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02 - Petrografia
02 - Petrografia
MINERAÇÃO
MÓDULO II
Petrografia
PETROGRAFIA
Ficha Técnica
A terra tem forma aproximadamente esférica METEORITOS: São corpos metálicos ou rochosos
(diâmetro equatorial igual a 12.712 km e diâmetro polar caídos na superfície terrestre, vindos dos espaços inter-
igual a 12.355 km). Mas, de todo o planeta, a parte ac- planetários. Há constante penetração de material cósmi-
cessível à observação direta é muitíssimo restrita. A pro- co na atmosfera terrestre.
fundidade alcançada por minas, túneis ou perfurações é São corpos pequenos que atingem a camada at-
muito pequena, comparada ao raio terrestre. Exemplos mosférica com alta velocidade. Se os corpos são maiores
de grandes profundidades são a MINA DE MORRO VE- recebem o nome de meteoritos. Existem meteoritos de
LHO (2.500 m) ou 3872 m em sondagem na ILHA DE MA- até 90 toneladas. No MUSEU NACIONAL, o maior deles
RAJÓ. Dessa forma, o conhecimento atual da constituição é o chamado Bendengó, encontrado junto ao riacho de
da terra é resultante da aplicação de métodos indiretos, mesmo nome, na Bahia. Pesa 5360 kg, possui densidade
geofísicos ou astrofísicos. Assim, o estudo da gravidade, 7,7 e compõe-se de 95% de ferro e 4% de níquel. Não
da densidade das rochas, da variação da temperatura e existe resposta definida quanto à origem dos meteori-
pressão com a profundidade, observações sismológicas e tos.
análises de METEORITOS (como amostras de outros pla- Há duas classes de meteoritos: sideritos ou me-
netas) permitiram chegar a um razoável conhecimento da teoritos metálicos, com cerca de 8% de Ni e assideritos
constituição interior do globo terrestre. ou meteoritos rochosos.
A terra é constituída de várias camadas, com
composições definidas. Além da atmosfera, constituída 3. Rochas
de gases e da hidrosfera, constituída de água, reconhece-
-se uma parte mais externa, denominada CROSTA TER-
3.1. DEFINIÇÃO
RESTRE ou LITOSFERA. Distinguem-se, na litosfera, duas
camadas: a crosta superior que é constituída, na sua
Rocha é um agregado natural formado de um ou
maior parte, de silicatos de alumínio, donde seu nome
mais minerais (inclusive vidro e matéria orgânica), cons-
SIAL, tendo 15 a 25 km de profundidade. Na crosta in-
tituinte essencial da crosta terrestre. Não é necessaria-
ferior, ou SIMA, predominam silicatos de magnésio, com
mente formada de material consolidado, uma vez que
espessura de 25 a 75 km. Abaixo da crosta, começam as
areias e argilas são exemplos de rocha, mas é necessá-
camadas mais espessas. As suas espessuras e composi-
rio que exista certa constância de composição química e
ções são motivos de muitas controvérsias entre os auto-
mineralógica para que uma associação seja reconhecida
res. O quadro seguinte resume a constituição mais aceita
como um determinado tipo de rocha.
do planeta, com suas densidades e temperaturas.
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As rochas formam-se na crosta terrestre por diferen- São rochas formadas a partir de material resultante
tes processos e, de acordo com sua origem, são divididas em da destruição de qualquer tipo de rocha, material este que
três grandes grupos, cada um apresentando características pode ser transportado e posteriormente depositado em am-
próprias, resultantes de seu modo de formação. bientes de sedimentação. A destruição das rochas inclui a
a) Rochas magmáticas ou ígneas ou eruptivas. decomposição química ou física e a acumulação do material
b) Rochas metamórficas. resultante é feita pela ação de rios, ventos ou geleiras. As ro-
c) Rochas sedimentares. chas sedimentares possuem as seguintes características:
a) São rochas de baixa dureza e pouco compac-
ROCHAS MAGMÁTICAS: tas, quando comparadas com as magmáticas.
b) Podem apresentar grandes quantidades de
Como o próprio nome indica, são as rochas for- matéria orgânica e fósseis muito bem preservados, prin-
madas pelo resfriamento e conseqüente consolidação do cipalmente nas rochas calcárias.
