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LITERATURA

INFANTIL

Me. Hellyery Agda Goncalves da Silva

INICIAR

introdução
Introdução
Olá, caro(a) aluno(a)! Mais uma vez, nos encontramos! Nesta parada, abordaremos as
produções literárias de autores brasileiros voltadas às crianças.

Iniciaremos com Monteiro Lobato, considerado por muitos críticos como o “pai da literatura
infantil do Brasil”. Esse autor construiu uma obra belíssima e extensa para as crianças, por
meio da criação de Sítio do Picapau Amarelo, lugar onde a magia misturava-se com o real,
sendo porta de entrada e saída para seres mágicos, imaginários e fantásticos. No sítio, tudo
podia acontecer, começando pelos seres que o habitavam. Em um segundo momento,
trataremos do realismo mágico presente nas obras de Monteiro Lobato voltadas à criança.

Adiante, descobriremos que Clarice Lispector também se dedicou à literatura infantil,


literatura essa que também podia ser lida pelos adultos, pois objetivava trazer
questionamentos como o ser e o estar no mundo, problematizando questões sociais por meio
da paródia e da intertextualidade, por exemplo, com os clássicos.

Por fim, veremos as contribuições de Cecília Meireles, poetisa brasileira que lutou por um
ensino de qualidade em seu período, chegando a assinar o Manifesto dos Pioneiros da
Educação em 1932 e fundando a primeira biblioteca infantil do país.

Esta unidade está imperdível! Conto com você nessa viagem pela trajetória da literatura
infantil do Brasil e seus desdobramentos. Vamos lá?
Monteiro Lobato: Vida e Obra

José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu na cidade de Taubaté, estado de São Paulo, no
ano de 1882. Tendo em vista os estudos, o prosador mudou-se para São Paulo, onde estudou
Direito. Concomitantemente, na Faculdade do Largo São Francisco, compôs o grupo literário
Minarete e iniciou algumas atividades ligadas à imprensa. Atuou, por um tempo, como
promotor em Areias, cidade interiorana do Vale do Paraíba. Após herdar uma fazenda de seu
avô, dedicou-se, também, à agricultura.

Em 1912, Monteiro Lobato publicou o artigo Velha Praga, no jornal O Estado de São Paulo, a
respeito das queimadas no campo, assunto que provocou grande polêmica e, ao mesmo
tempo, contribuiu para que o referido autor escrevesse outros artigos. Ainda neste ano, o
mesmo jornal lançou o conto Urupês, que trazia a personagem Jeca Tatu. Em 1918, morando
em São Paulo, Monteiro Lobato publicou seu primeiro livro (Urupês), comprou a Revista do
Brasil e fundou a primeira editora brasileira, a Monteiro Lobato & Cia. Em 1922, publicou
duras críticas à arte de Anita Malfatti, que se apresentou na Semana de Arte Moderna de São
Paulo.
No período de 1927 a 1931, Monteiro Lobato residiu em Nova Iorque. Ao regressar ao seu país
de origem, partiu para a exploração de recursos minerais e fundou o Sindicato do Ferro e a
Cia. de Petróleos do Brasil, provocando entraves com multinacionais e um certo mal-estar no
Governo. Nesse período, nasceu um livro-denúncia intitulado O Escândalo do Petróleo, que
culminou em alguns meses de prisão para o autor. Monteiro Lobato, por vontade própria,
exilou-se em Buenos Aires, por um tempo. Na cidade argentina, escreveu artigos para jornais.
No ano de 1948, morreu, abruptamente, em São Paulo.

Monteiro Lobato pode ser considerado um autor pré-modernista, pois, em sua obra,
aparecem temas que abordam o regionalismo, as mazelas e as desigualdades da sociedade
oligárquica da Primeira República. Na vertente regional, Monteiro Lobato apresenta o Brasil
rural do século XX, em especial da região do Vale do Paraíba, no interior do estado de São
Paulo. Em seus escritos, revela sátira, ironia e sentimentalismo em relação aos costumes e ao
povo da região.

No conto Urupês, por exemplo, Monteiro Lobato faz a caricatura do caboclo Jeca Tatu,
representante do homem interiorano. Jeca Tatu é o caipira que, marginalizado social e
historicamente, não tem direito à educação, vive mal e é passível de contrair doenças. Além de
denunciar a condição de alguns caipiras da região, o conto aborda, também, a situação do
negro após a abolição. Preocupando-se com o povo e com o seu desenvolvimento social e
mental, Monteiro Lobato passou a ser um grande divulgador da ciência e do progresso do
país.

Nas palavras de Zilberman (2005, p. 29-30), o escritor “[...] foi, desde os primeiros livros, como
Urupês, de 1918, um ferrenho crítico das mazelas nacionais; mas nunca deixou de colocar o
país no centro de seu pensamento, procurando verificar o que era melhor para a população”.

