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Artigo 405." CAPITULO IT Fontes das obrigagées SECCAO I Contratos SUBSECGAO I Artigo 405.° Liberdade contratual eri dos limites da lei, as partes tém a faculdade de fixar livremente 0 contetido dos contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos neste c6digo ou incluir nestes as clausulas que Ihes aprouver. 2. As partes podem ainda reunir no mesmo contrato regras de dois ou mais negécios, total ou parcialmente regulados na lei. Sumério da anotagao: Antecedentes (anotacao 1) Bibliografia (anotacao 2) Jurisprudéncia (anotagao 3) Insergao sistematica. O principio da autonomia privada como diretriz priméria do Direito dos contratos (anotagao 4) O ambito da liberdade contratual (anotacao 5) Ando absolutidade da liberdade contratual ideias preliminares (anotacao 6) Aliberdade de celebragao. As restrigdes a liberdade de celebracao (anotacao 7) Arecusa em contratar e a proibigao de discriminagao. O problema da compatibilizacao dos principios da liberdade contratual e da igualdade (anotacao 8) ‘As consequéncias do desrespeito pela liberdade de celebracao. A hipstese de recusa ilegiti- ma de contratar (anotagao 9) Aliberdade de estipulagao. As restrigdes & liberdade de estipulacao (anotacao 10) ‘Aliberdade de selecao do tipo negocial. A classificacao de contratos (anotagao 11) Previsdes especiais de liberdade contratual e de restrigdes legitimas @ autonomia privada (anotagao 12) Antecedentes: Artigo 672.° do CC67. Trabalhos preparat6rios: SERRA, A. Vaz, «Fontes das obrigacdes. O contrato e o negécio juridico unilateral como fontes de obriga- Ses», BMJ, n° 77, 1958, pp. 127-329 (em especial, 145-190), «Uniao de contratos. Contratos mistos», BMJ, n.° 91 1959, 11-146, TELLES, INOCENCIO GALVAO, «Aspectos comuns aos varios contratos», BMJ, n.° 23, 1951, pp. 18-91 (25 e ss. e 36-40). Anteprojeto: SERRA, A. VAZ, «Direito das Obrigagdes (com excepcao dos contratos em especial) / Anteprojecto», sep. do BMJ, Lisboa, 1960, pp. 501-502. Revisdes Ministeriais: 1.° Revisdo Ministerial - BMJ, n° 119, 1962, pp. 34 € 37-38; 2." Revisao Ministerial - Ministério da Justica, Lisboa, 1965, vol. I, cit. por RopRiGUES Bastos, Das Obrigagdes em Geral Segundo 0 Codigo Civil de 1966, vol. 1, 1967, p. 39; Projeto: Projecto de Cédigo Civil, Ministério da Justiga, Lisboa, 1966. ee Bibliografia: ALBUQUERQUE, PEDRO, «Autonomia da vontade e negécio juridico em Direito da Familia (Ensaio)», Cadernos CTF (146), Centro de Estudos Fiscais, Lisboa, 1986; ALMEIDA, CARLOS FERREIRA DE, Contratos, I, 6." ed., Almedina, Coimbra, 2017, pp. 27-39 © 193-219, e V, pp. 91-96 & 205-216, Almedina, Coimbra, 2017; ANTUNES, s, A Fraude a Lei no Direito Civil Portugués / Em especial, como |, Almedina, Coimbra, 2018; e Comentario a ANA Fira Moral ‘fundamento auténomo de invalidade negocial anne a9 an 06.2017 (1026/13.01 VLSB.LLSIL), 20.12.2017 ng 2b RC 08.02.2011 (2022 /08.4TBFIG.C1), 08.05.2012 aos2/ RAMPRECH, 19.12.2012, Cf, 2012, V, p. 33; 14.05.2013 (1155/1LATBVIS, , 15.10.2013, cy, O13, Np. 32, 27.06.2014 (512/13.6TTVIS.C1), RL 04.03.2010 03.2010, CJ, 2010, Il, p.91, 21.06. - 28.02.2013 (84/13.1 TILSB.L1-¢ 13/{4THSB IT Doe se 6), 25.03.2015 (1343 /14.1TTLSB.L1-4), 22.06.2016 (2193- 13.8TVLSB.L1-8), RG 14.09,201 7 (398/ 14.3T8VRL.G2), RP 12.10.2010 (3376 /09.0TBPRD. P1), 31.05.2011 (6701 /09.0TBMTS-A.P1), 08.04.2013 (1277/10.9TTGMR.P1), 10.12.2013 (8077/15.8TSPRT-A.P1), 18.12.2013 (6534 /12.7TBVNG-A.P1), 12.01.2016 (758/13.7TVPRT.P1) e 01.02.2016 (1 673/14.2T8MTS.P1). oO preceito sob anot. 6 0 primeiro dos artigos integrados na Subseccao I (Disposigées Gerais) da Seccao I (Contratos), Aqui se preveem algumas das diretrizes gerais em matéria de Direito dos Contratos. O artigo em causa enuncia, sob a epigrafe «Liberdade contratual», uma das prin- cipais manifestagdes do principio da autonomia privada. A autonomia privada, fundando-se no princfpio da liberdade, 6 um dos tracos identitarios do Direito privado. Constituindo a regra nas relacées privadas, titula a ideia segundo a qual aos particulares tudo é permitido, salvas as exceges previstas na lei. Por este motivo, as normas de Direito das obrigacgGes e do Direito dos contratos sao, tendencialmente, de natureza supletiva, podendo ser afastadas por convencao das partes. Na sugestiva formulacao de HOrsTER (2006: 166), a autonomia privada 53 Comentario ao Cédigo Civil consist no poder da conformagao auténoma das relacoes juriclicas Privadas de acordo com a livre vontade das partes intervenientes». Para a nogao de autonomia privada como uma «permissao genérica de produgao de efeitos juridicos», vg MENEzEs CoRDEIRO, 2014; 952. entido proximo, vd. MENezrS LrITAc, 2018, 20 ~ que se refere a uma «liberdade de producto reflexiva de efeitos juridicosy, No sentido de que a liberdade contratual é o «prinefpio basico do direito privado qontemporaneos, ad, HetNaicit HoRsTeR, 1992: 454. Vi também P. Mora Pio, 2008, 497 _ para quem «o prinefpio da autonomia privada é um principle cofsitutive para o direito privado». Em sentido eritico quanto 20 atual ambito de eficdcia do pio da liberdade, vd. ANA PRata, 2017: 504. 0 O preceito esclarece 0 contetido da liberdade contratual ou liberdade de autorre. gulamentagao, que pode ser sintetizado em trés liberdades essenciais, deseritas nos eae nmeros do artigo, a saber: (a) a liberdade de celebracto ~ isto é, a faculdade Go celebrar ou recusar a celebracao de contratos ~ (cfr. n.