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O ADMINISTRADOR DE EMPRESAS NA GESTÃO DO SÉC.

XXI: DESAFIOS,
TENDÊNCIAS E EXIGÊNCIAS PARA OS EMPREENDEDORES
CORPORATIVOS E VISIONÁRIOS

Frederico Vidigal1

Resumo

Este artigo tem como objetivo sensibilizar e estimular uma reflexão acerca da nova postura exigida
dos administradores, considerando uma nova configuração do mercado caracterizado pela
hiperconcorrência e uma maior complexidade administrativa que vem demandando a utilização de
novos preceitos de administração estratégica nos modelos gerenciais. O conteúdo do artigo trata das
oportunidades para futuros administradores e é direcionado aos estudantes de administração e
candidatos a administradores e recém-formados. O texto apresenta-se como um instrumento de
observação para os novos profissionais da administração, colocados no mercado todos os semestres
por instituições de ensino superior em diversos estados brasileiros.

Palavras-chave: histórico da administração no Brasil – perfil do administrador – administração


pública - empreendedorismo corporativo – oportunidades de mercado para administradores

1 O HISTÓRICO DA CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL E OS


DESVANEIOS ADMINISTRATIVOS DA GESTÃO PÚBLICA BRASILEIRA: UMA
INTRODUÇÃO

A profissão de administrador no Brasil é considerada recente e teve a sua regulamentação a


partir da Lei 4.769 em 9 de setembro de 1965, o que resultou na comemoração do dia do
Administrador na mesma data. Infelizmente, durante os últimos anos, a profissão de
administrador ainda fora vista como uma formação de uma importância menor levando em
consideração o seu curto tempo de vida e comparando-a com outras áreas mais tradicionais
e históricas do conhecimento como a engenharia, a medicina e o direito. Durante um longo
período no tempo, era usual o fato de profissionais de outras áreas adentrarem pelos
caminhos da administração, abrindo suas empresas ou assumindo o seu controle de forma
aventureira em empreendimentos, muitas das vezes de grande porte e com grande
importância, do ponto de vista de investimento financeiro. Em outros casos presenciou-se a
ocupação de cargos administrativos na prestação de serviços à população em geral, como é
o caso dos serviços públicos em prefeituras e demais esferas administrativas onde, a grande
maioria dos políticos e detentores dos cargos executivos, não têm formação em

1
Mestre em Administração Pública pela Escola de Governo da Fundação João Pinheiro, especialista em
Gestão de Micro e Pequenas Empresas, especialista em Ecoturismo e Meio Ambiente, ambos pela
Universidade Federal de Lavras e bacharel em Administração de empresas (Centro Universitário Newton
Paiva) Atua como consultor, professor e coordenador de cursos de pós-graduação em Belo Horizonte e
Santa Luzia - Minas Gerais)
administração. Este cenário perdurou no Brasil, e pôde ser observado de forma mais
substancial até meados dos anos noventa, quando até então era discurso comum afirmar
pejorativamente que a administração poderia ser exercida por qualquer profissional, não
importando a sua formação de origem.

O que preocupa é exatamente o fato do alto índice de mortalidade de empresas abertas no


Brasil, que na maioria das vezes encerram prematuramente as suas atividades, por motivos
ligados diretamente ao desconhecimento da administração.

Como descrito anteriormente, o ensino da Administração no Brasil, embora tenha


começado tardiamente, guarda uma relação direta com o processo de desenvolvimento do
Brasil. O primeiro momento histórico está situado no governo Getúlio Vargas. Com seu
caráter nacionalista, incentivou direta ou indiretamente o impulso às iniciativas de
valorização de modelos gerenciais herdados de outras nações adaptando-os à realidade
brasileira. Um dos exemplos dessa nova realidade foi a criação da Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT) que proporcionou impactos de relevante importância na recriação do
cenário da administração das empresas brasileiras, haja vista a valorização dada à
segurança dos trabalhadores e a responsabilidade dos empregadores.

