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V *

PRECIOSA
DA

* A DON 51 IE AM IT A.

PRIMEIRO GRAO

M M M M *

RIO DE JANEIRO
•éfe
NA T Y P O G R A P H I A A U S T R A L
BECO DOS QUARTÉIS N

1836.
c o l l e c g3a o preciosa
DA

M A C0O N E R I A ADONHIRAMITÀ

PRIMEIRO Git AO

APRENDIZ

Officiaes Dignitários, — Insígnias. — Decoração


da Saia. — Abertura da Loja.

Os oííiciaes Dignitários de que aloja de Apren-


diz se compõe s ã o : o Mestre, que se trata
por Venerável: Primeiro Vigilante: Segundo
Vigilante: O r a d o r : Thesoureiro : Secretario :
Mestre de Geremonias: E x p e r t o : C o b r i d o r , ou
Experto de fóra. O numero destes oííiciaes he
sempre o mesmo em todas as lojas , e posto que
em algumas tenhão difFerentes denominações,
o numero não se pôde a l t e r a r ; porque significa
tres vezes tres.
Todos os irmãos, que assistem á loja de Apren-
diz, devem estar decorados com insígnias de
algum dos gráos que tiverem: he livre a esco-
lha da insignia; mas o tratamento, e lugar, que
o IrmãO pôde ter na loja, devem ser os correspond
4 PRIMEIRO GRAO.

dentes á insignia com que o mesmo irmão estiver


decorado, posto que tenha gráo superior ao que
denota a sua insignia: de maneira que nem ao
mesmo Rosa Cruz se farão as honras do seu
gráo, se trouxer insignia de gráp inferior.
Os irmãos, que forem officiaes Dignitários
da l o j a , devem trazer, atem da insignia do seu
g r á o , a insignia correspondente do officio, a
qual entregarão ao irmão, que os haja de subs-
tituir , quando lhes for necessário deixar o
lugar.
As insígnias dos irmãos dignitários são: o
Venerável, hum compasso entrelaçado na es-
quadria de maneira que o angulo da esquadria
fique para baixo; e o angulo, que formão as
pernas do compasso, abertas em noventa grãos,
fica para cima: o primeiro Vigilante terá o ní-
vel : o segundo Vigilante, a regoa g r a d u a d a : o
Orador, hum circulo: o Thesoureiro, duas cha-
ves em aspa: o Secretario, duas pennas em
aspa: o Mestre de Ceremonias, hum triangulo:
o Experto, huma espada: o Cobri d o r , huma
trolha , ou colher de pedreiro.
As insignias, próprias do gráo de Aprendiz,
são; h u m avental de pele branca sem bordados
nem ourellas, o qual deve estar posto com a
abeta levantada para cima; e hum par de luvas
de pele branca.
APRENDIZ.

A côr da decoração da salla he azul para as


cortinas, panos de meza, docel, e tudo o mais;
e os galões, e franjas dos paramentos, que tive-
rem este o r n a t o , deve ser prata, ou ao menos,
fazenda de côr branca. E he h u m abuzo de
alguns Veneráveis consentirem aos Mestres d e
Céremonias uzar de outras cores no ornato das
lojas de Aprendiz. As luzes deste gráo são t r e s ;
dispostas em triangulo sobre o a l t a r , em casti-
çaes pequenos, ou no pavimento, em tocheiras,
guardando a mesma figura.
As duas columnas I , e B , se costumão p ô r ,
ou immediatamente por detraz das cadeiras dos
Vigilantes ou aos lados.
O ceremonial da abertura da loja h e o s e -
guinte. Sentado o Venerável no throno vê se
os officiaes dignitários da loja estão em seus
lügares, e não se achando algum que deva e s -
tar presente, nomeia hum irmão, dos mais gra-
duados, para substituir o lugar do auzente, e
preenchidos todos os lugares bate três* p a n c a d a s
de Aprendiz t sobre o altar, e diz:
« Silencio meus irmãos em loja.»
O primeiro Vigilante repete o mesmo na co-
lumna do Meio dia; e o Segundo Vigilante o
imita depois na columna do Norte: logo toda
a assemblea se forma em duas linhas defronte dos
assentos.
6 PRIMEIRO GRAO.

O Veneravel diz: « Irmãos Primeiro e S e -


gundo Vigilantes, convidai a todos os nossos
amados i r m ã o s , em todos os seus gráos e qua-
lidades , tanto da parte do Meio dia, como da
parte do N o r t e , para que nos a j u d e m a abrir
a loja de Aprendiz Maçon. »
O Primeiro Vigilante diz: « Meus amados
irmãos do lado do meio d i a , em todos os vossos
gráos e qualidades, eu vos convido da parte do
nosso Venerável para que nos ajudeis a abrir a
loja de Aprendiz Maçon. »
O Segundo Vigilante repete o mesmo a n n u n -
cio na columna do N o r t e , e logo d i z : « Está
annunciado.
O Primeiro Vigilante depois d i z : « V e n e r á -
vel, está annunciado. »
O Venerável c o m e ac a :
Pergunta. Irmão Primeiro Vigilante, sois vós
Maçon ?
Resposta. Todos os meus amados irmãos m e
reconhecem por tal.
P. Qual he o primeiro dever de h u m Vigi-
lante em loja?
R, Ver se a loja está c o b e r t a /
P. Certificai-vos.
C07H0 logo que o Veneravel bate as tres panca-
das cada hum dos irmãos se posta em seu lugar,
o Vigilante agora observa se o Experto está com
APRENDIZ.
7
aporta fichada, e junta adia: cachando que
sim, responde:
R. Está coberta, Venerabilissimo
P. Qttal he o segundo dever ?
R. Ver se todos os irmãos estão á ordem.
(Observando que estão á ordem, continua.)
E elles o estão, Venerabilissimo.
P. Para que nos ajuntamos nós?
R. Para levantar templos á Virtude, e cavar
masmorras aos vicios.
P. Que tempo devemos trabalhar ?
R. Desde o meio d i a , até á meia noite.
P. Quanto tempo he necessário para fazer
hum Aprendiz?
R. Tres annos.
P. Que idade tendes vós ?
R. Tres annos.
P. Que horas são?
R. Quasi meio dia.
O Venerável E m virtude da h o r a , e da ida-
d e , adverti a todos os nossos amados irmãos
que a loja de Aprendiz Maçou está aberta e que
vamos a começar os nossos trabalhos na forma
do costume.
O Primeiro Vigilante. Meus amados irmãos
que formais a minha c o l u m n a , eu vos advirto
da parte do Venerável, que a loja de Aprendiz
8 PRIMEIRO GRAO.

