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Como Avaliar Políticas Públicas e Programas Governamentais
Como Avaliar Políticas Públicas e Programas Governamentais
A avaliação não se faz apenas ao final de uma intervenção governamental, com vistas ao
exame do cumprimento das metas estabelecidas. Mas é fundamental no acompanhamento da
implementação de um programa ou política pública, pois baliza as decisões sobre a
manutenção ou interrupção deste, a redefinição de metas e permite corrigir distorções. Nesse
sentido, é importante compreender a avaliação como um mecanismo que, se bem aplicado,
redesenha uma política.
Como Avaliar?
- Planejamento
É fundamental que as avaliações sejam previstas desde o momento do desenho das políticas,
programas e projetos, como parte vital do ciclo de uma política, do contrário, serão confusas e
inconclusas. Pois não é possível, depois de implementada uma política, precisar qual era a
situação inicial a fim de contrastá-la com a situação final. Tampouco é possível reconstituir,
com o detalhamento necessário, todos os fatos ocorridos (imprevistos, novas circunstâncias,
decisões) durante a implementação. Enfim, se o planejamento de uma política, de partida, não
prever sua avaliação, torna-se bastante difícil mensurar se os resultados alcançados se devem
às ações desenvolvidas.
- Objetividade
Nenhuma política pode ser avaliada sem a reunião de informações claras e precisas. É muito
difícil isolar o impacto de um programa, uma vez que ele se passa em um contexto dinâmico e
interativo, com outras ações em curso. Então, o que aqui se nomeia “objetividade” é o esforço
em admitir a quase impossibilidade de isolar os efeitos de uma política e, ao mesmo tempo, em
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reunir, do modo mais objetivo possível, as informações. Estas podem ser tanto quantitativas,
isto é, a expressão em números do cumprimento de metas e dos efeitos de um programa,
quanto qualitativas - como exemplos, o registro do quanto se avança em termos de direitos
sociais e políticos mediante determinada política, os relatos dos seus beneficiários. Todas
estas informações podem ser apresentadas sob a forma de índices (ou indicadores,
coeficientes), que possibilitarão a comparação entre municípios ou, em um mesmo município,
entre períodos diferentes de um mesmo governo ou entre governos diferentes.
Fica claro, então, que a objetividade da avaliação dependerá da consistência das informações.
Por isso, sugere-se que os funcionários ou os envolvidos na coleta e apresentação destas
sejam bem treinados, que conheçam a complexidade da política, que aceitem os objetivos e
regras dos programas e saibam lidar tanto com o registro dos números, quanto com o
impreciso, o contingente. Outro ponto bastante importante refere-se à linguagem empregada
nos relatórios das avaliações. Muitas vezes, o uso de termos muito técnicos ou imprecisos se
põe como uma barreira à sua utilização imediata. Mais uma vez, a recomendação é o
treinamento, a capacitação dos envolvidos neste trabalho.
É desejável também que todas estas informações sejam registradas e que constituam um Siste
ma de Informações para o Planejamento
, no qual possam estar integrados dados de cada uma das secretarias e seus respectivos
programas. Recomenda-se também que estas informações sejam agregadas a outras (análise
de contexto, pesquisas socioeconômicas, execução do orçamento, prestação de contas), o que
torna mais densa a avaliação.
Quem Avalia?
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Sugere-se o uso de avaliações mistas, isto é, com avaliadores externos – aqueles que não
estão diretamente envolvidos com a implementação, não fazem parte do órgão ou do setor que
formula ou executa a política –, para viabilizar a isenção na coleta e produção de dados, sem
distorcê-los; e com a
valiadores internos
– aqueles que estão diretamente envolvidos -, uma vez que estes conhecem os
desdobramentos do programa e podem fornecer todas as informações necessárias (desvios,
especificidades).
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momento de menor importância, mas que pelo fato dos implementadores possuírem certa
margem de autonomia, é razoável supor que haja desvios do desenho original. Uma
metodologia de avaliação adequada não desqualifica tal desvio, mas questiona em que medida
viabilizou (ou não) que determinada política fosse executada.
- a realização do plano: houve mudanças nos indicadores dos problemas, atingiu-se suas
causas críticas? Qual a eficiência, a eficácia e efetividade das ações implementadas?
Resultados
É recomendável que os resultados sejam divulgados de modo claro e com linguagem acessível
para a população (em grande parte, eles mesmos os financiadores dos programas) e que se
preste contas ao Legislativo. Em primeiro lugar, pela transparência do governo estar fortemente
associada à promoção da cidadania. Além disso, ao não se restringirem as informações e
dados aos técnicos e funcionários do governo, permite-se que outros grupos da sociedade civil
(como movimentos sociais e organizações não-governamentais) possam formular outras
propostas e atuar politicamente. É preciso também que os erros e insuficiências sejam
apontados. Os responsáveis pela implementação de um programa, de uma política, podem,
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inclusive, justificar ao lado destes resultados a razão de tais falhas. Contribuindo, assim, para o
fomento do debate público.
Do ponto de vista do cidadão, a avaliação permite o controle social sobre o uso de recursos
que são, em última instância, da sociedade.
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