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Vocabulário

Português-Nheengatu
Nheengatu-Português
Revisão
Geraldo Gerson de Souza

Ateliê Editorial
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Stradelli, E.
Vocabulário Português-Nheengatu,
Nheengatu-Português J E. Stradelli; revisão
Geraldo Gerson de Souza. - Cotia, SP: Ateliê
Editorial, 2014.

i. Tupi - Dicionários - Português 2. Tupi -

Gramática - Estudo e ensino 3. Tupi -


Vocabulários, glossários etc. !. Título.

14-02153 CDD-498.38293

Índices para catálogo sistemático:


i. Nheengatu : Vocabulários : Linguística 498.38293
2. Tupi : Vocabulários : Linguística 498.38293

Direitos reservados à
ATELIÊ EDITORIAL
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06709-300 1 Granja Viana 1 Cotia - SP
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Impresso no Brasil 2014


Foi feito o depósito legal
Sumário

Peixes, Constelações e Jurupari: A Pequena Enciclopédia Amazônica


de Stradelli ..................................................... 11

Gordon Brotherston & Lúcia Sá


Lenda do Jurupari ............................................. 19
"Kukuhy': "Eren" e "Poronaminare" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

VOCABULÁRIO DA LÍNGUA GERAL PORTUGUÊS-NHEENGATU


E NHEENGATU-PORTUGUÊS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Nota Preliminar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Esboço de Gramática Nheengatu .............................. 49
ALFABETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Vogais - Valor Fonético ................................... 49
Consoantes - Valor Fonético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Acento .................................................. 56
PARTES DO DISCURSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Substantivo .............................................. 57
Substantivos de Formação Secundária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
................................................... 62
NÚMERO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
.............................................. 67
DIMINUTIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
AUMENTATIVO SUPERLATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
ADJETIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Formação do Adjetivo ..................................... 70
Adjetivo Qualificativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Adjetivo Demonstrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Caso .................................................... 77

PRONOME . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
VERBO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Tempo e Modo ........................................... 79
Subprefixos e Reiteração do Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
f.legação. Interrogação ..................................... 85
Formação dos Verbos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

ADVÉRBIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
POSPOSIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
CONJUNÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
............................................... 94
CONSTRUÇÃO DA ORAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

COLEÇÃO DE NHEENGATU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

Do Selvagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . io3
do Dr. Couto de Magalhães
IAUTI TAPYIRA CAAIUARA / O JABUTI E A ANTA DO MATO . . . . . . . . 103
IAUTI / O JABUTI E A ONÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

Da "La Tapihiya ou Nheengatu" . . . . . . . . . . . . . . . . 107


do R. Padre Tastevin
IAUTI TAPYIRA CAAIUARA IRUMO / O JABUTI COM A ANTA
DO MATO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
IAUTI IAUARATÉ IRUMO / O JABUTI COM A ONÇA . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Da Doutrina Cristã - Chrístu Muesaua ........................... m
D. Costa Aguiar
UPAIN MAÃ MUNHANGAUA / A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS ..... 111

Da .............................................. 115
de D. Frederico Costa
~"""~'"''" TAXYUA !RUMO (Marandua) /A CIGARRA COM
A FORMIGA (Conto) ..................................... 115

119

UIRAUASU !RUMO/ DA TARTARUGA E O GAVIÃO . . . . . . . . . 119

MaxJ.
121

KUKUHY 121

PORONOMINARE 133
EREN 141

p -NHEENGATU . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

NHEtNGATU-NHEtNGASANHANASAUA
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311
Peixes, Constelações e Jurupari:
A Pequena Enciclopédia Amazônica de Stradelli

GORDON BROTHERSTON & LÚCIA SÁ

Ao MORRER DE LEPRA EM 1923*, Ermanno Stradelli deixou inédita a obra


à qual havia dedicado grande parte de sua vida: o Vocabulário Português-
Nheengatu/Nheengatu-Português, que sairia postumamente na Revista do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em i929. Descendente de nobres de
Piacenza, o conde Stradelli veio para o Brasil pela primeira vez aos vinte e sete
anos, como membro da Reale Società Geografica Italiana, e, depois de termi-
nar os estudos na terra natal, acabou por se instalar definitivamente no Estado
do Amazonas em 1888, onde trabalhava como promotor público de Tefé e, no
dizer do padre Tastevin, vivia "vida serena, solitária, plena de trabalho"'. Essas
circunstâncias biográficas poderiam levar-nos a ler o volumoso trabalho sim-
plesmente como a obra-prima de um italiano excêntrico e solitário, apaixonado
pelas coisas da Amazônía. Mas se o Vocabulário é fruto de noites a fio de traba -
lho árduo e apaixonado, nem por isso ele deixa de fazer parte de um movimento
mais geral, por assim dizer, uma escola de estudos amazônicos, que inclui obras
como a Poranduba Amazonense (1890) de João Barbosa Rodrigues, e as Lendas
em Nheengatu e Português (1926) de Antonio Brandão de Amorim. Mirados em
conjunto, esses trabalhos constituem, sem sombra de dúvida, a mais importante
coleção publicada de documentos sobre o nheengatu falado e escrito no Brasil
a partir da Independência. E não se trata de mera coincidência bibliográfica: os

* Hoje, entretanto, admite-se que tenha morrido em 21 ou 24 de março de 1926. Cf. E. Stradelli,
"Introdução': Lendas e Notas de Viagem - A Amazônia de Ermanno Stradelli, São Paulo,
Martins Fontes, p. 42.

i. Câmara Cascudo, p. 30.


três autores se conheceram, trocaram informações, e compunham o que se po-
deria chamar um grupo de estudos sobre nheengatu e Amazônia. Foi por suges-
tão de Stradelli, exemplo, que Barbosa Rodrigues fundou o Museu Botânico
do Amazonas, e em i890 ambos publicaram (não sem um certo ciúme da par-
te de Barbosa Rodrigues) versões muito parecidas da "Lenda do Jurupari''. No
Vocabulário de abundam menções às então ainda
de seriam publicadas na mesma Revista do Instituto Histórico
e Geográfico, tudo, Barbosa
Amorim contaram com a autoridade de
uma mesma Roberto. Descrito como um

tórias que três

de seus
por Maximiano e ,_,~·vu·-~~·~
del f urupary) e o Vocabulário, saiu das
mais uma vez, por "'"""""H'~ª'J'
..,ª"""-'"'"" mais tarde com o nome de Amorim.
Para o de esses trabalhos
""'L'-U.L'-" mitos da história brasileira: o

O>lu.uauv em escola brasileira

Tais versões da história se


ainda hoje, por

por

2. Luíz da Câmara Cascudo, Em Memória de Stradelli, p. 62.

3. Ver Bethania Mariani, ''Llnstitutionalisation de la Langue ...", e Eni Puccinelli Orlandi, "La
Langue Brésilienne .. .''.
ser amplamente utilizado em certas áreas da Amazônia até princípios do século
xx, como testemunham os trabalhos de Barbosa Rodrigues, Stradelli e Brandão
do Amorim. Na verdade, em algumas dessas regiões o nheengatu ainda hoje é fa-
como língua franca, embora em menor escala do que há um século.
Dessas três obras, o Vocabulário de Stradelli se destaca como a mais am -
O por um lado, é enganoso, pois, mais que um simples vo-
cabulário, o volume pode ser sem exagero, como uma enciclopédia
amazônica. Por outro a modéstia do tem a vantagem de colocar o

para a cultura
O mesmo ocorre com outras '-ª''-l'-'Jl

que a pesca nos rios e


é uma atividade altamente de milênios de
da natureza por

renteza, à margem, com a

4. O versalete indica verbetes do Vocabulário.


a obrigar o peixe que vem subindo, arrostando a correnteza, a entrar num cur-
ral, de que a barragem é um lado, onde fica preso" - a qual é feita com o PARY,
"gradeado feito de fasquias de madeira, de preferência de espiques de palmeira
paxiúba, amarradas com cipó, com que barram a boca dos lagos ou dos igara-
pés para impedir a saída do peixe" 5• Inclui além disso venenos, como o CUNAMI
ou CUNAMBI, do qual se fazem pequenas bolinhas que, engolidas pelos peixes,
os fazem subir à tona, atordoados; ou o mais conhecido TIMBÓ, que entorpece
peixes grandes e mata os pequenos, facilitando a pescaria em grandes quan-
tidades. Certas modalidades de pesca ocorrem à noite, como o MUTURYSAUA,
ou fachamento, que consiste em atarantar os peixes com a luz de archotes [fa-
chos], na vazante; outras dependem de ruído, como a MUPUNGA (batimento),
"na qual, por meio de barulho feito com varas apropriadas, e mesmo com os
remos, se obriga o peixe a tomar uma determinada direção, de modo a ir aglo-
merando-se num lugar, onde possa ser facilmente flechado ou arpoado pelos
pescadores, em pé, à espreita na beira da canoà'. Para pescar tambaquis se usa a
sua comida favorita, a frutinha CAMU-CAMU, mas sem colocá-la num anzol: os
pescadores simplesmente amarram os camu-camus na ponta de uma corda, e
imitam o ruído feito pelas frutas quando caem na água: os tambaquis acodem
depressa e engolem a fruta. Na ausência de camu-camus, são utilizadas bolas
de madeira (UAPONGA ou GAPONGA). Técnica mais ou menos semelhante é
o PINDÁ-CIRYRYCA, empregada sobretudo para apanhar tucunarés: um anzol
com penas coloridas de tucano é passado rapidamente, "mal frisando a super-
fície da água, para que o peixe, enganado pelo vistoso da cor, arremeta contra
o anzol e fique fisgado". E assim por diante.
Em relação à caça, o conhecimento se estende por uma imensa lista de ani-
mais - mamíferos, aves e répteis - cuja carne é apreciada, ou não, na Amazônia;
por várias armas, como a CARAUATANA (zarabatana) e muitos tipos de arpões
e flechas; os diversos venenos usados nessas armas; além dos tabus que todo
caçador tem de respeitar se não quiser se converter num azarado. A "farma-
copeia indígenà' assunto que gera hoje cada vez mais interesse - também
conta com um número elevado de verbetes. Estão aí, para citar só alguns, a
CARANHA, resina para curar feridas, cujo efeito, diz Stradelli, ele mesmo já
comprovara várias vezes; a MYCURA CAÁ, que serve "para expelir os vermes e
a própria solitárià'; além de ervas abortivas, cujo conhecimento fazia parte do

5. José Veríssimo também descreve todas essas técnicas de pesca, num livro que certamente
serviu como fonte para o Vocabulário de Stradelli (ver bibliografia).
dia a dia das mulheres na maioria das tribos brasileiras, que não tendiam a ver
famílias numerosas com bons olhos. Na farmacopeia pode-se ainda incluir as
drogas alucinógenas, os venenos - área na qual a Amazônia indígena alcançou
um desenvolvimento talvez único no mundo - e os vernizes, corantes, colas e
impermeabilizantes, importantíssimos naqueles anos anteriores à fabricação
de tintas e resinas artificiais.
No todo, é notável o respeito de Stradelli pelo saber indígena amazônico, um
saber que ele aprendeu de fontes escritas (Gonçalves Dias, Couto de Magalhães,
Spix e Martius, Barbosa Rodrigues, Brandão do Amorim e José Veríssimo, entre
outros), de suas conversas com Maximiano José Roberto, e também dos longos
anos em que viveu na região e conviveu com índios e caboclos, muitos deles
amigos do próprio Maximiano. É verdade que esse respeito não se estende a to-
dos os aspectos da sabedoria local: certas técnicas de pajelança, como o sopro
e a sucção, são vistas como charlatanismo pelo conde, que não esteve imune ao
positivismo que dominava o pensamento daqueles tempos. São várias as refe-
rências ao "primitivismo" das sociedades indígenas, por exemplo, e, na "Nota
Preliminar", Stradelli chega a citar, sem traço de crítica, a observação paradoxal
(para não dizer absurda) de que os indígenas "pudessem [ ... ] conceber sinais
representativos de ideias com capacidade de abranger objetos, de que eles não
tiveram conhecimento [... ] . Que não tendo eles ideia alguma de religião, exceto
a da Natureza, na sua própria linguagem tiveram sinais para representar toda a
sublimidade da Religião da Graçà' [cf. p. 46] 6 .
É o conhecimento indígena sobre o meio ambiente que merece a admira-
ção incondicional do conde. Mesmo quando esse conhecimento lhe parece
estranho, como no verbete dedicado à IAKYRANA-MBOIA, "um pobre inseto
caluniado como muito perigoso por ser a sua ferroada venenosíssima, quan-
do não é senão uma inócua cigarrà', Stradelli acaba por concluir que "apesar
disso, e porque tenho sempre encontrado no indígena um exímio observador
da natureza, se foi ele que lhe deu o nome e lhe fez a fama de que goza, algu-
ma razão deve haver''. Essa admiração, lembremos, não era comum, pois as
já mencionadas ideias positivistas que defendiam a existência de raças atrasa-
das e adiantadas haviam impregnado também o pensamento científico sobre
a Amazônia. Na verdade, até a década de i980 acreditava-se que o precário
"desenvolvimento" da região se devia à falta de conhecimentos e de disposi-
ção por parte da população local. Vários megaprojetos tentaram implantar

6. Stradelli diz não se lembrar da fonte dessa citação.


na Amazônia produtos e técnicas de fora, e todos eles, um por um, falharam
porque seus autores tinham em comum o mesmo arrogante desmerecimento
do saber local. Tentou-se, por exemplo, plantar seringueiras em fileiras orga-
nizadas, com o objetivo de racionalizar o que se acreditava serem técnicas
mitivas de extração da borracha (técnicas que, aliás, são usadas até hoje). Essas
tentativas não deram certo, porque a concentração de seringueiras num só
gar favoreceu a multiplicação de pragas que acabaram por destruir as árvores 7•
Estabeleceram-se plantações em larga escala, de arroz e vários outros produtos
a suposta má utilização de recursos na
esses devido à hoje proverbial pouca
da camada superior do solo da floresta 8 . Foi só a de meados da dé-
cada i980 que começou a tornar-se comum a ideia de que os lo-
cais tinham muito o que ensinar sobre o seu meio ambiente, e os cientistas en-
tão começaram a aprender. Estudos como os de Darrel Posey sobre as técnicas
caiapós de manejamento florestal ou o de Emílio Moran sobre
o fato de que a longe ser uma "flo-
resta , é um meio ambiente manejado população local há milênios.
Nesse uL"""'~~, o Vocabulário
riamente moderno. O verbete sobre a formiga carnívora por exem -
ser incluído em atual de

deixa larva de inseto, constituindo, por via disso mesmo, uma esplên-
dida defesa, até contra as próprias saúvas, embora muito mais fortes e maiores do que
ela. [ ... ] Quando na localidade não há taracuás é preciso trazê-las.

ao do o se lamenta da
caça e pesca indiscriminadas que, na sua
zônicos. Não se trata de tentar

.. """··~L que os homens


tratados em p. 39]. o
7 Susanna Hecht e Alexander Cockburn, The Fate of the Forest, p. 68.
8. Ver Hecht e Cockburn, op. cit. capítulo 6.
autor de vários artigos publicados em boletins da Reale Società Geografica
Italiana, adere, como seria de esperar, às verdades científicas de sua época. Ao
mesmo o Stradelli da Amazônia, amigo de índios e caboclos,
converte-se num apaixonado admirador saber u"~'"·""'u
E não só do saber sobre o meio ambiente, pois obviamente Stradelli tam-
em alta conta a língua que é a razão de ser e o eixo do Vocabulário:
o nheengatu. Refutando como absurda a ideia de que pudesse ter sido inven-
ção dos jesuítas, ele o nheengatu (para ele um dialeto do tupi) não
é distinto de todas as outras línguas, que "são manifestações vivas e
necessária e há em so-
-.,.~ .... , ..._, não se inventa e muito

menos se uu.cu.~.u. e elegância, e


....

-se de ser um
já que o

ou talvez por isso mesmo, não


no Vocabulário. várias vezes Stradelli
lavras que não são

são evidentes até para não es-


(é verdade que sem muita

u u • - u ....m mais de trinta anos


Ambas devem a sua

U.'-"""''"'uv para

o comum às numerosas
de térmites que Já me têm -...vuuu.v
mais da metade da minha escassa livrarià'. Está aí o humor, que não caberia em
muitos "Vocabulários''. mas que aparece respingado aqui e ali no de Stradelli,
como em outro exemplo, do verbete IUCUACU:

Jejuado. O indígena, pode-se dizer, passa uma grande parte da vida a jejuar.
Começa a jejuar quando chega a puberdade, jejua na véspera de festas instituídas por
Jurupari, o Legislador indígena; jejua antes de casar; o casado jejua todas as vezes que
a própria mulher é menstruada, quando esta pare e durante o resguardo a que ele fica
submetido, quando os filhos estão doentes e não sei mais em que outras circunstân -
cias. Se aos jejuns rituais[ ... ] juntarmos os forçados, que também não são poucos, pre-
cisa convir que eu não exagero dizendo que passa a vida a jejuar. Disso, pois, talvez, a
razão por que, quando tem, come a tripa forra. É para refazer o tempo perdido [p. 387].

Nesse verbete, como em muitos outros, vemos também o interesse do con-


de pelos costumes indígenas. Certos rituais, como a nomeação de crianças, a
festa da puberdade das meninas, e o Jurupari, contam com longas exposições
no Vocabulário, às quais junta as descrições de danças, instrumentos musicais,
técnicas de fazer colares e cerâmica, malocas, comidas, e costumes os mais
diversos, pintando uma imagem da vida do indígena no Uaupés em princí-
pios do século xx que é, sob qualquer aspecto, valiosa. Ainda mais porque
não se trata de uma imagem exclusivamente sincrônica: objetos arqueológi-
cos muito valorizados pelos indígenas, como os ARU APUCUITÁ (remos anti-
gos), o MURUARI (tanga) de cerâmica marajoara, e as ITACOATIARA (petrogli-
fos), estabelecem uma clara continuidade entre os indígenas contemporâneos
a Stradelli e seus ancestrais, os quais deixaram exemplos de cultura material
que não excluíam, num sentido amplo, a escrita - como já afirmava Stradelli:

Tais desenhos, embora toscos e de uma ingenuidade quase infantil, especialmente


quando comparados com o que se quis representar, são verdadeiros e próprios hiero-
glifos, sinais convencionais com significação ainda hoje conhecida pelos nossos indí-
genas, que os veneram como monumentos deixados pelos seus maiores.

Essa noção de tempo profundo, histórico, é fundamental para a compreen-


são do fenômeno mais característico e importante da cultura do Alto Rio
Negro: o Jurupari (ou Iurupari, Jurupary). O termo é usado para descrever, ao
mesmo tempo, o ritual de iniciação masculina dos vários grupos indígenas do
Alto Rio Negro, os instrumentos musicais usados nesse ritual (que não podem
ser vistos nem ouvidos por mulheres ou crianças), uma série de regras de com-
portamento ligadas a esse ritual ou dele derivadas, e o próprio herói respon-
sável pela invenção e divulgação do fenômeno em si9 • A história desse herói é
o tema da outra grande obra de Stradelli, a "Lenda do Jurupari", publicada em
italiano como La Leggenda dell']urupary sete anos depois da chegada do conde
ao Brasil, ou seja, três décadas antes do término do Vocabulário. Jurupari está
presente também no Vocabulário: os comentários a mais de uma dúzia de pa-
lavras, alguns deles longos e interligados, fazem menção explícita ao Jurupari
da "Lenda", e o verbete dedicado ao seu nome ocupa mais de uma página.
Além disso, Jurupari aparece em alguma das histórias que Stradelli transcre-
ve, antes do Vocabulário, para servirem como exemplo de nheengatu usado,
acompanhadas de tradução ao português. A maioria dessas histórias já haviam
sido publicadas antes, por Couto de Magalhães, Tastevin e Barbosa Rodrigues.
A exceção, na época em que foi escrito o Vocabulário, seriam as três narrati-
vas finais, coletadas por Maximiano José Roberto e traduzidas, de acordo com
Stradelli, por Brandão do Amorim. Duas delas, "Kukuhy" e "Poronaminare"
sairiam, de fato, na coleção deste último, Lendas em Nheengatu e Português, que
acabou por ser publicada, como já indicamos, antes do próprio Vocabulário,
e - embora não haja dúvidas de que a versão em português seja, para todos os
efeitos, a mesma nos dois volumes é importante notar que Stradelli faz al-
gumas modificações na linguagem de Amorim. Já a terceira história, "Eren",
ao contrário do que afirma Stradelli, não faz parte de Lendas em Nheengatu
e Português, mas aparece, com algumas variações, na Muyraquitã e os Ídolos
Symbólicos, de Barbosa Rodrigues.

LENDA DO JURUPARI

O Vocabulário enciclopédico de Stradelli se relaciona de modo bastante su-


gestivo com a "Lenda do Jurupari". Traduzida ao português só recentemen-
te (Stradelli, 2002) esta "Lendà' deve a própria existência ao nheengatu de
Maximiano Roberto. Por quase um século, o texto mais complexo que se
conhecia do rio Negro, a "Lenda do Jurupari" (daqui em diante "Lendà') é
um dos clássicos da literatura indígena americana e abrange toda uma cos-
mogonia. O Vocabulário ilumina e enriquece a sua leitura de várias maneiras.
Explica com muitos detalhes o contexto imediato ao qual pertencem as histó-

9. Para uma visão abrangente do fenômeno do Jurupari no Alto Rio Negro ver os trabalhos de
Reichel-Dolmatoff, Hugh-Jones, e Neves.
rias do herói cujo nome é Jurupari em nheengatu. Supre as notas lacônicas que
Stradelli adicionou ao seu texto sobretudo as que traduzem ao nheen-
gatu palavras das grandes famílias linguísticas da região, tucano e aruaque,
incluindo os nomes de Jurupari nestas outras línguas. Sublinha a coerência e
a interconexão de certas para a leitura das antes do
Vocabulário e da espaço-tempo (ARA), da con-
RUPITA), taxonomia
vitais e de suas metamorfoses e nomes E nos
a entender a estrutura e as estratégias do texto da "Lendà', traduzida dos
por Maximiano.
confirma a sua autoridade enu-
mera as "lei") e os sagrados instrumentos mu-
sicais. Este eram
os

tanto com
outras .._,,.,,..... H.

retamente toda a vasta e na con-


se parece muito com o da do herói
, antes do Vocabulário. O outro
nas outras duas
nome baníua

instrumentos

nasce de uma
ou
rer seu corpo o suco de uma fruta: cucuRA no rio
rio Amazonas . Esse modo de conceber é
No caso
às
que inicia o tuxui
yacy (sangue de lua) ou menstruação. A lua pode ser igualmente a origem
(mãe) da fruta, YA-CY. Também está envolvido no assunto um macaco mas-
turbador, e tudo acontece durante a coleta da fruta de uma árvore sul, na
direção do rio Amazonas.
A outra origem, da pesca, é mais concentrada nos rios da Amazônia, nos
artefatos e costumes inspirados por aquele denso sistema fluvial durante
nios. Esta etimologia é preferida por um "tapuio" de Stradelli, que a pro-
pôs (em nheengatu) nestes termos: "Nada disso, o nome de Jurupari quer dizer
fez o nossa boca". Numa a éa
tura da grade que atrapa peixes (PARY): levado pela correnteza do rio na narra-
da coleção de Amorim (mas não no nosso Vocabulário ) 10

lhe
como o "quarto" CACURI e o PARY. Este por sua vez, a
apropriada para a discrição que devem manter os fiéis acerca dos mistérios
centrais culto
Para esse efeito, as duas etimologias, como gran -
H.<.Uv.,ViiUiH

des segredos, ve<1ac1os às mulheres.

seu nome
o
e da luz que
xe,
é terra,
dia ou IUACA RUPITÁ, a raiz ou tronco do céu.
do Amazonas e na geografia da

céu [nos
Na

io. Na coleção de Amorim há duas narrativas distintas que têm o título "Poronaminare''. Apenas
a primeira delas foi reproduzida por Stradelli.
terra, o avô de Jurupari elabora no chão o complexo desenho numérico "do
cepo do céu": o momento do sol no equador vira o centro tropical de onde se
vai povoar a terra, quando ele obriga todos a irem ensinar por "todas as terras
do Sol" a sua visão do mundo.
Por isso, faz sentido, a princípio, pensar (com Stradelli) em Jurupari
como uma figura solar, quando inventa a sua "lei", o sistema federativo im -
posto à força a várias tribos e línguas da região do rio Negro. A ambição da
lei (ou melhor, do modo de viver, c1cu) é dominar rito e dogma, liturgia e
crença, e impor regras, decidir quando e como se deveriam celebrar festas
(PURACY) relevantes a todos os momentos da sociedade, jejuar (rucuAcu),
proteger-se contra os MAYUA noturnos, eleger o TUIXAUA (tuxaua), casar
etc. O veneno destinado a matar as pessoas que descobrem os segredos do
culto é o COARACY-TAIÁ, a planta do sol, ou o ardor que dela sai. Para esse
efeito, as luas que dão nome aos meses se adaptam ao ano do sol, aos seus
solstícios e equinócios. Em termos calendáricos, o sol sujeita a lua ao seu
ciclo de estações. Falando da lua, YACY, Stradelli confirma essa ideia: "A Lua
completa a obra do Sol. Este fecunda as plantas e lhes faz produzir as frutas,
a Lua as amadurece".
Porém, a relação entre o sol e a lua não exige necessariamente subordi-
nação ou a ordem de diferença sexual que é inevitável na gramática das lín-
guas latinas. Primeiro, a lua é o lua, e não menos homem que o sol. Ao causar
o tuxui yacy, deflora, penetra, pode engendrar. As suas fases, nova (PYSASU),
crescente (IUMUNHÁ), cheia (ICAUA), minguante (IERASUCA) etc., ainda que se
conformem como "meses" com o ano do sol, exigem respeito por si mesmas,
na coordenação das grandes festas e danças (PURACY), como o CARIAMÃ (cujo
nome vem de uma casta de CAXIRY), que celebra as jovens defloradas por YACY,
isto é, o primeiro catamênio. Purificados pela bebida feita da planta CEUCY-
-CIPÓ, os tocadores do instrumentos sagrados nas festas olhavam para o céu
noturno, não o sol.
No céu noturno, Iaci se move em mais de um ritmo. O ciclo sinódico
de suas fases (de 29,54 noites) se conjuga com o sideral da sua viagem pelas
constelações zodiacais (de 27,32 noites). A primeira coincidência entre os
dois ciclos equipara as nove luas (sinódicas) da gestação humana em geral
com as dez (siderais) da gestação de Jurupari e de sua mãe Ceuci (um dos
pais, de cada um deles, era estrela). Mais, o ritmo de Iaci coincide com o de
YACY TATÁ, o seu "fogo'', o planeta Vênus, a identidade celestial que assumiu
a mãe Ceuci. Com o sol (Coaraci), Iaci e YACY TATÁ viajam como um trio
pelo caminho zodiacal, pois são os três corpos mais brilhantes do céuª. Nesta
perspectiva, o sol no céu é um só entre três CY - uma de tantas palavras para
"mãe", no sentido de princípio e origem: como observa Stradelli neste verbe-
te, para o indígena nada existe sem mãe.
A "Lenda" descreve a Ceuci-Vênus, mãe de Jurupari, como o retrato de
outra de nome idêntico, a sua tia Ceuci-Meenspuin, irmã de seu pai Pinon. É
esta Ceuci genealogicamente prévia que o Vocabulário ratifica como "o grupo
de estrelas das Plêiades''. Ela e o seu irmão Pinon (a cobra que corresponde a
Scorpius), definem, então, o caminho das constelações zodiacais entre leste e
oeste, perto das suas margens (trópicos) ao norte e sul. No Vocabulário, são es-
tas que servem para regular e "conhecer as horas da noite", num tempo-espaço
noturno próprio que se diferencia categoricamente do dia, do ano e do ACAIÚ,
e necessariamente do Jurupari-Coaraci, e não admite ser subordinado a ele. Ao
planejar as suas expedições, Jurupari insiste na noite e na hora divisória entre
PITUNA e PITUNA Pucu (noite, noite longa/lenta), a meia-noite PYSAIÉ (palavra
não composta em nheengatú) que, para Cauará, na narrativa "Kukuhy'', mede
tanto os ritmos do céu como os pulsos do seu coração.
Ao definir o zodíaco, Ceuci e Pinon ocupam nele as posições mais privi-
legiadas, dos dois cruzamentos com a Via Láctea, "uma senda ['vià no ita-
liano J quase branca, semeada de pequenas estrelas" ("Lendà', p. 274), que ela
puxa atrás de si saindo do lago Muipa e que corre norte-sul no céu. Para o
povoamento desta outra via ou senda que une os dois lados do céu contribui
o próprio Jurupari. Segundo o Vocabulário, acima e no centro mora IUARA-
CACA, a lontra do Órion, que vai para o lado sul roubar os peixes no CACURI
ou ARAPARI (o Cruzeiro do Sul, que comemora o seu nome). Também ficou
no centro o ARARA-PARY, o ornamento de dança perdido pelo TAPYIRA (anta),
quando este, jogado ao céu por Jurupari, foi parar no lado oposto, como Ursa
Maior, o Sete Estrelo setentrião. Ao percorrer o caminho para o norte, é a anta
que dá à Via Láctea seu nome em tupi (TAPYIRAPE).
Desenhado assim, o mapa do céu de Jurupari concorda com outros daquela
região tropical. O dos barasanas, por exemplo, faz um jogo semelhante entre as
luas sinódicas e siderais. O Vocabulário nos informa também sobre o pequeno
lagarto TAMACOARÉ (Cassiopeia) lembrado nas inscrições ITACOATIARA; so-

IL A relação numérica entre os anos de Vênus e do sol, 5:8, existe no desenho do cepo do
mundo; o pai e a tia da Ceuci, filhos de aves, amadurecem em dezoito meses (duas gesta-
ções) e não dezoito anos.
bre o IAUTI (jabuti) que ocupa posições múltiplas, entrando e saindo dos rios
céu; o peixe-boi IUARAUÁ que é a mancha magalânica; e o par alpha e beta
Centauri que se alternam entre jovem e velho e pescam nas ricas águas do sul
Cacuri ou do Cruzeiro. Na "Lendà; a mãe de Pinon,
é transformada na constelação PIRARARA, peixe-arara.
Na nota de rodapé à "Lendà; inspirada provavelmente por Maximiano,
o desenho do "cepo do mundo" que Pinon fez inicialmente
para organizar a procura de sua e que serviu para povoar a terra. É assim:
círculo, no são diâmetros inclinados sucessivamente
entre com ângulo de 45 graus''. Quer dizer, o desenho corresponde não ape-
nas ao espaço dos que iam povoar o ou ao tempo numérico do sol e
1ernvo-1=sr>aco. ou ARA, com movimento sucessivo interno.
"'u""·'ª"·"'-'-V este e outros dados legados por Maximiano, é possível pensar
nos ciclos enormes que, no ano solar, descrevem as constelações do céu noturno
(a precessão dos equinócios): o ARA, proporções imensas mas mensuráveis
e e pela astronomia dos americanos.
ancestrais e das grandes metamorfoses da criação contada por
de Dinari em ao discurso astronô-
na categoria dos PIRÁ-urnÁ, os ovíparos
distinta da dos (soó) e mamíferos. Antes, casada com
capaz os ovos que ele tinha fertilizado
Os filhos têm características ofídicas, mas (como
UH>rD~nn entender a sua natureza, o

"a que pode a fecun-


e sobre as estrelas "que deixaram sua nas duas crianças"
Pinon engendra a que, com a do macaco, pare
A ligação entre o macaco e se torna evidente ainda em ou-
tros contextos, como no batismo dos instrumentos abaixo) e no verbete do

conta a sua história sobre

A U'-j"o~ . . . ~~,

p.
mento dele
terra, na maloca
de antecedentes
vitória sobre Ualri, o TAMANDOÁ baníua. Companheiro de Jurupari, Ualri foi
encarregado da missão de fundar uma casa de culto no ocidente, mas se deixa
seduzir e revela os segredos a não iniciados, sobretudo às mulheres locais. O
destino dos que traem a lei assim é tema, no Vocabulário, do verbete TAMAN-
DOÁ e de outros inter-relacionados.
Velhinho e desdentado, o tamanduá Ualri se caracteriza pela língua "ver-
miforme e viscosà', o que lhe permite (se supõe) desfrutar da companhia das
mulheres a quem comunicou o segredo. Das cinzas do seu corpo queimado,
saem os MAYUAS, os espíritos de mau agouro, venenosos, que podem estragar o
adolescente (daí os ritos preventivos). Da sua unha, a única e forte arma de de-
fesa e ataque que esse animal possui, Jurupari faz o amuleto potentíssimo que
presenteia ao amigo Carida e que o transporta a qualquer lugar. Também vem
dele o contraveneno, isto é, a água usada na lavagem das pudendas de uma
pessoa de sexo contrário ao da vítima, comparável em potência ao antídoto
derivado do veneno da cobra suRucucu.
A história cósmica de Dinari, que Jurupari conta no momento da vitória,
ratifica então a sua supremacia política, permitindo-lhe impor a sua lei, as re-
gras de comportamento, o calendário das festas, e celebrar este poder num
concerto/conserto onde estreia os instrumentos de sopro (MEMi, MEMBY) fa-
bricados dos restos do traidor derrotado Ualri. É o grande momento de câm-
bio, culminante na narração da "Lenda'', o momento em que tudo se concentra,
onde passamos do ARA da cosmogonia ao de uma geo-história local. No corpo
das cosmogonias americanas a que pertence, a "Lendà' é justamente este tipo
de mudança entre níveis de tempo-espaço que o sincronismo estruturalista (e
da linguística) tende a ofuscar ou eliminar.
Como Nachtmusik ou noturno, o concerto começa com o pôr do sol e os
instrumentos soam noite adentro, a princípio sem serem tocados. A músi-
ca exerce uma poderosa atração e vêm ouvi-la não só os vizinhos humanos,
como também representantes dos seres ancestrais, onças, serpentes, e até mes-
mo os peixes. O momento encantado da meia-noite é marcado pelos gritos dos
animais, e Jurupari sai, comentando: "Até os animais ouvem a nossa músicà'
("Lenda", p. 312). Manda então guardar os poderosos instrumentos num quar-
to fechado, invisíveis aos não iniciados.
No plano social, das festas que Jurupari autoriza no momento da mudan-
ça, as cinco primeiras pertencem ao sistema de luas que regula as atividades
tradicionais de pesca e coleta de frutas, ambas consagradas nas etimologias do
nome do herói. As outras festas, descritas em mais detalhe, têm a ver com a
hospitalidade, o comportamento sexual e o serviço comunitário (AIURY), atra-
vés, sobretudo, da roça CUPIXAUA, a queima e o machado (NDYI) que preparam
o solo para ser plantado ("Lendà', p. 279). Em um nível, então, a lei de Jurupari
representaria a transição à agricultura, a passagem da coleta à colheita, e, na
versão de Barbosa Rodrigues, este é efetivamente o papel mais importante do
herói. Na "Lendà', o relato de como fez os instrumentos e deu nomes a eles vem
como para confirmar esta leitura.
O primeiro instrumento ou MEMi recebe o nome do próprio Ualri. É feito
de um osso seu (segundo o costume também romano, como anota Stradelli no
Vocabulário), mas é obtido como se fosse de uma árvore queimada e cortada
na roça. Outros instrumentos recebem os nomes de personagens que exem-
plarmente também não se adaptaram ao novo sistema. São os que, não queren-
do plantar por razões inaceitáveis (preocupação excessiva com possíveis catás-
trofes futuras etc.), tiveram de viver do trabalho dos outros e foram transfor-
mados em aves e insetos: Arandi, a filha de pajé, que quis continuar comendo
só fruta de árvore silvestre, e os velhinhos Bue e Canaroarra, que se recusaram
a plantar a própria comida e tentaram viver da roça alheia. Bem espalhadas na
região, tais narrativas podem invocar como agente transformador o espírito,
ou mãe, da mandioca; aqui Bue é transformada pelo "macaco da noite", possí-
vel referência, como vimos, ao luRUPARY-MACACA.
Este ato de batizar os instrumentos, quinze no total pertence também ao
12
,

plano político. Ao apresentá-los, Jurupari os mede com as dimensões do com-


primento e da circunferência do seu próprio corpo, do umbigo à cabeça, do pé
ao braço etc. E os nomes que lhes dá são tirados de histórias exemplares, algumas
delas contadas por inteiro na "Lendà', como as de Dinari/Dianari e seu marido
Ilapai (a ave jacamim) e a de Arandi/ Arianda. A primeira de todas essas histó-
rias, como vimos, é a do Ualri. Jurupari constrói do próprio corpo um federa-
lismo imaginativo e linguístico capaz de incorporar num todo as memórias e
ambições dos seus ouvintes, cujo objetivo é compreender coerentemente a diver-
sidade dos grupos da região. Partindo dos casos principais de Dinari e Ualri, no-

12. Quinze na versão em italiano (dezesseis segundo Barbosa Rodrigues, mas não enumerados
um por um). O número quinze é o produto cumulativo do fator básico da aritmética des-
crita no Vocabulário, a mão (pô) ou cinco (1+2+3+4+5=15). O decimal é duas mãos, e o vi-
gesimal é duas mãos e dois pés (py), como nos sistemas do Caribe e da Mesoamérica. Ainda
assim, cem é uma conta (papasaua), como no sistema decimal dos Andes, e quinze é o meio
mês de trabalho imposto por Jurupari (no episódio de Ualri) que existe no calendário inca.
mes que pertencem respectivamente às duas grandes famílias linguísticas do rio
Negro, tucano e aruaque, ele batiza os quinze instrumentos com sons e sílabas
que se transformam noutro concerto/ conserto de outras tantas falas e dialetos.
Pode-se imaginar que, com sua herança tariana, Maximiano se encontrava no
meio das duas grandes famílias e por isso teria escolhido, para contar a sua histó-
ria, o nheengatu que compartilhava com Amorim e Stradelli. De fato, só faz sen-
tido contar este momento climático da história na língua "geral'; neutra, ubíqua,
federal. Assim, o próprio Jurupari poderia ser reconhecido, como é o caso até
hoje, por nomes próprios dessas outras línguas (como o Buscan, "coração duro';
tucano, preferido por Barbosa Rodrigues e mencionado na "Lendà; p. 283).
Em correspondentes notas de rodapé na "Lenda" (e comentários no
Vocabulário), Stradelli, graças a Max, se mostra bastante consciente das impli-
cações políticas e culturais do culto do Jurupari no rio Negro. Essa consciên-
cia se estende até o Vocabulário, na clareza com que vê a importância decisiva
que esse culto tinha para a sucessão do TUIXAUA, para a autoridade herdada
e confirmada pelo conselho MOACARETÁ, para a coerência política dos povos
que (com Ajuricaba) resistiram à invasão dos portugueses e dos bandeirantes,
e que ainda resistiam ao Estado-nação Brasil. Foi por isso que lhe foi dado ver
a lei de uma perspectiva que a propunha como comensurável com o cristianis-
mo, o culto invasor que importava outro TuPANA e que reduzia Jurupari a um
simples "diabo" (como quiseram alguns reduzir o nheengatu a uma invenção
dos jesuítas). Nos seus melhores momentos, Stradelli defendeu, como filoso-
fia e como cosmogonia, os testemunhos em nheengatu que o cristianismo (e a
ciência da época) desprezava como "superstição primitivà'.
Isso lhe terá instigado a enfatizar a escrita como validação e garantia inte-
lectual, na forma da ITACOATIARA, conceito que elabora num artigo à parte.
No comentário ao verbete, a comparabilidade da itaquatiara com a escrita al-
fabética é defendida por Quenomomo, um amigo cubeo da região Cuduiari.

" KUKUHY ", " EREN ))


E " PORONAMINARE )}

As três narrativas finais complementam os comentários do Vocabulário sobre


o conceito Jurupari. "Kukuhy" e "Eren" pertencem à história da região quan-
do se impunha a lei de Jurupari e falam mais sobre o onde e o como do culto.
Introduzida numa paisagem de ambições guerreiras e "costumes feios", esta lei
impacta sobretudo nas relações de família, entre pai e filha. O "Poronaminare"
da terceira narrativa é um herói conhecido de Jurupari, e comparável com ele.
Em "Kukuhy", Cauará é um tuxaua baré e pai de Nudá. Num território ribei-
rinho cada vez mais povoado e apetecido, ele defende o culto do Jurupari,
protegendo os seus segredos e os seus instrumentos musicais dos olhos das
mulheres. Kukuhy é filho do tuxaua dos invasores que sobem o rio como pei-
xes (PIRÁ) numa cobra (a "Cobra grande'', Y-YIARA, da mitologia tucano), e
genro de Cauará. É antropófago e gosta da "comida da luà' (YACY TEMBIÚ);
mata mulheres sem perdoar a própria (Nudá), com uma ferocidade sádica, la-
mentada por Cauará. Kukuhy persegue o sogro, que se refugia num NDUIAME-
NE ou fortaleza que tem o nome de um ancestral, o lagarto teiú. Com a ajuda
dos tarianas, Kukuhy é finalmente derrotado e ridicularizado no seu próprio
NDUIAMENE, termo baré equivalente ao CAISARA tupi, que o Vocabulário iden-
tifica com o sistema europeu de escravidão.
Pai de Eren, na história homônima, Uaiú é da região cubeo do Cuduiari, de
onde vem o pajé Quenomomo, amigo de Maximiano. Uaiú também defende
o culto do Jurupari, só que este agora serve para lhe garantir poder e imuni-
dade como pai incestuoso. Ele quer se "enfaceirar" com a própria filha Eren,
cuja mãe é o hermafrodita Acutipuru (na forma masculina, Acutipuru poderia
igualmente engendrar filhos varões; o Vocabulário nos informa da beleza da
cutia ACUTIPURU que tem uma cauda de pelos longos e sedosos, e um "aspec-
to elegantíssimo aumentado pela elegância dos movimentos"). Ao fugir, Eren
é atraída pela flauta (MEMI) do "estrangeiro" Cancelri e casa-se com ele, antes
de as tropas do pai matarem a ambos, com uma ferocidade traiçoeira digna
de Kukuhy. Os dois são vingados pelos guerreiros de Cancelri, que decidem
estabelecer-se na região, sob a égide da constelação Ceuci. É na forma da mãe
hermafrodita de Eren, ACUTIPURU, que os mortos podem subir ao céu.
Das três narrativas, a mais imersa no tempo antigo, nas primeiras idades da
terra, é sem dúvida "Poronaminare'', que conta os sucessos que prefiguram o nas-
cimento do herói epônimo. Dono da terra e do céu, este herói baré é muito pare-
cido com Jurupari pelo comportamento e por seu sentido épico de missão. Além
disso, suas vidas se cruzam textualmente: a sequência desta história, publicada
por Amorim, contém um episódio equivalente ao do velho tamanduá Ualri, que
ameaça e queima os três filhos de Poronaminare. Só que aqui o papel de Jurupari
vira o de Poronaminare, enquanto o de Ualri vira o do próprio Jurupari' 3•
No tempo anterior ao nascimento, as genealogias dos dois heróis coinci-
dem: a de Poronaminare é contada na história epônima que o propõe como

i3. Ver a esse respeito Sá ("A Lenda do Jurupari" e Rain Forest Literatures).
neto de um Cauará prévio e arquetípico; a de Jurupari se deduz da explicação
que ele mesmo dá depois de vencer Ualri ("Lendà'). Ambos têm por avô um
velho pajé (Cauará, Pinon), marido de uma mulher anônima, pescador ou en-
gendrador ao estilo (sem coito) do peixe, aparentado com aves da tribo ou da
serra dos jacamins que fazem barulho à noite; este avô pode ter corpo de san-
gue frio de sáurio-ofídio, forte como rocha, e tem uma filha de natureza ter-
restre e celeste. Nos dois casos, a filha concebe milagrosamente num lugar ao
sul, rio abaixo, onde está a árvore dos macacos, sofre de secura nos peitos, que
é remediada, outra vez milagrosamente, dá à luz um bebê radiante, e termina
subindo ao céu, olhando para o Leste.
Tudo isso acontece num mundo de sonhos e de sono, de sondar sombras
(SAÃN, ANGA), de prever, provar e adivinhar, de conversas e intuições delica-
díssimas. É uma atmosfera intensamente permeada pelo esforço de fazer exis-
tir imaginando, atmosfera que caracteriza outras gêneses do rio Negro (como
Antes o Mundo não Existia, dos desano), além do Ayvu rapyta tupi-guarani, e
a antiga tradição xamânica tropical da América, o PAJÉSAURA.
A belíssima narrativa da concepção de Poronaminare consiste num diálogo
etéreo entre pai e filha. Cauará está pescando quando, na noite, a filha se ex-
põe à fria luz da lua; ao voltar à casa de onde ela saíra, ele intui, precisamente
à meia-noite (PYSAIÉ), o que teria acontecido entre ela e o homem-lua que, em
sonho, vê subindo de novo ao céu. Rio abaixo, ela sonha com o futuro bebê,
ameaçada por uma enchente que a obriga a nadar até uma ilha flutuante (CA-
NA- RANA). Na água, durante a travessia, seu feto (fruto da lua fria) é abocanha-
do por um peixe e, ao chegar à ilha, ela própria se metamorfoseia em macaca,
graças ao feitiço da ave caripira. Foi neste momento que Cauará viu que o seu
neto já estava "na terrà; embora na forma de um homem-ave: vai a seu encon-
tro, transforma-se por pouco tempo no lagarto teiú (da história "Kukuhy"), e
os dois vão à procura da filha/mãe na ilha. Em cima da árvore, como macaca,
ela desce envolvendo a forma-ideia do filho/feto e, grávida, transcende a for-
ma simiesca.
Perto de novo do pai, a filha conta-lhe o sonho sobre o nascimento futuro,
e sobre as borboletas e os beija-flores que sustentam o filho melhor que as suas
mamas secas. As borboletas também suspendem o filho no alto. À meia-noite,
os animais acordam e cantam (como no concerto de Jurupari) contando o nas-
cimento na serra dos jacamins. Cauará quer subir mas não pode e metamorfo-
seia-se em IACURUARU, grande sáurio "comedor de ovos" (como o confessa ser
o próprio Stradelli no verbete), cuja "figurà' permanece na rocha. Cantando
no Oeste, a filha é levada pelas borboletas à origem do céu.
O papel das borboletas e dos beija-flores (PANAPANÁ, IAMBY), voadores de
cores brilhantes, recorda-nos do improvável poder físico que lhes é dado pelos
seus metabolismos; e aquelas tipificam o próprio conceito de metamorfose. Os
beija-flores têm o mesmo papel de suplementar o peito humano na narrativa
guarani Ayvu rapyta. Reciprocamente, o Vocabulário nos fala do rouxinol TEN
TEN, que as mulheres do Uaupés criam com o leite do próprio seio, e que em-

presta o seu nome a um dos instrumentos do Jurupari. Como lagarto antigo,


a figura de Cauará-iacuruaru na rocha comunica-se com o tempo ainda mais
profundo da geologia, e lembra "a velha lenda" do jacaré TYRYTYRY MANHA
(causa do terremoto), que sustenta a terra, mas a faz tremer quando se mexe,
ao estilo do estrondo que faz Pinon nas rochas.
A origem do céu aonde a filha vai é IUACA RUPITÁ. Como no gênesis do
Ayvu rapyta, este RUPITÁ, "origem, bloco, tronco, parede" tal qual aparece no
Vocabulário, é evidentemente o "cepo" do mundo da "Lenda", e pode pensar-
-se tanto no Leste como no Oeste. Lembra RAPU, raiz, eco vertical de RAPÉ,
caminho. A filha segue, então, o mesmo destino que Dinari, a mãe de Pinon,
que, também do Oeste, subiu às estrelas, foi ao céu e, "nas raízes do céu", virou
a constelação PIRÁ-UIRÁ Pirarara. O que importa é ver o modo de correlação
entre formas vitais terrestres e o céu, e o tempo-espaço em que acontece a me-
tamorfose. Da maneira como as estrelas no corpo de Pinon e da irmã vieram
do céu num gozo supremo, KEREPIYUA, a mãe das estrelas vibrantes de luz
(uERAU), pode mandar à terra os sonhos de que nascemos.
Quanto ao tempo-espaço de tudo isso, o ARA, a narrativa especifica que a
filha sobe PUCUSAUA KITI. São as duas últimas palavras do texto, difíceis de tra-
duzir a qualquer língua europeia e, de fato, Amorim e Stradelli simplesmente as
esquecem na versão em português, embora o Vocabulário diga que PUCUSAUA
é comprimento, lentidão, isto é, muito longo no tempo e espaço (KITI e "por"),
o que lembra outra vez mais a transformação de Dinari na "Lenda''. À procura
de sua mãe, Pinon pergunta por ela ao pajé primordial do rio Cudiacuri, num
diálogo que sucessivamente se adia, como se fosse para fazê-lo começar a ima -
ginar o tempo-espaço em que se poderia ouvir uma resposta. É o tempo-espaço
do "cepo do mundo", que ele mesmo desenhara, onde os diâmetros se movem
sucessivamente numa operação de muitíssimos anos. Como se sugeriu em ou-
tra parte (Brotherston, 2002), tratar-se-ia na astronomia tropical do ARA, que
corresponde à precessão do sol no caminho das estrelas. Também é esta corres-
pondência que na noite dá seu significado ao momento divisório entre PITUNA
e PITUNA PUCU (o mesmo longo/lento de PUCUSAUA), PYSAIÉ, que conta os pul-
sos do coração como os anos de precessão e cuja maravilhosa potência sentem
tanto Jurupari, na música, como Cauará, na barriga da filha.
Informados pelo original nheengatu da narrativa "Poronaminare" e pelos
comentários do Vocabulário, começamos ademais a suspeitar que exista na
"Lendà' um assombroso discurso genético e evolutivo, de ancestrais e paren-
tescos (prato- )humanos, que conjugam peixe, ave, ofídio-sáurio, e macaco, e
que nascem e morrem no imenso ARA do céu tropical14 • Uma avaliação pare-
cida poderia ser feita em relação ao discurso mais histórico das outras duas
narrativas, e da figura complexa plurivalente de Jurupari em geral. Por esta
e muitas outras razões que não podemos listar aqui, o Vocabulário se revela
como um verdadeiro tesouro enciclopédico, capaz de enriquecer os esforços
para compreender a inteligência da cultura do rio Negro, e da Amazônia em
geral. Além disso, essa grande obra de Stradelli abre caminho para uma visão
mais ampla dos trópicos americanos, estabelecendo referências comuns como
o ARU APUCUITA, dos olmecas "guardiães de peixes" do Popol Vuh, e o jacaré
TYRYTYRY MANHA, dos Andes e da Mesoamérica.

Nesta edição, atualizamos a ortografia do português, mas preferimos não fazer


correções na linguagem de Stradelli, que tem um sabor todo pessoal temperado
aqui e ali de italianismos - como a "livrarià' (biblioteca) da citação acima, ou o
termo "antenado" (ancestral) do verbete Jurupari. O nheengatu foi mantido tal
e qual o da primeira edição, incluindo-se certas inconsistências. Acreditamos
que, dessa forma, os leitores poderão apreciar mais a lógica do texto, e a imensa
dificuldade - explicitada na "Nota Preliminar" - enfrentada pelo conde ao ten-
tar compor o vocabulário de uma língua cuja versão escrita ainda não havia sido
(como de fato não o foi até hoje) normatizada. Para essa decisão, nos valemos
também do parecer do professor Aryon Rodrigues, a quem agradecemos.

BIBLIOGRAFIA

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E. STRA E LI

PRECEDIDOS DE UM ESBOÇO DE
GRAMÁTICA NHEENGA-UMBUESAUA MIRI
E DE CONTOS EM LÍNGUA GERAL NHEENGATU
PORANDUUA
o NHEENGATU, ou LÍNGUA GERAL, é dialeto da língua que, ao tempo da
Descoberta, se encontrou falada do Amazonas ao Prata pela maioria das tri-
bos litorâneas, com que os invasores se acharam em contato. Os outros diale-
tos da mesma língua, deixando de lado os intermediários, que, com nuanças
infinitas, como que reúnem os dois dialetos extremos, são o tupi e o guarani.
O guarani, já quase policiado, é ainda hoje falado no Paraguai. O tupi, ou
língua brasílica, como o designaram Anchieta e Figueira, já falado ao longo
da costa atlântica, não cremos se fale em parte alguma por povo civilizado, e
isso embora os numerosos dialetos tupis vivos ainda e falados por numerosas
tribos mais ou menos refratárias à civilização. O nheengatu, ao contrário, em-
bora muito menos policiado do que o guarani, é ainda hoje a língua do povo
em muitos lugares dos dois Estados do extremo norte do país, e é a língua com
que os civilizados se comunicaram e se comunicam com muitas das tribos in-
dígenas em via de civilizar-se.
Nheengatu e guarani, como elos extremos de uma mesma língua, têm de
comum não só uma infinidade de palavras e raízes, mas a construção e feição
da frase. A asserção não é minha. Simpson, no prefácio à sua Gramática de
Língua Geral (1867), acentua o fato de que, ao tempo da Guerra do Paraguai,
os caboclos do Pará e os tapuios do Amazonas se entendiam com relativa
facilidade com os paraguaios. A mesma coisa me relata o meu finado ami-
go, general Dionysio de Castro Cerqueira, então membro da Comissão de
Limites entre Brasil e Venezuela, que gostava de entreter as longas horas de
acampamento relatando fatos e episódios da guerra em que tinha tido a sua
primeira promoção.
Nheengatu, boa língua, é o nome que lhe dão tanto no Pará como no
Amazonas os que a falam tradicionalmente como língua dos seus maiores,
aprendida dos lábios maternos. Língua geral é o nome que lhe é dado por po-
vos civilizados, que não a falam ou a aprenderam por necessidade, como o
meio mais cômodo de entender e ser entendido pelos filhos do lugar ou com
os semicivilizados, a cujo contato se veem obrigados na labuta diária da vida.
Abstração feita de algumas tribos indígenas, que se conservam meio arre-
dias da nossa civilização e que falam a língua geral, como a língua que apren-
deram para entrar em relação com os filhos do lugar, donde saem para comu-
nicar com o branco, hoje em dia, tanto no Pará como no Amazonas, como
não há ninguém que, embora de uma instrução rudimentar, ignore o portu-
guês e não o fale mais ou menos corretamente. Em muitos lugares, todavia,
deste imenso interior amazônico, além de que pelas tribos que se vêm aproxi-
mando com maior ou menor relutância à civilização o nheengatu é ainda hoje
falado, como língua preferida, por ser a dos avós, da porta da sala para dentro,
e do uso corrente entre os filhos do lugar. O português é ainda para muitos a
caryua nheenga, a língua do branco. E, se já não é a língua do inimigo con-
quistador, é a língua do estrangeiro, ou, quando menos, a língua do patrão, a
língua alheia. Falar o nheengatu, pois, em muitos casos, é uma vantagem para
granjear a confiança, e em muitos outros se torna uma necessidade para todos
quantos, comerciantes ou não, pelo seu gênero de ocupação, se encontram
em contato direto com o elemento indígena, que é ainda preponderante em
muitos lugares do nosso interior. Eu pessoalmente, se fosse necessário, posso
atestar isso mesmo.
Falar a alguém a língua que aprendeu dos lábios maternos, aqui como em
todas as partes, é o meio mais certeiro e fácil de lhe granjear a confiança, e
isso tanto mais facilmente, quanto uma requintada civilização ainda não em-
botou a emotividade instintiva peculiar às raças primitivas, substituindo-a
por uma muito civilizada desconfiança que (preciso confessar) nem sem -
pre é despida da sua razão de ser. Bem pode acontecer, como já a mim acon-
teceu, que um ou outro figurão, cheio de empáfia, por ter guardado na mala
uma patente de Guarda Nacional, finja não entender e até se mostre agas-
tado, por entender que, se lhe falando a língua dos seus maiores, se põe em
dúvida ou se faz pouco da sua importância. O comum do povo, todavia, que
não tem destas caraminholas na cabeça, não só não se agasta, mas agradece
que se lhe fale a sua língua, e nos trata logo como velhos amigos e conheci-
dos. No seu grosso bom senso pensa, e pensa bem, que isso de raças superio-
res ou inferiores não impede que os homens sejam julgados pelo que fazem
e sejam tratados em consequência.

O nheengatu parece que foi chamado língua geral pelo fato de ter sido a lín-
gua que originariamente serviu no Maranhão, Pará e Amazonas - então tudo
Maranhão, como intermediária para estreitar relações com as tribos, que se
vinham a achar em contato com a civilização. Na sua origem, todavia, o nome
não parece que fosse, como o é hoje, limitado ao nheengatu, mas no nome de
língua geral se compreendia o conjunto dos dialetos tupis então falados, com
nuanças que os ligavam como elos da mesma corrente, das Guianas ao Prata.
O nome que então lhe deram de língua geral revela o grande pasmo dos des-
cobridores por encontrar em toda a parte, apesar das alterações locais, a mes-
ma língua.
A opinião de que a língua geral é criação dos jesuítas, embora quando
cheguei no Amazonas, uns quarenta anos atrás, fosse opinião corrente, basta
enunciá-la, para confutá-la. Não se carece ser gramático nem filólogo parasa-
ber que as línguas são manifestações vivas e naturais, que surgem necessária
e espontaneamente onde há homens reunidos em sociedade. Criação incons-
ciente da multidão anônima, não se inventa e menos se impõe. Produto es-
pontâneo de afinidades étnicas, de aptidões psíquicas e morais dos grupos que
as falam, influenciadas pelo meio, os usos, os costumes, as condições de lugar
como pelo grau de civilização alcançado, as línguas são organismos vivos que,
como outro vivente qualquer, nascem, crescem e se desenvolvem para culmi-
nar numa florescência rigolhosa ou estiolar e morrer, seguindo as fases por
1

que passam os povos a que pertencem.


O que parece ter podido dar corpo a tão estranha crença foi talvez o
fato de terem sido os jesuítas os primeiros e por muito tempo os únicos a
recolher e disciplinar a língua em gramáticas e vocabulários, assim como
de tê-la introduzido aqui no Norte como a língua, com que os missionários
se entendiam com os neófitos, chegando a ensiná-la em suas missões de
preferência ao português, levados a isso, não tanto pelo intuito de subtrair

1. Robusta, forte, rigorosa. (N. do E.)


suas missões à influência dos colonos, como pela maior facilidade que en-
contravam para fazê-la aprender aos indígenas, que conseguiam aldear. As
afinidades étnicas facilitaram a tarefa, como foram elas que determinaram a
escolha, que a impuseram, e que, retiradas as missões, permitiram que a lín -
gua não se extinguisse, pelo que continuou a viver em todos aqueles lugares,
que, por serem afastados dos centros populosos, e pelo excesso do elemento
indígena, se conservaram como que refratários, senão hostis, ao elemento
português, pouco numeroso, aliás, em todo o interior da Amazônia para
reagir e impor-se neste terreno. A área em que a língua geral é ainda fa-
lada, tanto no Pará, como no Amazonas, parece confirmar a hipótese. Com
efeito, ela desapareceu em todos aqueles lugares em que o elemento portu-
guês, ou, melhor, o elemento brasileiro policiado se tornou verdadeiramen-
te preponderante, assim como não é falada naqueles rios em que as missões
jesuíticas nunca chegaram. As missões sucessivas, menos metódicas, nada
organizaram de duradouro.
Esta área, por via disso mesmo, se restringe todos os dias, e sem ser profeta
nem filho de profeta se pode afirmar que o dia da sua extinção não vai longe.
Em muitos lugares, onde há poucos anos passados se falava correntemente
nas relações familiares a boa língua, hoje já não se fala, ou a fala um número
cada dia mais limitado de pessoas. Quando cheguei ao Amazonas, em Belém
do Pará havia uma cadeira de Língua Geral, de que era catedrático o coronel
Faria. Em Manaus ainda se falava em muitas casas de tratamento, da porta
sala de visitas para dentro, especialmente com o pessoal de serviço, na sua mor
parte, senão na totalidade, indígena. Hoje em Manaus quase ninguém a fala,
ou apenas a fala algum velho, que mal encontra com quem a falar e alguns
curiosos; mas podem-se contar, não fazem número.
No Estado do Amazonas, todavia, ainda é falada por muita espe-
cialmente nos sítios e em todos aqueles lugares que se acham em contato
com o elemento autóctone não ainda policiado ou em via de policiar-se, e
os primeiros contatos são devidos às antigas missões. Fala-se em
Maués, Urucará, Silves, Borba, Codajás, Coari, Caiçara,
Tocantins, São Paulo Olivença, no Aiapuá, no ]apurá brasileiro e em
o rio e na mor dos seus afluentes, da foz do rio Branco para
cima. No vizinho Estado do além de alguns lugares da Baía de Guajará
e alguns dos seus afluentes, já antigamente missionados, se não estou mal
informado, fala-se nas proximidades de Óbidos, Santarém,
Prainha, Montalegre, Alter-do-chão, Cametá, assim como em alguns lugares
da costa, onde, todavia parece, que o nheengatu já se acha muito eivado de
tupi, como acontece com o nheengatu do Maranhão, se, como me parece po-
der afirmar, é no Maranhão que Martius recolheu ou obteve o maior contin-
gente com que compilou o próprio vocabulário.

O nheengatu, todavia, como é hoje falado e escrito, pode-se afirmar sem susto
de ser desmentido, nunca foi falado por tribo selvagem nenhuma. Embora não
seja língua escrita, ao menos no significado que se atribui a esta expressão, e
talvez por causa disso mesmo, é uma língua que já traz os sinais dos contatos,
a que foi obrigada, e se estes não são maiores o deve, muito provavelmente, ao
fato de não ter passado a ser língua culta.
O não ser língua escrita, mas língua falada, não impede que já haja em
nheengatu lendas, fábulas, vocabulários, gramáticas e até mesmo versos re-
colhidos e publicados por estudiosos da envergadura de um Gonçalves Dias,
Couto de Magalhães, Martius, Barbosa Rodrigues, para somente citar nomes
laureados de escritores conhecidos. A estes pode-se aditar, além dos traba-
dos primeiros dois bispos do Amazonas e do Reverendo Padre Tastevin
do Espírito Santo - que estão impressos - a coleção de Lendas Indígenas
recolhidas amoravelmente pelo meu antigo companheiro de jornada na mi-
nha viagem ao rio Uaupés, Max. J. coordenadas, revistas e
em grande parte traduzidas por um profundo conhecedor do nheengatu, o
sr. Antônio a quem aquele saudoso amigo em boa as deixou,
e inéditas.
Língua falada e não escrita, sem ortografia assente, recolhida, além do mais,
em e cada mais e menos, se
achou com direito de inovar, alterar, a grafia do seu antecessor, com
a boa está claro, de torná-la mais consentânea, fácil e representativa
eo a Se muitas vezes diametral-
mente oposto, a culpa não é da falta vontade de acertar. Pelo é
excesso de zelo. Acresce a isto o não ter sido a língua
mas sim por brasileiros, por-
etc., e se facil-
mente o caos que é a
Apesar de a boa vontade de aceitar para uma das for-
mas de já aceita e usada por dos meus antecessores, ainda assim
não me a de ninguém. Isso não quer
que os tenha desprezado. Se antes de que em trabalhos impressos e perten -
centes aos meus antecessores eu fui recolher a língua na boca dos que a fa-
lam, como língua dos seus maiores, aprendida dos lábios maternos, e se bem
a minha colheita tenha sido efetuada um pouco por todas as partes nestes
quarenta anos de vida amazonense, nem por isso deixei de utilizar, e utilizar
largamente, tudo o que foi publicado até hoje e me foi possível consultar e
obter. Quando todavia vim a utilizar os trabalhos alheios, foi quando já me
achava com um amplo material colhido diretamente, e então me encontrei
na circunstância de ter involuntária e inconscientemente criado um modo de
escrevê-la, em muitos casos, inteiramente diverso dos que me precederam, e
isso embora a base da minha fonética seja o português, tal como é escrito e
pronunciado no Brasil.
Para conservar e não alterar o meu modo de escrever concorreram quatro
ponderações. Primeiramente, cada um dos meus antecessores tem um modo
especial e seu próprio para escrever; a minha escolha, pois, pouco adiantava
para a unificação da grafia do nheengatu. - Segundo, um pouco de amor-pró-
prio, que me faz pensar que a forma por mim escolhida não é a pior. Terceiro,
porque esta mesma forma é a que me parece afastar-se menos da forma cor-
rente de se escrever foneticamente o nheengatu aqui no Amazonas. - Em
quarto lugar, finalmente, por preguiça, por me parecer custoso refundir todo
o trabalho feito.
A maior diferença consiste em haver eu abolido o uso do ç, sempre subs-
tituído por s, e suprimido o uso do q, substituído por k, quando representa o
som duro, nisso escudado no exemplo de Cândido de Figueiredo, que o em-
prega para figurar esta mesma pronúncia, e por e, u, quando representa o som
liquescente.
Mas tudo isso é dito com maior individuação e minúcia no "Esboço de
Gramáticà'. Aqui apenas acrescentaremos que a grafia da palavra nheengatu
procura afastar-se o menos possível da grafia do português-brasileiro, e que é
de conformidade com a fonética deste alfabeto que se deve ler e pronunciar o
nheengatu tanto nos "Vocabulários", como nos trechos que seguem o "Esboço".
Há uma exceção - é para o y, que é reservado a representar a pronúncia do
i tapuio. Escolhi este sinal em lugar de outro mais exótico, porque, apesar dos
inconvenientes que apresenta e ser letra com som já mais ou menos definido
na linguagem corrente, especialmente nas transcrições de palavras tupi-gua-
ranis, qualquer outro sinal escolhido teria a mesma arbitrariedade, e porque
praticamente no momento da impressão não representa pequena vantagem ter
usado de uma letra de uso comum em lugar de outra qualquer letra mais exó-
tica e não existente nos alfabetos correntes.

O "Vocabulário Nheenga-Sanhanasaua" é dividido em duas partes: "Vocabulário


Português-Nheengatu" e "Vocabulário Nheengatu-Português".
As duas partes tendem a fim diverso e foram concebidas e confeccionadas
em relação com métodos diferentes.
Na parte "Português- Nheengatu" se dá a palavra portuguesa, fazendo-a se-
guir da correspondente nheengatu, dando, quando conveniente, exemplos dis-
criminados do seu emprego, e escreve-se a palavra de conformidade com a
fonética adotada, sem embargo de dar algumas raras vezes as pronúncias dife-
rentes; quando estas diferem de região a região, não se lhes aditam explicações
de caráter diverso do gramatical ou de alguma exceção no uso corrente da lin-
guagem, que a possam interessar.
Na parte "Nheengatu-Português", quando a palavra se refere a usos ecos-
tumes locais ou à fauna ou à flora, além de dar a tradução da palavra em nhe-
engatu e se for necessário assinalar as diversas acepções que pode ter ou tem a
mesma palavra e até individualizar separando cada acepção, se dá, sempre que
se apresenta a possibilidade, ou melhor a oportunidade, e embora todo o risco
de invadir seara alheia, uma sucinta descrição do objeto, uso, costume, plan-
ta ou animal; e quando me é possível, com referência à fauna e à flora, dou o
nome sistemático, aditando-lhe com referência à flora o uso que dela se faz na
farmacopeia indígena ou na marcenaria.
Em geral, estes mesmos nomes somente se encontram registrados na parte
"Nheengatu-Português''. achando-se registrados na parte "Português-Nheengatu"
no único caso de terem um nome no vernáculo ou de terem passado nele com
alguma alteração.

Uma especialidade da língua geral são os prefixos. Quando o prefixo corres-


ponde à desinência verbal, embora modifique a inicial da palavra, registra-se
esta, atendendo à inicial da palavra que serve de tema ou raiz verbal e é inva-
riável. Ex.: xapure, resó, ocica etc. se encontram registados: pure (pulado), só
(ido), cica (chega) etc.
Quando o prefixo indica a relação em que se acha a palavra, geralmente
um nome, com a pessoa que fala, com que se fala ou de que se fala, embora

"/J 43 <.:/~
a alteração seja simplesmente da inicial, a palavra se encontra registrada em
todas as diversas suas formas. Sem embargo de correr o perigo de ser acu-
sado de superfluidade, a isso me levaram duas reflexões. A primeira é que a
preferência, qualquer que dia fosse, não deixaria de ser sempre sujeita a ser
acoimada de arbitrária, apresentando o mesmo inconveniente para os que
fossem pouco familiarizados com a língua geral. A segunda é que em mui-
tos casos falta uma das A palavra, embora começando por uma das
variáveis - c=s, t, r todavia não sofre variação alguma, ou a sofre in -
completa. É o caso de raua (cauda, cabelo, pelo), que faz saua e não tem taua.
É o caso de taua (povoado, aldeia, taba), que fica inalterada em qualquer re-
que se encontre.
Quando se trata do invariável iu, que torna o verbo, ou mu,
que lhe dá urna significação toda ao nheengatu, a palavra é registrada
ao prefixo, e isso porque muitas vezes estes prefixos dão à palavra
da Pela mesma razão, registro, atendendo ao
'""·u""ªº raras palavras que, assumindo-o,""'-·"--"·
não a pretensão de tê-las
começadas em i e que não se encontrem
na letra que se lhe segue.

As que os trazem à boa língua, e que tanta _,_,_,_,._,,_


maleabilidade lhe conferem, nem sempre são registradas todas,
, e isso porque em muitos e muitos casos não têm
~~,0U"~'~ de circunlocuções que se pres-
se não

vema para a de ter


muitíssimas vezes, por amor à criado que hão de pa -
recer verdadeiros h~•ch~r• e o são. Não há por onde
sempre muito parcos, mal uma ou
outra de que o uso sufixos seja, antes de
de
perce-
mais uma vez surpresa e
Se são pouco usadas na conversação já não acontece o mesmo
quando se trata de relatar fatos, contar referir lendas,
se quem fala tem alguma instrução e o hábito de falar a língua, ou melhor, se a
fala como dos seus maiores.
O pouco uso que delas fazem na conversa familiar, embora poupem cir-
cunlocuções, é de atribuir-se, talvez, a duas causas diversas e geralmente con-
comitantes. A primeira, e certo a dado o gênio do nosso autóctone,
é a preguiça ingênita, que o faz fugir do trabalho de procurar a forma mais
fazendo-o contentar-se com aproximações, que
não obstam a que se entendam. A segunda é a pouca intelectual, que
~~""·"~ entre os que falam a língua.
Como se diz isso? Sem que
lhe
e mais rara-
mente Aetá supi, ou Cuá iaué supi? mesmo ou desta forma, E isto
sempre como necessário da mínimo DCTAr<'A

e contestá-

se na

e dá-
pondente ao infinito, de conformidade com a rotina e escudado nela, não
havendo interesse algum em alterá-la.
Esta facilidade de modificar a ideia, expressa por qualquer palavra - ou
quase - por meio de prefixos e sufixos, com a de poder formar novas palavras
com a aglutinação de duas ou mais palavras dá à língua geral uma vitalidade e
adaptabilidade de que mal a suspeitam os profanos. Dela pode-se dizer o que
já se disse do tupi, do qual aliás o repito, não é senão um dialeto.
"É admirável que tendo os povos, que a falaram, limitadas as suas ideias
a um pequeno número de coisas, as que julgaram necessárias ao seu gênero
de vida, pudessem contudo conceber sinais representativos de ideias com ca-
pacidade de abranger objetos, de que eles não tiveram conhecimento; e isso
não de qualquer modo, mas com propriedade, energia e elegância"; e o autor
que assim se expressa e do qual não encontro de momento o nome, conclui:
"Por toda prova bastará dizer: Que não tendo eles ideia alguma de religião,
exceto a da Natureza, na sua própria linguagem tiveram sinais para represen-
tar toda a sublimidade da Religião da Graça, sem lhes ser preciso mendigá-
-los de outras línguas".
Disso não se infira, porém, que, pelo amor de demonstrar praticamente
toda a adaptabilidade do nheengatu, me tenha deixado levar a formar palavras
novas e novos modos de dizer; nada disso. Muito pelo contrário. Posso afir-
mar que me tenho limitado a registar sempre palavras ouvidas de viva voz ou
encontradas escritas em algum dos que me precederam, sendo que uma larga
messe colhi nas lendas, ainda inéditas, amoravelmente recolhidas por Max. J.
Roberto, às quais já me referi e que espero ver brevemente publicadas pelo seu
atual possuidor, o sr. Antônio de Amorim, um dos poucos apaixonados culto-
res das coisas amazônicas, e cuja competência é apenas igualada pela sua ex-
trema modéstia.

As últimas três lendas que vêm com outras, logo em seguida ao Esboço grama-
tical são desta proveniência.
Dizendo "Esboço" vê-se que não pretendi escrever uma gramática, traba-
lho certamente superior às minhas forças e para o qual não tenho, seja dito
sem falsa modéstia, o necessário preparo.
Antes de que um trabalho sistemático, são notas tomadas durante a revisão
final dos "Vocabulários" e a transcrição das "Lendas", e coordenadas mais ou
menos de acordo com os índices de todas as gramáticas com o único intuito de
justificar em muitos casos o meu modo de escrever e de facilitar o emprego dos
"Vocabulários" a quem queira exercitar-se no estudo do nheengatu.
Estou, todavia, convicto de que a melhor gramática é a prática. A gramática
sem a prática nada é. Nesta convicção, faço seguir ao "Esboço de Gramática"
uma espécie de antologia formada com excertos tirados de diversos autores,
acompanhados da tradução literal, sem outra preocupação senão de mostrar
praticamente a construção da frase nheengatu, e como as frases se ligam e se
completam.
A pequena antologia, apesar disso, vem demonstrar, e mais praticamente,
que, embora as diversidades locais e a grafia diversa usada por cada um, as di-
ferenças são muito menores do que se podia prever, atendendo à extensão da
área em que elas foram recolhidas. Para melhor demonstrá-lo, reduzi todos os
excertos a uma mesma grafia, e isso como meio prático de demonstrar melhor
a homogeneidade da língua, desde que alguns são colhidos no rio Negro, ou-
tros no Solimões, outros no Pará, mas nenhum intuito de corrigir ou mesmo
de criticar a grafia alheia - que autoridade me falta para tanto.
Não me decidi a isso sem certa hesitação. A primeira ideia foi reproduzir
cada excerto com a grafia adotada pelo seu autor. Havia a vantagem do pro-
porcionar ao estudioso o meio de julgar melhor da grafia adotada por mim.
Desisti disso porém por duas razões. Primeira: a dificuldade de encontrar
uns tantos sinais mais ou menos exóticos excogitados e usados por alguns de-
les. Segunda: porque é exatamente por causa destes sinais que parece haver di-
ferenças, que na realidade não existem.
É quanto queria dizer com referência ao meu trabalho.
ALFABETO

§ O nheengatu ou língua
i. se escreve foneticamente com dezenove le-
tras, a saber:

ABCDEGHIKMNOPRSTUXY

§ 2. Comparado ao alfabeto português, sete letras, isto é,


Ç F L J Q V Z.
Oç, nossos antecessores, é ums, e a pro-
núncia o nheengatu, como língua aprendida dos lábios maternos,
de que
Os sons de j; l, j, v, z não existem na nossa boa
O q somente serve para criar dúvidas sobre a ou não u, e
quando não há é sempre com vantagem e
a, o, u e k perante e, i, y.

- Valor Fonético

§ 3. As vogais, com som auxílio de outras le-


tras são seis: a, e, i, o, u, y.

<:,."\ 49 1,'/,~
§ 4. O som do a é equivalente ao do a português e pode ser mudo, aberto ou
nasal. É aberto quando sobre ele cai o acento, nasal em muitas finais e quando
precede o n. Ex.: Paiangaua, em que o primeiro e o último a são mudos, o se-
gundo é nasal, e o terceiro aberto.
Quando o a é duplo, é o segundo que deve ser pronunciado aberto, e o pri-
meiro e o terceiro quando triplo. Ex.: caá (mato), cáaá (defecado); mas, neste
caso, entre a pronúncia do primeiro e a do terceiro, há uma diferença sensível,
sendo mais aberto o último.
No fim das palavras, o a pode ser: acentuado: pirá (peixe); mudo: pyra (sar-
na); nasal: munhã (feito).

§ 5. O som do e, que também corresponde ao do e português, pode igual-


mente ser aberto, nasal ou mudo.
É aberto quando o acento recai sobre ele. Ex.: cikié (medo), apena (quebra).
É nasal perante o n, tanto no fim como no meio da palavra. Ex.: nheenga (pala-
vra), nheen (dito). É mudo, tanto no corpo das palavras, especialmente quando
precede ou segue uma sílaba acentuada: ex.: aetá (eles), poranguetá (falado);
como no fim: ex.: putare (querido); sendo que neste último caso se ouve mui-
to facilmente substituído pelo i e dizem aitá, poranguitá, putári, mas é, talvez,
influência do português.

§ 6. O i também é sujeito às três formas de pronúncia nas condições indi-


cadas pelo e, e quando mudo em muitos casos se torna substituível e é substi-
tuído por este. Ex.: peri (capim dos campos), periãntá (capim duro), piripirioca
(casta de bulbo cheiroso muito usado pelas mulheres do Pará e Amazonas), ti
(nariz, focinho), pi tinga (rude, tosco).
O i, todavia, em muitas localidades se ouve trocado pelo u, e pronunciado
como se fosse seguido de um g; em ambos os casos, a nosso ver, já não se trata
de um i e, sim, de um y, isto é, daquela vogal que se concordou em chamar i
tapuio; deste diremos adiante(§ 9).
O i não raramente, entre duas vogais ou inicial, assume a feição de consoante.
Ex.: iuruti (juruti), mbeiú (beiju). Se na adaptação destas palavras para o portu-
guês-brasileiro este i se mudou em j, na pronúncia nheengatu conserva bem cla-
ro o seu som de i, embora se torne mudo, fazendo sílaba com a vogal sucessiva.

§ 7. O o tem o som aberto, mudo e nasal, e tem mais um som grave, que po-
deríamos chamar fechado e que não nos foi dado perceber nas outras vogais.
O som aberto corresponde em geral com a tônica e com ela se confunde.
Ex.: caipora (desditado), tauató (casta de gavião),posó (andais).
O som grave ou fechado ô tem como inicial da terceira pessoa do plural ou
singular dos verbos e no final de algumas palavras, sem embargo de nele cair
o acento. Ex.: ô-icô (está), ô-recô (tem); daí, talvez, pronunciar-se em muitos
lugares este o como u e se dizer u-icu, u-recu.
Tem o som nasal tanto no corpo como no fim das palavras diante de n. Ex.:
nherõn (enfurecido), nherõngaua (ferocidade).
É mudo quando faz parte de sílaba que precede uma sílaba acentuada, ou
se precede uma vogal acentuada ou se encontra entre duas vogais, tornando-se
como que consoante. Ex.: coá (este), coaracy (sol= mãe deste dia), sooasu (bi-
cho grande). Nestes casos, pois, é também muito facilmente substituído pelo
u; por isto se ouve dizer e se encontra escrito cuá, cuaracy, souasu. Igualmente
é mudo no fim das palavras, sempre que sobre ele não cair o acento ou não
seja nasal.

§ 8. O u soa como o u comum português e tem também os três sons aber-


tos, mudo e nasal, tendo demais, em algum raro caso, um som muito próximo
do u francês.
O som aberto coincide com a acentuação. Ex.: catu (bom), pacu (casta
de peixe). É nasal perante ng no meio da palavra e de n no fim. Ex.: iupirun
(começado), iupirungara (iniciador). Mudo tanto no meio da palavra como no
fim, especialmente se for precedido de sílaba ou vogal acentuada ou nasal, e
se for dela seguido. Ex.: ipuruãn (prenhe), supi (verdadeiramente), rupi (por),
iauau (fugido).
O u inicial seguido de vogal, assim como quando se encontra entre duas
vogais, toma o som como de consoante, e é pronunciado aspirado. Ex.: uaiarã
(casta de abiu), caua (vespa), yua (planta). O u, que passou para o vernáculo
transformado em b ou v, quando entre vogais, ou em g, quando inicial, deu
guajará, caba, iva ou iba.
O som próximo ao do u francês, o tem muitas vezes no prefixo iu e, ge-
ralmente, quando se encontram em seguida uma da outra duas sílabas em u,
acontecendo que então é a primeira que assume esta pronúncia. Ex.: iumi (fen-
dido), iupui (adelgaçado), puru (emprestar).
O u não é raro seja substituído pelo o, e algumas vezes também por um i
fortemente gutural. No primeiro caso, a substituição se dá sempre entre um o e
um u natural e geralmente mudo. Assim se ouve tanto popunha como pupunha
(casta de palmeira), cotuca e cutuca (ferir de ponta). No segundo caso, trata-se
do i tapuio.

o i tapuio; o seu som varia de localidade a lo-


calidade entre o som do i e o som u, pronunciado com uma forte aspiração
para quem não a língua dos lábios maternos. É
esta aspiração que, em muitos casos, é por ig nas palavras '-'ª""º'""º'"
para o se se trata do y inicial. Ex.: yapó (igapó), ya-
saua (igaçaba).
sobre ele
cai o acento e é
sendo que nunca é nasal.
No rio i, tanto que D. Frederico Costa se
a escrever que o i na y
que ele escreve 'i

visto em muitos mn>~·~·


formar sem ser intermeadas de consoantes,
ou concorrer do mesmo modo com estas para isto
Em

a
há regra nenhuma para isso. Ex.: mbau (acabado), mbaú (comido).

§ 12.
tes, é sempre
iauaété ia-uaé-té

Consoantes - Valor Fonético

§ i3. As consoantes, que somente têm som


são treze, a b, c, d, g, h, k, m, n, p, r, s, t, x.
§ i4. Destas, algumas são puras, isto é, podem ser empregadas sozinhas;
outras são impuras e nunca são empregadas em palavras nheengatus sem se-
rem acompanhadas de outra consoante.
Neste sentido são impuras: b, d, g, h. São puras, embora possam usar-se em
grupos e modificar-se reciprocamente, as nove restantes: e, k, m, n, p, r, s, t, x.

§ is. O b soa sempre como se fora precedido de m. Embora o b seja mais


ou menos sensível na
a todavia a mor vezes da sua existên -
eia duplicando o m, que, único, persiste. Ex.: mbeiú (beiju), cambará (casta
Lantana), na pronúncia do rio Negro, fazem meiú, camará e cammará na pro-
núncia do Solimões. Se sobrevive o b, já não se trata de nheengatu
e, de pronúncia decididamente portuguesa.

§ i6. O d soa sempre acompanhado do n, formando o grupo nd.


Este d é pronunciado muito sensivelmente no rio

ao
Pará se diz francamente caamundu (caçado), mundé
se fala caamunu, muné, e no baixo Amazonas caamunnu, munné.
O d puro não é embora se encontre em muitas
rio Negro correm como se o fossem, e são ,m.,.,,,.,.,_.,
ou manao, línguas hoje vivas na

§ 17. O g é sempre ng. É este, na maioria dos


casos, o
te, senão

cininga
Todas as vezes que se encontra
diante de uma
que
respectivamente a apyaua, yara,

§ iS. O h, como no
e apenas serve para indicar que o n, ao deixa de ter o seu som
natural e um som bem conhecido como característico do por-
tuguês e que corresponde muito aproximadamente ao do fl espanhol, do gn
italiano ou francês.

§ 19. O e tem o valor do português-brasileiro, isto é, vales doce perante e, i,


y. Ex.: Ceucy (as Plêiades), ciry (liso), que se pronunciam como se fossem es-
critos Seucy, sery.
Tem o som duro perante a, o, u. Ex.: caá (folha), coema (manhã), cuaiaué
(deste modo).

§ 20. O k tem sempre o som de e duro, ainda diante do e, i, y, equivalente ao


som do eh italiano; usamo-lo escudado no exemplo de Cândido de Figueiredo,
que o usa no seu Novo Dicionário da Língua Portuguesa para indicar a pronúncia
tanto de palavras vernáculas como exóticas. Em via de regra, representamos com
k a pronúncia dura de qu, que apresentava o inconveniente de deixar em dúvi-
da se devia pronunciar-se duro ou liquescente, fazendo-se, isto é, ouvir ou não o
som dou. O som liquescente de qu escrevemo-lo com e, u.

§ 21. O m puro tem a pronúncia português-brasileira e é muito raramen-


te duplicado. Nos poucos casos em que isso se dá, pode-se afirmar, sem susto
de errar, que estamos em frente do grupo mb, em que desapareceu o b e ficou
substituído por um segundo m, como, aliás, já foi dito (§ 15).
O m forma um segundo grupo com mp. Ex.: mpuca (quebrado), ompau
(acaba). Na hipótese e nas modificações regionais o que cai de preferência -
embora nem sempre - é o m, persistindo o p, pelo que temos puca (quebrado),
opau (acaba).

§ 22. O som do n equivale ao som que tem em vernáculo. Ex.: acenai (cha-
ma), naná (ananás). Ouve-se raramente duplicado, e quando tal acontecer po-
de-se afirmar que estamos diante de um antigo dn, de conformidade com o
que já foi dito(§ 16).
O n final torna sempre nasal a ultima vogal - matin (casta de pássaro) -
como a torna quando forma o grupo ng, o que também já foi dito (§ 17). Na es-
crita, todavia, muitas vezes se encontra esta nasalização apenas indicada pelo til,
e nós também usamos dele sempre que a nasalização não é muito pronunciada.

§ 23. O p corresponde na pronúncia ao p português-brasileiro. Ex.: pupure


(fervido), pororoca (arrebentado), ape (lá).
Nunca se ouve duplicado, e quando forma o grupo mp por via de regra per-
siste depois da queda do m.
Alguma vez se ouve pronunciar, e se acha escrito rp. Mas é erro devido à
má pronúncia ou má audição. Entre ore o p há uma vogal muda, que quan-
do menos é sempre substituída por uma aspiração. Ex.: arpe (sobre) é árupe;
yuyrpe (embaixo) é yuyrupe; e que talvez pudessem ser escritos yuyr'pe, arpe.

§ 24. O r tem sempre a pronúncia dor português brando, e nunca é dupli-


cado. Ex.: rerecô (tens), cururui' (casta de pequeno sapo). O r da mesma forma,
como acabamos de ver, que não forma o grupo rp, não forma nem pr nem tr.
Ex.: Em lugar de preá deve dizer-se apereá; em lugar de tracaiá deve dizer-se
taracaiá; de trocano, torocano etc. etc.
O r é a letra que substitui ld ou d em algumas palavras que do português
passaram para o nheengatu, e que são usadas ou por falta de correspondente
ou mais propriamente por preguiça, de acordo com a lei do menor esforço,
procurando-se-lhes dar uma fisionomia indígena. Ex.: surara (soldado).

§ 25. O som dos é sempre doce, embora no início da palavra seja pronun-
ciado em algumas localidades levemente sibilado, e no meio da palavra al-
gumas vezes se ouça levemente arrastado. Nunca é duplicado ou duro, e isso
embora os nossos predecessores o tenham duplicado profusamente e escrito
uassay, taiassu, uassu onde nós escrevemos uasaí, taiasu, uasu, e tenham usado
do ç para indicar o som duro e escrito iaçuca e ceçá, por iasuca e cesá.
Diante de outra consoante tem o som que se lhe dá no vernáculo, mas ain-
da assim o indígena tende a abrandar-lhe o som.

§ 26. O som do t é também sempre brando, sem nunca se encontrar du-


plicado.

§ 27. A pronúncia do x é a mesma que tem nas palavras portuguesas xarque,


xoldra, xeque, sempre branda e levemente arrastada.

§ 28. Fala-se muitas vezes da facilidade que tem a nossa boa língua de per-
mutar entre si as consoantes, sem por via disso alterar o sentido geral da pala-
vra. Se não se trata porém da possibilidade de se permutarem entre si quando
iniciais, c=s, r, t que não são substituições fonéticas, mas gramaticais e se trata
de verdadeiros prefixos pessoais, esta facilidade - abstração feita da permuta-
bilidade de m por p (permutabilidade devida ao grupo mp de que já dissemos
(§ 21) na realidade não existe.
Cita-se caititu e taititu, pituna e pixuna, e não sabemos quais outros; mas
o primeiro é um caso isolado que não pode fazer lei, e no segundo se trata de
duas palavras de significação diferente: noite e preto, o que explica a diferença
de flexão.
Em geral, pois, as pretendidas substituições são diferenças locais pro-
núncia, senão individuais, as quais, não sendo suficientes para mudar de sig-
"'"'~''"~~ a palavra, à boa vontade de quem ouve entender o que o
outro dizer.

Acento

§ 29. As palavras nheengatus podem ter o acento tônico tanto na última


como na penúltima ou antepenúltima sílaba, embora estas últimas sejam raríssi-
mas. Ex.: catú (bom), ára (dia), Tupána (Deus), kérupi (sonhado).

§ 30. As palavras compostas, porque por via de regra se formam como por
simples justaposição, por isso mesmo ter mais de um acento tônico.
Ex.: itámaracá (sino), manípuéra (caldo de mandioca), razão podem
ser também escritas itá-maracá, mani-puera.

§ 31. Nas palavras que acabam por ditongo o acento é sempre sobre este.
Ex.: iuráu (solto), miasúa (servo), cuá (este), iuceí (ralo).
o acento é também sempre este. Ex.:
cuairasáua canhemotéua (fujão).

que acabam por y o acento tônico é sempre a últi-


ma """'""'" de que lhe é e que já vi-
por g de modo a fazer ig. Ex.: mbuy (furado),
(nádegas).

sílaba a pa-
é
'""'"u-..uv escrevemos a
a nasalização é tênue escre-
com o til. Ex.: munhãn (feito), iupirun (começa-
§ 34. Deixamos de assinalar tanto a pronúncia aberta como a fechada não
só para não sobrecarregar de sinais a escrita, mas também pela grande varia-
bilidade da pronúncia que geralmente existe, não só de região a região, mas de
localidade a localidade, e mesmo de pessoa a pessoa, o que nos deixa incerto
sobre qual seja a verdadeira pronúncia.
Acresce que, embora a diferença da pronúncia possa, na hipótese, ser re-
levada como inexata pelos que têm hábito de falar o nheengatu, nem por via
disso deixaram de compreender.

§ 35. Para facilitar a pronúncia, conjuntamente com o acento e o til usamos


do traço de união para indicar os diversos elementos que concorreram para a
formação da palavra, especialmente quando por qualquer causa, ou simples-
mente para facilitar a pronúncia, seja de utilidade ter debaixo dos olhos os
seus componentes. Ex.: amu-mira-etá-uara (proveniente de outra gente), mi-
ra-etá-uara (comedor de gente), mira-cãn-uera (ossada de gente). Neste últi-
mo exemplo, o n do cãn não se deve ler fazendo sílaba com uera, mas destaca-
damente como pertencente à sílaba anterior.

PARTES DO DISCURSO

§ 36. As palavras nheengatus, estudadas morfologicamente, sem preocu-


par-se com o lugar que ocupam na construção da frase, se podem dividir em
oito grupos: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, advérbio, preposição (me-
lhor, posposição), conjunção e interjeição.
O artigo não existe.
Omitimos o particípio graças à lição de Júlio Ribeiro, que ensina ser parte
integrante do verbo.
Não seguimos, todavia, este autor quanto às interjeições, porque na nossa
boa língua, especialmente com as explosivas, tornam-se uma verdadeira parte
do discurso, cujo uso não pode deixar de ser estudado numa Gramática.

Substantivo

§ 37. O substantivo é o nome próprio ou apelativo das pessoas ou das coisas


concretas e existentes ou ideais e fantásticas, e pode figurar no discurso sem
pressupor a existência de outra parte qualquer deste, isto é, pode subsistir por
si mesmo.
§ 38. Atendendo a seu modo de formação, este pode ser primitivo ou se-
cundário, isto é, a sua formação pode ser originária ou secundária.

§ 39. Os substantivos de formação primitiva ou originária em nheengatu,


como em outra qualquer língua conhecida, não seguem nenhuma lei no seu
modo de formação. Nascidos, como são, ao sabor das circunstâncias, como
que ao acaso, se muitas vezes revelam uma feição especial na mentalidade dos
povos que os criam, recebendo um ar de família que lhes dá uma fisionomia
toda sua, ainda assim escapam por via de regra a qualquer tentativa de agrupa-
mento, a qualquer sistematização morfológica.
Neles se compreendem, salvo raras exceções, os nomes próprios e particu-
lares, assim como uma grande parte dos apelativos e comuns, que indicam as
coisas mais comezinhas da vida de todos os dias.

§ 40. Os substantivos de formação secundária, os que se formam ou se for-


maram como que depois que a língua tinha já adquirido uma certa fixidez, ser-
vem para indicar nomes de objetos ou ideias novas e se formam com elementos
preexistentes, com significação própria e determinada, que reciprocamente se
modificam. Apresentam um modo de agrupamento dos elementos que os com-
põem que se pode considerar constante, o que permite estudá-los e classificá-
-los, tendendo exatamente aos elementos utilizados na sua composição.

§ 4i. Este estudo, na nossa língua, torna-se de uma importância capital.


É a possibilidade de formar novos nomes e novas formas de dizer, aprovei-
tando os materiais preexistentes para novos agrupamentos, que dão à língua
a plasticidade necessária para se dobrar, até certo ponto, a todas as exigên-
cias de uma civilização muito mais adiantada do que aquela em que viveram
os que a falaram, e em que vive a mor parte daqueles que ainda hoje a falam
como língua materna.

Substantivos de Formação Secundária

§ 42. Em atenção à sua formação os substantivos de formação secundária


se podem dividir em dois grupos:
iº. Os de formação adventícia, formados ao sabor das circunstâncias, sol-

dando elementos preexistentes com significação própria, para dar um


novo substantivo com significação própria.

~·/~ 58 ~·r.i
2º. Os de formação regular, que se formam naturalmente da adição de um
sufixo, cujo ofício é tornar substantivo a palavra a que for aditado.

§ 43. Os primeiros se formam como que soldando-se dois ou mais substan-


tivos, ou substantivos com adjetivos.
A regra dominante da sua formação é de pospor ao nome ou adjetivo mo-
dificado o modificador, pura ou simplesmente, ou com as elisões exigidas pela
economia da nossa boa língua.
O novo nome, então, escreve-se todo em seguida ou dividindo os elemen-
tos que o compõem por meio de traços de união, especialmente quando há
algum interesse em frisar os seus componentes. Ex.: itapéua, itá-péua (laje),
composto deitá (pedra), e péua (chata); murutuixaua, muru-tuixaua (coman-
dante-chefe, imperador), de muru (mandar, mandado), e tuixaua (chefe).

§ 44. Quando todavia o substantivo a formar-se traz consigo a ideia de maté-


ria com que uma coisa é feita, a quem pertence, para que é destinada ou outras
relações análogas, a arte modificadora da ideia contida no substantivo a modifi-
car-se, geralmente outro substantivo, é preposta, e isso de acordo com a regra da
nossa boa língua, que para exprimir estas e análogas relações manda pura e sim-
plesmente prepor ao possessor a coisa possuída, à coisa a matéria de que é feita
etc. etc. Ex.: itamaracá (sino), deitá (pedra) e maracá (chocalho), isto é, chocalho
de pedra; itaoca, composto de itá (pedra) e oca (casa), isto é, casa de pedra.

§ 45. Em geral as palavras que concorrem para formar o novo substantivo


se pronunciam e escrevem pura e simplesmente uma em seguida da outra, es-
pecialmente se a final da primeira sendo vogal encontra a segunda começando
por consoante.
Quando, pelo contrário, das duas palavras uma acaba e outra começa por
uma mesma vogal, uma delas desaparece por elisão. Ex.: mirapara (arco), com-
posto de mirá (pau) e apara (curvo, torto).
Quando das duas vogais que se encontram, embora diferentes, uma é acen-
tuada e a outra é muda, esta é que se elimina e desaparece. Ex.: yara (canoa),
de y (água) e iara (dono); pirarucu (casta de peixe de escamas vermelhas), de
pirá (peixe) e urucu (casta de fruta que dá tinta vermelha).

§ 46. Algumas vezes parece que haja exceção às regras acima enunciadas e
que, na junção de duas palavras preexistentes para formar uma nova, a elimi-
nação não se limite a uma vogal, mas haja eliminação de uma sílaba e alguma
vez de duas.
A exceção não é senão aparente, e provém de que na formação da nova pa-
lavra as componentes são utilizadas na sua forma absoluta e alguma vez ob-
soleta, em que a sílaba ou sílabas que parecem desaparecer por eliminação, na
realidade não existem. Ex.: tupaca e tupaoca, duas formas que querem ambas
dizer casa de Deus, não provêm de tupana e roca, e sim de tupã e oca, dando-se
pois em um caso o desaparecimento da vogal menos esculpida; yarapé - iga-
rapé não provém de yara (canoa) e rapé (caminho), mas decorre de yara e pé,
com o mesmo significado, pelo que se dá apenas uma simples justaposição; pi-
ranha (casta de peixe de dente temível) da mesma forma não provém de pirá
(peixe) e sanha (dente), mas da forma obsoleta anha, que deu tianha (forqui-
lha, isto é, dente da ponta), de ti (focinho, nariz, bico, ponta); miranha (dente
de gente, gente voraz) de mira (gente).

§ 47- Pelo contrário, algumas vezes entre a vogal com que acaba a primeira
e começa a segunda das palavras componentes do novo substantivo se insinua
uma consoante, que parece eufônica. Ex.: tuixaua - tuxaua, de tuí (sangue) e
áua, isto é, aquele do sangue; yuycuy (areia), de yuy (terra) e uy (farinha).

§ 48. Os substantivos de formação regular são aqueles que se formam adi-


tando-se, à palavra que serve como raiz e que na nossa boa língua tem a es-
pecialidade de poder ser qualquer parte do discurso, um sufixo modificador,
que, salvo raras exceções, também se adita pura e simplesmente, com o efeito
de formar um substantivo com determinada significação.
Os sufixos que têm este efeito são: -saua, -ngaua, -sara, -ngara, -para, -téua,
-taua, -tyua, -tama, -yua, -áua.

§ 49. Com -saua, que dá -ngaua, quando sufixo de uma terminação nasal,
se formam os substantivos que exprimem ação, modo de ser, qualidade, con-
dição e outros de análoga significação. Ex.: de nupana (batido) se faz nupana-
saua (batedura), de ceki (espichado) se faz cekisaua (espichamento), de catu
(bom) se faz catusaua (bondade), de munhãn (feito) se faz munhangaua (fei-
tura), de iupirün (começado) se faz iupirungaua (começo).

§ 50. -sara, que se torna -ngara, se for sufixo de uma nasal, dá um substan-
tivo com o significado de agente, o que exerce profissão, ofício e outros aná-
logos. Ex.: iupanasara (marceneiro), de iupana (lavrar a madeira); nheengara
(falador), de nheên (dito); manhanasara (vigia), de manhana (vigiado).

§ 5i. -pora, cuja significação tanto importa ser enchido como encher e por
via de extensão habitar, morar, dá na primeira acepção: caipora (cheio de aper-
tos), de caí (apertado); e, na segunda, caapora (matuto, que habita o mato), de
caá (mato); paranapora (marinheiro, que habita o rio), de paranã (rio).

§ 52. -taua, -tyua, -tama dão todos eles lugar a nomes de localidades, em-
bora com leves diferenças na extensão da significação.
-taua é a forma mais genérica, equivale a rendaua e dá a significação do lugar
em que a coisa se encontra, ou que é próprio ou lhe é destinado: mocaentaua
(lugar do moquém), de mocaên (moqueado).
-tyua exprime mais propriamente a ideia de lugar, onde há abundância
de uma certa coisa e especialmente onde crescem plantas. Ex.: auatityua
(milharal), de auati (milho); uasa'ityua (açaizal), de uasa'i (açaí, casta de pal-
meira). Pode, porém, indicar simplesmente o lugar onde a coisa se encontra
ou o lugar onde o fato se dá, e então é uma questão de preferência escolher
uma forma ou outra; diz-se igualmente eiketyua como eiketaua (lugar de
entrada, fenda), de eiké (entrado).
-tama, forma absoluta de tetama, retama, cetama, que significa mais espe-
cialmente o lugar de origem com o sentido de pátria, indica também localida-
de, mas com a acepção que lhe é peculiar. Ex.: Urumutama (terra de urubus),
que pode também fazer Urumuretama, com a mesma significação.

§ 53. O sufixo -yua tem uma significação muito variável e serve para formar
nomes de árvores, aditado ao da madeira ou ao da fruta que elas produzem, e
isso de acordo com a sua acepção mais comum. Ex.: uaraiayua (guajarazeiro),
de uaiará (casta de abiu); tocariyua (castanheira), de tocari (a castanha conheci-
da com o nome de castanha-do-pará), objeto de larga exportação do Amazonas.
-yua, todavia, pode também trazer a ideia de origem, uso, destinação da coi-
sa. Ex.: iapotiyua (suspensório, atilho para suspender), de iapoti (suspenso); ia-
cumãyua (timoneiro, piloto, e também a cana do leme), de iacumã (leme).

§ 54. O sufixo -aua, que se adita sem alteração quando a palavra, geralmen-
te uma daquelas que se dão como adjetivo ou particípio passado do verbo, ter-
mina por consoante ou vogal acentuada, faz -ua, quando esta acaba em vogal
muda, e -nga, quando sufixo de uma palavra que acaba em nasal, e forma um
substantivo, dando como que ar de substantivo à palavra assim modificada.
Ex.: catuaua (catuaba), de catu (bom, o bom); Purangaua (Porangaba), de pu-
ranga (bonito, o bonito); nheenga, de nheen (dizer, o dito, a palavra); iamiuá,
de iami (espremido, o espremido).
Tornado como que um substantivo, quando continua a qualificar um subs-
tantivo, em lugar de posposto deve ser preposto a este, de acordo com a regra
geral mais uma vez enunciada. Ex.: turusu-uá iacaré yarapaua-uara omano-ana
cuecé (aquele grande jacaré que morava no porto morreu ontem); turusu-pire-uá
tapyira amu caapora-etá suí (a anta maior entre os outros moradores do mato, id
est, a anta é a maior dos outros moradores do mato).

GÊNERO

§ 55. O nheengatu não tem formas especiais para indicar o gênero. Todas as
palavras, exceção feita de um limitado número de substantivos, que em virtude
da sua significação são somente aplicáveis a um gênero, com exclusão do outro,
são indiferentemente masculinas e femininas, são comuns a ambos os sexos.

§ 56. Sempre que é absolutamente necessário indicar o gênero, e este não


resulta do substantivo empregado ou de outro qualquer modo do contexto, se
adita conforme as hipóteses: apyaua (macho), ou cunhã (fêmea). Ex.: tapyira
cunhã (boi fêmea, vaca), iauara apyaua (cachorra macho, cadela), suasumé
cunhãtaln (veado fêmea nova, veadinha).
Note-se, todavia, que em geral é desnecessário indicar o sexo, quando se
fala do macho; entende-se que se fala sempre deste, se outra coisa não é especi-
ficada ou o contrário não se deve deduzir do contexto. Pelo contrário é sempre
necessário indicar que se fala da fêmea, porque com referência a esta não há a
mesma pressuposição.

§ 57. São exclusivamente masculinos e não aplicáveis ao outro sexo em vir-


tude da sua significação: apyaua (homem, macho, varão), curuml (menino),
curumiasu (moço), tuiué (velho), mena (marido), paia (pai), ariô (avô pater-
no), tamuia, tamunha (avô materno),paíangaua (padrinho),paíanungara (pai
de criação), tutira (tio), mu (irmão), mena putaua (noivo).
Entre os animais: capitari (macho da tartaruga); ana-iuri, anauri, anory
(macho do tracajá); carumbé, carumé (macho do jabuti).
§ 58. Pela mesma razão são femininos: cunhã (fêmea, mulher), cunhãmucu
(moça), cunhãntain (menina), uaimy (velha), remiricô (esposa, mulher casada),
remiricô putaua (noiva), maia e manha (mãe), maiangaua (madrinha), manha-
nungara (mãe de criação), ariá (avó), axié (tia), ceíra (tia), rendyra (irmã), cy
(forma antiga de mãe).
Cy, embora não se use no nheengatu moderno e seja palavra obsoleta como
rubá e tubá (pai), é todavia viva em numerosos compostos. Ex.: Coaracy (mãe
deste dia, sol), Yacy (mãe da fruta, Lua), aracy (mãe do dia, cigarra), iracy (mãe do
mel, abelha), amanacy (mãe da chuva, nome de um pássaro), ceucy (outra espécie
de pássaro que poderia ser mal pronunciado e escrito, e ser xiucy [mãe do cho-
ro, nome muito aplicável à pequena coruja, que é conhecida com aquele nome]).

§ 59. A estes é necessário aditar uns tantos substantivos que são exclusiva-
mente aplicáveis a um sexo, com exclusão do outro, mas não se atendendo ao
sexo da pessoa de quem se fala, e sim ao sexo da pessoa que fala, ou em cuja
referência se fala. Ex.: rayra (filho ou filha com referência ao pai) e embyra,
membyra (com referência à mãe); daí pois os derivados: rayrangaua (afilhado e
afilhada com referência ao padrinho) e membyrangaua (com referência à ma-
drinha); rayranungara (enteado, enteada com referência ao padrasto) e mem-
byranungara (com referência à madrasta); temianinô (neto, neta com referên-
cia ao avô) e temiariru (com referência à avó); tatyua (sogro do homem) e taixu
(sogra do homem); mendyua (sogro da mulher) e mendy (sogra da mulher).

NÚMERO

§ 60. O plural do substantivo se obtém com os sufixos -eté, -itá, pronuncia-


dos ou escritos logo em seguida da última sílaba, com ou sem traço de união.
Usados indiferentemente, há, todavia, preferências marcadas locais; assim,
por exemplo, -itá é hoje, geralmente, preferido nos rios Negro e Solimões, ao
passo que -etá, muito menos usado nestas duas localidades, é mais corrente no
baixo Amazonas, e cremos, também, no Pará.

§ 6i. Tanto -etá como -itá é aditado, sem alteração, quando o substantivo
acaba em vogal acentuada. Ex.: yuáetá (frutas), yacyetá (meses).
Quando acaba por vogal muda, pode haver queda desta, mas ainda isso é
uma questão de preferência de localidade a localidade, e até parece do sufixo es-
colhido. Ex.: apyauaitá e apyauetá (homens), iauaraitá e iauaretá (cachorros).
Quando acaba por nasal, esta se atenua e quase desaparece. Ex.: cunhãetá
(mulheres), curumiitá (meninos).

§ 62. O sufixo que indica o plural, ainda assim, somente é usado, se de outra
forma não resulta a condição do substantivo, e não se repete na mesma
frase e até mesmo no correr de um mesmo conto, senão no caso de se tornar isso
absolutamente necessário para a boa inteligência do que se está relatando.
Quando fica claro que se trata do plural, usa-se sempre do singular. Ex.:
mocoin apyaua (dois homens), apyaua ceía (muitos homens).

§ 63. Note-se que, ainda no caso de ter sido posto no plural o substantivo,
isso não importa na necessidade de pôr também no plural o adjetivo; este por
via de regra, enquanto se conserva adjetivo, nunca recebe o sinal do plural,
embora esteja no plural o substantivo a que se refere. Ex.: apyauaitá catu (ho-
mens bons), cunhãetá puranga (mulheres bonitas).

§ 64. O substantivo leva o sinal do plural quando rege o verbo e isso com
tanto maior necessidade, se se trata de terceira pessoa do plural e pela presença
do substantivo ficou suprimido o pronome, que, como veremos adian-
te, é o pronome que distingue a terceira pessoa do singular da terceira pessoa
da Ex.: tuixauaetá ocenoicári (os tuxauas convocam), suainhanaitá osa-
sauana paranã (os passaram o rio).

CASO

§ 65. As relações do substantivo com as outras partes do discurso, os casos,


em nheengatu, são indicados pelas posposições, que fazem o ofício das prepo-
sições nas línguas neolatinas.
A vem logo em do ou do adjetivo
e mais partes do discurso, que eventualmente o modificam. Ex.: pé rupi (pelo
caminho), pé iaueté (pelo caminho difícil).

§ 66. As posposições, por via mesmo, são sempre partes distintas do


discurso e mal se ligam com o nome que regem.
Há, um caso que faz exceção; é a da posposição pe ou me (contração
de opé), que, quando não há entre ela e o substantivo nenhum outro elemento
estranho, se torna um verdadeiro e próprio sufixo e passa a fazer parte integran -
te do
notar na a
rio), de paranã, rio.

§ 6? O substantivo na nossa se
Ex.: oca itá suí (casa
de em casa), osó oca recô

mais e
seu emprego; notaremos apenas

ao nominativo.

§ 70. Uma é
a e

que
~~,"~'~'

em que se encontra o substantivo que a


da razão por que dele ~HAH•~v
enunciado em
mente se começa por não tem relação direta com a pessoa
que fala, a quem se fala ou de quem se fala, toma c perante e, i, y, e s perante a,
o, u, quando em relação à pessoa que fala, ou de quem se fala, quando faltar a
forma peculiar a esta relação; toma r, se em relação à pessoa com quem se fala,
e t e, na falta, c ou s, se se refere à pessoa de quem se fala.

§ 71. São sujeitos à tríplice substituição: samunha (avô), que faz tamunha, ra-
munha, e, como ele, sanha (dente), sainha (caroço), sacua (febre), sacuá (pente-
lho), samatiá (pudendas da mulher), sacunha (pudendas do homem), sapixaua
(vassoura), satyua (sogro do homem), saisu (sogra da homem), saca (extre-
midade), sacapira (ponta), cemiareru (neto da avó), cemianinô (neto do avô),
cendaua (lugar), cetama (pátria), cendyra (irmã), cepoti (excremento), cepoci
(sono), cecu (costume, lei), saymena (genro), sapiá (testículo), cembyua (mar-
gem), cemimi (flauta), ceté (corpo), cyuera (suor), saitl (ninho), cenyua (barba).

§ 72. São sujeitos a substituir c=s por r com exclusão do t: sapu (raiz), suá
(cara), cera (nome), suaia (rabo), supiá (ovo), soocuera (carne), cesá (olho),
supitá (base), cecuiara (troco), sacanga (galho), sapé (caminho), cemiricô (es-
posa), cetimã (perna), cenepiá (joelho), sayca (nervo), satipi (bochecha), suai-
nhana (inimigo), suaiara (companheiro), suãn (grelo), cembaua (xerimbabo).

§ 73. Substituem c=s por t, com exclusão do r: cembé (lábio) e seus com-
postos cembetá e cembetara (ornamento dos lábios), sacana (freixeira), sacoca
(caruncho).

§ 74. Substituem r por t, excluindo c e s: rayra, que faz tayra quando se re-
fere a terceira pessoa, e como este, tuí (sangue), rayera (rebento morto), roma-
saua (foz), rapixara (próximo).

§ 75. Começam por vogal e tomam r ou s: aua (cabelo, pelo, pluma), que faz
saua e raua, e, como este: angaua (figura), uyua e uéyua (flecha), okena (porta).
A estes se pode aditar oca (casa), a qual todavia, além de roca e soca, faz
também toca, embora já com a significação especial de casa de bicho, covil,
esconderijo.

§ 76. Os demais substantivos, embora comecem por qualquer das letras


acima apontadas, nenhuma variação sofrem por este lado, embora, talvez, de
localidade a localidade possam notar-se algumas alterações nos paradigmas
que acabamos de dar, e que nos são desconhecidas.
Nada mais fácil em língua que é falada antes do que escrita, o que não
convém perder de vista, e da qual estamos muito longe de pretender incul-
car-nos mestre.

COMPARATIVO

§ n A comparação simples se obtém com a locução iaué (como) e maié


iaué (assim como). Ex.: onheen mira iaué (fala como gente), onheen maié mira
iaué (fala assim como gente).

§ 78. A comparação de superioridade se obtém com as locuções uasu pire


(mais grande), turusu pire (mais grosso), pucu pire (mais longo). Os termos da
comparação devem preceder a locução comparativa, dispostos de forma que seja
o primeiro enunciado o que deve resultar maior. Ex.: cuá tupaoca ne tupaoca
uasu pire (esta igreja é maior do que a tua igreja), rapé pysasu amu rapéitá pucu
pire (o novo caminho é mais comprido do que os outros).
Quando há um único membro, este precede a locução aumentativa compa-
rativa, que é posta sempre no fim. Ex.: cé iauara turusu pire (o meu cachorro
é maior).

§ 79. A mesma comparação pode-se obter pondo os dois termos da com-


paração um adiante e outro depois da locução comparativa, e fazendo seguir
o segundo da posposição suí. Ex.: Em lugar de dizer, como é mais corrente, cé
tuixaua amu tuixauaetá turusu pire (o meu tuxaua é maior do que os outros
tuxauas), pode-se dizer cé tuixaua uasu pire amu tuixauaetá suí, com idêntica
significação.

§ 80. A comparação de inferioridade forma-se, mutatis mutandis, da mes-


ma forma, empregando-se as locuções mirl pire (mais pequeno), puz pire (mais
fino), cuaíra pire (mais pequenino), iatuca pire (mais curto). Ex.: cé cetama né
retama mirf pire (minha pátria é mais pequena do que a tua), xaputare tupaxa-
ma pul pire (quero uma carda mais fina).

§ 81. Um termo intermédio de comparação se obtém com xinga interposto


entre o adjetivo aumentativo ou diminutivo e o advérbio pire. Ex.: cé roca cuaíra
xinga pire (minha casa é um pouco mais pequena), né ramunha i irumuaretá pau
uasu xinga pire (teu avô é um pouco maior do que todos os seus companheiros).
DIMINUTIVO

§ 82. A ideia contida no substantivo pode ser diminuída, além de que pelos
mesmos adjetivos que vimos aditar-se a pire, ou outros com significação aná-
loga, por meio do sufixo f.

§ 83. O f se adita pura e simplesmente às palavras que acabam em vogal


acentuada, sendo que a terminação nasal a equivale, fazendo-se o aditamento
com a queda do n final, quando este existe, por tratar-se de uma nasal forte.
Ex.: itaf (pedrinha), deitá (pedra); tucumãf (tucumãzinho), de tucumãn (tu-
cumã, casta de fruta de palmeira).

§ 84. Quando a final é muda, esta cai e é pura e simplesmente substituída


pelo 1. Ex.: tacuari (canazinha), de tacuara (casta de grossa cana), cuarl (bura-
quinho), de cuara (buraco).

§ 85. -miri em muitos casos faz o mesmo ofício, tornando-se sufixo, e é usa-
do todas as vezes que o ser pequeno é como que um caso excepcional, embora
no uso corrente nem sempre se atenda a isso para empregá-lo. Ex.: tacuara-
miri quer dizer cana pequena tanto quanto tacuarf, mas tacuara-miri pode ser
um galho pequeno de uma tacuara grande, enquanto o tacuari não. Paranal é
um rio pequeno, mas não ainda um igarapé, paranã-mirl é um braço do rio, o
braço menor que forma ilha, ou qualquer canal que se destaque do curso prin-
cipal da mãe do rio (paranã manha suf).

AUMENTATIVO SUPERLATIVO

§ 86. O aumentativo, além de que com os adjetivos que vimos servir para a
comparação de superioridade(§ 78), se forma com o sufixo -asu ou -uasu, que dei-
xa de ser adjetivo para se tornar sufixo e parte integrante do nome a que vai aditado.

§ 87- As duas formas são usadas indiferentemente quando o substantivo


acaba por vogal acentuada ou nasal, com exclusão do ã, e são aditadas logo em
seguida pura e simplesmente. Ex.: de yarapé se faz tanto yarapéasu, como yara-
péuasu (igarapé grande); de memi se faz memiasu e memiuasu (flauta grande);
de y se faz yuasu e yasu (água grande).
A preferência é uma questão de uso local.
§ 88. -asu é de preferência aditado quando o substantivo acaba por ã nasal
ou acentuado, ou por outra qualquer vogal muda, havendo então queda de um
dos aa ou da vogal muda. Ex.: paraoasu (papagaio grande), papiasu (fígado
grande), cunhãsu (mulher grande), tacuarasu (taquara grande).

§ 89. -uasu, pelo contrário, é sempre usado quando o substantivo acaba em


u ou ua, havendo naturalmente a elisão de um dos uu ou dos ua. Ex.: apyáuasu
(homenzarrão), de apyaua; sauasu (cabelo grande), de saua; cauasu (caba gran-
de), de caua; cunhãmucuasu (mocetona, moça grande), de cunhãmucu.

§ 90. O superlativo se forma com -eté, que alguma rara vez se torna -reté
em seguida a uma vogal acentuada, sendo que, quando encontra uma muda,
esta de ordinário se elide e somente por exceção persiste sem exigir a interpo-
sição do r fonético. Ex.: cunhãeté, apyaueté, iauareté, itareté (mulher, homem,
cachorro [onça], pedra a valer, de verdade).

§ 90A. -eté, pelo fato mesmo de ser um superlativo, pode ser aditado tam-
bém a um substantivo aumentado com -asu, ou diminuído com -miri. Ex.:
miramirieté (gente pequeníssima), mirauasueté (gente grandíssima).

ADJETIVO

§ 9i. O adjetivo, que, como indica a palavra, é aquela parte do discurso, que,
aditada ao substantivo, lhe precisa o modo de ser, e descreve, lhe especifica as
qualidades e determina melhor, pode também em nheengatu dividir-se em ad-
jetivo qualificativo ou descritivo e adjetivo demonstrativo.
Em qualquer hipótese, é invariável, isso é, serve sem nenhuma alteração
tanto para o masculino como para o feminino, e embora no plural o substan-
tivo a que se refere, nunca recebe o sinal relativo (§ 63).

§ 92. As exceções que parecem existir a esta regra são devidas a palavras com-
postas de um substantivo e um adjetivo que ficou desnaturado, tornando-se su-
fixo, e que apesar disso os seus componentes são escritos ou pronunciados como
se fossem separados e independentes, sem atender a que não se trata de um subs-
tantivo seguido de um adjetivo, mas de um novo substantivo. Ex.: pirauasuetá,
paranamirietá, que erradamente são escritos e pronunciados pirá uasuetá, paranã
mirietá, pelo que parece que é o adjetivo que recebe o sinal do plural.
Formação do Adjetivo

§ 93. O adjetivo, morfologicamente considerado, pode ser de formação pri-


mitiva ou originária e de formação secundária.
Como acontece com o nome, no primeiro caso a sua formação não obe-
dece a nenhuma lei; no segundo, forma-se ou pela junção de dois ou mais
adjetivos, que, modificando reciprocamente a própria acepção, dão origem a
um novo adjetivo, ou pela adição de um sufixo, que torna adjetivo a palavra
a que é aditado.

§ 94. Na formação de um novo adjetivo pela junção de duas ou mais pala-


vras de determinado significado são aplicáveis, mutatis mutandis, as regras da-
das em outra parte (§ 43 e s.) com referência à formação dos substantivos. Ex.:
kyrimbaua-pire (mais valente), purunguetá-catu (bem falante), coaracysaua (ca-
belo de sol, louro).

§ 95. Os sufixos que servem para formar adjetivos são: -para, -uara, -uera,
-téua, -yma.

§ 96. -para, quando como sufixo forma adjetivo, traz consigo a ideia de en-
cher, estar, habitar, embora momentânea e passageiramente. Ex.: ocapora (o
habitante da casa), mas não é nem o ocaiara (o dono) nem o ocauara (o habi-
tante fixo da casa).
Outras vezes pode trazer consigo a significação passiva de ser enchido, de
ser cheio. Ex.: sacypora (cheio de dores), maitépora (cheio de ideias).

§ 97- -uara, como sufixo, corresponde em geral às terminações -ante, -ente,


-inte, -unte, -cente do particípio presente dos verbos portugueses; mas todas
as vezes que não é sufixo de raiz verbal dá origem a adjetivos de significação a
mais variada.
Com ela se formam os adjetivos pátrios ou gentílicos: ex.: parauara (paraen-
se), surimãuara (solimoense). Os adjetivos ordinais: ex.: iepéuara (primeiro), te-
nondéuara (dianteiro), casakireuara (derradeiro). Os de localização e habitação:
ex.: ocauara (caseiro), mairiuara (cidadão). Os de qualidades físicas ou morais:
ex.: curuteuara (ligeiro), meuéuara (lento), irumuara (companheiro).

§ 98. -uera corresponde em muitos casos à terminação portuguesa -ável,


-evel, -ível etc. e forma outras vezes adjetivos com significação frequentati-
va e pejorativa, embora se ouça em alguns casos usado em lugar de -uara,
mas menos propriamente, embora a autorização deste uso pareça decorrer
do fato de não haver a voz correspondente nos sufixos verbais das palavras
acabadas por uma nasal(§). Ex.: mbuéuera (aprendível, que se aprende facil-
mente ou que aprende facilmente), pacauera (acordadiço, despertável), ua-
táuera (passeador, passeadeira, que passeia mais do que deve), iauáuera (fu-
jão, fujível).

§ 99. -téua, que se podia tomar facilmente por uma forma de -tyua, tem
o mesmo significado de -uera, quanto à ideia pejorativa, frequentativa, mas
não parece corresponder igualmente aos adjetivos que indicam probabilida-
de, e em muitos lugares na primeira acepção se prefere -téua a -uera. É o que
parece acontecer no Pará e no baixo Amazonas, onde chamavam os escravos
fujões de canhemotéua; no rio Negro chamam caútéua ao bêbedo habitual, e
que pode não estar bêbedo no momento, e de caúuera o bêbedo habitual e no
momento bêbedo.

§ 100. -yma, sufixo negativo, corresponde ao prefixo português in, im. É


muito usado para negar a ideia, ação, qualidade etc. indicadas pela palavra a
que é aditado. Ex.: purangayma (feio, não bonito), iacuayma (incapaz, tolo),
cikiéyma (impávido, sem medo), mirayma (sem gente), iporayma (vazio).

Adjetivo Qualificativo

§ 101. O adjetivo qualificativo é geralmente enunciado em seguida ao subs-


tantivo que qualifica; a disposição inversa importaria em qualificar o atribu-
to pelo substantivo; daí a consequência: que, quando não pode haver dúvida,
e entre o adjetivo qualificativo e o substantivo se interpõe um adjetivo de-
monstrativo, o qualificativo pode sempre, sem grande inconveniente, preceder
o substantivo. A pequena diferença de sentido, que a transposição dá à signifi-
cação, é nuança que pouca ou nenhuma influência pode trazer para o sentido
geral da oração. Ex.: cunhã puranga (mulher bonita) não pode ser invertido e
dizer-se puranga cunhã, porque se viria a determinar o sexo de puranga, como
se fora um substantivo. Se, todavia, se lhe aditar o demonstrativo cuá, tanto se
pode dizer cuá cunhã puranga como puranga cuá cunhã, embora se diga no
primeiro caso "esta mulher é bonita", e, no segundo, "bonita esta mulher"; a
diferença, como se vê, é nenhuma.
§ 102. O adjetivo qualificativo admite, tal como o substantivo, três de
qualificação: diminutivo, aumentativo e
superlativo, de adjetivo que Ui~'~"•i'-U outro
tivo é sempre posposto a este. É ainda a aplicação de uma nheen-
gatu, que manda pospor à palavra modificada a modificadora.

§ 103. Os adjetivos mais comuns são: mirl,


iatuca, xinga, que este último a
tivos anteriores com a ainda mais a "'"'·"''"'-'"
ção. Ex.: mirl (pequeno), mirl (pequenino); iatuca (curto), iatuca xinga
(curtinho).

§ 104. Os aumentativos uasu, turusu,


outro
minutivo xinga. Ex.: catuasu
xinga (grossinho).

como os aumentativos admitem o super-


deter-

§ 106. Os à compa-

(§ 77 e
nito assim

§ 107- o não admite o 1 reservado ao nem


0u.n~v0, o que não exclui nem uasu nem mírl usados se-
de outros

§ 108. o articular não existe em nheengatu, em-


bora dentro de certos -aua e -ua (§ 54), que dá ao adjetivo
de substantivo e que se traduzir sempre o, a, pareça
nos
se a à correspondência da acepção, isso
não tolhe que a verdadeira 'ª"'·""'ª'"'''""v a de um demonstrativo
(§ 109 e ss.). Ex.: iauaua, que se pode por "o fugido" melhor se traduz
por "quem foge''. que foge".

Adjetivo Demonstrativo

§ 109. O adjetivo demonstrativo modifica o substantivo determinando as


suas de possessões e outras análogas.
se mais especial-
,.,,,.,,,.,"_c·p às circunstân-
cias intrínsecas, e assim temos o em sentido o distribu-
o o o cardinal e o possessivo.

§ 110. Muitos adjetivos, se não todos e segunda subdivisão,


eram quando estudamos Gramática, considerados como pronomes e na
e parece
com mais
tramos
Os que os aos pronomes chamam-nos pronomes adjetivos, e ou-
tros, agregando-os aos adjetivos, os adjetivos pronominais. Para
todos há muito boas razões que justificam a classificação que adotam. Na rea-
desde que o que a sua classificação é o ofício que preenchem
no discurso, e sendo certo que tanto servem como adjetivos quanto como pro-
nomes, classificá-los num ou noutro grupo apenas depende do ponto de vista
em que alguém se coloca, e da um caráter
o outro.

§ ni. Seja como for, os


nhã, nhaã, tenhe, teen, auá.

§ 112. coá esta, esse, variantes de


demonstra que a pessoa ou coisa
de quem fala, ou que dela se está
que, se não está presente está como que em
A sua na frase é de sempre o nome da coisa ou pessoa
que determinado Ex.: cuá cunhãmucu osó putare ne irumo (esta
moça quer ir contigo); cuá ara ce mira pau ocyca (este toda a
chega).
§ 113. Nhã, nhaã (aquele, aquela). A segunda forma, mais que uma dupli-
cata do a representa a pronúncia indígena, que arrasta o a, alongando o beiço,
quando a coisa que aponta se acha muito afastada. Nhã demonstra e determina
sempre uma pessoa ou coisa que, embora à vista, pode estar muito longe ou de
que se tenha falado mais ou menos remotamente, exclui a proximidade. Ex.:
nhã mira ocyca tomasaua suí (aquela gente vem da foz); nhã cunhã, osó uá aé
irumo (aquela mulher que vai com ele).

§ 114. Teen, tenhen (mesmo, mesma) determina e demonstra a coisa ou pes-


soa pela conformidade ou identidade, e por isso o mencionamos aqui, embora
outros o ponham na classe dos demonstrativos indefinidos.
Teen, ao contrário de nhã e cuá, é posposto tanto ao substantivo como ao
adjetivo que qualifica. Ex.: xauacemo mira teen xaxiare uá cuecé (acho ames-
ma gente que deixei ontem); oiuíri tendaua teen kiti (voltou no mesmo lugar).
Com o pronome torna-se uma afirmação enfática. Ex.: ixé teen (eu mesmo);
indé tenhen (tu mesmo).

§ 115. Auá (quem, qual) é sem dúvida o mesmo demonstrativo interroga-


tivo de que dizemos adiante(§ i21); como, porém, quando não é tal, tem uma
construção diferente, por isso dizemos dele aqui. Auá como que é o menos de-
terminador dos adjetivos demonstrativos e aquele que mais finge de pronome,
pelo que tanto pode ser sujeito como atributo do verbo, e nesta condição tanto
precede como segue a este. Ex.: tuixaua ocicare auá osó putare aé irumo (o tu-
xaua procura quem quer ir com ele); auá ocicare teen ouacemo (quem procura
com afinco [mesmo] encontra).

§ 116. A estes devem-se aditar os compostos cuá amu (este outro), nhã amu
(aquele outro), auá amu (qual outro); cuá teen (este mesmo), nhã teen (aque-
le mesmo), auá tenhen (quem mesmo); e cuá iepé (este um), nhã iepé (aquele
um), auá iepé (qual um).

§ 117- Cuá, nhã, teen nunca podem sozinhos tomar o lugar do pronome, como
podem os seus correspondentes portugueses. Podem-no os seus compostos e
auá. Ex.: cuá cunhã puranga, nhã amu puranga xinga pire, cé cunhã teen puranga
pire apanhe suí (esta mulher é linda, aquela outra é um pouco mais linda, minha
mulher é mais linda que todas); cuá iepé onheen intimaa, nhã amu onheen supi
(este nega, aquele outro afirma); nhã teen osó cury (aquele mesmo irá).
Os compostos de teen com um substantivo desdobram-se. Ex.: cuá iauara
tenhe osuu putare ixé (este mesmo cachorro me quis morder).

§ 118. Os partitivos distributivos mais usados são: amu (outro), iepé (um,
qual), iepé iepé (cada um), opaua, apanhe (todos), inti iepé, inti auá (ninguém),
inti amu (nenhum outro), pisáuera (parte) etc. Ex.: iepé opuraki amu opicica
recuiara (um trabalha, outro recebe a recompensa), oiké-ana iepé iepé oca kiti
(entraram um a um em casa), mira pisáuera osó putare aé irumo (parte da gen-
te quer ir com ele), iepé opinaityca, iepé osó ocaamundu, amu apitá omunhã
mitasaua arama (uns pescam, uns vão caçar, outros ficam para preparar o lu-
gar de descanso).

§ 119. O adjetivo conjuntivo nheengatu é uá, uaá, maá (aquele que, o qual,
cujo, que); a primeira forma, quando a conjuntiva se refere a uma pessoa; a se-
gunda, no caso contrário.
Tanto uá como uaá, contrariamente ao que acontece em português, não
se colocam logo em seguida do primeiro membro e antes do segundo mem-
bro da oração que ligam, e sim depois do verbo do segundo membro ou dos
complementos deste. Ex.: iané tuixaua omanoana, mira amusuaxarauara oci-
kié tenhen uá (morreu o nosso tuxaua, que era temido deveras pela gente da
outra banda), ce paia mira oputare uá ixé i auaca (a gente de meu pai que me
queria por amásia dele), iepé curamiasu oicô ué amu suaixara cembyua kiti (um
moço que estava na margem do outro lado).

§ i20. Maá (que) constrói-se como em português. Ex.: xaputare maá repu-
tare catu pire (quero o que queres melhor).

§ Auá é o demonstrativo interrogativo pessoal por excelência e maá,


121.

podemos dizer, é o interrogativo neutro.


Nesta função, auá é sempre posto no começo da frase, assim como maá,
que nos compostos se atenua em má. Ex.: auá osó putare cé irumo? (quem quer
ir comigo?); maá reputare? (que queres?).

§ i22. Os adjetivos quantitativos indeterminados são: ceia, ceiía (muito,


muita), cuaíra (pouco), xinga (pouco menos, mais pouco), muíre (tanto, quan-
to), maié (tanto, como), piri (mais), e seus compostos. Ex.: mira ceía (muita
gente), muíre apyaua apitá aé irumo? (quantos homens ficam com ele?), maié
acangaetá, muíre maitésaua (quantas cabeças tantos juízos), muíre piri catu
pire (quanto mais melhor), maié xacuau catu (quanto sei).

§ 123. Os adjetivos numerais cardinais usados, e geralmente admitidos por


todos, são somente três: iepé (um), mucuin (dois), musapire (três), e quando
muito chegam a quatro, irundi.
Em muitos lugares e especialmente no rio Negro continuam: pô, ou iepé
pô (uma mão, cinco), pô iepé (seis), pô mucuin (sete), pô musapire (oito), pô
irundi (nove), muculn pô (dez), mucuin pô iepé (onze) etc.; papasaua (cem, e
conta), papasaua pi tera (meio da conta, cinquenta), pô papasaua (quinhentos),
mucuin pô papasaua (mil).
Quando contam por parcelas, cada conta é uma papasaua, e a conta final
das parcelas é então a papasaua-eté (a conta verdadeira).

§ 124. O adjetivo numeral precede sempre o nome da pessoa ou coisa


que é contada; para se obter o adjetivo ordinal é suficiente pospô-lo, sem
embargo de obter-se o mesmo efeito com o sufixo -uara, que alguns, mas a
nosso ver erradamente, substituem por saua. Ex.: mira iepé e mira iepéuara
(primeira gente). A segunda forma é sempre preferível, porque evita ambi-
guidades.
Além de iepéuara (primeiro), mucu'in-uara (segundo), musapireuara (ter-
ceiro), irundiuara (quarto), iepé pôuara (quinto) etc., temos iupirungara (pri-
meiro, começador), tenondéuara (dianteiro), piterauara (o do meio), casaki-
reuara (derradeiro, o de trás), pausapeuara (derradeiro, do fim).

§ i25. Ixé iara (meu), indé iara (teu), aé ou i iara (seu), iané iara (nosso),pe-
nhe) iara (vosso), aetá iara (deles), são os adjetivos possessivos por ""''-""~u'-"''
que podem ser ainda mais afirmativos com a forma enfática ixé iara
tenhên mesmo, ou o dono mesmo).
Nem por isso de ser adjetivos possessivos: cé (meu), né (teu), aé, i
(seu), iané (nosso),penhê (vosso), aetá (deles).
A para a afirmação ou constatação da proprie-
dade ea para tal é
como que menos absoluta. Ex.: À pergunta: auá iara? (quem o dono?)
de-se: ixé iara (eu sou o dono), ou Fulano iara (o dono é Direi pelo
contrário: cé piá (o meu coração), né roca (a tua casa), i putyra (a sua flor), se
apenas enuncio de quem é a coisa.
Caso

§ i26. O adjetivo nheengatu, já o dissemos(§ 91), não é sujeito às modifica-


ções de gênero e número a que é sujeito o substantivo que ele descreve, quali-
fica ou determina.
Quanto ao caso, pelo contrário, ele também, em algumas raras hipóteses, é
sujeito à modificação da inicial, de conformidade com o que foi dito do subs-
tantivo (§ 70). Ex.: cenondéuara, renondéuara, tenondéuara (primeiro, da fren-
te), suaxara, ruaxara (fronteiro), suakeuara, ruakeuara (vizinho), sori, rori
(alegre), ceté, reté (muito), ceía, reía (muito).

PRONOME

§ 127- O pronome, que toma o lugar do substantivo, desempenhando opa-


deste em às outras partes do discurso e mais especialmente indica o
do verbo, em é o mesmo, tanto para o masculino como para
o feminino, mas varia com o número e com o caso, e como nas línguas neola-
tinas somente admite três pessoas no singular e três no plural.

ixé (eu), primeira pessoa, a que fala; iané, iandé (nós).


indé, iné (tu), de que se fala; penhê (vós).
aé (ele, ela), terceira pessoa, de que se fala; aitá (eles, elas).

§ 128. o pronome não é e serve de complemento,


regido ou não por que lhe e caso, faz:

cé (me, mim), no singular; iané (nos), no


né (te, ti), no singular; penhê (vos), no plural.
aé, i (ele, ela), no singular; aetá, aitá, i (eles, elas), no
verbos aos pronomes me, te, se,
nos, vos, se; mas, integrante que se torna do não nos temos
de ocupar

§ 129. Os diversos casos a que é o pronome são por pos-


mesma forma que o seria o substantivo quem toma o
Ex.: ocica cé ruake (chega ao de oiuíri i suí (volta dele), osó aé recé
a ele), apitá iané irumo (fica conosco), penhê supé vós), ai tá arama
Algumas raras vezes se ouve dizer onheen ixé supé (disse para mim), em
lugar de onheen cé supé. Embora a autoridade das pessoas a quem o temos ou-
vido empregar, parece-nos uma expressão menos correta, e em qualquer hipó-
tese é sempre substituível pela segunda. Ixé é sempre nominativo.

§ i30.Perante os adjetivos, e os substantivos que se tornam como que adje-


tivos, o pronome não sofre alteração e é usado como perante o verbo. Ex.: ixé
catu (eu bom), indé puranga (tu bonito), aé kyrimbau (ele valente), iané sori
(nós alegres), penhe iumacy (vós famintos), aetá sacy (eles doentes), ixé apyaua
(eu homem), aé cunhã (ela mulher).
São estas formas, que podem ser todas traduzidas em português pelo verbo
ser ou ter, que têm feito pensar que no pronome se acha incluído o verbo auxi-
liar e o fez dar como tal.

VERBO

§ 131. O verbo, que serve de nexo entre o atributo e o sujeito da oração, afir-
mando ou negando a sua existência, as qualidades, o modo de ser, a ação que
desenvolve ou sofre, é talvez a parte mais original da nossa boa língua, e isso
tanto com referência à morfologia como à sua relativa simplicidade.

§ 132. Antes de tudo, apesar da espécie de definição que acabamos de dar, o


nheengatu não tem o verbo ser - o verbo por excelência - cujo ofício é servir de
nexo pura e simplesmente entre o atributo e o sujeito, do qual ao mesmo tempo
afirma a existência. As frases "eu sou valente, tu és bom, minha filha é bonità; na
nossa boa língua se traduzem pura e simplesmente por meio do sujeito e atributo,
sem necessidade de verbo, e assim se diz: ixé kyrimbau, indé catu, cé rayra puran-
ga, se quem fala é um homem ou cé membyra puranga, se quem fala é uma mulher.

§ 133· Além de faltar-lhe o verbo ser, lhe falta um verdadeiro e próprio ver-
bo auxiliar.
Alguma vez dá-se como tal o verbo icô (estar); mas não só não o é, como em
idênticas circunstâncias se poderia considerar auxiliar qualquer outro verbo.

§ 134· Outra originalidade do verbo nheengatu é não ter o infinito presen-


te indeclinável; tem o particípio presente, o particípio passado ou supino, mas
não os outros tempos.
O que damos como tal no vocabulário tanto nheengatu-português, como
português-nheengatu, seguindo o costume dos nossos predecessores, que tem
a consagração e a utilidade da rotina, é quando muito um particípio passado,
senão, na mor parte dos casos, pura e simplesmente um adjetivo, que serve de
tema para o verbo, como serve de tema para a formação de outros adjetivos, de
substantivos e até de advérbios.

§ i35. Como acontece com as línguas neolatinas, sem exceção para o por-
tuguês, o verbo nheengatu tem três pessoas no singular e três pessoas no plu-
ral, com formas diferentes para se acomodar à pessoa e ao número do sujeito.
A semelhança acaba aí.

§ i36. Ao passo que o português, para se acomodar às exigências do núme-


ro e da pessoa do sujeito, tem flexões terminais diversas, que variam ainda para
exprimir o tempo e o modo da ação, em nheengatu a flexão, se assim nos é per-
mitido chamá-la, se verifica no sentido inverso e é limitada a um único tempo.
A flexão não se efetua por meio de sufixos, mas por meio de prefixos que, se
variam conforme a pessoa e o número do sujeito, não variam com referência
ao modo nem com referência ao tempo.
Estes se obtêm exclusivamente por meio de advérbios e posposições.

Tempo e Modo

§ i37. Os prefixos pessoais, que aditados ao tema determinam a pessoa e o


número são:

xa - para a primeira pessoa do singular;


re - para a segunda pessoa do singular;
o - para a terceira pessoa do singular;
ia - para a primeira pessoa do plural;
pe - para a segunda pessoa do plural;
o - para a terceira pessoa do plural.

Todos eles, se podem algumas raríssimas vezes ser omitidos, ficam invariá-
veis para todos os tempos e todos os modos.

§ i38. Posto isto, o paradigma da conjugação nheengatu se resume no para-


digma do tempo presente, que faz:
ixé xarecô (eu tenho); iané iarecô (nós temos).
indé rerecô (tu tens); penhê perecô (vós tendes).
aé orecô (ele tem); aetá orecô (eles têm).

lugares, ou talvez melhor algumas pessoas, por u o

§ 139. O imperfeito se obtém com os advérbios iepé ou ramé. Ex.: ixé xare-
cô iepé (eu em um mais ou
num sentido como que mais concreto, que se mo-
mento de que se fala. Mas são nuanças que nem sempre são ª''·'""ª'"ª'"
-se ou se não é

§ O aoristo forma-se com ana ou cuera. Ex.: ixé xarecôana (eu tive ou
140.

ana é termo de significação Ao mesmo que


indicar uma ação passada e mais ou menos remota, indica uma
uu~m,u~ da uma e mesmo uma ação que

Por isso mesmo, quem quer evitar


o tom da voz e as circunstâncias concomitantes tolhem geralmente
o aoristo com cuera. Ex.: indé rerecô cu era
advérbio de como: cuecé

§ 141. o com cury. Ex.: ixé xarecô cury (eu


Ainda anteriormente. Pode ser usa-
ªª"'m,u~ futura. Ex.:

Desde que o advérbio não é


de conveniência e nada mais.

indicativo usado sem o pro-


nome pessoa. Ex.: recô ore eô
Pouco a não ser com os verbos de nestes é de
rência usado na aditando-se-lhe o -ana, que
na que se está na iminência de
zer. muito dificilmente resó!
ou recoin! como se em alguma parte: vá! A embora não a
sempre dizendo iasoana (vamos), iamunhana (façamos), iasó iamunhana
curuté (vamos, façamos ligeiro).
A ambiguidade que alguma vez pode existir na na é
sempre tom ordem.

§ i43. Para o o relativo


maá ou amu.
No rio é mais corrente maá, e então temos: ixé xarecô cury maá
iané iarecô cuera maá e iané iarecoana maá
No assim corno em muitas se pre-
amu, e então ternos: ixé xarecô cury amu e iané iarecô cuera amu ou iané
iarecoana amu, com a significação "eu terià' e "nós teríamos
mente.

§ 144· o se
vez). Ex.: ixé xarecô ipu ixé
xarecô cury ipu venha a ter).

já o dissemos(§ i34), não tem a tem,

irecô (tido), recouá é

Muitos dos nossos antecessores se esforçam por ~v.u,,,·~

'~'""·"U' dando

acabamos
O correntemente
éo e as
formas do """"cv,

§ 147· os verbos são


mos dar. Não há senão uma
Uma ou outra variante que existe são locais, raramente gene-
ralizados. Ex.: em muitos do rio vuu","" o de
só (ir) faz: resoana, osoana, iasoana; em outros, assim como em Parintins e
Maués, faz: recoin, ocoin, iacoin etc. No Solimões é em muitos lugares cor-
rente substituir na segunda pessoa do singular do imperativo re por i; assim
dizem: irure (traz), isupire (subas); imunhã (faz), em lugar de: rerure, resupi-
re, remunhã.
Em alguns lugares, finalmente, se dá sempre a supressão do prefixo pessoal da
terceira pessoa singular e plural perante os verbos que começam por u. Em
qualquer caso, se de um lado a substituição ou modificação não é geral, do ou-
tro não parece obedecer a regra nenhuma, é uma questão de predileção.

§ 148. O nheengatu não tem tempos compostos formados por auxiliares.


Os que se dão como formados por icô (estar) não são tais, ao menos no sentido
gramatical das línguas neolatinas. O que se dá é apenas a concorrência de dois
verbos que reciprocamente se modificam no sentido etimológico e não com
referência ao modo ou tempo.
Na hipótese, embora não se repita o pronome, repete-se sempre em am-
bos os verbos o prefixo pessoal, o que prova, se fosse necessário, que se trata
de uma verdadeira flexão. Ex.: tuixaua oiupiru omunhã iepé oca uasu (o chefe
começa a fazer uma grande casa), mira oure orasé i supé cuecatu ceiía (a gente
vem trazendo para ele muitos presentes), indé renheên reicô mira uapisayma
supé (tu estás falando a gente sem ouvido).

§ i49. À necessidade de repetir o prefixo pessoal fazem exceção putare


(querer), cuao (poder, saber), cári (mandar, comandar com autoridade), que
podem sempre vir a ser o segundo verbo da oração sem necessidade de as-
sumir o prefixo. Ex.: auá osó putare, será, caá kiti ocicare uasai caryua ara-
ma? (quem quer ir no mato procurar açaí para o branco?), mira orecô cuao
cury maá oputare puracysaua arama (a gente pode ter logo o que precisa
para dança).

§ O pronome pode ser omitido e é geralmente dispensado sem incon-


i50.

veniente, salvo na terceira pessoa do plural, quando ele é necessário para evi-
tar a ambiguidade que pode haver, sempre que o sujeito plural não decorra do
contexto. Geralmente, porém, especialmente o da primeira pessoa singular, o
pronome é raramente omitido na oração com que se inicia qualquer relação
de fatos acontecidos mais ou menos remotamente, embora não seja repetido
senão muito raramente no resto do discurso.
Pelo contrário, o prefixo pessoal nunca pode ser omitido, como parte inte-
gral que é do verbo. O dizer-se que não se precisa de prefixo em alguns verbos
que começam por u é a consagração irrefletida de um erro de pronúncia, pro-
veniente de pronunciarem u o prefixo o e de fundirem depois os dois uu em
um único u.

§ 151. Os advérbios que servem para caracterizar o tempo e o modo são so-
mente usados, sobretudo na conversa familiar, quando há absoluta necessida-
de de indicar uma coisa ou outra.
Em qualquer hipótese, porém, são sempre usados muito parcimoniosamente,
de modo que o seu uso pode escapar facilmente a quem não está ainda familia-
rizado com a língua e com o modo de falar do indígena. Na prática dispensa-se
toda indicação sempre que o tempo e o modo resultam do contexto, e, uma vez
indicado o tempo, geralmente na oração inicial, continua-se no presente. Já nos
tem acontecido ouvir a relação de um fato, feita toda no presente, como se fora
da atualidade, e no fim ouvirmos dizer: cuá pau cociymauara (tudo isso é antigo).

Subprefixos e Reiteração do Tema

§ 152. Todo e qualquer verbo nheengatu adquire uma significação reflexa


tomando entre o tema e o prefixo pessoal a partícula iu que, embora invariá-
vel, preenche o ofício dos pronomes me, te, se, nos, vos. Ex.: de xapena (que-
bro) se faz:

ixé xaiupena (eu me quebro).


indé reiupena (tu te quebras).
aé oiupena (ele se quebra).
iané iaiupena (nós nos quebramos).
penhê peiupena (vós vos quebrais).
aetá oiupena (eles se quebram).

§ 153· Os demais tempos e respectivos modos se conjugam de conformida-


de com o paradigma dado do verbo recô.

§ 154· Se em lugar do subprefixo iu, se insere em idênticas circunstâncias o


subprefixo mu, que tem a significação de "fazer': "tornar': o verbo ou melhor o
tema, que o recebe, adquire uma significação ativa muito peculiar à nossa boa
língua, e muitas vezes diversa da que tinha o verbo original. Ex.:
xapena (quebro) faz xamupena (faço, torno quebrado).
xauapica (sento) faz xamuapica (faço, torno sentado, fundo).
ompau (acaba) faz omumpau (faz, torna acabado, completo).

§ i55. Mu, prefixo de um adjetivo ou mesmo de um substantivo, dá origem


a um verbo ativo com a mesma ideia de fazer, tornar, aditada à da palavra que
fica como raiz do novo verbo. Ex.:

xamusacu (faço, torno aqueço), de sacu (quente).


remuiepé (fazes, tornas um, unificas), de iepé (um).
omuapara (faz, torna torto, entorta, curva), de apara (torto).
iamapu"i (fazemos, tornamos fino, adelgaçamos), de pul (fino).

§ i56. Os verbos que admitiram o subprefixo mu, e as palavras que se tor-


naram tais podem ainda receber o subprefixo iu, com o mesmo
efeito de se tornarem reflexos. Ex.:

xaiumupena (me me torno quebrado).


reiumumpau (te fazes, te tornas completo, te aprontas).
oiumuasacu (se se torna quente, aquece-se).
iaiumuapara (nos fazemos, nos tornamos curvos, encurvamo-nos).

o tema verbal sem a úl-


tima sílaba no e duplicando pura e sim-
o tema, se a última é ou nasal. O novo
como de costume, com a significação de
ou insistir na ação expressa tema originário, ao mesmo tempo que
envolve uma ideia um como prolongamento da ação.
Ex.:

§ i58. O nheengatu não tem a forma passiva, nem especial para ver-
ter a ideia passiva, como é expressa nas neolatinas. Nada perde com a
além de ter um ou outro verbo de significação passiva, é sempre ver-
ter para o ativo uma frase passiva.
Ex.: "A terra foi criada por Deus" só pode ser traduzida pela equivalente
ativa: Tupana omunhãna yuy (Deus criou a terra).

Negação. Interrogação

§ i59. Na oração negativa o verbo não sofre alteração.


Para se obter a negação é suficiente colocar um advérbio negativo perante o
verbo, fazendo seguir este dos demais complementos da oração.
Ex.: inti xanheen iacuayma-saua-etá penhe supé (não estou ~,,A,,,~~ tolices
para vocês), intimaá osó putare aé irumo (não quer ir consigo).

§ 160. Enunciando-se o sujeito pelo substantivo, ou se se substitui este pelo


pronome, a negativa se põe entre estes e o verbo. Ex.: iauacaca inti oxiare mira
ocica i ruake (Lontra não deixa a gente chegar a ela), aetá pau inti osó putare aé
irumo (todos eles não querem ir com ele).
Todavia, se o pronome é negativo, dispensa a negação: Ex.: inti-iepé otucá
aé (ninguém o feriu), inti-auá oiauau cuau (não há quem possa fugir).

§ 161. Nas orações em que o sujeito, nome ou pronome, é seguido pura e


simplesmente pelo adjetivo, para torná-las negativas é suficiente interpor a ne-
gação entre os dois. Ex.: paié inti catu (o pajé não é bom), aé inti kyrimbau (ele
não é valente).

§ 162. Uma forma especial de negar a ideia contida no tema é a de aditar-


-se-lhe o sufixo yma (§ 100); quando este é a um verbo, ou, melhor, a
um tema verbal, pode dar lugar a um verdadeiro verbo, que, embora sendo a
negação da ideia contida no verbo que recebeu o é um verbo
e não negativo, suscetível, isso mesmo, de receber a negação. Ex.:
de iaky (seco) se faz iakyyma, iakyma (umedecer, umedecido).
O novo verbo, com a nova significação, não só admite a negação, mas dela
precisa como outro verbo positivo. Ex.: amana mirl inti oiakyma
cuau yuycui (a chuva não chegou para molhar a areia).

§ 163. Na interrogação o verbo não sofre modificação.


A forma interrogativa decorre da construção da oração, do uso certas
mas expletivas peculiares à nossa boa língua, e do emprego e colocação dos pro-
nomes ou adjetivos demonstrativos interrogativos(§ 120), auá, maá e compostos.
As expletivas são paá? taá? será? e não ficam excluídas pelo emprego dos
pronomes e adjetivos interrogativos, embora possam ser omitidas. Ex.: auá
oicopé putare aé? ou auá, será, oicopé putare aé? (quem a quer enganar?), maá
reputare iané supé? ou maá reputare, será, iané supé? (que queres de nós?),
inti-auá, paá, osó putare cé irumo? (ninguém quer ir comigo?), oiuíre, será,
rain? (voltará ainda?).

§ i64. As expletivas, quando existe o sujeito expresso, nome ou pronome,


devem ser colocadas entre estes e o verbo; quando a oração começa por maá,
as expletivas são postas depois do verbo.

§ i65. O verbo, como se vê, não sofre alteração; todavia, quando se torne
necessário usar de qualquer advérbio para indicar o tempo da ação, estes de-
vem ser postos sempre antes do verbo e não em seguida, como acontece regu -
larmente nas orações positivas(§ i38 e ss.). Ex.: makiti cuera reiumime será aé?
(onde tu o escondestes?), auá cury oiucá aé? (quem o matará?)

Formação dos Verbos

§ i66. Os verbos nheengatu se formam, na sua maioria, de adjetivos. O vo-


cábulo que damos, seguindo a rotina que não há interesse em quebrar-se, já o
dissemos(§ i33), deve ser geralmente equiparado a um adjetivo, desde que, se
não fosse tal, seria sempre pelo comum um particípio passado.
Isso não impede que o tema possa ser outra qualquer parte da oração, e que
se façam novos verbos com os subprefixos iu e mu ou com a reiteração do tema.
Destes modos, já dissemos em lugar próprio, é inútil repetir.

§ 167- Cumpre aqui falar de outro modo, que, embora não seja suscetível da
generalização daqueles, todavia, ao mesmo tempo que serve para melhor fazer
compreender a morfologia da nossa boa língua, vai mostrar com que simplici-
dade se consegue formar novas palavras.
Para isso, em muitíssimos casos, é suficiente aditar ao tema verbal já exis-
tente um substantivo, e mais raramente outra qualquer parte do discurso, de
significação determinada e que exprima uma relação que precise, modifique,
determine a ação expressa pela ideia contida no tema oríginal; notando-se que
o novo verbo assim obtido é ainda suscetível de novo significado com a adição
de iu e mu, e muitas vezes até com a duplicação do tema. Ex.:
caánupá (brocar o mato), de caá (mato) e nupá (bater).
caápepena (assinalar o mato), de caá (mato) e pepena (dobrar, ir quebrando).
cambyiuuca (ordenhar), de camby (leite) e iuuca (tirar).
cambyiuci (mamar), de camby (leite) e iuci (limpar).
embyrári (parir), de embyra (filho) e ári (cair).
itacuatiare (gravar, esculpir), deitá (pedra) e cuatiare (riscar).
maramunhã (pelejar), de mara (guerra, rapina) e munhã (fazer).
mbeúpau (pormenorizar), de mbeú (contar) e mpau (tudo).
mbeúpuxi (maldizer), de mbeú (contar), e puxi (mal, mau).
pôiauyca (submeter), depô (mão) e iauyca (abaixar).
pôiucá (matar à mão), depô (mão) e iucá (matar).
sóecé (arremeter), de só (ir) e recé (contra).
suápoké (disfarçar-se), de suá (cara) e poké (embrulhada).
suápupeca (dissimular), de suá (cara) e pupeca (fechar).

ADVÉRBIO

§ i68. O advérbio nheengatu é também a parte da oração que serve para


modificar o verbo, precisando-lhe o tempo e o modo, assim como para
modificar e precisar o sentido de qualquer outra parte da oração, não ex-
cluídos outros advérbios, acrescendo, tolhendo, precisando o seu sentido
natural.
Os advérbios, de conformidade com a natureza da modificação que deter-
minam, podem ser agrupados em advérbios de tempo, de lugar, de modo, de
quantidade, de ordem, de afirmação, de negação, de dúvida, de interrogação
etc. Sem pretender esgotá-los, vamos ver os principais.

§ i69. Os principais advérbios de tempo são: cuíre (agora), raln, raen (ain-
da), oiy (hoje), coemana (cedo), tenondé (antes), cuecé (ontem), amu cuecé
(antes de ontem), cueceyma, cociyma (antigamente), cuera (muito antes), ui-
randé (amanhã), cury (logo), curymiri (logo mais), cury-eté (logo já), ramé,
aramé (quando, então), araiaué (sempre), arayma (nunca), coaruca (tarde),
cuíre ramé (no entretempo) etc. etc.

§ 170. Os de lugar: arupé, ar'pe (em cima), yuyrupé, yuyr'pe (embaixo), asuí
(aquém), akiti (além), dape, ape (lá), suindape (acolá, em face), ocar'pe, ocá-
rupé (fora), iuaté (arriba), iké (aqui), ikente (aqui mesmo), mími (aí), tenondé
em cusucuí (eis aqui), misucuí (eis aí), mími-catu (aí mesmo),
apecatu (longe), ruake (perto), easakire, sacakire (atrás), pité-rupé, piter'pe
mími-rupí (por aí) etc. etc.

§ 171. Os de modo: maié (assim), iaué (como), cuaiaué (deste modo), curete
curumü (diversamente), teente (inutilmente) etc.
A estes ser aditadas as formas adverbiais compostas de rupi e um
e mais raramente um substantivo, e que correspondem aos advérbios
em -mente. Ex.: com vagar), xaisu-
cikié-rupi (medrosamente), cipi-rupi (vingativamente),
piá-catu-rupi (bondosamente), piá-puxi-rupi

parte já vistos: muíre (quanto),


pire (mais), reté

seus numerosos
conseguintemente), cuá-iaué-suí (nessa
ariré (depois), e outros que foram incluí-

são: ee ee té, ee teen eré


(está bem), supi (verdadeiramente), eré-catu (perfeitamente)
etc. etc.
intimaã, embá, nembá, nemaã (não), negações
que em português, e a que já nos

De dúvida: ipu (talvez), cerane (quase) etc.

§ i74. Todos estes advérbios são positivos, e, em


servir para as
A nossa boa sem que isso seja uma
nT?>rr,r.<T,~TTW>C tem advérbios '-''>"'-'-<ui0,

tros, por começarem por maã, que, em alguns mã. São


maãiramé? maãkiti? (onde?), maãmé?
maãsuí? maãrupi? (por onde?), maãrame? (para quê?), maãiaué?
de que modo?), maãrecé? (por quê?) etc.
§ i75. Quanto à colocação dos advérbios na oração também,
como qualquer outra parte do discurso, devem ser colocados logo em

assim para a sua gente); Cauará, omaan arama isupi ramé Cucui ombaú mira,
omundu omixira nhaã acanga (Cauará, para ver se era verdade Cucui comer
gente, mandou assar aquela cabeça); mucuin riré (dois meses

§ 176. A esta regra há várias exceções.


Os advérbios são sempre no início inter-
rogativa. Ex.: maãkiti resó putare? queres maãsuí recica? onde
chegas?).
Ele inicia a oração ainda que seja expresso o do verbo. Ex.: maãra-
ma ne tuixaua oputare ygara? (para que o teu
ixé xa-saru mira inti onheen catu uá ocica espero gente que não
vir?).

§ 177- O advérbio negativo precede sempre o embora tenha ser


posposto ao sujeito deste, quando existir: Ex.: inti oiuíri putare oca kiti (não
quer a casa), cunhãmucu inti oiuíri oca kiti (a moça não quer vol-
tar para casa), ixé inti xoxaisu aé (eu não a
A esta regra parecem
cha o fere), inti-iepé osó putare aé irumo? quer ir comigo?), mas não
há tal exceção. Nestes exemplos, a palavra com iepé e se torna
um adjetivo distributivo, deixando de ser uma negativa, e como tal vai
preposto ao nome que qualifica e ao verbo de que se torna sujeito.

§ 177A. Os advérbios de tempo, que não são empregados para determinar espe-
cialmente o tempo do verbo, precedem sempre a este e ao próprio sujeito, quando
expresso. Ex.: mairamé ocyca apecatu-xinga apitá chega um pouco lon-
ge para), aramé-ana, paá, iepé caripira ure suake iepé yua recé (já então,
contam, um caripira veio sentar-se sobre uma árvore próxima), uirandé,
iané paia coaracy opuamo renundé (amanhã, antes de nosso pai o sol se levantar).

POSPOSIÇÃO

§ i78. A posposição é talvez a mais original da nossa boa língua.


Como a preposição das línguas neolatinas, a que é equivalente, liga o substan-
tivo ou o pronome às outras partes da oração, mostra as suas relações e depen -
dências, indica o caso, assim como eventualmente as relações das outras partes
do discurso entre si.
Chamamo-las posposições, estribados em Figueira e Anchieta e pela mes-
ma razão pela qual os gramáticos das línguas neolatinas as chamaram prepo-
sições, desde que, ao contrário destas, em lugar de virem prepostas à parte do
discurso cuja relação determinam, são sempre e regularmente pospostas a ela.
É ainda a aplicação da regra mais geral do nheengatu que manda ao modi-
ficado pospor o modificador.

§ i79. As posposições são: opé (em), suí (de), cecé e recé (para, a, contra),
rupi (por, pelo), arama (para), supé (para), irumo (com), kiti (para, a, verso
de), píri (para, perto de), pupé (em, dentro de), arupe (sobre, em cima de),
yuyrupe (debaixo), tenondé (ante), pitérupe (entre), iuanti (contra, verso de),
kasakire (atrás de), ramé (durante), ruake (perto de).
Algumas destas vozes já foram notadas como advérbios e tais se tornam
pelo emprego que delas se faz, e algumas outras parecem supérfluas, desde que
têm o mesmo sentido. Apesar da significação quase igual, não são sinônimas
no estrito sentido da palavra; entre elas há nuanças de significação, que rara-
mente permitem que sejam usadas indiferentemente uma pela outra. Vejamos,
embora rapidamente, o emprego delas.

§ i8o. Opé, upé é a forma simples e natural da posposição com a significa-


ção de "em", "no", "na". Ex.: xapitá oca opé (fico em casa); resaru Tupana opé
(espera em Deus).
Não raramente a posposição opé faz corpo com a palavra que rege; então,
se a palavra acaba por uma vogal acentuada ou nasal, que para o caso se equi-
valem, verifica-se a queda do o ou dou. Opé contrai-se em pé e é aditado pura
e simplesmente à palavra que rege. Ex.: patuape (na caixa), de patuá (caixa). Se
a palavra acaba em tritongo acentuado na primeira vogal, cai a final muda do
tritongo ao mesmo tempo que se elimina o o mudo de opé. Ex.: yarapape (no
porto), de yarapaua (porto). Quando acaba por uma vogal muda, as mudas
fundem-se, e o som que surge é de um u mudo e pronunciado tão sutilmente,
que, em muitos casos, parece antes uma aspiração do que o som de uma vogal.
Ex.: pitérupe (entre, no meio de), de pitera (meio), que se ouve pronunciar e
se encontra escrito piterpe. Alguma vez pé muda-se em mé. Ex.: paranãmé (no
rio), de paranã (rio), mas não saberíamos ditar nenhuma regra para isso.
§ 181. Pupé, que também significa em, no, na, dentro de, seríamos tentados
a tomá-la como uma forma de opé. No uso, todavia, difere deste por uma sig-
nificação mais restrita e limitada.
Com efeito, pupé somente é usado quando o objeto ou a pessoa se encon-
tra dentro de uma outra coisa, preso ou fechado. Ex.: Pirá ceiía oicô cacuri
pupé (muito peixe está no cacuri), Iauti oiupire iuaca kiti urumu mariti pupé (o
Jabuti subiu ao céu no saco do urubu). Nestes casos seria pelo menos impró-
prio usar-se opé. Pelo contrário, somente ficando aí como preso dir-se-ia oicô
mairi pupé, porque em qualquer outra hipótese se deverá dizer oicô mairi opé
(está na cidade).

§ i82. Suí (de, do, da, dentre) indica mais especialmente o lugar de onde se
chega, se sai, se tira, assim como serve para as relações que, por via de regra,
correspondem ao genitivo dos latinos, e que se costuma de preferência indicar
prepondo o nome da matéria de que a coisa é feita ao nome da coisa, e o nome
do possuidor ao da coisa possuída etc. etc. (§ 69). Ex.: Jasica cuecé mairi suí
(chegamos ontem da cidade); auá penhe suí mena putaua? (qual é dentre vós
a noiva?); patuá itá suí (caixa de ferro); cé memi iauareté cãuera suí (a minha
flauta é de osso de onça).

§ i83. Recé, arama, supé, kiti, todas podem ser traduzidas por para, a, mas
muito raramente poderão ser usadas indiferentemente uma pela outra.
Cecé, recé (em, a, a respeito de, com referência a, para) com a acepção de
dirigir-se contra alguém que está presente. Ex.: Opurandu ce recé (Pergunta
a mim); Tepocy uasu oiupicica aé cecé (Um sono grande pegou-se nele);
Opurunguetá mendaresaua recé (Falou acerca do casamento); Pexiare uri tai-
nhaetá ce recé (Deixai vir a mim ou para mim as crianças). Iasó i recé (Vamos
a ele, para ele, aonde está ele); daí, pois, sorecé e soecé, com a significação de
atacar, arremeter, investir.

§ 184. Arama (para, a), supé (para, a, por) são as que mais analogia têm
entre si, embora nem sempre elas possam substituir-se indiferentemente. Ex.:
Iauacaca oyapíri yarapé oiuuca pirá cacuri suí arama (Lontra sobe o igarapé
para tirar o peixe do cacuri); Omunhã nhã mpau ocica mamé oputare arama
(Faz tudo aquilo para chegar onde quer). Em qualquer destas frases não se pode
usar supé. Ao contrário, na frase: Omungaturu uyua i paia arama (Prepara as
flechas para seu pai), arama pode ser substituído por supé st.m inconveniente.
Tupana arama e Tupana supé não querem dizer a mesma coisa; o primeiro
diz: para Deus, e o segundo: por Deus.
Supé pode alguma vez substituir recé. Ex.: Pexiare uri tainhaetá ce supé equi-
vale a outra Pexiare uri tainhaetá ce recé (Deixai vir a mim as crianças).

§ i85. Kiti (a, para), que se ouve pronunciado keti e keté, indica movimento
de um lugar para outro, aonde se vai ou se chega. Ex.: Xasó oca kiti (Vou à casa
ou para a casa). Nesta acepção não pode ser substituída com propriedade por
nenhuma outra posposição.
Pode alguma vez substituir opé. Ex.: Xasaru indé ce oca kiti (Espero-te em
minha casa), frase em que kiti pode ser substituído por opé.

§ i86. Arupé, aárupe (sobre, em cima de) é o oposto de iuyrupe, uyrupe


(sob, embaixo de). Tanto num como noutro ou é mudo e como que desapare-
ce na pronúncia, de modo que se encontra muito frequentemente escrito arpe,
yuyrpe, e é assim pronunciado pelos que não têm muita prática da língua; mas
o som puro de rp repugna à doçura da nossa boa língua (§ 23). Ex.: Inti recicare
ne uru panícaraca árupe, xaxiare aé panicaraca yuprupe (Não procurar opa-
neiro em cima da tolda, deixei-o embaixo da tolda).

§ 187- !rumo (com, junto, em companhia de). Ex.: Cé irumo (comigo);


Opitana i suainhana irumo (Ficou com o seu inimigo). Este sentido o tem
também píri. Ex.: Opitana i suainhana píri (Ficou com o seu inimigo).
Resaru xinga xasó cury ne irumo já não quer dizer o mesmo que Resaru
xinga xasó cury ne piri; no primeiro caso se diz: "Espera um pouco, eu irei
contigo" (em tua companhia), quando no segundo se diz: "ao pé de ti", não
só sem necessidade de irem juntos, mas excluindo de irem em companhia.
!rumo tem também o sentido de indicar o meio com que alguma coisa se
faz. Ex.: Oiucá aé itá uasu irumo (Matou-o com uma grande pedra); Oiupupeca
urupema irumo (Cobre-se com o balaio).

§ i88. Píri tem também o sentido de "em" e "à'. Ex.: Opitá oca píri quer dizer
tanto quanto Opitá oca opé (Fica em casa), com a diferença, todavia, de que píri
é muito menos preciso de que opé.
Igualmente, Osó oca píri e Osó oca kiti querem ambos dizer "Vá à casà', com
a única diferença de kiti indicar, com mais precisão, que a casa é o lugar da
chegada, no entanto que píri não tem esta exatidão; indica, apenas, uma apro-
ximação, "ao pé da casà'.
§ i89. Neste sentido, píri como que equivale a ruake (perto, ao pé de, próxi-
mo). Ex.: Osasauana ce píri e Ososauana ce ruake querem ambas dizer "Passou
ao pé de mim''.
Ruake e píri indicam antes proximidade, e como tais são ambos imprecisos
e nesta significação podem ambos alguma vez ser usados em lugar de recé. Ex.:
Ure ce ruake, Ure ce píri, Ure ce recé significam todas "Vem a mim''.

§ 200[190]. Piterupe, casakire, tenondé, ramé, iuati, na realidade, antes de


verdadeiras e próprias posposições, são advérbios, que ocasionalmente servem
de posposições; em qualquer caso, o seu sentido é sempre suficientemente cla-
ro e distinto para dispensar explanações.

CONJUNÇÃO

§ 201[191]. A conjunção, que serve para ligar entre si as diversas partes da


oração, assim como para ligar diversas orações, em nheengatu é muito parci-
moniosamente usada.
Língua falada por gente, na sua maioria, de pouca cultura, prefere proceder
por frases breves, soltas, como que independentes entre si, apenas ligadas pelo
sentido geral do discurso; mas nem por isso a nossa boa língua tem falta de con-
junções, e delas se podem distinguir duas espécies: a ordenativa e a subordinativa.

§ 202[192]. São conjunções ordenativas, que ligam entre si orações e pala-


vras, que doutra forma ficariam independentes:
Euíre, iuíre (e). Ex.: Coema caaruca iuíre suí omunhã ara irundi (Da ma-
nhã e da tarde fez o quarto dia); Omaã indé ramé opitana pau piá ayua, oiucá
cury indé, oiucá ixé iuíre (Se te veem, ficam todas furiosas [de mau coração],
matam-te e me matam).
Marecé (porque). Ex.: Inti recé cuau aé irumo, marecé aé inti mira catu (Não
deves ir com ele, porque ele não é boa gente).
Cuaiaué (deste modo). Ex.: Omamana yara iepé miraracangasu opé cuaiaué
repuracare cuau catu pire arama (Amarra a canoa ao galho para deste modo
poder carregar melhor).
Iuiri (ou). Ex.: Rerecó, será, ce taxira, rerecô taxira ne iara iuiri? (Tens a mi-
nha cavadeira ou tens a tua cavadeira?) O uso deste iuiri, usado no rio Negro,
quase que é desusado no Solimões pelos brancos que falam a língua, que no
caso já usam o português.
§ 203[193]. São conjuntivas subordinativas:
Aramé (então). Ex.: Ompuana opurunguetá nhã iaué, aramé osó i remiricô
irumo (Acabou de falar naquela forma, então se foi com a mulher).
Cuarecé (por via disso, por esta causa, pelo que). Ex.: Mira pitua! Inti oiu-
cá cuau suainhana omaramunhã ramé, oiucá cuau nunto kyresara, cuarecé
penhe cecusaua ompuana cuá ara tenhe (Gente motina! Não sabe matar inimi-
go quando combate, sabe só matar os que dormem, por via disso a vossa vida
acaba hoje mesmo).
Ramé (quando, se). Ex.: Resasau cuau amu cembyua putare ramé (Podes
passar para outra margem, se queres).
Iaué (como). Ex.: Inti ouacemo iané iapycasaua ramé, iamané putare pau iané
mena, iané paia, iané membyra iaué (Se não encontramos a nossa vingança, que-
remos morrer todas com os nossos maridos, os nossos pais, os nossos filhos).

INTERJEIÇÃO

§ 204[194]. A interjeição, a que se contesta o direito de figurar como parte


do discurso, é muito comum e variadíssima na nossa boa língua, e até já se fi-
zeram delas longas enumerações.
Nós nos limitaremos apenas, todavia, às principais e mais comuns, enume-
rando entre elas algumas palavras usadas, especialmente nas orações interro-
gativas e nas narrativas, que, sem ter uma significação restrita, ou concorrer
para clareza do discurso, são inseridas na oração sem sentido preciso, como
para dar força à pergunta ou diminuir o alcance da afirmação e que têm de co-
mum com as interjeições o serem também formas exclamativas, mas são como
uma subdivisão destas, que nos permitimos chamar expletivas.

§ 205[195]. Como interjeições, podem-se enumerar: Eré! (Está bom!


Concordo, sim!), exclamação afirmativa, de aprovação. Eré catu! (Vamos!,
Sus!, Ligeiro!), exclamação animativa, de animação. Será! (PossíveH), exclama-
ção dubitativa de quem tem ouvido contar algum solene carapetão. Soco! (Ora,
ora! Ora história!), também dubitativa, mas já incluindo uma negação formal.
Axy! - exclamação de nojo. Toco! (Que sei eu! Ignoro!), exclamação negativa,
contração de Taucô, por sua vez contração de Intí xacuau (Não sei).

§ 206[196]. São expletivas das orações interrogativas paá, taá, será. Embora
nenhuma tenha uma significação qualquer que possa ser traduzida, nem sem-
pre podem ser usadas uma pela outra. Se entre paá e taá, a equivalência é ab-
soluta, apenas sendo uma questão de preferência local ou individual o empre-
go desta ou daquela, com referência a será parece que o seu emprego é mais
especialmente reservado para as interrogações que visam ao interesse direto
da pessoa a quem se fala, no entanto que as primeiras se empregam quando o
interesse é indireto e a interrogação versa sobre negócio alheio.
Quanto à colocação, se não existe o verbo, a expletiva é posta logo depois
do sujeito e antes do seu complemento. Ex.: Cuaetá, cerá, ne maramunhan-
gara? (São estes os teus guerreiros?); Nhaetá, paá, i anama? (São aqueles
os seus parentes?). Embora a oração nheengatu seja traduzida com o verbo
ser, que, aliás, não contém ( § i32), nem por isso nem cerá nem paá têm esta
significação.
Quando a interrogação contém o verbo com o sujeito expresso, ou o verbo
é precedido de algum advérbio interrogativo, haja ou não o sujeito, a expletiva
é posta entre estes e o verbo. Ex.: Tupana tee n, cerá, omundu indé reiuapica
iané piterupe? (O próprio Deus, será, te mandou estabelecer no meio de nós?);
Maiaué, paá, ocica? (Como chega?); Marecé aé, taá, inti osó suainhana recé?
(Porque ele não foi contra o inimigo?).
Quando não há sujeito expresso, a expletiva vem logo depois do verbo. Ex.:
Resó putare, cerá, cé irumo? (Queres ir comigo?); Osó cuau, taá, i mira irumo?
(Pode ir com a sua gente?).

§ 207(197). Paá é também expletiva usada nas orações narrativas e nas afir-
mativas de fatos contados por terceiros, e traz consigo como que uma pequena
dúvida. Encontra-se sempre usada como que a diminuir a responsabilidade de
quem relata ou afirma alguma coisa, que não afirma ou relata de ciência pró-
pria. Ex.: Uayú, paá, oyapire Cunuiary paranã ramé, omuatire mira uacemo uá
pé rupi (Uayú, dizem, quando subiu o rio Cunuiary, ajuntou a gente que en-
controu no caminho).
A expletiva, na hipótese, é sempre preposta ao verbo, mas não se pode co-
meçar a oração por ela, devendo, quando não existe expresso o sujeito ou não
há outra parte do discurso que preceda o verbo, ser ela, pelo menos, precedida
pelo pronome pessoal do verbo. Ex.: Iepé ara, paá, ocenduana, masuí coaracy
ocemo kiti, teapu uasu (Um dia, contam, ouviram do lado de onde o sol sai um
grande barulho). E é inserida sempre quebrando a oração. Ex.: Iepé ara nhunto
uatare, paá, yacy omanô arama (Só faltava um dia, contam, para a lua morrer
[para o eclipse]).
CONSTRUÇÃO DA ORAÇÃO

as diversas vimos
a uma delas, a sua colocação com
com
Como complemento, vamos agora ver rapidamente
a da oração nheengatu. Costuma-se que a construção da ora-
construção da oração portuguesa e em

Tal afirmação parece-nos menos exata.

mor
O que

é-nos

§ 210 [ 200]. Posto da


tuixaua
quase que se
e

o su-
do membro para o i soca,
tuixaua omuatire i mira oiuírí arama acabou a sua casa, o tuxaua reu-
niu sua para
O que não seria sem pa-
nos diversos mas isso não seria

§ 211[201]. A como é
por é prepor o este do atributo.
O que é exato em português o é em nheengatu, como o demonstra a oração
acima transcrita.
Se de ordinário a ordem da oração não pode ser invertida, pode-o, todavia,
sempre que a inversão não mude o sentido ou não traga ambiguidade. Não
saberíamos dar outra regra: o usar ou não de orações invertidas depende do
senso de conveniência ou inconveniência, que se adquire falando e ouvindo fa-
lar a língua. Ex.: Mira ceiía ocica yarapape (Muita gente chega ao porto) pode
perfeitamente inverter-se para: Yarapape ocica mira ceiía; e mesmo: Ocica ya-
rapape mira ceiía, que sempre vem a dizer a mesma coisa, embora no segundo
caso se diga "Ao porto chega muita gente': e no terceiro "Chega ao porto muita
gente''.

§ 212(202]. A oração mais simples, abstração feita do verbo, que é a oração


elíptica por excelência, é a oração elíptica composta do sujeito e do atributo.
Embora por via de regra a sua significação dependa essencialmente da ordem
dos seus componentes, ainda assim muitas das orações elípticas se prestam à
inversão. Ex.: Ixé mira catu (Eu [sou] gente boa) pode ser invertida para Mira
catu ixé, embora a segunda forma seja urna afirmação mais decidida, corno que
enfática. Cuá mira kyrimbaua (Esta gente valente), pelo contrário, não se presta
à inversão, ou, pelo menos, cremos que quem fala a língua nunca perpetraria tal
coisa.

§ 213(203]. Elípticas em geral são todas as respostas a determinada pergun-


ta, e nas quais ficam corno que subentendidos os termos desta, dispensando a
sua repetição. As perguntas e respostas, sistema Ollendorff, são absolutamente
contrárias, senão à própria índole da língua, certamente aos hábitos de quem a
fala. Ex.: Auá, cerá, penhê suí mena putáua? Ixé (Quem de vós é a noiva? - Eu);
Makiti resó putare cuíre? Ce roca kiti (Onde queres ir agora? Para minha casa).

§ 214(204]. Oração completa é o verbo; desde que contém o verbo substan-


tivo e um atributo e seu sujeito é o pronome, que por via disso mesmo se torna
parte integrante dele.
O que é verdade nas línguas neolatinas, o é em nheengatu e, embora não
exista o verbo substantivo "ser" (§ i33), também na nossa boa língua o verbo
contém a afirmação da aplicabilidade ou não do atributo ao sujeito, represen-
tado pelo pronome. Apesar disso, este pode ser omitido. O prefixo pessoal
dispensa-o, só o exigindo quando se trata da terceira pessoa do plural, sendo
dispensável também na terceira pessoa do singular, porque na falta de outra
qualquer indicação se entende sempre que o verbo está no singular.

§ 215(205]. Se se trata da primeira pessoa do plural ou singular, e quem


fala carece declinar o próprio nome ou qualidade, o pronome é sempre indis-
pensável, e o nome ou qualidade vai inserido entre o pronome e o verbo. Ex.:
Ixé, tuixaua, xacenoicári (Eu, tuxaua, mando convocar). A segunda pessoa
ordinariamente dispensa o pronome, ainda no caso de vir expresso o sujeito.
Ex.: Curumf reiúre (Vem, menino); Iuãn recoatiare putare, será, cuá papera
(João, queres escrever esta carta?), que se pode também dizer: Indé curumf
reiúre e Indé, Iuãn, recoatiare etc. O verbo na terceira pessoa, pelo contrário,
não só permite suprimir o pronome, mas o pronome se torna mais que su-
pérfluo, incabível. Ex.: Paié-etá oiumuatire (Os pajés se juntam). Ninguém,
porém, diria Aitá paié-etá oiumuatire. Embora a terceira pessoa do plural,
esta já não carece de pronome, que lhe determine o número, desde que lho
determina o sujeito.

§ 216[206]. Muda a coisa completamente de aspecto quando, saindo das


orações simples, compostas do sujeito, verbo e atributo, se passa a estudar ora-
ções mais complicadas, em que figuram outras partes do discurso. Estas, de or-
dinário, alteram, com a sua colocação especial, toda e qualquer correspondên-
cia entre as duas orações. Ex.: Iauacaca oxipiá taua (Lontra enxerga a aldeia).
A correspondência é perfeita, salvo o artigo a mais da oração portuguesa.
Querendo acrescentar-lhe detalhes de quando e como vê, e precisar as
condições da aldeia, já esta correspondência se torna menor, senão desapa -
rece. Ex.: !andara oyapire paranã rupi ramé, Iauacaca oxipiá i tenondé mara-
caimbara-manha-etá taua uasu, oicô uá cembyua ruake arapecuma iuaté opé.
Literalmente temos: "Meio dia subia rio por quando, lontra enxergou feiti-
ceiros aldeia grande, estava que margem perto língua de terra alta em", o que
equivale a: "Ao meio dia, quando subia o rio, a lontra enxergou a grande al-
deia dos feiticeiros, que estava perto da margem numa ponta de terra alta''. O
primeiro membro da oração, regido por ramé (quando), determina o tempo
de toda a oração.

§ 217[207]. Normalmente o tempo e o modo do verbo são indicados por


advérbios de tempo pospostos ao verbo (§ i38 e ss.), devendo, quando existe,
inserir-se entre este e aquele o complemento direto do verbo. Ex.: Iauacaca
Tatu irumo ocica taua kiti ramé, cunhãetá omunhã teapu turusu, iaperecé oiu-
cá putare mocoin iuaentiuara (Quando Lontra com o Tatu chegavam à aldeia,
as mulheres fizeram um grande barulho, logo quiseram matar os dois que vi-
nham vindo).
Nada impede, todavia, que se use outro advérbio de tempo, e que com este
então comece a oração. Ex.: Mairamé Iauacaca Tatu irumo etc., seguindo-se o
restante como na oração anterior, menos ramé.
O advérbio, como já foi dito, e salvo as exceções aí apontadas, é geralmente
posposto à parte da oração a que se refere e modifica, e é geralmente preposto
quando rege ou modifica uma oração.

§ 218[208]. Por costume dos que falam a nossa boa língua, senão por índole
dela, o discurso se desenvolve por pequenas orações, como que soltas e destaca-
das, que podem ser separadas, quando reduzidas a escrito, por ponto-e-vírgula
e muitas vezes por ponto final. Isso explica o pouco uso, que correntemente se
faz das conjunções.
Ex.: Aramé Iauacaca oiupiro oiumu; curauí ouéuéana maracaimbara-ma-
nha-etá recé; inti iepé ocanhemo; apanhe oiucá; inti-iepé oiauau cuau. Curaul
otucá ruakeuara, apecatuara, osaentiuara, iauauara, oiumimeuara iuíre, apa-
nhe omanô-ána (Então Lontra começou a flechar; os curabis voavam para
os feiticeiros; nenhum se perdia; todos matavam; ninguém pode escapar. Os
curabis alcançam os de perto, os de longe, os que vêm, os que vão e os que se
escondem, todos morrem).

§ 219 [209 J. A conjunção que não tem correspondente senão na hipótese


de ser equivalente a quem, aquele que, o que, a que etc., sendo que como já vi-
mos(§§ 119, 120) então lhe corresponde: uá, uaá, se o adjetivo conjuntivo se
refere à pessoa, e maá, se se trata de coisa, não se traduz senão neste último
caso. Ex.: Pituna ocica ramé Iauacaca okire, okérupi Nucãn onhee n i rendyra-
etá supé i nhee nga cee n (Quando chegou a noite, Lontra adormeceu, sonhou
que Nucam dissera para suas irmãs a sua promessa [fala doce]). Que é sim-
ples conjunção e não se traduz. Ex.: Iauacaca mairamé oiké taua opé ouacemo
nhunto tainha iakira ceiía, i manha ociare uá oiauau cikieuara ramé (Lontra
quando entrou na aldeia encontrou somente muitos meninos verdes, que suas
mães tinham deixado, quando fugiam com medo); Remupytera no rayra-etá,
iepé inti ocuau ma oiusasau amuitá irumo (Separa tuas filhas, uma não saiba
o que se passa com as outras).
Em ambos estes casos se traduz que; todavia a construção não só é diferen -
te, mas seria impossível usar um pelo outro. Uá vem sempre posposto ao verbo
ou à oração de que serve de copulativa. Maá é preposto, o que parece indicar
uma profunda diferença na natureza dos dois.

§ 220 [210]. Deveríamos, talvez, agora passar em revista a construção das


diversas orações, isto é, das negativas, interrogativas, alternativas etc. etc.
Delas, todavia, já dissemos em mais de um lugar, ao tratarmos do verbo(§ 159
e s.), da colocação dos advérbios negativos (§ 177), da conjunção (§ 201(191]),
das expletivas e em outros diversos lugares, trazendo exemplos e elucidações;
parece, pois, dispensável fazê-lo aqui. Seria repetir.
Acresce que fazemos seguir este Esboço de uns trechos em nheengatu, exa-
tamente para que cada qual não só possa verificar as regras nele ditadas, como
possa de per si estudar o mecanismo da língua, pelo menos lendo, senão falan-
do, suprindo as falhas do nosso pobre trabalho, convencidos, como estamos,
de que as línguas se aprendem antes com a prática do que com a gramática.

Tefé, 1 de 1920.
Do Selvagem

DO DR. COUTO DE MAGALHÃES

IAUTI TAPYIRA CAAIUARA O JABUTI E A ANTA DO MATO

Iauti mira catu, intimaã mira puxi. Oicó O jabuti é gente boa e não gente má.
itapereyuá uyrpe, osanhana i temiú. Estava debaixo do taperibá juntando a
sua comida.
Tapyira caaiuara ocyca ape, onheen ixu- Chega aí a anta do mato, diz para ele:
pé: "Retyryca iauti ki xii". "Retira-te de aí, jabuti".
Iauti osuaxara ixupé: "Jxé ki xii inti xa- O jabuti respondeu para ela: "Eu daqui
tyryca mãá recé xaicó co yuá yua uyrpe". não me retiro, porque estou debaixo da
minha árvore de fruta''.
"Retyryca, iuati, curumu xá piru indé." "Retira-te, jabuti, senão te piso:'
"Repiru remãen arama, inhé nhu cerá "Pisa, para tu veres se tu só és homem!"
apyaua!"
Tapyira, yurupari, opiru iauti teté. A anta, diabo, pisou o coitado do jabuti.
Tapyira osoana; iauti cuaí onheen: "Te- A anta foi-se embora; o jabuti disse as-
nupá, yurupari, amana ara ramé cury xa- sim: "Deixa estar, diabo, sairei no tempo
cemo, xasó ne racacuera mamé catu xaua- da chuva e vou ao teu encalço até encon-
cemo ndé; xameen cury indé arama reiu- trar-te; te darei o troco de me teres en-
tyma recuiara ixé". terrado".
Amana ara ocycana iauti ocemo arama. Chegou o tempo da chuva para o jabu-
ti sair.
Iauti ocemo osoana yurupari uasu raca- O jabuti saiu, foi logo atrás do diabo
cuera. grande.
Oíuiuanti tapyira pypora irumo. Iautí Encontrou-se com o rastro da anta. O
opuranu íxupé: ''Muirí ara ana ne iara jabuti perguntou a ele: "Quanto tempo é
oxíare índé?" que teu dono te deixou?"
Pypora osuaxara: "Cuciíma ana ce O rastro respondeu: "Há muito já que
oxiare". me deixou".
Iauti ocema axii, iepé iacy riri oiuiuanti O jabuti saiu daí, um mês depois en-
amu pypora irumo. controu-se com outro rastro.
Iauti opurandu: "Apecatu rafn será ne O jabuti perguntou: "Está ainda longe
iara oikó?" o teu dono?"
Pypora osuaxara: "Reuatá ramé mocof O rastro respondeu: "Se andares dois
ara resuanti curi aé irumo". dias te encontrarás com ele''.
Iautí onhee ixupé: "Ce cuerana xacicári; O jabuti disse para ele: "Estou aborreci-
aé ipó osó reteana". do de procurar, ela talvez já se foi".
Pypora opurandu: ''Mãá recé, taá, cuité O rastro perguntou: "Por que razão
recicári reté aé?" agora procuras tanto ela?"
Iauti osuaxara: "Intimaã maã arama; O jabuti respondeu: "Para nada, quero
xapurunguetá putare aé irumo". conversar com ela".
Pypora onheen: "Aramé resoana paranã Disse o rastro: "Então vá ao paraná mi-
mirf keté, aape cury reuacemo ce rubá tu- rim, lá tu acharás meu pai grande".
rusu".
Iauti cuai onheen: "Aramé xasó raf". O jabuti disse: "Então ainda vou''.
Ocyca paranã mirf pupé, cuai opuran- Chega ao paraná mirim, pergunta deste
du: "Paranã maá paá no iara?" modo: "Paraná, cadê teu dono?"
Paranã osuaxara: "Taucuau!" O paraná responde: "Não sei!"
Iauti onheen paraná supé: ''Maárecé taá O jabuti disse para o paraná: "Por que
iaué catu renhee ixé?" razão me falas assim?"
Paranã osuaxara: 'Xa nhee iné arama O paraná respondeu: "Eu falo para ti
nhaã iaué catu, maárecé xacuau maá ce assim, porque sei o que meu pai te fez".
rubá omunhã ne arama".
Iauti onhee: "Tenupá oicó, ixé cury xa O jabuti disse: "Deixa estar o que é, eu
uacemo aé. Aramé cuíre, paranã, xasó ne o acharei logo. Então, paraná, agora saio
suí; remaen ramé cury ixé ne paia reyuera de ti; quando me vires já eu estarei com o
irumoana". cadáver do teu pai".
Paraná onhee: "Ten reiauky ce rubá iru- O paraná disse: "Não bulas com meu
mo! Tenupá okyri". pai! Deixa dormir''.
Iauti onhee: "Cuíre supi ce ruri catu; pa- O jabuti disse: "Agora certo me alegro
ranã xasó ral''. bem; paraná, já vou:'
Paranã osuaxara: '!\.! iauti iné ipó reiu- O paraná respondeu: "Ah! jabuti, tu
iutyma putare mocof ué!" queres fazer-te enterrar outra vez!"
Iauti onhee: "Jntimaã xa-icó ara uyrpe O jabuti disse: "Não estou no mundo
itá arama; cuíre xasó xamaõ kirimbaua para pedra; agora vou ver se é valente
pire uaá ce suí; eré paranã, xasó rai". mais do que eu''.
Iauti osóana; paranã mirf remeyua rupi O jabuti foi pela vara do paraná mirim,
ouacemo tapyira. encontrou a anta.
Iauti onhee cuáa iaué: "Xauacemo indé O jabuti disse deste modo: "Encontrei-te
o intimaã? Cuíre remae ce irumo. Ixé, paá, ou não? Agora te hás de avir comigo. Eu,
apyaua". dizem, sou macho!"
Opuri tonondé tapyira rapiá opé. Pulou adiante nos escrotos da anta.
Cuaí onhee: "Tatá, paá, osapy opaf Disse assim: "O fogo, dizem, queima
rupi". por toda a parte".
Iauti opúri kirimbasaua irumo tapyira O jabuti pulou com valentia sobre os
rapiá recé. escrotos da anta.
Tapyira iacanhemo opaca. A anta assustada acordou.
Tapyira cuaí onhee: "Tupana recé catu, A anta assim disse: "Pelo bom Deus, ja-
iauti, rexári ne rapiá". buti, larga os meus escrotos".
Iauti osuaxara: "Ixé intimaã xaxári, O jabuti respondeu: "Eu não deixo,
maãrecé xamae putári no kirima-uasaua". porque quero ver a tua valentià'.
Tapyira onhee: "Aramé aicó xasó". A tapiira disse: "Então estou indo".
Tapyira opuama, unhana paranã mirf A anta levantou-se, correu para opa-
rupi; mocof ara pauasape tapyira oma- raná mirim; no fim de dois dias a anta
noana. morreu.
Iauti cuaí onhee: "Xaiucá indé ô inti- O jabuti assim disse: "Te matei ou não?
maã? Cuíre xasó xacícári ce anama-itá ou Agora vou procurar os meus parentes
arama ndé". para te comer".
IAUTI IAUARETÉ O JABUTI E A ONÇA

Iauti osacemo: "Ce anama-itá! Ce ana- O jabuti gritou: "Meus parentes! Meus
ma-itá iúre!" parentes venham!"
Iaureté cenõ, osó aketé, opuranu: "Maá- A onça ouviu, foi para lá, perguntou:
ta resacemo reikó iauti?" "Que estás gritando, jabuti?"
Iauti osuaxara: ''Xacenoin xa icó ce ana- O jabuti respondeu: "Estou chamando
ma-itá ou arama ceremiara uasu tapyira". os meus parentes para comer a minha
caça grande, a antà'.
Iaureté onhee: "Reputári xamuf tapyira A onça disse: "Queres que eu parta a
indé arama?" anta para ti?"
Iauti onhee: ''Xaputári; remunuca iepé O jabuti disse: "Quero; corta uma ban-
suaxara iné arama; amu ixé arama". da para ti, outra para mim''.
Iauareté onhee: "Aramé resó reiuca A onça disse: "Então vá a tirar lenha''.
iepeá".
Iauti osó, pucusaua iauareté osupíri ixi- O jabuti foi; no entanto a onça carregou
miara, oiauau. com a caça dele, fugiu.
Iauti ocica ramé uacemo nhunto-ana Quando o jabuti chegou, só encon-
tiputi, oiacau iauareté irumo onhee: trou as fezes, ralhou com a onça e disse:
"Tenupá! Amu ara xaiuiuanti cury ne "Deixa estar; algum dia hei de encon-
irumo". trar-me contigo".
Da "La Langue Tapihiya Dite Tupi ou Nheêngatu"

DO R. PADRE TASTEVIN

IAUTI TAPYIRA CAAIUARA O JABUTI COM A


IRUMO ANTA DO MATO

Iauti mira catu, timaã puxi. Uicu tape- O jabuti é boa gente, não gente má. Es-
reuá euirpe usaan arama citimiú. tava debaixo do taperibá saboreando a
sua comida.
Tapi usyca aape unhee isupé: "Retirica, A anta chega aí o diz para ele: "Retira-te,
iauti, retirica iké suí". jabuti, retira-te de aí''.
Iauti osuaxara isupé: "Ixé iké sui nti xa- O jabuti respondeu-lhe: "Eu de cá não
retirica, marecé xa icu ce yua euirpe". me retiro, porque estou debaixo da mi-
nha árvore".
"Retirica, iauti, curumu xapiru iné." "Retira-te, jabuti, do contrário te piso:'
"Repiru, remaã arama iné nhü será "Pisa, para ver se tu só és macho:'
apyaua."
Tapiira iurupari upiru iauti teté. O diabo da anta pisou o pobre do jabuti.
Tapiira usuana. A anta foi-se.
Yauti cuaí unhee: "Tenupá, iurupari, O jabuti assim disse: "Deixa estar, dia-
amana ara ramé cury xacamo, xasu ne bo, com o tempo da chuva sairei, irei no
racacuera upé, mamé catu xauacema iné; teu encalço até onde te encontre; darei
xamee cury ne arama, reiutyma ixé recé então para ti o troco de me teres enter-
ne recuiara". rado".
Amana ara ucycana ramé iauti uce- Quando chegou o tempo da chuva, o
mana. jabuti saiu.
Iauti usuana iurpari uasu racacuera O jabuti foi no encalço do grande dia-
upé. Uiuiuanti tapiira pepora irumo. bo. Encontra-se com o rastro da anta.
Iauti upuranu isupé: "Muíri ara ana ne O jabuti pergunta: "Quanto tempo é
iara uxiári indé?" que teu dono te deixou?"
Pepora osuaxara: "Cuciy-mana ce O rastro respondeu: "Me deixou desde
uxiári". muitíssimo tempo''.
Iauti ucema asuí. Iepé yacy riré oiuiuan- O jabuti saiu daí. Um mês depois en-
ti amu pepora irumo, iauti upuranu isupé: controu-se com outro rastro, o jabuti
"Muíri ara ana ne iara uxiári indé?" perguntou para ele: "Desde que tempo
teu dono te deixou?"
Pepora usuaxara: "Cuciy-mana ce O rastro respondeu: "Me deixou desde
uxiári". muitíssimo tempo."
Iauti ucema asuí. O jabuti saiu daí.
Iepé yacy riri oiuiuanti amu pepora iru- Um mês depois encontrou-se com ou-
mo, iauti upuranu: "Apecatu rain será ma- tro rastro, o jabuti perguntou: "Está ainda
mé no iara uicu?" longe o lugar onde se acha o teu dono?"
Pepora usuaxara: "Apecatu". O rastro respondeu: "Longe''.
"Muíri?" "Quanto?"
"Reuatá ramé mucoin ara resuanti cury "Se andares dois dias te encontrarás
aé irumo." com ele."
Iauti unhee isupé: "Ce coir-ana xacicári; O jabuti disse para ele: "Estou enfada-
aé ipu usu reté-ana". do de procurar tanto, quem sabe ele foi
de vez''.
Pepora opuranu: "Marecé taá coité reci- O rastro perguntou: "Por que agora
cári retê aé?" mesmo o procuras tanto?"
Iauti usuaxara: "Timaã maã arama. O jabuti respondeu: "Para nada. Quero
Xapurunguetá putári aé irumo". conversar com ele".
Pepora unhee: "Aramé resu-ana paranã O rastro disse: "Então vai já no paraná
miri kiti aape reuacema ce paia turusu". miri, lá tu encontrarás o meu grande pai:'
Iauti cuaí onhee: "Aramé xasu rain". O jabuti disse assim: "Então vou já''.
Ucyca paranã miri pupe, cuai upuranu: Chegando ao paranã miri, assim per-
"Paranã maã, paá, ne iara?" guntou: "Paraná, onde está teu dono?"
Paranã usuaxara: "Tacuau!" O paraná respondeu: "Quem sabe!"
Iauti unhee paranã supé: "Marecé, taá O jabuti disse para o paraná: "Porque
iaué catu renhee ce arama?" dizes assim para mim?"
Paranã usuaxara: 'Xanhee iné arama O paraná respondeu: "Falo-te deste
nhaá iaué catu, xa-cuauana recé ma ce modo, porque sei o que meu pai fez para
.,,
paia umunhana iné arama". t l.
Iauti onhee: "Tenupá uicu: ixé cury O jabuti disse: "Deixa estar: eu o en-
xauacema aé. Aramé cuiri, paranã, xasu contro já. Então agora, paraná, vou de ti
iné suí; remaã ramé cury ixé ne paia (deixo-te); quando me vires, estarei com
reãuera irumoana". o cadáver de teu pai".
Paraná onhee: "Timaã reiuaky ce paia O paraná disse: "Não bulas com meu
irumo! Tenupá ukiri". pai! Deixa-o dormir".
Iauty unhee: "Cuiri supy ce ruri catu O jabuti disse: "Agora na verdade sou
(xa-rury catu), paranã, xasu rain". bem contente, paraná, já vou".
Paranã osuaxara: 'J:\.! iauti, iné ipu O paraná respondeu: "Ah! jabuti, tu es-
reiuiutyma putári mucuen f". tás talvez com vontade de ser enterrado
segunda vez".
Iauti unhee: "Timaã xaicu ara uírpe itá O jabuti disse: "Eu não estou sobre a
arama; cuiri xasu xamaã kyrimau píri terra para ser pedra; agora eu vou ver se
uaá ixé suí. Eré paranã xasu rain". é mais forte de que eu. Está bom, paraná,
já vou''.
Iauti osuana paranã mirl remeyua rupi, O jabuti foi pela margem do paraná
uuacema tapiira. miri, encontrou a anta.
Iauti unhee cuá iaué: "Xauacema iné O jabuti disse: "Te encontrei ou não?
timaã? Cuiri remãã cury se arama ixé Agora é para me ver logo, se eu também
apyaua ramé". sou macho".
Upúri renoné tapiira rapza upé, cuaí Pulou diante dos escrotos da anta di-
unhee: "Tatá, paá, usapi upain rupi". zendo assim: "O fogo, dizem, queima
tudo".
Aéuana upuri kyrimasaua irumo tapii- Em seguida pulou com força nos escro-
ra rapiá recé. tos da anta.
Tapiira iacuayma upaca. A anta espantada acordou.
Tapiira cuaí unhee: "Tupana recé, iauti A anta disse assim: "Por Deus, jabuti,
rexiári ce rapiá". deixa meus escrotos:'
Iauti usuaxara: "Jxé timaã xaxiári, ma- O jabuti respondeu: "Eu não largo, por-
recé xamaã putári ne kyrimasaua". que quero ver a tua valentia".
Tapiira unhee: 'J:\.ramé xasu xaicu". A anta disse: "Então estou andando".
Tapiira opuama unhama paranã mirl A anta levantou-se, correu para o para-
rupi; mucuin ara pausape tapiira umanu- ná miri; no fim de dois dias, a anta mor-
ana. reu.
Iautí cuaí onhee: 'Xaiucaana iné timaã? O jabuti disse assim: "Matei-te ou não?
Cuiri xasu xacicári ce anamaitá uu ara- Agora vou procurar os meus parentes
ma iné". para comer-te".
IAUTI IAUARATÉ IRUMO O JABUTI COM A ONÇA

Iauti usacema uicu: "Ce anamaitá, ce O jabuti estava gritando: "Meus paren-
anamaitá, peiúri!" tes, meus parentes, vindes!"
Iauaraté ucenu usu akiti, upuranu: A onça ouviu, andou a ele, perguntou:
''Maá taá resacema reicu, iauti?" "O que estás a gritar, jabuti?"
Iauti usuaxara: 'Xacenoi xaicu ce ana- O jabuti respondeu: "Estou chamando
maitá uu arama ce remiara uasu tapiira". os meus parentes para comerem a anta, a
minha caça grande''.
Iauaraté unhee: "Reputári será xamuí A onça disse: "Queres que parta a anta
tapiira iné arama?" para ti?"
Iauti unhee: 'Xaputári. Remunuca iepé O jabuti disse: "Quero. Corta uma ban-
suaxara iné arama, amu ixé arama". da para ti e a outra para mim".
Iauaraté onhee: "Aramé resu reiuuca ia- A onça disse: "Então vá tirar lenhà'.
peyua".
Iauti usu, pucusaua iauaraté usupíri ci- O jabuti foi, no entanto a onça carregou
miara uiauau. com a caça e fugiu.
Iauti ucyca ramé uacema nhunto tipu- Quando o jabuti chegou somente en-
ti, uiacau iauaraté irumo unhee: "Tenupá, controu os excrementos, zangou -se com
amu ara xa iuiuanti cury iné irumo". a onça e disse: "Deixa! um qualquer dia
me encontrarei contigo''.
Da Doutrina Cristã - Chrístu Muesaua

DE D. LOURENÇO COSTA AGUIAR

UPAIN MAÃ MUNHANGAUA A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS

Ara Iepé Primeiro Dia

Iupirungaua ramé Tupana omunhãn No começo Deus fez o céu e a terra.


iuaca yuy iuiri.
Yuy tipau, tirafn uricu maã-maãn, pitu- A terra vazia, não tinha ainda nada; em
na-pau upain rupi, Tupana peiusaua iu- toda a parte estava a noite escura; o sopro
rerasó y-itá arpe. de Deus andava sobre as águas.
Unhinhin Tupana: "Iumunhãn candea: Deus disse: "Seja feita a luz, a luz foi
candea iumunhãn". feita".
Tupana uxipiá candea catu uaá; umuin Deus viu que a luz estava boa, dividiu o
candea pituna suí. dia da noite.
Tupana umucera candea ara, amu supé Deus chamou a luz dia e a outra, noite.
pituna.
Caruca coema iuíri suí iumunhãn ara Da tarde e da manhã se fez o primei-
iepé. ro dia.

Ara Mucuin Segundo Dia

Tupana unhinhin iuíri: "Jumunhãn san- Deus disse ainda: "Faça-se o firmamen-
tasaua y aitá pyterupe; umufn y aitá ikiti to no meio das águas; divida as águas da-
amuitá suí". qui das outras''.
Cuá iaué iumunhãn. Assim se fez.
Tupana umucera santasaua supé iuaca, Deus chamou ao firmamento céu, o
puranga sukyra iaxipiá uá. belo azul que vemos.
Caruca coema iuíri suí iumunhãn ara Da tarde e da manhã se fez o segundo
mucuin. dia.

Ara Musapire Terceiro Dia

Tupana unhinhin: "Jumuatíri iepenhun Deus disse: "Reúnam-se em um só lu-


tenaua upé y aitá uicu iuaca uirpe; ucema gar as águas que estão debaixo do céu;
ucara kiti yuy ticanga". saia fora a terra enxuta''.
Cuá iaué iumunhãn. Assim se fez.
Tupana uxipiá maá catu uaá. Deus viu que era coisa boa.
Tupana unhinhin yuy supé: "Remu- Deus disse à terra: "Germina plantas
cinhin rymitema iakyra umeên uaá sai- verdes, hortaliças que deem sementes e
nha, muira-itá umeên uaá yuá". árvores (madeiras) que deem fruta''.
Cuá iaué iumunhãn. Assim se fez.
Tupana uxipiá maá catu uaá. Deus viu que era coisa boa.
Caruca coema iuíri suí iumunhã ara Da tarde e da manhã se fez o terceiro
musapíri. dia.

Ara Irundi Quarto Dia

Tupana unhinhin: "Jumunhãn iuaca Deus disse: "Façam-se no firmamento


santasaua upé ueraitá, umuin arama ara do céu luzeiros, para dividirem o dia da
pituna suí; araitá, acaiuitá supé rangaua noite, para sinal dos dias e dos anos, para
arama; ucenepyca arama iuaca santasaua brilharem no firmamento do céu e para
upé; umucandea yuy arama". alumiarem a terra''.
Cuá iaué iumunhãn. Assim se fez.
Tupana omunhã mucuin uerauasu; tu- Deus fez dois grandes luzeiros; o maior,
rusu píri, coaracy, ara pucusaua arama, o sol, para o correr do dia; o menor, a lua,
coaíra píri, yacy, pytuna ramé arama. para quando for noite.
Umunhãn yacy-miritá iuíri, ucenepyca Fez também estrelas para luzirem sobre
yuy arape. a terra.
Tupana uxipiá maá catu uaá. Deus viu que a coisa era boa.
Caruca coema iuírí iumunhã ara irundi. Da tarde e da manhã se fez o quarto dia.

li/:i 112 \,'/:i


AraPu Quinto Dia

Tupana unhinhin iuíri: "Aicué y suíuára Deus disse ainda: "Haja das águas pei-
piraitá y-pé, uiraitá ueué uaayuy arpe, iua- xes n'água e pássaros que voem sobre a
ca santasaua iurpe". terra debaixo do firmamento do céu".
Cuá iaué iumunhãn. Assim se fez.
Tupana uxipiá maá catu uaá. Deus viu que a coisa era boa.
Umeen aitá supé bençam, umunu aitá Deu-lhes a bênção, ordenou-lhes que
supé iumuturusu arama, iumunhãn cetá crescessem e se multiplicassem.
arama.
Caruca coema iuíri suí iumunhãn ara Da tarde e da manhã se fez o quinto dia.
pu.

Ara Pu-iepé Sexto Dia

Tupana unhinhin iuíri yuy supé: "Re- Deus também disse para a terra:
mucema ne suí maá cecueaitá, suuaitá "Produze seres viventes, animais que an-
uatá uaá, iuceky uaá yuy rupi, suú'upain dem, que se arrastem sobre a terra, ani-
catu". mais de todas as espécies".
Cua iaué iumunhãn. Assim se fez.
Tupana uxipiá maá catá uaá. Deus viu que as coisas eram boas.
Tupana u-inhin: "Ja-munhã mira iané Deus disse: "Façamos o homem à ima-
rangaua iaué uaá; iara curi arama para- gem e semelhança nossa; para ser o dono
nã piraitá, iuaca uiraitá, suu upain catu dos peixes do rio, dos pássaros do céu, e de
u-icu yuype". todos os animais que estão sobre a terra''.
Tupana omunhã mira i-rangaua iaué Tupana fez a gente à sua imagem, à sua
uaá, i-rangaua iaué uaá Tupana u-mu- semelhança Tupana a fez; os fez homem
nhã aé; apgaua i cunhan u-munhãn aitá. e mulher.
Tupana u-meen aitá supé bençam, u- Deus deu para eles a bênção, depois
-inhin ariri: "Penhen pé-muturusu, disse: "Vos crescei, vos multiplicai, vos
penhen pe-iu-munhãn cetá, penhen pe- povoai a terra, vos possuí-a conforme a
-puracári yuy, penhen pe-ricu aé, pe-re- vossa vontade, fazei-vos donos dos pei-
mutara iaué uaá, penhen pe-iumunhãn xes, dos pássaros, de todos os animais
piraitá iara, uiraitá, upain suu cataca uaá também que andam por cima da terra".
yuy arpe yuíri".
Tupana u-inhin aitá supé: "Aicué xa Tupana disse para eles: "Eis que tenho
meen uaá supé upain maã, u-icu uaá yuy dado para vocês todas as coisas, que estão
arpe, penhen timiú arama". sobre a terra para vos servirem de comida''.
Tupana u-xipiá upain maã umunhãn Tupana viu que tudo estava muito
uaá catu reté. bom.
Caaruca coema yuíri suí iumunhãn ara Da tarde e da manhã se fez o sexto dia.
pu-iepé.

