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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - FUPAC

FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE UBERLÂNDIA.


Rua Tiradentes, nº. 66 – Centro – Uberlândia/MG.
Telefax: (34) 3291-2100
.

MEDICINA VETERINÁRIA
Prof. Esp. Laurisley Marques de Araújo

Disciplina: Zoologia Geral

APOSTILA - TEXTO

ZOOLOGIA GERAL
INTRODUÇÃO À ZOOLOGIA

Introdução

Considerando a etimologia da palavra Zoologia (do idioma Grego: zoon, animal e logos, estudo),
este ramo da Biologia é um vasto domínio que pode englobar todos os aspectos da biologia animal,
inclusive relações entre animais e ambiente.

Mas o que é mesmo um animal? Durante muito tempo animais eram todos os organismos
eucariontes que utilizam a matéria orgânica existente como alimento, possuem membranas flexíveis e
permeáveis. Contudo, esta definição cabia, não sem uma certa dificuldade, na classificação tradicional
dos organismos vivos em plantas e animais.

A descoberta de organismos unicelulares, como a Euglena, com características intermediárias


entre os dois reinos, levou Haeckel, em 1866 a criar um terceiro reino - Protista, restrito a organismos
unicelulares. As bactérias e as algas cianofíceas, seres procariontes, foram incluídos pelo autor no reino
Monera.

O termo Protista, portanto foi criado exclusivamente para organismos unicelulares, mas acredita-
se, na atualidade, que a multicelularidade evoluiu muitas vezes a partir de formas unicelulares. Reinos
como Plantae, Fungi e Metazoa demonstram as diversas origens da multicelularidade. Mesmo nos
protistas, a exemplo de ciliados, ao menos uma espécie forma esporos com estrutura multicelular e as
algas euglenidas e diatomáceas também têm derivados multicelulares. Assim, o termo Protoctista foi
proposto para acomodar certos organismos multicelulares e os unicelulares (Margulis & Schwartz, 1988).

Geralmente são considerados protozoários os Protoctista ou Protista heterotróficos, portanto


semelhantes neste aspecto aos animais, mas o compartilhamento deste modo de nutrição não é suficiente
para unir seus representantes em uma categoria taxonômica (Lipscomb, 1996).

Diante do exposto, animal é sinônimo de metazoário e estes são compostos de numerosas células,
ao menos parte dessas dispostas em camadas. diferenciadas em muitos tipos, os quais desempenham
diferentes funções ( divisão de trabalho ). Com exceção das esponjas, existe sistema nervoso, o qual é
centralizado na parte anterior do corpo da grande maioria dos animais bilaterais. Em geral os gametas,
que constituem a linhagem germinativa, são produzidos em órgãos, assegurando a continuidade da vida
de um soma, cujas células, à exceção das esponjas, não participam da reprodução.

Neste texto apresentam-se alguns outros tópicos básicos, que implicam na aquisição de conceitos
importantes na compreensão da Zoologia, os quais podem ser agrupados em quatro questões:

 1. O que é Zoologia?
 2. Por que estudar os animais?
 3. Para que estudar os animais?
 4. Como estudar os animais?
1. O que é Zoologia?
Podemos definir Zoologia como " um ramo da Biologia que engloba todos os aspectos da biologia
animal, inclusive relações entre animais e ambiente". Com esta definição, tão ampla, estudamos não
apenas morfologia, sistemática e ecologia, mas também o funcionamento dos animais, constituintes
químicos dos tecidos, formação e desenvolvimento, propriedades e funções celulares. A zoologia
experimental, por exemplo, inclui as subdivisões relativas às alterações experimentais dos padrões dos
animais como genética, morfologia experimental e embriologia.
Do exposto acima ficam ressaltados os vários campos de investigação com animais e a clara
interrelação de outras disciplinas com a zoologia clássica. À medida em que a especialização aumenta,
ramos de estudo tornam-se mais e mais restritos: celenterologia - estudo dos cnidários; entomologia -
estudo dos insetos, que subdivide-se em sistemática e entomologia econômica; mastozoologia- estudo dos
mamíferos e assim por diante.
Considerando que a diversidade é o principal objeto de estudo da Zoologia e que é importante
termos algumas noções sobre distribuição dos animais nos diversos ambientes e regiões do planeta, tais
tópicos são abordado a seguir.

1.1. Diversidade da vida animal

O contraste entre a unidade química essencial dos seres vivos e a fantástica diversidade da vida na
Terra é um dos grandes paradoxos da natureza.
Aproximadamente 2.000.000 de espécies são conhecidas englobando os vários grupos de animais,
mas especialistas estimam que em certos grupos, conhece-se apenas uma pequena fração de espécies
atuais existentes, notadamente de nematódeos, insetos e certos quelicerados, particularmente os ácaros.
A compreensão da diversidade animal passa pelo entendimento do que é biodiversidade. Um
termo, cujo sinônimo mais freqüente é "variedade da vida", que inclui a variedade de estruturas e funções
nos níveis genético, de espécie, de população, de comunidade e de ecossistema, uma definição tão ampla
quanto a própria Biologia.. Mas, tentativas tem sido feitas para revelar as principais características da
biodiversidade, enquanto conceito, e surgem então as três divisões mais citadas na atualidade: diversidade
genética, diversidade taxonômica ou de espécies e diversidade de ecossistema.
O estudo da biodiversidade equivale, portanto, ao estudo da história da vida que começou a
aproximadamente 4,5 bilhões de anos. Para um melhor entendimento da vida animal, nós precisamos
remontar a cerca de 650 milhões de anos, período do surgimento da pluricelularidade. Já os grandes
planos de organização dos metazoários foram definitivamente estabelecidos há 430 milhões de anos. A
Terra é inicialmente conquistada pelos vegetais, depois pelos invertebrados e finalmente pelos
vertebrados. A conquista do ar é realizada pelos insetos há 350 milhões de anos e pelas aves há 130 ma.
Dos animais mais primitivos aos milhões de espécies atuais, há nesta história muitas mudanças, às quais
denominamos evolução.
Assim, nos inventários da biodiversidade deve-se buscar padrões que se repetem, entender os
processos que geraram diversas espécies e adaptações através da história evolutiva. Neste contexto a
reconstrução das filogenias é fundamental para que possamos detectar origens da multicelularidade, a
organização celomática e muitos outros aspectos que distinguem a biodiversidade nos tempos atuais.
1.1.1. Diversidade intraespecífica e diversidade interespecífica

A diversidade animal revela-se também em aspectos como dimorfismo sexual, diferenças no


desenvolvimento e diferenças individuais, os quais ocorrem dentro de uma mesma espécie, enquanto
variações em tamanho, morfologia, fisiologia, simetria, hábitats colonizados, etc., são maiores entre
espécies.

 Diversidade intraespecífica:
 Dimorfismo sexual - as diferenças entre os genitores podem ser claras, como em certos
besouros, certas aves e alguns peixes ou não tão claras, ao menos externamente nos quais é
difícil distinguir o macho da fêmea, a exemplo do que ocorre nos ouriços do mar.
 Diferenças no desenvolvimento - uma forma jovem pode ser completamente diferente da
adulta, como por exemplo girino e sapo, lagarta e borboleta, estádios larvais de muitos animais
marinhos adultos.
 Diferenças individuais - devido ao patrimônio genético de cada indivíduo são encontradas
diferenças em tamanho, cor, forma, comportamento, particularidades exploradas pelo homem
no desenvolvimento de variedades de animais domesticados.

 Diversidade interespecífica:
 Tamanho - a ordem de grandeza é notável entre baleias e animais microscópicos que habitam
os espaços entre grãos de areia.
 Morfologia - diferenças na organização são encontradas não apenas na forma externa, mas
também na forma interna. Nos insetos, por exemplo, a maior parte do sistema nervoso é
ventral em relação ao tubo digestivo, enquanto que a relação é invertida nos vertebrados.
 Fisiologia - as diferenças nas formas exigiram atividades diferentes, por exemplo, nos modos
de locomoção e ingestão de alimentos.
 Simetria - é a divisão imaginária do corpo de um ser em metades opostas, que devem ser
simétricas entre si; basicamente os elementos de simetria são eixos e planos. Eixo é uma reta
que atravessa o centro do corpo, de tal modo que ao longo desta reta as partes do corpo se
repetem. Plano é a superfície que divide o corpo em partes de tal modo que uma é a imagem
especular da outra.
 Hábitats - a diversidade animal também é expressa na variedade de hábitats que os animais
ocupam; geralmente acredita-se que os animais tenham se originado nos oceanos
arqueozóicos, bem antes do primeiro registro fóssil. Todo filo importante de animais tem pelo
menos alguns representantes marinhos e do ambiente marinho ancestral grupos diferentes
invadiram a água doce, enquanto outros moveram-se para a terra. Cada hábitat diferente -
floresta, oceano, deserto, lago, contém sua diversidade animal característica.

1.1.2. Caracterização dos ambientes e distribuição ecológica dos animais.


Um estudo detalhado revela que todo organismo enfrenta as mesmas necessidades fundamentais
de sobrevivência e os mesmos problemas de alimentação para obter energia, ocupação de espaço vital e
produção de novas gerações. Na solução destes problemas os organismos se diferenciaram em inúmeras
formas, adaptadas à vida de ambientes particulares.
A distribuição dos animais é limitada pela existência de ambientes adequados à sua vida e estando
o ambiente sujeito às alterações naturais ou artificiais eles buscam novos locais para habitarem. A
disponibilidade de alimento é fator muito importante na distribuição dos animais, assim como
temperatura, água, competidores naturais, predadores, entre outros.

Ambientes marinhos, estuários e manguezais:

Comparando com a água doce e a terra, o ambiente marinho é relativamente uniforme, o oxigênio
geralmente é disponível e a salinidade do mar aberto é relativamente constante.
A maioria dos animais que vive no oceano é estenohialina, isto é, não suportam variações bruscas
de salinidade.
As estratégias de sobrevivência são variadas e inúmeras as adaptações dos organismos marinhos,
particularmente daqueles que vivem na fronteira entre terra e água e os animais das regiões batipelágicas,
onde impera a escuridão. Os animais que habitam permanentemente esta zona são carnívoros ou
consumidores de detritos e os que vivem na zona do entremarés suportam longos períodos de exposição à
dessecação.
Os ambientes estuarinos incluem fozes de rios, deltas circundantes, pântanos costeiros, pequenas
enseadas e são geralmente afetados por marés, de onde se origina a palavra estuário (do latim
aestus=maré). Já os manguezais são ambientes estuarinos especiais, caracterizados por apresentarem
densa vegetação de plantas que vivem em condições salinas, denominadas mangues.
A salinidade flutuante em muitos estuários restringe a fauna estuarina, característica destes
ambientes, e apenas invasores marinhos eurihalinos e poucas espécies de água doce podem tolerar essa
condição.

Ambientes dulciaqüícolas ou límnicos:

Como os ambientes marinhos, os ambiente dulciaqüícolas, particularmente lagos e rios, também


apresentam um zoneamento horizontal e vertical, mas seus menores tamanhos, suas profundidades
relativamente mais rasas e o conteúdo de água doce os tornam ecologicamente diferentes dos oceanos.
Ao contrário da água salgada que se torna progressivamente mais densa em temperaturas
reduzidas, a água doce alcança a sua maior densidade a 4 C. Ocorre pouca circulação entre os níveis
superior e inferior, de forma que a zona do fundo não é somente escura, mas também é relativamente
estagnada por falta de oxigênio, sustentando uma fauna limitada.
Os animais que habitam a água doce apresentam diversas adaptações, entre as quais destacamos a
supressão do estádio larval, a qual é realizada de várias formas. É freqüente que fêmeas produzam
grandes ovos de desenvolvimento direto que elas guardam até a eclosão. Em outros casos, os ovos são
colocados em casulos, fixos em corpos estranhos ou são meio enterrados no sedimento.
A água podem gelar ou desaparecer por evaporação, em conseqüência disto há uma série de
adaptações que permitem a sobrevivência da fauna, a exemplo de gêmulas de esponjas, cisto ovígero de
planárias, ovos de hidras.
Os diversos ambientes límnicos diferem entre si pela quantidade de água e pela movimentaçao
(águas lênticas são paradas e águas lóticas são correntes). Entre as diversas facies dos ambientes límnicos
- lagos, rios, fontes, açudes, poços, entre outros, há também miniaturas de aquários que se formam nas
bromélias, plantas epífitas comuns em nossa região e abrigam uma fauna especial.

Ambientes terrestres:

Os ambientes terrestres são extremamente variados e suas condições físicas muito menos estáveis
do que nos ambientes aquáticos. Cada um deles é caracterizado por um conjunto de fatores ecológicos,
como solo, clima, geomorfologia e também bióticos, que permitiu a colonização por flora e fauna
particulares. Os principais tipos de ecossistemas dependem principalmente de fatores climáticos, como
temperatura, luz e precipitação, além dos fatores edáficos, textura do solo, teor de nutrientes e capacidade
de armazenar água, permitindo que haja uma variação periódica regular: sazonal e diária. (Fonseca &
Brazil, 1998).
O problema mais crítico para os animais terrestres é a perda de água pela evaporação. A solução
para este problema tem sido um fator primário na evolução de muitas adaptações para a vida na terra.

