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TUTELA PENAL AMBIENTAL

CRIMES AMBIENTAIS
PROTEÇÃO PENAL AMBIENTAL
grande avanço com a Lei 9605/1998
 Lei dos Crimes Ambientais dispõe sobre os seguintes crimes:
 dos crimes contra a fauna (arts.29 a 37);
 dos crimes contra a flora (arts.38 a 53);
 da poluição e outros crimes (arts.54 a 61);
 dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (arts.62
a 65);
 dos crimes contra a Administração Ambiental (arts.66 a 69-A).
 Ademais, aplica-se também, em alguns casos:
 o Código Florestal (Lei 4771/65, contravenções penais ambientais)
 e o Código Penal.
INOVAÇÕES DA LEI 9605/98
Pode-se apontar as seguintes inovações da Lei dos Crimes Ambientais:
I- criaram-se novas figuras criminosas,
 pichar ou grafitar;
 destruir plantas de ornamentação de área pública;
 fabricar, vender, transportar ou soltar balões;
 destruir ou danificar floresta de preservação permanente;
 extrair espécies minerais de florestas de preservação permanente;
 danificar Unidade de Conservação;
 maltratar ou mutilar, ou praticar ato de crueldade, contra animais;
 comprar, vender, transportar e armazenar madeira, carvão ou lenha,
sem licença etc.
 II- possibilidade de criminilazação da pessoa jurídica com
sanções compatíveis (multa, restrição de direito, prestação de
serviços comunitários, perda de bens e valores);
 III- deu-se ênfase à recuperação dos danos ambientais como
causa de extinção de punibilidade;
 IV- possibilidade de desconsiderar a personalidade jurídica da
pessoa jurídica quando essa for obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente;
 V- admissibilidade expressa de pena restritiva de direito
consistente no recolhimento domiciliar.
LEI 9605/98
Essa novíssima Legislação Ambiental tem como um de seus méritos fazer
a consolidação de diversos diplomas legais em apenas um.
Tais são os seguintes textos:
 Código Florestal (Lei nº 4.771/65);
 Código de Caça (Lei nº 5.197/67);
 Código de Pesca (Lei nº 6.938/81);
 Lei que trata da lavra de garimpo (Lei nº 7.805/89);
 Lei que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos
(Lei nº 3.924/61).
Nesta mesma linha de raciocínio, ou seja, buscando a punição daqueles que
praticam algum dano de contorno ambiental, já tratava o Código Penal Brasileiro
- CPB, quando no artigo 165 cuida do dano em coisa de valor artístico,
arqueológico ou histórico, e, também, nesta perspectiva, dispõe a LCA.
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS PENAIS AMBIENTAIS
A nova lei traz alguns crimes com a seguinte classificação
quanto ao tipo penal:
I- tipo de dano ( ex. art.29), descreve conduta que exige
modificação do meio exterior;
II- tipo de perigo (abstrato ou concreto), ex.art.42, descreve
conduta que dispensa a materialização do dano para se consumar,
bastando a exposição a este;
III- tipo de ação múltipla, ex.art.46, descreve várias condutas sem
que sua prática simultânea implique concurso de crimes.
IV- tipo penal aberto, ex.art.38-A, descreve conduta que exige
complemento do sistema normativo.
DA APLICAÇÃO DA PENA
Dispõe o artigo 6º da lei em exame que,
para imposição (cominação) e gradação (estipulação do quantum), a
autoridade competente, portanto, a autoridade judicial, deve observar:
a gravidade do fato típico, levando em consideração os motivos
(motivação) da infração, bem como as consequências que esta pode
trazer para a saúde pública e ao meio ambiente; deve atentar para os
antecedentes do infrator quanto à legislação ambiental; e, por fim, a
situação econômica do infrator ambiental, na hipótese de multa (isto
significa que antes de fixar o quantum da multa deve conhecer dos
rendimentos, dos investimentos, do patrimônio do infrator, para que a
pena pecuniária não seja ineficaz). O cálculo da multa far-se-á
segundo critérios do Código Penal, e se revelar ser ineficaz, ainda que
no máximo, poderá ser aumentada até três vezes e tendo em vista a
vantagem econômica auferida (art. 18).
DA APLICAÇÃO DA PENA
As penas restritivas de direitos - aquelas elencadas no artigo 8º - são
autônomas, ao contrário do CPB, que diz serem substitutivas, ou seja,
não se aplicam sozinhas e de imediato, porém e apenas em
substituição às penas privativas de liberdade e nos casos expressos
em lei. Se são autônomas, elas se aplicam por si, independentemente
de qualquer condição. No entanto, a LCA dispõe que podem substituir
as penas privativas de liberdade em dois casos. Primeiro, quando se
tratar de crime culposo ou forma aplicada à pena privativa de
liberdade inferior a quatro anos; e segundo, quando "a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias do crime, indicarem que a
substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do
crime". Na hipótese da substituição, as penas restritivas de direitos
terão a mesma duração das privativas de liberdade a que substitui.
DA APLICAÇÃO DA PENA
• As penas restritivas de direito, como já se mencionou, são
aquelas enumeradas no artigo 8º da lei, ou seja, prestação
de serviços à comunidade; interdição temporária de
direitos; suspensão parcial ou total de atividades;
prestação pecuniária e recolhimento domiciliar (9º, 10, 11,
12 e 13). É interessante observar que a prestação de
serviços à comunidade está direcionada a tarefas junto a
parques, jardins públicos e unidades de conservação -
UCs; e quando o dano atingir coisa particular, pública,
objeto de tombamento, a pena restringe-se a sua
restauração, se for possível.
ATENUANTES E AGRAVANTES

