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26/03/2024, 22:06 O CONSOLADOR

Especial
por Temi Mary Faccio
Simionato

Maria de Magdala

Órfã aos 17 anos, bela e atraente,


dona de grande fortuna, criada e
educada distante da religião e dos
costumes hebreus, Maria passou a
viver em uma das propriedades
herdada de seus pais, na aldeia de
Magdala. Assim, ela chegou e adquiriu
fama, acrescentando ao seu nome
Magdala.
A casa em que vivia era procurada
por patrícios romanos, ricos
negociantes, senhores de terras que
lhe depositavam moedas de ouro,
joias e perfumes, no entanto ela não
era feliz. Em certa ocasião, Maria de
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Magdala ouviu falar sobre o Rabi que


andava pelas estradas da Galileia e da
Judeia, divulgando a Boa Nova; sentia
a esperança renascer e, uma noite,
depois de muito pensar, foi até
Cafarnaum ouvir as pregações do
Evangelho do Reino, não longe da vila
principesca onde vivia entregue aos
prazeres, tomando-se de admiração
profunda pelo Messias. Que novo
amor era aquele apregoado aos
pescadores singelos por lábios tão
divinos?
Até aquele momento ela caminhara
sobre as rosas rubras do desejo,
embriagando-se com o vinho de
condenáveis alegrias, no entanto seu
coração estava sequioso e em
desalento. Jovem e formosa,
emancipara-se dos preconceitos
férreos de sua raça e sua beleza lhe
escravizara aos caprichos de mulher
os mais ardentes admiradores, mas
seu espírito tinha fome de amor.
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Envolvida por pensamentos


profundos, Maria procurou o Mestre
na humilde casa de Simão Pedro.
Como o Senhor a receberia? Seus
conterrâneos nunca lhe haviam
perdoado o abandono do lar e a vida
de aventuras. Porém, Jesus parecia
esperá-la, tal a bondade com que a
recebeu com um grande sorriso. A
recém-chegada sentou-se com
indefinível emoção a lhe sufocar o
peito, chorando aos pés de Jesus,
molhando-os com suas lágrimas,
enxugando-os com seus cabelos,
beijando e ungindo-os com perfume,
dizendo: “Senhor, ouvi vossa palestra
consoladora e venho ao vosso
encontro. Tendes a clarividência do
céu e podes adivinhar como tenho
vivido! Sou filha do pecado e todos
me condenam, entretanto Mestre,
observai como tenho sede do
verdadeiro amor! Minha existência,
como todos os prazeres, tem sido
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estéril e amargurada. (...) Ouvi vosso


amoroso convite ao Evangelho.
Desejava ser das vossas ovelhas, mas
será que Deus me aceitaria?” Jesus
entendendo profundidade dos
pensamentos de Madalena,
respondeu: “Maria, levanta os olhos
para o céu e regozija-te no caminho
porque escutaste a Boa Nova do
Reino e Deus te abençoa as alegrias!
Acaso poderias pensar que alguém no
mundo estaria condenado ao pecado
eterno? (...) Vai, Maria (...) sacrifica-
te e ama sempre. Longe é o caminho,
difícil a jornada, estreita a porta; mas
a fé remove os obstáculos (...) nada
temas.” (Lucas,7:48)
A pecadora de Magdala escutava o
Mestre absorvendo-lhe as palavras.
Homem algum havia falado assim à
sua alma incompreendida. Os mais
levianos lhe pervertiam as boas
inclinações, os aparentemente
virtuosos a desprezavam sem
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piedade. No entanto, o profeta


Nazareno havia plantado em sua alma
novos pensamentos. Depois que lhe
ouvira a palavra, percebeu que as
facilidades da vida traziam a ela agora
um tédio mortal, ao espírito sensível.
Maria de Magdala chorou longamente,
embora não compreendesse, ainda, o
que pleiteava o Profeta desconhecido,
entretanto Seu convite amoroso
parecia ressoar nas fibras mais
sensíveis de mulher.
Descobrir o lírio no pantanal e a
estrela além da tormenta, constitui
desafio para quem se candidata ao
crescimento interior. Desta maneira,
surgem enredamentos perigosos que
complicam a marcha e dificultam a
ascensão. Foi assim, com profundo
amor e carinho que o divino Mestre
mostrou a Maria e a todos aqueles
que desejam sinceramente levantar-
se do pó de suas ruínas morais, o
caminho a seguir.
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Voltemos a Madalena após o


encontro com o Messias. Correu
rapidamente a notícia, em Magdala,
sobre a conversão da pecadora que
para todos era a mulher perdida, que
teria de encontrar a lapidação na
praça pública. Porém, decidida
distribuiu tudo que possuía e com o
estritamente necessário, iniciou nova
caminhada. A vida renovada de
Madalena começa a partir daí,
representando o exemplo daqueles
que cometem equívocos em sua
marcha evolutiva, mas, ao toque do
amor do Cristo, conseguem reajustar-
se perante a Lei de Deus, voltando-se
definitivamente para o bem.
Maria Madalena é descrita no Novo
Testamento como uma das discípulas
mais dedicadas de Jesus; exemplo de
superação, conseguiu purificar-se de
todos os seus enganos, que não eram
poucos, entendendo e vivenciando o
significado dos ensinos do Mestre,
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transformando por completo sua vida,


