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Resumos: Integração da UE

Direito da União Europeia (Universidade Lusófona de Humanidades e Technologias)

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A génese da União Europeia


A ideia de Europa
 A UE é o resultado de um processo de congregação de vontades livres de países
devastados por duas guerras mundiais no sentido de construir um espaço
político de paz, coesão social e prosperidade económica.
 É no século XIV, que se afirma a ideia de uma Europa centrada na liberdade, na
cristandade e na civilização ocidental. Com a afirmação do Estado moderno e o
aparecimento dos nacionalismos, a Europa confirma-se como espaço de
diversidade política e cultural, mas com uma identidade própria face ao resto do
mundo.
 Essa identidade manifesta-se de forma clara no plano político e no plano
económico-social.
 As múltiplas comunidades políticas procuram afirmar a ideia do Estado de Direito
assente nos valores universais da dignidade da pessoa humana, da liberdade,
da igualdade, da democracia constitucional representativa e ao mesmo tempo
buscam o progresso económico e o bem-estar social com base num modelo de
economia social de mercado.
Essa identidade europeia vai-se consolidando num autêntico património comum
que é resultado de semelhanças, valores e princípios comuns aos vários povos
europeus.

Artigo 2º do TUE
A busca da paz duradoura
 A Europa viveu durante séculos em permanentes conflitos de poder. Após a I
Guerra Mundial, vários foram os projetos avançados no sentido de congregar os
povos europeus numa Europa unida.
 Com o fim da II Guerra Mundial e o desejo de uma paz duradoura, sentia-se a
necessidade imperiosa de reestabelecer a paz e organizar em novos moldes a
geografia política da Europa, criando um modelo de cooperação e de
interdependência capaz de assegurar a adoção voluntária de mecanismos de
restrição à liberdade de ação dos Estados, isto foi possível através de um
processo de integração económica.
 Os fatores determinantes:
a) Assegurar uma paz duradoura entre os países da Europa Ocidental;
b) Estabelecer laços de unidade e coesão entre os países da Europa
Ocidental;

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c) Prosseguir a recuperação da Europa em ambiente de cooperação e


assegurar o crescimento económico.
Antecedentes da integração europeia
Plano Marshall
 No final da II Guerra Mundial, o colapso total das economias e das estruturas
europeias, tornava necessário muito investimento financeiro para a
reconstrução das economias.
 Em 5 de Junho de 1947, foi proposto pelos Estados Unidos da América, um plano
de ajuda económica à Europa – Plano Marshall.
 O Programa de Recuperação Económica para a Europa tinha como principal
objetivo recuperar e reorganizar a economia dos países europeus e aumentar as
relações comerciais com os Estados Unidos.
 O plano obrigava à criação de uma organização encarregue da gestão de todos
os recursos económicos e financeiros que os americanos iriam fornecer aos
Estados europeus.
 Para coordenar o Plano Marshall, é assinada em Paris, em 16 de abril de 1948, a
Convenção que cria a Organização de Cooperação Económica Europeia.
 A OECE tinha como principais objetivos:
i. O relançamento económico da europa;
ii. A eliminação gradual das restrições quantitativas ao comércio
intraeuropeu;
iii. A criação de uma União Europeia de Pagamentos, capaz de assegurar a
convertibilidade das moedas europeias e facilitar o desenvolvimento
do comércio entre os Países membro.
 A OECE cumpriu rapidamente os seus objetivos, pelo que acabaria por se
extinguir, tendo-lhe sucedido, em 30 de Setembro de 1961, a Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com objetivos mais
amplos e alargada aos EUA e ao Canadá.
O discurso de Churchill e o Congresso de Haia
 Em 19 de Setembro de 1946, Churchill apela à reconciliação entre a França e a
Alemanha e defende a criação dos “Estados Unidos da Europa”. Este discurso
constitui um dos principais fatores de mobilização dos europeístas que na época
integravam movimentos pró-europeus, em vários Estados.
 De 7 a 11 de maio de 1948, reúne-se em Haia, Países Baixos, o Congresso
Europeu, que reuniu mais de mil participantes para discutir a questão da
unidade da Europa.
 Surgiram duas correntes:

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1) Corrente Federalista – propunha a criação imediata de uma federação,


uma espécie de “Estados Unidos da Europa”.
2) Corrente Unionista ou pragmática – defendia uma Europa unida com base
na cooperação entre os Estados soberanos.
 No Congresso, os participantes aprovaram por unanimidade uma moção final em
que decidem criar um “Comité para a Europa Unida” e recomendam a
convocação urgente de uma Assembleia deliberativa europeia constituída por
parlamentares nacionais com vista aos seguintes objetivos:
a) Preparar as medidas adequadas ao estabelecimento progressivo de
um processo de integração económica e política dos países europeus;
b) Examinar os principais problemas jurídicos e constitucionais que se
colocam à criação de uma União ou de uma Federação e propor os
projetos de instrumentos jurídicos adequados para o efeito;
c) Propor a adoção de uma carta europeia dos direitos humanos e a
criação de um Tribunal encarregado de assegurar a sua aplicação.
 As conclusões do Congresso de Haia são muito importantes, na medida em que
antecipam a via pela qual se vai realizar a futura unificação da Europa.
 Os esforços de reconstrução da Europa têm vindo a realizar-se em dois planos
distintos:
1) Cooperação intergovernamental - nos domínios da economia e defesa e
no domínio político através de iniciativas comuns de criação de algumas
organizações europeias;
2) Integração – nos domínios da economia para prosseguir no plano político.
 A característica mais importante das instituições de integração das Comunidades
Europeias reside na circunstância original de que os Estados nacionais
delegarem determinadas competências que passam a caber aos órgãos e
instituições europeias.
Processo de integração europeia
 A União Europeia é hoje uma parceira económica e política com características
únicas, constituída por 27 países europeus e que brevemente será alargada a
novos países.

Artigo 52º do TUE
 A União Europeia teve início no rescaldo da II Guerra Mundial, com o intuito de
incentivar a cooperação económica na Europa, partindo-se do pressuposto de
que os países que estabelecem fortes relações comerciais se tornam
economicamente dependentes e se vão reduzindo os riscos de conflito bélico.

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 A ideia de que a unificação da Europa deveria começar no terreno económico,


determinou uma opção que foi desenvolvida em dois modelos diferentes de
integração que se seguem em duas fases distintas:
i. Zona de comércio livre;
ii. Mercado comum.
 A respectiva génese deste movimento é bem anterior, remota ao início do século
XIX, com a constituição formal do Zollverein, a primeira união aduaneira entre
18 estados alemães, caracterizada pela abolição das fronteiras fiscais e o
estabelecimento de uma pauta aduaneira comum nas relações comerciais com
o exterior.
Declaração Schumann
 A integração europeia em curso só se iniciou depois da segunda grande guerra e
tem a sua génese em dois acontecimentos marcantes do processo:
i. O discurso de Churchill, proferido em 19 de Setembro de 1946,em que
apela à criação dos “Estados Unidos da Europa”;
ii. A criação, em 16 de Abril de 1948, da Organização Europeia de
Cooperação Económica (OECE) com o intuito de gerir o Plano Marshall.
 No dia 9 de Maio de 1950, Schumann proferiu uma Declaração em que convida a
Alemanha a constituir com a França uma organização com poderes para gerir
politicamente os interesses comuns respeitantes às duas principais matérias-
primas usadas no esforço de guerra (carvão e aço) instituindo uma Alta
Autoridade cujas decisões vincularão a França e a Alemanha e os países
aderentes, realizará as primeiras bases concretas de uma comunidade mais
vasta e mais profunda entre países durante muito tempo opostos por divisões
sangrentas, construindo uma federação europeia indispensável à preservação
da paz.
 O Plano Schumann tem sido considerado como a verdadeira “carta fundadora”
da Europa que marcou o modelo funcionalista da integração sectorial, de
construção europeia, nos planos económico e político.
 Esta proposta de França foi bem recebida pelos governos da Alemanha, Itália,
Bélgica, Holanda e Luxemburgo, países que viriam a criar a primeira
comunidade europeia, assinando o Tratado CECA.
Tratado CECA
 O processo de integração económica da Europa inicia-se com a assinatura do
Tratado de Paris, em 18 de Abril de 1951 criando a CECA (Comunidade Europeia
do Carvão e do Aço), Tratado que entrou em vigor em 25 de Junho de 1952.