Sobre o estilo de sua prosa, pode-se afirmar que é moderno no que se refere à ideologia. Já
no que diz respeito à forma, a sua narrativa apresenta objetividade, além de um
"vernaculismo camiliano", semelhante aos moldes naturalista e parnasiano.

Além do exposto, nas obras de cunho infantojuvenil há uma fusão entre a fantasia e o
pedagógico, tendo por característica o caráter moralista e doutrinário, bem como o reflexo da
sua luta pelos interesses nacionais. Uma das obras mais significativas da Literatura
Infantojuvenil de Monteiro Lobato é Sítio do Picapau Amarelo, na qual o autor narra várias
aventuras, as quais ligam-se, metaforicamente, aos problemas do país.

Vejamos, a seguir, a produção literária de Monteiro Lobato:


Quadro 3.1 - Vitrine de obras de Monteiro Lobato
Fonte: Elaborado pela autora.

É notório que Monteiro Lobato é um dos grandes autores de Literatura Infantil. Nas palavras
de Zilberman (2005, p. 26), o escritor pode ser considerado o “[...] primeiro grande autor para
a infância brasileira”, devido ao seu projeto literário. Em suas obras, é possível verificar a
retratação de aspectos do nosso país, de cunhos geográficos, sociais e culturais.

Além das obras apresentadas, há adaptações de clássicos da literatura e de obras


estrangeiras, as quais eram destinadas à criança. Devido à grandiosidade, as obras de
Monteiro Lobato acabaram virando assunto de filmes, peças de teatro, séries televisivas etc.
atividade
Atividade
Leia o trecho a seguir:

“Ao contrário dos clássicos estrangeiros, ele não recriou seus contos de outros; ele os criou. Embora
se utilizasse do rico acervo maravilhoso da Literatura Clássica Infantil de todo o mundo, a inspiração
maior e básica de Lobato foi a própria criança, os motivos e os ingredientes de sua vivência: suas
fantasias, suas aventuras, seus objetos de jogos e brinquedos, suas travessuras e tudo o que povoa a
sua imaginação... Reencontrou a criança, amealhou toda a riqueza e criatividade de seu mundo
maravilhoso e construiu um universo para ela, num cenário natural, enriquecido pelo Folclore de seu
povo, aspecto indispensável à obra infantil”.

CARVALHO, B. V. de. A Literatura Infantil: visão histórica e crítica. 2. ed. São Paulo: Edart, 1983, p.
133.

Considerando o excerto apresentado a respeito da literatura produzida por Monteiro Lobato, analise
as afirmativas a seguir:

I. Monteiro Lobato, além de escrever para as crianças, criou para elas um mundo repleto de fantasia,
personagens e histórias mágicas.

II. De modo geral, pode-se afirmar que Monteiro Lobato preocupava-se com a renovação literária do
país.

III. Por conter o fantástico, a criança está isenta de imaginar, visto que os livros de Monteiro Lobato já
apresentam essa característica.

IV. As obras de Monteiro Lobato apresentam valores, comportamentos e relacionamentos entre as


personagens, elementos característicos de sua época.

Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II, e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
Monteiro Lobato e a Obra Sítio Do
Picapau Amarelo

Quando abordamos a história da Literatura Infantil no Brasil, o autor Monteiro Lobato é uma
grande referência, visto que é considerado o precursor da literatura para crianças e, até os
dias de hoje, suas narrativas encantam o público infantil, por meio dos livros e de suas
adaptações.

No ano de 1920, o autor lançou a obra A menina do narizinho arrebitado, o primeiro livro dos
17 voltados ao público infantil. Na época, o crítico Tristão de Athayde (pseudônimo de Alceu
Amoroso Lima) publicou n’O Jornal do Rio de Janeiro a seguinte nota:

Por ele a criança criará gosto pela leitura, sentirá que o livro não é apenas um
instrumento de disciplina, mas um campo maravilhoso para expansão de um
mundo interior, reprimindo ou apenas pressentindo. É um livro que estimula a
vida, que fecunda a imaginação, que desperta a curiosidade (ATHAYDE, 1921 apud
AZEVEDO; CAMARGO; SACCHETTA, 1997, p. 158).

O valor da invenção literária de Monteiro Lobato gira em torno de personagens e tramas


repletas de criatividade e humor. Além disso, há uma sintonia entre a matéria literária
concomitante aos valores, as ideias e o contexto em que a obra foi publicada.

Nas obras destinadas às crianças, há sempre um aspecto pedagogizante, e Sítio do Picapau


Amarelo tem o objetivo de educar, por meio de ensinamentos e instruções, ao mesmo tempo
em que suscita a brincadeira. Assim, as personagens são livres para viverem suas experiências
e existires. O sítio é local de encantamento, no qual a fantasia se une à realidade. Nas palavras
de Barbosa (1996, p. 85):
Os livros com mais fabulação, com um predomínio do caráter ficcional da
narrativa, contêm também muita informação e elementos didáticos. E os livros
com um caráter mais didático também contêm um numeroso elemento ficcional,
seja sob forma e em modo de ações, seja sob forma e em modos de diálogos. [...]
A insistência e o senso de oportunidade com que Monteiro Lobato intercala
instrução e educação em suas narrativas, mesmo as menos propícias a inserções
didáticas, revelam, desnudam, esclarecem sua preocupação de fazer de sua
literatura para crianças e jovens um veículo de formação intelectual e moral.

