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A questão da relevância talvez seja o maior desafio enfrentado pelas bibliotecas atualmente.
Apesar de não haver dúvidas quanto ao valor que as pessoas agregam aos serviços
tradicionais das bibliotecas, será que o crescimento de serviços na internet, como Google,
Amazon e similares, representa um grande desafio? Vamos enfrentá-lo. Esses serviços com
base na internet oferecem métodos para encontrar informação que são de alta qualidade e
fáceis de usar. Uma pessoa pode ser facilmente perdoada por acreditar que encomendar um
livro do conforto de sua casa, e tê-lo entregue direto na sua porta dentro de poucos dias, é
muito mais cômodo do que uma visita à biblioteca local. Com a informação agora tão
livremente disponível, particularmente na internet, será que as bibliotecas importam de
verdade? Em Talis nós argumentamos que a resposta é um sonoro sim. As bibliotecas
fornecem um valor único. Nós acreditamos que uma lista de links em uma máquina de
busca, ainda que útil, não possui o mesmo valor que o conhecimento que uma biblioteca
pode fornecer. Isso mostra que os reportes sobre o fim das bibliotecas são exagerados.
Porém, o vertiginoso sucesso de sites como Amazon e Google mostram que, para ir de
acordo com as expectativas do mundo moderno, as bibliotecas devem mudar
dramaticamente.
A “necessidade da gratuidade”
Mais significante talvez é o fato de que, para muitos, a Web parece ser totalmente gratuita.
Muito do que existe nela é de livre acesso e não requer pagamentos tradicionais. Mesmo
serviços comerciais como Google e Amazon oferecem acesso e buscas gratuitas.
Qual é o impacto?
As bibliotecas parecem estar livres dessa pressão. Afinal, os catálogos disponíveis na rede
já oferecem acesso e uso livre, não é? Mas esse não é caso. Os usuários de biblioteca
podem possuir acesso livre a esse serviço, mas as bibliotecas têm que pagar pelos dados. As
bibliotecas pagam pela assinatura de muitas fontes e sistemas de compartilhamento como o
WorldCat da OCLC, e LinkUK ou UnityWeb da Talis. [Como a Bireme, no Brasil] Esses
serviços agregam dados bibliográficos e conteúdo de muitas bibliotecas diferentes, cada
uma fornecendo seus dados de graça, e cobrando dessas mesmas bibliotecas pela utilização
do serviço. Algumas organizações atribuem restrições aos “seus” registros bibliográficos.
Quando o Google é atualizado ou melhorado, nós simplesmente nos beneficiamos desses
aprimoramentos de acordo quando acontecem. Não existe a necessidade dos fornecedores
de distribuir atualizações para nós. Não é necessário que nós instalemos algo novo. Na
verdade, a maneira como nós acessamos esses serviços é completamente transparente sem
nenhuma noção de lançamentos formais ou “novas versões”. Alguém alguma vez
perguntou: qual versão do Google ou do Amazon você usa? Ao contrário de aplicações
como o Microsoft Office, o qual as pessoas devem comprar, instalar, e manter e atualizar
localmente, nós agora esperamos simplesmente acessar e utilizar essa nova geração de
serviços sem interferências.
A pressão sobre as bibliotecas para que modernizem a maneira que oferecem serviços agora
é menos intensa e isso se deve às experiências que as pessoas estão desfrutando com esses
fornecedores de serviços na internet. Os usuários da Amazon ou do Google vêem esses
serviços fornecendo essencialmente ricos catálogos, para que possam acessa-los em
qualquer momento, livremente. Não é surpresa que a expectativa de que as bibliotecas
forneçam catálogos (e outros serviços) de qualidade, compreensíveis, fáceis de usar e
disponíveis vem crescendo cada vez mais.
