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I EEEEEEESN"''ST MOACYR AMARAL SANTOS Ministro do Supremo Tuibunel Federal; Professor Catedritico de Direito Jedictitio Civil da Faculdade de Direito da Universidade do Sio Péulo, Professor Catedritico de Direito Jndietirio Civil, da Faculdade de Dircito da Universidade Mackenzie. Profestor de Ditelto Procestual Civil da Universidade Federal de Brasilia, » PROVA JUDICIARIA NO CIVEL E COMERCIAL (OBRA LAUREADA PELO INSTITUTO DOS ADVOGADOS DE SAO PAULO) We 45 VOLUME II 49 Edigio correta e atualizada t 1971 MAX LIMONAD aitor de Livras de Direito RUA QUINTINO BOCATUVA, 191 — 2° and, Sio Paulo — Brasil Carfrowo V DO DEPOIMENTO PESSOAL SUMARIO: I — Principios gerais. 82 — Conceito de depoimento pessoal. 83 — Importincia. 84 — Origens e evolugio. 85 — s legislagdes. 86 — No direito francés. 87 10.88 — No direito alemio © austriaco, 89 portugues © argentino. 90 — No direito 91 — No direito patrio vigente. 92 — Natu- reza_ do depoimento pessoal. 93 — Elementos do de- poimento pessoal. 94" — Caracteristicas préprias do de- mento, I — Do proponente do depolmento. 05 pode propor o depoimento. 96 — Depoimento “ex IE = Do sujeito do depoimento. 97 — Quem deve depor. 98 — Depoimento de terceiros intervententes. 99 — Dos que sto inibidos de depor. 100 — Dos que podem escusar- -se a depor. 101 — Dedlaraghes de terceiros que agem no processo. IV — Do objeto do depoimento. 102 — Qual sej objeto. 103 — Condigdes dos fatos jam perti- nentes, 105 ~ Que sejam influentes. 106 — Que sejam pre- cisos. 107— Que nfo sejam meramente negatives. 108 — Fatos criminosos ou difamatérios. V — Da obrigatiriedade do depoimento. iedado do depoimento. U0 — ‘igatdriedade do depoimento. M11 = Penalidade: confissio ficta, I — Prvcietos Gunars tinsamento € dreto, deolo ag, met antigas legilagdes, corbeoon lum Instituto, e déle se utiliza, destinado a provocar a confissio da parte, on mesmo proporcionar-he ocasio para fazé-la, Varia ésse instituto, quanto as roupagens processuais, mesmo quanto 40 nome, segundo as diferentes legislagses. Mas no va- ria quanto & finalidade que o caracteriza: provocar is parte, Chame-se-lhe depoimento pessoal, como © portugués; interrogatério, como no direite 130 ‘Mosoyn Ansanat, Santos inglés; confissio por absolvigéo de posigdes, como no diteito espa- nol e argentino; revista-se de lades, no que diz respeito & sua proposigao em julzo, a \de ou execugio, na esséncia o instituto & o mesmo: procedimento apropriado a pro- vocar a confissio do litigante. Poder-se-ia conccbélo como meio de que se vale a parte para tentar a confissio do adversirfo, ou mesino para tentar a prova dos fatos em que funda o seu direito. Mas ocorre que, em certos sistemas processuais, tal o vigente no pals, ao proprio julz & Ielto dle servirse com © mesino objetivo, pelo que eumpre conceitaselo de uma forma mais ampla: 6 assim, 0 meio do qual se socorre a parte, ou o juiz, para a produgdo da confisseo em juizo. $3. Instrumento de manifestacto da parte, que depde, sdbre ‘os fatas litigiosos, a férca probatéria do depoimento pessoal di- mana téo sdmente da confissio déle resultante, ‘Nao obstente raramente acontega, apesar do depoimento, ve- nha a parte a confesar © por, isso mesmo se consdore melo do prova de ordindrio indcuo, ainda assim 6 a forma mais usual de confissio.? Em quase todos os processos, tenta o litigante colhér a confissio do adverstio, confide no_aforisma de que é mais facll dizer a verdade do que mentir, Esférgo em xegra inttil. Mas mesmo quam io a consegue, trabalho nao é de todo lesperdigado, porque, 20 menos, gracas As respostas do interrogado se precisam melhor os fatos controvertidos, fecilitando a sua provas Bem porque comumente utilizado, 0 instituto do depoimento al tem merccido oral das logislags: mas regulamentadoras. ‘idados especiais da doutrina © a atengio que The dedicam com certa largueze. nor- 84. © instituto vem de eras antiquissimas, néo sendo exage- rado dizerse que tem suas origens nos primérdios da administra- ‘gio da justica has sociedades civis.