Ara Pu-mucuin Sétimo Dia

Cuá iaué iu-pauana iuaca yuy yuíri mu- Assim acabou-se a criação do céu e da
nhangaua, i purangaitá irumo. terra com todas as suas belezas.
Tupana u-pauana i munhangaua u-mu- Deus acabou a criação de tudo que fez
nhãn uaá ara pu-mucuin upé. no sétimo dia.
U-pytyú nhã ara rapaté upé upain maã Naquele dia descansou de todas as coi-
suí u-munhãn uaá. sas feitas.
U-muité aé, maarecé uxiare upain í mu- Santificou-o(?), porque deixou de todo
nhangaua suí. a sua obra.
Cuá iaué iuaca, yuy u-iupirungaua. Assim foi o começo do céu e da terra.
Da Carta PaStoral

DE D. FREDERICO COSTA

DARIDARÍ TAXYUA IRUMO A CIGARRA COM A FORMIGA


Marandua Conto

Daridarí u-nhengári reté curaci ara pu- A cigarra cantou muito durante o ve-
cusaua. rão.
U-munhana murace ara iaué iaué. Dançou todo o tempo.
U-mbaú-ana, u-u pau-ana irumaraitá Comeu tudo, bebeu tudo com as com-
irumo. panheiras.
U-puracé ara pucusaua, pituna pucu- Dançou todo o dia e toda a noite.
saua.
U-mbaú-ana upainhen uricú uaá. Comeu tudo o que tinha.
Nemanungara u-mungaturu ariré uara. Não guardou nada para depois.
U-cica amana ara supi rupiara irusan- Chega o tempo da chuva verdadeiro,
ga reté. por isso muito frio.
Amana uaári muíri ara, nharecé ti auá A chuva cai muitos dias, pelo que nin-
umunhãn cuau muraiki. guém pode trabalhar.
Aramé Daridarí u-iumaci, ti uricu ma- Então Daridari tem fome, não tem
nungara u-mbaú arama. nada para comer.
Utim receuara u-iurureu, kiririnto u- Com vergonha de pedir, suportou cala-
-purará uicupucu rupi. da por muito tempo.
Umanu putári ramé ana, ucamiricá Quando já estava para querer morrer,
imarica unheên: "Tiana apitasuca cuau apertando a barriga, disse: "Já não posso
iumaci". suportar a fome".
Ti apuraiki putári curaci ara ramé, ti- Não quis trabalhar no tempo do sol,
maan pusanga cuiri aiurureu ti arama agora não há remédio senão pedir para
ama nu. não morrer.
Auá suí, taá, maá? A quem mais recorrer?
Ce anamaitá upainhen umunhãn ce Os meus parentes todos fizeram como
ia ué. eu.
"Upainhen u-nhengári curaci pucusaua, "Todos cantaram durante o verão, ago-
cuiri u-purará u-icu irusanga, u-riri pau ra estão suportando o frio, todos estão
aitá u-icu." tremendo:'
Ukiriri umanduári, upucu xinga riré Calou-se, pensou, depois de pouco
onheen: disse:
"Timaan pusanga! Cuiri a-su atucatu- "Não há remédio! Agora eu vou bater
cá ce comadre taxyua okena. A-cuau catu à porta da minha comadre formiga. Não
curi puxi usuainti ixé". sei se me receberá bem ou mal".
''Mã maita maá u-munhãn? Ce pirasua- "Mas que fazer? A minha desgraça as-
saua iaué u-mundu." sim o manda:'
Cuaié u-nheen pau riré u-iu-munha- Acabou de dizer assim, depois ataviou-
mundeu; u-suana satambica taxyua ruca -se; foi direito para casa da formiga, que
kiti apecatu xinga uicu uaá asuí. morava um pouco longe daí.
U-tucatucá okeiua ucikié-saua rupi. Ta- Bateu na porta com medo. A formiga
xyua uri u-pirári okena onheen: vindo abrir a porta disse:
"Maié taá, comadre Daridari? Maá ma- "Que é isso, comadre Daridari? Que
randua urúri indé ce roca kiti?" novidade traz você à minha casa?"
Daridari utinsaua rupi u suaxara: Daridari com vergonha respondeu:
"Ah comadre! A-muaci reté anheen indé "Ah comadre! Eu sofro muito, o digo
arama, ixé amanu aicu iumaci rupi". para ti, eu estou a morrer de fome".
"A-iúri a-puru ne suí maã miri ixé ara- "Venho emprestar de ti qualquer pe-
ma família irumo. Tupana recé catu! agosto quena coisa para mim e minha família.
iaci tenendé xa-pagári curi upainhen." Se Deus quiser! Com a lua de agosto eu
poderei pagar tudo:'
Taxyua catu reté, ma supi tiupuruera. A formiga é muito boa, na verdade não
U-cendu riré Daridari nheenga u-muxiri- é emprestadeira. Depois de ter ouvido a
ca suá, u-purandu: conversa de Daridari fechou a cara e per-
guntou:
''Marama rericu iumaci? Maataá remu- "Por que tu estás faminta? Que fizeste
nhãn curaci ara pucusaua?" durante o tempo do sol?"
Daridari u-suaxara: ''Maataá ma u-su- Daridari respondeu: "O que hei de res-
axara indé, comadre? A-nhengári, a-pu- ponder-te, comadre? Cantei e dancei du-
racé iuyri nhaan ara pucusaua". rante todo este tempo''.
"Aramé", usuaxara taxyua, "cuiri, co- "Então'; respondeu a formiga, "agora,
madre, anhunten u-munhan cuau, re-iu- comadre, o que somente podes fazer é re-
piru re-puracé iuyri, marecé auá ti u-pu- começar a dançar, porque quem não tra -
raiki ti u-mbaú." balha não come:'
Da Poranduba Amazonense

DE BARBOSA RODRIGUES

YURARÁ UIRAUASU IRUMO DA TARTARUGA E O GAVIÃO

Cuchi yma, paá, yepé yurará u iucá ui- Antigamente, contam, uma tartaruga
rauasu. matou o gavião.
U chiare chemericó yepé taíra meri. Deixou mulher e um filho pequeno.
Taíra u su u caamunu cenemue iauaué u O filho ia caçar cameleões, sempre en-
acema uirá pepó. U ceca oca opé u puran- contrava penas de pássaro. Chegando em
du i manha supé: 'Auá pepó cha u acema casa perguntou à sua mãe: "De quem são
caá pé cha su iauaué cha caamunu?" as penas que acho no mato cada vez que
vou caçar?"
"Cembira, ne paia u manu uaá." "Meu filho, são de teu pai que morreu'.'
U kiriri, iunto u mucaturu peá pé. I u Calou-se, somente guardou no cora-
munhan u su, icó u petá curumí uasu. ção. Ele foi ficando grande, estava a ficar
moço.
Yepé ara u su caamunu i uanti yuraray- Um dia em que foi caçar encontrou-se
-etá irumo. Ariri yuraray-etá u nheeng com as tartaruguinhas. Depois as tarta-
ichupé: "Ya su u iasoca iandé irumo". ruguinhas disseram para ele: "Vamos ba-
nhar-nos juntos".
Aé uana ué in: ''Ya su". Ele logo disse: "Vamos".
Aé uana, paá, aitá u iasoca, u iasoca opé, Ele, logo, contam, e elas banharam-se,
u pececa putare aitá i poampé irumo. ele quis pegar a elas com sua unha.
Aetá ué in ichupé: 'Arecé ce ariá oiucá Elas disseram para ele: "Por isso minha
ne paia". avó matou teu pai''.
"Cuere supi cha cuau ana auá u iucá ce "Agora deveras eu sei já quem matou
paia." pai:'
I u munhan, turusu ana aé uana u nhenhe: Já tinha-se feito grande, ele disse: "Eu
"Cha su cha saan ce kerembaua saua". vou experimentar as minhas forças''.
Aé uana, paá, u su u saan kerembaua Logo, contam, foi experimentar a for-
saua mirity ruan recé. U cêca, mundeua i ça no grelo do miriti. Chegou, meteu suas
poampé u musaca arama, u saan, u cekei, unhas para arrancar, experimentou, pu-
ne u musaca, u nhenhe: "Ne rain ce kerim- xou, não arrancou; falou: "Não sou ainda
baua''. forte''.
Ariri amé ei u su iuere u saan kerem- Depois, outra vez, voltou a provar sua
baua saua, aé uana u musaca, u nhenhe: força, ele já arrancou, disse: "Agora já es-
"Cuere kerembaua uana. Cuere supi cha tou forte. Agora sim que vou vingar meu
su cha i u peca ce paia ambyre; cuere cha defunto pai, agora espero que a avó das
saru mairamé i ariá yurará u cerna''. tartarugas saià'.
Yepé ara, paá, yurará ariá u musain Um dia, contam, a avó das tartarugas
tupé arpe parica; ariri o ricu amana uitu espalhou o paricá em cima do tupé, de-
irumo, aé uana ué in che mariareru etá pois houve chuva com vento, ela já dis-
supé: "Pe coin pumatere, pe mungui ara- se para as suas netas: "Ides recolher para
ma amana chii''. resguardar da chuvà'.
Yurará etá inti u su pire cuau i pucé, are- As tartarugas não puderam carregá-
cé aé uana aitá cenoe: "Ce ariá iure upe- -lo de pesado, por isso já elas chamaram:
tumu yandé''. "Minha avó, vem nos ajudar''.
Aetá ariá u cerna ure arama u petu- A sua avó saiu para vir ajudar suas ne-
mu che meriareru, uirá uasu u maiana u tas, o gavião que estava à espreita a viu
maan u cerna, aé uana u pure i arpe, supi- sair, e logo pulou em cima dela, o gavião
re uirá uasu pekia racanga keté. a carregou para um galho de piquiá.
Aé uana yurará uaimi ué in uirá uasu: Então a velha tartaruga disse para o ga-
"Cuere cha su cha manu, re cenõe care ne vião: "Agora vou morrer, manda chamar
anama etá ure arama u maan cha manu''. teus parentes para virem ver-me morrer''.
Aé uana uirá uasu etá anama ure opian, Então os parentes do gavião vieram to-
muere uirá etá u ceca, aé uana aetá u pe- dos, quantos pássaros chegaram então
tumu u iucá yurará uiami. eles ajudaram a matar a tartaruga velha.
Muere uirá etá u iucá uaá u petá nheen Quantos pássaros que mataram a tar-
imparauá, amo u petá piranga; nhaan u taruga ficaram pintados de várias cores;
cutuca uaá i pirera recé u petá i tin irumo aqueles que bateram na pele ficaram com
pichuna; amo u cutuca uaa i peá piara o bico preto; os outros, que bicaram o fí-
u petá sukire, iaué paua yurará iucasara gado, ficaram azuis, assim todos os mata -
etá yaué paua ana aitá upetá cochi yma dores de tartarugas, assim todos eles logo
ara etá. ficaram antigamente para sempre.
Das Lendas Indígenas
Max Roberto, Transcritas

KUKUHY
Lenda Baré

Iepé ara, paá, upãe mira osendu uasuhi Um dia, contam, toda a gente ouviu, da
Kuarasy os em o kyty tyapu uasu omunhan banda onde sai o Sol, um estrondo gran -
uaá yuy oryry. de, que fez tremer a terra.
Iepé paié tuiué, oiku uaá ape, opuká sé, Um pajé velho, que estava aí, riu gos-
ariré onheen: 'iluá ocuau uirandé aná te- toso, depois disse: "Quem sabe, amanhã
nhé osyka iké mira-usareté, oiupinima mesmo já chegam os comedores de gente
uaá se anga pype". que se pintam na minha imaginação''.
Sumuaraetá oiku suake, osendu aé, Os companheiros estavam perto, ouvi-
opurandu ieperesé uaá marandua aé ram isso, perguntaram logo que novida-
omaan. des ele via.
Aé osuaixara: "Mokue iasy ana ahicué Ele respondeu: "Há duas luas já que eu
ixé xamaan se anga rupi mira oreku uaá vejo na minha mente gente que tem cos-
sekusaua puxy oiupire oiku kuá paraná". tumes feios subir este rio''.
'iletá ombau mira iauareté iaué." "Eles comem gente como onça'.'
Ieperesé, paa, sumuaraetá opurandu aé Logo, dizem, os companheiros pergun-
suhi maa ikatu aetá omunhan nhaa mira taram o que era bom fazer adiante desta
renondé. gente.
Paié osuaixara: "Pekytyka catu uirári O pajé respondeu: "Vocês esfreguem
kuranietá resé nty arama aetá oseare bem o curare nos kurabis para eles não
sekué ana resé oiatyca. Apigaua kunhãetá, deixarem vivo quem eles espetarem.
upãe omaramunha kuri". Homens e mulheres, todos hão de brigar''.
"Nty kuri auá onhana suainhana re- "Ninguém há de correr em face do
nundé, iaiuká kuri aeté opãe. Iandé paia inimigo, havemos de matar todos eles.
Kuarasy, iandé maia Iasy okuau ana ian- Nosso pai o Sol, nossa mãe a Lua, conhe-
dé kyrymbasaua." cem já a nossa valentia:'
"Uirandé iané paia Kuaracy opuamo re- "Amanhã, antes de nosso pai o Sol le-
nundé, iandé tuhixaua rayra osu kuri Teiu vantar-se, o filho do nosso tuxaua deve ir
Yuytyra ara kyty, asuhi omanhana arama em cima da Serra do Teju, para de lá vi-
maeramé nhaa mira osyka." giar quando esta gente chega:'
Paié onheen kuá nhunto. O pajé só disse assim.
Nhaa tyapu uasu omunhan uaa yuy Aquele estrondo grande que fez a Terra
oryry, paá, nhaa paié tuiué tenhé ana tremer, dizem, foi este mesmo pajé velho
omunhan aé omukameen arama i kyrym- que o fez para mostrar a toda a gente o
basaua opãe mira supé. seu poder.
Musapire ara riré tuhixaua rayra Três dias depois o filho do tuxaua viu
omaan mira seyia oiupire paraná, iepere- uma porção de gente subindo o rio, veio
sé ure ombeú. logo contar.
Paié onheen aramé tuhixaua xupé: "Tu- O pajé então disse para o tuxaua: "Tu-
hixaua, remuatire ana iandé mira, iasu xaua, junta já a nossa gente, vamos espe-
iasaru nhaa mira puxy caxiuerupé. rar esta gente ruim na cachoeira.
Aetá oiuaky ramé iandé, iandé iama- Se eles bulirem conosco havemos de
ramunha kuri aetá resé, aetá osyka ramé brigar com eles; se chegarem como gente
mira katu iaué, mira katu iaué iandé kuri boa, como gente boa havemos de encon-
iasuaiti aetá. trá-los.
Iandé kurabi sakapyra manusaua, A ponta das nossas flechas é a morte,
peiuma katu." flechem direito."
Tuhixaua, paá, opurunguetá coiaué: O tuxaua, dizem, falou desta forma:
"Enen, iaué iasu iamunhan. "Sim, vamos fazer assim.
Iandé Tasyua-Tata Mira nty raen iasua- Nós, Gente Formiga de Fogo, ainda não
iti anã opuamo iandé renundé omaramu- encontramos quem se levante antes de
nha arama." nós para brigar:'
Kaaruca ramé ana, paá, upãe osendu Já de tarde, contam, todos ouviram to-
mimby muapusaua sury nhaa mira puxy que alegre de flauta para as bandas da-
kyty. quela gente ruim.
Tuhixaua rayra ieperesé osaan i piá A filha do tuxaua sentiu logo alegre o
sury maeramé osendu nhaa mimby mu- coração quando ouviu o toque dessa flau-
apusaua puranga, opurandu i paia supé: ta, perguntou a seu pai: "Paizinho, é certo
"Paika, isupi será koa mira oreku seku- que esta gente tem costumes ruins?
saua puxy?
Ixé xamaeté ntymaan, remaan maiaué Eu penso que não, repara como o seu
ipuranga aetá muapusaua omunhan sury toque é bonito, faz alegrar o coração da
mira piá." gente:'
I paia osuaixara: "Nudá, maeramé ku- Seu pai respondeu: "Nudá, quando era
rumiuasu raen ixé seyia kunhãmuku xa- ainda moço, muitas moças endoideci
muakangayua se mimby muapusaua resé. com o toque da minha flauta.
Iaué kuyre nde, resendu nhaa mira Assim agora és tu, ouviste o toque da
mimby muapusaua, sih! Ieperesé ne flauta daquela gente, zih! fez logo teu co-
pyá omunhan remaeté ana poité paié ração, já pensas que é mentira a fala do
nheenga. Remaan kuri maaiaué upãe pajé. Verás logo como tudo sai certo de
osemo satambyka maa paié oniteen nhaa quanto o pajé disse desta gente:'
mira resé."
Amu ara, koema puranga nemundé, No dia seguinte antes da madrugada,
paá, iepé kurumiuasu puranga osica tape, contam, um moço bonito chegou na ci-
oiurureu tuhixaua. dade, perguntou pelo tuxaua.
Kauará, Nudá paia, osuaixara: "Tuhi- Kauuará, pai de Nudá, respondeu: "O
xaua ixé, renheen maa reputare uaá, xa- tuxaua sou eu, dize o que queres, estou
sendu xaiku ndé". a ouvir-te".
Kurumiuasu aramé opurunguetá ko- O moço então falou assim: "Eu sou
iaué: "Ixé Kuseetá, tuixaua rayra, ae oiu- Kusseetá, filho do tuxaua, ele pede de ti
rereu ndé suhi researe iandé iasasau koa que nos deixes passar para montante des-
paraná apyra kyty. te rio.
Iandé iauatá iasekare oiku sendaua pu- Nós andamos procurando um lugar
ranga iamuapyka arama iandé taua". bonito para sentarmos a nossa cidade''.
Kauará onheen: "Renheen raen ne paia Kauará disse: "Diz ainda o nome do teu
rera xamundu arama aé supé se nheenga pai para eu mandar-lhe minha boa pala-
puranga". vra'.'
'l\.é Kukuhi." "Ele é KukuhY:'
"Reiuyre, renheen Kukuhi xupé ixé, "Volta, diz a Kukuhy que eu, Kauará,
Kauará xa nheen kare i xupé aé osasau mando dizer a ele que pode passar quan-
kuau maeramé oputare. Maiaué oiehi do quiser. Como hoje a Lua faz o rosto
pytuna ramé Iasy omunhan suá uasu, grande, diz a ele que venha comer comi-
renheen i xupé ure ombau ixé irumo iapu- go para conversarmos:'
runguetá arama.
Ieperesé kurumiuasu oiuyre orasu Nu- Logo o moço voltou levando consigo o
dá pyá. coração de Nudá.
Nha ara tenhé osyca Kauará marãmu- Nesse mesmo dia chegaram de guer-
nhangara-etá omaramunha suhi, aetá rear os guerreiros de Kauará, trazendo a
orure suainhana-etá tuhixaua acanga. cabeça do tuxaua dos inimigos.
Kauará omaan arama isupi ramé Kukuhi Kauará para ver se era certo que Kukuhy
ombau mira omundu mixyra nhaa acanga. comia gente, mandou assar aquela cabeça.
Pytuna irumo osyca Kukuhi, onheen Com a noite chegou Kukuhy, disse a
Kauará xupé: "Kauará ixé xamaeté nty Kauará: "Kauará, eu pensava que ainda
raen aicué mira ixé renundé kyty koa pa- não tinha gente neste rio adiante de mim,
raname tymasaua suhi xamuapyka xaiúre desde baixo eu venho assentando porção
xaiku taua ceyia. de aldeias.
Maaiaué ndé reiku iké iandé rumuara Como tu já estás aqui, serás nosso par-
kuri ndé". cial".
Kauará opurunguetá koiaué: "Kukuhi, Kauará falou assim: "Kukuhy, já tem
aikue ana mira setá koá paraná apyra muita gente a montante deste rio, será
kyty, iuasu kuri reuasemo tendaua puran- custoso achares um lugar bom para a tua
ga ne taua arama. aldeia.
Iasu ana iambaú, Iasy oiku ana suá Vamos comer, a Lua já está de rosto
uasu, oiypyru ana ombaú oiku iuyre. grande, já está começando também a co-
Nty arama iandé kiriri iaiku, rembeú ne mer. Para não estar calados, conta teus
iypyrugaua xambeú arama iuyre se mira princípios, para eu também contá-los à
xupé". minha gente".
Kukuhi aramé ombeú koiaué: "Iandé, Kukuhy então contou assim: "Nós, con-
paá, iaiúre pirá raen paraná uasu amu tam, viemos, ainda peixes, do outro lado
suaixara suhi iepé mboia iusenue Makará do rio grande, nas costas de uma cobra
cupé pé. que se chama Makará.
Maeramé Makará osyka koa paraná Quando Makará chegou neste rio, nos
type oseare iandé iepé itapeua áripe, ape deixou em cima de uma laje, aí enxuga-
iatykanga. Iandé Kuseetá tuhixaua-etá mos. Nós, Kusses, destinados a sermos
arama iaiúre Makará cupepe, Hineeretá tuxauas viemos na costa da Makará, os
iandé uhiuaetá arama ure i marika rupi. Hineres, destinados a serem nossos vas-
salos, vieram na sua barriga.
Iaué, paá, iandé iaiypiru." Assim, contam, nós começamos".
Aramé ana, paa, Kukuhi omaan mira Foi então, dizem, que Kukuhy viu no
akanga darapi pipé, opytá sury, onheen: prato a cabeça de gente, ficou alegre e
disse:
"Kauará, xamaan ndé iuyre rembaú "Kauará, vejo que tu também comes
tembiú xambaú tyua uaá". comida que costumo comer".
Ape teen ao osuky akanga suhi sesaetá, Aí mesmo arrancou os olhos da cabeça
ombaú sé. e comeu gostoso.
Kauará omuanga ombaú mira akanga Kauará fingia comer da cabeça, de re-
suhi, i pyá ieperesé omunhan sih! i pira pente o seu coração fez zih! seu corpo co-
oiypyru oryry iuarusaua resé. meçou a tremer de nojo.
Kukuhi purunguetasaua pyterupe opu- Kukuhy, no meio da conversa, pergun-
randu: "Kauará, maaiaué, taá rupi reiuká tou: "Kauará, de que modo matas esta es-
koá suu nungara?" pécie de caça?"
"Kurabi sasy rupi." "De curabi envenenado:'
"Mame, taá, reuasemo nha sasy?" "Onde achas este veneno?"
"Kaá rupi, mboia iutima paié oiuuka "No mato, é planta de cobra que o pajé
uaa iaiuká arama iandé ruainhana-etá." tira para matar os nossos inimigos:'
Pytuma pyterupe ana, paá, Kukuhi osu i Já no meio da noite, contam, Kukuhy
mira pytera kyty ape ombeú maaiaué osa- foi para o meio de sua gente, aí contou o
sau Kauará irumo. que se passou com Kauará.
Amu ara rupi arupé aé osasau Kauará No outro dia, ele passou a cidade
taua, suaindape oseare tuhixaua Kurukuhi de Kauará, deixou de frente o tuxaua
omuapyka arama ape iepé taua. Kurukuhi para aí sentar uma cidade.
Ntyauá okuau Kukuhi-miri osasau Ninguém soube que Kukuhy-miry pas-
Nudá pire nhaa pytuna i paia ombaú uaá sou junto de Nudá aquela noite que o pai
Kauará irumo pukusaua. dele passou toda com Kauará.
Aetá oiumunguetá aramé mendaro Eles então se apalavraram para casa-
arama. rem.
Kukuhi oiupire paraná, maeramé osyka Kukuhy subiu o rio, quando chegou a
Nubedá yuyterupé ape omuapyca i taua. serra de Nubedá, sentou aí a sua cidade.
Ape ana tenhé, paá, aé oiypyru Aí mesmo já, dizem, começou a mos-
omukameên sekusaua puxy. trar costumes feios.
Muuyre iasy nhunto ana ouatare Iasy Já faltavam alguns tantos meses somente
omanu arama maerame aé osu omara- para a Lua morrer quando ele foi guerrear
munhan Ukaiari mira-etá resé. contra as gentes do Caiary (Uaupés).
Maeramé aé oyure asuhi orure kunha- Quando ele voltou, trouxe moças vir-
mucu pysasu ceyia, orasu aetá soka kyty, gens, porção, as levou para casa, entrou
oiké aetá resé. nelas.
Musapire iasy riré, paá, nhaa nty uaá Três luas depois, contam, as que não fi-
opytá ipuruan aé oiupué muxiua omukyrá caram prenhes ele deu a comer muxiba
aetá arama. para engordarem.
Nhaa amuetá, opytá uaá ipuruan, aé Aquelas outras, que ficaram prenhes,
omeên i marãmunhangara-etá xupé remi- ele deu aos seus guerreiros para mulher.
riku arama.
Iepé pu papasaua ara nhunto ana ou- A conta de uma mão de dia somen-
atare Iasy omanu arama opãe Kuseetá te faltava para morrer a Lua, todos os
oiumuatyre ape ombaú arama Iasy tem- Kusés juntaram-se aí para comer a co-
biú. mida da Lua.
Iepé ara nhunto ouatare, paá, Iasy Já faltava somente um dia, dizem, para
omanu arama, Kukuhi omupuamo kare a Lua morrer, Kukuhy mandou levantar
ndauaru oiuká Iasy putaua arama. o dabaru para matar o quinhão da Lua.
Maeramé osyka nhaa Karuka Iasy oma- Quando chegou aquela tarde em que
nu arama nhaa kunhamuku-etá nty opytá a Lua morre, aquelas moças que não ti-
uaá ipuruan oiasuka, ariré ure ndauaru nham ficado prenhes foram banhar-se,
ruakê kyty ape Kukuhi oiuká opãe aetá. depois vieram para junto do dabaru, aí
Kukuhy matou todas elas.
Oiumupytuna ramé Kukuhi Nubedá Quando se fez noite, Kukuhy foi para
yuytyra ara kyty upãe i tuhixauaetá irumo cima da serra do Nubedá com todos os tu -
omaramunhan arama Iasy suainhana-etá. xauas para combater os inimigos da Lua.
Upãe Kukuhi uhiuaetá opytá yuytyra Todos os vassalos de Kukuhy ficaram
rupytá-pe. no tronco na serra.
Maeramé Iasy ruainhana-etá anga oiy- Quando a sombra dos inimigos da Lua
pyru osekendau suá Kukuhi i anama-etá começava tapando o seu rosto, Kukuhy
irumo oiumu satambyka aé kyty. com os seus parentes começou a flechar
para ela.
Aetá ruyua ouiy, oare Hinere-etá aripe As flechas deles desciam, caíam em cima
oiuká seyia aetá suhiuara. dos Hineres, matavam porção dentre eles.
Maeramé Iasy ruainhana-etá anga nty Quando a sombra dos inimigos da Lua
ana omupyxuna suá, Kukuhi ouiy yuytyra não pretejava mais seu rosto, Kukuhy des-
suhi ure ombaú Iasy tembiú. ceu da serra, veio comer a comida da Lua.
Upãe Kusé-etá ombaú aé irumo nhaa Todos os Kusés comeram com ele a car-
kunhamuku-etá kuera suukuera. ne daquelas moças mortas.
Kukuhi, sekusaua rupi, nty oseare Kukuhy, conforme o costume, não dei-
Hinere-etá ombaú mira suukuera, teité xava os Hineres comer carne de gente
auá omunhan iaué, ieperesé Kukuhi iouká triste; quem tal fizesse, Kukuhy o matava
aé upãe i anama-etá. logo com todos os seus parentes.
Nhaa-etá omanu-ana uaá Iasy manu- Aqueles que morriam na noite da mor-
saua pytuna pukusaua, Kukuhi omundu te da Lua, Kukuhy mandava pendurar
omuiatyku myra-etá rupi opãe omaan pi- pelos paus, para todos verem neles a ima -
tua rangaua. gem de mofinos.
Iaué, paá, Kukuhi ombaú arama kunha- Assim, dizem, era para Kukuhy comer
mucu pysasu suukuera upãe akaiú. todos os anos de carne de virgem.
Iepé ara, musapyre akaiu riré, Kukuhi- Um dia, três anos depois, Kukuhi pe-
miri onheen i paia supé: queno disse a seu pai:
"Pahi, xamendare putare Nudá irumo". "Pai, eu quero casar com Nudá''.
Kukuhi opurandu: "Rekuau será Nudá Kukuhi perguntou: "Sabes se Nudá
omendare putare ndé irumo?" quer casar contigo?"
Kukuhi-miri osuaixara: ''Xakuau, nhaa Kukuhy pequeno respondeu: "Sei, na-
pytuna maeramé ndé rembaú Nudá paia quela noite em que tu comeste com o pai
irumo, ixé xarecu Nudá se iyuaetá pypé, de Nudá, eu tinha Nudá nos meus bra-
apeaé onheen eré ixé arama. ços, aí ela disse que sim para mim.
Xasaan raen se iuru i iuru seensaua". Sinto ainda nos meus lábios a doçura
dos seus lábios".
Kukuhi onheen aramé: "Iaué ramé uirandé Kukuhy disse então: "Se assim é, amanhã
tenhé ndé resu renheen Kauará supé remen- mesmo tu vais falar com Kauará para teca-
dare arama koa Iasy ure uaá osyca ramé. sares quando chegar esta lua que vem.
Iandé pau kuri iasu iapurase ne mem- Nós todos iremos dançar no teu casa-
daresape". mento''.
Maeramé Kukuhi-miri ocyka Kauará Quando Kukuhy pequeno chegou na
tape, Kauará omunha putare uaku ndau- cidade de Kauará, Kauará estava para fa-
-ukuri Kurukuhi xupé. zer dabucuri para Kurukuhi.
Maiaué Kukuhi-miri osyca Kauará Quando Kukuhy pequeno chegou na
tape, Kauará omunhan iepé ocapy cidade de Kauará, Kauará fez um quar-
oka uasu pypé, ape oiumime Iurupary to dentro da casa grande, aí escondeu os
mimby-etá. instrumentos do Jurupary.
Kukuhi-miri omendare riré murase Kukuhy pequeno, depois de casar, co-
oiypyru ieperesé opau arama nhunto koa meçou logo a festa para acabar no fim da-
iasy pausape. quela lua.
Seyia ana ara-etá opurase opurase Já porção de dias eles dançavam quan-
maeramé yuytu ayua uasu ure omuare do uma trovoada grande veio derrubar o
nhaa okapy mamé oiko Iurupary mimby- quarto em que estavam os instrumentos
-etá. do Jurupary.
Upãe kunhã-etá, oiku uaá, omaan nhaa Todas as mulheres que estavam, viram
mimby-etá, aresé Kukuhi oiuká kare iepe- aqueles instrumentos, pelo que Kukuhy
resé aetá opãe. mandou logo matar todas elas.
Kauará nty oiuká putare kunhã-etá, Kauará não quis matar as mulheres, fu-
oiauiau aetá irumo kaá kyty, Kukuhi api- giu com elas para o mato, Kukuhy ficou
tá suainhana, omaramunhã resé. seu inimigo, brigou com ele.
Kauará oiauau kunhã-etá irumo Teiú Kauará fugiu com as mulheres para o
yuytyra rupytá rupi, ape omunhã iepé tronco da serra do Teiú, aí fez uma forta-
nduiamene oiupysyru Kukuhi resé. leza para se defender de Kukuhy.
Kukuhi osu yuytyra anga rupi, opysyka Kukuhy foi pela sombra da serra, agar-
Kauará upãe kunhã-etá irumo, oiuká rou Kauará com todas as mulheres, ma-
cunhã-etá, orasu i taua kyty Kauará. tou as mulheres, levou consigo Kauará.
Kauará kuyre Kukuhi tape omaen upãe Agora Kauará, na terra de Kukuhy, via
maá aé omunhã uaá. tudo que ele fazia.
Aé oreku supisape sekusaua puxy. Ele tinha de verdade costumes feios.
Maeramé aé nty oreku kunhan mem- Quando ele não tinha moças sem filhos
byra-yma amu mira-etá-uara ombaú ara- de outras nações para comer comida da
ma Iasy putaua aé oiuká semi-reku-etá Lua, ele a tirava dentre as suas mulheres,
suhi-uara, maresé iané secusaua. porque assim era a Lei.
Iepé hy Kukuhi nty oreku Iasy putaua, Uma vez Kukuhy não tinha quinhão da
omundu i mira omaramunhã Uerikena, Lua, mandou sua gente guerrear contra
Kueuana etá resé asuhí orure arama aé. os Uarikenas e os Kueuanas, para de aí
trazê-lo.
Musapyre íasy riré, paá, i mira osyca, Três luas depois, contam, a sua gente
orure kunhãmuku cetá, ae omunhan iepe- chegou, trouxe moça porção, ele fez ime-
resé aetá irumo maa omunhan tyna uaá diatamente a elas o que costumava fazer
amuetá xupé. às outras.
Iepé hy ntyauá okuau maiaué ndauaru Uma vez, ninguém sabe como, o daba-
oiauy iepé kunhãmuku, ieperesé Kukuhi i ru errou uma moça, logo Kukuhy com os
anama-etá irumo orasu nha kunhãmuku seus parentes levaram a moça para a casa,
oka kyty, maeresé ae oreku Iasy tuhy. porque ela tinha sangue da Lua.
Nhaa ara senundé kyty upãe maá aé Daquele dia em diante, tudo que essa
oputare uaá Kukuhi omunhãn ieperesé, moça queria Kukuhy fazia logo, porque
maeresé aé oreku i pirupé Iasy tuhy, koá ela tinha no corpo o sangue da Lua, fei-
maracambara irumo aé omuayua kuau tiço com o qual ela podia fazer mal a ele.
aé xupé.
Pupunha Iasy puasape Taria-etá, paá, No fim da lua das pupunhas, os
onheên kare Kukuhi xupé aetá ombaú pu- Tarianas, dizem, mandaram dizer a
tare iumixyra i acanga. Kukuhy que eles queriam comer a sua
testa assada.
Amu Iasy iypyrungapé aetá osyca arama No começo da outra lua, era para che-
i tapé. garem na terra dele.
Kukuhi osaan puxy i piá, opurandu Kauará Kukuhy sentiu logo feio o seu cora -
xupé: "Kauará, ndé ramé kuyre ixé, maá taá ção, perguntou a Kauará: "Kauará, se tu
maá remunhan Taria-etá xupé?" agora fosses eu, o que tu farias para os
Tarianas?"
Kauará osuaixara: "Ixé xaiupirü iepe- Kauará respondeu: "Eu começava logo
resé xambaú muxiua xaiumukyra arama a comer muxiba para engordar adiante
aetá renundé". deles".
Reruiare ndé upãe ne miraetá irumo nty Acredita que tu com toda tua gente não
repytasuka Taria-etá sasysaua renundé. podes suportar o ímpeto dos Tarianas.
Aetá uyua oreku uirari, aetá oiapy kuau As flechas deles têm uirary, sabem ati-
itá, aetá nhunto nty oiuká auá aetá nty rar de pedra, só não matam quando não
oiuká putare. querem matar.
Ndé reiuaky aetá suaiara-etá, kuyre re- Tu buliste com seus cunhados, agora
saaru remaan arama maaiaué ipuranga espera para ver como é bonita uma vin-
iepé iupykasaua. gança.
Amu ara ramé Kukuhi oiypyru opycue i No outro dia Kukuhy começou cavan-
taua sembyua rupi. do pela beira da cidade.
Kauará opuká ara pocusaua Kukuhi suhi, Kauará ria o dia todo de Kukuhy, por-
maeresé kuyre Kukuhi nty omaenduare om- que agora Kukuhy não se lembrava de co-
baú resé mira suukuera, omunhan nduaime- mer carne de gente, fazia valas para es-
ne oiumime arama i akanga. conder a sua cabeça.
Iasy pyasasu irumo Taria-etá osyka Ku- Com a lua, nova os Tarianas chegaram
kuhi taua ygarapape, ieperesé mira osen- no porto da cidade de Kukuhy, logo a gen-
du pito omumbeú maramunhangaua. te ouviu o tambor dar aviso da batalha.
Kukuhi osuaiti aetá suyua-etá irumo, Kukuhy os encontrou com suas flechas,
Taria-etá oiuká osu oiku iepé iepé i marã- os Tarianas foram matando um por um
-munhangara-etá. os guerreiros dele.
Pytuna pytéripe Kukuhi oiauau semi- No meio da noite Kukuhyfugiu com suas
reku-etá irumo tymasaua kyty osu opytá mulheres águas abaixo, foi ficar em outra
amu i tape, mamé tuhixaua Kurukuhi. cidade dele onde Kurukuhi era tuxaua.
Ape Kukuhi omundu i taiyra uaimisaua Aí Kukuhy mandou sua filha mais ve-
oiusenue uá Adana, iepé kapuamo kyty, lha, que se chamava Adana, para uma
ape osaaru Taria-etá omunhan arama ilha esperar os Tarianas, para aí fazer pu -
pusanga ayua kaxiri aetá renundé-uara çanga feia no caxiri adiante (da chegada)
pypé. deles.
Musapyre ara riré Taria-etá osyka Kauará Três dias depois, os Tarianas chegavam
taua-kuerupé, asuhi, paá, omaan mira, às ruínas da cidade de Kauará, de aí, di-
mira Kurukuhy tape. zem, viram gente na cidade de Kurukuhy.
Adana ieperesé oiypyru kaapuamo Adana logo começou da sua ilha a can-
suhi onheengare koiaué: tar desta forma:
Peiure iké, mira puranga, Vinde cá, gente bonita,
peú se kaxiri, bebeis meu caxiri,
aé seen irá iaué, ele é doce como mel,
kapi iaué omuaku. como capy embebeda.
Peiure-ana xaiku nhuera. Venham já, estou sozinha.
Ixé Adana Nubedauara, Eu sou Adana de Nubedá,
Kukuhi rayra, filha de Kukuhy,
se paia omanu kuesé. meu pai morreu ontem.
Peiure peú ixé irumo, Vinde beber comigo,
ixé cunhamucu mena-yma eu sou moça solteira,
Kurukuhi ruainhana, inimiga de Kurukuhy,
aé, ipu, uirandé ele, talvez, amanhã
oiuká kare ixé. mande matar a mim.
Peiure ana, Venham já,
peiure ana peú se caxiri, venham já beber meu caxiri
aé seen irá iaué, ele é doce como mel,
kapi iaué omukaú. como capy embebeda.
Kari, Taria marãmunhangara-etá akan- Kari, chefe dos guerreiros Tarianas que
ga oiku uaá Adana kapuamo suaindape estava defronte da ilha de Adana, ria-se,
opuká-puká, paá, i nheengaresaua resé. dizem, da cantiga dela.
Iepé itayra, oiku uaá suake, opurandu: Um seu filho, que estava a seu lado,
"Se paia, iandé sekusaua omundu iandé perguntou: "Meu pai, os nossos costumes
iamaan teité kunhã-etá xupé, maarecé taá mandam nós olharmos com dó para as
nty iasu iaiuuka nhaa puriasuera?" mulheres, por que não vamos tirar aquela
pobrezinha?"
I paia osuaixara: "Ndé tayna reté raen, O pai respondeu: "Tu és ainda muito
remaan upãe puranga, nty remaeté puxy novo, vês tudo bonito, não pensas feio de
maanungara resé, aresé reiuiare kuyre isu- nada, por isso acreditas agora que é certo
pi maá nhaa cunhã onheen uaá oiku. o que aquela mulher está dizendo.
I nheengaresaua uaraúna, i kaapuamu- A sua cantiga é agouro, na sua ilha está
pe oiku manusaua auá osu akyty arama". a morte para quem lá vai''.
Koema piranga irumo Taria-etá oiku Com a madrugada, os Tarianas esta-
Kurukuhi taua pypé, oiuká mira. vam dentro da cidade de Kurukuhy ma-
tando gente.
Maeramé Kuarasy osyka iuaka pyterupe Quando o sol chegava no meio do céu,
nty uana auá osekué nhaa taua pypé. já ninguém mais vivia naquela cidade.
Kukuhi oiauau iepé ygarapé Kurukuhi Kukuhy fugiu por um igarapé nos fun-
taua kupeuara rupi, osu omunhãn iepé dos da cidade de Kurukuhy, onde foi fa-
nduaimene osuaiti arama Taria-etá. zer uma vala para enfrentar os Tarianas.
Kuyre isupi! Adana i kaapuamupé nty Agora sim! Adana na sua ilha já não
uana onheengare puranga, aé kuyre oiaxiú cantava mais bonito, agora chorava forte,
kyrymbau mira osendu suhi catu iuakupé. da gente ouvi-la bem no céu.
Amu ara Taria-etá oiuyre aetá retama No outro dia, os Tarianas voltavam à
kyty, orasu Adana aetá irumo. sua terra, levavam consigo Adana.
Mukue iasy riré, paá, Kukuhi osyca i Dois meses depois, contam, Kukuhy
tape semirikuyma, rayrayma. chegou à sua cidade sem mulher e sem
filha.
Kauará opurandu aramé aé xupé: "Ku- Kauará perguntou então para ele: "Ku-
kuhi, mamé, taá, researe ne remireku-etá, kuhy, onde, diz, deixaste tuas mulheres,
mamé, taá, opitã ne rayra Adana, rereku onde, diz, ficou tua filha Adana, que des-
uaá Kuarasy remireku arama?" tinavas para mulher do Sol?"
Kukuhi, paá, osuaixara: "Se remireku- Kukuhy, dizem, respondeu: "Minhas
-etá omanu ana maramunhangaua puku- mulheres morreram durante a batalha,
sapé, Adana Taria-etá orasu". os Tarianas carregaram Adana''.
Kauará, paá, onheên: "Kukuhi ixé xa- Kauará, contam, disse: "Kukuhy, eu
maan ipuxy ndé reiaxiu kuyre. acho feio tu chorares agora.
"Nty ana remaanduare será maiaué "Já não te lembras, talvez, como rias
resé repuká sé nhaa kunhã-età renundé, gostoso perante aquelas mulheres quan-
maeramé aetá oiurureu nty arama reiuká do elas pediam para não as matares?
aetá?"
"Mami, taá, oiku aramé koá sesá iyky- ''Aonde, diz, estavam estas lágrimas que
seyetá osemo uaa kuyre ne resá suhi? agora saem de teus olhos?"
"Nty remaandoara, será, maeramé resé "Não lembras, talvez, quando mataste
reiuká se rayra Nudá? minha filha Nudá?
"Se sesá suhi nty osemo, taá, sesa iy- "Dos meus olhos não saíram, diz, lágri-
kysy?" 1nas?"
Kauará opuamo oyumu Kukuhi iyua Kauará levantou-se, flechou Kukuhy no
pé. braço.
Kukuhi onhana taua kyty, Kauará ouiy Kukuhy fugiu para a cidade, Kauará
paranã. desceu o rio.
Iepé iasy riré Kukuhi, paá, omanu Kauará Um mês depois, Kukuhy, dizem, mor-
uyua resé pereua seyia irumo. reu da flecha de Kauará, cheio de chagas.
PORONOMINARE
Lenda Baré - inédita

Iepé ara, paá, Cauará tuiué osó opinai- Um dia, contam, o velho Cauará foi
tica Mbumuri caxiuera inti ombeú ocopé pescar na cachoeira do Buburi e não dis-
makiti osó. se em casa para onde ia.
Ara opau putare ana, aé inti rain ocyca, O dia já queria acabar, ele ainda não ti-
i tayra arecé iuacanhemo onheen: nha chegado, sua filha, então, espantada,
disse:
''Mamé oicô, será, paíca? Inti-auá ocuau "Aonde estará paizinho? Ninguém sabe
makiti aé osô, xasô xacicare aé paranã aonde ele foi, vou procurá-lo pela beira
rembyua rupi". do rio''.
Ieperecé, paá, aé osô, inti iuíre ombeú Logo, contam, ela foi, também não dis-
auá xupé makiti osô. se a ninguém para onde foi.
Mairamé aé oicô ana paranã rembyua Quando ela já estava na margem do rio,
opé, Iacy ocemo uarici iuaca opé. a Lua saiu faceira no céu.
Irusanga cendi, cesacanga ara iaué. Fria luzia, clara como o dia.
Aramé ana, paá, aé oiuapica yuy pé, Quando, dizem, já ela se sentava, olhou
omaãn satambica i supé, aé pitera suí oma- direito para ela, viu sair do meio dela um
ãn ocemo iepé anga. vulto.
Cuá anga oueíy ure oicô yuy kiti. Aquele vulto foi vindo descendo para a
terra.
Ape ana tenhe, paá, tepocy uasu omu- Aí já mesmo, dizem, um sono grande a
kyre aé. fez dormir.
Mairamé aé opaca coema eté, Iacy oiu- Quando ela acordou de manhã cedo,
canhemo ana amu iuaca suaixara opé, a Lua já se perdia do outro lado do céu,
ipiranga cuíre cendi. vermelha, agora resplendia.
Oxiú putare maarecé sacysara piá Quis chorar porque o seu coração ficou
oicô. triste.
I paia, paá, ocyca oca opé pysaié, ocica- Seu pai, dizem, quando chegou em
re aé, íntí osuaiti, íeperecé i piá omunhan casa, à meia-noite, a procurou, não a en-
- tiké! controu e seu coração fez - tiké!
Maíaué aé paié, osaãn ieperecé omaãn Porque ele era pajé, logo sondou para
arama mamé oicô taíra. ver onde estava sua filha.
Oíucuau nhunto i supé arama anga ce- Aparecia-lhe só porção de sombras que
fia oiumuapatuca opãnhe uá. se atropelavam todas.
Aé ocetuna catu paricá, omundica amu Ele cheirou bem o paricá, acendeu ou-
pytyma, osaãn iuíre. tro cigarro, voltou a sondar.
Cuíre oiucuau i supé arama iepé apyaua Agora apareceu-lhe uma sombra de ho-
anga oiupire uaá yuy suí iuaca kiti. mem subindo da terra para o céu.
Aé picica putare i anga, ápe ana tenhe, Ele quis pegar a sombra, já aí mesmo,
paá, ocikindau cesá-etá okyre. dizem, fechou os olhos e adormeceu.
Mairamé opaca, paá, omaãn iacuayma Quando acordou, dizem, olhou, tolo,
apanhe rupi, ariré onheen: por todos os lados, depois disse:
"Makiti osô será ce raíra? "Onde terá ido minha filha?"
"Ixé xasaãn, xamaãn arama mamé aé "Eu sondo, para ver aonde ela está,
oicô, anga cetá oiumupatuca ce anga re- sombras porção se atropelam na minha
nundé. imaginação:'
"Tenupá, xasuaiti curi aé iké, inti curi "Deixa, hei de encontrá-la aqui, se não
ramé iké iuaca opé curi." for aqui, será no céu."
Nhaá ara suíuára, paá, apanhe ara Desde aquele dia, dizem, todos os dias
Cauará ocicare i taíra i paiesaua rupi. Cauará procurava sua filha com a sua pa -
jeçagem.
I taíra, paá, oueiy osô oicô paranã Sua filha, contam, foi descendo o rio de
coema eté. madrugada.
Nhaá ara aé apitá iepé yuytera arupé Naquele dia ela ficou em cima de uma
Iacy ocemo puranga pire i supé arama, serra, a Lua saiu mais bonita para ela,
cuíre i cendy opuracy cesá opé. agora a sua luz dançava nos olhos.
Maaiaué aé maraare oicô, paá, okyre ie- Porque ela estava cansada, dizem, dor-
perecé. miu logo.
Pysaié ramé okyrupe omembyrári iepé Quando foi meia-noite, sonhou que pa-
taína apyaua apanhe maá iara. ria um menino macho, dono de todas as
coisas.
I pira cesacanga, ara anga oiucuau cecé O seu corpo era transparente, a sombra
iepé suaixara suí amu kiti. do dia nele aparecia de um para outro lado.
Mairamé opaca, paá, ara piranga ana Quando acordou, dizem, já vinha ver-
ure oicô, y omutiapu. melho o dia, a água fazia barulho.
Aé omaãn, paá, apanhe kiti ocuau y Ela olhou, dizem, por todos os lados,
oiumunhan oicô, aé tenhe osô putare conheceu que a água estava crescendo,
ana y pype. ela mesma já estava para ir para o fundo.
Tomasaua kiti omaan iepé capoama, Vendo rio abaixo uma ilha, para lá na-
akiti oytá. dou.
Mairamé ocyca putare cecé iepé pirá Quando estava para chegar, um peixe
osuu i marica, oiuuca aé suí maá nun- mordeu a sua barriga, tirou dela alguma
gara. cousa.
Yuy-pe ana, paá, aé osaãn i marica iusu- Já em terra, dizem, ela sentiu a sua bar-
ruca, omundéu i pô ipype, inti osuaiti maá riga rasgada, meteu dentro a sua mão,
nungara. não encontrou nada.
Maaiaué y oiumunhan osô oicô capua- Porque a água estava continuando a cres-
ma oiapúmi osô oicô iuíre, aé oiupire pu- cer e a ilha estava para ir no fundo, ela quis
tare iepé yua recé, inti ocuau. trepar em cima de uma árvore, não pôde.
Aramé ana, paá, iepé caripira ure oaupy- Já então, dizem, um caripira veio sen-
ca suake iepé yua recé, aé onheen i supé: tar-se perto sobre uma árvore próxima,
ela disse para ele:
"Caripira, remaãn ce puriasuerasaua, "Caripira, olha a minha miséria, leva -
rerasô ixé indé irumo cuá yua-etá ara -me contigo por cima destas árvores''.
kiti".
Caripíra, paá, osuaixara: "Eré, xasô xa- O Caripira, dizem, respondeu: "Está
meen indé arama iepé pusanga, aé irumo bom, vou dar-te feitiço, com ele esfrega o
rekytyca ne pira, semirera remucuna''. teu corpo, engole o que sobrar''.
Iaué, paá, aé omunhan, mairamé omu- Assim, dizem, ela fez, quando engoliu o
cuna Caripira pusanga oiuiereo uaríua, feitiço do Caripira virou-se em guariba, lo-
ieperecé oiupire yua-etá ara kiti. go começou a trepar em cima das árvores.
I paia omaãn ana i taíra membyra oicô Seu pai já tinha visto que o filho de sua
yuy-pe. filha estava na terra.
Aé oiucuacu, osaãn iepé osuafti arama Ele jejuava, sondava para encontrar seu
cemiareru. neto.
Iepé ara, paá, omaãn, i anga rupi, iepé Um dia, contam, viu pela sua sombra
mira uirá acanga irumo, mutinga aé ama- uma gente com cabeça de pássaro, bran-
niu iaué. co como algodão.
I piá omunguetá ieperecé aé osô nhaá O seu coração lhe disse logo de ir naque-
ara caá kiti ocicare cemiareru. le dia para o mato procurar seu neto.
Coaiaué, paá, aé omunhan, ara piranga Assim, contam, ele fez, o dia já vinha
ana ure oicô mairamé aé opicica sueyua-etá vermelhando quando ele pegou em suas
osô caá kiti. flechas e foi para o mato.
Opanhe soá aé osuafti uaá osô oicô pé Todo o animal que vinha encontrando
rupi omaité cemiareru. pelo caminho pensava fosse seu neto.
Iepé yarapé rembyua opé ana, paá, Já na margem de um igarapé, contam,
osuaiti nhaá mira orecô uirá acanga. encontrou aquela gente que tinha cabeça
de pássaro.
Aé onheengare uacaco iaué, omaãn sa- Ela cantava como bacaco, olhava direi-
tambyca coaracy kiti. to para o sol.
Tuiué, samunha, ocyca suake oxiare O velho avô chegou perto, deixou as
sueyua-etá, onheen: "Cemiareri, ixé iu- flechas, disse: "Meu neto, eu estou famin-
macy xaicô, cusucúi ce myrapara, ce to, eis aqui meu arco, minhas flechas, vá
rueyua, resó recaamendi iandé iambaú caçar para nós comermos".
arama".
Aé, paá, onheen cuá iaué nhunto, ariré Ele, contam, disse tão somente assim,
oiuyre pé ure uaá rupi. depois voltou pelo caminho por onde veio.
Mairamé ocyca apecatu xinga apitá, Quando chegou um pouco longe, pa-
onheen: "Taucó ce temiareru tenhe nhaá, rou dizendo: "Quem sabe se este é mes-
xasó xamaãn aé supi'teen será". mo meu neto, vou ver se é verdadeira-
mente ele".
Ape ana teen, paá, oiuiereo teiú, oiuyre Aí mesmo, contam, virou teiú, voltou
pé rupi. pelo caminho.
Mairamé mira orecô uaá uirá acanga Quando a gente que tinha cabeça de
oxipiá teiú osasau suake oiuiereo mira pássaro enxergou o teiú passar perto,
eté, omuantá myrapara, oiumi teiú recé i virou-se em verdadeira gente, entesou o
acanga opé catu. arco e flechou o teiú bem na cabeça.
Teiú onhana oxiare ueyua ape tenhe, O teiú fugiu, deixando aí mesmo a fle-
mairamé ocyca apecatu oieréu iuíre mira cha; quando chegou longe, virou-se outra
arama, onheen: vez gente, disse:
''Aé cemiareru teen, mirf nhunto oiucá "É mesmo meu neto, por pouco que
ixé". não me mata".
Tuiué remiareru, paá, oiucá osó oicô O neto do velho, contam, foi matando o
maá osuaiti senundé. que encontrou diante de si.
Pituna irumo ana aé ocyca tuiué pire, Já com a noite, chegou ao pé do velho,
orure soó ceíia onheen: trazia porção de caça, disse:
"Ce ramunha cusucúi ce remiara, ne "Meu avô, eis aqui a minha caça, as
ueyua-etá catu oiauau nhunto ixé suí tuas flechas são boas, fugiu de mim so-
iepé teié, marecé ueyua ocemo i pira mente um teiú, porque a flecha lhe saiu
suí". de corpo:'
Ieperecé tuiué, paá, omimof sembiara ari- Logo o velho, contam, ferveu a caça,
ré onheen: "Ce remiareru, iasô iambaú, ixé depois disse: "Meu neto, vamos comer,
maraare xaicô, xakyre putare ana". eu estou cansado, quero dormir".
Aetá oiupiru ombaú oicô, armé ana Eles estavam começando a comer quan-
curumi-uasu omaãn peréua turusu samu- do já o moço, vendo a ferida grande da ca-
nha acanga opé, opurandu: beça do avô, perguntou:
"Maa, taá, coité omunhãn cuá peréua ne "O que, diz, fez então esta ferida na tua
acanga opé?" cabeça?"
Aé osuaixara: "Iepé ndarinári otucá uaá Ele respondeu: 'Uma cigarra que bateu
ixé recé. Coaracy osapy i cesá, cuire ouatá contra mim. O sol lhe queimou os olhos,
teinhunto". agora vá atoa''.
Mairamé ombaú pau curumi-uasu oce- Quando acabaram de comer, o moço
mo ocara kiti oiumbué oiumu catu, tuiué saiu no terreiro para aprender a flechar, o
oiké ocapy kiti osaãn arama. velho ficou em casa para sondar.
Nhaá pituna apanhe oiucuau puranga i Nesta noite, tudo aparecia bonito na
anga opé. sua imaginação.
Aé omaãn i taíra uariua ana capuama Ele viu sua filha, já guariba, na ilha,
kiti, omané putare ana iumasype. querendo morrer de fome.
Coema-oté ana, paá, aé onheen cemia- Já de madrugada, dizem, ele disse para
reru supé: "Ce remiareru, iasô ana ia- o neto: "Meu neto, vamos já livrar das
picyrun y-etá suí soá cetá osé putare uaá águas uma porção de bichos que estão
y pype". para ir ao fundo''.
Ieperecé, paá, aetá oiurare yara pype, Logo, contam, eles embarcaram na ca -
oueiy paranã. noa e desceram o rio.
Mairamé ocyca capuama y oicô ana yua Quando chegaram à ilha, a água estava
pytera kiti. já à meia árvore.
Uariua, tuiué raíra, angaí-uara oicô, A guariba, filha do velho, estava magra,
can-uera-etá oiucuau. seus ossos apareciam.
Aitá opicyca putare aé, aé apure amu Eles querem pegá-la, ela pula em outra
yua kiti. árvore.
Iaué aitá ouatá sacakyra, tuiué maraare Assim, depois de eles terem ido atrás, o
ana oicô, onheen: velho, já estando cansado, disse:
"Cuá uariua inti oxiare iandé iacy- "Esta guariba não nos deixa chegar
ca cecé, xasó xaiapi aé iepé itá-pe, indé nela, vou jogar nela uma pedra, tu rece-
resuaftí aé ne iyuaetá pype inti arama aé be-a nos teus braços, para ela não se bater
otucá yara recé". contra a canoa.
Iaué, paá, aitá omunhãn. Assim, contam, eles fizeram.
Curumi-uaso osó apitá uaríua uirepe, O moço foi ficar embaixo da guariba, o
tuiué oiapi aé recé iepé itá. velho atirou nela uma pedra.
Mairamé aé oari ure oicô oiupirare pa- Quando ela vinha caindo, se foi abrin-
nacarica iaué, oiumime curumi-uasu, ape do como tolda, escondeu o moço, aí já
ana teen oiuioréu mira. mesmo virou-se em gente.
Tuiué oueyí curute, mairamé ocyca yara O velho desceu logo; quando chegou
pype osuaití ana mira i raíra, i marica tu- na canoa, encontrou, já gente, sua filha, a
rusu ana, ipype oicô ana i membyra. barriga dela já era grande, estava já den-
tro dela seu filho.
Ieperecé tuiué oiapucui oca kiti, mai- Logo o Velho remou para casa, quando
ramé ocyca yarapape onheen i xupé: "Ce chegou no porto disse para ela: "Minha
raíra iasó ana soca kiti, aicué ape tembiú filha, vamos já para casa, tem lá comida
rembaú arama". para tu comeres".
Mairamé cunhãmucu ombaú pau, te- Quando a moça acabou de comer, um
pocy uasu oiupicyca cecé, opaca nhunto grande sono a pegou, somente acordou o
amu ara coaracy-pé, onheen: outro dia com o sol, disse:
"Paíca, xakérepi ceíia maá puranga, "Paizinho, sonhei muitas coisas boni-
ipuranga aetá tenhe, xasó xambeú aetá tas, bonitas são elas mesmo, vou contar
indé arama". elas para ti.
"Xakérepi cuá ce membyra, oicô uaá ixé "Sonhei este meu filho, que está em
pype, xamembyrare aé iepé yuytera uasu mim, eu o pari em cima de uma grande
aripe." serra.
"J pira cesacanga, i aua pixuna, aé opu- "O seu corpo era transparente, seu ca-
runguetá uri oicô. belo preto, ele vinha falando.
"Mairamé xamembyrári aé soó-etá úri "Quando eu o paria, os animais vinham
suake kiti omury aé. perto alegrá-lo.
"Oiumupituna, ce membyra iumacy "Se fez a noite, meu filho estava com
oicô, ce cambyetá oicô ticanga aé oxiú. fome, minhas mamas estavam secas, ele
chorava.
"Aramé ana iepé uainamby ceíia, amu "Então bandos de beija-flores e bandos
panapaná ceíia irumo orure iurú-pé pu- de borboletas trouxeram nos lábios mel
tyra ira, omeen i xupé. de flores e o deram a ele.
"Ieperecé aé okiriri, suá omusury, soó-etá "Logo ele calou-se, seu rosto se fez ale-
ocereo aé surysaua recé. gre, os animais o lambiam de alegria.
"Nairecé ixé maraare xaicô iepé xaienô "Como eu estava cansada, logo deitei
ce membyra ruake, xakíri ana. meu filho perto, adormeci.
"Mairamé xapaca amu arupé, ce mem- "Quando acordei no outro dia, meu fi-
byra oicô apecatu ixé suí iepé ueyua pu- lho estava longe de mim o comprimento
cusaua. de uma flecha.
"Xasó putári suake kiti, soó-etá inty "Quero ir perto, os animais não deixam
oxiári ixé xasasau, xasacemo ce mem- eu passar, eu grito para meu filho.
byra recé.
''Ape ana tenhe xamaãn panapaná ceíia "Já aí mesmo vi um bando de borboletas
osupire aé yuaté opé, oure ixé kiti. suspendê-lo em alto, virem para mim.
"Mairamé aitá ocyca ixé ruake xapicyca "Quando ele chega perto de mim, eu o
cecé, ixé árepe panapaná-etá oiapyca. pego, sobre mim pousam as borboletas.
''Ape ana soó-etá omamana ixé, opuamo "Aí, já os animais me circundaram, pu-
iuiare ixé recé oceréu arama aé. seram-se em pé encostados em mim.
"Jxé suirõn xasaãn ce membyra recé, xa- "Eu senti ciúme de meu filho, o levantei
supire aé ce acanga iuaté-sape, soó-etá pu- acima da minha cabeça, dos animais, o
cesaua omuári ixé, ce membyra iaticu api- peso me fez cair, meu filho ficou suspen-
tá panapaná-etá pepu pé. so nas asas das borboletas.
"Jké xapaca, xamaité rain ce kérepi, "Aqui acordei, pensava ainda meu so-
xamaãn apanhe rupi xacicári arama ce nho (sonhar), olhei para todos os lados
membyra." para procurar meu filho.
''Ariré ana oiucataca ixé pypé, aramé xa- "Já depois buliu dentro de mim, então
mendoári pau." me lembrei de tudo:'
Tuiué ocendu kiriri uasu pyterepe i taíra O velho ouviu no meio de um gran-
kérepe, onheen pausape: '1puranga tenhe de silêncio o sonho da filha, disse no
ne kérepe, ce taíra. fim: "É mesmo bonito teu sonho, mi-
nha filha.
"Inti remenduári, será, yuytera mamé "Não te lembras, será, aonde está a ser-
reicô ua recé?" ra onde estiveste?"
Aé osuaixara: "Intimaã, paíca, maá Ela respondeu: "Não, paizinho, só o que
nhunto xacuau yuytera py oiumunhãn sei é que o pé da serra começa na margem
iepé paranã rembyua". de um rio".
Tuiué ocendu riré i taíra kérepe osó O velho, depois de ter ouvido o sonho
osaãn i paiesáua rupi. da filha, foi sondar pela sua pajeçagem.
Aé omaãn nhaã cemiareru, oicô uá rain Ele viu que aquele seu neto, que estava
i taíra pypé yuy iara. Nhaã pituna omem- ainda dentro de sua filha, era o dono de
byrári arama aé. terra. Esta noite era para pari-lo.
Osaãn riré, tuiué oiuíre oca kiti; pituna Depois do sondar, o velho voltou à casa;
oiumimi yuy; tepocy uasu oiupicyca cecé; a noite escondeu a terra; um sono grande
aé okíri. agarrou-se nele; dormiu.
Pituna pytera rupi, paá, apanhe soá No meio da noite, contam, todos os
yuyuara opaca sury, aitá surysape animais da terra acordaram alegres, na
onheengári puranga. sua alegria cantavam bonito.
Tiapu iuytu iaué, mira ocendu iuaca Barulho, como de vento, a gente ouvia
rupi. do céu.
Aé, paá, uirá-etá ocycare ouatá oicô Ele era, contam, os pássaros que esta-
nhaã ocemo uá. vam andando à procura de quem tinha
nascido.
Coema eté ana, paá, tuiué opaca iuacua- Já de madrugada, contam, o velho acor-
yma ocendu recé teapu uasu, opurandu dou espantado por ouvir barulho grande,
soó-etá supé. perguntou aos animais:
"Maá, taá, coité oiusasau iandé pytera "O que então se passou no meio de vo-
. . ?))
opé?" ces.
Upanhe osuaixara: ''Aicué oari Porona- Todos responderam: "Eis nascido Poro-
minári yuy iara, iuaca iara". naminári, dono da terra, dono do céu:'
"Mamé, taá?" "Onde pois?"
"Iacami yuytera áripe." "Na serra do Jacamim."
Ieperecé tuiué osá iacami yuytera kiti, Logo o velho foi para a serra do
mairamé aé ocyca rupitá opé inti oiupire Jacamim; quando lhe chegou ao pé, não
cuau, marecé soá ceíia oicô iuíre arupi. pôde subir porque tinha porção de ani-
mais também lá.
Aé, paá, oiuieréu iacuruaru oiupire. Ele, dizem, virou jacuruaru, subiu.
Poronaminári oiuapica oicô yuytera sa- Poronaminári estava sentado no cume
capira opé, iepé carauatana i pá'pé. da serra, com uma zarabatana na sua mão.
Aé omusanga oicô yuy, omucameen soá Ele estava dividindo a terra, mostrava a
iaué supé sendaua. cada animal o seu lugar.
Iaué, paá, oiumupituna, mairamé amu Assim, contam, veio a noite, quando o
ara oiucuau upanhe kiriri oicô Iacami outro dia apareceu, tudo estava calado na
yuytera opé, aé nhü iepé iacuruaru uasu serra do Jacami, somente a figura de um
sangaua iuiári oicô itá recé. jacuruaru grande estava na pedra.
Apecatu, makiti coaracy oienôe mira Longe, para o lado onde e sol se deita
ocendu Poronaminári manha nheenga- a gente ouvia a cantiga da mãe de Poro-
risaua. naminári.
Aé, paá, nheengári uaá, panapaná-etá Era ela, dizem, que cantava enquanto as
osupire oicô aé iuaca rupitá kiti pucusaua. borboletas a estavam levando pelo tron-
co do céu.
EREN
Lenda Cubeo

Caciyma, paá, Uayu, Iurupary irumua- Antigamente, contam, Uaiú, que foi
ra cuera uaá, ayapire Cunuiary amuatire companheiro de Jurupari, subiu o Cudu-
mira uacema ana uaá pé rupi. iari juntando a gente que encontrava ao
longo do caminho.
Cuá mira iruma amunhãn iepé taua Com esta gente, fundou uma povoação
Omunkeráncu árepe, a suí asó ambeú na serra do Japó, de lá foi ensinando a lei
Iurupary cicu amu taua-etá mira supé. de Jurupari à gente das outras povoações.
Uayú maramunhangara-etá acicári-ana Os guerreiros de Uaiú procuravam em
apanhe rendaua rupi mira inti apuusu pu- todos os lugares gente que não quises-
tare Iurupary cicu amaramunha aé iruma se observar a lei de Jurupari para brigar
arama. com ela.
Opanhe mira apicicana Iurupary cicu, Toda a gente aceitava logo as leis de
maramunhangara-etá amuncaturu cuau Jurupari, os guerreiros só tinham que
nhunta i uéyua-etá. guardar suas flechas.
Omunkeráncu mira pitérupe aicué, paá, Entre a gente da serra de Japó havia,
iepé cunhãn apyaua ieuíre acenai uaá dizem, uma mulher-homem, cujo nome
Bacintinhari. era Acutipuru.
Bacintinhari ambyrare taína cunhã Acutipuru paria crianças fêmeas, bo-
etá, puaranga iacy tatá iuacapara iaué, nitas como as estrelas do céu, quando
amupuruã iuere cunhã-etá ambyrare emprenhava as mulheres, as mulheres
nhunta taína apyaua, ipuranga Caaracy pariam crianças machos, bonitas como
iaué. o Sol.
Iepé ara, paá, Uayú aiumuaricy putare Um dia, contam, Uaiú se quis enfacei-
Eren iruma, Bacintinhari membyra, Uayú rar com Eren, filha de Acutipuru, filha do
raíre tenhen. próprio Uaiú.
Eren inti amunhãn putare i paia piá, Eren não quis fazer o desejo de seu pai,
aiauau, inti-auá acuau makiti catu. fugiu, ninguém soube para onde.
Uayú apitá piá ayua, acenaicári mara- Uaiú ficou zangado, chamou os guer-
munhangara-etá amundu acicáre Eren reiros, mandou procurassem Eren di-
arama, anheen: "Iepé iacy xa meen pe zendo: "Vos dou uma lua para trazer
supé perure Eren cicué". Eren viva".
Eren aiauau paranã yapira kiti. Mai- Eren tinha fugido rio acima. Quando
ramé acica Cunuiary racapira kiti acendu chegou nas cabeceiras do Cuduiari, ou-
apecatu suí iepé membi, ieperecé osaãn i viu ao longe uma flauta e logo ficou de
piá sury. coração alegre.
Ara pucu ramé osó satambica membi Durante todo o dia foi direito pelo som
peusaua rupi, ocicana teen suake ocendu da flauta, quando chega já perto ouviu
mira teapu, omaramunha iaué. barulho de gente, como brigando.
Eren omaité ieperecé aicué i suainhana- Eren pensou logo que aí estivessem
-etá, oiumundeu y pype i putiá catu-pé. seus inimigos, escondeu-se dentro d'água
Ape apitá opain pituna omanhana. até bem no peito. Aí ficou toda a noite es-
piando.
Mairamé ara uarixysaua uri iuaca Quando o dia vinha enfaceirando-se
sapu rupi, aé ocemo yuy árepe ocicare pelas raízes do céu, ela saiu sobre a terra
arama iepé icuara itá-etá pitérupe oiu- para procurar um buraco entre as pedras
mimi cecé. e nele ocultar-se.
Iepé curumi-uasu, oicó uaá amusuaixa- Um moço, que estava do outro lado
ra sembiua kiti, omaãn-ana Eren oiumimi na margem do rio, viu quando Eren se
ramé. ocultava.
Curumi uasu ouitá, oiusasau paranã, O moço nadou, atravessou o rio, quan-
ocica ramé mamé Eren oicoana, opuran- do chegou onde estava Eren, perguntou
du cuá iaué: deste modo:
"Cunhamucu puranga indé, será, cuá "Moça bonita, és tu a mãe deste rio de
paranã manha masuí recerno, indé será onde sais, ou tu és gente como eu sou?"
iuere mira ixé iaué?"
Eren, paá, osuaixara: "Jxé supi mira Eren, dizem, respondeu: "Eu sou verda-
indé iaué, xaiauau ce suainhana-etá suí, deira gente como tu, fugi dos meus ini-
ouri curi ce casakire uaá". migos, que estão vindo atrás de mim''.
'iluá, taá, ne suainhana-etá?" "Quais são, diz, os teus inimigos?"
"Ce paia mira, oputári uaá ixé i auaca "A gente do meu pai, o qual me quer
arama." por sua amásia:'
"Mamé oicô-ana ne suainhana-etá?" "Aonde estão os teus inimigos?"
"Ouri curi Omunkeráncu pé rupi." "Estão vindo pelo caminho da serra do
Japó:'
Aramé curumi uasu, paá, opurandu: Então o moço, contam, perguntou: "Tu
"Jndé remendári putare, será, ce irumo?" queres casar comigo?"
Eren osuaixara: "Curi nhunto ixé Eren respondeu: "Somente daqui a
xameen indé eré. Tenondé renheen ce pouco eu te darei sim. Antes me dizes de
supé masuí recica, ma arama reuatá uatá onde chegas, para que estás passeando
cuá rupi". por estas bandas:'
Curumi uasu aramé onheen: "Ce O moço então falou: "O meu nome é
cera, Cancelri ixé mira kyrimbaua-etá Cancelri, eu sou chefe de gente valente.
acanga. Ce mira irumo xasasau paranã Com a minha gente tenho transposto um
uasu, iuaca turusu pire. Ixé teen xasó xa- rio, maior do que o céu. Eu mesmo vou
cicare suainhana maramunha arama. Ixé a procurar inimigos para brigar. Eu tam-
iuere kyrimbaua. bém sou um valente.
"Cuire indé recuau catu ma mira ixé, re- "Agora que sabes bem que gente eu sou,
mendare putare será ce irumo?" queres casar comigo?"
"Eré, íxé xaputare." "Está bom, eu quero:'
"Maiaué reputare catu?" "Como queres seja?"
"Iaicó iepé uasu arama ara pucu rupi, "Para ficarmos juntos por todo o tem -
Coaracy oputare catu iaué." po, como o Sol bem quer:'
"Nhunto? Inti reiurureu ce supé, ixé inhe- "Somente? Não me pedes de eu não fi-
ru-yma curi ne paia i mira irumo recé?" car zangado contra teu pai e a gente dele?"
"Intimaãn. Ixé xaiurureu ne recé iaia- "Não. Eu te peço para nos fugir logo
uau cuá suí ieperecé, inti iamané putare de cá, se não queremos morrer todos na
opaua curi ce paia maramunhangara-etá ponta das flechas dos guerreiros de meu
ueyua racapira." pai."
Curumi uasu, paá, opucá, ariré onheen: O moço, contam, riu-se, depois disse:
"Remaité, será, ce mira, paranã uasu "Pensas, talvez, que a minha gente, do
amusuaixara-uara, inti oiauau uaá iuaca outro lado do rio grande, que não fu-
tatá suí, oiauau cuíre cuá tatamauara te- giu perante os raios do céu, fuja agora
nondé? Inti resaru ixé xamucameen puta- diante dos moradores desta terra? Não
re curi ce cupé ce suainhana supé, nhunto espera que eu queira mostrar as costas
indé rembeú aitá kyrimbaua". ao inimigo somente porque tu dizes que
é valente".
"Ixé inti xaputare indé recikié. Cuire "Eu não quero que tu tenhas medo.
ixé xamendare putare ne irumo nhunto Agora eu não quero casar contigo se-
xasaan ne paia mira kyrimbasaua riré. não depois de ter provado a valentia da
Ixé xaputare ne piá oiumusury, xapu- gente de teu pai. Eu quero o teu coração
tare renheen cuau curi: 'Ixé supi mira ser alegre, eu quero que tu possas dizer
kyrimbaua remiricó, ce mena inti cikié logo: 'Eu na verdade sou mulher de gen-
manha'." te valente. Meu marido não é a mãe do
medo'.
"Iasó cuire ce mira piterupé. Uirandé, "Vamos agora entre a minha gente.
Coaracy omutury yuy renundé, xasó xa- Amanhã, antes do sol alumiar a terra,
cicare putare ne paia mira, xasaãn arama quero ir procurar a gente de teu pai para
i kyrimbasaua." provar a sua valentia:'
Cancelri opurunguetá cuá iaué, aríré Cancelri falou deste modo, depois com
Eren irumo osasau iuere paranã oiuíre i Eren passou outra vez o rio, voltou no
mira pitérupe. meio da sua gente.

....,,, 143 \,'/;'\


Uayú maramunhangara-etá ocica Cunu- Os guerreiros de Uaiú, chegando à
yary cembyua kiti, oiurereu paié supé margem do Cunduiari, pediram ao paié
osaãnsaãn arama mamé oicô Eren. para sondar aonde estava Eren.
Paié ocetuna iacy caraiuru opytera O paié cheirou o carajuru, fumou o ta -
tauari, opeú omuiauau Mayua etá arama, vari, assoprou para fazer fugir os Maiuas,
ariré osacemo: depois exclamou:
"Aicué ape Eren! Xamaãn Eren cuá pa- "Aí está Eren! Vejo Eren na cabeceira
ranã racapire kiti, amu mira pitérupe. Ce deste rio, no meio de outra gente. Diante
cesá tenondé opuracy nhaá mira kyrim- dos meus olhos, dança desta gente ava-
basaua. Iamané putare curi i uéyua recé, lentia. Se queremos morrer pelas suas
iasó ape. Ixé xa-ari tenondé xa iucá curi flechas, vamos lá. Eu antes de cair ma-
Eren". tarei Eren".
Opanhe onheên: "Omunkeráncu mara- Todos disseram: "O guerreiro da serra
munhangara inti rain oiauau suainhana do Japó ainda não fugiu diante do inimi-
tenondé. Iané suainhana saua omuticu go. Os cabelos dos nossos inimigos estão
iané mocaentaua kiti, omucameên arama pendurados nos nossos moquéns, para
apanhe recé muire suainhana iané uéyua mostrar a todos quantos inimigos as nos-
oiucana. Iamané apanhe curi, iaiuuca sas flechas mataram. Morra-se todos, e
Eren iuíre cuá mira suí, inti osó curi amu- tire-se Eren desta gente, para que não ve-
-tetamauara remirecó arama. Cuá iaué nha a ser mulher de estrangeiro. Esta é a
iané cicu, cuá iaué iané piá". nossa lei, esta é a nossa vontade".
Paié aramé onheên: "Jsoana". O pajé então disse: "Vamos já".
Coaracy oiumimi putareana mairamé O sol já estava para esconder-se, quan-
mocoin suainhana cerna oiusuaintí. do as duas bandas inimigas se encon -
traram.
Cancelri iuiereu Eren recé onheên: "Aicué Cancelri virou-se para Eren dizendo:
ne paia maramunhangara-etá, xasó cuau "Eis os guerreiros do teu pai, vou saber
catu cury auá kyrimbaua pire". bem agora quem é mais valente".
Ieperecé osó suainhana etá recé i mara- Logo arremeteu contra os inimigos com
munhangara-etá irumo. Oiupiru mara- os seus guerreiros. Começou a peleja.
-munhangaua.
Paié oiatimana maramunhangara-etá O pajé arrodeou pelas costas dos com-
cupé rupi, inti osaru putare omaan auá batentes, não quis esperar para ver quem
curi kyrimbaua pire, osó satambica Eren era o mais valente, foi direito a Eren,
kiti; ruake ramé oiumu; i uéyua oiatyca quando foi perto flechou; a sua flecha apa-
Eren acanga árupé. Eren omanó ieperecé. nhou Eren na cabeça. Eren morreu logo.
Cancelri oicô aé tenondé, oiurereu iaué Cancelri estava diante dela, virava-se a
iaué omaãn Eren arama, oxipiá ieperecé cada instante para ver Eren, viu logo a sua
aé manosaua, osacemo i maramunhan- morte e gritou para os seus guerreiros:
gara-etá supé: "Jasó iampauana cuá mira "Vamos acabar já com esta gente má. Não
pucy etá. Inti omaramunha cuaua apyaua sabem combater como homens. Sujam as
iaué. Oiumukiá i uéyua cunhãn tuí recé". suas flechas no sangue de mulher''.
Cancelri, onheen riré, opicica Eren pira- Cancelri, depois de dizer, pegou no
-ambyra, ocemo aé irumo maramunhan- corpo morto de Eren, para sair com ele
gaua suí arama. Inti rain apecatuara paié, da peleja. Não tinha ainda ido longe que
omenhana uaá, oiumu aé recé. o pajé, que vigiava, flechou para ele.
Uéyua oiapy Cancelri acanga opé. Can- A flecha pegou Cancelri na cabeça.
celri omanó ieperecé. Cancelri morreu logo.
Aramé paié osupire Eren, orasó arama Então o pajé carregou Eren, para levá-la
aé maramunhangaua-tyua apecatu. longe do campo de batalha.
Apecatu ramé oxíári oári Eren pira yuy- Quando longe, deixou cair o corpo de
-pé, ape teen, paá, i pira oiurereu ieperecé Eren no chão, aí mesmo, contam, o seu
ypaua miri. corpo virou logo um pequeno lago.
Coaracy oiuíri amu ara iuaca rapu rupi Quando o Sol voltava o outro dia pe-
ramé Uayu maramunhangara-etá omanó las raízes do céu, os guerreiros de Uaiú
ana opaua. tinham morrido todos.
Paedana, Cancelri maramunhangara- Paedana, chefe dos guerreiros de Can-
-etá acanga, opurandu: "Mamé, taá, iané celri, perguntou: "Aonde está o nosso tu -
tuixaua Cancelri?" xaua Cancelri?"
Maramunhangara-etá osuaixara: "Oma- Os guerreiros responderam: "Morreu''.
noana".
Paedana opurandu: "Mamé, taá, Eren?" Paedana perguntou: ''Aonde estará
Eren?"
Maramunhangara-etá osuaixara: "Ti- Os guerreiros responderam: "Quem
cuau! Oiuíri, ipu, i tetama kiti''. sabe! Voltou, talvez, para a sua terra".
Aramé Paedana onheen: "Jané tuixaua Então Paedana disse: "O nosso tuxaua
omanó-ana. Aé oicó cikiesaua mira cuá- morreu. Ele era temido pela gente deste e
suindape-uara, mira amu suindape-uara do outro lado. O seu nome era famoso na
suí. I cera ocetuna puranga yuy iuaca opé. terra e no céu. Ninguém agora pode des-
Inti auá, cuire, opituu cuau, inti omanó cansar se antes não for toda morta esta
iané tenondé apanhe nhá mira puxi". gente ruim".
"Oii teen iané iaiupire Omunkeráncu "Hoje mesmo nós subiremos à serra do
oiamupau Uayu mira remirera irumo Japó para acabar com o resto da gente:'
arama."
Maramunhasara-etá onheen: "Eré". Os guerreiros disseram: "Está bem".
Mairamé Ceucy oiumucameen putare Quando as Plêiades estavam para mos-
iuaca kiti, Paedana ocica Omunkeráncu trar-se no céu, Paedana chegava na serra
aripe. do Japó.
Iepé tuiué mendauara nhu oiauau Somente um casal de velhos escapou
yuytera piá pé rupi, ocemoana Cumbiu pelo caminho do coração da serra, saiu
paranã cembyua kiti. na margem do rio Cubiu.
Mira Omunkeráncu-uara omanó pau Depois de ter morrido toda a gente da
riré, Paedana omundu i maramunhanga- serra do Japó, Paedana mandou os seus
ra-etá ocicare cunhãn-etá omendare ara- guerreiros procurar mulheres para casar
ma amu taua opé. nas outras povoações.
Paedana, paá, marecé uacemo catu Paedana, dizem, porque achou boa a
Omunkeráncu, ape apitá, inti oiuíre puta- serra do Japó, aí ficou, não quis voltar
re i mira irumo i tetama kiti. com a sua gente na sua terra.

Nota:
Uaiú, palavra cubeo, quer dizer Uirá Pajé [alma-de-gato].
Cancelri, palavra baníva (?),[quer dizer] o triste, o pesaroso.
Vocabulário Português-Nheengatu
NOTA DA REVISÃO

Na revisão deste texto póstumo de Ermanno Stradelli ("Vocabulário de Língua Geral:


Português-Nheengatu e Nheengatu-Português'; Revista do Instituto Histórico Geográfico
Brasileiro, i58, 1929), a intenção básica foi atualizar a pontuação e a grafia, mantendo algumas
grafias ainda aceitáveis, que caracterizam a época do texto. Para não desvirtuar a escrita do
autor, foram respeitadas as dúvidas - assinaladas com(?) no texto, já na época de sua publica-
ção -, e suas imprecisões e mesmo alguns equívocos foram mantidos. As gralhas da impressão
original foram corrigidas quando claramente identificáveis. As inserções da revisão, para ex-
plicitar trechos não muito claros, estão assinaladas entre colchetes no próprio texto, para evitar
notas que interromperiam seu fluxo. Para uma padronização mais consistente, foi eliminado o
excesso de travessões, substituídos por pontuação conveniente. Devido a atualização ortográ-
fica - ausência de consoantes duplas etc. -, a ordem alfabética dos verbetes difere da existente
no original. Esperando ter feito o melhor possível, agradecemos desde já contribuições para o
aprimoramento de futuras edições.
Quanto a acentuação, usaram-se as regras básicas do português, ressaltando-se agora ape-
nas o caráter tônico das vogais u e i e do y em qualquer situação; é claro que, quando essas
vogais não são tônicas, usa-se o acento em outra sílaba para determinar essa não-tonicidade.
Optou-se por colocar nas palavras compostas dois acentos: o da palavra simples e o da palavra
composta. popicica (abarcar), palavra paroxítona, com a tônica por-
tanto em ci; já os compostos popicícasára (abarcador), popicícasáua (abarcamento), popicícau-
ára (abarcante) etc. são acentuados nas tônicas do vocábulo simples e nas tônicas do vocábulo
composto, para dar ao leitor, primeiro, a do primeiro termo e a do vocábulo com-
posto final. que os compostos formados ao mesmo tempo por prefixos e sufixos,
em vez dos três acentos, terão apenas dois.
A (art.) Irumo. O mata a flecha: Oiucá aé ABAFADIÇO Cuacuteua.
ueyua irumo. Quando tem vento sobe a ABAFADO Cuacua, Cuacuana.
vela: Iuiutu aicué ramé oyapire sutinga ABAFADOIRO Cuacutyua.
irumo. ABAFADOR Cuacusara.
A (prep.) Kiti, Keté. Vá à casa: Resô oca kiti. ABAFAMENTO Cuacusaua.
Ficamos à porta: Iapitá okena rupitá kiti. ABAFANTE Cuacuuara.
A (prep.) Opé. Ao sol: Coaracy opé. ABAFAR Cuacu, Poké; (para cobrir) Pupeca.
A (prep.) Ramé. À meia-noite: Pysaié ramé. ABAFÁVEL Cuacuuera.
À tarde: Caruca ramé. A tempo: Ara ca- ABAIXADO Iauycana.
tu ramé. ABAIXADOIRO Iauycataua.
A (prep.) Recé. Pede a ele: Oiurureu i recé. Vá ABAIXADOR Iauycasara.
a ele: Osô aé recé. ABAIXAMENTO Iauycasaua.
A (prep.) Supé, Xupé. A Lua deu a Jurupari a ABAIXANTE Iauycauara.
coroa de chefe: Yacy omeen Yurupary supé ABAIXAR Iauyca, Eauyca. Abaixar-se: Iuiau-
tuixaua acangatara. Foi falar a ele: Osoana yca. Fazer ou ser feito abaixar: muiauyca;
opurunguetá i xupé. (encurtando) Muiatuca.
A (prep.) Suí. A três dias de viagem: Uatasaua ABAIXÁVEL Iauycatéua.
musapire ara suí. ABAIXO Iuíra, Uirpe, Iuirpe. Foi-se pela en-
A (prep.) Rupi. À força: Santá rupi. costa abaixo: Osoana uytera uirpe rupi.
A (pron.) Aé, I. A chamou: Ocenoi aé. Afez ABALADA Iauausaua.
acompanhar: Omeen irumuara i supé. ABALADIÇO Iauauuera, Iapusacatéua.
À TOA Tenunto. ABALADOR Iapusacasara, Mutimucasara.
A TODA PRESSA Curute-rupi, Curuten. ABALAMENTO Iapusacasaua, Mutimucasaua,
ABACATE Auacáti. Earucasaua.
ABACATEIRO Auacatiyua. ABALANTE Iapusacauara, Mutimucauara, Earu-
ABACAXI Auacaxy. cauara.
ABACAXIZEIRO Auacaxyyua. ABALAR Iapusaca, Mutimuca; (por fugir): Iau-
ABAFADAMENTE Cuacusaua rupi. au; (diminuindo) Earuca. Abala a sua rede:
ABALÁVEL

Remutimuca i makyra. Já a abalei, não quer ABERRAR (do que se faz) Inti munhã amui-
acordar: Xaiapusaca aé inti, opaca putári. A tá iaué; (do caminho) Inti só catu pé rupi.
autoridade do chefe ficou abalada: Tuixaua ABERTA Piraresaua, Mpucasaua, Mupuca-
munucarisaua oearucana. saua. Aberta na mata (se é natural): Caá-
ABALÁVEL Mutimucauera. -mpucasaua; (se é artificial) Caá-mu-
ABALO Iapusacaua. pucasaua.
ABALROAÇÃO Iupetecasaua. ABERTO Pirare, Mpuca, Oianga.
ABALROADOR Iupetecasara. ABERTOR [abridor] Piraresara, Mpucasara.
ABALROANTE Iupetecauara. ABERTURA V. Aberta.
ABALROAR Iupeteca. ABIEIRAL Uaiaratyua.
ABANADO Tapecua. ABIEIRO Uaiarayua.
ABANAR Tapecu. ABIO Aiará, Uaiará; (uma espécie mais peque-
ABANDONADO Xiare. na) Cutiriti.
ABANDONADOR Xiaresara. ABISMO Tupy-piá.
ABANDONANTE Xiareuara. ABJEÇÃO Iaxisaua.
ABANDONAR Xiári, Xiare, Mbúri i suí. Não ABJETO Iaxi.
quer abandonar a sua casa: Inti oxiare pu- ABNEGAR Putareyma.
tare i oca. Abandona tudo para fugir mais ABÓBORA (cheia de protuberâncias) Curúua.
ligeiro: Ombúri i suí opanhe-itá oiauau ABOCADOR (do peixe que pega no anzol)
curutepire arama. Pindá-usara.
ABARCADOR Popicicasara. ABOCANHAR Suú-suú.
ABARCAMENTO Popicicasaua. ABOCAR (do peixe) Pindau.
ABARCANTE Popicicauara. ABOLORECER Saué. Fazer abolorecer: Mu-
ABARCAR Popicica. saué.
ABARRACAMENTO Teiupátáua. ABOLORECIDO Isaué, Isaueana.
ABARRACAR Munhã-teiupá. ABORRECER Coeré. Aborrecer-se: Iucoeré.
ABARROTADOR Muterecemosara. ABORRECIMENTO Coerésáua.
ABARROTAMENTO Muterecemosaua. ABORTADO Iakyrareana.
ABARROTAR Muterecemo. ABORTADOR (quem aborta) Iakyrareuara;
ABARROTÁVEL Muterecemotéua. (quem faz abortar) Iakyraresara. Abutua
ABASTADO Ceía-iara, Maá-ceía-iara. abortadora: Abotua iakyraresara.
ABASTANÇA Ceía-iarasaua. ABORTAMENTO Iakyraresaua.
ABASTECER Muterecemo. V. Abarrotar. ABORTANTE Iakyrareuera.
ABATEDOR Muapysara. ABORTAR Iakyrare. Fazer abortar: Muia-
ABATENTE Muapyuara. kyrare. Fazer-se abortar: Iumuiakyrare.
ABATER Muapy. Abater-se: iumuapy. ABORTÁVEL Iakyraretéua.
ABATIDO Muapyuá. ABRAÇADOR Iumanasara.
ABATIMENTO Muapysaua. ABRAÇANTE Iumanauara.
ABATÍVEL Muapyuera. ABRAÇAR Iumana. Abraçar-se: Iuiumana.
ABDOME Marica. ABRAÇO Iumanasaua.
ABDOMINAL Maricauara. ABRASADOR Sakisara.
ABEIRAR Só-cembyua-rupi; (subindo )yapyre- ABRASADOURO Sakityua.
-cembyua-rupi; (descendo) eyei-cembyua- ABRASAMENTO Sakisaua.
-rupi. ABRASANTE Sakiuara.
ABELHA Iracy (mãe do mel), Caua (as es- ABRASAR Saki. Abrasar-se: Iusaki.
pécies armadas de ferrão): Iramanha; ABRASÁVEL Sakiuera.
Eiremin, Eirenã, Eisu. ABREVIAÇÃO Muiatucasaua.
ABELHUDO Iucuacuao-opaua; (o que mexe ABREVIADO Muiatucauá.
com tudo) Isaãsaã-opaua. ABREVIADOR Muiatucasara.
ABENÇOAR Mutupana. ABREVIADOURO Muiatucatyua.
ACEITADOR

ABREVIANTE Muiatucauara. ACALMAR Muceen, Mupytuu. Acalmar-se:


ABREVIAR Muiatuca. Pytuu, Iumuceen. V Adoçar, Descansar
ABREVIÁVEL Muiatucauera. e comp. A moça o acalmou com boas pa-
ABRIDOR Piraresara, Mpucasara. lavras: Cunhãmucu omuceen aé catu
ABRIGAR-SE Mytá. nheenga suí.
ABRIGO (o feito à pressa de folhas de palmei- ACAMADO (deitado na cama) Ienu; (em ca-
ra, fincadas no chão) Mytá maia; (o que ser- madas:) Omuianamã. V Deitar e Engrossar
ve para passar a noite) Mytasaua; (o passa- e comp.; Miexiári.
geiro, de pequenas barracas) Teiupá. ACAMADOR Miexiaresara.
ABRIR Pirare. Abrir-se: Iupirare. Fazer ou ser ACAMADOURO Miexiaretyua.
feito abrir: Mupirare. Abrir a porta: Opirare ACAMAMENTO Miexiaresaua.
okena; (se emprega a força) Ompuca oke- ACAMANTE Miexiareuara.
na. Abrir caminho: Murapé, Mupé. Abrir- ACAMAR Miexiare, Muianama; (deitar na
-se caminho: Iumurapé. A anta abriu-seca- cama) Ienu.
minho na mata cerrada: Tapyira oiumura- ACAMÁVEL Miexiaretéua.
pé caá eté piterupe. O abrir das flores: Ian. ACAMPAMENTO Mytásáua.
Quando a Vitória Régia abre, saem os bichi- ACAMPAR Mytá.
nhos que nela passaram a noite: Uapé iapu- ACANHADAMENTE Pitua-rupi.
na oian ramé, tapuru miritá ceifa ocemo i ACANHADO Pitua.
suí okyriana ape pituna rupi uá. ACANHADOR Pituasara.
ABROLHOS Itá-pacurui. ACANHADOURO Pituatyua.
ABSCESSO Pungá. ACANHAMENTO Pituasaua.
ABUNDÂNCIA Retéuasáua, Cetéuasáua, Ceifa- ACANHAR-SE Iupitua. Acanhar-se ou fazer
sáua, Reifasáua. acanhar-se: Mupitua.
ABUNDANTE Retéua, Cetéua, Ceifa, Reiía. ACANHÁVEL Pituauera.
ABUTRE Urumu, Urumbu. ACAREADO Suaxara-embure.
ACABADAMENTE Mungaturu-catu-rupi. ACAREADOR Suaxara-emburesara.
ACABADO Mpauá, Mungaturuá. ACAREAMENTO Suaxara-emburesaua.
ACABADOR Mpausara, Mungaturusara. ACAREANTE Suaxara-embureuara.
ACABAMENTO Mpausaua, Mungaturusaua. ACAREAR Mbure-suaxara.
ACABANTE Mpauuara, Mungaturuuara. ACAREÁVEL Suaxara-embureuera.
ACABAR Mpau, Mungaturu. Acabar-se: Iumpau, ACARI Acari.
Iumungaturu. Acabar de todo: Mungaturu ca- ACARICIADO Imuiarua, Munina. Muito aca-
tu. Quando acabou de falar desapareceu pe- nhado: Muninapora.
lo caminho do porto: Ompauana ramé oiu- ACARICIADOR Imuiarusara, Muninasara.
canhemo ygarapape pé rupi. Não espera ACARICIAMENTO Imuiarusaua, Muninasaua.
que acabem a canoa: Inti osaru ompaua- ACARICIANTE Imuiaruuara.
na yara. ACARICIAR Muiaru, Munina. Fazer-se acari-
ACABOCLADO Tapyia-cerane, Tapyiarana. ciar: Muiu-munina.
AÇAFATE Urupema, Uaraia (rio Negro). ACARIZAL (acarituba) Acarityua.
AÇAFRÃO Mangará-tauá. ACATASTAR [it.; encoivarar] Mucuiuara.
AÇAÍ (a fruta e a bebida) Uasaí. ACAUTELADO Iacu.
AÇAIZAL Uasaityua. ACAUTELADOR Iacusara.
AÇAIZEIRO Uasaiyua. ACAUTELAMENTO Iacusaua.
ACALENTADOR Omuimuiaresara. ACAUTELANTE Iacuuara.
ACALENTADOURO Omuimuiaretyua. ACAUTELÁVEL Iacuuera.
ACALENTAMENTO Omuimuiaresaua. ACÉFALO Acangayma.
ACALENTANTE Omuimuiareuara. ACEITAÇÃO Muiauésáua, Iarepaua.
ACALENTAR Omuimuiare; Munináni. ACEITADO Muiauéua.
ACALENTÁVEL Omuimuiareuera. ACEITADOR Muiauésára, Iaresara.
ACEITANTE

ACEITANTE Muiauéuára, Iarepora. ACHANTE Iuacernouara.


ACEITAR Muiaué, Iare. ACHAR Uacerno. Fazer ou ser feito achar:
ACEITÁVEL Muiauéuéra. Muuacemo. Fazer-se achar: Iumuuacemo.
ACEITO Iareana. ACHATA-CABEÇA (arma de guerra) Acanga-
ACELERADAMENTE Curutên, Curutê-rupi. -perna.
ACELERADO Icurutê. ACHATADO Perna, Pernana.
ACELERADOR Curutêsara. ACHATADOR Pemasara.
ACELERAMENTO Curutêsaua. ACHATAMENTO Pernasaua.
ACELERANTE Curutêuara. ACHATANTE Pemauara.
ACELERAR Mucurute. Acelerar-se: Iurnucu- ACHATAR Perna, Mupema. Achatar-se: Iu-
rute. rnuperna.
ACELERÁVEL Curuteuera. ACHATÁVEL Pemauera.
ACENADOR Ipoitycasara, Sapurnisara. ACHÁVEL Uacemouera; (que serve para achar)
ACENANTE Ipoitycauara, Sapurniuara. Aceno Iuacemoyua.
da cabeça: Acanga-itycasara. ACICATE Nupanasara.
ACENAR Ipoityca. Acenar dos olhos: Sapurni. ACÍDIA Iaté-yrnasaua.
Acenar da cabeça: Acanga-ityca. ACIDIOSO Iaté-yrna.
ACENDALHA Sacai, Sapitéua. ÁCIDO Saí.
ACENDEDOR Mundicasara, Sapisara, Cene- ACÍDULO Saíxínga.
sara ACIMA Iuaté, Arpé, Arupé. O que está acima:
ACENDER Mundica, Sapi, Cendé. Acendes o Arpé-uara. Bem acima: Iuaté-catu. Águas
fogo: Rernundica tatá. Acenderam a vela: acima: Yapire. Ir águas acima: Yapira-kiti.
Ocendeana candea. ACINTOSAMENTE Piá-puxí-rupi.
ACENDIDAMENTE Piá-rupi, Piá-uasu-rupi. ACOBARDADAMENTE Pitua-rupi.
ACENDÍVEL Mundicauera, Sapiuera, ACOBARDADO Pitua, Mupituaua.
Cendeuera. ACOBARDADOR Mupituasara.
ACENO Ipoitycasaua, Sapurnisaua. Aceno da ACOBARDAMENTO Pituasaua.
cabeça: Acanga-itycasaua. ACOBARDANTE Mupituauara. O que origina
ACERBO Iraua, Saíuá, Saí; (por não ser madu- o acobardamento: Mupituayua.
ro): Inharu-iakyra. ACOBARDAR Mupitua. Acobardar-se: Iumu-
ACERCAR-SE Ciyca-ruake. O homem se acer- pitua.
ca dele e logo fala: Apyaua ocyca aé ruake ACOBARDÁVEL Mupituauera.
onheên curuten iuíre. ACOBERTAR Pupeca, Iumími. Acobertar-se:
ACERTAR Saãn-puranga, Iatyca-catu. A fle- Iuiumími. V. Cobrir, ocultar e comp.
cha acertou no coração do homem: Ueyua ACOITAR Muiurními. Acoitar-se: Iurnu-
oiatyca catu apyaua piá kiti. Acerta em pen- iurními. V. Ocultar e comp.
sar que vem: Osaãn puranga ornaité rarné AÇOITADO Nupane.
aé ocica cury. AÇOITADOURO Nupanatyua.
ACETINADO Icy-yrna. AÇOITADOR Nupanasara.
ACETINAR Muicy-yrna. AÇOITANTE Nupanauara.
ACHA (lenha para fogo) Iepeá. AÇOITAR Nupana, Nupane. Açoitar-se: Iunu-
ACHACADO Imacy, Irnacyuá. pana. Fazer-se ou ser feito açoitar: Munupana.
ACHACADIÇO Irnacytéua. Mandar açoitar: Nupanacárí. Açoitar-se re-
ACHACOSO Imacyuara, Imacyuera. ciprocamente: Iuiunupana. Nas festas do
ACHADA Uacemosaua. Jurupari os dançarinos se açoitam reciproca-
ACHADIÇO Uacemotéua. mente: Yurupary puracy puracysara oiuiunu-
ACHADO Iuacemo. Falso achado: Iuacemo- pana.
rana. AÇOITE Nupanayua, Nupanasã.
ACHADOR Iuacernosara. ACOLÁ Aepe, Mími, Mikiti. De acolá: Asuin-
ACHADOURO Iuacernotyua. dape. Acolá mesmo: Mimi catu. Vá acolá:
ADEREÇO

Resu mikíti. Venha de acolá: Reiúre a kíti, ACOTOVELANTE Iutymeuara.


Reiúre asuí. ACOTOVELAR Iutyme.
ACOLHEDOR Muikésára. ACOTOVELÁVEL Iutymeuera.
ACOLHENTE Muikéuára. AÇOUGUE Soó-iucatyua.
ACOLHER (jazer entrar) Muiké. Acolher-se: AÇOUGUEIRO Soó-iucasara.
Iumuiké. ACQUISTO [ it.; aquisição] Pirepanaua.
ACOLHIDO Muiké, Muikeana. ACRE Saí, Iaca.
ACOLHIMENTO Muikesaua. ACREDINE [it.; acrimônia] Saísáua.
ACOMETEDOR Soecé-sara. ACREDITAR Ruuiare. V Crer e comp.
ACOMETENTE Soecé-uara. ACRESCENTADOR Imuapiresara.
ACOMETER Soecé, Sorecé. ACRESCENTAMENTO Imuapiresaua. o que se
ACOMETIDA Soecé-saua. acrescenta: Muapireyua.
ACOMETÍVEL Soecé-uera. ACRESCENTANTE Imuapireuara.
ACOMODADIÇO Eeuera (que diz sempre sim). ACRESCENTAR Muapire.
ACOMODAR Mungaturu. ACRESCENTÁVEL Muapiretéua.
ACOMPANHADO Iepé-uasu. ACRESCER (em comprimento) Mupucu; (em
ACOMPANHADOR Irumuarasara. tamanho) Muturusu; (em grandeza) Muasu.
ACOMPANHAMENTO Irumuarasaua. ACRESCIMENTO Mupucusaua, Muturusu-
ACOMPANHANTE Irumuarauara. saua, Muasusaua. O que serve para acres-
ACOMPANHAR Muirumuara, Sô-iepé-uasu. cer: Mupucuyua, Muturusuyua, Muasuyua.
Acompanhar-se-se: Iuirumuara. ACRÍDIO Ieky, Okiin.
ACOMPANHÁVEL Irumuarauera. Ceên.
ACONDICIONAR Mungaturu. V Aprestar e AÇUCARAR Muceên.
comp. AÇUCAREIRO Ceên-ireru.
ACONSELHAR Munguetá. ACUDIR Picyrií, Sô-recé.
ACONTECEDOR Cicasara. Muatiresaua.
ACONTECER Cica, Cyca. V Chegar e comp. ACUMULADOR Muatiresara.
ACONTECIMENTO Ocicasaua. ACUMULAR Muatire.
ACORDADAMENTE Iepé-asu-rupi. Em acor- ACUTIBOIA Acuty-mboia.
do, com esperteza: Opaca-rupi. ACUTILADA Iapyxaua.
ACORDADO (despertado) Mpaca, Ieuaky. ACUTILADOR Iapyxasara.
ACORDAR' [despertar] Mpaca. Acordar-se: ACUTILAMENTO Iapyxasaua.
Iupaca. Fazer acordar: Mupaca. Acorda-se ACUTILANTE Iapyxauara.
estremunhado, se espanta e foge: Oiupaca ACUTILAR Iapyxá. Acutilar-se: Iuiapyxá.
imupatuca, oiucikíé, oiauau. V Despertar e ACUTILÁVEL Iapyxauera.
comp. ADEJADOR Ué-ueuesara.
ACORDAR' [concordar} Euaky. Acordar-se: ADEJAMENTO Ué-ueuesaua.
Iueuaky. Fazer acordar: Mueuaky. Depois de ADEJAR Ué-ueué.
muito falar, acordam esperar para ver o que ADELGAÇADO Pu!.
acontecerá: Nheênga reiía riré aitá oeuaky ADELGAÇADOURO Mupultyua.
osaru omaãn auá ocica cury arama. ADELGAÇADOR Mupulsara.
ACORDO Euakysaua. ADELGAÇAMENTO Pulsaua.
ACORRENTADOR Itá-tupaxama, Irumo-pu- ADELGAÇANTE Mupuluara.
cuarisara. ADELGAÇAR Mupul. Adelgaçar-se: Iumupul.
ACORRENTAR Pucuare-itá, Tupaxama-irumo. ADELGAÇÁVEL Mupuitéua.
ACORRER Sô-recé. V Acudir. ADEQUADO Iaué, Iaueuá.
ACOSTAR Iári. Acostar-se: Iuiári. V Encostar ADEREÇO Tara, Pora. Adereço das orelhas:
e comp. Namipora. Adereço do pescoço: Aiurapora.
ACOTOVELADOR Iutymesara. Adereço dos lábios: Tembépóra, Tembétára,
ACOTOVELAMENTO Iutymesaua. Tembetá. Adereço da cabeça: Acangatara.
ADERÊNCIA

ADERÊNCIA Iarisaua. ADMITIDO Muikéua.


ADERENTE Iarisara, Iariuara. ADMITIDOR Muikesara.
ADERIR Iári. Fazer aderir: Muiári. ADMITIR Muiké. Admitir-se: lumuiké.
ADESIVO Iariuera, Iariyua. ADMOESTAÇÃO Iacausaua.
ADESTRADO Umbuéua. ADMOESTADO Iacaua.
ADESTRADOR Mbuésára. ADMOESTADOR Iacausara.
ADESTRADOURO Mbuétyua, Mbuérendáua, ADMOESTANTE Iacauara.
Umbuéóca. ADMOESTAR Iacau. Fazer ou ser feito admoes-
ADESTRAMENTO Umbuésáua. tar: Muiacau. Admoestar-se: Iuiacau.
ADESTRANTE Umbuéuára. ADMOESTÁVEL Iacautéua, Iacauera.
ADESTRAR Mbué. Adestrar-se: Iumbué, ADOÇADO Muceên.
Mungaturu. Adestra os seus para repelir o ADOÇADOR Muceêngara.
inimigo: Omungaturu i mira omuri i suí ADOÇADOURO Muceêntyua.
suinhana arama. Adestram-se nos livros pa- ADOÇAMENTO Muceêngaua.
ra serem logo mais gente: Oiumbueana pa- ADOÇAR Muceên. Adoçar-se: Iumuceên.
pera opé oicô cury apyaua arama. ADOCICAR Muceên-xinga.
ADESTRÁVEL Mbuétáua. ADOECEDOR Macisara.
ADIANTADO Tenondéua. ADOECER Iumaci, Maci. Iumaci todavia é
ADIANTADOR Tenondesara. usado antes com o significado de esfomea-
ADIANTAMENTO Tenondesaua. do, faminto, e na realidade a doença maior
ADIANTANTE Tenondeuara. nas civilizações primitivas era a fome.
ADIANTAR Sasau-tenondé. Adiantar-se: Iu- ADOECIDO Imaci, Imaciua.
sasau-tenondé, Iusô-tenondé. ADOECIMENTO Macisaua.
ADIANTE Tenondé, Cenondé, Renondé. ADOENTADO Maciuara, Imaciara.
ADIÇÃO Papasaua. ADOLESCENTE Curumi-asu (m.); Cunhã-
ADICIONADO Papaua. mucu (j.).
ADICIONADOR Papasara. ADOLESCER (o moço) Iumunhã-apyaua; (a
ADICIONAR Papau. Adicionar-se: Iupapau. moça) Iumunhã-cunhã.
ADICIONÁVEL Papautéua. O que se adiciona: ADORAÇÃO Moeté-saua.
Papauyua. ADORADO Moetéua.
ADIVINHAÇÃO Saãngaua. ADORADOR Moetesara.
ADIVINHADEIRO Saãngauera. ADORANTE Moeteuara.
ADIVINHADO Saãnga. ADORAR Moeté. Fazer ou ser feito adorar:
ADIVINHO Sacaca, Saãngara. Mumoeté. Adorar-se: lumoeté. Fazer-se
ADIVINHADOR Saãngara. adorar: Iumumoeté.
ADIVINHAR Saãn. ADORATÓRIO Moetetyua, Moeté-rendaua.
ADIVINHO Sacaca, Saãngara. ADORÁVEL Moeteuera.
ADMIRAÇÃO Iacaemosaua. ADORMECER Kyri. Fazer adormecer: Mukyri.
ADMIRADAMENTE Iacaemo-rupi. V Dormir e comp.
ADMIRADOR Iacaemosara. ADORNAR Mupuranga, Muamundéu. V En-
ADMIRANTE Iacaemouara. feitar e comp.
ADMIRAR lacaemo. Admirar-se: luiacaemo. ADQUIRENTE Pirepanauara.
Fazer admirar: Muiacaemo. Encontra- ADQUIRIDO Pirepana.
-se e ouve-se usar algumas vezes Iacanhemo, ADQUIRIDOR Pirepanasara.
mas é engano, embora na admiração haja ADQUIRIR Pirepana.
sempre algum espanto. ADQUIRÍVEL Pirepanauera.
ADMIRÁVEL Iacaemouera. ADRIÇA Sutinga-tupaxama, Sutinga-supireuara.
ADMISSÃO Muiké-saua. ADRIÇADOR Sutinga-supiresara.
ADMISSÍVEL Muikeuera. ADRIÇADOURO Sutinga-supiretyua.
ADMITENTE Muikeuara. ADRIÇAMENTO Sutinga-supiresaua.

(,'/.~ 154 (,';.~


AFOGÁVEL

ADRIÇAR Supire-sutinga. AFEADAMENTE Mupuxi-rupi.


ADUBAR Ceen. V Adoçar e comp. APEADO Mupuxiua.
ADULTERAÇÃO Muiauerana-saua. AFEADOR Mupuxisara.
ADULTERADOR Muiauerana-sara, Amu-iru- AFEADOURO Mupuxityua.
mo-mupuxisara. APEAMENTO Mupuxisaua.
ADULTERANTE Muiauerana-uera, Amu-iru- APEANTE Mupuxiuara.
mo-mupuxiuera. AFEAR Mupuxi. Afear-se: Iumupuxi.
ADULTERAR (se é adultério) Mupuxi-amu- APEÁVEL Mupuxiuera.
irumo; (se se trata de falsificar) Muiauerana. AFEIÇOADO Iapucuaua.
Embora e geralmente a falsificação se indique AFEIÇOADOR Iapucuausara.
pura e simplesmente pelo sufixo -rana. AFEIÇOANTE Iapucuauara.
ADULTÉRIO Amu-irumo-mupuxisaua. AFEIÇOAR Iapucuau.Afeiçoar-se: Iuiapucuau.
ADÚLTERO Amu-irumo-mupuxisara. AFEIÇOÁVEL Iapucuauera.
ADUNAR Muatire. V Acumular e comp. AFEMINADO Cunhã-rapixara.
ADUNCO Poampé-nungara, Poampé-iaué. AFETAR Muama. V Fingir e comp.
ADUZIR Rure. V Trazer e comp. AFETO Xaisusaua, Iapucuausaua.
ÁDVENA Suaiauara. AFIAÇÃO Saimbesaua.
ADVENTÍCIO Suaiauera. AFIADO Saimbé, Saimé.
ADVERSADOR Suainhana-sara. AFIADOR (quem afia) Saimbesara.
ADVERSANTE Suainhana-uara. AFIADOURO Saimbetyua.
ADVERSAR Musuainhana. AFIANTE (que afia) Saimbeuara.
ADVERSÁRIO Suainhana. AFIAR Saimbé, Musaimbé. Afiar-se: Iusaimbé.
ADVERSÁVEL Suainhana-uera. AFIÁVEL Saimbeuera, Saimbeyua.
ADVERSIDADE Suainhana-saua. AFILHADO, A (do homem) Rayrangaua; (da
AFÃ Saciana. mulher) Membyrangaua.
AFADIGADAMENTE Maraári-rupi. AFINAL Opuacape, Opauacape.
AFADIGADO Maraare. AFIRMAÇÃO Umbuetesaua, Eengaua.
AFADIGADOR Maraaresara. AFIRMADO Mu-een [dito sim], Iumbuetéua.
AFADIGAMENTO Maraaresaua. AFIRMADOR Eengara, Iumbuetasara.
AFADIGANTE Maraareuara. AFIRMANTE Iumbueteuara.
AFADIGAR Mumaraare, Mumaraári. Afa- AFIRMAR Mu-een [responder sim], Iumbueté,
digar-se: Maraári, Maraare. Musupi (especialmente se é com fatos), Mu-
AFADIGATÓRIO Maraaretyua. pitasoca (se antes de afirmação é sustenta-
AFADIGÁVEL Maraareuera. ção). Afirmo o que sei: Xambueté maá-icé
AFAGAR Muiaru. V Acariciar e comp. xacuao. Afirmo a verdade: Icé xamu-supi.
AFAMADAMENTE Sakena-rupi. Afirma o que viu: Omupitasoca maá-oma-
AFAMADO Sakena. Nome afamado: Cera- ana.
sakena. AFIRMÁVEL Musupiuera, Ombueteuera.
AFAMAR Musakena. AFLIÇÃO Saciara.
AFAMADOR (quem dá fama): Musakenasara. AFLITO Saci, Tecó-tembé.
AFANOSO Saciara. AFLUENTE Paranã-racanga.
AFASTADAMENTE Apecatu-rupi. AFLUIR Unhana-paranã-kiti.
AFASTADÍSSIMO Apecatu-eté. AFOGADO Oyca. Morto afogado: Oycambyra.
AFASTADO Apecatua, Tiricana, Ruakeyma. AFOGADOR Oycasara.
AFASTADOR Tiricasara. AFOGADOURO Oycatyua.
AFASTAMENTO Tiricasaua. AFOGAMENTO Oycasaua.
AFASTANTE Tiricauara. AFOGANTE Oycauara.
AFASTAR Tirica. Afastar-se: Iutirica. Fazer ou AFOGAR Oyca, Euyca. Afogar-se: Iuoyca.
ser feito afastar: Mutirica. Afasta!: Tiririca! Fazer ou ser feito afogar: Muoyca.
AFÁVEL Iuru-ceen, Nheenga-ceen, Soryuara. AFOGÁVEL Oycauera, Oycatéua.
AFOITAMENTO

AFOITAMENTO Kyrimbaua-rupi. AGITADOURO Ipuirityua.


AFOITAR Mukyrimbau. Afoitar-se: AGITANTE Puiriuara.
Iukyrimbau. AGITAR Puíre, Puíri. Agitar no fundo: Puiri-
AFOITO Kyrimbaua, Iaueté, Cikiéyma. De pype. Agitar-se: Iupuíre.
primeiro ímpeto: Iepé-recé-uara. AGITÁVEL Puireuera, Puiritéua.
AFORMOSEAR Mupuranga. V. Embelezar e AGLOMERAR Muatire. Aglomerar-se: Iumua-
comp. tire. V. Acumular e comp.
AFORTUNADO (especialmente na caça) Maru- AGLUTINAR Muatire-icyca-suí.
piara. AGONIZAR Manó-putare.
AFRONTADO Muuiuáki. AGORA Cuire. Agora mesmo: Cuirete. Desde
AFROUXADO Muapocaua, Pitasocayma. agora: Cuire-suí. Agorinha: Cuire-nhunto.
AFROUXADOURO Muapocatyua. AGOURADOR Maraunasara, Saimosara.
AFROUXADOR Muapocasara. AGOURANTE Maraunauara, Saimouara.
AFROUXAMENTO Muapocasaua. AGOURAR Maraúna, Saimbó, Saimó. Agou-
AFROUXANTE Muapocauara. rar-se: Iusaimbó.
AFROUXAR Muapoca, Muapoc. Afrouxar-se: AGOURENTO Maraunauera, Saimotéua.
Iumuapoca. AGOURO Maraúna, Maraunasaua, Marauna-
AFROUXÁVEL Muapocauera. yua, Saimbosaua.
AFUGENTAR Muiauau. V. Fugir e comp. AGRADAR Mory, Sory. Agradar-se: Iumory.
AFUNDAR (da canoa) Mupypyca. Afundar-se: AGRADECEDOR Mucuecatusara.
Iupypyca. V. Alagar e comp. AGRADECER Mucuecatu.
AFUSAR Musainti. AGRADECIDO Cuecatu. Muito agradecido:
AGACHADO Iuiatucaua. Cuecatu-reté.
AGACHADOURO Iuiatucatyua. AGRADECIMENTO Cuecatusaua.
AGACHADOR Iuiatucasara. AGRADO Soryua.
AGACHAMENTO Iuiatucasaua, Iuiatucayua. AGRE Saí.
AGACHANTE Iuiatucauara. AGREDENTE [part. pres. de agredir] Sorecéuara,
AGACHAR Iuiatuca. Fazer ou ser feito aga- Soreceuera.
char: Muiuiatuca. AGREDIR Só-recé. O agrediu à faca: Osó kicé
AGAMI Iacami. irumo i recé. Logo [que] aparece o agride:
AGARRAR Picica. Agarrar-se: Iupicica. V. Ieperecé oiumucameen osó i recé.
Pegar e comp. AGREGAÇÃO Iapucuaua.
AGASALHAR Muiucuca. AGREGADO Iapucuau.
AGASTAR Mupiá-ayua. Agastar-se: Iumupiá- AGREGADOR Iapucuausara.
-ayua. AGREGANTE Iapucuauara.
ÁGATA Itakytã. AGREGÁVEL Iapucuauera.
AGATOIDE Itakytã-nungara. AGRESSÃO Sorecé-saua.
AGAVE Pytá. AGRESSOR Sorecesara.
AGIGANTADOR Muasusara. AGRESTE Caapora, Caauara.
AGIGANTAMENTO Muasusaua. AGRILHOADO Ipucuareté.
AGIGANTANTE Muasuuara. AGRILHOADOR Pucuareté-sara.
AGIGANTAR Muasu. Agigantar-se: Iumuasu; AGRILHOAMENTO Pucuaretesaua.
(em altura) Muiaueté, Iumuiaueté; (em AGRILHOANTE Pucuareteuara.
grossura) Iumuturusu, Muturusu. AGRILHOAR Pucuareté.
ÁGIL Curuteua. AGRILHOÁVEL Pucuareteuera.
AGILIDADE Curutesaua. AGRUPADO Muatire-iepé-uasu.
AGILMENTE Curute-rupi. AGRUPADOR Muatire-iepé-uasusara.
AGITAÇÃO Ipuirisaua. AGRUPAMENTO Muatire-iepé-uasusaua.
AGITADO lpuíri. Muito agitado: Puiripora. AGRUPANTE Muatire-iepé-uasuara.
AGITADOR Puirisara. O instrumento: Puiriyua. AGRUPAR Muatire-iepé-uasu.
ALARGÁVEL

AGRUPÁVEL Muatire-iepé-uasuera. AJUDA Putyrun, Aiury, Pitimun.


ÁGUA Y. Água benta: Tupanay. Água corren- AJUDADOR Putyirungara, Pitimungara, Piti-
te: Y-ceryca. Água da chuva: Amanay. Água mü-sara, Aiurysara.
estagnada: Ypoiuca. Água imprestável: Ypa- AJUDANTE Aiuryuara, Putirungara, Pitimun-
nema. Água morta: Yapó-paua. Água que- gara.
brada: Ytu. Água viva: Yapó-asu. AJUDAR Putyrun, Aiury, Pitimun.
ÁGUA ARREBENTADA Ypuca, Yumpuca; (com AJUDÁVEL Aiuryuera.
estrondo) Ypopoca; (estrondando e crescen- AJUDÓRIO [ ajutório, adjutório] Putyrungaua,
do) Ypororoca. Aiury-saua, Pitimungaua.
AGUAÇAL Ytyua, Ypaua. AJUNTADO Muatire.
AGUACEIRO Amana-ayua. AJUNTADOR Muatiresara.
AGUARDADO Saru. AJUNTAMENTO Muatiresaua; (de gente pa-
AGUARDADOR Sarusara. ra ajudar nas derrubadas, para preparar a
AGUARDAMENTO Sarusaua. roça ou para outros trabalhos campestres)
AGUARDANTE Saruuara. Aiury, Puxirun (rio Negro), Putyrun
AGUARDAR Saru. (Solimões).
AGUARDÁVEL Saruuera. AJUNTANTE Muatireuara.
AGUARDENTE Cauy. AJUNTAR Muatire. Ajuntar-se: Iumuatire.
AGUÇADO Santi. AJUNTÁVEL Muatireuera.
AGUÇADOR Santisara. AJUSTADO Mungaturu.
AGUÇAMENTO Santisaua. AJUSTADOR Mungaturusara.
AGUÇAR Musantl. Aguçar-se: Iusanti. AJUSTAMENTO Mungaturusaua.
AGUÇÁVEL Santiuera. AJUSTANTE Mungaturuuara.
AGUDEZA Santisaua; (do entendimento) Iacu- AJUSTAR Mungaturu; (tratando com alguém)
saua; (da vista) Cesáetésáua; (do ouvido) Euaky.
Iapisáetésáua. AJUSTÁVEL Mungaturuuera.
AGUDO Santi. AJUSTE Euakysaua.
AGUENTADO Ipitasoca. ALACRIDADE Kirimbasaua.
AGUENTADOR Pitasocasara. ALADO Pepuuara, Pepupora.
AGUENTAR Pitasoca. Aguentar-se: Iupitasoca. ALAGAÇÃO Pypycasaua.
ÁGUIA Uirá-uasu. ALAGADO Ipypyca.
AGUILHOAR Iéki. Aguilhoar e irritar: Iekitaia. ALAGADOR Pypycasara.
AGULHA Auy. ALAGANTE Pypycauara.
AGULHADA Auypora. ALAGAR Pypyca. Alagar-se: Iupypyca. Fazer
AGULHEIRO (o pequeno estojo) Auy-reru; (a alagar: Mupypyca.
almofada) Auy-mucaturusara. ALAGÁVEL Pypycauera-yapô.
AGUTI Acuty. ALAMBIQUE Mutykyreuara, Tykyretyua.
AÍ Ape. Aí mesmo: Apecatu, Ape-eté. ALARDE Mucameen-meengaua.
AI! Ai. ALARDEADO Mucameen-meen.
AINDA Eenen, Eeraen, Raen, Ranhe. ALARDEADOR Mucameen-meengara.
AIPIM Macaxera. ALARDEAR Mucameen-meen.
AIRI (coqueiro bravo) Airi; (a árvore) Airiyua. ALARGADO Mupecu, Imutepire.
AJEITADO Euaky. ALARGADOR Mupecusara.
AJOELHAÇÃO Iunepiasaua. ALARGAMENTO Mupecusaua.
AJOELHADO Iunepiá. ALARGANTE Mupecuuara.
AJOELHADOR Iunepiasara. ALARGAR Mupecu, Mpuca. Alarga a cova da
AJOELHADOURO Iunepiarendaua. mandioca: Omupecu manicuia. O rio até
AJOELHANTE Iunepiauara. aí vem estreito, depois alarga muito: Paranã
AJOELHAR Iunepiá. ocica ape catu icaua, ariré ompuca eté.
AJOELHÁVEL Iunepiauera. ALARGÁVEL Mupecuuera.
ALARVE

ALARVE [comilão] Tyarausu. ALÉM Suai. O que está além: Suaia. Que é de
ALAVANCA Itapecu. além: Suaiauara. Além disso: Iarpe.
ALBACORA (casta de peixe) Caraoatá. ALENTADAMENTE Kyrimbaua-rupi.
ALBURNO (das plantas) Yapity. ALENTADO Kyrimbau, Kyrimbá.
ALÇADO Muticu, Eatire. ALENTADOR Mukyrimbausara.
ALÇADOR Muticusara, Eatiresara. ALENTAMENTO Mukyrimbaua, Mukyrimbá-
ALÇAMENTO Muticusaua, Eatiresaua. -saua.
ALCANÇADO Pocusó. ALENTANTE Mukyrimbauara.
ALCANÇADOR Pocusosara. ALENTAR Mukyrimbau.
ALCANÇAMENTO Pocusosaua. ALENTÁVEL Mukyrimbauera.
ALCANÇANTE Pocusouara. ALENTO (hálito) Mpeú; (entusiasmo) Kyri-
ALCANÇAR Pocusó. mbaua.
ALCANÇÁVEL Pocusouera. ALERTA! Manhana!
ALÇANTE Muticuara, Eatireuara. ALESTAR [tornar lento] Mungaturu.
ALCANTILADO Iauaté-eté. ALFEIRE Taiasu, Caisara.
ALÇAPÃO (para apanhar pássaros) Uirapuca; ALFINETE Auy.
(para animais em geral) Arapuca. ALGAZARRA Sacé-sacemosaua.
ALÇAR (pendurando) Muticu; (elevando) ALGENTE (álgido) Irusanga-eté.
Eatire. ALGODÃO Amaniú.
ALÇÁVEL Muticuuera, Eatireuera. ALGODOAL Amaniutyua.
ÁLCOOL Cauy-reté. ALGODOARIA Amaniú-munhangaua.
ALCOÓLICO Cauy-reté-uara. ALGODOEIRO Amaniuyua. Quem trabalha o
ALCOOLISMO Cauy-reté-saua. algodão: Amaniú-munhangara.
ALCOVA Ocapy. ALGUÉM Iepé, Auá, Mira, Iepemira, Auaé.
ALCOVITEIRA Amanaié. ALGUIDAR Nhaen, Nhaembé.
ALDEADO Tauauara. ALGUM Amu-amu.
ALDEADOR Mutauasara. ALGUMA COISA Iepé maá, Maanhungara.
ALDEAMENTO Taua. ALGURES Iepé-rendaua-kiti.
ALDEANTE Mutauauara. ALHAL Yuá-cematyua.
ALDEÃO Tauapora. ALHANADO Mupema.
ALDEAR Mutaua; Aldear-se: Iumutaua. ALHANAR Mupema.
ALDEÁVEL Mutauauera. ALHO Yuá-cema.
ALDEIA Taua. ALI Mime. Ali mesmo: Mimecatu.
ALDEOLA Tauamiri. ALIADO Camarara (corrup. de camarada).
ALEGRADO Musory. ALIANÇA Camararasaua.
ALEGRADOR Musorysara. ALIAR Mucamarara.
ALEGRÃO Sorysaua-uasu. ALICERCE Epy.
ALEGRAR Musory; Alegrar-se: Iumusory. ALICORNE Camitaú, Inhumã.
ALEGRE Sory. ALIENADO Acangayma.
ALEGRIA Sorysaua. ALIMENTAÇÃO Umbaúsáua, Uiupuysaua.
ALEIJADO Apara; (do braço) Iyua-apara; (da ALIMENTADOR Uiupuysara.
mão) Pô-apara; (do pé) Py-apara; (da per- ALIMENTANTE Uiupuyuara.
na) Retimã-apara. ALIMENTAR Uiupuy.
ALEIJADOR Muaparasara. ALIMENTÁVEL Uiupuyuera.
ALEIJAMENTO Aparasaua. ALIMENTO Tembiú, Temiú.
ALEIJANTE Muaparauara. ALIMPAR Iuci. V Limpar e comp.
ALEIJAR Muapara. Aleijar-se: Iumuapara. ALINDADO Mupuranga.
ALEIJÁVEL Muaparauera. ALINDADOR Mupurangasara.
ALEIVE Marandyua. Puité-saua. ALINDAMENTO Mupurangasaua.
ALEIVOSO Marandyuauara, Puité-uara. ALINDANTE Mupurangauara.
AMADURECIDO

ALINDAR Mupuranga. ALTEÁVEL Muiaueteuera.


ALINDÁVEL Mupurangauera. ALTERCAR Maramunhã. V Brigar e comp.
ALINHADO Musatambyca. ALTERNADAMENTE Iucouiare-rupi.
ALINHADOR Musatambycasara. ALTERNADO Iucouiare.
ALINHAMENTO Musatambycasaua. ALTERNADOR Iucouiaresara.
ALINHANTE Musatambycauara. ALTERNAMENTO Iucouiaresaua.
ALINHAR Musatambyca. Alinhar-se: Iumusa- ALTERNANTE Iucouiareuara.
tambyca. ALTERNAR Iucouiári.
ALINHAVADO Iauyca-ayua. ALTERNÁVEL Iucouiareuera.
ALINHAVAR Auyca-ayua, Auyca-iaué-nhunto. ALTEZA Iaueté-saua.
ALINHÁVEL Musatambycauera. ALTÍSSIMO Ãeté. Terra altíssima: Yuy-ãeté.
ALINHAVO Iauyca-ayuasaua. ALTO Iaueté, Pucu, Iaté; (como sufixo nos
ALISADO Muciryma. compostos) Ã, Ãn.
ALISADOR Mucirymasara. ALTURA Iaueté-saua.
ALISAMENTO Mucirymasaua. ALUADO Iacanga-ayua.
ALISANTE Mucirymauara. ALUMIAÇÃO Mucandeasaua, Mucendysaua.
ALISAR Muciryma. ALUMIADO Mucandea, Imucendy, Ueréu.
ALISÁVEL Mucirymauera. Alumiado-se: Iuueréu.
ALIVIADO Mucyma. ALUMIADOR Mucandeasara, Mucendysara.
ALIVIADOR Mucymasara. ALUMIANTE Mucandeauara, Mucendyuara.
ALIVIAMENTO Mucymasaua. ALUMIAR Mucandêa (corrup. de candeia),
ALIVIANTE Mucymauara. Mucendy.
ALIVIAR Mucyma. ALUMIÁVEL Mucandeauera, Mucendyuera.
ALIVIÁVEL Mucymauera. ALVA Coema-eté, Coemeté.
ALÍVIO Mucymasaua. ALVAIADE Tauatinga-iaué.
ALfAVA Ueyua-reru. ALVAR (cor) Tuixinga; (qualidade) Iacuayma.
ALMA Anga. ALVOR Coematinga, Mumurutingasaua.
ALMA-DE-GATO Uirá-paié. ALVORADA Ara-iupirungaua.
ALMEfADO Saru-eté. ALVORECER Coema-uri, Ara-iupirun.
ALMETADOR Saru-etesara. ALVORECIDO Coemana.
ALMETAMENTO Saru-etesaua. ALVOROÇADAMENTE Mupuxi-rupi.
ALMEfANTE Saru-eteuara. ALVOROÇADO Imupuxi.
ALMEJAR Saru-eté. ALVOROÇADOR Mupuxisara.
ALMEJÁVEL Saru-eté-uera. ALVOROÇANTE Mupuxiuara.
ALMOFADA Acangapaua. ALVOROÇAR Mupuxi. Alvoroçar-se: Iumupuxi.
ALONGADAMENTE Mupucu-rupi. ALVOROÇÁVEL Mupuxiuera.
ALONGADO Mupucu. ALVOROTO [alvoroço] Mupuxisaua.
ALONGADOR Mupucusara. ALVURA Murutingasaua.
ALONGAMENTO Mupucusaua. AMA (dona da casa) Maitinga (mãe branca).
ALONGANTE Mupucuuara. AMACACADO Macaca-iaué.
ALONGAR Mupucu. Alongar-se: Iumupucu. AMACIAR Muicyma. V Alisar e comp.
ALONGÁVEL Mupucuuera. AMA-DE-LEITE Icambysara.
ALPENDRE Copiara; Teiupá. AMADO Ixaisu; (desejado) Iucyua.
ALTAR Aratira. AMADOR Xaisusara.
ALTEADO Muiaueté, Mupucupire. AMADURECEDOR Mutinhariísara.
ALTEADOR Muiauetesara. AMADURECER Mutinharií, Iutinharií.
ALTEAMENTO Muiauetesaua. AMADURECIMENTO Intinhariísaua.
ALTEANTE Muiaueteuara. AMADURECENTE Iutinharüuara, Mutinharü-
ALTEAR Muiaueté, Mupucupire. Altear-se: uara.
Iumuiaueté. AMADURECIDO Mutinharií.
AMADURECÍVEL

AMADURECÍVEL Iutinharuuera. AMASSADO Cancira, Sosoen.


ÂMAGO Sainha, Rainha, Pyterasaua. AMASSADOR Cancirasara. O instrumento com
AMAMENTAÇÂO Mucambysaua. que se amassa: Cancirayua, Sosoenyua.
AMAMENTADO Imucamby. AMASSADOURO Canciratyua, Sosoentyua.
AMAMENTADORA Mucambysara, Icambysara. AMASSADURA Cancirasaua, Sosoengaua.
AMAMENTANTE Mucambyuara. AMASSANTE Cancirauara, Sosoengara.
AMAMENTAR Mucamby. Amamentar-se: Iu- AMASSAR Cancira, Sosoen, Camiryca.
camby. AMASSÁVEL Cancirauera.
AMAMENTÁVEL Mucambyuera. AMÁVEL Xaisuara, Xaisuera.
AMANCEBAR-SE V Amasiar-se. AMAZONA AMAZONICA (casta de papagaio)
AMANHÃ Uirandé. Curica.
AMANHECEDOR Coemasara. AMAZONA FARINOSA (casta de papagaio)
AMANHECENTE Iucoemauara. Aiuru.
AMANHECER Iucoema. AMAZONA FESTIVA (casta de papagaio) Ué.
AMANSADO Iapucuau. AMAZONAS (o rio) Surima.
AMANSADOR Iapucuausara. AMBAÚBA [embaúba] Embayua.
AMANSAMENTO Iapucuausaua, Iapucuaua. AMBÉ [áspero, rugoso] Uamé, Uambé.
AMANSANTE Iapucuauara. Putare-eté-saua.
AMANSAR Iapucuau. Amansar-se: Iuiapucuau. AMBICIOSO Putare-eté-pora.
AMANSÁVEL Iapucuauera. AMBICIONAR Putare-eté.
AMANTE Xaisuuara. AMBIGUIDADE Satambyca-yma-saua.
AMAR Xaisu. Amar-se: Iuxaisu. AMBÍGUO Satambyca-yma.
AMARELADO Tauá-iaué, Tauaxinga. AMBOS Iaué-moco!n.
AMARELECEDOR Mutauasara. ÂMBULA DOS SANTOS ÓLEOS Iandycaryua-
AMARELECER Iumutauá; (tornar amarelo) -ireru, Indy-ireru.
Mutauá. AMEAÇA Mucikié-saua.
AMARELECENTE Mutauauara. AMEAÇADO Imucikié.
AMARELECIDO Mutauá. AMEAÇADOR Mucikiésára.
AMARELECIMENTO Mutauasaua. AMEAÇANTE Mucikiéuára.
AMARELECÍVEL Mutauauera. AMEAÇAR Mucikié.
AMARGADO Muiraua. AMEAÇÁVEL Mucikiéuéra.
AMARGADOR Muirauasara. AMEDRONTADO Imuiauí.
AMARGANTE Muirauauara. AMEDRONTADOR Muiauí-sara.
AMARGAR Muiraua. Fazer-se amargo: Iumui- AMEDRONTAMENTO Muiauí-saua.
raua. AMEDRONTANTE Muiauí-uara.
AMARGÁVEL Muirauauera. AMEDRONTAR Muiauí, Mupia-cikié.
AMARGO Iraua. AMEDRONTÁVEL Muiauí-uera.
AMARGOR Irauasaua. AMEJU Ameiú.
AMARRA Tupaxama. AMENIDADE Musory-xinga-saua.
AMARRAÇÃO Pucuarisaua. AMENIZADO Musory-xinga.
AMARRADO Ipucuári. AMENIZADOR Musory-xinga-sara.
AMARRADOR Pucuarisara. AMENIZANTE Musory-xinga-uara.
AMARRANTE Pucuariuara. AMENIZAR Musory-xinga.
AMARRAR Pucuari. Amarrar-se: Iupucuári. AMENIZÁVEL Musory-xinga-uera.
Fazer, tornar amarrado: Mupucuári. AMENO Sory-xinga.
AMARRÁVEL Pucuariuera. AMIDO Typyaca, Suaiauara.
AMARRILHO Ixama, Piasaua, Typoia. AMIGAÇÃO Iauasasaua.
AMA-SECA Tainha purasara. AMIGADO Iauasa, Imuiauasa.
AMÁSIA Iauasa. AMIGANTE Iauasauara, Muiauasa-uara.
AMASIAR-SE Iuiauasa. AMIGAR Iauasa, Muiauasa.
ANIMADAMENTE

AMIGÁVEL Muiauasa-uera. AMPLIÁVEL Muasupireuera.


AMIGO Anama, Camarara. AMPLIDÃO Uasusaua. Pela amplidão do céu:
AMIZADE Anamasaua. Iuaca iuasusaua rupi.
AMOFINADO Iucacy. AMPLO Uasu.
AMOFINADOR Iucacysara. AMPUTAR Munuca. V. Cortar e comp.
AMOFINAMENTO Iucacysaua. ANACARDEIRO [cajueiro l Caiuyua.
AMOFINANTE Iucacyuara. ANACARDO [caju] Caiú.
AMOFINAR Iucacy, Mupanema, Mupiá-miri. ANAJÁ Anaia.
AMOFINÁVEL Iucacyuera. ANAJAZAL Anaiatyua.
AMOLAÇÃO Musaimbé-saua, Coeré-saua. ANAJAZEIRO Anaiayua.
AMOLADO (afiado) Musaimbé, (aborrecido) ANAJÉ Anaié.
Coeré. ANÁLOGO Cuaiaué, Maiaué.
AMOLADOR Musaimbé-sara, Coeré-sara. ANALOGIA Maiaué-saua.
AMOLANTE Musaimbé-uara, Coeré-uara. ANALÓGICO Maiaué-uara.
AMOLAR Musaimbé (figurado), Coeré. ANAMBÉ Uanambé.
AMOLÁVEL Musaimbé-uera, Coeré-uera. ANANÁS Nana. Ponta do ananás: Nana-ara-
AMOLECEDOR Membecasara. pecuma.
AMOLECENTE Mumembecauara, Imembeca- ANANAZAL Nanatyua.
uara. ANANAZEIRO Nanayua.
AMOLECER Iumembeca. Tornar mole: Mu- ANCA Sumby; [curva do rio] Paranã-pepena-
membeca. saua.
AMOLECIDO Membeca, Memeca. ANCIÃ Uaimy.
AMOLECIMENTO Membecasaua. ANCIANIDADE Tuiueua, Uaimysaua.
AMOLECÍVEL Membecauera. ANCIÃO Tuiué.
AMONTOADO Muatire. ANDADA [caminhada] Uataua, Sosaua.
AMONTOADOR Muatiresara. ANDADO Só, Isó.
AMONTOAMENTO Muatiresaua. ANDADOR Sosara, Uatauara.
AMONTOANTE Muatireuara. ANDAIME Uirau.
AMONTOAR Muatire. Amontoar-se: Iumua- ANDAR Só, Uatá. Andar de cego: Uatá cesá-
tire. yma nungara.
AMONTOÁVEL Muatireuera. ANDARILHO Yuy-uara-eté.
AMOR Xaisusaua. ANDIROBA Iandyraua.
AMORÁVEL Xaisuera. ANDIROBAL Iandyraua-tyua.
AMOROSO Xaisuara, Cunhãuara. ANDIROBEIRA Iandyraua-yua.
AMORTALHADO Imanoana-pupesaua. ANDORINHA Miuí, Miauí, Dirá-tapera, Uirá-
AMORTALHADOR Imanoana-pupesara. -piti.
AMORTALHAMENTO Imanoana-pupesaua. ANDORINHÃO Puruti.
AMORTALHANTE Imanoana-pupeuara. ANEGADO [afogado] Oycambira.
AMORTALHAR Imanoana-pupesaua. ANEGAR [afogar; inundar] Oyca, Manõ-para-
AMORTALHÁVEL Imanoana-pupeuera. name.
AMPARADO Ipoirõn. ÂNFORA Yngasaua, Yasaua.
AMPARADOR Poirõngara. ANGÁ Ingá.
AMPARANTE Poirõngara. ANGU Mingau.
AMPARAR Poirõn. Amparar-se: Iupoirõn. ÂNGULO Openasaua. Ângulo da casa: Oca
AMPARO Poirõngaua. openasaua.
AMPLIAÇÃO Muasupiresaua. ANGULOSO Openasaua-pora.
AMPLIADO Muasupire. ANHINGA Carara.
AMPLIADOR Muasupiresara. ANIL Caasuky, Caasukyra.
AMPLIANTE Muasupireuara. ANIMAÇÃO Muangaua.
AMPLIAR Muasupire. Ampliar-se: Iumuasupire. ANIMADAMENTE Muanga-rupi.

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ANIMADO

ANIMADO Muanga. ANTECÂMARA Ocapy-tenondé-uara.


ANIMADOR Muangara. ANTECEDÊNCIA Tenondé-saua.
ANIMAL Soó. ANTECEDENTE Tenondé-uara.
ANIMALAÇO Sooasu. ANTECEDENTEMENTE Tenondé-rupi.
ANIMALÃO Sooturusu. ANTECEDER (se vai) Sô tenondé; (se vem) Uri
ANIMALEJO Sooi. tenondé.
ANIMALIDADE Soosaua. ANTECESSOR Tenondé-sara. Que morreu an-
ANIMALZINHO Soó-miri. tes: Tenondé-ambyra.
ANIMA-MEMBECA [tipo de erva] Caá-mem- ANTECIPAÇÃO Tenondé-cicasaua.
beca. ANTECIPADO Icicana-tenondé.
ANIMAR Muanga, Muturusu-i-piá, Mukyri- ANTECIPADOR Tenondé-cicasara.
mbau. ANTECIPANTE Tenondé-cicauara.
ÂNIMO Kyrimbaua, Cikieyma, Anga, Inti- ANTECIPAR Cica-tenondé; (quando a anteci-
cikié! O ânimo das coisas: Maaitá-anga. pação é muita) Cica coemana eté.
Adianta-se com ânimo: Osorecé kyri- ANTEGOSTAR Iucy-tenondé.
mbaua. Ânimo! nâo quero ninguém detrás: ANTEGOSTO Tenondé-iucysaua.
Inti cikié! Inti xaputári mira cé casakire. ANTEMANHÃ Coema-tenondé.
ANINHADO Musuaetyana. ANTEMÃO Tenondé-rupi.
ANINHADOR Musuaetysara. ANTENOME Cera-tenondé-uara.
ANINHAMENTO Musuaetysaua. ANTEPARO Taipara.
ANINHANTE Musuaetyuara. ANTEPASSADO Epy, Iyua. Morto antes: Te-
ANINHAR Musuaety, Munhã-suaety. nondé-ambyra. Os nossos antepassados
ANINHÁVEL Musuaetyuera. eram donos destas terras: Iané iyua oicoana
ANIQUILADO Itycapau, Itycapauana. cua tetama iara.
ANIQUILADOR Itycapausara. ANTEPOEDOR Tenondé-enúsara.
ANIQUILAMENTO Itycapausaua, Itycapaua. ANTEPOENTE Tenondé-enúuara.
ANIQUILANTE Itycapauara. ANTEPOR Enú-tenondé. Antepor-se: Iuenú-
ANIQUILAR Itycapau. Aniquilar-se: Iuitycapau. tenondé, Enu-rain-tenondé.
ANIQUILÁVEL Itycapauera. ANTEPOSIÇÃO Tenondé-enúsaua.
ANJO Carayauaué. ANTEPOSTO Tenondé-enú.
ANO [intervalo de tempo] Acaiú. ANTERIOR Tenondé-uara.
ANO [ânus] Tiputicuara, Xicuara, Ricuara. ANTERIORIDADE Tenondé-saua.
ANOITECER Pituna-ocica, Pituna-uri. ANTE-SALA Ocapy-tenondé-uara.
ANOITECIDO Pituna-ocicana, Pituna-uriana. ANTESIGNANO [porta-estandarte] Tenondé
ANÔNIMO Cera-yma. mucameengara.
ANOSO Tuiueana, Uuimyana. ANTES Tenondé, Renondé, Cenondé, Teno-
ANSA Nambi. Ansa do pote: Camuti-nambi, né, Renoné, Cenoné.
Yngasaua -nambi. ANTÍDOTO Pusanga.
ÂNSIA Tecô-tembéua. ANTIGAMENTE Cociyma-rupi.
ANSIADO Tecô-tembé. ANTIGO Cociymauara, Cociymana, Cocy-
ANSIANTE Tecô-tembeuara. uara.
ANSIOSAMENTE Tecô-tembé-rupi. ANTIGUIDADE Cociyma-saua, Cocysaua.
ANSIOSO Tecô-tembeuera. ANTIQUALHA Cociyma-uera.
ANTA Tapyira; (quando pode haver dúvida que ANTIQUÍSSIMO Cociyma-uara-eté.
se fale de boi) Tapyra-caapora. ANTRAZ Iatyi-ayua.
ANTAGÔNICO Suaiana. ANTRO Yuy-cuara.
ANTAGONISMO Suaiasaua. ANTROPOFAGIA Mira-usaua.
ANTAGONISTA Suaiauara. ANTROPÓFAGO Mira-usara.
ANTANHO Cueceuana. ANU (casta de ave): Anú, Anuí, Anucoroca.
ANTEBRAÇO Iyua-rupitá. ANUAL Acaiuara.
APARECIMENTO

ANUALMENTE Opain-acaiú-rupi. APAGADOURO Mbueú-tyua.


ANUÊNCIA Eré-munhangaua. APAGAMENTO Mbueú-saua.
ANUENTE Eré-munhangara. APAGANTE Mbueú-uara.
ANUIR Eré-munhã. APAGAR (soprando) Mbueú, Mueú.
ANULADO Mueú, Mueuana. APAGÁVEL Mbueú-uera, Mbueú-téua.
ANULADOR Mueú-sara. APAIXONADAMENTE Xaisu-eté-rupi.
ANULAMENTO Mueú-saua. APAIXONADO Ixaisu-eté, Angacuayua, Xaisu-
ANULANTE Mueú-uara. pora.
ANULAR Mueú. APAIXONADOR Xaisu-eté-sara.
ANULÁVEL Mueuera. APAIXONANTE Xaisu-eté-uara.
ANUNCIAÇÃO Tenondé-nheêngarasaua. APAIXONAR Xaisu-eté. Apaixonar-se: Iuxai-
ANUNCIADO Tenondé-nheêngara. su-eté. Fazer apaixonar: Muxaisu-eté.
ANUNCIADOR Tenondé-nheêngarasara. APAIXONÁVEL Xaisu-eté-uera.
ANUNCIAR Nheêngara-tenondé. APALAVRADO Munheêngana, Nheêngameên.
ANUNCIANTE Tenondé-nheêngarauara. APALAVRADOR Munheêngasara.
ANUNCIÁVEL Tenondé-nheêngarauera. APALAVRAMENTO Munheêngasaua.
ANÚNCIO Nheêngarauara, Papera-nheêngara- APALAVRANTE Munheêngauara.
uara. APALAVRAR Munheênga, Munguetá. Apala-
ANURO Sauayma, Rauayma, Sura. vrar-se: Iumunheênga, Iumunguetá.
[ÂNUS V Ano.] APALAVRÁVEL Munheêngauera.
ANUVIADO Muikiá, Muikiana. APALPADO Ipoên, Ipoêngana, Ipopoca, Ipo-
ANUVIADOR Muikiá-sara. pocana.
ANUVIAMENTO Muikiá-saua. APALPADOR Poêngara, Popocasara.
ANUVIANTE Muikiá-uara. APALPAMENTO Poêngaua, Popocasaua.
ANUVIAR Muikiá.0 céu se anuvia: Iuaca APALPANTE Poêngara, Popocauara.
omuikiá. APALPAR Poên, Popuca, Popoca, Picica. Apal-
ANUVIÁVEL Mukiá-uera. par-se: Iupoên, Iupopuca. Fazer apalpar:
ANZOL Pindá, Piná. Mupoên, Mupopuca; (jrequentativo) Poên-
ANZOLADO Pindá-iaué, Pindá-iaué-xinga, -poên.
Pindá-rangaua. APALPÁVEL Poêngara, Popocauera.
ANZOLARIA Pindá-munhangaua. APANCADO Iuapyca.
ANZOL-DO-DIABO [casta de planta espinhosa] APANHADO Ipicica, Ipicicana.
Yurupary-pindá. APANHADOR Picicasara.
ANZOLEIRO Pindá-munhangara. APANHAMENTO Picicasaua.
AO Kiti, Recé, Píri, Supé. Foi ao seu encontro: APANHANTE Picicauara.
Osó i recé. Foi ao mato buscar lenha: Osó APANHAR Picica. Fazer apanhar: Mupicica.
caá kiti ocicári iepeá arama. Dirigiu-se ao Fazer-se apanhar: Iumupicica.
chefe: Osó satambyca tuixaua píri. APANHÁVEL Picicauera.
AONDE Mapé?, Makiti?, Macatu? APAPÁ [casta de peixe] Apapá.
AO PASSO QUE Nhaã pucusaua. APARADO Ipoú, Pouana, Munucana.
APADRINHADO Mupaiangauauana. APARADOR Poú-sara, Munucasara.
APADRINHADOR Mupaiangauasara. APARAMENTO Poú-saua, Munucasaua.
APADRINHAMENTO Mupaiangauasaua. APARANTE Poú-ara, Munucauara.
APADRINHANTE Mupaiangauauara. APARAR Poú, Munuca.
APADRINHAR Mupaiangaua. Apadrinhar-se: APARÁVEL Poúéra, Munucauera.
Iumupaiangaua. APARECEDOR Iumucameêngara, Iumucuau-
APADRINHÁVEL Mupaiangauauera. sara.
APAGADAMENTE Mbueú-rupi. APARECER Iumucameên, Iumucuauana.
APAGADO Mbueuana. APARECIMENTO Iumucameêngaua, Iumucu-
APAGADOR Mbueú-sara. au-saua.
APARELHADO

APARELHADO Mucatu. APEGÁVEL Muapicicauera.


APARELHADOR Mucatusara. O que serve pa- APELIDADO Cenoe, Cenoi. V Chamar e comp.
ra aparelhar: Mucatuyua. APÊNDICE Pacuaua.
APARELHADOURO Mucatutyua, Mucaturen- APENSO Pucuau.
daua. APERCEBER Maan-apecatu-suí.
APARELHAMENTO Mucatusaua. APERFEIÇOAR Mungaturu-puranga.
APARELHANTE Mucatuara. APERTADO Camiryca, Imuantá, Tipiy, Po-
APARELHAR Mucatu. Aparelhar-se: Iumucatu. mana.
APARELHÁVEL Mucatuera. APERTADOR Camirycasara, Muantasara, Ti-
APARENTADO Anama. piysara, Tipiycasara, Pomanasara.
APARENTAR Muanama. Aparentar-se: Iuanama. APERTADOURO Camirycatyua, Muantatyua,
APARTADO Imutirica, Mutiricana. Tipiytyua.
APARTADOR Mutiricasara. APERTANTE Camirycauara, Muantauara, Ti-
APARTAMENTO Mutiricasaua. piyuara, Pomanauara.
APARTANTE Mutiricauara, Mutiricauera. APERTAR Camiryca; (entesando) Muantá;
APARTAR Mutirica, Musaca. Apartar-se: Iu- (prensando) Tipiy. Apertar a mão: Pomana.
mutirica. APERTÁVEL Camirycauera, Muantauera, Ti-
APARVALHADO Iacuayma. piyuera, Pomanauera.
APARVALHADOR Muiacuayma-sara. APERTO Camirycasaua, Muantasaua, Tipiy-
APARVALHAMENTO Muiacuayma-saua. saua, Pomanasaua.
APARVALHANTE Muiacuayma-uara. APETECER Iucei.
APARVALHAR Muiacuayma. Aparvalhar-se: APETECIDO Iucei.
Iumucuayma. APETÊNCIA Iuceisaua.
APARVALHÁVEL Muiacuayma-uera. APETECÍVEL Iuceiuera.
APAVORADO Cikié-eté, Iauy-eté, Cikié-pora. APETENTE Iuceiuara.
APAVORADOR Muiauy-eté-sara. APETITIVO Iuceisaua.
APAVORAMENTO Muiauy-eté-saua. ÁPICE Puasapesaua.
APAVORANTE Muiauy-eté-uara. APIEDADO Morauasu.
APAVORAR Muiauy-eté. APIEDAR-SE lumorauasu.
APAVORÁVEL Muiauy-eté-uera. APLACADO Muceen.
APAZIGUADO Mupytuu. APLACADOR Muceengara.
APAZIGUADOR Mupytuusara. APLACAMENTO Muceengaua.
APAZIGUAMENTO Mupytuusaua. APLACAR Muceen.
APAZIGUANTE Mupytuu-uara. APLAINADO Imupema.
APAZIGUAR Mupytuu. Apaziguar-se: Iumu- APLAINADOR Mupemasara.
pytuu. APLAINAMENTO Mupemasaua.
APAZIGUÁVEL Mupytuu-uera. APLAINANTE Mupemauara, Mupemayua.
APEDREJADO Itá-iapypora. APLAINAR Mupema.
APEDREJADOR Itá-iapysara. APLAINÁVEL Mupemauera.
APEDREJADOURO Itá-iapytyua. APLAUDIR Uacemo-catu, Onheen-eré-catu.
APEDREJAMENTO Itá-iapysaua. APLAUSO Erecatu-nheengaua, Eré-uacemo-
APEDREJANTE Itá-iapyuara. saua.
APEDREJAR Iapy-itá, Iapy-itá-mira-pupé. APODRECENTE Iumusaué-uara.
APEDREJÁVEL Itá-iapyuera. APODRECER Iuca, Iumusaué.
APEGADO Muapicica. APODRECIDO Iucana, Saué.
APEGADOR Muapicicasara. APODRECIMENTO Iucaua, Sauéua.
APEGADOURO Muapicicatyua. APOIADO Pitasoca, Iusocana.
APEGAMENTO Muapicicasaua. APOIAR Pitasoca. Apoiar-se contra alguma
APEGANTE Muapicicauara. coisa: Iusoca. Apoiar moralmente: Pytymu.
APEGAR Muapicica. Apegar-se: lumuapicica. APOIO Pitasocaua, Pytymusaua.
APRUMANTE

APONTADO Santi. APRESADOR Aua-opicíca-kyrimbaua-rupi,


APONTADOR Musantisara. Mundeusara.
APONTAMENTO Musantisaua. APRESAR Picica-kyrimbaua-rupi, Mundéu.
APONTANTE Musantiuara. APRESENTAÇÃO Munameêngaua.
APONTAR (jazer a ponta) Musanti; (come- APRESENTADO Mucameên, Mucameêngaua.
çar a aparecer) Iumu-cameen. Apontar-se: APRESENTADOR Mucameêngara.
Iumusanfi. APRESENTAR Mucameên.
APONTÁVEL Musantiuera. APRESSADAMENTE Curutêuana, Curutê-rupi.
APOPLEXIA Manopuxi. APRESSADO Mucurutê, Sanhên-oicó.
APORTADO Iariana. APRESSADOR Mucurutêsara. Sanhên-oicosara.
APORTADOR Iarisara. APRESSAMENTO Mucurutêsaua, Sanhen-oico-
APORTADOURO (lugar onde se pode apor- saua.
tar) Iarityua. APRESSANTE Mucuruteuara, Sanhen-oico-
APORTAMENTO Iarisaua. uara.
APORTANTE Iariuara. APRESSAR Mucurute.Fazerapressar: Musanhên.
APORTAR (chegar ao porto) Iári, Muiare. Estar com pressa: Icosanhen.
APORTÁVEL Iariuera. APRESTADO Mungaturuana.
APÓS Ariré, Casakire. APRESTADOR Mungaturusara.
APOSENTO Ocapy. APRESTADOURO Mungaturu-tendaua.
APOSSAR Muiara. Apossar-se: Iumuiara. APRESTAMENTO Mungaturusaua.
APOSTEMA lati. APRESTANTE Mungaturuuara.
APOSTEMAR Muiati. APRESTAR Mungaturu. Aprestar-se: Iumun-
APOSTEMÁTICO Muiatiuera. gaturu.
APOUCADO Munembae, Mucuaíra. APRESTÁVEL Mungaturuera.
APOUCADOR Munembaesara, Mucuairasara. APRESTO Mungaturusaua.
APOUCAMENTO Munembaesaua, Mucuaira- APRIMORAR Munhã-puranga-pire. Aprimo-
saua. rar-se: Iumunhã-puranga-pire.
APOUCANTE Mucuairauara, Munembauara. APROFUNDAR Iumutipy-pire.
APOUCAR Mucuaíra, Munembae. Apoucar- APRONTADO Mpaua.
-se: Iumucuaíra, Iumumiri. APRONTAR Mpau.
APRAZER Iuiucuau; Puranga. APROPINQUAR Cica-ruake.
APRECIAR Uacemo-catu, Uacemo-puranga. APROPRIAR-SE Picica-iara-iaaué, Iumunhã-
APREENDEDOR Picicasara. -iara.
APREENDER Picica. APROVAÇÃO Eê-munhãngaua.
APREENSÃO Picicasaua. APROVADO Ee-munhãna.
APREENSÍVEL Picícauera. APROVADOR Ee-munhãngara.
APREENSÓRIO Picicauara. APROVAR Ee-munhã, Nheên-eré.
APREGOADO Sacemoana. APROXIMAÇÃO Ruakesaua.
APREGOADOR Sacemosara. APROXIMADO Muruake.
APREGOADOURO Sacemotaua. APROXIMADOR Muruakesara.
APREGOAMENTO Sacemosaua. APROXIMANTE Muruakeuara.
APREGOANTE Sacemouara. APROXIMAR Muruake. Aproximar-se: Iumu-
APREGOAR Sacemo. Fazer apregoar: Musa- ruake.
cemo. APROXIMÁVEL Muruakeuera.
APREGOÁVEL Sacemouera. APRUMAÇÃO Musatambyca-saua.
APRENDER Iumbué. APRUMADO Musatambycaua.
APRENDIDO Iumbueana. APRUMADOR (quem apruma) Musatambyca-
APRENDÍVEL Iumbué-uera. sara; (o instrumento que serve para apru-
APRENDIZ Iumbuéua, Iumbué-uara. mar) Musatambyca-yua.
APRENDIZAGEM Iumbué-saua. APRUMANTE Musatambyca-uara.
APRUMAR

APRUMAR Musatambyca. AQUINHOADOR Putaua-meengara.


APUÍ Apuí. AQUINHOAMENTO Putaua-meengaua.
APUIZEIRO Apuiyua. AQUINHOAR Meen-putaua. Aquinhoar-se:
APUPADA Mutimunheengaua-puxi. Piamo-i-putaua.
APUPADO Mutimunheen-puxi. AQUISIÇÃO Pirepanasaua.
APUPADOR Mutimunheengasara-puxi. AQUOSIDADE Ysaua.
APUPANTE Mutimunheengauara-puxi. AQUOSO Yuara.
APUPAR Mutimunheen-puxi. AR Angaí, Peiua.
APUPÁVEL Mutimunheengauera. ARAÇÁ (casta de fruta) Arasá.
APUPO Mutimunheenga-puxi. ARAÇARI (casta de pequeno tucano) Arasari.
APURAÇÃO Mutykysaua. ARAÇAZAL Arasatyua.
APURADO Mutyky, Tykyra. ARAÇAZEIRO Arasayua.
APURADOR Mutykysara. ARAGEM Iuytuí.
APURADOURO Mutykytyua. ARAGUARI (casta de arara) Arauari.
APURANTE Mutykyuara. ARAGUARITÓ (casta de macaco) Arauató.
APURAR Mutyky. Apurar-se: Iumutyky. ARAME Itá-inimbu.
APURÁVEL Mutykyuera. ARANEIFORME Iandu-iaué.
AQUAQUÁ (casta de sapo) Acuacuá. ARANHA Iandu, Ianduocy, Caiarara.
AQUÁRIO Ytyua. ARANHEIRA Iandu-kisaua.
AQUÁTICO Yuara. ARANHIÇO Iandu-miri.
AQUECEDOR Musacusara. ARAPABACA (erva-lombrigueira) Arapauaca.
AQUECEDOURO Musacutyua. ARAPAPÁ (casta de pássaro) Arapapá.
AQUECENTE Musacuuara. ARAPONGA (casta de ave) Uirapunga.
AQUECER Musacu. ARAPUÁ (abelha preta) Arapuã.
AQUECIDO Musacuua, Musacuana. ARAPUCA (casta de armadilha) Uirapuca.
AQUECÍVEL Musacuuera. ARAQUAM (casta de pássaro) Arancuan.
AQUELE Nhaã (pi.: nhaaitá). Aquele que: Auá. ARARA (a grande, vermelha) Arara; (outra
Aquele outro: Nhaã-amu. Aqueles outros: vermelha menor) Arauari; (a celeste escura)
Nhaã-amuitá. Araruna; (a azul e amarela) Canindé, Arari.
AQUÉM Cuá suindape. ARARUTA Araruta, Araruca.
AQUENTAR V Aquecer e comp. ARATICUM (casta de fruta) Araticu.
AQUI Iké. De aqui: Iké-suí. Até aqui: Iké- ARATICUNZEIRO Araticu-yua.
-nhunto. Aqui mesmo: Iké-catu; Por aqui: ARBITRADO Putári-iaué.
Iké-rupi. Perto daqui: Iké-ruake. Para aqui: ARBITRADOR Iaué-putarisara.
Iké-kiti. ARBITRAMENTO Iaué-putarisaua.
AQUI ESTÁ (só mostrando) Cusucui; (ofere- ARBITRANTE Iaué-putariuara.
cendo) Misucui. ARBITRAR Putári-iaué.
AQUIETAÇÃO Pytuu-saua. ARBITRÁRIO Iaué-putári-pire.
AQUIETADO Pytuu, Pytuua. ARBITRÁVEL Iaué-putariuera.
AQUIETADOR Pytuu-sara. ARBÓREO Caauara, Yuapara, Yuauara.
AQUIETANTE Pytuuara. ARBORESCENTE Yua-iaué, Iyua-cerane.
AQUIETAR Pytuu, Pituu. Aquietar-se: Iupituu. ARBORIZAÇÃO Caá-iutimasaua.
AQUIETÁVEL Pytuuera. ARBORIZADO Caá-iutima.
AQUÍFERO Ypora. ARBORIZADOR Caá-iutimasara.
AQUILATADOR Cecuiara-munhãngara. ARBORIZANTE Caá-iutimauara.
AQUILATAR Munhã-cecuiara. ARBORIZAR Iutima-caá.
AQUILHADO Ygara-sainha-iaué. ARBORIZÁVEL Caá-iutimauera.
AQUILO Uá-uaé. ARBUSTO Yuai, Caá-miri.
AQUINHOADO Oicó-putaua. Ser ou ficar ARCA Patuá.
aquinhoado: Muicó-putaua. ARCABUZ Mucaua.
ARRANCANTE

ARCABUZEIRO Mucaua-iapysara. ARIDEZ Xirycasaua.


ARCADO Apara. ÁRIDO Xirycaua, Ticanga.
ARCADURA Aparasaua. ARMAÇÃO Potysaua; (da teia em trama no te-
ARCANO Iumimisaua. ar) Muamamesaua; (para rede) Muamesaua.
ARCEBISPO Paí-uasu. ARMADILHA (de laço) Iusana; (para apanhar
ARCHOTE Turi, Turiuá. mamíferos) Mundé, Muné, Caamundé;
ARCO Myrapara. (para apanhar macacos) Commuca, Co-
ARDÊNCIA Caysaua, Taiasaua, Cendé-saua. mbura; (para pássaros) Uirapuca; (para
ARDENTE Cayuara, Taiauara, Cendé-uara. peixes) Matapi, Mucera, Cacuri, Pary, Ieky,
ARDENTEMENTE Putári-eté-rupi. Pary-membeca.
ARDER (das comidas apimentadas) Taia; (das ARMADOR (onde se ata a rede) Potysara; (da
comidas e bebidas e de tudo que irrita) Cay; teia) Muamamesara, Muamesara.
(do fogo que queima) Cené, Cendé; (se se ARMAR (a rede para dormir) Poty, Puamo; (a
trata do ardor por este produzido) Sacu. trama no tear) Muamame.
ARDIDO (de arder) Cayua, Taiaua, Sarna; AROIDEA (casta de plantas) Taia, Uarumã,
(valente) Kyrimbaua. Manara, Mancara.
ARDIL Iacua. AROMA Sakenasaua.
ARDILEZA Iacusaua. AROMÁTICO Sakenaua.
ARDILOSAMENTE Iacua-rupi. AROMATIZADOR Sakenasara.
ARDILOSO Iacu. AROMATIZANTE Sakenauara.
ARDOR Sacu, Sacusaua. AROMATIZAR Sakena.
AREADO Kytinucaua, Kytinucana. AROMATIZÁVEL Sakenauera.
AREADOR Kytinucasara. ARPÃO (a haste) Iatyca; (a ponta) Itapoan,
AREADOURO Kytinucatyua. Iatycayua.
AREAL Yuycuityua. ARPÉU Xapu.
AREAMENTO Kytinucasaua. ARPOAÇÃO Cutucasaua.
AREANTE Kytinucauara. ARPOADO Cutucaua, Cotucana.
AREAR Kytinuca, Kytinuoca. ARPOADOR Cutucasara.
AREÁVEL Kytinucauera. ARPOADOURO Cutucatyua.
AREENTO Yuycui-uera. ARPOANTE Cutucauara.
AREIA Yuycui. ARPOAR Cutuca.
ARENÁCEO Yuycuiua. ARPOÁVEL Cutucauera.
ARENÍFERO Yuycui-pora. ARPOEIRA Tupaxama.
ARENIFORME Yuycui-iaué. ARQUEADO Muaparaua.
ARENOSO Yuycui-uara. ARQUEADOR Muaparasara.
ARGILA Tauatinga; (própria para panelas) ARQUEADOURO Muaparatyua.
Nhaun, Nhaúma. ARQUEAMENTO Muaparasaua.
ARGILÍFERO Tauatinga-pora. ARQUEANTE Muaparauara.
ARGILIFORME Tauatinga-iaué. ARQUEAR Muapara. Arquear-se: Iumuapara.
ARGILOSO Tauatingauara. ARQUEÁVEL Muaparauera.
ARGOLA (ou gancho que se põe nos quartos ARQUIFORME Myrapara-iaué.
para armar a rede) Oca-auyca. ARRAIA Iauyra.
ARGÚCIA Iacusaua. ARRAIAL (aldeia) Taua; (lugar de arraias)
ARGUCIOSO Iacua. Iauyra-tyua, Iauyra-ypaua. Arraial aban-
ARGUMENTAR Munguetá. donado: Taua-cuera, Tapera.
ARGUMENTAÇÃO Munguetasaua. ARRAIGAR Iuiutima.
ARGUMENTADO Munguetaua. ARRANCADO Musacaua, Musacana.
ARGUMENTADOR Munguetasara. ARRANCADOR Musacasara.
ARGUMENTANTE Munguetauara. Argumen- ARRANCAMENTO Musacasaua.
tante pouco hábil: Munguetauera. ARRANCANTE Musacauara.
ARRANCAR

ARRANCAR Musaca. ta mais ou menos violentamente); Paranã-


ARRANCÁVEL Musacauera. -ompuca (o rio que arrebenta a margem);
ARRANCHAR-SE (em viagem, para passar a Pororoca (mais especialmente o arrebentar
noite) Mumitasaua. das águas, que em ondas alterosas contra-
ARRANHADO Caraên, Caraêngana. riam a corrente perto da foz dos rios).
ARRANHADOR Caraêngara. ARREBENTÁVEL Mpucauera, Pororocauera.
ARRANHAMENTO Caraêngaua. ARREBOL (de manhã) Coema-piranga; (de
ARRANHÃO Caraênga. tarde) Caruca-piranga.
ARRANHAR Caraên, Carai Arranhar-se: Iuca- ARRECADA Namipora, Nambipora.
raên. ARRECADAÇÃO Muatiresaua.
ARRANHÁVEL Caraiuera. ARRECADADO Imuatire, Muatireana.
ARRASADO Muyuycuyua. ARRECADADOR Muatiresara.
ARRASADOR Muyuycuysara. ARRECADADOURO Mautiretyua.
ARRASAMENTO Muyuycuysaua. ARRECADANTE Muatireuara.
ARRASANTE Muyuycuyuara. ARRECADAR Muatire.
ARRASAR Muyuycuy. ARRECADÁVEL Muatireuera.
ARRASÁVEL Muyuycuyuera. ARREDA! Retirica!
ARRASTADO Xikiua, Xikiana, Xiki, Maranan. ARREDAR V Afastar e comp.
ARRASTADOR Xikisara. ARREDONDADO Muapuãua.
ARRASTADOURO Xikityua. ARREDONDADOR Muapuãsara.
ARRASTAMENTO Xikisaua, Maranangaua. ARREDONDAMENTO Muapuãsaua.
ARRASTANTE Xikiuara. ARREDONDANTE Muapuãuara.
ARRASTÃO Xiki-eté-saua. ARREDONDAR Muapuã, Muiapuã. Arredon-
ARRASTAR Xiki. Arrastar-se: Iuxiki. dar-se: Iumuapuã.
ARRASTÁVEL Xikiuera. ARREDONDÁVEL Muapuãuera.
ARRAZOADO Satambyca-nheên. ARREFECER Muro!n.
ARRAZOADOR Satambyca-nheêngara. ARREFECEDOR Muroingara.
ARRAZOAMENTO Satambyca-nheêngaua. ARREFECIMENTO Muroingaua.
ARRAZOAR Nheên-satambyca. ARREGANHAR Puca-puca-puxi.
ARRE! (no rio Negro) Socó!; (no Solimões) ARREGIMENTAR Muacare.
Será! ARRELIA Mupirusaua.
ARREBATADO Piurua. ARRELIADOR Mupirusara.
ARREBATADOR Piurusara. ARRELIAR Mupiru.
ARREBATADOURO Piurutyua. ARREMATAR (o comprador) Pirepana ocameên
ARREBATAMENTO Piurusaua. osacemo uá; (o vendedor) Cameên osacemo
ARREBATANTE Piuruara. uá.
ARREBATAR Piuru. Fazer ou ser feito arreba- ARREMEDADO Muiaueuá.
tar: Mupiuru. Mandar arrebatar: Piurucári. ARREMEDADOR Muiauesara.
ARREBATÁVEL Piuruera, Piurutéua. ARREMEDAR Muiaué, Munhãsangaua.
ARREBENTAÇÃO (d'água) Y-umpucapaua, ARREMEDO Muiaué-saua.
Y-mpucapaua. ARREMESSADO lapyuá.
ARREBENTADA (a água) Y-umpuca, Ypuca. ARREMESSADOR Iapysara.
ARREBENTADO Mpucana, Mpucaua, Poro- ARREMESSANTE Iapyuara.
roca. ARREMESSAR Iapy (em geral qualquer que
ARREBENTADOR Mpucasara, Pororocasara. seja o objeto que se arremessa, embora to-
ARREBENTAMENTO Mpucasaua, Pororoca- me o nome da arma o objeto arremessado;
saua. Assim:) Arremessar o arpão, arpoar: Iatyca;
ARREBENTANTE Mpucauara, Pororocauara; Arremessar a flecha, flechar: Iumu.
(a água) Y-umpucapora, Ypucasara. ARREMESSÁVEL Iapyuera.
ARREBENTAR Mpuca (de tudo que arreben- ARREMETEDOR Soecé-sara.
ASPEREZA

ARREMETEDURA Soecé-saua. zendo saltar) Mpuca; (jazendo dobrar)


ARREMETENTE Soecé-uara. Mupena.
ARREMETER Soecé, So-recé. ARROMBÁVEL Mucuarauera.
ARREMETIDO Soeceuá, Soecé. ARROZ Auafiy.
ARREMETÍVEL Soecé-uera. ARROZAL Auatiytyua.
ARREMETIDAMENTE Soecé-saua-rupi, Soecé- ARRUFADO Moirõn, Piá-ayua.
sara-iaué. ARRUFADOR Moirõngara.
ARRENEGAÇÃO Roirõngaua. ARRUFAR Moirõn.
ARRENEGADOR Roirõngara. ARRUFO Moirõngaua.
ARRENEGAR Roirõn. Logo depois arrenegou ARRUÍDO Sacemosaua.
a fé de Deus: Curute suí oroirõn Tupana ARRUINADO Canhemopaua.
tecô. ARRUINAR Canhemopau.
ARREPENDER I piá omunguetá oiuiuíre. ARRUMAÇÃO Mucaturusaua.
ARREPIADO Piriua. ARRUMADO Mucaturuá.
ARREPIADOR Piringara. ARRUMADOR Mucaturusara.
ARREPIAR (do corpo) Pirin; (de uma super- ARRUMADOURO Mucaturutyua.
fície lisa) Apixaln, Perereca; (de susto) ARRUMANTE Mucaturuara.
Iumúni; (de febre) Porora, Tueí. ARRUMAR Mucaturu.
ARREPIO Pirlngaua. ARRUMÁVEL Mucaturuera.
ARRIBAÇÃO Cemasaua. ARTE Iupanasaua.
ARRIBADO Cerna. ARTEFATO Iupanaua.
ARRIBADOR Cemasara. ARTELHO Pinhoá, Pinoá.
ARRIBANTE Cemauara. ARTÉRIA Tuí-saíca.
ARRIBAR Cerna; (do peixe) Piracema. ARTICULAÇÃO Penasaua; (do braço) Iyua-
ARRIBÁVEL Cemauera. penasaua; (da perna) Retimã-penasaua.
ARRIMADIÇO Poiãn-uera, Muiusocauera. ARTICULADO Penaua-penana, Mupena.
ARRIMADO Poiãn, Muiusocaua. ARTICULADOR Mupenasara.
ARRIMADOR Poiãngara, Muiusocasara. ARTICULANTE Mupenauara.
ARRIMAR Poiãn, Muiusoca. Arrimar-se para ARTICULAR Mupena.
erguer-se: Iupoian. Arrimar-se para não ARTÍFICE Munhãngara; (quando é artista e
cair: Iumu-iusoca; (no sentido de ajudar) trabalha com suas mãos) Iupanasara.
Pytumü. ARTRITE Penasaua-maci.
ARRIMO Poiãngaua, Muiusocasaua, Pytumü- ARUBÉ (casta de molho) Arumbé, Arumé.
saua. ÁRVORE Yua; (frutífera): Yá-yua, Yuá-yua.
ARRIPADO Taipauá, Taipana. ARVOREDO (crescido naturalmente) Caá; (de
ARRIPADOR Taipasara. plantas frutíferas) Yá-yua-tyua.
ARRIPADOURO Taipatyua. ASA Pepu, Uirá-yua.
ARRIPAMENTO Taipasaua. ASCENDÊNCIA (da raça) Mira-yuasaua.
ARRIPANTE Taipauara. ASCENDENTE Mira-yua; (de subir) Eatire-
ARRIPAR Taipa. uara.
ARRIPÁVEL Taipauera. ASCENDER Eatíri, Iatíri; (subindo o rio) Yapire.
ARROGÂNCIA Iuaeté-saua. ASCENSÃO Eatiresaua.
ARROGANTE Iauaeté. ASCENSO Eatire, Eatireana.
ARROJADO Kyrimbaua-eté; (quando o arro- ASCENSOR Eatiresara.
jo é a serviço de maus instintos) Puxiua-eté. Asco laca, Iacaru.
ARROMBAÇÃO Mucuarasaua. ASMA Angaueraua.
ARROMBADO Mucuara. ASMÁTICO Angaueraua-pora, Angauerauana.
ARROMBADOR Mucuarasara. ASPECTO Sangaua.
ARROMBANTE Mucuarauara. ASPEREZA Icysaua, Saimbé-saua, Uambé-
ARROMBAR (jazendo buraco) Mucuara; (ja- saua, Yá-namãsaua.
ASPERGENTE

ASPERGENTE Mupypycauara, Mupypycasara. ASSETEAR Iumu.


ASPERGIR Mupypyca. ASSIM Iaué, Cuaiaué, Cuaié, Aeté. Assim as-
ASPERMO Sainha-yma. sim: Iaué-iaué. Assim realmente: Cuaiaué-
ÁSPERO Icy; (por ser rombo) Saimbé; (rugo- -catu. Assim somente: Cuaié-nhunto. Assim
so) Uambé; (dos líquidos espessos) Yanamã. mesmo: Iaué-tenhe, Cuaiaué-tenhe. Será
ASPERSÃO Mupypycasaua. assim?: Cuaiaué ipô? Assim é: Aeté-supi.
ASPERSOR Mupypycasara. ASSINALADO Caá-pepena, Sangaua-eníi.
ASPERSÓRIO Mupypycauara; Mupypycayua. ASSINALADOR Caá-pepenasara, Sangaua-eníi-
ASPIRAÇÃO Pytysaua. sara.
ASPIRADO Pytyuá. ASSINALAMENTO Caá-pepenasaua, Sangaua-
ASPIRADOR Pytysara. -eníisaua.
ASPIRANTE Pytyuara. ASSINALANTE Caá-pepenauara, Sangaua-eníi-
ASPIRAR Pyty. uara.
ASPIRÁVEL Pytyuera. ASSINALAR (quebrando o mato, a vereda por
ASQUEROSO Muieuaru. onde se passa) Pepena-caá; (pôr qualquer
ASSABOREAR Pytin. V. Saborear e comp. sinal nas coisas) Eníi-sangaua.
ASSADO Mocaen, Saperecauá. ASSISADO Icuaua, Iacua.
ASSADOR Saperecasara, Mocaensara. ASSINAR-SE Iumuapisa.
ASSADOURO Mocaentaua, Saperecataua. ASSINATURA Iumuapisaua.
ASSADURA Mocaensaua, Saperecasaua. ASSISTÊNCIA Oicosaua.
ASSALTAR Soecé. V. Arremeter e comp. ASSISTIDO Icô, Icoana.
ASSANHADO Iuiakiuá. ASSISTIR lcô.
ASSANHADOR Iuiakisara. ASSOADA Ambiúca-saua.
ASSANHAMENTO Iuiakisaua. ASSOADO Ambiúca-ua.
ASSANHANTE Iuiakiuara. ASSOADOR Ambiúca-sara.
ASSANHAR Iuiaki. ASSOANTE Ambiucauara.
ASSANHÁVEL Iuiakiuera. ASSOAR Ambiúca, amiúca. Fazer assoar: Mua-
ASSARAPANTADO Iupatucauá. mbiúca.
ASSARAPANTAR Iupatuca. ASSOBIADA Tomunheengaua.
ASSAR (sobre o jirau a fogo lento) Mocaen; ASSOBIADOR Tomunheengara.
(expondo a peça à chama viva perto do fo- ASSOBIAR Tomunheen.
go) Sapereca. ASSOBIO [o ato de assobiar] Tomunheengaua;
ASSASSINADO Iucana. V. Matar e comp. (o instrumento) Mutumunu.
ASSEADO Iuciuá. ASSOCIAÇÃO Muatiresaua.
ASSEADOIRO Iucityua. ASSOCIADO Muatireuara.
ASSEADOR [quem asseia] Iucisara; (o que ser ASSOCIADOR Muatiresara.
ve para assear) Iuciyua. ASSOCIAR Muatire. Associar-se: Iumuatire.
ASSEAMENTO Iucisaua. ASSOLAÇÃO Mucanhemosaua.
ASSEANTE Iuciuara. ASSOLADO Mucanhemo.
ASSEAR Iuci. Assear-se: Iuiuci. ASSOLADOR Mucanhemosara.
ASSEMELHAR V. Semelhar e comp. ASSOLANTE Mucanhemouara.
ASSENTADO Uapicauá, Uapicana. ASSOLAR Mucanhemo.
ASSENTADOR Muapicasara. ASSOPRADO Peiúa
ASSENTANTE Uapicauara. ASSOPRADOR Peiú-sara.
ASSENTAR Uapica. Fazer assentar: Muapica. ASSOPRAMENTO Peiú-saua.
ASSENTO Uapicasaua. ASSOPRANTE Peiú-uara.
ASSETEADO Iumuá. ASSOPRAR Peiú, Mpeiú. Fazer assoprar: Mu-
ASSETEADOR Iumusara. peiú.
ASSETEAMENTO Iumusaua. ASSOPRÁVEL Peiú-uera.
ASSETEANTE Iumuuara. ASSUSTADO Mucikiéua.
ATRASANTE

ASSUSTADOR Mucikiéuára. ATIVAMENTE Iaté-rupi.


ASSUSTAR Mucikié. ATIVIDADE Iaté-saua.
ASTUTO Iacua. ATIVO Iaté.
ATABAFADO Pokéua. ATOLADO Tooman.
ATABAFADOR Poké-sara. ATOLADOR Toomangara.
ATABAFADOURO Poké-taua. ATOLADOURO Tyiucatyua, Tyiucataua.
ATABAFAR Poké. ATOLAMENTO Toomangaua.
ATADO Pucuare. ATOLANTE Toomãn-uara.
ATADOR Pucuaresara. ATOLAR Toomã, So-ypype-tyiúca-pupé.
ATADURA Pucuaresaua; (dos pés, para trepar ATOLEIMADO Iacuayma.
nas árvores) Peconha; (que serve para conser- ATOLEIRO Tyiucapaua.
var aberta a porta da casa indígena) Peasaua. ATORDOADO Mupatuca, Pitua-pitá.
ATALAIA [lugar] Xipiacasaua; (quem está de ATORDOADOR Mupatucasara.
atalaia) Xipiacasara. ATORDOAMENTO Mupatucasaua.
ATALAIADO Xipiacaua. ATORDOANTE Mupatucauara.
ATALAIAR Xipiaca, Opitá-omaan-arama. ATORDOAR Mupatuca, Pitá-pitua, Pitá-iacua-
ATALHADO Soaenti, Soaentiana, Soaentiua. yma.
ATALHADOR Soaentisara. ATORDOÁVEL Mupatucauera.
ATALHAMENTO Soaentisaua. ATORMENTADO Muporaraua.
ATALHANTE Soaentiuara. ATORMENTADOR Muporarasara.
ATALHAR Soaenti, Soanti. ATORMENTADOURO Muporarataua.
ATALHÁVEL Soaentiuera. ATORMENTAR Muporará.
ATALHO Soaentiua, Soaentityua. ATRACAÇÃO Iuiarisaua, Iaiumanasaua.
ATEADO Mundycaua. ATRACADO Iuiariana, Iaiumana.
ATEADOR Mundycasara. ATRACADOR Iuiarisara, Iaiumanasara.
ATEADOURO Mundycataua. ATRACADOURO Iuiarityua, Iaiumanataua.
ATEAMENTO Mundycasaua. ATRACANTE Iuiariuara, Iaiumanauara.
ATEANTE Mundycauara. ATRACAR (da embarcação ao porto) Iuiare,
ATEAR Mundyca. Iuiári; (atracar-se para lutar) Iaiumana; (uma
ATEÁVEL Mundycauera. embarcação a outra) Picyca (rio Negro).
ATELA (casta de macaco) Coatá. ATRACÁVEL Iuiariuera.
ATENÇÃO [concentração] Iuapicicasaua; [en- ATRAENTE Cekyuara.
tendimento] Cendusaua. ATRAÍDO Cekyuá, Cekyana.
ATENCIOSO Cenduua. ATRAIDOR Cekysara.
ATENDER Cendu. ATRAIMENTO Cekysaua.
ATENDÍVEL Cendu-uera. ATRAIR Ceky. Fazer atrair: Muceky.
ATENTO Iuapicicaua, Iuapicicana. ATRAÍVEL Cekyuera.
ATENUAR Mucuaíra, Mupuí. ATRAPALHADO Patucana.
ATERRAR (encher com terra) Muepy. ATRAPALHADOR Patucasara.
ATESTAÇÃO Supi-umbué-saua. ATRAPALHAMENTO Patucasaua.
ATESTADO Supi-umbuéua. ATRAPALHANTE Patucauara.
ATESTADOR Supi-mbué-sara. ATRAPALHAR Patuca. Atrapalhar-se ou ser
ATESTANTE Supi-mbué-uara. atrapalhado: Iupatuca.
ATESTAR Umbué-supi. ATRAPALHÁVEL Patucauera.
ATESTÁVEL Supi-mbué-uera. ATRAPALHADIÇO Patucauera.
ATIÇAR V Atear e comp. ATRÁS Casakire, Sacacuera.
ATILHO Pucusaua, Pucuaresaua, Potysaua. ATRASADO Casakire, Casakireana.
ATIRADO Iapyuá. ATRASADOR Casakiresara.
ATIRADOR Iapysara. ATRASAMENTO Casakiresaua.
ATIRAR Iapy. ATRASANTE Casakireuara.
ATRASAR

ATRASAR !ficar atrás) Opitá-casakire; (chegar AUMENTANTE Muceía-uara.


atrás) Ocica-casakire; (estar atrás) Oicó- AUMENTAR Muceía. Aumentar-se: Iumuceía.
-casakire; (deixar atrás) Oxiare-casakire. AUMENTÁVEL Muceía-uera.
ATRASÁVEL Casakireuera. AURA Iuitu-miri, Iuitu-puranga.
ATRAVESSADO Iasasaua, Iasasana. ÁUREO Itá-iuá-uara.
ATRAVESSADOR Iasasausara. AURÍFERO Itá-iuá-pora.
ATRAVESSADOURO Iasasautaua. AURORA Coema-piranga.
ATRAVESSAMENTO Iasasausaua. AURORESCER Coema-iupirangaua.
ATRAVESSANTE Iasasauara. AUSÊNCIA Iauaua.
ATRAVESSAR Iasasau, Iasau. Atravessar-se: AUSENTAR-SE Iauau.
Iusasau. Fazer atravessar: Muiasau. AUSENTE fauá.
ATREVIDO Iauaeté. AUTOR Munhangara.
ATREVIMENTO Iauaeté-saua. AUTORIDADE Munducári-saua; (quem tem o
ATRIBUIÇÃO Muaú-saua. poder) Munducári-uara.
ATRIBUÍDO Muaú. AUTORIZAR Munhã-mundu.
ATRIBUIDOR Muaú-sara. AUXILIADO Putyrõn.
ATRIBUINTE Muauara. AUXILIADOR Putyrõngara.
ATRIBUIR Muaú. AUXILIAR Potyrõn. V. Ajudar e comp.
ATRIBUÍVEL Muauera. AUXÍLIO Potyrõngaua.
ATRIBULAÇÃO Caneú-saua, Cameõngaua AVALIAÇÃO Mucepisaua.
ATRIBULADO Caneuá, Cameõngá. AVALIADO Mucepiuá.
ATRIBULADOR Caneú-sara, Cameõgara. AVALIADOR Mucepisara.
ATRIBULANTE Caneú-uara. AVALIANTE Mucepiuara.
ATRIBULAR Caneú, Cameõn. Atribular-se: AVALIAR Mucepi.
Iucaneú. AVALIÁVEL Mucepiuera.
ATROCIDADE Puxiuasaua. AVANÇADO Sotenondéua.
ATROPELAÇÃO Mupirusaua. AVANÇADOR Sotenondé-sara.
ATROPELADO Mupirua, Apatuca. AVANÇAMENTO Sotenondé-saua
ATROPELADOR Mupirusara. AVANÇANTE Sotenondé-uara.
ATROPELANTE Mupiruara. AVANÇAR Sotenondé.
ATROPELAR Mupiru. Atropelar-se: Iumupiru, AVANÇÁVEL Sotenondé-uera.
Iupatuca. AVANTAJAR Mupire. Avantajar-se: Iumupire.
ATROPELÁVEL Mupiruera. AVANTE Tenondé, Cenondé, Renondé.
ATROZ Puxiua. AVANTESMA Anhanga, Anhanga-ayua.
ATTALEA SPECTABILIS Curauá, Curauayua. AVARENTO Sacaté-yma.
ATUAL Cuireuara, Cuiresara. AVAREZA Sacaté-ymasaua.
ATUALIDADE Cuiresaua. AVE Uirá.
ATUALMENTE Cuireramé, Cuire. AVELHENTAR Mutuiué, Mu-uaimy.
ATUÁVEL Omunhan-uera. AVENIDA Mairi-rapé-uasu.
ATULHAR Muiké. Atulhar-se: Iumuiké. AVERIGUAÇÃO Maungaua.
ATURÁ Uaturá. AVERIGUADO Maungá.
ATURAR Porara. V Suportar e comp. AVERIGUADOR Maungara.
ATURDIR Mupatuca. AVERIGUAR Maun.
AUDÁCIA Piauasusaua. AVERMELHADO Piranga.
AUDAZ Piauasua. AVERMELHAR Mupiranga.
AUGURAR Iucy. Augurar-se: Iumutare. V De- AVERSÃO Mutarayma.
sejar e Querer e comp. AVISADO Mbeúa; (esperto) Iacua.
AUMENTAÇÃO Muceía-saua. AVISADOR Mbeú-sara.
AUMENTADO Muceíuá. AVISANTE Mbeú-uara.
AUMENTADOR Muceía-sara. AVISAR Mbeú.
AZULADO

AVISÁVEL Mbeú-uera. AZAR Caipora-yua, Caipora-manha.


AVISO Mbeú-saua. AZARENTO Caipora.
AVISTADO Xipiauá. AZEDAR Musaí.
AVISTADOR Xipiasara. AZEDO Saí.
AVISTAR Xipiá. AZEDUME Saí-saua.
AVIÚ Aiiú. AZEITADO Iandyuá.
AVIVENTAR Mupisasu. AZEITADOR Muiandysara.
AVÔ Aryó-samuia, Ramuia, Tamuia; Samu- AZEITAMENTO Muiandysaua.
nha, Ramunha, Tamunha. AZEITANTE Muiandyuara.
AVÓ Aryá. AZEITAR Muiandy.
AVOENGO Tamunhauara. AZEITE (vegetal) Iandy, Nhandy, Randy;
AVULTADO Uasu. (animal) Icaua.
AVULTAR Muasu. Avultar-se: Iumuasu. AZEITE-AMARGO Nhandyraua.
AXILA Inauyra. AZIA Piá-saí.
AXILAR Inauyra-uara. AZORRAGUE Muxinga.
AZADO Catu. Espero o momento azado: Xá- AZUL Suikira.
saru ara catu. AZULADO Suikira-nungara, Suikira-iaué.
BABA Yukicé, Puy, Ty. Baba de gente: Iuru- BAFO Pytucemo.
-yukicé, Mira-yukicé. Baba de cururu: BAGA Uná.
Cururuty. Baba da árvore: Yuapuy. Baba de BAGRE Uiri.
tamanduá: Tamandoá-yukicé. BAGUARI Maguary, Mauari.
BABAÇU [o coco] Uauasu; (a planta) Uauasu- BAÍA Paranã-ypaua, Cembyua-pepenasaua.
yua. BAIACU Uaiacu.
BABADO Tyua, Iutuuma, Sururu. BAILADO Puracy, Puracyua.
BABADOR Iutuumasara, Cembé-sururusara. BAILADOR Puracysara.
BABÃO Iuiutuumauara. BAILANTE Puracyuara.
BABAR Iutuuma, Sururu-cembé. Babar-se: Iu- BAILÃO [bailadeira] Puracyuera.
iutuuma. BAILAR Puracy.
BABOSEIRA [de babar] Iutuumasaua; (coisa de BAILE Puracy, Puracysaua.
nenhum valor) Nheemanungara, Mbanun- BAINHA Auyra.
gara. BAIXA (do rio) Typyyma.
BABOSO Iutuumauera, Iacuayma. BAIXADA Oiey-taua, Eieitaua.
BACABA Yuacaua. BAIXADO Oiey-uá, Eieiuá, Yuype.
BACABAL Yuacauatyua. BAIXADOR Oieysara, Eieisara.
BACABEIRA Yuacauayua. BAIXA-MAR Paranã-eauyca.
BACABINHA Yuacaua-i. BAIXANTE Oieyuara, Eieiuara.
BACACO Uacácu. BAIXAR Oiey, Eiéi. Baixar do rio: Paranã-
BACALHAU Piraen-suaiuara. -typau.
BACIA Arguidara (corrup. de alguidar). BAIXEZA Oieysaua, Eieisaua. Baixeza do rio:
BAÇO Meré. Typyymasaua.
BACUPARI Uacupari. BAIXO Yuype, Iatuca, Iauaeté-yma. Baixo da
BACURAU Uacuraua. serra: Yuytera-tomasaua, Yuytera-py.
BACURI Uacuri. BALA Itá-apuan.
BADALO Itamaracá-mena, Itamaracá-sacunha. BALAIO Urupema, Uaraia.
BAFIO Pitiua. BALANÇA Saãngaua.
BÁSICO

BALANÇADO Iatimííngá. BARATA Araué, Uaraué.


BALANÇADOR Iatimííngara. BARATEADO Cepiasu-yma.
BALANÇAR Iatimíín. Balançar-se na rede: Iu- BARATEAR Munhã-cepiasu-yma.
iatimün. Fazer balançar: Muiatimün. Fazer- BARATEIRO Cepiasu-ymasara.
-se balançar: Iumuiatimíín. BARATEZA Cepiasu-ymasaua.
BALANÇO Iatimííngaua; (de contas) Papasaua- BARATINHA Arauerl.
-opaua. BARATO Cepiasu-yma.
BALIZA Cokera. BARBA Timoaua, Cembé-saua, Icuaua, Icuau-
BALIZADOR Cokerauara. saua.
BALIZAGEM Cokerasaua. BARBADÃO Timoauasu, Ceneuaua-asu.
BALIZAMENTO Cokerapaua. BARBADINHO [capuchinho] Pai-tucura (cau-
BÁLSAMO-DO-PARÁ Tamacoaré. sa: o capucho [que se parece com um gafa-
BAMBO [fraco, mole] Pitua, Membeca. nhoto= tucura]).
BANANA Pacoua. BARBADO Cembé-saua-uara, Timoaua-uara.
BANANAL Pacouatyua. BARBANTE Inimbu-puiana.
BANANEIRA Pacouayua. BARBAR Opiru-ocenei-icuausaua.
BANCO Uapycasaua. BÁRBARO Puxiua.
BANDA Cerna; (parte de um todo) Suaxara. BARBATANA Pirá-pepu, Pirá-iyuá.
Dividiu as mulheres em duas bandas: BARCA Yngara.
Omupitera cunhãitá mucoin cerna opé. BARCAÇA Yngarapema.
Corta uma banda para ti: Remunuca iepé BARCO Yngara. Barco de guerra: Maracatl.
suaxara iné arama. BARLAVENTO Iuitu-cembyua. A barlavento:
BANDO (de pássaros) Uiracema. Iuitu-cembyua-kiti.
BANHA Icauasaua, Icaua. BARQUINHA Yngara-mirl.
BANHADO Yrurua, Iasuca; (lugar que se cos- BARQUEIRO Yngarapora; (o dono) Yngara-
tuma estar banhado) Yrurutyua. -iara.
BANHADOR Iasucasara. BARRA (de ferro para levantar pesos) Itapecô;
BANHANTE Yruruuara, Iasucauara; (que se (do rio) Iuruã.
banha) Iuiasucauara. BARRACA Oca.
BANHAR Yruru. Banhar-se: Jururu. Banhar- BARRACÃO Iara-oca.
-se no rio: Iasuca. Fazer banhar: Muiasuca. BARRAGEM Pary.
BANHEIRA Iasucasaua. BARRANCO Yuyuocaua.
BANHISTA Iuiasucauara. BARRAR Mupary.
BANHO Iasucasaua. Banho frio: Iasucasaua- BARREIRA Iukyratyua.
-iru-sanga. Banho quente: Iasucasaua-sacu. BARREIRO Itá-ceen, Itá-iukyra.
Banho morno: Iasucasaua-sacuerana. BARRENTO Tyiucauera.
BANQUETE Temiuasu; (jeito ao ar livre em BARRIGA Marica. Barriga da perna: Retimãn-
que todos trazem alguma coisa) Maauasu, -ruá.
Mbaú-asu. BARRIGUDO Maricauasu, Marica-iara; (macaco)
BANQUETEADO Temiuasuara. Marica-mico, Aimoré.
BANQUETEADOR Temiuasu-meengara. BARRINHA Iuruã-í, Iuruã-mirl.
BANQUETEAR Meen-temiuasu, Munhã-mbaú- BARRO Tyiuca, Tauá-oury.
uasu. BARULHENTO Teapu-munhangara.
BANZEIRO Capenu-asu. BARULHO Teapu, Tiapu.
BARALHADO Iapatucaua. BASE Epy.
BARALHADOR Iapatucasara. BASEADO Epyua.
BARALHAMENTO Iapatucasaua. BASEADOR Epysara.
BARALHANTE Iapatucauara. BASEAMENTO Epysaua.
BARALHAR Iapatuca. Fazer baralhar: Muia- BASEAR Muepy, Munhã-epy.
patuca. BÁSICO Epyuara.
BASTA!

BASTA! Aiona, Aiana, Aioanba (G. Dias). BEBIDA Usaua, Y-usaua. Bebida de beiju fermen-
BASTANTE Oxicana, Uetepé. tado: Caxiry (rio Negro), Carimã (Solimões).
BASTÃO Posocasaua, Pocicaua. Bebida destilada: Tykyra, Tycuara. Bebida de
BASTAR Xica. beiju queimado: Paiauru. Bebida de qualquer
BASTARDO Paiayma. outra qualidade, espécie de sumo de frutas:
BATALHA Marãmunhã, Marãmunhãsaua. Caisuma. Bebida não fermentada, de farinha
BATALHADOR Marãmunhãsara. dagua e água: Cimbé, Cimé, Cibé. Bebida com
BATALHANTE Marãmunhãuara, Marãmunhã- adição de mel de abelhas: Carimbã, Carimã.
uera. Bebida em alguns lugares com adição de ovos
BATATA Iutyca. de tracajá ou tartaruga: Carimbé, Carimé,
BATATA-DOCE Cará, Inhame, Piracará etc. Caribé.
BATATAL Iutycatyua, Iutyca-rendaua. BEDELHO [pequena tranca] Sacunha, Okena-
BATEDOURO Nupá-tyua, Petecatyua. -cekindaua.
BATEDOR Nupá-sara, Petecasara. BEIÇO Cembé, Tembé, Rembé.
BATENTE Nupá-uara, Petecauara; (umbreira BEIJADO Pitéua.
[umbral]) Okena-rupitá. BEIJADOR Piteresara, Pitesara.
BATER Nupá, Peteca. Não me batas: Inti re- BEIJA-FLOR Inambi, Inami (rio Negro); Uai-
nupá ixé. Bater o rio (para pescar): Peteca- nambi, Uainumã (Solimões).
paranã. Bater (tecer) a rede: Titeá. Bater com BEIJANTE Pitereuara.
a ponta de alguma coisa contra outra: Cutuca. BEIJAR Pité, Pitera. Beijar na boca: Pitera-
Bater um objeto contra outro: Catacá. -iuru; (figuradamente) Muceen-iuru.
BATIÇÃO (classe de pescaria): Ceripaua; Paranã- BEIJO Piteresaua.
petecasaua (Solimões); Muponga, Mupunga BEIJOCA Pitepiteresaua.
(Pará). BEIJOCADOR Pitepiteresara.
BATIDA Nupá-saua, Petecasaua. BEIJOCAR Pitepitere.
BATIPUTÁ Uatiputá. BEIJÚ Mbeiú, Meiú. Beiju seco: Meiú-ticanga.
BATISMAL Mucerucauera. Beiju com tapioca: Meiucyca, Meiuicyca. Beiju
BATISMO Mucerucasaua. queimado para fazer o caxiri: Mbeiú-turua.
BATISTÉRIO Mucerucatyua. Beiju de tapioca: Typiaca, Curadá (rio Negro,
BATIZADO Mucerucaua. mas a palavra não é nheengatu, parece baré).
BATIZADOR Mucerucasara. BEIRA Cembyua, Cemyua, Rembyua, Remyua,
BATIZANTE Mucerucauera. Tembyua, Temyua.
BATIZAR Muceruca. Ser [batizado} ou fazer- BEIRA-MAR Paranã-cembyua; (se pode haver
-se batizar: Iumuceruca. dúvida) Paranã-uasu-cembyua.
BAUNILHA Ingá-sakena. BELDROEGA Caareru.
BÊBEDO Caúa. BELEZA Purangasaua.
BEBEDOURO Y-tyua. BEL-FALADOR Iuru-puranga.
BEBEDOR Usara, Yusara. BELIDA Cesá-tungu.
BEBENTE Uuara, Y-uara. BELISCADO Pixameua.
BEBER U, U-y. Em geral não se faz distinção BELISCADOR Pixamesara.
entre beber e comer, e U pode dizer tan- BELISCADURA Pixamesaua.
to uma coisa como outra; todavia, no Rio BELISCANTE Pixameuara.
Negro, reservam U exclusivamente para BELISCAR Pixame.
dizer beber, e então dizem Embaú: comer. BELISCÁVEL Pixameuera.
No Solimões, ao contrário, usando U com BELO Puranga. O belo: Purangaua.
o significado de comer, dizem U-y (beber), BEL-PRAZER Putare-pire. Começou a fazer e
quando se precisa especificar e evitar con- desfazer a seu bel-prazer: Oiupiru omunhã
fusões. iepé nungara, ariré anu nungara maiaué
BEBERICADOR Tyiucureuara. oputare pire.
BEBERICAR Tyiucure. BEM Catu, Icatu. O bem: Catuaua, Icatuaua.
BOITATÁ

BEM-AVENTURADO Tupana tecô munhanga- BÍCEPS (do braço) Yiuá-uauriru.


ra (que é do costume de Deus). BICO Uanti, Ti, Tin. Bico de arara: Ararat!. O
BEM-ESTAR Eré, Eré-catu. pica-pau bate nos paus com o bico: Arapasó
BEM-FALANTE Iuru-ceên. ocutuca ti irumo myrá.
BEM-FAZER Mucatu, Munhã-catu. BICUÍBA Iuicuí.
BEM-TE-VI Pitaua [Pitangus sulphuratus]. BICUIBEIRA Iuicuí-yua.
BEM-QUERER Xaisu. V Amar e comp. BIGODE Tembé-saua, Cembé-saua, Temé-
BÊNÇÃO Catu-iumbué-saua. saua, Cemé-saua.
BENDITO Catu-iumuceên. BILHA Myringa, Muringa.
BENDIZENTE Catu-iumuceêngara. BIRIBÁ Uiriyá, Uiriuá.
BENDIZER Iumuceên-catu. BIRIBAZEIRO Uiriuá-yua.
BENEFICÊNCIA Mucatusaua. BISPO Paiauasu.
BENEFICENTE Mucatuara. BLASFEMADOR Nheêngaayuasaua-tupana-
BENEFICIADO Mucató, Mucatu. -recé.
BENEFICIADOR Mucatusara. BLASFEMAR Nheêngaayua-tupana-recé.
BENEFÍCIO Mucatuaua. BLASFÊMIA Nheêngaayuasaua-tupana-recé.
BENÉVOLO Piá-puranga. BLOCO Rupitá. Bloco de pedra: Itá rupitá.
BENFAZEJO Mucatuara, Catu-munhãngara. BOA [cobra] Mboia, Sucuryiu.
BENFEITOR Mucatusara, Catu-munhãngara. BOA-NOITE Iané pituna.
BENS Maá-etá, Maá-itá. Bens possuídos: Recô- BOA-TARDE Iané caruca.
saua. BOBO Iacuayma.
BENZEDOR Curusá-munhãngara. BOCA Yuru, Iuru. Boca cheia: Iuru terecemo,
BENZEDURA Curusá-munhãngaua. Iuruéua. Boca cheia que vomita: Iuruena.
BENZER Munhã-curusá. Ouve-se usar tam- Boca fedorenta: Iuru inema. Boca grande:
bém Museruca, que quer dizer batizar. Iuruã, Iruasu. Boca pequena: Iurui. Boca
BERRADOR Sacé-sacemosara. torta: Iuru apara. Boca da mata (começo de
BERRANTE Sacé-sacemouera. caminho ou de picada) Caá-iuru. Boca da
BERRAR Sacé-sacemo. serra: Yuytera-iuru. Boca d' água: Iuruy.
BERRARIA Sacé-sacemosaua. BOCADINHO Cuaíra.
BERRO Sacé-sacemo. BOCADO Pysé-uera. Bocado de tempo: Ara py-
BESTA [animal] Soó; [tolo} Iacuayma. sá-uera. Bocado de comida: Temiu pysá-uera.
BESTIAL Soó-uara. BOCA-PRETA [casta de macaco} Iurupixuna,
BESTIALIDADE Soó-saua. Iuruna.
BESTIALMENTE Soó-saua-rupi. BOCEJADOR Iuru-pirá-piraresara.
BESTIDADE Iacuaymasaua. BOCEJAR Pirá-pirare-iuru.
BESTIFICANTE Muiacuayma-uara. BOCEJO Iuru-pirá-piraresaua.
BESTIFICAR Muiacuayma. Bestificar-se: Iu- BOCHECHA Rapity, Sapity.
muiacuayma. BODA Mendare-puracysaua.
BEXIGA [órgão do corpoJ Ireru; [doença da pe- BODUM Catinga, Pixé.
le] Catapora. Bexiga da urina: Carucaua- BOFE Piá-mbui-mbui.
-ireru. Bexiga do fel: Piapeara-ireru. BOFETADA Suá-petecasaua.
BEXIGA-DE-GALINHA (casta de doença da pe- BOI Tapyira; (se pode haver confusão com a
le) Catapora. anta) Tapyira-suaiauara.
BEZERRO Tapyira-membyra. BOIA Mbui-mbuisaua, Uyrysaua; Punga.
BICADA Uantisaua, Uirati-cotucasaua. Boia do espinhei: Mututy (do nome do cipó
BICADO Uantiua, Uirati-cotuca. de que éfeita).
BICADOR T!-cotucasara. BOIADOR Uyrysara; Uyuyra (Solimões).
BICANTE Ti-cotucauara BOIADOURO Mbui-mbuitaua, Uyrysauatyua.
BICAR Cotuca-ti-irumo. BOIAR Uyry.
BICÉFALO Mocoin-acanga-ireru. BOITATÁ Mbae-tatá.
BOLA

BOLA Apuã. BORRIFADOURO Mupycataua, Mupycatyua.


BOLHA Xiryry. BORRIFANTE Mupycauara.
BOLO (de farinha de mandioca) Miapé; (de BORRIFAR Mupypyca.
milho) Pamonha. BORRIFÁVEL Mupycauera.
BOLOR Saueú. BORRIFO Mupycasaua.
BOLORECER Musaué. BOSQUE Caá-uasu.
BOLORENTO Saué-uara. BOSTA Tiputy, Teputy, Reputy, Ceputy.
BOLSA (geralmente de pele trazida a tiracolo) BOSTEIRO Tiputy-turama.
Matiry; (de casca de árvore ou de outra ma- BOTA Cinero (corrup. de chinelo).
téria e especialmente destinada a levar ipa- BOTÃO (da flor) Putyra-rendaua, Putyra-ren-
du) Takyra. daua-miri.
BOM Catu, Poranga. O bom: Catuaua. Boa BOTAR Mbure. V Lançar, Jogar e comp.
gente: Mira catu, Mira poranga. Bom cos- BOTE [salto] Nupá-saua; (embarcação) Ygara-
tume: Tecô catu, Tecô poranga. Tratando- -miri.
-se de qualidade moral se usa sempre ca- BOTO (o vermelho grande) Pirá-iauara; (o ró-
tu. O bom é sempre bonito, mas o bonito seo menor) Yiara, Oiara; (o cinzento inter-
não é sempre bom: Catuaua oicó opain ara médio e também o mais comum) Tocuxi,
poranga. Nhunto porangaua inti opain Tucuxi.
ara catu. BRAÇO Iyuá. Braço direito: Iyuá catu. Braço
BOM-DIA (de manhã) Iané coema; (depois, esquerdo: Iyuá apara. Braço do rio (que for-
até à tarde) Iané ara. ma ilha): Paranã-miri; (que se vem meter ne-
BONDADE Catusaua. le como afluente): Paranã recanga. Braço da
BONDOSO Piá-poranga. canoa (que forma a tolda): Ygara myrapara;
BONIFICAR Munhã-catu-pire. (que forma o corpo) Ygara arucanga.
BONITEZA Porangasaua. BRADAR Sacé-sacemo. V Berrar e comp.
BONITO Poranga, Puranga, Purangaua. BRAMAR V Desejar e comp.
BOQUILHA (do cachimbo) Pytyuauó. BRAMIDO Sacemosaua.
BORBOLETA Panapanã, Panamá. BRAMIDOR Sacemosara.
BORBOLETAZINHA Panambi. BRAMIR Sacemo.
BORBULHA (de ar) Xiriri. BRANCO Murutinga; Tinga (nos compostos,
BORDA Cembyua, Rembyua, Tembyua. como sufixo). O branco: Tapyiatinga. Tenho
BORDÃO Pososaua. ouvido dar essa designação ao branco que
BORNAL Matiry. não tem nenhuma importância, em lugar
BORRA Ity, Ikiá-saua. Borra do mel (cera): de caryua, dado em geral ao branco. Fogo
Iraity. branco (fumaça): Tatatinga. Terra branca:
BORRACHEIRA [bebedeira] Caú-saua. Tauatinga. Casa branca: Oca murutinga.
BORRACHO Caú-uera. BRANCURA Murutingasaua.
BORRACHUDO Carapanã. BRANDO Membeca, Memeca.
BORRADO Mukiaua. BRANDIDO Popicicana.
BORRADOR Mukiá-sara. BRANDIDOR Popicicasara.
BORRADOURO Mukiá-taua, Mukiá-tyua. BRANDIMENTO Popicicasaua.
BORRADURA Mukiá-saua. BRANDIR Popicica.
BORRANTE Mukiá-uara. BRANDURA Memecasaua.
BORRALHO Tanimbuca. BRANQUEADO Mumurutingasaua.
BORRÃO Ikiá-saua. BRANQUEADOR Mumurutingasara.
BORRAR Muikiá, Mukiá. Borrar-se: Iumukiá. BRANQUEAMENTO Mumurutingasaua.
BORRÁVEL Muikiauera. BRANQUEANTE Mumurutingauaua.
BORRIFADO Mupycaua. BRANQUEAR Mumurutinga. Branquear-se:
BORRIFADOR (quem borrifa) Mupycasara; (o Iumumurutinga.
que serve para borrifar) Mupycayua. BRANQUEÁVEL Mumurutingauera.
BÚZIO

BRASA Tatapuinha-cendi, Tatapuinha-cendiuá. BROTADOR Ceneisara.


BRASEIRO Tatapuinha-cendi-rendaua, Tata- BROTAMENTO Ceneí-saua.
puinha-cendi-ireru. BROTANTE Ceneí-uara.
BRAÚNA (casta de madeira preta e a árvore BROTAR Ceneí.
que a fornece) Mbyraúna, Myraúna. BROTÁVEL Ceneí-uera.
BRAVEZA Inharusaua, Iaueté-saua. BROTO Ceneíua, Ceneí-rendaua.
BRAVIO Inharu. BROTOEJA Catapora.
BRAVO Kyrimbaua, Iaueteua. BRUMA Tatatinga.
BRAVURA Kyrimbausaua. BRUMOSO Tatatingauara, Tatatingauera.
BREADO Muicycaua, Muicycana. BRUNIDO Kityuocauá.
BREADOR Muicycasara. BRUNIDOR Kityuocasara.
BREADOURO Muicycataua. BRUNIDOURO Kityuocataua.
BREAGEM Muicycasaua. BRUNIDURA Kityuocasaua.
BREANTE Muicycauara. BRUNIR Kityuoca.
BREAR Muicyca. BRUNÍVEL Kityuocauera.
BREÁVEL Muicycauera. BRUTO Soó, Soó-nungara.
BREDO Caruru. BUBA Pinhoã.
BREJO Tyiucapaua, Tyiucatyua. BUBÃO Pungá-puxi, Pinhoã-uasu.
BRENHA Caá-uasu. BUBÁTICO Pungá-pora.
BRENHOSO Caá-uasutyua. BUBUIADO Mbui-mbui.
BREU Iraity, Iraiti. BUBUIADOR Mbui-mbuisara.
BREVE Iatuca. BUBUIAMENTO Mbui-mbuisaua.
BREVIDADE Iatucasaua; (de tempo): Curute- BUBUIANTE Mbui-mbuiuara, Mbui-mbuia.
-saua. BUBUIAR [boiar] Mbui-mbui, Muimui, Ui-
BREVEMENTE Cury-miri. uuyre.
BRIGA Iaukisaua; (e quando é maior e passa a BUBUIÁVEL Mbui-mbuiuera.
vias de fato) Marãmunhã. BUCHO Teputy-ireru, Repoty-ireru.
BRIGADOR Iaukiara. BUÇO Ceneiua, Cembé-saua.
BRIGAR lauki. BULCÃO Tatatinga-uasu, Tatatinga-puxi.
BRIGÃO Marãmunhãuera. BULHA Teapu, Marãmunhã.
BRILHADOR Cenipucasara. BULHENTO Marãmunhãuera.
BRILHANTE Cenipucauara. BULIR Iauki. V Brigar e comp.; Euakeri (G.
BRILHANTISMO Cenipucasaua. Dias).
BRILHAR Cenipuca, Cenimpuca. BUNDA Sumby, Sumy.
BRILHO Cenipu, Cenimpu, Cenimbu. BURACO Cuara, Icuara.
BRINCADEIRA Musaraingaua. BUSCA Cicaresaua.
BRINCADOR Musaraingara. BUSCADO Cicareana.
BRINCAR (quando é feito sem segundo fim) BUSCADOR Cicaresara.
Musarain; (para levar a ridículo) Uarixy; BUSCANTE Cicareuara.
(para irritar) Iuaky; (entretendo-se em qual- BUSCAR Cicare.
quer jogo) Murory. BUSCÁVEL Cicareuera.
BRINCO (das orelhas) Namipora, Namipuíra. BUZINA Toré, Iumiá. Buzina de concha: Uatapu
BRINDAR Muputaua. (do nome da concha com que costuma ser
BRINDE Putaua. feita).
BRINQUEDO Musaraintaua. BUZINADOR Toré-peú-sara, Iumiá-peú-sara.
BRISA Iuiutu-irusanga. BUZINAR Mpeiú toré, Peú iumiá (conforme o
BROCAR Cupire. V Roçar e comp. caso e o instrumento tocado, pelo que se diz
BROMÉLIA Nana, Carauatá, Auacaxy, Ximbui- simplesmente mpeiú ou mpeú quando não se
manha (e outras plantas do mesmo gênero). pode discriminar o instrumento tocado).
BROTADO Ceneiuá. BÚZIO Uatapu, Uatapy.
CÁ Iké. Para cá, por cá: Coakíti. Cá t'espero: CAB0 2 (ponta de terra) Arapecô.
Xasaru indé iké. Cá passou o gato: Uapixana CABOCLO [índio manso] Cauoca.
osasau coakiti. CABORÉ (casta de pequeno gavião) Cauré;
CAAPI Caapi. Designa o cipó e a bebida de- (casta de pequena coruja) Cauoré.
le extraída, de que os índios no Uaupés se CABRA Suasumé.
servem para embebedar-se, a modo de ópio. CABRITO Sausumé-tainha.
CAATINGA (mato ralo) Caatinga. CAÇA [o que se caçou] Embiara.
CABA (vespa) Caua, Cauasu, Ceucy, Uaturá, CAÇADA Caamunusaua.
Arapuã, Tamatiá, Mamanga etc. (as que são CAÇADOR Caamunusara.
conhecidas por nomes específicos). CAÇANTE Caamunuara.
CABAZ Samburá, Samurá. CAÇAR Caamunu, Caamundu, Camundu.
CABEÇA Acanga, Acain. Cabeça branca: Cuiu- CACAU Cacao.
mi acanga (do pássaro deste nome que tem CACAUAL Cacaotyua.
a cabeça branca). Cabeça calva: Acanga CACAUEIRO Cacaoyua.
péua. Cabeça pelada: Piroca. Cabeça rapa- CAÇÁVEL Caamunuera.
da: Cauoca. Cabeça chata: Acanga perna. CACETE Mará, Myracanga.
Cabeça para fazer maracá: Cuiupi. CACETEAÇÃO Caneõngaua
CABEÇADA Iapy-acanga-pupé. CACETEADO Nupásáua.
CABECEIRA (do rio) Paranã-racapira, Paranã- CACETEADOR Caneõngara.
-manha-cuara, Paranã-y-apire-kíti. CACETEAR Caneõn.
CABEÇUDA (casta de tartaruga) Musuã; (cas- CACHAÇA Caui.
ta de onça) Acangusu. CACHACEIRO Cauiuera, Cauipora, Cauiuara-
CABEDELO Arapecô-miri. -eté.
CABELO Saua, Raua. Cabelo loiro: Coaracy- CACHAÇO Iaiurá.
saua ( = raio de sol). CACHÃO (d' água) Y-iuiuyra.
CABELUDO Saua-munhã. CACHIMBADA Pytiuaúsáua.
CABO' [extremidade por onde se pega] Yua. CACHIMBEIRO Pytiuaú-sara.
Cabo da faca: Kicé yua. CACHIMBO Pytiuaú, Aoarepô (G. Dias).
CALDEIRADA

CACHO Sarcua, Saryua, Sarecua. CAGANEIRA Caaá-uasu, Caaá-puxi; (se traz


CACHOEIRA Caxiuera (corruptela do portu- sangue) Caaapiranga.
guês?), Paranã-iaueté, Paranã-inharu, Para- CAGAR Ca, Caaá.
nã-kyrimbau, Paranã-puresaua, Paranã-iu- CAGAROLA Cikiéuéra.
iuyra, Paranã-itapaua (conforme a qualidade CAIAR Mumurutinga. V Branquear e comp.
do obstáculo e as condições em que se apre- CAIBRO Tianha.
senta. Ainda aqui, as cachoeiras na localida- CAÍDA Aarisaua.
de têm nome, que dispensa a designação ou CAÍDO Aariuá, Ariana.
indicação do obstáculo); Ytu, Y-tu (pouco CAIDOR Aarisara.
usado, assim como os compostos). Cachoeira CÂIMBRA Caruara.
alta: Ytuã-eté. Cachoeira à toa: Ytu-panema. CAIMBRENTO Caruarauera.
Cachoeira brava: Ytu-iauaeté. Cachoeira CAINTE Aariuara.
feia: Ytupuxi. Cachoeira grande: Ytuasu. CAIR Aari, Ari, Uaari. Cair-se: Iuaari. Fazer
Cachoeira lisa: Ytu-péua. Cachoeira muita: cair: Muaari.
Ytu-cy (=mãe das cachoeiras), Ituxy. CAITITU Caititu, Taititu.
CACHOEIRINHA Yaui, Ytu-miri. CAÍVEL Aariuera.
CACHOPO [abrolho] Itáiumíme (=pedra que CAIXA Patuá; (facilmente portátil) Ireru. A
se esconde). caixa da nossa roupa: Iané maaitá patuá. A
CACHORRO Iauara-tainha, e Tainha do ani- caixa do rapé: Pytima ireru.
mal de quem se fala. CAJÁ Caiá, Taperyuá (=fruta de tapera).
cÁcrco (casta de pássaros) Iapi, Iapô, Iapô- CAJAZAL Caiatyua, Taperyuátyua.
asú. CAJAZEIRO Caiayua, Taperyuá-yua.
CACIQUE Tuixaua, Tuisaua. CAJU Caiú, Acaiú.
CACO Pisáuéra, Pesáuéra. CAJUAL Caiútyua (cajutuba).
CAÇOADA Munhã-munhangaua. CAJUEIRO Caiúyua.
CAÇOADOR Munhã-munhangara. CALADA Kyririsaua. Pela calada da noite:
CAÇOAR Munhã-munhã. Pituna kyririsaua ramé.
CACTO Manacaru. CALADAMENTE Kyririnte, Kyriri-rupi.
CACURI Cacury. CALADO Kyriri, Kyririuá, Cuatucana, Iumime.
CADA Iaué. Cada vez pior: Iaué i puxi pire. CALAFATE Muicycasara.
CADA UM Iepé iaué. Cada um por si e Deus CALAFETANTE Muicycauara.
por todos: Iepé iaué ixé recé, Tupana opain CALAFETAR Muicyca.
recé. CALAFETO [breu] Muicycasaua, Iraity.
CADA QUAL Iaué iaué. Cada qual foi-se es- CALAFRIO Piryry.
gueirando como pôde: Iaué iaué osasauana CALAR Cuatuca. Calar um segredo: Iumime.
ma ocuau catu. CALÇADA (de pedras) Itá-pé-asu.
CADÁVER Rian-uera, Iean-uera, Ambyra. CALCADO Pyca, Popyca, Pycauá.
Cadáver de gente: Mira tian-uera, (mais cor- CALÇADO Pypupecauá; (o que serve para cal-
rentemente) Mira ambyra. Cadáver de quem çar) Pypupecasaua.
foi morto: Iuca ambyra. Cadáver de quem se CALCADOR Pycasara, Popycasara.
afogou: Oyca ambyra. CALÇADOR Pypupecasara.
CADEIA [lugar] Oca-iapicicauara; (corrente) CALCANHAR Pyrupitá.
Pucuareté-saua. CALCANTE Pycauara, Popycauara.
CADEIRA Caryua-uapicaua. CALÇANTE Pypupecauara.
CADEIRINHA Iara-reru-uapicaua. CALÇÃO Torina, Cerura.
CADELA Iauara-cunhã; (depreciativo de mu- CALCAR Pyca. Calcar com a mão: Popyca.
lher) Patacuera. Calcar com o pé: Pypyca.
CAGADA Caaá-saua, Casaua. CALÇAR (o pé) Pypupeca.
CAGADO Caaá, Cauá. CALÇAS Cerura-auyra, Cerura, Xirura.
CÁGADO Iauti, Iauty. CALDEIRADA Mimoinsaua, Mingaua.
CALDEIRÃO

CALDEIRÃO (remoinho entre cachopos) Para- Campo aberto: Nhu-paua. Campo belo: Nhu-
nã-uure, Paranã-uauoca. -puranga. Campo bom: Nhu-catu. Campo
CALDEIRINHA (da água benta) Tupana-y-ireru. duro, de terra firme: Nhu-antã. Campo ra-
CALDO Yukicé, Ty, Y-puy. so: Nhu-péua. Campo seco: Nhu-tininga.
CALMAR Pytuu. Campo semeado: Nhu-eaué.
CALMARIA Anagaipuua, Angopauá. CAMUNDONGO Uauiru.
CALMO Pytuua. CANA' Perl, Tacuara, Tacuari, Tauoca, Taca-
CALOR Sacusaua, Sacu. na, Muri.
CALOTE Periperi. CANA' (de pescar) Pindayua.
CALVO Acangapéua, Auayma (Solimões). CANA 3 (do leme) Iacumã-yua (hástea).
CAMA Ienotyua. CANA-DE-AÇÚCAR Muriceén, Tauocaceén,
CAMADA Miexisaua, Miexiaua. Periceén.
CAMALEÃO Cenimu, Cenemby. CANAL Paranã-miri.
CAMARADA Irumuara, Camarara. CANARANA Peri-ãntã.
CAMARÃO Muã, Poty. CANCRO (moléstia) Cunuru.
CAMARÃO-BRANCO Potytinga. CANDEEIRO Icaua-cendi-ireru.
CAMARÃO-CHATO Potykicé. CANDEIA Icaua-cendi, Candea (corruptela do
CAMARÃO-FACA Potypema. português).
CAMARÃO-GRANDE Potyuasu. CÂNDIDO Murutinga-eté.
CAMARÃO-LISO Potypéua. CANDIRU (peixe) Candiru, Caniru.
CAMBADA Apixama, Apitama. Cambada de CANDOR Murutingasaua.
peixes: Pirápixáma. CANELA (da perna) Retimã-pucua.
CAMBAIO Retimã-apara. CANGAPORA Acangapora.
CAMBARÁ Cambará, Camará. CANGUÇU Acangusu.
CAMBIADO Cenimua, Cenimuana. CANHOTO Taicuae, Pôuasúára.
CAMBIADOR Cenimusara. CANIBAL Mira-usara.
CAMBIAMENTO Cenimusaua. CANIÇO [para pescar] Pindayua; (para pesca
CAMBIANTE Cenimu-uara. do tucunaré) Pinauaca; Tacuara-puracysaua
CAMBIAR Cenimu, Cenimbu. Tornar cam- [= taquara da festa].
biante: Mucenimu. V Trocar e comp. CANIL Iauara-rendaua.
CÃMBIO Murecuiarasaua. CANINANA Caninana.
CAMINHADA Uatásáua. CANINDÉ Canindé, Caniné.
CAMINHADO Uataua. CANTAR Cenimu. V Cambiar e comp.
CAMINHADOR Uatására. CANO Tacuara, Tacuari, ou Tauoca e Tauocai
CAMINHANTE Uatáuára. (conforme o cano é feito de uma qualida-
CAMINHAR Uatá. de de cana ou da outra). Cano do cachim-
CAMINHÁVEL (que gosta de caminhar sem bo: Pytyuaú tacuari. Cano de pedra, de fer-
destino) Uatáuéra. ro ou outro qualquer metal; Itá-tacuara,
CAMINHO Pé, Sapé, Rapé. Caminho difícil: Itá-tauoca, Itararé.
Pé-iaueté. Caminho fácil, bom: Pé-icatu. CANOA Yara, Igara, Yngara. Canoa possante:
Caminho da canoa: Ygarapé. Caminho da Yngareté. Canoa de casco e falcas sobrepos-
serra: Yuytera-rapé. Caminho de pedra: Itá- tas: Tatupirera. Canoa cavada num só pau,
rapé, Itapé. sem falcas: Yuá (ubá).
CAMINHOZINHO DE PEDRA Itapé-miri. CANOEIRO Yngarapora; (o dono): Yngara-
CAMISA Tipoia, Camixá. -iara.
CAMISÃO Camixá-asu. CANORO Nheéngareuara.
CAMPAINHA Itamaracai, Itamaracá-miri. CANOZINHO Itá-tacuari.
CAMPAL Periuara. CANSAÇO Maraaresaua.
CAMPINA Caatinga-uasu. CANSADÍSSIMO Maraaretéua.
CAMPO Peri, Perityua, Nhu (pouco usado). CANSADO Maraareana.
CARPIDOURO

CANSADOR Maraaresara. CARA Suá, Ruá. Cara de gente: Mira-suá.


CANSANTE Maraareuara; (se é a causa, a ori- CARACOL Iapuruci, Uruá, Uruái.
gem do cansaço) Maraareyua. CARAÍBA Carayua.
CANSAR Maraare. Cansar-se: Iumaraare. CARAJURU Raraiuru, Caraiuru.
CANSATIVO Maraareuera. CARAMUJO Uruá.
CANTADO Nheengare, Nheengareana. CARANDÁ Caraná.
CANTADOR Nheengaresara. CARANDAÍ Caranaí.
CANTANTE Nheengareuara. CARANGUEJA [verga da vela] Sutinga-uasu-
CANTAR Nheengare. -yua.
CANTAREIRA Camuti-rendaua. CARANGUEJEIRA (aranha) Curunuá, Curunã.
CÂNTARO Camuti. CARANGUEJO Osá, Xiry, Uaca, Uacapara, Aroai.
CANTÁVEL Nheengareuera. CARAPANÃ Carapanã.
CANTO' [ato de cantar] Nheengaresaua. CARAPANATUBA Carapanã-tyua.
CANTO' (ângulo) Openasaua. Canto da casa: CARAPANAÚBA Carapanã-yua.
Oca openasaua. Canto da sala: Ocapy ope- CARAVARI Carauary.
nasaua. CARAXUÉ Caraxué.
CANUDO Itá-tacuari. CARCÁS (aljava) Uéyua-ireru.
cÃo Iauara. Cão miúdo: Iauarapéua. CARDÍACO Piá-maci.
CÃO-DO-MATO (Canis azarae) Iauaperi, Iau- CARDUME (de peixes) Piracema, Pirá oetepé.
ara-asu. CARECA Acangapéua, Acanga-icyma.
CAPACETE Acangatara, Acaitar, Acaintara. CARECEDOR Puraingara.
CAPADEIRA Tapiá-iuúcauára, Tapiá-iuuca- CARECER Purain, Uatare.
yua. CARECIDO Purainga.
CAPADO Tapiá!1rna, Tapiá-iuucauá. CARECIMENTO Puraingaua.
CAPADOR Tapiá-iuucasara. CAREIRO Cepiásuuára, Cepiásuuéra.
CAPADOURO Tapiá-iuucataua. CARETA Mucunü, Suá-sacy.
CAPANTE Tapiá-iuucauara. CARGA Puracauara. Carga da canoa: Ygara
CAPÃO' [castrado] Tapiá-iuucauá. puracauara. Carga da espingarda: Mucaua-
CAPÃO' (a ilha de mato no campo) Caá poa- pora. Carga do paneiro: Uaturápóra. Carga
ma; Caápô. de um homem: Mira-puracauara.
CAPAR Iuuca-tapiá. Capar-se: Iuiuuca-tapiá. CARÍCIA Morisaua, Muiarisaua, Muninasaua.
CAPELA Tupaoca-mirI. V Acariciar e comp.
CAPELÃO Pay. CARIJÓ Carió, Cariió.
CAPIM Capi (contr. de Caá-puy = erva em CARIMÃ Carimã, Carimbã.
geral). CARNAÚBA Caranayua, Carnayua.
CAPINAÇÃO Cupixaua. CARNE Soocuera.
CAPINADO Cupiaua. CARNEADA Tapiyra-iucá-saua.
CAPINADOR Cupisara. CARNEADO Tapiyra-iucaua.
CAPINANTE [a pessoa] Cupiuara; (o instrumen- CARNEADOR Tapiyra-iucá-sara.
to) Cupi-yua. CARNEANTE Tapiyra-iucá-uaua.
CAPINAR Cupi. CARNEAR Iucá- tapiyra.
CAPINZAL Capityua. CARNIÇA Embiara, Uruu-putaua.
CAPITÃO Tuixaua, Muruxaua. CARNICÃO [carnegão] Epéua-santá.
CAPIVARA Capiuara. CARNICEIRO Soó-uuara, Soocuera-usara,
CAPOEIRA' Caapuíra (=mata nova, miúda). Soó-iucasara.
Capoeira de plantas que perdem as folhas: CARO Cepíuasú, Cepíasú.
Caá-tininga. Capoeira de mato que cresce CAROÇO Sainha, Rainha, Tainha, Yá-sainha.
em lugares abandonados: Capoera. CARPIDO Sapirongá.
CAPOEIRA' [de galináceos] (fixa) Sapucaia- CARPIDOR Sapirongaua.
roca; (portátil) Sapucaia-reru. CARPIDOURO Sapirongatyua.
CARPIMENTO

CARPIMENTO Sapirongaua. CASCAVEL Mboia-cininga, Auai.


CARPINTARIA Iupanasaua. CASCUDO (casta de peixe) Acary.
CARPINTEIRO Iupanasara. CASEBRE Oca-ayua, Oca-cucui, Teiupá.
CARPIR Sapirõn, Sapirün. Carpir defuntos: CASEIRA (amásia) Iauasa.
Sapirõn ambyra. CASEIRO Ocauara.
CARRANCUDO Saacy, Saacyuera. CASERNA Surara-oca.
CARRAPATO Iatiuca, Iatimoca, Iatimboca, CASO [fato] Maá-nungara. Maranduúa, Cica-
Iatiuoca. saua.
CARREGADO Puracaua, Puracare, Ipora, Ipura- CASPA Kéua-rana, Kiyua-supiá, Kyrana.
cariana. CÁSSIA Marimari.
CARREGADOR Puracasara, Puracaresara. CASTANHA [casta de castanheiro] Nhá.
CARREGADOURO Puracatyua, Puracaretyua. CASTANHA-DO-PARÁ Trocary.
CARREGAMENTO (ato de carregar) Puraca- CASTANHA-SAPUCAIA Sapucaia. A sapucaia
saua, Puracaresaua; (o que é carregado) V. espoca na árvore, deixando cair as casta-
Carga. nhas no chão. A trocary cai fechada.
CARREGANTE Puracauara, Puracareuara. CASTIÇAL Candêa-ireru, Candeayua.
CARREGAR Puracá. Carregar por ordem alheia: CASTIGAR (batendo) Nupá. V. Bater e comp.
Puracare. Fazer carregar: Mupuracare. Carre- CASTIGO Puxi-putaua.
gar às costas: Supire. Carregar puxando: Ciky. CASTOR E PÓLUX (as duas estrelas de igual
CARREGÁVEL Puracauera, Puracareuera. grandeza da constelação dos Gêmeos) Muã,
CARREIRA Unhanasaua. Mocoin muã (=dois camarões).
CARRO Panacu (= paneiro ). CASTRAR Iuuca-tapiá. V. Capar e comp.
CARTA Papera. CATA Cicaresaua.
CARVÃO Tatapuína, Tatapuinha. CATADO Cicareua.
CASA (quando se fala em absoluto, sem indica- CATADOR Cicaresara.
ção de relação de propriedade ou quando en- CATADOURO Cicaretaua.
tra em palavras compostas) Oca. Vamos pa- CATADUPA Paranã-aari.
ra casa: Iasó oca kiti. Casa de pedra: Itaoca. CATADURA Suá-puxi, Suá-asu.
Casa grande: Oca uasu; (quando se fala da CATAFRACTO (classe de peixes) Tamoatá, Ta-
minha ou da sua casa, e mesmo da casa de matá.
terceiro) Oca (embora neste caso se use mais CATAMÊNIO Torica.
facilmente Soca e Toca). A minha casa: Cé CATANTE Cicareuara.
roca. Vamos a tua casa: Iasoana né roca kiti. CATAR Cicare, Cicári. Fazer cata.: Mucicare.
Casa de Deus: Tupana roca, (por contração) Catar com muito afã ou muita atenção:
Tupaoca, Tupaca. Ele foi para sua casa: Aé Cicacicare.
osó i soca kiti. A levou para sua casa: Orasó CATAUARI Catauari.
aé i toca opé. Interior da casa: Oca cuara. O CATÁVEL Cicareuera.
interior da sua casa: I soca cuara. CATECISMO Tupana-tecô-mbuésáua.
CASADO Menare, Mendare, Menareana. CATEQUISTA Tupana-tecô-mbuésára.
CASADOURO Menauera, Apyaua-cunhã- CATEQUIZADO Tupana-tecô-mbuéua.
-putaua (o homem), Cunhã-apyaua-putaua (a CATEQUIZAR Mbué-tupana-tecô.
mulher). CATINGA (cheiro) Catinga. V. Cheiro.
CASAMENTEIRO Menaresara. CATINGOSO (que cheira mal) Catingaua,
CASAMENTO Mendaresaua, Menaresaua. Catingapora.
CASAR Menare, Mendare. Casar-se: Iumenare. CATINGUEIRO (que habita as caatingas) Caa-
Fazer ou ser feito casar: Mumenare. tingauara, Caatinga-pora.
CASCA Pirera. Casca de ovo: Supiá-pirera. CATIVAR Mumiasua.
Casca de pau: Myrá-pirera, Embyra, Em-yra. CATIVEIRO Miasuasaua.
CASCA-PRECIOSA (casta de canela) Peraiorá; CATIVO Miasua.
(a árvore) Peraiorá-yua. CATUCAR Cotuca.
CERTIFICANTE

CAUCHO Cauxiú [=mato que chora]. CELA Ocapy-miri.