° 1); (b) a liberdade de sstipulacao ~ enquanto faculdade de decidir 0 contetido contratual, designada- mente, was cléusulas que Ihes aprouver, incluindo os contraentes e, deste modo, conformando os efeitos negociais (cfr. n.° 1); (c) a liberdade de sele¢ao do tipo negocial ~a saber, a faculdade de: (i) escolher um dos modelos contratuais previstos hale _- concluindo um contrato tipico (cfr. n.° 1); (i) celebrar contratos atipicos, portanto, «contratos diferentes dos previstos neste cédigo» (cfr. n.° 1); (iii) «reunir no Inesmo contrato regras de dois ou mais negdcios, total ou parcialmente regulados na li, ou seja, a faculdade de concluir contratos mistos ou, ainda, de optar por uma unio de contratos (cfr. n.° 2). Com a autonomizagao de trés aspetos compreendidos na liberdade contratual (liberdade de celebragio, liberdade de selegio do tipo negocial, liberdade de estipulagdo), vd. CASTRO MENDES, 1995: 285 e $s., e ALMEIDA Costa, 2009: 230 e ss. - muito embora admita que as duas ultimas liberdades se fundam no que se pode designar «liberdade de fixagio do conteridon (loc. cit.). Com a proposta de quatro zonas de atuacao, vd. OLIVEIRA ASCENSAO, 2003: 92 e ss. ~ que distingue as liberdades de: (a) negociagao; (b) criagdo (de modelos negociais atipicos); (0) estipulacao; (d) vinculagao. Com a proposta de «duas situacdes permissivas distintas», a saber: (a) a liberdade de celebragao e (b) a liberdade de estipulacao, nd, MENEZES CORDEIRO, 2012: 952. Distinguindo, igualmente, duas subliberdades no ambito do principio da liberdade contratual: (a) a liberdade de conclusdo do contrato e (b) a liberdade de conformagao do contrato, vd. PINTO DE OLIVEIRA, 2011: 152-153. Na proposta de Mota PINTO (2005: 107-116), sao dois os aspetos contidos na liberdade contratual: (a) a liberdade de conclusao ou celebragao dos contratos e (b) a liberdade de modelacao do contetido contratual. Defende, também, um? dualidade de liberdades: (a) a liberdade de celebragao e (b) a liberdade de fixaga° do contetido do contrato, HEINRICH HORSTER (1992; 57-58). A liberdade reconhecida as partes contratantes nao 6, no entanto, absoluta, estand0, pelo contrario, limitada pelo respeito pela lei e pelo Direito (cfr. n° 1 - parte inicial ra artigo sob seeo) O respeito pela ordem juridica configura, assim, um limite raids late) los pin : eee no caso de ser ultrapassado, a ineficdcia i eee a 10, Deste modo, ha que ponderar, aquando da celebragao pela existéncia de ere 10 do respetivo contetido negocial, os limites impostos Pe ae are aecitas tie também pela ordem puiblica e pel Teldor as r ites sao, por outro lado, expressamente referidos Pr less a comum em matéria de objeto negocial, sob a epigrafe «Regus! fo objecto negocial», que sanciona com a nulidade a celebracao de negdcios com um objeto inidéneo (em razo da contrariedade a normas imperativas, & ordem publi ou pela ofensa acs bons costumes). Para além da referida norma, cumpre aid? im st atentar no artigo 294.”, que acolhe o denominado prinefpio da nulidade virtual: no caso de 0 negécio ofender normas imperativas, seré atingido, no siléncio da lei, pelo valor juridico negativo regra, a nulidade. Por outro lado, a liberdade contratual legitima a introdugao de restrig6es con- vencionais ao exercicio de direitos. Na jurisprudéncia, decidindo pela validade da obrigacao contratual que impés uma limitagao, durante trés anos, de acesso pela autora a documentos comprovativos de operagées que dariam direito a um acréscimo do prego acordado num contrato de compra e venda de agoes entre si celebrado, vd. Ac. ST} 19.05.2016 A liberdade contratual nao é, por outro lado ainda, incompativel com a existéncia de contratos caracterizados por uma acentuada restrigao de aspetos compreen- didos no seu ambito, como sucede, em termos paradigmaticos, com os contratos celebrados em massa, com recurso a cléusulas contratuais gerais. Nesta hipétese, como se tem assinalado, evidencia-se, em regra, uma assimetria relevante entre a igualdade juridico-formal e 0 poder econémico que determina que seja uma das partes a predispor o nticleo essencial do contra‘o. Este tema serd retomado adiante (vd. anot. n° 10). A liberdade de celebragao titula a faculdade de celebrar ou de recusar contratar. Sucede, contudo, como assinalado, que esta faculdade 6 reconhecida «nos limites da lei» (cfr. n.° 1, parte inicial). Em primeiro lugar, em determinados casos pode evidenciar-se uma restricao legitima desta liberdade por via da existéncia de uma verdadeira obrigagao de contratar: nesta eventualidade, por fonte legal ou negocial, verifica-se uma vinculacéo jurfdica de concluir um dado contrato. Em termos ilustrativos, assim sucede, v.g., nas hipdteses em que a lei impée a celebracao de um seguro de responsabilidade civil. Por seu turno, alicerca-se em fonte negocial, quer a obrigacao de celebrar 0 contrato definitivo, na sequéncia da conclusao de um contrato-promessa (artigos 410.°-413.°), quer a obrigacao de negociar, em razao de um «acordo de negociagao». Nos Direitos societario e dos valores mobiliarios, relevam também, entre outros, 0 artigo 490.° do CSC (relativo a denominada aquisic@o tendente ao dominio total, relativamente a sociedades fechadas) e 0 preceito simétrico contido no CVM (0 artigo 187.°, para as sociedades abertas), que impGem um dever de aquisigao das participagées sociais por parte da sociedade dominante. Em segundo lugar, constitui uma restrigio legitima a liberdade de celebracao a proibigao da recusa de contratar. E 0 que se verifica, designadamente, no contexto do Direito do consumidor (cfr. artigo 3.° da Ln.° 23/96, de 26/07, e o DL n.