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 A CECA resulta da proposta constante da Declaração Schumann, apresentada em


9 de Maio de 1950, para a gestão partilhada da produção franco-alemã de
carvão e de aço, sob o controlo de uma alta autoridade comum, numa
organização que seria aberta à participação de outros países europeus, com
vista a alcançar a unificação da indústria europeia do carvão e do aço.
 O Tratado CECA implicou uma limitação da soberania dos Estados em favor de
uma entidade comum em setores da economia vitais para a época. Esta
transferência de soberania constitui uma experiencia única e percursora na
História da Humanidade, introduzindo uma profunda inovação no quadro das
relações internacionais.
 Através do Tratado CECA, os Estados acordaram no estabelecimento de um
mercado comum, traçando como objetivos comuns, a expansão económica, o
aumento do emprego e a melhoria do nível de vida nos Estados membros – art.
2º do TCECA.
 Objetivos fundamentais da CECA:
i. Construir uma Europa por meio de realizações concretas que criem
uma solidariedade efetiva e por meio do estabelecimento de bases
comuns de desenvolvimento económico;
ii. Contribuir para melhoria do nível de vida e para o progresso da causa
da paz mediante a expansão das suas produções fundamentais;
iii. Substituir as rivalidades seculares por uma fusão dos seus interesses
essenciais, a assentar, pela instituição de uma comunidade económica.
 O Tratado CECA instituía os seguintes órgãos:
 Alta Autoridade – órgão de carater supranacional, com poder de decisão
independente dos Estados membros;
 Assembleia – detém um mero poder de controlo, é composto por
representantes dos povos reunidos na Comunidade;
 Conselho – órgão constituído por representantes dos Estados membros
que partilha com a Alta Autoridade a tomada das decisões mais
importantes que carecem do seu parecer conforme;
 Tribunal – compete garantir o respeito do direito na interpretação e
aplicação do Tratado e dos regulamentos de execução.
 A Comunidade dispunha de personalidade jurídica própria e possuía capacidade
jurídica nas relações internacionais.
Tratados CEE e CEEA

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 Os objetivos enunciados no articulado do Tratado CEE traduzem-se em concreto


na criação de um mercado comum, de uma união aduaneira e no
desenvolvimento de políticas comuns.
 O Tratado prevê formalmente a política agrícola comum, a política comercial
comum e a política dos transportes, e deixa a porta aberta ao lançamento de
outras políticas em função das necessidades.
 O processo de integração haveria de prosseguir com a criação de mais duas
comunidades europeias. Da cooperação económica iniciada no âmbito da CECA
pelos seis países fundadores (Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e
Países Baixos) resultou a criação da Comunidade Económica Europeia (CEE) e
da Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA ou EURATOM).
 Podemos afirmar que o espaço económico europeu, hoje União Europeia, inicia-se
em 1 de Janeiro de 1958, com a entrada em vigor do Tratado de Roma que
institui a CEE, como união aduaneira e estabelece os alicerces para a criação de
um verdadeiro mercado comum.
 O Tratado CEE estabelece os principais objetivos da comunidade e que são:
i. Estabelecer os fundamentos de uma união cada vez mais estreita entre
os povos europeus;
ii. Assegurar o progresso económico e social dos países, eliminando as
barreiras que dividem a Europa;
iii. Alcançar a melhoria constante das condições de vida e de trabalho dos
seus povos;
iv. Garantir a estabilidade na expansão económica, o equilíbrio nas trocas
comerciais e a lealdade na concorrência;
v. Reforçar a unidade das economias e assegurar o seu desenvolvimento
harmonioso pela redução das desigualdades entre as diversas regiões
e do atraso das menos favorecidas;
vi. Consolidar a defesa da paz e da liberdade.
 O Tratado dotou a comunidade de uma estrutura institucional, em que se
destacam os seguintes órgãos:
 Conselho – órgão composto por representantes dos Estados membros que
assegura a coordenação das políticas económicas gerais dos Estados
membros;
 Comissão – órgão independente dos Estados membros, em que os seus
membros exercem as suas funções com total independência, no interesse
geral da Comunidade, não solicitando nem aceitando instruções de
nenhum governo ou qualquer outra entidade.

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 Parlamento Europeu – órgão com poderes meramente consultivos em


matéria legislativa, composto por representantes dos povos dos Estados
reunidos na Comunidade, eleitos por sufrágio universal direto.
 Tribunal da Justiça – garante o respeito do direito na interpretação e
aplicação do Tratado.
 Inicialmente, o Orçamento comunitário vivia exclusivamente das contribuições
dos Estados membros. O Tratado CEE tinha uma vigência ilimitada.
Ato Único Europeu
 A entrada em vigor do Tratado de Roma, em 1 de Janeiro de 1958, o processo de
integração europeia avança e a Europa conhece durante a década de 1960, um
período de profunda e complexa produção normativa, com a adoção de
múltiplos atos jurídicos (regulamentos, diretivas, decisões).
 A partir de Julho de 1965, inicia-se um período de grave crise nas comunidades
europeias, com a política da “cadeira vazia” em que a França se recusa a
participar nas reuniões do Conselho.
 Janeiro de 1963 – a França veta a adesão do Reino Unido
 Maio de 1967 – a França volta a vetar a adesão do Reino Unido

Instalando-se uma crise que só seria ultrapassada com a cimeira de Haia de
1969.
 A França de Pompidou revela maior abertura e colaboração com as comunidades,
com progressos nítidos ao nível da cooperação política europeia,
nomeadamente, com a abertura das negociações e a assinatura do tratado de
adesão, em 22 de janeiro de 1972, com o Reino Unido, Irlanda, Dinamarca e
Noruega.
 Em 1973, passaram a ser 9 os membros das comunidades.
 2º Alargamento – adesão da Grécia em 1981.
 12 de Junho de 1985 – é assinado o tratado de adesão de Portugal e Espanha que
entra em vigor em 1986, passando as comunidades a ter 12 membros.
 O AUE é assinado, em Fevereiro de 1986, no Luxemburgo, e entra em vigor em
1987. Introduz a primeira revisão de fundo dos Tratados (CECA, CEE e CEEA).
 Nos anos oitenta, era necessário ultrapassar a crise institucional gerada pelo
recurso ao veto, em resultado dos acordos do Luxemburgo de 1966. Era
necessário rever os termos do esforço orçamental da Política Agrícola Comum.
 Os alargamentos das Comunidades, a partir de 1986, colocam em evidência a
crescente inadequação dos processos de decisão, falando-se mesmo de défice
democrático das instituições europeias, o que reclama o reforço das

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competências do Parlamento Europeu, que deveria ter maior participação no


procedimento legislativo.
 É necessário introduzir modificações nas regras de funcionamento por forma a
assegurar os instrumentos jurídicos para garantir a passagem à fase seguinte
da União Económica e Monetária e lançar as bases para a cooperação em
matéria de política externa.
 As principais alterações introduzidas nos tratados pelo AUE foram:
 Plano institucional – consagração do Conselho Europeu ao nível formal
dos Tratados, composto pelos Chefes de Estado ou de Governo dos 12
Estados membros e pelo Presidente da Comissão;
 Reforço dos poderes do Parlamento Europeu ao nível do procedimento de
decisão que passa a abranger os acordos de adesão e de associação;
 O reconhecimento formal do poder executivo da Comissão que não fica
dependente da atribuição da competência casuística pelo Conselho;
 A reposição da regra da maioria nas votações do Conselho;
 Nível económico – consagração da construção do mercado interno,
definido como espaço sem fronteiras, no qual é assegurada a livre
circulação das mercadorias, das pessoas, dos serviços e dos capitais.
 As medidas positivas do AUE introduziram uma dinâmica de desenvolvimento no
processo de integração europeia, o que permitiu avançar para etapas de
integração económica mais evoluídas.
Tratado de Maastricht
 As alterações profundas operadas na conjuntura política internacional, com a
queda do muro de Berlim, a desagregação da União Soviética e a reunificação
da Alemanha, puseram a necessidade de as comunidades avançarem para a
fase da união económica e monetária, o que implica uma revisão profunda dos
tratados, objetivo que seria reafirmado nos Conselhos Europeus de Madrid,
Dublin e Roma.
 Entre 1991 e 1992, têm lugar 2 conferências intergovernamentais para rever os
tratados sobre a União Política e sobre a União Económica que deram origem ao
Tratado da União Europeia.
 O Tratado de Maastricht constitui um novo marco no processo da união política
europeia com a criação da União Económica e Monetária (UEM).
 Foi assinado, em 1992, o Tratado da União Europeia, o qual só entraria em vigor
em 1993, após ter sido ratificado por todos os Estados membros, nos termos do
art. 236º TCEE.

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 O processo de ratificação do tratado ficou dependente de dois referendos que


ocorreram na Dinamarca. Primeiro referendo – 2 de junho de 1992, foi negativo,
pelo que as alterações aos tratados só entrariam em vigor após a obtenção do
voto favorável num segundo referendo, realizado em 18 de Maio de 1993.
 Cria a UE assente nas 3 comunidades (CECA, CEE e CEEA) e contemplada por 2
pilares de cooperação intergovernamental:
 Política de defesa e segurança comum (PESC);
 Cooperação de justiça e assuntos internos (CJAI).
 Cria a união económica e monetária e define os requisitos para adoção de uma
moeda comum.
 Foram assinados protocolos referentes:
 Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC);
 Instituto Monetário Europeu (IME);
 Banco Central Europeu (BCE).
 Atribui ao Parlamento Europeu uma maior participação na tomada de decisões e
acrescenta novos domínios políticos de cooperação intergovernamental.
 Com a criação da PESC, o TUE consagra uma política externa e de segurança
comum, apontando a elaboração progressiva de uma estratégia de defesa
comum europeia.
 No plano da CJAI:
 Reforça a tutela dos direitos fundamentais;
 Cria a cidadania europeia;
 Afirma o mercado comum como espaço comum de liberdade, segurança
e justiça;
 Desenvolve uma cooperação judicial estreita em matéria penal e de
polícia.
 Uma disposição do Tratado afirma que a UE respeita os direitos fundamentais tal
como os garante na Convenção Europeia de Salvaguarda do Direitos do Homem
e das Liberdades Fundamentais – assinada em Roma, a 4 de Novembro de
1950.
União Económica e Monetária
 O processo de integração económica na Europa avançou para a União Económica
e Monetária. A principal característica desta fase é a instituição entre os
Estados membros de uma política monetária comum conduzida através do
Banco Central Europeu.
 Este modelo de integração vai até 1993.