MAGMA, no interior ou na superfície da crosta terrestre. c) Presença de minerais típicos como calcita, do-
MAGMA é uma solução constituída, na sua maior par- lomita, minerais de argilas, etc.
te, de uma fusão de silicatos que, quando resfriada, dá origem d) Pequena quantidade de feldspatos e grande
aos diferentes minerais formadores das rochas. As magmáticas quantidade de quartzo detrítico.
são as únicas rochas originadas diretamente do magma. e) Apresentam estratificação, isto é, as partículas
Como características principais podem ser cita- constituintes situam-se em camadas que se distinguem
das as seguintes: entre si por diferenças de espessura, cor, dimensão dos
a) Dureza alta, sendo rochas compactas. grânulos, composição mineralógica, etc.
b) Total ausência de fósseis ou matéria orgânica, f) podem apresentar estrutura fragmentária (detríti-
devido à alta temperatura do magma. ca), constituída de grânulos arredondados e selecionados.
c) Ausência de estratificação.
d) Apresentam minerais típicos como nefelina, 4. Magmatismo
cromita, leucita, tridimita, etc. Geralmente têm alto teor
de feldspatos.
e) Matéria vítrea pode fazer parte de sua compo- 4.1. DEFINIÇÃO
sição (obsidiana).
f ) Apresentam estruturas típicas como granitói- As rochas magmáticas são formadas pelo resfria-
de, pofirítica, pegmatítica, etc. mento do magma. O magma é material em estado de fu-
são, formado por uma solução de silicatos, contendo ainda
ROCHAS METAMÓRFICAS água, sulfetos, óxidos, etc. Apresenta diversas fases. A fase
líquida é formada por uma solução de silicatos onde pre-
Originam-se de rochas pré-existentes, devido a
domina o SiO2; a fase gasosa é constituída principalmente
mudanças porque passam motivadas por altas pressões
por água e quantidades menores de outros gases; a fase
e temperaturas. A este processo de mudanças dá-se o
sólida é formada por cristais em suspensão. À medida que
nome de METAMORFISMO. As rochas metamórficas po-
o magma se resfria, a quantidade da fase sólida aumenta e
dem ser reconhecidas pelos seguintes caracteres:
diminui a quantidade da fase líquida. Um magma sem fase
a) Rochas duras e compactas, exceto xistos e
líquida e gasosa passa a ser uma rocha magmática.
mármores.
b) Apresentam minerais característicos de meta-
morfismo (talco, grafita, cianita, etc). 4.2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO MAGMA
c) Podem exibir fósseis fraturados e retorcidos,
devido à pressão elevada. Compreende duas partes:
d) Os cristais alongados (como os de turmalina) a) Constituintes não voláteis
apresentam-se paralelos uns aos outros. O número de constituintes não voláteis impor-
e) Estruturas típicas como gnáissica, xistosa, etc. tantes é pequeno, predominando SiO2, contendo ainda
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TiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, K2O. Deve ser destacado o composição química, temperatura e pressão do magma.
