interessantes a se considerar sobre esta declaração feita por
João.
A primeira coisa que eu quero que você observe é que João diz
duas frases no mesmo versículo que têm praticamente o mesmo
significado:
1 João 4.12
Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros,
Deus permanece em nós, E O SEU AMOR É, EM NÓS,
APERFEIÇOADO.
1 João 4.17
NISTO É EM NÓS APERFEIÇOADO O AMOR, para que no
Dia do Juízo mantenhamos confiança; pois, segundo ele é,
também nós somos neste mundo.
João fala de certa forma que nos faz entender que é preciso
manter um padrão de comportamento dentro da vontade de Deus
para que o seu amor se aperfeiçoe (1 João 4.13,15,16). No verso 12
ele diz: SE AMARMOS UNS AOS OUTROS, DEUS PERMANECE
EM NÓS E o seu amor será aperfeiçoado na gente.
João 14.21
2 João 1.6
1 João 5.3
João 15.10
Você diz que ama a Deus? Você deseja ser aperfeiçoado neste
amor? Então guarde os mandamentos de Jesus Cristo! Agora,
curiosamente, seus principais mandamentos também estão
relacionados ao amor. ELE ORDENA que nos amemos uns os
outros COMO ELE nos amou (João 13.34, João 15.12).
Ora, quando eu amo a Deus eu guardo os seus mandamentos
(João 14.15). Por sua vez seus mandamentos me ordenam amar os
outros (João 13.34). Quando eu amo os outros, o amor de Deus é
aperfeiçoado em mim (1 João 4.12).
É um verdadeiro ciclo divino de amor e obediência. Tudo se
resume nisto. De 1 João 4.19 em diante ele deixará cada vez mais
claro que o amor que temos pelos outros é uma consequência direta
da descoberta deste amor que Deus teve por nós. Como ponto de
partida amamos inicialmente a Deus, porque ele nos amou primeiro:
1 João 4.19
Nós amamos porque ele nos amou primeiro.
E se pensamos que amamos a Deus mas não estamos
conseguindo amar os irmãos, então antes de sermos chamados de
mentirosos é melhor pensarmos novamente se realmente
conhecemos este amor (1 João 4.20, 1 João 4.8). Pois a grande
verdade é que todo aquele que nasceu de Deus não apenas ama ao
Deus que lhe gerou, como naturalmente amará todos os que
também nascerem dele:
1 João 5.1
Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus;
E TODO AQUELE QUE AMA AO QUE O GEROU TAMBÉM
AMA AO QUE DELE É NASCIDO.
Que fique claro que temos um mandamento: Quem ama a Deus,
ame também a seu irmão! (1 João 4.21).
Por outro lado, se alguém disser “Ah, mas eu amo muito a Deus”
e na verdade mantiver ódio em seu coração contra um irmão, ele
não é nada mais do que um mentiroso, pois aquele que não ama a
seu irmão a quem vê, não conseguirá amar a Deus a quem não vê,
e mentirosos não tem condição de estar confiantes diante do Juiz de
toda a terra (1 João 4.20). Até porque aquele que odeia a seu irmão
é assassino e todo mundo sabe que um assassino não tem a vida
eterna permanente em si (1 João 3.15).
1 João 3.18,19
18
Filhinhos, não AMEMOS de palavra, nem de língua, mas
DE FATO E DE VERDADE. 19 E nisto conheceremos que
somos da verdade, bem como, PERANTE ELE,
TRANQUILIZAREMOS O NOSSO CORAÇÃO.
Este versículo retrata um apelo para os filhos de Deus (a quem
ele chama de “filhinhos”). Não é para pecadores, pois eles nem
sequer tem condição de cumprir esta obrigação. Veja também que
este texto traz alguns dos elementos que já lemos um pouco acima.
Aqui João está dizendo que “se amarmos de verdade
tranquilizaremos nosso coração diante de Deus”. É semelhante a 1
João 4.12 e 17 que diz: “se amarmos uns ao outros o seu amor será
aperfeiçoado em nós e no dia do juízo teremos confiança”.
