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TÉCNICO EM

MINERAÇÃO
MÓDULO II

Petrografia
PETROGRAFIA
Ficha Técnica

Elabroração - José Maia Cardoso


Capa / Diagramação - Gabriel Araújo Galvão
Diretor Pedagógico - Edilvo de Sousa Santos
Índice
Introdução.........................................................................................................05
Constituição da Terra.....................................................................................09
Rochas.................................................................................................................17
Magmatismo.....................................................................................................06
Magmatismo.....................................................................................................06
Metamorfismo..................................................................................................09
Processo Sedimentar de Gênese...............................................................12
Técnico em Mineração - Petrografia

PROFUN- NOME CONSTITUIÇÃO DENSI- TEMPERA-


1. Introdução DIDADE DADE TURA
(KM)
15 a 25 Crosta Su- Sedimentos, 2,7 600° C
A crosta terrestre é constituída essencialmente perior Granitos
de rochas. São elas, juntamente com os fósseis, os ele- (SIAL)
mentos que o geólogo usa para decifrar os fenômenos 500 a 100 Crosta In- Basaltos 2,9
ferior
geológicos atuais e do passado.
A Petrografia é a parte da Geologia que trata do (SIMA)
1200 Manto Peridotitos 3,3 3.400° C
estudo sistemático das rochas. Os fenômenos petrográ-
ficos ocorrem na litosfera, de maneira que a Petrografia (Semelhantes
aos Assideritos
e a Geologia são ciências intimamente ligadas. As rochas 2900 Camada Sulfetos e Óxi- 4,7 4.000° C
são formadas predominantemente de espécies minerais. dos
Interme-
Por isso dizemos que a Mineralogia é a base indispensá- diária (Semelhantes
vel da Petrografia. a certos Meteo-
ritos)
6370 Núcleo Ferro Metálico 12,2 4.000° C
2. Constituição da Terra com Níquel (Se-
(NIFE) melhante aos
Sideritos)

A terra tem forma aproximadamente esférica METEORITOS: São corpos metálicos ou rochosos
(diâmetro equatorial igual a 12.712 km e diâmetro polar caídos na superfície terrestre, vindos dos espaços inter-
igual a 12.355 km). Mas, de todo o planeta, a parte ac- planetários. Há constante penetração de material cósmi-
cessível à observação direta é muitíssimo restrita. A pro- co na atmosfera terrestre.
fundidade alcançada por minas, túneis ou perfurações é São corpos pequenos que atingem a camada at-
muito pequena, comparada ao raio terrestre. Exemplos mosférica com alta velocidade. Se os corpos são maiores
de grandes profundidades são a MINA DE MORRO VE- recebem o nome de meteoritos. Existem meteoritos de
LHO (2.500 m) ou 3872 m em sondagem na ILHA DE MA- até 90 toneladas. No MUSEU NACIONAL, o maior deles
RAJÓ. Dessa forma, o conhecimento atual da constituição é o chamado Bendengó, encontrado junto ao riacho de
da terra é resultante da aplicação de métodos indiretos, mesmo nome, na Bahia. Pesa 5360 kg, possui densidade
geofísicos ou astrofísicos. Assim, o estudo da gravidade, 7,7 e compõe-se de 95% de ferro e 4% de níquel. Não
da densidade das rochas, da variação da temperatura e existe resposta definida quanto à origem dos meteori-
pressão com a profundidade, observações sismológicas e tos.
análises de METEORITOS (como amostras de outros pla- Há duas classes de meteoritos: sideritos ou me-
netas) permitiram chegar a um razoável conhecimento da teoritos metálicos, com cerca de 8% de Ni e assideritos
constituição interior do globo terrestre. ou meteoritos rochosos.
A terra é constituída de várias camadas, com
composições definidas. Além da atmosfera, constituída 3. Rochas
de gases e da hidrosfera, constituída de água, reconhece-
-se uma parte mais externa, denominada CROSTA TER-
3.1. DEFINIÇÃO
RESTRE ou LITOSFERA. Distinguem-se, na litosfera, duas
camadas: a crosta superior que é constituída, na sua
Rocha é um agregado natural formado de um ou
maior parte, de silicatos de alumínio, donde seu nome
mais minerais (inclusive vidro e matéria orgânica), cons-
SIAL, tendo 15 a 25 km de profundidade. Na crosta in-
tituinte essencial da crosta terrestre. Não é necessaria-
ferior, ou SIMA, predominam silicatos de magnésio, com
mente formada de material consolidado, uma vez que
espessura de 25 a 75 km. Abaixo da crosta, começam as
areias e argilas são exemplos de rocha, mas é necessá-
camadas mais espessas. As suas espessuras e composi-
rio que exista certa constância de composição química e
ções são motivos de muitas controvérsias entre os auto-
mineralógica para que uma associação seja reconhecida
res. O quadro seguinte resume a constituição mais aceita
como um determinado tipo de rocha.
do planeta, com suas densidades e temperaturas.

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3.2. DIVISÃO ROCHAS SEDIMENTARES

As rochas formam-se na crosta terrestre por diferen- São rochas formadas a partir de material resultante
tes processos e, de acordo com sua origem, são divididas em da destruição de qualquer tipo de rocha, material este que
três grandes grupos, cada um apresentando características pode ser transportado e posteriormente depositado em am-
próprias, resultantes de seu modo de formação. bientes de sedimentação. A destruição das rochas inclui a
a) Rochas magmáticas ou ígneas ou eruptivas. decomposição química ou física e a acumulação do material
b) Rochas metamórficas. resultante é feita pela ação de rios, ventos ou geleiras. As ro-
c) Rochas sedimentares. chas sedimentares possuem as seguintes características:
a) São rochas de baixa dureza e pouco compac-
ROCHAS MAGMÁTICAS: tas, quando comparadas com as magmáticas.
b) Podem apresentar grandes quantidades de
Como o próprio nome indica, são as rochas for- matéria orgânica e fósseis muito bem preservados, prin-
madas pelo resfriamento e conseqüente consolidação do cipalmente nas rochas calcárias.
MAGMA, no interior ou na superfície da crosta terrestre. c) Presença de minerais típicos como calcita, do-
MAGMA é uma solução constituída, na sua maior par- lomita, minerais de argilas, etc.
te, de uma fusão de silicatos que, quando resfriada, dá origem d) Pequena quantidade de feldspatos e grande
aos diferentes minerais formadores das rochas. As magmáticas quantidade de quartzo detrítico.
são as únicas rochas originadas diretamente do magma. e) Apresentam estratificação, isto é, as partículas
Como características principais podem ser cita- constituintes situam-se em camadas que se distinguem
das as seguintes: entre si por diferenças de espessura, cor, dimensão dos
a) Dureza alta, sendo rochas compactas. grânulos, composição mineralógica, etc.
b) Total ausência de fósseis ou matéria orgânica, f) podem apresentar estrutura fragmentária (detríti-
devido à alta temperatura do magma. ca), constituída de grânulos arredondados e selecionados.
c) Ausência de estratificação.
d) Apresentam minerais típicos como nefelina, 4. Magmatismo
cromita, leucita, tridimita, etc. Geralmente têm alto teor
de feldspatos.
e) Matéria vítrea pode fazer parte de sua compo- 4.1. DEFINIÇÃO
sição (obsidiana).
f ) Apresentam estruturas típicas como granitói- As rochas magmáticas são formadas pelo resfria-
de, pofirítica, pegmatítica, etc. mento do magma. O magma é material em estado de fu-
são, formado por uma solução de silicatos, contendo ainda
ROCHAS METAMÓRFICAS água, sulfetos, óxidos, etc. Apresenta diversas fases. A fase
líquida é formada por uma solução de silicatos onde pre-
Originam-se de rochas pré-existentes, devido a
domina o SiO2; a fase gasosa é constituída principalmente
mudanças porque passam motivadas por altas pressões
por água e quantidades menores de outros gases; a fase
e temperaturas. A este processo de mudanças dá-se o
sólida é formada por cristais em suspensão. À medida que
nome de METAMORFISMO. As rochas metamórficas po-
o magma se resfria, a quantidade da fase sólida aumenta e
dem ser reconhecidas pelos seguintes caracteres:
diminui a quantidade da fase líquida. Um magma sem fase
a) Rochas duras e compactas, exceto xistos e
líquida e gasosa passa a ser uma rocha magmática.
mármores.
b) Apresentam minerais característicos de meta-
morfismo (talco, grafita, cianita, etc). 4.2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO MAGMA
c) Podem exibir fósseis fraturados e retorcidos,
devido à pressão elevada. Compreende duas partes:
d) Os cristais alongados (como os de turmalina) a) Constituintes não voláteis
apresentam-se paralelos uns aos outros. O número de constituintes não voláteis impor-
e) Estruturas típicas como gnáissica, xistosa, etc. tantes é pequeno, predominando SiO2, contendo ainda

