Você está na página 1de 135

1

Patrícia Souza de Almeida Borges

PREVALÊNCIA DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA


METABÓLICA E ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO
CARDIOVASCULAR, DE ACORDO COM O SEXO, EM UMA COORTE
DE BRASILEIROS ATENDIDOS EM CENTRO PRIVADO DE
MEDICINA PREVENTIVA

Tese apresentada à Universidade


Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina, para obtenção
do Título de Doutora em Ciências.

São Paulo
2023
2

Patrícia Souza de Almeida Borges

PREVALÊNCIA DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA


METABÓLICA E A ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO
CARDIOVASCULAR, DE ACORDO COM O SEXO, EM UMA COORTE
DE BRASILEIROS ATENDIDOS EM CENTRO PRIVADO DE
MEDICINA PREVENTIVA

Tese apresentada à Universidade


Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina, para obtenção
do Título de Doutora em Ciências.

Orientador:

Prof. Dr. Edison Roberto Parise

Coorientador:

Prof. Dr. Roberto José de Carvalho


Filho

São Paulo

2023
3

Borges, Patrícia Souza de Almeida

Prevalência de doença hepática gordurosa metabólica e associação com


fatores de risco cardiovascular, de acordo com o sexo, em uma coorte de
brasileiros atendidos em um centro privado de medicina preventiva / Patrícia
Souza de Almeida Borges. -- São Paulo, 2023.

xxiii, 135 f.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de


Medicina. Programa de Pós­graduação em Gastroenterologia.

Título em inglês: MAFLD prevalence and risk factors according to sex in a Brazilian
population attending a private preventive medicine center.

1. Esteatose hepática metabólica 2. Fatores de risco 3. Prevalência 4. Adultos


4

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO


ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS­GRADUAÇÃO EM GASTROENTEROLOGIA

Chefe da Disciplina de Gastroenterologia:

Profa. Dra. Ana Cristina de Castro Amaral

Coordenador do Curso de Pós­graduação:

Profa. Dra. Márcia Regina Nagaoka

Aluna:

Patrícia Souza de Almeida Borges

São Paulo

2023
5

Patrícia Souza de Almeida Borges

PREVALÊNCIA DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA


METABÓLICA E ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO
CARDIOVASCULAR, DE ACORDO COM O SEXO, EM UMA COORTE
DE BRASILEIROS ATENDIDOS EM CENTRO PRIVADO DE
MEDICINA PREVENTIVA

Presidente da banca:

Prof. Dr. Edison Roberto Parise

Banca examinadora:

Prof. Dra. Carolina Frade Magalhães Girardin Pimentel Mota

Prof. Dra. Virgínia Nascimento dos Santos

Prof. Dr. Raul Dias dos Santos Filho

Prof. Dr. Rodrigo Sebba Aires

Data da aprovação:

_______________
6

Dedicatória

Às pessoas mais importantes da


minha vida, minha essência: meus
pais de sangue e de coração, Iracy,
Carlos e Ivone, pelo amor
incondicional e pelo apoio em todas
as minhas decisões e nas horas mais
difíceis.

Aos nossos filhos Benjamin e João


Marco, por me ensinarem a cada dia
ser uma pessoa melhor, que eu
possa ser exemplo para o seu
crescimento pessoal e profissional.

Aos meus irmãos, Amanda e Daniel,


pelo companheirismo, carinho e
cuidado de sempre.

Ao meu esposo Marco Aurélio, pelo


amor, incentivo, companheirismo e
paciência em todos os momentos.
7

Agradecimentos

• À Deus, por me amparar nos momentos difíceis, me dar força para superar as

dificuldades, mostrar o caminho nas horas incertas e por suprir todas as minhas

necessidades.

• À minha família, meu esposo e nossos filhos Benjamin e João Marco, a minha

base, meu tudo, os quais tenho um amor incondicional, pelo carinho e incentivo

em todas os momentos.

• Ao meu orientador, Prof. Dr. Edison Roberto Parise, por acreditar em mim, por

me mostrar o caminho da ciência, fazendo parte dos principais anos de minha

formação pessoal e profissional, pela amizade sincera, pelo carinho de sempre,

e por ser exemplo de profissional, o qual sempre fará parte da minha vida. Ao

meu coorientador Prof. Dr. Roberto José de Carvalho Filho, pelo carinho e

atenção de sempre em todos os anos de minha formação profissional e por ser

um exemplo de dedicação e competência.

• Aos meus amigos e irmãos de coração: Vívian, João Luiz, Cláudia, Gustavo,

Ibrahim, Ana Leatrice, Mirella, Ayk, Letícia e Júlio, por sempre estarem ao meu

lado dando força e apoio.

• A todos os amigos da Disciplina de Gastroenterologia e da Casa das hepatites,

especialmente Magali, Valdir, Francine e Henrique pelo carinho e apoio de

sempre.

• Aos meus eternos professores do Departamento de Gastroenterologia da

Universidade Federal de São Paulo, Dr. Roberto, Dra. Ana Cristina, Dra. Maria

Lúcia, Dra. Carolina, Dra. Patrícia, Dra. Virgínia, Dr. Raul, Dra. Juliana, Dra.

Marlise, Dra. Ivonete, Dra. Eunice, Dra. Christine, Dra. Sílvia, Dra. Amélia.
8

• Aos professores da Universidade Federal de Goiás, Dr. Rodrigo Sebba Aires e

Dr. Joffre Resende Filho, por me receberem tão bem na cidade que escolhi

para morar, pelo apoio e confiança de sempre.

• Ao Prof. Dr. Raul Santos, pelo apoio durante todo o processo de elaboração e

avaliação do projeto no HIAE ­ SP, pela confiança e atenção.

• Às colaboradoras e estatísticas do HIAE, Nea Miwa Kashiwagi, Maura Gonzaga

Lapa, Silvia Regina Lamas Assis, e Frederico, pelo auxílio no processo de

coleta e análise dos dados.


9

Epígrafe

““Porque, assim como o corpo sem

o espírito está morto, assim também

a fé sem obras é morta.”

(Tiago 2:26)
10

Resumo

Objetivos: Avaliar a prevalência de DHGM e a sua associação com idade, estilo de


vida e fatores de risco cardiovascular, de acordo com o sexo, em uma população
submetida a check­up em uma unidade de medicina preventiva. Métodos: Estudo
retrospectivo, com a coleta dos dados de prontuários, em adultos ≥ 18 anos
submetidos a uma avaliação entre 2005 e 2019, com exame de ultrassom (US)
abdominal. Após exclusão daqueles com risco aumentado de doença alcoólica
(escore AUDIT > 8), foram classificados como portadores de doença hepática
gordurosa metabólica (DHGM) não alcoólica, aqueles com esteatose ao US e que
apresentassem ≥ 2 fatores de risco metabólico. Foi calculada a prevalência global e
em cada um dos três quinquênios consecutivos (2005­2019). Os fatores relacionados
ao estilo de vida e de risco cardiovascular (FRCM) foram avaliados em função da
idade e do índice de massa corpórea (IMC) e estratificados pelo sexo e idade.
Resultados: Dos 45.195 casos, 14.089 pacientes preenchiam os critérios para DHGM
com uma prevalência global de 31,2%, sendo maior entre homens do que em
mulheres. Nas mulheres, a prevalência aumentou significantemente com o tempo,
especialmente do primeiro para o segundo quinquênios (8,7%, 15,1% e 16,6%),
enquanto entre os homens a prevalência foi semelhante entre os períodos (38,5%,
41,1% e 41,8%). A avaliação quanto ao sexo e idade mostrou um aumento significativo
após os 50 anos de idade. Em relação aos fatores de risco, o fumo esteve associado
a DHGM apenas entre os homens, enquanto todos outros fatores investigados,
apresentaram significativa razão de chance (RC) para DHGM, sendo que o IMC foi o
fator que apresentou maior RC em ambos os sexos (4,79 nos homens e 5,4 nas
mulheres), seguido dos níveis de triglicérides (2,7 e 3,27). Na comparação com fatores
clínicos novamente o IMC foi o que apresentou maior RC (10,26 para homens e 11,84
para mulheres), seguido pelo antecedente de diabetes mellitus tipo 2 (2,65 e 4,02,
respectivamente). Conclusão: Os resultados demonstram elevada prevalência de
DHGM não alcoólica em nosso meio, e um aumento significativo no decorrer dos anos,
mantendo maior prevalência entre os homens e um significativo aumento entre as
mulheres com o avançar da idade, a cada quinquênio. Com exceção do fumo, todos
os outros FRCM e do estilo de vida, estiveram associados e com maior RC para
presença de DHGM não alcoólica em ambos os sexos, especialmente o IMC, níveis
de triglicérides e diagnóstico prévio de diabetes mellitus tipo 2.
11

Abstract

Objectives: To assess the prevalence of DHGM and its association with age, lifestyle
and cardiovascular risk factors, according to gender, in a population undergoing check­
up in a preventive medicine unit. Methods: Retrospective study, with the collection of
data from medical records, in adults ≥ 18 years old who underwent an evaluation
between 2005 and 2019, with an abdominal ultrasound (US) examination. After
excluding those with an increased risk of alcoholic disease (AUDIT score > 8), those
with steatosis on US and those with ≥ 2 metabolic risk factors were classified as having
non­alcoholic fatty liver disease (MFHD). The global prevalence and in each of the
three consecutive five­year periods (2005­2019) were calculated. Lifestyle and
cardiovascular risk factors (CMRF) were assessed according to age and body mass
index (BMI) and stratified by sex and age. Results: Of the 45,195 cases, 14,089
patients fulfilled the criteria for DHGM with an overall prevalence of 31.2%, being
higher among men than women. In women, the prevalence increased significantly over
time, especially from the first to the second five years (8.7%, 15.1% and 16.6%), while
among men the prevalence was similar between periods (38.5 %, 41.1% and 41.8%).
The evaluation regarding sex and age showed a significant increase after 50 years of
age. Regarding risk factors, smoking was associated with DHGM only among men,
while all other investigated factors showed a significant odds ratio (OR) for DHGM, with
BMI being the factor that presented the highest OR in both sexes (4.79 in men and 5.4
in women), followed by triglyceride levels (2.7 and 3.27). In comparison with clinical
factors, BMI was again the one with the highest OR (10.26 for men and 11.84 for
women), followed by a history of type 2 diabetes mellitus (2.65 and 4.02, respectively).
Conclusion: The results demonstrate a high prevalence of non­alcoholic DHGM in our
midst, and a significant increase over the years, maintaining a higher prevalence
among men and a significant increase among women with advancing age, every five
years. With the exception of smoking, all other FRCM and lifestyle factors were
associated with a higher OR for the presence of non­alcoholic DHGM in both genders,
especially BMI, triglyceride levels and previous diagnosis of type 2 diabetes mellitus.
12

Sumário

Dedicatória................................................................................................................. VI

Agradecimentos............................................................................................... VII – VIII

Epígrafe.......................................................................................................................IX

Resumo....................................................................................................................... X

Abstract...................................................................................................................... XI

Sumário..................................................................................................................... XII

Listas.............................................................................................................. XIV ­ XX

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................21

1.1 Doença hepática gordurosa e os seus conceitos...............................................21


1.2 Diagnóstico da doença hepática gordurosa.......................................................23
1.3 Epidemiologia da doença hepática gordurosa...................................................27
1.4 Fatores de risco da doença hepática gordurosa................................................28
1.5 História natural da doença hepática gordurosa.................................................31

2. OBJETIVOS............................................................................................................35

2.1 Geral.................................................................................................................35
2.2 Específicos .......................................................................................................35

3. CASUÍSTICA E MÉTODOS....................................................................................36

3.1 Desenho do estudo...........................................................................................36


3.2 Casuística.........................................................................................................36
3.3 Métodos............................................................................................................37
3.4 Análise estatística ............................................................................................40
3.5 Aspectos éticos ................................................................................................40

4. RESULTADOS.......................................................................................................42

4.1 Avaliação global dos pacientes inseridos no estudo de acordo com o sexo.......43
4.2 Avaliação dos fatores de risco cardiometabólico de acordo com a presença ou
ausência de DHGM............................................................................................46
13

4.3 Análise dos fatores de risco cardiometabólico e estilo de vida, da população com
DHGM de acordo com o sexo.............................................................................50
4.4 Avaliação da população com DHGM de acordo com a idade e o sexo...............52
4.5 Razão de probabilidade dos fatores de risco cardiometabólico e estilo de vida
para o diagnóstico de DHGM de acordo com o sexo..........................................56
4.6 Valores de FIB­4 na avaliação do risco de fibrose avançada de acordo com sexo
e idade (maiores ou menores de 50 anos) de portadores de
DHGM................................................................................................................58
4.7 Avaliação da população geral de acordo com os três quinquênios consecutivos
de 2005 a 2019...................................................................................................59
4.8 Análise dos fatores de risco cardiometabólico e estilo de vida nos pacientes com
DHGM de acordo com os três quinquênios e com o sexo dos
pacientes........................................................................................................... 61
4.9 Razão de probabilidade dos fatores de risco cardiometabólico para o
diagnóstico de DHGM de acordo com o sexo nos três
quinquênios........................................................................................................64

5. DISCUSSÃO...........................................................................................................68

6. CONCLUSÕES.......................................................................................................81

7. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS..................................................................................82

8. ANEXOS ................................................................................................................83

8.1 Termo de consentimento livre e esclarecido.............................................83


8.2 Parecer consubstancial do CEP – HIAE....................................................84
8.3 Projeto de pesquisa envolvendo seres humanos – Plataforma Brasil.......91
8.4 Carta ao CEP – UNIFESP..........................................................................99
8.5 Detalhamento do projeto de pesquisa......................................................100
8.6 Escore AUDIT .........................................................................................101
8.7 Questionário de Berlim para avaliação de apneia do sono......................102
8.8 Distribuição dos valores de AUDIT na população estudada de acordo o com
sexo dos participantes.............................................................................106

9. Referências bibliográficas....................................................................................107
14

Lista de figuras

Figura 1. Critérios diagnósticos para doença hepática gordurosa metabólica..........24

Figura 2. Fatores de risco para doença hepática gordurosa não alcoólica...............29

Figura 3. Fatores de risco para esteato­hepatite não alcoólica.................................30

Figura 4. História natural da doença hepática gordurosa não alcoólica....................34

Figura 5. Classificação do nível de atividade física pelo International physical activity


questionnaire.............................................................................................................38

Figura 6. Seleção dos pacientes para o estudo.......................................................43


15

Lista de gráficos

Gráfico 1. Prevalência de DHGM de acordo com idade e sexo do paciente..............53

Gráfico 2. Prevalência de sobrepeso e obesidade na população com DHGM, de

acordo com idade e sexo do paciente........................................................................54

Gráfico 3. Prevalência de DHGM de acordo com a idade e o IMC, no sexo

masculino...................................................................................................................55

Gráfico 4. Prevalência de DHGM de acordo com a idade e o IMC, no sexo feminino.55

Gráfico 5. Distribuição da prevalência global e por sexo de doença hepática gordurosa


metabólica nos três quinquênios estudados...............................................................60
16

Lista de tabelas

Tabela 1. Classificação de síndrome metabólica pelo International Diabetes


Federation..................................................................................................................39

Tabela 2. Características clínicas da população geral de acordo com o sexo...........45

Tabela 3. Avaliação laboratorial global de acordo com sexo.....................................46

Tabela 4. Características demográficas e prevalência dos fatores de risco


cardiometabólico e do estilo de vida, em pacientes com e sem doença hepática
gordurosa metabólica................................................................................................ 47

Tabela 5. Achados laboratoriais gerais de acordo com a presença ou ausência de


doença hepática gordurosa metabólica......................................................................49

Tabela 6. Fatores de risco para doença hepática gordurosa metabólica na população


estudada de acordo com o sexo..................................................................................51

Tabela 7. Achados laboratoriais na população com doença hepática gordurosa


metabólica de acordo com o sexo..............................................................................52

Tabela 8: Razão de chances (odds ratio) para o diagnóstico de DHGM para diferentes
fatores de risco para a doença, de acordo com o sexo, corrigidos para idade e índice
de massa corporal......................................................................................................57

Tabela 9. Fibrosis­4 index (valor médio com desvio padrão ou percentual de pacientes
com valor <1,30) comparação de homens e mulheres com DHGM em todo o grupo ou
apenas naqueles com 50 anos ou mais.....................................................................59

Tabela 10. Avaliação dos fatores de risco para doença hepática gordurosa metabólica
nos homens de acordo com os três quinquênios.........................................................61

Tabela 11. Avaliação dos fatores de risco para doença hepática gordurosa metabólica
nas mulheres de acordo com os três quinquênios ....................................................62
17

Tabela 12. Razão de chances (odds ratio) para o diagnóstico de DHGM para
diferentes parâmetros de risco cardiometabólico e do estilo de vida, no sexo masculino
e de acordo com os três quinquênios, corrigidos para a idade e índice de massa
corporal.......................................................................................................................64

Tabela 13. Razão de chances (odds ratio) para o diagnóstico de DHGM para
diferentes parâmetros de risco cardiometabólico e do estilo de vida, no sexo feminino
e de acordo com os três quinquênios, corrigidos para a idade e índice de massa
corporal......................................................................................................................65
18

Lista de siglas

ALB Albumina

ALT Alanina amino transferase

AP Atividade de protrombina

APP Atividade periportal (grau de atividade inflamatória)

APRI AST­to­Platelet Ratio Index

AST Aspartato amino transferase

AUDIT Alcohol Use Disorders Identification Test

BD Bilirrubina direta

CAP Parâmetro de atenuação controlada

CHC Carcinoma hepatocelular

CT Colesterol total

DHA Doença hepática alcoólica

DHGM Doença hepática gordurosa metabólica

DHGNA Doença hepática gordurosa não alcoólica

DLP Dislipidemia

DM Diabetes mellitus

DM2 Diabetes mellitus tipo 2

DP Desvio padrão

DRC Doença renal crônica

EHNA Esteato­hepatite não alcoólica

ENA Esteatose hepática não alcoólica

F Fibrose
19

FA Fosfatase alcalina

FIB­4 Fibrosis­4 index

FINDRISC Finnish Diabetes Risk Score

FRT Ferritina

GGT Gama­glutamiltransferase

GLI Glicemia

HAS Hipertensão arterial sistêmica

Hb Hemoglobina

HBV Vírus da hepatite B

HCV Vírus da hepatite C

HDL colesterol Lipoproteína de alta densidade

HIAE Hospital Israelita Albert Einstein

HIV/AIDS Vírus da imunodeficiência humana

IDF International Diabetes Federation

IL28B Interleucina 28B

IMC Índice de massa corporal

IPAQ International physical activity questionnaire

LDL colesterol Lipoproteína de baixa densidade

MAFLD Metabolic dysfunction­associated fatty liver disease

MENA Países do Oriente Médio e Norte da África

MNIFH Marcadores não invasivos de fibrose hepática

N Número de pacientes

NAFLD Nonalcoholic fatty liver disease

NFS NAFLD fibrosis score


20

Não­NASH Ausência de esteato­hepatite não alcoólica (nonalcoholic


steatohepatitis)

NASH Esteato­hepatite não alcoólica (nonalcoholic steatohepatitis)

RM Ressonância magnética

RMS Espectroscopia por RM

SM Síndrome metabólica

TC Tomografia computadorizada

TGL Triglicérides

US Ultrassom
21

1. INTRODUÇÃO

1.1 Doença hepática gordurosa e os seus conceitos

A doença hepática gordurosa acomete hoje em torno de 30% da população


mundial e representa a segunda indicação de transplante hepático em vários países.
A descrição da doença hepática gordurosa iniciou com Addison em 1836.
Posteriormente, em 1838, em espécimes de autópsia, um patologista (Rokitansky C
A et al., 1838) documentou o acúmulo de gordura hepática que poderia ser uma causa
de cirrose. Em 1884, Pepper descreveu a infiltração gordurosa do fígado em um
paciente diabético (Pepper W, 1884), e em 1885, Bartholow relatou uma possível
associação entre obesidade e fígado gorduroso. Em 1962, Thaler acrescentou uma
nova descrição clínica e patológica da doença (Brunt EM et al., 2011). Desde então,
vários relatórios nas décadas de 1950 a 1970 documentaram patologicamente a
ocorrência de doença hepática gordurosa em indivíduos obesos e diabéticos.

A partir da década de 1980, com os estudos de Ludwig, os principais marcos na


definição de DHGNA foram sendo elaborados e, com isso, a nossa compreensão da
associação de DHGNA com síndrome metabólica chegando a definirmos o conceito
de “DHGNA como manifestação da síndrome metabólica”, considerando­se a mais
apropriada da existência de uma relação mútua e bidirecional. Nesse momento, o
termo esteato­hepatite não alcoólico (NASH) foi descrito por Ludwig et al., achados
presentes principalmente em pacientes mulheres obesas e diabéticas. As alterações
histopatológicas observadas incluíram hepatite lobular, infiltrado inflamatório,
corpúsculos de Mallory­Denke, necrose focal, diversos graus de fibrose na maioria
dos espécimes e até cirrose em três pacientes (Ludwig J et al., 1980). Schaffner e
Thaler foram os primeiros a usar o nome “doença hepática gordurosa não alcoólica”
em 1986.

Nesta definição, a doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD em inglês),


envolvia um espectro de doenças hepáticas gordurosas não resultantes do abuso de
álcool, etiologias virais, autoimunes, induzidas por drogas ou genéticas (LaBrecque
DR et al., 2014; Satapathy SK and Sanyal AJ, 2015; LA et al., 2015).
22

Entretanto, desde 2020, uma nova definição para a doença hepática gordurosa
foi discutida por um grupo de especialistas para a elaboração de um diagnóstico mais
abrangente e simples, com a nomenclatura em inglês de “metabolic dysfunction­
associated fatty liver disease”, ou MAFLD, e a sua tradução para o português melhor
definida por doença hepática gordurosa metabólica, ou DHGM, a qual é caracterizada
pela presença de esteatose hepática em um exame de imagem ou histologia,
associada a obesidade ou sobrepeso, ou ao diabetes mellitus tipo 2 (DM2; Eslam, M.;
Sanyal, A.J. and George, J., 2020). Nessa nova nomenclatura, caso o paciente não
tenha algum desses critérios, ele precisa ter pelo menos outros dois critérios da
síndrome metabólica (como hipertrigliceridemia, aumento do LDL ou redução do HDL,
aumento da circunferência abdominal, hipertensão arterial sistêmica [HAS] ou
aumento da proteína C reativa). Além disso, o diagnóstico independe da presença de
outras doenças hepáticas antes chamadas de secundárias, como o próprio consumo
de álcool, e pode ser aplicado a pacientes em qualquer contexto clínico (EASL, 2020).
A DHGM seria considerada, portanto, uma manifestação hepática de um distúrbio
multissistêmico, que é heterogêneo em suas causas subjacentes, apresentação,
curso e resultados.

Com a nomenclatura MAFLD, os termos esteatose hepática “primária” e


“secundária”, portanto, são excluídos, pois considera­se que todos os processos
patológicos são chamados secundários. A partir desse novo conceito, chamamos de
"causas associadas" à doença hepática gordurosa para descrever condições como
esteatose induzida por doença hepática alcoólica (DHA), infecções virais (HIV, HBV
ou HCV), medicamentos (corticosteroides, ácido valpróico, tamoxifeno, metotrexato e
amiodarona), hepatite autoimune em fase inicial ou em acompanhamento, doença
celíaca, nutrição parenteral total, cirurgia bariátrica ou distúrbios do metabolismo
lipídico (abetalipoproteinemia, hipobetalipoproteinemia, deficiência de lipase ácida
lisossomal, hiperlipidemia familiar combinada, lipodistrofia, síndrome de Weber­
Christian, doença de depósito de glicogênio, doença de Wilson). Eles podem estar
associados à disfunção metabólica (DHGM) ou estar presentes com outros gatilhos
de formas menos frequentes da doença hepática gordurosa. Esta definição se deve
ao aumento dramático na prevalência global de DHGM, que pode coexistir com as
outras condições acima descritas. Sendo assim, o maior benefício de um critério de
23

etiologia duplo em comparação com as diretrizes anteriores é que a DHGM deixa de


ser apenas um diagnóstico de exclusão.

Um estudo de metanálise da Universidade de Oxford em 2022, envolvendo


3.320.108 indivíduos, encontrou uma prevalência global de MAFLD de 38,77% (95%
CI 32,94% a 44,95%); com 5,37% (IC 95% 4,36% a 6,59%) e 29,78% (IC 95% 26,06%
a 33,79%) de indivíduos magros e não obesos, respectivamente, tinham MAFLD. E
as condições metabólicas como a HAS (odds ratio 2,63; IC95% 1,85 a 3,74) e o DM2
(OR 3,80; IC95% 2,65 a 5,43) foram considerados fatores de risco associados a
MAFLD nessa população. Portanto, MAFLD acomete em torno de um terço da
população mundial, com importante representação nos gastos econômicos e de saúde
para a sociedade (Kai Em Chan et al., 2022).

A esteato­hepatite não alcoólica, EHNA (ou NASH, do termo em inglês “non­


alcoholic steato hepatitis”) continua sendo a manifestação de uma doença hepática
crônica e progressiva caracterizada pela presença de esteatose associada a
inflamação, balonização de hepatócitos e graus variados de fibrose hepática
(Takahashi Y and Fukusato T, 2014; European Medicines Agency, 2018).

Sabemos que não existe ainda um tratamento farmacológico altamente eficaz


para prevenir a evolução da doença. Assim, a base para o tratamento de DHGM está
na mudança do estilo de vida, com a realização de dieta e atividade física, e no
tratamento dos fatores de risco associados. A prevalência da DHGM tem aumentado
de acordo com o rápido aumento dos maus hábitos de vida, como comportamento
sedentário, baixos níveis de atividade física, ingestão excessiva de alimentos
hipercalóricos e ricos em lipídios em dietas nutricionalmente desequilibradas e não
saudáveis. E, mesmo em indivíduos de peso normal, também existe uma prevalência
cada vez maior de adultos com uma saúde metabólica deficiente, o que também
aumentaria o risco de esteatose.

1.2 Diagnóstico da doença hepática gordurosa

Até 2016, a definição de DHGNA era baseada na presença de esteatose em pelo


menos 5% dos hepatócitos, na ausência de significativo ou recente consumo abusivo
de álcool e/ou outras causas conhecidas de doença hepática. Para o diagnóstico de
24

DHGNA, eram necessários os seguintes critérios: 1) evidência de esteatose ao exame


de imagem ou histológico, 2) consumo abusivo de bebidas alcoólicas (equivalente ao
consumo de etanol ≥ 40 g/dia em homens ou ≥ 20 g/dia em mulheres), 3) ausência de
outras causas de esteatose hepática, tais como doença hepática alcoólica, hepatite
C, hemocromatose, hepatite autoimune, doença celíaca, doença de Wilson ou causas
secundárias para esteatose (medicamentos, hipo­betalipoproteinaemia lipoatrófica,
hipopituitarismo, hipotireoidismo, desnutrição grave, nutrição parenteral, erros inatos
do metabolismo e outras (Chalasani et al., 2009; EASL–EASD–EASO, 2016;
Vuppalanchi R e Chalasani N, 2009).