Então como é o novo modelo de aplicação? Bem, pra começar, imagine as aplicações do
Amazon e do Google. Estas são aplicações da nova geração que não são mais construídas
sobre a “four layer stack” [?] e acessada ou conectada a outras aplicações via rede. Ao
contrário, elas são na verdade construídas no topo da internet. Isso significa que as
aplicações são feitas de uma série de componentes de base na web, que podem rodar em
qualquer máquina, em qualquer lugar. Isso é possível porque os padrões tecnológicos sobre
os quais estão baseados são especificações web como o XML (ao invés de padrões
dominantes complexos, como o Z39.50 ou o MARC no mundo das bibliotecas). A
implicação mais importante disso é que a web conecta os componentes e, diferente de
aplicações tradicionais instaladas em máquinas individuais, não existe necessidade de
compra ou instalação de hardware, sistemas operacionais, bases de dados e servidores de
aplicação. Uma aplicação complexa pode ser construída e executada em um browser ativo
em um PC simples conectado à internet. Graças a isso, a maneira como as aplicações da
nova geração são construídas se modificou completamente. Estas aplicações são flexíveis e
modulares, com cada componente criado para lidar com uma área específica de
complexidade (por exemplo, informação geoespacial no caso do Google Maps). As
capacidades desse componente são então disponibilizadas para qualquer outro componente
através de uma Interface de Aplicação de Programação (Application Programming Interface
– API). Isso significa que os componentes podem ser reutilizados em diferentes
combinações para se construir novas e diferentes aplicações. Os desenvolvedores das
aplicações podem alavancar os dados, interface e poder por trás do (por exemplo)
mapeamento do Google, ao invés de ter que construir sua própria versão dele. Então o que
isso significa na verdade? O que as aplicações da nova geração permitem é a criação de
uma “plataforma” participativa que emprega tanto os usuários como os desenvolvedores de
aplicações. No mundo da web, o crescente interesse nessa idéia tem sido chamado de Web
2.0.
Existe um ditado que diz que o conjunto é maior do que a soma das partes individuais. As
aplicações da Web 2.0 compram essa idéia por completo. Componentes individuais são
disponibilizados para todos os desenvolvedores de aplicações para “mexer e combinar” e
criar novas aplicações com valor acrescido. Na verdade, um indivíduo meramente
experiente pode combinar (mash-up) esses diferentes componentes para criar rápida e
facilmente aplicações sofisticadas. Em uma recente entrevista para a BBC, Tim O`Reilly
coloca essa idéia em um contexto mais amplo: “Toda essa idéia de mash-ups é como uma
idéia central da Web 2.0. A idéia que você pode construir serviços – você pode construir
novos sites pegando coisas de outros sites, e também os blogs e a tecnologia associada de
RSS, que é uma tecnologia de sindicância, que significa que você pode publicar algo em
seu site e então enviá-la para seus assinantes”. Significa que pessoas e organizações que
anteriormente competiam entre si agora podem trabalho em conjunto em prol de um ganho
maior e compartilhado. Também indica que a expectativa do usuário de possuir informação
disponível em qualquer aplicação (em qualquer lugar, em qualquer momento) se torna
alcançável. O uso de padrões abertos permite que essas aplicações atinjam proporções
globais, tomando vantagem das arquiteturas distribuídas e uma grande gama de
desenvolvedores apropriadamente qualificados.
A mudança do modelo de software que precisa ser instalada em todas as máquinas significa
que qualquer aplicação poderia, como o Google e o Amazon fazem, fornecer atualizações
transparentes para os seus serviços. Os usuários realizam suas expectativas de possuir
acesso à melhor tecnologia disponível sem ter que manter seus sistemas locais sob
manutenção.
1.4 E o que tudo isso significa para a biblioteca?
Simplesmente, as bibliotecas precisam começar a utilizar essas aplicações Web 2.0 se elas
quiserem provar a si próprias que são tão relevantes quanto outros fornecedores de
informação, e começar a fornecer experiências que vão de encontro com as expectativas
dos usuários.