CAUDA Ruaia, Suaia, Raua, Saua; (nos com- CELEBRAR Munhã. Celebrar a missa: Nheên-
postos) Uaia, Áua, Saua, Raua. Cauda dos -missa.
pássaros: Uirá suaia. CELEIRO Ierau (como o lugar onde são guar-
CAUDA-DE-ARARA [rabo-de-arara] Arara-saua. dadas a comida e as provisões da casa).
CAUDA-DE-MACACO [rabo-de-macaco] Maca- CELESTIAL Iuacauara, Iuacapora.
ca-raua. CELESTE Iuacasara (=quem é do céu); (a cor)
CAUDADO Ruaiauara. Sukira cerane.
CAUDALOSO Paranã-typyyeté. CELESTIALMENTE Iuacasaua rupi.
CAUIXI Cauicy, Cauixy, Caycy. CELHAS Cesásáua.
CAUSA Rupi, Rupiua. CELIBATÁRIO Apyaua-cunhãyma.
CAUSADOR Rupiuara. CEM Iepé-papasaua (=isso é uma conta).
CAUSALIDADE Rupisaua. CEMITÉRIO Mira can-uera-tyua.
CAVADOR Taxiua. CENTELHA Cenipucaua; Ueraua. Centelha do
CAVALO Cauaru. fogo: Tatá-peririca.
CAVAR Taxi, Picui, Picuin. CENTELHANTE Cenipucauara.
CAVEIRA Acã-uera, Acain-uera, Acanga-cuera. CENTELHAR Cenipuca. Fazer ou ser feito cen-
CAVERNA Yuy-cuara, Yuy-oca. Caverna da telhar: Mucenipuca.
canoa: Ygara-yiuá, Ygara-arucanga. CENTOPEIA Yurupary-kiaua.
CAVIÁ Cauiá. CENTRAL Piterauara, Miterasara.
CAVILHA Mena. Cavilha do leme: Iacumã- CENTRALIDADE Piterasaua.
-mena. CENTRO Mitera, Pitera. No centro da terra:
CEBOLA Yua-ceên-asu, Yuacemasu. Yuy-pyterupé. No centro está a força: Kyrim-
CEBUS (casta de macacos) Cebus gracilis: básáua oicô pyterupé.
Caiarara; Cebus satana: Yurupary-macaca; CEPILHADOR Mupéuasára.
Cebus fluvus: Saytauá; Cebus fatuellus graci- CEPILHAMENTO Mupéuasáua.
lis: Say; Cebus fatuellus: Itapoan. CEPILHANTE Mupéuauára.
CECRÓPIA [embaúba] Embayua. CEPILHAR Mupéua.
CEDENTE Xiarisara, Xiareuara. CEPILHO Mupéuauára, Mupéuára.
CEDER Xiári, Xiare, Meên. Cede o seu lugar CERA Ira-reputy, Iraity, Ira-icyca.
a quem o quer: Oxiári i rendaua oputári aé CERCA (cercado) Caisara, Curara, Kindara.
auá supé. Não quis ceder o que levava: Inti CERCAR Mucurara (R. Negro, de Mu-cural);
omeên ana putári maá osupire. Mucaisara (Solimões), Cai, Kindá, Kená.
CEDIDO Xiare. CERCEAR Munuca-supu-recé.
CEDINHO Coema-xinga, Curutê-xinga. CERCOLEBE [porco-espinho] Cuandu, Cuanu.
CEDÍVEL Xiariuera. CERIMBABO V. Xerimbabo.
CEDO Coemana, Curutê. Volta cedo: Reiuíre CERNAMBI V Sernambi.
curutê. Amanhã cedo traz o peixe do cacuri: CERNAMBIZAL V Sernambizal.
Uirandé coemana rerúri cacury pirá. CERNE Sumytera, Myrá-sainha, Myrá-piá.
CEDRELA V Cedro. CEROL Iraity.
CEDRO Acaiacá, Putumuiu. CEROULAS Cerura.
CEGADO Cesá-canhemo, Mucesá-yma. CERRADO (do mato) Iai. Lugar do mato cerrra-
CEGADOR Mucesá-ymasara, Cesá-canhemo- do: Iaityua.
sara. CERTAMENTE Supi-eté, Supi-rupi.
CEGANTE Mucesá-ymauara, Cesá-canhemo- CERTEZA Supisaua.
uara. CERTIFICAÇÃO Musupisaua.
CEGAR Canhemo-cesá. Tornar cego: Mucesá- CERTIFICADO Musupiuá, Papera-musupí-
yma. uára.
CEGO Cesá-yma. CERTIFICADOR Musupísára.
CEGUEIRA Cesá-ymasaua. CERTIFICANTE Musupíuára.
CERTIFICAR

CERTIFICAR Musupi. crianças para dar-lhes ingás: Cunhã ocenoi


CERTIFICÁVEL Musupíuéra. curumi etá omeen ingá aetá supé arama. O
CERTO Supi. tuxaua chamou a sua gente para deliberar
CÉRULO [cerúleo] Sukira. sobre o que devia fazer: Tuixaua ocenoicári i
CERVO Suasu (Soó-uasu). mira omunguetá maá omunhã cuau arama.
CESSÃO Xiárisáua, Meengaua. Chamar nomes: Curá-curau.
CESSIONÁRIO Xiáriuára. CHAMARIZ Cenoityua.
CESTA Uaraia, Urupema. CHAMEJADOR Ueréuasára.
CESTARIA Panacu-munhanga-tyua. CHAMEJAMENTO Ueréuasáua.
CESTEIRO Panacu-munhangara. CHAMEJANTE Ueréuauára.
CESTO (alto, aberto para cargas pesadas) CHAMEJAR Ueréua.
Uaturá; (de forma retangular e com tampa) CHAMUSCADOR Sauerecasara, Saperecasara.
Panacu; (menor e de forma variável) Sambu- CHAMUSCAMENTO Sauerecasaua.
rá; (de forma mais ou menos redonda e tam- CHAMUSCANTE Sauerecauara.
bém com tampa) Uru. CHAMUSCAR Sauereca, Sapereca.
[CÉU J Iuaca. CHAMUSCÁVEL Sauerecauera.
CEVA Mukiranga, Iepoinsaua. CHÃO Yuype, Yuypy. No chão: Yuypype. Do
CEVADO Muicaua, Iepoin. chão: Yuype-suí. Pelo chão: Yuype-rupi.
CEVADOURO Iepointyua, Mukirantyua. CHAPADA Arasary.
CEVADOR Muicáusára. CHAPÉU Xapéua.
CEVANTE Muicáuauára. CHARCO Tyiucapaua.
CEVAR Iepoin, Muicaua. CHARNECA Nhutinga (=campo branco).
CEVÁVEL Iepoin-uera, Muicáuauéra. CHARQUE Tapyira piraên.
CHÁ (infusão de) Musuru, Mosoró. CHATEZA Péuasáua.
CHÁCARA Yuatyua, Iatyua, Kindara. CHATO Péua.
CHACAREIRO Iatyua-uara, Iatyua-pora. CHATOS [insetos] Supiá-kyua.
CHACINAR Munu-munuca. V Cortar e comp. CHAVE Cekindáuára, Xáui (corrup. do port.).
CHACOTA Uarix:ysaua. CHAVEIRO Cekindaua-iara.
CHACOTEADOR Uarixysara. CHEFE Tuixaua, Tuisaua. Chefe que manda:
CHACOTEAR Uarixy. Murutuixaua, Muruxaua (de Muru por Turu
CHAFURDA Mutipytingatyua. =grande, grosso), Mira-acanga.
CHAFURDAR Mutipytinga. CHEFIA Tuixaua-rendaua, Acangasaua, Mira-
CHAFURDEIRO Mutipytingasara. -acangasaua.
CHAFÚRDIO Mutipytingasaua. CHEGA! (é suficiente) Cica, Aiana, Aioana.
CHAGA Peréua. CHEGADA Cicasaua.
CHAGADO Imuperéua, Ipereuana. CHEGADO Cica, Cicana, Cicaua.
CHAGADOR Mupereuasara. CHEGADOR Cicasara.
CHAGAMENTO Mupereuasaua. CHEGADOURO Cicatyua.
CHAGANTE Mupereuauara. CHEGANTE Cicauara.
CHAGAR Muperéua. CHEGAR Cica. Fazer chegar: Mucica. Chegar-
CHAGÁVEL, CHAGUENTO Mupereuauera, -se: Iucica. O menino chegou-se à mulher e
Peréuamanha. disse para ela: Curumi oiucica cunhã ruake,
CHAMA Tatá-ueréua, Tatá-cendyua. omeen i supé. Quando chegar o dia da fes-
CHAMADA Cenoisaua, Cenoingaua. ta tudo deve estar pronto: Ara puracysaua
CHAMADOR Cenoisara, Cenoingara. ocica rame omungaturuana cuain opain
CHAMANTE Cenoiuara. maaetá.
CHAMAR Cenoi, Cenoin. Chamar com au- CHEIA Y-eikiésáua, Paranã-eikiésáua.
toridade: Cenoicári. Fazer ou ser chamado: CHEIO Ipora, Eikié, Eikiéua, Cerno. Cheio a
Mucenoin. Mandar ou ser chamado com au- maior parte: Turusupora. Cheio a transbor-
toridade: Mucenoicári. A mulher chamou as dar: Terecemo. Cheio à cunha, a pulso: Apô,
CINGIMENTO

Apu. Cheio à cunha de água: Y-apô. O que é CHOCO (do ovo) Supiá-ayua, Supiá-ipora; (o
cheio à cunha: Y-apô. ato de chocar) Sapucaia-uapicasaua.
CHEIRADOR Cetunasara, Sakenauara. CHOQUE Cutucaua.
CHEIRAR (aplicar o olfato) Cetuna; (exa- CHOQUEIRO Sapucaia-uapica-rendaua.
lar cheiro) Sakena. Cheirar mal: Catinga, CHORADEIRA Xiú-uerayua.
Pixé, Inema. Gosta-se de cheirar flores que CHORADOR Xiusara.
cheiram bem: Mira ocetuna putare putyra CHORADOURO Xiú-rendaua.
osakena puranga uá. CHORANTE Xiú-uara.
CHEIRO Cetum, Sakena; Catinga; Pixé; CHORÃO Xiú-uera.
Inema. A mulata catinga, o peixe é pixé e CHORAR Xiú. Fazer ou ser feito chorar; Mu-
quando podre fede: Oiuratu cunhã ocatin - xiú.
ga, pirá opixé, oiucana ramé inema. Ce- CHORO Xiúsáua.
tum e Sakena trazem sempre a ideia de um CHOVER Amana oári. Quer chover: Amana-
cheiro agradável ou, pelo menos, suportá- oári-putári. Deixou de chover: Amana osa-
vel. Catinga, o cheiro especial que se des- sau.
prende dos seres animados e pode ser in- CHUMBO Itámembéca, Iáameméca.
diferentemente agradável ou desagradável. CHUPADO Petera, Petere, Pitera, Peterauá,
Pixé, nas mesmas condições, traz porém Ucy.
sempre a ideia de ser enjoativo e menos CHUPADOR Peterasara.
bom. Inema, o cheiro ruim, fedor. CHUPADOURO Peterataua.
CHIADA Xixycasaua. CHUPAMENTO Peterasaua.
CHIADOR Xixycasara. CHUPANTE Peterauara.
CHIANTE Xixyca, Xixycauara. CHUPAR Petera, Pitera.
CHIAR Xixyca. CHUPÁVEL Peterauera.
CHIBÉ [bebida] Cimé, Cimbé. CHUVA Amana.
CHICOTADA Muxingasaua, Nupá-yua-saua. CHUVADA Amana-uasu.
CHICOTE (de couro) Muxinga; (de galho de CHUVEIRO Amana-eté.
pau) Nupá-racanga, Nupá-yua; (de corda): CHUVISCO [pancada de chuva] Amana-
Nupá-xama. -opypyca, Amana-opypycasaua.
CHICOTEADOR Muxinga-uara, Nupá-yua-sara. CHUVOSO Amanauara, Amanauera.
CHIFRADA Uacatucasaua. CICATRIZ Caen, Caenga, Peréua-rendaua-
CHIFRADOR Uacatucasara. -cuera.
CHIFRE Uaca. CICICA (casta de mucura) Xixica.
CHIFRUDO Uacauara, Uacasara. [ CICONIÍDEO] Ciconia maguari: Iaburu. No
CHINELA Py-pupecasaua. litoral chamam de Mauari, nome que no
CHINELEIRO Py-pupecasara. Amazonas se dá a Ardea cinerea.
CHISPA Uciuá. CIDADÃO Mairyuara, Mairypora.
CHISPADOR Ucisara. CIDADE Mairy.
CHISPAMENTO Ucipaua, Ucisaua. CIGANA [ave] Aturiá.
CHISPANTE Uciuara, Ucipora. CIGARRA Aracy, Aramanha, Coaracy-cy,
CHISPAR Uci, Ucii. Coaracy-manha, Iakyrana; (no rio Negro)
CHITA Sutiro, Sutira. Chita branca: Sutiratinga. Daridari (palavra baré).
CHOCA [da galinha] Sapucaia-uapicasara. CILADA Mundéua. Marumbi.
CHOÇA Teiupã. CÍLIO Cesá-saua.
CHOCALHO Maracal. Chocalho das pernas: CINCO Iepé-pô, Cé-pô. Depois de cinco dias:
Aiapá. Qualquer outra coisa que sirva para Iepé-pô ara riré. Trouxe para ti cinco gali-
chocalho: Cininga, Catacá. nhas: Xarúri ne arama cé-pô sapucaia.
CHOCAR Uapica-supiá-arupé. A galinha es- CINÉREO Tuíra.
tá para chocar: Sapucaia ouapica putári su- CINGIDOR Cekycemosara.
piá arupé. CING!MENTO Cekycemosaua.
CINGIR

CINGIR Cekycemo. Fazer ou ser feito cingir: COALHO Muantãuá.


Mucekycemo. COANTE Imuãngara.
CÍNICO Intiua-ofin (=sem vergonha). COAR Imuãn. Fazer ou ser feito coar: Muimuãn.
CINQUENTA Papasaua-mytera. COBERTA Pupecauara.
CINTILAÇÃO Uerauasaua. COBERTURA [o que cobre] Pupecauara; (ato
CINTILANTE Uerauauara. de cobrir) Pupecasaua.
CINTILAR Uerau. COBIÓ [cúbio] Cumíu.
CINTURA Cekycemouara, Cuá (= parte mé- COBRA (nome genérico) Mboia; [nomes espe-
dia do corpo). cíficos) Iamacan, Caninana, Iararaca, Iarara-
CINZA Tanimbuca, Tanimuca. cusu.
CINZEIRO Tanimuca-rendaua. COBRA-CASCAVEL Teapu-mboia, Maracá-
CINZENTO Tuíra, Tué. mboia, Cininga-mboia.
cwso Soirõn, Suirõn, Soirün, Suirün. COBRA-CORAL Ini-mboia.
CIPÓ Cipó. COBRA-D'AGUA Paranã-mboia.
CIPOAL Cipótyua. COBRA-DE-CHOCALHO V Cobra-cascavel.
CIRCULAR Iapoãn, Aiapuã. COBRA-DE-CUJUBI Cuiumi-mboia.
CISÃO Mumyterasaua. COBRA-DE-CUTIA Acuty-mboia.
CIÚME Mundárisáua, Suirõngaua, Soirõn. COBRA- DE-DUAS-CABEÇAS Iuyara, Indoá-
CIUMENTO Mundárisára, Mundáriuára. Ciu- -mboia.
mento sem razão, por hábito: Mundáriuéra, COBRA-DE-MARACANÃ Maracanã-mboia.
Soirõngara, Soirõnguera, Soirõn-uera. COBRA-DE-SAPO Cururu-mboia.
CIVILIZAÇÃO Mairy-tecôsáua. COBRA-DE-TUCANOS Tucana-mboia.
CIVILIZADO Mairyuara, Mairy-tecôuára. COBRADO Iurureua.
CIVILIZADOR Mairy-tecôsára. COBRADOR Iururesara.
CLAMADOR Muiurusara. COBRA-ENFEITADA Parauaca-mboia.
CLAMANTE Muiuruara. COBRA-GALHO-SECO Sacay-mboia.
CLAMOR Muiuru. COBRA-GRANDE Mboiusu.
CLANDESTINAMENTE Iumime-rupi. COBRA-MACHADO Ndiy-mboia.
CLANDESTINO Iumime. COBRANÇA Iururesaua.
CLANGOR Memy-teapu. COBRANTE Iurureuara.
CLARA (de ovo) Supiá-tacacá. COBRA-PAPAGAIO Paraoá-mboia.
CLARO (ralo) Ipuy. COBRA-PILÃO Indoá-mboia.
CLAVA (roliça) Tacape; (quadrangular como o COBRAR Iururé.
cuindaru) Tamarana; (larga e chata do lado COBRA-VERDE Mboiumi.
contrário à empunhadura e podendo servir COBRIDOR Pupecasara.
de remo) Tangaperna. COBRIMENTO Pupecasaua.
CLAVÍCULA Yiuá-racanga-penasaua. COBRIR Pupeca. Iacuí ( G. Dias). Cobrir-se:
CLÉRIGO Tupã-ocauara. Iupupeca.
[de coar] Imuãngaua. COCA Ipanu, Ipandu; Suaia.
COADOR Imuãngara, Iumuãngara. COÇADO Carain.
COADOURO Imuãngatyua. COÇADOR Caraingara.
COADURA Imuãnga. COÇAR Carain. Coçar-se: Iucarain.
COALHADO Antã, Munantãsaua. CÓCEGAS Pokiricasaua. Fazer cócegas: Poki-
COALHADOR Muantãsara. rica.
COALHADOURO Muantãtyua, Muantãren- COCEGUEIRO (quem faz cócegas) Pokirica-
daua. sara.
COALHANTE Muantãuara. COCEGUENTO (quem tem cócegas) Pokirica-
COALHAR Muantã. Coalhar-se: Iumuantã. uara.
Feito coalhar: Muantã. COCEIRA Iusaresaua.
COALHÁVEL Muantãuera. COCHILADOR Sapumisara.
COMEDOR

COCHILADOURO Sapumityua. COLINA (íngreme) Camacuã; (de forma arre-


cocHILANTE Sapumiuara; (que cochila facil- dondada) Camapuãn.
mente) Sapumiuera, Sapumipora. COLMAR (encher) Terecemo; (calcar) Muatire.
COCHILAR Sapumi, Sapomi. COLMEIA Irusu, Ira-oca.
COCHILO Sapumisaua. COLO Aiurá, Iurá.
COCHO (tronco oco para fermentar bebidas COLOCAÇÃO Muapicasaua.
ou outros misteres) Yuá, Uuá. COLOCADOR Muapicasara.
coco Airi, Ieryuá, Yua-uasu. COLOCAR Muapica. Colocar-se: Iumuapica.
CÓCORAS, DE Ouapyca-py-rupitá-arupé. Iumu-mbure, Iumumure.
COELHO Epene. COLOCÁSIA COMESTÍVEL [inhame] Taiá-
COFO [cesto] Iacá; (para pescar, casta de nas- -uasu.
sa) Ieky. COLOQUINTO [cabaça] (a fruta) Cuié; (a plan-
COGITAR Maité. V Pensar e comp. ta) Cuiéyua.
COGUMELO Urupé. COLÓQUIO Nheengaua.
COICE [parte traseira de qualquer coisa] COLORIR Pinima. V Pintar e comp.
Casakire; (pancada) Pypetecasaua. COLOSSAL Turusu-eté, Turusu-asu.
COIRÃO Patacuera. COM Irumo, Pire, Rupi. Vou contigo: Xasó ne
COISA Maá, Mbá, Mbae. Coisa insignificante: irumo. Vá ligeiro ter com ele: Resô curutên
Maá-nungara. Coisa boa: Maá-puranga. ae pire ou i pire. Para chegar cedo vamos com
Coisa minha: Maá ixé iara. Esta coisa é tua: vagar: Iasô meué-rupi iacyca curutên arama.
Cuá maá indé iara. Coisas: Maáeté. Coisas Com tudo isso é bom não descuidar-se: Ipupé
muitas: Mbae-ceiía. Coisas péssimas: Mbá- inti catu iamendoara-yma.
-ayueté. COMADRE Atuasara, Satuasá.
COISA-RUIM Maá-ayua, Mbá-ayua. COMANDAMENTO Muacarisaua.
COITADINHO Taiteíra. COMANDANTE Moacara, Muacara.
COITADO Taité. COMANDAR Moacári, Muacári; Cári (como
COITO Menua, Menosaua. sufixo nas palavras em que há ideia de co-
COIVARA Cuiuara. mando, de envolta com o poder de coman-
COLA Icyca. Cola forte: Cycantá. dar). Deus comanda que amemos o nosso
COLANA [it.; colar do peito do homem] Putiá- próximo como a nós mesmos: Tupana omua-
-puíra. cári iaxaisu iané rapixara iané iaué arama.
COLAR Iurapora. Colar de contas: Puíra- COMANDO Muacariuara.
-iurapora. COMBATER Marãmunhã, Inti-euaky. V Guer-
COLEÇÃO Sanhanasaua. ra e comp.
COLECIONADOR Sanhanasara. COMBINAR Euaky. V Acordar [concordar}.
COLECIONAR Sanhana (Couto Magalhães). COMEÇADO Iupyrua, Epyua.
CÓLERA Inharüsaua. COMEÇADOR Iupirungara, Epysara.
COLÉRICO Inharüsara. COMEÇAR Iupirün. Começar uma série, da
COLERINA Caaá-puxi. base: Epy.
COLHEDOR Poocasara. COMEÇO Iupirüngaua, Epy, Epysaua, Acanga.
COLHEITA Poocaua, Poocasaua. O começo dos tempos: Ara iupirüngaua. O co-
COLHENTE Poocauara. meço da nossa gente: Iané mira epy e Iané mi-
COLHER [ê] Pooca. Fazer ou ser feito colher: ra epysaua. O começo do rio: Paranã-acanga.
Mupooca. COMEDOR Uuara, Usara; Mbaúsára, Mbaúára.
COLHER [é] Cuiera (corrup. do port.) Uuara e Usara são usados indiferentemen-
COLHEREIRO Aiaiá. te um ou outro, especialmente como sufi-
COLHIMENTO Poocasaua. xo e desaparecendo um u na primeira for-
COLHIDO Poocaua, Poocana. ma. Comedor de gente: Mira-usara. Comedor
COLIBRI Inamby, Mimby, Uaynumby. de camarões: Potyuara e melhor Potyuuara,
CÓLICA Marica-saci. Potyguara.
COMER

COMER U, Mbaú. Esta segunda forma é mais COMPREENDER Cendu-puranga.


usada no rio Negro, onde u tem mais espe- COMPREENDIDO Puranga-cendu, Iucuau-
cialmente o significado de beber. Bebo ca- -catu.
chaça depois de ter comido bem: Xaú caui xá- COMPREENSÃO Puranga-cendusaua.
-mbaú puranga ramé. COMPREENSÍVEL Puranga-cenduera.
COMESTÍVEL Embiara. COMPREENSIVELMENTE Cendu-puranga-
COMICHÃO Iusara, Iusarasara. -rupi.
COMICHAR Muiusara. COMPRESSÃO Potypiisaua.
COMIDA (já pronta para ser comida) Temiú, COMPRESSOR Potypiiuara.
Tembiú; (que deve ser preparada) Embiara. COMPRIDO Pucu, Iatucayma.
COMIGO Cé-irumo. COMPRIMENTO Pucusaua.
COMILÃO Tyara. COMPRIMIDOR Potypiisara.
COMO Maié, Mai. Como tu: Maié ne iaué. COMPRIMIR Potypii.
Como então? Maié taá?, Maitá? COMUM Iané-iara, Iandé-iara. Entre os Ta-
COMPADRE Atuasara; Satuasá. puios tudo é comum: Tapyia pyterupé opain
COMPANHEIRO Irumuara. maitá oicô iané iara.
COMPARECEDOR Iucuausara. COMUNGANTE Tupanareuara.
COMPARECENTE Iucuauara. COMUNGAR U-tupana, Tupanara.
COMPARECER Iucuau. COMUNHÃO Tupanaresaua, Tupanaua, Tupa-
COMPARECIMENTO Iucuausaua. naresaua.
COMPASSAR (a carga na canoa) Meên recuia- CONA Tamatiá, Xiry (Solimões).
ra yngara kiti. CONCEBER' [engravidar] Iupuruãn. Fazer con-
COMPASSO Itá-cambira, Itá-cambira-muran- ceber: Mupuruãn.
gaua. CONCEBER' (na mente) Maité.
COMPATRÍCIO Iané tetamauara. CONCEBIDO Mupuruana, Iupuruanga.
COMPATRIOTA Tetamauara. Nossos compa- CONCEBIMENTO Iupuruãngaua.
triotas: Iané tetamauara etá. CONCEDER Munhã-putaua.
COMPENSADO Recuiara-meên. CONCEITUAR Maité-catu.
COMPENSADOR Recuiara-meêngara. CONCENTRAÇÃO Mumuatiresaua.
COMPENSAR Meên-recuiara. CONCENTRADOR Mumuatiresara.
COMPENSO [it.; compensação] Recuiara- CONCENTRADOURO Mumuatiretaua.
-meêngaua. CONCENTRANTE Mumuatireuara.
COMPLACÊNCIA Icatusaua. CONCENTRAR Mumuatire.
COMPLACENTE Icatu. CONCERTAR Mungaturu, Munguetã. V Ajus-
COMPLACENTEMENTE Icatu-rupi. tar, Acordar'.
COMPLEMENTO Terecemosaua. CONCESSÃO Putaua-munhãngaua.
COMPLETADOR Terecemouara, Muterecemo- CONCESSOR Putaua-munhãngara.
sara. CONCHA Itan, !tanga, Itany, Iapuru, Uatapu.
COMPLETAR Terecemo. Fazer ou ser feito CONCHAVADO Munguitaua.
completar: Muterecemo. CONCHAVADOR Munguitására; Puxi-mungui-
COMPLETO Terecemo. tására; (costumeiro) Munguitáuéra.
COMPOR [conciliar] Euaky. V Acordar'. CONCHAVANTE Munguitáuára.
COMPRA Pirepanasaua. CONCHAVAR Munguitá; (convite ou ajuste
COMPRADOR Pirepanasara. para fim duvidoso ou pouco confessável)
COMPRANTE Pirepanauara. Munguitá-puxi.
COMPRAR Pirepana. Fazer ou ser comprado: CONCHAVO Munguitaua-puxi.
Mupirepana. CONCILIAÇÃO Mupituusaua. V Apaziguar e
COMPRÁVEL Pirepanauera. comp.
COMPREENDEDOR Puranga-cendusara. CONCISAMENTE Iatuca-rupi.
COMPREENDENTE Puranga-cenduara. CONCISÃO Iatucasaua.
CONSCIENTEMENTE

CONCISO Iatuca, Pucuyma. CONFESSANTE Iumu-mbeú-uara.


CONCITAÇÃO Mukyrimbásáua. CONFESSAR Iumu-mbeú.
CONCITADO Mukyrimbaua. CONFESSIONÁRIO Iumu-mbeú-rendaua.
CONCITADOR Mukyrimbására. CONFESSOR Pay, Iumu-mbeúsára.
CONCITANTE Mukyrimbáuára. CONFIADO Puranga-muaú, Muaú-catu.
CONCITAR Mukyrimbá, Mukyrimbau. CONFIANÇA Puranga-muaúsáua.
CONCITATIVO Mukyrimbáuéra. CONFIANTE Puranga-muaúára.
CONCLAMAR Cacemo-iepé-uasu. CONFIAR Muaú-puranga.
CONCLUDENTE Mupáuára. CONFIGURAR Munhã. V Fazer.
CONCLUÍDO Mupaua. CONFIM Ipuásáua.
CONCLUIDOR Mupáusára. CONFINANTE Ipuására, Ipuáuára.
CONCLUINTE Mupáuára. CONFINAR Ipuá.
CONCLUIR Mupau, Mupao. Concluir tudo: CONFIRMAÇÃO Musantásáua, Mueretésáua.
Mupau catu. Concluir bem: Mupau-pu- CONFIRMADOR Musantására, Mueretésára.
ranga. CONFIRMAR Musantá, Muereté.
CONCLUSÃO Mupausaua. CONFIRMATÓRIO Musantáuéra.
CONCORDADO Mueré, Muereana. CONFISSÃO Iumu-mbeúsáua.
CONCORDADOR Muerésára. CONFLUÊNCIA Paranã-racanga-tomasaua.
CONCORDÂNCIA Muerépáua. CONFLUENTE Paranã-racanga.
CONCORDANTE Muerépóra. CONFORMAR-SE Muiaué, Euaky.
CONCORDAR Mueré; [ajustar] Euaky. V Acor- CONFORME Muiaué, Cuaiaué, Iaué.
dar' e comp. CONFORMIDADE Muiauésáua.
CONCÓRDIA Catusaua. CONFORTADO Muangasua.
CONCORRENTE Iepéasú-sôuára. CONFORTADOR Muangasúsára.
CONCORRER Sô-iepéasú. CONFORTANTE Muangasu-uara.
CONCUBINA Uasá, Uasara. CONFORTAR Muangasu. Confortar-se: Iumu-
CONCUBINADO Uasaua, Iuuasá. angasu.
CONCÚBITO Uasá, Meno. CONFORTO Muangasúsáua.
CONCULCAR Pypiru. CONFRONTADOR Mumocoinsara.
CONCUNHADO Euaiara, !cunhara (corrup. CONFRONTAMENTO Mumocoinsaua.
do port.). CONFRONTANTE Mumocoin-uara.
CONCURSO Iepé-asú-sosaua. CONFRONTAR Mumocoin. Confrontar-se: Iu-
CONDIÇÃO Tecoua, Tecôsáua. mumocoin.
CONDICIONALMENTE Tecôsáua-rupi. CONFUNDIDO Mupatuca.
CONDIMENTAR Muceen. CONFUNDIR Mupatuca.
CONDIMENTO Muceengaua. CONFUSÃO Mupatucasaua.
CONDUÇÃO Rasôsáua. CONFUTAR Mucameen-poité.
CONDURU Conuru. CONHECEDOR Cuausara.
CONDUTO Tyra. CONHECENTE Cuauara.
CONDUTOR Rasósára. CONHECER Cuau. Conhecer-se: Iucuau. Fazer
CONDUZIDO Rasoua, Rasoana. ou ser feito conhecer: Mucuau. Fazer-se co-
CONDUZIR Rasó. Conduzir-se: Iurasó. Fazer nhecer: Iumucuau.
ou ser feito conduzir: Murasó. Conduzir den- CONHECIMENTO Cuausaua.
tro do paneiro ou outra vasilha: Uruatá. CONHECÍVEL Cuauera.
CONDUZÍVEL Rasóuéra. CONLUIAR Euaky-puxi. V Conchavar e
CONFEITO Ceen-kytã-kytãn. comp.
CONFERÊNCIA Munguetásáua. CONOSCO Iané-irumo.
CONFERENCIADOR Munguetására. CONSCIÊNCIA Piá, Anga.
CONFERENCIAR Munguetá. CONSCIENTE Icuauana.
CONFESSADO Iumu-mbeú, Iumu-mbeúa. CONSCIENTEMENTE Cuau-rupi.
CONSELHEIRO

CONSELHEIRO (bom) Munguetására-puran- CONSTRUÇÃO Munhãngaua. V Fazer e comp.


ga; (mau) Munguetására-puxi. O do conse- CONSULTAR Porandu. V Perguntar e comp.
lho da tribo: Moacara. CONSULTÓRIO Porandutaua.
CONSELHO [aconselhamento] Munguetásáua. CONSUMIÇÃO Muauépáua.
Conselho dos velhos da tribo: Moacaretá; (o CONSUMIDO Muaué, Muaueana.
lugar onde se reúne) Moacaretaua. CONSUMIDOR Muauésára.
CONSENTIR Putare. V Querer e comp. CONSUMIDOURO Muauétyua.
CONSEQUÊNCIA Asuísáua. CONSUMINTE Muauépóra.
CONSEQUENTE Asuíuára. CONSUMIR Muaué. Consumir-se: Iumuaué.
CONSEQUENTEMENTE Asuí-rupi. CONSUMÍVEL Muauéuéra.
CONSERVA (de carnes ou peixes no fumeiro) CONTA Papasaua.
Mocaên; (de peixe salgado e seco ao sol) CONTADO Papaua, Papare.
Píraên. CONTADOR' [quem faz contas] Paparesara.
CONSIGO I-irumo. CONTADOR [quem relata] Mbeúsára.
2

CONSOLAÇÃO Morásáua. CONTADORIA Paparetaua, Papare-rendaua.


CONSOLADO Moreuá. CONTAGIADO Picicaua.
CONSOLADOR Morésára. CONTAGIAR Picica.
CONSOLANTE Moréuára. CONTÁGIO Imaciuasu.
CONSOLAR Moré. Consolar-se: Iumoré, CONTAGIOSO Picicauara.
Munhã-piá. CONTAMINAR Mukiá.
CONSOLIDAÇÃO Musantásáua. CONTAR' Papare
CONSOLIDADOR Musantására. CONTAR 2 (relatar) Mbeú. Contar notícias: Po-
CONSOLIDADOURO Musantátáua. randyua. Contar intrigas: Marandyua. Contar
CONSOLIDANTE Musantáuára. no futuro: Saru.
CONSOLIDAR Musantá. Consolidar-se: Iumu- CONTAS DE VIDRO Misanga; (quando peque-
santá. nas) Puíra.
CONSOLIDÁVEL Musantáuéra. Xipiaketésáua.
CONSORCIAR Mendare. V Casar. CONTEMPLADOR Xipiaketésára.
CONSÓRCIO [casamento] Mendaresaua; (pa- CONTEMPLANTE Xipiaketé-uara.
ra qualquer outro fim) Muatiresaua. CONTEMPLAR Xípiaketé.
CONSORTE (o marido) Mena; (a mulher) Re- CONTEMPORIZAÇÃO Saruarasaua.
míricô; (se o consórcio não é casamento) CONTEMPORIZADOR Saruarasara.
Iurumuara. CONTENDA Iucacaua.
CONSPURCADOR Tumu-tumunasara. CONTENDER Iucacau.
CONSPURCAMENTO Tumu-tumunasaua. CONTENDOR Iucacausara.
CONSPURCANTE Tumu-tumunauara. CONTENTADOR Musorysara.
CONSPURCAR Tumu-tumuna. CONTENTAMENTO Musorysaua.
CONSTÂNCIA Piá-santásáua. CONTENTANTE Musoryuara.
CONSTANTE Píá-santá. CONTENTAR Musory, Musury.
CONSTAR Cuau, Cuao. V Saber e comp. CONTENTE Sory, Sury; Catu.
CONSTELAÇÃO Yacy-tatá-rangaua. CONTIGO Né-irumo.
CONSTERNADO Saciara. CONTINUAÇÃO Iaué-munhãngaua.
CONSTERNAR Musaciara. CONTINUADOR Iaué-munhãngara.
CONSTIPAÇÃO Mací-ayua. CONTINUAR Munhãn-iaué, Inhana.
CONSTIPADO Maciuara. CONTO Mbeú-saua.
CONSTIPAR Maci. CONTRA Amu-suaxara.
CONSTITUIÇÃO Tecô-munhãngaua. CONTRADIÇÃO Amu-nheêngaua.
CONSTITUINTE Tecô-munhãngara. CONTRADITOR Amu-nheêngara.
CONSTITUIR Tecô-munhãn. CONTRADIZER Nheên-amu.
CONSTRANGER V Obrigar e comp. CONTRARIADOR Amu-munhãngara.
CORRETOR

CONTRARIAR Munhãn-amu. CÓPIA' Sangaua, Rangaua.


CONTRARIEDADE Amu-munhãngaua. CÓPIA 2 (quantidade) Ceiía.
CONTRÁRIO Amu-munhãn, Amu. A margem COPIAR' (figuras) Coatiare. V Desenhar e comp.
contrária: Amu cembyua. COPIAR' (alpendre) Copiá, Copiara.
Satambyca-munguetásáua. COPIOSO Ceiíua.
CONTRATANTE Satambyca-munguetáuára. CÓPULA Uikecé, Menosaua.
CONTRATAR Munguetá-satambyca. COPULAR Ménu.
Iauísáua. COQUEIRO Airiyua.
CONTRAVENENO Mbae-ayua-rupiara, Maá- Piá. O que está no coração: Piáuára.
-ayua-rupiara. O que enche o coração: Piápóra. O que vem
CONTRAVENTOR Iauísára. do coração: Piásáua (= cabelos do coração).
CONTRAVIR Iauí. De todo o coração: Ce piáuasú irumo.
Iepéasú-meengaua, Iepéasú- CORAGEM Kyrimbásáua, Piáuasúsáua.
-munhãngaua. CORAJOSAMENTE Piáuasú-rupi.
CONTRIBUINTE Iepéasú-meengara, Iepéasú- CORAJOSO Kyrimbaua, Piáuasúára.
-munhãngara. CORCUNDA Cupé-apara.
CONTRIBUIR (dando alguma coisa) Meen- CORDA Tupaxama. Corda da rede: Makyra-
-iepéasú; (jazendo) Munhãn-iepéasú. -tupaxama. Corda do arco: Myrapara-tu-
Anga-sacisaua (=dor da alma). paxama.
CONTRISTAR Musaciara. CORDATO Iauaté-yma.
Mucanhemosaua. CORDEL Xama.
CONTURBADOR Mucanhemosara. CORISCAR Tupã-uerá.
CONTURBANTE Mucanhemouera. CORISCO Tupã-ueraua.
CONTURBAR Mucanhemo. Conturbar-se: Iu- CORNADA Aca-cutucasaua.
mucanhemo. CORNETA Toré.
CONVENCEDOR Muruuiaresara. CORNETEIRO Toré-peúsára.
CONVENCER Muruuiare. Convencer-se: Iu- COROA (conta de rosário) Puíra.
muruuiare. CORPO Pira, Ceté, Reté, Teté. Corpo grande:
CONVENCIDO Ruuiare-catu. Pira-turusu. Corpo pequeno, corpinho: Pira-
CONVENCIMENTO Muruuiaresaua. -mirl.
CONVERSA Porunguetaua. (de corrigir) Musatambycasaua,
Porunguetásáua. Mucuturusaua.
CONVERSADIÇO Porunguetáuéra. CORREDEIRA Pirantã. Corredeira do rio: Para-
CONVERSADO Porunguetaua. nã-pirantã. Pequena corredeira do igarapé:
CONVERSADOR Porunguetására. Yngarapé pirantã-xinga.
CONVERSADOURO Porunguetá-rendaua. CORREDIO Sururuera.
CONVERSANTE Porunguetáuára. CORREDOR Unhanasara, Unhangara.
CONVERSAR Porunguetá, Porunguitá. CÓRREGO Yarapé-miri, Yngarapé-miri.
CONVÉS Yara-ierau. (casta de formiga) Taoca.
CONVIDAR Cenoi, Cenue. V Chamar e comp. CORRENTE' Nhanauara.
CONVINCENTE Muruuiareuara. CORRENTE 2 (cadeia) Itaxama.
CONVITE Cenuesaua; (se o convite é para tra- CORRENTEZA (do rio) Pirantãen, Y-kyrimbá-
balho) (R. Negro), Putyrum (Solimões). sáua, Paranã-nhanasaua; (da vazante)
CONVIVÊNCIA Auasaua. pacuena.
CONVIVER Auasa. CORRENTOSO Pirantã, Unhanauara.
CONVOSCO Penhe-irumo. CORRER Nhana, Unhana.
COOPERAR Munhãn-iepéasú. CORRETOR' [de corrigir] Musatambycasara,
COORDENAR Moacare. V Enfileirar e comp. Mucaturusara
COPAÍBA Copayua. Óleo de copaíba: Copa- CORRETOR' (intermediário) Muacasara (= quem
yua-iandy. junta).
CORRIDA

CORRIDA Unhanasaua. COXA Cyuíra, Anasumby.


CORRIDO Taitéua. COXEADOR Pariparinsara.
CORRIGIR Musatambyca, Mucaturu. COXEAMENTO Pariparinsaua.
CORROMPER Muayua. Corromper-se: Iumu- COXEANTE Pariparinsara.
ayua, Musaué (=fazendo apodrecer). COXEAR Pariparin.
CORRUPÇÃO Muayuasaua, Sauésáua. COXIM Acangapaua (=travesseiro).
CORRUPTO Ayua, Sauéána, Iucana. coxo Retimã-apara.
CORRUPTOR Muayuasara, Sauésára. COZIDO Moin, Moingaua. Cozido de peixe
CORTADO Munucana. ou carne esmiuçada com tapioca: Muyica,
CORTADOR Munucasara. Moingyca.
CORTADOURO Munucatyua. COZINHANTE Mumoingara.
CORTADURA Munucasaua. COZINHAR Mumoln, Mimoin, Memoin.
CORTANTE Munucauara. COZINHEIRO Temiú-munhangara.
CORTAR Munuca. CRENÇA Ruuiaresaua.
CORTÁVEL Munucauera. CRENTE Ruiuuaresara, Ruuiareuara.
CORTE Munucaua. CREPITAR Pipoca. V. Espocar e comp.
CORTÊS Iurui. CREPÚSCULO Caarucana.
CORTESIA Iurui-yua. CRER Ruuiare. Fazer ou ser feito crer: Muru-
CORTIÇA Mututy, Uitaua. uiare.
CORTIÇO Iarasu, Iraoca. CRESCENÇA Iumunhangaua, Iatiresaua.
CORUJA Murutucu, Murucututu, Ceucy, CRESCER !atire, Iumunhãn, Iumunhãn-
Caoré, Orucuriá, Matintaperera. uasu.
COSTA Cembyua. CRESCIDO latira.
COSTAS Cupê, Iarucanga. CRESPO (de cabelo) Sarará, Iapixain.
COSTEAR (subindo) Yapire-cembyua-rupi; CRESTAÇÃO Sapecasaua.
(descendo): Uyyé-cembyua-rupi. CRESTADOR Sapecasara.
COSTEIRO Cembyuauara. CRESTANTE Sapecauara.
COSTELA Arucanga. CRESTAR Sapeca, Saueca.
COSTUMANÇA Tecôsáua. CRIAÇÃO [o ato de criar, estabelecer] Mu-
COSTUMAR Iumutecô. nhangaua, Munhãnsaua; [nutrição] Mimbá-
COSTUME Tecô. sáua, Mimbausaua.
COSTUMEIRO Tecôuára, Tecôuéra. CRIADO (de criar) Mimbaua; (que serve)
COSTURA Iauycasaua. Costura enviesada, tor- Miasuá; (o que eu crio) Cerimbaua (xerim-
ta: Sauiu. babo).
COSTURANTE Iauycauara. CRIADOR [o que cria, estabelece] Munhangara,
COSTURAR Iauyca. Fazer costurar: Muiauyca. Munhãnsara; [o que nutre] Mimbausara.
COSTUREIRO Iauycasara. Mau costureiro: CRIANÇA Tainha; Pitanga, Mitanga (Soli-
Iauycauera. mões).
COTAR Mucepi. V. Avaliar e comp. CRIAR [fazer] Munhãn. Criar-se: Iumunhã;
COTINGA Cutinga. [nutrir] Mimbau (de Mué-mbau, dar de
COTOVELO Iyuá-penasaua, Iyuá-mupenasaua. comer). Criar coragem: Mupiá. Criar maté-
COURO Pirera; (se há perigo de confusão e não ria [pus}: Iumuperaua. Criar fama: Munhãn
se diz o nome do animal a que pertenceu) cerá-sakena.
Soó-pirera. Couro de veado: Suasu-pirera. CRIATURA Munhãn-uá.
Couro de anta: Tapyira-pirera etc. CRIME Tecô-iauísáua-ayua.
COVA Iutycacuara, Iutycataua. Cova para re- CRIMINOSO Tecô-iauísára-ayua.
ceber a mandioca: Manicuia. CRIPTURO [ cripturiforme] Inambu, Inamu.
COVARDE Icikiéuéra. Criptur[ell]us serratus: Toré; Criptur[ell]us
COVEIRO Iutímauéra. strigulosus: Inamu-peuai; Criptur[ell}us va-
COVIL Oca, Toca. riegatus: Inamu-anhanga; Criptur[ell}us ci-
CUSPIDELA

nereus: Inambu-pixuna; Criptur[ell]us mini- CUMPRIDOR Musupysara. Cumpridor da pa-


mus: Inambui. lavra: I-nheênga-musupysara.
CRISMA Santá-santásáua. CUMPRIMENTADO Muiupiua.
CRISMADOR Santá-santásáua-meêngara. CUMPRIMENTADOR Muiupisara.
CRISMAR Meên-santá-santásáua. CUMPRIMENTANTE Muiupiuara.
CRISTA Pongá, Pungá. Crista de galo, ga- CUMPRIMENTAR Muiupi.
linha: Sapucaia-pongá. Pássaro de crista: CUMPRIMENTO Musupysaua. Cumprimento
Uiraponga. da lei de Deus: Tupana tecô musupysaua.
CRISTAL Itá-ueraua. CUMPRIR Musupy (=fazer verdadeiro).
CRISTÃMENTE Tupana-tecô-rupi, Tupana- CUNHADA (irmã do marido) Ukií; (irmã da
-tecô-iaué. mulher) Kiuyra.
CRISTÃO Tupana-tecô. CUNHADO (irmão do marido) Ukié; (ir-
CRISTO Christu, Tupana-rayra. mão da mulher) Kiuyra; (marido da irmã)
CROSTA Pirera. Fazer crosta: Mupirera. Euiara.
CROTÓFAGA Anu, Anu-coroca, Anuasu, CUPIM Cupi, Copi.
Anui. CUPINEIRA Cupi-uara.
CRU Moin-yma, Oeyma. CUPINZEIRO Cupi-oca, Cupi-yua.
CRUCIFIXO Tupana-rayra-rangaua. CUPIÚBA Cupiyua.
CRUEL Piá-puxi. CURA Pusanunsaua.
CRUZ Curusá. CURABI Curamby, Curamy.
CRUZEIRO DO SUL Arapari (Solimões); Cacu- CURADO Pusanua.
ri (rio Negro); Uaupés. CURANDEIRO Pusanun-uera.
CUANDU Cuandu. CURANTE Pusanun-uara.
CUATÁ Coatá. CURAR Pusanun.
CÚBIO Cumbiu, Cumiu. CURARE Uirári.
CUCÚRBITA Taiuiá, Iurumu. CURARIZAR Acy. V Ervar.
CUIA (a fruta) Cuieté; (recortada, limpa e com CURAUÁ Curauá. Curauá fiado: Curauá-pui-
cumaty para servir de copo) Cuia; (pintada ana.
mais ou menos elegantemente) Cuia-pinima; CURAUABI (palmeira) Curauaui.
(recortada e limpa, mas sem ter o cumaty) CURAUAZEIRO Curauá-yua.
Cuia-pixé. CURIBOCA Caryuoca.
CUIAMBUCA V Cumbuca. CURICACA Curicaca.
CUÍCA [casta de rato] Cuíca. CURIOSIDADE Maãn-maãngaua; Saãn-saan-
CUIEIRA Cuietéyua. gaua.
CUIÚ-CUIÚ Cuiú-cuiú. CURIOSO Maãn-maangara (= que tudo quer
CUJUBI Cuiumi, Cuiumbi. tocar); Saãnsaangara (= que tudo quer pro-
CULPA Munhã-ayuasaua. var).
CULPADO Munhã-ayuasara. CURRAL Caisara, Curara. Hoje em geral é
CULTIVAÇÃO Iutimasaua. mais usada a segunda forma, corrupção do
CULTIVADO Iutimaua. português.
CULTIVADOR Iutimasara. CURTEZA Iatucasaua.
CULTIVADOURO Iutimatyua. CURTO Iatuca, Nti-pucu, Pucu-yma.
CULTIVANTE Iutimauara. CURUBA (doença da pele) Curuayua, Cueú-
CULTIVAR Iutima. -yua.
CULTIVÁVEL Iutimauera. CURUMIM Curumi.
CULTURA Iutimasaua. CURVATURA Iaparasaua, Iupenasara.
CUMBUCA Cuia-mbuca. CURVO Apara.
CUME Pecô. Cume da serra: Yuytera-pecô, CUSPARADA Tumun-yua.
Yuytera-acanga. CUSPIDEIRA Tumun-tendaua.
CUMEEIRA Oca-ariuá-uara. CUSPIDELA Tumungaua.
CUSPIDO

CUSPIDO !anti. CUSTOSO Cepyuasu; (quando não se trata de


CUSPIDOR Tumiingara. preço, mas de esforço) Iuasu.
CUSPINHAR Tumii-tumii. CUTELO Kicé.
CUSPIR Tumii, Tumiin. Cuspir-se: Iutumiin. CUTIA Acuty.
Fazer cuspir: Mutumiin. CUTIA-DE-RABO Acutyuaia.
CUSPO Tumuna, Tumuma, Iuru-yukicé. CUTILADA Iapysaua.
CUSTAR' [demorar} Iuasu. CUTITIRIBÁ [o fruto] Cutitiryuá; (a árvore)
CUSTAR 2 [ter preço] Cepy. Cutitiryuayua.
DA Suí, Kiti. Falava da porta aos que estavam DÁSIPO Tatu. Dasypus gigas: Torá, Tatuasu;
da parte de fora: Oporunguetana okena suí Dasypus tricinctus (tatu-bola): Tatu-apara.
mira oicoana ocara kiti recé. Vem da cidade: DATA Ara catu. Dá-me a data da tua chegada:
Ocica mairy suí. V. De. Renheên ara catu recica ramé.
DABARU (instrumento de suplício) Ndauaru. DE Quando indica relação de condição não
DÁDIVA Meenga. se traduz, e somente se pospõe a palavra
DADO Meênga. modificadora à palavra modificada: Ponta
DADOR Meêngara. de terra: Ara pecô, Ara pecuma; Galho
DANADO Yurupary-tatá-pora. de pau: Myrá racanga. O mesmo se indi-
DANÇAR Puracy. V. Bailar e comp. ca a matéria de que uma coisa é feita, ca-
DANIFICAÇÃO Mupuxisaua. so, porém, em que se pode também usar
DANIFICADOR Mupuxisara. suíuára. Barco de ferro pode dizer-se tan-
DANIFICANTE Mupuxiuara. to: Itá maracati, como Maracati itá suíu-
DANIFICAR Mupuxi. Danificar-se: Iumupuxi. ára. Se exprime relação de proveniência:
DANINHO Mupuxiuera. Suí. Exs.: Dacolá: Ape suí. Daí: Misuí.
DANO Mupuxiua. Daqui: Cuá suí. De lá: Asuí. Se se refere à
DANOSAMENTE Mupuxiua-rupi. relação de modo: Rupi. Exs.: De palavra:
DAR Meên. Dar-se: Iumeên. Fazer ou ser fei- Nheênga rupi. Se indica procedência, natu-
to dar: Mumeên. Dar o nó: Mukytan. Dar ralidade e relações análogas: Uara como su-
palmadas: Pô-peteca. Dar-se a conhecer: fixo. Ex.: de Manaus, Manaouara. De Pará:
Mucameên, Iumucameên. Parauara, preposição que, se indicasse sim-
DARDEJADOR Iumusara. ples proveniência, deveria ser traduzida por
DARDEJAMENTO Iumusaua. Suí. Ex.: Vem agora de Manaus: Ocica cuiró
DARDEJANTE Iumuuara. Manao suí. Se indica possessão: Iara.
DARDEJAR Iumu. DE ANTEMÃO Tenondé-rupi.
DARDO Ueyua, Curamy. V. Flecha. DEBAIXO Uirpe, Uirupe. Que está debaixo:
DARTRO Pyrauasu, Curu. Uirpeuara.
DARTROSO Pyrauasuara. DEBALDE Panemo, Teên.
DEBANDAR

DEBANDAR Iauau. V. Fugir e comp. DECLARANTE Muiucuáouára; (o que faz de-


DEBATER Nheen-nheen. Depois de muito clarações a cada instante) Muiucuáouéra.
debater pagou o preço: Onheen-nheen ara DECLARAR Muiucuao, Muiucuau.
pucu ariré omeen recuiara. DECLIVE Oiéyuá.
DEBATER-SE Iucataca. O peixe se debate na DEcocçÃo Mimoingauasaua.
rede: Pirá oiucataca pusá kiti. DECOCTO Mimoingaua.
DEBATIDO Nheen-nheenga. DECOMPOR-SE (as carnes) Iucana.
DEBATIMENTO Nheen-nheengaua. DECOMPOSIÇÃO Iucasaua.
DEBICADO Musorayua. DECORAR Mungaturu. V. Aprestar e comp.;
DEBICADOR Musoraysara. Muamundeu. V. Enfeitar.
DEBICANTE Musorayuara. DECORO Iumoetésáua.
DEBICAR' [ironizar] Musoray. DECORRENTE Suíuára. Decorrente disto: Cuá
DEBICAR [beliscar] Pixama. suíuára. Decorrente daquilo: A suíuára. Decor-
DÉBIL [fraco] Kyrimbayma, Pi tua; Santá- rente de todas estas coisas: Cuá-maaetá-
yma; (fino) Pui. Gente débil para comba- -suíuára.
ter: Mira kyrimbayma omaramunha ara- DECORTICAR Mupiroca, Musaca-pirera.
ma. O cipó é débil para amarrá-lo: Cipó DECRÉPITO Tuiué-eté.
santá-yma oiapucuare aé arama. Quanto DECRESCENÇA Iarucasaua.
a puf = fino, nem sempre o que é fino é DECRESCENTE Iarucasara, Iarucauara.
débil. DECRESCER Iaruca.
DEBILIDADE Kyrimbayma-saua, Pituasaua; DECRESCIDO Iaruca, Iarucaua.
Santá-ymasaua. DECRETAR Muacári. V. Comandar e comp.
DEBILITAÇÃO Mupitusaua; Mupuisaua. DEDAL Pô-racanga-pupecasara.
DEBILITADOR Mupitusara; Mupuisara. DEDO Racanga, Sacanga. Dedo da mão: Pô-
DEBILITANTE Mupituara; Mupuiuara. -racanga. Dedo grande da mão: Pô-ra-
DEBILITAR Mupitu; Mupui. cangasu. Dedo do pé: Py-racanga. Dedo mí-
DEBIQUE Musoraysaua. nimo do pé: Py-racanga-miri.
DEBULHA Mupycasaua. DEDUZIR Iuuca. V. Tirar e comp.
DEBULHADOR Mupycasara. DEFECAÇÃO Caáá-saua.
DEBULHANTE Mupycauara. DEFECADOR Caáá-sara.
DEBULHAR Mupyca. DEFECADOURO Caáá-rendaua.
DECÁLOGO Tupana mundusaua, Tupana mu- DEFECANTE Caáá-uara. Defecante a miúdo:
nusaua. Caáá-uera.
DECAPITAÇÃO Acanga-munucasaua. DEFECAR Caáá.
DECAPITADOR Acanga-munucasara. DEFEITO Moanga.
DECAPITANTE Acanga-munucauara. DEFEITUOSO Moangara, Apara.
DECAPITAR Munuca acanga. DEFENDER Pyceriln. Defender-se: Iupyceriln.
DECÊNDIO Mucoin-pô-ara-papasaua. DEFENDIDO Pycerunga; Pyayru.
DECÊNIO Mucoin-pô-acaiú-papasaua. DEFENSOR Pycerungara.
DECEPADO Imusaca. DEFESA Pycerungaua; Pyayrusaua.
DECEPADOR Musacasara. DEFINHAR Ierasuca. V. Minguar.
DECEPAMENTO Musacasaua. DEFLORADOR Mpucasara, Mpuisara.
DECEPAR Musaca. DEFLORAMENTO Mpucasaua, Mpuisaua.
DECIDIDO Kyrimbaua, Cikié-yma, Piá-pu- DEFLORAR Mpuca, Mbuca (= abrir, rasgar),
rauacaua. Mpuí (=furar). Esses termos não trazem
DECIDIR Piá-purauaca. V. Escolher. nenhuma ideia de violência. Ex.: Quando o
DECLARAÇÃO Muiucuáusáua. dia chega, a Lua deflora a moça: Yacy ompu-
DECLARADAMENTE Muiucuau-rupi. ca cunhãmucu ara catu ocica ramé. Os mis-
DECLARADO Muiucuauá, Muiucuauana. sionários usaram munhãayua e muayua;
DECLARADOR Muiucuáusára. mas é forçoso confessar que ao fato o indí-
DEMÔNIO

gena não liga a importância que deste mo- to para o ar: Iauacaca omuienô cunhãmucu
do se lhe atribui. yuype i putiá iuaca rupi. Deitou o cachorro
DEFORMAÇÃO Mbóisáua. fora de casa: Ombure iauara ocarpe.
DEFORMADO Mbói, Mbói-uá. DEIXADO Xiare.
DEFORMADOR Mbóisára. DEIXADOR Xiaresara.
DEFORMANTE Mbóiuára. DEIXAMENTO Xiaresaua.
DEFORMAR Mbói. Deformar-se: Iu-mbói. DEIXANTE Xiareuara. Que deixa ou é deixado
DEFORMÁVEL Mbóiuéra. jàcilmente: Xiareuera.
DEFORMIDADE Mbóisáua. DEIXAR Xiare, Xiári.
DEFRAUDAR Muãn. V Fingir e comp. DEJETAR Caáá. V Defecar e comp.
DEFRONTAR Iuanti. V Encontrar e comp. DELFIM-AMAZÔNICO [boto] Pirá-iauara; (o
DEFUMADO Muti-mbureua. róseo, mais pequeno e mais claro) Oyara; (o
DEFUMADOR Muti-mburesara. cinzento) Tucuxy.
DEFUMADOURO Muti-mbure-rendaua. DELGADO (se se trata de fio ou coisa seme-
DEFUMADURA Muti-mburesaua. lhante) Puy, Pui; (se de couro, casca, tela etc.)
DEFUMANTE Muti-mbureuara. Pireral.
DEFUMAR Muti-mbure; Mutatatinga (=fazer DELIBAR Tykyre. V Degustar e comp.
fumaça). DELIBERAÇÃO Piá-munguetásáua.
DEFUMÁVEL Muti-mbureuera. DELIBERADAMENTE Piá-munguetaua-rupi.
DEFUNÇÃO Manôsáua. DELIBERADO Piá-munguetaua.
DEFUNTO Ambyra, Amyra. Meu defunto pai: DELIBERANTE Piá-munguetáuára, Piá-mun-
Cé paia ambyra. O defunto que foi morto: guetására.
Iucambyra; Iaiura-munuca-yua. DELIBERAR Piá-munguetá, Piá-munguitá.
DEGLUTIÇÃO Mucunãngaua. DELICADO (ao gosto) Pytinga.
DEGLUTIR Mucunãn. V Engolir e comp. DELIDO Y-curuiuá.
DEGOLAÇÃO Iaiúra-munucasaua. DELIMITAÇÃO Murangauasaua.
DEGOLADOR Iaiúra-munucasara. DELIMITADO Murangaua.
DEGOLADOURO Iaiúra-munucataua. DELIMITADOR Murangauasara.
DEGOLANTE Iaiúra-munucauara, Iaiúra- DELIMITANTE Murangauauara.
-munuca-yua. DELIMITAR Murangaua.
DEGOLAR Munuca-iaiúra. DELINQUIR Mupuxi. V Danificar e comp.
DEGRADAÇÃO Tetama-suí-mpusaua. DELIR Y-curu!. Fazer delir: Mu-y-curul.
DEGRADADO Tetama-suí-mpua. DELIRAR Pitá-acanga-yma.
DEGRADADOR Tetama-suí-mpusara. DE LONGE Apecatu-suí. Gente de longe: Mira-
DEGRADAR [banir] Mpu-tetama-suí. -apecatu-uara. Gente que vem de longe:
DEGRAU Py-rendaua. Mira ocica apecatu-suí.
DEGUSTAÇÃO Pytingaua. DEMANDAR Cicári, Cicare. V Procurar e
DEGUSTADO Pytin, Pyti. comp.
DEGUSTADOR Pytingara. DEMENTE Acanga-ayua. V Doido e Endoi-
DEGUSTAR Pytin. decer.
DEÍPARA Tupana-manha. DEMOLIÇÃO Mucocuisaua.
DEÍSMO Tupanasaua. DEMOLIDO Mucocuiuá.
DEÍSTA Tupanauara. DEMOLIDOR Mucocuisara.
DEITADO Ienuuá. DEMOLIR Mucocui.
DEITADURA Ienôsáua. DEMOLITÓRIO Mucocuiuara, Mucocuiuera.
DEITANTE Ienôuára, Ienusara. DEMONÍACO Yuruparyuara.
DEITAR Ienô, Ienu. Deitar ou fazer deitar: DEMÔNIO Yurupary. É o nome que lhe de-
Muienô, Mbure (=jogar). A moça deita-se ram os Missionários, aplicando-lhe o no-
na rede: Cunhâmucu oienô makyra kiti. O me do Legislador indígena. V Yurupary na
Lontra fez deitar a moça no chão com o pei- 2' parte.

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DEMONSTRAÇÃO

DEMONSTRAÇÃO Mucameen-saua. DEPILADO Sauoca, Cauoca. V Depenar e


DEMONSTRADO Mucameenga. comp. É de cauoca, parece, que por corrup-
DEMONSTRADOR Mucameengara. ção vem caboclo, pelo costume que tinham
DEMONSTRAR Mucameen. as Companhias de Resgate de rapar a cabe-
DEMORA Cupucusaua, Cupucutaua. ça dos índios resgatados, que por via disso
DEMORADO Cupucuá. mesmo os chamavam, com pronúncia por-
DEMORADOR Cupucusara; (a causa da de- tuguesa, cabocas e daí caboclos.
mora) Cupucuyua. DEPOIS Ariré, Asuí, Casakire. Depois de to-
DEMORANTE Cupucuuara. dos fala o tuxaua: Opanhe asuí onheen tui-
DEMORAR Cupucu, Icô-pucu. Demorar-se: xaua. Depois chegou o veado e depois de-
Iucupucu. le perna curta: Ariré ocica suasu, i casaki-
DEMORÁVEL Cupucuera. re ocica retimã-iatuca. Depois de tudo:
DENEGRIR Mupixuna. Pausape, Opausape, Opausuí.
DENGOSO Uarixy. DEPRESSA Curuten, Sapuá-rupi.
DENTADA Suusaua. Muiucisaua.
DENTADO Suuá. DEPURADO Muiuciuá.
DENTADOR Suusara. DEPURADOR Muiucisara.
DENTANTE Suuara. DEPURADOURO Muiucirendaua.
DENTAR Suu, Soú, Soó. DEPURANTE Muiuciuara.
DENTE Sanha, Ranha, Tanha. Dente grande: DEPURAR Muiuci.
Tanhasu, Sanhasu, Ranhasu. DEPURÁVEL Muiciuera.
Sanha-mpucasaua. DE QUE LADO? Masuindape?
DENTISTA Sanha-pusanun-uera. DE QUE MODO? Ma-iaué?
DENTRE Suí. Dentre nós escolhe um: Repu- Asuásáua.
rauaca iepé iané suí. Dentre os dois: Mucoin DERIVADO Asuíuá.
suí. Dentre aqueles todos: Nhaetá apanhe DERIVADOR Asuására.
suí, Nhaetá pau suí. DERIVANTE Asuíuára.
DENTRO Pá, Pope, Pipe, Pora. Dentro d' água: DERIVÁVEL Asuíuéra.
Y-pipe. Dentro de casa: Oca-pipe. O que é de DERRADEIRO Casakireuara.
dentro de casa: Ocapora. Leva dentro da ca- DERRAMADO Iucenauá, Ciryca, Tykyre, Sa-
noa o paneiro de farinha: Rerasô yngara opa enga.
ui ireru. Caiu dentro do rio: Oari paranãpe. DERRAMAMENTO Iucenasaua, Cirycasaua,
Pensei dentro de mim: Xamaité ce pope. Tykyresaua, Saengaua.
DENUDAR Mupiroca. V Despir. DERRAMAR (vertendo) Iucena; (de vasilha
DE ONDE? Masuí? De onde é ou de onde vem?: rachada) Ciryca; (a gotas) Tykyre; (trans-
Masuíuára? De onde sai?: Masuípe? bordando) Saen.
DEPENADO Sauaca, Sauoca; Piroca (diz-se do DERRETEDOR Mutycusara.
passarinho que ainda não criou as penas e o DERRETENTE Mutycuera.
é naturalmente). DERRETER Mutycu. Derreter-se: Iumutycu.
DEPENADOR Sauacasara. DERRETIDO Mutycuá.
DEPENADOURO Sauacataua. DERRETIMENTO Mutycusaua.
DEPENANTE Sauacauara. DERRIBADA Muarísáua; Tutucasaua.
DEPENAR Sauaca, Sauoca. DERRIBADOR Muarísára; Tutucasara.
Iaticüsaua. DERRIBANTE Muaríuára; Tutucauára.
DEPENDURADO Iaticüá. DERRIBAR (jazer cair) Muari; (batendo)
DEPENDURADOR Iaticüsara. Tutuca. Marié derribou logo o inimigo:
DEPENDURADOURO Iaticü-rendaua. Ieperecé Marié omuari isuainhana. O Jabuti
DEPENDURANTE Iaticüuara. encontrou a menina que estava colhendo uixi
DEPENDURAR Iaticü. e lhe disse: Derriba também uixi para eu co-
DEPENDURÁVEL Iaticüuera. mer: Iauty oiuaenti cunhãntain oppoca ui-

~··:i 200 1.'.'~


DESCABEÇANTE

xy, onheen ae supé: Retutuca teen uixy xá- DESAGUAMENTO Typacuenasaua.


-mbaú arama. Derribar as frutas com DESAGUAR Typacuena.
um pau ou outra qualquer coisa análoga: DESAJEITADO Mucuao-yma.
Mucocui. DESAJUIZADO Acanga-yma.
DERRISÃO Musoraysáua. V Debicar e comp. DESALENTADOR Mupítuasara.
DERROGAR Musaca, Iuuca. V Tirar e comp. DESALENTAR Mupítua.
DERRUBADA Itycasaua. Lugar de derrubada: DESALENTO Mupítuasaua.
Ityca-rendaua. DESALGEMADO Itaxama-yma.
DERRUBADOR Itycasara. DESALGEMAR Iuuca-itaxama.
DERRUBANTE Itycauara. DESAMAR Mutare-yma.
DERRUBAR Ityca. Quando é tempo o Tapuia DESAMOLADO Saímbé-yma.
derruba a mata para fazer a roça: Ara catu DESAMPARADO Ipoírõn-yma.
ramé tapyía oityca caáuasú, omunhã cupi- DESAMPARADOR Ipoirõngara-yma.
xaua arama. DESAMPARO Ipoírõngaua-yma.
DERRUBÁVEL Itycauera. DESANCAR Nupá-uasu.
DESABADO Cucui, Cucuiuá. DESANDAR Iui-íuíre-casakíre.
DESABADOR Cucuisara. DESANIMAR Iucanhemo. Fazer desanimar:
DESABAMENTO Cucuisaua. Muiucanhemo. V Perder e comp.
DESABANTE Cucuiara. DESAPARECER Canhemo. V Perder e comp.
DESABAR Cucui, Iucucui. A casa desabou de DESAPARTADO Musaracauá.
velha: Oca ocucui tuiué suí. Desaba do al- DESAPARTADOR Musaracasara.
to e vem abaixo: Oiucucui iaueté rupi oa- DESAPARTAMENTO Musaracasaua.
ri yuyrpe. DESAPARTANTE Musaracauara.
DESABÁVEL Cucuiuera. DESAPARTAR Musaraca.
DESABROCHADO Porocauá. DESAPARTÁVEL Musaracauera.
DESABROCHADOR Porocasara. DESAPEGADO Mupoírí.
DESABROCHAMENTO Porocasaua. DESAPEGADOR Mupoíresára.
DESABROCHANTE Porocauara. DESAPEGANTE Mupoíreuára.
DESABROCHAR Poroca. DESAPEGAR Mupoíre, Mupoírí. Desapegar-
DESABROCHÁVEL Porocauera. -se: Iumopoíre.
DESABUSADO Tin-yma. DESAPEGÁVEL Mupoíreuéra, Mupoíretéua.
DESACATAMENTO Mbueté-ymasaua. DESAPEGO Mupoíresáua.
DESACATAR Mbueté-yma, Moeté-yma. DESAPIEDADAMENTE Morasu-yma-rupi.
DESACORDAR Euaky-yma. DESAPIEDADO Morasu-yma.
DESACORRENTADO Itapucuári-yma. DESATAR Iurare. V Desligar e comp.
DESACORRENTAR Iuoca-ítapucuarísaua, DESBASTAR Mupuy. Desbastar um pouco
Iuoca-itaxama. mais: Mupuyxinga. Desbastar madeira com a
DESACUMULAR Musaen. enxó ou outro instrumento análogo: Iupana.
DESAFERROLHAR Cekindáuóca. DESBOTADO Ieramé.
DESAFIADO Iusaãnga. DESBOTADOR Ieramésára; (quem faz) Muie-
DESAFIADOR Iusaãngara. ramésára.
DESAFIAR Iusaãn. DESBOTAMENTO Ieramésáua.
DESAFINAR Peú-puxi. DESBOTANTE Ieraméuára; (que faz) Muíera-
DESAFIO Iusaãngaua; Mupyca. méuára.
DESAFRONTADOR Iupycasara. DESBOTAR Iuíeramé. Fazer ou ser feito desbo-
DESAFRONTAR Iupyca. Desafrontar-se: Iuiu- tar: Muieramé.
pyca. DESCABEÇADOR Acanga-uocauara.
DESAFRONTO Iupycasaua. DESCABEÇADOURO Acanga-uocatyua.
DESAGUADOURO (especialmente dos lagos) DESCABEÇAMENTO Acanga-uocasaua.
Typacuenatyua. DESCABEÇANTE Acanga-uocauara.

~ 201 ~·1.~
DESCABEÇAR

DESCABEÇAR Acanga-uoca. Descabeçar-se: DESCOMPONENTE Iacauuara.


Iuacanga-uoca. DESCOMPOR Iacau.
DESCABEÇÁVEL Acanga-uocauera, Acanga- DESCOMPOSTO Iacauá.
-uocateua. DESCOMPOSTOR Iacausaua.
DESCAMAR Mupiroca. DESCONJUNTADO Muaca-yma, Iurauá.
DESCAMPADO Ara-peri, Peri-tyua (= terra, DESCOSIDO Iauyca-yma.
lugar de erva), Arasá, Arasuá ( = cara da ter- DESCRENÇA Ruuiare-ymasaua.
ra, que a mostra ao sol sem ser coberta de DESCRENTE Ruuiare-ymasara.
mata). DESCRER Ruuiare-yma.
DESCANSADAMENTE Sapuá-yma-rupi, Pytu- DESCUIDADO Manhana-yma.
uarupi. DESCUIDO Manhana-ymasaua.
DESCANSADO Pytuuá, Mytuuá, Sapuá-yma. DESDE Suí, Ramé. Eu te espero desde antes de
DESCANSADOR Pytuusara. ontem: Xasaru indé amucuecé suí. Desde que
DESCANSADOURO Pytuutaua, Mytuutaua, tua mãe consinta podes vir: Reiuíre cuao ne
Mytuusaua. maia oputári ramé. Desde pouco: Cuecente.
DESCANSANTE Pytuuara. DESDENTADO Ranha-yma, Sanha-yma, Tanha-
DESCANSAR Pytuu, Mytuu. -yma.
DESCANSÁVEL Pytuuera. DESDITOSO Taité, Panema.
DESCANSO Pytuusaua, Mytuusaua. DESDIZER Iamunheen. Desdizer-se: Iuiamu-
DESCARADO Tin-yma. nheen.
DESCARAR-SE Canhemo-tin. DESEJADO Jucyuá.
DESCARGA Purucasaua. DESEJADOR Iucysara.
DESCARREGADO Ipora-yma, Purucauá. DESEJANTE Iucyuara.
DESCARREGADOR Purucasara. DESEJAR Iucy. Desejar-se: Iuiucy. Fazer ou ser
DESCARREGADOURO Puruca-rendaua. feito desejar: Muiucy. É forma todavia mui-
DESCARREGANTE Purucauara. to raramente empregada e substituível sem-
DESCARREGAR Puruca. Fazer descarregar: pre por Putare, querer.
Mupuruca. DESEJÁVEL Iucyuera.
DESCARREGÁVEL Purucauera. DESEJO Iucysaua.
DESCASCADO Piroca. DESEMBARAÇADAMENTE Iuapatuca-yma-
DESCASCADOR Mupirocasara, Iupirocasara. -rupi.
DESCASCANTE Mupirocauara, Iupirocauara. DESEMBARAÇADO Iuapatuca-yma.
DESCASCAR (por si) Iupiroca. Fazer ou ser DESEMBARAÇO Iuapatuca-ymasaua.
feito descascar: Mupiroca. DESEMBARCADOURO Cemo-yngara-suí-
DESCASCÁVEL Pirocauera. -rendaua.
DESCAUDADO Suaia-yma, Ruaia-yma. DESEMBARCAR Cemo-yngara-suí.
DESCENDENTE [que descende] Epy-suíuára, DESEMBOTAR Musai-mbé.
Yua-suíuára; (quem desce) Uieysara; (que DESEMBUÇAR Mucameen. V Mostrar e comp.
desce) Uieyuara. DESEMPENAR Musatambyca.
DESCER Uié, Uiey, Uiyiy, Ueiy. Fazer ou ser DESEMPENO Musatambyca-saua.
feito descer: Muié. DESEMPOLAR Muponga-yma.
DESCERCADO Caisara-yma. DESEMPOLGADO Muapicica-yma.
DESCERRAR Pirári, Pirare. V Abrir e comp. DESEMPORRADO [desembriagado] Iucau-yma.
DESCIDA Uiésáua; (lugar de descida) Uiétyua. DESENCABEÇADO Muacanga-ayua.
DESCIDO Uiéua. DESENCADEAR-SE (falando da tempestade)
DESCOBERTA Uacemosaua. Iuiutu-oiuporucári.
DESCOBERTO [achado] Uacemo; [não cober- DESENCOVAÇÃO Euocasaua.
to] Cekinau-yma, Cekindau-yma. DESENCOVADOR Euocasara.
DESCOBRIDOR Uacemosara. DESENCOVAR Euoca, Iuoca.
DESCOBRIR Uacemo. V Achar. DESENFERRUJADO Kitinucauá.
DESLOCAR

DESENFERRUJADOR Kitinucasara. DESFIANTE Iapuipora.


DESENFERRUJAMENTO Kitinucasaua. DESFORRA Iupycasaua.
DESENFERRUJANTE Kitinucauara. DESFORRADO Iupycauá.
DESENFERRUJAR Kitinuca, Kitingoca. DESFORRADOR Iupycasara.
DESENFIADO Apitama-yma. Diz-se do peixe DESFORRAR Iupyca.
ainda não enfiado em cambadas, a granel. DESFRECHAR Iumu. V. Flechar e comp.
DESENFORCADO Iembuca-yma. DESGOSTADO (de simples tristeza) Piá-saci-
DESENGASGADO Iuyca-yma. ara; (de simples zanga) Piá-ayua; Iuuaruá.
DESENGELHAR Xiryca-yma, Piririca-yma. DESGOSTANTE Iuuaruara, Iuuarusara.
DESENGOLIDO Mucunã-yma. DESGOSTAR Iuuaru, Iuueru.
DESENHADO Coatiári, Coatiara. DESGOSTO Iuuarusaua.
DESENHADOR Coatiaresara. DESGRAÇA Puxisaua, Sacisaua.
DESENHANTE Coatiaresaua. DESGRAÇA Pyrasusaua, Puriasusaua.
DESENHAR Coatiare, Coatiara. DESGRAÇADO Puxiuá, Saciara.
DESENHÁVEL Coatiareuera. DESGRAÇADO Pyrasuera, Puriasuera, Caipora.
DESENHO Coatiaresaua. DESGRENHADO Apatucaua.
DESENJOADO Iaca-yma. DESÍDIA Aiy, Pituasaua.
DESENROLAR Sará. Desenrolar rapidamente: DESIDIOSO Pitua.
Sarará. DESIGNAÇÃO Mucameêngaua.
DESENRUGAR Mocooca, Muicyma. Usa-se o DESIGNADO Mucameênga.
segundo quando se trata de tecidos e obje- DESIGNADOR Mucameêngara.
tos semelhantes. DESIGNAR Mucameên.
DESENTERRAR Iuoca, Iuuca-yuy-suí. DESIGUAL Apara, Iaué-yma.
DESENTUPIR Iuuca. DESIGUALAR Munhã-apara.
DESENVASILHADO Ireru-yma DESIMPEDIDO Apatuca-yma.
DESENVASILHAR Iuuca-ireru-suí. DESINCHAÇÃO Iarucasaua.
DESENVOLVEDOR Cinhingara. DESINCHADO Iarucauá.
DESENVOLVER Cinhin. Com especialidade DESINCHADOR Iarucasara.
se diz das plantas. DESINCHANTE Iarucauara.
DESENVOLVIDO Cinhinga. DESINCHAR Iaruca.
DESENVOLVIMENTO Cinhingaua. DESINCHÁVEL Iarucauera.
DESERTOR Canicaru; Canhemotéua, Iaua- DESJUNGIR Musaca. V. Separar e comp.
uera; Mocanauá. Canicaru era o nome que DESLIGAÇÃO Iuraresaua.
davam aos índios mansos e que tinham DESLIGADO Iurau, Iurareuá.
aceitado o jugo português, quando volviam DESLIGADOR Iuraresara.
à independência; canhemotéua e iauauera DESLIGANTE Iurareuara.
se aplicavam aos escravos fugidos; e moca- DESLIGAR Iurare, Iurári. Desligar-se: Iuiurare.
nauá, aos mocambeiros. DESLIGÁVEL Iurareuera.
DESFALECEDOR Maraaresara. DESLIZADO Cerycauá.
DESFALECENTE Maraareuara. DESLIZADOR Cerycasara.
DESFALECER (se é devido ao cansaço ou causa DESLIZAMENTO Cerycasaua.
semelhante) Maraare; (se a causa é moral) DESLIZANTE Cerycauara.
Canhemo. V. Perder-se e comp. DESLIZAR Ceryca, Ciryca.
DESFALECIMENTO Maraaresaua. DESLIZÁVEL Cerycauera.
DESFAZER Mbói-mboipau. V. Destruir e comp. DESLOCADO Uporucauá.
DESFECHO Mpausaua. DESLOCADOR Uporucasara.
DESFIADO Iapui, Iapu!-ana. DESLOCAMENTO Uporucasaua.
DESFIADOR Iapuisara. DESLOCANTE Uporucauara.
DESFIADOURO Iapu!taua. DESLOCAR Uporuca, Upuruca. Deslocar-se:
DESFIAMENTO Iapu!paua. Iuporuca.
DESLOCÁVEL

DESLOCÁVEL Uporucauera. DESPIDO Piroca, Pupeca-yma, Munhãmun-


DESMAIADO Manoarana; Ieramé (diz-se dos deu-yma.
objetos que perderam a cor). Roxo desmaia- DESPIR Mupiroca. Despir-se: Iumupiroca.
do: Tuiraieramé. Despir, meter a nu: Iuuca-camixá.
DESMAIAR Manô-rana (=falsa morte). DESPONTADO Santi-yma.
DESMAIOManôsáua-rana. DESPOSAR Mendare. V Casar e comp.
DESMAMADOR Anamangara. DESPREGAR Saca. V Tirar e comp.
DESMAMAMENTO Anamangaua. DESPREZADO Mutara-yma.
DESMAMAR Namã, Anamã. DESPREZO Mutaua-yma.
DESMANCHAR (dissolver em líquidos) Mu- DESQUITAR-SE Mbure-remiricô-i-suí. V Di-
tycu. Desmanchar-se: Iutycu. (soltar) Iurare. vorciar.
V Dissolver, Desligar. DESRESPEITADOR Puusu-ymasara.
DESMANTELADO Ocucaua. DESRESPEITAR Puusu-yma.
DESMANTELADOR Ocucausara. DESRESPEITO Puusu-ymasaua.
DESMANTELANTE Ocucauara. DESSANGRAR Iuuca-tuí-upaua.
DESMANTELAR Ocucau. DESSECAR Muticanga. V Secar e comp.
DESMANTELÁVEL Ocucauera. DESSEMELHANTE Amunungara.
DESMANTELO, DESMANTELAMENTO Ocu- DESSEMELHANTEMENTE Amu-rupi.
causaua. DESTACAR Musaca. V Tirar e comp.
DESMENTIR' Munhã-puitéuéra; Mupuité DESTEMIDO Inti-cikié, Ticikié, Cikié-yma.
(também usado no mesmo sentido). DESTE MODO Cuá-iaué.
DESMENTIR' [luxar] algum membro: Upo- DESTEMOR Cikié-ymasaua.
ruca. V Deslocar. DESTERRAR Mbure-tetama-suí.
DESMORONADO Apaua, Cucui. DESTERRO Tetama-suí-mburesaua.
DESMORONADOR Apasara, Cucuisara. DESTILAÇÃO Tykyrisaua.
DESMORONADOURO Apatéua, Cucuitéua. DESTILADA Tykyra.
DESMORONAMENTO Apasaua, Cucuisaua. DESTILADOR Tykyresara.
DESMORONANTE Apauara, Cucuiuara. DESTILADOURO Tykyre-rendaua.
DESMORONAR Apa, Cucui. Este segundo DESTILANTE Tykyreuara.
se usa de preferência quando o desmoro- DESTILAR Tykyre, Tykyri.
namento é de construções ou pelo menos DESTILÁVEL Tykyreuera, Tykyretéua.
de terrenos sólidos, e o primeiro quan- DESTOCADO Cupiuá.
do o desmoronamento é de terreno me- DESTOCADOR Cupisara.
nos sólido. A margem do rio desmorona e DESTOCAMENTO Cupisaua.
junto desmorona a velha fortaleza: Paranã DESTOCANTE Cupiuara.
cembyua oapa, mucaua oca cuera ocucui DESTOCAR Cupi.
ir um o. DESTRANCAR Pirare. V Abrir e comp.
DESMORONÁVEL Apauera, Cucuiuera. DESTREZA Pocatusaua.
DESNUDADO Mupirocaua, Camixá-iuuca. DESTRIPADO Tiputy-ireru-yma.
DESNUDAR Mupiroca, Iuuca-camixá. DESTRIPAR Iuuca-tiputy-ireru.
DESOBEDECER Inti-omunhã, Mbuésáua. DESTRO Pocatua, Pocatu.
DESOBEDIENTE Puusu-yma (=não honra). DESTRUIÇÃO Mbói-mbói-pausaua.
DESPEDAÇADO Muícáua, Muícána. DESTRUÍDO Mbói-mbói-paua.
DESPEDAÇADOR Muícasára. DESTRUIDOR Mbói-mbói-pausara.
DESPEDAÇAMENTO Muícasáua. DESTRUINTE Mbói-mbói-pauara.
DESPEDAÇANTE Muícauára. DESTRUIR Mbói-mbói-pau, Mumuipau.
DESPEDAÇAR Muíca. DESVIAR Mupoíre. V Desapegar e comp.
Muícauéra. DESVIRGINAR Mumpuca, Mumbuca. V
DESPENHADEIRO Itá-uasu-eté; Ari-rendaua. Deflorar e comp.
DESPERTAR Paca. V Acordar e comp. DETER Mupitá. V Ficar e comp.
DISFARCE

DETERMINAÇÃO Mutarasaua. DIFIDÊNCIA Iacusaua.


DETERMINADO Mutara. DIFIDENTE Iacua.
DETERMINADOR Mutarasara. DILACERAÇÃO Caracaraingaua.
DETERMINANTE Mutarauara, Mutarayua. DILACERADO Caracarainga.
DETERMINAR Mutara, Mutare, Putare. DILACERADOR Caracaraingara.
DETRÁS Casakire, Casakire-kiti, Casakire- DILACERAR Caracarain, Caraca!n. Dilacerar-
-rupi. -se: Iucaracarain.
DETRITOS Cemirera, Cernira, Remira, Remi- DILIGÊNCIA Curutesaua.
rera. DILIGENTE Curuteuara.
DETURPAR Mbói. V Deformar e comp. DILIGENTEMENTE Curuterupi.
DEUS Tupã, Tupana. A primeira forma é usa- DILUENTE Muycuruiuara.
da mais comumente nos compostos: casa DILUIÇÃO Muycuruisaua.
de Deus: Tupãoca. A segunda forma usada DILUÍDO Muycuruiua.
sempre que não se trata de palavras com- DILUIR Muycurui.
postas, reservando-se Tupã para indicar o DIMINUENTE Mucoaírauára, Mupuírauára.
trovão. DIMINUIÇÃO Mucoaírasáua, Mupuírasáua.
DEVAGAR Meué, Meué-rupi. Mais devagar: DIMINUÍDO Mucoaíra, Mupuíra.
Meué-pire. DIMINUIDOR Mucoaírasára, Mupuírasára.
DEVAGARINHO Meué-meué, Meuéxínga. DIMINUIR Mucoaíra, Mupuíra; (quando de
DEVEDOR Cecuiara-meen-cuaosara. muito se reduz a pouco) Muceía-yma; (dimi-
DEVENTE Cecuiara-meen-cuaouara. nuir tirando) Iaruca.
DEVER Meen-cuao-cecuiara. DINHEIRO Caryua-recuiara.
DEVIDO Cecuiara-meen-cuao. DIREITA (a mão) Pocatu.
DEZ Mocoin-pô, Opain-pô. DIREITO' Satambyca, Catu. Está direito: Eré
DIA Ara. Um dia depois do outro: Ara amu catu. Foi direito onde estava a moça: Osó sa-
ara riré. Dia claro: Ara-uasu. Dia de finados: tambyca cunhãmucu oicoana kiti.
Tuiuéxiú. DIREITO' Tecô-iaué. O homem se conforma
DIANTE Tenondé. ao direito: Apyaua omunhã tecô-iaué.
DIANTEIRA Tenondésáua. DIRIGIR Mupica. Dirigir-se: Iumupica.
DIANTEIRO Tenondésára. DIRIGÍVEL Mupicauera.
DIÁRIA [remuneração] Ara-cepi. DIRIMENTE Mpauanauara.
DIARREIA Caáápuxí; (com sangue) Caáá- DIRIMIR Mpauana.
piránga. DISCERNIR Xipiá. V Enxergar e comp.
DICIONÁRIO Nheenga-icyrangaua. DISCÍPULO Iu-mbuésára, Me-mbuéua, Mbué-
DICIONARISTA Nheenga-icyrangara. póra. Discípulos de N. S. Jesus Cristo: Iané ia-
DICOTYLES V Porco-do-mato. ra Jesus Christo yuyaicuera -etá (= os que es-
DIDÉLFIO [marsupial] Mucura, Mycura. tavam na terra, que estavam perto de Nosso
DIFAMAÇÃO Mucerakena-ymasaua. Senhor Jesus Cristo).
DIFAMADOR Mucerakena-ymasara. DISCURSADO Purunguetaua.
DIFAMAR Mucerakena-yma. DISCURSADOR Purunguetására.
DIFERENÇA Amu-rupisaua, Amuiaué-saua. DISCURSANTE Purunguetáuára.
DIFERENTE Amu-rupi, Amuiaué. DISCURSAR Purunguetá, Purunguitá.
DIFERIR Muirandé. DISCURSÁVEL Purunguetáuéra.
DIFÍCIL Iuasu. DISCURSO Purunguetásáua.
DIFICULDADE Muiuasu-saua, Iuasusaua (se DISENTERIA Puruca-saua, Caáá-puxi.
não for levantada por ninguém). DISFARÇADAMENTE Moanga-rupi.
DIFICULTADOR Muiuasusara. DISFARÇADO Moãn, Moanga.
DIFICULTANTE Muiuasu-uara. DISFARÇANTE Moangara.
DIFICULTAR Muiuasu, Muiuãeté, Muiuãté. DISFARÇAR Moãn.
DIFIDAR [desconfiar] Iacu. DISFARCE Moangaua.
DISPARAR

DISPARAR Iapy. V Atirar e comp. Disparar DISTRIBUINTE Muiauócauára.


das molas: Poca. DISTRIBUIR Muiauoca.
DISPARO Iapysaua. Disparo de espingarda: DISTRIBUÍVEL Muiauócauéra
Mucaua iapysaua. DISTURBAR Mupatuca. V Atrapalhar e comp.
DISPENSAR (se dá) Meên; (se deixa) Xiare, DITA Purangaua.
Xiári. V Dar, Deixar, e comp. DITADO Nheênsaua.
DISPERSAR Muiucanhemo. V Perder e DITO Nheên-aua.
comp.; Muiauau. V Fugir e comp. DITOSAMENTE Puranga-rupi.
DISPOR (organizar, pôr em ordem) Munga- DITOSO Puranga; (na caça) Marupiara.
turu. DIVAGAR Uatá-uatá; (se é andando) Uatá-
DISPUTA Iuraúsáua. -uatá-nhunto; (se é de palavras) Nheên-
DISPUTADOR Iuraúsára. -nheên-nhunto.
DISPUTANTE Iuraúuára. DIVERGIR Só-amu-rupi, Amunheên.
DISPUTAR Iuraú. Disputar-se: Iuiuraú. Dispu- DIVERSÃO [desvio] Amu-rupisaua.
tar com via de fato: Iacao. V Pelejar. DIVERSO Amu-rupiuara.
DISPUTÁVEL Iuraúuéra, Iuraútéua. DIVERTIR [desviar] Mupoíre. V Desapegar e
DISSENSÃO Amu-maitésáua. comp.; [fazer esquecer] Musarain. Divertir-
DISSENTIENTE Amu-maitéuára, Amu-maité- -se: Iumusarain. V Brincar e comp.
sára. DÍVIDA Cecuiara-cuera.
DISSENTIR Amu-maité. DIVIDENTE Muiuara.
DISSIMULAÇÃO Suá-pupecasaua, Piá-cekindá- DIVIDIDO Muiua; Pisáuéra.
sára. DIVIDIR Mui, Muin. Dividir em partes:
DISSIMULADO Suá-pupeca, Piá-cekindaua. Pisá. Dividir pelo meio: Mytera, Mupytera.
DISSIMULADOR Suá-pupecasara, Piá-cekindá- Dividir tirando: Umunhoca. Dividir limitan-
sára. do: Ipuá. Dividir separando: Mueú-pytera
DISSIMULAR Pupeca-suá, Cekindau-piá. (=apagar o meio soprando).
DISSIPAR Muayua. DIVINAÇÃO Saãngaua.
DISSOLUÇÃO Tycuarasaua. DIVINADOR Saãngara, Sacaca (Solimões).
DISSOLÚVEL Tycuarauera. DIVINDADE Tupanasaua.
DISSOLVEDOR Tycuarasara. DIVINIZAR Saãn.
DISSOLVEDOURO Tycuaratendaua. DIVINO Tupanara, Tupanauara.
DISSOLVENTE Tycuarauara. DIVISA Ipuasaua, Ipuatyua.
DISSOLVER Tycuara. DIVISÃO Muisaua, Pisaua. Divisão da noite
DISSUADIR Iuuca-acanga-suí, Iuuca-piá-suí. (meia-noite): Pisaié.
DISTÂNCIA Apecatu-saua. DIVISOR Imuisara.
DISTANTE Apecatu. Quem está distante: Ape- DIVISÓRIO Imuiuara.
catusara. Que está distante: Apecatu-uara. DIVORCIAR-SE Mbure-i-suí. A mulher di-
DISTANTEMENTE Apecatu-rupi. vorciou-se do marido: Cunhã ombure me-
DISTENDER Mucócóa. na isuí.
DISTENSÃO Mucócóasáua. DIVULGAR' (por conversas) Musacemo. V
DISTENSOR Mucócóauára, Mucócóasára. Gritar; (por meio de atos) Mucameên. V
DISTINGUIR' Purauaca. V Escolher, Mostrar
DISTINGUIR' Xipiá. V Enxergar e comp. DIVULGAR' (perceber) Xipiá. V Enxergar e
DISTORÇÃO Iuiuíresáua. comp.
DISTORCER Iuiuíre. DIZEDOR Nheêngara.
DISTORCIDO Iuiuíra. DIZER Nheên. Dizem: Páá. Fazer dizer:
DISTRAIR Musory. V Alegrar e comp. Munheên.
DISTRIBUIÇÃO Muiauócasáua. DÍZIMO Tupana-putaua.
DISTRIBUÍDO Muiauócauá. DIZÍVEL Nheêntéua.
DISTRIBUIDOR Muiauócasára. DÓ Sacisaua, Taitésáua.
DUVIDAR

DO V. Da e De. DONDE Masuí? Donde vem?: Masuí ocica?


DOAÇÃO Meengaua. DONO Iara. Dono da casa: Oca-iara. Dono da
DOADO Meenga, Cecuiara-yma. lança: Mbyrá-iara.
DOADOR Meengara. DONZEL Curumi, Curumiuasu.
DOAR Meén. Doar-se: Iumeén. DONZELA Cunhãntain, Cunhãmucu, Cunhã-
DOBRA Penasaua, Pepenasaua; Mamana. miri.
DOBRADIÇA Okena-penasaua. DOR Saci, Sacisaua. Dor infligida por outro:
DOBRAR' Pena, Pepena. Dobrar panos ou coi- Porarasaua. Dor de dentes: Sanhaci. Dor de
sas que se lhe parecem: Mamana. olhos: Cesá-teyma. Dor de cabeça: Acangaci.
DOBRAR' ([duplicar} emendando) Muapire, As dores de Cristo: Tupana rayra-porarasaua.
Muapucu. DORMENTE Kyriuara; Icieí. Pé dormente: Py-
DOBRAR3 (dos sinos) Mupu. -icieí.
DOCE Ceén. DORMIDA Kyrisaua.
DOCENTE Mbeúsára. DORMIDOR Kyrisara.
DOÇURA Ceensaua. DORMIDOURO (lugar de dormida) Kyri-
DOENÇA Macisaua. tendaua, Mytasaua.
DOENTE Maci, Imaci. DORMINHOCO Kyriuera.
DOENTIO Imaciuera. DORMIR Kyri, Kyre. Dormir mal: Kyre-ayua.
DOER Mumaci. DORSO Anecua, Cupé.
DOIDICE Acanga-ymasaua. DOUTRO LADO Amu suindape; Asuindape.
DOIDO Acanga-yma, Acanga-ayua. Corre do outro lado: Ounhana amu suinda-
DOÍDO Maciua. pe. Vem do outro lado: Ocica asuindape.
DOIS Mocoin, Mucoin. DRIÇA (adriça) Sutinga-xama.
DOLENTE Saciara. DUBIEDADE Ipôsaua.
DOLORIDO Saciua. DÚBIO Ticuau-catu.
DOM Meéngaua. DUENDE Anhanga, Anhanguera, Anhanga-
DOMINAÇÃO Mupucuárisáua, Mundusaua. -ayua.
DOMINADO Mupucuári, Mundu. DURAÇÃO Ipucusaua.
DOMINADOR Mupucuárisára, Mundusara. DURAR Iumupucu.
DOMINAR Mupucuare, Mundu, Munducári. DUREZA Santasáua.
DOMINGO Mituu. DURO Santá.
DOMINICAL Mituuara. DUVIDAR Inti-cuao-catu.
E Iuíri, Euíre. Da tarde e da manhã fez o quar- naityca. Disse a ele para não voltar: Onheên
to dia: Caruca coema iuíri suí oiumunhã i supé inti oiuíre cury. Ela mesma: Aé teen.
ara irundi. Pode-se todavia dizer, e o dizem Ela própria: Aé eté. O, que no rio Negro é
mais correntemente: Caruca suí coema suí também pronunciado U, como em alguma
oiumunhã ara irundi. parte do Solimões, é prefixo verbal da ter-
EBRIEDADE Caúsáua. ceira pessoa dos verbos. Aé é a forma do
ÉBRIO Caú. Ébrio costumeiro: Caúuára. pronome da terceira pessoa do singular; i é
Mimo!ngaua. a forma pronominal, quando na frase indica
ECLIPSE (do sol) Coaracy omanô putare; (da relação independente da regência do verbo.
lua) Yacy omanô putare. ELEGANTE Purangaua.
ECO Teapusaua; Itá-nheênga (=fala da pedra). ELEGER Purauaca. V Escolher e comp.
ECOANTE Itá-nheêngara. ELES, ELAS Aitá, Aetá. Eles disseram: Aitá
EDIFICAR Munhã. V Fazer e comp. onheen.
EDUCAÇÃO Mbeúsáua, Meúsáua. Iupiresaua, Iuatésáua. Elevação de
EDUCADOR Mbeúsára, Meúsára. terra, de pedra etc.: Pecê, Pecuma.
EDUCAR Mbeú, Meú. Educar-se: Iumeú. ELEVADO Iuaté, Iupiréua.
EFEITO Suí, Suíuára. O efeito de tudo isso foi o ELEVADOR Iuatésára, Iupiresara.
homem morrer: Cuá opian suí apyaua oma- ELEVANTE Iuatéuára, Iupireuara.
noana. ELEVAR Muiuaté, Iupire. Elevar-se: Iumu-
Cunhã-rapixaua. iuaté. Elevar-se subindo: Iuatire.
EFEMINADO Cunhã-rapixara. ELOGIADO Mbuécatúa, Muécatúa, Mucera-
EGOÍSTA Oputári-i-recé-nhun-uá. kena.
EIÃ (macaco-da-noite) lã. ELOGIADOR Muécatúsára, Mucerakenasara.
EI-LA, EI-LO Aicué. ELOGIAR Mbuécatú, Muécatú, Mbuépuran-
EIS Sucui. Eis aqui: Misucue, Misucui. ga, Mucerakena.
ELABORAR Mungaturu. V Preparar e comp. ELOGIO Muécatúsáua, Mucerakenasaua.
ELÁSTICO Saíca (sajica), Sauíca. EM Opé, Supé, Pupé, Kiti, Rupi. Fica em ca-
ELE, ELA O, I, Aé. Ele foi pescar: Aé osó opi- sa: Opitá oca kiti. Em meu favor intercedeu
EMENDADOR

inutilmente: Cé supé oiucuré panemo. Em EMBARREAMENTO Iacuysaua.


caminho se arranja a carga da canoa: Pé EMBARREANTE Iacuyuara.
rupi omeen recuiara yngara kiti. Em alto: EMBARREAR (encher de terra o tapume)
Iuatepe, Iarpe. Iacuy.
EM CIMA Aarpé, Iuatepe. Quem está em ci- EMBASTADA (no tear a teia) Muamameasu.
ma: Aarpésára. Que está em cima: Aarpé- EMBASTAR Muamame.
uára. EMBATUCAR Mupatuca. Embatucar-se: Iu-
EM FACE Asuaxara, Asuindape. mupatuca. V Atrapalhar.
EM FRENTE Cenondé, Tenondé, Renondé. EMBAÚBA Mbáyúa, Embáyúa.
EM VÃO Teen, Teente. EMBAUBAL Mbáyúatyua.
EM VOLTA Sumytera. O que está em vol- Kitycasaua, Irurusaua.
ta: Sumytera-uara. Em volta da casa: Oca- EMBEBEDAR Mucaú. V Embriagar.
-sumytera. EMBEBEDOR Kitycasara, Irurusara.
EMAGRECEDOR Angaí-sara. EMBEBER Kityca. Embeber molhando: Iruru.
EMAGRECENTE Angaíuára. EMBELEZADO Mupuranga, Mupurangaua.
EMAGRECER Angaí. Fazer ou ser feito emagre- EMBELEZADOR Mupurangara, Mupuranga-
cer: Muangaí. sara.
EMAGRECIMENTO Angaí-saua. EMBELEZAMENTO Mupurangasaua.
EMARANHADO Iaiké. Lugar emaranhado: EMBELEZAR Mupuranga. Embelezar-se: Iu-
Iaityua. puranga.
EMBACIADO Mutyun. EMBORCADOR Muiauycasara.
EMBACIAMENTO Mutyungaua. EMBORCADOURO Muiauyca-rendaua.
EMBACIANTE Mutyungara. EMBORCANTE Muiauycauara.
EMBACIÁVEL Mutyuntéua. EMBORCAR Muiauyca.
EMBAÍDO [desejado] Iumutare (=feito querer EMBORCÁVEL Muiauycauera, Muiauycatéua.
com engano). EMBORQUE Muiauycasaua.
EMBAINHADOR Cembyua-mamanasara. EMBOSCADA Marumbi.
EMBAINHAMENTO Cembyua-mamanasaua. EMBOTADO (sem gume) Saimbéyma; (sem
EMBAINHANTE Cembyua-mamanauara. ponta) Iantiyma.
EMBAINHAR Mamana-cembyua (= dobrar a EMBRAVECEDOR Inhanlsara.
margem da teia). EMBRAVECER Inharü. Fazer embravecer:
EMBALADOR Iatimungara, Iatimií.sara. Muinharií.;
EMBALAR Iatimií.n. EMBRAVECIMENTO Inharüsaua.
EMBALO Iatimungaua, Iatimií.saua. EMBRIAGADO Caú.
EMBARAÇADO Apatuca; Ipuruã, Iporuã. EMBRIAGADOR Mucaúsára.
EMBARAÇAR Apatuca; Mupuruã. V. Atrapa- EMBRIAGANTE Mucaúuára.
lhar, Emprenhar. EMBRIAGAR Mucaú.
EMBARCAÇÃO Yngara, Yara (Ygara). EMBRIAGUEZ Caúsáua.
EMBARCADIÇO Yngarapora, Iuruiaretéua. EMBRULHAR' (envolvendo em alguma coisa)
EMBARCADOR Ruiaresara. Pupeca. V Envolver e comp.
EMBARCADOURO Yngarapape, Iuruiareren- EMBRULHAR' (embaraçando alguém) Mupa-
daua. tuca. Embrulhar-se: Iupatuca. V Atrapalhar
EMBARCANTE Ruiareuara. e comp.
EMBARCAR Ruiare. Embarcar-se: Iuruiare, EMBRULHO Pupeca. Embrulho de folhas pa-
Iuruiári. ra cozinhar massa de milho ou moquear pei-
EMBARCÁVEL Ruiareuera. xinhos, camarões, manivaras etc.: Mukeca.
EMBARQUE Ruiaresaua. EMBUSTEIRO Marandúuéra. V Enredo e
EMBARREADO Iacuyuá. comp.
EMBARREADOR Iacuysara. EMENDA Muapiresaua.
EMBARREADOURO Iacuytaua. EMENDADOR Muapiresara.
EMENDANTE

EMENDANTE Muapireuara. EMUDECIDO Iuru-yma.


EMENDAR Muapire. ENALTECEDOR Mbué-uasusara.
EMENDÁVEL Muapireuera, Muapiretéua. ENALTECER Mbué-uasu.
EMINENTE Iuaeté-eté. ENALTECIMENTO Mbué-uasusaua.
EMPACHADOR Apipongasara. ENCACHOEIRADO Ytu-péua, Ytu-og.
EMPACHANTE Apipongauara. ENCACHOEIRAMENTO Ytu-paua.
EMPACHAR Apiponga. ENCACHOEIRANTE Ytu-uara.
EMPACHO Apipongasaua. ENCAIPORAR Mucaipora, Mupanema.
EMPACOTAR Pupeca. V Envolver e comp. ENCALÇAR Socasakire.
EMPALIDECIDO Ieramé. ENCALÇO Socasakiresaua.
EMPANEIRADOR Soparesara. ENCAMINHAR Musó, Muosó. V. Ir e comp.
EMPANEIRAMENTO Soparesaua. ENCANTADO Caúxaisú.
EMPANEIRAR Sopare. ENCANTADOR [que atrai] Puranga-eté; [que
EMPASTADOR Muiãngara. faz encantamentos] Peúsára.
EMPASTAMENTO Muiãngaua. ENCANTAMENTO Peúsáua.
EMPASTAR Muiãn. ENCANTANTE Peúára.
EMPASTE Muiãngué, Muiãn-ué. ENCANTAR Peú.
EMPANZINAR Pyruãn. ENCANTO Peúa, Peiúa.
EMPENAR Muapara. ENCARAR Maãn-satambyca.
EMPERRADO Iumiru, Iumiruá. ENCARECEDOR Mucepiasusara.
EMPERRADOR Iumirúsára. ENCARECER Mucepiasu.
EMPERRAMENTO Iumirúsáua. ENCARECIMENTO Mucepiasusaua.
EMPERRANTE Iumirúára. ENCARQUILHAR Mucuru. Encarquilhar-se:
EMPERRAR Iumiru. Fazer ou ser feito emper- Imucuru.
rar: Muiumiru. ENCARREGADO Muenguepope.
EMPERRÁVEL Iumirúéra, Iumirutéua. ENCARREGAR Muenguepope.
EMPESTAR Mumaci-asu. ENCERRAR' [terminar] Mpau. V. Acabar e
EMPOBRECEDOR Mumuriására. comp.
EMPOBRECENTE Mumuriáuára. ENCERRAR 2 [pôr em lugar fechado] Cekindau.
EMPOBRECER Mumuriá. V. Fechar e comp.
EMPOBRECIMENTO Mumuriásáua. ENCETAR Iupynln. V. Começar e comp.
EMPOLA Pongá, Pungá. ENCHARCAR Muiruru, Mururu.
EMPOLGAR Muapicica. V. Pegar e comp. ENCHEDOR Eikiésára, Muporasara, Puracári-
EMPRENHADA Puruã, Puruãn. sára.
EMPRENHADOR Puruãngara. ENCHENTE Eikiésáua, Eikiéuára. A enchen-
EMPRENHAR Puruãn, Puruã. Fazer-se empre- te do rio: Paranã-eikiésáua. Rio enchendo:
nhar: Mupuruãn. Paraná-eikiéuára.
EMPRESTADO Puruá. ENCHER Eikié; (com carga) Puracare; (com
EMPRESTADOR Purusara. qualquer coisa) Mupora; (completamente)
EMPRESTANTE Puruara. Terecemo.
EMPRESTAR Puru. ENCHIDO Eikiéua, Ipora, Puracara.
EMPRESTÁVEL Puruera, Purutéua. ENCHIMENTO Muporasaua.
EMPRÉSTIMO Purusaua. ENCHÍVEL Muporauera.
EMPURRAÇÃO Maianasaua. ENCIUMADO Iusuirõn, Iusuirõngara.
EMPURRADOR Maianasara. ENCIUMAR Musuirõn.
EMPURRADOURO Maiana-rendaua. ENCOADURA Cacury.
EMPURRANTE Maianauara. ENCOBERTAR Pupeca. V Cobrir e comp.
EMPURRÃO Maianauá. ENCOBRIR Iumime. V Esconder e comp.
EMPURRAR Maiana. ENCOIVARADO Mucuiuara, Cuiuara-mu-
EMPURRÁVEL Maianauera. nhãna.
ENFORCADOR

ENCOIVARADOR Cuiuara-munhãngara. ENFADANTE [que enfada] Potupauara; (quem


ENCOIVARAMENTO Cuiuara-munhãngaua. enfada) Potupausara.
ENCOIVARAR Munhã-cuiuara, Mucuiuara. ENFADAR Putupau, Coeré. Enfadar-se: Iupu-
ENCOLHEDOR Muatucasara, Muikísára. tupau; (se irrita) Mupiá-ayua, Iumupiá-
ENCOLHENTE Muatucauara. -ayua.
ENCOLHER Muatuca, Muiki. ENFADO Potupasaua, Potupausaua, Coeré-
ENCOLHIDO Muatucaua. sáua.
ENCOLHIMENTO Muatucasaua, Muikísáua. ENFADONHO Potupauera, Potupautéua; (se se
ENCONTRADIÇO Soaentitéua, Soaentiuera. trata de falador), Iuruceen-yma (=boca sem
ENCONTRADO Soaenti, Soaentiuá. doce), Iuru-iraua (=boca amarga).
ENCONTRADOR Soaentisara. ENFEITADO Muamundeuá.
ENCONTRANTE Soaentiuara. ENFEITADOR Muamundésára.
ENCONTRAR Soaenti, Suanti, Iuanti. Encon- ENFEITAMENTO Muamundésáua.
trar-se: Iusoaenti, Iusuanti, Iuiuanti. En- ENFEITAR Muamundé. Enfeitar-se: Iumua-
contrar o que se procura: Uacemo. V Achar mundé; (embelezando-se) Mupuranga; (ata-
e comp. viando-se) Muncaturu.
ENCONTRO Soaentisaua. ENFEITE Muamundéua, Mupurangaua, Tara.
ENCORAJAR Mupiá. Enfeite da cabeça: Acanga-tara.
ENCORPADO Anamã. ENFEITIÇAR Mumaracaimbara, Teteca; (en-
ENCOSTA (da serra) Yuytera-cembyua. feitiçar soprando) Peú, Peô.
ENCOSTAR Iusoca. Encostar com a embarca- ENFEIXAR Mamana.
ção aterra ou a qualquer coisa: Iári. Fazer ou ENFERMAR Muimaci.
ser feito encostar: Iuiári. V Aportar e comp. ENFERMARIA Pusanün-rendaua.
ENCRESPADOR Apixaingara. ENFERMIDADE Imacisaua.
ENCRESPAMENTO Apixaingaua. ENFERMO Imaci, Macíuára, Imacíuára; (se de
ENCRESPAR (das águas ao sopro leve do ven- muito) Imacíuéra.
to) Apixain, Pixain. ENFEZADO Pepui, Pepui-pui; (falando das
ENCURRALAR Caí. V Cercar e comp. plantas) Tambuera.
ENCURTAR Muatuca. V Encolher e comp. ENFIADA Ixama, Apitama, Apixama. Enfiada
ENCURVADOR Muaparasara. de peixes: Pirá-xama, Pirá-pitama. Enfiada
ENCURVAMENTO Muaparasaua. de dentes: Sanha-xama. Enfiada de siris:
ENCURVANTE Muaparauara. Xirypitama.
ENCURVAR Muapara. Encurvar-se: Iuapara; ENFIADO Muiecyrõngá.
(por submeter-se) Iuiauíca; (do rio ou outra ENFIADOR Muiecyrõngara.
coisa que se encurva) Iupena. ENFIAMENTO Muiecyrõngaua.
ENDIREITADOR Musatambycasara. ENFIAR Muiecyrõn.
ENDIREITAMENTO Musatambycasaua. ENFILEIRADOR Muacaresara, Icyrõngara.
ENDIREITANTE Musatambycauara. ENFILEIRAMENTO Muacaresaua, Icyrõnga-
ENDIREITAR Musatambyca. ua.
ENDOIDECER Muacanga-ayua, Iumuacanga- ENFILEIRAR Icyrõn; (de gente obedecendo a
-ayua; Muacanga-yma (especialmente se a um chefe): Muacare, Muacári.
doidice é tranquila). ENFIM Puasape.
ENDURECER Musantá, Muantá. Endurecer- ENFINCADO Iatycá.
-se: Iumusantá. ENFINCADOR Iatycására.
ENEGRECER Mupixuna. ENFINCAMENTO Iatycásáua.
ENEVOADO Iuaca-ikiauá. ENFINCANTE Iatycáuára.
ENFACEIRADO Iaricy. ENFINCAR Iatycá.
ENFACEIRAR Muiaricy. Enfaceirar-se: Iumu- ENFINCÁVEL Iatycáuéra, Iatycátéua.
iaricy. ENFORCADO Iuycaua, Iembucaua.
ENFADADO Potupau, Coeré, Coirana. ENFORCADOR Iuycasara, Iembucasara.
ENFORCAMENTO

ENFORCAMENTO Iuycasaua, Iembucasaua. ENJOADO Iuaruá.


ENFORCANTE Iuycauara, Iembucauara. ENJOADOR Iuarusara.
ENFORCAR Iuyca, Iembuca. Enforcar-se: Iu· ENJOAR Iuaru. Fazer enjoar: Muiuaru.
iuyca, Iuiembuca. ENJOATIVO Iaca, Iuaruuera.
ENFRENTAR Mupirantã. ENJOO Iuarusaua.
ENFROUXECER Muapoca. V Afrouxar e comp. ENLAÇAR Iumana. V Abraçar; Iusá. V Laçar
ENFURECER Inharu-eté. e comp.
ENGAIOLADO Mundé-pora. ENLAMEAR Ikiá-tyiúca-irumo.
ENGAIOLAR Mumundé-pora. ENORME Turususu.
ENGALANAR Mupuranga. Engalanar-se: Iumu- ENORMIDADE Turususu-saua.
puranga, Iumuamundéu. ENOVELAR Mupumana.
ENGANADIÇO Uananíuéra (gananíuéra), Ia- ENQUANTO Pucusaua, Nhaãnpucusaua.
cuyma. ENRAIVECER Piá-ayua [=mau fígado]. Fazer
ENGANADOR Uananísára (gananísára), Meõn- enraivecer: Mupiá-ayua.
gara, Poité-munhãngara, Supi-iauísára. ENRAIZADO Musapuá.
ENGANAR Uanani (ganani), usado quase ge- ENRAIZADOR Musapusara.
ralmente em lugar de Meoãn e Muãn (= fin- ENRAIZAMENTO Musapusaua.
gir); Poité-munhã (=fazer mentira); Iauí- ENRAIZANTE Musapu-uara.
-supi (=quebrar a verdade). ENRAIZAR Musapu.
ENGANO Uananísáua (gananísáua), Meõn- ENRAIZÁVEL Musaputéua.
gaua, Muamba, Puité-munhãngaua, Supi- ENREDAR [fazer enredo] Marandu, Marandu-
-iauísáua. -ayua.
ENGANOSO Uananíuára (gananíuara), Meõn- ENREDEIRO Maranduuera.
gauara. ENREDO Maranduua.
ENGASGAR Muiuyca. V Enforcar e comp. ENRIJAR Muantá, Musantá.
ENGATAR Mutianha. ENROLAR Mamana. Enrolar-se: Iumamana.
ENGELHADO Xiryca, Xirycana. ENRUGAR Curucuruca.
ENGELHADOR Xirycasara. ENSINADO U-mbuéuá.
ENGELHAMENTO Xirycasaua. ENSINADOR U-mbuésára.
ENGELHANTE Xirycauara. ENSINANTE U-mbuéuára.
ENGELHAR Xiryca. Engelhar-se: Iuxiryca. ENSINAR U-mbué, Mbué, Mué. Ensinar-se
Fazer engelhar: Muxiryca. (aprender): Iu-mbué.
ENGELHÁVEL Xirycatéua. ENSINO U-mbuésáua.
ENGENHEIRO Musangasara. V Medir e comp. ENSURDECEDOR Iapysá-canhemouara.
ENGODO Mundéua, Putaua. ENSURDECER Canhemo-iapysá. Fazer ensur-
ENGOLIR Mucunã. decer: Mucanhemo-iapysá.
ENGORDAR Iukirãn. Fazer engordar: Muki- ENSURDECIDO Iapysá-canhemo.
rãn. ENSURDECIMENTO Iapysá-canhemosaua.
ENGORDURADO Icauauara. ENTALHAR Carai, Carain.
ENGRAÇADO Uarici. ENTANIÇADO Taniuá.
ENGRANDECEDOR Muasusara, Muturususa- ENTANIÇADOR Tanísára.
ra, Muapire-sara. ENTANIÇAMENTO Tanísáua.
ENGRANDECER (em sentido moral) Muasu; ENTANIÇANTE Taníuára.
(no sentido mais especialmente material) ENTANIÇAR [enrolar tabaco] Tani.
Muturusu; (em sentido geral) Muapire. ENTANTO Cuá-pucusaua-ramé, Nhã-recé.
ENGRANDECIDO Muapira. ENTÃO Ramé, Caeté. O de então: Raméuára,
ENGRANDECIMENTO Muapiresaua. Iuere.
ENGROSSAR Mupuasu, Muiuanamã. ENTEADO (com relação ao homem) Rayran-
ENGUIA Musu, Musuã. gaua; (com referência à mulher) Membyran-
ENJEITAR Mbure-i-suí. gaua.

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ENXOTAMENTO

ENTENDEDOR Cendusara; Tecocuausara. ENTUPIR Eikié, Cekindau. V Encher, Fechar


ENTENDENTE Tecocuauara. e comp.
ENTENDER Cendu, Cennu; Tecocuau. Enten- ENUMERAR Papare. V Contar e comp.
der-se: Iucendu. ENUNCIAR Nheen-catu. V Dizer e comp.
ENTENDIDO Cendua, Cuaouara (= sabido); ENVELHECER (o homem) Mutuiué; (a mu-
Tecocuauá. lher) Muuaimy.
ENTENDIMENTO Cendusaua; Tecocuausaua. ENVELHECIMENTO Mutuiuéuára, Muuaimy-
ENTERNECER Muteté-iumuacy, Pitá-piá- uara.
-membeca; Munhã piá-membeca. ENVENENADO Supiarauá, Supiarana.
ENTERRADOR Yuytimasara. ENVENENADOR Supíarasara.
ENTERRAR Yuytima, Yuytima. Enterrar-se: ENVENENAMENTO Supiarasaua.
Iuyutima. ENVENENANTE Supíarauara.
ENTERRO Yuytímasaua. ENVENENAR Musay; Mumaracaimbara, Meen-
ENTESAR (endurecendo) Musantá, Iumu- maraca-imbara.
santá; (endireitando e esticando) Musatam- ENVENENAR Supiara. Envenenar-se: Iusupi-
byca, Iumusatambyca. Entesar da corren- ara.
te do rio e por extensão o entesar devido a ENVERDECER Muiakyra. Enverdecer-se: Iu-
uma resistência qualquer: Mupírantã, Iu- muiakyra.
mupírantã. ENVERGONHAR Iutin. Envergonhar-se: Mutin.
ENTORNAR (transbordando) Iucena; (pelo Fazer-se vergonha: Iumumutin.
virar da vasilha) Emumeu, Emumeo. V ENVERNIZADOR Musuuumasara.
Verter e comp. ENVERNIZAMENTO Musuumasaua.
ENTORPECER Iyceí. ENVERNIZANTE Musuumauara.
ENTORTAR Muapara. Entortar-se: Iumua- ENVERNIZAR Musuuma. Não enverniza ou
para. V Encurvar e comp. que não pega o verniz: Musuuma-yma.
ENTRADA Ikésáua, Ikéryua. ENVIRA [embira] Imbyra, Embyra.
ENTRADO Ikéuá. ENVIRA-BRANCA Imbyra-murutinga, Imby-
ENTRANÇADO Tupé, Tupéuá. ratinga.
ENTRANHAS Típuty-ireru. ENVIRA-GRANDE Imbyrasu.
ENTRANTE (quem entra) Ikésára; (que entra) ENVIREIRA Embyra-yua.
Ikéuára. ENVOLTÓRIO (que serve ao transporte) Ireru,
ENTRAR Iké. Fazer entrar: Muíké. Pupecauara.
ENTRÁVEL Ikéuéra, Ikétéua. ENVOLVER Pupeca. Envolver do fio em nove-
ENTRE Suí, Pitera, Piterpe. Ele saiu entre os lo: Mamana. Envolver com o laço ou outra
dois: Aé ocemo mucoin suí. Ele sentou-se coisa qualquer: Iatimana. Envolver apertan-
entre os dois: Aé cuapíca mucoin piterpe. do: Iuyca.
ENTREBATER Mucatacá. Entrebater-se: Iu- ENVOLVIMENTO Pupecasaua.
mucatacá. ENXAME (de abelhas) Iracema; (de peixes)
ENTREGA Iucomeengaua. Piracema.
ENTREGADO Iucomeenga. ENXERGADO Xipiáuá, Xipiana.
ENTREGADOR Iucomeengara. ENXERGADOR Xipiására.
ENTREGAR Iucomeen. ENXERGAMENTO Xipiásáua.
ENTREGAR Meen. V Dar e comp. ENXERGANTE Xipiáuára.
ENTRETANTO Coité. ENXERGAR Xipiá. E.-se: Iuxipiá.
ENTRUDANTE (quem entruda) Mutingasara; ENXERGAR Xipíá. V Perceber e comp.
(que entruda) Mutingauara. ENXERGÁVEL Xipiáuéra.
ENTRUDAR Mutinga. Entrudar-se: Iumu- ENXÓ Pururé.
tínga. ENXOFRE Iurupary-tiputy (=sujeira do diabo).
ENTRUDO Mutingasaua. Tempo de entrudo: ENXOTADOR U-mpusara.
Mutinga-ara. ENXOTAMENTO U-mpusaua.
ENXOTAR

ENXOTAR Mpu. ESCADA Mytá-mytá. Escada de pedra: Itá-


ENXOVALHAR Mukiá. -mytá-mytá.
ENXUGADO Muticangaua. ESCADA-DE-JABUTI (casta de cipó) Iauti-
ENXUGADOR Muticangasara. mytá-mytá.
ENXUGADOURO Muticanga-rendaua. ESCALDADO Iasuca, Sapiuá.
ENXUGAMENTO Muticangasaua. ESCALDADOR Iasucasara, Sapísára.
ENXUGANTE Muticangauara. ESCALDAMENTO Iasucasaua, Sapísáua.
ENXUGAR Muticanga. ESCALDANTE Iasucauara, Sapíuára.
ENXUGÁVEL Muticangauera, Muticangatéua. ESCALDAR (com água quente) Iasuca; (à
ENXURRADA Eikiétéua; Ynhãn, Ynhãna. chama) Sapi.
ENXUTO Ticanga. ESCAMA Cataca.
EPICARPO Pirera, Yuá-pirera, Yá-pirera. ESCAMAR Mupiroca.
EPIDEMIA Maci-uasu, Maci-ayua, Maci-pauá. ESCAMBAR Murecuiara.
EPIDENDRO Caruatá, Uirá-miri-caá. ESCAMBO Recuiarasaua.
EPIDERME Pirerai. ESCAMOSO Catacauara.
EPILOGAR Mpauana. ESCAPAR Iauáu.
EPÍLOGO Mpausaua. ESCARABEU [escaravelho] Taminoá, Eneme,
EQUILIBRAR (a carga na canoa) Teceremo(= Taminoái.
encher com método). ESCARNECER Munhãn-munhãn-puxi.
ERGUER Puama. Fazer erguer: Mupuama. ESCARRAR Mutumu.
Erguer-se: Iupuama. ESCARRO Mutumune.
ERIÇAR Ciryryca. ESCASSEAR Suiríin.
ERIODENDRO [ceiba] Samaúmayua. ESCASSEZ Suiríingaua, Sacaté-ymasaua.
ERRANTE Eauyuára. ESCASSO Suiríingara, Sacaté-yma.
ERRAR Eauy, Iauy. ESCAVAÇÃO Pecoinsaua.
ERRO Eauysáua. ESCAVADOR Pecoinsara.
ERVA Caá, Caapi, Capi, Caá-kira, Cana- ESCAVADOURO Pecointyua.
rana, Caá-iusara, Capyi. Erva cultivada nas ESCAVANTE Pecoin-uara.
hortas: Rimitama. Erva da margem: Cana- ESCAVAR Pecoin, Peco!. Escavar-se: Iupecoin.
rana, Periãntá, Muruxi, Uapé, Iapuna. Erva ESCAVÁVEL Pecoin-uera, Pecointéua.
de pastagem: Parari, Piri, Paramã, Mury, ESCOADOURO (o lugar por onde escoa) Ciry-
Aracy-xiú, Taipi, Apii, Meru-caá, Meru-kiá, catyua; (o lugar para onde escoa) Ciryca-
Patacuera, Masambará, Panamã, Come- rendaua.
mbéua. ESCOAMENTO Cirycasaua.
ERVA-DE-CHEIRO (e outras) Piripiri-oca, ESCOANTE Cirycauara.
Caorécaá, Iacami-caá, Micura-caá, Caú- ESCOAR Ciryca, Mutypau, Iumuã. V Secar e
caa, Iacu-saíca, Andira-kicé, Paca-ratepu. comp.
ERVAR (a ponta das flechas e outras ar- ESCOLHA Purauacasaua.
mas) Acy. ESCOLHEDOR Purauacasara.
ERVA-VENENOSA Periuaca. ESCOLHENTE Purauacauara.
ESBAFORIDO Cikiétéua. ESCOLHER Purauaca. Escolher-se: Iupurauaca.
ESBARRAR Iucatuca, Iucutuca. Fazer escolher: Mupurauaca. Mandar esco-
ESBOFETEADOR Suá-petecasara. lher: Purauacári, Purauaca-cári.
ESBOFETEAMENTO Suá-petecasaua. ESCOLHÍVEL Purauacauera.
ESBOFETEAR Suá-peteca. ESCOLOPENDRA [lacraia] Iurupary-kiaua (=
ESBOFETEÁVEL Suá-petecauera. pente do diabo).
ESBOROAR Yuy-ciryca, Cucui. ESCONDEDOR Mumimesara, Iumimesara.
ESBUGALHAR (dos olhos) Cesá-piráriasú, ESCONDER Mumime. Esconder-se: Iumime.
Cesapirári-eté. Esconder uma coisa da vista: Canhemo.
ESBURACAR Mucuara. ESCONDERIJO Mimetyua.
ESPELHAR-SE

ESCONDIMENTO Mumimesaua, Iumimesaua. ESFRIADOURO Muirusangatyua


ESCOPETA Mucaua. ESFRIAMENTO Muirusangaua.
ESCORA Tianha, Pitasocasaua, Pitasoca. Es- ESFRIAR Muirusanga, Murusanga.
cora da casa: Oca-pitasoca. ESGALHO Myrauaca.
ESCORAR Mutianha, Pitasoca. ESGANAR Euyca, Iuyca. V Enforcar e comp.
ESCORPIÃO Yauaiera, Suraiú. ESGOTAR (secando) Mutypau. Esgotar-se:
ESCORREGADIO Cirycatéua. Iutypau. Esgotar-se das forças da vida: Iukyy.
ESCORREGADOR Cirycasara. ESGRAVATAR Picuin-cuin.
ESCORREGAMENTO Cirycasaua. ESGUIO Ipuy.
ESCORREGANTE Cirycauara. ESMAGAR Mucurui. Esmagar-se: Iumucurui.
ESCORREGAR Ciryca. Fazer ou ser feito escor- ESMERALDA Itá-omi.
regar: Muciryca. ESMIGALHAR Muyca.
ESCORRER Mutypau. ESMIUÇAR Mupui-pui.
ESCORRIDO Mutypauá. ESMOLA Tupana-putaua.
ESCORRIMENTO Mutypausaua. Escorrimento ESMOLAR Iururé-Tupana-putaua. Dar esmo-
de humores peçonhentos: Yei. Escorrimento la: Meen Tupana-putaua.
de matéria: Sauésáua. ESMORECER Canhemo, Iucanhemo.
ESCOVINHA (o cabelo cortado a) Iapina. ESMORECIMENTO Canhemosaua.
ESCRAVIDÃO Miasuasaua. ESMURRAR Potucá-tucá.
ESCRAVIZADO Miasuá. ESPADA Kicé-ui.
ESCRAVIZADOR Miasuasara. ESPADAÚDO Atiúua-uasu.
ESCRAVIZAR Miasua. Escravizar-se: Iumiasu. ESPÁDUA Iyuapecanga, Atiyua.
ESCREVER Coatiare. V Desenhar e comp. ESPADUADO Atiyua-uara.
Mas o termo que é de uso quase geral é ESPALHADOR Musaengara; Iusaigara.
Iscrvéri. ESPALHAMENTO Iusaengaua.
ESCROTO Sapiá. ESPALHAR Musaen. Espalhar-se: Iusaen.
ESCUDELA Piririsaua, Cuia. ESPANADOR Tyuyrucasara.
ESCURECER Mupituna. ESPANAMENTO Tyuyrucasaua.
ESCURIDÃO Pitunauasu. ESPANAR Tyuyruca, Mutumuna.
ESCURO Pituna. ESPANCAR Nupá. V Bater e comp.
ESCUTA Iapysásáua. ESPANTADIÇO Cikiéuéra, Iacaemouera.
ESCUTADIÇO Iapysáuéra. ESPANTADO Cikié, Cikiéuá.
ESCUTADO Iapysáuá. ESPANTADOR Iacanhemosara, Mucikiésára, Ia-
ESCUTADOR Iapysására. caemosara.
ESCUTADOURO Iapysá-tendaua. ESPANTALHO Cikiétéua, Iacaemotéua, Iaua-
ESCUTANTE Iapysáuára. etérána.
ESCUTAR Iapysá; (por ordem) Iapysácári, ESPANTAR Mucikié, Mucanhemo, Mucaemo.
Iapysaia. Espantar-se: Cikié, Iacanhemo, Iacaemo.
ESCUTÁVEL Iapysátéua. ESPANTO Cikiésáua, Iacaemosaua, Iacanhe-
ESFARELADO Puua, Muyca. mosaua.
ESFARRAPAR Sururuca, Sororoca. ESPANTOSO Iaueté-eté, Cikiéasú, Oiasu.
ESFIAPAR Apyi. ESPASMO Saciasu, Caruara (dores reumáti-
ESFOLAR Iuuca-pirera. cas).
ESFREGA Kitycasaua. ESPATIFAR Mucurui. Espatifar-se: Iumucu-
ESFREGADOR Kitycasara. rui.
ESFREGANTE Kitycauara. ESPECTRO Anhanga, Anhanguera, Anhanga-
ESFREGAR Kityca. Esfregar-se: Iukityca. Es- téua.
fregar limpando ou para limpar: Kitynuca. ESPELHADOR Uaruauera, Iuauruauera.
ESFREGÁVEL Kitycauera, Kitycatéua. ESPELHANTE Cenipucaua.
ESFRIADOR Muirusangasara. ESPELHAR-SE Iusain, Iusaen.
ESPELHO

ESPELHO Uaruá. ESPOJAR-SE Ieréu. Fazer ou ser feito espojar:


ESPEQUE Iú, Yuy-iu. Muieréu.
ESPERA (da caça) Tocaia (tocaua?). ESPOJÁVEL Ieréuéra, Ieréutéua.
ESPERADO Saruuá. ESPORÃO Santi-pucu.
ESPERADOR Sarusara. ESPOSA Remiricô-arama.
ESPERADOURO Saru-rendaua, Tocatyua. ESPOSAR Mendare. V Casar e comp.
ESPERANÇA Sarusaua. ESPOSO Mena-arama.
ESPERANTE Saruuara. ESPRAIAR (alargar) Mpuca; (descobrir a
ESPERAR Saru, Saaru. praia) Muyuymicuy.
ESPERÁVEL Saruuera. ESPREGUIÇADOR Iuiékysára.
ESPERTAR Mupaca. V Acordar e comp. ESPREGUIÇAMENTO Iuiékysáua.
ESPERTEZA Iacusaua, Kyrimbau-saua. ESPREGUIÇAR Iuiéky.
ESPERTO Iacu, Iacua, Iapatucayma, Kyrim- ESPREITA Manhanasaua.
báuá. ESPREITADOR Manhanasara.
ESPESSO (dos caldos) Anamã. ESPREITADOURO Manhanatyua.
ESPETAR Cutuca. Espetar-se: Iucutuca. ESPREITANTE Manhanauara.
ESPETO Cutucaua. ESPREITAR Manhana. Espreitar-se: Iuma-
ESPIA (que observa) Manhanacári-sara; (que nhana.
ouve às escondidas) Iapysácári-sara; (a corda ESPREITÁVEL Manhanauera, Manhanatéua.
da embarcação) Yara-tupaxama, Tupaxama. ESPREMEDOR Iamisara.
ESPIAR Manhanacári, Iapysácári. ESPREMEDOURO Iamityua.
ESPICAÇAR Cutucutuca. ESPREMEDURA Iamisaua.
ESPICHAR (se só estica) Ciky, Ceky; (se setor- ESPREMER Iam!, Eami, Eambi.
na comprido) Mupucúeté. ESPREMÍVEL Iamitéua, Iamiuera.
ESPINGARDA Mucaua. ESPUMA Teiésáua. Tyyi. A espuma velha das
ESPINHA (de peixe) Kiroa; (dorsal) Cupé-cãn- águas: Ciryry.
-uera, Cupé-canguera. ESPUMANTE Teiéuára.
ESPINHAÇO Cupé. Espinhaço da serra: Yuy- ESPUMAR Teié.
tera-tupé. ESPUMOSO Teiéu, Teiú.
ESPINHAL Iutyua. ESPUNHA Eamoapyca.
ESPINHEIRO Iuyua. ESPÚRIO Rana. É voz usada como sufixo e traz
ESPINHENTO Iutéua. o sentido de que o que é indicado pela pa-
ESPINHO Iú. Espinho curvo: Ampé. lavra assim modificada não é verdadeiro; é
ESPINHOSO Iúsára. uma modificação ou uma imitação, e quepe-
ESPIONAGEM Manhanacári-saua, Iapysacá- lo menos não tem as qualidades que tornam
risáua. apreciada a coisa com que se parece: Acapu-
ESPIRRADOR Asamosara. rana: Acapu espúrio; Timbó-rana: Timbó es-
ESPIRRAR Asamo. púrio.
ESPIRRO Asamosaua. ESQUADRINHAR Cicacicári. V Procurar e
ESPOCADO Pipocauá, Pipocana. comp.
ESPOCADOR Pipocasara. ESQUECEDOR Cesaraingara.
ESPOCANTE Pipocauara. ESQUECER Cesarain, Sarain. Esquecer-se: Iu-
ESPOCAR Pipoca. sarain. Fazer esquecer: Musarain.
ESPOCÁVEL Pipocatéua, Pipocauera. ESQUECIDO Cesarain, Mendoári-yma.
ESPOCO Pipoca. ESQUECÍVEL Cesarain-uera.
ESPOJADO Ieréua. ESQUELÉTICO Mira-can-uera-iaué.
ESPOJADOR Ieréusára. ESQUELETO Mira-can-uera.
ESPOJADOURO Ieréurendáua. ESQUENTAÇÃO Muacusaua.
ESPOJAMENTO Ieréusáua. ESQUENTADOR Muacusara.
ESPOJANTE Ieréuára. ESQUENTAMENTO (doença) Ticaruca.

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ESTRADA

ESQUENTAR Muacu. Esquentar-se: Iumuacu. ESTEIO Okitá. O esteio mestre da casa: Oca-
ESQUERDA Pôasú. Mão esquerda: Pô-apara. pitasoca, Oca-acanga (Solimões).
ESQUERDO (quem está à esquerda) Pôasúsára; ESTEIRA Tupé, Miasaua.
(que é esquerdo) Pôasúára; (por desajeitado) ESTENDEDOR Musá-sara, Musaingara.
Iaparasara. Lado esquerdo: Pôasúsáua. ESTENDEDOURO Ierau (especialmente o que
ESQUILO Acutypuru. serve para estender ou guardar gêneros),
ESSE, ESSA, ESTE Cuá, Coá. Esses, Essas, Musátyua.
Estes: Cuá-aetá, Cuá-itá. Nhaã, Nhaã-etá, ESTENDER Musá, Musain. Estender abrindo:
Nhaã-itá. Pirare. Estender-se deitando: Iuienô.
ESTABELECEDOR Muapicasara. ESTERCO Tiputy.
ESTABELECER Muapica. ESTÉRIL Ciniyma, Embyra-yma.
ESTABELECIDO Muapicaua. ESTERILIDADE Ciniymasaua.
ESTABELECIMENTO Muapicasaua. ESTERILIZADOR Ciniymasara.
ESTABILIDADE Peiecemoyua, Peiecemosaua. ESTERILIZANTE Ciniymauara.
ESTÁBULO Caisara, Curara. ESTERILIZAR Ciniyma.
ESTACA Mará. ESTERILIZÁVEL Ciniymauera, Ciniymatéua.
ESTACADA Caisara, Kindara. ESTERQUEIRA Tiputy-rendaua.
ESTAÇÃO [lugar de parada] Mytasaua; (tem- ESTIAGEM Coaracy-ara.
po) Ara-catu. ESTICA (da vela) Myrá-pucu.
ESTACAR (cercar com estacas) Cai. V Cercar ESTICAR Ciky, Pirare. Esticar a vela: Pirare
e comp.; (jazer parar) Mupituú; (sustentar sutínga. O vento estica a vela: Iuiutu omu-
com estacas) Pitasoca. antá sutinga. A força da correnteza estica a
ESTAFAR Maraári, Maraare. V Cansar e espia: Paranã pirantasaua ociky ygara tupa-
comp. xama. V Abrir, Entesar, Puxar e comp.
ESTALADO Piapua. Xaisúsáua.
ESTALADOR Piapusara. ESTIMAR Xaisu. V Amar e comp.
ESTALANTE Piapuuara. ESTIOLADO Iakyuá, Iaky, Iakypora.
ESTALAR Piapu, Peapu. ESTIOLADOR Iakysára.
ESTALIDAR Piapoca. ESTIOLADOURO
ESTALIDO Piapocasaua. ESTIOLAMENTO IakyPáua.
ESTALO Piapusaua. ESTIOLANTE Iakyuára.
ESTAME [fio de tecer] Tupéxáma; (das flores) ESTIOLAR Iaky. Estiolar-se: Iuiaky.
Putyra-ipora-miritá. ESTIPULAR Nheên satambyca.
ESTAMPIDO Teapu, Teapu-uasu. ESTIRÃO Typucu. Estirão de rio: Paranã-
ESTANCAR Mupytuu. Estancar o sangue: -typucu. Estirão de rua: Pé-typucu.
Mupytuu-tuí. V Descansar e comp. ESTIRAR Ciky; (tornando mais comprido)
ESTANHAR Iucy-itá, Icyca-irumo.
ESTANHO Itaen, Itá-icyca. ESTOJO Iriru, Ireru. Estojo das tesouras:
ESTAR Icó, Pitá, Mytá. Está bom aí: Oicó mi- Piranha-irem.
me catu. Eu estou onde me encontro: Ixé xa- ESTÔMAGO Putiá (peito, se se refere à parte do
pitá xauacemo kiti. Onde está a tua gente?: corpo independentemente das suas funções);
Makiti oicó ne mira? (ou simplesmente, em Marica (no caso contrário).
forma elíptica): Makiti ne mira? [Esta cons- ESTORVAR Apatuca. V Atrapalhar e comp.
trução se dá] porque o verbo "estar", sinô- ESTOURADOR Mpucá-sara.
nimo de "ser", pode como este ser deixado ESTOURANTE Mpucá-uara.
de traduzir-se. "Estou bom" se diz, de prefe- ESTOURAR Mpucá.
rência, Ixé catu, em vez de Xaicô catu. ESTOURO Mpucá-saua.
ESTÁTUA Itá-mira-rangaua. ESTRÁBICO Cesá-apara.
ESTÁVEL Piapu-uera. ESTRABISMO Cesá-aparasaua.
ESTEAR Pitasoca. V Sustentar e comp. ESTRADA Pé, Rapé, Sapé. Estrada grande: Péasú.
ESTRADO

ESTRADO Iurau. Estrado da canoa: Yngara- to facilmente reduzido a a, assim como o


-iurau. ixé, nominativo a xé: Eu tenho: Ixé xare-
ESTRAGADOR Muayuasara. cô, e mais correntemente xarecô, e até mes-
ESTRAGAMENTO Muayuasaua. mo arecô. Eu só: Ixé nhunto; eu mesmo: Ixé
ESTRAGANTE Muayuauara. tenhên; como eu: Ixé iaué, que também se
ESTRAGAR Muayua. Estragar-se: Iumuayua. ouve dizer: Xé nhunto, Xe tenhên e Xé iaué.
ESTRAGÁVEL Muayuauera. EUFONIA Teapu puranga, Membi teapu pu-
ESTRANGEIRO Amu-tetamauara; Suaiauara; ranga.
Nheengaayua (nhengaíba); Asuíuára. EUNUCO Sapiáyma.
ESTRANGULAR Iuyca. Estrangular-se: Iu- EUROPA Suaia.
iuyca. V Enforcar e comp. EUROPEU Suaiauara.
ESTRATAGEMA Muama, Muamba. EVADIR Iauau. V Fugir e comp.
ESTREAR Iupirün. EVANGELHO Tupana nheênga, Tupana rayra
ESTREBUCHADOR Ieré-ieréusára. nheênga; (o livro que o contém) Tupana
ESTREBUCHAMENTO Ieré-ieréusáua. nheênga coatiarasaua.
ESTREBUCHANTE Ieré-ieréuára. EVANGELICAMENTE Tupana nheênga rupi.
ESTREBUCHAR Ieré-ieré. EVANGÉLICO Tupana nheênga iaué.
ESTREIA Iupirüngaua. EVANGELISTA (que escreveu) Tupana nheênga
ESTREITADOR Caisara. coatiarasara; (que ensina) Tupana nheênga
ESTREITANTE Caiuara. mbuésára.
ESTREITAR Cai. EVANGELIZAR Mbué Tupana nheênga.
ESTREITEZA Icaisaua. EVAPORAR Muticanga. V Secar e comp.
ESTREITO leal, Iréua. O rio estreito: Paranã- EVIDENTE Cesá recéuára.
icaua. EVOCAR Cenoi cé supé. V Chamar e comp.
ESTRELA Yacy-tatá; Uerá. EXATO Catuxica.
ESTREPITAR Munhã-teapuasu. EXAURIR Mpauauna. V Acabar e comp.
ESTRÉPITO Teapu-uasu. EXCEDER Sasau. V Passar e comp.
ESTRIPAR Iuuca-tiputy-ireru. EXCITAR Ieki. V Aguilhoar e comp.
ESTRO Ura. EXCREMENTOS Tiputy.
ESTRONDO Teapu-uasu, Teapu-ayua. EXERCER Munhã. V Fazer e comp.
ESTROPIADOR Meuãngara. EXIBIR Mucameên. Exibir-se: Iumucameên.
ESTROPIAMENTO Meuãngaua. EXIGIR Putári, Putare. V Querer e comp.
ESTROPIAR Meuãn. Estropiar-se: Iumeuãn. EXORBITANTE Pucéuára, Puceté-uara.
ESTUDANTE Iu-mbuésára. EXPANDIR Sain. Expandir-se: Iusain.
ESTUDAR Iu-mbué. Fazer ou ser feito estudar: EXPANSÃO Saingaua.
Muiu-mbué. EXPANSIVO Saingara.
ESTUDÁVEL Iu-mbuéuéra. EXPEDIR Mundu. V Mandar e comp.
ESTUDO Iu-mbuésáua. EXPELIR Mué-mbure.
ESTUGAR Mucurutê. EXPERIÊNCIA Saãngaua.
ESTÚPIDO Iatéyma-asu. EXPERIMENTADOR Saãngara.
ESTUPRO Mbucasaua-ayua; Iakyra muayua- EXPERIMENTAR Saãn.
saua. EXPROPRIAR Iuuca-iara-suí.
ESVAECER Muierame, Mupuinha. EXPULSADOR Mpusara.
ESVOAÇADOR Euéuéuára. EXPULSÃO Mpusaua.
ESVOAÇAMENTO Euéuésáua. EXPULSAR Mpu, Iatucá.
ESVOAÇAR Euéué. EXPULSO Mpua.
ETERNIDADE Mpauymasáua. EXSUDAÇÃO Icycasaua.
ETERNO Mpauyma. EXSUDADO Icyca.
EU Ixé. É o prefixo verbal que pode dispen- EXSUDANTE Icycauara.
sar o pronome xá, que no rio Negro é mui- EXSUDAR (das plantas que produzem resi-
EXULTAR

nas ou produtos análogos naturalmente) Ioy, EXTRAIR Iuuca. V. Tirar e comp.


Yoy, Icyca. EXTRAVIADOR Mucanhemosara.
EXTENSÃO Musá-saua, Musaingaua. EXTRAVIAMENTO Iucanhemosaua; (se pro-
EXTENUADO Maraári-eté. curado por outrem) Mucanhemosaua.
EXTERMINAÇÃO Iucá-pausaua. EXTRAVIAR Mucanhemo. Extraviar-se: Iuca-
EXTERMINADOR Iucá-pausara. nhemo.
EXTERMINANTE Iucá-pauara. EXTREMIDADE Puacapesaua, Racanga; U-mpa-
EXTERMINAR Iucá-pau. uasaua.
EXTERMINÁVEL Iucá-pauera, Iucá-téua. ÊXUL Ocema i tetama suí.
EXTERNO Ocara, Ocarauara, Ocarasara. EXULTAR Sory.
FÁBRICA Munhãngaua. Fábrica de anzóis: FACHO Tury.
Pindá-munhãngaua (Munhãngaba). FÁCIL Inti-uasu, Tiasu.
FABRICADOR Munhãngara. FACILIDADE Tiasusaua.
FABRICAR Munhã, Munhãn. FADIGA Maraaresaua. V. Cansar e comp.
FÁBULA Marandua, Marandyua. FAÍSCA Tatá-tatá, Tatá-uera.
FABULAÇÃO Marandusaua. FAISCANTE Tatá-tatáuára, Tatá-uérauéra.
FABULADOR Marandusara. FAISCAR Tatá-uerau.
FABULANTE Maranduara. FALA Nheengasaua; (nos compostos) Nheenga.
FABULAR Marandu. FALADO Nheenga.
FABULÁVEL Maranduera, Marandutéua. FALADOR Nheengasara.
FABULOSO Maranduyua. FALANTE Nheengauara.
FACA Kicé. Faca quebrada: Kicé-acica (= fa- FALAR Nheen. Falar teso: Nheen santá. Falar
ca que chega). bem: Nheen puranga. Falar mal: Nheen pu-
FACA-DE-MORCEGO (casta de tiririca) Andi- xi. Falar ruim: Nheen ayua, Nheengayua
rá-kicé. (Nengaíba).
FAÇANHA Kyrimbásáua. FALATÓRIO Nheengatéua.
FACÃO Kicé-uasu, Tarasado (=terçado). FALCA Yngara-péua, Yara-péua. Falca de ca-
FACE (quando se quer compreender toda a ca- noa: Yngara myrá-péua.
ra) Suá; (parte dela), Rapity, Sapity, Tapity. FALCÃO Uirá-uasu.
FACEIRICE Uarixysaua. FALCATRUA Muamba.
FACEIRO Uarixy. Faceira: Cunhã-uarixy. FALCATRUEIRO Muámbauéra.
FACETO [brincalhão, chistoso] Uarixy. FALECER Manô. V Morrer e comp.
FACHEADO [com fachos] Muturyuá. FALECIDO Ambyra, Manôána.
FACHEADOR Muturysara, Tatá-itycasara. FALECIMENTO Manôsáua.
FACHEADOURO Muturyrendáua, Tatá-ityca- FALENA Sarará.
tyua. FALHA Iauysaua.
FACHEAMENTO Muturysaua, Tatá-itycasaua. FALHAR lauy.
FACHEAR Mutury, Tatá-ityca. FALHO lauyuá.
FEDER

FALQUEAR Iupana. V Lavrar e comp. FATURA Papasaua.


FALSA, FALSO Ipoitéua, Ierarauá, Rana (esta FATURAR Papare.
última forma usada como sufixo). V Espúrio. FAUCE Curucaua.
FALSIDADE Ipoité, Ierarauaia. FAÚLHA [fagulha] Tatá-ueréua.
FALSIFICADOR Poité-munhãngara. FAVA Cumã, Cumandá-uasu, Cumandasu.
FALSIFICAR Munhã-poité. FAVA-DE-POMBO Tapiriry.
FALSIFICÁVEL Poité-munhã-uera. FAVA-DE-SANTO-INÁCIO Cumaru.
FALTA Uatárisáua. FAVA-DE-TONCA Cumari, Cumary.
FALTADOR Uatárisára. FAVO DE MEL Tyapira.
FALTANTE Uatáriuára. FAVORECER Pitimü. V Ajudar e comp.
FALTAR Uatári, Uatare. FAZEDOR Munhãngara; (menos hábil) Munhã-
FALTÁVEL Uatáriuéra. uera.
FAMA Cerakena (cera sakena =cheiro do no- FAZER Munhã, Munhãn. Fazer-se: Iumunhã.
me). Boa fama: Cerakena-puranga. Má fama: Em composição, como prefixo, com o sig-
Cerakena-puxi. Péssima fama: Cerakena- nificado de fazer ou ser feito fazer: mu. Mu
-ayua. somente tem o significado de fazer, tornar
FAMIGERADO Cerakenauera. e semelhantes quando preposto a qualquer
FAMÍLIA Anama, Anamasaua. palavra que assim se torna verbo. Então,
FAMILIAR Anamauara, Ocauara. assume também o iu, para tornar o ver-
FANAL Caryua-tury. bo reflexo, que nos outros casos só assu-
FANFARRÃO Kyrimbárána. me muito raramente, e quando cria um ver-
FANTASMA Anhanga, Anhangá, Mira-anhanga. bo com significado novo e diverso. Passar:
FANTASMAGORIA Anhangasaua, Angaua- Sasau. Fazer passar: Musasau. Passar-se:
rana. Iusasau. Mostrar: Mucameen. Mostrar-se:
FANTASMAGÓRICO Anhangasara; (o que é Iumucameen.
apenas espantalho) Anhangarana. FÉ Ruiárisáua, Ruuiárisáua.
FANTÁSTICO Nhaangauara. FEALDADE Puxísáua.
FAQUISTA Kicéuára. FEBRÃO Tacuuasu.
FAREJAR Cetuna. V Cheirar e comp. FEBRE Tacua, Tacuua;(demau caráter)Tacuu-
FARINHA (de mandioca) Uy; (de peixe) Pirá- -ayua.
cuy. Casa de farinha Uy-munhã-oca. FEBRICITANTE Tacuuara.
FARINHADA Uy-munhãngaua. FEBRICITAR Tacuua-porará.
FARINHADOR Uy-munhãngara. FECHADO Cekindaua, Pupeca, Cai.
FARINHAR Uy-munhã. FECHADOR Cekindáusára, Pupecasara, Cai-
FARMACÊUTICO Pusanga-munhãngara. sara.
FARMÁCIA Pusanga-oca-munhãngaua. FECHAMENTO Cekindáusáua, Pupecasaua,
FARO Cetunaua, Cetuna. Caisaua.
FARTADO Muapungá. FECHAR (dentro de qualquer coisa) Cekindau,
FARTADOR Muapungara. Kindá; (cobrindo) Pupeca; (cercando) Cai.
FARTAR Muapun, Muapõn. FECHÁVEL Cekindáuéra, Cekindáutéua, Pu-
FARTUM Catinga. pecauera, Pupecatéua.
FARTURA Muapungaua, Cetá, Ceietá. FECHO Cekindátyua.
FASTIO Putaua-yma, Iumaci-yma. FÉCULA Typyaca, Mani.
FATIA Pisáuéra, Pisápéma. FECULENTO Typyacauara.
FATIGADOR Mumaraaresara. FECUNDAÇÃO Ipyrüngaua.
FATIGANTE Mumaraareuera. FECUNDADOR Ipyríingara.
FATIGAR Mumaraare. Fatigar-se: Iu-muma- FECUNDAR Pyruãn (encher).
raare. FECUNDÁVEL Ipyruãn-uera.
FATO Munhauá. FECUNDO Ipyruãn.
FATOR Munhãngara. FEDER Inema; (de coisa que começa a estra-
FEDOR

gar-se) Pixé; (especial do peixe, do branco FERMENTAR Pupure.


e de certa comida) Pitiú; (especial de gente, FERMENTO Pupureyua.
plantas ou animais e nem sempre desagradá- FEROCIDADE Inharusaua.
vel) Catinga. O branco fede, o mulato fede, FEROZ Inharu, Iauaeté, Piá-yma.
o tapuia cheira bem: Caryua opitiú, murátu FEROZMENTE Inharu-rupi.
ocatinga, tapyia osakena puranga. FERRADA Piysaua, Piynsaua.
FEDOR Inemasaua. FERRÃO Itapoan; (dos insetos) Piyn, Piyn-
FEDORENTO Inemasara, Inemauara, Inema- uara.
uera. FERRARIA Itapoãn-munhãngaua-oca, Itá-iu-
FEIÇÃO Rangaua, Sangaua. pasaua.
FEIJÃO Cumandai. FERREIRO Itapoãn-munhãngara, Itá-iupana-
FEIO Puxi. O feio: Ipuxi. Muito feio: Puxieté. sara.
FEITIÇARIA Maracaimbara-yua. FERRO Itá; (mais raramente) Itá-eté.
FEITICEIRA Mati, Matinta. Pássaro feiticeiro: FERRO DE COVA [cavadeira] Taxira.
Matinta-perera. FERROADA Piynsaua.
FEITICEIRO Maracaimbara-iara, Maracaim- FERROANTE Piynsara.
baramanha. FERROAR Piyn.
FEITIÇO Maracaimbara, Peúsáua, Tetecasaua. FERRUGEM Itá-ikiá, Itá-ikiásáua.
FEITOR Munhãngara. FERRUGENTO Ikiására, Itá-ikiására.
FEITORIA Munhãngaua. Feitoria de anzóis: FÉRTIL Ceía, Muceía.
Pindá-munhãngaua. Feitoria de peixe: FERTILIDADE Ceíasáua.
Piraenmunhãngaua. FERVEDOR Pupuresara.
FEITURA Munhãngaua. FERVENTE Pupureuara, Pupure-pora.
FEIXE Mamana, Mamanauara. FERVER Pupure.
FEL Piapéára, Péapéára, Iraua. FERVURA Pupuresaua, Pupure-paua.
FELICIDADE Sorysaua. FESTA Puracysaua. Festa da puberdade: Caria-
FELIZ Sory. Feliz na caça ou na pesca: Maru- mã. Dia de festa, domingo: Mituu.
piara. FESTEIRO Puracy-iara.
FÊMEA Cunhã. É usado indiferentemente FESTEJAR Puracy (em toda festa tapuia há
para indicar a fêmea ou o feminino sempre dança). Festejar alguém, agradá-lo: Musory.
que haja necessidade, e não resulte o sexo FETENTE [fedorento] Inemana.
do contexto. Quando, porém, se usa cunhã FETO (planta) Samumbaia, Caamumbaia.
sem outra indicação, como substantivo, se FEZES Itykyra, Itykera.
entende sempre a mulher, tomando a acep- FIAÇÃO Pomanesaua, Pombicasaua.
ção de fêmea quando adjetivo. FIANDEIRO Pomanesara, Pombicauera.
FEMEEIRO Cunhãuera. FIANTE Pomaneuara, Pombicauara.
FÊMUR Retimã-acanga. FIAPOS Mbaia.
FENDA Iycaycasaua, Iumuisaua. FIAR Pomane. Fiar o tucum sobre a perna a
FENDER Iycayca. V Rachar e comp. nu: Pomyca, Pombyca. Fiar cordas: Munhã-
FERIDA (que se forma como que naturalmen- tupaxama.
te) Peréua; (ou considerada independen- FIAR-SE [confiar} Mupiá, Ruuiareiuru-ceen.
temente do modo como foi feita, se feita de FIBRA (da madeira) Yrapé (= caminho da
ponta) Iapysaua; (se de talho) Cutucasaua. água); (têxtil) Xama, Euíra, Uaicyma.
FERIDOR Cutucasara, Iapysara, Muperéua- FICADA Pitásáua, Mitasaua.
sára. FICAR Pitá. Ficar no que era, isolada: Muceía-
FERIR (de ponta) Iapy; (de talho) Cutuca; (de yma. Ficar só: Pitá-iepé-nhun. Ficar prenhe:
outra qualquer forma) Muperéua. Pyruãn.
FERMENTAÇÃO Pupuresaua. FIGADAL Papeáuára.
FERMENTADOR Pupuresara. FIGADALMENTE Papeá-rupi.
FERMENTANTE Pupureuara. FÍGADO Papiá, Piá.

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FOLHAR

FIGUEIRA-BRAVA Caxinguba, Caxinguyua. a ponta de taquara) Tacuara; (com a ponta


FIGUEIRA-DO-DIABO Nhambu-asu. ervada) Ueyua-acy; (ervada, mas que se ar-
FIGURA Sangaua, Rangaua. remessa à mão) Curamy (curabi); (para fis-
FIGURAÇÃO Sangauasaua. gar tartaruga com a ponta móvel) Sararaca;
FIGURADOR Musãngara, Musãngauasara. (para arremessar com a palheta) Ueyuapucu;
FIGURAR Musãngá, Musãngaua. (para flechar peixe à ponta fixa) Ueyuacu;
FILANTROPIA Mira-xaisusaua. (para flechar pássaros sem matá-los) Ueyua-
FILANTROPO Mira-xaisuuara. coniá; (que é preparada de forma que se que-
FILÁUCIA Iacuaayuasaua. bra dentro da ferida) Ueyua-pepena.
FILAUCIOSO Iacuaayua. FLECHAR (de arco) Uiumu; (com a palheta ou
FILEIRA Icyrãngaua. à mão) Iatycá, Ueyuatycá.
FILHO, FILHA (com referência ao homem) FLEXÍVEL Membeca, Sayíca.
Rayra; (à mulher) Membyra. FLOR Potyra, Putyra.
FILODENDRO Imbé, Imbé-yua. FLORAÇÃO Potyrasaua.
FIM Mpausaua. No fim: Mpausape, Pausape. FLOREADO Potyrapaua.
FINADO Ambyra. FLOREADOR Potyrapausara.
FINALMENTE Teipô, Tene! FLOREAR (ornar de flores) Potyrapau.
FINCAR Iatycá. FLORESCER Mupotyra.
FINDAR Mpau. V Acabar e comp. FLORESTA Caá, Caá-eté.
FINDO Mpaua. FLORESTAL Caapora, Caáuára.
FINGIDO Moãnga, Muãnga. FLORISTA (que fabrica) Potyra-munhãngara.
FINGIDOR Moãngara. FLUTUAÇÃO Uytásáua.
FINGIMENTO Moãngaua. FLUTUADOR Uytására.
FINGIR Moãn. FLUTUADOURO Uytárendáua.
FINO Pu!. Mais fino: Pui-pire. Finozinho: FLUTUANTE Uytáuára, Uytá)fua.
Puixinga. Finíssimo: Pui-eté. FLUTUAR Uytá, Oytá, Eytá.
FINÓRIO Iacua. FLUTUÁVEL Uytáuéra, Uytátéua.
FINURA Iacusaua. FLUVIAL Paranãpora, Paranãuara.
FIO Inimbu, Inimu. Fio grosso: Inimbu- FLUXO Paranã-ueuecasaua.
poasu. Fio fino: Inimbui, Inimbu-pui. FOCINHO Ti, Tin.
FIRMADO Ipitasoca, Ipitasocana. FOCINHUDO Ti-uera.
FIRMADOR Pitasocasara. FOFO Membeca.
FIRMANTE Pitasocauara. FOGÃO Tatá-rendaua.
FIRMAR Pitasoca. Firmar-se: Iupitasoca. FOGAREIRO Tatá-ireru.
FIRMÁVEL Pitasocauera. FOGO Tatá.
FIRME Santá. FOGO-SELVAGEM (doença) Pyra-uasu.
FIRMEZA Pitasocasaua, Pitasocayua. FOGUEAR Musapi.
FISGA Xapu (a ponta com várias farpas); (bi- FOGUEIRA Tatá-uasu.
dentada) Tianha. FOGUISTA Tatá-munhãngara.
FLACIDEZ Santá-ymasaua. FOICE Kicé-apara.
FLÁCIDO Santá-yma. FOLE Peúára.
FLAGELAR Nupá-nupá. V Bater e comp. FÔLEGO Ianga, Angaua.
FLAGELO Nupá-nupáuára. FOLGA Mituu, Mituua.
FLANCO Urucanga. Flanco esquerdo: Uru- FOLGADO Mituua, Isaraco.
cangapôapára, Urucanga-pôasú. FOLGAR (descansar) Mituu; (alegrar-se) Mu-
FLAUTA Temimi, Cemimi, Remimi. Flauta sory.
de osso: Memby, Memy. Flauta de taboca ou FOLGUEDO Musorysaua, Musarainsaua.
outra madeira: Iapurutu. FOLHA Caá. Folha grande: Caá-uasu. Folha
FLAUTISTA Memy-peúsára, Iupisara. de palmeira: Pindaua (pindoba).
FLECHA Ueyua, Uyua (=haste que voa); (com FOLHAR Mucaá.
FOLHUDO

FOLHUDO Caá-uera, Mucaá-uera, Oricua- FORMOSURA Purangasaua.


-caá. FORNADA Iapuna-pora.
FOLÍFAGO Caá-uara, Caá-umbáuára. FORNEIRO (que faz fornos) Iapuna-munhãn-
FOLIFORME Caá-iaué. gara; (que cozinha a farinha no forno) Iapuna-
FOLÍOLO Potyra-caá-miri. sara; (que faz pão no forno) Miapesara; (ou
FOME Iumacisaua. faz beijus) Meiúsára.
FONTE Y-cuara, Y-cemosaua, Yngarapé; Ypu, Menôsáua.
Ympu. Fonte grande: Ypu-asu. Fonte extinta: FORNICADOR Menôsára.
Ypu-cuera. Fonte da pedra: Itaty. Fontes da FORNICANTE Menôuára.
pedra: Itatyaia. FORNICAR Menu, Menô.
FORA Ocara, Ocarpe. Fora de tempo: Ara- FORNO Iapuna.
riré, Ariré. FORNO-DE-UAPÉS (vitória-régia) Uapé-iapuna
FORAGIDO Oiauauera, Canhemotéua. (no rio Negro); Iasaná-iapuna (no Amazonas);
FORASTEIRO Amu-tetamauara, Amu-suí- Piasoca-iapuna (no Solimões). Isso se deve ao
uara. nome diverso que, nas diversas localidades, é
FORCA Iuycauara, Iembucauara. dado ao mesmo pássaro [uapé etc.], um pe-
FORÇA Kyrimbásáua, Mpucasaua. queno Rallida [que abunda onde existe a
FORCADO Cambira. Forcado de ferro: Itá-cam- flor].
bira. FORQUETA Racami, Sacami; (a que serve,
FORÇADO Mpucaua. mais ou menos ornamentada, para susten-
FORÇADOR Mpucasara. tar o cigarro cerimonial nas festas indígenas)
FORÇANTE Mpucauara. Emapô.
FORÇAR FORQUILHA Tianha.
Mpucauera, Mpucatéua. FORTALECEDOR Mukyrimbására, Muantá-
FORÇUDO Kyrimbáuá. sára.
FORJA Itá-iupanayua. FORTALECER Mukyrimbau, Musantá, Muantá.
FORJADO Itá-iupana. FORTALECIDO Mukyrimbaua, Muantaua.
FORJADOR Itá-iupanasara. FORTALECIMENTO Mukyrimbásáua, Muan-
FORJADOURO Iupana-itá-rendaua. tásaua.
FORJADURA Itá-iupanasaua. FORTALEZA (lugar forte) Mucaua-oca ( = ca-
FORJANTE Itá-iupanauara. sa de espingarda).
FORJAR Iupana-itá. FORTE Kyrimbaua, Santana, Antaua.
FORJÁVEL Itá-iupanauera. Não forjável: Itá- FORTUITO Ipôuára.
-iupana-yma. Fosso Cuara-pucu. Fosso-trincheira: Nduai-
FORMA Sangaua, Rupisaua, Iaué. A for- mene.
ma das coisas aparece ao longe indecisa: Maá FOUVEIRO ([doença da pele} dos índios que
sangaua oiumucameen ierame apecatu suí. têm a pele manchada) Puru-puru; Iacy-
Cuá-rupi, Cuá-iaué. -tatauara (pela crença de serem sinais de es-
Muiemunhãngaua. trelas).
FORMADOR Muiemunhãngara. FOZ Tomasaua, Toumasaua. Foz do rio:
FORMAR Muiemunhãn. Paranãtomasaua.
FORMIGA (não há nome genérico) Taxiua, FRACO Kyrimbáuayma, Santáyma, Ipurare-
Curupé, Mingayma, Iukitaia, Piri, -yma, Pitua.
Piripiri, Tanaiúra, Tocandyra, Tapiú, Taoca, FRADE Pay. Frade capucho: Pay-tucura.
Taxi, Taracuá, Maniuara, Içá, Uaimy, Racua FRÁGIL Puiua, Puyra, Iupepenauera.
etc. FRAGMENTAR Mupui.
FORMIGÃO Marapececa. FRAGMENTO Curera, Mupuinha.
FORMIGUEIRO Taxiua-oca (= casa de formi- FRANCÊS (como os chamavam na costa do
gas) ou Taxiua-rendaua etc. Maranhão) Tapiya-tinga (=tapuia branco).
FORMOSO Purangaua. FRANCO Muangayma, Sacaté.
FUNDURA

FRANGA Sapucaia-pisasu. FRUTEDO Yuá-tyua.


FRANJA (da rede) Makyra-embyua. FRUTEIRA Yuá-yua, Yá-yua.
FRANZEDOR Mupyxaengara, Muxiricasara. FRUTÍFERO Yá-ireru; (se está com fruta) Yá-
FRANZIMENTO Mupixaengaua, Muxirica- pora.
saua. FRUTÍVORO Yá-usara, Yá-mbaúsára.
FRANZINO Icay, Sacay. FUGA Iauaua, Iauausaua.
FRANZIR Mupixaen, Muxirica. FUGAR [pôr em fuga} Muiauau.
FRECHEIRO Iumusara. V Flechar e comp. FUGIDIÇO Iauauera.
FREIXEIRA (a planta) Tacana; (o lugar onde FUGIENTE Iauauara.
nasce) Tacanatyua. FUGIR Iauau. Fazer fugir: Muiauau.
FRENÉTICO Inhariisara. FUJÃO Iauatéua; (os negros fugidos) Canhem-
FRENTE Suá, Ruá. Que está na frente: Suaxara. bora; (os índios que fugiam dos currais du-
Pela frente: Suaxara-rupi. rante as expedições de resgate) Caisara.
FREQUÊNCIA Muapiresaua. FÚLGIDO Cendíua.
FREQUENTE Muapire. FULGIR Cendi. V Luzir e comp.
FREQUENTEMENTE Muapire-rupi. FULIGEM (a que fica como formando festões
FRESCO Irusanga. nas palhas das casas) Taticumã; (a que cobre
FRESCURA Irusangasaua. como um estrado de verniz os esteios e cai-
FRICÇÃO Pokirycasaua. bros das casas) Picumã, Ticumã.
FRICCIONADOR Pokirycasara. FULIGINOSO Ticumã-pora.
FRICCIONANTE Pokirycauara. FULVO Sarará.
FRICCIONAR Pokiryca. Friccionar-se: Iupo- FUMAÇA 1àtá-tinga.
kiryca. FUMADA Pytymasaua, Pytyma-usaua.
FRICCIONÁVEL Pokirycauera, Pokirycatéua. FUMADOR Pytymasara, Pytyma-usara.
FRIEIRA Irusangasaua, Irusangauara. FUMAR U-pytyma.
FRIEZA Roingaua. FUMEGANTE Tatá-tinga-uara.
FRIGIDEIRA Mixiyua, Serenepiá, Pererica- FUMO Pytyma; (o que não é curtido e especial-
uara, Piriri-capora. mente o preparado pelos índios do Uaupés e
FRIGIDO Mixira, Mupiririca. do !apurá, seco e conservado no moquém)
FRIGIDOR Mupiriricasara. Mboti; (limpa dentes) Mupixi.
FRIGIDURA Mupiriricasaua. FUNDA Iapy-tupaxama.
FRIGIR Mupiririca. FUNDAÇÃO Muapicasaua.
FRIO Roin, Iroin, Irusanga. FUNDADOR Muapicasara.
FRIORENTO Roingara, Irusangauera. FUNDAR Muapica.
FRISAR Apixain, Pixaen. V Encrespar e comp. FUNDEADO Iuiare, Iuiári.
FRITADA Piririca, Piriricasaua. V Frigir e FUNDEADOR Iuiárisára.
comp. FUNDEADOURO Iuiári-tyua.
FRONDOSO Iturusu, Caá-iturusu. FUNDEANTE Iuiáriuára.
FRONHA Acangapaua-ireru. FUNDEAR Iuiári, Iuiare. Fazer fundear:
FRONTE Ruá, Suá. Muiuiare.
FRONTEIRO Suaxarauara. FUNDEÁVEL Iuiareuera, Iuiaretéua.
FROUXIDÃO Saracasaua. FUNDIBULÁRIO [que atira com a funda} Iapy-
FROUXO Isaraca, Saraca; (do que é teso) Mua- tupaxama-uara.
poca. FUNDÍSSIMO Typyeté.
FRUSTRADO Mupanema. FUNDO Ypy, Typy, Casakire. Fundo do
FRUSTRADOR Mupanemasara. rio: Paraná-ypy. Rio fundo: Paranã-typy.
FRUSTRAR Mupanema. Fundo da casa: Oca-casakire. Fundo da ca-
FRUTA Yá, Yuá. Fruta verde: Yá-inharu. Fruta noa: Yngara-pema. Quem está no fundo:
madura: Yá-inharu-yma; Yá tinharu, Yá Typyuara. Que mora no fundo: Typy-pora.
tearõn. FUNDURA Typysaua.
FÚNEBRE

FÚNEBRE Saciara. FURO Cuara.


FUNÍFERO Xamapara. FURTADIÇO Mundáuéra.
FUNIL (de folhas para beber água) Caapara; FURTADO Mundaua.
(nos redemoinhos do rio) Ycoarana. FURTADOR Mundására.
FURACÃO Iuiutu-ayua. FURTANTE Mundáuára.
FURAÇÃO Mbisaua. FURTAR Mundá.
FURADO Mbiua. FURTÁVEL Mundátéua.
FURADOR Mbisara. FURTO Mundásáua.
FURADOURO Mbityua. FURUNCULAR Iatyi-uara.
FURANTE Mbiuara. FURÚNCULO latyi.
FURÃO Mbitéua. FURUNCULOSO Iatyi-pora, Iuí-cema.
FURAR Mbi; Mucuara. Furar-se: Iu-mbi; Iu- FUSIFORME Eimã-iaué.
mucuara. FUSO Eimã, yimã.
FURÁVEL Mbiuera, Mbitéua. FUSTIGAR Nupá. V Bater e comp.
FÚRIA Iauaetésáua. FUTILIDADE Mbá-nungara, Nembá-nungara.
FURIOSO Iauaeté. FUTURO Cury, Uirané, Uirandé. Sem futuro:
FURNA Yuy-oca, Yuy-cuara. Uirandéyma.
GABADO Mbué-purangaua. GALHARDO Kyrimbaua.
GABADOR Mbué-purangauara. GALHO Sacanga, Racanga, Myrá-racanga,
GABAR Mbué-puranga. Myrácy; (quando cortado) Myrá-cycuera.
GABO Mbué-purangasaua. GALINHEIRO Tucaia, Sapucaia-roca, Sapu-
GABOLA Mbué-purangauera. caia-mytasaua; (se é portátil) Sapucaia-ireru.
GAFANHOTO Cuiú, Tucura; (o que vive na GALINHOLA (Ralídeo) Saracura.
mandioca) Tananá; (o do tabaco) Manduréua. GALO, GALINHA Sapucaia; (quando é absoluta-
GAGO Iauí-iauísára. mente necessário precisar o sexo, adiciona-se
GAGUEJANTE Iauí-iauíuára. apyaua ou cunhã, galo e galinha respectiva-
GAGUEJAR Iauí-iauí. mente). Galinha poedeira: Sapucaia-supiáuára.
GAGUEZ Iauí-iauísáua. Galinha anã: Sapucaia-pepui (ou simplesmen-
GAIATICE Soryuásáua. te pepui). A espécie a que falta o uropígio:
GAIATO Soryuá. Sapucaia-sura (ou simplesmente sura).
GAIO Sory. GAMBÁ Mycura.
GAIOLA Uirapuca. GAMELEIRA Caxinguyua.
GAIOLEIRO Uirapuca-munhãngara. GANA Iumacisaua. V Fome e comp.
GAITA Memby, Memy. GANCHO Ampé, Uampé; (argola que se põe
GAITADA Memby-peúsáua. nos quartos para armar a rede) Oca-auíca.
GAITEAR Peú-memby, Peiú-memby. GANHADOR Porepísára.
GAITEIRO Memby-peúsára. GANHAR Porepi.
GAIVOTA (a espécie maior) Anti-anti; (a me- GANHO Porepísáua.
nor) Kéri-kéri. GANIDO Xixycasaua.
GALANTE Ipuranga. GANIDOR Xixycasara.
GALANTEADOR Uarixy. GANINTE Xixycauara.
GALARDÃO Cuecatusaua. GANIR Xixyca.
GÁLBULA [bico-de-agulha] Ariramba, Inambi- GAPUÍ [cipó} Yuapuí, Apuí, Apuhi.
uasu. GARANTIA Mupitasocasaua.
GALGAR Sasau. V Passar e comp. GARANTIDOR Mupitasocasara.
GARANTINTE

GARANTINTE Mupitasocauara. GERONTICE ALBICOLLIS Curicaca. G. infus-


GARANTIR Mupitasoca, Mupitasoca-ne-rupi. cata: Coró-coró.
GARÇA Acará; (a espécie maior) Acará-uasu. GIGANTE Mira-uasu; [quando se quer desig-
GARÇAL Acaratyua (acaratuba). nar o sexo] Apyaua-turusu ou Cunhã-turusu
GARGANTA Curucaua. [masculino e feminino respectivamente].
GARRA (da mão) Pôampé; (do pé) Pyampé. GIMNOTO ELÉTRICO [poraquê] Puraké.
GARRUCHA Mucaua. GIRADOR Ieréusára.
GÁRRULO Nheêngáritéua, Nheêngáriuéra. GIRAMENTO Ieréusáua.
GASTADOR Musaengara. GIRANTE Ieréuára.
GASTAR Musaen. GIRAR Ieréu. Girar-se: Iuieréu.
GASTO Musaengaua. GIRO, GIRADO Ieréua.
GATILHO (da espingarda) Mucaua-petecasara. GLABRO lei.
GATO Pixana, Pixano, Uapixana. GLOBO Apuã.
GATUNO Mundauasu. GLOBULAR Apuã-iaué.
GAVIÃO Uirá-uasu, Caracará, Caracaral, Cari- GLÓRIA Cerakena (=boa fama).
ry, Cariió, Caripira, Corocotory, Curucutury, GLUTÃO' Iumaciuara.
Tauató, Iauató, Tianha-uirá-uasu, Iapacany, GLUTÃ0 2 (casta de carnívoro) Irara.
Inaié, Uirá-panema, Macauãn, Acauãn, GOELA Curucaua.
Arauató, Cauoré. Com o nome de uirá-ua- GOELUDO Curucauasara.
su é indicada a grande harpia, mas, na fal- GOIABA Yuaiáua.
ta de conhecer o nome especial, é usado co- GOIABAL Yuaiáua-tyua.
mo genérico. GOIABEIRA Yuaiáua-yua.
GEMA (das plantas) Ceneiyua, Cenyyua; (do GOLPE Cutucaua, Munucaua.
ovo) Supiá-tauá. GOLPEADOR Munu-munucasara, Cutu-cu-
GEMEDOR Sacemosara. tucasara.
GÊMEOS (a constelação) Munaxy (=os cama- GOLPEAMENTO Munu-munucasaua, Cutu-
rões). -cutucasaua.
GEMER Sacemo. GOLPEAR Munu-munuca, Cutu-cutuca.
GEMIDO Sacemosaua. GOLPEÁVEL Munu-munucauera.
GENERAL Muruxaua. GOMO Suãn, Suanga.
GENEROSIDADE Sacatésáua. GONORREIA Caruca-puxi, Caruca-piranga.
GENEROSO Sacaté, Piá-uasu. GORAR Iucanhemo. V Perder e comp.
GENGIBRE Mangarataí; (a variedade amarela GORDO Ikyra, Icaua, Kyra, Caua.
menos picante) Mangará-tauá. GORDURA Icauasaua. Ikyrasaua, Ikyraua.
GENGIVA Sana-yuíra, Sauíra. GORDUROSO Ikyrauera, Icauauera, Ikyera.
GENITAIS (do macho) Sacunha, Racunha; GORGOLEJADOR Uuresara.
(da fêmea) Samatiá, Tamatiá. GORGOLEJADOURO Uuretyua.
GENRO (com referência ao sogro) Tayra-mena; GORGOLEJAMENTO Uuresaua.
(com relação à sogra) Membyra-mena, GORGOLEJANTE Uureuara.
Peumã. GORGOLEJAR Uur, Uure.
GENTE Mira, Tapyia. GORGULHENTO Sasocauara, Sasocapora.
GEONOMA (casta de palmeira) Umi, Umimiri. GORGULHO Sasoca.
"'''"'~"'~v [de gerar] Mira-saua, Mumunhãn- GOSMA Tacacá, Tuuma.
gaua. GOSMENTO Tuumauara.
GERADOR Mumunhãngara. GOSTADO Pitin, Iucyua.
GERALMENTE Opanhe-catu-rupi. GOSTADOR Pitingasara, Iucysara.
GERAR Mumunhãn. GOSTAR Pitin, Iucy, Xaisu. Estou gostando do
GERME [estado inicial de algo] Cininga. teu açaí: Xaicó xapitinga né asaí. Ele gosta de
Ciningaua. vê-lo brincar: Aé oiucy omaãn aé omusarain
GERMINADOR Ciningara. ramé. Gosto de ti: Xaxaisu-indé.
GUAXE

GOSTO Pitingaua, Ceengaua. GRILO Okiin, Ieky, Xiruári.


GOSTOSO Ceembyca, Ceen; Pitinga. GRILOTALPA (paquinha) Tatuí.
GOTA Tykyra, Pypyca. GRITADOR Sacemosara, Sapucaísára.
GOTEJADOR Tykyrasara, Pypycasara. GRITAR (em alvoroço) Sapucaí; (em brados)
GOTEJAMENTO Tykyrasaua, Pypycasaua. Sacemo; (repreendendo) Icau. V Repreender
GOTEJANTE Tykyrauara, Pypycauara. e comp.
GOTEJAR (quando cai de um tubo, furo ou GRITARIA Sapucaísáua, Sacemosaua.
coisa semelhante) Tykyra, Tykiri; (nos ou- GRITO Sacemo, Sapucaí.
tros casos) Pypyca. GROSSO Turusu; (dos líquidos) Anamã.
GOVERNADOR Imutara, Munducárisára. GROSSURA Turususaua; (dos líquidos) Ana-
GOVERNAR Mundu, Munducári. Governar- mãngaua, Anamãn-saua.
-se: Iumundu. GRUDAÇÃO Muecycasaua.
GOVERNO Munducárisáua. GRUDADOR Muecycasara.
GRACEJADOR Munhã-munhãngara. GRUDANTE Muecycauara.
GRACEJAR Munhã-munhãn, Musarain. GRUDAR Muecyca.
GRACEJO Munhã-munhãngaua. GRUDE Icyca. Grude de peixe: Pirá-icyca.
GRACIOSO Puranga. GRUMO (de massa de mandioca) Curuera.
GRADE (para conservar objetos) Iurau; (para GRUNHIDO Curucurucaua.
fechar a boca dos lagos, igarapés etc.) Pary. GRUNHIDOR Curucurucasara.
GRADEAR Munhã-iuau, Munhã-pary. GRUNHIR Curucuruca.
GRAL Indoá-miri. GRUTA Yuy-cuara.
GRAMA Caapi. GUABIRABA Uauiraua(= rabo-de-rato).
GRANDE Uasu; (nos compostos) Asu, Osu. GUABIRU Uauiru.
Cobra grande: Mboiosu. O grande: Iuasu. GUACAPI Yuacapy.
GRANDEZA Iuasusaua. A grandeza de Deus: GUACARI Acary.
Tupana-iuasusaua. GUAJAJARA Uaiauara.
GRÃO Yuá-rainha, Kitanga. GUAJARÁ Uaiará, Aiará.
GRATIDÃO Catusaua. GUAJARATUBA Uaiaratyua.
GRATIFICAÇÃO Cuecatusaua. GUAJARAZEIRO Uaiarayua, Aiarayua.
GRATIFICADO Cuecatua. GUAJERU Uaieru.
GRATIFICADOR Cuecatusara. GUAJURU Yuaiuru.
GRÁTIS Cecuiara-yma [=sem troca]. GUANAMÃ Uanamã.
GRATO Catu. GUAPEBA Yuapéua, Yapéua.
GRAÚNA Uiraúna. GUARÁ Uará.
GRAVADO Coatiara. Pedra gravada: Itacoa- GUARANÁ Uaranã.
tiara. GUARANATUBA Uaranãtyua.
GRAVADOR Coatiaresara. GUARANAZEIRO Uaranãyua.
GRAVANTE Coatiareuara. GUARATIMBO Uaratimbô.
GRAVAR Coatiare. GUARATUBA Uaratyua.
GRAVE Pucé. GUARDA Enongatusaua. Lugar de guarda:
GRAVETO Myrá-curera. Enongatu-tyua.
GRAVEZA Pucésáua. GUARDADOR Enongatúsára.
GRÁVIDA Ipyruã. GUARDANTE Enongatúuára.
GRAVIDEZ Ipyruãngaua. GUARDAR Enongatu, Enucatu.
GRAVURA Coatiaresaua. GUARDÁVEL Enongatúuéra, Enongatútéua.
GRELADO Cyninga, Cynyua. GUARIBA Uaríua.
GRELAR Cyny, Cynin. GUARIÚBA Uariyua.
GRELHA Itá-iurau. GUARUMÃ Uarumã.
GRELO Suan, Ruan, Vakira; (de abóbora) GUATUMÃ Uatumã.
Cambukira. GUAXE Iapô, Uiasô.
GUAXINGUBA

GUAXINGUBA Caxingu-yua. GULA Tiarasaua.


GUAXINIM Uaxini. GULIELMA Pupunha.
GUAZUMA Mutamba, Mutama. GULODICE Nhemotaua.
GUELRA Pirá-curucaua. GULOSO Nhemotara, Tiara.
GUERRA Uarinísáua. GUME Saimbé, Saimé.
GUERREANTE Uariníuára. GURI Yuri.
GUERREAR Uarini. GURUPÁ Urupá.
GUERREIRO Uarinísára. GURUPÉ Urupé.
GUIA (quem guia) Pé-iara, Rapé-iara, Pé- GURUPEMA Urupema.
-muca-meengara, Pé-mucamee-sara, Pé- GUSANO Tapuru; (o que fura os cereais) Sasoca.
-rasôsára; (que serve de guia) Pé-mucamee- GUSTAÇÃO Ceembyca-saua; Iucy, Iucé (ter
-uara, Pé-rasôuára; (o ato ou efeito de guiar) vontade).
Pé-mucameengaua, Pé-mucamee-saua, Pé- GUSTADOR Ceembyca-sara.
-rasôsáua. GUSTANTE Ceembyca-uara.
GUIAR Mucameen-pé, Rasô-pé-rupi; Muca- GUSTAR Ceembyca (achar bom).
mee-rapé. GUSTÁVEL Ceembyca-uera.
GUISADO Mimoin. V Cozinhar e comp. GYNERIUM SAGITTATUM [freixeira] Tacaná,
GUIZO Maracaiú (maracaju). Sacaná.
HÁBIL Cuaosara. HARPIA Uirá-uasu.
HABILIDOSO Icuaua-maá-ceíia. HASTE Mara, Ierísáua. Haste do arpão: Iatycá.
HABILITAÇÃO Mucuao-saua. HAURIR U. V Beber e comp.
HABILITADO Cuaosaua; Mucuaua, Icuaua. HAVEDOR Recôsára.
HABILITADOR Mucuaosara. HAVENÇA Recôsáua.
HABILITANTE Mucuaouara. HAVENTE Recôuára.
HABILITAR Mucuao. Habilitar-se: Iumucuao. HAVER Recô.
HABILITÁVEL Mucuaouera. HEBETO [obtuso] Iacuayma-eté.
HABILMENTE Icuao-rupi. HECATOMBE Mira-iucá-saua.
HABITAÇÃO Oca, Roca, Soca. HEDIONDO Iaueté-ayua.
HABITADOR Icô-sara; Ocapora, ou, melhor, HEMICRANIA Acanga-sacy, Acain-sacy (Soli-
Pora (como sufixo). Habitador da canoa: mões).
Yngara-pora. Habitador do rio: Paranã-pora. HERBÁCEO Caapitéua, Caapiuara, Capiuara.
Habitador do céu: Iuaca-pora. HERBÍVORO Caapiuuara, Capi-uuara.
HABITANTE Icô-uara; (como sufixo) Uara. HERBORISTA Caá-cicárisára.
Habitante do rio: Paranã-uara. Habitante do HERBORIZAÇÃO Caá-cicárisáua.
céu: Iuaca-uara. Habitante da terra: Yuy-uara. HERBORIZAR Cicare-caá.
HABITAR Icô. Quem habita a tua casa? Auá HEREGE Tupana-suaiana.
oicó ne oca kiti?; Morari (que já se ouve no HERESIA Tupana-suaianasaua.
rio Negro). HERÓI Mira-kyrimbaua.
HABITÁVEL Icotéua. HESITAÇÃO Ticuau-catu-saua.
HÁBITO Tecô, Recô. Mau hábito: Tecô- HESITANTE Ticuau-catu-uara.
ayua. Hábito antigo: Tecô-cociyma-uara. V HESITAR Ticuau-catu.
Costume e comp. HIDROQUERÍDEO Capiuara.
HABITUAR Mutecô. Habituar-se: Iumutecô. HÍLARE Soryua, Sory.
HABITUDE Tecôsáua. HILARIANTE Musoryuara, Musoryuera.
HÁLITO Anga, Peúsáua. HILARIAR Musory.
HARMÔNICO Mpaua-iepéasú. HILARIDADE Musorysaua.
HIMENE!A

HIMENEIA Iutay, Iutay-yua. se homizia) Muiumimetyua, Muiumime-


HIPÓCRITA Moãnga-manha, Moãnga-yua, -rendaua.
Moãnga-pora. HOMIZIAR Muiumime.
HIRSUTO Iu-téua. HOMÔNIMO Rapixara. Meu homônimo: Cé
HISTÓRIA Porandyuasaua. rapixara.
HISTORIADO Porandyua. HONRA Puususaua.
HISTORIADOR Porandyuasara. HONRADOR Puususara.
HISTORIANTE Porandyuauara. HONRANTE Puusuuara.
HISTORIAR Porandyua, Porandua, Poran- HONRAR Puusu. Honrar-se: Iupuusu.
duua e Morandua ou Moranduua (pela HORA Rangaua (lit.jigura). Chegou à hora do jan-
substituição do p pelo m, e a pronúncia fe- tar: Ocicana embaú rangaua; Ara (lit. tempo).
chada do y). HORRIDEZ Puxiayua-saua.
HOJE Uí-í, Uieí. Hoje mesmo: Uieí-tenhen. HÓRRIDO Puxiuayua.
HOMEM Apyaua, Apyngaua. Homem valente: HORTA Remitema-tyua.
Apyaua-kyrimbaua. Homem sisudo: Apyaua- HORTALEIRO [hortaliceira] Remi tema-sara.
-reté. Homem grande: Apyaua-uasu. Homem HORTALIÇA Remitema.
alto: Apyaua-pucu. Homem bom: Apyaua- HÓSPEDE Oicô-socopé.
-catu. Homem bonito: Apyaua-puranga. Pobre HOSPITALEIRO Muiucuca-uara.
homem: Taité, Apyaua-taité. Homem pequeno: HOSPITALIDADE Muiucuca-saua. Dar hospi-
Apyaua-miri. Homenzinho: Mirayri (= resto talidade: Muiucuca.
de gente). HOSPITALIZADO Muiucuca, Muiucuca-uá.
HOMICIDA Mira-iucá-sara. HOSPITALIZADOR Muiucuca-sara.
HOMICÍDIO Mira-iucá-saua. HÓSTIA CONSAGRADA Tupana-puamo.
HOMIZIADO Muiumime. HUMILDADE Piá-catusaua, Piá-mirisaua.
HOMIZIADOR Muiumimesara. HUMILDE Piá-catua, Piá-miri.
HOMIZIAMENTO Muiumimesaua. HUMILHAR Mumiri.
HOMIZIANTE Muiumimeuara; (lugar onde HURA Asacu.
ÍBIS Tara; (a espécie vermelha) Uará. IGARITÉ Yarité, Yngarité.
IÇÁ (casta de saúva; pequeno macaco) Isá. ÍGNEO Tatauara, Tatá-iaué.
IÇADOR Supiresara. IGNESCÊNCIA Tatásáua, Cendíuéra.
IÇADOURO (o local) Supire-tyua; (a haste) IGNESCENTE Tatáuára, Tatá-pora.
Supire-yua. IGNÍFERO Tatá-ireru, Tatá-riru.
IÇAMENTO Supiresaua. IGNÍVORO Tatá-usara, Tatá-u-mbaúára.
IÇANTE Supireuara. IGNORÂNCIA Iacuayma-saua.
IÇAR Supire. Içar-se: Iusupire. IGNORANTE Iacuayma.
IÇÁVEL Supireuera. IGNORAR Ticuao, Cuaoyma.
ICICA [resina] Icyca. IGREJA Tupaoca, Tupaca, Tupana-roca, Tupacu.
ICTERÍCIA Caruca-itauá. IGUAL Nungara, Iaué. Coisa igual: Maié. Igual
ICTÉRICO Itauá-caruca. a ele: Aé iaué. Todo igual: Mpaua nungara.
IDA Sôsáua, isôsáua. IGUALADOR Muiauésára.
IDADE Mira-acaiú. Que idade tens?: Muíre IGUALAMENTO Muiauésáua.
acaiú rerecô? IGUALANTE Muiauéuára.
IDÊNTICO faué. IGUALAR Muiaué. Igualar-se: Iumuiaué.
IDENTIDADE Iauésáua. IGUALDADE Iauésáua.
IDENTIFICAÇÃO Muiaué-saua. IGUALMENTE Muiaué-rupi, Cuanungara-rupi.
IDENTIFICADOR Muiaué-sara. IGUANA Iacuruara, Iacuruaru, Iacurutu.
IDENTIFICANTE Muiaué-uara. IGUARIA Pytinga, Timbiú-ceen.
IDENTIFICAR Muiaué. ILAÇÃO Iuucasaua.
IDIOMA Nheengasaua. !LACERÁVEL Sororocayma.
IDIOTA Iacuayma-eté. !LACRIMÁVEL Xiú-yma.
IDOSO Tuiué; Uaimy (a mulher); Acaiú-pora. ILEGAL Tecôyma.
IGAÇABA Yasaua, Yngasaua. ILEGALIDADE Tecôymasáua.
IGAPÓ Yapó, Yngapó. ILHA Capoama; (de mata no descampado)
IGARA Yara, Yngara. Caá-poama. Ilhado: Opitá anun capoama
IGARAPÉ Yarapé, Yngarapé. kiti.
ILHÓS

ILHÓS Teicuara. IMITAÇÃO Iaué-munhãngaua.


ILHOTA Capoama-miri. IMITADOR Iaué-munhãngara.
ILÍCITO Muatucaua. V. Proibido e comp. IMITAR Munhã-iaué, Muiaué. Eu te imito:
ILIMITADO Ipuáyma. Xamunhã ne iaué. Tu me imitas mal: Indé
ILUDIR Uanáni V. Enganar e comp. inti catu remunhã ce iaué. A gente deve imi-
ILUMINAÇÃO Mucendísáua. tar o melhor: Mira omuiaué ouao icatu pire.
ILUMINADOR Mucendísára. IMORAL Tecô-yma.
ILUMINANTE Mucendíuára. IMORREDOURO Manô-yma, Ambyra-yma.
ILUMINAR Mucendi, Mucenni. IMÓVEL Santá, Tiririca-yma.
ILUSÃO Iuuanáni-saua. IMPACIÊNCIA Meuérupísáua-yma.
IMAGEM Rangaua, Sangaua. Imagem de gen- IMPACIENTE Meuérupísára -yma.
te: Mirasangaua. IMPAGÁVEL Cepi-yma, Secuiara-yma.
IMAGINAÇÃO Sangauasaua, Maitésáua. IMPALPÁVEL Popoca-yma.
IMAGINADO Maitéua. ÍMPAR Apara, Iauí.
IMAGINADOR Maitésára. IMPASSÍVEL Satambyca.
IMAGINADOURO Maitétyua. IMPAVIDEZ Cikié-ymasaua.
IMAGINANTE Maitéuára. IMPÁVIDO Cikié-yma.
IMAGINAR Maité. IMPECÁVEL Iauí-yma.
IMAGINÁRIO Maitétéua. IMPEDIDOR Apatucasara.
IMAGINÁVEL Maitéuéra. IMPEDIENTE Apatucauara.
IMAGINOSO Maitépóra. IMPEDIMENTO Apatucasaua.
IMANE Iaueté. IMPEDIR Apatuca. Fazer impedir: Mupatuca.
IMANÊNCIA Iauaetésáua. IMPERADOR Murutuxaua-uasu; Caryua-mu-
IMARCESCÍVEL Saué-yma, Iuca-yma. rutuxaua.
IMATERIAL Cupé-yma. IMPERAR Munducári.
IMATURIDADE Iakyrasaua; Nharüsaua. IMPERATRIZ Cunhã-murutuxaua. Mulher do
IMATURO Iakyra, Nharü. É verde, disse a ra- imperador: Murutuxaua-cunhã.
posa, que não chegou a apanhar os ingás: IMPERIOSAMENTE Munducárisáua-rupi.
Nharü nhü Mycura onheên inti ocica opuu IMPERIOSO Munducáriuára.
ingá ramé. IMPERITO Ticuaoana, Icuaoyma, Icuayma.
IMBÉ Mbé. IMPERMANENTE Santá-yma.
IMBECIL Iacuayma. IMPERTÉRRITO Cikié-yma, Kyrimbaua.
IMBECILIDADE Iacuaymasaua. IMPERTURBÁVEL Apatuca-yma.
IMBELE Tikyrimbaua; Marãmunhãuara-yma. ÍMPETO Kyrimbásáua, Pirantãsaua.
IMBERBE Timoaua-yma; Inti orecô rain ti- IMPETRAR Iururé. V. Implorar e comp.
moaua. IMPIEDOSO Moresu-yma.
IMBU Tapereyuá. IMPINGEM Pyra, Uarana.
IMBUZEIRO Tapereyuá-yua. IMPINGIR Mpuca. V. Forçar e comp. Impingir
IMEDIATO Suake, Ruake; Casakyre. Fala com notícias falsas: Marandu. V. Enredar e comp.
meu imediato: Reporunguetá cé ruake iru- ÍMPIO Tupana-soainhana.
mo. Chega imediatamente: Ocica casakyre IMPLORAÇÃO Iururésáua.
nhün. IMPLORADOR Iururésára.
!MEDICÁVEL Pusanun-yma, Pusanga-yma. IMPLORANTE Iururéuára.
IMEMORIAL Mendoári-yma, Cociymauara. IMPLORAR Iururé. Fazer ou ser feito implo-
IMENSIDADE Iturusueté-saua. rar: Muiururé.
IMENSO Iturusu-eté. IMPLORÁVEL Iururéuéra, Iururétéua.
IMERGENTE Mupypycauara. IMPLUME Saua-yma.
IMERGIR Mupypyca. IMPOLIDO Ikiá, Icy, Uambé.
IMERSÃO Mupypycasaua. IMPOLUTO Ikiá-yma.
IMERSOR Mupypycasara. IMPONDERÁVEL Pucé-yma.
INCIVIL

IMPONENTE Munducári-sara. INAJÉ (casta de gavião) Inaié.


IMPOR Munducári. V. Comandar e comp. INALIENÁVEL Ti-ovendêri-cuao.
IMPORTUNAR Coeré. V. Aborrecer e comp. INAMÁVEL Xaisu-yma.
IMPOSIÇÃO Munducárisáua. INAMBU Inambu, Inamu, Inhamu.
IMPOSTOR Moangara. INAMBU-ACHATADINHO Inhamu-peuai.
IMPOSTURA Moangaua. INAMBU-BULHENTO Inhamu-coroca.
IMPOTÊNCIA Kyrimbáymasáua. INAMBU-CHORÃO Inhambu-anhanga.
IMPOTENTE Kyrimbáyma, Pitua. INAMBU-ESFIAPADO Inhamu-sororó.
IMPRATICÁVEL Munhã-yma. INAMBU-FANTASMA Inhamuananga.
IMPREGNAÇÃO Ipyruãngaua. INAMBU-PRETO Inamu-pixuna. Todos os
IMPREGNADA Ipyruãn. acima são inambus, além do Toró e da
IMPREGNADOR Ipyruãngara. Suarina.
IMPREGNAR Pyruãn. INAMOLGÁVEL Mungaturu-yma.
IMPRESSÃO Papera-coatiarasaua. INATACÁVEL Soecé-yma.
IMPRESSO Papera-coatiara. INATINGÍVEL Ocica-yma, Ti-ocica-cuao.
IMPRESSOR Papera-coatiarasara. INAUDÍVEL Ocendu-yma.
IMPREVIDENTE Mungaturu-yma. INAUGURAÇÃO Iupyrungaua.
IMPREVISÃO Mungaturu-ymasaua. INAUGURADOR Iupyrungara.
IMPRIMERIA Papera-coatiara-tendaua. INAUGURAR Iupyrun.
IMPRIMIDOR (o prelo) Papera-coatiara-yua. INAUTÊNTICO Iaué-rana.
IMPRIMIR Coatiara-papera. INAVEGÁVEL Yngara-inti-osasau-cuao.
IMPROLÍFICO Membyrare-yma. INCANDESCENTE Cendé. V Chamejar e comp.
IMPROPÉRIO Mumuxysaua. V Injuriar e comp. INCANSÁVEL Maraare-yma.
IMPRÓPRIO Rana (como sufixo). INCAPAZ Iacuayma.
IMPROVISAR Mucurute, Munhã-curute. INCAUTO Merupiuara-yma; Meuérupíuára-
IMPROVISO Curute. -yma.
IMPUBERDADE Menara-ymasaua. INCENDIAR Mundica, Sapi.
IMPÚBERE Menara-yma, Menauara-yma; Curu- INCENDIÁRIO Mundicasara, Sapíuéra.
mi, Cunhãntain. INCENDIÁVEL Mundicauera, Sapítéua.
IMPUDICÍCIA Itingaua-yma. INCÊNDIO Mundicasaua, Caísáua.
IMPUDICO Itin-yma. INCENSAR Mutimbure, Puusu. V Defumar e
IMPULSIONAR Maiana. V Empurrar e comp. Honrar e comp.
IMPUNIDO Iauí-putauayma. INCERTEZA Ipôsáua, Inti-supisaua.
IMPUREZA lkiásáua. INCERTO Ipôsára, Intiua-supi.
IMPURO Ikíá. INCHAÇÃO Ipungasaua, Sumbycasaua.
IMPUTAR Muaú. V. Atribuir e comp. INCHAÇO Ipungauera.
IMPUTRESCÍVEL Sauéyma. INCHADOR Ipungauara, Sumbycauara.
IMUNDÍCIE Ikiasaua. INCHAR (especialmente se a inchação é lo-
IMUNDO Ikiá, Ikíé-eté. cal); Ipungá; (quando é extensa) Sum-
INABALÁVEL Santá, Satambyca, Mutimoca- byca.
yma. INCINERADO Opitá-tanimbuca, Tanimbuca-
INABORDÁVEL Ti-ocica-cuao. -omunhana.
INAÇÃO Munhangaua-yma. INCINERAR Munhã-tanimbuca. Incinerar-se:
INACEITÁVEL Ti-opicica-cuao. Pita-tanimbuca.
INACIANA [fava-de-santo-inácio] Cumaru. INCITADOR Muiakysara.
INADQUIRÍVEL Pirepanayma. INCITAMENTO Muiakysaua.
INAJÁ Inaiá; (a maior) Inaiá-uasu, (a menor) INCITANTE Muiakyuara.
Inaiai. INCITAR Muiaky. Incitar-se: Iumuiaky.
INAJARANA Inaiarana. INCITÁVEL Muiakyuera, Muiakytéua.
INAJAZEIRO Inaiá-yua, Inaiá-uasu-yua. INCIVIL Caipira.
INEBRIAR

INEBRIAR Mucaú. Inebriar-se: Iucaú. INFRUTÍFERO Yá-yma, Yuá-yma; Intí-oicó-


INEGABILIDADE Intiyma-saua. -yá; Yuá-pora-yma.
INEGÁVEL Intiyma. INFUNDADO Epy-yma.
INEGAVELMENTE Inti-yma-rupi. INFUNDIR Mbure; (n'água, em molho) Iasuca.
INEGOCIÁVEL Pirepana-yma. INFUSÃO Mburesaua, Iasucasaua; (quente em
INÉPCIA Iacuaymasaua. forma de tisana) Mosororó, Musururu.
INEPTO Iacuayma. INFUSOR Mburesara, Iasucasara.
INÉRCIA Iatiymaera. INGÁ lngá.
INERTE Iatiyma. INGAÍ Ingai.
INFALÍVEL Iauí-yma. INGATUBA, INGAZAL Ingatyua.
INFAMAÇÃO Mucerakena-ayuasaua. INGAZEIRO Ingayua.
INFAMADOR Mucerakena-ayuauera. INGENTE Turusuana.
INFAMAR Mucerakena-ayua. INGENUIDADE Caiararasaua.
INFAME Cerakena-ayua. INGÊNUO Caiarara.
INFECUNDO Membyra-yma. INGERIR (coisa sólida) Umbaú, Embaú,
INFELICIDADE Taetésáua. Mbaú; (coisa liquida) U.
INFELIZ Taeté, Taité. INGESTÃO Mbaúsáua, Uusaua.
INFERIOR Uirpeuara. INGLÓRIO Cerakena-yma.
INFERIR Iuuca suí. Disso infiro: Xaiuuca cuá INGRATIDÃO Cuecatuyma-saua.
suí. INGRATO Cuecatuyma.
INFERNAL Iurupary-tatáuára; (que mora no ÍNGREME Eatire, Eatire-tyua.
inferno) Iurupary-tatápóra. INGURGITAR Pumbyca. V Inflamar e comp.
INFERNO Iurupary-tatátyua. INHAME Inhame.
INFESTAR Muayua. INIBIR Muatuca. V Proibir e comp.
INFINIDADE Opauaymasaua. INICIAR Mupirare. V Abrir e comp.; Iupyrün.
INFINITO Opauayma. V Começar e comp.
INFIRMAR Pitasoca-yma. INÍCIO Iupyryüngaua. O início dos tempos:
INFLAMAÇÃO Iyé-paua; [por doença] Mundi- Araiupyrüngaua.
casaua, Sumbycasaua. INIMAGINÁVEL Maité-yma.
INFLAMADO [aceso] Iyé, Iyé-ana. INIMICÍCIA, INIMIZADE Suanhana-saua, Suaia-
INFLAMADOR Iyé-sara; [por doença] Mundi- na-saua.
casara. INIMIGO Suanhana, Suainhana, Suaiana.
INFLAMANTE Iyé-uara, Iyé-pora. INIMIZAR Musuainhana.
INFLAMAR (como efeito de doença) Mundica, ININTERRUPTO Inhana-yma.
Sumbyca; Iyé. Inflamar-se: Iuiyé. INIQUIDADE Ipuxisaua.
INFLAMATÓRIO Sumbycauera, Sumbycatéua. INÍQUO Puxiua.
INFLEXÃO Eauycasaua. INJETAR Muiké. V Entrar e comp.
INFLEXÍVEL Eauyca-yma. INJUNÇÃO Mundusaua.
INFORMAÇÃO Mucuaosaua, Mbeúsáua. INJUNGIR Mundu.
INFORMADOR Mucuaosara, Mbeúsára. INJÚRIA Mumuxysaua, Iacausaua.
INFORMANTE Mucuaouara, Mbeúára. INJURIADOR Mumuxysara, Iacausara.
INFORMAR Mucuau. Informar-se: Iumucuao; INJURIAR Mumuxy, Iacau.
Mbeú. INJURIOSO Mumuxyuara, Iacauera.
INFORMÁVEL Mucuaouera, Mbeúéra. INJUSTAMENTE Teen-nhunto, Tecorana-rupi.
INFORME Rangaua-yma. INJUSTIÇA Tecoranasaua.
INFRAÇÃO Iauísáua. INJUSTO Tecorana.
INFRATOR Iauísára. INOBSERVADO Xipiá-yma.
INFRINGENTE Iauíuára; (por hábito) Iauítéua. INÓCUO Inti-omunhã-cuao-puxi-ua.
INFRINGIR Iauí. Infringir a lei: Iauí tecô. INOCUPADO Iara-yma.
INFRINGÍVEL Iauíuéra. INODORO Sakena-yma.
INTRODUZÍVEL

INOMINADO Cera-yma. INSTRUMENTO Munhãyua.


INOPINADO Saru-yma. INSTRUTOR Mbuésára.
INORGANIZADO Iupana-yma. INSUBORDINADO Poasu-yma.
INOVAÇÃO Mupisasusaua. INSUETO Tecô-yma.
INOVADOR Mupisasusara. INSULANO Capoama-pora.
INOVANTE Mupisasuuara. INSULAR Capoamauara, Xiare-capoama-
INOVAR Mupisasu. Inovar-se: Iumupisasu. -kiti.
INQUEBRANTÁVEL Iauí-yma. INSULTO Iacaua. V Injuriar e comp.
INQUÉRITO Purandu-randusaua. V Interro- INSUPERÁVEL Iusasau-yma.
gar e comp. INSURGENTE (quem é) Puamasara; (que é)
INQUIETAÇÃO Coeré-saua. Puamauara.
INQUIETADOR Coeré-sara. INSURGIR Puama. Insurgir-se: Iupuama.
INQUIETANTE Coeré-uara. INSURREIÇÃO Puamasaua.
INQUIETAR Coeré. Inquietar-se: Iucoeré. INTACTO Iepépáua.
INQUILINO Ocauara, Ocasara. INTEGRAR Mpaua, Terecemo. V Completar
INQUIRIR Purandu-randu. V Interrogar e e comp.
comp. INTEIRO Iepéuasú, Teipausape.
INSALUBRE Imacitua, Imacirendaua. INTELIGÊNCIA Tecocuau-catusaua.
INSCRIÇÃO (na pedra) Itá-purandyua, Itá- INTELIGENTE Tecocuau-catu.
coatiare-saua. INTERCEDER Iururé. Interceder com instân-
INSCULPIR Coatiare. V Gravar e comp. cia: Iururé-reté. V. Pedir e comp.
INSENSATO Acangayma. INTERDITO Muatucasaua.
INSEPARADO Musaca-yma. INTERDIZER Muatuca.
INSEPULTO Iutima-yma. INTERMINÁVEL Mpauayma.
INSERIR Enu. V Pôr e comp. INTERPRETAR Mucameên. V. Demonstrar e
INSETO Tapuru. comp.
INSÍDIA Mundésáua, Tocaia. INTÉRPRETE Nheênga-iara.
INSIDIOSO Mundéuára. INTERROGAR Purandu; (inquirindo) Puran-
INSIGNIFICANTE Mbanungara. durandu.
INSÍPIDO Ceên-yma. INTERROMPER Muiauí. V. Quebrar e comp.
INSISTÊNCIA Iacaosaua. INTERVIR Eiké.
INSISTENTE (quem é) Iacaosara; (que é) INTESTINO Tiputy ireru, Ciyé. Intestino gros-
Iacaouara. so: Ciyé-uasu. Intestino delgado: Ciyemiri.
INSISTIR Iacao, Iacau. INTIMAÇÃO Nheênreté-saua.
ÍNSITO Enuara. INTIMADOR Nheênretésára.
INSOFRIDO Purare-yma. INTIMAR Nheênreté. Fazer intimar: Munheên-
INSOSSO Ceên-yma. reté.
INSTADOR Iururé-ruresara. INTOLERÁVEL Porará-yma.
INSTÂNCIA Iururé-ruresaua. INTRÉPIDO Kyrimbaua, Cikié-yma.
INSTANTE [que insta] Iururé-rureuara. INTRICADA (a mata) Caá-iaueté.
INSTAR Iururé-ruré. INTRIGA Marandyua, Marandusaua.
INSTIGAR Ieki. V Aguilhoar e comp. INTRIGADO Marandua.
INSTITUIÇÃO Muapicasaua. INTRIGADOR Marandusara.
INSTITUIDOR Muapicasara. INTRIGANTE Maranduera.
INSTITUINTE Muapicauara. INTRIGAR Marandu.
INSTITUIR Muapica. Instituir-se: Iumuapica. INTRODUÇÃO Muikésáua.
INSTITUTO Muapica-tyua. INTRODUTOR Muikésára.
INSTRUÇÃO Mbuésáua. INTRODUZINTE Muikéuára.
INSTRUINTE Mbuéuára. INTRODUZIR Muiké. Introduzir-se: Iumuiké.
INSTRUIR Mbué. Instruir-se: Iumbué. INTRODUZÍVEL Muikéuéra.
INTROMETEDOR

INTROMETEDOR Mundéu-mundéuára; Eiké- IRAPURU Uirá-puru.


sára. IRARA Irara.
INTROMETENTE Eikéuára. IRASCÍVEL Piá-ayuauera, Piá-ayuatéua.
INTROMETER Mundéu-mundéu; Eiké. Intro- IRIÁRTEA [paxiúba] Paxiyua.
meter-se: Iumundéu-mundéu; Iueiké. ÍRIS Uaymy-apara, Anauaneri.
INTROMETIDO Eikeuá. IRMÃ Rendyra, Cendyra, Tendyra; (a afilha-
INTROMETIMENTO Mundéu-mundéungáua. da do pai em relação à filha deste) Rendy-
INTROMISSÃO Eikésáua. rangaua. Irmã da irmã: Ikiuíra.
INTUIÇÃO Maãn-saua. IRMÃO Mu. Irmão gêmeo: Munacy. Irmãos,
INTUITIVO Maãn-uara. por ser um afilhado do pai do outro: Muan-
INTUMESCER Apipongá. V Inchar e comp. gaua.
INULTO Cepiyma. IRREALIZÁVEL Munhã-yma.
INUMERÁVEL Papare-yma. IRREDIMÍVEL Pocyronga-yma, Pocyron-yma.
INUNDAÇÃO Yeikésáua, Y-apaua. IRREFLETIDO Mayté-yma.
INUNDADO Yeikéua, Y-apó, Yngapó. IRREGULAR Tecôyma.
INUNDANTE Yeikéuára. IRREMEDIÁVEL Mungaturu-yma.
INUNDAR Yeiké, Y-eiké, Y-uiké. IRREMOVÍVEL Rasô-yma.
INUPTO Mendári-yma. IRREMUNERADO Recuiara-yma.
INÚTIL Panema; (coisa) Mbá-yma. IRREMUNERÁVEL Inti oicó-recuiara-i-supé.
INUTILMENTE Panemo. IRRENOVÁVEL Mupisasu-yma.
INVADIR Eiké. V Inundar e comp. IRREPARTÍVEL Muin-yma, Pisá-yma.
INVEJA Muacysaua-puxi. IRREQUIETO Iakiua.
INVEJADO Muacyua-puxi. IRRESOLUTO Mupeambure-yma.
INVEJANTE Muacyuera-puxi. IRREVERÊNCIA Tupana-tecô-iauísáua.
INVEJAR Muacy-puxi. IRREVERENTE Tupana-tecô-iauísára.
INVERDADE Poité, Moité, Supisaua-yma. IRRITAÇÃO Inharüsaua, Piá-ayuasaua.
INVERTER Muieréu. V Virar e comp. IRRITADIÇO Inharüuera.
INVIÁVEL Inti-ocicue-cuao-uá. IRRITADOR Inharüsara, Mupiá-ayuasara.
INVICTO Mucerane-yma. IRRITANTE Inharüuara, Mupiá-ayuauara.
INVIGILAR Manhana-yma. IRRITAR Inharü, Mupiá-ayua; (se a irritação
INVISÍVEL Xipiá-yma, Inti-oxipiá-cuao-uá. é efeito de causas físicas externas) Cai;
INVOCAR Cenoi. V Chamar e comp. (quando a irritação vem de causas mínimas,
INVULNERADO Peréua-yma. como uma picada) Ieki.
IPADU Ipanu, Ipandu. IRROGAR Meen. V Dar e comp.
IPÊ Ipé. IRROMPER Mpuca. O rio irrompe enchendo o
IPEÍBA lpé-yua. lago: Paranã ompuca oiké ypaua.
IPEÚNA (ipê-preto) Ipé-una. IRRUPÇÃO Umpucasaua.
IR Só. Foi-se embora: Osoana. Vai-te embora: ISCA Putaua. Isca para fogo: Tatá-putaua. Isca
Resoin. Vá já: Resó curute. Ir e vir: Euaueca. para anzol: Pindá-putaua. Isca para pei-
Vá sem cuidado: Resoin-nhunto. Quando xe: Pirá-putaua. Isca para alçapão: Mundé-
torna outro verbo frequentativo se traduz -putaua.
com a repetição do tema verbal modifica- ISQUEIRO Tatá-putaua-ireru; Catá-iú (Gonç.
do: Ir correndo: Nhana-nhana; ir batendo: Dias).
Nupá-nupá; ir mostrando-se (jazendo-se rsso, ISTO Nhaãn, Cuá. V Esse.
ver): Iucuaucuao. ITAPEVA Itá-péua.
IRA Inharusaua, Piá-ayuasaua. ITAÚBA Itayua.
IRADO Piá-ayua, Inharua. ITERAR Euíre. V Repetir e comp.
IRAÍBA (pão-de-mel) Irá-yua. ITINERÁRIO Pé-rangaua.
JÁ Cuíre, Cúírí; (como sufixo) Ana, Uana. Já, já: JACAREÚBA Iacaré-yua.
Cúirí-eté, Cuirite, Cúirí-mirinhunto. Já, ligei- JACI facy.
ro!: Cuíríte-uara! Vamos já: Iasoana. Já chegou: JACINA (libélula) Iacina.
Ocycana. Já (no sentido do que foi): Ambyra. JACITARA Iacytara.
Já morto, que foi já morto: Iucambyra. Meu JACTÂNCIA Iuruuíare-saua.
marido que já foi: Cé menambyra. JACTANCIOSO Iuruuíareuera.
JABORANDI Iaborandy. JACTAR-SE Iuruuiare.
JABURU Jaburu, Iamuru, Cauanã (Pará). JACU Iacu.
JABURU-MOLEQUE Tuiuiú. JACUNDÁ Iacundá.
JABUTI (nome de fêmea) Iauty; (o macho) JACUPEMBA Iacupema.
Carumé, Carumbé. JACURU Iacuru.
JABUTICABA Iuaty-icaua. JACURUARU (lagarto) Iacuruaru; (planta)
JABUTICABEIRA Iauty-ícaua-yua. Iacuruará.
JABUTIZEIRO [ quarubarana] Iauty-yua; (a JACUTINGA Iacutinga (nome dado em alguns
fruta) Iauty-yuá. lugares ao Cuíumi, cujubim).
JACA Iaca. JAGUAPEBA Iauapéua, Peri-iauara.
JACÁ Iacá. JAGUARETÉ Iauareté, Iauaríté.
JACAMIM Iacami. JAGUARUNA Iauaruna.
JAÇANÃ Iasanã, Uapé, Piasoca. JALAPA Iarapa.
JACAPANIM Iacapány. JAMACÁ Iamacá.
JAÇAPI Iasapi. JAMACAÍ Iamacai.
JACARANDÁ Iacarandá, Copaia, Caroosu e JAMACARU Iamacaru, Iamaracaru.
outras árvores cujas madeiras se parecem. JAMARU Iamaru (a fruta da cucurbitácea e a
JACARANDAZEIRO Iacarandá-yua. vasilha feita da mesma).
JACARÉ (a espécie mais comum) Iacaré; (a JAMARUZEIRO Iamaruyua.
maior) Nhandu. JAMBU (agrião-do-pará) Iamu, Iambu.
JACARETINGA Iacaré-tinga. JAMBUAÇU Iamuasu.
JACARETUBA Iacaré-tyua. JAMBURANA Iamurana.
)ANARI

JANARI Aianary. JEQUITIBÁ Iekityuá, Iutaíyua.


JANDAIA Iannaia, Iandaia. JERIMUM Iurumu.
JANDAÍRA Iandaíra (o mel e a abelha que o JIA Iia.
produz). JIBOIA Yi-mboia, Y-mboia.
JANDIÁ Iandiá. JIQUE [umbuzeiro] Ieke, Imbui.
JANELA Okenai, Ianera, Okena-iaté. JIRAU Iurau.
JANTAR Embaú. Ir jantar: Só embaú. Jantar a JOCOSAMENTE Musarain-rupi.
comida pronta: Temiú. JOCOSIDADE Musaraingaua.
JAPACANIM Iapacani. JOCOSO Musarain.
JAPANA Iapana. JOELHO Nepyá, Rinepian, Cinepian (rio
JAPARANDUBA Iaparandyua. Negro); Remitiá, Cemitiá, Temitiá (Pará);
JAPECANGA Iapecanga, Poaia, Ipeca-caá. Tenepuá, Renepuá, Cenepuá (Solimões).
JAPIM Iapi. JOGADOR Musaraingara.
JAPU Iapô. JOGAR Musarain. Jogar fora: Mbure; Jogar
JAPUAÇU Iapô-uasu. contra: Iapy. V. Lançar e Arremessar e comp.
JAPUANGA Iapôánga. JORNAL (o ganho de um dia) Porepi, Ara-
JAQUEIRA Iacayua. -porepi.
JAQUEIRAL Iacatyua. JORNALEIRO (que trabalha por dia) Porepi-
JAQUIRANABOIA Iakirana-mboia. uara.
JARÁ fará. JORRAR Mpuca. V. Arrebentar e comp.
JARAÇU Iará-uasu. JOVEM Curumiuasu, Curumi-asu; (jem.)
JARAQUI Iaraki. Cunhãmucu.
JARARACA Iararaca. JOVIAL Isoryua.
JARATICACA Iaraticaca. JOVIALIDADE Isorysaua.
JARAUÁ Iarauá. JOVIALIZAR Musory.
JARAÚNA Iaraúna. JUÁ Iuá.
JARDIM Putyra-tendaua, Potyra-tyua. JUÁ-BRANCO Iuátínga.
JARDINEIRO Putyra-tyua-sara; (o que é do JUÁ-FALSO Iuárána.
jardim) Putyra-tyua-uara; (o que está no jar- JUAPITANGA Iuá-pitanga.
dim) Putyra-tyua-pora. JUBILAR Mpuca, Pucá. V. Rir e comp.
JARRETEIRA Tapacura. JUÇARA Iusara.
JASMIM-DO-PARÁ Paratucu. JUCURUTU (lagarto e coruja) Iacurutu.
JATAÍ Iatai. JUDIADOR Musaraingara-puxi.
JATAIZEIRO Iatai-yua. JUDIAR Musarain-puxi.
JATOBÁ fatal. JUDIARIA Musaraingaua-puxi.
JATUAÚBA Iatuaúua, Iatuayua. JUIZ Mira-recuarasu.
JAVARI Iauary. JULGAR Maité. V. Pensar e comp. Piá-mun-
JEJU [peixe] Ieiú. guetá. V. Decidir e comp. Julgar de acordo
JEJUADOR Iucuacusara. com a Lei: Piá-munguetá tecô-iaué.
JEJUANTE Iucuacuuara. JUNCAL Pirityua.
JEJUAR Iucuacu. JUNCO Piri, Piri-piri-oca, Ananga-piri.
JEJUÁVEL Iucuacuuera. JUNDIÁ Iunniá, Iundiá.
JEJUM Iucuacusaua. O meu jejuar: Sucuacu. JUNTA Iapucuasaua, Inhanasaua, Muapire-
Sexta-feira: Ceiucuacu. saua, Muacasaua, Iarisaua, Iaputisaua.
JEJUNO Iucuacua. JUNTADOR Iapucuasara, Inhanasara, Muapi-
JENDIROBA Iandy-raua. resara, Muacasara, Iarisara, Iaputisara, Moa-
JENIPAPEIRO Ienipaua-yua. tiresara.
JENIPAPO Ienipaua. JUNTAMENTE Iepéasú. O velho foi juntamen-
JEQUI Ieky, Iekya. te com a moça para o rio: Tuiué osô cunhã-
JEQUIRIOBA Iukyriyua. mucu iepéasú paranã recé.
JUVENCO

JUNTAR lapucuá; (pondo em seguida) Inha- JUREMA Iurema.


na; (mal unindo) Muaca; (aumentando) JURISDIÇÃO Mira-recoara-saua.
Muapire; (encostando) Iari; (amarrando) JURU Iuru.
Iaputi; (amontoando) Moatire. JURUBEBA Iurupéua.
JUNTO Ruake, Irumo, Rupi, Iepéasú. Junto a JURUPARI Iurupary, Yurupary.
mim: Cé ruake. Junto com os outros: Amuitá- JUSANTE Tomasaua, Paranã-tomasaua.
irumo. Junto da base: Epy ruake. Seguiu jun- JUSTAPOR Muapire.
to da margem: Osó cembyua-rupi. Vamos JUSTAPOSIÇÃO Muapiresaua.
juntos: Iasoana-iepéasú. JUSTAPOSITOR Muapiresara.
JUPARÁ, JUBARÁ Iuuará. JUSTIÇA Satambycasaua.
JUPATI Iupati. JUSTICEIRO Satambycasara.
JUPATIZEIRO Iupatiyua. JUSTO Satambyca, Mira-catu, Mira-puranga,
JUQUIRI Iukyri. Icatuua, Ipurangaua, Angaturama.
JURADOR Tupana-rera-cenóisára. JUTAÍ Iutaí.
JURAMENTO Tupana-rera-cenóisáua. JUTAIZEIRO Iutaíyua.
JURAR Cenoi Tupana rera. Juramento falso: JUVENCO Tapyira-curu. Tapyira tainha (quan-
Cenoirana Tupana rera. do o sexo é indiferente). Juvenca: Tapyira-
JURARÁ Iurará. cunhantain.
LÁ A, Ape, Mime. Para lá: A-kiti. De lá: LADEIRA (de subida) Uatiresaua, Eapiresaua;
A-suí. Lá mesmo: Apecatu, Ape-puranga. (de descida) Uiésáua, Uiétyua.
Por lá: A rupi. Está lá: Aicué-mime. LADINO !acua.
LABIAL Tembétára, Tembétyua. LADO Suaxara. Deste lado: Cuá-suaxara. Do
LÁBIO Cembé, Rembé, Tembé. outro lado: Amusuaxara, Amu-suindape.
LABOR Murakísáua. Lado direito: Pocatu. Lado esquerdo: Pôapára.
LABORAR Muraki. V Trabalhar e comp. Tenho uma dor do lado esquerdo: Xarecô saci
LAÇADA Iusásáua; Iapotísáua (para suspen- poapara iarucanga.
der). LADRÃO Mundáuasú, Mundáuasúsára.
LAÇADO Iusana, Iusaua. LADRAR Sacé-sacemo. V Berrar e comp.
LAÇADOR Iusására. LADROEIRA Mundáuasúsáua, Mundásáua.
LAÇADOURO Iusá-tendaua. LAGARTA Tapuru.
LAÇANTE Iusáuára. LAGARTIXA Tapurui.
LAÇAR Iusá. Fazer, ser feito laçar: Muiusá. LAGARTO (casta de sáurio) Teiú, Sinimbu,
LAÇÁVEL Iusátéua, Iusáuéra. Iacuruaru, Iacurutu, Tamacuaré, Mandará.
LACERAÇÃO Caracaraingaua. LAGO Ypaua. Lago profundo: Ypauapy.
LACERADOR Caracaraingara. LAGOA A BEIRA-MAR Maceió; (as que se for-
LACERADOURO Caracaraintaua. mam pelas chuvas) Yauatyua; (quando se
LACERAR Caracarain, Caracaraen. formam pelo transbordar dos rios) Yauaruá;
LACERTO Yyua-uauiru. (se se formam em lugar coberto de mata)
LAÇO Iusana, !usara. Armar o laço: Muiusara. Yapó ou Yngapó.
LACRAU Iauayra, Iauaieíra, Suraiu. LÁGRIMA Cesá-yukicé, Iaué-uá.
LACRIMATÓRIO Cesá-iukicétyua. LAGRIMAÇÃO Cesá-tykyresaua, Iaué-paua.
LACRIMEJAR Cesá-tyky-tykyre. LAGRIMADOR Cesá-tykyreuara, Iaué-sara.
LACTANTE Camby-uusara. LAGRIMAR Cesá-tykyre, Iaué.
LACUSTRE Ypauatyua. Que pertence ao lago: LAGRIMOSO Cesá-tykyreuera.
Ypaua-uara. Que mora no lago: Ypauapora. LAJE Itá-kyre (=pedra que dorme); Itá-péua;
LADEAR Só-suaJcara-rupi. (nos compostos) Itapé. Laje grande: Itapé-
LEITOSO

-uasu. Laje espedaçada: Itapé-curu. Laje li- LARGA Ixiárisáua.


sa: Itapema; Laje escorregadia: Itapé-icyma, LARGADOR Ixiárisára.
Itapécyma. Laje pequena: Itapé-miri. Laje LARGANTE Ixiáriuára.
seca: Itapetini, Itapetininga. LARGAR Xiári, Xiare. Fazer ou ser feito lar-
LAJEDO Itapé-uasu (=laje grande). gar: Muxiári.
LAMA Tyiúca. LARGO (falando de buraco) Turusu, Uasu; (fa-
LAMAÇAL Tyiúcatyua, Tyiúcapáua. lando do rio) Tepopire, Paranã-ipaua, Paranã-
LAMBEDOR Cereusara, Pytingara. -pucá.
LAMBEDOURO Cereutyua, Cereu-rendaua, Py- LARGUEZA Sacatésáua.
tingaua. LARGURA Turususaua, Uasusaua; (do rio)
LAMBEDURA Cereusaua. Tepopire-saua.
LAMBER Cereu. LARVA Muxy, Muxiú, Muxyua, Tapuru,
LAMBUZADA Mutuumesaua. Tapurui, Ura; (de inseto) Ximu, Ximbu.
LAMBUZADOR Mutuumesara. LASCA Pysáuéra.
LAMBUZAR Mutuume. LASCADOR Mupysáuéra-sara.
LAMBUZEIRO Mutuumeuera. LASCAMENTO Mupysáuéra-saua.
LÂMPADA Icaua-cendi-reru. Acende a lâm- LASCAR Mupysáuéra.
pada: Remundyca caua-cendi-reru. LÁSTIMA Mucaneongaua.
LAMPARINA Candêa-ireru. LASTIMADOR Mucaneongara.
LAMPEJANTE Uerá-ueráuára. LASTIMAR Mucaneon. Lastimar-se: Iumu-
LAMPEJAR Uerá-uerau. caneon; Iumuteité. Ser lastimável, ou las-
LAMPEJO Uerá-ueráusáua. timado: Muteité.
LAMPREIA Musu. LATANIA [palmeira] Yacy.
LAMURIENTO Xiúuéra. LATEJANTE Icoingara.
LANÇA Mbyrá, Myrá, Murucu. LATEJAR Coin.
LANÇADA Cutucasaua, Iatycasaua. LATEJO Coingaua.
LANÇADEIRA (de tear) Massaroca. LATERAL Suaxarauara.
LANÇADOR Iapysara, Cutucasara, Iatycasara, LATERALMENTE Suaxara-rupi.
Ueênasara. LÁTEX Y-yuapaua, Yua-yukicé.
LANÇAR' (a hástea, o arpão, a lança, a zagaia) LATIR Sacé-sacemo, Sacemo. V. Berrar e comp.
Iapy, Cutuca, Kytyca, Iatyca. Lançar no ros- LAVADEIRA Petecasara.
to: Suá-pecityca. Lançar de si: Mbure-i-suí. LAVADOR Munhãsucasara.
Lançar em terra: Yuytyca. LAVADOURO Munhãsuca-tyua.
LANÇAR' (vomitar) Ueena. LAVAGEM Petecasaua, Munhãsucasaua.
LANCEAR [pescar com arrasto] Pusáytyca, LAVAR Iasuca, Munhãsuca. Lavar roupa: Peteca.
Pysáyityca. Lavar-se: Iuiasuca.
LANCEIRO Mbyrá-iara, Murucu-iara. LEGAL Tecô-nungara, Tecô-iaué.
LAPIDAÇÃO Mucimaitá-saua. LEGALIDADE Tecô-nungaua, Tecó-iauésáua.
LAPIDADOR Mucimaitá-sara. LEGISLAÇÃO Tecô-munhãngaua.
LAPIDADOURO Mucimaitá-taua. LEGISLADOR Tecô-munhãngara.
LAPIDANTE Mucimaitá-uara. LEGISLAR Munhã-tecô, Mutecô.
LAPIDAR Mucimaitá. LEGISPERITO Tecô-cuao, Tecô-mbuésára.
LAPIDÁVEL Mucimaitá-uera. LEI Tecô. Nossa lei: Iané-tecô. Lei escrita: Tecô-
LAPÍDEO Itá-nungara, Itá-iaué. -coatiare.
LÁQUESIS [gênero de cobra] Surucucu. LEICENÇO [furúnculo] Iatyi.
LARANJA Naranyá (corrup. do português). LEITÃO Camby-uusara.
LARANJAL Naranyá-tyua. LEITE Camby-yukicé, Camby, Camy.
LARANJEIRA Naranyá-yua. LEITEIRO Camby-munhãngara.
LARÁPIO Mundáuauasú. LEITOR Papera-cuausara.
LAREIRA Tatá-tendaua. LEITOSO Camby-nungara, Yanamã.
LEITURA

LEITURA Papera-cuausaua. LEVANTADOR Puamasara, Muapiresara.


