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Após se declarar independente, em maio de 1948, o governo de Israel sofreu duras


represálias dos países árabes ao seu redor, tendo início o primeiro conflito árabe-israelense
na região, a guerra de independência de 1948, na ocasião, os judeus saíram vitoriosos da
guerra. Para se manter na região como Estado soberano, Israel adotou uma postura
extremamente belicosa, tornando-se uma das principais potências militares da região. A
ascensão bélica deve-se ao massivo apoio dos Estados Unidos da América, movidos por
interesses de judeus que residiam, e residem, em solo americano e também para
estabelecer um Estado militarmente forte e parceiro dos EUA na região, tendo em vista que
países como Síria e Egito eram aliados da URSS. Israel é considerado um dos países que
possuem armas nucleares, mas pratica a política de opacidade nuclear, isto é, não afirma
que possui armas de destruição em massa, mas ao mesmo tempo recusa-se a participar do
TNP, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, alegando que isso vai contra
interesses de segurança nacional.
Ao longo dos anos, e dos diversos conflitos travados com a população palestina que
vive nos territórios sem jure da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, Israel conseguiu aumentar
consideravelmente seu território. Embora inicialmente tenha fico com 3 dos 7 territórios da
região, os avanços progressivos e paulatinos do país a cada nova enfrentada militar contra
os Palestinos fazem com que o território controlado pelo Estado seja muito maior do que o
designado inicialmente. Na Guerra dos Seis Dias, ainda, é necessário destacar que Israel
afirma a conquista por completo a cidade de Jerusalém, onde aponta que controla tanto o
lado Oriental como o Ocidental da região, assim, a mesma declara que a cidade é parte de
Israel e, portanto, a capital do povo judeu e do Estado de Israel, essa visão não é
amplamente aceita por todos os Estados, principalmente os Árabes.

4. O CONFLITO NO SÉCULO XXI


Mesmo com os desdobramentos da Guerra dos Seis Dias e a posterior oferta de paz
de Israel, a região de Israel e seus países vizinhos não mantiveram uma relação positiva e
prospera. Diversos grupos extremistas se formaram na região de Israel como representantes
dos grupos palestinos e também israelitas. O Estado de Israel ainda continua mantendo um
posicionamento agressivo contra a Palestina e, é possível observar, que o apoio
internacional de países como os EUA só vem como uma forma de ampliar ainda mais a
situação belicosa na região que se intensifica com bombardeios por parte de Israel nas
regiões da Faixa de Gaza, por exemplo.

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O Conflito entre o Estado de Israel e os Palestinos, que ainda aguardam pelo
reconhecimento do Estado da Palestina, não aparenta ter uma data para um fim do conflito
muito próxima, assim, é constante os ataques que envolvem violações de direitos humanos
na região. O apoio internacional parece cada vez mais agravar a situação e,
consequentemente, é necessário observar os impactos geopolíticos do conflito em âmbito
local, regional (no Oriente Médio) e mundial.

4.1. POSICIONAMENTO INTERNACIONAL


As violações de direitos humanos, considerado crimes de guerra por grupos
extremistas, aumentou consideravelmente nos últimos anos tendo como expoente uma
milícia armada conhecida como Hamas. O grupo em questão é considerado a maior
organização islâmica nos territórios palestinos da atualidade, e surgiu em 1987, após a
primeira intifada (revolta palestina) contra a ocupação israelense na Cisjordânia e na Faixa
de Gaza. Em sua carta de fundação, o Hamas estabelece dois objetivos: promover a luta
armada contra Israel e realizar programas de bem-estar social. Além da faceta militar, o
grupo que controla Gaza pelo uso da força também é um partido político.
Pelo menos cinco categorias de violações importantes do direito internacional, dos
direitos humanos e do direito humanitário caracterizam o conflito entre Israel e Palestina,
entre eles os assassinatos ilegais, os deslocamentos forçados e as detenções abusivas. Os
grupos armados palestinos realizaram dezenas de ataques letais contra civis e lançaram
milhares de ataques com foguetes contra as regiões israelenses, sendo que, muitas dessas
ações são considerados atentados suicidas vistos como uma transgressão ao direito
humanitário. Desde que os ataques contra civis recomeçaram em 1º de janeiro de 2001, os
números de atentados suicidas aumentaram dramaticamente. Eles se tornaram o tipo de
ataque que os civis israelenses esperam e temem de grupos armados palestinos.
Em março de 2010, o Conselho de Direitos Humanos condenou os assentamentos
israelenses defendeu a autodeterminação palestina e denunciou Israel por violação de
direitos humanos nos territórios ocupados e nas Colinas de Golan. Em 2016, o Conselho de
Segurança condenou, através da resolução 2334, a colonização israelense em territórios
palestinos e determinou que Israel interrompa a construção de novos assentamentos. No
ano decorrente, 2017, a Assembleia Geral, através de reunião oficial, exigiu que todos os
países seguissem as resoluções do Conselho de Segurança em relação ao status de
Jerusalém, após os Estados Unidos reconhecerem a cidade como capital de Israel. Em