Ambientes biológicos:

Os próprios seres vivos servem de meio para outros organismos, constituindo assim um tipo
especial de ambiente, conhecido como meio biológico. Muitos organismos vivem no interior ou na
superfície de outros em associações íntimas, conjuntamente chamadas de simbiose (sim=juntos;
bio=vida). Para alguns simbiontes, a associação com o seu hospedeiro é imprescindível para sua
sobrevivência (associação obrigatória), mas para outros a associação, apesar de melhorar a condição de
vida, não é obrigatória (associação facultativa). (Madeira, 1998)

1.1.3. Distribuição geográfica

O estudo dos fatores que influenciam a distribuição, a variedade e a abundância da vida na Terra
constituem a Biogeografia, uma disciplina integradora que une conceitos de biologia evolutiva, ecologia e
geologia com as perspectivas e metodologias da geografia.
A atual distribuição da espécies de água doce ou terrestres é resultado de três fatores principais:
(1) as relações entre as terras e os mares em antigos tempos geológicos que permitiram a extensão de um
grupo a partir do seu centro de origem, ou ao contrário o isolamento definitivo de um certo conjunto
faunístico; (2) o meio de disseminação, se passivo ou ativo; (3) numerosas mudanças no meio ambiente
desde o início dos povoamentos, que levaram à extinção de certas espécies e sobrevivência de outras.
Ambientes terrestres e límnicos são divididos em regiões que têm fauna distinta. Tais regiões são
baseadas nas relações taxonômicas ou filogenéticas e não sobre adaptações dos animais a ambientes
específicos.
A partir de estudos sobre a distribuição de vertebrados recentes, descobertas paleontológicas,
distribuição dos climas e a teoria de tectônica de placas ( que explica a progressiva separação dos
continentes, pois a superfície da Terra é construída de placas móveis), ambientes terrestres e
dulciaqüícolas foram divididos em seis grandes regiões zoogeográficas: Neártica - América do Norte,
com exceção da extremidade sul; Paleártica - Europa e norte da Ásia, das Ilhas Britânicas ao Japão,
incluindo a África do Norte ao deserto do Saara; Etiópica - África, incluindo o sul do deserto de Saara,
Madagáscar e ilhas adjacentes; Oriental - Índia, Malásia, Filipinas e regiões próximas; Australiana -
Austrália, Tasmânia, Nova Guiné, Nova Zelândia e ilhas oceânicas do Pacífico; Neotropical - Américas
do Sul e Central, Antilhas.
As regiões acima, Neártica e Paleártica, são próximas e deste modo a fauna contém muitas
espécies em comum, daí serem freqüentemente reunidas em uma região denominada Holártica.
De acordo com o clima e latitude são delimitadas cinco regiões para as águas marinhas costeiras:
Tropical, Boreal ( Atlântico e Pacífico) Antiboreal, Ártica, Antártica, bem como outras menores a
exemplo da região Mediterrânea.
Ainda que as espécies pelágicas possam apresentar maior dispersão, as diferenças entre os
povoamentos bentônicos nos oceanos, conduzem a divisão das zonas mais profundas em apenas três
regiões: Indopacífica, Atlântica e Antártica (ou Antártida).
Costuma-se também classificar os padrões de distribuição em endêmico, alopátrido, simpátrido,
circumboreal, circumpolar, cosmopolita e pantropical. Endêmica refere-se à distribuição restrita de um
táxon, nativo de uma área particular; por exemplo, o coral Mussismilia braziliensis só ocorre no nordeste
brasileiro; alopátrida, cujo significado é "outro país" refere-se às diferentes áreas de distribuição de um
táxon, que não se superpõem; simpátrida, cujo significado literal é "mesmo país" , refere-se à
distribuição de diferentes espécies na mesma área; circumboreal – distribuição nas altas latitudes do
hemisfério norte; circumpolar – distribuição restrita aos polos norte e sul; cosmopolita – uma
distribuição por todo o mundo, ou quase; pantropical – refere-se à área de distribuição entre os trópicos.

2. Por que estudar os animais?

O homem é um produto do processo evolutivo, deste modo a aquisição de conhecimentos sobre os


animais é necessária como parte da incessante busca de compreensão da natureza e da posição que o
próprio homem nela ocupa.

3. Para que estudar os animais?

Em primeiro lugar para conhecer a estrutura e o funcionamento dos mesmos, buscando entender
suas relações evolutivas. Grande parte do que hoje sabemos sobre os seres humanos conseguiu-se
estudando outros animais.
Compreender as relações entre animais, destes com as plantas e com o ambiente para possibilitar a
detecção do equilíbrio e de perturbações naturais ou provocadas pela cegueira humana.
Buscar soluções para problemas relacionados à saúde dos humanos e de outros animais
pesquisando parasitos, vetores de doenças, inclusive as que causam destruição de frutos e cereais.
Aplicar conhecimentos adquiridos na produção de alimentos, vestuário e medicamentos. As
indústrias que lidam com animais domésticos, a pesca comercial, a apicultura e o comércio de peles criam
um mercado de trabalho para inúmeras pessoas.
Disponibilizar meios de contemplação aos homens em áreas de lazer, uma excelente forma de
descarregar tensões da sociedade. O fiel companheiro de nossa existência terrestre, o animal e sua
imagem habitam nosso ser, mesmo que o mundo da consciência quotidiana os tenham eliminado.

4. Como estudar os animais?

As informações sobre animais provêm de conhecimentos populares, baseados na observação e de


conhecimentos técnico-científicos baseados em observações e experimentos controlados.
Em Biologia costuma-se agrupar as disciplinas em dois campos, Biologia geral e Biologia
comparada. A Biologia geral com base em métodos experimentais, estuda os mecanismos e os processos
que governam os seres vivos. A Biologia comparada estuda a biodiversidade usando o método
comparativo, mais que o experimental, para descobrir padrões bióticos.
O conhecimento técnico-científico sobre animais, portanto, é adquirido pelos métodos
comparativo e experimental. No primeiro, a finalidade é a descrição de padrões e no segundo a
formulação de conceitos que tenham ampla aplicação no campo de estudo considerado. Bons cientistas
formulam hipóteses a partir de fatos acumulados, testam suas teorias, repetem seus experimentos e não
hesitam em buscar o parecer de outros especialistas. Suas descobertas devem ser divulgadas, pois assim
estarão contribuindo para a ampliação do seu campo de investigação.

Zoologia: é o ramo da Biologia que estuda os animais

OS 5 REINOS

 Monera : são organismos unicelulares, procariontes, isolados ou coloniais, heterótrofos ou


autótrofos (fotossintéticos ou quimiossintéticos), aeróbicos ou anaeróbicos. Exs.:
bactérias e cianobactérias.

 Protista : são unicelulares, eucariontes, isolados ou coloniais, heterótrofos ou autótrofos


(fotossintéticos), aeróbicos ou anaeróbicos. Exs.: protozoários e algas unicelulares.

 Fungi : são organismos uni ou pluricelulares, eucariontes, de estrutura geralmente sincicial,


possuidores de parede celular, isolados ou coloniais, heterótrofos que realizam absorção de
alimento. Exs.: ascomicetos, ficomicetos, basidiomicetos e deuteromicetos.
 Plantae : são pluricelulares eucariontes, possuidores de parede celular, com ou sem tecidos
diferenciados, ciclo de vida haplôntico-diplôntico, aeróbicos, autótrofos fotossintéticos.
Exs.: algas pluricelulares, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

 Animalia : são organismos pluricelulares eucariontes, desprovidos de parede celular (exceto os


tunicados), com nítida diferenciação celular, com ou sem tecidos diferenciados, ciclo do
vida diplôntico, que atingem pelo menos a fase de gástrula durante o desenvolvimento
embrionário, isolados ou coloniais, aeróbicos ou anaeróbicos, heterótrofos que obtém o
alimento por ingestão ou filtração.

Reino Animal:

– Eucariontes, pluricelulares, isolados heterótrofos (obtêm alimento através de ingestão ou


filtração), desprovidos de parede celular.

– Todos começam seu desenvolvimento embrionário a partir da célula ovo ou zigoto, que surge da
fecundação (reprodução sexuada sempre presente).

SISTEMA DE C L A S S I F I CA ÇÃ O DE L I NE U (atualizado)

Este sistema de classificação dos seres é, até hoje, considerado um “sistema ideal” , por
apresentar as seguintes características:

1º) Classifica todos os seres vivos até então conhecidos, sem deixar nenhum deles de fora.

2º) É um sistema aberto, isto é, é capaz de abrigar qualquer ser vivo que venha a ser descoberto.

A base deste sistema é a ESPÉCIE.

Neste sistema os seres vivos foram distribuídos em sete (07) níveis taxonômicos (de classificação)
que, do mais geral para o mais específico são:
REINO

FILO*

CLASSE*

ORDEM

FAMÍLIA

GÊNERO

ESPÉCIE

 ESPÉCIE: indivíduos semelhantes (morfológica e fisiologicamente), potencialmente intercruzáveis


e capazes de produzir descendentes férteis.

 GÊNERO: conjunto de espécies com características morfológicas e fisiológicas semelhantes.

 FAMÍLIA: conjunto de gêneros com características comuns.

 ORDEM: grupo formado por várias famílias cujos representantes apresentam características
semelhantes.

 CLASSE: é um conjunto de ordens que guardam entre si algumas semelhanças.

 FILO ou DIVISÃO: é um grupo formado por várias classes que apresentam uma ou mais
características em comum.

 REINO: é um conjunto de filos.

SISTEMA DE BINOMIAL DE LINEU – Regras de Nomenclatura

1. Todo nome científico deve ser escrito em latim ou ser latinizado.

2. Todo nome científico deve ser grifado.


3. O nome da espécie consta de duas partes: a primeira, geralmente um substantivo, representa o termo
ou epíteto genérico e identifica o gênero; a segunda, geralmente um adjetivo que qualifica o gênero,
representa o termo ou epíteto específico, ou seja, o primeiro nome é o GENERO e o segundo é a
ESPÉCIE.

4. Todo nome cientifico nunca possui acentos.

Observação:
Quando o nome cientifico é manuscrito, deve-se grifa-lo, no entanto deve-se haver uma
interrupção entre o Gênero e a Espécie. ( Genero especie)

Exemplos:
 Panthera onca (Onça Pintada) (E)  Panthera onca ou Panthera onca
 Felis catus (Gato doméstico) (E)  Felis catus ou Felis catus
 Felis silvestris (O gato selvagem) (C)
 Podocnemis Expansa (tartaruga-da-amazonia) (E)  P. expansa

SISTEMAS FUNCIONAIS

Revestimento do Corpo, Esqueleto e Músculos

Dependem do ambiente no qual vive o animal e de seu modo de vida.

Nos invertebrados, as funções de proteção e de suporte combinam com um esqueleto externo


firme e músculos internos. Os tipos mais eficientes encontram-se nos insetos e outros artrópodes que
possuem o corpo segmentado.

Nos vertebrados, os revestimento do corpo ou tegumento é separado do esqueleto interno. A forma


do corpo dos vertebrados depende, do tamanho e disposição dos músculos.

O Revestimento.

Exemplos: Conchas, cutículas dos artrópodes, pêlos, penas e cornos.

São sistemas de revestimento que oferecem proteção contra choques mecânicos, (Temperatura) e
proteção contra raios ultra violetas. (RUV).

A maioria dos invertebrados possuem uma única camada fina de epiderme, geralmente esta
camada é bastante úmida. Em outros invertebrados (caramujos) a epiderme é revestida por uma concha.
Nos vertebrados, o revestimento do corpo é uma pele ou tegumento, composta da epiderme
externa e da derme. Este tegumento é o responsável contra choques mecânicos e pela perda excessiva de
água; daí o motivo pelo qual alguns animais possuem a pele muito grossa.

Alguns vertebrados terrestres no caso dos anfíbios, a pele é úmida – justificada pelo motivo de
possuírem respiração cutânea.

Nos répteis, aves e mamíferos, encontra-se alguns ―artifícios‖ de proteção e revestimento.

Exemplos:
Répteis – escamas ou placas ósseas.
Aves – Penas
Mamíferos – Pêlos

Esqueleto (Sustentação)

Invertebrados – esqueleto calcários. Nos artrópodes há a presença de quitina.


Vertebrados – esqueleto ósseo (Cartilagens), presença de cálcio.

Aparelho Digestivo

Os animais diferem grandemente em seus hábitos alimentares:

Herbívoros – alimentam-se de plantas


Carnívoros – alimentam-se de outros animais.
Onívoros – alimentam-se de substâncias animais e vegetais
Necrófagos – animais (insetos) que comem animais mortos.
Insetívoros – animais que alimentam de insetos.

Todos os animais são heterotróficos, tendo como única fonte de carbono moléculas orgânicas
sintetizadas por outros seres. Os herbívoros alimentam-se de produtos vegetais, os carnívoros de outros
animais ou produtos de origem animal e os onívoros apresentam uma dieta mista.

Com pequenas variações, todos os animais necessitam dos mesmos nutrientes básicos (minerais,
vitaminas, glícidos, lípidos e prótidos), que fazem parte dos alimentos mas geralmente em formas
complexas, pelo que terão que ser digeridos antes de ser utilizados.
O conjunto de processos que ocorrem desde a ingestão dos alimentos até á sua utilização final nas
células designa-se nutrição e é semelhante em todos os animais, onde existem células, cavidades ou
órgãos especializados nesse processamento dos alimentos.

O Sistema Digestivo, Sistema Digestório, Aparelho Digestório ou Aparelho Digestivo, é o


sistema que, nos animais, é responsável por obter dos alimentos ingeridos os nutrientes necessários as
diferentes funções do organismo, como crescimento, energia para reprodução, locomoção, etc. É
composto por um conjunto de órgãos que têm por função a realização da digestão.