Monteiro Lobato tinha em vista um didatismo inteligente e, por meio de suas narrativas,
educava e incentivava a imaginação e o gosto pela leitura de seus leitores. Por meio de suas
histórias, o leitor encontrava conforto e mensagens positivas e alegres, as quais eram
transmitidas por personagens icônicos e distintos.
Quadro 3.2 - Principais personagens da obra Sítio do Picapau Amarelo
Fonte: Elaborado pela autora.

As personagens criadas por Monteiro Lobato estão relacionadas ao folclore, aos mitos, e às
lendas que advêm da tradição oral. Com isso, o autor consegue aproximar o leitor de seu
universo fantástico, permitindo-lhe a formação de opinião e contribuindo para o
desenvolvimento psíquico e cognitivo do indivíduo.

Em A psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettelheim (1978) defende a importância da


fantasia e do fantástico para o desenvolvimento e o amadurecimento infantil. Com isso, em
nosso país,

[...] coube a Lobato a fortuna de ser, na área da literatura infantil e juvenil, o


divisor de águas que separa o Brasil de ontem e o Brasil de hoje. Fazendo a
herança do passado imergir no presente, Lobato encontrou o caminho criador
que a literatura infantil estava necessitando. Rompe, pela raiz, com as convenções
estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e formas que o novo século
exigia (COELHO, 2009, p. 165).

Monteiro Lobato, considerando seu público-alvo, criou uma linguagem brasileira e popular,
tendo em vista as suas vivências residindo no interior de São Paulo. Além disso, suas histórias
são criativas, emocionante e irreverentes, pois trabalham com o imaginário infantil, visto que
há uma fusão entre o real e o imaginário.

No que diz respeito à obra Sítio do Picapau Amarelo, trata-se de um lugar independente e
autossuficiente que não pode ser localizado no mapa. Lá, tudo pode acontecer. O sítio é o
próprio Brasil, visto que Monteiro Lobato preocupava-se com as questões nacionais.

Nas palavras de Zilberman (2005, p. 29-30), o sítio “[...] é brasileiro, como se fosse uma
representação idealizada de nossa pátria. Em outras palavras, é o Brasil conforme o desejo de
Lobato, um Brasil sonhado, mas sempre um Brasil”.

A Menina do Narizinho Arrebitado, de 1921, é o primeiro livro voltado para crianças; e Os Doze
Trabalhos de Hércules, de 1944, é o último. Após a publicação de sua última obra, Monteiro
Lobato dedicou-se a organizá-las, falecendo em 1948.

A Presença do Maravilhoso em Monteiro Lobato


Há muitos aspectos que podemos abordar na obra lobatiana, e focaremos, para este estudo,
na presença do maravilhoso. Monteiro Lobato foi o responsável pela criação de uma vasta e
insigne produção literária, que é composta por distintos espaços, personagens e “monstros”,
os quais habitam o imaginário popular em diferentes regiões do país.
A respeito disso, a autora Eliane Yunes (1983, p. 18 e 47) menciona que, em relação à obra de
Monteiro Lobato,

[...] sua incursão pelo maravilhoso na obra infantil, não tem de ‘irracional’: ao
contrário, aproxima com habilidade insuperável o mágico e o real, fantasia e
realidade [...]. Em Lobato, a intertextualidade constante das formações discursivas
da história e da ficção anula as fronteiras entre o real e o sonho, o que aliás a
psicanálise freudiana pouco antes já enunciada.

Especificamente na obra Sítio do Picapau Amarelo, há a presença do realismo mágico voltado à


infância, bem como do maravilhoso, que possibilita o exercício do pensamento crítico.

As personagens Emília e Visconde de Sabugosa representam, por exemplo, a inserção do


mágico no real, pois aparecem nas narrativas, muitas vezes, questionando e problematizando
questões cotidianos que surgem no sítio. Vale pontuar que Monteiro Lobato utiliza o
maravilhoso de modo alegórico e o realismo materialista de modo objetivo, para compor suas
obras com questões voltadas à Moralidade, à Geografia Econômica, à História, à Política, à
Filosofia e à Religião (YUNES, 1983).