O segundo momento importante foi caracterizado pelo desenvolvimento e abertura


econômica com um viés particularmente internacionalista, implementado pelo governo de
Juscelino Kubistchek. O crescimento acelerado implementado por Juscelino trouxe a
necessidade de adoção de modelos administrativos diante das novas contratações para
postos de trabalho que surgiam. O terceiro momento pode ser classificado como o período
Pós-64. A partir do ano de 1964, teve início a importação de modelos tecnológicos
originários da cultura norte-americana o que de certa forma impulsionou o
desenvolvimento industrial brasileiro e o fortalecimento da necessidade da
profissionalização da administração no Brasil.

Os Estados Unidos haviam implantado o seu primeiro curso de Administração no final do


século XIX, mais precisamente em 1881. Na década de 60 já lançavam no mercado um
número expressivo de administradores, não somente em nível de graduação, mas com
mestrado e doutorado, o que resultou em investimentos em pesquisa e desenvolvimento
(P&D) na área da administração.

No Brasil, após décadas marcadas por um regime autoritário de governo militar, o país deu
passos importantes rumo a nova república e mais tarde teve como um marco histórico na
realidade democrática do país, as eleições diretas para presidente. Com um novo governo
eleito pelo voto popular, o país ainda enfrentou crises financeiras, altos índices de inflação
o que perdurou durante anos até encontrar um caminho mais estável no Plano Real com o
controle da inflação, o que ainda prevalece até os dias de hoje.

A partir da estabilidade econômica, discutida por alguns, mas valorizada por outros, houve
um incremento da complexidade na gestão empresarial ocasionado, sobretudo pela abertura
de mercado. A hiperconcorrência ganhou espaços nos mais diversos ambientes setoriais
sendo agravada pelo advento da Internet que se popularizava gradualmente. A globalização,
que já rondava a economia mundial consolidou-se anos depois e virou realidade. Além
disso, ocorreu a entrada de novos concorrentes em diversos setores produtivos de prestação
de serviços no Brasil. A entrada dos produtos estrangeiros com importante grau de
inovação tecnológica potencializou a concorrência direta entre preços de produtos que
passaram a competir entre si por preços mais atrativos e com qualidade muitas vezes
superior aos produtos desenvolvidos nacionais.

Além da ampliação da oferta de produtos e serviços e o surgimento das mídias eletrônicas -


que inegavelmente proporcionaram o acesso dos consumidores a um maior número de
informação sobre opções de produtos e serviços, bem com variedade de modelos,
especificações e preços - resultaram em mudanças importantes no ato de compra e
provocando uma verdadeira remodelagem dos mercados. Tal situação resultou em
demandas de modelos gerenciais compatíveis para garantir a sobrevivência dos negócios.
A partir daí, houve um significativo aumento do percentual de demanda por formação
técnica e profissionalização da gestão, muitas das vezes impostas pelas empresas aos seus
próprios colaboradores. A corrida pela informação na área gerencial abriu portas para
investimentos na área da educação.

A população brasileira sobreviveu a uma diversidade de planos de governo, muitos deles


frutos de aventuras de não-administradores – considerando que a administração pública é
um ramo da atuação da administração e deveria ser exercida exclusivamente por bacharéis
em administração. Os ocupantes de cargos públicos - eleitos por uma população composta
em sua grande maioria por pessoas com baixo nível de informação que é o retrato histórico
de um país em processo de desenvolvimento - impuseram aos cidadãos brasileiros modelos
econômicos desastrosos e tidos como planos mirabolantes, muitas vezes caracterizados por
corrupção e sinais típicos da má gestão, o que fica evidenciado pela ausência de
planejamento, controle de processos e prestação de contas, além da inexistência de critérios
de equidade na composição do quadro de pessoal administrativo. A exemplo disso, têm-se a
composição de alguns cargos públicos, ocupados por pessoas com perfis nada coerentes
com uma visão mínima de planejamento de cargos e recrutamento e seleção.

O modelo público-gerencial incompetente, marcado pelo notório desconhecimento da


ciência da Administração ainda assola a política brasileira arbitrando à população a parte da
manutenção financeira da ingerência através do pagamento de impostos e taxações em um
verdadeiro carnaval de incompetência administrativa.