Na nomenclatura proposta em 2020, os critérios para o diagnóstico de DHGM


foram baseados na identificação de esteatose, por exame de imagem ou histologia,
associada a um dos três critérios a seguir: sobrepeso ou obesidade, presença de
diabetes mellitus tipo 2 (DM2) ou evidência de disfunção metabólica (Figura 1). A
disfunção metabólica é definida pela presença de pelo menos duas anormalidades de
risco metabólico, listadas na figura abaixo. Na DHGM, existe um conjunto de novos
critérios “positivos” para o diagnóstico da doença, independentemente do consumo de
álcool ou outras doenças hepáticas concomitantes.

*Fonte: https://pebmed.com.br/doenca­hepatica­gordurosa­associada­a­disfuncao­metabolica­
mudanca­de­terminologia/

Figura 1. Critérios diagnósticos para doença hepática gordurosa metabólica


25

A detecção de esteatose pode ser realizada por meio do exame de


ultrassonografia, que é a modalidade diagnóstica de primeira linha mais amplamente
usada e recomendada, mas possui sensibilidade limitada e não detecta de forma
confiável a esteatose leve (inferior a 20%) e o seu desempenho é pior em indivíduos
com índice de massa corporal (IMC) superior a 40 kg/m2. Outro meio diagnóstico é a
medição do parâmetro de atenuação controlada (CAP), realizado pelo exame de
elastografia transitória (FIBROSCAN), o qual está sendo cada vez mais utilizado na
prática clínica. Já a tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética
(RM) podem ser utilizadas para qualquer grau de esteatose e são importantes também
para diagnosticar esteatose moderada e grave, e, se disponível, poderia se utilizar a
espectroscopia por ressonância magnética (RMS), que fornece uma estimativa
quantitativa da gordura do fígado, entretanto possui elevado custo e possui
disponibilidade limitada, requerendo um software especial. Existem ainda os
biomarcadores séricos de esteatose, que poderiam substituir ou se associar aos
métodos de imagem.

A partir do diagnóstico de DHGM, é importante a realização de uma avaliação


da fibrose hepática, que pode ser inicialmente realizada pelos métodos não invasivos
de fibrose hepática (MNIFH). Estes métodos podem ser subdividos em testes
bioquímicos e testes físicos. Os testes bioquímicos mais usados são o NAFLD Fibrosis
score (NFS), o Fibrosis – 4 index (FIB­4) e o AST-to-Platelet Ratio Index (APRI). Os
MNIFH mecânicos baseiam­se na elastografia hepática, destacando­se quatro
equipamentos: o FibroScan, a elastografia point shear wave (pSWE), a elastografia
shear wave bidimensional (2D­SWE) e a elastografia por ressonância magnética
(Arinc O. et al., 2022; EASL–EASD–EASO, 2016; Richard G Barr., 2018). Estes
métodos físicos permitem a mensuração da rigidez hepática e a quantificação do grau
de esteatose.

Dentre os MNIFH, os testes bioquímicos são mais simples, de baixo custo e de


fácil execução. O FIB­4 utiliza níveis séricos de AST e ALT, contagem de plaquetas e
idade do paciente e o APRI utiliza apenas o nível de AST e a contagem de plaquetas.
Já o NFS utiliza mais parâmetros: idade, IMC, presença de DM2 ou alteração da
glicose, AST, ALT, plaquetas e albumina.
26

A interpretação do grau de fibrose consiste em valores numéricos categorizados.


No APRI, os valores adotados em vários estudos mostram que quando o valor está ≤
0,5 as chances de fibrose significativa são reduzidas e quando o valor está ≥ 1,5 indica
grau de fibrose significativa (F2, F3 ou F4; Wai et al., 2003). Já no FIB­4, os valores
< 1,45 indicam ausência de fibrose avançada e valores > 3,25 sugerem a presença
de fibrose avançada (F3 ou F4; Pichard et al., 2007).

As fórmulas utilizadas para o cálculo destes marcadores são:

a) APRI (AST-to-Platelet Ratio Index):

b) FIB­4 (Fibrosis – 4 index):

No caso do NFS, é realizado um cálculo em que os resultados podem prever


ausência ou presença de fibrose avançada (F3 ou F4; Angulo P, et al., 2007). O estudo
de Musso et al., 2011, mostrou que um escore < ­1,455 apresentou sensibilidade de
90% e especificidade de 60% para excluir fibrose avançada, enquanto um escore >
0,676 teve sensibilidade de 67% e especificidade de 97% para identificar a presença
de fibrose avançada.

Na DHGM, mensurações clínicas, laboratoriais ou de imagem não conseguem


distinguir EHNA de esteatose. Portanto, MNIFH ainda não são validados para o
diagnóstico de EHNA e somente a biópsia hepática pode fazer esse diagnóstico.

A biópsia hepática é o melhor exame para o diagnóstico de DHGM e é o método


padrão ouro para o diagnóstico de EHNA. Entretanto, a avaliação histológica
apresenta diversas limitações, como alto custo, dependência da experiência do
operador, risco de hemorragia e morbimortalidade relacionada ao procedimento.
27

Assim, diversos pesquisadores têm estudado os MNIFH, como os biomarcadores


séricos e a elastografia, citados anteriormente (Gambino R, Cassader M e Pagano G,
2011).

1.3 Epidemiologia da doença hepática gordurosa

Inúmeros estudos foram publicados até o momento estimando a prevalência da


DHGNA no mundo (Stefano B, 2017; Zobair MY et al., 2016; Grace EHL et al.,
2023; Huapeng L et al., 2021). No entanto, devido às mudanças recém instituídas nos
critérios diagnósticos e pela mudança na nomenclatura, muitos trabalhos são
necessários para que possamos dimensionar a real prevalência global da doença
hepática gordurosa.

Nos estudos já publicados, a incidência de DHGNA variou de acordo com a


população estudada, sendo particularmente influenciada por certos fatores como a
etnia e a idade. Estudos japoneses apontam para uma incidência entre 31 e 86 por
1.000 habitantes. Em contrapartida, um estudo na Inglaterra apresentou uma
incidência de 29 por 100.000 habitantes, mostrando que mais estudos necessitam ser
realizados para uma melhor definição (Suzuki A. et al., 2005; Hamaguchi M et al.,
2005; Whalley S et al., 2007). E a prevalência de DHGNA também varia conforme o
método de identificação da esteatose, variando entre 17% e 46%. Revisões
sistemáticas sobre a epidemiologia da DHGNA no mundo, realizadas por grupos de
autores em determinados países, apontaram a prevalência no Brasil entre 10 e 35%
(Sayiner M et al., 2016 ; Younossi Z et al., 2018). Portanto, a prevalência de DHGNA
na população adulta brasileira e os fatores de risco a ela relacionados, ainda são
pouco conhecidos.

Em relação à prevalência estimada de EHNA, ela foi menor em muitos estudos,


em torno de 3% a 5%. (Vernon G, Baranova A e Younossi ZM, 2011). Atualmente, a
DHGNA é a doença hepática crônica mais prevalente nos EUA, e a EHNA já se
apresenta como a segunda causa de indicação para transplante hepático por
insuficiência hepática crônica e também por hepatopatia crônica complicada por
carcinoma hepatocelular (Doycheva I et al., 2018 ; Tang JT and Mao YM, 2017).
28

Os estudos de prevalência de DHGM mundial e especificamente na população


brasileira ainda são poucos, mas tem aumentado em número desde a implementação
desta nova nomenclatura. Como dito anteriormente, nesse novo modelo diagnóstico,
o consumo de bebida alcoólica não interferirá mais nos critérios diagnósticos.

Dois estudos retrospectivos avaliaram mais de 10 mil exames ultrassonográficos


de abdome realizados em hospitais gerais de São Paulo e Bahia, e encontraram taxas
de esteatose em torno de 19% dos casos. Mas nesse caso, não houve seleção dos
pacientes, nem em relação à idade, nem em relação ao fator que determinou a
realização do exame (Parise ER et al., 2003; Matteoni L et al., 2011). Dois estudos
realizados na unidade de check­up do Hospital Israelita Albert Einstein encontraram
prevalência entre 30% e 33% para indivíduos adultos com esteatose hepática, após a
exclusão daqueles com consumo abusivo de álcool (pelo questionário AUDIT) ou com
outra doença hepática conhecida (Aneni EC et al., 2015; Gerage AM et al., 2018).

1.4 Fatores de risco da doença hepática gordurosa

Na maioria dos casos, a DHGNA está associada a fatores de risco


cardiometabólico, tais como obesidade, DM2, ou resistência a insulina ou intolerância
a glicose, dislipidemia e inflamação em baixo grau (Chalasani et al.,2012; Ndumel et
al., 2011; Makadia et al., 2013), condições que caracterizam a síndrome metabólica.

Na população geral, os pacientes com IMC elevado e obesidade central


possuem alto risco para o desenvolvimento de DHGNA e especialmente a EHNA. Os
pacientes com DM2 também apresentam fator de risco elevado para DHGNA, com
uma prevalência em torno de 70% (Leite NC et al., 2009; Guan H et al., 2023; Pang Q
et al., 2015; Brito e Silva et al., 2022). Os pacientes com dislipidemia (incluindo
elevada taxa de triglicérides e baixo HDL) apresentam prevalência estimada de até
50% de DHGNA em alguns estudos (Assy N et al., 2000; Katsiki N, Mikhailidis DP and
Mantzoros SC, 2016; Gross B et al., 2017).

Conforme demonstrado abaixo, na Figura 2, outros fatores também foram


associados a maior prevalência de DHGNA, como pacientes do sexo masculino, idade
mais avançada e não negros, de acordo com estudos anteriores (Li H et al., 2009;
29

Amarapurkar D et al., 2007; Park SH et al., 2006; Frith J et al., 2009; Chen CH et al.,
2007; Ong JP, Pitts A e Younossi ZM et al., 2008; Hashimoto E et al., 2005; Adams
LA et al., 2005; Chen ZW et al., 2008; Clark JM, Brancati FL e Diehl AM, 2003; Kallwitz
ER et al., 2008; Wagenknecht LE et al., 2009). Quanto a essa diferença entre os
sexos, estudos já demonstraram que existiria uma importante relação entre os
hormônios sexuais e a ocorrência de DHGNA. O estado pós­menopausa nas
mulheres poderia aumentar o risco de DHGNA devido a redução dos níveis de
estrogênio, associada a alteração da distribuição da gordura visceral, piorando a
dislipidemia, bem como o aumento da resistência à insulina (Mauvais­Jarvis F et. al,
2013; Gupte AA et. al, 2015). Entretanto, os mecanismos ainda precisam ser mais
bem estabelecidos.

A ingestão alimentar rica em carboidratos e lipídios e o sedentarismo estão


estreitamente associados à incidência de DHGNA e também se relacionam com a
obesidade (LaBrecque DR et al., 2014; Satapathy SK and Sanyal AJ, 2015; Streba LA
et al., 2015).

Na população em geral, pacientes com esteatose hepática apresentam um


risco maior de desenvolverem doença cardiovascular (DCV), DM2 e lesões renais a
longo prazo. O risco aumenta ainda mais na presença de EHNA e naqueles com
fibrose avançada, mesmo corrigindo para fatores de risco conhecidos (Adams LA et
al, 2005). Os fatores de risco para EHNA são mostrados na Figura 3.

Fonte: Traduzido de Perumpail BJ et al. Disease burden of NAFLD, 2017

Figura 2. Fatores de risco para doença hepática gordurosa não alcoólica


30

Fonte: Traduzido de Perumpail BJ et al. Disease burden of NAFLD, 2017

Figura 3. Fatores de risco para esteato­hepatite não alcoólica

Estudos apontam evidências de que existiria uma importante relação entre os


hormônios sexuais e a ocorrência de DHGNA. Jaruvongvanich V et al. (2017), em uma
revisão, demonstrou que o aumento do nível sérico de testosterona nas mulheres e a
redução dos seus níveis nos homens aumentaria o risco de DHGNA. Estudos
demonstraram que o nível do hormônio­ligante de globulina encontrava­se menor
tanto em homens quanto em mulheres com DHGNA em relação ao grupo controle. E
o estado pós­menopausa nas mulheres aumentaria o risco de DHGNA devido a
redução dos níveis de estrogênio, associada a alteração da distribuição da gordura
visceral, piorando a dislipidemia (“promote dyslipidemia milieu”). O estrogênio é um
conhecido regulador do metabolismo corporal e a perda de estrogênio circulante,
como ocorre nas mulheres na pós­menopausa levaria a alterações na adiposidade
corporal, bem como perda de sensibilidade à insulina causando aumento da
resistência à insulina (Mauvais­Jarvis F et. al, 2013; Gupte AA et. al, 2015). O
estrogênio teria um efeito protetor tanto para homens quanto para mulheres para o
desenvolvimento de esteatose hepática, além do efeito protetor no desenvolvimento
31

de resistência a insulina, redução da síntese de triglicérides e aumento da oxidação


dos ácidos graxos livres. Consequentemente, o estrogênio reduziria também o risco
de fibrose hepática e o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. A deficiência de
androgênio também aumentou a prevalência de esteatose hepática, assim como levou
ao desenvolvimento de fibrose hepática e carcinoma hepatocelular, tanto em homens
quanto mulheres. A discrepância entre os estudos provavelmente se deve aos
métodos de seleção da amostra, modalidades utilizadas para diagnóstico e
diversidade de estilos de vida e hábitos alimentares em diferentes áreas. Por essas
diferenças, os mecanismos ainda precisam ser mais bem estabelecidos.

1.5 História natural da doença hepática gordurosa

Muitos estudos têm sido publicados para conhecermos melhor a evolução da


doença hepática gordurosa. Estudos anteriores ao conceito de DHGM nos mostravam
que a história natural da DHGNA geralmente se comportava de forma benigna;
entretanto, na presença de EHNA, os pacientes poderiam progredir para cirrose e
carcinoma hepatocelular (CHC). Sabemos que a transição da esteatose para a
esteato­hepatite (EHNA) é uma característica fundamental na avaliação da
progressão da doença hepática, já que pode evoluir à cirrose e ao CHC. E o que nos
preocupa é que alguns estudos já nos mostram que, nos EUA, a DHGNA já é a
primeira causa de indicação de transplante hepático em pacientes com menos de 50
anos (Banini BA, et al., Am Coll. Gastroenterol 2016. Abstract 46) e é a segunda causa
de transplante hepático por CHC. Conforme mostra a Figura 4, Perumpail BJ e
colaboradores (2017) apresentam a prevalência estimada dos estágios da doença
hepática gordurosa até a sua evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular,
passando ou não pela esteato­hepatite.

Na população em geral, pacientes com esteatose hepática apresentam um risco


maior de desenvolverem DCV, DM2 e doença renal crônica, o que tem levado alguns
autores a postularem que a DHGNA seria, primariamente, um fator causal e não uma
consequência da síndrome metabólica (Lonardo A et al., 2015). O risco aumentaria
ainda mais na presença de EHNA e naqueles com fibrose avançada, mesmo
corrigindo para fatores de risco conhecidos para as complicações da síndrome
metabólica (Vernon G, Baranova A and Younossi ZM. 2011; Beverley Balkau B et al,
32

2010 ; Adams LA et al., 2009 ; Targher G et al., 2016; Lonardo A et al., 2015 ;
Marcuccilli M and Chonchol M., 2016; Adams LA et al., 2005 ; Ekstedt M et al., 2006).
Essa população também apresenta maior prevalência de doença renal crônica e de
neoplasias, sendo que, ao contrário do esperado, não são as causas hepáticas as
principais razões de óbito desses pacientes, perdendo para DCV e as neoplasias, que
constituem as duas primeiras causas de óbito nessa doença (Marcuccilli M and
Chonchol M, 2016; Adams LA et al., 2005 ; Ekstedt M et al., 2006).

Estudos de risco cardiovascular e de progressão para DM2 não utilizaram


biópsia ou outro método de avaliação de fibrose, mas identificaram que graus mais
avançados de esteatose ao ultrassom e com elevação das enzimas hepáticas foram
os que representaram um maior risco de desenvolvimento dessas complicações
(Vernon G, Baranova A and Younossi ZM. 2011; Beverley Balkau B et al, 2010 ;
Adams LA et al., 2009; Targher G et al., 2016).

O acompanhamento de pacientes com DHGNA, estratificados através de MNIFH


como FIB4, APRI ou NFS, ou através da elevação das aminotransferases e GGT, ou
mesmo pela presença de diferentes graus de esteatose ao ultrassom, poderiam
determinar o valor preditivo da DHGNA para o desenvolvimento de DM2 ou
intolerância à glicose, e para o aumento do risco cardiovascular. O acompanhamento
evolutivo também nos permitirá avaliar os fatores clínicos, bioquímicos e nutricionais
que estarão associados à progressão da doença ou à sua regressão.

Fatores genéticos e ambientais se associaram com a progressão da DHGNA,


e isso poderia explicar as variabilidades entre aqueles que evoluem para a forma
progressiva da doença e aqueles que permanecem com a doença mais branda
(Lingbo K. et al., 2017).

Estudos mostram que pacientes com DHGNA apresentam aumento gradual das
taxas de mortalidade de acordo com o estágio da fibrose; portanto, a gravidade da
fibrose hepática seria o principal fator determinante no prognóstico desses pacientes
(Dulai PS et al., 2017). Sanyal e colaboradores, ao analisarem 1.773 pacientes adultos
com DHGNA comprovada por biópsia, descobriram que a mortalidade por todas as
causas estava significativamente associada a estágios avançados de fibrose (0,32
óbitos por 100 pessoas­ano para estágio F0 a F2, 0,89 óbitos por 100 pessoas­ano
para o estágio F3 e 1,76 mortes por 100 pessoas­ano para o estágio F4). E, destes
33

pacientes, a maioria daqueles com fibrose avançada e cirrose apresentaram


evidências de EHNA associada.

Sabemos que a DHGM é uma doença multissistêmica, a qual representa uma


ampla variedade de manifestações extra­hepáticas, incluindo as DCV, a doença renal
crônica e outras manifestações extra­hepáticas. (Yang RX et al., 2021). Os eventos
cardiovasculares representam a principal causa de morte em pacientes com DHGM,
seguidos por manifestações extra­hepáticas e complicações relacionadas ao fígado.
A definição de DHGM parece superar a DHGNA em termos de identificação de
pacientes com alto risco de manifestações extra­hepáticas (Eren F, Kaya E and Yilmaz
Y, 2022; Kjærgaard K et al., 2021). A associação entre DHGM e DHGNA com
desfechos cardiovasculares está bem estabelecida. Em um grande estudo nacional,
Lee et al., 2020, examinaram 9.584.399 de indivíduos em um conjunto de dados de
triagem de assistência médica. Após a exclusão de 8.962.813 participantes com
histórico conhecido de DCV no início do estudo, eles descobriram que tanto a DHGM
quanto a DHGNA estavam associados a um maior risco de desenvolver DCV no
acompanhamento; no entanto, o risco em pacientes com DHGM foi significativamente
maior (1,43; IC 95%: 1,41−1,45) em comparação com DHGNA (1,09; IC 95%:
1,03−1,15).

Os primeiros estudos epidemiológicos demonstravam que a EHNA, e não a


esteatose simples, estaria associada às complicações da doença (Ekstedt M et al.,
2006). Mais recentemente, observou­se que é na verdade, a fibrose hepática e não a
atividade inflamatória, o principal parâmetro associado à mortalidade por causas
hepáticas e não hepáticas em portadores de EHNA (Dulai PS et al., 2017; Angulo P,
et al., 2015).

Na DHGM, o processo de progressão da doença também passa a ser avaliado


diante do grau de atividade inflamatória e o estágio de fibrose. Em um futuro próximo,
os testes não invasivos poderão avaliar melhor a atividade da doença e o estágio de
fibrose, tornando possível a categorização mais detalhada da doença. Neste contexto
hipotético, a biópsia hepática ficará reservada para descartar outras doenças
hepáticas ou para caracterizar eventual progressão da doença.

Na DHGM, os pacientes que evoluem para cirrose, mas que no momento do


diagnóstico apresentam níveis baixos ou indetectáveis de esteatose, mas que
34

preenchem critérios diagnósticos para DHGM, passam a ser considerados pacientes


com cirrose relacionada a DHGM. Neste contexto, na ausência de sinais histológicos
típicos sugestivos de esteato­hepatite, devem apresentar pelo menos um dos
seguintes antecedentes: 1) documentação de DHGM em uma biópsia hepática
anterior; ou 2) documentação prévia de esteatose por imagem hepática.
Notavelmente, uma história de ingestão abusiva de álcool deve ser considerada, pois
os pacientes podem ter uma etiologia de doença dupla, como a doença hepática
alcoólica.

Fonte: Traduzido de Perumpail BJ et al. Disease burden of NAFLD, 2017

Figura 4. História natural da doença hepática gordurosa não alcoólica


35

2. OBJETIVOS

2.1 Geral
Avaliar a prevalência de DHGM e a sua associação com idade, estilo de vida e
fatores de risco cardiovascular, de acordo com o sexo, em uma população submetida
a check­up em uma unidade de medicina preventiva.

2.2 Específicos
a. Avaliar a prevalência global da doença hepática gordurosa metabólica (DHGM)
após a exclusão dos pacientes de risco para a doença hepática alcoólica
(AUDIT≥ 8).

b. Através do cálculo da razão de chance, avaliar a associação da DHGM não


alcoólica com os fatores de risco cardiometabólico e de estilo de vida, de acordo
com o sexo.

c. Avaliar a evolução da prevalência da DHGM não alcoólica e a sua associação


com os fatores de risco, nos sexos masculino e feminino, nos três quinquênios
sequenciais entre os anos 2005­2019.
36

3. CASUÍSTICA E MÉTODOS

3.1. Desenho do estudo

Estudo de coorte retrospectiva com análise de prontuários eletrônicos.

3.2. Casuística

O estudo foi realizado com a avaliação geral dos indivíduos a partir da coleta dos
dados obtidos no prontuário eletrônico do Centro de Medicina Preventiva do Hospital
Israelita Albert Einstein (HIAE), na cidade de São Paulo, com a inclusão de todos os
pacientes que realizaram uma primeira consulta de check­up na unidade, com idade
entre 18 e 70 anos, no período de 2005 a 2019, avaliados inicialmente quanto a
presença ou ausência de esteatose hepática ao exame de ultrassonografia de
abdome.

Após a seleção dos prontuários com dados completos, foram excluídos os


indivíduos com escore AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test) > 8,
considerados com consumo abusivo de bebida alcoólica (valor de corte para ingestão
alcoólica maior que 40 g/dia para homens e 20 g/dia para mulheres) (Conigrave KM,
Hall WD and Saunders JB. 1995; Drinane MC and Shah VH. 2013) (ANEXO 8.7).
Pacientes assim selecionados receberam a denominação de DHGM não alcoólica
(nonalcoholic­MAFLD) (Vy H. et. al, 2021).
Os casos remanescentes foram separados de acordo com a ausência ou
presença de esteatose hepática conforme o exame de ultrassom de abdome. Aqueles
com esteatose hepática foram classificados como DHGM se preenchessem os
critérios pré­definidos (Eslam, M.; Sanyal, A.J. and George, J., 2020) e foram
denominados portadores de DHGM não alcoólica (non alcoholic­MAFLD) se
preenchessem os critérios adotados por Vy H. et. al, 2021.
A partir desses dados, os pacientes foram avaliados em conjunto ou divididos de
acordo com três quinquênios sequenciais entre 2005 e 2019, visando conhecer
comportamento da prevalência global e, de acordo com o sexo, da DHGM. Essa
mesma abordagem foi utilizada para avaliar a associação da doença com os fatores
de risco cardiovascular e estilo de vida estudados.
37

3.3. Métodos

Foi realizada a avaliação da prevalência global da DHGM e o perfil demográfico,


clínico e bioquímico dos pacientes incluídos para o estudo nos últimos 15 anos,
conforme abaixo:

f) Demográficos: idade e sexo

f) Antropométricos: índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura


(CC).

f) Avaliação bioquímica: glicemia de jejum, hemoglobina glicosilada, colesterol


total (CT), HDL colesterol, LDL colesterol, triglicérides (TGL), ácido úrico,
TSH, transaminase glutâmico oxalaxética (TGO), transaminase glutâmico
pirúvica (TGP), fosfatase alcalina (FA), gama GT (GGT), hemoglobina (Hb),
plaquetas (PLAQ), creatinina, proteina C reativa de alta sensibilidade (PCR)
e ferritina.

f) Presença ou ausência de tabagismo.

f) Nível de atividade física avaliada pela classificação do nível de atividade


física (International physical activity questionnaire – IPAQ) de acordo com a
Figura 5.
38

1. MUITO ATIVO: aquele que cumpriu as recomendações de:

a) VIGOROSA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão.


b) VIGOROSA: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + MODERADA e/ou CAMINHADA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30
minutos por sessão.

2. ATIVO: aquele que cumpriu as recomendações de:

a) VIGOROSA: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão; ou


b) MODERADA ou CAMINHADA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; ou
c) Qualquer atividade somada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 150 minutos/sem (caminhada + moderada + vigorosa).

3. IRREGULARMENTE ATIVO: aquele que realiza atividade física, porém insuficiente para ser classificado como
ativo pois não cumpre as recomendações quanto à frequência ou duração. Para realizar essa classificação soma­
se a frequência e a duração dos diferentes tipos de atividades (caminhada + moderada + vigorosa). Este grupo foi
dividido em dois subgrupos de acordo com o cumprimento ou não de alguns dos critérios de recomendação:

a) IRREGULARMENTE ATIVO A: aquele que atinge pelo menos um dos critérios da recomendação quanto à
frequência ou quanto à duração da atividade:

a) Frequência: 5 dias /semana ou

b) Duração: 150 min / semana

b) IRREGULARMENTE ATIVO B: aquele que não atingiu nenhum dos critérios da recomendação quanto à
frequência nem quanto à duração.

4. SEDENTÁRIO: aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante
a semana.

Figura 5. Classificação do nível de atividade física pelo International physical activity


questionnaire

f) Presença de síndrome metabólica, conforme a classificação do IDF:


International Diabetes Federation ­ The IDF consensus worldwide definition
of metabolic syndrome.

Nesta classificação (Tabela 1) aplica­se o conceito de que a presença da


gordura visceral é o fator essencial e determinante de todos os outros componentes
da SM. A obesidade central, facilmente mensurada pela medida da circunferência da
39

cintura categorizada por diretrizes de acordo com o gênero e grupo étnico, deve estar
acompanhada por, pelo menos, dois outros fatores para definição de SM (Tabela 1).

Tabela 1. Classificação de síndrome metabólica pelo International Diabetes Federation

De acordo com a nova definição do IDF, o paciente para ter o diagnóstico de síndrome
metabólica, ele deverá ter: obesidade central mais dois dos outros quatro fatores:

Triglicerídeos elevados ≥ 150 mg/dL (1,7 mmol/L)

ou tratamento específico para esta anormalidade lipídica.

Colesterol HDL reduzido < 40 mg/dL (1,03 mmol/L) em homens

< 50 mg/dL (1,29 mmol/L) em mulheres

ou tratamento específico para esta anormalidade lipídica.

