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Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo Decreto nº44-/ 01 de 6 de Junho de 2001)

Faculdades de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

ESTUDO DOS NÍVEIS DE ANSIEDADE EM MULHERES


PÓS-CESARIANA: ESTUDO REALIZADO NA
MATERNIDADE AUGUSTO N´GANGULA

Autor: Mambote Madalena Caxala

Licenciatura: Psicologia

Opção: Clínica

Orientador: Rita do Nascimento Lubange

Viana, Janeiro de 2023


Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo Decreto nº44-/ 01 de 6 de Junho de 2001)

Faculdades de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

ESTUDO DOS NÍVEIS DE ANSIEDADE EM MULHERES


PÓS-CESARIANA: ESTUDO REALIZADO NA
MATERNIDADE AUGUSTO N´GANGULA

Autor: Mambote Madalena Caxala

Licenciatura: Psicologia

Opção: Clínica
EPÍGRAFE
“Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com
ansiedade”

Esopo
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus Pais, por nunca terem medido esforços para me
proporcionar um ensino de qualidade durante todo o meu período escolar. A minha
Orientadora, que conduziu o trabalho com paciência e dedicação, sempre disponível a
compartilhar todo o seu vasto conhecimento. Aos meus irmãos, pelo companheirismo,
pela cumplicidade e pelo apoio em todos os momentos delicados da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, a Deus, que fez com que meus objectivos fossem alcançados
durante todos os meus estudos. À Dra. Rita do Nascimento por ter sido minha orientadora
e ter desempenhado tal função com dedicação e amizade, a todos os Professores pelas
correcções e ensinamentos que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu
processo de formação profissional ao longo do curso. À minha família, amigos por todo
apoio e ajuda, que muito contribuíram para a realização deste trabalho.
DECLARAÇÃO DO AUTOR
Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos da
universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular do regulamento de
elaboração do trabalho de fim de curso. O trabalho é original excepto onde indicado por
referência especial no texto. Quaisquer visões expressas são do autor e não representam
de modo algum quaisquer visões da UniPiaget. Este trabalho, no todo ou em parte, não
foi apresentado para avaliação noutras instituições de ensino superior nacionais os
estrageiras. Mais informo que a norma seguida para e elaboração do trabalho é a norma
APA.

Assinatura_________________________________________

Data:______/______/_____________
RESUMO
O trabalho em causa fora desenvolvido no decurso da licenciatura em Psicologia Clinica
e Saúde. O mesmo é voltado para os níveis de ansiedade em mulheres pós-cesariana que
foi realizado de forma minuciosa na maternidade Augusto N´Gangula, situada em
Luanda. O presente trabalho tem como objectivo analisar os diferenciados níveis de
ansiedade em mulheres pós-cesariana na maternidade referida, descrever os factores que
estão na base da ansiedade e identificar as consequências que a ansiedade tem em
mulheres pós-cesariana. Para a elaboração do trabalho, usou-se o método descritivo de
natureza qualitativa, que é um método bastante eficaz para diversos estudos, utilizou-se
ainda hipóteses e variáveis que foram de grande proveito para o trabalho. Encontram-se
expostos conteúdos sobre a origem histórica da ansiedade, como esta se apresenta, as suas
características, consequências e como esta pode afectar de forma directa os indivíduos,
mesmo que de forma quase impercetível. Trata-se de um trabalho bastante inclusivo, pois
apresenta uma visão diversificada sobre os níveis de ansiedade em mulheres pós-
cesariana, e sendo que é muito raro se falar dos níveis de ansiedade em mulheres pós-
cesariana por achar-se que estas se encontram normais em todos os aspectos. O trabalho
conta ainda com resultados obtidos de uma escala de ansiedade de Beck de 21 perguntas
que ajudou muito a definir o nível de ansiedade das mulheres que sofreram cesariana
naquela unidade hospitalar. De acordo com todo estudo feito e os resultados obtidos,
evidenciou-se que a ansiedade é uma realidade entre as mulheres no nosso país, e é devido
a isso que se recomendam cada vez mais consultórios de psicologia em hospitais e fazer
com que cada mulher tenha acompanhamento psicológico.

Palavras-chave: Ansiedade, cesariana, maternidade.


ABSTRACT
The work in question was developed during the course of the degree in Clinical
Psychology and Health. It is aimed at the levels of anxiety in pregnant women, which was
meticulously carried out at the Augusto N'Gangula maternity hospital located in Luanda.
The present work aims to analyze the different levels of anxiety in pregnant women in
the mentioned maternity hospital, describe the factors that underlie anxiety and identify
the consequences that anxiety has on pregnancy. For the elaboration of the work, the
descriptive exploratory method of the cross-section was used, which is a very effective
method for several studies, we also used hypotheses and variables that were of great
benefit to the work. Contents are exposed on the historical origin of anxiety, how it
presents itself, its characteristics, consequences and how it can directly affect individuals,
even if in an almost imperceptible way. This is a very inclusive and shrewd work, as it
presents a new view on the levels of anxiety in pregnant women, and it is very rare to talk
about the levels of anxiety in pregnant women because it is believed that these are normal
in all aspects. . The work also has results obtained from a 21-question anxiety Beck scale
that helped a lot to define the anxiety level of pregnant women in that hospital unit.
According to every study carried out and the results obtained, it became evident that
anxiety is undoubtedly a reality among women in our country, and that is why psychology
offices are increasingly recommended in hospitals and make sure that each pregnant
woman has psychological support.

Keywords: Anxiety, caesarean, motherhood.


ÍNDICE GERAL
EPÍGRAFE……………………………………………..………………………….,..…III

AGRADECIMENTOS…………………………………………….……………...,.......IV

DEDICATÓRIA………………………………………………………………..….……V

DECLARAÇÃO DO AUTOR…………………….……………………………..…….VI

RESUMO………………………………………………………………………..…….VII

ABSTRACT…………………...…………………...…………………………..…….VIII

INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………1

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA…………………………………………………..2

OBJECTIVOS DE ESTUDO…………………………………………………………...2

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO……………………………………………………..….3

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO……………………………………………………..….3

DEFINIÇÃO DO CONCEITO……………………………………………………….....4

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO CIENTÍFICA

1.1 CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE ANSIEDADE…..……………….………..…..6


2 PERSPECTIVA SOBRE A ANSIEDADE………….………………………..…......9
2.1 AS PERTURBAÇÕES DA ANSIEDADE………………………………….............9
2.1.1 Característica das perturbações da ansiedade…………………….………….....10
2.2 PERTURBAÇÕES DA ANSIEDADE………………………….…………….........12
2.2.1 Ansiedade Generalizada…………………….………………………………..…13
1.4.2 Perturbação do stress pós-traumático………………………………………..........15

2.3 ANSIEDADE NA GRAVIDEZ…………………………..…………….....…….…18


2.4 UMA PERSPECTIVA SOBRE A CESARIANA…………………………….…...20
2.5 TRATAMENTO DA ANSIEDADE………………………………………...……..23
2.5.1 Intervenção psicoterapêutica……………….………………………..…………23
2.5.2 Intervenção psicoterapêutica em mulheres pós-cesariana……………………...24

1.7.3 Psicoterapia cognitivo-comportamental……………………………………….....24


1.7.4 Psicoterapia e a Comunicação mediada……………………………………….....29
1.7.5 Psicoterapia interpessoal……………………………………………..…………..30

CAPÍTULO II - OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

2.1 MODOS DE INVESTIGAÇÃO……………………………………………………33

2.2 HIPÓTESES………………………………………………………………………..33

2.3 VARIÁVEL………………………………………………………………………...33

2.4 OBJECTO DO ESTUDO…………………………………………………………..33

2.5 INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO…………………………………………33

2.6 PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO...…………………33

CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS

DISCUSSÃO…………………………………………………………………….……..56

CONCLUSÃO…………………………………………………………………….…...59

RECOMENDAÇÕES…………………………………………………………….……60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………........61
INTRODUÇÃO

O trabalho em causa foca-se no âmbito de Psicologia Clinica e Saúde, onde se verão


expostos conteúdos sobre a ansiedade em mulheres submetidas à cesariana na
maternidade Augusto N´Gangula. Ansiedade é uma perturbação muito comum em todos
os seres humanos, mas que por sinal tem afectado cada vez mais as mulheres quando estas
sofrem o processo de cesariana. Nota-se que não se trata apenas de uma questão
meramente externa, pois há estudos conclusivos que indicam que as mulheres que
apresentam estágios elevados de ansiedade no período pós-cesariana podem vir a ter
graves problemas quando a criança nasce, esses problemas podem ser para a mãe e
simultaneamente para o bebé recém-nascido. A tendência que há em tratar as mulheres
como seres que devem desempenhar todas as funções que lhes são incumbidas causam
determinados problemas para estas, e sabe-se que, em Angola, devido aos padrões sociais,
não se entende que, muitas vezes, estas mulheres quando se encontram em tal estado
precisam é de algum tipo de acompanhamento, e não de mais subcarga.

Apesar do que se pode notar, ainda é muito ignorado o facto de que as pessoas precisam
de acompanhamento psicológico, e é devido a toda essa negligência que se vê cada vez
mais casos de ansiedade e até mesmo de depressão, isso já num nível crónico. Há
necessidade de se informar ao quão grave podem ser as perturbações mentais, e é nesse
sentido que se desenvolveu este trabalho, de modos a informar a comunidade em geral
sobre tal assunto.

Além da informação, é ainda mais importante se estabelecer bases para o tratamento de


pessoas com perturbações mentais, há necessidade de se credibilizar os profissionais na
área, e assim se ver métodos de minimizar os problemas que as perturbações mentais
podem trazer. É importante se dar a devida atenção a mulheres que sofreram cesariana,
porque é clara a facilidade que estas podem vir a desenvolver a ansiedade, e pior ainda,
que esta possa vir a desenvolver uma depressão pós-parto, que em muitos casos pode criar
graves problemas para mãe e o bebé.
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

A ansiedade em mulheres que sofreram cesariana pode ser mais comum do que se pensa,
uma vez que essas mulheres passam por um processo doloroso e que, muitas vezes, pode
lhes levar a pensar em nunca mais passar por tal situação. E pelo facto de ser um processo
extremamente complicado, essas mulheres podem, claramente, pensar em nunca mais ter
um filho, pois pode se dar o caso de sofrer outra cesariana, e o que se pode evidenciar
serão pensamentos antecipatórios, e esses pensamentos podem, claramente, levar a níveis
de ansiedade muito elevados.

Ter um filho para muitas mulheres é um sonho, mas este sonho pode se tornar um
pesadelo quando se passa por um processo de cesariana, pois há casos de maus tratos no
decorrer de tal processo, e há relatos que indicam que devido ao facto de muitas mulheres
soferem neste mesmo processo, chegam a desenvolver perturbações da ansiedade. Se
evidencia ainda que muitas mulheres desenvolvem a ansiedade na gestação por não se
encontrarem em condições, tanto financeiras como emocionais para cuidarem de um
filho, e isso tem sido também um problema muito grande para essas mães.

Quais os níveis de ansiedade em mulheres submetidas a cesariana na


maternidade Augusto N´Gangula?

OBJECTIVOS DE ESTUDO
Objectivo Geral: Compreender como os níveis de ansiedade afectam as mulheres pós-
cesariana na maternidade Augusto N´gangula.

Objectivos Específicos:

1) Identificar os níveis de ansiedade em mulheres pós-cesariana na maternidade


Augusto N´gangula ;
2) Descrever as perturbações da ansiedade que elevam os níveis de ansiedade em
mulheres pós-cesariana na maternidade Augusto N´gangula;
3) Propor medidas de intervenção psicoterapêutica para ajudar as mulheres pós-
cesariana com níveis de ansiedade fora do normal.
IMPORTÂNCIA DE ESTUDO

O trabalho em causa é importante pois trata-se de um problema muito pertinente, a


cesariana pode afectar muito o psicológico de uma mulher, devido a muitas complicações
fisiológicas que o processo pode apresentar. É necessário se entender como este processo
chega a ser crítico quando não é efectuado da melhor forma, e há ainda relatos que
demonstram que mulheres que sofrem cesariana podem ainda desenvolver a depressão, e
como é de conhecimento da maioria das pessoas, a depressão pode ser um mal que leva
à morte da pessoa portadora, e tratando-se de uma nova mãe, é importante se entender e
ajudar mulheres que se encontram com tais problemas.

O tema é de bastante importância, pois de alguma forma se negligenciam bastante as


perturbações que as mulheres que sofereram uma cesariana podem desenvolver, isso
porque desde que estas estejam com os sintomas fisiológicos normais são taxadas como
pessoas totalmente saudáveis. O trabalho em destaque vem nos demonstrar que nem
sempre as coisas acontecem de tal forma, isso porque em muitos casos ou mesmo na
maioria, as mulheres estão a sofrer nesse período em que deviam estar mais calmas
possível para poderem cuidar do seu filho recém-nascido, esses problemas psicológicos
que as mães podem adquirir afectam directamente o desenvolvimento da criança.