Ma con está aberta , e que nós vamos começar


os nossos trabalhos na forma do costume.
O Segundo Vigilante repete o mesmo na co -
lumna do N o r t e , e diz « Está advertido. »
O Primeiro Vigilante r e p e t e : « Está adver-
tido. »
Immediatamente o Venerável faz o signal de
Aprendiz, e todos o imitão; logo batem os
applausos, e gritão todos tres vezes vivat.
Depois sentão-se todos nos seus lugares; e o
Venerável faz avisar o C o b r i d o r , pelo Experto
que a loja está aberta no gráo de Aprendiz.

RFCEPÇAÕ.
»

Nenhum Maçon recebido em loja r e g u l a r ,


pôde ignorar o ceremonial da sua r e c e p ç ã o ; e
quando se não lembrasse do que por elle passou,
lendo o cathecismo com reflexão, abi acharia
a descripção completa do c e r e m o n i a l , que em
taes casos se deve praticar. Porém como o pou-
co cuidado de alguns Veneráveis t e m feito com
que se introduzão na praxe certos a b u s o s , já
pela ignorancia dos Estatutos da Ordem , já
pela pouca ou nenhuma reflexão que alguns
fazem, sobre as serias consequências, que po-
dem resultar da infracção das leis maçónicas
e m tal m a t e r i a , far-se-hão aqui algumas adver-
APRENDIZ»

t e n d a s , que devem ser attendidas por todos os


m a ç o n s , que se interessarem pela p r o s p e r i d a d e ,
c bom nome da O r d e m .
Vários são os fins por que se instituirão as
formalidades, e ccremonias na Maçoneria, b e m
como em quasi todas as instituições civis, as
quaes, pela opinião do m u i t o s , as imitarão da
Maçoneria, ou dos costumes dos Egypcios, como
adiante se verá, na historia da Maçoneria: inas,
deixando o que diz respeito ás ccremonias civis,
sómente se fará agora menção do que p e r t e n c e
á Maçoneria, e do que h c possível revelar-se
neste gráo.
Os fins principaes do formulário c c c r e m o -
nias, que se usão na admissão de hum Maçon
á Ordem são estes: i.° Haver uniformidade de
t r a t a m e n t o , que se estenda a todos os m e m -
bros da O r d e m , para mostrar a igualdade, que
deve reinar entre os i r m ã o s , designada pelo
avental, insignia imprelerivel de todos os gráos;
2.° Sondar por meio das expcriencias physicas
o valor de que 03 candidatos são d o t a d o s , a
IW

fim de q u e , para o f u t u r o , se possa conhecer


o que se pôde encarregar a cada membro, quan-
do for necessaria esta qualidade; 5.° Examinar
por meio da prova moral o talento, instrucção,
e discernimento do A s p i r a n t e , a fim de se p o -
der ajuizar das emprezas de que he c a p a z ; 4.*
Li
PRIMEIRO GRÃO.

f Afundi r nò Candidato huma ideia respeitável


da Sociedade de que vai a ser m e m b r o , sendo
evidente que as exterioridades brilhantes de hum
eeremonial pomposo influem, Ou para melhor
dizer, extorquem o respeito do Expectador; 5.*
Mostrar ao novo prõselyta, que chegue a c o -
n h e c e r , depois, ò interior da Sociedade, que
as ceremonias publicas não s ã o , de ordinário,
outra couza mais do que farças, com que se
itfipôe ao vul^o, e que o Maçon deve mostrar-
l h e , em publico, o acatamento que requer a
Órdem da Sociedade civil, onde taes formali-
dades são necessarias, mas aprecialas no inte-
rior èomo ellas merecem.
Destes princípios se deduz, que ha formali-
dades de recepção, que sao essenciaes, e que
sê nüío podem omittir, sem dispensa das pessoas
d quem compete cóncedela: e que ha Outras*
ítojd pratica ou omissão depende absolutamente
do juízo do Venerável, e prudência da loja.
Nidguèm d i r á , que Se possãO omittir aquellaS
éeremoniaS, que são symbolicas; aquéllas qud
vèm expressas nô cathccismo, e pelas quaes os
Irmãos são perguntados em loja: as que pof
Ííum antiquíssimo costume se achão praticadas
em Iodas as lojas, e que tem para abono do
SéU respeito a sua mesma antiguidade. Taes São
por exemplo á preparação do Aspirante, as tres
Appjçrow. 11

viagens, a entrega do mesmo a certa? pessoas


progressivamente; e outras; pois, sendo çerto
que se deve adoptar alguma formalidade para
se dar ao Candidato a quasi posse dos direito*
que adquire, fazendQ*se m e m b r o de huroa s^*
çiedade; tanta razão ha para que se adopteiçi
estas como aquellas formalidades, e na indijJV
pença, nada ha mais raciçnavel dp que seguir
9 pratica estabelecida. Ile verdade que algumas
çousas parecem menos conformes ao que sç
chama u r b a n i d a d e , pelos costumes dp nosso
t e m p o ; mas isto mesmo serve de dar a essa#
formalidades o respeito, que aliás não t e r i ã p ,
aos olhos da reflexão; attendçndo a que sã9
communs a todos os póvos, e estabelecidas de
tempo immemorial; qualidades, que são incem*
pativeis com a etiqueta varia de cada N a ç ã o , 9
de cada século»
Por outra p a r t e , dependem inteiramente 4®
bom senso do Venerável, e prudência da k>ja,
aquellas çeremonias que não são destinadas aos
fins que ficão mencionados : taes são por e x -
emplo as que se dirigem a dar ao Candidato
ideias vantajosas da O r d e m ; ou a sondar o va-
l o r , talentos * e instrucção que elle possue; por
que estas necessariamente devem variar segujn*
do a qualidade da pessoa; p o r q u e , sem esta
precaução, viria a ser motivp ele despregp aquillf
12 PRIMEIRO GIL AO.

mesmo, que se instituio para occasiSo de res-


peito.
Notar-se-ha aqui, para exemplo, a experien-
cia moral. Que ideia vantajosa poderá fazer
da O r d e m , hum Aspirante, homem de talen-
tos, ou instrucção, se a loja consentir que
elle seja interrogado por pessoa menos hábil,
a qual não tenha o talento de produzir li uma
accusação verosímil, nem a sagacidade de a
sustentar com argumentos plausíveis contra a
defeza do accusado? Que utilidade se pode se-
guir de tal experiencia, se em vez de conseguir
por ella o conhecimento dos talentos do Can-
didato, só servir para lhe mostrar a fraqueza
da pessoa escolhida para o interrogar? Depois
disto, as circunstancias do Aspirante podem ser
t a e s , que não só facão inverosímil toda a ac-
cusação, mas que tornem o acto inteiramente
despresível, e ridículo.
Quanto ás provas physicas, lie evidente, que
se devem proporcionar á capacidade dos can-
didatos; por que as mesmas cxperiencias, que
produzirião em huns o molho oííeilo, serião
em outros de nenhuma eíficacia. Km geral se
pôde dizer que a multiplicidade das experiên-
cias não pôde causar outro effeito, qne o des-
gosto; porque tirado o primeiro espanto da
novidade tudo o mais passa, com facilidade a
APRENDIZ. i5
ser objecto de desprezo. E se os Veneráveis consi-
derassem quão úteis sejão as primeiras impres-
sões para infundir nos Candidatos o a m o r , e
respeito da O r d e m , terião neste ponto a maior
circunspecção.
Nenhuma regra se poderia d a r , nesta mate-
r i a , melhor do que recommendar a leitura do
curso de iniciações dos Sacerdotes de Memphis,
que vem na historia da Maçoneria.