° 57/2008, de 26/03, em matéria de praticas comerciais desleais), no Ambito empresarial (cfr. artigo 62, n° 1, do DLn.? 16/2013, de 27/12) e no RJCS (cujo artigo 15." elenca um conjunto de seguros proibidos. Este ponto é retomado, com mais desenvolvimento, infra (vd. anot. n.° 8). Em terceiro lugar, a liberdade de celebracao é condicionada nos casos em que a conclusao de certos negécios esta, por forca da lei, dependente da verificagao de requisitos ou condi¢des que interferem com a plena eficacia negocial ~ assim sucede, a titulo meramente ilustrativo, nas hipéteses seguintes: (i) negécio consigo mesmo (cfr. artigo 261."); (ii) cessao ou venda de coisas ou direitos litigiosos (cfr, artigos 579° e 876.°); (iii) venda de pais a filhos ou de avés a netos (cfr. artigo 877.°); (iv) doagio a favor dos que se encontrem em situagao de indisponibilidade relativa (cfr. artigos 953., 2192." a 2198."); (v) pratica de atos de administragao extraordinaria por um dos cOnjuges relativamente aos bens comuns do casal (cfr. artigo 1678.", n° 3); (vi) alienacao ou oneracao de certos bens méveis entre cOnjuges (cfr. artigo 1682"); (vii) alienagdo ou oneragao de bens iméveis e de estabelecimento comercial wi! io ao Cédigo Civil o direito de arrendamento por qualquer ur 0 crontexto das responsabilidades parentais Comentir isposicao d no 1682."-A); (viii) di x0 1682, iar fr, artis p bi Sanjenges (ct artigo 1682," BB8 e 88 (cir, artigos 188¢ Por tiltimo, existem atividad a eapeciais quatidades ou compel’ Z 2 18-239. - Papen io Var 2005: 238-2 otimitagdes ¢ heterolimitacoes 9 liverdade de eebragn, Fane resenha de autotimit int Hr de et od, ALMEIDA eraies OM 231-239 searrye tema a recusa em contratar 934-238). Sobre este 1995; 289-294. © Anteprojeto de VAz SERRA Ass 7 * i ssibilidade da recusa le rain seiprecia jue ele} tal caso, tem a otra parte, além do direito ais se esclarecia We se ualer do disposto no art.” 25." (regime da de stud, para a versio definitiva do Codigo mum explicito na matéria. fos ent raza0 do sexo, de deficiéncia reicio condicionado, que requerem sobre 0 ponto, vd. ANTUNES Jos ¢ profissies de exe ncias técnicas ~ = que cuida ponto, 0. 89) inclufa um articulado que proclamava, contratar «quando ela constitua abuso no n° do direiton. M de indenmizagao, nos termos ge artigo nao transitou, Civil. Inexiste, pois, no CC um preceito co jzagac fic contrai ‘A recusa ou a penalizagto na celebragiio de r I are riaco agravado de sade em matéria de celebracao de cortratos é, no entanto, Gificilmente admissfvel. Esta conclusio parece poder fundamentar-se, antes de mais, no principio fundamental da igualdade (cfr. artigo 13: da CRP), mas também nas 1 n® 46/2006, de 28/08 (que probe e pune a discriminacio em razao da deficiéncia e daxistoncia de risco agravado de saride), 14/2008, de 12/03 (que protbe e sanciona a discriminacio em funcio do sexo), € 93/2017, de 14/08 (que contém o regime juridico da proibiclo e do combate 2 discriminacfo, em razio da origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendéncia e territ6rio de origem). Nao 6, por isso, isenta de diividas a compatibilizacao das diretrizes gerais enunciadas com a pratica traduzida na aplicagao de condigées contratuais diferenciadas ~assim, ng,, o agravamento tarifério, a existéncia de periodos de caréncia dilatados, de franquias majoradas e de exclusdes de coberturas especificas em contratos de seguro, em razao, designadamente, de uma doenga crénica ou de uma situagio execucao)». Este da prevengio, clinica diagnosticada. As dividas parecem justificadas se se atentar no disposto no artigo 6.°, n.° 1, da Ln. 14/2008, de 12/03, que enuncia, em termos cristalinos, que: «[a] consideragio do sexo como factor de cifleulo dos prémios e prestacdes de seguros e outros servigos {financeiros nao pode resultar em diferenciacdes nos prémios e prestagdes». Em termos complementares, o artigo 7.°da L citada precisa que «{o]s custes relacionados com @ gravidez e a maternidade ndo podem resultar numa diferenciagao de prémios e prestacdes tos contrat 7 seguro e outros servigos financeiros». lo dominio do contre i “ne i «(s]do consideradas nts deepen ee tole du defor de asta desde a aqbes ov omsdes,dolossou ngligenes que wear cnig a ete implcand paras pessnsnaquelastuago an traterento mene facile ieee que seja dado a outra pessoa em situa wh compardecte Oe feted do He 0 ambito da referide proibieio Lena combardvel». O n.° 3 restringe, no entantor a proibicao legal: «ndo so proibidi it i, execugio e cessagto do contrato de seguro, as priticne ¢ teonicre te De aac Aeitag de rss prprias do sequrator que solamabjeeg a i or bse dadosestalsticos eactuaias rina core amen to princpios da teneaseguradora, aoa e ne leste sentido, uma decisao qu . numa exclusao de cobertns tem de se wees, NO agravamento do prémio O° relevantes de acordo com as leges aries doseton Sto ebetions tides oot No ambito da proib; shall roibica n° 93/2017, de 23/40. de praticas discriminator A 8, que contém ohn ninatsrias, cumpre ainda referir a L do combate 4 qualquer forma de disering Se iuritico da prevengio, da proibigio nacionalidade, ascendéy scriminagdo em razio de 6 , ascendéncia e territg zo da origem racial e étnica, cor, 2.8, a saber: a) a protegao sceittey dde origem, nos dominios precisados pelo artigo satide; b) os benetiang n> SCal, incluindlo a sepuranca i 7 0s sociais » a seguranga social e os cuidados de fornecimento, colocados a als; c) a educagiio; d) 0 acesso a bens ¢ servigos e seu 'Sposigdo do puiblico, incluindo a habitagao; e) a cultura. Justifica-se, também, recor