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 A união monetária não implica a existência de uma moeda única, mas no caso
europeu vai acompanhada da criação do euro como moeda única cuja emissão
é da responsabilidade do Banco Central Europeu.
 Uma união monetária implica que os Estados deixam de utilizar expedientes
monetários competitivos, nomeadamente, o recurso à desvalorização cambial
da sua moeda para obter ganhos nas relações de concorrência. Significa
câmbios fixos e convertibilidade obrigatória das moedas nacionais.
 Com este passo, os Estados membros perdem a faculdade de alterarem,
unilateralmente, o valor das respetivas moedas, não podendo mais influenciar
as condições de troca dos bens, tornando as exportações mais baratas por força
de desvalorizações competitivas.
 A realização da União Monetária conheceu 3 fases:
1) (até finais de 1993) com a garantia da livre circulação de capitais. Para
além das disposições iniciais do Tratado de Roma, esta liberdade
fundamental ficou consagrada com a Diretiva n.º 88/361, de 24 de junho
de 1988.
2) (1994-1998) foi criado o Instituto Monetário Europeu através do
cumprimento dos critérios de convergência nominal. Tais critérios visam
garantir:
a) Estabilidade monetária – impondo que a taxa de inflação não deve
exceder;
b) Disciplina das Finanças Públicas – evitando défices orçamentais
excessivos;
c) Estabilidade cambial – exigindo-se que a moeda de um Estados
membros não tivesse sofrido uma desvalorização relativamente à
moeda de qualquer outros Estados membros.
3) (inicio em 1999) com a adoção de uma moeda única, o Euro, por 11 dos
15 Estados membros. O Instituto Monetário Europeu foi substituído pelo
Banco Central Europeu que forma hoje, o Sistema Europeu dos Bancos
Centrais (SEBC) cujo principal objetivo é a manutenção da estabilidade
dos preços.
 Até finais do ano de 2001, o Euro foi apenas utilizado nas transações bancárias,
na qualidade de moeda escritural, começando a circular sob a forma de moeda
metálica e de papel-moeda a partir de 01 de Janeiro de 2002.
Tratado de Amesterdão
 Foi assinado em 02 de Outubro de 1997 e entrou em vigor em 01 de Maio de
1999, uma vez concluídos os processos de ratificação nos Estados membros.

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 A UE, que este Tratado criou, associa as Comunidades Europeias às novas


“políticas e formas de cooperação”.

Art. 47º do TUE
 Deste Tratado resulta uma nova estrutura, a UE, assente em 3 pilares:
1. Pilar Económico – as Comunidades Europeias focadas na concretização da
União Económica e Monetária.
2. Pilar Político – a Política Externa e de Segurança Comum.

Arts. 21º e 22º do TUE
3. Pilar Administrativo – a cooperação judiciária e policial entre os Estados
membros, nos domínios da justiça e dos assuntos internos.
 Este Tratado prepara o próximo alargamento da UE para os países de leste
europeu, promove a consolidação da UE e reforça o papel do cidadão através da
proteção dos direitos fundamentais, afirmando a jurisdição do Tribunal de
Justiça para apreciar os atos dos órgãos, com fundamento na violação de
direitos fundamentais.
 Introduz uma cláusula de flexibilidade, o que permite uma colaboração mais
estreita entre os Estados membros, mediante determinadas condições, através
das instituições, dos procedimentos e dos mecanismos previstos nos tratados
comunitários.
 Com a consagração do mecanismo das cooperações reforçadas ficava aberta a
via para uma Europa a várias velocidades.
 No plano da política social, estabelece o compromisso de promover um “elevado
nível de emprego e proteção social”, devendo os Estados membros atuar na
salvaguarda dos direitos sociais fundamentais, tal como constam na Carta
Social Europeia de 1961 e da Carta europeia dos Direitos Sociais dos
Trabalhadores de 1989.
 Este Tratado constitui uma solução de transição em que se procurou e conseguiu
o compromisso de desenvolver Maastricht e preparar a reforma internacional de
Nice.
Tratado de Nice
 Foi assinado em 26 de Fevereiro de 2001 e entrou em vigor em 01 de Fevereiro
de 2003, racionalizou o sistema institucional da UE de modo a permitir o
funcionamento eficaz após o grande alargamento de 2004. Apenas entrou em
vigor em 2003, após o resultado positivo de um segundo referendo realizado na
Irlanda em Novembro de 2002.

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 Em 14 de Fevereiro de 2000 é convocada a CIG 2000, conferencia que haveria de


decorrer em ambiente de grande divergência entre os chamados Estados
grandes e os Estados médios e pequenos, quanto às alterações a introduzir em
certas matérias (composição da Comissão Europeia; ponderação de votos no
Conselho; e inclusão de certas matérias na votação por maioria qualificada.
 Centrou-se na resolução de questões institucionais que ficaram pendentes de
Amesterdão (ponderação de votos de cada Estado membro; definição da
maioria qualificada no Conselho; repartição de lugares no Parlamento Europeu;
e composição da Comissão Europeia).
 O principal objetivo deste Tratado era a realização da reforma institucional da UE
antes do alargamento previsto aos países do centro e leste da Europa.
 A reforma institucional em torno da ponderação de votos no Conselho é a
questão central no debate da conferência de 2000. O número de votos dos
chamados Estados grandes triplica, ficando com maior peso na tomada de
decisões.
 O Tratado introduz o fator população na tomada de decisão do Conselho por
maioria qualificada, exigindo que se verifique uma representação mínima de
62% da população total da UE.
 Da profunda divergência de posições na CIG 2000 resultou este Tratado que seria
muito criticado pela falta de clareza dos compromissos alcançados.
Tratado de Lisboa
 Foi assinado em 13 de Dezembro de 2007 e entrou em vigor a 01 de Dezembro
de 2009. A última alteração aos tratados ocorreu com este Tratado.
 Os anteriores estão agora incorporados na atual versão consolidada (TUE e
TFUE).
 Este Tratado simplificou os métodos de trabalho e as regras de votação, criou a
figura do presidente do Conselho Europeu e introduziu novas estruturas
destinadas a conferir à UE um papel preponderante na cena mundial.
 Verifica-se que a evolução do processo de integração conhece 3 fases
substancialmente distintas:
1. Fase das comunidades até ao Tratado de Maastricht
2. Fase da transformação inicia-se com a criação da UE
3. Fase que se inicia com o Tratado de Lisboa
 O Tratado consagra a unificação da UE com a Comunidade Europeia e consolida-
se o conceito de União Europeia.
 O Tratado CE é substituído pelo TFUE.

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 Este Tratado unifica através da UE 2 organizações com atribuições e modelos


organizacionais diferenciados: a Comunidade (instrumento de integração
económica e social) e a União (instância de cooperação e coordenação
políticas).
 No plano institucional verifica-se uma fusão por incorporação UE/CE.

Art. 1º, 3º § do TUE
 Com este Tratado deixa de fazer sentido falar de 2 organizações, antes deve
falar-se de uma organização, a União Europeia.
Adesões e o alargamento da UE
 Países fundadores da CEE – Bélgica, Alemanha, França, Itália, Luxemburgo e
Países Baixos (Holanda).
 1973 – Reino Unido, Dinamarca e Irlanda
 1981 – Grécia
 1986 – Portugal e Espanha
 1995 – Áustria, Finlândia e Suécia
 2004 – Eslováquia, Eslovénia, Hungria, Polónia, República Checa, Letónia,
Lituânia, Malta e Chipre
 2007 – Bulgária e Roménia
 2013 – Croácia

Art. 52º do TUE
A originalidade política da UE entre o federalismo e a cooperação
interestadual
 A construção europeia é um processo dinâmico assente no princípio da
subsidiariedade, o que implica que as decisões sejam adotadas, sempre que
possível ao nível que esteja mais próximo do cidadão.
 Este processo pela dimensão dos seus objetivos conhece sobressaltos e enfrenta
crises que exigem um esforço de negociação permanente e faz apelo constante
à cooperação leal e solidária, num modelo de tomada de decisão europeia que
nem sempre se mostra compatível com os interesses nacionais, regionais ou
locais.
 Disso resulta que a UE no seu conjunto, e o seu sistema jurídico, se mostram de
fácil compreensão para o cidadão comum uma vez que, os textos dos Tratados
são, por vezes, pouco claros e a terminologia e os conceitos utilizado nem
sempre se revelam inequívocos.

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 O carácter original e único da UE resulta do facto de os Estados membros terem


congregado parte da sua “soberania” em favor das instituições europeias, para
ganhar força e aproveitar os benefícios que resultam de uma nova escala, de
uma maior dimensão.
 A UE distingue-se das tradicionais associações entre Estados porque reúne países
que renunciaram a uma partes das respectivas soberanias em favor da União,
tendo conferindo a esta poderes próprios e independentes dos Estados
membros.
 O exercício destes poderes confere à UE competências para promulgar atos
jurídicos europeus de efeito equivalente aos atos nacionais. A UE situa-se entre
o sistema federal rígido existente nos Estados Unidos e o sistema flexível de
cooperação intergovernamental existente nas Nações Unidas.
 O processo de integração europeia é o resultado de um permanente diálogo e
equilíbrio entre dois modelos de integração:
i. Modelo de integração global
ii. Modelo de integração funcional
 Foi este último modelo funcional que acabou por ser adotado com a criação da
CECA e mais tarde reforçado com a criação das comunidades europeias
sectoriais da CEE e da CEEA.
Tese internacionalista
 A UE é uma parceria económica e política com características únicas, resultante
de um processo de integração progressiva feito de “pequenos passos” e na
base do consenso possível fruto da negociação permanente e da democracia na
decisão conjunta dos Estados membros.
 Neste processo, os Estados membros têm vindo a transferir parcelas
significativas de soberania, o que significa que os Estados membros delegam
alguns dos seus poderes de decisão nos órgãos e instituições comuns que
criaram, assegurando a legitimação democrática com base na
representatividade.
 Para os defensores da tese internacionalista, tanto as Comunidades como a UE
foram criadas por tratados internacionais e estes são para todos os efeitos a
primeira fonte de direito europeu vigente na UE.
 Nesta perspetiva jurídica, os Tratados carecem de ratificação por parte dos
Estados signatários como condição da respetiva vigência. Partindo desta
premissa, acabam a rejeitar a subordinação dos Estados e dos seus cidadãos à
UE, recusam a prevalência do Direito da UE sobre os direitos nacionais,
especialmente sobre as Constituições dos Estados membros.