Ora, isso não faz todo o sentido? O temor da punição pressupõe
que houve desobediência a um mandamento, mas se o
mandamento que me fora dado é amar os outros, então, se me
aperfeiçoo neste amor, eu estarei na verdade me aperfeiçoando na
obediência do mandamento que me fora dado, LOGO, o “perfeito
amor”, que é o mesmo que “perfeita obediência”, lançará fora todo o
medo! Afinal, quem cumpre o mandamento não teme nenhum mal!
(Eclesiastes 8.5).
O AMOR MADURO
Para João a importância do amor no Cristianismo é tamanha que
somente em sua primeira epístola ele fez uso da palavra “amor”, em
suas diversas formas, mais de 40 vezes. Somente entre 1 João 4.7
e 1 João 5.3 a palavra amor aparece 32 vezes no original grego.
A palavra “perfeito” usada por João para classificar o amor que
devemos ter significa maduro, adulto, completo, finalizado ou pleno.
Podemos comparar o aperfeiçoamento do amor de um cristão ao
seu Deus com o amadurecimento do amor e da obediência de um
filho ao seu pai.
Quando a criança nasce o seu pai a ama, mas a criança ainda
não ama o seu pai, pelo menos não plenamente. Mas à medida que
esta criança se desenvolve, o seu amor amadurecerá juntamente
com ela.
Quando o filho é ainda criança ele não tem maturidade para
assimilar o porquê das diretrizes e ordens que lhe são dadas pelo
pai. Sabemos que a ignorância está apegada a alma da criança,
mas a vara da correção resolverá esse problema (Provérbios 22.15).
Nesta fase do relacionamento a criança aprenderá através da
correção e da disciplina, inclusive por meio da vara. Pode não ser a
melhor maneira, mas para aquele ponto na vida da criança, em seu
processo de crescimento, talvez seja a única forma possível. Assim,
a criança muitas vezes aprenderá a obedecer por medo da punição
de uma possível desobediência.
À medida que este filho amadurece e se torna homem feito, com
o caráter formado, ele terá um comportamento compatível com a
educação que recebeu. Mas nesta fase da sua vida, ele terá um
procedimento correto não por temer ser punido por seu pai, mas
porque aquilo agora faz parte do que ele é. Este talvez seja um bom
exemplo daquilo que a epístola de João ensina sobre o
“aperfeiçoamento do amor”.
Capítulo 4
ARREPENDIMENTO
Apocalipse 2.16
Apocalipse 2.22
2 Coríntios 13.5
Atos 16.14
2 Timóteo 2.24
2 Coríntios 7.1
1 Coríntios 7.34
Primeiro:
Assuma a responsabilidade. Se não queria que as
pessoas falassem mal de você, que não tivesse feito o
que fez. Lembre-se do ditado do meu amigo: “Não
devemos dar lugar ao diabo, nem aos irmãos”.
Segundo:
Não erre por causa das pessoas. Se os outros cristãos
erram por tratarem a situação de uma forma carnal,
você, contudo, não pode interromper sua própria
restauração espiritual por causa deles. Não perca sua
paz e não entre na carne. Um erro não justifica outro.
Terceiro:
Não os julgue. As pessoas podem pensar
erroneamente que possuem o direto de falar mal de
quem pecou, por se julgarem corretos. No entanto, uma
vez que você despertou para as coisas de Deus e não
deseja aborrecer ao Senhor com atitudes reprováveis,
viva como quem sabe que não deve falar mal de um
irmão em Cristo. Não os critique, não os ataque, não os
julgue. Guarde o seu coração de atitudes mesquinhas.
Claro que toda e qualquer verdade bíblica sobre perdão pode ser
aplicada por qualquer um que realmente queira estar em paz com
Deus e agradá-lo por meio do seu procedimento correto. Por isso é
de grande relevância estes ensinamentos para todo cristão.
Depois de liberto do pecado sexual, o filho de Deus precisará
vencer a mágoa que porventura tenha deixado se estabelecer em
seu coração por causa da forma como alguns tenham lhe tratado
por causa do seu pecado.
Sei que alguns acreditam que o cristão que peca não tem direito
a ter sentimentos, e mesmo que os tenha, não merecem ser
considerados. No entanto, a verdade é bem diferente deste
sentimento de revolta por parte de alguns. Todo ser humano tem
sentimentos, inclusive o cristão arrependido, e em momentos de
grande comoção, durante um período de correção e disciplina, suas
emoções podem ficar à flor da pele. Lembre-se de como se sentiu
Davi, conforme nos revelou o Salmo 31.