Nas obras infantis de Monteiro Lobato, há uma retomada de personagens maravilhosos


presentes nos contos populares da Europa, como Barba Azul, Branca de Neve, Cinderela,
Chapeuzinho Vermelho etc., recriando e inserindo essas histórias em um novo contexto, no
qual as personagens do sítio estão presentes. Um exemplo dessa intertextualidade está
presente em O Picapau Amarelo, obra na qual Barba Azul é mencionado na conversa de
Pedrinho com Sancho Pança, retomada do romance de Dom Quixote:
Sancho logo fez camaradagem com Pedrinho, ao qual contou várias proezas de
seu amo que não figuram no famoso livro de Cervantes.
– Ah! Menino, este meu amo é na verdade o herói dos heróis. Ainda há pouco, ali
na entrada das Terras Novas, espetou com a lança um homem muito feio, de
grandes barbas azuis.
– De barbas azuis? Então era o Barba-Azul! Bem feito! Esse homem é o maior
especialista em matar mulheres. Já liquidou sete. Não estava de faca na mão?
– Trazia na cintura uma enorme faca de ponta, sim.
– Pois é isso mesmo. Com aquela faca o malvado já matou sete esposas – e
matará a oitava, se aparecer outra tola que se case com ele.
– Pois ficou bem espetado pela lança de meu amo – continuou Sancho. – Quis
resistir; mas quando ia puxando a faca, foi alcançado no peito e derrubado
(LOBATO, 1956, p.31-32).

A presença do maravilhoso em Monteiro Lobato se constrói, também, a partir da


intertextualidade e da paródia dos contos de fada e da sua combinação com a obra Sítio do
Picapau Amarelo. Com isso, o autor revela sua consciência crítica e literária, tendo em vista o
panorama da literatura infantil brasileira, bem como a (re)leitura de obras estrangeiras para a
formação literária dos leitores do Brasil.
atividade
Atividade
Leia o trecho a seguir:

De acordo com Coelho (2010, p. 249), os leitores de Monteiro Lobato “[...] sentiam identificados com
as situações narradas; sentiam-se à vontade dentro de uma situação familiar e afetiva, que era
subitamente penetrada pelo maravilhoso ou pelo mágico, com a mais absoluta naturalidade. Tal
como Lewis Carroll fizera com Alice no País das Maravilhas, na Inglaterra de cinquenta anos antes,
Monteiro Lobato o fazia no Brasil dos anos 20: fundia o Real e o Maravilhoso em uma única
realidade”.

COELHO, N. N. Panorama Histórico da Literatura infantil/juvenil: das origens indoeuropeias ao


Brasil contemporâneo. 5. ed. São Paulo: Amarilys, 2010, p. 249.

Considerando o excerto apresentado a respeito do maravilhoso nas obras de Monteiro Lobato,


analise as afirmativas a seguir:

I. Nas obras de Monteiro Lobato é por meio da fantasia que se instala o realismo, fantasia essa que se
une ao real.

II. Em suas obras, Monteiro Lobato utiliza o maravilhoso fantástico por meio da alegoria e o realismo
materialista por meio da objetividade.

III. A inserção do mágico no real pode ser visualizada em Sítio do Picapau Amarelo por meio das
personagens Boneca Emília e Visconde de Sabugosa.

IV. Utilizando a fórmula de Perrault e dos Irmãos Grimm, Monteiro Lobato criou suas histórias.

Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II, e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
Clarice Lispector para as Crianças

Clarice Lispector (1920-1977) foi uma escritora e jornalista nascida na Ucrânia que se
naturalizou brasileira e pernambucana. Seu nome de batismo era Chaya Pinkhasovna
Lispector, e aqui ela adotou Clarice Lispector. A autora formou-se em Direito e colaborou em
jornais cariocas. Debruçou-se na escrita de diversos livros, e o primeiro deles foi Perto do
Coração Selvagem, publicado em 1944.

Clarice Lispector publicou mais de 20 livros de diferentes gêneros, dentre eles romances,
contos, crônicas etc. No que se refere à literatura voltada ao público infantil, publicou seu
primeiro livro em 1967, intitulado Mistério do coelho pensante. Seguindo a linha infantil,
publicou em 1969 o segundo livro, chamado A mulher que matou os peixes. Em 1974, lançou a
obra A vida íntima de Laura. Em 1978, publicou seu quarto livro infantil, intitulado Quase de
verdade. Por fim, publicou Como nascem as estrelas, em 1987.
A produção clariceana para crianças é composta por elementos de intertextualidades,
paródias e paráfrases; além disso, apresenta um aspecto inovador, uma vez que firmou uma
linguagem nova para esse gênero, que é voltado para um público específico.

Os livros infantis agradam a todos os leitores, visto que utilizam como narrador um adulto que
dialoga com as crianças, deixando clara a sua condição e abordando temas pertinentes a
todas as idades, como a liberdade, o direito de ser, a morte, a alienação, a inexorabilidade do
tempo etc.

As obras literárias infantis de Clarice Lispector, nas palavras de Araújo (2013, on-line), “[...]
sugerem que o adulto é que deve intrometer-se no mundo e nas sensações infantis para
compreendê-los, possibilitando, assim, novas propostas de relacionamento criança-adulto-
mundo”. Com isso, surge a presença de animais, os quais, muitas vezes, intitulam as histórias
e são livres para viver no mundo (remetendo-se àquela essência primitiva, ancestral e
inumana), livres da domesticação. Ao entrar na história, por meio da leitura, a criança, no
plano da alegoria, está lado a lado com os “bichos convidados” pela narradora.