É composto pelo tubo digestivo:

 Boca
 Faringe
 Esófago
 Estômago
 Duodeno
 Intestino delgado

 Jejuno
 Íleon, também designado, por vezes, de íleo

 Intestino grosso

 Ceco
 Cólon
 Sigmóide
 Reto

 Ânus

Ao tubo digestivo estão associadas glândulas que produzem sucos digestivos ricos em enzimas e
outras substâncias que ajudam a dissolver os alimentos. O fígado também intervem, ainda que não
produza qualquer suco digestivo mas, sim, a bíle que funciona como emulsificante (ajuda a quebrar a
gordura em gotas de pequena dimensão, de forma a facilitar a absorção, ou seja, a digestão). As glândulas
anexas são:

 Glândulas salivares
 Glândulas gástricas (na parede interna do estômago)
 Glândulas intestinais (na parede interna do intestino delgado)
 Pâncreas
Sistema Circulatório

Principais Partes

SANGUE: Plasma liquido e células livres.


CORAÇÃO: (ou estrutura equivalente) com paredes musculares que se contraem ritmicamente
para impulsionar o sangue através do corpo.
VASOS SANGUINOS: Tubos pelos quais o sangue circula.

O aparelho é fechado nos anelídeos e vertebrados, onde os vasos leva o sangue do coração para os
tecidos e depois retorna ao coração. Nos moluscos e artrópodes o aparelho é aberto (lacunar), o sangue é
impelido pelo coração, a vasos que o conduzem aos vários órgãos, mas volta inteira ou parcialmente ao
coração pelas ―lacunas‖ do corpo.

Invertebrados – Esponjas, celenterados e Platelmintos, não possuem aparelho circulatório. A difusão


simples transporta os alimentos digeridos e os gases respiratórios entre as várias partes do corpo.

Vertebrados – Coração --- corpo --- coração.


O sangue é bombeado ao corpo pelo coração, onde este oxigena as diversas partes do corpo.
Posteriormente o sangue retorna ao coração inicia-se todo o ciclo.

Sistema Respiratório

Respiração: processo de troca de gases (O2 e CO2) e dióxido de carbono.

Os animais absorvem o oxigênio no seu habitat natural. Os terrestres do ar, os aquáticos retiram o
oxigênio da água onde é nutrida de O2 pelas algas.

Órgãos de respiração:

Traquéias: Tubos finos que se originam na superfície do corpo e se ramificam até chegar a todos
os órgãos. (presente nos insetos)

Brânquias: Animais aquáticos e alguns anelídeos.


A água entra pelas brânquias que serve como filtro, retirando o oxigênio e eliminando os restos
não utilizados.

Acontece troca de Oxigênio e de Gás Carbônico entre o sangue e a água.


Água fria e corrente: maior quantidade de O2.
Água quente e parada: menor quantidade de O2.

Pulmões: Todos os vertebrados terrestres, inclusive a maioria dos anfíbios, todos os répteis, aves e
mamíferos aquáticos têm pulmões. Pulmão: câmara revestida internamente por um epitélio úmidos, sob o
qual há uma rede de capilares sangüíneos que tem a função de filtrar o oxigênio absorvido do ar.

Respiração Cutânea: Processo de troca de gases através da pele; geralmente esta pele é bastante
úmida o que acaba favorecendo este processo.

Aparelho Excretor

A excreção é o processo de eliminar do corpo os resíduos do metabolismo, onde é excretado o


resto de água, sair e materiais orgânicos não absorvidos pelo organismo.

Invertebrados:

O método mais simples de excreção é a passagem dos resíduos através da membrana celular
diretamente para a água do ambiente como ocorre nos protozoários.
Em alguns anelídeos, moluscos, artrópodes e nos cordados são encontrados ductos genitais responsáveis
por esta excreção.

Vertebrados:

O principal órgão excretos é o Rim, em que na maioria das espécies é ligado à cloaca, a qual se
liga na bexiga urinária (anfíbios, répteis e aves).

Produto da eliminação: Urina liquida, exceto nos répteis e aves, onde as excretas são semi-solidas,
compostas de ácido úrico, eliminados como uma pasta branca juntamente com as fezes.

Sistema Nervoso

Células excitáveis ou irritáveis, sensíveis a mudanças ou estímulos dos diferentes ambientes.


O sistema nervoso recebe estes estímulos de todos os órgãos ou estruturas presentes no corpo do
animal.
Nos invertebrados as sensações externas, estímulos externos fazem com que o corpo desses
animais se contraem, pois nestas regiões as reações são respostas locais de células nervosas presentes
nessas estruturas.
Nos vertebrados, o sistema nervoso tem origem embrionária. Sistema único, oco e dorsal ao tubo
digestivo.
Compõe-se de:
Sistema Nervoso Central (SNC): com encéfalo grande ligado a medula espinhal.
Sistema Nervoso Periférico (SNP): Vários pares de nervos que saem do encéfalo.
Sistema Nervoso Autônomo (SNA): Nervos somáticos (cranianos e espinhais)

Reprodução

A capacidade de produzir novos indivíduos vivos é uma característica de todos os organismos.

Tipos de Reprodução:

ASSEXUADA: Quando novos indivíduos derivam de um único ―individuo mãe‖. Pode ser por
fissão unicelular, esporulação ou brotamento. Exemplos: Plánarias, poliquetas e esponjas.

SEXUADA: Encontro de gametas. A maioria dos animais multiplica-se por um processo no qual
novos indivíduos se desenvolvem a partir de gametas (células sexuais) produzidos pelos pais.
Dióicos: sexos separados
Monóicos: Indivíduos que possuem os dois aparelhos reprodutores (minhocas).

Sistema Endócrino (Hormonal)

Função: os hormônios são secretados por glândulas e, atuam como sendo mensageiros,
transmitindo informações aos órgãos alvos, para que eles, executem funções. Devido a esse mecanismo, o
sistema hormonal é importante para auxiliar na manutenção da homeostase, onde seu controle fica à
responsabilidade do sistema nervoso (hipotálamo), que percebendo alterações externas do ambiente,
consegue, via hormonal, modificar o meio interno do organismo.
O Sistema hormonal endócrino é assim denominado, pois, os hormônios envolvidos serão
secretados diretamente na corrente sangüínea, indo atingir todo o corpo do animal.

Tipos de Glândulas:

Glândulas Reprodutoras: Amadurecimento e maturação de óvulo e espermatozóide;


desenvolvimento de órgãos reprodutores e amadurecimento do macho e da fêmea para o
acasalamento.
Pâncreas: O pâncreas é uma das principais glândulas digestivas e produz importantes
enzimas digestivas.
Glândulas de Secreção: A principal glândula é o Rim seguidas das glândulas sudoríparas.
RELAÇÕES ECOLÓGICAS

Podemos classificar as relações entre seres vivos inicialmente em dois grupos: as intra-
específicas, que ocorrem entre seres da mesma espécie, e as interespecíficas, entre seres de espécies
distintas. É comum diferenciar-se as relações em harmônicas ou positivas e desarmônicas ou negativas.
Nas harmônicas não há prejuízo para nenhuma das partes associadas, e nas desarmônicas há.

Antes de tratarmos de cada tipo de relação entre os seres vivos, iremos esclarecer o significado de
dois termos: habitat e nicho ecológico.

Noções sobre habitat e nicho ecológico

É clássica a analogia que compara o habitat ao endereço de uma espécie, e o nicho ecológico à sua
profissão. Se você quer encontrar indivíduos de uma certa espécie no ambiente natural, deve procurá-los
em seu habitat. As observações que você fizer sobre a "maneira como eles vivem", serão indicações do
nicho ecológico.

O pescador experiente sabe onde encontrar um certo tipo de peixe, que isca deve usar, se deve afundá-
la mais ou menos, em que época do ano e em qual período do dia ou da noite ele terá maior chance de
sucesso. Ele deve saber muito, portanto, do habitat e nicho ecológico dos peixes que mais aprecia.

1. RELAÇÕES INTRA-ESPECÍFICAS HARMÔNICAS

Relações que ocorrem em indivíduos da mesma espécie, não existindo desvantagem nem benefício
para nenhuma das espécies consideradas. Compreendem as colônias e as sociedades.

a) Colônias

Agrupamento de indivíduos da mesma espécie que revelam profundo grau de interdependência e


se mostram ligados uns aos outros, sendo-lhes impossível a vida quando isolados dos conjuntos, podendo
ou não ocorrer divisão do trabalho.
As cracas, os corais e as esponjas vivem sempre em colônias. Há colônias com divisão de
trabalho. É o que podemos observar com colônias de medusas de cnidários (caravelas) e com colônias de
Volvox globator (protista): há alguns indivíduos especializados na reprodução e outros no deslocamento
da colônia (que é esférica) na água.

b) Sociedades

As sociedades são agrupamentos de indivíduos da mesma espécie que têm plena capacidade de
vida isolada mas preferem viver na coletividade. Os indivíduos de uma sociedade têm independência
física uns dos outros. Pode ocorre, entretanto, um certo grau de diferenciação de formas entre eles e de
divisão de trabalho, como sucede com as formigas, as abelhas e os térmitas ou cupins.
Nos diversos insetos sociais a comunicação entre os diferentes indivíduos é feita através dos
ferormônios - substâncias químicas que servem para a comunicação. Os ferormônios são usados na
demarcação de territórios, atração sexual, transmissão de alarme, localização de alimento e organização
social.

2. COMPETIÇÃO INTRA-ESPECÍFICAS

É a relação intra-específica desarmônica, entre os indivíduos da mesma espécie, quando concorrem


pelos mesmos fatores ambientais, principalmente espaço e alimento. Essa relação determina a densidade
das populações envolvidas.

a) Canibalismo

Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie. Ocorrem com escorpiões, aranhas,
peixes, planárias, roedores, etc. Na espécie humana, quando existe, recebe o nome de antropofagia (do
grego anthropos, homem; phagein, comer).

3. RELAÇÕES INTERESPECÍFICAS HARMÔNICAS

Ocorrem entre organismos de espécies diferentes. Compreendem a protocooperação, o mutualismo,


o comensalismo e inquilinismo.

a) Comensalismo

É uma associação em que uma das espécies — a comensal — é beneficiada, sem causar benefício
ou prejuízo ao outro. O termo comensal tem interpretação mais literal: "comensal é aquele que come à
mesa de outro".
A rêmora é um peixe dotado de ventosa com a qual se prende ao ventre dos tubarões. Juntamente
com o peixe-piloto, que nada em cardumes ao redor do tubarão, ela aproveita os restos alimentares que
caem na boca do seu grande "anfitrião".
A Entamoeba coli é um protozoário comensal que vive no intestino humano, onde se nutre dos
restos da digestão.

b) Inquilinismo

É a associação em que apenas uma espécie (inquilino) se beneficia, procurando abrigo ou suporte
no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem prejudicá-lo.
Trata-se de uma associação semelhante ao comensalismo, não envolvendo alimento. Exemplos:

 Peixe-agulha e holotúria
O peixe-agulha apresenta um corpo fino e alongado e se protege contra a ação de predadores
abrigando-se no interior das holotúrias (pepinos-do-mar), sem prejudicá-los.

 Epifitismo

Epífitas (epi, em cima) são plantas que crescem sobre os troncos maiores sem parasitá-las. São
epífitas as orquídeas e as bromélias que, vivendo sobre árvores, obtêm maior suprimento de luz solar.

c) Mutualismo

Associação na qual duas espécies envolvidas são beneficiadas, porém, cada espécie só consegue viver
na presença da outra. Entre exemplos destacaremos.

 Liquens

Os liquens constituem associações entre algas unicelulares e certos fungos. As algas sintetizam
matéria orgânica e fornecem aos fungos parte do alimento produzido. Esses, por sua vez, retiram água e
sais minerais do substrato, fornecendo-os às algas. Além disso, os fungos envolvem com suas hifas o
grupo de algas, protegendo-as contra desidratação.

 Cupins e protozoários

Ao comerem madeira, os cupins obtêm grandes quantidades de celulose, mas não consegue produzir a
celulose, enzima capaz de digerir a celulose. Em seu intestino existem protozoários flagelados capazes de
realizar essa digestão.Assim, os protozoários se valem em parte do alimento do inseto e este, por sua vez,
se beneficia da ação dos protozoários. Nenhum deles, todavia, poderia viver isoladamente.

 Ruminantes e microorganismos

Na pança ou rúmen dos ruminantes também se encontram bactérias que promovem a digestão da
celulose ingerida com a folhagem. É um caso idêntico ao anterior.

 Bactérias e raízes de leguminosas

No ciclo do nitrogênio, bactérias do gênero Rhizobium produzem compostos nitrogenados que são
assimilados pelas leguminosas, por sua vez, fornecem a essas bactérias a matéria orgânica necessária ao
desempenho de suas funções vitais.