Por incrível que pareça, a mágoa e o ressentimento poderão se
tornar alguns dos obstáculos mais difíceis de superar no processo
de restauração da espiritualidade do cristão que se libertou da
imoralidade. Vou explicar o porquê.
Quando alguém que esteve preso à imoralidade verdadeiramente
se liberta e passa a viver uma vida de comunhão com Deus,
normalmente se torna muito interessado em manter uma vida de
oração e meditação na Palavra. Se não tomar cuidado, poderá se
sentir tão santo por sua nova vida de integridade para com Deus e
os homens, que pode terminar menosprezando aqueles que estão
incorrendo no erro de julgá-lo.
É importante ser cuidadoso para não olhar para os fofoqueiros
com desprezo e perder a misericórdia para com aqueles que não
controlam a língua. Os irmãos que o condenaram não devem se
tornar objeto da sua ira e indignação, pois se você não perdoar os
que supostamente não lhe perdoaram, poderá ficar atrofiado em sua
caminhada espiritual.
Quão triste seria vencer o pecado sexual e deixar de crescer em
sua vida espiritual por falta de amor e perdão.
O PERIGO DE DESPREZAR OS OUTROS
Jesus contou uma parábola para combater precisamente essa
atitude da qual estamos falando. Este sentimento de
desconsideração pelos outros, que pode surgir quando nos
santificamos e passamos a ter uma vida correta diante de Deus.
Lucas 18.9-14
9
Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si
mesmos, POR SE CONSIDERAREM JUSTOS, E
DESPREZAVAM OS OUTROS: 10 Dois homens subiram ao
templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro,
publicano. 11 O fariseu, posto em pé, orava de si para si
mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque NÃO
SOU COMO OS DEMAIS HOMENS, roubadores, injustos e
adúlteros, nem ainda como este publicano; 12 jejuo duas vezes
por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. 13 O
publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda
levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó
Deus, sê propício a mim, pecador! 14 Digo-vos que este
desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o
que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será
exaltado.
Veja que o objetivo da parábola é bastante claro e direto, pois o
texto diz que Jesus a contou aos que confiavam em si mesmos!
Por que ousavam confiar em si mesmos? Ora, quando você
compreende o cenário ilustrativo que Jesus monta em torno da vida
destes (versículos 11 e 12), fica fácil de entender o motivo: eles
faziam tudo aquilo que se podia esperar de homens piedosos. Por
isso tinham esta confiança de que seu comportamento os protegia
de qualquer reprovação divina.
Por não fazerem absolutamente nada de errado, se
consideravam justos, e ainda por cima desprezavam os outros. Mas
não entenda isso errado, eles não desprezavam “qualquer outro”,
mas somente aqueles que não fossem tão íntegros quanto eles. Por
fora, tudo parecia bom e belo, mas Jesus revela que, por dentro,
eles tinham um grande problema de ego, fazendo com que “se
considerassem justos e desprezassem os outros”.
Não acredito que se considerar justo seja o verdadeiro problema,
mas sim o fato de, se julgando superior, não se misturar com os
demais que não estão à altura do seu “pedigree espiritual”. A justiça
em si nunca será um problema, mas desprezar outros homens por
causa dela, sim!
Ser justo é bom, mas o desprezo aos outros é uma injustiça.
Além disso, se a razão de alguém desprezar uma pessoa é porque
se considera justo, a situação é ainda mais grotesca!
Acho muito interessante o modo como Jesus Cristo expõe a
perspectiva humana em relação ao que Deus pensa. Ao contar a
parábola acima, ele usa deliberadamente dois símbolos sociais e
religiosos conhecidos da sua época: o fariseu e o publicano.
Por falta de familiaridade com o real significado dos termos
usados por Jesus nesta parábola, talvez não tenhamos uma clara
ideia daquilo que ele quis dizer. Se realmente nos interessa
conhecer o seu ponto de vista a respeito das coisas, vale a pena
pensar um pouco mais sobre o assunto.
Diferentemente do que poderíamos imaginar, o fariseu na história
de Jesus retrata o aspecto politicamente correto da vida religiosa. É
aquele homem cujo comportamento é impecável, piedoso e de
procedimento irrepreensível. Basta você conferir os pormenores que
Jesus apresenta sobre ele nos versículos 11 e 12. Ele não era como
os demais homens. Não roubava, não era injusto e não era adúltero.