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TiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, K2O. Deve ser destacado o composição química, temperatura e pressão do magma.
papel do SiO2, não só pela sua importância na formação Primeiramente cristalizam-se os minerais que
de silicatos, como também porque influi na viscosidade e formam a massa rochosa propriamente dita. Os pri-
da acidez do magma. Magmas com teores de SiO2 supe- meiros minerais a se formarem são os considerados
riores a 65% são chamados magmas ácidos; com teores acessórios, que ocorrem em pequena quantidade
entre 65 e 52%, magmas neutros e com teores inferio- e não interferem na classificação das rochas, como
res a 52%, magmas básicos. As rochas originadas desses zirconita, apatita, monazita, ilmenita, etc. A seguir
magmas são também chamadas ácidas, neutras e bási- cristaliza-se a maior parte dos silicatos. Nesta fase, os
cas, respectivamente. constituintes voláteis não interferem, a não ser para
manter a fluidez do magma. Numa segunda fase (cha-
b) Constituintes voláteis mada pegmatítica) os gases aumentam, passando a
Os constituintes voláteis não interferem no iní- ter ação predominante e devido às altas temperatu-
cio do processo de solidificação do magma. Sua ação é ras e pressões os gases têm sua ação dissolvente au-
bastante acentuada no final do processo, na formação de mentada, provocando sua percolação nas rochas en-
minerais, tais como turmalina, topázio, berilo, etc. Esses caixantes, acarretando a formação de novos minerais,
minerais somente se formam em presença de elementos como turmalina, topázio, etc. Num terceiro estágio
voláteis. Os elementos voláteis principais são H2O, CO2, (chamado hidrotermal) após a ação dos voláteis, res-
CO, SO2, SO, S2, N2, HCl, H2S, HF, etc. tam ao magma soluções residuais contendo água, síli-
ca e grande número de elementos metálicos que vão
4.3. TEMPERATURA DO MAGMA se depositando ou reagindo com as rochas presentes,
dando origem às jazidas minerais de cobre, ouro, zin-
Através de experiência de laboratório, onde se co, chumbo, etc. A cristalização do magma pode se dar
provocou a cristalização de diversos minerais, pode-se no interior da crosta e, neste caso, o magma se deno-
admitir que, a grandes profundidades, a temperatura do mina intrusivo ou, então, na superfície e, neste caso,
magma oscila entre 800 e 900°C. Esta temperatura au- denomina-se efusivo. No caso de magma intrusivo o
menta quando o magma chega à superfície da crosta, resfriamento é bastante demorado, o que provoca ro-
atingindo 1000 a 1200°C, devido à ocorrência de reações chas bem cristalizadas onde o material vítreo não se
exotérmicas entre os gases constituintes do magma. faz presente. São as rochas intrusivas ou plutônicas,
das quais o granito é um exemplo. No caso de mag-
ma efusivo, o resfriamento é bastante rápido, graças
4.4. VISCOSIDADE DO MAGMA
às perdas de calor para a atmosfera, o que impede
uma perfeita cristalização da rocha. Estas rochas são
A viscosidade depende essencialmente da tem- chamadas efusivas ou vulcânicas. Nelas é frequente
peratura e da composição química do magma. Ela é fator a presença de matéria vítrea, como a obsidiana, os
importante na cristalização de minerais, pois afeta a mo- riólitos e os traquitos. O número de rochas existente
bilidade das partículas, impedindo ou facilitando o cresci- na natureza, tanto plutônicas como vulcânicas é gran-
mento dos cristais. de, mostrando a existência de magmas de composi-
Magmas ácidos (ricos em SiO2) são mais viscosos ção química diferentes. A seguir temos exemplos de
que magmas básicos (pobres em SiO2). rochas magmáticas intrusivas e efusivas:

4.5. RESFRIAMENTO DO MAGMA ROCHAS MAGMÁTICAS INTRUSIVAS


a) com feldspato → granito, sienito, diorito, gabro, anor-
O resfriamento e consequente solidificação do tosito.
magma dependem de sua composição química, teor em b) sem feldspato → peridotito, piroxenito, hornblendito
constituintes voláteis, da localização na crosta terrestre,
da viscosidade, etc. ROCHAS MAGMÁTICAS EFUSIVAS
Na consolidação do magma os minerais se for- Riólitos, traquitos, fonólitos, dacitos, andesitos,
mam obedecendo a uma ordem determinada pelos prin- basaltos.
cípios de solubilidade do mineral que são ditados pela

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4.6. JAZIMENTO f) Perlítica: caracterizada pela presença de pe-


quenos corpos vítreos, arredondados ou globulares, dis-
O jazimento no interior da crosta, isto é, as ins- tribuídos dentro de uma massa vítrea.
trusões magmáticas podem ser de duas formas: g) Vacuolar ou vesicular: quando a rocha apre-
a) Formas concordantes (sill, lacólito, lopólito e senta um grande número de pequenas cavidades (vacúo-
facólito). los ou vesículas) ou bolhas. É típica de rochas porosas.
b) Formas discordantes (diques, necks, batólitos). h) Fluidal: estrutura que mostram linhas de fluxo,
de escorrimento.
4.7. COR DAS ROCHAS MAGMÁTICAS i) Orbicular: estrutura com presença de orbículos
(formações arredondadas).
j) Pegmatítica ou gráfica ou cuneiforme: estrutu-
A cor das rochas magmáticas é função de sua
ra cujos constituintes encontram-se imbricados, em for-
composição mineralógica.
ma de cunha.
As cores escuras são devidas à presença de mine-
rais ferro-magnesianos, como biotita, augita, hornblenda,
4.10. DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS ROCHAS MAGMÁTICAS
etc. As cores claras indicam ausência ou pequenas quan-
tidades daqueles minerais e presença de minerais incolo-
res. a) GRANITOS

