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Mca 81 1
Mca 81 1
COMANDO DA AERONÁUTICA
SEGURANÇA OPERACIONAL
MCA 81-1
2020
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO
SEGURANÇA OPERACIONAL
MCA 81-1
2020
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 98
Anexo D – Tabela para Análise das Escalas Planejadas e Cumpridas ............. 107
PREFÁCIO
PERÍODO
CICLO
ESTENDIDO
CIRCADIANO
DE VIGÍLIA
INFLUÊNCIA
PERDA DE
DA CARGA DE
SONO
TRABALHO
FADIGA
Por esse motivo, a ICAO publicou a Emenda 50B ao Anexo 11, tornando
compulsório que os Estados implementem, até novembro de 2020, o gerenciamento da fadiga
humana nos órgãos de controle de tráfego aéreo.
Com o objetivo de prover suporte aos Estados na implementação dos SARP
relativos ao Gerenciamento do Risco à Fadiga, a ICAO publicou o DOC 9966 Manual for the
Oversight for Fatigue Management Approaches e o Fatigue Management Guide for Air Traffic
Services Providers.
Para a implementação do gerenciamento da fadiga humana, a ICAO propõe duas
abordagens distintas, a Abordagem Prescritiva e a Abordagem do FRMS, ambas baseadas nos
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1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
1.1 FINALIDADE
Esta publicação tem por finalidade estabelecer os procedimentos e processos
relativos ao Gerenciamento do Risco à Fadiga nos órgãos ATC do SISCEAB.
1.2 OBJETIVO
a) Evidenciar os fundamentos dos princípios científicos afetos à fadiga humana
em ambientes de prestação de serviços de tráfego aéreo;
1.3 ÂMBITO
Os procedimentos e processos aqui regulamentados é de observância obrigatória
a se aplica às Organizações e Entidades Provedoras dos Serviços de Navegação Aérea que
possuem órgão ATC.
1.5 CONCEITUAÇÕES
Para efeito do disposto neste Manual, os termos e expressões abaixo relacionados
têm os significados a seguir.
É aquela na qual o PSNA deve manter suas operações dentro dos Limites Prescritivos
estabelecidos e, adicionalmente, devem realizar o gerenciamento dos riscos relativos à fadiga por
meio de seu SMS.
O ciclo ou ritmo circadiano é o período de cerca de 24 horas sobre o qual o ciclo biológico de quase
todos os seres vivos se baseia.
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Alternância regular de sono Não REM e sono REM durante um período de sono, em
um ciclo com duração aproximada de 90 minutos.
Estratégias pessoais de mitigação utilizadas pelos indivíduos para reduzir seu próprio
risco de fadiga. Pode ser dividido em contramedidas estratégicas (para uso em casa, por exemplo,
bons hábitos de sono, cochilos antes do trabalho noturno) e contramedidas operacionais, como, por
exemplo, o uso estratégico de cafeína e cochilo controlado.
igil ncia, por defini o, é “um estado de prontid o para detectar e responder a
pequenas mudan as, ocorrendo em intervalos de tempo aleat rios no ambiente” (Mackworth, 1957,
pp. 389-390).
1.5.13 FADIGA
Um estado fisiológico de redução da capacidade de desempenho mental e/ou físico
resultante da perda de sono, do período estendido de vigília, do ciclo circadiano e/ou da carga de
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trabalho (atividade mental e/ou física) que podem prejudicar o estado de alerta de uma pessoa e sua
capacidade de desempenhar adequadamente tarefas que possuam relação com a segurança
operacional.
Condição que ocorre quando não existe tempo de sono suficiente entre vários
períodos de fadiga aguda, não havendo a recuperação adequada entre eles. Com o acúmulo do débito
de sono, aumenta progressivamente o comprometimento do desempenho operacional e a sonolência
objetiva, além do que, as pessoas tendem a se tornar menos confiáveis na avaliação de seu próprio
nível de comprometimento.
Existe uma distinção entre fadiga ativa e fadiga passiva. A fadiga ativa é derivada de
tarefas contínuas e prolongadas relacionadas ao ajuste perceptivo-motor.
1.5.25 MICROSSONO
1.5.26 MONOTONIA
Refere-se a quantidade regular de sono necessária para manter níveis ótimos de alerta
e desempenho durante a vigília. A necessidade de sono é muito difícil de quantificar na prática por
causa das diferenças individuais. Além disso, muitas pessoas vivem com restrição crônica do sono
e, quando têm a oportunidade de dormir sem restrições, o sono pode ser mais longo do que a sua
“necessidade de sono” teórica, devido à recuperação do sono.
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Períodos contínuos durante o qual o controlador de tráfego aéreo está livre de todas
as suas atividades laborais.
Período que tem início quando o ATCO é convocado pelo PSNA para se apresentar
ou iniciar uma atividade e que termina quando este estiver livre de todas as suas atividades laborais.
Necessidade biológica pelo sono de ondas lentas (estágios Não REM 3 e 4), que se
acumula ao acordar e diminui exponencialmente durante o sono.
Obter menos sono do que o necessário para restaurar o cérebro. Os efeitos da restrição
do sono se acumulam, levando ao comprometimento do desempenho e ao aumento progressivo da
sonolência. A necessidade de sono se acumulará até o ponto em que as pessoas adormecem
incontrolavelmente (microssonos).
1.5.39 SONO
Sono que não é interrompido por nenhuma demanda. O sono começa quando o
indivíduo se sente sonolento e não precisa ser adiado por nenhum motivo. Além disso, o indivíduo
pode acordar espontaneamente e não utiliza despertador.
Os dois estágios mais profundos do sono Não REM (estágios 3 e 4), caracterizados
por grande amplitude das ondas lentas cerebrais.
Sono necessário para a recuperação dos efeitos da perda aguda do sono (em um
período de 24 horas) ou do débito de sono acumulado (em vários períodos consecutivos de 24 horas).
Qualquer padrão de trabalho que requeira que o indivíduo esteja acordado quando,
de acordo com o circadiano, deveria estar dormindo.
Período de horas do ciclo circadiano do relógio biológico, pouco antes da hora usual
de dormir, quando é muito difícil adormecer. Como consequência, ir para a cama mais cedo
geralmente resulta em levar mais tempo para adormecer, em vez de dormir mais. Pode levar à
restrição do sono e aumento do risco de fadiga, quando o início do próximo turno de trabalho é cedo.
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2.1.2 O gerenciamento da fadiga humana no controle de tráfego aéreo representa uma oportunidade
de aplicar os avanços na compreensão científica sobre a fisiologia humana para fazer frente aos
riscos à fadiga na aviação.
2.1.3 A fadiga resulta na redução da capacidade dos seres humanos em desempenhar funções
operacionais e pode ser considerada um desequilíbrio entre:
a) as exigências físicas e mentais de todas as atividades desempenhadas durante a
vigília (não apenas aquelas relacionadas ao trabalho); e
b) a recuperação dessas demandas, que ocorrem durante o sono.
2.1.4 Seguindo essa linha de pensamento, para reduzir a fadiga nas operações aéreas, são necessárias
estratégias para gerenciar as demandas das atividades desempenhadas enquanto o indivíduo está
acordado e melhorar seu padrão de sono.
a) Ciência do sono – Particularmente os efeitos de não se obter a quantidade de sono
suficiente (em uma noite ou várias noites), e como se recuperar da perda de sono;
e
b) Ritmos circadianos – Ciclos diários do comportamento e fisiologia humana que
recebem influência do relógio biológico circadiano (um marca-passo que atua no
cérebro). Os aspectos de fisiologia e comportamento humano que demonstram os
ritmos circadianos são:
b1) os sentimentos subjetivos de alerta e sonolência;
b2) a capacidade de realizar trabalho mental e físico; e
b3) a capacidade de adormecer e permanecer dormindo (propensão ao sono).
2.1.5 A ICAO estabelece que os limites prescritivos de horários de trabalho e de não trabalho sejam
baseados nos princípios científicos, com o objetivo de realizar o gerenciamento da fadiga dos
profissionais que atuam em atividades críticas à segurança da aviação. Esses princípios dizem
respeito a:
a) Necessidade de dormir – os períodos de vigília precisam ser limitados. Dormir o
suficiente (quantidade e qualidade) regularmente é essencial para restaurar o corpo
e o cérebro;
b) Perda e recuperação do sono – reduzir a quantidade ou a qualidade do sono,
mesmo que por uma única noite, diminui a capacidade de funcionamento do corpo
e aumenta a sonolência no dia seguinte;
c) Efeitos dos ciclos circadianos no sono e no desempenho humano – o relógio
biológico circadiano afeta o momento do dia em que sentimos sono e a qualidade
do sono e produz altos e baixos no desempenho diário em várias tarefas; e
d) Influência da carga de trabalho na fadiga – a carga de trabalho pode contribuir
para o nível de fadiga de um indivíduo. A baixa carga de trabalho pode deflagrar
a sonolência fisiológica, enquanto a alta carga de trabalho pode exceder a
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2.1.6.1 Os períodos de vigília devem ser limitados. Dormir o suficiente (quantidade e qualidade),
de forma regular, é essencial para restaurar o cérebro e o corpo.
2.1.6.2 Você já se perguntou o que acontece a partir do momento em que você adormece à noite até
quando você acorda de manhã? Se você tiver dormido bem, você vai acordar se sentindo fisicamente
e mentalmente restaurado. Suas experiências do dia anterior terão sido classificadas, armazenadas e
ligadas às suas memórias já existentes para que você acorde com uma sensação perfeita de quem
você é. Se você não dormiu bem, você sabe que o dia que virá não será fácil.
2.1.6.3 Estamos destinados a gastar cerca de um terço de nossas vidas dormindo. A quantidade ideal
de sono por noite varia entre os indivíduos, mas a maioria dos adultos saudáveis requer entre 7 e 9
horas sono. Há uma crença generalizada de que o tempo de sono pode ser trocado com o objetivo
de aumentar a quantidade de tempo disponível para as atividades de um estilo de vida com dias cada
vez mais cheios. A ciência do sono deixa muito claro que o sono não pode ser sacrificado sem
consequências negativas.
2.1.6.4 O sono tem múltiplas funções, dentre elas: papel vital na memória e na aprendizagem, na
manutenção do estado de alerta, no desempenho, no humor e no estado geral de saúde e bem-estar.
2.1.6.5.1 Uma complexa série de processos ocorre no cérebro durante o sono. Vários métodos têm
sido usados para examinar esses processos, desde a reflexão sobre os sonhos até o uso de técnicas
médicas avançadas de imagens. Os cientistas do sono, tradicionalmente, têm olhado para o sono por
meio do monitoramento dos padrões elétricos nas atividades das ondas cerebrais, dos movimentos
dos olhos e do tônus muscular. Essas medidas indicam que existem dois tipos de sono muito
diferentes: (1) Não REM, sono sem movimentos oculares rápidos, e (2) REM, sono com
movimentos oculares rápidos.
2.1.6.5.2.1 Durante o sono sem movimentos oculares rápidos, sono Não REM, a atividade das
ondas cerebrais gradualmente diminui, se comparado com a atividade das ondas cerebrais de um
indivíduo acordado. O corpo está sendo restaurado através do crescimento muscular e do reparo de
danos nos tecidos. Às vezes, o sono Não REM é descrito como o momento em que “o cérebro e o
corpo estão silenciosos”. Durante uma noite normal de sono, a maioria dos adultos passa cerca de
três quartos do tempo de sono em sono Não REM.
2.1.6.5.2.2 O sono Não REM é dividido em 3 estágios, baseados nas características das ondas
cerebrais. Os estágios 1 e 2 representam o sono mais leve, quando não é difícil de acordar a pessoa.
Normalmente é por onde começa o sono.
2.1.6.5.2.3 O estágio 3 Não REM é conhecido como sono de ondas lentas (slow-wave sleep) ou
sono profundo. Nesse estágio, o cérebro para de processar as informações do mundo exterior e uma
grande quantidade de células cerebrais, os neurônios, disparam em sincronia, gerando grandes ondas
elétricas lentas. É mais difícil acordar do estágio 3 de sono Não REM, pois várias partes sequenciais
do cérebro precisam ser reativadas. Também no estágio 3, há a consolidação da memória, necessária
para a aprendizagem.
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2.1.6.5.2.4 Quanto mais tempo você estiver acordado e quanto mais fisicamente ativo você
estiver, mais atividade de ondas lentas seu cérebro irá mostrar no seu próximo período de sono. Essa
atividade de ondas lentas reflete a necessidade de sono do seu cérebro que se acumulou enquanto
você estava acordado. É frequentemente descrito como o “processo homeostático do sono”. Assim,
a sono de ondas lentas explica a ideia tradicional de que o sono restaura os indivíduos das demandas
das atividades de vigília. A ideia central é que o sono de ondas lentas restaura o corpo das demandas
do dia.
2.1.6.5.3.1 Durante o sono com movimentos rápidos dos olhos (sono REM), a atividade das
ondas cerebrais é semelhante à atividade cerebral quando o indivíduo está acordado. No entanto,
durante o sono REM, de vez em quando os olhos movem-se sob as pálpebras fechadas – são os
c amados “movimentos oculares rápidos”, muitas vezes acompanhado por espasmos musculares e
ritmo cardíaco e respiração irregulares. A maioria dos adultos passa, normalmente, cerca ¼ (um
quarto) do seu tempo de sono, no sono REM.
2.1.6.5.3.2 Durante o sono REM, o cérebro está se reparando, as informações do dia anterior
estão sendo consolidadas, classificadas e relacionadas às memórias armazenadas. As pessoas
quando despertam durante o sono REM podem se lembrar, de forma vívida, dos sonhos. Durante o
sono REM, o corpo não se move em resposta aos sinais do cérebro, para que os sonhos não sejam
encenados. Os sinais efetivamente ficam bloqueados no tronco cerebral e não passam através da
medula espinal. De fato, às vezes as pessoas experimentam uma breve paralisia quando acordam de
um son o, quando a revers o desse “bloqueio M” demora um pouco para acontecer. Por causa
desses recursos, o sono M s ve es é descrito como “cérebro ocupado e corpo paralisado”.
2.1.6.6.1 Durante um período normal de sono noturno, os sonos Não REM e REM se alternam em
ciclos médios de 90 minutos, mas pode variar dependendo de aspectos individuais e do ambiente
onde o sono está ocorrendo.
2.1.6.6.2 O diagrama da figura abaixo representa um ciclo Não REM/REM de sono noturno em um
adulto jovem e saudável, que dorme às 23h e acorda às 7h30min. Um sono real não é tão organizado
quanto este, pois inclui momentos de excitações (transições para um sono mais leve) e breves
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despertares. Os estágios do sono estão indicados no eixo vertical e o tempo é representado no eixo
horizontal.