 Micorrizas

São associações entre fungos e raízes de certas plantas, como orquídeas, morangueiros, tomateiros,
pinheiros, etc. O fungo, que é um decompositor, fornece ao vegetal nitrogênio e outros nutrientes
minerais; em troca, recebe matéria orgânica fotossintetizada.
d) Protocooperação

Trata-se de uma associação bilateral, entre espécies diferentes, na qual ambas se beneficiam;
contudo, tal associação não é obrigatória, podendo cada espécie viver isoladamente.
A atuação dos pássaros que promovem a dispersão das plantas comendo-lhes os frutos e evacuando as
suas sementes em local distante, bem como a ação de insetos que procuram o néctar das flores e
contribuem involuntariamente para a polinização das plantas são consideradas exemplos de
protocooperação. Como exemplos:

 Caramujo paguro e actínias

Também conhecido como bernardo-eremita, trata-se de um crustáceo marinho que apresenta o


abdômen longo e mole, desprotegido de exoesqueleto. A fim de proteger o abdômen, o bernardo vive no
interior de conchas vazias de caramujos. Sobre a concha aparecem actínias ou anêmonas-do-mar
(celenterados), animais portadores de tentáculos urticantes. Ao paguro, a actínia não causa qualquer
dano, pois se beneficia, sendo levada por ele aos locais onde há alimento. Ele, por sua vez, também se
beneficia com a eficiente "proteção" que ela lhe dá.

 Pássaro-palito e crocodilo

O pássaro-palito penetra na boca dos crocodilos, nas margens do Nilo, alimentando-se de restos
alimentares e de vermes existentes na boca do réptil. A vantagem é mútua, porque, em troca do alimento,
o pássaro livra os crocodilos dos parasitas.
Obs.: A associação ecológica verificada entre o pássaro-palito e o crocodilo africano é um exemplo de
mutualismo, quando se considera que o pássaro retira parasitas da boca do réptil. Mas pode ser também
descrita como exemplo de comensalismo; nesse caso o pássaro atua retirando apenas restos alimentares
que ficam situados entre os dentes do crocodilo.

 Anu e gado

O anu é uma ave que se alimenta de carrapatos existentes na pele do gado, capturando-os
diretamente. Em troca, o gado livra-se dos indesejáveis parasitas.

e) Esclavaismo ou sinfilia

É uma associação em que uma das espécies se beneficia com as atividades de outra espécie. Lineu
descreveu essa associação com certa graça, afirmando: Aphis formicarum vacca (o pulgão, do gênero
Aphis, é a vaca das formigas).
Por um lado, o esclavagismo tem características de hostilidade, já que os pulgões são mantidos cativos
dentro do formigueiro.Não obstante, pode-se considerar uma relação harmônica, pois os pulgões
também são beneficiados pela facilidade de encontrar alimentos e até mesmo pelos bons tratos a eles
dispensados pelas formigas (transporte, proteção, etc). Essa associação é considerada harmônica e um
caso especial de protocooperação por muitos autores, pois a união não é obrigatória à sobrevivência.

4. COMPETIÇÃO INTERESPECÍFICAS

Relações interespecíficas desarmônicas entre espécies diferentes, em uma mesma comunidade,


apresentam nichos ecológicos iguais ou muito semelhantes, desencadeando um mecanismo de disputa
pelo mesmo recurso do meio, quando este não é suficiente para as duas populações.
Esse mecanismo pode determinar controle da densidade das duas populações que estão interagindo,
extinção de uma delas ou, ainda, especialização do nicho ecológico.

a) Amensalismo ou Antibiose

Relação no qual uma espécie bloqueia o crescimento ou a reprodução de outra espécie,


denominada amensal, através da liberação de substâncias tóxicas. Exemplos:

 Os fungos Penicillium notatum eliminam a penicilina, antibiótico que impede que as bactérias se
reproduzam.
 As substâncias secretadas por dinoflagelados Gonyaulax, responsáveis pelo fenômeno "maré
vermelha", podem determinar a morte da fauna marinha.
 A secreção e eliminação de substâncias tóxicas pelas raízes de certas plantas impedem o
crescimento de outras espécies no local.

b) Parasitismo

O parasitismo é uma forma de relação desarmônica mais comum do que a antibiose. Ele
caracteriza a espécie que se instala no corpo de outra, dela retirando matéria para a sua nutrição e
causando-lhe, em conseqüência, danos cuja gravidade pode ser muito variável, desde pequenos distúrbios
até a própria morte do indivíduo parasitado. Dá-se o nome de hospedeiro ao organismo que abriga o
parasita. De um modo geral, a morte do hospedeiro não é conveniente ao parasita. Mas, a despeito disso,
muitas vezes ela ocorre.

c) Predatismo

Predador é o indivíduo que caça e devora outro, chamado presa, pertencente a espécie diferente.
Os predadores são geralmente maiores e menos numerosos que suas presas, sendo exemplificadas pelos
animais carnívoros.
As duas populações - de predadores e presas - geralmente não se extinguem e nem entram em
superpopulação, permanecendo em equilíbrio no ecossistema. Para a espécie humana, o predatismo, como
fator limitante do crescimento populacional, tem efeito praticamente nulo.
Formas especiais de adaptações ao Predatismo

 Mimetismo

Mimetismo é uma forma de adaptação revelada por muitas espécies que se assemelham bastante a
outras, disso obtendo algumas vantagens.
A cobra falsa-coral é confundida com a coral-verdadeira, muito temida, e, graças a isso, não é
importunada pela maioria das outras espécies. Há mariposas que se assemelham a vespas, e mariposas
cujo colorido lembra a feição de uma coruja com olhos grandes e brilhantes.

 Camuflagem

Camuflagem é uma forma de adaptação morfológica pela qual uma espécie procura confundir suas
vítimas ou seus agressores revelando cor(es) e/ou forma(s) semelhante(s) a coisas do ambiente. O padrão
de cor dos gatos silvestres, como o gato maracajá e a onça, é harmônico com seu ambiente, com manchas
camuflando o sombreado do fundo da floresta. O mesmo se passa com lagartos (por exemplo, camaleão),
que varia da cor verde das folhas à cor marrom do substrato onde ficam. Os animais polares costumam ser
brancos, confundindo-se com o gelo. O louva-a-deus, que é um poderoso predador, se assemelha a folhas
ou galhos.

 Aposematismo

Aposematismo é o mesmo que coloração de advertência. Trata-se de uma forma de adaptação


pela qual uma espécie revela cores vivas e marcantes para advertir seus possíveis predadores, que já a
reconhecem pelo gosto desagradável ou pelos venenos que possui.
Muitas borboletas exibem os chamados anéis miméticos, com cores de alerta, que desestimulam o ataque
dos predadores.
Filo Mollusca

Posição Sistemática

Reino: Animalia
Sub reino: Metazoa
Filo Mollusca
 Classe Caudofoveata
 Classe Solenogastres
 Classe Polyplacophora
 Classe Monoplacophora
 Classe Gastropoda
 Classe Cephalopoda
 Classe Scaphopoda
 Classe Bivalvia

Número de espécies
No mundo: 100.000 No Brasil: 1.600
Latim: molluscus = mole
Nomes populares: marisco, caramujo, mexilhão, caracol, polvo etc.

Introdução

Os moluscos são o segundo maior grupo de animais em número de espécies, sendo suplantado
apenas pelos artrópodes. Apresentam uma disparidade morfológica sem comparação dentre os demais
filos de animais, reunindo os familiares caracóis (reptantes), ostras e mariscos (sésseis) e lulas e polvos
(livre-natantes), assim como formas pouco conhecidas, como os quítons, conchas dente-de-elefante
(Scaphopoda) e espécies vermiformes (Caudofoveata e Solenogastres). Essa extrema diversidade de
formas produz uma primeira impressão de que se trata de um grupo não natural. Com a finalidade de
convencer o iniciante do contrário e facilitar o entendimento do provável curso evolutivo que levou a tal
gama de formas, os capítulos sobre moluscos nos livros-texto começam, em geral, com o famoso
"molusco arquetípico", do qual as diferentes classes de moluscos derivaram. A concepção do molusco
arquetípico tem sofrido, entretanto, drásticas modificações ao longo das últimas décadas.
Alguns autores apresentam-no como um animal bilateralmente simétrico, com cavidade oral
anterior contendo a rádula ("língua" dentada usada para raspar), uma concha dorsal em forma de "chapéu
de chinês", uma cavidade palial (do manto) posterior, onde há um par de brânquias e o ânus (entre outras
características). Apesar de ser muito fácil de se entender e derivar as diferentes formas de moluscos a
partir desse modelo teórico, o incremento do conhecimento filogenético tem demonstrado que o molusco
arquetípico, que possivelmente viveu no período pré-cambriano, deve ter sido um pouco diferente, muito
pequeno (por volta de 2mm) e com a região dorsal não coberta por uma concha, mas sim por espículas
calcárias.
Os moluscos invadiram quase todos os ambientes; costuma-se dizer que só não há moluscos
voando. Ocorrem das fossas abissais até as mais altas montanhas; das geleiras da Antártica até desertos
tórridos. Vários grupos de bivalves e gastrópodes saíram do mar e invadiram a água doce e, no caso dos
gastrópodes, o ambiente terrestre. Existem moluscos predadores (até mesmo de vertebrados), herbívoros,
ecto e endoparasitas, filtradores, comensais, sésseis, vágeis, pelágicos, etc. Em certos ambientes
representam grande biomassa e podem ser importantes na reciclagem de nutrientes.
Provas do contato do homem com os moluscos remontam a épocas pré-históricas. Conchas de
moluscos fazem parte de jazigos arqueológicos, incluindo, aqui no Brasil, os "sambaquis" Os moluscos
serviam de alimento e suas conchas eram utilizadas como ornamento e para a confecção de utensílios de
corte, abrasão etc. Há relatos de muitas culturas em que conchas eram usadas como moedas ou mesmo
ostentação de poder e sabedoria. Ainda hoje os moluscos são extremamente importantes na economia de
muitos países, como fonte de alimento rico em proteínas, sendo coletados diretamente da natureza ou
mesmo cultivados. Em muitos países, possibilitam até a existência de uma indústria de pérolas e de
adornos de madrepérola. Apresentam interesse médico-sanitário, pois muitas espécies são vetores de
doenças, enquanto outras, aparentemente, podem ser usadas no controle destas.
Em que pese toda a supracitada gama de interesse humano, dentre outras não mencionadas, a
quantidade de pessoas que já se dedicaram ao estudo desses animais é proporcionalmente pequena, e
muito conhecimento necessita ainda ser gerado para que este atinja um nível satisfatório.

Morfologia

Os moluscos são animais triblásticos, celomados e protostômios. Apresentam o corpo mole, não
segmentado, e com simetria bilateral. A cabeça ocupa posição anterior, onde abre-se a boca, entrada do
tubo digestivo. Muitas estruturas sensoriais também localizam-se na cabeça, como os olhos. Sensores
químicos também estão presentes nos moluscos e permitem pressentir a aproximação de inimigos
naturais, quando o molusco rapidamente fecha sua concha, colocando-se protegido.
O pé é a estrutura muscular mais desenvolvida dos moluscos. Com ele, podem se deslocar, cavar,
nadar ou capturar suas presas. O restante dos órgãos está na massa visceral. Nela, estão os sistemas
digestivo, excretor, nervoso e reprodutor. Ao redor da massa visceral, está o manto, responsável pela
produção da concha. Entre a massa visceral e o manto, há uma câmara chamada cavidade do manto. Nos
moluscos aquáticos, essa cavidade é ocupada pela água que banha as brânquias; nos terrestres, é cheia de
ar e ricamente vascularizada, funcionando como órgão de trocas gasosas, análoga a um pulmão.
Uma característica marcante da maioria dos moluscos é a presença da concha. Trata-se de uma
carapaça calcária, que garante boa proteção ao animal. Nas lesmas e nos polvos, ela está ausente; nas
lulas, é pequena e interna.
Organização Básica
Os moluscos são enterozoários completos. Muitos deles possuem uma estrutura raladora chamada
rádula. Com ela, podem raspar pedaços de alimentos, fragmentando-os em pequenas porções. A digestão
dos alimentos se processa quase totalmente no interior do tubo digestivo (digestão extracelular). Algumas
macromoléculas só completam a sua fragmentação no interior das células de revestimento do intestino
(digestão extracelular).
A maioria dos moluscos apresentam sistema circulatório aberto ou lacunar, no qual o sangue é
impulsionado pelo coração, passa pelo interior de alguns vasos e depois alcança lacunas dispostas entre os
vários tecidos, nas quais circula lentamente, sob baixa pressão, deixando nutrientes e oxigênio, e
recolhendo gás carbônico e outros resíduos metabólicos. Essas lacunas são as hemoceles. Os cefalópodos
constituem uma exceção, pois têm sistema circulatório fechado.

Na cavidade celomática abrem-se os nefrídios, as estruturas excretoras. Pela abertura interna dos
nefrídios (o nefróstoma), penetram substâncias presentes no sangue e no líquido celomático. Em alguns
moluscos, como nos cefalópodos, os nefrídios encontram-se bastante agrupados, formando um "rim"
primitivo.
Em quase todos os moluscos, a membrana do manto é vascularizada e permite a ocorrência de
trocas gasosas entre o sangue e a água. Nos moluscos terrestres, como o caramujo-de-jardim (Helix sp.), a
cavidade do manto é cheia de ar e comporta-se como um pulmão. Trata-se, portanto, de uma forma
particular de respiração pulmonar. Nos moluscos aquáticos, existem lâminas ricamente irrigadas por
vasos sangüíneos, no manto, e que formam as brânquias desses animais. Portanto, entre os moluscos
podemos encontrar respiração pulmonar e respiração branquial.
O sistema nervoso dos moluscos é ganglionar, com três partes de gânglios nervosos de onde
partem nervos para as diversas partes do corpo. Os cefalópodos possuem um grande gânglio cerebróide,
semelhante ao encéfalo dos vertebrados.