LEMBRADIÇO Mendoáriuéra. LEVANTAMENTO Puamasaua.
LEMBRADOR Mendoárisára. LEVANTANTE Puamauara.
LEMBRANÇA Mendoárisáua, Cuecatu. LEVANTAR Puama, Puamo, Puámu. Levan-
LEMBRANTE Mendoáriuára. tar-se: Iupuamo, Cerno. Levantar fal-
LEMBRAR Mendoári, Menoári. Lembrar-se: so: Mundara. V Nascer, Mentir e comp.
Iumendoári. Não me lembro bem quando Levantar o caminho: Munhã. O sol levan-
tu chegaste entre nós: Inti xamendoári ca- ta-se, e tu ainda não te queres levantar:
tu mairamé indé recyca iané piterupé. Te Coaracy ocemo, indé inti rain relupuamo
lembras quando ele mandou lembrança?: putári. Quem foi levantar o caminho?: Auá
Remenoári, será, mairamé omundu cueca- osô omunhã pé rangaua?
tu iané supé? LEVANTE Puamosaua.
LEMBRETE Mendoári-yua. LEVAR Rasô; (carregar às costas) Supire. V
LEME Iacumã. Conduzir, Carregar e comp.
LÊMURE Anhangauera. LEVE Tipucé, Inti-pucé, Pucéyma.
LENÇO Ambiúcauára. LEVEZA Ipucéymasáua.
LENÇOL Iamisaua. LEVIANO Iacuayma.
LENDA Porandyua, Tapyia mbeúsáua, Tapyia LHE Ae, I, I supé. Lhes: Aitá, Aetá. Vá dizer-
porandyua. -lhe que venha: Resô renheên i supé: Reiure-
LENDÁRIO Porandyua-sara, Porandyua-uara. cury.
LENHA (para o fogo) Iepeá, Iepeana, Iepeaua. LIANA Cipô.
LENHADOR Iepeá munhãngara, Iepeá oiuu- LIBAÇÃO Pytingaua.
casara. LIBADO Pytinga.
LENHAR Munuca-myrá, Munhã-iepeá, Iuuca- LIBADOR Pytingara.
iepeá. LIBAR Pyti, Pytin.
LENHO Myrá, Mbyrá. LIBÉLULA Iacina.
LENHOSO Myrá-nungara. LIBERDADE Mumutarasaua.
LENIR Muceên. V Adoçar e comp. LIBERTAÇÃO Picirungaua, Picirüsaua.
LENTAMENTE Meué-rupi. LIBERTADOR Picirungara, Picirüsara.
LENTIDÃO Meuésáua, Pucusaua. LIBERTAR Picirun, Picirü. Libertar-se: Iupi-
LENTIGEM Yacy-tatá. cirun, Iupicirü.
LENTIGINOSO Yacy-tatáuára. LIBERTINO Cunhãuera.
LENTO Meué, Pucu. LICÂNIA Urupé.
LEOPOLDÍNIA (nome genérico de casta de LIÇÃO (com referência ao mestre) Mbuésáua;
palmeiras) Piasaua, Iará, Iaruna, Iarauna, (ao discípulo) Iu-mbuésáua.
Iaráuasú, Iaráucú. LICENÇA Cemutara, Nemutara, Imutara.
LEPIDÓPTERO Panapanã. LICENCIAR Muxiári. Licenciar-se: Iumuxiári.
LEPIDOSIREN PARADOXA Caramuru. V Deixar e comp.
LEPRA Iauara-macisaua. LICOR Ty, Ty-ceen.
LEPROSO Iauara-macisara. LICOREIRO Ty-ireru.
LEPUS BRASILIENSIS Tapiti. LICORERIA (onde se faz) Ty-munhãngaua;
LEQUE Tapecua. (onde se bebe) Uty-tyua, Uty-rendaua.
LER Mbué-papera-supé, Cuao-papera. LICORISTA Ty-munhãngara.
LERDO Meuéuéra. LIDA Maramunhãsaua.
LESADOR Meõngara. LIDADOR Maramunhãsara.
LESÃO Meõngaua. LIDAR Maramunhã.
LESAR Meõn. LIGA Tapacura; (ornada de chocalhos) Aia-
LESMA Iapurucy. pisá.
LESTE Coaracy-ocemotyua. LIGAR Pucuare. V Amarrar e comp.
LETRADO Papera-cuaosara. LIGEIREZA (o que é leve) Pucéymasáua; (o
LOUCEIRA

que é expedito) Iatésáua, Curetêsaua; (de LIQUEFAÇÃO Mutycusaua.


mão) Pô-iauaosara. LIQUEFACIENTE (quem liquefaz) Mutycu-
LIGEIRO Pucéyma, Iaté, Curuteuara, Pô- sara; (que liquefaz) Mutycuuara.
-iauaosara; Ipuianãn (G. Dias). Vamos! LIQUEFAZER Mutycu. Liquefazer-se: Iutycu.
Ligeiro!: Iasô! Curutê! LIQUEFEITO Iutycua.
LIMA Mupulua, Mupemauara, Muciymauara. LIQUIDEZ Tycusaua.
LIMADOR Mupu!sara, Mupemasara, Muciy- LÍQUIDO Tycu.
masara. LISO Icy-yma, Uaicy-yma, Ciryca, Péua.
LIMAGEM Mupulsaua, Mupemasaua, Muciy- LISONJA Muetésáua.
masaua. LISONJEADOR Muetésára.
LIMALHA (se de ferro) Itapuinha; (se de ma- LISONJEAR Mueté, Mory. Lisonjear-se: Iumueté.
deira) Myrá-puinha. LISONJEIRO Muetéuára.
LIMIAR Okena-cembyua. LIVRADOR Mucemosara.
LIMITAÇÃO Ipuásáua. LIVRAMENTO Mucemosaua.
LIMITADO Ipuaua. LIVRAR Mucemo. Livrar-se: Iumucemo, Iu-
LIMITADOR Ipuására. piciru. V. Libertar e comp.
LIMITAR Ipuá. LIVRE Mureasu-yma, Miasua-yma, Imutara-
LIMITES Ipuáuára, Cembyua, Rembyua, uara.
Tembyua; Opauasaua. O igarapé é limite en- LIVRO Papera.
tre nós: Yngarapé oicô ipuauara iané piteru- LIXO' Ikiátéua.
pe. Aquele é o limite do campo: Aé oicô cupi- LIX0 (doença da pele) Pyra-curuca.
2

xaua tembyua. LOBO Iauarasu.


LIMO Tyiuca, Paranã-ikiásáua. LOBOTE Acará.
LIMOSO Tyiucapaua. LOBRIGAR Xipiá-munhã.
LIMPADO Iuciua, Kitinucaua. LOÇÃO Munhasucasaua.
LIMPADOR Iucisara, Kitinucasara. LOCUSTA [tipo de gafanhoto] Tananá.
LIMPANTE Iucíuára, Kitinucauara. LODAÇAL Tyiucatyua.
LIMPAR Iuci, Iucé. Limpar-se: Iuiuci. Fazer LODO Tyiuca.
ou ser feito limpar: Muiuci; (esfregando) LODOSO Tyiucauara, Tyiucapora, Tyiucauera.
Kitinuca (que é usado também no figurado): LOGO Cury. Logo mais: Cury miri, Cury-
Foi limpar a alma dos pecados: Osô okitinu- mir!-xinga. Logo depois: Cane cury, Nua-
ca i anga mbá ayua suí (=das coisas ruins). recé, Cuasuí-repé-recé. Irei logo: Xasoana
Limpar das ervas: Capiri, Caapiri. Limpar cury. Logo fugiu: Iepé recé oiauau.
do mato baixo: Cupire, Cupi. Limpar var- LOGRO Muanga. V. Enganar e comp.
rendo: Tapi-tapiri. LOJA Oca-maá-meêngaua.
LIMPEZA Iucisaua, Kitinucasaua. LOJISTA Maá-meêngara.
LINDO Puranga, Purangueté. LOMBO Cupé, Cupéua.
LÍNGUA Ipecô, Apecô, Pecô, Pecoin. Fala: LOMBRIGUEIRA Arapauaca, Caxinguyua.
Nheênga; Língua boa: Nheêngatu. Língua LONGE Apecatu. Quem é de longe: Apecatu-
feia: Nheênga-ayua (Nheêngaíba). uara.
LÍNGUA-DE-TUCANO Tucana-pecô. LONGEVIDADE (falando de homem) Tuiué-
LINGUAGEM Nheêngasaua. sáua-pucu; (de mulher) Uaymysaua-pucu.
LINGUIFORME Ipecô-iaué, Ipecô-nungara. LONGO Pucu. Dias longos: Ara-pucu.
LINGUISTA Nheênga-iara. LONGUEZA Pucusaua.
LINHA Inimbu, Inimu, Inimui, Xama. Linha LONJURA Apecatusaua.
de pescar: Pindaxama; (se é preciso explicar LORICÁRIA (gênero de peixes) Matapi.
que é grossa) Pináxámasú; (se fina) Piná- LOUCEIRA [que faz louça] Camuty-munhãn-
xámapui. gara (ou qualquer outro nome de vasilha,
LINHAGEM Tapyiasaua, Icemosaua. visto que não há um nome genérico para in-
LINHO (teia de linho) Sútiro-suaiauara. dicar louça e quem trabalha em fazê-la).
LOUCO

Louco Acanga-ayua, Acanga-yma. de moquém: Mocaêntaua. Lugar de ca-


LOUCURA Acanga-yma-saua, Acangayua-saua. ju (cajutuba): Acaiútyua. Lugar habitado:
LOURO' Coaracy-aua (=cabelo de sol). Taua. Lugar que foi habitado: Taua cuera,
LOURO' (casta de planta) Aiúa (ajuba), Aritu; Tapera. Do lugar: Rendauauara, Tauauara,
(a fruta de uma qualidade, comida de tam- Tauapora; Tendauapora (se se encontrar no
baqui) Camu-camu. lugar).
LOUSA Itá-pema. LUGAREJO Tauai, Rendauai.
LOUVADO Puranga-mbeú, Puranga-nheên. LUME' Tatá. Deixa que me enxugue ao lume:
LOUVADOR Puranga-nheêngara, Puranga- Rexiare xamuticanga tatá opé.
mbeúsára. LUME'. Iandy cendy ( = azeite aceso; a luz que
LOUVAR Nheên-puranga, Mbeú-puranga. se conserva acesa à noite, feita de um pouco
Louvar-se: Iu -mbeú-puranga. de gordura e uma torcida colocada num ca-
LOUVOR Puranga-umbeúsáua, Puranga-nhe- co qualquer, muito raramente num recipien-
êngaua. Louvor de Deus: Tupana-puranga- te apropriado feito para isso).
-imbeúsáua. LUME 3 • Ueréua (qualquer coisa que luz).
LUA Yacy, Iacy. Lua cheia: Yacy-icaua, Yacy- LUMINOSO Ueréua-uara, Ueréua-pora.
ruá-turusu. Lua crescente: Yacy-omuturusu. LUPANAR Patacuera-oca.
Lua minguante: Yacy-oierasuca, Iuearuca. LUSTROSO Cinimu.
Lua nova: Yacy-omunhã, Yacy-oiumunhã, LUTA Maramunhãngaua; Marangaua.
Yacypisasu. LUTADO Marã.
LUAR Yacy-randy. LUTADOR Maramunhãngara; Marangara.
LUARENTO Yacy-randyuara. LUTAR Maramunhã.
LUCIDEZ Cinimusaua. LUVA Pô-pupecasaua.
LÚCIDO Cinimu, Cinimbu. LUXÚRIA Maramutarasaua.
LÚCIFER (estrela) Yacy-tatá-uasu; (o anjo LUXURIANTE Maramutarauara.
mau) Iurupary. LUXURIAR Maramutara.
LUCRAR Porepy. V Ganhar e comp. LUXURIOSO Maramutarauera, Maramutara-
LUCUMA (abio) Aiará. sara.
LUFA Iuiutúsáua. LUZ Ara, Ueraua.
LUFADA Iuiutú-peúsáua. LUZENTE Cendyuara, Cinimu, Uerauara.
LUGAR Rendaua, Tendaua, Cendaua. Taua, LUZIDIO Cendyuera.
Tyua (empregados como sufixos ou não). LUZIMENTO Cendysaua, Uerausaua.
Lugar de reunião: Aiury rendaua. Lugar LUZIR Cendy, Cenny, Uerau.
MÁ, MAU Puxi, Ipuxi, Puxiua. MACHUCADOR Pypirusara, Popirusara, Cuy-
MACA Kysaua; (feita no tear) Makyra. sara.
MAÇA Mutacasã, Tacape, Tangapema. MACHUCADOURO Pypirutyua, Popirutyua, Cuy-
MAÇÃ (do rosto) Suá-pecanga, Ratipi, Satipi. tyua.
MACACAÚBA Macacayua. MACHUCANTE Pypiruuara, Popiruuara, Cuy-
MACACAUBEIRA Macacayua-yua. uara.
MACACO Macaca (usado como nome genéri- MACHUCAR (com os pés) Pypiru; (com a mão)
co). Quando em origem, parece ter sido es- Popiru; (de outro modo qualquer) Cuy.
pecífico: Acary, Aimoré, Caiarará, Caieté, MACIADO Uapixainga, Uapixain.
Coatá, Iapysá, Isá, Itapoãn, Parauacu, Iuru- MACIADOR Uapixaingara.
pixuna, Iuruy, Saú, Saui, Uaryua, Cuxiú, MACIAR Uapixain.
Cuxiuna, Arauatô. MACIÇO Oiususuca.
MACACO-DA-NOITE Eiã. MACIEZA Uapixaingaua.
MACAÍBA, MACAÚBA Macayua. MACILENTO Angaiuara.
MACAQUEAR Munhã-iaué. V Imitar e comp. MACIO Uapixaua, Icyma.
MAÇARANDUBA Masarandyua. MACIOTA V Macieza. Na maciota: Meué-
MACHADO Ndyi, Ngy, Ié. Encontra-se escri- -rupi, Kiririnte.
to em qualquer destes modos. Preferimos MAÇO (se for embrulhado) Pupeca; (se for
Ndyi, com o som especial que neste caso as- amarrado) Mamana.
sume o y, e é assim que o registramos no MÁCULA Ikiá.
Vocabulário Nheengatu-português. MACULADOR Mukiására.
MACHO' Apyaua, Apyngaua. Quando desig- MACULAMENTO Mukiásáua.
na o sexo, segue o nome do animal cujo se- MACULANTE Mukiáuéra.
xo designa; quer dizer homem sempre que MACULAR Mukiá.
é usado sozinho e sem dependência. MACUMÃ Macumã.
MACHO' (o espigão de qualquer peça embuti- MADEIRA Myrá, Muirá, Moirá, Mbyrá. Ma-
do noutra) Sacunha, Racunha. deira fraca: Caá-panema.
MACHUCAÇÃO Pypirusáua, Popirusáua, Cuy- MADRASTA Maia-nungara, May-nungara.
saua. MADRINHA Maiangaua, Manhangaua.
MADRUGADA

MADRUGADA Coema, Coema-eté. MALMADURO Inharii-xinga-rain.


MADRUGADOR Coemasara. MALOCA Maroca, Mará-oca (=casa de esta-
MADRUGANTE Coemauara. cas, casa fixa).
MADRUGAR Mucoema. MALQUERENÇA Piá-puxisaua.
MADUREZA Tinhanlsaua, Intinhariisaua. MALQUERENTE Piá-puxisara, Piá-puxiuera.
MADURO Tinharii, Intinharii, Tearu. MALQUERER Piá-puxi.
MÃE Cy, May, Manha, Maia. Minha mãe: Ce MALTRAPILHO Poriasua.
manha; Mãe branca: Maytinga (= mãe bran- MALTRATADO Mureausua.
a
ca; nome que davam os escravos dona da MALTRATADOR Mureaususara.
casa). Mãe de criação: Manha-nungara. A MALTRATAMENTO Mureaususaua.
forma antiga é Cy, que hoje só é usado como MALTRATANTE Mureausuuara.
sufixo. Exs.: Mãe do dia: Aracy; Mãe deste MALTRATAR Mureausu.
dia (o sol): Coaracy; Mãe da fruta: Yacy (a MALTRATÁVEL Mureausuuera.
lua). MALVADEZ Piá-ayuasaua.
MÃE-D'ÁGUA Y-iara. MALVADO Piá-ayua.
MÃE-DA-CHUVA (casta de sapo) Amanacy. MALVARISCO Pirarucu-caá.
MÃE-DO-MAL Mayua. MAMA Camby, Camy.
MÃE-DO-MEL (casta de abelha) Iracy. MAMADEIRA Iacamby-ireru, Icamby-pora.
MÁGOA Sacy; (a que se produz) Muacycasaua. MAMADOR Camby-ucysara.
MAGOADOR Muacycasara. MAMANTE Camby-ucyuara.
MAGOANTE Muacycauara. MAMADURA Camby-ucysaua.
MAGOAR Muacyca, Musacy. MAMAR Ucy, Camby, U-camby.
MAGREZA Angaisaua. MAMILO Icamby-ti.
MAGRICELA Angaiuera. MAMOTE Camby-usara.
MAGRO Angai. MANA Rendyra.
MAGUARI Mauary. MANACÁ Manacá, Ieritacaca.
MAIOR Uasu-pire, Turusu-pire. MANATIM (peixe-boi) Iauarauá.
MAIORAL Tuxaua, Tuisaua. MANCEBA Auasa.
MAIS Pire, Rain; Tenhê, Tenhen. Mais deva- MANCEBIA Muauasa-saua.
gar: Meué rupi pire. Traz mais: Rure rain. MANCHA Kiá; (da pele) Iacy tatá rangaua;
Disse mais: Onheên tenhê. (branca) Titinga; (escura) Puru-puru; (qua-
MAITACA Maitaca. se preta) Uauraua; (de várias cores) Parauá.
MAL Ipuxiua, Iayua; (o mal que se produz de MANCHANTE Mukiáuára.
longe) Saruá. MANCHAR Mukiá. Manchar-se: Iumukiá.
MALA Patuá (cofo fechado). MANDA-CHUVA Amana-iara.
MALCOZIDO Oexinga-nhunto, Sapereca. MANDADO Mundua.
MALDADE Ipuxisaua, Ayuasaua. MANDADOR Mundusara.
MALDIZENTE Iuru-ayua, Puxi-nheêngara. MANDAMENTO Mundusaua. Mandamento da
MALDIZER Nheên-puxi. lei: Tecô munhangaua.
MALDITO Ayua-mumbeú. MANDANTE Munduara.
MALDOSO Puxiuara, Puxiuera. MANDÃO Munduera.
MALEFICÊNCIA Puxi-munhãngaua. MANDAR Mundu, Munnu. Mandar com au-
MALFAZEJO Puxi-munhãuara. toridade: Munnucári.
MALFAZER Munhã-puxi. MANDI Mandyi.
MALFEITO Puxi-munhã. MANDÍBULA Sayua, Isayua.
MALFEITOR Puxi-munhãngara. MANDIBULAR Sayuauara, Sayuapora.
MALÍCIA Mauésáua-ayua. MANDINGA Pusanga, Maracaimbara.
MALICIOSO Mauéuéra-ayua. MANDIOCA (a raíz) Manioca; (a planta)
MÁ-LÍNGUA Taxiua (do nome de uma casta Maniyua, Manyua; (a raiz amolecida nagua)
de formiga), Nheêngayua, Ipecô-puxi. Maníaca puua, Manioca puiua (puba); (tor-
MARGEM

nada inócua ao fogo) Manicuera, Manipuera; mantimento: Tuxaua orecô cuao apanhe ara
(espessa para molho) Tucupy; (e quase pre- oca mira temiú terecemo. Na canoa já não
ta) Tucupy pixuna; (curada ao sol) Arumé, havia mantimento: Yara opé inti oicoana te-
Arumbé; (a raladura seca ao forno) Uy, Ui; (a miú.
raiz cortada em rodas e seca ao sol) Typiraity; MÃO Pô, Pu; (direita) Pocatu; (esquerda) Po-
(a farinha destas) Ui typiraity; (o bolo da raiz apara, Pouasu; (de pilão) Indoá mena; (de
comida e ralada fresca) Meiú, Mbeiú; (bo- gral) Indoá miri mena.
lo de farinha) Miapé; (a goma que se deposi- MÃO-CHEIA Parecemo.
ta do sumo da raiz) Typyaca; (depois de tor- MÃO-DE-PILÃO Indoá-mena, Indoai-mena.
nada inócua ao fogo) Tapyoca, Tapyiuuca; (o MÃO-FECHADA Popupeca.
bolo feito com esta goma) Tapyoca (Curadá, MAQUEIRA Makyra.
em muitos lugares do rio Negro, mas parece MAR Paranã; (quando precisa distinguir)
palavra Baré); (a folha preparada como legu- Paranã-uasu.
me) Manisaua (maniçoba); (a folha na plan- MARACÁ Maracá.
ta) Manicaá. Mandioca agrumada: Curuera, MARACAJÁ Maracaiá.
Cruera (crueira). MARACAJAÍ Maracaiai.
MANDIOCA-DOCE Aipi macaxera; (o caldo MARACANÃ Maracanã.
extraído desta) Manipuera. MARACANAÍ Maracanai.
MANDIOCAL Maniyua-tyua. MARACANATUBA Maracanãtaua, Maracanã-
MANDUBÉ Manduué. tyua.
MANDUBI Manduui. MARACUJÁ Maracuyá.
MANEJAR Popicyca. V Pegar e comp. MARACUJATUBA Maracuyatyua.
MANETA Ipuyma. MARACUJAZEIRO Maracuyayua.
MANGA' (roupa) Yyuá pupeca MARAJÁ Marayá.
MANGA 2 (árvore) Canapá. MARAJAÍ Marayahi.
MANGABA Mangaua. Resina de mangaba: MARAJAÍBA Marayayua.
Manga-icyca. MARAJÓ Maraió, Mará-iú (=espinho bravo).
MANGABEIRA Mangayua. MARAJOENSE (aí nascido) Maraió-uara; (que
MANGUE Paranã-typaua; (a planta) Xiriyua aí mora): Maraió-pora.
(siriúba). MARCA Sangaua, Rangaua.
MANGUE-BRANCO Xiriyuatinga. MARCAÇÃO Musangauasaua.
MANGUE-VERMELHO Xiriyua-piranga. MARCADO Musangauapora.
MANHÃ Coema, Coemaeté. MARCADOR Musangauasara.
MANHA Mundésáua. MARCADOURO (onde se marca) Musangaua-
MANHOSO Mundéuára, Mundé. tyua; (onde se imprime a marca) Musangaua-
MANICÁRIA Umbuasu, Umuasu. rendaua.
MANIFESTANTE Muiucuaosara. MARCANTE Musangauauara.
MANIFESTAR Muiucuao. MARCAR Musangaua.
MANIFESTO Muiucuaosaua. MARCÁVEL Musangauera.
MANINHA Embyra-yma. MARCENARIA Iupanasaua.
MANJERIOBA Maiereyua. MARCENEIRO Iupanasara.
MANO Kiuyra. MARÉ (montante) Paranã-eiké; (vazante)
MANSIDÃO Iupucuausaua. Paranã-ocarica; Paranã-typaua.
MANSO Iupucuau. MAREJADA Yapenu, Ycapenu; Paranã-uéué-
MANTEDOR Pitasocasara. ca-saua.
MANTER Pitasoca. Manter-se: Iupitasoca. MAREJAR Paranã-uéuéca; (se apenas encres-
Manténs a tua palavra?: Repitasoca será ne pa) Muciryryca.
nheenga? MARESIA [o movimento] V Marejada.
MANTIMENTO Temiú, Tembiú, Mira-temiú. MARGEAR Só-cembyua-rupi.
O tuxaua deve sempre ter a casa cheia de MARGEM Cembyua, Rembyua; (do rio) Para-
MARIA-GOMES

nã-tembyua, Suindape; (a outra margem) MASTURBADOR Piru-pirocasara.


Amu-suindape; Amu-cembyua. MASTURBAR Piru-piroca.
MARIA-GOMES Cariru, Cariru-asu. MATA Caá, Ca. Mata branca, rala: Caá-tinga.
MARIBONDO Caua. V. Caba. Mata brava: Caá-antã, Caá-iauaeté. Mata
MARIDO Mena. V. Casar e comp. grande: Caá-uasu. Mata quebrada, para si-
MARIMARI Mari-mari. nal: Caá-pepena. Mata seca: Caá-tininga.
MARINHA Paranã-cembyua. MATADOR Iucá-sara.
MARINHEIRO Yngarapora, Paranãpora; (da MATADOURO Iucá-rendaua.
armada) Maraot!-pora. MATAGAL Caá-tyua.
MARINHO Paranãuara. MATANÇA Iucá-saua; (grande matança) Iucá-
MARIPOSA Panapanã. -iucásáua.
MARISCAR Pinaityca, Iuporocary (Pará). V. MATA-PASTO (casta de acácias) Tereky.
Pescar e comp. MATANTE Iucauara, Caakyra, Andirá-kicé-
MARÍTIMO Paranãpora, Paranãuara. apara.
MARMELO Uaiaua, Arasá. MATAR Iucá; (com a mão) Poiucá; (jazendo
MARMELEIRO Arasá-yua. estrago) Iucá-iucá. Matar-se: Iuiucá, Iupo-
MARMITA Itanhaên. iucá.
MARRECA Uananai, Peki, Ereré, Uapai, MATEIRO Caauara, Caá-iara.
Paturi, Potiri, Ipeki, Ipecai. MATERNAL Maiauara, Manhauara.
MARRECÃO Uanana. MATERNALMENTE Maiauara-rupi, Maia-
MARREQUINHA Uanani, Areré. V. Marreca. -iaué.
MARTELADA Petecasaua. MATERNIDADE Maia-saua, Manha-sana.
MARTELADOR Petecasara. MATINAL Coemasara, Coemauara.
MARTELAR Peteca. MATINAR (acordar de manhã cedo) Paca
MARTELO Petecauara. Martelo para pregos: coemana; (sair de manhã cedo) Cerno coe-
Itapoã- petecauara. mana.
MARTIM-PESCADOR Ariramba. MATINTAPERERA (casta de pássaro noturno e
MARTÍRIO Mureasuaua. Lugar de martírio: ente fantástico) Matin-pereré.
Mureasu- tendaua. MATIZAR Pinima. V. Pintar e comp.
MARTIRIZADO Mureasupora. MATO Caá, Caauasu. Mato cerrado: Caá-
MARTIRIZADOR Mureasusara. ayua. Mato ralo, branco: Caá-tinga. Mato
MARTIRIZANTE Mureusuuara. novo: Caapuera. Mato quebrado: Caapepena
MARTIRIZAR Mureasu, Pureasu. (=vereda).
MARUÍ Merui. MATREIRO Iacua, Mundéua.
MARUPÁ Marupá. MATRIMÔNIO Mendaresaua. V. Casar e
MARUPATUBA Marupayua. comp.
MARUPAÚBA Marupayua. MATRONA Cunhã-caryua.
MAS Ma. MATURAÇÃO Tinhariisaua.
MÁSCARA Suá-sangaua, Ruá-rangaua, Meuã. MATURANTE Tinhariiuara.
MASCARADO Suá-rangaua-uara. MATURO Tinharii.
MASCARAR Meoanga. V. Fingir e comp. MATUTAR Manaité. V. Pensar e comp.
MÁSCULO Apyaua-uara, Apyaua-yua. MATUTO Caapira, Caapora.
MASSA Sosoenga. MAU Ayua, Puxi, Inticatu, Ticatu. O mau:
MASSACRAR Iucá-uasu. Ipuxiua.
MASSACRE Iucá-uasusaua. MAUNÇA (mão cheia) Po-terecemo.
MASSEIRA Sosoengatyua. MAVIOSO Ceên. Canto mavioso.: Nheênga-
MASTIGAR Suu-suu. V. Morder e comp. risaua ceên.
MASTRO (da festa) Myranga; (da vela) MAXILA Suá-pecanga, Ruá-pecanga.
Sutinga-yua. MAXILAR Suá-pecangauara.
MASTURBAÇÃO Piru-pirocasaua, Rendyra. MAXIXE Maxíxi.
MERGULHAMENTO

ME Ce. Disse-me: Onheen ce supé. Mandou-me MELHORADOR Muapiresara.


perguntar: Omundu oiururé ce supé. MELHORANTE Muapireuara.
ME, SE, TE etc. (pronome que torna o verbo re- MELHORAR Muapire. Melhorar-se: Iumuapire.
flexo) Iu (em forma de prefixo entre o tema MELHORÁVEL Muapireuera.
e o prefixo pronominal, que indica a pessoa). MELHORIA Muapiresaua.
Eu mato: Ixé xaiucá; eu me mato: Ixé xaiuiu- MEMORAR Mendoári. V. Lembrar e comp.
cá. Voltas: Remuiereu; te voltas: Reiumuiereu. MEMORIAL Mendoáriyua.
Vos ameis: Penhe pexaisu; vós vos ameis: MENCIONAR Mendoári. V. Lembrar e comp.
Penhe peiuxaisu. MENDACIDADE Puité-munhangaua.
MEAÇÃO Mumyterasaua; Myterasua. MENDAZ Puité-munhangara.
MEADA Iumanasaua. MENDICIDADE Pyrasupaua, Pyrasusaua, Py-
MEADO Pytera. V. Meio. rasuingaua.
MEÃO Pyterauara. MENDICANTE Pyrasuuara, Pyrasupora, Pyra-
MEAR Mumytera, Mupytera. suingara.
MECHA Caarucana. MENDIGAR Pyrasu, Pyrasui.
MEDIAÇÃO Iururesaua, Iumuésáua. MENDIGO Pyrasuera.
MEDIADOR Iururesára, Iumuésára. MENDUÍ Mendui.
MEDIÇÃO Musangasaua. MENEADOR Mutumusara.
MEDICAÇÃO Pusanungaua. MENEAMENTO Mutumusaua.
MEDICINA Pusanga. MENEANTE Mutumuuara.
MÉDICO Pusanga-iara, Pusanungara. MENEAR Mutumu. Menear-se: Iumutumu.
MEDIDA Rangaua, Sangaua. MENEÁVEL Mutumuteua, Mutumuuera.
MEDIDOR Musangasara. MENINA Cunhantain, Cunhantãn (cunhã
MEDINTE Musangauara. taina). Menina dos olhos: Cesá rainha, Cesá
MEDIR Musanga. sainha (=caroço do olho).
MEDÍVEL Musangateua. MENINO Curumi, Cumica (diminutivo fami-
MEDITAÇÃO Iunhereusaua, Iururesaua. liar de Curuml).
MEDITADOR Iunhereusara, Iururesara. MENOR Cuaíra-pire; (em comprimento): Ca-
MEDITANTE Iunhereuuara, Iurureuara. tuca-pire; (em tamanho): Miri-pire; (em
MEDITAR Iunhereu, Iunheenreu, Iuiururé. grossura): Puy-pire; (menino ou meni-
MEDITÁVEL Iunhereteua, Iurureteua. na quando muito novos): Tainha, Taina e
MEDITATIVO Iunhereuara, Iurureuera. Curumi e Cunhantãin, respectivamente, em-
MEDO Cikié. bora possa ainda ser menor o Curumi-asu e
MEDONHO Cikiéyua. a Cunhãmucu.
MEDRAR Muturusu. MENSTRUADA Oicô-yacy.
MEIA Py-pupecasara. MÊNSTRUO Cunhã-yacy, Iamunerara, Yacy-
MEIA-TINTA Ieramé. tui.
MEIO, MEIA Pytera, Mytera. Pelo meado do MENTIDO Ierarauá.
mês: Yacy pytera kiti. No meio do ano: Acaiú MENTIR Puité-munhã.
pytera ramé. O meio: Pytera-tyua. Ao meio: MENTIRA Puité, Ierarauaia.
Pyterupé. Do meio: Pytera suí. Pelo meio: MENTIROSO Puité-munhangara, Puité-ma-
Pytera rupi. No meio: Pytera kiti. nha, Puité-iara, Puité-yua.
MEIA-NOITE Pysaié, Pituna pyterupé. MERDA Tiputy.
MEIO-DIA Iandara (abreviação de Iandé-ara- MERDOSO Tiputyuara.
-pyterupé). MERENDIBA Myraendyua.
MEIRINHO Myrá-recouara. MERETRIZ Patacuera.
MEL Ira. MERGULHADOR Yapumisara.
MELANCIA Yá-cee. MERGULHADOURO Yapumityua, Yapumiten-
MELÍVORO Ira-usara, Irauara, Irara. daua.
MELHOR Catu-pire, Puranga-pire. MERGULHAMENTO Yapumísáua.
MERGULHÃO

MERGULHÃO Miuá. dos ou outros: Puíre, Puíri. Mexer jogando no


MERGULHAR Yapumi, Sô-y-pype, Y-pypyca. ar: Mupembure. Mexer-se: Iucataca.
MERGULHO Yapumíuá. MEXERICAR Marandu.
MESCLA Puésáua. MEXERICO Marandyua, Marandua.
MESCLADO Puéua. MEXERIQUEIRO Maranduera.
MESCLADOR Puésára. MEXILHÃO Sururu.
MESCLANTE Puéuára. MÊS Yacy.
MESCLAR Pué. Mesclar-se: Iupué. MIÇANGA Puíra.
MESMO Teên, Tenhe, Iaué, Nungara. Isso MICÇÃO Carucasaua.
mesmo: iaué-tenhe. Desse mesmo modo: MICTÓRIO Carucatyua, Caruca-tendaua.
Cuá-nungara. MI GALA [aranha] Ianducy, Nhanduasu, Nhandu.
MESQUINHEZ Sacatésáua. MIGALHA Curera. Migalha do jantar: Temiú
MESQUINHO Sacaté, Angai-pora; (de deitar curera.
compaixão): Taité. MIGRAÇÃO Cema, Cemasaua. Migração de pei-
MESTIÇO (de branco e tapuia) Caryuuca, xes: Piracema. Migração de gente: Miracema.
Caryuoca, Carymboca (tirado para o bran- MIGRAR Cerna. V. Sair e comp.
co); (de tapuia e de preto): Cauuoré (= ca- MIJADA Carucasaua.
baré); (de preto e branco): Murátu (= mu- MIJÃO Carucauera.
lato). MIJAR Careca. Mijar-se: Iucaruca.
MESTRE Mbuésára. Mestre de si mesmo: Iu- MIJO Carucaua.
mbuésára. Mestre de oficina: Puraky-iara. MILHARAL Auaty-tyua, Auaty-cupixaua. Lugar
MESTRE-DE-CERIMÔNIAS Tecô-iara. onde se guarda o milharal: Auaty-tendaua,
MESTRE-SALA Puracy-iara. Auaty-oca.
MESURA Cuecatu-reté. MILHO Auaty, Auaty-santá.
MESUREIRO Cuecatu-retéuára. MILITAR Uarinyuara (hoje, desusado e supri-
METADE Pysáuéra. do com Surára, corrupção de soldado).
METAMORFOSE Muieréua. MIM Ce. Perto de mim: Ce-ruake. De mim:
METAMORFOSEADOR Muiereusara. Cesuí. A mim: Ce-kiti. V. Me.
METAMORFOSEAMENTO Muiereusaua. MIMO Cuecatu.
METAMORFOSEANTE Muiereuara. MIMOSA (casta de plantas que compreende):
METAMORFOSEAR Muiereu. Metamorfosear- Paricá, Iukiry, Tereky, Caakyra, Andirá-
-se: Iumuiereu. -kicé, Andirá kicé apara, Caa cicué, Aracatiá.
METRO Pana-rangaua (é o nome do côvado, MINGAU Mimoingaua, Mingaua.
quando era usado para medida de panos). MINGUAR Iumucoayra, Iumumiri; (da lua)
METER Enu, Endu, Mundéu, Mbúri. Meter- Iuearuca, Yacy-oearuca,Ierasuca.
-se: Iuenu, Iumundéu, Iumbúri. MINHOCA Ximbui, Ximui, Amboá, Ximu,
METEDIÇO Cetunauera. Ximbu.
MEU Ce, Ixé-iara. Meu igual: Ce amu iaué. De MÍNIMO Puixinga-pire, Mirixinga-pire.
todo o meu coração: Ce piá irumo. A casa é MINÚCIA Mirinte, Miriuera, Miruera.
minha: Ixé oca-iara. De quem é a canoa? É MIOLO Sumytera, Tuuma, Para; (do chifre)
minha: Auá yngara iara? Ixé iara. O que é Acapora; (da árvore) Yua-sumytera; (da ca-
meu: Ce embaetá. beça) Apytuuma, Acanga-tuuma, Acanga-
MEXEDIÇO Iakyuera, lucatacauera, Iakyky- -sumytera, Iapytuuma.
uera. MÍOPE Cesá-iatuca (=vista curta).
MEXEDOR Iakysara, Catacasara, Poingara. MIRAR Maãn. V. Ver e comp.
MEXEDURA Iakysaua, Catacasaua, Poingaua. MIRÍSTICA Cananga.
MEXENTE Iakyuara, Catacauara, Poingara. MIRITI Myrity.
MEXER Iaky. Mexer com a mão: Poing, Poin. MIRITIZAL Myritytyua.
Mexer com o corpo: Cataca. Mexer catando MIRITIZEIRO Myrityyua.
entre coisas miúdas: Cica-cicare. Mexer líqui- MISERÁVEL Pyrasuera.
MORBIDEZ

MISTIFICADOR Poité-iara. MOLEIRO' Itá-uauoca-iara.


MISTIFICAR Poité-munhã. MOLEIRO' (casta de papagaio) Paraoá-uasu.
MISTURA Poeia, Poaia, Munana. MOLESTADOR Mucuirisara.
MISTURANÇA Poésáua, Munanasaua. MOLESTAMENTO Mucuirisaua.
MISTURADOR Poésára, Munanasara. MOLESTANTE Mucuiriuara, Mucuiriuera.
MISTURANTE Poéuára, Munanauara. MOLESTAR Mucuiri, Mucueré. Molestar-se:
MISTURAR Munáni, Poé. Misturar-se: Iumu- Iumucuiri.
náni. MOLEZA Membecasaua.
MIUÇALHA Cuaíra-etá, Cuaíra-paua. MOLHADELA Irurusaua.
MIUDEZA Ipuyxingasaua. MOLHADOR Muirurusara.
MIÚDO Ipuyxinga, Puíraeté. MOLHADO Iruru, Iakyma.
MÓ Itá-uauaca. MOLHAR Mururu; (imergindo) Miasuca, Mu-
MOÇA Cunhãmucu; (casadoura) Mucama (So- nhasuca. Molhar-se: Iumururu.
limões); (nova, virgem) Cunhãmucu-pysasu. MOLHO Tyy; (de pimenta com caldo de peixe):
MOCAJÁ Mucaiá. Kinha-pirá; (de tabaco): Pytymantã.
MOÇO Curumiasu. MOMENTO Ara, Ramé, Xinga. A todo o mo-
MOÇOILA Cunhãpoca, Cunhãmboca. mento: Opain ara rupi. Eu o vi no momen-
MOCOJÉ Mocoié. to em que chegava: Ixé xaxipiana aé ocica
MODALIDADE Rupisangaua. ramé. Espera um momento, já vou: Resaru
MODELO Sangaua. xinga, xasô cury.
MODERAÇÃO Meué-munhãngaua. MONO V Macaco.
MODERADOR Meué-munhãngara. MONSTRO Maá-ayua.
MODERAR Meué-munhãn. MONTANHA Uitera, Iuitera.
MODERNAMENTE Iané-ara-rupi, Iané-ara- MONTANHÊS Uiterauara, Uiterapora.
ramé. MONTANHOSO Uiterateua.
MODERNO Pyasuuara, Cuá-arauara. MONTANTE (do rio) Yapire kiti, Paranã reca-
MODÉSTIA Puruasaua. pire.
MODESTO Purua. MONTÃO Muatiresaua.
MÓDICO Inti-cepyuasu, Inti-uasu. MONTARIA Yara, Yngara.
MODO Nungara; [como se faz] Rupi; [domes- MONTE Uitera.
ma forma], Iaué. Deste modo: Cuá nunga- MONTURO Mburetaua, Ikiatendaua.
ra. De outro modo: Curumu-rupi. Modo das MOQUEAÇÃO Mocaensaua.
coisas:Mãisaua, Maasaua. MOQUEADO Mocaen, Mocaenpora.
MOEDOR Mucui-sara. MOQUEADOURO Mocaentaua.
MOENDA (ato de moer) Mucu!-saua; (lugar MOQUEADOR Mocaen-uara, Mocaen-iara.
onde se moi) Mucui-taua, Itá-uauoca-tyua. MOQUEAR Mocaen.
MOENDEIRO Mucui-taua-iara, Itá-uauoca- MOQUÉM (o lugar onde se moqueia) Mocaen-
iara. taua. A grade sobre que se põem as peças:
MOENTE Mucui-uara. Iurau. Os paus que a sustentam: Yuacapi. O
MOER Mucui. braseiro: Mocaentatá.
MOFAR Musaue. MORADA Oca, Roca, Soca.
MOFINA Pituauara. MORADOR Pora (como sufixo). Morador da
MOFINO Pitua, Porareyma, Kyrimbáuayma. casa: Ocapora. Morador do mato: Caapora.
MOFO Saue. Morador do rio: Paranãpora. Morador da
MOFOSO Saue-uera. terra: Yuypora, Arapora. Morador do céu:
MOINHO Itá-uauoca-oca. Iuacapora. Morador da cidade: Tauapora,
MOÍVEL Mucui-uera, Mucui-téua. Mairypora.
MOLDADOR Perutá. MORAR Icô (=estar); Morári (rio Negro).
MOLE Membeca, Memeca; ([quando se fala MORBIDEZ (doença) Macisaua; (delicadeza)
de] a massa pouco consistente) Imeuna. Uapixanasaua.
MÓRBIDO

MÓRBIDO Imaciua; Uapixana. MOSTRAR Mucameen. Mostrar-se: Iumuca-


MORBO Imaciuasusaua, Imaci-uasu-saua. meen, Iucuau-cári. Mostrar-se amigo: Iumua-
MORCEGO Anirá, Andirá. nama.
MORCEGUEIRA (andiroba) Andirá-yua. Mouco Apysá-ayua, Iapysá-ayua (se não
MORDAZ Suusara. ouve nada).
MORDEDURA Suusaua. MOURÃO Mará.
MORDENTE Suuuara. MOVEDIÇO Catacateua.
MORDICAR Suusuu. MOVEDOR Catacasara.
MORDIDO Suua, Suusaua-pora. MOVENTE Catacauara.
MOREIRA Tatayua. MOVER Cataca. Mover-se: Iucataca.
MORIBUNDO Omanô-putariana. MUCUÍBA Mucuyua.
MORINGA y ireru. MUCUIM Mucui.
MORNO Sacunhunto, Sacurana, Sacuxinga. MUCUJÁ Mucuyá.
Inti-rain-sacu. MUCUNÃ Mucunã.
MORREDOURO Omanotaua. MUCURA [o animal] Mycura, Uanixi, Xixyca,
MORREDOR Manosara. Mycura-xixyca; (a planta) Mycura-caá.
MORRENTE Manouara. MUDADOR Tericasara, Muiereusara, Cemo-
MORRER Manô. Morrer-se: Iumanô. Morrer sara, Cenipucasara.
de improviso [de repente}: Manô-ayua. MUDANÇA Tericasaua, Muiereusaua, Cemo-
Morrer afogado: Oyca. Morrer enforcado: saua, Cenipucasaua.
Iembuca. MUDANTE Tericauara, Muiereuara, Cemo-
MORRO Arapecô, Yuytera-miri, Ara camã; (ín- uara, Cenipucauara.
greme) Camacuá; (arredondado) Camapuãn. MUDAR (removendo) Terica; (virando) Muie-
Os últimos dois, especialmente no Sul. reu; (saindo) Cerno, Mucemo; (variando de
MORTAL Manouera. cor ou de brilho) Cenipuca. Mudar-se: Iuterica.
MORTALHAI Imanoana-pupesaua MUDÁVEL Tericauera, Muiereuera, Cemouera.
MORTALHA' (do cigarro) Tauari (se é de taua- MUDEZ Nheêngaymasaua.
ri); Auaty-pirera (se é de milho); Papera (se MUDO Nheêngayma.
é de papelinho). MUGIR (da vaca ou do bezerro que se cha-
MORTANDADE Manosaua-asu (quando pro- mam) Cenoi; (do touro ou da vaca que mu-
duzida por moléstia); Iucá-iucasaua (nos ge) Tapyira-sacemo; \fazendo choro em volta
outros casos). de alguma rês morta) Xiú.
MORTE Omanosaua. MUIRACATIARA Myracoatiara.
MORTO Omanoana, Ambyra; (enforcado) MUIRAPINIMA Myrapinima.
Iembuca-ambyra; (afogado) Oyca-ambyra; MUIRAPIRANGA Myrapiranga.
(engasgado): Camyryca-ambyra; (mata- MUIRAPIRIRICA Myrapiririca.
do): Iucá-ambyra; (matado a mão): Poiucá- MUIRAPUAMA Myrapuama.
-ambyra. MUIRAQUITÃ Myrakitãn.
MOSCA Meru; (azul) Meru sukyra; (verde) MUITO Ceía, Reía.
Meru-iakyra; \fosforescente) Meruá. MUITOS Ceía-aitá.
MOSCA-VAREJEIRA Meru-supiara. MUJANGUÊ Muiaué.
MOSCADIM Meruin-merui. MULATO Tapaiuna-rana, Tapaiuna-cerané, e
MOSCARDO Mutuca, Mytuca. mais correntemente: Murátu.
MOSQUEIRO Merutuba, Merutyua. MULHER Cunhã, Cunhãn. Mulher casadou-
MOSQUITEIRO Urucari. ra: Cunhã-mendasara. Mulher solteira:
MOSQUITO Carapanã, Morisoca. Cunhã-menayma, Cunhã-mendári-yma.
MOSTRA Mucameengaua, Mucameesaua. Mulher nova: Cunhãmucu. Mulher gran-
MOSTRADOR Mucameêngara, Mucameêsara. de, mulherona: Cunhã-uasu. Mulher alta:
MOSTRADOURO Mucameentauauara. Cunhã-pucu. Mulher alegre: Cunhã-pucá.
MOSTRANTE Mucameêuara. Mulher doida: Caninana. Mulher pública:
MUTILAR

Patacuera. Mulher virgem: Cunhã mbuyma, MUQUIRANA Mukyrana.


Cunhãmucu menoyma. Mulher feita, qua- MURAJUBA Murayua.
rentona: Cunhã-cacoa. MURAQUETECA Myrakityca.
MULHERENGO Cunhã-rapixara, Cunhãuara. MURAR Cekyndaua oca yuy irumo.
MULHERIL Cunhã-uara. MURATINGA Myratinga.
MULHERIO Cunhã-ceía, Cunhã-ceíasáua. MURCHAR Tenin-cerane.
MULTIDÃO Mira-ceía. Multidão que sai: Mi- MORUBIXABA Murutuxaua, Muruxaua.
racema. MURICI Murici, Myryci.
MULTIPLICAÇÃO Mucetásáua. MURMURAÇÃO Angaúsáua.
MULTIPLICADOR Mucetására; (que produz a MURMURADOR Angaúuéra, Cururucauá-
multiplicação) Mucetáyua. manha.
MULTIPLICANTE Mucetáuára. MURMURAR Angaú, Cururuca.
MULTIPLICAR Mucetá. Multiplicar-se: Iumu- MUSA PARADISIACA [bananeira] Pacoa, Pacua,
cetá. Pacoausu.
MULTIPLICÁVEL Mucetáuéra. MÚSICA Muapusaua [toque].
MULTIPLICADO Mucetauá. Músico Muapusara (tocador).
MUNDO (o conjunto de tudo) Ara; (a terra) MURUREZAL Mururetaua.
Yuy. MUSGO Comitu, Myraryiu, Myrá-rauyiú.
MUNDUBI (casta de Arachis) Mundui. MUTUCA Mytuca.
MUNGABA Mungaua. MUTUCUNA Mytucuna.
MUNGUBA Munguua, Munguyua. MUTUM Mytií., Mytü-uasu, Piuri, Urü.mytü.,
MUNJICA (esfarelado) Muíca. Mytií.pinima.
MUNGUBEIRA Munguyua. MUTILAR Munira. V Cortar e comp.
NA, NO Kiti, Ape, Pe, Ame. Está na casa: Oicó NAMORO Uarixysaua.
ocakiti. Foi na floresta caçar: Osó ocamunu- NÃO Inti, Intiana, Intimaã, Timaã, Tiana,
ca caape. No fundo dagua: Ypype. Na terra: Nti, Intio, Nembá, Nemá. Não ainda: Inti-
Yuype. No alto: Uiurupe, Uirpe. Na presen- rain. Não agora: Intiana-cuíre. Não assim:
ça: Resauá. No rio: Paranãme. Intimaã-cuá-iaué. Não mais: Inti-pire. Não
NACO Pisáuéra. se parece: Nemá-nungara (mas podem ser
NAÇÃO (como território) Tetama, Tapyia- substituídos indiferentemente uns pelos ou-
tyua, Tapyia. tros). Não sei: Taucó, Toco, Soco (contra-
NACIONAL Anama, Tapyia, Mu. ção de Inti-xa-cuao). Não mexas!, ou me-
NACIONALIDADE Tapyiayua, Anamayua. lhor, Deixa!: Tenupá. Não (como sufixo):
NADA Intiana, Tiana, Nembá-nungara, Ma- Yma. Não forte: Kyrimbáyma. Não ligeiro:
nungara, Intimaã. Absolutamente nada: Iatéyma. Não pesado: Pucéyma.
Intimaã-maã. NHANDIROBA Iandyraua.
NADADOR Uitására. NANICA (galinha) Nhapéua.
NADANTE Uitáuára. NAQUELE, A Nhakiti, Nhape.
NADAR Uitá. Mas se encontra e se ouve: Eitá NARIGUDO Araratin, Ararati.
e Oitá. NARINAS Tin-cuara.
NÁDEGA Yuera, Sumby. NARIZ T!, Tin.
NADEGUDO Sumbyuara. NARRAÇÃO Nheengárisáua, Marandusaua.
NADINHA Cuaíra xinga nhunto. NARRADO Nheengári, Marandua.
NADO Uitáua. NARRADOR Marandusara, Nheengárisára.
NAJÁ Inaiá. NARRANTE Maranduara.
NAJAÍ Inaiai. NARRAR Marandu. Narrar coisas passadas:
NAJAZAL lnaiátyua. Nheengári.
NATAZEIRO Inaiáyua. NASAL Tin-uera.
NAMBU Inambu. V Inambu. NASCENÇA Cemosaua, Ceningaua.
NAMORADOR Uarixysara, Uarixyuera. NASCEDOURO Cemotyua, Ceningatyua.
NAMORAR Uarixy. NASCENTE Cemouara, Ceningara. Nascente
NOBREZA

do sol: Coaracy-cemotyua. Nascente da NEGADIÇO Iumine-téua.


água: Y-cuara. Nascente do rio: Paranã- NEGADO Iumine-ana.
-manha, Paranã acanga. Nascente d'água: NEGADOR Iumine-sara.
Yacaruá, Yacaroá. NEGANTE Iumine-uara.
NASCER Cerno; (das plantas) Cenin, Ceni; NEGAR Iumine.
(dos seres vivos) Embyrári. NEGÁVEL Iumine-uera.
NASCIDA [furúnculo l Iatii, Iati, Mungá, NEGLIGÊNCIA Iatéymasáua.
Pungá, Epéua, Epéuasantá, Epéua-puxi. NEGLIGENTE Iatéyma.
NASCIMENTO Embyrárisáua. NEGOCIADO Porepyua.
NASCITURO Embyrara-cury. NEGOCIAÇÃO Porepysaua.
NASSA Yuki, Yukiá, Matapy, Munduru, Yeki. NEGOCIADOR Porepyuara; (somítico) Porepy-
NASUA SOCIALIS Coati. uera.
NASUA SOLITARIA Coati mundé (=manhoso). NEGOCIANTE Porepysara.
NATA Camby-icaua. NEGOCIAR Porepy.
NATAÇÃO Uitásáua. NEGREJAR Pitá pixuna, Iumupixuna.
NATANTE Uitására, Uitáuára. NEGRO Tapaiúna; ([falando] de gente): Pixuna;
NATIVO Uara (sufixo aditado ao lugar de ori- (como sufixo) -una. Pássaro-preto: Uirauna
gem). Nativo do Pará: Paráuára. Nativo do (=graúna).
lugar: Ikéuára. Nativo de além: Suaia-uara. NEGROIDE Tapaiúnauéra, Tapaiúnarána.
NAU Yngara, Yiara, Yiareté, Yngareté; (quan- NEGROR Pixunasaua.
do maior) Maracati (do uso de levar o mara- NEM Ne, Timaã, Nembá.
cá na proa a nau de guerra). NENHUM Inti-iepé, Intimaã-iepé, Nembá-
NAUFRAGADO Iupypycaua. -nungara.
NAUFRAGADOR Iupypycasara. NENHURES Inti-iepé tendaua-kiti.
NAUFRAGANTE Iupypycauara; (se costuma NERVO Sayca, Sauyca, Rayca, Rauyca.
naufragar) Iupypycauera. NETO (do homem) Temianinô, Cemianinô,
NAUFRAGAR Iupypyca. Fazer ou ser feito Remianinô; (da mulher): Temiareru, Remia-
naufragar: Muiupypyca. reru, Cemiareru.
NAUFRÁGIO Iupypycasaua. NÉVOA Ara-tatatinga, Iuiutu-tinga.
NÁUSEA Ueena-putárisáua. NEVOEIRO Tanimuba, Iuiuturana.
NAUSEABUNDO Ueena-yua. NEVRITE Sauyca sacisaua.
NAUTA Yngarapora, Paranãpora. NEVRÓTICO Sauyca-saci.
NAVEGAR Só-paranã-rupi; (águas acima) NIDIFICAÇÃO Suaeti-munhãngaua.
Yapire; (águas abaixo) Yuié, Só-tomasaua- NIDIFICADOR Suaeti-munhãngara.
-kiti. NIDIFICAR Munhãn-suaeti.
NAVIO Maracati, Maracati-uasu (sendo indi- NINGUÉM Intiauá, Intianauá, Inti-iepé, Inti-
ferente que seja ou não de guerra, e desde que mira. Não encontrou ninguém, só mulheres:
não seja nem igara e nem igarité). Inti ouacemo mira, Aicué cunhã nhunto.
NEBLINA (quando se parece com a fumaça) Tem gente? Ninguém: Aicué mira será? Inti
Tatatingarana; (se é chuva miúda) Amanai. iepé. Quem vai lá? Ninguém: Auá osô ape?
NEBLINAR Amanai ouri. Intiauá.
NECEDADE Iacuaymasaua. NINHARIA Miraera, Miraíra.
NECESSÁRIO Purain, Puraiua. NINHAL Suaeti-tyua. Ninhal de garças: Acará
NECESSIDADE Puraingaua. suaeti-tyua.
NECESSITADO Puraingara. NINHO Suaeti.
NECESSITAR Purain. NO V Na.
NÉDIO Icaua, Cinimu, Cinimbu. NÓ Kytan, Kitanga; (de pedra) Itákitánga,
NEFANDO Marandu-yma. Itákytán; (de madeira) Myrakytan.
NEFASTO Sarauá. NOBRE Moacara.
NEGAÇÃO Iumine-saua. NOBREZA Moacarasaua.
NOCIVIDADE

NOCIVIDADE Puxi-munhãngaua. NOTICIAR Marandu. V. Narrar e comp.


NOCIVO Puxi-munhãn. NOTIFICAÇÃO Cenoicárisáua.
NÓDOA Ikiáua. NOTIFICADOR Cenoicárisára.
NODOADOR Ikiására. NOTIFICANTE Cenoicáriuára.
NODOAMENTO Ikiásáua. NOTIFICAR Cenoicári. Fazer ou ser feito noti-
NODOANTE Ikiáuára. ficar: Mucenoicári.
NODOAR Muikiá. Nodoar-se: Iumuikiá. NOTIFICÁVEL Cenoicáriuéra.
NODOÁVEL Muikiáuéra. NOTURNO Pitunauara.
NOITADA Pituna pucu. NOVATO Pysasuuera.
NOITE (do pôr do sol a meia-noite) Pituna; NOVE Pô irundi.
(a meia-noite) Pisaié, Pysaié; (da meia-noi- NOVELA Nheengárisáua; (o assunto) Nheen-
te até ao amanhecer) Pituna-pucu. Noite de gári-yua.
luar: Yacy pituna. NOVELISTA Nheengárisára; (se não é muito
NOIVA Remiricô-arama, Remiricô-putaua. autorizado) Nheengáriuéra.
NOIVO Mena-arama, Mena putaua. NOVELO Apuá, Iapuá.
NOJENTO Ienaruara. NOVIDADE Pysasusaua.
NOJO Ienarusaua. NOVILÚNIO Yacy-pysasu.
NOME Cera, Rera. Bom nome: Cera-catu, NOVO Pysasu.
Cera sakena. Sem nome: Cera-yma. NU (o homem) Camixá-yma; (a mulher) Saia-
NOMEAÇÃO Mucerasaua; (para um emprego -yma; (na natureza) Tara-yma (=sem orna-
ou serviço) Cenoicárisáua. mentos).
NOMEAR Mucera, Cenoi-cera-rupi. Dar o NUBENTE Omendári-putare.
nome ao menino na cerimonia indígena: NUCA Atuá.
Ceruca. [Dar o nome] com o batismo: NUNCA Ne, Ané, Ara-yma, Inti-amu-ara-
Muceruca. -cury (= não outro dia futuro).
NORA (da mulher) Taituy, Ce-remyra-remi- NÚPCIAS Menasaua.
ricô; (do homem) Ce rayra-remiricô. NUTRIÇÃO Iumuruusaua.
NÓS, NOS Iané, Iandé; (como prefixo verbal NUTRIDOR Iumuruusara.
da primeira pessoa do plural) Ia; (nos re- NUTRIMENTO Tembiú, Iumuruua, Embaú-
flexos) Iu. Nos deitamos: Iané-iaienô. Nós uára.
amamos os outros como nós nos amamos: NUTRIENTE Iumuruuuara.
Iané-iaxaisu amuitá maiaué iaiuxaisu, ou NUTRIR Iumuruu.
Maiaué iané iaiuxaisu. NUTRÍVEL Iumuruuuera.
Nosso Iané, Iandé. Dá-nos o nosso pão de ca- NUVEM Iuaca-ikiásáua, Iuiututinga, Arakiá,
da dia: Remeen iané supé opain ara iané te- Iuacatinga.
miú. Nós queremos somente o que é nosso:
Iané iaputári nhunto iané iara-uá.
o [artigo] L Uá, Nga (com o efeito de substan- OBSERVAÇÃO Xipiacasaua.
tivar a palavra modificada). Feio: Puxi; o feio: OBSERVADOR Xipiacasara.
Ipuxi. Bonito: Puranga; o bonito: Purangaua, OBSERVANTE Xipiacauara.
ou Ipuranga. Contar, contado: Marandu; OBSERVAR Xipiaca. Pousú. V. Honrar e comp.
o contado, o conto: Marandua. Dizer, dito: Manhana. V Vigiar e comp. Observar-se:
Nheên; o dito, a palavra: Nheênga. Iuxipiaca. Observo o que fazes: Xixipiaca ma-
o [pronome oblíquo] Aé. Quando passava ta remunhãn. Observes a lei: Repousu tecô.
o chamou para encostar: Osasauana ramé OBSERVATÓRIO Xipiacatendaua, Xipiacatyua,
ocenoi aé oiuiare arama. Manhanatendaua.
OBEDECER Munhã-piá, Puusu, Pousu. Obe- OBSTACULANTE Mupatucasara.
deço-te: Xamunhã ne piá. Obedeço à nossa OBSTACULAR Mupatuca.
lei: Xapousu iané tecô. OBSTÁCULO Mupatucauara.
OBEDIÊNCIA Puususaua. V Honrar e comp. OBSTRUÇÃO Cekendáusáua.
OBESIDADE Marica-uasu. OBSTRUTOR Cekendáusára.
OBESO Marica-uasuara. OBSTRUÍDO Cekendaua.
ÓBITO Manôsaua. OBSTRUINTE Cekendáuára.
OBITUÁRIO Omanôána-mbeúsáua. OBSTRUIR Cekendau.
OBJETAR Munguetá-suaxara. OBSTRUÍVEL Cekendáuéra.
OBLÍQUO Inti-satambyca. OBTENÇÃO Muiumeêngaua.
OBRA Munhãngaua. OBTENTOR Muiumeêngara.
OBRAR Munhãn. OBTER Muiumeên.
OBREIA Muecycaua, Parera-muecycaua. OBTUSO Saimbéyma.
OBREIRO Munhãngara. OCASIÃO Ara, Ara catu. Chegou a ocasião de
OBSCURANTE Mupitunasara, Mupitunauera. vingar-se: Ocica ara catu oiupyca uá.
OBSCURECER Mupituna. Obscurecer muito: OCASO Coaracy uari.
Mupitunasu. OCIDENTE Coaracy uari tendaua.
OBSCURECIMENTO Mupitunasaua. OCULTAÇÃO Mímesáua, Cuatúcasáua.
OBSCURO Pitunasu. OCULTADOR Mímesára, Cuatúcasára.
OCULTANTE

OCULTANTE Mímeuára, Cuatúcauára. OLHANTE Maãngara.


OCULTAR Mime, Cuatuca; Pupeca (se oculta OLHAR Maãn, Maen. Olhar-se: Iumaãn. Olhar
envolvendo, embrulhando etc.). Ocultar-se: com atenção: Xipiaca. Olhar vigiando: Ma-
Iumime, Iacuatuca. Quem não tem culpa nhana, Maanhana. Olhar em volta: Maãn
não se oculta: Auá inti omunhã puxi inti oiu- suake rupi. Olhar por trás: Maãn sacakyra ki-
mime. Quem tem culpas as oculta: Auá omu- ti. Olhar de esguelha: Maãn apara recé.
nhã puxi ocuatuca ma omunhã. OLHEIRA Cesá typysaua, Cesá typyua.
OCUPAÇÃO Iucoáisáua. OLHO Cesá. Olho torto, vesgo: Cesá apara.
OCUPADOR Iucoáisára. Olho esbugalhado: Cesá pirarosu. Olho fun-
OCUPANTE Iucoáiuára. do: Cesá typy. Olhos vivos: Cesã-pucá. Olhos
OCUPAR Iucoai. inflamados: Cesá piranga. Olhos esfola-
OCUPÁVEL Iucoáiuéra. dos: Cesá-piroca. Olho sem pálpebras: Cesá
ÓCIO Iateymasáua. saua-yma. Olhos remelentos: Cesá-ponga.
OCIOSO Iatéyma. Olhos pretos: Cesá-una, Cesá-pixuna.
oco Iporáyma. OLHO-D' ÁGUA Yacaroá, Y-cuara, Y-cemosaua.
ÓCULOS Cesá ruá. OLVIDADO Canhemoana.
ODIADOR Putareymasára. OLVIDADOR Canhemosara.
ODIANTE Putareymauára. OLVIDANTE Canhemouara.
ODIAR Putáreyma. OLVIDAR Canhemo (= perder). Mendoári-
ÓDIO Putareymasáua. -yma.
ODIOSO Putareymatéua. OLVIDO Canhemosaua.
ODOR Cetúnasáua. OMBRO Atiyua, lapa.
ODORANTE Cetúnasára, Sakénauára. V Chei- OMOPLATA Iyua cãn-uera.
rar e comp. ONÇA (Felis jaguar) Iauareté. Onça de pernas
OEIRANA Auerana, Yuauérána. curtas: Iauareté-apara. Onça de cabeça gros-
OFENDER Munhãn puxi ... supé, Munhãn pu- sa: Acangosu.
xi ... recé. Ofender-se: Pitá piá saci, Pitá piá ONÇA-PINTADA Iauareté pinima, Sororoca.
ayua, Pitá pia puxi. O moço ofendeu o velho: ONÇA-PRETA Iauareté pixuna.
Curumi-asu omunhãn puxi tuiuié recé. ONÇA-VERMELHA Suasurana.
OFENSA Puxi munhãngaua; Piá saci pitasaua. ONDA Capenu, lapenu, Apenu.
OFENSOR Puxi munhãngara. ONDE Mamé. Até onde: Mamé catu. Por on-
OFENDIDO Piá ayua pitá-uá. de melhor: Mamé suí catu pire. Para onde:
OFERECEDOR Cameengara. Mamé kiti, Mamé opé, Mamopé. [interro-
OFERECER Cameen. Oferecer-se: Iucameen. gativo] Makiti. Onde vais?: Makiti resó?
OFERECIMENTO Cameengaua. Onde pusestes a faca? Onde estava antes:
OFICIAL DE JUSTIÇA Mira-recuara. Makiti rembureana kicé? Mamé oicoana
OFICINA Iupanatyua, Murakytendaua. tenondé. De onde? Masuí. De onde vens?:
OGRO Mira-usara. Masuí recica?
OURO Itaiuá (itajubá), Itá-tauá. ONTEM Cuecé. Só ontem: Cuecé-nhunto.
OITÃO Arucanga. Oitão da casa: Oca arucanga. Ontem talvez pudesse, hoje não posso: Cuecé,
OITO Pô musapire [cinco+ três]. ipu, xamunhana-cuao, cuá ara inti xamunhã
OLARIA Camuti-munhãn-tendaua. cuao.
OLEIRO Camuti-munhãngara. OPINAÇÃO Iumaitésáua.
OLENTE Sakénasára, Sakena. OPINADOR Iumaitésára.
ÓLEO (vegetal) Iandy, Randy, Sandy; (ani- OPINANTE Iumaitéuára.
mal) Icaua. Óleo de boto: Tucuxy icaua. Óleo OPINAR Iumaité (=pensar-se).
amargo, andiroba: Iandyraua. OPINIÃO Maitésáua. Opinião pública: Mira
OLEOSIDADE Iandysaua. maitésáua.
OLEOSO Iandyuara, Icauauara, Iandypora. OPORTUNIDADE Ara ocica catu. Espero a
OLHADA Maãngaua. oportunidade: Xasaru ara ocica catu.
OVA

OPOSIÇÃO Amusuaxárasáua. ORIGEM Acanga, Epy, Ocemosaua, Iupimn-


OPOSITOR Amusuaxárasára. gaua. A origem da nossa gente: Iané mi-
OPOSTO Amúsuaxára. ra epy; Iané mira iupimngaua. Origem dos
OPRESSÃO Popycasaua, Popycayua. tempos: Ara iupimngaua. A origem do rio:
OPRESSOR Popycasara. Paranã racanga.
OPRIMENTE Popycauara. ORIGINÁRIO Uara (sufixo) Originário do ma-
OPRIMIR Popyca. Oprimir cansando: Muma- to: Caáuára. V Natural.
raare. Oprimir sobrecarregando: Puracareté. ÓRION (constelação) Mokentaua.
OPTAÇÃO Purauacasaua. ORLA Cembyua, Rembyua, Tembyua; (do
OPTADOR Purauacasara. mato) Caá-pau, Caápáua.
OPTANTE Purauacauara. ORLAR Mucembyua. Orlar as vasilhas: Mu-
OPTAR Purauaca. Fazer ou ser feito optar: cembyua nhaên.
Mupurauaca. ORNAMENTAÇÃO Pumsaua.
OPTATIVO Purauacateua. ORNAMENTADOR Purusara.
o QUE Cuá, Uá, Má. Pergunto a você o que de- ORNAMENTO Tara, Pora; Muamundeua. Orna-
vo fazer: Xa purandu né supé ma xamunhãn mento da cabeça: Acangatara. Ornamento dos
cuao. O que diz o velho é verdade: Cuá tuiué beiços: Tembétára. Ornamento das orelhas:
onheên aicué su py. Digam os sábios o que Namypora. Muamundéua.
é melhor: Onheên iacuá eté-itá ma catupi- ORNAMENTAR Pum; (desfigurando ou ocul-
re. O que é mau é feio: Puxiua puxi; Puxiua tando alguma coisa) Muamundé; Mua-
aicué puxi. mundéu.
ORA Cuíre, Cuá ara V Agora. Ora esta!: Socó! ORQUÍDEA Carauatá (gravatá).
ORAÇÃO Nheêngasaua, Mbeúsáua. ORVALHANTE Iakymeuára, Yapyuára.
ORADOR Nheêngasara. ORVALHAR Iakyme.
ORAL Nheêngauara. ORVALHO Iakymesáua, Yapy.
ORALMENTE Nheenga rupi. OSCILAÇÃO Tyrysaua.
ORAR Nheen-nheênga; (a Deus) Puusu; (pa- OSCILANTE Tyrysara, Tyryuera.
ra pedir) Iururé; Mbeú recé. Orar a Deus pe- OSCILAR Tyry.
dindo: Mbeú tupana recé. OSGA Tarapu-péua.
ORCO Mayua. osso Cãn-uera. Osso do braço: Yyuá cãn-ue-
ORDEM Cemutara, Remutara, Munduua. ra. Osso de gente: Mira cãn-uera. Osso da
Cumpro ordem do dono: Xamunhã i iara ce- perna: Retimã cãn-uera.
mutara. Chegou a ordem para seguir: Ocica OSTRA Itãn, Itanga; Keri, Yryr!, Reri; Umá;
munduua osasau arama. (comestível, marinha) Reri-eté; (de fundo)
ORDENAR [mandar] Mundu; (pôr em ordem) Reri-pisaié; (grande) Reri-asu.
Muacare. V Mandar, Enfileirar e comp. OSTREIRA Sernamby, Sernamy.
ORDENHADO Camby iuuca. OTRICARIA [utriculária] Mumré.
ORDENHADOR Camby iuucasara. ou Ieuíre, Neiué.
ORDENHAMENTO Camby iuucasaua. OURIÇO-CACHEIRO Cuandu.
ORDENHAR Iuuca camby. OUTRO, A Amu, Amo. Outra vez: Amu y.
ORELHA Namy, Namby. Outra banda: Suaia, Amu-suindape.
ORELHA-DE-PAU Umpé. OUVIDO Iapysá, Auíca. Ouvidos: Iapysá
ORELHUDO Namyuasu, Namyuara; (de ouvi- cuara. Ouvido da agulha: Auí auíca, Auí-
do muito bom) Iapysá. -yapysaca.
ÓRFÃO (de pai) Páiayma; (de mãe) Máiayma; OUVIDOR [funcionário] Mira-recuarasu;
(de ambos) Páiaitá-yma. [quem ouve] Iapysácasára.
ORGANIZAR Munhan, Muacare, Mungaturu. OUVINTE Iapysácauára.
V Fazer, enfileirar e comp. OUVIR Iapysaca; Cendu. V Entender e comp.
ORGULHO Iauetésáua. Fazer ou ser ouvido: Muiapysaca.
ORGULHOSO Iaueté. O orgulhoso: Iauetéua. OVA Pirá supiá irem.
OVADO

OVADO Supiá-pora. OVIFORME Supiá iaué, Supiá nungara.


OVÁRIOSupiá ireru. ovo Supiá, Rupiá. Ovo de galinha: Sapucaia
OVELHA Soomé, Somé. supiá.
PÁ (para revolver a farinha de mandioca no PACTUADOR Satambyca munguitására, Catu
forno) Turuyua. munguitására.
PABULAGEM Uarixiyua, Poité. PACTUANTE Satambyca munguitáuára, Ca-
PÁBULO [fanfarrão] Uarixiuá. tu munguitáuára. Pactuante pouco certo:
PACA Paca. Satambyca munguitáuéra; Catu mungui-
PACARÁ Pacará. táuéra.
PACATEZ Meué-rupisaua. PACTUAR (firmar o pacto) Munguitá satam-
PACHOLA Panema, Taité. byca; (acordar as condições) Munguitá catu.
PACHORRENTO Meué-rupiuara. PACU Pacu; Pacu-aru. Pacu grande: Pacu-asu.
PACIÊNCIA Poraresaua. Pacu chato: Pacu-pema. Pacu liso: Pacu-péua.
PACIENTE Porareuara. Pacu pintado: Pacu-pinima. Pacu vermelho:
PACIFICAÇÃO Mucatusaua. Lugar da pa- Pacu-piranga. Pacu preto: Pacu-pixuna. Pacu
ciência: Mucatutaua. Causa da paciência: branco: Pacu-tinga. Pacu pequeno: Pacu-mirl.
Mucatuyua. PADECEDOR Porarására.
PACIFICADOR Mucatusara. PADECENTE Poraráuára.
PACIFICANTE Mucatuuara. PADECER Porará. Fazer ou ser feito padecer:
PACIFICAR Mucatu. Pacificar-se: Iumucatu. Muporará. A causa de padecer: Porará-yua.
PACIFICÁVEL Mucatuuera, Mucatutéua. PADECIMENTO Porarásáua.
PACÍFICO Catuauá. PADRASTO Paia-munhãngara.
PAÇOCA Posoca (comida amassada com a PADRE Paí, Pay.
mão). PADRINHO Paiangaua.
PACOVA Pacoa, Pacoasu (bananeiras); Pacoa PADU Ipanu [ipadu?].
sororoca; Pacoa catinga. PAGA Cecuiara, Murepiua.
PACÓVIO Iacúayma. PAGADOR Cecuiara meengara, Murepísára.
PACTUAÇÃO Satambyca munguitásáua, Catu PAGADORIA Murepi-rendaua, Cecuiara meen-
munguitásáua. taua.
PACTUADO Satambyca munguitá, Catu mun- PAGANTE Cecuiara meengara, Murepíuára.
guitá. PAGÃO Museruca-yma; Reráyma.
PAGAR

PAGAR Meen cecuiara, Murepi, Meen cepi. Pisaua, Pupunha, Tapauá, Tucii, Tucumã,
PAI Paia (corrupção de pai). A forma Tucumai, Uaiará, Uauású, Urucuri, Yacy-
nheengatu parece ter sido Tyua, Ryua, tara, Yuacaua, Yuacauai.
Cyua, de onde se teria formado o Tubá, PALMILHAR Só py rupi.
Rubá da pronúncia portuguesa do Tupi da PALMO Pô pucu; (medida) Pô rangaua.
costa. Há uns trinta e tantos anos, quando PALPADELA Popecicasaua. V. Apalpar e comp.
comecei estas notas, encontrei em fonte boa PÁLPEBRA Cesá pirera, Cesá pepu.
uma velha tradução do Padre Nosso, usa- PALPITAÇÃO Titicasaua, Tucá-tucásáua.
da correntemente, em que vinha Iané rubá, PALPITANTE Titicauara, Tucá-tucáuára.
e Couto de Magalhães dá Rubá. M. Costa PALPITAR (quando quase normal) Titica; (se
Aguiar, que publicou o que lhe deram em forte) Tucá-tucá.
São Paulo de Olivença (1898), traduz Iané PALPITE (jig.) Maitésáua.
paia. O mesmo fez M. Frederico Costa PALUSTRE Tyiucauara.
(1909), que escreveu no rio Negro. Tastevin PAMONHA Pamonha.
(1910) escreve Paya. PANACU Panacii. V. Paneiro.
PAIXÃO Sacísáua. PANARÍCIO Pôampé-pungá.
PAIZINHO Paíca (R. Negro). PANÇA Marica-uasu.
PAJÉ Paié. PANCADA Nupaua.
PAJESAGEM [pajelança] Paiésáua. PANCADARIA Nupá-nupásáua.
PAJAMARIOBA Paiémaryua. PANDULINUS CHRYSOCEFALUS [casta de rou-
PAJURÁ Paiurá. xinol] Tenten.
PALÁCIO Ocasu. PANEIRO Panacii, Uaturá, Urasucanga, Iama-
PALAMEDEA CORNUTA [alicorne] Camitaú, si. (para farinha) Ui-ireru; (com tampa em
Cauitaú. forma de baú) Pacará; (em forma de cone)
PALAVRA Nheenga, Yisaua (Martius). Coromondó; (bojudo e geralmente não mui-
PALAVREADO Iurucoeré, Nheen-nheenga- to grande) Uru; pequeno paneiro destinado a
rana. trazer os petrechos do pescador) Picuá; (o do
PALHA Pinaua, Sapé, Pindaua. caçador) Matiri (nome este que também se
PALHAÇADA Mupucá-saua. dá a qualquer sacola que o substitua).
PALHAÇO Mupucá-sara. PANELA (larga, baixa e bojuda) Iapepu; (lar-
PALHAL Pindaua-tyua. ga em forma de alguidar) Nhaeen, Nhaen;
PALHETA (para lançar a flecha: estole- (a que traz tampa) Nhaen pupu; (de ferro)
ca) Uéyua peteca. Itanhaen (mas já em muitos lugares, espe-
PALHOÇA Teiúpáua. cialmente se se trata de panela de ferro com-
PALIDEZ Suayua. prada na loja, se ouve dizer Panera).
PÁLIDO Suayu, Iyuá (amarelo). PANIEL [retrato; painel?] (em geral) Mbaé-
PALMA (da mão) Pô pytera. Bater palmas: rangaua; (se é de gente) Mirarangaua.
Pocema. PANEMA Panema.
PALMADA Popetécasáua. Dar palmadas: Po- PANO Sútiro, Pana; (de linho) Sútiro suaiaua-
peteca. Quem dá palmadas: Popetecasara. ra; (de algodão) Sútiro amaniu suaiuara,
Quem as recebe: Popetecatéua. Se são mui- Mericana; (grosso) Mericana uasu; (fino)
tas: Popetecapora. Aquilo com que se dá: Mericana pui; (retalho) Sútiro pysáuéra;
Popetecauara. (peça) Sútiro pecoara.
PALMEIRA Pindaua, Pindauayua (pindoba). PÃO Miapé (nome de um bolo de mandioca).
Ainda aqui se usa sempre o nome específi- PAPA (rala, de farinha cozida ou qualquer ou-
co e então se tem: Asaí, Caranã, Caranai, tra coisa como bananas, batatas) Mingaua,
Curuá, Iará, Iará-ucu, Iará-una, Iatá, lata, Mimoingaua; (de tapioca): Tacacá; (de mi-
Iauary, Ieriuá, Inaiá, lnaiai, Iu, Iupati, lho verde) Caangica; (espessa de farinha se-
!usara, Maraiá, Maraiá piranga, Mbusu, ca) Pirau.
Mumbaia, Murumuru, Myriti, Patauá, PAPA-ARROZ Pipira.
PASSEADO

PAPAGAIO Paraoá, Curica, Ué, Paraoá-asu, PARIDEIRA Embyrareuera.


Maitaca, Uanacã, Iuru, Iuru-apara, Iuru-asu, PARIR Embyrare. Fazer parir: Muembyrare,
Iuruá. Membyrare.
PAPA-MEL Irara. PARINARI Parinari.
PAPA-ovos' Supiáusára. PARNAÍBA Parnayua.
PAPA-ovos' (casta de sáurio) Iacuruaru. PARRA TASEMA (jaçanã) Uapé, Piasoca, Iasanã.
PAPA-ovos' (casta de cobra) Caninana. PARTE Pysáuéra, Suaxara; Cerna; Putaua. A
PAPEL Papera. mor parte: Pysáuéra turusu pire. A outra par-
PÁPULA Pungai. te: Amu pysáuéra. Da outra parte se respon-
PAQUETE Maracati. deu: Amu suaxara suí onheen. A gente divi-
PAQUINHA (grilo-taipa) Tatu!. diu-se em duas partes: Mira oiu-musupyte-
PARA Kiti, Supé, Recé, Arama, Pé. Para lon- ra mocoin cerna. De uma parte ficaram os
ge: Ape-catu kiti. Para a gente: Mira supé. bons, da outra os maus: Iepé suaxara opytá
Prepara para mim: Remungaturu cé su- mira catu, amu suaxara mira puxi. Minha
pé, ou cé arama. Deixa vir as crianças pa- parte: Cé putaua.
ra mim: Rexiare curumitã ouri cé kiti, ou cé PARTEIRA Membyraresara, Muembyraresa-
recé. Para cima: Apirpe. Para baixo: Euirpe. ra. Pira-piraresara.
Para nada: Ti arama. PARTEJAMENTO Pira-piraresaua.
PARACAÚBA Paracayua. PARTEJANTE Pira-pirareuara.
PARACUUBA Paracuyua. PARTEJAR Pira-pirare.
PARADA Mytásáua. PARTIÇÃO Iumusaua, Musupyterasaua.
PARADEIRO Mytátáua. PARTICIPAÇÃO Mumaranduua-saua.
PARADO Mytuu, Pytuu. Rio parado: Paranã PARTICIPADOR Mumaranduua-sara.
pirantãyma. PARTICIPANTE Mumaranduua-uara.
PARADOR Mytására, Mytáuéra. PARTICIPAR Mumaranduua.
PARAENSE Parauara. PARTIDOR Musupyterasara, Iumuisara; Pu-
PARANAENSE Paranauara. taua meengara.
PARAÍBA Parayua. PARTILHA Putaua meengaua; (a parte que to-
PARAIBANO Parayuauara. ca) Putaua.
PARANTE Mytáuára. PARTIR (dividir) Iumui, Musupytera; (jazer
PARAPEITO Muantásáua. O que serve de partilhas) Meen putaua.
parapeito: Muantáuára. PARTO (com referência à parturiente) Emby-
PARAR Mytá, Pytá, Pytu. Fazer parar: rasaua; (com referência à parteira) Muemby-
Mumytá. Parar do rio: Paranã inti oiké, rasaua, Membyrasaua.
Opytánhun. PARVO Cuaua, Iacuayma.
PARCEIRO Imumuara, Amuara. PASMADO Iuruiai.
PARCELA Cemirera, Remirera. PASMAR Oicô iuruiai.
PARDO Tapaiuna-rana, Ceramé-una. PASSADO Sasaua; (tempo que foi) Cuera,
PARECIDO (meu parecido) Cé nungara; (teu Cuecé; (remoto) Cocy-yma, Cuecéyma.
parecido) Né nungara; (seu parecido), I nun- PASSADOR Sasausara.
gara etc. PASSAGEM Sasausaua. Lugar de passagem:
PARECER Maité. V. Pensar e comp. Sasautyua.
PAREDE Rupitá, Oca rupitá (=da casa). PASSANTE Sasauara; (que passa frequente-
PARENTE Anama. mente) Sasauera.
PARENTELA Anamaitá. Toda a parentela o PASSAR Sasau. Fazer ou ser feito passar:
acompanhou: Anamaitá opaua osó iepé asu Musasau.
aé irumo. PASSARINHO Uirá-miri.
PARENTESCO Anamasaua. PÁSSARO Uirá.
PARICATUBA Paricatyua. PÁSSARO-PRETO Uirá-una.
PARIDO, PARIDA Embyrarecuera. V. Nascer. PASSEADO Uataua.
PASSEADOR

PASSEADOR Uatására. PAU-MULATO Muratu-yua; Myrá-piroca.


PASSEADOURO Uatátáua. PAU-PEDRA (itaúba) Itá-yua.
PASSEANTE Uatáuára, Uatáuéra (passeadeiro ). PAVÃOZINHO Uirá-membeca, Iukiry.
PASSEAR Uatá. Passear sem destino: Uatá-uatá. PAVOR Iauaetésáua.
PASSEATA Uatásáua. PAVOROSO Iauaetéuára.
PASSIFLORA Maracuyá. PAXIÚBA Paxyua.
PASTO Mbaúsáua. PAZ Catusaua.
PASTOR Manhanasara. Pastor de gente: Mira- PÉ Py. Pé torto: Py apara. Pé dormente: Py icieí.
manhanasara. PEÃO [que vai por terra] Yuy-rupiuara, Py-
PASTOREAMENTO Manhanasaua. rupiuara.
PASTOREAR Manhana. Fazer ou ser feito pas- PEBA Tatu-péua.
torear: Mumanhana. PEÇA Pecoara. Peça de pano: Pana ou Sútiro
PATA (as dianteiras) Pô; (as traseiras) Py. pecoara.
PATADA Pônupásáua, Pynupásáua. Dar com PECADO Tecô iauísaua, Tupana tecô an-
as patas: Ponupá, Pynupá. gaiaua. Mortal: Tupana tecô angaipaua asu;
PATAUÁ [palmeira] Patauá. Uatárisáua.
PATAUAZEIRO Patauayua. PECADOR Tecô iauísara. Pecado costumeiro:
PATENTEAÇÃO Mucameêngaua. Tecô iauíuera; Tecô ayua pora; Uatárisára.
PATENTEADOR Mucameêngara. PECAR Iauí tecô, ou melhor, Iauí tupana te-
PATENTEAR Mucameên. Patentear-se: Iumu- cô; Uatári.
cameên; Iucuaocári. PECÍOLO (da fruta) Yá ierisaua, Yarisaua; (da
PÁTIO Oca-rocara. folha) Cáá ierisaua; (da folha de palmeira)
PATINHO Ipecai. Cupé-cáá.
PATO Ipeca, Urumã. PEDAÇO Pysáuéra, Curera, Pysancuera, Pu-
PÁTRIA Tetama. taua.
PATRÍCIO Tetamauara. PEDIDO Iururéua.
PATRIMÔNIO Maauetá, Maauitá, Umaitá. PEDIDOR Iururéusára.
PAU Myrá, Muyrá, Yua; (quando é uma vara) PEDIMENTO Iururéusáua; Iumuésáua.
Mará; (quando se refere a alguma coisa como PEDINCHÃO Iururéuéra, Iumuéuéra.
uma bengala) Myraracanga; (quando corta- PEDINTE Iururéuára, Iumuéuára.
do para o fogo) Iepeá. PEDIR Iururéu, Iumué. Fazer pedir: Muiu-
PAU-BRASIL Myrá-tuíra [=pau roxo]. mué.
PAU-BRANCO Myrá-tinga. PEDRA Itá. Pedra alta: Itá-pueté. Pedra áspe-
PAU-CANELA Myrá-ceen [=pau doce]. ra: Itátambé, Itambé. Pedra amarela (ouro):
PAU-CATINGA Myrá-catinga. Itátauá, Itáuá (itajubá). Pedra boa: Itá-catu.
PAU-CRAVO Myrá-kinha. Pedra bonita: Itá-poran, Itá-poranga. Pedra
PAU-D' ARCO Myrá-parayua. branca: Itátínga. Pedra chata: Itápéma.
PAU-DE-BREU Myrá-icyca. Pedra comprida: Itá-pucu. Pedra da funda:
PAU-DE-CANOA Yara-myrá. Itá-ueué. Pedra de amolar: Itáki; (a roda da
PAU-DE-EMBIRA Embyra-yua. pedra de amolar) Itá-uauaca. Pedra de cima,
PAU-[DE-]FORMIGA [taxizeiro] Taxiyua. do monte [de amonte]: Itá-apira. Pedra del-
PAU-DE-LÁGRIMA Myrá-iju. gada: Itá-pui. Pedra de valor: Itá-cepíasú.
PAU-DE-JANGADA (molongó) Marongau, Ma- Pedra do fundo: Itáptpe. Pedra doce: Itá-
rongo. ceên. Pedra do pescoço: Itá-tuixaua. Pedra
PAU-DE-MACACO (macacaúba) Macaca-yua. dos lábios: Itá-tembé, Tembétára, Tem-
PAU-FERRO ltá-yua. betá. Pedra dura: Itá-santá. Pedra esmiuça-
PAU-FURADO Myrá-uoca. da: Itapá-curui. Pedra lavrada: Itá-iupana.
PAULINIA SORBILIS [guaraná] Yuaranã, Uaranã. Pedra levantada: Itá-puamo. Pedra leve: Itá-
PAU-MARFIM Myrá-parayua. pucéyma. Pedra lisa: Itápéua. Pedra miú-
PAU-MERDA Myra-inema [=pau fedido]. da: Itá-puíra. Pedra mole: Itápenéma. Pedra
PENEIRADOURO

pesada: Itá-pucé. Pedra pintada: Itá-pinima. PEJADA Ipuruã.


Pedra preciosa: Itá-cepi. Pedra rachada: Itá- PEJADOR Ipuruãngara.
caryca. Pedra riscada: Itá-coatiara. Pedra PEJAMENTO Ipuruãngaua.
ruim: Itá-ayua. Pedra salgada: Itá-iukyra. PEJAR (tornar pejada) Mupuruã; (ficar peja-
PEDRA-POMES Itá-uyuyra. da) Puruã.
PEDRARIA Itá-ceía. PEJO Ut!nsaua.
PEDRA-UME Itaen. PEJORAR [piorar] (tornar pior) Munhã
PEDRA-UME-CAÁ Itaen-caá. puxi pire; (ficar pior) Pitá puxi pire;
PEDREGOSO Itá-pora. Mupuxitenhen.
PEDREGULHO Itá-rupiara; Ital. PELADO Piroca; Auayma, Sauayma, Rauayma.
PEDREIRA Itatyua, Itarendaua. Terra pelada: Yuyapina, Ibiapina, Piroca.
PEDREIRO Oca-munhãngara. Pedra pelada: Itapiroca.
PEDRÊS Pinima, Sororoca. PELADOR [que tira pelo] Pirocasara; [que tira
PEGADA Pypora, Pycendaua, Py-rangaua. pele] Pirera iuucasara.
PEGADIÇO Pici-picicauera. PELADOURO Pirera iuucasaua.
PEGADO Picicauá, Picicana. PELADURA Pirocasaua.
PEGADOR Picicasara. PELANCA (peitos flácidos) Camby pirera.
PEGADOURO Picicarendaua. PELANTE Pirocauara.
PEGAJOSO Icyca. PELAR [tirar pelo] Mupiroca, Sauoca; (tirar a
PEGAMENTO Picicasaua. pele) Iuuca pirera.
PEGANTE Picicauara. PELÁVEL Pirocauera.
PEGAR Picica. Pegar com a mão: Popicica. PELE Pirera.
Pegrar de leve: Pipicica. Pegar repetidamen- PELEJA Iacáosáua. O campo da peleja: Iacao-
te: Pici-picica. Pegar de surpresa: Pucasu. taua.
PEGÁVEL Picicatéua. PELEJADOR Iacaosara.
PEGO Paranã piterupe, Paranã rupiara. PELEJANTE Iacaouara.
PEIDADOR Pinusara. PELEJAR Iacao. Pelejar-se: Iuiacao.
PEIDANTE Pinuuara, Pinuuera. PELEJÁVEL Iacaouera.
PEIDAR Pinu. PELO' Saua, Raua; (do corpo) Pecanga; (dos
PEIDO Pinu, Pinua. olhos, sobrancelhas) Cesá pecanga.
PEITO Putiá, Potiá; (da mulher) Camby; (do PEL02, PELA Rupi, Suí, Ramé. Pelo cami-
pé) Py-cupé, Py-copi. nho direito: Pé satambyca rupi. Pelo amor
PEIXE Pirá. Espinha de peixe: Pirá-kiroa. de Deus: Tupana xaisusaua suí. Pela noite
Peixe gostoso: Pirá-pitinga. Isca para peixe: adiante: Pisaiéua ramé.
Pirá-mutaua. Peixe seco: Piraen. PELUDO Saua-manha.
PEIXE-ARANHA Pirá-iandu. PENA' (a que é origem da dor) Saciyua; (a que
PEIXE-BOI Pirá-iauara. é infligida) Putaua. A pena do pecado: Tecô
PEIXE-BEIJU Pirá-meiú [beijupirá]. iauí putaua.
PEIXE-CACHORRO (o boto vermelho) Pirá- PENA' Saua, Raua; Uirá-saua (quando é ne-
iauara. cessário precisar pela dúvida, que pode tra-
PEIXE-CÃO Pirá-uauá. zer Saua por indicar indistintamente, pelo,
PEIXE-CHATO Pirá-péua. pena, cabelo, raio; e então Pepu-saua, se se
PEIXE-COMPRIDO Pirá-pucu. trata de penas das asas, e Raua-saua, se das
PEIXE-LENHA Pirá-iepeá. da cauda).
PEIXE-LIXA Pirá-curuca. PENDURAR Muticu. V. Dependurar.
PEIXE-DENTE Piranha. PENEDO Itá-uasu; Itá-iaueté.
PEIXE-DOURADO Pirá-puton. PENEIRA Urupema, Cumatá.
PEIXE-RONCADOR Cuiúcuiú. PENEIRAÇÃO Muuoau-paua.
PEIXE-TAPIOCA Pirá-typyaca. PENEIRADO Muuoaua.
PEIXE-VOADOR Pirá-ueué. PENEIRADOURO Muooau-rendaua.
PENEIRADOR

PENEIRADOR Muuoausara. PERAU Paranã-typysaua.


PENEIRANTE Muuoauara. PERCEBER Cendu. Fazer perceber: Mucendu,
PENEIRAR Muooau, Muoau. Mucameen, Mucuao. V Entender, Mostrar e
PENEIRÁVEL Muuoauera. comp.
PENETRAÇÃO Uikésáua. PERCEVEJO Taminoá, Taminoi.
PENETRADOR Uikésára. PERCORRER Uatá-yuy-rupi.
PENETRANTE Uikéuára. PERCUSSÃO Mutacasaua, Cotucasaua, Nupá-
PENETRAR Uiké. Fazer ou ser feito penetrar: sáua.
Muiké. PERCUSSOR Mutacasara, Cotucasara, Nupá-
PENHA Itá-turusu. sára.
PENHASCOS DE FORMA ARREDONDADA Itá- PERCUTIR Mutaca, Cotuca, Nupá.
uaturá. PERDA Canhemosaua.
PENÍNSULA Arapecuma. PERDÃO Nhoirõngaua; Ierõngaua.
PENINSULAR Ara-pecumauara. De forma pe- PERDEDOR Canhemosara.
ninsular: Ara-pecuma iaué. PERDENTE Canhemouara.
PENSADA [subs.] Maitéua. PERDER Canhemo. Perder-se: Iucanhemo.
PENSADAMENTE Maité-rupi. Fazer ou ser feito perder: Mucanhemo.
PENSADOR Maitésára. PERDIÇÃO Canhemotaua.
PENSAMENTO Maitésáua. PERDIDO Canhemoana.
PENSANTE Maitéuára. PERDIDIÇO Canhemotéua.
PENSAR Maité. Pensar-se: Ruuiare. Fazer PERDIZ Uru.
ou ser feito pensar: Mumaité. Pensar mal: PERDOADOR Nhoirõngara.
Maité-puxi. Pensar bem: Maité-puranga. PERDOAR Nhoirõn, Nherõn, Ierõn. Perdoar-se:
PENSOSO Maitéuéra. Iunhoirõn. Fazer perdoar: Munhoirõn.
PENTE Kiaua. Pente sujo, piolhento: Kiuaua. PEREBA Peréua.
PENTE-DE-MACACO (casta de leguminosa) PERECER Manó. V Morrer e comp.
Coxiú-kiuaua; (casta de bignoniácea) Anhan- PEREGRINO Uatá-uatáuára.
ga kiuaua. PEREGRINAR Uatá-uatá.
PENTEADO Iacapyca, Parauacá. PERENE Opaua-yma.
PENTEADOURO Iacapyca-tendaua, Iacapyca- PERENEMENTE Opaua-yma-rupi.
sara-oca. PERERECA Perereca.
PENTEADOR Iacapycasara. PERFAZER Mungaturu, Muterecemo. V Apron-
PENTEANTE Iacapycauara. tar, Completar e comp.
PENTEAR Iacapyca. Pentear-se: Iuiacapyca. PERFEIÇÃO Puranga-mungaturusaua.
PENTEÁVEL Iacapycauera. PERFEIÇOADOR Puranga-mungaturusara.
PENTELHO Racuá, Sacuá, Tacuá. PERFEIÇOAR Mungaturu-puranga.
PENUGEM Sauiiu; Yuy-rupisaua. PERFÍDIA Ecopésáua.
PEQUENEZ Mirisaua, Cuairapaua. PÉRFIDO Ecopé.
PEQUENINO Mirixinga, Cuaíraxínga, Kerisu. PERFIL Itá-anga.
PEQUENÍSSIMO Mirieté, Cuaíreté, Iatu- PERFUMADO Cetuna, Sakena.
caeté. PERFUMADOR Musakenasara.
PEQUENO (no tamanho) Miri; (em grossura) PERFUMADURA Musakenasaua.
Cuaíra; (em altura) Iatuca; (mais peque- PERFUMANTE Musakenauara.
no) Miripire. i e y (sufixos) indicam dimi- PERFUMAR Musakena. Perfumar-se: Iumusa-
nuição: Tamandoá, Tamandoay; Mamoriá, kena.
Mamoriai; Tatu, Tatu! etc. PERFUME Sakenaua, Putyra-sakena, Sake-
PEQUERRUCHO Tainha, Cunhantain, Curumi- nayua.
miri. PERFUMISTA Sakena-munhãngara.
PER [por] Suí, Rupi. Perante mim: Cé tenon- PERFURAÇÃO Ipecoingaua.
dé rupi. Pelo que dizes: Renheen suí. PERFURADOR Ipecoingara.
PESCAR

PERFURAR Ipecoin, Ipecoên. PERTENCENTE Receuara. Pertencente a al-


PERGUNTA Porandusaua. guém: Mira receuara. Pertencente à realida-
PERGUNTADO Poranduá. de: Aetéuára.
PERGUNTADOR Porandusara. PERTENCER Iara, Uara (este último como sufixo
PERGUNTANTE Poranduuara. quando indica relação de pertença). Este ca-
PERGUNTÃO Poranduera. chorro me pertence: Cuá iauara icé iara.
PERGUNTAR Porandu. Perguntar-se: Iuporan- PERTO Ruake, Suake. Bem perto: Ruake ca-
du. Fazer perguntar: Mupurandu. Pergun- tu. De perto: Ruake kiti, Ruake suí. Que es-
tar com autoridade: Poranducári, Nheênreu, tá perto: Ruakeuara. Aqui perto: Cuá ruake,
Iunheenreu. Iké nhunto. Mais perto: Ruake pire.
PERGUNTÁVEL Porandutéua. PERTURBAÇÃO Canhemosaua, Patucasaua.
PERIGO Iauaétésáua. PERTURBADOR Canhemosara, Patucasara.
PERIGOSO Iauaeté. PERTURBANTE Canhemouara, Patucauara.
PERIQUITO Perikita, Paraoari, Cataca, Curi- PERTURBAR Canhemo, Patuca. Perturbar-se:
cuiári, Cuxui, Tui, Aiurui, Kéri-kéri, Tauá- Iucanhemo, Iupatuca.
tauá, Auapurá, Keperu, Aiur!. PERTURBÁVEL Canhemouera, Patucauera.
PERITO Iucuaouá. PERVERSÃO Muayuaetesaua.
PERMISSÃO Xiárisáua. PERVERSIDADE Ayuaetesaua.
PERMISSOR Xiárisára. PERVERSO Ayuaeté.
PERMITENTE Xiáriuára. PERVERTEDOR Muayuaetésára.
PERMITIR Xiári, Xiare. Não permitir que o PERVERTEDOURO Muayuaetétyua.
diabo se introduza entre nós: Inti oxiare iu- PERVERTENTE Muayuaetéuára.
rupary oiumuiké iané piterupe uá. PERVERTER Muayuaeté. Perverter-se: Iumu-
PERMUTA Recuiara, Cecuiara. ayuaeté.
PERMUTAR Munhã-recuiara. PERVERTEDIÇO Muayuaetétéua.
PERNA Retimã, Cetimã. Perna torta: Retimã PERVERTIDO Muayuaeté.
apara. Perna curta: Retimã iatuca. Perna li- PERVERTÍVEL Muayauetéuára.
geira: Retimã iaté. PESADA [ato de pesar] Pucéua; (o que se pe-
PERNADA (da árvore que esgalha) Myrá-uaca. sa) Mupucéua.
PERNETA Retimã-iatuca. PESADELO Kérepi-ayua, Ker'pi-ayua.
PERNILONGO Carapanã-retimã-pucu. PESADO Pucé.
PERNOITAR Pitá-pituna-rupi. PESADOR Mupucésára.
PEROBA Perouyá. PESADOURO Mupucétáua.
PERPENDICULAR Satambyca. PESAMENTO Mupucésáua.
PERPETUAÇÃO Umpau-ymasaua. PESANTE Pucé. Que pesa: Mupucéuára.
PERPETUADOR Umpau-ymasara. PESAR Mupucé. Pesar-se: Iumupucé.
PERPETUANTE Umpau-ymauara. PESÁVEL Mupucéuéra.
PERPETUAR Mpau-yma. Perpetuar-se: Iumpau- PESCA Piracasaua, Piramunhãngaua. Pesca
yma. de anzol: Pináitycasáua. Pesca de fachos:
PERSEGUIÇÃO Coerésáua. Pirakyra. Pesca de rede: Pusáitycasáua. Pesca
PERSEGUIDOR Coerésára. de timbó: Timbóitycasáua. Pesca de pari:
PERSEGUIR Coeré. Perseguir a caça: Só soó Parytycasaua. Pesca de batição: Ceripaua,
casakire. Paranã petecasaua, Moponga (Pará).
PERSIGNAR Munhã-curusá-rangaua. Persig- PESCADA Uatucupá.
nar-se: Iu-munhã-curusá-rangaua. PESCADOR Piracasara, Piramunhãngara,
PERSPICAZ Iacua. Pináitycasára, Timbóitycasara, Paritycasara,
PERSUASÃO Catu-nheêngaua. Paranã-petecasara, Mupongasara. V Pesca.
PERSUADENTE Catu-nheêngara. PESCAR Piraca, Piramunhã (que indicam
PERSUADIDO Catu-nheên. qualquer gênero de pescaria sem especificar).
PERSUADIR Nheên-catu. Pescar de anzol: Pináitfca. Pescar de rede:
PESCOÇO

Pusáitfca. Pescar de pari: Paryityca. Pescar de PICADA Cutucasaua, Pingaua, Iekysaua.


timbó: Tymbóitfca. Pescar de batição: Peteca PICANTE Cutucauara, Iékyuára, Pingara.
paranã. Pescar de zagaia: Iantii-ityca. Pescar PICA-PAU Arapasó, Pecu, Ipecu, Ipecui e
de arpéu: Xapuityca. Pescar de arpão: Iaty- Ipecu-tauá, Pecu-piranga, Ipecu-pinima,
caityca. Ipecu -tapyia, Ipecu-inema.
PESCOÇO Iaiurá, Aiurá. PICAR Cutuca, Iatyca. Picar de insetos !fer-
PESCOÇUDO Aiurará, Aiuráuára. roando): Pin; !ferroando e ardendo) Iéky;
PESO Pucéua. !ferroando e agradando) Sorysoca. Picar-se:
PESPEGAR (lançar, jogar) Mburé; (bater) Iucutuca.
Peteca. PICO Yuytera-ti (=nariz da serra).
PESQUEIRO Piracuara, Piratyua, Piraypaua. PIEDADE Morasuyua.
PESQUISA Nheréusáua. PIEDOSO Morasuara.
PESQUISADOR Nheréusára. PÍFANO Memby.
PESQUISANTE Nheréuára. PIGMEU Mirairi.
PESQUISAR Nheréu. PILADO Sosocaua.
PESQUISÁVEL Nheréuéra. PILADOR Sosocasara.
PÉSSIMO Ayuaetéána. PILANTE Sosocauara; (o que serve para pilar,
PESSOA Mira, Tenhe. Ele foi em pessoa: Aé mão-de-pilão): Indoá-mena, Indoai-mena.
osó i tenhe. Eu em pessoa pedi para passar: PILÃO Indoá; (quando mais pequeno, gral)
Ixe tenhe xá iururéu xasasau arama. Não Indoai.
encontrou pessoa alguma: Inti uacemo mira. PILAR Sosoca.
As pessoas de casa contaram o que se passou: PILHAGEM Mundásáua.
Mira ocapora onheen má oicoana. PILHANTE Mundáuára.
PESTANAS Cesá-raua, Cesá-rerupeaua. PILHAR Mundá.
PESTANEJANTE Cesá-pirapiraresara. PILÍFERO Sauapora. Rauapora.
PESTANEJAR Pirapirare-cesá. PILOSO Saua-manha, Raua-manha,
PESTANEJO Cesá-pirapiraresaua. PILOTO Iacumã-yua, Iacumã-iara.
PESTE Macíuasú, Maciayua, Macipaua. PIMELODÍDEO (peixes de pele) Mandyi, Pira-
PESTILENTO Macíuasú-uara. nambu, Mandué, Piracatinga.
PETA Poité. PIMENTA Kinha. A maior: Kinhausu. Pimenta
PÉTALA Potyra-raua. comprida: Muruaru; Pimenta e farinha (ma-
PETALIA RESINIFERA Ananayua, Uananay. talotagem de viagem): Cuiceen. Pimenta em
PETAR Munhã-poité. V. Mentir e comp. molho de peixe: Kinha-pirá. Pimenta re-
PETISCADOR Upytingasara. donda: Kinha-poãn. Pimenta seca em sal:
PETISCAMENTO Upytingasaua. Iukitaia. Pimenta vermelha grande: Muacara.
PETISCAR Upytinga. PIMENTA-DE-CHEIRO Cumari.
PETISCO Pytinga. PIMENTA-DOCE Kinhausu-ceen.
PETRECHOS (de caçador) Matiripora; (de pes- PIMENTA-DO-REINO Kinha-suaiauara.
cador) Picuápóra. PIMENTA-MALAGUETA Kinha-auy. Pimenta-
PEVIDE Sainha, Sainha-miri. -malagueta seca: Kinhaxi;
PIA [batismal] Tupana-y-ireru. PIMENTEIRA Kinhayua, Cumariyua etc.
PIABA Piau, Piaua. PINCEL Taipi (do nome da erva com que éfei-
PIAÇABA Piasaua. to o que serve para caiar as casas de taipa);
PIAÇABAL Piasautyua. Pinimayua.
PIAÇABEIRA Piasauayua. PINDAÍBA (a cana de pescar) Pindayua.
PIAÇOCA Piasoca, Uapé, Iasanã (sinônimos). Daí a triste condição do pescador que fi-
PIADO Tixiricaua. ca só com ela, perdidos linha e anzol, o que
PIADOR Tixiricauara. deu lugar a frase vulgar: "Ficar na pindaí-
PIAMENTO Tixiricasaua. bà': Opitá nhun pindayua irumo.
PIAR Tixirica. PINDOBA Pindaua.
POBRE

PINGA Tykyua. mão: Posoca. Pisar-se: Iupyru. Fazer ou ser


PINGADO Tykyra. feito pisar: Mupyru.
PINGADOURO Tykytyua. PISCADELA Sapumísáua.
PINGANTE Tykyrauara. PISCADOR Sapumísára.
PINGAR Tyky. PISCANTE Sapumíuára.
PINGENTES (das orelhas) Namipora. PISCAR Sapumi.
PINGUELA Sasausaua. PISCÍCULO Piaua, Piauai, Piaui.
PINHA Aracaty. PISCIFORME Pirá-nungara, Pirá-iaué.
PINHAL Aracatytyua. PISCÍVEL Pirá-usara.
PINHÃO Iatimboca. PISCOSO Pirapora.
PINTAR Pinima. Pintar-se: Iupinima. Pintar PISO Mytá, Mutá, Py-mytá.
de branco: Mumurutinga. Pintar de amare- PISTILO Putyra-ipora-miritá.
lo: Mutauá. Pintar de vermelho: Mupiranga. PITADA Pytyma-usaua.
Pintar de verde: Muiakyra. Pintar de azul: PITADOR Pytyma-usara.
Musukyra. Pintar de roxo: Mutuíra. PITANGATUBA Pitangatyua.
PINTO Uirá-piroca, Uirá-tainha, Uirá-iakyra. PITANGUEIRA Pitangayua.
PINTOR Pinimasara. PITAR Pytyma.
PINTURA Pinimasaua. PITUBA Pitua.
PIOLHO Kiyua. Piolho de cachorro: Kiyuarana. PIUM Piu.
PIONIA [Pionus; maitaca] Paraoai. V Periquito. PIÚVA Ipyyua.
PIOR Puxi pire, Ayua pire. Cada vez pior: PLACAR [aplacar] Muceen. V. Aplacar e
Iaué ayua tenhe. comp.
PIPA (sapo) Cururu. PLAINA Mupemauara.
PIPIRA Pipira. PLAINAÇÃO Mupemasaua.
PIQUENIQUE Maá-uasu (Solimões). PLAINADEIRO Mupemasara.
PIQUIÁ Pikyá. PLAINAR Mupemasara.
PIRA (sarna) Pyra. PLANALTO Arasátyua.
PIRAÍBA Pirayua. PLANETA Yacy-tatá-uasu.
PIRAMUTABA Piramutaua. PLANÍCIE Yuy-pema-tyua, Arapema.
PIRANDUBA Pirandyua. PLANO Satambyca, Ipema.
PIRANHAÚBA Piranhayua. PLANTA (quando árvore) Yua; (quando erva)
PIRAQUERA Pirakyra. Cáá. O que é plantado e é destinado a ser-
PIRARARA Piraram. vir de comida: Remitéua. Planta dos pés: Py-
PIRARARA-PRETA Pacamu. pytera.
PIRENTO Puru-puruara. PLANTAÇÃO Iutimasaua.
PIRIRICAR Piryryca. PLANTADO Iutimana, Iutimaua.
PIRITA (de ferro) Maracacheta. PLANTADOR Iutimasara.
PIRÓFERO [vagai um e] Tatá-ireruara. PLANTADOURO Iutimatyua.
PISADA Pypora, Pypura. O jabuti, encontran- PLANTANTE Iutimauara.
do a pisada da anta, perguntou: Aonde está PLANTAR Iutima. Plantar-se: Iuiutima.
teu pai? Iuauty ouacemo ramé tapyira pypo- PLANTÁVEL Iutimauera.
ra, oporandu aé supé: Makiti né paia? PLANTIO Iutimatéua.
PISADO Pyruua, Soca, Posoca. PLÊIADES (constelação) Ceucy.
PISADOR Pyrusara, Socasara, Posocasara. PLOTUS ANINGA Carará.
PISADOURO Pyrutyua, Socataua, Posocaren- PLUMA Saua, Raua; Uirá-saua, Pepúsáua,
daua. Suaia-saua, Ruaia-saua.
PISADURA Pyrusaua, Socasaua, Posocasaua. PÓ Puyra, Curera, Yuypui, Tyuy.
PISANTE Pyruuara, Socauara, Posocauara. POAIA Ipeca-cáá.
PISAR Pyru (naturalmente com os pés). Pisar POBRE Ipyrasua, Ipyrasuera, Ipyrasupora,
com qualquer outra coisa: Soca. Pisar com a Mureasupora, Mbaéymasára.
POBREZA

POBREZA Ipyrasusaua, Mbaéymasáua, Mu- racapira, Uaca-sapecô. Ponta de flecha: Ueyua-


reasúsáua. sacapira. Ponta de pedra: Itápecô, Itápecúma,
POÇO Yacaruá; (se é água nascente) Y-pauapy. Itáracá, Itáti; (ereta) Itáuíra; (muitas): Itátiáia;
Os poços que ficam entre um baixio e outro (reluzente) Itáti-ueraua. Ponta de serra:
no tempo da vazante, nos rios de pouco fun- Yuytera-ti, Yuytera-sacapira. Ponta de terra:
do: Typypytyua. Arapecuma.
PODER Muru. PONTADA (dor aguda) Maraama.
PODERIO Murusaua. PONTE Iasápáua, Sasausauayua; Mytá.
PODEROSO Muruasu. PONTUDO Isacapira, Sacapirauara, Iianti.
PODIMENA [teiú] Teiú. POPA Iacumã-tendaua, Iacumã-iara-rendaua.
PODOSTEMÁCEA (da cachoeira) Cariru. POR Rupi, Recé. Por dois caminhos chega-se a
PODRE Saué, Iuca. cidade: Mucuin rapé rupi ocica cuaou mai-
PODRIDÃO Sauésáua, Iucasaua. ri kiti. Por lá: A rupi. Por cá: Cuá rupi. Por
PODREDOURO Sauétfua, Iucatyua. amor de Deus: Tupana xaisusaua recé. Por
POEDEIRA (a galinha) Supiáuéra, Supiápóra. via disso: Cuá recé, Nhá recé.
POEIRA Curera. V Pó. O lugar de poeira: PÔR Enu, Mbure, Mpucá; Mu. Pôr-se: Iuenu.
Yuypui-rendaua. Pôr em cima: Enu arpe. Pôr-se a força:
POEIRENTO Yuypuitéua, Curerauera, Puyra- Iumpucá. Pôr de si: Mbure i suí. Pôr a cor-
uera. da na rede: Muxama makyra. Pôr de mo-
POENTE Coaracy-oienataua. lho: Muyasuca; Pôr no fundo: Mupypyca,
POLEIRO Sapucaia-oca, Uirá-mitásáua. Muypype.
POLIBORO [ Polyborus] Caracará, Caracarai. PORAQUEÍBA Purakeyua.
POLIDO Kitycaua; Eiecé. PORÇÃO Ceía, Reía.
POLIDOR Kitycasara, Kitycauara, Eiecésára. PORCO (de casa) Taiasúáia, Taiasu-suaia;
POLIDURA Kitycasaua. Curé.
POLÍGAMO Cunhã-reía-mena. PORCO-DO-MATO Taiasu, Sanhasu.
POLIMENTADOR Kitynucasara. PORÉM Má, Cuité, Iepé.
POLIMENTAÇÃO Kitynucasaua, Eiecésáua. PORMENOR Mbeú-mpaua.
POLIMENTANTE Kitynucauara. PORMENORIZAÇÃO Mbeú-mpausaua.
POLIMENTAR Kitynuca. PORMENORIZADOR Mbeú-mpausara.
POLIMENTÁVEL Kitynucauera. PORMENORIZAR Mbeú-mpau.
POLIR Kityca; (alisando) Muicyma. Polir-se: POMENORIZÁVEL Mbeú-umpauera.
Iukityca. PORQUANTO Nhá-recé, Nhá-iaué.
POLEGAR (da mão) Pô-racangasu: (do pé) PORQUE (afirmativo) Marecé, Arecé. Porque
Py-racangasu. não encontrei ninguém: Marecé inti xauace-
POLTRÃO Pitua. mo mira.
POLTRONARIA Pituasaua. POR QUE? (interrogativo) Má? Mataá? Má-
POLVILHO (de tapioca) Caá-rimá, Caiarema. -arama-taá? Por que voltaste logo?: Má ara-
PÓLVORA Mucacuí. ma taá reiuíre curute.
POLVORINHO Mucacuí-ireru. PORTA' Okena (isto é, a porta onde se entra-
POMBA Pecasu, Pecu, Picui. va na casa indígena); Okenai (a porta do
POMBA-CABOCLA Picui-sauoca. Picui-cauoca. fundo, destinada apenas para o uso dos do-
POMBA-CHORONA Picui-xirica. nos).
POMBA-GRANDE Picasu, Picui-asu. PORTA' (de portar, conter) Ireru, Reru. Porta
POMBA-LISA Picui-péua. ovos (ovário): Supiá-ireru. Porta merda (in-
POMBA-PINTADA Picui-pinima. testino): Typuti ireru. Porta chuva: Amana-
POMBA-ROLA (e afins, nome genérico) Picui. ireru.
PONDERAR Mucameen. V Mostrar e comp. PORTADOR Ruresara, Puracaresara. Portador
PONTA Sacapira, Racapira, Sapecô, Rapecô, da chuva: Amana-ruresara, Amana-ireru.
Tapecô, Pecô, Pecurna. Ponta de chifre: Uaca- PORTAMENTO Ruresaua, Puracaresaua.
PRECIPITANTE

PORTANTE Rureuara, Puracareuara. Pouso Uapicataua.


PORTANTO Nhá-recé, Cuá-rupi, Cuá-suí. Povo Mira; (o nosso povo) Iané-mira.
PORTAR Rure; (carregando) Puracare. Na mi- POVOAÇÃO Taua. Povoação nova: Táuapesasú.
nha mão trago ou porto a paz ou a guerra, Povoação abandonada: Taua-cuera; Tapera.
escolhe: Cé pô kiti xarure catusaua, Uari- POVOADOR Mucetására.
nysaua, Repuruaca! Porta este saco à canoa: POVOAMENTO Mucetásáua.
Repuracare yngara kiti cuá matiri uasu. POVOANTE Mucetáuára.
PORTÁTIL Reruruera, Puracáreuéra, Puraca- POVOAR Mucetá. Povoar-se: Iumucetá.
retéua. POVOÁVEL Mucetáuéra, Mucetátéua.
PORTENTOSO Iauetéuá. PRADO (natural) Peri-tyua; (de planta) Cap!-
PORTO Yarapape, Yngarapape; Yarapaua. -tyua.
PORVINDOURO Curyuara, Curysara. PRAGA' (de larvas ou insetos) Tapuru-reía,
PORVIR Curysaua. Tapuru-terecemo.
POSPONÍVEL Casakire-enuuera. PRAGA (imprecação) Tupana-puxi-nheên-
2

POSPOR Enu-casaldre. gaua.


POSPOSIÇÃO Casakire-enusaua. PRAGUEJADOR Tupana-puxi-nheêngara.
POSPOSITOR Casakire-enusara, Casakire- PRAGUEJAR Nheên-tupana-puxi.
-enuuara. PRAIA Yuymicui.
POSSE Recôsáua. A minha posse: Cé-recô- PRAIEIRO Yuymicu!-uara.
sáua. O dono da posse: Recôsáua-iara. PRANCHA Myrá-pema.
POSSEIRO Recôsára. PRANTEAR Xiú. V. Chorar e comp.
POSSESSIVO Recôtéua. PRANTO Cesá-yukycé.
POSSESSOR Recôsáua -iara. PRATA Itátínga.
POSSÍVEL! Soco! Toco! PRÁTICO (do rio) Paranã-iara; (do caminho)
POSSUINTE Recôuára. Pé-iara; (do mato) Caá-iara.
POSSUÍVEL Recôuéra. PRATO Tembiú-ireru, Nhaên, Parátu. Esta úl-
POSSUIR Recô. Possuir-se: Iurecô. tima forma toma foros de cidade cada dia
POSTA [de carne etc.] Putaua, Pysáuéra. mais. No rio Negro usam muito Darapi, que
POSTEJADO Pysaua. não é palavra nheêngatu mas baré, assim
POSTEJADOR Pysáuára. como Daiba, que parece baníua.
POSTEJAMENTO Pysaua. PREÁ Cu!.
POSTEJAR Pysá, Pisá; Muputaua. PRECAUÇÃO Muiacúsáua.
POSTEJÁVEL Pysátéua. PRECAUTELADOR Muiacúsára.
POSTEMA Pungá, Mungá; (se é de mau cará- PRECAVER Muiacu. Precaver-se: Iumuiacu.
ter) Mungá-puxi. PRECAVIDO Iacua.
POSTERIOR Rireuara, Casakireuera. PRECEDENTE Tenondé-uara; (quem precede)
POSTO Ienua, Imbure. Tenondésára.
POSTURA (de ovos) Supiásáua. PRECEDER Só-tenondé.
POTE Camuti, Camucl. PRECEITO Tecô, Secô, Ticu, Sicu.
POTÊNCIA Murusaua; (como vencedora) Iyuy- PRECEITUAÇÃO Mutecôsáua.
casaua. PRECEITUADOR Mutecôsára.
POTENTE Murua, Muruuara; (como vence- PRECEITUAR Mutecô.
dor) Iyuycauara. PRECEPTOR Mbuésára. V. Mestre.
Pouco Miri, Cuaíra, Xinga. Pouco cozido: PRECESSÃO Tenondésáua.
Oeixinga. Ainda é pouco: Aicué raen cuaí- PRECIOSIDADE Cepiasusaua.
ra. Dê-me só um pouco de farinha: Remeên PRECIOSO Cepiasu.
se supé uy miri nhunto. PRECIPÍCIO Ocucautyua.
POUCOCHINHO Cuaíra-xinga, Mir!-xinga. PRECIPITAÇÃO Mucurutêsaua.
POUSADA Mitusaua. PNECIPITADOR Mucurutêsara.
POUSAR Pitu, Mitu, Uapica. PRECIPITANTE Mucurutêuara, Ocucauara.
PRECIPITAR

PRECIPITAR (jazer com pressa) Mucurute; PREMENTE Iamiuara, Camirycauara, Popy-


(ruir) Ocucau. cauara, Pocamirycauara.
PRECIPITÁVEL Mucuruteuera, Ocucauera. PREMER Iami, Camiryca. Premer com a mão:
PRECISÃO Puraingaua. Popyca, Pocamiryca.
PRECISADOR Puralngara. PREMIAR Meen-recuiara, Meen-putaua.
PRECISAR Purain. PRÊMIO Putaua-catu.
PREÇO Cepi. Preço alto, o que torna precio- PRÉ-MORRER Manô-tenondé.
so: Cepiuasu, Cepiasu. Sem preço: Cepiyma. PRÉ-MORTE Tenondé-manô, Tenondé-am-
Preço baixo: Cepi-mirl. Preço de mais baixo: byra.
Cepi-miritéua. PREMUNIDO Muiacua. V Precaver e comp.
PRECOCE Tenondéuára. PRENDER Picica. V Pegar e comp. Prender
PRÉDICA Tupana-nheenga-mbeúsáua. uma coisa a outra: Iaputy. Prender com cor-
PREDICADOR Tupana-nheenga-mbeúsára. das: Iapucuare. Prender no alto: Muiaticii.
PREDICAR Mbeú-tupana-nheenga. PRENHE Ipuruã.
PREDILETO Xaisua-pire. PRENHEZ Ipuruangaua. V Emprenhar e comp.
PREENCHEDOR Terecemosara, Opau-eikésá- PRENSA Sauacauara.
ra. PRENSADOR Sauacasara.
PREENCHER Terecemo, Eiké-pau. PRENSAR Sauaca.
PREENCHIMENTO Terecemosaua, Opau-eiké- PREPARAÇÃO Mungaturusaua.
saua. PREPARADO Mungaturuá.
PREFERIR Purauaca. V Escolher e comp. Ua- PREPARADOR Mungaturusara.
cemo catu pire. Enu rain tenondé. Entre os PREPARADOURO Mungaturutyua.
dois prefere o mais pequeno: Moeu! piterupe PREPARANTE Mungaturuuara.
opurauaca mirl pire. Prefiro fugir a morrer: PREPARAR Mungaturu. Preparar-se: Iumun-
Xauacemo catu pire xaiauau, Xamanô cury gaturu. Mandar preparar: Mungaturucári.
uá. Prefere morrer a faltar com a própria pa- PREPARÁVEL Mungaturuuera, Mungaturu-
lavra: Oenu rain tenondé omanô cury, Inti téua.
omunhã i nheenga uá. PREPARATÓRIO Mungaturuyua.
PREGA (especialmente de coisas que se do- PREPOR Mbure-tenondé. V Preferir.
bram) Mamana; (em superfícies que se en- PREPOTÊNCIA Mbure-putaresaua.
gelham) Curuca. PREPOTENTE Mbure-putaresara (de Mbure-
PREGAR V Predicar e comp. Pregar pregos: -putare, pré-poder).
Muitapuã; Peteca-itapuã. Enfincar: Iatyca. PRESBITA Cesá-pucu (=vista curta).
V Arpoar e comp. PRESENÇA Resauésáua.
PREGO Itapoan, Itapuã. PRESENTE Resaué.
PREGOAR Sapucal, Sacemo. Fazer pregoar: PRESENTEAR Meen. V Dar e comp.
Musapucal, Musacemo. Pregoar-se: Iusa- PRESO Picicana, Iapucuári, Muiaticua, Iapu-
pucal, Iusacemo. V Apregoar e comp. tyua.
PREGUIÇA' Iatéymasáua. PRESSA Sanhen, Ranhen, Sapuá. Muita pres-
PREGUIÇA' (casta de tardígrado) Aí, Oii. sa: Sapuá reté. Alguma pressa: Sapuá xinga.
PREGUIÇOSO Iatéyma. Pouca pressa: Sapuá miri. Ter pressa: Icô-
PREGUNTAR Purandu. V Perguntar e comp. sanhen. Fazer pressa: Musanhen. Fazer de-
PREJUDICAR Mupuxi. Prejudicar-se: Iumupu- pressa: Mucurute, Muiaté.
xi. Prejudicar os outros é prejudicar-se a si PRESSÃO Sauacasaua, Camirycasaua, Popy-
mesmo: Omupuxi amuitá recé omupuxi casaua.
teen recé. PRÉSTIMO Purangaua.
PRELIMINAR Tenondéuára. PRESTIMOSO Purangara.
PRELIMINARMENTE Tenondéuára-rupi. PRESUMIDOR Muasusara.
PREMEDITAR Maité-tenondé, Munhã-tenon- PRESUMIR Muasu. Presumir-se: Iumuasu.
dé-rangaua. PRESUMÍVEL Muasutéua.
PROPALAR

PRESUNÇÃO Muasusaua. PROBABILIDADE Ipusaua.


PRESUNTUOSO Muasuuera. PROCEDER Cemo-suí. Ninguém sabe de onde é
PRETENSÃO Mutaresaua, Iucysaua, Icôcecé- procedente: Inti iepé ocuao aé má ocemo suí.
sáua. PROCISSÃO Tupana-uatasaua. Fazer procis-
PRETENSOR Mutaresara, Iucysara, Icôcecé- são: Muuatá tupana. Fazedor de procissão:
sára. Tupana muuatasara.
PRETENDENTE Mutareuara, Iucyuara, Icôce- PROCURA Cicaresaua.
céuára. PROCURADOR Cicaresara.
PRETENDER Mutare, Putare, Iucy, Icôcecé. PROCURADORIA Cicaretaua.
PRETENDÍVEL Mutareuera, Iucyuera, Icôce- PROCURANTE Cicareuara.
cétéua. PROCURAR Cicare. Fazer procurar: Mucicare.
PRETO, PRETA (falando de gente) Tapaiuna; PRODUÇÃO Munhãngaua.
Pixuna e Una como sufixos. Arara preta: PRODUTOR Munhãngara.
Araruna. Pássaro-preto: Uirá-una. PRODUZIR Munhãn. Produzir-se: Iumunhãn.
PREVARICAÇÃO Tecô-iauysaua. PROEIRO Yantiyua, Ygantiyua.
PREVARICADOR Tecô-iauysara. PROFESSOR Mbuésára. V Ensinar e comp.
PREVARICAR Tecô-iauy. PROFETA Sacaca.
PREVENÇÃO Muapysacasaua. PROFUNDIDADE Typytyua.
PREVENIDO Muapysacaua. PROFUNDO Typyua. Lugar profundo: Typy-
PREVENIR Muapysaca. Prevenir-se: Iumun- rendaua. Typy.
gaturu. Foi prevenido a tempo e pôde preve- PROGÊNIE Rayraetá, Embyraetá (segundo
nir-se: Omuiapysaca ara catu ramé oiumun- se trata de descendentes do homem ou da
gaturu cuao. mulher).
PRIMAZIA Iepésáua, Tenondésáua. PROGENITOR Paia. Epy, Yua (se se tratar do
PRIMEIRO Iepésára, Iepéuára, Iepé. O primei- chefe, da origem de uma descendência).
ro de nós: Iané iepésára; Iepé iané suí. No PROGENITORA Manha.
primeiro dia fez o céu e a terra: Ara iepéuára PROGNE PURPUREA [casta de andorinha] Miu!.
omunhã iuaca yuy iuíre. PROGNOSTICAR Mbeú-tenondé.
PRIMO, PRIMA Tutira-rayra, Tutira-membyra PROIBIÇÃO Muatucasaua.
(conforme o sexo da pessoa, quando designa- PROIBIDOR Muatucasara.
da por terceiro ou pelo primo a terceiro). PROIBIR Muatuca; Timuapu.
Primos entre si: Keuyra; (e muitas vezes tam- PROLONGAMENTO Muapiresaua.
bém quando primos-irmãos) Mu e Rendyra PROLONGAR Muapire.
(isto é, irmão, irmã). PROMESSA Ceên-nheêngaua.
PRINCIPIANTE Iupirungana, Ipysara, Epysara. PROMETEDOR Ceên-nheêngara.
PRINCIPIAR Iupirun, Iupirõn. Principiar uma PROMETER Nheen-ceen, Nheen-santá.
linha, um séquito de coisas: Muepy (isto é, fa- PROMETIDO Ceen-nheen; (em casamento)
zer a base). Imenarama (o homem); Remiricôráma (a
PRINCIPAL Tuixaua. moça).
PRINCÍPIO Iupirungaua, Epy, Ipy. PROMULGAÇÃO Iucuaucárisáua.
PRISÃO (o ato) Mundésáua; (o lugar) Mundé- PROMULGADOR Iucuaucárisára.
táua. PROMULGANTE Iucuaucáriuára.
PRISIONEIRO Mundépóra, Mundéuéra; (de PROMULGAR Iucuaucári.
guerra) Miasua (escravo?). PROMONTÓRIO Arapecuma.
PRIVAÇÃO Muce-ymasaua. PROPAGAÇÃO Muceía-saua, Muceía-yua.
PRIVADOR Muce-ymasara. PROPAGADOR Muceía-sara.
PRIVANTE Muce-ymauara. PROPAGAR Muceía. Propagar-se: Iumuceía.
PRIVAR Muce-yma. Privar-se: Iumuce-yma. PROPALAÇÃO Porunguetásáua.
PRIVATIVO Oicô-iara. PROPALADOR Porunguetására.
PROA Yanti, Ynganti. PROPALAR Porunguetá.
PROPENDER

PROPENDER Putare-pire. PROVOCADO Uiuakyuá.


PROPICIAÇÃO Iumucatusaua. PROVOCADOR Uiuakysara, Uiuaky-iara.
PROPICIADO Iumucatuá. PROVOCANTE Uiuakyuara.
PROPICIADOURO Iumucatutyua. PROVOCAR Iuaky, Uiuaky. Ser provoca-
PROPICIADOR Iumucatusara. do: Iuiuaky. Fazer ou ser feito provocar:
PROPICIANTE Iumucatuuara. Muiuaky.
PROPICIAR Iumucatu. PROVOCÁVEL Uiuakytéua.
PROPICIATÓRIO Iumucatutéua. PRÓXIMO Rapixara. Meu, teu, seu proximo:
PROPICIÁVEL Iumucatuuera. Cé, Né, I rapixara. O próximo em geral: Mira-
PROPINA Putaua; Meênga. rapixara.
PROPONEDOR Purandusara. PRUDÊNCIA Ucuausaua.
PROPONENTE Puranduuara. PRUDENTE Ucuausara.
PROPOR Purandu, Nheên-recé. Propõe ao tu- PRUDENTEMENTE Ucuausaua-rupi.
xaua a gente que deve seguir com o bran- PRUMO Iupypycauara. A prumo: Satambyca-
co: Onheên tuixaua recé má mira ocó cuao rupi.
cury caryua irumo uá. PRURIDO Iusasaua, Iusaua.
PROPOSTA Purandusaua. PRURIENTE Iusauara, Iusara.
PROPOSTO Puranduá. PRURIR Iusá.
PROPRIEDADE Iarataua. PSÍTACO Parauá, Paraoá.
PROPRIETÁRIO Iara. PSITÁCULO Parauai.
PRÓPRIO Tenhen. É meu próprio: Ixé iara te- PSÍDIO (casta de mirtácea) Uaiaua, Arasá,
nhen. Arasai, Uaiauarana.
PRORROGAÇÃO Mupucusaua-pire. PTEROGLOSSO (Pteroglossus) Arasari.
PRORROGADOR Mupucusara-pire. PUBA (mandioca) Puyua.
PRORROGAR Mupucu-pire. PÚBERE Menoara.
PROSTITUTA Patacu, Patacuera. PUBERTADO Menoara-sauá.
PROSTITUIR Mupatacuera. PÚBIS Sucua.
PROSTRAÇÃO Itycasaua, Ienôsáua. PUBLICAMENTE Mira-resaué-rupi.
PROSTRADOR Itycasara, Muienôsára. PUBLICAR Musapucai, Musacema, Nheên
PROSTRADOURO Itycatyua, Muienôtyua. mira resaué.
PROSTRANTE Itycauara, Muienôuára. PUDENDAS Otin-uera.
PROSTRAR Ityca, Muienô. Prostrar-se: Iuienô. PUDICO Otin-uara, Otin-sara.
PROSTRÁVEL Itycauera. PUDOR Otin-saua.
PROTEÇÃO Pycirungaua. PUERÍCIA Taína-ara, Taínasáua.
PROTETOR Pycirungara. PUERIL Taína-iaué, Taína-nungara.
PROTEGER Pycirun. Mungui. V Resguardar PUÉRPERA Embyrareuara.
e comp. PULADOR Puresara.
PROTEGIDO Pycirungau. PULADOURO Puretyua.
PROVA Saangaua; (o que se tira para prova) PULANTE Pureuara.
Tykyra. PULAR Pure.
PROVADOR Saangara. PULEX PENETRANS [casta de pulga l Tombura.
PROVAR Saãn. Fazer ou ser feito provar: Mu- PULGA Tendi, Coipé, Kéua.
saãn. PULGA-DOS-PÉS Teni (Solimões).
PROVÁVEL Ipuara. PULMÃO Piá-uéué.
PROVAVELMENTE (que pode ser) Ipu. PULO Puresaua.
PROVEDOR Muapungara. PULSAÇÃO Curupusaua.
PROVER Muapun. PULSANTE Curupuuara.
PROVIDÊNCIA Muapungaua. PULSAR Curupu. Pulsar apressadamente:
PROVIDO Muapungau. Curu-curupu, Tucá-tucá; Pulsar quase nor-
PROVOCAÇÃO Uiuakysaua. mal: Titica.
PUXURI

PULSEIRA Pô-uirpeuara, Popacura, Pouirpe- PURGANTE Purucauara.


tara. PURGAR Puruca. Purgar-se: Iupuruca.
PULSO Yyua-raíca (= veia do braço). A par- PURGATÓRIO Tupana tatá, Tupana-tatá-ren-
te logo em seguida da mão: Pouirpe (sobre- daua.
mão ). Ele somente entrou a pulso: Aé oiké PURIFICAÇÃO Kitynucasaua.
nunto pouirpe rupi. O médico lhe tomou o PURIFICADOR Kitynucasara.
pulso: Pusanungara osaan y yyua raíca. PURIFICANTE Kitynucauara.
PULVERIZAÇÃO Mupuisaua. PURIFICAR Kitynuca.
PULVERIZADOURO Mupuityua. PURO Kitynucauá, Munana-yma (=sem mis-
PULVERIZANTE Mupuiuara. tura).
PULVERIZAR Mupui. PUS Eneua, Meuã.
PULVEROSO Mupuiuera. PUTRIDÃO Iucaua.
PUNÇÃO Mpucá-saua, Mbisaua. V. Furar e PÚTRIDO Iucana, Iucaua.
comp. PUXADA (da casa) Copéára.
PUNHADO Popora, Poterecemo-saua. PUXÃO Cikysaua.
PUNHAL (pajeú) Pô-iucá-yua. PUXADO Cikyuá.
PUNHO Popupeca. Punho da rede: Makyra PUXADOURO Cikytaua.
apyi. PUXADOR Cikysara.
PUPUNHEIRA Pupunhayua. PUXANTE Cikyuara.
PURGAÇÃO Purucasaua. PUXAR Ciky. Fazer ou fazer-se puxar: Muciky.
PURGADO Purucauá. PUXÁVEL Cikytéua.
PURGADOURO Purucatyua. PUXIRÃO Putyru. V. Auxiliar e comp.
PURGADOR Purucasara. PUXURI Puxyry.
QUAL Auá, Uá. Qual de vocês quer vir comi- Muire pui (em finura); Muíre iatuca (em com-
go? Auá penhe sui osô putári cé irumo? Não primento).
falta gente a qual [que} queira ir comigo: Inti QUARESMA Iucuacu-ara.
ouatare mira osô putare cá irumo uá. QUARTEL Mucaua-oca, Surara-oca.
QUALQUER Auá-iepé, Auá-opaua. Qualquer QUARTA-FEIRA Muraki-musapire [= o ter-
outro: Iaueté iepé amu. Em qualquer lu- ceiro dia de trabalho].
gar: Iaueté mamé. Qualquer coisa [que} QUARTO (de casa) Ocapy.
possa acontecer, te lembrarás da tua trai- QUARTO (numeral) Irundiuara. Quarto cres-
ção nos dias da desgraça: Iaueté ocica cuao, cente: Yacy-iumunhã; Omuturusu. Quarto
reiumaité cury né iecopésáua pyrasua ara minguante: Yacy-ierasuca.
ramé. QUASE Cerané; (também em geral se ouve di-
QUANDO (no começo de frase) Mairamé; (nos zer) Casi (com pronúncia mais ou menos
outros casos) Ramé. Quando chega diz para boa); Miri nhunto. Quase preto: Pixuma ce-
ele: Mairamé ocica onheen aé supé; (tam- rané.
bém pode dizer-se) Ocica ramé. Quando é QUATI Coati.
interrogativo, usa-se sempre Mairamé em QUATRO Irundi (rio Negro), Mucoin-mucoin.
começo de frase, seguido de tahá, se ca- QUE (interrogativo) Má?, Mata?, Má-taá?;
rece precisar que se trata de interrogação. (conjunção) Uá; (pronome) Auá, Uá. Que
Quando chega teu marido?: Mairamé tahá menino veio ter contigo? O menino que mo-
ne mena ocica? Até quando?: Mairamé ca- ra com o padre: Má curumi ouri onheen né
tu cury? Sem quando, coisa improvável: irumo? Curumi auá oicõ pai irumo. Dizem
Ramé-yma. tantas coisas, que não se sabe em que acredi-
QUANTO Muíre. Quanto custa?: Muíre recuia- tar: Onheen maá, ceía, mira inti ocuao catu
ra tahá? Quanto maior: Muíre pire; (se care- má ruuiare uá.
ce precisar): Muíre uasúu (em quantidade); QUEBRADOR Mupenasara, Mpucasara, Iauí-
Muíre turusu (em tamanho); Muíre puca (em sára, Ycasara.
comprimento). Quanto menor: Muíre cuaíra QUEBRADURA Mupenasaua, Mpucasaua, Iauí-
(em quantidade); Muíre miri (em tamanho); saua, Ycasaua.
QUOTIDIANAMENTE

QUEBRAR (dobrando) Mupena; (forçando) QUEREDOR Putaresara.


Mpuca; (infringir) Iauí; (jrangindo) Yca. QUERENÇA Putaresaua.
Quebrar a lei: Iauí tecô. QUERENTE Putareuara, Xaisuuara.
QUEDA Iarisaua, Aarisaua. QUERER (ato de vontade) Putaresaua; (ato de
QUEDA (d'água) Ytu. V Cachoeira. Queda afeto) Xaisusaua.
boa: Ytu-catu. Queda bonita: Ytu-poranga. QUERER Putare. Querer bem: Xaisu.
Queda delgada: Ytu-pui. Queda miúda: Ytu- QUERIDO Xaisuá.
-puíra. Queda ruim: Ytu-ayua. QUESTÃO Porandusaua, Iuakísáua.
QUEIJO Camby-antá. QUESTIONADOR Porandusara, Iuakísára.
QUEIMA Sapisaua. QUESTIONAR (para saber) Porandu; (por ir-
QUEIMADO Sapiuá. ritação) Iuaki. V Brigar, Perguntar e comp.
QUEIMADOR Sapisara. QUIÇÁ Ipu, Taucô (=não sei).
QUEIMADOURO Sapityua. QUIETAÇÃO Kyryrisaua.
QUEIMADURA Sapisaua. QUIETAR Kyryri.
QUEIMANTE Sapiuara. QUILHA Yngara-sainha, Yara-sainha, Yuecera.
QUEIMAR Sapi. Queimar-se: Caí. Com nuan- QUILOMBEIRO Iauaua-cuara-pora.
ças, exprimem também queimar os verbos QUILOMBO (lugar de refúgio) Iauacuara,
Saki (torrar), Cendé (aceso), e em sentido fi- Iauaua-cuara.
gurado Tai (da pimenta). QUINHÃO Pysáuéra, Putaua. Não me deu o
QUEIMÁVEL Sapiuera, Sapitéua. meu quinhão: Inti omeên cé supé cé pu-
QUEIMOSO Taia, Saia, Pitaia. taua. Dividiu o beiju em quinhão e a cada
QUEIXA Mbuécecésáua. qual deu o seu: Omuyca meiu, omeên iepé
QUEIXADA Taiasu, Tanhasu. iepé i pysáuéra.
QUEIXAR-SE Mbuécecé. QUINTA-FEIRA Sóópapau.
QUEIXO Isá. QUINTAL Remityua, Kintara.
QUEIXOSO Mbuécecéuára. QUIRANA (caspa) Kyrana.
QUEIXUDO Isayua, Sayua. QUIZILADOR Iucoerésára.
QUEM Auá. Quem é o dono?: Auá, taá, ixé ia- QUIZILAR Iucoeré.
ra? QUIZÍLIA Iucoerésáua.
QUENTE Sacu. QUOTA Putaua.
QUENTINHO Sacuxinda. QUOTIDIANO Opanhe-arauera, Opanhe-arauara.
QUENTURA Sacusaua. QUOTIDIANAMENTE Opanhe-ara-rupi.
RÃ Perereca, Tataca, Keraré, Iuí, Cuanauaru. RAIAR Uerau; (aparecer) Cerno; (trazendo
RABO Suaia, Ruaia. luz) Cendé.
RABO-DE-ARARA (casta de planta) Arara- RAIO Áua, Saua, Raua. Raio do sol: Coara-
-ruaia. cyáua; Raio da lua: Yacysaua; (a faísca)
RABO-DE-BUGIO (casta de fetos) Samambaia. Tupã-ueraua (raiar do trovão).
RABO-DE-MACACO Macaca suaia (planta d'e RAIVA Inharusaua, Piã-ayuasaua.
alto porte). RAIVA Pitá-piá-ayua; (escandescendo) Inharií.
RABO-DE-RAPOSA (casta de erva) Mycura RAIVOSAMENTE Piá-ayua-rupi. De aí em
ruaia. diante fez tudo raivosamente: A suí omu-
RABUDO Suaiauara. nhana opanhe piá ayua rupi.
RAÇA Anama, Mira. A nossa raça é a dona RAIVOSO Piá-ayua, Inharua.
desta terra: Iané mira oicô cuá tetama iara. RAIZ Rapu, Sapu. Raiz chata: Sapupema.
RACHA Uacasaua, Iycaycásáua, Iumpuca- Raiz lisa: Sapupeua.
saua. RALAÇÃO Kitycasaua.
RACHADO (das vasilhas) Caryca. RALADO Kityca; (a farinha para entrar no
RACHADOR Uacasara, Suaiasu. forno) Uykityca.
RACHANTE Uacauara, Carycauara, Iycaycá- RALADOR Kitycasara.
uára, Iumpucauara. RALADOURO Kityca-tendaua.
RACHAR Uaca. Rachar das vasilhas: Caryca. RALANTE Kitycauara.
Rachar das madeiras que se fendem por si: RALAR Kityca. Ralar a mandioca para fazer
Iumpuca. Rachar despedaçando: Iycaycá. farinha: Kityca maniva.
RAQUÍTICO Pepui. RALHAÇÃO Iacausaua.
RADIAÇÃO Uerauasaua. RALHADOR Iacausara.
RADIANTE Uerauauara. RALHANTE Iacauara.
RADIAR Uerau. RALHAR Iacau.
RADICAR Musapu. V Enraizar e comp. RALHÁVEL Iacau-uera.
RADIOSO Ueraua-yua, Iuerauateua. RALO' (para farinha) Uykicé, Uyicé. Ralo pou-
RAIA Ipuasaua, Cembyua, Rembyua, Tembyua. co espesso: Imeuna, Anamã-yma.
RECEBEDOR

RALO' [rala] (respiração rumorosa) Sacucanga, RATEAMENTO Muputaua-saua.


Sacusanga. RATEAR Muputaua.
RAMA Caaraua, Caasaua. RATO Uauiru.
RAMADA [abrigo] Myturuaia. RATO-D' ÁGUA Cuyca, Sauiá, Coró.
RAMO Racanga, Sacanga. Ramo seco: Sacay. RATO-D'ESPINHO Cororó, Coró.
RAMOSO Racangauara. RATOEIRA Mundé, Uirapuca. Embora esta
RANCHO Teiupá, Teiupau. [última] seja mais especialmente destinada
RANGEDOR Catacasara. a apanhar pássaros, pelo que quando é des-
RANGER Cataca. tinada a ratos ou outros pequenos mamífe-
RANGIDO Catacasaua. ros também a chamam Ayapuca.
RAPACE Marauara. V Rapinar e comp. RE- (designativo de repetição, pode, em mui-
RAPADO Iupinaua, Sauoca. V Tosquiar e comp. tos casos, traduzir-se por:) Iuíre, Iuíri. Fazer:
RAPAGÃO Curumiasu. Munhãn - Refazer: Munhãn iuíre. Outras
RAPARIGA Cunhãmucu. Rapariga casadoura: vezes por Amu y (outra vez), embora em
Mena-putaua. muitos casos possa ser traduzido também
RAPARIGUINHA Cunhãntain, Cunhãn-tainha. pelo prefixo Mu, ou pela posposição Recé,
RAPAZ Curumi, Curumiasu. Rapaz casadou- segundo re- tenha o significado de secun-
ro: Remiricô-putaua. dar a ação expressa na palavra modificada,
RAPAZINHO Curumiri, Curumi-miri. ou de a obstar.
RAPAZOLA Curumi. REABRIR Pirare-iuíre.
RAPÉ Pytymacui. REAGIR Munhãn ... recé.
RAPIDAMENTE Curutê-rupi. REAL Aeté.
RAPIDEZ Curutêsaua. REALIDADE Aetésáua.
RÁPIDO' Curutê, Curutê-uara REANIMAR Mupiá.
RÁPIDO' (do rio) Pirantá. REBAIXADOR Muatucasara.
RAPINA Marasaua. REBAIXAMENTO Muatucasaua.
RAPINADOR Marasara. REBAIXAR Muatuca. Rebaixar-se: Iumuatuca.
RAPINANTE Marauara. REBATIZAR Museruca-iuíre.
RAPINAR Mara. REBATE Cenoicárisáua.
RAPINEIRO Marauera. REBENTAÇÃO Mpucasaua, Pororocasaua.
RAPOSA Mycura (que é quem representa opa- REBENTADOR Pororocasara, Mpucasara.
pel desta, nos contos indígenas). REBENTADOURO Pororocatyua, Mpucatyua.
RAPTADO Mundaua. REBENTANTE Pororocauara, Mpucauara.
RAPTAR Mundau. V Furtar e comp. REBENTAR Mpuca; (quando é acompanhado
RASGADO Soroca, Sororoca. de rumor e ímpeto grande) Pororoca; (quan-
RASGADOR Sorocasara. do é de plantas) Ceneí, Ceni. V Brotar e
RASGADURA Sorocasaua. comp.
RASGANTE Sorocauara. REBENTO Ceneíyua, Ceneí-rendaua. Tayra,
RASGAR Soroca. Rasgar-se: Iusoroca. Rayra. Rebento abortado: Tairera.
RASO Ipeua. Pedra rasa, pouco funda: Itápéua. REBOCAR (levar a reboque) Rasô-iepé-uasu.
RASPADEIRA Kitycayua. REBOLO [de pedra] Itá-uauoca-miri.
RASPADOR Kitycasara, Caraêngara. REBOTALHO Cemirera, Remirera, Micuera.
RASPADURA Kitycasaua, Caraengaua. REBOTAR Mbúri-i-suí.
RASPAGEM Kitycasaua; (o que é raspado) RECAÍDA Maci-iuíresáua.
Kitycauá. RECAIR (doente) Maci-iuíre. Mbacy-iuíre.
RASPAR Kityca, Caraen, Carain. RECAMBIAR Muiuíre.
RASPÁVEL Kitycauera. RECARGAR Puracári-iuíre.
RASTEJAR Sô-pypora-rupi. RECASAR Mendare-iuíre.
RASTO Pypora, Py-rendaua. RECEAR Cikié-xingá.
RATEADOR Muputaua-saua. RECEBEDOR Piamosara, Caresara.
RECEBEDORIA

RECEBEDORIA Piamo-rendaua. RECOSTAR Muienô. Recostar-se: Iuienô. V


RECEBENTE Piamouara, Careuara, Carepora. Deitar e comp.
RECEBER Carepiamo. Fazer ou ser feito rece- RECREAÇÃO Musaraingaua.
ber: Mu-piamo. RECREAR Musarain. Recrear-se: Iumusarain.
RECEBIMENTO Piamosaua, Carepaua. RECREATIVO Musaraingara.
RECEBÍVEL Piamoteua, Careuera. RECREIO Musaraingaua; (o lugar) Musarain-
RECEIO Cikié-xingasaua. tyua.
RECEITA [o recebido] Piamo-uá. RETIDÃO Satambycasaua.
RECENDÊNCIA Sakenasaua. RETIFICAR Musatambyca.
RECENDENTE Sakenauara. RECUADA Iuiuíresáua.
RECENDER Sakena. Fazer ou ser feito recen- RECUAR Iuiuíre, Iuíre-cesakire.
der: Musakena. RECUSAR Inti-pire, Iumine. V Negar e comp.
RECENSEADOR Paparecárisára. REDAÇÃO Coatiaresaua.
RECENSEAMENTO Paparecárisáua. REDATOR Coatiaresara.
RECENSEANTE Paparecáriuára. REDE (de dormir) (quando batida) Makyra;
RECENSEAR Paparecári. (se de fios presos entre si por travessas) Kysaua.
RECENTE Cuíre-nhunto. Rede de pescar: Pusá, Pysá.
RECENTEMENTE Cuíre-nhun-rupi. REDEMOINHADOR Uauocasara, Iuuí-iuíresára.
RECEOSO Cikiéxíngasára. REDEMOINHAR Uauoca, Iuuí-iuíre. O vento
RECIBO Piamouera. A conta ou nota que ser- redemoinha na praia e a água redemoinha
ve para receber: Piamo-yua. no rio: Iuiutu ouauoca yumicui kiti, y oiuuí-
RECLINADO Ienô-cerané. iuíre paraname.
RECOLHEDOR Muatiresara. REDEMOINHO Uauocasaua, Iuuí-iuíresáua;
RECOLHEDOURO Muatiretyua. (quando afunilado) Iuuí-uíresáua-yrypype.
RECOLHENTE Muatireuara. REDENÇÃO Pocyrungaua.
RECOLHER Muatire. Muatuca. V Encolher. REDENTOR Pocyrungara.
Recolher-se: lumucaturu. REDESTILAR Tyky-tykyra.
RECOLHIMENTO Muatiresaua. REDIGIR Coatiare.
RECOLTA Muingaua. REDIMIR Pocyrun, Pucyrun.
RECOLTADOR Muingara. REDONDEZA Ruaketaua.
RECOLTAR Muin. REDONDO Iapoá, Iapuá, Apuá. Água redon-
RECOMPENSA Recuiara, Cepisaua. da: Y-apuá.
RECOMPENSAÇÃO Recuiara-meengaua. REDOR Ruake, Suake. O que está em redor:
RECOMPENSADOR Cepisaua-meengara. Ruakeuara. Ao redor dele as flechas se amon-
RECOMPENSAR Meen-recuiara, Meen-cepi. toavam, nenhuma chegava a feri-lo: Ueyua
RECONFORTAR Muanga, Mupiá. omuatireana aé ruake, inti iepé omupereua
RECONHECEDOR Cucuaosara. i supé.
RECONHECIMENTO Cucuaosaua. REDUÇÃO Mucoaírasáua.
RECONHECENTE Cucuaoara. REDUTOR Mucoaírasára.
RECONHECER Cucuao, Cucuau. Reconhecer- REDUZIR Mucoaíra. Reduzir-se: Iucica. Co-
-se: Iucucuao. meçou a faltar comida, o tuxaua reduziu as
RECORDAÇÃO Mendoaresaua. porções: Oiupiru uatare temiú ramé tuixaua
RECORDAR Mendoári, Menoare. Fazer ou ser omucoaíra putauaitá. Esperando socorro re-
feito recordar: Mumendoare. V Lembrar e duziu-se a nada: Osaruana putirun oiucica
comp. inti oico iepé maa.
RECORTADOR Musororoca-sara. REERGUER Mupuama. V Levantar e comp.
RECORTAMENTO Musororocasaua. REFEIÇÃO Mbaúsáua, Usaua; ([quando] feita
RECORTANTE Musororoca-uara. em comum entre vários, [em] que todos põem
RECORTAR Musororoca, Musururuca. alguma cousa) Mbaúasú; (em Solimões)
RECORTÁVEL Musururuca-teua. Mbaasu.
REPREENSÃO

REFEITÓRIO Mbaú-rendaua. REMANSEANTE Puracyuara. Rio remansean-


REFORÇAR Mukyrimbaua-pire. te: Paranã-puracyuara.
REFRESCADOR Muirusangasara. REMANSEAR Puracy. O rio remanseia: Para-
REFRESCAR Muirusanga. nã-opuracy. Paranã-oiuí-iuíre.
REFRESCO Muirusangasaua. REMANSO Paranã-puracysaua, Y-iuí-iuíresaua.
REFUGO Micuera. REMAR Iapucui. Fazer ou ser feito remar:
REFUGIADOR Iuiumimesara. Muiapucui.
REFUGIANTE Iuiumimeuara. REMÉDIO Pusanga.
REFUGIAR Iuiumime. REMEIRO Iapucúitáua.
REFUGIÁVEL Iuiumimetéua. REMELA Cesá-tuuma.
REFÚGIO Iuiumimesaua; (o lugar onde se re- REMEXEDOR Iakysara.
fugia) Iuiumimetaua. REMEXER Iaky. Remexer-se: Iuiaky.
REFUTAR Nheên-amu-nungara. REMEXIMENTO Iakysaua.
REGA Muiakymesaua. REMIGOS [rêmiges] Saua-pepuara.
REGADEIRA Muiakymeuara. REMIR Picirun; (jazer sair) Mucemo.
REGADOR (quem rega) Muiakymesara. REMO Iapucuitá. O cano do remo: Iapucuitá-
REGAR Muiakyme. yua.
REGÁVEL Muiakymeteua. REMOINHAR Uauoca. V. Redemoinhar e comp.
REGATO Yngarapé-miri, Y-rapé-miri. REMORDER Suu-iuíre.
REGO Y-rapé. REMUNERAR Meêna recuiara. V. Recompen-
REGRA Tecô, Recô, Secô. Ticu, Recu, Secu. sar e comp.
REGRAS DA MULHER Toryca. RENDA [bordado] Curucé (corrupção de crochê).
REGULAÇÃO Mutecôsáua. RENDER Meên-iuíre. Render-se: Iumeên.
REGULADOR Mutecôsára. RENOVAÇÃO Mupysasusaua.
REGULADOURO Mutecôyua. RENOVADO Mupysasua.
REGULANTE Mutecôuára. RENOVADOR Mupysasusara.
REGULAR Mutecô. Regular-se: Iumutecô. RENOVANTE Mupysasuuara.
REGULÁVEL Mutecôuéra. RENOVAR Mupysasu. Renovar-se: Iumupysasu.
REJEIÇÃO Mbúrisáua. RENOVÁVEL Mupysasuteua.
REJEITADOR Mbúrisára. RENOVO (das plantas) Cenei-yua.
REJEITANTE Mbúriuára. REPARTIÇÃO Umunhocasaua.
REJEITAR Mbúri. Rejeito todos os que não REPARTIDOR Umunhocasara.
vêm em nome de meu pai: Xa-mbúri cé suí REPARTIR Umunhoca. Repartir-se: Iumunhoca.
opaé mira auá inti ocica cé paia cera opé. REPETIR [dizer de novo] Munheên. V. Dizer e
RELÂMPAGO Uerauerauá, Tupã-uerauá. comp. Repita!: Neine! Onheên rain! Repetir
RELAMPEAR Uerauerau. um ato qualquer: Munhã-iuíre; (simples-
RELAMPEJADOR Uerauerausara. mente, quando o ato é indicado) Iuíre.
RELAMPEJANTE Uerauerauara. REPICAR (dos sinos) Mosory-tamaracá.
RELATAR Nheên. V. Dizer e comp. REPIQUE Tamaracá-mosorysaua.
RELEMBRAR Mumendoare. V. Lembrar e REPLANTAR Iutimeuíre, Iutyma-iuíre.
comp. REPLETO Apu, Apô. Repleto dagua: Y-apô.
RELIGIÃO Tupana-tecô. RÉPLICA Suaxara-nheêngaua.
RELIGIOSO Tupana-tecô-icouara. REPLICANTE Suaxara-nheêngara.
RELÓGIO Ara-rangaua. REPLICAR Nheên-suaxara.
RELUZENTE Cenemby, Cenipucauara. REPOR Enu-iuíre. V. Pôr e comp.
RELUZIMENTO Cenipucasaua. REPOUSANTE Mytuusara.
RELUZIR Cenipuca. REPOUSAR Mytuu. Repousar-se: Iumytuu.
REMADOR Iapucúisára, Iapucúitáua. Iuí- REPOUSO Mytuusaua. Mytuua.
iuíresára. REPOVOAR Mucetá-iuíre. V. Povoar e comp.
REMADURA Iapucúisáua. REPREENSÃO Iucausaua.
REPREENDEDOR

REPREENDEDOR Iucausara. RESINÍFERO Icycapora.


REPREENDENTE Iucauara. RESISTENTE Mupirantã-pora.
REPREENDER Iucau. RESISTÊNCIA Mupirantã-paua.
RÉPROBO Tecô-ayua-pora. RESISTIR Mupirantã.
REPTADOR Uiuakysara. RESMUNGAÇÃO Cururucasaua.
REPTAR Uiuaky. RESMUNGADOURO Cururucatyua.
REPTO Uiuakysaua. RESMUNGADOR Cururucasara.
REPUGNÂNCIA Muieuaru-saua RESMUNGANTE Cururucauara.
REPUGNANTE Muieuaru-uara. RESMUNGAR Cururuca.
REPUGNAR Muieuaru. RESOLUÇÃO Piá-munguetásáua.
REQUEBRADOR Mupúmisára. RESOLVENTE Piá-munguetására.
REQUEBRANTE Mupúmiuára. RESOLVER Piá-omunguetá. Resolvi-me a isto:
REQUEBRAR Mupúmi. Requebrar-se: Iumu- Cae piá-omunguetá cua iaué.
púmi. RESPEITADOR Puususara.
REQUEBRO Púmi. RESPEITAR Puusu, Poosu.
RESCALDADOR Musacuara, Musacutaua. RESPEITO Puususaua.
RESCALDAMENTO Musacusaua. RESPINGAMENTO Pipycasaua.
RESCALDANTE Musacusara. RESPINGANTE Pipycasara.
RESCALDAR Musacu. Rescaldar-se: Iumusacu. RESPINGAR Pipyca.
RESCALDÁVEL Musacuteua. RESPINGO Pipycauá.
RESERVA Mungatusaua. RESPIRAÇÃO Pytucemosaua, Anga-cikisaua.
RESERVADOURO Mungatutyua. RESPIRANTE Pytucemosara, Anga-cikisara.
RESERVADOR Mungatusara. RESPIRAR Pytucemo, Ciki-anga.
RESERVAR Mungatu, Mongatu. RESPIRO Ciki-anga. Anga.
RESFRIADOR Muirusangauara. RESPLENDENTE Uerauara.
RESFRIADOURO Muirusangatyua. RESPLENDER Uerau.
RESFRIAMENTO Muirusangasaua. RESPLENDOR Uerausaua.
RESFRIAR Muirusanga. RESPONDEDOR Suaxarauera.
RESGATAR Mucemo. RESPONDENTE Suaxarauara.
RESGUARDADO Munguiuá. RESPONDER Suaxara, Suaixara, Nheên-sua-
RESGUARDADOR Munguisara. o objeto que xara.
serve para resguardar outro: Munguiyua. O RESPOSTA Suaxarasaua.
lugar onde se resguarda: Mungui-rendaua. RESSACA [de rio, de mar] Paranã-ueueca.
RESGUARDANTE Munguiuara. RESSECAÇÃO Mutiningasaua.
RESGUARDAR Mungui. Resguarda o meu taba- RESSECADOR Mutiningasara.
co da chuva: Remungui mé pytima amana suí. RESSECANTE Mutiningauara.
RESGUARDO Munguisaua. RESSECAR Mutininga.
RESIDÊNCIA [o ato] Oicôsáua; (o lugar) RESSEQUIDO [falando de galho] Sacaí.
Oicô-taua. RESSURGIR Cicué-iuíre.
RESIDENTE Oícôsára, Oicôuára. RESTAR Pitá. V Ficar e comp.
RESIDIR Oicô, Icô, Uicô. RESTINGA (de terra) Arapecô; (de areia)
lupuususaua. Yuycui-pecô, (de mata) Caá-pecô, Caamytá.
RESIGNADO Iupuusua. RESTITUIÇÃO Muiuiresáua.
RESIGNANTE Iupuususara. RESTITUIDOR Muiuiresara.
RESIGNAR-SE Iupuusu. RESTITUINTE Muiuireuara.
RESINA Icyca; (de jutaí) Iutay-icyca; (de mu- RESTITUIR Muiuíre, Muiuíri.
ruré) Mururé-icyca; (forte, [cerol]) Icycantá, RESTO Remirera, Cemirera, Puinha. Resto de
Cycantá; (de cunauaru) Cunauaru-icyca; fogo (carvão): Tata-puinha.
(de pau) Myrá-icyca. RESTRINGIR Mucoaíra. V Diminuir e comp.
RESINEIRO Icycauara. RESUMIDOR Iatucasara.
RIPÁVEL

RESUMIR Iatuca. REVIRAMENTO Muieréusáua.


RESUMO Iatucasaua. REVIRAR Muieréu.
RESVALADOURO Cucuityua. REVISTAR Maãn-maãn, Maãn-iuíre.
RESVALADOR Cucuisara. REVOLVEDOURO Turamatyua.
RESVALAMENTO Cucuísaua. REVOLVEDOR Turamasara.
RESVALANTE Cucuiuara. REVOLVENTE Turamauara.
RESVALAR Cucui. Fazer ou ser feito resvalar: REVOLVER Turama.
Mucucuí. REVOLVIMENTO Turamasaua.
RESVALÁVEL Cucuiteua. REVOLVÍVEL Turamauera.
RETAGUARDA Cupé. Pela retaguarda dos REZA Tupana-mbuésáua.
combatentes: Maramunhauaraitá cupé ru- REZADOR Mbuésára.
pi. Ficou na retaguarda: Opitana cupé kiti. REZAR Mbué.
RETALHAÇÃO Musororocasaua, Munu-mu- RIACHO Yarapé-miri, Yngarapé-miri.
nucasaua. RIBANCEIRA Yuy-apaua, (quando íngreme)
RETALHADO Sororoca, Munu-munucauá. Yuy-apara.
RETALHADOR Musororocasara, Munu-mu- RIBEIRÃO Yarapé-uasu, Yngarapé-uasu, Pa-
nucasara. ranãi.
RETALHANTE Musororocauara, Munu-mu- RIBEIRO Y garapé, Yngarapé.
nucauara. RIÇADO Yryryuá.
RETALHAR Musororoca, Munu-munuca. RIÇADOR Yryryuara, Yryryuera.
RETALHO (de pano) Pana-pysáuéra, Sutíro- RIÇAMENTO Yryrysaua.
-pysáuéra. RIÇAR Yryry.
RETARDAR Icó-pucu, Ocíca-casakyre. RICO Mbaetá-iara, Maá-ceía-iara.
RETIRADA Iuiuíresáua. RICOCHETEADOR Pipycasara.
RETIRANTE Iuíuíreuára. RICOCHETEAMENTO Pipycasaua.
RETIRAR Iuiuíre. Retirar alguma cousa: RICOCHETEANTE Pipycauara.
Musaca, Iuuca. Fazer retirar: Mutirica. Se re- RICOCHETEAR Pipyca. Fazer ou ser feito rico-
tirou sem ter retirado nada: Oiuiuíre ana in- chetear: Mupipyca.
ti omusaca iepé maá, ou Oiuiuíre ramé inti o RIDENTE Pucá-sara.
iuuca iepé maá. RIDÍCULO Xué.
RETO Satambyca. RIGIDAMENTE Santá-rupi.
RETORCER Pué-mué-mueca (G. Dias). RIGIDEZ Santásáua.
RETORQUIR Purunguetá-suaxara. RÍGIDO Santá.
RETRANCA (para espichar a vela) Sutinga pi- RIGOR Tecô-acy.
tasocauara; (para fechar a porta) Okena RIGOROSAMENTE Tecô-acy-rupi.
cekindaua. RIM Píríkiti.
RETRATAR Munhã-mira-sangaua. RIO Paranã. Rio baixo: Paranã-typaua, Para-
RETRATO Mira-sangaua. nã-typyyma. Rio bravo: Paranã iaueté, Para-
RETRIBUIR Mucecuiara. nã-inharu. Rio correntoso: Paranã-unhanã,
REUMÁTICO Caruarauara. Caruarapora. Paranã-pirantã. Rio franco: Paranã-typypyca.
REUMATISMO Caruara. Rio fundo: Paranã-typyy. Rio parado: Paranã-
REUNIÃO Muatiresaua. -pirantãyma. Rio principal: Paranã-manha.
REUNIDOR Muatiresara. Rio secundário, braço do rio: Paranã-miri.
REUNIR Muatire. Reunir-se: Iumuatire. V RIPA Taipara.
Juntar. RIPADOR Taipasara.
REVELAÇÃO Iucuaocarisaua. RIPAMENTO Taipasaua.
REVELADOR Iucuaocarisara. RIPANTE Taipauara; ([planta] que dá ripa)
REVELAR-SE Iucuaocári. Taipayua.
REVIRADO Muieréua. RIPAR Taipa.
REVIRADOR Muieréusára. RIPÁVEL Taipauera.
RIQUEZA

RIQUEZA Mbaétásáua, Maá-ceía-iarasaua. RODEANTE Iatimãuara.


RIR Pucá. Fazer rir: Mupucá. Rir-se: Iupucá. RODEAR Iatimã. Fazer ou ser feito rodear:
RISADA Pucá-saua. Risada grande, gargalha- Muiatimã. O pajé rodeou por trás dos que
da: Pucapucaua. brigavam: Paié oiatimana maramunhasara
RISCADO Coatiara, Saié. Riscado grosso: Mu- cupé rupi.
coatiara e Pana mucoatiara. RODELA (da canoa) Aracapá.
RISCADOR Saiésára. RODOPIADOURO Iuieré-iereutyua
RISCAMENTO Saiésáua. RODOPIADOR Iuieré-ieréusára.
RISCANTE Saiéuára. RODOPIANTE Iuieré-ieréuára.
RISCAR Saié, Coatiara. RODOPIAR Iuieré-ieréu.
RISCO Saiéua. RODOPIO Iuieré-ieréua, Iuieré-ieréusáua.
RISONHO Sorysara. ROEDOR Susousara, Mbisara.
RITO Tecô, Recô, Secô. ROEDURA Susouaua. Mbisaua.
RITUAL Tecô-manha. ROER Susou, Mbi.
RITUALISTA Tecô-iara. ROGAÇÃO Catu-iururésáua.
RITUALÍSTICO Tecouara. ROGADOR Catu-iururésára.
RIXA Maramoingaua. ROGANTE Catu-iururéuára.
RIXADOR Maramoingara. ROGAR Iururé-catu.
RIXAR Maramoin. Fazer ou ser feito brigar: ROGATÓRIA Catu-iururéuára.
Mumaramoin. Parece uma forma de Mara- ROL Papera-papasaua, Papasaua. Rol dos ma-
munha, sendo que esta e seus derivados são rinheiros: Iapucuitaua-papasaua. Rol da rou-
muito usados no mesmo sentido. pa: Maã-papera-papasaua.
RIZOMA Mangará, Mangará-iaué. ROLA Iuruty.
RIVAL Suanhana. ROLADOR Turamasara, Iurereusara.
ROAZ Susouera. ROLAMENTO Turamasaua, Iurereusaua.
ROBUSTO Sayca. ROLANTE Turamauara, Iurereuara.
ROÇA Cupixaua. ROLAR (v. trans.) Turama; (v. intr.) Iureréu.
ROÇADO Cupiretyua, Cupireuá. ROLHA Iurupora, Iurupary, Cekindápáua.
ROÇADOR Cupiresara. ROLHADOR Cekindápausára.
ROÇAMENTO Cupiresaua. ROLHAMENTO Cekindápausáua.
ROÇANTE Cupireuara. ROLHANTE Cekindápauára.
ROÇAR Cu pire, Cupíri. Fazer roçar: Mucupire. ROLHAR Cekindápáu.
ROCEIRO Cupixaua-iara. ROLHÁVEL Cekindápauéra.
ROCHA Itá-uasu, Itá-santá. [Usam-se esses ter- ROLIÇO Ponga.
mos] conforme se trata da resistência ou da ROMARIA Miracema.
grandeza, que a distinguem de uma simples Itá. ROMEIRO Miracemauara.
ROCHEDO Itápecô, Itápuã. ROMBO Epoasu, Saimbeyma.
ROCIO Iakyméua. ROMPEDOR Mpuca-sara.
RODA Uauocauara; (a roda da fiadeira) Mirira- ROMPER Mpuca, Puca. Romper-se: Iumpuca.
uara; (a roda do moinho) Itá-uauoca (=pedra Fazer ou ser feito romper: Mumpuca.
que gira). ROMPIMENTO Mpucasaua.
RODADOR Uauocasara. RONCADOR Cikyangara, Teapu-munhãngara,
RODADOURO Uauocatyua. Piapusara.
RODAGEM Uauocasaua. RONCAR Cikyanga, Munhã-teapu, Piapu.
RODAR Uauoca, Uouoca. RONCO Cikyangasaua, Teapu-munhãngaua,
RODEADO Iatimãuá. Piapusaua.
RODEADOURO Iatimãtyua. ROSADO (no rosto) Suá-piranga (= cara ver-
RODEADOR Iatimãsara. Quem faz ou manda melha).
rodear: Iatimã-iara. ROSNADOR Cururucasara.
RODEAMENTO Iatimãsaua. ROSNADURA Cururucasaua.

..:1:, 286 ~·;;-,


RÚTILO

ROSNAR Cururuca. RUGA Curuca. Curui.


ROSTO Suá, Ruá. RUGAZINHA Curucai.
ROSTRO Ti, Tyn; (quando necessário) Uirá-ti. RUGIDO Muiuru-iurusaua.
ROTAÇÃO Uauocasaua. V Rodar e comp. RUGIDOR Muiuru-iurusara.
ROTEIRO Pé-sangaua. RUGIR Muiuru-iuru.
ROTO Mpucaua, Sororoca. RUÍDO Teapu.
RÓTULA (do joelho) Rinepiãn, Ienepian. RUIDOR Cucuisara.
ROTURA [ruptura) Mpucasaua; (de preceito RUIDOZINHO Teapui, Teapupuy.
ou ordem) Iauysaua. RUIM Ayua, Puxyeté, Puxyreté, Anga-ayua.
ROUBADOR Mundasusara. RUINDADE Ayuasaua, Anga-ayuasaua.
ROUBAR Mundasu. RUÍNA Cucuisaua; Cucuityua, Taua-cuera,
ROUBO Mundasusaua. Tapera.
ROUXINOL-DO-RIO-NEGRO Tenten. RUINANTE Cucuiuara.
Roxo Tuí, Tuíra; (se o roxo é de inflamação ou RUIR Cucui.
proveniente de golpe) Sumbyca. RUIVO Coaracy-saua, Piranga-ierame.
RUA Rapé. Estar na rua: Oicô-ocara (=fora de RUMOR Teapu.
casa). RUMOREJANTE Teapu-munhangara.
RUBOR Suá-pirangasaua. RUMOREJAMENTO Teapu-munhangaua.
RUBORIZAR Mupiranga. Ruborizar-se: Iumu- RUMOREJAR Munhãn-teapu.
piranga. RÚTILO Cenipuca. V Brilhar e comp.
SABACU Sauacu. SACADOR Iuucasara, Musacasara.
SÁBADO Sauru. SACANTE Iuucauara, Musacauara.
SABÁTICO Sauruuara. SACAR Iuuca. Sacar a pele: Iuuca-pirera,
SABEDOR Iacuausara. Musaca. Sacar-se: Iumusaca.
SABEDORIA Iacuausaua. SACÁVEL Iuucauera, Musacauera.
SABENTE Iacuauara, Iacuauera. SACO Petiuãn; (feito de folha de palmeira
SABER Iacuau, Iacau, Cuao. Fazer saber: Mu- trançada) Pera.
cuao. Mandar saber: Cuao-cári. Não sei: Inti SACHO Pururé-miri.
xacuao, Taucô tocô. SACI Sacy.
SABERECA V. Saperecar, Sapecar e comp. SACIADO Iupuetéua.
SABIÁ Sauiá, Caraxué. SACIADOR Iupuetésára.
SABICHÃO Iacuauera. SACIAR Iupueté, Iupuieté.
SABIDO Iacu, Iacua. SACIEDADE Iupuetésáua.
sÁBIO Iacuaua. SACRÁRIO Tupana-rendaua.
SABOREADOR Pytingasara. SACRILÉGIO Tupana-angapaua-uasueté.
SABOREAMENTO Pytingasaua. SACUDIDA Mutumusaua, Iapusacasaua, Mu-
SABOREANTE Pytingauara. catacasaua.
SABOREAR Pytinga; (sorvendo) Pytipytinga. SACUDIDOURO Mutumutyua.
Fazer saborear: Mupytinga. SACUDIDOR Mutumusara, Iapusacasara, Mu-
SABOROSO Pytinga, Pytingauá. Ce, Ceen. catacasara.
SABUGO Acapora; (para chá) Acapora-caá. SACUDINTE Mutumuuara, Iapusacauara, Mu-
SABUGUEIRO Acaporayua. catacauara.
SABUJO Iauara-caám unuara. SACUDIR Mutumu; (para limpar) Iapusaca;
SACA Iuucasaua, Musacasaua. (sacudir as plantas para fazer cair as frutas)
SACADO' Iucauá. Mucataca; [abalar] Mutimoca.
SACADO' (leito aberto pelo rio que deixa o velho SADIO Catua.
percurso) Paranã-mpuca, Paranã-puca. SAFADO Inti-oicô-tin; [feito saído JMusacana.
SACADOURO Iuucataua, Iuucatyua, Musacatyua. SAFAR [feito sair] Musaca. V Sacar e comp.
SAPINDÁCEAS

SAGACIDADE Iacuetésaua. SALSAPARRILHA Iusapu, Iusapó.


SAGAZ Iacueté. SALTADOR Puresara.
SAGAZMENTE Iacueté-rupi. SALTANTE Pureuara.
SAGITÁRIO Iumu-ueyua-uara; (a constelação) SALTAR Fure; (soltando-se das coisas sujeitas)
Iauarauá-iatycasára. O peixe-boi é a man- Mpuca; (dos invóluc rosque se abrem mais
cha de Magalhães; e [as estrelas] A e B do ou menos rumorosamente) Pipoc, Pipoca.
Centauro, os pescadores. SALTO Puresaua.
SAGUIM Saui. SALVAR Picyrõn, Picyrfm, Iuuca. A filha de
SAÍ Saí. Faraó salvou Moisés das águas: Faraó rayra
SAÍDA Cerna, Cemosaua; (de peixes) Pira- oiuuca Moisé paranã suí. Cristo morreu pa-
cema. Depois da saída do tuxaua começa- ra nos salvar: Cristo omanoana opicyrõn ia-
ram a brigar: Tuixaua cemosaua riré aitá né arama. V Libertar e comp.
oiupirun omaramunhã. SAMAMBAIA Caambaia, Caamumbaia.
SAIDOR Cemosara; (que sai muito) Cemouera. SUMAÚMA Caamuma.
SAIDOURO Cemotyua. SAMAUMEIRA Caamumayua.
SAIMENTO Cemosaua. SAMBURÁ Samurá, Samburá.
SAINTE Cemouara. SANAR Pusanun. V Curar e comp.
SAIR Cerno; (com auxílio, à força) Saca; (sair SANATIVO Pusanga.
do porto) Pauoca. Sair-se: Iucemo, Iusaca. SANDEU Iacuayma-eté.
Fazer ou ser feito sair: Mucemo, Musaca. SANGRADOURO Sacocatyua; (dos lagos e la-
SAIRÉ Sairé. goas que na vazante dão saída às águas)
SAÍVEL Cemotéua. Typacuena.
SAL Iukyra. Sal e pimenta seca moída: SANGRADOR Musacocasara.
Iukitaia. Sal, pimenta em caldo de peixe: SANGRAMENTO Musacocasaua.
Kinha-pirá. SANGRANTE Musacocauara.
SALA Ocapy. Sala de jantar: Mbaú-rendaua, SANGRAR Musacoca.
Mbaú-ocapy. Sala de dança: Puracy-oca. A SANGRIA Sacoca.
sala indígena é um galpão. SANGUE Tuí, Tué.
SALAMANDRA Caramuru. SANGUESSUGA Ximuipéua. Ximbuipéua.
SALARIADO Murepiuara. SANGUINÁRIO Tuíuára, Tuéuára.
SALÁRIO Murepi. SANHAÇO, SAINHAÇO Saí-uasu.
SALGADO Ceen, Ceen-mbyca, Iukyra-pora. SÂNIE Eneuáté.
SALGADOR Ceen-mbycasara. SANTO Santu. Tupana.
SALGADOURO Ceen-mbycatyua. SANTOS ÓLEOS Inady-caryua.
SALGAMENTO Ceen-mbycasaua. SAPATARIA Py-pupecasaua-oca.
SALGANTE Ceen-mbycauara. SAPATEIRO Py-pupecasara.
SALGAR Ceen-mbyca. SAPATO Py-pupecasaua.
SALIÊNCIA Apecô, Apecoin; (de terra) Ara- SAPECAR Sapereca, Sauereca. V Chamuscar
pecô; (de pedra) Itápecô. e comp.
SALINA Iukyra-munhãtyua. SAPECAÇÃO Saperecasaua.
SALIVA Tuuma. SAPECADO Saperecauá, Saperecapora.
SALIVAÇÃO Tuumasaua. SAPECADOURO Saperecataua.
SALMOURA Iukyra yukicé, Iukyra-pora. Sal- SAPECADOR Saperecasara.
moura de peixe: Pirá-iukyra-pora. Salmoura SAPECANTE Saperecauara. Que é causa: Sa-
de carne de vaca: Tapyira-iukyra-pora. Põe a perecayua.
carne em salmoura: Oenu sô-ocuera iukyra SAPECAR Sapereca. Sapecar-se: Iusapereca.
yukicé opé. SAPECÁVEL Saperecateua, Saper
SALPICADOR Cepiyngara. SAPERECAR V Sapecar.
SALPICADURA Cepygaua. SAPINDÁCEAS Timbó, Timbó-sacaca, Timbó-
SALPICAR Cepiy. -membeca, Timbó-uasu, Timborana.
SAPO

SAPO Aru, Caruiri, Cunuaruá, Cunuru, SEDUÇÃO Munguitásáua.


Cororó, Uá-uá, Urá, Urá-coá. Nomes todos SEDUTOR Munguitására, Munguitáuéra.
que parecem onomatopaicos. SEDUZIR Munguitá.
SAPOTI Sapoti. SEGMENTO Cernirem, Remirera.
SAPOTI[z]EIRO (a espécie maior) Sapotayua; SEGREDAR Iumími; (jazer segredo) Muiu-
(a menor) Sapofiyua. mími; (guardar segredo) Cuatuca.
SARADOR Ucaengara. SEGREDO Iumímisáua.
SARAMENTO Ucaengaua. SEGUINTE Casakyre-sôuára, Casakyreuara.
SARAR Ucaen. SEGUIR Sô ... casakyre. Sigo-te: Xasô ne ca-
SARDINHA Arauiri, Pirá-arauiri, Arary. sakyre.
SARNA Pyra. SEGUIDO Irumuara-itá.
SATISFAÇÃO Sorysaua, Mumutáuasáua. SEGUIDOR Casakyre-sôsára.
SATISFAZENTE Musorysara, Musoryuara. SEGUNDA-FEIRA Murakipi.
SATISFAZER Musory; (jazer a vontade) Mu- SEGUNDO Mocoêngara; (a qualidade de ser
mutaua. segundo) Mocoêngaua. Segunda vez: Amu-i.
SATISFEITO Sory, Sorypora, Morepora. SEGURADOR Pitasocasara; (se a segurança é
SATISFEITOR Musorysara, Mumutáuasára. material) Pitasocayua.
SAUDAÇÃO Mumurangaua. SEGURANÇA Pitasocasaua.
SAUDADO Mumuranga. SEGURANTE Pitasocauara.
SAUDADOR Mumurangara. SEGURAR Pitasoca.
SAUDAR Mumurãn, Putare-iané-ara. SEGURO Pitasocauá.
SAÚDE Imacimasaua. SEIS Iepé pô iepé pô racanga irumo, ou sim-
SAÚVA (as grandes operárias munidas de plesmente: Pô iepé. Quantos são vocês? Seis:
grande e forte queixo) Sayua; (as operárias Muíre penhê? Pô iepé.
mais pequenas) Isá; (as fêmeas aladas, que SEIVA Iukycé, Yua-iukycé.
saem ovadas) Tanaiúra; (o macho) Catipará. SEIXO Itai, Itá-ponga, Itá-pitanga. Itá-iereuá.
SE, ME, TE, NOS, vos etc. (complemento dire- Conglomerado de seixos: Itá-pe-cururu.
to dos verbos reflexivos) Iu (prefixo ao te- SEIXAL Itaityua (itaituba).
ma invariável do verbo e precedido do pre- SELVA Caá, Caású.
fixo pronominal variável com a pessoa). SELVAGEM Caápóra.
Ama: Oxaisu. Ama-se: Oiuxaisu; Satisfaço: SEM Inti, Intimaá; (quando é modificador do
Xamusory; Me satisfaço: Xaiumusory. sentido da palavra se traduz pelo sufixo:)
SEBO Tapeuá. Yma. Sem dono: Inti oicô iara; Iara-yma.
SECA Ticanga, Typaua. Voltou sem falar-lhe: Oiuíre inti opurungue-
SECA-CHUVA (casta de abelha) Amanasay. tá aé irumo. Ficou sem ver: Opitá xipiá-yma
SECADOR Muticangasara, Mutypauasara. ou Opitá cesá-yma (= sem olhos). Sem no-
SECADOURO Muticangatyua. me: Cera-yma.
SECAMENTO Muticangasaua, Mutypauasaua. SEMBLANTE Suá, Ruá.
SECANTE Muticangauara, Mutypauauara. SEMEAÇÃO Eauésáua.
SECAR Muticanga. Secar o rio, lagos etc.: SEMEADO Eauéuá.
Typau. Fazer secar: Mutypau. SEMEADOURO Eauétyua.
SECO (se de rio etc.) Ticanga, Typaua; (das fo- SEMEADOR Eauésára.
lhas ou de outra coisa que, secando, se enrola SEMEANTE Eauéuára.
e se torna quebradiça) Xirica; (o que secan- SEMEAR Euaé.
do se torna sonoro) Tininga; (se secando se SEMELHANÇA Iauésáua, Nungarasaua.
prende) Icyca; (se endurece) Santá; (a man- SEMELHANTE Iauéuára, Nungarauara, Rapi-
dioca seca ao sol) Typiraity. xara.
SECRETAMENTE Iumími-rupi. SEMELHAR Nungara, Oicô-iaué.
SEDE Y-cy, Y-iucysaua. SEMENTE (quando miúda e se espalha fa-
SEDENTO Y-iucysara. cilmente) Eaueca; (se se trata de caroço)
SIMULAR

Sainha, Rainha. A semente da fruta: Yuá- SERRADO Kity, Kityuá, Kityana.


sainha. SERRADOR Kitysara.
SEMPRE Teên, Tenhê, Meme, Opain-ara- SERRADURA Kity-yua-pora.
-rupi. SERRAGEM Kitysaua.
SEMPRE-VIVA Perepitá, Peripitá. SERRANTE Kityuara.
SENHOR Iara. Pay, May; (nos tempos que já lá SERRAR Kity.
vão) Maitinga, Paitinga (como tratamento SERRARIA Kity-tyua, Kity-tendaua.
da gente de casa aos donos). SERRANIA Yuytera-cuá.
SENIL (se se trata de homem) Tuiuéuára; (se SERRANO Yuyterauara, Yuyterapora.
de mulher) Uaimyuara. SERTANEJO Tapiya-tetamauara.
SENILIDADE Tuiuésáua, Uaimysaua. SERTÃO Tapiya-tetama.
SENTAR Uapyca. V Assentar e comp. SERVIÇO Miasu, Muaraky.
SENTIDO Saciara. SERVIDÃO Miasusaua.
SENTIDO! Rexipiá! SERVIDOR Miasua.
SENTIMENTO (de sentir) Saangaua; (se é de SERVIL Miasuara.
desgosto) Muacisaua. SEZÕES Tacuua.
SENTIR Cendu; (materialmente) Saãn; (moral- SEZONÁTICO Tacua-pora.
mente) Muaci. Senti andar no quarto: Xa- SETE Pô mocoin. Tepé pô mocoin pocapy.
cenduana mira oso ocapy kiti. Senti a comida, SETA Uéyua, Uyua. O e é geralmente omitido
era boa: Xasaãn tembiú, Oicoana puranga, ou pronunciado como mudo; todavia, não
uá. Senti muito o mal que me fizeste: Xamuaci há duvida de que Ueyua é apenas a contra-
eté puxyua remunhãna ce supé uá. Sinto que ção de Uéuéyua = haste que voa.
lhe quero bem: Xacendu xaxaisu aé. SETADA Uéyuasáua, Tumusaua.
SEPARAÇÃO Muiauocasaua. SETEAR Tumu. V Flechar e comp.
SEPARADOURO Muiauocatyua. SEU I. Chamou seu pai: Ocenoiana i paia.
SEPARADOR Muiauocasara. Todos viram que era seu; Opain mira omaãn
SEPARANTE Muiauocauara, Muiauocayua. aé iara.
SEPARAR Muiauoca, Muiauuca. Separar re- SEVERAMENTE Tecô-acy-rupi.
tirando: Musaca. Separar limitando: Ipuá. SEVERIDADE Tecô-acysaua.
Separar-se: Iumuiauoca, Iumusaca. SEVERO Tecô-acy.
SEPARÁVEL Muiauocauera. SICUPIRA Sycupira.
SEPULCRO Mira-iutymatyua-uasu. SIDÉREO Iuacauara.
SEPULTADOR Mira-iutymasara. SILÊNCIO Kyriri.
SEPULTAR Iutyma-mira. SILENCIOSAMENTE Kyriri-rupi.
SEPULTO Mira-iutyma. SILENCIOSO Kyririuera.
SEPULTURA Mira-iutymatyua. SILVESTRE Caáuára.
SER Icô, leu. V Estar e comp. SIM Eé. Eré; (quando é de total aprovação,
SERENO (o céu) Ikiayma, Iuaca-ikiayma. sem restrição) Ereté. Sim, está bom: Eré ca-
SERPENTÁRIO (casta de rapineiro) Acauã. tu; (quando a aprovação é para o futuro) Eré-
SERPENTE Mboia. V Cobra. -cury.
SERPENTIFORME Mboia-nungara, Mboia- SÍMIA Macaca.
-iaué. SIMIANO Macaca-iaué.
SERPENTINO Mboiayua. SEMELHANTE Taué. V Semelhante e comp.
SERRA Yuytera, Yuytyra, Kity-yua. Serra SIMARUPA [simaruba] Marupá; (a árvore)
altíssima: Yuytera-aeté. Serra alta; Yuytera- Marupáyua.
-eté. Serra brava: Yuytera-iauaeté. Serra fendi- SIMULAÇÃO Muamasaua.
da: Yuytera-soroca. Serra grande: Yuyterasu. SIMULADO Muamba, Muama.
Serra longa: Yuytera-pucu. Serra nua: SIMULADOR Muamasara.
Yuytera-ciryca. Serra pequena: Yuytera-1, SIMULANTE Muamauara.
Yuytera-miri. SIMULAR Muama.
SINAL

SINAL' Sangaua, Rangaua; (qualquer sinal SOBRENADADOR Uyuycasara.


do corpo, especialmente se saliente) Kytan, SOBRENADANTE Uyuycauara.
Kitanga. SOBRENADAR Uyuyca, Uyry.
SINAL'(para indicar o caminho na mata vir- SOBREPOR Enu-aarpe.
gem) Caápepéna. SOBREPUJANÇA Uirisaua.
SINALAÇÃO Musangauasaua. SOBREPUJANTE Uirisara.
SINALADOR Musangauasara. SOPREPUJAR Uiri.
SINALAR Musangaua. SOBRESSAIR Iumu-iuaté.
SINCERIDADE Supisaua, Satambycasaua. SOBRESSALIÊNCIA Iumu-iuatésáua.
SINCERO Supiuara, Satambyca-catu. SOBRESSALIENTE Iumu-iuatéuára.
SINEIRO Tamaracá-muapuera. SOBRESSALTAR Mucanhemo. Sobressaltar-se:
SINGELAMENTE Piá-catu-rupi. Iumucanhemo.
SINGELEZA Piá-catusaua, Cuaiauésáua. SOBRESSALTO Mucanhemosaua.
SINGELO Cuaiauéuára, Piá-catu, Puruyma. SOBRINHO Penga, Cunhã-mira, Cunhambyra.
SINIMBU Cinimu, Cenimpu. SOCA Tucá-tucasaua, Sosocasaua.
SINO Tamaracá, Itamaracá. soCADOR Sosocasara, Tucá-tucasara.
SIRIÚBA Xiry-yua. SOCADOURO Sosocatyua, Tucá-tucatyua.
SÍTIO Rendaua, Tendaua, Cendaua. SOCANTE Sosocauara, Tucá-tucauara.
só Nhun, Nhunto, Anhun, Anhoten. Só de SOCAR Tucá-tucá; (se é coisa que se amasse ou
palavra: Nheênga rupi nhunto. Fiquei só: se esfarele quando se soca) Sosoca.
Xapitá ixé nhun. Só indo tu mesmo: Anhoten SOCIEDADE Muatiresaua, Mira-muacasaua.
resô ne teên. SÓCIO Irumuara.
SOALHADO Muierauá. socó Socó; (a espécie menor) Socoi.
SOALHADOR Muierausara. socó-COBRA Socó-mboia.
SOALHAMENTO Muierausaua. socó-TROPA Socó-toré.
SOALHANTE Muierauara. SOÇOBRAMENTO Pypycasaua, Muapysaua.
SOALHAR Muierau. SOÇOBRADOR Pypycasara, Muapysara.
SOALHEIRA Coaracy-sacusaua. SOÇOBRADOURO Ipypycatyua.
SOALHO Ierau. SOÇOBRANTE Pypycauara, Pypycauera.
SOANTE Muteapuara, Tacácauára, Tiningara. SOÇOBRAR Pypyca; (da canoa que não resis-
SOAR Muteapu, Tacaca, Tinin. te à força da correnteza, quando passada a
SOASSAR Sapepeca. sirga ou a pulso, e solta-se e soçobra) Muapy.
SOB Yuyrpe, Uyrpe. Sob a mão do inimigo: SOFREADO Poiãnga.
Pô soainhana uyrpe. Sob a pressão dos fatos: SOFREADOR Poiãngara.
Mbaetá camirycasaua uyrpe. SOFREAMENTO Poiãngaua.
SOBEJADOR Iumupiresara. SOFREAR Poiãn.
SOBEJAMENTE Iumupire-rupi. SOFREDOR Purarasara.
SOBEJANTE Iumupireuara. SOFRENTE Purarauara; (de moléstia) Saciuara.
SOBEJAR Iumupire. SOFRER Purará. Fazer ou ser feito sofrer: Mu-
SOBEJIDÃO Iumupiresaua. purará. Sofrer por doença: Iumusaci. Ser feito
SOBEJO Iumupire-uá, Cemirera, Remirera. sofrer: Musaci. Fazer sofrer autoritária ou vo-
Puinha. luntariamente: Puraracári. Quem faz sofrer:
SOBERBA Iauetéasusáua. Puraracárisára. Quem sofre: Puraracáriuára.
SOBERBO Iauetéasú. O sofrimento assim infligido: Puraracárisáua.
SOBRANCELHAS Cesá-pecanga. SOFRIMENTO Purarasaua; (de moléstia) Saci-
SOBRE Aarpe, Arupi, Iarupi. Sobre tudo: saua.
Opain arupi. Põe a rede sobre a tolda para SOGRA (do homem) Taixô, Taixu, Raixô,
secar: Oenu makyra panicaryca arupi omu- Raixu; (da mulher) Meny, Mendy.
ticanga arama. SOGRO (do homem) Ratyua, Satyua, Tatyua;
SOBRENADAÇÃO Uyuycasaua. (da mulher) Menyua, Mendyua.
SUBJUGADOR

SOL Coaracy (a mãe deste dia ou a mãe des- SONHAR Kerepi, Ker'pi.
te mundo). SONHÁVEL Kerepitéua.
SOLA Tapyira-pirera. SOPA Mingau.
SOLDA Muicycayua. SOPRADOR Peusara.
SOLDADA Recuiara, Muraky-cepysaua. SOPRAMENTO Peusaua.
SOLDADO' [militar] Surara (port. corromp.). SOPRANTE Peuara, Peuera.
SOLDADO' [de soldar] Muicycauá. SOPRAR Peu, Peiu.
SOLDADOR Muicycasara. SOPRO Peua, Angai.
SOLDAGEM Muicycasaua. SOQUETE Sosocayua.
SOLDANTE Muicycauara. SOROCOIM (Tamatiá?) Tamatiá-uirá.
SOLDAR Muicyca, Muecyca. SORVA Cumã, Cumã-uasu. Cumai.
SOLDÁVEL Muicycatéua. SORVEIRA Cumayua.
SOLEIRA Mytá; (da porta) Okena-mytá. SORVEDOR Pyterasara.
SOLÉRCIA Iacusaua. SORVEDOURO Iupypycatyua.
SOLERTE Iacu. SORVER Pytere. Sorver saboreando: Pytipy-
SOLIDEZ Antangaua, Santásáua. tinga. Sorver sofregamente: Mucuna.
SÓLIDO Antãn, Santá; (firme) Tyua. SOSSEGADO Pituua, Oicô-nhoten.
SOLICITAÇÃO Iururésáua. SOSSEGADOR Pituusara.
SOLICITADOR Iururésára. SOSSEGADOURO Pituutaua.
SOLICITANTE Iururéuára. SOSSEGAR Pituu. Fazer sossegar: Mupituu.
SOLICITAR Iururé. SOSSEGO Pituusaua.
SOLTADOR Iuraresara. SOTOPOR Popyca.
SOLTAMENTO Iuraresaua. SOTOPOSTO Popycauara.
SOLTANTE Iurareuara. SOVA Nupasauasu.
SOLTAR Iurare. Soltar-se: Iuiurare. SOVADOR Nupasarasu.
SOLTO Iuraua, Iurau, Apy. SOVAR Nupasu; (a massa) Cancyra. V Amassar.
SOLUÇADOR Iuiocasara. SOZINHO Nhuíra, Irumuarayma, I nhunto.
SOLUÇAR Iuioca, Ioioca. Fazer soluçar: Mu- Todos se foram, ficou sozinho: Mira opau
iuioca. osoana, opitá irumuarayma. Sozinho en-
SOLUÇO Iuiocasaua. frentou o inimigo: Nhuíra osoecé suainhana.
SOMA Papasaua. SPIZAETO TYRANNUS Iapacany.
SOMADO Papaua. STENO-TUCUXI (boto-cinzento) Tucuxy.
SOMADOR Papasara. Tábua de somar: Papa- SUA I. V Seu.
reuara. SUADA Ciaisaua, Tyaengaua.
SOMAR Papau, Papare. SUADOR Ciaisara, Tyaengara.
SOMBRA Irusanga. SUANTE Ciaiuara, Tyaengara.
SOMBREADOR Irusangara. SUAR Ciai, Tyaen.
SOMBREAMENTO Irusangaua. SUAVE Ceen.
SOMBREAR Muirusanga. SUAVEMENTE Ceen-rupi.
SOMENOS Cemirera, Mirinte, Mirinhoten. SUBIDA (em terra) Eatiresaua; (por água)
SOMENTE Nhun, Anhun, Anhoten, Nhunto. Yapiresaua; (figurado) Eupiresaua.
SOMÍTICO Sacatéyma. SUBIDOR Eatiresara, Yapiresara, Eupiresara.
SONÍFERO Repocy-munhangara. SUBINTE Eatireuara, Yapireuara, Eupireuara.
soNo Cepocy, Repocy, Tepocy, Pocy, Epoxy. SUBIR Eatire, Yapire, Eupire. Fazer subir:
SONOLENTO Epocyuara, Epocyuera. Mueatire, Muyapire, Mueupire. Subiu o rio e
SONHADO Kerepiuá. depois subiu a serra: Oiapireana paraná rupi
SONHADOR Kerepisara. ariré oeatire yuytera. Todos os dias sobem os
SONHADOURO Kerepityua. preços: Opain ara maaitá cepy oeupire.
SONHANTE Kerepiuara. Que sonha mal: SUBJUGAÇÃO Iyuycasaua.
Kerepiuera. SUBJUGADOR Iyuycasara.
SUBJUGANTE

SUBJUGANTE Iyuycauara. a consistência e o aspecto do leite) Camby,


SUBJUGAR Iyuyca. Fazer ou mandar subju- Camy; (quando é sujeito a coagular-se) Icyca;
gar: Iyuycacári. (quando é obtido por meio de pressão e com
SUBMERGIR Iupypyca. V. Soçobrar e comp. especialidade o extraído da mandioca antes
SUBORNAR Munguetá-puxy. de lhe ser tirado o veneno) Ty, Tycu; (o sumo
SUBSTITUIÇÃO Murecuiarasaua. da mandioca logo que lhe é tirado o veneno)
SUBSTITUIDOR Murecuiarasara. Manicuera; (quando já mais espesso e serve
SUBSTITUINTE Murecuiarauara. de molho) Tycupy; (quando tornado mais
SUBSTITUIR Murecuiara. espesso e escuro ao fogo) Tycupy-pixuna;
SUBTERRÂNEO Yuy-uirpeuara, Yuy-cuara. (o sumo da mandioca-doce) Manipuera,
Rapé-yuy-uirpe. manipuíra; (sumo da fruta) Yá-ty.
SUBTRAÇÃO Iuucasaua, Mundasaua, Iaruca- SUMARENTO (falando dos frutos) Yá-ty-uara.
saua. SUOR Tyaia, Ciain, Ciainsaua, Tyuera,
SUBTRAIR (tirando) Iuuca; (furtando) Mun- Cyuera.
dau; (diminuindo) Iaruca. SUPERIOR Iauetéuára.
SUBTRAÍDO Iuücauá, Mundauá, Iarücauá. SUPLICAR Iurureu. V. Pedir e comp.
SUBTRATOR Iuücasara, Mundására, Iarü ca- SUPORTAR (materialmente) Pitaseca; (com
sara. especialidade, moralmente) Parará, Socanga.
SUBURBANO Mairi-ocarauara. SUPURAÇÃO Epéua.
SUBÚRBIO Mairi-ocara. SUPURANTE Muepéuauára.
SUCEDÂNEO Iauéuára, Maiauéuára. SUPURAR Muepéua.
SÚDITO Miasua. SURDEZ Iapysá-ymasáua.
SUECO Ty, Tycu, Camy, Yukycé. V. Sumo. SURDO Iapysá-yma.
SUCURIJU Sycuryiu-yua. SURRA Nupanasaua.
SUCURUJU Sycuryiu. SURRADOR Nupanasara.
SUCUUBA Sucuyua. SURRAR Nupana.
SUFICIÊNCIA Auieuanasaua. SURUBI Surumy, Surumby.
SUFICIENTE Auieana, Auieuana. SURGIR Cerno, Iucuau, Cenei. V. Nascer,
SUICIDA Iuiucá-sara, Iuiucambyra. Mostrar-se, Grelar e comp.
SUICIDAR-SE Iuiucá. SURURINA Sururina.
SUICÍDIO Iuiucá-saua. SUSPEITA Muaúsáua-ayua.
SUJADOR Ikiására. SUSPEITADOR Muaúsára-ayua.
SUJAR Mukiá, Iuciyma. SUSPEITO Muaú-ayua.
SUJEIÇÃO Enuirpesaua. SUSPENSÃO Iapotisaua, Iaticusaua.
SUJEITADOR Enuirpesara. SUSPENDER Iaticu; (amarrando a alguma coi-
SUJEITANTE Enuirpeuara. sa) Iapoti.
SUJEITAR Enuirpe. SUSPENSÓRIO Iapotiyua, Iatycuyua.
SUJEITO Enuirpeuá, Marasupora (= cheio da SUSPENSOR Iapotisara, Iaticusara.
vara). SUSTENTAÇÃO Putumusaua.
SUJO Ikiá, Ikeá. SUSTENTADOR Putumusara; (quem sustenta
SUJURA Ikiásáua. um peso ou coisa que o valha) Pitasocasara;
SUMARENTO Yukicéuára. (o pau sustentador da cumeeira) Tianha.
SUMIÇÃO Mucanhemosaua. SUSTENTAR Putumu; (sustentar firme) Putu-
SUMIDADE Arpesaua, Iauetésáua. mu-santá; (sustentar o que periga ou está pa-
SUMIDOURO Mucanhemotyua. ra cair) Pitasoca, (se é com pau em forqui-
SUMIDOR Mucanhemouara. lha) Mutianha; (sustentar no alto) Copire.
SUMIR Mucanhemo. Sumir-se: Iucanhemo. Sustentar-se: Iupitasoca. Sustentar-se de co-
SUMÍVEL Mucanhemoteua. mida: Iupui.
SUMO (o que se produz naturalmente ou se SUSTO Cikiésáua.
prepara com água) Yukicé; (quando tem SUUBA [Suumba?] Suyua.
TABA Taua. TALHADOR Munucasara
TABACAL Pytymatyua. TALHADEIRA Munucayua.
TABACO Pytyma; (aquele que serve para lim- TALHAMENTO Munucasaua
par os dentes) Mupinxi (Solimões); (em mo- TALHANTE Munucauara.
lho) Pytymantá; (em pó) Pytymacui; (a TALHAR Munuca. Talhar-se: Iumunuca.
planta) Pytymayua. TALHENTE [ital.; que corta] Cembé.
TABAJARA Taua-iara. TALO Iarisaua, Caá-iarisau a, Putyra-iarisaua.
TABAQUEIRA Pytymacui-ireru, Pytyma-ireru. TALVEZ Ipu, Epu, Arane-yma.
TABARÉU Caauara, Caápóra. TAMANDUÁ Tamanduá, Tamanduá-asu, Ta-
TABATINGA Taua-tinga. manduai ou Uairy.
TABERNA Oca-cauin-meêngaua. TAMANHO (em grossura) Turususaua; (em
TABERNEIRO Cauin-meêngara. comprimento) Pucusaua; (em ambos os sen-
TABOCA Tauoca. tidos) Uasusaua.
TABOCAL Tauocatyua. TAMAQUARÉ Tamacoaré.
TABOCÃO Tacuarusu. TAMBAQUI Tamaky, Tambaky.
TABOQUINHA Tacuary. TAMBÉM Iaué-teên, Iuere, Iuíri. Nós também:
TÁBUA Myrá-peua, Myrá-pema. Iané iuere.
TACANHO Sacate-yma. TAMBOR Tamaracá, Trocana.
TACHO Itanheên, Panerasu. TAMBORETE Uapuy; Muapyua.
TAJÁ Taiá. TAMBORIPARÁ [bico-de-brasa] Tamury-pará.
TAJAOBA (Colocasia) [inhame] Taiá-yua. TANAGRA Tangará, Saí.
TAJAÚVA (Aroidea) [tinhorão] Taiá-ayua. TANAJURA Tanaiúra.
TALANTE Putaua. A meu talante: Cé putaua TANGA (a dos homens) Coeiíí., Tacunhayua;
rupi. (a das mulheres) Muruari, Enduari, Tanga.
TALCO Maracacheta (nome dado também às TANGEDOR Muapysara.
piritas). TANGER Muapy.
TALENTOSO Icoaouara. TANGIDO Muapyuá.
TALHA Yasaua, Yngasaua. TANGIMENTO Muapysaua.
TANGÍVEL

TANGÍVEL Muapytéua; (que pode ser tocado) TAUARI Tauary.


Picicauera. TAUARIZEIRO Tauaryiua.
TANTOS Ceifa. TAVÃO Mucu. Mucuasu, Mytuca.
TAPADOR Cekindáusára. TAXI' Ver Taxizeiro.
TAPAGEM Cekindaua, Pary. Tapagem de pe- TAXI 2 Ver Formiga.
dra: Itá-pary. TAXIZEIRO (a árvore) Taxyyua. (O formiguei-
TAPAGENZINHA Itá-paryca. ro) Taxyoca.
TAPAMENTO Cekindáusáua. TE Indé, Iu. Eu te dou: Icé xá-meen indé. O
TAPANTE Cekindáuára. tuxaua te chama para ir pescar: Tuixaua ce-
TAPAR (fechando) Cekindau; (cobrindo) Pu- noi indé osó pinaityca arama. Quando tu
peca; (com grade a boca dos lagos, igarapés te embarcas?: Mairamé indé reiuiare? Tu
etc.) Parytyca. te deitas na minha rede: Indé reiuienô ce
TAPÁVEL Cekindáuéra. makyra kiti.
TAPERIBÁ Taperyuá. TEAR Makyra -tucasaua.
TAPERIBAZEIRO Taperyuáyua. TECELÃO Pana-munhangara, Makyra-tuca-
TAPIOCA Typyaca; Typyiuuca. sara-iupésára.
TAPIR-AMERICANO Tapyira. TECELAGEM Iupesaua, Tucasaua, Tupesaua.
TAPUIO Tapyia. TECER Iupé, Sutire, Tucá, Tupé, Munhã-pana.
TAPUME (de grade) Pary; (de varas soltas) TECIDO Sutiro, Sutireuá; Iupésáua. (A rede
Parymembeca; (de tabique) Taipara. solta, presa por travessas) Kysáua; (a rede fei-
TAQUARA Tacuara, Tacuarusu, Tacuary. ta ao tear, batida) Makyra; (a rede de pescar)
TARDE Caruca. Chegou tarde: Ocica carucana. Pusá, Pysá. (O tecido de talas) Tupé.
TARDIAMENTE Caruca-ramé. TECUM Ver Tucum.
TARDO Meuéuára. TEIA (de aranha) Iandu-kysaua.
TARECOS Miritá. Os tarecos da casa: Oca TEIMAR Casakyre-ieuere.
miritá. Esperou que a mulher juntasse os TEIMOSO Oieuere-casakyre.
seus tarecos: Osaruana cunhã omuatire i TELHADO Oca-pupecasara.
miritá. TELHEIRO Teiupá, Copeã.
TARTARUGA (a grande, do Amazonas) Capitary TEMENTE Cikiésára, Moetésára. Temente a
(o macho), Iurará (a fêmea), Cunhambocó, Deus: Tupana-moetésára.
Cunhamucu (a fêmea nova), Uarapeky, TEMER Cikié, Moeté.
Uirapeky (as tartaruguinhas novas saídas de TEMIDO Cikiéyua, Cikié-manha.
fresco dos ovos). (Uma espécie menor: Tracajá) TEMOR Cikiésáua. Temor reverencial: Moeté-
Tracaiá (a fêmea), Anory, Anaiury(o macho). sáua.
(Outras espécies, em geral menores, de tartaru- TEMPERADOR Muceengara.
gas fluviais) Matam atá, Arasá, Aperema, Opé, TEMPERAMENTO Muceengaua.
Pitiú. (A do mar) Iurucua, Surucua. (As espé- TEMPERAR (pôr temperos) Muceen.
cies terrestres) Iauty, Musuã. TEMPERO Ceen, Ceenga.
TATAJUBA Tataiuá. TEMPESTADE Iuiutu-ayua.
TATEADOR Popsypsycasara. TEMPESTUOSO Iuiutu-ayuauara.
TATEAMENTO Popsypsycasaua. TEMPO Ara, Ramé. No começo do tempo:
TATEANTE Popsypsycauara. Ara-iupi-rungaua. Sem tempo: Ramé-yma.
TATEAR Popsypsyca, Popysypysyca. Tempo de verão: Coaracy-ara. Tempo de in-
TATILMENTE Popsypsyca-rupi. verno: Amana-ara. Não há tempo: Erimbaué.
TATU Tatu. Não há mais tempo: Erimbaué-ana.
TATU-ACORDADO Tatu-para. TEMPORAL Iuiutu-asu.
TATU-BOLA Tatu-apara. TEMPORIZAR Sam. V Esperar e comp.
TATU-GRANDE Tatuasu. TENAZ ltacambira.
TATU-MANHOSO Tatu-mundéu. TENEDOR [possuidor] Recôsára.
TATU-VERDADEIRO Toró, Tatu-eté. TENENTE [possuinte] Recôuára.
TINIR

TENRO (novo) Iakyra; (mole) Membaca, TERRORIZAR Mucikieté.


Santá-yma. TESÃO Cekisaua.
TENSÃO Cikiésáua. TESO Ceki, Muantã.
TENSO Cikié-yua, Muantã. TESOURA' (ave) Piranha; (casta de gavião)
TENTAÇÃO Ceén-munguetásáua. Piranha-uirauasu (ou melhor) Tianha-
TENTADOR Ceén-munguetására. -uirauasu; (casta de tirano [tiranídeo]) Tia-
TENTANTE Ceén-munguetáuára. nha-uirá.
TENTAR Munguetá-ceén, Cicare. O diabo TESOURA' (de telhado) (a que sustenta o te-
tentou a mulher para que comesse do fru- lhado ou outra qualquer coisa, formando
to: Yurupary omunguetá ceén cunhã recé, forquilha) Tianha.
oumbauana yá arama. Tento ver: Xacicare- TESTA Cyua. A testa da rede: Pusá-pitasoca.
-xamaãn. TESTEMUNHA Supi-umbuésára.
TÊNUE Puy, Pui. TESTEMUNHANTE Supi-umbuéuára.
TEOR Tecô. TESTEMUNHAR Mbué-supi, Mbué-supisaua.
TÉPIDO Sacuxinga, Tisacueté. TESTEMUNHO Supi-umbuésáua.
TERÇADO Kicé-uasu, Trasada. TESTÍCULO Sapiá, Rapiá, Tapiá.
TERÇA-FEIRA Muraki-mucoin. TETO Oca-cekindáuasára.
TERCEIRO Musapireuara, Musapiresara. TEU, TUA Ne, Indé, Iné, Indé-iara.
TERÇO Musapire. TEÚBA Téua.
TERÇOL Cesá-pungá. TI Ne. A ti: Ne-recé. Ne-opé; por ti: Ne-
TERMINAR Mpau. V. Acabar e comp. -arama; de ti: Ne suí; para ti: Ne kiti; perto
TÉRMITES Copim, CopI. de ti: Ne ruake; de perto de ti: Ne ruake suí.
TERRA Ara, Yuy, Taua, Tetama, Tyua. Ponta TIA Aixé, Ceíra, Reíra, Teíra.
de terra: Ara-pecô. A nossa terra: Iané- -TIBA (sufixo) Lugar. A corrupção portugue-
-retama. Terra alta: Yuy-ã, Yuyuaeté, Yuytera. sa de Tyua.
Terra altíssima: Yuy-aeté. Terra amarela: TIÇÃO Tatá-cicuera, Tatá-cica.
Tauá. Terra branca: Tauatinga. Terra cha- TIGELA Peririsaua.
ta: Yuy-pema. Terra de oconori: Oconory- TIGRISOMA Socó.
tyua. Terra de gente: Tapyia-tyua. Terra TIJUCA Tyiuca.
da gente: Tapyia-tetama. Terra dos paren- TIJUCAL Tyiucatyua.
tes: Anama-tetama. Terra firme: Yuyreté. TIJUCUPAUA Tyiucapaua.
Terra lisa: Yuy-peua. Terra nova: Taua- TIJUPÁ Teiupã.
-pesasu, Taua-pysasu. Terra pelada: Yuyapina, TIMBÓ Timô, Timbô.
Ibiapina. Terra rasgada, fendida: Yuy-soroca. TIMBOZEIRO Timboyua.
Terra vermelha: Tauapiranga. Oury. TÍMIDO Pitua.
TERREIRO Ocara. TÍNAMO Macucaua.
TERREMOTO Yuyryry; Tyrytyri. O terremoto TINGIR (em amarelo) Mutauá; (em azvl) Mu-
é atribuído ao mexer-se que faz o jacaré que sukira; (em branco) Mutinga, Mumurutinga;
sustenta a terra, e que por via disso chamam (em cinzento) Mutuíra; (em preto) Mupixuna;
Mãe do terremoto, isto é: Tyryry-manha. (em roxo) Mutui; (em verde) Muiakyra; (sem
TERRESTRE Yuyuara, Yuypara (= que mora na designação de cor) Mupinima.
terra). TINGUEJADA Tinguésáua, Timboitycasaua.
TERRIBILIDADE Iauaetésáua. TINGUEJADOR Tinguésára, Timboitycasara.
TERRIFICANTE Iauaetéuára. TINGUEJAR Tingué, Timboityca.
TERRIFICADOR Iauaetésára. TINHA Pyra, Kerana.
TERRIFICAR Iaueté. TINHORÃO Taiurá.
TERRÍVEL Iauetéua. TINHOSO Pyrasuera, Keranauera.
TERROR Cikietésáua. TINIDO Cininga; (o ato de tinir) Ciningaua.
TERRORIZADOR Mucikietésára. TINIDOR Ciningara.
TERRORIZANTE Mucikietéuára. TINIR Cinin, Cininga.

= 297 ""'
TINTA-PRETA

TINTA-PRETA (casta de cipó) Tariri. TOLDA (da canoa) (fixa) Panicaryca; (move-
TINTUREIRO Mupinimasara. V Tingir. diça) Iapá; (no rio Negro) Decorera (corrup-
TINTURA Mupinimasaua. ção do português, de correr, isto é, tolda que
TIO Tutira. se corre quando preciso).
TIQUIRA Tykyra. TOLDADO Pitinga.
TIRADA Iuucasaua. TOLDADOR Mupitingasara.
TIRADOR Iuucasara. TOLDANTE Mupitingauara.

TIRANIA Marasusaua. TOLDAR Mupitinga. Toldar-se: Iumupitinga.

TIRANIZADO Marasupora. TOLDÁVEL Mupitingauera.

TIRANIZAR Marasu. TOLETE [de madeira] Mará; (aquele de que o

TIRANO Murasusara, Murasu-iara. pescador se serve para acabar com o peixe)


TIRANTE Iuucauara. Arasanga, Acangapéua.
TIRAR Iuuca, Euoca. Tirar com a mão: TOLHER Musaca; (impedindo) Patuca; (proi-
Poiuuca. Tirar fazendo sair: Musaca. Tirar bindo) Muatuca.
puxando: Ciki. Tirar arrastando: Iake. Tirar TOLICE Iacuaymasaua.

arrebatando: Piuru. Tirar espremendo: TOLERADO Mpuyma, Puraraua.

Typyiuuca. TOLERADOR Purarasara.

TIRIBA Maracanã. TOLERÂNCIA Purarasaua

TIRITANTE Ririsara. TOLERAR Purara. Fazer ou ser feito tolerar:

TIRITAR Riri. Mupurara. Fazer-se tolerar: Iumupurara.


TISANA Mosororó, Mosururu. TOLO Iacuayma.

TITARA Yacytara. TOMADA [de tomar) Picicasaua, Piamosaua.

TITILAÇÃO Kiricasaua. TOMADOR Picicasara, Piamosara.

TITILADOR Kiricasara. TOMAR Picica; (sem pegar materialmente)

TITILANTE Kiricauara. Piamo; (para se apropriar) Muiara.


TITILAR Kirica. TOMBADILHO (da canoa) Ingara-ierau.

TITINGA Pitinga. TOPADA Iuantisaua.

TOALHA Miasaua. TOPADOR Iuantisara.

TOCA Toca, Soca, Roca. TOPAR Iuaenti, Iuanti. Topar-se: Iuiuaenti.

TOCADA Peusaua, Tucasaua. TOPETE Iponga, Acanga-ponga.

TOCADOR Peusara, Tucasara. TÓRAX Putiá.

TOCAIA Tocaia, Tocaiuá. TORCEDOR Pombycasara, Iumuangara, Ma-

TOCAIADOR Tocaiasara. manasara.


TOCAIAMENTO Tocaiasaua. TORCEDURA Pombycasaua, Iumuangaua.

TOCAIANTE Tocaiauara. TORCER Pombyca, Iumuãn; (com a mão, em

TOCAIAR Tocai. geral para fiar) Pomana.


TOCAR (instrumento de sopro em geral) Peú, TORCIDO Pomana.

Peiú, Iupi. Mandar tocar: Muapeucári. TORMENTADO Poraraua, Porarapora.

Fazer tocar para si: Iumupeú; (flauta) Peú- TORMENTADOR Porarasara.

memby; (instrumentos de corda) Iutuca; (ta- TORMENTANTE Porarauara.

tear) Tucá, Cotuca; (com a mão) Potuca. Do TORMENTAR Porará. Tormentar-se: Iuporará.

último termo provém talvez potoca, a men- Fazer tormentar: Poraracári.


tira que quase se toca com a mão. TORMENTO Porarasaua.

TOCHA Tury. TORNA Recuiara, Cecuiara.

TODAVIA Ranhe. TORNAR Iuíre, Ieuíre. Tornar-se: Iuiuíre. Tornar

TODO Opanhe, Opain, Opao, Opaua, Rain. a fazer: Munhã; Mu (como prefixo). V Fazer e
Todas as vezes: Opanhe-i. Em todos os tem- comp.
pos: Opanhe ara ramé. Por todos os mo- TORNOZELO Pyuoá, Retimã, Muapiresaua.

dos: Opain manungara rupi. Todos aqueles: TORPE Puxi; Puxiuera.

Nhaitá opao, Nhaitá paua. TORPEZA Mbaé-puxi.


TRÂNSFUGA

TORRADA Sakisaua. TRAGAMENTO Uusaua.