CATHECISMO
* _
DE

APRENDIZ.
Pergunta. Meu I r m ã o , donde vindes vós?
Resposta. Venerabilissimo, da loja de S. João.
P. Que se faz na loja de S. J o ã o ?
R. Elevão-se templos á virtude, e cavão-se
masmorras aos vicios.
P. Que trazeis vós?
R. Sande, prosperidade,, e bom acolhimento
a todos os Irmãos.
P. Que vindes fazer aqui?
R. Vencer as minhas paixões, submetter a
minha vontade, e fazer novos progressos na Ma-
çoneria.
P. Que entendeis vós por Ma çoneria ?
14 PRIMEIRO CR AO.

R. O estudo das sciencias, e a pratica das


virtudes.
P. Que he hum Maçon ?
R. He hum homem livre, fiel ás leis, o Ir-
mão , e amigo dos Reis , e Pastores, quando
elles são virtuosos.
P . Como poderei eu conhecer que sois Maçon?
R. Reconhecendo os meus signaes, toques»
e palavras; e as circunstancias da minha rece-
pção, fielmente recitadas.
P. Quaes são os signaes de hum Maçon ?
R. A esquadria, o nivel, e a perpendicular.
P. Quaes são os toques?
R. Certas acções regulares, e determinadas,
que os Maçons praticão entre si.
P. Quem vos procurou a vantagem de ser
Maçon ?
R. Hum sábio amigo, que ao depois reconhe-
ci por meu Jrmão.
P. Porque procurastes ser recebido Maçou?
R. Porque estava nas trevas, e dezejava vêr
a luz,
P. Que significa esta luz?
R. O conhecimento, e reunião de todas as
virtudes , symbolo do Grande Architect© do
Universo,
P. Onde fostes recebido Maçon ?
R. Em huTtia loja perfeita,
ÁPBENÍHZ.

P. Que entendeis vós por loja perfeita?


R. Entendo que tres Maçons congregados
formão huma loja simples, cinco afazem Justa,
e sete a fazem perfeita.
P. Quaes são os tres Maçons da loja simples?
R. Hum Venerável, e dous Vigilantes.
P. Quaes são os cinco da justa?
R< Os tres primeiros, e dous Mestres.
P. Quaes são os sete que fazem a loia p e r -
r
feita ?
R. Hum Venerável, dous Vigilantes, dous
Mestres, hum companheiro, e hum Aprendiz.
P. Quem vos preparou para ser recebido
Maçon ?
R. Venerabilissimo, hum Experto.
P. Que exigio elle de vós ?
R. Que o informasse da minha idade, das
minhas qualidades civis, e do meu zelo em que-
rer ser recebido. Depois me pôz nem nú nem
vestido, mas de maneira decente, tirou-me to-
dos os metaes e conduzio-me á porta da l o j a ,
na qual bateo tres grandes pancadas.
P. Para que vos poz o Experto nem nú nem
vestido ?
R. Para me mostrar que o luxo he hum vicio
q r n só impõe ao vulgo; e que o homem que
deseja ser virtuoso deve ser superior aos pre-
R
JUÍZOS.
JG PRIMEIRO GRÀO.

P. Para qne vos tirou os metaes ?


R. Por que d i e s , s ã o o symbolo dos vícios,
e hum Maçon, não deve possuir, em particular,
a propriedade de cousa alguma.
P. Que signiíicão ás tres pancadas do F x -
perlo ?
R. As tres palavras da Escritura Santa: Ba-
t e i , e se vos a b r i r á : Procurai, cachareis: Pedi
e recebereis.
P. Que produzirão essas pancadas?
R. A abertura da loja.
P. Que fez de vós o Experto, quando se abrio
aloja?
R. Entregou-me nas mãos do Segundo Vi-
gilante. .
P. Que percebestes vós entrando na loja t
R. Nada que o espirito humano possa c o m -
prehender: hum véo espesso me cubria os olhos.
P. Para que vos vendarão os olhos?
R. Para me fazer c o m p r e h e n d e r , quanto a
ignorancia he prejudicial á felicidade dos ho-
m6
p. S Que fez de vós o segundo Vigilante?
R. Fez-me viajar tres vezes do Occidente
para' o Oriente pelo caminho do Norte, e do
Oriente para o Occidente pelo caminho do Meio-
dia; e depois entregou-me á disposição do Pri-
meiro Vigilante.
AtfnííNriiz. h

P. Para que vos fez t i a j á r ?


R. Para me fazer conhecer que jamais do
primeiro passo se pòdo chegar á virtude.
P. Que procuráveis no vosso caminho?
R. Procurava a luz de que já vos dei a
plicação.
P. Que fez do vós o Primeiro Vigilante?
R. Tirou-me a venda dos olhos, por o r d e m
cfiié receheo, fez me pôr os pés em esquadria,
e aproximar-me do Venerável por tres grandoS
passos.
P. Que vistes, quando vos desvendarão os olhos?
R. ToJos os meus irmãos armados de espadas,
cujas pontas me apresentavão.
P. E para que?
R. Para me mostrar que éstariáo sèmpre
prómptos para d e r r a m a r , por meu respeito o*
sângue, se eu fosse íiel ás obrigações, que hia
a côntrahirí bem comó para mo p u n i r , se eu
fosse tão desprésivel, que faltasse a ellas.
P. Para que vos puzerão os pés em esquadria,
é fizeraô dar tres grandes passos ?
R. Para me ensinar o caminho, que devem
seguir; é 6 modo porque devem marchar os
Aprendizes dá nossa Ordènl.
P. Que significa esta Marcha?
R. O zelo que devemos mostrar caminhartdo
para quem nos illumina. Cl
tS PRIMEIRO GR A O.