Pressão arterial elevada PA sistólica ≥ 130 ou PA diastólica ≥ 85 mm Hg

ou tratamento de hipertensão previamente diagnosticada

Glicose plasmática em jejum (FPG) ≥ 100 mg/dL (5,6 mmol/L)


elevada
ou diabetes tipo 2 previamente diagnosticado

* A obesidade central, pode ser medida como: ­ Aumento da circunferência da cintura, para a população
hispânica: Masculino (≥94cm), Feminino (≥80cm) ou ­ IMC: >30kg/m2. * Traduzido de: International
Diabetes Federation. The IDF consensus worldwide definition of metabolic syndrome. 2006

g) Risco aumentado para a Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS),


pela Classificação de Berlin. O Questionário de Berlin é dividido em 3
categorias e sugere o diagnóstico de SAOS; entretanto, o diagnóstico
definitivo só é feito pela polissonografia noturna (ANEXO 8.8).
40

3.4. Análise estatística

A análise estatística descritiva incluiu frequências absolutas e relativas para


variáveis categóricas; e média, mediana e desvio­padrão (DP), para variáveis
contínuas.

Os dados foram avaliados segundo o sexo e a presença ou ausência de DHGM,


mas também segundo o tempo, dividindo o registo de 15 anos de avaliação em três
quinquênios consecutivos, de 2005 a 2009 (primeiro quinquênio), de 2010 a 2014
(segundo quinquênio) e de 2014 a 2019 (terceiro quinquênio).

O protocolo de exame incluiu a obtenção de histórico demográfico, de estilo de


vida e clínico por meio de questionário, exame físico e exames laboratoriais. Os
valores foram expressos em média e desvio padrão. Para comparação de dados
quantitativos ou qualitativos, utilizou­se o teste­t e qui­quadrado. Todas as análises
estatísticas foram realizadas usando o software estatístico STATA: versão 12. College
Station, Texas: StataCorp LP.

A fim de mensurar o efeito das variáveis citadas anteriormente com a presença


ou ausência de esteatose hepática, foi utilizado a razão de chances, mensurado
através de um modelo de regressão logístico multivariado ajustado para a idade e
IMC, na população feminina e masculina. Para tal, foram desenvolvidos três modelos
diferentes. O primeiro – Modelo 1, considerou as variáveis que compunham os
critérios da Síndrome metabólica separadamente. O Modelo 2 considerou o
diagnóstico de SM pelo IDF. E o Modelo 3 considerou os fatores cardiometabólicos e
do estilo de vida, auto­relatados pelos pacientes e/ou através de questionários
aplicados, (história médica prévia de HAS, dislipidemia, DM2, tabagismo, atividade
física (pelo IPAQ) e síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS). Essa análise de
razão de chances, foi realizada usando o software estatístico R versão 4.3.0.

3.5. Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa do Hospital Israelita Albert
Einstein – HIAE (ANEXO 8.3; ANEXO 8.4; ANEXO 8.6), sendo incluída a
41

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) como centro participador do estudo


(ANEXO 8.5). Uma dispensa do termo de consentimento foi concedida (ANEXO 8.2).
42

4. RESULTADOS

O processo de seleção para o estudo iniciou­se a partir da avaliação dos


prontuários de 55.022 indivíduos (Figura 6). Houve a exclusão de 1.438 casos por
apresentarem dados incompletos, restando 53.584 pacientes. A prevalência global de
esteatose hepática nessa população foi de 32,7% (17.519 casos).

Os pacientes que apresentavam risco de consumo abusivo de bebida alcoólica,


representado por uma pontuação do escore AUDIT ≥ 8 foram excluídos da análise,
resultando num total de 8.389 pacientes. Destes, 3.430 (40,9%) preenchiam o critério
de DHGM associado ao consumo abusivo de álcool (ANEXO I).

Entre os 45.195 casos restantes (AUDIT < 8), 14.998 deles apresentavam
esteatose ao exame de US de abdome e, desses, 14.089 pacientes preenchiam os
critérios para DHGM (94%), trazendo a prevalência de DHGM não alcoólica para
31,2%. E esta foi a população escolhida para a avaliação dos fatores associados a
DHGM de acordo com o sexo. Os outros 30.197 pacientes foram classificados como
“sem esteatose”. O número de pacientes incluídos no estudo, portanto, foi de 44.286
pacientes e a média de idade nesta população foi de 42,3 ± 9,9 anos.
43

Avaliação inicial
n = 55.022
pacientes em check-up
n = 1.438

(Dados incompletos)
PREVALÊNCIA GLOBAL
(DA n = 53.584 pacientes DE ESTEATOSE
n = 8.389 HEPÁTICA = 32,7%
dados incompletos
(Consumo abusivo de (n = 17519)
bebida alcoólica) n = 45.195 pacientes
selecionados
AUDIT ≥8 sem uso abusivo de álcool

n = 14.998 pacientes n = 30.197


com esteatose hepática pacientes sem
n = 3.430 esteatose
(40,9% com DHGM n = 44.286
associado ao álcool) n = 14.089
PACIENTES SELECIONADOS
com DHGM
PARA O ESTUDO

n = 909
com DHGNA
(não - DHGM) PREVALÊNCIA DE DHGM
NÃO ALCOÓLICA = 31,2%

Legenda: n: número de pacientes; AUDIT: Alcohol Use Disorders Identification Test; DHGM:

doença hepática gordurosa metabólica; DHGNA: doença hepática gordurosa não alcoólica.

Figura 6. Seleção dos pacientes para o estudo

4.1. Avaliação global dos pacientes inseridos no estudo de acordo com


o sexo

Ao avaliarmos a população geral do estudo (n = 44.286) de acordo com os fatores


de risco para DHGM, observamos que a prevalência de DHGM entre os homens era
maior que entre as mulheres (65,5% vs. 34,5%). Em relação à idade, os homens
apresentavam média de idade superior à das mulheres (42,8 ± 0,06 vs. 41,3 ± 0,8;
p<0,001). A prevalência geral de esteatose nesta população foi maior nos homens
que nas mulheres (40,7% vs. 14,85%, p<0,001) e a maioria deles tinha sobrepeso ou
obesidade (50,7% e 21,6%, respectivamente), em maior frequência quando
44

comparado às mulheres (27,3% e 12,4%), as quais, em sua maioria, apresentavam


IMC inferior a 25 kg/m2 (60,3%; Tabela 2).

Em relação aos critérios relacionados à SM, os homens apresentaram maior


prevalência de alterações da circunferência abdominal, da glicemia, do HDL, da
pressão arterial, aumento dos triglicerídeos e a presença de DM2. Os homens também
apresentaram maior prevalência de história prévia de DCV e maior prevalência de
SAOS.

Os homens apresentaram maior prevalência de tabagismo e inatividade física


(avaliada pelo IPAQ), em relação às mulheres. Todos os parâmetros laboratoriais
avaliados, como enzimas hepáticas, parâmetros metabólicos (colesterol, triglicérides,
glicemia) foram significantemente mais elevados no sexo masculino, exceto os níveis
séricos do TSH, conforme mostram as Tabelas 2 e 3.

Em relação aos demais exames laboratoriais, a maioria dos resultados esteve


mais alterada nos homens que nas mulheres, incluindo hemoglobina glicada, ácido
úrico, GGT, AST, ALT, colesterol e LDL. Somente o PCR, TSH e plaquetas estiveram
mais elevados nas mulheres que nos homens (Tabela 3).
45

Tabela 2. Características clínicas da população geral de acordo com o sexo

PARÂMETRO AVALIADO Feminino N Masculino N P

(n =15293) (n=28993)

34,5% 65,5%

IDADE (anos, média; DP) 41,27+0,80 15293 42,79+0,058 28993 <0,001

ESTEATOSE AO USG (%) 14,85% 15293 40,7% 28993 <0,0001

IMC: ADEQUADO (%) 60,34% 15293 27,63% 28990 <0,0001

SOBREPESO (%) 27,30% 50,72%

OBESO (%) 12,36% 21,65%

CA ALTERADA (%) 51,95% 15281 55,86% 28805 <0.001

GLICOSE ALTERADA (%) 4,39% 15287 11,47% 28983 <0.001

HDL BAIXO (%) 26,8% 15287 33,7% 28983 <0.001

PA ALTERADA (%) 9,44% 15293 25,24% 28993 <0.001

TRIGLIC AUMENTADOS (%) 13,60% 15285 33,92% 28973 <0.001

SM – IDF (%) 9,8% 15262 23,5% 28993 <0.001

DM (%) 15,04% 15293 28,66% 28993 <0.001

TABACO: NÃO FUMANTES (%) 82,2% 15280 78,1% 28971 <0,0001

EX­FUMANTES OU 17,8% 21,9%


FUMANTES ATIVOS (%)

IPAQ POUCO ATIVOS / INATIVOS (%) 59,3% 14853 56,1% 28055 <0,0001

ANTECEDENTES DE DCV (%) 2,75% 15293 7,04% 28993 <0,0001

SAOS (%) 11,88% 12293 26,11% 19972 <0,001

Legenda: N: número de pacientes; IMC: índice de massa corporal; SM: síndrome metabólica; CA:
circunferência abdominal; HDL­c: high­density cholesterol; PA: pressão arterial; TRIGLIC: triglicérides,
IDF: International Diabetes Federation; DM: diabetes mellitus; IPAQ: International physical activity
questionnaire; DCV: doença cardiovascular. DCV: doença cardiovascular. SAOS: síndrome da apneia
obstrutiva do sono.
46

Tabela 3. Avaliação laboratorial global de acordo com sexo

RESULTADO Feminino N Masculino N P

LABORATORIAL

PCR (média ±DP) 3,22 +,061 9905 2,41+ ,035 20140 <0.001

HB GLICADA (média ±DP) 5,39+ 0,005 10610 5,51+ 0,005 17106 <0,001

ÁCIDO ÚRICO (média ±DP) 4,20 + 0,012 8340 6, 01+ 0,010 17715 <0,001

GGT (média ±DP) 23,44+0,158 15228 38, 41+ 0,185 28852 <0,001

AST (média ±DP) 24,18+0,084 15282 30,74+ ,090 28963 <0,001

ALT (média ±DP) 28,62+ 012 15268 44,40+ 0,139 28954 <0,001

TSH (média ±DP) 4,29+ 0,777 14964 3,98 +0,440 27986 0,125

COLESTEROL (média ±DP) 188,46+ 0,283 15288 195,99+ 0,223 28982 <0,001

LDL­C (média ±DP) 109,02+ 0,257 15284 123,84+ 0,197 28972 <0,001

PLAQUETAS (média ±DP) 259,14+0,462 15238 224,75+ 0,284 28884 <0.001

Legenda: N: número de pacientes; PCR: proteína C reativa; Hb glicada: hemoglobina glicosilada; GGT:
Gama glutamil transferase; AST: aspartato aminotransferase; ALT: alanina transferase; TSH: hormônio
tireoestimulante; LDL­c: low­density cholesterol

Para darmos sequência aos objetivos do estudo, separamos os grupos em


pacientes com DHGM e pacientes sem esteatose e analisamos os fatores associados
em cada grupo.

4.2. Avaliação dos fatores de risco cardiometabólico de acordo com a


presença ou ausência de DHGM

Os pacientes com DHGM (n = 14.089) eram mais velhos, com a média de idade
de 45,6 ± 9,8 anos, comparados aos pacientes sem esteatose (n = 30.197), que
apresentavam média de idade de 40,7 ± 9,5 anos. Em relação aos dados
antropométricos, o grupo com DHGM apresentava média de IMC maior em relação
ao grupo sem esteatose (29,9 ± 4,25 kg/m2 vs. 24,9 ± 3,5 kg/m2), correspondendo a
93,5% com sobrepeso ou obesidade (51,3% e 42,2%, respectivamente) e 6,5% com
47

IMC normal. O contrário se viu naqueles sem esteatose, já que a maioria apresentou
peso normal (54%), 38,6% com sobrepeso e 7,4% com obesidade (Tabela 4).

Tabela 4. Características demográficas e prevalência dos fatores de risco cardiometabólico e do


estilo de vida, em pacientes com e sem doença hepática gordurosa metabólica

PARÂMETRO AVALIADO DHGM SEM ESTEATOSE p

(n=14.089) (n=30.197)

IDADE (ANOS; média + DP) 45,63 + 9.81 40,70 + 9,51* <0,001

SEXO (FEM/MASC) 16,1% / 83,9% 43,1% / 56,9%* <0,001

IMC (kg/m2) <0,001

<25 (%) 6,50% 54,00%*

25­29 (%) 51,30% 38,60%

>30 (%) 42,20% 7,40%

DM REFERIDA (%) 5,6% (790 / 14089) 0,9% (271 / 30197) <0,001

HAS REFERIDA (%) 23,9% (3374 / 14089) 7,1% (2136 / 30197) <0,001

DLP REFERIDA (%) 38,3% (5402 / 14089) 20,1% (6273 / 30197) <0,001

SM – IDF (%) 43,2% (6087 / 14081) 7,4% (2232 / 30122) <0,001

CA ALTERADA (%) 85,5% (12039 / 14074) 6,2% (11842 / 29729) <0,001

GLICEMIA ALTERADA (%) 19,5% (2748 / 14085) 3,99% (1249 / 31285) <0,001

HDL BAIXO (%) 47,6% (6704 / 14081) 23,7% (7162 / 30186) <0,001

PA ALTERADA (%) 36,1% (5082 / 14089) 12,2% (3679 / 30197) <0,001

TRIGLIC. AUMENTADO (%) 50,6% (7136 / 14076) 15,8% (4770 / 30182) <0,001

ANTEC. DCV (%) 0,99% (139 / 14089) 0,35% (107 / 30197) <0,001

IPAQ POUCO ATIVOS / 65,4% (8950 / 13685) 53,5% (15634 / 29223) <0,001
INATIVOS (%)

SAOS (%) 38,2% (3904 / 12622) 12,6% (2771 / 21946) <0,001

Legenda: FEM; feminino; MASC: masculino; IMC: índice de massa corporal; N: número de pacientes;
DP: desvio­padrão; (*) p<0.01, DHGM: doença hepática gordurosa metabólica; X2: Teste qui­quadrado;
48

P: valor de significância; DCV: doença cardiovascular; SAOS: síndrome da apneia obstrutiva do sono;
IPAQ: International physical activity questionnaire; DM: diabetes mellitus; HAS: hipertensão arterial
sistêmica; DLP: dislipidemia; SM: síndrome metabólica, IDF: International Diabetes Federation; CA:
circunferência abdominal; HDL­c: high­density cholesterol; PA: pressão arterial; TRIGLIC: triglicérides

Oitenta e cinco por cento dos pacientes com DHGM tinham aumento da
circunferência abdominal, em comparação com 39,8% dos pacientes sem esteatose.
Em relação aos antecedentes de SAOS, 38% dos pacientes com DHGM referiram ter
a doença, comparado a 12,6% dos pacientes sem esteatose.

Em relação às comorbidades relacionadas a SM, todas elas foram


significativamente mais prevalentes no grupo com DHGM. Entre esses pacientes,
38,3% eram dislipidêmicos (vs. 20,1% no grupo sem esteatose), 23,9% hipertensos
(vs 7,1% no grupo sem esteatose) e 5,6% diabéticos (vs. 0,9% no grupo sem
esteatose). O antecedente de DCV foi relatado em torno de 0,99% dos pacientes com
DHGM e em 0,35% dos pacientes sem esteatose.

Em relação às enzimas hepáticas, a média dos valores foi significativamente


maior nos pacientes com DHGM em relação àqueles sem esteatose para GGT, TGP
e TGO (Tabela 5). Da mesma forma, os exames que demonstravam presença de
atividade inflamatória, como PCR e ácido úrico, e aqueles relacionados ao perfil
metabólico, como glicose, colesterol total, LDL e triglicérides, apresentaram valores
mais elevados no grupo com DHGM. Entretanto, a média de HDL foi mais elevada no
grupo sem esteatose, em relação ao grupo com DHGM.
49

Tabela 5. Achados laboratoriais gerais de acordo com a presença ou ausência de doença


hepática gordurosa metabólica

SEM
RESULTADO DHGM
N ESTEATOSE N
LABORATORIAL (MÉDIA+DP) p
(MÉDIA+DP)

TGO (U/L) 32,12+14,04 14074 26,78+13,89 30171 <0,001

TGP (U/L) 50,04+25,70 14068 33,78+18,49 30154 <0,001

GGT (U/L) 44,08+33,85 14032 28,17+24,48 30048 <0,001

FA (U/L) 68,75+19,78 13548 62,91+18,60 28741 <0,001

COLESTEROL (mg/dL) 200,22+39,86 14081 190,21+35,31 30189 <0,001

HDL (mg/dL) 42,71+10,34 14081 53,09+14,54 30188 <0,001

LDL (mg/dL) 124,60+34,72 14070 115,98+32,75 30186 <0,001

TRIGLIC (mg/dL) 175,54+132,26 14075 106,22+61,29 30182 <0,001

GLICOSE (mg/dL) 94,06+22,90 14085 84,57+9,98 30185 <0,001

ACIDO URICO (mg/dL) 6,11+1,33 10118 5,00+1,50 15937 <0,001

PCR (mg/L) 3,35+5,32 9593 2,36+5,44 20452 <0,001

CREATININA (mg/dL) 0,88+0,24 12456 0,82+0,23 26379 <0,01

HEMOGLOBINA (mg/dL) 14,89+1,20 14057 14,12+1,56 30144 <0,001

HEMATOCRITO (mg/dL) 43,67+3,26 14057 41,62+5,20 30144 <0,001

LEUCOMETRIA (mg/dL) 4840+3995 14053 4385+3315 30134 <0,001

PLAQUETAS (mg/dL) 235,60+53,95 14053 237,11+54,001 30089 <0,001

Legenda: DHGM: doença hepática gordurosa metabólica; P: valor de significância; TGO: transaminase
glutâmico­oxalacética; TGP: transaminase glutâmico­pirúvica, GGT: gamma­glutamyl transferase; FA:
fosfatase alcalina; CT: colesterol total; HDL­c: high­density cholesterol; LDL­c: low­density cholesterol;
TRIGLIC: triglicérides; PCR: proteína C reativa.
50

4.3. Análise dos fatores de risco cardiometabólico e estilo de vida, da


população com DHGM de acordo com o sexo

Os pacientes com DHGM também foram avaliados e caracterizados conforme


os fatores de risco, de acordo com o sexo. Dos 14.089 pacientes avaliados, houve um
maior percentual de homens em relação às mulheres (83,9% vs. 16,1%), o que nos
levou a comparar os fatores demográficos, metabólicos atuais e pregressos e doenças
associadas à DHGM nos dois sexos.

A média de idade foi maior nas mulheres em relação aos homens (47,8 ± 0,2
vs. 45,2 ± 0,1). Em relação aos parâmetros da SM, a maioria das mulheres tinha
obesidade visceral, com um aumento da circunferência abdominal em 95,5% das
mulheres, em comparação a 83,6% dos homens. Comparada aos homens, as
mulheres também tiveram maior redução do HDL (52,04% vs. 46,7%) e maior
prevalência de DM2 (6,9% vs. 5,4%). Entretanto, os homens apresentaram maior
percentual de alterações glicêmicas, dos triglicérides, da prevalência de SM e de
SAOS. Em relação aos hábitos sociais, a maioria dos pacientes, em ambos os sexos,
era não fumante (78,2% dos homens e 74,0% das mulheres). Da mesma forma, houve
uma discreta maior prevalência de tabagismo entre os homens, em relação às
mulheres. Quanto à avaliação do IPAQ, a maioria era sedentária (67,3% das mulheres
vs. 65,03% dos homens) e não houve diferenças significantes na prevalência de DCV
de acordo com o sexo (Tabela 6).

Em relação ao perfil laboratorial (Tabela 7), os homens apresentaram maiores


alterações nos exames de hemoglobina glicada, ácido úrico, GGT, AST, ALT, TSH,
colesterol e LDL. Por outro lado, as mulheres apresentaram nível de PCR e contagem
de plaquetas mais elevados que os homens.

Todas as diferenças relacionadas aos parâmetros avaliados foram


significantes, exceto o TSH e o antecedente de DCV (Tabela 6).
51

Tabela 6. Fatores de risco na população com doença hepática gordurosa metabólica de acordo
com o sexo

PARÂMETRO AVALIADO FEMININO N MASCULINO N p

SEXO 16,1% 2271 83,9% 11818 <0.001

IDADE (ANOS; média + DP) 47,84 ± 10,58 2271 45,21 ± 9,60 11818 <0,001

IMC: ADEQUADO (%) 11,36% 2271 5,60% 11816 <0,0001

SOBREPESO (%) 43,37% 52,84%

OBESO (%) 45,27% 41,56%

CA ALTERADA (%) 95,5% 2267 83,6% 11807 <0,0001

GLICOSE ALTERADA (%) 17,3% 2270 19,93% 11815 <0,0001

HDL BAIXO (%) 52,04% 2271 46,7% 11810 <0,0001

PA ALTERADA (%) 27,52% 2271 37,72% 11818 <0,001

TRIGLIC. AUMENTADO (%) 38,8% 2271 52,98% 11805 <0001

SM­IDF (%) 39,47% 2270 43,95% 11811 <0.0001

DM (%) 6,87% 2271 5,36% 11818 0,005

NÃO FUMANTES (%) 78,2% 2271 74,0% 11810 <0,001

EX­FUMANTES/ FUMANTES 21,8% 26%


ATIVOS (%)

IPAQ POUCO ATIVOS / 67,57% 2220 65,03% 11465 0,011


INATIVOS (%)

ANTEC. DCV (%) 8,37% 2271 10,15% 11818 0,430

SAOS (%) 32,0% 1975 39,66% 8251 <0.0001

Legenda: DHGM: doença hepática gordurosa metabólica; N: número de pacientes; X2: Teste qui­
quadrado; P: valor de significância; IMC: índice de massa corporal; SM: síndrome metabólica; CA:
circunferência abdominal; Glico: glicose; HDL­c: high­density cholesterol; PA: pressão arterial; Triglic:
triglicérides; IDF: International Diabetes Federation; DM2: diabetes mellitus tipo 2; DCV: doença
cardiovascular; SAOS: síndrome da apnéia obstrutiva do sono.
52

Tabela 7. Achados laboratoriais na população com doença hepática gordurosa metabólica de


acordo com o sexo

RESULTADO FEMININO N MASCULINO N p


LABORATORIAL (média ± DP) (média ± DP)

PCR (média + DP) 5,26 ± 0,0171 1401 3,03 ± 0,056 8129 <0.001

HB GLICADA (média + DP) 5,76 ± 0,87 1865 5,70 ± 0,92 7482 <0,005

ÁCIDO URICO (média + DP) 4,93 ± 0,027 1750 6,36 ± 0,013 8368 <0,001

GGT (média + DP) 34,93 ± 06,47 2263 45,84 ± 0,315 11769 <0,001

TGO (média + DP) 28,04 ± 0,309 2271 32,91 ±,127 11803 <0,001

TGP (média + DP) 38,09 ± 0,468 2270 52,34 ± 0,236 11798 <0,001

TSH (média + DP) 2,50 ± 0,043 2231 3,04 ± 0,348 11454 0,711

CT (média + DP) 198,91 ± 0,834 2271 200,47 ± 0,367 11810 <0,001

LDL­C (média + DP) 119,68 ± 0,740 2269 125,55 ± 0,318 11801 <0,001

HDL­C (média + DP) 50,79±12,81 2271 41,15±9,01 11810 <0,001

PLAQUETAS (média + DP) 274,18 ± 1,28 2261 228,19 ± 0,453 11772 <0.001

Legenda: DHGM: doença hepática gordurosa metabólica; P: valor de significância; N: número de


pacientes; DP: desvio padrão; PCR: proteína C reativa; HB glicada: hemoglobina glicada; Ac. Úrico:
ácido úrico; GGT: gamma­glutamyl transferase; TGO: transaminase glutâmico­oxalacética; TGP:
transaminase glutâmico­pirúvica; TSH: hormônio tireoestimulante; CT: colesterol total; LDL­c: low­
density cholesterol.

4.4 Avaliação da população com DHGM de acordo com a idade e o sexo

Procurando explorar um pouco mais as diferenças observadas na prevalência


da DHGM não alcoólica, decidimos avaliar o impacto da combinação do sexo e a
idade, nesta prevalência.

A distribuição dos pacientes de acordo com a idade e o sexo, divididos em


décadas etárias a partir dos 30 anos, mostra claramente o aumento da prevalência da
53

DHGM não alcoólica com o passar da idade. A despeito da prevalência permanecer


ainda maior entre os homens em todas as idades, chama a atenção a diferença da
inclinação da curva de prevalência nas mulheres após os 50 anos quando há nítido
aumento de casos entre mulheres que se aproxima muito da prevalência no sexo
masculino na década de 60 anos. (Gráfico 1). Nos grupos abaixo de 50 anos a
proporção de casos entre homens: mulheres oscila entre 4:1 e 3:1, mas na década de
50 anos e 60 anos, a proporção cai para 1:73 e 1:38, respectivamente.

Gráfico 1. Prevalência de DHGM de acordo com idade e sexo do paciente

FEM MASC
60,0%
57,0%
52,9% 52,7%
50,0%
45,9%
44,3%
40,0% 41,2%

34,6%
32,4%
30,0% 30,5%

23,4%
20,0%
17,3%
14,7%
10,0% 11,6%
7,9%
4,8%
0,0%
<30a 30-39a 40-49a 50-59a 60-69a

Legenda: DHGM: Doença hepática gordurosa metabólica; N: número de pacientes; a: anos; Fem:
mulheres; Masc: homens.

Nessa mesma população, também avaliamos a prevalência de sobrepeso e


obesidade (IMC > 25 kg/m2), em função da idade e do sexo dos pacientes, sendo
observado que a maioria dos homens (52% deles) já estava acima do peso ideal com
menos de 30 anos de idade, chegando a 79% a 80% quando acima dos 50 anos
(Gráfico 2). Já as mulheres, inicialmente apresentavam menor percentual de
sobrepeso e obesidade, com 23% em torno dos 30 anos de idade; entretanto,
54

verificou­se uma curva linear e crescente ao longo dos anos, chegando a dobrar o
percentual de mulheres acima do peso após os 50 anos de idade para 56% da
população nesta faixa etária. A curva após os 60 anos continua a aumentar, ao
contrário da curva observada para os homens.

Gráfico 2. Prevalência de sobrepeso e obesidade na população com DHGM, de acordo com o


sexo e idade do paciente

Legenda: IMC: índice de massa corporal; IMC Fem: índice de massa corporal nas mulheres; IMC Masc:
índice de massa corporal nos homens.