Reprodução

A reprodução dos moluscos é sexuada e, na maioria dos representantes do grupo, a fecundação é


interna e cruzada. O caramujo-de-jardim, por exemplo, é monóico. Na cópula, dois indivíduos
aproximam-se e encostam seus poros genitais, pelos quais fecundam-se reciprocamente. Os ovos
desenvolvem-se e, ao eclodirem, liberam novos indivíduos sem a passagem por fase larval
(desenvolvimento direto).
Nas formas aquáticas, há espécies monóicas e espécies dióicas (como o mexilhão). A forma mais
comum de desenvolvimento é o indireto. Os estágios larvais mais conhecidos dos moluscos são a véliger
e a trocófora.
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Classificação
 Classe Polyplacophora ("muitas placas"): a superfície dorsal desses moluscos apresenta uma
armadura calcária composta por placas parcialmente sobrepostas. Um representante é o quíton. São
todos marinhos.

 Classe Scaphopoda ("pé em forma de canoa"): pequenos animais dotados de uma concha cônica e
alongada. São marinhos, e vivem parcialmente enterrados na areia. Conhecidos, em geral, por
dentálios.

 Classe Gastropoda ("estômago nos pés"): corresponde ao maior grupo de moluscos, marinhos, de
água doce e de ambientes terrestres. São os conhecidos caramujos, os caracóis e as lesmas. A concha,
quando presente, tem formato helicoidal.


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 Classe Bivalvia (duas metades de concha): também são encontrados em água doce ou salgada. Sua
concha possui duas partes que encerram completamente o corpo do animal. Os exemplos mais
familiares são as ostras, os mexilhões e os mariscos. Apresentam as brânquias recobertas por uma
camada de muco; ao passar pelas brânquias, partículas alimentares ficam aderidas ao muco e são
levadas para a boca.
Os bivalvos são os responsáveis pela produção das pérolas de valor comercial, embora qualquer
molusco dotado de concha possa fabricá-las. As pérolas são formadas pela deposição de nácar ao
redor de uma partícula estranha que penetra entre o manto e a concha.
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 Classe Cephalopoda ("pés na cabeça"): moluscos sem concha externa, que apresentam uma estrutura
interna e uma morfologia bastante diferentes dos demais. São o polvo, a lula, o náutilo e o calamar,
animais exclusivamente marinhos. O pé dos cefalópodes é dividido em tentáculos.
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ANELÍDEOS:

Contrariamente aos filos anteriormente discutidos, os anelídeos (l. annelus = pequeno anel),
apresentam o corpo dividido em segmentos ou metâmeros, essencialmente semelhantes entre si e em
forma de anel. O primeiro segmento designa-se prostómio e o último pigídeo.

Esta segmentação mostra-se em aspectos internos e externos, incluindo músculos, nervos e órgãos
circulatórios, excretores e reprodutores.

Estes animais são bastante antigos na Terra, existindo fósseis deste o período Pré-Câmbrico, embora
os primeiros vermes segmentados indubitáveis sejam do Câmbrico médio. Considera-se que terão
evoluído a partir de um ancestral do tipo platelminte (platelmintos).

Os vermes poliquetas são a maior e mais diversificada classe de anelídeos mas embora abundantes
e frequentemente de cores garridas raramente são vistos pois vivem quase sempre enterrados e fogem
rapidamente quando perturbados. Existem dois principais, os de vida livre como o nereis, carnívoros de
vida ativa e com parápodes, e os tubícolas, sedentários que vivem em túneis ou tubos por eles segregados,
filtrando o seu alimento com parápodes especializados.
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Os clitelados compõem o outro grande grupo de anelídeos e incluem as minhocas e as
sanguessugas. O nome deriva da presença do clitelo, uma banda glandular, que segrega um casulo onde se
desenvolvem os ovos fertilizados. Esta estrutura é, obviamente, uma adaptação á vida em meio terrestre,
onde as larvas aquáticas não sobreviveriam. Ao contrário dos poliquetas, os clitelados não apresentam
parápodes nem tentáculos na cabeça.

Os anelídeos podem ser terrestres (solo úmido) como as minhocas, marinhos como os vermes
poliquetas, que podem ser encontrados junto das praias ou em águas profundas, ou de água doce, como as
sanguessugas. Podem, ainda, ser de vida livre, comensais de outros animais aquáticos ou ecto e
endoparasitas.

Alguns dos menores representantes deste filo medem menos de 1 mm de comprimento mas as
minhocas gigantes do Brasil e Austrália medem 2 m de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Igualmente
gigantescos são alguns vermes poliquetas com 3 m de comprimento e algumas sanguessugas com 20 cm.

A presença de alguns tipos de minhocas vermelhas em zonas lodosas é um indicador positivo da


presença de poluição por detritos orgânicos.

Dos três grupos principais de animais protostómios, os anelídeos é o filo menor, conhecendo-se
apenas cerca de 15000 espécies. No entanto, são o grupo mais avançado e mais bem sucedido de vermes,
tendo sofrido a sua maior radiação adaptativa no mar, embora sejam abundantes em terra e na água
doce.

Caracterização do filo

As suas principais características são a metamerização e a presença de um grande compartimento


celómico, dividido por septos mesodérmicos.
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Estes fatos não são alheios ao seu sucesso evolutivo, pois como animais de corpo mole que são, a
presença do celoma (6) cheio de líquido funciona como esqueleto hidrostático, sendo usado como zona de
aplicação da força das camadas musculares.

A compartimentalização do celoma aumenta a precisão dos movimentos pois pode-se aplicar pressão
sobre diferentes zonas do líquido. Ondas de contração muscular, controladas pelo sistema nervoso,
passam pelo corpo, alongando e contraindo alternadamente grupos de segmentos, forçando o corpo do
animal a deslocar-se.

A deslocação dos anelídeos é, ainda, ajudada pela presença de sedas, ou cerdas, na parte ventral
dos animais (exceto as sanguessugas). Estas sedas quitinosas impedem o animal de deslizar para trás,
reforçando o movimento para diante das camadas musculares circulares e longitudinais.

Nas minhocas existem 4 filas de sedas, enquanto nos poliquetas existem muitas mais, aplicadas
em expansões da parede do corpo designadas parápodes, localizadas lateralmente em cada segmento e
consideradas esboços de órgãos locomotoras.

A metamerização apresenta a vantagem adicional de permitir a especialização de segmentos ou


grupos de segmentos para diferentes funções, embora este aspecto não tenha sido muito desenvolvido nos
anelídeos (ao contrário dos artrópodes).

Os anelídeos terrestres apresentam uma epiderme com células sensoriais, coberta por uma cutícula
fina e transparente, que os protegem da dessecação. Existem igualmente glândulas mucosas que ajudam a
manter a superfície umedecida, fundamental para a respiração cutânea. Por este motivo a epiderme é
muito vascularizada.

Os anelídeos apresentam sistema excretor segmentado, com pares de metanefrídeos em cada


segmento. Os nefrídeos são túbulos finos e enovelados (em contacto com os vasos sanguíneos, donde
retiram excreções), com um funil ciliado aberto numa extremidade – nefróstoma – que se abre no líquido
celómico (de onde retiram igualmente excreções) de cada segmento. A outra extremidade – nefridióporo
ou poro excretor – abre na superfície corporal.
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O sistema nervoso tem na parte anterior um par de gânglios cerebrais ligados a um anel
circunfaríngico e gânglios em cada segmento, que se ligam a um cordão nervoso duplo e maciço ventral.
No seu conjunto, o sistema nervoso assemelha-se a uma escada de corda.

O sistema digestivo é completo e apresenta diferentes regiões especializadas, nomeadamente:


 faringe sugadora;
 papo;
 moela - esmaga o alimento, atuando como os dentes, realizando uma digestão mecânica;
 intestino - onde se realiza a digestão, extracelular e química. No intestino existe,
caracteristicamente, uma prega dorsal, designada tiflosole, que permite um aumento da área de
absorção de nutrientes.

A maioria dos anelídeos alimenta-se de partículas em decomposição, microrganismos e larvas.


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O sistema circulatório é fechado e complexo, apresentando vasos longitudinais dorsal, onde o


sangue circula em direção á parte anterior, e ventral, onde o sangue circula para a região posterior, ligados
por vasos transversais em cada segmento.

Na região anterior, alguns (quatro ou cinco, dependendo da espécie) desses vasos laterais estão
rodeados por células musculares, funcionando como corações laterais ou arcos aórticos.

A reprodução é sexuada, sendo os animais frequentemente (oligoquetos e irudíneos) hermafroditas


insuficientes e com desenvolvimento direto, através de uma larva trocófora. Existem, no entanto, formas
com sexos separados e desenvolvimento indireto, geralmente poliquetas. A fecundação é sempre externa.

A reprodução sexuada pode ser ilustrada com o processo em minhocas vulgares, hermafroditas
insuficientes:

Na zona anterior ventral existem 3 ou 4 pares de aberturas para bolsas musculosas designadas
receptáculos seminais. Estas bolsas armazenam o esperma recebido de um parceiro durante a cópula. na
região do clitelo existe um par de gonoporos femininos, ligados internamente a oviductos em forma de
funil. Estes captam do celoma os óvulos produzidos pelos ovários.
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O sistema circulatório é fechado e complexo, apresentando vasos longitudinais dorsal, onde o


sangue circula em direção á parte anterior, e ventral, onde o sangue circula para a região posterior, ligados
por vasos transversais em cada segmento.

Na região anterior, alguns (quatro ou cinco, dependendo da espécie) desses vasos laterais estão
rodeados por células musculares, funcionando como corações laterais ou arcos aórticos.

A reprodução é sexuada, sendo os animais frequentemente (oligoquetos e irudíneos) hermafroditas


insuficientes e com desenvolvimento directo, através de uma larva trocófora. Existem, no entanto, formas
com sexos separados e desenvolvimento indirecto, geralmente poliquetas. A fecundação é sempre
externa.

A reprodução sexuada pode ser ilustrada com o processo em minhocas vulgares, hermafroditas
insuficientes:

Na zona anterior ventral existem 3 ou 4 pares de aberturas para bolsas musculosas designadas
receptáculos seminais. Estas bolsas armazenam o esperma recebido de um parceiro durante a cópula. na
região do clitelo existe um par de gonoporos femininos, ligados internamente a oviductos em forma de
funil. Estes captam do celoma os óvulos produzidos pelos ovários.

O aparelho masculino consiste em dois pares de testículos, associados a 2 a 4 pares de vesículas


seminais através de um par de tubos seminíferos ou espermiductos. Existe ainda um par de glândulas
prostáticas. Este sistema abre no exterior, no segmento seguinte ao das aberturas femininas, em
gonoporos masculinos.

Os espermatozóides produzidos pelos testículos migram para as vesículas seminais, onde sofrem
maturação e aguardam o acasalamento. Durante a cópula, passam pelas glândulas prostáticas, misturando-
se com os líquidos nutritivos por elas produzidos, e são eliminados pelos gonoporos masculinos.

Para facilitar o alinhamento dos animais durante a cópula, existem estruturas semelhantes a
ventosas designadas papilas genitais, associadas às aberturas sexuais masculinas. O clitelo tem,
igualmente, função a esse nível, com as suas secreções mucosas a manterem os animais juntos.

A cópula decorre entre dois animais unidos ventralmente e orientados em sentidos opostos. Deste
modo os gonoporos masculinos estão alinhados com as aberturas dos receptáculos seminais. Após a troca
recíproca de esperma, as minhocas separam-se.
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Cada animal irá, então, produzir um anel mucoso a partir do clitelo. Por contrações do corpo, este
anel é empurrado para a zona anterior, passando pelas aberturas sexuais femininas, que libertam os
óvulos, e pelas aberturas dos receptáculos seminais, que libertam os espermatozóides.

De seguida, o anel será libertado pela extremidade anterior do animal e formará um casulo
protetor onde decorre a fecundação externa. Este casulo tem cerca de 1 cm de comprimento e parece um
pequeno limão branco. Dele surgirão diretamente pequenas minhocas, sem estádios larvares
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Os artrópodes:

Se você observar atentamente as pernas dos artrópodes, verá que elas tem "juntas" ou articulações.
Daí o nome artrópodes. É uma palavra que vem do grego, onde arthron significa "articulação" e podos
significa "pé". Artrópodes, portanto, é o mesmo que "pés articulados".

Imagine um ambiente nas profundezas do oceano há mais ou menos 600 milhões de anos. Nesse
ambiente, milhares de pequenas criaturas com pares de pernas articuladas locomovem-se no lodo ou
nadam nas grandes profundidades à procura de alimento. O fundo do mar era assim, com muitos desses
pequenos animais chamados trilobitas.

Os trilobitas possuíam uma carapaça composta de calcário e quitina, brânquias localizadas nas
pernas e duas antenas na cabeça. Seus olhos compostos eram como mosaicos que captavam luz com mais
eficiência do que muitos animais de hoje.

Há cerca de 250 milhões de anos, apareceram outras espécies, descendentes dos antigos trilobitas.
Algumas possuíam um par de antenas a mais que os trilobitas; outras, que não tinham antenas, eram
semelhantes aos escorpiões atuais e atingiram até três metros de comprimento.

Alguns descendentes desses animais passaram a apresentar características que lhes permitiam
sobreviver fora da água e invadiram o ambiente terrestre. Eram os prováveis ancestrais dos insetos,
aranhas e escorpiões. O fóssil de inseto mais antigo que se conhece é o do colêmbolo, datado de 300
milhões de anos.