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junho de 2018, a Assembleia Geral adotou uma resolução condenando Israel por usar
excessivamente a força contra civis palestinos na Faixa de Gaza.
Além do conhecido envolvimento norte-americano no conflito, o qual defende um forte
aliado militar na hostil região de países árabes, há controvérsia entre as opiniões de outras
nações. A comunidade internacional auxilia monetariamente e, através da ONU, há a
tentativa de cuidar dos refugiados – majoritariamente palestinos – e da própria saúde mental
da população que vive sem estrutura e envolta de violência.
O Egito possui um histórico de tentativas para diminuição das tensões entre os
conflitos por meio de negociações indiretas. Em novembro de 2018, com o auxílio dos
egípcios, um acordo de 2014 foi resgatado entre grupos Palestinos e o Estado de Israel,
com o intuito de promover o cessar-fogo entre os envolvidos. Eles clamam respeitá-lo,
todavia, operações secretas continuam acontecendo na região.
Além disso, Irã e Síria são inimigos históricos de Israel e, portanto, não mantém
relações diplomáticas. Dessa maneira, e o Estado judeu os acusa de constante
envolvimento nos ataques à região.
Em relação à União Europeia, que defende a existência dos dois Estados para
resolução do conflito, as controvérsias também estão presentes. Israel possui contato
otimista com Bulgária, Grécia, Romênia e Sérvia, países onde o primeiro-ministro israelense
Benjamin Netanyahu faz visitas, busca estreitar as relações e tenta mudar a atitude da UE,
em suas palavras, hostis e hipócritas. A Alemanha, relacionada historicamente com os
judeus, não compactua com suas atuais ações e defende, junto a UE, a existência do
Estado da Palestina e do Estado de Israel .

4.2. A QUESTÃO DOS REFUGIADOS


Tal questão tem seu início antes mesmo do século XX, ainda que não definida como
tal. Porém, é no período entre guerras e pós-guerras que a situação ganhou notoriedade
internacional a ponto de obter um regime internacional que tratasse dos refugiados. No que
se trata acerca do oriente Médio podemos destacar o aumento do êxodo durante os conflitos
de 1948, e se concentrava no conflito Israel e Palestina e, com a independência desse
primeiro, aproximadamente 800 mil palestinos foram expulsos das terras onde viviam;
judeus que habitavam outras terras árabes também foram expulsos, devido aos conflitos já
declarados contra Israel que partiam de países árabes.

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Enquanto os refugiados de outros conflitos foram pouco a pouco sendo absorvidos
pela cultura do país que os cedia asilo, os palestinos não possuíam direitos civis ou políticos
com poucas exceções – como a Jordânia. Além disso, o status de refugiado era passado de
forma hereditária, até fazer com que hoje, haja cerca de 4 milhões de refugiados palestinos
no mundo, segundo o Israel Science and Technology (2014).
A situação se torna ainda mais complexa porque o conflito que a causou ainda não
chegou a seu fim; além disso, segundo a UNRWA (Agência das Nações Unidas de
Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, em português) "Os estados
árabes não querem resolver o problema dos refugiados. Eles querem mantê-lo como uma
ferida aberta, como uma afronta às Nações Unidas e como uma arma contra Israel. ”