A seguir, fizemos a comparação entre os parâmetros prevalência de DHGM e


IMC em relação à idade para cada sexo. O que se observa é uma linearidade entre
os parâmetros IMC e prevalência de DHGM, embora entre as mulheres exista uma
maior inclinação após os 50 anos (Gráficos 3 e 4).
55

Gráfico 3. Prevalência de DHGM de acordo com a idade e o IMC, no sexo masculino

100 Relação entre IMC, idade e prevalência de DHGM no sexo masculino


90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
>30a 30­39a 40­49a 50­59a 60­69a

IMC PREVALÊNCIA

Legenda: IMC: índice de massa corpórea; DHGM: doença hepática gordurosa metabólica

Gráfico 4. Prevalência de DHGM de acordo com a idade e o IMC, no sexo feminino

100
Relação entre IMC, idade e prevalência de DHGM no sexo feminino

80

60

40

20

0
>30 30­39 40­49 50­59 60­69

IMC PREVALENCIA

Legenda: IMC: índice de massa corpórea; DHGM: doença hepática gordurosa metabólica
56

4.5 Razão de probabilidade dos fatores de risco cardiometabólico e


estilo de vida para o diagnóstico de DHGM de acordo com o sexo

Desde que o IMC e a idade foram fatores que afetaram diretamente a prevalência
da doença em ambos os sexos, a análise da associação dos fatores de risco foi
realizada através da análise multivariada ajustada para idade e IMC, através do
cálculo da razão de chance da associação dos fatores de risco cardiometabólico e
fatores do estilo de vida, com a DHGM, em ambos os sexos (Tabela 8). Na primeira
parte, foram avaliados os componentes individuais da SM (Modelo 1), seguido do
diagnóstico da SM por critérios IDF na presença do IMC e idade (Modelo 2). Na
sequência, foram avaliados os fatores de risco cardiovasculares referidos no check­
up (diagnóstico prévio de HAS, dislipidemia, DM2 e SAOS) e hábitos de vida,
associados a esse risco (atividade física pelo IPAQ e tabagismo; Modelo 3).

No Modelo 1, todos os fatores avaliados apresentaram significância estatística


para o desenvolvimento de DHGM em ambos sexos. Entretanto, no sexo feminino,
IMC e CA foram os fatores que apresentaram maiores chances para este
desenvolvimento. Já no sexo masculino, o fator que apresentou maior razão de
chance foi o IMC.

No Modelo 2, quando o IMC e idade foram associados ao diagnóstico de SM


pelo IDF (não mais avaliados os parâmetros individuais, como no modelo 1), esse
diagnóstico apresentou, em média, razão de chance de 4,3 vezes nos homens e 5,3
vezes nas mulheres de se ter DHGM. Nesse modelo, o IMC apresentou uma razão de
chance de DHGM de mais de 8 vezes no sexo masculino e chegou a 11 vezes no
sexo feminino.

No Modelo 3, observa­se que todos os parâmetros novamente estiveram


associados a maior chance de desenvolvimento de DHGM, com exceção do
tabagismo, que não demonstrou ser fator de risco entre as mulheres. Também neste
modelo, O IMC mostrou ser um fator associado a presença de DHGM, tanto entre os
homens quanto entre as mulheres, seguido do DM2.
57

Tabela 8: Razão de chances (odds ratio) para o diagnóstico de DHGM para diferentes fatores de
risco para a doença, de acordo com o sexo, corrigidos para idade e índice de massa corporal.

Modelo 1 – Síndrome metabólica de acordo com cada critério diagnóstico e com os


fatores de risco cardiovascular

Parâmetros MASCULINO FEMININO

IDADE 1.02 [1.014; 1.021] * 1.04 [1.034; 1.045] *

IMC 4.79 [4.345; 5.277] * 5.4 [4.616; 6.337] *

CA ALTERADA 3.56 [3.322; 3.811] * 5.41 [4.328; 6.833] *

GLICEMIA ALTERADA 2.32 [2.11; 2.554] * 3.17 [2.595; 3.869] *

HDL BAIXO 1.62 [1.523; 1.726] * 2.03 [1.814; 2.271*

PA ALTERADA 1.7 [1.587; 1.813] * 1.8 [1.554; 2.084] *

TRIGLICÉRIDES
AUMENTADOS 2.7 [2.537; 2.874] * 3.27 [2.883; 3.716] *

Modelo 2 – Síndrome metabólica de acordo com os critérios do IDF

Parâmetros MASCULINO FEMININO

IDADE 1.03 [1.027; 1.033] * 1.05 [1.041; 1.052] *

IMC 8.51 [7.814; 9.289] * 11.02 [9.604; 12.701] *

SM (IDF) 4.3 [4.031; 4.596] * 5.3 [4.654; 6.033] *

Modelo 3 – Antecedentes pessoais e de estilo de vida associados à risco cardiovascular,


em função de idade e índice de massa corporal

Parâmetros MASCULINO FEMININO

IDADE 1.02 [1.013; 1.02] * 1.03 [1.025; 1.038] *

IMC 10.26 [9.416; 11.199] * 11.84 [10.305; 13.644] *

HAS 1.59 [1.465; 1.722] * 1.65 [1.408; 1.934] *


58

DLP 1.41 [1.325; 1.492] * 1.73 [1.534; 1.943] *

DM2 2.65 [2.191; 3.207] * 4.02 [2.801; 5.833] *

TABAGISMO 1.13 [1.062; 1.211] * 0.97 [0.845; 1.101] #

IPAQ 1.85 [1.749; 1.952] * 1.32 [1.183; 1.477] *

SAOS 1.86 [1.739; 1.995] * 2.02 [1.758; 2.312] *

Legenda: (*) p<0,01 para os parâmetros estudados. (#) p>0,01 parâmetro não significante.
Abreviaturas: Grupo 1: 2005 ­ 2009; Grupo 2: 2010 ­ 2014; Grupo 3: 2015 ­ 2019; SM: síndrome
metabólica; CA: circunferência abdominal; HDL: high­density cholesterol; PA: pressão arterial; IMC:
classificação do Indice de massa corporal; SM (IDF): síndrome metabólica de acordo com critérios do
IDF; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DLP: dislipidemia; DM2: diabetes mellitus tipo 2; IPAQ:
avaliação dos critérios de IPAQ em pacientes inativos ou pouco ativos; SAOS: síndrome da apnéia
obstrutiva do sono através do Questionário de Berlim.

4.6 Valores de FIB­4 na avaliação do risco de fibrose avançada de


acordo com sexo e idade (maiores ou menores de 50 anos) de
portadores de DHGM

Na grande maioria dos indivíduos estudados (91% das mulheres e 84,5% dos
homens), como esperado, valores de corte para FIB­4 inferior a 1,3 foram compatíveis
com exclusão do risco de doença hepática crônica avançada. Mas quando analisados
pela idade, principalmente os homens acima de 50 anos, só 65% deles puderam ser
excluídos e entre as mulheres esse valor de corte para o FIB­4 caiu de 94% antes dos
50 anos para 84% naquelas com mais de 50 anos, confirmando, assim o maior risco
de fibrose hepática com o avançar da idade (Tabela 9).
59

Tabela 9. Fibrosis­4 index (valor médio com desvio padrão ou percentual de pacientes com valor
<1,30) comparação de homens e mulheres com DHGM em todo o grupo ou apenas naqueles com
50 anos ou mais

FIB­4 DHGM global DHGM < 50 anos DHGM ≥ 50 anos

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

(36,6%) (10,2%) (53,5%) (47,1%)

N = 11762 N = 2260 N = 7986 N = 1233 N = 3774 N = 1027

FIB­4 0.97+0.44 0.86+0.45# 0,82+0,39* 0,66+0,23 1.28+0.51& 1,11+0.49*&

(média + DP)

FIB­4 (% sem 84.4% 90.9%* 94% 98%# 65.6%+ 83.8%#+


fibrose)

Legenda: DHGM = doença hepática gordurosa metabólica, FIB­4 = Fibrosis­4 index; (*) teste t, p<0,01
e (#) teste X2=­10,537, p<0,01 entre sexo masculino e feminino. (&) teste t p<0,01 e (+) teste X2, p<0,01
para comparações entre mesmo sexo

4.7 Avaliação da população geral de acordo com os três quinquênios


consecutivos de 2005 a 2019

Para compreendermos melhor a evolução da prevalência de DHGM ao longo


dos últimos 15 anos, avaliamos os 44.286 pacientes da coorte separados em períodos
de cinco anos e os fatores de risco relacionados a este diagnóstico em cada um dos
quinquênios:

1° período: 2005 a 2009 (n = 9325 pacientes),

2° período: 2010 a 2014 (n = 16294 pacientes)

3° período: 2015 a 2019 (n = 18667 pacientes).

Em relação à prevalência global de DHGM nos três períodos avaliados, observa­


se uma clara diferença na prevalência de DHGM não alcoólica entre os sexos nos três
períodos analisados, com maior prevalência entre os homens em todos os períodos.
60

A evolução global da prevalência da doença foi de apenas 1% nos últimos 15


anos, enquanto a prevalência de acordo com o sexo mostra um aumento muito mais
significativo na proporção de casos com a doença do que a observada globalmente.
A explicação para esta diferença deve­se ao aumento significativo de mulheres que
procuraram o serviço de check­up ao longo dos anos. No primeiro quinquênio elas
perfaziam apenas 25% da população atendida, evoluindo posteriormente para 34,5%
e 38,3% nos quinquênios posteriores, respectivamente. Associando­se este aumento
na população feminina e sua menor prevalência, explica­se a pouca alteração
observada na prevalência global. Por outro lado, a análise por gênero mostra um
crescimento contínuo da doença, embora com maior intensidade para ambos os
sexos, do primeiro para o segundo período, especialmente entre as mulheres,
havendo um incremento mais modesto em ambos os sexos, nos dois últimos
quinquênios. Certamente, a reduzida participação das mulheres na casuística dos
primeiros cinco anos pode ser um dos fatores que contribuíram para a grande
diferença de prevalência entre o primeiro e os quinquênios seguintes, mas um real
aumento da prevalência deve ter ocorrido, a se julgar pela distribuição de casos no
sexo masculino, com análise em casuística significativamente maior (Gráfico 5).

Gráfico 5. Distribuição da prevalência global e por sexo da doença hepática gordurosa


metabólica nos três quinquênios estudados

Legenda: Grupo 1: 2005 ­ 2009; Grupo 2: 2010 ­ 2014; Grupo 3: 2015 ­ 2019; Sem Esteatose;
Esteatose Feminino; Esteatose masculino.
61

Quando avaliamos a prevalência geral de pacientes com e sem DHGM, de


acordo com o sexo, em cada quinquênio, temos que realçar inicialmente que houve
um aumento expressivo do número de mulheres realizando exames de check­up, ao
longo do tempo. No primeiro quinquênio, elas perfaziam apenas 25% da população
atendida, evoluindo posteriormente para 34,5% e 38,3% nos quinquênios posteriores,
respectivamente. Embora a prevalência global tenha aumentado em apenas 1% ao
longo dos últimos 15 anos, a análise por gênero mostra um crescimento contínuo da
doença, embora com maior intensidade para ambos os sexos, do primeiro para o
segundo período. Certamente a maior participação das mulheres e sua menor
prevalência de DHGM em relação aos homens explica a tímida elevação global da
doença nos últimos anos.

4.8 Análise dos fatores de risco cardiometabólico e estilo de vida nos


pacientes com DHGM de acordo com os três quinquênios e com o
sexo dos pacientes

Neste momento, optamos por compreender os fatores que influenciariam essa


diferença entre os sexos. Para atingir este objetivo, optamos por comparar os fatores
de risco cardiovascular associados ao diagnóstico de DHGM nos períodos analisados
e divididos de acordo com o sexo (Tabelas 10 e 11).

Tabela 10. Avaliação dos fatores de risco para doença hepática gordurosa metabólica nos
homens de acordo com os três quinquênios

Parâmetro 1º Quinquênio 2º Quinquênio 3º Quinquênio

N (homens) N = 6999 N = 10625 N = 11369

Idade >30a (%) 3,53% 6,10% 6,50%

Idade 30­49a (%) 71,28% 70,13% 68,82%

Idade > 50a (%) 25,19% 23,77% 24,60%

Idade > 45a (%) 42,31% 38,59% 38,65%

SMIDF (%) 26,02% 23,61% 21,91%

HAS referida (%) 14,06% 14,77% 14,94%

DLP referida (%) 23,87% 32,71% 31,39%

DM2 referida (%) 2,94% 2,78% 2,90%


62

IPAQ (%) 60,77% 60,92% 49,04%

IMC <25 (%) 29,46% 28,50% 25,68%

IMC 25­29 (%) 51,15% 50,45% 50,70%

IMC>30 (%) 19,36% 21,04% 23,63%

Esteatose (%) 38,52% 41,10% 41,82%

CA Alterada (%) 52,37% 57,85% 56,12%

Antec. DCV (%) 0,31% 0,55% 1,09%

PA Alterada (%) 36,43% 19,96% 23,27%

Triglic Alterada (%) 34,30% 35,90% 31,78%

Glicose Alterada (%) 16,06% 11,39% 8,72%

HDL Alterada (%) 35,69% 33,46% 32,69%

Tabagismo (%) 16,26% 23,71% 23,90%

Legenda: N: número de pacientes; SMIDF: síndrome metabólica de acordo com IDF, HAS: hipertensão
arterial sistêmica; DM2: diabetes mellitus tipo 2; IPAQ: International physical activity questionnaire; IMC:
índice de massa corporal; CA alterada: circunferência abdominal; DCV: doença cardiovascular; PA:
pressão arterial; Triglic: Triglicérides; HDL: high­density cholesterol

Tabela 11. Avaliação dos fatores de risco para doença hepática gordurosa metabólica nas
mulheres de acordo com os três quinquênios

Parâmetro 1º Quinquênio 2º Quinquênio 3º Quinquênio

N (mulheres) N = 2326 N = 5669 N = 7298

Idade >30a (%) 7,87% 9,07% 9,04%

Idade 30­49a (%) 77,30% 70,06% 68,81%

Idade > 50a (%) 14,83% 20,87% 22,15%

Idade > 45a (%) 28,50% 35,21% 34,24%

SMIDF (%) 9,30% 10,60% 9,40%

HAS referida (%) 11,89% 12,69% 12,50%

DLP referida (%) 21,18% 28,84% 26,79%

DM2 referida (%) 2,50% 2,31% 2,42%

IPAQ (%) 62,55% 65,66% 53,74%


63

IMC <25 (%) 71,50% 61,19% 56,12%

IMC 25­29 (%) 20,77% 26,81% 29,76%

IMC>30 (%) 7,74% 12,00% 14,11%

Esteatose (%) 8,70% 15,10% 16,60%

CA Alterada (%) 40,36% 55,33% 52,83%

Antec. DCV (%) 0,04% 0,19% 0,41%

PA Alterada (%) 10,83% 8,11% 10,03%

Triglic Alterada (%) 12,38% 16,65% 11,59%

Glicose Alterada (%) 4,94% 4,85% 3,86%

HDL Alterada (%) 26,83% 27,06% 26,57%

Tabagismo (%) 11,82% 19,70% 18,31%

Legenda: N: número de pacientes; SMIDF: síndrome metabólica de acordo com IDF, HAS: hipertensão
arterial sistêmica; DM2: diabetes mellitus tipo 2; IPAQ: International physical activity questionnaire; IMC:
índice de massa corporal; CA alterada: circunferência abdominal; DCV: doença cardiovascular; PA:
pressão arterial; Triglic: Triglicérides; HDL: high­density cholesterol

Nas tabelas acima, diferenciadas entre homens e mulheres, podemos perceber


que em relação a idade, houve um aumento da prevalência de mulheres com mais de
45 anos, especialmente do primeiro para o segundo quinquênio, e se manteve esta
prevalência no último quinquênio (28,5%; 35,2% e 34,2%) mas com aumento
percentual de mulheres acima de 50 anos nos últimos anos. Já entre os homens,
houve uma inversão com tendência de aumento de indivíduos com idade inferior a 30
anos e diminuição na faixa dos 30­50 anos ao longo do tempo estudado, enquanto o
percentual de casos na faixa acima de 50 anos permaneceu relativamente o mesmo
com algumas oscilações não tão significativas. As mulheres apresentaram uma maior
prevalência de dislipidemia entre o primeiro e segundo quinquênios, se mantendo no
último período avaliado. Além disso, houve uma redução da realização de atividade
física pelo IPAQ, compatível com o aumento do peso, com o IMC entre 25 – 29 (20,7%;
26,8%; 29,7%) e > 30 kg/m2 (7,7%; 12%; 14,1%). Ao mesmo tempo, as mulheres
também apresentaram um aumento de DCV (0,04%; 0,19%; 0,41%) e de tabagismo
(11,8%; 19,7%; 18,3%). Já nos homens, houve um aumento da prevalência ao longo
do tempo, da dislipidemia, da obesidade e da obesidade visceral além do antecedente
64

de doença cardiovascular e do tabagismo. Também deve ser ressaltado que as


mulheres avaliadas no primeiro quinquênio apresentavam menor número de casos
em idade da menopausa, maior percentual de casos com IMC < 25 kg/m2 e sem
obesidade visceral, o que poderia justificar a menor prevalência de DHGM neste
grupo.

4.9 Razão de probabilidade dos fatores de risco cardiometabólico para


o diagnóstico de DHGM de acordo com o sexo nos três quinquênios

Para compararmos o impacto destes fatores de risco cardiometabólico nos dois


sexos em cada período de tempo, lançamos mão novamente do cálculo da razão de
chances ou de probabilidade, novamente corrigidos para idade e IMC (Tabelas 12 e
13).

Tabela 12. Razão de chances (odds ratio) para o diagnóstico de DHGM em diferentes parâmetros
de risco cardiometabólico e do estilo de vida, no sexo masculino e de acordo com os três
quinquênios, corrigidos para a idade e índice de massa corporal

Modelo 1 – Síndrome metabólica de acordo com cada critério diagnóstico e com os fatores
de risco cardiovascular
Masculino G1 G2 G3
IDADE 1,01 [1,007; 1,021] * 1,02 [1,017; 1,028] * 1,01 [1,008; 1,018] *
IMC 4,8 [3,968; 5,828] * 4,46 [3,808; 5,227] * 5,14 [4,377; 6,055] *
CA ALTERADA 3,08 [2,687; 3,525] * 3,72 [3,302; 4,189] * 3,66 [3,289; 4,084] *
GLICEMIA 2,44 [2,076; 2,877] * 2,44 [2,082; 2,875] * 2,3 [1,931; 2,746] *
ALTERADA
HDL BAIXO 1,62 [1,427; 1,833] * 1,59 [1,435; 1,77] * 1,67 [1,515; 1,851] *
PA ALTERADA 1,56 [1,379; 1,765] * 1,88 [1,667; 2,124] * 1,87 [1,68; 2,093] *
TRIGLICÉRIDES 2,62 [2,308; 2,965] * 2,73 [2,464; 3,028] * 2,74 [2,479; 3,035] *
AUMENTADOS

Modelo 2 – Síndrome metabólica mensurada de acordo com IDF


IDADE 1,03 [1,019; 1,032] * 1,04 [1,031; 1,041] * 1,03 [1,023; 1,032] *
IMC 7,64 [6,439; 9,113] * 8,29 [7,231; 9,541] * 9,34 [8,097; 10,816] *
SM (IDF) 4,15 [3,661; 4,709] * 4,44 [3,976; 4,953] * 4,45 [3,997; 4,971] *
65

Modelo 3 – Auto reporte dos pacientes e os hábitos de vida


IDADE 1,02 [1,011; 1,025] * 1,02 [1,017; 1,029] * 0,99 [0,988; 1] #
IMC 10,56 [8,915; 12,576] * 10,26 [8,951; 11,808] * 10,11 [8,747; 11,73] *
HAS 1,92 [1,632; 2,254] * 1,71 [1,495; 1,959] * 1,23 [1,083; 1,407] *
DLP 1,63 [1,435; 1,851] * 1,42 [1,289; 1,566] * 1,24 [1,13; 1,366] *
DM2 2,76 [1,892; 4,078] * 2,24 [1,625; 3,128] * 3 [2,227; 4,089] *
TABAGISMO 1,16 [0,997; 1,343] # 1,13 [1,017; 1,261] * 1,11 [1,004; 1,231] *
IPAQ 1,8 [1,603; 2,017] * 1,86 [1,698; 2,047] * 1,73 [1,582; 1,884] *
SAOS 2,39 [2,062; 2,782] * 2,12 [1,847; 2,217] *

Legenda: (*) Fatores associados ao desenvolvimento de DHGM; (#) Fatores não associados ao
desenvolvimento de DHGM. Grupo 1: 2005 ­ 2009; Grupo 2: 2010 ­ 2014; Grupo 3: 2015 ­ 2019; SM:
síndrome metabólica; CA: circunferência abdominal; HDL: high­density cholesterol; PA: pressão
arterial; IMC: classificação do Indice de massa corporal; SM (IDF): síndrome metabólica de acordo com
critérios do IDF; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DLP: dislipidemia; DM2: diabetes mellitus tipo 2;
IPAQ: avaliação dos critérios de IPAQ em pacientes inativos ou pouco ativos; SAOS: síndrome da
apnéia obstrutiva do sono.

Tabela 13. Razão de chances (odds ratio) para o diagnóstico de DHGM em diferentes parâmetros
de risco cardiometabólico e do estilo de vida, no sexo feminino e de acordo com os três
quinquênios, corrigidos para a idade e índice de massa corporal

Modelo 1 – Síndrome metabólica de acordo com cada critério diagnóstico e com os fatores
de risco cardiovascular
G1 G2 G3
Feminino
IDADE 1,04 [1,025; 1,063] * 1,04 [1,031; 1,05] * 1,04 [1,03; 1,046] *
IMC 11,42 [6,666; 20,589] * 4,55 [3,597; 5,799] * 5,11 [4,064; 6,473] *
CA ALTERADA 3,18 [1,721; 6,175] * 5,11 [3,549; 7,527] * 6,1 [4,443; 8,538] *
GLICEMIA 3,49 [2,077; 5,87] * 4,02 [2,948; 5,502] * 2,69 [1,98; 3,657] *
ALTERADA
HDL BAIXO 1,96 [1,355; 2,84] * 1,96 [1,639; 2,356] * 2,13 [1,822; 2,491] *
PA ALTERADA 1,25 [0,805; 1,934] # 1,8 [1,4; 2,309] * 2,1 [1,712; 2,58] *
TRIGLICÉRIDES 3,68 [2,485; 5,454] * 2,87 [2,36; 3,489] * 3,84 [3,176; 4,636] *
AUMENTADOS

Modelo 2 – Síndrome metabólica mensurada de acordo com IDF

IDADE 1,04 [1,027; 1,063] * 1,05 [1,039; 1,058] * 1,05 [1,039; 1,054] *
IMC 17,85 [11,08; 30,339] * 8,7 [7,064; 10,789] * 11,56 [9,48; 14,224] *
SM (IDF) 5,58 [3,837; 8,133] * 5,51 [4,481; 6,775] * 5,43 [4,499; 6,577] *

Modelo 3 – Auto reporte dos pacientes e os hábitos de vida


66

IDADE 1,04 [1,018; 1,056] * 1,04 [1,029; 1,05] * 1,02 [1,011; 1,03] *
IMC 24,83 [15,479; 42,137] * 10,38 [8,431; 12,892] * 11,18 [9,145; 13,775] *
HAS 2,68 [1,606; 4,455] * 1,68 [1,31; 2,149] * 1,39 [1,1; 1,743] *
DLP 2,01 [1,317; 3,029] * 1,6 [1,32; 1,925] * 1,72 [1,453; 2,026] *
DM2 3,12 [1,146; 8,79] * 6,4 [3,29; 12,758] * 2,99 [1,854; 4,912] *
TABAGISMO 1,01 [0,617; 1,628] # 1,02 [0,826; 1,246] # 0,88 [0,729; 1,056] #
IPAQ 1,05 [0,731; 1,513] # 1,41 [1,164; 1,71] * 1,28 [1,104; 1,489] *
SAOS 2,36 [1,745; 3,182] * 2,13 [1,807; 2,517] *

Legenda: (*) Fatores associados ao desenvolvimento de DHGM; (#) Fatores não associados ao
desenvolvimento de DHGM. Grupo 1: 2005 ­ 2009; Grupo 2: 2010 ­ 2014; Grupo 3: 2015 ­ 2019; SM:
síndrome metabólica; CA: circunferência abdominal; HDL: high­density cholesterol; PA: pressão
arterial; IMC: classificação do Indice de massa corporal; SM (IDF): síndrome metabólica de acordo com
critérios do IDF; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DLP: dislipidemia; DM2: diabetes mellitus tipo 2;
IPAQ: avaliação dos critérios de IPAQ em pacientes inativos ou pouco ativos; SAOS: síndrome da
apnéia obstrutiva do sono.

Na Tabela 11, ao avaliarmos os fatores associados à chance do


desenvolvimento de DHGM nos homens em cada quinquênio. No modelo 1, todos
parâmetros de SM isoladamente estiveram significantemente associados à presença
de DHGM nos três quinquênios estudados. Em todos os períodos, o IMC foi que se
associou a maior razão de chance para o diagnóstico de esteatose nesta população,
principalmente no último quinquênio. Da mesma forma, o aumento da CA apresentou­
se como fator de risco para DHGM, com maior intensidade no segundo e terceiro
quinquênios, assim como o aumento dos triglicérides. No modelo 2, o diagnóstico de
SM pelo IDF esteve associado a, em média, 5 vezes mais chance de DHGM, mesmo
na presença do IMC e idade. Por outro lado, o IMC foi fator com menor valor de razão
de chance quando analisado pelo diagnóstico de SM pelo IDF do que na análise com
os parâmetros isolados que compões a SM. No modelo 3, em relação aos
antecedentes clínicos dos indivíduos analisados, todos os parâmetros de risco
cardiovascular relatos pelo paciente e de estilo de vida se associaram estatisticamente
ao risco de ter o diagnóstico de DHGM no sexo masculino, exceto pelo tabagismo no
primeiro período, mas que nos demais períodos esteve significantemente associado
ao diagnóstico da doença. A presença de SAOS associou­se a DHGM no segundo e
terceiro quinquênios, mas não foi avaliada no primeiro quinquênio por ausência dos
dados nesse período.
67

Na Tabela 12, ao avaliarmos os fatores associados ao desenvolvimento de


DHGM nas mulheres, de acordo com a idade e IMC, no modelo 1 observamos que o
IMC foi um fator fortemente associado, especialmente no primeiro quinquênio, e essa
associação foi numericamente menos intensa no segundo e terceiro quinquênios. A
CA também foi associada a DHGM e foi crescente ao longo dos períodos. A presença
de HAS esteve associada ao diagnóstico da doença somente no segundo e terceiro
quinquênios. As alterações glicêmicas também se associaram à DHGM, com um
aumento do primeiro para o segundo quinquênios, com redução no terceiro
quinquênio. No modelo 2, em relação ao diagnóstico de SM pelo IDF, houve
praticamente o mesmo comportamento observado para os homens dos parâmetros
analisados. No modelo 3, ganha especial realce o fato que em nenhum dos momentos
avaliados houve maior risco de diagnóstico de DHGM nas mulheres tabagistas, ao
contrário do observado entre os homens. Também chama atenção no primeiro
quinquênio, a ausência de significância estatística entre atividade física e o
diagnóstico da doença e a elevada razão de chance atingida pela
obesidade/sobrepeso para o diagnóstico de DHGM nas mulheres estudadas neste
período.
68

5. DISCUSSÃO

A doença hepática gordurosa foi negligenciada pela medicina durante longos


anos, sempre atribuída à ingestão excessiva de bebida alcoólica não confessada,
mesmo quando isso era peremptoriamente negado pelo paciente. Em 1980, no
entanto, Ludwig et al. demonstraram em pacientes não alcoólatras a existência de
uma doença gordurosa do fígado associada à inflamação lobular e à balonização que
poderia evoluir para a fibrose e cirrose e deram a ela o nome de esteato­hepatite não
alcoólica (NASH), combinando dados morfológicos com a informação clínica da
ausência de ingestão abusiva de álcool.