Em Talis, nós acreditamos que esse amplo movimento está ajudando a dar forma as
maneiras em que o mundo da biblioteca pode descrever e fornecer um conjunto de serviços
de biblioteca facilitados na/pela Web (tanto físicos como virtuais) nos parâmetros do Século
XXI. Uma Biblioteca 2.0, em que as bibliotecas trabalham em conjunto, para e com suas
comunidades. A Biblioteca 2.0 requer uma mudança evolucionária em torno de uma
variedade grande de sistemas, processos e atitudes. Talis está trabalhando para entende-los,
e expressar os requisitos de maneira clara e explícita.
A Biblioteca 2.0 está disponível quando necessária, visível em uma larga gama de artifícios,
e integrada com serviços que vão além da biblioteca, como portais, aplicações de
Ambientes de Aprendizagem Virtual e comércio eletrônico. Com a Biblioteca 2.0, as
bibliotecas vão além da noção de “bibliotecas sem paredes”, na qual elas ofereciam um
website de destino que tentava reproduzir online a experiência total da biblioteca. Ao
contrário, aspectos relevantes dessa experiência da biblioteca deveriam ser reproduzidos em
qualquer lugar, em qualquer momento que os usuários requisitarem, sem a necessidade de
visitar um site separado da biblioteca. Informações sobre empréstimos, por exemplo,
deveriam estar disponíveis dentro de um portal autoridade local ou em um Ambiente de
Aprendizagem Virtual (Virtual Learning Environment - VLE) de uma universidade ou
Sistema de Gerenciamento de Curso (Course Management System – CMS). Entretanto, a
biblioteca penetrante não é apenas sobre assegurar que uma biblioteca é capaz de oferecer
seus serviços para você em maneiras e locais que são de seu interesse e se integram com o
seu fluxo de trabalho. O conceito também reconhece como avanços tecnológicos nos
permite mover além do altamente fragmentado oferecimento disponível atualmente para os
cidadãos britânicos em comparação com as noções do oferecimento de uma verdadeira
biblioteca nacional [?].
A biblioteca penetrante
Hoje em dia, se um usuário mora em Essex e descobre que um livro está na estante de uma
biblioteca na Escócia, não existe um mecanismo eficiente promovido pela biblioteca para
atuar nesse caso. Os atuais mecanismos de empréstimo entre/nas bibliotecas (Inter Library-
Loan) são falhos, na melhor das hipóteses. Certamente, a grosseria dos ILLs contrastam
ferozmente com as facilidades que o usuário pode obter um livro novo ou usado no
Amazon. Será que existe valor na integração das bibliotecas com mecanismos totalmente
diferentes, como os oferecidos pelo Amazon ou eBay? Por que as informações sobre livros
e outros recursos disponíveis para empréstimo não podem aparecer em livrarias online
como uma alternativa à compra? Da mesma maneira, por que informação sobre livros e
outros recursos disponíveis não podem aparecer em sistemas de bibliotecas como uma
alternativa à espera por um item que já foi emprestado ou apenas disponível através do
ILL? Qual papel terá a biblioteca na mediação dessas escolhas com ou em favor do
usuário? O diagrama 1 mostra um demonstrador de prova de conceito da Talis que engloba
um componente web em uma página do Amazon para mostrar se um livro se encontra em
alguma biblioteca do Reino Unido. A disponibilidade é apresentada, diretamente, através do
serviço UnityWeb da Talis. Uma biblioteca penetrante é uma biblioteca visível. E quando
uma biblioteca está em todos os lugares, pode auxiliar os usuários a fazer escolhas da
melhor maneira. Esses usuários se beneficiam da biblioteca em muitas maneiras, e
adquirem valiosas habilidades transferíveis, na manipulação de recursos online.
