Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIRETO AO PONTO
Ensaios sobre Deus e a Vida
Direto ao Ponto
Ensaios sobre Deus e a Vida
Gondim, Ricardo.
Direto ao Ponto. Ensaios sobre Deus e a Vida.
São Paulo: Doxa Produções, 2009.
ISBN 9 788562562006
CDD 248.4
“Quero provocar a
pesquisa, sem pretender
responder todas as
perguntas. Deixei de
acreditar que seja possível
sistematizar a verdade.
Longe de mim propor uma
nova teologia”.
proposta
11
proposta
12
proposta
13
proposta
Ricardo Gondim.
14
2 abrindo o jogo
“Não estou me
desviando do
Evangelho, nem
deixando de ser um
discípulo de Jesus. Eu
só não quero mais
participar dessa igreja
mercantilizada”.
abrindoojogo
17
abrindoojogo
Meu afastamento.
Calma, amigo. Não estou me desviando do Evangelho,
nem deixando de ser um discípulo de Jesus. Eu só não
quero mais participar dessa igreja mercantilizada. Recuso-
me a encenar no picadeiro desse circo religioso que impera
na mídia; não transitarei em ambientes que eu suspeite de
sua integridade ética. Só isso. Muitos me chamam de
arrogante e presunçoso por não aceitar gastar meu
precioso tempo para dar e receber tapinhas nas costas de
gente que não merece meu respeito. Não considero
arrogância, apenas uma constatação de que o tempo é
uma riqueza não renovável e estou ficando velho para
desperdiçar minha vida na companhia de quem não me
sinto à vontade.
Meus conteúdos teológicos.
Embora eu já seja considerado um apóstata por alguns,
sinceramente, não me vejo assim. Aliás, ninguém se vê
como um herege, não é mesmo? Considero muito
complicado ter que explicar para desconhecidos no que
creio, nas doutrinas que abraço, na maneira como enxergo
a Bíblia. Contudo, de uma maneira bem sintética, tentarei
dizer o que passa na minha cabeça. Primeiro, sou um
homem em fluxo. Segundo, não tenho uma “doutrina”.
Terceiro, não pretendo desencadear movimento algum.
Creio que Deus é soberano. Vou além: quem não crê na
onipotência de Deus, nega por princípio a existência do
próprio Deus. O que venho discutindo não é a onipotência
divina, mas a maneira como Deus onipotentemente,
decidiu estabelecer o universo e como ele, de uma maneira
unilateral, decidiu organizar a vida.
18
abrindoojogo
19
abrindoojogo
20
3 metamorfose
24
metamorfose
25
metamorfose
31
creio
34
creio
35
creio
36
5 história
“O significado mais
profundo da narrativa
bíblica é que Deus, na
verdade, apostou na
construção da história
com a participação
humana. Essa aposta,
mesmo sabendo da
fragilidade e das
contingências do
humano, foi verdadeira,
nunca um jogo”.
história
39
história
40
história
43
onipotência e milagre
6 Deus
47
onipotência e milagre
48
onipotência e milagre
“A mensagem do
Evangelho não promete
imunidade ou alívio das
tribulações, mas bom
ânimo; o frágil
Carpinteiro venceu na
hora mais desolada”.
vida
54
vida
55
vida
56
vida
57
8 responsabilidade
“Ninguém deve
orientar seus valores
porque está sendo
monitorado pelo
grande olho divino,
mas porque existe
virtude intrínseca nos
comportamentos que
exigem obrigação de
todos”.
responsabilidade
62
responsabilidade
65
responsabilidade
66
9 pecado
“Deus não
requer vidas
perfeitinhas, pois
ele sabe que a
estrutura
humana é pó”.
pecado
69
pecado
70
pecado
71
pecado
Pessimismo Antropológico
Desejo trabalhar um tema “imexível” da teologia cristã.
Embora nem sempre explicitada, a "Queda" é quase que
ponto pacífico na maioria das teologias sistemáticas. Este
termo é um pressuposto antropológico na teologia,
também chamado de “Pecado Original”.
Considerado essencial para explicar a universalização do
mal, o Pecado Original também serve de base para a
teologia sacrificial - "Cristo foi crucificado para aplacar a
maldição de Deus que repousa sobre a raça humana
desde o pecado de Adão".
Tal conceito é quase unanimidade entre os cristãos
ocidentais. Questioná-lo não é tarefa fácil, admito.
Considera-se que o Pecado Original tenha nascido da
pena do gigante Santo Agostinho. Ele cunhou o termo.
Quando Pelágio o enfrentou nessa questão, Agostinho
ganhou o duelo. Os debates que envolviam liberdade e
depravação definiram a teologia desde então. Já ouvi
alguém afirmar que depois de Santo Agostinho, tudo o que
se escreveu sobre a antropologia cristã não passa de nota
de rodapé. Não é preciso dizer que Pelágio desceu no ralo
da história como herege e Agostinho virou santo.