Lei Geral do Trabatho em Fan a reBtlamentacao especial constante do CT, na Unsoes Puiblicas e na Ln.’ 03/2011, de 15/02, no que respeita a protecao contra a di 2 a scr) aga trabalho independente. minagao na drea do trabalho e do emprego, e do Por tiltimo, tem-se as: tido a cH ‘ por estabelecimento, Prva eroliferacto de clausulas, predispostas e publicitadas 0 direito de admissao»; «reserondo a ed Ptiblico, como as seguintes: «reservado adultos | proibido 0 acesso e a fr Cibelecinentne deans fequbnca Por ciancas». Assim sucede, por ex. em hotéis, gindsios, cabeleireiros e barbeltos, PV adOs restaurantes Nestas hipoteses, a restrigdo a liberdade de celebragio (isto 6, a proibicdo de con- tratar) tem de ser avalizada casuisticamente, a luz dos interesses que se pretendem tutelar por aquela via. Assim, cabe, por um lado, analisar 0 fundamento objetivo da restri¢ao negocial introduzida e, por outro lado, delimitar 0 perimetro dos danos causados. Em muitas destas situagdes pode evidenciar-se um verdadeiro conflito entre direitos, que cumpre resolver de acordo com os critérios comummente admitidos e aplicados pela jurisprudéncia. Em situagdes concretas, afigura-se dificil ajuizar do exercicio valido e eficaz do direito a livre iniciativa privada (liberdade de empresa) ~ cfr, artigo 61.° da CRP ~ tendo presente os limites & autonomia privada ~ cfr. artigo 405°, n.° 1 - 1." parte («Dentro dos limites da leiv). Com efeito, este parametro normativo titula uma injungao, de cardcter cogente, que se traduz na necessidade de respeito pelos limites imperativos, consagrados, designadamente, no texto da Lei Fundamental, assim como no plano da lei ordindria. Em casos excecionais, parece ser possivel acionar a cléusula geral da proibigao do abuso | do direito, prevista no artigo 334.°, para paralisar e sancionar as hipéteses que / consubstanciem um verdadeiro e proprio abuso da liberdade contratual. / De igual modo, afigura-se controversa a validade de préticas adotadas em determi- nados estabelecimentos abertos ao ptiblico, e de natureza juridico-privada, na drea da satide, no sentido de condicionarem 0 acesso a cuidados de satide a circunstincia m médico inscrito nos quadros desse estabelecimento de fazer depender a prescrigao de medidas terapéuticas do cimento de satide e apenas sob 'S»; «limitado a mulheres»; «reservado a de se ser paciente de w satide ou, bem assim, de facto de essas serem observadas naquele estabele' a orientaga ele especialista clinico. ; Sau s Soeatbatiendto dos princfpios da autonomia privada e da igualdade, ad. AUJ de 21.06.2016 — de que se transcreve parte do sumério: «XX = Como expressiio da “constitucionalizagao do direito civil”, admite-se ainda, mas em menor ela arelevancia do principio da igualdade, nas relagdes privadas, em ne le i je i oe individuais de natureza discriminatoria, mas sem que tal impligue wna imiasto de autonomia privade e da liberdade negocial, pelo que, salvo nas ipbteses = ae plicat do princtpio da igualdade as relacoes privadas resulta, diate : 7 Const , oe se impoe, determinativamente, a toda a ordem juridicay; e Nes. pchaneeaee a He, precisou o alcance do principio da igualdade num cas oa um Seu i ado omitira a circunstancia le ser portado: L, de vida em quo segura Om zed de eacaes de ober 37 10 Comentirio ao Codigo Civil tante do prémio a pagar: {no ambito da liberdade contratual, os ter, eo montante do Pp a pag ai 7 05 d ynrsaes da cobertra do seguro Serle Tals extensos ou nao, consog, ja ¢ exclusies ¢ lante abransé » ge esteja disposto a pagar» ~e RP 12.10.2010 = que cuida da aplicabitidage Tana 72006, de 28/02 numa hipotese de um seguro de vida conexo com y, da Ln. 46/2006, d A rio; ¢ de 31.05.2011 = que decidiu em matéria de dev ss ma doenga preexistente (VIH Seguro, atratado com a omissio de u Joenca pre ). No ambit de vida, contratado com a - Gif} 29.06.2017 = que reconheceu a Mido seguro, vi, ainda, Ae. ST 2 Validad do contrato de seguro, tly a ra do risco, num contrato de seguro de he contrato de mrituo bane’ da clawsula que delimita a ober por via da exelusio do sic Gs principios da autonomia privada Ruste acta a a9) Poa iguatdade, ot ed ye Juan / BENEDIIA MACCRORIE, 2006: 1085-1100; Moa Py esta nao seja afastada por determinagao Tega conde cn vie celebragioilegstima, pode haver ee Para acionar a responsabilidade pré-contratual, nos termos e Patt rae artigo 272 Por outa lado, e como antecipado, admitida a existencia d& um abuso da auto- nomia privada, pode ser desencadeada a tutela correspon lente, de acordo com artigo 334° " a itendade de estipulagao ou de fixagéo do contetido negocial acompanha, em regra, a celebragao de contratos regidos pelo Direito privado, O paradigma classico neste dominio assenta na existéncia de negociagées diferidas no tempo, em que ambos os contraentes tém iguais faculdades e poderes simétricos quanto 8 definicao do clausulado. Este modelo — que se pode qualificar de «classico» ~ convive com a celebracao de contratos de adesao, isto 6, conclufdos «por adesdo» a um clausulado contratual, preexistente, estipulado unilateralmente pela contraparte e que nao foi objeto de uma negociagao individual significativa. A celebracao de contratos com clausu- lados aceites em bloco, néo acompanhados de uma negociagao efetiva do miicleo identitério consubstancia uma restrigao da liberdade de estipulagao) ‘Aadmissibilidade deste tipo de formagao negocial tem de ser sindicada a luz dos instrumentos comuns e particulares de fiscalizagao do contetido negocial. Entre 0s instrumentos particulares de controlo das cldusulas contratuais gerais inseridas em contratos singulares, previstos no DL n° 446/85, de 25/10, que aprovou 0 RCCG, pode referir-se: (i) a existéncia de deveres pré-contratuais qualificades comunicacao, informagao e esclarecimento (cfr. artigos 5.