2 A OFERTA DE CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO E SEUS IMPACTOS

Aproveitando a demanda crescente por conhecimento e também da flexibilização das regras


para abertura de faculdades no Brasil, ocorrida em meados da década de 90, o ensino
superior privado brasileiro teve um aumento de 150 % em número de alunos. Segundo
Jordão (2007), o total de alunos em instituições privadas no nível superior subiu de 392 mil
em 1997 para 1 milhão em 2003. A grande maioria dessas instituições passou a oferecer
cursos na área de administração. Segundo a autora, nos próximos anos espera-se também
um crescimento, porém menos acelerado e expressivo como nos últimos anos.
O boom dos cursos na área de administração em nível de graduação e pós-graduação pôs
em questionamento a qualidade de ensino de algumas instituições, mesmo considerando a
corrida pelo conhecimento na área da gestão, em função da demanda descrita
anteriormente, houve uma diminuição da ocupação das salas de aula e uma busca, nem
sempre ética por estudantes.

Alguns dos novos empreendedores do setor de educação, investiram em um corpo de


professores de qualidade, bibliotecas e infra-estrutura compatível com a formação de bons
profissionais. Outros adentraram no mercado com estruturas adaptadas aos processos de
reconhecimento por parte do MEC, deixando os estudantes em situação desprivilegiada em
relação à qualidade e competitividade com outros profissionais de mercado.

TABELA 2.1. - EVOLUÇÃO DE CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL DE


1960 a 2000

Antes de 1960 – 2 cursos


1960 – 31 cursos
1970 – 247 cursos
1980 – 305 cursos
1990 – 823 cursos
2000 – 1462 cursos

Fonte: MEC / Conselho Federal de Administração

Do ponto de vista da empregabilidade, mesmo em outras áreas do conhecimento, o diploma


de curso superior deixou de ser garantia para uma colocação no mercado de trabalho. Fruto
da expressiva oferta de vagas nas instituições privadas de ensino, a entrada de um grande
número de novos bacharéis em administração no mundo empresarial foi inevitável e a
concorrência por uma colocação passou a ser vista como uma batalha entre profissionais.

3 O PERFIL DOS NOVOS ADMINISTRADORES NO MUNDO GLOBALIZADO

No mundo globalizado do século XXI, o trabalhador não mais deverá ter uma só profissão.
Na visão de Jordão (2007), é primordial ter uma profissão e também outra, pois daqui a
cinco a dez anos, para fechar um negócio fora do país, não será suficiente ter um diploma
de administração de empresas. Além de habilidade em outros idiomas o administrador
necessitará conhecer a cultura e a história do lugar para alcançar bons resultados na
negociação, ou seja, será necessário um conhecimento antropológico aliado aos
conhecimentos de administração. Isto poderá ser um diferencial importante.

O que pode ser percebido é que além do disputado diploma universitário o administrador
necessita ter perfil para administrar. Caso contrário, estará sujeito a funções subalternas e
alternativas dentro das organizações, mesmo portando um diploma. Isso corrobora a idéia
de que o administrador não é um profissional formado somente nas salas de aula, com as
melhores notas entre os colegas. O administrador recém-formado precisa apresentar de fato
uma personalidade administrativa, enfim perfil de administrador.

Perfil atual do administrador no Brasil

 A maioria é do sexo masculino, casado e sem dependentes;


 Está na faixa etária de até 30 anos;
 É egresso de Universidades particulares;
 Concluiu o curso de Administração entre 2000 e 2005;
 Possui especialização em alguma área de Administração;
 Trabalha nos setores de serviços, da indústria e em órgãos públicos;
 Atua nas áreas de Administração geral e finanças;
 Ocupa cargos de gerência.

Fonte: Conselho Federal de Administração (CFA)

Algumas características podem compor o que se denomina um perfil adequado para o


administrador nos próximos anos.

O perfil de um administrador considerado apto para as empresas contemporâneas passa por


um somatório de características. Um administrador precisará equilibrar criatividade com a
perspicácia para encontrar soluções apropriadas à empresa sob a sua administração. É
imprescindível ter uma visão globalizada para entender que a empresa situa-se em conjunto
de outros players, ou seja, é parte de um meio caracterizado por mudanças contínuas, pela
competitividade e vulnerabilidade às forças externas. É essencial construir credibilidade,
adquirir poder de persuasão e convencimento para driblar as objeções e adversidades, como
também habilidade para relacionar-se com pessoas. Isso envolve uma razoável capacidade
de comunicação e uma dose de liderança essencial para quem quer assumir o comando.