Posteriormente, com a observação de que pacientes com esteatose isolada ou


associada a inflamação lobular apresentavam o mesmo perfil demográfico e
metabólico, cunhou­se o nome de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA
ou NAFLD na língua inglesa), reconhecendo­se que a esteato­hepatite corresponderia
à forma com maior potencial de progressão para a cirrose hepática. A despeito da
publicação original de Ludwig et al., acompanhando­se o número de publicações
anuais sobre o assunto no PUBMED (termos utilizados NASH, NAFLD), apenas a
partir de 2005 observa­se um aumento progressivo de publicações sobre o assunto,
saindo de 149 em 2005 para 5.044 no ano de 2022. Assim, a denominação de DHGNA
foi extremamente importante para que a doença hepática gordurosa pudesse ser vista
como uma entidade nosológica distinta e extremamente importante no contexto das
hepatopatias.

Em 2020, um painel de especialistas propôs uma nova definição e critérios para


a DHGNA como doença hepática gordurosa metabólica (DHGM; “metabolic­
associated fatty liver disease”, MAFLD) conforme anteriormente citado. Essa proposta
buscava realçar a importância das alterações metabólicas, especialmente obesidade,
síndrome metabólica e diabetes mellitus tipo 2 na patogênese das doenças do fígado,
estando ou não associadas a outras doenças hepáticas, realçando a importância
desses fatores na morbimortalidade por causas hepáticas e não hepáticas
(principalmente cardiovasculares) dos pacientes. Por outro lado, ao invés de critérios
de exclusão como eram adotados para o diagnóstico de DHGNA, adotam­se critérios
“positivos” para o diagnóstico da doença (Eslam M. et al., 2020). Desta forma,
69

pacientes com esteatose hepática que previamente não eram classificados como
DHGNA devido ao consumo alcoólico significativo, que tinham outras hepatopatias ou
causas secundárias de esteatose hepática, esses passam a ser diagnosticados como
DHGM, se os critérios diagnósticos fossem preenchidos.

Esta mudança de conceito não foi aceita por todos (Younossi ZM et al., 2021)
e houve muita discussão entre os especialistas sobre o assunto pois, se de um lado
evidenciava­se os fatores metabólicos como a causa mais importante da doença
gordurosa, a sua associação com a ingestão alcoólica era um complicador à
compreensão fisiopatogênica e identificação dos fatores de risco e de desfechos
clínicos. Assim, alguns recorreram, como nós, à nomenclatura de DHGM não
alcoólica, inspirados em Vy H et. al. (2021).

A poucos dias da liberação desta tese para a defesa, no congresso da


European Association for the Study of the Liver em Viena, as associações Européia,
Americana e Latino Americana para o estudo do fígado decidiram unificar os termos
da doença e propuseram o termo doença hepática esteatótica para um grupo de
doenças em que o ramo principal seria a “doença esteatótica associada à disfunção
metabólica” (MASLD em inglês) ou “esteatose metabólica”, em pacientes com baixa
ingestão alcoólica e que apresente, pelo menos, um dos fatores de risco metabólico
(entre aqueles aqui utilizados para o diagnóstico de DHGM). Quando a esteatose
metabólica está associada à ingestão de álcool superior a 140 g por semana para
mulheres e 210 g por semana para homens, teríamos a “doença hepática alcoólica
associada à doença metabólica” (MetDHA) (Rinella ME et al., 2023). Assim,
certamente os pacientes aqui estudados podem efetivamente ser chamados de
portadores de esteatose metabólica (ou MASLD), mas a real prevalência da doença e
o impacto dos fatores de risco para o diagnóstico teriam de ser recalculados. Diante
do tempo necessário para a compreensão dos parâmetros e da nova classificação da
doença e, também, pela premência do tempo, mantivemos o uso da nomenclatura
anterior e os resultados obtidos com essa definição, não sem antes fazer esta
ressalva.

A comparação entre os conceitos prévios, de DHGNA e DHGM, mostram que


existe concordância diagnóstica entre elas, em mais de 80% (García­Compeán D &
Jiménez­Rodríguez AR, 2022). De fato, em nossa casuística essa concordância foi
70

ainda maior, atingindo 94% dos casos, após a exclusão dos pacientes com AUDIT ≥
8. Por outro lado, dados da literatura indicam que pacientes com DHGM tendem a
apresentar maior grau de fibrose hepática, maior risco de doença cardiovascular e
taxa de mortalidade global, quando comparados aos pacientes diagnosticados como
DHGNA, provavelmente por realçar a importância desses fatores metabólicos já
identificados, com maior morbimortalidade desses pacientes (Yamamura S et al.,
2020; Lee H et al., 2020; Kim D et al., 2021).

A busca do banco de dados do Centro de Medicina Preventiva do Hospital


Israelita Albert Einstein se justifica plenamente não só pelo número de casos
atendidos neste serviço, como também pela sistematização da coleta dos dados e por
já terem sido desenvolvidos neste centro, inúmeros estudos populacionais na área de
DHGNA (Oni ET el a., 2014; Santos RD, Valenti L and Romeo S, 2019; Aneni EC et
al., 2020; Aneni EC et al., 2022).

Já no início da coleta dos dados nos chamou a atenção a disparidade de


prevalência de esteatose entre homens e mulheres e, por isso, desde o início fizemos
análises separadas para cada sexo ao invés de englobar todos os indivíduos no
mesmo grupo. Nossa discordância com a inclusão de casos com a ingestão alcoólica
em doses consideradas de risco para doença hepática alcoólica, além dos diferentes
fatores fisiopatogênicos relacionados, também foi reforçada pela conhecida maior
prevalência de uso abusivo de álcool entre os homens (White AM, 2020), tal como
verificamos em nossa casuística. De fato, indivíduos com escore AUDIT > 8 foram
observados majoritariamente entre homens, chegando a 90% dos casos (ANEXO
8.8). Como este poderia ser um fator confundidor para a avaliação pretendida,
optamos, neste estudo, por incluir apenas pacientes com diagnóstico de DHGM com
AUDIT< 8, o que corresponderia aos pacientes com DHGM não alcoólicos (non­
alcoholic MAFLD), estratégia diagnóstica já utilizada em outros estudos (Vy H. et.al,
2021).

Para identificar a prevalência global de DHGNA, um estudo de revisão chinês


agrupou estudos realizados no período de 2000 a 2021, num total de 363 estudos de
40 países ou regiões (18 países e regiões asiáticas, 13 países europeus, quatro
países da América do Norte, três países da América do Sul e dois países africanos)
com uma população geral avaliada de 114.406.455 indivíduos. Um total de 34.347.969
71

participantes foram diagnosticados com DHGNA, com uma prevalência estimada


agrupada de 29,38% (IC 95% 28,09–30,69), independentemente das técnicas de
diagnóstico. Após realizarem uma análise de sensibilidade, a prevalência de DHGNA
foi de 29,01% (IC 95% 28,02–30,03), com alta heterogeneidade. Entre os países com
maiores prevalências da DHGNA, a maior delas foi encontrada na América do Sul com
uma taxa estimada de 31,3% (95% CI 25,81–37,08), seguido pela Europa (30,11%,
95% CI 26,89–33,42), Ásia (29,92%, 95% CI 28,87–30,98), América do Norte
(24,28%, IC 95% 20,33–28,47) e África (8,10%, IC 95% 0,85–21,72), (Jiave Liu et al.,
2022).
Baseado no diagnóstico por imagem, Younossi ZM et. al (2016) identificaram
uma prevalência global estimada de DHGNA de 25%, sendo a maior encontrada no
Oriente Médio (32%) e América do Sul (31%), e a menor na África (14%). Já a
prevalência para a Ásia foi de 27% e para a Europa foi de 24%. E as comorbidades
metabólicas associadas à DHGNA incluíram obesidade (51,34%; IC 95%: 41,38­
61,20), DM2 (22,51%; IC 95%: 17,92­27,89), hiperlipidemia (69,16%; IC 95%: 49,91­
83,46%), HAS (39,34%; IC 95%: 33,15­45,88) e SM (42,54%; IC 95%: 30,06­ 56,05).

A manifestação da DHGNA em pacientes magros foi observada em menos de


10% da população geral com DHGNA (Younes R et. al, 2022). Não apenas o fenótipo
clínico de DHGNA, mas também o conhecimento substancial dos últimos anos em
relação às associações genéticas, tem apoiado a natureza metabólica desta doença
(Pirola CJ et al., 2022).
Após a mudança do termo DHGM, em 2020, este tem sido cada vez mais
utilizado na literatura médica e quase 10% de todos os artigos publicados sobre este
tópico de 2022 até agora preferiram usar DHGM e não DHGNA. Diante dessa recente
mudança, com alterações também dos critérios diagnósticos, poucos estudos foram
publicados até o momento descrevendo a prevalência de DHGM nas populações
específicas de cada país e principalmente estimando a prevalência mundial. Portanto,
a prevalência global da DHGM deriva em grande parte dos estudos que utilizaram os
critérios diagnósticos da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e já a
caracterizavam como a doença hepática mais comum nos últimos anos, o que tem
afetado substancialmente a saúde pública (Karlsen TH, et al., 2022; Diehl AM et al.,
2019).
72

Até o momento, sabemos que a DHGM é a causa mais comum de doença


hepática crônica nas nações ocidentais (20% a 30%), sendo mais prevalente que nos
países orientais (10% a 20%), provavelmente por um reflexo do desenvolvimento
socioeconômico diferencial nessas regiões (Wang J et al., 2020).

Nos EUA, a DHGM chega a afetar um terço da população, enquanto que na


Europa, acomete em torno de 24% da população européia (Younossi ZM et al., 2016).
Na Austrália, acredita­se que a incidência de DHGM deve aumentar de 22% (2019)
para 23,6% em 2030 (Adams LA et al., 2020). Da mesma forma, no Canadá, a
incidência estimada de DHGM era de 21,1% até 2018 e deve aumentar em 20% até
2030 (Swain MG et al., 2018). Essa maior prevalência de DHGM nos países ocidentais
pode ser atribuída a vários fatores, incluindo o consumo de dietas com alto teor
calórico e de baixa qualidade nutricional, taxas reduzidas de atividade física, aumento
do sedentarismo, altas taxas de obesidade e associação com fatores genéticos.
A DHGM representa, portanto, a doença hepática crônica mais prevalente no
mundo (Satapathy SK and Sanyal AJ, 2015; Younossi Z. et al, 2018), inclusive no
Brasil, onde sua prevalência tem sido relatada entre 18% e 35% em alguns estudos,
ainda que esses tenham avaliado amostras muito pequenas ou amostras específicas
de serviços de ultrassonografia de rotina (Goulart AC et al., 2015; Parise ER et al.,
2003; Karnikowski M et al., 2007).
Considerando as características de um grande estudo epidemiológico
retrospectivo, avaliamos a presença de DHGM, diagnosticada com critérios
estabelecidos, em mais de 45.000 indivíduos adultos que procuraram um centro de
medicina preventiva pela primeira vez, em um período de 15 anos. Entre esses
pacientes, a prevalência geral de DHGM não alcoólica foi de 31,2%, confirmando a
alta prevalência dessa doença no Brasil. Essa elevada prevalência tem sido
observada em outros estudos no país e nas revisões anteriormente citadas. A
exclusão dos pacientes com uso abusivo de álcool avaliado pelo escore AUDIT
certamente reduziu a prevalência da doença, pois a maioria deles apresentava
diagnóstico concomitante de DHGM, mas foi importante para avaliarmos com mais
precisão os aspectos metabólicos da doença. Os pacientes assim selecionados, como
era de se esperar, eram mais velhos, apresentavam maior prevalência de fatores de
risco cardiometabólico do que a população sem esteatose hepática à ultrassonografia
abdominal (Tabela 4). Também os níveis de enzimas hepáticas, parâmetros
73

dislipidêmicos e do metabolismo de carboidratos estiveram significantemente mais


alterados nos pacientes com esteatose, quando comparados aos valores observados
no grupo controle (Tabela 5).
Nosso estudou reproduziu basicamente os achados na literatura em relação à
distribuição por sexo e idade. Além disso, mostrou uma progressão da prevalência da
doença nos últimos anos em nosso país, especialmente quando os dados foram
avaliados separadamente, de acordo com o sexo. Entre os homens, este aumento foi
de quase 10% e nas mulheres foi superior a 90% nos 15 anos avaliados. No entanto,
entre o segundo e o terceiro quinquênio, essas elevações foram bem mais modestas,
0,17% entre os homens e 10% entre as mulheres. Avaliando­se as características dos
indivíduos que procuraram o check­up nos diferentes períodos (Tabelas 10 e 11),
efetivamente, as mulheres avaliadas no primeiro período eram mais jovens e com IMC
mais adequado (sem obesidade ou sobrepeso) que nos demais períodos. O aumento
significativo do percentual de mulheres na pós­menopausa pode ter sido um fator não
negligenciável, associado a esse aumento acentuado da prevalência de DHGM no
sexo feminino, como será discutido adiante (Tabela 11 e Gráfico 1). Tanto para os
homens quanto para as mulheres, a categorização do IMC foi o parâmetro que
apresentou maior paralelismo com o aumento da prevalência da DHGM. É possível
também que a menor casuística deste período, especialmente para as mulheres,
como já citado anteriormente, tenha sido um importante fator a influenciar estes
achados dispares do primeiro período (Gráfico 3 e 4).

Também encontramos uma prevalência global de DHGM quase estável nos


últimos 15 anos, em decorrência do aumento do número de mulheres que procuraram
o serviço de check­up, mas o achado que praticamente um em cada três indivíduos
brasileiros adultos que procuram um serviço privado de medicina preventiva possam
apresentar DHGM é achado que realça a necessidade de que medidas sejam
tomadas para conscientização do problema. Embora esses números sejam
expressivos, deve­se ter em mente que esses dados não podem ser generalizados
para toda a população brasileira, já que a maioria dos indivíduos na presente
casuística é do sexo masculino, branco, pertencente à classe social média ou alta,
com média de idade de 42 anos. Segundo dados populacionais do Instituto Brasileiro
de Estatística (IBGE, 2022), a média de idade dos brasileiros é de 32,6 anos, a maioria
pertencente às classes sociais C e D e mais da metade são mulheres, que se
74

declaram pretas ou pardas (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua –


2018). Embora limitados, os relatórios existentes indicam diferenças na
suscetibilidade à DHGNA entre raças ou etnias (Lazo M et al., 2013; Rich, NE et al.,
2018) com maior prevalência entre os hispânicos e menor entre os negros. Essas
diferenças podem estar relacionadas a predisposições genéticas. De fato, pelo menos
quatro genes foram associados à suscetibilidade da DHGNA, com mais alelos de
aumento de risco sendo encontrados entre indivíduos hispânicos, quando
comparados a indivíduos brancos, e indivíduos negros geralmente carregavam menos
susceptibilidade do que as outras duas etnias (Kubiliun, MJ et al, 2022). Em recente
pesquisa brasileira publicada entre pacientes com doença hepática gordurosa, uma
maior ancestralidade genética africana foi associada a uma menor frequência do alelo
PNPLA3 G (Cavalcante LN et al., 2022). Enquanto estes fatores advogariam para uma
menor prevalência da doença em nosso país, estudos apontam que a menor
escolaridade e classes sociais menos privilegiadas são fatores que tendem a
aumentar consideravelmente a prevalência da DHGM (Talens M et al., 2021; Vilar­
Gomez E et al., 2022).
Estudos mostram que a prevalência e a gravidade da DHGM podem variar com
o sexo e também com a faixa etária, com maior incremento acima dos 50 anos
(Grossmann M. et al., 2019). Geralmente, durante a idade reprodutiva, a DHGM é
mais comum e tende a ser mais grave em homens do que em mulheres, enquanto a
tendência oposta é observada após a menopausa (Varlamov O, Bethea CL and
Roberts CL Jr., 2015; Zhang H et al., 2013; Besse­Patin A et al., 2016). Isso pode ser
atribuído a diferenças no estilo de vida e mudanças na distribuição de gordura corporal
e metabolismo de hormônios sexuais. Curiosamente, como os níveis de estrogênio
são mais altos durante os anos reprodutivos e reduzem após a menopausa, acredita­
se que o estrogênio desempenhe um papel protetor no desenvolvimento de DHGM
(Quinn MA et al., 2018). Isso foi claramente demonstrado em vários países asiáticos,
incluindo Coréia do Sul, Hong Kong (China), Cingapura e Taiwan (China), onde o
número de casos de DHGM em homens superaram os de mulheres até o final da
meia­idade (≤ 65 anos), enquanto o número de casos de mulheres, superaram o de
homens nas faixas etárias mais avançadas (> 65 anos) (Zhou YJ et al., 2007). Neste
estudo, entre 3.543 indivíduos, 609 (17,2%) foram diagnosticados com DHGNA. A
prevalência foi significativamente maior nos homens do que nas mulheres com menos
de 50 anos (22,4% vs. 7,1%, P <0,001). No entanto, o fenômeno oposto foi encontrado
75

acima dos 50 anos, com maior número de casos entre as mulheres (20,6% vs. 27,6%,
P < 0,05). Outros estudos também mostraram que a DHGM foi mais frequente em
mulheres asiáticas ou negras após os 50 anos de idade (Chitturi S, Farrell GC and
George J, 2004).

Na presente casuística, ficou claro que houve maior prevalência de DHGM


entre os homens quando comparados às mulheres em todo o período estudado, como
já demonstrado em vários estudos epidemiológicos em outras partes do mundo (Lazo
M et al., 2013; Li Z et al., 2014; Eguchi Y et al., 2012; Long MT et al., 2018).
Interessante citar, porém, um estudo estadunidense no qual tal diferença foi
encontrada apenas entre indivíduos brancos e não entre hispânicos ou afro­
americanos (Browning JD et al., 2004). Também em populações pediátricas, um
estudo meta­analítico mostrou que a prevalência de DHGNA é maior em meninos do
que em meninas em populações gerais e em coortes clínicas de obesos (Anderson
EL et al., 2015), embora esses artigos não levem em consideração os estágios
puberais, durante os quais os hormônios sexuais variam entre os sexos de maneira
específica.

Como há um aumento de casos de DHGM entre mulheres na pós­menopausa,


as alterações hormonais têm sido apontadas como uma das principais razões para
essa disparidade sexual na doença hepática gordurosa metabólica (Lonardo A et al.,
2019; Nagral A. et al., 2022). De fato, quando analisamos a prevalência da DHGM
entre ambos os sexos antes e depois dos 50 anos, observamos um aumento mais
significativo da doença entre as mulheres quando comparadas aos homens (Tabela
12). No gráfico 1 em que relacionamos idade e prevalência da doença em função do
sexo, observamos que enquanto para os homens há uma linearidade entre idade e
prevalência, a curva para as mulheres pode ser decomposta, claramente, em duas
tendências, a primeira que seria de referência até os 50 anos e outra mais
verticalizada dos 50 aos 70 anos, indicando incremento mais acentuada da
prevalência de DHGM a partir desta idade (o que também pode ser avaliado pela
diferença de prevalência em cada década analisada). Os efeitos hormonais não
podem explicar inteiramente esses achados e muitos outros fatores podem estar
relacionados a essa diferença na prevalência de sexo para DHGM, como sensibilidade
à insulina, microbioma intestinal, distribuição de gordura corporal relacionada ao sexo,
efeitos dos cromossomos sexuais e outros (Lonardo A et al., 2019; Nagral A et al,
76

2022). Nos gráficos 2, 3 e 4, observa­se que existe estreita relação entre o IMC e o
diagnóstico da doença em ambos os sexos, mas na tabela 5 pode­se observar que
existe uma tendência maior de linearidade do aumento do IMC e a prevalência de
DHGM do que na relação com a idade. De qualquer forma, estes dois parâmetros,
idade e IMC, foram selecionados como fatores de ajuste na avaliação da razão de
chance para os fatores cardiometabólicos e hábitos de vida no diagnóstico de DHGM.
De fato, em todas as comparações realizadas, a idade e o IMC estiveram
significativamente associadas a esse risco, embora sempre a razão de chance para o
IMC tenha sido fator de risco de maior intensidade (Tabelas 10 e 11). A importância
de parâmetros metabólicos também pode ser enfatizada quando comparamos a razão
de chances de desenvolver DHGM entre os sexos.

Além disso, a avaliação da razão de chance dos fatores cardiometabólicos para


o desenvolvimento de DHGM apresentou significância estatística para todos os
parâmetros metabólicos estudados em ambos os sexos (Tabelas 10 e 11).
Obviamente, tem de ser ressaltado que são exatamente esses parâmetros que foram
utilizados para o diagnóstico de DHGM (Eslam M, Sanyal AJ and George J, 2020;
White AM, 2020) e essa associação seria esperada. Como pode ser observado nas
tabelas 11 e 12, com exceção apenas do tabagismo (significativo ou apenas para
homens), todos os demais parâmetros dos fatores de risco se relacionaram
significativamente com a DHGM em ambos os sexos. O IMC foi o fator com maior
razão de chance em todas as comparações e em ambos os sexos.

Corroborando estes achados, em um estudo retrospectivo com pacientes sem


esteatose na primeira consulta, provenientes desta mesma coorte do HIAE e
avaliados evolutivamente por período médio de 2,4 anos, Aneni EC et al. (2022)
observaram que dislipidemia aterogênica, glicemia e atividade física, além da
circunferência de cintura foram fatores independentemente associados ao
desenvolvimento de DHGNA. O IMC não entrou na análise que visava a comparação
entre pacientes com IMC normal (lean) e aqueles com IMC ≥ 25 kg/m2; entretanto, em
análise univariada, encontraram que a obesidade e o sobrepeso aumentavam,
respectivamente, em 6,78 e 3,39 vezes a chance de desenvolver a doença. Além
disso, indivíduos com idade superior aos 45 anos tiveram 2,62 vezes mais risco de
desenvolver a DHGNA que indivíduos mais jovens. Por fim, neste estudo, os homens
também exibiram incidência 2,67 vezes maior da doença quando comparados às
77

mulheres, embora nem a idade, nem o sexo tenham sido fatores associados de modo
independente ao desenvolvimento de DHGNA durante o seguimento (Aneni EC et al.,
2022).

Um achado importante neste estudo refere­se à associação de fumo e DHGM.


Desde que o tabagismo demonstrou associação com vários fatores de risco
cardiovasculares relacionados à doença hepática gordurosa metabólica como a
dislipidemia, resistência periférica à insulina e o diabetes mellitus (Gallucci et al.,
2020), vários estudos investigaram esta associação, sem que uma unanimidade
pudesse ser observada. Em alguns trabalhos (Chaves­Tapia et al., 2006; Aneni et al.
2022), não houve aumento da prevalência de esteatose metabólica entre os fumantes,
contrariamente ao observado por outros, incluindo uma metanálise (Hamabe et al.,
2011; Jang et al., 2023, Rezayat et al., 2018). Em análise retrospectiva, analisando o
aparecimento da então denominada doença hepática gordurosa, em uma população
japonesa durante o período de 10 anos, Hamabe et al. (2011) observaram que o fumo
foi fator independente para o desenvolvimento da doença, junto com idade, sexo
masculino, índice de massa corpórea (IMC) e dislipidemia. Já Aneni et al., em estudo
semelhante, analisando o desenvolvimento de esteatose em pacientes do mesmo
banco de dados do Hospital Israelita Albert Einstein que utilizamos, não encontraram,
mesmo em análise univariada, que o tabagismo se relacionasse ao aparecimento de
doença gordurosa após oito anos de seguimento, em média. Entretanto, em
praticamente todos os trabalhos citados e referidos na metanálise de Hamabe et al.
(2011), não houve a preocupação em diferenciar o impacto do fumo na doença
gordurosa de acordo com o sexo dos indivíduos. Em nossa análise, inicialmente,
categorizamos os fumantes como ativos ou que deixaram de fumar contra aqueles
que nunca fumaram. Esta categorização levou em conta a baixa média de idade desta
população (comparativamente a outros estudos) e a dificuldade em caracterizar o
tempo de abstinência à nicotina. Na análise seguinte, observamos que o fumo foi fator
de risco para o desenvolvimento apenas para os homens, mas não para as mulheres.
Reforçando este achado global, ao contrário do sexo masculino, em nenhum dos
quinquênios analisados o fumo se constitui em fator de risco identificável para o sexo
feminino. O único trabalho em que a relação entre tabagismo e doença gordurosa
metabólica foi analisada em função do sexo, foi o de Jan et al., publicado em 2023.
Neste trabalho, realizado com cerca de 9.000 indivíduos do sistema de saúde da
78

Coreia do Sul, através de questionário e diagnóstico de esteatose através de escore


clínico, indivíduos do sexo masculino fumantes ativos ou que tenham parado de fumar
há menos de 10 anos apresentaram razão de risco significantemente associada ao
desenvolvimento de esteatose; por outro lado, o mesmo não ocorreu entre as
mulheres, nas quais essa relação não foi identificada, tal como observado nos
resultados da presente casuística.
Levando­se em conta que a esteatose hepática metabólica seja um fator de
risco para doenças cardiovasculares (Duell et al., 2022), este achado parece
contrastar com a observação dos estudos cardiológicos, nos quais a interação entre
tabagismo e sexo feminino aumenta o risco e a gravidade de doenças
cardiovasculares (Gallucci et al., 2020). Entretanto, a relação entre desenvolvimento
de esteatose, sua progressão e associação com DCV é multifatorial e não uma relação
simples e facilmente identificável. De qualquer forma, nosso estudo indica que para
se avaliar a relação entre tabagismo e desenvolvimento de esteatose metabólica, o
sexo deve ser levado em conta.
Em relação aos hábitos de vida, também a atividade física foi avaliada como
fator de risco para o diagnóstico de DHGM. Os pacientes do sexo feminino,
categorizados como sedentários ou pouco ativos tiveram, em média, 1,8 vezes maior
chance de desenvolver esteatose metabólica que os pacientes mais ativos de acordo
com a classificação do IPAC, enquanto as mulheres sedentárias ou pouco ativas
tiveram 1,32 vezes mais chance para este achado. Essa associação foi significativa
para ambos os sexos, com exceção do primeiro quinquênio, no qual a relação foi
significativa apenas para os homens. A discrepância observada nos primeiros cinco
anos pode, como já discutido anteriormente, ser reflexo do pequeno número de
mulheres com DHGM estudadas neste período. Outro ponto a destacar é que no
estudo prospectivo de Aneni et al. (2022), a atividade física se associou
significativamente com o desenvolvimento de doença hepática gordurosa na análise
global e na análise para pacientes com IMC ≥ 25, mas não em pacientes com IMC
normal (“lean NAFLD”). No presente estudo, não fizemos esta distinção, mas
observamos que a inatividade física/pouca atividade foi encontrada em 53% dos
indivíduos com IMC < 25, em 56% dos indivíduos com sobrepeso e em 67,4% dos
obesos.
Em relação ao sobrepeso e obesidade entre os sexos, em todo o grupo
estudado (Tabela 6), estes parâmetros foram mais frequentes entre os homens,
79

enquanto no grupo com DHGM, as mulheres apresentaram média de idade mais


elevada, maior frequência de obesidade, de obesidade visceral (avaliada pela
circunferência de cintura) e antecedente de DM2 quando comparadas aos homens
(Tabela 6). Como citado anteriormente, os hormônios sexuais são importante fator
relacionado à distribuição da gordura visceral entre homens e mulheres. As mulheres
possuem maior deposição de gordura subcutânea e os homens maior depósito de
gordura visceral. Desta forma, as mulheres acabam tendo menor risco cardiovascular
e metabólico, comparadas aos homens, devido ao estrogênio endógeno. Mas a
redução do estrogênio após a menopausa leva à redistribuição dessa gordura
corporal, com maior acúmulo de gordura visceral (Svendsen OL et al., 1995). No
estudo de Ter Horst KW et al., publicado em 2015, idade e o IMC foram avaliadas em
homens e mulheres obesas, tendo sido demonstrado que as mulheres apresentam
aumento da sensibilidade hepática à insulina, nesse contexto, comparadas aos
homens, além da já discutida maior incidência de doença gordurosa metabólica.