A Biblioteca 2.0 garante que recursos de informação gerenciados pela biblioteca estejam
disponíveis sempre que necessário, e suas barreiras de uso, minimizadas. Na Biblioteca 2.0,
existe uma presunção ativa de que o uso e reuso de recursos é tanto permitido como
ativamente encorajado. Em acordo com a legislação recente e a melhor prática emergente,
existe uma expectativa que os recursos de informação gerenciados pela biblioteca em favor
de seus usuários estejam disponíveis para eles utilizarem e reutilizarem sempre, em
qualquer lugar e de qualquer forma que lhes for cabível. Ao invés de estarem escondidos
em catálogos com uma única interface web, armazenados em bases de dados proprietárias
visíveis apenas através do web site de um projeto, ou acessíveis apenas para usuários com
certas máquinas fisicamente conectadas a redes particulares, os recursos da Biblioteca 2.0
devem ser mais expostos quanto possível. Eles devem estar disponíveis na web em ampla
escala, visíveis para máquinas de busca como o Google, e recuperáveis em novas
aplicações e serviços construídos pela biblioteca, e por terceiros.
A democratização da informação
A Biblioteca 2.0 requer uma nova relação entre as bibliotecas e uma ampla gama de
parceiros tecnológicos; um relacionamento em que todas as partes trabalhem juntas em
forçar ao limite do que é possível enquanto assegura que serviços centrais continuem a
trabalhar com confiabilidade. Uma biblioteca engrandecida com a Biblioteca 2.0 desafia o
paradigma tradicional. O modelo antigo, onde um processo formal que tipicamente inclui
uma especificação detalhada de requisitos de um contrato complexo é concedido a um
único fornecedor que constrói e entrega a aplicação ao longo de muitos meses ou até anos,
é substituída. Ao contrário, os componentes são misturados – eles não são subordinados por
contrato a um ou outro. A solução é flexível e estimulante. Ela se adapta a tecnológicas e
requisitos em mudança, e a biblioteca está livre para trocar componentes mais novos e mais
apropriados de acordo com sua entrada no mercado. Conseqüentemente, essas bibliotecas
não podem pensar em termos de um “ILS” monolítica, mas muitas utilizam os melhores
componentes que aderem aos padrões, permitindo que os módulos interoperem. Essa
biblioteca precisa engajar e participar ativamente com uma ampla gama de parceiros
tecnológicos, assegurando que um conjunto de sistemas centrais modulares e interoperantes
permaneça confiável e robusto. Ao mesmo tempo, a biblioteca deve procurar
continuamente por oportunidades para direcionar serviços da biblioteca existentes através
de canais aos novos usuários, e se engajar com usuários existentes e potenciais em
diferentes maneiras que faça sentido para eles. Através do programa “Connexions”, a Talis
já tomou alguns passos iniciais estabelecendo acordos colaborativos com aqueles que no
passado seriam vistos simplesmente como nossos concorrentes.
A biblioteca importa
As bibliotecas importam. Nós, em Talis, acreditamos nisso. Muitos membros da
comunidade das bibliotecas lendo esse texto acreditam nisso. Mas e o grande público?
Aqueles que tomam as decisões que afetam as bibliotecas, acreditam nisso? Um grande
número de bibliotecas atualmente pode ser considerado como servente a um segmento em
envelhecimento e em redução da sociedade. Elas são gastas, sem brilho: a casa de livros
empoeirados. Apesar de certamente não justificado, no mundo do Google e do Amazon, as
bibliotecas podem parecer ser irrelevantes. O conceito de Biblioteca 2.0 se constrói sobre o
que há de melhor em relação as bibliotecas até hoje, subordina potencial tecnológico e
capacidade comunitária em ordem para fornecer serviços valiosos e com qualidade global
diretamente para aqueles que se beneficiam deles, quer estejam (ou alguma vez seque
entrem) em um prédio de biblioteca ou não. A Biblioteca 2.0 coloca a biblioteca de volta no
coração do negócio da informação; fornecendo conteúdo e serviços de acordo com que
requisitados, onde, quando e de qualquer forma que seja. Em recompensa, os sistemas da
Biblioteca 2.0 fornecem acesso para um força de trabalho valiosa, dedicada e talentosa,
capaz de auxiliar novos e antigos usuários em perceber seu completo potencial. Nós
receberemos seus comentários sobre a Biblioteca 2.0, e convidamos para se unir a nós na
caminhada em direção ao fornecimento de serviços de biblioteca eficientes, relevantes,
efetivos e engajados.