4.8. GRANULAÇÃO Os granitos são as rochas mais importantes en-


Denomina-se granulação o tamanho apresenta- tre as intrusivas, correspondendo a 95% delas e a 38%
do pelos constituintes de uma rocha. De acordo com sua de toda a litosfera. São holocristalinas, de estrutura gra-
granulação, as rochas podem ser denominadas: nular, constituídas essencialmente de feldspatos e quart-
a) Afanítica: rochas de granulação muito fina, zo. Possuem alto teor de sílica, representando as rochas
onde os constituintes são invisíveis a olho nu, geralmente mais ácidas de todas as intrusivas. No Brasil, ocorrem
menores que 0,5mm. na Serra do Mar, Serra da Mantiqueira. O emprego do
b) Faneríticas: rochas cujos constituintes são visí- granito é bastante amplo, como material de construção
veis a olho nu, geralmente maiores que 0,5mm. e de pavimentação. Como minerais acessórios nos gra-
nitos podemos encontrar magnetita, turmalina, berilo,
topázio, zirconita, apatita, micas (biotita, moscovita), etc.
4.9. ESTRUTURA
Os granitos são geralmente rochas claras. As colorações
mais comuns são cinza-claro, rosa, amarelada.
Estrutura é a distribuição, ou arranjo, apresen-
Os granitos são rochas muito resistentes, que se
tada pelos constituintes de uma rocha.. Alguns autores
alteram e desintegram com lentidão, quando expostas à
preferem empregar o termo TEXTURA. A seguir, temos
ação dos agentes de intemperismo. As variedades do gra-
alguns tipos de estruturas:
nito são:
a) Granular: é o tipo mais comum das intrusivas.
a) Pegmatítico: granito de estrutura pegmatítica
Quando os grânulos minerais são bem evidentes.
b) Granito pórfiro: apresenta fenocristais de fel-
b) Granitóide: quando os grânulos da rocha tive-
dspatos ou, mais raramente, de quartzo.
rem mais ou menos o mesmo tamanho. Comum nos gra-
c) Aplito: granito de granulação muito fina, afaní-
nitos e também em outras rochas.
tica.
c) Compacta: quando os constituintes forem mui-
to pequenos, não permitindo sua determinação macros-
b) BASALTOS
cópica. Estrutura própria das rochas afaníticas.
d) Porfirítica: caracterizada pela presença de fe-
Os basaltos são as rochas mais abundantes den-
nocristais bem desenvolvidos em contraste com uma
tre as efusivas. Correspondem a 45% da crosta terrestre
base vítrea, afanítica ou fanerítica.
e a 95% das efusivas. São rochas de grande importância,
e) Vítrea: quando a rocha apresenta toda a sua
tanto pela quantidade como pelos seus produtos de de-
superfície completamente lisa. Estrutura típica da obsi-
composição, os quais podem resultar em solos férteis
diana.
como, por exemplo, a conhecida “terra roxa”. É uma ro-

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cha muito utilizada como material de construção e pa- f) GABRO


vimentação. São encontradas principalmente no Sul do
Brasil, onde cobrem uma área de aproximadamente um Cor preta ou verde-escura, textura equigranular.
milhão de quilômetros quadrados. Os basaltos são rochas Compõe-se essencialmente de piroxênio e de plagioclásio
pobres em sílica, portanto são rochas básicas, formadas cálcico. Pode ocorrer às vezes a olivina ou anfibólio. Fácil
pela cristalização de magmas poucos viscosos. Daí seus de confundir com diábase, que geralmente possui granu-
derrames nas crostas serem pacíficos, não explosivo. São lação milimétrica e o gabro maior que milimétrica.
rochas compactas e afaníticas, de granulação muito fina.
O basalto é frequentemente escuro, negro, cinza-escuro 4.11. MAGMATISMO NO BRASIL
ou verde enegrecido.
Raramente são encontrados basaltos claros. Embora, atualmente, não ocorram atividades
Os feldspatos são abundantes nos basaltos, e os seus magmáticas no Brasil, no passado tais atividades se mani-
minerais acessórios mais importantes são olivina, festaram em altíssima intensidade, alcançando seu máxi-
magnetita, biotita, etc. A olivina ocorre em grânulos mo há cerca de 180 milhões de anos.
ou cristais. A cor escura dos basaltos é devida à cor de Afloram, no Brasil, as rochas magmáticas mais
seus minerais. Reconhece-se um basalto em decom- antigas conhecidas na superfície da terra. São rochas com
posição pelo aparecimento de uma crosta amarelada, idades de 2 bilhões de anos. Dentro dessas áreas situam-
pardacenta ou avermelhada. O primeiro mineral a -se cadeias de montanhas de grande importância no re-
sofrer decomposição é a olivina, dando origem à ser- levo brasileiro, como a Serra do Mar, a Mantiqueira e as
pentina, magnesita e óxidos de ferro. O intemperis- serras das fronteiras do Brasil com as Guianas e a Vene-
mo continuado remove os carbonatos em solução e zuela.
deixa como produtos residuais de decomposição, uma Há mais ou menos 180 milhões de anos, o Brasil
mistura final de quartzo, óxidos de ferro e material foi palco das maiores atividades vulcânicas conhecidas no
argiloso, que irá fazer parte do solo formado. A varie- mundo, atingindo todo o sul do país, na Bacia do Paraná,
dade mais importante do basalto é o diábase, devido Triângulo Mineiro, Rio Grande do Sul. Também no nor-
à frequência com que é encontrada. O diábase apre- deste brasileiro houve derrame basáltico, dando origem
senta uma estrutura ofítica (estrutura em forma de a basaltos de olivina, que afloram em vários locais. São
ripas dispostas irregularmente). Esta estrutura ofítica basaltos com fenocristais de olivina e elevado teor de ti-
e típica de diábase. O basalto de olivina é uma varie- tânio e ferro. As últimas atividades vulcânicas no Brasil,
dade de basalto onde a olivina pode ser reconhecida ocorridas entre 1 e 50 milhões de anos, foram responsá-
macroscopicamente. veis pela formação de diversas ilhas do Atlântico, como
Fernando de Noronha, Trindade, Abrolhos, etc.
c) PERIDOTITO
5. Metamorfismo
É uma rocha constituída essencialmente de oli-
vina, contendo freqüentemente magnetita. Tem textura
granular e cor preta, às vezes esverdeada. 5.1. DEFINIÇÃO

d) SIENITO As rochas da litosfera, uma vez formadas, não


permanecem como corpos estáveis. Ao contrário, es-
Cor de cinza até branco, podendo mostrar tons tão submetidas a constantes modificações causadas por
azulados. Predomina o feldspato alcalino, contendo ainda agentes diversos. Portanto, as rochas estão submetidas
biotita, anfibólio ou piroxênio. Pode conter nefelina. Sua à evolução, isto é, podem ser transformadas em outras
granulação está entre milimétrica e centimétrica. rochas. A parte da Petrografia que estuda essas transfor-
mações constitui o metamorfismo.
e) ANDESITO Metamorfismo é um conjunto de fenômenos de
que participam calor, pressão, vapor d´água e ação quí-
Cinza-escuro ou verde-escuro. Ocorrem fenocris- mica de soluções, capaz de transformar uma rocha pré-
tais de feldspatos e anfibólio ou piroxênio. -existente em outra, mediante modificações estruturais

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ou mineralógicas. Se, por exemplo, uma rocha formada Outros minerais resultantes do metamorfismo
sob condições normais de temperatura e pressão é sub- regional são: talco, clorita, sericita, turmalina, etc.
metida a altas temperaturas ou pressões, ocorrem rea-
ções entre os minerais pré-existentes e a rocha sofre uma 5.4. METASSOMATISMO
recristalização, com a formação de minerais novos. Se o
processo é tal que a transformação é estrutural e minera- Nos processos metamórficos ocorrem transformações es-
lógica, mantida constante a composição química global, truturais e mineralógicos nas rochas pré-existentes, mas
diz-se que houve metamorfismo, a rocha formada é me- o fenômeno se realiza sem que haja alteração na com-
tamórfica e os novos minerais são minerais metamórfi- posição química global. É muito difícil, porém, sistemas
cos. É importante observar que o processo metamórfico fechados na natureza. Frequentemente ocorrem também
se faz em rochas sólidas, não havendo fase líquida, como modificações na composição química. Sempre que isto
ocorre no magmatismo. Em princípio, qualquer rocha da ocorre, tem-se o processo chamado metassomatismo.
litosfera pode sofrer metamorfismo, mas é nas sedimen-
tares que seu efeito se torna mais evidente. 5.5 ESTRUTURAS DAS ROCHAS METAMÓRFICAS