P. Que fez de vós o Venerável?


R. Como estava certo dos meus sentimentos,,
depois de obter o consentimento da l o j a , mo
recebeo Maçon, com todas as formalidades re-?
queridas.
P. Quaes fòrflo essas formalidades?
e R. Eu tinha o çapato esquerdo achincllndo,
o joelho direito n ú , a mão direita sobre o Evan-
gelho, na esquerda tinha hum compasso meio
aberto, apoiado no peito esquerdo, que esta-
va nú. \
P. Que fazíeis vós nesta postura?
R. Conlrahia a obrigação de guardar eterna-
mente os segredos dos Maçons, e da Maçoneria.
r
P. Lembrai-vos dessa obrigação ?
R. S i m , Venerabilissimo.
* N. B. He costume de algumas lojas fazer rc-
petir aqui a formula da obrigação, mas não lie
isto lei geralmente recebida, e depende da vonta-
de dos Vencraveis ; quando porém se recita a obri-
gação devem todos estar de p? e na postura , e
signal guttural. Pelo que he necessário que todo
o bom Maçon a saiba de còr; bem como as pa-
lavras sagradas, as marchas, e os signaes, visto
que são cousas que os Estatutos da Ordem pro-
hibem que se imprimão.
P. Por que tinheis hum joelho n ú , e o çapa-
•to achinellado?
APRENDIZ. 55

R. Para aprender que o Maçon deve ser hu-


milde.
P. Para que vos puzerão h u m compasso sobro
o peilo esquerdo n ú ?
R. Para me demonstrar que o coração de hum
Maçon deve ser justo, e sempre descubcrto.
P. Que vos dérão quando vos receberão
Maçon?
R. Hum signal, h u m t o q u e , e d u a s palavra*.
P . Dai-me o signal?
R. (A resposta he fazer o signal).
P . Como chamais a este signal ?
R. Guttural.
P. Que significa?
R. Huma parte da minha obrigação; que devo
preferir ter a minha garganta cortada, antes do
que revelar os segredos dos Maçons aos profanos.
P. Dai o toque ao Irmão Segundo Vigilante?
- (Da-se o toque, e logo que se ache regular o
Segundo Figilante responde).
R. Está justo, Venerabilissimo.
^ P. Dizci-me a palavra sagrada dos Apren-
dizes?
R. Não a posso repetir senão soletrando. Di-
zei-me a primeira letra que eu direi a segunda.
(Soletra-se na forma do costume),
P . Que significa esta palavra?
Rr Que a sabedoria está em Deos. Esto ho
$0 PRIMEIRO GRAO.

o jiome d a c o h j m n a , que estava ao septonlrino


junto á porta do Templo, onde sc ajuntavãp
Aprendizes.
P. Qual he a vossa palavra de passe?
R. (lícpctc-se e continua) Esta palavra quer
dizer possessão mundana: lie o nome do íillio
4e kauieeh, primeiro, que reduzio á arte, a íun-
dicção dos metaes.
P. J)crão-vos mais alguma cousa quando vos
receberão Maçou ?
R. Derão-me hum avental b r a n c o , e luvas
de h o m e m , e de mulher da mesma cor.
P. Que significa o avental?
R. líc o symholo do trabalho, a sua bran-
cura nos lembra a candura dos nossos costumes
q a igualdade que deve reinar entre nós.
P. Porque vos dérão luvas brancas?
R. Para mo ensinar quo hum Maçou nunca
deve manchar as suas mãos na iniquidade.
P. Porque vos derão luvas de mulher.
R. Para mostrar que todo o Maçou deve amar
& estimar a sua consorle, c que se não pôde
esquecer delia hum só momento sem ser injusto,
P. Que vistes, quando íbsles recebido Ma*
ç§n?
R. Tres grandes luzes, postas em esquadria:
huma ao Oriente, outra ao Qccidente, e outra
Meio-dia,
APRENDIZ. 55 n
P. Porque não havia luz da parte do Norte?
R. Porque o Sol alumia esta parte mui csca*
çamente.
P. Que significão estas Ires luzes ?
R. O sol, a l u a , e o Mestre da loja.
P. Porque se faz com luzes este symbolo?
R. Por que o Sol alumia os trabalhadores 4u-
rante o dia, a Lua de noite, e o Venerável na
loja cm lodo o tempo.
P. Aonde reside o Venerável na loja?
R. Ao Oriente.
P. Porque ?
R. A exemplo do Sol, que apparece 110 Oriçn*
te para começar o dia, o Venerável está no
Oriente para abrir a loja, ajudar os trabalha-
dores com os seus conselhos, e illumina-los
com as suas luzes.
P. Aonde residem os Vigilantes?
R. Ao Occidente.
P. Porque ?
R. C omo o Sol termina o dia no Occidentc*
Os Vigilantes residem nessa parte, para fechar a
loja, despedir os obreiros contentes, e fa?et?
bom acolhimento aos irmãos visitadores.
P. Aonde vos collocáráo depois da vossa r e -
cepção?
R. Ao Septentriao.
P« Porque ? $
92 PRIMEIRO GRÃO.

R. Porque he a parte menos esclarecida, e hum


Aprendiz, que apenas tem recebido mui fraca
l u z , não está no estado de supporlar maior cla-
ridade.
P . Em que trabalhão os Aprendizes?
R. Em desbastar a pedra bruta.
P. Aonde se paga aos Aprendizes?
R. Na Columna I.
P. Quaes são os maiores deveres de hum
Maçon ?
R. Preencher as obrigações do estado em quo
a providencia o tem poolo; fugir do vicio, pra-
ticar a virtude.

MODO DE FECHAR A LOJA.

O Venerável, quando propõe á loja a lei-


tura do cathecisino, pôde também ajuntar quo
acabado elle se vai fechar a loja: nesse caso,
acabado o cathecismo passa logo a fazer as per-
guntas do encerramento da loja. Mas não tendo
feito essa declaração antes de começar as per-
guntas, obterá o consentimento da loja; c depois
pergunta:
P . Irmão Primeiro Vigilante, até que horas so
trabalha em l o j a ?
R. Até á meia noite.
P, Que horas são?
iPMNDW. «5

R. Meia noite.
P Que idade tendes vós?
R. Tres annos.
O Venerável. Em virtude da hora, e da idade,
adverti a todos os nossos amados irmãos, tanto
do lado do meio dia como do lado do Norte ,
que nós vamos fccliar esta loja , e acabar os
nossos trabalhos na forma do costume.
' Primeiro Vigilante. Meus amados irmãos do
lado (lo Meio-dia, eu vos advirlo da parle do
Venerável, que nós vamos a fechar esta l o j a ,
e acabar os nossos trabalhos na forma do cos-
tume. O segundo Vigilante repete o mesmo na
sua columna, e dá parte de que está annunciado»
e o mesmo diz ao depois o primeiro Vigilante.
O Veneravel. « A mim meus irmãos. »
Então se batem os applausos, e fazem as acla-
mações; fazendo antes o signal de Aprendiz.
Feilo isto o Venerável diz:
Meus irmãos, $ loja eslá fechada.
Os dous Vigilantes repetem o mesmo.

LOJA DE MESA.
Disposição da Loja de Mesa.
Como a instrucção da loja de Mesa faz parto
dos mysterios da Ordem; esta loja se deve con-
gregar em lugar tão cuberto como a salla do
recepções»
PRIME mo <5 Ra 0.