« 2) — Conheceu-o a Grévia, onde as partes, no comégo do liti- fio, podiam interrogar-se, em presenca do jaiz. do um drbitro, ou mesmo extrajudicialmente, com o fim de acelerar a solugéo do 1, ANDaIOUE, 0. cm. 4. ‘Jonck AnueBiciNo, Processo Civil e Comercial no Direito Bra- Do DEronsENTO PESSOAL 131 feito, As interpelagdes © as respostas se faziam diante de testemu- has e eram tomadas por escrito, para que as partes daf tirassem elementos favordveis & sustentagio de sua causa, nio sé das res- postas, como também da recusa de responder. b) — Em Roma, no tempo das legis actiones, as partes com- pareciam a audiéncia ¢ se-intérogavam a vontade, No sistema das formulas, as perguntas © respostas, que ante- codiam a Iitiscontestagdo, oram procisamente moios de prova, Na consonincia da doutrina dominante, Ifcito era ao autor, como me- dida preliminar 2 propositura da acto, formular perguntas ao ad- versirio, antes que fésse pronuncieda a férmula® Eram as inter- rogationes in iure, perante o pretor. Em face do que dizem as fontes, e sem qualquer generalizago, podo-se dizer que as pergun- tas deviam ser concementes a quests prjudiiis, isto 6 relatives 4 pessoa do réu, & sua qualidade, a fim de o autor saber so éste era parte legitima para ser acfonado.’ Tnterpelava-se herdoiro, pare certificar-se se éle realmente o era;* ou, na agio noxal, interoga- va-se 0 patrio para apatar se o servo causador do dano estava sob seu poder;? ou, ainda, na actio de pauperie, a fim de saber se 0 interpelado era dono do animal ocasionador do dano;! interpela- vase sdbre a idade do réu: ale era possnidor do imév Mas nio s6 as partes so interrogavar.! O proprio protor podia também ter a iniciativa das interpelagdes, como se vé do 5, Bowtie, 0. ¢,, n. 306; Lassowa, 0. ¢, 19 v, n. 472; ALSINA, 0. ©, 28 vi, p, 243) 6. “Gutic, Pandette, v. XI, p. 2 0. ¢ loc. cits. e apendice a p. 87 e s: 7. Contrariando a teoria dos pandetistas e geralmente seguida, ‘Denuttays sustenta que a interrogatio nfo era admitida em qualquer caso, isto é ndo cra admitida sempre que o autor houvesse necessi- dade. de assegurar-se quanto & qualidade do réu, mas sim e tao s)- mente em casos taxativos, fundamentado 0 pedido em razdes espe- clais (em Castauanr, sobre Guiicx, 0. © loc. cits.; Lussona, Inderro- 85 6 ¢ 7, D,, de interrog. in jure. fr. 20, D. eod. tlt veg m dtd; Dintos, Repertoire, BBY, p. as. 132 Moncyn Ancanat, Santos 1, L, 1, De interrogationibus in iure faciendis: Ubicumque n aequitas moverit, aeque oporiere interrogationem fieri duc bium non ests Conguanto, regra geral, a interrogatio in iure niio fésse de na- fureza a constranger o interrogado 2 emitir 2 resposta, em certas ages — esoreve Cicana Leat, caloado em SavieNy — erm que se suseitava alguma questo prejudicial, concemente & pessoa do réu, [podia éste ser obrigado a responder, com referéncia a dita questio.1? Ao pretor competia decidir sébre a rogatério. Mas nao podia deixar de como no caso de agdo noxal, na de par legis Aquiliae, na rete mis, ia, na de haereditatis pe- lis, para que se averiguasse qua ex parte heris est quem era de- mandado18 Mas, em fais casos de interrogatio in iure coereitiva, somente 0 autor ou o pretor podiam interrogar. ‘Tinha a interrogatio efeito probatério, principalmente quando as respostas exam afirmativas, pois o autor, entio, estaria habilite do a ihiciar a ago com a prova dos fatos afirmados, Por outro lado, Go silenciava, era havido como se estivesse mentindo, obrigacéo de responder. No periodo da cognitio extraordinarla, a interrogatio in iure, por isso que 0’ proceso corria todo éle in iudicium, se transformou em interrogatio in fudicium, polo qual so interrogavam