° e 6.°); (ii) a exclusdo de cléusulas (cfr. artigo 8.°); (iii) a interpretacao de clausulas equivocas ou ambighes na dtivida, em sentido favordvel ao aderente (cfr. artigo 11.°, n° 2); (iv) a proibicio de cldusulas contrarias ao prinefpio da boa-fé (cfr. artigos 12° e 15° a 22°) setae atte de nulidade de cliusulas proibidas (efx. artigo 24°) is conderiatorn td fr. artigos 25." e ss.); (vii) os meios de eficacia da decisao ind cldusulas proibede ngaske da sentenca ~ cfr. artigo 30.°, n.° 2; 0 regis de proibidas ~ cfr. artigo 34; a suscetibilidade de ser requerida e aplica#? La ansae Pecunidria compulséria, no caso de a entidade demandada iniringit? obrigagao de se abster de utilizar ou re 32." m" 1, © 33."); (viii) uma tutel regime juridico das clausulas manualistica, : gurado. To, cfr artige’ comendar clausulas proibidas a cautelar (cfr. artigo 3 Para uma analise ud. AL ntratuais yerais, vd, MORAIS ANTUNES, 2013: a : Abate Costa, 2008: 243-277; CARVALHO BERNANDES, 2010: 10612 Ouve Js 3 enc AUK ENSAO, 2002: 213-251; Menez CORDEIRO, 2014: 357-468. Com amP senvolvimento, vd. SOUSA RiMLIKO, 1999, aoinace : 58 Artigo 405. Em segundo lugar, certos ramos do Direito Civil, como sucede em matéria de Direitos Reais, do Direito da Familia e do Direito das Sucessées, caracterizam-se por uma assinzlavel restricao da liberdade de estipulacao, determinada pelas normas imperativas que balizam os termos de celebragao dos negécios. A titulo ilustrativo, podem referit-se os artigos 1306”, 1618.%, n.° 2, 1699, 1714., 18522, 2026", 2027. 2028.°, n.° 2, 2030.° e 2156." ¢ ss. Nestes ramos do Direito, vigora, com particular intensidade, © denominado principio da tipicidade, que se observa, também, no campo dos negécios unilaterais (cfr. artigo 457.”). Em terceiro lugar, existem espacos de regulamentacao subtraidos @ autonomia privada, em razao da natureza dos bens juridicos - assim sucede, vg., no campo dos direitos de personalidade (ct. artigo 81.°), - fortemente condicionados pela presenca de requisitos imperativos de idoneidade negocial (cfr. artigos 280.°, 281.° € 398.°, n.° 2) e que visam garantir a justica substancial das prestacdes (cfr. artigos 282.° a 284.", que regulam a hipstese de celebracao de negécios com um contetido usurdrio, ¢ a regulamentacao especial em sede de contrato de mtituo — cfr. artigo 1146.°). Em termos simétricos, é 0 que se verifica com 0 artigo 809.°, que veda, em determinados termos, a livre conformagao da responsabilidade civil, ao néo autorizar a rentincia antecipada pelo credor aos direitos que Ihe sao reconhecidos em caso de inad:mplemento. Para mais desenvolvimentos, cf. anot. ao artigo 809.° Por outro lado, certos tipos contratuais caracterizam-se por nticleos de regula- mentacao injuntivos, que sao ditados pelo legislador para tutela dos interesses de uma das partes contratantes, assim como de valores coletivos — assim sucede, designadamente, nos casos previstos nos artigos 809.° (para cuja anot. se remete), 942°, 946.°, n.° 1, mas também em certas modalidades de arrendamento, no contrato de trabalho, no contrato de seguro e nos contratos de consumo. Na doutrina, vd. Menezes LetrAo, 2018: 27 e ss., ALMEIDA Costa, 2009: 241-242; ANTUNES VARELA, 2003: 247-250. Vd., ainda, CARNEIRO DA FRaDA, 1994: 21. Em quarto lugar, hd casos de compressio da liberdade de estipulacao determinados pelas partes negociais ~ v.g., em resultado da celebragao de um acordo ou contrato- -quadro — vd. ALMEIDA Costa, 2009: 241 (nt. 3). Com referéncia aos denominados acordos de negociacao e acordos parciais ou acordos de principio, vd. PINTO Ouiveira, 2011: 252-255. Aludindo aos «negécios mitigados» (com a distingdo entre acordos de cortesia e de cavalheiros e 0s contratos mitigados stricto sensu), vd, MENEZES CoRDEIRO, 2014: 304-316. Com apelo a «uma dualidade de espacos normativos, diferenciados pelo distinto grau de acolhimento da liberdade contratual», vd. SOUSA RIBEIRO, 2007: 226, No que respeita a liberdade de selecao do tipo negocial, justifica-se anotar cinco ideias. Primeiro, a faculdade de concluir contratos tipicos tem de ser interpretada no sentido lato, enquanto liberdade de concluir contratos suscetiveis de serem reconduzidos ao figurino de um modelo descrito na lei (tipico em sentido juridico), mas também dos chamados contratos tipicos em termos sociais. Ficam, pois, incluidos os contratos que, nao tendo embora um regime juridico descrito na lei, pela frequéncia da respetiva celebragao, adquiriram vigéncia social, tendo uma (CARVALHO FERNANDES, 2012. 679), partes integrantes do prédio, sujeitas 20 mesmo destino e regime deste enquanto a ele permanecam ligadas. Para que possam ser coisas propriamente ditas tera de haver um ato de ‘autonomizacao, que pode ser material (corte das de superficie sobre as arvores). ou juridica (constituicgao de um direito ic s seja coisa indeterminada, 0 efeito real da-se quando se proceda a determinagao da coisa «com conhecimento de ambas as partes» (cfr. artigo 400."). Do regime predisposto na lei para as coisas genéricas (artigos 539.° BA resulta que a producao do efeito real ocorre com a concentracso da coisa (quando a obrigacao deixa de ser genérica e passa a ser especifica ), momento que Gyesponde, em principio, no direito portugues, a entrega da coisa JORGE CARVALHO, 5005, 36). Quando o objeto consista em obrigacio alternativa (as diferentes coisas cstio individualmente determinadas, artigo 543.