TORRADO Sakiuá. A folha seca torrada: Ti- TRAGANTE Uuuara.
ninga. TRAGAR Uu.
TORRADOR Sakisara. TRAGÁVEL Uuuera.
TORRANTE Sakiuara. TRAIÇÃO Ecopésáua.
TORRAR Saki. Torrar secando e tornando-se TRAIÇOEIRAMENTE Ecopé-rupi.
sonora: Mutininga. TRAÍDO Ecopéua.
TORRÃO (de terra) Yuysantá, Ara-santá. TRAIDOR Ecopésára.
TORRENTE Yarapé, Yngarapé. TRAIR Ecopé.
TORRENTOSO Pirantá. TRAJAMENTO Ver Traje.
TORTA (de mandioca) Mbeiú, Meiú. TRAJE Iumuã-mundésáua.
TORTO Apara, Iapara. TRAJAR Iumuã-mundé.
TORTURA [de torto] Iaparasaua. TRAMA Moama, Moamba.
TORTULHO Urupé. TRANCADO Pitasoca, Cikendaua. Porta tran-
TORTUOSAMENTE Iatiman-timãn rupi. cada: Okena pitasoca. V Fechar, sustentar e
TORTUOSIDADE Iatimãn-timangaua. comp.
TORTUOSO Iatimãn-timana. TRANÇADO Tupé. Corda trançada: Tupaxama.
Tosco Pitinga, Eposu, Iupanayma, Ici, Tipi- TRANÇADOR Tupésára.
tinga. TRANÇADOURO Tupét}'ua.
TOSQUIA Iupinasaua. TRANÇAMENTO Tupésáua.
TOSQUIADOR Iupinasara. TRANÇANTE Tupéuára.
TOSQUIADOURO Iupinataua, Iupinaoca. TRANÇAR Tupé. Fazer trançar: Mutupé.
TOSQUIAR Iupina. TRANÇÁVEL Tupéuéra, Tupétéua.
TOSQUIÁVEL Iupinauera. TRANSBORDADO YapÔ.
TOSTAR Saké. V Torrar e comp. TRANSBORDADOR Yapôuáua.
TOTALIDADE Opanhesaua. TRANSBORDAMENTO Yapôsáua.
TOUCINHO Icauasaua, Taiasu-icauasaua, Taia- TRANSBORDAR Yapô, Yngapu.
su-icaua. TRANSBORDÁVEL Yapôuéra.
TOURO Tapyira-apyaua. TRANSCOAÇÃO Sasaporasaua.
TRABALHADOR Purakysara. TRANSCOADOURO Sasaporatyua.
TRABALHANTE Purakyuara. TRANSCOADOR Sasaporasara.
TRABALHAR Puraky, Muraky. TRANSCOANTE Sasaporauara.
TRABALHÁVEL Purakyuera. TRANSCOAR Sasapora.
TRABALHO Purakysaua. Lugar de trabalho: TRANSCOÁVEL Sasaporauera.
Purakytaua, Purakytyua. TRANSCORRER Iusasau.
TRACAJÁ (a fêmea) Tracaiá; (o macho) Anuri, TRANSFERÊNCIA Musasausaua.
Anory. TRANSFERIDOURO Musasautyua.
TRAÇADOR Murangaua-sara. TRANSFERIDOR Musasausara.
TRAÇAMENTO Murangaua-saua. TRANSFERENTE Musasauara.
TRAÇAR Murangaua. TRANSFERIR Musasau. Transferir-se: Iusa-
TRADIÇÃO Mbeúsáua; (quando não é oral, sau.
mas de costumes) Tecôsáua. TRANSFERÍVEL Musasauera.
TRADICIONAL Mbeúsáua-rupi, Tecô-rupi. TRANSFORMAÇÃO Muiereusaua.
TRAFEGADOR Murakyasuara. TRANSFORMADOURO Muiereutyua.
TRAFEGAMENTO Murakyasusaua. TRANSFORMADOR Muiereusara.
TRAFEGAR Murakyasu. TRANSFORMANTE Muiereuara.
TRÁFEGO Murakyasua. TRANSFORMAR Muiereu. Transformar-se: Iu-
TRAGADO Uua. muiereu.
TRAGADOURO Uutyua. TRANSFORMÁVEL Muiereuera.
TRAGADOR Uusara. TRÂNSFUGA Iauauera, Canhematéua.
TRANSPARÊNCIA

TRANSPARÊNCIA Sacacangaua, Cesacanga- TREPAR Iupire. Fazer ou ser feito trepar: Muiu-
saua. pire.
TRANSPARENTE Sacacanga, Cesacanga. TREPÁVEL Iupiretéua, Iupiruera.
TRANSPIRAÇÃO Riaycôsáua, Riay (suor). TRÊS Musapire.
TRANSPIRADOR Riaycôsára. TRESCALANTE Sakenauara.
TRANSPIRAR Riaycô. Fazer transpirar: Mu- TRESCALAR Sakena.
riaycô. TRESLOUCADO Acanga-ayua, Acanga-yma.
TRANSPORTADOR Rasôsára. TRÊS-POTES Saracura.
TRANSPORTANTE Rasôuára. TREVA Pituneté. Pitunasu.
TRANSPORTAR Rasô. Transportar-se: Iurasô. TRIGLA Pirá-ueué.
Fazer transportar: Murasô. Fazer-se transpor- TRILHO Pyrapé, Pypora, Caapepena.
tar: Iumurasô. TRINCHEIRA (consistente de um fosso e uma
TRAQUINO Iacuéyma (G. Dias). estacada de pau-a-pique) Nduaimene.
TRÁS Cupé, Casakire. TRIPA Ciyé, Tiputy ireru.
TRASEIRO Cupé, Cupéuára, Casakireuara. TRISTE Taeté, Saciara.
TRASLADAR Musasau. Trasladar-se: Iumu- TRISTEZA Saciaresaua.
sasau. V Transferir e comp. TRISTONHO Suacy.
TRASPASSADOR Sasasausara. TROADOR Tupanasara.
TRASPASSAMENTO Sasasausaua. TROANTE Tupanauara.
TRASPASSANTE Sasausauara. TROAR Tupana, Tupã.
TRASPASSAR Sasasau. TROCA Cecuiara, Recuiara.
TRASPASSÁVEL Sasasauera, Sasausautéua. TROÇA Musaraingaua.
TRATAR Porunguetá, Porunguetá satambyca. TROCADOR Recuiarauara.
TRATEADO Poraracári. TROÇADOR Musaraingara.
TRATEADOR Poraracárisára. TROCANO Trocano, Pytu.
TRATEAMENTO Poraracárisáua. TROCAR Murecuiara. Trocar-se: Iumureucu-
TRATEAR Poraracári. iara.
TRATO Porunguetásáua. TROÇAR Musarain.
TRAVE Oca-iyua. Trave mestra: Oca acanga, TROCO Cecuiara, Recuiara.
Oca acaing (Solimões). TROGONIDE Sorocoin, Surucuã, Tamatiá uirá.
TRAVESSEIRO Acangapaua. TROMBETA Toré, Memby, Memy.
TRAZEDOURO Ruretyua. TROMBETEIRO Memby iupisara, Memby
TRAZEDOR Ruresara. peusara.
TRAZENTE Rureuara, Ireru. TRONCAR Munuca. V Cortar e comp.
TRAZER Rure, Rúri. Pepena. V Quebrar e comp.
TRAZIDO Rure, Rurepora (o que é trazido). TRONCO Rupitá, Epy, Yua, Ruá. O tronco da
TREMEDAL Tyiucatyua, Tyiucapaua. minha gente: Ce mira epy. O tronco de ta-
TREMEDOR Ryrysara. peribá: Taueryuá rupitá. O tronco da flecha:
TREMEDOURO Ryrytyua. Ueyua yua. Tronco da árvore: Caá-ruá.
TREMELGA Puraké. TROPEL Teapu; (de gente) Mira-teapu.
TREMENDO Iauaeté. TROQUILÍDEO (no rio Negro) Inamby; (no
TREMENTE Ryryuara. Solimões) Uainamby, Uainumã.
TREMER Ryry. Fazer tremer: Muryry. TROVÃO Tupãua, Tupã. Iuaca cururuca,
TRÊMITO Ryrysaua. Iuaca inharusaua, Iuaca teapu.
TREMPE Itá-curua. TROVEJAR Cururuca, Curucuruca.
TREMULAR Tyrytyry. TROVEJANTE Curucurucasara, Cururuca-
TREPAÇÃO Iupiresaua. uara.
TREPADOURO Iupiretyua. TROVOADA Iuiutu ayua.
TREPADOR Iupiresara. TU Né, Indé.
TREPANTE Iupireuara. TUCANO Tucana.
TUTELAR

TUCUM Tucu (a palmeira e a fibra que dela se TUMOR Epéua, Ipungá, Imungá.
extrai, assim como o fio). TURVAÇÃO Iakysaua. De quem se turva: Mu-
TUCUMÃ Tucumã. canhemosaua.
TUCUPI (suco da mandioca preparado em TURVAÇÃO Mukiásáua, Tipytingasaua.
molho) Tucupi, Tucupy; (temperado com TURVADOR Iakysara. Que faz turvar: Muca-
formigas, Isá, e pimenta) Isátáia; (curado ao nhemosara.
sol) Tycupy; (apurado de forma a tornar-se TURVADOR Tipytingasara, Mukiására.
quase preto) Tucupy-pixuna. TURVADOURO Mukiátyua, Tipytingatyua.
TUDO Opaua, Paua, Paue. TURVANTE Iakyuara, Mucanhemouara.
TUFÃO Iuiutu ayueté. TURVANTE Mukiáuára, Tipytingauara.
TUMBA Mira iutimataua. TURVAR Mukiá, Mutipytinga. Turvar-se: Iu-
TUMEFAÇÃO Pungásáua. mukiá, Tipytinga.
TUMEFAZER Pungá. TURVAR Iaky. Turvar-se: Iuiaky, Mucanhemo.
TUMEFEITO Pungaua. TUTELAR Mungui. V. Resguardar.
UBÁ Yara, Yngara. ÚMIDO Yrusanga.
ÚBERE Camã. UMIRI Umiri.
UBIM Umy. UMIRIZAL Umirityua.
UBIM-AÇU Umy-uasu. UMIRIZEIRO Umiriyua.
UBUCUUBA Yuycuí-yua, Yuycuyua. UNÂNIME Iepé uasu.
UBUÇU Umusu. UNANIMEMENTE Iepé uasu rupi.
UCUUBA Ucuyua. UNANIMIDADE Iepéuasúsáua.
UIQUÉ Uiké. UNÇÃO Iandysaua, Pyxisaua. V Untar e
ÚLCERA Peréua puxy. comp.
ULCERADO Peréua pora. UNCINADO Ampé iaué.
ULCERADOR Muperéuasára. UNGULADO Ampé-uára.
ULCERAMENTO Peréuasáua. UNHA Ampé; (da mão) Pôampé; (do pé)
ULCERAR Muperéua. Pyampé.
ULCERÁVEL Muperéuatéua. UNHADA Ampésáua. Pixásáua. Carainsaua
ULTERIOR Ariré-uára. (especialmente se é de gavião ou ave seme-
ULTERIORIDADE Arirésáua. lhante).
ULTERIORMENTE Ariré rupi, Ariré ramé. UNHAR Pixá; (dilacerando) Carain.
ULTIMAÇÃO Pausaua. UNHEIRO (se é na mão) Pôampé-pungá; (se é
ÚLTIMO Casakireuara. Por último: Pausape. do pé) Pyampé-pungá.
UM Iepé. Como um: Iepé nungara. Um a um: UNIÃO Muacasaua.
Iepé iepé. Um com outro: Iepé amu irumo. ÚNICO Nhuira, Anhoten iepé.
Um só: Iepé nhü.n. Nhuira. Um de nós: Iepé UNIDADE Iepésáua.
iané suí. Uma vez: Iepé i. UNIDO Iepé uasu, Iepé iaué.
UMBROSO Yrusangauara. UNIDOR Muacasara.
UMEDECER Murusanga. UNIFICAÇÃO Muiepésáua.
UMEDECEDOR Murusangara. UNIFICADOR Muiepésára.
UMEDECIMENTO Murusangaua. UNIFICANTE Muiepé-uara.
UMIDADE Yrusangasaua. UNIFICAR Muiepé. Unificar-se: Iumuiepé.
UTILIDADE

UNIFORMIDADE Opanhe iepé nungara mu- URDUME Muamasaua.


nhangaua. URINA Carucaua.
UNIFORMIZADOR Opanhe iepé nungara mu- URINAÇÃO (o ato de urinar) Carucasaua.
nhangara. URINADOR Carucasara.
UNIFORMIZAR Munhã opanhe iepé nungara. URINANTE Carucauara.
UNIR Muaca. Unir-se: Iumuaca; (tratando-se URINAR Caruca.
de gente) Iumuiepé. URINOL Caruca rim, Caruca irem.
UNTADO Pyxiuá. URTIGA Pinu-pinu.
UNTADOR Pyxisara. URGIR Inti osaru cuau.
UNTADOURO Pyxityua. URUBU Urumu.
UNTANTE Pyxiuara. URUBU-REI Urumutinga.
UNTAR Pyxi. Untar-se: Iupyxi. Fazer ou ser fei- URUBURETAMA (terra de urubu) Urumure-
to untar: Mupyxi. Fazer-se untar: Iumupyxi. tama.
UNTÁVEL Pyxiuera. URUCU Urucu.
UNTO (o que serve para untar) Pyxiyua. URUCUZEIRO Urucuyua.
URA Asacu. URUMBEBA Irupéua, Iauíra caá.
URDIDOR Muamasara. USEIRO E VEZEIRO Tapé iara (=senhor do ca-
URDIDOURO Muamatyua. minho).
URDINTE Muamauara. uso Tecô, Recô, Secô.
URDIR Muama. ÚTIL Catu, Catua.
URDÍVEL Muamatéua. UTILIDADE Catusaua.
VÁ EMBORA Recoin. VALIOSO Cepiuara.
VACA Tapyira cunhã (embora só se lhe adite VALE Yuytyuaia, Yuypema.
cunhã quando a falta pode trazer confusão VALOR Cepisaua, Maá recuiara.
danosa). Carne de vaca: Tapyira soócuéra. VAMPIRO Andirá tuí-uara.
VADEAÇÃO Paranã sasausaua. VANGLORIAR-SE Iumuuareté ... recé.
VADEADOURO Paranã sasautyua. VANELLUS CAIANENSIS Tatuy.
VADEADOR Paranã sasausara. VÃO [inútil] Intimaãn-maãn.
VADEANTE Paranã sasauara. VARA Mará.
VADEAR Sasau paranã. VARAÇÃO Musasáusáua.
VADEÁVEL Paranã sasauera. VARADOURO Musasáut:yua, Musasáupéua.
VADIAÇÃO Puraky-ymasaua. VARADOR Musasáusára.
VADIADOURO Puraky-ymatyua. VARANTE Musasáuára.
VADIADOR Puraky-yma. VARAR Musasau.
VADIANTE Puraky-ymauara. VARÁVEL Musasáuéra.
VADIAR Puraky-yma, Uatá-uatá nhunto. VARANDA (da casa) Copiara; (da rede) Ma-
VADIO Puraky-ymauera. kyra cembyua.
VAGA [onda] Capenu. VARÃO' Apyaua, Apyngaua.
VAGALHÃO Capenu-asu. Aquele que cresce VARÃO' (peça de ferro ou madeira que servia
com ímpeto e rumor grande: Pororoca. de espigão) Sacunha, Racunha; (de sustento)
VAGA-LUME Oan, Oã, Cuicy, Uiuári. Yua, Mará-uasu.
VAGAR Meué, Meuésáua. Com vagar: Meué VARETA Marai; (da espingarda) Mucaua yua.
rupi. Nos deixar vagar: Oxiare ara iané supé. VAREJEIRA Meru-rupiara.
VAGAROSO Meué-uára. VARIAÇÃO Muturiésáua.
VALENTE Kyrimbá, Kyrimbauá. VARIADO Muturiéuá.
VALENTIA Kyrimbásáua. VARIADOR Muturiésára.
VALENTEMENTE Kyrimbaua rupi. VARIANTE Muturié-uara.
VALER Cepi. VARIAR Muturié. Fazer ou ser feito variar:
VALIA Cepisaua. Mumuturié.
VERDADEIRO

VARIÁVEL Muturié-uera. VELADOR Pacasara.


VARICELA Catapora. VELANTE Pacauara.
VARIEGADO (de pintas) Pinima, Parauá; (em VELAR Paca. Fazer ou ser feito velar: Mupaca.
luzimento) Cenimu, Sunipu. Fazer-se velar: Iumupaca.
VARÍOLA Catapora puxi. Falsa varíola: Cata- VELHA Uaimy.
pora. VELHACO Iacua.
VARREDOURO Piiritendaua, Piiritaua. VELHICE (dos homens) Tuiuésáua; (das mu-
VARREDOR Piirisara. lheres) Uaimysaua.
VARREDURA Piirisaua. VELHÍSSIMA Uaimyeté.
VARRER Piiri, Tapiiri, Tapi. A que varre: Tapi- VELHÍSSIMO Tuiuéeté.
xaua, Tapiirisaua. VELHO Tui ué, Cuiumi acanga (= cabeça de
VASCOLEJADOR Musosocasara. cujubi, isto é: branca).
VASCOLEJADOURO Musosocatyua. VELOZ Ipuy iauau.
VASCOLEJANTE Musosocauara. VELOCIDADE Ipuy iauausaua.
VASCOLEJAR Musosoca. VENCEDOR Muceranesara.
VASCOLEJÁVEL Musosocauera. VENCER Mucerane.
VASILHA Ireru, Iciru, Iriru, Riru, Ciru; (pa- VENCIDO Mucerane, Miasua.
ra água) Y-ireru, Mucô, Yasaua, Yngasaua, VENDER Meen. V Dar e comp.
Camuti; (para comida) Temiu ireru; (pa- VENENO (natural) Acy; (preparado) Mara-
ra farinha, paneiro) Uy ireru; (de folha cáimbára.
para água) Caápará; (de folha para fru- VENERAÇÃO Moetésáua.
ta ou peixe) Mokeca, Pera; (para cozinhar) VENERADOR Moetésára.
Itanheen, Itanhieen, Yapepu, Nheen; (para VENERADOURO Moetétyua.
misturas) Munanityua nhieen. VENERANTE Moetéuára.
VASO Nhaen, Nheen, Uriuá; (de cuia para VENERAR Moeté. Fazer ou ser feito venerar:
água) Cuiembuca, Combuca. Mumoeté. Fazer-se venerar: Iumumoeté.
VASSALO Uiuá. VENERÁVEL Mumoetéuéra, Moetétéua.
VASSOURA Tapixama, Tapiirisara. VENTANIA Iuiutu-uasu, Iuetu.
VASSOURAR Tapiy. VENTAR Iuiutu oicô.
VAU Paranã sasaua, Paranã sasautyua, Iasaua. VENTO Iuiutu, Iuytu.
VAZANTE' [do rio] Paranã typaua; (da maré) VENTRE Marica, Ciyé ireru.
Paranã cerycasaua. VENTRECHA Sacapema, Racapema, Tacapema.
VAZANTE [que vaza) Typau-uara, Cerycau-
2
VENTURA Catusaua.
-uara. Carycau-uara. Sasauporauara. VENTURO Curyara.
VAZAR (do rio) Typau; (da maré) Ceryca; VENTUROSO Catuara.
(das vasilhas) Caryca. Vazar de um vaso VÊNUS (o planeta) Iacy tatá uasu.
noutro: Sasaupora. VER Maãn, Xipiá. Ver com atenção: Xipiaca.
VAZIO Iporayma, Typy. Ver-se: Iumaãn, Iuxipiá. Ver-se, encontrando-
VEADO Suasu, Soóuasú. -se: Iucucuau. Fazer ou ser feito ver: Mumaãn,
VEDAÇÃO Mupatucasaua. Muxipiá.
VEDADOR Mupatucasara. VERÃO Coaracy ara.
VEDANTE Mupatucauara. VERBAL Nheengara.
VEDAR Mupatuca, Timuapu. VERBALMENTE Nheenga rupi, Nheenga nhunto.
VEIA Tuí-rapé, Tuiracape, Saíca; (da madei- VERDADE Supysaua. Disse a verdade e so-
ra) Myrá-raíca, Y-rapé. mente a verdade: Onheen supysaua, supy-
VELA (dos navios e canoas) Sutinga; (candeia) saua nhunto iuere.
Icaua cendé. VERDADEIRO Supy, Eté, Supyeté. Tudo o
VELAÇÃO Pacasaua. que diz é verdadeiro: Opaua aé onheen ai-
VELADOURO Pacatyua (pacatuba). cué supy. O que contas parece verdadeiro:
VELADO Pacana, Paca. Má né remarandu supy iaué. Verdadeiro
VERDE

parente: Anamaeté. Mata verdadeira: VÉSPERA Saurua, Ara tenondéuára. Véspera


Caáeté. Verdadeiro [quem diz a verdade}: de dia santo: Ara santu tenondé-uara.
Supyuara. VÉSPER (Júpiter ou Vênus, segundo a época)
VERDE Iakyra. Criança verde (nova): Tainha- Yacy tatá uasu.
-akyra. VESTIDO Munhãmundeuá, Pupeuá.
VERDILHÃO Say uasu. VESTIDOR Munhãmundésára, Pupecasara.
VERDOR Iakyrasaua. VESTINTE Munhãmundé-uara.
VERDURA Caápáua, Caásáua. VESTIR Munhãmundé, Muamundé. Pupé, Pu-
VEREDA Caá-pepena, Pypora, Pyrapé. peca. Vestir-se: Iumunhãmundé, Iupupeca.
VERGASTA Nupanaca, Nupanayua. VEZ I, Ié. Muitas vezes: I ceifa. Outra vez: Arnu-i.
VERGASTADO Nupanauá. VEZEIRO Tecô puxi iara.
VERGASTADOR Nupanasara. VEZO Tecopuxi, (ou simplesmente) Tecô.
VERGASTADOURO Nupanatyua. VEXADOR Coerésára.
VERGASTAMENTO Nupanasaua. VEXAME Coerésáua.
VERGASTANTE Nupanauara. VEXAR Coeré. Vexar-se: Iucoeré.
VERGASTAR Nupana. Vergastar-se: Iunupana. VEXATÓRIO Coeré-uera.
Vergastar-se reciprocamente: Iuiunupana. VIAGEM Uatásáua.
VERGASTÁVEL Nupanauera. VIAJANTE Uatá-uara.
VERGONHA Utingaua, Uiumutinsaua. VIAJADOR Uatására.
VERGONHOSO Uti, Ut!-uara, Utingara, Iu- VIAJAR Uatá.
mutinpora, Iumutinsara. VIAJÁVEL (que viaja sem escopo) Uatá-uera.
VERGÔNTEA Mara, Caá racanga, Nupá ra- VIBRAÇÃO Uerausaua, Catacasaua.
canga. VIBRADOR Uerausara, Catacasara.
VERIFICAÇÃO Catu maãngaua. VIBRAR (da luz, do ar) Uerau; (de coisas ru-
VERIFICADOR Catu maãngara morosas) Cataca. Fazer ou ser feito vibrar:
VERIFICAR Maãn catu. Muerau, Mucataca.
VERME Ximuy, Tapuru, Muxyua. VICEJANTE Puranga cyningara.
VERMELHIDÃO Pirangasaua, Pirangayua. VICEJAR Cynin puranga.
VERMELHO Piranga, Ipiranga, Ipirangaua. VÍCIO Tecô puxi, Puxisaua.
VERNIZ Xixé, Cumã, Icyca. VICIOSO Tecô puxi iara, Tecô puxi pora.
VERRUGA Kytã, Kytanga; (da cara) Suá kytã; vrço Puranga ciningaua.
(do pescoço) Iaiura kytanga. VIDA Cicuésáua, Tecoé, Anga.
VERRUMA Mbiuá. VIDRO Itá-ueraua.
VERRUMADOR Mbisara. VIGA Oca iyua.
VERRUMAÇÃO Mbisaua. VIGIA Manhãnasaua.
VERRUMANTE Mbiuara. VIGIADOR Manhãnasara.
VERRUMAR Mbi. VIGIADOURO Manhãnatyua.
VERSÃO Iusausaua, Iucenasaua, Emumeusaua. VIGIANTE Manhãnauara.
VERSÁTIL Sinimu, Sinimu iaué. VIGIAR Manhãna. Vigiar-se: Iumanhãna.Fazer
VÉRTEBRA Rusacanga, Cupé rusacanga. ou ser feito vigiar: Mumanhãna. Mandar vi-
VERTEDOR Iusausara, Iucenasara, Emu- giar: Manhãnacári.
meusara. VIGIÁVEL Manhãnauera.
VERTEDOURO Iucenatyua, Iusautyua, Emu- VIGOR Kyrimbasaua.
meutyua. VIGOROSO Kyrimbauá.
VERTENTE Iusauara, Iucenauara, Emumeuara. VIL Embae-uara.
VERTER (transbordando) Iusau; (de qualquer VILEZA Embae-saua.
forma) Iucena, Emeuméu. VINAGRE Say, Cauin-say.
VESGO Cesá apara. VINGANÇA Cipisaua, Iupycasaua, Iopucasaua.
VESPA Caua. V Caba. VINGADOR Cipisara, Iupycasara.
VESPEIRO Caua oca. VINGANTE Cipiuara, Iupycauara.
voz

VINGAR Cipi, Iupyca, Iopuca. Vingar-se: VISTA Cesá. Vista comprida: Cesá-pucu.
Iuiupyca. Vista curta: Cesá-iatuca.
VINGÁVEL Cipiuera, Iupycauera. VISTO Maãna, Xipiá, Xipiauá.
VINHO Caryua-cauin, Iukyri. Vinho de açaí: VIVEIRO Curara, Cacury.
Asay iukyri. VIVENTE Cicuésára, Cicué-uara. Árauára,
VIOLAÇÃO Mbuysaua. Arapora.
VIOLADOR Mbuysara. VIVER Cicué, Cecué.
VIOLANTE Mbuyuara. VIVO Cicué, Icicué.
VIOLAR Mbuy. VIZINHANÇA Ruakesaua, Suakesaua.
VIOLÃO Ararapéua. VIZINHO Ruakesara, Suakesara.
VIOLÊNCIA Maramutásáua. VOADOR Ueuésára.
VIOLENTADO Maramutáuá. VOANTE Ueué-uara.
VIOLENTADOR Maramutáuára. VOAR Ueué.
VIOLENTADOURO Maramutátyua. VIÚVA Remiricô-cuera. Recasada: Remiricô-
VIOLENTAR Maramutá. iuere.
VIOLENTÁVEL Maramutáuéra. viúvo Mena-cuera. Recasado: Mena-iuere.
VIOLENTO Maramutáuera, Maramutáyua. VOLTA Ieuíresaua. Volta do rio: Paranã-
VIR Iúri. -oiereu, Paranã-penasaua.
VIRADO Iereuá. voLTADOR Ieuíresára, Iuíresára.
VIRADOR Ieréusára. VOLTANTE Ieuíre-uara, Iuíreuára.
VIRAMENTO Ieréusáua. VOLTAR Ieuíre, Iuíre. Voltar-se: Iuiuíre, Iuí-
VIRAR Ieréu. Virar-se: Iureréu. Revirar-se: iuíre. Fazer ou ser feito voltar: Muiuíre.
Iureré-reréu. VOLUPTUOSIDADE Turysaua, Turyua.
VIRGEM Cunhãmucu-menayma, (ou melhor) VOLUPTUOSO Tury, Sury.
Cunhãmucu-mbuyyma. Cunhãmucu-pysá- VOMITAÇÃO Ueenasaua.
su, Cunhã-kyra. VOMITADOR Ueenasara.
VIRIL Apyaua. VOMITADOURO Ueenatyua.
VIRILHA Sacamby. VOMITANTE Ueenauara.
VIRILIDADE Apyauasaua, Apyauayua. VOMITAR Ueena.
VIRTUDE Tecô-catu. Tecô-puranga. Catusaua. VÔMITO Ueenambyra.
Virtude cristã: Tupana-tecô-purasaua. VOMITÓRIO Ueenayua.
VIRTUOSO Tecô-catupora, Tupana-tecôpóra. VONTADE Putaua, Mutara, Putaresaua. Plena
Quem se torna virtuoso: Tupana-tecô-ipora- vontade: Cepimutara, Cemimutara.
sara. voo Ueuésáua.
VISÃO Maãngaua, Xipiásáua. VORACIDADE Urumusaua.
VISADA Satambyca-maãngaua, Xipiacasaua. VORAGEM (no rio) Paranã-piá, Y-piá; (em
VISADOR Satambyca-maãngara, Xipiacasara. terra) Yuy-piá.
VISAGEM Anhãnga; (nos compostos) Anhãn. VORAZ Urumu.
Visagem velha, costumeira: Anhanguera, vós, vos Penhe, Pá; (como pronome reflexi-
Anhanga-cuera. vo, preposto ao tema verbal). Vós aumentais:
VISAR Maãn-satambyca, Xipiaca. Penhe pemuapire. Vós aumentai-vos: Penhe
VÍSCERA Tiputy-ireru, Ciyé. peiumuapire.
VISGO Tyuma, Tuuma, Icyca, Icyca-puy; (a -vosco Penhe-irumo.
planta) Uiramiri-caá. vosso Penhe. O vosso amor: Penhe xaisu-
VISGUENTO Tyuma-iaué. saua. Tudo isso é vosso: Cuá opaua penhe
VISIBILIDADE Iucucuausaua. iara.
VISITA Cepiresaua, Nepiresaua, Ipiresaua vovô Ramunha, Tamunha, Samunha, Ta-
etc. Fazer visita: Sô-nepire, Ianepire, Ipire. muia.
Receber visita: Iure-cepire. vovó Ariá.
VISITADOR Cepiresara, Nepiresara, Ipiresara. voz Teapu, Nheenga.
VOZERIA

VOZERIA Mira-teapu-uasu, Nheenga-teapu. kiti. Contra lhe cresce um vulto: Aé suaxara


VULCÃO Yuytepuca. omuturusu iepô anga.
VULNERAR Muperéua. V Chagar e comp. VULVA Tamatiá, Samatiá, Ramatiá.
VULTO Ituá, Suá, Anga. A satisfação se mostra VULVÁRIO Tamatiauara.
no teu vulto: Sorysaua oiumucameen ne ruá VULVITE Tamatiá-imacy-puxi.
XARÁ Cê-cera, Cé-cerauara. XERIMBABO Mimbaua. O meu xerimbabo: Cé
XAROPE Cereuera, Cereuara, Ty-ceen. mimbaua.
XAROPOSO Ty-ceen-iaué. XIQUE-XIQUE Piasaua.
ZAGAIA Iantiy. (Sua haste) Iantiy-yua. ZANGAR Mupiá-ayua. Zangar-se: Iumupiá-
ZAGAIADA Iantiycasaua. ayua.
ZAGAIADOR Iantiycasara. ZANGÁVEL Tumupiá-ayuauera.
ZAGAIADOURO Iantiycatyua. ZARABATANA Carauatã, Carauaãna.
ZAGAIAR Iantiyca. ZELOS Soirõn, Soirün.
ZANGA Piá-ayuasaua. ZELOSO Soirõngara, Soirõn-uera.
ZANGADO Piá-ayua. ZUNIR (das abelhas e outros insetos) Tyapira.
Nheengatu-Nheenga Sanhanasaua
Nheengatu-Português
A ele, ela; isso; aquele, aquela. Indiferen- segundo reza a lenda, foi furtar ao Sol o
temente pronunciada tanto separadamen- fogo.
te como unida à palavra seguinte, em espe- ACAIACÁ cedro, várias espécies de Cedrela
cial se esta é uma proposição: a riré e ariré: brasiliensis e afins. ) É árvore de alto porte,
depois dele; a suí e asuí: depois disso; auá e muito comum em certos lugares, crescen-
a uá: ele que. do de preferência nas margens altas dos
A prefixo eufônico sem significação precisa. rios. A sua madeira é muito apreciada em
Caiú e acaiú: caju. marcenaria, especialmente para móveis,
A prefixo verbal usado em alguns lugares do porque toma um bonito polimento, traba-
rio Negro e Solimões em lugar de xá. lha-se facilmente e tem a propriedade de
A lá. Indiferentemente pronunciado unido não ser atacada pelos cupins.
ou não com a preposição que se lhe refere ACAIACÁ-IÁ fruta de cedro. Pequena drupa
ou modifica: a rupi e arupi: por lá; a kiti e de sabor adocicado, comestível.
akiti: para lá. ACAIACÁ-ITÁPÉUA laje de cedro.
à alto, elevado. Yuy-ã: terra alta. Ãeté: Altís- ACAIACÁ-PÉUA tábua de cedro. Lit.: cedro
simo. Vem do tupi e ficou nos compostos. chato.
AAPE, A APE acolá, então. Asoana a ape: va- ACAIACÁ-TYUA acajacatuba, terra de cedros.
mos acolá. Ocenoi, inti auá osuaixara, aape ACAIACÁ-YUA árvore de cedro.
oiuíre: Chama, ninguém responde, então ACA-IARA dono dos chifres, cornudo.
volta. ACAING cabeça (Solimões).
ACA saído, espremido (e, por extensão,) su- ACAIÚ o ano e, mais raramente, a fruta doca-
mo, chifre, corno, ponta. Maniaca: saído, ju. O nome dado ao ano parece que lhe veio
espremido da mandioca. Typyaca: saído do pelo fato de contarem os meses, que o for-
fundo. Suasuaca: ponta de veado. Tapyira- mam, de um amadurecimento a outro do
-uaca: chifre de boi. caju selvagem. O ano, ainda hoje em muitas
ACAÉ casta de japu. tribos, é dividido em luas, designadas pelo
ACAÉ RAISAUA casta de japu, o grande, que nome da fruta que nela amadurece, da árvo-
tem a ponta do bico vermelha, porque, re que nela floresce, do peixe que nela apa-
ACAIÚ-ICICA

rece. Embora conheçam com agrupamen- ACANGA-TUMA miolo.


tos e nomes diversos as constelações zodia- ACANGA-TUMA-YMA desmiolado.
cais, todavia nunca ouvi servirem-se delas ACANGA-UOCA descabeçado.
para indicar o mês ou a estação; servem-se ACANGA-UOCASARA descabeçador.
delas exclusivamente para regular-se e co- ACANGA-UOCASAUA descabeçamento.
nhecer as horas da noite. ACANGA-UOCAUARA descabeçante.
ACAIÚ-ICICA resina do caju. Transudação re- ACANGA-UOCAUERA descabeçável.
sinosa do cajueiro, que coagulando toma o ACANGA-UOCATYUA descabeçadouro.
aspecto da goma-arábica. Na farmacopeia ACANGA-YMA doido, louco, sem cabeça.
indígena é usada em pó para cicatrizar as ACANGA-YMASARA endoidecedor.
feridas. ACANGA-YMASAUA doidice, loucura.
ACANGA cabeça, começo, chefe, origem, juí- ACANGA-YMAUARA endoidecente.
zo. Onupá tapyira acanga opé: Bate na ca- ACANGA-YUA (de acanga e ayua) mau, doido
beça da anta. Marãmunhã-etá acanga: Che- perigoso, ruim, cabeça-ruim.
fe dos guerreiros. Paranã acanga: Origem, ACANGUSU, ACANGA-UASU canguçu (=ca-
nascedouro do rio. Acanga-yma: Sem cabe- beça grande). Casta de onça, muito rara no
ça, sem juízo. Amazonas.
ACANGA-CUERA, ACAN-UERA, ACAING-UERA ACANHEMO espantado.
caveira, cabeça que foi. ACANHEMOSARA espantador, espantalho.
ACANGA-CY, ACANGA-SACI dor de cabeça. ACANHEMOSAUA espanto.
ACANGA-ICYMA cabeça lisa, careca. ACANHEMOUARA espantante.
ACANGA-ITYCA' menear a cabeça, acenar ACANHEMOYMA que não espanta, que não é
com a cabeça. espantado.
ACANGA-ITYCA' nome dado a uma casta de ACAIN-TYCA casta de pica-pau. V. Acanga-
pica-paus, geralmente pequenos e sem pou- -ityca.
pa, devido ao costume de continuamente ACAPORA sabugo, o que está dentro do chifre.
menearem a cabeça, quando sobem ao lon- ACAPU casta de árvore da terra firme e var-
go das árvores à procura dos insetos de que gem alta, Andira Aubletii e variedades.
se nutrem. Madeira de fibra longa, escura e muito re-
ACANGAPAUA travesseiro. sistente tanto ao tempo como aos cupins,
ACANGAPAUA-IRERU fronha. muito usada nas construções civis para vi-
ACANGAPEMA achata-cabeça. Arma de guer- ga, soalho, portais e nas construções de
ra, espécie de maça larga e chata na extre- tampa para estojos.
midade oposta à empunhadura e que ao ACAPU-PÉUA tábua de acapu.
mesmo tempo serve de remo. ACAPURANA falso acapu. Árvore da terra fir-
ACANGAPENA abre-cabeça, racha-cabeça. me que imita o acapu verdadeiro, sem to-
Arma de forma quadrangular, de cantos vi- davia ser tão resistente, especialmente se
vos numa das extremidades, e na outra com enterrado. São designadas com este nome
empunhadura, de bom comprimento; che- varias espécies de plantas das famílias das
ga geralmente ao peito. Leguminosas e das Rutáceas.
ACANGATARA cocar, enfeite de cabeça. Espé- ACAPU-TYUA acaputuba (= terra de acapus).
cie de coroa de penas de cores vistosas, mais ACARÁ' acará, garça, Ardea candidissima. É
raramente de outras matérias, usada nas fes- um dos mais graciosos pernaltas do vale do
tas e danças, e diversa de tribo para tribo e Amazonas, onde nidifica em grandes colô-
conforme a condição de quem a porta. É ri- nias, de envolta com outras espécies de pás-
queza ambicionada pelos tuxauas, porque, saros ribeirinhos, escolhendo para este fim
pelo costume, sendo o dono da casa quem as margens dos lagos mais afastados e me-
oferece os enfeites aos convidados, lhes preci- nos frequentados. Comuníssimo em todos
sa ter sempre muitas acangataras para satisfa- os lugares há uns quarenta anos atrás, ao
zer a todos, segundo a sua qualidade. tempo da minha chegada ao Amazonas, ho-
ACUTY

je em muitos lugares já se torna raro e ten- ACARY' acari, macaco-inglês, Brachiurus ru-
de a afastar-se sempre mais dos lugares ha- bicundus, Vali. Casta de macaco quase pri-
bitados. A caça, que lhe é feita para se apos- vado de cauda, de tamanho regular, pelame
sarem daquelas poucas plumas que cons- geral fulvo-bruno, e a cara nua e avermelha-
tituem o seu valor comercial, é bárbara e da, ornada de raros pelos que lembram as
ininteligente. Espera-se o tempo da incu- suíças, de onde o nome vulgar, pela pare-
bação, quando se encontram reunidos em cença que assume com a caricatura lendá-
grandíssimo número nos garçais e, se é pos- ria do inglês.
sível, quando já há nidiáceos, para então ca- ACARY' cascudo, peixe-roncador, da famí-
çá-los. Nesta ocasião, embora o forte tiro- lia das Loricariae. Há várias espécies e al-
teio, os pássaros, por causa dos filhos, não gumas delas são revestidas de verdadeiras
abandonam o lugar e se deixam matar à couraças, duras, cobertas de asperezas. São
vontade. Além do extermínio dos adultos e geralmente fitófagos e vivem de preferên-
da perda de muitas penas inutilizadas pelos cia dentro de buracos que encontram nas
tiros, há o extermínio dos filhotes, que fi- margens dos pequenos cursos d'água que
cam desamparados nos ninhos e vêm fatal- habitam, ou no oco dos paus que nestes se
mente a morrer. acham caídos.
ACARÁ 2 acará, cará. Casta de peixe fluvial e ACARY-CUARA acariquara (buraco de acari).
marinho. Várias espécies de Lobotes, Heras, Árvore muito comum nas margens dos pe-
Sciaenoideos. quenos cursos d'água. O seu cerne é duro
ACARÁ-CUAYMA acará-bobo, casta de peixe. e resistente à umidade da terra, pelo que é
ACARÁ-PINIMA acará-pintado, casta de peixe. muito usado juntamente com o acapu para
ACARÁ-PARAOÁ acará-papagaio, casta de esteio nas construções de taipa. Para pou-
peixe. co mais serve, por causa das numerosas fa-
ACARÁ-PÉUA acará-chato, casta de peixe. lhas ou buracos que apresenta a madeira,
ACARÁ-PITOMBA acará-roliço, casta de peixe. que não é toda da mesma dureza e resistên-
ACARÁ-RANGAUA figura de acará, casta de cia. O nome lhe é dado exatamente porque,
peixe. por causa das falhas e buracos que apresen-
ACARASU acará-grande, casta de peixe. ta, quando caído n' água, onde, pelo seu pe-
ACARÁ-TIMBÓ acaratimbó, garça, Nycticorax so, senta no fundo, é morada preferida dos
pileata, casta de pássaro ribeirinho de cabe- acaris.
ça preta e cara azulada, não muito comum. ACARY-TYUA acarizal, acarituba (lugar de
Tenho-o sempre encontrado isolado ou em acaris).
casais, nunca em bando. ACAUÃN, CAU-CAU acauã. O segundo termo
ACARÁ-TINGA acará-branco, casta de peixe. é onomatopeia do grito de Herpetotheres ca-
ACARÁ-TYUA garça!, acaratuba (terra de chinans, casta de gavião, que vive em peque-
acarás). nos bandos e dá ativa caça às serpentes. É
ACARAÚNA acará-escuro, cinzento, casta de considerado pássaro agourento.
peixe. ACÃ-UERA, ACAN-UERA, ACANGA-CUURA,
ACARÁ UASU garça grande, garça-real. Ardea, CAIN-CUURA caveira. Mira acan-uera: ca-
pássaro muito comum no Amazonas, on- veira de gente.
de nidifica e vive, da família dos Pernaltas. ACAUERA antigamente, no passado.
Tem o mesmo hábitat e costumes do acará ACAUARA chifrante, que dá chifrada.
ou garça pequena. Ele também, embora as ACUTY aguti, cutia, Dasiprocta. Pequeno ma-
suas plumas tenham valor comercial infe- mífero da família dos Roedores, muito co-
rior às da garça pequena, é sujeito à mesma mum. No Amazonas há pelo menos três va-
perseguição bárbara e ininteligente. riedades, que se distinguem tanto pelo ta -
ACARÁ-YUA acaraúba. Casta de murta, de manho como pela cor do pelo. Boa caça e
que os peixes acarás comem a fruta. Cresce muito apreciada, embora a carne um pou-
nos igapós e margens baixas do rio. co seca precise de tempero. Para o indígena,
ACUTY-MBOIA

a cutia é a imagem da imprevidência con- mais geral, senão exclusivamente, na caça.


junta à boa vontade de não trabalhar e vi- Na guerra, me foi afirmado mais de uma vez
ver à custa alheia. É a consequência dos da- que não se utilizam de armas envenenadas.
nos que produz às roças. Contam que ori- Quando eu retorquia, citando fatos de ata-
ginariamente era uma velha que não tinha que com flechas envenenadas, me afirma-
roça e que nada plantava, mas que gostava vam que não podia ter sido senão em defesa
de aproveitar-se do que os outros plantavam e por não dispor de momento de outras ar-
para viver sem trabalho, pelo que foi, pela mas. Apesar de todos os protestos, admitin-
Mãe da Mandioca, virada em cutia. Com o do mesmo que seja verdadeira a asserção,
castigo, não perdeu o vício e é, especialmen- que entre eles não usam de armas envene-
te por causa da sua quantidade, um dos pio- nadas, contra os brancos a coisa é diversa.
res inimigos das plantações. Não são eles os primeiros que, em lugar de
ACUTY-MBOIA cobra-de-cutia, ou comedo- usar de arcos e flechas, usam de espingarda?
ra de cutias. Casta de pequena Constrictor. ACYSAUA o ato de espalmar de curare as ar-
ACUTY-PURU acutipuru, cutia enfeitada, cas- mas.
ta de Sciurus. Pequeno mamífero roedor, de ACYUÁ envenenado.
cauda muito comprida e largamente enfei- ACYUARA quem espalma de curare as armas.
tada de pelos longos e sedosos, que costuma AÉ, A ele, ela, pronome da terceira pessoa
trazer levantada e como que para servir de singular. Aé osó putare: ele quer rir. Aé iaué:
umbrela ao corpo, o que lhe dá um aspecto como ele. Aé suí: de parte dele.
elegantíssimo, aumentado se é possível pela AÉ, A EÉ Assim é, é (forma afirmativa).
elegância dos movimentos. No Amazonas AETÁ, AITÁ eles, os, estes, as. A forma aitá é
conheço três espécies. Duas avermelhadas: melhor.
a maior e mais comum toda de uma cor, AETÉ' altíssimo. Yuy aeté: Terra altíssima.
com o peito branco; a segunda um pouco AETÉ 2 ele mesmo; contração de Aé reté. Aeté
menor, também de peito branco, mas de osó omunhã: Ele próprio vai fazer. Auá osô
pelo mais escuro e em certos pontos quase cury? Aeté: Quem irá? Ele mesmo.
preto; e uma terceira, cinzenta, cor de rato, AETÉ 3 verdadeiro, real. Aeté cuá opau: tudo
também de peito branco, mas muito mais isso é verdade, tudo isso é real.
pequena e com a cauda menos enfeitada. A AETÉ 4 assim (forma afirmativa, superlativa
primeira se encontra em todos os cacauais de aé). Aeté supi: Assim sim.
do baixo vale; a segunda tenho sempre en- AETÉSÁUA realidade.
contrado nas matas centrais de terra firme. AETÉUÁRA o que é realmente.
A cinzenta a encontrei no Querari, afluente AÍ preguiça-real, Bardypus tridactylus. Casta
do Uaupés, mas me afirmam que não é rara de mamífero da classe dos Desdentados, de-
também no alto rio Negro. O acutipuru tem sajeitado e lento, mas extremamente seguro
toda a admiração do indígena, porque, se- em todos os seus movimentos. O nome por-
gundo afirmam, é um dos poucos animais tuguês lhe é dado em vista exatamente des-
que sabem descer das árvores mais altas de ta lentidão de movimentos, que parece devi-
cabeça para baixo. Acresce que, para mui- do à preguiça de fazê-los; o nome indígena é
tos, é sob forma de acutipuru que a alma da a onomatopeia do grito. Vive em cima das
gente sobe ao céu, logo que o corpo acaba árvores, se nutre de folhas e especialmente
de apodrecer. dos renovos das plantas. Muito raramente
ACUTY-RANHA' dente de cutia; a mira da za- desce à terra, onde se move com muita difi-
rabatana, porque é geralmente feita de den- culdade e lentidão.
te de cutia. AIACÁ cedro. V Acaiacá.
ACUTY-RANHA' casta de tecido para tipiti e AIAIÁ colhereiro, Platalea aiaiá. Palmípede
paneiros. do tamanho de um pato, de linda cor rosa,
ACY ervar, espalmar de curare ou uirári as facilmente reconhecível pela forma esqui-
pontas das flechas, lanças e zagaias usadas sita do bico, longo e achatado, que se alar-
A!URY

ga em ponta em forma de colher, de onde o No alto Solimões ao dizer de Martius, o cha-


nome português. Muito comum em todos mam Marica mico. O nome de aimoré lhe te-
os rios amazônicos, raramente se encontra nho ouvido dar pelos índios que viviam na
em bandos numerosos. Nidifica nos mes- margem esquerda do alto Tikió, afluen -
mos lugares dos acarás e jaburus. Antes da te do Uaupés, que se chamavam "Aimoré"
incubação se encontra geralmente aos ca- ou "Barriguda tapuia". Há várias espécies
sais; logo depois, e por algum tempo, se en- que se distinguem pelo tamanho e pela
contra em pequenas famílias de três a cinco cor do pelo cinzento mais ou menos escu-
indivíduos, que se dissolvem quando volta a ro. É macaco que se amansa facilmente e é
época dos amores, que coincide com o fim muito apreciado em domesticidade. Já tive
da enchente. um, que me acompanhava como cachorro.
AIANA, AIOANA chega!, basta! Perdi-o no Pará, por lhe terem dado a co-
AIANARI' ajanari, casta de auerana da mar- mer banana curta[?].
gem de rio. AIONA, AIANA basta!, chega!
AIANARI' ajanari, casta de caranguejo. AÍ-PIXUNA preguiça-preta, Bradipus torqua-
AIANU, AIANDU ajandu. Arbusto cujas folhas tus.
em infusão servem para lavar e perfumar o AIPIM casta de mandioca-doce.
cabelo, no Japurá e Solimões. AIPIRI planta leguminosa, que dá uma espé-
AIAPÁ chocalhos feitos do caroço da fruta de cie de ervilha.
um cipó e algumas vezes de casco de unha AIRI coqueiro, coco.
de veado, usado no artelho da perna direi- AIRI-TUCUM tucum de airi. Fibras têxteis que
ta pelos que puxam a dança e, outras vezes, são extraídas da folha do coqueiro e servem
amarrado na extremidade de longas varas, para tecer tela para sacos grosseiros, fazer
com que marcam o compasso. cordas etc.
AIAPUÃ, AIAPOÃ redondo. AIRl-TYUA coqueiral, airituba (terra de cocos).
AIAPUÁ casta de mandioca selvagem. AIÚ fruta do louro. Amadurece quando os
AIARÁ ajará, casta de abio, Lucuma. igapós estão cheios, tornando-se então a co-
AIARÁ-TYUA ajaratuba (terra de abios). mida preferida dos tambaquis, cuja carne fi-
AIARAi casta de ajará menor do que a an- ca impregnada do cheiro da fruta, de modo
terior. a tornar-se intragável.
A!ARU, AIANU, AIANDU erva usada no Soli- AIUÉ então, quando.
mões para as mulheres lavarem e perfuma- AIUÉ-CATU exatamente quando, bem quando.
rem o cabelo. É planta cultivada. AIUETÉ então mesn10.
AIASÁ fêmea de uma casta de tartaruga fluvial. AIURÁ pescoço.
AIATUMÃ arbusto do igapó. A infusão da cas- AIUREPI cachaço.
ca, extremamente amarga, é usada na far- AIURU' papagaio, nome genérico.
macopeia indígena, interna e externamente, AIURU' casta de ingá.
para cura das hemorroidas. É um potentís- AIURU-APARA ajuru torto, que fala torto,
simo adstringente. Psitacus ochrocephalus.
AICUÉ eis, aqui. Makiti ce yara? Aicué: Onde AIURU-ASU papagaio-moleiro, Androglossa
está a minha canoa? Aqui. Aicué ne paia: Eis farinosa.
teu pai. Aieué teên: aqui mesmo. E pode-se AIURU-CATINGA papagaio-fedorento, curi-
muitas vezes traduzir por ter, estar, existir. ca-fedorenta, Psitacus macavuana.
Aicué rain, será, tuichaua tuiué? Aicué rain. AIURU-CURICA curica, Amazona amazonica.
Existe ainda o velho tuxaua? Ainda existe. AIURU-CURUCA papagaio-resmungador, Psi-
AHÚ casta de caba, aviú. tacus aestívus.
AI-MIRI preguiça pequena, Bradipus didac- AlURY ajuri, ajuntamento, reunião (rio Ne-
tylus. gro), [mutirão]. É a reunião que se efetua
AIMORÉ macaco-barrigudo, Lagothrix e afins. a pedido do dono do trabalho, que precisa
Macaco que se encontra em todo o Amazonas. de adjutório para levar a efeito algum tra-
AIURYCAUA

balho, que precisa fazer-se no menor tempo AMANA AYUA pé-d'água, chuva má.
possível, como seria derrubar o mato, bar- AMANA CURUCA chuva que ameaça, troveja
rear as paredes das casas de taipa etc. O do- a chuva.
no do serviço, que se prepara sempre com AMANACY mãe-da-chuva, casta de pássaro,
certa antecedência, pelo tempo em que dura cujo canto é prenúncio certo de próxima
o trabalho, trata os convidados largamente chuva.
tanto de comida como de bebida, e no fim AMANAIÁ casta de tecido de algodão, amanajá.
há geralmente ladainhas e danças. É práti- AMANA IARA dono-da-chuva, manda-chuva.
ca de boa vizinhança, e os que acodem ao AMANAIÉ alcoviteira.
convite adquirem, por sua vez, o direito de AMANA MANHA mãe-da-chuva, casta desa-
ver retribuído, quando for preciso, o auxí- po, que somente se ouve quando está para
lio que prestam. É o mesmo que no baixo chover.
Amazonas chamam putyrum. AMANA OÁRI chove, cai chuva.
AIURYCAUA ajuricaba, casta de abelha, que AMANA OÁRI PUTARE quer chover, ameaça
vive em grandes colmeias, muito irritável chuva.
e brava, de onde o nome de caba. É o no- AMANA OPIPYCA chuvisca.
me muito conhecido do chefe Manaus que AMANA RUAIARA cunhado-da-chuva, casta
opôs tenaz resistência ao estabelecimento de planta.
dos portugueses no rio Negro e foi vencido AMANASAY casta de abelha, que aparece nu-
por Belchior Mendes de Moraes e pelo ca- merosa nos últimos dias do tempo de chuva.
pitão Paes de Amaral, conforme a tradição, AMANA TYUA amanatuba (terra de chuva)
na proximidade do lago Ajanari, ao tempo AMANA UARA que traz chuva.
do xvu capitão-mor do Pará, José Velho de AMANA USARA traga-chuva, bebe-chuva.
Azevedo. AMANA Y água da chuva.
AIUUÁ ajubá, louro. Várias castas de Laurá- AMANIÚ algodão, as diferentes espécies de
ceas, que vivem nos meios mais diversos e Gossypium.
fornecem madeiras, salvo raras exceções, AMANIÚ APIY algodão esfiapado, em rama.
muito apreciadas e usadas especialmen- AMANIÚ PUMANA algodão fiado.
te para obras internas, pelo fato de serem a AMANIÚ TYUA algodoal.
mor parte isentas do ataque dos cupins e de AMANIÚ YUA algodoeiro.
se prestarem a ser trabalhadas e polidas. AMAPÁ amapá. Árvore da família das Apoci-
AIUUÁ-INEMA louro-merda, casta de louro, náceas, que dá uma fruta comestível, uma
de cheiro bem classificado pelo nome por- espécie de sorva. A sua madeira branca e le-
tuguês. ve é pouco usada. A casca amarga contém
AIUUÁ-TAUÁ louro-amarelo; várias espécies uma resina leitosa, que é extraída por meio
de louro, de madeira amarela, algumas de- de incisão e serve para usos medicinais, e
las de muita duração. mais especialmente para consolidar as liga-
AIUUÁ-TYUA ajubatuba (terra de louros). duras apostas sobre a parte ofendida, em ca-
AIXÉ tia. so de fratura de algum membro, utilizando-
AIXÓ sogra (em relação ao homem). -se a sua qualidade de endurecer facilmente,
AI-YUA ajizeiro, árvore-da-preguiça. exposta ao ar. As folhas têm efeito irritante.
AKITI para lá, lá, naquele lugar. Kasó akiti: AMBÉ, UAMBÉ casta de cipó parasito.
vou para lá. Rexiare aé akiti: deixa-o lá. AMBIÚCA, AMIÚCA assoado.
AKITI-TEEN lá mesmo. Rexiare alciti teen: AMBOÁ, AMBUÁ, AMOÁ minhoca, verme, larva.
deixa lá mesmo. AMBYRA, AMYRA defunto, finado. Cé paia
AKYRA, IAKYRA verde, não maduro. ambyra: meu finado pai.
AMÃ casta de erva. AMEIÚ ameju, casta de fruta, do formato de
AMANÃ casta de planta ribeirinha. uma pinha; a polpa branca é levemente ado-
AMANA chuva. cicada, comestível.
AMANA ARA tempo de chuva. AMISAUA casta de caba.
ANAMANGARA

AMORÉ casta de peixe marinho. AMU SUINDAUA-UARA quem é do outro lado.


AMPÉ croque, gancho, unha. Pôampé: unha AMU TETAMA outra terra, outra pátria.
da mão. AMU TETAMAUARA estrangeiro, quem é de
AMPÉSÁUA unhada. outra terra.
AMPÉUÁRA unhante, unhador. AMY aranha, da casta das que não tecem teia.
AMU' posposto ao verbo, sinal do condicio- -ANA' já. Sufixo que se presta às mais diversas
nal, no Solimões e no Pará. Ixé xá-pena cury interpretações. Assim, traduz o imperativo,
amu: eu quebraria. Ixé xá-só cuera amu: eu Iasôána: vamos já; uriana: vem já. Indica
teria ido. o passado: omanoana: morto já, morreu;
AMU' outro, outra; o irmão do irmão e a ir- osôána: já foi, saiu. A continuação de um es-
mã da irmã, com referência a quem fala. Cé tado: catuana: bom, já bom. A iminência de
amu: meu irmão ou minha irmã, conforme um fato: xasôána: já vou, ou a sua atualida-
a pessoa que fala. de: xambaúána xaicô: já estou comendo. A
AMU AMU um e outro, algum. boa interpretação do sentido em que é usa-
AMU ARA outro dia, outra ocasião. Amu ara do somente a pode dar o contexto da frase e
ramé: em outro dia.Amuara pupé: para ou- o sentido geral dela.
tra ocasião. -ANA' em algumas palavras, que nos vieram
AMU AUÁ aquele outro. Amu auá recé: para do tupi da costa, é equivalente a abundân-
aquele outro. cia. Uaíana: guaiana, que quer dizer abun-
AMU CUECÉ antes de ontem. dância de caranguejos; e abundância ou
AMU 1 outra vez. gente quando aditado ao nome de tribo:
AMU IAUÉ outro tanto. Tariana, Desana, Cueuana.
AMU 1 CURY a próxima vez. ANACÃ casta de papagaio, Deroptyus accipitrí-
AMU IEPÉ o igual. nus. Um dos mais lindos papagaios da ma-
AMUITÁ suÍ dentre outros. ta amazonense, muito conhecido e aprecia-
AMUNHEEN dito de outro modo, dito ao con- do, mas em nenhuma parte comum. É muito
trário. manso e facilmente domesticável quando pre-
AMUNHEENGARA contraditor. so pequeno, embora, quando irritado, tome
AMUNHEENGAUA contradição. um ar furibundo, levantando em leque as plu-
AMU NUNGARA como o outro, do modo do mas da cabeça e do pescoço; muito raramente
outro. se serve do bico para defesa. Vive, quan-
AMU RAMÉ outra vez. Remunhã amu ramé: to pude verificar, em pequenos grupos, iso-
faz outra vez. lados e nunca em volta com outras espécies.
AMU RECÉ para outro. Amu recé onheên: fa- Nidifica, segundo me disseram os indígenas
la para o outro. Amu recé onheêngara: quem do Uaupés, no oco dos paus, de preferência
fala para outro, conselheiro. nas encostas das serras; e põe dois ovos.
AMU RUPI ao contrário, de outro modo. ANAIÁ anajá, casta de palmeira.
AMU RUPIUARA quem faz, age ao contrário. ANAIATYUA anajatuba (terra de anajás).
AMU RUPISAUA ato de contrariar, agindo ou ANAIÉ casta de gavião.
fazendo. ANAIURY, ANORY o macho de uma tartaruga
AMU SUAIA outra banda, terra de além. fluvial, muito comum no Amazonas, mais
AMU SUAIAUARA quem é da outra banda, das conhecida com o nome de taracaiá [tracajá]
terras de além. dado à fêmea.
AMU SUINDÁ KITI para o outro lado. ANAMÃ' espesso dos líquidos, grosso.
AMU SUINDAPE do outro lado do lugar on- ANAMÃ' desmamado.
de se está. ANAMA parente, amigo, da própria parciali-
AMU SUINDÁ RUPI pelo outro lado. dade.
AMU SUINDÁ suí do outro lado, de onde se ANAMA ETÉ verdadeiro parente, amigo de-
vem. dicado.
AMU SU!NDAUA o outro lado. ANAMANGARA desmamador.
ANAMANGAUA

ANAMANGAUA desmamamento. emprega desde muito tempo na confecção


ANAMA RETAMA pátria dos parentes. de um sabão de inferior qualidade.
ANAMA-SAUA parentesco. ANDIRAUA-YUA andirobeira, grande árvore
ANAMA-UARA que é, provém de, é atinente da terra firme do gênero Carapa.
aos parentes. ANDIRÁ-YUA morcegueira (árvore do mor-
ANAMBÉ, ANAMÉ casta de pássaro de tama- cego), casta de Leguminosa, muito frondo-
nho de uma paloma [pomba], roxo-azula- sa, que, por ficar facilmente oca, dá guarida
do, com o peito branco e a testa preta, que aos morcegos; mas se ouve dar este nome,
vive aos casais na mata cerrada. por isso mesmo, a muitas outras plantas de
ANANGA duende, visagem. famílias muito diversas.
ANANGA PERI casta de junco dos lugares ala- ANÉ nunca.
gados. ANECUA dorso, costa. Pô-anecua: dorso da
ANANGA RECUIA cuia-de-duende, espécie de mão.
coloquinte [cabaça) sem préstimo. ANEIÚ casta de grande sáurio próximo do teiú.
ANANi o látex de uma casta de sorveira. Ao ANGA alma, vida, sopro, respiração, fôlego. A
natural serve de grude para pregar as plu- anga, contam os Banivas, reside no coração
mas nos enfeites e artefatos dos indígenas. e, quando a gente dorme, sai por este mun-
Convenientemente preparado e derretido, do afora para voltar quando acorda.
dá um bom breu para calafetar canoas e pa- ANGA-ANGATURAMA alma justa, bem-aven-
ra outros misteres. turada.
ANANI sorva, fruta da sorveira. ANGAi' alma pequena, mesquinha, emagre-
ANANI-YUA sorveira, pau-de-breu. Árvore cida.
da família das Alisiáceas, que nasce nas ANGAIPORA mesquinho.
vargens e lugares alagadiços. Fornece ANGAIPAUA mesquinhez.
uma madeira leve, clara e de libras mui- ANGAISAUA magreza.
to compactas, de pouco uso. Dá um látex ANGAIUARA que faz emagrecer.
que coagula como a goma-arábica, inso- ANGAIUERA magricela.
lúvel no álcool e na água, utilizado como ANGAPAUA pecado, fim da alma.
grude e breu. V Anani. ANGAPORA cheio de fôlego, nome de um ja-
ANAPURÁ casta de papagaio. Não conheço. buti.
ANASUMBY coxa, ou melhor, talvez, a parte ANGA-RECUÉSÁUA graça, vida da alma.
alta do fêmur. ANGA-SACISAUA dor da alma, contrição.
ANAUÍ anabi, casta de árvore do alto ANGATU boa alma, boa gente.
Amazonas, Peta/ia resinifera. ANGATURAMA justo, honrado.
ANAUIRÁ árvore que dá uma madeira de ANGATURAMA-MUANGA hipócrita, fingido.
construção. ANGATURASAUA pureza d'alma.
ANAXI MARACÁ casta de coloquinte. ANGAÚ murmurado.
ANDÁ planta, casta de Euforbiácea. ANGAUA, RANGAUA, SANGAUA imagem, figu-
ANDAÍ casta de coloquinte. ra, retrato, aspecto. Mira-rangaua: figura de
ANDAÍ-Asu casta de palmeira[?]. gente.
ANDIRÁ morcego, nome genérico dos Qui- ÁNGAUÉRA asmático, tísico, que respira com
rópteros. dificuldade.
ANDIRÁ-KICÉ faca de morcego, casta de tiri- ÁNGAUÉRASÁUA asma, tísica.
rica trepadeira. ANGAÚ-SARA murmurador.
ANDIRÁ-KICÉ-APARA foice de morcego, cas- ANGAÚ-SAUA murmuração.
ta de Cassia sem préstimo, mata-pasto. ANGAÚ-UERA murmurador por hábito.
ANDIRÁ-PÔAMPÉ unha-de-mão-de-morce- ANGA-YUA extremamente magro.
go, casta de planta ribeirinha espinhosa. ANGU papas ralas feitas de farinha de man-
ANDIRAUA andiroba, a fruta da andirobeira, dioca com restos de outras comidas, recozi-
de onde se extrai um azeite amargo, que se das juntas. É-me dada como palavra da lín-
ANÜ-COROCA

gua geral, e a registro, embora a creia de ori- comprido como ponta de flecha. Encontra-
gem africana. -se de dia, geralmente isolado, ao longo dos
ANHAMA abraçado, envolvido, cercado. rios e igarapés, empoleirado, imóvel sobre
ANHAMASARA abraçador, envolvedor. algum galho seco, espiando a presa, sobre
ANHAMASAUA abraço, envolvimento. a qual se lança caindo de qualquer altura
ANHANGA, ANANGA espectro, fantasma, como uma pedra e perseguindo-a debaixo
duende, visagem. Há mira-anhanga, tatu- d'água, como bom mergulhador que é. A sua
-anhanga, suasu-anhanga, tapyira-anhan- comida preferida são camarões e pequenos
ga, isto é, visagem de gente, de tatu, de vea- peixes, que come inteiros. Não costuma di-
do, de boi. Em qualquer caso e qualquer que laniar a presa. Pouco arisco, não envergonha
seja, visto, ouvido ou pressentido, o anhan- o caçador. Ainda que não apanhe um único
ga traz para aquele que o vê, ouve ou pres- bago de chumbo, não foge voando, se deixa
sente certo prenúncio de desgraça, e os lu- cair n'água como um corpo morto, e oca-
gares que se conhecem como frequentados çador que não lhe sabe a manha espera inu-
por ele são mal-assombrados. Há também tilmente que o corpo venha à tona. Se olhar
pirarucu-anhanga, iurará-anhanga etc., isto porém em roda, vê a uns trinta ou quarenta
é, duendes de pirarucu e de tartaruga, que metros de distância aparecer um instante a
são o desespero dos pescadores, como os de cabecinha do exímio nadador, que desapa-
caça o são do caçador. rece logo mergulhando, para reaparecer um
ANHANGA-KIAUA pente de macaco, casta de pouco mais longe e por tempo menor, repe-
Bignonia da terra firme, que dá uma cápsu- tindo-se a manobra, até que em pouco fica
la hirta de espinhos, um ouriço comprido. fora de tiro. O pelo do peito pode dar uma
ANHANGA-RECUYUA pau-lacre, lacre. Ár- excelente peliça para manguito para senho-
vore que não atinge nunca grandes pro- ra, capaz de rivalizar com as mais estimadas.
porções e cresce de preferência nas capoei- A sua carne é boa e muito próxima à car-
ras e catingas. É pau preferido para cercas, ne de pato.
pela facilidade com que racha no sentido ANORY ver Anaiury.
do comprimento, durando na terra de três ANTÃ sólido, coalhado, endurecido.
a quatro anos. Dá uma resina amarela ou ANTANGARA solidificador, endurecedor.
avermelhada, segundo a espécie, levemente ANTANGAUA solidificação.
cáustica, quando fresca e não ainda coagu- ANTI, SANTi apontado, afiado, agudo.
lada, que pode servir para verniz. ANTIANTI gaivota, nome genérico, comum a
ANHANGUERA velha visagem, a visagem cos- varias espécies de Larus, que vivem ao lon-
tumeira. go das margens dos Amazonas e afluentes.
ANHOTEEN, ANHUTEN somente, unicamente. ANÜ, ANÜN anum. Casta de Cuculida do gê-
ANHUMÃ alicorne. V Camitaú. nero Crotophaga, muito comum e reconhe-
ANHUMÃ-PUCÁ alicorne que ri, casta de ali- cível pela forma esquisita do bico, levantado
corne. em forma de crista. Vive em bando na or-
ANHÜN, NHÜN SÓ. la da floresta, percorrendo-a e revistando-a
ANHÜN-IRA sozinho. Anhun-ira osó oiuiu- em todos os sentidos à cata de insetos, mas
-alnti aé: Sozinho vá a encontrá-la. não desprezando ovos e nidações, o que tor-
ANINGA' casta de arum, planta que cresce na os bandos de anuns, como os de maca-
nos lugares alagados e terras baixas, aonde cos, verdadeiras pragas para os lugares por
chega a água da preamar ao longo da costa; onde passam.
muito comum na baía de Marajá. ANÜ-COROCA casta de Crotophaga que vive
ANINGA' carará, Plotus aninga. Palmípede nos igapós. Tem os costumes do anum, do
muito comum em todo o Amazonas, do ta- qual é alguma coisa menor. Deve o nome
manho de um peru, bem reconhecível pe- ao apelo que costuma fazer ouvir, quando o
lo fino e comprido pescoço, pela cabeça pe- bando vai caçando, e soa um corô-corô gar-
quena e elegante, acabada por um bico fino e garejado à meia voz.
ANUIÁ

ANUIÁ anujá, casta de peixe de pele, que vive APIPONGA inchado, empachado.
de preferência nos igapós, morando nos bu- APIPONGASAUA inchaço, empachamento.
racos da margem, onde o indígena que lhe APIPONGAUARA que incha, empacha.
conhece os hábitos o pega à mão. APIRA, APIRE rio acima. Xasô apira kiti: VOU
AOAREPÕ cachimbo (G. Dias). subindo. Recica apira suí: Chegas de rio acima.
APA desmoronado, aluído, abatido. APIRPE para cima, contração de apira opé.
APACAMÃ casta de peixe. APITAMA enfiada, cambada.
APACANi apacanim, casta de gavião. V. APITUMA, APITOUMA miolo, medula dos
Iapacanl. ossos.
APACÉ curvo (?). APIXAI enrugado, arrepiado.
APAÍ casta de pato; o pato novo que ainda APIXAINGAUA enrugamento, arrepio.
não botou as penas das asas e não pode voar. APÔ, APÜ cheio.
APAPÁ casta de peixe extremamente voraz. É APUÃ novelo; o cheio.
pegado à pinauaca como o tucunaré. APUCUITÁ remo. V. Iapucuitá.
APARA torto, curvo, sinuoso. Paraná-apara-eté: APUÍ, APUY varias espécies de plantas parasi-
rio muito sinuoso. Myra-para: pau torto, arco. tas que vivem à custa das raízes aéreas, que
APARASAUA curva, curvatura, sinuosidade. descem em longos filamentos até o chão. V.
APARAUARA entortante, que entorta. Tamandoá.
APATUCA, IAPATUCA atrapalhado. APY, EPY base, alicerce.
APAUÁ desmoronado, aluído, abatido. APYAUA, APIGAUA, APGAUA, APIGABA ma-
APAUASAUA desmoronamento. cho, varão, homem. Tapyira-apyaua: touro,
APAUAUARA desmoronante. macho da anta. Em geral, todavia, quando
APAUATYUA lugar de desmoronamentos. se diz o nome de um animal sem outra espe-
APE aí, lá, lugar para onde se vá, ou onde ou- cificação, e salvo o caso em que o nome do
trem está. Xasó ape cury: logo vou aí, ou logo macho seja diverso do da fêmea, se entende
vou lá; auá oicó ape? quem está aí, ou quem sempre que se fala do macho. Pelo contrá-
está lá? rio, quando se fala da fêmea, e salvo a hipó-
APÉ casta de Nympheacea que cresce nos la- tese de vir o sexo claramente determinado
gos e lugares alagados. por todo o contexto, precisa sempre especi-
APECATU longe. Lit.: bem lá. Apecatu-kiti: ficá-lo, fazendo seguir o nome do animal de
para longe; apecatu-suí: de longe; apecatu- cunhã, fêmea.
-reté: muito longe. APYAUA-CATU homem bom.
APECATUARA morador de longe. APYAUA-KYRIMBAUA homem forte, valente.
APECATU-RETÉUÁRA que é morador de mui- APYAUA-PURANGA belo homem, homem às
to longe. direitas.
APECATU-SUÍUÁRA que vem de longe. APYAUA-RETÉ verdadeiro homem, homem
APECATU-XINGA pouco longe. sisudo.
APECATU-XINGAUARA que é de pouco longe. APYAUA-TURUSU homem grande no tama-
APECOIN língua. nho ou na grossura.
APECÜ língua e, por extensão, ponta, saliên- APYAUA-UASU, APYAUASU grande homem,
cia, promontório. V. Pecü. pelo ânimo e pela posição, sem atender ao
APECUMA língua, ponta, saliência. tamanho.
APENU, CAPENU onda. APYAUA-YMA homem sem ânimo, fraco.
APEREÁ preá. V. Pereá. APYAUA-YUA homem teso, haste de homem.
APEREMA casta de tartaruga muito achatada APYI desfiado, solto. Makira-apyl: o punho
e, no dizer de Martius, muito saborosa. da rede.
APEYUA apeíba, jangadeira [pau de jangada]. APYSÁ orelha, ouvido.
Planta que dá uma madeira muito leve, pró- APYSÁ-AYUA tem mau ouvido, não atende.
pria para jangada. APYSACA' ouvido da agulha (Solimões).
APII casta de erva muito fina, esfiapada. APYSACA' escutado, ouvido atentamente.
ARA PAPÁ

APYSACASARA escutador, ouvidor. ARA-IAUÉ-IAUÉ cada dia.


APYSACASAUA escuta, audição atenta. ARA-IAUÉ-RUPI por todo o dia.
APYSACATYUA escutadouro, lugar de onde se ARA-IKIÁ dia sujo, nevoento.
ouve com atenção. ARAKEÁ, ARAKIÁ sujo do dia, nuvem.
APYSACAUARA escutante, ouvinte com aten- ARAMANHA, ARAMAIA mãe do dia, cigarra.
ção. V Aracy.
APYSACAUERA escutável, que pode ouvir-se ARAMA para, por, por causa de, a fim de.
com atenção, que tem hábito de escutar. Mata arama? Iamunhã cupixaua arama:
APYSACA-YMA que não escuta ou não é escu- Para quê? Para fazer a roça. Auá arama? Ce
tado. paia arama: Para quem? Para meu pai. Aé-
APYSÁ-YMA sem ouvido, sem orelha, surdo. -arama inti xacica cuao ne kiti: Por causa
ARA dia, terra, tempo, mundo. Ara iupírun- dele não posso chegar a ti.
gaua ramé: no começo do mundo. Resaru ARAMÃ casta de abelha.
ara uri cury: espera que venha o dia. Caiú ARAMASÁ casta de peixe.
ara ramé: no tempo dos cajus. ARAMATÁ casta de peixe.
ARACAPÁ a rodela da proa das canoas. ARAMATIÃ casta de inseto fitófago.
ARACAPAUARA que pertence à rodela da ARAM É então, neste caso (é posta sempre no
proa. início da frase). Aramé remeên ce recuia-
ARACAPURI variedade de peixe. ra: Então dá-me o meu troco, pagamento.
ARACAPURI TOROCARI casta de aracapuri. Aramé iasó oca kiti: Então vamos para casa.
ARA-CATU dia bom; tempo oportuno. Cuá ARA-MURANGAUA-SARA que faz a figura do
ara catu: este dia é bom. Ocica ara catu pu- tempo, que marca o tempo, relógio.
pé: chega oportunamente. Xasaru ara catu: ARANCUÃ, ARANCUAN, ARACUAN pássaro
espero o dia bom, a oportunidade. da família dos Penelópidas, gênero Ortalis,
ARACATY casta de fruta silvestre. jacus, representado por numerosas varie-
ARACU' nome genérico de varias espécies de dades. É comum em todo o país, onde ha-
peixes da família dos Corimbatae, muito bita de preferência as matas baixas à mar-
apreciado apesar das muitas espinhas. gem dos campos naturais e nas capoeiras
ARACU' o grupo de estrelas que forma a em- velhas. Vive em pequenos bandos, e o nome
punhadura da espada de Órion na conste- é a onomatopeia do apelo da variedade que
lação do mesmo nome, que pelos indígenas é mais comum aqui no Amazonas, onde vi-
forma a constelação do Mokentaua ou do vem pelo menos três variedades.
Pari. Ver estas vozes. ARÁNEYMA, IURÁNDEYMA sem dia certo,
ARACU-PINIMA aracu-pintado. O maior em talvez.
tamanho, tem o dorso avermelhado e é o ARAOÁOA espadarte, casta de peixe.
mais apreciado. ARA-OETEPE todo o dia, pelo comprimento
ARACU-PIXUNA aracu-preto. do dia.
ARACU-TINGA aracu-branco, o menor de ARA-OIUPIRARE o dia abre, começa.
todos. ARA OIUMUKIÁ o dia se faz sujo, nevoento.
ARACY mãe do dia, cigarra. No rio Negro, ARA OMUPITUNA o dia escurece.
todavia, hoje se ouve correntemente com ARAPAPÁ arapapá, Cocroma coclearia. Ave
idêntico significado ara-manha ou daridá- da família dos pernaltas, facilmente reco-
ri, palavra baré. Ara-manha é muito usado nhecível pelo enorme bico feito em forma
também no baixo Amazonas. de chinelo. É ave ribeirinha e vive geral-
ARACY - IÚ espinho de cigarra, casta de erva. mente de peixes e de animálculos que pro-
ARA-ETÉ dia feito. cura no tijuco. Na escravidão, todavia, não
ARA-ETÉ-UASU dia muito grande, dia de festa. recusa pedaços de carne e torna-se impos-
ARA-IATUCA dia curto. Ara-iatucauíra: mo- sível criá-lo nos quintais onde haja outra
mento, dia que se abrevia, encurta. criação, pelo gosto pronunciado que tem
ARA-IAUÉ todo o dia. pelos pintos. Quando lhe chegam a tiro e
ARAPARI

pode agarrá-los, os faz desaparecer numa no mais curto. É usado pelo tuxaua e seus
chinelada. companheiros, e acompanha a acangatara
ARAPARI' arapari, Macrolobium acaciae-fo- de chefe.
lium. Casta de árvore muito comum no ARARA-PARY' Na astronomia indígena das
Pará e baixo Amazonas. tribos nheengatus é o cinto de Órion, ou as
ARAPARI' o Cruzeiro do Sul, [no] Solimões Três Marias, como são conhecidas popu-
(Padre Tastevin). larmente as estrelas que o formam, e liga-
ARAPARI-RANA falso arapari. -se à lenda do Jurupari. Contam que uma
ARAPASÔ pica-pau, é nome genérico dos pi- noite de festa a anta saiu da casa da dan-
ca-paus que ostentam uma poupa que geral- ça sem despir os ornamentos, com perigo
mente se destaca, pela cor, do resto do corpo. de ser vista pelas mulheres. Jurupari, que a
ARAPAUACA lombrigueira. O fruto é usado tinha visto sair, saiu atrás dela e, para dar
como anti-helmíntico. um exemplo, a agarrou e jogou no céu, on-
ARAPÉ contração de ara opé, em cima, sobre. de ficou até hoje. A anta, porque era pesa-
ARAPECÔ restinga, língua de terra, morro. da, foi cair de um lado: é o Sete-Estrelo, ou
ARAPECUMA ponta de terra, promontório. Ursa Maior. O arara-pary, porque mais li-
ARAPOPÓ casta de ave ribeirinha. geiro, subiu direito e foi cair em cima do
ARAPORA, ARAPURA vivente, que enche o jirau do mocaentaua. Esta é a lenda; hoje,
tempo, que enche o mundo. porém, nem a acangatara grande nem o
ARAPUÃ casta de grande abelha preta. arara-pary são ornamentos cuja vista seja
ARAPUCA' casta de árvore da família das vedada às mulheres. Tenho assistido a mais
Rutáceas. de uma festa e tomado parte nelas, e o ara-
ARAPUCA' ratoeira. ra-pary era usado francamente na forma
ARARA' arara, Macrocereus macao, a ara- do costume na presença das mulheres: nem
ra-vermelha, bem conhecida em todo o me consta que haja um arara-pary especial
Amazonas. É das penas da cauda que são para os dias da dança do Jurupari de onde
feitos muitos dos enfeites usados pelos indí- são excluídas as mulheres.
genas em suas festas e danças. Por isso mes- ARARA-PÉUA arara chata, tábua de arara;
mo é rara a maloca de Uaupés onde não se o violão ou alguma coisa que se lhe pare-
encontrem araras domesticadas, criadas ex- ça. Um pedaço de madeira rudemente es-
pressamente para utilizar-lhes as plumas, cavado, sobre o qual são esticadas três cor-
mostrando-se assim mais adiantados do das: o embrião dos instrumentos de corda.
que os civilizados com as garças. Imitação ou original, não sei.
ARARA' casta de formiga, que tem a especia- ARARA-PUTAUA isca de arara, árvore da ter-
lidade de ter as asas brancas (Martius). ra firme.
ARARA-CAÁ casta de planta de largas folhas, ARARA-RUAIA cauda de arara. Planta anual,
largamente manchadas de vermelho. de folhas largas e escuras, cuja extremida-
ARARACÃN, ARARACANGA casta de arara. de floral com as folhas que lhe são próxi-
ARARA-CUARA buraco de arara, árvore de al- mas forma um lindo penacho vermelho-vi-
to porte da ordem das Leguminosas. vo, que produz um lindo contraste sobre o
ARARA-CUMÃ casta de sorva, sorva de arara. verde da mata circunstante.
ARARANÍ casta de árvore da terra firme. A ARARA-TEMBIÚ comida de arara, árvore da
cinza da casca é, segundo afirma Martius, terra firme, casta de Leguminosa, que for-
usada em poção contra a hidropisia. nece uma madeira muito apreciada para
ARARA-PARY' ornamento de dança. É a en- obras de marcenaria, tomando um lindo
xó indígena, o pururé: machadinha de pe- polimento.
dra polida, encabada no braço mais curto ARARA-TI bicudo, narigudo, bico de arara.
de um pau curvo em ângulo reto, orna- ARARA TUCUPI tucupi de arara, árvore da
do de plumas brancas de mutum em gru- terra firme, casta de Leguminosa, que dá
pos de três no braço mais comprido, e dois uma madeira de alguma duração, mas de
ARAUARA

qualidade inferior à anterior. A fruta é um ARA-SACU dia quente.


pequeno ingá insignificante. ARASANGÁ tolete de madeira dura, do com-
ARARA-TYUA araratuba, terra de araras. primento aproximado de dois palmos, usa-
ARARA-YUA nome de várias espécies de do pelos pescadores para matar o peixe.
plantas, das famílias mais diversas, que for- ARASÁ-PÉUA casta de Psidium, araçá chato.
necem frutas, comida de araras. De uma de- ARASARI casta de fruta do mato.
las, comum nas vargens do Solimões e iga- ARASARY araçari, Pteroglossus. Casta de pe-
pós e no curso inferior da mor parte dos queno tucano reconhecível pela poupa preta,
afluentes do Amazonas, se extrai, por de- feita de plumas que se parecem com tiras de
cocção da casca, uma cor vermelha, usa- couro polido, elegantemente enroscadas. No
da para tingir o tucum das redes para livrá- vale é, como o tucano, pássaro de arribação, e
-las do caruncho, e que toma uma delicada regularmente aparece em muitos lugares em
cor de carmim, suficientemente persistente, setembro e outubro, e em março e abril, em
quando adicionada de pedra-ume. pequenos bandos de cinco a sete indivíduos.
ARARETAMA pátria dos Araras, contração de Nunca vi nidiáceos.
arara e retama. ARASÁ-TINGA araçá-branco, goiaba-branca,
ARARI' arara-amarela, canindé, Arara ara- casta de Psidium.
rauna. Ave do tamanho da arara-vermelha; ARASUÁ descampado, cara da terra.
tem o peito e todas as partes inferiores do ARASUÁ-UARA quem mora no descampado.
corpo e das penas de um lindo amarelo, e ARASUPÉ meio-dia.
a cabeça, o dorso e a cauda superiormente ARATAIÁ casta de árvore.
assim como as tetrizes das asas de um lin- ARA TENONDÉUÁRA dia da véspera, dia an-
do azul-celeste. Como a arara-vermelha, vi- terior. Ara sántu tenondéuára: véspera do
ve aos casais, reunindo-se à noite para dor- dia santo.
mir em bandos numerosíssimos em alguma ARATICÜ casta de fruta, do formato de uma
samaumeira central, de envolta com papa- pinha, de polpa amarelada, muito ácida.
gaios e japus. Comida com açúcar, se não dá um manjar
ARARI' arari, árvore da terra firme. Da casca delicado, dá alguma cousa de sofrível.
se extrai uma tinta vermelha, que também ARATICÜ-ASU araticum grande.
chamam arari. ARATICU PÉUA araticum liso.
ARARICA, ARARYCA maracanã-azul, Psitta- ARATICU-PITAIA araticum queimoso.
cus mi/ítaris. ARATICU-YAPÓPÓRA araticum do igapó.
ARARI-TINGA arari-branco. ARATICU-YUA árvore de araticum, Anona.
ARAROCA a raiz da araruta, que dá uma fécu- ARATINGA casta de maracanã.
la muito apreciada. ARATIRA altar (corrupção do português).
ARARUNA araruna [o mesmo que araraúna], ARATU casta de caranguejo.
a maior das araras, arara-preta ou escura, ARATU-PÉUA aratu chato, liso, casta de ca-
Sitace hyacinthina [Anadorlynchus hyacin- ranguejo.
thinus]. De um azul-ferrete escuro homo- ARATU-PINIMA aratu-pintado, casta de ca-
gêneo; muito raramente aparece no vale do ranguejo.
Amazonas. ARATY fruta do igapó.
ARA-RUPI durante o dia, pelo dia. ARAUANÃ, ARUANÃ casta de peixe muito vo-
ARARY arari, casta de sardinha. raz, do forma alongada e achatada. Atinge o
ARASÁ araçá, Psidium, casta de goiaba silves- comprimento de cerca de um metro e sete
tre muito azeda. Em muitos lugares se dá es- ou oito dedos de altura do corpo, feito em
te nome a uma espécie de fruto muito desen- forma de uma lâmina de espada muito lar-
volvido que chamam marmelo, e que serve ga. É peixe de muita espinha, que tem seus
especialmente para doce, mas que não deve apreciadores.
ser confundido com o marmelo da Europa, ARAUARA diário, pertencente ao dia, mun-
embora ambos sejam frutos de uma Rosácea. dano, pertencente ao mundo.
ARAUARI

ARAUARI araguari, casta de arraia. ARIUÁ o caído, o que cai e se estende em ci-
ARA-UASU dia alto, de manhã, antes do ma de alguma coisa, acaba, remata.
meio-dia; dia grande de festa; dia famoso. ARIUARA cainte [que cai], sainte [que sai].
ARAUATÁ casta de pássaro. ARIUÁ-SAUA acabamento, complemento.
ARAUATÓ casta de símio, Mycetes ursinus. ARIUÁ-UARA acabador, que completa. Oca
ARAUAY araguaí, casta de maracanã, Eunurus ariuá-uara: cumeeira da casa.
pavus guaianensis. AROAi casta de pequeno caranguejo.
ARAUÉ barata, Blatta, o inseto fedorento que ARU' casta de pequeno sapo, que vive de prefe-
todos conhecem. rência nas clareiras do mato e acode numero-
ARAUÉ-MBOIA cobra de barata, que, segun- so logo que se abre um roçado. Onde aru não
do Martius, dizem ser venenosa. aparece a roça não medra. Aru transforma-se
ARAUERA vivente, que é do mundo. oportunamente em moço bonito, empunha o
ARAUERI baratinha. remo e vai buscar a Mãe da Mandioca, que
ARAUIRi casta de sardinha, Chalseus. mora nas cabeceiras do rio, para que venha
ARECÉ por via disso, por esta causa. Indé indé visitar as roças e as faça prosperar com o seu
inti resó putare, arecé xapitá: Tu não queres benéfico olhar. Somente as roças bem planta-
ir, por via disso eu fico. Inti iarecõ tuichaua, das e que agradam à Mãe da Mandioca pros-
arecé apanhe omunhã oputare pire iaué: Não peram e têm a chuva oportunamente. Aru fo-
temos tuxaua, por esta causa todos fazem ge das que não são conservadas bem limpas,
como entendem melhor. e que são invadidas das ervas daninhas, e,
ARERÉ casta de marrequinha. quando desce com a Mãe da Mandioca, lhes
ARÉUO cada dia. passa na frente sem parar.
ARI caído. ARU' árvore que cresce nas terras firmes e
ARIÁ avô. vargens altas raramente inundadas; da casca
ARIÃ uma casta de araruta, que dá fécula se extrai uma tinta violácea designada com
muito boa e apreciada. o mesmo nome.
ARICURI casta de palmeira. ARU APUCUITÁ remo de aru. Assim chamam
ARIRAMBA ariramba, casta de Galbula. no rio Negro uns velhos remos, ou melhor,
Nome genérico de uma ave ribeirinha que uns restos de remos que, de tempo em tem-
se encontra em todos os rios, lagos e iga- po, se encontram nas suas margens, e que
rapés do vale do Amazonas, pousada ge- têm o aspecto de objetos longamente enter-
ralmente sobre um galho seco à espera da rados, só ficando ainda as partes mais du-
oportunidade de cair sobre a presa, que ras. Pelo feitio, tão diferente dos que ho-
aboca à superfície d' água, sem mergu- je se usam, dir-se-ia pertencerem a alguma
lhar. A ariramba torna-se facilmente reco- antiga tribo hoje extinta. A tradição os li-
nhecível pela desproporção do bico e ca- ga à lenda de Aru, e seriam os restos do re-
beça com o resto do corpo, especialmente mo de que ele se serve quando traz a Mãe da
as pernas e os pés, que são pequenos, cur- Mandioca. Afirmam que trazem prosperi-
tos e fracos e desproporcionados com to- dade a quem os encontra e que basta quei-
do o resto. mar um pedacinho do remo de Aru, quan-
ARIRÉ depois, em seguida. do se queima o roçado, para que nunca mais
ARIRÉUÁRA quem espera o dia depois. abandone a roça e para ela traga sempre a
ARISARA caidor, saidor, derramador. Y ari- Mãe da Mandioca. A forma do remo, que é
sara yuytera arecanga suí: água saidora do de madeira duríssima, é a de uma pá de for-
flanco da serra. neiro, da altura de um metro e pouco, sendo
ARISAUA queda, ato de cair. o comprimento da pá de mais de um terço.
ARITU, ALITU casta de louro, que cresce Do lado da empunhadura, muito cuidado-
nas várzeas altas e raramente inundadas. samente trabalhados, acabam em ponta, pa-
Madeira usada para falcas de canoa, banco e recendo indicar que eram ao mesmo tempo
obras semelhantes. Na terra apodrece logo. remos e armas de guerra. Que são objetos
ATURIÁ

muito antigos, o diz o estado em que se pouco de açúcar. É bebida muito apreciada
acham. As partes moles da madeira já não e substancial.
existem e em muitos casos são substituídas ASUAXARA do lado contrário, do outro lado.
por depósito silicoso. Dos remos atualmente ASUAXARA-UARA quem está do outro lado.
usados, os que se lhes aproximam, com a di- -ASO (sufixo) grande. V Uasu.
ferença de não serem apontados do lado da ASUÍ de lá, disso. Uri-asuí: vem de lá.
empunhadura, são os que usam os Apamaris. ASUÍUÁRA que vem de lá, que vem depois.
ARUCANGA costela, oitão, canto. Tupana ASUPÁ arbusto muito comum na margem do
omusaca cunhã apyaua arucanga suí: Deus Solimões.
fez sair a mulher da costela do homem. ASUPÉ para ele.
Ocapi arucanga: canto da sala. Yara urucan- ASYCU retalho, resto insignificante de qual-
ga: costelas da canoa. quer coisa.
ARUMBÉ, ARUMÉ arubé, massa de mandioca ASYCUERA que se retalha, despedaça.
puba curada ao sol com pimenta-malague- ATA fruta em forma de pinha (fruta do conde).
ta, usada como tempero da comida. ATA-TYUA atatuba, lugar de atas.
ARUPÉ, ARPÉ de ara opé, em cima, sobre. ATAUATÓ casta de gavião, alto, sobre pernas
ARUPÉUÁRA, ARPÉUÁRA o que está em cima, despidas de calças, e que caça não somente
que está sobre. caindo a voo sobre a presa, mas perseguin-
ARUPI por lá, por aquele lado. do-a a correr no chão. Parece um Astor.
ARUPIUARA que é de lá, daquele lado. ATERYUÁ ateribá, casta de árvore da vargem,
ASACU árvore de alto porte, que vive à mar- alta, das matas do Pará. Dá uma madeira
gem do rio, da família das Euforbiáceas, usada em marcenaria, especialmente para
Hura brasiliensis. O látex, a casca, as folhas forros.
têm propriedades benéficas. ATE-YMA preguiçoso. V Iate-yma e comp.
ASAMÔ espirrado. ATIANTI gaivota.
ASAMÔSÁRA espirrador, que faz espirrar. ATIAUASU casta de alma-de-gato, o maior
ASAMÔSÁUA espirro. que conheço, o duplo daquele que se conhe-
ASAMÔUÁRA espirrante. ce com o nome de uirá-pajé. Vive como es-
ASAMÔUÉRA que espirra facilmente, costu- te de insetos que caça entre a folhagem das
ma espirrar. árvores, correndo ao longo dos ramos com
ASAY açaí. A fruta de uma palmeira que cres- ademanes todos seus particulares, que lem-
ce em todos os lugares e hoje também muito bram o andar dos ratos. Tenho-o encontra-
cultivada tanto no Pará como no Amazonas, do vivendo em casais no alto Uaupés.
graças à bebida que dela se extrai, conhe- ATIMÃ, ATIMANA rodear, circundar. V Iati-
cida sob o nome de vinho de açaí. Da fru- mana ecomp.
ta extrai-se também um óleo muito fino, já ATIYUA ombro, espádua.
usado em perfumaria, e que é preconizado ATIYUA-UASU espadaúdo.
para cura da tísica e como sucedãneo do de ATUÁ nuca.
fígado de bacalhau. ATUASARA compadre, comadre, o que sus-
ASAYTYUA açaituba, açaizal, terra de açaís, tenta o menino, pegando-lhe na nuca quan-
onde cresce o açaizeiro. do o apresenta ao padre para batizar.
ASAY-YUA açaizeiro, palmeira do gênero Eu- ATUASAUA compadresco ou comadresco.
terpe, muito comum em todo o Amazonas; ATUCÁ batido, martelado.
é a juçara do Sul do país. V Asay. ATUCAUERA buliçoso, metediço.
ASAY YUKICÉ caldo de açaí e, como o cha- ATURÁ, UATURÁ paneiro dos roceiros para
mam, vinho de açaí. Bebida feita amassando carregar mandioca e frutas.
a fruta do açaizeiro, depois de ter amolecido ATURIÁ' casta de árvore de alto porte, co-
n' água quente, e diluindo a massa assim ob- mum na vargem ao longo de rios e igarapés
tida n' água fria. É servido depois de peneira- do baixo Amazonas, que fornece uma ma-
do e se toma geralmente com farinha e um deira clara e leve, de muito pouco uso.
ATURIÁ

ATURIÁ' cigana, Opisthocomus cristatus. Linda te do aparelho gênito-urinário, análogo ao


ave, muito comum em todo o Amazonas e myrapuamo.
afluentes. Vive em bandos numerosos, pouco AUACÁTI RETIMÃ perna de abacate, árvo-
molestada, graças ao fedor que suas carnes tre- re da várzea, cuja madeira é especialmente
sandam, de onde lhe vem o nome de catin- utilizada para falcas de canoa.
gueira, que em alguns lugares lhe é dado. AUACÁTI-RANA falso abacate, árvore de alto
ATURIÁ-PÔAMPÉ unha de cigana, casta de ci- porte, cuja folha se parece com a de abacate.
pó da margem dos rios e igarapés, munido Dá madeira branca bastante apreciada.
de espinhos recurvos e resistentes na inser- AUACÁTI-YUA abacateiro, as diversas varieda-
ção das folhas. Forma silvados ao longo do des cultivadas da Persea gratíssima. A folha e
rio, no limite da média enchente, e torna-se a casca são usadas na farmacopeia indígena
um estorvo por quem é obrigado a subir ma- em chá ou decocção nas disenterias e câma-
caqueando, agarrando-se, isto é, à vegetação ras de sangue, atribuindo-se ao chá das fo-
da margem, porque parece que prefere os lu- lhas uma ação tônica reconstituinte.
gares de correnteza nas curvas do rio. AUACAXY abacaxi, fruto de uma Bromélia
-AVA sufixo que dá às palavras que forma cultivada, variedade de ananás.
um significado de substantivo. É aditado AUACEMO encontrado. V Uacemo.
sem alteração às palavras que acabam por AUACEMOSAUA achado.
consoante ou vogal acentuada, perde um a AUAI cascavel, cobra venenosa de gênero
perante o a final e mais raramente as ou- Crotalus.
tras vogais, quando não acentuadas. Catu, AUAÍ casta de árvore resinosa; a resina que
catuaua: o bom. Puranga, purangaua: o bo- dela se obtém.
nito. Kirymbá, kirymbaua: o valente. Apy, AUAPÉ casta de Utriculária de flores arroxea-
apyaua: a base, o homem, o macho. das, dispostas em pinha, muito comum nas
AUA, SAUA, RAUA cabelo, pelo, pluma, pe- águas estagnadas em todo o Amazonas.
na, raio. Pepu saua: pena da asa. Xaiucy ne AUARI arbusto que dá uma fruta, da qual se
raua pixuna: gosto de teu cabelo preto. Yacy extrai cor roxa do mesmo nome, usada pa-
saua: raios da lua. Coaracyaua: Coaraciaba, ra tingir roupa.
raio de Sol, cabelo louro. AUASA concubinado, amasiado.
AUÁ quem, alguém, aquele. Nas frases in- AUASÁ concubina, caseira, amásia.
terrogativas começa a frase; toma o lugar AUASAUA, AUASASAUA mancebia, amasia-
que lhe pertence geralmente em seguida ao mento.
verbo, nas outras. Auá osô putare?: Quem AUASAUERA amásio, mancebo.
quer ir? Auá oiucana tuichaua?: Quem ma- AUATI milho.
tou o chefe? Auá ixé iara?: Quem é o dono? AUATI-MEMBECA milho mole, em confron-
Jure coakiti auá ixé iara: Venha cá quem é tação com o duro.
o dono. AUATi'-SANTÁ milho duro, que serve para ser
AUACÁTI abacate. Noto-o como de língua ge- reduzido a farinha, enquanto o outro gros-
ral sob a fé de Martius. Embora geralmen- seiramente pilado serve para fazer mingau.
te usado, tenho minhas dúvidas. Seja co- AUATI-TYUA milharal.
mo for, é a fruta conhecidíssima da Persea AUATIY arroz (milho d' água).
gratissima e variedades. A parte comestível, AUATIY-TYUA arrozal.
uma polpa verde-amarelado-clara que en- AUAYMA, SAUAYMA, RAUAYMA pelado, calvo,
volve um caroço de forma alongada; quan- sem cabelo (Solimões).
do chega à maturidade dá uma sobremesa AUÉ, IAUÉ o mesmo, assim. Ind' aué: O mes-
bastante apreciada e mesmo uma salada. O mo para ti. Resposta que o cumprimentado
caroço dá uma tinta escura muito resisten- faz a quem o cumprimenta. V Iaué.
te, utilizada pelo povo para marcar a roupa, AUERANA', AUAUERANA oeirana, casta de
e um princípio ativo, que pode ser extraído salgueiro bravo. Muito comum em todo o
pela maceração no álcool, de efeito excitan- Amazonas, à margem das águas correntes,
AYUASAUA

marca como que o limite das areias lavadas. AUY lançadeira que serve para tecer a rede e,
Resiste às enchentes e passa sem morrer por extensão, agulha, alfinete.
mesmo mais de mês de baixo d' água. Não AUY APYSACA ouvido da agulha.
se encontra nos lagos. AUYCA costurado.
AUERANA 2 tísico. AUYCASARA costureira.
AUÍCA ouvido. AUYCASAUA costura.
AUIÉ ainda. Auié catu: ainda bem. AUYCAUARA costurante.
AUIO, AUIOYUA abio, abieiro, Lucuma caimito e AUYCAUERA costureira não muito hábil.
variedades. Fruta comestível e muito aprecia- AUYCA-YMA descosturado.
da quando em completa maturidade. Antes AUYCUARA buraco da agulha, ouvido.
disso a polpa, branca e adocicada, de gosto AUYRA forro, bainha, invólucro.
especial, é uma massa resinosa intragável. É AXUÁ arbusto da terra firme e das campinas.
planta cultivada nas roças. Dá com três anos. Várias espécies de Saccoglottes.
AUIURANA abiurana, falso abio, Lucuma la- AXUPÉ casta de abelha, que faz o ninho den-
siocarpa. Fruta quase insignificante, mas tro da terra.
dá boa madeira para marcenaria, e obras AXY! fora! apago! exclamação de repulsa.
internas. AY preguiça. V. AI.
AUKI bulido, incomodativo. AY IRA mel de preguiça.
AUKISARA bulidor, incomodador. AY IRA MANHA a abelha que faz o mel de pre-
AUKISAUA ato de bulir, mexer, incomodar. guiça, cuja colmeia se parece com uma pre-
AUKIUERA buliçoso, incômodo, insistente. guiça agarrada contra um galho de pau.
AUOTA, AUOTUA abutua, casta de cipó do gê- AYUA ruim, mau, estragado, roto, feio.
nero Cocculus. O látex de uma espécie de AYUANA já estragado, imprestável.
madeira amarela é usado externamente para AYUA ETÉ péssimo, feiíssimo.
curar a inflamação de olhos purulenta, e in- AYUA-RETÉ estragadíssimo.
ternamente para cura da diarreia. Outra es- AYUASARA estragador.
pécie fornece um potentíssimo abortivo. AYUASAUA estrago, estragamento.
e letra que tem um som duro de k perante a, CAÁÁ-UARA cagante.
o, u e um som doce de s perante e, i, y. CAAA - UERA cagão.
e prefixo pronominal. Indica a relação que a CAÁ-crcuÉ folha viva, sensitiva, casta de Mi-
palavra que o recebe tem com a pessoa que mosa.
fala, e mais raramente também com a pes- CAÁ-ETÉ mata verdadeira, mata virgem da
soa de quem se fala, quando a palavra em terra firme geral.
questão não recebe o prefixo t. Cetama - CAÁ-IARA dono do mato, mateiro. Tenho en-
que faz retama e tetama - se refere sempre contrado notado como usado no Pará caá-
à pessoa que fala. Cembyua - que somente iuara, que, se não é engano, é corrupção ou
tem tembyua - tanto pode referir-se à pes- da palavra notada ou de Caauara.
soa que fala como à pessoa de quem se fala. CAÁ-IERÍSÁUA pecíolo, haste da erva ou da
CÁ, CAÁ cá é contração de caá, usada de pre- folha.
ferência nos compostos, para indicar mata, CAÁ IURU boca da mata, começo da picada.
erva, planta e mais raramente folha. CAÁ-ICYCA folha resinosa, pegajosa como de
CAÁ (que se contrai em cá) folha e, por ex- alguma casta de Euforbiácea.
tensão, erva, planta, mata, embora nos com- CAÁ-IUSARA folha coceirenta.
postos se use nestes últimos casos de prefe- CAÁ-KYRA folha gorda, folha carnosa.
rência cá e se reserve caá para indicar folha, CAÁ-KYRE folha que dorme, mato que dor-
erva. Caá uasu: folha grande; cá uasu: mata me; anil-miúdo.
grande. Caá membeca: folha mole; cá mem- CAÁ-MANHA' mãe do mato, erva que invade
beca: mato novo. Mycura caá: erva de mu- as roças logo abandonadas, e que precede a
cura. Note-se que neste caso não seria pos- invasão da mata.
sível a substituição de caá por cá. CAÁ-MANHA' mãe do mato, ente fantástico
CAÁÁ sujado, cagado. que se supõe habitar a mata, e que parece
CAÁÁ-PAUA urinol, bacio, bispote. ser o próprio Curupira.
cAÁÁ-PIRANGA diarreia de sangue. CAÁ-MEMBECA mato mole, o mato novo das
cAÁÁ-PUXI disenteria. capoeiras e que invade as roças abando-
CAÁÁ-SAUA sujidade, cagada. nadas.
CAÁ-POROROCA

CAÁ-MIRI mato baixo, rasteiro, folha pe- indígenas da região do rio Negro e seus
quena. afluentes.
CAÁMÚMA paina. V Samaúma. CAÁPÍ a bebida extraída do cipó deste nome,
2

CAÁMUNDÉ armadilha no mato, que se arma isto é, a infusão da casca previamente seca-
no chão para apanhar mamíferos. da num pilão especial, mal diluída em um
CAÁMUNDÚ, CAÁMUNÚ caçado. pouco de água. É a bebida que usam no rio
CAÁMUNUÁ o caçado. Uaupés para completar a bebedeira do cari-
CAÁMUNUSÁRA caçador. ri, e que é tomada pelos velhos e homens
CAÁMUNUSÁUA caçada. feitos, com exclusão dos moços e das mulhe-
CAÁMUNUÁRA caçante, que pertence à caça. res. O seu gosto é um amargo, para mim re-
CAÁNTÁ (contração de caá-santá) folha for- pugnante e o único efeito que me produziu
te, resistente; a folha de ubim ou de arumã, foi náusea e vômito. Não tinha bebido antes a
já cortada e pronta para peneirar a farinha quantidade de caxiri suficiente, me explicou
de mandioca. o meu colega pajé, em cujo conceito eu devo
CAÁ-NUPÁ mato brocado, isto é, o mato limpo ter diminuído imensamente. Pelo que con-
e preparado para se proceder depois à derru - tam os que a usam, os seus efeitos são mui-
bada das árvores grandes para fazer a roça. to parecidos com os do ópio. Completando
CAÁ-NUPÁSÁRA brocador de mato. a bebedeira, deixa-os prostrados em uma
CAÁ-NUPÁSÁUA broca, ato de brocar. meia sonolência, durante a qual, dizem eles,
CAÁ-NUPÁUÁRA brocante. gozam de visões e de sonhos encantadores.
CAÁ-PANEMA mata de madeiras fracas, que Martins afirma que caapi é extraído da raiz.
pouca serventia têm. Eu tenho assistido mais de uma vez ao seu
CAÁPÁRA cartucho de folha verde, enrolado preparo e vi sempre usar-se a casca.
no momento, para beber água. CAÁPIÁ contraerva, casta de Dorstenia. Mar-
CAÁ-PAU, CAÁ-PAUA a orla do mato, onde o tius dá à palavra a significação de erva-tes-
mato acaba. tículos e contração de caá e supiá. Não ve-
CAAPE no mato, dentro do mato. É contração jo razão para isso. É palavra pura e simples-
de caá-opé. Cunhã ocanhemo putare caape: mente composta de caá e piá: erva-coração,
a mulher esteve para perder-se no mato. sem contração alguma. A forma das folhas
CAÁ-PEMA folha chata e larga. Nome dado a justifica o nome.
várias qualidades de plantas. CAÁ-PIRANGA mato vermelho, folha verme-
CAÁPÉMBA capeba, arbusto de raízes amar- lha, nome que é dado a muitas plantas das
gas usadas para a cura de doenças sifilíticas. mais diversas famílias, desde que apresen-
CAÁ-PEPENA mato quebrado para assinalar o tem nos rebentos ou nas folhas alguma ver-
lugar por onde o caçador passou em procu- melhidão.
ra de caça, para poder voltar pelo mesmo CAÁ-PIXUNA mato preto, nome dado mais
caminho. Ainda assim a assinalação é efe- especialmente a certas mirtáceas, em vir-
tuada de modo que quem não é prevenido tude das folhas escuras e sem brilho; uma
e não seja bom mateiro dificilmente se pode casta de tajá, que tem folhas largamente
dirigir por ela. manchadas de preto.
CAÁ-PEPÉNASÁRA assinalador. CAÁ-PÔ mãe do mato, capão, ilhas de mato
CAÁ-PEPÉNASÁUA assinalação. no descampado.
CAÁ-PEPÉNAUÁRA assinalante, que pertence CAÁ-PORA morador da mata, silvestre, sil-
à assinalação. vícola. Não se confunda, como fazem al-
CAÁ-PÉUA folha chata, pau chato. Nome co- guns, com o caipora, que tem uma signifi-
mum a muitas plantas, entre outras a um ci- cação muito diversa, como se pode ver no
pó de caule achatado e à língua-de-vaca, ou lugar próprio.
chicória-da-terra. CAÁ- POAMA ilha de mata.
CAÁPÍ' caapi, Banisteria caapi, casta de ci- CAÁ-POROROCA mato frágil, quebradiço;
pó da terra firme, e planta das roças dos casta de Myrisina.
CAAPUÍRA

CAAPUÍRA mata miúda, folha fina, capoeira. envolve, uma espécie de geleia muito apre-
V Capoera. ciada.
CAÁ-PUTYRÁUÁ (mato de flor amarga?) amor CACAO-TYUA cacaual, terra plantada de cacau.
dos homens ou, como dizem estes, amor das CACAO-YUA cacaueiro. Árvore de várias es-
mulheres, casta de flor que tem a especiali- pécies de Theobroma; cresce nas vargens e
dade de mudar de cor durante o curso do igapés, que ficam inundados todos os anos
dia. Amanhece branca e anoitece vermelha durante alguns dias, e amadurece os frutos
para murchar logo. nos primeiros dias da vazante.
CAÁ-RAUA rebento, galho. CACURY' armadilha para pegar peixes. Con-
CAÁ-RETÉ mata espessa, difícil de atravessar. siste numa barragem construída nos lugares
CAARERU beldroega, joão-gomes; casta de de maior correnteza, geralmente apoiada à
Portulaca, comestível; diversos bredos. margem, com a qual forma ângulo e desti-
CAÁ-RIMÁ polvilho, amido farináceo extraí- nada a obrigar o peixe que vem subindo, ar-
do da mandioca. rostando a correnteza, a entrar num curral,
CAÁ-RUÁ tronco da árvore. de que a barragem é um lado, onde fica pre-
CAARUCA tarde. Caaruca ramé: de tarde; so. O pari, ou a grade de que são feitas as
caarucana: já é tarde. paredes do curral, é armado sobre uma for-
CAARUCAUARA que vem tarde, que perten- te armação de paus fincados no leito do rio
ce à tarde. e, em terra, até onde chega a enchente. O
CAARYRU casta de Podostemácea. Cresce curral é uma espécie de quarto mais ou me-
nas pedras dos lugares de forte corrente- nos quadrangular, com a abertura virada a
za, e com especialidade nas das cachoeiras, jusante. Esta é formada por dois panos sol-
atingindo o seu máximo desenvolvimento tos de grade, que fecham o lugar, por on-
quando submersa pela enchente. No tempo de o peixe deve entrar simplesmente pela
da seca forma tapete, que murcha e secara- força da correnteza, coincidindo, apoiados
pidamente, e então os indígenas a recolhem sobre as travessas da armação, exatamente
para dele extrair o sal, de que se servem, no ponto onde a barragem faz ângulo. É fá-
apesar da sua inferior qualidade, no Uaupés cil compreender como a armadilha funcio-
e em outros lugares por este interior, quan- na. As extremidades dos panos da grade,
do lhes falta o sal dos brancos. que não são amarradas, cedem facilmente
CAATINGA mato branco, mata rala; a mata à pressão do peixe, que vem subindo com
rala e raquítica que cresce nas terras areno- força para vencer os obstáculos que se lhe
sas e fica como uma mancha clara no meio opõem, e é levado à entrada pela forma da
da mata circunstante. barragem, entra no curral e aí fica preso, ví-
CAATINGA-PORA catingueiro. Suasu caatin- tima inconsciente do instinto. O peixe as-
ga-para: veado-catingueiro. sim preso não pode mais sair, o ingresso fe-
CAATINGA-UARA que é da caatinga. cha-se automaticamente pela própria força
CAÁ-TININGA folha seca, árvore da capoeira. da correnteza; qualquer esforço para sair
CAÁ-TYA erva, casta de Euphorbia herbacea não só se torna improfícuo, mas tem o efei-
que, quebrada, dá um sumo leitoso. to de melhor vedar a saída. Do cacuri o peixe
CAÁ-TYUA matagal. pode ser retirado quando ao dono convém,
CAÁ-UARA que é, pertence ao mato, florestal. escolhendo o que prefere e não retirando
CAÁ- UERA matuto. senão a quantidade de que precisa.
CAAUASU, CAAUSU mata grossa, fechada; CACURY' constelação indígena que corres-
uma espécie de pacova-sororoca; casta de ponde mais ou menos ao Cruzeiro do Sul.
Urania. As quatro estrelas do Cruzeiro formam
CAÁ-mcuÉ casta de Mimosa. o quarto do cacuri, e as estrelas do centro
CAÁ-USARA comedor de folhas, herbívoro. são os peixes, que já nele caíram. A Mancha
CACAO a fruta do cacaueiro, de cujas pevi- Magalhães, ou como outros a chamam, o
des se extrai o chocolate, e da polpa que as Saco de Carvão, é um peixe-boi e as duas
CAMBARÁ, CAMARÁ

estrelas do Centauro, A e B, são os pesca- CAIRIRI arbusto da vargem, alta, de cujas fo-
dores que vêm para arpoá-lo. Antigamente, lhas extraem uma tinta arroxeada, que se
contam, o mais moço (B), que hoje está na torna preta e suficientemente resistente à
proa da canoa pronto para arpoar, estava ao lavagem, se é misturada com tujuco. Serve
jacumã, isto é, ao leme. O velho, porque o para tingir a roupa para luto.
arpão já lhe pesava, cedeu-lhe o lugar. CAISARA' apertador, cercador; era o nome
CAii sarado, cicatrizado; espécie de chagas e do cercado de pau-a-pique, que guarnecia a
feridas. margem interna da vala, com o qual algumas
CAÉ-CAÉ casta de periquito (onomatopeia). tribos, espécie da nação Baniua ou Baniba,
CAEN cicatriz. circundavam a própria taba, e de que tenho
CAENSARA cicatrizador. visto restos no rio Uaupés, onde os Tarianas,
CAETÉ então. tribo Baniua, o chamam biaridó.
CAi apertado, fechado, cercado. CAISARA2 o forte curral, onde as Companhias
CAÍ queimado, abrasado, incendiado. de Resgate conservavam provisoriamente
CAIÁ casta de Spondias, variedade de tape- os índios "resgatados" para serem distribuí-
ribá. dos ou vendidos. De onde, pois, o nome de
CAIAMÉ, CAIAMBÉ casta de palmeira anã da caisara que davam aos índios fugidios.
vargem. CAÍSÁRA queimador, abrasador.
CAIARARÁ ingênuo, sem todavia ser tolo. CAISAUA aperto, fecho, constrangimento.
CAIARARA casta de macaco, Cebus gracilis. CAÍSÁUA queimadura, abrasamento, incêndio.
Vive em bandos numerosos e se encontra CAÍTITÚ, CAITITU a variedade menor de
em todo o vale. É o mais comum em domes- porco-do-mato, Dicotyles. Vive em varas
ticidade e, apesar da sua sagacidade, muito numerosas na mata da terra firme. A sua
estimado. Há talvez mais de uma varieda- carne é muito apreciada.
de; nos numerosos exemplares vistos, a cor CAIÚ caju, a fruta do Anacardium occiden-
varia, indo do amarelo-louro sujo ao bru- tale.
no-fulvo. CAIUÍ cajuzinho; cajuí; o caju do mato, não
CAIARARA IANDU casta de aranha carangue- cultivado, que dá uma fruta muito pequena
jeira, Mygale. e quase insignificante, quando, pelo contrá-
CAIAREMA polvilho de tapioca. rio, o cajueiro do mato é uma das mais altas
CAIAUÉ casta de palmeira, Elaeis melanococ- e bonitas árvores das florestas amazônicas.
cus. De uma variedade de caiaué se extrai CAÍUÁRA queimante, incendiante, abrasante.
um azeite muito parecido com o azeite de CAIUIURÉ pequeno macaco todo branco,
dendê, e que serve também para usos culi- muito raro no baixo vale.
nários. CAIUTI cajutino, ponta do caju, nariz de caju;
CAIETÉ' casta de palmeira de pequeno tama- a castanha do caju.
nho que vive nas catingas. CAIUTYUA cajutuba, terra de cajus, cajual.
CAIETÉ casta de macaco, Cebus.
2
CAIUYUA cajueiro, a árvore do caju.
CAIMBÉ, CAIMÉ arbusto que cresce nos iga- CAMA peitos, mama, seio de mulher.
pós. A fruta é comida de tartaruga. CAMACUÃ morro, coluna mais ou menos ín-
CAINANA casta de cobra da espécie Cons- greme. Mama ereta?
trictor; chamam cainana à mulher adoida- CAMAPUÃN morro, colina de forma arredon-
da atrás de homens. dada.
CAIPIRA enleado, enredado, matuto. CAMAPU casta de Solanácea, Psidalia edulis.
CAÍPORA infeliz, cheio de apertos, de cons- A fruta é uma baga avermelhada e comestí-
trangimentos. É erroneamente confundido vel quando madura.
com caapora. O caiporismo é contagioso. O CAMAXIRI casta de ave.
caipora não o é somente para si; a sua desdi- CAMBARÁ, CAMARÁ cambará, varias espé-
ta se comunica às pessoas que o aproximam cies de Lantanas. A infusão das folhas e flo-
e àquelas pelas quais se interessa. res, da variedade de flores amarelo-verme-

!;'/;') 333 e_;~


CAMBARÁ-CAPARÁ

lhas e folhas lanceoladas, dentadas e pilosas CAMBY-USAUA mamadura, mamação.


é usada em chá como sudorífico e aconse- CAMEEN oferecido.
lhada nas doenças dos brônquios. CAMEENGARA oferecedor, ofertante.
CAMBARÁ-CAPARÁ cambará de folhas afuni- CAMEENGAUA oferecimento, oferta.
ladas. CAMEÕN atribulado.
CAMBARAMBAIA cambará samambaia. Cas- CAMEÕNGARA atribulador, atribulante.
ta de cambará de folhas esfiapadas, como CAMEÕNGAUA atributação, atribulatório.
samambaia. CAMIRYCA comprimido, calcado.
CAMBARÁ-TINGA cambará-branco, de flores CAMIRYCA-SARA compressor, calcador.
brancas. CAMIRYCA-SAUA compressão, calcamento.
CAMBÉUA, CAMÉUA casta de pequena tar- CAMIRYCA-UARA comprimente, calcante.
taruga fluvial, alguma coisa parecida com CAMIRYCA-UERA comprimível, calcável.
o tracajá, mas é menor, mais clara e o cas- CAMIRYCA-YMA não comprimido, não cal-
co menos resistente. Comum em todo o cado.
Amazonas, desova no começo da vazante, CAMIXÁ camisa. Corrupção da palavra por-
preferindo os tesos das praias, onde a areia tuguesa, que designa indiferentemente a ca-
é muito misturada com a terra. Cambéua misa como blusa ou outro qualquer indu-
é o nome que lhe dão no Pará e no baixo mento do mesmo gênero.
Amazonas. No rio Negro a chamam pitiú, CAMIXÁ-YMA nu, sem camisa.
nome que lhe é dado pelo cheiro especial CAMITAÚ alicorne, Palamedea cornuta. Ele-
que têm suas carnes e que se comunica até gante habitante das margens dos rios e lagos
aos ovos. amazônicos, de tamanho de um peru avan-
CAMBUCA, COMBUCA abóbora, cabaça. tajado. É facilmente reconhecível pela espé-
CAMBUCÁ fruta comestível. cie de pequeno chifre que lhe orna a testa,
CAMBUCÁ-YUA cambucazeiro, casta de Mir- de onde o nome vulgar e científico. Vive aos
tácea, de que há muitas variedades. casais. Não o tenho encontrado senão rara-
CAMBUcI, CAMUci casta de fruta. mente em pequenos bandos. É ave que pre-
CAMBUI' pequena fruta comestível, de uma fere, para as suas excursões, a manhã e atar-
espécie de murta. de, pelo que poder-se-ia dizer de costumes
CAMBUI' fruta insignificante, de uma casta crepusculares, embora se encontre também
de Anacardium silvestre, que, além de ser a qualquer hora do dia, especialmente nos
um dos gigantes da floresta, fornece exce- lugares pouco frequentados.
lente madeira para marcenaria. CAMU-CAMU fruta de uma qualidade de
CAMBUKIRA grelo de abóbora. louro que abunda nos igapós, cuja matu-
CAMBY, CAMY leite, água do seio. ridade coincide com a grande enchente. É
CAMBY-ANTÁ leite duro, queijo. comida preferida dos tambaquis, e o pes-
CAMBY-ANAMÃ leite espesso, coalhada. cador, que lhes conhece a preferência, a
CAMBY-IARA ama-de-leite, dona do leite. utiliza para pescá-los mesmo sem anzol.
CAMBY-ICAUA manteiga, gordura do leite. Para isso põe na extremidade da corda da
CAMBY-IUUCA ordenhado. pindaíba uma fruta de camu-camu e imita
CAMBY-IUUCASARA ordenhador. o cair da fruta jogando-a em água como se
CAMBY-IUUCASAUA o ato de ordenhar. caísse do alto. O tambaqui enganado aco-
CAMBY-IUUCAUARA ordenhante. de sôfrego e engole a fruta. É o momento
CAMBY-PIRERA pele do leite, mamas fláci- em que o pescador com um golpe seco e
das, caídas. decidido puxa a corda e se assenhoreia da
CAMBY-UCY mamado, mamar. presa. Quando a fruta escasseia, põem em
CAMBY-UCYSARA mamador, que mama sa- lugar da fruta uma bola de madeira que a
boreando, gostando. Diz-se dos meninos. imita e que em muitos lugares chamam yá-
CAMBY-USARA mamote, quem mama. Diz-se -ponga, isto é, fruta redonda.
de preferência dos animais. CAMURAPi' casta de peixe, do salgado.
CANHEMO

CAMURI' casta de cipó, que dá uma madeira na-de-açúcar, de onde o nome. As enxurra-
muito leve, de que se fazem boias das a destacam da margem e então desce em
CAMURI a bola feita com o cipó deste nome
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toiças, não raramente, de algumas centenas
e mesmo com outra qualquer madeira leve, de metros de extensão, seguindo pelo meio
que sirva para o caso, e que é especialmente do rio. São verdadeiras ilhas flutuantes, que
empregada para sustentar o espinel e mes- muitas vezes se encontram pejadas de co-
mo um anzol isolado, indicando onde está bras e outros bichos daninhos. Ainda assim
fundeado. são uma providência para as pequenas em-
CAMURi, CAMORi casta de peixe, do salgado. barcações, que em tempo de enchente des-
CAMUTI, CAMUSI pote, vasilha para água, cem o grande rio. Metidas nelas, desafiam a
de barro cozido, de boca larga e bojo gran- raiva das trovoadas e, se é de noite, permi-
de, munida de asas, facilmente removível e tem aos seus tripulantes dormir descansa-
transportável de um lugar para outro. Nas dos, certos de seguir rio abaixo seguindo o
casas indígenas o pote para água é sempre fio da correnteza.
obra da dona da casa, a cujo cargo está o CANASARi árvore que dá uma casta de goma
fornecimento de todo o vasilhame necessá- de inferior qualidade.
rio para o diário. CANCAN, ACAUAN, CAUCAU acauã, Herpeto-
CAMUTi-IRERU porta-potes, cantareira, ar- theres cachinnans.
mação onde se guardam os potes. CANCIRA amassado.
CAMUTI-MUNHANGARA fazedor de potes, CANCIRASARA amassador.
oleiro. CANCIRASAUA amassadura.
CAMUTI-MUNHANGAUA ato, arte de fazer CANCIRATYUA amassadouro.
potes. CANCIRAUARA amassante.
CAMUTI-MUNHÃ-RENDAUA olaria, lugar on- CANCIRAYUA o instrumento que serve para
de se fazem potes. amassar, árvore de amassar.
CAMUTI-NAMBY orelha do pote, asa. CANDIRU candiru, Calopsis candiru. Peque-
CAMUTI-PUPECA tampa do pote. no peixe muito voraz, bruno-vermelho, es-
CAMUTI-RENDAUA lugar do pote. triado de vermelho, que acode ao cheiro
CAMUTI-UARA Que é do pote. Y camutiuara: do sangue. Vão em cardumes, e desgraça-
água do pote. Tauá camuti-uara: terra pa- do o ferido, homem ou animal, que cair no
ra pote. meio deles. Em poucos momentos é devo-
CAMYTÁ, CAAMYTÁ restinga, ponte de mata; rado vivo, só ficando o esqueleto perfeita-
aquela parte do banhado que fica seca e dá mente limpo. Felizmente só atacam os feri-
passagem ou simplesmente serve de refúgio dos; se assim não fosse, em muitos lugares
aos animais em tempo de enchente. seria impossível banhar-se.
CANA cana-de-açúcar. CANDEIA vela. Palavra portuguesa invertida
CANANÃ casta de tartaruga terrestre. de sentido.
CANANGA, CAANGA casta de Myristica chei- CANDEIA-RIRU lamparina, candeeiro.
rosa. CANDEIA-YUA castiçal, árvore de candeia.
CANAPÁ manga (a fruta da). CANEÚ atribulado, cansado.
CANAPÁ-YUA mangueira, Mangifera indica e CANEUÁ o atribulado.
variedades. É árvore importada, mas larga- CANEÚPÓRA cheio de atribulações.
mente aclimada desde os primeiros tempos CANEÚSÁRA atribulador.
da ocupação portuguesa. É comum em to- CANEÚSÁUA atribulação.
do o vale, mas não a tenho encontrado nem CANEÚUÁRA atribulante.
nas malocas do Uaupés nem nas de qual- CANHEMBARA perdedor, perdido.
quer outro lugar. CANHEMBORA fujão, o que se perde.
CANA-RANA falsa-cana. Erva que cresce na CANHEMO perdido, transviado, desapare-
margem dos rios e lagos, estendendo-se so- cido, espantado, perturbado, desfalecido.
bre a sua superfície e tem o aspecto de ca - Cunhã o canhemo caá opé: a mulher se per-
CANHEMO-PORA

de no mato. Inti ocica cuao oca kiti, ocanhe- CAN-YCA canjica, papas de milho verde.
mo tenondé: não pode chegar à casa, desfa- Pronuncia-se fazendo sentir o n nasal bem
lece antes. Coaracy ocanhemo caaruca ara distinto e sem fazer sílaba com o y.
ramé: o sol desaparece à tarde. CAN-YCAUARA que serve para fazer canjica.
CANHEMO-PORA espantadíssimo, cheio de Auafi can-ycauara: milho para canjica.
espantos. CAN-YCAUSARA comedor de canjica.
CANHEMOSARA espantador, que faz perder, CAORÉ, CAURÉ Hypotriorchis algigularis (?)
desfalecer, extraviar etc. [Palco rufigularis], o mais pequeno e o mais
CANHEMOSAUA perturbação, espanto, perda, atrevido dos gaviões. Contam que não vaci-
descaminho etc. la em atacar os patos. Alcança-os facilmen-
CANHEMOUARA espantante, perdente, que se te e se lhes escancha nas costas, atacando-os
perde, desfalecente, perturbante etc. a bicadas até perfurar-lhes o abdome. O pa-
CANHEMOUERA espantável, perdível, desfa- to somente tem salvação se estiver perto da
lecível, desencaminhável etc. água e tem tempo para mergulhar, porque
CANHEMOYMA imperdido, imperturbado, então o incômodo passageiro é obrigado a
não desfalecido etc. deixar a presa. Comuníssimo: é raro não vê-
CANHEMOYUA espantalho, origem do espan- -lo à tarde nas praças das nossas vilas e cida-
to, da perturbação, da perda. des do interior; hoje no centro de Manaus já
CANICÁNI espécie de grega desenhada como não aparece, mas vi-o não há muito em S.
enfeite na borda das vasilhas de barro. Sebastião. Gosta, na penumbra, ao crepús-
CANICARU traidor, passado ao inimigo. culo de perseguir os morcegos, de que pare-
Nome que no rio Negro davam aos índios ce um fino apreciador, e então é o momento
que se tinham submetido e aceito o jugo de admirar-lhe o voo.
português. É talvez palavra manau ou baré; CAPARACI casta de peixe fluvial de pele, Pla-
todavia a tenho notado por ser palavra por tistoma coruscans. Atinge a metro e mais de
assim dizer histórica. tamanho.
CANINANA' casta de cobra não venenosa. CAPARARI casta de peixe de pele, próximo
Espécie de Constrictor, superiormente ful- afim do anterior, que também atinge boas
vo-amarelo, com um fino reticulado bruno- proporções.
-escuro, quase preto e o ventre branco, pas- CAPEMA erva de folhas largas e chatas, nome
sando do amarelo ao branco por nuanças. É dado a diversas espécies, que apresentam os
muito parecida com a que chamam papa- mesmos atributos.
-ovos e, se não me tivesse sido afirmado que CAPENU, YAPENU onda, vaga, maresia.
são duas espécies diversas, eu as teria dado CAPENUSARA quem faz, produz ondas.
como uma só. CAPENUSAUA undosidade.
CANINANA' casta de planta, a que se atribui a CAPENU-UARA undoso, ondejante.
propriedade de afugentar as cobras; Canio- CAPENU-YMA calmo, sem ondas.
cocca anguifuga. CAPÉUA capeba, nome comum a várias ervas
CANINAO cobra venenosa. Não a conheço. de folha larga e comprida.
Martius afirma que a chamam também CAPi erva. Nome genérico: capim.
caninana. A que conheço com este nome, já CAPI-MEMBECA erva mole, casta de pasta-
foi dito, é uma Constrictor, e por isso mes- gem, variedade de Graminácea.
mo não venenosa. CAPÍ-PÉUA capim-chato, casta de Graminácea.
CANINDÉ V Arari. CAPITARI o macho da tartaruga. V Jurará.
CAN-UERA osso, ossada. Pronuncie-se bem É pouco apreciado como carne e, por via
separada e distinta a primeira parte da se- disso mesmo, menos perseguido do que a
gunda, de modo que o n embora bem sen- fêmea.
sível não faça sílaba com ue, cã-uera. Mira CAPi-TYUA capintuba, capinzal.
can-uera: ossada de gente. Mira can-uera CAPIVARA morador do capim; capivara, Hy-
rendaua: cemitério. drochoerus. Mamífero da ordem dos Roe-
CARAMURU

dores, do tamanho de um carneiro, muito CARAIPÉ' a casca de uma Leguminosa do


comum em todo o Amazonas, onde vive na mesmo nome; reduzida a cinza e peneirada
margem dos lagos e rios, preferindo os luga- se incorpora ao barro, que serve para o fabri-
res onde cresce a canarana. Vai em bandos, co da louça indígena. O caraipé impede que
e é por isso mesmo um dos maiores inimi- as vasilhas rachem quando vão ao fogo pa-
gos das roças. Pelos exemplares que me vie- ra cozinhar.
ram às mãos, parece haver duas variedades, CARAIURU' carajuru, Bignonia chica. Cipó
que vivem separadas e em distritos diver- de raízes bulbosas e de cujas folhas se extrai
sos. Uma maior e avermelhada vive ao sul uma matéria corante usada pelos indígenas
do grande rio, outra menor e mais escura, ao do rio ]apurá, Uaupés e alto rio Negro e seus
norte. A sua carne, embora não muito deli- afluentes, para se pintarem nos dias de suas
cada, parece ser uma boa alimentação. O po- festas. O nome lhe é dado da forma da raiz.
vo, porém, tem certa prevenção contra ela e é CARAIURU' a matéria corante extraída do ci-
pouco utilizada, especialmente fresca. pó do mesmo nome, vermelho-sangue. É
CAPOAMA, CAPOAMO ilha. obtida pela maceração das folhas, em va-
CAPOAMASU ilha grande. silhas apropriadas, e repetidas lavagens, fi-
CAPOERA, CAPUÍRA capoeira, o mato cresci- cando depositada no fundo como um pó
do nos lugares abandonados. Conserva es- impalpável. Seca ao sol, vem ao mercado
te nome até que tenha perdido a fisionomia em sacozinhos de turi. Os pajés usam do
especial, que lhe dá a superabundância de carajuru, especialmente soprado por eles,
madeiras fracas, ou, como outros dizem, em muitas das suas cerimônias e pajelanças.
brancas, e que tenha readquirido o aspec- Quem for pintado de carajuru assoprado,
to da mata virgem, na que pode gastar uns ou como também o chamam de carajuru da
trinta a quarenta anos. lua, não tem medo de nada. Se não houver
CAPYI erva miúda, casta de Graminácea. alguma cousa mais forte que lhe destrua os
CARÁ nome comum a várias espécies de efeitos, pode arrostar tudo: não há mal nem
Dioscóreas, que fornecem uma batata co- doença que lhe entre.
mestível, de gosto geralmente adocicado. CARAMURí" casta de Sapotácea, que cresce
Come-se cozida e assada na cinza. à margem dos rios e nos igapós. Madeira
CARACARÁ gavião, casta de Poliboro que vi- muito leve.
ve de preferência de peixes e rãs, mas não CARAMURi2 a bola que sustenta o espinel ou o
despreza os cadáveres que vêm a apodrecer anzol solto e iscado, com que pescam nos lu-
nas margens dos lagos, onde geralmente vi- gares onde não há correnteza (Pará); do no-
ve isolado ou aos casais. me da madeira com que são feitas as boias.
CARACARAEN dilaniado [dilacerado]. CARAMURU nome que, no rio Madeira, dão
CARACARAENGARA dilaniador, dilaniante. a uma espécie de salamandra, Lepidosiren
CARACARAENGAUA dilaniamento. paradoxa. No tupi da costa parece ser uma
CARACARAI gavião, casta de Milvago, que vi- casta de grossa enguia. Caramuru é o no-
ve em pequenos bandos nas margens dos rios, me que deram, conforme a tradição, os in-
preferindo os lugares encachoeirados. Se nu- dígenas da Bahia a Diogo Álvares, quando
tre de peixes, rãs e outros bichos ribeirinhos, espantados ouviram derribar um pássaro
mas não despreza os insetos, que caça a voo. com um tiro de arma de fogo; é o nome
CARAEN, CARAIN arranhado, raspado com que, segundo outros, foi dado em alguns
as unhas. lugares da costa, no Sul do país, aos bran-
CARAENGA arranhão, raspagem. cos indistintamente. Traduzem geralmen-
CARAENGARA arranhador, raspador. te Caramuru por "filho do trovão", "ho-
CARAENGAUA arranhamento, raspamento. mem do fogo", "dono do raio". A meu ver
CARAIPÉ' casta de Leguminosa de alto por- Caramuru é correspondente a caryua e vem
te que cresce nas capoeiras velhas; dá uma de cariuá, contraído em cara: o que man-
madeira leve e sem préstimo. da, o que pode: e muru igual a turu: muito,
CARANÁ

grande: significando portanto: o muito po- CARAOATÁ albacora, casta de peixe, do sal-
deroso, o que muito manda. De onde pois gado.
o fato de ser o mesmo nome, como afirma CARAPANÃ nome genérico dado a várias
Cândido de Figueiredo, dado em alguns lu- espécies de mosquitos do gênero Cu/ex,
gares do Sul ao brancos. V. Caryua. Stegomya e afins. A praga maior de muitos
CARANÁ casta de palmeira que cresce em lugares de nosso interior.
touceiras nas terras firmes, e cujas folhas CARAPANÃ CETIMÃ PUCU pernilongo, cara-
servem para cobertura de casas. Há uma panã de pernas compridas.
variedade que cresce nas vargens e lugares CARAPANÃ-i carapanãzinho.
inundáveis, e cuja resistência ao tempo é CARAPANÃ-PINIMA carapanã pintado.
muito menor. CARAPANÃ-PORA cheio de carapanãs.
CARANAI casta de palmeira, variedade me- CARAPANÃ UASU carapanã grande.
nor de caraná e que serve para os mesmos CARAPANÃ-UUA carapanaúba, especialmen-
usos; cresce na terra firme. te as tábuas já lavradas e em obra.
CARANCARAEN entalhado. CARAPANÃ-TYUA carapanatuba, terra de ca-
CARANCARAÊNGÁ entalhe. rapanãs.
CARANCARAENGARA entalhador. CARAPANÃ-YUA carapanaúba, árvore dos ca-
CARANCARAENSAUA entalhamento. rapanãs. Casta de árvore de alto porte das
CARANHA' castadetambaqui,decormaisclara. vargens e igapós, de cuja casca se obtém
CARANHA 2 casta de Myrtacea da terra firme, uma infusão amarga usada para cura das
fartamente copada. Uma das bonitas árvo- sezões. A madeira é usada para obras de in-
res gigantescas da floresta, que rivaliza com terior.
a samaumeira. A fruta, que tem o mesmo CARAPU casta de peixe.
nome, é uma drupa seca, contendo um ca- CARARÁ V. Aninga.
roço duro, mais ou menos parecido com o CARAUARY carauari. Árvore corpulenta da
da oliveira, que, quando fica despido da pele terra firme, que tem raízes salientes como a
que o cobre, se apresenta finamente reticu- samaumeira. A madeira é pouco usada, mas
lado. Serve aos indígenas para colares e pa- muito compacta e relativamente leve, talvez
ra as tangas das mulheres. possa ter boa aplicação para caixa de instru-
CARANHA3 , XIPE a resina fornecida pela ár- mentos de corda, especialmente de pianos.
vore do mesmo nome. Serve para grude, CARAUASU cará grande, casta de Dioscorea
mas tem o defeito de se tornar quebradiça, comestível, de sabor adocicado, de polpa
e, por isso mesmo, só podendo ser utiliza- branca, que chega a atingir o tamanho da
da em condições especiais e quando não se coxa de uma criança de seis a sete anos.
carece de grande duração. O seu préstimo CARAUATÁ' gravatá. Nome comum a muitas
principal é como remédio para cura de feri- variedades de Bromélias, espécies que vi-
das de mau caráter. Para isso o seu efeito de- vem parasitas sobre as árvores.
tergente e exsicante é admirável e por mim CARAUATÁ' casta de pequeno peixe, que imi-
mais de uma vez verificado. No rio Negro ta na forma uma folha de caruatá.
se encontra em cabaças destinadas à venda CARAUATAi' (pequeno caravatá) pequeno
e em alguns lugares próximos a Venezuela peixe, sem outro préstimo senão o de ser-
a tenho ouvido chamar xipe. Os pajés lhe vir de isca.
conhecem o préstimo e a usam, misturada CARAUATAi' casta de pequena bromélia parasi-
com carajuru da lua, para sarar feridas; mas, ta, que chega a cobrir literalmente as árvores,
de mim para mim, penso que a adição do sobre as quais se desenvolve uma primeira se-
carajuru é pura pajelança. mente levada pelo vento ou pelos passarinhos,
CARAOÁ caroba. conseguindo matá-las em pouco tempo, qual-
CARAOASU carobaguaçu, casta de jacarandá quer que seja o seu tamanho.
do Pará. Madeira muito estimada para tra- CARAUATANA zarabatana. Arma indígena
balhos de marcenaria. especialmente consagrada à caça. É um
CARIAMÃ

comprido canudo de madeira, munido de CAREPORA recebente.


um bocal em uma das extremidades, por CARESARA recebedor.
onde é introduzida uma flechazinha erva- CARE-YMA irrecebido.
da na ponta e uma bolazinha de sumaú- CÁRI comandado, ordenado, mandado. Usa-
ma ou algodão na outra extremidade, que -se geralmente hoje somente em compo-
lhe permite adaptar-se exatamente ao ori- sição com outros verbos, muito raramen-
fício do bocal. Introduzida a flecha, a ar- te por si só. Em qualquer caso traz sempre
ma está carregada. Alveja-se então o alvo a ideia de que há uma ordem, que se deve
utilizando-se da mira, em geral um dente cumprir. ou fazer cumprir. Mundu: man-
de cutia aplicado externamente no senti- dado fazer; munducári: ordenado, manda-
do do comprimento da arma, e faz-se par- do com autoridade. Cenai: chamado a fazer;
tir a flecha com um sopro curto e seco, co- cenaicári: intimado, chamado com autori-
mo de quem queira apagar uma vela. Uma dade. Um superior nunca acenai um infe-
zarabatana de três metros de comprimento rior, e sim acenaicári, isto é, nunca chama,
(há maiores), em mão de quem saiba ser- mas chama com autoridade ou intima. Se se
vir-se dela, equivale a uma espingarda de falar de chefes entre si, então não é mais o
bom alcance, com a vantagem de não es- caso de acenaicári e sim de acenai, ao me-
pantar a caça, especialmente se se trata de nos sempre que se trate de igual para igual.
macacos ou pássaros, ocupados em comer CARIAMÃ' a festa da puberdade das donze-
entre os galhos de alguma árvore copada. las, geralmente precedida de mais ou menos
Na horizontal, a zarabatana é inferior à es- completa segregação e rigoroso regime
pingarda. A flechazinha é por demais ex- de jejum, que começa logo que se apre-
posta a umas tantas forças contrárias, que sentam os primeiros sintomas. O primei-
lhe tiram muito da certeza que adquire na ro sangue, embora já sem ser precedido de
vertical. O feitio, o tamanho, assim como reclusão e jejum, mas precedido de um pe-
os materiais empregados variam de tribo a ríodo de resguardo, é ainda hoje festejado
tribo. As mais estimadas são feitas de um em muitos lugares do rio Negro, Solimões
pau rachado pelo meio e reunidas as duas e baixo Amazonas. Quando há uns qua-
metades, depois de escavadas e cuidadosa- renta anos passados cheguei ao Amazonas
mente calibradas em todo o percurso, com em Manaus, embora sob forma de baile pa-
grude, geralmente caranha, e cuidadosa- ra apresentação da moça, findo o resguardo
mente entaniçadas por fora; mas há até fei- dos primeiros mênstruos, o cariamã fazia
tas de espique de palmeira-anã, tal como a parte dos costumes locais. Entre os indíge-
jupati. Neste último caso, a zarabatana, pe- nas, é a apresentação da moça à tribo, afir-
lo comum, se compõe de dois espiques, um mação solene de que daí em diante está apta
emechado no outro, sendo que o interior é para ser mãe, e por isso mesmo a festa pa-
que serve de alma; é então amarrado com ra ela, em muitas tribos, senão em todas, se
fio, adicionado de grude, com o fim de evi- torna um verdadeiro suplício. Ela também,
tar que rache e obter mais completa união como os moços, deve dar perante a tribo
entre as duas partes. congregada prova inequívoca de saber so-
CARAXUÉ' casta de sabiá, um dos melhores frer. Toda a educação do indígena no estado
cantores das nossas matas. livre é dirigida, embora com meios diversos
CARAXUÉ' o homem mantido por mulher. e nem sempre próprios, para torná-lo resis-
CARAYA casta de grande cucurbitácea aquosa. tente à dor e capaz de suportar facilmente
CARAYUAUÉ' anjo. os trabalhos da vida primitiva. Nas tribos
CARAYUAUÉ', SARUNGARA, SARUSARA anjo que observam a lei do Jurupari, a moça so-
que espera, anjo d8. guarda. mente pode conhecer homem depois de ter
CARAYUAUÉCUÉRA (anjo que foi) o Diabo. sido deflorada pela Lua (depois que tiver ti-
CARE recebido. do o primeiro catamênio). Antes, o deflora-
CAREPAUA recebimento. mento de uma donzela é crime passível da
CARIAMÃ

mais severa punição, como a que convém CARUCASARA mijador.


para quem não teve dó de estragar a vasilha CARUCASAUA micção, o ato de mijar.
destinada a dar indivíduos fortes e sadios, e CARUCAUÁ mijo.
dos quais depende o futuro e a prosperida- CARUCAUARA mijante.
de da tribo. CARUCAUERA mijão.
CARIAMÃ' casta de beiju com que se prepara CARUCATYUA mijadouro.
o caxiri para a festa da puberdade das mo- CARUMBÉ, CARUMÉ o macho da jabuti. V. Ja-
ças, e que dá o nome à festa. buti.
CARIIÓ carijó, casta de gavião (gavião-carijó) CARURU casta de bredo comestível, caruru-
do gênero Mi/vago. de-soldado. É praga nos terrenos limpos há
CARIMÃ, CARIMBÃ bebida refrescante feita pouco, mas definha e desaparece com o em-
com água, mel de abelhas e farinha de man- pobrecer da terra.
dioca. CARYCA vazado (das vasilhas que perdem o
CARIMÉ, CARIMBÉ caríbé. Bebida feita de líquido por alguma falha ou rachadura).
água fria, em que foi espremido um fruto CARYCAPORA cheio de rachas.
qualquer, ou foram desmanchados uns ovos CARYCASAUA vazamento, racha.
crus de tracajá ou tartaruga, misturada com CARYCAUÁ o que se derramou vazando; ova-
farinha de mandioca. zado.
CARIMBOCA, CARIUOCA, CARIOCA (saído do CARYCAUERA vazante.
branco) mestiço de branco e tapuio. CARYCA-YMA que não vaza.
CARIPIRA gavião que vive de peixe. Casta de CARYUA o branco, o dono, o senhor, aquele
pírargo [?]. que pode mandar. O nome de caryua é dado
CARIRU, CAARIRU várias espécies de beldroe- indiferentemente a branco, mulato, preto ou
gas. tapuio, contanto que esteja pela sua posição
CARIUÁ que manda, quem manda. social em condições de mandar, ao menos
CARIUIRI casta de sapo. defronte da pessoa que fala. É aliás a signi-
CARDARA' reumatismo. ficação que decorre da etimologia da pala-
CARDARA' casta de formiga que produz for- vra, formada de cári (mandado, mandar) e
tes irritações quando em contato com a pe- yua (nascente, origem), desaparecendo o i
le. Pisada, serve de sinapismo aplicado sobre de cári, absorvido pelo y de yua, o que é da
a parte atacada pelo reumatismo. A irritação índole da língua. Não é esta todavia a eti-
que produz neutraliza em parte a dor, mas mologia corrente. Uns, seguindo a opinião
não parece que tenha outro efeito terapêutico. de Couto de Magalhães, fazem vir a pala-
CARDARA-IARA (dono do reumatismo) reu- vra de uma raíz car com a significação de
mático. lacerar, dilaniar, e de uma raiz yua com a de
CARUCA mijado. Na pronúncia se ouve ge- mau. Então o nome que foi dado ao branco
ralmente confundir com caaruca (tarde), conquistador seria o ferrete com que teria
e eu também por muito tempo pensei isto ficado marcado indelevelmente, significan-
mesmo, mas é engano. O indígena que fa- do o "dilacerador ruim''. Sem relevar todo o
la o nheengatu distingue perfeitamente na arbitrário da construção de tais raízes, nota-
pronúncia as duas palavras, e só se pode ex- remos apenas que a formação das palavras
plicar a confusão havida até agora pela im- nheengatus, língua de aglutinação secundá-
perfeita audição de quem não é corrente no ria, não se faz por meio de raízes puras, mas
manejo da língua. O curioso é que os letra- por meio de palavras, sufixos e prefixos,
dos que a falam são os primeiros a produzir com significação própria, sujeitos a poucas
e manter o engano, porque, embora na pro- e raras modificações eufônicas. Isto posto,
núncia façam como que involuntariamente se dilaniar tanto em nheengatu como em
a distinção, quando devem escrever as duas tupi-guarani é: cara!, carain, caray, não pa-
palavras já não a fazem. rece haver nenhuma raíz yua com a signifi-
CARUCA PUXI mijar feio. Gonorreia. cação de mau, ruim, e sim em nheengatu há
CATINGA-PORA

naquele lugar uma palavra ayua, que serve taboca, um dentado e outro não, que o to-
de sufixo com a significação de mau. Com cador toca, fazendo passar mais ou menos
estes materiais, a palavra possível com a sig- rapidamente e com mais ou menos força o
nificação de dilaniador ruim seria carain- pedaço liso sobre o dentado. Apesar da ha-
ayua ou caral-ayua, se nos afigurando inex- bilidade do tocador, o efeito, está claro, não
plicável a queda de tantos a, sem deles fi- pode ser grande coisa; todavia, no meio dos
car vestígio, como devia ter intervindo para outros instrumentos primitivos, tocado por
obter-se caryua. Aqui todavia se nos afigura quem sabe marcar o tempo, nem sempre
ouvir interrogar: Não há carayba, carayua? destoa.
Exatamente, mas ainda assim a raiz da pala - CATACÁ rangido.
2

vra, se atendermos a Montoya, é outra. No CATACÁSÁRA rangedor.


lugar onde regista a voz caral, notado em CATACÁSÁUA rangimento.
abreviatura que nos compostos admite b, CATACÁTÁCA tocada a catacá.
e, d, a faz derivar de cará com a significa- CATACÁUÁRA rangente.
ção de destreza, astúcia, e dá a significação CATACÁTACASÁRA tocador de catacá.
de astuto, manhoso e acrescenta "Bocabulo CATACÁTACATÁUA lugar onde se toca catacá.
con que honran a sus hechizeros (?) univer- CATAORÉ, CATAURÉ arbusto comum nos iga-
salmente; e assi lo aplicaran a los espafio- pós, de largas folhas trilobadas, que são uti-
les, y mui impropiamente al nombre chris- lizadas conjuntamente com a raspagem da
tiano, y a cosas benditas e assino usamos de casca para sinapismo. Da infusão da cas-
el en este sentido". Mais adiante nota a pa- ca se servem os pescadores para serem fe-
lavra cararai (muito destro, muito astuto), lizes na pescaria, lavando os braços com
que é exatamente o nosso sarará; a mudan- ela. A fruta do cataoré é comida da tarta-
ça do e em s é natural, assim como a queda ruga e, embora comida por esta, conserva
do i não acentuado; título que no Solimões a sua vitalidade, pelo que não há lugar po-
é hoje mesmo dado aos pajés e curandeiros voado neste Amazonas afora, onde se coma
indígenas. Tudo isso me faz acreditar que a tartaruga, que não tenha alguma planta de
etimologia e significação que apresento é a catauré.
boa. Acresce que, no seu complexo, o por- CATAPORA doença da pele, bexiga de gali-
tuguês não foi tão bárbaro e cruel para me- nha, falsa varíola.
recer a exprobração que se lhe quer infligir, CATAUARI casta de árvore das margens bai-
dando a caryua uma significação tão ruim. xas dos rios e igapós. A sua fruta é comida
CARYUA-UAPICAUA cadeira, assento do de tambaquis.
branco. CATERETÉ baile que se efetua ao som das
CASACUERA V. Casakire e comp. castanholas e que, se é baile indígena, o que
CASAKIRA o que está atrás. duvido, devia ser originariamente acompa-
CASAKIRE atrás, depois, em seguida. nhado com o maracá. O nome mesmo pare-
CASAKIRE KITI MAÃ olhado para trás. ce corrupção de catureté (muito bom).
CASAKIRE IEUÍRE voltado atrás, repisado, CATÉ-YUA cateúba, árvore do mato, da terra
teimado. firme; não a conheço.
CASAKIRESARA quem vem depois, vem atrás. CATINGA cheiro especial, mais ou menos de-
CASAKIRESAUA atraso, ato de vir depois, em sagradável, característico dos animais, neles
seguida. incluído o homem. Muratu catinga: catin-
CASAKIREUARA derradeiro, último. ga de mulato. Mira catinga: cheiro de gente.
CASAKIREUERA quem é e sempre costuma Isto todavia não impede que quando catinga
ser o derradeiro, que vem depois. é usado isolado, ou sem indicar o animal a
CATACA' escama, aspereza. que pertence, seja sempre equivalente a mau-
CATACA casta de periquito.
2
-cheiro, fedor.
CATACÁ' instrumento que consiste em dois CATINGA-PORA catinguento, cheio de catin-
pedaços de tábua, ou mais comumente de ga, fedorento.
CATIPARÁ

CATIPARÁ o macho da saúva. V Sayua. CAUARU cavalo, corrupção do português.


CATOLÉ casta de palmeira, Attalea humilis. CAÚ-ASU grande bêbedo.
CATU bom, boa, bem. Ao mesmo tempo po- CAUASU caba grande.
de ser uma forma de aprovação ou afirma- cÁ-UASU mata fechada, mata grande. Mar-
ção e indicar oportunidade. Ara catu: dia tius o dá como sinônimo de pacova sororo-
bom. Xasaru ara catu: espero a oportunida- ca e como o nome de uma palmeira.
de, o dia bom. Erê catu: está bom, está bem. CAUAUA assaduras que aparecem nos pés
Cé piá catu: meu coração bom, satisfeito. e nas mãos, devidas ao calor e à umidade,
CATUANA otimamente. consistindo em inchaços que racham e su-
CATUARA Bondoso. puram. Desaparecem facilmente e não che-
CATUAUÁ o bom, que é bom. gam a rachar, quando são tratadas com o
CATUAUA catuaba. Paz, bonança. unguento de hamamélis de Humphrey.
CATUAUAUARA Pacificador, quem traz a bo- CAÚ-CAÁ erva de bêbedo. Casta de bredo.
nança. CAUÉ bolor.
CATU-ENTE, CATUNTE bom mesmo, bem CAÚ-ERA bêbedo habitual, beberrão.
mesmo. CAUÉ-UERA bolorento.
CATU-NHÚN, CATU-NHUNTO apenas bem, CAUÍ coceira, comichão, prurido.
apenas bom. CAUICY, CAUIXY mãe da coceira. Os detri-
CATU-PIRE melhor, mais bom. Cé mira né mi- tos de toda a espécie, que com as primei-
ra catu pire: a minha gente é melhor do que a ras águas da enchente, que lavam as mar-
tua. Cuá rupi catu pire: por cá melhor. gens inundadas, descem de bubuia, à flor
CATURA palmeira. Da fruta se extrai um da água, e se acumulam nos remansos e
azeite comestível. Não conheço. nas margens dos lagos e igapós. Em conta-
CATURETÉ muito bem, muito bom, obrigado. to com a pele, produzem uma forte comi-
CATUSAUA bondade. chão, muito incomodativa. O cauicy, que fi-
CAÚ embebedado, bebido. Mira caú: gente ca cobrindo a baixa vegetação que durante
bêbeda. Opitá caú: fica bêbedo. a enchente ficou submersa, é muitas vezes
CAUA' Gordo. V Icaua. utilizado em lugar de casca de caraipé; com
CAUA' caba, vespa, abelha. Nome genérico de a vantagem, que produz o mesmo efeito de
um inseto himenóptero munido de ferrão, impedir à louça de rachar quando vai para
usado indiferentemente para indicar vespas cozer ao fogo, usado ao natural, sem neces-
e abelhas, contanto que seja munida de fer- sidade de ser antes reduzido a cinzas.
rão, embora pelo comum se trate antes de CAUIUIRI cabidiri. Pedra que aflora no meio
uma vespa do que de uma abelha. do rio e que fica mais ou menos submersa
CAUAERI cabaeri. Casta de erva, de que se faz em tempo de enchente, sobre que nasce al-
um vomitório. gum raro arbusto. Lit.: Erva que sobrenada.
CAUANTÁ caba forte, dura. Faz o ninho de um CAUNOCA depenado, raspado, pelado. Cha-
barro duro, suspenso aos galhos das árvores, mavam cauoca, pelo fato de lhe corta-
e fabrica um mel claro, saboroso e muito rem os cabelos rentes, aos índios trazidos
apreciado. O nome não sei se lhe é dado pela mais ou menos à força e conservados em
qualidade do ninho ou pelas valentes ferroa- domesticidade. Foi de cauoca, talvez, que
das que distribui, se incomodada. no Amazonas, mas especialmente no Pará,
CAUAPÉUA caba chata. O nome parece lhe se passou a chamar os índios mansos de
ser dado antes pela forma do ninho do que caboclo.
do inseto. O ninho tem a forma de uma lar- CAUOCASARA raspador, depenador.
ga cabeça de cogumelo, pendurado pelo pé CAUOCASAUA raspadura, depenação.
à face interior das folhas. CAUOCAUARA raspante, depenante.
CAUANÃ nome que no baixo Solimões e no CAUOCAUERA depenável, raspável.
Pará é dado ao jaburu. V Iamburu. CAUOCATÉUA depenativo, raspativo.
CAÚ-ARA bebedor. CAUOCA.TYUA depenadouro, raspadouro.
CEÊN, CEÊ, CÊ

CAUOCAYMA intonso, não depenado, não e, quando cozido, uma parte é desmancha-
raspado. da pura e simplesmente na água, outra é
CAUORÉ caboré, casta de pequena coruja, desmanchada nela depois de consciencio-
Strix. No Solimões dão o nome de caboré samente mascada. É um serviço em que se
ao menino de olhos grandes. empregam todos os que estão presentes na
CAURÉ CAÁ erva de cauré. Casta de erva de casa, sem distinção. A bebida fica pronta no
cheiro, muito usada em certos lugares do terceiro dia, é servida depois de cuidado-
Solimões pelas mulheres que a põem nos ca- samente escumada. A primeira vez que me
belos. foi oferecida a caysuma, o dono da casa ma
CAÚ RETÉ muito bêbedo. ofereceu dizendo: - Podes beber, foram as
CAÚ-SAUA bebedeira. meninas que mascaram. É preciso confes-
CAÚTÉUA, CAU-TYUA pau-d'água. sar que, apesar de as moças serem quatro
CAÚ-UERA borracho. lindas raparigas e eu não ter então ainda
CAUXIÚ mato que chora. Caucho, Syphonia trinta anos, não bebi a primeira cuia sem
elastica e afins. Cá oxiú: árvore chora. certa repugnância.
CAUY, CAUYN. água do bêbedo. Cachaça e em CAYURERÉ casta de macaco. Não conheço.
geral toda a bebida fermentada espirituosa. CÉ meu, minha, mim, me. Cé sangaua: o meu
CAUY-RETÉ álcool. retrato. Cé remiricô: minha mulher. Cé ara-
CAXINGU fruta da caxinguba. ma: para mim. Cé recé: a mim. Omeen cé su-
CAXINGUYUA caxinguba, figueira-brava, pé: me deu, ou deu a mim.
Pharmacosycea. Árvore parasitária, que em CÊ, CEÊ, CEEN doce, saboroso, gostoso, e, por
pouco mata a árvore sobre que se enraizou. antonomásia, açúcar.
Com mil pequenas raízes, se estende sobre a CEÃ, CEÃN, REÃN suor.
planta que a recebeu, lhe envolve o tronco e CEÃNGARA suador.
os ramos, se insinua na casca, apropriando- CEÃNGAUA suada.
-se da seiva da vítima, que em pouco se atro- CEARE, XIÁRI deixado. V. Xiári e comp.
fia e morre. Ao tempo, a caxinguba chega CECÉ, RECÉ em, nele, por, a, para, de, com re-
com as raízes ao chão e fica substituindo a ár- ferência, a respeito de. Cé cecé: em mim, pa-
vore que desapareceu. A caxinguba, por via ra mim. Opurandu né recé: perguntou por
disso mesmo, não se desenvolve senão sobre ti. Omandu omunha puraki amuitá recé:
plantas que se nutrem pela casca, e prefere as mandou fazer o trabalho por outros. Osó i
madeiras brancas e de pouca duração. recé: foi a ele, para ele. Opuranguetá mira te-
CAXIRY' bebida fermentada de qualquer es- cô recé: falou com referência aos costumes
pécie de fécula, mas, de preferência, de fa- da gente.
rinha de mandioca, cozida antes em beiju e CECÔ, CECU costume. V. Tecô e comp.
desmanchada em água fria. CECUÉ, CICUÉ vivido. V. Cicué e comp.
CAXIRY' festa indígena do nome da bebida, CECUÉIUÍRE revivido, ressurgido.
que nela largamente se bebe. É festa parti- CECUÉIUÍRE-SARA ressurgidor, quem faz res-
cular para a qual não há época prefixada, surgir, reviver.
nem há convites, embora seja sempre bem- CECUÉIUÍRE-SAUA ressurreição.
vindo qualquer estranho. CECUÉIUÍRE-UARA ressurgente, quem revive.
CAY queimoso, ardoroso, picante (especial- CECUIARA, RECUIARA troca, valor da troca,
mente das bebidas fermentadas e das comi- pagamento. Lit.: dono do costume, quase o
das apimentadas). que manda dar o costume.
CAYSUMA bebida fermentada de frutas, ge- CECUIARA -CUERA pagamento que foi. Dívida.
ralmente pupunhas, ou milho cozido e CECUIARAUARA que serve para troca.
mascado para facilitar a fermentação. O CECUIARA-MEEN paga, dado em troca.
milho, grosseiramente pilado, é empas- CECUIARA-MEENGARA pagador. Cecuiara-
tado com água morna e posto a cozinhar meengara catu: bom pagador.
em pupecas de folha de arumã ou pacova; CEEN, CEÊ, CE doce.

"' 343 "'


CEEN-ETÉ

CEEN-ETÉ verdadeiramente doce. Raramente CEKYCEMO-SAUA cerco, assédio.


usado para indicar açúcar. CEKYSARA puxador, tirador, espichador.
CEENGARA adoçador, adoçante. CEKYSAUA puxão, espiche, tirada.
CEENGAUA doçura. CEKYUARA espichante, puxante, tirante. Su-
CEENKITÃ bolo. tinga cekyuara: espicha da vela.
CEENKITÃ-KITÃ confeitos. CEMA lado, parte, o que sai de um todo. Ira-
CEENMBYCA, CEENMYCA Saboroso, salgado, cema: enxame de abelhas. Pirácéma: cardu-
temperado, especialmente das comidas. me de peixe.
CEENMBYCASARA salgador, que sabe tempe- CEMBÉ, TEMBÉ, REMBÉ lábios. Ira cembé: lá-
rar petiscos. bios de mel.
CEENMBYCASAUA tempero. CEMBÉ-PETERA lábios beijados.
CEEN-YMA sem doçura, sem gosto. CEMBÉ-SAUA barba, e talvez melhor bigode.
CEEN-YMASARA que tira o gosto, torna insí- CEMBÉ-SAUASU barbaça, barba grande.
pido. CEMBÉ-SAUAUARA, CEMBÉ-SAUARA barbado.
CEEN-YMASAUA insipidez. CEMBETÁ, TEMBETÁ botoque, a pedra dos
CÉ IARA o meu. Lit.: Eu dono. É um verda- lábios, substituída em muitos casos por um
deiro pronome possessivo da nossa boa lín- pedaço de pau. Ornamento pouco usado no
gua e faz: Né iara: o teu. I iara: o seu. Iandé Amazonas.
iara: o nosso. Penhe iara: o vosso. Aitá iara: CEMBÉTÁRA, TEMBÉTÁRA ornamento dos lá-
eles donos. Assim à pergunta: Auá ixé ia- bios, que se põe em furos adrede preparados
ra?: Quem é o dono? (lit.: Quem seu dono?), desde a mocidade e mais raramente desde a
responde-se, conforme o caso, com qual- infância. Em muitas tribos, a perfuração ne-
quer destes pronomes. cessária para trazer os ornamentos do beiço,
CEÍA, REÍA muito, abundante, multidão, por- assim como das orelhas, em lugar de ser feita
ção. Mira reía: muita gente. Inti-aíkué rain na criança ainda nova, é praticada no tempo
oca ceía: não tem ainda muitas casas. da festa da puberdade e faz parte das ceri-
CEÍRA, REÍRA tia. mônias a que os moços são sujeitos na oca-
CEIUCY V Ceucy. sião. Os ornamentos são os mais variados,
CEKENORE, CEKENURE atraído, abrasado de espinhas de peixe enfeitadas de penas, fios
desejo. de contas, enfiadas de dentes etc.
CEKINDAU fechado. CEMBÉYUA, CEMBYUA, TEMBYUA, REMBYUA
CEKINDASARA fechador. margem, beira, várzea, orla. Osoana cem-
CEKINDASAUA fechadura. byua rupi: foi pela margem. Paranã tembyua:
CEKINDATENDAUA lugar de fechar, do fecho. margem do rio. Oca pupecasara rembyua ki-
CEKINDAUA o fecho. ti: na orla do telhado.
CEKINDAUARA fechante. CEMBYUA-MAMANA embainhado da costu-
CEKINDÁ-YMA não fechado, aberto. reira na roupa.
CEKINDAYUA a tramela da fechadura, que CEMBYUA-MAMANASARA embainhadora.
serve para fechar, a escora da porta. CEMBYUA-MAMANASAUA bainha.
CEKY puxado, tirado, espichado. Receky su- CEMBYUA-MAMANAUARA embainhante, que
tinga: espicha a vela. Oceky-ana yara: pu- serve para bainha. Inimbu cembyua-mama-
xou a canoa. nauara: fio para bainha.
CEKYCEKY arrastado. CEMERICÔ, REMERICÔ mulher casada. V Re-
CEKYCEKY-SARA arrastador. miricô e comp.
CEKYCEKY-SAUA arrastamento. CEMIMBAU domesticado, criado em casa.
CEKYCEKY-TYUA arrastadouro. CEMIMBAUA o que é criado em casa, o do-
CEKYCEKY-UARA arrastante. mesticado, xerimbabo.
CEKYCEKY-YMA não arrastado. CEMIMBAU-SARA domesticador.
CEKYCEMO dado cerco, assediado. CEMIMBAU-SAUA domesticamento, domes-
CEKYCEMO-SARA cercador, assediador. ticidade.
CENONDÉ, CENONNÉ, RENONDÉ, TENONDÉ

CEMIMUTARA espontâneo, que sai da vonta- CEN!MU mudado, variado.


de. Cemimutara rupi: voluntariamente, es- CENIMUSARA variador, que faz variar, mudar.
pontaneamente. Cé cemutara rupi nhunto: CENIMUSAUA variação, mudança.
somente pela minha vontade. CENIMUUARA variante.
CEMIRA, CEMIRERA restos, sobras, migalhas. CENIMUUERA variável.
CEMO saído, nascido, partido. Coaracy ocemo CENIMUYMA invariado, imutado.
coema ramé piranga iuaca opé: o sol nasceu CENIMUYMA-SAUA invariabilidade.
de madrugada vermelho no céu. Mira oce- CENIPUCÁ cintilado, brilhado. O tremular da
mo mairi suí: a gente sai da cidade. Iauareté luz das estrelas, e da luz refletida na água.
ocemo i rupé: a onça foi a ele. Ocemoana ya- Lit.: luz e ri, de cendi e pucá.
ra suí: saiu da canoa. CENIPUCASÁRA quem faz cintilar, brilhar.
CEMOSARA quem faz sair, partir, nascer. CENIPUCASAUA cintilação, brilho.
CEMOSAUA nascimento, saimento, partida. CEN!PUCAUARA cintilante, brilhante.
CEMOTYUA nascedouro. CENIPUCAYMA quem não cintila, não brilha.
CENDAPE no lugar. Cendape eté: bem no lu- CENIY baba. Água que luz.
gar. Cendape catu: no lugar próprio. CENIY-PORA baboso, cheio de baba.
CENDÉ, CENNÉ acendido. CENIY-SARA que faz babar.
CENDÉSÁRA acendedor. CENIY-SAUA babejamento.
CENDÉSÁUA acendimento. CENIY-UARA babejante.
CENDÉUÁRA acendente. CENIY-UERA babujento, costumeiramente
CENDÉUÉRA acendível. cheio de baba.
CENDÉ-YMA não acendido, apagado. CENÓI chamado. Xacenói cé mira i cera rupi:
CENDI, CENNI luzido, reluzido. eu chamo minha gente pelo nome. Né mu
CENDISARA luzidor, que faz reluzir. ocenói indé: teu mano te chama.
CENDISAUA luzimento, reluzimento. CENOICÁRI convocar, chamar com auto-
CENDIUARA luzente, reluzente. ridade, mandado chamar por superior.
CENDIUERA luzente, mas como que sem Muruxaua ocenoicári tuixauaetá: o chefe
brilho. convocou os tuxauas. Tupana ocenoicári
CENDI-YMA não luzido, não reluzido. Adão: Makiti reiumimi indé?: Deus cha-
CENDU, CENNU entendido, compreendido. mou Adão: Aonde te escondes? Em ne-
Xacendu indé renneen ce supé uá: enten- nhum destes casos podia ser usado com
do o que tu dizes para mim. Recendu cury propriedade cenói.
enheengári uirá ramé: quando entenderes CENOICARISARA, CENOICASARA convo-
cantar o pássaro. Recendu ma xaputare ca- cador, quem chama, convoca com auto-
tu?: entendes o que eu bem quero? ridade.
CENDUSARA entendedor, compreendedor. CENOICARISAUA, CENOICASAUA convocação.
CENDUSAUA entendimento, compreendi- CENOICARIUARA, CENOICAUARA convocante.
mento. Paiuasi omundu iepé iepé papera cenoicauara:
CENEMBI casta de camaleão. o bispo mandou a cada um um convite, um
CENEPUA, RENEPUA, TENEPUA joelho papel convocante.
CENEY, CENI grelado, brotado, germinado, CENOICÁRI-YMA não convocado. Amuitá pi-
CENEYSARA germinador, grelador. terupé Aiuricaua ocica cenoicári-yma: no
CENEYSAUA germinação, grelamento, meio dos outros Ajuricaba chega não con-
CENEYUÁ grelo, germe. vocado.
CENEYUERA germinante. CENOISARA chamador, convidador.
CENEYTYUA germinadouro. CENOISAUA chamamento, convite.
CENEY-YUA grelo. CENOIUARA chamante.
CENEY-YMA não grelado, não germinado. CENOI-YMA Não chamado, invito.
CENIMBU, CENIMPU sinimbu, casta de cama- CENONDÉ, CENONNÉ, RENONDÉ, TENONDÉ
leão, que muda de cor, adaptando-se ao meio. ante, antes, adiante, antecipadamente em
CENUE, CENÓI

frente. Cé cenondé kiti: adiante de mim. Cé CERA! partícula expletiva, exclamativa, dubi-
cenondé: antes de mim. Ianá cenondé: antes tativa, sem significação determinada, senão
de nós. Osé iané cenondé: vai na nossa fren- de exprimir a incredulidade. Passou nos
te. V Tenondé e comp. modos de dizer do Pará e Amazonas, onde
CENUE, CENÓI apelidado, chamado. V Cenói quando se ouve um maranhão [mentira en-
e comp. genhosa] difícil de engolir se diz: Ora cera!
CEPI preço, valor. Mó cepi?: que preço? quan- CERA CATU bom nome.
to custa? Meen cepi: dar o preço: CERA EARUPÉ-UARA nome que está em ci-
CEPIACA enxergado. V. Xipiaca. ma. Sobrenome, apelido.
CEPIASU caro, preço grande, elevado. CERA-INEMA nome fedorento. Má fama.
CEPIASUARA careiro. CERA PURANGA nome bonito, no sentido
CEPIASUSAUA carestia. próprio.
CEPIASU-YMA barato, não caro. CERA PUXI nome feio, no sentido próprio.
CEPIASU-YMASARA barateiro. CERA SAKENA nome cheiroso. Boa fama.
CEPIASU-YMASAUA barateza. CERANÉ quase.
CEPI-CUERA preço que foi. Dívida. CERAYMA sem nome. Cuá curumz cerayma
CEPI-CUERA-PORA endividado. rain: este menino ainda está sem nome.
CEPI-MEENGARA pagador. CERÉU lambido. Iauara oceréu i peréua: o ca-
CEPI-MEENGAUA pagamento. chorro lambe a sua ferida. Réu xinga, receréu
CEPI-MUNHANGARA avaliador, fazedor de cury ne rombé: come um pouco, te lamberás
preço. os beiços.
CEPI-MUNHANGAUA avaliação. CERÉUA lambedouro, e que é lambido.
CEPI-NHEENGARISARA cantador do preço, CEREUSARA lambedor, que faz lamber.
pregoeiro. CEREUSAUA lambedura, ato de lamber.
CEPI-NHEENGARISAUA apregoamento do CEREUARA lambente.
preço. CERIMBAUA xerimbabo. V Cemimbau e
CEPIRECÉ o que é do preço, juros. comp.
CEPIREUARA visitante, que vem a mim. CERINEPIÃ frigideira.
CEPI-UARA que tem preço, vale. CERIPAUA casta de pescaria. Barram o rio ou
CEPIY salpicado, borrifado. o igarapé com canoas e obrigam o peixe que
CEPI-YMA sem preço. sobe em piracema a pular dentro delas, per-
CEPIY-SARA borrifador. seguindo-o em canoas mais ligeiras, baten-
CEPIY-SAUA borrifamento. do as águas com os remos e folhas de pal-
CEPIYUÁ borrifo, salpico. meira, subindo de jusante para montante.
CEPIYUARA borrifante, salpicante. Uma forma de batimento.
CEPIY -TYUA lugar de borrifo. Cepituba, se- CERUCA nomeado, chamado pelo nome.
petiba. Aquele ponto da cachoeira onde CERUCASARA nomeador.
o embate das águas, entre os maciços que CERUCASAUA nomeação.
a formam, produz como que uma nebli- CERUCAUA o nomeado.
na permanente, que molha a quem dela se CERURA calças (corrupção de ceroulas).
aproxima, e que temos também ouvido cha- CERURA-AUYRA cós das calças.
mar cepiysaua. CERURA-YMA sem calças.
CEPOCY, REPOCY, TEPOCY sono. V Pocy. CERYCA escorregado. V Ciryca.
CEPOTI, REPOTI, TIPOTI merda. V Tiputi. CESÁ olho, vista.
CERA nome. Mata né cera?: Cé cera João: co- CESÁ APARA olhos tortos, vesgos.
mo é teu nome? O meu nome é João. Parece CESACANGA transparente.
que da corrupção de cé cera vem o "meu CESÁ IATUCA vista curta, míope.
cheiro" do Norte do país e o xará, do Sul, CESÁ MUTUTINGA branco dos olhos.
para indicar a pessoa que traz nosso mesmo CESÁ PECANGA sobrancelhas.
nome, homônimo. CESÁ PEPU pálpebras, cílios.
CICAUARA

CESÁ-PIRANGA olhos vermelhos, inflamados. CEUCY' casta de pequena coruja. O nome é


CESÁ-PIROCA olhos esfolados, sem pálpebras. mais ou menos a onomatopeia do grito que
CESÁ PIRARUSU olhos esbugalhados, aber- faz ouvir repetidamente, quando, à noite,
tíssimos. sai em procura de alimento.
CESÁ PIRERA pálpebras, a parte superior. CEUCY casta de pequena tartaruga de rabo
2

CESÁ-PONGA olhos visgosos, remelentos. comprido. Dizem-na hermafrodita, isto é,


CESÁ PONGÁ terço! do olho. conforme afirmam, o mesmo indivíduo ora
CESÁ PUCÁ olhos alegres, olhos vivos. seria macho ora fêmea.
CESÁ Pucu olhos compridos, vista compri- CEUCY3 o grupo das Plêiades.
da, longa. Cesá pucu eté: vista muito longa. CEUCY4, CEUICY o nome da mãe do Jurupari,
CESÁ RAINHA menina dos olhos. da virgem que ficou prenhe pelo sumo da
CESÁ RERUPEAUA pálpebras, o conjunto. cucura do mato (rio Negro) ou do purumã
CESÁ RUÁ face dos olhos. Óculos. (Solimões), que, enquanto comia, lhe escor-
CESÁ TEYMA inflamação, doença dos olhos. ria pelos seios abaixo. É este um dos segre-
CESÁ TUNGU belida dos olhos. dos da religião do Jurupari, que não pode
CESÁ TUUMA remela dos olhos. ser revelado nem conhecido pelas mulhe-
CESÁ TYPY olhos fundos, encovados. res, e que os próprios moços não aprendem
CESAUA vista, visão. senão depois de chegados à puberdade nas
CESÁ UÉUÉ piscar. festas da iniciação, pelos lábios do pajé. É a
CESÁ UNA olhos pretos, olhos negros. sina da maioria dos fundadores de religiões
CESÁ YMA sem olhos, cego. nascerem de virgem.
CESÁ YMASARA cegador, quem cega, faz CEUCY CIPÓ cipó de Ceucy. Casta de liana, de
cegar. cujas raízes e caule extraem, pisando-os no
CESÁ YMASAUA cegueira, falta de olhos. pilão, uma poção que os tocadores dos ins-
CESÁ YUKICÉ caldo dos olhos. Lágrimas. trumentos sagrados tomam na véspera das
CETÁ muito, muita. I cetá rupi: por muitas festas, em que devem tocar, para se purificar.
vezes. As passiubas do Jurupari não podem ser to-
CETAMA, RETAMA, TETAMA lugar de onde cadas por gente impura, e os tocadores que
somos, pátria. Cé cetama: minha pátria. as tocarem sem ter-se purificado correm ris-
CETAMAUARA, RETAMAUARA, TETAMA- co de morte. O efeito da beberagem é de um
UARA patrício. Né retamauara: teu patrício. forte vomitório, e a purificação é completa-
CETÉ, RETÉ muito. Puranga reté: muito boni- da com banhos prolongados.
to. Kyrimbaua reté: o muito forte. CEUCY IRÁ mel da ceucy-irá-caua.
CETÉ, RETÉ, TETÉ corpo. Roxiare xaienu cé CEUCY-IRÁ-CAUA casta de abelha, que dá
ceté tuiué ne makyra kiti: deixa que dei- respeitáveis ferroadas. É um mel que em
te meu velho corpo na tua maqueira. Ariré certas épocas do ano produz fortes vômitos.
ombure i teté paraname: depois joga seu CIÃ suor. V Ceãn e comp.
corpo no rio. CICA chegado. Coaracy ara ocica ramé: quan-
CETIMÃ, RETIMÃ perna, fêmur. Coaracy reti- do o verão chega. Ma mira ocica yarapape?:
mã: perna do sol. Raio. que gente chega no porto'
CETIMÃ-APARA perna torta. Iauti retimã- CICÁRI procurado, buscado, catado. Lit.:
-apara ocica casakire: jabuti perna-torta mandado chegar.
chega por último. CICARESARA procurador, buscador.
CETIMÃ-IATÉ perna ligeira, esbelto. CICARESAUA procuração, busca.
CETIMÃ-IATUCA perna curta, lento. CICARETYUA lugar onde se procura, se busca.
CETIMÃ-IATU-IATUCA perna coxa, coxeante. CICAREYMA não procurado, não buscado.
CETIMÃ PENASAUA tornozelo. CICASARA chegador.
CETIMÃ RUÁ cara da perna. Barriga da perna. CICASAUA chegada.
CETIMÃ UASU canela, a parte mais comprida CICATYUA chegadouro.
da perna. CICAUARA chegante.
CICAUERA

CICAUERA chegável, chegadiço. CIKINASARA fechador, cobertor, tampa.


CICAYMA não chegado. CIKINAU o fecho.
CICUÉ vivo. Pomaã cury, xaputare cunhã- CIMÉ, CIMBÉ chibé. Bebida feita com água, em
mucu cicué: olhai, quero a moça viva. que foi desmanchado e deixado tufar um pou-
CICUÉ-ÁYUA mal vivido, vida estragada. co de farinha de mandioca. É bebida refres-
CICUÉ-CATU boa vida, vivido bem. cante, e, se não se limita a beber somente a
CICUÉ-PURANGA bem vivido. água, que toma um gosto levemente acidula-
crcuÉ-IATUCA vida curta, vivido pouco. do, mas remexendo-a com os dedos enquanto
crcuÉ-Pucu vivido muito, vida longa. se bebe, ingere-se também a farinha molhada,
CICUÉ-PUXI vivido mal, vida difícil. igualmente substancial.
CICUÉSÁRA vivedor. CIMIASU escravo.
CICUÉSÁUA vida. CIMIASUSAUA escravidão.
CICUÉYMA não vivo. CIMIASUUARA escravizante.
CIKI aspirado. CINHI, CINI grelar, brotar. V Ceney.
CIKI-ANGA respiro. CINIMBU, CINIMPU sinimbu. Camaleão,
CIKI-ANGASARA que faz respirar, respirador. Hypsilophus tuberculata. Grosso sáurio ca-
CIKl-ANGASAUA respiração. racterizado pela alta serra, que, começan-
CIKI-ANGAUARA respirante. do da cabeça, vai até a cauda, seguindo ao
CIKI-ANGATYUA respiradouro. longo da espinha dorsal; tem o papo desci-
CIKI-ANGATEAPU ronco. do e inchável. Em repouso é de um verde-
CIKI-ANGATEAPUARA roncador. -prado mais claro e quase branco no ventre,
CIKl-ANGAYMA que não respira. mas, quando se move e se irrita, muda de
CIK!É amedrontado, espantado, assustado. cor, imitando o mais possível a do meio em
CIKIÉ-IARA dono do medo. Medroso, espan- que se encontra, procurando assim ocultar-
tadiço. -se, ao mesmo tempo que, inchando o papo
CIKIÉ-SARA amedrontador, espantador, as- e escancarando a boca, parece querer ame-
sustador. drontar.
CIKIÉ-SAUA amedrontamento, espanto, susto. CIN!MPU luzido. V Cenimmu.
CIKIÉ-TYUA amedrontadouro, espantadou- CINIMPUCA luzidio. V Cenimmuca.
ro, lugar do espanto, do susto. CINIMPUCA-PORA versátil; cheio de variações.
CIKIÉ- UARA espantante, que se espanta, Sujeito muito esperto, que muda a cada passo.
amedronta, assusta. CIN!N tinido.
CIKIÉ-UERA espantadiço. CININGA o que tine, o tinido.
CIKIÉ-XINGÁ receio. CININGAUARA tinidor.
CIKIÉ-XINGAUARA receoso. CIP!, CIPICA vingado.
CIKIÉ-XINGÁUÉRA, CIKIÉ-XINGAPORA re- CIPISARA vingador.
ceoso de tudo. CIPISAUA, CIPICAUA vingança.
CIKIÉ-YMA destemido, sem medo, afoito. CIPICAUARA vingador.
CIKIÉ-YMASAUA afoiteza. CIPICAYMA inulto [não vingado].
CIKIÉ-YUA o temido, a origem do medo. CIPÓ nome genérico das plantas sarmento-
CIKISARA aspirador. sas, pertencentes às mais diversas famílias
CIKISAUA aspiração. vegetais, que vivem apoiando-se e agarran-
CIKITYUA aspiradouro. do-se às outras plantas, com suportes para
CIKIUARA aspirante. poder-se elevar, sem que contudo vivam de-
CIKIUERA aspirável. la, ao menos no geral. Sem o sustento estra-
CIKIYMA não aspirado. nho seriam sujeitas a rastejar.
CIKINÁ fechado. V Cekindá e comp. CIPÓ-CATINGA cipó fedorento.
CIKINAPAUA fechadura. CIPÓ-CURURU cipó rugoso.
CIK!NAPORA cheio de fechos. Patuá cikina- CIPÓ-KIRA cipó gordo.
pora: baú cheio de fechaduras. CIPÓ-TINGA cipó branco.
COATIARATYUA

CIPÓ-TUÍRA cipó cinzento. Excelente regula- plêndido coleóptero verde-dourado, de


dor das funções dos rins e do fígado. cujos élitros os indígenas do Uaupés, assim
CIRY' pequeno crustáceo; caranguejo flu- como dos afluentes do alto Amazonas, fa-
vial [siri]. Com este nome designam no zem colares e outros ornamentos análogos.
Solimões as partes genitais da mulher. Casta de cigarra.
CIRY' liso, escorregadio. COARACY-MAIA, COARACY-MANHA mãe-
CIRYCA escorregado, escoado, deslizado. -do-sol. V Coaracy-cy.
CIRYCASARA escorregador. COARACY-MBÓIA cobra do sol.
CIRYCASAUA escorregamento. COARACY -TAIÁ tajá do sol. Casta de Caladium,
CIRYCAUARA escorregamento. cujas folhas são largamente manchadas de
CIRYCATYUA escorregadouro. vermelho-vivo, que ressalta sobre o verde-es-
CIRYCAYMA não escorregado. curo das margens e nervuras centrais. A sua
CIRYRY espuma das águas. raiz é venenosa, e no rio Uaupés me foi afir-
CIRYRYCA eriçado, o enrugado da superfície mado que se servem dela para envenenar as
das águas. Pindá ciryryca: anzol que eriça. mulheres condenadas a morrer, por ter vis-
CIRYRYCAPAUA enrugamento. to a máscara do Jurupari ou ter surpreendi-
CIRYRYCAPORA muito enrugado. do alguns dos segredos do rito por ele estatuí-
CIRYRYCAUARA enrugante. do, e cujo conhecimento, só consentido aos
CIRYRYCAYMA não enrugado. iniciados, é vedado às mulheres, sob pena de
CIRY YUA' árvore de siri. Siriúba, casta de morte. A propinação é feita em qualquer co-
Avicennia. mida ou bebida; para matar, parece que é su-
CIRY YUA' cipó-chumbo, casta de cipó em- ficiente pequena quantidade de sumo da raiz,
pregado como contraveneno nas mordedu- que não é denunciado por nenhum cheiro ou
ras das cobras. gosto repugnante.
crni pequeno galho, rebento. COARACY-TUCUPI tucupi do sol. o sumo da
crniYMA sem rebento, morto. ma11dioca deixado exposto por muito tem-
CIUYRA coxa. po ao sol, a fim de perder pela evaporação
CIYÉ intestino, tripa. o seu veneno e poder ser comido impune-
CIYÉ-UASU intestino grosso. mente como molho, misturado com pimen-
CIYÉ-MIRI intestino delgado, fino, pequeno. ta e também algumas vezes com saúvas. O
CIYMA liso. sol, embora mais lentamente do que o fogo,
cô campo lavrado, horta. determina a eliminação do ácido prússico, o
COÁ este, esta. V Cuá e comp. veneno da mandioca.
COAMEEN mostrado. COATÁ cuatá, Ateies paniscus. Um dos mais
COAMEENGA o que é mostrado. desenvolvidos macacos do Amazonas,
COAMEENGARA mostrador. que tem braços, pernas e cauda, e o cor-
COAMEENGAUA mostra, ato ou efeito de mos- po desproporcionado para o comprimen-
trar. to dos membros. Existem pelo menos
COAMEENGATYUA mostradouro. duas variedades, que somente se distin-
COARACY sol. Lit.: a mãe deste dia, de coá guem pelo tamanho, sendo ambas pretas.
(este)+ ara (dia)+ cy (mãe). Alguma vez se COATI quati, pequeno ursino muito comum,
ouve pronunciar coracy, especialmente no Nasua socialis. Vive em pequenos bandos.
Pará e no baixo Amazonas, mas parece en- COATIARA gravado, esculpido, escrito.
gano, embora se possa escrever a contração, COATIARAPAUA escultura, escritura, gravura.
em nada estranhável, na índole da língua. COATIARAPORA esculpido, gravado, escrito
COARACY-ARA tempo de sol. Estio, verão. por inteiro.
COARACY-AUA' guaraciaba, cabelo do sol. COATIARATYUA lugar de inscrição. Os indí-
Raio. Apelido que era dado aos louros. genas deixaram aqui e acolá, nos lugares de
COARACY-AUA' casta de beija-flor. passagem e demora forçada, onde a exis-
COARACY -CY mãe-do-sol, nome de um es- tência de pedras mais ou menos duras lhes
COATIARAYMA

permitiu, inscrições, de que darei noticia COEMA-PORA que enche a manhã, madru-
adiante. V Itacoatiara. gador.
COATIARAYMA não escrito. COEMA PUCU manhã comprida, o tempo que
COATIARASARA escultor, escritor, gravador. passa entre o primeiro pasto, tomado logo
COATI MUNDÉ, COATI MUNNÉ quati manho- depois do banho, e o meio-dia. São as horas
so, Nasua solitaria. Ursino um pouco maior do trabalho para as mulheres na roça, e pa-
do que o quati, que vive geralmente em ca- ra os homens na caça ou pesca.
sais, só se encontrando em pequenos bandos COEMA RETÉ manhã muita, manhã feita.
no tempo da criação dos filhos. Estes vão em COEMA UASU grande manhã, já muito adian-
companhia dos velhos até que novos amores te na manhã.
dispersem a pequena família, que pode atin- COEMA YMA sem manhã.
gir a meia dúzia e mais de indivíduos. COERÉ aborrecido, apoquentado.
cocy antes, no tempo. Parece contração de COERÉ-PORA cheio de aborrecimento.
coacy (a mãe disto). COERÉ-PAUA aborrecimento, apoquentamen-
COCYSAUA anterioridade. to.
COCYUARA anterior. Tecô cocyuara: costume COERÉ-SARA aborrecedor, apoquentador.
anterior. COERÉ-UERA aborrecente, apoquentante.
cocY - YMA sem antes, em antigo, nos tempos COERÉ-YMA não aborrecido, não apoquen-
idos. tado.
COCY-YMASAUA antiguidade. COIAUÉ deste modo, assim. V Cuaiaué.
COCY-YMAUARA antigo, que é de outro coiN' latejado, pulsado.
tempo. COIN', RECOI vá, ande, imperativo irregular
COCY-YMAUERA antiqualhas. de sô, andado.
cocór caído, ruído, desmoronado. V Cucui COINGA pulso.
e comp. COINGARA latejador.
COCUERA, CÔ-CUERA roça ou campo que COINGAUA latejamento, pulsação.
foi. Distingue-se da capoera porque nesta já COIPÉ pulga.
o mato crescido invadiu o terreno abando- COIRANA enfadado, já enfadado. Xacoirana
nado; na cocuera a invasão é ainda somen- xaxicare né iara: já estou enfadado de pro-
te de ervas. curar o teu dono.
COÉIU, coÍEU o pedaço de casca de tururi, COÍRE, COÍRI enfadado, desgostado.
de tecido especial ou de fazenda qualquer, COÍRESÁRA enfadador, desgostador.
quando há já algum contato com a civiliza- coÍRESÁUA enfado, desgosto.
ção, com que em algumas tribos os homens coÍREUÁRA enfadante, desgostante.
envolvem as partes pudendas. O coelho, co- coÍREUÉRA enfadável, desgostável.
mo o tenho ouvido chamar pelos civiliza- COITÉ agora mesmo; contração de coire
dos, sem saber se a expressão é a tentativa de (agora) e eté (muito).
aportuguesar a palavra indígena, ou se, da- COKERA baliza.
do ser este o nome que lhe dão os civiliza- COKERAPAUA balizamento.
dos, coéiu é apenas a corrupção da palavra COKERAPORA balizado, cheio de balizas.
portuguesa, é sempre e antes de tudo um or- COKERAUARA balizante.
namento. Não raramente é tecido de tucum, COKERATYUA balizadouro, lugar do baliza-
com desenhos à grega e ornados de plumas mento.
de efeito vistoso, e é o único tecido da espé- COMBUCA V Cuiembuca.
cie que a tribo fabrica. COMITU casta de musgo que nasce nas
COEMA manhã, amanhecido. cachoeiras e nas margens do rio.
COEMANA já amanhece, já é amanhecido. CONDURU árvore de alto porte, das terras fir-
COEMA ETÉ cedíssimo. mes, da família das Urticáceas.
COEMA PIRANGA aurora, madrugada ver- CONEREUÉ árvore dos campos do rio Branco,
melha. de madeira amarela e fraca (Martius).
CUANUNGARA

COPAÚ azeite extraído da copaíba. Na far- COTUCAPORA cheio de feridas de ponta, de


macopeia indígena é usado como excitante furos.
e detergente para cura de feridas e chagas, COTUCAUARA tocante, furante.
ainda as mais rebeldes. Em medicina é bem COTUCOTUCA espicaçado.
conhecido o seu emprego como antissifilíti- COTUCOTUCAPAUA espicaçamento.
co, especialmente para uso interno em cáp- COTUCOTUCAPORA espicaçado, cheio de es-
sulas contra as gonorreias. picaçadas.
COPAYUA copaíba, árvore da família das COTUCOTUCAUARA espicaçante.
Terebintáceas, gênero Copaifera, que COTUCOTUCAYMA não espicaçado.
fornece o óleo medicinal conhecido com coxrú casta de macaco. O nome, conforme a
o mesmo nome e uma boa madeira para localidade, é dado a indivíduos de famílias
obras internas. diversas, a um Pithecus e a um Brachiurus.
COPIÁ copiar, alpendre. Da espécie mais comum, um Pithecus de
coPi cupim. Nome genérico, comum às nu- anéis branco-sujos e pretos, de pelo com-
merosas espécies de térmites que tudo infes- prido e forte, se fazem espanadores.
tam, atacam e estragam. Já me têm comido coxrú-KIAUA pente de coxiú, casta de ouri-
mais da metade da minha escassa livraria. ço sem préstimo.
COPI limpado. V Cupi. COXIÚ-KIAUA-YUA árvore de pente de coxiú,
COPINARI casta de cássia purgativa do rio Pitheco ctenium. Cresce na terra firme.
Branco (Martius). cuÁ, ICUÁ curva, cintura.
COPIRE, COPÍRI roçado. V Cupire. cuÁ, coÁ este, esta.
CORACY sol. V Coaracy. cuÁ ARA este dia, este tempo, esta terra.
CORIMBÓ, CORIMÓ casta de cipó de flores ver- CUÁ ARAMA para este.
melhas e cheirosas, comum nas matas do CUÁ-ARASAUA atualidade.
Pará. cuÁ-ARAUARA moderno, dos nossos dias,
CORÓ' variedade de sapo. atual.
coRÓ' casta de rato d'água. cuÁ ARA RUPI nestes dias, modernamente,
COROCA' sussurro, confusão. por este tempo.
COROCA' casta de pássaro. CUACANGA cabeça da cintura, quadril.
COROCAUARA sussurrante. CUACU coberto, tampado, abafado.
COROCORÓ coró-coró, !bis melanocephala, CUACUSARA cobertor, tampador.
Geronticus infuscata. É ave muito conheci- CUACUSAUA cobertura, tampamento.
da em todo o Amazonas. O seu nome é a cuÁ r esta vez.
onomatopeia do grito que faz ouvir, espe- cuÁ IAUÉ deste modo, desta forma.
cialmente quando se levanta espantada. No CUAIUIÉ assim. Cuaiué eté: Assim mesmo.
Solimões a tenho ouvido chamar corum- Cuaiué supi: Assim por certo.
bá. Vive em casais, raramente em peque- CUAIAUÉSÁUA singeleza.
nos bandos, frequentando os lugares úmi- CUAIAUÉUÁRA singelo.
dos e alagadiços, à cata de vermes e insetos, cuAÍRA pouco, pequeno, miúdo, diminuto.
de que se nutre de preferência. CUAÍRAPÁUA pequenez, miudeza.
COROCOTORY casta de gavião, Milvago ater- CUAÍRASÁUA miuçalha.
rimus. CUAÍRAUÁRA mesquinho.
COROMONDÓ, COROMUNDÓ casta de panei- CUAÍRA-XINGA diminuto, poucochinho.
ro mais ou menos alto, tecido geralmente de CUAÍRA-XINGA PIRE pouco menor.
fasquias de arumã, com tampa, destinado a cuÁ KIT! neste lugar, aqui.
servir de baú nas viagens (Solimões). cuÁ KITI CATU aqui mesmo, bem aqui.
CORUMBÁ V Corocoró. CUAMEEN V. Coameen.
COTUCA tocado, furado, ferido de ponta. CUANDU ouriço-cacheiro, guandu, Histrix
COTUCAPAUA tocamento, furamento, feri- prensilis.
mento de ponta. CUANUNGARA deste modo.

l.'-:l 351 f;I~


CUAO

CUAO sabido, podido, conhecido. Inti acuao deve ser conhecido senão pelos iniciados. A
catu: não sabe bem. Como auxiliar prescin- mulher que o vier a conhecer, morre.
de do prefixo. Inti xamunhã cuao: não pos- CUECATU agradecido, agradecimento, lem-
so fazer. brança.
CUAOPAUA sabedoria, discrição. CUECATU ETÉ grande agradecimento, boa
CUAOPORA sabedor, discreto. lembrança.
CUAOSAUA conhecimento, ciência, poder. CUECATU RETÉ muito agradecido, muita
CUAOUARA potente, que sabe e pode. lembrança.
CUAOYMA impotente, indiscreto, ignorante. CUECATU-PORA cheio de agradecimentos,
CUARA buraco, furo, abertura. de lembranças, mesureiro.
CUARAPORA esburacado. CUECATU-SARA gratificador.
CUARA-UARA que é do buraco, que pertence CUECATU-SAUA gratificação.
ao buraco, que mora no buraco. CUECATU-YMA não agradecido.
cuÁ RECÉ a este, para este. CUECÉ ontem.
CUÁ RENDAPE deste lado. CUECENTE desde pouco, somente ontem.
cuÁ RIRÉ depois disso. CUECÉUÁRA de ontem, que data de ontem.
CUARY', COARY pequeno buraco. CUECÉYMA, COCIYMA sem ontem, antiga-
CUARY' nome de uma povoação do Solimões. mente, no começo.
CUARY-UARA de Coary, morador de Coary. CUERA que foi e já não existe. Taua cuera:
CUATUCA calado, segredo. povoação destruída, que foi e já não existe.
CUATUCAPORA cheio de segredos, calado. Mira cuera: gente que foi. Posposto ao ver-
CUATUCAPAUA segredo, mistério. bo dá-lhe a significação de aoristo. Xapena
CUATUCAUERA misterioso, calado. cuera: quebrara. Torna-se conjuntivo com a
CUATUCAYMA não guarda segredo, tagarela. adição de maá ou amu. Xapena cuera amu:
CUCECUI, CUÇUCUI eis aqui. teria quebrado.
cucuAo reconhecido. CUERUPÉ, CUERA-OPÉ intraduzível como
CUCUAO-SARA reconhecedor. palavra isolada. Iauaremo iepéasú cuerupé:
cucuAO-SAUA reconhecimento. onde nos encontramos juntos. Opitá cueru-
cucuAO-UARA reconhecente. pé: ficou lá.
CUCUAO-UERA reconhecível. CUERÉUA enojado, aborrecido.
CUCUAO-YMA irreconhecido. cui preá, Cavia aperea. Casta de porquinho-
cucm ruído, desprendido, desmoronado. -da-índia.
cucm-PAUA desmoronamento. CUIA a casca da fruta da cuieira, a cuité re-
cucm-SARA desmoronador. cortada e limpa, espalmada, pelo menos na
cucm-uERA desmoronante. parte interior, de cumati, é própria para ser-
cucuI-YMA não desmoronado. vir de tigela. O cumati, que lhe dá uma es-
CUCURA (no Rio Negro), PURUMÃ (no Rio plêndida cor preta, que rivaliza com a laca
Solimões) casta de fruta de uma árvore, japonesa, fechando as porosidades da ma-
que se parece alguma coisa com uma em- deira, impede que se embeba dos líquidos
baúba. Dá em cachos uma drupa suculenta que sucessivamente possa vir a conter.
de sabor adocicado, e um único caroço, co- CUIA-MBUCA cumbuca, vaso destinado a
berta por uma pele geralmente dura e mais carregar água, feito de uma grossa fruta
ou menos coberta de pelos. Há várias qua- de uma espécie de coloquintes ou mesmo
lidades: umas cultivadas, outras do mato. A de cuité, com um pequeno orifício numa
cucura ou purumã silvestre figura na lenda das extremidades e um cordel passado em
de Jurupari como aquela que, com seu su- dois furozinhos ao pé deste para o carregar.
mo, impregnou a Coucy, que, descuidada, Parece que já se utilizou tal disposição para
a comeu sem reparar que, correndo pelos apanhar macacos vivos, pondo na cumbuca
seios abaixo, o sumo que lhe escorria dos as frutas de que gostam, espalmando ou não
lábios a molhava toda. É segredo que não o interior com uma matéria visguenta. O
CUMÃ

macaco, descoberta a pechincha, introduz palmos, mais fino de um lado e arredonda-


a mão e abarca quanta fruta pode. É o mo- do na empunhadura, que servia de maça de
mento em que o caçador, que ficou à esprei- guerra. É palavra muito usada no rio Negro
ta, intervém. O macaco, que não quer largar por quem fala nheengatu, mas parece pala-
a presa, não pode retirar a mão e não po- vra baré ou baniva ou de outra qualquer do
de, por via disso mesmo, salvar-se trepan- mesmo grupo.
do, e dá azo a ser preso. De onde, pois, a fra- CUI-PÉUA cuia chata. O pedaço de cuia que
se vulgar: "Não meta a mão em cumbuca". ainda hoje, no Pará, serve de prato ou, mais
CUIA - PINIMA cuia pintada, cuia enverniza - especialmente, aquele destinado a conter a
da por dentro e por fora de cumati, e pinta- farinha ao lado de cada conviva. Por exten-
da a cores e desenhos diversos. O desenho é são: pires.
obtido raspando a camada de cumati e en- CUIRE agora, de presente.
chendo a incisão com tintas em grande par- CUIRE NHUNTO somente agora.
te vegetais, preparadas com leite de sorva. CUIRETÉ agora mesmo.
Foi já uma indústria florescente em todo o CUIREUARA o de agora, o do tempo presente.
vale, especialmente no rio Negro, Solimões, CUIRIN, CUIRÜN ciúme, ciumento.
baixo Amazonas e Pará, hoje quase aban- CUISI V Cuici.
donada, embora não haja talvez uma dona CUITÉ' V Cuieté.
de casa nascida neste interior que não saiba CUITÉ' entretanto, porém.
preparar e não prepare as cuias necessárias CUITITIRYUÁ cutitiribá, casta de abio.
para o serviço próprio. Em Santarém, on- CUITITIRYUÁ-YUA cutitiribazeiro.
de ainda é viva esta indústria, hoje se falsifi- CUITITIRYUÁ-RANA falso cutitiribá.
cam as cores utilizando-se de anilinas, que, CUIÚ casta de grilo.
mais vistosas quando novas, todavia desbo- CUIDARA coivara, amontoamento das árvo-
tam rapidamente. res cortadas para fazer o roçado.
CUIA-PIXÉ cuia fedorenta, fruta da cuieira CUIUARA MUNHÃNGARA encoivarador.
ainda em bruto, apenas recortada, mas não CUIUARA MUNHÃNGAUA encoivaramento.
ainda preparada com o cumati, pelo que fi- curú-cu1ú' cuiú-cuiú, peixe que vive no li-
ca sujeita a embeber-se dos líquidos que se mo. Deve o seu nome ao som que faz ouvir
lhe deitam dentro e a receber-lhes o cheiro. quando agarrado e retirado da água. É de
CUIA-RANA falsa cuia, Termina/ia tanim- carne pouco apreciada.
buca. CUIÚ-curú' casta de periquito.
CUÍCA casta de rato. curnMi cujubim, casta de penélope, bem re-
CUICI, CUISI vaga-lume. conhecível entre os outros jacus pela cabeça
CUIÉ casta de coloquíntida, que fornece uma branca. É uma das melhores caças das ma-
cuia que rivaliza com a da cuieira, embora tas amazonenses; em geral é pouco arisco.
menos elástica e mais sujeita a se quebrar. Os indígenas do rio Castanho, contraver-
CUI-EÊN, CUI-CEÊN pimenta. tente do Padauiri, porque creem descender
CUIETÉ, CUITÉ verdadeira cuia. A fruta da de cujubins, não o perseguem, o que me ex-
cuieira antes de ser de alguma forma prepa- plicou a quantidade fenomenal de cujubins
rada para servir de vasilha. Entre as muitas que havia na localidade, e a facilidade com
plantas que dão frutas capazes de servir de que se deixavam aproximar.
vasilha, a cuieté é preferida pela sua dureza curnMi-ACANGA velho, cabeça branca, isto
e elasticidade da casca. é, cabeça de cujubim, que é branca.
CUIETÉ-YUA cuieira, Crescencia cuieté. A ár- CUMÃ' sorva. A fruta do cumã ou como ou-
vore da cuieté. Os galhos da cuieira, pela sua tros a chamam da cumã-asu, do tamanho de
resistência e flexibilidade, dão um excelen- uma bela nêspera, de gosto delicado quan-
te chicote. do madura.
CUINDARU, CUIDARU grosso cacete qua- cuMÃ' o leite resinoso de várias espécies de
drangular, do comprimento de três a quatro sorveiras, da família das Apocináceas, usa-
CUMACÁ

do como verniz, de mistura com matérias CUMAI-YUA sorveira pequena, Coumã utilis.
corantes para especialmente pintarem as É a espécie que fornece um leite de cuma-
cuias. V. Cuia-pinima. Secando, o cumã não na dos mais estimados, especialmente para
altera as cores com ele preparadas, torna-se trabalhos finos. É com este que, no alto rio
insolúvel e de uma resistência a toda a pro- Negro, se grudam as plumas que enfeitam
va, embora, como é o caso das cuias, dos re- as varandas das maqueiras finas de curauá
mos, das canoas, seja sujeito a contínuos es- ou tucum. A sua extração é feita por meio
fregamentos. Algumas espécies de cumã, de incisões no tronco, e é conservado líqui-
derretidas, fornecem uma espécie de breu do com a adição de um pouco de amoníaco,
também de boa duração, quando suficiente- e, na falta deste, com urina choca.
mente misturado com matérias gordurosas. CUMARU' fava-de-santo-inácio. É artigo de
Para a pintura, o cumã é usado a frio. Para exportação. No Amazonas é usada como
conservá-lo líquido e impedir que se coagu- preservativo contra uma infinidade de mo-
le rapidamente ao contato do ar, como tem léstias, como aromático para perfumar o ta-
a tendência, lhe adicionam um pouco de baco em pó e a roupa, atribuindo-se-lhe a
urina velha. Obtém-se o mesmo efeito com virtude de afugentar as termas [térmitas].
amoníaco. CUMARU' cumaru, Dipterix oddorata. Árvore
CUMACÁ casta de planta que fornece uma fé- que cresce na terra firme e fornece excelente
cula parecida com a da tapioca (Japurá). madeira para construções civis, além de dar
cuMACAi cumacá miúdo. uma qualidade de carvão superior, pelo que
CUMANDÁ, CUMANNÁ feijão. Nome que ho- é muito procurada pelos ferreiros. É a razão
je é reservado aos feijões comestíveis, mas pela qual, apesar do valor que tem a fruta e
que parece ter sido comum ao fruto de mui- de ser objeto de cotação no mercado, perto
tas Leguminosas, atendendo-se mais à for- das povoações onde existe ferreiro, não há
ma e aspecto exterior do que a outra coisa, planta de cumaru que vingue.
o que pelo menos ainda hoje se dá com os CUMARU-RANA falso cumaru, Dipterix oppo-
derivados. sitifolia.
CUMANDAI feijãozinho, feijão pequeno. CUMARU-YUA cumaruzeiro.
Nome dado a muitas variedades de Legu- CUMARY cumari, Capsicum frutescens, pi-
minosas, comestíveis ou não. menta-de-cheiro. Não é muito ardente e a
CUMANDÁ-Pucu feijão comprido, comestível. dizem indigesta.
CUMANDÁ-RANA falso cumandá, como em CUMATÁ casta de larga peneira para penei-
alguns lugares designam o feijão que não é rar a tapioca. É tecida de fasquias de jaci-
comestível. tara, mais raramente de arumã, e trançada,
CUMANDÁ-TUPAXAMA feijão-trepador. como os assentos de palhinha das cadei-
CUMANDÁ-YUA a planta que dá o feijão. ras austríacas, de modo a deixar aberturas
CUMANDAUASU, CUMANDASU feijão grande, iguais e de determinado tamanho.
fava. Nome dado a várias Leguminosas, so- CUMATY resina extraída de uma espécie de
mente atendendo-se à forma e tamanho do asclepiadácea, com que se envernizam em
fruto e independentemente da sua comesti- preto as cuias para torná-las impermeáveis
bilidade. De uma delas, que cresce nas ter- aos líquidos que são destinadas a conter.
ras altas à margem de rios e igarapés, de Para aplicá-la, depois de seca e bem limpa a
preferência nos lugares pedregosos, ser- cuia, se usa de um pincel feito de qualquer
vem-se para emplastro e loções para cura coisa. Logo que aplicado, o cumati é de cor
de impigens. A fava não é comestível, e tan- avermelhada e sem nenhum brilho. Para fi-
to no emplastro como na loção o que é uti- car preto-luzente, de um belo polimento,
lizado é a casca, no primeiro caso raspada e a cuia pintada de cumati deve ficar expos-
batida, no segundo em infusão. ta aos vapores de fermentação de uma for-
cuMÃi sorva pequena. Baga comestível, do te camada de folhas de mandioca, molhadas
tamanho de uma grossa ginja. com urina velha, repetindo a pintura e a ex-

l.'l:l 354 (.',:l


CUNHÃ-MUC U-PISAS U

posição quantas vezes forem necessárias pa- te nos poços que no verão se formam nos
ra obter uma superfície perfeitamente ho- igarapés. O peixe, especialmente os pacus,
mogênea e polida. as aboca sôfrego, mas, pouco depois de ter
CUMATY-YUA árvore do cumati, Asclepiadea ingerido a bola traiçoeira, vem à tona ator-
follicularia. Cresce nas capoeiras; por meio doado, ficando fácil presa do pescador, que,
de incisão dá um leite muito líquido, de cor depois de ter jogado n'água as bolinhas, fi-
castanho-escura, usado para pintar de pre- cou à espera do resultado. O peixe pode
to as cuias. A madeira, leve, é de pouca ser- ser comido impunemente; o cunambi não
ventia e duração. o torna nocivo para o homem. O seu efei-
CUMÃ-UASU sorva e sorveira grande, Apocy- to parece ser apenas estupefaciente, atordoa
nea fructescens; a planta e a fruta. Árvore de momentaneamente, tanto que, se este não
alto porte, que se abre em umbela elegante é agarrado logo, volta a si e vai-se embora.
e muito regular e cresce nos igapós e luga- CUNHÃ fêmea de qualquer animal, mulher.
res que alagam alguns dias do ano. A fruta, O aditamento de cunhã é essencial todas
muito apreciada, de gosto especial e muito as vezes que, falando-se de animais, se quer
delicado, é uma drupa arredondada, verde- designar a fêmea; somente dispensável na
-amarelada, que quando nova contém um hipótese de que o sexo tenha sido já decla-
leite branco facilmente coagulável, igual ao rado, conste do contexto, ou a designação
que se encontra em todas as outras partes seja feita por nome somente aplicável à fê-
da planta, e que desaparece com a matura- mea, naqueles raros casos em que esta tem
ção. A madeira não creio que tenha gran- nome próprio diverso do macho. Não se in-
de serventia. O leite da sorveira grande, co- dicando o sexo, entende-se sempre que se
mo em geral o das outras sorveiras, fornece fala do macho.
bom breu para calafetar canoas. Usado cru CUNHÃ-AMBYRA mulher morta.
é menos resistente do que o leite do cumati. CUNHÃ-CACOA mulher feita, madura, de
CUMBECA trepadeira cultivada no Pará como mais de quarenta anos.
ornamental em virtude de suas lindas flores. CUNHÃ-CAPIXARA-MEENGARA alcoviteira,
CUMBÉUA, CUMBÉPÉUA cumbeba, casta de mulher que dá namorado.
cacto. CUNHÃ-CUARA-YMA mulher sem buraco, mu-
CUMBIU, CUMIU cubio. Grosso fruto, do ta- lher virgem.
manho de uma maçã, de uma espécie de CUNHÃ-CUERA mulher que foi, mulher velha
Solanácea espinhosa, contendo sementes que já para nada serve.
envolvidas numa polpa levemente acidula- CUNHÃ-EMBYRA, CUNHÃ-MEMBYRA sobri-
da, comestível e usada como os tomates na nho, com referência ao homem.
comida. CUNHÃ-KYRA virgem (mulher que ainda
CUMBÓI-PÉUA sanguessuga. dorme?).
CUMICA diminutivo familiar de curumi, que é CUNHÃ-MBOCA' tartaruga nova.
usado nalguns lugares de Japurá e Solimões, CUNHÃ-MBOCA 2 moçoila.
mas o creio importado do Pará, onde já se CUNHÃ-MENAUARA parentes por afinidade,
usou muito. Corresponde a curumbá, do Sul. pelo lado do marido.
CUNAMI, CUNAPI, CUNAMBI cunambi, várias CUNHÃ-MENDASARA mulher casada.
espécies de Phyllanthus. Pequeno arbusto CUNHÃ-MENASARA-YMA, CUNHÃ-MENA-YMA
de folhas lanceoladas e irregularmente re- mulher solteira, não casada, sem marido.
talhadas, cultivado nas roças por causa das CUNHÃ-MIRA parentes por afinidade, com
suas qualidades benéficas, utilizadas para referência ao homem.
pescaria. Para isso envolvem as folhas ma- CUNHÃ-MUCU moça púbere.
chucadas em qualquer massa, mas de pre- CUNHÃMUCU-CAÁ planta aromática que as
ferência de tapioca, fazendo bolinhas que moças usam no cabelo. Dizem que chama
jogam n'água, nos lugares em que esta não os noivos e faz casar ligeiro.
corre, nos lagos, remansos e especialmen- CUNHÃ-MUCU-PISASU moça nova, virgem.
CUNHÃ-M UPUX IUERA

CUNHÃ-MUPUXIUERA mulher adúltera. CUPÉ-CÃN-UERA osso do espinhaço.


CUNHÃ-PUCÁ mulher risonha. CUPÉ-RUPI pelas costas. Poié osó mãramu-
CUNHÃ-PUCU mulher comprida, alta e, em nhã-uara-etá cupé rupi: o pajé vá pelas cos-
alguns casos, lenta em fazer as coisas. tas dos guerreiros.
CUNHÃ-MPUCA, CUNHÃ-MBOCA moçoila, CUPÉ-SUÍ das costas, de detrás.
mulher que desabrocha. CUPÉ-UARA, CUPEARA, COPIARA alpendre,
CUNHÃ-PUTAUA moço casadouro, solteiro. o que fica atrás das costas, a puxada que fica
CUNHÃ-RAPIXARA namorador, afeminado, nas costas da casa ou do edifício.
adamado. CUPÉ-YMA sem costas, sem fundos.
CUNHÃ-RUPIARA mulherengo, amigo das CUPI cupim. V Copi.
mulheres. CUPI capinado, limpo.
CUNHÃTAIN, CUNHANTAINHA menina im- CUPIRE roçado, a abatida do mato baixo pa -
púbere, nova. ra dar lugar ao serviço do machado, que se-
CUNHÃ-UARA mulheril, mulíebre. gue a roça ou, como outros dizem, a broca.
CUNHÃ-YMA sem mulher. CUPIRESARA roçador, brocador.
CUNUÁ casta de cipó, cujo sumo, ao conta- CUPIRESAUA roça, broca.
to da pele, produz ampolas como de quei- CUPIRETYUA lugar roçado, brocado.
madura. CUPIREUARA roçante, brocante.
CUNUARU rã que vive no oco dos paus, e de CUPISARA limpador, capinador.
preferência em uma espécie de árvore re- CUPIXAUA limpa, capinada, a roça.
sinosa, e a que se atribui geralmente a pro- CUPIXAUA-IARA o dono da roça, roceiro.
dução da resina solidificada que nela se CUPI-YUA cupiúba, árvore, de terra firme,
encontra. que dá uma madeira escura, quase preta, de
CUNUARU-ICYCA resina que se encontra no fibras claras, esplêndida especialmente para
oco de certos paus resinosos e que se pre- móveis, mas pouco usada por causa de sua
tende provir de uma exsudação da rã cunu- dureza, que é realmente notável.
aru, que neles habitualmente se encontra CUPU, CUPU-YUA casta de Theobroma pró-
morando. É uma resina que coagula em ca- xima do cacau, do qual tem o hábitat, en-
madas, as quais se fracionam em pedaços contrando-se de preferência nos terrenos
de forma irregular; o seu cheiro é aromáti- alagadiços e igapós. A fruta é uma grossa
co e se lhe atribui a virtude de tornar ma- cápsula, mais ou menos dura e pilosa, con-
rupiara o pescador ou o caçador que a en- tendo as sementes envoltas numa polpa aci-
contra e dela se serve para preparar suas dulada. Segundo o tamanho da cápsula, há
flechas ou brear a linha para pescar. A vir- o cupuasu e o cupui, isto é, cupu grande e
tude que adquirem os objetos com ela fa- cupu pequeno. O primeiro já é utilizado co-
bricados só pode ser neutralizada por al- mo o cacau e dá um chocolate, que, confor-
guma influência contrária mais forte, que me afirmam, é mais delicado e perfumado
no momento atue sobre o caçador ou o do que os melhores chocolates obtidos com
pescador, como se alguém dos seus lhe fi- o cacau. A polpa, além de que serve para re-
zer saruá; o que explica as falhas e man- fresco, serve também para doce.
tém a crença. CUPUAI, CUPUI cupuzinho.
CUNURI casta de caranguejo menor do que o CUPUASU cupu grande, cupuaçu.
cunuru. cuPucu demorado, atrasado.
CUNURU' caranguejo do salgado. CUPUCUPAUA demora.
CUNURU' casta de sapo. CUPUCUPORA demorador.
CUPÉ espinhaço, costas, dorso. CUPUCUYMA sem demora.
CUPÉ-APARA corcunda, costa torta. CURACA casta de pequeno pássaro.
CUPÉÁRA V Cupé-uara. CURAMBY, CURAMY curabi. Flecha para
CUPEAUA traseiro. ser jogada à mão, cuja ponta é envenena-
CUPÉ-CAÁ a nervura central da folha. da com curare. Os curabis, por via disso
CURUMI

mesmo, são sempre trazidos com as pontas porque é encontrado muitas vezes em plena
resguardadas, numa pequena aljava, em floresta, longe de lagos e rios. É seu costume
geral muito artisticamente trabalhada, te- passar de um lago para outro ou de um la-
cida de fasquias de estipe de jacitara ou de go para um rio ou vice-versa, aproveitando-
outra palmeira, mais raramente de outras -se para isso de qualquer banhado ou simples
matérias. É arma essencialmente para ca- umidade, que apresente o caminho a per-
ça, como me têm sempre e repetidamente correr, sendo que em certas circunstâncias e
afirmado os indígenas. quando ficou empoçado, e presente uma seca
CURARA viveiro, curral. Corrupção da pala- maior, se arrisca até com uma simples chuva.
vra portuguesa, usada em lugar de caisará CURIMARI árvore da terra firme, casta de
ou outra análoga. Bignoniácea da vargem.
CURARE V. Uirári. CURIMBOCA casta de cipó da terra firme.
CURAUÁ, CURAUÁ-YUA casta de Bromeliácea CURU ruga, dobra.
que nasce espontaneamente no mato. Hoje CURUÁ' casta de palmeira que cresce na terra
já se acha cultivada em quase todas as ro- firme, Attalea spectabilis. A sua palma é usa-
ças em maior ou menor quantidade, e que da para cobertura de casas.
dá uma fibra muito fina, muito resistente e CURUÁ' cotinga-azul, pipira-azul, Catinga ce-
muito clara, com que se fazem no rio Negro rulea. Nas primeiras semanas da enchente,
maqueiras finíssimas, e é usada geralmen- aparece em pequenos bandos nos arredores
te em todo o Amazonas naqueles misteres de Manaus, onde a tenho observado mais de
em que se precisa de linha que ocupe pou- uma vez. No resto do ano se encontra isola-
co espaço e tenha grande resistência, como, da em casais ou pequenas famílias em todo
por exemplo, para amanho das flechas, cor- o vale, embora em nenhuma parte comum.
da de arco etc. O curauá cresce facilmente, CURUÁ3 casta de sapo.
sem necessidade de grandes cuidados, em CURUCA engelhado, enrugado, dobrado.
qualquer terra firme e vargem alta, e é uma CURUCAPAUA engelhamento.
indústria que merece ser explorada. CURUCAPORA cheio de rugas, dobras.
CURAUAUÍ curauabi. Casta de palmeira, que CURUCAUA dobra, goela, fauces, guelras.
Martius diz servir para cobertura de casas. CURUCÉ malha de renda, renda, variante de
Não a conheço. crecé, corrupção brasileira de crochet.
CURERA fragmento, migalha, resto, crueira. CURUCAUARA dobrante, goeludo.
CURÉUA casta de abelha. CURUCURUA cheio de nós, botões, protube-
CURI casta de terra vermelha; a cor que se râncias.
obtém com ela. CURUCURUCA tosco, áspero.
CURICA casta de papagaio, Androglossa ama- CURUCURUTEN continuamente, repetida-
zonica. É verde-claro, com a cabeça amarela mente, a cada passo.
e azul-celeste, e o espelho das asas e a man- CURUCUTURI gavião branco, Buteo pterocles.
cha da cauda vermelho-alaranjada. Muito Pouco comum. Encontrei-o uma única vez
comum, vive em bandos numerosíssimos, na região do Acre.
que geralmente não se dissolvem completa- CURUERA pedaço de massa que passa na pe-
mente nem no tempo da incubação. neira, sem ficar esmiuçada ou que se liga em
CURICACA curicaca, Gerontícus albicollis, cas- grumos por ser mal remexida quando leva-
ta de íbis. O seu nome indígena é onomato- da ao forno para cozinhar. Farinha em gru-
paico. É muito comum em todos os lugares mos, mal peneirada. Crueira.
de campos, e fora do tempo da incubação, se cuRui esmigalhado, esfiapado, desfeito, pul-
encontra em pequenos bandos à margem de verizado.
todos os banhados. cuRui-PAUA esmigalhamento, pulverização.
CURICUIARI casta de periquito. CURUMi menino, rapazinho ainda não che-
CURIMATÁ, CURIMBATÁ peixe do mato, Ane- gado à puberdade, mas que já deixou de ser
dus. O nome de peixe do mato lhe é dado tainha, isto é, criança.