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 Esta tese está em declínio, considerando a incapacidade para responder e


explicar os fenómenos característicos da UE, em particular, no que respeita à
aplicabilidade direta das normas jurídicas europeias e o efeito direito dos atos
jurídicos da União na ordem jurídica dos Estados membros.
Tese Federalista
 De acordo com os defensores desta teoria, a UE seria um Estado federal porque
as suas instituições beneficiam duma atribuição de competências dos Estados e
porque apresenta uma estrutura orgânica idêntica à estrutura dos Estados
federais.
 Os defensores desta tese, sustentam a ideia de que os tratados devem ser
equiparados às constituições dos Estados federais, falando-se mesmo na
existência de uma Constituição europeia.
 Por “Constituição europeia” tem-se entendido o direito originário da UE, ou seja,
os tratados europeus.
 Federação – consiste na reunião de estados autónomos, consagrada no texto
escrito de uma constituição federal. Uma vez constituída a federação, os
Estados membros (federados) jamais poderão tornar-se independentes do
estado soberano (federal). Na federação a soberania é transferida para o estado
federal, pelo que, um estado federado fica impossibilitado de negociar
diretamente com um país terceiro; este papel de representação cabe em
exclusivo ao estado federal, detentor de soberania perante outros estados no
plano internacional.
 Na evolução histórica das comunidades encontramos a afirmação de algumas
características do modelo federal (definição e atribuição das competências
pelos Estados; a regra de deliberação da unanimidade deu lugar à regra da
maioria; o Conselho foi pensado como órgão federal).
 O poder de revisão dos tratados continua a caber aos Estados pelo que, ela fica
sempre dependente da ratificação estadual, como condição “sine qua non” para
entrar em vigor na ordem jurídica da UE.
 A UE não goza de capacidade jurídica plena ou ilimitada, antes possui uma
capacidade jurídica limitada pelo princípio da especialidade.
 Traços federais:
a) Existência de uma moeda única;
b) Progressiva evolução da Comissão europeia para o desempenho do papel
de verdadeiro Governo da UE, assumindo cada vez mais as atribuições
típicas dos Executivos nacionais;
c) Poder legislativo atribuído ao Parlamento Europeu;

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d) Progressiva extensão da maioria qualificada em substituição da


unanimidade nas deliberações do Conselho;
e) Incorporação nos Tratados da Carta dos Direitos Fundamentais da UE.
 O Tratado da UE acabou por reforçar esta vertente federal, através de 3 eixos
essenciais:
i. Cidadania europeia;
ii. Política Externa e Segurança Comum;
iii. União Económica e Monetária.
Natureza jurídica da UE
 O processo europeu é o resultado de uma dinâmica entre a integração e a
cooperação.
 Fausto Quadros – o motor da integração europeia reside na constante “tensão
dialética) entre a integração e a interestadualidade, reafirmando os princípios
da integração e do respeito pela identidade nacional dos Estados completam-se,
como é típico do modelo federalismo cooperativo.
 Federalismo cooperativo – é um processo de construção em que o estado federal
se afirma como um resultado que põe em evidência e reforça as especificidades
e as identidades próprias de cada Estado federado.
 Este dualismo está bem vincado, em dois domínios distintos:
i. Plano legislativo – os regulamentos evidenciam as relações de
subordinação, enquanto as diretivas são atos cuja implementação carece
de cooperação estadual.
ii. Plano jurisdicional – as relações entre o Tribunal de Justiça e os tribunais
nacionais são de cooperação; a subsidiariedade enquanto princípio de
atuação da União em relação aos Estados membros torna evidentes as
relações de cooperação.
 Ao longo do processo de integração as competências das comunidades foram
dominadas pela lógica da especialidade e, a UE só tem as competências que lhe
foram atribuídas pelos Estados e que constam especificadas nos Tratados.
 A UE não dispõe de poder constituinte, uma vez que a revisão dos tratados
continua a ser feita pelos Estados membros.
 Existe um argumento muito forte para negar a federação, o qual resulta da
circunstância de, após o Tratado de Lisboa, os Estados membros poderem sair
da UE (direito de secessão).
Objetivos da UE
 Com o Tratado de Lisboa os objetivos políticos, sociais e culturais da UE ficaram
claramente afirmados no art. 3º do TUE como sendo essencialmente 3:

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i. Paz
ii. Valores universais do art. 2º do TUE
iii. Bem-estar dos seus povos
 Podemos resumir a 5 os principais objetivos da UE:
 Promoção da paz, dos valores da União e do bem-estar dos seus povos -
Art. 3º, n.º 1 do TUE
 Proporcionar aos seus cidadãos um espaço de liberdade, de segurança e
de justiça – Art. 3º, n.º 2 do TUE
 Estabelecer o mercado interno, o objetivo é assegurar o desenvolvimento
sustentável da Europa; combater a exclusão social e as discriminações;
promover a coesão económica, social e territorial e a solidariedade entre
os Estados membros; respeito pela diversidade cultural e linguística e
velando pela salvaguarda e pelo desenvolvimento do património cultural
europeu – Art. 3º, n.º 3 do TUE
 Estabelecimento de uma união económica e monetária cuja moeda é o
euro – Art. 3º, n.º 4 do TUE
 Afirmação da UE no plano internacional – Art. 3º, n.º 5 do TUE
Símbolos da UE
 A UE adotou os seus próprios símbolos, nomeadamente, a bandeira e o hino.
 A bandeira é o símbolo da unidade e identidade da Europa, é constituída por 12
estrelas douradas dispostas em círculo sobre o fundo azul, que simbolizam os
ideais de unidade, solidariedade e harmonia entre os povos da Europa. O
número de estrelas significa a perfeição, a plenitude. O círculo é um símbolo de
unidade. A actual bandeira europeia teve origem na bandeira adotada (1955)
pelo Conselho da Europa, tendo-se tornado emblema oficial da Comunidade
Europeia apenas em 1986.
 A UE tem o seu próprio hino, a Ode à Alegria, que é o prelúdio ao hino da alegria.
O Hino Europeu foi adotado pelo Conselho da Europa, em janeiro de 1972. O
hino utiliza a linguagem universal da música para exaltar os ideais europeus da
liberdade, paz e solidariedade.
 A UE tem o seu dia, o dia da Europa que é o 9 de Maio, em que se comemora a
paz e a unidade na Europa. Esta data assinala o aniversário da histórica
Declaração Schuman.
Personalidade jurídica da UE
 O TUE, na versão originária de Maastricht e nas versões revistas de Amesterdão e
de Nice, não faz qualquer referência expressa à personalidade jurídica da UE.

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 A justificação para isso deve-se à circunstância de a UE ter sido criada com base
nas Comunidades que são mantidas pelo Tratado instituidor como primeiro pilar
da União então criada.
 Existe a afirmação da continuidade da personalidade jurídica da Comunidade
Europeia que serve de base à própria UE e apesar de ter sido colocado o
problema no âmbito dos trabalhos preparatórios do Tratado de Amesterdão, foi
mantida a opção de não fazer nenhuma referência expressa à personalidade
jurídica da União acabada de criar.
 Não há margem para qualquer dúvida razoável quanto à personalidade jurídica
da UE, posto que o Tratado atribuía capacidade jurídica à UE para celebrar
acordos internacionais.
 Só tem capacidade jurídica, o ente que goza de personalidade jurídica. A
suscetibilidade de ser titular de direitos e obrigações é o pressuposto da
capacidade jurídica. E a capacidade jurídica das pessoas coletivas é uma
capacidade demarcada e limitada em razão do princípio da especialidade.
 Mas, o Tratado de Lisboa afirmou expressamente que “A União Europeia tem
personalidade jurídica”.