CARACTERÍSTICAS GERAIS:

Os artrópodes, invertebrados que possuem pernas articuladas, ou "juntas" móveis, tem o corpo
segmentado e dividido em cabeça, tórax e abdome. Em alguns deles pode ocorrer a fusão da cabeça com
o tórax e, neste caso, o corpo é dividido em cefalotórax e abdome.

Possuem um esqueleto externo, denominado exoesqueleto. É o que se chama de "casca" na


lagosta, no siri, no camarão, na barata, etc.

O exoesqueleto é resistente e limita o crescimento do animal. Assim, o exoesqueleto "velho" e


limitante é trocado por um "novo" e "folgado", que permite a continuidade do crescimento. Essa troca de
exoesqueleto, que pode ocorrer várias vezes durante a vida do animal, é chamada de muda ou ecdise.
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Os artrópodes formam o conjunto mais numeroso de animais. Eles habitam os mais diversos
ambientes e podem ser terrestres ou aquáticos.

Segundo suas características, os artrópodes foram agrupados em insetos, crustáceos, aracnídeos,


quilópodes, diplópodes e outros grupos, de menor importância.

CLASSIFICAÇÃO DOS ARTROPODAS

1) INSETOS:

Os insetos existem em todas as regiões do mundo e formam o grupo com o maior número de
espécies de animais conhecidos. Vivem principalmente em ambientes terrestres, mas algumas espécies
são aquáticas.

O corpo dos insetos é coberto por um exoesqueleto de quitina e possui três partes bem definidas:
cabeça, tórax e abdome.

Todos tem um par de antenas e três pares de pernas. A maioria possui asas.

A cabeça dos insetos apresenta:

 um par de antenas;
 um par de olhos compostos. Esses órgãos, formam imagens; com eles os insetos enxergam,
percebendo qualquer variação de movimento ao seu redor;
 olhos simples (ocelos). Estes não formam imagens, mas permitem distinguir o claro do escuro.
Alguns insetos não possuem ocelos;
 aparelho bucal. Associado à boca destes invertebrados existe um conjunto de peças, chamado,
aparelho bucal. Sua forma varia de acordo com os hábitos alimentares de cada tipo de inseto. Os
aparelhos bucais podem ser classificados em cinco tipos, segundo sua função. (FIGURA 2)

São os seguintes:

- sugador  no caso da mosca e da borboleta;


- picador-sugador  no caso dos mosquitos e dos piolhos;
- mastigador ou triturador  no caso do gafanhoto, do grilo, da barata e dos besouros.
- pungitivo  o caso das cigarras; e
- lambedor-sugador  no caso das abelhas.
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Morfologicamente, os aparelhos bucais com mesma função podem ser diferentes, como, pro
exemplo, o da mosca e o da borboleta.
O tórax dos insetos apresenta:
 um ou dois pares de asas;
 três pares de pernas. Alguns insetos, como os gafanhotos, possuem pernas traseiras maiores do
que as dianteiras.
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Na extremidade do abdome localiza-se o ânus. Em cada segmento, na região ventral, existem os


espiráculos, que são pequenas aberturas dos órgãos respiratórios. Na extremidade do abdome estão
localizadas estruturas relacionadas com a reprodução: o pênis, que é o órgão copulador nos machos, e o
ovipositor, que permite a postura de ovos, nas fêmeas.

Alguns insetos depositam seus ovos no solo, dentro de frutas ou no corpo de outros animais.
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Depois de saírem dos ovos, os insetos podem se desenvolver de várias maneiras.

Alguns, como a traça-dos-livros, já saem dos ovos com a forma do animal adulto, só que de
tamanho menor. Durante o crescimento, passam por diversas mudas.
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Outros, como as moscas, sofrem metamorfose, que tem várias etapas: do ovo sai uma larva com o
aspecto de um pequeno verme; a seguir essa larva transforma-se em pupa, um estágio larval mais
"avançado", em que o animal fica imóvel e encerrado em um casulo. Após grandes transformações, o
corpo do inseto adulto vai se formando dentro do casulo; quando está completo, ele sai do seu interior.

A borboleta também sofre metamorfose completa. Do seu ovo sai uma larva, que conhecemos
como lagarta. A lagarta se transforma em pupa, que é envolvida por um casulo. Com o tempo a pupa se
desenvolve; quando a borboleta já está formada, ela rompe o casulo e sai, podendo depois voar.

O barbeiro, o gafanhoto e a barata sofrem metamorfose incompleta, isto é, não passam por todas
as etapas da metamorfose completa.

Do ovo sai a ninfa, um inseto jovem já com forma semelhante à do inseto adulto, embora ainda
pequeno e sem asas. A ninfa passa por diversas mudas até tomar o aspecto definitivo.

A maioria dos insetos vive solitariamente. É o caso da mosca, do besouro, da barata, da libélula,
etc. Entretanto as abelhas, as formigas e os cupins vivem em sociedade, onde se observa uma divisão do
trabalho: existem grupos diferentes de indivíduos em que cada um tem uma determinada função. Veja o
que acontece, por exemplo, em uma colméia de abelhas melíferas:

 A rainha tem a função de pôr os ovos, de onde nascem novas abelhas;


 O macho (zangão) tem a função de fecundar a rainha - logo depois, morre;
 As operárias vão para o campo retirar o pólen da flor para a fabricação do mel, além de realizar
outras tarefas na colméia, como alimentar as larvas e a rainha.
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Os insetos são transmissores de muitas doenças. Por exemplo: o mosquito Aedes aegypti transmite a
dengue; o anófele, a malária; o mosquito Culex, a filariose; o barbeiro, a doença de Chagas; e a pulga, a
peste bubônica.

CARACTERÍSTICAS DOS INSETOS

 simetria bilateral
 corpo segmentado (principalmente o abdome)
 heteronomia (corpo dividido em partes distintas: cabeça, tórax e abdome)
 exoesqueleto quitinoso
 1 par de antenas - díceros
 2 pares de asas - tetrápteros (há exceções)
 3 pares de pernas - hexápodos
 mandibulados ectognatos
 aparelho circulatório dorsal
 sistema nervoso ventral
 ausência de epitélio ciliado

POSIÇÃO DOS INSETOS NO REINO ANIMAL

 Reino Animalia
 Sub-reino Metazoa (multicelulares: tecidos)
 Divisão Artiozoa (Bilateria)
 Seção Eucoelomata (celoma verdadeiro)
 Filo Arthropoda
 Sub-filo Mandibulata (Antennata)
 Superclasse Hexapoda
 Classe Insecta

AS ORDENS DOS INSETOS

 Archaeognatha ou Microcoryphia - traças saltadeiras


 Thysanura - traças dos livros
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 Ephemeroptera - efêmeras
 Odonata - libélulas
 Plecoptera - perlópteros ou perlários
 Embioptera - oligoneuros ou néticos
 Orthoptera - gafanhotos, grilos, esperanças, paquinhas e taquarinhas
 Grylloblattodea - insetos pequenos das regiões frias do hemisfério norte
 Phasmatodea - bichos-pau
 Dermaptera - tesourinhas, lacrainhas, bichas-cadelas
 Blattodea - baratas
 Mantodea - louva-a-deus, põe-mesas, benditos
 Mantophasmatodea - nova ordem de insetos, descrita em 2002: "gladiator"
 Isoptera - cupins
 Zoraptera - zorápteros
 Psocoptera - piolhos-dos-livros ou psócidos
 Thysanoptera - tripes
 Phthyraptera - piolhos mastigadores (detritívoros) ou sugadores (hematófagos)
 Hemiptera - percevejos, cigarras, cigarrinhas, cochonilhas, pulgões, moscas-brancas,
psilídeos, etc.

 Megaloptera - formigas-leão, sialídeos


 Neuroptera - formigas-leão, crisopídeos, crisopas
 Mecoptera - panorpatos, moscas-escorpião
 Trichoptera - friganeídeos, friganas
 Lepidoptera - mariposas e borboletas
 Diptera - moscas, mutucas, pernilongos, mosquitos, borrachudos, etc.
 Siphonaptera - pulgas, bichos-do-pé
 Coleoptera - besouros
 Strepsiptera - estrepsípteros, ripípteros
 Hymenoptera - abelhas, formigas, vespas, marimbondos, mamangavas, moscas-de-serra,
formigas-feiticeiras, etc.

CRUSTÁCEOS:

Existe um número muito grande de crustáceos. A maioria deles é marinha. Mas há também os de
água doce, os de água salobra e os terrestres.

A variedade se estende de microcrustáceos, que fazem parte do plâncton marinho e de água doce,
até caranguejos. Inclui-se nessa variedade o caranguejo-aranha (gênero Macrocheira), que pode atingir
até três metros de comprimento.
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Os crustáceos mais comuns são os seguintes: lagosta, camarão, siri e caranguejo.

Outro exemplo são as cracas. Comuns no litoral brasileiro, esses crustáceos marinhos produzem
uma concha fixa à rocha, de onde saem os apêndices que capturam partículas de alimento. Na maré baixa,
as cracas podem permanecer horas fechadas em suas conchas.

Segue, como exemplo, o estudo do corpo de uma lagosta:

O corpo da lagosta é revestido por um exoesqueleto de quitina e calcário e divide-se em duas


partes: cefalotórax (conjunto de cabeça e tórax) e abdome.

No cefalotórax encontram-se os olhos, as antenas, a boca, as "pinças" e as pernas. As antenas tem


função tátil; as "pinças" são órgãos de ataque e defesa.

No abdome encontram-se o ânus e cinco pares de apêndices natatórios, que também podem
desempenhar várias outras funções. O penúltimo segmento do abdome é ladeado pelo último par de
apêndices, chamados urópodes, que servem como nadadeiras e proteção dos ovos nas fêmeas. O último
segmento do abdome denomina-se telso e não possui apêndices.

Embaixo do exoesqueleto, a lagosta possui um sistema muscular que possibilita ao animal


movimentar-se em todas as direções. É capaz também de realizar movimentos bastante rápidos. Para
realizá-los, a lagosta emprega o telso e os urópodes.

A lagosta, assim como os demais crustáceos aquáticos, respira através de brânquias, que são
órgãos formados por um conjunto de filamentos bem delicados. Por meio das brânquias, o animal realiza
trocas gasosas entre a água ambiental, que banha esses filamentos, e os vasos sanguíneos presentes no
interior deles.

Pod-se estabelecer algumas diferenças entre os insetos e os crustáceos. Algumas delas são: os
insetos são principalmente terrestres; tem o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome; possuem três
pares de pernas, um par de antenas e respiram por traquéias. Os crustáceos são principalmente aquáticos;
tem o corpo dividido em cefalotórax e abdome; possuem cinco ou mais pares de pernas, dois pares de
antenas e a maioria respira por brânquias.
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ARACNÍDEOS

Os aracnídeos estão divididos em vários grupos. Dentre eles seguem as informações sobre os mais
importantes:

 Araneídeos - as aranhas;
 Escorpionídeos - os escorpiões; e
 Acarinos - os carrapatos e os ácaros.

Araneídeos (aranhas):

As aranhas apresentam o corpo dividido em cefalotórax (cabeça fundida ao tórax) e abdome. Nas
aranhas o cefalotórax está unido ao abdome por uma fina "cintura" chamada pedículo.

Na parte da frente do cefalotórax existem vários olhos simples, um par de quelíceras e um par de
palpos. As quelíceras são estruturas pontiagudas que inoculam veneno numa presa, paralisando-a. Os
palpos servem para manipular o alimento. Possuem quatro pares de pernas e não tem antenas.

Na extremidade do abdome existem vários tubinhos onde se encontram as glândulas fiandeiras.


Essas glândulas produzem uma substância pegajosa com a qual a aranha tece suas teias.

As teias são feitas com vários tipos de fio: alguns muito resistentes; outros utilizados para enrolar
as presas e outros ainda para fazer as cápsulas onde elas colocam os ovos.

A caranguejeira, a armadeira, a aranha-marrom e a viúva-negra são alguns exemplos de aranhas.


Suas informações seguem abaixo:

As aranhas-caranguejeiras são as maiores aranhas que existem na Terra. Ela tem vinte centímetros
de diâmetro, incluindo as pernas. As caranguejeiras, embora amedrontem pelo tamanho, são aranhas
relativamente inofensivas: possuem pêlos urticantes que podem provocar reações alérgicas numa pessoa.

As armadeiras são muito agressivas e podem saltar sobre as suas vítimas. Vivem entre bananeiras,
terrenos baldios e podem entrar nas residências, escondendo-se em lugares mais escuros. A sua picada
causa dor local e pode provocar vômitos, diarréia, queda da pressão arterial e convulsões. Este tipo de
aranha tem hábitos noturnos e vive entre folhas secas, cascas de árvores e também pode entrar nas
residências, escondendo-se em lugares mais escuros. A sua picada não é muito dolorida, mas o veneno é
muito perigoso. Provoca grandes feridas, febre, vômitos e, nos casos mais graves e raros, pode destruir os
glóbulos vermelhos do sangue, causando anemia, comprometer as funções do fígado e até levar à morte.
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Esta aranha vive em vegetação rasteira e em barrancos. A sua picada causa dor local, cãibras, calafrios,
alterações no ritmo respiratório e cardíaco e problemas renais. É rara no Brasil.
O tratamento das picadas das aranhas de um modo geral deve ser feito com analgésicos, para
passar as dores, e aplicação de soros especiais. Em qualquer caso, a vítima deve procurar um posto de
saúde ou um hospital para que o tratamento seja orientado por um médico.