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O estudo foi realizado na Maternidade Augusto N′Gangula, num período de dois meses
(Abril e Maio) no ano de 2022.
DEFINIÇÃO DO CONCEITO

a) Ansiedade
Barlow e Durand (2010, p. 132) dizem que “a ansiedade é um estado de humor negativo
caracterizado por sintomas corporais de tensão física e apreensão em relação ao
futuro.”

b) Cesariana
Domingues e Pereira (2014, p. 101) dizem que “define-se como cesariana o
procedimento por laparotomia que permite a extracção de um ou mais fetos do útero ou
da cavidade abdominal, com ou sem vida, com mais de 22 semanas e 0 dias”.

c) Maternidade
Lejarraga (1996, p. 26) afirma que, “maternidade é a instituição ou local onde são
encaminhadas as senhoras que encontram-se de gravidez para efectuar o parto.”
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO
CIENTÍFICA
1.1. CONTEXTO HISTÓRICO DA ANSIEDADE
A ansiedade está presente desde o início dos tempos, e apesar de não ser estudada como
se faz hoje, a ansiedade já era, anteriormente, considerada como um sentimento que
desestruturava aquilo que era considerado comportamento normal. Existem relatos sobre
como os gregos antigamente encaravam os estados ansiosos e por isso, é de interesse
realçar que Coutinho et al (2006, p. 17) dizem que:

Na Grécia Antiga, apesar de não existir uma palavra para descrever a ansiedade, já se
usavam termos como mania, melancolia, histeria e paranoia para definir sentimentos pouco
conhecidos, porém vividos em sua plenitude. Relatos bíblicos apontam que os sintomas de
medo excessivo já apareciam naquela época e eram atribuídos ao relacionamento com Deus
e ao distanciamento deste.

Nesse contexto, conseguimos notar que naquilo que era a constituição da antiga Grécia,
os sentimentos ansiosos já se faziam presentes, e apesar de não ser caracterizado como é
caracterizado hoje já se vivia tais sentimentos com grande intensidade, e vemos ainda que
para esses sentimentos, existiam ainda factos da bíblia que davam a entender que tais
sentimentos surgem apenas resultantes daquilo que seria o afastamento com Deus, isso
claramente causava problema aos indivíduos que experienciavam tais sentimentos
angustiantes.

Em modo de um relato evolutivo do conceito de ansiedade, vemos os autores a darem


seus contributos exprimindo como esta passa da sua fase inicial, “sem nome estabelecido”
para então passar a ser considerada ansiedade até hoje, e nesse sentido vemos Coutinho
et al (2006, pp. 17-18) a dizerem que:

No início do século XVII, o termo ansiedade começou a ser usado na escrita médica sobre
doenças mentais. Não se falava em “psiquiatria”, já que essa palavra não se enquadrava na
linguagem médica até Johann Reil criá-la, em 1808. O uso do termo ansiedade também
significava o início de uma distinção entre os níveis normais vividos pela população em
geral depois de desapontamentos no amor, preocupações financeiras e problemas de saúde
e os níveis excessivos apresentados por pessoas que reagiam de forma mais intensa a
eventos similares. Em acréscimo, o que hoje consideramos síndromes de ansiedade grave
era, naquele período, vinculado a quadros depressivos.

Analisando a ideia estabelecida pelos autores, notamos que a palavra ansiedade passa a
ganhar espaço a partir do século XVII, e apesar disso, não era ainda associada à
psiquiatria, porque a mesma palavra só fora introduzida algum tempo depois. Mas se
realça ainda que a introdução do termo ansiedade deu à luz a toda diferenciação que há
hoje entre ansiedade normal, que é o tipo de ansiedade que todos nós estamos propensos
a passar devido a certos acontecimentos da nossa vida quotidiana, e que com o andar do
tempo vão se eliminando por conta de outras actividades e não só, da ansiedade
patológica, que pode até ter os mesmos motivos da normal, mas que devido ao facto de
ser patológico causa um estrago grande na constituição cognitiva do indivíduo. É de
realçar ainda que antigamente, a ansiedade era nada mais que um elemento dentro dos
quadros depressivos, não tendo o destaque que tem hoje.
Devido a não inclusão que havia naquele tempo, teve de se arranjar formas para dar
explicações àquilo que eram os sentimentos desajustados das pessoas, e é nesse sentido
que vemos Viana (2010, p. 20) a dizer que, “é apenas a partir de finais do século XIX
que a ansiedade passa a despertar o interesse da Medicina, sendo então abordada como
um quadro patológico específico.”

Aqui nota-se com a ideia do autor a inclusão da ansiedade para os fins médicos, dando
então um realce de uma patologia prejudicial à sanidade humana, e que com certeza devia
ser estudada e encontrada formas de tratamento, coisa que se nota a acontecer nos dias de
hoje.

E vemos ainda nessa mesma ordem de ideias, Coutinho et al (2006, p. 18) a dizerem que:

Os primeiros anos do século XIX testemunharam uma mudança parcial do foco no campo
da saúde mental. Apesar de não ser uma hegemonia mundial, passou-se a cogitar a
possibilidade de as causas das doenças mentais serem psicológicas, e não físicas. Nessa
época, já se tentava entender o medo de falar em público, a aversão a animais, a agitação
excessiva, a angústia e a dificuldade para dormir, conferindo-se explicações
psicossomáticas a tais sintomas. Considerava-se que ansiedade intensa e tristeza poderiam
levar a condições orgânicas.

Com base na ideia apresentada pelos autores notamos que, como no mundo antigo se
estabeleceu a ideia de que todas as doenças mentais eram resultantes de questões
fisiológicas teve de se desmantelar tal ideia e se estabelecer que esses problemas
advinham de questões psicológicas, então no século XIX como já vimos relatado pelo
autor anterior, se enquadrava aquilo que eram as doenças mentais, e em especial com a
ansiedade foi se ver aquilo que dava origem a problemas como medo de falar em público
e até mesmo a classificar por sintomas para chegar ao ponto em que conhecemos hoje.
Nesse sentido, eliminou-se toda a ideia de que eram causas fisiológicas que
desencadeavam quadros ansiosos, e passou-se a olhar para as questões psicológicas como
o principal factor para o surgimento dos mesmos.
Apesar de já ser enquadrada naquilo que são deveres da psiquiatria, a ansiedade ainda não
se encontrava classificada, e vemos que há relatos de autores a dizerem como a
classificação da mesma aconteceu, como é o caso de Viana (2010, p. 83) que nos diz que:

Embora a primeira caracterização da ansiedade enquanto categoria nosológica específica


tenha sido realizada por Freud em 1895, até meados do século XX não existiam sistemas
de classificação padronizados para os quadros de ansiedade. Os “transtornos de ansiedade”
aparecem, portanto, tardiamente enquanto entidades nosológicas, nos principais sistemas
de classificação em Psiquiatria. As primeiras classificações oficiais foram, provavelmente,
desenvolvidas nos Estados Unidos. Em 1840, realizou-se um levantamento dos quadros
psiquiátricos.

Conseguimos notar com a ideia do autor que, apesar das características da ansiedade
serem expostas por Freud, nota-se que até na metade do século passado ainda não eram
classificadas de formas uniformizadas as questões ansiosas. Nesse sentido, a classificação
da ansiedade como uma perturbação surge muito depois naquilo que eram as
classificações psiquiátricas daquele tempo. É de notar ainda que, provavelmente, a
primeira classificação para a ansiedade foi feita nos Estados Unidos, onde depois de um
grande surgimento de várias classificações a partir do CID-6 dariam origem a vários
outros manuais de classificação da ansiedade até chegar ao ponto em que se encontra
actualmente.

Em termos de evolução daquilo que é a ansiedade como uma patologia, vê-se as


classificações do Manual da Associação Americana de Psiquiatria, onde há uma
explicação primária do que é a ansiedade patológica, isso no seu primeiro volume, e uma
continuidade naquilo que foi a evolução do mesmo manual, nota-se, claramente, uma
maior abrangência e distribuição daquilo que são tais perturbações, com isso vemos que
segundo Belzung (2007, p. 273) a dizer que:

No manual da Associação Americana de Psiquiatria que publicou em 1952 a sua primeira


nomenclatura oficial das perturbações psiquiátricas (o DSM-I), são mencionadas várias
patologias ansiosas. A quarta versão deste manual, publicada em 1994 (o DSM-IV), inclui
uma secção dedicada aos transtornos ansiosos, na qual são listadas as patologias seguintes:
distúrbio de pânico, distúrbio obsessivo compulsivo, stresse pós-traumático, ansiedade
generalizada. Esta classificação faz pensar que estas diversas perturbações constituem
patologias centradas à volta de uma perturbação da ansiedade.

Consegue-se notar com a ideia do autor que, a ansiedade como patologia sofre uma
classificação associando-se a determinados subgrupos que tinham em comum
determinadas características, no que podemos observar, os elementos desse grupo tinham
todos de obedecer a critérios que podiam ser associados à ansiedade, qualquer sintoma
diferente era considerado nulo, os critérios devem envolver o tempo dos sintomas e como
estes vão se manifestar, a forma como vai afectar o indivíduo e aqueles ao seu redor. Com
base na actualização mais recente que é o DSM-V, nota-se uma maior organização das
perturbações de ansiedade, isso dá maior realce ao que é a ansiedade, e como se manifesta.

1.2. PERSPECTIVA SOBRE A ANSIEDADE


Ansiedade é um estado normal a todo ser humano, mas a normalidade só pode se
evidenciar quando não há problemas severos para a vida do indivíduo. Quando se trata de
uma ansiedade cujos níveis são elevados, é considerada patológica, e tal é completamente
nociva a vida do indivíduo. Nessa instância vemos Kaplan e Sadock (2017, p. 403) a
dizerem que:

A ansiedade representa um fenômeno fundamental em torno do qual diversas teorias


psiquiátricas foram organizadas. Portanto, o termo “ansiedade” tem desempenhado um
papel central na teoria psicodinâmica, bem como na pesquisa focada na neurociência e em
várias escolas de pensamento fortemente influenciadas pelos princípios cognitivo-
comportamentais. Os transtornos de ansiedade estão associados com morbidade
significativa e com frequência são crônicos e resistentes a tratamento. Eles podem ser vistos
como uma família de transtornos mentais relacionados, mas distintos, que inclui (1)
transtorno de pânico, (2) agorafobia, (3) fobia específica, (4) transtorno de ansiedade social
ou fobia e (5) transtorno de ansiedade generalizada. Cada um desses transtornos é discutido
em detalhe nas seções que seguem. Um aspecto fascinante dos transtornos de ansiedade é
a extraordinária ginteração entre fatores genéticos e experiência. Existe pouca dúvida de
que genes anormais predispõem a estados de ansiedade patológica; entretanto, as
evidências indicam com clareza que acontecimentos de vida traumáticos e estresse também
são etiologicamente importantes. Assim, o estudo desses transtornos apresenta uma
oportunidade única de entender a relação entre natureza e criação na etiologia dos
transtornos mentais.

Com base na explanação do autor, notamos que, a ansiedade é incorporada ao ramo


psiquiátrico como um prodígio básico. Quando se fala em perturbações de ansiedade, que
é mais comum em termos de estudo e investigações, vemos que estes são ligados à taxa
elevada de portadores da doença e que com frequência oferecem muita oposição ao
tratamento e ainda podem vir a ter um nível crónico. É de salientar ainda que para os
autores, as perturbações da ansiedade vão estar agrupadas, mas apesar de apresentarem
as suas próprias características estas estão bem relacionadas. Com base na ideia que os
autores nos passam, conseguimos notar que há uma grande junção entre a genética e a
experiência quando se trata da ansiedade, pois há factores hereditários que estão
enraizados nos genes e podem assim passar a ansiedade patológica de geração para
geração, mas apesar disso, há ainda a questão de estarem envolvidos os factores do
quotidiano, estes também têm bastante influência para a persistência desta perturbação.
1.3. AS PERTURBAÇÕES DE ANSIEDADE
Devemos entender que quando se fala em termos patológicos, a ansiedade
transcende ao que é uma compreensão básica e chega a ser bastante complexa para
alguém sem instrução, e nessa ordem de ideias vemos Barlow e Durand (2010, p. 132) a
dizerem que:

A ansiedade é complexa e misteriosa, como Freud observou anos atrás. De alguma forma,
quanto mais aprendemos sobre ela, mais intrigante nos parece. A “ansiedade” é muito mais
que um tipo específico de transtorno. É uma emoção tão envolvida com a psicopatologia,
que começamos explorando sua natureza geral, tanto biológica quanto psicológica.