Além disso, jejuava duas vezes por semana e dava o dízimo de
tudo.
Embora Jesus tenha reprovado a superficialidade religiosa dos
fariseus (razão pela qual hoje consideramos a palavra fariseu como
sinônimo de coisa ruim), você precisa entender que em termos
gerais, o segmento farisaico era um dos mais respeitados e sérios
em relação às verdades das Escrituras naquela época.
Quando Paulo quis falar sobre sua antiga posição privilegiada em
meio à sociedade judaica, ele mencionou o fato de que ser fariseu
era algo positivo na sua vida social e religiosa. Em meio às
características que ele enumerou, lá estava a designação franca e
aberta de que ele fora fariseu: “circuncidado ao oitavo dia, da
linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus;
quanto à lei, fariseu... mas o que para mim era lucro, considerei
perda por causa de Cristo” (Filipenses 3.5,7). Como o próprio Paulo
diz claramente, ser fariseu era lucro, uma relativa vantagem.
Noutra ocasião, devido a uma circunstância peculiar, Paulo não
estava deixando de ser verdadeiro ao se identificar com os fariseus
dizendo-se partidário da mesma visão doutrinária deles: “varões,
irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus! No tocante à esperança e à
ressurreição dos mortos sou julgado!” (Atos 23.6).
Até o próprio Jesus, em determinados momentos revelou o lado
relativamente positivo no segmento religioso farisaico: “Na cadeira
de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e
guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém nãos os imiteis
nas suas obras; porque dizem e não fazem” (Mateus 23.1-3).
Observe que Jesus disse “façam e guardem tudo que eles
disserem”.
Obviamente que poderíamos escrever outro livro apenas falando
sobre os aspectos negativos relacionados ao estilo de vida farisaico,
mas a razão pela qual fiz os comentários acima é para ajudar a
entender porque Jesus usou o exemplo de um fariseu junto ao de
um publicano na história que ele contou.
O fariseu representava o homem bom naquela sociedade judaica
tão impregnada de conceitos religiosos. Por sua vez, o publicano
era o símbolo daqueles que os judeus consideravam a mais
rejeitada escória em seu meio. Os publicanos eram considerados os
representantes oficiais da banda pobre de todos os judeus, e eram
comumente classificados junto com os gentios, pecadores e
prostitutas:
Mateus 18.17
“Se recusar ouvir a igreja, considera-o como GENTIO E
PUBLICANO”.
Lucas 15.1
Mateus 21.31
Lucas 3.13
Lucas 19.2,8
É importante notar que Jesus não faz parecer que o homem era
falso ou hipócrita. Ao contrário, ele parece querer mostrar que o
homem realmente fazia tudo aquilo. O problema central não é que o
homem vivesse “duas vidas” ou que apenas parecesse ser correto
quando na verdade era um pecador miserável. O problema era um
só: ele se considerava justo e por isso desprezava os outros!
Romanos 12.14-21
14
ABENÇOAI OS QUE VOS PERSEGUEM, abençoai e não
amaldiçoeis. 15 ALEGRAI-VOS COM OS QUE SE ALEGRAM
e chorai com os que choram. 16 TENDE O MESMO
SENTIMENTO UNS PARA COM OS OUTROS; em lugar de
serdes orgulhosos, CONDESCENDEI COM O QUE É
HUMILDE; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. 17
NÃO TORNEIS A NINGUÉM MAL POR MAL; ESFORÇAI-
VOS POR FAZER O BEM PERANTE TODOS os homens; 18
se possível, QUANTO DEPENDER DE VÓS, TENDE PAZ
com todos os homens; 19 NÃO VOS VINGUEIS a vós
mesmos, amados, mas dai lugar à ira [de Deus]; porque está
escrito: A mim me pertence a vingança; EU É QUE
RETRIBUIREI, DIZ O SENHOR. 20 Pelo contrário, SE O TEU
INIMIGO TIVER FOME, DÁ-LHE DE COMER; se tiver sede,
dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas
vivas sobre a sua cabeça. 21 Não te deixes vencer do mal,
MAS VENCE O MAL COM O BEM.