2.1.6.6.3 O sono se inicia através do estágio 1, Não REM, depois progride para o estágio 2, Não
M (ve a a letra “A” da figura 3), e, depois de algum tempo, progride para o sono de ondas lentas
(Slow Sleep Waves – SWS) no estágio (ve a a letra “ ” da figura ). Com cerca de -90 minutos
de sono, ocorre uma mudança no sono de ondas lentas. Essa mudança geralmente é marcada por
movimentos do corpo, à medida que o indivíduo passa rapidamente pelo estágio 2, Não REM (veja
a letra “C” da figura ), e depois para o primeiro período de sono REM da noite (os períodos de
sono REM estão representados pelas faixas pretas da figura 3). Após um curto período de sono
REM, o indivíduo volta novamente a um estágio de sono Não M mais leve (ve a a letra “D” da
figura 3), depois ao sono de ondas lentas e, assim, o ciclo se repete. Pela manhã, o indivíduo acordará
do sono REM e provavelmente será capaz de lembrar que estava sonhando.
2.1.6.6.5 As pessoas às vezes experimentam desorientação ou tontura quando acordam do sono pela
primeira vez. Esse fenômeno é conhecido como inércia do sono. Pode ocorrer quando as pessoas
acordam de qualquer fase do sono, mas normalmente é pior após períodos mais longos de sono, ou
seja, quanto mais tempo o indivíduo dormir, maior será a inércia do sono.
O risco da inércia do sono pode ser reduzido pela aplicação de um protocolo de retorno
ao trabalho que estabeleça tempo suficiente para a inércia do sono se dissipar (consulte a
Implicação Operacional 5: O Cochilo como Mitigação da Fadiga). Sugere-se que sejam
permitidos ao menos de 10 a 15 minutos, antes de o controlador reiniciar o trabalho ativo.
2.1.6.7.1 A qualidade do sono, ou seja, seu efeito restaurador, depende do período de sono conter
ciclos ininterruptos de sono Não REM/REM. Isso sugere que ambos os tipos de sono são necessários
e que um não é mais importante do que o outro. Quanto mais o ciclo Não REM/REM é fragmentado
(quando o indivíduo acorda ou se agita, o que move o cérebro para um estágio mais leve do sono
sem realmente acordar), menor o seu valor restaurador, em termos de como o indivíduo se sente e
funciona no dia seguinte.
2.1.6.7.2.1 Ao longo da idade adulta, o sono muda significativamente. Em um estudo com 2.685
homens e mulheres entre 37 e 92 anos, verificou-se que nos homens a quantidade de tempo
despendido no sono de ondas lentas (SWS) diminuiu com a idade e a quantidade de tempo nos
estágios mais leves do sono aumentou. Essa mudança foi vista principalmente em homens, havendo
pouca mudança nos estágios do sono com o aumento da idade para as mulheres. A qualidade do
sono também diminui com a idade, quando medida pela quantidade de tempo acordado durante uma
noite de sono.
2.1.6.7.2.2 Ainda não está claro se essas mudanças nas características do sono relacionadas ao
envelhecimento reduzem sua eficácia na restauração das funções de vigília. Os estudos laboratoriais,
que interrompem experimentalmente o sono, são tipicamente conduzidos com adultos jovens.
2.1.6.7.2.3 Nos ambientes de aviação, a experiência profissional pode ajudar a reduzir risco
potencial de fadiga, já que os controladores aprendem com o tempo a gerenciar o sono em diferentes
turnos e padrões de trabalho.
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2.1.6.7.2.4 Do ponto de vista científico e prático, a idade não é um aspecto específico a ser
considerado em termos de gerenciamento da fadiga.
2.1.6.7.4.1 A cafeína, a nicotina e o álcool interferem na qualidade do sono. A cafeína (no café,
chá, bebidas energéticas, refrigerantes, chocolate e em alguns medicamentos de venda livre)
estimula o cérebro, tornando mais difícil adormecer e interferindo na qualidade do sono. Algumas
pessoas são mais sensíveis aos efeitos da cafeína do que outras, mas mesmo aqueles que estão
acostumados a beber muito café terão um sono mais leve e mais agitado se beberem café perto da
hora de dormir (embora possam não notar). A nicotina nos cigarros também é um estimulante e
afeta o sono de maneira semelhante.
2.1.6.7.4.2 O álcool, por outro lado, aumenta a propensão ao sono, mas também perturba a
qualidade do sono. Enquanto o corpo está processando álcool o cérebro não consegue obter o sono
REM (a uma taxa de aproximadamente uma bebida padrão por hora). A pressão pelo sono REM
aumenta e, como consequência, o sono noturno geralmente contém períodos REM mais intensos.
Como consequência, o sono é mais agitado (por causa do sono REM).
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A cafeína pode ser útil para reduzir temporariamente a sonolência no trabalho, pois
bloqueia uma substância química no cérebro (adenosina) que aumenta a sonolência. A cafeína
leva aproximadamente 30 minutos para fazer efeito e pode durar até 5 horas (mas as pessoas
diferem amplamente em o quão sensíveis são à cafeína e por quanto tempo os efeitos duram).
Para utilizar a cafeína como estratégia de mitigação da Fadiga e obter o máximo
benefício do seu uso:
- pode-se usá-la antes de um período do dia que normalmente está mais associado à
fadiga e sonolência, como, por exemplo, as primeiras horas da manhã;
- deve-se evitá-la quando o estado de alerta do indivíduo é alto, como, por exemplo, no
início de um turno de serviço; e
- deve-se usá-la em momentos em que se espera que o nível de sonolência seja alto,
como, por exemplo, no final de um longo período de trabalho ou de acordo com o relógio
biológico circadiano, quando a sonolência é maior.
É importante lembrar que a cafeína não anula a necessidade de dormir e só deve ser
usada como estratégia de curto prazo.
2.1.6.7.6.3 Tentar dormir em locais diferentes ou sob circunstâncias diferentes pode ter
consequências para a qualidade do sono. Um estudo realizado com controladores de tráfego aéreo
durante um sono planejado no local de trabalho, no turno da noite, mostrou que em parte do tempo
disponível para dormir o controlador se manteve acordado, e que o tipo de sono alcançado foi o
sono leve Não REM (apesar de o sono ter ocorrido em um momento ideal do ciclo circadiano). Os
ATCO também relataram que acharam moderadamente difícil adormecer e que a qualidade do
cochilo foi relativamente ruim.
2.1.6.7.6.4 Embora o sono fosse mais leve e mais perturbado do que o esperado, descobriu-se
que o cochilo efetivamente melhorou o alerta e a velocidade de reação dos ATCO no final do turno
da noite. Esse estudo, assim como outros em diferentes cenários, mostra que os cochilos são uma
valiosa estratégia de mitigação no gerenciamento da fadiga (consulte a Implicação Operacional 5:
O Cochilo como Forma de Mitigação da Fadiga Humana).
2.1.6.7.7.2 Um estudo de laboratório comparou o sono de pessoas que foram informadas que
poderiam ser acordadas durante a noite para responder a um ruído com o sono dessas mesmas
pessoas em outra noite, quando não receberam nenhum tipo de instruções. Nesse estudo, o ruído
nunca ocorreu, então, em nenhum momento, o sono não foi perturbado por fatores externos. Mesmo
assim, os resultados mostraram que as pessoas demoraram mais para dormir e passaram mais tempo
acordadas durante a noite, quando havia a expectativa de serem acordadas.
O cochilo controlado não deve ser usado como um meio para aumentar a extensão do
período de trabalho, o que exigiria um período de sono mais longo e a provisão de um ambiente
adequado (dormitório).
Cochilo antes do trabalho: Quando um turno de serviço começa mais tarde no dia (por
exemplo, turno noturno ou pernoite), um cochilo antes do início do trabalho irá reduzir o
período contínuo de vigília e ajudar a manter o desempenho e o alerta durante o período de
trabalho. Verificou-se que o cochilo antes do trabalho não reduz a quantidade de sono obtido
durante o descanso no pernoite, mas ajuda a chegar até lá com mais integridade.
Cochilo Controlado durante um período de serviço: Um cochilo controlado durante um
período de trabalho pode ajudar a manter o desempenho durante períodos de trabalho
prolongados ou durante os períodos de trabalho noturnos. Como esses cochilos são
controlados, dependerão do contexto e do local em que ocorrerão (por exemplo, para ATCO:
no órgão ATC ou em instalações de repouso separadas; para pilotos de linha aérea: em
instalações designadas de descanso da tripulação ou no convés de voo (descanso controlado);
para pilotos da Aviação Geral: na aeronave ou no chão). O tempo do cochilo controlado
dependerá em grande parte do tempo que o controlador terá disponível longe do trabalho, mas
deve permitir tempo suficiente para que os indivíduos adormeçam (as pessoas podem levar
mais tempo que o habitual para adormecer nessas circunstâncias) e tempo suficiente depois de
acordar antes de reiniciar as tarefas, para garantir que a inércia do sono tenha se dissipado
(consultar Implicação Operacional 1: Mitigação estratégica para inércia no sono).
Se o cochilo for aplicado durante um período de serviço, é necessário estabelecer
protocolos específicos para garantir a integridade operacional e operações seguras, para isso a
utilização do Protocolo de Cochilo Controlado é fundamental. Um exemplo de Protocolo de
Cochilo Controlado está disponível no Anexo A desta Norma.
Outro aspecto crítico é que os indivíduos sejam orientados a não deixar de se preparar
para o trabalho. Ou seja, que eles não durmam menos antes do trabalho noturno porque
assumem que vão poder tirar um cochilo controlado durante o trabalho, nesses casos o
benefício geral de permitir a cochilo poderá ser negado.
O uso do Protocolo de Cochilo Controlado e a permissão de utilizar o cochilo controlado
como estratégia de mitigação da fadiga é uma decisão de cada órgão ATC. Além disso, o órgão
ATC precisa prover instalações adequadas para que o cochilo controlado atinja seu objetivo
de mitigar a fadiga.
2.1.7.2 Mesmo para as pessoas que têm sono de boa qualidade, a quantidade de sono é muito
importante para restaurar as funções do estado de vigília.
noite já possui o potencial de reduzir o estado de alerta no dia seguinte e degradar o desempenho
em muitos tipos de tarefas.
2.1.7.3.1.3 Os efeitos da restrição do sono, noite após noite, se acumulam. Quanto menos sono
por noite, mais rápida a degradação do desempenho.
2.1.7.3.1.4 Quanto menor o tempo disponível para o sono a cada noite que passa, mais rápido o
declínio do estado de alerta e do desempenho operacional. Por exemplo, em um estudo de
laboratório descobriu-se que gastar 7 horas na cama por 7 noites consecutivas não foi suficiente para
evitar um progressivo abrandamento no tempo de reação. O declínio foi mais rápido para o grupo
de participantes que passou apenas 5 horas na cama a cada noite, e ainda mais rápido para o grupo
que passou apenas 3 horas na cama cada noite. Esse fenômeno é descrito como um efeito dose-
dependente da restrição de sono.
Figura 4 - Impacto dos diferentes tempos de sono noturno no desempenho durante a vigília
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2.1.7.3.6.3 Os estudos em laboratórios disponíveis ainda não dão uma resposta clara à questão
de quanto tempo os indivíduos levam para se recuperar desses efeitos. No entanto, as seguintes
conclusões são confiáveis:
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a) O sono perdido não é recuperado hora por hora, embora o sono de recuperação
possa ser ligeiramente mais longo que o sono normal noturno;
b) São necessárias pelo menos duas noites consecutivas de sono irrestrito para que o
ciclo de sono Não REM/REM se normalize; e
- Normalmente, na primeira noite de recuperação, ocorrerá mais de sono de
ondas lentas, mas isso pode limitar o tempo disponível para o sono REM.
- Na segunda noite de recuperação, o cérebro alcança o sono REM.
- A recuperação do ciclo normal Não REM/REM pode levar mais tempo se a
recuperação do sono não ocorrer no período noturno, ou se o indivíduo não
estiver adaptado ao fuso horário local.
c) Se a restrição do sono persistir durante várias noites, a recuperação do estado de
alerta e do desempenho exigirá mais do que duas noites consecutivas de sono
irrestrito.
- Três oportunidades de sono noturno, de 8 horas, não são suficientes para
se recuperar de 7 noites de sono restritos a 7 horas por noite.
- Também foi demonstrado que prolongar o sono para 10 horas por uma
noite não é suficiente para se recuperar dos efeitos cumulativos de 5 noites
de sono restritos a 4 horas por noite.
2.1.7.3.6.4 Durante a restrição de sono de nível baixo, mas prolongada, pode ser que o cérebro
de alguma forma reconfigure a maneira como ele gerencia as tarefas, para que o indivíduo possa se
adaptar, estabelecendo-se em um nível estável, mas abaixo do ideal, de alerta e desempenho. No
entanto, os estudos sugerem que o retorno ao desempenho ideal pode ser um processo lento. Para
isso, períodos mais longos de folga, como férias anuais, podem ser importantes para a recuperação
total.
controle de tráfego aéreo é um turno matutino seguido por um turno noturno com um intervalo de
descanso curto de 8-9 horas no meio. Nesses casos, o sono da noite anterior ao turno da manhã é
muitas vezes curto e um cochilo é obtido entre os turnos da manhã e da noite.
2.1.7.3.7.2 Estudos laboratoriais sugerem que ter um período de sono restrito durante a noite e
um cochilo durante o dia tem valor de recuperação equivalente a uma quantidade total idêntica de
sono, tirada em uma única noite. No entanto, há de se considerar que estes são estudos de curto
prazo que ocorrem em ambientes laboratoriais escuros e silenciosos, sem distrações, e os
participantes estão totalmente adaptados ao fuso horário. Essas condições nem sempre se aplicam
em operações 24 horas por dia, 7 dias por semana, portanto, é necessário considerar cuidadosamente
antes de aplicar os resultados para o pessoal da aviação.
2.1.7.3.7.3 Uma vantagem importante do sono dividido é que ele reduz o tempo em que um
indivíduo está continuamente acordado.
2.1.7.4.2 Ainda há um debate sobre se o sono curto habitual realmente contribui para esses
problemas de saúde ou se está apenas associado a eles. O que está claro é que a boa saúde depende
não só de uma boa dieta e de exercícios físicos regulares, mas também de dormir o suficiente,
regularmente. O sono não pode ser sacrificado sem consequências para a saúde.
2.1.8.2 Dormir à noite não é apenas uma convenção social. Está programado pelo nosso relógio
biológico circadiano, uma antiga adaptação da vida à rotação de 24 horas do nosso planeta.
2.1.8.3 O relógio biológico circadiano é um marca-passo no cérebro, sensível à luz através de uma
via de entrada, por meio de células especializadas na retina dos olhos (separados da visão), que
percebem a variação de luminosidade no ambiente.
2.1.8.4 Como outros mamíferos, temos um relógio mestre circadiano localizado em um pequeno
aglomerado de células (neurônios) no fundo do cérebro. As células que compõem o relógio mestre
são intrinsecamente rítmicas, gerando sinais elétricos mais rápidos durante o dia do que durante a
noite. No entanto, eles têm a tendência de produzir um ciclo global que é um pouco lento. Para a
maioria das pessoas, o “dia biológico” gerado pelo relógio principal é ligeiramente maior que 24
horas.
2.1.8.5 O relógio biológico circadiano programa os humanos para a vigília diurna e a sonolência
noturna.