O administrador moderno necessita de rapidez para adaptar-se às mudanças e reagir


positivamente a elas. É importante que ele tenha senso de responsabilidade social, ou seja,
deve ter a consciência de que todos os atos da empresa administrada por ele gerarão algum
tipo de impacto positivo ou negativo à sociedade. Além da visão tradicional de lucros é
necessário investir em ações que promovam uma maior qualidade de vida para a sociedade
que envolve a empresa, práticas inteligentes de destinação de dejetos das indústrias, ações
sociais que promovam algum benefício para a saúde, segurança, cultura, lazer, ou seja,
ações que proporcionem bem estar da comunidade e também aos seus funcionários. Muitas
destas ações podem e devem ser geradas pelas empresas privadas. Nos últimos anos, os
consumidores têm valorizado algumas empresas que adotaram tais posturas, comprando
seus produtos e serviços em detrimento de produtos e serviços de outras do mesmo setor
que não adotaram políticas sociais responsáveis.
O administrador precisa estar atento às oportunidades de mercado e manter-se alerta aos
acontecimentos à sua volta. Alguns mercados vêm apresentando oportunidades para os
administradores no futuro. A seguir, serão discutidos alguns dos mais expressivos.

3.1 O entretenimento como oportunidade de mercado para os administradores

Nos últimos anos houve um aumento na busca pelo entretenimento, e a diversão passou a
ser considerada sinônimo de negócio. O mercado vem se profissionalizando e os
consumidores buscam produtos de qualidade. Cresce a procura pelos serviços em turismo e
cultura. O turismo tem sido promessa de um mercado promissor há anos e reserva um
potencial ainda mal explorado. Entretanto, o Ministério do Turismo, criado no governo
Lula, tem como meta até o ano de 2010, gerar 1,7 milhão de empregos a serem criados por
empresas com fomento do governo no setor e US$ 7,7 bilhões em divisas. Apesar dos
últimos problemas com a infra-estrutura aeroportuária brasileira, segundo dados publicados
na Istoé (2007), o governo pretende promover 217 milhões de viagens domésticas e
estruturar 65 destinos com padrão internacional. Em 2006, este setor gerou 6.04 milhões de
empregos formais e informais. Ainda há espaço para negócios que explorem oportunidades
voltadas para a terceira idade conhecida como “Melhoridade”.

Ainda na linha do entretenimento, como oportunidades de atuação para os administradores


com perfil empreendedor, cresce a área de design de games e animação. Somente 35
empresas atuam no setor e há espaço para investidores na área de jogos para celular. A área
de eventos também representa oportunidades para administradores. O Brasil teve um
reposicionamento no Ranking de países sede de eventos e congressos. Segundo a
International Congress & Convention Association (ICCA), o país subiu do 11.o para 7.o
colocado, competindo com países como EUA, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha e
Itália.

3.2 A “gestão do bem estar”

Em momento de stress no trabalho ocasionado pelas exigências do mundo moderno, outro


mercado que surge como um celeiro de oportunidades para o administrador, nos próximos
anos, é o setor de qualidade de vida ou o denominado mercado do bem estar. Segundo
dados do International Stress Management Association (ISMA), 70% da população
brasileira é acometida pelo stress. Os consumidores tem apreciado a qualidade de vida, a
saúde física e a saúde mental. O setor abarca perfumaria, cosméticos, higiene pessoal e
serviços voltados para o bem estar, a vaidade. Cresce a procura pelos spas e clínicas de
estética e prevenção de doenças.
Gráfico 2.2: ATUAÇÃO DE EMPRESAS QUE EXPLORAM O SETOR DO “BEM
ESTAR” POR ESTADOS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO

Número de empresas por estado: SP = 689 / RJ = 166 / PR = 148 / RS = 110 /MG = 102

Fonte: Associação Brasileira de Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos


(ABIHPEC)

3.3 Logística aplicada ao Agronegócio

A área de logística crescerá substancialmente em virtude do Agronegócio. O setor continua


representando oportunidades de especialização e atuação para os administradores do
futuro, pois o Brasil é um país diferenciado em condições de geração e sustentabilidade de
energia. O país possui hidrelétricas e investimento em agroenergia, considerando
combustíveis alternativos como o Biodiesel e etanol. Nos próximos anos serão necessários
profissionais de logística para planejamento o escoamento e transporte dos produtos do
agronegócio.