5.2. METAMORFISMO DE CONTATO a) Xistosa: sob a ação do stress, formam-se ca-


madas ou leitos, distribuídos segundo faixas de mesma
Ocorre no contato entre corpos magmáticos e orientação, que se formam quando há predominância de
rochas encaixantes, geralmente sedimentares. Há uma minerais laminares, prismáticos ou tabulares e de cliva-
acentuada ação do calor do magma sobre o sedimento gem muito fácil, como micas, talco, clorita e anfibólios.
e o sedimento é transformado, recristalizando-se e for- Essa distribuição paralela dá lugar a uma estrutura folia-
mando novos minerais. Por exemplo, se a rocha encai- da ou laminada, chamada xistosidade, que caracteriza a
xante for de natureza calcária, o calor elevado provoca a estrutura xistosa.
reação entre calcita e sílica, produzindo um novo mineral, b) Granular ou granoblástica: ocorre quando a
wollastonita, com desprendimento de CO2. rocha é constituída predominantemente de minerais sem
desenvolvimento preferencial (equidimensionais), como
CaCO3 + SiO2 CaSiO3 + CO2 quartzo, feldspatos e calcita. É estrutura típica de már-
(calcita) (sílica) (wollastonita) mores e quartzitos.
c) Gnáissica: é uma estrutura mista, composta de
Se o calcário contém Mg (calcário dolomítico), há estrutura xistosa e granular, dispostas em faixas alterna-
formação de diopsídio, pela reação entre dolomita e sílica. das que diferem em composição mineralógica. A rocha
tende a se quebrar com maior facilidade segundo as dire-
CaMg (CO3)2 + 2 SiO2 CaMg (SiO3)2 + 2 CO2 ções xistosas. É estrutura característica dos gnaisses.
(dolomita) (sílica) (diopsídio)
5.6. PRINCIPAIS ROCHAS METAMÓRFICAS
5.3.METAMORFISMO REGIONAL OU DINAMOMETA-
MORFISMO a) QUARTZITOS:

A amplitude do metamorfismo regional é muito São rochas metamórficas constituídas essencial-


maior que o metamorfismo de contato, afetando grandes mente de quartzo, derivadas principalmente de rochas
regiões da litosfera. Esse tipo de metamorfismo age nas sedimentares arenosas (arenitos). Em função da inten-
bacias oceânicas, sobre sedimentos depositados ao longo sidade do metamorfismo, ocorrem todas as transições
de milhões de anos. As rochas resultantes do metamor- entre quartzitos e arenitos. Além do quartzo, outros mi-
fismo regional são encontradas nas regiões de grandes nerais podem ocorrer, como pirita, óxidos de ferro, fel-
dobramentos da crosta. Como exemplo, tem-se a forma- dspatos, cianita, granada, etc; mas sempre com caráter
ção de granada, a partir de anortita, calcita e sílica. acessório. Os grânulos de quartzo são cimentados por
sílica, donde a alta dureza, compacidade e resistência dos
CaAl2Si2O8 + 2 CaCO3 + SiO2 Ca3Al2(SiO4)3 + 2 CO2 quartzitos. Isto fornece um critério prático para distinção
(anortita) (calcita) (sílica) (granada) entre quartzitos e arenitos. Nas fraturas de arenitos, o

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cimento rompe-se mas os grânulos de quartzo permane- c) ARDÓSIAS:


cem inalterados, enquanto nos quartzitos a fratura rom-
pe indistintamente grânulos e cimento. São rochas formadas a partir de sedimentos ar-
A cor dos quartzitos é usualmente clara (branca, gilosos e metamorfismo pouco intenso. Constituídas es-
cinza ou amarelada), podendo ser afetada pela presença sencialmente de mica, clorita e quartzo, com grafita, he-
de minerais acessórios, quando em grandes quantidades matita, turmalina, etc, como acessórios.
podendo, então, ser verde, vermelha, azul, preta, etc. Sua granulação é tão fina que impede o reconhe-
Também podem ser manchados ou terem camadas de cimento macroscópico de seus constituintes. São rochas
cores diferentes. Suas variedades podem ser: densas, homogêneas, caracterizadas por uma fissibilida-
a) quanto à estrutura: quartzito xistoso, quartzito de perfeita, que nada mais é que uma xistosidade plana
granular, etc. muito fina e regular. Também se caracteriza por quebra-
b) quanto à composição mineralógica: quartzito rem em grandes placas.
de grafita, quartzito piritoso, quartzito aurífero, etc. Sua cor é cinza ou preta e é fácil de ser riscada.
c) itacolomito ou quartzito flexível: quartzito mi- Possui um aspecto sedoso nos planos.
cáceo e muito comum no Brasil, dotado de flexibilidade,
comumente aurífero. d) GNAISSES:
d) Itabirito: é uma variedade de quartzito que, Os gnaisses são as rochas metamórficas mais
além de quartzo, possui grande quantidade de hematita. abundantes e disseminadas na natureza, constituindo
Este nome foi tirado do pico de Itabira (MG) por W. Von grande parte dos terrenos mais antigos da litosfera, como
Eschwege, em 1822. as rochas do complexo cristalino brasileiro.
Sua composição mineralógica essencial é quart-
b) MÁRMORES: zo, feldspatos e micas, à qual podem se associar muitos
acessórios como grafita, hornblenda, turmalina, granada,
São rochas de estrutura granoblástica, constituí- etc.
das essencialmente de calcita e dolomita, apresentando São rochas formadas pelo metamorfismo re-
outros minerais acessórios, como tremolita, granada, gional. Possuem cor cinza, rósea, até quase preta. Asse-
diopsídio, epídoto, olivina, talco, serpentina, etc. Origi- melha-se muito aos granitos. O emprego dos gnaissess
nam-se pela ação do metamorfismo (regional ou de con- também é semelhante ao dos granitos. As variedades de
tato), sobre sedimentos de calcita ou dolomita (sedimen- gnaisse podem ser quanto a:
to calcários). a) Gênese:
A cor normal dos sedimentos é branca, mas ma- Ortognaisse ( quando derivada do metamorfis-
terial carbonoso e óxidos de ferro, além dos minerais mo de rochas magmáticas. Por exemplo, dos granitos.
acessórios, causam outras cores, como cinza, amarelada, Paragnaisse (quando derivada do metamorfismo
vermelha, rosa, preta. A distribuição de cores é heterogê- de rochas sedimentares)
nea, resultando mármores manchados. As variedades de Metagnaisse ( quando a origem é desconhecida)
mármore são: b) Estrutura:
a) mármores calcíticos, mármores dolomíticos Gnaisse fibroso
b) mármores de biotita, mármores de tremolita Gnaisse granitóide
c) mármores estatuários → são os mais puros e Gnaisse porfiróide
brancos c) Composição mineralógica:
d) mármores de arquitetura → são os de cor Gnaisse de ortoclásio
mais homogênea Biotita-gnaisse
e) mármores ornamentais → são os que se des- Granada-gnaisse
tacam por efeito de cores variadas em manchas. Grafita-gnaisse
f) cipolino → mármore micáceo
Os mármores calcíticos efervescem em HCl a e) MICAXISTOS:
frio e os mármores dolomíticos efervescem em HCl
aquecido. São rochas com estrutura xistosa, constituídas
essencialmente de micas e quartzo, podendo conter