2.1.8.6 Esse relógio mestre, também conhecido como relógio biológico circadiano, recebe
informações sobre a intensidade da luz através de uma conexão direta de células especiais na retina
dos olhos (este caminho especial de entrada de luz não está envolvido com a visão). Ser sensível à
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luz permite que o relógio biológico circadiano fique em sintonia com o ciclo dia/noite. No entanto,
também cria problemas para aqueles que precisam dormir fora do ritmo do ciclo dia/noite, ou quem
tem que voar através dos fusos horários e experiencia mudanças repentinas no ciclo dia/noite.
2.1.8.6.1 Outras partes do cérebro e alguns outros órgãos, incluindo fígado, rins e intestinos, contêm
osciladores periféricos que geram seus próprios ritmos circadianos locais. De fato, cada célula do
corpo contém os “genes do relógio” que são o maquinário molecular para gerar ritmos circadianos.
O relógio biológico circadiano no núcleo supraquiasmático está no topo de uma hierarquia,
mantendo os ritmos em outras partes do cérebro e do corpo em sintonia com o ciclo dia/noite e entre
si.
2.1.8.8.1 O relógio biológico circadiano é um dos principais processos que regulam o tempo e a
qualidade do sono. O outro refere-se ao processo homeostático do sono, que será descrito em mais
detalhes abaixo.
2.1.8.8.2 O relógio biológico circadiano tem conexões com centros de promoção do sono e despertar
no cérebro, modulado por ele, para controlar o ciclo de sono/vigília. Também influencia o tempo e
a quantidade de sono REM. Logo após atingir a temperatura corporal mínima, o cérebro vai
rapidamente para o sono REM e permanece nele por mais tempo do que em qualquer outro momento
no ciclo do relógio biológico circadiano. Isso às vezes é descrito como um ritmo circadiano na
“propensão do sono REM”. Assim, durante uma noite normal de sono, os períodos mais longos de
sono REM ocorrem nos últimos ciclos Não REM, próximos à manhã (veja Figura 3 – Ciclo Não
REM/REM de sono noturno em um adulto jovem e saudável).
2.1.8.8.3 O relógio biológico circadiano exerce forte influência sobre o sono, criando janelas de
promoção do sono e janelas quando o sono não é promovido.
2.1.8.8.4 A Figura abaixo demonstra a relação entre o sono normal à noite e o ciclo do relógio
biológico circadiano, destacando as seguintes relações:
Figura 5 - Relações entre o sono e o ciclo do relógio biológico circadiano rastreado pelo
ritmo circadiano da temperatura corporal central.
2.1.8.8.5 O período do ciclo do relógio biológico circadiano, quando a temperatura corporal diária
está em torno da mínima, é quando as pessoas geralmente sentem mais sono e são menos capazes
de reali ar tarefas mentais e físicas. sse período é c amado de “ anela de aixa do Ciclo
Circadiano” ( OC ).
2.1.8.8.7 Esse processo pode ser resumido como: a necessidade de sono se acumula no seu cérebro
enquanto você está acordado e a única maneira de descarregar essa pressão é dormindo. O processo
homeostático pode ser rastreado pela quantidade de ondas lentas de sono (SWS).
2.1.8.8.8 Durante a vigília, a pressão pelo sono de ondas lentas (SWS) aumenta. Quanto mais tempo
você estiver acordado, maior a quantidade de sono de ondas lentas você terá nos primeiros ciclos
Não REM/REM, na próxima vez em que o indivíduo dormir.
2.1.8.8.9 Durante o sono, a quantidade de ondas lentas (SWS) diminui em cada subsequente ciclo
Não REM/REM. Em outras palavras, a pressão para o sono de ondas lentas é descarregada durante
o período de sono.
2.1.8.8.10 Para o sono, descarregar a pressão homeostática parece ser prioridade. O sono de ondas
lentas (SWS) é sempre maior nos primeiros ciclos Não REM/REM, independentemente de quando
esse sono ocorre no ciclo do relógio biológico circadiano.
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2.1.8.8.12 A sonolência é maior quando as pessoas estão acordadas durante a Janela da Baixa do
Ciclo Circadiano (WOCL), o que ocorre por volta das 3-5 horas da manhã para a maioria das pessoas
em rotina normal com o sono à noite.
2.1.8.8.14 O timing dos dois picos de sonolência é diferente para as pessoas que são tipos matutinos
(cujos ritmos circadianos e os períodos de sono preferidos ocorrem mais cedo do que a média) ou
tipos vespertinos (cujos ritmos circadianos e períodos de sono preferidos ocorrem mais tardes do
que a média).
2.1.8.8.15 Ao longo da adolescência, a maioria das pessoas se torna mais vespertina. Ao longo da
idade adulta, a maioria das pessoas se torna mais matutina.
2.1.8.9.3 A Figura abaixo mostra graficamente como essas diferentes respostas são possíveis. A
linha sólida em cada painel representa o ritmo circadiano na taxa de disparo nas células do relógio
biológico circadiano.
a) No painel esquerdo, a luz acelera a parte ascendente do ciclo do relógio biológico,
levando a um avanço de fase;
b) No painel do meio, a luz não causa mudança de fase; e
c) No painel direito, a luz desacelera a parte de queda do ciclo do relógio biológico,
levando a um atraso de fase.
34/121 MCA 81-1/2020
2.1.8.9.4 A luz brilhante causa mudanças maiores no ciclo do relógio biológico circadiano do que a
luz fraca (dimmer), e o relógio biológico é particularmente sensível à luz azul.
2.1.8.9.5 Em resumo, para um indivíduo totalmente adaptado ao fuso horário local e que esteja
dormindo regularmente à noite:
a) a exposição à luz, após o ponto baixo da temperatura circadiana pela manhã,
resultará em um avanço de fase do ciclo do relógio biológico;
b) a exposição à luz no meio do dia terá um efeito mínimo sobre o ciclo do relógio
biológico; e
c) a exposição à luz à noite antes do ponto da temperatura baixa circadiana resultará
em atraso de fase do ciclo do relógio biológico.
2.1.8.9.6 A luz da manhã encurta o ciclo do relógio biológico circadiano e luz à noite alonga esse
ciclo.
2.1.8.9.7 Em teoria, isso significa que apenas a quantidade certa de exposição à luz, na mesma hora,
todas as manhãs aceleraria o ciclo do relógio biológico circadiano ligeiramente, apenas o suficiente
para sincronizá-lo com exatamente 24 horas. Na prática, ficar em sintonia com o ciclo dia/noite é
mais complexo que isso. Nas sociedades modernas e industrializadas, as pessoas vivenciam muitas
exposições acidentais à luz, particularmente à luz exterior brilhante. Além disso, o relógio biológico
circadiano é sensível a outras indicações de tempo do ambiente, por exemplo, seu ciclo também
pode ser movido para trás ou para frente por episódios de atividade física.
2.1.8.9.8 A capacidade do rel gio circadiano de “travar” o ciclo dia noite de oras é uma
característica da sua utilidade para a maioria das espécies, permitindo que sejam diurnas ou
noturnas, conforme necessário, para aumentar sua capacidade de sobrevivência. No entanto, isso
pode criar desafios para indivíduos envolvidos em operações 24/7 porque faz com que o relógio
corporal circadiano resista à adaptação a qualquer padrão além de dormir à noite.
2.1.8.10.2 Quanto mais o sono for deslocado da parte ideal do ciclo do relógio biológico circadiano,
mais difícil se torna para os indivíduos obterem um sono adequado (ou seja, maior a probabilidade
de sentirem a restrição do sono).
2.1.8.10.3 Por exemplo, indivíduos que trabalham à noite costumam estar de plantão durante a maior
parte do tempo ideal para dormir. Isso acontece porque o relógio biológico circadiano está “travado”
no ciclo dia/noite e não inverte sua orientação para promover o sono durante o dia, já que o indivíduo
está acordado e trabalhando à noite.
Figura 7 - Relações entre sono após um trabalho noturno e o ciclo do relógio biológico
circadiano.
2.1.8.10.4 Os turnos da manhã também causam consequências para o sono, já que o sono noturno
anterior a ele é truncado. Ir dormir mais cedo na noite anterior não funciona para a maioria das
pessoas por causa da ona de manuten o da vigília da noite, que dificulta “pegar” no sono. xistem
vários estudos mostrando que em comparação com os turnos da tarde ou dia, os ATCO obtêm o
menor tempo de sono antes dos turnos da manhã.
2.1.8.10.5 Além de obter um período de sono menor e de pior qualidade, há outras consequências
para aqueles que trabalham em turnos. Um padrão alterado de trabalho e sono (se permanecer
consistente ao longo de vários dias) fornece pistas para o relógio biológico circadiano se realinhar.
Essas pistas do padrão de trabalho e sono entram em conflito com os estímulos luminosos que o
relógio biológico circadiano está recebendo. Diferentes ritmos no corpo ficam fora de compasso,
resultando numa ruptura circadiana. Como consequência, o indivíduo pode experimentar fadiga,
piora no humor e mudanças no desempenho.
2.1.8.10.6.1 Os padrões de rotação dos turnos podem ser classificados de acordo com a velocidade
(rápida ou lenta) e a direção (para frente ou para trás).
2.1.8.10.6.2 Quando os períodos dos turnos de serviço mudam rapidamente de um dia para o outro
(também conhecido como uma escala de rotação rápida), então o relógio biológico circadiano não
chega a se adaptar ao padrão de trabalho e de descanso. A vantagem disso é que, nos dias de folga,
o relógio biológico circadiano de um indivíduo ainda está alinhado com o ciclo normal de dia/noite
e os sintomas dos distúrbios do ciclo circadiano são pequenos. A desvantagem dos turnos de rotação
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rápida é que, em determinados momentos, como no turno da noite, um indivíduo trabalhará quando
sua pulsão circadiana de sonolência está alta e, por consequência, seu desempenho será mais baixo.
2.1.8.10.6.3 A escala de rotação lenta (por exemplo, uma semana de turnos pela manhã) é mais
provável que resulte em alguma adaptação circadiana, no entanto, nos dias de folga, o indivíduo
estará ligeiramente fora de alinhamento com o ciclo normal do dia/noite e haverá alguma
necessidade de adaptação.
2.1.8.10.6.4 Os períodos dos turnos também podem girar para frente (cada turno ou conjunto de
turnos sucessivos começando mais tarde do que a anterior, ex. manhã, tarde, turno da noite) ou para
trás (cada turno sucessivo ou série de turnos começando mais cedo do que o anterior, ex. tarde,
manhã, turno da noite). Pelo que sabemos sobre o relógio biológico circadiano, pode-se esperar que
os turnos de rotação no sentido horário sejam preferíveis, pois o relógio circadiano normalmente
fica um pouco lento, e este tipo de rotação facilita que os indivíduos possam ir dormir mais tarde e
acordar um pouco mais tarde. No entanto, não há muita informação que dê suporte a isso.
2.1.9.2 A definição de fadiga da ICAO descreve a carga de trabalho como atividade “mental ou
física” e recon ece que é uma causa potencial da fadiga.
2.1.9.3 A carga de trabalho é, no entanto, um conceito complexo e não existe definição universal ou
maneira acordada de medi-la. Contudo, três aspectos da carga de trabalho são comumente
identificados:
a) A natureza e quantidade de trabalho a ser realizado (incluindo o tempo na tarefa,
a dificuldade e a complexidade da tarefa e a intensidade do trabalho);
b) Imposições/controle do tempo (incluindo se o tempo é guiado pelas demandas das
tarefas, por fatores externos ou pelo próprio indivíduo); e
c) Fatores relacionados à capacidade de desempenho do indivíduo (por exemplo,
experiência, nível de habilidade, esforço, histórico de sono e fase circadiana).
2.1.9.4 Os fatores que contribuem para a carga de trabalho e as consequências da carga de trabalho
precisam ser considerados para cada tipo de operação que está sendo regulada. Provavelmente serão
muito diferentes em uma situação operacional em comparação com outra. Por exemplo, a natureza
da carga de trabalho será muito diferente no controle de tráfego aéreo em comparação com a
tripulação de voo, mas também diferentes em um Centro de Controle de Área (ACC) em
comparação com uma Torre de Controle (TWR) ou em um Controle de Aproximação (APP).
2.1.9.5 Na maioria dos tipos de operações, há uma aceitação bastante ampla do conceito de que
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2.1.9.6 Situações de baixa carga de trabalho, com poucos ou nenhum estímulo, podem levar ao
estado de monotonia e tédio, o que poderia deflagrar a sonolência fisiológica, degradando o
desempenho do operador. Além disso, a baixa carga de trabalho também pode resultar no indivíduo
ter que fazer um esforço maior para permanecer envolvido com a operação, o que por sua vez
também aumenta sua carga de trabalho.
2.1.9.7 A monotonia tem sido descrita como tendo dois componentes: um componente cognitivo e
um afetivo (Stager, Hameluck, & Jubis, 1989). Hill e Perkins (1985) definiram o componente
cognitivo em como uma pessoa percebe e constrói a tarefa. O componente afetivo vem do conflito
entre os estímulos inadequados e a incapacidade de ser estimulado pelo meio ambiente (Barmack,
1939; Fenichel, 1951; Hill & Perkins, 1985). Ocorre quando as pessoas devem permanecer em um
ambiente entediante e não podem escapar, ou podem tentar procurar um novo estímulo, mas falhar.
O estado afetivo é a coexistência de estímulos como fome e insatisfação, até mesmo a frustração.
2.1.9.8 A monotonia pode se manifestar quando a novidade de um estímulo desaparece ou a falta
de estímulos atinge um ponto de saciedade, exacerbado em ambientes de trabalho pela incapacidade
de buscar novos estímulos (Barmack, 1939; Scerbo, 1998).
2.1.9.9 No entanto, não há consenso e há pouca pesquisa sobre os aspectos temporais da monotonia,
como, por exemplo, quanto tempo o indivíduo leva para alcançar um estado de monotonia e que
condições ou diferenças individuais afetam o tempo em que um estado de monotonia é alcançado.
Os estudos propõem que quando as pessoas se deparam com uma tarefa entediante, as mudanças
comportamentais resultantes podem ser resumidas em um dos três comportamentos categóricos: (a)
pensamento não relacionado à tarefa (TUT), (b) engajamento em outras tarefas (também conhecido
como distração) ou (c) mudar o engajamento da tarefa.
2.1.9.10 Tarefas típicas de vigilância, portanto, são naturalmente repetitivas e, às vezes, poderiam
ser monótonas ou consideradas monótonas. A degradação da vigilância, ou seja, o declínio na
eficiência de desempenho ao longo do tempo é comumente medido em termos da taxa de detecção
correta de sinais críticos e tempo de reação retardado (Parasuraman, 1986).
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2.1.9.11 Muitos estudos mostram que o decréscimo de vigilância ocorre após 20 a 30 minutos para
uma tarefa que requer atenção sustentada (Wickens, Lee, Liu, & Gordon-Becker, 2011). Pode
demorar um pouco ou mais tempo para se observar um decréscimo de vigilância dependendo do
tipo de estímulo, saliência do estímulo, probabilidade do estímulo, incerteza temporal, taxa do
evento, perda de sono etc. (Davies & Parasuraman, 1982; Loh, Lamond, Dorrian, Roach, & Dawson,
2004; Quente, Finomore, Vidulich e Funke, 2015).
