O conto de Lygia Fagundes Telles descreve o encontro entre Raquel e Ricardo em um cemitério abandonado para ver o pôr do sol. Raquel repreende Ricardo pelo local estranho e deprimente. À medida que Ricardo insiste em levá-la mais fundo no cemitério, o medo de Raquel cresce. Eventualmente, Raquel cai numa armadilha no local que tanto queria deixar.
Descrição original:
Título original
Leitura analítica do conto _Venha ver o pôr do sol_ - Leandra Vieira dos Santos Diamor - turma 2000 (1)
O conto de Lygia Fagundes Telles descreve o encontro entre Raquel e Ricardo em um cemitério abandonado para ver o pôr do sol. Raquel repreende Ricardo pelo local estranho e deprimente. À medida que Ricardo insiste em levá-la mais fundo no cemitério, o medo de Raquel cresce. Eventualmente, Raquel cai numa armadilha no local que tanto queria deixar.
O conto de Lygia Fagundes Telles descreve o encontro entre Raquel e Ricardo em um cemitério abandonado para ver o pôr do sol. Raquel repreende Ricardo pelo local estranho e deprimente. À medida que Ricardo insiste em levá-la mais fundo no cemitério, o medo de Raquel cresce. Eventualmente, Raquel cai numa armadilha no local que tanto queria deixar.
O conto de Lygia Fagundes Telles, “Venha ver o pôr do sol”, é capaz de
despertar no leitor uma específica atmosfera apenas com o título. Parece um convite gentil, bonito e até romântico, o que dá o passo inicial para a narrativa. Ao iniciarmos a leitura, conhecemos os dois protagonistas, Raquel e Ricardo, que compartilham intimidade antiga, encontrando um ao outro para um encontro. É também neste ponto, o início, que é possível determinarmos o espaço que a história da autora toma vida. Raquel, uma jovem elegante, logo repreende Ricardo, um rapaz de cabelos e modos desalinhados, ao encontrá-lo no local marcado. O espaço geográfico é bem determinado pela autora, caminham pela lama da rua sem calçamento, passando por terrenos baldios e crianças brincando até chegar em um cemitério abandonado, um cenário que nada satisfaz e sequer convém com o gênio da mulher. “- Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo - acrescentou apontando as crianças na sua ciranda.” Assim Ricardo descreve o espaço para Raquel, enquanto ambos demonstram ao leitor que a intimidade de ambos é antiga. É essa intimidade facilmente perceptível que dá início ao ambiente da narrativa. A aproximação do rapaz, junto de palavras de um passado que ele compartilha com a moça, cria uma atmosfera peculiar. O personagem Ricardo é ambíguo, suas feições e gestos mudam rapidamente, enquanto Raquel, repreendendo-o o tempo todo, começa a ser arrastada para ver o pôr do sol. Lygia utiliza esse ambiente, essa atmosfera ambígua e misteriosa, para desenvolver um medo crescente na personagem que é levada para o interior do cemitério. “Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos, medalhões de retratos esmaltados. - É imenso, hein? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, que deprimente - exclamou ela, atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada. - Vamos embora, Ricardo, chega.” A narrativa torna-se cada vez mais sombria, à medida que o homem insistente leva a mulher para onde ele deseja ir, enquanto descreve o pavor crescente e conduz o leitor para o inevitável fim. A escritora utiliza a ambientação franca, descrevendo o ambiente que se mescla ao espaço, sem que o narrador participe dos eventos. Espaço e ambiente juntam-se, complementando-se. Mesmo com o pavor crescente que sentia, Raquel se deixa levar pela insistência e íntima conversa e cai numa armadilha, sendo presa no cenário que tanto pediu para deixar. Lygia Fagundes Telles consegue harmonizar os operadores da narrativa de maneira suave e sombria.