3.4 Gestão Ambiental, sustentabilidade e responsabilidade social das empresas

Com a sensibilização ecológica e o espírito de conservação da vida, cresce a demanda por


profissionais voltados ao meio ambiente. Administradores ambientais, administradores
rurais e profissionais da administração com ênfase em comércio exterior com
especialização ambiental já são procurados para viabilização de projetos voltados à
exportação de móveis de madeira certificada para países desenvolvidos, produção de
artigos dentro de especificações e exigências socioambientais. Profissionais responsáveis
pela gestão sustentável e planejamentos desenvolvimentistas e de sustentabilidade de
empresas e regiões, articulação de acordos comerciais, viabilização de negócios
globalizados envolvendo uma diversidade de culturas serão cada vez mais valorizados.

Utilizando-se da contribuição de Tachizawa (2005), a responsabilidade social vem


assumindo um posicionamento privilegiado por parte das empresas, bem como tem sido
considerada um referencial de excelência para as organizações contemporâneas. O
administrador moderno necessita desenvolver uma leitura das modificações que ocorrem
nas organizações contemporâneas e nos padrões de consumo tanto de produtos como de
serviços.

Na visão do autor, a nova realidade político-econômica vem transformando as empresas


contemporâneas em sistemas abertos exigindo dos administradores mais flexibilidade para
implementar seus processos e uma boa interação com o mercado de trabalho e o mercado
consumidor. As ações dos administradores do futuro serão direcionadas pelas ações do
mercado consumidor. O preço e a qualidade dos serviços abrirão espaço para o
comportamento social das empresas fabricantes desses produtos e ou serviços. Os
administradores serão exigidos a adotar um posicionamento ético e responsável em termos
sociais e ambientais envolvendo o relacionamento com consumidores, comunidades
nacional e internacional.

3.5 A tecnologia da informação

A tecnologia da informação e da comunicação é uma das áreas que envolve todas as demais
possibilidades de trabalho no mundo moderno. Os administradores do futuro terão espaço
em empresas de desenvolvimento tecnológico, produção de softwares, hardwares e
soluções empresariais. Todos estes empreendimentos necessitarão de estratégias aplicadas
às empresas e produção de metodologias de serviços, capacitação e consultoria para o
crescimento sustentável dos negócios.

3.6 A Consultoria e o trabalho autônomo em sistema flex time

Pode-se afirmar que o trabalho com carteira assinada está chegando ao fim. Cada vez mais,
os profissionais de outras áreas e sobretudo da administração precisarão trabalhar de forma
autônoma e flexibilizada em termos de horário. Cada administrador passará a agir como um
vendedor de conhecimento aplicado às necessidades das organizações modernas que
esperam resultados. Nesse sentido o caminho da consultoria é uma realidade. O profissional
consultor é aquele que apóia as empresas desenvolvendo relacionamentos duradouros com
as mesmas no sentido de conduzi-las ao caminho da mudança, melhoria contínua através da
proposição e implementação de metodologias aplicadas à realidade e necessidade dos
negócios.

Vale ressaltar que todas as atividades descritas até aqui se encaixam ao perfil do
administrador. Todas exigem capacidade de planejamento, organização, promoção e
divulgação de produtos e serviços, políticas de qualidade, relacionamento e posicionamento
estratégico.

É importante ter o entendimento de que um administrador nunca é um profissional acabado.


Deve-se ter a consciência de que investir na educação continuada é condição essencial para
manter-se atualizado e apto a ocupar cargos de decisão nas empresas modernas. Cabe
salientar que a administração de empresas é cada vez mais dinâmica, e esta característica
vem exigindo muito dos administradores. Outro atributo que deve ser analisado como
importante para o administrador moderno é a ambição. Entretanto, confunde-se atitudes
ambiciosas com ganância. A grande diferença entre as duas está na atitude ambiciosa que
impulsiona a empresa positivamente. Os ambiciosos são inquietos por natureza e estão
sempre buscando mais. A ambição empreendedora é salutar considerando que conduz o
administrador à investigação e o estudo de novas possibilidades e estratégias mais
apropriadas a cada caso. É importante ao líder trabalhar com ambição e compartilhar dessa
postura com as sua equipe. Já o administrador ganancioso é aquele que transcende os
limites da ambição positiva e pode anular o sucesso dos outros em causa própria o que é
perigoso e anti-ético.