rec\proca- mente as partes s6bro fatos da causa, uma vez admitido pelo juiz ésse meio probatério.16 , na de peculio, na da poesia Pet cteio do diseito candnico ou costume por élo r0- comhecido, xtingéo dos int surgira comhecido, sem eitineio dos interrogatrios, surgizam as posto 0 ponens jurava e afirmava os fatos; 0 adversivio respondia apés juramento, Sintetiza Lussona as diferengas onto existentes entre a inter- rogatio e a positio, 14. Eessowa, 0. ¢ Joe eits. 15. Cinana Laan, Depot 46. Lissona, 0. ¢ loc. clts.; Casteut La storia della procedura civile romana, 8, cap. 4, p. 246 © 28, @ livitto romano, cap. 51, n. 3, apud © v,, ns, 479-474" Linsaax, ‘Sul riconoscimento delta domanda, om Studi in'onore di Chiovenda, p. 459 e ss; Lussowa (Marco), Intertogatorio, ns. 7-10. Do DEPOIMENTO PESSOAL. 133 “além da disparidade de origens, uma vinda do direito roma- no ¢ outra do dircito candnico, a interrogatio tinha caréter prejudi- ial, a positio o mérito de controvérsia; podia o juiz por iniciati propria dirigir a interrogatio, s6 0 autor a positio; o interrogar quando o autor expressava diivida nos fatos, 0 ponens a afirmativ interrogans era s6'0 autor, ponens podia ser também o réu excipiens. A interrogatio se propunha oralmente ¢ era sempre admissivel; por escrito a positio, de cuja admissibilidade dispucha o juiz# ) — Com uns longes do sistema romano e com sitio, origem do interrogatério do direit tuiu-so om Franga, pela Ordenagio de Blois, de margo de 1498, ag tempo de Luiz XII, um tipo de intorrogatério. Eis o que rezava essa Ordenagio: —'“nés ordenamos que dopois que o autor haja ‘exposto e afirmado por juramento aos Santos Evangelhos crer set verdadeiro o que constar do seu pedido e escrituras, ¢ isso tanto has cOrtes pavlamentares como perante os julzes reals 9 réu deverd em sna presenga, se se achar no Tugar em que correr o felto, res- ponder por credit vel non credit, convenientemente, por meio de juramento aos Evangelhos, a cada artigo das escrituras do autor; , quando 0 réu estiver ausente, e da mesma forma 0 autor, deverio ‘enviar a afirmagio © a exposi¢éo dos fatos, bem como a resposta correspondente, por escrito, assinada de seu proprio punho, se sou- berem escrever, ou por notétio, a seu pedido, sbbre cada artigo daquela demand.” Abolida a Ordenagéo de Blois pela de 1598, ficou por esta ins- tituido o i sbbre fatos e artigos, puramente facultativo, que, e s, perdura ainda no vigente processo francés € nos cédigos italianas.*? certamente mais parecido com a positio fe com pouca ou nenhuma afinidade com a fnterrogatio in ture 23 da po- francés e italiano? insti- suas similares estrangeiras. JA nas Ordenagdes Afonsinas, , tit. 58, sob influéncia da interrogatio romana, 0 autor formulava os artigos, sobre os quais 20, Lesson, o. c, 19 v., ns. 473-474 21. “0 intetrogaiério italiano constitui um residuo de processos de outros tempos e, precisamente, das posiciones” (ANDRIOt3, 0. c Dantoz, Répertotre, vbo. “Interrogatotre”, ns, 30 98; Box- 28." Lisson, 0. ¢, 1° v., 0. 478; Cuovenps, Instituciones, 8.° v., 134 Moacyr Amanat SANTOS: Do DEPOIMENTO PESSOAL 135 © réu_havia de depor; as Ordenagées Manu: reproduzidas, neste particular, pelas Ordena: x liv. 3.9, mantiveram o instituto do depoimento pessoal, quase como fora introduzido por aqueles Ordenagios, com a citcunstincia, aliés do alto relévo e profundamente sabia, de estenderem ésse meio i do prova também ao zéu, il Assim, adotado ite, em 1823, © Cédigo Filipino, o instituto do depoimento pessoal era meio hébil para uma das partes provocar a confisséo da outra. Para que a parte fésse constrangida a depor, mistér era, porém, que os artigos respei- tassem_condigées legais2# a saber: Fone, Seassem ebro eotea certa;? 