Você está na página 1de 11
PIN MU a PSIQUIATRIA Maeve a Colo dhetat Ensaios € Pence mele sobre as bases Prnieexeeeiee da doen¢a psiquica, mprorekeclocelhs si mesmo ecolégico Digitalizada com CamScanner Por que ha doenga psiquica? Abstract A questdo sobre por que ha doenga psiquica pode ser respondida a partir de uma referéncia a inumeras condicées, fatores e contextos — biolégicos, psicolégicos e jais. A antropologia filosofica e psiquiatrica, em con- partida, pergunta de maneira mais fundamental sobre condigées de possibilidade para que o homem em geral possa adoecer psiquicamente. Com efeito, ndo é 0 fato de nao ocorrerem transtornos psiquicos entre animais que vivem livremente que fala em favor de uma vulnerabilidade antropoldgica, ou seja, em favor de uma ameaga psiquica especifica do homem. A conferéncia investiga raz6es pos- siveis dessa vulnerabilidade e a aloca antes de tudo na articular abertura, variabilidade, mas também na con- aditoriedade da forma de organizagao e de existéncia do 1omem. Na segunda parte, esta disposicao é interpretada como uma vulnerabilidade existencial, a saber, como uma sensibilidade particular para as contradicdes e para as situacées limite da Conditio Humana. Introdugéo A pergunta sobre por que ha doenca psiquica pode respondida de maneiras diversas. Muitos esperarao a conferéncia que investigue as causas dos transtornos psiquicos ~ e, neste caso, haveria com certeza todo um feixe de condicées, fatores, desencadeadores, causas ou ao menos causas parciais possiveis. Pode-se pensar em influéncias genéticas, em disfungdes neurobiologicas, seja com base em perturbagdes de maturagdo do cérebro na primeira infancia ou em perturbagoes da alteracéo do ma- terial de transmissao neuronal. Pode-se pensar por outro lado em vivéncias expressivas da infancia ¢ em traumas, em conflitos pulsionais e em construgdes de sintomas correspondentes, em fatores pessoais, e, entao, porém, também em condigées sociais tais como a falta de recur- Digitalizada com CamScanner discriminagdo, migracao e urbanizagdo etc. As fo ites de condicées causais s4o praticament caveis, e eu precise! interromper I conferéncia, na medida em que sobrecarregado com 0 questionamento. Todavia, eu gostaria de lidar de maneira diversa com a questdo, a saber, a partir da da antropologia filoséfica e psiquiatrica. Ela no fobre causas particulares de perturbagdes ss, mas pergunta de maneira mai: das, mas perguna de manera mats fundament adoceer ‘psiquicamente ’ propriamente na organizacio psicofisi on om tn susetl ox vlnerdal au docnga Briguica especica do homer. Alnda que em miferos maiores surji : um recolhimento cars ee Ga imal tra a sua vides finda . Possit que impress aida da doen home 2 08 graus mira evidentemente na mim, portant, €@ .stao estabelecidas na trades ¢ Sega, A decomposi¢ioe, finalmente, racenento paiquien;e até que ponto So precisAers dosent Ft nowos de Hherdade da organzardo core afo necessariamente acompanhados Por uma Pina fragilidade da psique humana. reaia perapectiva alcanca efetivamente tumajustiicagse Fae de que nao se encontra por um lado nenhuma ‘espeeifica para as doengas psiquicas, mas A eno sobrecargas prévias significativas diversas; © ae aro, pelo fato de que ~ caso nos abstralamos por agora. ‘ndo ha nenhuma causa neurobiol6gica wea para elas. Sim, apesar de décadas de pesquisa ica, nao estamos até hoje 5es de diagnosti cies poiquleas com procedimentos deimagem 3 genéticas ou outras, e € duvidoso afirmar falgum dia isso sera possivel. De maneira evidente, 80 mos lidando com simples doencas cerebrais, mas com .