Art. 47º do TUE
A revisão dos Tratados e a Constituição europeia
 O processo de construção europeia passou pelas seguintes inovações:
a) Assinatura do Ato Único Europeu (1987)
b) Assinatura do Tratado da União Europeia (1992, Maastricht)
c) Assinatura do Tratado de Amesterdão (1997)
d) Assinatura do Tratado de Nice (2001)
e) Assinatura do Tratado que estabelecia uma Constituição para a Europa
pelos 25 Chefes de Estado e de Governo (29 de Outubro de 2004)
 Resulta assim o projeto da “Constituição europeia”, foi concebido como o
prolongamento do processo de reformas institucionais iniciado pelo Tratado de
Nice.
 O “tratado constitucional” está dividido em 4 partes principais, começa com o
Preâmbulo de caráter constitucional, que recorda a história, as heranças da
Europa e a vontade de ultrapassar as suas divisões, a que se segue um texto
normativo dividido em 4 partes distintas:
1) Parte I – 9 títulos, é consagrada aos princípios, objetivos e disposições
institucionais que regem a nova UE

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2) Parte II – é constituída pela Carta dos Direitos Fundamentais da União


Europeia e contém 7 títulos
3) Parte III – constituída por 7 títulos, contém as disposições relativas às
políticas e ao funcionamento da União.
4) Parte IV – reúne as disposições gerais e finais do tratado constitucional
 O Projeto de uma Constituição para a Europa foi elaborado à semelhança de
algumas constituições políticas estaduais e procura apresentar um texto
completo que regula as matérias essenciais de definição da UE, vincando a sua
natureza federal.
 A Constituição para a Europa não passou de um projeto, posto que não logrou
obter a ratificação de todos os Estados membros, logo não se verificou a
condição indispensável para a sua vigência.
 O processo de integração é contínuo e gradual e nessa medida prossegue o seu
caminho que é feito com os Estados membros de forma solidária.
Tratados Europeus
 Tratados – (fonte primária ou originária de direito europeu) são convenções
internacionais de tipo clássico, produto exclusivo da vontade soberana dos
Estados contraentes, que foram concluídos em conformidade com as regras de
direito internacional e no respeito das respectivas normas constitucionais
nacionais.
 Direito originário – é constituído pelos Tratados institutivos, primeiro das
comunidades europeias e depois da União Europeia e ainda por todos os
Tratados que se lhes seguiram e modificaram, completaram ou adaptaram os
Tratados iniciais, onde sobressai o Tratado de Lisboa.
 Integra os Tratados de adesão de novos Estados membros, os Protocolos
e os Anexos constantes dos Tratados – art. 51º do TUE
 Integra também a Carta dos Direitos Fundamentais da União europeia (é
hoje uma das mais importantes fontes de direito da UE, uma vez que tem
o mesmo valor jurídico dos Tratados) – art. 6º, n.º 1 do TUE
A natureza constitucional dos Tratados
 Desde a criação da CEE que começou um movimento no sentido de dotar a UE de
uma verdadeira Constituição política cujo projeto não vingou por não ter sido
ratificado por todos os Estados membros.
 Art. 1º do TFUE

Estes Tratados estabelecem os objetivos fundamentais da UE, a estrutura
institucional e respectivas competências, definem as bases essenciais de direito

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económico, financeiro, e social da União e bem assim as disposições relativas à


salvaguarda da ordem jurídica europeia instituída.
 Encontramos o que se designa de “bloco da constitucionalidade”, em que se
trata de disposições ordenadores que não podem ser postas em causa por
qualquer norma aprovada pelas instituições da UE nem desrespeitadas por
qualquer ato emanado dos órgãos competentes.
 Os Tratados ocupam o lugar de topo na hierarquia do direito vigente na ordem
jurídica europeia e as suas disposições prevalecem sobre os atos e normas de
direito derivado e sobre os ordenamentos jurídicos nacionais dos Estados
membros.
A estrutura dos Tratados da União
 O TUE na sua versão consolidada apresenta uma estrutura composta por um
índice, articulado e preâmbulo, seguido de 6 títulos, cada um dos quais com o
seu objeto.
 Preâmbulo – fins da UE de natureza política, económica e social.
 Titulo I – valores em que assenta a UE e se definem os objetivos a atingir
 Titulo II – conjunto de disposições relativas aos princípios democráticos
da igualdade e da representatividade dos cidadãos europeus.
 Titulo III – definição das instituições europeias, estabelece as suas
competências e o modo de funcionamento e de articulação institucional
 Titulo IV – cooperação reforçada entre os Estados membros no âmbito
das competências não exclusivas da União
 Titulo V – disposições gerais relativas à ação externa da união e as
disposições específicas relativas à política externa e de segurança
comum
 Titulo VI – disposições finais
Os Tratados e as Convenções internacionais
 A aplicação do direito internacional geral ou comum no interior da União tem
caráter residual e verdadeiramente subsidiário, na medida em que a UE através
dos Tratados consagrou os seus princípios fundamentais e criou as suas próprias
regras para regular as suas relações com os cidadãos, com os Estados membros
e com países terceiros.
 Os tratados europeus criaram uma ordem jurídica própria e especifica que muitas
vezes se afasta da ordem jurídica interna dos Estados membros e da ordem
jurídica internacional.
 O direito internacional tem uma aplicação mais forte no domínio das relações
externas da UE e dos seus Estados membros e à medida que tais relações se

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têm desenvolvido o direito internacional tem vindo a ganhar uma importância


cada vez maior.
 A União pode celebrar acordos com 1 ou + países terceiros ou organizações
internacionais quando os Tratados o prevejam ou quando a celebração de um
acordo seja necessária para alcançar, no âmbito das políticas da União, um dos
objetivos estabelecidos pelos Tratados ou quando tal celebração esteja prevista
num ato judicialmente vinculativo da União.

Art. 216º, n.º 1 do TFUE
 A União pode celebrar com 1 ou + países terceiros ou organizações
internacionais acordos que criem uma associação caracterizada por direitos e
obrigações recíprocos, ações comuns e procedimentos especiais.

Art . 217º do TFUE
 Tais acordos celebrados pela União no exercício das suas competências externas
vinculam as instituições da União e os Estados membros.

Art. 216º, n.º 2 do TFUE
 Os acordos celebrados nesses termos integram o Direito internacional
convencional, obrigam internacionalmente a União e os Estados
membros, integram-se na ordem jurídica europeia pelo que são uma
fonte de direito da UE.
 Em certos casos a decisão de celebração do acordo pelo órgão competente (o
Conselho) só entra em vigor após a sua aprovação pelos Estados membros, em
conformidade com as respectivas normas constitucionais.
 O direito originário dos Tratados prima sobre qualquer regra sem exceção, pelo
que todas as outras fontes de direito estão abaixo deste direito originário. Os
atos de direito internacional estão sujeitos ao princípio das competências de
atribuição e ao princípio da legalidade.
 Qualquer Estado membro, o Parlamento Europeu, o Conselho ou a Comissão
podem obter o parecer do Tribunal da Justiça sobre a compatibilidade de um
projeto de acordo com os Tratados. Em caso de parecer negativo do Tribunal, o
acordo projetado não pode entrar em vigor, salvo as alterações deste ou revisão
do Tratado.

Art. 218º, n.º 11 do TFUE
 Art. 350º e art. 351º do TUE

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As fontes de direito derivado


 O Direito derivado é constituído pelos atos unilaterais dos órgãos da UE adotados
de acordo com as regras constantes dos Tratados.
 Constitui um autêntico direito produzido, de forma autónoma, pelas diversas
instituições, no exercício das competências normativas atribuídas pelos
tratados.
 No Tratado de Paris (CECA) – decisões; recomendações; pareceres
 Nos Tratados de Roma (CEE e CEEA) – regulamentos; diretivas; decisões;
recomendações; pareceres
 Na versão consolidada dos Tratados da UE, os atos jurídicos da União estão
previstos no art. 288º do TFUE

Regulamentos:
 Carácter geral e abstrato , ou seja, impõem deveres, cria direitos para
todos aqueles estados, pessoas singulares ou coletivas que, em
abstrato, se enquadrem na ordem jurídica. Portanto, o regulamento
tem uma natureza e uma estrutura de lei.
 Obrigatoriedade, ou seja, o regulamento não só fixa o resultado como
os meios e a forma de obter esse resultado, é obrigatório em todos os
seus elementos. E por isso, os regulamentos são as fontes de direito
europeu que vão de encontro à função de integração europeia.
Através dos regulamentos procura-se fazer uma uniformização, tornar
igual, toda a legislação europeia em todos os Estados membros e
para todos os cidadãos ou empresas dos Estados membros. Por isso,
o órgão que muitas vezes o pratica é o órgão que defende os tratados
e o direito da UE que é a Comissão.
 Aplicabilidade direta - aplica-se diretamente nos Estados membros
sem a necessidade de qualquer ato interno posterior dos Estados
membros, ou seja, uma vez aprovado o regulamento e uma vez
publicado no jornal oficial das comunidades entra em vigor para todos
(cidadãos, empresas, Estados membros). Se qualquer Estado membro
quer se opor a um determinado regulamento, só o pode fazer até ele
ser aprovado. A partir do momento em que ele é aprovado, aplica-se
diretamente por força do previsto no 2º Parágrafo, do art. 288º do
TFUE (fonte originária do direito da UE)
Os princípios gerais de direito e a jurisprudência do TJUE
 O Tribunal da Justiça da UE é das instituições que mais tem feito pela integração.