Marcos 11.26
Santificar o nome.
Desejar a vinda do reino.
Pedir em oração para que a vontade de Deus se cumpra
tão bem na Terra quanto ela acontece no céu.
Confiar em Deus para o seu sustento diário.
Depender de Deus para ser sustentado no momento da
tentação acreditando que ele nos livrará do mal.
Será uma atitude sábia determinar hoje mesmo que você não
permitirá que qualquer sentimento ruim contra outra pessoa entre ou
permaneça em sua vida. Se você acredita que está sendo ou foi
injustiçado de alguma forma, e por isso se acha justificado dos
sentimentos de mágoa ou rancor que tem guardado, pense uma
segunda vez e procure seguir a sabedoria contida nos versículos
abaixo:
1 Pedro 2.23
Pois [Jesus], quando ultrajado, não revidava com ultraje;
quando maltratado, não fazia ameaças, mas ENTREGAVA-
SE ÀQUELE QUE JULGA RETAMENTE
1 Samuel 24.12
JULGUE O SENHOR ENTRE MIM E TI e VINGUE-ME o
SENHOR a teu respeito; PORÉM A MINHA MÃO NÃO SERÁ
CONTRA TI.
Romanos 12.19,20
19
não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à
ira [de Deus]; porque está escrito: A MIM ME PERTENCE A
VINGANÇA; EU É QUE RETRIBUIREI, DIZ O SENHOR. 20
Pelo contrário, SE O TEU INIMIGO TIVER FOME, DÁ-LHE
DE COMER; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo
isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. 21 Não te
deixes vencer do mal, MAS VENCE O MAL COM O BEM.
Não temos tempo aqui para falar de todos os textos que ensinam
sobre o fato de Deus ser o juiz e o vingador contra todos aqueles
que praticam males, mas você pode dar uma olhada em alguns
deles se julgar necessário (Romanos 13.4, 1 Tessalonicenses 4.6, 2
Tessalonicenses 1.8, Hebreus 10.27, Hebreus 10.30).
A questão é que somente o arrependimento diante de Deus
poderá banir das nossas vidas quaisquer castigos que porventura
mereçamos. Não devemos correr de Deus, devemos correr para
Deus. Ele é o único que pode nos socorrer no momento da angústia:
“Voltem para o Senhor, nosso Deus, POIS ELE É BONDOSO E
MISERICORDIOSO; É PACIENTE E MUITO AMOROSO E ESTÁ
SEMPRE PRONTO A MUDAR DE IDEIA E NÃO CASTIGAR” (JOEL
2.13).
O que eu percebo é que muitas pessoas, quando feridas, dizem
que não guardam rancor da pessoa que lhes feriu, mas pelo
desprezo e indiferença que lhes dispensam, fica claro que elas
podem estar vivendo qualquer coisa, exceto o amor de Deus. Não
odiar um irmão em Cristo é apenas uma parte da história, mas se
alimentamos a indiferença e o desprezo por ele é bom lembrar que
tais atitudes são incompatíveis com a natureza de Deus que está
dentro de nós.
Muitas vezes a indiferença chega a ser pior do que o ódio.
Quando alguém sente ódio, talvez queira discutir, confrontar e, se
pela misericórdia de Deus houver um pacificador entre os irmãos, a
situação pode chegar a ser resolvida. A indiferença, entretanto, leva
o irmão ressentido a desconsiderar a existência do outro. É como se
tal pessoa tivesse morrido para ele. Comumente não se sente ódio
por alguém que já morreu, pois é indiferente.
Infelizmente existem alguns cristãos com sentimentos deste tipo
em seus corações, e o que podemos fazer é pedir ao Pai que tenha
misericórdia e os ajude enquanto é tempo.
Lucas 6.31-33
31
Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós
também a eles. 32 Se amais os que vos amam, qual é a vossa
recompensa? Porque até os PECADORES AMAM AOS QUE
OS AMAM. 33 Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem,
qual é a vossa recompensa? Até OS PECADORES FAZEM
ISSO.
1 João 3.14,16
14
Nós sabemos que JÁ PASSAMOS DA MORTE PARA A
VIDA, PORQUE AMAMOS os irmãos; aquele que não ama
permanece na morte. 16 Nisto conhecemos o amor: que Cristo
deu a sua vida por nós; e DEVEMOS DAR NOSSA VIDA
PELOS IRMÃOS.