2.1.9.12 A situação de monotonia muitas vezes se estabelece a partir de fatores como: um ATCO
que tem muita familiaridade com a tarefa, tarefas repetitivas, períodos prolongados de simples
monitoramento, ou baixo volume de tráfego aéreo. Esses fatores podem levar o operador à
monotonia e, consequentemente, à baixa na atenção.
2.1.9.13 No outro extremo, situações de alta carga de trabalho podem exceder a capacidade de um
indivíduo fatigado, resultando novamente na degradação do desempenho. A alta carga de trabalho
também pode ter consequências no sono, devido ao tempo necessário para o indivíduo “desacelerar”
ou relaxar depois de um turno de trabalho muito exigente.
2.1.9.14 Poucos estudos tentaram investigar a influência da carga de trabalho sobre a fadiga ou a
interação potencial entre a carga de trabalho e outras causas de fadiga, como tempo na tarefa, tempo
acordado, perda de sono e hora do dia. Um estudo realizado em cima de classificações de fadiga
pelos ATCO encontrou alguma correlação entre a autoavaliação de carga de trabalho e o tempo na
tarefa tendo efeito na fadiga. Quando a carga de trabalho foi baixa, os níveis de fadiga
permaneceram relativamente estáveis em períodos de trabalho contínuos de até 4 horas. No entanto,
quando a carga de trabalho era alta, houve um rápido aumento da fadiga após 2 horas de trabalho.
Esses efeitos da carga de trabalho tornaram-se mais evidentes quando os controladores estavam
acordados há pelo menos 12 horas. A carga de trabalho em horas variadas do dia também influenciou
na taxa de fadiga, sendo mais assinalados os níveis baixos e altos de carga de trabalho do que em
níveis intermediários.
2.2.2.2 Para efeito de aplicação no Gerenciamento do Risco à Fadiga, no âmbito do SISCEAB, serão
considerados os tipos de fadiga e suas nomenclaturas e conceitos correspondentes, abaixo
descriminados.
com requisitos de resposta perceptuais-motores raros ou mesmo nulos (Desmond & Hancock,
2001). Ao dirigir, a fadiga passiva poderia acontecer em veículos com altos níveis de automação, o
que poderia reduzir o alerta do motorista e aumentar a probabilidade de colisão (Saxby, Matthews,
Warm, Hitchcock, & Neubauer, 2013). Apesar de tanto a fadiga passiva quanto a monotonia
acontecerem sob baixa carga de trabalho, ambas refletem diferentes construções da cognição
humana. A fadiga passiva se concentra mais sobre o aspecto de esgotamento de recursos, a
monotonia reflete um estado afetivo.
2.2.3.1 Para que a fadiga possa ser gerenciada, é importante que todos sejam capazes de reconhecer
seus sintomas em si mesmos e nos colegas de trabalho.
Os controladores de tráfego aéreo podem apresentar alguns dos sintomas mostrados na tabela
abaixo, sendo que nem sempre as pessoas conseguem associá-los à fadiga:
significativamente prejudicado.
2.2.4.2 O estado de alerta varia de acordo com a hora do dia, devido às influências do mecanismo
circadiano.
2.2.4.4 Em alguns casos, a hora do dia pode ter mais efeito sobre o estado de alerta que o número
de horas consecutivas de trabalho. O estado de alerta também pode ser influenciado por inúmeros
outros fatores:
Condições
Condições de
Ambientais
Saúde
do Sono
Atividade Sensação de
muscular Perigo
Variação da
ESTADO Alimentação e
Temperatura
Corporal
DE Uso de
Medimentos
ALERTA
2.2.4.5 O estado de alerta pode ser promovido de algumas formas, tais como: atividades musculares
como corrida, caminhada, alongamento ou até mesmo mascar chiclete; cochilos estratégicos e
controlados; a luz pode reduzir a sonolência; o ar frio e seco pode aumentar o estado de alerta, assim
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como o calor pode provocar sonolência; e alguns aromas, como o da menta, podem induzir a um
estado de alerta.
2.2.6.3 Esse fenômeno é internacionalmente conhecido como post lunch dip. A ICAO faz referência
a esse fenômeno como afternoon nap window (DOC 9966, 2012). No Brasil, também é conhecido
como “efeito feijoada”. Ressalta-se, contudo, que a baixa ocorrida nesse período vespertino não está
relacionada ao comportamento alimentar. Desse modo, pode haver aumento na frequência de
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2.2.7.2 Uma atividade física intensa durante a vigília pode causar mais sono de estágios 3 e 4,
enquanto a aprendizagem de tarefas novas pode resultar numa proporção aumentada de sono REM.
2.2.7.3 Em situações nas quais o ser humano não desfruta adequadamente do sono nos estágios 3 e
4, bem como do sono REM, ocorrem efeitos de sonolência e estado de alerta reduzido no dia
seguinte. No sono subsequente, o sono terá maior demanda por esses estágios.
2.2.8.2 Não existe uma quantidade absoluta de sono que deva ser obtida. As pessoas devem dormir
o suficiente para estarem alertas no dia seguinte. De forma geral, mais de 90% da população precisa
de algo em torno de 7,5 a 8,5 horas de sono por dia de 24 horas. Um sono de 8 horas contém de 4 a
5 episódios de sono REM. A maior parte do sono de Estágio 4 acontece no início da noite.
2.2.8.3 Contrariando informações difundidas pelo senso comum, as necessidades de sono não
mudam com a idade; o que muda são os padrões de sono. Tipicamente, com a idade se torna mais
difícil adormecer (pegar no sono) ou se manter dormindo. As pessoas mais velhas não necessitam
de menos sono do que quando eram mais jovens, mas frequentemente têm mais dificuldade de
dormir o suficiente.
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2.2.9.3 O débito de sono, mesmo que ocorrendo de forma menos intensa, pode prejudicar
significativamente o desempenho. Uma vez que o débito de sono aumente, o sono restaurador pode
ajudar a manter ou recuperar os níveis de desempenho, e no caso da fadiga deve-se associar o
descanso com os limites prescritivos de horários de trabalho dos controladores de tráfego aéreo,
propostos em regulamentos de gerenciamento dos riscos da fadiga.
2.2.9.4 O débito agudo de sono é decorrente das situações em que o indivíduo permanece em vigília,
sem dormir, por mais tempo que o normal. Ao ser privado de sono por um longo período, o ser
humano irá, normalmente, necessitar de duas noites de sono para se recuperar totalmente.
2.2.9.5 O débito agudo poderá ocorrer ao permanecer sem dormir por um período maior que 16
horas de vigília por dia. Quanto maior for o tempo de vigília, maior será a pressão para o sono.
2.2.9.6 Ressalta-se que o sono não tem sempre a mesma qualidade e nem sempre proporciona a
recuperação plena. Fatores como as condições ambientais onde o sono ocorre (ruídos, luminosidade,
qualidade da superfície, distrações etc.) influenciarão na capacidade restauradora desse sono.
2.2.11.3 Os estágios do sono têm ciclos específicos, cada um com duração de cerca de 90 minutos.
Um sono de qualidade e restaurador necessita de 4 a 5 ciclos de sono ininterruptos. O simples fato
de se estar cansado não é suficiente para garantir um bom sono.
2.2.11.4 A hora em que se dorme pode ser tão crítica para a duração do sono quanto o tempo que se
passa acordado. Se a hora de dormir não estiver em sincronia com o relógio biológico, torna-se
difícil dormir de maneira apropriada e a qualidade do sono fica comprometida.
2.2.11.5 .A ICAO estabelece protocolos procedimentais para o uso do cochilo controlado como
estratégia de mitigação eficaz que deve ser usada quando se fizer necessária, em resposta a uma
condição de fadiga, durante o turno operacional. Porém, adverte que essa estratégia não deve ser
usada como uma estratégia planejada para permitir a extensão de períodos de serviço.
2.2.13.1.3 Muitos casos de insônia pioram devido a fatores psicológicos, incluindo a preocupação
com o próprio sono insuficiente. Pode ser causada também por hipertireoidismo, diabetes,
contrações musculares ou estimulantes.
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2.2.13.1.4 A insônia clínica descreve a condição em que a pessoa tem dificuldade de dormir em
condições normais, regulares e em fase com o seu ritmo circadiano. É uma incapacidade de dormir
quando o sistema fisiológico está sendo demandado por sono.
2.2.13.1.5 A insônia situacional descreve a condição em que uma pessoa tem dificuldade em dormir
numa situação particular, por exemplo, quando os ritmos biológicos são perturbados, ou quando
alguém está tentando dormir em ambiente não adequado. Isso ocorre quando o organismo biológico
do indivíduo não está na fase de sono.
2.2.13.2.13 No caso das escalas com turnos de trabalhos alternados entre os períodos do dia,
recomenda-se que o rodízio no sentido inverso aos ponteiros do relógio seja evitado, pois essa
condição obriga os trabalhadores a antecipar o horário de dormir.
2.2.13.2.14 As Escalas de Serviço que promovem condições favoráveis ao desempenho humano são
aquelas em que:
a) O rodízio é feito no sentido horário: manhã, tarde, noite, madrugada e volta para
manhã;
b) O tempo de trabalho da noite é mais curto no final de uma série de turnos; e
c) O rodízio é realizado de maneira gradual, permitindo melhor adaptação circadiana
ao turno.
ROTAÇÃO RÁPIDA
Sentido Horário 07h-15h 07h-15h 15h-23h 15h-23h 23h-07h FOLGA FOLGA
2.2.14.3 A escala com turnos em horário fixo envolve trabalhar sempre no mesmo turno. A escala
de rotação mais lenta envolve trabalhar cinco dias seguidos em um turno específico e depois alternar
para outro turno na semana seguinte. Outras escalas implicam uma rotação rápida dos turnos durante
a semana. Embora a configuração exata possa variar, existem dois tipos principais de rotação rápida:
no sentido horário e no sentido anti-horário.
2.2.14.4 No sentido horário, a semana de trabalho começa com um turno da manhã, alternando no
final da semana para o turno da tarde e, finalmente, para o turno noturno. No sentido anti-horário, a
semana de trabalho começa com um turno da tarde, depois avança para um turno da manhã, para
finalmente terminar com um turno noturno. Os estudos apontam que para a maioria das pessoas o
sentido horário, na rotação rápida, favorece melhor adaptação ao ciclo circadiano.
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Pode reduzir a
atenção levando Afeta a
as pessoas a errar capacidade de Pode levar ao
ou negligenciar a julgar distância, esquecimento ou
sequência de velocidade e negligência
execução de uma tempo. quanto a
tarefa. procedimentos.
Reversão a
antigos hábitos
Favorece a
e lembrança
degradação da
FADIGA incorreta de
consciência
eventos
situacional.
operacionais.
2.2.16 MOTIVAÇÃO
2.2.16.1 Embora eventualmente a motivação possa sobrepujar os efeitos da fadiga, esse efeito
motivacional é limitado e pode terminar com pouco ou nenhum aviso.
2.2.16.2 A fadiga pode resultar em motivação reduzida em relação a se obter um bom desempenho.
Isso pode se traduzir numa disposição de assumir riscos e um relaxamento com a segurança
operacional, o que normalmente não seria tolerado se a pessoa estivesse alerta.
Há uma série de maneiras de tornar o local de trabalho mais seguro e produtivo, tais como:
a) Instrução para o pessoal operacional a respeito da necessidade de dormir e os perigos
da fadiga;
b) Instalação de luzes brilhantes nas áreas de trabalho. Um local de trabalho bem
iluminado sinaliza ao corpo que é hora de estar acordado e alerta. Forneça uma copa
e um forno de micro-ondas, no qual os ATCO possam se alimentar de forma
saudável;
c) Programação de turnos para permitir intervalos e dias de folga suficientes,
especialmente quando os ATCO são realocados para turnos diferentes. Planeje tempo
suficiente entre os turnos para permitir que os funcionários não apenas durmam o
suficiente, mas também cuidem de suas vidas pessoais;
d) Evitar a utilização de horas extras, sempre que possível; e
e) Incentivar o Cochilo Controlado, proporcionando um espaço adequado para dormir
e tempo para cochilos programados. Uma pequena pausa para dormir pode melhorar
o estado de alerta, julgamento, segurança e produtividade.
2.3 CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIA OPERACIONAL
2.3.1 A gestão eficaz da fadiga requer não só a consideração dos princípios científicos, mas também
precisa ser baseada no conhecimento e na experiência operacional adquiridos por meio da prestação
dos serviços de tráfego aéreo ao longo do tempo e da identificação dos riscos relacionados à fadiga
nessas operações. Essas duas fontes de conhecimento são complementares.
2.3.2 A ciência geralmente visa desenvolver princípios que possam ser amplamente aplicados.
Muitas das descobertas dos estudos científicos que sustentam os Princípios Científicos não foram
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realizadas especificamente com ATCO, mas os resultados são estendidos para uso nas Operações
ATC, já que estamos falando de seres humanos. Isso significa que o conhecimento do contexto
operacional e organizacional, bem como a compreensão das necessidades e motivações da força de
trabalho devem ser consideradas ao lado da ciência, para que seja possível desenvolver uma
abordagem de gerenciamento da fadiga apropriada.
2.3.3 Observe que a experiência operacional prévia, sozinha, também não é suficiente para o
gerenciamento da fadiga, tanto na abordagem prescritiva quanto por meio do FRMS. Casos que
envolvam a segurança operacional exigem mais do que apenas o argumento de que “sempre fizemos
dessa maneira”. São necessárias evidências de que os princípios científicos, a avaliação e a
mitigação dos riscos foram observadas.
2.3.4 Os fatores contextuais são categorizados considerando as operações de controle de tráfego
aéreo e o contexto organizacional mais amplo. No entanto, pode-se argumentar que alguns fatores
pertencem a ambas as categorias e claramente os dois contextos interagem em seus efeitos sobre o
gerenciamento da fadiga.
FATORES DO CONTEXTO
POSSÍVEIS EFEITOS NA FADIGA HUMANA
OPERACIONAL
Topografia.
Distância dos grandes centros (localização remota).
Localização geográfica
Clima.
Tempo gasto para o deslocamento.
olume de tráfego.
Carga de trabalho
Intensidade das tarefas.
FATORES DO CONTEXTO
POSSÍVEIS EFEITOS NA FADIGA HUMANA
OPERACIONAL
2.3.6.3 O quadro abaixo identifica algumas das áreas em que o contexto organizacional pode
influenciar na fadiga.
FATORES DO
CONTEXTO POSSÍVEIS EFEITOS NA FADIGA HUMANA
ORGANIZACIONAL
Press es comerciais.
Estabilidade na carreira Altera o nos acordos de trabalho (por exemplo, acordos trabalhistas,
contratação de funcionários).
FATORES DO
CONTEXTO POSSÍVEIS EFEITOS NA FADIGA HUMANA
ORGANIZACIONAL
2.3.7.4.1.2 Para incentivar o preenchimento dos RVF, bem como o compromisso contínuo da
equipe em reportar os riscos à fadiga de forma voluntária, o PSNA deve:
a) Ter processos claros e bem definidos para dar suporte, bem como facilitar o acesso e
a emissão dos Reportes Voluntários de Fadiga;
b) Deixar claro que a organização espera que os ATCO relatem riscos à fadiga;
c) Estabelecer um processo para o que fazer quando um ATCO se considerar muito
fatigado para executar tarefas críticas num padrão aceitável de segurança. Relato de
“N o Apto para o Trabalho;
d) Identificar como a organização processará os reportes voluntários de fadiga,
inclusive reconhecendo o recebimento dos relatórios e fornecendo feedback para os
ATCO que relataram;
e) Fornecer feedback aos ATCO sobre as medidas que porventura foram tomadas em
resposta aos riscos à fadiga identificados;
f) Tomar medidas apropriadas, consistentes com a política declarada, em resposta aos
reportes voluntários de fadiga; e
g) Manter a integridade do sistema de reportes de segurança e da confidencialidade do
relator.