Escorpionídeos (escorpiões):

O corpo dos escorpiões é semelhante ao das aranhas, com uma diferença: o abdome é dividido em
duas partes, pré-abdome e pós-abdome. No pós-abdome, encontra-se uma glândula que produz o veneno,
que o animal injeta na vítima com um aguilhão.

Os escorpiões podem viver tanto em lugares desertos quanto nas matas. Vivem também debaixo
de pedras, tijolos, telhas e nas fendas das árvores.

O acúmulo de entulho e lixo nas ruas, quintais junto às casas e a proliferação de insetos, constitui
um bom ambiente para os escorpiões, pois aí eles encontram alimentação farta: aranhas e insetos como
baratas, grilos e moscas. Quando não encontram comida, os escorpiões praticam o canibalismo, isto é,
devoram os seus semelhantes.

O veneno dos escorpiões é neurotóxico. Agindo especialmente sobre o sistema nervoso, pode
causar a morte por asfixia, pois os comandos que controlam a respiração ficam bloqueados.

A ação do veneno é muito forte. A dor intensa que provoca no local da ferroada logo depois se
irradia para todo o corpo do doente. Para acalmar as dores, os médicos, geralmente, fazem anestesia no
local da ferroada e podem até sedar o paciente para que ele possa suportar o sofrimento.

O soro antiescorpiônico é o único remédio eficaz contra as ferroadas dos escorpiões. Ele é
fabricado pelo Instituto Butantã, em São Paulo.

Acarinos (carrapatos e ácaros):

O corpo destes animais é inteiriço, sem divisões.

No grupo dos acarinos, encontram-se os carrapatos e os ácaros. Os carrapatos são maiores e


alimentam-se geralmente de sangue de outros animais. Provocam grandes prejuízos econômicos ao
homem ao parasitar animais de criação, como o boi, o cavalo e o porco. Os ácaros são bem pequeninos e
muitos deles parasitam a pele de animais e do homem, provocando doenças, como a sarna. Muitas
espécies de ácaros parasitam plantas cultivadas, causando sérios prejuízos na agricultura, mas a maioria é
de vida livre.
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QUILÓPODES (centopéia) e DIPLÓPODES (piolho-de-cobra):

Esses animais têm o corpo formado por um grande número de segmentos nos quais se localizam
muitas pernas. É por isso que eram chamados miriápodes (do grego myriás = "dez mil"; podos = "pé").
Certamente era um exagero.

Eles, no entanto, apresentam algumas diferenças importantes. Por isso são classificados
atualmente em dois grupos: quilópodes (centopéia) e diplópodes (piolho-de-cobra).

Os quilópodes possuem o corpo achatado. No primeiro segmento existe um par de garras com as
quais o animal injeta veneno em suas vítimas. Em cada um dos outros segmentos encontra-se um par de
pernas articuladas.

As centopéias, também chamadas de lacraias, vivem geralmente em países quentes. Durante o dia,
geralmente escondem-se embaixo de pedras, galhos ou folhas caídas. À noite saem do esconderijo para
caçar minhocas e insetos, dos quais se alimentam. A centopéia crava as garras em suas presas e injeta-lhes
veneno, matando-as. No homem, o veneno não é mortífero, embora provoque dores, inchações e
vermelhidão no local da picada.

Os diplópodes possuem corpo cilíndrico e em cada segmento existem dois pares de pernas. O
corpo é dividido em cabeça e tronco.

Esses animais habitam de preferência lugares úmidos - embaixo de pedras e folhas mortas ou
dentro de troncos apodrecidos - e alimentam-se de vegetais mortos.
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Curiosidades:

Você deve conhecer lagartas ou taturanas, mas talvez não saiba que elas são, na verdade,
borboletas no estágio larval. A palavra taturana (ou tatarana) vem da língua tupi e significa "semelhante
ao fogo" (tata = "fogo"; rana = "semelhante").

Algumas lagartas produzem um líquido urticante na base dos pêlos de quitina. Esse líquido, que
pode ser liberado com o rompimento do pelo ou ao simples contato com ele, dá a sensação de queimadura
na nossa pele.

O corpo de uma lagarta divide-se em cabeça, tórax (geralmente três segmentos) e abdome
(geralmente dez segmentos). As pernas verdadeiras localizam-se na região do tórax. As pernas carnudas
da região abdominal são pernas falsas.

As lagartas não se reproduzem e não há diferença sexual entre elas. Passam essa fase apenas
comendo e armazenando alimentos. Crescem tanto que realizam de quatro a oito mudas nesse período.

Entram, a seguir, em um estágio de repouso, transformando-se em pupa. Ficam penduradas de


cabeça para baixo, presas a folhas ou galhos, envoltas em casulos que tecem com fios de seda ou com os
próprios pêlos.

As células e os tecidos da lagarta se degeneram e as células embrionárias, que até então estavam
"adormecidas" em seu corpo, dão origem ao corpo da borboleta.
Ao sair do casulo, as borboletas esticam as asas graças ao sangue (hemolinfa) que é bombeado
através das veias das asas. A fase adulta pode durar algumas semanas ou meses. A função da borboleta
agora é reproduzir-se e continuar o ciclo da vida.

Você já deve ter observado uma maçã ou uma goiaba bichadas. O bicho da maçã ou da goiaba não
é porque ela está estragada. Na verdade o "bicho" é uma larva de inseto. A fruta deve ser descartada e
jogada fora.

As abelhas são insetos úteis ao homem. Na agricultura, são fundamentais para o transporte de
pólen de uma flor para outra em inúmeras plantas cultivadas. Dessa maneira, têm participação decisiva na
formação de sementes e de frutos usados na nossa alimentação.

As abelhas fornecem o mel e a geléia real, produtos considerados excelentes fontes de vitaminas
e de sais minerais, entre outros nutrientes. Além disso, produzem própole, uma substância muito utilizada
no combate a inflamações de garganta, tosses, asmas e bronquites; a essa substância atribui-se também
um grande poder cicatrizante.
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Alguns exemplos de ordens de insetos: Tisanuros (traças), Anopluros (piolhos-humanos, piolhos-
de-galinha), Ortopteróides (baratas, gafanhotos, grilos, louva-a-deus), Hemípteros (percevejos-de-casa,
barbeiros), Lepidópteros (borboletas, mariposas), Dípteros (moscas, mosquitos), Coleópteros (besouros,
vaga-lumes), Himenópteros (formigas, abelhas, vespas), Sifonápteros (pulgas), Isópteros (cupins),
Odonatos (libélulas), Homópteros (cigarras, pulgões), etc.

No abdome dos insetos existem pequenas aberturas denominadas espiráculos. Esses espiráculos se
comunicam com tubos chamados traquéias. Esses tubos, por sua vez, se ramificam repetidamente até
atingir dimensões microscópicas e entrar em contato com os vários tecidos do corpo do animal.

São esses tubos que levam gás oxigênio diretamente às células. Por isso se diz que os insetos tem
respiração traqueal.

A dengue é uma doença causada por vírus, que são inoculados no corpo humano através da picada
do mosquito Aedes aegypti.

A pessoa doente tem febre alta, sente dores de cabeça, dores nas juntas e nos olhos. Apresenta
manchas vermelhas no corpo, principalmente no peito e no pescoço.

Para combater a dengue é preciso combater o mosquito. E para isso é necessário saber como ele
vive. Veja:

O Aedes aegypti precisa de água e de calor para reproduzir-se. Assim, ele vive em regiões
úmidas e quentes.

A fêmea põe os ovos em água de jarros, vasos de plantas, pneus velhos, cisternas, tonéis, latas,
garrafas, etc. Se a temperatura estiver adequada, as larvas nascem em dois ou três dias. Caso contrário, os
ovos podem permanecer vários meses no ambiente até que as condições necessárias para o
desenvolvimento das larvas ocorram: água e temperatura alta.

As larvas levam, aproximadamente, dez dias para transformar-se no mosquito adulto.

Como uma pessoa adquire a dengue? Uma fêmea do mosquito transmissor, picando uma pessoa
doente, adquire o vírus da doença ao sugar-lhe o sangue. Os vírus se reproduzem no corpo do inseto e se
alojam em suas glândulas salivares. A seguir, ao picar uma pessoa sã, o mosquito transmite-lhe o vírus da
doença. A pessoa ficará com dengue em menos de uma semana.

Como evitar a dengue? As principais medidas que devem ser tomadas são as seguintes:
- retirar das ruas, dos quintais e dos terrenos baldios todos os tipos de latas usadas, garrafas de
plástico ou de vidro, pneus velhos e outros objetos que possam acumular água e nos quais as larvas do
mosquito possam se desenvolver;
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- mudar a água dos vasos de plantas em dias alternados;
- evitar fazer depósito de água em tonéis. Caso isso não seja possível, os tonéis devem ser bem
tampados para evitar que a fêmea do mosquito ponha ali os seus ovos;
- usar telas protetoras em janelas e portas para impedir que o mosquito entre nas moradias,
principalmente em caso de habitações próximas a lagos, rios e represas.

Os insetos podem transmitir doenças para os seres humanos (barbeiro, anófele), podem causar
prejuízos domésticos (cupins, traças) e sérios danos à agricultura (pulgões, lagartas diversas). Mas
também podem ser muito úteis aos interesses humanos. As abelhas, como vimos, polinizam as flores,
contribuindo para a formação de frutos, como as laranjas. Além disso, esses insetos fornecem mel e geléia
real, utilizados como alimentos. Outros insetos podem ser usados como nossos aliados no combate a
espécies nocivas; é o caso das joaninhas, que podem ser criadas e soltas numa plantação atacada por
pulgões, insetos dos quais se alimentam.

Diz-se que o camarão "limpa" o mar, porque ele se alimenta de animais mortos e outros detritos
orgânicos.

Como é a vida do caranguejo-dos-coqueiros? No início de sua vida, o caranguejo-dos-coqueiros


esconde o seu abdome mole em conchas abandonadas de moluscos. Na fase adulta, não dispõe de conchas
de tamanho suficiente para o seu corpo. A partir desse momento, ele enrola o abdome embaixo do
cefalotórax e passa a viver no ambiente terrestre.

Em terra, encontrando um coqueiro, sobe pelo caule e usa as pinças para derrubar os cocos
verdes, de cuja polpa ele depois de alimentará.

O caranguejo-dos-coqueiros respira através de uma estrutura forrada de tecido úmido, que


absorve oxigênio do ar. Na época de reprodução, retorna ao mar onde deposita os seus ovos.

Os crustáceos são excelentes alimentos. Camarão e lagosta são pratos que disputam a preferência
das pessoas.

Com a chegada do inverno começam a aumentar os casos de alergia: asmas, rinites e sinusites.
Apesar de não serem os únicos vilões, os ácaros são responsáveis por muitos casos de alergia, uma reação
exagerada do sistema imunológico, que é ativado toda vez que a pessoa entra em contato com o agente
causador do problema.

Aracnídeos pequenos, os ácaros possuem cabeça, tórax e abdome fundidos. Algumas espécies,
que são capazes de provocar alergias em seres humanos, são comumente encontradas na poeira
domiciliar, alojando-se também em cobertores, colchões, travesseiros, lençóis e tapetes. Alimentam-se de
partículas de comida e até mesmo de células mortas que ficam nos lençóis.
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Na natureza, os ácaros se encontram no solo, humo, água doce ou salgada e podem parasitar
plantas e animais.
Parentes dos trilobitas, os límulos raramente são vistos, pois vivem nas grandes profundezas do oceano.
Medem cerca de trinta centímetros de comprimento e são considerados verdadeiros fósseis vivos.
Possuem um cefalotórax articulado com um abdome em forma retangular, de onde sai um longo espinho.
No cefalotórax, há um par de olhos semelhantes aos dos animais trilobitas.

Os límulos também são artrópodes porque possuem vários pares de pernas articuladas, com
pinças. São dotados de um exoesqueleto resistente e respiram por brânquias.

Erroneamente foram classificados como crustáceos, mas os cientistas descobriram que esses
animais são na verdade parentes dos aracnídeos.

Os límulos alimentam-se de vermes e moluscos que encontram no lodo do fundo do mar. Na


época de reprodução, são vistos aos milhares saindo das praias da Ásia e do litoral leste da América do
Norte. Nas noites de maré alta, cavam pequenos nichos, onde as fêmeas depositam ovos. As larvas são
levadas pela maré para o alto-mar.

A cópula das aranhas é muitas vezes um momento de risco para o macho. Na maioria das vezes
ele é menor e pode ser devorado pela fêmea. Alguns machos atraem as fêmeas para fora de suas teias,
fazendo-lhes a corte. Outros embrulham insetos, que são cedidos para as fêmeas. Enquanto elas devoram
o inseto, os machos realizam a cópula.