papel do SiO2, não só pela sua importância na formação Primeiramente cristalizam-se os minerais que
de silicatos, como também porque influi na viscosidade e formam a massa rochosa propriamente dita. Os pri-
da acidez do magma. Magmas com teores de SiO2 supe- meiros minerais a se formarem são os considerados
riores a 65% são chamados magmas ácidos; com teores acessórios, que ocorrem em pequena quantidade
entre 65 e 52%, magmas neutros e com teores inferio- e não interferem na classificação das rochas, como
res a 52%, magmas básicos. As rochas originadas desses zirconita, apatita, monazita, ilmenita, etc. A seguir
magmas são também chamadas ácidas, neutras e bási- cristaliza-se a maior parte dos silicatos. Nesta fase, os
cas, respectivamente. constituintes voláteis não interferem, a não ser para
manter a fluidez do magma. Numa segunda fase (cha-
b) Constituintes voláteis mada pegmatítica) os gases aumentam, passando a
Os constituintes voláteis não interferem no iní- ter ação predominante e devido às altas temperatu-
cio do processo de solidificação do magma. Sua ação é ras e pressões os gases têm sua ação dissolvente au-
bastante acentuada no final do processo, na formação de mentada, provocando sua percolação nas rochas en-
minerais, tais como turmalina, topázio, berilo, etc. Esses caixantes, acarretando a formação de novos minerais,
minerais somente se formam em presença de elementos como turmalina, topázio, etc. Num terceiro estágio
voláteis. Os elementos voláteis principais são H2O, CO2, (chamado hidrotermal) após a ação dos voláteis, res-
CO, SO2, SO, S2, N2, HCl, H2S, HF, etc. tam ao magma soluções residuais contendo água, síli-
ca e grande número de elementos metálicos que vão
4.3. TEMPERATURA DO MAGMA se depositando ou reagindo com as rochas presentes,
dando origem às jazidas minerais de cobre, ouro, zin-
Através de experiência de laboratório, onde se co, chumbo, etc. A cristalização do magma pode se dar
provocou a cristalização de diversos minerais, pode-se no interior da crosta e, neste caso, o magma se deno-
admitir que, a grandes profundidades, a temperatura do mina intrusivo ou, então, na superfície e, neste caso,
magma oscila entre 800 e 900°C. Esta temperatura au- denomina-se efusivo. No caso de magma intrusivo o
menta quando o magma chega à superfície da crosta, resfriamento é bastante demorado, o que provoca ro-
atingindo 1000 a 1200°C, devido à ocorrência de reações chas bem cristalizadas onde o material vítreo não se
exotérmicas entre os gases constituintes do magma. faz presente. São as rochas intrusivas ou plutônicas,
das quais o granito é um exemplo. No caso de mag-
ma efusivo, o resfriamento é bastante rápido, graças
4.4. VISCOSIDADE DO MAGMA
às perdas de calor para a atmosfera, o que impede
uma perfeita cristalização da rocha. Estas rochas são
A viscosidade depende essencialmente da tem- chamadas efusivas ou vulcânicas. Nelas é frequente
peratura e da composição química do magma. Ela é fator a presença de matéria vítrea, como a obsidiana, os
importante na cristalização de minerais, pois afeta a mo- riólitos e os traquitos. O número de rochas existente
bilidade das partículas, impedindo ou facilitando o cresci- na natureza, tanto plutônicas como vulcânicas é gran-
mento dos cristais. de, mostrando a existência de magmas de composi-
Magmas ácidos (ricos em SiO2) são mais viscosos ção química diferentes. A seguir temos exemplos de
que magmas básicos (pobres em SiO2). rochas magmáticas intrusivas e efusivas:
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ou mineralógicas. Se, por exemplo, uma rocha formada Outros minerais resultantes do metamorfismo
sob condições normais de temperatura e pressão é sub- regional são: talco, clorita, sericita, turmalina, etc.
metida a altas temperaturas ou pressões, ocorrem rea-
ções entre os minerais pré-existentes e a rocha sofre uma 5.4. METASSOMATISMO
recristalização, com a formação de minerais novos. Se o
processo é tal que a transformação é estrutural e minera- Nos processos metamórficos ocorrem transformações es-
lógica, mantida constante a composição química global, truturais e mineralógicos nas rochas pré-existentes, mas
diz-se que houve metamorfismo, a rocha formada é me- o fenômeno se realiza sem que haja alteração na com-
tamórfica e os novos minerais são minerais metamórfi- posição química global. É muito difícil, porém, sistemas
cos. É importante observar que o processo metamórfico fechados na natureza. Frequentemente ocorrem também
se faz em rochas sólidas, não havendo fase líquida, como modificações na composição química. Sempre que isto
ocorre no magmatismo. Em princípio, qualquer rocha da ocorre, tem-se o processo chamado metassomatismo.