2.9 — fossem pertencentes ao feito;2° 3.9 — niio féssem con- traditérios;27_ 4.9 — f6ssem consistentes em matéria de fato ¢ ndo de direito, salvo o costumeiro, municipal ou estrangeiro;** 5° — no fSssem meramente negativos, exccto se a negativa fésse coartada a certo tempo ou Ingar, ou se resolvesse em alirmativa;® 6.2 — no f¥ssem criminosos, difamatérios ou torpes.°? Outrossim, vedado era pedirse duas vézes o depoimento, exceto quando devesse versar Sobre fatos aes parte een para depor ou se prestar depoimento, era havida por ni the era aplicada por Rntenge 2 Peer en cado as causas comerciais © a partir de 1890, por decreto n, “63, de 19 de setembro désse ano, tatendido as agdes clveis, 0 depot. mento pesvoah® santo 4 memes caracteristicas do direito fili- Pino, acrescido apenas da condigao de sé ser a éle obrigado quem estivesse na livre administragao de seus bens. sanenics _ Com pequenas variantes, que nfo o afetavam em sua essén- cia, os eddiges de proceso dos Estados reproduziram o instituto do depoimento da parte segundo o direito tradicional.24 no tocante 20 institute. Ay uo io somente, conserva” do-o, Aperfeicou-o com reforgar a autoridade judicial, como con- seqiiéncia do procedimento oral estabelecido, ‘Enquanto que, no direito anterior, 0 depoimento de uma par- te sbmente podia ser provocado pela cutra, isto é enquanto ali se incluia ésse" meio de prova entre os atos de disposigao da parte, sito em vigor também ao juiz foi facultado o poder de, ex icio, determinar a sua realizagio (Céd. de Proc, Civil, arts. 117, 295, n. V).ObA ‘Além dessa inovagio, outra nfo deve ficar despereebida: 0 depoimento pessoal, no sistema do Cédigo, como se verd logo mais,%® indo-as, duas outras modalidades de meios de con- ‘@ confissio em respostas ao juiz ¢ 0 interro- g) — Nao rompeu “Lelie © Cédigo de Processo Civil, juizo, = arte ou por determinacao ex officio, nao se verifica nas vérias legis- fagdes sob a mesma e finica modalidade de procedimento, 86. Assim, no direito francés, a confissio oral judicial pode realizar-se por dois processos: pelo interrogatério sbbre fatos ou artigos ou pelo comparccimento pessoal das partes.®* Aquéle, se- gundo a regra do art. 324, do Cédigo de Processo, nio pode ser Grdenado de oficio, mas sim a requerimento da parte; éste & orde- nado er officio, muito embora se admita que a parte provoque sua determinagio. Para que se realize 0 primeiro, a parte, que o requer, dever4, 's autorizagao judicial, proferida por decisdo em audigneta, man- ‘citar 0 adversirio, com antecedéncia minima de vinte e quatro horas, para comparecer em dia ¢ hora designados diante do magis- trado encarregado do interrogatrio, dando-Ihe, no ato da citagéo, » nota 466; Morais ‘NaaaRerE, 0. ¢., $8 raze, $$ 180 a 12; ns. 3 4, Distrito Federal, arts, 200 e ss; de Sio Paulo, arts. 263 ¢ ss; de ‘Santa Catarina, arts. 712 ¢ ss; do Rio Grande do Sul, arts. 410 ¢ 55.5 de Minas, arts. 275 ¢ 5s. BEA,” Antoprojeto eit. de Atwazpo Buzatp, art. 371 35. Vide n. 91. 36, GARSONNET, 0. cy 2° v., ns. 265 2 296; FasREavErTas, 0. ¢ D. 90 e ss.; Butimy, 0,'¢,,2° y,, p. 667 e ss; Bowne, 0. ¢., ns. 305 a 314; Sarton, Traite elémentaire ‘de procédure civile et commerciale, 1933, n. 806 e 83; Mons, Traité eémentaire de procédure civtle, 1883, m. Sore si Coons, Préce de proeédure ott et commerciale, 1881, n 1 e. 5s. = Reg. n. 797, de 1850, arts, 290 a 208. | Gad: do Bonstmbics, arts 266 ces; Bahia, aria 994 a4; epiio Santo, arts 111 € 82; do Rio de Sancho abe Tobie 36, 8 136 ‘Mosovn Antanat Santos cigneia dos fatos sdbre os quais seré interogado; o citado compa- secerd Aquele dia ¢ hora ¢, sem a presenga do requerente da prova, sesponderé as perguntas sObre os fatos constantes da relagio que acompanhara 0 mandado de eltaciio, ou mesmo de relagio suple- mentar, ainda que desta nfo The tivessem dado corhecimento, bem ‘como a perguntas relativas a outras matérlas e que entenda o juiz, de moto-prdprio, dirigir-the, A realizacio do Segundo se faz em presenga do adversério, em andiéneia piblica, sem que o depoente tenha prévio conhecimento da matéria sObre'e qual sori inquitido. 