A mesa tem comummente a figura de hurtia


ferradura, posto que em algumas seja triangu-
lar; formando hum triangulo isosceles, o qual
nõ meio da Laze tem liuma abertura por onde
Os irmãos serventes entrão para o interior da
meza, a submínistrar o que lie necessário: mas
Ou cle huma ou do outra f o r m a , será sempre a
mesa proporcionada ao numero dos convidados*
de maneira, que possão todos caber sentados na
parle exterior da mesa.
O Venerável está sempre colocado ao Orien-
te no meio da mesa, com o Orador á direita.
Os Vigilantes íicão ao Occidcnte nas duas ex-
tremidades da mesa. Os Mestres occupãó o Meio-'
dia, tendo o cuidado de ceder a parle superior
aos visitantes. Os novos iniciados devem ficar
ao Norte ao lado do Orador; e os companheiros
cncliem o resto desta parte.
O irmão embaixador tem o seu lugar juntei
é abertura da m e s a , voltado para o Venerável,
que lhe fica fronteiro. O embaixador tem huina
pequena mesa separada, e o seu officio, he
responder á saúde dos Príncipes.
Tudo o que constitue o serviço da mesa deve
estar sobre elia, formando três linhas parallelas:
Os pratos pequenos constituem a primeira,
parra fas, e os copos a segunda, os pratos gran-
des, e as luzes a terceira.
APRENDIZ.55n

He essencial observar, que quanto serve 110


banquete muda de nome: os copos, são canhões:
as garrafas, barricas: o vinho tinto, polvora
vermelha: o viulio b r a n c o , polvora forte: aagoa,
polvora branca: o pão, pedra b r u t a : as iguarias,
quaesquer, materiaes: as luzes, estrellasj os
. p r a t o s , telhas: as facas, cutellos: os garfos, es-
peques: as colheres, trolhas: o sal, areia.
Todo o irmão que dá a eslas cousas diííerente
nome do que o determinado, conforme a loja
que está aborta, deve irremissivelmente ser con-
d e m n a d o , sendo accusado ao Venerável pelo
irmão que lhe ficar mais proximo: e o Venerá-
vel castigará a culpa, com alguma leve condem-
nação proporcionada ao delicto.

ABERTURA DA LOJA DE MESA.

Estando dispostas as cousas na forma dita,


o Venerável se põe de pé, e ioda a assembíea
o imita: logo o Venerável bate tres pancadas
de Aprendiz sobre a mesa dizendo: «Silencio,
meus irmãos, em loja. »
Os Vigilantes respondem com o mesmo.
O Venerável. Irmãos Primeiro, e Segundo
Vigilantes, convidai
» todos os nossos amados ir-
mãos, tanto do lado do Meio dia como do Norte,
para que nos ajudem a abrir a loja de Aprendiz
Maçon, e a de inslrucção de mesa.
i5 piuMurno GHAO

Primeiro Vigilante. Meus Irmãos &o*


Segundo Vigilante. Meus Irmãos &c,
N. B. D'aqui em diante se acharão, neste
compendio, somente as primeiras palavras do qa$
devem dizer o primeiro e segundo Vigilantes; por,
que lie regra geral, que cada hum dos Vigilantes
repete na sua columna , o que ouvio ao Venerável,
como fica exemplificado na abertura da loja ds
Aprendiz.
Segundo Vigilante. Está annunciado.
Primeiro Vigilante. Está annunciado.
O* Venerável pergunta.
P. Irmão i.° Vigilante, sois vós Maçon?
R. Todos os meus amados irmãos me reco-
nhecem por tal.
P. Qual lie o primeiro dever de hum Vigilan-
te cm loja?
R. Ver se a loja está coberta.
O Venerável: Ccrtificai-vos.
O Vigilante observa se o Experto está junto á
porta, e dia fechada, com as precauções do cos-
tume; e achando tudo, como deve estar, diz;
«Está coberta, Venerabilissimo, »
P. Qual he o segundo dever.
R. Vêr se todos os Irmãos estão em ordem.
(Observando que estão em ordem continua) Elie*
«stão, Venerabilissimo.
P . Para que nos ajuntamos nós ?
• AWEJÍDIÍ. ij

ft, Para levantar templos á virtude, e cavar


Bjasmorras aos vicios.
P. Que tempo devemos trabalhar?
R. Desde o meio dia até a meia noite.
P. Quanto tempo he necessário para fazor
hum Aprendiz?
R , Tres annos.
P Que idade tendes vós?
R. Tres annos.
P. Que horas são?
R. Quasi meio dia.
O Venerável: Em virtude da hora e da idada,
adverti a todos os nossos irmãos, que a loja
de Aprendiz, e a de inslrucção de mesa estão
abertas, e que nós vamos começar os nosso»
trabalhos na forma do costume.
O Primeiro Vigilante: Meus Irmãos &c.
O Segundo Vigilante: Meus Irmãos &e.
Ambos: « Está annunciado. »
O Venerável: A mim meus Irmãos. O Vene-
rável faz o signal de Aprendiz , e com toda a
loja bate as acclamações e applausos ordiná-
rios. Sentao-se todos, e o Venerável manda fazer
nso dos materiaes.
Nenhum irmão fará uso da polvora vermelha ,
6tt polvora forte, antes de o Venerável propor
I primeira saúde de obrigação: e todos os ir-
mãos terão cuidado de attender ás pancadas d*
S8 PRIMEIRO GR A O .

macete do Venerável, ou Vigilantes; immedía-


tamente, que estas se ouvirem, devem todos
deixar o que estavão fazendo, e reinará o mais
profundo silencio, para se ouvir o que o Vene-
rável, e Vigilantes tein de propor.
O Venerável terá o maior cuidado em conser-
var a boa o r d e m , e logo que esta se for alte-
r a n d o , baterá a pedir silencio, para recom -
me n d ar de novo, e fazer recomeçar a tranqui-
lidade, e socego. E lo^o que se ouvir o signal,-
nenhum irmão comerá nem falará palavra algu-
ríia, por baixa" que seja, até que o Venerável
tenha mandado de novo continuar o trabalho.
Logo que a loja se abre, fica prohibido con-
versar, como em todas as lojas, em matérias
que não sejão maçónicas: e supposto que, neste
artigo, se permitia mais alguma liberdade na
loja de mesa, comtudo nunca esta faculdade
se estende a negocios do coração, ou de inte-
resses pecuniários, ou mercantis, o u , em geral
objectos, que não interessem ao todo da com-
p a n h i a , ou pro (luz ão disputas, e questões.
Apenas lie preciso lembrar aqui, que a gu-
lotonice, e ebriedade, palavras indecentes, ou
o fFe n si v as devem lo-o ser punidas com a exclu-
são da meza, ou ad lempus, ou por- todo o resto
da sessão, ou perpetuamente; conforme a gravi-
dade da culpa j porque em fim o único sentimento
APRENDIZ. ®9