Adentrando a obra A vida íntima de Laura, por exemplo, verificamos que a personagem galinha
reforça alguns questionamentos, os quais aparecem em outras obras, como “[...] a sinceridade
no tratamento com a criança, o questionamento do próprio gênero ‘literatura infantil’, o
equilíbrio entre a realidade e a fantasia, o papel da mulher, da dona de casa e o próprio
absurdo desse cotidiano” (ARAÚJO, 2011, on-line).

Temos que mencionar que a infância é uma temática que aparece com frequência na prosa de
Lispector, principalmente nos contos. Dentre as obras publicadas, as de literatura infantil não
são consideradas menores e estabelecem um diálogo com as obras destinados ao público
adulto. Podemos comparar e aproximar A vida íntima de Laura do conto clássico Uma galinha,
visto que ambos apresentam um tema semelhante: o ser feminino. Além disso, os dois contos
abordam a morte, porém de modo diferenciado, levando em consideração a linguagem e o
público leitor.

Em A vida íntima de Laura, a autora aborda as vivências e o dia a dia da galinha Laura, bem
como seus anseios e medos; por exemplo, tornar-se estéril e morrer. Essa temática aparece,
também, em Quase de verdade, quando a figueira passa a refletir acerca da maternidade, da
condição feminina etc. (ARAÚJO, 2013).

Em O mistério do coelho pensante há um mistério, característico do gênero policial, e o leitor,


ao longo da narrativa, vai recebendo pistas do narrador, as quais podem ser verdadeiras ou
falsas. No entanto, o narrador não sabe como resolver esse mistério. No texto, há uma
espécie de paródia, que questiona os códigos instituídos pelo gênero e os valores, fazendo
uma crítica aos modelos criando um novo modo de observar o objeto.

Há uma intertextualidade com Alice no país das Maravilhas, de Lewis Carroll, e, como paráfrase
de Alice, O mistério do coelho pensante reafirma valores da literatura infantojuvenil clássica,
aquela que teve sua origem nas fábulas, nos mitos, nos contos de fada, ou seja, histórias de
tradição oral, nas quais os mistérios e as magias são imprescindíveis para a sua existência.

Já a obra Como nasceram as estrelas trata-se de uma “coletânea” de histórias curtas, destinadas
à ilustração um calendário. Para cada mês do ano, há uma narrativa que resgata elementos da
cultura popular do Brasil, cujos protagonistas são: Saci-pererê, Uirapuru, Curupira, Iara,
Negrinho do pastoreio, curumins, animais (sapos, jabutis, onças, macacos, jacarés), dentre
outros, que lidam com as adversidades que colocam suas qualidades à prova. Nessas
narrativas, a autora, por meio da paródia, traz a metáfora da perplexidade humana e de seus
sentimentos diante dos fenômenos da natureza.

Quase de verdade, por sua vez, também traz alegorias de bichos, os quais apresentam tipos
humanos, por meio de sentimentos e ações. A temática existencialista é muito presente nessa
obra, uma vez que reflete sobre o medo, a morte, a existência, as diferenças sociais e
individuais etc. Nessa obra, Clarice entende Ulisses, o cachorro, e digita as suas histórias

Já na obra A mulher que matou os peixes há uma personagem-narradora. Vejamos um trecho, a


seguir:
Fonte: fonte da tabela

Considerando a literatura como um dos possíveis espaços para a experiência literária,


podemos conceber o texto clariceano como um entrelaçamento de infindos e delicados fios
constituídos por palavras, que são a matéria-prima da escrita (FERREIRA, 2016).

No que se refere aos textos da autora voltados ao público infantil, é possível observar que há
algumas mudanças nos paradigmas sociológicos e culturais, uma vez que, por serem
razoavelmente curtos, apresentam um efeito único, causando impressões positivas no leitor,
como uma participação ativa na construção dos sentidos do texto.

As narrativas, no que diz respeito à forma textual, rompem com dogmas, valores e certas
temáticas comuns em sociedade. Nas palavras de Walter Benjamin (1985 apud CARVALHO,
2006, p. 19-20), “[...] as mudanças dos mecanismos de produção [afetam] de maneira decisiva
a arte de contar histórias”. Desse modo, os textos de Clarice Lispector requerem um leitor
ativo, ou seja, aquele que pensa, discorda, confronta e negocia os sentidos apresentados no
texto.

“Ao fazer o uso de histórias próximas à realidade do leitor, Lispector idealiza um leitor que se
coloque em diálogo com as dificuldades presentes no texto” (CARVALHO, 2006, p. 81). Assim
sendo, culturalmente, as narrativas possibilitam e colaboram para a formação de leitores
críticos e preocupados com os sentidos implícitos e explícitos nos textos, desde a tenra idade,
correspondente à infância.