Com base no estabelecido pelos autores, conseguimos notar que a complexidade da


ansiedade está naquilo que são as suas formas de estudo, pois apesar de esta ser ou então
parecer algo totalmente estabelecido e comum, não obedece até hoje aquilo que são as
perturbações identificadas, é devido a essa grande complexidade que a ansiedade
apresenta, que é muito associada aos estudos mais profundos da psicopatologia, isso na
sua exploração total, e não só se vê um estudo em termos psicopatológicos, mas também
psicológico e biológico.

1.3.1. Características das perturbações da ansiedade


As características da ansiedade se reflectem naquilo que são os comportamentos que as
pessoas podem apresentar, como qualquer outra perturbação, quando há um grande
aumento nos estados ansiosos as características podem aumentar, e assim chega a ser mais
fácil de se identificar tal problema, sobre as características da ansiedade vemos que
Weiten (2010, p. 403) diz que:

Todos exprimimos ansiedade de tempos em tempos. É uma reação natural e comum a


muitas das dificuldades da vida. Para algumas pessoas, no entanto, ansiedade torna-se um
problema crônico. Elas experimentam altos níveis de ansiedade com regularidade
perturbadora. Transtornos da ansiedade são uma classe de transtornos marcados por
sentimentos de excessiva apreensão e ansiedade. Os cinco tipos principais de transtorno
são: ansiedade generalizada, fóbicos, do pânico, obsessivo-compulsivos e do estresse pós
traumático. Os estudos sugerem que os transtornos da ansiedade sejam bastante comuns.
Durante a vida, aproximadamente 19% das pessoas experimentam um transtorno da
ansiedade.

Com base na ideia do autor, entende-se que, as características de ansiedade de um modo


geral e normal podem se manifestar em qualquer pessoa, essa situação é normal a vida
humana devido a determinadas situações que a mesma está sujeita a enfrentar, e isso
normalmente envolve questões ligadas ao futuro do indivíduo. Notamos ainda que apesar
da ansiedade normal ser comum a todas as pessoas, esta pode atingir um nível mais
elevado, chamado então crónico, onde esta passará a ser algo que perturba a pessoa e
desestrutura a sua vida e até daqueles que o rodeiam, esses indivíduos com tal nível de
ansiedade são aqueles que desenvolveram algum tipo de perturbação de ansiedade.
Vemos ainda que nesse grupo de perturbações de ansiedade há divisões, e o autor cita
aquelas que são as principais para si, farei uma distinção entre os diferentes tipos de
ansiedade posteriormente e assim dar a entender melhor esses tipos de perturbações e
ansiedade.

Continuando a dar subsídios sobre as características que as perturbações de ansiedade


podem ter, vemos vários autores a falarem sobre o assunto, mas diferenciando os tipos,
pois apesar de todas serem perturbações de ansiedade, elas podem distinguir-se de acordo
com as características, nesse sentido, vemos que o CID-10 (1993, p. 22) diz que:

Grupo de transtornos nos quais uma ansiedade é desencadeada exclusiva ou essencialmente


por situações nitidamente determinadas que não apresentam atualmente nenhum perigo
real. Estas situações são, por esse motivo, evitadas ou suportadas com temor. As
preocupações do sujeito podem estar centradas sobre sintomas individuais tais como
palpitações ou uma impressão de desmaio, e frequentemente se associam com medo de
morrer, perda do autocontrole ou de ficar louco. A simples evocação de uma situação fóbica
desencadeia em geral ansiedade antecipatória. A ansiedade fóbica frequentemente se
associa a uma depressão. Para determinar se convém fazer dois diagnósticos (ansiedade
fóbica e episódio depressivo) ou um só (ansiedade fóbica ou episódio depressivo), é preciso
levar em conta a ordem de ocorrência dos transtornos e as medidas terapêuticas que são
consideradas no momento do exame.

Com base na ideia do autor, notamos que, para os transtornos de ansiedade, há uma visão
imaginária dos indivíduos sobre os acontecimentos, ou seja, não acontece algo real no
momento que causa a ansiedade, mas a sua percepção do futuro pode causar graves danos
aos entendimentos da pessoa. Determinados indivíduos por não terem controlo sobre as
situações futuras e saberem que não podem mudar determinado acontecimento, tendem a
encontrar algum mecanismo satisfatório para dar resposta aos seus pensamentos
inquietantes, por esse motivo é que vemos muitas pessoas a fugirem das situações, por
exemplo, de uma reunião em que este teria de falar para os colegas ou até de uma prova
que estes têm de fazer, por perspectivarem que não terão capacidade de dar resposta a tal
evento. E por terem essa noção, muitos desses indivíduos adoptam comportamentos de
fuga, como também podem ter respostas como desmaios e até palpitações em que a pessoa
tem a sensação de que vai morrer.

As características da ansiedade podem vir a diferenciar-se quando esta se tratar de um


nível mais elevado, e o modo como se caracterizam é por escalas, estas podem apresentar
resultados satisfatórios para assim se saber de que tipo de ansiedade se trata
especificamente, conseguimos notar que o APA (2014, p. 190), apresenta essa questão
dizendo que:

Escalas específicas estão disponíveis para melhor caracterizar a gravidade de cada


transtorno de ansiedade e captar as alterações na gravidade ao longo do tempo. Para facilitar
o uso, particularmente para indivíduos com mais de um transtorno de ansiedade, essas
escalas foram desenvolvidas para ter o mesmo formato (porém focos diferentes) em todos
os transtornos de ansiedade, com classificações de sintomas comportamentais, sintomas
cognitivos e sintomas físicos relevantes para cada transtorno.

Com base na ideia do autor, conseguimos notar que, para classificar os diferentes tipos
de ansiedade existentes, é necessário estabelecer escalas, ou seja, existe uma forma de se
encontrar com base nas características apresentadas pelos indivíduos que tipo de
ansiedade assola o mesmo. Além da identificação, há possibilidade ainda de se saber se
o mesmo sofre com diferentes tipos de ansiedade. Essas escalas têm de alguma forma o
mesmo padrão, o que vai diferenciar será a sede daquilo que se estiver a buscar, visto que
os sintomas podem se diferenciar de um indivíduo para o outro.

1.4. PERTURBAÇÕES DA ANSIEDADE


Há uma enorme diferenciação quanto aos tipos de perturbações da ansiedade, estes têm
seus sintomas diferenciados e normalmente têm algum tipo de característica em comum,
o manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais, ou simplesmente APA
(2014, p. 189) diz que:

Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo


e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Os transtornos de
ansiedade diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que induzem medo, ansiedade
ou comportamento de esquiva e na ideação cognitiva associada. Assim, embora os
transtornos de ansiedade tendam a ser altamente comórbidos entre si, podem ser
diferenciados pelo exame detalhado dos tipos de situações que são temidos ou evitados e
pelo conteúdo dos pensamentos ou crenças associados.

Consegue-se notar com tal ideia que, apesar da associação que há entre os diferentes tipos
de ansiedade, estes vão se diferenciar diante daquilo que faz aparecer os seus sintomas, a
frequência dos mesmos, as situações que levam à ansiedade e muitos outros factores.
Nesse caso, é de extrema importância que se faça uma boa avaliação para então se dar
respostas satisfatórias para aquilo que são os sintomas manifestados, pois se por acaso
algum tipo for mal diagnosticado pode fazer com que se arranjem formas de tratamento
que não se adequam à real perturbação.
Para uma explicação de onde surgem esses diferentes tipos de ansiedade Davidoff (2001,
p. 383) toca em determinadas teorias e teóricos, para então com as suas ideias demonstrar
as fontes de ansiedade, este diz que:

A vida humana está repleta de ansiedades de variados tipos: perigos, problemas crônicos,
mudanças de vida e transtornos. Sigmund Freud via os perigos reais e imaginários como
importantes fontes de ansiedade. Também os behavioristas enfatizam isto. Sua explicação
de condicionamento responde para a ansiedade assevera que o perigo frequentemente está
próximo quando os medos são condicionados.

Constata-se que há situações que, frequentemente, nos podem levar a ter problemas de
ansiedade, e estas situações normalmente podem estar associadas a acontecimentos, que
normalmente, nós nem fazemos ideia. Por isso, nota-se numa análise bem-feita que,
muitos dos condicionamentos podem ser estímulos para afixação de uma ansiedade
patológica que em muitos casos, chega ser irreversível, isso por conta da gravidade do
que aconteceu e a fraca ou a inexistência de algum tipo de tratamento para então se ver
tal situação resolvida. Nesse emaranhado de ideias sobre os mais elevados e
diversificados tipos de ansiedade, iremos apresentar alguns tipos de ansiedade que
pensamos ter, claramente, grande importância para o estudo em causa.

1.4.1. Ansiedade Generalizada


Há casos de pessoas que parecem preocupadas com várias situações em sua vida, essas
têm tendência a se preocupar até com eventos que estão longe de acontecer, e dessa forma
podem fazer com que haja uma grande interferência naquilo que devia ser o seu
comportamento normal. Vemos que para Kaplan e Sadock (2017, p. 407):

Pessoas que parecem ansiosas com tudo, entretanto, têm a probabilidade de serem
classificadas com transtorno de ansiedade generalizada. Este é definido como ansiedade e
preocupação excessivas com vários eventos ou atividades na maior parte dos dias durante
um período de pelo menos seis meses. A preocupação é difícil de controlar e está associada
com sintomas somáticos, como tensão muscular, irritabilidade, dificuldade para dormir e
inquietação. A ansiedade não está relacionada a aspectos de outro transtorno, não é causada
por uso de substância ou por uma condição clínica geral e não ocorre apenas durante um
transtorno do humor ou psiquiátrico. Ela é difícil de controlar, é subjetivamente
perturbadora e compromete áreas importantes da vida da pessoa.

Com base na ideia do autor, percebe-se que, aqueles cuja preocupação com vários
acontecimentos frequentes estão mais propensos a serem diagnosticados com uma
perturbação de ansiedade generalizada, pois como o próprio nome sugere é um tipo de
perturbação que e abrange vários aspectos, isso na visão que o indivíduo tem sobre as
coisas ou acontecimentos. Existem critérios de tempo para então diagnosticar esse tipo de
perturbação, vemos que neste caso, deve-se ter pelo menos seis meses de recorrência dos
comportamentos ou sintomas do indivíduo. Notamos ainda que, para essa perturbação se
notam características de preocupação recorrente, onde envolvem vários sintomas, desde
físicos até psicológicos, como por exemplo a falta de sono que surge devido à ânsia de
querer resolver aquilo que nem se quer ainda chegou. Notamos ainda que o surgimento
dessa perturbação não pode se dar pela associação de outras condições, como o uso de
drogas ou então algum outro tipo de doença que a pessoa pode vir a ter.

Vemos a APA (2014, p. 223) a apresentar características específicas sobre a perturbação


de ansiedade generalizada, onde vemos que esta é a:

As características essenciais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e


preocupação excessivas (expectativa apreensiva) acerca de diversos eventos ou atividades.
A intensidade, duração ou frequência da ansiedade e preocupação é desproporcional à
probabilidade real ou ao impacto do evento antecipado. O indivíduo tem dificuldade de
controlar a preocupação e de evitar que pensamentos preocupantes interfiram na atenção
às tarefas em questão. Os adultos com transtorno de ansiedade generalizada frequentemente
se preocupam com circunstâncias diárias da rotina de vida, como possíveis
responsabilidades no trabalho, saúde e finanças, a saúde dos membros da família, desgraças
com seus filhos ou questões menores (p. ex., realizar as tarefas domésticas ou se atrasar
para compromissos).

Com base na ideia apresentada, evidencia-se uma grande corroboração entre os autores,
notando que estes apresentam sempre que, para a ansiedade generalizada ser considerada
como tal deve ocorrer pelo menos durante seis meses. Que para ser assim considerada
deve então o indivíduo apresentar uma preocupação com determinados eventos na sua
vida, e tal preocupação deve ser frequente, tem de haver uma sequência nessa
preocupação e deve ser notada a incapacidade deste mesmo indivíduo de controlar a
situação.

Ainda sobre a ansiedade generalizada, vemos Bickley (2010, p. 162) a dar o seu
contributo dizendo que:

Esse transtorno não está associado a um evento traumático ou foco de preocupação


específico. A ansiedade e preocupação excessivas, que a pessoa tem dificuldade de
controlar, têm relação com vários eventos ou actividades diversas. Pelo menos três dos
seguintes sintomas estão associados ao quadro: 1. Sensação de inquietação, excitação ou
estar à beira de um ataque de nervos; 2. Fatigar-se com facilidade; 3. Dificuldade de
concentração ou “brancos” mentais; 4. Irritabilidade; 5. Tensão muscular; 6. Dificuldade
de conciliar o sono ou permanecer dormindo, ou sono inquieto e não repousante. O
transtorno causa uma angústia significativa ou compromete funções sociais, profissionais
ou outras funções importantes.