O administrador moderno precisa ser um articulador. É essencial desenvolver a habilidade


de comunicar-se com clientes e concorrentes, interagir de alguma forma com a sociedade,
com o governo e demais atores envolvidos. Para tanto é necessário desenvolver uma
postura de flexibilidade e negociação.

Acredita-se que o administrador é um candidato natural a empreendedor. Porém


independentemente de abrir uma empresa própria, um dos pontos mais valorizados em um
administrador é o senso do empreendedorismo corporativo 2, pois trata-se de uma visão
mais ampla e inteligente em termos da sustentabilidade do cargo ou da profissão.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história da administração no Brasil teve seu desenvolvimento atrelado ao


desenvolvimento econômico do país. A realidade da educação considerando os modelos
praticados em outros países, sempre foram importadas e codificados para a realidade
brasileira. Em um primeiro momento, prevaleceu a realidade educacional européia e
posteriormente, com a modernização e as transformações internacionais, modelos
educacionais norte-americanos foram internalizados, sobretudo na área da administração,
devido ao viés modernista e adaptado à realidade capitalista, industrial e tecnológica da
gestão norte-americana.

Em um momento de aumento da oferta de profissionais bacharéis de administração, vale


notar que a concorrência entre os profissionais é cada vez mais acirrada, considerando a
disputa por uma boa colocação no mercado de trabalho. Por outro lado, é possível
presenciar uma oferta maior por novos produtos e serviços – o que tem sido possível após
uma remodelagem do perfil de consumo da população e tendências voltadas ao combate ao
stress, competividade entre empresas, oportunidades de mercado devido às políticas
econômicas e impactos da globalização entre outros fatores que modificaram as relações
comerciais nos últimos anos.

2
Empreendedorismo corporativo é o conjunto de atitudes do ocupante de cargos internos a organização que trazem como
característica principal a pró-atividade e a iniciativa empreendedora, porém na postura de empregado colaborador. O
profissional que assume a conduta do empreendedor corporativo é aquele que defende o negócio com postura de dono e
investidor, pois sabe que o retorno do negócio afeta diretamente o seu sucesso individual. É aquele que sobressai entre os
demais por antever situações e adotar uma visão ampliada e integrada dos processos organizacionais com foco nos
resultados, não só como benefícios na sua carreira mas resultados melhores para toda a organização.
Cabe aos administradores do futuro um posicionamento pró-ativo voltado ao conhecimento
contínuo e o investimento em educação continuada. É preciso explorar as aptidões e
habilidades de relacionamento e comunicação para explorar novos mercados e criar
possibilidades de sucessso nas áreas mais promissoras que envolvem a profissão do
administrador. Neste artigo procurou-se relatar caminhos de sucesso em áreas como meio
ambiente, entretenimento, meio ambiente, agronegócios, tecnologia, educação executiva e
consultoria empresarial.

Por ser uma profissão dinâmica e generalista, a administração confere aos administradores
do futuro uma gama de possibilidades profissionais. Terão mais chances de sucesso aqueles
que conseguirem desenvolver de forma perspicaz a análise das oportunidades, estarem
preparados para ela acompanhando o comportamento do mercado, tendências da sociedade
e comportamento do consumidor.

REFERÊNCIAS

DOLABELA, Fernando. Empreendedorismo Corporativo, como ser empreendedor, inovar


e se diferenciar na sua empresa: Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
JORDÃO, Cláudia. Profissões de futuro. Revista Istoé. São Paulo: Editora Três, 2007
TACHISAWA, Takeshi. Gestão Ambiental e responsabilidade social corporativa:
estratégias de negócio focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2005
Conselho Federal de Administração. Perfil do Administrador. Disponível em
www.cfa.org.br. Acessado em 8 de setembro de 2007.

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