Ainda nas palavras da estudiosa, “[...] Clarice Lispector revoluciona a literatura ao criar essa
nova conduta de leitura, responsável pela formação de um leitor profícuo, capaz de responder
às exigências do estilo dialógico permeado de elementos metalinguísticos” (CARVALHO, 2006,
p. 82).

Vale pontuar também que, para Lispector, não há uma diferença entre textos para crianças,
jovens e adultos, visto que o mesmo texto se direciona a todos os públicos (QUEVEDO;
AQUINO, 2010).

A literatura infantil de Clarice Lispector, de modo similar à literatura destinada ao público


adulto, procura, por meio da palavra em sua função poética, criar um diálogo entre textos,
nos quais a vida, as relações sociais e os problemas do ser humanos podem ser questionados
pela fantasia, levando o leitor (pequeno ou grande) à reflexão.
atividade
Atividade
A respeito das obras clariceanas voltadas ao público infantil, leia o excerto a seguir:

“[...] embora o universo das crianças esteja em jogo, não se trata, em absoluto, de histórias
protagonizadas por elas. As crianças representadas nas histórias de Clarice aqui consideradas,
estando, ou não, inscritas de forma singularizada nos textos, certamente não podem ser
consideradas personagens centrais dos acontecimentos narrados. Podem, às vezes, estar presentes
em comentários digressivos que convidam o leitor para a cena da escrita, embora fazendo parecer
que estão chamados para integrarem os acontecimentos da história”.

BARBOSA, S. M. Clarice Lispector e a literatura infantil. Cadernos de Letras da UFF - GLC, n. 27, p.
141-157, 2003, p. 143.

A respeito disso, analise as afirmativas a seguir:

I. Nas narrativas clariceanas há a presença de animais, que são como irradiadores das tramas.

II. Nos textos de Clarice Lispector, é possível traçar pontos intertextuais entre as narrativas adultas e
as narrativas infantis.

III. Por escrever textos voltados à criança, Clarice opta por isentar reflexões sobre os problemas do
ser humanos, privilegiando a fantasia.

IV. Como nas fábulas, nos contos de Clarice Lispector há uma moral da história explícita.

A partir das afirmativas apresentadas anteriormente, podemos dizer que está correto o que se afirma
em:

a) IV, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II, e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
A Literatura de Cecília Meireles para
Crianças

Iniciamos, caro(a) aluno(a), abordando alguns aspectos da vida de Cecília Benevides de


Carvalho Meireles (1901-1964), que foi poetisa, jornalista, professora e pintora. Foi uma das
principais autoras da literatura brasileira, pois publicou cerca de 50 obras. Estreou na
literatura com o livro Espectros. Embora mais conhecida como poetisa, debruçou-se, também,
na escrita de contos e crônicas.

Traçando uma linha do tempo, Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de
novembro de 1901. Perdeu o pai pouco tempo depois de nascimento e a mãe após completar
3 anos de idade, sendo criada por sua avó materna, Jacinta Garcia Benevides. Cursou o
primário na Escola Estácio de Sá e recebeu das mãos de Olavo Bilac uma medalha do ouro,
por ter se destacado ao longo do curso.

No ano de 1917, formou-se professora na Escola Normal do Rio de Janeiro. Além disso,
dedicou-se à música, ao estudo de línguas e exerceu o magistério em escolas oficiais do
estado. Era uma educadora.
Cecília Meireles envolveu-se com a pedagogia moderna, assumindo também uma coluna
diária no jornal Diário de Notícias do Rio de Janeiro, intitulada Comentário. Posteriormente,
dedicou-se também à Página da Educação, no mesmo jornal, entre 1930-1933, comentando
em crônicas sobre a árdua tarefa de produzir literatura infantil, visto que tal estilo requer duas
coisas ímpares: ciência e arte.

Concomitante a isso, especificamente em 1932, assinou o Manifesto dos Pioneiros da Escola


Nova, quadro da renovação educacional do país. Vale comentar que, no ano de 1934, fundou
a primeira biblioteca infantil do Brasil, situada no Centro Cultural Infantil do Pavilhão
Mourisco, em Botafogo, no Rio de Janeiro. No mesmo período, viajou para Portugal e
apresentou nas cidades de Lisboa e Coimbra uma série de conferências que abordaram
aspectos da cultura, literatura e do folclore brasileiro.

Produziu, no período de 1942-1945, uma quantidade significativa de crônicas, as quais foram


publicadas no jornal A Manhã, cujas temáticas giravam em torno da cultura e da educação.
Cecília Meireles envolveu-se muito com a educação e a docência, tanto que ministrou, em Belo
Horizonte, um curso para professores da prefeitura, no ano de 1948. Tal curso resultou na
publicação de Problemas da literatura infantil, no ano de 1952, obra na qual havia um
panorama histórico, feito por Cecília Meireles, que citava autores como La Fontaine, Perrault,
Fénelon, Júlio Verne, Defoë etc. (SILVA, 2013). Assim, ao longo desse período, foram surgindo
inspirações para uma literatura voltada à criança.