Sabemos que o padrão ouro para avaliação e fibrose hepática continua sendo
a biópsia hepática, mas cada vez mais os marcadores não invasivos de fibrose
hepática têm sido utilizados na prática clínica. Um dos marcadores não invasivos e
mais utilizados na prática clínica para avaliar o risco de fibrose avançada, o FIB­4, é
um método de fácil aplicação e por não ser patenteado e demonstrar boa acurácia na
prática clínica (Shah AG et al., 2009), utilizamos em nossa análise para a comparação
entre os pacientes. Nessa análise, pudemos comprovar que pacientes com DHGM e
idade superior a 50 anos, independentemente do sexo, apresentavam maior risco de
fibrose avançada e maiores valores médios do marcador. Além disso, principalmente
na população com idade superior a 50 anos, verificamos maior percentual de
pacientes do sexo feminino excluídas pela menor probabilidade de fibrose avançada,
como valores médios de FIB­4 significativamente mais elevados entre os homens.
Estes dados sugerem que homens acima de 50 anos podem apresentar quadro de
DHGM mais avançado que as mulheres; nesse contexto, uma das possibilidades é
que eles iniciariam a doença mais jovens com maior tempo de evolução para a fibrose
do que as mulheres (Tabela 13). Achados semelhantes foram encontrados por outros
autores (Nagral A et al., 2022; Hartleb M et al., 2017).

Um estudo de Yang JD et al, 2014, avaliando 541 pacientes com NASH


confirmada por biópsia hepática, a fibrose hepática avançada foi mais prevalente em
80

homens e mulheres pós­menopausa. Outros estudos também demonstraram uma


maior prevalência de NASH e fibrose hepática avançada em homens (Machado M et
al., 2006). Em um estudo japonês com 762 pacientes com DHGNA, a fibrose avançada
esteve presente na maioria dos homens obesos (60,9%), comparados a mulheres
obesas (33,7%; Tobari M et al., 2020). Já um outro estudo japonês, ao avaliarem 163
pacientes com biópsia com EHNA, encontraram uma maior prevalência de fibrose em
mulheres com mais de 55 anos, apesar dessa associação não ter alcançado
significância estatística (Yatsuji S et al., 2007).

Além da avaliação não invasiva da fibrose, marcadores não invasivos como o


FIB­4 também podem prever o risco de doença cardiovascular nos portadores de
DHGM (Yi M et al., 2022).

Finalmente, a idade e o sexo não são apenas fatores de risco importantes para
o diagnóstico de DHGM, mas também são fatores associados a maior progressão da
doença.
81

6. CONCLUSÕES

Levando­se em conta a população estudada em um centro privado de medicina


preventiva;

­ A prevalência global de DHGM não alcoólica foi de 31,2%;

­ A prevalência global e a avaliada em cada quinquênio mostrou


persistentemente maior prevalência de DHGM não alcoólica entre os homens,
diferença esta que diminuiu progressivamente após os 50 anos de idade;

­ O diagnóstico de DHGM não alcoólica mostrou, como esperado, significativa


associação com a idade, atividade física e fatores de risco cardiometabólico e do estilo
de vida, em ambos os sexos.

­ O tabagismo (atual ou pregresso) esteve associado ao diagnóstico de DHGM


não alcoólica apenas no sexo masculino.

­ A avaliação da fibrose pelo FIB­4 mostrou que pacientes com idade acima de
50 anos e do sexo masculino estão mais propensos a apresentar fibrose hepática
avançada.

Estes dados demonstram que idade, estilo de vida e vários fatores de risco
cardiovascular afetam a prevalência da DHGM, com intensidades diferentes de acordo
com o sexo, mas não são suficientes para explicar as diferenças observadas na
distribuição da doença entre os sexos.
82

7. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Este projeto de pesquisa foi realizado conforme as diretrizes estabelecidas pela


Associação Médica Mundial na Declaração de Helsinky, atualizada na Escócia em
2000 e com Nota de Esclarecimento no Japão, em 2004. O estudo foi conduzido
segundo as boas práticas clinicas do documento das Américas, Resolução 347/05 e
Resolução 196/96. E anteriormente a coleta de dados, foi obtido a aprovação por
escrito do protocolo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP e do HIAE.
83

8. ANEXOS

8.1. Termo de consentimento livre e esclarecido

O estudo foi realizado através de análise dos prontuários dos pacientes que
foram atendidos no HIAE nos últimos 5 anos, e por ser análise de prontuários, houve
a dispensa do TCLE. E para que os dados fossem utilizados, foi preenchido, conforme
as normas do Comitê de Ética e Pesquisa – CEP, deste mesmo hospital, o Termo de
Compromisso de Utilização de Dados (TCUD), o qual o pesquisador responsável e
os membros da equipe se comprometeram a manter confidencialidade dos dados
obtidos.
84

8.2. Parecer consubstancial do CEP – HIAE


85
86
87
88
89
90
91

8.3. Projeto de pesquisa envolvendo seres humanos – Plataforma Brasil


92
93
94
95
96
97
98
99

8.4. Carta ao CEP – UNIFESP


100

8.5. Detalhamento do projeto de pesquisa


101

8.6. Escore AUDIT


102

8.7. Questionário de Berlim para avaliação de apneia do sono

Categoria 1: POSITIVA se você somou 2 ou mais pontos

Pontuação
1 – Seu peso mudou nos últimos tempos?

a) aumentou 0

b) diminuiu 0

c) não mudou 0

2 – Você ronca?

a) sim 1

b) não 0

c) não sei 0

3 – Seu ronco é?

a) um pouco mais alto que respirando 0

b) tão alto quanto falando 0

c) mais alto que falando 1

d) muito alto, ouvido nos quartos próximos 1

4 – Com que frequência você ronca?

a) praticamente todos os dias 1

b) 3­4 vezes por semana 1

c) 1­2 vezes por semana 0

d) 1­2 vezes por mês 0


103

e) nunca ou praticamente nunca 0

5 – O seu ronco incomoda outras pessoas?

a) sim 1

b) não 0

6 – Com que frequência seu companheiro notou que você


para de respirar quando dorme?

a) praticamente todos os dias 1

b) 3­4 vezes por semana 1

c) 1­2 vezes por semana 0

d) 1­2 vezes por mês 0

e) nunca ou praticamente nunca 0

f) Não aplicável – o paciente dorme sozinho 0

Total

Categoria 2: POSITIVA se você somou 2 ou mais pontos


7 – Você se sente cansado ao acordar? Pontuação

a) praticamente todo dia 1

b) 3­4 vezes por semana 1

c) 1­2 vezes por semana 0

d) 1­2 vezes por mês 0

e) nunca ou praticamente nunca 0

8 – Você se sente cansado durante o dia?


104

a) praticamente todo dia 1

b) 3­4 vezes por semana 1

c) 1­2 vezes por semana 0

d) 1­2 vezes por mês 0

e) nunca ou praticamente nunca 0

9 – Você alguma vez dormiu enquanto dirigia?

a) não 0

b) Não aplicável – o paciente não dirige 0

Se sim, quantas vezes isto ocorreu?

c) praticamente todo dia 1

d) 3­4 vezes por semana 1

e) 1­2 vezes por semana 0

f) 1­2 vezes por mês 0

g) nunca ou praticamente nunca 0

Total

Categoria 3: POSITIVA se você somou 1 ponto ou IMC maior que 30


10 – Você tem pressão alta? Pontuação

a) sim 1

b) não 0

c) não sei 0
105

11 – Calcule o seu Índice de Massa Corporal (IMC)

Seu peso em Kg, com uma casa decimal. ex.: 75.4 _____

Sua altura em metros, com duas casas decimais. ex.: 1.75 _____

CALCULAR _____

Total: _____

* Duas ou mais categorias positivas indica grande possibilidade de distúrbios do sono.


106

8.8. Distribuição dos valores de AUDIT na população estudada de acordo


com sexo dos participantes

Mulheres Homens Total

Indivíduos excluídos 950 (11,3%) 7439 (88,7%) 8389 (100%)


AUDIT≥8

AUDIT>15 92(12,9%) 620 (87,1%) 712 (100%)

DHGM 134 (03,9%) 3296 (96,1%) 3430 (100%)

Legenda: AUDIT: Alcool Use Disorders Identification Test; DHGM: Doença hepática gordurosa
metabólica.
107

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Adams LA, Lymp JF, St Sauver J, Sanderson SO, Lindor KD, Feldstein A,
Angulo P. The natural history of nonalcoholic fatty liver disease: a population­
based cohort study. Gastroenterology. 2005 Jul;129(1):113­21. doi:
10.1053/j.gastro.2005.04.014. PMID: 16012941.

2. Adams LA, Roberts SK, Strasser SI, Mahady SE, Powell E, Estes C, Razavi
H, George J. Nonalcoholic fatty liver disease burden: Australia, 2019­2030. J
Gastroenterol Hepatol. 2020 Sep;35(9):1628­1635. doi: 10.1111/jgh.15009.
Epub 2020 Feb 26. PMID: 32048317; PMCID: PMC7540570.

3. Adams LA, Waters OR, Knuiman MW, Elliott RR, Olynyk JK. NAFLD as a risk
factor for the development of diabetes and the metabolic syndrome: an eleven­
year follow­up study. Am J Gastroenterol. 2009 Apr;104(4):861­7. doi:
10.1038/ajg.2009.67. Epub 2009 Mar 17. PMID: 19293782.

4. Addison T. Observations on fatty degeneration of the liver. Guys Hosp.


Rep. 1836;1:485.

5. Akhavan Rezayat A, Dadgar Moghadam M, Ghasemi Nour M, Shirazinia M,


Ghodsi H, Rouhbakhsh Zahmatkesh MR, Tavakolizadeh Noghabi M, Hoseini
B, Akhavan Rezayat K. Association between smoking and non­alcoholic fatty
liver disease: A systematic review and meta­analysis. SAGE Open Med. 2018
Jan 24;6:2050312117745223. doi: 10.1177/2050312117745223. PMID:
29399359; PMCID: PMC5788091.

6. Alberti KG, Zimmet P, Shaw J. Metabolic syndrome­­a new world­wide


definition. A Consensus Statement from the International Diabetes Federation.
Diabet Med. 2006 May;23(5):469­80. doi: 10.1111/j.1464­5491.2006.01858.x.
PMID: 16681555.

7. Alberti KG, Zimmet P, Shaw J. Metabolic syndrome­­a new world­wide


definition. A Consensus Statement from the International Diabetes Federation.
108

Diabet Med. 2006 May;23(5):469­80. doi: 10.1111/j.1464­5491.2006.01858.x.


PMID: 16681555.

8. Allen AM, Therneau TM, Mara KC, Larson JJ, Watt KD, Hayes SN, Kamath
PS. Women With Nonalcoholic Fatty Liver Disease Lose Protection Against
Cardiovascular Disease: A Longitudinal Cohort Study. Am J Gastroenterol.
2019 Nov;114(11):1764­1771. doi: 10.14309/ajg.0000000000000401. PMID:
31577570; PMCID: PMC6832850.

9. Amarapurkar D, Kamani P, Patel N, Gupte P, Kumar P, Agal S, Baijal R, Lala


S, Chaudhary D, Deshpande A. Prevalence of non­alcoholic fatty liver disease:
population based on study. Ann Hepatol. 2007 Jul­Sep;6(3):161­3. PMID:
17786142.

10. Anderson EL, Howe LD, Jones HE, Higgins JP, Lawlor DA, Fraser A. The
Prevalence of Non­Alcoholic Fatty Liver Disease in Children and Adolescents:
A Systematic Review and Meta­Analysis. PLoS One. 2015 Oct
29;10(10):e0140908. doi: 10.1371/journal.pone.0140908. PMID: 26512983;
PMCID: PMC4626023.

11. Aneni EC, Bittencourt MS, Teng C, Cainzos­Achirica M, Osondu CU, Soliman
A, Al­Mallah M, Buddoff M, Parise ER, Santos RD, Nasir K. The risk of
cardiometabolic disorders in lean non­alcoholic fatty liver disease: A
longitudinal study. Am J Prev Cardiol. 2020 Oct 20;4:100097. doi:
10.1016/j.ajpc.2020.100097. PMID: 34327473; PMCID: PMC8315654.

12. Aneni EC, Bittencourt MS, Teng C, Cainzos­Achirica M, Osondu CU, Soliman
A, Al­Mallah M, Buddoff M, Parise ER, Santos RD, Nasir K. The risk of
cardiometabolic disorders in lean non­alcoholic fatty liver disease: A
longitudinal study. Am J Prev Cardiol. 2020 Oct 20;4:100097. doi:
10.1016/j.ajpc.2020.100097. PMID: 34327473; PMCID: PMC8315654.

13. Aneni EC, Oni ET, Martin SS, Blaha MJ, Agatston AS, Feldman T, Veledar E,
Conçeicao RD, Carvalho JA, Santos RD, Nasir K. Blood pressure is
associated with the presence and severity of nonalcoholic fatty liver disease
109

across the spectrum of cardiometabolic risk. J Hypertens. 2015


Jun;33(6):1207­14. doi: 10.1097/HJH.0000000000000532. PMID: 25693058.

14. Aneni EC, Saeed GJ, Bittencourt MS, Cainzos­Achirica M, Osondu CU, Budoff
M, Parise ER, Santos RD, Nasir K. Cardiometabolic disorders, inflammation
and the incidence of non­alcoholic fatty liver disease: A longitudinal study
comparing lean and non­lean individuals. PLoS One. 2022 Apr
6;17(4):e0266505. doi: 10.1371/journal.pone.0266505. PMID: 35385529;
PMCID: PMC8985996.

15. Aneni EC, Saeed GJ, Bittencourt MS, Cainzos­Achirica M, Osondu CU, Budoff
M, Parise ER, Santos RD, Nasir K. Cardiometabolic disorders, inflammation
and the incidence of non­alcoholic fatty liver disease: A longitudinal study
comparing lean and non­lean individuals. PLoS One. 2022 Apr
6;17(4):e0266505. doi: 10.1371/journal.pone.0266505. PMID: 35385529;
PMCID: PMC8985996.

16. Angulo P, Hui JM, Marchesini G, Bugianesi E, George J, Farrell GC, Enders
F, Saksena S, Burt AD, Bida JP, Lindor K, Sanderson SO, Lenzi M, Adams
LA, Kench J, Therneau TM, Day CP. The NAFLD fibrosis score: a noninvasive
system that identifies liver fibrosis in patients with NAFLD. Hepatology. 2007
Apr;45(4):846­54. doi: 10.1002/hep.21496. PMID: 17393509.

17. Angulo P, Kleiner DE, Dam­Larsen S, Adams LA, Bjornsson ES,


Charatcharoenwitthaya P, Mills PR, Keach JC, Lafferty HD, Stahler A,
Haflidadottir S, Bendtsen F. Liver Fibrosis, but No Other Histologic Features,
Is Associated With Long­term Outcomes of Patients With Nonalcoholic Fatty
Liver Disease. Gastroenterology. 2015 Aug;149(2):389­97.e10. doi:
10.1053/j.gastro.2015.04.043. Epub 2015 Apr 29. PMID: 25935633; PMCID:
PMC4516664.

18. Anstee QM, Targher G, Day CP. Progression of NAFLD to diabetes mellitus,
cardiovascular disease or cirrhosis. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2013
Jun;10(6):330­44. doi: 10.1038/nrgastro.2013.41. Epub 2013 Mar 19. PMID:
23507799.
110

19. Balkau B, Lange C, Vol S, Fumeron F, Bonnet F; Group Study D.E.S.I.R. Nine­
year incident diabetes is predicted by fatty liver indices: the French D.E.S.I.R.
study. BMC Gastroenterol. 2010 Jun 7;10:56. doi: 10.1186/1471­230X­10­56.
PMID: 20529259; PMCID: PMC2898845.

20. Barr RG. Shear wave liver elastography. Abdom Radiol (NY). 2018
Apr;43(4):800­807. doi: 10.1007/s00261­017­1375­1. PMID: 29116341.

21. Bellentani S. The epidemiology of non­alcoholic fatty liver disease. Liver Int.
2017 Jan;37 Suppl 1:81­84. doi: 10.1111/liv.13299. PMID: 28052624.

22. Besse­Patin A, Léveillé M, Oropeza D, Nguyen BN, Prat A, Estall JL. Estrogen
Signals Through Peroxisome Proliferator­Activated Receptor­γ Coactivator 1α
to Reduce Oxidative Damage Associated With Diet­Induced Fatty Liver
Disease. Gastroenterology. 2017 Jan;152(1):243­256. doi:
10.1053/j.gastro.2016.09.017. Epub 2016 Sep 20. PMID: 27658772.

23. Browning JD, Kumar KS, Saboorian MH, Thiele DL. Ethnic differences in the
prevalence of cryptogenic cirrhosis. Am J Gastroenterol. 2004 Feb;99(2):292­
8. doi: 10.1111/j.1572­0241.2004.04059.x. PMID: 15046220.

24. Browning JD, Szczepaniak LS, Dobbins R, Nuremberg P, Horton JD, Cohen
JC, Grundy SM, Hobbs HH. Prevalence of hepatic steatosis in an urban
population in the United States: impact of ethnicity. Hepatology. 2004
Dec;40(6):1387­95. doi: 10.1002/hep.20466. PMID: 15565570.

25. Brunt, E.M.; Neuschwander­Tetri, B.A.; Burt, A.D. Fatty liver disease: Alcoholic
and nonalcoholic. 2011) In MacSween’s Pathology of the Liver, 6th ed.; Burt,
A.D., Portmann, B., Ferrell, L., Eds.; Elsevier: Amsterdam, The Netherlands,
2011; pp. 293–359.

26. Caballería L, Pera G, Arteaga I, Rodríguez L, Alumà A, Morillas RM, de la


Ossa N, Díaz A, Expósito C, Miranda D, Sánchez C, Prats RM, Urquizu M,
Salgado A, Alemany M, Martinez A, Majeed I, Fabrellas N, Graupera I, Planas
R, Ojanguren I, Serra M, Torán P, Caballería J, Ginès P. High Prevalence of
Liver Fibrosis Among European Adults With Unknown Liver Disease: A
Population­Based Study. Clin Gastroenterol Hepatol. 2018 Jul;16(7):1138­
111

1145.e5. doi: 10.1016/j.cgh.2017.12.048. Epub 2018 Feb 13. PMID:


29452268.

27. Caballería L, Pera G, Auladell MA, Torán P, Muñoz L, Miranda D, Alumà A,


Casas JD, Sánchez C, Gil D, Aubà J, Tibau A, Canut S, Bernad J, Aizpurua
MM. Prevalence and factors associated with the presence of nonalcoholic fatty
liver disease in an adult population in Spain. Eur J Gastroenterol Hepatol. 2010
Jan;22(1):24­32. doi: 10.1097/MEG.0b013e32832fcdf0. PMID: 19730384.

28. Caldwell SH, Crespo DM. The spectrum expanded: cryptogenic cirrhosis and
the natural history of non­alcoholic fatty liver disease. J Hepatol. 2004
Apr;40(4):578­84. doi: 10.1016/j.jhep.2004.02.013. PMID: 15030972.

29. Cavalcante LN, Porto J, Mazo D, Longatto­Filho A, Stefano JT, Lyra AC,
Carrilho FJ, Reis RM, Alves VAF, Sanyal AJ, Oliveira CP. African genetic
ancestry is associated with lower frequency of PNPLA3 G allele in non­
alcoholic fatty liver in an admixed population. Ann Hepatol. 2022 Nov­
Dec;27(6):100728. doi: 10.1016/j.aohep.2022.100728. Epub 2022 Jun 13.
PMID: 35710086.

30. Chalasani N, Younossi Z, Lavine JE, Diehl AM, Brunt EM, Cusi K, Charlton M,
Sanyal AJ. The diagnosis and management of non­alcoholic fatty liver disease:
practice Guideline by the American Association for the Study of Liver
Diseases, American College of Gastroenterology, and the American
Gastroenterological Association. Hepatology. 2012 Jun;55(6):2005­23. doi:
10.1002/hep.25762. PMID: 22488764.

31. Chalasani N, Younossi Z, Lavine JE, Diehl AM, Brunt EM, Cusi K, Charlton M,
Sanyal AJ. The diagnosis and management of non­alcoholic fatty liver disease:
practice Guideline by the American Association for the Study of Liver
Diseases, American College of Gastroenterology, and the American
Gastroenterological Association. Hepatology. 2012 Jun;55(6):2005­23. doi:
10.1002/hep.25762. PMID: 22488764.

32. Chan KE, Koh TJL, Tang ASP, Quek J, Yong JN, Tay P, Tan DJH, Lim WH,
Lin SY, Huang D, Chan M, Khoo CM, Chew NWS, Kaewdech A, Chamroonkul
112

N, Dan YY, Noureddin M, Muthiah M, Eslam M, Ng CH. Global Prevalence and


Clinical Characteristics of Metabolic­associated Fatty Liver Disease: A Meta­
Analysis and Systematic Review of 10 739 607 Individuals. J Clin Endocrinol
Metab. 2022 Aug 18;107(9):2691­2700. doi: 10.1210/clinem/dgac321. PMID:
35587339.

33. Chavez­Tapia NC, Lizardi­Cervera J, Perez­Bautista O, Ramos­Ostos MH,


Uribe M. Smoking is not associated with nonalcoholic fatty liver disease. World
J Gastroenterol. 2006 Aug 28;12(32):5196­200. doi:
10.3748/wjg.v12.i32.5196. PMID: 16937532; PMCID: PMC4088019.

34. Chen CH, Huang MH, Yang JC, Nien CK, Yang CC, Yeh YH, Yueh SK.
Prevalence and etiology of elevated serum alanine aminotransferase level in
an adult population in Taiwan. J Gastroenterol Hepatol. 2007 Sep;22(9):1482­
9. doi: 10.1111/j.1440­1746.2006.04615.x. PMID: 17716352.

35. Chen ZW, Chen LY, Dai HL, Chen JH, Fang LZ. Relationship between alanine
aminotransferase levels and metabolic syndrome in nonalcoholic fatty liver
disease. J Zhejiang Univ Sci B. 2008 Aug;9(8):616­22. doi:
10.1631/jzus.B0720016. PMID: 18763311; PMCID: PMC2491691.

36. Chitturi S, Farrell GC, George J. Non­alcoholic steatohepatitis in the Asia­


Pacific region: future shock? J Gastroenterol Hepatol. 2004 Apr;19(4):368­74.
doi: 10.1111/j.1440­1746.2003.03252.x. PMID: 15012772.

37. Cholankeril G, Yoo ER, Perumpail RB, Liu A, Sandhu JS, Nair S, Hu M, Ahmed
A. Rising Rates of Hepatocellular Carcinoma Leading to Liver Transplantation
in Baby Boomer Generation with Chronic Hepatitis C, Alcohol Liver Disease,
and Nonalcoholic Steatohepatitis­Related Liver Disease. Diseases. 2017 Sep
26;5(4):20. doi: 10.3390/diseases5040020. PMID: 28954412; PMCID:
PMC5750531.

38. Ciardullo S, Monti T, Perseghin G. Prevalence of Liver Steatosis and Fibrosis


Detected by Transient Elastography in Adolescents in the 2017­2018 National
Health and Nutrition Examination Survey. Clin Gastroenterol Hepatol. 2021
113

Feb;19(2):384­390.e1. doi: 10.1016/j.cgh.2020.06.048. Epub 2020 Jul 3.


PMID: 32623006.

39. Clark JM, Brancati FL, Diehl AM. The prevalence and etiology of elevated
aminotransferase levels in the United States. Am J Gastroenterol. 2003
May;98(5):960­7. doi: 10.1111/j.1572­0241.2003.07486.x. PMID: 12809815.

40. Conigrave KM, Hall WD, Saunders JB. The AUDIT questionnaire: choosing a
cut­off score. Alcohol Use Disorder Identification Test. Addiction. 1995
Oct;90(10):1349­56. doi: 10.1046/j.1360­0443.1995.901013496.x. PMID:
8616463.

41. Corte CD, Ferrari F, Villani A, Nobili V. Epidemiology and Natural History of
NAFLD. J Med Biochem. 2015 Jan;34(1):13­17. doi: 10.2478/jomb­2014­
0049. Epub 2014 Oct 8. PMID: 28356818; PMCID: PMC4922331.

42. Craig CL, Marshall AL, Sjöström M, Bauman AE, Booth ML, Ainsworth BE,
Pratt M, Ekelund U, Yngve A, Sallis JF, Oja P. International physical activity
questionnaire: 12­country reliability and validity. Med Sci Sports Exerc. 2003
Aug;35(8):1381­95. doi: 10.1249/01.MSS.0000078924.61453.FB. PMID:
12900694.

43. Dai W, Ye L, Liu A, Wen SW, Deng J, Wu X, Lai Z. Prevalence of nonalcoholic


fatty liver disease in patients with type 2 diabetes mellitus: A meta­analysis.
Medicine (Baltimore). 2017 Sep;96(39):e8179. doi:
10.1097/MD.0000000000008179. PMID: 28953675; PMCID: PMC5626318.

44. Dantas R, Azevedo T, Alves M, Balsa M, Albuquerque I, Ferreira M, Pedrosa


C, Gomes F, Fonseca C, Guimarães J. Utilização do FINDRISC no Rastreio
da Diabetes em Utentes Assintomáticos. Rev Port Endocrinol Diabetes Metab.
2017;12(1):45­51. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpedm.2015.10.028

45. Diehl AM, Farpour­Lambert NJ, Zhao L, Tilg H. Why we need to curb the
emerging worldwide epidemic of nonalcoholic fatty liver disease. Nat Metab.
2019 Nov;1(11):1027­1029. doi: 10.1038/s42255­019­0140­x. PMID:
32694863.
114

46. Doycheva I, Issa D, Watt KD, Lopez R, Rifai G, Alkhouri N. Nonalcoholic


Steatohepatitis is the Most Rapidly Increasing Indication for Liver
Transplantation in Young Adults in the United States. J Clin Gastroenterol.
2018 Apr;52(4):339­346. doi: 10.1097/MCG.0000000000000925. PMID:
28961576.

47. Drinane MC, Shah VH. Alcoholic hepatitis: Diagnosis and prognosis. Clin Liver
Dis (Hoboken). 2013 Apr 24;2(2):80­83. doi: 10.1002/cld.164. PMID:
30992830; PMCID: PMC6448617.