2.3.7.4.2.2 O RIF deve ser preenchido pelo(s) ATCO envolvido(s) numa Ocorrência de Tráfego
Aéreo, conforme o procedimento estabelecido no item 4.2.6.2.4.2.
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3.1.3 Essas abordagens compartilham três requisitos básicos importantes, descritos a seguir.
3.1.4 Em primeiro lugar, a definição dos limites prescritivos e o Gerenciamento da Fadiga por meio
do SMS ou do FRMS devem ser baseados nos Princípios Científicos e na Experiência e
Conhecimento Operacional, descritos nos Capítulos 2 e 3, respectivamente. Devem levar em
consideração:
a) a necessidade de um sono adequado para restaurar e manter todos os aspectos da função
de vigília (incluindo vigilância, desempenho físico e mental e humor);
b) que as rotinas diárias contribuam para a manutenção não só da capacidade de realizar o
trabalho mental e físico, mas também para a propensão ao sono (capacidade de adormecer
e permanecer dormindo), que são conduzidas pelo relógio biológico do ciclo circadiano;
c) a contribuição da carga de trabalho para a fadiga e para a degradação do desempenho
mental e físico; e
d) o contexto operacional e o risco à segurança que um indivíduo com redução da capacidade
psicofísica representa nesse contexto.
3.1.5 Em segundo lugar, os limites prescritivos estabelecidos pelos Provedores ATS devem ser
proporcionais ao contexto operacional, ao tipo de serviço prestado e à complexidade de cada órgão
ATC.
3.1.6 Em terceiro lugar, já que todas as atividades de vigília podem levar o indivíduo ao estado de
fadiga e não apenas as demandas de trabalho, o gerenciamento do risco à fadiga deve ser pautado
no conceito de Responsabilidade Compartilhada entre os Provedores de Serviços de Tráfego Aéreo
e os ATCO, conforme abaixo:
a) Os PSNA são responsáveis por:
- desenvolver e aplicar treinamento e conscientização a respeito das estratégias de
gerenciamento da fadiga;
- estabelecer e implementar os seus limites prescritivos (horários de trabalho e de não
trabalho) que permitam que os indivíduos desempenhem suas funções com segurança; e
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4.1.3.2 Como os efeitos da perda de sono e da fadiga são acumulativos, as práticas de elaboração
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das escalas de serviço precisam acomodar os efeitos dos diferentes tipos de turnos que são
trabalhados pelos ATCO (turnos da manhã, turnos da tarde, turnos noturnos, pernoites etc.) e os
efeitos de trabalhar numa sequência de diferentes tipos de turnos em um período mensal.
4.1.3.3 A seguir estão listados os princípios gerais para elaboração de escalas, baseados na ciência
da fadiga.
a) O horário de trabalho perfeito para o corpo humano é diurno, com sono irrestrito à noite.
Qualquer outra configuração compromete a saúde humana;
b) O relógio biológico circadiano não se adapta totalmente a horários alternativos, como o
trabalho noturno;
c) Sempre que um período de trabalho se sobrepõe ao horário habitual de sono do ATCO,
pode-se considerar que ele terá um sono restrito. Exemplos de sono restrito incluem
horários de início de turno muito cedo, horários de trabalho que terminam tarde da noite
e pernoite;
d) Quanto maior a frequência em que o período de trabalho se sobrepuser ao horário
habitual de sono do ATCO, menor será a propensão ao sono. Trabalhar durante o
período habitual de sono noturno é o pior cenário possível;
e) O serviço noturno (pernoite) também requer trabalhar durante todo o período do ciclo
circadiano, nesse cenário a capacidade de autoavaliação da fadiga e o humor pioram.
Além disso, um esforço adicional é necessário para manter o estado de alerta e o
desempenho operacional;
f) Em períodos de trabalho consecutivos com sono restrito, os ATCO acumularão um
débito de sono, o que aumentará, progressivamente, as deficiências e os riscos
relacionados à fadiga;
g) Para se recuperarem do débito de sono, os ATCO precisam de no mínimo duas noites
completas de sono irrestrito seguidas. A frequência e a duração dos períodos de
recuperação devem ser proporcionais ao índice de acúmulo do débito de sono;
h) Quando de sobreaviso em casa, quanto maior a probabilidade de ser convocado, mais a
recuperação do sono será afetada; e
i) Os ATCO precisam de descanso entre os períodos de ocupação ininterrupta da posição
operacional para serem capazes de sustentar o desempenho durante os períodos de
intensa demanda cognitiva.
4.1.3.4 Os princípios supracitados devem ser usados para desenvolver regras de elaboração de
escalas para diferentes órgãos ATC.
4.1.3.5 As escalas precisam ser publicadas com antecedência suficiente para permitir que os ATCO
se planejem para os períodos de trabalho, de repouso e de folga. Apesar das mudanças tardias na
escala serem inevitáveis, os PSNA precisam manter as alterações em menor número possível, de
forma a minimizar seus impactos.
4.1.3.6 Onde os ATCO estão autorizados a trocar turnos de serviço, o PSNA deverá estabelecer
procedimentos específicos para permitir as trocas de serviço, de forma que:
a) os limites de horários de trabalho estabelecidos não sejam excedidos no momento da
troca de turno ou em um momento posterior, quando a escala mensal já estiver sendo
aplicada; e
b) as trocas de turnos devem ser monitoradas para evitar conflitos com os princípios de
elaboração das escalas de serviço operacional ou práticas desenvolvidas pelo PSNA.
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4.1.5.2 Nesse caso, a intenção do princípio normativo da ICAO é minimizar e não encorajar o ato
de “regular através das variações”. Não se destina a oferecer uma alternativa rápida e fácil a um
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FRMS, quando seria necessária uma abordagem mais abrangente de gerenciamento de risco de
fadiga.
4.1.5.3 As variações devem ser restritas à duração das circunstâncias excepcionais e gerenciadas
usando estratégias de mitigação e podem ser autorizadas para atender às seguintes situações:
a) variações inesperadas e fora do controle do PSNA; ou
b) pequenas variações esperadas, de menor vulto, com o objetivo de atender a uma
necessidade operacional excepcional.
4.1.5.4 As responsabilidades do PSNA no gerenciamento da fadiga em relação às variações são
discutidas a seguir.
4.1.5.5.5 O PSNA deverá monitorar a frequência do uso das variações e manter evidências do
cumprimento dos requisitos regulamentares.
4.2.6.2.4.2.7 Como nesse momento ainda não se sabe exatamente se houve envolvimento de outras
posições operacionais, deve-se considerar, primordialmente, a posição operacional na qual se deu a
ocorrência. Porém, se de imediato for possível verificar o envolvimento ativo de outras posições
operacionais, esse ATCO também deverá responder às perguntas de triagem de fadiga e, caso
necessário, preencher o RIF.
4.2.6.2.4.2.8 O preenchimento das perguntas de triagem de fadiga e do RIF devem ser realizados
em conformidade com o processo de investigação de Ocorrências de Tráfego Aéreo, estabelecidos
em norma específica do DECEA.
4.2.6.2.4.2.9 Posteriormente, caso a ocorrência seja classificada como incidente de tráfego aéreo,
o RIF será analisado pelos investigadores do aspecto psicológico, de forma a extrair as informações
fundamentais, para que a possível presença de fadiga seja identificada ou não, durante o processo
de investigação. Caso a ocorrência não seja classificada como incidente, as informações do RIF
serão automaticamente inseridas no Banco de Dados de Fadiga, no SIGCEA, para que possam ser
gerados dados de gerenciamento de segurança operacional.
4.2.6.2.5.1.5 Ressalva-se que a análise dos Reportes Voluntários de Fadiga deve ser realizada sob
a perspectiva dos Princípios Científicos, detalhados no item 2.1 desta Norma.
4.2.6.2.5.1.6 Os profissionais devem ser encorajados a reportar a fadiga por meio de uma cultura
justa e eficaz de reportes de segurança, na qual existe a compreensão clara que define a fronteira
entre o desempenho aceitável (que pode incluir erros não intencionais) e o desempenho inaceitável
(como as violações). Para incentivar a comunicação aberta e honesta dos perigos relacionados à
fadiga, o PSNA deve ser capaz de distinguir claramente:
a) os erros humanos não intencionais – que são aceitos como uma parte natural do
comportamento humano e são reconhecidos e gerenciados dentro do SMS; e
b) as violações das regras e procedimentos estabelecidos – o PSNA deve ter
processos independentes, no SMS, para lidar com a violação intencional.
4.2.6.2.5.1.7 Os procedimentos relacionados abaixo deverão ser cumpridos pelos PSNA ao
utilizarem os Reportes Voluntários de Fadiga:
a) deverá ser utilizado o formulário constante no Anexo C desta Norma;
b) podem ser emitidos por controladores ou por outros profissionais ligados à área
operacional;
c) devem ser analisados e tratados com a mesma referência metodológica utilizada
para o tratamento dos RELPREV;
d) devem ser de caráter voluntário e confidencial;
e) o formulário deverá ser disponibilizado na página web do DECEA ou da
respectiva SIPACEA, para facilitar a utilização (preenchimento e envio) por
qualquer profissional da área operacional que queira relatar algum perigo
identificado referente à fadiga;
f) devem analisar e implementar as ações recomendadas emitidas no Relatório de
Análise de Fadiga ou propor soluções alternativas que solucionem a condição
latente identificada;
g) devem controlar o cumprimento das ações recomendadas emitidas no Relatório
de Análise de Fadiga;
h) devem emitir feedback ao emissor do RVF;
i) deverão ser realizadas palestras ao efetivo ligado à operação para que
compreendam claramente como os dados são coletados, por que os dados estão
sendo coletados, como serão analisados e como os resultados e ações
recomendadas serão implementadas na organização;
j) deverá ser utilizado quando o ATCO não iniciar ou não concluir o período de
trabalho, devido à fadiga; e
k) informações sobre os procedimentos para reportar a fadiga, bem como a
importância do RVF, devem ser contempladas em todos os treinamentos em
gerenciamento do risco à fadiga.
4.2.6.2.5.3.3 Se o risco de fadiga for baixo, medidas mais simples podem ser adequadas, ao passo
que se o risco de fadiga for considerado alto, então as medidas escolhidas para uso precisam ser
mais abrangentes.
4.2.6.2.5.3.4.5 Todos os instrumentos citados acima serão aplicados em formulário único, via web,
com link no site do DECEA, por meio da plataforma já utilizada para aplicação de pesquisas em seu
efetivo.
4.2.6.2.5.3.4.6 Serão anônimos e a aplicação deverá ser acompanhada de palestras de promoção
sobre o gerenciamento do risco à fadiga, de forma a motivar a adesão e o incentivo ao preenchimento
dos instrumentos. O feedback do resultado do órgão ATC será dado de forma organizacional e não
individual.
4.2.6.2.5.3.4.7 A metodologia de aplicação sugerida para a Fase 2 será na modalidade presencial. O
público-alvo sugerido para essa fase será uma amostragem parcial dos ATCO, considerando
critérios como: classe de órgão, PSNA com scores mais elevados na fase anterior etc. A duração de
aplicação dessa fase será por um período e turnos preestabelecidos, de acordo com escala
operacional. Nesta fase, os psicólogos dos Regionais poderão ser incluídos para coleta de dados. O
feedback do resultado nesta fase será dado de forma pessoal, uma vez que os níveis aqui
identificados dizem respeito às particularidades do indivíduo.
4.2.6.2.5.3.4.8 O método sugerido para a segunda fase inclui a aplicação das seguintes ferramentas:
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a) The Karolinska Sleepiness Scale (KSS): É uma escala que solicita as pessoas a
classificar como se sentem em relação ao sono no momento da aplicação. Essa
ferramenta estabelece níveis de sonolência, considerando quantidade e qualidade
do sono, além de queixas relacionadas a sintomas da fadiga e problemas de saúde
que possam interferir no sono;
b) The Samn-Perelli Crew Status Check: Essa escala solicita que as pessoas avaliem
seu nível de fadiga no momento, sendo uma versão simplificada da lista de
Verificação Samn-Perelli;
c) NASA TLX (Task Load Index): Se trata de uma avaliação multidimensional
subjetiva e amplamente usada que classifica a carga de trabalho percebida. Tem
por objetivo avaliar a eficácia de uma tarefa, sistema, equipe ou outros aspectos
do desempenho. Foi usado com sucesso em todo o mundo para avaliar a carga de
trabalho em vários ambientes, como os cockpits de aeronaves estações de trabalho
de comando, controle e comunicação, supervisão e controle de processos, além de
simulações e testes de laboratório; e
d) PVT (Psychomotor Vigilance Task): Essa ferramenta tem sido utilizada desde o
final dos anos 90 em pesquisas sobre privação do sono, pois oferece uma forma
simples de rastrear mudanças no estado de alerta comportamental causadas por
sono insuficiente. O objetivo do PVT é medir a atenção sustentada e dar uma
medida numérica da sonolência, contando o número de lapsos de atenção do
indivíduo testado.
4.2.6.2.5.3.4.9 Cabe ressaltar que qualquer outra metodologia escolhida para a mensuração da
Fadiga deve levantar, no mínimo, os seguintes dados:
a) questões demográficas (ex.: idade, sexo etc.);
b) questões específicas sobre a população (ex.: onde você mora, trabalha etc.?
Quanto tempo você gasta no trajeto casa-trabalho?);
c) questões sobre autopercepção da fadiga (ex.: Você se sente fatigado depois de um
dia de trabalho? Você identifica colegas de trabalho que estão fatigados?);
d) questões de conscientização sobre o tema fadiga (ex.: Para você, quais técnicas
são mais eficazes na gestão da fadiga?).
4.2.6.2.5.3.4.10 Devem ser observadas as melhores práticas no planejamento e aplicação dos
questionários, conforme a seguir:
a) Garantir que as perguntas sejam apropriadas e facilmente compreendidas pelo
grupo específico a ser estudado (ex.: TWR, APP e ACC);
b) Assegurar aos participantes que todos os dados coletados serão confidenciais,
não poderão ser rastreados e as respostas terão, invariavelmente, caráter não
punitivo;
c) Falar sobre a pesquisa de forma clara e frequente; salientar os benefícios em
longo prazo dos resultados da pesquisa e informar os links para a pesquisa em
todos os meios de comunicação disponíveis; e
d) Se a pesquisa for realizada on-line, em um ambiente em que alguns indivíduos
podem não ter acesso fácil ao computador, é importante prover estratégias
alternativas para a participação.
4.2.6.2.5.3.5 Mensuração dos Níveis de Fadiga nas Operações Correntes (Individual)
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4.2.6.2.5.3.5.1 Trata-se de um método para lidar com os perigos à fadiga, identificados por meio da
mensuração dos níveis de fadiga nas operações correntes.