As aranhas são capazes de suportar invernos rigorosas, mantendo-se relativamente ativas, mas
algumas, como as aranhas de alçapão, hibernam fechando suas tocas com uma "porta" de fios de seda.
Todas as aranhas têm veneno e capacidade de picar, o que é diferente é o efeito que o veneno
produz nos diversos animais. Quando matam um inseto, elas despejam sobre ele seus sucos digestivos e
depois chupam o material nutritivo digerido de dentro do exoesqueleto.
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EQUINODERMAS

Os equinodermas (gr. echinos = ouriço + derma = pele) constituem um dos filos mais distintos e
facilmente reconhecíveis do reino animal, sendo abundantes em todos os oceanos do mundo.
Os equinodermas são um grupo antigo, com abundante registro fóssil desde o Câmbrico. No entanto,
tal como com outros filos dominantes, como artrópodes ou moluscos, os fósseis não indicam a origem ou
o parentesco filogenético destes animais, sendo esses inferidos do estudo de animais vivos e do seu
desenvolvimento embrionário.
Atualmente a larva dos equinodermas apresenta simetria bilateral e desenvolvimento deuterostómio
típico, com uma metamorfose bastante complicada. Deste fato retira-se que os equinodermas ancestrais
seriam igualmente animais com simetria bilateral e que a sua condição atual de animais radiados resulta
de adaptação a um modo de vida séssil ou altamente sedentário, como em outros grupos animais
(cnidários ou poríferos, por exemplo).
Dado que o único outro filo com estas características e um esqueleto interno é o filo Chordata, os
equinodermas foram, durante muito tempo, considerados como tendo um ancestral comum com estes
animais. Atualmente tal ideia foi posta de parte, não só devido a muitas diferenças importantes entre estes
filos, mas também devido ao longo historico fóssil de ambos, onde nunca existem formas intermédias.
Considera-se, portanto, que ambos os filos evoluíram por linhas separadas durante muito tempo.
São todos animais marinhos, grandes, nunca parasitas ou coloniais. Praticamente todos apresentam
hábitos bentônicos (animais que vivem no fundo d‘água) e vivem permanentemente fixos ao substrato ou
deslocam-se lentamente sobre ele. Os equinodermas apresentam uma grande variedade de formas: o
corpo pode ser constituído por braços (estrelas do mar), ramificado e plumoso (lírios do mar) ou esférico
a cilíndrico (ouriços e pepinos do mar).
A maior estrela-do-mar atinge 80 cm e o maior ouriço, de mares profundos, 30 cm. Uma espécie de
holotúria atinge 2 m de comprimento, embora com apenas 5 cm de diâmetro. Um crinóide fóssil atingia,
no entanto, 21 m de comprimento.
Neste filo existem formas predadoras, como as estrelas-do-mar, e formas herbívoras, como os
ouriços-do-mar.

 Características Gerais

o animais exclusivamente marinhos, de vida livre.


o simetria radial pentâmera
o celomados
o esqueleto interno, composto por ossículos calcáreos, articulados entre sí ou fundidos,
formando uma "concha" única. Ossículos se projetam para fora, dando ao corpo um aspecto
rugoso ou espinhoso (de onde vem o nome do filo).
o sistema de canais aquíferos (= sistema ambulacral), de função locomotora.
o forma do corpo bastante variada; sem cabeça definida
o maioria são dióicos, com desenvolvimento indireto.
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Diversidade:

1 - CLASSE ASTEROIDEA (ESTRELAS DO MAR)

Morfologia externa: corpo em forma de estrela. Há um disco central, do qual partem braços (longos ou
curtos, finos ou grossos). Número de braços variável, 5 a 40. Boca no centro da parte inferior do disco (=
superfície oral). Parte superior do disco é chamada de superfície aboral, onde situam-se o ânus e a
madreporita (orifício de contato entre o meio externo e o sistema aquífero). Partindo da boca, até o final
de cada braço, encontram-se sulcos, com 2 a 4 fileiras de prolongamentos tubulares (= pés ambulacrais).
A superfície corporal é revestida por um epitélio cilíndrico, coberto por uma fina cutícula. Abaixo da
epiderme, há a derme, responsável pela formação do esqueleto. Além dos prolongamentos dos ossículos
do esqueleto, que dão à pele aspecto rugoso, há apêndices protetores e responsáveis pela remoção de
pequenos organismos da superfície do corpo, chamados Pedicelaria. Cada pedicelaria é composta de um
talo curto, carnoso, com 3 ossículos em forma de pinças.

Sistema ambulacral: Trata-se de um conjunto de canais internos, comunicados com o meio externo
através da madreporita. É formado por um anel central (no disco central), de onde partem canais radiais,
para os bracos. Dos canais radiais, partem canais laterais, que terminam em uma ampola (dilatação),
ligada aos pés tubulares (ou pódios), que em geral apresentam ventosas. O funcionamento do sistema dá-
se através da circulação de água nos canais. A água penetra através da madreporita, chega ao anel central
e se distribuí aos canais radiais e laterais. Quando chega às ampolas, estas se contraem e empurram a água
para os pódios, os quais incham. O centro das ventosas se retraem, provocando aderência ao substrato.
Após a adesão, os músculos dos pés se retraem e a água volta à ampola.

Nutrição: As estrelas do mar são carnívoras, alimentando-se de moluscos, crustáceos, poliquetos, outros
equinodemas e peixes. Podem também se alimentar de animais mortos. A boca é ventral, ligada a um
esôfago e depois estômago (toma a maior parte do disco). O intestino é curto. O ânus localiza-se na
superfície aboral. Conchas e outras partes duras das presas são expulsas através da boca. Em algumas
espécies ocorre a ejeção do estômago através da boca, e a digestão pode se iniciar fora do corpo.

Circulação, excreção e respiração: Sistema circulatório reduzido. Os liquidos corporais são isosmóticos.
A excreção é feita através da absorção de restos metabólicos por células do líquido celomático
(celomócitos). Tais restos são colocados para fora através de difusão pela superfície corporal e pelos pés.
As trocas gasosas são feitas através dos pés e pápulas (brânquias dermais).

Sistema nervoso: Há um anel nervoso que circunda a boca, e nervos radiais que se extendem aos braços.

Reprodução: Os sexos são separados. Há, em geral, 2 gônadas em cada braço. Os gametas são despejados
na água, onde ocorre a fecundação. Uma fêmea é capaz de produzir até 2,5 milhões de ovos. O
desenvolvimento é indireto. Larva = bipinária. Há algumas espécies hermafroditas protândricas (macho
quando jovens e fêmeas quando mais velhos). Algumas espécies encubam os ovos.
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Regeneração: As estrelas do mar têm uma alta capacidade de regeneração. Se conservado pelo menos 1/5
do disco oral com um braço, pode se regenerar um novo indivíduo. No gênero Linckia , a partir de um
braço pode-se formar um novo indivíduo.
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2 - CLASSE OPHIUROIDEA (OFIÚROS/SERPENTES DO MAR)

Morfologia externa - disco oral pequeno, de onde partem 5 braços, ramificados ou não. Boca ventral.
Face oral do disco ocupado por uma série de placas, formando um aparelho mastigador. Madreporito
localizado na superfície oral. Não apresentam pedicelarias. Pés tem pouca importância na locomoção.
Não há sulcos ambulacrais nos braços.

Nutrição: alimentam-se de detritos e pequenos animais, com auxílio dos braços. A boca é ventral, seguida
por um esôfago e depois um grande estômago, com 10 pregas, que ocupa a maior parte do disco. Não
apresentam intestino e ânus. Os dejetos alimentares são eliminados através de aberturas existentes ao
longo dos braços.
Respiração e excreção: as trocas gasosas são feitas através das aberturas ao longo dos braços. Também
através destas aberturas são eliminados os restos metabólicos, retirados do liquido corporal através dos
celomócitos.

Reprodução: A maioria é dióico, sendo os gametas expulsos através das aberturas dos braços. Fecundação
externa. Em alguns há incubação, com desenvolvimento inicial nas fêmeas. Alguns são hermafroditas
protândricos.

Regeneração: o disco sozinho não regenera outro indivíduos, mas se houver pelo menos 1 braço há
regeneração. Se há perda de 1 ou mais braços, há capacidade de regenerá-los.
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3 - CLASSE ECHINOIDEA (OURIÇOS E BOLACHAS DO MAR)

Morfologia externa:
Ouriços: corpo não emite braços, é esférico, com os ossículos do esqueleto se fundem, formando uma
caixa sólida (carapaça), recoberta por espinhos longos e finos (podem conter substâncias tóxicas). A boca
é ventral, circundada por uma membrana (=peristômio ou lábio). Em torno do peristômio, há 5 pares de
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pés modificados, curtos, denominados pés bucais. Há ainda brânquias peristômicas. Na superfície aboral,
localiza-se o poro anal, também circundado por uma membrana (= periprocto), e placas em número
variável. A superfície corporal apresenta ainda pedicelarias. Os ouriços vivem em rochas e outras
superfícies duras; os movimentos são limitados, através dos pés e espinhos.
Bolachas: corpo achatado. Boca e ânus na superfície ventral. Espinhos muito pequenos na superfície
corporal. Pés reduzidos a partes do corpo: petalóides na superfície aboral e filóides na superfície oral.
São adaptados para cavar na areia, através de espinas ventrais.

Sistema ambulacral: assemelha-se ao das estrelas-do-mar. Uma das placas genitais dos ouriços apresenta
muitos poros e funciona como o madreporito.

Nutrição:
Ouriços se alimentam de material vegetal e animal, vivo ou morto. Apresentam um aparelho mastigador
especializado (= Lanterna de Aristóteles), composto de 5 placas calcárias em forma de lanças, que se
projetam na boca. No lado interno de cada placa há dentes. Toda a estrutura é ligada a músculos que
permitem os movimentos de protração e retração, bem como movimento dos dentes.
Bolachas: alimentam-se de partículas e detritos. A lanterna de Aristóteles é mais simples do que a dos
ouriços e não possui dentes protáteis.

Respiração:
Ouriços: respiração através das brânquias peristômicas.
Bolachas: respiração através dos pés dos petalóides.

Reprodução: placas genitais na superfície aboral, onde se abrem os poros genitais. Todos são dióicos. Os
gametas são lançados na água. O desenvolvimento é indireto. Larva = equinopluteus.
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4 - CLASSE HOLOTHUROIDEA - PEPINOS DO MAR

Morfologia externa: corpo não emite braços, apresenta forma cilíndrica. Uma das extremidades (oral)
com tentáculos (pés bucais) que rodeiam a boca. Na outra extremidade há o ânus. Esqueleto é reduzido,
com ossículos microscópicos, que dão ao corpo uma consistência relativamente mole. A locomoção é
vagarosa. Vivem nos fundos lodosos, semi-enterrados na areia. Uma das superfícies do corpo fica em
contato com o substrato e apresenta os pés mais desenvolvidos.
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Sistema ambulacral: assemelha-se ao dos demais equinodermas, mas o madreporito não tem contato com
o meio externo. O sistema funciona com liquido celomático e não a água do mar.

Nutrição: alimentam-se de partículas em suspensão na água, as quais adquirem através de muco


produzido nos pés bucais.

Respiração e circulação: Em algumas espécies, a respiração ocorre através de difusão direta pela pele. em
outras, há árvores respiratórias ao lado do canal digestivo, as quais retiram o oxigênio que circula com a
água.

Evisceração: os pepinos têm a capacidade de expulsar as vísceras, quando perturbados. Esta expulsão
ocorre através da ruptura dos orgãos digestivos da região anal. O ânus funciona como o centro
regenerativo e, após a evisceração, a parte perdida é regenerada. Um outro modo de evisceração é através
da expulsão de massas de túbulos, que aparecem aderidos às arvores respiratórias (túbulos de Cuvier).

Reprodução: A maioria dos pepinos é dióica, apresentando apenas uma gônada. O gonóporo situa-se na
ragião oral, próximo aos tentáculos. Os gametas são lançados na água. O desenvolvimento é indireto.
Larva = auricularia. Em muitas espécies ocorre a incubação dos ovos em bolsas próximas aos tentáculos.
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5 - CLASSE CRINOIDEA - LÍRIOS DO MAR

O corpo formado por um talo de fixação e uma corona. Nos lírios os talos são desenvolvidos (até 72 cm)
e nas estrelas pluma estes são reduzidos. Ligado aos talos, aparecem apêndices finos (= cirrus). A corona
fixa-se ao talo através da superfície aboral, através de ossiculos que formam o cálice. A boca encontra-se
voltadas para cima, no centro. Da corona, partem os braços ( 5, com até 200 ramificações). Em cada lado
há uma fileira de apêndice = pínulas. A alimentação é através de filtração, sendo as partículas alimentares
apreendidas pelas pínulas, através de muco. Podem viver fixos ou livres. A locomoção ocorre através de
natação ou se arrastam nos substratos. As trocas gasosas ocorrem através das pínulas. Não há
madreporito. A reprodução ocorre através da produção de gametas no epitélio das pínulas. Não há
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gônadas diferenciadas. Os sexos são separados. Os gametas são lançados na água. O desenvolvimento é
indireto. Larva = doliolaria.
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Bibliografia Consultada:

RIBEIRO-COSTA, C. & R.M. Da ROCHA. 2002. Invertebrados: Manual de Aulas Práticas. Editora
Holos, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

RUPPERT, E.E. & R.D.BARNES. 1996. Zoologia dos Invertebrados. 6a ed. Editora Roca.

HICKMAN, C.P. J. et al. Princípios Integrados de Zoologia. 11ª ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2004.

COSTA, Cibele S. Ribeiro. Invertebrados: Manual de aulas práticas. 1ª ed. Ribeirão Preto: Holos, 2002.

S. J.A.P., ARAÚJO, Laurisley Marques., Manual de Entomologia Forense: Fundamentos da Anatomia


Geral dos Insetos. (CAP.: 02) 1ª ed. Leme – SP: LED.

FONSECA, M. & BRAZIL, T.K. Ambientes Terrestres. In: Vida: Diversidade e Unidade.

MADEIRA, A. V. Ambientes Biológicos. In: Vida: Diversidade e Unidade. Peixinho, S. &

STORER, T. I.; USINGER, R.L. Zoologia Geral. 6 ed. São Paulo: Ed. Nacional. 1989. 816p.

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