litosfera pode sofrer metamorfismo, mas é nas sedimen-
tares que seu efeito se torna mais evidente. 5.5 ESTRUTURAS DAS ROCHAS METAMÓRFICAS
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outros minerais acessórios como feldspatos, turmalina, de agentes atmosféricos e biológicos. A intemperização
grafita, hematita, magnetita, granada, etc. Derivam prin- fornece material para o sedimento. Em resumo, a intem-
cipalmente de rochas sedimentares de granulação fina. perização (ou intemperismo) causa a troca de um estado
Possuem cor prateada, cinzenta ou preta. As micas atri- maciço por um estado clástico (partículas desagregadas
buem à rocha sua xistosidade pronunciada. As variedades de rochas pré-existentes), e conseqüente formação do
dependem da composição mineralógica e podem ser: sedimento. É importante observar que a desintegração
a) Quanto à natureza das micas: Biotitaxisto, física e a decomposição química não são processos iso-
moscovitaxisto,sericitaxisto. lados, ao contrário, ocorrem sempre conjuntamente,
b) Quanto à natureza e teor dos acessórios: mica- um completando a ação do outro. O processo físico de
xisto feldspatizado, micaxisto de granada, de hornblenda, intemperização atua no sentido de reduzir o tamanho
etc. dos minerais, não interferindo na sua composição quí-
OBS: Quando a mica é inteiramente substituída mica, sendo resultado principalmente da ação mecânica
por outros minerais, a ponto de se transformar em mi- da água e da temperatura. A temperatura é o principal
neral acessório, esta substituição dá origem a outras ro- agente da desintegração física. O aquecimento provo-
chas xistosas. Assim, quando o talco é mineral essencial, cado pelo calor solar, seguido de resfriamento noturno,
tem-se talcoxisto; quando é clorita, cloritaxisto, etc. Estas provoca dilatações e contrações sucessivas nos minerais,
rochas apresentam, de modo geral, as mesmas caracte- o que provoca a fadiga desses minerais e seu consequen-
rísticas dos micaxistos. te rompimento, sendo deste modo facilmente desagrega-
dos e reduzidos a pequenos fragmentos. Os coeficientes
6. Processo Sedimentar de Gênese de dilatação térmica dos minerais são diferentes entre si.
As rochas afetadas por este processo tendem a esfoliar-se
tomando a forma arredondada, provocando a formação
dos chamados matacões solares ou matacões de esfolia-
6.1. INTRODUÇÃO
ção. Leinz e Amaral mediram variações de temperatura,
em rochas, no interior da Bahia. Veja abaixo os valores
Apesar de, em volume, as rochas sedimentares
medidos:
representarem apenas 5% da litosfera, em superfície
NATUREZA 17 HORAS 5 HORAS
ocupam 75% da área total. Isto se dá porque as rochas
Temperatura da atmosfera 36ºC 20ºC
sedimentares são de ocorrência superficial, situando-se
Temperatura de rocha preta 63ºC 26ºC
muito raramente a profundidades superiores a 1000 me-
Temperatura de rocha clara 55ºC 23ºC
tros. Uma distinção deve ser feita entre rocha sedimen-
tar e sedimento. Sedimento é um depósito de mineral
O processo químico de intemperização é da
sólido, na superfície da terra, formado por algum meio
maior importância. Causa alterações, muitas vezes sen-
natural (água, vento, geleira), sob condições normais de
síveis, na composição dos minerais. É o processo mai s
temperatura e pressão. Rocha sedimentar é o sedimen-
rápido de destruição de rochas, caracterizado por rea-
to consolidado, endurecido, por um agente cimentante
ções químicas que ocorrem entre os minerais das rochas
qualquer. A rocha sedimentar é formada a partir de qual-
e soluções aquosas diversas e gases da atmosfera e do
quer rocha pré-existente (eruptiva, metamórfica ou outra
interior dos sedimentos. Os principais responsáveis pela
sedimentar). Sua formação tem origem no momento em
decomposição química são a água e CO2, porém, gases
que fragmentos dessas rochas primitivas são desalojados,
atmosféricos (O2) e sais solúveis também dão grande con-
por algum processo de desagregação e passa por quatro
tribuição ao processo químico de intemperização. Os pro-
fases: INTEMPERIZAÇÃO, TRANSPORTE, DEPOSIÇÃO e
cessos de decomposição química podem ser classificados
CONSOLIDAÇÃO (DIAGÊNESE).