Com base na ideia do autor, conseguimos entender que diferente de outras perturbações,
a perturbação de ansiedade generalizada pode se apresentar como consequência de vários
outros factores. Normalmente um indivíduo com perturbação de ansiedade generalizada
tem uma grande incapacidade de se controlar, ou seja, normalmente podem passar a se
estressar ou ficar irritadas frequentemente sem um motivo específico. A pessoa pode
mostrar uma preocupação elevada, e essa preocupação é muito recorrente, não há formas
deste conseguir fazer com que tais ataques reduzam ou até mesmo parem sem
acompanhamento psiquiátrico. Vemos que o autor ainda apresenta um repleto leque de
sintomas para a perturbação de ansiedade generalizada, todos esses sintomas têm a grande
capacidade de desestruturar as questões sociais e várias outras áreas importantíssimas
para vida do indivíduo.

1.4.2. Perturbação de stress pós-traumático


Existem acontecimentos em nossa vida pelos quais não gostaríamos de ter passado,
devido a grande propensão a trauma que estes podem deixar, muitos desses
acontecimentos são eventos naturais, que com frequência afectam pessoas, estes
indivíduos podem ter graves sequelas tanto físicas quanto psicológicas. Sobre o stress
pós-traumático vemos uma vasta gama de autores a apresentarem as suas teorias, mas os
mesmos são unanimes ao dizerem que o stress pós-trumático surge sempre depois de um
grave acontecimento na vida do ser humano, como é o caso de Weiten (2010, p. 404) que
diz que:
O transtorno do estresse pós-traumático envolve uma perturbação psicológica duradoura
atribuída à experiência de um forte evento traumático. O TEPT acontece com frequência
após um estupro ou ataque, um grave acidente automobilístico, uma angustiante
experiência de guerra, um desastre natural, ou testemunhar a morte de alguém. Infelizmente
experiências traumáticas como essas parecem ser mais comuns do que se pensa. Em alguns
casos, o TEPT só aparece muitos meses ou anos depois da exposição do indivíduo a um
forte estresse. Sintomas comuns incluem reviver o acontecimento traumático na forma de
pesadelos ou flashbacks, paralisia emocional, alienaçãp, problemas com relacionamentos
sociais, uma sensação aumentada vulnerabilidade e aumento da agitação, ansiedade, raiva
e culpa.

Com base na ideia do autor, conseguimos evidenciar que, a perturbação de stress pós-
traumático aparece depois de qualquer evento que tenha prejudicado o indivíduo, é de
realçar que eventos considerados traumáticos não são unânimes para todas as pessoas,
pois o que acontece com uma pessoa pode ter efeitos diferentes para outra, no caso de um
estupro, apesar de se saber que é algo que devasta as pessoas, pode ser que a forma como
uma pessoa reage seja diferente daquilo que se consideraria normal. Vemos ainda que o
autor faz referência a vários outros acontecimentos e como o indivíduo pode se apresentar
depois do acontecido. Os eventos podem ser tão traumáticos que desestruturam
completamente toda a personalidade do indivíduo, apesar de perturbações do género
serem antigas, ainda nota-se a necessidade de se estudar com maior afinco tais problemas
a fim de dar uma maior resolução aos mesmos.
Numa mesma vertente, vemos Bickley (2010, p. 162) a nos dizer que:
O acontecimento, a resposta de temor e a repetição persistente do evento traumático
assemelham-se aos observados no transtorno de estresse agudo. Podem ocorrer
alucinações. A pessoa fica mais alerta, tenta evitar estímulos relacionados ao trauma, e
apresenta um embotamento ou ausência geral de resposta a outros estímulos. O transtorno
causa uma angústia acentuada, compromete funções sociais, profissionais ou outras
funções importantes e persiste por mais de um mês.

Com base na ideia do autor, notamos que, a perturbação de stress pós-traumático sempre
é evidenciada depois de um acontecimento com uma carga negativa muito significativa,
e vemos que no mesmo a capacidade que outrora o indivíduo tinha de se socializar e ter
uma vida normal pode ser eliminada, e com isso surgem determinadas desestruturações
em termos de convívio com a família, mau desempenho em termos profissionais e não
só.

Vemos ainda outros autores a apresentares as suas ideias sobre os tipos de ansiedade,
como é o caso de Kaplan e Sadock (2010, p. 295) que dizem que a perturbação de stress
pós-traumático:

Ocorre após um evento traumático no qual o indivíduo acredita que esteja em perigo físico
ou que sua vida esteja ameaçada. Também pode surgir após testemunhar um acontecimento
violento ou fatal ocorrendo com outra pessoa. Os sintomas de TEPT costumam aparecer
logo após o evento traumático, embora, em alguns casos, se desenvolvam meses ou mesmo
anos depois do trauma. O transtorno é diagnosticado quando uma pessoa reage ao evento
traumático com medo e revive os sintomas ao longo do tempo ou tem sintomas de esquiva
e hiperexcitação. Os sintomas persistem por pelo menos um mês e causam
comprometimento clinicamente significativo no funcionamento ou sofrimento.

Com base na ideia dos autores, vemos as semelhanças com as ideias anteriores, a
perturbação de stress pós-traumático chega a ser uma resposta a algum tipo de evento que
marcou de forma negativa a vida da pessoa, é de salientar que, muitas vezes, o evento
pode não acontecer directamente com a pessoa, mas pelo indivíduo se fazer presente
durante tal evento pode com facilidade criar algum tipo de trauma que vai deixar a pessoa
em estado de alerta para todas as actividades que podem activar as sensações
perturbadoras, e em consequência disso, nota-se a desestruturação da vida social deste
indivíduo. Consegue-se ver que há um pé de igualdade em termos de ideias nos diferentes
autores apresentados, e numa perspectiva sobre como se apresenta essa perturbação,
vemos expostos na APA (2014, p. 274):
A característica essencial do transtorno de estresse pós-traumático é o desenvolvimento de
sintomas característicos após a exposição a um ou mais eventos traumáticos. As reações
emocionais ao evento traumático (p. ex., medo, desespero, horror) não fazem mais parte do
Critério A. A apresentação clínica do TEPT varia. Em alguns indivíduos, sintomas de
revivência do medo, emocionais e comportamentais podem predominar. Em outros, estados
de humor anedônicos ou disfóricos e cognições negativas podem ser mais perturbadores.
Em alguns outros, a excitação e sintomas reativos externalizantes são proeminentes,
enquanto em outros, sintomas dissociativos predominam. Por fim, algumas pessoas exibem
combinações desses padrões de sintomas.

Com base no que é explanado, notamos que a perturbação de stress pós-traumático


envolve algum tipo acontecimento traumático sofrido anteriormente pelo indivíduo, isso
causa algum tipo de terror ao mesmo e por conta da revivência deste mesmo trauma
criam-se problemas comportamentais e cognitivos, perturbando assim a interacção do
mesmo no seu meio social, profissional e familiar.

De modo adicional, vemos ainda outros autores a darem os seus contributos sobre a
perturbação de stress pós-traumático, que de alguma chega a ser muito frequente devido
aos acontecimentos que todos os seres humanos estão submetidos. Nesse sentido, vemos
Gleitman (2009, p. 655), a dizerem que:

Para mulheres, esse acontecimento devastador é o estupro ou agressão física e, para


homens, é o combate militar. Outras calamidades também levar as pessoas ao extremo –
estar em um acidente automobilístico sério, testemunhar um homicídio ou encontrar as
pilhas de corpos depois de um desastre natural ou ataque terrorista. Independentemente de
qual seja o trauma, geralmente há um período de torpor, durante o qual o indivíduo se sente
desconectado por completo, socialmente insensível e estranhamente internado pelo
acontecimento, uma reacção é denominada dissociação. Com esse transtorno de estresse
agudo, existem pesadelos recorrentes e flashbacks do acontecimento traumático, que
podem ser tão intensos e intrusivos que o indivíduo venha a acreditar momentaneamente
que está de volta na situação, revivendo a batalha ou sendo atacado de novo pelo estuprador.
Para muitos indivíduos, as reacções a esses traumas são duradouras e, se persistirem por
um mês depois do estressor, o diagnóstico tecnicamente se torna de transtorno de estresse
pós-traumático.

Com base na ideia apresentada pelo autor, notamos que, tal como os autores anteriores,
há uma grande expressão sobre o que acontece na perturbação de stress pós-traumático,
há uma igualdade em termos de ideias, onde podemos, claramente, notar que é possível
pessoas adquirirem essa perturbação devido a algum tipo de acontecimento. E
normalmente em mulheres, que é um dos pontos cruciais deste trabalho, acontece devido
a algum tipo de abuso, ou seja, é muito frequente mulheres que sofrem algum tipo de
abuso desenvolverem o stress pós-traumático, e nesse sentido, muitas mulheres grávidas
decorrente de abusos sexuais desenvolvam a ansiedade, e pode ser, muitas vezes, evidente
o surgimento de depressão pós parto no período pós gestacional. Há uma grande
sequência de acontecimentos, e isso leva sempre a várias outras perturbações,
perturbações que nem sempre são fáceis de se tratar.

1.5. ANSIEDADE NA GRAVIDEZ


É muito importante saber o motivo de existirem altos índices de perturbação (ansiedade,
depressão) durante a gravidez. Nessa ordem de ideias, vemos que Morais et al (2016, p.
20) dizem que:

A gestação e a maternidade têm sido, cada vez mais, alvos de investigação por parte da
comunidade científica, por envolver mudanças nos aspectos hormonal, físico, psicológico,
familiar e social, desencadeando reajustamentos e reestruturações na vida dos indivíduos.
Essas mudanças têm suscitado a hipótese de que mulheres grávidas podem ser mais
vulneráveis a agravos à saúde mental, desenvolvendo psicopatologias. Esses agravos são
responsáveis por significante parcela da morbidade e mortalidade em todo o mundo,
constituindo um importante problema de saúde pública. Muitos são os fatores que
influenciam o aparecimento de agravos à saúde mental na gravidez e no pós-parto, em
particular, perturbações de ansiedade e de depressão.

Com base na ideia do autor, conseguimos notar que, estudos têm sido feitos
constantemente na intenção de achar melhores explicações para todas as questões
fisiológicas, psíquicas e até sociais durante o período de gravidez de determinadas
mulheres, tudo isso devido às alterações que podem acontecer durante esse período. Com
base no que nos diz o autor, há possivelmente uma maior capacidade de aquisição de
alguma perturbação mental devido a grande vulnerabilidade que estas mulheres podem
ter durante todo o período gestacional e até mesmo pós-gestação. Nota-se que devido a
essas alterações comportamentais, fisiológicas e muito mais, causam vários problemas,
tanto na vida individual da pessoa grávida como em toda sua família, essas alterações têm
sido cada vez mais frequentes.

Os desajustes no comportamento da mulher gestante pode surgir de acordo com as


necessidades desta, que tenderão a variar, a mulher pode sentir que não será a mesma a
partir de agora, e é nessa diferenciação que terá que pode residir as implicações para o
surgimento de sintomas ansiosos, como vemos Conde e Figueiredo (2003, p. 198) a
dizerem que:

Neste sentido, podemos encarar o período de gravidez como um tempo pautado por
inúmeras transformações que exigem um processo de adaptação árduo, onde importa
cumprir um conjunto de tarefas de desenvolvimento. De facto, a futura mãe terá de encarar
e ajustar-se a uma variedade de mudanças ocorridas tanto no seu próprio corpo, como
resultantes das complicações hipotéticas ou reais que possam ocorrer ao longo do período
de gestação ou no parto, se geram com a maternidade e em torno do bebé, que implicarão
uma obrigatória reestruturação na rede de relações familiares e sociais. Levar a bom termo
todas estas tarefas dependerá de uma enorme variedade de factores, que se podem agrupar
em aspectos relativos à mãe, ao bebé e ao meio (familiar, social e cultural).