48. Duell PB, Welty FK, Miller M, Chait A, Hammond G, Ahmad Z, Cohen DE,
Horton JD, Pressman GS, Toth PP; American Heart Association Council on
Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology; Council on Hypertension;
Council on the Kidney in Cardiovascular Disease; Council on Lifestyle and
Cardiometabolic Health; and Council on Peripheral Vascular Disease.
Nonalcoholic Fatty Liver Disease and Cardiovascular Risk: A Scientific
Statement From the American Heart Association. Arterioscler Thromb Vasc
Biol. 2022 Jun;42(6):e168­e185. doi: 10.1161/ATV.0000000000000153. Epub
2022 Apr 14. PMID: 35418240.

49. Dulai PS, Singh S, Patel J, Soni M, Prokop LJ, Younossi Z, Sebastiani G,
Ekstedt M, Hagstrom H, Nasr P, Stal P, Wong VW, Kechagias S, Hultcrantz
R, Loomba R. Increased risk of mortality by fibrosis stage in nonalcoholic fatty
liver disease: Systematic review and meta­analysis. Hepatology. 2017
May;65(5):1557­1565. doi: 10.1002/hep.29085. Epub 2017 Mar 31. PMID:
28130788; PMCID: PMC5397356.

50. Eguchi Y, Hyogo H, Ono M, Mizuta T, Ono N, Fujimoto K, Chayama K, Saibara


T; JSG­NAFLD. Prevalence and associated metabolic factors of nonalcoholic
fatty liver disease in the general population from 2009 to 2010 in Japan: a
multicenter large retrospective study. J Gastroenterol. 2012 May;47(5):586­95.
doi: 10.1007/s00535­012­0533­z. Epub 2012 Feb 11. PMID: 22328022.

51. Ekstedt M, Franzén LE, Mathiesen UL, Thorelius L, Holmqvist M, Bodemar G,


Kechagias S. Long­term follow­up of patients with NAFLD and elevated liver
115

enzymes. Hepatology. 2006 Oct;44(4):865­73. doi: 10.1002/hep.21327. PMID:


17006923.

52. Eren F, Kaya E, Yilmaz Y. Accuracy of Fibrosis­4 index and non­alcoholic fatty
liver disease fibrosis scores in metabolic (dysfunction) associated fatty liver
disease according to body mass index: failure in the prediction of advanced
fibrosis in lean and morbidly obese individuals. Eur J Gastroenterol Hepatol.
2022 Jan 1;34(1):98­103. doi: 10.1097/MEG.0000000000001946. PMID:
32976186.

53. Eslam M, Newsome PN, Sarin SK, Anstee QM, Targher G, Romero­Gomez
M, Zelber­Sagi S, Wai­Sun Wong V, Dufour JF, Schattenberg JM, Kawaguchi
T, Arrese M, Valenti L, Shiha G, Tiribelli C, Yki­Järvinen H, Fan JG, Grønbæk
H, Yilmaz Y, Cortez­Pinto H, Oliveira CP, Bedossa P, Adams LA, Zheng MH,
Fouad Y, Chan WK, Mendez­Sanchez N, Ahn SH, Castera L, Bugianesi E,
Ratziu V, George J. A new definition for metabolic dysfunction­associated fatty
liver disease: An international expert consensus statement. J Hepatol. 2020
Jul;73(1):202­209. doi: 10.1016/j.jhep.2020.03.039. Epub 2020 Apr 8. PMID:
32278004.

54. Eslam M, Newsome PN, Sarin SK, Anstee QM, Targher G, Romero­Gomez
M, Zelber­Sagi S, Wai­Sun Wong V, Dufour JF, Schattenberg JM, Kawaguchi
T, Arrese M, Valenti L, Shiha G, Tiribelli C, Yki­Järvinen H, Fan JG, Grønbæk
H, Yilmaz Y, Cortez­Pinto H, Oliveira CP, Bedossa P, Adams LA, Zheng MH,
Fouad Y, Chan WK, Mendez­Sanchez N, Ahn SH, Castera L, Bugianesi E,
Ratziu V, George J. A new definition for metabolic dysfunction­associated fatty
liver disease: An international expert consensus statement. J Hepatol. 2020
Jul;73(1):202­209. doi: 10.1016/j.jhep.2020.03.039. Epub 2020 Apr 8. PMID:
32278004.

55. Eslam M, Sanyal AJ, George J; International Consensus Panel. MAFLD: A


Consensus­Driven Proposed Nomenclature for Metabolic Associated Fatty
Liver Disease. Gastroenterology. 2020 May;158(7):1999­2014.e1. doi:
10.1053/j.gastro.2019.11.312. Epub 2020 Feb 8. PMID: 32044314.
116

56. Eslam M, Sanyal AJ, George J; International Consensus Panel. MAFLD: A


Consensus­Driven Proposed Nomenclature for Metabolic Associated Fatty
Liver Disease. Gastroenterology. 2020 May;158(7):1999­2014.e1. doi:
10.1053/j.gastro.2019.11.312. Epub 2020 Feb 8. PMID: 32044314.

57. Eslam M, Sanyal AJ, George J; International Consensus Panel. MAFLD: A


Consensus­Driven Proposed Nomenclature for Metabolic Associated Fatty
Liver Disease. Gastroenterology. 2020 May;158(7):1999­2014.e1. doi:
10.1053/j.gastro.2019.11.312. Epub 2020 Feb 8. PMID: 32044314.

58. European Association for the Study of the Liver (EASL); European Association
for the Study of Diabetes (EASD); European Association for the Study of
Obesity (EASO). EASL­EASD­EASO Clinical Practice Guidelines for the
management of non­alcoholic fatty liver disease. J Hepatol. 2016
Jun;64(6):1388­402. doi: 10.1016/j.jhep.2015.11.004. Epub 2016 Apr 7. PMID:
27062661.

59. European Medicines Agency. Reflection paper on regulatory requirements for


the development of medicinal products for chronic non­infections liver disease
(PBC, PSC, NASH); 2018.
https://www.ema.europa.eu/en/documents/scientific­guideline/reflection­
paper­regulatory­requirements­development­medicinal­products­chronic­non­
infectious­liver_en.pdf

60. Fleischman MW, Budoff M, Zeb I, Li D, Foster T. NAFLD prevalence differs


among hispanic subgroups: the Multi­Ethnic Study of Atherosclerosis. World J
Gastroenterol. 2014 May 7;20(17):4987­93. doi: 10.3748/wjg.v20.i17.4987.
PMID: 24803810; PMCID: PMC4009531.

61. Frith J, Day CP, Henderson E, Burt AD, Newton JL. Non­alcoholic fatty liver
disease in older people. Gerontology. 2009;55(6):607­13. doi:
10.1159/000235677. Epub 2009 Aug 19. PMID: 19690397.

62. Gallucci G, Tartarone A, Lerose R, Lalinga AV, Capobianco AM.


Cardiovascular risk of smoking and benefits of smoking cessation. J Thorac
117

Dis. 2020 Jul;12(7):3866­3876. doi: 10.21037/jtd.2020.02.47. PMID:


32802468; PMCID: PMC7399440.

63. García­Compeán D, Jiménez­Rodríguez AR. NAFLD VS MAFLD. The


evidence­based debate has come. Time to change? Ann Hepatol. 2022 Nov­
Dec;27(6):100765. doi: 10.1016/j.aohep.2022.100765. Epub 2022 Sep 28.
PMID: 36179795.

64. Gerage AM, Ritti­Dias RM, Balagopal PB, Conceição RDO, Umpierre D,
Santos RD, Cucato GG, Bittencourt MS. Physical activity levels and hepatic
steatosis: A longitudinal follow­up study in adults. J Gastroenterol Hepatol.
2018 Mar;33(3):741­746. doi: 10.1111/jgh.13965. PMID: 28857324.

65. Golabi P, Paik JM, AlQahtani S, Younossi Y, Tuncer G, Younossi ZM. Burden
of non­alcoholic fatty liver disease in Asia, the Middle East and North Africa:
Data from Global Burden of Disease 2009­2019. J Hepatol. 2021
Oct;75(4):795­809. doi: 10.1016/j.jhep.2021.05.022. Epub 2021 May 31.
PMID: 34081959.

66. Goulart AC, Oliveira IR, Alencar AP, Santos MS, Santos IS, Martines BM,
Meireles DP, Martines JA, Misciagna G, Benseñor IM, Lotufo PA. Diagnostic
accuracy of a noninvasive hepatic ultrasound score for non­alcoholic fatty liver
disease (NAFLD) in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA­
Brasil). Sao Paulo Med J. 2015 Mar­Apr;133(2):115­24. doi: 10.1590/1516­
3180.2014.9150812. Epub 2015 Apr 1. PMID: 26018881.

67. Grabherr F, Grander C, Effenberger M, Schwärzler J, Tilg H. MAFLD: what


2 years of the redefinition of fatty liver disease has taught us. Therapeutic
Advances in Endocrinology and Metabolism. 2022;13.
doi:10.1177/20420188221139101

68. Grabherr F, Grander C, Effenberger M, Schwärzler J, Tilg H. MAFLD: what


2 years of the redefinition of fatty liver disease has taught us. Ther Adv
Endocrinol Metab. 2022 Nov 22;13: 20420188221139101. doi:
10.1177/20420188221139101. PMID: 36439029; PMCID: PMC9685107.
118

69. Gross B, Pawlak M, Lefebvre P, Staels B. PPARs in obesity­induced T2DM,


dyslipidaemia and NAFLD. Nat Rev Endocrinol. 2017 Jan;13(1):36­49. doi:
10.1038/nrendo.2016.135. Epub 2016 Sep 16. PMID: 27636730.

70. Grossmann M, Wierman ME, Angus P, Handelsman DJ. Reproductive


Endocrinology of Nonalcoholic Fatty Liver Disease. Endocr Rev. 2019 Apr
1;40(2):417­446. doi: 10.1210/er.2018­00158. PMID: 30500887.

71. Guan H, Shao G, Cheng F, Ni P, Wu M. Risk factors of nonalcoholic fatty liver


disease in healthy women. Medicine (Baltimore). 2023 Aug 4;102(31):e34437.
doi: 10.1097/MD.0000000000034437. PMID: 37543765; PMCID:
PMC10402973.

72. Gupte AA, Pownall HJ, Hamilton DJ. Estrogen: an emerging regulator of
insulin action and mitochondrial function. J Diabetes Res. 2015;2015:916585.
doi: 10.1155/2015/916585. Epub 2015 Mar 26. PMID: 25883987; PMCID:
PMC4391691.

73. Hamabe A, Uto H, Imamura Y, Kusano K, Mawatari S, Kumagai K, Kure T,


Tamai T, Moriuchi A, Sakiyama T, Oketani M, Ido A, Tsubouchi H. Impact of
cigarette smoking on onset of nonalcoholic fatty liver disease over a 10­year
period. J Gastroenterol. 2011 Jun;46(6):769­78. doi: 10.1007/s00535­011­
0376­z. Epub 2011 Feb 8. PMID: 21302121.

74. Hamaguchi M, Kojima T, Itoh Y, Harano Y, Fujii K, Nakajima T, Kato T, Takeda


N, Okuda J, Ida K, Kawahito Y, Yoshikawa T, Okanoue T. The severity of
ultrasonographic findings in nonalcoholic fatty liver disease reflects the
metabolic syndrome and visceral fat accumulation. Am J Gastroenterol. 2007
Dec;102(12):2708­15. doi: 10.1111/j.1572­0241.2007.01526.x. Epub 2007
Sep 25. PMID: 17894848.

75. Hamaguchi M, Kojima T, Takeda N, Nakagawa T, Taniguchi H, Fujii K, Omatsu


T, Nakajima T, Sarui H, Shimazaki M, Kato T, Okuda J, Ida K. The metabolic
syndrome as a predictor of nonalcoholic fatty liver disease. Ann Intern Med.
2005 Nov 15;143(10):722­8. doi: 10.7326/0003­4819­143­10­200511150­
00009. PMID: 16287793.
119

76. Hartleb M, Barański K, Zejda J, Chudek J, Więcek A. Non­alcoholic fatty liver


and advanced fibrosis in the elderly: Results from a community­based Polish
survey. Liver Int. 2017 Nov;37(11):1706­1714. doi: 10.1111/liv.13471. Epub
2017 Jun 14. PMID: 28489307.

77. Hashimoto E, Yatsuji S, Kaneda H, Yoshioka Y, Taniai M, Tokushige K,


Shiratori K. The characteristics and natural history of Japanese patients with
nonalcoholic fatty liver disease. Hepatol Res. 2005 Oct;33(2):72­6. doi:
10.1016/j.hepres.2005.09.007. Epub 2005 Oct 3. PMID: 16203174.

78. International physical activity questionnaire – IPAQ ­


https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3343547/mod_resource/content/1/IP
AQ.pdf

79. Iqbal U, Perumpail BJ, Akhtar D, Kim D, Ahmed A. The Epidemiology, Risk
Profiling and Diagnostic Challenges of Nonalcoholic Fatty Liver Disease.
Medicines (Basel). 2019 Mar 18;6(1):41. doi: 10.3390/medicines6010041.
PMID: 30889791; PMCID: PMC6473603.

80. Jang YS, Joo HJ, Park YS, Park EC, Jang SI. Association between smoking
cessation and non­alcoholic fatty liver disease using NAFLD liver fat score.
Front Public Health. 2023 Feb 17;11:1015919. doi:
10.3389/fpubh.2023.1015919. PMID: 36875368; PMCID: PMC9982128.

81. Jaruvongvanich V, Sanguankeo A, Riangwiwat T, Upala S. Testosterone, Sex


Hormone­Binding Globulin and Nonalcoholic Fatty Liver Disease: a Systematic
Review and Meta­Analysis. Ann Hepatol. 2017 May­Jun;16(3):382­394. doi:
10.5604/16652681.1235481. PMID: 28425408.

82. Joint British recommendations on prevention of coronary heart disease in


clinical practice. British Cardiac Society, British Hyperlipidaemia Association,
British Hypertension Society, endorsed by the British Diabetic Association.
Heart. 1998 Dec;80 Suppl 2(Suppl 2):S1­29. PMID: 10193438; PMCID:
PMC1766497.

83. Kallwitz ER, Kumar M, Aggarwal R, Berger R, Layden­Almer J, Gupta N, Cotler


SJ. Ethnicity and nonalcoholic fatty liver disease in an obesity clinic: the impact
120

of triglycerides. Dig Dis Sci. 2008 May;53(5):1358­63. doi: 10.1007/s10620­


008­0234­x. Epub 2008 Mar 18. PMID: 18347982.

84. Karlsen TH, Sheron N, Zelber­Sagi S, Carrieri P, Dusheiko G, Bugianesi E,


Pryke R, Hutchinson SJ, Sangro B, Martin NK, Cecchini M, Dirac MA, Belloni
A, Serra­Burriel M, Ponsioen CY, Sheena B, Lerouge A, Devaux M, Scott N,
Hellard M, Verkade HJ, Sturm E, Marchesini G, Yki­Järvinen H, Byrne CD,
Targher G, Tur­Sinai A, Barrett D, Ninburg M, Reic T, Taylor A, Rhodes T,
Treloar C, Petersen C, Schramm C, Flisiak R, Simonova MY, Pares A,
Johnson P, Cucchetti A, Graupera I, Lionis C, Pose E, Fabrellas N, Ma AT,
Mendive JM, Mazzaferro V, Rutter H, Cortez­Pinto H, Kelly D, Burton R,
Lazarus JV, Ginès P, Buti M, Newsome PN, Burra P, Manns MP. The EASL­
Lancet Liver Commission: protecting the next generation of Europeans against
liver disease complications and premature mortality. Lancet. 2022 Jan
1;399(10319):61­116. doi: 10.1016/S0140­6736(21)01701­3. Epub 2021 Dec
2. PMID: 34863359.

85. Karnikowski M, Córdova C, Oliveira RJ, Karnikowski MG, Nóbrega Ode T.


Non­alcoholic fatty liver disease and metabolic syndrome in Brazilian middle­
aged and older adults. Sao Paulo Med J. 2007 Nov 1;125(6):333­7. doi:
10.1590/s1516­31802007000600006. PMID: 18317603.

86. Katsiki N, Mikhailidis DP, Mantzoros CS. Non­alcoholic fatty liver disease and
dyslipidemia: An update. Metabolism. 2016 Aug;65(8):1109­23. doi:
10.1016/j.metabol.2016.05.003. Epub 2016 May 13. PMID: 27237577.

87. Kezer CA, Simonetto DA, Shah VH. Sex Differences in Alcohol Consumption
and Alcohol­Associated Liver Disease. Mayo Clin Proc. 2021 Apr;96(4):1006­
1016. doi: 10.1016/j.mayocp.2020.08.020. Epub 2021 Mar 10. PMID:
33714602.

88. Kim D, Konyn P, Sandhu KK, Dennis BB, Cheung AC, Ahmed A. Metabolic
dysfunction­associated fatty liver disease is associated with increased all­
cause mortality in the United States. J Hepatol. 2021 Dec;75(6):1284­1291.
doi: 10.1016/j.jhep.2021.07.035. Epub 2021 Aug 8. PMID: 34380057.
121

89. Kjærgaard K, Mikkelsen ACD, Wernberg CW, Grønkjær LL, Eriksen PL,
Damholdt MF, Mookerjee RP, Vilstrup H, Lauridsen MM, Thomsen KL.
Cognitive Dysfunction in Non­Alcoholic Fatty Liver Disease­Current
Knowledge, Mechanisms and Perspectives. J Clin Med. 2021 Feb 9;10(4):673.
doi: 10.3390/jcm10040673. PMID: 33572481; PMCID: PMC7916374.

90. Kojima S, Watanabe N, Numata M, Ogawa T, Matsuzaki S. Increase in the


prevalence of fatty liver in Japan over the past 12 years: analysis of clinical
background. J Gastroenterol. 2003;38(10):954­61. doi: 10.1007/s00535­003­
1178­8. PMID: 14614602.

91. Kong L, Lu Y, Zhang S, Nan Y, Qiao L. Role of nutrition, gene polymorphism,


and gut microbiota in non­alcoholic fatty liver disease. Discov Med. 2017
Sep;24(131):95­106. PMID: 28972878.

92. Kubiliun MJ, Cohen JC, Hobbs HH, Kozlitina J. Contribution of a genetic risk
score to ethnic differences in fatty liver disease. Liver Int. 2022
Oct;42(10):2227­2236. doi: 10.1111/liv.15322. Epub 2022 Jun 6. PMID:
35620859; PMCID: PMC9427702.

93. Lazo M, Hernaez R, Eberhardt MS, Bonekamp S, Kamel I, Guallar E, Koteish


A, Brancati FL, Clark JM. Prevalence of nonalcoholic fatty liver disease in the
United States: the Third National Health and Nutrition Examination Survey,
1988­1994. Am J Epidemiol. 2013 Jul 1;178(1):38­45. doi:
10.1093/aje/kws448. Epub 2013 May 23. PMID: 23703888; PMCID:
PMC3698993.

94. Lee H, Lee YH, Kim SU, Kim HC. Metabolic Dysfunction­Associated Fatty Liver
Disease and Incident Cardiovascular Disease Risk: A Nationwide Cohort
Study. Clin Gastroenterol Hepatol. 2021 Oct;19(10):2138­2147.e10. doi:
10.1016/j.cgh.2020.12.022. Epub 2020 Dec 22. PMID: 33348045.

95. Levey AS, Stevens LA, Schmid CH, Zhang YL, Castro AF 3rd, Feldman HI,
Kusek JW, Eggers P, Van Lente F, Greene T, Coresh J; CKD­EPI (Chronic
Kidney Disease Epidemiology Collaboration). A new equation to estimate
glomerular filtration rate. Ann Intern Med. 2009 May 5;150(9):604­12. doi:
122

10.7326/0003­4819­150­9­200905050­00006. Erratum in: Ann Intern Med.


2011 Sep 20;155(6):408. PMID: 19414839; PMCID: PMC2763564.

96. Li H, Wang YJ, Tan K, Zeng L, Liu L, Liu FJ, Zhou TY, Chen EQ, Tang H.
Prevalence and risk factors of fatty liver disease in Chengdu, Southwest China.
Hepatobiliary Pancreat Dis Int. 2009 Aug;8(4):377­82. PMID: 19666406.

97. Li Z, Xue J, Chen P, Chen L, Yan S, Liu L. Prevalence of nonalcoholic fatty


liver disease in mainland of China: a meta­analysis of published studies. J
Gastroenterol Hepatol. 2014 Jan;29(1):42­51. doi: 10.1111/jgh.12428. PMID:
24219010.

98. Lim GEH, Tang A, Ng CH, Chin YH, Lim WH, Tan DJH, Yong JN, Xiao J, Lee
CW, Chan M, Chew NW, Xuan Tan EX, Siddiqui MS, Huang D, Noureddin M,
Sanyal AJ, Muthiah MD. An Observational Data Meta­analysis on the
Differences in Prevalence and Risk Factors Between MAFLD vs NAFLD. Clin
Gastroenterol Hepatol. 2023 Mar;21(3):619­629.e7. doi:
10.1016/j.cgh.2021.11.038. Epub 2021 Dec 4. PMID: 34871813.

99. Lin H, Zhang X, Li G, Wong GL, Wong VW. Epidemiology and Clinical
Outcomes of Metabolic (Dysfunction)­associated Fatty Liver Disease. J Clin
Transl Hepatol. 2021 Dec 28;9(6):972­982. doi: 10.14218/JCTH.2021.00201.
Epub 2021 Aug 30. PMID: 34966660; PMCID: PMC8666360.

100. Lin S, Huang J, Wang M, Kumar R, Liu Y, Liu S, Wu Y, Wang X, Zhu Y.


Comparison of MAFLD and NAFLD diagnostic criteria in real world. Liver Int.
2020 Sep;40(9):2082­2089. doi: 10.1111/liv.14548. Epub 2020 Jul 26. PMID:
32478487.

101. Liu J, Tian Y, Fu X, Mu C, Yao M, Ni Y, Liu Y, Li Z. Estimating global


prevalence, incidence, and outcomes of non­alcoholic fatty liver disease from
2000 to 2021: systematic review and meta­analysis. Chin Med J (Engl). 2022
Jul 20;135(14):1682­1691. doi: 10.1097/CM9.0000000000002277. PMID:
36070463; PMCID: PMC9509027.
123

102. Liu P, Xu Y, Tang Y, et al. Independent and joint effects of moderate alcohol
consumption and smoking on the risks of non­alcoholic fatty liver disease in
elderly Chinese men. PLoS One. 2017;12(7): e0181497.

103. Lonardo A, Ballestri S, Marchesini G, Angulo P, Loria P. Nonalcoholic fatty


liver disease: a precursor of the metabolic syndrome. Dig Liver Dis. 2015
Mar;47(3):181­90. doi: 10.1016/j.dld.2014.09.020. Epub 2014 Nov 18. PMID:
25739820.

104. Lonardo A, Lombardini S, Scaglioni F, Ballestri S, Verrone AM, Bertolotti M,


Carulli L, Ganazzi D, Carulli N, Loria P. Fatty liver, carotid disease and
gallstones: A study of age­related associations. World J
Gastroenterol 2006; 12: 5826­5833

105. Lonardo A, Nascimbeni F, Ballestri S, Fairweather D, Win S, Than TA,


Abdelmalek MF, Suzuki A. Sex Differences in Nonalcoholic Fatty Liver
Disease: State of the Art and Identification of Research Gaps. Hepatology.
2019 Oct;70(4):1457­1469. doi: 10.1002/hep.30626. Epub 2019 Sep 23.
PMID: 30924946; PMCID: PMC6766425.

106. Long MT, Pedley A, Massaro JM, Hoffmann U, Ma J, Loomba R, Chung RT,
Benjamin EJ. A simple clinical model predicts incident hepatic steatosis in a
community­based cohort: The Framingham Heart Study. Liver Int. 2018
Aug;38(8):1495­1503. doi: 10.1111/liv.13709. Epub 2018 Mar 12. PMID:
29377504; PMCID: PMC6206437.

107. López­Velázquez JA, Silva­Vidal KV, Ponciano­Rodríguez G, Chávez­Tapia


NC, Arrese M, Uribe M, Méndez­Sánchez N. The prevalence of nonalcoholic
fatty liver disease in the Americas. Ann Hepatol. 2014 Mar­Apr;13(2):166­78.
PMID: 24552858.

108. Ludwig J, Viggiano TR, McGill DB, Oh BJ. Nonalcoholic steatohepatitis: Mayo
Clinic experiences with a hitherto unnamed disease. Mayo Clin Proc. 1980
Jul;55(7):434­8. PMID: 7382552.
124

109. Machado M, Marques­Vidal P, Cortez­Pinto H. Hepatic histology in obese


patients undergoing bariatric surgery. J Hepatol. 2006 Oct;45(4):600­6. doi:
10.1016/j.jhep.2006.06.013. Epub 2006 Jul 25. PMID: 16899321.

110. Makadia SS, Blaha M, Keenan T, Ndumele C, Jones S, DeFilippis A, Martin


S, Kohli P, Conceicao R, Carvalho J, Nasir K, Blumenthal R, Santos RD.
Relation of hepatic steatosis to atherogenic dyslipidemia. Am J Cardiol. 2013
Nov 15;112(10):1599­604. doi: 10.1016/j.amjcard.2013.08.001. Epub 2013
Sep 5. PMID: 24012029.

111. Mantovani A, Petracca G, Beatrice G, Tilg H, Byrne CD, Targher G. Non­


alcoholic fatty liver disease and risk of incident diabetes mellitus: an updated
meta­analysis of 501 022 adult individuals. Gut. 2021 May;70(5):962­969. doi:
10.1136/gutjnl­2020­322572. Epub 2020 Sep 16. PMID: 32938692.

112. Marcuccilli M, Chonchol M. NAFLD and Chronic Kidney Disease. Int J Mol Sci.
2016 Apr 14;17(4):562. doi: 10.3390/ijms17040562. PMID: 27089331; PMCID:
PMC4849018.

113. Matteoni CA, Younossi ZM, Gramlich T, Boparai N, Liu YC, McCullough AJ.
Nonalcoholic fatty liver disease: a spectrum of clinical and pathological
severity. Gastroenterology. 1999 Jun;116(6):1413­9. doi: 10.1016/s0016­
5085(99)70506­8. PMID: 10348825.

114. Matteoni L, Boente L, Soares D, Leal R, Campos F, Araújo C, D´Almeida F,


Matteoni AC, Cotrim HP. Doença hepática gordurosa não alcoólica:
importância da ultrassonografia abdominal no diagnóstico.
Gaz.méd.Bahia2011;81:1(Jan­Jun):7­9.

115. Mauvais­Jarvis F, Clegg DJ, Hevener AL. The role of estrogens in control of
energy balance and glucose homeostasis. Endocr Rev. 2013 Jun;34(3):309­
38. doi: 10.1210/er.2012­1055. Epub 2013 Mar 4. PMID: 23460719; PMCID:
PMC3660717.

116. Minder CM, Shaya GE, Michos ED, Keenan TE, Blumenthal RS, Nasir K,
Carvalho JA, Conceição RD, Santos RD, Blaha MJ. Relation between self­
reported physical activity level, fitness, and cardiometabolic risk. Am J Cardiol.
125

2014 Feb 15;113(4):637­43. doi: 10.1016/j.amjcard.2013.11.010. Epub 2013


Nov 23. PMID: 24360775.