de acordo com a natureza da reação química predomi-
nante. Os principais são os seguintes:
A) INTEMPERIZAÇÃO:
a) OXIDAÇÃO: é um dos processos mais comuns
na natureza, atingindo principalmente os minerais ricos
A intemperização resulta de um conjunto de pro-
em Fe++.Assim, os sulfetos são oxidados dando origem a
cessos que, agindo sobre minerais de rochas da superfí-
sulfatos e ácido sulfúrico, como no caso da pirita (FeS2):
cie terrestre, ocasionam sua degradação, graças à ação
2FeS2 + 2H20 + 7O2 → 2FeSO4 + 2H2SO4
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Também a siderita (FeCO3) sofre a ação do O2 por águas de rios, durante um ano.
dando origem à hematita:
4FeCO3 + O2 → 2Fe2O3 + 4CO2 RIO SUSPENSÃO (TON /ANO)
A oxidação de minerais ricos em Fe++ provoca a MISSISSIPI 400 000 000
formação de um camada de cor vermelha ou amarela na AMAZONAS 425 000 000
rocha, que é o primeiro indício de decomposição. SÃO FRANCISCO 9 800 000
b) REDUÇÃO: é menos frequente na na- PARAÍBA 5 500 000
tureza. Ocorre em locais de aeração
eficiente ou em ambientes de putrefação. Neste caso O vento tem menor importância que a água, sen-
pode-se formar sulfetos a partir de sulfatos, pirita a partir do seus efeitos mais sentidos em regiões áridas. Carrega
de Fe2(SO4)3. apenas partículas pequenas (máximo de 5mm), porém a
c) CARBONATAÇÃO: é, provavelmente, o distância pode ser muito grande. Assim é que areias do
processo mais importante de destruição de rochas, uma Saara são transportadas pelo vento até a Inglaterra, a
vez que o CO2 dissolvido na água reage com feldspatos, mais de 3000Km de distância. No mês de março de 1901
resultando argila. o vento depositou cerca de 4 milhões de toneladas de
Feldspato + H2O + CO2 → argila + carbonato + sílica areia do Saara sobre a Europa.
Também outros minerais sofrem o processo de O vento provoca arredondamento da material,
carbonatação, como micas, olivina, etc. que também apresenta superfícies riscadas e foscas. O
d) HIDRATAÇÃO: é a incorporação de transporte feito por geleiras, hoje de pequena importân-
água na rede cristalina do mineral. É o que ocorre na for- cia, é evidenciado por presença de seixos e matacões es-
mação da gipsita a partir da anidrita. triados, resultantes do arrastamento e também pela mis-
CaSO3 + nH20 → CaSO4 + 2H2O tura heterogênea do material.
Do mesmo modo, óxidos de ferro hidratados for-
mam-se a partir de hematita. C) DEPOSIÇÃO:
Fe2O3+ nH2O → Fe2O3 + nH2O
e) HIDRÓLISE: resulta da ação da água sobre mi- O material intemperizado é depositado em al-
nerais, notadamente silicatos. Por exemplo, ortoclásio gum local, que recebe o nome genérico de bacia de se-
originando carbonita. dimentação, das quais o oceano é a principal, recebendo
2AlSi3O8 + 3H2O → Al2(OH)4Si2O5+2KOH + 4SiO2 cerca de 90% do material. Estes depósitos são marcados
A ação de agentes biológicos é de menor impor- pelos meios de transporte e apresentam características
tância e existe quando há interferência de agentes ve- próprias de cada um, objetos de estudo da Geomorfolo-
getais e animais no processo de intemperização, como gia.
raízes, microorganismos, ácidos orgânicos liberados por
plantas e o próprio homem. D) CONSOLIDAÇÃO (DIAGÊNESE)
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6.4. CLASSIFICAÇÃO DE ROCHAS SEDIMENTARES A cor da areia é conseqüência dos minerais pre-
sentes e de impurezas que possam ocorrer. Areia pura,
A) SEDIMENTOS DETRÍTIICOS NÃO CONSOLIDA- contendo quase só quartzo é branca; óxidos de ferro co-
DOS lorem-na de amarelo; areias pretas são ricas em ilmenita
• AREIAS e magnetita; coloração dourada é devida à presença de
• ARGILAS micas (moscovita, flogopita) ou de pirita. Argilas, quan-
do associadas à areia, conferem a esta coloração cinza, o
B) SEDIMENTOS DETRÍTICOS CONSOLIDADOS mesmo acontecendo com matéria orgânica.