Com base na ideia que os autores estabelecem, consegue-se então entender que devido a
determinadas transformações que a gestante está sujeita a sofrer, podem dar lugar a
determinadas variações no seu processo psíquico, pois há de alguma forma um tipo de
subcarga, o número de actividade que outrora era reduzido ou então de um nível aceitável
tem de mudar, e há ainda a questão das mudanças corporais que nem sempre é encarada
da melhor forma. Nota-se que nem todas as mulheres têm a grande capacidade de dividir
atenção, e devido à existência de outros filhos, que podem ainda ser crianças, levam a
mesma a um nível de exaustão tão grande que vão afectar extremamente a forma como
esta vai encarar as mudanças à sua volta, e há casos em que a mulher pode abominar o
seu estado, pois se sentirá sempre muito cansada, e de alguma forma isso pode prejudicar
o seu processo normal de gestação, afectando assim a mesma em vários sentidos. Isso se
pode notar tanto na questão fisiológica da mulher como também na familiar, pois esta não
conseguirá lidar como antes com aqueles que estão à sua volta, os seus níveis de ansiedade
podem subir até ao extremo devido à questão de pensar sempre no dia seguinte, como
este será, e nas actividades a serem desempenhadas novamente, pode ainda fazer
desenvolver uma depressão. Vemos ainda Conde e Figueiredo (2003, p. 2000) a dizerem
que:

A gravidez é vista por muitos autores como um momento de transição extremamente


significativo durante a vida de um indivíduo, que exige adaptações de diversa índole. A
capacidade da mulher para se adaptar às mudanças e exigências da gravidez afecta a sua
saúde física e mental e parece influenciar, de igual forma, a saúde do feto em gestação.

Essas todas modificações que a mulher está sujeita, vão claramente afectar não só o
momento da gravidez, mas tudo o que vem depois dela, podemos constatar tal facto
quando Morais et al (2016, p. 21) diz que:

Estudos apontam que mães que têm depressão e ansiedade durante a gestação e no pós-
parto sofrem representações mais negativas de si mesmas e seus filhos, e desenvolvem
relações materno-fetal e materno-infantil mais fracas, podendo levar a resultados
comportamentais adversos na criança. Existem interações menos frequentes,
nomeadamente no nível do olhar, das palavras maternas e das verbalizações do filho,
interações menos marcadas pela reciprocidade e desprovidas de afetividade.

Com base na ideia do autor, notamos que, a questão materna será severamente afectada
caso a mulher desenvolva problemas ansiosos, e vemos ainda que esses problemas não se
resumirão apenas no momento da gestação, pois desenvolvem muito provavelmente
depois do nascimento do filho, onde a mãe pode não se sentir capaz de sentir algum afecto
pelo filho, isso vai se rever desde os comportamentos mais simples até aqueles que são
mais complexos. Em muitos casos, pessoas de fora não conseguem entender o motivo de
tal acção ser frequente, e normalmente atribuem as culpas a mulher, por ser uma má mãe,
sem saber o que está na base dos acontecimentos.

1.6.1. UMA PERSPECTIVA SOBRE A CESARIANA


Numa primeira fase, existem registos de partos feitos por cesariana que levantam a
milhares de anos atrás, e que se espalham um pouco por todas as regiões do mundo. Deste
modo, é difícil expressar, com certeza, quando e onde surgiu a ideia de retirar um feto
directamente da cavidade abdominal. Por sua vez, podemos no entanto deduzir que esta
forma de trazer uma criança ao mundo, certamente, significava, na larga maioria das
vezes, sacrificar a vida da mãe.

Partindo desta ideia, numa altura em que as técnicas anestéticas e antissépticas eram
bastante rudimentares, dificilmente a mãe resistiria a um procedimento tão invasivo como
este. Neste prisma, alguma literatura sobre o conteúdo sugere que a cesariana fosse
tentada nos casos em que a mãe se apresentasse moribunda ou mesmo já sem vida, numa
tentativa de salvar o feto.

Para Fadel (2017, p. 43), “outra indicação de parto por cesariana, lógica para a altura,
seria a necessidade de realizar os rituais fúnebres em separado, à mãe e ao recém-
nascido”.

O autor citado acima queria assegurar que, no geral, e sendo praticamente difícil preservar
a vida de ambos, a da mãe era considerada mais valiosa, pelo que, dependendo também
do quão avançado o feto estivesse no canal de parto, era, muitas vezes, executada a
craniotomia fetal por via vaginal, por seu turno, sendo retirado todo o conteúdo do crânio,
que era em seguida colapsado por forma a extrair todo o corpo do feto sem vida pelo canal
de parto, evitando processos mais invasivos e os respectivos riscos para a mãe.

Partindo deste ponto, à medida que a cesariana se tornava mais segura e praticável, com
a ajuda da anestesia e melhor controlo de infecção, as técnicas cirúrgicas foram também
sendo melhoradas. Nesta senda, uma das formas descobertas para diminuir o risco das
duas maiores causas de morte da mãe após uma cesariana – hemorragia e infecção – foi
a histerectomia no mesmo acto cirúrgico da cesariana. Para Nascimento, 2016, p. 13:
Só depois foram implementadas as suturas uterinas de prata como prática comum, visto
que, até então, o útero em visível e rápida contracção, era deixado aberto dentro da
cavidade abdominal, por receio que os fios de sutura pudessem ser mais um foco de
infecção a contribuir para a septicémia que tantas vezes vitimava a mulher.

Nesta conformidade, a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928, veio


evidentemente, diminuir drasticamente a mortalidade por infecção, designadamente a
mortalidade materna, quer por parto por via vaginal, quer por cesariana.

Nesta vertente, podemos também realçar que a experiência de mudar a direcção da incisão
abdominal, no final do séc. XIX, veio aperfeiçoar os resultados da técnica: por outras
palavras, passou a realizar-se também uma incisão transversa no segmento inferior do
útero, em vez de longitudinal, e isto, atenuou o risco de infecção bem, como o risco de
rotura uterina.

Partindo desta perspectiva, com todas estas melhorias, a comunidade obstétrica depara-
se com aquilo que pode ser uma opção eventualmente mais segura do que o próprio parto
por via vaginal, para situações particulares, como em casos de hipertensão, diabetes,
incompatibilidade feto-pélvica, entre outros, e a taxa de cesarianas dispara então durante
o séc. XX. Além de tudo isto, o facto de se considerar, até há bem pouco tempo, que uma
cesariana anulava uma posterior tentativa de parto normal, também contribuiu para o
aumento da taxa de cesarianas.

No entender de do autor supracitado, a Cesária é uma intervenção cirúrgica acenada para


as condições clínicas materna e fetal quando há situação não tranquilizadora para a mãe
e/ou feto, durante a gestação ou no trabalho de parto e tem um papel fundamental para
reduzir a morbidade e mortalidade materna e perinatal.

Deixa-se clara a ideia de que, a Organização Mundial da Saúde (OMS) institui uma taxa
máxima de 15,0% do total de partos cessáreis em relação ao número total de partos
realizados num serviço de saúde, independente de ser um serviço público ou privado. Por
sua vez, a Cesária somente deve ser indicada em casos necessários, pois é um
procedimento cirúrgico que pode trazer riscos adicionais para a mãe e o neonato.

A cesariana é mais frequentemente realizada através de uma incisão transversa na pele,


ligada a melhor recuperação da ferida cirúrgica, menos dor pós operatória, e melhores
resultados estéticos do que a incisão vertical mediana. Tal significa que, esta é geralmente
reservada para casos de cesariana emergente, pois permite um acesso mais rápido e uma
melhor exposição uterina, com possibilidade de alargar a incisão no sentido cefálico, se
houver necessidade, além de que comporta menor risco de lesão de nervos e vasos.

Segundo Wylie, et al (2017, p. 1134), em termos de consequências para o feto, as técnicas


não mostraram diferenças significativas. “as duas incisões transversas mais utilizadas
são a de Pfannenstiel e a de Joel-Cohen. A primeira consiste numa curva 2 a 3 cm acima
da sínfise púbica. Ao cicatrizar, a sua porção central ficará envolta por pelos púbicos, o
que constitui uma vantagem estética”.

O quer dizer que, a incisão de Joel-Cohen é recta, e é realizada 3 cm abaixo da linha


imaginária que une as duas espinhas ilíacas ântero-superiores.

Para Dahlke et al (2013, pp. 294-306):

Após a incisão na pele, há que cortar as várias camadas que constituem a parede
abdominal até alcançar o útero: tecido celular subcutâneo, camada adiposa, aponevrose
e músculo recto abdominal, peritoneu parietal e visceral, e por fim a parede uterina.
Todas estas camadas abaixo da pele devem ser seccionadas apenas o suficiente para que
se consiga fazer a extensão da incisão de forma manual, afastando digitalmente os
tecidos, o que ajuda a evitar a lesão de vasos e nervos.

Insistindo no mesmo assunto, os músculos rectos abdominais devem ser irradiados


longitudinalmente ao nível da linha média, no sentido das suas fibras, para não
comprometer a sua contractilidade posterior.

Deste jeito, não é errado afirmar que a incisão uterina transversal baixa mostra menor
taxa de complicações quando comparada com a vertical: dito de outro modo, formam-se
menos ligações a outras estruturas, há menor risco de deiscência ou rotura uterina, menor
hemorragia, e maior facilidade de aproximar os bordos durante a sutura.

Com isso, traz-se a ideia de que, após a abertura do útero, rompe-se o saco amniótico e
retira-se o feto, corta-se o cordão umbilical e extrai-se a placenta. Por outras palavras,
mostra-se o útero para limpeza, e inicia-se a sutura de todas as estruturas cortadas, uma a
uma, do interior para o exterior até chegar novamente à pele, com a excepção do peritoneu
visceral e parietal, que não são suturados.

1.7. TRATAMENTO DA ANSIEDADE


Apesar de se dizer que a ansiedade é uma questão normal em todos os indivíduos,
devemos entender que, quando os níveis de ansiedade são excessivos, devem haver
intervenções que de alguma forma ajudarão na recuperação da pessoa que apresenta os
sintomas já mencionados anteriormente. Vemos que para o quesito tratamento, são
variadíssimos autores que falam sobre, como é o caso de Filho e Silva (2013, p. 38), que
dizem que:

A abordagem diante de um diagnóstico de transtorno de ansiedade pode ser dividida em:


tratamento não medicamentoso (incluindo suporte, psicoeducação e psicoterapia - de
diferentes orientações) e tratamento medicamentoso. As especificidades e gravidade de
cada caso orientam a melhor forma do tratamento.

Com base na ideia dos autores, entende-se que existem dois tipos de intervenções para as
perturbações de ansiedade, essas podem claramente seguir um padrão psicoterapêutico,
cuja função é sempre arranjar-se formas de como reverter a situação complexa que o
indivíduo esteja a viver. Essa vai se basear no tipo de ansiedade em causa, uma vez que
estes podem variar, tal como visto anteriormente. Vemos também a questão
medicamentosa, em que o indivíduo será submetido a determinados fármacos que lhe
ajudarão a sentir-se melhor, amenizando os sintomas e consequentemente o seu
comportamento. Essas intervenções podem ser aplicadas de forma separada ou até mesmo
combinadas, nos diferentes tipos de ansiedade.

1.7.1. Intervenção psicoterapêutica


Há muitos relatos, sobre o facto de haver resultados satisfatórios das intervenções
psicoterapêuticas na perturbação da ansiedade, e das mesmas, a que é mais apresentada é
a terapia cognitivo-comportamental. Esta com todas as suas técnicas cognitivas e
comportamentais têm a capacidade de mudar o comportamento e cognições dos pacientes.
Vemos a confirmação de tal afirmação quando Silva (2008, p. 25) nos diz que:

A base principal para o tratamento dos transtornos ansiosos é a psicoterapia. Apesar de


praticamente todas as linhas de psicoterapia abordarem a ansiedade patológica e poderem
contribuir positivamente na evolução clínica, as melhores evidências científicas indicam
resultados consistentes para a terapia cognitivo-comportamental.

Com base na ideia do autor, consegue constatar que para as perturbações da ansiedade se
tem como principal interveniente a psicoterapia, ou seja, há maior confiança nas
psicoterapias devido a falta de efeitos adversos quando comparados aos fármacos, então
cada vez mais se vê que as psicoterapias têm ganhado espaço para o tratamento de tal
perturbação. Vemos ainda que a TCC é a maior entre todas as psicoterapias, estas têm
tido cada vez mais eficiência em comparação as outras, é sobre a mesma que falaremos
em seguida, de modos a encontrarmos as vantagens e as desvantagens que a mesma pode
proporcionar no tratamento de indivíduos com perturbação da ansiedade.
1.7.2. Intervenção psicoterapêutica em mulheres pós-cesariana
São várias terapias que são aplicadas em mulheres gestantes e que apresentam um quadro
ansioso muito elevado, em seguida, veremos então de forma ordenada algumas das
psicoterapias mais usadas para atender a demanda de mulheres que têm a ansiedade como
algoz no momento da gestação.