Nos artigos 14 e 15, trata a lei das circunstâncias atenuantes


e agravantes, respectivamente. São também conhecidas por
circunstâncias legais para as quais a lei deu especial e
particular relevo e que na fixação da pena não devem ser
deixadas de lado. São atenuantes: baixo grau de instrução ou
escolaridade do infrator; arrependimento do infrator,
manifestado pela espontânea reparação do dano, ou
limitação significativa da degradação ambiental causada;
comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
degradação ambiental; e colaboração com os agentes
encarregados da vigilância e do controle ambiental.
ATENUANTES E AGRAVANTES

São circunstâncias agravantes da pena, quando não constituem ou qualificam o


crime: reincidência nos crimes de natureza ambiental; e ter o agente cometido a
infração para obter vantagem pecuniária, coagindo outrem para a execução
material da infração, afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde
pública ou o meio ambiente, concorrendo para danos à propriedade alheia,
atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato público, a
regime especial de uso, atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos
humanos, em período de defeso à fauna, em domingos e feriados, à noite, em
épocas de seca ou inundações, no interior do espaço territorial especialmente
protegido, com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais,
mediante fraude ou abuso de confiança, mediante abuso do direito de licença,
permissão ou autorização ambiental, no interesse de pessoa jurídica mantida,
total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiadas por incentivos fiscais,
atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades
competentes e facilitada por funcionário público no exercício de suas funções
DAS PENAS APLICADAS ÁS PESSOAS JURÍDICAS
Não se pode olvidar que a responsabilidade penal das pessoas jurídicas tem
previsão constitucional (art.225, §3º, CF/88).As pessoas jurídicas podem
receber as seguintes penas: multa, restritivas de direitos e prestação de
serviços à comunidade, de forma isolada, cumulativa ou alternativamente, nos
termos do art. 3º da LCA (art. 21). São penas que restringem direitos da pessoa
jurídica a suspensão total ou parcial de atividades; interdição temporária de
estabelecimento, obra ou atividade; e proibição de contratar com o Poder
Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. Só será
aplicada a pena de suspensão de atividades quando a pessoa jurídica não
estiver obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à
proteção do meio ambiente. Já a interdição será aplicada quando o
estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionado sem a devida
autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de
disposição legal ou regulamentar.
DAS PENAS APLICADAS ÁS PESSOAS JURÍDICAS

Quanto à proibição de contratar com o Poder Público, não


poderá exceder o prazo de dez anos (art. 22 e
parágrafos).Quanto à pena de prestação de serviços à
comunidade, aplicada às pessoas jurídicas, consistirá, de
acordo com o disposto na lei, a: custeio de programas e
projetos ambientais; execução de obras de recuperação de
áreas degradadas; e contribuições a entidades ambientais ou
culturais públicas.
DA REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL

Caso o infrator tenha reparado o dano ambiental, este


ficará vinculado a uma verificação feita através de laudo
de reparação de dano ambiental, e as condições judiciais
impostas devem relacionar-se com a proteção ao meio
ambiente. (arts. 78, § 2º, do CP e 17 da LCA).
DA PERÍCIA

A constatação do dano ambiental será feita mediante


perícia, e esta, sempre que possível, fixará o montante do
prejuízo para os efeitos de prestação de fiança e cálculo
da multa. A perícia poderá ser aproveitada no processo
penal quando produzida no inquérito civil ou no juízo
cível, instaurando-se, no caso, o contraditório (art. 19 e
seu parágrafo único).
DA SENTENÇA PENAL

Quando de natureza ambiental e sendo condenatória,


deverá, sempre que possível, fixar o valor mínimo de
reparação dos danos causados pela infração, considerando
os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
Depois de transitada em julgado a sentença condenatória,
sua execução far-se-á pelo valor mínimo nela fixada, sem
prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente
sofrido (art. 20 e seu parágrafo único).

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