• RUDÁCEOS As variedades de areia são designadas pelo mine-
CONGLOMERADOS ral que as caracterizam. Assim, temos: areia quartzífera,
BRECHAS areia monazítica, areia zirconífera, magnetítica, ilmení-
• ARENOSOS tica, micácea,etc.
ARENITOS
ARCÓSIOS ARGILAS
• SILTOSOS
SILTITOS O termo argila, usado com sentido granulométri-
• ARGILOSOS co, significa a fração sedimento constituída de partículas
FOLHELHOS com diâmetro máximo de 0,02mm, independente da
ARGILITOS composição mineralógica.
Na fração granulométrica argila, predominam os
C) SEDIMENTOS NÃO DETRÍTICOS ( PRECIPITA- minerais de argila: ilita, montmorilonita, etc, ao lado de
ÇÃO QUÍMICA OU ORGÂNICA) minerais, como quartzo, micas, turmalina e outros.
• CALCÁRIOS CALCÍTICOS Como nas areias, a cor dos sedimentos argilo-
• CALCÁRIOS DOLOMÍTICOS sos depende da composição mineralógica e presença de
• SÍLEX impurezas. Cor branca indica ausência de impurezas e
• DEPÓSITOS FERRUGINOSOS predominância de minerais de argila. Outras colorações
• FOSFORITOS (vermelha, amarela, cinza,etc) existem em conseqüência
• GUANOS de óxidos de ferro e matéria orgânica.
• TURFAS Os tipos mais comuns de argila são os seguintes:
• CARVÕES a) Argila refratária: possui alto teor de sílica e,
• SEDIMENTOS BETUMINOSOS devido sua capacidade de resistir a altas temperaturas, é
• CLORETOS muito utilizada como material refratário.
• SULFATOS b) Argila residual: resulta da decomposição de
• NITRATOS minerais, com sedimentação no próprio local; é argila
que não sofreu transporte e, em consequência, está fre-
6.5. DESCRIÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES qüentemente acompanhada de fragmentos da rocha pri-
mitiva.
c) Loess: argila pouco coerente, facilmente pulve-
AREIAS
rizada com os dedos.
d) Terra de Fuller: argila constituída essencial-
O nome areia é dado a toda fração de sedimen-
mente de montmorilonita e feldspato. Tem propriedades
to cujas partículas têm diâmetro situado entre 2mm e
absorventes que permitem sua utilização como clarifican-
0,02mm.
tes.
As areias não possuem composição mineralógica
e) Argila abissal: argila depositada em grandes
definida, embora o quartzo sempre predomina, por sua
profundidades no oceano, exibe grande quantidade de
abundância na natureza e sua resistência à decomposição
matéria orgânica.
química. Outros minerais considerados indecomponíveis,
f) Bentonita: resultante da alteração de material
como mosvovita, monazita, turmalina, rutilo, zirconita,
vulcânico, com predominância de montmorilonita.
granada, etc, ocorrem associados ao quartzo.
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São as rochas de granulação mais fina, formadas São rochas estratificadas, de origem química ou
pela consolidação de depósitos argilosos. Predominam orgânica, motivo pelo qual é generalizada a ocorrência de
partículas com diâmetro inferior a 0,002mm, não estan- fósseis nesses sedimentos. A rocha calcária mais impor-
do, porém, excluída a possibilidade de ocorrência de par- tante é o calcário. Na sua composição mineralógica pre-
tículas mais grosseiras, sempre em quantidades mínimas, domina a calcita, associada ou não à dolomita, podendo
não representativas. Devido à granluação extremamente ocorrer outros carbonatos, como aragonita, magnesita.