87. Também no direito italiano, no sistema do Cédigo de 1865, se achavam instituidos o interrogatério (Céd. de Proc., arts. 216 a 219) © 0 comparecimento pessoal das partes (Céd. de Proc., art, 401), mais oa menos segundo o sistema francés, com a dife- renga que no interrogatério nao era vedada a presenga do rente da. prova,” e que 0 compare podia ordenar em causas comerciais. No tocante ao interrogatério, 0 direito vigente na Teélia no diverge nos pontos essenciais do que era regulado pelo cédigo an- terior. © intertogatério ou, mais precisamente, 0 interrogatério formal, como 0 denomina a lei? tende a provocar a confissdo ju- dicial, ‘“contrapondo-se a “confissio judi wwocada pelo “inter- rogatério formal” — eserevo Zaxzvccm — & confissio esponténea, a qual pode conterse em qualquer ato processual de que pessoal mente participe a parte”. Exatamente porque visa a provocar a confissio, o intemogatirio: a) & deduzide pela parte”4 sébre fatos desfavoriveis ao depoente © favoriveis ao requerente; b) os fatos sao deduzidos “por artigos separados e especificas”,42 constantes de questiondrios de que se dard ciéncia A parte interzogada; ¢) esta, em audigneia, responders pessoalmente, Sao vedadas perguntas sobre fatos no constantes do questionrio, a menos que as partes ‘concordem a respeito e o juiz as considero viteis, O juiz, no ontre- tanto, poder pedir ao interrogando os esclarecimentos que enten- der oportanos.#? S7, MArrmoto, 0. c, 29 v, ns. TAT e 55.; Lussona, 0, ¢, L° vy, ns, 488 ¢ ss. 3. Fy 4D. Ganzvoom, 0, os Bob. 1 a : , 2. Gba: Ge Proc. Gv. Halla, aut 26 43. Céd. de Proc. Civ. Tiallano, art ANZUCCET, 0. 2.9 ¥., 1s. 66-50; ANDRIOLY, 0. c,, 2.9 v., ps, 197-148; RuouNtt, 0. c, 1°'v.,"n, 119; Do peromenzo FESsOAL 137 88. Pelo sistema alemfo,44 a parte que tenha prova por fazer poderd solicitar se ouga o adversério sdbre os fatos que devam ser provados.s5 Admitido o interrogatério, seré 0 requerido notificado pessoalmente © dever comparccer & audiéncia pessoalmente res- ponder as perguntas sébre aquéles fatos.4® Poder o interrogatério fer determindo de ofc, sempro que dos debates sObre a causa ¢ das provas produzidas o Tribunal nfo formar conviegio quanto a verdade ou inexatidio de um fato que deva ser provado” Mesmo a paste a quem incumba fazer a prova de um ito poderd ser ou ida a respeito déste, uma vez que o antagonista haja pedido o seu interrogatério e ela concorde em presté-lo.!® Particularidade inte- essante: nao obstante seja a parte ouvida, regra geral, independen- temente de juramento, pode 0 Tribunal ordenar que ela 0 preste, luma yor éste nfo se convenga quanto verdade ou falsidade da declaragéo. Na hipétese de ambas as partes sezem interrogadas, ‘to sdmente uma delas, escolha do Tribunal, prestard juramento.® ‘A mencionada particularidade do interrogatério no sistema ale- nfo se encontra também no regulado pelo processo austriaco. A part, notifcada pessoalmente, deporé em audiénca, com ou sem juramento. Néste caso, se as declaracSes no convencerem 0 juiz, poder éle determinar novo interrogatério de qualquer das partes, entio acompanhado de juramento.5 © intorrogatério pode ser or- denado a requerimento ou de off 89. No direito espanhol, a parte, que pretender seja ouvido © adversério, formulerd suas “posiges” por escrito e pedird a noti- Axnarox, Interrogatorio, em Nuovo Digesto Italia titueiones aet Miommut, Corso di diritto processuate civile, 2° 'v., n. (Mauro), La testimonianza della parte net sistema del , Commento al codice di procedure eivite, ren, Commentario al eodice di procedura ci 29 v. p. 2a © $8, 44. Vide n, 58; Gounscusmmr, 0. c. § 49-4; Rosmusens, Tratado de derecho procesal civil, 2.° v., § 121; SoxGxme, Derecho procesal civil, § 67. 45. 