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 Começou por fazer a interpretação das regras constantes dos Tratados, mas foi
mais além, declarando um conjunto de princípios gerais (princípio do primado e
o princípio do efeito imediato ou mesmo desenvolvendo outros princípios, em
especial, o da aplicabilidade direta ao direito europeu)
 A primeira fase foi assente no reenvio a título prejudicial o Tribunal da Justiça
promoveu o que tem sido designado de “constitucionalização” do Tratado de
Roma, sendo que numa segunda fase e nessa tendência para criar direito
europeu acabou por violar o princípios das competências de atribuição,
acabando por desvirtuar este princípio, ao transformar determinadas
competências concorrentes em competências exclusivas da UE.
 O art. 5º do TUE veio colocar um travão a esta jurisprudência do Tribunal de
Justiça.
 Princípio da atribuição – a União atua unicamente dentro dos limites das
competências que os Estados membros lhe tenham atribuído nos Tratados,
sendo que as competências que não sejam atribuídas à União nos Tratados
pertencem aos Estados membros.
 Princípio da subsidiariedade – nos domínios que não sejam da sua competência
exclusiva, a União intervém apenas se e na medida em que os objetivos da
ação considerada não possam ser suficientemente alcançados pelos Estados
membros.
 A afirmação pelo Tratado de que em mateira de responsabilidade extracontratual,
a União deve indemnizar os danos causados pelas suas instituições ou pelos
seus agentes no exercício das suas funções permite que o Tribunal de Justiça
recorra frequentemente à utilização dos princípios gerais de direito.
 Baseando-se nesses, o Tribunal de Justiça tem vindo a afirmar um conjunto de
princípios que se impõe às instâncias nacionais e às instituições da UE quando
estas são chamadas a aplicar o direito europeu.
 4 Princípios gerais:
i. Princípio da segurança jurídica – o Tribunal de Justiça tem sustentado a
existência de duas situações diversas, mas que constituem verdadeiros
corolários da segurança jurídica:
1. Princípio da estabilidade das situações jurídicas
2. Princípio da confiança legítima dos cidadãos na atividade da
administração
Estes dois corolários têm sido invocados pelo Tribunal por via de uma
análise em que são ponderadas as implicações jurídicas incontornáveis
que acabam por estar sempre presentes quando é chamado a pronunciar-

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se e a decidir sobre situações que envolvem alguns dos fatos jurídicos:


Prescrição; Não retroatividade; Publicidade; Clareza na relação dos
diferentes atos jurídicos.
ii. Princípio do direito à defesa – o Tribunal tem vindo a sublinhar dois
corolários, dos quais resulta a compreensão do conteúdo, significado e
alcance do princípio do direito à defesa: Princípio do contraditório;
Princípio da audiência prévia.
iii. Princípio da proporcionalidade – o Tribunal de Justiça afirma sempre sem
reservas nos seus acórdãos que o princípio da proporcionalidade se
impõe às instituições europeias e aos Estados membros e faz parte da
ordem jurídica da UE.

Art. 5º, n.º 4 do TUE
iv. Princípio da igualdade – o Tratado de Roma que institui a Comunidade
Europeia consagrou a proibição de toda e qualquer discriminação em
razão da nacionalidade.
O Tratado atribuiu ao Conselho a competência para adotar ações
adequadas para lutar contra a discriminação baseada no sexo, raça,
etnia, religião, ou convicções, incapacidade, idade, ou orientação sexual.
Afirma-se a vontade de prosseguir a integração no respeito pelos
princípios gerais de direito que são comuns aos Estados membros.

Art. 6º, n.º 1 do TUE
Com o Tratado de Lisboa avança-se para a afirmação do princípio da
igualdade na sua plenitude, consagrando-se a igualdade entre homens e
mulheres

Art. 2º do TUE
Os tratados surgem fortemente influenciados pelos objetivos económicos,
razão pela qual houve a preocupação de afirmar um conjunto de
liberdades essenciais relativas à mobilidade dos fatores de produção.
Colocou-se a hipótese de a UE aderir à Convenção europeia dos direitos
do homem. Não tendo personalidade jurídica a União não podia ser parte
da convenção. – Art. 6º do TUE

Os princípios e valores da UE
 O processo de integração foi orientado para a prossecução de fins políticos:

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i. Paz duradoura
ii. Criação de uma solidariedade de fato entre os Estados europeus
 No início do processo optou-se por um modelo de integração funcional, o que
resultou na prioridade dada aos objetivos económicos, nomeadamente através
da criação de um mercado comum, logo evoluindo para uma união económica e
monetária.
 Com o Tratado de Nice resulta a vontade de criar “uma união cada vez mais
estreita entre os povos da Europa”.
 Com o Tratado de Lisboa, os objetivos da UE ficaram assinalados, como sendo a
construção de uma União assente nos valores universais que são os direitos
invioláveis e inalienáveis da pessoa humana.
 Art. 2º do TUE
 O Tratado de Lisboa define como principais objetivos a alcançar os previstos no
art. 3º do TUE.
 Conclui-se que a UE assenta num conjunto de princípios fundamentais que em
boa parte são princípios estruturantes do seu ordenamento jurídico, podendo
mesmo afirmar-se que tais princípios integram a chamada “constituição
material” da União.
 Os tratados consagram um conjunto de princípios que dão vida aos valores
universais proclamados pela UE e se afirmam como fundamento e bússola
orientadora de todo o processo de integração.
 São princípios fundamentais no sentido em que dão vida aos valores que a UE
adotou como base de legitimação do seu funcionamento e de orientação
superior de todas as suas decisões.
 Esses princípios e valores ocupam o lugar cimeiro na hierarquia das fontes do
Direito da UE, alguns deles são princípios gerais de direito.
 O Tratado de Lisboa afirmou expressamente esse conjunto de princípios como
valores em que se funda a UE.

Art. 2º do TUE
 A importância desses princípios é vital para a UE enquanto produto histórico com
um património cultural e humanista e assumem uma natureza imperativa para
os Estados membros, pelo que qualquer violação grave e reiterada pode
resultar em sanção para o Estado membro. – Art. 7º do TUE
O princípio da identidade nacional

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 A UE respeita a identidade nacional dos Estados membros refletida nas


estruturas políticas e constitucionais fundamentais de cada um deles, incluindo
a autonomia local e regional.

Ou seja, cada Estado membro mantem o exclusivo da competência para definir
os termos da sua organização politica e administrativa, incluindo a definição das
suas autonomias locais e regionais e a respectiva articulação com o poder
central.
 Plano político – a exigência de que todo e qualquer avanço alcançado no
processo de integração europeia se faz no respeito e salvaguarda da identidade
própria de cada Estado.

Art. 4º, n.º 2 do TUE

A UE respeita as estruturas políticas e constitucionais de cada Estado, nelas
incluídas as que dizem respeito à autonomia regional e local, a forma como no
âmbito nacional se organizam e se prosseguem as funções essenciais do
Estado.
 Plano jurídico – exige que a UE salvaguarde a especificidade do Direito nacional
de cada Estado membro, o respeito pelo ordenamento jurídico-constitucional
nacional.
 O respeito pela identidade cultural de cada Estado membro implica o respeito
pela língua, a história, as religiões, as diversidades culturais, nomeadamente
das minorias étnicas.
 Art. 3º, n.º 3, 4º § do TUE
Os princípios da liberdade e da democracia
 Outro princípio fundamental da UE é o que permite definir a UE como “espaço de
liberdade, de segurança e de justiça”. – art. 3º, n.º 2 do TUE
 O valor da liberdade abrange a liberdade política em todas as suas dimensões
(liberdade de expressão e de reunião e de organização, liberdade de
consciência e de pensamento, de religião e de culto, de criação cultura).
 A ideia de liberdade implica o respeito pela liberdade física da pessoa, o que
determina a liberdade de movimentação dentro de um espaço territorial
determinado.

Esta ideia é valorizada nas chamadas 4 liberdades de circulação (pessoas, bens
ou serviços, capitais, empresas) no espaço da UE.

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 A ideia de liberdade política surge associada à ideia de democracia, o que implica


um sistema de governo que resulte do livre exercício do direito d votar e de ser
eleito, capaz de assegurar uma relação aberta e plural entre governantes e
governados, organizada com base no direito.

A democracia surge identificada com a participação popular no exercício do
poder político, com o imperio da lei no funcionamento das instituições, com a
realização da justiça social e a salvaguarda dos direitos humanos. Implica que o
poder é do povo, é exercido pelo povo e para o povo.

Deve ser entendida como democracia politica, económica e social. Essa ideia
significa que não basta assegurar a eleição, a representatividade e o
funcionamento democrático dos órgãos da UE. Enquanto princípio fundamental,
exige ainda que o bem-estar das populações e o progresso social constituam
objetivos da UE.

Democracia é uma forma de vida solidária que se realiza através de políticas
que promovam o modelo social europeu, no respeito pelo pluralismo e na
tolerância pela diversidade.

Esta forma de encarar a democracia completa-se e concretiza-se no respeito e
proteção dos direitos fundamentais do cidadão, constantes da Carta dos
Direitos Fundamentais da UE, incluindo os direitos das minorias e das pessoas
nelas integradas. – Arts. 2º e 6º do TUE e arts. 17º a 25º do TFUE
O princípio do Estado de Direito
 O valor da democracia está ligado ao valor do Estado de Direito, no sentido em
que o princípio democrático determina que o exercício do poder exige a sujeição
dos titulares dos órgãos políticos a regras de direito previamente estabelecidas.
 Estado de Direito significa que o exercício das funções de Estado na realização do
interesse geral implica o respeito dos direitos dos indivíduos.
 A ideia de Estado de Direito determina a vinculação da Administração pública ao
princípio da legalidade, no sentido em que esta só pode atuar com base na lei
prévia que lhe serve de fundamento e de limite.
 A legalidade determina também o controlo judicial dos atos administrativos por
tribunais independentes e a responsabilidade do Estado e dos seus agentes
pelos danos causados por fatos ilícitos praticados no exercício das suas funções.