Temos sido iguais aos pecadores ou temos entregado nossa vida
pelos irmãos? Nossas atitudes e comportamento revelam a resposta
a esta pergunta, independente daquilo que dizem nossos lábios.
Em 2 Coríntios 5.18 a 20, Paulo afirma que Deus nos fez
embaixadores da reconciliação e que para desempenharmos bem
este papel nos foi confiada a mensagem daquilo que
representamos: a palavra da reconciliação. Oro a Deus para que
possamos dar testemunho a respeito desta grande verdade por
meio da nossa atitude para com os outros e não apenas com as
nossas palavras. Se vamos pregar a reconciliação, que a vivamos
também! Que sejamos reconciliadores e pessoas facilmente
reconciliáveis.
“Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino e vocês
sabem que um assassino não tem a vida eterna permanente
em si”
1 João 3.15
“Ter sido um criminoso, não é uma vergonha.
Mas seguir em frente na vida sendo um, é”
Malcolm X
SOBRE O AUTOR
Natan Rufino é casado com Ana Gaia e pai do Theo. Exerce um ministério de
ensino da Palavra de Deus desde 1991 após ter sido milagrosamente curado de
esquizofrenia paranóide. Após um período hospitalizado e quase um ano de
remédios controlados, a revelação da Palavra de Deus trouxe-lhe finalmente a
cura. Além da formação técnica em programação de computadores, é tradutor,
escritor, Bacharel em Teologia e viaja pelo Brasil ministrando seminários em
diversas instituições cristãs.
PARCERIA NO DAR E RECEBER
Algumas pessoas que se dizem abençoadas com nossos ensinamentos me
perguntam como poderiam ser uma bênção em nossa vida, assim como dizem
que fomos na delas. Além das orações que fazem por nós e dos incentivos que
recebemos, também aceitamos ofertas e doações que nos ajudem a manter o
trabalho que iniciamos.
Se você deseja nos apoiar neste trabalho, saiba que nos sentiremos honrados em
receber suas doações. Além disso, você estará cooperando conosco para que
continuemos produzindo mais materiais para a glória de Deus e edificação do
Corpo de Cristo. Nosso objetivo é levantar recursos para continuar usando mídias
e meios para a publicação da Palavra. Que Deus te recompense
abundantemente!
CANAIS
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disponível em diversos lugares na internet: Canal do YouTube, Aplicativo, Site,
Podcast de áudio, etc.
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LIVROS PUBLICADOS
Capítulo 1
O engano do pecado
Um pouco da minha história
Três problemas principais
“Aquele que está em pé, veja que não caia"
Entendendo melhor o problema
Como o cristão deve enfrentar uma situação assim?
O vício sexual e a prisão espiritual
Capítulo 2
Prisão diabólica
Capítulo 3
Repreensão
A vergonha
Repreendido por homens, abençoado por Deus
Pecado, repreensão, arrependimento
O Senhor repreende a quem ama
O propósito da repreensão
Quando a pessoa não se arrepende
Deilia
Eeulabeia
Phobos
O temor do Senhor
Quem teme não será aperfeiçoado no amor?
O aperfeiçoamento do amor
O que é o amor perfeito?
O amor maduro
Capítulo 4
Arrependimento
A tristeza e o arrependimento
Um cristão afastado da graça
Afligí-vos, lamentai e chorai
Ouro refinado pelo fogo, para te enriqueceres.
Vestiduras brancas para te vestires
Colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
Conversão do riso em pranto
O valor do arrependimento
O arrependimento aplaca a ira de deus
Tempo para se arrepender
Reprovação divina
As lágrimas de Esaú
Obediência à verdade
Deus vos exaltará
A purificação das mãos
Dupla intenção
Entristecimento consciente
Humilhação e exaltação
Capítulo 5
Perdão
Para que Satanás não alcance vantagem sobre nós
A realidade do problema
O perigo de desprezar os outros
Aprendendo com os erros dos outros
“Justiceiros de deus”
Quem foi perdoado, perdoa
Raiz de amargura
Quem precisa de perdão, perdoa
Por quê nem todas as orações são atendidas?
Não condeneis e não sereis condenados
Quem planta, colhe
Autor
Parceria