A educadora Cecília Meireles preocupava-se com a formação do leitor. Assim, conforme


pontuamos, a ciência requer uma formação profissional, que é a Pedagogia, na missão de
elaborar textos voltados à criança, ou seja, é preciso conhecer o mundo infantil. Além disso,
alguém que tenha o dom de transformar linhas textuais em obra de arte, tendo em vista um
público específico, é imprescindível.

Assim, escrever para crianças requer um artista, visto que é ele que tem a sensibilidade e a
intuição para criar e a capacidade de sugerir a beleza estética e, ao mesmo tempo, estimular a
imaginação. No entanto, a capacidade artística deve estar de “mãos dadas” com a ciência, ou
seja, deve-se conhecer os interesses e os gostos das crianças. Desse modo, o escritor saberá
escolher e distribuir as palavras, as construções textuais e os assuntos, para que possa
escolher, distribuir, graduar e apresentar os assuntos.

Cecília Meireles respaldou-se na concepção de infância da Pedagogia Moderna, cujos


fundamentos filosóficos se encontram em Jean Jacques Rousseau, o qual postula que a
infância só existe seguindo uma ordem natural. É preciso ser criança para ser “homem”, uma
vez que adultos e crianças observam e sentem o mundo de diferentes óticas, sendo que esse
olhar vai se aprimorando, conforme o amadurecimento do ser e a passagem do tempo.

De acordo com a Pedagogia Moderna, o adulto deve conceder proteção e direção à criança, e
esta deve obedecer, visto que é concebida como um ser eticamente amoral, devido à
ingenuidade e à falta de consciência. Assim, há um contrato estabelecido: direcionamento em
troca de obediência.

Com a publicação do livro Criança, meu amor, no ano de 1924, Cecília Meireles deixa claro esse
contrato. Tal livro foi indicado como obra de leitura para as escolas públicas do Distrito
Federal. Nele, constam textos sob o título de Mandamento, os quais apresentam, de modo
acessível, os princípios de Jean-Jacques Rousseau. Por exemplo: “Mandamento II – Devo amar
e respeitar a professora como se fosse minha mãe. [...] Ela deseja ver-me instruído e bom; e
para isso trabalha [...]. A professora é a minha proteção e o meu guia [...]” (MEIRELES, 1977, p.
35).

A Pedagogia Moderna, da qual Cecília Meireles faz parte, postula que a boa educação é aquela
que estimula o amor pelo conhecimento, bem como a sua busca, por meio de métodos. Além
disso, devia-se formar um homem novo, por meio de um humanismo universal, e a literatura
infantil auxilia neste processo.

Um livro de literatura infantil é, antes de mais nada, uma obra literária. Nem se
deveria consentir que as crianças freqüentassem obras insignificantes, para não
perderem tempo e prejudicarem seu gosto. Se considerarmos que muitas
crianças, ainda hoje, têm na infância o melhor tempo disponível da sua vida; que
talvez nunca mais possam ter a liberdade de uma leitura desinteressada,
compreenderemos a importância de bem aproveitar essa oportunidade. Se a
criança, desde cedo fosse posta em contato com obras-primas, é possível que sua
formação se processasse de modo mais perfeito (MEIRELES, 1979, p. 96).

Conforme bem expõe Corrêa (s./d., on-line): “A função da literatura infantil é dar à criança o
acesso ao tempo da tradição, formando um humanismo básico e apontando para a direção
do homem de compreensão universal, base da fraternidade”. A literatura infantil, então, deve
trabalhar com o imaginário infantil, dar-lhe prazer espiritual e estético, além de apresentar-lhe
exemplos de moral.

As obras de Cecília Meireles são compostas por poesia e musicalidade, características


essenciais para se trabalhar a ludicidade em sala de aula. Sua obra infantil mais famosa é o
livro Ou isto ou aquilo, publicado em 1964, considerada um clássico da produção poética para
a infância. Trata-se de um livro de poemas, nos quais, por meio dos versos, o leitor toma
ciência de que a vida é feita de escolhas, que podem ser fáceis e difíceis. Para conhecimento
de sua poesia, vejamos um exemplo, a seguir.
Fonte: Meireles (1993, p. 815-816).

Os poemas que compõem a obra Ou isto ou aquilo apresentam uma preocupação da autora
com a forma. Por isso, há ritmo, rimas adequadamente compostas, vocabulário seleto e a
presença de figuras de linguagem. Sua produção poética ultrapassa as fronteiras de espaço e
tempo, deixando um legado rico e significativo para a educação brasileira no que se refere à
educação e à literatura.

