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Eu tinha uma família estável, bons amigos e era financeiramente bem.

Eu tinha acabado de
passar na faculdade de Direito, e cumpria corretamente com meu dever de promotora em um
Tribunal de Miami. Meu primeiro contato com o sobrenatural foi uma noite em que uma
mulher me observava pelo telhado do vizinho. Não consegui ver suas feições por causa do
escuro, mas sabia que olhava para mim.

Desde esse dia, as coisas começaram a piorar. Meu pai morreu, e por falta de um bom
presidente nossa empresa faliu, minha mãe colocou a culpa disso em mim, por ter escolhido
ser promotora ao invés de ajudar nas economias da família. Estressada por tantas perdas,
comecei a participar de algumas brigas de bar, ou saía com outras gangues de rua por
diversão, criando dessa forma, uma afeição bizarra por violência e sangue, muito sangue.

Admito ter tirado várias vidas durante todo o ano que estive ligada a essas atividades
criminosas, porém eu digo sinceramente que esse tipo de vida me agradava… era um prazer
sádico o que eu sentia ao ver outros pedindo misericórdia a mim, de joelhos. E essa sensação
só aumentava quando via os rios de sangue que escorriam dos seus corpos sem vida no
asfalto.

Com o tempo, percebi que a companhia de outros nunca fora uma necessidade para mim, e
principalmente desprezava àqueles que se punham em meu caminho. Durante esse período,
me tornei uma pessoa fria e reservada, com um grito que ecoava de mim, me induzindo ao
homicídio e a tortura. Fui aos poucos percebendo que esse meu comportamento se encaixava
perfeitamente no perfil de uma psicopata, de uma serial killer ou coisa pior… um monstro.

Meu trabalho era exaustivo, e foi por várias dessas crises de estresse que eu recorri às saídas
de noite, para aliviar minha frustração sobre as cabeças de pessoas inocentes (lê-se: idiotas),
satisfazendo também meu instinto maligno de ver sangue.

Mas isso durou pouco, pois por meio de uma denúncia anônima, meu chefe soube de minhas
atividades criminosas e me demitiu. Por pouco não roubei sua vida! Era a única forma de renda
que eu ainda tinha! Fiquei desconcertada, louca e pronta para me vingar dessa sociedade que
fez questão de estragar minha vida inteira, e para isso, criei meu código de ética pessoal que
sigo até hoje: “Infligir o mal, sem nenhuma restrição”.

Só após algum tempo é que consegui me estabilizar em um tribunal em Orlando, prendendo


criminosos e malfeitores com muito orgulho. Foi em uma noite fria que uma bela mulher me
esperava quando cheguei em casa. Ela me felicitou e disse que eu passara no teste de forma
mais intensa do que ela imaginava, e que como recompensa ela me daria a imortalidade e o
controle sobre as trevas.

Eu aceitei e ela me Abraçou, e diferente dos vampiros Lasombra neófitos, eu não me arrependi
nem um pouco de ser o monstro que me tornei, pois a maldição de Caim facilita o
cumprimento do meu código de honra, deixando-me extasiada por realizar o que mais gosto
nesta não-vida: torturar e matar.

Sou uma Lasombra reservada, que não aprecia os humanos nem outros vampiros que
trafegam nas noites atuais. Sou cínica, orgulhosa e cheia de pensamentos e atos maquiavélicos
em relação aos meus inimigos e aos seres que, segundo meu ponto de vista, não têm o
privilégio de serem o que são, muito menos de viver. Meu comportamento na sociedade é de
uma pessoa reservada, educada e um pouco distraída, mas minha natureza se mostra
maldosa, impiedosa e cruel, e me orgulho de ser dessa sombra que ceifa vidas inúteis.
Aprecio bons modos, requintes e surpresas agradáveis, e àquele que me tratar de forma gentil,
será devidamente recompensando com o mesmo tratamento, garantindo sua vida (ou não-
vida) prolongada. Minha aparência é agradável: cabelos negros e extremamente lisos, pele
pálida, olhos puxados e pupilas cor de trevas. Meu sorriso é ao mesmo tempo sedutor e com
toques de maldade visíveis até aos transeuntes que têm sua atenção captada. Idade? Ora, que
pergunta mais ofensiva. Posso lhe garantir que aparento ter, no máximo 27 anos.

Me estresso com facilidade, porém nunca demonstro, a não ser que o alvo seja muito
persistente, o que pode fazer sua vida (ou não-vida) ter um fim terrível, em poucos instantes.
Sou totalmente individualista, ou seja, é cada um por si. Não aceito me manter em grupos
desde que isso seja, de alguma forma, proveitoso para mim, e quando possível, tento cumprir
minha missão o mais rápido possível para logo ter de me ver solitária, como gosto. Mesmo em
grupo, costumo ficar sempre reservada, calada, e nunca, em hipótese alguma, comento sobre
meu passado.

Minha habilidade com armas brancas é invejável, e minha esquiva, infalível, o que me torna
uma adversária potente. Em relação às disciplinas, sou capaz de causar danos consideráveis
em meus oponentes, e tirar a vida dos mesmos me é muito prazeroso. Vê-los agonizar ou pedir
por misericórdia é extasiante. E claro, eu nunca lhes dou a chance de se redimir. Que queimem
no inferno sozinhos.

Não sou a companheira que qualquer outro vampiro gostaria de ter, nem a inimiga que um
oponente desejaria lutar, eu sou eu. Amaldiçoada pelo vampirismo, com muito orgulho, de
cabeça erguida, e aproveitando o êxtase que o sofrimento alheio me causa… assim eu vivo na
Sociedade Cainita, como um membro da seita mais temível, com o sangue dos Guardiões. Eu
sou, com muita honra anuncio, Lasombra.

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