117. Monteiro, MH. Mulheres no mercado de seguros no Brasil: 4° estudo / Maria


Helena Monteiro e Francisco Galiza. – Rio de Janeiro: ENS, 2022. 55 p.
https://ens.edu.br:81/arquivos/Estudo_ENS_Mulheres_no_Mercado_de_Seg
uros_2022.pdf. Acessed 02 september 2023.

118. Musso G, Gambino R, Cassader M, Pagano G. Meta­analysis: natural history


of non­alcoholic fatty liver disease (NAFLD) and diagnostic accuracy of non­
invasive tests for liver disease severity. Ann Med. 2011 Dec;43(8):617­49. doi:
10.3109/07853890.2010.518623. Epub 2010 Nov 2. PMID: 21039302.

119. Musso G, Gambino R, Cassader M, Pagano G. Meta­analysis: natural history


of non­alcoholic fatty liver disease (NAFLD) and diagnostic accuracy of non­
invasive tests for liver disease severity. Ann Med. 2011 Dec;43(8):617­49. doi:
10.3109/07853890.2010.518623. Epub 2010 Nov 2. PMID: 21039302.

120. Nagral A, Bangar M, Menezes S, Bhatia S, Butt N, Ghosh J, Manchanayake


JH, Mahtab MA, Singh SP. Gender Differences in Nonalcoholic Fatty Liver
Disease. Euroasian J Hepatogastroenterol. 2022 Jul;12(Suppl 1):S19­S25.
doi: 10.5005/jp­journals­10018­1370. PMID: 36466099; PMCID:
PMC9681575.

121. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. Symptoms
and causes of NAFLD and NASH; 2016. https://www.niddk.nih.gov/ health­
information/liver­disease/nafld­nash/ symptoms­causes. Accessed 12 Oct
2018.

122. Ndumele CE, Nasir K, Conceiçao RD, Carvalho JA, Blumenthal RS, Santos
RD. Hepatic steatosis, obesity, and the metabolic syndrome are independently
and additively associated with increased systemic inflammation. Arterioscler
Thromb Vasc Biol. 2011 Aug;31(8):1927­32. doi:
10.1161/ATVBAHA.111.228262. Epub 2011 May 5. PMID: 21546603; PMCID:
PMC3148106.
126

123. Nguyen VH, Le MH, Cheung RC, Nguyen MH. Differential Clinical
Characteristics and Mortality Outcomes in Persons With NAFLD and/or
MAFLD. Clin Gastroenterol Hepatol. 2021 Oct;19(10):2172­2181.e6. doi:
10.1016/j.cgh.2021.05.029. Epub 2021 May 23. PMID: 34033923.

124. Oda K, Uto H, Mawatari S, Ido A. Clinical features of hepatocellular carcinoma


associated with nonalcoholic fatty liver disease: a review of human studies.
Clin J Gastroenterol. 2015 Feb;8(1):1­9. doi: 10.1007/s12328­014­0548­5.
Epub 2015 Jan 10. PMID: 25575848.

125. Ong JP, Pitts A, Younossi ZM. Increased overall mortality and liver­related
mortality in non­alcoholic fatty liver disease. J Hepatol. 2008 Oct;49(4):608­12.
doi: 10.1016/j.jhep.2008.06.018. Epub 2008 Jul 9. PMID: 18682312.

126. Oni ET, Kalathiya R, Aneni EC, Martin SS, Blaha MJ, Feldman T, Agatston
AS, Blumenthal RS, Conceiçao RD, Carvalho JA, Santos RD, Nasir K.
Relation of physical activity to prevalence of nonalcoholic Fatty liver disease
independent of cardiometabolic risk. Am J Cardiol. 2015 Jan 1;115(1):34­9.
doi: 10.1016/j.amjcard.2014.09.044. Epub 2014 Oct 12. PMID: 25456868

127. Oni ET, Sinha P, Karim A, Martin SS, Blaha MJ, Agatston AS, Blumenthal RS,
Meneghelo RS, Conceiçao RD, Santos RD, Nasir K. Statin use is not
associated with presence of and severity of nonalcoholic fatty liver disease.
Arch Med Res. 2014 Jan;45(1):52­7. doi: 10.1016/j.arcmed.2013.12.003.
Epub 2013 Dec 12. PMID: 24333254.

128. Ozturk A, Olson MC, Samir AE, Venkatesh SK. Liver fibrosis assessment: MR
and US elastography. Abdom Radiol (NY). 2022 Sep;47(9):3037­3050. doi:
10.1007/s00261­021­03269­4. Epub 2021 Oct 23. PMID: 34687329; PMCID:
PMC9033887.

129. Pang Q, Zhang JY, Song SD, Qu K, Xu XS, Liu SS, Liu C. Central obesity and
nonalcoholic fatty liver disease risk after adjusting for body mass index. World
J Gastroenterol. 2015 Feb 7;21(5):1650­62. doi: 10.3748/wjg.v21.i5.1650.
PMID: 25663786; PMCID: PMC4316109.
127

130. Parise ER, Salgado AL, Secaf R, Cerri L, Cerri G. Prevalence of liver steatosis
in abdominal ultrasound. GED 2003; 22: 235­7.

131. Park SH, Jeon WK, Kim SH, Kim HJ, Park DI, Cho YK, Sung IK, Sohn CI,
Keum DK, Kim BI. Prevalence and risk factors of non­alcoholic fatty liver
disease among Korean adults. J Gastroenterol Hepatol. 2006 Jan;21(1 Pt
1):138­43. doi: 10.1111/j.1440­1746.2005.04086.x. PMID: 16706825.

132. Pepper, W. A System of Practical Medicine by American Authors; Lea Brothers


& Co.: Philadelphia, PA, USA, 1885; Volume II, p. 1050.

133. Pepper, W. Saccharine diabetes. Med. Rec. 1884, 25, 9–12.

134. Perloff D, Grim C, Flack J, Frohlich ED, Hill M, McDonald M, Morgenstern BZ.
Human blood pressure determination by sphygmomanometry. Circulation.
1993 Nov;88(5 Pt 1):2460­70. doi: 10.1161/01.cir.88.5.2460. PMID: 8222141.

135. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua)


2018, IBGE. https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171­
pesquisa­nacional­por­amostra­de­domicilios­continua­mensal.html

136. Pickering TG, Hall JE, Appel LJ, Falkner BE, Graves J, Hill MN, Jones DW,
Kurtz T, Sheps SG, Roccella EJ; Subcommittee of Professional and Public
Education of the American Heart Association Council on High Blood Pressure
Research. Recommendations for blood pressure measurement in humans and
experimental animals: Part 1: blood pressure measurement in humans: a
statement for professionals from the Subcommittee of Professional and Public
Education of the American Heart Association Council on High Blood Pressure
Research. Hypertension. 2005 Jan;45(1):142­61. doi:
10.1161/01.HYP.0000150859.47929.8e. Epub 2004 Dec 20. PMID:
15611362.

137. Pirola CJ, Sookoian S. Metabolic dysfunction­associated fatty liver disease:


advances in genetic and epigenetic implications. Curr Opin Lipidol. 2022 Apr
1;33(2):95­102. doi: 10.1097/MOL.0000000000000814. PMID: 34966133.
128

138. Prevention of coronary heart disease in clinical practice. Recommendations of


the Second Joint Task Force of European and other Societies on coronary
prevention. Eur Heart J. 1998 Oct;19(10):1434­503. doi:
10.1053/euhj.1998.1243. PMID: 9820987.

139. Quinn MA, Xu X, Ronfani M, Cidlowski JA. Estrogen Deficiency Promotes


Hepatic Steatosis via a Glucocorticoid Receptor­Dependent Mechanism in
Mice. Cell Rep. 2018 Mar 6;22(10):2690­2701. doi:
10.1016/j.celrep.2018.02.041. PMID: 29514097; PMCID: PMC5875726.

140. Review Team; LaBrecque DR, Abbas Z, Anania F, Ferenci P, Khan AG, Goh
KL, Hamid SS, Isakov V, Lizarzabal M, Peñaranda MM, Ramos JF, Sarin S,
Stimac D, Thomson AB, Umar M, Krabshuis J, LeMair A; World
Gastroenterology Organization. World Gastroenterology Organization global
guidelines: Nonalcoholic fatty liver disease and nonalcoholic steatohepatitis. J
Clin Gastroenterol. 2014 Jul;48(6):467­73. doi:
10.1097/MCG.0000000000000116. PMID: 24921212.

141. Rich NE, Oji S, Mufti AR, Browning JD, Parikh ND, Odewole M, Mayo H, Singal
AG. Racial and Ethnic Disparities in Nonalcoholic Fatty Liver Disease
Prevalence, Severity, and Outcomes in the United States: A Systematic
Review and Meta­analysis. Clin Gastroenterol Hepatol. 2018 Feb;16(2):198­
210.e2. doi: 10.1016/j.cgh.2017.09.041. Epub 2017 Sep 29. PMID: 28970148;
PMCID: PMC5794571.

142. Rokitansky, C.A. Skizze der Größen und Formabweichungen der Leber.
Bruchstück Med Jahrb des kaisl, königl Österr Staates 1839. Bd 29 oder
neueste Folge Bd 20 Wien: 557.

143. Santos RD, Valenti L, Romeo S. Does nonalcoholic fatty liver disease cause
cardiovascular disease? Current knowledge and gaps. Atherosclerosis. 2019
Mar;282:110­120. doi: 10.1016/j.atherosclerosis.2019.01.029. Epub 2019 Jan
30. PMID: 30731283.

144. Sanyal AJ, Van Natta ML, Clark J, Neuschwander­Tetri BA, Diehl A, Dasarathy
S, Loomba R, Chalasani N, Kowdley K, Hameed B, Wilson LA, Yates KP, Belt
129

P, Lazo M, Kleiner DE, Behling C, Tonascia J; NASH Clinical Research


Network (CRN). Prospective Study of Outcomes in Adults with Nonalcoholic
Fatty Liver Disease. N Engl J Med. 2021 Oct 21;385(17):1559­1569. doi:
10.1056/NEJMoa2029349. PMID: 34670043; PMCID: PMC8881985.

145. Satapathy SK, Sanyal AJ. Epidemiology and Natural History of Nonalcoholic
Fatty Liver Disease. Semin Liver Dis. 2015 Aug;35(3):221­35. doi: 10.1055/s­
0035­1562943. Epub 2015 Sep 17. PMID: 26378640.

146. Saunders JB, Aasland OG, Babor TF, de la Fuente JR, Grant M. Development
of the Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT): WHO Collaborative
Project on Early Detection of Persons with Harmful Alcohol Consumption­­II.
Addiction. 1993 Jun;88(6):791­804. doi: 10.1111/j.1360­0443.1993.tb02093.x.
PMID: 8329970.

147. Sayiner M, Koenig A, Henry L, Younossi ZM. Epidemiology of Nonalcoholic


Fatty Liver Disease and Nonalcoholic Steatohepatitis in the United States and
the Rest of the World. Clin Liver Dis. 2016 May;20(2):205­14. doi:
10.1016/j.cld.2015.10.001. Epub 2015 Dec 14. PMID: 27063264.

148. Schaffner F, Thaler H. Nonalcoholic fatty liver disease. Prog Liver Dis.
1986;8:283­98. PMID: 3086934.

149. Shah AG, Lydecker A, Murray K, Tetri BN, Contos MJ, Sanyal AJ; Nash
Clinical Research Network. Comparison of noninvasive markers of fibrosis in
patients with nonalcoholic fatty liver disease. Clin Gastroenterol Hepatol. 2009
Oct;7(10):1104­12. doi: 10.1016/j.cgh.2009.05.033. Epub 2009 Jun 10. PMID:
19523535; PMCID: PMC3079239.

150. Shah AG, Lydecker A, Murray K, Tetri BN, Contos MJ, Sanyal AJ; Nash
Clinical Research Network. Comparison of noninvasive markers of fibrosis in
patients with nonalcoholic fatty liver disease. Clin Gastroenterol Hepatol. 2009
Oct;7(10):1104­12. doi: 10.1016/j.cgh.2009.05.033. Epub 2009 Jun 10. PMID:
19523535; PMCID: PMC3079239.

151. Silva MBBE, Tustumi F, Dantas ACB, Miranda BCJ, Pajecki D, DE­Cleva R,
Santo MA, Nahas SC. OBESITY AND SEVERE STEATOSIS: THE
130

IMPORTANCE OF BIOCHEMICAL EXAMS AND SCORES. Arq Bras Cir Dig.


2022 Jan 31;34(4):e1626. doi: 10.1590/0102­672020210002e1626. PMID:
35107488; PMCID: PMC8846460.

152. Sindrome da apneia do sono,


http://www.roncoesono.com.br/site/questionario­de­berlin.html).

153. Streba LA, Vere CC, Rogoveanu I, Streba CT. Nonalcoholic fatty liver disease,
metabolic risk factors, and hepatocellular carcinoma: an open question. World
J Gastroenterol. 2015 Apr 14;21(14):4103­10. doi: 10.3748/wjg.v21.i14.4103.
PMID: 25892859; PMCID: PMC4394070.

154. Suzuki A, Angulo P, Lymp J, St Sauver J, Muto A, Okada T, Lindor K.


Chronological development of elevated aminotransferases in a nonalcoholic
population. Hepatology. 2005 Jan;41(1):64­71. doi: 10.1002/hep.20543.
PMID: 15690483.

155. Svendsen OL, Hassager C, Christiansen C. Age­ and menopause­associated


variations in body composition and fat distribution in healthy women as
measured by dual­energy X­ray absorptiometry. Metabolism. 1995
Mar;44(3):369­73. doi: 10.1016/0026­0495(95)90168­x. PMID: 7885283.

156. Swain MG, Ramji A, Patel K, Sebastiani G, Shaheen AA, Tam E, Marotta P,
Elkhashab M, Bajaj HS, Estes C, Razavi H. Burden of nonalcoholic fatty liver
disease in Canada, 2019­2030: a modelling study. CMAJ Open. 2020 Jun
9;8(2):E429­E436. doi: 10.9778/cmajo.20190212. PMID: 32518095; PMCID:
PMC7286622.

157. Takahashi Y, Fukusato T. Histopathology of nonalcoholic fatty liver


disease/nonalcoholic steatohepatitis. World J Gastroenterol. 2014 Nov
14;20(42):15539­48. doi: 10.3748/wjg.v20.i42.15539. PMID: 25400438;
PMCID: PMC4229519.

158. Talens M, Tumas N, Lazarus JV, Benach J, Pericàs JM. What Do We Know
about Inequalities in NAFLD Distribution and Outcomes? A Scoping Review. J
Clin Med. 2021 Oct 28;10(21):5019. doi: 10.3390/jcm10215019. PMID:
34768539; PMCID: PMC8584385.
131

159. Tang JT, Mao YM. Pharmacotherapy of nonalcoholic steatohepatitis:


Reflections on the existing evidence. J Dig Dis. 2017 Nov;18(11):607­617. doi:
10.1111/1751­2980.12557. PMID: 29106066.

160. Tarantino G, Porcu C, Arciello M, Andreozzi P, Balsano C. Prediction of carotid


intima­media thickness in obese patients with low prevalence of comorbidities
by serum copper bioavailability. J Gastroenterol Hepatol. 2018
Aug;33(8):1511­1517. doi: 10.1111/jgh.14104. Epub 2018 Mar 24. PMID:
29405466.

161. Targher G, Byrne CD, Lonardo A, Zoppini G, Barbui C. Non­alcoholic fatty liver
disease and risk of incident cardiovascular disease: A meta­analysis. J
Hepatol. 2016 Sep;65(3):589­600. doi: 10.1016/j.jhep.2016.05.013. Epub
2016 May 17. PMID: 27212244.

162. Targher G, Corey KE, Byrne CD, Roden M. The complex link between NAFLD
and type 2 diabetes mellitus ­ mechanisms and treatments. Nat Rev
Gastroenterol Hepatol. 2021 Sep;18(9):599­612. doi: 10.1038/s41575­021­
00448­y. Epub 2021 May 10. PMID: 33972770.

163. Ter Horst KW, Gilijamse PW, de Weijer BA, Kilicarslan M, Ackermans MT,
Nederveen AJ, Nieuwdorp M, Romijn JA, Serlie MJ. Sexual Dimorphism in
Hepatic, Adipose Tissue, and Peripheral Tissue Insulin Sensitivity in Obese
Humans. Front Endocrinol (Lausanne). 2015 Nov 26;6:182. doi:
10.3389/fendo.2015.00182. PMID: 26635731; PMCID: PMC4659894.

164. Tilg H, Adolph TE, Dudek M, Knolle P. Non­alcoholic fatty liver disease: the
interplay between metabolism, microbes and immunity. Nat Metab. 2021
Dec;3(12):1596­1607. doi: 10.1038/s42255­021­00501­9. Epub 2021 Dec 20.
PMID: 34931080.

165. Tobari M, Hashimoto E, Taniai M, Ikarashi Y, Kodama K, Kogiso T, Tokushige


K, Takayoshi N, Hashimoto N. Characteristics of non­alcoholic steatohepatitis
among lean patients in Japan: Not uncommon and not always benign. J
Gastroenterol Hepatol. 2019 Aug;34(8):1404­1410. doi: 10.1111/jgh.14585.
132

Epub 2019 Jan 15. Erratum in: J Gastroenterol Hepatol. 2020 Mar;35(3):516.
PMID: 30590868.

166. Vallet­Pichard A, Mallet V, Nalpas B, Verkarre V, Nalpas A, Dhalluin­Venier V,


Fontaine H, Pol S. FIB­4: an inexpensive and accurate marker of fibrosis in
HCV infection. comparison with liver biopsy and fibrotest. Hepatology. 2007
Jul;46(1):32­6. doi: 10.1002/hep.21669. PMID: 17567829.

167. Varlamov O, Bethea CL, Roberts CT Jr. Sex­specific differences in lipid and
glucose metabolism. Front Endocrinol (Lausanne). 2015 Jan 19;5:241. doi:
10.3389/fendo.2014.00241. PMID: 25646091; PMCID: PMC4298229.

168. Vernon G, Baranova A, Younossi ZM. Systematic review: the epidemiology


and natural history of non­alcoholic fatty liver disease and non­alcoholic
steatohepatitis in adults. Aliment Pharmacol Ther. 2011 Aug;34(3):274­85. doi:
10.1111/j.1365­2036.2011.04724.x. Epub 2011 May 30. PMID: 21623852.

169. Vilar­Gomez E, Nephew LD, Vuppalanchi R, Gawrieh S, Mladenovic A, Pike


F, Samala N, Chalasani N. High­quality diet, physical activity, and college
education are associated with low risk of NAFLD among the US population.
Hepatology. 2022 Jun;75(6):1491­1506. doi: 10.1002/hep.32207. Epub 2021
Dec 14. PMID: 34668597.

170. Vuppalanchi R, Chalasani N. Nonalcoholic fatty liver disease and nonalcoholic


steatohepatitis: Selected practical issues in their evaluation and management.
Hepatology. 2009 Jan;49(1):306­17. doi: 10.1002/hep.22603. PMID:
19065650; PMCID: PMC2766096.

171. Wagenknecht LE, Scherzinger AL, Stamm ER, Hanley AJ, Norris JM, Chen
YD, Bryer­Ash M, Haffner SM, Rotter JI. Correlates and heritability of
nonalcoholic fatty liver disease in a minority cohort. Obesity (Silver Spring).
2009 Jun;17(6):1240­6. doi: 10.1038/oby.2009.4. Epub 2009 Feb 19. PMID:
19584882; PMCID: PMC2709735.

172. Wai CT, Greenson JK, Fontana RJ, Kalbfleisch JD, Marrero JA, Conjeevaram
HS, Lok AS. A simple noninvasive index can predict both significant fibrosis
133

and cirrhosis in patients with chronic hepatitis C. Hepatology. 2003


Aug;38(2):518­26. doi: 10.1053/jhep.2003.50346. PMID: 12883497.

173. Wang J, He W, Tsai PJ, Chen PH, Ye M, Guo J, Su Z. Mutual interaction


between endoplasmic reticulum and mitochondria in nonalcoholic fatty liver
disease. Lipids Health Dis. 2020 Apr 13;19(1):72. doi: 10.1186/s12944­020­
01210­0. PMID: 32284046; PMCID: PMC7155254.

174. Wegermann K, Diehl AM, Moylan CA. Disease pathways and molecular
mechanisms of nonalcoholic steatohepatitis. Clin Liver Dis (Hoboken). 2018
Apr 20;11(4):87­91. doi: 10.1002/cld.709. PMID: 30992796; PMCID:
PMC6385948.

175. Whalley S, Puvanachandra P, Desai A, Kennedy H. Hepatology outpatient


service provision in secondary care: a study of liver disease incidence and
resource costs. Clin Med (Lond). 2007 Apr;7(2):119­24. doi:
10.7861/clinmedicine.7­2­119. PMID: 17491498; PMCID: PMC4951824.

176. White AM. Gender Differences in the Epidemiology of Alcohol Use and Related
Harms in the United States. Alcohol Res. 2020 Oct 29;40(2):01. doi:
10.35946/arcr.v40.2.01. PMID: 33133878; PMCID: PMC7590834.

177. World Health Organization, Babor, Thomas F., Higgins­Biddle, John


C., Saunders, John B. & Monteiro, Maristela G. (2001). AUDIT: the alcohol
use disorders identification test: guidelines for use in primary health care, 2nd
ed. World Health Organization. https://apps.who.int/iris/handle/10665/67205

178. Yamamura S, Eslam M, Kawaguchi T, Tsutsumi T, Nakano D, Yoshinaga S,


Takahashi H, Anzai K, George J, Torimura T. MAFLD identifies patients with
significant hepatic fibrosis better than NAFLD. Liver Int. 2020
Dec;40(12):3018­3030. doi: 10.1111/liv.14675. PMID: 32997882.

179. Yang JD, Abdelmalek MF, Pang H, Guy CD, Smith AD, Diehl AM, Suzuki A.
Gender and menopause impact severity of fibrosis among patients with
nonalcoholic steatohepatitis. Hepatology. 2014 Apr;59(4):1406­14. doi:
10.1002/hep.26761. Epub 2014 Feb 18. PMID: 24123276; PMCID:
PMC3966932.
134

180. Yang RX, Zou ZS, Zhong BH, Deng H, He FP, Shi JP, Zhao CY, Mi YQ, Zhou
YJ, Di FS, Zheng RD, Du Q, Shang J, Popovic B, Chen J, Fan JG. The
pathologic relevance of metabolic criteria in patients with biopsy­proven
nonalcoholic fatty liver disease and metabolic dysfunction associated fatty liver
disease: A multicenter cross­sectional study in China. Hepatobiliary Pancreat
Dis Int. 2021 Oct;20(5):426­432. doi: 10.1016/j.hbpd.2021.06.002. Epub 2021
Jun 25. PMID: 34246549.

181. Yatsuji S, Hashimoto E, Tobari M, Tokushige K, Shiratori K. Influence of age


and gender in Japanese patients with non­alcoholic steatohepatitis. Hepatol
Res. 2007 Dec;37(12):1034­43. doi: 10.1111/j.1872­034X.2007.00156.x.
Epub 2007 Jul 4. PMID: 17610504.

182. Yi M, Peng W, Teng F, Kong Q, Chen Z. The role of noninvasive scoring


systems for predicting cardiovascular disease risk in patients with nonalcoholic
fatty liver disease: a systematic review and meta­analysis. Eur J Gastroenterol
Hepatol. 2022 Dec 1;34(12):1277­1284. doi:
10.1097/MEG.0000000000002462. Epub 2022 Oct 17. PMID: 36317774.

183. Yoneda M, Yamamoto T, Honda Y, Imajo K, Ogawa Y, Kessoku T, Kobayashi


T, Nogami A, Higurashi T, Kato S, Hosono K, Saito S, Nakajima A. Risk of
cardiovascular disease in patients with fatty liver disease as defined from the
metabolic dysfunction associated fatty liver disease or nonalcoholic fatty liver
disease point of view: a retrospective nationwide claims database study in
Japan. J Gastroenterol. 2021 Nov;56(11):1022­1032. doi: 10.1007/s00535­
021­01828­6. Epub 2021 Oct 3. PMID: 34601620; PMCID: PMC8531127.

184. Younes R, Govaere O, Petta S, Miele L, Tiniakos D, Burt A, David E, Vecchio


FM, Maggioni M, Cabibi D, McLeod D, Pareja MJ, Fracanzani AL, Aller R,
Rosso C, Ampuero J, Gallego­Durán R, Armandi A, Caviglia GP, Zaki MYW,
Liguori A, Francione P, Pennisi G, Grieco A, Birolo G, Fariselli P, Eslam M,
Valenti L, George J, Romero­Gómez M, Anstee QM, Bugianesi E. Caucasian
lean subjects with non­alcoholic fatty liver disease share long­term prognosis
of non­lean: time for reappraisal of BMI­driven approach? Gut. 2022
135

Feb;71(2):382­390. doi: 10.1136/gutjnl­2020­322564. Epub 2021 Feb 4.


PMID: 33541866.

185. Younossi Z, Anstee QM, Marietti M, Hardy T, Henry L, Eslam M, George J,


Bugianesi E. Global burden of NAFLD and NASH: trends, predictions, risk
factors and prevention. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2018 Jan;15(1):11­20.
doi: 10.1038/nrgastro.2017.109. Epub 2017 Sep 20. PMID: 28930295.

186. Younossi ZM, Koenig AB, Abdelatif D, Fazel Y, Henry L, Wymer M. Global
epidemiology of nonalcoholic fatty liver disease­Meta­analytic assessment of
prevalence, incidence, and outcomes. Hepatology. 2016 Jul;64(1):73­84. doi:
10.1002/hep.28431. Epub 2016 Feb 22. PMID: 26707365.

187. Younossi ZM, Rinella ME, Sanyal AJ, Harrison SA, Brunt EM, Goodman Z,
Cohen DE, Loomba R. From NAFLD to MAFLD: Implications of a Premature
Change in Terminology. Hepatology. 2021 Mar;73(3):1194­1198. doi:
10.1002/hep.31420. Epub 2021 Feb 6. PMID: 32544255.

188. Zhang H, Liu Y, Wang L, Li Z, Zhang H, Wu J, Rahman N, Guo Y, Li D, Li N,


Huhtaniemi I, Tsang SY, Gao GF, Li X. Differential effects of
estrogen/androgen on the prevention of nonalcoholic fatty liver disease in the
male rat. J Lipid Res. 2013 Feb;54(2):345­57. doi: 10.1194/jlr.M028969. Epub
2012 Nov 21. PMID: 23175777; PMCID: PMC3588864.

189. Zhang X, Wu M, Liu Z, Yuan H, Wu X, Shi T, Chen X, Zhang T. Increasing


prevalence of NAFLD/NASH among children, adolescents and young adults
from 1990 to 2017: a population­based observational study. BMJ Open. 2021
May 4;11(5):e042843. doi: 10.1136/bmjopen­2020­042843. PMID: 33947727;
PMCID: PMC8098935.

190. Zhou YJ, Li YY, Nie YQ, Ma JX, Lu LG, Shi SL, Chen MH, Hu PJ. Prevalence
of fatty liver disease and its risk factors in the population of South China. World
J Gastroenterol. 2007 Dec 21;13(47):6419­24. doi: 10.3748/wjg.v13.i47.6419.
PMID: 18081233; PMCID: PMC4205463.

Você também pode gostar