>;'!;_'! 357 ~
CURUMi-ASU

CURUMI-ASU moço, rapaz já chegado à pu- xa-se levar fora de caminho, onde o deixa
berdade e que ainda não é casado. miseramente perdido, com o rastro, por on-
CURUMU o contrário, de outro modo. Curu- de veio, desmanchado. Outras, o que é mui-
mu-rupi: contrariamente. to pior, o pobre do caçador alcança a caça,
CURUMY o remo que amarram na borda da até com relativa facilidade, e a flecha vai cer-
canoa que não tem quilha, para suprir a fal- teira embeber-se no flanco da vítima, que cai
ta desta. O curumi é amarrado à popa quan- pouco adiante com grande satisfação do in-
do o remeiro quer que sirva de leme e quer feliz. Quando chega a ela porém, e vai para a
poupar esforços, especialmente descendo colher, em lugar do animal que tinha julgado
quase de bubuia. É, pelo contrário, amarra- abater, encontra um amigo, o companheiro,
do pouco acima de meia nau, do lado exter- um filho, a sua própria mulher. Os contos de
no, quando sobem o rio puxando a embar- caçadores vítimas do curupira são contos de
cação à sirga, e deve servir para conservá-la todos os dias no meio indígena, dos mora-
convenientemente afastada da margem. dores tanto do rio Negro como do Solimões,
CURUNÃ casta de aranha caranguejeira, cas- Amazonas e seus afluentes.
ta de Mygale. CURUPIRA-IRÁ mel de curupira. É mel ve-
CURUPÉ casta de formiga de cabeça achata- nenoso, apesar do seu bom aspecto e sabor
da. No Japurá dizem que enfiam a cabeça convidativo.
desta formiga na ponta da flecha para não CURUPIRA - IRA - MANHA casta de abelha, que
errarem o alvo. dá um mel venenoso, fazendo o ninho nos
cuRUPICA casta de resina usada em pó para mesmos paus em que o fazem outras espé-
sarar feridas. cies, que dão mel inócuo e muito apreciado.
CURUPIRA corpo de menino, de curu (abre- CURUPU pulsado, palpitado.
viação de curuml), e pira (corpo), curupira. CURUPUA pulso, palpite.
O curupira é a mãe do mato, o gênio tute- CURUPU-RENDAUA Lugar da palpitação.
lar da floresta que se torna benéfico ou ma- CURUPUSAUA pulsação, palpitação.
léfico para os frequentadores desta, segundo CURUPUUARA pulsante, palpitante.
circunstâncias e o comportamento dos pró- CURUPU-YMA não pulsado, não palpitado.
prios frequentadores. Figuram-no como um CURURU' cururu, casta de sapo.
menino de cabelos vermelhos, muito peludo CURURU' casta de árvore Apocinácea de cas-
por todo o corpo e com a particularidade de ca muito rugosa.
ter os pés virados para trás e ser privado de CURURU 3 áspero, rugoso.
órgãos sexuais. A mata, e quantos nela habi- CURURUCA murmurado, roncado, berrado,
tam, está debaixo da sua vigilância. É por via resmungado.
disso que antes das grandes trovoadas se ou- CURURU-CAÁ erva de cururu.
ve bater nos troncos das árvores e raízes das CURURU-CIPÓ cipó de cururu. Da casca se
samaumeiras para certificar-se que podem fazem cataplasmas para pôr sobre os mem-
resistir ao furacão e prevenir os moradores bros desmentidos(?) [luxados].
da mata do próximo perigo. Sob a sua guar- CURURUCAMANHA murmurador, resmun-
da direta está a caça, e é sempre propício ao gador.
caçador que se limita a matar conforme as CURURUCAPAUA, CURURUCASAUA murmu-
próprias necessidades. Ai de quem mata por ração, berro.
gosto, fazendo estragos inúteis, de quem per- CURURUCAUERA murmurante, berrante, res-
segue e mata as fêmeas, especialmente quan- mungante.
do prenhes, quem estraga os pequenos ain- CURURUCAYMA não murmurado, berrado,
da novos! Para todos estes, o curupira é um resmungado.
inimigo terrível. Umas vezes vira-se em caça CURURUI casta de pequeno sapo.
que nunca pode ser alcançada, mas que nun- CURURU-MBOIA jiboia-cururu, casta de pe-
ca desaparece dos olhos sequiosos do caça- queno Constrictor que vive especialmente
dor, que, com a esperança de a alcançar, dei- de sapos e pequenos mamíferos.
CY

CURUSÁ cruz,corrupçãodapalavraportuguesa. CURY-PORA cheio do futuro, que promete


CURUTÊ, CURUTÊN ligeiro, depressa, lo- muito e nada faz; cheio de projetos.
go. Jure curute: vem ligeiro. Oiuíre curute: CURYSAUA futuro, porvir.
volta ligeiro. Inti apitá putare, osó curetê: CURYUARA futuroso, que há de vir.
não quer ficar, vai logo. Curute ramé: des- CURY-YMA sem futuro, sem porvir.
de logo. CUSUCUI eis aqui.
CURUTÊ-SAUA ligeireza, rapidez em fazer al- CUTINGA cotinga, nome dado a várias aves
guma coisa. de famílias diversas, mas geralmente de plu-
CURUTÊ-UARA apressado, ligeiro, que faz as magem vistosa e variada.
coisas rapidamente. CUTITIRYUÁ cutitiribá, casta de fruta sil-
CURUTÊ-UERA precipitado, que faz as coisas vestre.
com precipitação. CUTUCA furado, arpoado, immissum mem-
CURUTÊ-YMA sem ligeireza, devagar, sem brum in vagina.
pressa. CUTUCAPORA furadíssimo, estragado de furos.
CURUUÁ casta de jacaré. CUTUCASARA furador, arpoador.
CURUUA' curuba, doença da pele, espécie de CUTUCASAUA furação, arpoação.
fogo-selvagem. cuTUCATYUA furadouro, arpoadouro.
CURUUA 2 casta de abóbora cheia de protube- CUTUCADA o furado, o arpoado.
râncias. CUTUCAUARA arpoante, furante.
CURUUA-MANHA mãe da curuba, cheio de CUTUCAUERA arpoável, furável.
curuba. CUTUCAYMA não arpoado, não furado.
CURUUA-CIPÓ casta de cipó que, em contato CUTUCAYUA a haste do arpão.
com a pele, produz irritação e ampolas co- CUTUCUTUCA espicaçado.
mo de curuba. CUTUCUTUCASARA espicaçador.
CURUUA PÉUA casta de curuba que não le- CUTUCUTUCASAUA espicaçamento.
vanta ampolas. CUUMBIU, CUUMIU cubio, fruta de uma
CURUUA-PORA cheio de curuba. sapotácea arbustecente, comestível e de ta-
CURUUA-SARA que dá, traz curuba. manho de uma maçã. Grossa baga cheia de
CURUUA-YMA limpo de curuba. sementes, de gosto acidulado, que lembra o
CURUUÉ, CURUBÉ quitute de tapioca mistu- gosto dos frutos da vide. É usada como le-
rada com castanha pisada. gume com a carne ou peixe ensopado ou
CURUBÉ-CURUBÉ fruta do mato. cozido, e para doce.
CURY logo, mais. É sinal de futuro e se põe cuxrú pequeno macaco do gênero Pithecia.
logo depois do verbo. Xamunhã cury: farei. cuxrnNA cuxi preto, pequeno macaco do gê-
Xamunhana cury: terei feito, e assim pelos nero Pithecia.
tempos dos outros modos. Apesar, todavia, CUAÍ casta de periquito.
de cury, aditado ao verbo, lhe dar uma sig- CY mãe (forma antiga). Hoje em todo o Ama-
nificação futura, não deixa de ser um ad- zonas se usa mais correntemente de mai ou
vérbio de tempo aditado ao verbo, e, além manha. Cy, todavia, além de ser conservado
de poder sempre ser substituído por ou- em muitas terminações, como iacy, coaracy,
tro advérbio de tempo, indica geralmen- é ainda usado em muitos lugares, sempre
te uma ação que, embora futura e indeter- que se refere a alguma das mães, que, con-
minada no tempo, deve ser feita logo ou o forme a crença indígena, foi a origem e ho-
mais brevemente possível. Xaiuíre cury (an- je preside ao destino das coisas que dela se
tes do que voltarei) deve ser traduzido: vol- O indígena não concebe nada
to já, volto logo. do que existe sem mãe. Simplista, estende a
CURY-CURY já já. necessidade que ele teve para existir de uma
CURY-ETÉ muito brevemente. mãe a tudo o que existe; o pai, desde que
CURY-MIRi dentre em pouco, daqui a um ele acredita em virgens parideiras, não é de
instante. necessidade absoluta. A mãe, pois, é sempre
CYCA, ICYCA

necessária para que haja vida; por via dis- o conceito tupi de Tupana, devo confessar
so, tudo tem mãe, e a cy, como verdadeira que nunca nenhum indígena mo explicou,
mãe que é, não abandona os seres que lhe nem mostrou pensá-lo. O que me têm re-
devem a vida, lhes vigia o desenvolvimen- petidamente afirmado é que todas as coisas,
to, os guia e os protege para que consigam os astros, as serras, os lagos, os rios, as plan-
o próprio destino, acompanhando-os e pro- tas, os animais e as próprias pedras têm al-
tegendo-os da nascença até à morte. A cria- ma, sentem; e que todas têm uma mãe que
ção é, pois, devida à fecundidade das mães vive, da mesma vida, têm as mesmas neces-
das coisas animadas e inanimadas, ou me- sidades, lutas, prazeres e instintos das coisas
lhor das coisas: porque, para o indígena que que lhes deram o ser; e são estas mães, co-
acredita na cy, não há coisas animadas e ina- meçando pelo sol e pela lua, e não Tupana,
nimadas, todas as coisas têm alma. A ela é que, quando precisam, se engenham de tor-
devida a sua conservação. Sem a mãe não nar propícias. Quem isto consegue vive na
há vida, nem a vida se conserva. A cy é in- abundância de tudo, é feliz em tudo. Ai!
dispensável para a conservação e perpetua- daquele que as ofende! que as desrespeita!
ção, como o foi para a primeira produção. Para ele só há desgostos e misérias. Como
De onde, porém, lhes provêm, e quem man- quer que seja, Tupana parece alheio aos ne-
tém a fecundidade das mães? Do sol não, da gócios desta baixa terra: as que tudo regu-
lua menos; o primeiro é a mãe do dia, e a lam são as mães.
segunda a mãe das frutas, mas, por via dis- CYCA, ICYCA resina. V Icyca.
so mesmo, nem esta nem aquele podem ser CYCANTÁ resina forte, breu.
o fecundador das mães das coisas, o princí- CYCANTÁ-YMA resina fraca.
pio masculino. Será este Tupana, o deus tu- CYCANTÁ-YUA árvore do breu.
pi? Talvez, se para eles Tupana é, como me CYPAUA maternidade.
parece poder asseverar, o ser indefinido, CYRICA V Xírica.
que paira acima de tudo no além, imaterial, CYRIRI V Xiriri.
informe, misterioso, como a causa que faz CYUA testa, frente, fronte.
nascer, desenvolver e morrer todas as coisas CYUARA maternal.
do universo, sendo ao mesmo tempo prin- CYUAUARA da frente, que é da testa.
cípio gerador e destruidor. Se este é todavia CYUAYMA sem testa, sem frente.
E letra que se permuta muito facilmente EAUECA semente.
com o i; muitas das palavras aqui inscritas EAUERA semeador, semeante.
se encontram com i, e geralmente esta pa- EAUÉUA semeação.
rece ser a forma mais correta. Eu noto am- EAUÉ-YMA não semeado.
bas as formas, especialmente quando se en- EAUKI combinado, acordado, entendido
contram usadas por alguém que escreveu acerca de alguma coisa com outrem.
na nossa boa língua, não tanto por amor EAUKIPORA combinante, acordante, enten-
de aumentar o número das palavras reco- dente.
lhidas, como para evitar o incômodo de EAUKISAUA acordo, combinação.
quem procura. EAUKIYMA sem acordo, combinação, enten-
EA- prefixo que algumas vezes se encontra usa- dimento.
do como equivalente ao prefixo reflexivo iu. EAUY errado, enganado. V Iauy.
EACANHEMO esmorecido. V Iucanhemo e EAUYCA inclinado, abaixado. Reauyca né ra-
comp. canga, resasau putare ramé: abaixa a tua ca-
EAM'i espremido. V Iami e comp. beça se queres passar.
EARUCA minguado, desinchado, emagreci- EAUYCASARA inclinador, abaixador.
do; se diz especialmente da lua. Iacy earuca: EAUYCASAUA Inclinação, abaixamento.
a lua minguante. V Iaruca. EAUYCAUA baixa.
EARUPÉ, EARPE em cima, sobre. Oxiare tai- EAUYCAUARA inclinante, abaixante.
nha tupé earupé: deixa a criança sobre o tupé. EAUYCAUERA inclinadiço, abaixadiço.
EATIRE, EATÍRI subido, elevado. EAUYCAYMA não inclinado, não abaixado.
EATIREPORA cheio de subidas, ascensões, ECOi vá, forma irregular do imperativo do
elevações. verbo ser, comum no baixo Amazonas.
EATIRESARA subidor, ascensor, elevador. ECOPÉ traição.
EATIRESAUA subida, ascensão, elevação. ECOPÉ-RUPI traiçoeiramente, por traição.
EATIREUARA elevante, ascendente. ECOPÉUÉRA traidor.
EATIRE-YMA não subido, não elevado. Ei'i sim; é sempre resposta à pergunta.
EAUÉ semeado. EE-ETÉ muito sim, afirmação absoluta. Osu-
EENGARA

aixara cé supé, ee-eté: me respondeu mui- trança progride, acabando por esticar for-
to sim. temente a corda assim trançada entre duas
EENGARA afirmador, concordante. estacas, com o fim do obter uma idêntica
EENGAUA afirmação, concordância. tensão em todas as suas partes. No segun-
EEUERA acomodadiço, que concorda facil- do caso, fixa a cabeça da corda pela forma
mente. acima indicada; os fios que serão as per-
EIECÉ alisado, polido. nas da corda são logo estendidos confor-
EIECÉPÓRA muito polido, muito alisado. me o comprimento desejado, e preso na
EIECÉSÁRA polidor, alisador. outra ponta a um pau que fica em mão
EIECÉSÁUA alisamento, polimento. do cordoeiro. Este pau serve de roda. O
EIECÉUÁRA alisante. cordoeiro, conservando tesos os fios, o faz
EIECÉUÉRA polível, alisável. girar rapidamente, obtendo assim a torção
EIECÉYMA não alisado, não polido. e tensão desejadas. Obtidas estas, a corda
EIECÉYUA o que serve para polir, alisar. é deixada esticada ao tempo, omutecô ara-
EIKI entrado. ma, para acostumar-se.
EIKIAUA entrada. EIRENi casta de abelha.
EIKIÉ enchido, cheio. EISU casta de abelha.
EIKIÉSÁRA enchedor. EITÁ nadar. V. Uitá.
EIKIÉSÁUA enchente, cheia. Paranã eikié- EMAPU porta-cigarro. Isto é, o porta-cigar-
sauasú: enchente grande do rio. ro, comercial usado nas festas indígenas no
EIKIÉTÁUA enchedouro. Uaupés e mais afluentes do alto rio Negro. É
EIKIÉUÁRA enchente. uma forquilha de madeira escolhida, capri-
EIKIÉYMA não cheio. chosamente trabalhada e esculpida, de uns
EIKI-TENDAUA lugar da entrada, entradouro. cinquenta a sessenta centímetros de alta,
EIKIUARA entrador. destinada a receber entre as suas duas per-
EIKIUERA entradiço. nas o cigarro cerimonial que gira, entre uma
EIKIYMA não entrado. figuração e outra, entre os homens que estão
EIMÃ fuso. É uma pequena haste de um pal- descansando, ouvindo as lendas e tradições
mo de comprido, enfiada numa rodela, de da tribo contadas pelos velhos. O emapu, do
cinco ou seis centímetros de diâmetro, re- lado onde se empunha, é apontado de mo-
cortada em casco de tartaruga ou jabuti, do a poder ser facilmente fincado no chão
muitas vezes ornada de elegantes dese- quando ninguém fuma.
nhos. O seu uso é idêntico ao do fuso eu- EMBÁ, NEMBÁ não. É forma muito usada no
ropeu. Apesar da forma original, parece rio Negro. Já tive dúvida sobre a sua origem,
instrumento trazido com a civilização. A mas ela desapareceu.
mulher tapuia não necessita de fuso para EMBAE nada, ninharia. Cunhã embae: ninha-
fiar tão fino e igual como a melhor fiandei- ria de mulher.
ra. Torce o fio sobre a coxa roliça, tirando EMBAEPORA cheio de nadas, de ninharias.
as fibras convenientemente preparadas de EMBAESAUA nulidade, inanidade.
um pequeno uru suspenso a qualquer coi- EMBAE-TATÁ fogo nada, fogo-fátuo. Disso
sa que lhe serve de roca. Para torcer cordas por corrupção procede boitatá, do baixo
para rede ou para a pescaria, serviço que Amazonas e Pará.
geralmente pertence aos homens, servem- EMBAEUARA inexistente, inane.
-se de fios já fiados e os trançam ou torcem. EMBAYUA, EMBAE-YUA embaúba, lit.: não
No primeiro caso, amarrada a ponta a uma árvore. Nome comum às diversas espé-
estaca ou coisa que o valha, e tendo tan- cies de Cecropiáceas. Planta de folha larga
tos bilros quantas pernas deve ter a trança e digitada, como a figueira, verde mais ou
e em cada bilro enovelado o fio, o cordoei- menos forte na face superior e mais claro
ro, para trançar a corda, vai-se afastando e na inferior, muito comum, especialmente
tecendo desenrolando o fio à medida que a a variedade que orla as praias dos rios, la-
ENONGATU, ENUNGATU

gos e igarapés de toda a região amazôni- certas espécies, em que o líber não se pres-
ca. Como o nome indica, a madeira nada ta para cordas ou outro mister semelhan-
vale, e para o tapuia nem merece o nome te. Esta então é utilizada a modo de tábua, e
de árvore. É, porém, uma clamorosa calú- para paredes, em alguma maloca indígena.
nia; se a madeira é fraca, nem por isso dei- EMBYRA-YUA a árvore que dá a embira.
xa de ter seu préstimo e dá um excelente EMOETÉ respeitado, reverenciado, adorado.
carvão para pólvora pirrica [pirotécnica?], V. Moeté e comp.
e também, segundo me foi afirmado, para EMONGUETÁ, MONGUETÁ aconselhado, pre-
as velas de carvão, para as lâmpadas de ar- venido.
co voltaico. A casca dá uma fibra forte e re- EMONGUETÁ CATU bem aconselhado.
sistente que, além de servir para cordoalha EMONGUETÁ PUXI mal aconselhado.
de inferior qualidade, poderia talvez servir EMONGUETARA aconselhador, conselheiro.
também para fazer papel, senão de primei- EMONGUETARA CATU, EMONGUETARA PU-
ra qualidade, pelo menos para embrulho. RANGA bom conselheiro,
Todas as embaúbas, finalmente, qual mais EMONGUETAU o aconselhado, o prevenido.
qual menos, podem ser usadas em chá pa- EMONGUETAUA conselho, prevenção.
ra uso interno como reguladoras das fun- EMONGUETAUA MANHA mãe dos conselhos.
ções do coração, embora para isso seja es- Quem dá conselhos, conselheiro público.
pecialmente indicada a embaúba-branca, EMONGUETÁ-YMA não aconselhado, sem
Cecropia argentea, que cresce nas capoei- conselho.
ras de terra firme. EMUMÉU derramado.
EMBAYUA PIRANGA embaúba-vermelha, EMUMEUARA o que derrama.
casta de Cecropia da vargem. EMUMEUPAUA derramamento.
EMBAYUA TINGA embaúba-branca, Cecropia EMUMEUPORA cheio de derramamento, der-
argentea. Cresce na terra firme. ramador.
EMBIARA o que se pegou na caça ou na pes- EMUMEUTAUA derramadouro.
ca e se trouxe para casa enfiado em embira. EMUMEUYMA não derramado.
O que é destinado para ser comido. Cé em- EMUMI, EMYMI escondido, ocultado.
biara: minha comida, e, por extensão, o que EMUMI-RENDAUA escondedouro, oculta-
me é destinado. douro.
EMBYRA, REMBYRA, CEMBYRA filho, filha, EMUMISARA escondedor, ocultador.
em relação à mãe; o parido. EMUMISAUA ocultação, escondimento.
EMBYRA envira, embira. Casca de árvore de EMUMIUARA ocultante, escondente.
longas fibras, mais ou menos resistentes, EMUMIUERA escondediço, ocultadiço.
que servem para atilho; o atilho feito com EMUMiYMA não escondido, não oculto.
qualquer casca de árvore que sirva para isto. ENEMBIÚ élitros de várias castas de coleóp-
EMBYRANGAUA afilhado, afilhada, figura de teros de cores vistosas e brilhantes, verdes,
filho, em relação à madrinha. verde-ouro, azuis, preparados para fazer co-
EMBYRARE parido. lares. Os colares feitos com os mesmos.
EMBYRARESARA parteira. ENEME, ENENE escarabeu, escaravelho.
EMBYRARESAUA parto. ENONGATU, ENUNGATU guardado, conserva-
EMBYRAREUARA parturiente. do, posto a bom recato para as necessida-
EMBYRAREUERA parideira. des. É o que dá previdência e hábito, a cau-
EMBYRARE-YMA estéril, sem filhos. sa mais difícil de encontrar no indígena,
EMBYRATi, EMBYRATINGA embira branca. acostumado como está a viver o dia-a-dia,
Casca branca, a entrecasca de que fazem no meio da fartura constante da portento-
cordas e atilhos mais ou menos resistentes, sa natureza amazônica; por isso mesmo não
segundo a qualidade. guarda ou conserva nada para os maus dias;
EMBYRASU embira grossa, a entrecasca gros- até considera quase um vício o guardar pro-
sa e muito resistente e a própria casca de visões; salvo algum raro moquém, e isto
ENONGATUSAUA

mesmo de peixe dos tempos das piracemas, EPY suí desde a base, desde a origem. Iané
pouco ou mesmo nada se encontra nas ma- uatasaua opiupiru puxi epy suí: a nossa via-
locas dos indígenas. gem começou mal desde o início.
ENONGATUSAUA conservação, agasalha- EPY-SUÍUÁRA originário, básico, que vem do
mento. começo.
ENONGATUTAUA conservatório, lugar onde ERASÓ leva, conduz, imperativo irregular de
se conserva, guarda, agasalha. rasó, em lugar de rerasó.
ENONGATUUARA conservador. ERÉ sim, está bom, de acordo. Forma afirma-
ENONGATUYMA não conservado. tiva aprobatória.
ENTE mesmo. Cuecente: ontem mesmo. ERÉ CATU está bom, está bom. Sus! Co-
ENÜ, ENÜN posto, metido, introduzido. A na- ragem! Forma de encorajamento sem sig-
salização do u varia muita de localidade a nificação definida. Eré catu! Iasoana curute
localidade a ponto de, em algum caso, espe- iasasau yara: Coragem! vamos já passar a
cialmente nos compostos, desaparecer. canoa.
ENÜ-ARUPÉ sobreposto, posto em cima. ERÉ CURY até logo. Eré cury-miri: até já.
ENÜNGARA poente, metente, introdutor. ERÉ SUPI na verdade. Eré supi teen: em toda
ENÜNGAUA postura, metida, introdução. a verdade.
ENÜ-SANGAUA marcado, assinalado. ERÉ TEEN assim mesmo, de pleno acordo.
ENÜ-SANGAUA-SARA marcador, assinalador. ERENTEYUA casta de resina; a árvore que a
ENÕ-SANGAUA-SAUA marcação, assinalação. fornece.
ENÜ-SARA poedor. ERERÉ casta de marrequinha.
ENÜ-SAUA postura. ERIMBAE antigamente.
ENÜTENONDÉ antepor. ERIMBÁETÉ antiquíssimamente.
ENÜ-UARA metente. ERIMBAEANA antiquado.
ENÜ-UERA metediço. ERIMBAUÉ antigo.
ENÜ-UIRUPÉ submetido, posto em baixo. ERIMBAEYMA não antigo, modernamente.
ENÜ-XIRURA postas as calças, vestido. ERURE traz, imperativo irregular de rure, em
EPECUCA apalpado. lugar de rerure.
EPECUCASARA apalpador. -ETÁ, -ITÁ sufixo plural de aetá, aitá. Miraetá:
EPECUCASAUA apalpamento, apalpação. as gentes. Yuaetá: as plantas. Tauaetá: as tabas.
EPECUCAUARA apalpante. ETÉ, RETÉ muito, porção, quantidade. Mira-
EPECUCAUERA apalpadiço. eté: muita gente. Oca reté: muitas casas.
EPECUCAYMA não apalpado. ETÉ verdadeiro, próprio, mesmo. Cuá in-
EPENE lebre, Dasyprocta leptura. Casta de ti embayua, myra eté: esta não é embaúba,
pequeno mamífero intermédio entre o coe- é mesmo pau. Ixé tapyia eté: eu sou cabo-
lho e a lebre. Não é animal da mata; habi- clo verdadeiro; traduziriam, no Pará e em
ta as macegas baixas no limite dos campos, Manaus, por "Eu sou baré da gema".
preferindo os lugares secos e pedregosos. EUAKERI brincalhão, buliçoso.
EPOASU, EPOSU tosco, rombo. EUAKY conformado, ajeitado.
EPURUÃ prenhe. Opitá epuruã: ficou prenhe. EUAKYSARA ajeitador.
EPURUÃNGARA emprenhador. EUAKYSAUA ajeitamento.
EPURUÃNGAUA, EPURUÃSAUA prenhez. EUAKYUARA ajeitante.
EPURUÃUARA emprenhador, emprenhante. EUAKY-YMA não ajeitado.
EPURUÃUA a prenhe. EUASU, IUASU alto, difícil, grande.
EPURUÃUERA que fica facilmente prenhe. EUASUSAUA altura, dificuldade, grandeza.
EPURUÃ-YMA não prenhe. EUAUECA marulhado, balançado, embalado.
EPY origem, princípio, base, alicerce. Cé epy: EUAUECAPAUA marulho, marulhada.
minha origem. Cé soca epy: os alicerces de EUAUECAPORA marulhante.
minha casa. Epy catu: boa base, bons alicer- EUAUECASARA marulhador.
ces. Iané epy catu: nossa boa origem. EUAUECAYMA que não marulha.
EUYCAYMA

EUÉRUPE, EUERPE embaixo. Euérupe rupi: pa- EUOCA-TENDAUA desencovadouro.


ra baixo. EUOCAUA desencovado, a coisa ou o animal
EUERUPEPAUA abaixamento. que é desencovado.
EUERUPEUARA que é de baixo. EUOCAUARA desencovante.
EUEUÉ voo, especialmente dos pássaros. É a EUOCAYMA não desencovado.
onomatopeia do barulho que fazem as asas EUY, YUY terra. V. Yuy e comp.
no voo. EUYCA engasgado, sufocado, enforcado.
EUEUESARA voador. EUYCAPOCA o engasgado, o enforcado, o su-
EUEUESAUA VOO, ato de voar. focado.
EUEUEUARA voante. EUYCAPAUA engasgamento, enforcamento,
EUEUEYMA não voante. sufocação.
EUÍRE' ou, também. EUYCASARA engasgador, enforcador, sufo-
EUÍRE repetido, voltado. V. Iuíre e comp.
2
cador.
EUÍRE-EUÍRE viravolta. Paranã euíre-euíre: EUYCATAUA engasgadouro, enforcadouro,
viravoltas do rio. sufocadouro.
EUOCA desencovado. EUYCAUARA enforcante, engasgante, sufo-
EUOCASARA desencovador. cante.
EUOCASAUA desencovamento. EUYCAYMA não engasgado, sufocado, enfor-
cado.
I' ele, ela, seu, sua. Maiaué nhá ara, amu ara da nasalização tivesse um acento, sendo este
pucu rupi inti osasau i inharusaua, intiana que predomina nas adaptações.
ocemo inharusaua i suá suí: como naquele IA- prefixo pronominal da primeira pessoa
dia e todo o outro dia não passou a sua rai- do plural. Ia-sô: vamos. Ia-pitá: ficamos.
va, não saiu a raiva da sua cara. Ocica i mira Iané ia-munhã cury: nós faremos.
ramé: quando chega a gente dele. IÃ pequeno macaco, casta de Lêmure, Nycti-
I' algumas vezes se encontra escrito ei, com o pithecus felinus.
que talvez se procure reproduzir o som de i. IÁ fruta. V. Yuá.
I- prefixo, fazendo um único todo com a pa- IACA' enjoativo, asqueroso.
lavra que modifica, geralmente um adjeti- IACA' casta de fruta da forma de uma gran-
vo, que torna como que substantivo, fazen- de pinha; jaca.
do o ofício de artigo determinativo. Icatu: IACÁ jacá, casta de cofo grosseiramente teci-
o bom. Ipiranga: o vermelho. Mira icatu: a do com palha de palmeira.
gente boa; Mira catu: boa gente. IACACA casta de pássaro.
-i sufixo diminutivo correspondendo ao sufi- IACAEMAUA espantalho.
xo diminutivo -inho, -inha, ou outro seme- IACAEMO espantado.
lhante. Nas adaptações das palavras indíge- IACAEMOPORA espantadiço.
nas ao português se ouve pronunciar i, e se IACAEMOSARA espantador.
encontra escrito y. O sufixo -i, salvo o caso IACAEMOSAUA espantamento.
em que a palavra a modificar acabe em vogal IACAEMOTYUA espantadouro, lugar de es-
muda, porque então substitui pura e sim- panto.
plesmente esta, é aditado sem outra altera- IACAEMOUARA espantante.
ção. Cupu: casta de fruta; cupui: cupu peque- IACAEMOYMA não espantado.
no. Ingá: casta de fruta; ingai: ingá pequeno. IACAIACÁ casta de cedro, Cedrela brasiliensis.
Cuara: buraco; coari: buraquinho. Tacuara: IACAMARI casta de pássaro trepador.
casta de bambu; tacuari: taquarazinha, ta- IACAMAXIRI casta de beija-flor.
quari. O i, embora nasalizado com um som IACAMI jacamim, Psophia crepitans, e espécies
de im, deve ser pronunciado como se além afins. No Amazonas conheço três espécies.
!ACAREYUA

IACAMi CAÁ erva do jacamim. do e Amazonas, mas felizmente não mui-


IACAMI CUPÉ TINGA jacamim de costas to temível, atacando muito raramente o ho-
brancas. Encontra-se de preferência na mem, do qual em geral foge. Torna-se pe-
margem esquerda de Solimões, estenden- rigoso desde que chegue a provar da carne
do-se pelo Japurá, rio Negro, Branco e seus humana, porque então ataca. Uma velha
afluentes até as Guianas. lenda conta que é um jacaré que sustenta
IACAMI cuPÉ UNA jacamim de costas verde- o mundo, e que, quando cansado da posi-
-escuras quase pretas. Encontra-se de prefe- ção em que está, procura outra e, se mexe,
rência no baixo Amazonas, do Madeira para faz tremer o mundo. Por via disso o cha-
baixo e desce até o Pará. mam Jacaré tyrytyry manha: Jacaré mãe de
IACAMI CUPÉ YUA jacamim das costas terremoto.
cinzentas. Prefere a margem direita do IACARÉARÚ casta de lagarto.
Solimões e seus afluentes. IACARÉ CACAO casta de cacau silvestre mui-
IACAO, IACAU pelejado, disputado. to comum nos igapós do baixo Amazonas e
IACAO-RENDAUA lugar de peleja, lugar da que dá uma amêndoa pouco inferior às das
disputa. qualidades cultivadas.
IACAOSARA disputador, pelejador. IACARÉ-CESÁ' olhos de jacaré. Uma casta de
IACAOSAUA peleja, disputa. ostra fluviátil.
IACAOUÁ o pelejado, o disputado, o objeto da IACARÉ-CESÁ casta de cipó.
2

disputa, o objeto da peleja. IACARÉ-IATAUÁ jatobá do jacaré. Casta de ju-


IACAOUARA pelejante, disputante. taí da terra firme, família das Papilionáceas.
IACAOUERA que peleja, disputa facilmente. IACARÉ-IAPUNA forno-de-jacaré, nome da
IACAOYMA não disputado, não pelejado. flor da vitória-régia no baixo Amazonas.
IACAOYUA a causa, a razão da peleja, da No rio Negro a chamam Uaupé iapuna, e no
disputa. Solimões Piasoca iapuna, isto é, forno da ja-
IACAPANI casta de gavião, um açor muito çanã, provindo a divergência do nome di-
bravo e atrevido. ferente que nas diversas localidades dão ao
IACAPUCA penteado. mesmo pássaro, que no baixo Amazonas e
IACAPUCASARA penteador. Pará chamam iasanã.
IACAPUCASAUA penteadura. IACARÉ-KISAUA maqueira de jacaré. Casta
IACAPUCATYUA lugar de pentear. de cipó que cresce nos igapós.
IACAPUCAUÁ penteado, toucado. IACARÉ RAUA rabo de jacaré. Casta de cactus
IACAPUCAUARA penteante. epífito, que é usado como emplastro para re-
IACAPUCA-YMA não penteado. solver tumores e inchações, especialmente
IACARAI, IACARAiN arranhado, coçado. V de origem traumática.
Coraen. IACARÉ-TINGA jacaré branco, jacaretinga,
IACARANDÁ jacarandá, nome comum a cer- Crocodilus a/bus. Das várias espécies de ja-
tas espécies de Leguminosas que dão ma- carés que vivem no Amazonas, esta é a mais
deira forte e resistente usadas em obras de pequena. A sua carne não tem o fedor da do
marcenaria, com especialidade para mó- jacaré comum e para muitos é um petisco
veis, desde os tempos coloniais. apreciado. Para mim é apenas suportável.
IACARANDÁ PIRANGA jacarandá vermelho. IACARÉTYUA, IACARÉTÁUA terra de jacarés.
IACARANDÁ-UNA jacarandá preto. Jacaretuba, jacaretaba.
IACARATIÁ mamão, a fruta da Carica pa- IACAREUNA jacaré preto. Jacareúna.
paya. IACARÉ-UASU jacaré grande.
IACARATINGA jacará branco, árvore da terra IACAREYUA jacareúba, Colophyllum brasi-
firme, que dá uma boa madeira para mar- liense. Árvore de alto porte que cresce de
cenaria. preferência na vargem alta e atinge bonitas
IACARÉ jacaré, grosso sáurio do gênero Cro- dimensões. É utilizada em obras de marce-
codilus sclerops. É muito comum em to- naria e para casco e falcas de canoas.
IACAU

IACAU admoestar, repreender. IACUMÃ-UARA que pertence ao leme. Tupa-


IACAUPORA quem é admoestado e repreen- xama iacumã-uara: a corda do leme.
dido. IACUMÃYUA piloto.
IACAUSARA quem repreende, admoesta. IACUNDÁ jacundá, Crenicichla, casta de pei-
IACAUSAUA repreensão, admoestação. xe que não atinge grandes dimensões.
IACAUTYUA lugar de admoestação, repreen- IACURU casta de cobra.
são. IACURUARA casta de lagarto.
IACAUUARA que é repreendido ou repreen- IACURUARU' jacuruaru, grosso sáurio, come-
de, admoesta. dor de ovos e pintos. Por extensão, comedor
IACAUUERA repreensível, admoestável. de ovos. É o nome com que me tenho ouvido
IACAUYMA que não se repreende, admoesta. chamar mais de uma vez, quando insis-
IACAUYUA a causa da admoestação, da re- tia com as donas de casa para que me ven-
preensão. dessem os ovos, e elas se defendiam porque
IACEE fruta doce. Melancia. queriam fazê-los chocar: Iacuruaru será in-
IACINA libélula, jacina. dé?: És tu jacuruaru? Indé iacuruaru puxi
IACITARA jacitara, várias espécies de Des- pire: tu és pior do que jacuruaru.
moncus, casta de palmeiras de caule sarmen- IACURUARU' casta de arbusto.
toso, mais ou menos espinhoso, segundo as IACURUTU' jacurutu, casta de iguano.
variedades, que têm o porte de um cipó. A IACURUTU' casta de mocho, variedade de
jacitara é empregada para tecer tipitis, uatu- Strix, Bubo crassirostris.
rás, balaios, peneiras etc. Sempre que se pre- IACUTINGA nome do cujubim, no Sul. V
cisa de maior resistência e duração, é prefe- Cuiuml.
rida às fasquias de qualquer outra planta. IACUY embarreado, enchido o taipuma com
IACU' esperto, apercebido, cuidadoso. terra.
IACU jacu, casta de Penelops muito comum.
2
IACUYCUERA que já serviu para embarrear.
No Amazonas há pelo menos duas varieda- IACUYMA, IACUAYMA tolo.
des, ambas com as costas verde-escuras, sal- IACUYMAUERA toleirão.
picadas de branco mais ou menos puro; mas IACUYPAUA embarreamento.
uma, a maior, com as partes nuas do pes- IACUYSARA embarreador.
coço avermelhadas, a outra, pouco menor, IACUYUARA embarreante, que serve para
com as mesmas partes nuas do pescoço ar- embarrear.
roxeadas. A dúvida que pudessem ser dife- IACUYUERA mau embarreador.
renças sexuais me foi tirada do fato de ter IACUY - YMA não embarreado.
encontrado indivíduos de ambos os sexos IAIKÉ mato emaranhado, denso.
em ambas as variedades. IAITYUA lugar de mato cerrado, emaranhado.
IACUA o esperto, o ladino. IAIUÉ lacrimoso.
IACUACÃN casta de cobra. IAIUÉPÁUA lagrimação.
IACUAETÉ, IACUETÉ muito esperto, muito IAIUÉPÓRA lagrimejador; chorão.
atilado. IAIUÉUÁ lágrima.
IACUAETÉ-YMA ignorantíssimo, estúpido. IAIUMANA lutado, atracado.
IACUAETÉ- YMASAUA estupidez, ignorância IAIUMANASARA lutador.
grande. IA!UMANASAUA luta.
IACUAYMA tolo, louco, ignorante. IAIUMANATYUA lugar de luta.
IACUAYMASARA endoidecedor, atoleimador. IAIUMANAUARA lutante.
IACUAYMASAUA tolice, loucura, ignorância. IAIÚRA pescoço. Munuca iaiúra: cortar o
IACUETÉPÓRA sagacíssimo. pescoço, degolar.
IACUETÉSÁUA sagacidade. IAIÚRA-MUNUCASARA Cortador de pescoço.
IACUMÃ leme. IAIÚRA-MUNUCASAUA degolação.
IACUMÃ-IYUA cana do leme. IAIÚRAPÓRA colar. É o mais comezinho dos
IACUMÃ-TYUA lugar do leme. ornamentos indígenas, de uso diário e co-
IAMARACARU

mum, tanto para os homens como para as IAKYRANA-MBOIA cobra-cigarra. Jaquirana-


mulheres, embora os daqueles superem boia, Fulgura lanternaria. Um pobre inse-
sempre os destas em qualidade e quantida- to caluniado como muito perigoso por ser
de. Os colares dos homens, que para os guer- a sua ferroada venenosíssima, quando não
reiros eram feitos de dentes tirados aos ven- é senão uma inócua cigarra. Apesar disso,
cidos, intermeados de dentes de onça, hoje e porque tenho sempre encontrado no in-
são raríssimos; eles se contentam em geral dígena um exímio observador da natureza,
com dentes de onça, queixada e mesmo de se foi ele que lhe deu o nome e lhe fez a fa-
macaco e caititu, acompanhados e comple- ma de que goza, alguma razão deve haver. A
tados com enfiadas de frutas. Os colares das iakyrana, como cigarra que é, tem uma es-
mulheres são pelo contrário de frutas. Hoje pécie de ferrão por meio do qual se nutre,
em dia, todavia, as mulheres preferem aos fincando-o na casca das árvores, especial-
colares de frutas os de miçanga, e as cores mente dos ramos novos, para sugar-lhes a
preferidas são branca, preta ou azul-ferrete- seiva. Este ferrão, todavia, quando o animal
-escuro. As outras cores têm pouca aceita- está em repouso ou voa, e dele não se ser-
ção. Tenho visto mais de uma vez, por mos ve para a sucção, fica recolhido ao longo do
terem mostrado como coisas preciosas, pe- ventre e não parece que com ele possa ferrar
quenos sacos de tururi com centenas de co- ninguém, mesmo no caso de vir o inseto a
lares de dentes destinados a serem distribuí- bater sobre alguma parte descoberta do cor-
dos para enfeites nos dias de festa, mas muito po. Se o pudesse fazer, porém, então talvez
raramente os tenho podido obter. A razão é poder-se-ia ter uma explicação do nome e
que tais ornamentos não são propriedade do da má fama. Seria fazer a hipótese de ter-se
chefe, são propriedade da maloca. a jaquiranaboia nutrido do sumo de alguma
IAIÚRA-ITÁ pedra do pescoço. Pedra roliça planta venenosa (e há abundância destas na
que os chefes no Uaupés trazem ao pesco- floresta), e de ter vindo nesta condição bater
ço. V Itá tuixaua. contra alguém, ferrando-o com o ferrão en-
IAIURAUARA que é do pescoço, serve para o venenado: hipótese que apesar de tudo não
pescoço. Pana iaiurauara: lenço do pescoço. parece admissível.
IAIURAUERA pescoçudo. IAKYRARA aborto.
IAKE espichado, estirado. IAKYRARE abortado.
IAKESARA espichador, estirador. IAKYRARESARA abortador, que faz abortar.
IAKESAUA espichamento, esticamento. Amotyua iakyraresara: abutua abortadora.
IAKEUARA espichante, esticante. IAKYRARESAUA abortamento.
IAKEYMA frouxo, não esticado. IAKYRARETÉUA abortável.
IAKI irrequieto, buliçoso. V Iuaki e comp. IAKYRARETYUA lugar do aborto, abortadouro.
IAKY' grilo. IAKYRAREUARA abortante, que aborta, abor-
IAKY' secado, estiolado. tivo.
IAKYME, IAKYYMA orvalhado, umedecido. IAKYRAREUERA abortadeira.
IAKYMEPORA cheio de orvalho. IAKYRAUA imaturidade.
IAKYMESARA orvalhador. IAKYTYUA secadouro, lugar de estiolagem.
IAKYMESAUA orvalhamento. IAKYUA seco, estiolado.
IAKYMEUÁ orvalho. IAKYUARA secante, estiolante.
IAKYPAUA secagem, estiolamento. IAKYUERA secadiço.
IAKYPORA estiolante, secante. IAKYYMA, IAKYME não seco, não estiolado,
IAKYRA verde, tanto a cor como, no figurado, úmido, orvalhado.
o animal ou a fruta ainda novos, verdes. Yá IAMACÁ casta de gálbula.
iakira: fruta verde. Cunhantãin iakyra: me- IAMACÃi casta de gálbula menor do que a
nina verde, nova. Caá iakyra: mata verde. anterior.
IAKYRANA falso grilo. Casta de cigarra e de IAMARACARU jamaracaru, grande cacto es-
falena. pinhoso, Cactus cereus, e afins. A espécie
IAMARU

que cresce espontânea nos campos pro- IANDAÍRA mel da abelha jandaia. Algumas
duz uma espécie de drupa ou figo comes- vezes se designa com este nome a própria
tível, que, embora tenha a fama de refrige- abelha e então para designar o mel dizem:
rante, é deixado aos papagaios e periquitos. Iandaíra-ira.
Tanto este como as espécies afins cultivadas !ANDARA meio-dia. Martius traduz jantar e
com o mesmo nome são muito usadas na dá a palavra como corrupção do português.
Medicina indígena para fazerem lambedo- A coincidência do jantar do meio-dia, cor-
res para cura das afecções dos órgãos res- rente ao tempo em que Martius esteve aqui,
piratórios. parece tê-lo feito acreditar nisso. Para mim
IAMARU jamaru, a fruta de uma casta de co- é apenas uma forma, com significação espe-
loquíntide; a cabaça feita desta mesma fruta cial e própria da saudação iané ara ou ian-
depois de limpa da polpa interna. dé ara, que exatamente substitui o iané coe-
IAMARUYUA jamaruzeiro, a coloquíntide que ma ao meio-dia.
dáo jamaru. IANDÉ, IANÉ nós, nosso, nossa. Iané iacica
IAMASI jamaxi, casta de paneiro própria pa- cury-mírl: nós chegamos já. lané ramunha-
ra ser levada às costas por meio de atilhos, e -itá: nossos avós.
em que o indígena carrega seus teres. IANDIÁ jandiá, várias espécies de peixes de
IAMBU jambu, planta da família das Com- pele, do gênero Platystoma e afins.
postas. A folha é usada na cozinha indígena IANDIATYUA terra de jandiás. Jandiatuba.
para misturar com a carne cozida em tucu- IANDIÁ-YUA jandiaúba, árvore que cresce
pi, como substitutivo da folha de mandioca. nas vargens altas dos rios e igarapés, e cuja
IAMBUASU casta de jambu de grandes folhas. fruta serve de isca aos jandiás. É árvore de
IAMBURANA falso jambu. Jamburana. alto porte, embora não muito copada. A sua
IAMBURANDI jaborandi, planta da mata vir- madeira, embora pareça própria para obras
gem. O azeite que dela se extrai é utilizado de marcenaria, não sei que seja usada.
para fricções na cura do reumatismo. IANDU aranha.
IAMi espremido. IANDUACY casta de grossa Mygale.
IAMi-IAMi espremidíssimo. IANDUi aranhazinha
IAMISARA espremedor. IANDU-MIRi aranha pequena.
IUMISAUA espremedura. IANDU-PÉUA aranha chata. Casta de lacrau.
IAMITYUA espremedouro. IANDU KYSAUA teia de aranha; lit.: rede de
IAMIUA o espremido. dormir da aranha.
IAMIUARA espremente. IANDU-SUPIÁ-KYSAUA rede dos ovos de ara-
IAMIUERA espremediço. nha. O saco em que se encontram envolvi-
IAMiYMA não espremido. dos os ovos de certas espécies de aranhas,
IAMUNERA mênstruo. que o inseto leva consigo, e mais raramente
IAMUNERARA, IAMUNDERARA menstruada. abandona seguro nalgum suporte.
IAMUTINGA entrudado. V. Iumutinga e comp. IANDY óleo, azeite vegetal; qualquer substân-
IANA corre, imperativo irregular de nhana. cia oleosa de proveniência vegetal.
IANAMÃ, ANAMÃ espesso, denso, grosso, fa- IANDY ASUÍUÁRA azeite-doce; lit. azeite da
lando de líquidos. outra banda.
IANÃMBÁ leite vegetal que se extrai de uma IANDY CARYUA santos óleos, crisma.
árvore da margem dos rios e que se afirma !ANDY CARYUA RERU âmbula dos santos
comestível. óleos.
IANAUÍ casta de pequeno quadrúpede. IANDYRAUA azeite amargo. Andiroba.
IANDAIA' jandaia, nome dado a um mara- IANDYRAUA-YUA andirobeira.
canã. IANÉ ARA nom dia; lit. nosso dia. Forma de
IANDAIA' nome dado a um anambé. saudação que se começa a dar do meio-dia
IANDAIA3 nome dado a casta de abelha, tam- em diante. De manhã se diz iané coema. De
bém chamada jandaíra. tarde, quando o sol já baixo está para deitar-
IAPÔ

-se, se usa iané caaruca. Depois do sol posto IAPARAPORA entortante, que se entorta.
e pela noite adiante, quando alguém se des- IAPARASARA entortador, que entorta.
pede, iané pituna. O saudado, em qualquer IAPARATAUA lugar esquerdo, de entorta-
caso, responde iandaué, forma contraída de mento.
indé (tu) e iaué (o mesmo); o que equivale IAPARAYMA não entortado, não esquerdo.
a boa-manhã, boa-tarde, boa-noite, a que se IAPATUCA embrulhado. V. Patuca e comp.
responde "o mesmo para ti''. IAPATUCA-YMA desembaraçado.
IANEMBAE o nosso, a nossa coisa. IAPATUCAYMA-SAUA desembaraço.
IANERA janela (corrup. do português). IAPÉCÁNGA japecanga. V. Ipecacuana.
IANGAISAUA magreza. IAPECUA' abano. V. Tapecua e comp.
IANGAIUARA magra. IAPECUA' casta de cacto.
IANTi frente, proa da canoa ou de outra qual- IAPEPU panela.
quer embarcação. IAPEYUA lenha cortada para queimar (Ja-
IANTIGARA proeiro, o que é da frente. purá).
IANTIGAUA o lugar da proa. IAPi japim, Cacicus. O mais comum no Ama-
IANTii zagaia, bidente farpado, que serve na zonas é o preto, com os encontros, as costas
pesca ao pajé para fisgar o peixe surpreendi- e o uropígio amarelo, e é este que se chama
do a dormir nos baixios de águas límpidas. correntemente japim sem outros adjetivos.
V. Paié ityca e Pirakyra. A outra espécie, iapi piranga, japim verme-
IANTii-YUA haste da zagaia, haste de madei- lho, Cacicus haemorrhous, com os encontros,
ra rija e elástica, do comprimento máximo dorso e uropígio vermelho-sangue, é muito
de dois metros, geralmente menos, da gros- mais raro. Muito sociável, vive em colônias,
sura de um dedo. pendurando os ninhos em forma de longas
IANTII-UARA zagaiador. bolsas arredondadas aos galhos das maiores
IANTIN-YUA proeiro, o remeiro que vem na árvores da floresta, preferindo os que têm ca-
proa e de cuja habilidade depende, tanto sa de caba, garantindo-se assim uma boa de-
quanto do piloto, a manobra nas cachoeiras. fesa. Má carne, é pouco molestado pelo ho-
IAPA ombro. mem. Por causa disso, o amarelo aqui no
IAPÁ toldo movediço feito de dois panos li- Norte não trepida em fazer seus ninhos em
geiramente tecidos de folhas de palmeira, árvores perto das casas e mesmo dentro das
entre os quais é posto um estrado de folha habitações. É suficiente para isso que encon-
de arumã, pacova soro roca ou mesmo paco- tre uma árvore que apresente a necessária
va cultivada, para abrigar a carga na canoa. distribuição de galhos, porque, na hipótese,
IAPACANI japacani, águia, gavião-real, Spi- dispensa as cabas.
zastur tyrannus. O mais bravo dos rapaces IAPICICANA o que foi preso, o prisioneiro de
amazonenses. guerra.
IAPACANY erva cheirosa usada para as mu- IAPINA cortar os cabelos rente, à escovinha.
lheres se lavarem depois do parto e para o IAPIXAI crespo, encarapinhado.
primeiro banho das donzelas chegadas à IAPI OCA casa de japim. Casta de cipó, de que
puberdade, e dado logo em seguida ao pri- o japim se serve para tecer seu ninho.
meiro mênstruo. Se lhe atribui a virtude de IAPÔ japu, casta de pássaro da família dos
regularizar os mênstruos e de tornar prolí- Ictéridas. Maior do que o japim, com que
fica a moça. muito se parece, tanto no seu todo como
IAPANA casta de erva de cheiro, muito usa- na distribuição das cores. Vive ele também
da no Solimões para as mulheres lavarem os em colônias, tecendo longas bolsas pendu-
cabelos e torná-los macios e lustrosos. radas aos ramos dos maiores gigantes da
IAPARA entortado, esquerdo. Pô iapara: mão floresta, mas nunca o tenho visto pôr seus
esquerda. Paranã oiapara: o rio se entorta. ninhos em árvores próximas das habita-
IAPARANDI casta de arbusto, das Mirtáceas. ções. O japu, logo acabada a incubação, sai
IAPARAPAUA entortamento. de manhã, em bando, em procura de co-
IAPOÃ, IAPUÃ, AIAPUÃ

mida e só volta à noite para o pouso - lo- IAPUCUAUUERA juntadiço.


cal onde nidificara, que abandona muito IAPUCUAUYMA não junto, solto.
dificilmente, continuando anos e anos se- IAPUCUAUYUA o que junta, a razão da junção.
guidos no mesmo lugar. Por onde o ban- IAPUCUI remado. Iasoana, iaiapucui kyrim-
do do japus passa, nada fica. Tudo conso- bau!: Vamos, rememos com força!
mem, nada deixam atrás. São os maiores IAPUCUISARA remador, remeiro.
inimigos não só das frutas e dos insetos, IAPUCUISAUA remada.
mas também de ovos e ninhos, e o dano IAPUCUITÁ remo.
que produzem só é comparável com o de IAPUCUITARA remeiro.
um bando de macacos. IAPUCUITAUA remadouro, lugar de onde se
IAPOÃ, IAPUÃ, AIAPUÃ redondo, circular. rema, banco.
IAPOÃPAUA rotundidade, círculo. IAPUCUITAYUA cabo do remo. O iapucuitá é o
IAPOÃSARA arredondador. remo de mão, feito de um cabo mais ou me-
IAPOASU japu grande. Japuaçu, casta de nos comprido, variando entre a grossura de
Ostinops que vive aos casais e que somen- um cabo de vassoura e um cabo de machado,
te em seguida à incubação se encontra em com uma cômoda empunhadura de um la-
pequenas famílias que se dispersam logo. do e do outro uma larga pá chata, oval ou re-
A cor geral do pássaro, do tamanho de um donda, de largura e tamanho variável, e que,
pombo, é verde-amarelo-escuro com man - imersa, é destinada a provocar a resistência
chas amarelo-ferruginosas, o bico bruno da água. A forma do remo é muito variável
com a ponta vermelha cor de cinábrio. de tribo a tribo, mas na mesma tribo variara-
Segundo a lenda, o bico ficou vermelho pe- ramente, pelo que, em muitos casos, a forma
lo sinal que lhe ficou da sua ida ao sol, de do remo diz a tribo a que pertence o dono.
onde trouxe o fogo para a terra. Antes, na IAPUi desfiado.
terra, não havia fogo. É o Prometeu indíge- IAPUIPAUA desfiamento.
na, e já me foi explicado que não foi o japua- IAPUIPORA desfiante, que se desfia.
çu que foi furtar o fogo no sol, mas um pa- IAPUISARA desfiador.
jé, que, por punição, foi mudado em japu, IAPUITAUA desfiadouro.
ficando-lhe o bico vermelho como sinal da IAPUIUERA desfiadiço.
causa da sua metamorfose. IAPUIYMA não desfiado.
IAPOÃYMA não redondo. IAPUNA forno para torrar a farinha de man-
IAPOTi suspenso, atado, preso. dioca. É uma vasilha de barro de forma re-
IAPOTISARA suspensor. donda, que varia de um a dois palmos até
IAPOTISAUA suspensão. mais de metro de diâmetro, com um rebor-
IAPOTI-RENDAUA lugar de suspensão. do que, de acordo com a largura, também
IAPOTIUÁ o preso, o atado, o suspenso. varia de três a sete ou oito dedos, sem testo.
IAPOTiUARA suspendente, atante. Os pequenos, que mais propriamente ser-
IAPOTIYUA atilho, presilha, suspensório. vem para preparar o beiju de uso diário, são
IAPUCUÁ junto, unido. aquentados montados pura e simplesmente
IAPUCUÁRI amarrado. na itá curua, a trempe indígena; os maiores,
IAPUCUARISARA amarrador. sobre uma armação também de barro, feita
IAPUCUARISAUA amarração. de modo a formar fornalha e permitir que
IAPUCUARITYUA amarradouro. embaixo se acenda o fogo necessário para
IAPUCUARIUARA amarrante. aquentá-los. Para operar, depois de conve-
IAPUCUARIYUA amarrilho. nientemente aquecido o forno, a forneira lhe
IAPUCUAUSARA juntador. vai pondo a pouco e pouco a massa da man-
IAPUCUAUSAUA junção. dioca ralada e espremida no tipiti, disten-
IAPUCUAUTÉUA juntável. dendo-a e remexendo-a rapidamente com a
IAPUCUAUTYUA juntadouro. pá, para impedir que se agrume, e obter que
IAPUCUAUUARA juntante. cozinhe toda por igual. Nisso está a habili-
IARACATIÁ

dade da forneira, que deve saber moderar o bado do lado contrário da embocadura por
fogo para impedir que a fornada queime, e um alargamento em forma de trompa, feito
conservá-lo bastante ativo para, secando li- de um tecido de arumã, coberto de cerol.
geiro, evitar os grumos e conseguir uma fa- IAPURUCI casta de caracol.
rinha fina, dura e convenientemente torrada IAPUSACA abalado, sacudido. Inti xapaca ra-
para poder durar muito tempo empanei- mé, reiapusaca ce makira: se não acordar,
rada. Hoje o iapuna de barro é substituído sacode a minha rede.
em muitos lugares por fornos de ferro ou de IAPUSACASARA sacudidor, abalador.
cobre. As forneiras que já usaram dos for- IAPUSACASAUA sacudidela, abalamento.
nos de barro, todavia, não gostam da subs- IAPUSACAUÁ abalo.
tituição, porque além do maior incômodo IAPUSACAUARA abalante, sacudinte.
que lhes dá durante a torração o maior calor, IAPUSACAYMA não abalado, não sacudido.
acontece que nos fornos de ferro ou cobre IAPY lançado, jogado.
a menor desatenção pode fazer queimar a IAPY-IAPY arremessado; jogada rapidamente
fornada, e porque nunca dão, afirmam elas, uma coisa atrás da outra.
uma farinha tão bem torrada, solta e gosto- IAPY ITÁ apedrejado, lançado pedra.
sa como a que se obtém nos fornos de barro. IAPY-RECÉ lançado contra.
IAPUNA MUNHANGARA fazedor de fornos. IAPY-SARA lançador.
É trabalho de mulheres, como aliás o é a fa- IAPY-SAUA lançamento.
bricação de todo o vasilhame de uso. Os for- IAPY-TYUA lançadouro.
nos pequenos não apresentam nada de espe- IAPY-UARA lançante.
cial; são preparados e cozidos como todas as IAPY-UERA lançável.
outras espécies de vasilhas. Os fornos gran- IAPY-YMA não lançado.
des, para que não quebrem, são preparados IAPYSÁ' orelhudo.
e cozidos no mesmo lugar onde devem ser- IAPYSÁ escutado.
2

vir. Começam preparando a fornalha da al- IAPYSÁ-CANHEMO ensurdecido.


tura que chegue ao ventre da forneira e de ta- IAPYSACÁRI espiado, escutado com atenção.
manho conveniente, em forma de cone, com IAPYSACÁRI-SARA espião.
uma abertura, por onde deve ser introduzi- IAPYSACÁRI-SAUA espionagem.
da a lenha rente ao chão, e um ou dois furos IAPYSASARA escutador.
no alto, por onde deve sair a fumaça. Pronta a IAPYSASAUA escuta.
fornalha, a cobrem com um estrado de varas, IAPYSAUARA escutante.
sobre que espalmam um pouco de terra pa- IAPYSAUERA escutadiço.
ra obter superfície igual. Feito isso, a forneira IAPYSÁ-YMA que não escuta; sem orelhas,
começa a construir o forno do centro, desen- sem ouvido; doidivanas. Curumitá iapysa-
volvendo em espiral e aplicando sobre o es- yma rafn: meninos sem juízo, que ainda
trado umas tiras da terra adrede escolhida e não escutam.
preparada por longa manipulação e a mistura IAPYXÁ acutilado.
de caraipé conveniente, obtendo a adesão ne- IAPYXARA acutilador.
cessária pela pressão dos dedos e água; e vai IAPYXAUA cutilada.
assim continuando até chegar a toda a largu- IAPYXAUARA acutilante.
ra da fornalha, fazendo, aí chegada, a borda IAPYXÁ-YMA não acutilado.
do forno. Isto feito, com um pedaço de cuia IARA dono, senhor. Iané iara: nosso senhor.
e água, toda a superfície de forno é alisada e Ixé iara: eu sou o dono. Auá iara?: quem
tornada homogênea e, deixado alguns dias é o dono? Opafn maá iara: dono de todas
para secar, é queimado e pronto para servir. as coisas.
IAPUOCA casa de japu. Casta de cipó. IARÁ jará, casta de palmeira, Leopoldina
IAPURU casta de concha fluvial. pulchra.
IAPURUTU pífaro feito de um estipe de jupati, IARACATIÁ casta de planta de flor rósea, que
de dois ou três palmos de comprimento, aca- cresce nas praias.
IARAKI

IARAKI jaraqui, Pacu nigricans, casta de IARU zangado, irritado. V. Inharu e comp.
peixe de escama, muito espinhento, que IARUCA diminuído, minguado, desinchado,
aparece em grandes cardumes procurando subtraído. Iacy iaruca: lua minguante. Cé
as cabeceiras dos rios no tempo da desova, papasaua reiaruca cuá uy ireru-itá: dimi-
nos últimos dias da enchente, prenúncio de nuis da minha conta estes paneiros de fari-
vazante; reaparece nos últimos dias dava- nha. Cé pó oiaruca xinga: a minha mão de-
zante, anunciando a enchente. sinchou um pouco.
IARAPA jalapa, Piptostegia Pisonis. É planta IARUCASARA diminuidor, subtrator.
de raiz purgativa assaz conhecida. IARUCASAUA diminuição, subtração.
JARARACA jararaca, Cophias atrox e afins, IARUCAUARA minguante, diminuinte.
casta de serpente venenosíssima. IARUCA-YMA não diminuído, não subtraído.
IARARAcusu jararaca grande. Jararacuçu, IARUCANGA costela.
casta de Cophias. IASAEN, IASAE que se espalhou. V. Saen e
IARARACA-PÉUA jararaca chata, casta de Co- comp.
phias. IASAI, IASAIN que se estendeu. V. Saln e
IARARACA-TAIÁ tajá de jararaca, casta de comp.
Caladium, cujo pecíolo imita a pele da ja- IASANÁ casta de Rallidas. Nome que no bai-
raraca, com uma espécie de reticulado es- xo Amazonas e no Pará dão à parra jaçanã,
camoso amarelo e preto, de um mimetismo que no Solimões chamam piasoca e, no rio
surpreendente e que não deixa de ser perigo- Negro, uaupé e uapé.
so, visto que se afirma que a jararaca gosta de IASAPi casta de capim dos campos de Marajá.
habitar as touças deste tajá. IASAUA vau, passagem.
IARARACA-TINGA jararaca-branca, casta de IASAUATAUA, IASAUPAUA ponte.
Cophias. IASUCAUA banheira.
IARAUÁ casta de planta que fornece uma fi- IATÁ jatá, casta de palmeira, coco.
bra têxtil. IATAi' jataí, casta de palmeira, variedade me-
IARÁ-UCU, IARÁ-URUCU jará vermelho, cas- nor do que a anterior.
ta de Leopoldínia (palmeira). IATÉ ligeiro, ativo, ladino.
IARÁ-UNA jará-preto, casta de Leopoldínia IATÉSÁRA que dá ligeireza, atividade.
(palmeira). IATÉSÁUA ligeireza, atividade.
IARA-YMA sem dono, que não tem dono. IATÉ-YMA não ligeiro, não ativo, pigro, es-
IARE recebido, aceito. túpido.
IAREPAUA recebimento. IATÉ-YMA-SAUA estupidez, lentidão.
IAREPORA recebente. IATICÜ pendurado, suspenso. Rerure cé my-
IARESARA recebedor. rapara oiaticü oicô auá oca itapoã kiti: traz
IAREYMA não recebido. o meu arco que está pendurado no prego da
IÁRI unido, juntado, encostado. casa.
IARICY faceiro. IATICÜ-SARA pendurador, suspensor.
IARICYPORA que se enfaceira ou faz enfa- IATICÜ-SAUA suspensão.
ceirar. IATICÜ-TYUA lugar de suspensão, onde se
IARICYSAUA faceirice. pendura.
IARICY-YMA severo, que não se enfaceira. IATICÜ-UARA suspendente.
IARISARA juntador, unidor, encostador; IATICÜ-YMA não suspenso, pendurado.
quem faz unir, juntar, encostar. IATIMÃ' volta, curva. Paraná iatimã: volta
IARISAUA junção, união. do rio.
IARITYUA juntadouro, lugar de encosto, de IATIMÃ rodeado.
2

união. IATIMÃ IARA dono do rodeio, chefe.


IARIUARA juntante, encostante, uniente. ITATIMANA envolvido.
IARIYMA não junto, não encostado, não IATIMANASARA envolvedor.
unido. IATIMANASAUA envolvimento.
IAUARA ICYCA

IATIMANAUÁ envoltório. uma algazarra que nem sempre acaba com


IATIMANAUARA envolvente. o primeiro tiro de espingarda. A pele, em-
LATIMANAYMA não envolvido. bora não dê uma peliça tão fina como a das
IATIMÃSARA rodeador. espécies que vivem em climas mais frios,
IATIMÃSAUA rodeio, rodeamento. não é todavia para desprezar; as poucas
IATIMÃTAUA rodeadouro. que aparecem no mercado são logo vendi-
IATIMÃUARA rodeante. das e já não se veem, como ainda há pouco
IATIMÃYMA não envolvido. se viam, cadeiras e bancos com assentos de
IATIMBOCA carrapato. pele de lontra, honra que esta divide com o
IATIMU embalado. peito de jacaré.
IATIMUSARA embalador. IAUACACA as quatro estrelas maiores de
2

IATIMUSAUA embalo. Órion, que com Sirius figuram, conforme a


IATIMUUARA embalante. astronomia indígena, as lontras que estão em
IATIRE elevado. V. Eatire. volta do mocaentaua. V. Mocaentaua.
IATIÚCA carrapato. IAUACATI ave, casta de alcião.
IATUAÚUA jatuaúba. A fruta dá em cachos IAUACUARA, IAUAUCUARA lugar de refúgio,
como a uva. Martius, citando Cerqueira, in- quilombo. O lugar onde se refugiavam os
forma que a raiz é usada como purgante pa- fugidos do cativeiro.
ra cura da esterilidade das mulheres. IAUAÉ bravo, arrogante.
IATUCA curto, breve, baixo. IAUAETÉ feroz, terrível, espantoso.
IATUCÁ jogado fora, lançado V. Iatycá. IAUAETÉ MANHA aterrador, espantador.
IATUCANA muito curto, baixo. IAUAETÉ PORA espantado, aterrorizado.
IATYCÁ i. arpão. 2. arpoado. IAUAETÉ-SAUA espanto, terror.
IATYCÁ-IARA arpoador muito hábil. IAUAETÉ-RANA espantalho.
IATYCÁSÁRA arpoador. IAUAETÉUÉRA espantadiço.
IATYCÁSÁUA arpoada. IAUAETÉ-YMA não feroz, não terrível.
IATYCÁTYUA arpoadouro. IAUAPERI, IAUAPIRI cachorro-do-campo, Ca-
IATYCAUA o que é arpoado. nis azarae, muito comum no Sul do país. No
IATYCÁUÁRA arpoante. Amazonas, conforme me foi dito mais de
IATYCÁXÁMA corda do arpão. uma vez, aparece em pequenos bandos nos
IATYCÁYMA não arpoado. descampados da margem direita do Soli-
IATYCÁYUA haste do arpão. mões, fato que nunca verifiquei. Noto o no-
IATYI furúnculo. me, porque é na sua forma puro nheengatu,
IATYI-AYUA antraz. tanto que há um afluente do rio Negro com
IATYI-PORA furunculoso. este nome, e é o nome com que é conhecida
IATYI-UARA furuncular. uma das tribos que o habitam, com a coinci-
IATYMA, IATEYMA ociosidade, preguiça. dência de ser ela proveniente dos campos do
IATYMA MANHA preguiçoso, ocioso. Orinoco, onde já esteve aldeada com o nome
IATYNA ombro. de Kerixana, o que, além de tudo, explica os
IATYÚCA bicho dos pés. V. Tombyra. terem chamado cachorros-do-campo.
IAÚ jaú, casta de ave noturna. IAUARA cachorro.
IAUACACA' lontra, Lutra brasiliensis. Habita IAUARA CAUA caba de cachorro. Casta de ca-
a margem do rio, onde vive em buracos es- ba, que tem um ferrão muito respeitável.
cavados por ela mesma nas touças, ou de- IAUARA KINHA pimenta de cachorro.
baixo das raízes das árvores ribeirinhas. O IAUARA KYUA piolho, pulga de cachorro.
nome é a onomatopeia do grito. Pouco aris- IAUARA ICYCA resina de cachorro. A resina
ca, embora já não se encontre perto das ha- de que se servem para vidrar as panelas pa-
bitações, não é raro vê-la acompanhar por ra torná-las impermeáveis. O verniz, que é
breve trato as canoas que transitam nos lu- dado a quente, não se derrete senão quan-
gares que habita, nadando e gritando com do o fogo é muito forte e a panela fica seca.

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IAUARA NAMI

IAUARA NAMI orelha de cachorro. Casta de tal e a que atribuem a propriedade de tornar
fruta do igapó. feliz nos amores.
IAUARA-PERI erva de cachorro; a que ele IAUARI javari, palmeira de espique espinho-
procura e come quando adoentado. so, que cresce à margem dos rios e lagos,
IAUARAPÉUA cão miúdo, rasteiro. Nome que preferindo os igapós e margens baixas,
é também dado em algum lugar à lontra; Astrocaryum javary. Das folhas se extrai
neste sentido, é tupi. uma fibra assaz resistente, de que os Ipurinas
IAUARA-PYPORA pegadas de cachorro. do rio Purus tecem suas redes de dormir.
IAUARASU lobo, Canis jubatus. A fruta, que amadurece com as primeiras
IAUARETÉ onça, Felix jaguar. Belo felino de águas da enchente, é comida muito procura-
pelo fulvo-amarelo-claro e ventre bran- da pelos tambaquis. Do espique se fazem es-
co, de manchas fulvo-escuras em forma tacas, mas de não muita duração.
de anel ou rosetas irregulares, muito co- IAUARUNA jaguaruna; cão preto, onça preta.
mum. O nome de onça lhe foi dado pe- IAUAU fugido.
los descobridores do país, pela parecença IAUAUÁ fuga.
que tem com um felino africano, o leopar- IAUAUARA fuginte.
do. Há numerosas variedades devidas aos IAUAUA -CUARA quilombo, buraco do fugido.
contínuos cruzamentos. No tempo em que IAUAUA-CUARA-PORA quilombeiro, que en-
as onças vão em calor, se veem as fêmeas che o quilombo.
acompanhadas de uma corja de machos IAUAUA-CUARA-IARA o chefe do quilombo.
de todos os tamanhos e de todas as pintas, IAUAUATÉUA fugidiço.
que se comportam absolutamente como o IAUAUERA fujão.
cão doméstico. Tão entretidos vão atrás da IAUAYRA lacrau.
fêmea, que, se não são inquietados, passam IAUÉ assim, assim mesmo, da mesma for-
ao pé da gente sem lhe fazer atenção. Ai! de ma, outro tanto. À saudação se responde
quem os moleste! todos caem em cima do Indé iaué: outro tanto para ti. Cuá iaué: des-
imprudente. Foi o que me afirmou um ve- te modo. Mira iaué: na forma de gente, co-
lho tapuio a primeira vez que encontrei a mo gente.
estranha procissão; depois de me ter impe- IAUÉ AUÁ semelhante a ele.
dido de fazer fogo, quase me tirou a espin- IAUÉ AYUA TENHE cada vez pior.
garda das mãos. IAUÉ CATU assim está bom, realmente assim.
IAUARETÉ APECU língua de onça. Casta de IAUÉ IAUÉ assim assim.
cipó. IAUÉ IPU talvez assim, pode ser.
IAUARETÉ CAÁ erva de onça. Casta de capim. IAUÉ NHUNTO só assim, simplesmente, só
IAUARETÉ CUNUARU casta de rã, à qual atri- isso.
buem a faculdade de mudar-se em onça e de IAUÉ RETÉ muito assim, concordo inteira-
produzir a resina, que se encontra no oco de mente.
certos paus. V Cunuaru. IAUÉ-SAUA conformidade.
IAUARETÉ PINIMA onça-pintada. A pinta é IAUETÉ está bom, perfeitamente.
miúda, sem formar anel, sobre fundo mui- IAUÉ TENHE assim mesmo, nem mais nem
to variável. menos.
IAUARETÉ PIXUNA onça-preta. Fulvo-escura, IAUÉUÉRA que se conforma facilmente.
com manchas da mesma cor, que em alguns IAUÉUYRA casta de arraia.
indivíduos chegam a não se divulgarem se- IAUÍ quebrado, falhado.
não contra a luz. IAUÍCA inclinado. V Sauíca e comp.
IAUARETÉ SOROROCA onça listrada. As man- IAUÍ-IAUÍ gaguejado.
chas fulvo-escuras sobre fundo mais claro IAUÍ-IAUISAUA gaguejo.
são em forma de estrias, como as do tigre. IAUÍ-IAUIUERA gago, gaguejante.
IAUARETÉ TAIÁ tajá de iauareté. Casta de IAUISARA quebrador.
Calladium cultivado como planta ornamen- IAUISAUA quebra, falha.
ICAUA

IAUÍ TECÔ infringida a lei, prevaricado. cie de árvore, só tem de esperar que apodre-
IAUIUARA falhante, quebrante. ça; com o taperebá esta esperança não exis-
IAUIUERA quebradiço, falhável. te. Onde cai, aí mesmo bota novas raízes, e o
IAUIYMA não falhado, não quebrado. que pode acontecer é que em lugar de uma
IAUIRU, IAUURU jaburu, Ciconia maguary. o árvore nascem dezenas, e o pobre do jabuti
nome sistemático lhe é dado pelo nome vul- fica enterrado para todo o sempre.
gar com que esta ave é conhecida no Sul do IAUTI CAUA gordura de jabuti. Jabuticaba,
país, onde a chamam maguari, nome que fruta de uma Mirtácea. Pequena drupa co-
aqui no Amazonas é dado à Ardea cinerea mestível.
ou Ardea cocai. No Amazonas encontra- IAUTI-MYTÁ-MYTÁ escada de jabuti. Cipó do
-se em bandos numerosos e nidifica na or- gênero das Bauhinias, muito comum, que
la das praias dos lagos pouco frequentados. cresce de preferência na terra firme e luga-
Os ovos, menores do que se poderia esperar res elevados, imitando fitas mais ou menos
pelo tamanho da ave, quando cozidos têm a largas e de curvas mais ou menos acentua-
gema azul-celeste e a clara azulada e, posso das. A casca de um deles é usada em infusão
afirmar, sem pitiú ou cheiro especial. e chá como sudorífico.
IAUKI disputado, brigado. IAUTI PUTAUA comida de jabuti. Várias espé-
IAUKISARA disputador, brigador. cies de árvores das mais diferentes famílias,
IAUKISAUA disputa, briga. em geral de frutas insignificantes, que são
IAUKITAUA lugar de briga, de disputa. comidas pelo jabuti, e em baixo das quais
IAUKIUARA brigante, disputante. encontra-se a comer.
IAUKIUERA que briga, disputa facilmente. IAUTIYUA jabutiúba, casta de palmeira, Ra-
IAUKIYMA indisputado. phia tardigera.
IAUORANDI jaborandi, nome comum a di- IAUYRA arraia, nome genérico comum a vá-
versas plantas herbáceas, usadas na farma- rias espécies que vivem nos rios e lagos do
copeia indígena como sudoríficos e diuréti- Amazonas. Há de todos os tamanhos, e to-
cos, em chás e decocções. das elas munidas de ferrão na cauda. Este
IAUTI jabuti, Testudo tubulata e afins. É uma em forma de estilete de dois gumes munido
tartaruga terrestre largamente espalhada em de uma miudíssima serra, que, penetrando,
todo o país, e no folclore indígena represen- dilacera as carnes e produz uma ferida, por
ta a astúcia aliada à perseverança. O jabuti via disso mesmo de difícil cicatrização. O
vence, sem correr, o veado na carreira, esca- ferrão já serviu ao indígena de ponta de fle-
lando os parentes ao longo do percurso, para cha, e ainda hoje o usam muitas tribos, para
que lhe respondam, e fazendo-se encon- as quais o ferro é luxo raro. A arraia prefere
trar lampeiro e descansado no ponto termi- os lugares não muito profundos e lamacen-
nal. Escapa ao homem que o tinha guarda- tos, e os remansos lodosos das praias, on-
do numa caixa para comê-lo, lisonjeando as de há perigo de a encontrar de manhã e de
crianças, que tinham ficado em casa. Chega tarde. Como comida, a sua carne é pouco
ao céu escondido no balaio de um dos con- apreciada.
vidados, com quem tinha apostado que lá IAUYRA CAÁ folha-de-arraia, casta de So-
o encontraria. Só com o macaco não se sai lanácea. Dizem-na um bom depurativo.
bem, que o deixa em cima de um galho de ICAMBY, ICAMY leite, mama. V Camby e comp.
pau, sem que possa descer; mas ainda assim ICAMBYSARA ama-seca, ama de leite.
sai airosamente do aperto, matando a onça ICAMBYUARA que tem mamas.
que lhe ampara a queda. Manha e paciência, ICATU o bom, o bem.
as duas virtudes fundamentais do indígena, ICAU gritado, falado áspero a alguém. V Iacau.
são os atributos do jabuti; o tempo que po- ICAUA i. gordo, gorduroso. 2. nome genérico
de gastar é indiferente e só perde a esperança de qualquer gordura, manteiga, azeite ani-
de sair-se do aperto quando enterrado pelo mal ou toucinho. Paranã icaua: rio gordo, is-
taperebá. Debaixo de outra qualquer espé- to é, o rio que, espraiado, se torna profun-
ICAUA CENDI

do e cheio, correndo entre margens altas, que ICYCA MUNHANGARA quem prepara o breu
deixam uma pequena passagem às águas, as para calafetar as embarcações.
quais logo abaixo voltam a espraiar-se. ICYCANTÃ breu, cerol, expressamente prepa-
ICAUA CENDI vela, lamparina; gordura acesa. rado para brear o tucum e o curauá, com
A lamparina indígena é um caco, raramente que preparam as flechas.
uma vasilha feita expressamente, em que é ICYCA-PORA cheio de resina, resinoso.
posto um pouco de gordura, geralmente de ICYCA-YUA pau-de-breu. Designação que tem
peixe-boi, e uma torcida qualquer. somente quando por acaso não conhecem a
ICAUASAUA gordura. árvore que o fornece, ou quando, encomen-
ICAUAUARA gorduroso. dando o breu, é indiferente a planta de que
ICENAU queixo, barba, a parte inferior do se tire.
rosto. ICYMA', ICYYMA liso, sem aspereza.
ICICUÉ vivido, vivo. ICYMA', ICYYMA casta de Malvácea que dá
ICICUÉ-PORA vivente. uma fibra muito fina e de aspecto seríceo.
ICICUÉ-SARA vivedor, que faz viver. ICYRÃ, ICYRÃN enfileirado.
ICICUÉ-SAUA vida. ICYRANGARA enfileirador.
ICICUÉ-YMA sem vida. ICYRANGAUA fileira.
ICIEÍ dormente, dolorido. Diz-se dos mem- IÉ machado. V Ndyi.
bros que ficam como entorpecidos por ter IEAUI baixado.
ficado em má postura. Xaicó cé py icieí: es- IEIÚ jeju, pequeno peixe de escama, que os
tou com o pé dormente. pescadores do baixo Amazonas dizem ser a
ICÔ sido, estado, residido, jazido, passado, melhor isca para pegar pirarucu de anzol.
ido. Mata reicô?: como passas? Makiti rei- Pelo que afirmam, tem épocas em que tem
cô cuire?: onde resides agora? Xaicô catu: es- mênstruos e em que para nada serve.
tou bom. IEIÚRE voltando-se. V Jure e comp.
ICÔ-AYUA sido, estado ruim, passado pessi- IEIUÍRE revirado.
mamente. IEIUIRESARA revirador.
ICÔ-CECÉ pretendido. IEIUIRESAUA reviramento.
ICOI ides, irregular. IEIUIRETAUA reviradouro. Paranã ieiuire-
ICÔ-NHUNTO, ICÔ-NHOTEM sossegado, esta- taua: remanso do rio, onde as águas viram
do tão somente. Ixé? Xaicô-nhunto: eu? es- sobre si mesmas.
tou sossegado. IEIUIREUARA revirante.
ICÔ-PECATU estado, residido longe. Cuá mi- IEIUIREYMA sem reviramento, sem remanso.
ra oicô pecatu: esta gente mora longe. IEKI aguilhoado, picado.
rcô-Pucu alongado, retardado, demorado. IEKI-MANHA aguilhoador.
Má arama reicô-pucu?: por que demoras? IEKIPAUA aguilhoada, picadura.
Cuá rupi iané rapé eicô-pucu: por cá o nosso IEKIPORA aguilhoado, picado.
caminho alonga. IEKITAIA ', IUKITAIA pimenta malagueta se-
ICÔ-PUXI afeado, feito feio, feito difícil. cada e moída muito fina, misturada com sal.
ICOSOCOPÉ hóspede. IEKITAIA', IUKITAIA casta de formiga miu-
rcouARA passante, estante, residente. díssima, avermelhada, e que, em contato
rcuÁ, cuÁ curva, cintura. com a pele, produz uma ardência muito in-
ICURÉ porco-doméstico. cômoda, como da pimenta.
ICY áspero, desigual, pegajoso. IEKIUARA aguilhoante, picante.
ICYCA resina, visgo, cola mais ou menos con- IEKIYMA que não aguilhoa, não pica.
sistente, sempre, todavia, sujeita a coagu- IEKY' jequi, casta de cofo.
lar-se, que exsudam naturalmente certas IEKY' uma armadilha para peixes, tecida
plantas. com talas em forma de paneiro alongado,
ICYCA IRERU vaso da resina, vasilha em que é em que o peixe entra por uma ou duas aber-
preparado o breu. turas, sendo obstado na saída pela ponta
IERÉUA

das talas, voltadas para dentro, que as for- IEPE-I uma vez. J iepeuara: a primeira vez.
mam. O jequi é iscado e conservado no fun- Amu f iaué: como da outra vez.
do da água por meio de uma pedra. IEPÉ-IANDÉ-suí um de nós. Iepé penhê suí:
IEKYTYUÁ jequitibá, árvore que produz uma um de vós.
fruta, com que iscam o jequi. IEPÉ IEPÉ um a um. Osoana iepé iepé: foram-
IEMBUCA enforcado. -se um a um.
IEMBUCAMBYRA morto, enforcado. IEPÉ-MAMANA amarrados juntos.
IEMBUCASARA enforcador. IEPÉ-NHUÍRA só um.
IEMBUCASAUA enforcamento. IEPÉ-NHUN SÓ.
IEMBUCATYUA enforcadouro. IEPÉ-NHUNTO somente.
IEMBUCAUARA enforcante. IEPÉ-NUNGARA como um. Uma coisa, uma
IEMBUCAYMA não enforcado. espécie, uma classe. Tapiya oú pupunha ta-
IEMBUCAYUA o pau da forca, a forca. puru iepé nungara: o tapuio come uma clas-
IEMBUCA-XAMA a corda de forca. se de bicho da pupunha. Tananã pixuna iepé
IENEPIÁ parte interna do joelho. nungara: uma espécie de gafanhoto preto.
IENIPAUA jenipapo. Grossa baga de sabor IEPÉ-PENHE-RUPI o primeiro entre vós.
adocicado e oleaginosa, de que se fazem re- IEPÉ-RECÉ logo, incontinente.
frescos, doces e um licor muito apreciado. IEPÉ-RECÉUÁRA afoito, de primeiro ímpeto.
IENIPAUATYUA lugar de jenipapos. IEPÉUA cada um.
IENIPAUAYUA jenipapeiro, Genipa brasilien- IEPÉUÁRA o primeiro.
sis. Árvore que cresce de preferência nas ter- IEPÉUASÚ unidos, juntos. Oiuíire iepéuasú
ras firmes, adquirindo grande altura e desen- oca kiti: voltam juntos à casa.
volvimento. A sua madeira, de fibras longas IEPIÚ jepiú. Pau-marfim. É árvore da terra
e elásticas, é própria para trabalhos de tor- firme, que fornece uma madeira de fibras
no e usada para remos; pode vantajosamen- muito fechadas e que toma bem o polimen-
te substituir a faia. Da maceração dos reno- to; serve para obras de marcenaria.
vos, extraem uma tinta arroxeada com que IEPOIN cevado, engordado.
as mulheres, com especialidade, pintam a ca- IEPOINGARA cevador, engordador.
ra e o colo, com o fim, dizem, de amaciar e IEPOINGAUA cevamento, engorda.
embranquecer a pele e livrá-la de doenças. IEPOIN-RENDAUA cevadouro, lugar de ceva.
Na maloca é usada juntamente com o cara- IEPOIN-YUA o que serve para cevar.
juru para pintar-se nas danças, e as moças, IERAMÉ desbotado.
mesmo diariamente, gostam de trazer pinta- IERAMÉSÁUA desbotamento.
do com jenipapo o dorso, o colo e os braços, IERAMÉUÁRA desbotante.
e, em alguma tribo, é sinal de moça solteira. IERARAUÁ mentido, falso.
IENÔ deitado. Oienô iembyra makyra kiti: IERARAUAIA mentira, falsidade.
deitou o filho na rede. IERASUCA definhado, minguado. Yacy iera-
IENOSAUA deitada. suca: lua minguada, minguante.
IENÔ-RENDAUA lugar de deitar-se. IERASUCASARA emagrecedor.
IENOTYUA cama. IERASUCASAUA emagrecimento.
IENOUARA deitante. IERASUCAUERA emagrecente.
IENOUERA deitadiço, que se deita facilmente. IERASUCAYMA não emagrecido.
IENOYMA não deitado. IERÉ-IERÉU estrebuchado.
IEPÉ' um. IEREU virado, girado, espojado.
IEPÉ' forma verbal que, posposta ao ver- IERÉUA corta-água, Rhynchops nigra. Casta
bo, lhe dá a significação de imperfeito [do] de gaivota facilmente reconhecível pelo bi-
indicativo. Xamunhã iepé: fazia. Tuixaua co achatado no sentido da largura, em for-
omunhã iepé: o tuxaua fazia. ma de faca, e com a especialidade de ser a
IEPEÁ lenha, madeira cortada própria para parte superior mais curta do que a inferior.
o fogo. Espalhada em todo o país, tem-se afirma-

C./:I 379 (.;/:i


IEREUÁ

do que não se encontra a mais de um dia da IKEUARA deste lugar, que é daqui.
costa. Aqui no Amazonas, a menos que não IKIÁ sujado, sujo. Iuaca ikiá: céu sujo, nubla-
se trate de uma variedade, o que não parece, do, nuvem.
tenho-a encontrado espalhada tanto no rio IKIÁSÁRA sujador.
Negro como no Solimões e seus afluentes. IKIÁSÁUA sujidade.
Desova nas praias em companhia de acu- IKIAUÁ o sujo.
rauas e gaivotas, deixando ao sol o cuidado IKIÁ-RENDAUA lugar onde se suja.
de chocar os ovos, postos na areia sem ou- IKISAUA entrada.
tro preparo. No Sul do país, ieréua, jereba, é IKIAUARA sujante.
o nome de uma espécie de urubu. IKIÁ-YMA não sujo, que não suja.
IEREUÁ o virado, o girado, o espojado. IKIUYRA a irmã com referência à irmã.
IEREUARA virante, girante. IKYERA, IKY!ERA gordura.
IEREUSARA virador, girador. IKYRA engordado, gordo.
!EREUSAUA viração, girada. IKYRASARA engordador.
IEREUTYUA viradouro, giradouro. IKYRASAUA engorda, engordamento.
IEREUYMA não virado, girado, espojado. IKYRATÉUA chiqueiro, lugar de engorda.
IERI sustentado, mantido em pé, mantido di- IKYRAUÁ engordado.
reito. IKYRAUARA engordante.
IERISARA sustentador. IKYRA-YMA não engordado.
IERISAUA sustentáculo, sustentação. A has- IMACY doente. V Macy e comp.
te das flores e das folhas. Potyra ierisaua: a IMACYUÁ o doente.
haste da flor. IMBÉ casta de filodendro.
IERIUÁ jeribá, casta de coco. IMBYRA, EMBYRA envira, casta de Bombácea
IERÕN perdoado. e espécies afins, cuja casca se destaca com
IERONGARA perdoador. facilidade, e cujo líber é mais ou menos re-
!ERONGAUA perdão. sistente.
IERÕN-YMA não perdoado. IMBYRASU embira grande.
IEUARU enojado, nojo. IMBYRATINGA envira branca. O líber dá
IEUARUSAUA nojo. umas fibras bastante resistentes e claras,
IEUARUUARA nojento. que poderiam servir para cordas.
IEUÍRE outra vez. IMBU fruta comestível, casta de Spondias.
rnurnr voltado, repetido, arribado. IMBURANA falso imbu.
IEUIRISARA repetidor, arribador, que faz IMEÚNA ralo, pouco espesso.
voltar. IMUÃN coado, passado na peneira.
IEUIRISAUA repetição, volta, arribação. !MUANGARA coador.
IEUIRITAUA lugar de arribação, da volta. IMUANGAUA coamento.
IEUIRIUARA arribante, voltante. IMUANTAUA coadouro.
IEUIRIUERA que arriba, volta, repete porcos- !MUI dividido, partido. V Mui e comp.
tume. IMUIYMA indivisível.
!EUIRIYMA não voltado, repetido, arribado. IN disse. Forma irregular de nheén, usada em
IEUIUÍRI revirado, alguns lugares do rio Negro e Solimões.
IKÉ, IKI entrado. V Eiki. INAIÁ inajá, Atalea compta. Casta de palmei-
IKÉ aqui, cá, ao pé. ra dos lugares úmidos.
IKÉ-CATU aqui mesmo, bem aqui. INAIAI inajaí, Atalea humilis. Casta de pal-
IKÉ-KITI para cá. meira, espécie menor do que a anterior.
lKÉ-NHUNTO até cá, só aqui. INAIATYUA inajatuba, lugar de inajás.
IKENTE INAIÉ, INAIÁ inajé, banana-ouro. Casta de
IKÉ-RUAKE aqui perto. pequena banana muito saborosa.
IKÉ-RUPI por cá. INAIÉ inajé, Nisus magnirostris. Casta de
IKÉ-suí de cá, daqui. gavião.
INTIMAÃ-MAÃ

INAMBU V. Inhambu. INGAYUA ingazeiro.


INAMBY casta de beija-flor. Nome comum a INHAMBU, INAMBU inambu, Crypturus. Casta
pequenas espécies dos troquilídeos. de ave, que no Novo Mundo representa as
INAMBYASU beija-flor grande. Nome dado às perdizes.
espécies menores de gálbulas, que vivem na INHAMBU-ANHANGA (= inambufantasma) Su-
mata. rurina grande; chorão: Crypturus variegatus.
IUASUI casta de caba. INHAMBU COROCA inambu bulhento.
INAUYRA sovaco, axila. INHAMBU PEUAI inambu achatadinho, Cryp-
INAUÉ, INDAUÉ o mesmo para ti. Resposta turus strigosus.
que se dá a qualquer saudação. INHAMBU PIXUNA inambu-preto, Crypturus
INDÉ, INÉ tu, ti, te. Indé resó putare ce iru- cinereus.
mo?: Tu queres ir comigo? Xapurandu indé INHAMBU SORORO inambu esfiapado.
supé: Pergunto a ti. Aé orasó indé i irumu- INHANA juntado, recolhido.
ara nungara: Ele te trouxe como seu com- INHANASARA recolhedor, juntador.
panheiro. INHANASAUA recolhimento, juntada.
INDOÁ pilão. INHANATAUA recolhedouro.
INDOÁ-MENA (=marido do pilão) mão de INHANAUERA recolhente, juntante.
pilão. INHANAYMA não recolhido, não juntado.
INDOÁi almofariz, gral. INHARU embravecido, enfurecido, irritado.
INDOÁI MENA mão de gral. INHARUSARA embravecedor, enfurecedor,
INDOÁ-MBOIA cobra-pilão. Casta de gros- irritador.
sa minhoca, que se encontra no ninho de INHARUSAUA Embravecimento, enfurecimen-
uma espécie de formigas; chamada vulgar- to, irritação.
mente cobra-de-duas-cabeças, por ter qua- INHARUUARA Embravecente, enfurecente,
se de igual grossura as duas extremidades e irritante.
tão parecidas que mal se distingue qual se- INHARUYMA não enfurecido, não embrave-
ja a cabeça. cido, não irritado.
INÉ v. Indé. INHARUYUA a causa da irritação, do embra-
INEMA fétido. vecimento, do enfurecimento.
INEMANA fedorento. INHUMÃ v. Camitaú.
INEMASAUA fedor. INIMBU, INIMU fio, linha.
INEMAUA fedor. INIMU APUÁ novelo de fio.
INEMAUARA fedente. INIMUI linha fina, fio fino.
INEMAYMA não fétido. INIMU IUMANA fio em meada.
INGÁ fruta e forma de legume, que contém INIMU PUI fio delgado, linha delgada.
umas favas de número e tamanho variável, INIMU PUIXINGA fio alguma coisa delgado,
envolvidas em uma massa, que é a parte co- linha um pouco delgada.
mestível, em algumas variedades deliciosa- INIMU UASU fio grosso, linha grossa.
mente açucarada e perfumada. INTI não. Inti xasó: não vou. Inti ocica: não
INGÁ-IUSARA ingá que cura. chega.
INGAI ingazinho. INTIANA Nada, não existente, absolutamen-
INGÁ-MEMBECA ingá mole. te não.
INGÁ-PANEMA pequeno ingá, que não pres- INTIASU não difícil, fácil, módico no preço.
ta para comer. INTl-AUÁ, INTl-AUANA ninguém.
INGÁ-PÉUA ingá chato. INTl-IAUÉ não assim.
INGÁ-PIRANGA ingá vermelho. INTI IURU-CEEN enfadonho, duro na fala.
INGÁ-PUCU ingá comprido. INTIMAÃ não, coisa alguma, nada. Usado ge-
INGÁ-SAKENA ingá cheiroso, a fruta da bau- ralmente como resposta.
nilha. INTIMAÃ-MAÃ absolutamente nada, absolu-
INGÁ-UASU ingá grande. tamente não.
INTIMAÃPAUA, INTIMAÃSAUA

INTIMAÃPAUA, INTIMAÃSAUA o nada, nuli- IPECOINGAUA furo, furação.


dade. IPECU nome comum dos pica-paus sem
INTIMAÃUARA impossível; não sendo. poupa vistosa, dos falsos pica-paus, e mais
INTIMAÃ NUNGARA nada mais, como se não é. formicáridas em idênticas condições.
Omucuau ramé ce rayma xanhoen intimaã IPECU, IPECÔ língua, ponta.
nungara: se meu filho aparecer, nada mais digo. IPECUI nome comum das espécies menores
Inti NUNGARA não se parece, não é igual. de pica-paus sem poupa, e mais formicári-
INTI PIRE não mais. das em idênticas condições.
INTI RAMÉ quando não. IPIRANGA o vermelho.
INTÍ UATÁ imóvel, estável. IPIRANGAUA vermelhidão. Coema ipiran-
INUNGARA o igual, o parecido. gaua: vermelhidão da manhã.
INUNGARESAUA parecença. IPÓ, IPU talvez. Xasó ipu cury ne kiti: talvez
IOPYCA vingado. V Iupyca e comp. vá logo de ti.
IPAÃ V. Paã. IPOCA espocado, aberto.
IPANDU, IPANU rpadu, Erythroxylon coca. IPONGAUA inchaço.
Pequeno arbusto de folhas amarelo-claras, IPONGA inchado.
utilizadas pelos indígenas para suportar pro- IPONGARA inchante.
longados jejuns sem sofrer. A folha, depois IPONGAYMA desinchado, não inchado.
de seca ao forno, esfarelada e passada à pe- IPORA cheio.
neira, é misturada com cinza de folha de em- IPORAPAUA enchimento.
baúba da terra firme e, muito mais raramen- IPORAPORA enchente.
te, lhe é adicionado um pouco de farinha de IPORAYMA vazio.
mandioca seca. É a planta que fornece a co- IPU V. Jpó.
caína. Em todo o Amazonas, onde é cultiva- IPUÁ limitado.
da, dá em abundância. Entre os indígenas se IPUÁSÁRA limitador.
encontra de preferência nas roças dos Muras IPUÁSÁUA limitação.
e dos Macus. No Uaupés, são estes que em IPUÁTÁUA limite.
geral o fornecem às outras tribos. No rio IPUÁUÁRA limitante.
Negro, no Solimões e no Japurá, o ipadu é IPUAYMA ilimitado, sem limite.
de uso corrente também entre os civilizados. !PUAYMA-SAUA ilimitação.
IPÉ nome que é dado em geral a árvores IPUAXINGA apenas limitado, mal limitado.
que fornecem madeiras duras e resistentes IPUI fino, delgado em grossura; miúdo.
utilizadas em marcenaria, mais em aten- IPUÍANA esbelto, ligeiro.
ção à qualidade da madeira e porte geral IPUISAUA finura, miudeza.
da árvore do que à espécie desta; assim é IPUIUARA adelgaçante, afinante.
que o tenho ouvido dar a uma espécie de !PUIXINGA fininho, miudinho, delgadinho.
Bignoniácea e a duas Leguminosas. IPUIYMA não fino, delgado, miúdo.
IPECA pato-bravo, Carina muscata. Muito IPUPÉ contudo, ainda assim.
comum em todo o Amazonas, tanto em es- IPUXI o feio.
tado selvagem como domesticado, com a IPUXIUÁ feiúra.
curiosidade de apresentar neste último es- IPY base, princípio, origem. Mira ipy: origem
tado uma variedade imensa de plumagens, da gente. Oca ipy: a base do alicerce.
que, a não sabê-lo, poderia fazer acreditar IPYRUN começado, principiado.
na existência de raças diversas. !PYRUNGARA começador.
IPECAÍ patinho, Heliornis fulica. IPYRUNGAUA começo.
IPECACOANHA ipecacuanha, Cephaelis ipe- IRA mel.
cacuanha. Erva medicinal usada como pur- IRACEMA enxame de abelhas.
gativo e vomitório. IRACY mãe do mel, abelha. Palavra já pouco
!PECOIN furado. usada, substituída correntemente por ira-
IPECOINGARA furador. manha e iramaia.
ITACOATIARA

IRAICYCA breu do mel, cera. ras lhes permitia fazê-lo, numerosos dese-
IRAITY cera, cerol, breu, o mel que se usa pa- nhos feitos, ao que parece, gastando a pe-
ra conservar úmido o tabaco em corda. dra com outra pedra. No lugar denomina-
IRAMANHA, IRAMAIA mãe do mel, abelha. do Lages, na confluência do Solimões com
Curioso amalgama de nheengatu e portu- o rio Negro, que passam a formar o verda-
guês estropiado. deiro Amazonas, por exemplo, as inscri-
IRAPÉ, YRAPÉ fibra da madeira, veios. Lit.: ções vêm misturadas com riscos mais ou
caminho da água. menos profundos, que não parecem ser ou-
IRAPOÃ casta de abelha, que faz o ninho re- tra coisa senão traços deixados pelos afia-
dondo. dores de machados; mas outros lugares há
IRARA papa-mel, Callitrix barbara. Lindo em que tal mistura não se observa, e, em-
mustelídeo, cor de café queimado-escuro, bora toscas, as figuras demonstram que fo-
quase preto em alguns indivíduos, e uma ram feitas com um fim determinado, o que
mancha branca embaixo da goela. é confirmado também pela repetição de
IRA-REPUTI cera. Lit.: excremento do mel. certos sinais e figuras. Quando as encon-
IRAUSARA amargor. trei da primeira vez - e foi em Mura, no rio
IRADA amargo, amargoso. Negro - duvidei logo que fossem, como se
IRA-AYUA mel ruim, amargoso e venenoso. pretendia, simples trabalhos de desocupa-
IRERU, IRIRU vasilha, paneiro, o que serve dos sem escopo nenhum. Mais tarde, no
para agasalhar e transportar qualquer coi- alto Uaupés, toda e qualquer dúvida a res-
sa. Uy ireru: paneiro de farinha de man- peito me foi tirada. Tais desenhos, embo-
dioca. ra toscos e de uma ingenuidade quase in-
IRITI casta de abelha, cujo mel é insignifi- fantil, especialmente quando comparados
cante. com o que se quis representar, são verdadei-
IRUMO junto, em companhia, com. Resó aé ros e próprios hieróglifos, sinais convencio-
irumo: vá com ele. Oiké oca kiti amuitá iru- nais com significação ainda hoje conhecida
mo: entra em casa com os outros. pelos nossos indígenas, que os veneram co-
IRUMUARA companheiro. mo monumentos deixados pelos seus maio-
IRUMUARASAUA camaradagem. res. De algumas delas me foi dado obter a
IRUMUARA-YMA sozinho, sem companheiro. significação e uma espécie de chave, que
IRUNDI quatro (Rio Negro). foi publicada com uma coleção de inscri-
IRURU molhado. ções pertencentes à região do rio Uaupés no
IRURUPAUA, IRURUSAUA molhadela. Bulettino della Societá Geographica Italiana
IRUSANGA sombra, frescor, umidade. (fase. V de 1900). Como a sua ubiqua-
rsÁ a fêmea de uma casta de saúva (Solimões). ção parecia dizê-lo, muitas delas são indi-
ISÁTÁIA molho de tucupi, pimenta-malague- cações de migrações, sinais deixados pelos
ta e abdômens de içá ovadas. troços que precedem, para guia dos que se-
ISAYUA saúva (o tronco, a mãe da içá?). V Isá guem, com a menção do modo de acolhi-
e Sayua. mento, recursos da localidade, tempo de
ISUSANGA sossego, calma, paz. demora, via seguida etc. etc. Outras se re-
ITÁ, ETÁ sufixo do plural. V Etá. ferem a lendas e tradições dos diversos po-
ITÁ pedra, ferro. vos que nele se seguiram ou à lei e aos ritos
ITÁ-AYUA pedra má, pedra ruim. do Jurupari. Em qualquer caso, tinha razão
ITÁ-CAMBIRA forcado, tenaz, compasso. o velho Quenomo, um cubeua do Cuduiari,
ITÁ-CEEN pedra doce, barreiro. quando dizia a Max J. Roberto, o meu com-
ITÁ-CEPI pedra cara, pedra preciosa. panheiro de jornada na minha última via-
ITACOATIARA pedra pintada ou esculpida. gem ao Uaupés: Penhe coatiara papera, iané
Os indígenas deixaram aqui e acolá, nos lu- iarecô itá itacoatiara arama: vocês escrevem
gares de passagem e demora forçadas, onde o papel, nós temos as pedras para escrever.
a existência de pedras mais ou menos du- As inscrições que fizeram dar a Serpa o no-
ITACUÃ

me de Itacoatiara não parecem de origem ITÁMEMBÉCA pedra mole, chumbo, e uma


indígena. V Coatiara e comp. arenaria silicosa que, logo [que] retirada da
ITACUÃ a pedra que serve para alisar as pane- água, é mole e permite lavar-se, mas endu-
las e outros trabalhos de barro, tirando-lhes rece rapidamente, exposta ao ar.
a impressão dos dedos. É um seixo rolado e ITÃN, ITÃNGA concha, Ostrea.
liso, verdadeira raridade em muitos lugares ITANGA perfil. Mira itanga: perfil de gente.
deste imenso vale, pelo que, conservando o ITANHAEN panela de ferro, tacho.
nome, se encontra muitas vezes substituído ITANIMBU fio de arame.
por um caco qualquer. ITÃN IRIRI casta de Ostrea.
ITACURUA sapo de pedra, trempe. Consta de ITÁ-NHEÊNGA eco, fala da pedra.
três peças de barro cozido, mais ou menos ITAOCA casa de pedra.
cilíndricas, de palmo e pouco de compri- ITÁ-OCARA calçada, terreiro ou praça calça-
mento, que podem ser dispostas mais per- da de pedras.
to ou mais longe conforme o tamanho da ITÁ-OMI, ITA-OBY esmeraldo.
panela. ITAPACURUI, ITÁ-PAUA CURUI, ITAPACOROI
ITACURUMI, ITACULUMY menino de pedra. abrolhos; pedra toda esmiuçada.
ITAÊN pedra-ume. ITAPANEMA pedra tola. Pedra perigosa pa-
ITAÊN-CAÁ pedra-ume caá (baixo Amazo- ra a navegação porque se esconde à vista. É
nas), erva pedra-ume. Casta de arbusto de panema, porque não tem coragem de mos-
pequenas folhas lanceoladas, verde-escuro- trar-se.
-brilhante, que, secando, torna-se verde-es- ITAPARI, ITAPARICA tapagem, tapagenzinha
curo-acobreado. É aconselhado em chás pa- de pedra.
ra cura da diabete. ITAPAUA pedreira; lugar do rio empedrado,
ITAETÉ ferro verdadeiro, aço. cachoeira.
ITAi pedrinha, seixo. ITÁ-PÉ caminho de pedra.
ITÁ-IEREU pedra virada, mó. ITAPE na pedra, à pedra. Laje nos compostos.
ITÁ-IEREUÁ seixo. ITÁ-PÉ-ASU a calçada, o caminho grande de
ITÁ-KYRE pedra deitada, pedra que dorme, pedra.
laje. ITAPECU alavanca, alvião.
ITAKi pedra de afiar. ITAPECUMA língua de pedra, ponta de pedra.
ITÁ-KITAÃ nó de pedra, ágata. ITAPECURU pedra rugosa, conglomerado de
ITÁ-IAPYSARA lançador de pedras, apedre- seixos, laje espedaçada.
jador. ITAPECYMA laje lisa, escorregadia.
ITÁ-IAPYSAUA apedrejamento. ITAPEMA laje, pedra lisa.
ITÁ-IAPYPORA apedrejado. ITAPEMIRi laje pequena.
ITAi'TYUA itaituba, seixal, lugar de pedri- ITÁ-PÉ-MIRi pequeno caminho de pedra.
nhas. ITAPETINI, ITAPETININGA laje seca.
ITÁ-ICYCA estanho, solda, breu de pedra. ITÁ-PEUA laje, pedra chata. Nos compostos
ITAIUÁ Itajubá. Ouro, pedra amarela. faz itapé.
ITÁ-IUKYRA pedra salgada, barreiro. ITAPEUASU, ITAPEUA UASU lajedo, laje grande.
ITAMARACÁ sino; maracá de ferro. ITAPICURU casta de árvore que fornece uma
ITAMARACÁ-MIRI campainha. madeira usada em marcenaria.
ITAMARACÁ SACUNHA badalo do sino. Lit.: ITAPIRA pedra de cima, pedra d'amonte.
membro do sino. ITÁ-PIRÁ peixe de pedra.
ITAMARANDYUA, ITÁ MARANDUBA contos ITÁ-PITANGA seixo redondo, pitanga de
de pedra, inscrições nas pedras. pedra.
ITÁ-MYTÁ-MYTÁ escada de pedra ou de me- ITAPOÃN' prego.
tal. ITAPOÃN' macaco-prego, Cebus flatellus.
ITAMBÉ, ITASAIMBÉ pedra afiada, pedra sa- ITAPOÃN-PETECASARA martelo.
liente, pico. ITAPOÃN PETECATYUA incude [bigorna].
JUACA TEAPU

ITÁ-PONGA seixo. ção de embarcações, soalhos, portões etc.,


ITÁ-PORA cheio de pedras, pedregoso. de cores e duração diferente.
ITÁ-PORAN, ITÁ-PORANGA pedra bonita. ITAYUA PIRANGA itaúba vermelha, varieda-
ITÁ-PÔ-MUNDÉ algemas. de de itaúba.
ITAPUÃ arpão. ITAYUA PIXUNA itaúba preta, variedade de
ITAPUCÁ pedra rachada, pedra que ri. itaúba.
ITÁ-Pucu pedra comprida. ITAYUA RANA falsa itaúba.
ITÁ-Pui pedra delgada. ITAYUA TAUÁ itaúba amarela, a variedade
ITÁ-PUÍRA pedra miúda, contas de metal(?). mais estimada de itaúba, especialmente pa-
ITÁ-PY-MUNDÉ machos. ra embarcações.
ITAPYPE pedra do fundo, submersa. nu trovoada.
ITARACA ponta de pedra, pedra saliente. !TUA casta de cipó.
ITARARÉ cano de pedra, subterrâneo, sumi- ITY borra.
douro. ITYCA lançado, jogado fora, no chão.
!TÁ RENDAUA pedreira, lugar de pedras. ITYCAPAU aniquilado.
Nome indígena da vila de Moura. ITYCAPAUSARA aniquilador.
ITÁ-RETÉ aço. ITYCAPAUSAUA aniquilamento.
!TÁ RUPIARA pedreira. ITYCAPORA quem lança ou joga fora, ao
ITÁ-TACUARA cano de pedra, ferro ou outro chão.
metal. ITYCASAUA ato ou efeito de jogar, lançar fo-
lTATAUÁ pedra amarela, ouro. ra, no chão.
ITÁ-TAUUOCA cano. V Itá-tacuara. ITYCAUARA lançante, jogante fora, no chão.
!TÁ-TI nariz da pedra, ponta, proeminência ITYKERA lixo.
pedregosa. ITYKERA RENDADA monturo.
ITATIAIA pedra cheia de narizes, de muitas rn- prefixo que torna o verbo reflexivo, equi-
saliências. valendo portanto aos pronomes reflexivos:
ITATINGA pedra branca, prata. me, te, se, nos, vos, lhes, e que toma lugar
ITATIUERAUA ponta de pedra reluzente. entre o prefixo pronominal e o tema ou par-
ITATU macarão [?]. te invariável do verbo. Xá-xaisu: eu amo;
ITATUI macarãozinho [?]. Xá-iuxaisu: me amo. Xá-muacu: aquento;
ITATY fonte que sai da pedra. Lit.: caldo de Xá-iumuacu: me aquento; Ré-iumuacu: te
pedra. aquentas; o-iumuacu: se aquenta etc. etc.
ITATYAIA pedra úmida, cheia de fontes, de rn espinho, casta de palmeira anã espinhosís-
nascentes. sima, Astrocaryum humilis.
ITATYUA, ITATUBA pedreira, terra de pedras. IUÁ juá; fruto de espinho. De iu (espinho) e
ITÁ-UATURÁ aturá de pedra, paneiro de pe- yá (fruta). Nome dado a várias espécies de
dra; penhascos isolados, de forma arredon- frutas de árvores ou arbustos espinhosos.
dada, geralmente de grés granítico. No Amazonas é fruto de uma solanácea.
ITÁ-UAUACA, ITÁ-UAUOCA mó, rebolo de IUACA céu, a volta celeste.
pedra. IUACA-CURURUCA trovão.
ITÁ-UERAUA cristal, vidro, pedra que res- IUACA-IKIÁ céu nevoento (sujo).
plandece, que reluz. IUACA IKIASAUA nuvem (sujeira do céu).
ITÁ-UERAUA-ETÉ Pedra reluzentíssima; dia- IUACA INHARUSAUA (ira do céu) trovão (rio
mante. Negro)
ITAUYUYRA pedra-pomes. Lit.: pedra que IUACAPAUA celestial, divino, que pertence ao
flutua. céu.
ITAXAMA corrente, corda de ferro. IUACAPORA quem mora no céu, morador do
ITAYUA itaúba. Lit.: pau pedra. Várias espé- céu.
cies de madeiras, geralmente muito pesa- IUACA TATÁ relâmpago.
das e resistentes, preferidas para a constru- IUACA TEAPU trovão.
IUACA TINGA

IUACA TINGA neblina. latas, cheios com a mesma gordura que ser-
IUÁCAUÁRA celeste, que é do céu. viu para fritá-los.
IUACEMA furunculose. Saída de fruta de es- IUARAUÁ-PYTYMA tabaco-de-peixe-boi, ar-
pinho. busto do igapó.
IUAENTI, IUANTI encontrado, topado. IUARU enjoado.
IUAENTISARA encontrador. IUARUSARA enjoador.
IUAENTISAUA encontro. IUARUSAUA enjoo.
IUAENTI RENDAVA encontradouro. IUARUUARA enjoante.
IUAENTI-UARA encontrante. IUARUUERA enjoativo.
IUAENTI-UERA encontradiço. IUARU-YMA não enjoativo.
IUAENTI-YMA não encontrado. IUASU difícil, grande.
IUAKI provocado, excitado, bulido. IUASUPAUA dificuldade, engrandecimento.
IUAKISARA provocador. IUASUPORA dificultante, engrandecedor.
IUAKISAUA provocação. IUASU-YMA não difícil, não grande.
IUAKIUARA provocante. IUATÉ alto, elevado.
IUAKIUERA provocadiço. IUATÉSÁRA elevador.
IUAKI-YMA não provocado. IUATÉSÁUA elevação, altura.
IUAMBIUCA se assoado. IUATÉTÁUA lugar elevado, alto.
IUANTi encontrado. V Iuaentí e comp. IUATÉUÁRA elevante.
IUAPICICA atento, preso a, sujeito. Opitana IUATÉUÉRA elevante mais de aparência que
oiuapicica i iuru sui: ficou preso aos seus lá- de fato.
bios. V Picica e comp. IUATÉ-YMA não alto, não elevado.
IUAPISAI salsa. V Iusapu. IUATINGA juá-branco.
IUAPIXÁ se acutilado. IUCA apodrecido.
IUAPIXÁ-PIXÁ se entreacutilado. rncÁ matado, morto por mão de alguém.
IUARANA falso juá. IUCAAÁ se cagado. V Caaá e comp.
IUARAUÁ' peixe-boi, Manatus americanus, IUCACY amofinado.
manantim. Sirênio eminentemente herbí- IUCACYPAUA amofinamento.
voro, que vive em todos os rios e lagos do IUCACYPORA amofinador.
Amazonas e se encontra até aos pés dos IUCACYUARA amofinante.
Andes. A sua carne lembra alguma coisa a IUCACYUERA amofinadiço.
carne de porco e, embora considerada pou- IUCACY-YMA não amofinado.
co sadia, é geralmente muito apreciada, pe- IUCAE se sarado. V Cae e comp.
lo que em toda a parte lhe é feita ativa ca- rncAi se apertado. V Caí e comp.
ça. No Solimões, o preparo da mixira de IUCAÍ se queimado. V: Caí e comp.
peixe-boi é um ramo de indústria local, e IUCAMBYRA morto, matado.
o seu produto é muito apreciado tanto em IUCAMEEN se oferecido.
Manaus como no Pará. IUCAMIRYCA se comprimido, se aproxima-
IUARAUÁ Peixe-boi. Na Astronomia indíge-
2
do, se apertado. V Camiryca e comp.
na é o nome que é dado à Macula magella- lUCANA podre.
nica [mancha de Magalhães], que está ao pé IUCANCIRA se amassado. V Cancira e comp.
do Cruzeiro, também conhecida como "sa- IUCANHEMO se perdido, se extraviado. V
co de carvão". V Cacuri. Canhemo.
IUARAUÁ-CAMY mamas-de-peixe-boi, fruta IUCANEU se atribulado. V Caneu e comp.
de um cipó do igapó. rncAPAUA podridão. Pereua iucapaua: po-
IUARAUÁ-MIXIRA fritura de peixe-boi. A car- dridão da chaga.
ne de peixe-boi recortada em pequenos pe- IUCAPIRA morto (corpo matado).
daços, frita em largos tachos na sua própria IUCAPORA apodrecedor, podre.
gordura e conservada em vasos apropriados, IUCARAIN se coçado. V Caraín e comp.
antigamente de barro, hoje geralmente em rncÁRI sedominado,quemandaemsi. V Cári.
IUÉIAÚ

IUCARUCA se mijado. V. Caruca e comp. IUCOEMANA já amanhecido.


IUCÁSÁRA matador. INCOMEEN se entregado.
mcÁSÁUA matança. IUCOMEENGARA entregador.
IUCATACA se estrebuchado, se batido contra IUCOMEENGAUA entrega.
alguma coisa. V. Cataca e comp. mcouIARE alterado, regulado.
IUCAÚ se embebedado. V. Caú e comp. IUCOUIARESARA alterador, regulador.
mcÁuÁ o matado. IUCOUIARESAUA alteração, regulamento.
IÚCAUÁ o podre. IUCOUIARE-YMA inalterado, irregulado.
mcÁUÁRA matante. IUCUACU' sexta feira ou dia de jejum.
mcíí, IUCEE se adoçado, gostoso. V. Cee e mcuAcu 2 jejuado. O indígena, pode-se dizer,
comp. passa uma grande parte da vida a jejuar.
IUCECUIARA se trocado. V. Cecuiara e comp. Começa a jejuar quando chega a puberda-
IUCEI ralo. de, jejua na véspera das festas instituídas por
IUCEMO se saído. V. Cerno e comp. Jurupari, o Legislador indígena; jejua antes
IUCENA derramado. de casar; o casado jejua todas as vezes que a
mcÉNASÁRA derramador. própria mulher é menstruada, quando esta
mcÉNASÁUA derramamento. pare [sic] e durante o resguardo a que ele fica
IUCÉNATÁUA derramadouro. submetido, quando os filhos estão doentes e
IUCENAUA o derramado. não sei mais em que outras circunstâncias.
mcÉNAUÁRA derramante. Se aos jejuns rituais porém juntarmos os for-
IUCÉNAUÉRA derramadiço. çados, que também não são poucos, precisa
IUCENA-YMA não derramado, estanque. convir que eu não exagero dizendo que pas-
IUCENDÉ, IUCENNÉ se acendido, se inflama- sa a vida a jejuar. Disso pois, talvez, a razão
do. V. Cendi e comp. por que, quando tem, come à tripa forra. É
IUCENDU, IUCENNU se entendido, se com- para refazer o tempo perdido.
preendido. V. Cendu e comp. IUCUACUA jejum.
IUCENEI, IUCENI se germinado. V. Cenei e IUCUACUASU quaresma (jejum grande).
comp. mcuAo, IUCUAU se conhecido, se entendido,
IUCENIMU se mudado, se variado. V. Cenimu aparecido. V. Cuáo e comp.
e comp. IUCUAOCÁRI se dado a conhecer, revelado.
IUCENOI se chamado. V. Cenoi e comp. IUCUAOCARISARA revelador.
IUCI limpo, asseado. IUCUAOCARISAUA revelação.
IUCIKENDA, IUCIKENDAU se fechado. V. Ce- IUCUAOCARIYMA irrevelado.
kinda e comp. mcucuAo se enxergado, se visto. V. Cucuao
IUCIKIÉ espantar-se. V. Cikié e comp. e comp.
IUCISARA limpador, asseador. mcucu1 se desmoronado. V. Cucui e comp.
IUCISAUA asseio, limpeza. mcuRui despedaçado-se, delido-se. V. Curuí
IUCITYUA lugar onde se asseia, limpa. e comp.
IUCIUA o asseado, o limpo. IUCUTUCA picado-se, ferido-se. V. Cutuca e
IUCIUARA asseante. comp.
IUCIYMA não asseado, não limpo. IUCY desejado, anelado.
IUCIYMA PAUA sujidade. IUCYRÕ, IUCYRÃ enfileirado-se. V. Icyrã e
IUCIYMA-PORA sujador, sujante. comp.
IUCOAI ocupado IUCYSARA anelador, desejador.
IUCOAISARA ocupador. IUCYSAUA anelo, desejo.
IUCOAISAUA ocupação. IUCYUARA desejante, anelante.
IUCOAI RENDAUA lugar de ocupação. IUCYUERA desejável, anelável.
IUCOAIUARA ocupante. IUCYYMA indesejado.
IUCOAIYMA não ocupado, desocupado. IUEATIRE elevado-se. V. Eatire e comp.
IUCOEMA amanhecido. IUÉIAÚ casta de sapo.
IUERA, IUYRA

IUERA, IUYRA nádega. IUIOPUCA vingado-se. V. Iopúca e comp.


IUERE também. IUÍRA abaixo, para baixo. Yuytera iuíra: serra
IUERUPE embaixo. abaixo; yarapé iuíra: igarapé abaixo.
IUETU, IUIUTU vento, ventania. IUÍRE voltado, volvido, tornado.
mi volta. IUÍRE-KITI tornado ao ponto, alcançado,
wi casta de rã, muito comum junto às bana- atingido.
neiras. IUÍRE-KITISARA alcançador.
IUIACAPUCA penteado-se. V. Iacapuca e IUÍRE-KITISAUA alcançamento.
comp. IUIRESARA volvedor, tornador.
IUIAKI assanhar-se. V. Iaki e comp. IUIRESAUA tornadura, volta.
IUIAKY secar-se, tornar-se seco. IUIREUARA tornante, voltante.
IUIAMI espremido-se, apertado-se. V. Iaml e IUIREYMA sem volta.
comp. IUÍRI, IUERE também, ou.
IUIAPUCUARE amarrado-se, ligado-se, afei- IUIRUPE em baixo.
çoado-se. V. Iapucuare e comp. IUIRUPEUARA o que está embaixo, o de baixo.
IUIAPY lançado-se, jogado-se, atirado-se. V. IUIUANTI, IUIUAENTI encontrado-se, topa-
Iapye comp. do-se. V. Iuantl, Iuaentl e comp.
IUIÁRI encontrado-se, unido-se, encostado- rnrncÁ matado-se.
-se V. Iári e comp. IUIUCAMBYRA suicida, matado-se por si
IUIARICI enfaceirado-se. V. Iarici e comp. mesmo.
IUIASAÃ, IUIASAÃN espalhado-se, dispersa- IUIUCENA derramado-se. V. Iucena e comp.
do-se. V. Iasaã e comp. IUIUCI limpado-se. V. Iuci e comp.
IUIASAI estendido-se, aberto-se. V. !asai e IVIVCY desejado-se. V. Iucy e comp.
comp. IUÍ-IUÍRE revirado-se, regirado-se. V. Iuíre e
IUIASOCA banhado-se. V. Iasuca e comp. comp.
IUIATICU suspendido-se, pendurado-se. V. IUÍ-IUÍRE CASAKIRE voltado para trás.
Iaticu e comp. IUIUMANA abraçado-se, enlaçado-se. V. Iu-
IUIATIMÚ embalado-se na rede. V. Iatimü e mana ecomp.
comp. IUIUMBEÚ entendido-se. V. Iumbeú e comp.
IUIATYCÁ afincado-se, arremessado-se. V. IUIUMEÕN enganado-se. V. Iuméõn e comp.
Iatycá e comp. IUIUMÍMI escondido-se, ocultado-se, sub-
IUIAUÉ emparelhado-se, conformado-se. V. traído-se. V. Iumími e comp.
Iaué e comp. IUIUMUACI enternecido-se. V. Iumuaci e
IUIAUÍ quebrado-se, infringido-se, desfeito- comp.
-se. V. Iauí e comp. IUIURARE desligado-se, soltado-se, desven-
IUIAUKI disputado-se, repreendido-se. V. cilhado-se. V. Iurare e comp.
Iauki e comp. IVIVSÁ enlaçado-se, envolvido-se. V. Iusá e
IUIEKI picado-se, espicaçado-se. V. Ieki e comp.
comp. IUIUTIMA enterrado-se, plantado-se, afinca-
IUIEMBUCA enforcado-se. V. Iembuca e do-se. V. Iutima e comp.
comp. IUIUTU, IUETU vento, ventania.
IUIEMBUCA-MBYRA enforcado-se, morto IUIUTU-AYUA vento ruim, vento mau, tro-
enforcado por si mesmo. voada.
IUIEPOIN cevado-se. V. Iepoín e comp. IUIUTU-PAUA pé de vento, vento sem vir
IUIEPYCA desafrontado-se, vingado-se. V. Ie- chuva.
pyca e comp. IUIUTURANA falso vento, vento que não dura.
IUIERÉU virado-se, girado-se, voltado-se. V. IUIUTU-ROi vento frio.
Ieréu e comp. IUIUTU-TINGA nevoeiro, vento branco.
IUIETYCA, IUITYCA prostrado-se, inclinado- IVIVTV-VÁVÓCA redemoinho, vento que
-se V. Ityca e comp. roda.
IUMBURE REMIRICÔ l SUI

IUIUTU-UASU vento forte, vento bravo. -claras, muito comum ao longo dos rios
IUIUYRA rápido, corredeira. Paranã iuiuyra: amazônicos.
corredeira do rio. IUKYRAYMA sem sal, insosso.
IUIUYRA-UASU cachoeira, corredeira grande. IUKYRA-YUKICÉ caldo de sal, salmoura.
IUKETUCA, IUCUTUCA esbarrado, batido con- IUKYRA-YUKICÉ-IRERU vasilha de salmoura.
tra. V. Cutuca e comp. IUKYRE, IUKYRI adormecido-se. V. Kyre e
IUKI casta de gavião que tem fama de forte e comp.
atrevido. Não o conheço. IUKYY esgotado-se, findado-se, exaurido-se.
IUKIÁ nassa tecida de talas ou cipó, de for- IUKYYPÁUA esgotamento.
ma alongada e aberta em ambas as extremi- IUKYYPÓRA esgotante, esgotador.
dades em forma de funil, por onde o peixe IUKYYUÁ esgoto [= esgotamento].
entra com algum esforço. Entrado, fica pre- IUMÃ torcido, dobrado.
so, sendo-lhe impedida a saída pelas pontas IUMAÃ enxergado-se, visto-se. V. Maã e
das talas que, viradas para dentro, se per- comp.; admirado.
mitem a entrada, impedem a saída. É arma- IUMACI faminto.
dilha mais especialmente usada para pescar IUMACÍPÓRA cheio de necessidade de comer.
nos igarapés. IUMACIUA o que tem muita fome.
IUKH cunhada. IUMACÍSÁUA fome.
IUKIRY pavãozinho, pavão-do-pará. Eury- IUMACÍYMA sem fome, satisfeito.
pyga helias. Elegante ave ribeirinha muito IUMACÍXÍNGA que tem apetite.
comum e apreciada em domesticidade pela IUMAIÃNA feito-se ao largo, deixar a costa.
sua mansidão, elegância e o hábito de apa- IUMAIÃNAPÁUA ato ou efeito de fazer-se ao
nhar moscas com uma graça e habilidade largo, deixar a costa.
extraordinárias. A cada instante faz a roda, IUMAIÃNASÁRA quem se faz ao largo, deixa
tufa todo, e abre em leque as asas e a cauda, a costa.
e balançando-se encolhe o pescoço, pron- IUMAIÃNAYMA que não se afasta, não se faz
to porém sempre a ferrar com o fino bico ao largo.
apontado. IUMAMANA enrolado-se, enovelado-se. V.
IUKITAIA V. Iekitaia. Mamana e comp.
IUKITYCA ralado. IUMANA, IUMANE envolvido, abraçado.
IUKITYCASÁRA ralador. IUMÁNAPÁUA envolvimento.
IUKITYCASÁUA ralação. IUMÁNASÁRA envolvedor, abraçador.
IUKITYCATÁUA raladouro. IUMÁNASÁUA abraço.
IUKITYCAUA raladura. IUMÁNAUÉRA abraçante.
IUKITYCAUÁRA ralante. IUMÁNAYMA não envolvido, não abraçado.
IUKITYCAUÉRA ralante, pouco hábil, pregui- IUMANGARA torcedor.
çoso. IUMANGAUA torcedura.
IUKITYCAYMA rão ralado. IUMANO finado-se, feito-se morto, morto.
IUKYRA sal. IUMÃYMA não torcido.
IUKYRAUÁ salgado. IUMÃXÍNGA apenas torcido.
IUKYRA MANHA salina. IUMBAU, IUMPAU acabado-se, findado-se,
IUKYRAPÁUA salgamento. completado-se. V. Mbau e comp.
IUKYRAPÓRA salgante, salgador. IUMBAÚ comido-se. V. Mbaú e comp.
IUKYRATYUA salgadouro. IUMBEÚ dirigido-se, voltado-se para falar ou
IUKY-IUKYRE dorminhoco; casta de Mi- ouvir. V. Mbeú e comp.
mosa. IUMBUÉ rezado, pedido. V. Mbué e comp.
IUKYRE-CAA folha que dorme, casta de sen- IUMBUÉUA reza, pedido.
sitiva, mata-pasto. IUMBUÉSÁUA ato de rezar ou pedir.
IUKYRi casta de sensitiva espinhosa das IUMBURE jogado fora, lançado de si. V. Mbure.
praias, elegante Mimosácea de flores rosa- IUMBURE REMIRICÔ I SUI divorciar.
IUMEÊ

IUMEE dado-se, entregado-se, oferecido. V. IUMUACANHEMO assustado-se, esmorecido.


Meêe comp. V. Canhemo e comp.
IUMÉMBÉCA amolecido-se, tornado-se mole. IUMUACI enternecido-se. V. Muaci e comp.
V. Membeca e comp. IUMUAMUNDÉ vestido-se, trajado-se. V. Mua
IUMENDARE casado-se. V. Mendare e comp. mundé e eomp.
IUMENDOÁRI lembrado-se. V. Mendoári e IUMUANAMA feito-se amigo, feito-se parente.
comp. IUMUAN, IUMUANGA fingido-se. V. Muãn e
IUMEÕ, IUMEON enganado-se. V. Meõn e comp.
comp. IUMUANTÁ endurecido-se, fortalecido-se,
IUMIMOIN cozinhado-se. V. Mimoin e comp. coalhado-se. V. Muantá e comp.
IUMÍMI escondido-se, ocultado-se, subtraí- IUMUAPARA entortado-se, curvado-se. V.
do-se. Cunhã oiumími caá kiti: a mulher es- Muapara e comp.
conde-se no mato. IUMUAPATUCA atropelado-se, embaraçado-
IUMÍMI-RUPI secretamente. Ariré osó opu- -se. V. Patuca e comp.
runguetá iumími rupi suainhana-itá irumo: IUMUAPAUA coamento, ato de coar.
depois foi falar secretamente com os ini- IUMUAPICICA feito-se pegar. V. Picica e comp.
migos. IUMUAPIRE emendado-se, aumentado-se,
IUMINE negado, recusado. acrescido-se. V. Muapire e comp.
IUMÍNESÁRA negador, recusador. IUMUAPORA coador, coante.
IUMÍNESÁUA negação, recusa. IUMUAPUi adelgaçado-se, reduzido-se. V.
IUMÍNEUÁRA negante, recusante. Muapui e comp.
IUMÍNEUÉRA negável, recusável. IUMUARIXY enfaceirado-se. V. Uarixy.
IUMÍNEYMA não negado, não recusado. IUMUATAUA coadouro.
IUMIRU emperrado. IUMUATIRE amontoado-se, juntado-se. V.
IUMIRUSARA emperrador. Muatire e comp.
IUMIRÚSÁUA emperramento. IUMUAÚ apropriado-se, tirado para si.
IUMIRÚTÁUA emperradouro. IUMUAÚPÁUA apropriação.
IUMIRÚÚARA emperrante. IUMUAÚPÓRA apropriador, apropriante.
IUMIRÚUÉRA emperrável. IUMUAÚTÁUA o que se é apropriado.
IUMIRÚYMA não emperrado. IUMUAUA coadura, o que foi coado.
IUMITERA partido, dividido-se. IUMUAUARA coante.
IUMOETÉ respeitado-se. V. Moeté e comp. IUMUAUERA coável.
IUMOIARU satisfeito, contente. V. Moiaru e IUMUAYMA não coado.
comp. IUMUAYUA tornado-se feio. V. Muayua e
IUMOIRÕN arrufado-se. V. Moirõn e comp. comp.
IUMOMBURE, IUMUMURE intrometido-se, IUMUCAMEE mostrado-se, feito-se ver. V.
posto-se de permeio. V. Mombure comp. Mucameê e comp.
IUMOMORI envergonhado-se. IUMUCAUÉ tornado-se mofento.
IUMOSARAIN brincado, jogado, folgado. IUMUCEEN-IURU beijado-se.
IUMOSARAINGÁRA jogador, brincador. IUMUCERA feito-se um nome, dado-se um
IUMOSARAINGÁUA brincadeira, jogo, fol- nome. V. Mucera e comp.
guedo. IUMUCERUCA batizado-se. V. Muceruca e
IUMOSARAIN-TAUA brinquedo, joguete. comp.
IUMOSORI alegrado-se. V. Mosori e comp. IUMUCATU tornado-se bom, feito-se bom. V.
IUMU flechado. Mucatu e comp.
IUMUÁ o flechado. IUMUCOAYRA feito-se pequeno, reduzido-se,
IUMUÃ coado. diminuído-se. V. Mucoayra e comp.
IUMUACA juntado-se, unido-se, amasiado-se. IUMUÉ rezado. V. Iumbué.
V. Muaca e comp. IUMUETÉ lisonjeado, insistido.
IUMUACANGA-AYUA endoidecido. IUMUETÉSÁRA lisonjeador.
IUMUPYPYCA

IUMUETESAUA lisonja. IUMUOPENA feito-se abrir. V. Opena e comp.


IUMUi fendido-se, rachado-se. V. Mui e IUMUPACA feito-se acordar. V. Paca e comp.
comp. IUMUPANEMA empanemado, tornado-se pa
IUMUIAKYRA enverdecido-se. V. Iakyra e nema, infeliz na caça ou na pesca. V. Mu
comp. panema e comp.
IUMUIANGA reanimado-se, feito-se de âni- IUMUPEMA achatado-se. V. Mupema e comp.
mo. V. Muianga e comp. IUMUPENA dobrado-se, quebrado-se. V. Mu-
IUMUIAUÉ igualado-se, emparelhado-se, pena ecomp.
ombreado-se. V. Iaué e comp. IUMUPERÉUA feito-se jus, feito-se chagas. V.
IUMUIEPOTI tornado-se sujo, enferrujado-se, Muperéua e comp.
embaciado-se. V. Muiepoti e comp. IUMUPÉUA achatado-se. V. Mupéua e eomp.
IUMUIERÉU mudado-se, disfarçado-se. V. IUMUPIÁ confiado-se, animado-se. V. Mupiá
Ieréu e comp. e comp.
IUMUIERÉU-IERÉU transformado-se, transfi- IUMUPIÁ-AYUA enfadado-se, desapiedado-se.
gurado-se, mudado-se continuamente. IUMUPIÁ-CATU enternecido-se, apiedado-se.
IUMUIKÉ enchido-se. V. Eiké e comp. IUMUPIÁ-PURANGA bem disposto-se, con-
IUMUIKIÁ sujado-se, borrado-se, nublado-se. descendente.
V. Ikiá e comp. IUMUPIÁ-PUXI indisposto-se, feito-se mau
IUMUINHARÜ Embravecido. V. Inharu e sangue.
comp. IUMUPIÁ-UASU engrandecido-se, elevado-se.
IUMUIÜMÚNI arrepiado-se. IUMUPINIMA feito-se pintar. V. Pinima e
IUMUMARACAIMBARA envenenado-se. comp.
IUMUMBEÚ, IUMUMEÚ confessado-se, feito- IUMUPIRANGA tinto-se de vermelho, enver
-se dizer, feito-se ensinar. V. Mbeú e comp. melhado-se, feito-se vermelho. V. Mupi
IUMUMBURE posto-se ou feito-se pôr, colocar. ranga e comp.
IUMUMENDARE feito-se casar. V. Mendare e IUMUPIRANTÃ feito-se correntoso. V. Pi-
comp. rantã.
IUMUMENDOARE feito-se lembrar, feito-se IUMUPIRE, IUMUPÍRI feito-se maior, acres-
lembrado. V. Mendoare e comp. centado-se. V. Mupiri e comp.
IUMUMORY feito-se alegrar, feito-se festejar. IUMUPIROCA despido-se. V. Mupiroca e
V. Mumory e comp. comp.
IUMUNÁNI misturado-se. V. Munáni e comp. IUMUPITUA amofinado-se, acobardado-se.
IUMUNDÉ, IUMUNÉ, IUMUNÉU enfeitado-se, V. Mupitua e comp.
ornado-se, vestido-se. V. Mundé e comp. IUMUPORARÁ atormentado-se. V. Porará.
IUMUNDYCA incendiado-se, acendido-se. V. IUMUPUAMO feito-se levantar. V. Puamo e
Mundyca e comp. comp.
IUMUNHÃ feito-se. V. Munhã e comp. IUMUPUCU alongado-se, tornado-se com-
IUMUNHÃ MIRI humilhado-se. V. Munhã e prido, feito-se comprido. V. Mucupu e
comp. comp.
IUMUNHÃ UASU ensoberbecido-se. V. Munhã IUMUPUITÉ mentido-se. V. Mupuité e comp.
e comp. IUMUPURANGA enfeitado-se, feito-se bonito,
IUMUNGUETÁ apalavrado-se. embelezado-se. V. Mupuranga e comp.
IUMUNi arrepiado, estremecido, comovido. IUMUPUI afinado-se, adelgaçado-se. V. Mupul
IUMUNIÁRA menstruada. e comp.
IUMUNÍARAPÁUA menstruação. IUMUPUTUPAU agastado-se. V. Muputupau.
IUMUNIARAPÓRA menstruante. IUMUPUTYRA enflorado-se, coberto-se de
IUMUNIARAYMA não menstruada. flores. V. Muputyra e comp.
IUMUNÍSÁRA arrepiador, estremecedor. IUMUPYPYCA feito-se meter a pique, pos-
IUMUNÍSÁUA arrepiamento, estremecimento. to-se a pique, afundado-se. V. Mupypyca e
IUMUNiUÁRA arrepiante, comovente. comp.
IUMUPYTUU, IUMUPUTUU

IUMUPYTUU, IUMUPUTUU apaziguado-se, IUMUUARA flechante.


calmado-se. V Mupytuu. IUMUUERA flechável.
IUMURESARAIN tornado-se esquecido, per- IUMUYASUCA banhado-se. V Muyasuca e
dido da memória. V Muresarafn e comp. comp.
IUMUROIRON feito-se aborrecer. V Muroiron IUMUXISARA desejador, augurador.
e comp. IUMUXISAUA desejo, agouro.
IUMURUAIARA feito-se companheiro, cama- IUNDACACA desinquieto (das crianças).
rada, aliado. V Muruaiara e comp. IUNDIÁ jundiá, Platystoma spatula, pequeno
IUMURUSAN, IUMURUSANGA esfriado-se, peixe muito frequente nos igarapés.
umedecido-se, molhado-se. V Murusanga IUNDUI junduí, casta de pequena aranha te-
e comp. cedeira.
IUMURUTINGA embranquecido, feito-se bran- IUNHERÉU meditado, perguntado-se, inda-
co. V Murutinga e comp. gado-se. V Nheréu e comp.
IUMUSAEN, IUMUSAIN espalhado-se, disper- IUNEPIÁ ajoelhado-se.
sado-se. V Musaen e comp. IUNEPIÁSÁRA ajoelhador.
IUMUSAPU arraigado-se. V Musapu e comp. IUNEPIÁSÁUA ajoelhamento.
IUMUSARA flechador. IUNEPIÁRENDÁUA genuflexório, ajoelha-
IUMUSARAIN divertido-se, brincado. V Mu- douro.
sarafn e comp. IUNEPIÁUÁRA ajoelhante.
IUMUSAUA flechada, flechamento. IUNEPIÁUÉRA ajoelhadiço.
IUMUTARE desejado-se, lisonjeado, embaído. IUNEPIÁYMA não ajoelhado.
V Putare e comp. IUOYCA afogado-se. V Oyca e comp.
IUMUTAREYMA aborrecido, não desejado. rnoYCA-MBYRA quem morreu afogado.
IUMUTAREYMA-PAUA aborrecimento. IUPÁ braço.
IUMUTAREYMA-PORA aborrecedor. IUPÃ, IUPANA lavrado a enxó, desbastado e,
IUMUTAREYMA-UÁ o aborrecido. por extensão, qualquer trabalho de carpina.
IUMUTAUÁ amarelecido, feito amarelo. V IUPANASARA desbastador, carpina.
Mutauá e comp. IUPANASAUA desbastamento.
IUMUTECÔ tornado-se costume. V Mutecô e IUPANATAUA desbastadouro.
comp. IUPANAYMA não desbastado, em bruto.
IUMUTETÉ feito-se lastimar, lastimado-se. V IUPANAXINGA apenas desbastado.
Muteté e comp. IUPAPÁRI cortado-se. V Papári e comp.
IUMUTI envergonhado-se. V Mutf e comp. IUPARÁ' jupará, Cercoleptes caudivolv[ ul]us
IUMUTIAPU, IUMUTEAPU feito-se bulhento. [Patos flavos], casta de pequena mucura (?)
IUMUTICANGA enxugado-se, secado-se. V que vive de preferência nas árvores.
Muticanga. IUPARÁ' jubará, casta de cachorro-do-mato.
IUMUTICU dependurado-se. V Muticu e IUPATI jupati, Rafia taedigera, palmeira de
comp. pequeno porte que cresce de preferência na
IUMUTIMBORE defumado-se. V Mutimbore terra firme. Dos espiques se fazem flautas,
e comp. pífaros e sarabatanas. Das suas fasquias, te-
IUMUTIPIRE alisado-se, feito-se liso. V Mu- cidas com cascas de monguba, se fazem ve-
tipire e comp. las de canoas de todo o porte, que por serem
IUMUTUIUÉ envelhecido-se (do homem). muito leves se tornam muito arfantes, como
IUMUTURusu feito-se grande e grosso, en- afirma Cerqueira, citado por Martins, na sua
grandecido-se, inchado-se. V Muturusu e Corographia Paraense.
comp. IUPATUCA embatucado-se, atropelado-se. V
IUMUTYPY afundado-se. V Mutypy e comp. Patuca e comp.
IUMUTYUA flechadouro. IUPAU, IUPAUA acabado-se. V Mpau e comp.
IUMUUAIMI envelhecida (a mulher); feito-se IUPÉ tecido.
velha. IUPEMA achatado-se. V Perna e comp.
IURARÁ

IUPENA dobrado-se, quebrado-se. V. Pena e IUPUCUAN-YMA não acostumado.


comp. IUPUCUARE, IUPUCUÁRI atado-se. V. Pu-
IUPÉSÁRA tecelão, tecedor. cuári e comp.
IUPÉSÁUA tecelagem; ato de tecer. IUPUCUAU amarrado-se, submetido, afeiçoa-
IUPETECA batido-se. V. Peteca e comp. do. V. Pucuau e comp.
IUPÉ-TENDAUA casa onde se tece, tece- mPui sustentado com comida, dado de co-
douro. mer.
IUPÉTYUA tear. IUPUISARA sustentador com comida.
IUPÉUÁ o tecido. IUPUISAUA sustento.
IUPÉUÁRA tecendo, que serve para tecer. IUPUiTYUA sustentadouro.
IUPÉYMA não tecido, solto. IUPUIUARA sustentante.
IUPi soprado, tocado, em instrumentos de IUPUIUERA sustentável.
sopro. Curumi-uasu oiupi puranga memby: IUPUiYMA não sustentado, que não sustenta.
o moço toca flauta bonito. IUPURACÁRI carregado-se. V. Puracári e
IUPICICA pegado-se, agarrado-se. V. Picica e comp.
comp. IUPURANDU perguntado-se. V. Purandu e
IUPINA tosquiado. comp.
IUPINASARA tosquiador. IUPUPÉ vestido-se.
IUPINASAUA tosquiamento. IUPUPECA coberto-se. V. Pupeca e comp.
IUPINA-TENDAUA tosquiadouro. IUPURAUACA escolhido-se V. Purauaca e
IUPINAUA tosquia. comp.
IUPINAUARA tosquiante. IUPURUACA encolhido-se. V. Puruaca e comp.
IUPINAUERA tosquiável. IUPUTARE despojado-se. V. Putare e comp.
IUPINAYMA não tosquiado. IUPUTUU aliviado-se. V. Putuu e comp.
IUPINIMA pintado-se. V. Pinima e comp. IUPYAYRU defendido-se. V. Pyayru e comp.
IUPIRE, IUPÍRI elevado-se, subido. IUPYCA vingado-se. V. Iopyca e comp.
IUPIRESARA elevador. IUPYKY apertado, estreito.
IUPIRESAUA elevação, ato de elevar. IUPYPYCA alagado-se, ido-se ao fundo. V. Py-
IUPIRETAUA elevação, lugar elevado. pyca ecomp.
IUPIREUARA elevante. IUPYRÚN começado, principiado.
IUPIREYMA não elevado. IUPYRUNGARA começador, principiador.
IUPISARA tocador, soprador. IUPYRUNGAUA começo, princípio.
IUPISAUA tocada, soprada. IUPYTERE beijado-se. V. Pytere e comp.
IUPITASOCA firmado-se, resistido. V. Pita- IURÁ, AIURÁ pescoço.
soca e comp. IURÁPÓRA colar, adereço do pescoço, cola-
IUPIUARA tocante, soprante. rinho.
IUPIUERA tocável, soprável. IURARÁ tartaruga, a fêmea da Emys amazo-
IUPOCYRÕN Auxiliado-se, ajudado-se. V. Po- nica. A sua carne é a base da alimentação de
cyrõn e comp. parte do estado do Amazonas, onde é ain-
IUPOKE levantado-se. V. Puama e comp. da relativamente fácil obter-se, embora já
IUPORUCÁRI o sobrecarregar-se do céu que não haja a quantidade que houve, e o nú-
ameaça tempestade, sobrecarregado-se. mero das tartarugas trazidas ao mercado
IUPOÚ colhido. V. Poú e comp. diminua cada ano, devido sobretudo à ca-
IUPUAMA levantado-se. V. Puama e comp. ça desapiedada e irracional que lhes é feita,
IUPUCÁ rido-se. V. Pucá e comp. O macho chama-se capitári e é menos per-
IUPUCA aberto-se. V. Puca e comp. seguido que a fêmea, não tanto por ser mais
IUPUCERÕ defendido-se. V. Pucerõ e comp. pequeno como pelo fato de ser a sua carne
IUPUCUÃN acostumado. menos apreciada, como de resto em geral é
IUPUCUANGARA acostumador. aquela de todos os machos, com poucas ex-
IUPUCUANGAUA acostumamento. ceções, talvez.

= 393 =
IURARÁ ICAUA

JURARÁ ICAUA manteiga de tartaruga. É a JURERÉUYMA não rolado.


gordura extraída dos ovos crus, que para es- IÚRI, JURE vindo, forma irregular do im-
te fim, depois de colhidos, desencovando- perativo em lugar de Reiúri. Pexiare oiure
-os, são esmagados dentro de largas vasilhas curumi itá ce pire: deixai vir a mim os meni-
e, em falta de melhor, dentro da própria ca- nos. Xaiúri ne kiti xapurunguetá arama: ve-
noa, e misturados com água são deixados nho a ti para conversar.
esquentar ao sol, O calor derrete a gordura IÚRISÁRA quem vem, ou quem faz vir.
que vem à tona d'água, e o resto vai ao fun- IÚRISÁUA vinda.
do. A frialdade da noite coagula a gordu- IÚRITÁUA lugar onde é vindo ou se vem.
ra, que, recolhida, é guardada em potes de IÚRJUÁRA veniente.
barro para servir oportunamente ou ser en- IÚRIYMA quem não vem, não vindo.
tregue ao patrão para a venda. Já, ao que se JURU boca.
conta, foi uma grande indústria, que os pri- JURUÁRI embarcar-se. V Ruári e comp.
meiros colonos aprenderam dos indígenas. JURUÁ juruá, boca alta, aberta; foz desentu-
Hoje nos poucos lugares onde ainda se pra- pida.
tica, mal dá para o consumo local. A man- JURUASU boca grande, escancarada; barra
teiga de tartaruga é uma raridade tanto no franca.
mercado do Pará como no do Amazonas, e JURU-AYUA maldizente.
todos os dias se torna mais rara. JURU-CANHEMO emudecido, calado-se.
JURARE, JURÁRI desligado, solto, desamar- IURU-CATU elogiante.
rado. IURU-CEEN afável.
JURARESARA desligador, desamarrador. IURucoiN casta de ave. V Surucoin.
JURARESAUA desligamento, desamarração. IURUCUÁ casta de tartaruga do salgado.
JURARE-UARA desligante. IURUEMA casta de maracanã.
JURARE-UERA dDesligável. IURU-EUERE palavreado.
JURAU jirau, o desligado. Qualquer estra- IURUi boca pequena, cortês.
do de paus soltos ou mesmo ligeiramente IURUIAI pasmado. Iuruiai oicô: fica pasmado.
amarrados, mais ou menos elevado do chão, IURU-INEMA detrator sistemático, boca fedo-
que serve para, dentro de casa, conservarem renta.
as provisões ou outra qualquer coisa e, na IURU MUCEÊNGA beijo.
canoa, para resguardar a carga em cima do IURU MUCEENGARA beijador.
fogo para preparar o moquém. Por exten- IURU MUCEENGAUA beijamento.
são, todo e qualquer estrado ou soalho. IURU MURUTi boca branca, casta de pequeno
JURAÚ disputado. macaco, Sciurea.
JURAU-PORA que está ou deve estar no jirau. IURUi- YUA cortesia.
JURAÚ-SARA disputador. IURU-MIRi boca pequena; barrinha.
JURAÚ-SAUA disputa. IURUMU jurumu [jerimum), fruta comestível
JURAU-TAUA lugar do jirau. da Cucurbita maxima e afins.
JURAÚ-TENDAUA lugar da disputa. IURUPARY Jurupari. O demônio, o espíri-
JURAÚ-UARA disputante. to mau, segundo todos os dicionários e os
JURAÚ-UERA disputável. missionários, exceção feita do P'· Tastevin.
JURAÚ-YMA não disputado. "A palavra jurupari parece corruptela de ju-
JUREMA jurema, Acacia jurema, casta de rupoari, escreve Couto de Magalhães em
Leguminosa. nota (16) da segunda parte do Selvagem,
JURERÉ, JURERÉU rolado-se. que ao pé da letra traduziríamos: boca mão
JURERÉUSÁRA ralador. sobre; tirar da boca. Montoia (Tesoro) traz
JURERÉUSÁUA rolamento. esta frase: Che jurupoari: Tirou-me a pala-
JURERÉUTÁUA roladouro. vra da boca. O dr. Baptista Caetano traduz
JURERÉUUÁRA rolante. a palavra: Ser que vem à nossa rede, isto é,
JURERÉUUÉRA rolável. ao lugar onde dormimos. Seja ou não cor-

00
394 ""
IURUPARY-TATÁ-PORA

rupta a palavra, qualquer das duas tradu- e, pode-se afirmar, influem ainda em mui-
ções está conforme a tradução indígena e, tos lugares do nosso interior sobre os usos e
no fundo, exprime a mesma ideia supers- costumes atuais; e o não conhecê-las tem de-
ticiosa dos selvagens, segundo a qual este certo produzido mais malentendidos, enga-
ente sobrenatural visita os homens em so- nos e atritos do que geralmente se pensa. Ao
nho e causa aflições tanto maiores, quan- mesmo tempo, porém, tem permitido, co-
to, trazendo-lhes imagens de perigos horrí- mo tenho tido mais de uma vez ocasião de
veis, os impede de gritar, isto é, tira-lhes a observar pessoalmente, que, ao lado das leis
faculdade da voz:' Esta concepção, que po- e costumes trazidos pelo Cristianismo e pe-
derá ser a que criaram as amas de leite amal- la civilização europeia, subsistam ainda uns
gamando as superstições indígenas com as tantos usos e costumes, que, embora mais
de além-mar, tanto vindas da África co- ou menos conscientemente praticados, in-
mo da Europa, não é a do nosso indígena. dicam quanto era forte a tradição indígena.
Para ele, Jurupari é o Legislador, o filho da Quanto à origem do nome, aceito a ex-
virgem, concebido sem cópula pela virtu- plicação que dela me foi dada por um ve-
de do sumo da cucura-do-mato e que veio lho tapuia, a quem objetava me ter sido afir-
mandado pelo Sol para reformar os costu- mado que o nome de Jurupari queria dizer
mes da Terra, a fim de poder encontrar ne- "o gerado da fruta''. Intimãã, Iurupary cera
la uma mulher perfeita, com que o Sol pos- onheen putare omunhã iané iuru pari uá:
sa casar. Jurupari, conforme contam, ainda Nada disso, o nome de Jurupari quer dizer
não a encontrou, e embora ninguém saiba que fez o fecho da nossa boca. Vindo por-
onde, continua a procurá-la e só voltará ao tanto de iuru, boca, e pary, aquela grade de
céu quando a tiver encontrado. Jurupari é, talas com que se fecham os igarapés e bocas
pois, o antenado lendário, o legislador divi- de lagos, para impedir que o peixe saia ou
nizado, que se encontra como base em todas entre. Explicação que me satisfaz, porque
as religiões e mitos primitivos. Quando ele de um lado caracteriza a parte mais salien -
apareceu, eram as mulheres que mandavam te do ensinamento de Jurupari, a instituição
e os homens obedeciam, o que era contrário do segredo, e do outro lado, sem esforço se
às leis do Sol. Ele tirou o poder das mãos das presta a mesma explicação nos vários dia-
mulheres e o restituiu aos homens, e, para letos tupi-guaranis, como se pode ver em
que estes aprendessem a ser independentes Montoia às vozes yuru e pary e às mesmas
daquelas, instituiu umas festas em que so- vozes em Baptista Caetano.
mente os homens podem tomar parte e uns IURUPARY-KIAUA pente de Jurupari, cento-
segredos que somente podem ser conheci- peia, Escolopendra.
dos por estes. As mulheres que os surpreen- IURUPARY-MACACA casta de macaco todo
dem devem morrer e em obediência desta preto e muito peludo, Cebus Satanas.
lei morreu Ceucy, a própria mãe de Jurupari. IURUPARY-PINDÁ anzol-do-diabo, casta de
Ainda assim, nem todos os homens conhe- arbusto muito espinhoso da margem do rio,
cem o segredo; só o conhecem os iniciados, e que parece gostar dos lugares de corredei-
os que chegados à puberdade derem prova ra, onde em tempo de enchente incomoda
de saber suportar a dor, serem segredos e os que vêm subindo os rios a gancho, ou
destemidos. Os usos, leis e preceitos ensina- macaqueando, isto é, agarrando-se com as
dos por Jurupari e conservados pela tradição mãos à vegetação da margem.
ainda hoje são professados e escrupulosa- IURUPARYI-PINDÁ-PUTAUA pequeno peixe
mente observados por numerosos indígenas geófago, espécie de cuiú-cuiú, que somen-
da bacia do Amazonas, e, embora tudo le- te presta para isca do anzol, de onde o nome
ve a pensar que o de Jurupari é mito tupi- de isca do anzol de Jurupari.
-guarani, todavia tenho visto praticadas suas IURUPARY-TATÁ fogo do diabo.
leis por tribos das mais diversas proveniên- IURUPARY-TATÁ-PORA morador do fogo do
cias, e em todo o caso largamente influíram diabo, demônio.

"' 395 =
IURUPAR Y-TATÁ-TETAMA

IURUPARY-TATÁ-TETAMA inferno. IUSAE, rnsAi'N espalhado-se. V Saen e comp.


IURUPARY-TIPUTY enxofre. IUSANA laço.
IURUPARY-YUA casta de cipó venenoso, es- IUSANAPAUA laçada.
pécie de Strychnos. IUSANASARA laçador.
IURUPÉUA jurubeba. V Iuuna. IUSAPU salsa, salsaparilha, Smilax salsapa-
IURUPIXUNA boca preta, macaco-de-chei- rilla. Lit., raiz de espinho, talvez por ter o
ro, Calithrix sciurea [Saimiri sciureus]. Foi caule espinhoso-sarmentoso despido de fo-
o nome de uma tribo indígena que habitou lhas. É cipó comum em todas as matas de
o baixo rio Negro e o Japurá, e que parece terra firme, mas especialmente nos peque-
emigrou já em tempos históricos para o bai- nos outeiros e cabeceiras de igarapés.
xo Amazonas, e que trazia o nome de uma !USARA' comichão, prurido.
tatuagem preta em roda da boca. IUSARA' casta de palmeira de caule espinho-
IURÚPÓRA enchimento da boca, rolha. so-sarmentoso, variedade de jacitara, casta
IURURÉ pedido. de Desmoncus.
IURURÉ-CATU enternecido. IUSARAEN, IUSARAIN esquecido-se. V Sa-
IURURÉ-RETÉ rogado. raen e comp.
IURURÉ-RURÉ Instado, insistido. IUSÁRASÁRA que faz comichão, prurido.
IURURÉSÁRA pedidor. IUSASAUA transportado-se, transferido-se V
IURURÉSÁUA pedido, ato de pedir. Sasau e comp.
IURUREU, IURUREUA pedido, o que foi pe- IUSOANTI, IUSOAENTI ido-se de encontro,
dido. encontrando-se propositalmente. V Soantl
IURUREUARA pedinte. ecomp.
IURUREUERA pedinchão. rnsocA arrimado-se, encostado-se, apoiado-
IURUREYMA não pedido. -se. V Soca e comp.
IURURÉ-XINGA mal pedido, pouco pedido. IUSOROROCA retalhado-se, feito-se fiapos. V
IURUTI juruti, casta de rola, Columba juru- Sororoca e comp.
ti e afins. rnsuú mordido-se, adentado-se V Suú e
IURÚUIÁRE confiado-se, convencido-se, jac- comp.
tado-se. V Ruuiare e comp. IUTAY jutaí, fruta do jutaizeiro, Síliqua le-
IURUUIARE-YUA convencimento, jactância. nhosa que contém um número variável de
IURUY boca-d'água, Callithrix brunnea. Pe- sementes envolvidas numa polpa farinhosa;
queno macaco, bruno-fulvo-escuro qua- a parte comestível, de cor verde-amarela e
se preto, com a boca branca, e a cauda, que gosto adocicado.
não é preênsil, mais comprida do que o cor- IUTAY-ICYCA resina de jutaí. Exsudação na-
po, muito comum nos arredores de Tefé. tural do jutaizeiro, usada pelas louceiras in-
Pouco arisco, porque pouco perseguido, dígenas para envernizar, vidrar, a parte in -
vem regularmente em pequenos bandos de terna da louça, obtendo uma camada de
oito a dez indivíduos saquear os ingazeiros verniz, que quando nova imita perfeita-
bem em face da janela, perto da qual estou mente o vidro.
escrevendo, e, nâo perturbados, levam ho- IUTAY-MUNDÉ jutaí que engana, casta de ju-
ras cabriolando e fazendo nomices. taí, cuja resina, apesar da aparência, é de in-
rnsÁ laçado. ferior qualidade.
IUSAÃ provado-se, experimentado-se, desa- IUTAY-PÉUA jutaí chato, cuja síliqua lenhosa
fiado. é fortemente achatada.
IUSAÃNGARA desafiador, experimentador. IUTAY-POROROCA jutaí que arrebenta, fen-
IUSAÃNGAUA desafio, experimento. de-se na casca deixando sair a resina em
IUSAÃNGATAUA Lugar do desafio, do expe- grande quantidade. Parece ser uma das qua-
rimento. lidades mais estimadas; em todo caso, afir-
IUSACI entristecido, desanimado. V Saci e mam que a sua resina é muito boa para cura
comp. das moléstias das vias respiratórias, e que a
IXÉ IARA

fruta é das melhores da sua classe[; jutaí- rnúcASÁUA extração, desentupimento, tirada.
pororoca]. IUÚCAUÁ o que se saca, tira, extrai, desem-
IUTAY-YUA jutaizeiro, nome de várias es- baraça.
pécies do Hymenoea, todas árvores de al- ruÚCAUÁRA tirante, sacante, extrainte.
to porte e que crescem de preferência nas IUÚCAYMA não tirado, não sacado, não de-
terras firmes. A sua madeira é utilizada em sembaraçado.
construções civis e obras de marcenaria. A IUÚNA, JUÚNA nome que alguma vez se ou-
árvore, especialmente se isolada nos des- ve dar à jurubeba. Casta de solanácea, de
campados, afirmam, que tem a propriedade que apregoam as propriedades depurativas
de atrair o raio, e se dá como imprudência do sangue.
estar-lhe ao pé quando ameaça trovoada. IUYCA envolvido, engasgado, enforcado.
IUTAXI casta de abelha, que costuma fazer IUYCÁ surgido, saído, esguichado, especial-
seu ninho nos jutaizeiros. mente dos líquidos.
IUTIMA plantada. IUYCÁMBYRA morto enforcado, engasgado,
IUTIMASARA plantador. envolvido.
IUTIMASAUA lugar de plantação, planta- IUYCAUA-PAUA esguichamento, ato de sair,
douro. surgir.
IUTIMAUÁ planta, o plantado. IUYCÁ-PORA esguichante, surginte, sainte.
IUTIMAUARA plantante. IUYCÁSÁRA enforcador, engasgador, envol-
IUTIMAUERA plantável. vedor.
IUTIMAYMA não plantado. IUYCÁSÁUA enforcamento, engasgamento, en-
IUTUCA ferido-se, golpeado-se, batido-se. volvimento.
IUTURAMA revolvido-se. V Turama e comp. IUYCÁTYUA, IUYCÁTENDÁUA enforcadouro,
IUTUÚMA lambuzado-se. V Tuúma e comp. engasgadouro.
IUTYCA batata; enterrado, afincado. IUYCAUÁ o engasgado, o enforcado.
IUTYCASARA enterrador, afincador. IUYCÁUÁRA enforcante, engasgante.
IUTYCASAUA enterramento, afincamento. IUYCÁUÉRA enforcável, engasgável.
IUTYCATAUA, IUTICATENDAUA afincadouro, IUYCÁYMA não enforcado, não engasgado.
enterradouro. IUYIUYRE precipitado na descida, revirado.
IUTYCAUARA enterrante, afincante. IUYRE descido, baixado, virado.
IUTYCAYMA não enterrado, não afincado. IUYRESARA descedor, baixador, virador.
IUTYCU desfeito-se, desmanchado-se, diluí- IUYRESAUA descimento, baixamento, viração.
do-se. V Tycu e comp. IUYRETAUA descida, baixada, virada, com re-
IUTYME acotovelado-se. ferência ao lugar.
IUTYMEPAUA acotovelamento. IUYREUÁ o descido, o baixado, o virado.
IUTYMEPORA acotovelador, acotovelante. IUYREUARA baixante, descente, virante.
IUTYMEYMA não acotovelado. IUYREUERA baixável, descível, virável.
IUTYUA jutuba, espinhal, lugar de espinhos. IUYREYMA não descido, não baixado, não vi-
IUUAY tamarindo, fruta do tamarindeiro, rado.
uma síliqua contendo pequenas sementes IUXIARA deixado-se, abandonado-se. V
envolvidas em polpa acidulada, de que se Xiári e comp.
fazem doces e o purgativo bem conhecido IUXIKI arrastado-se. V Xi/d e comp.
com o nome de "polpa de tamarindo''. IXAMA corda, enfiada, cambada; casta de pe-
IUUAY-YUA tamarindeiro. queno peixe.
ruúcA tirado, sacado, desentupido, desem- rxÉ eu, mim, me. Ixé xacuao putare, maerecé
baraçado, extraído. Reiuúca iú ce suí: ti- inti recenoicári ixé: eu quero saber, por que
ra o espinho do meu pé. Pé apitá oiuúca não me chamas.
myrá suí: o caminho ficou desembaraçado rxÉ IARA eu o dono, meu. Aua ixé iara?:
de paus. quem o dono? Cuá maaitá paua ixé iara: eu
IUÚCAUÁRA tirador, sacador, desentupidor. o dono de tudo isso.

,,, 397 ""


IXÉ NHUNTO

rxÉ NHUNTO eu somente, somente eu. IYUÁ-PENASAUA cotovelo.


rxÉ NHUÍRA eu sozinho. Ixupé: a ele, para ele. IYUÁ-RAIYCÁ pulso.
IXÉ TENHEN eu mesmo. IYUÁ-RUPITÁ antebraço.
IYCÁ quebrado, lascado, espirrado. IYUÁ-UAUIRU bíceps, lagarto do braço. Lit.:
IYCÁYCÁ espedaçado, fragmentado. rato do braço.
IYÉ aceso, inflamado. IYUYCA, IYUAYCA subjugado, submetido,
IYÉSÁRA acendedor, inflamador. vencido.
IYÉSÁUA inflamação, ascensão. IYUYCASARA subjugador, vencedor, subme-
IYÉTÁUA lugar de inflamação, de ascensão. tedor.
IYÉYMA não aceso, não inflamado. IYUYCASAUA vitória, subjugamento, subme-
IYÚA amarelo, pálido. timento, subjecção, submissão.
IYUÁ braço, manga. IYUYCATAUA lugar da vitória, da submissão.
IYUÁ-APARA braço torto, aleijado do braço. IYUYCAUARA subjugante, submetente, ven-
IYUÁ-CÃN-UERA osso do braço. cente.
IYUÁ-PECANGA ombro. IYUYCAYMA não subjugado, não vencido,
IYUÁ-PENA braço quebrado. não submetido.
K letra, cuja som é sempre a de qu ou eh du- ela seja; assim, quem sonha à toa é um infe-
ros. Prefiro-a para indicar estes sons pe- liz, digno de lástima.
rante e, i, y, para evitar dúvidas, esteado KEREPIYUA, KERPIYUA, KERPI MANHA a
nisso em Candido de Figueiredo, que a mãe, a origem do sonho. Para os Tupis é
usa em parêntese para indicar estes mes- uma velha que desce do céu, mandada por
mos sons. Tupana, e que entra no coração da gente,
KENÁ, KENAU V. Kindá. enquanto a alma foi por este mundo afora,
KEPERU casta de periquito. para voltar quando a gente acorda. Então a
KERANA caspa. alma, de volta, encontra no coração o reca-
KERÁNAPÓRA cheio de caspa. do de Tupana e que a velha deixou, esque-
KERÁNAUÉRA caspento, que dá caspa. cendo tudo quanto viu durante a vadiação.
KERI ostra de salgado. Como porém nem sempre Tupana manda
KÉRI - KÉRI uma espécie de pequena gaivota. recados, e a alma quando volta relembra
KERY-KERY casta de periquito, do tamanho muitas vezes, senão sempre, o que viu no tem-
de um pássaro, verde com as asas brancas. po em que estava fora, temos duas espécies
KEREPI, KERPI sonhado. de sonho: uns que representam a vontade de
KEREPI-AYUA mau sonho, pesadelo. Tupana e que o tapuia acata e cumpre, pro-
KEREPIPORA cheio de sonhos. curando conformar-se com a vontade neles
KEREPISARA sonhador, quem faz sonhar. expressa, como avisos divinos; e outros que
KEREPISAUA sonho. nada são, e nada valem. A dificuldade es-
KEREPITYUA sonhadouro. tá em distinguir uns dos dos outros, ofício
KEREPIUÁ sonhado, o que se sonha. que pertence aos pajés, embora eles tam-
KEREPIUARA o que sonha, pertence ao so- bém nem sempre acertem. As tribos bani-
nho. vas, manaus, tarianas, barés etc. dizem que
KEREPIUERA sonhante, que sonha à toa, sem a que desce do céu não é uma velha, mas é
escopo. Notando-se que para o indígena o uma moça sem pernas, que os Banivas cha-
sonho é considerado como um meio de co- mam Anabanéri e que desce de preferência
municação com a divindade, qualquer que nos raios das estrelas, pelo caminho do ar-
KETECA

co-íris, pelo que os sonhos mandados por contra em todas as malocas e casas indíge-
Tupana são os que se fazem de dia. Para os nas. É conservado ao lume numa panelinha
Tupis, pelo contrário, eram os da madruga- de barro, e, nas malocas, as mulheres, tan-
da, quando a velha descia nos últimos raios to no alto Rio Negro como no Orenoco e
das estrelas. nos afluentes de ambos, o vêm oferecer ao
KETECA ralado. V Kityca. hóspede conjuntamente com beiju e car-
KETUÁ casta de periquito, de cauda graduada. nes ou peixes moqueados. Queima que é
KÉUA pulga. um inferno, e nunca me pude acostumar a
KÉUA-RANA caspa. ele. Como, porém, do que oferecem é neces-
KEUÁUA ponte (Solimões). sário comer, desde que é o modo de mos-
KEUYRA primo-irmão. trar-se agradecido à recepção e confiante, e
KI, IKÉ aqui. V Iké. o não comer é tido como ato de desconfian-
KIÁ sujo. V Ikiá e comp. ça, senão de franca hostilidade, tanto mais
KIAUA pente, o sujo (Rio Negro). quando, em geral, os donos da casa comem
KICÉ faca ou outro qualquer objeto cortante. também junto com os hóspedes, eu fingia
Ui-kicé: faca para farinha, ralo, ou que te- mergulhar também meu pedaço de comida
nha a forma de faca. Arara-kicé: faca de ara- no maldito molho, mas guardava-me bem
ra, casta de Leguminosa. de o fazer realmente, embora a comida seja
KICÉ-ACICA faca que chega; pedaço de faca insossa por falta de sal.
que apesar de quebrada ainda chega para o KIRA gordo, cheio de seiva, vigoroso.
serviço. KIRANA falsa gordura, inchação.
KICÉ-APARA faca torta; foice. KIRARI casta de pequena rã arbórea.
KICÉ-PORA cheio de facas, faquista. KIRAUA gordura. Taiasu kiraua: !ardo.
KICÉ-UASU faca grande, facão, terçado. KIRICA cócega.
KICEUI espada. KIRICAUERA coceguento.
KIMBURU, KIMMURU planta herbácea de fo- KIRÓA espinha de peixe.
lhas reniformes, verde-escuras, levemente KIRUÁ casta de pássaro, que não conheço.
pilosas e opostas, pequenas flores amarelas, KISUCUI eis aqui.
dispostas em umbela na inserção das folhas, KITI a, em, na, para, onde. Akiti: para lá.
cujo leite é usado na cura das belidas e mais Coakiti: para cá. Makiti resó?: para onde?
doenças dos olhos. KITY serrado.
KINDÁ fechado. KITYCA ralado, esfregado.
KINDARA cerca de quintal, horta etc. KITYCASARA ralador.
KINDAU cercado. V Cekindau e comp. KITYCASAUA ralação.
KINHA pimenta. KITYCATYUA raladouro.
KINHA APUÁ casta de pimenta, Capsicum KITYCAUARA ralante.
baccatum, pimenta redonda. KITYCAYMA não ralado, esfregado.
KINHA CUMARI pimenta-cumari. KITYRANA fúrfura [?], caspa, película que se
KINHASU pimenta grande, Capsicum cordifor- amontoa ao pé dos cabelos, destacando-se
me. do couro cabeludo, e os torna quebradiços.
KINHAXI Pimenta-malagueta, Capsicum fruc- KITYSARA serrador.
tescens. KITYSAUA o ato de serrar.
KINHAUSÁ pimentão, pimenta-doce (pimen- KITY-SAUA-PORA serradura.
ta caranguejo), Capsicum annuum. KITY-TYUA, KITY-TENDAUA serraria.
KINHA-AUY pimenta-malagueta. KITYUARA serrante, que serra.
KINHA SUAIAUARA pimenta-do-reino, pi- KITYUOCA polido, brunido.
menta de além. KITYUOCA-SARA polidor, brunidor.
KINHA-PIRA molho feito de caldo muito re- KITYUOCA-SAUA polimento, brunidura.
duzido de carne ou peixe com pimenta em KITYUOCA-UARA polinte, bruninte.
magna quantidade. É o molho que se en- KITYUOCA-YMA não polido, não brunido.

~·_1;, 400 (,'r.,


KYTAN-KITANGA

KITY-YUA serra. KYRIYUA a causa, o princípio do sono.


KIYUA, KEYUA piolho, o do indígena. KYSAUA rede de dormir, que no rio Negro
KIYUA-RANA piolho, o do branco, que na chamam trinta fios ou de travessa. É forma-
realidade é diverso daquele do caboclo, co- da de um número variável de fios dispos-
mo tenho tido ocasião de verificar depois de tos ao comprido, para fazer punho, e unidos
me ter sido chamada a atenção sobre o fato transversalmente por sete ou oito traves-
pelo próprio indígena. O piolho do indíge- sões, distantes um do outro mais ou menos
na é mais corpulento, de cor mais escura e um palmo, que formam como que malha.
como que munido de uma série de palpos É a rede de viagem, geralmente feita de mi-
com que se segura. riti e que todo e qualquer tapuia sabe fazer
KIYUA-SUPIÁ ovas do piolho, caspa, lêndea. e pode fazer sempre que queira, sem preci-
KIUYRA cunhada do homem, irmão da mu- sar de tear, espola ou agulha. Basta um bom
lher. novelo de fio e dois paus para conservar es-
KYRE, KYRI dormido. ticados os fios, passados neles, como se se
KYRI-AYUA mal dormido. quisesse fazer uma meada. Posto o número
KYRIMBÁ forte, valente, corajoso. de fios conveniente, se prendem com as tra-
KYRIMBAU o forte, o valente, o corajoso. vessas por meio de nós de trança. Feito is-
KYRIMBAUA força, valentia, coragem. so, passa-se uma corda no lugar onde estão
KYRIMBAYMA sem força, sem valentia, sem os paus, e, ao desarmá-la, se tem já a rede
coragem. pronta para servir, e com as cordas nos pu-
KYRIPORA dorminhoco, cheio de sono. nhos para suspendê-la onde se quiser.
KYRIRI calado. KYTÃ, KYTAN nó. Myrá-kytãn: nó da madei-
KYRIRINTE só, calado, silencioso. ra. Mira-kytãn: nó de gente.
KYRIRIPORA calante, que cala. KYTANGA sinal, verruga.
KYRIRISARA que manda calar, que faz calar. KYTANGAPORA muito cheio de nós, de ver-
KYRIRISAUA calada, silêncio. rugas.
KYRIRITYUA lugar do silêncio. KYTANGARA enverrugador, assinalador.
KYRIRIYMA não calado, não silencioso. KYTANGAUA enverrugamento.
KYRIRIYUA o princípio, a mãe da silêncio. KYTANGA RENDAUA lugar da verruga.
KYRISARA adormecedor, que faz dormir. KYTANGAYMA sem nós, sem verruga.
KYRISAUA dormida, adormecimento. KYTAN-KITANGA muito nodoso, verrugoso.
KYRIUARA dormente, que adormece. Suá kytã-kytanga: cara verrugosa. Myrá ki-
KYRI-TENDAUA lugar de dormir, dormitório. tá-kitanga: madeira nodosa.
M letra que muitas vezes se encontra substi- MAÃN SUAKE RUPI olhar em roda.
tuída por P e vice-versa. Meréua, Peréua: fe- MAÃNTAUA lugar de onde se vê, se enxerga.
rida, bouba. Mutara, Putara: vontade. MAÃN-MAÃNTAUA guarita, lugar de vigia, de
MA mas, porém, entretanto (pouco usado). sentinela.
MA sílaba sem significação especial, pela qual MAAUASU coisa grande; banquete em que
começam muitas frases interrogativas e que todos os convidados trazem alguma coi-
alguma vez pode corresponder a "por que" sa que metem em comum; a comida que os
ou a "para que". pescadores ou os caçadores fazem em co-
MAÁ sinal do condicional, usado de preferên- mum: alguma coisa como um piquenique
cia no rio Negro, ao passa que no Solimões, (Solimões).
baixo Amazonas e Pará preferem Amu. Xasó MA ARA? que dia? Ma ára catu?: em que dia
maá: iria. Xasó cuera maá: teria ido. exato.
MAÁ, MAÉ coisa. MA ARAMA? para quê?
MAÁ-AYUA coisa ruim. MACACA nome genérico. Macaco, símio,
MAÁETÁ, MAÁITÁ coisas, bens, patrimônio. mono.
MAÃN, MAEN visto, enxergado, apercebido. MACACA CIPÓ casta de cipó, que prefere a
MAÃN-ETÉ olhado, esquadrinhado, escrutado. margem dos rios, marcando a enchente.
MAÃN-ETÉPÁUA olhada, esquadrinhamento, MACACA INGÁ ingá-de-macaco, casta de in-
escrutamento. gá silvestre, de fruta insignificante.
MAÃN-ETÉ-SARA olhador, esquadrinhador, MACACA KIAUA pente-de-macaco, árvore
escrutador. de terra firme que dá um ouriço alongado,
MAÃNGARA enxergador, apercebedor, quem muito espinhento. A madeira presta-se pa-
vê. ra obras de marcenaria e é usada no interior
MAÃNGAUA visão, vista, apercebimento. das habitações para esteios e caibros.
MAÃN-MAÃN revistar, vigiar. MACACA KINHA pimenta-de-macaco, casca
MAÃN-MAÃNGARA revistador, vigia. de murta do igapó.
MAÃN-MAÃNGAUA revista, vigilância, sen- MACACA KYSAUA rede-de-macaco, casta de
tinela. cipó.

00 402 00
MAIASAUA

MACACA MINGAVA mingau-de-macaco, cas- MACUCAUA casta de inambu, Tinamus brasi-


ta de fruta do mato. liensis.
MACACA RUAIA rabo-de-macaco, casta de MACÚCU ave próxima dos inambus, Criptu-
árvore, cuja inflorescência é em forma de rus serratus.
penacho de cor castanho-clara. MACUCU árvore da capoeira, Ilex macoucoua
MACACA RECUIA cuia-de-macaco, árvore mui- (?).Da casca se extrai uma tinta que serve pa-
to comum, que cresce indiferentemente na ra tingir a linha de pescar para impedir que
vargem alta e no igapé, e cuja madeira se pres- crie caruncho e apodreça, e com que, em fal-
ta para obras de marcenaria. ta de cumari, se pintam as cuias, que nunca,
MACACA TAXYUA formiga-de-macaco, casta porém, adquirem o polido como com este. A
de formiga que faz seu ninho nas árvores. madeira leve serve especialmente para cai-
MACACA TOROCARI castanha-de-macaco, bros e obras, que não carecem estar expos-
árvore de alto parte, da terra firme, que imi- tas às intempéries. Da fruta, aliás não utiliza-
ta a castanheiro. da, se pode extrair um óleo que pode, creio,
MACACAYUA macacaúba, macacaíba, várias substituir em muitos casos o óleo de linhaça.
espécies de Leguminosas que dão madeira MUCUCURANA falso macucu.
muito apreciada para obras de marcenaria, MACURI bacuri, casta de fruta comestível do
especialmente móveis. igapó.
MACAUÃN V. Cauãn. MACURI-PARI bacuripari, casta de fruta co-
MACAUANÁ macavaná, Psittacus macavana, mestível, também dos igapós e terras bai-
casta de periquito. xas, Platonia insignis.
MACAXERA macaxeira, aipim, a raiz comestí- MACURU instalação feita de duas tripeças, es-
vel da Maniot aipi, usada geralmente como pecialmente para armar a rede das crianças
excelente substitutivo da batata. em qualquer lugar e permitir à mãe ocupar -
MACAXERA-YUA a Maniot aipi e suas varie- -se no que tiver de fazer (Solimões).
dades, que fornecem a macaxera. MAÍÍN visto. V. Maã e comp.
MACERA armadilha para peixe. Consta de MAERAMÉ quando. V. Mairamé.
um tronco oco, fechado em uma das extre- MAI como, em que modo.
midades por uma tampa, e na outra com MAIA, MANHA mãe. A primeira vista pare-
uma espécie de funil de talas, que permi- ce corrupção do português, e por tais eu te-
te ao peixe entrar, mas entrando lhe veda a nho considerado sempre tais formas; toda-
saída. O pescador, quando retira a armadi- via o grande uso que delas se faz em toda
lha do fundo do igarapé, onde é conservada parte, ainda por quem de português não sa-
por uma pedra, para retirar o peixe, somen- be patavina, me tem ultimamente feito nas-
te tem de tirar a tampa. cer dúvidas de que a semelhança não seja
MACI doente. senão efeito de uma estranha coincidência.
MACIANA doente há muito, adoentado. A forma cy, embora viva ainda como mem-
MACI-AYUA peste, doença má. bro final de muitas palavras, nunca a tenho
MACICY contágio, doença contagiosa, mãe ouvido usar para indicar a mãe de alguém.
da doença. Mais ainda, no final é em muitos casos subs-
MACIETÉ muito doente, doente grave. tituída por qualquer das duas primeiras for-
MACI-IUÍRE voltado a ser doente. mas, sendo que manha é preferida aqui no
MACI-IUÍRESÁUA recaída. Amazonas e maia, ao que parece, em alguns
MACI-IUÍREUÉRA que recai facilmente doente. lugares do Pará. Assim se diz paranã ma-
MACISAUA, MACIPAUA Enfermidade, doença. nha, paranã maia: mãe do rio. Aracy, ama-
MACISAUASU doença grande, geral, epidemia. manha, aramaia: mãe do dia. Iracy, iramaia,
MACISAUETÉ grande epidemia. iramanha: mãe do mel.
MACIUARA doente, sujeita a doença. MAIANA vigiado, empurrado. V. Manhana e
MACIUERA adoentadiço, que adoece facil- comp.
mente, que é menos doente do que se faz. MAIASAUA maternidade.
MAIAUARA

MAIAUARA maternalmente. Maiauara rupi: cialmente no Pará e Maranhão, davam à do-


de modo maternal, maternalmente. na da casa.
MAIAUÉ casta de pássaro. MAIÚCA casta de erva.
MAIAUÉ afirmativo: deste modo, igualmente; MAKITH aonde? (interrogativo). Makiti resó
interrogativo: como? de que modo? de que putare?: aonde queres ir?
forma? MAKYRA rede de dormir batida ao tear. No
MAIÉ como. Maié ne iaué: igual a ti, como tu. rio Negro são feitas de miriti, de tucum e de
MAIERYUA, PAMAIERYUA manjerioba, cas- curauá, sendo que estas últimas são as mais
ta de Leguminosa herbácea, cujas raízes são finas e duradouras.
usadas em decocção como febrífugo e as se- MAKYRA EMBYUA varanda da rede, geral-
mentes como sucedâneo de café. mente feita do mesmo fio da rede; mas há
MAIOÍ andorinha, Hirundo tapera, casta de também enfeitadas com penas de pássaros.
andorinha que escava o ninho nos lugares MAKYRA EPY punho da rede, onde se passa a
areentos, nos barrancos e praias altas. corda para amarrá-la.
MAIPURES casta de pássaro, que não conheço. MAKYRA PITASOCA os esteios onde se amar-
MAIRA casta de cipó, cuja raiz é comestível. ra a rede, mas que podem também ser os
MAIRAMÉ quando. Serve tanto para a inter- ganchos ou os anéis destinados ao mesmo
rogação como para a afirmação. Mairamé ofício. Lit.: sustento da rede, ou, melhor, que
catu?: até quando? Mairamé xaiuíre cupi- sustém a rede.
xaua suí: quando voltar da roça. Mairamé MAKYRA TUPAXAMA corda da rede, que, pas-
reputare pire? quando queres melhor? sada nos punhos, serve para suspendê-la.
MAIRY cidade. Já se disse por antonomásia MAMAIACU casta de pequeno peixe de pele.
de Belém do Pará. MAMANA dobra, embrulho, feixe, rolo.
MAIRYPORA morador da cidade. MAMANAPAUA, MAMANASAUA dobramento,
MAIRYSAUA condição de cidadão. enrolamento, enfeixamento, embrulhamen-
MAIRYUARA que é, que pertence à cidade, ci- to, o ato de dobrar, de enrolar etc.
dadão. MAMANAPORA o que é embrulhado, enfeixado,
MAISARA quem determina o modo, o como. dobrado, enrolado e está dentro do rolo etc.
MAISAUA o como, o modo. Mira maisaua: o MAMANASARA embrulhador, enrolador, en-
modo da gente. feixador, dobrador.
MAITÁ que há? Maitá iané supé?: que há para MAMANAUARA embrulhante, enrolante, do-
nós? Contração de maié e taá. brante, enfeixante.
MAITACA casta de papagaio, gênero Pionia. MAMANAUERA embrulhável, dobrável, enro-
MAITACACA Mephitis amazonica, lindo Muste- lável, enfeixável.
lida, que, perseguido, se defende com um jato MAMANAYMA não dobrado, não enfeixado,
de líquido fedentíssimo. não embrulhado etc.
MAITÉ pensado, imaginado, crido. Xamaité MAMANGA casta de caba, Icumeonide solita-
indé, reiuíre curute: creio que tu voltas já. ria, de um belo azul-ferrete, que atinge o
Mata remaité remaã-maã iuaca: que imagi- tamanho de uma boa polegada e faz seu ni-
nais, olhando o céu? nho em terra, aprovisionando-o com inse-
MAITÉPÁUA, MAITÉSÁUA pensamento, imagi- tos, que imobiliza, numa imobilidade letár-
nação, crença. gica, com uma ferroada.
MAITÉPÓRA imaginoso, cheio de pensa- MAMBUCA, MAMUCA casta de abelha.
mentos. MAMÉ? onde? (interrogativo). Mamé catu?:
MAITÉSÁRA pensador. onde exatamente? Mamé catu rupi?: por on-
MAITÉUÁRA pensante, crente, imaginante. de é bom? Mamé catu pire?: onde é melhor?
MAITÉUÉRA pensável, crível, imaginável. MAMÉ SUÍ? MAMÉ SUIPE? de onde?
MAITEYMA não pensado, não imaginado. MAMÉ SUÍUÁRA? de onde é?
MAITINGA mãe branca (contração de maia e MAMÔ mamão (corrupção do português(?)).
tinga); nome que as criadas indígenas, espe- V. Iacaratiá.
MANIUARA

MAMORANA falso mamão, Carolinea prin- MANHANA vigiado, espiado.


ceps. Árvore que cresce nos igapés e mar- MANHANA MANHA cuidadoso, vigilante.
gens baixas do rio; da madeira se fazem tá- MANHANASARA vigia, espia, espiador, pastor.
buas, e a casca dá uma fibra que pode ser MANHANASAUA ato de espiar, de vigiar.
utilizada para cordas de inferior qualidade. MANHANAUARA vigilante, espiante.
MAMORÉ-PANA cipó da margem do rio. MANHANAYMA não vigiado, não espiado.
MAMORI casta de peixe. MANHANGAUA madrinha.
MANÃ, MANDÃ casta de abelha. MANHA-NUNGARA mãe de adoção, que ser-
MANACÁ' manacá, Brunfelsia hopeana. ve de mãe.
Planta medicinal usada desde muito como MANI fécula, casta de resina; casta de formiga
depurativo na farmacopeia indígena. De que dá nas roças, sem danificá-las. Na len-
uma variedade se tomam as raízes em infu- da, Mani é uma moça que morre de amores.
são para tirar o caiporismo e poder ser feliz Do seu corpo nasce uma raiz comestível, a
na pesca ou na caça. que foi dado o nome de Mani oca, isto é, ca-
MANACÁ' variedade de palmeira, Euterpe sa de Mani.
oleracea. MANIACA o caldo da mandioca, logo saído
MANACARU casta de cacto espinhoso. É usa- do tipiti antes de ser fervido. É, como é sabi-
do em decocção como emoliente. do, um veneno potentíssimo devido ao áci-
MANAKIRI casta de formiga. do ciânico que o sumo da mandioca con-
MANAPUÁ ave, casta de pernalta. tém, e que se evapora sob a ação do fogo e,
MANAPUSÁ árvore. embora mais lentamente, também sob a do
MANASAIA casta de formiga. sol. De Mani e aca: espremido de Mani.
MANATAIÁ casta de abelha. MANICUERA caldo de mandioca-doce, ape-
MANATi peixe-boi. Não sei se o nome indica nas fervido, sem deixá-lo engrossar.
o mesmo Iauarauá ou se alguma variedade. MANICUIA a cova em que é plantada a man-
É nome que lhe é dado em alguns lugares do dioca, de antemão preparada para este fim.
Pará e baixo Amazonas. MANIOCA mandioca; a raiz da maniva. Sobre
MANDARÁ casta de lagarto. o nome há uma lenda, que conta ter nasci-
MANDUÉ, MANDUBÉ casta de peixe de pele, do a mandioca do corpo de Mani, uma mo-
de cabeça muito achatada. ça morta de amores infelizes, significando,
MANDUÍ, MANDUBY a fruta comestível da então, casa de Mani, de oca = casa.
Arachis hypogaea. É muito oleosa e dá azei- MANIOCA PUUA mandioca colhida, mandio-
te de primeira qualidade. ca puba, a raiz da mandioca, separada da
MANDUÍ ú mandubi grande. haste e deixada em água, de preferência nos
MANDUÍ MIRI mandubi pequeno. igarapés, para amolecer, de que se faz a fa-
MANDUÍ PIRANGA mandubi vermelho. rinha-d'água.
MANDUÍ PUÃ mandubi redondo. MANIPUERA, MANIPUÍRA o sumo de man-
MANDUPIRI casta de peixe. dioca deixado ralo, embora já tendo fervi-
MANDURI casta de abelha. do o suficiente para ter perdido o veneno (=
MANGARÁ nome genenco com que se de- Manirala).
signam alguns Caladiums e algumas MANISAUA, MANISOBA folha de maniva; gui-
Aroideas. sado de folhas de mandioca, muito aprecia-
MANGARATAIA gengibre; mangará que arde. do no Pará e Maranhão.
MANGARÁ TAUÁ mangará amarelo, casta de MANIUARA casta de saúva. A fêmea de uma
gengibre pouco ativo. espécie que habita de preferência nas roças.
MANGA-ICYCA resina de mangaba. As formigas ovadas, depois de lhes terem si-
MANGAUA mangaba, fruta comestível de uma do tiradas as partes duras, cabeça e corsale-
casta de sorva. te, são comidas moqueadas, razão por que,
MANGAYUA mangabeira. quando é tempo e saem à tardinha, lhes é
MANHA V Maia. dada ativa caça. O abdome moqueado, com
MANIYUA, MANIVA, MANIBA

molho de tucupi e uma pontinha de fome, foi gente ruim, e tudo que dela sair não po-
precisa convir que não é de todo mau; há de ser senão ruim, mau, imprestável. Na len-
coisas piores. da Mara é a filha de um pajé que, aprendida a
MANIYUA, MANIVA, MANIBA Manihot utilis- ciência paterna, dela se serve para fazer mal,
sima, e variedades todas cultivadas; a planta pelo que o pai a faz morrer para evitar que
que dá a raiz, de onde se extrai a farinha de empeste o mundo com a descendência dela.
mandioca, a tapioca, a manipueira, o tucupi O fazê-la morrer não é, porém, fácil tarefa.
etc. A maniva, ao tempo da Descoberta, foi Conhecendo Mara as intenções do pai, ilude
encontrada cultivada em todo o país, for- sempre todos os meios por este excogitados
mando como que a base da alimentação do para conseguir o seu fim, e só depois de mui-
indígena, como ainda hoje o é da alimenta- to lidar é que consegue fazê-la morrer afoga-
ção de todo o interior do Pará e Amazonas. da, mas não pode impedir que, nas ânsias da
O valor nutriente da mandioca é devido em morte, da baba dela se originem umas tantas
sua máxima parte ao princípio feculento ervas más, que servem para fazer maracaim-
que contém, à tapioca, e por via disso mes- bara, isto é, feitiços. Outra versão faz casar
mo os diversos produtos e as farinhas que Mara, e então é o marido que a mata.
dela se obtêm, valem na razão direta da ta- MARAAMA pontada.
pioca que contém. MARAARE cansado, desfalecido.
MANIXI, MANIXY fruta do igapé, do tamanho MARAÁRESÁRA desfalecedor, cansador.
de uma ginja, de cor alaranjado-viva, peri- MARAÁRESÁUA desfalecimento, cansaço.
carpo mole, de sabor adocicado. MARAÁRETÁUA cansadouro, desfalecedouro.
MANÓ morto. MARAÁREUÁRA cansante, desfalecente.
MANOANA já morto. MARAÁREUÉRA cansável, desfalecível.
MANÓ-AYUA má morte, morte súbita, apo- MARAÁREYMA não desfalecido.
plexia. MARACÁ maracá, chocalho feito de uma ca-
MANOPAUA mortandade. baça esvaziada, enfiada num pau e cheia de
MANORANA desmaiado, falso morto. pedrinhas ou de frutas duras. Os maracás
MANOSARA quem dá ou produz a morte. são feitos em geral de cuieté, mas há mara-
MANOSARA-RANA quem dá ou produz o cás feitos de um tecido de talas, e os dos pa-
desmaio. jés costumam ser feitos com uma espécie de
MANOSAUA morte. pequena coloquíntide silvestre, que cres-
MANOSAUA-RANA desmaio. ce nas serras. Os que servem para puxar a
MANOUARA morrente, moribundo. dança são pelo comum ornados de penas,
MANOUERA morredouro, mortal. que variam conforme a tribo, assim como
MANOUERA-YMA imortal. de desenhos elegantíssimos, incisos, e tor-
MANOYMA não morto. nados vistosos com tabatinga.
MANUNGARA nada, insignificância. MARACACHETA malacacheta, nome dado co-
MAPARÁ casta de peixe de pele. mumente à mica e algumas vezes a uma es-
MAPANI casta de erva. pécie de pirita. Registro a palavra, embora
MAPATI casta de árvore. tenha dúvidas sobre ser ela nheengatu.
MAPÉ? aonde? (interrogativo), contração de MARACÁ-EMBIARA comida de maracá; en-
ma e opé. feitiçado.
MAPIRE? que mais? (interrogativo). MARACAIÁ maracajá, Felis parda/is. Lindo
MARÁ vara, vergôntea. gato-do-mato, fulvo-claro, de manchas mais
MARÃ lutado, brigado, rapinado. ou menos regulares em forma de rosetas ou
MARA nos compostos traz consigo sempre a anel; chega quase ao triplo do tamanho do
ideia de algo de ruim, de mau, que não pres- nosso gato doméstico.
ta, sem dar lugar todavia na mor parte dos MARACAIAÍ maracajaí, Felis macrura. O me-
casos à tradução. Isto acontece, me dizia o nor dos gatos das florestas amazônicas, que
velho Quenomo, pajé Cubéua, porque Mara somente se distingue do maracajá pelo ta-
MARECÉ

manha, que ainda assim chega quase ao du- MARAKIRI casta de formiga.
plo do do gato doméstico. MARAMA? MA ARAMA? (interrog.) Para quê?
MARACAIÁ-UNA maracajá-preto. Lindo bicha- MARAMBA casta de árvore.
no, que não pode ser confundido com a on- MARÃMUNHÃ brigado, rixado, guerreado,
ça-preta, da qual é muitíssimo menor. De batalhado.
corpo alongado e baixo de pernas, o mara- MARÃMUNHANGARA guerreiro, batalhador,
cajá-preto é de um bruno-fulvo-escuro, bor- rixador.
ra de café, com malhas que variam de indiví- MARÃMUNHANGAUA guerra, rixa, briga, ba-
duo a indivíduo, e que em geral só são visíveis talha.
contra a luz. MARÃMUNHÃPAUA guerra, rixa, briga.
MARACAIMBARA feitiço, veneno preparado MARÃMUNHÃSARA guerreiro, rixador, bri-
pelos pajés. gador.
MARACAIMBARA-IARA feiticeiro. MARÃMUNHÃUARA rixante, brigante, guer-
MARACAIMBARA MANHA feiticeiro. reante.
MARACAIÚ, MARACAJU guizo. MARÃMUNHÃUERA brigão, rixador.
MARACAMBÁ casta de árvore das matas do MARÃMUNHAYMA pacífico, não briga, não
Pará. rixa.
MARACAMBOIA cascavel, Crotalus. cobra de MARANAN arrastado, rapinado.
maracá, cobra de chocalho. MARANANGARA arrastador, rapinador.
MARACANÃ Conurus, casta de papagaio, de MARANANGAUA arrastamento, rapina.
cauda comprida, como a das araras. MARANGARA lutador, brigador.
MARACANÃ-TYUA, MARACANATUBA terra de MARANGAUA luta, briga.
maracanãs. MARANDUUA contado, dado notícia.
MARACATi nariz de maracá, navio de guer- MARANDUUARA contador.
ra. O nome lhe vem do uso que, parece, ha- MARANDUUERA enredoso, contador de his-
via entre os indígenas de pôr na proa da ca- tórias.
noa, que saía armada para peleja, um maracá, MARANDYUA conto, notícia, história.
que, se não servia para sinais, soprado pelo MARANDYUA-PUXI má notícia.
pajé, devia levar o espanto às fileiras inimigas. MARANDUAYUA enredo.
MARACÁ- YUA haste do maracá. O pedaço de MARANDUAYUA MANHA enredoso.
pau, mais ou menos ornamentado, em que é MARANTÃ casta de arbusto.
enfiada a cuia que forma o maracá. MARAPÃ casta de planta, que dá uma fibra
MARACUIÁ maracujá, fruto de várias espé- têxtil.
cies de Passiflora, todas comestíveis e de MARAPATÁ' casta de peixe de pele.
gosto em geral muito agradável. MARAPATÁ beiju feito em folha de bananei-
2

MARAIÁ marajá, Bactris marajá, casta de pal- ra e que, por falta de forno apropriado, foi
meira. preciso assar na cinza quente.
MARAIAi marajaí, variedade de marajá. MARAPECECA formigão.
MARAIÁ PIRANGA marajá-vermelho, Bactris MARASU' comida mal preparada (Solimões).
piranga, casta de marajá. MARASU tiranizado, escravizado.
2

MARAIÁ PIXUNA marajá-preto, casta de ma- MARASUARA tirano, escravizador.


rajá. MARASUPORA sujeito, pobre, maltratado, es-
MARAIÓ, MARAIÚ espinho-bravo, pau, espi- cravo.
nho; nome da ilha bem conhecida, na foz MARASUSAUA sujeição, pobreza, mau trato.
do Amazonas. MARAUARA rapinante.
MARAIOARA que provém da ilha, mora na MARAUNA agoirado.
ilha de Marajó. MARAUNAPAUA, MARAUNASAUA agoiro.
MARAIOPORA que mora, está na ilha de MARAUNAPORA agoirento.
Marajó, embora talvez de passagem, tem- MARAUNAUERA agoireiro.
porariamente. MARECÉ porque.
MARICA

MARICA ventre. Corrupção do português e mesmo debaixo da terra, mas que lasca fa-
barriga? cilmente no sentido das fibras. Por isso mes-
MARICA IARA pançudo (dono de barriga). mo é pouco usada em obras de marcenaria;
MARICA MICO nome que, segundo Martius, mas, porque é muito resistente e duradoura,
é dado no alto Solimões ao barrigudo. V se fazem dela esteios e enchimentos para ca-
Aimoré. sas de taipa, que rivalizam com os de acapu e
MARICASU barriga grande, barrigudo. de itaúba preta.
MARIKI-TAIA mariquitaia, casta de árvore MASARICO várias espécies de totânidas [es-
dos arredores do Pará. colopacídeos?], que vivem geralmente em
MARIMARI marimari, fruta dos igapós e pequenos bandos ao longo das praias em
margens alagadiças, constante de uma lon- tempo de vazante, e no da enchente na mar-
ga síliqua achatada, multilocular, contendo gem dos lagos e charcos, onde nidificam.
sementes arredondadas e chatas, envoltas MASAROCA lançadeira, a que serve para tecer
em uma substância esverdeada, de perfume ao tear as redes de dormir.
agradável, adocicada e de efeitos purgativos. MASAROCA-PORA o fio que enche a maçaro-
MARIMARI-YUA marimarizeiro, Cassia brasi- ca, isto é, a lançadeira, com que se enche a
liensis, árvore leguminosa do igapó. trama, nas redes de dormir tecidas ao tear.
MARIRAPIÁ casta de cipó que cresce nos iga- MASAUACARI casta de palmeira.
pós. Dá uma fruta comestível que lembra o MASOCA, PASOCA mistura de farinha e car-
abricó-do-pará, contendo duas ou três se- nes moqueadas, passada ao forno, e a que
mentes reniformes, envolvidas numa polpa algumas vezes juntam malagueta também
vermelho-orange adocicada e de gosto mui- seca e em pó. Em qualquer caso não le-
to especial. va sal, que, umedecendo a mistura, a es-
MARITACA casta de pequena gaivota, Larus. tragaria em pouco tempo. É comida para
MAROCA, MARÁ-OCA maloca, casa de varas, viagem.
casa de estacas. A casa de residência fixa, MASUÍ? de onde? (interrogativa).
onde o indígena vive em comum, sob a égi- MASUIPÉ? de onde? (interrogativa), contra-
de do dono da casa, e que reúne sob o seu ção de ma suí opé?
teto mais de uma família. MATA? forma interrogativa sem significação
MARUMBI cilada, emboscada. especial, correspondendo ao que interroga-
MARUPÁ casta de madeira branca e leve, tivo (contração de ma taá). Mata rerecô: que
muito usada para caixas e baús. tens? Mata remunhã putári cuá myraitá iru-
MARUPAYUA marupaizeiro, simaruba, árvore mo?: que queres fazer desta madeira?
das capoeiras e terras altas. MATAMATÁ casta de tartaruga fluvial, cujo
MARUPAY arbusto do igapó, Simaruba offici- casco é cheio de bossas, Chelys fimbriata.
nalis. A raiz é usada em infusão como ads- Embora se encontre em toda a parte, não é
tringente nas diarreias e disenterias. em nenhuma muito numerosa. A sua car-
MARUPH por onde? ne não é muito apreciada; casta de cipó dos
MARUPIARA feliz na caça ou na pesca, bem- igapós. Uma fita espessa de quatro a seis de-
-sucedido, afortunado; que sabe onde? dos de largo, cheia de bossas, como as do
MASANSARÁ casta de graminácea. casco do matamatá.
MASAPÉ argila. MATAPI' pequeno peixe geófago, da família
MASARANDYUA maçaranduba, nome dado a dos Silúridas
diversas espécies de árvores de alto porte que MATAPI' armadilha para peixes, de forma
vivem no igapó. A mais comum, que é uma alongada e com uma única abertura afu-
Mimusops, além de fornecer um leite de elas- nilada, formada pelas fasquias viradas pa-
ticidade diversa, segundo a época da colhei- ra dentro, de modo a dar entrada ao peixe
ta, dá uma espécie de sorva comestível, e for- e impedir-lhe a saída. É armadilha que cos-
nece uma madeira vermelha, muito dura e tuma ser posta nos igarapés, com a boca vi-
resistente, ainda que exposta às intempéries rada para a correnteza. O peixe que vem su-
MBEIÚ-ASU

bindo entra nela, independente de qualquer parte das tribos indígenas. Segundo a lenda
espécie de isca, exatamente porque, queren- do Jurupari, as Mayuas nasceram da cinza
do vencer a correnteza, encontra facilidade de Uairi (tamanduá), o velho que não soube
à subida no funil. guardar o segredo.
MATARÁ casta de pássaro, variedade de for- MAXI casta de pequeno pássaro.
micarídeos. MAXÍXI maxixe, Anguria. A fruta que consta
MATI, MATI TAPERÉ matinta-pereira, no- de uma cápsula carnosa cheia de sementes;
me de uma pequena coruja que se con- é comida tanto cozida como crua, como le-
sidera agourenta. Quando, a horas mor- gume. A planta sarmentosa se estende mui-
tas da noite, ouvem cantar o matl taperé, to e pode servir para dar uma boa qualida-
quem o ouve e está dentro de casa diz lo- de de papel.
go: "Matinta amanhã podes vir buscar ta- MAXUAÍ casta de festa, em que até certa ho-
baco". Desgraçado, deixou escrito Max J. ra tomam parte as crianças, a quem tapam
Roberto, profundo conhecedor das coisas a cara com máscaras, atirando-as no círcu-
indígenas, quem na manhã seguinte chega lo da dança e marcando o tempo com gaitas
primeiro àquela casa, porque será ele con- de taboca. Quando as crianças vão dormir,
siderado como o matl. A razão é que, se- as mulheres tomam seu lugar (Solimões).
gundo a crença indígena, os feiticeiros e MBÁ, MBAE coisa.
pajés se transformam neste pássaro para MBÁ-AYUA coisa ruim, coisa má, veneno.
se transportarem de um lugar para outro e MBÁ-AYUA RUFIARA contraveneno; que está
exercer suas vinganças. Outros acreditam contra as coisas más.
que o matf é uma mayua, e então o que vai MBÁ-AYUETÉ coisa péssima.
à noite gritando agoureiramente é um ve- MBACAIÁ casta de palmeira.
lho ou uma velha de uma só perna, que an- MBACI doente. V. Maci e comp.
da aos pulos. MBAE nada. V. Embae e comp.
MATIRI matiri, pequeno saco de couro ou MBAE PUXI coisa feia, torpeza, adultério.
mesmo de tecido, em que o caçador leva os MBAERANA vil, baixo.
apetrechos de seu uso, e a sacola do pajé. MBAETÁ, MBAITÁ riqueza, muitas coisas.
MATUNA quinhão. MBAETÁ IARA rico, dono de muitas coisas.
MATUPÃ as touças de erva que cobrem os lagos MBAIA retalho, fiapo.
na enchente e no começo da vazante se aglo- MBAIACA casta de erva.
meram na boca, dificultando a navegação. MBATARÁ batará, casta de pássaro comedor
MATUPIRI casta de peixe de escama. de formigas.
MAUARI maguari, Ardea cocai, garça-cinzen- MBAÚ comido. É a forma usada no rio Negro.
ta. Muito comum em todo o Amazonas, vi- MBAÚPÁUA, EMBAÚSÁUA refeição.
ve isolada e nunca é encontrada em bando. MBAÚ RENDADA refeitório, lugar de comer,
MAÜ, MAÜN examinado, averiguado. sala de jantar.
MAÜNGARA examinador, averiguador. MBAÚSÁRA comedor.
MAÜNGAUA exame, averiguação, curiosi- MBAÚUÁRA comente.
dade. MBAÚUÉRA comilão.
MAÜN-UERA curioso, abelhudo, metediço. MBAÚYMA não comido.
MAY mãe (corrupção do português). V. Maia. MBEIÚ, MEIÚ bolo de farinha de mandioca,
MAYNUNGARA em lugar de mãe, madrasta. em forma de torta, deixado cozinhar até ter
MAYUA o ser misterioso de onde provém todo perdido o veneno, mas de forma a que não
o mal (contração de Maa ayua). É a Mayua fique torrado e duro. No rio Negro chamam
que pode estragar a criança que está para curadá ao beiju de tapioca, que no Solimões
chegar à puberdade, e basta a sua vista pa- chamam typyaca meiú. A palavra curadá
ra a inutilizar para todo o sempre, de onde não é de língua geral e parece ser baré.
o resguardo, o jejum e as cerimônias diver- MBEIÚ-Asu beiju grande, beiju muito alto
sas a que são sujeitos moços e moças na mor que usam para preparar o caxiri (Solimões).
MBEIÚ-CYCA

MBEIÚ-CYCA bolo de farinha de mandioca, MBOIA-CININGA cascavel, Crotalus (=cobra


pouco espesso e mais rico de tapioca, torra - que tine).
do de forma a se tornar quebradiço, quan- MBOIA-ICICA cobra seca.
do fresco. MBOIA-PÉUA cobra-chata.
MBEIÚ CAUA casta de caba. Deve o nome à for- MBOIA-PIRANGA cobra vermelha, cobra-
ma do ninho achatado e largo como um beiju. -coral.
MBEIÚ KIRA beiju gordo, bolo de mandioca, MBOIA-PITUA cobra mofina.
a que foi misturada alguma fruta. MBOIASU a cobra grande. Nome dado algu-
MBEIÚ TICANGA beiju seco, bolo de farinha ma vez à sucuriú, mas geralmente em bo-
de mandioca, torrado segunda vez, para ca dos indígenas indica uma classe de mães
conservar-se mais tempo e poder servir pa- - a mãe do rio, do lago, do igarapé - que
ra balaio em viagem, ou quase queimado se tornam visíveis sob forma de cobras; en-
para servir ao preparo do caxiri. tão corresponde a Y-iara, isto é, a dona das
MBEÚ avisado, prevenido, participado. águas, a mãe da água.
MBEÚ-CATU elogiado, louvado. MBOIA -SUKIRA cobra-azul, venenosa.
MBEÚ-CATUSARA elogiador. MBOIA-TEAPU casta de jararaca (Solimões);
MBEÉ-CATUSAUA elogio, louvor. cascavel (baixo Amazonas) (=cobra bu-
MBEÚ-CATUUARA louvante, elogiante. lhenta).
MBEÚ-CATUUERA elogiável, louvável. MBOIA-XIÚ casta de gaita (=choro de cobra).
MBEÚ-CATUYMA não elogiado, não louvado. MBOI-MBOI retalhado, recortado.
MBEÚ CE RECÉ queixar-se. Mbeú ne recé, MBOI-MBOIPAU destruído, aniquilado. V
mbeú i recé: contar para mim, para ti, pa- Pau e comp.
ra ele etc. MBOI-MBOISARA retalhador.
MBEÚPÁU pormenorizado. V Pau e comp. MBOI-MBOISAUA retalho.
MBEÚ-PUXI maldito. MBOI-MBOIYMA não retalhado, não recortado.
MBEÚ-PUXISARA maldizedor. MBOIPITUA casta de planta que teria a pro-
MBEÚ-PUXISAUA maledicência. priedade de amofinar, tornar inócuas as co-
MBEÚ-PUXIUARA maldizente. bras venenosas.
MBEÚ-PUXIUERA mexeriqueiro. MBOISARA deformador, estragador.
MBEÚSÁRA participador, avisador. MBOISAUA deformação, estrago.
MBEÚSÁUA Aviso, prevenção, participação. MBOITAUA deformadouro, estragadouro.
MBEÚUÁRA avisante, preveniente, partici- MBOIUARA deformante, estragante.
pante MBOIUERA deformável, estragável.
MBEúYMA sem aviso, sem prevenção, impro- MBOIUMI cobra ubi, cobra-verde.
viso. MBOIYMA não deformado, não estragado.
MBI furado, roído. MBOTY folhas de fumo picadas e reduzi-
MBIRYUÁ biribá, casta de fruta; pequeno va- das a uma massa compacta por um come-
so de terra, da forma da fruta de biribá. As ço de fermentação, e seca no fumeiro para
escamas da pinha são dispostas de forma a conservá-las. É a forma como no Uaupés se
poder receber as cores líquidas, com que se conserva o fumo. Apesar de conservar inta-
pintam as cuias e mesmo outros vasos. tas todas as suas propriedades, e ser ainda
MBIRYUAYUA biribazeiro. capaz de embebedar como o fumo da me-
MBISARA furador, roedor, da roedura. lhor qualidade, não tem gosto, é palha seca.
MBISAUA furo, roedura. MBU, MPU enxotado, expulsado. V Mpu e comp.
MBITAUA lugar do furo. MBUCA, MPUCA deflorado. V Mpuca e comp.
MBIUARA roente, furante. MBUÉ aprendido, relatado, rezado, contado.
MBIUERA furável, roível. MBUÉPÁUA lição, o que se aprende.
MBIYMA não roído, não furado. MBUÉPÓRA aprendiz, discípulo.
MBOI deformado, estragado. MBUÉSÁRA mestre, relatador, rezador.
MBOIA cobra, serpente. MBUÉSÁUA relação, reza, conto.
MEMY, MEMBY, MEMBÉ

MBUETAUA cartilha, livro em que se aprende, MEIÚ beiju. V. Mbeiú.


livro de reza. MEEN dado. Xameen ne supé ma xamei!n
MBUÉ-TENDAUA escola, lugar onde se aprende. cuao: dou-te o que posso dar-te. Remeen ce-
MBUETÉ, MOETÉ adorar. V. Moeté e comp. py: dá o preço.
MBUEÚ apagar soprando. V. Peú e comp. MEENGARA dador.
MBUÉUÁRA aprendente, relatante, contante, MEENGAUA dádiva.
rezante. MEENGAUERA dável.
MBUÉUÉRA relatável, aprendível, contável, MEENGAYMA não dado.
rezável. MEMBECA, MEMECA mole, tenro, brando.
MBUÉYMA não aprendido, não relatado, não MEMBECANA muito mole, muito tenro, mui-
rezado, não contado. to brando ou que já está mole, tenro, bran-
MBUI-MBUI bubuiado, flutuado, descido ao do; especialmente se se trata de coisas que
favor da corrente. amolecem, tornam-se tenras ou brandas.
MBUI-MBUISARA flutuador. MEMBECASARA amolecedor, que torna ten-
MBUI-MBUISÁUA flutuação. ro, brando.
MBUI-MBUITAUA flutuador. MEMBECASAUA amolecimento, abrandamen-
MBUI-MBUIUARA flutuante. to, enternecimento.
MBUI-MBUIUERA flutuável. MEMBECAUERA amolecível, enternecível,
MBUI-MBUIYMA não flutuado. abrandável.
MBUNÃ ovos de tartaruga preparados no MEMBECAYMA não amolecido, não brando,
moquém, com as tartaruguinhas já mais ou não tenro.
menos desenvolvidas. MEMBUÉ, MEMBUÉUA discípulo. Forma irre-
MBURE lançado, jogado. gular de Mbuéua.
MBURE I suí lançado de si, divorciado. MEMBYRA filho, filha emm relação à mãe.
MBURE OCARA lançado na rua, enxotado de MEMBYRANGAUA afilhado, em relação à ma-
casa. drinha.
MBUREPAUA, MBURESAUA lançamento. MEMBYRANUNGARA enteado, em relação à
MBUREPORA o que se lança, e é lançado fora. madrasta.
MBURESARA lançador. MEMBYRARE parido. V. Embyrare e comp.
MBURE RENDAVA lançadouro, lugar onde se MEMBYRAREUARA parteira.
lança. MEMÉ sempre, seguidamente, igualmente.
MBUREUARA lançante. MEMU poupa.
MBUREUERA lançável. MEMU UIRÁ pássaro de poupa, que tam-
MBUREYMA não lançado, não jogado fora. bém chamam memy uirá (pássaro-flauta),
MBURI casta de palmeira, buri. Cephalopterus ornatus. Bonita ave de cor
MBUSU, UMBUSU casta de palmeira. V. Um- azul-escura; uma enorme poupa em forma
busu. de chapéu de sol lhe orna a cabeça, e dopes-
MBUY furado, deflorado. coço lhe pende um apêndice coberto de pe-
MBUYPAUA, MBUYSAUA defloramento, fura- nas, que se incha quando emite a sua no-
mento. ta de flauta.
MBUYPORA esburacado, furado. MEMY, MEMBY, MEMBÉ flauta, assobio, pí-
MBUYUERA deflorável, furável. faro. É o nome da flauta feita do osso da
MBUYUARA deflorante, furante. tíbia, e é troféu de guerra ou de caça, sen-
MBUY-YMA não deflorada, não esburacado. do que no primeiro caso é feita numa tí-
MBYRÁ, MYRÁ madeira, pau, árvore. V. Myrá bia humana. É uso que não é especial aos
e comp. nossos silvícolas, mas que dividem com
MEAPÉ-MIAPÉ bolo de mandioca de uma todos os povos primitivos. Os romanos, é
certa espessura. sabido, chamavam a flauta: tíbia, em lem-
MEAPÉ ANTÃN bolo velho, pão velho. brança da sua origem. Memis de osso hu-
MEAPÉ CEÊN bolo doce, pão doce. mano hoje são raros; o comum é serem de
MEMY IUPISARA

osso de veado ou de onça, mais raramen- MEOÃ-YMA sem mancha, sem mácula, pura.
te de macaco. MEONGAUA engano.
MEMY IUPISARA flautista. MEONGAUARA enganador.
MEMY-PEUASARA flautista. MEONGAYMA não enganado.
MEMY UIRÁ V Memu uirá. MERÉ baço.
MENA marido, e por extensão todo e qual- MERENDYUA merendiba, casta de planta, es-
quer instrumento que para funcionar tenha pécie de Termina/ia.
que se introduzir noutro. Indoá mena: mão MERÉUA, PERÉUA ferida, bouba.
de pilão. Itamaracá mena: badalo. MEREUAPORA ferido, cheio de boubas.
MENAPUTAUA noivo. MEREUASU ferida grande.
MENARAMA noivo. MERU mosca.
MENARE, MENDARE casado. Urumu e men- MERUÁ casta de vaga-lume.
dare putare Mboiasu membyra irumo: o MERUAIA casta de mosca.
urubu quer casar com a filha da Cobra- MERU-CAÁ casta de capim.
grande. MERUI, MERUIM mosca pequena; um tavão,
MENARESARA casamenteiro, que faz casar. quase microscópico, que na vazante infeta
MENASARA quem é casado ou casada. as praias dos rios.
MENASARAYMA quem não é casado ou casa- MERU-IAKIRA mosca verde.
da, solteiro( a). MERU-KIA casta de capim(= sujo de mosca).
MENASAUA casamento. MERU-RUPIARA varejeira, casta de mosca de
MENAUARA casante. forma alongada, do tamanho de uma vespa.
MENDY, MENY sogra da mulher. MERU-SUKIRA mosca azul.
MENDYUA, MENYUA sogro da mulher. MERUTYUA, MERUTIBA, MERUTUBA lugar de
MENO, MÊNU fornicado. moscas.
MENOARE, MENDOARE lembrado, recor- MERUXINGA mariposa (=quase mosca). Efe-
dado. mérida, que em tempo da enchente apare-
MENOARESARA lembrador, recordador. ce em quantidade realmente extraordinária,
MENOARESAUA lembrança, recordação. chegando a cobrir com seus cadáveres enor-
MENOARETAUA lembrete, recordativo. mes superfícies nos lagos, e formando uma
MENOAREUARA lembrante, recordante. linha ininterrupta de milhas e milhas no fio
MENOAREUERA lembrável, recordável. da corrente dos rios. Fraca voadora, viajan-
MENOAREYMA não lembrado, não recor- do em colunas compactas, a mais pequena
dado. aragem a derruba.
MENOPORA fornicador. MEÚ V Mbeú e comp.
MENOSARA fornicador. MEUÃ, MEUÃN estropiado, estragado.
MENOSAUA fornicação. MEUANGARA estropiador, estragador.
MENOTENDAUA fornicadouro. MEUANGAUA estropiamento, estrago.
MENOUARA fornicante. MEUÉ devagar, sem pressa.
MENOUERA fornicável. MEUÉ-MEUÉ aos poucos, devagarzinho.
MENOYMA não fornicada, virgem. MEUÉ RUPI lentamente.
MEÕ, MEÕN enganado. MEUESAUA lentidão.
MEOÃ maculado, manchado. MEUEUARA vagaroso, moroso, lento.
MEOANGA mascarado, disfarçado, fingido. MEUÉ-YMA sem vagar.
Neste último sentido, de preferência Moan. MIASAUA toalha, pequena esteira feita de fas-
MEOANGARA maculador, manchador. quias muito flexíveis, quando não de folhas
MEOANGASARA mascarado, disfarçado. de palmeira, e mesmo umas simples folhas
MEOANGASAUA máscara, disfarce. de bananeira distendidas no chão, que ser-
MEONGAUA mácula, mancha. ve de toalha.
MEOANGAUARA mascarante, disfarçante. MIASUA sujeito, embora geralmente se tra-
MEOANGA-YMA sem disfarce, franco, lhano. duza por escravo, vencido. O miasua se po-
MIRISARA

de ser o segundo não é o primeiro. No rio MIMOIN cozido, fervido.