°), a propriedade transfere-se com a escolha, sendo suficiente que o devedor informe o credor de que efetuou a escolha (cft. JORGE CARVALHO, 2005: 23). Se o objeto do negécio for um conjunto de coisas, homogéneas ou nao, determinadas, mas que ainda tenham de ser contadas, pesadas ou medidas (artigos 887." ¢ ss.) o efeito real produz-se imediatamente, conforme princfpio do n.° 1. Esta regra que estava contida no corpo da norma proposta por Vaz SERRA, 1958: 367, foi depois eliminada, pedal ban ai aeaemene empreiteiro a transmissdo da que 0s materiais vao sendo inco sade. 15 olde pst SEs Sts jruo da crina pelo dono da db (artige 112°) Passarn a integraro prédo, adquirindo a qualidade de coisa imével, fee ea ee eae le co |, € vao-se tornando propriedade do dono da obra, medida que vio sendo incorporados naquele, todos os elementos ou ere eR Cea Guise person aaeapinieei , sidera a RG no Ac, 15.02.2018 fisica € possivel que esta se torne objeto ie cadifciig veal aide sutenomient arin onnpalisiice putes essonps nis cca direito real dstinto. Diferenciat nome gl dene kits ao mesmo regime, mas eclamada quando o legsladot as, diversamente do artigo 204.°, n.° 2, onde s¢ refere apenas a 18a partes integrantes). P. relativamente 2 que tem por objeto «coisa move & das; a transmissao do direito a construit — Considera-se vores ainda plant corte das arvores. Neste set or Arvores) Quando 0 objeto do neg6 10 elemento constitutivo lo existe eI : coat Pa at na existe ou 6 imperfeta para o fim a que se destina (por Vepilador comes silico ou 0 seu tethado); partes integrantes, definidas pelo isa mOvel ligada materialmente ao prédio com cardcter de 70 a permanéncia, 880 as coisas que podem ser destacadas do prédio sem que este Reine de existir ou se torne imperfeito ou incompleto (por ex., © elevador). Ver, por todos, CARVALHO FERNANDES, 2012: 684-685. Conforme também assinala este Kutor, o conceit de parte componente ou integrante também pode ser referido a coisas moves. Fruto da coisa 6 tudo 0 que dela nasce periodicamente, sem pre eubstincia (artigo 212.°, n.° 1), sendo frutos naturais os que provém diretamente da coisa (212°, n° 2, 1." parte), por efeito da natureza conjugada ou nao com §qio humana. Enquanto pendentes, os frutos naturais sto parte integrante de coisa imdvel € também considerados como coisa imével. Depois de percebidos ou colhidos, os frutos podem ser objeto de direitos reais préprios ou auténomos. Foi qualiticada como fruto natural pendente a cortica a ser extraida das arvores no Ac. RE 17.01.2013. O efeito real de transferéncia de propriedade da cortica teria ocorrido no momento da extragdo ou «separagao da arvore que a produziu». Decidiu igualmente que a transferéncia da propriedade da cortica s6 se dé com a sua extragdo, a mesma RE no Ac. 26.09.1995. Apesar de 0 n.° 2 do artigo 408." nao os mencionar (pelo menos expressamente, visto poderem considerar-se incluidos no conceito de «frutos»; assim H. HORsTER, 1992: 188-189), também os «produtos» — coisas que, sem carécter de periodicidade, podem ser destacadas de outra sem prejuizo da sua substancia, entendida nao em termos fisicos, mas antes de «destinagdo econémica» (cfr. CARVALHO FERNANDES, 2012: 713-714), como, por exemplo, 0 minério extraido de mina ou a pedra de uma pedreira — seguem ‘a mesma solugao jurfdica de necesséria separacdo ou autonomizagao da coisa principal produtora para serem objeto de direitos reais préprios. ‘Além das excecdes ou desvios contemplados no n.° 2 deste artigo 408.°, 0 nosso sistema juridico oferece-nos exemplos de negécios que, pela especificidade do seu objeto (abrangendo quer o contetido do negécio quer o seu objeto mediato) requerem a pratica de um ato adicional (modus) ao consenso. A constituigao e transmissao dos titulos de crédito obedecem a regras que se desviam do principio da consensualidade, dado que criam uma relacao especial entre o direito e 0 documento, sendo este indispensavel para a constituicao, exercicio e transferéncia do direito documentado. Para a transmissao dos valores mobilidrios, em especial, e, nomeadamente, agdes, a lei exige a pratica de certos atos adicionais ao consenso que prevé especialmente. Nao se trata de requisitos de forma ou formalidades do negécio cuja inobservancia comprometa a validade do consenso, trata-se sim de atos adicionais ao consenso dos quais depende a producao do efeito real, mas cuja falta nao perturba a valida assungao do vinculo juridico obrigacional (cfr. artigos 80.°, n° 1, 101., n° 1, 102° e 105.°, do CVM). Conforme decidido, nomeadamente, no Ac. STJ 13.03.2007 e no Ac. STJ 15.05.2008, na linha de Vers EixO, 2005: 158 e ss., 0 contrato celebrado entre transmitente e transmissario nao 6 apto s6 por si a produzir o efeito translativo. A transmissao da propriedade de acdes resulta do contrato (titulo) e de um ato de entrega ou da pratica de certos atos auténomos ou independentes especialmente previstos na lei (modo). Pela sua fungibilidade e consumibilidade o dinheiro coloca especiais dificuldades de enquadramento dogmatic das respetivas regras de circulagéo. Conforme fl ae ok Neves, 2001: 232, no ordenamento juridico portugués, 0 regime da satiate do dinheiro aproxima-se da circulagao dos titulos ao portador e cae do regime da transferéncia de propriedade das coisas méveis em geral. 