que hum Maçon deve t e r , he o de se fazer esti-


mar em huma assemblea de homens escolhidos,
liga los pela honra , e amizade.
A temperança e sobriedade, entre os Maçons,
não he já huma virtude louvável, mas hum
dever obrigatorio essencial; pois o li ornem sen-
sual que se esquece de si, e do respeito que
deve á sociedade, merece o despreso geral.
Todo o irmão que faltar a alguma das leis
do b a n q u e t e , aqui estabelecidas, ou perturbar
a boa o r d e m , será logo condemnado por huma
sentença a algum castigo, mais ou menos gra-
v e , segundo lor a culpa. A sentença será p r o -
ferida sem outra formalidade, que a accusação,
e resposta succinta do aceusado. O Venerável,
o Primeiro Vigilante, e o Segundo Vigilante
v >tão, e decidem sem appellação: mas se diver-
sificarem nos pareceres, a assemblea toda de-
cidirá , qual dos três volos deve passar em sen-
tença.
O Venerável determinará a occasião, em que
se devem fazer as saúdes de obrigação , as
quaes serão propostas desde o principio do ban-
quete, com os intervalos que o Venerável julgar
convenientes. As saúdes de obrigação são as
seguintes.
\ i u . A saúde d'ElRei, e família R e a l : esta
saúde he respondida , e agradecida por hum
So WtIMffrO GR AO.

irmão respeitável, que se tem nomeado par*


Embaixador, e lie feila de pé com cu te! lo n a
mão, e guardanapo 110 braço, que são as maiV
rcs honras, coin que se acompanha huqia saude.
?. a A do Grão Mestre da O r d e m : esta saúdo
hç lambem feita de pé u com todas as honras.
3. a A saude do Venerável ; mas não he ell©
quem a propõem: o Primeiro Vigilante faz nesta
oççasião o officio do Venerável; o Segundo V i -
gilante serve de primeiro , e o Orador de Se-
gundo Vigilante , sem mudança de lugares.
O Venerável não bebe com a assemblea; ma»
«O e n t a n t o , que se lhe faz a saude, está de pá
com os braços na postura de respeito; e depois
que a assemblea tem bebido, c applaudido, o
Venerável agradece o obsequio, bebe, e applau-
d e , juntamente com o Mestre de Ceremoniys.
Esta saude tem todas as honras; e a r e g r a ,
aqui estabelecida, lie geral para todas as pes-
soas a quem se fizerem saúdes, e que estiverem
presentes.
4- a A saude do Primeiro Vigilante: esta saú-
da he de pé; serve de Primeiro Vigilante o Se-
gundo; e o Orador faz as vezes de Segundo Vi-
gilante.
5. a \ saude do Segundo Vigilante: he tara*
Item de pé, e serve nella de Segundo Vigilant®
t Orador,
IPRENIHZ. 5i

6." A do I r m ã o , ou Irmãos novamente rece-


bidos.
7." A dos Visitantes.
Todas as mais saúdes são arbitrarias e sem-
pre sentadas , salvo alguma extraordinária ,
que a loja, ou o Venerável decida fazer-se de
p é , ou com todas as honras. Em algumas lojas
a segunda dc obrigação he a da Rainha Caro-
lina, dc Nápoles; mas como esta he huma saú-
de de agradecimento, pelos grandes serviços
que esta Irmãa fez á loja de Nápoles, he claro
que fica sendo voluntaria, ao menos a todas as
mais lojas; porém está em uso não se omillir
em loja alguma* seja dc h u m , seja de outro
modo; e alguns unem esta á saúde de todos os
Reis e Rainhas Maçons, e Maçonas, que pro-
tegem a Ordem.
Como todas as saúdes tem formulário, expli-
©ar-se-hão aqui algumas para exemplo.

P R I M E I BA SAÚDE DE OBRIGAÇAÕ.

O Venerável bate, e diz; e os Vigilantes rcs*


pondem batendo cada hum na sua columna.
Venerável. Irmãos Primeiro e Segundo Vigi-
lantes, fazei alinhar, e carregar as a r m a s , pariu
a primeira saúde de obrigação , interessantíssi-
ma á Ordem.
5 a PRIMEIRO GR AO.

Primeiro Vigilante. Meus irmãos, sobre a mi-


nha columna, em todos os vossos gráos e qua-
lidades, alinhai e carregai as vossas armas para
a primeira saúde de obrigação, interessantíssi-
ma á nossa Ordem, que o Venerável v a i a
propor.
Segundo Vigilante. Mens irmãos, &c.
Depois que o segundo Vigilante acaba de falar,
toda a assembled carrega os canhões, com polvora
tinta, mais, ou menos carga , segundo cada hnm
lhe parece (por que isto lie livre com tanto que
carregue;) e quando tudo está carregado o Venc-
ravei propõe a saúde nesta forma.
Venerável. Irmãos Primeiro c Segundo Vigi-
lantes, estão os canhões carregados, e alinhados?
Primeiro Vigilante. S i m , Venerabilissimo.
Logo que os Vigilantes respondem, o Vencra-
vei bate, e se levanta, pondo-se cm ordem, e toda
a assernblea faz ouho tanto.
Venerável. Irmãos Primeiro e Segundo Vigi-
lantes, annunciai a lodosos nossos amados irmãos,
que a saúde que tenho o prazer de lhes propor
he a d'El-Rei nosso lllustre Monarcha , glorio-
samente reinante, por cuja conservação não
devemos cessar de fazer votos, assim como pela
prosperidade do Estado. A esta saúde ajunta-
remos a da nossa Augusta Rainha, a da Famí-
lia Real, e de tudo quanto tem a felicidade de
APRENDIZ. 55

lhe pertencer. He a tão estimáveis saúdes que


he preciso atirar estes canhonaços de polvora
vermelha com zelo, c amisade respeituosa fa-
zendo fogo, bom fogo, e perfeito fogo.
Primeiro Vigilante. Meus Irmãos, sobre a mi-
nha columna, a saúde proposta pelo Venerável,
he a d'El-Rei nosso illustre Manarcha, gloriosa-
mente reinante, por cuja conservação não de-
vemos cessar de fazer votos, assim como pela
prosperidade do Estado. O Venerável unio a
esta saúde a da nossa Augusta Rainha, a da
Família Real, e de tudo quanto tem a felicidade
de lhe pertencer. He para fazer estas saúdes
com todas as distineções da franca e real Ma-
çoneria, que o Venerável vos roga dc atirar
estes canhonaços de polvora vermelha, fazendo
fogo, bom fogo, c perfeito fogo.
Segundo Vigilante, Meus Irmãos, &c.
E logo que acaba diz:
Venerável, está annunciado.
Primeiro Vigilante. Venerável está annunciado.
Q Venerável então manda. (Voz)
1.° Mão direita ás armas. (Põe-se a mão ao
copo).
2.° Armas á frente. (Leva-se o canhão à altura
do peito).
5.° Apontar. (Leva-se o canhão á boca).
4.° Fogo, bom fogo, perfeito fogo, (Entã*
1
PRIMEIRO GRAO.
54