Uaupés, os Macus são miasuas dos Tarianos MIMOINGARA cozinheiro, fervedor.
e Tocanos, mas, além de serem obrigados a MIMOINGAU o que é fervido ou cozido, min-
prestar certos serviços, como ajudar as der- gau.
rubadas para preparo das roças, fornecer re- MIMOINGAUA fervura, cozinhamento.
meiros para as viagens, concorrer com caça, MIMOINTAUA fogão.
frutas ou pescado para as festas e dabucuris, MIMOIN TENDAUA cozinha.
vivem por si, em aldeamentos próprios, con- MIMOIN-YMA não cozido.
servando a sua língua, usos e costumes, certo MINGAU papas ralas, espécie de sopa. Parece
mais tranquilos e sossegados que os seus se- corrupção de mimoingau: fervido, cozido.
nhores, que, além de tudo, têm de defendê- MINGAUAYMA casta de formiga.
-los das incursões dos vizinhos. MIRA gente, nação, povo.
MIASUA IARA dono de sujeitos, de escravos. MIRA-ANGA alma de gente, duende.
MIASUAPORA escravizado. MIRA-CUERA mortos.
MIASUASAUA escravidão, sujeição. MIRA-PAUA toda a gente.
MIASUATYUA lugar de sujeição, de escravi- MIRA-PORA cheia de gente, gente que en-
dão. che. Puracysaua mirapora: gente que esta-
MIASUCA lavado. va na festa.
MIASUCASARA lavador, lavadeira. MIRA RANGAUA figura de gente, retrato.
MIASUCASAUA lavagem. MIRA CAN-UERA osso de gente.
MIASUCATAUA lavatório, lavadouro. MIRA CAN-UERA-TYUA cemitério, lugar de
MIASUCAUARA lavante. ossos de gente.
MIASUCAUERA lavável. MIRA CEÊN gente policiada, doce.
MIASUCAYMA não lavado. MIRA CEÊN-YMA gente sem graça, não poli-
MICUERA rebotalho. ciada.
MlEXIARE distribuído em camadas, acamado. MIRACEMA migração, saída de gente.
MlEXIAREPORA o que é distribuído em ca- MIRA EPY antenado (=raiz da gente).
madas. MIRAERA minúcia, ninharia, bagatela.
MIEXIARESARA acamador, distribuidor em MIRAIRI homúnculo, resto de gente.
camadas. MIRANHA casta de banana.
MIEXIARESAUA distribuição em camadas. MIRA OPUAMA levante, rebuliço de gente.
MIEXIARE TENDAUA lugar de acamar, de dis- MIRA RECÔ costume.
tribuir em camadas. MIRA-REÍA multidão, muita gente.
MIEXIAREUARA acamante, distribuinte em MIRA RESAUÉ publicamente, perante a
camadas. gente.
MIEXIAREUERA acamável, distribuível em MIRASAUA geração.
camadas. MIRAUARA popular.
MIEXIAREYMA não acamado, não distribuí- MIRA TEAPU tropel, barulho de gente.
do em camadas. MIRA-TYUA, MIRATYBA terra de gente.
MIMBAUA, XERIMBABO o bicho do mato MIRA-USARA comedor de gente.
criado em casa ou pegado já grande e aman- MIRA USARETÉ devorador de gente.
sado. Toda e qualquer cria da casa. Ce mim- MIRA-YMA sem gente, deserto.
baua: a minha criação. MIRA-YUA chefe, esteio da gente.
MIMBAUA MANHANASARA que vigia a cria MIRENTE, MIRi NHUNTO ninharias, só coisas
da casa; pastor. pequenas.
MIME, MÍMI aí, ali. MIRi pequeno, pouco.
MIME CATU aí mesmo. MIRIETÉ muito pequeno, pequeníssimo.
MIME RUPI por aí. MIRIPORA cheio de pequenez, mesquinho.
MIME SUÍ daí. MIRisARA quem torna pequeno, ames-
MIME XINGA PIRE um pouco mais ali. quinha.
MIRISAUA

MIRISAUA pequenez. regado de contar e instruir os moços acerca


MIRIXINGA pequenino. Mirzxinga pire: mais das lendas e dos usos dos seus maiores, o que
pequeno, Mirzxinga nhunto: só coisas peque- é feito sempre antes de tomarem o capi.
nas. MOACARESAUA nobreza, comando, ordem.
MIRUPI, MÍMI RUPI por aí. Mirupi tenheen: MOAN fingido.
por aí mesmo. MOANGA, MOAMA, MOAMBA o que é fingido.
MISUCUI eis aqui. Repicica, misucui no maitá: MOANGA MANHA, MOANGA-YUA hipócrita.
pega, eis as tuas coisas. MOANGAPORA cheio de fingimento, refal-
MITÁ descansado. V Mytá e comp. sado.
MITANGA, PITANGA criança nova (Solimões). MOANGARA fingidor.
MIUÁ mergulhão, Podiceps dominicus, palmí- MOANGAUA fingimento, ficção.
pede muito comum em todos os rios e lagos MOANGA-YMA sem disfarce, franco, lhano.
do Amazonas, onde não é inquietado pelos MOCAEN jirau de varas soltas, conservado a
caçadores, protegido, como se acha, pelo pi- altura conveniente em cima do fogo para
tiú que tresandam suas carnes. nele secarem com a exposição ao calor mo-
MIUÍ andorinha, Progne purpurea e afins. derado carnes de peixes, pássaros ou qua-
MIXIRA fritura de peixe e de carnes muito drúpedes. É o meio indígena de conservar
torrada, conservada em vasilhas na gordu- as carnes por muito tempo; moquém, mo-
ra que serviu para prepará-la. Bem prepara- queado. Carnes secas ao calor brando do fo-
da se conserva por muito tempo e já foi in- go; o ato de secar ao calor brando do fogo as
dústria muito explorada, especialmente no carnes para conservá-las.
Solimões. A mixira mais comum é a de pei- MOCAEN IARA o dono do moquém, o que
xe-boi e de tartaruga; mais rara a de tam- prepara.
baqui e outros peixes, assim como de caças. MOCAENPORA o que está no moquém.
MIXIRE fritado. MOCAENTAUA' a armação feita de um jirau,
MIXIUARA fritador. sustentado por meio de paus fincados no
MIXIUERA fritável. chão, e as necessárias travessas à altura con-
MIXIYUÁ frigideira. veniente para as carnes nele colocadas rece-
MOACARA comandante, superior, conselheiro. berem o calor do fogo e secarem sem quei-
MOACARE, MOACÁRI comandado. mar.
MOACARETÁ o conselho, os velhos da tribo MOCAENTAUA constelação que compreende
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que assistem o tuxaua e conservam os cos- parte de Órion e de Sírius. O mocaentaua é


tumes e as tradições dos antigos. Estes con - feito do cinto de Órion e das estrelas que lhe
selhos, como é natural, desaparecem dian- formam o busto, sendo que a empunhadu-
te da civilização. No rio Negro, assim como ra da espada é o aracu que está a cozinhar.
no Solimões e baixo Amazonas, já mal se en- Sirius, Betelgeuse, Rigel, Belatrix e Mintaka
contra a lembrança dos conselhos dos an- são as lontras que estão para furtar o peixe
ciãos entre os descendentes civilizados dos do mocaen.
senhores da região. Embora há uns trinta e MOCAEN TENDAUA o lugar do moquém.
tantos anos passados ainda se encontrasse MOCAEN-UARA o que faz parte ou serve pa-
existente o conselho dos Barés no rio Negro, ra o moquém.
hoje para encontrá-los vivos, precisa sair dos MOCAIÁ, MOCAJÁ casta de palmeira, Acro-
centros mais ou menos civilizados, precisa comia aculeata.
procurá-los entre as tribos que ainda se con- MOCAIAI, MOCAJAHY Acrocomia totai, casta
servam mais ou menos arredias da civiliza- de palmeira, pequeno mocajá.
ção. Em geral o conselho era e é composto MOCAIATYUA mocajatuba, lugar de mocajá.
do tuxaua, do pajé, e de mais três velhos. O MOCAIAYUA mocajazeiro.
principal ofício que têm é o de manter vivas MOCAPIPORA desertor.
as tradições e costumes, e por via disso em MOCÔ mocó, grosso rato que vive nos ocos
todas as reuniões festivas um deles é encar- dos paus, casta de Cavia.
MUÃ

MOCO pequena mucura de cor vermelho- MPURA forçado, violentado.


bruna, extremidades nuas cor de carne, e MPUCASARA forçador, violentador.
uma mancha redonda da mesma cor sobre MPUCASAUA forçamento, violentação.
cada olho, que dá uma estranha aparência. MPUCAUÁ força, violência.
MOCOEN, MOCOIN dois. MPUCAUARA forçante, violentante.
MOCOIN MOCOIN quatro. MPUCAUERA forçável, violentável.
MOCOIN-PÓ duas mãos. Mocoin-pó papa- MPUCA-YMA não forçado, não violado.
saua: a conta de duas mãos, dez. Mocoin pó MPUSARA enxotador, expulsador.
mocoin py papasau: a conta de dois pés e de MPUSAUA expulsão, enxotamento.
duas mãos, vinte. MPUTYUA expulsadouro, enxotadouro.
MOCOIN RUPI por dois, dois a dois. MPUUARA expulsante, enxotante.
MOCOINSARA segundo. MPUUERA expulsável, enxotável.
MOCOINSAUA condição de ser segundo. MPUYMA não expulso, não enxotado.
MOCOINTAUA no segundo lugar. MORASU tido piedade, tido dó, enternecido.
MOCOIN-UARA que é ou pertence ao segundo. MORASUA, MORESUA o piedoso, o enterne-
MOCOIN-YMA sem segundo. cido.
MOETÉ, MBUETÉ adorado, respeitado, vene- MORASUSARA quem tem piedade, tem dó.
rado. MORASUUARA quem faz piedade, quem faz
MOETÉPÁUA, MOETÉSÁUA adoração, venera- dó.
ção, respeito. MORASUYMA sem piedade, sem dó.
MOETÉPÓRA respeitador, venerador, adora- MORASUYUA piedade, dó, compaixão.
dor. MORÉ consolado, satisfeito, alegre.
MOTÉUÁ o que se respeita, adora, venera. MORÉPÁUA, MORÉSÁUA consolação, alegria,
MOETÉUÁRA respeitante, venerante, adorante. satisfação.
MOETÉUÉRA respeitável, venerável, adorável. MORÉPUTARE V. Poréputáre.
MOETÉYMA não venerado, não adorado, não MORÉPÓRA satisfeito, contente, alegre.
respeitado. MORÉSÁRA consolador, quem satisfaz, ale-
MOIRÕN enquizilado, zangado, arrufado. gra.
MOIRONGARA enquizilador, zangador, arru- MORÉUÁRA consolante, satisfatório.
fador. MOREUERA consolável, alegrável.
MOIRONGAUA enquizilamento, zanga, arrufo. MORÉYMA não consolado.
MOIRON-YMA que não enquizila, não zanga, MORI afagado, acariciado.
não arrufa. MORISARA afagador, acariciador.
MOMORI pejado, envergonhado. MORISAUA afago, caricia.
MOMORISARA envergonhador. MORISOCA casta de carapanã, muito diminu-
MOMORISAUA pejo, vergonha. to, que ferra sem incomodar com o zunido.
MOMORIUARA envergonhante. MORIUARA afagante, acariciante.
MOMORIYMA sem pejo, sem vergonha. MORIUERA afagável, acariciável.
MOMORIYUA o que envergonha, que peja. MORIYMA não afagado, não acariciado.
MPAU acabado, completado, findo. MU irmão. Ce mu: meu irmão.
MPAUA o acabado, o findo, o completado. MU- prefixo verbal que torna o verbo transi-
MPAUARA acabante, findante, completante. tivo e que pode sempre traduzir-se por fei-
MPAUERA acabável, findável, completável. to, especialmente quando o prefixo torna
MPAUSARA acabador, completador, findador. verbo uma palavra que não é um adjetivo
MPAUSAUA acabamento, complemento, finda. verbal. Muasu: engrandecido, feito gran-
MPAUTAUA acabadouro, cempletadouro, fin- de. Mutinga: embranquecido, feito branco.
dadouro. Parece ser a raiz de munhã: feito.
MPAU-YMA sem fim, sem acabamento, sem MUÁ vagalume.
complemento. MUÃ camarão. Mocoin muã: os dois camarões,
MPU, MBU expulsado, enxotado. isto é, Castor e Pólux (rio Uaupés, Tarianas).
MUA

MUA passado a peneira, peneirado. MUAMAMEASU embastado.


MUACA juntado, unido. MUAMAMEASU-SARA embastidor.
MUACANGA-AYUA desencabeçado. MUAMAMEASU-SAUA embastimento.
MUACANGA-AYUASARA desencabeçador. MUAMAMEPAUA armação, montagem do ur-
MUACANGA-AYUASÁUA Desencabeçamento. dume.
MUACANGA-YMA feito doido. MUAMAMESARA armador, montador do ur-
MUACANGA-YMASARA endoidecedor, quem dume.
faz endoidecer. MUAMAMETAUA armadouro, montadouro do
MUACANGA-YMASAUA endoidecimento. urdume de tear.
MUACANHEMO feito perder o ânimo, desani- MUAMAMEUARA que arma, monta o urdume.
mado. V Canhemo e comp. MUÁMU atado.
MUACARA casta de pimenta. MUÁMUÁRA atante.
MUACARE enfileirado. MUÁMUÉRA atável.
MUACAREPAUA enfileiramento. MUAMUNDÉ vestido, trajado.
MUACAREPORA enfileirante, que está na fi- MUAMUNDÉPÁUA traje, veste.
leira. MUAMUNDÉPÓRA o que serve para trajar,
MUACARESARA enfileirador, chefe, coman- vestir.
dante. MUAMUNDÉSÁRA vestidor, trajador.
MUACASARA juntador, unidor. MUAMUNDÉU disfarçado.
MUACASAUA juntada, união. MUAMUNDÉUSÁRA disfarçador.
MUACAUARA juntante, uninte. MUAMUNDÉUSÁUA disfarce.
MUACAUERA juntável, unível. MUAMUNDÉUYMA não disfarçado.
MUACAYMA não juntado, não unido. MUAMUNDU remetido, feito remeter.
MUACI magoado. MUAMUNDUA o que foi remetido.
MUACIPAUA, MUACISAUA mágoa. MUAMUNDUSARA remetedor, que faz remeter.
MUACIPORA cheio de mágoas. MUAMUNDUSAUA remessa, ato de remeter ou
MUACISARA magoador. de fazer remeter.
MUACIUARA magoante. MUAMUSARA desatador.
MUACIUERA magoável. MUAMUSAUA desatamento.
MUACIYMA não magoado. MUAMUYMA não desatado.
MUACU feito quente, esquentado. MUANGA feito ânimo, criado ânimo, ani-
MUACUAO feito saber, participado. V Cuao e mado.
comp. MUANGASARA animador.
MUACUAOETÉ feito ficar admirado, espantado. MUANGASAUA animação.
MUACUAOETÉ-PAUA admiração, espanto. MUANGAUARA animante.
MUACUAOETÉ-PORA ficado admirado, es- MUANGAUERA animável.
pantado. MUANGA-YMA desanimado.
MUACUAYMA disfarçado, não feito conhecer. MUANTÁ endurecido, entesado, apertado.
MUACUAYMASARA disfarçador. MUANTÁUÁRA entesante, endurecente, aper-
MUACUAYMASAUA disfarce. tante.
MUACUSARA aquentador. MUANTÁSÁUA entesamento, endurecimen-
MUACUSAUA aquentamento. to, aperto.
MUACUTAUA aquentadouro. MUANTAUA entesadouro, endurecedouro,
MUACUUARA aquentante. apertadouro.
MUACUUERA aquentável. MUANTÁUÁRA entesante, endurecente, aper-
MUACUYMA não aquentado. tante.
MUAMA urdume, que se monta no tear para MUANTÁUÉRA entesável, endurecível, aper-
tecer, especialmente as redes. tável.
MUAMAME armado, montado o urdume no MUANTÁYMA não entesado, não endurecido,
tear. não apertado.
MUATIRESARA

MUANTAYMASARA afrouxador. MUAPOCAYMA não afrouxado.


MUANTAYMASAUA afrouxamento. MUAPOCAYUA causa do afrouxamento.
MUNANTI feita a ponta, apontado. MUAPU tocado (instrumentos de sopro).
MUANTISARA apontador, quem faz a ponta. MUAPUAN feito rombo, arredondado.
MUANTISAUA apontamento, ato de fazer a MUAPUANGARA arredondador, arredon-
ponta. dante.
MUANTIYMA não apontado. MUAPUANGAUA arredondamento.
MUAPARA entortado, feito torto, curvado. MUAPUANGAYMA não arredondado.
MUAPARASARA entortador, encurvador. MUAPUN fartado.
MUAPARASAUA entortamento, encurva- MUAPUNGA fartura.
mento. MUAPUNGARA fartador, fartante.
MUAPARATAUA entortadouro, encurvadouro. MUAPUNGAUA fartamento, ato de fartar.
MUAPARAUARA entortante, encurvante. MUAPUSARA tocador de instrumento de
MUAPARAUERA entortável, encurvável. sopro.
MUAPARAYMA não entortado, não encurvado. MUAPUSAUA toque, música de instrumento
MUAPARAYUA a causa ou razão do entorta- de sopro.
mento. MUAPUTAUA feita a vontade, satisfeito.
MUAPATUCA feito atropelar, confundido. V MUAPUTAUASARA satisfazente, satisfeitor.
Patuca e comp. MUAPUTAUASAUA satisfação.
MUAPÉ feito cozinhar no forno. MUAPY abatido, arrasado.
MUAPÉ IARA forneiro. MUAPYSACA feito ouvir, prevenido, avisado.
MUAPÉ-PAUA fornada. V Apysaca e comp.
MUAPÉ-PORA o que é feito cozinhar no MUAPYSARA arrasador.
forno. MUAPYSAUA arrasamento.
MUAPÉUÁRA que é do forno, pertencente ao MUAPYTYUA arrasadouro.
forno. MUAPYUARA arrasante.
MUAPÉYMA que não é do forno, não cozido no MUAPYUERA arrasável.
forno. MUAPYYMA não arrasado.
MUAPI tangido. MUAR! feito cair, posto abaixo. V Ari e comp.
MUAPISARA tangedor. MUARICY feito faceiro. V Iaricy e comp.
MUAPISAUA tangimento. MUASACI feito entristecer, entristecido. V
MUAPIUARA tangente. Saci e comp.
MUAPICA feito sentar, instalado, estabeleci- MUASARA peneirador.
do. V Uapica e comp. MUASAUA peneirada.
MUAPIRE feito subir, elevado. MUASU feito grande, engrandecido.
MUAPIRESARA elevador, quem faz subir. MUASUCA esquentado, escaldado.
MUAPIRESAUA elevação, ato de fazer subir. MUASUCASARA esquentador, escaldador.
MUAPIRETAUA elevadouro, lugar onde se MUASUCASAUA esquentamento, escalda-
eleva. mento.
MUAPIREUARA elevante. MUASUCATAUA esquentadouro, escaldadouro.
MUAPIREUERA elevável. MUASUCAUARA esquentante, escaldante.
MUAPIRE-YMA não elevado. MUASUCAUERA esquentável, escaldável.
MUAPIXAIN feito enrugar, feito encrespar. V MUASUCAYMA não esquentado, não escal-
Apixain e comp. dado.
MUAPOCA feito afrouxar, afrouxado. MUASUSARA engrandecedor.
MUAPOCASARA afrouxador. MUASUSAUA engrandecimento.
MUAPOCASAUA afrouxamento. MUATACA feito bater (de um objeto contra
MUAPOCATAUA afrouxadouro. outro).
MUAPOCAUARA afrouxante. MUATIRE amontoado, feito subir.
MUAPOCAUERA afrouxável. MUATIRESARA amontoador.
MUATIRESAUA

MUATIRESAUA amontoamento. MUAUYCAUARA costurante.


MUATIRETAUA amontoadouro. MUAUYCAUERA costurável.
MUATIREUARA amontoante. MUAUYCAYMA não costurado.
MUATIREUERA amontoável. MUAYUA feito mal, violentado, violado.
MUATIREYMA não amontoado. MUAYUAPAUA, MUAYUASAUA violência, vio-
MUATUCA encurtado, resumido, proibido, lação.
encoberto. MUAYUAPORA violentado, violado.
MUATUCAPAUA encurtamento, resumo, proi- MUAYUASARA violentador, violador.
bição, encobrimento. MUAYUAUARA violentante, violante.
MUATUCASARA encurtador, resumidor, proi- MUAYUAUARA violável, violentável.
bidor, encobridor. MUCA estourado. V. Puca e comp.
MUATUCATAUA lugar do resumo, encurta- MUCAIÁ, MUCAJÁ, MOCAJÁ a fruta da
mento, proibição, encobrimento. Acrocomia.
MUATUCAUARA encurtante, proibente, resu- MUCAIÁ-YUA casta de palmeira, Acrocomia.
mente. MUCA'i feito cercar. V. Caí e comp.
MUATUCASARA encurtador, resumidor, proi- MUCAÍ feito queimoso. V. Caí e comp.
bidor, encobrível. MUCAMA as moças escravas que tomavam
MUATUCAUARA encurtante, proibente, resu- conta das crianças. Moça casadoura (Soli-
mente. mões).
MUÃTAUA lugar de camarões. MUCAMBY amamentado.
MUATYUA coadouro. MUCAMBYPORA amamentante, mamadeira.
MUAÚ atribuído, presumido. MUCAMBYSARA amamentadora.
MUAUARA coante. MUCAMBYSAUA amamentação.
MUAÚ-AYUA suspeitado, desconfiado. MUCAMBYUARA amamentante.
MUAÚ-CATU confiado. MUCAMBYUERA amamentável.
MUAUÉ consumido. MUCAMBYYMA não amamentado.
MUAUERA coável. MUCAMEÊN mostrado, indicado, feito ver. V.
MUAUÉPÁUA consumição. Cameen e eomp.
MUAUÉPÓRA consumido, cheio de consu- MUCAMEÊNTYUA mostrador.
mição. MUCAMIRYCA amassado. V. Camiryca e comp.
MUAUÉSÁRA consumidor. MUCANHEMO dispersado, desolado. V. Ca-
MUAUÉTÁUA consumidouro nhemo e comp.
MUAUÉUÁRA consuminte. MUCATU feito bem, feito bom, beneficiado.
MUAUÉUÉRA consumível. MUCATUAUA benefício.
MUAUÉYMA não consumido. MUCATURU guardado, defendido, recolhido.
MUAÚSÁRA presumidor. MUCATURUARA guardante, defendente, re-
MUAÚSÁUA presunção. colhente.
MUAÚUA o presumido. MUCATURUERA guardável, defensável, reco-
MUAÚUÁRA presuminte. lhível.
MUAÚUÉRA presumível. MUCATURUPAUA guarda, defesa, recolhi-
MUAÚUI desfiado. mento.
MUAÚUIPÁUA desfiamento. MUCATURUPORA o que é guardado, defendi-
MUAÚUlPÓRA desfiante. do, recolhido.
MUAÚUISÁRA desfiador. MUCATURUSARA guardador, defensor, reco-
MUAÚUIYMA não desfiado. lhedor.
MUAÚYMA não presumido. MUCATURUTYUA lugar de guarda, defesa, re-
MUAUYCA costurado colhimento.
MUAUYCASARA costureira. MUCATURUYMA não guardado, defendido,
MUAUYCASAUA costura. recolhido.
MUAUYCATAUA lugar de costura, costuradouro. MUCATUSARA benfeitor.
MUCERA

MUCATUSAUA beneficência. MUCENIPUCA feito resplandecer, reluzir. V.


MUCATUUARA benefaciente, beneficente. Cenipuca e comp.
MUCATUUERA beneficiável. MUCENEI feito grelar. V. Cenei e comp.
MUCATUYMA não beneficiado. MUCEPI feito o preço, avaliado.
MUCAÚ embebedado. V. Caú e comp. MUCEPIASU encarecido.
MUCAUA espingarda. MUCEPIASUPAUA encarecimento.
MUCAUASU canhão. MUCEPIASUPORA encarecente.
MUCAUA IARA dono da espingarda, soldado. MUCEPIASUSARA encarecedor.
MUCAUA OCA quartel. MUCEPISARA avaliador.
MUCAUA ocAsu quartel-general, fortaleza. MUCEPISAUA avaliação.
MUCAUA PETECASARA gatilho, batedor da MUCEPIUARA avaliante.
espingarda. MUCEPIUERA avaliável.
MUCAUA PORA carga, espingarda carregada. MUCEPIYMA sem avaliação, desvalorizado.
MUCAUA PORA YMA espingarda descarregada. MUCERA feito o nome, dado o nome. A de
MUCAUA YUA vareta. dar o nome é uma das bonitas cerimônias
MUCAÚSÁRA embebedador. indígenas, a que tenho assistido mais de
MUCAÚTÁUA lugar de bebedeira. uma vez. A imposição do nome se efetua
MUCECUIARA dado o preço, feito o paga- quando o menino, que deve recebê-lo, já co-
mento. V Cecuiara e comp. meça a falar e já anda por si, entre os dois e
MUCECUIARAUARA avaliador. três anos de idade. No dia aprazado os vizi-
MUCEÊN adoçado, feito doce. V. Ceen e comp. nhos se reúnem todos desde a madrugada,
MUCEÊN IURU beijado, adoçado os lábios. logo depois do banho matinal, na casa dos
MUCEÊN TEMIÚ temperada a comida. pais. O pajé, o pai do menino e o mais velho
MUCEÍA multiplicado, aumentado, propagado. dos parentes, que tomaram banho mais cedo,
MUCEÍAPÁUA multiplicação, aumento, pro- estão desde antes do levantar do sol fecha-
pagação. dos num repartimento especial, preparado
MUCEÍAPÓRA multiplicante, aumentante, ad hoc, na extremidade oposta à entrada.
propagante. Cada um tem na mão uma cuia de caraju-
MUCEÍASÁRA multiplicador, aumentador, ru, da lua, e no chão, no meio dos três, es-
propagador. tá fincado o cigarro cerimonial. Os que che-
MUCEÍATÁUA multiplicadouro, aumentadou- gam se assentam em bancos dispostos de
ro, propagadouro. forma a deixar no centro, entre a porta da
MECEÍAUÉRA multiplicável, aumentável, pro- frente e a dos fundos uma passagem livre
pagável. e desimpedida. As mulheres vão para a co-
MUCEÍAYMA não multiplicado, não aumen- zinha. Os três que estão fechados no quar-
tado, não propagado. tozinho, depois de ter cada um enchidas as
MUCEMA, MUCEMO remido, livrado, resgata- bochechas de fumaça, logo ao nascer do
do. V. Cerno e comp. sol assopram por cima das cuias de cara -
MUCEMBÉ, MUCEMÉ feito o beiço, a orla das juru em todas as direções, invocando pe-
vasilhas. los seus nomes as mães das coisas que vi-
MUCEMBÉPÓRA a vasilha a que foi feito o vem no céu, nas águas, nas matas e sobre a
beiço, que está com o beiço feito. terra, para virem e prestar atenção ao no-
MUCEMBÉSÁUA o beiço da vasilha. me, que o menino vai receber, para prote-
MUCEMBÉSÁRA feitor de beiço. gê-lo e acompanhá-lo na vida, como pro-
MUCEMBÉYMA sem beiço feito. tegeram e acompanharam os pais e os avós
MUCEMBYUA limitado, feita a margem. dele, que nunca faltaram com o que é devi-
MUCEMBYUAPAUA limitação, delimitação. do às mães das coisas. A litania não é cur-
MUCEMBYUAPORA que é do limite, limitante. ta, e levam horas na invocação feita em voz
MUCEMBYUASARA delimitador. alta, mas sem acompanhamento por par-
MUCENDI aceso, alumiado. V. Cendi e comp. te dos assistentes que, sentados nos bancos,
MUCERAKENA

nas redes, em terra, como podem, enchem MUCERUCASARA batizador.


a casa e bebem caxiri, que é servido larga- MUCERUCATYUA pia batismal.
mente pelas mulheres que estão na cozinha MUCERUCAUARA batizante.
e somente vêm para este serviço. Quando MUCERUCAUERA batizável.
o sol chega a pino, isto é, ao meio dia, os MUCERUCAYMA não batizado.
oficiantes, que ficaram fumando e bebendo MUCETÁ povoado.
calados desde que acabou a primeira invo- MUCETÁSÁRA povoador.
cação, recomeçam outra vez. A terceira in- MUCETÁSÁUA povoamento.
vocação começa umas duas horas antes do MUCETÁ TENDAUA lugar povoado, povoação.
deitar-se o sol; mas então já não se acham MUCETAUA povoado.
na casa somente os homens, mas também MUCETÁUÁRA povoante.
todas as mulheres e todas as crianças, e to- MUCETÁUÉRA povoável.
dos repetem em altas vozes o nome de ca- MUCETÁYMA não povoado.
da mãe das coisas que os três velhos invo- MUCEYMA privado.
cam. A criança, que deve receber o nome, MUCEYMASARA privador.
é deixada a brincar à vontade no meio do MUCEYMASAUA privação.
quarto com os outros meninos, se os há, e MUCEYMAUARA privante.
quando está para desaparecer o último raio MUCEYMAUERA privável.
do sol o pajé, que com o pai do menino e o MUCEYMAYMA não privado.
parente mais velho saiu do quartinho on- MUCICA feito chegar, unido. V. Cica e comp.
de passou o dia, o pega nos braços e apre- MUCIKI feito tirar, puxado. V. Ciki e comp.
sentando-o ao sol, de modo a fazer-lhe re- MUCIKIÉ fazer susto, espantar. V Cikié e comp.
ceber os últimos raios, diz o nome, e este MUCIKIECÉ ameaçado.
é então repetido por todos em altas vozes. MUCIKIÉPAUA ameaça.
O nome que o menino recebe é muitas ve- MUCIKIÉPÓRA ameaçante.
zes o nome que já trouxe algum dos avós MUCIKIÉSÁRA ameaçador.
ou algum outro nome de que ao momento MUCIKIÉYMA não ameaçado.
se agradem, e isto especialmente se se tra- MUCIÍA V. Muceía e comp.
ta de filho de chefe. Muitas vezes todavia MUCINI feito brotar, os primeiros sinais de
o nome do menino é escolhido e lhe é da- vegetação. V Mucenei e comp.
do em atenção ao objeto que estava pegan- MUCINIUA pequeno broto, vindo após mui-
do no momento em que o pajé o pegou pa- ta cura.
ra apresentá-lo ao sol, ao gesto que fez, à MUCIRY feito liso, feito escorregadio, alisado.
palavra que disse, porque então é como se MUCIRYCA feito escorar, feito deslizar. V
o próprio sol lhe desse o nome. Isso, pois, Ciryca e comp.
explica como em muitos casos, quando se MUCIRYRYCA feito encrespar, feito enrugar.
procura a significação dos nomes indíge- V Ciryryca e comp.
nas, se tem a surpresa de encontrar signifi- MUCIRYSARA alisador.
cações as mais disparatadas e muitas vezes, MUCIRYSAUA alisamento.
merda disso, merda daquilo. MUCIRYTAUA alisadouro.
MUCERAKENA elogiado, bem-afamado. MUCIRYUA alisado.
MUCERAKENAPAUA boa fama, elogio. MUCIRYUARA alisante.
MUCERAKENAPORA cheio de boa fama, de MUCIRYUERA alisável.
elogio. MUCIRYYMA não alisado, áspero.
MUCERAKENASARA elogiador, dador de boa MUCÓ vasilha de barro para água, baixa e bo-
fama. jo largo.
MUCERAYMA eem nome. MUCOAMEEN demonstrado. V Coameên e
MUCERUCA batizado, dado o nome. comp.
MUCERUCA OCA batistério, casa de batismo. MUCOATIARA casta de madeira boa para
MUCERUCASAUA batismo. marcenaria elegantemente veiada, forneci-
MUECYMA, MUICYMA

da por uma casta de Leguminosa muito co- MUCUI-SAUA moagem.


mum no rio Branco, conhecida com o mes- MUCUI-TAUA moenda.
mo nome. Mucui-uÁ o moído, a farinha.
MUCOATIARE feito gravar. V Coatiare e comp. MUCUI-UARA moente.
MUCOCAO desperdiçado. MUCUI-UERA moível.
MUCOCAPAUA desperdiçamento. MUCUIN pequeno inseto, um tavão quase mi-
MUCOCAPORA desperdiçante. croscópico, que vive no capim e produz na
MUCOCASARA desperdiçador. pele uma irritação muito incomodativa, fi-
MUCOCATAUA desperdiçadouro. cando como que preso e agarrado nela e se
MUCOCAUERA desperdiçável. tornando vermelho, quando cheio de sangue.
MUCOCAOYMA não desperdiçado. MUCUIUARA encoivarado, feito coivara.
Mucocur feito cair, das frutas com um pau, MUCUNÃ-MOCUNÃN engolido.
ou outra coisa qualquer, derribar. MUCUNA casta de Urticácea, Mucuna urens,
MUCOCUIPAUA derribada. a qual fornece uma fibra têxtil bastante re-
MUCOCUISARA derribador. sistente.
MUCOCUITAUA derribadouro. MUCUNANGARA engolidor.
MUCOCUIUÁ derribado. MUCUNANGAUA engolição, ato ou efeito de
MUCOCUIUARA derribante. engolir.
MUEOCUIUERA derribável. MUCUNU careta.
MUCOCUIYMA não derribado, inderribado. MUCURU enrugado, encarquilhado.
MUCOEMA amanhecido, madrugado. MUCURUPAUA enrugamento, encarquilha-
MUCOEMASARA madrugador. mento.
MUCOEMASAUA madrugada. MUCURUPORA enrugante, encarquilhante.
MUCOEMAUARA madrugante. MUCURUSARA enrugador, encarquilhador.
MUCOEMAUERA madrugável. MUCURUI delido, feito pó, feito migalhas.
MUCOEMAYMA sem madrugada. MUCURY prometido, para fazer logo.
MUCOERE aborrecido, tornado aborrecido, MUCURYPAUA promessa.
feito aborrecido. V Coere e comp. MUCURYPORA prometente.
MUCOIN feito latejar. V Coin e comp. MUCURYSARA prometedor.
MUCOPIRI feito juntar, feito amontoar. V: MUCURYUERA prometível.
Copiri e comp. MUCYUA casta de lagarta, uma larva que
MUCOTUCA feito espicaçar. V: Cotuca e parece ser de um grande coleóptero, mas
comp. que não pude individualizar; dá nas pupu-
MUCU tavão. nheiras em colônias numerosas, e os ín-
MUCUAO declarado, feito saber. V: Cuao e dios a comem.
comp. MUEATIRE feito elevar, feito subir. V Eatire e
MUCUARA esburacado, feito buraco. comp.
MUCUARAPAUA esburacamento. MUEAUY feito errar, trazido em erro. V Eauy
MUCUARAPORA esburacado, cheio de buracos. e comp.
MUCUARASARA esburacador. MUEAUYCA feito inclinar, submetido, domi-
MUCUARAUERA esburacável. nado. V Eauyca e comp.
MUCUARAYMA não esburacado. MUECYCA, MUICYCA grudado a breu ou de
MUCUATUCA feito guardar segredo. V Cua- outra qualquer forma.
tuca e comp. MUECYCANTÁ grudado forte.
MUCUCUAO feito reconhecer. V Cucuao e MUECYCASARA grudador.
comp. MUECYCASAUA grudação.
MUCUIÁ mucujá, casta de palmeira, Acroco- MUECYCAUA grude. Papera muecycaua: gru-
mia mucojá. de para papel, obreia.
Mucui moído, feito farinha. MUECYMA, MUICYMA alisado, polido. V
Mucui-SARA moedor. Muicyma e comp.
MUEICÉ

MUEICÉ feito limpo, desembaraçado, desobs- MUEUOCA feito desencovar, feito sair. V.
truído. V. Eicé e comp. Euoca e comp.
MUEIKI feito entrar, introduzido. V. Eiki e Mui, Pui fino, delgado, pequeno.
comp. MUIACU feito desconfiado, esperto, ladino.
MUEIKIÉ feito encher. V. Eikié e comp. MUIACÚSÁRA quem faz desconfiar, espertar.
MUEITÁ feito nadar. V. Uitá e comp. MUIACÚUÁRA quem é feito desconfiar, que é
MUEIUCA feito tirar, feito sair, diminuído. V. espertado.
Iuca e comp. MUIACÚ-YMA tornado desprevenido.
MUEMBAÚ dado de comer. V. Embaú e comp. MUIAKYRA enverdecido, feito verde.
MUEMBEÚ feito prevenir, advertido. V. Mbeú MUIAKYRARE feito abortar. V. Iakyrare e
e comp. comp.
MUEMBOI feito disforme, deformado. V. MUIAKYRAPAUA enverdecimento, rejuvenes-
Mboiecomp. cimento.
MUEMBUCA feito rachar. V. Mbuca e comp. MUIAKYRAPORA reverdecente.
MUEMBUÉ feito aprender. V. Mbué e comp. MUIAKYRASARA reverdecedor.
MUEMBURE jogado fora, expelido. V. Mbure MUIAKYRATAUA reverdecedouro.
e comp. MUIAKYRAUERA reverdecível.
MUENGUEPOPE encarregado. MUIAKYRA- YMA não reverdecido.
MUENGUEPÓPESÁRA quem encarrega. MUIAN empastado.
MUENGUEPÓPESÁUA o que é encarregado. MUIANGARA empastador.
MUENGUEPÓPEUÁRA encarregante. MUIANGAUA empasto.
MUENGUEPÓPEYMA não encarregado. MUIAN-UÉ, MUIANGUÉ o empastado; mujan-
MUERÉ concordado, aplaudido. guê, farinha seca de mandioca misturada
MUERÉPÁUA concordância. com ovos crus de tartaruga, e comida sem
MUERÉPÓRA concordante. ir ao fogo.
MUERÉSÁRA concordador. MUIAN-YMA não empastado.
MUERETÉ afirmado. MUIAOCA apartado. V. Muiauoca e comp.
MUERÉUÉRA afirmável. MUIAPIRE feito subir, aumentado.
MUERÉYMA não concordado. MUIAPIRESARA aumentador.
MUERURE feito levar, feito conduzir, feito tra- MUIAPIRESAUA aumento.
zer. V. Rure e comp. MUIAPIREUARA aumentante.
MUEÚ apagado soprando. MUIAPIREUERA aumentável.
MUEÚ-ANA apagado. MUIAPIRE-YMA não aumentado.
MUEÚ-PYTERA dividido, separado; lit.: apa- MUIAPIXAIN fazer encrespar, enrugar.
gado no meio. MUIPIXAINGARA quem faz encrespar, enrugar.
MUEÚ-PYTÉRASÁRA divisor, partidor. MUIPIXAINGAUA encrespamento, enruga-
MUEÚ-PYTÉRASÁUA divisão. mento.
MUEÚ-PYTÉRAÚARA dividente. MUIAPOÃ, MUIAPOÃN arredondado. V
MUEÚ-PYTÉRAUÉRA divisível, partível. Iapoãn e comp.
MUEÚ-PYTÉRAYMA não dividido, não partido. MUIARE, MUIÁRI fazer encostar, fazer unir,
MUEÚ-PYTÉRAPÁUA divisão, partição. juntar. V. Iári e comp.
MUEÚ-PYTÉRAPÓRA dividente. MUIASAi feito estender. V Sain e comp.
MUEÚ-SARA apagador. MUIASAEN feito espalhar. V. Saen e comp.
MUEÚ-SAUA apagamento. MUIASASAU fazer atravessar. V. Sasau e
MUEÚ-TEUA apagadiço. comp.
MUEÚ-TYUA apagadouro. MUIATICU feito pendurar, pendurado. V. Ia-
MUEÚ-UARA apagante. ticu e comp.
MUEÚ-UERA apagável. MUIATIMU embalançado, feito embalançar a
MUEUAKI feito conformar, acomodado. V. rede de dormir. V. Iatimu e comp.
Euaki e comp. MUIATUCA encurtado, feito curto.
MUIKÉ

MUIATUCÁ feito lançar fora, repelido. V Iaty- MUICYCASARA calafate.


cá e comp. MUICYCASAUA preparação do breu.
MUIATÚCASÁRA encurtador. MUICYCATAUA lugar onde se dá o breu.
MUIATÚCASÁUA encurtamento. MUICYCAUARA breante, calafetante.
MUIATUCATYUA encurtadouro. MUICYCAUERA breável, calafetável.
MUIATUCAUA encurtado. MUIEAPIRE feito subir. V Iapire e comp.
MUIATUCAUARA encurtante. MUIECIARE, MUIEXARE acamado, disposto
MUIATUCAUERA encurtável. em camadas. V Xare e comp.
MUIATUCA-YMA não encurtado. MUIECYRON enfileirado.
MUIATYCÁ feito jogar, feito lançar. V Iatycá MUIECYRONGARA enfileirador.
e comp. MUIECYRONGAUA enfileiramento.
MUIAUAU afugentado, feito fugir. V Iauau e MUIEMOIRÕN feito amuar. V Moirõn e comp.
comp. MUIEMBUCA feito enforcar. V Iembuca e
MUIAUÉ feito assim, concordado, imitado, comp.
confirmado. MUIEMBEÚ, MUIEUMBEÚ feito-se contar, con-
MUIAUÉSÁRA imitador, confirmador. fessado.
MUIAUÉSÁUA imitação, confirmação, con- MUIEMBEÚSÁRA confessor.
cordância. MUIEMBEÚSÁUA confissão.
MUIAUÉUÁRA concordante, imitante, confir- MUIEMBEUTAUA confessionário.
mante. MUIEMBEÚUÁ confessado.
MUIAUÉUÉRA confirmável, imitável, concor- MUIEMBEÚUÁRA confessante.
dável. MUIEMBEÚUÉRA confessável.
MUIAUÉYMA não confirmado, não imitado, MUIEMBEÚ-YMA não confessado.
não concordado. MUIEMUNHÃ formado, gerado, criado.
MUIAUÍ feito quebrar. V Iauí e eomp. MUIEMUNHANGARA formador, gerador,
MUIAUKI feito brigar, excitado. V Iauki e criador.
comp. MUIEMUNHANGAUA formação, geração, cria-
MUIAUOCA apartado, separado, tirado para ção.
pôr em lugar diverso. MUIEMUNHANTAUA lugar de formação, ge-
MUIAUÓCASÁRA apartador, separador. ração, criação.
MUIAUÓCASÁUA apartamento, separação. MUIEMUNHÃ-YMA não formado, não criado,
MUIAUÓCATYUA lugar de separação. não gerado.
MUIAUÓCAUÁRA apartante, separante. MUIENÔ feito deitar. V Ienô e comp.
MUIAUÓCAUÉRA apartável, separável. MUIEPÉ unido, unificado, feito um.
MUIAUOCA-YMA não separado, não apar- MUIEPÉSÁRA unificador.
tado. MUIEPÉSÁUA unificação, união.
MUIAUY feito errar, enganado, transviado. V MUIEPÉ RUPI unidamente.
Iauye comp. MUIEPÉ-TAUA lugar de união.
MUIAUYCA virado, emborcado. V Iauyca e MUIEPÉUÁ unificado, único.
comp. MUIEPÉUÁRA unificante.
MUIAXIÚ feito chorar. MUIEPÉUÉRA unificável.
MUÍCA espedaçado, esfarelado. MUIEPÉ-YMA desunido, não unificado.
MUÍCAPÁUA espedaçamento, esfarelamento. MUIEPUCUAO amansado, acostumado, feito
MUÍCAPORA esfarelante. amarrar-se. V Pucuao e comp.
MUÍCASÁRA espedaçador, esfarelador. MUIERÉU disfarçado, feito virar, feito mudar.
MUÍCAUÁRA espedaçante, esfarelante. V Ieréu e comp.
MUÍCAUÉRA espedaçável, esfarelável. MUIEUARU feito asco, feito nojo. V Ieuaru e
MUICAYMA não esfarelado, não espedaçado. comp.
MUICYCA calafetado, preparado o breu. MUIIUÍ andorinha, Progne purpurea.
MUICYCAPAUA calafeto. MUIKÉ feito entrar, acolhido. V Iké e comp.
MU!Kl

MUIKI encolhido. MUIUIUANTI, MUIUIUAENTI feito se recipro-


MUIN recolhido. camente encontrados. V Iuanti e comp.
MUINGARA recolhedor. MUIUIUMANA abraçado-se reciprocamente.
MUINGAUA recolhimento. MUIUIUPETECA batido-se reciprocamente.
MUINHARU embravecido, feito embravecer. V Peteca e comp.
V Inharu e comp. MUIUIUPETERE beijado-se reciprocamente.
MUÍRE quanto. Muíre pire: quanto mais. V Petere e comp.
Muíre turusu?: quanto grande? Muíre re- MUIUÍRE feito voltar, retrocedido. V Iuíre e
cuiara?: que preço? Muíre pire catu pire: comp.
quanto mais melhor. MUIUMANA feito abraçar. V Iumana e comp.
MUIRUMUARA acompanhado, feito compa- MUIUMÚNI feito arrepiar. V Iumúni e comp.
nheiro. MUIUPIRE engrandecido-se. V Mupire e
MUIRUMUARA-SARA acompanhador. comp.
MUIRUMUARA-SAUA acompanhamento. MUIUPIRU feito começar, dado princípio. V
MUIRUMUARA-YMA sem acompanhamento. Iupiru e comp.
MUIRURU feito molhado, deitado de molho. MUIUPITASOCA afirmado-se, estabelecido-
MUIRURUANA já molhado. -se. V Pitasoca e comp.
MUIRURUPAUA molhadura. MUIUPUCUAU feito se amarrar, enleado-se. V
MUIRURUPORA molhante. Pucuau e comp.
MUIRURUSARA malhador. MUIURU clamor.
MUIRURUUERA molhável. MUIURU-IURU rugido.
MUIRURUYMA não molhado. MUIUSANA enleado, laçado. V Iusana e comp.
MUIRUSANGA umedecido, refrescado. V MUIUSOCA arrimado-se, encostado-se. V
Murusanga e comp. Iusoca e comp.
MUISARA diminuidor. MUIUTIMA feito plantar, posto na terra. V
MUISAUA diminuição. Iutima e comp.
MUITAPOAN feito ponta de ferro, feito prego. MUKECA, PUPECA envolvido, coberto; qual-
MUITAPOANGARA ferreiro, fazedor de pre- quer embrulho para carregar ou guardar
gos. objetos miúdos e especialmente aquele em-
MUTAPOANGAUA ferraria, fabricação de brulho feito de folhas verdes para embru-
pregos. lhar peixinhos destinados a ser moqueados.
MUITAPOANTAUA ferraria, fábrica de pregos. Auaty mukeca: massa de farinha de milho
MUIUANTI, MUIUAENTI feito se encontrar, embrulhada em folhas de arumã para ser
ido ao encontro: V Iuanti e comp. cozida e servir para o caxiri de milho.
MUÍUARA diminuinte. MUKIÁ sujo, nublado, toldado. Ara mukiá:
MUIUATÉ dificultado, feito, tornado difícil. sujo de dia, nuvem. Ara omukiá: o dia faz
MUIUCUAU feito se conhecer, declarado, sujo, tolda-se.
mostrado. V Cuao e comp. MUKIÁSÁRA sujador, nublador, toldador.
MUIUCI alimpado, feito limpo. V Iuci e comp. MUKIÁSÁUA sujeira, nuvem, toldamento.
MurncucA agasalhado, hospitalizado, aco- MUKIATYUA sujadouro, toldadouro, mon-
lhido em casa. turo.
MUIUCUCASARA agasalhador. MUKIÁUÁRA sujante, toldante.
MUIUCUCASAUA agasalho. MUKIÁUÉRA sujável, toldável.
MUIUCUCATAUA agasalhadouro. MUKIAYMA não sujo, não toldado, não nu-
MUIUCUCAUÁ o agasalhado. blado.
MUIUCUCAUARA agasalhante. MUKIRÃ, MUKIRÃN cevado, feito engordar.
MUIUCUCAUERA agasalhável. MUKIRANA gordo, cevado.
MUIUCUCAYMA não agasalhado, desagasa- MUKIRANGARA engordante, cevador.
lhado. MUKIRANGAUA engorda, ceva.
MUIUERA diminuível. MUKIRAN TENDAUA cevadouro.
MUMIDÁIUÉRA

MUKIRAN-YMA não cevado, magro. MUMOXY, MUPUXY injuriado, enxovalhado,


MUKIRICA feitas cócegas. descomposto, afeado. V Mupuxy e comp.
MUKIRICAPAUA cocegamento. MUMUCA, MUPUCA feito abrir, forçado, de-
MUKIRICAPORA coceguento. florado. V Puca e comp.
MUKIRICASARA cocegador. MUMUCAYMA fechado, virgem. Cunhã mu-
MUKIRE feito dormir, adormecido. V Kyre e mucayma, mulher virgem.
comp. MUMUÍCA costurado.
MUMARACAIMBARA feito veneno. MUMUÍCASÁRA costureira.
MUMARANDYUA notificado, publicado. V MUMUÍCASÁUA costura.
Marandyiua e comp. MUMUÍCA TENDAUA sala, casa de costura.
MUMAUN acabado. MUMUÍCAUÁRA costurante.
MUMAUNGARA acabador. MUMUÍCAUÉRA costurável.
MUMAUNGAUA acabamento. MUMUICAYMA não costurado, descosturado.
MUMBACA casta de palmeira. MUMURANGA saudado.
MUMBAIA desfiado; casta de palmeira anã, MUMURANGASARA saudante, quem saúda.
da terra firme. Caá-mumbaia: samambaia, MUMURANGASAUA saudação.
folha desfiada. MUMURIÁ empobrecido.
MUMBEÚ avisado, prevenido, feito contar. V MUMURIÁPÁUA empobrecimento.
Mbeú e comp. MUMURIÁPÓRA pobre.
MUMBEÚ CATU bendito. Imumbeú catu MUMURUTINGA feito branco, caiado.
cunhã apanhe piterpe, Imumbeú catu iesu ne MUMURUTINGASARA branqueador, caiador.
marica membyra auá: bendita entre todas as MUMURUTINGASAUA branqueamento, caia-
mulheres, bendito Jesus, filho do teu ventre. ção.
MUMBURE, MUEMBURE feito, mandado lan- MUMURUTINGATAUA branqueadouro, caia-
çar. V Mbure e comp. douro.
MUMEMBECA amolecido. MUMURUTINGAUARA branqueante, caiante.
MUMEMBÉCASÁRA amolecedor. MUMURUTINGAUERA branqueável, caiável.
MUMBÉCASÁUA amolecimento. MUMURUTINGAYMA não branqueado, não
MUMEMBÉCATÁUA amolecedouro. caiado.
MUMEMBÉCAUÁRA amolecente. MUMUSACA feito tirado, separado. V Musaca
MUMBÉCAUÉRA amolecível. e comp.
MUMEMBÉCAYMA não amolecido. MUMUSACA Vasilha que serve para jogar fora
MUMENARE, MUMENDARE feito casar. V Me- a água das canoas, geralmente uma cuia pi-
nare e comp. xé e mesmo um pedaço de cuia.
MUMENDOARE feito lembrar, recordado. V MUMUXI V Mumoxy.
Mendoare e comp. MUNÁNI misturado.
MUMÍMI desaparecido, ocultado, homiziado. MUNÁNIPÁUA misturada.
V Iumími e comp. MUNÁNISÁRA misturador.
MUMIMOiN feito ferver, cozido. V Mimofn e MUNÁNISÁUA mistura.
comp. MUNÁNITÁUA misturadouro.
MUMITERA, MUPITERA partido, dividido, MUNÁNIUÁRA, MUNÁNIPÓRA misturante.
feito a meio. MUNÁNIUÉRA misturável.
MUMITERASARA divisor. MUNÁNIYMA não misturado.
MUMITERASAUA divisão. MUNAXY irmãos gêmeos.
MUMITERATAUA divisório. MUNDÁ, MUNÁ furtado, escondido, negado.
MUMITERAUARA dividinte. MUNDAI desconfiado, suspeitado.
MUMITERAUERA divisível. MUNDÁISÁRA desconfiador, suspeitador.
MUMITERAYMA indiviso, não dividido. MUNDÁISÁUA suspeita, desconfiança.
MUMOIRÕN feito zangar. V Moirõn e comp. MUNDÁIUÁRA suspeitante, desconfiante.
MUMORY alegrado, satisfeito, tornado alegre. MUMIDÁIUÉRA suspeitável, desconfiável.
MUNDÁIYMA

MUNDÁIYMA não suspeitado, não descon- te que pode servir para a cozinha. Não sei
fiado. se se trata de uma planta aclimada, ou de
MUNDÁPÁUA ladroeira. planta indígena, sendo que no primeiro ca-
MUNDÁPÓRA ladrão. so é muito bem aclimada e já apresentava-
MUNDARA falso, mentiroso. riedades.
MUNDÁRI ter ciúme. MUNDURAUA casta de gafanhoto que ata-
MUNDARISARA quem tem ciúme. ca especialmente as plantações de tabaco
MUNDARISAUA ciúme, o ato de ter ciúme. (Tefé).
MUNDARIUERA ciumento à toa, sem razão. MUNDURU casta de grande nassa usada no
MUNDÁSÁRA negador. Pará para pegar peixe.
MUNDÁSÁUA negação, o objeto furtado. MUNDURucu uma variedade escura de quati,
MUNDAÚ ciúme. Nasua; nome de uma nação tupi estabeleci-
MUNDÁUA furto. da entre o Madeira e o Tapajós, inimiga dos
MUNDAUARA furtante. Muras, dos Parintintins e dos Apiacás, mui-
MUNDAUERA furtável. to numerosa e belicosa, ainda hoje existente,
MUNDAÚPORA ciumento. embora muito reduzida e em grande parte já
MUNDAUYMA não furtado. civilizada; casta de Cactus (?).
MUNDÉ metido, recolhido, suspeitado; ra- MUNDUSARA mandador, ordenador, reme-
toeira. tedor.
MUNDÉ-MUNDÉ intrometido. MUNDUSAUA mandado, ordem, remessa.
MUNDÉ-MUNDÉU manhoso, metido em dis- MUNDUUARA mandante, ordenante, reme-
farce. tente.
MUNDÉ-PORA que é preso na ratoeira. MUNDUUERA mandável, ordenável, remis-
MUNDÉSÁRA recolhedor, suspeitador. sível.
MUNDÉSÁUA recolhimento, suspeita. MUNDUYMA não mandado, não ordenado,
MUNDÉU vestido, ornado, enfiado, disfar- não remetido.
çado. MUNGÁ, PUNGÁ nascida, tumor, tumefação.
MUNDÉUSÁRA disfarçador, vestidor, enfia- MUNGATURU acabado, completado, ajustado.
dor. MUNGATURUPAUA, MUNGATURUSAUA acaba-
MUNDÉUSÁUA disfarce, veste, ornamentação. mento, remate, complemento.
MUNDÉUTYUA lugar do disfarce. MUNGATURUSARA acabador, completador,
MUNDÉUUÁRA disfarçante, ornante. rematador.
MUNDÉUUÉRA disfarçável, vestível, ornável. MUNGATURUTAUA, MUNGATURU TENDAUA
MUNDICA aceso. lugar de acabamento, remate, complemento.
MUNDICASARA acendedor. MUNGATURUUARA acabante, rematante.
MUNDICASAUA acendimento. MUNGATURUUERA acabável, rematável, com-
MUNDICATAUA acendedouro. pletável.
MUNDICAUARA acendente. MUNGATURUYMA não acabado, não remata-
MUNDICAUERA acendível. do, não completado.
MUNDICAYMA não aceso, apagado. MUNGUETÁ apalavrado, aconselhado.
MUNDU mandado, ordenado, remetido. MUNGUETÁ CATU aconselhado bem.
MUNDUCÁRI comandado, dado ordem com MUNGUETÁ PUXI aconselhado mal.
autoridade, determinado. MUNGUETÁ SUAXARA responder.
MUNDUCARISARA comandante, quem dá or- MUNGUETÁSÁRA apalavrador, conselheiro.
dem com autoridade para dá-la. MUNGUETÁSÁUA apalavramento, conselho.
MUNDUCARISAUA comando, ordem. MUNGUETÁTYUA lugar de conselho.
MUNDUCARIUARA, MUNDUCARIPORA co- MUNGUETÁUÁRA apalavrante, aconselhante.
mandado, quem recebe a ordem. MUNGUETÁUÉRA apalavrável, aconselhável.
MUNDUI, MUNDUBY amendoim, casta de MUNGUETÁYMA não apalavrado, não acon-
Arachis, oleosa, de que se extrai um azei- selhado.
MUPEMASARA

MUNGUI resguardado, protegido. MUNUCAPAUA retalhamento.


MUNGUIPAUA resguardo, proteção. MUNUCAPORA retalhado.
MUNGUIPORA resguardante, protegente. MUNUCASARA cortador.
MUNGUISARA resguardador, protetor. MUNUCASAUA corte.
MUNGUITÁ combinado, seduzido, conchavado. MUNUCA-socA despedaçado, decepado.
MUNGUITÁPÁUA sedução, conchavo, combi- MUNUCA-SOCASARA despedaçador, dece-
nação. pador.
MUNGUITÁPÓRA seduzinte, conchavante. MUNUCA-SOCATYUA despedaçadouro.
MUNGUITÁSÁRA sedutor, conchavador, com- MUNUCA-SOCAUARA despedaçante.
binador. MUNUCA-SOCAUERA despedaçável.
MUNGUITÁTENDÁUA lugar do conchavo, da MUNUCA-SOCAYMA não despedaçado, não
sedução, da combinação. decepado.
MUNGUITAUÁ o seduzido, o conchavado. MUNUCATAUA cortadouro.
MUNGUITÁUÉRA seduzível, conchavável. MUNUCAUÁ o cortado.
MUNGUITYUA lugar de proteção, onde se res- MUNUCAUARA cortante.
guarda ou se recolhe. MUNUCAUERA cortável.
MUNGUIUERA resguardável, protegível. MUNUCAYMA não cortado.
MUNGUIYMA desprotegido. MUNUMUNUCA esquartejado, retalhado. V
MUNHÃ, MUNHÃN feito, obrado, criado. Munuca e comp.
MUNHÃ CEPI Feito o preço. MUNUNGARA o filho do padrinho, para o afi-
MUNHÃ curuARA encoivarar, amontoar as lhado.
árvores cortadas para fazer o roçado de mo- MUNYMÁ acariciado.
do a poderem ser queimadas facilmente. De MUNYMÁSÁRA acariciador.
um bom encoivaramento depende muito o MUNYMÁSÁUA acariciamento.
sucesso; a roça somente queima bem, quan- MUNYMÁUÁRA acariciante.
do bem encoivarada. MUNYMÁUÉRA acariciável.
MUNHANA feito correr, enxotado. V Nhana MUOI, MUOIN cozido. V Oin e comp.
ecomp. MUOPAU, MUMPAU feito acabar, finalizado. V
MUNHANGARA fazedor, obrador, criador. Mpauecomp.
MUNHANGAUA feitura, obra, criação. MUOYCA feito afogar, afogado. V Oyca e comp.
MUNHAN-MUNHÃ caçoado. MUPACA feito acordar, acordado. V Paca e
MUNHAN-MUNHANGARA caçoador. comp.
MUNHAN-MUNHANGAUA caçoada. MUPANEMA feito infeliz na pesca, na caça ou
MUNHÃN POEN alisado, arredondado. nos negócios.
MUNHÃN PURUA emprenhada. MUPANEMASARA quem torna infeliz na pes-
MUNHAN SACISAUA RUPI obrar com dor, ca, na caça ou nos negócios alguém; jettato-
violentar, deflorar. re, diria um napolitano.
MUNHARU, MUINHARU irritado. V Inharu e MUPANEMASAUA jetatura, mau-olhado.
comp. MUPATUCA feito atrapalhar, vedado, confun-
MUNHASUCA, MUIASUCA lavado. V Miasuca dido. V Patuca e comp.
e comp. MUPAU, MUOPAU feito acabar. V Mpau e
MUNINA cariciado, acariciado. comp.
MUNINAPAUA acariciamento. MUPAU CATU finalizado, dada a última de-
MUNINAPORA cheio de carícias, tanto quem mão.
as faz como quem as recebe. MUPÉ, MURAPI feito caminho, aberto cami-
MUNINASARA acariciador. nho.
MUNINASAUA carícia. MUPECU, MPECU feito buraco, esburacado. V
MUNU, MUNDU mandado. V Mundu e comp. Pecu e comp.
MUNUCA cortado. MUPEMA feito liso, aplainado. V Perna e comp.
MUNUCANA o que está cortado. MUPEMASARA aplainador, plaina.
MUPEMBURE

MUPEMBURE remexido, revolvido, esbatido. MUPICAUARA dirigente.


Remupembure sapucaia supíá: esbate ovo de MUPICAUERA dirigível.
galinha. V Embure e comp. MUPICAYMA não dirigido.
MUPENA feito dobrar, dobrado, quebrado. V MUPICUERA casta de seringueira da região
Pena e comp. do Madeira (Amaro da Silva).
MUPERÉUA ferido, chagado. MUPINA feito tosquiar. V Iupina e comp.
MUPERÉUAPÓRA chaguento, cheio de feridas. MUPINIMA feito pintar. V Píníma e comp.
MUPERÉUASÁRA feridor, chagador. MUPINU feito podar. V Pinu e comp.
MUPERÉUASÁUA chaga, ferida. MUPINXI pedaço de charuto, de tabaco em
MUPERÉUAUÉRA chagável, ferível. corda ou em molho, usado para limpar os
MUPÉSÁRA abridor de caminho. dentes.
MUPÉSÁUA abrimento de caminho. MUPIRANGA feito vermelho, tingido de ver-
MUPETECA feito bater, feito chocar, entre- melho.
chocado. V Peteca e comp. MUPIRANGAPAUA avermelhado.
MUPÉTYUA lugar onde se abre o caminho. MUPIRANGAPORA avermelhador.
MUPÉUA feito chato, achatado, cepilhado. MUPIRANTÃ, MUPIRANTAN aguentado, es-
MUPEUAPORA achatante. forçado, resistido, feito corrente.
MUPÉUÁRA que abre o caminho. MUPIRANTANGARA aguentador, resistente.
MUPÉUASÁRA achatador, cepilho. MUPIRANTANGAUA esforço, resistência.
MUPÉUASÁUA achatamento, cepilhamento. MUPIRE aumentado, acrescido, feito mais.
MUPÉUAUÉRA achatável, cepilhável. MUPIREPAUA aumento.
MUPÉUÉRA caminho abrível. MUPIREPORA aumentante.
MUPÉYMA sem caminho. MUPIRESARA aumentador.
MUPIÁ confiado, feito ânimo. MUPIRETYUA aumentadouro.
MUPIÁ-AYUA feito mau coração, feito zangar, MUPIREUERA aumentável.
feito irritar. MUPIREYMA não aumentado.
MUPIÁ-AYUAPÁUA zanga, irritação, má von- MUPIRIRICA feito engelhar. V Pirírica e comp.
tade. MUPIROCA tornado nu, depenado, despido.
MUPIÁ-AYUAPÓRA zangado, irritado, de má V Piroca e comp.
vontade. MUPIRU feito pisar, atropelado. V Piru e comp.
MUPIÁ-AYUASÁRA zangador, irritador. MUPISASU, MUPESASU feito novo, renovado.
MUPIÁ-AYUAUÉRA zangadiço, irritável. MUPISASUSARA renovador.
MUPIÁ-AYUAYMA não feito irritar, zangar. MUPISASUSAUA renovamento.
MUPIÁ-CATU consolado, feito de bom ânimo. MUPISASUTAUA renovadouro.
MUPIÁ CATU MANHA consolador, mãe da MUPISASUUARA renovante.
consolação. MUPISASUUERA renovável.
MUPIÁ-CATUPAUA consolação. MUPISASUYMA não renovado.
MUPIÁ-CATUPORA consolante. MUPITUA acovardado, feito covarde. V Pitua
MUPIÁ -CATUSARA consolador. e comp.
MUPIÁ-CATUUERA consolável. MUPITUNA feito noite, anoitecido.
MUPIÁ CATUYMA inconsolável. MUPITUNASARA anoitecedor.
MUPIAMIRi amofinado, feito coração pequeno. MUPITUNASAUA anoitecimento.
MUPIÁSÁRA confiador. MUPITUNAUARA anoitecente.
MUPIÁSÁUA confiança. MUPIXAEN feito encrespar. V Píxaen e comp.
MUPIASU tornado afoito, valente, corajoso. MUPOKIRICA feito cócegas com a mão. V
MUPIÁUÁRA confiante. Pokírica e comp.
MUPIÁUÉRA confiável. MUPOIRE desviado, desapegado.
MUPICA dirigido. MUPOIRESARA desviador, desapegador.
MUPICASARA diretor. MUPOIRESAUA desvio, desapego.
MUPICASAUA direção. MUPOIRETAUA desviadouro, desapegadouro.
MUPUTAUA

MUPOIREUARA desviante, desapegante. MUPUISAUA adelgaçamento.


MUPOIREUERA desviável, desapegável. MUPUITYUA adelgaçadouro.
MUPOIREYMA não desviado, não desapegado. MUPUIUA adelgaçado.
MUPOPECICA, MUPOPICICA feito pegar com MUPUIUARA adelgaçante.
a mão. V Picica e comp. MUPUIUERA adelgaçável.
MUPORARÁ feito padecer, atormentado. V MUPUIYMA não adelgaçado.
Parara e comp. MUPUMANA feito torcer. V Pumana e comp.
MUPOROROCA feito espocar, feito arrebentar. MUPUMI requebrado.
V Pororoca e comp. Typyaca oporoca iapuna MUPUMISARA requebrador.
kiti: a tapioca espoca no forno. MUPUMISAUA requebramento.
MUPU, MUMPU feito enxotar, expulso, de- MUPUMIUERA requebrável.
gredado, dobrado (dos sinos). Tuixaua MUPUMIYMA não requebrado.
omupuana mira puxi i taua suí: o tuxaua ex- MUPUN batido.
pulsou a gente ruim da sua terra. Mituú ra- MUPUNGA, MUPONGA batimento; casta de
mé itamaracá omupu ocenoicári mira ara- pescaria, na qual por meio de barulho fei-
ma: quando é domingo, o sino dobra para to com varas apropriadas, e mesmo com os
chamar gente. V Mpu e comp. remos, se obriga o peixe a tomar uma deter-
MUPUAMA feito levantar. V Puama e comp. minada direção, de modo a ir aglomerar-se
MUPUASU feito grosso, engrossado. num lugar, onde possa ser facilmente fle-
MUPUASUPAUA engrossamento. chado ou arpoado pelos pescadores, em pé,
MUPUASUPORA engrossante. à espreita na proa da canoa. É pescaria em
MUPUASUSARA engrossador. que se reúnem dezenas e dezenas de canoas
MUPUASUTYUA engrossadouro. e muito usada no baixo Amazonas e Pará.
MUPUASUUERA engrossável. No Solimões, onde também é comum, es-
MUPUASUYMA não engrossado. pecialmente para pescar tartarugas, é cha-
MUPUCÁ feito rir, ridicularizado. V Pucá e mam Paranã petecasaua, e Ceripaua no rio
comp. Negro.
MUPUCA feito quebrar, despedaçado. V Puca MUPUNGASARA quem toma parte no bati-
e comp. mento.
MUPucu alongado, feito longo. MUPUNGATYUA lugar de batimento.
MUPUCUARE feito amarrar. V Pucuare e comp. MUPURANGA embelezado.
MUPUCUETÉ espichado. MUPURANGASARA embelezador.
MUPUCUETÉSÁRA espichador. MUPURANGASAUA embelezamento.
MUPUCUETÉSÁUA espichamento. MUPURANGATAUA embelezadouro.
MUPUCUETÉTÁUA espichadouro. MUPURANGAUÁ o embelezado.
MUPUCUETÉUÁRA espichante. MUPURANGAUARA embelezante.
MUPUCUETÉUÉRA espichável. MUPURANGAUERA embelezável.
MUPUCUETÉYMA não espichado, frouxo. MUPURANGAYMA não embelezado.
MUPUE, MUPÚI frequentemente, repetida- MUPURE feito pular, jogado. V Pure e comp.
mente. Mupue pire: com mais frequência. MUPURUÃ feita prenhe, embaraçada, pejada.
Mupue pire reiuíre cuao ce oca kiti: com MUPURUANGARA emprenhador.
mais frequência deves voltar à minha casa. MUPURUANGAUA emprenhamento (com re-
MUPUi feito fino, afinado, adelgaçado. ferência ao homem, ou ao macho).
MUPUIPICA, MUPIPICA aspergido, salpicado. MUPURUCA feito descarregar. V Puruca e
MUPUIPICASARA aspersor, salpicador. comp.
MUPUIPICASAUA aspersão, salpicamento. MUPUSANGA fazer remédios, preparar re-
MUPUIPICATAUA lugar de aspersão, de sal- médios.
pico. MUPUSANGASARA farmacêutico.
MUPUIPICATYUA aspersório, salpicadouro. MUPUSANGATAUA farmácia.
MUPUISARA adelgaçador. MUPUTAUA satisfeito, atendido, presenteado.
MUPUTÁUASÁRA

MUPUTÁUASÁRA presenteador. MURANGAUAUARA desenhante, figurante, tra-


MUPUTÁUASÁUA presente. çante.
MUPUTÁUAUÉRA presenteável. MURANGAUAUERA desenhável, figurável, tra-
MUPUTÁUAYMA contrariado, não satisfeito, çável.
não presenteado. MURANGAUAYMA não desenhado, não traça-
MUPUTAUAYMASÁRA contrariador. do, não figurado.
MUPUTAUAYMASÁUA contrariedade. MURÁTU mulato.
MUPUTAUAYMAUÁRA contrariante. MURÁTU-YUA pau-mulato.
MUPUTAUAYMAUÉRA contrariável. MUREASU sujeito, escravizado, empobrecido.
MUPuusu feito respeitado, feito honrado. V. MUREASUA sujeição, pobreza.
Puusu e comp. MUREASUSARA escravizador, empobrecedor.
MUPUXI afeado, feito feio. MURECÔ feito ter, feito haver. V. Recô e comp.
MUPUXISARA afeador. MUREPI salário, paga.
MUPUXISAUA afeamento. MUREPISARA pagador.
MUPUXITYUA afeadouro. MURERU, MURIRU casta de planta aquática
MUPUXIUARA afeante. que cresce estendendo-se sobre a superfí-
MUPUXIUERA afeável. cie das águas paradas, e que, quando come-
MUPUXIYMA não afeado. ça a vazante, se aglomera na boca dos lagos
MUPYCA porfia, desafio, páreo. em grande quantidade, obstruindo a passa-
MUPYPYCA alagado, afundado, metido no gem e dificultando a navegação, até de pe-
fundo d'água. V. Pypyca e comp. quenas canoas.
MUPYPYCASARA alagador. MURERUI casta de mureru, mureru pequeno.
MUPYTERA partido, dividido ao meio. MURi casta de cana de açúcar.
MUPYTERASARA partidor, divisor. MURIRY feito tremer, abalado. V. Riry e comp.
MUPYTERASAUA divisão, partição. MURIXY árvore muito comum nas campinas
MUPYTERATYUA lugar da divisão, da partição. e terras areentas, Byrsonima.
MUPYTERAUARA dividente. MUROIN feito esfriar. V. Roin e comp.
MUPYTERAUERA partível, divisível. MUROIRÕN feito, tornado aborrecido. V. Roi-
MUPYTERAYMA não partido, indiviso. rõn e comp.
MUPYTUU estacado, parado, obrigado a pa- MURORY, MUSORY alegrado, tornado alegre.
rar. Pusanungara omupytuu tui: o médico MURU' mando, poder.
estanca o sangue. V. Pytuu e comp. MURu casta de palmeira.
2

MURAKI, PURAKI trabalhado. V. Puraki e MURU-, TURU- em composição, geralmente


comp. como prefixo: grande, grosso, podero-
MURAKI IEPÉ, MURAKIPY segunda feira, pri- so, contração de turusu. Murutuixaua e
meiro dia de trabalho. Muruxaua: grande chefe. Turuna: preto po-
MURAKI MUCOIN terça feira, segundo dia ... deroso, graúdo.
MURAKI MUSAPIRE quarta-feira, terceiro MURUÁRI pequeno avental que as mulheres
dia ... usam para cobrir as partes pudendas, de
MURAKIPY segunda feira,começo do trabalho. mais ou menos um palmo de largo e meio
MURAKI-RENDAUA feitoria, lugar de trabalho. de alto, feito das coisas mais heterogêneas,
MURAKI-ROCA oficina, casa de trabalho. usado apenas como ornamento. Nas urnas
MURAKI-UASU trabalho grande, tráfego. funerárias de Marajó se encontraram mu-
MURANGAUA delineado, figurado, traçado. ruári feitos de barro, alguns elegantemen -
MURANGAUASARA desenhador, figurador, te ornados de desenhos vermelhos, outros
traçador. com ornamentos em baixo-relevo. Hoje, as
MURANGAUASAUA desenho, traçado, figu- indígenas que com eles costumam adornar-
ração. -se, quando podem, as usam de miçangas;
MURANGAUATYUA lugar de desenho, figura- na falta, porém, continuam a servir-se, co-
ção, traçado. mo originariamente, de pequenas frutas de
MUSACAPIRAYMA

caroços duros, como as da caranha, de al- MURURUUARA molhante.


gumas espécies de palmeira ou de murta, e MURURUUERA molhável.
que se prestam a ser facilmente polidos. Em MURURUYMA não molhado, enxuto.
qualquer caso é admirável a arte, como são MURUSANGA, MUIRUSANGA umedecido, re-
tecidos e os desenhos, geralmente elegantís- frescado.
simas gregas, que os adornam. MURUSANGASARA refrescador, umedecedor.
MURucu longa haste ornamentada de plumas MURUSANGASAUA umedecimento, refresca-
e de desenhos em alto-relevo e munida de mento.
uma ponta de lança móvel, e alguma rara vez MURUSANGATYUA umedecedouro, refresca-
de um ferrão de arraia, num dos lados, e no douro.
outro de um maracá, aberto na própria ma- MURUSANGAUARA umedecente, refrescante.
deira em que é feito o murucu, acabando em MURUSANGAUERA umedecível, refrescável.
ponta e endurecido ao fogo. É a insígnia dos MURUSANGAYMA não umedecido, não re-
chefes de muitas tribos do Uaupés e Japurá, frescado.
e dela se servem hoje para puxar as danças, MURUTUIXAUA, MURUXAUA o chefe que man-
como já se serviram para guiar os próprios da.
guerreiros na peleja. O murucu é geralmente MURUXAUASU grande chefe, general.
usado pelas tribos que usam o torocana, pa- MURUXI árvore da margem do rio, nos lu-
recendo por isso mesmo arma tupi-guarani. gares de areia, que dá uma pequena drupa
MURUCUTU árvore que cresce nas catingas adocicada de cor roxo-escura, comestível.
e capoeiras. Fornece uma madeira branca MURUXI PINIMA casta de muruxi, de cuja
que toma facilmente polimento, mas muito casca pisada se extrai uma tinta muito usa-
leve e pouco usada. da para tingir as velas e a roupa de traba-
MURUCUTUTU pequena coruja, casta de pe- lho, com o fim de preservá-las do caruncho.
quena Strix, que deve o seu nome ao grito MURUXI PITINGA casta de muruxi, de cuja
que repetidamente faz ouvir quando duran- casca não se extrai tinta, e cuja fruta, uma
te a noite vaga em procura de presa. Parece drupa de cor roxo-escura, é maior e mais
ser considerada como a mãe do sono. Nas apreciada do que a das outras qualidades.
cantigas das amas indígenas o murucututu MURUXI UASU muruxi grande. A casca pisa-
é invocado para dar o seu sono às crianças da dá tinta como a qualidade pinima.
que custam a dormir. MURY, SORY agradado. V. Sory e comp.
MURUMURU casta de palmeira, Astrocaryum MURY casta de capim da margem do Ama-
murumuru. zonas.
MURUNGU, MURUNU, MOLONGÓ árvore que MURYXY casta de capim da margem do
cresce nos igapós. Dá uma madeira bran- Amazonas.
ca muito resistente e muito leve, boa para MUSÁ estendido, estirado.
boias e para tamancos. A cocção da flor é MUSAÃ feito provar, feito experimentar. V.
usada como sudorífico. Saã e comp.
MURUPÁ marupá. MUSACA feito fora, afastado. V. Saca e comp.
MURUPI casta de pimenta. MUSACAPIRA apontado, feito ponta.
MURURÉ árvore da terra firme, que dá uma MUSACAPIRASARA apontador, quem faz a
resina usada como bom antissifilítico; casta ponta.
de Utricularia, muito comum em todos os MUSACAPIRASAUA apontamento, ponta.
lagos e lagoas do vale do Amazonas, de lar- MUSACAPIRATYUA apontadouro, onde se faz
gas folhas lanceoladas e o lindo pendão de ponta.
flores roxas, manchadas de amarelo. MUSACAPIRAUARA apontante, que é da pon-
MURURU, MUIRURU molhado, banhado. ta.
MURURUSARA molhador. MUSACAPIRAUERA apontável, que pode ser
MURURUSAUA molhadura. da ponta.
MURURUTYUA molhadouro. MUSACAPIRAYMA de que não é feito ponta.
MUSACEMA

MUSACEMA feito gritar, publicado, apregoa- MUSATAMBYCASAUA endireitamento, ali-


do. nhamento.
MUSACEMASARA pregoeiro. MUSAY azedado, feito azedo. V Say e comp.
MUSACEMASAUA pregão. MUSOROCA feito fiapos, rasgado, roto. V
MUSACEMA TENDAUA lugar do pregão. Soroca e comp.
MUSACU esquentado, feito esquentar. MUSORORÓ tisana, chá, qualquer casta de in-
MUSACUSARA esquentador. fusão feita a quente.
MUSACUSAUA esquentamento. MUSOSOCA feito pular, vascolejado. V Sosoca
MUSACUTYUA esquentadouro. e comp.
MUSACUUA esquentado. MUSU peixe roliço e comprido, casta da lam-
MUSACUUARA esquentante. preia, Myxinoideae.
MUSACUUERA esquentável. MUSUÃ cabeçudo; casta de tartaruga fluviátil.
MUSACUYMA não esquentado. MUSUPYTERA, MUSUMYTERA envigorar-se;
MUSACI feito mal, magoado. V Saci e comp. das plantas, fortalecer-se.
MUSAÊN feito espalhar, gastado, semeado. V MUTÁ jirau; estrado feito a certa altura de ter-
Saen e comp. ra e dissimulado com folhagem, onde o ca-
MUSAIMBÉ, MUSAIMÉ feito afiado. V Saim- çador se posta à espera da caça que deve vir
bé e comp. beber água nalguma fonte ou poça próxi-
MUSAKENA feito cheiroso, perfumado. V Sa- ma, comer as frutas caídas ou lamber a ter-
kena ecomp. ra, nos lugares onde há afloramento de sais.
MUSANGA riscado, dividido, figurado. Oicó MUTÁ-MYTÁ escada, ponte, lugar de descan-
omusanga yuy: está riscando a terra. so; o estrado inclinado que, em forma de es-
MUSANGAUA risco, divisão, desenho. cada, serve para cortar as seringueiras à al-
MUSANGARA riscador, divisor, figurador. tura onde um homem não pode chegar. V
MUSANTÁ endurecido, feito duro. V Santá e Mytá e comp.
comp. MUTACA batido, sacudido.
MUSANTI feita a ponta, apontado. V Santi e MUTACACÁ tornado pegajoso. V Tacacá e
comp. comp.
MUSAPIRE três. MUTACANA que foi sacudido.
MUSAPIRESARA que é terceiro. MUTACASARA sacudidor.
MUSAPIRESAUA condição de ser terceiro. MUTACASAUA sacudimento.
MUSAPIRE TENDAUA terceiro lugar. MUTACATAUA sacudidouro.
MUSAPIREUARA terceiro. MUTACAUÁ sacudido.
MUSAPIREUERA que pode ser terceiro. MUTACAUARA sacudinte.
MUSAPU feito raiz, arraigado. MUTACAUERA sacudível.
MUSAPUPORA enraizante, que é enraizado. MUTACAYMA não sacudido.
MUSAPUSARA enraizador, que faz enraizar. MUTAMBA folhas da Guazuma ulmifolia; fei-
MUSAPUSAUA enraizamento. ta secar, é usada como substitutivo ao taba-
MUSAPUUERA enraizável. co, ou fumada misturada com este, para ob-
MUSAPUTYUA enraizadouro. ter efeitos estupefacientes. E também usada
MUSAPUYMA não enraizado. para fumigações feitas à boca da noite pa-
MUSARAIN, MUSARAI feito esquecido. V ra afugentar os entes malfazejos, que costu-
Sarain e comp. mam vagar depois do pôr do sol.
MUSARU feito esperar, prometido. V Saru e MUTARA vontade, determinação, desejo.
comp. MUTARE, PUTARE V Putare e comp.
MUSASAU feito passar, transferido. V Sasau MUTARA-AYUA ódio, má vontade.
e comp. MUTARAYMA sem desejo, sem determinação,
MUSATAMBYCA endireitado, alinhado, feito desprezo.
direito. MUTARAYMA-SARA desprezador.
MUSATAMBYCASARA endireitador, alinhador. MUTARARAYMA-UERA desprezível.
MUTOIRÜ

MUTARICA esperança(= pequena vontade). MUTICUYUA a haste, o galho, o prego ou ou-


MUTATATINGA feito fumaça, enfumaçado. V tro qualquer adminículo que serve para
Tatatinga e comp. pendurar o objeto.
MUTAUA, PUTAUA isca, o que desperta dese- MUTIMBURE defumado, incensado. V Mhure
jo, a comida especial do animal. e comp.
MUTAUÁ feito amarelo. V Tauá e comp. MUTIMBURE IARA o dono da defumação, do
MUTEAPU feito barulho, estrondado, rumo- incensamento, o honrado.
rejado. V Teapu e comp. MUTIMBURETAUA lugar da defumação, defu-
MUTECÔ, MUTECU feito lei, legislada. madouro.
MUTECOSARA legislador. MUTIMBUREYUA o boião que serve para de-
MUTECOSAUA legislação. fumar, incensário.
MUTECOUARA legislante. MUTIMOCA abalado.
MUTECOUERA legislável. MUTIMOCANA o que foi abalado.
MUTECOYMA não legislado. MUTIMOCASARA abalador.
MUTEITÉ, MUTAITÉ tornado infeliz, amofi- MUTIMOCASAUA abalo.
nado, desgraçado. MUTIMOCATYUA lugar onde se abala.
MUTEMIÚ jantado. MUTIMOCAUARA abalante.
MUTEMIUASU banqueteado. MUTIMOCAUERA abalável.
MUTERA, MYTERA, PYTERA meio. V Pytera. MUTIMOCAYMA inabalado.
MUTETÉ feito lastimoso. V Teité. MUTIMU sacudido.
MUTERECEMO feito cheio, abarrotado. V Ce- MUTIMUSARA sacudidor.
rno e comp. MUTIMUSAUA sacudimento.
MUTIANHA escorado, fisgado, laçado. MUTIMUTAUA sacudidouro.
MUTIANHASARA escorador, fisgador, laçador. MUTIMUUARA sacudinte.
MUTIANHASAUA escoramento. MUTIMUUERA sacudível.
MUTIANHATYUA escoradouro. MUTIMUYMA não sacudido.
MUTIANHAUARA escorante. MUTi, MUTIN feito envergonhar, envergonhado.
MUTIANHAUERA escorável. MUTINGA embranquecido, feito branco, tin-
MUTIANHAYMA não escorado. to de branco.
MUTICANGA feito secar, secado. MUTINGARA quem faz envergonhar ou se
MUTICANGAPAUA secura. envergonha.
MUTICANGAPORA secante. MUTINGASARA embranquecedor.
MUTICANGASARA secador. MUTINGASAUA embranquecimento.
MUTICANGATYUA secadouro. MUTINGATAUA embranquecedouro.
MUTICAUGAUERA secável. MUTINGAUA envergonhamento.
MUTICANGAYMA não seco. MUTINGAUÁ embranquecido.
MUTICANGAYUA a causa, a origem da secura. MUTINGAUARA embranquecente.
MUTICU suspendido, pendurado. MUTINGAUERA embranquecível.
MUTICUSARA suspensor, pendurador. MUTINGA-XINGA clareado, um tanto em-
MUTICUSAUA suspensão, peuduramento. branquecido.
MUTICUTYUA lugar de suspensão, do pendu- MUTINGAYMA não embranquecido.
ramento. MUTININ feito torrado. V Tinfn e comp.
MUTICU-TIANHA o laço que serve para sus- MUTININGA feito ressecado. V Tininga e
pender. comp.
MUTICUUÁ o que é suspenso, pendurado. MUTIRICA feito retirar, apartado. V Tirica e
MUTICUUARA suspendente, pendurante. comp.
MUTICUUERA suspensível, pendurável. MUTITICA feito palpitar. V Titica e comp.
MUTICU-XAMA a corda que serve para amar- MUTOCAIA feita espera. V Tocaia e comp.
rar e que se suspende. MUTOIRÜ feito ciúme, enciumado. V Toiru e
MUTICUYMA não suspenso, não pendurado. comp.
MUTOOMÁ

MUTOOMÁ feito atolar. V Tooma e comp. MUTURUYSARA facheador.


MUTORAMA feito revolver, rolado, V Torama MUTURYSAUA facheamento (?), [facheada].
e comp. Fisgar à noite o peixe que dorme nos bai-
MUTUCA mutuca, casta de tavão muito inco- xios, à luz de tochas, feitas de lascas do turi.
modativo. É a pesca que também chamam paié ityca,
MUTUCÁ feito bater. V Tucá e comp. isto é, pesca do pajé. É pescaria muito usada
MUTUCUNA mutuca-preta, casta de tavão. em tempo de vazante. O peixe que ficou a
MUTUÍ tingir de roxo. dormir nos lugares pouco fundos, tornado
MUTUÍSÁRA tintor de roxo. visível e atarantado com a luz dos archotes,
MUTUÍSÁUA tintura em roxo. é facilmente fisgado com a iatycá, de que é
MUTUÍUA tinto de roxo. armado o pescador.
MUTUÍUÁRA que tinge de roxo. MUTURYTYUA lugar onde se facheia.
MUTUIUÉ feito velho, envelhecido, do homem. MUTURYUARA facheante.
MUTUÍUÉRA tingível de roxo. MUTURYUERA facheável.
MUTUIUÉSÁRA envelhecedor. MUTURYYMA não facheado.
MUTUIUÉSÁUA envelhecimento. MUTUTI boia que sustenta à superfície a cor-
MUTUIUÉUÁRA envelhecente. da do espinel (Pará).
MUTUIUÉUÉRA envelhecível. MUTYCU liquefeito.
MUTUIUÉYMA não envelhecido. MUTYCÚSÁRA liquefeitor.
MUTUMU, PUTUMU sustentado, aguentado. MUTYCÚSÁUA liquefação.
V Putumu e comp. MUTYCUTYUA lugar de liquefação.
MUTUMUNA, MUTUMUNE cuspido, escarra- MUTYCÚUÁRA liquefaciente.
do. V Tumuna e comp. MUTYCÚUÉRA liquidificável.
MUTUMUIÚ, PUTUMUJU casta de cedro. MUTYCUYMA não liquidificado.
MUTUMUNU assobio [instrumento]. MUTYKY feito apurado, feito a lágrimas. V
MUTUPANA abençoado. Tykye comp.
MUTUPANAPORA abençoado. MUTYKYRE destilado. V Tykyre e comp.
MUTUPANASARA abençoador. MUTYKYREPAUA alambique. No rio Uaupés já
MUTUPANASAUA bênção. encontrei, e trouxe, um alambique feito com
MUTURIÉ variado, mudado. materiais muito primitivos, barro e madeira.
MUTURIÉPÁUA variação. A panela, que podia conter uns cem litros de
MUTURIEPORA variante. líquido, era de barro, sustentada sobre três
MUTURIÉUÁRA variador, que faz variar. sólidas itacurua, também de barro cozido,
MUTURIÉUÉRA variável. muito bojudas e acabando numa boca rela-
MUTURIÉYMA não variado, imutado. tivamente estreita, sobre a qual se adaptava
MUTURUSU aumentado, engrandecido, en- uma tampa de pau, com orifício ao lado, da
grossado. grossura conveniente para receber uma ta-
MUTURUSUPAUA aumento, engrandecimen- boca, várias vezes emendada, por onde saía
to, engrossamento. a cachaça, condensada naturalmente pelo es-
MUTURUSUPORA engrossante, engrandecen- friamento que vinha a sofrer desde a sua en-
te, aumentante. trada na taboca. A falta de outro adminícu-
MUTURUSUSARA engrossador, aumentador, lo para obter o resfriamento do produto da
engrandecedor. destilação me tem feito pensar, mais de uma
MUTURUSUUERA engrossável, engrandecí- vez, que se trata de uma invenção indígena e
vel, aumentável. não de uma imitação. O que é certo é que es-
MUTURUSU-XINGA alguma coisa engrossa- te alambique é muito comum e usado para
da, aumentada, engrandecida. destilação do caxiri de mandioca, e que onde
MUTURUSUYMA não engrandecido, não au- ele se encontra não se cultiva a cana-de-açú-
mentado, não engrossado. car, em muitos lugares ainda completamen-
MUTURY facheado [com tochas]. te desconhecida; o que não seria natural, se

CF.l 434 CF.l


MYCURA

fosse uma imitação especial, dada a fácil acli- MUXYÚ grossa larva de um coleóptero, que
mação e cultivação da cana. Seja como for, vive no tronco das palmeiras, especialmen -
quando a panela é cheia de líquido em quan- te das pupunheiras, e que os índios comem.
tidade suficiente, é tampada com a tampa de MUXYÚA as larvas que se encontram em
madeira, mantida no lugar com atilhos de ci- grande quantidade sobre os cadáveres.
pó, sendo a fuga de vapores tolhida tanto na MUXYUÁ comida de tartaruga feita em pane-
tampa como ao longo do encanamento por la de barro e que se guarda de um dia para
meio de calafeto feito com argila, a mesma de outro e por muitos dias, aquentando-se de
que se servem para fazer a sua louça. A desti- novo cada vez que serve. É um guisado tem-
lada obtida nestes aparelhos, dizem os apre- perado com tucupi, alho, cebola, pimenta e
ciadores, tem um gosto todo especial que frutas de abiurana, quando há.
inutilmente se procura na melhor cachaça. MUXYUA é o nome com que se designa no rio
MUTYPAU, MUTIPÁ feito secar, escoado. V Negro a comida com que Cucui engordava
Typau e comp. as moças destinadas a ser comidas.
MUTYPY feito fundo, aprofundado. V Typy e MUXUXU, MBUXUXU, BUXUXU Casta de mur-
comp. ta da margem do rio, que dá uma pequena
MUTYPYPYCA feito afundar, submergida, drupa comestível.
posta no funda. V Pyca e comp. MUYASUCA feito imergir, banhar. V Yasuca e
MUTYUN embaciado. comp.
MUTYUNGARA embaciador. MUYÍCA mujica, peixe ou carnes esmiuçadas
MUTYUNGAUA embaciamento. e fervidas n' água engrossada com tapioca
MUUACA feito rachar, fendido. V Uaca e comp. ou farinha d' água; caldo engrossado com
MUUAIMY feita velha, envelhecida da mulher uma fécula qualquer; papas de milho.
e das fêmeas em geral. MUYPYPE metido no fundo, metido de mo-
MUUAIMYPORA envelhecente. lho.
MUUAIMYSARA envelhecedor. MUYPYPESARA quem mete no fundo, afun-
MUUAIMYSAUA envelhecimento. dador, quem põe de molho.
MUUAIMYTYUA lugar onde se envelhece. MUYPYPESAUA afundamento.
MUUAIMYUERA envelhecível. MUYPYPETYUA afundadouro.
MUUAIMYYMA não envelhecida. MUYPYPEUARA afundante.
MUUÍRI feita ficar à tona d'água. V Uíri e MUYPYPEUERA afundável
comp. MUYPYPEYMA não afundado.
MUUIUÁKI afrontado. V Uiuákí e camp. MUYRÁ, MYRÁ madeira. V Myrá e comp.
MUUOAU peneirado. MUYUA, MUUYUA muuba, árvore de alto por-
MUUOCA feito fender. V Uoca e comp. te, que cresce nas baixadas.
MUUOCAUOCA moído, da cana de açúcar que MUYUA TINGA muuba-branca, árvore de alto
passa na engenhoca. V Uoca e comp. porte, variedade da anterior, que cresce nas
MUUPIRÁ casta de peixe. vargens altas e terras firmes, embora nun-
MUXAMA encordado, postas as cordas na ca muito longe do lugar onde chegam anual-
maqueira, feito corda. mente as águas da enchente. A madeira leve
MUXICA o recolher ligeiro da linha a que é se- e resistente é usada para casco e falcas de ca-
guro o anzol, que o pescador faz, logo que noas, que, se não são de grande duração, em
abocou o peixe. V Xíca e comp.; fazer chegar. compensação são fáceis de trabalhar. A casca,
MUXINGA chicote de uma tira de couro do além de dar um leite usado na farmacologia
peixe-boi. indígena para sarar feridas de mau caráter, é
MUXIRICA feita encrespar. V Xíríca e comp. usada como estopa para calafeto das canoas.
MUXURi, MUXURY casta de árvore. MYCURA mucura, nome comum aos marsu-
MUXY larva vermiforme, gusano, especial- piais, embora com ele se designe, aqui no
mente o que se encontra nas frutas car- Amazonas, a espécie mais comum, isto é, a
nosas. Dídelphís cancrívora.
MYCURA CAÁ

MYCURA CAÁ erva-de-mucura, planta herbá- MYRÁ-KINHA pau-cravo; lit. pau-pimenta;


cea, de largas folhas opostas, levemente velu- casta de Laurínea, Dicypellium caryophylla-
tadas, lanceoladas e levemente dentadas, que tum.
se torna facilmente conhecida pelo cheiro ati- MYRAKITAN, MYRAKITANGA nó da madeira.
vo que recende, quando tocada ou movida, MYRÁ-KITYCA casta de cipó, que cortado dá
ainda que levemente, pelo vento. Pertence à uma água que, segunda se afirma, acalma as
família das Solanáceas, e o sumo das folhas palpitações do coração.
pisadas é aconselhado em dose de uma colher MYRAKYTAN artefato de jade que se tem
das de chá pela manhã em jejum, seguido de encontrado no baixo Amazonas, espe-
um purgativo algum tempo depois, para ex - cialmente nos arredores de Óbidos e nas
pelir os vermes e a própria solitária. praias, entre as fozes dos rios Nhamundá
MYCURA RAPIÁ testículos-de-mucura, nome e Tapajós, a que se atribuem qualidades de
de uma árvore da terra firme e de um cipó. amuleto. Segundo uma tradição ainda vi-
MYCURA XIXICA mucura ganideira, peque- va o myrakytan teria sido o presente que
no Didelpho de pelo longo, macio, fulvo as Amazonas davam aos homens em lem-
claro, e as partes nuas das mãos, dos pés brança da sua visita anual. Conta-se que,
e da parte preensil da cauda, róseo cor de para isso, nas noites de lua cheia, elas ex-
carne. É animal essencialmente arbóreo e traíam as pedras ainda moles do fundo
noturno. De dia dorme enrolado, e o te- do lago, em cuja margem viviam, dando-
nho encontrado muitas vezes feito uma -lhes a forma que entendiam, antes de fica-
bola, enroscado sobre os galhos baixos das rem duras com a exposição ao ar. Barbosa
árvores que dão sobre o rio. O nome pro- Rodrigues via nelas a prova evidente de an -
vavelmente lhe vem da gritaria que costu- tigas migrações asiáticas. O certo é que, até
ma fazer quando se vê preso. hoje, tanto no Amazonas, como no resto do
MYRÁ, MUYRÁ, MBYRÁ árvore, pau, madei- continente americano, não se tem encontra-
ra; a parte dura e resistente das hastes das do jazidas de jade ou mesmo jade que não
plantas. tenha sido trabalhado, e que os artefatos en-
MYRÁ-CAMBÓ forquilha. contrados, tanto na América do Sul como
MYRÁ-CEEN pau-doce, casta de árvore que na América do Norte, parecem pertencer
cresce nas catingas. todas a uma mesma indústria e civilização.
MYRÁ-COATIARA madeira pintada, pau-pin- MYRÁ-PARA, MYRÁ-APARA pau torto, arco.
tado, casta de Leguminosa da terra firme, MYRÁ-PARAYUA pau-d'arco, madeira forte e
abundante nos afluentes da margem esquer- resistente fornecida por algumas varieda-
da do Amazonas e Solimões. A madeira, de des de Leguminosas ou de Bignoniácea. Na
manchas irregulares pretas, ou vermelha- margem do Solimões, o pau-d'arco é dado
escuras sobre fundo mais claro, presta-se por uma Leguminosa de flor amarelo-vivo.
para obras de marcenaria. No alto rio Negro, por uma Bignoniácea de
MYRÁ-CORERA graveto. flores roxo-pálidas.
MYRÁ-CY tronco de árvore; lit. mãe da ma- MYRÁ-PAYUA mirapaúba, casta de mirapi-
deira, mãe do pau. nima.
MYRÁ-CYCUERA tora, pedaço de pau corta- MYRÁ-PEMA tábua, falca para canoa, pau
do, ainda em bruto. chato.
MYRÁ- IAUÉ parecido com madeira. MYRÁ-PÉUA tábua alisada, tábua lavrada,
MYRÁ-ICICA pau que dá a resina, várias es- pau liso.
pécies de plantas resinosas. MYRÁ-PINIMA, MYRÁ-PINIMA-YUA árvore
MYRÁ IRA mel de pau, o mel dos cortiços fei- que cresce nas terras elevadas e pedrego-
tos nos ocos dos paus. sas. Deu o nome a um povoado do baixo rio
MYRA-ITÁ pau-ferro, madeira dura como ferro. Negro.
MYRÁ-IUPANASÁRA carpinteiro, marcenei- MYRÁ-PINIMA o cerne da árvore do mesmo
ro, quem lavra madeira. nome, muito duro e manchado de preto so-
MYRITY

bre fundo vermelho mais ou menos escuro, querda do Japurá e seus afluentes da mes-
utilizado para bengalas. ma margem, onde se afirma ser localizada a
MYRÁ-PIRANGA pau-vermelho, linda madei- sua área de crescimento. Fornece uma ma-
ra de fibras muito compactas e resistentes, deira muito apreciada para a construção de
pesada e dura como o ébano, provenien- canoas e que, tendo a duração e resistência
te de uma variedade de Cesalpinia. Pela sua da itaúba-preta, tem a vantagem de ser mui-
durabilidade e resistência, tanto enterrada to mais leve, pelo que as embarcações feitas
como no ar, é a madeira preferida em todo com pau-amarelo não vão ao fundo, embora
o Uaupés para esteios de maloca. se alaguem e emborquem.
MYRÁ-PIRERA pele de pau, casca; nome que MYRÁ-TINGA pau-branco, casta de Aspidos-
é dado a certas ligeiras embarcações feitas perma, que cresce na terra firme, e que dá
com a casca de envira preta da terra firme. uma madeira leve e clara, usada para o inte-
MYRÁ-PIRIRICA pau que se esfarela, em que rior das habitações e obras não expostas ao
dá a polilha. tempo. Da casca se extrai, por incisão, um
MYRÁ-PIROCA pau descascado, pau-mula- leite, usado para emplastrar as ataduras na
to, grande árvore que cresce nas margens ruptura ou luxação de algum membro.
dos rios, facilmente reconhecível pela cas- MYRÁ-TYCUERA árvore venenosa (Martius),
ca que se fende e acartucha, renovando-se pau morto, que teve sumo.
superficialmente. É a pau preferido para MYRÁ-TYUA roça aberta na mata virgem; ter-
fazer a lenha destinada aos piroscafos [bar- ra de paus.
co a vapor, gaiola] que sulcam o Amazonas MYRÁ-UACA cerne de árvore, cerne do pau;
e seus afluentes. Além de lascar facilmen- galho que se abre e distende alargando a co-
te, é madeira que queima bem e deixa pou- pa, pernada.
ca cinza. MYRÁ-UNA, MOYRÁ-UNA braúna, casta de
MYRÁ-PUAMA pau-levanta, arbusto que cres- madeira preta, e a árvore que a fornece.
ce nas terras firmes. A infusão das raízes, MYRÁ-UOUOCA, MYRÁ-UOCA roda de pau;
assim como a raspagem da madeira, tem a roda da fiadeira e, em geral, a roda que
virtudes afrodisíacas e é utilizada externa- serve para transmitir o movimento nas en-
mente para cura de reumatismo e de parali- genhocas e outros maquinismos, qualquer
sia, em fricções e banhos. que seja a matéria de que são feitas.
MYRÁ PUCU pau-comprido; a estica da vela MYRÁ-YARA pau-canoa, pau que serve para
das canoas. fazer canoas.
MYRÁ-RACANGA pau-de-caroço, pau-rainha, MYRAYUA casta de pau-brasil, que cresce nas
madeira muito comum no rio Branco. Cresce terras firmes da margem esquerda do rio
nas proximidades dos campos e é usada pa- Negro. Do cerne extraem, por infusão, uma
ra a construção de currais, e mesmo de ca- tinta roxa muito duradoura.
sas. Dizem que tem boa duração e resistência. MYRITY miriti, buriti, Maximiliana regia e
MYRÁ-RECOARA,MYRÁ-RECOUÁRA Meirinho. afins. Casta de palmeira que só por si é uma
MYRÁ-RECÔ ter a vara, mandado. providência. Dela nada se perde. As folhas,
MYRÁ-RECOUARA-ASU ouvidor, juiz. que a coroam em largos leques, dão exce-
MYRÁ-RYLU musgo, o que cresce sobre as lente cobertura de casa e uma cordoalha
cascas dos paus. que se presta até para fazer redes, sendo
MYRÁ-SANGA cacete. muito duradouras e muito frescas. Do espi-
MYRÁ-SANTÁ pau-forte, nome que em al- que, aberto e batido, se fazem soalhos e pa-
gum lugar dão ao myrá-puama. redes de barracas. Das folhas se fazem estei-
MYRÁ-TAIA pau que queima, tem o gosto de ras e tupés. Do miolo do tronco, formado
queimado, casta de Laurinea. por uma massa leve e esponjosa, se faz o ar-
MYRÁ-TAUÁ pau-amarelo, árvore da terra fir- rocho(?) para recolher o leite da seringuei-
me, da margem direita do rio Negro e seus ra e se fazem ainda hoje esteiras para fechar
afluentes da mesma margem, e margem es- portas e janelas, e rolhas.
MYRITI SARECUA

MYRITI SARECUA cacho de miriti; nome de MYTÜASU ave maior do que a anterior, com
um ponto de bordado. que aliás muito se parece, com a diferença
MYTÁ, MUTÁ estrado, degrau. V. Mutá. de ter o ventre lionato [leonado] (?)e a pon-
MYTÁ descansado, repousado, parado. ta da cauda branca; mutum-grande, mu-
MYTÁ-MYTÁ escada, subida por degraus. tum-cavalo, Crax globulosa.
MYTÁSÁRA descansador, parador. MYTÜ-PINIMA mutum-pintado, ave que tem
MYTÁSÁUA descanso, repouso, parada, myta- o porte geral das antecedentes, mas se dis-
saua; o lugar na margem do rio ou da mata tingue pelo bico, que é amarelo e menor,
adentro, onde quem por eles transita costu- Crax discors.
ma fazer alto para descansar ou refocilar-se. MYTÜ-PURANGA mutum-bonito, ave do por-
São geralmente lugares de todos conhecidos, te das antecedentes, negro-azul-ferrete com
e os que se encontram ao longo dos rios, por o abdome, o uropígio e as extremidades das
onde ainda a navegação é feita a remos, pres- retrizes brancas, Crax alector.
tam realmente grande serviço, especialmente MYTÜ-RUAIA cauda-de-mutum, abrigo pro-
em tempo de enchente, poupando o trabalho, visório, feito de folhas de palmeira enfin-
muitas vezes inútil, de procurar um lugar on- cadas no chão e apoiadas contra uma va-
de poder descansar e passar a noite. É por via ra, mantida à altura conveniente por duas
disso que é sempre conveniente atender o pi- forquilhas, de modo a dar guarida a pes-
loto que vos diz: Caryua, iapitá iké catu, amu soas de cócoras. O nome, conforme me foi
mytasaua apecatu retê: branco, ficamos bem explicado, lhe vem do costume que tem o
cá, a outra mitasaba é muito longe. mutum de recolher debaixo da cauda aber-
MYTÁUÁRA descansante. ta e elevada os filhos e assim ampará-los
MYTÁUÉRA descansável. da chuva.
MYTERA meio. V. Pytera e camp. MYTUU, PYTUU descansado. V. Pituu e comp.
MYTÜ, MYTÜM mutum, ave do tamanho de MYTUU domingo.
um peru, todo preto, o ventre branco e o bi- MYUÁ nome que em alguns lugares dão ao
co vermelho alaranjado, Crax rubrirostris. aninga, ou carará. V. Aninga.
N letra com que muitas vezes somente se re- rios, mas nunca substituem com elas os or-
presenta a nasalização da vogal a que é pos- namentos de costume.
posta, indicando sempre esta nasalização NAMI-SOROCA orelha-rasgada, casta de veado.
quando no fim da palavra. NAMI UASU orelhudo, orelha grande.
NAIÁ casta de palmeira. V Jnaiá. NAMUÍ óleo que queima como o melhor que-
NAMBÉ casta de pássaro. V Anambé. rosene e se extrai do nhambuizeiro.
NAMI, NAMBI orelha, asa. Camuti nambi: asa NAMUÍ-YUA nhambuizeiro, casta de Laurinea
do pote. Mira nambi: orelha de gente. que cresce nos igapós e se encontra com
NAMI-CUARA buraco das orelhas, furo pa- abundância nas ilhas alagadiças da baía de
ra levar os ornamentos que lhes são pró- Boiossú, no baixo rio Negro. O óleo se ex-
prios, e que em certas tribos chegam a de- trai por incisão da casca. A árvore dá uma
formá-las. madeira, que, embora de pouca duração, é
NAMIPORA arrecadas, brinco, o que enche, usada para falcas de canoas.
orna as orelhas. Muitas das tribos indígenas NANÁ ananás, a fruta de uma bromeliácea.
trazem os lóbulos das orelhas furadas para NANÁ-ARAPECUMA ponta do ananás.
neles introduzir em dias de festa os orna- NANÁ-ARARA ananás-arara; grande verme-
mentos tradicionais, tufos de penas de tu- lho.
cano, penas de arara, conchas etc. Não co- NANÁ IACUNDÁ ananás-jacundá.
mum, para que o buraco não se restrinja ou NANÁ IAUARETÉ-ACANGA ananás-cabeça-de-
feche, trazem nele enfiado ou um pedaço de -onça.
tacana para flecha, ou outro qualquer peda- NANÁ IAURU ananás-jaburu.
ço de madeira leve. NANÁ-TUÍRA ananás-cinzento.
NAMIPUÍRA contas das orelhas; arrecadas NANÁ-TYMBIRA ananás que produz uma
feitas de fios de contas. É ornamento pre- quantidade de gomos para ser replantado.
ferido das mulheres, que via de regra estão Ananás de filhos?
menos adstritas do que os homens aos or- NANÁ-TYUA ananatuba, terra de ananás.
namentos tradicionais. Os homens, quan- NÁRI-NÁRI, NDÁRI-NDÁRI cigarra, daridári.
do usam de contas, as usam como acessó- NASU-YUA a planta que dá a nasu.

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NDÁRI NDÁRI

NDÁRI-NDÁRI daridári, cigarra. É palavra de sulco, entre as extremidades de um pau


baré, de uso corrente no rio Negro, onde es- duro e resistente, rachado pelo meio e man-
ta tribo ainda hoje predomina com os seus tido firme com um forte atilho de cipó, que
descendentes. ao mesmo tempo impede o cabo de abrir
NDAUARU dabaru. Palavra baré ou baniva. mais. O cabo, para que se adapte ao macha-
É o nome de um velho instrumento de su- do e fique firme, é posto a quente, e o cipó
plicio indígena, formado por dois fortes es- que o prende e segura é tornado mais coeso
teios fincados no chão, unidos por uma for- por uma forte camada de breu, que por sua
te travessa à altura de quatro a cinco metros. vez é tornado menos quebradiço por uma
À travessa estava suspenso por uma corda gordura qualquer. O machado de pedra,
um grosso bloco de pedra, pronto a despen- apesar de bem afiado, nunca pode trabalhar
car sobre o paciente logo que fosse cortada como um machado de ferro, isto é, cortar
a corda. A morte era produzida pelo esma- a madeira. Isso posto, mais de uma vez me
gamento, e a pessoa que, por um acidente perguntaram como era que, com um instru-
qualquer, escapava da prova tremenda, era mento tão imperfeito, os indígenas conse-
considerada como protegida por Tupana, e guiam derrubar a floresta para plantar a roça,
dali em diante venerada e obedecida como cortar os esteios para construir suas barra-
sagrada. O dabaru era o instrumento de que cas e as árvores para escavar suas canoas. A
se servira Cucuí para matar as moças que, resposta à pergunta a tive no alto Uaupés.
segundo a lenda, lhe serviam de comida. Já tinha observado mais de uma vez que as
NDAUÉ, INDAUÉ o mesmo a ti, o mesmo para canoas eram abertas utilizando o fogo, isto
ti, resposta a uma saudação. é, queimando os lugares a escavar e desbas-
NDUIAMENE, DUIAMENE palavra que não é tando com o pururé a parte carbonizada até
da língua geral. Parece baré ou baniva. É a obter a espessura desejada; nunca, porém,
vala com que algumas tribos do rio Negro tinha visto como se abate a floresta. Nada
costumavam circundar a caiçara com que mais simples: é a aplicação do mesmo pro-
defendiam o acesso à maloca. Era um lar- cesso. O machado serve para fazer um pri-
go fosso a pique da altura de mais de um meiro entalhe todo em redor da árvore, ma-
homem, munido pelo lado interno de uma chucando antes de que cortando a casca.
cerca de grossas estacas - a caiçara - finca - Feito isso e passados alguns dias para o lugar
das no fundo da vala e solidamente presas machucado serrar ou ao menos murchar,
entre si por grossas travessas, atrás das quais aglomeram em torno da árvore uma porção
combatiam os moradores do lugar. O fundo de mato seco e depois lhe dão fogo. A par-
da vala era guarnecido de espeques, não ra - te machucada, por isso mesmo que, se não
ramente ocultos sob alguns palmos d' água. teve tempo de serrar, pelo menos murchou,
No alto Uaupés me fizeram ver restos desta naturalmente pega fogo de preferência ao
espécie de fortificação. resto. Apagado o fogo, com o machado
NDY, NGY machado. Os machados indígenas fazem saltar a camada de carvão que ficou
são de pedra, e ainda hoje o machado de desta primeira operação, e põem a madeira
ferro não os substituiu em toda a parte. Há a nu, logo em seguida ateando novo fogo e
poucos anos ainda recebi, do alto Juruá, um fazendo, apagado este, saltar a nova cama-
machado de pedra encabado, e que mostra- da de carvão, continuando assim até conse-
va sinais evidentes de que ainda estava em guir a queda da árvore. O mesmo processo
serviço. Machados de diversos feitios, e en- é usado para torá-la.
contrados um pouco por toda a parte nes- NE, INDÉ tu. Ne iara: tu o dono.
te imenso vale do Amazonas, tenho eu uma NE Te, ti, teu, tua. Xasó cury ne kiti: irei a ti.
boa dúzia, além dos que já dei e distribuí. Ne oca kiti: em tua casa. Misucui ne paia?:
O machado é encabado, prendendo-o do la- onde está teu pai?
do onde se acha um entalhe mais ou menos NE, NEMBÁ, NEMBAE nada, não.
profundo em forma de dente, e alguma vez NEIUÉ outra vez.
NHEENGA-YMASARA

NEMBÁ, NEMBAE, NE não, negativa usada de NHANDU-ASU aranha caranguejeira, grossa


preferência no rio Negro. Mygale capaz de atacar pequenos pássaros.
NEMBÁ NUNGARA nada, coisa que não é, inu- NHANDui' aranha pequena.
tilidade. NHANDU-PUÃ nome que no Solimões dão ao
NGARA sufixo que corresponde a sara e uara e jaburu. V Iaburu.
que assumem as palavras acabadas por nasal, NHAPÉUA nanica, galinha anã.
ãn, en, in, õn, ün, com o duplo significado de NHA-PUCUSAUA enquanto, em seguida.
aqueles. Munhãngara: fazedor. Nheengara: NHA-RECÉ daí, por consequência.
dizedor. Putyrõngara: ajudador, ajudante. NHARU não maduro, zangado, irritado. V
NGAUA sufixo que equivale a saua e taua ou Inharu e comp.
tyua, que assumem, com o duplo significa- NHA suí daquilo, por causa daquilo.
do destes, as palavras terminadas por nasais NHAUN, NHAUMA a argila utilizada e própria
ãn, en, in, õn, ün. Munhãngaua: feitura, e lu- para fazer panelas.
gar onde se faz, feitoria. Nheêngaua: falação NHEÊ, NHEÊN falado, dito. Mira inheên: a
e falatório, lugar onde se fala. Putyrõngaua: gente fala. Mata renheen putare?: o que que-
adjutório, e lugar onde o adjutório é dado res dizer?
ou pode ser dado. NHEEN-AYUA falado mal, deblaterado.
NHA ele, a, aquele, a. Nha mira: aquela gente. NHEÊN-CATU falado bem, explicado, expla-
Nhaitá opao: todos eles. nado.
NHÁ casta de castanha. V Torocary. NHEÊNGA o falado, língua, linguagem.
NHAÁ aquele lá. NHEÊNGA-AYUA falado feio, fala do inimigo.
NHAÃ, NHAAN corrido. NHEÊNGA-AYUA-ETÉ praga, fala mesmo feia.
NHAANPucu transcorrido, corrido longe. NHEÊNGA CATU, NHEENGATUU boa língua,
NHAANPUCUSARA transcorredor. boa fala.
NHAANPUCUSAUA transcorrimento. NHEÊNGA-IARA dono da língua, intérprete.
NHAEMBÉ vasilha de beiços, alguidar. NHEENGA-MEÊN apalavrado.
NHAÊN panela de barro; a panela de ferro: NHEENGA-MEÊN-CATU prometido.
Itanhaen. NHEENGA-PAUA verbosidade, palavreado.
NHAÊN PUPURE vasilha que vai ao fogo. NHEÊNGA-PORA orador, verboso, de muitas
NHAIAUÉTÉ assim mesmo. palavras.
NHAMBI Otonia Warakabacoura. NHEENGARA cant_iga, canto.
NHAMBU várias espécies de plantas. NHEENGÁRI cantado.
NHAMBU-ASU figueira-do-diabo, figueira-do- NHEENGÁRI-CEPI apregoado, cantado o pre-
-inferno. ço.
NHANASARA corredor. NHEENGARISARA cantor.
NHANASAUA corrida. NHEÊNGA-RUPI por palavra. Nheênga rupi
NHANATAUA lugar de corrida. nhunto: só de palavra.
NHANAUARA corredor. NHEÊNGASARA falador, quem faz falar.
NHANAUERA corrível. NHEÊNGASAUA fala, discurso, falação.
NHANAYMA não corrido. NHEÊNGA-SUAIXARA replicado, respondido.
NHANDI, IANDI azeite, óleo vegetal. NHEÊNGA-SUAIXARASAUA réplica, resposta.
NHANDIPAUA, IENIPAUA jenipapo. V Ieni- NHEENGA -SUAIXARAUARA respondente, re-
paua. plicante.
NHANDIRAUA andiroba, azeite amargo. V NHEÊNGA -SUPI palavra verdadeira, palavra
Iandiraua. cumprida.
NHANDU' casta de Mygale. NHEÊNGA -SUPISARA cumpridor de palavra.
NHANDU' casta de jacaré, que se afirma atingir NHEÊNGAUARA falante.
a grandes proporções, e que talvez não seja se- NHEÊNGAUERA falável, quem fala à toa.
não algum velho exemplar do jacaré comum. NHEÊNGA-YMA sem palavra, mudo.
NHANDU 3 ema, casta de Estruthionida. NHEENGA-YMASARA quem faz emudecer.

~~ 441 ~'/;J
NHEENGA-YMASAUA

NHEENGA-YMASAUA emudecimento. NHUNTO Somente.


NHEENGA-YMAUARA emudecente. NHUN-UERA solitário.
NHEENGA-YMAUERA emudecível. NHU-PAUA campo aberto, todo campo.
NHEÊN-NHEÊN discutido. NHU-PÉUA campo raso, plano.
NHEÊN-NHEÊNGARA discutidor. NHU-PURANGA campo belo.
NHEÊN-NHEENGAUA discussão, bate-boca. NHU-PUTYRA flor de campo.
NHEEN-PYTÁ-PYTÁ, NHEEN-MYTÁ-MYTÁ ga- NHU-TINGA campo branco; descampado
guejado, falado para-parando. V Mytá e coberto de mato rasteiro, sem préstimo.
comp. NONGATU guardado, conservado.
NHEMOTA guloso. NONGATUSARA conservador.
NHEMOTAUA gulodice. NONGATUSAUA conservação.
NHEENRÉu pesquisado, indagado. NONGATUTAUA conservatório.
NHEENREUSARA pesquisador, indagador. NONGATUUARA conservante.
NHEENREUSAUA pesquisa, indagação. NONGATUUERA conservável.
NHEÊNREUTYUA lugar de pesquisa, de inda- NONGATUYMA não conservado.
gação. NUNGARA semelhante, igual, parecido. Amu
NHEENRÉUA o indagado, o pesquisado. nungara: de outro modo. Iepé-nungara: uma
NHEENREUARA indagante. vez. Maá nungara: alguma coisa. Nembá
NHEÊNREUERA indagável, pesquisável. nungara: nenhuma coisa, nada.
NHEENREUYMA não indagado, não pesqui- NUNGARE, NUNGÁRI semelhado, igualado,
sado. parecido.
NHERON irado, enfurecido. NUNGARESARA quem faz igualar, semelhar,
NHERONGARA enfurecedor. parecer.
NHERONGAUA ferocidade, furor. NUNGARESAUA parecença, semelhança.
NHIN ruga. NUAGAREUARA semelhante, igualmente, pa-
NHINHE a cada passo, frequentemente. recente.
NHINHIN enrugado. NUPÁ batido, golpeado.
NHINHINGARA enrugador. NUPANE vergastado, açoitado, zurzido.
NHINHINGAUA enrugamento. NUPÁNUPÁNE vergastado, açoitado, zurzido
NHOIRON perdoado. de novo, repetidamente.
NHOIRONGARA perdoador. NUPÁ-RACANGA chicote de galho de pau.
NHOIRONGAUA perdão. NUPÁ-YUA chicote de pau.
NHOTÊN tão só, somente. NUPÁ-XAMA chicote de corda.
NHU campo, descampado, campina (pouco NUPÁSÁRA batedor.
usado). NUPÁSÁUA batimento.
NHU-ANTÃ campo sólido, de terra firme. NUPÁTÁUA batedouro.
NHU-ASU campo grande. NUPÁUÁRA batente [que bate].
NHU-CATU campo bom. NUPÁUÉRA batível.
NHU-EAUÉ campo semeado. NUPÁYMA bão batido.
NHUN só. Iepé nhun: um só. NUPÁYUA vergasta.
NHUN-IRA sozinho. NYPIÁ joelho.
o prefixo pronominal da terceira pessoa do do terreiro, da rua. Ocara kiti: no terreiro,
singular e plural dos verbos. 0-recô: tem e na rua. Ocara rupi: pelo terreiro, pela rua.
têm. O-só: vai e vão. Em alguns lugares di- OCA-ROCARA pátio.
zem: u. OCARUPÉ, OCARPE ao pé da casa, perto da
OÃN, oà vaga-lume. casa.
OATUCUPÁ, UATUCUPÁ pescada, Sciaena squa- OCARYUAUARA cumeeira.
mosissima, casta de peixe muito apreciada pe- OCA-SUMITERA o interior da casa.
los gastrônomos, especialmente se pescado OCAUARA que é da casa. A diferença que há
de fresco. entre ocauara e ocapora é que o primeiro é
OCA, ROCA, SOCA, TOCA casa, lugar onde al- da casa, embora possa achar-se fora, e que
guém mora, cova. o segundo está na casa, embora possa ser a
ocA-ACÃN V Oca-acãnga. ela estranho.
ocA-ACÃNGA o esteio mestre da casa, no Rio OCAYMA sem casa, sem abrigo.
Negro. No Solimões se diz oca-acãn. OCAYUA o esteio principal da casa.
OCA AUÍCA as argolas para redes. ocoNORY casta de Euforbiácea que cresce
OCA-CUARA interior da casa. nos igapós, cobrindo o solo de raízes super-
OCA-IARA dono da casa. ficiais cheias de nós e asperezas, que tornam
OCA-YUA travo, figa. o andar um martírio a quem não é acostu-
ocA-MUNHANGARA construtor de casas. mado e não é bem calçado. Dá uma fruta
OCA-MUNHANGAUA construção da casa. comestível.
ocA-PITASOCA o esteio ou esteios que sus- OCONORYTYUA oconorizal, lugar de oconory.
tentam a cumeeira das casas de taipa. ocoPÉ, OCUPÉ em casa, na casa.
OCAPORA quem mora na casa, morador. V ocucAu desmantelado.
Ocauara. OCUCAUSARA desmantelador.
OCAPY repartimento interno da casa, sala, ocuCAUSAUA desmantelamento.
quarto; lit.: pé da casa. ocuCAUTYUA lugar do desmantelo.
OCA-PYPE que está dentro do quarto. ocucAUYMA não desmantelado.
OCARA terreiro, fora da casa, rua. Ocara sui: oÉ cozinhado.

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OEANA

OEANA cozido, cozinhado. OITI-MIRi oiti pequeno, Pleragina odorata.


OESARA cozinheiro. OITIXI casta de Mirtácea.
OESAUA cozinhamento. OIY hoje.
OETAUA cozinha. OIY ETÉ hoje mesmo.
OETEPÉ cambada, enfiada. Pirá oetepé: cam- OKENA porta.
bada de peixe. OKENA CEKINDAUA fechadura, fechadura da
OEUARA cozinhante. porta.
OEUERA cozinhável. OKENA PIASAUA a corda, geralmente de pia-
OEYMA não cozinhado. çaba, que tem aberta a porta da maloca e em
OEXINGA mal cozinhado, mal passado. geral da casa indígena. A porta nelas é, ge-
OIAPISÁ Callithrix discolor, macaco não ralmente, uma grade mais ou menos solida-
muito grande, mas que parece maior do que mente tecida, e embutida de palha de pal-
é, graças ao pêlo longo com estrias branco- meira ou casca de árvore, presa por meio de
-sujas e bruno-escuras. De cauda, que não uns fortes atilhos à travessa, que descansa so-
é apreensora, mas que é muito bem forne- bre os umbrais. Uma corda presa à cumeeira
cida, se fazem espanadores. O nome pare- a conserva aberta - é a okena piasaua - man-
ce ter-lhe vindo das orelhas, que são gran- tendo-a suspensa a modo de alçapão.
des e parecem ainda maiores por causa dos OKENA PENASAUA juntura da porta, os ati-
longos pêlos. Muita manso, é facilmen- lhos que prendem a porta à travessa que
te domesticável; todavia, não dura muito descansa sobre os umbrais; por extensão,
tempo em domesticidade e, de um gênio dobradiça.
pouco brincalhão, passa o dia triste e re- OKENA PIRUSAUA batente da porta, lugar on-
traído. de se pisa.
OIÃN soltado, rasgado. OKENA PITASOCA retranca que sustenta a
OIANGARA soltador, rasgador. porta pela parte de dentro, impedindo que
OIANGAUA soltura, rasgamento. se possa suspender e entrar.
OIAUÍ espantado. OKENAI pequena porta, janela. A porta do
OIAUÍPÁUA espanto. fundo da maloca e casas indígenas, que em
OIAUÍPÓRA espantalho. geral são desprovidas de janelas e têm ape-
OIAUÍSÁRA espantador. nas duas portas, uma grande na frente, por
OIAUÍTÁUA lugar do espanto. onde é a entrada comum, e outra nos fun-
OIAUIUA espantoso. dos, muito mais pequena, que geralmente
OIAUIUARA espantante. comunica com o galpão onde se faz a co-
OIAUÍUÉRA espantável. zinha e só destinada para o serviço interno.
OIAUIYMA não espantado. OKITÁ esteio.
mcó sido, estado, residido. V Icô e comp. OKITÁ-uAsu o esteio principal, o que susten-
OIEPÉ um, único. ta a cumeeira.
OIEY baixado, descido. OMUÉSÁRA historiador.
OIEYPAUA, OIEYSAUA descida, baixada. OMUÉSÁUA história.
OIEYSARA descedor, baixador. OMUNÁNI misturado, confundido. V. Muná-
OIEYTYUA baixadouro, lugar de descida. ni e comp.
OIEYUA baixo. OPAIN, OPANHE tudo, todo.
OIEYUARA baixante, descente. OPAiN ARA CATU exatamente todos os dias.
OIEYUERA baixável, descível. OPAIN ARA RAMÉ por todos os dias, em todo
OIEYYMA não baixado, não descido. o tempo, sempre.
on casta de preguiça, a mais pequena de todas. OPAIN PÓ todas as mãos, dez.
OITI oiti, árvore da mata, de várias espécies. OPAIN UASU todos juntos. Kyrimbau, peiapu-
OITICICA casta de oiti resinoso, a árvore dos cui opaln uasu: força, remeis todos juntos.
sertões, Pleragina umbrosissima. OPANHE todos. Opanhe mira ocauara: toda a
OITI -COROIA Pleragina rufa, casta de oi ti. gente da casa. Opanhe suí: entre todos.

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OYCAYMA

OPANHESAUA totalidade. Mira opanhesaua do prefixo com o u do sufixo. Tucanosu: tu-


suí inti ouacemo iepé apyaua osó putare uá cano grande, de tucano e uasu.
ae irumo: entre a totalidade da gente não se OUÃ vestiário, veste.
achou um homem que quisesse ir com ele. OUAI casta de palmeira, variedade de Geono-
OPAUA fim, final. ma. Cresce em toiças nas vargens altas.
OPAUSAPE o que é do fim, acabamento. OURY casta de barro vermelho, que ao fogo
OPE pequena espécie de tartaruga fluvial. não desbota, usado para pintar em verme-
OPÉ em, dentro, no, na. Oca opé: dentro de lho a louça.
casa. OYCA afogado.
OPENASAUA canto, ângulo. Oca openasaua: OYCAMBYRA morto afogado.
canto da casa. OYCASARA quem faz morrer afogado.
ORUCURIÁ grande coruja, toda branca, cas- OYCASAUA morte por afogamento, afoga-
ta de Strix. mento.
osÁ caranguejo. OYCATYUA lugar de afogamento.
OSAMO Espirrado. V Sarno e comp. OYCAUARA afogante.
osu grande, forma eufônica de uasu, sufixo, OYCAUERA afogável.
devido geralmente à contração da letra final OYCAYMA não afogado.

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P letra do alfabeto que, especialmente no iní- PACICÁ UUARA comedor de pacicá.
cio da palavra, se permuta por m, sem levar PACOÁRA rolo, peça. Porta pacoara: peça de
alteração ao significado da palavra. Mutare, pano. Xama pacoara: rolo de corda.
Putare: querido. Mytá, Pytá: pouso. PACOUA pacova, Musa paradisiaca; nome ge-
PAÁ dizem, contam. Forma irregular, inde- nérico dado às várias espécies de bananas,
clinável, mais ou menos dubitativa. Quem que chamam "da terra".
relata o fato, não o afirma, mas o põe à con- PACOUA AYUA pacova-brava.
ta dos que o contaram antes dele. Cociyma, PACOUA CATINGA casta de Urania, que não
paé, inti rain mira ramé: antigamente, con- dá fruta comestível.
tam, quando ainda não havia gente. PACOUAI pacova pequena, Musa paradisiaca.
PACA acordado, despertado. PACOUA SOROROCA banana rota, retalhada;
PACAMÜ casta de piraram-preta. casta de Urania que cresce na mata.
PACARÁ paneiro feito de folhas de palmei- PACOUA INAIÁ banana-ouro.
ra, ou, melhor, dois paneiros cabendo um PACOUASU pacovão, casta de Musa paradi-
perfeitamente dentro do outro, formando, siaca. A espécie maior de banana-da-terra,
quando fechado, como uma espécie de baú. especialmente usada em mingau.
É usado no rio Uaupés para nele guardarem PACOUA MIRANHA casta de banana.
os ornamentos de pena. PACOUA MURUTI banana branca.
PACASARA acordador, despertador. PACOUA TAUÁ banana amarela.
PACASAUA acordamento, despertamento. PACU várias espécies de peixe do Amazonas e
PACATYUA Lugar onde se acorda, desperta. afluentes do gênero Prochílodus e afins.
PAKATYA lugar de pacas, pacatuba. PACUÃ, PACUAN casta de erva.
PACAUÁRA despertante, acordante. PACU ASU pacu grande.
PACAUÉRA despertável, acordável. PACU MIRI pacu pequeno.
PACAYMA que não desperta, não acorda. PACU ARU pacu-sapo, especial do alto rio
PACICÁ quitute preparado com os miúdos da Negro, Pterophyllum scalare. V Aru.
tartaruga, temperados e cozinhados no pró- PACU PUMA pacu-chato.
prio casco, servindo este de panela. PACU PÉUA pacu-liso.
PAKA

PACU PINIMA pacu-pintado. PAIANGAUA padrinho, imagem de pai.


PACU PIRANGA pacu-vermelho. PAIARU casta de cipó medicinal, da terra fir-
PACU PIXUNA pacu-preto. me.
PACU TINGA pacu-branco. PAIAÚ lasca e, por extensão, lâmina, folha de
PAI padre, sacerdote, missionário. punhal; e punhal, pajeú.
PAI-TUCURA franciscano, frade capucho; lit.: PAIAURU bebida fermentada feita de beiju
padre gafanhoto, da semelhança, que parece queimado.
ter impressionado o indígena, entre a cabe- PAIAUYUA cabo de punhal, punhal muito
ça do gafanhoto e o capucho do frade. grande, de cabo fixo; pajeúba.
PAIA pai, progenitor. Tem toda a feição de ser PAÍCA paizinho, diminutivo de paia.
corrupção da palavra portuguesa "pai" e as- PAIÉ pajé. Gonçalves Dias escreve piaga e
sim parece, apesar de Martius, que ortogra- não sabemos onde o teve. O pajé é o mé-
fa paya, não lhe fazer observação nenhuma. dico, o conselheiro da tribo, o padre, o fei-
Seja ou não nheengatu, é esta hoje a única ticeiro, o depositário autorizado da ciência
forma usada em todo o Amazonas de par tradicional. Pajé não é qualquer. Só os for-
com maia ou manha. Nas gramáticas e dicio- tes de coração, os que sabem superar as pro-
nários antigos da língua se encontra rub, tub, vas da iniciação, [é] que têm o fôlego neces-
rubá, tubá, com a significação de pai, mas em sário para aspirar a ser pajé. Com menos de
toda a parte onde tenho ouvido falar a língua cinco fôlegos, não há pajé que possa afron-
geral não estudada nos livros, mas aprendi- tar impunemente as cobras venenosas; é
da pela transmissão oral, nunca ouvi senão preciso ter mais de cinco fôlegos para po-
paia; e não só, mas encontrei sempre des- der curar as doenças com a simples imposi-
conhecidos rub ou rubá, vozes que também ção das mãos e, com o cuspo, as mordidelas
não vêm em Martius. Um velho Padre Nosso das cobras venenosas. Os pajés que têm de
em língua, e que há uns quarenta anos me sete fôlegos para cima leem claro no futuro,
lembro ter visto escrito em Fonte-boa, em curam à distância, podem mudar-se à von-
mão do conde Alexandre Sabatani, o primei- tade no animal que lhes convém, tornar-se
ro que me iniciou nos mistérios do nheenga- invisíveis e se transportar de um lugar pa-
tu, lembro-me bem, traduzia pai por rubá. E ra outro com o simples esforço do próprio
então o conde me explicava que não era pa- querer. "Hoje não há mais paié", me dizia o
lavra corrente, mas reservada a traduzir "pai" velho Taracuá, "somos todos curandeiros".
naquele caso especial, sem outro uso. O bis- E eram queixas de colega a colega, porque
po D. Lourenço da Costa Aguiar, que dá uma eu passei sempre por muito bom pajé, gra-
tradução do Padre Nosso, recolhida ou feita ças à fotografia, ao microscópio, e às cole-
no Solimões - em S. Felipe, se não me en- ções de plantas, espécie de Caladiums, que
gano - já não traz rubá e sim paia. São de fazia durante o tempo que passei no meio
Martius os seguintes exemplos. Iané paia ipy, dos indígenas no rio Uaupés.
paia Adam: a raiz de nossos pais, o pai Adão. PAJÉ ITYCA pesca do pajé, a pesca que é fei-
Ioné paia ipy rendaua cuera: lugar que foi da ta à noite, à luz de fachos, surpreendendo o
raiz dos nossos pais; paraíso terreal. peixe a dormir no baixio e fisgando-o com a
PAIACARU árvore de terra firme. flecha a isso apropriada. V Pirakyra e Tata-
PAIAMARIAUA, PAIAMARIOUA pajamarioba, -ityca.
Cassia occidentalis; pequeno arbusto, cujo PAIURÁ casta de árvore, pajurá.
fruto, umas favas numa síliqua, em muitos PAKA mamífero da ordem dos Roedores,
lugares é usado pela pobreza como sucedâ- Coelogenys paca. Do tamanho de um leitão
neo do café. As raízes, muito amargas, são de três a quatro meses, vive perto d' água,
utilizadas internamente, em decocção, para onde se refugia sempre que é seguido pelos
atalhar a diarreia e também como febrífugo. caçadores, como bom nadador e hábil mer-
PAIA-MUNHANGARA padrasto, quem faz de gulhador que é. A sua carne muito estimada
pai. o torna muito perseguido.
PAKA-RATEPU

PAKA-RATEPU casta de capim das margens pelos civilizados. Os tecidos indígenas não
do baixo Amazonas e Pará. têm, pelo geral, nome genérico.
PAMONHA quitute feito de massa de milho PÁNU AMANIÚ SECUIARA pano de algodão.
pilado, embrulhado em folhas de bananeira PÁNU MUNHANGARA fabricante de panos.
e cozido n' água, dando uma polenta gros- PÁNU MUNHANGAAUA fábrica de panos.
seira, que me tem muito vezes servido de PÁNU PACOARA peça, rolo de pano.
pão. Da pamonha, porém, em geral se ser- PÁNu PETECA bater pano, bater roupa.
vem para fazer o caxiri de milho. Depois de PÁNU PETECASARA lavadeira.
cozidas as desmancham n' água pura, e sim- PÁNU PETECATYUA lavanderia.
plesmente deixando fermentar o tempo ne- PÁNU PISAUERA retalho de pano.
cessário a mistura assim obtida. Em muitos PÁNu Pui pano fino, morim.
lugares, todavia, para facilitarem a fermen- PÁNu RANGARA medidor de pano, vara, me-
tação, antes de desmanchá-las n' água, cos- tro.
tumam mascar uma parte das pamonhas: PÁNU RANGAUA medição de pano.
operação em que se empregam todos os PÁNU SUAIAUARA pano de além, pano de li-
presentes. O caxiri de milho, isto é, a cay- nho.
suma, fica pronta no terceiro dia, e então é PÁNu UASU pano grosso.
servido, depois de cuidadosamente escu- PÁNu YUA rodilha de pano, usada para carre-
mado do bagaço que sobrenada. gar objetos pesados na testa.
PANA pano, tela, tecido. V Pánu e comp. PAPARE, PAPÁRI contado, somado.
PANACU grande paneiro, muitas vezes ele- PAPARESARA contador.
gantemente tecido, com tampa ou sem ela, PAPARESAUA contagem.
que serve para guardar e carregar objetos de PAPARETAUA lugar onde se conta, contado-
uso. ria.
PANAMÁ borboleta diurna. PAPAREUÁ conta.
PANAMBI pequena borboleta. PAPAREUARA contante.
PANAMÃ erva-santa, Chenopodium ambro- PAPAREUERA contável.
sioides. PAPAREYMA não contado.
PANÃPANÃ borboleta; nome genérico. PAPASÁUA conta.
PANÃPANÃ-Mucu casta de borboleta notur- PAPASAUA MYTERA meia conta.
na. PAPERA papel.
PANÃPANÃ-UASU borboleta grande; os gran- PAPERA COATIARE escrito no papel, escrito.
des Morphos, diurnos e vespertinos. PAPERA COATIARESARA escritor em papel,
PANCUÃN erva forragínea das baixas da ilha escrivão.
do Marajá. PAPERA COATIARESAUA escritura em papel,
PANEMA infeliz na caça ou na pesca, mofino, escritura.
imprestável, sem expediente. PAPERA COATIARETAUA lugar de escrever
PANEMO debalde, inutilmente. em papel, escritório, cartório.
PANICARICA toldo fixo da canoa; cobertura, PAPIÁ fígado.
em geral, da parte posterior da canoa, pa- PAPIARA fel.
ra debaixo dela agasalhar-se ou agasalhar PAPIRi, TAPIRÍ abrigo provisório, feito de
alguma carga, feita de folhas de palmeira uma ligeira cobertura de folhas de pal-
- ubim ou obussu presa entre uma arma- meira, armada sobre esteios que servem
ção de varas e um estreito pari de paquiú- de armaduras para as maqueiras, debai-
ba, mais ou menos resistente e forte, con- xo do qual podem agasalhar-se, ao repa-
forme o porte da embarcação, e que fica do ro da chuva, um número determinado de
lado externo. pessoas. Papiri é como dizem no rio Negro
PÁNU pano, tela, tecido. É o nome genérico e no baixo Amazonas; tapiri, no Solimões,
que é dado a toda e qualquer espécie de te- onde se ouve também taperi. O papiri, em-
cido que se encontra nas lojas e é trazido bora o seu caráter essencialmente provisó-
PARANÃ-PIACAUÁ

rio, pode servir de agasalho por dias, se- PARANÃ EIKÉ enchente; encher do rio, en-
manas e meses, e por esta mata afora há cher da maré.
indígenas, que a mor parte do ano só vi- PARANÃ KYRIMBAUA rio forte, correntoso.
vem em papirl, levantado à pressa no lugar PARANÃ KYRIMBASAUA força, corrente do
onde amadurece a fruta ou se encontra a rio.
caça de que gostam, sendo que muitas ve- PARANÃ IAUÁETÉ rio bravo, perigoso.
zes se utilizam por anos sucessivos da mes- PARANÃ IAUAETÉSÁUA cachoeira, corredei-
ma armação, só com o trabalho de cobri-la ra, bravura do rio.
de novo. PARANÃ ICAUA rio que estreita improvisa-
PARÁ' casta de árvore da capoeira. mente, sendo tanto a montante como a ju-
PARÁ', MARÁ vara, árvore, que se encontra sante de largura normal; lit.: rio caba, pe-
como parte integrante do nome de muitas la semelhança que há entre o estreitar-se do
madeiras. rio e o estreitamento que se observa no in-
PARÁ' manchado, mosqueado. seto, na junção do corsalete ao abdome.
PARÃ mar, e, mais raramente, com a signifi- PARANÃ !NHARU rio embravecido, que se
cação de rio, que no Amazonas chamam de torna perigoso, sendo indiferente que isto
preferência Paraná. se produza por dificuldades do leito, como
PARACARÁ casta de árvore das terras altas. por efeito do mau tempo, embora talvez seja
PARACARAYUA árvore de paracará. usado de preferência nesta última hipótese.
PARACARI árvore da terra firme. Da raiz pi- PARANÃ ITAPAUA, PARANÃ ITAPAU rio todo
sada se fazem emplastros preconizados co- pedra, rio pedregoso.
mo curativos das mordeduras de cobra. PARANÃ ITÁ-PANEMA laje, baixio de pedra
PARACAUXI casta de árvore Leguminosa da que se não vê, mas que incomoda a nave-
margem do rio. gação e pode ser perigoso para quem não
PARACAYUA, PRACAHIBA, PARACAÚBA ár- o conheça.
vore da terra firme, casta de Tecoma, que PARANÃ ITÁ-PEMA laje do rio.
fornece uma das madeiras mais rijas e fle- PARANÃ ITÁ-PÉUA laje do rio.
xíveis do país, muito apreciada ainda hoje PARANÃ IUÍRE rio revirado, remanso.
para se fazerem arcos e hastes de arpões e PARANÃ IUÍIUÍRE rio revirado, caldeirão.
jaticás. PARANÃ IYUA braço do rio.
PARACUÃ casta de Penelope, que vive em pe- PARANÃMBOIA cobra-d'água, paranaboia.
quenos bandos na mata, preferindo as cla- PARANÃ MANHA o veio principal, a mãe do
reiras e a margem dos campos. rio.
PARACUTACA arbusto que cresce nos iga- PARANÃ MANHA CUARA nascente, buraco da
pós e margens do rio, cuja folha é comida mãe do rio.
de tartaruga. PARANÃ MIRI canal, braço do rio; a parte
PARACUYUA, PARACUUBA casta de Legumi- menos volumosa do rio que se divide, sen-
nosa, cuja madeira rija e flexível serve para do a mãe do rio; qualquer braço ou canal,
arcos e hastes de arpões. que o rio deita para unir-se a outro rio ou
PARAI mar pequeno, enseada. para deitar-se no mar.
PARAI TI, PARAINTIN nariz de mar pequeno, PARANAME dentro do rio, no rio.
promontório. PARANAPE, PARANÁ OPÉ no rio.
PARÃ-IYUA, PARAHIBA braço de mar. PARANÃ PANEMA rio tolo, de pouca corren-
PARANÃ rio. teza e que nâo opõe dificuldade a quem o
PARANÃ ASU rio grande, mar. sobe.
PARANÃ AYUA rio mau, rio ruim, ou porque PARANÃ PENASAUA dobra, curva do rio.
encachoeirado e de trânsito difícil, ou por- PARANÃ PEPENA, PARANÃ PEPENASAUA rio
que doentio. torto, tortura do rio.
PARANÃ CARICA vazar do rio como efeito da PARANÃ-PIACAUÁ o rio, o mar visto; vista do
maré vazante. rio ou do mar; Paranã-piacaba.
PARANÃ PIRANTÁ

PARANÃ PIRANTÁ rio correntoso. PARANÃ YPAUA lago do rio, baía.


PARANÃ PIRANTÁSÁUA correnteza do rio. PARANÃ YPY poço; o lugar em que, em tem-
PARANÃ PIRANTÁ-YMA rio que não corre; po de vazante, o rio, que se torna inavegá-
rio parado. vel até para as pequenas canoas, forma po-
PARANÃ PIRARE rio que abre, que fica ços relativamente fundos onde o peixe se re-
desobstruído. fugia.
PARANÃ PITINGA rio entupido, de má nave- PARANÃ-YUA veio, mãe do rio.
gação. PARANÃ YUYMICUI praia do rio.
PARANÃ-PORA que é do rio, marítimo, ma- PARAOÁ PARAUÁ nome comum aos papa-
rinheiro. gaios do gênero Androlossa e afins; papa-
PARANÃ-PUCÁ enseada. gaio.
PARANÃ PURE rio pulado, que pula, cachoei- PARAOA'i periquito; nome comum a várias es-
ra, queda, salto do rio. pécies de Pionia e afins, que se distinguem
PARANÃ PÚRISÁRA rio encachoeirado, rio pela cauda formada por penas igualmente
pulador. longas.
PARANÃ PÚRISÁUA salto do rio, cachoeira, PARAOÁ-IRA casta de abelha.
queda. PARAOÁMBÓIA cobra-papagaio. Não a co-
PARANÃ PYTERUPE, PARANÁ PYTERPE pego, nheço, e sobre ela tenho tido as informações
meio do rio. mais desencontradas, sendo que alguns a
PARANÃ RACANGA afluente, rio ou igara- dizem venenosa e outros não, não concor-
pé que deságua no rio principal; conforme dando nem na cor, Verde para uns e verde e
o conceito indígena, são tantos tentáculos amarelo para outros.
com que a água se insinua terra a dentro. PARAOASU moleiro, Androglossa farinosa. O
PARANÃ RUPI pelo rio. maior representante desta espécie de pa-
PARANÃ SACAPIRE rio acima, a montante. pagaios, muito comum em todo o vale do
PARANÃ SASAUÁ vau, rio passado; o lugar Amazonas. Verde-cinza claro, espelho ala-
onde se passa de uma margem à outra sem ranjado, invisível a asas fechadas, com um
necessidade de nadar. circulo nu ao redor dos olhos; atinge, en-
PARANÃ TEMBYUA, PARANÃ CEMBYUA tre a ponta do bico e a extremidade da cau-
margem do rio. da, cinquenta centímetros de comprimento.
PARANÃ TICANGA rio seco, vazante. Muito resistente, encontra-se domesticado
PARANÃ TINGA rio branco. e muito apreciado como bom falador.
PARANÃTIN nariz do rio; braço, enseada. PARA-PARÁ casta de árvore que cresce de
PARANÃ TOMASAUA foz do rio, a jusante. preferência nas capoeiras e orla da flores-
PARANÃ TYPAUA rio seco. ta nas caatingas e descampados; madeira
PARANÃ Ti-Pucuu estirão; nariz comprido do branca de fibras suficientemente compac-
rio. tas; é, como o marupá, usada para fazer cai-
PARANÃ TYPYY rio fundo. xas e baús.
PARANÃ TYPYYCA rio franco. PARACAYUA paracaúba, grande árvore que
PARANÃ TYPYYMA rio raso, de pouca pro- cresce nas matas da terra firme. Fornece
fundidade. uma madeira muito estimada não só para
PARANÃ-UARA que é do rio, pertence ao rio, móveis e tabuado, como também para es-
fluvial. teios, afirmando-se que, também na terra,
PARANÃ UEUECA onda do rio, fluxo e reflu- dura muito tempo.
xo; a marca que fica nas praias depois da PARAR! pequeno arbusto da capoeira, de
trovoada, e que indica o limite aonde che- cujas folhas se extrai uma matéria tintória
garam as águas açoitadas pelo vento. que serve para tingir de preto a roupa. Com
PARANÃ UURE rio que faz ou forma sorve- o sumo das folhas, bem machucadas, diluí-
douro. do n' água, molha-se a roupa, que depois é
PARANÃ UURESAUA sorvedouro, caldeirão. posta e deixada por um dia ou dois numa
PARY MEMBECA

poltilha (?) de terra preta, rica de detritos trumento especial, feito de ossos de pernas
vegetais, que se acumula nas baixadas e ser- de ave, geralmente maguati, soldados com
ve, parece, para fixar a cor. cerol, feitos forquilha, ou para ser insuflado
PARA TININGA mar esbranquiçado. reciprocamente, quando tomado cerimo-
PARÁTU prato; corrupção da palavra portu- nialmente em suas festas, pelos Muras. Para
guesa. estes parece suprir o caápi, que não conhe-
PARATUCU casta de jasmim cultivado no cem ou não usam, atribuindo-lhe os mes-
Pará. mos efeitos estupefacientes e inebriantes.
PARAUÁ manchado de diversas cores, varie- Na farmacopeia indígena o paricá é aconse-
gado, veiado de cores diversas, mosqueado. lhado como reconstituinte e como remédio
PARAUACA penteado. contra a diabete.
PARAUACASARA penteador. PARICARANA falso paricá; mimosa que dá
PARAUACASAUA penteadura. uma madeira usada em obras de marcenaria.
PARAUACATYUA penteadouro, lugar de pen- PARICAYUA paricazeiro, árvore do paricá,
tear. Mimosa acacioides. É árvore de alto por-
PARAUACAUARA 'penteante. te, que cresce nas terras firmes e vargens al-
PARAUACAUÉRA penteável. tas. Dá boa madeira para obras internas e de
PARAUACAYMA não penteado. marcenaria.
PARAUACAXY casta de Mimosa de alto por- PARICATYUA paricatuba, terra de paricá.
te, que à noite fecha as folhas, Mimosa pa- PARINÁRI árvore da floresta paraense, que dá
rauacacifolia. uma madeira utilizada especialmente para
PARAUACU paravacu, Pithecia hirsuta; casta obras do interior.
de macaco de pêlo muito comprido e hís- PARIPARIN coxeado.
pido, que na cabeça e parte do dorso apa- PARIPARINGARA coxeador.
rece como dividido a pente. Muito comum, PARIPARINGAUA coxeamento.
especialmente nos pequenos afluentes do PARIPARIN-YMA não coxeado.
Solimões, mas espalhado em todo o vale. PARIR! enfiada de folhas de palmeira (geral-
PARAUARA manchante. mente ubim), limpas, abertas, escolhidas e
PARÁ-UARA paraense, do Pará. amarradas em fasquias de paxiúba ou de
PARAUARI casta de árvore de alto porte, que outra qualquer casca, pronta para ser utili-
cresce indiferentemente nas terras firmes zada em cobertura da casa ou para fazer as
como na vargem e dá madeira usada em paredes das casas de palha, ou outro serviço
marcenaria e para obras do interior, sendo análogo, como cobrir as toldas das canoas,
a da terra firme mais estimada pela maior forrar os paiois para guardar o pirarucu se-
duração. co ao sol etc.
PARAUASU paraguaçu; mar largo, mar grande. PARY gradeado feito de fasquias de madeira,
PARAYUA paraíba; nascente do mar, origem de preferência de espiques de palmeira pa-
do mar; e braço de mar, se se deve consi- xiúba, amarradas com cipó, com que bar-
derar como contração de Pará-iuya. Como, ram a boca dos lagos ou dos igarapés para
porém, é palavra que é ao mesmo tempo tu- impedir a saída do peixe, ou com que cons-
pi, pode também querer dizer mar ruim, M] troem os currais e cacuris.
mar mau, sendo então contração de pará- PARYTYCA, PARY ITYCA tapagem; pescaria
-ayua, contração que em nheengatu muito feita com o pari.
raramente se verifica, para não dizer nunca, PARYTYCASARA pescador de pari, quem pes-
porque o a de ayua é raiz característica que ca por meio de tapagem.
não se elide, e, no caso, o a final de pará é PARY MEMBECA pari mole; a grade de fas-
acentuado, razão por que persiste. quias de espique de palmeira, que serve pa-
PARI CÁ a fruta do paricazeiro e o pó extraído ra tapagem da boca dos lagos ou igarapés
da mesma fruta, torrada e socada para ser e disposta de modo a permitir que o peixe
aspirada pelas narinas por meio de um ins- entre, mas não possa sair; dão também es-
PASAUERA

te nome a uma fila de talas fincadas no leito -PAUA, -SAUA sufixo que, aditado ao tema, o
do rio, nos lugares onde o pescador se põe torna nome com a acepção de ato, fato, efei-
à espera do peixe-boi ou do pirarucu, pa- to relativo à ideia por ele expressa. Assim,
ra indicar-lhe a presença deste e permitir- de patuca, atrapalhado, se faz patucapaua:
-lhe fisgá- lo. atrapalhação. Em geral usa-se -paua e
PASAUERA meia porta. -saua, indiferentemente, embora esta últi-
PASOCA comida feita de uma mistura de fari- ma forma seja a mais corrente, e algumas
nha, de preferência seca, e carne moqueada, raras vezes seja impossível usar indiferente-
bem torrada, a ponto de tornar-se quebra- mente de uma e de outra sem alterar o sen-
diça, e pisada, apimentada com malagueta tido, o que somente se aprende com a prá-
em pó ou jukitaia. É comida de viagem. No tica, sendo impossível dar uma regra certa.
Solimões chamam pasoca também a uma PAUÉ junto, com, assim; pouco usado.
mistura de farinha e castanha - o fruto da PAUE complemento, remate.
Bertholetia excelsa - pisada juntamente. PAUOCA saído do porto.
PATACUERA prostituta. PAUOCASARA quem faz sair do porto.
PATACUERA MANHA dona do lupanar. PAUOCASAUA saída do porto.
PATACUERA-OCA lupanar, casa de prostituta. PAUOCAYMA não saído do porto.
PATAKERA casta de erva forragínea das bai- PAUSAPE no fim, onde acaba, orla. Caá pau-
xas da ilha de Marajó. sape: na orla do mato.
PATAUÁ casta de palmeira de terra firme e PAUSAPEUARA quem está no fim, na orla.
vargens altas. Da fruta se faz uma bebida PAUSADA ultimação, fim, acabamento.
muito gostosa, conhecida sob o nome de PAUXI mutum da vargem, Crax tuberosa, cas-
"vinho de patauá". Dos espinhos, que cres- ta de mutum. V Mytu. Nome dado a uma
cem em tufos ao pé das folhas, se fazem as nação indígena que habitou às margens do
melhores flechas para zarabatana. Amazonas, nas proximidades de Óbidos.
PATAUATYUA patauatuba, patauazal, lugar PAXICÁ guisado de fígado e carnes gorduro-
de patauá. O patauá cobre largas extensões sas do peito da tartaruga, preparado no pró-
na vargem alta e na terra firme, em que não prio casco.
permite que outra árvore vegete; as terras PAXIYUA, PASIUBA Iriartea exorrhiza e es-
em que ele domina passam por ser de pri- pécies afins, casta de palmeira muito co-
meira qualidade. Em tempo em que suas mum em todo o vale do Amazonas e que
frutas são maduras é muito frequentado pe- cresce tanto na terra firme como nos iga-
la caça do mato, que apesar de tudo se en- pós. O espique de todas elas, quando corta-
contra em relativa segurança, devida aos es- do em tempo conveniente, tem muita dura-
pinhos de que é rico. ção e resistência e é usado para cercas e, em
PATAUAYUA patauazeiro, casta de palmeira, muitos lugares, para assoalho, e mesmo pa-
Oenocarpus bataua. V Patauá. ra parede de barracas de seringueiro e bar-
PATUÁ caixa com tampa, baú. racões.
PATUCA atropelado, atrapalhado. PAY padre. V Paia.
PATUCA-MANHA atrapalhão. PAY UASU bispo.
PATUCAPAUA, PATUCASAUA atrapalhação. PE prefixo pessoal da segunda pessoa plural do
PATUCASARA atrapalhador. verbo. Só, Pesá: andais. Recô-perecô: tendes.
PATUCAUARA atrapalhante. PE posposição com o significado de em,
PATUCAUERA atrapalhável. no(a). Ypype: no fundo. Pausape: no fim.
PATUCA YMA não atrapalhado. PÉ, RAPÉ, SAPÉ caminho.
PATUPATUCA atrapalhadíssimo. PÊ haste, espique. Putyra pê: haste da flor.
PATURI casta de marrequinha. PECANGA pelos do corpo. Cesá pecanga: so-
PAU, MPAU acabado. V Mpau e comp. brancelhas.
PAUA tudo, por completo, o que completa, PECASU casta de pomba rola, Columba plum-
todo. bea.
PENGA

PE-COAMEEN guiado, mostrado o caminho. moléstias, fazendo sair do corpo do doente


V. Coameen e comp. as coisas mais disparatadas, que pretendem
PECOARE, PUCUARE amarrado. V. Pucuare e ter sido aí introduzidas por pajés inimigos.
comp. É soprando sobre a mão fechada numa cer-
PECOIN casta de cipó. ta e determinada direção, e abrindo-a lenta-
PECOIN escavado. mente sem desviá-la que mandam aos au-
PECOIN-COIN esgaravatado. V. Pecoin e sentes, por um simples ato do seu querer, a
eomp. infelicidade, a doença, a morte. É soprando
PECOINGARA escavador. sobre a mão fechada e abrindo lentamente
PECOIN-YMA não escavado. em um gesto largo os cinco dedos enquanto
PECONHA atadura; laço de que se utilizam sopram, que espalham o mau tempo e des-
para subir os paus lisos ou por demais gros- fazem as trovoadas. É soprando sobre a mão
sos, e que não podem ser comodamente aberta e recolhendo lentamente os dedos
abraçados com as pernas. Há de duas espé- que atiram a felicidade e chamam a chu-
cies: uma prende os pés para permitir fazer- va, quando precisa. O sopro, acompanha-
-se fincapé nela; outra, e é a que se usa para do das invocações e passes rituais, que são
os paus muito grossos, consta de laços de nó transmitidos de paié a paié depois de longas
corrediço, que permite deslocá-los de con- provas e severa iniciação, é a arma mais te-
formidade com as necessidades da subida e mida pelas turbas supersticiosas que neles
da descida. acreditam. Pura charlatanaria, não há dúvi-
PECU esburacado, furado, forçado. da, embora, quando se trate de verdadeiras
PECU, PECÔ língua, saliência, ponta. e próprias doenças, não hesitam em aplicar
PECU, IPECU pica-pau. os remédios que largamente lhes oferece a
PECUÍ uma casta de rola pequenina. V. Picui. flora das suas matas, mas que na mor parte
PECUÍ REMIÚ casta derva, comida de pomba. das vezes age eficazmente, graças à sugestão
PECUMA ponta, elevação, saliência. Ara pecu- que naturalmente produz a fé na sua eficá-
ma: ponta de terra, promontório. cia, nunca abalada pelos insucessos, desde
PECUSARA furador, esburacador. que, na ingenuidade do meio, é sempre fácil
PECUSAUA esburacamento. achar uma razão plausível para explicá-los.
PECUTAUA furo, buraco. PEIUUARA soprante.
PECUUARA furante. PEIUUERA soprável.
PECUUERA furável. PEIUYMA não soprado.
PECUYMA não furado. PEIUYUA a força do sopro, a origem do sopro.
PECUYUA o instrumento com que se esbura- PEMA chato, achatado, liso.
ca, se fura. PEMASARA achatador.
PEKí' casta de marrequinha, Anas dominica. PEMASAUA achatamento.
PE IARA prático, dono do caminho, guia. PEMATAUA achatadouro.
PEIECEMO equilibrado, carregado por igual; PEMAUARA achatante.
diz-se da carga nas canoas, distribuindo- PEMAUERA achatável.
-a de forma que fique bem equilibrada. V. PEMAYMA não achatado.
Cerno e comp. PENA obrado, articulado, juntado.
PEIÚ soprado. PENASARA dobrador, articulador, juntador.
PEIUPAUA, PEIUSAUA sopramento. PENASAUA junta, articulação, dobra.
PEIUSARA soprador. PENATAUA lugar de junção, de articulação, de
PEIUTYUA sopradouro. dobramento.
PEIUUÁ sopro. O sopro entra em todas as PENAUARA dobrante, articulante, juntante.
cerimônias e atos do pajé. É soprando so- PENAUERA dobrável, articulável, juntável.
bre a parte doente, acompanhando-se ou PENAYMA não dobrado, não juntado, não ar-
não com o maracá e com massagens mais ticulado.
ou menos prolongadas, que curam muitas PENGA sobrinho (a), da mulher.
PENHÉ

PENHÉ vós, vosso( a). Penhé mira: vossa gen- cresce de preferência na terra firme ou var-
te. Penhé arama: para vós. Penhé kiti: perto gens altas, muito comum no rio Negro e no
de vós. Penhé sacakire: atrás de vós. Penhé Uaupés. Servem-se da casca para tempero
suaixara: perante vós. em lugar de canela, e das folhas fazem chá.
PENHEMO, PENHÉ OPÉ a VÓS. Da tintura da entrecasca fazem uma espé-
PEPENA dobrado, quebrado; o assinalar que cie de biter.
se faz, quebrando aqui e ali uma rama, PERI MEMBECA erva-mole, casta de erva da
quando alguém se interna na floresta, fora margem do Amazonas.
do caminho batido. V. Pena e comp. PERIRISARA tigela.
PEPÉUA, MBOIA-PEPÉUA cobra-chata. PERIUACA casta de erva venenosa dos cam-
PEPU asa. pos.
PEPUi asa pequena, raquítico, mirrado, nani- PERUTÁ o pedaço de cuia ou o que a substi-
co. Sapucaia pepui: nanica, galinha nanica, tui, com que as oleiras indígenas desbastam
ou simplesmente pepui (Solimões). e alisam interna e externamente a louça, que
PEPU SAUA pena da asa. acabam dando-lhe a última demão com os
PEPUUARA alado. dedos molhados.
PEPUYMA sem asa. PESASU, PYSASU novo.
PERA vasilha, sacola trançada de folhas de PESAUERA, PYSAUERA pedaço, migalha,
palmeira, destinada ao transporte de frutas amostra. Pysauera pupé: em pedaços.
colhidas no mato. PETENDAUA rastro de gente, pisada, lugar do
PERÉ, MERÉ baço. pé.
PERERECA' pequena rã arbórea. PETÉ sorvido, degustado, delibado, beijado.
PERERECA' arrepio. PETECA batido, batido para lavar, lavado.
PERERECA', PERERICA frito, engelhado, res- PETECASARA batedor.
sequido. PETECASAUA batedura.
PERERICASARA frigidor. PETECATYUA batedouro.
PERERICASAUA frigimento, frigideira. PETECAUA batido.
PERERICATAUA frigidouro. PETECAUARA batente.
PERERICAUARA frigideira. PETECAUERA batível.
PERERICAUERA frigível. PETECAYMA não batido.
PERERICAYMA não frito. PETÉ-PETERE beijocado.
PERÉU ferido. PETERA beijo.
PERÉUA ferida, chaga. Pereua ayua: má ferida. PETERE beijado, delibado.
PEREUANA chaguento. PETEREPAUA, PETERESAUA beijamento.
PEREUASARA feridor, chagador. PETEREPORA muito beijado.
PEREUASAUA ferimento, chagamento. PETERESARA beijador.
PEREUAUARA chagante. PETEREUARA beijante.
PEREUAUERA chagável. PETEREUERA beijável.
PEREUARA que é do baço. PETEREYMA não beijada.
PERI erva, campo, descampado, onde cres- PETIUÃ saco.
cem ervas. PETUMA, PETOMA miolo.
PERIÃNTA erva-dura, casta de Gynerium dos PETUPAU indignado.
campos. Em alguns lugares do Amazonas é PETUPAUA indignação.
o nome com que se conhece a canarana, es- PETUPAUERA indignável.
pecialmente quando desce em toiças, tor- PETUPAUYMA não indignado.
nando-se um estorvo para a navegação do PEÚ tocado (diz-se dos instrumentos de so-
rio. pro). O peú memby: toca flauta.
PERI-CEEN erva doce, cana-de-açúcar. PÉUA chato.
PERIIURÁ, PEREIORÁ casca-preciosa, Nespi- PEUANA inteiramente chato.
lodaphne pretiosa. Árvore de alto porte, que PEÚSÁRA tocador.
PICUÍ CAVOCA

PEÚSÁUA toque. PIÁ PUXI mau coração, coração maldoso.


PEÚTÁUA lugar de toque, orquestra. PIÁ PUXI RUPI malevolamente, maldosa-
PEÚUÁ tocata, sonata. mente.
PEÚUÁRA tocante. PIÁ PUXISAUA maldade, malevolência.
PEÚUÉRA tocável. PIÁ SAÍ azedo de coração, azia.
PEÚYMA não tocado. PIÁ SANTÁ coração firme, constante.
PIÁ coração, fígado, intenção, âmago, cerne. PIÁ SANTÁ RUPI firmemente, constante-
Ce piá irumo: com o meu coração, de boa mente.
vontade. Mira piá: coração de gente. Myrá PIÁ SANTASAUA firmeza, constância.
piá: coração de pau, âmago, cerne. PIASAUA cabelo do coração, cabelo do âma-
PIÁ AYUA coração mau, coração irritado; go. Os filamentos flexíveis de uma palmeira
mau fígado. muito conhecida e muito comum em certas
PIÁ AYUA RUPI odiosamente, apaixonada- localidades do rio Negro, que servem para
mente, com raiva. tecer cordas, cabos, esteiras, preparar vas-
PIÁ-AYUASAUA paixão, ódio, raiva. souras, escovas e mais artefatos do mesmo
PIACA casta de árvore da família das Legu - gênero, especialmente usados a bordo dos
minosas. navios.
PIÁ CATU bom coração, bem intencionado. PIASÁUATYUA Piaçaba!, lugar de piaçaba.
PIÁ CATU RUPI singelamente, afavelmente, PIASÁUAYUA Piaçabeira, a palmeira que
bondosamente. dá a piaçaba, aqui nos Estados do Norte.
PIÁ CATUSAUA bondade do coração, singele- Leopoldinia piasaba.
za, afabilidade. PIÁU, PIÁUA Piaba. Casta de peixe pequeno.
PIÁ IUIUÍRE arrependido. V Iuíre e comp. PIÁUÁRA Que está no coração, na intenção.
PIAMO apanhado, recolhido, tomado. PIAUASÚ Coração grande, generoso, valente.
PIAMOPAUA apanhamento. PIAUASÚ RUPÍ Generosamente, valente-
PIAMOSARA apanhador. mente.
PIAMOTYUA apanhadouro. PIAUASÚSÁUA Generosidade, valentia.
PIAMOUARA apanhante. PIAUÍ, PIAUÍ Piaba pequena. Casta de peque-
PIAMOUERA apanhável. no peixe. Nome de um Estado.
PIAMOYMA não apanhado. PIAUÍ- UÁRA Piauiense.
PIÁ MUNGUETÁ meditado, considerado. V PIASOCA, IASANÁ, UAPÉ Parra iasana. V
Munguetá e comp. Iasana.
PIÁ MEMBECA coração tenro. PICICA pegado, apanhado, tomado.
PIÁ MEMBECA RUPI motemente, enterneci- PICICASARA pegador, apanhador, tomador.
damente. PICICASAUA pegamento, apanhamento, to-
PIÁ MEMBECASAUA enternecimento. mada.
PIÁ MEMBECASARA enternecedor. PICICATAUA pegadouro, apanhadouro, to-
PIÁ MUMUI bofe. madouro.
PIAPEARA fel. PICICAUARA tomante, apanhante, pegante.
PIAPEARA IRERU bexiga do fel. PICICAUERA tomável, apanhável, pegável.
PIAPORA desejado, projetado, determinado. PICICAYMA não pega, não toma, não apanha.
PIAPORASAUA desejo, projeto, determinação. PICIYMA casta de fruta do mato, comestível.
PIAPORASARA determinador, projetador. PICUEN, PICUIN escavado.
PIAPU, PIUMPU estalado, espocado. V Mpu PICUENGARA escavador.
e comp. PICUENGAUA escavamento.
PIAPURANGA bom coração, bondoso, bené- PICUENTAUA escavadouro.
volo. PICUEN-YMA não escavado.
PIAPURANGA RUPI bondosamente, benevo- PICUÍ pomba-rola, Columba e afins.
lamente. PICUÍ CAVOCA pomba-cabocla, Columba
PIÁ PURANGASAUA benevolência, bondade. calva.
PICUÍ PEMA

PICUÍ PEMA pomba-lisa, Columba cinerea. PINDAXAMASU linha grossa para anzol.
PICUÍ PINIMA pomba-pintada. Columba squa- PINDAXAPUi, PINDAXA-PUÍRA linha fina pa-
mosa. ra anzol.
P!CUÍ XIRICA pomba-chorona, pomba ge- P!NDAYUA pindaíba, a vara a cuja extremida-
mente, Columba strepitans. de se amarra a linha que segura o anzol e
PICUÍ UASU, PECASU pomba-grande. Colum- que serve para pescar. Quando o peixe car-
ba plumbea. rega com o anzol e o pescador fica com ava-
PICUMÃ fuligem, a que se forma toda por ra, fica desarmado, de onde a frase corrente:
igual sem saliências e cobre os objetos de ficar na pindaíba, para indicar que alguém
um estrado negro e lúcido. ficou na miséria, sem recursos.
PIICAN casta de fruta do mato. PINAITYCA pescar de anzol. V Ityca e comp.
PHRI varrido. PINAUACA dois e mesmo três anzóis amarra-
PURISARA varredor. dos, de modo a formar uma espécie de ga-
PURISAUA varrição. to, ornado de plumas anais de tucano e pre-
PHRITAUA varredouro. so a uma longa corda, que se deixa sair da
PURIUÁ varredura, o que é varrido. popa da canoa, para que, quando esta, im-
PIIRIUARA varrente. pelida pelos remos, adquira suficiente velo-
PHRIUERA varrível. cidade, venha resvalando aos pulos sobre a
PIIRI-YMA não varrido. superfície das águas. O peixe, especialmen-
PURI-YUA vassoura. te o tucunaré, acode na esteira das embar-
PIIGÁ piquiá, casta de fruta comestível cações e, atraído pelas plumas, arremete e
PIKIÁ-YUA piquiazeiro, Caryocar, árvore fru- fica fisgado.
tífera das vargens e igapós. PINIMA pintado, colorido.
PIN a ferroada dos insetos chupadores. PINIMASARA pintor.
PINDÁ, PINÁ anzol. PINIMASAUA pintura.
PINDÁ CIRYRYCA o anzol a cujo estorvo (?) PINIMATAUA lugar de pintar.
foram amarradas umas penas encarnadas PINIMAUARA pintante.
de tucano, de modo a ocultá-lo e simular PINIMAUERA pintável.
um pássaro ou um inseto, e que - preso PINIMA-YMA não pintado.
com poucos palmos de cordel a uma vara PINIMAYUA pincel.
longa e flexível a pindaíba, é destinado a PINHOÃ, PINHOAN bouba.
ser feito passar rapidamente, mal frisando a PINHOÃ PUXI peste bubônica.
superfície das águas, para que o peixe, en- PINHOÃ UASU bubão.
ganado pelo vistoso da cor, arremeta contra PINU depilado; pelado (o que sai sem pelo).
o anzol e fique fisgado. É o anzol que ser- PINUE pelado.
ve de preferência para a pesca de tucunaré PINUESARA pelador.
nas cachoeiras e nos poços dos rios secun- PINUESAUA pelamento.
dários em tempo de seca, quando são ainda PINU-PINU casta de urtiga muito comum em
demasiado fundos para emprego do xapu. todo o vale de Amazonas. No Uaupés se
PINDAMUNHANGARA fabricador de anzóis. servem das folhas de pinu-pinu para acal-
PINDAMUNHANGAUA pindamonhangaba, fá- mar as dores reumáticas, açoitando com
brica de anzóis. elas a parte doente, até ficar numa só bolha.
PINDÁ-PUTAUA isca do anzol. Naturalmente não é para curar; mas tenho
PINDAUA pindoba, qualquer folha de palmei- visto mais de uma vez quem dela usava e se
ra depois de cortada; folha de palmeira des- encontrava imobilizado num fundo de re-
tacada da árvore. de, levantar-se e poder atender às próprias
PINDAUÚ anzol comido, o abocar do peixe ocupações, como pessoa em perfeita saúde.
no anzol. PINUSARA depilador.
PINDAUUSARA engolidor de anzol. PINUSAUA depilação.
PINDAXAMA linha do anzol, linha de pescar. PINUTYUA depilatório, lugar de depilação.
PIRÁ-IAUARA

PINUUARA depilante. !idades de peixe que melhor se prestam pa-


PINUUERA depilagem. ra fazer o píracuy são os peixes de escama e,
PINUYMA não depilado. entre eles, os de médio tamanho, pouco im-
PIPIRA nome comum a vários pássaros da fa- portando as espinhas, mas devendo-se esco-
mília dos Tanagridas e Tanagroides. lher de preferência o que não for muito gor-
PIPÓCA espocado, o milho que se abre ex- do. As espinhas que não ficam pulverizadas
posto ao calor do fogo. no pilão ficam na peneira. A gordura torna
PIPOCAPAUA espocamento. rapidamente rançosa a farinha.
PIPOCASARA espocador. PIRAEN peixe salgado e seco ao sol, e, por
PIPOCAYMA não espocado. extensão, qualquer carne salgada seca ao
PIRA corpo. sol, embora então se lhe adicione sempre
PIRÁ peixe. o nome do animal de que provém. Tapiyra
PIRACA pescado. piraên, taiasu piraen: carne salgada de vaca,
PIRÁ CARÁ peixe-cará, Monocurrus polyacan- carne salgada de porco. Dizendo piraên se
thus. entende sempre o pirarucu salgado.
PIRACASARA pescador. PIRAKERA casta de lamparina feita de latão e
PIRACASAUA pescaria. que, no Solimões, serve para fachear, subs-
PIRÁ CATINGA feixe-fedorento, Pimolodus pa- tituindo o turi.
tí. PIRÁ KIROA espinha de peixe.
PIRÁ CATU peixe bom. PIRÁ KIROUARA peixe espinhento.
PIRACATYUA lugar de pescaria. PIRAKYRA pesca feita à noite, surpreenden-
PIRACAUARA pescante. do o peixe a dormir nos baixios e ao longo
PIRACAUERA pescável. das praias. Duas ou mais canoas, munidas
PIRA CÃ-UÉRA arestas de peixe. de fachos ou de outra qualquer luz dentro
PIRACEMA cardume de peixes que, em cer- da canoa, remam a pequena distância uma
tas épocas do ano, sobem ou descem os rios da outra, de conserva, a toda a força. O pei-
à procura de novos pastos ou mais comu- xe acordado e surpreendido, atordoado pe-
mente para a desova e de volta dela. la barulho e pela luz, pula atropeladamente,
PIRÁ CESÁ olhos-de-peixe, casta de pimenta. caindo em grande quantidade dentro das ca-
PIRÁ-CURUCA peixe-lixa, casta de peixe de noas, onde fica preso sem maior trabalho ou
pele áspera. esforço. É pesca particularmente proveitosa
PIRA-CURUCA doenças da pele, em que esta no tempo das piracemas de jaraquis, aracus,
fica coberta de pequenas verrugas doloro- pacus e outros peixes com os mesmos há-
sas e muito incomodativas. bitos, que com qualquer pequena luz pulam
PIRÁ CURURUCA peixe-roncador, peixe do atarantados dentro da canoa. No Pará, con-
mato; casta de peixes que, com as enxurra- forme escreve José Veríssimo, se dá o nome
das, passam de um lago ou de um igarapé pa- de pirakyra, e com muita propriedade, à pes-
ra outro, e que muitas vezes se encontram en- ca com fachos, a que no rio Negro se chama
charcados no mato, onde ficaram surpreendi- tataityca: pesca a fogo; ou paié ityca: pesca
dos pela baixa rápida das águas. do pajé, embora esta última seja antes a pes-
PIRÁ CURURUCASAUA guelras. caria em que o peixe surpreendido a dormir
PIRÁ-CUY farinha de peixe. O peixe, depois nos baixios é fisgado com a flecha ou o xa-
de moqueado, bem seco, de modo a tornar- pu. V Paié ityca.
-se quebradiço, é socado no pilão, reduzido PIRÁ-IAUARA boto, peixe-cachorro, Delphi-
a pó, peneirado, para ser posto em paneiros nus amazonicus. O boto vermelho, de que
forrados de folhas de arumã e ser guardado se contam tantas histórias de namoros e se-
no fumeiro. Preparado desta forma, o peixe duções de moças, e que, apesar do respei-
se conserva por muito tempo, e serve es- to que lhe têm como feiticeiro (que à von-
pecialmente nas viagens escoteiras por ter- tade se muda de boto em gente e de gente
ra, em que não há tempo a perder. As qua- em boto), todavia o matam para tirar-lhe os
PIRÁ-IEPEÁ

olhos, os dentes e o vergalho, coisas todas desgraçado o homem ou o animal ferido que
a que atribuem virtudes extraordinárias, ra- cair perto de um lugar frequentado por pira-
zão pela qual das três espécies é a mais per- nhas; em poucos momentos pode ser redu-
seguida. Note-se, pois, que se o nome de zido a esqueleto. É às piranhas que se deve
peixe-cachorro é a tradução literal de pirá- se muitos dos cadáveres de afogados não
-iauara, todavia, com o nome de peixe-ca- boiam, embora se ouçam acusar as piraíbas.
chorro se costuma designar o pirandira (lit.: PIRANHA UIRÁ ave-tesoura. Nome dado cer-
peixe-morcego). tamente por europeus, falando língua geral,
PIRÁ-IEPEÁ peixe-lenha, Platystoma plani- a um dos mais lindos gaviões e a um voador
ceps, peixe de pele, de carnes fiapentas, de primeira ordem, favorecido nisso, como
amareladas, muito pouco estimadas. nota Goeldi, pela forma e proporção das
PIRÁ IANDU peixe-aranha. asas com a cauda hirundiforme. Nauclerus
PIRÁ ICICA grude de peixe. furcatus. No Solimões o chamam tapera ui-
PIRÁ-IUKYRA-PORA peixe de salmoura. rá-uasu: gavião das taperas. É um gavião
PIRÁ-IYUÁ braço do peixe, barbatana. exatamente; pela forma da cauda não pode
PIRÁ MAIA mãe-do-peixe, casta de Murena. ser confundido com nenhum outro quando
PIRÁ MBEIÚ peixe-beiju. voa, e que visto de perto, apesar da forma
PIRÁ MENA peixe-marido, esturjão. do bico, mais que com um gavião, se parece
PIRÁ METARA casta de salmão. com uma andorinha, da qual, aliás, tem os
PIRÁ MIUNA dourado, um grosso peixe flu- costumes, vivendo como esta de insetos que
vial, pouco apreciado. apanha no voo.
PIRÁ MUTÁ Pirá bouton (?) [Piramutá, PIRANHAYUA piranhaúba, árvore dos igapós
Brachyplatystoma vaillanti]. e margem do rio, que, caindo n'água, como
PIRÁ MUTAUA pequena casta de peixe; isca que endurece, ficando no âmago, e dura in-
para peixe, piramutaba. definidamente, tornando-se um perigo para
PIRÁ NAMBU peixe-inambu, casta de peixe a navegação do Amazonas e seus afluentes.
de pele. PIRANTÃ correntoso, rápido, veloz, alentado.
PIRANDIRÁ peixe-cachorro (lit:. peixe-mor- PIRANTAIN correntoso.
cego ), casta de sardinha que deve o nome a PIRANTÃSAUA correnteza.
duas fortíssimas presas, que sobressaem na PIRANTÃUARA corrente.
mandíbula inferior. PIRÁ-OITYPY, PIRÁ-OETEPÉ cardume, abun-
PIRANGA vermelho. dância de peixes no mesmo lugar, sem a
PIRANGA IERANE ruivo. ideia da emigração que traz consigo a pira-
PIRANHA tesoura. O nome lhe foi dado evi- cema.
dentemente porque o indígena, que não PIRAPARÁ casta de peixe fluvial.
possuía tesoura, se servia, para cortar, PIRÁ-PEPU barbatana (lit.: asa do peixe).
da dentuça da piranha, como ainda ho- PIRÁ PÉUA peixe chato, peba; casta de peixe
je em muitos casos se serve; peixe-dente, de pele
Serrasalmo. PIRÁ PITINGA pirapitinga, tambaqui branco,
PIRANHA CAIÚ piranha-caju, piranha-verme- casta de peixe. Mais fino e delicado do que
lha. o próprio tambaqui, do qual tem a forma,
PIRANHA MYCURA piranha-mucura. mas geralmente menos apreciado, porque
PIRANHA PINIMA piranha-pintada. se afirma que sua carne é pouco saudável.
PIRANHA PIXUNA piranha-preta. Todas varie- PIRÁ PIXAMA, PIRÁ PITAMA cambada de
dades de Serrasalmo, e são indubitavelmente peixes, isto é, uns tantos peixes enfiados em
os mais ferozes dos peixes amazônicos, mu- um atilho, geralmente de cipó.
nidos todos de uma dentuça forte e afiada PIRÁ-PORA piscoso, cheio de peixes.
que lhes permite atacar as peles mais duras. PIRÁ PUCU peixe-comprido, casta de enguia.
Felizmente, raramente atacam os animais PIRARARA pirarara, peixe-arara, Phractoce-
que caem no rio, mas acodem ao sangue, e, phalus. Bonito peixe de escama, pouco
PIRE, PÍRI

apreciado como comida, porque se lhe PIRÁ TYPYACA peixe-tapioca, casta de pei-
atribui a propriedade de trazer muitas das xe de carne branca e saborosa, muito abun-
moléstias de pele a que são sujeitos os in- dante no alto rio Negro e no Uaupés.
dígenas. Não sei o que haja de exato nes- PIRATYUA piratuba, pesqueiro, lugar de pei-
tas acusações, mas o que é certo é que a xe. Nos tempos coloniais eram lugares re-
gordura da pirarara, assim como a sua servados para pescar para mantimento das
carne moqueada é dada a comer aos papa- localidades e com especialidade dos estabe-
gaios, aos diversos Androglossa, para que lecimentos reais.
mudem o verde em amarelo, e já vi algum PIRÁ-UACU casta de peixe largo e achatado.
exemplar completamente amarelo e outros PIRÁ UAUÁ peixe-cão, da casta, que não se
muitos em via de se tornarem amarelos e deve confundir com o piraiauara, como po-
manchados, da forma mais caprichosa. deria fazê-lo crer o nome, porque este é um
PIRÁ- RAUARI sardinha, Chaleeus nematurus Delphinus, no entanto que o pirauauá é uma
(?). Carcharias.
PIRARE, PIRÁRI aberto, franqueado, paten- PIRÁ UEUÉ peixe-voador, do gênero Trigla,
teado. também da costa atlântica.
PIRARESARA abridor. PIRAUÍ, PIRÁ AUÍ peixe-agulha.
PIRARESAUA abertura. PIRAYUA piraíba, Bagrus reticulatus. Peixe
PIRARE TENDAUA lugar aberto. de pele que atinge grande desenvolvi-
PIRAREUARA abrinte. mento, um dos maiores, senão o maior
PIRAREUERA abrível. dos habitantes do rio-mar e seus afluen-
PIRAREYMA não aberto. tes, que sobe até grande distância da foz.
PIRARUCU peixe-urucu, peixe-vermelho, Extremamente voraz, é acusado, quando
Sudis gigas. Um dos gigantes das águas lhe vem a jeito, de engolir crianças e até
amazônicas, a que se dá uma ativíssima homens, se lhe atribuindo a causa de não
caça para salgá-lo. A salga do pirarucu boiarem muitos dos cadáveres de afoga-
alimenta uma das melhores indústrias, dos, o que, a meu ver, deve ser posto a car-
tanto no Amazonas como no Solimões e go das piranhas e candirus. Dessa acusa-
em todos os lagos e canais que lhes acom- ção, e do fato de serem suas carnes pouco
panham o curso. Ainda há pouco tempo o estimadas, como carnes de peixe de pele, se
produto do fabrico, na sua quase totalidade, dá a etimologia do nome como provenien-
era consumido entre o Pará e o Amazonas. te de pirá e ayua, isto é, peixe ruim. Não é
Hoje, embora em pequena escala, já come- esta a etimologia que me deu como verda-
çou a sua exportação para o Sul do país. deira um velho morador do rio Negro, que
Quando bem preparado, o pirarucu salga- explicando-me que a piraíba é a mãe de to-
do, e antes de adquirir o ranço que lhe dá dos os peixes, lhe fazia vir o nome de pirá
facilmente a elevação da temperatura, espe- e yua: isto é, o tronco, a origem dos peixes.
cialmente se muito gordo, pode, ao dizer de Seja como for, se a carne das grandes piraí-
todos, estar ao par do melhor bacalhau e fa- bas é geralmente pouco apreciada, aos filho-
zer-lhe concorrência. tes não acontece outro tanto; especialmente
PIRARUCU-CAÁ erva-de-pírarucu, casta de no Pará, uma posta de piraíba nova é consi-
Malvácea empregada na farmacopeia indí- derada um manjar delicado.
gena, em emplastro, apenas pisada ou cozi- PIRE mais (termo comparativo). Puranga pi-
da, como emoliente nas nascidas e inchaços. re indé suí: mais bonito do que tu. Xarecô
PIRARucu CESÁ olhos-de-pirarucu, casta de maaitá ceiía ne suí pire: tenho mais rique-
pimenta, uma espécie de murupi. zas do que tu.
PIRÁ SANTÁ peixe-pau, peixe-duro, casta de PIRE, PÍRI a, ao pé, perto de, para, verso. Xasô
peixe de pele, Callichtys. ne píri: vou para ti, ao pé de ti. Ouacemo
PIRÁ SUPIÁ ova de peixe. cunhãmucu i soca píri: achou a moça perto
PIRÁ SUPIÁ IRIRU o ovário dos peixes. da casa dela. Repitá ce píri: fica ao pé de mim.
PIRE PANA

PIREPANA adquirido, comprado. PIRIPIRI casta de pequena formiga, que cos-


PIREPANASARA comprador. tuma fazer sua casa nas raízes do piripi.
PIREPANASAUA compra, ato de comprar. PIRIPIRI-OCA casa de piripiri, a raiz do piri-
PIREPANATYUA lugar de compra. pi, de um cheiro ativo muito característico,
PIREPANAUÁ compra, o objeto comprado. usado de preferência a outro qualquer pelas
PIREPANAUARA comprante. mulatas e caboclas do Pará e Amazonas, a
PIREPANAUERA comprável, que compra fa- que se atribuem propriedades afrodisíacas.
cilmente e sem necessidade. PIRIRI' batido, espécie de ovos ou de outra
PIREPANAYMA não comprado. coisa qualquer que se queira desmanchar ou
PIRERA pele, casca; qualquer coisa que, natu- levantar em espuma. Repiriri ce supé cuá sa-
ral ou artificialmente, serve para cobrir ou pucaia supiá: bate para mim este ovo de ga -
envolver; couro. linha.
PIRERAi pele, casca, couro fino, pouco espes- PIRIRI2 Casta de seringueira.
so. Sutiro pireraf: pano fino, não encorpado. PIRIRICA esmiuçado. V. Pererica e comp.
PIRERAPORA que é da pele, que está na pele. PIRIRIPAUA batimento para desmanchar ou
PIRERAUARA que é da pele, pertence à pele. levantar espuma.
PIRETÉ muito mais. Resaru, xamunhã cury PIRIRIPORA batente [que bate].
pireté: espera, farei logo muito mais. PIRIRISARA batedor.
PIRE XINGA pouco mais. Rexiare mira ocica PIRIRIYUA o que serve para bater.
ne ruake pire xinga: deixa que a gente che- PIROCA pelado, depenado, descascado.
gue um pouco mais perto de ti. PIROCAPAUA, PIROCASAUA depenamento,
PIRI casta de junco, que cresce nos campos e descascamento, pelamento.
lugares úmidos. PIROCASARA pelador, depenador, descasca-
PIRIKITA, PERIKITA periquito, nome gené- dor.
rico de Psitaculas, os pequenos papagaios PIROCAUARA pelante, descascante, depenan-
de cauda truncada. Martius a dá como te.
voz Manaus ou Baré, e pergunta se não se- PIROCAUERA pelável, depenável, descascá-
rá Tupi. Se não for tupi-nheengatu deve ser vel.
tupi-caraíba, e dela veio o perochetto italia- PIROCAYMA não descascado, rude, não po-
no e o perroquet francês. No rio Negro, me lido.
parece poder asseverar que perikita é pala- PIRON papas mais ou menos espessas de fa-
vra corrente entre os que falam língua ge- rinha de mandioca, preparadas para serem
ral. Isso, todavia, nada esclarece, porque, comidas com cozido ou guisado de peixe ou
como é sabido, além de ter sido o rio Negro carne, e mais raramente com assado.
o foco das tribos Barés, Manaus, Banivas e PIROPIROCA esfolado, masturbado. V. Piroca
afins, o baré é ainda hoje falado em mui- ecomp.
tos lugares. No Solimões, tenho pergunta- PIROPAUA, PIRUSAUA pisadura.
do mais de uma vez como se diz em língua PIRU pisado, calcado.
geral periquito, e tenho ouvido responder: PIRUPÉ ao corpo, no corpo (contração de pi-
Asi mesmo. Se insisto para que me repitam ra: corpo e opé: em).
a palavra, repetem não periquito, mas sim PIRUPORA repisado, cheio de pisaduras.
pirikita. A diferença que há entre perikita e PIRUSARA pisador.
paracaf é que este nome é reservado às espé- PIRUTYUA pisadouro, onde se pisa.
cies maiores e aquele às menores. PIRUUÁ piso.
PIRIN, PIRING arrepiado, engelhado. PIRUUARA pisante.
PIRINGA arrepio. PIRUUERA pisável.
PIRINGARA arrepiador. PIRUYMA não pisado.
PIRINGAUA arrepiamento. PISÁ dividido, repartido, distríbuído.
PIRIPI casta de junco da terra firme, Cyperus PISAIÉ meia-noite. Pisaié catu: meia-noite
piperioca. em ponto.
PIUÍ

PISAIÉUA da meia-noite em diante, depois da tresanda, de onde o nome que lhe dão no
meia-noite. rio Negro. V Cambéua; o cheiro especial
PISAIN encrespado, enrugado. V Apixain e que tresandam os corpos e especialmente
comp. os peixes. O indígena afirma que o branco
PISASARA divisor, quem divide. opitiú: cheira a peixe; o preto ocatinga: fede,
PISASAUA divisão. e o tapuia osakena catu: cheira bem.
PISATYUA divisório, lugar da divisão. PITIUYMA que não tem cheiro.
PISAUÁ divisória, o que divide. PITOMA, PITOMBA casta de fruta do mato,
PISAUARA dividente, que pertence à divisão. que dá em cachos; uma drupa de forma ar-
PISAUERA divisível; pedaço, quinhão. redondada.
PISAYMA indiviso. PITUA mofino, covarde, fraco.
PITÁ ficado. PITUAPAUA covardia, fraqueza.
PITAIA queimoso, gosto queimoso. PITUAPORA amofinante, acovardante, enfra-
PITANGA casta de fruta do mato. quecente.
PITASARA ficador. PITUAUERA amofinável, acovardável, enfra-
PITASAUA ficada. quecível.
PITASOCA sustentado, aguentado, mantido. PITUAYMA não mofino, não covarde.
V Soca e comp. PITUMA cambada.
PITAUÁ o que fica. PITUNA noite, e mais propriamente o tempo
PITADA casta de bem-te-vi, Lanius sulfuratus. que corre entre o escurecer e a meia-noite.
PITAUARA ficante. PITUNA IAUÉ como se fora noite, como noite.
PITAUERA ficável. PITUNA IERAME quase noite.
PITAYMA não ficado. PITUNAPAUA anoitecimento, trevas.
PITERA chupado. PITUNA-PORA que enchem a noite, noturnos.
PITERAPAUA chupada. É uma das formas PITUNA Pucu noite comprida, noite longa;
com que os pajés curam em certos casos os as horas que transcorrem entre a meia-noi-
doentes; chupando, lhes extraem do cor- te e os primeiros sinais do dia.
po as coisas mais heterogêneas, literalmen- PITUNA RAMÉ quando noite, à noite.
te, cobras e lagartos, além de sapos, espi- PITUNA RUPI durante a noite.
nhos, arestas de peixe, pedaços de madeira, PITUNASARA escurecedor, quem faz noite.
pedras e quantas coisas há e que, segundo PITUNAUARA escurecente.
afirmam, foram introduzidas no corpo dos PITUNA uAsu alta noite, noite escura. Pituna
doentes pela arte dos pajés inimigos. A cura uasu rupi: pela alta noite, pela noite adentro.
é certa, se o pajé que chupa tem mais fôlego PITUNAYMA sem noite.
do que aquele que causou a doença. Se este PIÜN casta de pequeno moscardo que chu-
tem mais fôlego, a cura é impossível. O pajé pa, e, onde chupa, deixa uma manchazi-
que tem menos fôlego não pode opor-se de nha de sangue coalhado. É uma das pragas
modo nenhum ao querer do que tem mais. menos suportáveis e que torna um suplício
Só pode haver luta, e esta é toda em dano a estadia em certos lugares do Amazonas.
do doente, entre dois pajés de fôlegos iguais. Felizmente, além de ser limitada a área on-
PITERASARA chupador. de se encontra e não existir senão em certas
PITERA TENDAUA lugar onde se chupa. determinadas épocas do ano, variáveis de
PITERAUARA chupante. localidade a localidade, vai diminuindo, até
PITERAUERA chupável. desaparecer perante o povoamento e conco-
PITERAYMA não chupado. mitante saneamento das zonas que vão sen-
PITINGA' grosseiro, rude, tosco (rio Negro). do ocupadas.
PITINGA' doença da pele, em que esta seco- PIUÍ casta de rnutum que tem o ventre leo-
bre de manchas esbranquiçadas. nado claro, tanto no macho como na fêmea,
PITIÚ casta de pequena tartaruga fluvial, sendo esta apenas um pouco maior do que
pouco apreciada pelo cheiro especial que aquele, Mitua mitu.
PIURI

PIURI casta de fruta do mato que amadure- POAIA nome dado a várias espécies de ervas
ce entre abril e maio, consistente numa dru- de propriedades eméticas e purgativas, e es-
pa alongada, contendo sementes envolvidas pecialmente à Cephaelis ipecacuanha.
numa polpa comestível de sabor adocicado. POAMPÉ unha da mão.
PIURU arrebatado. POAMPÉ PUNGÁ unheiro da mão.
PIURUPAUA arrebatamento. POAPARA mão esquerda, mão torta.
PIURUPORA arrebatante. POAPARA-UARA quem tem a mão torta,
PIURUSARA arrebatador. quem é esquerdo, faz com a esquerda o que
PIURUUERA arrebatável. costumeiramente se faz com a direita.
PIURUYMA não arrebatado. POASU respeitado, obedecido, atendido; mão
PIXÁ unhado, enfiado. grande.
PIXAMA beliscão. POASUANA o atendido, obedecido, respeita-
PIXAME beliscado. do.
PIXAMESARA beliscador. POASUPAUA, POASUSAUA respeito, obediên-
PIXAMESAUA beliscamento. cia, atenção.
PIXAMETAUA beliscadouro, lugar do belis- POASUPORA respeitante, obedecente, aten-
cão. dente.
PIXAMEUARA beliscante. POASUUERA respeitável, atendível.
PIXAMEUERA beliscável. POASUYMA não respeitado, sem mão forte.
PIXAMEYMA não beliscável. POAYMA vazio, desprezado.
PIXANA, UAPIXANA gato; o que unhou, ou POAYMAPAUA desprezo.
unha. POAYMAPORA desprezante.
PIXAÍ encrespado. V Apixai e comp. POAYMAUERA desprezível.
PIXANDU, PISANDU, PISANDUBA casta de POCA aberto, roto, quebrado, arrebentado. V
palmeira. Mpuca e comp.
PIXASARA Unhador. POCÁ riso. V Pucá e comp.
PIXASAUA unhada. POCATU mão boa, mão direita.
PIXAUARA unhante. POCATUPORA que está à direita, na mão di-
PIXAUERA unhável. reita.
PIXAYMA não unhado. POCATUSAUA qualidade de estar à direita.
PIXÉ mau cheiro, ou mesmo cheiro especial POCATUUARA que é da mão direita.
das carnes que começam a passar. Os trens POCEMA bater palmas.
de cozinha que não estão bem enxaguados POCICAUA o bastão, o cabo ou asa de qual-
são pixé. quer coisa.
PIXEPORA mal cheirante. POCOSÓ colhido com a mão, alcançado. V Só
PIXERICA casta de planta. e comp.
PIXIMA casta de árvore, de cuja fruta se ex- POCY-CY mãe do sono, sonho.
trai uma cor usada para tingir a roupa. POCYPAUA sonolência.
Segundo a qualidade, há para tingir em pre- POCYPORA dorminhoco, sonolento.
to, vermelho e arroxeado. POCYRÕN libertado, salvado.
PIXUA casta de planta usada como purgativa. POCYRONGARA salvador.
PIXUNA preto, negro, especialmente da cor. POCYRONGÁUA salvação.
PIXUNA IERAME amulatado, bruno. POCYSARA adormecedor.
PIXUNAPAUA negridão, negrume. POCYTÁUA dormitório.
PIXUNAPORA enegrecente. POCYUARA dormente.
PIXUNAYMA não preto. POCYYMA não sonolento.
PIYN furado. POEN, POIN palpado, apalpado.
PIYNGARA furador. POENGARA apalpador.
PIYNGAUA furadela. POENGAUA apalpamento.
PÔ mão; cinco, isto é, a conta dos cinco dedos. POETICA acenado.
PORARÁ

POETICASARA acenador. PO-MOCOIN sete, os cinco dedos da mão


POETICASAUA aceno. mais dois.
POETICASARA acenante. PO-MOCOIN-UARA sétimo.
POKÉ embrulhado, abafado, coberto. POMUNHÃ feito a mão, manufaturado. V
POKECA, MUKECA embrulho. Munhãn e comp.
POKECASARA embrulhador. POMUNHANA manufaturado.
POKIRICA cócegas feitas à mão. V Kirica e PÓ-MUSAPIRE oito, os cinco dedos da mão
comp. mais três.
POKITYCA coçado com a mão. V Kityca e PO-MUSAPIRE-UARA oitavo.
comp. PONGÁ, PUNGÁ inchaço, nascida.
POIÃN sustentado, manutenido, conservado. POOCA colhido.
POIANGARA sustentador, mantenedor, con- POOCASARA colhedor.
servador. POOCASAUA colhimento.
POIANGAUA sustentação, manutenção, con- POOCAUARA colhente.
servação. POOCAUERA colhível.
POIARA aparado, recebido na mão. POOCAYMA não colhido.
POIAUAU fugido da mão. V Iauau e comp. POPETECA batido com a mão, dado palma-
POIAUYCA submetido. V Iauyca e comp. das. V Peteca e comp.
PO-IEPÉ seis, os cinco dedos da mão mais POPICICA pegado com a mão. V Picica e
um. comp.
PO-IEPEUARA sexto. POPOCA acariciado, apalpado.
PO-IRUNDI nove, os cinco dedos da mão POPOCASARA acariciador.
mais quatro. POPOCASAUA caricia.
PO-IRUNDIUARA nono. POPOCAUARA acariciante.
POITÁ, POITA a pedra que serve de ancorote POPOCAUERA acariciável.
à embarcação. POPOCAYMA não acariciado.
POITÉ mentira, inverdade, falsidade. POPOOCA recolhido V Paaca e comp.
POITÉ MANHA mentiroso. POPUPECA mão fechada.
POITÉ-MUNHA mentido. PO PUPESAUA luva; cobertura da mão.
POITÉ-MUNHANGARA mentidor. POPYCA subjugado. V Pyca e comp.
POITÉ-MUNHANGAUA mentira, o ato de men- PO-PYTERA palma da mão, meio da mão.
tir. PORA cheio. Quando serve de sufixo, conser-
POITÉ PORA mentiroso, por hábito. va nas suas diversas acepções a ideia geral,
POIUCÁ matar com a mão. V Jucá e comp. isto é, indicando morador, habitante, en-
POIUUCA tirar com a mão. V Juuca e comp. chente, enchido. Ocapara: morador da ca-
POMANA, POMANE fiado. sa. Caapara: habitante do mato. Pirá-para:
POMANASARA fiador. cheio de peixes, piscoso. Mira-para: cheio
POMANASAUA fiação. de gente. Papara: mão cheia.
POMANATAUA fiadouro. PO-RACANGA dedo da mão.
POMANAUARA fiante. PO-RACANGASU dedo grande da mão.
POMANAUERA fiável. PO-RACANGA-MIRi dedo mínimo da mão.
POMANAYMA não fiado. PORANDU perguntado.
POMBICA torcido. PORANDUA pergunta.
POMBICANA já torcido. PORANDUARA perguntante.
POMBICASARA torcedor. PORANDUERA perguntável.
POMBICASAUA torcedura. PORANDU-PORA perguntador.
POMBICATAUA torcedoura. PORANDU-RANDU inquirido. V Parandu e
POMBICAUARA torcente. comp.
POMBICAUERA torcível. PORANDU-YMA não perguntado.
POMBICAYMA não torcido. PORARÁ suportado, padecido, sofrido.
PORARACÁR!

PORARACÁRI martirizado, feito sofrer. que anualmente carrega e vão, parece, ater-
PORARAPAUA padecimento. rar o golfo do México, se lança no mar por
PORARAPORA padecente. um enorme degrau, conservado limpo pelas
PORARASARA quem faz padecer. correntes que laboram o fundo do mar, so-
PORARAUERA padecível. bre as quais ele passa para lançar-se na cor-
PORARACARISARA martirizado. rente do golfo.
PORARACARISAUA martírio. PORUÁ umbigo.
PORARAYMA não padecido. PORUÃ, PORUÃN emprenhado, enchido.
PORARAYUA raiz de sofrimento. PORUA cheia, prenhe.
PORAYMA vazio. PORUANGARA emprenhador.
PORE bêbedo. PORUANGAUA emprenhamento.
PORECEME a mão cheia. PORUCA deslocado, desconjuntado.
POREPI ganhado, pagado, recompensado. PORUCASARA deslocador.
POREPISARA ganhador. PORUCASAUA deslocamento.
POREPISAUA pagamento, recompensa. PORUCAUARA deslocante.
POREPIUÁ ganho, lucro. PORUCAUERA deslocável.
POREPIUARA ganhante, lucrante. PORUCAYMA não deslocado.
POREPIUERA pagável, recompensável. PORUMÃ fruta comestível da cucura.
POREPI-YMA não pagado, não ganho. PORUMÃYUA V. Cucura.
POREPUTARE todo querido. PORUNGUETÁ conversado, tratado, discutido.
POREPUTARESARA prepotente. PORUNGUETASARA conversador.
POREPUTARESAUA prepotência. PORUNGUETATYUA conversadouro.
PORIASUA pobre-diabo, miserável. PORUNGUETAUA conversa.
PORO enchido, observado, guardado. PORUNGUETAUARA conversante.
POROCA desabrochado, aberto. PORUNGUETAUERA conversável.
POROCASARA desabrochador. PORUNGUETAYMA não conversado.
POROCASAUA desabrochamento. POSACA tirada a pulso, sacado a mão. V. Saca
POROCATYUA desabrochadouro. e comp.
POROCAUA abertura. POSOCA quitute feito de farinha-seca empas-
POROCAUARA desabrochante. tada com castanha, o fruto da Bertholetia
POROCAUERA desabrochável. excelsa, ligeiramente socada. Em alguns lu-
POROCAYMA não aberto. gares a chamam pasoca, mas é engano. V.
POROROCA arrebentado. V. Poroca e comp.; Pasoca; empastado.
o fenômeno que, em certas épocas do ano, POSOCAPAUA, POSOCASAUA empastamento.
de acordo com as marés, apresentam alguns POSOCASARA empastador.
dos nossos grandes rios da costa atlântica, POSOCATYUA empastadouro.
especialmente o Amazonas, e que consiste POSOCAUARA empastante.
no rápido levantar-se de uma a três ondas, POSOCAYMA não empastado.
que entram rio adentro com extrema vio- POTEPI marrequinha, Anas brasiliensis, mui-
lência, atroando e alagando com fúria ir- to comum em todo o Amazonas. Nos rios
resistível as margens baixas, tudo levando do interior, e especialmente nos lagos pou-
adiante de si. A fúria da onda, que proce- co habitados, chegam em bandos, anuncian-
de com uma extraordinária rapidez, dizem do a vazante, para retirar-se com a enchente,
que chega a sentir-se até Óbidos. O fenôme- aumentados pelas novas crias.
no, ao que parece, é devido à forma com que POTI, POTY camarão, Palaemon e afins.
os rios se lançam neste por uma espécie de POTIKISÉ camarão-faca.
degrau, a terra acabando ex abrupto, corta- POTI-PEMA camarão-chato.
da a dique. É o que acontece com o nosso POTITINGA camarão-branco.
Amazonas, que, apesar dos milhões e mi- POTIUARA, POTIGUARA comedor de cama-
lhões de metros cúbicos de matérias fluviais rões.
PUÉ-MUÉ-MUECA

POTI-UASU camarão grande. POUYMA não colhido.


POTIÁ, PUTIÁ peito, estômago. PU prefixo (equivalente a mu) que torna tran-
POTIAUARA que é do peito, que é do estô- sitivo o verbo, usado por eufonia, nas for-
mago. mas que começam em mu ou mbu. Mbure:
POTIRI marrequinha, Nomonix dominicus. jogar fora. Pumbure: feito jogar fora, expul-
Não muito comum no interior do Ama- sado. V Mu.
zonas, onde aparece esporadicamente em PUAMO levantado, erguido, elevado, suspen-
pequenos bandos é, pelo contrário, mui- dido.
to comum em muitos lugares do baixo PUAMOSARA levantador.
Amazonas e no Pará, especialmente na ilha PUAMOSAUA levantamento.
de Marajá, onde se vê de envolta com ban- PUAMOTYUA levantadouro.
dos de Potepl. PUAMOUARA levantante.
POTÓ casta de Forficula, que emite uma se- PUAMOUERA levantável.
creção, a qual, sem ferroada, ao contato da PUAMOYMA não levantado.
pele, produz uma irritação dolorosa e bas- PUASAPE no fim.
tante incômoda, como de queimadura que PUASAPEPAUA extremidade.
não produz ampola, mas que dura algumas PUASAPEPORA útimo, o do fim.
horas. PUASAPEUARA ultimante, que faz o fim.
POTOCA coisa contada menos verdadeira, PUCÁ rido, alegrado, jubilado.
mentira, embora geralmente sem mau fim, PUCA aberto. V Mpuca e comp.
ou mesmo sem grande fim, só para conversa. PUCÁPÁUA riso, alegria, júbilo.
POTUPAU agastado, enfadado. PUCÁPÓRA ridente, alegrante, jubilante.
POTUPAUA agastamento, enfado. PUCÁSÁRA quem faz rir, alegrar, jubilar.
POTUPAUARA agastante, enfadante. PUCÁ-TENDAUA lugar de riso, de alegria.
POTUPAUERA agastável, enfadável. PUCÁUÉRA que pode rir, alegrar-se, jubilar.
POTUPAUSARA agastador. PUCAYMA não risonho, que não ri, jubila, se
POTUPAUTYUA agastadouro. alegra.
POTUPAUYMA não agastado, não enfadado. PUCÉ pesado.
POTY' camarão. PUCÉPÓRA pesante.
POTY' o nó que se dá para armar a rede, e que PUCÉSÁUA pesanteza.
é dado de modo a desatá-lo por um simples PUCEUÁ peso.
puxão, o que é de grande utilidade, especial- PUCÉUÉRA pesável.
mente quando se dorme ao relento. PUCÉYMA não pesado, leve.
POTYRÕN, POTYRÜN ajudado. Pucu comprido, lento, vagaroso.
POTYRONGARA ajudador. PUCUARE, PUCUÁRI amarrado, atado, ligado.
POTYRONGAUA ajudamento. PUCUARESARA amarrador.
POTY-UUARA, POTIGUARA comedor de cama- PUCUARESAUA amarração.
rões. PUCUARE TENDAUA amarradouro.
POÚ colhido. PUCUAREUARA amarrante.
POUASU mão esquerda. PUCUAREUERA amarrável.
POUASUUARA o esquerdo, que está à esquer- PUCUARE YMA não amarrado, solto.
da. PUCUSARA quem torna comprido, lento, va-
PÔ-UIRUPE, PÔ-UIRPE a mão, o pulso. Po ui- garoso.
rupe renu ne suainhana-etá: sujeitas a pulso PUCUSAUA comprimento, lentidão.
teus inimigos. PUCUTÁ, BUCUTÁ casta de árvore, Aspidos-
POUSARA colhedor. perma excelsum.
POUSAUA colhimento. PUCUYMA não comprido, não lento.
POUTYUA colhedouro. PUÉ misturado, mesclado.
POUUÁ colheita. PUÉ-MUÉ remexido, remesclado.
POUUERA colhível. PUÉ-MUÉ-MUECA retorcido.
PUÉ-PUÉUÉRA

PUÉ-PUÉUÉRA a pessoa que tem o vício de PUPECAYMA não fechado.


ter as mãos perto das partes pudendas, que PUPÉSÁRA envolvedor.
parece queira remexê-las continuamente. PUPÉSÁUA envolvimento.
PUÉ-PUÍRI misturado agitando. V. Puíri e PUPÉTYUA lugar de envolvimento.
comp. PUPÉUA envoltório.
PUEPORA a mistura, o que é misturado. PUPÉUÁRA envolvente.
PUERA, PUÍRA o que é pequeno, delgado; as PUPÉUÉRA envolvível.
contas de vidro que vieram substituir os ca- PUPÉYMA não envolvido.
roços das frutas, os ossos e outras bugigan- PUPUNHA fruta de uma palmeira largamen-
gas com que os indígenas faziam seus cola- te cultivada, muito oleosa e nutriente, que se
res, tangas e mais enfeites. come cozida. No Uaupés, onde se encontra
PUÉSÁRA misturador. em grande quantidade, fazem dela também
PUÉSÁUA misturamento. uma bebida fermentada.
PUÉTÁUA misturadouro. PUPUNHA CAISUMA vinho de pupunha.
PUÉUÁRA misturante. Bebida fermentada feita com a fruta da pu-
PUÉUÉRA misturável. punheira.
PUÉYMA não misturado. PUPUNHA YUA pupunheira, casta de pal-
Pui fino, delgado. meira muito cultivada, Guilielma speciosa
PUIANA o que é fino. e afins.
PUIETÉ finíssimo. PUPURE fervido. No sentido próprio, é da
PUINHA fragmento, resto. água no fogo, mas o dizem também da água
PUI-PIRE mais fino. das cachoeiras que espuma, ricocheteada
PUI-PUI adelgaçado. entre as pedras e os cachopos do leito.
PUÍRI agitado, sacudido, dos líquidos em va- PUPUREPAUA fervura.
silha PUPUREPORA fervente.
PUIRISARA agitador. PUPURETAUA fervedouro.
PUIRISAUA agitação. PUPUREUERA fervível.
PUIRITYUA agitadouro. PUPUREYMA não fervido.
PUIRIYMA não agitado. PURACARE carregado, arrumado, portado.
PUISARA adelgaçador. PURACARESARA portador, arrumador.
PUISAUA adelgaçamento. PURACARESAUA carregamento, arrumação.
PUI TENDAUA adelgaçadouro. PURACARE TENDAUA carregadouro, arruma-
PUIUARA adelgaçante. douro.
PUIUERA adelgaçável. PURACAREUARA carregante, arrumante.
PUIYMA não fino, não delgado. PURACAREUERA carregável, arrumável.
PUIXINGA finozinho, adelgaçadozinho. PURACAREYMA não carregado, não arru-
PUMBURE expulsado. Opumbure remm- mado.
có i suí: expulsa a mulher de si, divorcia. V. PURACY dança. As danças indígenas são ce-
Mbure e comp. rimônias religiosas com que festejam as es-
PUMI requebro, denguice. tações e as épocas que trazem a abundância,
PUMIPORA requebrado, dengoso. assim como os mais importantes aconteci-
PUNÃ casta de árvore só utilizada como le- mentos da vida humana: imposição do no-
nha para fogo. me, chegada à puberdade, casamento, co-
PUNGÃ nascida. memoração dos mortos. O indígena, bom
PUNGASAUA inchaço. observador do costume dos antigos, de
PUPÉ envolvido, vestido. conformidade com a lei de Jurupari, deve
PUPECA fechado, tapado, encerrado. celebrar a volta de cada lua cheia, fazendo
PUPECASARA cobertor. com ela coincidir as festas comemorativas
PUPECASAUA fechamento. e propiciatórias. Nos afluentes do alto rio
PUPECAUARA fechante. Negro, assim como nos do médio Orenoco
PURAREPORA

e nos do Japurá, os indígenas guardam ain- guia, que quando é tocado dá uma descarga
da severamente a lei, como aliás tenho po- elétrica capaz de aturdir e até derribar um
dido verificar eu mesmo. Onde o contato homem, embora a sua força dependa, es-
com a civilização já tolheu o cunho de obri- tá claro, do tamanho do animal, e precise,
gatoriedade aos antigos costumes, como para produzir todo o efeito de que é capaz,
em muitas partes do rio Negro, do Solimões que este seja excitado quando perfeitamen-
e baixo Amazonas e do próprio Pará, as ve- te descansado, porque a sua energia elétri-
lhas danças cerimoniais se encontram in- ca se esgota com as sucessivas descargas, e
conscientemente substituídas pelas ladai- o animal não readquire todo o seu vigor se-
nhas, seguidas de danças. não depois de muito descanso. O poraquê
PURACY dançado. se encontra em quase todos os rios e lagos
PURACY IARA diretor da dança, diretor de do vale do Amazonas, embora pareça pre-
sala, dono da festa. Nas danças indígenas o ferir as águas correntes e profundas, os ca-
diretor da festa, que dirige as danças e vi- nais pedregosos e o remanso das cachoei-
gia para que tudo proceda de conformida- ras. O choque é voluntário; não é suficiente
de com os velhos costumes tradicionais é, o simples contato. O animal bem nutrido e
quando há, o filho mais velho do tuxaua ou descansado pode ser tocado impunemente,
do dono da maloca, onde a festa é dada; e, sem se receber choque; se já acostumado,
na falta, é pessoa designada por este e geral- não se move. Para receber a descarga pre-
mente escolhida entre os parentes mais pró- cisa que o animal se mova, parecendo que
ximos. Ele se distingue dentre todos, não só é com o movimento que esta se produz. A
por levar uns enfeites mais simples e espe- carne do poraquê não é muito estimada co-
ciais, mas porque empunha o murucu e em- mo comida, e é cheia de espinhas longas e
braça o escudo elegantemente trançado de flexíveis, muito características.
cipó, o vaapi irerú pupeca, tampa do vaso PURAKÉ CUARA buraco dos poraquês.
do capi, de que se utilizará quando servir PURAKÉ-TYUA terra dos poraquês.
o capi. Como diretor da sala, dá o sinal do PURAKÉ-YUA poraqueíba, Puraqueiba guaya-
inicio e fim das danças, marca o momento nensis, árvore que cresce de preferência nos
em que as mulheres podem vir tomar par- lugares rochosos, à margem do rio, e dá uma
te nelas ou devem delas sair, dirige a distri- excelente madeira para construções civis.
buição das bebidas, determinando os mo- PURAKY trabalhado, lidado, trabalho.
ços que devem distribuir o caxiri, e serve ele PURAKYSARA trabalhador.
mesmo o capi, que somente pode ser bebi- PURAKYSAUA trabalho, lida.
do pelos iniciados, com exclusão dos moços PURAKY TENDAUA lugar de trabalho.
e das mulheres. PURAKYUARA trabalhante.
PURACY-OCA casa da dança, sala da dança. PURAKYUERA trabalhável.
PURACY -SARA quem faz dançar, quem dá a PURAKYYMA não trabalhado.
festa. PURAKY-YMASAUA vadiagem.
PURACY-PORA dançarino. PURANGA bonito, belo.
PURACY-TYUA lugar da dança. PURANGA-ETÉ muito belo, bonítissimo.
PURACY-UÁRA festejante, dançante. PURANGA-PIRE mais bonito, mais belo.
PURACY-YMA não dançado. PURANGA-PORA bonitão, cheio de boniteza.
PURACY-YUA o festejado, aquele a quem é PURANGASARA quem faz, torna bonito.
dedicada a festa. PURANGASAUA boniteza, beleza.
PURAIN necessitado, carecido, precisado. PURANGATYUA lugar de boniteza, de beleza.
PURAiNGARA carecedor, quem necessita, PURANGAUA o belo, o bonito, purangaba.
precisa. PURANGAYMA não belo, sem boniteza.
PURAINGAUA necessidade, precisão. PURARE suportado, aguentado, sofrido.
PURAKÉ poraquê, tremelga, Gymnotus ele- PURAREPORA suportante, aguentante, so-
tricus. Peixe-elétrico, do feitio de uma en- frente.
PURARESARA

PURARESARA suportador, aguentador, sofre- cilmente por contato. Dizem que se trans-
dor. mite também por meio da comida ou da
PURARESAUA sofrimento, aguentação. bebida, misturando a qualquer destas um
PORARETYUA lugar onde se sofre, suporta, pouco de raspagem da pele atacada pela
aguenta. doença, devendo notar-se que, para algu-
PORAREUARA sofrente, suportante, aguen- mas tribos, o ser foveiro é sinal de distin-
tante. ção, e as manchas são consideradas como
PORAREUERA sofrível, suportável, aguentá- as imagens das estrelas, com que são assi-
vel. nalados os escolhidos pelo Sol.
PURAREYMA não sofrido, não suportado. PURURÉ enxó, ferro para cavar canoas. O
PURAUACA escolhido, preferido. pururé, que por estes rios afora tenho ain-
PURAUACASARA escolhedor. da encontrado em uso, é um pequeno ma-
PURAUACASAUA escolhimento. chado de pedra, montado em cabo feito de
PURAUACATAUA escolhedouro. um galho de pau, naturalmente curvo em
PURAUACAUARA escolhente. ângulo mais ou menos reto, para assim dar
PURAUACAUERA escolhível. melhor jeito para escavar o fundo da ca-
PURAUACAYMA não escolhido. noa. O trabalho do pururé, como o do ma-
PURAUKI trabalhado (usado em alguns lu- chado de pedra, é auxiliar o trabalho do
gares em vez de Puraki). V Puraky e comp. fogo, desbastando a camada de madeira
PURE pulado, saltado. carbonizada, para aplicar outra vez o fogo
PUREPORA pulante. e obter outra camada para desbastar, repe-
PURESARA pulador. tindo a operação quantas vezes for neces-
PURESAUA pulação. sário, até obter a espessura conveniente. A
PURETYUA lugar do salto. habilidade de quem se serve do pururé es-
PUREUÁ pulo. tá, pois, antes em guiar e regular o fogo do
PUREUARA pulável. que no manejo do instrumento, e é admi-
PUREYMA não pulado. rável como isso se faz rápida e regularmen-
PURIASU pobre, desgraçado, desditoso. te, tanto que, muitas vezes, mesmo depois
PURIASUERA muito pobre, muito desgraça- de obtida uma enxó de ferro, continuam a
do, muito desditoso. servir-se do fogo.
PURIASUSAUA desgraça, desdita. PURUSARA emprestador, ornamentador.
PURU emprestado, ornado, enfeitado. PURUSAUA empréstimo, ornamentação.
PURUÃ embaraçada, prenhe. V Poruã e PURUTi' andorinhão.
comp. PURUTYUA lugar de empréstimo, de orna-
PURUARA morador do Purus. mentação.
PURUCA descarregado, tirado do lugar. PURUUARA emprestante, ornante.
PURUCASARA descarregador. PURUUERA ornável.
PURUCASAUA descarregamento. PURUYMA não ornado, não emprestado.
PURUCAUARA descarregante. PUSÁ rede para pescar. A rede que tenho en-
PURUCAUERA descarregável. contrado usada no alto Uaupés, além de ser
PURUCAYMA não descarregado. diferente pelo fio empregado, difere pela
PURU-PURU doença da pele, foveiro. É doen- malha. Nas pequenas redes, de que se ser-
ça muito comum entre os indígenas. A pe- vem para pescar nos poços em tempo de se-
le se mancha ora em branco ora em preto, ca, a malha é solta e formada pela simples
e muitas vezes os lugares assim mancha- torção do fio, torção que apresenta suficien-
dos se tornam escamosos e até chaguentos. te resistência para impedir a saída do pei-
Parece ser degenerescência do pigmento xe. Nas maiores, as malhas são feitas por
subcutâneo, devida ao abuso das comidas meio de nós, mas estes são simples. O fio,
de peixe, especialmente dos peixes de pele. pelo contrário, em todas elas é muito pouco
É doença contagiosa e que se transmite fa- torcido, e frouxo, e isto, dizem, para impe-
PYCASAUA

dir que as malhas sejam facilmente cortadas PUTYRA RAUA pétalas.


pelos dentes das piranhas. PUTYRA RENDAUA MIRI botão.
PUSAITYCA pescado de rede, lançado a rede. PUTYRA SAKENA flor cheirosa, cheiro da flor.
V Ityca e comp. PUTYRA TYUA, PUTYRA TENDAUA jardim.
PUSAITYCASARA pescador de rede. PUTYRÚ, POTYRU auxílio, ajuda, concurso
PUSANGA remédio, medicina, feitiço que dos vizinhos para ajudar o vizinho em al-
serve para livrar do efeito de outro feitiço. gum trabalho, especialmente com referên-
A doença para o indígena não é um fato cia à roça. É como no Solimões e Pará cha-
natural, é sempre o produto de uma von- mam o que no rio Negro chamam Aiury.
tade contrária e maléfica, e, se algumas ve- PUTYPAUA sujamento.
zes é produzida pelas mães das coisas más, PUTYSARA sujador.
na mor parte das vezes é o produto do que- PUTYTYUA monturo, lugar de sujo.
rer de algum pajé inimigo, que enfeitiçou o PUTYUERA sujante, sujável.
doente, e a pusanga então é para desfazer PUTYYMA não sujo.
o efeito deste. Para as doenças produzidas PUÚ colhido. V Poú e comp.
pelas mães das coisas más, por via de regra, PUUASU espesso, grosso (dos líquidos).
não há pusanga. Puusu honrado, engrandecido, respeitado.
PUSANGUARA, PUSANGUERA médico. PUUSUPAUA honraria, respeito.
PUSANÚ curado, cura. PUUSUPORA cheio de honrarias, muito res-
PUSANUNGARA curandeiro, médico. peitado.
PUSANUNGAUA medicação. PUUSURANA falsa honraria.
PUTARE querido, desejado, pretendido, ama- PUUSUSARA respeitador, honrador, engran-
do. Ixé xasó putare né irumo: eu quero ir decedor.
contigo. Xaputare maá catu iepé cunhã ruusuuA honra, respeito.
nhun, catu arama xaputare aé: desejaria so- PUUSUUARA respeitante, honrante.
mente uma mulher para melhor querê-la. puusuuERA respeitável, honrável.
Ma reputare pire?: que queres mais? PUUSUYMA não honrado, não respeitado.
PUTARESARA quem quer, quem deseja, PUXI feio, mau, ruim. Mira puxi: gente má,
quem pretende. gente feia.
PUTARESAUA vontade, desejo, pretensão. PUXIANA feio mesmo, ruim mesmo, mau
PUTAREUARA pretendente, querente, dese- mesmo.
jante. PUXIETÉ feíssimo, muito mau, muito ruim.
PUTAREUERA desejável, pretendível. PUXIRANA falso feio, falso mau.
PUTAREYMA não querido, não desejado. PUXISAUA fealdade, maldade, ruindade.
PUTAREYUA força da vontade, firme querer. PUXIUERA o que é feio, ruim, mau.
PUTUMUIÚ potumuju, um dos gigantes da PUXIYMA não feio, não ruim, não mau.
floresta, casta de Lecythidea. PUXIXINGA um pouco feio, um pouco mau.
PUTIÁ peito; com especialidade, o do homem. PUXYRI, POXURI puxiri, Fava tonca. Fruto de
O da mulher é chamado de preferência cam- uma Nectandra, de perfume muito delica-
by: mamas. Putiá puíra: colares que ornam o do e qualidades sedativas, assim como o chá
peito do homem, contas do peito. das folhas.
PUTY sujado. PUXYRIYUA puxurizeiro, Nectandra puchury.
PUTYANA sujo. PY pé, haste, suporte.
PUTYRA flor. PY APARA pé torto, pé esquerdo.
PUTYRA CAÁ folhas da flor. PYAYRU defendido.
PUTYRA IERISAUA haste da flor. PYAYRUSARA defensor.
PUTYRA IPORA MIRITÁ pistilos e estames; as PYAYRUSAUA defensa.
coisas pequenas que enchem a flor. PYCA pisado, calcado, premido.
PUTYRA KINDAUA MIRI botão. PYCASARA pisador, calcador, premedor.
PUTYRA OMPUCA abrir da flor, a flor abre. PYCASAUA pisamento, calcamento, pressão.
PY CATU

py CATU pé direito. PYSASU novo.


PYCATYUA pisadouro, calcadouro. PYSASUA o novo.
PYCAUARA pisante, calcante, premente. PYSASUARA renovante, inovante.
PYCAUERA pisável, calcável, premível. PYSASUPORA renovado, feito novo.
PYCAYMA não pisado, não calcado, não pre- PYSACA aceito, recebido, retrocedido. V. Saca
mido. e comp.
PYCERUN defendido. PYSASUSARA renovador.
PYCERUNGARA defensor. PYSASUSAUA novidade, renovação.
PYCERUNGAUA defesa. PYSASUYMA não novo.
PYCUÁ pequeno paneiro, em que o pescador PYSAUERA posta.
ou o caçador leva os petrechos de uso. No PYTERA, MYTERA meio, centro.
Pará dizem Picuá os trens de casa, e é cor- PYTERA-PORA que está no meio, do meio.
rente ouvir-se dizer: Mudou-se com todos PYTERA-TYUA lugar do centro, do meio.
os seus picuás; mas, como muito bem no- PYTERA-UARA central, do meio.
ta José Veríssimo, na Revista Amazônica, já PYTERA-YMA sem centro, sem meio.
com sentido mudado. PYTERUPÉ pelo meio, no meio.
PY-CUPÉ espinhaço do pé, peito do pé. PITi, PYTIN degustado, saboreado, lambido.
PY-ICIEI pé dormente. PYTINGA saboroso, esquisito de gosto, deli-
PY-ITYCA jogado com o pé, lançado com o cado como comida.
pé. V. Ityca e comp. PYTINGARA degustador, saboreador.
PYNOÁ, PYNHOÁ artelho. PYTINGAUA degustação, lambedouro, sabo-
PYPETECA batido com o pé, dado pontapé. reamento.
PYPETECASAUA pontapé. PYTUCEMO respiração, bafo, sopro.
PYPARA rastro, pegada, cheio de pé. Xasó ne PYTUCEMOUARA respirante, bafejante, so-
paia pypora rupi: vou no rastro de teu pai. prante.
PY-PUPECA calçado. PYTUCEMOYMA sem respiro, sem sopro, sem
PY-PUPECASARA sapateiro. bafo.
PY-PUPECASARA OCA sapataria. PYTUMUN auxiliado, ajudado.
PYPYCA calçado aos pés. V. Pyca e comp. PYTUMUNGARA auxiliador, ajudador.
PYPYTERA planta do pé, meio do pé. PYTUMUNGAUA auxílio, ajuda.
PYRA sarna, doença da pele. PYTUU descansado.
py RACANGA dedo do pé. PYTUUSARA descansador.
py RACANGA MIRi dedo pequeno do pé. PYTUUSAUA descanso.
py RACANGASU dedo grande do pé. PYTYMA fumo, tabaco.
PY-RANGAUA pegada, sinal dos pés. Sumé py- PYTYMACUI rapé, pó de tabaco.
rangauaetá apitá Itapoãn itá opé: as pegadas PYTYMACUI IRERU caixa de rapé.
de Sumé ficaram nas pedras de Itapoã. PYTYMANTÃ molho de tabaco.
PYRASU mendigado, mendigo. PYTYMA OCA tabacaria.
PYRASUA mendicidade. PYTYMATYUA tabacal.
PYRASU-PORA mendicante. PYTYMAÚ fumado.
PYRASUERA desgraçado, tinhoso. PYTYMAUÓ boquilha, cachimbo.
PYRASUI pobrezinho. PYTYMAUSARA fumador.
PYRA-UASU sarna grande, fogo-selvagem. PYTYMAUSAUA fumada, cachimbada.
PYRA-UERA sarnento. PYXi untado.
PY-RENDAUA degrau, lugar do pé. PYXIPORA untante, untado.
PYRIKITIN rim. PYXISARA untador.
PYRUPITÁ calcanhar. PYXISAUA ato de untar.
PYRUPITAUARA que é ou pertence ao calca- PYXIUA unto.
nhar. PYXIUERA untável.
PYSÁ postejado. PYXIYMA não untado.