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outros minerais acessórios como feldspatos, turmalina, de agentes atmosféricos e biológicos. A intemperização
grafita, hematita, magnetita, granada, etc. Derivam prin- fornece material para o sedimento. Em resumo, a intem-
cipalmente de rochas sedimentares de granulação fina. perização (ou intemperismo) causa a troca de um estado
Possuem cor prateada, cinzenta ou preta. As micas atri- maciço por um estado clástico (partículas desagregadas
buem à rocha sua xistosidade pronunciada. As variedades de rochas pré-existentes), e conseqüente formação do
dependem da composição mineralógica e podem ser: sedimento. É importante observar que a desintegração
a) Quanto à natureza das micas: Biotitaxisto, física e a decomposição química não são processos iso-
moscovitaxisto,sericitaxisto. lados, ao contrário, ocorrem sempre conjuntamente,
b) Quanto à natureza e teor dos acessórios: mica- um completando a ação do outro. O processo físico de
xisto feldspatizado, micaxisto de granada, de hornblenda, intemperização atua no sentido de reduzir o tamanho
etc. dos minerais, não interferindo na sua composição quí-
OBS: Quando a mica é inteiramente substituída mica, sendo resultado principalmente da ação mecânica
por outros minerais, a ponto de se transformar em mi- da água e da temperatura. A temperatura é o principal
neral acessório, esta substituição dá origem a outras ro- agente da desintegração física. O aquecimento provo-
chas xistosas. Assim, quando o talco é mineral essencial, cado pelo calor solar, seguido de resfriamento noturno,
tem-se talcoxisto; quando é clorita, cloritaxisto, etc. Estas provoca dilatações e contrações sucessivas nos minerais,
rochas apresentam, de modo geral, as mesmas caracte- o que provoca a fadiga desses minerais e seu consequen-
rísticas dos micaxistos. te rompimento, sendo deste modo facilmente desagrega-
dos e reduzidos a pequenos fragmentos. Os coeficientes
6. Processo Sedimentar de Gênese de dilatação térmica dos minerais são diferentes entre si.
As rochas afetadas por este processo tendem a esfoliar-se
tomando a forma arredondada, provocando a formação
dos chamados matacões solares ou matacões de esfolia-
6.1. INTRODUÇÃO
ção. Leinz e Amaral mediram variações de temperatura,
em rochas, no interior da Bahia. Veja abaixo os valores
Apesar de, em volume, as rochas sedimentares
medidos:
representarem apenas 5% da litosfera, em superfície
NATUREZA 17 HORAS 5 HORAS
ocupam 75% da área total. Isto se dá porque as rochas
Temperatura da atmosfera 36ºC 20ºC
sedimentares são de ocorrência superficial, situando-se
Temperatura de rocha preta 63ºC 26ºC
muito raramente a profundidades superiores a 1000 me-
Temperatura de rocha clara 55ºC 23ºC
tros. Uma distinção deve ser feita entre rocha sedimen-
tar e sedimento. Sedimento é um depósito de mineral
O processo químico de intemperização é da
sólido, na superfície da terra, formado por algum meio
maior importância. Causa alterações, muitas vezes sen-
natural (água, vento, geleira), sob condições normais de
síveis, na composição dos minerais. É o processo mai s
temperatura e pressão. Rocha sedimentar é o sedimen-
rápido de destruição de rochas, caracterizado por rea-
to consolidado, endurecido, por um agente cimentante
ções químicas que ocorrem entre os minerais das rochas
qualquer. A rocha sedimentar é formada a partir de qual-
e soluções aquosas diversas e gases da atmosfera e do
quer rocha pré-existente (eruptiva, metamórfica ou outra
interior dos sedimentos. Os principais responsáveis pela
sedimentar). Sua formação tem origem no momento em
decomposição química são a água e CO2, porém, gases
que fragmentos dessas rochas primitivas são desalojados,
atmosféricos (O2) e sais solúveis também dão grande con-
por algum processo de desagregação e passa por quatro
tribuição ao processo químico de intemperização. Os pro-
fases: INTEMPERIZAÇÃO, TRANSPORTE, DEPOSIÇÃO e
cessos de decomposição química podem ser classificados
CONSOLIDAÇÃO (DIAGÊNESE).
de acordo com a natureza da reação química predomi-
nante. Os principais são os seguintes:
A) INTEMPERIZAÇÃO:
a) OXIDAÇÃO: é um dos processos mais comuns
na natureza, atingindo principalmente os minerais ricos
A intemperização resulta de um conjunto de pro-
em Fe++.Assim, os sulfetos são oxidados dando origem a
cessos que, agindo sobre minerais de rochas da superfí-
sulfatos e ácido sulfúrico, como no caso da pirita (FeS2):
cie terrestre, ocasionam sua degradação, graças à ação
2FeS2 + 2H20 + 7O2 → 2FeSO4 + 2H2SO4

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Também a siderita (FeCO3) sofre a ação do O2 por águas de rios, durante um ano.
dando origem à hematita:
4FeCO3 + O2 → 2Fe2O3 + 4CO2 RIO SUSPENSÃO (TON /ANO)
A oxidação de minerais ricos em Fe++ provoca a MISSISSIPI 400 000 000
formação de um camada de cor vermelha ou amarela na AMAZONAS 425 000 000
rocha, que é o primeiro indício de decomposição. SÃO FRANCISCO 9 800 000
b) REDUÇÃO: é menos frequente na na- PARAÍBA 5 500 000
tureza. Ocorre em locais de aeração
eficiente ou em ambientes de putrefação. Neste caso O vento tem menor importância que a água, sen-
pode-se formar sulfetos a partir de sulfatos, pirita a partir do seus efeitos mais sentidos em regiões áridas. Carrega
de Fe2(SO4)3. apenas partículas pequenas (máximo de 5mm), porém a
c) CARBONATAÇÃO: é, provavelmente, o distância pode ser muito grande. Assim é que areias do
processo mais importante de destruição de rochas, uma Saara são transportadas pelo vento até a Inglaterra, a
vez que o CO2 dissolvido na água reage com feldspatos, mais de 3000Km de distância. No mês de março de 1901
resultando argila. o vento depositou cerca de 4 milhões de toneladas de
Feldspato + H2O + CO2 → argila + carbonato + sílica areia do Saara sobre a Europa.
Também outros minerais sofrem o processo de O vento provoca arredondamento da material,
carbonatação, como micas, olivina, etc. que também apresenta superfícies riscadas e foscas. O
d) HIDRATAÇÃO: é a incorporação de transporte feito por geleiras, hoje de pequena importân-
água na rede cristalina do mineral. É o que ocorre na for- cia, é evidenciado por presença de seixos e matacões es-
mação da gipsita a partir da anidrita. triados, resultantes do arrastamento e também pela mis-
CaSO3 + nH20 → CaSO4 + 2H2O tura heterogênea do material.
Do mesmo modo, óxidos de ferro hidratados for-
mam-se a partir de hematita. C) DEPOSIÇÃO:
Fe2O3+ nH2O → Fe2O3 + nH2O
e) HIDRÓLISE: resulta da ação da água sobre mi- O material intemperizado é depositado em al-
nerais, notadamente silicatos. Por exemplo, ortoclásio gum local, que recebe o nome genérico de bacia de se-
originando carbonita. dimentação, das quais o oceano é a principal, recebendo
2AlSi3O8 + 3H2O → Al2(OH)4Si2O5+2KOH + 4SiO2 cerca de 90% do material. Estes depósitos são marcados
A ação de agentes biológicos é de menor impor- pelos meios de transporte e apresentam características
tância e existe quando há interferência de agentes ve- próprias de cada um, objetos de estudo da Geomorfolo-
getais e animais no processo de intemperização, como gia.
raízes, microorganismos, ácidos orgânicos liberados por
plantas e o próprio homem. D) CONSOLIDAÇÃO (DIAGÊNESE)