1.7.3. Psicoterapia cognitivo-comportamental


A psicoterapia cognitivo-comportamental é uma intervenção que trabalha o lado
cognitivo do indivíduo na intenção de fazer com que a visão distorcida que o mesmo pode
ter sobre o mundo que o circunda seja eliminada, e consequentemente o seu
comportamento seja melhorado. Variadíssimos autores falam sobre a psicoterapia
cognitivo-comportamental, para uma melhor explanação, vemos brevemente como essa
psicoterapia surgiu e quais as implicação no tratamento da ansiedade. O surgimento da
Terapia Cognitiva acontece por meio da procura de outras explicações, Aaron Beck,
fundador de tal teoria não a construiu de forma consciente, este na intenção de procurar
formas de haver uma aceitação da psicanálise na comunidade científica cria então uma
forma de tratamento da depressão, é assim que vemos Beck (2013, p. 21) a dizer que:

No começo da década de 1960, Aaron T. Beck, M.D., na época professor assistente de


psiquiatria na University of Pennsylvania, deu início a uma revolução no campo da saúde
mental. Dr. Beck era psicanalista com formação completa e atuante. Fundamentalmente
um cientista, ele acreditava que, para que a psicanálise fosse aceita pela comunidade
médica, suas teorias precisariam ter demonstração de validação empírica. No final da
década de 1960 e início dos anos de 1970, dedicou-se a uma série de experimentos que,
esperava ele, comprovassem perfeitamente essa validação. Ao invés disso, aconteceu o
contrário. Os resultados de seus experimentos levaram-no à busca de outras explicações
para a depressão. Ele identificou cognições negativas e distorcidas (principalmente
pensamentos e crenças) como característica primária da depressão e desenvolveu um
tratamento de curta duração, no qual um dos objetivos principais era o teste de realidade
do pensamento depressivo do paciente.

Com base no que o autor apresenta, conseguimos notar a formação de Aaron Beck, que é
uma figura importantíssima para o estudo da terapia cognitiva, Beck na intenção de dar
uma espécie de validação para os estudos da psicanalise e para que esta pudesse ser vista
de uma perspetiva aceitável, começou uma busca por validação de forma empírica, onde
vemos que apesar de todos os esforços deste para então dar a sua explicação, fora levado
para outras margens, ou seja, para um resultado completamente fora daquilo que era
esperado, os seus resultados davam uma explicação para a questão da depressão. Nessa
investida encontrou os pensamentos distorcidos que os indivíduos podiam apresentar
quando deprimidos e então desenvolveu uma forma de como tratar esse problema, é daí
onde surge a primeira ideia para Terapia Cognitiva.

É usual encontrar-se a terapia cognitiva associada à terapia cognitivo-comportamental,


que de alguma forma chega a ser a mesma coisa, por isso é que vemos Beck (2013, p. 22)
a nos dizer que:

Aaron Beck desenvolveu uma forma de psicoterapia no início da década de 1960, a qual
denominou originalmente “terapia cognitiva”. O termo “terapia cognitiva” hoje é usado por
muitos da nossa área como sinônimo de “terapia cognitivo-comportamental”. Para o
tratamento da depressão, Beck concebeu uma psicoterapia estruturada, de curta duração,
voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de
pensamentos e comportamentos disfuncionais (inadequados e/ou inúteis) (Beck, 1964).
Desde aquela época, ele e outros autores tiveram sucesso na adaptação dessa terapia a
populações surpreendentemente diversas e com uma ampla abrangência de transtornos e
problemas. Essas adaptações alteraram o foco, as técnicas e a duração do tratamento, porém
os pressupostos teóricos em si permaneceram constantes. Em todas as formas de terapia
cognitivo-comportamental derivadas do modelo de Beck, o tratamento está baseado em
uma formulação cognitiva, as crenças e estratégias comportamentais que caracterizam um
transtorno específico.

Vemos, então com a ideia do autor, que a psicoterapia cognitiva fora a primeira forma de
terapia, ou seja, é o nome que Aaron Beck usou quando criou a sua teoria, e vemos que
de alguma forma essa concepção veio a mudar, e actualmente, é frequente e correcto falar
de terapia cognitivo-comportamental. Vemos que Beck, cria essa forma de psicoterapia
de formas a ser eficaz num curto período de tempo, esta é, normalmente, perspetivada
para então dar soluções a determinados problemas, ou seja, viria uma psicoterapia na
intenção de corrigir determinados erros de lógica para se reflectir naquilo que seria o
comportamento. É de realçar que inicialmente, a psicoterapia cognitiva fora criada,
unicamente, para então dar soluções a depressão. Notamos que a terapia cognitiva foi a
génese para a criação de todos os seus derivados, e todos esses derivados, como a terapia
cognitivo-comportamental têm o objectivo de mudar determinadas crenças do indivíduo,
e todas estas têm como base o tratamento de uma determinada perturbação específica.

Para entendermos o que é a terapia cognitiva, devemos primariamente entender o que é


cognição, como esta está relacionada com a terapia, para então respondermos a
determinadas questões, nessa ordem de ideias, vemos Tavares (2005, p. 5) a dizer que:

A cognição é um termo amplo que se refere ao conteúdo dos pensamentos e aos processos
envolvidos no ato de pensar. Assim, são aspectos da cognição as maneiras de perceber e
processar as informações, os mecanismos e conteúdos de memórias e lembranças,
estratégicas e atitudes na resolução de problemas.
Conseguimos notar, com a ideia do autor que, na cognição vão ser determinados métodos
que vão estar envolvidos na forma como as pessoas pensam, esses pontos da cognição
vão ser determinados formas de entender e olhar para as questões existentes a volta da
pessoa. Existem nesses processos a memorização e as lembranças, e todo esse processo
será reflectido nas formas comportamentais do indivíduo. Numa definição totalmente
estruturada sobre Terapia Cognitiva, vemos Beck et al (s/d, p. 13) a dizer que:

A psicoterapia cognitivo-comportamental é uma abordagem activa, directiva, estruturada,


de prazo limitado usada no tratamento de uma variedade de distúrbios psiquiátricos (ex.:
depressão, ansiedade, fobias, queixas ligadas a dores. etc.). Fundamenta-se numa base
lógica teórica subjacente, segundo a qual o afecto e o comportamento de um indivíduo são
largamente determinados pelo modo como ele estrutura o mundo. Suas cognições
("eventos" verbais ou pictóricos em seu sistema consciente) baseiam-se em atitudes ou
suposições (esquemas) desenvolvidas a partir de experiência prévias.

Vemos que a psicoterapia cognitivo-comportamental vai ser o tratamento de


determinadas perturbações psiquiátricas, esta terá como base fundamental trabalhar nas
cognições dos indivíduos. A psicoterapia Cognitivo-comportamental mostra que a forma
como a pessoa encara o mundo é determinante para as suas questões cognitivas, então é
aí que surge a TCC para dar solução à forma como esses indivíduos encaram os
acontecimentos em sua vida. Vemos que essa é uma abordagem que age directamente
sobre a ansiedade, e há relatos de que a mesma tem vários efeitos positivos no tratamento
da mesma.

Apesar da terapia cognitiva-comportamental ser inicialmente concebida para o tratamento


da depressão, com o andar do tempo esta foi se expandindo, e hoje se vê que esta pode
ser aplicada em vários outros casos, como em casos de perturbação da Ansiedade,
Personalidade e até mesmo em perturbações alimentares, é o que vemos quando Knapp e
Beck (2008, p. 62) que diz que:

A manutenção dos efeitos da TCC em muitas doenças por períodos substanciais além da
cessação do tratamento foi demonstrada pelas metanálises revisadas. Há evidências
significativas para efetividade a longo prazo para depressão, ansiedade generalizada,
pânico, fobia social, TOC, agressão sexual, esquizofrenia e transtornos internalizantes na
infância. Nos casos de depressão e pânico, há evidências robustas e convergentes de
metanálises de que a TC produz uma persistência de efeitos muito superior em longo prazo,
com taxas de recorrência 50% menores que as de farmacoterapia.

Vemos que a psicoterapia cognitivo-comportamental pode se apresentar eficaz em várias


perturbações. Notamos ainda, que a psicoterapia cognitivo-comportamental,
normalmente, é feita com à associação de fármacos, ou seja, a farmacoterapia é a primeira
opção e depois será associada a psicoterapia cognitivo-comportamental. Para a eficácia
da terapia, existem determinadas técnicas que ajudarão na maior eficiência do tratamento,
é nesse sentido que vemos que Peron (2015, p. 47) a dizer que:

A psicoeducação, o automonitoramento e a exposição facilitam a identificação e a resposta


aos pensamentos automáticos disfuncionais, diminuem o nível de depressão e ansiedade,
e, ainda, promovem maior capacidade para tomar decisões sobre o tratamento médico. Há
evidências de redução do nível de depressão, estresse e ansiedade em pacientes com
fibromialgia que utilizaram as técnicas de reestruturação cognitiva, controle do estresse e
relaxamento muscular progressivo. Tal estudo corroborou os achados da literatura que
apontam a eficácia do relaxamento em pacientes com doenças médicas e, inclusive,
hospitalizados, pois a técnica pode ser facilmente utilizada em ambientes hospitalares.

Com base na ideia apresentada, notamos que, essas técnicas são importantes para aquilo
que será a eficácia da terapia, notamos que esses pontos são os que proporcionam a
eficiência, e reduzem de forma significativa as perturbações mentais, especialmente os
diferentes tipos de ansiedade.

Com base em todos os pontos acima citados, conseguimos de forma clara notar que a
psicoterapia cognitivo-comportamental é muito importante, isso devido ao facto de
trabalhar de forma eficaz nas perturbações mentais dos indivíduos, e vemos que a mesma
tem grande participação nas perturbações da ansiedade de forma geral. Hoje, há dados
que comprovam que há tanta eficiência em tal psicoterapia, que esta chega a ser quase
indispensável no tratamento das perturbações mais severas. Knapp e Beck (2008, p. 57)
dizem que “a importância é de entender e lidar com as experiências conscientes dos
pacientes, bem como a necessidade de tratar os significados que os pacientes atribuem a
eventos que acontecem em suas vidas.”

Notamos que, a importância da psicoterapia cognitivo-comportamental estará na


reestruturação que é possível acontecer com indivíduo, há o grande objectivo de ajudar a
pessoa com a perturbação e assim trabalhar nas ideias cognitivas que estes têm, que é
advinda da forma como estes olham para o mundo, e com isso eliminar determinadas
distorções cognitivas.

Ainda sobre a importância da psicoterapia cognitivo-comportamental, vemos que outros


autores fazem seus reparos, nesse sentido vemos que Carbonara e Nahl (2014, p. 34)
dizem que:

A TCC vem ganhando espaço entre as diversas abordagens teóricas, principalmente pela
sua objetividade e eficácia terapêutica, o que pode ser considerado uma vantagem no
tratamento de diversos problemas, bem como de alguns transtornos psiquiátricos. A
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem como finalidade produzir mudanças nos
pensamentos disfuncionais e nos sistemas de significados, além de uma transformação
emocional e comportamental duradoura ao cliente. Assim, proporcionando a ele
autonomia, alcançando, então, o alívio ou a remissão total dos sintomas. Autores indicam
a importância do estabelecimento de uma meta no tratamento do cliente e nas estratégias
de resolução do mesmo.

Notamos que, como dissemos anteriormente, a TCC tem tido um espaço muito grande
quando comparada com as outras abordagens, isso tudo se deve a eficiência que há
naquilo que são as técnicas e todo o conjunto de estratégias que fazem de tal teoria, uma
das melhores nos dias actuais. TCC é bastante importante, pois ajuda naquilo que é a
restauração da autonomia e o alicerce de comportamentos que são aceites por toda a
sociedade. É claro que esta psicoterapia não é apenas o terapeuta a trabalhar, mas há um
trabalho conjunto, tanto do paciente como do terapeuta.

1.7.4. Psicoterapia e a Comunicação mediada


Vários são os pesquisadores que afirmam que o processo psicoterapêutico pode ser longo
e muito demorado, e isso pode influenciar muito naquilo que podem vir a ser as condições
de melhoramento das gestantes com problemas ansiosos, vemos então que para Cury
(2007, p. 169):

Não comunicamos a essência do que pensamos e sentimos, nem incorporamos as emoções


das pessoas que nos circundam, vivemos isolados nas sociedades, ainda que consideremos
seres sociais. Quando a energia psíquica de uma pessoa, contida nas ideias, angústias,
humores deprimidos, reações fóbicas inseguranças, sentimentos de tolerância, de prazer,
ect., é assimilada pelo córtex cerebral e transmitida como pool de estímulos físico-químico
ao longo dos nervos, ela descaracteriza-se essencialmente. Após atingirem o córtex cerebral
e serem assimilados, os sistemas de códigos passam por um processo de transmutação,
através de uma janela TC (janelas de transmutação codificada), existentes em determinados
sítios do cérebro, que excitam o campo de energia psíquica do observador. Assim quando
uma pessoa expressa que está deprimida ou angustiada, o observador nunca capta a
realidade do humor deprimido, mas um sistema de código pobre em relação às dimensões
da sua experiência emocional. O observador terá de interpretar os sistemas de códigos para
reconstruir a experiência do outro. O observador reconstrói de forma interpretativa a
experiência psíquica do outro não só através dos códigos que a representam, mas também
por meio da leitura da sua história intrapsíquica e dos sistemas de cointerferências das
variáveis que atuam nos bastidores da mente.