se bebe de huma vez ou de tres, seguindo o exem-


plo do VenerávelJ.
Tendo os irmãos todos consumido a sua pol-
vora o Venerável diz: (Voz)
Armas á frente.
Imitão-se as acções do Vencravei levando o copo
ao lugar da segunda voz, isto lie, defronte do
peito , leva-se depois ao peito esquerdo e d'a hi ao
direito; e torna o copo ao lugar da segunda voz;
de maneira que este movimento descreve hum trian-
gulo. Feito este exercido tres vezes, descança-se o
copo sobre a mesa em tres tempos; isto lie; no
primeiro, poe-se o copo hum tanto horisontal, d
esquerda; no segundo, traz-se á direita, por huma
linha recta paralella à borda da mesa; no ter-
ceiro bate-se com o pè do copo. Logo batem-se os
applausos com as mãos, e dão-se as acclamaçoes P
gritando tres vezes vivat.
N. B. Todo este exercício deve ser feito com
tal exactidão, e habilidade, que toda a assem-
blea produza os mesmos movimentos, em hum
tempo, e todas as pancadas pareção huma só.

FUNCÇAÕ 1)0 EMBAIXADOR.

Logo que o Irmão Embaixador ouve propor


a saúde d'El-Rei deve levantar-se desembainhar
a espada, e tella na mao; e descer ao Occi-
dente, entre os dous Vigilantes, em a qual po-
APRENDIZ. 55

sição se conserva, até que toda a assemblea so


torne a assentar; então pega no seu canhão,
que lhe lie apresentado por hum irmão servente,
e agradece a saúde d'El-Rei, nestes ou seme-
lhantes termos.
« Venerável Mestre, tão digno do lugar a
que vos vejo elevado: Irmãos Primeiro e Se-
gundo Vigilantes: Irmãos Dignitários; Rosa-Cru-
âses; Visitantes (se os ha presentes), Mestres, e
Irmãos novamente iniciados: Meus Irmãos. El-
Rey meu amo, sensível aos cilidados ordinários,
que vós tendes de fazer a sua saúde , se sérvio
encarregar-me de vos certificar do seu justo reco-
nhecimento; por tanto não podendo eu melhor
preencher este dever para com vosco, e mos-
trar-vos também os meus sentimentos a vosâo
respeito, do que usando das armas dos Maçons,
vou atirar este canhonaço de polvora vermelha
& vossa gloria, e fazer bom fogo, grão fogo, e
perfeito fogo. »
Então o Embaixador bebe, observando tam-
bém as formalidades acima referidas, e vai tomar
o seu lugar.
O Venerável diz: Meus irmãos cubramos estes
agradecimentos.
O Venerável, e toda a loja, torna a bater
os applausos, a acclama tres vezes «vivat,»
36 PRIMEIRO GI\AO.

TERCEIRA SAUÜLÍ DE OBMGAÇAÕ.

O Primeiro Vigilante b a t e , o Segundo res-


ponde do mesmo modo, e por ultimo o Vene-
rável bale e diz:
. Irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes, que
quereis vós?
Primeiro Vigilante. Venerabilissimo; o Irmão
Orador, o irmão Segundo Vigilante, e eu vos
pedimos licença para carregar as armas e ali-
n h a r , a fim do fazer iiutna saúde, que nos he
estimável, e que desejamos propor.
' Venerável. Meus Irmãos em todos os grãos,
e qualidades, carregai, e alinhai as vossas a r -
mas para huma saúde que os amados irmãos
Orador, e Vigilantes vos querem propor.
Toclos os Irmãos, bem como o Venerável, car-
regão os canhões.
Venerável. Irmãos Primeiro e Segundo
c Vigi-
O
lantes, estão os canhões lodos'carregados e ali-
nhados ?
Primeiro Vigilante. Sim, Venerabilissimo.
Segundo Vigilante. S i m , Venerabilissimo.
Venerável. O Oriente se uno aos vossos dese-
jos: qual lie a saúde que tendes a propor?
Primeiro Vigilante. He a vossa, Venerabilis-
simo. Meus Irmãos sobre a minha columna, em
todos os vossos gráos, e qualidades, a saúde
55
APRENDIZ.

que os Irmãos O r a d o r , Segundo Vigilante, e e u ,


temos o gosto de vos propor, lie a do nosso
Venerável Mestre, presente, e de tudo quanto
tem a felicidade de lhe pertencer. He para tão
estimável saúde, que nos devemos reunir a fim
de atirar estes canhonaços de polvora t i n t a ,
com as distineções da illustre, franca, e real
Maçoneria, e por tres vezes tres fazer bom fogô,
grande fogo, e perfeito fogo.
Segundo Vigilante. Mens Irmãos, &c.
Orador. Meus Irmãos, &c.
Depois (jue o Orador acaba de annunciar a
saúde, o primeiro Vigilante dá a voz de conman-
do na forma acima explicada. Bebe toda a as-
semblea , (menos o Venerável) fazendo os tres
fogos, applaudcy e acclama. O Venerável, que
tem já o seu canhão carregado, agradece então a
saúde, faz o fogo, e applaude; e quando clle
acaba o Primeiro Vigilante diz:
A mim, meus Irmãos, cubramos estes agra-
decimentos.
Então toda a assemblea (excepto o Venerá-
vel) repete os applausos , e concluo com «u
acclámações.

SF.XTA SAÚDE DE OBRIGAÇÃO.

Como a sexta saúde de obrigação he a do»


JO PRIMEIRO GEAO.

TERCEIRA SAÚDE DE OBUIGAÇAÕ.