4.2.6.2.5.3.5.2 O objetivo dessa mensuração é prover uma ferramenta para diminuir a probabilidade
que um ATCO fatigado, apresentando níveis inadequados de alerta, assuma uma posição
operacional incompatível com seu estado de prontidão para executar tarefas críticas à segurança.
4.2.6.2.5.3.5.3 Alguns testes simples de desempenho são considerados indicadores da capacidade
do ATCO para realizar suas funções. Os itens a seguir devem ser considerados ao escolher os testes
de desempenho para monitorar a fadiga e a sonolência do ATCO durante as operações de controle
de tráfego aéreo:
a) Quanto tempo dura o teste?
b) Pode ser concluído em vários intervalos de tempo (por exemplo, várias vezes em
um turno de serviço), sem comprometer a capacidade de um ATCO de atender
aos requisitos da sua tarefa?
c) Foi validado? Por exemplo, foi demonstrado que é sensível aos efeitos da perda
de sono e do ciclo do relógio biológico circadiano sob condições experimentais
controladas?
d) É preditivo de tarefas mais complexas, por exemplo, desempenho do ATCO
durante uma situação de emergência?
e) Foi usado em outras operações de aviação e os dados estão disponíveis para
comparar os níveis de desempenho?
4.2.6.2.5.3.5.4 Sugere-se a utilização do teste PVT – Psychomotor Vigilance Task – antes de assumir
seu posto de trabalho, o que permitirá a mensuração de alterações no desempenho relacionadas à
fadiga, por meio da mensuração do tempo de reação a estímulos.
4.2.6.2.5.3.5.5 A mensuração poderá ocorrer por uma demanda da chefia do PSNA, do chefe de
equipe, do supervisor ou do próprio operador, ou ainda de forma aleatória para todos os
controladores.
4.2.6.2.5.3.5.6 Trata-se de uma abordagem amplamente aceita para a coleta de medidas objetivas de
desempenho durante as operações, já que é um teste simples e rápido. A mensuração do tempo de
reação por meio do PVT dura em torno de 5 minutos e pode ser aplicado em vários momentos
durante o dia, fornecendo ao indivíduo a medida de seu desempenho em momentos e cenários
operacionais distintos. O momento específico para as avaliações pode variar de acordo com as
necessidades.
4.2.6.2.5.3.5.7 O PVT possui propriedades desejáveis incluindo (a) nenhuma curva de aprendizado
(isto é, nen um efeito de “prática”) e (b) demonstra sensibilidade perda de sono em uma variedade
de diferentes ambientes e populações (Dinges & Kribbs, 1991; Dinges & Powell, 1985).
4.2.6.2.5.3.5.8 As avaliações conduzidas em ambientes operacionais podem ser administradas por
meio de computador do tipo desktop, dispositivos portáteis, como tablets e smartphones, ou totens
disponibilizados no ambiente operacional.
de identificar condições latentes nas práticas de planejamento e de aplicação das escalas. As análises
devem ser apropriadamente embasadas nos Princípios Científicos.
4.2.6.2.5.4.3 Os dados sobre quanto e quando os ATCO realmente trabalharam podem ajudar a
identificar momentos em que a fadiga pode ter sido maior do que o esperado, em comparação com
o planejamento original. A análise da escala planejada, por sua vez, demonstra o quanto a
organização tem tido sucesso em cumprir os limites prescritivos e proporcionado uma escala na qual
o controlador consiga gerenciar sua fadiga adequadamente, mediante oportunidades de sono.
4.2.6.2.5.4.4 Ocasionalmente, a escala de serviço cumprida pelo ATCO é diferente da escala
planejada pela organização, devido à necessidade de realizar trocas de serviço ou de efetuar
modificações de última hora. Logo, para fins de gerenciamento da fadiga, não basta analisarmos a
escala planejada, é necessária a análise da escala realmente cumprida.
4.2.6.2.5.4.5 A análise dos períodos realmente trabalhados, comparados com os planejados,
podem ser usados pelos PSNA para identificar:
a) os riscos de fadiga associados às práticas de elaboração de escalas operacionais;
b) os momentos em que a fadiga pode ter sido maior do que o esperado em
comparação com o planejamento original; e
c) se o PSNA tem um planejamento realista da escala operacional (sem grandes
diferenças entre escalas de serviço planejadas e cumpridas).
4.2.6.2.5.4.6 Como parte dos processos rotineiros do SMS, as configurações de escalas devem ser
monitoradas regularmente para avaliar se os perigos identificados justificam uma ação mitigadora.
4.2.6.2.5.4.7 A amostra das escalas a serem analisadas deverá ser de 5% do efetivo operacional,
escolhidos de forma aleatória, e com periodicidade mensal.
4.2.6.2.5.4.8 Para que a análise das escalas de serviço planejadas e cumpridas possa ser realizada
periodicamente, os PSNA devem manter, por um período mínimo de 2 anos, os registros dos
períodos de trabalho e de não trabalho (folga/repouso/descanso) dos ATCO, para fornecer as
evidências de conformidade com os limites estabelecidos, especificados pelo seu regulador.
4.2.6.2.5.4.9 O Formulário de Parâmetros a serem observados e a intenção relacionada a cada item
estão contidas no Anexo D deste documento e deve ser utilizado como material de apoio para
realizar a análise das escalas planejadas e cumpridas.
4.2.6.2.5.4.10 A análise das condições observadas deverá ser realizada sob duas perspectivas:
a) dos Princípios Científicos detalhados no item 2.1 desta Norma; e
b) dos parâmetros normativos contidos no Manual ou Modelo Operacional do órgão
ATC.
4.2.6.2.5.4.11 Deve-se salientar que é importante analisar os parâmetros sob a perspectiva dos
Princípios Científicos, mesmo se estiverem sendo atendidos do ponto de vista prescritivo nas escalas
planejadas e cumpridas, pois é preciso verificar se os parâmetros normativos estabelecidos pelo
PSNA estão promovendo um contexto adequado de gerenciamento da fadiga e atendendo aos
princípios científicos, ou se precisarão ser reestudados.
4.2.6.2.5.4.12 Esse tipo de métrica, se necessário, aponta para possíveis mitigações no âmbito
organizacional. Por exemplo, aumentar o número de ATCO em um período específico, alterar o
horário de início de um determinado turno ou gerenciar trocas de turnos, dentre outros.
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4.2.6.2.5.4.13 Os resultados das análises devem ser registrados no Formulário de Análise de Fadiga,
constante no Anexo E. No relatório devem ser apontadas e justificadas as condições latentes
identificadas, afetas aos parâmetros descritos em cada item.
4.2.6.2.5.4.14 Ao final da análise comparativa das escalas, se pertinente, deverão ser emitidas ao
PSNA propostas de ações mitigadoras relacionadas a condições latentes identificadas nas práticas
de planejamento e aplicação das escalas de serviço. Essas propostas deverão ser apropriadamente
justificadas e embasadas nos Princípios Científicos.
4.2.6.2.5.4.15 Os PSNA devem analisar e implementar as ações recomendadas emitidas no
Relatório de Análise de Fadiga ou propor recursos alternativos que solucionem a(s) condição(ões)
latente(s) identificada(s).
4.2.6.2.5.6.2 Para tal, deverão ser utilizados os instrumentos (questionário, entrevista e protocolo
de observação de campo) já existentes na PFH com foco nos aspectos condicionantes para a fadiga.
4.2.6.2.5.6.3 No relatório de PFH, caso haja aspectos de indícios de fadiga, serão computados os
dados apurados no quadro de condições latentes, na análise, e deverão constar propostas de ações
mitigadoras para esses indícios.
4.2.6.2.5.9 O quadro baixo apresenta as ferramentas que serão utilizadas para identificação de
perigos relacionados à fadiga, por meio do SMS.
REATIVAS PROATIVAS
4.2.6.3.6 O nível de risco que a fadiga representa depende da tarefa que está sendo executada e do
contexto ou cenário operacional em que ela está sendo realizada.
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4.2.6.3.7 A Figura 14 abaixo demonstra que não apenas a capacidade do indivíduo de realizar tarefas
críticas à segurança sofre um declínio com o aumento do tempo de trabalho e, por consequência, da
fadiga, mas também diminui sua capacidade de responder ao aumento inesperado na complexidade
das tarefas. Tal aumento pode estar relacionado ao gerenciamento das ameaças, como, por exemplo,
quando o ATCO, já fatigado ou com sua capacidade de desempenho já degradada, se depara com o
aumento inesperado no tráfego aéreo ou com alguma situação complexa de tráfego. Por outro lado,
a carga de trabalho baixa pode deflagrar a sonolência fisiológica.
NOTA: Uma vez identificado o perigo à fadiga, o nível do risco que ele representa para a operação
deve ser avaliado em termos de severidade e probabilidade de ocorrência e classificado por
meio da matriz de risco.
4.2.6.3.10.2 A Matriz de Avaliação do Risco normalmente é utilizada pelos PSNA para avaliar
todos os tipos de riscos e ajudar a decidir se será necessário investir recursos na mitigação do risco
à fadiga.
de segurança
Remoto 3 3A 3B 3C 3D 3E
Improvável 2 2A 2B 2C 2D 2E
Extremamente
1 1A 1B 1C 1D 1E
improvável
Tabela 3 - Matriz de Avaliação do Risco à Segurança Operacional
4.2.6.3.10.5 Em outras palavras, para avaliar diferentes tipos de riscos à fadiga usando uma matriz
são necessárias diferentes classificações de severidade, de forma a refletir melhor a variedade de
possíveis consequências no desempenho afetado pela fadiga. Já as classificações de probabilidade
dependerão dos tipos de classificação de severidade da fadiga que serão utilizados.
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Avaliação de
Significado Valor
Samn-Perelli
Completamente exausto; incapaz de trabalhar
7 A
efetivamente
Extremamente
Quase inconcebível que aconteça 1
Improvável
estabelecidos, devido a alguma condição específica de seu ambiente operacional, como, por
exemplo, aspectos da carga de trabalho ou outros fatores.
4.2.6.4.2 Além de estabelecer limites mais restritivos do que aqueles já prescritos e elaborar escalas
de serviço, usando os princípios científicos, outras mitigações do risco também podem ser
consideradas:
a) Oportunidades para que os ATCO tirem cochilo controlado;
b) Oportunidade de ter o sono protegido em períodos de folga, repouso e descanso; e
c) Aumento do efetivo operacional.
4.2.6.4.3 Os processos do SMS devem exigir que tais mitigações sejam revisadas e avaliadas
regularmente para verificar se o resultado obtido se mantém satisfatório.
4.2.6.4.4 Quando aplicado, o processo de avaliação do risco determina se um risco à fadiga requer
ou não mitigação. O mais importante a ser considerado, na escolha das mitigações da fadiga, é o
nível estimado de risco à fadiga. Os recursos (pessoal, tempo e financeiro), muitas vezes limitados,
precisam ser priorizados para os riscos em que as ações mitigadoras são mais necessárias, para
efetivamente controlar o risco à fadiga.
4.2.6.4.5 O PSNA será o responsável por decidir se determinado risco requer ou não ações
mitigadoras. Recomenda-se que os profissionais de fatores humanos sejam consultados para
identificar quais são as ações mitigadoras mais apropriadas a cada situação.
4.2.6.4.6 A seleção cuidadosa de ações mitigadoras eficazes para a fadiga é baseada em dados, em
vez de refletir um dese o de “fa er algo” ou baseada no “ac ismo”. A identifica o das a es
mitigadoras mais adequadas deverá ter origem em estudos científicos relevantes e na experiência
do PSNA no gerenciamento da fadiga ou na experiência de outros provedores semelhantes.
4.2.6.4.7 Como já abordado anteriormente, os controles efetivos e estratégias de mitigação vão além
do estabelecimento dos limites prescritivos relativos aos períodos de trabalho e de não trabalho.
Para tarefas muito longas, turnos que iniciam muito cedo pela manhã, que terminam tarde da noite
ou que ocorrem no período noturno, os controles e mitigações precisam ser considerados de acordo
com as atividades a serem realizadas e da sequência de dias de trabalho. Deve ser dada especial
atenção às influências do ciclo circadiano nos períodos de sono e vigília, independentemente do
tempo de descanso e de trabalho.
4.2.6.4.8 As estratégias de mitigação que se concentram apenas em uma tarefa isolada podem não
abordar os efeitos da fadiga cumulativa e se tornar ineficaz com o decorrer da escala de serviço.
Portanto, a identificação de ações mitigadoras para fazer frente à fadiga, requer uma ampla
compreensão do conhecimento dos princípios científicos, da experiência operacional e dos
regulamentos aplicados.
4.2.6.4.9 O Quadro 11 abaixo fornece alguns exemplos de mitigações para o gerenciamento dos
riscos à fadiga, no nível organizacional. Estes exemplos não são exaustivos.
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PERIGO
CONTROLES
RELACIONADO MITIGAÇÃO
REGULATÓRIOS
À FADIGA
4.2.6.4.10 Apesar de grande parte das ações mitigadoras serem de âmbito organizacional, poderá
haver a necessidade de mitigar a fadiga no âmbito individual. Logo, no caso de necessidade de
orientação de algum controlador, o setor de Fatores Humanos das SIPACEA, em grupo ou
individualmente, poderá orientá-lo a realizar a atividade de registros no Anexo H (Diário de Sono e
Vigília), de forma que sejam colhidas informações sobre seus hábitos reais de horários de trabalho
e sono/vigília. Esses Diários fornecerão uma base para ajustar os horários, se necessário, ou aplicar
outras intervenções. No caso do Diário Sono/Vigília, as pessoas serão solicitadas a registrar seu
tempo de sono, tempo de vigília, avaliar subjetivamente sua sonolência e estado de alerta antes e
depois dos períodos de sono, classificar a qualidade do sono, indicar a necessidade de mais sono, a
existência de quaisquer distúrbios de sono e outras informações julgadas pertinentes, relacionadas
às suas rotinas de sono e vigília.
4.2.6.5.2 Os principais métodos para monitorar a eficácia das Ações Mitigadoras são os Indicadores
de Desempenho de Segurança Operacional (SPI), Avaliações Subjetivas de Alerta/Sonolência e
Avaliações Objetivas de Tempo de Reação.
4.2.6.5.3 Indicadores de Desempenho de Segurança Operacional (SPI)
4.2.6.5.3.1 Para realizar o monitoramento da eficácia das ações mitigadoras será necessária a
criação de indicadores de desempenho da fadiga (SPI) que permitam esse monitoramento.
4.2.6.5.3.2 Os dados sobre fadiga colhidos por meio dos diversos processos de gerenciamento do
risco à fadiga podem ser usados para gerar indicadores de desempenho de segurança relacionados à
fadiga, que forneçam uma métrica para monitorar a eficácia das ações mitigadoras e dos controles
da organização.
4.2.6.5.3.3 Se as tendências nos SPI indicarem que os controles ou as mitigações não são adequados
e que o risco à fadiga ainda permanece, então uma avaliação detalhada do risco deve ser conduzida
de acordo com os processos do PSNA e, quando necessário, deverão ser emitidas novas propostas
de mitigações.