-que remontam a uma interacdo de processes boloionssubleios ¢ sociale ‘Alem disto, fa nenkum limite bioldgico claro entre a doenca ¢ as oda vida saudvel ou ainda-saudvel. oto também fica o fato dé que a pergunta acerca da possibilidade ‘doenca psiquica precisa ser considerada a partir de um outro ponto de observacao. ‘Eu perguntarei de inicio sobre os fundamentos da i gica para a doenca psiquica e ‘08 alocarei antes de tudo na particular abertura, varia~ ilidade, mas também no carater contraditério da orga- nizagdo psiquica e da forma de existéncia do homem. Na segunda parte, entdo, interpretarei essa disposicao para ‘a doenga psiquica como uma vulnerabilidade existencial, Soe ede ands perdeclan para coos € contradicées fundamentais da existencia humana, que ‘apontam na direcao dos homens dispostos para a doenga paiquica. Bssa vulnerabilidade os torna suscetivels para Digitalizada com CamScanner inagoes limite, n ‘a saber, si i van ineviteis inicio as circunstan ee re sre sc ue sein area aera ier 028) ¢ Nl Co ao de pen 0h ons a act A pr me Lr on all = ee eam as a ae do em um grau elevado por esquemas € papel rai, que substituem os instintos. A cultura eo. par ela como soma dos papeis e habitos adqui “0 homem, com isto, da tarefa de buscar se ‘metas ¢ de planejar expressamente cada at P individual do homem. O homem ¢, nas palavras Nietzsche, o animal nao fxado’, 0, tal to psicofisicos da desenvolvimento moral que s6 amadurers completamente ecetolta don 25 anos de vida. O Serer ‘humano dispoe, weit fe uma potencialidade tinicey Ue, ‘contudo, nao se ‘mas apenas na cultura; —_— Mas mesmo & TS homem ainda sem eid eae completamente determinadol © of reside a li- Pe ke pia de eacana do desenovriments Poea™e bende no vivem apenas, mas condzem 2 vida, ©, Os homens nv moldam por si mesmos, cles conten cor ro de suas decinbes c agdes 0 Seu PrOpT ‘desenvol- or meio dan abertura pode ser interpretada de mane!) vimento Tal como no célebre tratado “De homonis dign otimista. beta renascentista Pico de la Mirandola, no qual Deus diz ao homem: snqu serds livre de todas as restrigdes segundo a tua propria ontade livre, 8 qual te entrego para que determines por ti resmo tua natureza. Coloque'-te no centro do mundo... para {que tupossas conformar como um escultor ati mesmo segundo teu proprio arbitrio da forma que tu preferires” (1486) ‘Anggistia como “vertigem da liberdade” Naturalmente, essa abertura também traz consigo alpen possibiidas de perturbacko, em verdade, inicio uma disposi uma d a ia, uma das formas mais frequentes de manifestagao de trafistornos psiquieos. De inicio, a angustia, tal como acontece com futros animais, tem uma funcao biologica no sentido de um. sistema de adverténcia, que, em caso de perigo, mobiliza fa prontidao para a fuga ou para a defesa do organismo. 1, Para uma plena compreenafio dessa parte ¢ fundamental ter Digitalizada com CamScanner alem disto” (Freud 1926), cconhecidamente wm mntos neuroticos. O8 = ae turas para sociat e nad ‘ge maneira crescente om gusta da consciencia 800 Te 8 sociais € exi fteralmente inatos entam, quer sejam partic 1port ente quer sejam transferidos para 0 fo a ls an a ‘os ocasionadores mais frequentes de Pred oe ae megoes clinicas ligadas @ angustie ate, fo sdesamparo estendido pi oes fem pode vir acompanhada 8 ang da se transformar em vmpos e na dependencia da crianga Pes m ne tempos 6) A angustiapreenche uma ogi nce Ieremente Fre sistema de vinculagdo biologicamente es angtmtidao do homem para a angus m tae gowiby 1975), na medida em que indica a pen cate intensificada pela S08 sroximidade da mae e, com isto, da protegao etclpact do Geen séria para a crianga pequena. Mesmo a assim entacionalment ee aoc a ‘apebasln ‘eee ee Oe ren, en apa 1971) devia-se a perda de contato com 0 grpi» © homem du do futuro mais imediato em direcso a indispensavel para a sobrevivencia em um mundo, Per Nornabilidade da propria dante hostil, Abandonado, exposto, o banimento eq orn eniatencie, C0 lia a uma condenac&o @ morte e desencadeava A de alarme macicas (Bilz 1971). Em meio ao sentim de abandono na amplidéo vazia, tal como ele € ipbbestinnn tetatin na ‘agorofobia ¢ nos casos de panico, campo de multiplas angustias existenciais, vez mais ainda o seu desencadeamento freq n torno da propria vida transforma em estrutura a0 fato de a vida nao ser sim- es ‘a0 homem, mas Ihe Ser 4. Feulsionad $ itregue omg area sigifcn ‘ao mesmo tempo um perigo gunsas pulsionl, que si intermalizados pelo s elevado, a saber, um per cial. Por meio de Stas Tal cote hr alta ims propriaa decisdes, ele pode deixar de alcancar suas inginics. Tel como Freud mostrou em O mal-estar tas PrP cen, correndo um, sco elevado demais; 6 de Costa mae

Você também pode gostar