138 ‘Moacyn Antarat SaxTos ficagio deste “absolvé-las”, A. relagiio das posig6es poderd couservarse eh sogrédo (on pg cea) ts oto do, mp recimento do requerido, ou poderé mesmo ser apresentada nesse ato. Comparccendo o requerido, depois de deliberar o juiz sdbre ‘a admissio das porguntas, responder o declarante pessoalmente, ¢ de viva voz, presentes a parte contraria © seu advogedo, se assim entenderem: jando concorra ao ato o litigante que haja soli- citado as posigées, ambas as partes, pessoal © reclprocamente, sem mediagio de seus’ advogados ou procuradores, mas por intermédio do juiz, poderio fazer 2s perguntas observagées que éste admita por convenientes 4 averiguagio da verdade dos fatos, sem consen- tir, todavia, que se aparteiem ou se interrompam”.*° Quanto ao interrogatério no processo portugués e no argentino, vejase 0 resumo feito em paginas anteriores” 90. No dircito pitrio anterior « confissio oral judicial podia resultar de tr8s procedimentos distintos: de depoimento pessoal propriamente dito; de respostas ao juiz ¢ de interrogatério, 2) — O interrogatério, de sbsoluta inusanga, posto que legal- mente praticivel®® na vigéncia do processo regulado pelas Ordena 960s, era foito in ini antes das provas, por iniciativa do juiz, gue assim se aparclhava, para melhor ‘Tinha assento nas — “Tanto que Juiz fard, assim io, ou & petigio da parte, as per- para a ordem do proceso, como las respostas, se achava habilitado caso. contrévio, mandava guuntas que bem The parecer, assi para a decisio da causa”. Se, para julgar, decidia definitivamente, oferecesse 6 autor libelo ne pri Vem. a propisito o parece: anotando a titada Ordenlagdo: “Se os juizes fizessom vigorar esta pritica, quantas demandas morreriam no nascedouro”.* 4) — © mesmo interrogatrio, mas apér a conclasio dos autos para julgamento, admitiam-no o Reg. n. 787, de 1850, o alguns o6di- 52, GASAIS ¥ SANTALO (José), notas a Cxtovenna, Principios de Derecho Procesal Civil, apéndice ao § 61; Lei de Procedimento Civil, arts, 579 ¢ sj Gvase, Derecho procesal ‘civil, p. 319 & ss. ¥ Sawnato, 0. e loc. eits. je n. 58, , nota & p. 108; 63, nota. 2. ed. 1870, p. 387. jaxpa a NevES © CASTRO, 149; Pauza Batis, 0, 6 rons De Anata, Cédigo Fil Do prromenzo FEssoaL 139 tiva do juz, quando, segundo o texto co art. 230, daquelo Regula mento, “examinados os autos, o juiz, entender necesséria, para julgar afinal, alguma diigéncis, ainda que nfo tena sido requerida nas razbes finais”, © juiz, nessa hipstese, ordenaria a citagio da parte para, om dia ¢ hora designados, ouvila em depoimento. A confissio que dai resultasse era @ chamada confissio nas respostas ao juiz, prevista pelo dito Regulamento, art. 162. c) ~ 0 depoimento da parte, propriamente dito, procedimento usual de provocacio da confissio, estava inckuido entre os atos de mera disposigao das partes. A parte intoressada no depoimento de outra, devia requerer para isso sua citagio.55 91, Entre outros principios que regem o processo vigente no pats, dols cumpre serem agal resultados: a fingGo mutoricia do julz'¢ 0 da oralidade. Por aquéle & atribufdi 20 juiz a diregio do process. do de forms que date atinje, polos meios adequadon, 0 investigagio dos fatos ¢ descoberta da ves “Quer do processo, quer na formagio do material submetido a julgamento, a regra que prevalece, embora temperada e compensada como man- daa prdéacia, ¢ a de que o juiz ordenard quanto for necessaio a0 conhecimento da verdade” (Céd. de Proc. Civil, arts. 112, ur procedimento oral,2® compreendido como sistema no qual © juiz entra em contacto direto e imediato com os sujeitos da prova — partes, testemnmbas, perito — e do qual resulta, como postulado, © principio da concentragio dos atos do processo, foi levado o legis- lador a estabelecer um momento tmico para a produgio © debate 0. e loc.'cits.; Pavia Barista, 0. e loc. cits.; Ponrss us Mrmanna 2, Naves ¥ Casto, 0. c., nota & p. 107; Joasr Axearcano, Processo Civit @ Comercial, p. 45. 