B) TRANSPORTE: Os depósitos sedimentares são constituídos de


minerais e fragmentos de rochas que, sob ação contínua
A intemperização origina um material solúvel em de agentes geológicos, tendem a sofrer consolidação,
água e um material residual detrítico (restos), que podem transformando-se em rochas sedimentares como, por
ou não permanecer no mesmo local da rocha primitiva. exemplo, a consolidação de areias formando arenitos,
Quando ocorre transporte da fração detrítica, este é ge- de argilas formando folhelhos, etc. O endurecimento e a
ralmente realizado pela água, vento ou geleira, acumu- aglutinação desses minerais e fragmentos pode ser de-
lando o material onde as condições são mais favoráveis. A vidos a vários fatores, tendo maior destaque a ação de
água é o principal agente de transporte, levando material agentes cimentantes depositados durante ou posterior-
em suspensão, como areias e argilas, ou por rolamento mente à formação do sedimento. Estes agentes cimen-
como seixos e matacões. Este meio de transporte carac- tantes são de natureza diversa do material intemperiza-
teriza-se por provocar no material transportado, super- do, no caso de sedimentos detríticos e mesma natureza
fícies polidas e contorno arredondado. O quadro abaixo no caso de sedimentos resultantes de precipitação quí-
permite avaliar a quantidade de m aterial transportado mica ou orgânica como, por exemplo, nos calcários, onde

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os minerais (calcita, dolomita, etc) são cimentados pelo matita e outros.


próprio carbonato. Estes minerais constituem a fração argila dos se-
Algumas características das rochas sedimentares, dimentos, estando praticamente ausentes das frações
como dureza, cor, são consequência do cimento presen- mais grosseiras.
te, que pode ser de diversos tipos. Os mais freqüentes Os dois tipos de minerais predominam nas ro-
são os seguintes: chas sedimentares detríticas, mas quase não resultam
a) sílica: confere cor branca e alta dureza à rocha; de precipitação de sais em solução, sais estes removidos
é geralmente colorido por óxidos de ferro; pela água das rochas intemperizadas. Quando estes sais
b) carbonato: calcítico ou dolomítico, de cor encontram condições, precipitam-se dando origem a no-
branca e facilmente reconhecido pela reação com ácidos, vos minerais, como calcita, dolomita, magnetita, halita e
provocando efervescência; outros.
c) matéria orgânica: de cor escura ( cinza ou pre-
ta); é facilmente destruída por água oxigenada; 6.3. ESTRUTURA DAS ROCHAS SEDIMENTARES
d) óxidos de ferro: conferem cor vermelha ou
amarela á rocha, conforme seu grau de hidratação; Estrutura é o modo de se disporem as partículas
e) argila: endurecida devido à compactação, em um rocha sedimentar. As características estruturais de
pode ser agente cimentante de partículas grosseiras, pro- uma rocha são dadas por 3 componentes, que nem sem-
voca odor de barro molhado, sendo de cor branca, mas pre aparecem associados: partículas ou grânulos, que
geralmente colorida por óxidos de ferro. são os componentes maiores; matriz, de material mais
É importante observar que a diagênese é um pro- fino, que preenche os interstícios entre as partículas; ci-
cesso superficial de endurecimento de sedimentos, reali- mento, material coloidal, que liga partículas e matriz.
zado em condições normais de temperatura e pressão. Partículas e matriz formam uma associação rela-
tiva. Assim, grânulos de areia constituem partículas em
6.2. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA DAS ROCHAS SEDI- matriz de argila, da mesma forma que seixos são partícu-
MENTERES las em matriz de areia.
São observadas as seguintes estruturas:
Do intemperismo resulta um material solúvel, re- a) Estrutura detrítica ou clástica ou fragmentária:
movido por água e um material constituído de minerais como o nome indica, é própria de rochas detríticas, sen-
que resistiram ao intemperismo e minerais que se for- do caracterizada pela presença de partículas irregulares,
maram em consequência do intemperismo. O material fraturadas, arredondadas, existindo pequeno contato en-
que resistiu ao intemperismo é constituído de minerais tre eles.
considerados indecomponíveis, como quartzo, turmali- b) Estrutra cristalina: própria de sedimentos de
na, zirconita,topázio, granada, corindon, monazita, rutilo, precipitação, caracteriza-se pelo maior contato entre os
ilmenita e outros menos frequentes. grãos, muitos dos quais podem apresentar faces de cris-
Constitui a fração areia dos sedimentos detríti- tal.
cos, embora possam aparecer em outras frações e seu Não está excluída a possibilidade de ocorrência
estudo é de grande importância na determinação da gê- de cristais na estrutura detrítica ou de material detrítico
nese e evolução dos sedimentos. Estes minerais não so- na estrutura cristalina. Tanto um como outro ocorre com
frem influência de agentes químicos de intemperização, frequência. As duas estruturas podem ocorrer simultane-
sendo afetados apenas por processos físicos, como fra- amente numa rocha.
tura, abrasão, etc, que atuam no sentido de diminuir seu A forma das partículas é definida através de dois
tamanho. parâmetros: esfericidade e arredondamento, determi-
Em consequência do intemperismo, minerais nados macroscopicamente nas frações maiores dos se-
considerados decomponíveis ( feldspatos, feldspatóides, dimentos (matacões, seixos, cascalhos). A forma não é,
biotita, olivina e outros) tendem a desaparecer dos se- em geral, caracterizada em grânulos das frações siltes e
dimentos, dando origem a minerais secundários, que argilas. Esfericidade de um grânulo é seu grau de aproxi-
se formam através de reações químicas entre aqueles mação com a forma esférica. O arredondamento mostra
minerais primitivos e agentes externos. Desta maneira a maior ou menor angularidade das arestas e vértices de
originam-se as argilas, serpentina, clorita, moscovita, he- um grânulo.

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6.4. CLASSIFICAÇÃO DE ROCHAS SEDIMENTARES A cor da areia é conseqüência dos minerais pre-
sentes e de impurezas que possam ocorrer. Areia pura,
A) SEDIMENTOS DETRÍTIICOS NÃO CONSOLIDA- contendo quase só quartzo é branca; óxidos de ferro co-
DOS lorem-na de amarelo; areias pretas são ricas em ilmenita
• AREIAS e magnetita; coloração dourada é devida à presença de
• ARGILAS micas (moscovita, flogopita) ou de pirita. Argilas, quan-
do associadas à areia, conferem a esta coloração cinza, o
B) SEDIMENTOS DETRÍTICOS CONSOLIDADOS mesmo acontecendo com matéria orgânica.
• RUDÁCEOS As variedades de areia são designadas pelo mine-
CONGLOMERADOS ral que as caracterizam. Assim, temos: areia quartzífera,
BRECHAS areia monazítica, areia zirconífera, magnetítica, ilmení-
• ARENOSOS tica, micácea,etc.
ARENITOS
ARCÓSIOS ARGILAS
• SILTOSOS
SILTITOS O termo argila, usado com sentido granulométri-
• ARGILOSOS co, significa a fração sedimento constituída de partículas
FOLHELHOS com diâmetro máximo de 0,02mm, independente da
ARGILITOS composição mineralógica.
Na fração granulométrica argila, predominam os
C) SEDIMENTOS NÃO DETRÍTICOS ( PRECIPITA- minerais de argila: ilita, montmorilonita, etc, ao lado de
ÇÃO QUÍMICA OU ORGÂNICA) minerais, como quartzo, micas, turmalina e outros.
• CALCÁRIOS CALCÍTICOS Como nas areias, a cor dos sedimentos argilo-
• CALCÁRIOS DOLOMÍTICOS sos depende da composição mineralógica e presença de
• SÍLEX impurezas. Cor branca indica ausência de impurezas e
• DEPÓSITOS FERRUGINOSOS predominância de minerais de argila. Outras colorações
• FOSFORITOS (vermelha, amarela, cinza,etc) existem em conseqüência
• GUANOS de óxidos de ferro e matéria orgânica.
• TURFAS Os tipos mais comuns de argila são os seguintes:
• CARVÕES a) Argila refratária: possui alto teor de sílica e,
• SEDIMENTOS BETUMINOSOS devido sua capacidade de resistir a altas temperaturas, é
• CLORETOS muito utilizada como material refratário.
• SULFATOS b) Argila residual: resulta da decomposição de
• NITRATOS minerais, com sedimentação no próprio local; é argila
que não sofreu transporte e, em consequência, está fre-
6.5. DESCRIÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES qüentemente acompanhada de fragmentos da rocha pri-
mitiva.
c) Loess: argila pouco coerente, facilmente pulve-
AREIAS
rizada com os dedos.
d) Terra de Fuller: argila constituída essencial-
O nome areia é dado a toda fração de sedimen-
mente de montmorilonita e feldspato. Tem propriedades
to cujas partículas têm diâmetro situado entre 2mm e
absorventes que permitem sua utilização como clarifican-
0,02mm.
tes.
As areias não possuem composição mineralógica
e) Argila abissal: argila depositada em grandes
definida, embora o quartzo sempre predomina, por sua
profundidades no oceano, exibe grande quantidade de
abundância na natureza e sua resistência à decomposição
matéria orgânica.
química. Outros minerais considerados indecomponíveis,
f) Bentonita: resultante da alteração de material
como mosvovita, monazita, turmalina, rutilo, zirconita,
vulcânico, com predominância de montmorilonita.
granada, etc, ocorrem associados ao quartzo.