4.3. ESCALADA DO CONFLITO ATÉ 2018


A escalada do conflito entre israelenses e palestinos no século XXI deve ser
compreendida pelo posicionamento de cada uma das partes em relação a uma solução para
a disputa. O novo milênio é marcado pelo entendimento das duas partes de que a guerra se
configura o único meio de resolução da contenda, visto que há uma falta de vontade política
dos dirigentes dos países em concretizar uma saída pacífica baseada na criação de dois
Estados (um Israelense e outro Palestino).
Uma das principais razões para a ascensão do conflito é a política de expansão dos
assentamentos sionistas nas áreas ocupadas pela autoridade judaica, aliada ao incentivo
israelense à migração de judeus para a região - ambos baseados na ascensão do ideal
histórico-religioso da “terra prometida”. Dessa forma, gera-se uma pressão demográfica
sobre os territórios palestinos, em especial Cisjordânia e Jerusalém Oriental, o que dificulta a
criação de um Estado Palestino de fato. É notório também o esforço empreendido por Israel
para que os judeus de todo o mundo habitassem este país, a fim de expandi-lo por meio da
criação do “Grande Israel” (Eretz Yisrael).
Em contrapartida, a percepção dos palestinos de que os diálogos políticos com Israel
não surtem efeito na resolução do conflito ocasionou um crescimento do apoio popular ao
partido político Hamas (considerado por Israel e seus aliados ocidentais como uma
organização terrorista). Como consequência dessa descrença popular em relação à eficácia
das conversas entre representantes israelenses e palestinos, os ataques com foguetes
Qassam direcionados a cidades israelenses, desde a faixa de Gaza, foram intensificados.

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Figura 9 – Jovem palestino em um protesto contra um bloqueio israelense em Gaza

Fonte: Al Jazeera

Ademais, destaca-se que o poderio bélico e econômico das Forças Armadas de Israel
(Israeli Defense Forces, em inglês) é extremamente superior àquele demonstrado pelo
Hamas, a exemplo do sistema de defesa antimísseis de Israel, o qual intercepta a maior
parte dos foguetes lançados por palestinos. Nesse sentido, as respostas militares
israelenses aos ataques palestinos são desproporcionais, tendo em vista as investidas
direcionadas a alvos civis, em especial mulheres, crianças e jovens. Ações dessa proporção
geram um ciclo de ódio na população palestina, sobretudo nos mais jovens, os quais
reforçam a necessidade de combate armado como mecanismo de resolução do conflito.
Evidencia-se, também, que partidos políticos em Israel se valem dos ataques às
regiões ocupadas pelos Palestinos como mecanismo eleitoreiro, visando mascarar os
problemas socioeconômicos vivenciados por sua população. Assim, é difundida a
percepção, por meio da guerra psicológica, de que o conflito com os palestinos se configura
como o único problema de Israel. Igualmente, o conflito no século XXI é motivado pelo
isolamento econômico promovido por Israel e seus aliados ocidentais, essencialmente os
Estados Unidos - o qual sofre grande pressão do lobby sionista no Congresso
estadunidense, articulado pelo AIPAC3.
Dessa política, resultam, entre a população palestina, algumas das maiores taxas de
desemprego, fome e desnutrição do mundo, além do acesso precário aos serviços básicos
de saúde, infraestrutura e alimentação. De acordo com dados divulgados pelo Banco

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American Israel Public Affairs Commitee, em português, Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel
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Mundial o percentual de desempregados entre a população economicamente ativa da
Palestina é de 43%, enquanto entre os jovens da faixa de Gaza este valor chega a 60%.
A partir dos anos 2000, assim, os conflitos foram constantes e se agravaram
significativamente, resultando na destruição de infraestrutura e perdas humanas. Destaca-se
abaixo na Figura 10 aqueles de maior relevância e conhecimento internacionais.

Figura 10 – Fatos recentes que agravam a situação do Conflito Israelo-Palestino

Fonte: SiEM 2019

PARA RELEMBRAR, PENSAR E MEMORIZAR

PERGUNTAS IMPORTANTES
PARA O DEBATE
1. Quais as consequências dos milhões de
refugiados palestinos para o futuro?
2. Como a cultura judaica, discriminatória
contra os muçulmanos, se deu durante os
conflitos?
3. Como a ascensão bélica de Israel se deu,
desde o início dos conflitos até o século
XXI, com o apoio dos Estados Unidos?
4. Qual a situação do povo palestino com o
conflito?
5. Quais países ou sob influências de quais,
reconheceram a soberania do Estado da
Palestina?

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