17, de 1850, arts, 206 a 208; Céd. de Proc. de Por- ‘da Bahia, art_285; do Espirito Santo, art. 174; art, 1251; do Disttito Federal, art, 200; de $0 . 283; de’ Santa Catarina, art. 712; do Rio Grande do Sul, je Minas, art. 273 -A. Anteprojeto cit., de Axessvo Buzain, arts. 148 © 148. 58. Vide 1° vol, cap. XIX, 140 ‘MoncyR AncaRat, SuNTos das provas entre as partes, se de Froe. Civil arts, $53 Fundado nesses principios, a provocagio da confissio oral, meio de prova, por qualquer de suas modalidades até entéo oo nhecidas, deizou Ge sef meramente ato de disposielo das partes para apresentar-se também entre os atos ineluides no poder ingulsttrio do juiz. Conquanto néo figue a parte sem o dirito de, dando im- pu rovesso, provoear a confissio do adversério, também Atribui o Cédigo vigente faiciativa da provocagio ao juiz (Cod. de Proc. Civil, art 117).5® Adomais, as declaragSes da parte prov da sé devem ser feitas num dado momento, nem antes, nem depots na audigncia de instrugio ¢ julgamento (C6d. de Proc. Civily ext 253) 06 De'conseguinte, nflo hé mals, nem haverie mesmo, motives para se estabelecerem as diferengas de confisBes provacadas, que se encon- travam no direito anterior. No em vigor, a inilativa da provocacio pore partir da parte interessada on do’ proprio juiz; 0-modo © 0 momento de producio da inquirigfo é wm unico. No depoimento pesroa, regulado ‘pelo Gédigo, que segue, quanto & esiéncia do Instituto, as mesinas regras processuals das leis revogadas, se acham também, em linhas gerals, as mesmas caracteristicas do’ interroge- térlo ou das declaraptes is perguntas do julz, nfo s6 porque sua produgio se dé anteriormente as demas provas que se_produzem fm auidncia, o que permite a dispensn destas nahipétese do con- Fssio, como também porque o julz, que é quem interroga a parte, deve oriontar a inguiri no sentido de esclarecer os fatos da causa, fem embargo de, por essa forma, provocar a conlissso. 92. Pelo depoimento da parte, procura-se indagar desta a cién- cia que tem dos fatos em que o antagonista funda 0 seu direfto. A confirmacio dos fatos importa em confissa0. Mas 0 depoente 6 livre quanto & resposta: poder’ reconhecer como verdadeiros os fatos, no todo ou em parte, negar-thes veracidade ou narré-los di- vvers0s da forma exposta pelo adversario e até mesmo ignoré-los. Assim, instrumento de provocagio da confissio, em si mesmo © depo pessoal no é prova, sim e apenas meio de prova. Prova seri a confissio déle yesultante, com 0 reconhecimento da verdade dos fatos argitidos pelo adversério como fundamento do seu direito.% O depoimento pessoal — diz Céatara Leal, ~ nao gora 59-A. Anteprojeto cit, de AL¥REPO BuzamD, arts, 482 ¢ 8, 489 88. '50-B. Antoprojeto cit., de Atrazpo Buzan, arts. 148 © 971. 50-C. Anteprojeto eit.) de ALPREDO BUZArD, art. 490, n. TT G0. Sonar Amtmarcano, Proceso Civit e Comercial, p. 48; ‘Chmana Lent, 0. ©, 2. 8; Castennins, 0, €., p. 97; ANtaoL1, Interrogatorio, ns. owse imediato julgamento (Céd. e Do DEPOIMENTO FESSOAL ut por si s6 a certeza; sua forca probativa emana da confisséo, da qual éle é sdmente um dos instrumentos de manifestacio. A confissio & 2 espécie, 0 depoimento é a forma; éle constitui, portanto, um meio apenas de prova, um ato processual”, Mas, meio de prova, o depoimento pessoal deve ter por fim iiltimo buscar a verdade, que poder’ tanto estar na confissio dos fatos conforme os relata’o antagonist do inquirido, como nas de- claragSes do depoente narrando-os diferentemente, ou negando-os. Comprindo ao fue encontrar a verdado, the, pols, vodedo forar a confissio. Esta deve surgir das respostas obtidas fivromente, sem embargo dos processos que a técnica do interrogatério aconselha ao juiz. Mesmno tio smente narre o depoente os fatos, mesmo tio sd- mente negue sua veracidade, no depoimento, por