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 O Tratado de Lisboa conferiu maior clareza e amplitude ao princípio da


subordinação ao Direito, preocupação que resulta expressa nos seguintes
planos:
a) Primeiro plano – o Tratado estabelece que a Comissão Europeia controla a
aplicação do Direito da UE, sob a fiscalização do Tribunal de Justiça da UE

Art. 17º, n,º 1 do TUE
b) Segundo plano – o Tratado qualifica a Carta dos Direitos Fundamentais
(CDFUE) como parte integrante do direito originário da UE

Art. 6º, n.º 1 do TUE
c) Plano da tutela judicial efetiva dos direitos fundamentais – o Tratado de
Lisboa atribui aos Estados membros a obrigação de estabelecerem as
vias de recurso necessárias para assegurar uma tutela jurisdicional
efetiva nos domínios abrangidos pelo direito da UE

Art. 19º, n.º 1, 2º § do TUE
 O princípio democrático impõe a ideia de Estado de Direito, no que significa a
construção e o funcionamento de uma União com base no primado do Direito e
da legalidade, da segurança jurídica e da proteção da confiança legítima.
 Primado do Direito da União significa que todo o Direito da UE (tratados,
regulamentos, diretivas, decisões e acordos internacionais concluídos pela
União) prevalece sobre o Direito estadual interno.
 Esta prevalência determina a necessidade de adoção de processos de revisão
constitucional por parte dos Estados membros de forma a tonar as respectivas
constituições políticas compatíveis com os Tratados, assegurando a coerência
do ordenamento jurídico da União à medida que os próprios Tratados vão sendo
alterados (revistos).

Para isso, Portugal procedeu a sucessivas revisões da Constituição de 1976 de
forma a introduzir as alterações que permitiram compatibilizar o texto
constitucional com os Tratados.
 Com relevância para a questão do primado do Direito da UE sobre o Direito
nacional importa assinalar que foi aditado um n.º 4 ao artigo 8º da CRP. É a
própria CRP que impõe a prevalência do Direito da UE, desde que não se
verifique nenhum conflito entres as normas jurídicas europeias e os princípios
constitucionais do Estado de Direito Democrático português.

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O princípio da economia social de mercado


 A economia europeia se define com base na economia de mercado competitiva e
dirigida ao pleno emprego, o modelo de economia social de mercado é o mais
ambicioso na definição dos objetivos das políticas económicas europeias.
O modelo social europeu caracteriza-se pela promoção do crescimento
económico e da estabilidade de preços, como condições indispensáveis ao
desenvolvimento sustentado, mas acrescenta-lhe a ambição de eliminar
progressivamente a exclusão social e todas as formas de discriminação. A busca
permanente da realização da justiça e da proteção social, a igualdade entre
homens e mulheres, a proteção dos direitos fundamentais, a solidariedade
intergeracional através da segurança social, constituem elementos de
identificação do modelo social europeu.
O princípio da dignidade humana
 Nos termos do art. 2º do TUE, a União deve respeitar a dignidade humana
assumindo uma tradição constitucional comum aos Estados membros.
 Só com o Tratado da UE, o respeito pela dignidade humana passou a ser um
princípio com consagração expressa nos Tratados.
 Enquanto valor fundamental molda o ordenamento jurídico europeu, pré-
determina o seu conteúdo, orienta e condiciona as decisões e funciona como
bússola de toda e qualquer atuação dos órgãos da UE e dos Estados membros.
 Enquanto princípio fundamental implica que, no processo de integração europeia,
a pessoa humana seja colocada antes e acima de tudo, em especial acima de
quaisquer considerações e decisões de política económica ou social.

Implica que o homem seja a razão de ser das políticas e que a melhoria do bem-
estar seja o objetivo da atuação da UE, sublinhando a ideia de que as pessoas
não são números, não têm preço, as pessoas são sentimentos, são
espiritualidade, as pessoas têm dignidade.
 Constitui fundamento e limite da atuação da UE, dos seus órgãos e dos Estados
membros.
 Art. 1º da CDFUE – a dignidade da pessoa humana constitui a própria base dos
direitos fundamentais
 Este princípio é o guia para a leitura dos direitos fundamentais, nomeadamente,
do direito à vida (art. 2º), do direito à integridade do ser humano (art. 3º), da
proibição da tortura e dos tratos e penas desumanos ou degradantes (art. 4º),
da proibição da escravatura e do trabalho forçado (art. 5º).
O princípio da solidariedade

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 Sempre ficou claro um aspeto, o qual diz respeito à aceitação por parte de todos
os Estados membros de que, independentemente da natureza e especificidade
dos interesses nacionais existe o interessa da União que se sobrepõe aos
interesses de cada Estado enquanto interesse geral ou comum.
 Esta solidariedade resulta da convicção de que os sacrifícios que cada Estado
membro tenha de suportar acabam claramente compensados pelas vantagens
resultantes da realização do interesse geral ou comum. Existe um interesse
geral, autónomo, cuja prossecução constitui o objetivo prioritário da UE.
 É com base neste princípio que os Estados membros assumem o dever de
prosseguir o interesse geral, de convergir e cooperar entre si e de nada fazer
que possa prejudicar o interesse da União.
 É desde logo uma solidariedade política entre Estados, numa espécie de
“contrato social” entre povos, na realização do objetivo comum da coesão
económica, social e territorial.

Art. 3º, n.º 3, 3º § do TUE
 Solidariedade significa entreajuda, cooperação leal e convergência
O princípio da subsidiariedade
 Este princípio disciplina o exercício das atribuições não exclusivas da UE,
segundo o qual a União só deve intervir quando se mostre necessária a sua
ação.
 É um princípio de descentralização, na medida em que atribui aos Estados a
preferência no exercício das competências não exclusivas da União.
 Sempre que se justifique a adoção de uma medida em domínios não reservados
em exclusivo à União, ou seja, em matérias em que existem competências
concorrentes ou partilhadas entre a UE e os Estados membros, então a medida
deve ser adotada de acordo com os ditames do princípio da subsidiariedade.
 De acordo com o princípio, a intervenção dos Estados é a regra, no sentido em
que a decisão deve ser tomada ao nível mais próximo dos cidadãos.

Art. 1º, 2º § do TUE
 A intervenção da UE, para além de necessária tem de justificar-se pela
insuficiência ou menor eficácia da ação do Estado em face da dimensão e
alcance dos objetivos a realizar com a ação ou a medida considerada.

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É da essência da subsidiariedade que o nível superior de decisão só deve


intervir quando e na medida em que se demonstre a insuficiência da ação ao
nível inferior.
 Só se aplica nos domínios das competências concorrentes ou partilhadas entre os
Estados membros e a União Europeia.

Art. 5º, n.º 3 do TUE
 As instituições da União aplicam o princípio da subsidiariedade em conformidade
com o Protocolo relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da
proporcionalidade. Os Parlamentos nacionais velam pela observância do
princípio da subsidiariedade de acordo com o processo previsto no referido
Protocolo.

Art. 5º, n.º 3, 2º § do TUE
 Toda e qualquer intervenção da UE em domínios que não sejam da sua
competência exclusiva fica submetida ao regime da subsidiariedade.

Art. 352º do TFUE
 Protocolo – arts. 8º, 4º, 5º e 6º
O Princípio do gradualismo e do adquirido
 Implica que o processo de integração europeia deve fazer-se de forma gradual,
isto é, de uma forma progressiva e segura evitando os riscos de paragens ou de
saltos entre fases do processo.
 O gradualismo significa integração dinâmica e evolutiva, em que a passagem à
fase seguinte só avança quando se consolidam os objetivos visados na fase
anterior do processo.
 De acordo com o princípio do adquirido, o processo de integração, sendo gradual,
deve a todo o momento ser consolidado, o que significa que deve ter-se como
adquirido e assente o que se alcançou em cada fase, de tal forma que os
objetivos alcançados e as medidas e atos adotados pela União devem
considerar-se juridicamente definitivos e politicamente irreversíveis.
 Esta irreversibilidade do processo da integração não impede que um determinado
Estado membro decida sair do processo. – art. 50º do TUE
O princípio da proporcionalidade
 O princípio da proporcionalidade aparece consagrado expressamente no TUE
como princípio orientador da ação da União, através dos seus órgãos.

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Art. 5º, n.º 1 e 4 do TUE


 A ação da União deve ter como fundamento a necessidade e deve sempre ser
confinada ao estritamente necessário para a realização dos fins a alcançar.
 O objetivo essencial está associado à ideia de que sempre que se justifique a
adoção de uma medida, importa assegurar que as finalidades a alcançar sejam
atingidas com base no menor sacrifício ou encargo possível para os
destinatários da medida, como tem vindo a ser fixado pela jurisprudência do
Tribunal de Justiça.
 Esta ideia da proporcionalidade radica na necessidade da medida e na proibição
do excesso.
 A compreensão deste princípio implica a consideração de três requisitos
essenciais que concorrem na relação de adequação entre meio e fim em
qualquer procedimento e que são:
a) Adequação da medida a adotar com vista à realização do fim previsto nos
Tratados – a medida configura-se qualitativamente como a opção certa
perante as circunstâncias do caso concreto.
b) Proporcionalidade em sentido estrito – a medida é quantitativamente
acertada, no sentido em que não é excessiva em relação ao fim de
prosseguir.
c) Necessidade de adoção daquela medida restritiva – no sentido de que
tem de ser demonstrado que outra solução menos onerosa não existe ou
não é praticável perante as circunstâncias concretas do caso.
 Este princípio comete aos órgãos da UE a obrigação de adequar os seus atos aos
fins concretos que se visam atingir, adequando as restrições impostas ao
exercício das 4 liberdades ao estritamente necessário e razoável.
 Trata-se de um princípio que tem subjacente a ideia de limitação do excesso, de
modo a que o exercício das competências atribuídas não ultrapassem o
indispensável à realização dos objetivos a prosseguir de acordo com os
Tratados.
A proteção dos direitos fundamentais no início da integração europeia
 Dos Tratados instituidores das 3 Comunidades não consta qualquer referência
expressa à matéria dos direitos fundamentais, não deixa de ser significativo a
preocupação dos fundadores da UE em afirmar as 4 liberdades fundamentais de
circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais.
 A estas 4 liberdades, acrescentar-se-ia a liberdade de concorrência formando um
conjunto de direitos fundamentais que asseguram o cariz identitário de todo o
processo de integração orientado para a criação de um mercado interno,