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ROCHAS RUDÁCEAS arenito Bauru são praticamente infalíveis para obtenção


de água. Como exemplo pode ser citado um poço arte-
Nas rochas rudáceas destacam-se os constituin- siano na cidade de Lins, no arenito Bauru, que apresenta
tes com tamanho superior a 2mm, consolidados por um uma vazão de 500 000 litros por hora. Há várias varieda-
agente cimentante qualquer. São rochas geralmente não des da arenito:
estratificadas e sua cor é determinada pela matriz, argilo- a) quanto ao tipo de cimento: arenito silicoso,
sa ou arenosa, influenciada pelos componentes maiores arenito ferruginoso, arenito calcário, etc;
e pelo material cimentante. As rochas rudáceas podem b) quanto aos minerais presentes: arenito micá-
ser de dois tipos: conglomerados e brechas. ceo, arenito piritoso, arenito aurífero, arenito feldspático,
CONGLOMERADOS: são rochas formadas de etc;
fragmentos arredondados, denunciando transporte do Além destas variedades, há outras:
material. Os principais constituintes mineralógicos são: 1) GRIT: arenitos que apresentam grânulos de
quartzo, calcedônia, fragmentos de rocha, como quart- quartzo com forma angular, demonstrando ausência de
zitos, sílex, calcários, rochas ígneas, etc. Os conglomera- transporte;
dos são conhecidos também por pedras pudim (“pudding 2) QUARTZITO SEDIMENTAR: arenito com cimen-
stones”). to silicoso, cristalizado como quartzo;
BRECHAS: Ao contrário dos conglomerados, as 3) GANISTER: arenito com cimento silicoso. Grâ-
brechas mostram fragmentos angulosos, característicos nulos são de forma angular;
de transporte pequeno ou ausente. A composição mine- 4) GRAUVACA: arenito mal estruturados e hete-
ralógica é semelhante à dos conglomerados: quartzo, cal- rogêneos.
cedônia, fragmentos de vários tipos de rochas. ARCÓSIOS: são rochas arenosas com teor eleva-
A diferença fundamental entre as duas rochas do de feldspatos, constituindo sempre mais de 25% da
rudáceas está na fase de transporte do material, muito rocha. Resultam da decomposição de rochas ricas em
acentuado nos conglomerados e praticamente ausente feldspatos, principalmente granitos e gnaisses. A com-
nas brechas. posição mineralógica de arcósios é semelhante a dos
arenitos, diferenciando apenas na maior quantidade de
ROCHAS ARENOSAS feldspatos. Os feldspatos estão sempre em processo de
decomposição, apresentando sinais de argilas. O alto teor
Predomina, nas rochas arenosas, a fração areia, de feldspatos mostra que os arcósios são rochas imaturas
embora ocorram usualmente argilas, siltes e até mesmo e, pelo desaparecimento desses minerais, tendem a se
fragmentos com tamanho superior ao das areias. As ro- transformar em arenitos.
chas arenosas de maior importância são arenitos e arcó-
sios. ROCHAS SILTOSAS
ARENITOS: resultam da consolidação de depósi-
tos de areia, por um agente cimentante qualquer, geral- São rochas constituídas, predominantemen-
mente sílica, carbonatos, óxidos de ferro ou argilas. O mi- te, de material da fração silte (diâmetro entre 1/16
neral predominante é quartzo, normalmente associado a e 1/256 mm). Essas rochas recebem o nome genérico
micas, feldspatos, turmalina, magnetita, granada, rutilo, de siltitos. Os siltitos resultam da consolidação de sil-
etc. Normalmente, o quartzo constitui mais de 90% do tes, por um cimento qualquer, sendo os mais comuns:
material detrítico dos arenitos, chegando a 99% como no argilas, óxidos de ferro e carbonatos. Sua cor é nor-
arenito Botucatu. Predominam cores claras, consequên- malmente cinza, em conseqüência da presença quase
cia do cimento presente, embora sejam comuns arenitos constante de matéria orgânica. Nos siltitos eólicos,
vermelhos e amarelos, coloridos por óxidos de ferro, ou são frequentes as cores vermelha e amarela, ocasio-
ainda arenitos escuros, coloridos por óxidos de manganês nadas pela presença de óxidos de ferro. Os principais
ou matéria orgânica. minerais que ocorrem nos siltitos são: quartzo, felds-
São rochas estratificadas e altamente porosas, patos, moscovita e outros acessórios de rochas mag-
com 12 a 35% de porosidade. Esta alta porosidade faz máticas e metamórficas. Apresentam, sempre, quan-
com que os arenitos sejam excelentes depósitos de água. tidade apreciável de minerais pesados (minerais com
No estado de São Paulo, o arenito Botucatu e o densidade superior a 2,8).

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ROCHAS ARGILOSAS ROCHAS CALCÁRIAS