Com base na ideia do autor, assimilo que o processo psicoterapêutico é bastante


complexo, pois não é possível ver como uma pessoa ansiosa se estabelece por completo,
apesar de, muitas vezes, a ansiedade se mostrar por sintomas físicos, não é possível, na
maioria das vezes, termos conclusões aceitáveis sobre como a outra pessoa se sente. Isto
quer dizer que, quando o paciente tenta expressar como se sente por meio da fala, o
observador não consegue captar a essência do sentimento, mas, recria de forma
interpretativa a experiência do outro a partir da sua própria história. Estamos fisicamente
muito próximos das outras pessoas, mas, infinitamente distantes, precisamos de realizar
um trabalho intelectual árduo para poder tratar as outras pessoas com a dignidade que
merecem. Vemos ainda que Cury (2007, p. 170) afirma ainda que:

Compreendemos o outro não através da sua realidade essencial, mas através da


interpretação dos sistemas de código que ele expressa em seu comportamento. Parece que
vivemos num mundo de trocas reais, onde nos ofendemos, nos alegramos, nos inspiramos
e nos encorajamos mutuamente, mas, na realidade vivemos no mundo da interpretação,
onde estamos próximos fisicamente do outro, mas, ao mesmo tempo, infinitamente
distantes dele. Da qualidade das nossas interpretações dependerão os níveis de distorção e
de aproximação na reconstrução das experiências psíquicas do outro. Conhecemos a outra
pessoa a partir de nós mesmos, a partir dos processos de construção da interpretação que
fazemos delas. Só uma interpretação mais humanística e profunda pode aprimorar a
compreensão das necessidades psicossociais do outro e ainda assim com injustiça em
relação às suas dimensões.

Com base na ideia estabelecida, conseguimos notar que vivemos no mundo da


interpretação, conhecemos o outro através de nós mesmos, então cabe a nós ter a
responsabilidade de recriar a experiência do outro com mais dignidade, durante o
processo terapêutico é muito importante levarmos em conta o facto de que uma
interpretação mais adequada sem muitas distorções pode ajudar a acelerar o processo de
cura.

1.7.5. Psicoterapia interpessoal


Há dados científicos, que demostram que a terapia interpessoal tem grande eficácia em
perturbações da ansiedade e em muitas outras perturbações, como podemos ver quando
Harrison et al (2006, p. 151), nos dizerem que “a terapia interpessoal (TIP) utiliza
conceitos e técnicas cognitivas, comportamentais e psicodinâmicas para se concentrar
nos relacionamentos do doente e nos problemas que nele têm origem”.

Com base no que os autores apresentam, podemos dizer que a terapia interpessoal
demonstra uma composição muito complexa por associar técnicas fundamentais de outras
formas de psicoterapias que, por sua vez, também apresentam valor significativo na
resolução de problemas. A perturbação de vínculo ou o rompimento de relacionamentos
interpessoais é uma categoria importante de stress que pode desencadear uma perturbação
de ansiedade.

Vemos ainda que para Barlow e Durand (2010, p. 281):

Como as abordagens cognitivo-comportamentais, a PIT é muito bem estruturada e


raramente dura mais que de 15 a 20 sessões, em geral programadas uma vez por semana.
Após identificar os estressores que parecem precipitar a depressão, terapeuta e paciente
trabalham de forma colaborativa em relação aos problemas interpessoais atuais do paciente.
Esses problemas geralmente, incluem uma ou mais das quatro características interpessoais:
lidar com disputas em papéis interpessoais, como conflitos conjugal; ajustar a perda de um
relacionamento, como o luto pela morte de um ente querido; desenvolver novos
relacionamentos, como se casar ou estabelecer relacionamentos profissionais; e identificar
e corrigir as deferências nas habilidades sociais que impedem a pessoas de iniciar ou manter
relacionamentos importantes.

Nota-se, claramente, que a ansiedade também está muito ligada ao estabelecimento e


vínculo ou a construção de relacionamentos, quando estes relacionamentos ou vínculos
são significativamente abalados, podem repercutir significativamente na vida da pessoa,
nesse sentido, conseguimos aqui notar o porquê da psicoterapia interpessoal ser tão
importante para então haver um melhor controlo daquilo que podem vir a ser as relações
do indivíduo.
CAPÍTULO II - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA
DOS RESULTADOS
2.1 MODOS DE INVESTIGAÇÃO
Foi realizado um estudo descritivo de natureza quantitativa

2.2 HIPÓTESES
H1- Há a necessidade de diagnosticar a ansiedade em mulheres submetidas à cesariana
na maternidade Augusto N´gangula

H2- A falta de acompanhamento psicológico leva a entender a necessidade de intervenção


psicoterapêutica para O benefício de todas as mulheres submetidas à cesariana na
Maternidade Augusto N´gangula

2.3 VARIÁVEL
Utilizou-se a variável quantitativa discreta, para identificar e organizar todas as mulheres
de acordo com a sua idade, estado civil, nível de escolaridade, morada e aspectos ligados
à gestação.

2.4 OBJECTO DO ESTUDO


Foi realizado um estudo aleatório numa amostra de 30 mulheres angolanas que
foram submetidas à cesariana na Maternidade Augusto N´Gangula.

2.5 INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO


Para o presente estudo, usou-se a escala de Beck de ansiedade, que é o instrumento
mais adequado para a recolha de dados sobre ansiedade nas gestantes daquela unidade
hospitalar.

2.6 PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA


INFORMAÇÃO
O tratamento dos dados realizou-se a partir dos resultados recolhidos dos questionários
que foram aplicados às gestantes, e o mecanismo tecnológico usado foi o programa
Microsoft Excel.
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA
DOS RESULTADOS
Tabela 1 – Sente dormência ou formigamento?

Dormência ou Frequência Percentagem (%)


formigamento
Nada 13 55
Fraco 10 20
Moderadamente 5 15
Muito forte 2 10
Total 30 100

SENTE DORMÊNCIA OU FORMIGAMENTO?


Nada Fraco Moderadamente Muito forte

Muito forte
10%

Moderadamente
15%

Nada
55%

Fraco
20%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que 55% das mulheres não
têm dormência ou formigamento, 20% têm sentido dormência e formigamento, 15% têm
tido de forma moderada e 10% sentem dormência e formigamento de forma muito forte.

Tabela 2 – Sente calores?

Calores Frequência Percentagem (%)


Moderadamente 12 52
Nada 10 30
Muito forte 5 10
Fraco 3 8
Total 30 100

SENTE CALORES?
Fraco Muito forte Nada Moderadamente

Fraco
8%
Muito forte
10%

Moderadamente
52%

Nada
30%

Nos resultados da tabela e gráfico, podemos verificar que 52% são mulheres que
sentem calor de uma forma moderada, 30% são mulheres que não sentem calor fora do
normal, 10% sentem de forma muito forte e 8% sentem de forma fraca.

Tabela 3 – Sente as pernas bambas?

Pernas bambas Frequência Percentagem (%)


Fraco 14 54
Nada 9 29
Moderadamente 5 10
Muito forte 2 7
Total 30 100

SENTE AS PERNAS BAMBAS?


Fraco Nada Moderadamente Muito forte

Muito forte
7%
Moderadamente
10%

Fraco
54%
Nada
29%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 54% das mulheres
sentem as pernas bambas, 29% não sente as pernas bambas, 10% sentem as pernas
bambas de forma moderada e 7% das mulheres sentem de forma muito forte as pernas
bambas.

Tabela 4 – Se sente incapaz de relaxar?

Incapaz de relaxar Frequência Percentagem (%)


Muito forte 16 56
Moderadamente 9 29
Fraco 3 8
Nada 2 7
Total 30 100
SE SENTE INCAPAZ DE RELAXAR?
Muito forte Moderadamente Fraco Nada

Nada
7%
Fraco
8%

Moderadamente Muito forte


29% 56%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 56% das mulheres são
incapazes de relaxar, 29% sentem uma incapacidade de relaxar de forma moderada, 8%
sentem uma fraca incapacidade de relaxar e 7 não sente incapacidade de relaxar.

Tabela 5 – Sente medo do pior acontecer?

Medo do pior acontecer Frequência Percentagem (%)


Moderadamente 18 58
Muito forte 7 27
Nada 3 8
Fraco 2 7
Total 30 100
SENTE MEDO DO PIOR ACONTECER?
Moderadamente Muito forte Nada Fraco

Fraco
7%
Nada
8%

Muito forte Moderadamente


27% 58%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos observar que, 58% das gestantes
sentem medo do pior acontecer, 27% sentem um medo muito forte do pior acontecer, 8%
não sentem nenhum medo e 7% sentem medo do pior acontecer de forma fraca.

Tabela 6 – Sente tonteira ou cabeça leve?

Tonteira ou cabeça leve Frequência Percentagem (%)


Fraco 12 52
Nada 10 30
Moderadamente 5 10
Muito forte 3 8
Total 30 100
SENTE TONTEIRA OU CABEÇA LEVE?
Fraco Nada Moderadamente Muito forte

Muito forte
8%
Moderadamente
10%

Fraco
52%

Nada
30%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 52 % das gestantes


sentem tonturas e a cabeça leve, 30% não apresentam tonteira ou cabeça leve, 10%
apresentam tonteira ou cabeça leve de forma moderada, e 8% sentem de forma muito
forte.

Tabela 7 – Sente o coração batendo forte ou acelerado?

Coração batendo forte ou Frequência Percentagem (%)


acelerado
Muito forte 10 40
Moderadamente 10 40
Nada 6 11
Fraco 4 9
Total 30 100
SENTE O CORAÇÃO BATENDO FORTE OU
ACELERADO?
Muito forte Moderadamente Nada Fraco

Fraco
9%
Nada
11%
Muito forte
40%

Moderadamente
40%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 40% das mulheres sentem o
coração batendo muito forte e acelerado, 40% sentem moderadamente, 11% não sentem
o coração batendo forte ou acelerado, e outras 9% sentem de forma fraca.

Tabela 8 – Sente-se inquieta?

Inquieta
Frequência Percentagem (%)
Moderadamente 13 53
Muito forte 11 31
Nada 4 9
Fraco 2 7
Total 30 100
SENTE-SE INQUIETA?
Moderadamente Muito forte Nada Fraco

Fraco
7%
Nada
9%

Moderadamente
53%
Muito forte
31%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 53% das gestantes
sentem-se moderadamente inquietas, 31% apresentam uma inquietação muito forte, 9%
não apresentam qualquer inquietação e 7% apresentam uma fraca inquietação.

Tabela 9 – Sente-se aterrorizada?

Aterrorizada Frequência Percentagem (%)


Fraco 20 75
Muito forte 5 10
Nada 3 8
Moderadamente 2 7
Total 30 100
SENTE-SE ATERRORIZADA?
Fraco Muito forte Nada Moderadamente

Moderadamente
7%
Nada
8%

Muito forte
10%

Fraco
75%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 75% das gestantes
sentem-se fracamente aterrorizadas, 10% apresenta-se aterrorizada, 8% não sente nenhum
tipo de terror e 7% sente um terror moderado.

Tabela 10 – Sente-se nervosa?

Nervoso
Frequência Percentagem (%)
Muito forte 25 86
Moderadamente 3 8
Fraco 1 3
Nada 1 3
Total 30 100
SENTE-SE NERVOSA?
Muito forte Moderadamente Fraco Nada

Nada
Fraco
3% 3%
Moderadamente
8%

Muito forte
86%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 86% das gestantes
sentem-se nervosas, 8% sentem-se moderadamente nervosas, 3% sentem um fraco
nervosismo, e ainda 3% não sentem algum nervosismo.

Tabela 11 – Tem sensação de sufocamento?

Sensação de sufocamento Frequência Percentagem (%)


Fraco 11 33
Moderadamente 10 30
Nada 7 27
Muito forte 2 10
Total 30 100
TEM SENSAÇÃO DE SUFOCAMENTO?
Fraco Moderadamente Nada Muito forte

Muito forte
10%

Fraco
33%
Nada
27%

Moderadamente
30%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 33% das mulheres
sentem uma fraca sensação de sufocamento, 30% sentem de forma moderada, 27% não
sentem tal sensação e 10% têm de forma muito forte a sensação de sufocamento.