dedicando-se à total renovação de
seu comportamento pela prática do
amor ao próximo. Juntou-se, assim,
aos que seguiam o Messias, porém,
percebia que não confiavam na sua
transformação, pois não sabiam e não
entendiam, ainda, as tentações pelas
quais ela tentava se sublimar.
Através da história de Maria de
Magdala e sua trajetória, poderemos
compreender a necessidade de
amparar o irmão que pensa em ser
útil e não consegue no momento, ao
invés de hostilizá-lo, combate-lo,
semeando espinhos por onde passa e
levá-lo ao julgamento público.
Madalena acompanhou Jesus em
todos os instantes, até o momento do
Gólgota, permanecendo ao pé da
cruz, junto a Maria, mãe do Mestre e
do discípulo João. No terceiro dia após
a crucificação, caminhou até o túmulo
com Joanna de Cusa e outras
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mulheres, encontrando a pedra do


sepulcro removida. A lembrança feita
de dor lhe oprimiu o peito, quando
ouviu a Sua voz, chamando-a. O
Nazareno estava ali, vivo. Foi assim,
anunciar aos discípulos a mensagem
da ressurreição, notícia que espalhou
imensa alegria entre todos eles.
Os dias que se seguiram foram de
nostalgia e recordações; desejou
seguir com os novos disseminadores
da Boa Nova, mas experimentou a
solidão e o abandono, porém
compreendeu, lembrando-se do
Mestre e resignou-se. Para abrandar a
imensa saudade do Messias, passou a
andar pelas praias. Humilde e
sozinha, submeteu-se a muitos
sacrifícios, trabalhando muito para a
sua sobrevivência, recusando as
propostas de vida material mais
tranquila que poderiam entorpecer-
lhe o espírito já desperto para as
claridades do amor verdadeiro. Esse
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amor multiplicava-se na proporção


que ela o dividia com os tristes e
doentes da jornada; sua alegria
renascia nos sorrisos dos velhos,
jovens e crianças, atendidos com
carinho.
Vinham da Idumeia, cansados e
tristes, um grupo de leprosos
buscando socorro da cura,
perguntando por Jesus, no entanto,
viam todas as portas fechadas,
quando encontram Maria que os
reuniu sob as árvores e a eles iniciou
a transmissão do Evangelho, porém,
as autoridades locais ordenaram a
expulsão imediata desses irmãos.
Diante deste fato, Madalena caminha
com eles para Jerusalém, passando a
viver no vale dos leprosos. Dali em
diante todas as tardes, a mensageira
do Evangelho reunia a turba de seus
novos amigos e falava sobre os
ensinamentos de Jesus. Rostos
ulcerados enchiam-se de alegria
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buscando uma nova luz. Os


agonizantes arrastavam-se até junto
dela e lhe beijavam a túnica, e,
assim, a filha de Magdala lembrava o
amor do Mestre e tomava-os em seus
braços fraternos e carinhosos,
levando aos companheiros de dor,
uma migalha de esperança, dizendo a
eles: “Jesus deseja intensamente que
nos amemos uns aos outros e que
participemos de suas divinas
esperanças, na mais extrema lealdade
a Deus!”
Em breve tempo, sua pele
apresentava igualmente manchas
violáceas da lepra. Foi, junto a eles,
os leprosos, que Maria constituiu sua
família terrena, relembrando de Jesus
diariamente, mantendo acesa a fé
naqueles corações, exemplificando-se
como fiel servidora do Cristo,
submetendo-se a todo tipo de
infortúnio, sem jamais desfalecer ou
reclamar. Na fortaleza de sua fé, a ex-
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pecadora abandonou o vale através


das estradas ásperas. Foi uma
peregrinação difícil e angustiosa até
Éfeso, sofrendo humilhações e
recorrendo a caridade, no entanto,
alegrava-se em reconhecer que seu
espírito não tinha motivos para
lamentações, pois Jesus a esperava.
A morte do corpo a alcançou em um
momento em que a enfermidade se
espalhava por todo o seu organismo.
Experimentava uma sensação de
alívio, quando viu Jesus aproximar-se
mais belo do que nunca. Seu olhar
tinha o reflexo do céu e o semblante
trazia um júbilo indefinível. O mestre
estendeu-lhe as mãos e ela se
abaixou, exclamando: “Senhor! (...)
Jesus recolheu-a brandamente nos
braços e murmurou: “Maria, já
passaste a porta estreita! Amaste
muito! Vem! Eu te espero aqui!”
(João,20:16)

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Seu espírito alcançou a glória e a


felicidade verdadeira. Entendendo-O
como poucos e, por esta razão o
Messias apareceu primeiramente a ela
após sua volta em Espírito, a dizer
para o mundo a real importância do
sentimento de amor no trato com a
vida.
Ela aparece no Evangelho como
resplandecente figura feminina a
quem todos reverenciamos. Portanto,
renovemo-nos, meditando na sábia
reflexão do espírito Emmanuel,
através do meigo médium Francisco
C. Xavier, no livro Fonte Viva, capítulo
87: “Lembra-te de que não és tu
quem espera pela Divina luz. É a
Divina luz, força do céu ao teu lado,
que permanece esperando por ti.”

Bibliografia:
FRANCO, P. Divaldo – As Primícias do Reino –
ditado pelo espírito Amélia Rodrigues – 2ª
edição – Rio de Janeiro/RJ/ Editora Sabedoria
– 1967 – A Rediviva de Magdala.
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XAVIER, C. Francisco – Boa Nova – ditado


pelo espírito Humberto de Campos – 36ª
edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2013 –
lição 20.

O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita

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