4.2.6.5.3.4 O monitoramento contínuo dos níveis de fadiga fornece um mecanismo para a melhoria
contínua das regras de planejamento das escalas de serviço, baseadas em evidências da operação.
4.2.6.5.3.5 A seguir, podemos verificar algumas métricas a partir da escala, por ATCO, que podem
ser utilizadas para averiguar a eficácia das ações mitigadoras:
a) porcentagem de trabalho realizado no turno;
b) total e média de horas de serviços operacionais por mês;
c) total e média de horas trabalhadas por mês;
d) número dos períodos mínimos de folga por mês, assim como o percentual de todos
os períodos de folga;
e) número de “n o aptos para o trabal o” devido à fadiga, a partir da verificação de
escalas de serviço anteriores, assim como uma porcentagem de todos os períodos
de trabalho;
f) número de períodos de trabalho estendidos (além do previsto, tanto em termos de
horas mensais quanto em termos de tempo de ocupação contínua da posição
operacional);
g) porcentagem do uso e do tempo dos cochilos controlados; e
h) porcentagem de sobreavisos nos quais os controladores realmente foram
acionados.
4.2.6.5.3.6 Se as mitigações atingirem um padrão aceitável (isto é, as SPI relevantes atingirem seus
valores aceitáveis predefinidos ou metas), elas se tornam parte das operações normais. Se os
controles e mitigações não reduzirem o risco de fadiga para um nível aceitável, será necessário revê-
los e corrigi-los na etapa apropriada. Isso pode exigir que sejam reunidas novas informações e dados
adicionais, reavaliar os riscos de segurança associados ao perigo e/ou implementação e avaliação de
novos controles e mitigações.
4.2.6.5.3.7 Os SPI são também uma fonte crítica de informações para os processos de garantia de
segurança operacional do SMS.
úteis para avaliar proativamente o nível de fadiga dentro das operações. Eles podem ajudar a
identificar aspectos dos horários de trabalho específicos ou fatores que estão contribuindo para a
fadiga. Essas avaliações, quando realizadas em diferentes momentos do dia ou do turno de trabalho,
podem fornecer uma base para o monitoramento da eficácia das ações mitigadoras e medidas de
gerenciamento do risco à fadiga já aplicadas (ex.: mudanças no local de trabalho, nas políticas ou
outras intervenções).
4.2.6.5.4.2 As ferramentas validadas e sugeridas pela ICAO para avaliar o estado subjetivo de
alerta/sonolência incluem a Karolinska Sleepiness Scale (KSS) (Akerstedt & Gillberg, 1990), a
Samn-Perelli Scale (Samn & Perelli, 1982) e a Stanford Sleepiness Scale (SSS) (Hoddes et al, 1973).
4.2.7.6.1 Os PSNA devem considerar nos processos para Gerenciamento de Mudanças de seus
SMS, as mudanças, de qualquer natureza, que possam apresentar perigos potenciais relacionados à
fadiga.
4.2.7.6.2 Os processos formais para o Gerenciamento de Mudanças são os mesmos a serem
utilizados no seu SMS, assim como é realizado para os demais tipos de perigos consequentes de
mudanças.
4.2.8.10.3 Conteúdo dos Treinamentos de Acordo com a Função dos Profissionais (público-alvo)
no Gerenciamento do Risco à Fadiga
PERIGO
RELACIONADO Contramedidas Estratégicas Contramedidas Operacionais
À FADIGA
4.2.8.11.2 Nesse sentido, é fundamental garantir que os profissionais envolvidos sejam lembrados
regularmente da importância da fadiga para a segurança.
4.2.8.11.3 As ações estratégicas permanentes por parte dos PSNA podem incluir:
a) Avisos Operacionais ou Informativos de Segurança: com o objetivo de
manutenção do nível de comprometimento com a segurança e de incentivo do
Reporte Voluntário de Fadiga;
b) Alertas periódicos nos briefings a respeito da importância da autoavaliação e da
avaliação dos companheiros de equipe quanto à fadiga.
4.2.8.12.2 O programa de Capacitação e Treinamento estabelecido pelas OPSNA e EPSNA nos seus
SMS devem contemplar treinamento sobre GRF, de modo a assegurar que o pessoal da organização
receba o conteúdo que os habilitem a desempenhar suas funções, considerando o gerenciamento do
risco à fadiga.
NOTA: A Política do FRMS deve ser revisada quando da revisão da Política do SMS ou
com período menor, caso necessário.
c) modelos biomatemáticos.
6 DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
6.1 O Plano de Segurança Operacional (Safety Case), a princípio, deve ser utilizado pelo PSNA
para demonstrar que será capaz de manter suas operações em um nível de segurança operacional
aceitável, mesmo quando precisar variar os limites prescritivos para o atendimento a circunstâncias
operacionais excepcionais previstas, conforme item 4.1.5.6 .
6.2 Excepcionalmente, a partir de 1º de março de 2021 até 31 de dezembro de 2022, o PSNA que
julgar não ser possível implementar, integralmente, todos os parâmetros dos limites prescritos
poderá utilizar o Plano de Segurança Operacional com o objetivo de apresentar uma avaliação de
segurança que demonstre que será capaz de manter as operações em nível de segurança aceitável.
6.3 Para a utilização do Plano de Segurança Operacional, nas condições do item 6.2 acima, o PSNA
deverá proceder conforme abaixo:
a) Formalizar ao DECEA a solicitação para flexibilizar a aplicação integral dos limites
prescritivos, declarando o(s) parâmetro(s) que o órgão ATC não poderá cumprir;
b) Justificar as razões, operacionais ou de segurança operacional, pelas quais o órgão ATC
não poderá cumprir cada parâmetro;
c) Informar os valores que pretende praticar para cada limite prescritivo não cumprido;
d) Solicitar extensão do prazo para cumprimento do limite regulamentar previsto; e
e) Apresentar um Plano de Segurança Operacional correspondente, em conformidade com o
Anexo F e seu Apêndice 1.
6.4 A partir do ano de 2023, as Organizações e Entidades Provedoras dos Serviços de Navegação
Aérea, caso entendam pertinente operar fora das restrições dos Limites Prescritivos estabelecidos
pelo DECEA, poderão, oportunamente, pleitear a transição da Abordagem Prescritiva para a
Abordagem FRMS do Gerenciamento dos Riscos à Fadiga, em todos ou em parte de seus órgãos
ATC subordinados.
6.5 No entanto, para que possa pleitear a transição da Abordagem Prescritiva para a Abordagem
FRMS, o PSNA deverá ter o seu SMS aceito pelo DECEA, demonstrar que os riscos à fadiga estão
sendo gerenciados com eficácia por meio dos processos do SMS, que possuem um banco de dados
e Indicadores de Desempenho da Segurança Operacional (SPI) relativos à fadiga consolidados, bem
como deverá atender aos requisitos e critérios para a implementação do FRMS, conforme
estabelecido em legislação específica do DECEA.
MCA 81-1/2020 97/121
7 DISPOSIÇÕES FINAIS
7.1 As sugestões para o contínuo aperfeiçoamento desta publicação deverão ser enviadas acessando
o link específico da publicação, por intermédio dos endereços eletrônicos
http://publicacoes.decea.intraer/ ou http://publicacoes.decea.gov.br/.
7.2 Os casos não previstos nesta Instrução serão submetidos ao Senhor Diretor-Geral do DECEA.
98/121 MCA 81-1/2020
REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil. Orientações para Implementação de um SGRF para
Operadores que Tenham um GRF Aceito pela ANAC: IS nº 117-004 – Revisão A. [Brasília], 2019.
BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil. Requisitos para Gerenciamento de Risco de Fadiga
Humana. RBAC 117. [Brasília], 2019.
CANADÁ. Organização de Aviação Civil Internacional. The Fatigue Management Guide for Air
Traffic Service (ATS) Providers. 1. ed. [Montreal], 2016.
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EUROCONTROL. Fatigue and Sleep Management. Personal Strategies for Decreasing the
Effects of Fatigue in Air Traffic Control. [Bruxelas], 2007
A seguir, podemos observar um exemplo de Protocolo de Cochilo Controlado, que pode ser
usado como ponto de partida pelos órgãos ATC para planejarem seus próprios protocolos.
O órgão ATC utilizará quatro etapas para garantir o uso efetivo dos cochilos controlados:
1. Planejar;
2. Informar;
1. PLANEJAMENTO
Os gerentes podem autorizar o uso do cochilo controlado como uma forma de gerenciar a
fadiga, combinando a ocupação das posições operacionais, desde que:
i. a carga de trabalho atual e prevista permita; e
ii. o ATCO possa ser rapidamente acionado.
Os ATCO n o podem deixar uma posi o operacional designada para fazer uso do cochilo
controlado, a menos que:
i. seja substituído por uma pessoa qualificada para assumir a responsabilidade pela
posição;
ii. siga as diretrizes da organização para a transferência de responsabilidade de posição;
e
iii. siga as diretrizes da organização para desocupar temporariamente uma posição
operacional.
b) Identifique a duração do cochilo controlado:
A dura o do coc ilo durante o trabalho deve ser de aproximadamente 45 minutos ou menos.
Mesmo que o ATCO só possa obter 5 ou 10 minutos para um breve cochilo, considera-se que dormir
um pouco é melhor do que não dormir nada.
2. COMUNICAÇÃO
importante que a organi a o ten a um procedimento definido para a comunicação de
informações e atividades.
Antes do coc ilo, certifique-se de que você informou, conforme previsto, que vai tirar um
cochilo controlado, quando e por quanto tempo.
Passe as responsabilidades do trabal o para uma pessoa específica.
Passe informa es importantes para seus colegas de trabal o antes do cochilo controlado.
Obten a informa es dos seus colegas de equipe que o a udar o a retomar com seguran a
suas responsabilidades.
102/121 MCA 81-1/2020
QUANTIDADE DE SONO
1. Durante seus dias de folga, supondo que você possa dormir normalmente durante a noite, a que
horas você vai para cama?
R.:________________________________________________________________________
4. Informe a que horas você dormiu e acordou nos últimos 3 (três) dias que antecederam a
ocorrência de tráfego aéreo:
• Sono principal – dia 1 (imediatamente anterior ao evento):
Dormiu às ___:___
Acordou às ___:___
Se sim:
Em que local:______________________
QUALIDADE DO SONO
1. O padrão do seu sono foi diferente ou foi interrompido nos 3 (três) dias que antecederam a
ocorrência?
R.: ________________________________________________________________________
2. Algo no ambiente onde você dormiu (casa/alojamento) interferiu no seu sono (ex.: ruído,
luminosidade, temperatura, distrações, circulação de pessoas, telefone ou celular etc.)?
R.:_________________________________________________________________________
3. No dia da ocorrência, esteve submetido a um ambiente ou a tarefas incomuns que podem ter
ocasionado agitação ou desânimo, tais como:
- Outros: ___________________________________________________________________
FATORES CIRCADIANOS
TEMPO DE VIGÍLIA
PROBLEMAS DE SAÚDE
2. Tem problemas médicos que afetam o sono (ex.: dor crônica, refluxo gastroesofágico etc.)?
R.:_________________________________________________________________________
3. Você possui algum tipo de distúrbio do sono (Apneia, Narcolepsia, Insônia)? Há quanto tempo
ocorre? Faz algum tipo de tratamento?
R.:_________________________________________________________________________
4. No dia da ocorrência, você fez uso de alguma substância (ex.: cafeína ou energético) ou
medicação (ex.: melatonina) para indução do sono ou inibição do mesmo? Se sim, qual e com que
frequência o faz?
R.:_________________________________________________________________________
AUTOPERCEPÇÃO DA FADIGA
1. Assinale a sentença que descreve como você está se sentindo nesse exato momento:
Avaliação de
Significado
Samn-Perelli
Em confiança
Instruções:
Este formulário deve ser usado para relatar qualquer experiência significativa ou indicações de fadiga,
em si mesmo ou observadas em um colega, que possa afetar a sua capacidade de trabalhar com segurança.
Caso você esteja reportando uma situação individual, é necessária a identificação do seu indicativo
operacional, para que seja realizada uma análise acurada da situação.
Seção B: Fadiga
g) Este relatório diz respeito a:* h) Data do evento:*
Você Um colega
l) Segundo a sua perspectiva, qual foi a causa do risco à fadiga?* (marque quantos itens achar necessário)
Saúde / doença Deslocamentos casa-trabalho longos Dias de trabalho muito longos
Questões domésticas Horário de início de trabalho muito cedo Carga de trabalho (alta ou baixa)
Descanso de má qualidade (ex.:
Tempo insuficiente de sono Horário de final de trabalho muito tarde
perturbação no sono)
Outro:
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m) Por favor, indique todos os sintomas de fadiga que foram sentidos ou observados:*
p) Se possível, diga quanto tempo de sono, aproximadamente, foi obtido nas 24 horas e 48 horas anteriores ao evento?*
24 horas antes: horas 48 horas antes: horas
q) Se este é um relato sobre si mesmo, por quanto tempo você ficou acordado antes do evento?*
________ horas Não é um autorrelato.
Seção C: Outras informações adicionais (por favor, use o espaço abaixo para fornecer quaisquer informações adicionais
que ajudem a contextualizar o evento).
MCA 81-1/2020 107/121
propicia ao ATCO um desgaste e um esforço maior para manter-se acordado e alerta, logo, a
sequência anterior de dias trabalhados precisa ser menor quando culmina em um turno noturno em
que o ATCO já tenha acumulado muitas horas de sono perdido. O número máximo de dias
consecutivos deve ser proporcional à complexidade das operações e verificado se os turnos noturnos
se aplicam.
ITEM 3 – Limitar o número máximo de horas trabalhadas no mês (CTM) é um mecanismo
para prover ao ATCO a oportunidade de se recuperar da perda acumulada de sono (débito
acumulado de sono ou fadiga acumulativa). O número de dias trabalhados no mês concorre para o
incremento do acúmulo de déficit de sono (perda de sono acumulada). Quanto menor o tempo
disponível para o sono a cada noite ou a cada manhã, mais rápido o declínio do estado de alerta e
do desempenho operacional, já que se sobrepõem ao horário natural do sono. Logo, quanto mais
horas de trabalho por mês, mais dias de trabalho por mês e consequentemente maior poderá ser o
acúmulo do déficit de sono. É importante ressaltar que, no caso do gerenciamento da fadiga, existe
a preocupação com a aplicação da CTM em seu parâmetro máximo ou próximo ao máximo, por um
tempo prolongado, pois nesse caso o ATCO permaneceria acumulando a perda de sono por um
período prolongado, com menos oportunidades de restauração por meio do sono, tornando a
cronicidade da fadiga mais profunda e mais difícil de ser sanada. O número máximo de horas de
trabalho no mês deve ser proporcional à complexidade das operações e verificado se os turnos
noturnos se aplicam.
ITEM 4 – Embora saibamos que o tempo gasto na posição operacional pode ser associado a
níveis de carga de trabalho variáveis, a intenção de limitar o tempo na posição operacional é abordar
a dificuldade humana de manutenção do desempenho em condições de carga de trabalho elevada.