Tabela 12 – Sente as mãos tremendo?

Mãos tremendo Frequência Percentagem(%)


Fraco 12 52
Nada 10 30
Muito Forte 5 10
Moderadamente 3 8
Total 30 100
SENTE AS MÃOS TREMENDO?
Fraco Nada Muito Forte Moderadamente

Moderadamente
8%
Muito Forte
10%

Fraco
52%

Nada
30%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 52% das mulheres
sentem as mãos trémulas de forma fraca, 30% não sentem as mãos tremendo, 10% sentem
as mãos trémulas de forma muito forte e 8% sentem as mãos a tremer moderadamente.

Tabela 13 – Se sente trémula?

Trémula Frequência Percentagem (%)


Nada 15 55
Moderadamente 7 27
Fraco 5 10
Muito forte 3 8
Total 30 100
SE SENTE TRÉMULA?
Nada Moderadamente Fraco Muito forte

Muito forte
8%
Fraco
10%

Nada
Moderadamente 55%
27%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 55% das mulheres não
se sentem trémulas, 27% sentem de forma moderada, 10% sentem uma fraca tremura e
8% sentem-se trémulas de forma muito forte.

Tabela 14 – Sente medo de perder o controlo?

Perder o controlo Frequência Percentagem (%)


Muito forte 20 80
Moderadamente 5 10
Fraco 4 9
Nada 1 1
Total 30 100
SENTE MEDO DE PERDER O CONTROLO?
Muito forte Moderadamente Fraco Nada

Nada
Fraco
1%
9%

Moderadamente
10%

Muito forte
80%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 80% das mulheres
sentem medo muito grande de perder o controlo, 10% sentem de forma moderada, 9%
sentem de forma fraca e 1% não sente medo de perder o controlo.

Tabela 15 – Sente dificuldade de respirar?

Dificuldade de respirar
Frequência Percentagem (%)
Fraco 14 54
Moderadamente 10 30
Nada 3 8
Muito forte 3 8
Total 30 100
SENTE DIFICULDADE DE RESPIRAR?
Fraco Moderadamente Nada Muito forte

Muito forte
8%
Nada
8%

Fraco
Moderadamente 54%
30%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 54% sentem


dificuldade em respirar, 30% sentem de forma moderada, 8% não sentem nada e 8%
sentem de forma muito forte.

Tabela 16 – Sente medo de morrer?

Medo de morrer Frequência Percentagem (%)


Nada 15 60
Fraco 10 30
Moderadamente 5 10
Muito forte 0 0
Total 30 100
SENTE MEDO DE MORRER?
Nada Fraco Moderadamente

0%
Moderadamente
10%

Fraco
30%
Nada
60%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 60% das mulheres não
sentem medo de morrer, 30% sentem de forma fraca, 10% sentem de forma moderada e
0% sentem de forma muito forte.
Tabela 17 – Sente-se assustada?

Assustada Frequência Percentagem (%)


Fraco 12 52
Nada 10 30
Moderadamente 5 10
Muito forte 3 8
Total 30 100

SENTE-SE ASSUSTADA?
Fraca Nada Moderadamente Muito forte

Muito forte
8%
Moderadamente
10%

Fraca
52%

Nada
30%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 52% das mulheres
sentem-se fracamente assustadas, 30% não se sentem assustadas, 10% sentem-se
assustadas de forma moderada e 8% assustadas de forma muito forte.
Tabela 18 – Sente indigestão ou desconforto no abdómen?

Indigestão ou Frequência Percentagem (%)


desconforto no abdómen
Nada 13 53
Fraco 10 30
Moderadamente 5 10
Muito forte 2 7
Total 30 100

SENTE INDIGESTÃO OU DESCONFORTO NO


ABDÓMEN?
Nada Fraco Moderadamente Muito forte

Muito forte
7%
Moderadamente
10%

Nada
53%
Fraco
30%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 53% das mulheres
não sentem indigestão ou desconforto no abdómen, 30% sentem de forma fraca, 10%
sentem de forma moderada e 7% sentem de forma muito forte.
Tabela 19 – Tem tido desmaio?

Desmaio Frequência Percentagem (%)


Nada 20 80
Fraco 5 10
Moderadamente 3 6
Muito forte 2 4
Total 30 100

TEM TIDO DESMAIO?


Nada Fraco Moderadamente Muito forte

Muito forte
4%
Moderadamente
6%
Fraco
10%

Nada
80%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 80% das mulheres não têm
tido desmaio, 10% têm tido com pouca frequência, 6% têm de forma moderada e 4% têm
tido de forma muito forte.
Tabela 20 – Sente a face ruborizada?

Face ruborizada Frequência Percentagem (%)


Fraco 14 54
Nada 10 30
Muito forte 4 10
Moderadamente 2 6
Total 30 100

SENTE A FACE RUBORIZADA?


Fraco Nada Muito forte Moderadamente

Moderadamente
6%
Muito forte
10%

Fraco
54%
Nada
30%

Nos resultados da tabela e gráficos, podemos verificar que, 54% das mulheres
sentem a face ruborizada de forma fraca, 30% não sentem, 10% sentem de forma muito
forte e 6% sentem de forma moderada.
Tabela 21 – Sente suores (não devido a calor)?

Suores (não devido a Frequência Percentagem (%)


calor)
Nada 14 54
Fraco 11 31
Moderadamente 3 9
Muito forte 2 6
Total 30 100

SENTE SUORES (NÃO DEVIDO AO CALOR)?


Nada Fraco Moderadamente Muito forte

Muito forte
6%
Moderadamente
9%

Nada
Fraco 54%
31%

Nos resultados da tabela e gráfico podemos verificar que, 54% das mulheres não
sentem suores (não devido ao calor, 31% sentem de forma fraca, 9% sentem de forma
moderada e 6% sente de forma muito forte.
DISCUSSÃO

De acordo com os dados adquiridos nas tabelas e gráficos feitos, nota-se, claramente, que
a ansiedade é o ponto existente em mulheres submetidas à cesariana, então chega a ser
normal se estabelecerem questões ligadas à mesma de acordo com uma escala, nesse
sentido podemos evidenciar que, 55% das mulheres não têm dormência ou formigamento,
20% têm sentido dormência e formigamento, 15% têm tido de forma moderada e 10%
sentem dormência e formigamento de forma muito forte.

Verifica-se que 52% são mulheres que sentes calor de uma forma moderada, 30% são
mulheres que não sentem calor fora do normal, 10% sentem de forma muito forte e 8%
sentem de forma fraca.

Vemos que 54% das mulheres sentem as pernas bambas, 29% não sentem as pernas
bambas, 10% sentem as pernas bambas de forma moderada e 7% das mulheres sentem de
forma muito forte as pernas bambas.

Conseguimos constatar ainda que, 56% das mulheres são incapazes de relaxar, 29%
sentem uma incapacidade de relaxar de forma moderada, 8% sentem uma fraca
incapacidade de relaxar e 7 não sente incapacidade de relaxar.

Vemos que 58% das gestantes sentem medo do pior acontecer, 27% sentem um medo
muito forte do pior acontecer, 8 não sentem nenhum medo e 7% sentem medo do pior
acontecer de forma fraca.

Evidencia-se ainda que, 52 % das gestantes sentem tonturas e a cabeça leve, 30% não
apresentam tonteira ou cabeça leve, 10% apresentam tonteira ou cabeça leve de forma
moderada.

Podemos ainda notar, que 40% das mulheres sentem o coração batendo muito forte e
acelerado, 40% sentem moderadamente, 11% não sentem o coração batendo forte ou
acelerado, e outras 9% sentem de forma fraca.

Quanto à inquietação, vemos que 53% das gestantes sentem-se moderadamente inquietas,
31% apresentam uma inquietação muito forte, 9% não apresentam qualquer inquietação
e 7% apresentam uma fraca inquietação.

Vemos que 75% das gestantes sentem-se fracamente aterrorizadas, 10% apresentam-se
aterrorizada, 8% não sentem nenhum tipo de terror e 7% sente um terror moderado.
Vemos que, sobre o nervosismo, 86% das gestantes sentem-se nervosas, 8% sentem-se
moderadamente nervosas, 3% sentem um fraco nervosismo, e ainda 3% não sentem
algum nervosismo.

Vê-se ainda, que 33% das mulheres sentem uma fraca sensação de sufocamento, 30%
sentem de forma moderada, 27% não sentem tal sensação e 10% têm de forma muito forte
a sensação de sufocamento.

Consegue-se ainda notar que, 52% das mulheres sentem as mãos trémulas de forma fraca,
30% não sentem as mãos tremendo, 10% sentem as mãos trémulas de forma muito forte
e 8% sentem as mãos a tremer moderadamente.

É ainda possível notar que, 55% das mulheres não se sentem trémulas, 27% sentem de
forma moderada, 10% sentem uma fraca tremura e 8% sentem-se trémulas de forma muito
forte.

Vemos que, 80% das mulheres sentem medo muito grande de perder o controlo, 10%
sentem de forma moderada, 9% sente de forma fraca e 1% não sente medo de perder o
controlo.

É possível ver que, quanto à respiração, 54% sentem dificuldade em respirar, 30% sentem
de forma moderada, 8% não sentem nada e 8% sentem de forma muito forte.

Na questão de medo, vemos que, 60% das mulheres não sentem medo de morrer, 30%
sentem de forma fraca, 10% sentem de forma moderada e 0% sentem de forma muito
forte.

Evidencia-se ainda que, 52% das mulheres sentem-se fracamente assustadas, 30% não
se sentem assustadas, 10% sentem-se assustadas de forma moderada e 8% assustadas de
forma muito forte.

Conseguimos ainda notar que, 53% das mulheres não sentem indigestão ou desconforto
no abdómen, 30% sentem de forma fraca, 10% sentem de forma moderada e 7% sentem
de forma muito forte.

Vê-se ainda que, 80% das mulheres não têm tido desmaio, 10% têm tido com pouca
frequência, 6% têm de forma moderada e 4% têm tido de forma muito forte.

Podemos verificar que, 54% das mulheres sentem a face ruborizada de forma fraca, 30%
não sentem, 10% sentem de forma muito forte e 6% sente de forma moderada.
Nota-se por fim, que 54% das mulheres não sentem suores (não devido ao calor, 31%
sentem de forma fraca, 9% sentem de forma moderada e 6% sentem de forma muito forte.
CONCLUSÃO
A ansiedade é uma perturbação psicológica que pode afectar gravemente o portador,
levando este a ter pensamentos antecipatórios e sem qualidade, o medo é um ponto que
está sempre associado à ansiedade, o medo pode até chegar a ser benéfico para o
indivíduo, isso quando se encontra num nível considerado normal, e esse é diferenciado
da ansiedade, é mais como um elemento incluído na mesma. Essa perturbação pode ser
diferenciada, e vimos que há um grupo específico em que os elementos apresentam certas
diferenças, mas que têm os sintomas ansiosos como ponto fulcral. A ansiedade não é um
assunto a ser negligenciado, é um problema sério, e que apesar de ser normal, quando
encontrado em níveis baixos, ainda se deve ter bastante atenção para que os mesmos se
mantenham baixos, e para tal é necessário a intervenção psicológica.

Nota-se então, que no estudo feito e nos dados estabelecidos na fundamentação teórica
do presente trabalho, conclui-se que a ansiedade em mulheres que sofreram uma cesariana
é uma realidade na sociedade. Uma vez sendo a ansiedade um estado considerado normal
para todos os indivíduos, muito se tem deixado escapar, principalmente para as mulheres
que passaram por uma cesariana, é necessário que haja uma melhor averiguação das
condições em que essas mulheres se encontram, e principalmente, que se encontrem
formas de como combater a ansiedade no período pós-cesariana, porque pode até não se
dar atenção a esse facto, mas é visível de acordo com o nosso trabalho, que esse problema
pode até se desenvolver e chegar num nível de depressão para a mulher, e isso pode até
afectar o recém nascido.
RECOMENDAÇÕES

Levando em conta determinados problemas ansiosos que podem surgir no período pós-
cesariana, É necessário deixar determinadas recomendações. Recomenda-se que a família
seja o ponto primário de gerenciamento das actividades da mulher que teve uma
cesariana, que possa ajudar esta a dar respostas a determinadas exigências deixadas pela
sociedade, e assim promover a saúde, tanto para mulher como para a criança.

Recomenda-se também, o estabelecimento de mais consultórios de atendimento a


mulheres gestantes e, em especial, aquelas que sofreram uma cesariana nas maternidades
e hospitais, de formas a dar respostas às situações que muitas mulheres levam à
maternidade. As psicoterapias devem ser cada vez mais usadas nestas situações, de modos
a dar respostas a determinadas complicações que as mesmas podem apresentar.
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