= 470 '"""
R prefixo pronominal da segunda pessoa, RAISU, RAIXU sogra, com referência ao genro.
substitui s, e e t, precedendo a vogal, com a RAMÉ quando, ao tempo em que. Aditado ao
qual começam as palavras que o admitem. indicativo presente, lhe dá uma significação
É prefixo da segunda e terceira pessoa nos muito próxima à do nosso imperfeito, sen-
nomes de coisas inanimadas e que não ad- do em muitos casos empregado em lugar de
mitem t. iepé. Aditado aos outros tempos, é em mui-
RACA, SACA, ACA ponta, corno; afinado, tos lugares usado de preferência a ipu para
adelgaçado, extremo, saído, tirado. formar o condicional.
RACANGA, SACANGA saído, ramo (de árvo- RAMÉÁRA dia marcado.
re), braço, afluente (de rio). Mirá racanga: RAMÉYMA sem dia, sem tempo fixo.
galho de pau. Paranã racanga: braço do rio, RAMUNHA, TAMUNHA, SAMUNHA avô.
afluente. RAMUNHATYUA terra dos avôs.
RACAPIRA, SACAPIRA ponta, fim, extremi- RAMUNHAYMA sem avós; sem passado.
dade. Paranã sacapira: cabeceira do rio. RAMUNHAYUA a origem dos avós.
RACUÁ, TACUÁ, TACUÁ pentelho, os pelos que RANA sufixo com a significação de espúrio,
crescem em volta das partes genitais, e com es- adulterado, falso, não verdadeiro, imita-
pecialidade da mulher e das fêmeas em geral. do. Timborana: falso timbó. Canarana: fal-
RACUENA vagem, síliqua. sa cana.
RACUNHA, SACUNHA, TACUNHA partes geni- RANGAUA, SANGAUA figura, tempo, hora,
tais do macho; o membro. medida. Mira rangaua: figura de gente, re-
RAÍCA, SAÍCA nervo, o que é flexível ao mes- trato. Ara rangaua: figura do dia, relógio.
mo tempo que é resistente, sajica. Pana rangaua: medida do pano. Embaú
RAIN, RAEN ainda. Inti rain: não ainda. rangaua: hora de comer.
Xamaa putare rain má catu pire: quero ain- RANHA, SANHA, TANHA dente. Sanha pusa-
da ver o que é melhor. nün era: dentista. Ranha saci: dor de dente.
RAINHA, SAINHA, TAINHA criança, caroço. RANHASU dente grande.
RAIERA, TAIERA filha, do homem e com re- RANHAYMA sem dentes.
ferência ao pai (Rio Negro). RANHAYUA raiz do dente.
RANHEN, RANHE

RANHEN, RANHE todavia, ainda. RECÔ tido, havido, possuído.


RAPAÁ, PAÁ dizem, parece, contam. RECÔ AYUA oprimido.
RAPÉ, SAPÉ caminho, estrada, rua, via, vere- RECÔ-AYUA-PAUA opressão.
da. Cuatá uatá ara pucu ramé mairi rapé ru- RECÔ-AYUA-PORA opressor.
pi: andava o dia inteiro pelas ruas da cidade. RECOIN vá embora.
RAPÉ-IARA dono do caminho, guia. RECOSARA possuidor.
RAPÉ-PORA que é do caminho, que enche o RECOSAUA possessão, posse, o que há, o que
caminho. se tem. Ixé xamunhã co recosaua rupi: eu fa-
RAPÉ-UARA que está no caminho, que vai ço conforme minhas posses.
nele. RECOTADA lugar onde se tem.
RAPÉ-YMA sem caminho. RECOUARA tenente, quem tem.
RAPIÁ, SAPIÁ, TAPIÁ escrotos, testículos. RECOUERA que pode ser tido.
RAPISARA, RAPIXARA próximo, homônimo. RECOYMA que não tem.
RAPIXAUA homonímia. RECUÉ vivido, vivo.
RAPU, SAPU raiz. RECUIARA troca, escambo, o que é dado em
RAPUPEMA, SAPUPEMA raiz chata; as raízes troca, que é dado em pagamento. Munhã re-
de certas árvores, como as samaumeiras, cuiara: dar em troca, fazer pagamento.
que se formam em volta do tronco em for- RECUIARASARA trocador.
ma de tábuas, que se enterram. RECUIARAUARA trocante.
RAPUPORA que está, que é da raiz, que é bem RECUIARAUERA trocável.
enraizado, que tem muitas raízes. RECUIARAYMA sem troca, sem preço.
RAPUUARA que tem ou mete raízes. REÍA, CEÍA muito, quantidade. Mira ceía:
RAPUYMA sem raiz. gente muita. Ara ceía rupi: por muitos dias.
RASÓ transportado, carregado, conduzido. REMBAU, CE-REMBAU xerimbabo; o que é
RASOPAUA transporte, carregamento. criado em domesticidade, a cria da casa.
RASOPORA o que é transportado. REMBERAUA, CEMBESAUA, TEMBESAUA bi-
RASOSARA transportador. gode.
RASOTAUA lugar do transporte, que serve pa- REMBYUA, CEMBYUA, TEMBYUA margem,
ra a condução. orla, lado, beira.
RASOUERA conduzível, transportável. REMIARERU, CEMIARERU, TEMIARERU ne-
RASOYMA não transportado, não conduzido. to, tanto com referência à avó como ao avô.
RATEPU, SATEPU face, maçã do rosto. REMIRERA, CEMIRERA resto, resíduo, sobe-
RATIPI, SATIPI bochecha. jo, apara.
RATYUA, SATYUA sogro. REMIRICÔ, CEMIRICÔ mulher casada.
RAUA, SAUA, TAUA pelo, cabelo, pena. REMIRICÔ-ARAMA prometida.
RAYRA filho, filha com referência ao pai. REMIRICÔ-CUERA que foi casada, viúva.
RAYRANUNGARA como filho, enteado (do REMIRICÔ PUTAUA rapaz casadouro; comi-
homem). da de mulher.
RAYRARANGAUA em figura de filho, afilhado REMICORANA caseira.
(do homem). REMIRICOYMA sem mulher, solteiro.
RAYRA REMERICÓ mulher do filho, nora, REMITEMA hortaliça.
com referência ao sogro. REMITEMA-SARA hortelão.
RE Prefixo pronominal da segunda pessoa RCMITEMA-SAUA cultivação de horta.
do singular dos verbos. Re-putáre: Queres. REMITEMA-TYUA horta.
Recicáre: Procuras. Rerasó: Carregas. REMITIÁ, CEMITIÁ joelho.
REAUERA Cadáver. REMUTARA, CEMUTARA ordem, vontade
RECÉ para, por, a. Xapuraki ne recé: trabalho manifestada. Inti xamunhã cuao me remu-
para ti. Cunhã oiumbeú i recé: a mulher se tara: não posso fazer a tua vontade.
dirige a ele. RENDADA, TENDAUA, CENDAUA lugar, sítio,
RECEUARA fronteiro. posição. Serve de sufixo de lugar com taua
RUIARE UARA

e tyua. O emprego de qualquer deles é uma RIRÉ ETÉ muito depois.


questão de uso ou hábito local, não há regra. RIRÉ RAMÉ ao depois.
RENDAUA-UARA quem é do lugar. RIRESAUA retardamento.
RENDYRA, TENDYRA, CENDYRA irmã. RIREUARA retardatário.
RENONDÉ, CENONDÉ, TENONDÉ ante, adian- RIRÉ XINGA pouco depois.
te, em frente. Ce cenondé: adiante de mim. RIREYMA sem depois.
RENONDESAUA dianteira. RIRI tremido, tiritado.
RENONDEUARA que está adiante, está na frente. RIRIPAUA tremor.
REPOCY, CEPOCY, TEPOCY sono. V Pocy. RIRIPORA tiritante.
REPUTY, CEPUTY, TEPUTY esterco, bosta, de- RIRISARA quem faz tremer, quem faz tiritar.
jeções animais. RIRI TUÍ suí tremente desde o sangue.
REPUTY-TURAMA vira-bosta, casta de esca- RIRIUARA tremente.
ravelho. RIRIYMA sem tremer.
RERA, CERA nome. ROI frio.
RERAYMA sem nome. ROINGARA friorento.
RERI ostra. ROINGAUA friagem.
RERI-ETÉ ostra verdadeira, que se pode co- ROIRÕN aborrecido; rejeitado, repudiado.
mer, Ostrea edulis. ROIRONGARA aborrecedor.
RERI PISAIÉ ostra do fundo. ROIRONGAUA aborrecimento.
RERI-UASU ostra grande. ROIRON-YMA não aborrecido.
RERU, RIRU, IRERU vasilha. É nome genéri- RORI, SORI satisfeito, alegre.
co e serve para indicar qualquer gênero de RORIPORA satisfazente, alegrante.
recipiente, contanto que sirva para trans- RORISAUA satisfação, alegria.
portar certo e determinado objeto. Uy re- RORIYMA não satisfeito, não alegre.
ru: vasilha para farinha, paneiro de farinha. RUÁ, suÁ cara, rosto, parte externa das coi-
Caapi ireru: vasilha de capi, vaso do capi. sas. V Suá e comp.
RESÁ, CESÁ vista, olhos. V Cesá e comp. RUAIARA cunhado. É o tratamento que, in-
RESAUÉ na vista, na presença. dependente de qualquer parentesco, os
RESAUESARA quem está na vista, se apresenta. homens de uma mesma localidade usam
RESAUEUERA que está em vista e se apresenta entre si, em sinal de boa camaradagem e
com insistência incômoda. poder-se-ia traduzir também por "cama-
RESOiN vá, vá embora! Resozn nhunto: vá em- rada".
bora descansado (Rio Negro). RUAINHANA, SUAINHANA inimigo, de além.
RETÉ, CETÉ muito. RUAKE, SUAKE perto, próximo.
RETÉ, CETA corpo. RUAKESAUA vizinhança, proximidade.
RETAMA, CETAMA, TETAMA pátria, terra do RUAKEUARA que está próximo, vizinho.
nascimento. V Tetama e comp. RUAN, SUAN grelo, grelado.
RETEANA demais, já muito. RUANGA grelo.
RETIMÃ, CETIMÃ perna. RUANGARA grelador.
RETIMÃRUÁ barrigadaperna.Iit.:facedaperna. RUANGAUA grelação.
RETIMÃ PENASAUA juntura da perna. RUANGA-YMA não grelado, que não grela.
RETIMÃ ACANGA fêmur. RUÁRI, RUIÁRI embarcado.
REUÍRA casta de pássaro. RUBÁ, TUBÁ pau. É a forma antiga que vem
RIAY suor, transpiração. em Anchieta e Figueira e também em
RIAYCÔ transpirado, suado. Couto de Magalhães; não vem em Martius.
RIAYCOSARA suadouro, que faz transpirar. RUIARE, RU!ÁRI embarcado.
RIAYCOUARA suante, transpirante. RUIARESARA embarcador.
RIRÉ, ARIRÉ depois. Ne riré: depois de ti. RUIARESAUA embarque.
Iauty ocica apanhe riré: o jabuti chega de- RUIARETYUA embarcadouro.
pois de todos. RUIAREUARA embarcante.
RUIAREUERA

RUIAREUERA embarcadiço. RUPITAUA originário.


RUIAREYMA não embarcado. RURE trazido, de um lugar qualquer ao lu-
RUIEUÍRE desatado, desandado, revirado. gar em que alguém se ache. Mata reruref: o
RUIUEUIRESARA desandador. que trazes. Xarure maitá ceía no supé: trago
RUIUEUIRESAUA desandamento. muitas coisas para ti.
RUIUEUIRETYUA desandadouro. RURESARA portador, trazedor.
RUIUEUIREUARA desandante. RURESAUA trazida, portada, presente. Aicué
RUIUEUIREUERA desandável. ce ruresaua: eis a minha trazida, o meu pre-
RUIUEUIREYMA não desandado. sente.
RUMUARA, IRUMUARA companheiro, amigo, RUREUARA trazente, portante.
parcial. Maiaué inde reicoana iké, iandé ru- RUREUERA trazível, portável.
muara cuíre indé: como tu estas cá, tu ficas RUREYMA não trazido, não portado.
nosso parcial. Né paia cé paia irumuara cué- RUUIARE crido, julgado, pensado. Xasaruana
ra: teu pai foi companheiro de meu pai. indé, xaruuiare indé reíuíre curuteuara: te
RUPI pelo, por, com. Indica o meio com que esperava, pensava que tu voltavas logo.
a coisa é feita, o caminho para chegar a um RUUIARE CATU persuadido.
fim determinado, a duração e continuação RUUIARE ETÉ convencido.
da ação, e torna adverbial a palavra a que é RUUIARESARA quem faz crer, julgar, pensar.
posposto. Sacu rupi: com calor, calidamen- RUUIARESAUA crença, pensamento. Ruuía-
te. Mira osoana pé rupi: a gente foi pelo ca- resaua catu: persuasão. Ruuiaresaua eté: con-
minho. Ara pucu rupi: por muito tempo. vicção.
RUPIARA, RUPIUARA causante, produtor. RUUIAREUARA crente, pensante.
RUPISAUA modo, forma, maneira, causa. RUUIAREUERA crível, pensável.
RUPITÁ origem, bloco, tronco, parede. RUUIAREYMA não crido, não pensado.
RUPITARA que é do tronco, do bloco, da ori- RUSAPUCAI apregoado, publicado. V. Sapu-
gem. caí e comp.
s prefixo pronominal que indica a relação da SACAM!, SACAMBI enseada (Solimões).
palavra que o recebe com a pessoa que fa- SACÃN, SACANGA, RACANGA galho, ramo,
la e, em alguns casos, da pessoa de quem se ramalho.
fala, equivalente a e perante e e i. Cé sanha: SACANA, TACANA frecheira, cana de frecha,
meu dente. I sanha: o seu dente. Gynerium sagittarum e afins. Cresce nas
SAÃN provado, gustado, percebido, adivi- margens baixas e ilhas arenosas, coroando
nhado. o alto das praias com seus penachos brunos.
SAÃNGARA provador, gustador, percebedor, SACA, RACA, ACA ponta, corno.
adivinhador, pensador. SACAPEMA ventrecha. Pirarucu sacapema:
SAÃNGAUA prova, percepção, adivinhação, ventrecha de pirarucu.
balança. SACAPIRA, RACAPIRA ponta, extremidade,
SACA tirado, saído, sacado. nascente.
SACACA adivinho (Solimões), que tira de sua SACAPIRE SANTi ponta aguda.
imaginação, porque é por meio dela que os SACAPIREUARA o que está na ponta, o que
pajés leem o futuro. Frequentativo de saca. está no começo.
SACACANGA transparente, visível à imagina- SACAPIRE-YMA sem ponta, sem começo,
ção. sem cabeceira.
SACAKIRE, CASAKIRE após, atrás. V. Casakire SACATÉ largo, generoso, liberal.
e comp. SACATESAUA liberalidade, generosidade, lar-
SACAY ramo seco, morto. gueza.
SACAY-MBOIA cobra-sacaí, casta de pequeno SACATEYMA escasso, avaro.
Constritor de cores e desenho muito variá- SACATEYMASAUA escassez, avareza.
vel, imitando os galhos secos, entre os quais SACEMO gritado, clamado, latido.
se posta esperando a presa. SACEMOPORA ladrante.
SACAMBI virilha, forquilha. Myrá sacambi: SACEMOSARA gritador, clamador.
forquilha de pau. Sacambi apena: quebrar a SACEMOSAUA grito, clamor, ladro.
virilha. Sacambi openasaua: quebradura da SACEMOTYUA lugar onde se grita, clama, ladra.
virilha. SACEMOUARA gritante, clamante.

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SACEMOYMA

SACEMOYMA não gritado, não clamado, não rante a noite. É pássaro agoirante. Contam
ladrado. que é a alma de um pajé, que, não satisfeito
SACI dolorido, dor. Saci rupi: dolorosamente, de fazer mal quando deste mundo, muda-
asperamente, com dor. do em coruja, vai à noite agoirando aos que
SACIARA triste. Xaicô saciara: estou triste. lhe caem em desagrado, e que anuncia des-
Opitá saciara: ficou triste. graças a quantos o ouvem. O nome de sa-
SACIARA-PAUA tristeza. ci é espalhado do Amazonas ao Rio Grande
SACIARA-PORA contristador, contristante. do Sul. O mito, porém, já não é o mesmo.
SACIARA-YMA Nnão triste. No Rio Grande, é um menino de uma per-
SACIPORA cheio de dor. na só, que se diverte em atormentar à noi-
SACISARA atormentador. te os viajantes, procurando fazer-lhes per-
SACISAUA dor, tormento, paixão, sofrimento. der o caminho. Em S. Paulo, é um negrinho
SACISAUA-RUPI-MUNHÃ violentado. que traz um boné vermelho na cabeça e fre-
SACISAUA-RUPI-MUNHANGARA violentador. quenta os brejos, divertindo-se em fazer aos
SACISAUA-RUPI -MUNHANGAUA violência. cavaleiros que por aí andam toda a sorte de
SACITYUA lugar de dor, lugar de sofrimento. diabruras, até que, reconhecendo-o o cava-
SACIUARA tormentante, sofrente. leiro, não o enxota, chamando-o pelo nome,
SACIUARA tormentável. porque então foge dando uma grande gar-
SACIYMA não doído, não dolorido. galhada.
SACIYUA raiz da dor, causa do sofrimento, SAÊ espalhado.
veneno. SAENGA semente.
SACOCA, TACOCA caruncho. SAENGARA espalhador, semeador.
SACOCA sangrado. SAENGAUA semeação, espalhamento.
SACOCAPORA carunchoso. SAENTI encontrado.
SACOCASARA sangrador. SAENTISARA encontrador.
SACOCASAUA sangria. SAENTISAUA encontro.
SACOCATAUA sangradouro. SAENTITAUA lugar do encontro.
SACOCAUARA sangrante. SAENTIUARA encontrante.
SACOCAUERA sangrável. SAENTIUERA encontrável.
SACOCAYMA não sangrado, sem caruncho. SAENTIYMA não encontrado.
sACU quente. SAKENA, SACUENA ser cheirosa, ter bom
SACUA febre. cheiro.
SACUÃ pentelho. SAKENA, RAKENA uma casta de baunilha.
SACUARA coceira. SAKENAPORA cheirante, cheio de cheiro.
SACUENA cheiroso, que tem bom cheiro, boa SAKENASARA quem espalha bom cheiro.
fama. V Sakena e comp. SAKENASAUA espalhamento de bom cheiro.
SACUNHA as partes pudendas do homem. SAKENATAUA lugar onde se espalha bom
SACUPAUA quentura. cheiro.
SACUPIRE mais quente. SAKENAUARA que espalha bom cheiro.
SACUPORA esquentado. SAKENAYMA que não espalha cheiro bom.
SACURÁ casta de caracol. SAIU tostado, torrado, abrasado.
SACUSANGA ralo. SAKISARA tostador, abrasador.
SACUSARA esquentador. SAKISAUA tostamento, abrasamento.
SACUSAUA calor. SAKITYUA tostadouro, abrasadouro.
SACUTYUA esquentadouro. SAKIUA torrada, tosta.
SACUUARA· esquentante. SAKIUARA torrante, abrasante.
SACUUERA esquentável. SAKIUERA tostável, abrasável.
SACUYMA não quente. SAKIYMA não torrado, não tostado.
SACY casta de pequena coruja, que deve o no- SAI saí, lindo passarinho, cujo tipo é a Coe-
me ao grito que faz ouvir repetidamente du- rena cerulea, cuja cor dominante é o azul-
SAMAUMA

-celeste, e azul-cinéreo claro no peito, com pos de três nos pontos de intersecção, e de
algumas listras brancas e outras azuis nas fitas de várias cores, que pendem soltas, cujo
asas. numero é variável, visto como cada dona do
SAI-ASU sanhaço, casta de Coerena, alguma lugar ou devota tem o direito de pôr-lhe a
coisa maior do que a espécie anterior, ver- sua. O sairé, como geralmente se assevera,
de-cinzento mais claro no peito, onde tende representa o mistério da SS. Trindade e se-
ao amarelado, com umas listras mais escu- ria uma piedosa invenção dos Jesuítas, pa-
ras, quase pretas, nas asas. ra atrair os nossos silvícolas ao culto cris-
SAÍCA veia. tão. Sem garantir o fato, o uso do sairé em
SAIÉ riscado, gizado. certas e determinadas solenidades, uns qua-
SAIEPORA riscadíssimo. renta anos passados, era corrente em todo
SAIESARA riscador. o Amazonas, e lembro-me de tê-lo visto le-
SAIESAUA riscamento. var para a casa da festa nos próprios arre-
SAIETAUA riscadouro. dores de Manaus. Hoje só se usa o sairé no
SAIEUARA riscante, giz. interior, onde é ainda levado processional-
SAIEUERA riscável. mente da casa da festa para a capela, se há,
SAIEYMA não riscado. e desta para a casa da festa, por três velhas,
SAIMBÉ, CAAIMBÉ casta de planta que cresce uma das quais deve ser coxa, ou fazer de co-
caracteristicamente contorcida nos capões e xa. O sairé vai na frente, levado pela coxa,
caatingas, e cujas folhas largas, ásperas e re- que o empunha como um estandarte; duas
sistentes, especialmente quando secadas na outras velhas vão ao lado destas, segurando
sombra, servem de lixa. cada uma a fita que parte do pé da cruz que
SAIMBÉ alisado, afiado. está do seu lado. Depois vêm as mulheres,
SAIMBESARA afiador, alisador. segurando cada uma uma fita, das inúmeras
SAIMBESAUA afiamento, alisamento. que podem ser amarradas nos pontos de in-
SAIMBETAUA afiadouro, alisadouro. tersecção. Atrás vem a mó do povo. Velhas,
SAIMBÉUÁRA afiante, alisante. mulheres e povo procedem cantando e sara-
SAIMBÉUÉRA afiável, alisável. coteando, o que dá ao sairé um movimento
SAIMBÉYMA rombo, grosseiro, não afiado, de nau em tempestade, que somente acaba
não alisado. quando começam as danças; e o sairé, co-
SAIMBÓ agourado. mo um verdadeiro estandarte, é posto no al-
SAIMBÓSÁRA agourador. tar caseiro, acabadas as rezas e as ladainhas.
SAIMBÓSAUA agouro. O sairé tem cantos e rezas especiais em lín-
SAIMBÓUÁRA agourento. gua geral, mas, dos que tenho tido a ocasião
SAIMBÓYMA não agourado. de ver, me parece poder afirmar que são de
SAIN derramado. origem e procedência diversa, e que o que se
SAINGARA derramante, derramador. canta no rio Negro é diverso do que se canta
SAINGAUA derramamento. no Solimões, no baixo Amazonas, e no Pará.
SAINGAYMA não derramado. Se não afirmo terminantemente, é porque o
SAINHA, RAINHA caroço. Tainha: menino, canto do sairé é muito comprido ou parece
fruto da mulher. ser tal, e, pode muito bem ser, ter-se dado o
SAIRÉ sairé, semicírculo de cipó, formado de fato de me terem vindo às mãos e ter ouvido
três arcos concêntricos, que descansam so- pedaços diversos do mesmo canto.
bre o diâmetro, divididos em quatro reparti- SAMAMBAIA samambaia, pequenos Fetos da
mentos por três raios, que partindo do cen- terra firme.
tro reúnem os arcos. Os raios, maiores do SAMATIÁ, TAMATIÁ as partes genitais das fê-
que o semidiâmetro, acabam em três cruzes. meas; as partes genitais da mulher.
O arcabouço de cipó é todo revestido de fio SAMAUMA a paina que envolve a somente de
de algodão e ornado de borlas e plumas de uma das mais gigantescas árvores das flo-
cores vivas e espelhozinhos, postos em gru- restas amazônicas. É finíssima, sedosa e lú-

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SAMAUMAYUA

cida, mas até agora não parece que, em mão SANTÁRÁNA falso duro, que parece mas não
dos civilizados. tenha servido a outra coisa é duro, que apresenta pouca resistência.
senão encher almofadas, fazendo nisso con- SANTÁSÁRA endurecedor.
corrência à paina de monguba. Os indígenas SANTÁSÁUA endurecimento.
servem-se da paina da sumaúma, mesmo de SANTÁTÁUA lugar onde se endurece ou é en-
preferência à paina de monguba, para fazer a durecido.
bolinha obturadora nas flechas da zarabata- SANTÁUÁRA endurecente.
na. No Purus, porém, os Ipurinas me fizeram SANTÁ-YMA não endurecido, frouxo.
ver, e já tive em meu poder, uns enfeites teci- SANTiN, SANTi agudo, ponta, a proa da ca-
dos, que pretendiam ser de sumaúma fiada. noa.
SAMAUMAYUA samaumeira, a árvore que dá SANTINGARA, SANTIN-UARA proeiro.
a samaúma, Chorisia. SAÓ, SAÚ casta de macaco, Callithrix sp.
SANACURY vomitório (no rio Negro, segun- SAÓ-MIRi saú pequeno, Callithrix nigrifrons.
do Martius) SAÓ-TINGA saú branco, cinzento, Callithrix
SANGAUA, RANGAUA, ANGAUA figura, pare- cinerescens.
cença, imagem. SAPÉ, RAPÉ caminho. V Rapé e comp.
SANGAUASARA figurador. SAPECA chamuscado, sapecado.
SANGAUASAUA figuração. SAPECASARA chamuscador.
SANGAUAUARA figurante. SAPECASAUA chamuscamento.
SANGAUAYMA sem figura, sem forma, sem SAPECATAUA chamuscadouro.
sinal. SAPECAUA chamusco.
SANHA, RANHA, TANHA dente. SAPECAUARA chamuscante.
SANHA COCO! dente caído. SAPECAUERA chamuscável.
SANHA MPUCA dente saído. SAPECA-YMA não chamuscado.
SANHA MPUCASAUA dentição. SAPECUMA, RAPECUMA ponta, saliência.
SANHA MPUSANUNGARA dentista. SAPECUMAPORA que está, mora na ponta.
SANHANA colecionado, coligido, reunido, re- SAPECUMAUARA que é da ponta.
colhido. Dr. Couto de Magalhães osanha- SAPI queimado, escaldado, seco pelo efeito
na cuaá ombecusaua-etá: o Dr. Couto de do sol. Coaracy ara ramé pari osapi pau: no
Magalhães colecionou estas lendas. verão o campo seca todo.
SANHANASARA colecionador. SAPIÁ, RAPIÁ, TAPIÁ testículo. V Rapiá.
SANHANASAUA coleção. Nheengatu nheenga SAPIAPORA que está nos testículos.
sanhanasaua: coleção de palavras nheenga- SAPICA casta de caranguejo.
tu, dicionário de língua geral. SAPIETÉ, SAPIRETÉ abrasado.
SANHANATAUA lugar onde se reúne, colige, SAPIETESARA abrasador.
recolhe. SAPIETESAUA abrasamento.
SANHANAUARA recolhente. SAPI-SAPI afogueado.
SANHANA-YMA não colecionado, reunido, SAPISARA queimador.
recolhido. SAPISAUA queimação.
SANHA-YUÍRA, SAUÍRA gengiva. SAPI-TATÁ incendiado; lit.: escaldado a fogo.
SANHÊN apressado, com pressa. SAPITYUA queimadouro.
SANHENGARA apressador, quem está com SAPIUÁ queimada.
pressa. SAPIUARA queimante.
SANHÊNGAUA pressa. SAPIUERA queimável.
SANHÊN - YMA sem pressa. SAPIXARA homônimo. V Rapixara e comp.
SANTÁ duro, sólido, resistente, coalhado. SAPIYMA não queimado.
SANTÁCUÉRA que foi duro. SAPOMI, SAPUMI cochilado.
SANTÁKYRA a parte dura das raízes cozidas SAPOMIPORA cochilante.
comestíveis, a parte ainda não madura das SAPOMISARA cochilador.
frutas. SAPOMISAUA cochilamento.
SARARACA

SAPOMITYUA cochiladouro. SAPUCAISARA gritador.


SAPOMIUA cochilo. SAPUCAISAUA gritaria.
SAPOSAPÚMI piscado. V. Sapumi e comp. SAPUCAITYUA gritatório.
SAPOTA casta de fruta muito estimada. SAPUCAIUA grito.
SAPOTi uma qualidade menor de sapota, SAPUCAIUARA gritante.
também muito apreciada. SAPUCAIYMA não gritado.
SAPOTAYUA, SAPOTIYUA sapotizeiro. SAPUMI V. Sapomi e comp.
SAPU, RAPU raiz das plantas. SAPUPEMA raiz chata, a raiz que sobe do so-
SAPUÁ expedito, apressado, ativo. lo, formando saliência em forma de escora
SAPUÁ-ETÉ ativíssimo, muito expedito. achatada em roda do tronco, fazendo-lhe de
SAPUÁSÁRA apressador, ativador. contraforte e dividindo-o em compartimen-
SAPUÁSÁUA atividade. tos, muitas vezes suficientemente espaço-
SAPUÁYMA sem expediente, sem atividade. sos para servir de abrigo momentâneo, de-
SAPUCAI gritado. pois de ter uma ligeira cobertura de folhas
SAPUCAIA' fruta comestível, com uma espé- de palmeira, ou uma simples mytu-ruaia, a
cie de amêndoa, castanha, que se encontra sete ou oito pessoas, permitindo fazer fogo e
numa cápsula arredondada e lenhosa, que, preparar a comida.
ao momento da maturidade, se abre rumo- SAPUPIRA árvore da terra firme, que forne-
rosamente (de onde o nome) expelindo as ce excelente madeira para obras de marce-
sementes. naria.
SAPUCAIA 2 galo, galinha, sendo pois neces- SARA sufixo adjetivante, equivalente na mor
sária a indicação do sexo, sapucaia cunhã: parte dos casos às terminações em or; in -
galinha, sapucaia apygaua: galo, todas as ve- dica o agente. Uatasara: andador e ao mes-
zes que precise evitar confusão. mo tempo quem faz andar. Usara: comedor,
SAPUCAIA CIYÉ tripa-de-galinha, casta de quem come. Distingue-se de uara, porque
pequeno feijão, Phaseolus caracalla. este forma, como veremos a seu tempo, ver-
SAPUCAIA IRERU capoeira. dadeiros particípios presentes.
SAPUCAIA PIRÁ casta de peixe. SARÁ enrolado.
SAPUCAIA PIROCA pinto, galinha sem penas. SARACOMO casta de caba.
SAPUCAIA PUNGÁ crista. SARACURA três-potes, Gallinula gigas, lindo
SAPUCAIA PY pé-de-galinha, casta de erva Rallida, comum em todo o Amazonas.
muito comum. SARAEN, SARAiN esquecido.
SAPUCAIA ROCA galinheiro. SARAENGARA esquecedor.
SAPUCAIA SAPIÁ grão-de-galo. SARAENGAUA esquecimento.
SAPUCAIA SUPIÁ ovo; ovo-de-galo, casta de SARAPÔ casta de peixe em forma de enguia.
Acácia. SARAPOPÉUA casta de lagarta que já ouvi di-
SAPUCAIA SUPIASAUA postura. zer ser venenosa.
SAPUCAIA SUPIAUARA galinha poedeira. SARARÁ' crespo, encaracolado; o cabelo do
Sapucaia supiauara puranga: galinha boa mulato, de onde, pois, chamarem-se em al-
poedeira. guns lugares também sarará aos ruivos de
SAPUCAIA-YUA sapucaizeira, castanheira- cabelo encaracolado; bem enrolado.
-do-pará, que não deve confundir-se com SARARÁ casta de Hyalea, o nome de um pe-
2

a tocari, que é uma Bertholetia, no entan- queno caranguejo que se costuma encon-
to que a sapucaia é uma Lecythis. Embora trar nos igapós e igarapés.
sejam ambas gigantes das florestas ama- SARARACA flecha especial para tartaruga.
zonenses, têm áreas de habitação diver- Tem a ponta de ferro, de forma quadrangu-
sa. Além de não se encontrarem juntas na lar, emechada num espigão de paracuuba e
mesma mata, a tocari que abunda nas ma- presa à haste por uma linha comprida, fina
tas do Solimões e do baixo Amazonas é ra- e forte, que nela fica solidamente enrolada.
ra no Pará, onde abunda a sapucaia. O pescador não flecha diretamente a tarta-
SARASARA

ruga, a flecha resvalaria sobre o casco; fle- meninice dos filhos. É a influência que afir-
cha em parábola, isto é, calculando a olho, mam exercer a mulher grávida sobre as coi-
com a exatidão que lhe dá a prática, a dis- sas que a cercam, tornando-se capaz de tu-
tância em que se acha o alvo, solta a flecha do estragar com o simples olhar, podendo
de modo que, vinda do alto, caia perpendi- muitas até afrontar impunemente as cobras
cularmente sobre o animal e se afinque so- mais perigosas, que, pelo contrário, podem
lidamente no casco. Nisso os nossos indí- morrer, se olhadas ou tocadas por ela. É o
genas são habilíssimos e muito raramente que faz que, se na maloca onde ela se acha
erram o alvo. A tartaruga, ao sentir-se fle- deve ser moqueada alguma caça ou pesca,
chada, mergulha, a haste da flecha saca e fi- ou a mulher sai ou o moquém se arma fora,
ca de bubuia, desenrolando-se a linha que longe da vista dela. Mas não é só a mulher
a prende ao bico, rapidamente. O pescador, grávida que é saruá, saruá são todas as fê-
então, apanha a haste e, devagarzinho, sem meas grávidas, pelo que é obrigação estrita
puxões, recolhe a linha. A tartaruga obede- do caçador que as encontrar deixá-las ir em
ce facilmente e vem até o pé da canoa, se- paz, sob pena de se tornar panema e nunca
guindo a pressão da linha, feita com jeito e mais voltar a ser caçador afortunado. Os es-
vagar, e aí, para os que têm a prática neces- tranhos também podem fazer saruá, e é um
sária, não custa embarcá-la. dos poderes do pajé, embora haja pessoas
SARASARA enrolador. que o podem fazer sem sê-lo. Em qualquer
SARASAUA enrolamento. caso, porém, precisam de ter em seu poder
SARATAUA enroladouro. alguma coisa que pertença ou tenha perten-
SARAUÁ rolo. cido à pessoa contra quem se quer dirigir
SARAUARA enrolante. o saruá; e é suficiente um cabelo, um pe-
SARAUATANA zarabatana. V Carauatana. daço de unha, um pouco de raspagem da
SARAUERA enrolável. pele, qualquer "sujo" que venha do sujei-
SARAUIANA, SARABIANA casta de peixe, to: sem tê-lo, nada podem fazer. Isto posto,
Cichla temensis. o saruá, se tem alguma coisa do quebran-
SARAYMA não enrolado. to, e da jetatura e de outras superstições eu-
SARECUA, SARCUA cacho. ropeias, tem caracteres próprios que o tor-
SARIUÁ, SARIUÉ sariga [sariguê], casta de nam original.
pequena mucura do gênero Didelphys. SARUARA esperante.
SARU, SARUN esperado. SARUERA esperável.
SARUÁ o mal que alguém pode produzir, SARUNGARA esperador, quem espera.
mesmo de longe, e que é esperado como SARUNGAUA esperança.
consequência natural e necessária de um SARUYMA não esperado.
ato qualquer, voluntário ou não, em dano SARUYUA fé, fundamento da esperança.
das pessoas da própria família ou alheias, SARYUA pinha, cacho.
mas às quais é ligado de algum modo, ou SASASASAU passado e repassado. V Sasau e
sobre as quais pode ter uma influência comp.
qualquer, por possuir alguma coisa que lhes SASAU passado, atravessado.
pertenceu. É a influência que pode exercer SASAUA passe.
o pai sobre os próprios filhos logo depois de SASAUARA passante, transitante.
concebidos e durante toda a meninice, co- SASAUERA passável, transitável.
mendo, bebendo ou fazendo alguma coisa SASAUPORA cheio de passes. Yarapé sasaupo-
que, por isso mesmo, lhe é defendida. Daí ra: igarapé cheio de passagens, que se passa
vem o resguardo do marido pelo parto da em qualquer lugar.
mulher, ficando ele em descanso, com se fo- SASAU-PURE excedido, passado por cima. V
ra a parturiente, o cuidado de não comer Pure e comp.
certas caças ou certos peixes, especialmen- SASAUSARA atravessador.
te de pele, durante a gravidez da mulher e a SASAUSAUA passagem, travessia.
SERÁ?

SASAUTAUA, SASAU-TENDAUA atravessa- SAUECASARA cavador.


douro. SAUECASAUA cavação.
SASAUYMA não atravessado. SAUECATYUA lugar de cavar ou cavado.
SASOCA gusano da madeira, gorgulho. SAUECAUA furo, buraco.
SASOPORA, RASOPORA tráfego. SAUECAUARA cavante.
SASUCANGA mal tapado, ralo. SAUECAUERA cavável.
SATAMBYCA direito, rijo. SAUECAYMA não cavado.
SATAMBYCASARA endireitador, enrijador. SAUECAYUA o ferro, o pau, aquilo com que
SATAMBYCASAUA direitura, enrijamento. se cava.
SATAMBYCAUARA endireitante, enrijante. SAUEPAUA podridão.
SATAMBYCAYMA não direito, torto, ambíguo. SAUEPORA apodrecente, cheio de bolor.
SATEPU, RATEPU face, maçã do rosto. SAUESARA apodrecedor, que faz apodrecer.
SATIPI, RATIPI bochecha. SAUETAUA apodrecedouro.
SATYUA, RATYUA sogro. SAUEUÁ podre, mancha.
SAÚ casta de macaco do gênero Callithrix. SAUEUERA apodrecível.
SAUA, RAUA, AUA pelo, cabelo. V Aua e SAUEYMA não podre, não manchado.
comp. SAui saguim, nome genérico dos peque-
SAUA, PAUA sufixo que, aditado a uma pa- nos macacos, talvez devido aos pequenos e
lavra, a torna nome com a acepção de ato, agudos guinchos que todos eles costumam
fato ou efeito da ação indicada por ela [e] emitir, seja brincando, seja irritados, seja
substantiva a ideia nela contida. Suake: per- espantados.
to; suakesaua: vizinhança. Puxi: feio; puxi- SAUIÁ sabiá, o representante próximo do tor-
saua: fealdade. Suaenti: encontrado; suaen- do; nome comum a vários pássaros de gêne-
tisaua: encontro. Em alguns lugares, tenho ro Mimus, que conta os melhores cantores.
ouvido confundir-se saua com taua, mas é SAUIÁ MPUCÁ sabiá que escarnece, que ri.
engano; e, se na mor parte dos casos o con- SAUIÁ PIRANGA sabiá-vermelho.
texto vindo a esclarecer a ideia torna o erro SAUIÁ UNA sabiá-preto.
de nenhuma consequência, nem por isso é SAUIÁ YUA sabiá amarelado.
menos certo que os dois sufixos não se con- SAUÍRA gengiva.
fundem, e isso embora se dê exatamente o SAUIRAPORA que está na gengiva.
contrário com ngaua, em que se transfor- SAUIÚ costura enviesada, que saiu torta.
mam os dois sufixos aditados a palavras ter- SAY azedo, ácido, azedado.
minadas em nasal. SAYICA sajica, forte, rijo ao mesmo tempo
SAUAAN, SAUAANA enseada. que flexível e elástico; nervo.
SAUACA desfolhado, depilado, depenado. SAYICAPAUA resistência, rijeza.
SAUACASARA desfolhador. SAYICAUERA resistente, cheio de nervo.
SAUACASAUA desfolhamento. SAYICAYMA sem nervo.
SAUACATYUA desfolhadouro. SAYSARA azedador, quem torna azedo.
SAUACAUA desfolha. SAYSAUA azedume, acidez.
SAUACAUARA desfolhante. SAYUA' queixo (contração de sanha yua
SAUACAUERA desfolhável. origem, raiz dos dentes).
SAUACAYMA não desfolhado. SAYUA' saúva, formiga do gênero Ata; nome
SAUACU, sABACU casta de pássaro que vive genérico dado às operárias da mais dani-
nos alagadiços, pequeno Rallida. nha das formigas, e que se distinguem exa-
SAUACURI planta usada como vomitório; o tamente pela robustez e tamanho do queixo
vomitório da planta. com que cortam e danificam as plantações.
SAUAPORA cabeludo. SAYUARA azedante
SAUAYMA sem cabelos. SAYYMA não azedo.
SAUÉ manchado, bolorento. SERÁ? partícula expletiva interrogativa sem
SAUECA cavado. significação especial. Mira será indé?: tu és

gente? Omundu ocenoicári será ixé? man- sóó animal, melhor talvez quadrúpede,
dou-me chamar? Resó putári será cuá rupi?: compreendidos neste nome os quadrúma-
queres ir por cá? nos. Na realidade sóó não compreende nem
sô ido, andado. uirá nem pirá, e se sóó-miritá - bichinhos
SOAITI atalhado. - abrange todos os que se movem sobre a
SOAITISARA atalhador. terra, ainda assim exclui os peixes e as aves.
SOAITISAUA atalhação. só-OCARA-KITI saído para fora, viajado.
SOAITI TENDAUA lugar de atalho. SO-OCARA-KITISAUA viagem, ida para fora.
SOAITIUÁ atalho. SO-OCARA-KITI-UARA viajante.
SOAITIUARA atalhante. sóócuÉRA carne, a carne de qualquer ani-
SOAITIUERA atalhável. mal depois de morto, e, com especialidade,
SOAITIYMA não atalhado. a que é recortada e destinada a ser comida.
SOANTi, SOAENTi encontrado, ido ao encon- sÓÓKÍRA carne gorda, gordura.
tro. É ato voluntário, se encontra porque sooMIRi baixinho, inseto, tudo que não tem
se procura; no entanto, iuantl e iuaentl in- nome especial.
dicam antes um encontro fortuito. De só e SÓÓPAPÁU, sÓPAPÁU quinta feira, contração
anti, ir na ponta. V Iuaentl e comp. de Sóó opapau: a carne acabou.
SOATI ninho. SOPARE envolvido, empaneirado.
SOCA, ROCA, OCA casa. V Oca e comp. SOPARESARA empaneirador, envolvedor.
socA arrimado, apoiado. SOPARESAUA empaneiramento, envolvimen-
SOCANGA suportado. to.
SOCANGARA suportador. sOPARETYUA empaneiradouro, envolve-
SOCANGAUA suportação. douro.
SOCANGAYMA não suportado, insofrido. SOPAREUARA empaneirante, envolvente.
socASARA apoiador, arrimador. SOPAREUERA empaneirável, envolvível.
SOCASAUA arrimo, apoio. SOPAREYMA não empaneirado, não envol-
SOCATYUA lugar de arrimo, de apoio. vido.
SOCAUARA arrimante, apoiante. SOPAREYUA paneiro, invólucro.
SOCAUERA arrimável, apoiável. SOPIRERA, SÓÓPIRÉRA couro.
socAYMA sem arrimo, sem apoio, sem casa. SOROCA rasgado, roto.
socó nome genérico de uma casta de SOROCAPAUA rasgamento, rompimento.
Pernaltas, de pescoço muito comprido e SOROCAPORA rasgante, rompente.
desproporcionado com o corpo, e bico for- SOROCASARA rasgador, rompedor.
te e acerado, aves que estão entre as cego- soROCATYUA rasgadouro, rompedouro.
nhas e as árdeas. soROCAUÁ o rasgado, o roto.
socoi socozinho. SOROCAUERA rasgável, rompível.
soco!, TOCO! exclamação admirativa du- SOROCAYMA não rasgado, não roto.
bitativa, que se poderia traduzir: Possível! SOROROCA retalhado, recortado, esfiapado.
Ora, ora! V Soroca e comp.
socó-MBOIA casta de cobra que vive na pro- SORY alegre, satisfeito. Xaicô sory: estou satis-
ximidade d'água, pequena Constritor. feito. Tupana oxaisu mira sory: Deus gosta
socoRó fruta que cresce no igapó. da gente alegre.
SOECÉ acometido, arremetido. SORYARA alegrante.
SOECÉSÁRA acometedor. SORYSARA alegrador.
SOECÉSÁUA acometimento. SORY-YMA não alegre, insatisfeito.
SOECÉTYUA acometedouro. SORY-YUA alegria, satisfação.
soECÉUA acometida. SOSARA andador.
soECÉUÁRA acometente. SOSAUA andada.
SOECÉUERA acometível. SOTYUA lugar de ida, andadouro.
SOECÉYMA não acometido. SOUAIA, SUAIA terra de além. V Suaia.
SUAXARA

SOUAIAPORA que está além. suÁ-PIRANGA cara vermelha.


SOUAIAUARA que é de além. SUÁ-POKÉ disfarçado.
SOVARA andante. SUÁ-POKESARA disfarçador.
SOUERA andável. SUÁ-POKESAUA disfarce.
SOYMA não ido, não andado. suÁ-PUPECA dissimulado, fingido.
su ido, andado. V Só e comp. SUÁ-PUPECASARA dissimulador, fingidor.
suÁ, RUÁ cara, rosto, figura, aspeto. SUÁ-PUPECASAUA fingimento.
suACI, SUA-SACI tristonho, carrancudo. suÁ-RANGAUA figura de cara, máscara.
SUAI lado, parte, banda. SUASU veado. É o nome genérico do vea-
SUAIA, RUAIA cauda, rabo, pendão, terra de do americano e compreende o galheiro, o
além. Suaia: nesta última acepção, indica a capoeiro, o catingueiro e as mais espécies
terra de onde vieram os antepassados, cujo que vivem no Amazonas, que, por via de
nome é conhecido, quando ainda o é, pe- regra, não se encontrando promiscuamen-
los iniciados nos segredos do passado, os te na mesma região, não carecem ser distin-
velhos do conselho, mas é proibido tornar guidas com diferentes nomes.
conhecido de povo. O lugar que os ante- SUASUACA galho de veado; veado-galheiro.
passados abandonaram, fugindo perante o suAsu ANHANGA veado duende, das lendas
inimigo, e de onde o inimigo ainda pode de Marajá e baixo Amazonas.
vir. Se esta é acepção indígena, para assim SUASU APARA veado curvo, de galhos tortos,
dizer originária, hoje, para os civilizados veado-campeiro, Cervus campestris.
que falam língua geral, suaia corresponde SUASU CARIASU casta de veado. Alex. R. Fe-
à Europa ou terras de além-mar. meira, em Gonçalves Dias (Dicionário
SUAIANA, SUAINHANA inimigo, estrangeiro, Tupi), citado por Martius, decompõe esta
de além-mar, europeu. palavra da seguinte maneira: caá, folha; ri,
SUAIARA, RUAIARA cunhado. V Ruaiara. muita; açu, que se divulga. Com todo o res-
SUAIAPORA cheio de caudas, rabudo. peito devido a tamanhos nomes, me é im-
SUAIAUARA caudado. possível concordar. Cariasu (em Martius se
suAiN suado. lê Cariacu, mas é erro tipográfico) poderia
SUAINDAPE daquele lado. Amu suaindape vir de cari e uasu e significar muito podero-
suí: daquele outro lado. so e indicar uma casta de veado de galhos
SUAINGARA suador, suante. muito desenvolvidos, por isso mesmo im-
SUAINGAUA suor, suada. ponente.
SUAINTI encontrado, recebido (rio Negro). SUASU-ETÉ veado verdadeiro; o dos campos.
V Soaenti e comp. SUASUMÉ cabra.
SUAIUARA de além, europeu. SUASU-RANA falso veado, Felix puma, Felix
SUAKE, RUAKE perto, próximo, vizinho. V concolor, lindo felino que, pelo tamanho e
Ruake e comp. pela cor, especialmente no mato, pode fa-
SUAKE CATU bem perto. cilmente ser confundido com um veado, de
SUAKE ETÉ pertíssimo. onde o nome.
SUAKE RUPI pelo curto. Suake eté rupi: pelo suÁ-TAUÁ cara amarela, pequeno periquito.
mais curto. SUATI, SUAITI ninho. A primeira forma é
SUÁ-KYTAN, SUÁ-KYTANGA sinal, verruga do mais usada no rio Negro, a segunda no
rosto. Solimões; soati no baixo Amazonas.
SUÃN, SUÃNA grelo, rebento, gema. Pupunha suÁ-UASU cama grande, cheia. Yacy suá-ua-
suãn: rebento de pupunha, palmito de pu- su: lua cheia.
punha. SUAXARA' lado, parte, lugar. Cuá suaxara:
SUÁ-PECANGA maçã do rosto. deste lado. Amu suaxara: outra parte, a par-
SUÁ-PETECA esbofeteado, bofete. te que ainda falta de uma mistura.
SUÁ-PETECASARA esbofeteador. SUAXARA' respondido. Tuixaua osuaxara aé
SUÁ-PETECASAUA esbofeteamento. supé: o tuxaua respondeu para ele.
SUAXARA-NHEEN

SUAXARA-NHEEN replicado. SUIUARA que é de, vem de, é feito de. Itaiuuá
SUAXARA-NHEENGA réplica. suíuára: feito de ouro. Iané suíuára: dentre
SUAXARA NHEENGARA replicador, replicante nós.
SUAXARASARA respondedor. surnõN, surnuN ciumado, implicado.
SUAXARASAUA resposta. surnuNGARA implicante, ciumento.
SUAXACATYUA lugar da resposta. SUIRUNGAUA implicância, ciúme.
SUAXARAUARA respondente. SUIRUN-UERA ciumento.
SUAXARAUERA respondível. surnuN-YMA não ciumado, não implicado.
SUAXARAYMA sem outro lado, não respon- SUK! azul. Pana amaniú suki suaiauara: pano
dido. de algodão azul da outra banda.
SUAYA coca boliviana (Japurá). SUKIRA azul-celeste.
SUAYU pálido, descorado. SUKIRA CERANE azulado.
SUAYUSAUA palidez. SUKIRA-ETÉ muito azul.
sucuAcu sexta-feira, dia de jejum; jejuado. SUKIRANA bem azul.
SUCUACUSARA jejuador. SUMARÉ casta de Orquidácea.
SUCUACUSAUA jejum. SUMBOI-PÉUA sanguessuga.
SUCUACU TENDAUA lugar de jejum. SUMBY bunda, nádegas.
SUCUACUARA jejuante. SUMBYCA, SUMYCA inchado, arredondado.
SUCUACUERA jejuável. SUMBYCASARA inchador.
SUCUACUYMA não jejuado. SUMBYCASAUA inchaço.
sucur eis. Misucui: eis aqui. SUMBYCA TENDAUA lugar do inchaço.
SUCUPYRA casta de Leguminosa, que cres- SUMBYCAUARA inchante.
ce nas termas firmes e fornece boa madeira SUMBYCAUERA inchável.
para marcenaria. SUMBYCA-YMA não inchado.
SUCURUIÚ, SUCURYIÚ, SUCURIJÚ Boa scin- SUMBYPORA nadegudo.
talis, grande Constritor, que atinge enor- SUMBY UASU bunda grande.
mes dimensões e vive de preferência nos SUMICA roxo-violeta-claro.
lugares banhados e mesmo nos rios e la- SUMUARA, IRUMUARA companheiro.
gos. Embora em nenhuma parte comum, SUMYTERA cerne, parte dura e central das
se encontra em todo o Amazonas e afluen- plantas.
tes, e ataca indiferentemente a presa tanto SUMYTERAPARA cheia de cerne.
dentro como fora d'água. SUMYTERAUARA que é de cerne.
SUCUYUA, SUCUUBA casta de árvore da tri- SUMYTERAYMA sem cerne.
bo das Plumerineas, que cresce nas campi- SUNDARI bolo de mandioca com ovos (rio
nas e dá uma paina somente utilizada pa- Solimões).
ra encher almofadas. Da casca, por meio suPÉ a, para. Remeen i supé: dá a ele. Rerure
de incisão, extraem um leite que serve pa- ce supé: traz para mim. Osuaxara aé supé:
ra emplastros. respondeu a ele ou para ele.
suí de, do, da. Indica o lugar de onde se sai SUPEPE ao próprio, para o próprio, para o
ou se vem, ou de onde a ação parte ou se mesmo. Xameen í supepe: dou ao próprio.
inicia. Mira ciupiru ocemo cé oca suí: a gen- SUPEUARA aquele para quem. Ma supeuara
te começa a sair de minha casa. Indica tam- cuaá maá-etá: para quem estas coisas?
bém a matéria de que uma coisa é feita: Kicé SUPI deveras, na verdade.
itá eté suí: faca de aço. Soca yuy suí: casa de SUPIÁ OVO.
terra. Do meio de: Repuruaca iepé apyaua SUPIÁ AYUA ovo estragado, choco.
iané suí: escolhe um homem dentre nós. SUPIÁ CATU ovo fresco, novo.
SUINDÁ aquele lado. SUPIÁ PIRERA casca de ovo.
SUINDÁ KITI para aquele lado. SUPIÁ-PORA ovada, cheia de ovos.
SUINDAPE naquele lado. SUPIARA envenenado; a quem se administra
surnnÁ suí de aquele lado. veneno.
SURURINA

SUPIARASAUA envenenamento. mais as vezes que voltam sem ter apanha-


SUPIARAYUA veneno. do nada, do que aquelas em que são felizes;
SUPIARERU, SUPIÁ IRERU ovário. passariam muitas vezes em jejum, se, além
SUPIÁ TACACÁ branco do OVO, clara. de insetos, não comessem também toda a
SUPIÁ TAUÁ amarelo do ovo, gema. sorte de bagos, de que a mata abunda.
SUPIÁ UAPICASARA chocadeira. suRucucu uma das cobras mais venenosas
SUPIÁ UAPICASAUA chocamento. das florestas amazônicas, Lachesis. A carne
SUPIÁ-UARA poedeira. moqueada é usada na Farmacopeia indíge-
SUPIÁ USARA comedor de OVOS. na para cura do reumatismo. Na falta são
SUPIÁ-YMA sem OVOS, estéril. administrados os ossos pulverizados em
SUPI CATU bem deveras. infusão de cachaça ou simplesmente mis-
SUPI-ETÉ realmente. Supi eté será? Supí eté: é turados com o café. Como contraveneno, se
realmente? Realmente. me tem afirmado ser eficaz, quando usada
SUPI IAUÉ como é de fato. logo, a lavagem do lugar ferido, com água
SUPI RUPI verdadeiramente, pela verdade. que tenha servido para lavar as pudendas
SUPIRE levantado, elevado, suspendido, car- de indivíduo do sexo contrário ao que foi
regado. mordido, secundando o efeito com beber
SUPIRESARA levantador, carregador. também uma cuia da mesma água. As pu-
SUPIRESÁUA elevação, suspensão. dendas não devem ser de indivíduo mui-
SUPIRETYUA lugar de elevar, carregar, suspen- to moço nem de criança; quanto mais ve-
der. lho o sujeito, melhor, afirmam todos, pelo
SUPIREUARA carregante, levantante, suspen- que parece que a parte ativa seja o amonía-
dente. co. Eu nunca tive ocasião de experimentar
SUPIREUERA carregável, suspensível, levan- a verdade da asserção. Noto todavia que, na
tável. Lenda do Jurupari, é este o remédio empre-
SUPIREYMA não carregado, não levantado. gado pelo pajé, para curar-se, e aos seus,
SUPISARA verdadeiro. dos efeitos das mordidelas dos bichos - co-
SUPISAUA verdade. bras, aranhas, lagartos, cabas e formigas -
SUPI-TEEN, SUPI-TENHE com certeza. que nasceram das cinzas de Ualri.
SUPIYMA não verdadeiro. suRucucU-RANA falsa surucucu, cobra, se-
SURA galinha sem cauda, por um defeito do gundo alguns, venenosa quanto a surucucu,
uropígio, que se transmite por hereditarie- segundo outros inócua. Não a conheço.
dade. SURUCUYÁ, SURUCUJÁ casta de maracujá co-
SURAIÚ escorpião, lacrau. mestível, de flor vermelha, Passiflora.
SURARA soldado (corrupção do português). SURUÍ casta de farinha de mandioca, feita com
SURUCUÃN, SURUCOIN nome genérico e co- a raiz não ainda pubaeconservadamuito fina.
mum a vários pássaros compreendidos SURUMBI, SURUMI surubim, Platystoma su-
na família dos Trogonidas e tamatiás, de ruby e afins, porque debaixo do mesmo no-
D'Orbigny. Como plumagem, são pássaros me se designam diversas espécies. Casta de
dos mais favorecidos, mas têm cabeça enor- peixe de pele, que, apesar da prevenção que
me sobre um corpo desajeitado, quase sem há contra os peixes sem escamas, considera-
pernas, umas asas curtas e redondas, des- dos como pouco saudáveis e causadores de
proporcionadas com a cauda e as longas doenças de pele, é bastante apreciado e pro-
plumas dorsais, que os tornam maus voa- curado. É o triunfo de todo o pescador nova-
dores. Pouco ativos, passam horas e horas to. Onde estiver surubim, não fica a isca mui-
sentados num galho de pau à espera de que to tempo sem ser engolida, e, salvo no caso
passe um inseto, e então se lhe precipitam de ser a linha demasiado fina para o tama -
em cima com um rápido mergulho, escan- nho do peixe, desde que a engoliu é preso.
carando o enorme bico, o que fez dar a uma SURURINA casta de inambu, Crypturus varie-
variedade o nome de tamatiá uirá; mas são gatus.
SURURU

SURURU' mexilhão, casta de Molusco. SUTIROTYUA tear, lugar em que se tece.


SURURU 2 babado, molhado. SUTIROYUA a trama.
SURURUÁ baba. suu dilaniado, mordido.
SURURUPORA baboso, babante. suuMBA, SUUMA a parte da sararaca em que
SURURUSARA babador, molhador. se adapta a ponta de ferro, consistente num
SURURUSAUA babamento, molhamento. espigão de pau duríssimo, geralmente para-
SURURUYMA sem mexilhões, não babado. cuuba endurecida ao fogo, introduzido na
SUTINGA vela, tela branca. sacana e nela seguro com breu e um atilho
SUTIRO tecido, chita, tela. breado de curauá, mais raramente de tu-
SUTIRO MUNHANGARA tecelão. cum. É na suumba que se enrola a linha, que
SUTIRO MUNHANGAUA tecimento. segura a ponta de ferro à sacapira-itá.
SUTIRO MUNHANGATYUA fábrica de tecidos. SUUSARA mordedor.
SUTIRO PETECA tela batida ao tear. suusAUA mordedura, ato de morder.
SUTIRO PETECASARA a régua com que seba- suusuu mordiscado, roído.
te o urdume para que assente na trama. SUUSUUSARA roedor.
SUTIRO-PORA depósito de tecidos, loja de te- SUUTAUA mordedura, lugar mordido.
cidos. SUUUARA mordente.
T prefixo pronominal da terceira pessoa. TACOCA, SACOCA caruncho, gorgulho.
Indica a relação que a palavra que o assume TACIRA ferro para cavar canoa.
tem com a pessoa ou cousa de que se fala. TACIRA YUY RUPIARA ferro de cova.
Xaiuíre i tetama suí: volto da sua terra. I ten- TACUA febre, sezões.
dyra osaru aé pituna pucu ramé: sua irmã o TACUA AYUA febre de mau caráter.
esperou toda a longa noite. TACUA ETÉ febre forte, febre verdadeira.
TA partícula dubitativa. Ta ocuao: quem sabe. TACUA PORARÁ padecente de febre, sofrer
Ou negativa: Tacuáu, tauco: não sei. febre.
TAÁ partícula interrogativa sem significado TACUARA' casta de Bambusea espinhosa, que
próprio. Auá taá?: quem? Ixé taá?: eu? cresce nas terras firmes, e cujo caule durís-
TACACÁ papas, não muito espessas, de tapio- simo e endurecido ao fogo é utilizado para
ca em caldo de peixe ou de carnes, assazo- ponta de flecha. A flecha que traz a ponta de
nadas com pimenta-malagueta. tacuara endurecida ao fogo é diversamente
TACACA soado, vibrado, ecoado. talhada e retalhada, conforme se destinada
TACACÁ PORA cheio de tacacá. para caça, para pesca ou para guerra.
TACACASARA vibrador. TACUARA' casta de inambu.
TACACASAUA vibração. TACUA RANA falsa febre, efêmera.
TACANA freixeira. V Sacana. TACUARA PURACYSAUA caniço, taquara da
TACANA-RAPU casta de peixe. festa.
TACANÕ Bubão venéreo, inchaço em supu- TACUARI, TAQUARY pequena taquara, cas-
ração. ta de Bambusea mais ou menos espinhosa,
TACAPE clava, maça, cacete quadrangular que cresce nas baixadas, onde forma mata-
com os cantos mais ou menos vivos, de um gais impenetráveis, sem no entretanto en-
metro e pouco de comprimento, com em- grossar muito, sendo utilizada por isso mes-
punhadura, e alguma vez caprichosamente mo para cãnula de cachimbo.
ornamentado e esculpido, feito de madeira TACUARI taquari, a cânula do cachimbo; in-
rija, mirapiranga ou pau-d'arco. dústria indígena, embora em geral não seja
TACARÉ casta de mandioca. hoje feita da Bambusea, que tem este nome.
TACUA RIR!

TACUA RIRI tremente de febre. TAIÁ-UASU tajá grande, várias espécies de ta-
TACUNHA, SACUNHA, RACUNHA membro, já de folhas grandes, e entre elas a Co/ocasia
partes genitais do macho. esculenta, ou tajá-couve, e uma espécie de
TACUNHA CAUA casta de caba. Aroidea de folha gigantesca.
TACUNHA-YUA o pedaço de pano, casca ou TAIÁ-UNA tajá-preto, várias espécies de
qualquer outro adminículo que serve pa- Cal/adiuns com as folhas manchadas de
ra cobrir as partes pudendas do homem. V preto, e uma variedade de raiz esculenta,
Coeiú. mas que precisa saber distinguir das outras,
TAÍ queimoso, picante. que são geralmente venenosas.
TAIA ardente, o efeito da pimenta sobre a TAIÁ-YUA tajaba, tajaoba, nome que em al-
mucosa da boca. guns lugares dão à Colocasia esculenta.
TAIÁ tajá, nome comum a muitas plantas que TAICY casta de formiga-de-fogo; mãe quei-
se distinguem pelas largas folhas, forman- mosa, mãe do ardor.
do toiça, muitas vezes elegante e capricho- TAÍNA criança, nome que serve para os dois
samente manchadas; do gênero Calladium sexos durante os primeiros anos de vida, até
e afins. que comecem a andar e a falar, quando já
TAIACICA casta de peixe. tenham recebido um nome, e já comecem
TAIA-EMBÁ casta de Aroidea que toma o as- a especializar-se nos respectivos serviços,
pecto de tajá sem sê-lo; como, aliás, diz o porque então passa o menino a ser curumi' e
nome: não tajá. a menina, cunhantaf.
TAIÁ-PÉUA, TAJAMBEBUA, TAJAPEBA tajá de TAINAPURACASARA, TAINAPURASARA ama-
raiz chata. -seca, carregadora de criança.
TAIÁ-PINIMA tajá-pintado. TAINHA, RAINHA, SAINHA caroço. V Rainha.
TAIÁ-PIRANGA tajá-vermelho, tajá pintado TAINHA casta de peixe de escama.
de vermelho. É entre estes que, parece, es- TAIOCA, TACA casta de formiga.
tão as espécies mais venenosas. É um tajá de TAIPA ripado, o atravessar horizontalmente
largas manchas vermelhas cor de sangue, de a ripa, segurando-a nos esteios e mais ma-
cujas raízes os indígenas do Uaupés extraem deiras de enchimento das casas de taipa, pa-
o veneno que propinam às mulheres conde- ra poder levantar a parede de barro e rebo-
nadas à morte por terem surpreendido al- cá-la.
guns dos segredos do Turupari. V Iurupary. TAIPAPORA enchimento.
TAIÁ-PURUU tajapuru, tajá a cuja raiz se atri- TAIPARA ripa, a fasquia de madeira, a ver-
bui a propriedade de trazer a felicidade nos gôntea, a taquara ou qualquer outra coisa
amores e de tornar marupiara quem a traz análoga que serve para ripar.
consigo, pelo que se encontra muito cultiva- TAIPASARA ripador.
do, especialmente no baixo Amazonas. TAIPAUA ripagem, ripamento.
TAIARA queimante. TAIPA-YMA não ripado.
TAIASU, TANHASU queixada, porco-do-mato, TAISU, RAISU sogra.
dente-grande, Dicotyles labiatus. Nome que TAITATI, RAITATI nora.
hoje em dia é dado geralmente também ao TAITÉ coitado, infeliz, desgraçado, pobre; for-
porco doméstico. ma comiserativa. Taité ixé: pobre de mim, ai
TAIASUAIA porco de casa (contração de taia- de mim. Taité indé: pobre de ti. Ma osaru cuá
çu, porco, e suaia, de além). mira taité?: que espera esta pobre gente?
TAIASU urnÁ ave-porca, Nictirax. Ave ribei- TAITEÍRA pobrezinho.
rinha, cujo nome é devido ao barulho que TAITÉYUA infelicidade, desgraça.
faz com o bico forte e volumoso, baten- TAITÉUÁRA infelicitante.
do entre si os queixos, e que faz lembrar o TAITITU, CAITITU taititu, casta de porco-do-
barulho que faz ouvir o queixada, taiaçu, -mato, menor do que o queixada, embora
[que] quando andando bate os dentes; taki- com os mesmos hábitos, Dicotyles torqua-
ri (Solimões). tus.
TAMACOARÉ

TAITUI nora. rios - de cinco para cima - serve para tudo,


TAIUIÁ tajujá, casta de Cucurbitacea comes- e o seu dono tudo pode esperar dele, até que,
tível. por sua culpa, por alguma infração à lei, não
TAIURÁ tinhorão, casta de Aroidea gigantes- lhe tenha neutralizado a virtude, ou a ação
ca. de algum pajé, mais forte do que a do pa-
TAIUMENA genro, com referência à mãe da jé que o preparou, não o tenha tornado sem
mulher. préstimo. São estas eventualidades que con-
TAKIRA caixinha para carregar o ipadu, ja- servam a fé.
purá. TAMACOARÉ' uma das constelações que en-
TAKIRI casta de pássaro, Nictorax. V Taiasu contrei conhecida pelos indígenas do Uaupé
uirá. - Tarianas e Tucanas - e que correspon-
TAMA sufixo, contração de tetama, com a de mais ou menos a Cassiopeia, a cadei-
significação de pátria, terra, lugar de onde. ra, como é conhecida geralmente pelo po-
Araratama: terra das araras. Uruutama: pá- vo. O tamaquaré ficou no céu desde a festa
tria dos urubus. que Tupana deu a todos os bichos. Quando
TAMACOARÉ' casta de pequeno lagarto, mui- a gente de Tupana pôs fora os convidados,
to conhecido e comum em todos os rios e la- muitos deles teriam preferido ficar, porque
gos do Amazonas, onde vive nas árvores da se davam muito bem onde estavam; o tama-
margem, ficando horas e horas imóvel sobre quaré ficou, porque estava tão imóvel e quie-
um galho de pau, com que aliás quase que to no seu lugar, que ninguém o viu; depois,
se confunde, por causa da cor e do desenho visto que já estava e que não incomodava, fi-
geral da pele, à espera da presa, qualquer cou. O seu hieróglifo ocorre frequentemente
inseto que lhe passe ao alcance, e que pega nas inscrições das pedras e consiste, na sua
com um movimento rapidíssimo, que raro forma mais simples, em um longo traço, le-
ou nunca falha. Espantado ou acossado, se vemente engrossado do lado da cabeça, cor-
deixa cair como corpo morto n' água, onde tado por duas linhas transversais; a anterior,
mergulha e se refugia, parecendo assim ser próxima a este lado, curva para cima; a in-
anfíbio. A incansável paciência da espera, a ferior, pouco mais ou menos a um terço de
sagacidade da defesa, a ligeireza dos movi- todo o comprimento do traço, curva para
mentos lhe granjearam a admiração incon- baixo. Daí variando, conforme a habilidade
dicionada do indígena, que lhe atribui a vir- do artista, que em muitos casos o completa
tude de comunicar estas mesmas qualidades com umas tantas estrelas agrupadas do la-
a quem o possuir e dele trouxer sobre si al- do da cabeça. O mesmo hieróglifo se encon-
guma coisa, depois de seco e conveniente- tra desenhado também na proa das canoas,
mente preparado. O tamaquaré, nesta con- e me foi explicado que aí é posto para a ca-
dição, é um dos mais preciosos talismãs, ou noa não ficar no fundo, fazer como o tama-
pusangas, para falar como ele, que o tapuio quaré, mergulhar se for necessário, mas vol-
possa possuir. Além de lhe dar a constância tar à tona d' água.
e sagacidade necessária para bem dirigir-se TAMACOARÉ3 óleo detergente e antisséptico,
na vida e conseguir tudo quanto depender muito empregado para cura de chagas e feri-
de tempo e paciência, é suficiente um pou- das, que é recolhido por meio de incisões fei-
co do raspagem da sua pele dada a beber a tas na casca de uma espécie de caraipa, que
quem nos quer deixar, para impedi-lo de o cresce nas terras altas. Para obter o óleo, apli-
fazer; basta uma perna, um dedo amarra- cam ao lugar da incisão uns chumaços de al-
do numa das pontas da corda do arco, pa- godão que, depois de embebidos, são cuida-
ra que a flecha não erre o alvo; mas pode-se dosamente espremidos, recolhendo o óleo,
passar em resenha toda a crendice indígena, quando não há vidros, em cabaças geralmen-
sem chegar-se a dizer para que serve o tama- te feitas com fruta de coloquíntide. O óleo de
quaré, desde que um tamaquaré, se prepa- tamaquaré não é sempre de virtudes iguais, e
rado por pajé que tenha os fôlegos necessá- me foi mais de uma vez afirmado pelos cole-
TAMACOARÉ YUA

gas pajés que o óleo extraído quando a planta do tamandoaf, seca e preparada, vale mui-
mete novos brotos, em lugar de curar, enve- to bom dinheiro, e é procurada pelos jo-
nena as chagas. É o que talvez explique ava- gadores como capaz de lhes trazer a sorte.
riabilidade dos efeitos que este produz, em- TAMARACÁ instrumento feito de um tron-
bora esta possa também ter por causa o vir co de pau oco, a que foi posta uma tampa
o verdadeiro óleo de tamaquaré misturado de pele qualquer, usado nas festas e em al-
com outros óleos, tirados por ignorância ou guns lugares em lugar do torocano; por ex-
mesmo por pouco escrúpulo, de plantas di- tensão, tambor.
versas, embora parecidas. TAMARACÁ, ITAMARACÁ sino. V Itamaracá.
TAMACOARÉ-YUA tamaquareúba, tamaqua- TAMARANA clava de pau duro e pesado,
rezeiro, casta de caraipa que cresce nas ter- achatada de um lado, e suficientemente lar-
ras firmes, e dá um óleo usado para cura de ga para poder servir tanto de arma de guer-
chagas e feridas. V Tamacoaré3 ra como de remo, e, do outro lado, com uma
TAMANDOÁ, TAMANOÁ tamanduá-bandeira, cômoda e boa empunhadura, permitindo
Myrmecophaga jubata, casta de grande Des- manejá-la com duas mãos.
dentado, facilmente reconhecível pelo foci- TAMARU casta de crustáceo da costa.
nho fino e comprido, a língua vermiforme e TAMATÁ, TAMOATÁ casta de peixe, que, pe-
visguenta, e sobretudo pela bela e rica cau- la disposição especial das guelras, pode su-
da, que, andando de um lugar para outro à portar, sem morrer, o ficar algum tempo fo-
cata de formigueiros, levanta em arco como ra d' água, o que lhe permite fazer pequenas
uma bandeira, de onde a adição feita pelos travessias por terra, não sendo raro encon-
Portugueses ao nome indígena. O tamanduá, trá-lo no mato passando de um rio, lago ou
apesar de não ter dentes, é um animal muito igarapé para outro, de onde o nome que em
respeitável e pode tornar-se perigoso, se che- muitos lugares lhe dão de peixe-do-mato,
ga a abraçar-se com o adversário, e consegue Cataphractus callichthys e afins.
cravar-lhe no corpo as fortes e afiadas unhas, TAMATIÁ, SAMATIÁ, RAMATIÁ as partes pu-
de que é fornecido. Me têm contado que até dendas da mulher e das fêmeas em geral.
a onça o respeita e guarda-se bem de atacá-lo TAMATIÁ CAUA casta de caba que faz o ninho
de frente. O povo chama tamanduás todos os de barro com uma única abertura para en-
negócios duvidosos e que, apesar das aparên- trada, e esta apresenta a forma de uma fen-
cias ou do que se apregoa, têm atrás de si ra- da de rebordos salientes, que lembra as par-
bos que se não acabam. tes pudendas das fêmeas.
TAMANDOAI tamanduazinho, tamanduá TAMATIÁ UIRÁ é o nome de duas espécies de
pequeno, Myrmecophaga didatyla. Lindo pássaros: um acuraua, casta de caprimulgo,
mamífero, pouco maior do que um gros- e um sorocofn, de peito cor-de-rosa, casta de
so rato, sem dentes, de focinho alongado capita, o tamatiá de Orbigny.
e língua vermiforme e viscosa, o pelo ma- TAMBA bebida fermentada de beijuaçu cozi-
cio como seda, comprido, fulvo-leonado- do e diluído n' água; casta de caxiri.
-claro, as mãos e os pés armados de fortes TAMBAKI tambaqui, peixe de escama, mui-
unhas, que não largam facilmente a presa to apreciado e suficientemente comum em
e se fazem respeitar. As unhas, assopradas todo o Amazonas, parente próximo dos
e preparadas com carjuru da lua por pajé Caracini, dos quais tem o aspecto geral e
são consideradas potentíssimos amuletos, o porte, embora chegue a tamanhos muito
e é uma unha de tamandoaf que Jurupari maiores do que aqueles. O tambaqui, muito
dá a Cárida quando partem em persegui- apreciado durante todo o ano, se torna in-
ção dos velhos traidores do segredo; e é tragável e quase repugnante no começo das
pondo-a no nariz que ele é transportado enchentes, quando come a fruta do louro.
aonde quer e se transforma no que mais TAMBÁ-TAIÁ casta de Calladium, de cujas fo-
lhe convém. Ainda hoje, tanto no Pará co- lhas se fazem emplastros para cura de in-
mo no Amazonas, a unha da mão esquerda chações.
TAOCA

TAMBATUIÁ casta de pássaro formigueiro. TANAIURA tanajura, Atta, a fêmea de uma


TAMBÉYUA, TAMÚYUA punilha das árvores. casta de saúva, que, quando ovada e na pro-
TAMBUERA contorto, raquítico, mal crescido, ximidade da postura, saí do ninho à procura
com referência às árvores e arbustos. de lugar onde pôr. Na ocasião, as tanajuras
TAMBURÁ, SAMBURÁ casta de cofo com tam- são objeto de uma perseguição encarniça-
pa. da de todos os pássaros insetívoros da loca-
TAMBURÁ CAVA casta de caba, cujo ninho lidade e do próprio homem, que secunda o
lembra a forma do samburá. trabalho dos pássaros, não tanto para impe-
TAMBURÁ YUA árvore do samburá, sambura- dir a criação de novos formigueiros, como
zeiro; não o conheço. porque, para muitos, são um petisco mui-
TAMBURI-PARÁ, TAMURI-PARÁ pássaro do to apreciado; especialmente quando mo-
tamanho de um sabiá, todo negro, com o bi- queadas, são servidas com molho de tucu-
co longo, afiado e vermelho cor de coral, que pí bem apimentado. As tanajuras parece que
lhe dá um saínete todo especial. O seu asso- sabem desta perseguição, e é por isso, afir-
bio, quando se repete amíudadamente rom- mava -me uma das minhas mestras de língua
pendo o silencio da floresta, é considerado geral, que elas não saem senão à tardinha e
prenúncio de trovoada próxima. É o único muitas vezes até depois do sol posto. A par-
pássaro, conforme afirmação do indígena, te comestível é o abdome ovado; o gosto é
de que o japím não imita o canto. Um dia de uma bolinha de sebo, que com o molho e
em que o avô do japim imitou o canto do bom apetite se torna perfeitamente comível.
tamburipará, este deixou o que estava fazen- TANARÁ árvore que cresce nos igapós.
do, para acudir ao chamado, mas, chegando TANIMBUCA cinza. Ara tanimbuca: cinza do
e encontrando-se ludibriado, investiu con- dia, névoa. Tanimbuca ara: dia de cinza, ne-
tra o japím e o matou. Desde então todos voento.
os tamburíparás nascem com o bico verme- TANIMBUCA-PORA cheio de cinza, todo
lho, e os japins, que imitam o canto de todos cinza.
os outros pássaros, não voltaram a imitar o TANIMBUCATYUA cinzeiro.
canto do tamburipará. TANIMBUCAUARA cinzento.
TAMEARANA casta de urtiga. TANIMBUCAYMA sem cinza.
TAMINOÁ, TAMINUÁ casta de escarabeu. TANIMBUCAYUA tanimbuqueira, várias espé-
TAMINOAi taminoá pequeno, casta de pe- cies de árvores, tanto do igapó como da ter-
queno escarabeu. ra firme, que fornecem boa cinza.
TAMIUÁ casta de pequena lagarta. TANI envolvido em fasquias de cipó ou outro
TAMOATÁ casta de peixe. V Tamatá. material idôneo, para conservação e facili-
TAMUÁ a fruta de um pequeno araçá da mar- tar o transporte do gênero sem deteriorá-lo.
gem, insignificante e não comestível. TANISA fasquias de cipó ou de outro material
TAMUATÁ V Tamatá. análogo, cuidadosamente limpas e alisadas,
TAMUATÁ-PIRERA ponto de renda; lit.: pele para entaníçar molhos de tabaco, pacotes
de tamuatá. de salsa etc. A qualidade da taniça, determi-
TAMUIA, RAMUIA, SAMUIA avô, é o nome da nada geralmente da que é mais fácil de ob-
tribo tupi - Tamoio - que ao tempo da des- ter-se na localidade, faz conhecer facilmen-
coberta foi encontrada habitando a baía de te aos práticos a proveniência do gênero, e
Guanabara. não raro serve para falsificar, ou melhor, es-
TAMURA corrupção de tambor. V Tamaracá. conder esta.
TANANÁ casta de grande Locustida, que vi- TANISARA entaniçador.
ve de preferência nas roças, danificando a TANISAUA entaniçamento.
mandioca, de que come as folhas. O seu no- TANITYUA entaniçadouro.
me é onomatopeia do rumor que produz TANIYMA não entaníçado.
friccionando os élitros contra umas aspere- TAOCA correição, casta de formiga, cujo no-
zas das pernas traseiras. me parece soar - não tem casa -, que de
TAPACURA

tempo em tempo costuma aparecer sem sa- TAPECUUERA abanável.


ber-se de onde sai, e desaparece sem se sa- TAPECUYMA não abanado.
ber aonde se some, depois de breve prazo, TAPENA casta de gavião. V Piranha uirá.
em que passa em colunas cerradas, como TAPÉ-IARA useiro e vezeiro.
uma verdadeira invasão, sem que possa ser TAPERA lugar que foi abandonado, ruína.
detida por obstáculo nenhum. É formiga TAPERA UIRÁ variedade de andorinha, que
essencialmente carnívora e, por onde pas- escava o buraco onde faz o ninho, de pre-
sa, não fica inseto ou bicho nenhum. O que ferência na areia dos lugares que foram ha-
não foge é morto e devorado. Quando uma bitados.
casa está sobre o seu caminho e é invadi- TAPERA-UIRÁ-UASU gavião das taperas. V
da pelas taocas, a limpam, lhe passam uma Piranha uirá.
verdadeira correição, nela não fica nem ra- TAPEREYUÁ taperibá, fruta comestível, uma
to nem barata; os próprios moradores mui- drupa amarelo-clara, da forma de ameixa
tas vezes são obrigados a retirar-se e esperar muito desenvolvida, envolvendo um único
que passem para voltarem. caroço com polpa, de gosto doce acidulado,
TAPACURA liga, atadura, que os indígenas muito perfumado e característico.
do rio Uaupé, especialmente as mulheres, TAPEREYUÁ-YUA taperibazeiro, cajá, Spon-
usam trazer estritamente amarrada abaixo dias. É árvore que adquire formas colossais,
do joelho e que pretendem os preserve das cresce rapidamente e pega de galho, pelo
câimbras e lhes dá resistência para as lon- que, quando um taperibazeiro cai derriba-
gas caminhadas. A tapacura, geralmente de do pela tempestade, se não cai no rio e não
curauá, tingida em amarelo e mais raramen- é carregado por este, rebenta logo por todos
te em vermelho, é tecida a bilros, em pontos os lados, deitando raízes e brotando em to-
de renda mais unidos e formando um tecido dos os pontos em que fica em contato com o
compacto, de desenhos elegantíssimos, em solo. Por essa causa, conta a lenda, quando o
que predomina a grega, em relevo. No di- jabuti fica preso debaixo de outra qualquer
zer das pessoas entendidas em trabalhos de espécie de árvore, porque é dotado de vida
rendas, as tapacuras são verdadeiras obras- dura e que pode aguentar longos jejuns, fi-
-primas, tanto na elegância do desenho co- ca resignado e diz em tom de mofa: Tu não
mo na execução do trabalho, e as tenho vis- és de pedra, hás de apodrecer e eu sairei. Se,
to sempre chamar a atenção e despertar a porém, fica debaixo de um taperibazeiro,
admiração das senhoras, especialmente eu- perde logo toda e qualquer esperança, por-
ropeias, a quem as tenho mostrado. que sabe que não apodrece, e metendo no-
TAPAIÚNA negro, preto (diz-se do homem; vas raízes e criando novos galhos o enterra
contração de tapyia, tapuio, e una, preto). para todo o sempre.
TAPAIÚNA CERAMÉ mulato, negro desbota- TAPERI, TAPIRI abrigo provisório V Papiri.
do. TAPETI lebre, um intermédio entre a lebre e
TAPAIÚNA-RANA mulato, falso negro. o coelho, que vive nas regiões dos campos,
TAPARI casta de peixe de pele, de manchas ir- Lepus brasiliensis.
regulares mais escuras sobre um fundo cin- TAPÉUA uma casta de fruta parecida com a
zento claro, que se torna branco no ventre. ata.
TAPAUÁ casta de palmeira que cresce nas var- TAPEUÁ sebo.
gens e igapós. TAPIÁ, SAPIÁ, RAPIÁ testículo.
TAPE no lugar, ao lugar (contração de taua, TAPIÁ casta de planta das Urticáceas.
lugar, + opé: a, in. TAPIÁ CAUA casta de caba.
TAPECU abanado. TAPIÁ-IUUCA tirados os testículos, capado.
TAPECASARA abanador. TAPIÁ-IUUCASARA capador.
TAPECUSAUA abanamento. TAPIÁ IUUCASAUA capação.
TAPECUUA, TAPECUA abano. TAPIÁ-YMA sem testículos, tanto natural-
TAPECUUARA abanante. mente como em seguida à capação.
TAPYIRA SUAIANA

TAPICui casta de capim. TAPYIA TETAMA terra dos tapuios, pátria ta-
TAPHRI, TAPIRI varrido. puia, pátria dos tapuios.
TAPIIRISARA varredor. TAPYIAUARA que é dos tapuios, pertence aos
TAPIIRISAUA ato de varrer. tapuios.
TAPHRITYUA varredouro. TAPYIAYUA indigenato, qualidade de indíge-
TAPHRIUÁ varredura, o que é varrido. na.
TAPURIUARA varrente. TAPYIRA anta, tapir, Tapirus americanus. O
TAPIIRIUERA varrível. maior dos mamíferos do vale do Amazonas.
TAPHRIYMA não varrido. Pertence à ordem dos Pachydermos ungu-
TAPIRI, TAPERI abrigo provisório. V Papiri. lados, parente próximo do porco. Hoje em
TAPIRI V Tapiiri. dia, todavia, o nome é dado muito mais fa-
TAPIÚ casta de pequena formiga arbórea. cilmente ao boi doméstico do que à anta,
TAPIÚ-CAUA casta de caba que faz o ninho de modo que, nos lugares onde se cria ga-
muito parecido com o da formiga do mes- do, para evitar dúvidas em indicar a anta,
mo nome. Se a formiga se faz respeitada pe- se costuma dizer Tapyira caapora, anta do
la comichão que produz ao contato com a mato. Disso, os que não conhecem a anta
pele, a caba se faz respeitar pelas valentes não devem inferir que entre esta e o boi ha-
ferroadas, que distribui quando perturbada. ja alguma semelhança. Nada disso, até na
TAPIXAUA vassoura. presença dos dois animais se fica pergun-
TAPOCA, TAUOCA V Tauoca e comp. tando como foi possível a aplicação do no-
TAPU, RAPU, SAPU raiz, a parte das plantas me da anta ao boi. Basta dizer que, ao pas-
que fica debaixo da terra. so que este tem chifres e os lábios carnudos
TAPURU lagarta, verme, gusano, larva. Tapuru e salientes, aquela não tem chifres e aca-
pana mboisara: traça, lagarta roedora de pa- ba o focinho numa espécie de probóscide,
no. Tapuru-reía: praga de lagartas muitas. muito característica, pelo que só pode ter
TAPYIA tapuia, tapuio, isto é, indígena. É es- havido uma única razão, o tamanho.
ta se me afigura a sua significação etimoló- TAPYIRA CAAPORA anta do mato, que mora
gica, se, como creio, tapyia é a contração de no mato. Usado quando há necessidade de
taua, taba, + epy, origem, princípio, + ia: distingui-la do boi.
fruta; e, por via disso mesmo, tem o sentido TAPYIRA CAUA caba-de-anta, casta de caba.
de fruto da origem da taba. O desapareci- TAPYIRA COANA casta de pássaro.
mento de sílabas não acentuadas na forma- TAPYIRA COINANA casta de leguminosa e
ção das palavras indígenas não tem nada casta de pássaro.
de extraordinário, é até corrente; v. Tape. TAPYIRA CUNHÃ anta fêmea, vaca.
Acresce que é esta a significação corrente. TAPYIRA ETÉ anta verdadeira, para distin-
Quem diz tapuio, entende dizer indígena, gui-la do boi, quando necessário.
sem distinção de tribo e nem sempre su- TAPYIRA-IAUARA anta-cachorro, anta-on-
bentendendo a restrição de indígena ainda ça, que aparece aos caçadores que violam as
não civilizado. Não obsta o fato dos Tupis leis da caça matando as fêmeas quando grá-
da costa darem, como parece, o nome de vidas. Contam que é uma onça com cabe-
Tapuias a todas as tribos indígenas que não ça de anta, que, quando o caçador, confiante
eram Tupi-guarani, pelo que [se] encontra porque a vê descuidada deixá-lo aproximar,
traduzido por "inimigos". A tradução, está pensa podê-la flechar a salvo, se levanta e
claro, foi feita, antes atendendo ao estado mostra o que é, investindo, mal lhe dando
de fato do que à etimologia da palavra. Esta tempo, na mor parte dos casos, a fugir sem
é, pelo contrário, confirmada pela circuns- olhar para atrás.
tância da generalização do nome a todas as TAPYIRA PECÔ língua-de-vaca, casta de erva.
tribos que tinham sido obrigadas a retirar- TAPYIRA SUAIANA anta-de-além, o boi. Usa-
-se para o sertão perante a invasão e que do no caso de ser necessário especificar e
eram realmente fruto de origem das tabas. distingui-lo da anta.
TARA

TARA ornamento, enfeite. Acanga-tara: orna- que a reconhecem e ficam prevenidas contra
mento da cabeça, coroa de plumas. ela, porque, mesmo estabelecidas na proxi-
TARÁ casta de íbis, Geronticus oxycercus, midade, custa fazê-las passar para ela.
que se encontra de preferência no baixo TARACUÁ CIPÓ casta de cipó que fede a ta-
Amazonas e no Pará. No Solimões e no rio racuá.
Negro quase não aparece, e ainda menos TARAÍ-MBOIA casta de cobra-d' água, de cor
aparece nos seus afluentes. Aparece espora- amarelada.
dicamente no rio Branco. TARAÍRA traíra, trarira, casta de peixe de esca-
TARACAIÁ tracajá, a fêmea da Emys tracaxa. ma, Erithrynus e afins, que, pela potência da
O macho chama-se anauiry, anory. Menor dentadura, vem logo depois da piranha, pelo
de que a jurará ou tartaruga, se encontra em que alguns indígenas se servem também des-
todo o Amazonas e seus afluentes. Desova, ta para serra e até a preferem. Embora mui-
no começo das vazantes, no alto das praias, to espinhenta, a sua carne é muito apreciada
ao longo das margens dos rios, preferindo e, seja na subida, quando vão desovar nas ca-
os lugares em que a terra se torna friável beceiras, seja quando descem prenunciando
por estar misturada com areia. Os peque- a vazante, as piracemas de taraíras são objeto
nos saem depois de uma incubação de uns de ativa perseguição.
vinte dias, geralmente à boca da noite e cor- TARAÍRAMBOIA casta de enguia, traíra-co-
rem logo para a água sem nenhuma hesita- bra.
ção. A carne da tracajá para muitos é prefe- TARAÍRA MYRÁ, TARAÍRA CIPÓ cipó-de-
rida à da tartaruga. traíra, casta de timbó, Cocculus.
TARACUÁ taracuá, casta de formiga que, ir- TARAPE, TARAPEMA, TARAPÉUA grossa for-
ritada, exsuda uma substância que empes- miga de cabeça chata. Os pescadores, espe-
ta com o seu mau cheiro tudo que toca e cialmente os do Solimões, enfiam na ponta
por onde passa. Faz o seu ninho em forma da flecha a cabeça dela, afirmando que des-
de negras estalactites aplicadas à face infe- te modo a pontaria é certeira e a flecha não
rior dos troncos das árvores em que mo- se desvia.
ra. Carnívora, onde se aninha não consente TARAPU lagarto, Lacerta.
que suba outra qualquer espécie de formiga, TARAPU-PÉUA osga, nome genérico dado a
nem deixa vingar qualquer larva de inseto, várias espécies de Ascalabotae. Lit.: lagarto
constituindo por via disso mesmo uma es- achatado.
plêndida defesa, até contra as próprias saú- TARAPU PINIMA lagarto-pintado, casta de
bas, embora muito mais fortes e maiores do Lacerta.
que ela. Para fazer passar e instalar a tara- TARAPU PITINGA lagarto esbranquiçado,
cuá na árvore que se deseja, é suficiente me- casta de Lacerta.
ter um cipó que una as duas árvores, isto é, a TARAUACA escolhido. V Purauaca e comp.
árvore em que se acha instalada e aquela em TAREREKI mata-pasto, Cassia sericea.
que se deseja que se instale. Quando na lo- TARI casta d' erva.
calidade não há taracuás, é preciso trazê-las. TARICA casta de pequena formiga averme-
Para isso é suficiente trazer bem fechado lhada.
dentro de um saco um pedaço de ninho com TAR!CEMA formiga dos mangais, que, ao di-
suas habitadoras e depositá-lo no chão, dei- zer de Martius, vive dos brotos da planta e
xando que elas próprias escolham a árvore e de animálculos marinhos.
se instalem nela. Instaladas, é fácil fazê-las TARI-PUCU tari-comprido, casta de erva.
passar onde se deseja. Querer que se insta- TARIRI casta de cipó, cujas folhas são utiliza-
lem aplicando o pedaço de ninho na árvore das para tingir de preto a roupa.
é tempo perdido. Quantas vezes o tenho ten- TARUMÃ casta de árvore de alto porte.
tado, tantas o tenho feito inutilmente. Não TARUPÁ' tarubá, beiju expressamente prepa-
só abandonam indefectivelmente a árvo- rado para fazer o caxiri, de onde se extrai a
re em que as quisermos instalar, mas parece tiquira ou cachaça de mandioca.

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TAUA, TENDAUA, TYUA

TARUPÁ
2
tarubá, a pá que serve para remexer peu, e muito comum em todo o Amazonas,
a massa de mandioca ralada, enquanto se- com especialidade nos campos do rio
ca no forno, e impedir que se agrume, feita Branco e nos da ilha de Marajó.
geralmente em forma de um pequeno remo TATÉUA, TATYUA o sogro do marido.
de mão oblongo. TATICUMÃ fuligem, especialmente a que fica
TATÁ fogo. pegada nos esteios e nas palhas do telhado,
TATACA casta de rã arbórea. formando como festões.
TATÁ-IRA mel que arde, mel de fogo. TATU casta de mamífero, mais ou menos intei-
TATÁ-IRA-MANHA casta de abelha que pro- ramente defendido por uma espécie de cou-
duz mel que arde; mãe do mel de fogo. raça e que, apesar de ter uma esplêndida den-
TATÁ ITÁ pedra de fogo, que dá fogo, sílex. tadura rica de molares, embora privada de
TATÁ-ITYCA pescar com fogo, fachear. V incisivos e caninos, é considerado um des-
Ityca e comp. dentado e como tal classificado. Dasypus e
TATAIUUA tatajuba, casta de Maclura. suas variedades. Os indígenas têm pelas car-
TATÁ MANHA mãe do fogo, isca. nes de tatu uma concepção muito original,
TATÁ MANHA IRERU isqueiro, traz a mãe do afirmando que elas reúnem em si as virtudes
fogo. de todas as outras carnes, e que, por via disso
TATÁ PERIRICA faísca. mesmo, podem ser comidas sempre e impu-
TATÁ-PIRIRICA casta de árvore, Terebintha- nemente, sem perigo de infringir qualquer
cea, que dá uma pequena drupa comestível proibição de comer certa e determinada qua-
e uma madeira de pouco préstimo, mas que lidade de carne e sem perigo de fazer saruá.
queima deitando muitas fagulhas, de onde TATU APARA tatu-bola, Dasypus tricinctus.
o nome. TATU ASU tatu-grande, toró, Dasypus gigas.
TATÁ PUÍNA, TATÁ PUINHA brasa, carvão, TATU CAUA casta de caba cujo ninho se pare-
resto do fogo. ce com um tatu-bola, quando enrolado so-
TATÁ PUINHA IRERU fogareiro. bre si mesmo.
TATÁ PUTAUA isca para fogo e, com especia- TATÚ ETÉ tatu verdadeiro, Dasypus longicau-
lidade, a que é tirada da casa de uma formi- dis.
ga arbórea tatuzinho, pequeno crustáceo do gê-
TATÁ PUTAUA IRERU isqueiro. nero Hippa.
TATÁ PUTAUA MANHA casta de formiga ar- TATUI paquinha, Grylotalpa. Inseto que vi-
bórea, que faz seus ninhos de uma matéria ve de preferência nas praias e lugares areen-
que serve de isca para fogo. tos, onde escava longas galerias em procura
TATÁ RENDI aceso, luminária. de comida.
TATÁ TENDAUA lugar do fogo, lareira. TATUIRANA larva de inseto, em geral de bor-
TATATICUMA, TATATICUNA fuligem. boleta, mais ou menos felpuda, que, em
TATATICUERA tição. contato com a pele, produz uma sensação
TATATINGA de ardência incômoda e persistente. É no-
TATATINGA-RANA névoa, falsa fumaça. me genérico.
TATÁ UASU fogueira, fogo grande. TATU MUNDÉU tatu manhoso, casta de
TATÁ-UERÉUA chama. pus.
TATÁ UIRÁ casta de cotinga verme- TATU PACA casta de Dasypus.
lha. TAU casta de ribeirinho.
TATÁ-YUA o fogo que fica na lareira como TAUA taba, areal, povoado, terra, lugar.
que guardado debaixo da cinza; o cepo que TAUA, TENDAUA, TYUA sufixo; tem a mesma
o conserva. º'"•"'"~'"""'~de terra, lugar, e nun-
TATAYUA casta de árvore, moreira. ca tenho encontrado uma regra para saber
TATERA casta de pequeno pica-pau. quando deve usar-se um sufixo em lugar do
TATÉU Vanellus cayenensis, casta de ave ribei- outro, tendo-me sempre parecido que a es-
rinha, muito parecida com o Vanello euro- colha depende antes de tudo de predileção
TAUÁ

pessoal, embora algumas raras vezes possa TAUOCA CEEN taboca doce, cana-de-açúcar.
ser determinada pela eufonia. Teaputaua, TAUOCAI taboquinha.
teaputendaua, teaputyua, querem todos di- TAuocosu taboca grande, tabocão.
zer lugar de barulho. Taua, o que não acon- TAUUCURY, TAUA-OÚ-CURY dabucuri, ban-
tece com os outros, algumas raras vezes se quete, festa de convite, dada de tribo a tri-
ouve e se encontra usado em lugar de saua, bo em sinal de amizade e boa vizinhança.
mas é uma substituição que nada autoriza A tribo que resolveu obsequiar a outra pre-
e me tem parecido sempre ou vício de pro- vine-a da qualidade do dabucuri. A obse-
núncia ou erro. quiada prepara as bebidas, que variam con-
TAUÁ amarelo, cor de barro, cor de terra, barro. forme as comidas, que podem consistir em
TAUA-CUERA ruína do lugar povoado, terra, frutas, produtos da roça, carás, inhames, ou
lugar que foi. em caça ou peixe. Qualquer seja o dabucu-
TAUÁ-ETÉ tabaté; muito amarelo, muito barro. ri, é geralmente constituído de uma úni-
TAUA-IARA senhor da terra, senhor do lugar; ca espécie de comida, que é trazida com as
tabajara, nome de uma tribo tupi. solenidades da pragmática. No dia apraza-
TAUA-PESASU, TAUAPISASU terra nova, taba do a tribo que dá o dabucuri chega à tar-
nova, povoado fundado de fresco. dinha trazendo a comida, geralmente já
TAUÁ-PIRANGA terra vermelha. pronta e preparada para ser logo comida.
TAUAPORA morador do lugar, morador da No porto, se vêm por água, ou a uma cer-
taba, da povoação. ta distância da casa, se vêm por terra, se or-
TAUARI tavari, a entrecasca de uma espécie ganiza o cortejo. Os tocadores na frente,
de Curataria que serve para mortalha para puxando o préstito, em seguida os que tra-
cigarro, muito usada em todo o interior do zem o dabucuri, e atrás destes o resto do
Amazonas. Se extrai cortando a casca do ta- povo se dirigem para a casa onde deve ha-
varizeiro da largura desejada, batendo-a de- ver a festa. Quando cala a música, rompe o
pois com um macete ou coisa que o valha, canto em que se ouve sempre, como estri-
até separar a parte externa do líber, e conti- bilho, voltar o nome da fruta, caça ou peixe
nuando para depois separar as diversas fo- de que consta o dabucuri. Quando o prés-
lhas do líber entre si. tito chega à porta da casa, para, não entra
TAUARIYUA tavarizeiro, Curataria tavary, ár- em mó, mas um a um, o tuxaua em frente,
vore da terra firme e vargens altas, que for- depois os tocadores e o resto do povo, últi-
nece o tavari para mortalha de cigarro, cuja mos os que trazem o dabucuri; as mulhe-
finura e qualidade depende sobretudo da res dão a volta e vão à cozinha, onde estão
idade do tronco, de onde a casca foi tirada. as mulheres da casa. Dentro da maloca, to-
TAUATINGA tabatinga; barro branco, terra dos os homens estão em pé estendidos em
branca. linha que vai da porta até o fundo, à esquer-
TAUATÓ casta de gavião do tamanho de um da de quem entra. O tuxaua, o primeiro a
galo carioca, listrado de branco e cinzento entrar, para na frente do primeiro homem
ardósia escuro, tarsos amarelos, o bico for- e troca com ele os cumprimentos de estilo,
te e dentado, e a cauda larga e truncada, que e passa adiante trocando seus cumprimen-
parece ser um Harpagus. Embora em parte tos com o segundo homem, enquanto o se-
alguma se possa dizer comum, se encontra gundo que entrou troca os cumprimentos
em todo o Amazonas e é atrevidíssimo, per- com o primeiro, e assim sucessivamen -
seguindo, se preciso for, a presa sob a ma- te até que todos sejam entrados e todos te-
ta, a correr; já o tenho visto chegar em casa nham trocado os cumprimentos do estilo.
perseguindo galinhas. Os recém-chegados, quando têm acabado
TAUAUARA que pertence ou é da taba, do lugar. de cumprimentar todos os homens, que se
TAUOCA taboca, casta de Bambusia não espi- acham estendidos em linha, vêm um a um
nhenta, o que a distingue da taquara, embo- a alinhar-se à direita de quem entra de for-
ra alguns as confundam. ma que, quando é acabada a cerimônia do
TEIESARA

cumprimento, se encontram em duas li- TEAPU, TIAPU rumor, ruído, estrépito, es-
nhas, uma em frente da outra, e os que tra- trondo, barulho. Teapu-ira: mel de barulho.
zem o dabucuri vão deixá-lo no chão so- TEAPUPAUA rumorejamento.
bre umas esteiras, ou simplesmente folhas TEAPUPORA rumorejador.
de bananeira, aí dispostas para este fim. TEAPUUARA rumorejante.
Então vêm as mulheres da casa trazendo as TEAPUYMA sem rumor, sem barulho.
bebidas e, trocando com os recém-chega- TEARÕN amadurecido (das frutas principal-
dos também os cumprimentos de costume, mente).
logo começa o banquete. Este dura, inter- TEARÕNGARA amadurecedor.
polado de danças, enquanto há que comer TEARÕNGAUA amadurecimento.
e beber. A duração de um bom dabucuri é TECÔ, RECÔ, SECÔ costume, hábito, USO, lei.
de três dias. Acabada a festa, os que rece- TECÔ ANGAIPAUA mesquinhez de costume,
beram o dabucuri acompanham processio- pecado.
nalmente os que vieram dá-lo até o porto, TECÔ ANGAIPAUA ASU grande mesquinhez
ou a uma certa distância, se a viagem é por de costume, pecado mortal.
terra, e aí feitas as despedidas, cada um vol- TECÔ ANGAIPAUA ASU ETÉ verdadeiramen-
ta à sua casa. É o que tenho visto e observa- te grande mesquinhez de costume, sacri-
do mais de uma vez nas minhas viagens ao légio.
Uaupés, tendo assistido e tomado parte em TECÔ-AYUA crime, mau hábito, vicio.
dabucuri de todas as espécies e até em da- TECÔ-AYUA-PORA criminoso, condenado.
bucuri dado em nossa honra, isto é, do meu TECÔ-AYUA-UARA culpado, vicioso.
companheiro de jornada no Uaupés, Max J. TECÔ-CUAO lei conhecida.
Roberto, e minha. TECÔ-CUAOSAUA conhecimento da lei.
TAXI cavado, esburacado; casta de formiga TECÔ-CUAOUARA conhecedor da lei.
que cava a madeira das árvores, e cuja den- TECÔ-IAUÍ costume quebrado.
tada é muito dolorosa. TECÔ-IAU!SARA quebrador de costume.
TAXIÔ sogra. TECÔ-!AU!SAUA quebramento de costume.
TAXIPORA casta de formiga (não a conheço). TECÔ-MUNHÃ feito costume.
TAXIRA ferro de cova, cavadeira. TECÔ-MUNHANGARA implantador de costu-
TAXISARA cavador, esburacador. me, legislador.
TAXISAUA cavação, esburacamento. TECÔ-MUNHANGAUA implantação de costu-
TAXIUA casta de formiga. Lit.: má língua, me, legislação; lei, mandamento.
pessoa que diz mal do próximo. TECÔ-PURANGA bom costume.
TAXIUARA cavante. TECÔ-PUXI mau costume.
TAXIUERA cavável. TECÔ-RANA falso costume.
TAXIYUA taxizeiro, árvore da taxi, onde mora a TECOSARA costumeiro.
taxi; nome dado a muitas plantas de espécies TECOSAUA costumança.
diversas, que, apesar de cavadas mais ou me- TECÔ-TEMBÉ ansiado.
nos profundamente pela taxi, contudo não TECÔ-TEMBÉUA ansiedade.
parecem sofrer, continuam a vegetar, flores- TECÔ-TENHE hábito próprio, individual.
cer e dar fruto, como dantes, sendo que para TECOUÉ vida.
algumas o serem furadas é condição de vida. TECOUASAUA vitalidade.
TAYRA, RAYRA filho com referência ao pai. TECOYMA sem lei, sem uso, sem costume.
TAYRERA rebento abortado, gema morta. TEEN debalde.
TEAEN suado. TEEN-ETÉ, TEENTE inutilmente.
TEAENGARA suador. TEEN-NHUNTO, TEENHUNTO a capricho,
TEAENGAUA suada, suor. sem outra razão, só por isso.
TEANCUERA, TEAN-UERA cadáver de gente. TEICUARA ilhós.
TEAPIRA zunido, espécie de abelhas e mais TEIÉ espumado.
insetos análogos. TEIESARA espumador, quem faz espumar.
TEIETYUA

TEIETYUA espumadouro, remanso que se for- TEMIÚ MUCEEN comida temperada, salgada,
ma ao pé das cachoeiras, onde se reúne a es- saborosa. Lit.: feita doce.
puma. TEMIÚ MUCEENGARA cozinheiro(a); tempe-
TEIEUARA espumante. rador da comida.
TEIEYMA não espuma. TEMIÚ MUCEENGAUA tempero.
TEIEYUA espuma. TEMIÚ-MUNHANGARA cozinheiro.
TEIPAU inteiro. TENDI, TENI pulga.
TEIPAUSAPE inteiramente, por inteiro. TENÍl! até que enfim.
TEIPÓ afinal. TENHE, TEEN o mesmo, a mesma coisa.
rnrú teju, casta de lagarto do gênero Podi- TENHUNTO à-toa, tão somente, sem outra
nema e afins, que costuma habitar nas mar- razão.
gens dos rios e igarapés, de preferência nos TENL TENIN seco.
lugares encachoeirados. TENIN CERANE murcho.
TEIUASU teju grande, Teiu monitor. V Teiu. TENONDÉ, CENONDÉ, RENONDÉ adiante,
TEIÚ CAÁ erva de teju, casta de Euforbiácea. em frente.
TEIÚ CATACA teju escamoso. TENONDÉ AMBYRA pré-morto.
TEIÚ CYYMA teju liso. TENONDÉ crcA adiantado, chegado adiante.
TEIÚ PURU teju enfeitado, casta de cameleão. TENONDE CICASARA adiantador, quem che-
TEM, TEEN o mesmo, idêntico, próprio. ga antes.
TEMBÉ, CEMBÉ, REMBÉ lábios. TENONDÉ C!CASAUA adiantamento, chegada
TEIUYUA árvore de teju, arbusto, Adenoro- antes.
opipherum. TENONDÉ ENU anteposto. Xaenu tenondé:
TEMBESAUA, CEMBESAUA, REMBESAUA bi- anteponho.
barba, dos lábios. TENONDÉ MBEÚ prognosticado, dito antes.
TEMBESAUA-PORA que tem grande TENONDESARA adiantador.
TEMBESAUARA bigodudo, barbado. TENONDESAUA adiantamento.
TEMBESAUA-YMA sem barba. TENONDEUARA adiantante.
TEMBETÁ, TEMBÉ-ITÁ pedra dos lábios, or- TENTEN rouxinol do rio Pandulinus
namento labial, consistindo numa pedra chrysocephalus. Lindo ictérida, todo preto,
embutida no lábio inferior. com a cabeça e os encontros amarelos. É um
TEMBETARA ornamento dos lábios. excelente cantor. Criado desde novo, torna-
TEMBETARA-YUA, TEMBETÁ-YUA árvore de -se muito manso. As indígenas do o
tembetá, o que fornece a madeira para faze- criam com o leite do seio.
rem-se tembetás, Xanthoxylon Langsdorffii. TENUPÁ! deixa! espera!
Martius "lignum pro perfurandis la- TERAÍRA pequeno lagarto, Lacerta parvula.
biis et auriculis''. mas deve ser engano. O in- TERECEMO extracheio, cheiíssimo.
para isso, como tenho tido ocasião TERICA removido, retirado, mudado.
de observar, usa de preferência de ossos po- TERICASARA removedor, mudador.
lidos e para o uso. TERICASAUA remoção, mudança.
TEMBIÚ, TEMIÚ comida. TERICATYUA removedouro, lugar para onde
TEMBYUA, REMBYUA margem, la- se remove.
do, orla. TETAMA, CETAMA, RETAMA pátria, do
neto, nascimento.
ao TETAMAUARA da terra, do lugar. Ce tetama-
TEMIARERU, REMIARERU, CEMIARERU neto, uara: da minha terra, meu patrício.
neta (em relação à nmlher). TETÉ, CETÉ corpo.
flauta, assobio de osso. TETECAYUA feitiço.
TEMIÚ CURERA resto de comida, migalha. TÉU casta de cipó.
TEMIÚ IRERU prato, vasilha para trazer a co- TÉUA casta de abelha muito pequena, sem
mida, balaio. aguilhão.
TIMBÓ

TÉUA sufixo frequentativo para indicar o hábi- ncuÉ vivido. V Cicué e comp.
to, o costume, o uso bom ou mau de fazer al- TicUNA, TINCUNA nariz preto, nome de uma
guma coisa. Cunhamucu ocanhemotéua oca nação de indígenas que se estendia entre o
suí: moça que costuma fugir de casa, moça Javari e o Jutaí, que, conforme relata Ama-
fujona. Na pronúncia, muitas vezes téua con- zonas de Sá, criam na metempsicose e cir-
funde-se com tyua, mas os dois sufixos têm cuncidavam os filhos.
sentido inteiramente distinto. TIÊ, TIÊN cantado, gorjeado (diz-se das aves).
TEUTÉU casta de pássaro ribeirinho, Vanel- TIENGARA cantor.
lus. TIENGAUA canto.
TI não, abreviação de inti. Ticuao: não sei. TIENTÉ, TIETÉ casta de pássaro cantor, can-
Tirecó: não tenho, equivalentes a inti xacuao ta muito.
e a inti xarecô. TIMAÃ, TIMAÃN, INTIMAAN não, nada.
Ti, TIN nariz, focinho, vergonha. Inti perecô Timaã puranga: não é bonito, não está bem.
será tin, pomunha ramé cuá puxisaua?: não TIMAAN-MAÃN absolutamente não.
tendes vergonha quando estais fazendo esta TIMARÃMUNHANGARA não guerreiro, não
feiúra? Cunhã oicô tin pucu: a mulher tem o belicoso.
nariz comprido. TIMBIARE pesca de timbó.
TIANA, INTIANA não, nunca. TIMBIARESARA pescador de timbó.
TIANHA forquilha, tesoura, esteio que sus- TIMBÓ nome dado ao sumo de diversas
tenta o telhado. plantas - Paulinias, Cocculus e afins - que
TIANHA UIRÁ casta de Tyrannus, de cau- têm a propriedade de atordoar e matar os
da bífida formada por penas preto-ardó- peixes que o ingerem, embora em peque-
sia desiguais, atingindo as duas externas na quantidade, sem contudo ser nocivo a
quase o duplo do comprimento do corpo quem os come. A planta ou a parte dela
do passarinho, pouco maior do que uma utilizada, o que varia conforme a qualida-
andorinha. No vale do Amazonas parece de, é e misturada com tijuco. A mis-
pássaro de passagem. Se encontra em ban- tura assim obtida é jogada n' água no lu-
dos, nos meses de setembro e outubro e gar escolhido. O peixe, quando o timbó é
nos meses de abril e maio; nos outros me- de boa qualidade e bem preparado, não de-
ses raramente se vê um ou outro exemplar mora muito a vir à tona, onde é apanhado
sentado na ponta de um galho seco a espe- sem dificuldade. Nos lugares de correnteza,
rar a presa e precipitar-se abrindo a longa porém, para não perder muito peixe inutil-
cauda em forma de tesoura. mente, barrar o rio ou igarapé a
TIARA guloso, glutão. jusante, o que fazem geralmente com tapa-
TIARASAUA glutonice, inveja. gem de pari, e, somente quando se trata de
TIARAUARA invejoso. muito estreitos e pouco corrento-
TIASU não grande, vão difícil. sos, se contentam com atravessar as canoas
TIAUERA inexistente, não existente, impos- e esperar o peixe na passagem. Em geral, to-
sível. davia, os lugares são os de pouca
TICÃN secado. ou nenhuma correnteza, que só precisam
TICANGA seco. do trabalho de o timbó e recolher o
TICANGARA secador. peixe. O timbó é misturado com pa-
TICANGAUA secamento. ra que assente e mais facilmente se mistu-
TICARUCA esquentamento. re com a água. A pesca com timbó, que pa-
TICATU não bom, ruim. rece usada desde tempos
TICIKIÉ destemido. imemoriais, ao mesmo tempo que, quando
TICUARA, RICUARA, CICUARA ânus. o lugar é bem escolhido, por conhecedo-
TICUARANA casta de pássaro. res dos hábitos dos peixes, é sempre muito
TICUAU não sei. Ticuau catu: não sei bem. proveitosa, tem o defeito de estragar mui-
Ticuau-cuau: não posso saber. to peixe, especialmente miúdo. Na realida-

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TIMBÓ CIPÓ

de, se o peixe graúdo, segundo se afirma, fi- a tiracolo, ficando com as mãos livres pa-
ca apenas atordoado e volta facilmente a si ra trabalhar.
logo que se encontra em águas limpas, ou- TIPOIA (é nheengatu?) rede para dormir,
tro tanto não acontece ao peixe miúdo; es- muito ordinária (Solimões); camisa de dor-
te morre em grandes quantidades, especial- mir.
mente se não se trata de tamanho, mas de TIPUTI, REPUTI, CEPUTI esterco.
peixe novo. TIPUTI RUARA ânus, buraco das fezes.
TIMBÓ CIPÓ cipó de timbó, Paulinia pinnata. TIPUTI IRERU tripas, intestino.
TIMBOITYCA tinguijado, pescado de timbó. TIPUTI TORAMA escarabeu.
V Ityca e comp. TIPUTI IUUCA destripado.
TIMBÓ-PÉUA timbó-chato, casta de Cocculus, TIPUTI IUUCASARA destripador.
que dá o timbó. TIPUTI IUUCASAUA destripamento.
TIMBORANA falso timbó, planta que se pare- TIRI luzido.
ce com as que dão o timbó, sem fornecê-lo. TIRICA afastado, retirado. V Terica e comp.
TIMBÓ SACACA timbó feitiço, casta de timbó. TIRIRICA (frequentativo de tirica), afasta-
TIMBÓ TITICA cipó cujo sumo serve para afasta, nome de uma casta de trepadeira de
calmar as palpitações do coração. folhas e caule finamente cortantes, que for-
TIMBÓ-YUA, TIMBÓ a planta de onde se ex- ma toiças e torna a mata quase impenetrá-
trai o timbó, nome genérico aplicado às que vel, parecendo mandar retirar a gente que
têm a mesma propriedade, independente- encontra. No baixo Amazonas defendem o
mente de outra preocupação, e que, por via gado dos vampiros, circundando os currais
disso mesmo, designa plantas muitas vezes em que à noite o recolhem com caules de ti-
diversas. ririca, renovados de tempo em tempo. Os
TIMEUN não há, não tenho (Manaus). morcegos que lhes batem de encontro caem
TIMOAUA barba, pelos do queixo. com as asas recortadas e, nos primeiros dias
TIMUAPU vedado, proibido. em que é posta a tiririca, muitas são as víti-
TIMUAPUNGARA vedador, proibidor. mas que amanhecem no chão, indo rarean-
TIMUAPUNGAUA proibição, vedação. do com o tempo até abandonarem o lugar.
TINCUÃN casta de Cuculus, ou, como é co- TIRIUÁ casta de periquito de cauda compri-
nhecido vulgarmente, casta de uirá-paié, da e graduada.
mais pequeno do que este, e cinzento-claro. TITICA latejado, pulsado, palpitado.
TINGA branco (usado geralmente como su- TITICAPORA latejante.
fixo). Tauatinga: terra branca. Sutinga: tela TITICASARA latejador, quem faz latejar.
branca, a vela, contração de sutiro e tinga. TITICASAUA latejamento.
TINHARÜ maduro. TITICAYMA não latejado.
TINHARUNGA amadurecido. TITINGA manchas esbranquiçadas que apa-
TINHARUNGARA amadurecedor. recem na pele do indígena, o que para al-
TINHARUNGAUA amadurecimento. gumas tribos é uma beleza muito estimada.
TINGUÉ tinguijado, pescado de timbó. TITINGA CATACA doença da pele em que esta
TINGUESARA tinguijador. se torna branco-amarelada e se destaca em
TINGUÉSÁUA tinguijada. escamas até formar chagas.
TINGUÉTYUA tinguijadouro. TITINUCA esfregado, friccionado. V Kitinuca
TINGUÉUÁRA tinguijante. e comp.
TININ secado. T!TIPURANGA casta de pipira.
TlNINGA seco. TITIPURUÍ casta de pequeno pássaro.
TININGARA secador. TIXIRICA piado, dos pintos e outros pássa-
TIPO! tira de tavari ou de envira, que serve ros.
para fazer o amarrilho do paveiro que se le- TIXIRICASARA piador.
va às costas, preso à frente; o atilho que ser- TIXIRICAUA pio, piada.
ve à mulher indígena para carregar o filho TIXIRICAUERA choramingão.
TOMBYRA, TOMYRA

TIUIXIN casta de pequeno teiú. TOCARI castanha-do-pará ou castanha-do-


TOCA, SOCA, ROCA, OCA casa, habitação, -maranhão, uma espécie de amêndoa, mui-
moradia, cova, toca. A voz, todavia, não é to oleosa e muito apreciada como sobreme-
usada quando se trata de habitação huma- sa, quando fresca, que se encontra fechada
na, porque, todas as vezes que não caiba so- numa cápsula esférica, lenhosa, muito du-
ca ou roca, se usa oca. ra e que precisa quebrar a machado. As cas-
TOCAIA a espera da caça perto da toca ou no tanhas, que são elas também por sua vez fe-
lugar que se sabe por ela frequentado; to- chadas numa cápsula lenhosa em forma de
caia. gomos, se acham reunidas na cápsula que
TOCAIA TENDAUA o lugar onde se espera a as contêm em número variável. É fruta de
passagem da caça. plantas que crescem naturalmente na terra
TOCAIAUARA o caçador que fica de tocaia. firme; desde muito tempo, é objeto de ex-
TOCANA, TOCANO, TUCANO tucano, no- portação, e a sua colheita é uma das indús-
me genérico dado a várias espécies de trias vivas no vale do Amazonas, sendo que,
Ramphastidas. As várias espécies de tuca- nestes últimos tempos, o preço da castanha,
nos, embora um ou outro apareça todo o muito elevado, a tem tornado superior à in-
ano no vale do Amazonas, ou, melhor, ao dústria da pescaria do pirarucu e mesmo da
longo do seu curso principal, são verda- extração da goma elástica.
deiras aves de arribação, que aparecem em TOCARI-TYUA castanhal, lugar onde cresce a
bandos mais ou menos numerosos de julho tocari.
a agosto e de janeiro a fevereiro. TOCARI-YUA castanheira, tocarizeiro, cas-
TOCANAMBOIA cobra-tucano, a que atri- tanha-tocari, Bertholetia excelsa. Árvore
buem o poder de imitar a voz do tucano e de alto porte, uma das maiores das flores-
de atrair, por meio de fascinação, no buraco tas da terra firme, que dá uma espécie de
da árvore onde mora, os pássaros e peque- amêndoa, conhecida vulgarmente por cas-
nos animais de que se nutre. Não a conheço. tanha, ou castanha-do-pará, que amadure-
TOCANDYRA, TOCANYRA tocandira, Crypto- ce com a enchente e é recolhida, ao longo
cerus atratus. Grossa e comprida formiga do Solimões e do Amazonas, entre fevereiro
preta, armada de um esporão, como o das e maio. V. Tocari.
vespas, cuja ferroada, muito dolorosa, chega TOCO não sei. Forma irregular, contração de
a produzir febre. Bicho nascido das cinzas de inti-xacuao, muito usada no rio Negro.
Ualri, conforme conta a lenda do Jurupari, TOIRON, TOIRUN ciumado.
se torna inócua para as mulheres grávidas, TOIRONGARA enciumador.
e os índios sustentam, e com eles muitos ci- TOIRONGAUA ciúme.
vilizados, que a ferroada da tocandira deixa TOMASAUA foz, barra do rio, lago ou igarapé.
de doer quando lavada com a urina de um Tomasaua suí: da foz. Caiary tomasaua: foz
indivíduo do sexo diferente, e, na falta, com do Caiary. Ocica paranã tomasaua kiti: che-
a água da lavagem das suas partes sexuais, e ga na foz do rio.
que a cópula produz o mesmo efeito. Sobre TOMASAUA-PORA que mora na foz do rio, la-
este fato, os Mundurucus estabeleceram go ou igarapé.
uma das provas impostas aos moços que, TOMASAUAUARA que é, está ou pertence à
saindo da puberdade, passam a ser guerrei- foz do rio, que está a jusante. Opitá toma-
ros. Os obrigam a meter a mão direita num sauaua-uara: fica a jusante.
tecido de fasquias de jacitara, uma espécie TOMBYRA, TOMYRA bicho-do-pé, Pulex pe-
de luva, guarnecida, pelo lado de dentro, de netrans. Incômodo inseto que abunda no
tocandiras com o ferrão. Ninguém lha pode pó das malocas e das casas mal varridas,
tirar senão a moça que vai casar com ele; o independentemente da existência, no lo-
moço guerreiro não pode continuar solteiro, cal, de cachorros. Quando entra na pe-
efetuando-se o casamento logo em seguida le, onde se agasalha para criar os próprios
na casa grande da festa. ovos, é um inseto quase que microscópico.
TOMUNHEÉN

Logo, porém, cresce, produzindo tumores mais largo do que o instrumento, porém
sempre incômodos e algumas vezes fatais. mais profundo do que um homem. O troca-
Para impedir a entrada de tão incômodo no é suspenso nos paus por tipoias de envi-
hóspede, é suficiente lavar as extremida- ra, que podem ser encurtadas ou alongadas
des inferiores com uma infusão de tabaco, à vontade, fazendo-o subir ou descer no bu-
cujo cheiro afugenta a tombira. Para que raco, conforme for conveniente. Quando se
tudo se limite ao incômodo de uma comi- trata de reunir a gente da maloca e, por is-
chão impertinente, é necessário extrair a so mesmo, não é necessário que seja ouvi-
tombira inteira, sem que quedem ovos ou do muito longe, as enviras são encurtadas e
parte do ovário, e sem que se rasgue a pe- o trocano fica mais ou menos fora do chão;
le e haja sangue: operação em que excelem quando o aviso deve ser ouvido ao longe,
as indígenas do Uaupés e as do rio Negro; as tipoias são alentadas e o trocano desci-
então, todo e qualquer perigo de tétano fi- do. Os sinais são dados batendo no trocano
ca afastado. com um macete de cabeça de goma elásti-
TOMUNHEÉN assobiado. ca, ou envolvido em tiras de couro de anta,
TOMUNHEÉNGA assobio, o ato de assobiar. entre os dois buracos extremos, obtendo-se,
TOMUNHEENGARA assobiador. segundo o lugar em que se bate, sons dife-
TOMONHEENGAUA assobio, o fato de asso- rentes, que, conjuntamente com o núme-
biar. ro de golpes e seu espaçamento, permitem
TOOMÃN, TUUMÃN atolado. a transmissão de notícias por meio de pe-
TOOMÃNGARA atolador. quenas frases, combinadas num código de
TOOMÃNGÁUA atolamento. sinais muito primitivo, mas suficiente para
TOOMÃYMA não atolado. as necessidades locais. O que é certo é que,
TORAMA, TURAMA revolvido. V Turama. nos distritos suficientemente povoados, on-
TORÉ' buzina. O toré é feito de casca de pau, de as malocas não são excessivamente afas-
de pele de jacaré, utilizando-se para isso a tadas uma da outra, qualquer notícia se pro-
pele da cauda extraída inteiriça, mais rara- paga com muita celeridade e segurança. O
mente de pau, e tem a forma de um porta- som, nas melhores condições, isto é, de ma-
-voz com boca de sino. Os Macus têm toré nhã e de noite, não creio que se ouça a mais
feito de barro. de dez ou doze quilômetros de distância; a
TORÉ' casta de inambu, Crypturus serratus. uma distância de seis a sete quilômetros o
TORI, SORI alegre, satisfeito. tenho ouvido eu, e ainda bastante distinto
TORICA as regras da mulher. para admitir que se ouça mais longe. Nestas
TORINA calças. condições, nenhuma dúvida há que o que se
TOÚMA ramela. ouve muitas vezes afirmar com certa ênfase,
TOUMAUERA ramelento. que o trocano é o telégrafo dos índios, tem
TORÓ larva do inseto que roi a madeira. seu viso de verdade, embora, tudo somado,
TOROCANA trocano, instrumento com que o seu ofício não passe do que tiveram os si-
os indígenas comunicam, de maloca em nos desde tempos imemoriais, e ainda hoje
maloca, e serve para chamar a gente e dar têm em muitos casos.
sinais. É um toro de madeira, inteiriço, es- TOROCARI, TOCARI a estopa extraída da cas-
cavado a fogo, de uns dois a três metros de tanheira, Bertholetia excelsa, que serve para
comprimento e, geralmente, mais de metro calafetar canoas e outros misteres análogos.
e meio de diâmetro (os tamanhos variam TUACA casta de pássaro, que não conheço.
muito), de madeira leve e sonora, com três TUAIARA cunhado.
buracos de uns dez centímetros de diâme- TUAKE, SUAKE, RUAKE perto, próximo, vizi-
tro, reunidos por uma estreita fenda, que fi- nho.
cam voltados para cima, quando está, como TUCÁ tecido, ao tear, batido, especialmente
costuma, suspenso entre quatro paus, num no trocano, torocana, com o pau apropriado.
buraco feito para este fim no chão, pouco TUCAIA galinheiro (Solimões).
TUIUIU

TUCASARA tecelão, tecedor, batedor. nhar insetos e até pequenos pássaros, que
TUCASAUA tecedura, batedura. passam rente à superfície da água, num cer-
TUCÁ-TUCÁ espicaçado, socado. V Tucá e teiro e rápido pulo.
comp. TUCUPÁ balde (rio Negro).
TUCATYUA lugar onde se tece. TUCUPI V Tycupi.
TUCAUÁ tecido. TUCURA locusta.
TUCAUARA tocante, batente. TUCURYUÁ, UIXIRANA falso uichi, árvore da
TUCAUERA tecível, batível. vargem alta e terras firmes, Couepia para-
TUCAYUA o pau, forrado de tiras de borracha ensis.
ou de couro de anta, que serve para bater no TUCUXI boto-cinzento, Steno tucuxi. Muito
torocana; a régua de pau que serve para o te- comum, como os seus congêneres, e espe-
celão sentar a trama. cialmente no Solimões, comuníssimo de
TUCÜ, TUCUM tucurn, casta de palmeira do preferência a qualquer outro; não parece
gênero Bactris e afins; a fibra extraída das que se interne muito. Eu nunca o tenho en-
folhas da palmeira do mesmo nome e que contrado acima das cachoeiras.
serve para tecer rnaqueiras, redes para pes- TUÉ, TUÍ cinzento.
car, tarrafas etc. etc. A mais clara e fina é a TUEÍ arrepio de febre.
extraída das folhas novas; a que é extraí- TUÍ cinzento; sangue.
da das folhas velhas, embora mais resisten- TUI casta de pequeno papagaio do gênero
te e duradoura, não é utilizada para ma- Pionia, roxo-cinzento, muito comum.
queira, porque fica sempre escura, não em- TUÍ CARUCA esquentamento, mijo de san-
branquece nem com uma prolongada ex- gue.
posição ao sol. TUÍ PUXI câmaras de sangue.
TUCUIÁ tucujá, pequena árvore comum nos TUÍRA roxo.
lugares arenosos e secos. TUÍRA CERANE arroxeado.
TUCUMÃ, TUCUMÃN tucurnã, fruta comes- TUÍ-RAPÉ veia.
tível de urna palmeira. Um coquinho ex- TUÍ-RAYICA artéria.
tremamente duro, coberto de uma massa TUÍ-UARA sanguinoso.
oleosa, adocicada, mais ou menos perfuma- TUÍ-URRA sanguinolento.
da, segundo as qualidades. A massa oleosa TUÍ-UASU regras da mulher, mas já excessi-
dá um excelente azeite, e no rio Negro, ao vas.
tempo da antiga capitania, a extração de TUIUÉ velho, antigo.
azeite de tucumã foi uma indústria flores- TUIUÉSÁRA envelhecedor.
cente; a quantidade era tal, que servia até TUIUÉSÁUA velhice.
para a iluminação pública e particular. TUIUÉUÁRA envelhecente.
TUCUMÃi' pequena variedade de tucumã. TUIUÉYMA não velho.
TUCUMÃYUA tucumazeiro, casta de palmei- TUIUIU jaburu-moleque, Mycteria ameri-
ra, Astrocaryum tucumã e afins. cana, o maior dos Pernaltas do vale do
TUCUNARÉ um dos melhores peixes dos nos- Amazonas, dito também, em alguns luga-
sos rios, comum em todo o vale, de carnes res, jaburu-soldado. O tenho sempre encon-
rijas e saborosas e limpas de espinhas, que trado nos rios e lagos do interior isolado, ou
se distingue por um olho de pavão na cau- aos casais, passeando sisudos e graves à cata
da e manchas transversais de cores alterna- de comida ao longo das margens e nas po-
das, variáveis de espécie a espécie, mas mui- ças e baixios. Muito ariscos, nunca me dei-
to regulares e decrescentes, da cabeça à cau- xavam aproximar. Subindo o rio Branco, en-
da; várias espécies de Erythrini, a que parece contrei um casal construindo o ninho numa
pertencem as espécies maiores, e de Cichlas alta samaumeira da margem. No ponto em
a que parecem pertencer as menores. O tu- que o tronco esgalhava, tinham, com uns ga-
cunaré é a vítima da pinauaca com que o lhos secos, construído uma espécie de estra-
pescador utiliza o instinto que tem de apa- do, muito parecido com o que costumam fa-
TUIXAUA, TUISAUA

zer em idênticas circunstâncias os maiores vo tuxaua, de preferência na própria família


rapineiros. deste e, só na falta, o estranho a esta que jul-
TUIXAUA, TUISAUA chefe, maioral, tuxaua. O gar mais digno.
tuixaua que parece soar, quem tem o san- TUMUME escarro, cuspo.
gue, e do sangue de tuí: sangue, e saua, TUMUMUN escarrado, cuspido.
sufixo, que substantiva a ideia contida no TUMUMUNGARA escarrador, cuspidor.
prefixo - se não é forçosamente o filho do TUMUMUNGAUA escarramento, cuspidela.
próprio chefe, que por qualquer razão não TUMUNHEEN assobiado. V Tumunheen.
lhe pôde suceder, todavia é sempre alguém TUMUTUMUN conspurcado. V Tumumun e
da família deste. Só na falta será um estra- comp.
nho. Pela lei e costume, salvo caso de in- TUPÁ, TUBÁ, RUPÁ, RUBÁ pai, chefe (desu-
dignidade, ou impossibilidade material, os sado).
filhos sucedem aos pais e isso naturalmen- TUPÃ trovão.
te, como aqueles que já tinham autoridade TUPANA Deus. Que ideia o indígena faz de
e já mandavam como lugares-tenentes dos Deus? Não saberia dizê-lo com certeza. Pela
próprios pais, tanto nas danças e festas ce- tradição da lenda do Jurupari - a que me re-
rimoniais, como no mando da tribo. A au- feri no artigo relativo, e que parece comum
toridade do tuxaua, todavia, não é lá grande a todas as tribos tupi-guaranis e se acha
coisa, salvo talvez em tempo de guerras, ho- propagada e aceita pela mor parte das tribos
je cada dia mais raras e difíceis entre os in- que lhes têm estado em contato - embora
dígenas; só obtém ser obedecido, dentro do nunca se fale em Tupana, sente-se que ele
costume, pela persuasão e pelo ascendente está acima das mães das coisas todas, como
próprio, individual, que possa adquirir, mas um ser vagamente suspeitado, mas necessá-
por via de regra lhe seria impossível exer- rio, como a mãe das mães das coisas, e se
cer qualquer coação. A sua autoridade, pelo vem na convicção de que a palavra Tupana
contrário, é grande como chefe do conselho é uma adaptação, talvez, posterior. Todavia,
da tribo e executor das suas sentenças. Esta nenhuma dúvida há que a primeira e mais
condição de ser chefe do conselho exclui de sensível manifestação de alguma coisa aci-
sucederem ao os filhos que ainda não ma e fora do comum de todos os dias, de al-
tenham a idade ou a sisudez suficiente pa- guma coisa de incompreensível e superior
ra dele fazerem parte. A condição de serem está no trovão acompanhado de relâmpago,
dignos importa na exclusão de todos aque- e que Tupana indica exatamente algum ser,
les que, de algum modo, infringirem os cos- o qual tem o poder de trovejar e repetir a
tumes herdados dos avós, e os que, demons- ação. O sufixo ana, com efeito, tanto indi-
trando não saber obedecer e ser submissos ca que a ação expressa no prefixo já teve lu-
a seus legítimos superiores, mostraram que gar como que continua e persiste. Tupana,
são inaptos e indignos para mandar gen- pois, é o ente desconhecido que troveja e
te. De conformidade, no Uaupés já assisti à mostra a sua temibilidade pelo raio, que
exclusão de um moço, por outro qualquer abate, como se fossem palha, os colossos
motivo digno de ser tuxaua, somente por- da floresta e tira a vida aos seres, deixan-
que tinha desrespeitado e desobedecido ao do uns restos carbonizados. Do pouco que
próprio pai. O tuxaua, para garantir à tribo conheço das crenças e tradições indígenas,
a própria sucessão, não somente em muitas me parece poder afirmar que a ideia de um
tribos é obrigado a casar moço, mas nas que ser criador de todas as coisas, dono e rege-
seguem a lei do Jurupari, deve divorciar-se dor deste universo, não a têm nem, em ge-
da mulher estéril e casar tantas vezes quan- ral, a compreendem. Tupana não passa da
tas sejam necessárias até ter filho varão. Em mãe do trovão, tida na mesma consideração
qualquer caso, é o conselho da tribo que de- de todas as outras mães, mas porque mãe
clara o filho sucessível ao pai, e que, na fal- de coisas de que o indígena não precisa,
ta ou incompatibilidade deste, escolhe o no- que dispensa, é uma mãe que não se hon-
TUPAXAMA

ra nem se festeja. Na realidade, quando to- TUPANAREUARA comungante.


das as outras mães têm danças e festas que TUPANAREUERA comungável.
lhes são dedicadas, nunca ouvi que hou- TUPANA SUAINHANA inimigo de Deus, here-
vesse festa dedicada a Tupana. O Tupana, ge, infiel.
que vai figurar nas frases que se seguem, é TUPANA TAYRA filho de Deus, Cristo.
o Deus cristão, e a adaptação é dos antigos TUPANA TATÁ, TUPANA TATÁ CATU fogo de
missionários, que, ao mesmo tempo que Deus, bom fogo de Deus, purgatório.
traduziam por diabo Jurupari, traduziram TUPANA TATÁ PUXI mau fogo de Deus, inferno.
Tupana por Deus, e a que, como é sabido, já TUPANA TECÔ lei de Deus, religião.
se atribuiu a invenção da nossa boa língua. TUPANA TECÔ IAUISARA irreverente, quem
TUPANA EMBEÚSARA louvador de Deus. não observa a lei de Deus, pecador.
TUPANA EMBEÚSAUA louvor de Deus. TUPANA TECÔ IAUISAUA irreverência, que-
TUPANA EMBUESARA rezador, quem pede a bra de preceito de Deus, pecado.
Deus. TUPANA TECÔ MBEÚSÁRA quem ensina a lei
TUPANA EMBUESAUA reza, oração. de Deus.
TUPANA MOETÉSÁRA temedor de Deus. TUPANA TECÔ MBEÚSÁUA ensinamento da
TUPANA MOETÉSÁUA temor de Deus. lei de Deus, doutrina.
TUPANA NHEÊNGA palavra de Deus, Evan- TUPANA TECÔ MUNHANGARA observador
gelho. da lei de Deus.
TUPANA NHEÊNGA COATIARASARA evange- TUPANA TECÔ MUNHANGAUA observância
lista, escritor da palavra de Deus. da lei de Deus.
TUPANA NHEÊNGA MBUESARA pregador. TUPANA TECÔ POROSARA virtuoso, preen-
TUPANA NHEÊNGA MBUESAUA prédica, pre- chedor da lei de Deus, cheio da lei de Deus.
gação. TUPANA TECÔ POROSAUA virtude.
TUPANA PUTAUA dízimo, esmola. TUPANA TECÔ ROIRONGARA repudiador da
TUPANA PUTAUA MEÊNGARA dador de dízi- lei de Deus, renegado.
mo, esmoler. TUPANA TECÔ ROIRONGAUA renegamento,
TUPANA PUTAUA MEÊNGAUA pagamento do repúdio da lei de Deus.
dízimo, esmola. TUPANA UASUSAUA grandeza de Deus,
TUPANA PUTAUA IURUREUARA quem pede divindade.
esmola, esmolante. TUPANA UATASAUA procissão, passeio de
TUPANA PUAMO hóstia. Deus.
TUPANA PUAMOSAUA elevação. TUPANA Y água de Deus, água benta.
TUPANA RAYRA cristão, filho de Deus. TUPANA Y IRERU caldeirinha da água benta.
TUPANA RAYRANGAUA o crucifixo, imagem TUPANA y MUPYPYCASARA aspersor, quem
do filho de Deus. asperge com água benta.
TUPANA RECÉ por Deus. TUPANA y MUPYPYCASAUA aspergimento de
TUPANA RECOSARA bem-aventurado, quem água benta.
tem Deus. TUPANA y MUPYPYCAYUA aspersório.
TUPANA RECOSAUA bem-aventurança. TUPÃOCA casa de Deus, igreja (contração de
TUPANA RERA CENOISARA chamador do no- Tupana: Deus, e oca: casa.
me de Deus, jurador. TUPÃOCA OCARA adro da igreja.
TUPANA RERA CENOISAUA chamada do no- TUPÃOCA OCAPI sacristia.
me de Deus, juramento. TUPÃOCA UARAMAPARA almofada da igreja,
TUPANA ROCA, TUPAOCA, TUPACA casa de genuflexório.
Deus, igreja. TUPÃ-UERAUA relampagueado, trovejado.
TUPANARE comungado. TUPÃ-UERAUERAUA o espacejar dos relâm-
TUPANARESARA comungador, quem dá a co- pagos com trovões.
munhão. TUPAXAMA corda, arpoeira, linha grossa.
TUPANARESAUA comunhão, ato de comungar. Yara tupaxama: corda da canoa, espia.
TUPÉ

TUPÉ tecido, trançado; esteira de fasquias, cido, e que por via disso mesmo é utili-
geralmente de arumã ou outro material zada pelos indígenas para fazer aventais,
análogo. Serve para, forrando o chão, fazer sacos, camisas etc. A entrecasca é tira-
de tapéte ou toalha, Há tupés que são ver- da em panos ou inteiriça, conforme con-
dadeiras obras de arte, trançados sobre de- vém. No primeiro caso, incidem pura e
senhos elegantíssimos e algumas vezes rele- simplesmente a casca, do tamanho deseja-
vado a cores. do, e a destacam batendo e machucando-
TUPEPORA que está no tupé. -a com um soquete. No segundo, precisa
TUPESARA trançador. que abatam a árvore e recortem conve-
TUPESAUA trançamento. nientemente o galho. Separada do tronco,
TUPÉ TENDAUA lugar do tupé. é fácil separar a casca da entrecasca e tirar,
TUPÉ TUPESARA tecedor de tupé. por meio de lavagens abundantes, a resina
TUPETYUA lugar onde se tece, trança. de que é impregnada.
TUPEUARA tecente, trançante. TURURI, TURURIYUA tururizeiro, várias es-
TUPEYMA sem tupé, não trançado, não teci- pécies de Manicariao, que crescem de pre-
do. ferência nas terras firmes, e de que os indí-
TUPI tupi, nome da nação e talvez, em ori- genas extraem o líber ou entrecasca, para,
gem, o nome de uma das tribos da mes- convenientemente preparada, fazer aven-
ma nacionalidade, que viviam ao tempo tais, sacos, camisas etc.
da descoberta ao longo da costa atlântica; TURUSU grosso, grande em largura e compri-
o nome da língua usada geralmente pelos mento, graúdo.
Portugueses para entrarem em contato com TURUSU-ETÉ grossíssimo.
as tribos da costa atlântica, e que não é se- TURUSUPIRE maior, mais grosso.
não um dialeto do grupo tupi-guarani, que TURUSUPORA parte maior.
era falado do Amazonas ao Prata. TURUSUSARA engrossador, que torna grosso.
TURAMA revolvido. TURUSUSAUA grossura.
TURAMASARA revolvedor. TURUSUXINGA grossozinho.
TURAMASAUA revolvimento. TURUSUYMA não grosso.
TURAMAUARA revolvente. TURY voluptuoso.
TURAMAYMA não revolvido. TURYUA voluptuosidade
TURI, TURY facho, tocha, lasca de madeira TUTIRA tio.
resinosa que traz o mesmo nome, que quei- TUTIRA RAYRA filho do tio, primo.
ma chamejando e serve aos indígenas para TUTUCA abatido, com vara ou outro instru-
fachear e iluminar suas malocas nos dias de mento análogo, especialmente frutas. V.
festa. Cotuca e comp.
TURI, TURIYUA turizeiro, árvore que se en- TUUMA polpa, miolo, carne de fruta madura,
contra em toda a parte, embora pareça prefe- gosma; gosmado, lambuzado.
rir as vargens altas. Da madeira um tanto re- TUUMA-PORA cheio de polpa, de miolo, de
sinosa, clara, leve e que lasca facilmente no carne madura.
sentido da fibra muito comprida, os indíge- TUUMASARA lambuzador, gosmador.
nas fazem seus fachos e tochas, e os civiliza- TUUMASAUA lambuzada, gosmada.
dos, ripas, que, pela resina que contêm, ficam TUUMAUARA lambuzante, gosmante.
indenes dos cupins. TY sumo, licor, molho.
TURIMÃ árvore do igapó. TYAi suado. V. Teaen e comp.
TURUNA' negro de importância, preto graú- TYAIA suor.
do, valentão (de turusu: grosso, e una: preto). TYAIYUA suador.
TURUNA árvore do igapó.
2
TYAPIRA favo de mel.
TURURI a entrecasca de algumas espécies TYARA guloso.
de árvores, que, pelo entrançado das fi- TYARASU comilão, alarve.
bras, têm alguma parecença com um te- TYARAYUA gulodice.
TYPIITY

TYCU líquido, diluído, dissolvido. TYKYPITIN sorver, degustar. V Pitin e comp.


TYCUARA bebida feita com farinha de man- TYKYRA destilada, a que é havida a pingos,
dioca e água, em que foi dissolvido mel ou a cachaça obtida com o beiju de mandioca
rapadura. fermentado.
TYCUARE-YUA farinha que se emprega na ti- TYKYRA-PORA bêbedo, cheio de tiquira.
quara. TYKYRE destilado, pingado.
TYCUERA restos da mandioca puba, que fi- TYKYRESARA destilador, pingador.
cam na peneira depois de peneirada para ir TYKYRESAUA destilação, pingamento.
para o forno. TYKYRE-TENDAUA destiladouro.
TYCUPI, TUCUPY sumo da mandioca ralada TYKYREUARA destilante.
logo colhida, sem ter sido deixada de molho TYKYREYMA não destilado.
para se tornar puba, e que, pela ebulição, dei- TYKYREYUA alambique, o instrumento com
xou de ser venenosa. É um dos molhos ta- que se destila.
puios, e excelente, para se temperar com ele TYKYTYKYRE gotejado. V Tykyre e comp.
peixe ou caça. TYKYTYITYCA borrifado.
TYCUPIPORA o que é guardado ou conserva- TYKYTYITYCA-TYUA respingadouro, lugar
do no tucupi, conserva de tucupi. onde, nas cachoeiras, o respingo do salto
TYCUPI PIXUNA tucupi preto. É o sumo da molha.
mandioca fresca apurado ao fogo, até tomar TYPACUENA sangradouro, correnteza que se
a consistência e a cor do mel de cana. Para forma na boca dos lagos no forte da vazan -
meu gosto, é o rei dos molhos, tanto para as te, e os esgota.
caças, como para o peixe, devendo-se acres- TYPAU vazado, secado.
centar que é aconselhado para cura do beri- TYPAUA vazante, secura.
béri, na dose de um cálice depois de cada re- TYPAUARA que vaza, vazante.
feição, e que se lhe atribuem curas extraor- TYPAUAYUA quem seca e faz secar, secador.
dinárias. TIPAUERA que vazou ou vaza habitualmente.
TYIUCA tijuco, lama, lodo, água podre. TYPAUYMA que não vaza.
TYIUCAPAU lamaçal, !amarão; lama que se TYPII apertado, espremido.
forma ao longo dos rios e lagos, nas mar- TYPIISARA apertador, espremedor.
gens de fraco declive e privadas de areia, pe- TYPIISAUA apertadela, pressão.
la vazante, logo em seguida ao retirar-se das TYPIITY prensa em que se espreme a man-
águas; a lama que se forma casualmente pe- dioca depois de ralada e antes de se penei-
la chuva, consequência de enxurrada. rar para secar ao forno. É um longo canudo,
TYIUCAPAUA atoleiro. de dois metros mais ou menos de com-
TYIUCAPORA que é, está no tijuco. primento, de fasquias de jacitara ou ou-
TYIUCATYUA tijucal. tra planta sarmentosa, que permita tirar
TYIUCAYMA sem tijuco. tiras suficientemente compridas, tecido de
TYIUPÁ tijupá, barraca, rancho; a barraca de forma que pode, à vontade, ser dilatado e
pau-a-pique, com o telhado de palha, mas apertado, acabando em ambas as extremi-
aberta ou apenas fechada por um dos la- dades por casa ou asa formada pelas pró-
dos, com parede de palha e mesmo de ter- prias fasquias solidamente amarradas nas
ra; abrigo provisório, mas em qualquer hi- pontas. Eis agora como funciona. As duas
pótese sempre destinado, desde a origem, extremidades do aparelho são aproximadas,
a servir de abrigo pelo menos toda uma es- obtendo-se, graças à elasticidade do tecido,
tação. um alargamento do canudo, corresponden-
TYIUPA-PORA morador do tijupá. te ao seu encurtamento. Então a mandioca
TYIUPAUA caseiro, da casa, do tijupá. ralada é introduzida no tipiti até enchê-lo.
TYIUPAYUA esteio principal que suporta toda Cheio, é suspenso a um pau qualquer, con-
a armação do tijupá. tanto que seja suficientemente alto e sólido,
TYKY pingo, lágrima, gota. por uma das asas; na outra, é passado outro
TYPIITYTYUA

pau, preso no esteio, árvore ou coisa que os TYRYTYRY MANHA mãe do terremoto; o ja-
valha, a que está apenso o tipiti e amarrado caré, o qual, segundo a crença das tribos
de modo que faça leve e permita esticar es- nheengatu, sustenta o mundo e que o faz
te. Então, a força e pressão necessária para tremer todas as vezes que se move para mu-
espremer a massa, nele contida, a forneira a dar de posição.
obtém apoiando-se e, se for necessário, sen- TYUA sufixo com a significação de lugar, sí-
tando-se sobre este segundo pau. tio, terra, de onde provém, abunda e [é]
TYPUTYTYUA lugar do tipiti, o pau em que se frequente alguma coisa. É este tyua que,
suspende por uma das casas o tipiti. aportuguesado, deu tiba e tuba conforme a
TYPIIUCA, TYPII-IUUCA tirar espremendo. localidade e de acordo talvez com a pronún-
V. Iuuca e comp. cia local indígena do y, isto é, a pronúncia
TYPUCA último leite que se tira da vaca pres- do i tapuio. Caiutyua: lugar de cajus, deu ca-
tes a parir ou que, por qualquer outra causa, jutiba e cajutuba. Itatyua: terra de pedras,
deixa de dar leite. deu Itatuba e Itatiba. Alguma vez se encon-
TYPY fundo, profundo. tra e se ouve confundir-se tyua com téua,
TYPYACA tapioca, a fécula que fica deposi- mas é erro e pouca atenção. Téua exprime
tada no fundo do vaso em que é recolhido sempre uma ideia frequentativa, e muitas
o sumo que sai da mandioca ralada sob a vezes pejorativa, que tyua não tem.
pressão do tipiti. TYUA sólido, firme, que não muda, é de cos-
TYPYETÉ muito fundo, fundíssimo. tume. Xamaan indé iuíre rembaú tembiú,
TYPYPIRE mais fundo. xambaú tyua uá: vejo que tu também comes
TYPYPIRESAUA maior fundura, fundo, poço a comida que costumo comer. Inti oiauau,
que se forma em tempo de vazante nos altos apitá tyua: não foge, fica firme.
rios e ao pé das cabeceiras, isto é, lugar fun- TYUASARA quem está firme no lugar, no há-
do em que a água fica como empoçada, se- bito, no costume.
guido e precedido de baixios. TYUASAUA firmeza.
TYPYPORA que mora no fundo. TYUY pé, poeira.
TYPYPYCA largo e fundo, rio ou lugar de na- TYUYPORA que está, que mora na poeira.
vegação franca. TYUYRA poeirento.
TYPYPYIA enterrado, que está no fundo, de- TYUYRUCA espanejado, limpado.
funto. TYUYRUCAPAUA espanejamento.
TYPYPYIA ARA dia dos defuntos. TYUYRUCASARA espanejador, quem espaneja.
TYPYSARA quem faz fundo. TYUYRUCAUARA espanejante.
TYPYSAUA fundura. TYUYURUCAUERA espanejável.
TYPYTINGA fundo branco, fundo esbranqui- TYUYRUCAYMA não espanejado.
çado. TYUYRUCAYUA espanador, aquilo com que
TYPYUARA que pertence ao fundo. se espaneja.
TYPYXINGA alguma coisa funda, fundozinho. TYYi pequenas bolhas, que sobem à flor
TYPYYMA sem fundo, raso. d'água, indicando o lugar onde sentou atar-
TYPYYUA abismo, o máximo da profundi- taruga.
dade. TYYITYUA lugar onde aparecem as bolhas que
TYRA conduto feito de tabocas emendadas indicam ao pescador onde deve jogar o ar-
com estopa e cerol, que dá saída à tiquira no pão para fisgar a tartaruga, que sentou no
alambique indígena. fundo do lago ou em outro lugar de águas
TYRYTYRY terremoto. mortas.
u letra muitas vezes trocada por o, especial- UACAUERA rachável.
mente na preposição verbal da terceira pes- UACAYMA não rachado.
soa singular. Assim, em lugar de dizerem, e UACÁcu bacaco, Xipholena pompadura, lindo
escrever, o-sé, o-recé, dizem u-sé, u-recé. pássaro do tamanho dum grosso bem-te-vi,
u equivalente a i, prefixo em função de artigo azul-celeste, finamente manchado de preto,
determinativo. com o colo, o peito e o ventre de um esplen-
u bebido, ingerido e, em muitos luga- dido roxo-pompadour.
res, especialmente no baixo Amazonas e UACARÁ V Acará.
Solimões, comido. No Rio Negro dizem de UACARI V Acari.
preferência embaú. UACEMO achado.
UA, UAA que, aquele que, cujo. Adjetivo con- UACEMOSARA achador.
juntivo, que se pospõe sempre ao verbo UACEMOSAUA achamento.
da oração, que rege. Omunhã putare cury UACEMOTÉUA achadiço.
onheen ceen uá?: quererá fazer o que pro- UACEMOTYUA lugar do achado.
meteu? Cé páia mira, oputare uá ixé i aua- UACEMOUARA achante.
ca arama: a gente de meu pai, que me quer UACEMOUERA achável.
por amásia dele. UACEMOYMA não achado.
UÁ, AUÁ sufixo. V Auá. UACEMOYUA o que faz achar.
UACA rachado. UACU fruta que, para ser comestível, precisa
UACAETÉ rachadíssimo. de ser assada.
UACAPORA cheio de rachas. UACURAUA bacurau, nome genérico comum
UACARICUARA casta de árvore. V Acaricuara. a várias espécies de Caprimulgus de hábitos
UACASARA rachador. crepusculares e noturnos.
UACASAUA rachamento. UACURAUA TIPUTI casta de erva miúda que
UACATÉUA rachadiço. cresce nas abertas arenosas da floresta; uma
UACATYUA lugar rachado. planta parasita que dá uma espécie de visgo.
UACAUA racha. UACURI bacuri, fruta comestível, drupa que
UACAUARA rachante. contém umas sementes envolvidas numa
UACURIPARI

polpa esbranquiçada, levemente acidulada ou menos na mesma época, são sujeitos à va-
e açucarada, com perfume especialíssimo. zante, porém isto é somente dos afluentes da
UACURIPARI bacuripari, fruta comestível, margem direita para os da esquerda ou vice-
drupa mais pequena e mais ácida do que a -versa.
do bacuri, com a qual aliás se parece. UANTi bico, ponta, extremidade.
UACURIPARIYUA bacuriparizeiro, árvore de UANTIPORA que está na ponta, na extremida-
pequena elevação, que cresce no igapó. de.
UACURIYUA bacurizeiro, Platonia insignis, UANTIUARA que é da ponta, da extremidade.
árvore que cresce nas vargens altas. UAPÃ casta de marreca.
UACUTUPÁ pescada. UAPAi guapaí, casta de marrequinha, Quer-
UACUYUA uacuzeiro, Monopterix uaucu, ár- quedula brasiliensis.
vore de alto porte, que cresce nas vargens UAPÉ uapé. V Piasoca.
altas e terras firmes. UAPÉ IAPUNA forno de uapé; vitória-régia. A
UAIARÁ casta de abiu. maior flor até hoje conhecida, que se abre à
UAIMY velha. flor d'água como um largo prato, lembran-
UAINAMBI beija-flor (rio Negro). do, por via disso mesmo, o forno indígena
UAINUMÃ beija-flor (Solimões). para fabricar a farinha de mandioca, de on-
UAIRÁ casta de inseto que não conheço. de o nome de uapé, porque onde ela floresce
UAIRI casta de tambaqui, alguma coisa mais abunda este lindo Rallida, que a esquadri-
esbranquiçado e pequeno do que o tamba- nha e percorre em todos os sentidos à cata
qui comum. de insetos. A vitória-régia durante o dia põe
UAMBÉ áspero; casta de cipó, cheio de rugo- uma mancha róseo-esbranquiçada no ver-
sidades e nós, espécie de Philodendrum, de de de suas largas folhas e no das Nympheas
muita duração e resistência, por isso mes- e Utricularias que crescem, cobrindo à por-
mo preferido para todos os misteres que de- fia a tranquila superfície dos lagos, e à noite
vem suportar as intempéries e durar algum se fecha, ficando toda fora d'água. Esta sua
tempo. Uma cerca amarrada com uambé propriedade é utilizada por uma quantida-
maduro pode durar mais de três anos e uma de de insetos, que, conforme afirmam os in-
decorrera(?) [tolda, 'de correr'] trançada de dígenas, a ela se acolhem para passar abri-
uambé, renovando-se as palhas, pode servir gados a noite.
por uns cinco a seis anos, e mais, se não for UAPICA sentado.
de uso diário. UAPICASARA sentador, quem assenta, faz sen-
UANA, ANA já. V Ana. tar.
UANAMÃ, ANAMÃ casta de marreca. UAPICASAUA sentada, assento, banco.
UANAMBÉ, ANAMBÉ V Anambé. UAPICATYUA banco, lugar de assento.
UANANA marrecão, Chenalopex jubatus. UAPICAUÁ o assentado, que está assentado.
Muito comum em todo o Amazonas, embo- UAPICAUARA sentante.
ra se vá refugiando cada dia mais no interior, UAPICAUERA sentável.
fugindo dos lugares habitados. UAPICAYMA não sentado.
UANANAi marrequinha. Orismatura domi- UAPIRE subido. V Yapire e comp.
nica(?). Também muito comum em todo o UAPIXÃ sedoso, macio, frouxo.
Amazonas. Chegam pelo começo da vazante UAPIXANA gato.
e se estabelecem nas praias pouco frequen- UAPONGA gaponga, adminículo para pes-
tadas, tratando logo da reprodução. Com a car o tambaqui, especialmente no baixo
enchente, desaparecem levando a nova gera- Amazonas e no Pará. Consiste numa vara
ção. Mas creio que tanto estas como os ou- e caniço flexível, em cuja extremidade está
tros pássaros ribeirinhos não deixam o nos- uma bola de pau que, caindo n' água, imi-
so vale para emigrar em países longínquos, ta o rumor de uma fruta que cai, atraindo o
mas apenas se mudam dos rios e lagos sujei- peixe que a engole sofregamente e fica pre-
tos à enchente para os rios e lagos que, mais so. Como a gaponga não leva anzol e o pei-
UARIXY

xe não fica fisgado, mas apenas preso por- ta, torrando as amêndoas, moendo-as e
que engole a isca, o pescador que não quer amassando-as convenientemente e, seco e
perder a presa deve ter paciência e não pu- sob forma de toletes ou de figuras de bi-
xar pela linha senão depois de ter dado tem- chos ou objetos diversos, é posto em co-
po ao peixe para engolir a bola. mércio. Ao guaraná se atribuem qualida-
UANANI casta de resina muito difícil e resis- des refrescantes, adstringentes e excitantes
tente, quando convenientemente prepara- análogas àquelas do café; é preconizado na
da com a quantidade de gordura necessária arteriosclerose em doses de uma colher de
para modificar a sua tendência a se tornar sopa de manhã e de tarde e como calman-
quebradiça e dura. Serve especialmente para te, adstringente e subtônico nas febres e di-
brear as canoas; tornada da consistência do senterias mesentéricas, em doses de 7 a 14
cerol, é utilizada para brear o fio da sarara- gramas diários.
ca e os diversos atilhos que seguram as pon - UARANAYUA guaranazeiro, Paulinia sorbilis.
tas e as guias das flechas e em outros miste- Sapindacea sarmentosa que fornece o gua-
res análogos. raná. É cipó de terra firme, cultivado pelos
UANANU, OANANU árvore da mata do Pará, Maués. V Uaraná.
Moronobea coccinea. UARANAPARA almofada.
UAPUI, GAPUY V Apuz. UARAPERI casta de pequena tartaruga, que se
UAPY espécie de tambor fabricado com um encontra no alto rio Negro e seus afluentes.
pedaço de tronco de embaúba e coberto, só UARAPERU instrumento de sopro. Um peda-
de um lado, com pele de cutia ou outro cou- ço de taboca do comprimento de um palmo,
ro análogo. com uma abertura retangular no meio, por
UARA que come (contração de u-uara, usado onde o tocador sopra, abrindo ou fechando
especialmente como sufixo). Capzuara: co- com os dedos as duas extremidades abertas,
medora de capim. conforme precisa. O som do araperu serve ao
UARA sufixo que dá à raiz a acepção de um pescador para chamar os peixes e tem o dom
particípio presente em ante, ente, inte, e de acordar e atrair as moças que dormem no
uma significação de proveniência, perti- fundo do rio.
nência e localização. Cikié-uara: temente. UARAÚNA agoiro, agoirado. V Maraúna e
Iké-uára: de cá. Oca-uara: que é da casa. comp.
UARÁ guará, Ibis rubra. Linda ave que, an- UARI caído. V Ari e comp.
tes de revestir a linda plumagem vermelha, UARICI brincado, gracejado, jogado.
à qual deve a sua designação científica, pas- UARICIPORA gracejante, brincante.
sa pelo branco e pelo bruno, não adquirin- UARICISARA gracejador, brincador, jogador.
do sua cor senão com a muda do segundo UARICISAUA gracejamento, brincadouro.
ano. É pássaro litorâneo, muito comum em UARICITEUA gracejador habitual, brincalhão.
Marajó e nas ilhas da foz do grande rio, mas UARICIUÁ brinquedo, jogo.
pouco se afasta da costa. Eu nunca o tenho UARICIYMA não brincado, não gracejado.
encontrado, nem me consta tenha sido en- UARINY guerreado, batalhado.
contrado, no estado do Amazonas. UARINYSARA guerreiro, guerreador.
UARACAPÁ rodela da canoa; ponto da UARINYSAUA guerra, batalha, assalto.
cumeeira, onde o madeiramento da telhada, UARINYTYUA lugar de guerra, de assalto.
formando ângulo, descansa sobre o esteio. UARINYUA o chefe, o comandante da guerra.
UARANA casta de impigem. UARINYUARA guerreante, batalhante.
UARANÁ guaraná, fruto de uma Sapindacea UARIRAUA guariroba, casta de Palmacea.
sarmentosa, cultivada especialmente no UARIRI ouriço-caxeiro, Cercolabes villosus.
distrito de Maués, e que consta de uma UARIUUA, UARIYUA guariuba, casta de Legu-
pequena amêndoa, contida numa cápsula minosa, de madeira amarelo-dara, que ser-
alaranjado-vivo, disposta em cachos mui- ve para construir embarcações.
to serrados. O preparado é obtido da fru- UARIXY' estúpido, tolo.
UARIXY

UARIXY' casta de pequena mucura arbórea, UATÁ UATÁ NHUNTO ir sem destino, só para
que se deixa pegar facilmente quando dor- andar. Makiti recé putare? Timaã xauatá ua-
me enrolada na ponta dos galhos. tá nhunto: onde queres ir? Em parte algu-
UARIXYUERA toleirão. ma, vou só para andar.
UARIXYUA toleima, estupidez. UATAPI búzio; a buzina feita do búzio.
UARUMÃ V. Arumã. UATAPU colares de conchas ou de pedaços
UARYUA guariba, Mycetes. macaco muito co- de conchas, usados pelos indígenas como
mum nas matas do Amazonas, mas que ornamentos em suas danças. É ornamento
pouco aparece em cativeiro, porque desgra- muito apreciado e exclusivo dos homens.
cioso, e porque morre muito facilmente de No rio Tikié, em Pari-cachoeira, na ma-
disenteria. Há várias espécies, mas o mais loca dos Barrigudo-tapuias-aimoré, me fi-
espalhado é o Mycetes ursinus. zeram ver um saco de tururi, cheio de co-
UARYUA-MBOIA casta de cobra, cobra-guariba. lares de conchas que pareciam de origem
UARYUA-RUAIA cauda-de-guariba, arbusto marinha e dos quais não me foi possível
de inflorescência em penachos com flores obter nenhum, embora oferecesse até uma
de cor castanha. espingarda de dois canos com pólvora e
UARYUA-YUA guariúba, árvore de guariba, chumbo.
casta de Leguminosa da terra firme, que UATARE faltado.
cresce muito alta, sobressaindo na floresta UATAREPORA pecador, cheio de faltas.
circunstante e, por via disso mesmo, é esco- UATARESARA faltador.
lhida pelas guaribas para dormida. UATARESAUA falta.
UASÁ concubina. V. Auasá. UATAREUARA faltante.
UASACU açacu. V. Asacú. UATAREYMA que não falta.
UASAÍ açaí. V. Asaí e comp. UATINUMA guatinhuma, casta de pequeno
UASU grande, alto, elevado. Nos compostos e pássaro.
como sufixo, asu, osu, usu, de conformida- UATIPUTÁ batiputá, casta de planta, de fruta
de com a eufonia local. oleaginosa comestível.
UASUETÉ grandíssimo, altíssimo, elevadíssi- UATUCUPÁ pescada.
mo. UATURÁ casta de paneiro mais alto que largo,
UASUPIRE maior, mais alto, mais elevado. feito de cipó uambé fortemente entrança-
UASUPORA engrandecente, enaltecedor. do, destinado ao transporte e para os miste-
UASUSAUA engrandecimento, tamanho, gran- res da roça, com três aselhas ou casas, uma
deza. no fundo e duas no alto, por onde passa a
UASUXINGA grandezinho, altozinho. tipoia que permite carregá-lo suspenso às
UASUXINGA-PIRE um pouco maior, um pou- costas, seja preso à testa como costumam as
co mais alto. mulheres, seja preso ao alto do peito, como
UASU-YMA não grande, não alto, não elevado. é costume dos homens.
UATÁ andado, passeado, viajado. UATURÁ CAUA caba de uaturá, casta de caba,
UATAPORA andarilho. que constroi o ninho em forma de uaturá.
UATASARA andador, viajar, passeador. UAUÁ casta de sapo.
UATASAUA andada, viagem, passeio. UAUACA redemoinhado.
UATATYUA lugar de passeio, da andada, da UAUACAPORA cheio de redemoinhos (dos
viagem. rios).
UATAUA o andado, o percorrido. UAUACASARA redemoinhador.
UATAUARA viajante, andante, passeante. UAUACASAUA redemoinho.
UATAUERA andadeiro, passeadeiro. UAUACATYUA lugar de redemoinho.
UATAYMA não andado. UAUACAUARA redemoinhante.
UATÁ UATÁ ir apressado. Xautá-uatá xacica UAUACAYMA não redemoinhado.
tenondé arama: vou apressado para chegar UAUASU babaçu, nome dado a várias espécies
antes. de palmeiras de folhas largas e resistentes.
UERAUARA

Várias espécies de Ataleas e de Orbignias. ucy chupado.


Uma Attalea dá o melhor defumante para UCYSARA chupador.
a seringa, no caroço oleoso da fruta; outra, UCYSAUA chupamento.
que creio ser uma Orbignia, dá uma espécie UCYUA chupeta.
de marfim vegetal, já utilizado para botões, UÉ' casta de papagaio, Amazona festiva. Todo
que é objeto de exportação peruana desde verde com uma pequena listra vermelho-
muito tempo, e que nestes últimos anos, de- -vinosa; a base do bico e o espelho das asas
vido à baixa da seringa, começa a ser ob- e da cauda da mesma cor. É muito comum
jeto de comércio e exportação também en- e facilmente domesticável e, como as suas
tre nós. congêneres, aprende muito facilmente a
UAUIRAUA' guabiraba, casta de grosso rato. pronunciar algumas curtas frases.
UAUIRAUA 2 casta de fruta amargosa de uma uÉ 2 ainda, vez.
espécie de goiaba silvestre. UEECA casta de cipó. A raspagem da raiz é
UAUIRU guabiru, nome comum a algumas usada como vomitivo.
espécies de ratos arbóreos dos gêneros UEENA vomitado, rejeitado.
Loucheros (?) e Echinomys. UEENAMBYRA vômito.
UAURAUA manchas da pele amareladas. UEENAPORA cheio de vômito, sujo de vômi-
UAURUÁ espelho. to.
UAURUAUERA espelhadeira; de quem se olha UEENASARA vomitador.
muito no espelho. UEENASAUA ato de vomitar.
UAUOCA rodada. UEENATYUA vomitório, lugar onde se vomi-
UAUOCASARA rodador. ta, onde os tocadores de passiúbas vão vo-
UAUOCASAUA ato de rodar. mitar, purificar-se, para podê-las tocar sem
UAUOCATYUA rodadouro, moenda. perigo na dança de Jurupari, e que é geral-
UAUOCAUÁ, UAUACAUARA roda. mente ao pé de alguma cachoeira e sempre
UAUOCA-YUA eixo da roda, pau da roda. à margem do rio ou de um igarapé, que per-
UAUUARA guabuara, casta de sapo. mita banhar-se depois da vomição.
UAXIMA, UAXIME malva. UEENAUERA vomitante, vomitável.
UAXINI fuaxinim, Procyon cancrivorus, pe- UEENAYMA não vomitado.
queno ursino, de pelo cinzento-amarelado e UEENAYUA vomitivo, que faz vomitar.
uma larga mancha negra em roda dos olhos. UEKI uequi, fruta comestível do uequizeiro.
Habita a beira-mar e as ilhas da costa. UEKIYUA uequizeiro.
UCACIUA enfiada. UERA sufixo que modifica a ideia contida
uc1, ucn chispado. na raiz, dando-lhe a significação equiva-
UCIPAUA chispamento. lente à dos nossos adjetivos em vai, vel, ou
UCIPORA chispante. lhe dando significado frequentativo e, algu -
ucmÁ chispe. mas vezes, frequentativo pejorativo, con-
ucu fruta da ucuuba. Cápsula contendo nu- fundindo-se então com teua, e, nos casos
merosas amêndoas, que fornecem um óleo em que a raiz já indica uma ação como que
facilmente inflamável, e na farmacopeia in - frequentativa, ou pejorativa substituindo o
dígena é empregado em fricções para cura sufixo uara, em cujo lugar é usado. Xaisu:
do reumatismo e dores reumáticas. amado; xaisuera: amável. Moeté: adorado;
UCUKI ucuqui, fruta de uma árvore de alto Moeteuera: adorável. Uatá: passeado; ua-
porte, do tamanho de um abacate, comestí- tauera: passeador, que passeia mais do que o
vel depois de assada ou cozida. Crua é usa- conveniente; Ueena: vomitado; Ueenauera:
da contra as lombrigas. vomitante e vomitável.
UCUKIYUA ucuquizeiro. UERARÉ casta de rã arbórea.
UCUYUA ucuuba, Myristica surinamensis e UERAU vibrado, raiado, luzido.
afins, árvore da vargem, muito comum em UERAUA luz, raio.
todo o Pará e Amazonas. UERAUARA luzente, raiante, vibrante.
UERAUERAU

UERAUERAU relampeado. V Uerau e comp. ferida e tornar assim seguro o efeito do ve-
UERAUERAUA relâmpago. neno.
UERAUPORA raiador, vibrador, cheio de luz. UEYUA PUCU flecha comprida e que costuma
UERAUSAUA luzimento, vibração. ser lançada com a palheta.
UERERÉ sarapatel feito com os interiores do UEYUA RERU porta-flechas, carcaz, fáretra.
pirarucu. UEYUASU a flecha grande que serve para o
UERÉU alumiado. pescador flechar; e, se for necessário, utiliza
UERÉUA lume. como xapu para fisgar o peixe, que fica em-
UEREUARA alumiante. poçado nos meses de vazante.
UEREUEREU realmente. V Uereu e comp. UEYUA-YUA freicheira. V Sacana.
UEREUESARA alumiador. ui farinha-d'água, farinha de mandioca pu-
UEREUESAUA alumiamento. ba. Lit.: soa comer fino, comer miúdo, pe-
UETEPÉ muitas vezes. lo que o escrevo com i diminutivo em lugar
UETIPI bastante. do i tapuia, como aliás o tenho visto escri-
UEÚ apagado. to muitas vezes.
UEUÁ escama. ui ANTÃ farinha velha.
UEUÁPÓRA escamoso. UICOPUCU faz muito, está longe.
UEUÁYMA liso, sem escamas. Pírá ueuayma: meu uicu, fruta oleosa do uicuzeiro.
peixe sem escamas, liso. UICUYUA uicuzeiro, árvore que cresce na ter-
uÉuÉ voado. Pírá ueué: peixe que voa. ra firme.
UEUECA onda, maresia, o movimento com- UIÉ, OIEY descido, baixado.
passado das águas nos lugares de remanso, UIEI hoje.
especialmente a jusante das cachoeiras. UIESARA descedor, baixador.
UEUECAPORA undoso, remansoso. UIESAUA baixamento, descimento.
UEUECATYUA remanso, lugar beijado pe- UIETYUA descida, baixa, lugar de descida.
las ondas; a marca que, ao longo das praias, UIEUARA descente, baixante.
deixa o manso deslizar das águas. UIKÉ' enchido. V Eikié e comp.
UEUECAYMA sem ondas, sem maresia. UIKÉ uiqué, fruta do uiquezeiro.
2

uÉuÉSÁRA voador. UIKECÉ cópula.


uÉuÉSÁUA voo, ato de voar. UIKEYUA uiquezeiro, árvore que cresce na
UEUEUÃ voo, efeito de voar. terra firme.
UEUEUARA voante. UIKI entrado, penetrado. V Eiki e comp.
UEÚSÁRA apagador. UIKICÉ ralo para farinha, faca para farinha.
UEÚSÁUA apagamento. O ralo indígena, ainda hoje usado parara-
UEÚUÁRA apagante. lar a mandioca em todo o interior do Pará e
UEÚYMA não apagado. Amazonas pelos nossos Tapuios, é uma tá-
UEYUA, UYUA flecha, a que se usa com o arco; bua oblonga, levemente côncava, de madei-
é nome genérico. ra leve e compacta, uma espécie de marupá,
UEYUA-ACY flecha ervada, com especialida- em que são engastados uns dentes feitos de
de a da zarabatana. pontas de sílex lascado, mantidos no lugar
UEYUA-CONIÁ flecha que acaba numa bola, e por uma camada de breu de uanani, espe-
especialmente para apanhar pássaros vivos. cialmente temperado para isso. Os dentes,
UEYUACU flecha com a ponta de ferro ou de mais ou menos espaçados, são geralmente
pau endurecido ao fogo, mais ou menos far- engastados, realizando elegantíssimos dese-
pada, especial para flechar peixe. nhos, variações gregas, que variam de fabri-
UEYUANT'i ponta, bico da flecha. cante a fabricante. A dificuldade de obter o
UEYUA-PEPENA flecha quebrada, que que- sílex, que raro se encontra neste imenso vale
bra, a flecha ervada, de atirar-se com o ar- de lama, e o segredo do preparo do breu fi-
co, e cuja ponta é preparada com incisões zeram com que, entre os indígenas, a fabri-
apropriadas, de modo a quebrar dentro da cação dos ralos fosse uma indústria peculiar
UIRÁ-PURU

das tribos que tinham a dita de possuir, no que se encontra sentado nalgum galho seco
distrito por elas ocupado, alguma jazida de à margem de todos os lagos e lagoas do inte-
sílex. O ralo, por via disso mesmo, em mui- rior. Parece que seu principal alimento são
tos lugares deste interior, é uma riqueza que rãs, sapos, peixes que são rejeitados à mar-
se transmite de dona em dona de casa, co- gem, lagartos, pequenos mamíferos e quan-
mo uma verdadeira preciosidade que é. O to lhe vem a passar ao alcance das garras,
ralo de cobre trazido pelos cearenses é pou- sendo bastante destro, apesar do voo - que
co apreciado, e somente usado na última ex- é mais o de uma coruja do que o de um ga-
tremidade. A mulher indígena rala sentada vião - em se precipitar sobre a presa des-
no chão e tendo o ralo entre as pernas com cuidada.
a cabeça deste encostada ao ventre. urnÁ PIROCA pássaro despido, sem penas,
UIKIÊ fornicado. pinto.
UIKIEPORA fornicador. urnÁ-PITI andorinha.
UIRÁ MEUOAN mergulhão, Podoa surina- UIRAPONGA araponga, ave de crista, Chas-
mensis. morynchus.
UIRÁ ave, pássaro. Nome genérico. UIRÁ-PURU irapuru, pássaro ornado, pássa-
UIRÁ-ANGA alma de pássaro. ro emprestado. O uirapuru é a maravilha
UIRÁ-IAKIRA pássaro novo. da mata. Quando aparece e faz ouvir o seu
urnÁ-MEMBECA pássaro-mole, nome que canto, dizem que todos os pássaros da vi-
em alguns lugares dão ao pavãozinho. V zinhança acodem para ouvi-lo. O canto, eu
Iukiri. nunca o ouvi. Na mata tenho encontrado
UIRÁ-MEMBI, UIRÁ-MEMI o flautista, pássa- mais de uma vez reuniões de pássaros das
ro-flauta, lindo pássaro azul-escuro de lar- mais diferentes espécies, em ajuntamentos
ga poupa em forma de chapéu-de-sol e um muito parecidos com os que na Europa os
apêndice carnoso, também coberto de plu- passarinhos fazem em roda da coruja, mas
mas, que lhe desce do pescoço em forma de nunca pude ver o pássaro que servia de cha-
badalo, e que lhe serve para tornar mais so- mariz. O passarinho que me tem sido mos-
nora a nota aflautada que costuma emitir, trado como tal, é um Tyrannus, de cor acin-
Cefalopterus ornatus. zentada e preta, pouco vistosa, com uma
ui-Pu Farinha fresca. mancha branca nas costas, em forma de
UIRÁ-MIRÍ Passarinho, pássaro pequeno. estrela, que somente aparece quando abre
UIRANDÉ, UIRANÉ Amanhã. as asas, ficando coberta por elas quando
UIRANDEUÁRA o que há de vir, o que virá em descanso. Mais de uma vez o tenho ti-
amanhã. do, e uma vez já o matei em plena flores-
UIRANDÉYMA Sem amanhã, sem futuro. ta, mas era isolado e sem acompanhamento,
UIRÁ-PAIÉ alma-de-gato, uirá pajé, Piaya o que já me fez desconfiar da informa-
macrura. Ave do tamanho de uma pomba- ção, embora obtida de diversas pessoas e
-rola, mas que parece muito maior por cau- em lugares diversos. Seja como for, Goeldi
sa da cauda comprida e degradante do cen- dá com o nome de uirapuru duas Pipras e
tro para os lados, orlada de branco, com uma Chiroxiphia, que vem nas estampas
a cabeça e o dorso bruno-escuro e o pei- coloridas, sem que a eles se refira no tex-
to acinzentado, que se encontra sempre no to, pelo que não sei onde ouviu estes no-
mais espesso da floresta, revistando as moi- mes. Os quatro ou cinco uirapurus prepa-
tas mais intricadas à cata de insetos, apare- rados para amuleto que tenho tido ocasião
cendo e desaparecendo entre o verde da fo- de ver, somente tinham de comum o tama-
lhagem. É pássaro considerado agourento. nho, e embora dois fossem indubitavelmen-
UIRÁ-PANEMA pássaro-molangueirão, casta te Tyrannus, vinham tão deformados e su-
de gavião de corpo avantajado de um gros- jos de carajuru com resina de cunuaru, que
so galo, de cor fulvo-leonado-escura, mais era impossível saber de que cor tinha sido,
claro no peito e no ventre, muito comum, e e individualizá-los. Ao uirapuru preparado
UIRÁ RAUA

convenientemente por mão de pajé se atri- do assim torná-lo mais forte e ativo. Disso,
bui a virtude de tornar feliz e trazer a fortuna pois, resulta que, se em geral, o uirari do
a quem o possuir. A crença não se encontra comércio é sempre eficaz para matar, nem
tão somente espalhada entre os indígenas, sempre obedece ao contraveneno.
mas também entre o povo civilizado, e não UIRARI-CIPÓ cipó do uirari; várias espécies
há tendeiro aqui no Norte do país, e espe- de Strychnos que servem para a fabricação
cialmente no Pará e Amazonas, que, embo- do uirari, que variam de região, o que tam -
ra nascido em terras de além, não tenha pa- bém pode explicar o comportar-se diversa-
go, bem pago, um uirapuru ou não esteja mente dos diversos uiraris perante o sal de
pronto a pagá-lo (e se houver raridade) pa- cozinha usado como contraveneno.
ra tê-lo na gaveta ou na burra, ou enterrá-lo UIRÁ- RIRU gaiola.
na soleira da porta, com a firme convicção UIRÁ-TIPUTI erva-de-passarinho, visgo ou
de que é o meio mais seguro de atrair a fre- outra pequena parasita análoga, que cresce
guesia e a fortuna. Disso, pois, naturalmen - nos galhos das árvores, Loranthaceas e afins.
te, o multiplicar-se dos uirapurus e as fal- UIRÁ-UASU nome genérico dado aos gaviões
sificações, tornadas fáceis pelo modo como e alguma rara vez usado para designar a
são preparados os verdadeiros, e de aí a ra - harpia, Spizaetus tyrannus.
zão, diria o meu amigo pajé, de muitas vezes UIRI bagre, Bagrus reticulatus, casta de peixe
nenhum efeito produzirem. de pele, próximo da piraíba; guiri.
UIRÁ RAUA pena, pelo de pássaro. UIRI-TINGA guiri branco, casta de peixe de
UIRÃ- RUAIA cauda, rabo de pássaro. pele.
UIRÁ-UNA graúna, pássaro-preto, nome da- UIRIUÁ' biribá, fruta em forma de pinha,
do a diferentes espécies de pássaros pretos. cheia de pevides envolvidas em uma polpa
UIRARI, UIRARY o veneno com que os in- branca e açucarada, geralmente apreciada.
dígenas ervam suas flechas. É extraído por UIRIUÁ' pequeno pote de terra cozida, desti-
meio de decocção da planta toda, uma casta nado a servir de cofre e guardar os perten-
de Strychnos sarmentoso, previamente pisa- ces das costureiras.
da. Apurada ao fogo, a decocção, depois de UIRIYUA guiriúba, casta de peixe de pele.
passada à peneira até a consistência de um UIRUPE, UÍRPE embaixo.
mel muito espesso, está pronta para o uso. UIRUPESARA, UIRPESARA quem está embai-
Para envenenar a flecha é então suficiente xo.
molhar a ponta na decocção e deixá-la se- UIRUPEUARA, UIRPEUARA Que está embai-
car. O uirari do comércio é geralmente apu- xo.
rado até tornar-se sólido e, então, para ser- UITÁ nadado. V Eitá e comp.
vir-se dele, precisa umedecê-lo com água UITAUA natação.
morna e, se for muito velho, acordá-lo (é ui TIPIRITI farinha de rodas de mandioca se-
como dizem) com pimenta-malagueta. O ca ao sol.
contraveneno do uirary é o sal, usado inter- UIUÁ o homem que costuma acompanhar o
na e externamente, como já tive ocasião de tuxaua, o homem de confiança, o homem
observar mais de uma vez com barrigudos de escolta; por extensão (Solimões), sujei-
flechados por zarabatana pelos meus índios, to, fâmulo, criado.
em minhas viagens ao Uaupés. Na falta do UIUAKY reptado.
nosso sal de cozinha, que é o contraveneno UIUAKYSARA reptador.
mais ativo, usam também do sal extraído do UIUAKYSAUA repto.
cariru das cachoeiras, mas, se serve minis- UIUAKYUARA reptante.
trado imediatamente, já não serve quando UIUÁRI vaga-lume.
começou o coma. Do uirari se fazem muitas UIXI uixi, fruta comestível do uixizeiro.
falsificações, especialmente entre os meios UIXIYUA uixizeiro, Myristica platysperma,
civilizados, aditando-lhe o sumo de outras árvore de alto porte, que cresce nas terras
plantas e até tocandiras pisadas, pretendeu- firmes e vargens altas.
URASUCANGA

UIYI descido. mente nos lugares em que a fumaça a defen-


UKIÉ cunhado da mulher. de dos insetos que a atacam, a faz preferir a
UKII cunhada da cunhada. qualquer outro gênero de palmeira.
UMARI fruta comestível, com caroço do ta- UMPAU acabado. V. Mpau e comp.
manho de um ovo de galinha, envolvido UMPAUANA fim, remate.
numa polpa amarelada, oleosa, perfumada UMPUSANÜ curado, medicado. V. Pusanu e
e levemente adocicada. comp.
UMARIYUA umarizeiro, Geoffroya spinosa, UMPUSANÜ-UERA curandeiro.
casta de árvore frutífera da vargem. UMUNHOCA repartido.
UMBEÚSÁRA historiador. UMUNHOCASARA repartidor.
UMBEÚSÁUA história, lenda, conto. UMUNHOCASAUA divisão.
UMBU umbu, fruta comestível do umbuzeiro. UMUNHOCATYUA divisório.
UMBUYUA umbuzeiro, Spondias tuberosa e UMUNHOCAUARA dividente.
afins. UMUNHOCAYMA indiviso.
UMI umbi, ubim, ubi, palmeira, casta de UNA besouro.
Geonoma, cujas folhas se utilizam para co- UNA sufixo com a significação de pre-
bertura de casas, e mais especialmente para to, negro. Uiraúna: graúna, pássaro preto.
encher os japás, cobrir as toldas das canoas, Tapaiúna: negro, tapuia preto.
e forrar os paióis, onde se guarda o pirarucu. UNHANA corrido. V. Nhana e comp.
UMI MEMBECA ubi-mole, casta de Geonoma, UNHANAPAUA correnteza.
cujas folhas quebram e se estragam facil- UNHANAPARA correntoso.
mente. uocA esvaziado, tirado. Itauoca, pedra vazia,
UMI MIRi ubizinho, ubi-mirim, Geonoma furada.
acaulis, pequena casta de palmeira que cresce UPOIARE apontado com o dedo.
em toiças na terra firme e serve para os mes- UPORUCA deslocado. V. Poruca.
mos usos do ubi, sendo mesmo preferida pa- UPORUCAPORA desconjuntado.
ra encher japás e cobrir as toldas das canoas. UPYTYMA fumado.
UMIRi umiri, fruta comestível, uma pequena UPYTYMASARA fumador.
baga bruno-azulada, coberta de um pó es- UPYTYMASAUA fumada.
branquiçado de perfume e gosto muito es- UPYTYMATAUA fumadouro.
pecial e agradável. UPYTYMATÉUA fumador viciado.
UMIRITYUA umirizal. UPYTYMAUARA fumante.
UMIRIYUA umirizeiro, Umiríum e suas varie- UPYTYMAUERA fumável.
dades. Cresce nos terrenos arenosos ao lon- UPYTYMAYMA não fumado.
go da margem do rio, acima do nível das en - UPYTYMAYUA boquilha, cachimbo, morta-
chentes, e exsuda uma resina branca de per- lha; aquilo que serve para fumar.
fume delicadíssimo. A variedade Umirium URA' ura, Ura brasiliensis, casta de grande sa-
balsamifera fornece um óleo muito perfu- po que, atacado, se defende emitindo uma
mado e incolor, que se recolhe incidindo a exsudação viscosa que, ao contato da pele,
casca no tempo da seiva, quando a planta produz irritação dolorosa e ampolas.
acena a florescer, e aplicando algodão que, URA' casta de planta Urticacea, que produz
embebido, se espreme, recolhendo o líquido ampolas que muito se parecem com as pro-
numa vasilha própria. O óleo, entre outros duzidas pelo sapo de mesmo nome.
usos, serve como detergente e cicatrizante URA 3 a larva de um estro, que deposita seus
das chagas rebeldes. ovos na carne viva dos animais.
UMI-USU, UMUSU obuçu, buçu, ubi grande, URA-PONGÃ tumor produzido pela larva de
de folha grande, Manícaria saccifera. Casta um estro, a ura, que deposita seus ovos na
de palmeira de largas folhas, de muita resis- pele dos animais e de próprio homem.
tência, e que servem para cobertura de ca- URASUCANGA paneiro solidamente tecido
sas. A sua duração, que é grande, especial- de cipó, geralmente de uambé, achatado de
URPE

um lado, e que deve apoiar-se sobre as cos- moles, a modo de ouriço, cheia de pevides
tas; é munido de uma tipoia de envira que o envolvidas numa polpa corante, de sabor le-
abrange desde o fundo, passando por uma vemente acídulo, que fornece uma cor aver-
asa aí praticada e por duas outras asas pra- melhada do mesmo nome da fruta. O urucu
ticadas no alto, de modo a permitir carre- é usado na cozinha para dar cor às comi-
gá-lo, passando a tipoia sobre a testa ou no das, e algumas tribos indígenas com ele se
peito. O urasucanga tanto pode ser fecha- pintam.
do como aberto, o que é mais comum, do URUCURI fruta do urucurizeiro, espécie de
lado contrário àquele que apoia sobre as pequeno coco, de que em muitos lugares
costas, e serve especialmente para o indí- se servem para defumar a seringa, afir-
gena carregar a rede de dormir e os pou- mando-se que a que for defumada com ela
cos trens de uso diário, sendo que, quando adquire maior elasticidade, o que é mui-
é aberto, é munido de um cipó suplemen- to possível que se verifique pela adição de
tar, que serve para fechá-lo depois de cheio. partículas oleosas comunicadas à seringa
Tradicionalmente quem carrega o urasu- pela fumaça do urucuri.
canga é a mulher; este uso é ainda hoje vi- URUCURIÁ casta de Strix, do tamanho do
vo entre os silvícolas e veio da necessidade Strix flammea europeu, mas muito mais
de estarem os homens sempre prontos e de- claro, quase branco, que vive na espessura
sembaraçados de qualquer empecilho para da mata e passa o dia, conforme os indíge-
acudir à defesa, contra qualquer ataque. nas afirmam, no oco dos paus. No Uapés,
URPE embaixo. Forma incorreta, contração matei a fêmea de um casal encontrado em
de uirupé, que se encontra usada pelos civi- pleno dia empoleirado na semissombra
lizados que falam a nossa boa língua, e vem dos ramos baixos de uma árvore copada, à
ao par dos b, dos d e dos g, que em geral são margem do rio.
usados profusamente pelos mesmos. URUCURIYUA urucurizeiro, Attalea excelsa,
URU' pequeno cofo de forma arredondada, casta de palmeira que vive nas vargens e iga-
com tampa, e um pouco mais estreito na pós.
boca, em que o pescador traz guardados os URUCUYUA urucuzeiro, Bixa orellana, ar-
apetrechos miúdos necessários para o que busto, geralmente cultivado, que fornece o
der e vier durante a pescaria; chamado tam- urucu.
bém urutu. URUMÁ casta de pato selvagem.
URU nome comum a duas ou três variedades
2
URUMBU, URUMU urubu, Cathartes fetens,
de Odontophorus, que vivem de preferência casta de Vulturida muito comum em toda a
nos lugares de serras e colinas e muito rara- América intertropical e que se encontra nu-
mente se encontram nas matas do vale. No meroso em todos os lugares onde há habi-
porte, se destacam dos inambus e se apro- tações. Vive das dejeções, cadáveres em pu-
ximam da codorniz europeia, embora mui- trefação e detritos de todo o gênero, sendo
to menores. em muitos lugares o único encarregado da
URUÁ' caramujo que abunda nos lagos. limpeza pública.
URUÁ fruta do uruazeiro.
2
URUMU ACANGA cabeça-de-urubu, casta de
URUAi caracol. cacau silvestre.
URUATÁ carregado no uru, removido no uru. URUMU ACANGA PIRANGA urubu-de-cabe-
URUAYUA uruazeiro. ça-vermelha, Cathartes aurea. Não muito
URUCANGA costela, ilharga, lado. comum, no Amazonas é ave silvestre que
URUCARI mosquiteiro. não se mistura com o urubu-comum.
URUCATU lírio vermelho. URUMÚ-CAÁ erva-de-urubu, uma trepadeira.
URUCAUÍ casta de resina que algumas tribos URUMU MOCAEN moquém de urubu; os ovos
usam para pintar o corpo com carajuru. da tartaruga secos ao sol. É conserva que,
URUCU a fruta do urucuzeiro, que consta de quando seca a ponto, dura muito tempo
uma cápsula oblonga e coberta de espinhos sem gastar-se.
UYTAUARA

URUMU IERÉUA urubu-jereba, urubu novo, fi- je, conforme conta José Veríssimo, em mui-
lhote. Lit.: Urubu que revira, nome devido tos lugares do interior, varrem com as penas
aos trejeitos que faz em volta dos velhos pa- da cauda de urutauí sob a rede de dormir da
ra deles obter a comida, perseguindo·os, re- noiva o chão, que deve levar o tupé, como
virando-se, abrindo as asas e o bico, até que meio seguro de garantir a honestidade da fu-
um dos dois o satisfaça. É espetáculo alta- tura esposa.
mente cômico. URUTU cofo para pescaria. V Uru.
URUMU-RETAMA, URMUTAMA uruburetama, usÁ, osÁ caranguejo, câncer uçá, casta de ca-
terra de urubu, pátria de urubu. ranguejo de água doce.
URUMU TAUA aldeia de urubu. USARA bebedor, comedor, engolidor. Mira
URUMU-TINGA urubu-branco, urubu-rei, usara: comedor de gente, antropófago.
Sarcoramphus papa. Esplêndido Vulturida, USAÚNA caranguejo-preto.
parente próximo do condor; habita a ma- UTI-SARA, UTINSARA tímido, vergonhoso.
ta e o tenho visto sempre isolado, raramen- UTI-SAUA, UTINSAUA timidez, vergonha (rio
te em casais. É raro, todavia, que não apa- Negro).
reça onde há alguma carniça a apodrecer uuÁ bago.
na mata. Desde o momento em que apa- UURE regirado, girado em funil.
rece, os urubus se retiram, com medo do UUREPAUA regiramento.
bico possante do seu rei, que não tolera UUREPORA regirante.
compartilhar com a turba, e somente vol- UURESARA regirador.
tam quando, satisfeito, se retira. Não é is- UURETYUA, UURETAUA regiradouro.
so, talvez, porém, que lhe fez dar o apeli- UUREYMA não regirado.
do de rei; este lhe vem da espécie de coroa UURUPÃ paricá (Solimões).
amarela e vermelha que lhe fazem na cabe- UXI uxi, fruta consistente numa drupa in-
ça umas carúnculas carnosas, que se desta- deiscente revestida de um pericárpio co-
cam sobre a cor branca, isabela e negra do mestível, de sabor adocicado e de um aro-
resto do corpo. ma especial. A semente é administrada em
URUMU-TYUA urubutuba, lugar de urubus. pó como hemostático.
URUMYTU urumutum, mutum pintado como UXIYUA uxizeiro, Uxi umbrosissima, árvore
uru, Crax urumutum. Grande ave do tama- que adquire grande desenvolvimento e abre
nho de um peru. De costumes crepuscula- a copa espessa acima da mata circunstante.
res, passa o dia empoleirado na copa das ár- u-Y bebido. Nos casos em que é necessá-
vores mais altas da floresta. Vive de frutas, rio distinguir entre beber e comer, embo-
sem desprezar os insetos e qualquer outro ra, quando não se trate de água, o segundo
animálculo que lhe passe ao alcance. Pouco membro possa naturalmente sempre ser o
se vê em domesticidade. nome da bebida que a substituiu.
URUPÉ gurupé, cogumelo orelha-de-pau; no- UYCA afogado. V Oyca e comp.
me comum a várias espécies de Licania. UYRI guri, casta de peixe.
URUPEMA um-chato, peneira de malhas não UYRY revolvido.
muito largas, especialmente destinada para UYRYPAUA revolvimento.
passar a massa de mandioca antes de ir pa- UYRYPORA revolvente.
ra o forno. UYRYSARA revolvedor.
URUPÉUA casta de cogumelo achatado que UYRYYMA não revolvido.
cresce nos paus. UYTÁ nadado.
URUREMA casta de árvore, angelim-de-socó. UYTÁSÁRA nadador.
URUSU casta de abelha amarelada. UYTÁSÁUA natação.
URUTAU pássaro noturno, casta de Strix. UYTÁTYUA Lugar de natação, fundo onde se
URUTAUÍ casta de acuraua, Nycticibus. É cren- nada.
ça espalhada no Pará que o urutauí preserva UYTÁUÁ natação.
as donzelas das seduções e, por via disso, ho- UYTAUARA nadante.
UYTAYMA

UYTAYMA não nadado, que não nada. UYYI descido.


UYUA flecha. V. Ueyua e comp. UYYICA feito descer, descendente.
UYUY sobrenadado, flutuado, bubuiado. UYYICASARA descendedor, que faz descer.
UYUYCA bubuiador, flutuador. UYYISAUA descendência.
UYUYRA bubuiante, flutuante. UYYITAUA descida.
UYUYUA bubuia, flutuação. UYYIUARA descendente.
x pronuncia-se sempre doce, como em xaro- XAPU-ITYCA pescado de xapu. V Ityca e
pe, choldra, xeque. comp.
XÁ prefixo pronominal da primeira pessoa XAPU-ITYCASARA pescador de xapu.
singular dos verbos. Recô faz xarecô: tenho. XARE abandonado, deixado.
Uatá, Xauatá: vou. Em alguns lugares ho- XARESARA deixador, abandonador.
je em dia já se começa a pronunciar o pre- XARESAUA abandono, deixamento.
fixo sem o x, mas é, creio, pronúncia errada XAREUÁ o deixado, o abandonado.
e que, quando comecei a aprender a lín- XAREUARA deixante, abandonante.
gua, uns quarenta anos atrás, me foi sempre XAREUERA deixável, abandonável.
apontada como pronúncia viciada. XAREYMA não deixado, não abandonado.
XAISU amado, gostado, querido. XAUÍ, XAUIUA chave (corrupção do portu-
XAISUPIRE preferido. guês).
XAISUPIRE-SARA preferidor. XEXÉU japim (Pará). V Iapl.
XAISUPIRE-SAUA preferência. XERURA calças (rio Negro).
XAISUPIRE-UÁ o preferido, o distinguido. XERURA-UÍRA ceroulas (rio Negro).
XAISUPIRE-UARA preferente. XERURAYMA sem calças.
XAISUPORA Amante, amador. XIARE, XIÁRI deixado.
XAISUSAUA amor. XIARESARA deixador.
XAISUUARA amante. XIARESAUA deixamento.
XAISUUERA amável. XIAREUÁ deixa.
XAISUYMA não amado, não gostado, não XIAREUARA deixante.
querido. XICA secado.
XAMA corda, fibra destinada a servir de XICAPAUA secura.
amarrilho. XICAPORA secante.
XAPU pequena haste, armada de ponta de XICUARA, RICUARA, TICUARA ânus.
flecha farpada, que serve para fisgar o peixe XICUARA PUNGÁ tumor do ânus; hemor-
em rio baixo, especialmente o que fica em- roides.
poçado pela vazante. XICUARA UASU, XICUAROSU doença do ânus,
XII, SUÍ

relaxamento do esfíncter e consequente per- XIRICAUARA ensecante.


da purulenta de fezes. xrnicAUERA ensecável, e mal ensecado.
xn, suí de, da (Pará). Xacica á xii: chego de XIRicAYMA cão seco.
lá. Itá xiiuara: de ferro. V. Suí e comp. XIRINGA borracha. Corrupção de seringa,
XIKI arrastado. nome que foi dado à goma elástica, vul-
XIKISARA arrastador. go borracha, porque se tornou conhecida e
XIKISAUA arrastamento. começou a ser objeto da comércio sob for-
XIKITAUA, XIKITYUA arrastadouro. ma de bomba elástica para seringa.
XIKIUÁ arrasto, o que é arrastado. XIRINGATYUA seringai.
XIKIUARA arrastante. XIRINGAYUA seringueira, Hevea brasilien-
XIKIUASU arrastão. sis, e variedades afins, que produzem a go-
XIKIUERA arrastadiço. ma elástica.
XIKIYMA não arrastado. XIRIRI exsudado, o sair de caldo do casco da
XIMBAYUA casta de Acacioide. tartaruga, e de outras carnes, quando cozi-
XIMU minhoca, larva vermiforme. das inteiras.
XIMUI, XIMBUI minhoquinha, verme. XIRIRICA assado exposto ao fogo vivo, sem
XIMUI-MAIA mãe-de-minhoca, nome co- ser em vasilha nem em cima de mocaen, o
mum a várias Bromélias parasitas, e que que chiou cozinhando.
lhes é dado pelo fato de acoutarem entre XIRIYUA cipó-chumbo. Cresce nos campos
suas folhas numerosas minhocas, e de ser- do rio Branco, onde é empregado como re-
vir aos pescadores para conservar as mi- médio contra a mordedura de cobras.
nhocas vivas para oportunamente iscar com XIRY pequeno caranguejo do salgado; as par-
elas seus anzois. tes pudendas da mulher (Pará).
XIMUi-PÉUA sanguessuga, verme chato. XIRYNAMBY concha de siri, sernambi.
XIMUI-YUA árvore de vermes, Plumeria pha- XIRYNAMBY-TYUA lugar de conchas de siri,
gedaenica. sernambizal.
XINGA pouco. Diminutivo corresponden- XIRYYUA siriúba, árvore de siri, casta de Avi-
te a inho, inha, zinho, zinha, ucho, ucha, cennia que cresce nos lugares onde chega a
quando aditado a um adjetivo. Xameen maré; mangue.
cury xinga: darei daqui a pouco. Resaru XIRYYUA PIRANGA mangue vermelho.
xinga: espera um pouco. Uasu xinga: gran- XIXÉ casta de vermífugo da farmacopeia in-
ducho. dígena, que tem o aspecto e a consistência
XIPE casta de resina. V. Caranha. de um verniz.
XIPIÁ enxergado, percebido, visto. XIXEYUA a planta donde é tirado o xixé.
XIPIACA observado. XIXYCA Ganido, grito, gemido, especial-
XIPIACASARA observador. mente dos animais quando ficam presos.
XIPIACASAUA observação. Mycura xixyca: mucura que gane.
XIPIACATYUA, XIPIACA TENDAUA observa- XIXYCA-PORA ganidor.
tório. XIXYCAUARA gemente, gritante, ganente.
XIPIACAUARA observante. XIÚ chorado.
XIPIAPAUA visão. XIUPAUA choradeira.
XIPIASARA enxergador. XIUPORA chorão.
XIPIASAUA percepção. XIUSARA chorador.
XIPIAUARA percebente. XIUSAU choro.
XIPIAYMA não percebe, não vê. XIUTYUA lugar de choro.
xrnicA secado, engelhado. XIUUARA chorante.
xrnicAPAUA secura, engelhamento. XIUYMA não chorado.
xrnicAPORA engelhante, contraído. xuÉ ridículo, desprezível.
XIRICASARA ensecador. XUIRIRI casta de passarinho.
xrniCATAUA ensecadouro, ensecadeiro. XUNDARAUÁ casta de sapo.
xuxu

XUNDARAUA mãe de peixe-boi. O pescador que proibido, todavia, matar maís de um, assim
tem a felicidade de possuí-lo é certo de não como matar o primeiro que se lhe apresente.
voltar da pescaria sem ter morto um; é-lhe xuxu casta de jerimum.
Y é o i tapuio, que, além de ser pronunciado YACY TATÁ estrela, fogo da lua.
guturalmente, fazendo-se em muitos casos YACY TATÁ UASU a estrela-d' alva ou a estrela
ouvir um som como de ig, é, segundo as lo- Vésper, Vênus.
calidades, substituído por e ou por u, em- YACYTARA jacitara, Desmoncus, adorno da
bora nestas pronúncias o som gutural fique Lua. Casta de Palmeira, de caule sarmen-
muito atenuado e quase desapareça. toso que se emaranha e trepa nas árvores
Y água. Pronunciado sempre muito gutural, circunstantes em largas volutas e passa de
razão pela qual nas palavras que passaram uma a outra, recortando o azul do céu com
para o português passou como i seguido de g. as folhas elegantemente recortadas, e que,
Igara, igaçaba etc., que são yara, yarasaba etc. se por qualquer circunstância se desenham
YÁ fruta. Contração de yuá, usada especial- no céu enquadrando a Lua, nos diz logo
mente nos compostos. quanto é poética e exata a sua nomenclatura
YACARUÁ nascente, olho d' água. indígena.
YACY lua, mãe da fruta. A Lua completa a YACYYUA jaci, casta de palmeira, Latania ru-
obra do Sol. Este fecunda as plantas e lhes bra e afins.
faz produzir as frutas, a Lua as amadurece. YANAMÃ, ANAMÃ espesso, denso, grosso
YACY ICAUA lua cheia, gorda. (dos líquidos).
YACY IERASUCA lua minguante, que mingua. YAPENU onda, maresia.
YACY IUMUNHÃ lua crescente, lua que se vai YAPEPU falca, as tábuas que se sobrepõem ao
fazendo (rio Negro). casco para formar o tatu pirera e, em geral e
YACY MUTURusu lua crescente, lua feita por extensão, qualquer gênero de falca. Lit.:
grande, engrossada. asas da água.
YACY PITUNÁ noite de lua, noite de luar. YAPINU onda.
YACY PYSASU lua nova. YAPINU-ASU maresia, onda grande.
YACY RANDI luar. Lit.: azeite da lua. YAPIRE subido, remontado (dos cursos d' água
YACY SUÁ UASU lua cheia, lua de cara grande. andando contra a correnteza (gapire).
YACY TAIÁ casta de Caladium, cuja raiz é ve- YAPIRESARA remontador, subidor.
nenosa. YAPIRESAUA subida.
Y-IARA, EIARA, OIARA

YAPITINGA a parte carnosa das frutas, polpa YARA-PORA que enche, que está dentro da ca-
e o que se torna comestível amadurecendo. noa.
YAPÓ igapó, mãe da água; lugares baixos ao YARA RAINHA o casco que forma o fundo da
longo dos rios e no interior das terras à canoa, e sobre que são pregadas as cavernas
margem dos lagos e igarapés, que em tem - que devem receber as falcas. Lit.: o caroço
po de enchente costumam ir ao fundo; flo- da canoa.
resta inundada ou sujeita a ser inundada pe- YARA RUPITÁ popa da canoa.
riodicamente. YARA-TAUA, YARA-PAUA porto, lugar da ca-
YAPÓ-AYUA igapó ruim. noa.
YAPO-IKIÁ igapó sujo, que entra na mata e YARAUARA pertencente à canoa.
não dá bom caminho para as canoas. YARETÉ, IGARITÉ verdadeira dona das águas.
YAPÓ-IUCA pojuca, pântano podre, estagna- Contração de y: água, iara: dona, eté: ver-
do. dadeira. Embarcação muito maior do que a
YAPUMI mergulhado. igara, com proporções de receber duas tol-
YAPUMISARA mergulhador. das e de exigir vela e remos de voga.
YAPUMISAUA mergulhamento. YAROSU canoa grande. Contração de y: água,
YAPUMITYUA mergulhadouro. iara: dona, uasu: grande: grande dona das
YAPUMIUÁ mergulho. águas. Embarcação maior do que a igara e
YAPUMIUARA mergulhante. menor do que a igarité.
YAPY orvalho. YASAUA, YATAUA igaçaba, grande vaso para
YAPYPORA orvalhado. água, geralmente em forma de ânfora e al-
YAPYUARA orvalhante. gumas vezes ornado de desenhos elegantís-
YÁRA igara, canoa, montaria. Contração de simos. Se têm encontrado em toda a parte,
Y: água, e iara: dona, dona da água. tanto no Pará como no Amazonas, vasos em
YARA ARUCANGA costela da canoa, caverna. forma de igaçabas com restos de ossos hu-
YARAPAPE, IGARAPAPE porto, onde está a ca- manos, a que também, por não se lhes saber
noa. o nome verdadeiro, se dá o nome de ygasa-
YARAPAUA, YARATAUA porto, lugar da canoa. bas. Estes, todavia, não devem nem podem
YARAPÉ, IGARAPÉ caminho de canoa; riacho ser confundidos com aqueles, porque a sua
navegável por pequenas embarcações todo ornamentação, que na mor parte dos ca-
o ano ou quase; mas, como tudo é relativo, sos indica também o sexo do defunto, mos-
na terra onde existe o maior rio do mundo tra que se trata de uma fabricação especial
há cursos d' água com o nome de igarapés, e não de utilização de vasos destinados pa-
que desafiam muitos cursos d' água pompo- ra outro fim.
samente batizados rios noutros países. YATY sumo da fruta.
YARAPÉ IATIMÃ-TIMÃ voltas do igarapé. YAUARUÁ nascente, espelho d' água, do fato
YARAPEMA fundo da canoa, o casco sobre de a nascente, antes de tomar seu rumo e
o qual são armadas as cavernas, arucanga, formar o igarapé ou o rio, fazer poço.
destinadas a receber as falcas. YCA lascado, aberto a força.
YARAPÉ-MIRi igarapezinho, regato, geral- Y-CEEMBYCA água salgada. Lit.: água adoci-
mente não navegável senão na enchente e cada, saborosa.
por pequenas embarcações. Y-IARA, EIARA, OIARA mãe d' água, que vi-
YARAPÉ-PORA morador, que habita o igarapé. ve no fundo do rio. A mãe d' água atrai os
YARAPÉ RACANGA afluente, braço do igarapé. moços, aparecendo a estes sob o aspecto de
YARAPÉ REMBYUA margem do igarapé. uma moça bonita, e às moças aparecendo-
YARAPÉ TOMASAUA foz do igarapé. Yarapé -lhes sob o aspecto de um moço, e os fas-
tomasaua kiti: a jusante do igarapé. cina com cantos, promessas e seduções de
YARA-PÉUA falca, a tábua que é pregada late- todo o gênero, convidando-os a se lhe en-
ralmente sobre as cavernas para aumentar tregarem e irem gozar com ela uma eterna
a capacidade do casco, ou a isso destinada. bem-aventurança no fundo das águas, on-
YIARA, OIARA

de ela tem seu palácio e a vida é um folgue- YPIRANTÃ água corrente, água forte.
do sem termo. Quem a viu uma vez nun- YPOIÚCA água estagnada, podre. Lit.: mãe
ca mais pode esquecê-la. Pode não se lhe podre d'água.
entregar logo, mas fatalmente, mais cedo YPOPOCA água que estronda, que arrebenta
ou mais tarde, acaba por se atirar ao rio e com estrondo.
nele afogar-se, levado pelo ardente dese- YPORA aquático, que está e mora n'água.
jo de se lhe unir. É crença ainda viva tanto YPOROROCA água que cresce estrondando e
no Pará como no Amazonas, e é como se fazendo estrago. V. Pororoca.
ouve explicar, ainda hoje pelos nossos ta- Y PURACYSAUA remanso, dança d' água.
puios, a morte de uns tantos bons nadado- y PURACYSAUA PUXI redemoinho.
res, que apesar disso morrem afogados. A YPU, Y MPU água saída, esguichada, olho
cobra grande. d' água.
YIARA, OIARA o boto vermelho, a que se atri- YPUASU olho d' água grande.
bui a facilidade de virar-se em homem para YPUCA água arrebentada.
seduzir as moças novas, que gosta de cacha- YPUCAPAUA arrebentação.
ça e de bailes como qualquer Tapuia e neles YPUCAUARA arrebentante.
aparece para levantar desordens. Embora o YPUCAUERA olho d' água que foi, olho seco.
nome e certa semelhança, não se trata da YPUÍPE na fonte, no olho d' água.
mãe d' água, porque esta é a cobra grande, YPUIPEUARA, YPUIPEIARA o que mora ou é
e o boto vermelho, apesar de tudo, se em- o dono da fonte. No Sul assim se chamava
prenha as moças que se lhes entregam, não uma espécie de mãe-d' água, que habitava as
as leva a afogar-se, nem ao menos, pelo co- fontes e que estragava por um tempo mais
mum, carrega com elas. O boto vermelho, o ou menos longo as pessoas a quem aparecia,
oiara, dos três delfins amazônicos, é aquele especialmente às lavadeiras. Aqui no Norte
que remonta mais longe por estes rios aden- não me parece que tenha igual significação.
tro, e o tenho encontrado no alto Uaupés YPUPUI, YPUPUÍRA olho d' água escasso, fio
acima de Ipanoré. d' água.
Y IAUÉ aquoso, como água. YPUSARA o que faz esguichar a água.
y IAUESAUA aquosidade. YPUSAUA a nascente, olho d' água.
Y IUCY sedento, sequioso. V. Iucy e comp. YPUTYUA lugar de nascentes.
Y rurnÍRA cachão d' água. YPUYMA sem olhos d' água.
Y MANHA nascente; casta de junco que nasce YPUYUA o que dá, a origem de olho d' água,
nos lugares alagados. da nascente.
YMA não. Sufixo negativo que serve para ne- YPY fundo, pé da água. Ypipe: No fundo da
gar a ideia, contida na raiz. Kyrimbá: valen- água.
te, Kyrimbá-yma: fraco, não valente. Santá: YPYPIPEPAUA revolvimento do fundo d'água.
duro; Santá-yma: fraco, mole, não duro. Y RAPÉ fibras da madeira; caminho da água.
Y MBOIA jiboia, casta de Constrictor, que se YRURU molhado.
domestica facilmente, e não é raro vê-lo nas YRURUPAUA malhação.
lojas do Pará e Amazonas, onde preenche as YRURUPORA malhador.
funções de gato, perseguindo os ratos com a YRURUTYUA molhadouro.
vantagem de chegar onde aquele não chega. YRURUUARA molhante.
YNHÃN, YNHÃNA enxurrada, águas da chuva YRUSÃ umedecido, refrescado.
que correm impetuosas, mas não têm du- YRUSANGA sombra, fresco, úmido.
ração. YRUSANGARA refrescante, umedecedor, um-
YPANEMA água morta, água imprestável. broso.
YPAU, YPAUA lago, aguada; lugar de certa ex- YRUSANGÁUA frescura, umidade, sombra.
tensão, onde a água persiste todo o ano. YRYPIPE revolvido o fundo d' água.
YPAUA-PY lago fundo, poço. YRYPIPEPORA revolvedor do fundo d' água.
YPIÁ voragem, funil. Lit.: coração da água. YRYRi ostra. V. Reri.
YUK!CÉ

YRYRY riçado; a superfície das águas pelo so- que já foi revelado vezes infinitas nas ter-
pro de vento. minações de árvores e lugares; e a ubá é,
YRYRYPAUA riçamento. num certo sentido, também a fruta da ár-
YRYRYPORA riçante. vore em que foi escavada.
YRYRYYMA não riçado. YUACAUA bacaba, fruta gordurenta. Da fruta
YTAN ostra, concha, nome genérico dado a da bacaba se extrai uma bebida, pisando-a,
várias espécies de bivalves fluviais. depois de amolecida em água quente; algu-
YTANGA a concha do mMolusco. ma coisa parecida com o açaí e que é geral-
Y TINGA água clara, transparente. mente chamada: vinho de bacaba, toman-
YTU, Y-TU água quebrada e por extensão, sal- do-se ela também com farinha e açúcar, ou
to, queda d' água, cachoeira. Pouco usado somente com uma destas cousas.
no Amazonas, onde se usa correntemente YUACAUA-YUA bacabeira, casta de palmeira,
de caxiuera mesmo por aqueles que falam Oenocarpus bacaba e afins, que dá uma fru-
língua geral; é contudo palavra nheengatu ta comestível, de que se faz o vinho de baca-
como prova a existência de nome Ytuci no ba; fornece um azeite quase tão fino como
Purus, pelo que noto também os seus com- o de açaí, inodoro e, por via disso mesmo,
postos e derivados. utilizável em perfumaria, com a vantagem
YTUÃETÉ Queda alta, elevada, cachoeira alta. de ser muito mais abundante do que este.
YTUASÚ queda grande, cachoeira grande. YUA CEEN cana-de-açúcar; salsaparrilha.
YTUi salto pequeno, cachoeirinha. YUACAPI os paus, de três a quatro, que, finca-
YTUIAUETÉ salto bravo, cachoeira perigosa. dos no chão, sustentam a altura convenien-
YTUCY mãe da queda, nome de um afluente te do fogo, o gradeamento sobre que é posta
do Purus, que se encontra mais comumente a caça ou o peixe destinado a ser moqueado.
escrito incorretamente Ituxy. YUACEMA alho.
YTU-PANEMA queda insignificante, à-toa. YUACEMASU cebola.
YTUPAUA encachoeiramento. YUAPÉUA fruta lisa.
YTUPÉUA corredeira, cachoeira chata, sal- YUAPUCA juapoca, casta de camapu, Physalis.
to liso. O sumo da planta pisada, introduzido aos
YTUPORA cheio de saltos, de queda d' água; pingos no canal auditivo, é remédio para as
que mora, que é da queda. dores de ouvido. O cozimento em banhos é
YTUPORANGA queda bonita, boa de passar. aconselhado como calmante nas dores reu-
YTUPUI queda delgada, chorro. máticas.
YTUPUÍRA queda miúda, desfeita. YUAPUY, GAPUY, APUY V. ApuÍ.
YTUPUXI queda feia, que não se passa. YUÁ RAINHA, YÁ RAINHA caroço da fruta.
y TYUYRA gota de água. YUASU, Y UASU água grande, maré viva.
YUÁ, YÁ fruta, nome genérico de todas as es- y UAUAIA rebojo.
pécies de frutificações. YUÁ-UASU COCO.
YUA planta, tronco, haste, origem, estirpe, YUÁ-UASU-YUA coqueiro.
causa. Mira yua: origem da gente. Xiringa- YUÁ-YUA fruteira, planta de fruta cultivada.
yua: seringueira, árvore da seringa. Puracy- Y UAYUA água má; mortandade de peixes
yua: causa de baile, aquele a quem é ofereci- que, em certas circunstâncias, especialmen-
do, em cuja honra se deu o baile. te em tempo de friagem, se verifica nos la-
YUÁ, UBÁ embarcação feita toda de um pe- gos e igarapés e, embora muito mais rara-
daço, escavada num tronco de pau, sem mente, mesmo nos rios, especialmente nos
emendas nem falcas. A ubá não é o casco, lugares baixos e pouco correntosos. No Pará
embora este seja geralmente uma ubá, que hoje se ouve dizer e escrever uayua, e com
se abriu e à qual se tirou o feitio, para se esta forma passou a português brasileiro.
lhe poder pôr as cavernas e aditar as foicas. YUECERA Quilha.
Ubá, que é como se ouve geralmente pro- YUKICÉ caldo, sumo, líquido, que entra ou
nunciar, é pronúncia portuguesa de yuá, o sai de alguma coisa. Uasaí yukicé: caldo de
YUKICEI

açaí. Yara yukicé: caldo da canoa. No pri- e outro em tempo de vazante, sem contudo
meiro caso, o vinho que se extrai de açaí; no formar ilha, mas apenas bacia.
segundo, a água que entra na canoa. YUYTERA Terra alta, serra.
YUKICEi caldo fino, lágrima. YUYTERA-ACANGA, YUYTERA-ACAN, YUYTE-
Y UMPUCA água arrebentada, revolta. RA-ACAIN cume da serra, cabeça da serra.
y UMPUCAPAUA arrebentação. YUYTERA-AETÉ serra altíssima.
Y UMPUCAPORA arrebentante, arrebentado- YUYTERA CEMBYUA encosta da serra; vereda
ra da água. da serra, margem da serra.
YUY terra, mundo, universo. Yuy iupirun- YUYTERA-CIRYCA serra nua, escorregadia.
gaua: no começo do mundo. YUYTERA-CUÁ serrania, cintura de serras.
YUY-Ã terra alta. YUYTERA-CUPÉ espinhaço, alto da serra.
YUY ÃETÉ terra altíssima. YUITERA-IURU bocaina, boca da serra.
YUY-APARA desmoronamento, terra torta, YUYTERA-IAUAETÉ serra brava, serra pavo-
que está para desmoronar. rosa.
YUY-APAUA ribanceira. YUYTERA - MIRI serra pequena.
YUYAPINA ibiapina, terra pelada, tosquiada. YUYTERA-PÉ-MIRI vereda, pequeno cami-
YUY-CUÁ enseada, baía, cintura de terra. nho da serra.
YUY-CUARA gruta, sepultura, buraco da terra. YUYTERAPOCA vulcão, serra que se fende.
YUY-CUCUI desmoronamento, terra caída. YUYTERA-PUCU serrania, serra comprida.
YUYCUI-YUA ubucuuba, planta. YUYTERA - py pé da serra.
YUY -CUY areia. YUYTERA-PORA Cheia de serras, morador
YUYMICUI-UARA praieiro, que frequenta as da serra. Yuyreté yuytera-pora: Terra firme,
praías. cheia de serras. Mira yuytera-pora: Gente
YUY-PEMA terra chata, lisa, planície. moradora da serra, serrano.
YUY-PÉUA terra lisa, planície. YUYTERASU serra grande.
YUY soROCA terra rasgada, terra fendida. YUYTERATi pico da serra, o ponto culminan-
YUY - IÁRI encostado à terra, aportado. V. Iari te da serra.
e comp. YUYTERA-TOMASAUA baixo da serra.
YUYMICUi coroa de areia, praia. YUYTERA-YMA sem serras, despida de serra,
YUYMICUI-PORA cheio de praias, morador como é o baixo vale amazônico. Ara yuyte-
da praia. Paranã yuymicuf-pora: rio cheio tera-yma: terra sem serras.
de coroas de areias. Tatuí yuymicui-pora: YUYTIMA enterrado, plantado.
paquinha moradora da praia. YUYTIMASARA enterrador, plantador.
YUYPE no chão, em terra. YUYTIMASAUA plantação, enterramento.
YUYPORA morador da terra, terrestre. YUYTIMATAUA lugar de plantação, de enter-
YUYPUi poeira, pó, terra fina. ramento.
YUYPUI-UARA poeirento. YUYTIMAUA o enterrado, planta.
YUY-PYTERA centro da terra. Yuy-pyterupe: YUYTIMAUARA plantante, enterrante.
no centro da terra. YUIYTIMAUERA plantável, enterrável.
YUYRA areia, pó. YUYTYCA jogado, lançado na terra. V. Ityca e
YUYRA-PAUA, YUYRA-TAUA areal. comp.
YUYRA-PORA morador da areia. YUYTYUA esplanada, lugar de terra.
YUYRETÉ terra firme, terra verdadeira. YUYTYUAIA vale.
YUYRETÉ UASU terra geral, terra firme, gran- YUYTYUAIA-PORA cheio de vales, morador
de, não recortada por cursos d' água. do vale.
YUY - RIRI tremido da terra. V. Riri e comp. YUYTYUAIA-UARA que é do vale, pertence ao
YUY - RIRISAUA tremor de terra. vale.
YUY-RUPIUARA peão, que vai por terra. YUY-UARA que pertence à terra, é da terra,
YUY-SANTÁ terra dura, torrão; a terra que fi- terrestre.
ca obstruindo o leito do rio entre um poço YUY-UÁRUPE sobre a terra.
YYUA

YUY-UÁRUPE-UARA que está sobre a terra. YUY-YMA sem terra. Paranã oiké ramé iapi-
YVUY-UIRUPÉ embaixo da terra. tana yuy-yma: quando o rio enche ficamos
YUY-UIRUPE-UARA que está embaixo da ter- sem terra.
ra, subterrâneo. Y-YCA fibra da madeira; por onde arreben-
YUY-UUARA comedor de terra. ta a água.
YUY-UUARAMBOIA cobra-come-terra. YYUA flecha. V Uéyua e comp.
Título Vocabulário Português-Nheengatu,
Nheengatu-Português
Autor E. Stradelli
Editor Plínio Martins Filho
Produção editorial Aline Sato
Revisão Geraldo Gerson de Souza
Revisão de provas Cristina Marques
Editoração eletrônica Tomás Martins
Mariana Real
Capa Fabiana Soares Vieira
Formato i6 x 23 cm
Tipologia Minion Pro
Papel Chambril Avena 80 gim' (miolo)
Cartão Supremo 250 gim' (capa)
Número de Páginas 536
Impressão e Acabamento Cromosete

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