7 4 este propésito, JULIO GoMes, 1998: 615 e ss., para quem a transmissao do juizo da sua nn rio a0 Codigo Civ Comentéro a0 C i 7 strata. Em sentido diverso, consultar OSORIO DE Castro, a abstrata. antia, Sao excecao ao Principig do efeito juridico real, quer geral e tradicional prevé ° desapossamento, sere da entrega da coisa ou de documento je dela (artigo 669. 1.” 1, cht porém, 3972 ) _ quer o regime da hipoteca ~ 20 laco do '2 60 registo do direito dotado de do CRegP). anto a sua constituigig direitos reais de gar No domi si apto @ producao que o consenso r dee penton ~ 2 previo fasendo depender a eficacia do pe que confira a exclusiva disponibili i atone do CCom; 81.” € 103.° do CYM) - quer 0 scordo hipotecdrio (titulo) requer Ur modo, 4) © e artigo 4°, 7." ty eonstitutiva (artigo 687.° @ artigo * + se eaieee los contratos reais qu bie i dos designad 5 hipote: esi Diversas sao as hipoteses dos designae : asia con oad constitutionem por contraposicao a contratos reais quoad effectum contorme bi Nestes negécios, 0 elemento consensual ou deste artigo 408.”). iciente para a pro as declaragdes de vont se nesta categoria |. Ha, todavia, “ducdo dos efeitos juridico-negociais, sendo ‘ade se aditem certos atos reais ou classificativa 0 comodato (1129.*), que diferenciar 0s contratos gratuitos dos contratos onerosos: quando se trate de um mutuo ou de um depésito oneroso nao parece, Na verdade, haver obstaculo 4 admissibilidade deo consenso ser apto a producao de efeitos juridico-negociais de indole obrigacional (contra ANTUNES VARELA, 1991: 255). No muituo, 0 efeito real de transmissio ualquer modo, ndo um efeito da propriedade das coisas para 0 mutuario (de 4 PX isado pelas partes, mas apenas consequéncia pratica da naturt 7 fungivel das vansas thutwadas) tequer um ato material de entrega da coisa, pelo que configura excecdo ao principio do n.” 1 do 408.° Nos contratos gratuitos, a entrega da coisa 6 indispensivel para demarcar a juridicidade do vinculo assumido relativamente go obsequio ou mera cortesia, pelo que nestes a entrega da coisa ¢ requisite da propria formagao do negécio juridico. Para a doagao de coisas méveis o artigo 947°, n° 2, iaz depender a eficdcia juridica vinculante do negécio da observancia de forma escrita ou da tradicao da coisa. Por razdes que se ligam a necessidade de demarcar a juridicidade do vinculo assumido, é a propria existéncia do vinculo juridieoobrigaciona nao 56 a producao do efeito real que requer a pratica deum ato aiional de entega da coisa ou a observancia de forma escrita (0 requiito formal revela aqui a funto itil de demarcar o acordo juridicamente vinculante donno instante) A doaco verbal de coisa mével constitui, num certo sentido, excega 20 principio do consenso translativo pois nao basta 0 consenso para que sansa diet rel anda que agu nfo se trate apenas de diferir 0 momento da producio do efito real de transferencia da propriedade. Na verdade, 208 tos cunt re perficitur que envolvem (muituo) ou visam (doaga c tea 1m (doago verbal de coisa pe eae propriedade, 0 ato de entrega da coisa é necessario para a pareio do contrato apto a produit efeitos reas, mas nao se trata de deri Para um momento ulterior 20 da celebragao do contrato a producdo de um dos Fortis pos cacy a uansmissto da propriedade. Se a doagao de coisa move! , \-Se, Na sua pureza, o princi i icine “se, na si 0 prinefpio do consenso translativo, Porquanto onegécio produ oeeito de transis Pi senso translati para o donaidrie lartigo 954. 2) 10 do direito de propriedede IV. Atendendo a laces @ que nas situagdes apres ‘ ' apresenta 4 2am da propria se tPresentadas a producto do efeito real (maxiné outro facto: ess i Is factos juri butt acto sucesivo complementar, segundo enter juridicos: 0 contrato e um i ALMEIDA, 2005: 11, nao se mento professado por FEk propriedade)é Se poderia dizer que o ef priedade)é resultado direto do contrato, Este seria avert em = e seria apenas um facto componente, previsio genérica volitivo nao é su indispensdvel que materiais. Podem inclu b mituo (1142) e 0 depésito (1185.°) n EEC eee ees a Artigo 409." requisito necessario, mas nao suficiente para aquele efeito: a transmissao da propriedade seria afinal produto de um «facto complexo de formacao sucessiva». Oentendimento dominante é, porém, o de que basta o contrato para a produgao do efeito real; nas hipéteses contempladas no n.° 2 deste 408.°, a constituigao ou transmissao do direito real ¢ ainda efeito do contrato, apenas o efeito juridico-real nao opera no momento da celebragao do contrato mas em momento ulterior, com a pratica de determinados atos dependentes (concentragao, separagao) ou nao da yontade das partes. No n.° 1, o direito real constitui-se ou transmite-se por efeito eno momento do contrato; no n.° 2 a constituigao ou transmissao da-se por efeito do contrato, mas nao no mesmo momento. Neste sentido, ver, nomeadamente, RAUL VENTURA, 1983: 593-594; 618; ANA MARIA PERALTA, 1990: 152; RAUL GUICHARD, 2007: 285. O nosso sistema inclui, todavia, excecdes a este principio quando legal ou voluntariamente se adiciona ao consenso um ato de entrega ou a inscrigao em registo como requisito necessério para a produgao ou transferéncia do direito real. Para FERREIRA DE ALMEIDA, 2005: 17, seria mesmo preferivel um sistema alternativo que tomasse a entrega e o registo como atos geralmente necessdrios para a trans- missao da propriedade. Sendo certo que ao nosso sistema pode ser enderecada a critica de deixar desacautelados os interesses de terceiros adquirentes, nao o é menos que ha institutos e mecanismos que servem esse fim (vd. artigo 291."; regras do registo predial; instituto da usucapiao) e que um sistema de consensualidade tem a vantagem da simplicidade e da salvaguarda dos interesses do adquirente (conquanto nao valha, em principio, entre nds um sistema de «posse vale titulo», diversamente do sistema francés ou do italiano, prevalecendo para a aquisicao derivada a regra de direito romano de que «nemo plus Juris ad alium transferre potest quam ipse haberet»). ANA AFONSO (membro do CEID-CRCFL) Artigo 409.