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concebido como instrumento de realização do grande objetivo político de fazer


da UE um espaço de liberdade, segurança progresso, bem-estar e de justiça.
 O Tratado CEE declara expressamente no art. 48º que é assegurada a liberdade
de circulação dos trabalhadores no interior da Comunidade, implica a abolição
de toda a discriminação baseada na nacionalidade, entre trabalhadores dos
Estados membros, no que concerne ao emprego, à renumeração e às outras
condições de trabalho.
 Art. 58º do TCE – estabelece a liberdade de estabelecimento
 Art. 59º do TCE – definem um quadro de disposições na base das quais deve ser
prosseguido o objetivo de suprimir progressivamente as restrições à liberdade
de prestação de serviços no interior da Comunidade
 Art. 67º do TCE – estabelece que os Estados membros suprimem
progressivamente entre eles as restrições aos movimentos de capitais
respeitantes às pessoas residentes nos Estados membros e bem assim as
discriminações baseadas na nacionalidade ou na residência ou a localização da
aplicação.
 Arts. 85º e 86º do TCE – estabelecem as bases do direito da concorrência
 O Tratado CEE faz diversas referências à proibição de toda e qualquer
discriminação em razão da nacionalidade.
 O Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão Europeia, sentiram a
necessidade de se comprometerem a respeitar os direitos fundamentais, no
exercício dos seus poderes e na prossecução dos objetivos das Comunidades
Europeias.
A proteção dos direitos fundamentais no TUE
A consagração expressa no Direito europeu da proteção dos direitos
fundamentais viria a ocorrer com o TUE.
 O TUE passou a afirmar que a Convenção Europeia dos Direitos do Homem vigora
no ordenamento jurídico europeu com um conjunto de princípios gerais de
Direito Europeu. O Tratado de Maastricht manteve a recusa da adesão da UE à
Convenção.
 O Tratado de Amesterdão acaba por consagrar de forma expressa a tutela judicial
efetiva dos direitos fundamentais.
 O respeito pelos direitos fundamentais passou a ser igualmente uma condição de
adesão para que qualquer Estado candidato se possa tornar membro da UE.
 O TUE passou a exigir como condição prévia para aderir à UE que o Estado
candidato respeite os princípios enunciados no n.º 1 do art. 6º.

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 Art. 49º do TUE – o pedido do Estado candidato para se tornar membro da União
é dirigido ao Conselho, que se pronuncia por unanimidade, após ter consultado
a Comissão e após parecer favorável do Parlamento Europeu, que se pronuncia
por maioria absoluta dos membros que o compõem. As condições de admissão
e as adaptações dos Tratados em que se funde a União serão objetivo de acordo
entre os Estados membros e o Estado peticionário. Esse acordo será submetido
à ratificação de todos os Estados Contratantes, de acordo com as respectivas
normas constitucionais.
 No domínio da proteção dos direitos fundamentais ao introduzir a alteração
constante do novo artigo 7º do TUE.

O Conselho pode decidir a aplicação da sanção de suspensão de alguns direitos
decorrentes do Tratado a um Estado membro que incorra na violação grave de
algum dos princípios enunciados no n.º 1 do art. 6º.

O Tratado estabelece o procedimento a adotar mas situações em que se
verifique a ocorrência de violações graves dos direitos fundamentais e de outros
princípios de que depende o respeito pelos direitos fundamentais, como são os
princípios da liberdade, da democracia e do Estado de Direito.

Antes de proceder à conclusão do processo de verificação da existência de uma
situação de violação grave de direitos fundamentais, o Conselho deve ouvir o
Estado membro em questão e pode inclusive pedir a personalidades
independentes que lhe apresentem um relatório sobre a situação nesse Estado
membro.

Se se verificar a existência da violação grave e persistente dos direitos
fundamentais, o Conselho pode decidir suspender alguns dos direitos
decorrentes da aplicação do presente Tratado ao Estado membro em causa,
incluindo o direito de voto do representante do Governo desse Estado membro
no Conselho. Ao fazê-lo, o Conselho terá em conta as eventuais consequências
dessa suspensão nos direitos e obrigações das pessoas singulares e coletivas.

O Estado membro em questão continua, de qualquer modo, vinculado às
obrigações que lhe incumbem por força do Tratado da União.

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O Conselho pode posteriormente decidir alterar ou revogar as medidas


tomadas, se entretanto se alterar a situação que motivou a imposição dessas
medidas.
A proteção dos direitos fundamentais no Tratado de Lisboa
 Com o Tratado de Lisboa os direitos fundamentais foram objeto de uma
reformulação e aprofundamento de grande significado.
 A relevância e o lugar de cimeiro conferido ao respeito pelos direitos
fundamentais resulta evidente da redação constante no art. 2º do TUE.
 A ordem jurídica da UE, passou a dispor de um elenco agora ampliado de direitos
fundamentais, par de outros princípios gerais de direito passam a ter de ser
respeitados como fontes de Direito, colocados que estão, por essa via, no grau
mais elevado do Direito originário da UE.
 Os direitos fundamentais e os restantes valores consagrados no art. 2º do TUE
são valores comuns a todos os Estados membros.
 Art. 3º, n.º 5 do TUE
 Art. 21º, n.º 1 do TUE
 O Tratado de Lisboa ampliou o âmbito dos direitos fundamentais reconhecidos
pelo ordenamento jurídico da UE com o alcance que lhe é atribuído pelo novo
art. 6º do TUE.
 Os direitos, as liberdades e os princípios consagrados na Carta devem ser
interpretados de acordo com as disposições gerais constantes do Título VII da
Carta que regem a sua interpretação e aplicação e tendo na devida conta as
anotações a que a Carta faz referência, que indicam as fontes dessas
disposições.
 Art. 6º, n.º 2 e 3 do TUE
 Tal como resulta do estabelecido pelo Tratado de Lisboa, em especial do art. 6º
do TUE, ressaltam como aspetos mais marcantes:
1) Importância da CDFUE
2) Alcance do Direito Internacional sobre os Direitos do Homem
3) Valor da Convenção Europeia dos Direitos do Homem
4) Importância atribuída às tradições constitucionalmente comuns aos
Estados membros em matéria de direitos fundamentais
 O Tratado de Lisboa retoma uma disposição já existente, estabelecendo um
mecanismo de prevenção. – art. 7º do TUE
 O Parlamento Europeu tem o direito de iniciativa, mediante o qual pode solicitar a
aplicação do primeiro destes mecanismos, e o direito ao exercício do controlo

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democrático, já que é necessário o seu consentimento para a aplicação dos


referidos mecanismos.
 O Tratado de Lisboa faz uma referência aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais nas disposições relativas à ação externa da UE – art. 21º do TUE
 Art. 67º do TFUE
 Para além da ampliação dos direitos fundamentais, o Tratado de Lisboa precisou
alguns desses direitos fazendo questão de sublinhar algumas especificidades:
1) Direitos pertencentes a minorias – art. 2º do TUE
2) Igualdade entre homens e mulheres – art. 3º, n.º 3, 2º § do TUE
3) Proteção dos direitos das crianças – art. 3º, n.º 3, 2º e 5º § do TUE
4) Direitos sociais – art. 9º do TFUE
5) Direito à não discriminação – art. 10º do TFUE
6) Direito ao ambiente – art- 11º do TFUE
7) Defesa dos consumidores – art. 12º do TFUE
8) Art. 15º do TFUE
9) Art. 16º do TFUE
10) Art. 17º do TFUE
 Estabelece o art. 269º do TFUE
CDFUE
 Foi proclamada pela Comissão, Conselho e Parlamento em 07/12/2000 no
Conselho Europeu de Nice e reafirmada e alterada na Conferência
Intergovernamental de 2007 e de novo proclamada solenemente em
12/12/2007.
 Adquiriu um estatuto juridicamente vinculativo, passando a ter o mesmo valor
jurídico dos Tratados, nos termos do art. 6º do TUE.
 Com a integração expressa da Carta no Tratado como fonte formal de Direito da
UE ficavam dissipadas todas as dúvidas que entretanto se haviam colocado no
que respeita à juridicidade e à força obrigatória ou vinculativa da Carta.
 É atribuído à Carta o estatuto jurídico de um verdadeiro catálogo de direitos,
liberdades e princípios ao qual é expressamente reconhecido o mesmo valor
jurídico do Tratado. A Carta adquire a natureza e a força jurídica de um tratado
internacional.
 A Carta obriga nos mesmos termos em que obrigam os Tratados da União. Obriga
desde logo as instituições, órgãos e organismos da UE, incluindo os Tribunais da
União que estão obrigados a aplicar a Carta como verdadeira fonte formal de
Direito que passou a ser.

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 Obriga os Estados membros mas somente quando estes aplicam o direito da UE.
As autoridades públicas dos Estados-membros só são obrigadas a respeitar a
Carta quando aplicam o direito da UE. Sob orientação do Tribunal de Justiça, os
juízes dos Estados-membros só tem competência para assegurar que a Carta
seja respeitada pelos Estados-membros quando aplicam o direito da União.
 Art. 51º, n.º 1 e 53º da CDFUE
Competências
 Artigos do Tratado

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