Santo Anselmo, alguns anos mais tarde, aprofundou ainda
mais o pessimismo antropológico agostiniano. Depois
dele, o “Pecado Original” foi considerado uma verdade
expli- citada nos escritos de Paulo - principalmente na
Epístola aos Romanos. Lutero o tornou o carro chefe de
sua doutrina sobre a graça. E como você sabe, os
calvinistas ingleses, os puritanos, levaram o “Pecado
Original” até às últimas consequências.
72
pecado
73
pecado
74
pecado
75
pecado
76
10 salvação
79
salvação
80
salvação
81
salvação
82
salvação
83
11 dúvida
87
dúvida
89
12 oração
93
oração
94
oração
95
oração
96
13 fé
99
fé
100
fé
101
fé
102
fé
Perdi a fé.
Sem qualquer constrangimento, sem medo, saio do
armário e confesso publicamente: Perdi a minha fé. Estou
consciente que hei de constar no fichário condenatório do
Santo Ofício. Corro o risco de ser torturado no garrote
evangélico. Receberei inúmeras advertências. Minha caixa
postal vai se entupir com mensagens de gente
decepcionada. Serei aconselhado a não destruir o meu
“futuro promissor”; vão lembrar-me do fogo do inferno,
reservado para quem retrocede. Mas não há muito o que
fazer, não planejei perder a fé.
Caminhei pelos porões escuros da humanidade. Conversei
com pessoas carbonizadas no fogo do sofrimento. Vi
crianças subnutridas, sem força sequer de sugar o peito
mirrado da mãe. Li uma tonelada de tratados teológicos
que tentavam explicar o sofrimento universal. Ouvi um
sem-número de sermões sobre a condição humana. Temi
os castigos eternos e aprendi sobre os meios que
conduzem ao perdão divino. Entretanto, pouco a pouco, vi-
me desgostoso com explanações, que julgava simplórias -
a princípio, apenas antipatias. Depois, passei a rejeitar o
que as pessoas chamavam de fé. Por fim, conscientizei-me
que simplesmente não era mais condômino do edifício
onde residem muitos religiosos.
Perdi a fé em um Deus que precisa de pilha para mover o
braço. Deixei de acreditar que a “Duracell” que faz Deus
“funcionar” seja a fé. No passado, eu procurei mostrar à
Deus toda a minha sinceridade. Eu acreditei, piamente,
que, caso conseguisse acabar com a dúvida ou hesitação,
seria testemunha ocular de grandes prodígios. Jejuei para
mortificar a mente; eu precisava calar estas minhas
inquietações.
103
fé
105
fé
106
14 bíblia
“A singularidade da
Bíblia vem da
encarnação de Jesus.
O filho de Maria fez
Deus conhecido da
humanidade”.
bíblia
111
bíblia
113
15 culpa
118
culpa
119
16 liberdade
“A liberdade humana
só é possível porque
Deus concede espaço.
Eis a maior de todas as
manifestações da
Graça”.
liberdade
123
liberdade
124
liberdade
125
liberdade
126
liberdade
127
Ele revela seu pesar pelo mal; fielmente fornece princípios
e verdades que podem tornar a vida bonita; chama seus
filhos para que se arrependam das suas más escolhas e os
convoca a serem artesãos de uma nova história.
128
17 esperança
“Não aceito o
sofrimento. Ele me
aflige e espero nunca
acostumar-me à sua
ação indiscriminada e
aleatória”.
esperança
131
esperança
132
18 anseios
135
anseios
136
anseios
137
19 utopia
141
utopia
142
utopia
143
utopia
144
Descarte
Qualquer lógica que não se conecte com a vida.
Qualquer pressuposto que gere o fatalismo.
Qualquer censura que obture a criatividade.
Qualquer pessimismo que negue a esperança.
Qualquer otimismo que afirme a prepotência.
Recicle
Sua expectativa de viver sem percalços.
Seu desejo de ser alvo da intervenção divina.
Seu pavor de não ter segurança.
Sua angústia de saber-se mortal.
Sua expectativa da experimentar a felicidade plena.
Acolha
O desafio de peregrinar, só peregrinar.
A tarefa de reinventar-se diariamente.
A responsabilidade de ser co-autor da história.
O dever de esperar e cuidar dos frágeis.
A felicidade de ser chamado filho de Deus.
Referências bibliográficas
Metamorfose
1. Pessoa, Fernando. O Eu profundo e os outros eus:
seleção poética; seleção e nota editorial [de] Afrânio
Coutinho. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2001. Pág.
256
Creio
1. Comte-Sponville, André, Pequeno tratado das grandes
virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995. Capítulo 18:
Amor.
História
1. Pratney, W.A. A natureza e o caráter de Deus: a
magnífica doutrina de Deus ao alcance de todos. São
Paulo: Ed. Vida, 2004.
147
Direto ao Ponto
Vida
1. Mateus 27: 46
2. Lucas 4:1-12
3. Mateus 27:46
Dúvida
1.http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/08/24/ult7
29u69856.jhtm
Acessado dia 18/12/2008
Oração
1.Mateus. 5: 45
2.Provérbios 11:32
Liberdade
1. Torres Queiruga, Andrés. Do terror de Isaac ao Abbá de
Jesus: por uma nova imagem de Deus. São Paulo:
Paulinas, 2001.
148