° Reserva de propriedade 1. Nos contratos de alienagao é licito ao alienante reservar para si a propriedade da coisa até ao cumprimento total ou parcial das obrigagdes da outra parte ou até 3 verificagdo de qualquer outro evento. 2. Tratando-se de coisa imével, ou de coisa mével sujeita a registo, s6 a clausula constante do registo ¢ oponivel a terceiros. Sumario da anotagao: Antecedentes. Trabalhos preparat6rios (anotagao 1) Bibliografia (anotacao 2) Jurisprudéncia (anotagao 3) Comentario ao preceito (anotagio 4) Antecedentes: Preceito novo. O Cédigo Civil de Seabra no consagrava autonoma- mente a reserva de propriedade, embora houvesse j4 um entendimento maioritario no sentido da sua admissibilidade. Trabalhos preparatérios: Anteprojeto: TELLES, GALVAO, «Venda obrigatéria e venda real», RFDUL, ano V, 1948, pp. 76-87. Bibliografia: Tes, GALVAO, «Venda obrigatoria e venda real», RFDUL, ano V, 1948, pp. 76-87; ANDRADE, MANUEL DE, Teoria Geral das Obrigagdes (com a colab. de Rut DE ALARCAO), 2." ed., Almedina, Coimbra, 1963; XaviER, Vasco LoBo, «Venda a prestacdes: algumas notas sobre os artigos 934.° e 935.° do Codigo 73 199-267; LUIS, AIRMEN UNOS elem, vm reserva de propriedade», CJ, 1981, Raut, «O contrato de compra e venda no Cédigo Civil to de compra e venda. A transmissao da propriedad rr hbrigagao de entregar a coisa», ROA, ang oP AwtUNES VARELA, Codigo Citil Anotady de Henrique Mesqutra), Coimbra Editora, «Sobre o nao cumprimento na venda a 2.°, 1990, pp. 555-569; PERALTA, ANa ra e venda com reserva de propriedade, 1, 1974, pp. 1 Civil», RDES, ano XX de compra e venda co do risco nos contratos t. IIL, pp. 15-18; VENTURA, enciais do contr 1a titularidade do direito; 587-643, Pires DE LIM vol. [(artigos 1. a 761.°), 4." ed. (colab. Coimbra, 1987; MONTEIRO, ANTONIO Pinto, prestagies. 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Prevé o preceito em comentédrio a possibilidade de, nos contratos de alienacao, o alienante conservar a propriedade da coisa até ao cumprimento total ou parcial das obrigacdes da outra parte ou ate a verificacdo de qualquer outro evento. Geralmente, 0 campo de aplicacao desta faculdade que assiste ao alienante € a venda a prestacdes, representando um desvio ao principio da consensualidade constante do artigo 408.°, onde se estabelece que a transferéncia da propriedade ou de qualquer outro direito real ocorre por mero efeito do contrato. Ao estipularem o pactumt reseroati dominii, as partes pretendem que a transmissao da propriedade seja diferida para um momento ulterior ao da celebragao do contrato, com a finalidade de assegurar 0 direito de crédito do alienante, normalmente resultante da obrigacaio de pagamento diferido do preco por parte do comprador. A lei portuguesa admite a reserva de propriedade com enorme amplitude: a cldusula pode ser convencionada nos contratos que tenham por objeto coisas iméveis, coisas méveis ou coisas méveis sujeitas a registo; a cldusula pode ser aposta em quaisquer contratos de alienacao (compra e venda, doagao, permuta, dacio em cumprimento) e a transferéncia da propriedade pode ficar subordinada a qualquer outro evento, para além do pagamento do preco ou do cumprimento total ou parcial das obrigacées da outra parte, que podem revestir diversa natureza. Estabelece 0 n.° 2 do preceito em comentario que a cléusula de reserva de pro- priedade ¢ oponivel a terceiros, desde que tenha side registada, quando tenha por objeto coisas iméveis ou méveis sujeitas a registo. Quanto as coisas méveis nao sujeitas a registo, a maioria da doutrina entende que o pacto vale igualmente em relacdo a terceiros, considerando que, entre nds, nao vigora o principio segundo © qual posse vale titulo. Em sentido contrario veja-se ROMANO MaRriNez (2007: 38). O proprietério, que na pendéncia da clausula de reserva de propriedade continua a ser 0 alienante, que pode opor o seu direito contra quem quer que seja que 0 ponha em causa, reivindicando-a. Todavia, também o comprador goza também dessa oponibilidade em relagao a terceiros, pois 0 vendedor, enquanto a reserva de propriedade se mantiver, nao pode alienar a coisa com prejuizo dos direitos do comprador. A reserva de propriedade tem igualmente efeitos externos relevantes no caso de insolvéncia do alienante ou do adquirente, uma vez que 6 oponivel 8 massa insolvente, desde que reduzida a escrito até a data da sentenga que declarou a insolvéncia, conforme resulta do artigo 104.° do CIRE. No caso de insolvéncia do vendedor, tendo a coisa sido entregue ao comprador, este tem direito de exigir 0 cumprimento do contrato, nao podendo ser apreendida para a massa insolvente; no caso de insolvéncia do comprador, estando o negécio emt curso, 0 administrador da insolvéncia tem a faculdade de optar pelo cumprimento do contrato ou pela sua recusa, caso em que a coisa também nao pode ser apreendida para a massa insolvente, Quanto ao regime do risco, tem-se entendido, maioritariamente, que, na alienacao sob reserva de propriedade, nao obstante o vendedor se manter proprietario da

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