O Primeiro Vigilante b a l e , o Segundo res-


ponde do mesmo modo, e por ultimo o Vene-
rável bate e diz:
. irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes, que
quereis vós ?
Primeiro Vigilante. Venerabilissimo; o irmão
Orador, o irmão Segundo Vigilante, e eu vos
pedimos licença para carregar as armas e ali-
n h a r , a fim de fazer huma saúde, que nos he
estimável, e que desejamos propor.
Venerável. Meus Irmãos em todos os gráos,
e qualidades, carregai, e alinhai as vossas ar-
mas para huma saúde que os amados irmãos
Orador, e Vigilantes vos querem propor.
Todos os Irmãos, bem como o Venerável, car-
retão os canhões.
Vencravei. Irmãos Primeiro e Segundo Vigi-
lantes, estão os canhões todos carregados e ali-
nhados ?
Primeiro Vigilante. Sim, Venerabilissimo.
Segundo Vigilante. S i m , Venerabilissimo.
Veneravel. O Oriente se uno aos vossos dese-
jos: qual he a saúde que tendes a propor?
Primeiro Vigilante. He a vossa, Venerabilis-
simo. Meus Irmãos sobre a minha columna, em
todos os vossos gráos, e qualidades, a saúde
A P R E N D I Z . 55

que os Irmãos O r a d o r , Segundo Vigilante, c e u ,


temos o gosto de vos propor, lie a do nosso
Venerável Mestre, presente, e de tudo quanto
tem a felicidade de lhe pertencer. lie para tão
estimável saúde, que nos devemos r e u n i r a fim
de atirar estes canhonaços de polvora t i n t a ,
com as distineções da illustre, franca, e real
Maçoneria, e por tres vezes tres fazer bom fogó,
grande fogo, e perfeito fogo.
Segundo Vigilante. Mens Irmãos, &c.
Orador. Meus Irmãos, &c.
Depois que o Orador acaba de annunciar a
saúde, o primeiro Vigilante dá a voz de comman-
do na forma acima explicada. Bebe toda a as-
semblea , (menos o Venerável) fazendo os tres
fogos, applaudc, c acclama. O Venerável, (]ue
tem já o seu canhão carregado, agradece então a
saúde, faz o fogo, e applaudc; e quando clle
acaba o Primeiro Vigilante diz:
A mim, meus Irmãos, cubramos estes agra-
decimentos.
Então toda a assemblea (excepto o Venerá-
vel) repete os applausos , e concluo com as
acclámações.

SEXTA SAÚDE DE OBRIGACAÕ.


»

Como a sexta saúde de obrigação he a do*


38 PRIMEIRO GRAO.

Aprendizes novamente recebidos, será conve-


niente lembrar aqui huma formula de agrade-
cimento , que se lhes possa ensinar.
Feita e applaudida pela loja a saúde dos
Aprendizes, o mais antigo d'entre elles pede a
palavra, na forma do costume, e logo que se
lha concede diz:
« Venerável Mestre, que ornais também o
Oriente, Irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes,
e vós meus irmãos tanto do lado do Meio-dia,
como do lado do Norte, em todos os vossos
gráos, e qualidades: ninguém he mais sensível,
que os Irmãos Aprendizes meus companheiros,
e c u , que tenho a felicidade de estar encorpo-
rado com elles, ás provas de estimação e ami-
zade, que vós nos acabais de mostrar bebendo
á nossa saúde. E para vos testemunhar o nosso
vivo reconhecimento, vamos, em acto de agra-
decimento, atirar este canhonaço de polvora
vermelha á vossa gloria c pelos números conhe-
cidos dos felizes mortaes, discípulos da verda-
deira luz. »
Estas palavras devem ser repetidas por mais
tlois aprendizes, bum depois de outro, e tendo
•os tres ocabado, todos os deste gráo, fazem o
"fogo juntos, observando as mesmas formalida-
des acima ditas.
A Ordem requer que sejão sempre tres os que
APIIENDIZ.

agradeção alguma saúde: e porisso quando ha


h u m só irmão daquelle gráo ou qualidade, a
quem se quer fazer a saúde, une-se esla com
a saúde de algum gráo superior: porém haven-
do dois, nesse caso o Orador he obrigado a su-
prir o terceiro lugar. Esta regra he geral, e só
tem excepção na saúde dos Príncipes, e do Ve-
nerável. V

Formula de agradecimento de que pôde usar quaL


quer irmão presente a quem a loja faz huma
saúde. *
Venerabilissimo Mestre , Irmãos Primeiro e
Segundo Vigilantes, e vós todos, meus Irmãos,
que decorais o Oriente, e as columnas tanto do
Meio-dia como do N o r t e , em todos os vossos
gráos e qualidades: ninguém será mais sensível
do que eu aos signaes de estimação, e amizade,
que vos dignasteis mostrar-me fazendo fogo á
minha saúde; e para testemunhar o meu vivo
reconhecimento, vou atirar este canhonaço com
polvora vermelha fazendo bom fogo, grande
fogo, e perfeito fogo.

CONCLUSÃO DO BANQUETE.

Acabadas todas as saúdes de obrigação, e


sandes particulares, e havendo-se cantado a!-

«
4 0 PRIMEIRO GR/LO,

guns dos cânticos, feitos em louvor da O r d e m ;


o Venerável propõe a ultima saúde, para fechar
a loja nesta fôrma.
Venerável. Irmãos Primeiro e Segundo Vigi-
lantes fazei carregar, e alinhar as armas, para a
ultima saúde de obrigação da Ordem.
Primeiro Vigilante. Meus irmãos, &c.
Segundo Vigilante. Meus irmãos, &c.
Logo que a assemblea tem obedecido, os Vigi-
lantes o participão nesta forma.
Segundo Vigilante. Venerável, as armas estão
carregadas, e alinhadas da parte do Norte.
Primeiro Vigilante. Venerável, as armas estão
carregadas, e alinhadas da parte do Meio-dia.
O Venerável bate, levanta-se, e toda a assem-
blea se põe de p é : cruzão-se os braços, e se
dão reciprocamente a mão direita, com a esquer-
da, sem exceputar os Irmãos serventes; em
memoria da igualdade Maçónica.
Neste estado o Venerável entoa o Cântico de
encerramento, a que todos respondem em Cho-
rus; e chegando ao versículo da saúde, os I r -
mãos todos fazem o fogo, com as formalidades
do costume, á saúde de todos os Maçons, es-
palhados sobre a superfície da terra: acabado
o fogo, e cruzados outra vez os braços con-
tinua o cântico, e clle findo, o Venerável fecha
a loja com as três perguntas seguinte»
APRENDIZ. 55 4i

Venerável. Irmãos Primeiro, e Segundo Vigi-


lantes, estão os Irmãos em ordem?
R. Elles estão , Venerabilissimo.
P. Que horas são ?
R. Meia Noite.
P. Que idade tendes vós ?
R. Tres annos.
Venerável. Em virtude da h o r a , c da idade,
o '

adverti a todos os nossos amados irmãos tanto


do lado do Meio-dia como do lado do Norte, que
a loja de Aprendiz Maçon, e a de instrucção de
mesa estão fechadas, e que nós vamos terminar
os nossos trabalhos na forma do costume.
Primeiro Vigilante. Meus Irmãos, &c.
Segando Vigilante. Meus Irmãos, &c.
Segundo Vigilante. Está annunciado.
Primeiro Vigilante. Está annunciado
Venerarei A mim, meus Irmãos.
Faz-se o signal, batem-se os applausos, e
gritão-se as acclamações, e se annuncia a loja fe-
chada.

FIM 1)0 PRIMEIRO GRÃO.

RIO T)K J A N E I R O . 8 3 6 . — «A T Y P . AUSTRAL,


ERCO «OS ÇUAfiims N. 3 1,

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