Nesses casos, o desgaste mental ocorre mais rapidamente devido à complexidade das demandas das
tarefas. A alta carga de trabalho pode exceder a capacidade de um indivíduo, levando
progressivamente a uma diminuição da qualidade de seu desempenho. Por outro lado, cabe assinalar
que em momentos de baixa carga de trabalho também há preocupação com a capacidade humana
de se manter alerta frente a pouco ou nenhum estímulo. A baixa carga de trabalho pode deflagrar a
sonolência fisiológica e, portanto, degradar o desempenho. Também deve-se considerar a
degradação do desempenho no período noturno, em que normalmente há menor volume de tráfego,
mas com maior efeito do ciclo circadiano (Janela de Baixa do Ciclo Circadiano).
ITEM 5 – A definição de períodos mínimos de duração de folga garante que as horas de
trabalho não sejam divididas de forma a impedir períodos ininterruptos de recuperação de sono.
Períodos curtos de folgas entre turnos, após vários dias seguidos de trabalho e em que o fim ou o
início dos turnos se sobrepõem ao horário natural do sono, podem levar o ATCO, rapidamente, ao
acúmulo do déficit de sono e, se mantido por um período mais extenso, pode levá-lo à fadiga crônica.
Quanto menor o tempo disponível para o sono, mais rápido o declínio do estado de alerta e prejuízos
ao desempenho operacional. Principalmente em órgãos de alta complexidade e alta demanda de
trabalho, Classe 1.
ITEM 6 – Definir um número mínimo de dias de folga após uma sequência de turnos oferece
aos ATCO mais oportunidades de recuperação do acúmulo da perda de sono (débito acumulado de
sono ou fadiga acumulativa). A duração dos períodos de folga após um período determinado de
trabalho deve ser proporcional à complexidade das operações e verificado se os turnos noturnos se
aplicam.
ITEM 7 – Definir a duração mínima dos descansos entre os períodos de ocupação ininterrupta
da posição operacional tem como objetivo suprir a necessidade de recuperação de períodos de alta
carga de trabalho, a fim de manter o desempenho do controlador.
ITEM 8 – O trabalho noturno é considerado o mais desgastante para os seres humanos, pois
devem ser capazes de se manter alertas no período em que fisiologicamente deveriam estar
dormindo, de acordo com o ciclo circadiano. No período noturno, com a ausência de luz, o corpo
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humano produz substâncias hormonais (melatonina) que são indutoras do sono. No período entre
2h e 6h da manhã ocorre a Janela de Baixa do Ciclo Circadiano (WOCL), quando a fadiga e a
sonolência são maiores e as pessoas são menos capazes de realizar um trabalho mental ou físico.
Não só a carga de trabalho nesse período será um problema, mas também a falta dela, pois quanto
menos estímulos o ATCO tiver (menor número de aeronaves), maior será seu esforço para se manter
alerta. Após um período de trabalho noturno, o organismo requer duas noites consecutivas de sono
irrestrito para a recuperação. A recuperação do trabalho no turno noturno também é mais difícil,
visto que o sono diurno não possui o mesmo efeito restaurador que o sono noturno, uma vez que
durante o dia, com a presença de luz, o corpo humano inibe a produção de substâncias hormonais
(melatonina) que são responsáveis por induzir os seres humanos ao sono. Ou seja, é mais difícil
adormecer e permanecer dormindo.
ITEM 9 – Na configuração Manhã-Pernoite, deve-se considerar que quando o ATCO trabalha
no turno da manhã, para estar no briefing operacional por volta das 5h30min, o ATCO despenderá
tempo para se aprontar e se deslocar até o local de trabalho. Logo, deverá acordar por volta das 4h
da manhã. O turno da manhã terminará por volta das 14h. O ATCO que pretende retornar para
trabalhar no pernoite, no mesmo dia, dificilmente irá para casa, pois despenderia tempo de
deslocamento de ida e volta. Logo, o ATCO opta por se alimentar e permanecer no trabalho,
normalmente no alojamento. Ele terá menos de 8 horas para se alimentar e dormir, para se preparar
para o turno noturno. Logo, a qualidade e a quantidade de seu sono serão afetadas, pois,
efetivamente, terá menos de 8 horas de sono, o seu sono será diurno, ou seja, com menos potencial
restaurador, ocorrerá em ambiente de alojamento coletivo, onde a probabilidade de ter seu sono
disturbado por outras pessoas é maior, dentre outros aspectos. O mais importante é constatarmos
que esse sono da tarde não será restaurador o suficiente para que ele se apresente íntegro para um
turno noturno, que por influência do ciclo circadiano já demandará mais esforço fisiológico do
ATCO. Apesar disso, especial atenção deverá ser dada ao sono da tarde, entre um turno e outro,
pois será fundamental para o seu desempenho noturno. Devem-se evitar períodos estendidos de
vigília (durante um dia), bem como evitar quebras no período de sono recuperador (durante a noite),
ocasionado por dois turnos de trabalho no mesmo dia, chamado de Split Period.
ITEM 10 – Na configuração Tarde-Manhã, deve-se considerar que quando o ATCO trabalha
no turno da tarde, geralmente até às 22h, o ATCO despenderá tempo no deslocamento até sua
residência, tempo para alimentação e tempo para sentir vontade de dormir, o que pode ocorrer por
volta de 1h da manhã. O mesmo raciocínio se faz para os turnos da manhã, pois para estar no briefing
operacional por volta das 5h30min, o ATCO despenderá tempo para se aprontar e se deslocar até o
local de trabalho. Logo, deverá acordar por volta das 4h da manhã. Na configuração de turnos
consecutivos tarde-manhã, o ATCO terá em média 3 horas e 30 minutos de sono, muito distante das
8 horas necessárias para se obter um sono restaurador. Ele não chegará íntegro para o turno de
trabalho da manhã.
ITEM 11 – Nesse caso, considerar a direção da rotação do turno e a velocidade.
MCA 81-1/2020 111/121
RELATÓRIO DE ASSUNTO:
ANÁLISE DE
FADIGA DATA:
(INSERIR EMBLEMA DA
ORGANIZAÇÃO OU
SETOR:
ENTIDADE) ORGANIZAÇÃO:
1. FINALIDADE
2. REFERÊNCIAS
3. ANEXOS (se aplicável)
4. SIGLAS (se aplicável)
5. CONCEITUAÇÕES (se aplicável)
6. DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO
5. ANÁLISE
6. AÇÕES RECOMENDADAS
7. CONCLUSÃO
Elaborado por
Aprovado por
1.2 O Plano de Segurança Operacional a ser elaborado pelo PSNA deve documentar:
a) o que o PSNA deseja fazer;
b) o que foi feito para avaliar o risco;
c) a documentação de apoio que explique como, mesmo variando os limites prescritivos, o
PSNA continuará sendo capaz de proporcionar um nível de risco aceitável de segurança;
e
d) quais mitigações serão usadas.
1.3 A dimensão do esforço esperado do PSNA no desenvolvimento de um Plano de Segurança
Operacional deve refletir a criticidade do risco à segurança que ele visa abordar. Em alguns casos,
a capacidade do PSNA de fazer a mudança e o baixo impacto da mudança na segurança podem ser
um indicativo de que as informações providas por meio do Plano de Segurança poderão ser menos
detalhadas.
1.4 Embora nem todos os Planos de Segurança Operacional exijam o mesmo nível de preparação,
todos devem abordar consistentemente, pelo menos, os seguintes itens:
a) a natureza, o escopo e o impacto da variação proposta;
b) a metodologia aplicado para a avaliação do risco de fadiga;
c) justificar como a avaliação de risco foi usada e como a decisão de aceitar o risco foi
tomada;
d) as medidas de mitigação do risco que serão aplicadas;
e) apresentar alegações, argumentos e evidências feitas na avaliação de risco são válidos; e
f) o plano para monitoramento contínuo do impacto da variação dos limites prescritivos na
segurança operacional.
1.5 Os requisitos a serem desenvolvidos em cada item do Plano de Segurança Operacional para as
variações nos limites prescritivos estão especificados nos quadros abaixo.
MCA 81-1/2020 113/121
Objetivo
O PSNA deve garantir que compreende a mudança que está propondo, incluindo o
impacto direto ou indireto da mudança nos níveis de fadiga de quem trabalhará nos novos
limites propostos.
Requisitos
Objetivo
Objetivo
O PSNA deve garantir que o nível de risco associado à variação proposta é aceitável.
Requisitos
3.4 Garantir a aceitação do nível de risco residual por uma pessoa devidamente
autorizada.
3.5 Registrar a aceitação do risco residual.
Objetivo
Objetivo
O PSNA deve apresentar uma solicitação com argumentos consistentes, bem como
demonstrar que as evidências da avaliação de risco realizada são válidas. Assim, o PSNA
deve:
Requisitos
Objetivo
6.1 Demonstrar que possui processos em vigor que evidenciem a capacidade de fazer o
monitoramento contínuo por meio de atividades de SMS existentes.
6.2 Estabelecer indicadores de desempenho de segurança específicos, relacionados à
variação a ser aplicada.
6.3 Estabelecer um processo de revisão para avaliar o impacto de mudanças
organizacionais do PSNA, no ambiente operacional, de modo a garantir que as medidas
estabelecidas no Plano de Segurança Operacional se manterão eficazes na manutenção do
NADSO.
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OPSNA/EPSNA NÚMERO:
ORGÃO ATC
PLANO DE
SEGURANÇA
ACEITAÇÃO DOS RISCOS APROVAÇÃO
OPERACIONAL
(Safety Case)
7. CONCLUSÃO
MCA 81-1/2020 117/121
1. Para gerenciar o risco à fadiga, o PSNA precisará avaliar os riscos de fadiga associados a
um turno ou padrão de trabalho específico para determinar as estratégias de mitigação
apropriadas. Muitas ferramentas e métodos diferentes estão disponíveis para avaliar os riscos
e, muitas vezes, são usados em combinação. Um dos métodos para avaliar os riscos
associados à fadiga em um determinado tipo de operação ou padrão de trabalho está descrito
abaixo.
2. Baseia-se no reconhecimento de que a fadiga resulta do débito de sono, do tempo de vigília,
das influências dos fatores circadianos e da carga de trabalho (ver Princípios Científicos
apresentados no Capítulo 2). Nesta metodologia, os "fatores de fadiga" são aqueles que
condicionam a fadiga ou seja, que estão associados ao aumento da fadiga. Este tipo de
metodologia pode ser usada:
a) para identificar as causas de fadiga associadas a um tipo de operação ou tipo de
turno específicos;
b) para atribuir um “valor de fadiga” específico e comparável, a um nico tipo de
operação ou tipo de turno;
c) para identificar mitigações eficazes para um tipo de operação específica ou um
tipo de turno (como parte do processo de mitigação do risco);
d) para comparar a mesma jornada de trabalho ou tarefas realizadas em momentos
diferentes do dia; e
e) como ponto de partida para um Plano de Segurança Operacional (Safety Case).
3. Realizar uma pesquisa minuciosa, utilizar dados operacionais coletados e o fornecimento de
dados por parte do pessoal operacional são ações essenciais para a identificação de uma lista
significativa de fatores de fadiga e são essenciais para o uso bem-sucedido desta
metodologia. Esta metodologia pode ser adaptada a qualquer tipo de operação, desde que se
utilizem listas personalizadas de fatores de fadiga, geradas para as circunstâncias específicas
do PSNA.
4. A aplicação deste método pressupõe os seguintes passos:
a) Passo 1: identifique e assinale na Tabela 6, para um tipo de operação ou padrão
de trabalho específicos, todos os fatores de fadiga como presentes ou ausentes,
considerando o pior cenário possível sob certas condições plausíveis;
b) Passo 2: ainda na Tabela 6, cada fator considerado “presente” é avaliado para
determinar se pode ser evitado por meio de medidas mitigadoras (Tabela 7). O
número de fatores de fadiga remanescentes é utilizado para determinar se o
cenário, após os fatores serem mitigados, é aceitável (Tabela 8); e
c) Passo 3: utilizar a Matriz de Tolerabilidade de Risco para Fadiga Acumulada
(Tabela 9) que apresenta uma avaliação de risco adicional dos fatores de fadiga,
para verificar o risco de fadiga acumulada num dado período de tempo. Desta
forma, é introdu ida uma dimens o de “frequência de exposi o”, permitindo
categorizar o risco de fadiga, com uma pontuação específica, de acordo com o
número de vezes que um tipo de operação ou padrão de trabalho foram planejados.
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Tipo de Turno ou Jornada Específica: Escala de Serviço Operacional APP-XX (Operação Carnaval)
Início da Operação: 5:00h, Término da Operação: 15:00h, Duração da Operação: 10 horas
PIOR
FATOR DE FADIGA MITIGADO COMENTÁRIOS
CENÁRIO
Noite de sono prévia ** reduzida < 4 h
1** 1** Não relevante se for o 1o turno
(noite: 22h às 8h hora local)
DÉBITO DE SONO
começar cedo
Turno depois das 23h, hora local ou
1 1
término de madrugada
Tempo na posição operacional < 2 h
1 1
durante WOCL
Tempo na posição operacional > 2 h
-- --
durante WOCL
7.1.1.1.1.1.1 4 ou 5 turnos de serviço
-- --
CARGA DE TRABALHO
consecutivos
7.1.1.1.1.1.2 5 ou 6 turnos de serviço
-- --
/ ou 3 turnos de serviço noturnos
Tabela 6. Exemplo de Tabela de Avaliação e Mitigação de Fatores de Fadiga (Fonte: DOC 9966, 2ed., Revisada 2020).
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Prejuízo ocasionado
Fatores Aceitabilidade
pela fadiga
relevantes
0-3 Baixo Aceitável, não há ação mitigadora requerida.
Aceitável, mas deve-se manter os fatores de fadiga tão baixos quanto
4-6 Aumentado possível.
Monitorar operação.
Aceitável se os fatores de fadiga forem mantidos ao mínimo (todos os
fatores evitáveis são evitados).
7-9 Significativo O número de vezes que esta jornada pode ser programada é limitado
para cada controlador em dado período.
Requerido o monitoramento deste período de trabalho.
5. Para exemplificar o uso da metodologia descrita, vamos considerar sua aplicação para
avaliar a fadiga numa situação específica, ou seja, o aumento da demanda de tráfego aéreo
no aeroporto de SBXX, no período do Carnaval, quando o PSNA, para atender a esta
120/121 MCA 81-1/2020
Passo 2:
a) O formulário apresentado na Tabela 6 deve ser novamente utilizado para
pontua o de cada um dos fatores de fadiga presentes ( ) como “evitável” ( )
ou n o evitável ( ) na coluna “Mitigado”. ma descri o de como ele pode ser
mitigado deve ser registrada na coluna “Comentários”. No exemplo, há 6
fatores de fadiga remanescentes.
Passo 3:
a) A Tabela 9 apresenta uma avaliação de risco adicional dos fatores de
fadiga, com o objetivo de verificar o risco de fadiga acumulada num dado
período. Aqui, a dimens o “Frequência da Exposição” foi adicionada matri ,
permitindo a classificação do risco de fadiga, de acordo com o número de vezes
(frequência) que esse tipo de operação está programada, com esse somatório
de fatores de fadiga. Novamente, as categorias devem ser identificadas por cada
PSNA para seu contexto específico.
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