Nas palavras de Kikuti (2009, p. 26),

[...] fica claro que escrever para crianças nada tem em haver com simplificações
ou com algo que possa ser considerado como uma literatura que não mereça
prestígio e grande dedicação. Precisa-se, sim, de grandes poetas que, com a
sensibilidade que lhes é característica, escrevam para crianças, pois, por meio de
sua sensibilidade e de seu trabalho, conseguem captar a alma infantil.
Vale mencionar que a autora se dedicou a estudar o folclore. No período de 1920 até 1960,
aventurou-se em outros países, debruçou-se na escrita de crônicas e foi reconhecida pela
Academia de Letras, além de estar presente no rol dos grandes poetas do século XX. Nesse
intervalo de tempo, publicou obras voltadas à criança, como Giroflê, Giroflá e A festa das letras.
Após sua morte, foram publicadas as obras Olhinhos de Gato, Os pescadores e suas filhas e O
menino azul, apenas para citar alguns exemplos.

Cecília Meireles foi uma artista multifacetada, uma vez que articulou o literário ao pedagógico,
considerando o leitor e tendo em vista proporcionar uma apreciação estética concomitante à
experiência da imaginação e da ludicidade. Com isso, sua obra reforça que leitura e a
imaginação não devem perder o caráter educativo e devem estar presentes no trabalho
docente, em especial na educação infantil da contemporaneidade.
atividade
Atividade
Leia o seguinte trecho:

“Cecília Meireles debateu inúmeros assuntos relacionados à educação e à literatura em jornais e


conferências. Escreveu poemas e livros para crianças e livros didáticos adotados em escolas. Sua
atuação de educadora e escritora, envolvida com questões da infância, foi importante no
desenvolvimento da literatura infantil brasileira e nas discussões acerca da educação da criança”.

MELLO, C. S.; MACHADO, M. C. G. As contribuições de Cecília Meireles para a leitura e a literatura


infantil. Rev. Anu. Lit. da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, v. 13, n. 2, 2008, p.
2.

Considerando o excerto apresentado sobre a vida e a trajetória de Cecília Meireles enquanto


escritora e educadora, analise as afirmativas a seguir:

I. Cecília Meireles, ao longo de sua carreira profissional, preocupou-se com a formação do leitor e
com a leitura de qualidade.

II. A primeira biblioteca de literatura infantil foi implantada em decorrência de ações de Cecília
Meireles.

III. O escritor de literatura infantil, segundo Cecília Meireles, deveria dominar duas áreas: a ciência e a
arte.

IV. Cecília Meireles preocupava-se com a formação da criança na infância e pregava isso.

A partir das afirmativas apresentadas anteriormente, pode-se dizer que está correto o que se afirma
em:

a) I, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II, e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
in dica ções
Material Complementar

LIVRO

Reinações de Monteiro Lobato


Marisa Lajolo e Lilia Moritz
Editora: Companhia das Letrinhas
ISBN: 857-40-6857-8
Comentário: Trata-se de uma biografia completa de Monteiro
Lobato destinada às crianças, cujo narrador é o próprio Monteiro
Lobato, que conta ao seu pequeno leitor como a obra Sítio do
Picapau Amarelo, suas personagens e suas histórias foram criadas.
FILME

Panorama com Clarice Lispector


Ano: 2012
Comentário: Pela TV Futura, o jornalista Júlio Lerner realiza uma
entrevista com Clarice Lispector, um pouco antes da morte da
escritora. Na entrevista, Clarice Lispector aborda o fazer poético e
discute literatura.

TRAILER
con clusã o
Conclusão

Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade e de uma viagem pela história e os
desdobramentos da literatura infantil. Juntos, conhecemos um pouco da vida e da dedicação
literária de três autores muito importantes para o desenvolvimento da literatura feita para
crianças: Monteiro Lobato, Clarice Lispector e Cecília Meireles.

Verificamos e compreendemos, ao longo destas páginas, os caminhos tomados por esses


autores para a criação de uma literatura, a seus modos, para crianças. Vimos que Monteiro
Lobato buscou inspiração nos clássicos, por meio do realismo mágico, e criou um lugar onde
tudo era possível acontecer: a obra Sítio do Picapau Amarelo, estando à frente do seu tempo.

Já Clarice Lispector, seguindo uma vertente mais existencialista, aborda os sentimentos


humanos, utilizando simplicidade nas palavras, a fim de atingir seu público-alvo, que são as
crianças, por meio de diálogos, tendo em vista alcançar as necessidades afetivas e emotivas
de seus pequenos leitores.

Por fim, conhecemos a trajetória de Cecília Meireles, que, além de poetisa, atuou como
educadora. Verificamos que foi uma autora preocupada com a formação do leitor e com os
rumos da educação, tanto que participou do Manifesto Escolanovista. Além disso, questionava
a questão da literatura feita para crianças. Desse modo, debruçou-se na criação de obras
voltadas ao universo infantil, com uma linguagem e temas pertinentes à criança.

Espero, caro(a) aluno(a), que a viagem pelo trajetória da literatura infantil brasileira tenha sido
proveitosa.

Até mais!

referên cias
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