fina, são untuosas ao tato e, como toda rocha que con- Também são freqüentes, em caracter acessório, quartzo,
tém argila, apresentam cheiro característico de barro, turmalina, zirconita, granada, todos considerados mine-
quando umedecidas. Essas rochas argilosas são os folhe- rais indecomponíveis, bem como argilas e feldspatos. A
lhos e argilitos. cor dos calcários é conseqüência de impurezas. Calcários
FOLHELHOS: são rochas semelhantes aos argi- brancos, amarelados ou cinza claros são normalmente
litos, diferindo por mostrar uma estratificação típica, os mais puros; óxidos de ferro conferem cores vermelha
laminar, onde as lâminas têm condições de deposição. ou parda; matéria orgânica torna o calcário cinza escuro
Assim, cores cinza, preta, azulada indicam origem em ou preto e argilas o torna cinza parda. É muito comum a
depósitos argilosos marinhos ou fluviais. Outras cores, ocorrência de veios de sílica, calcita, fluorita, etc, atraves-
menos comum, verde ou vermelha, são consequência sando a rocha em qualquer direção. Os calcário são ro-
de material cloritoso ou de óxidos de ferro. A compo- chas intensamente utilizadas em agricultura, para a práti-
sição mineralógica de folhelhos não difere muito da ca de calagem (elevação do Ph de solos ácidos). Também
dos argilitos. Predominam minerais de argila, acom- é usado na indústria, para fabricação de cimento e outros
panhados de quartzo, micas,etc. A ocorrência de fel- materiais de construção. Os calcários são rochas de fácil
dspato é ocasional; matéria orgânica é comum. Apre- reconhecimento solubilizando-se com efervescência, a
sentam porosidade da ordem de 13%, exclusivamente frio ou a quente, em HCl diluído. Apresenta grande nú-
na forma de microporos, o que torna essas rochas im- mero de variedades, tais como:
permeáveis não sendo, pois, rochas fornecedoras de 1) CALCÁRIOS DE ORIGEM ORGÂNICA
água. Os folhelhos são as rochas sedimentares mais a) calcário dolomítico: contém mais de 10% de
abundantes na natureza, sendo 50% delas. Sua granu- dolomita. Sua densidade é mais elevada e sua solubilida-
lação tão fina dificulta seu estudo, que somente é vi- de em HCl é tanto mais difícil quanto maior for o teor de
ável com raio x, microscopia e outras técnicas. Assim dolomita.O calcário dolomítico somente é solúvel em HCl
como os argilitos os folhelhos podem estar atravessa- aquecido.
dos por veios de sílica ou calcita. As variedades mais b) calcário oolítico e pisolítico: caracterizado pela
importantes dos folhelhos são: presença de concreções calcárias, esferoidais, com cama-
a) FOLHELHO CALCÁRIO: apresenta apreciável das dispostas concentricamente em torno de um núcleo,
quantidade de carbonatos que pode ser grânulo mineral ou fragmento de concha.
b) FOLHELHO BETUMINOSO: rochas oleígenas, As concreções formam-se em ambiente aquático e são
contendo material betuminoso denominadas oolito, quando com tamanho inferior a
ARGILITOS: são sedimentos argilosos consolida- 2mm, e pisólito, quando maiores que 2mm.
dos, não apresentando laminação ou estratificação. Sua c) vasa abissal: depósito não consolidado, de mar
composição mineralógica é semelhante à das argilas, pre- profundo, constituído de restos de microorganismos.
dominando caolinita, quartzo, turmalina, micas, feldspa- d) giz: calcário de granulação muito fina e eleva-
tos, etc. A cor dos argilitos varia entre verde escuro, cinza da pureza. Sua consistência varia de friável e mole a com-
e parda, em função da presença de material resultante pacta e dura.
da decomposição de minerais ferromagnesianos, maté- e) calcário betuminoso: de cor escura, rico em
ria orgânica e óxidos de ferro. Outras cores são menos betume, apresentando cheiro característico dessa subs-
frequentes. A rocha pode estar atravessada por veios de tância.
ferro ou cobre. Os argilitos tendem a evoluir para folhe- 2) CALCÁRIOS DE ORIGEM QUÍMICA
lhos. a) travertino: calcário formado por precipitação
de calcita em água doce, com estrutura compacta ou po-
rosa.
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Elaboração
SENAI – “Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial” - Centro de Formação Profissional - “AFONSO GRECO”
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