São as rochas de granulação mais fina, formadas São rochas estratificadas, de origem química ou
pela consolidação de depósitos argilosos. Predominam orgânica, motivo pelo qual é generalizada a ocorrência de
partículas com diâmetro inferior a 0,002mm, não estan- fósseis nesses sedimentos. A rocha calcária mais impor-
do, porém, excluída a possibilidade de ocorrência de par- tante é o calcário. Na sua composição mineralógica pre-
tículas mais grosseiras, sempre em quantidades mínimas, domina a calcita, associada ou não à dolomita, podendo
não representativas. Devido à granluação extremamente ocorrer outros carbonatos, como aragonita, magnesita.
fina, são untuosas ao tato e, como toda rocha que con- Também são freqüentes, em caracter acessório, quartzo,
tém argila, apresentam cheiro característico de barro, turmalina, zirconita, granada, todos considerados mine-
quando umedecidas. Essas rochas argilosas são os folhe- rais indecomponíveis, bem como argilas e feldspatos. A
lhos e argilitos. cor dos calcários é conseqüência de impurezas. Calcários
FOLHELHOS: são rochas semelhantes aos argi- brancos, amarelados ou cinza claros são normalmente
litos, diferindo por mostrar uma estratificação típica, os mais puros; óxidos de ferro conferem cores vermelha
laminar, onde as lâminas têm condições de deposição. ou parda; matéria orgânica torna o calcário cinza escuro
Assim, cores cinza, preta, azulada indicam origem em ou preto e argilas o torna cinza parda. É muito comum a
depósitos argilosos marinhos ou fluviais. Outras cores, ocorrência de veios de sílica, calcita, fluorita, etc, atraves-
menos comum, verde ou vermelha, são consequência sando a rocha em qualquer direção. Os calcário são ro-
de material cloritoso ou de óxidos de ferro. A compo- chas intensamente utilizadas em agricultura, para a práti-
sição mineralógica de folhelhos não difere muito da ca de calagem (elevação do Ph de solos ácidos). Também
dos argilitos. Predominam minerais de argila, acom- é usado na indústria, para fabricação de cimento e outros
panhados de quartzo, micas,etc. A ocorrência de fel- materiais de construção. Os calcários são rochas de fácil
dspato é ocasional; matéria orgânica é comum. Apre- reconhecimento solubilizando-se com efervescência, a
sentam porosidade da ordem de 13%, exclusivamente frio ou a quente, em HCl diluído. Apresenta grande nú-
na forma de microporos, o que torna essas rochas im- mero de variedades, tais como:
permeáveis não sendo, pois, rochas fornecedoras de 1) CALCÁRIOS DE ORIGEM ORGÂNICA
água. Os folhelhos são as rochas sedimentares mais a) calcário dolomítico: contém mais de 10% de
abundantes na natureza, sendo 50% delas. Sua granu- dolomita. Sua densidade é mais elevada e sua solubilida-
lação tão fina dificulta seu estudo, que somente é vi- de em HCl é tanto mais difícil quanto maior for o teor de
ável com raio x, microscopia e outras técnicas. Assim dolomita.O calcário dolomítico somente é solúvel em HCl
como os argilitos os folhelhos podem estar atravessa- aquecido.
dos por veios de sílica ou calcita. As variedades mais b) calcário oolítico e pisolítico: caracterizado pela
importantes dos folhelhos são: presença de concreções calcárias, esferoidais, com cama-
a) FOLHELHO CALCÁRIO: apresenta apreciável das dispostas concentricamente em torno de um núcleo,
quantidade de carbonatos que pode ser grânulo mineral ou fragmento de concha.
b) FOLHELHO BETUMINOSO: rochas oleígenas, As concreções formam-se em ambiente aquático e são
contendo material betuminoso denominadas oolito, quando com tamanho inferior a
ARGILITOS: são sedimentos argilosos consolida- 2mm, e pisólito, quando maiores que 2mm.
dos, não apresentando laminação ou estratificação. Sua c) vasa abissal: depósito não consolidado, de mar
composição mineralógica é semelhante à das argilas, pre- profundo, constituído de restos de microorganismos.
dominando caolinita, quartzo, turmalina, micas, feldspa- d) giz: calcário de granulação muito fina e eleva-
tos, etc. A cor dos argilitos varia entre verde escuro, cinza da pureza. Sua consistência varia de friável e mole a com-
e parda, em função da presença de material resultante pacta e dura.
da decomposição de minerais ferromagnesianos, maté- e) calcário betuminoso: de cor escura, rico em
ria orgânica e óxidos de ferro. Outras cores são menos betume, apresentando cheiro característico dessa subs-
frequentes. A rocha pode estar atravessada por veios de tância.
ferro ou cobre. Os argilitos tendem a evoluir para folhe- 2) CALCÁRIOS DE ORIGEM QUÍMICA
lhos. a) travertino: calcário formado por precipitação
de calcita em água doce, com estrutura compacta ou po-
rosa.

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b) estalactite e estalagmite: são acumulações de b) carvão: é uma substância mineral combustível,


calcita encontradas em tetos ou pisos de grutas calcárias. de cor preta ou preta pardacenta, formado por decompo-
sição parcial de matéria vegetal. De acordo com o grau de
ROCHAS SILICOSAS carbonização, os carvões são classificados em:
a) sílex: é uma rocha muito compacta, constituí- 1) linhito: pardo ou preto pardacento. É o carvão
da de calcedônia e quartzo. Sua coloração é bastante va- de mais baixo grau de carbonização. Apresenta estruturas
riada, sendo mais comum a cinza. das plantas que lhe deram origem, alta umidade e baixo
b) terra silicosa: depósito silicoso de origem orgâ- teor em calorias. O linhito, com aumento do teor de car-
nica. bono, passa a carvão betuminoso.
c) Sínter silicoso: rocha porosa, formada por de- 2) carvão betuminoso: é o estágio intermediário
posição de sílica nas proximidades de fontes termais. entre o linhito e antracito.
3) antracito: é o estágio mais avançado entre os
ROCHAS FERRUGINOSAS carvões, na carbonização da matéria vegetal, caracteriza-
do pelo seu brilho submetálico, cor preta.
São rochas ricas em minerais de ferro, notada- Queima mais lentamente que outros carvões,
mente hematita, magnetita, limonita, siderita, pirita, etc. praticamente com ausência de fumaça.
Entre estas rochas citam-se arenitos ferruginosos, calcá- Segundo o estágio em que se encontra, a matéria
rios ferruginosos e outras. Além dessas, são encontradas vegetal apresenta os seguintes teores em carbono e oxi-
outras: gênio:
1) minérios de ferro em camadas
Madeira Turfa Linhito Carvão be- Antracito
2) minérios de ferro do pântano tuminoso
São comumente rochas oolíticas. Carbono 50% 55% 70% 80% 96%
Oxigênio 44% 39% 25% 15% 2%
ROCHAS FOSFATADAS
c) betume: nome genérico dado a toda substân-
1) fosforitas: são rochas fosfatadas de origem cia da precipitação de sais de soluções salinas. Na nature-
orgânica, resultante de acumulação de detritos de pei- za, os oceanos são, pelo seu volume e seu conteúdo em
xes, répteis e mamíferos. Exibem cores cinzas, parda ou sais, as mais importantes soluções salinas.
preta. Restos orgânicos (fragmentos de conchas e ossos, A água do mar contém, em média, 3,5% de sais
restos de peixe, etc) podem estar presentes. São rochas dissolvidos, podendo variar (mar Báltico 1%, mar Verme-
de aspecto muito variado, podendo ser compacta ou po- lho 4% e mar Morto 25%). A quantidade de sais dissolvi-
rosa, de textura fina a grosseira. As fosforitas encontram dos nos oceanos é suficiente para cobrir o globo terrestre
aplicação na agricultura, como adubo fosfatado ou como com uma camada de 44cm de espessura.
matéria prima para a fabricação de superfosfatos, devido A gênese por deposição salina é responsável pela
ao seu alto teor de P2O5 (15 a 40%). existência de jazidas de grande interesse econômico e
2) guanos: são também depósitos fosfatados, agronômico. Estas rochas compreendem os cloretos, os
embora menos frequentes. Deriva de excrementos e sulfatos e os nitratos.
restos de aves marinhas, mostrando aspecto pulveru- a) Cloretos: Os principais depósitos de cloretos
lento. na natureza são os de halita (NaCl) e os de silvita (KCl). Os
depósitos de halita são mais conhecidos como sal-gema,
ROCHAS CARBONOSAS ocorrendo em grandes massas. São de fácil reconheci-
mento pela sua alta solubilidade em água e por seu sabor
Formam um grupo de sedimentos constituídos salgado típico. Os depósitos de silvita são utilizados como
de hidrocarbonetos sólidos naturais, de origem orgânica, fertilizantes.
onde a matéria vegetal tem papel preponderante. b) Sulfatos: Os depósitos mais comuns de sulfa-
a) turfa: são acumulações de detritos vegetais, tos são os de gipsita e os de anidrita. A gipsita é o primei-
em ambientes úmidos. Há carbonização parcial de maté- ro mineral a precipitar-se devido à evaporação de água
ria orgânica, mas ainda podem ser observadas partes de do mar.
plantas, como caules, raízes e fibras vegetais. c) Nitratos: São exemplificados pelo nitro de só-

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dio (NaNO3), também conhecido como salitre do Chile e


pelo nitro de potássio (KNO3), também chamado salitre.
O salitre do Chile é higroscópico e muito solúvel
em água, sendo encontrado em regiões áridas. É empre-
gado como fertilizante na agricultura.
O salitre é muito semelhante ao anterior, distin-
guindo-se por não ser higroscópico.

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Elaboração

SENAI – “Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial” - Centro de Formação Profissional - “AFONSO GRECO”

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