vézes, vai o juiz encontrar material quo — sem eficécia bastante para formar sua convicgio, porque ninguém pode criar proya em favor proprio — poderd servir db aul no eeclarcetmento da verdade. Mercd do prin j da prova, aquéle poder das atitudes déste, da maneira pela qual responde, da natureza e das cireunstincias dos fatos narrados, ou da justifi cago da negativa dos fatos argiiidos, encontrar mananelal precioso para a formagdo de sua eonvicgio. ‘Quando a mais nfo se preste, tem ainda o depoimento pessoal, por vézes, a virtude de melhor precisar os fatos, facilitando sua prova, acentua Marrmorost Com efeito, mesmo ‘que inttil haje sido 29-v,, n. 782; FREDERICO MARQUES, Jnstifut= Ges de direito processual civil, 3° v., n. 801 oooh 1010, 0. Cy 2° "720, CE. Cmrovexa, Istituzioni, Go, inserta no pedido, ou posterlormente, de relevancia para a decl- Sho, sem o eardter db concordénela dm as afirmagoes da parte Wwersa”. ua ‘Mosove Antanat Saxtos amo instrumento de provocasio da, confssio, o depoimento servi- {dios viteis ao investigador da ‘verdade, Em suma, 0 depoimento da parte é meio probatSrio, déle po- dendo resultar a confissio® ou elementos cuxiliares na investiga ‘slo da verdade e conseqtiente formagao da conviegao do juiz. 93. Mas o depoimento vale, principalmente, pela confissio que délo resulta, As declaragies do interrogido, para assumirem o cariter de confissio, devem compreender os elementos imprescindiveis, como a tdas as modalidades de confisséo, relativamente a0 20 objeto da confissao e & intengao do confitente, assunto ja suficien- temente explanado Outrossim, uma tal confissio precisa tam- bém reunir as condigdes poculisres & confisséo judicial, do que também j& se tratou,* como uma das formas que é desta, e, por isso, doverd ser prestada em julzo, respeitadas as regras processtiais 4 respeito estebelecides, 94. Contudo, 0 depoimento pessoal, que em si mesmo & a nas meio de prova, tem caructeristicas proprias, para as quals infu decisivamente 0 fato de poder déle resultar a confissio. No de- poimento, como é de primeira intuigéo, exercem influéncia as pos- sivels conseqiiéneia Essas caracteristicas se evidenciam, preponderantemente, em dois momentos, isto é na sua proposigao e na sua admisséo, nio obstante também se manifestem na sua produgio, Umas sio de naturoza subjetiva, ¢ dizem respeito ao proponente da prova © a0 sujeito do depoimento; outras de ordem objetiva, e dizem respetto a0 objeto da prova; terceiras de ordem fon em respeito As regras processuais que regulam a proposigio, admissio e produgio da prova, ‘Para conhecimento das caraeteristicas do depoimento’ pessoal, serio debatidas, a soguir, questdes sobre a) ~ 0 proponente do depoimento; b) = 6 Iiato do depeinnts €) — 0 objeto do depotmento; 4d) — a obrigatdriedade do depoimento. 62, “Para que o depoimento de ume parte sirva de confissio, ne- cessario se torna que suas palavras se refiram, elaramenta e de forma. init 20 objeto do litigio” (Ac. T. J. Séo Paulo, Arqutvo Judi ctério, 59/219). 65. Vide cap. 1m 64, Vide ns. 65-70. Do DEPoRMENTO FESSOAL 43, IL — Do Proponanre po DrPomMEnto 95. O depoimento pessoal é meio de prova. Como tode meio de prova, pode ser propasto pela parte que tiver interésse na de- monstracio dos fatos, como também ser determinado ex officio pelo jue Nem sempre assim se entendeu no direito patio. ‘Ao tempo das Ordenagées Afonsinas, do velho direto portu- és, $6 a0 autor era Hicito pedir o depoimento do xéu. Desde as irdenagées Manuelinas ficou consagrada a igualdade entre os liti- gantes, admitindo-se a ambas as partes o direito de requerer o de- oimento do adversério, sistema que ainda perdura no direito vi- gente no pais Ainda no direito anterior, o juiz, por deliberagio prépria, podia submeter uma ow ambas as partes a interogatéio” Nop porém, ordenar ex officio 0 depoimento pessoal pripriamente dito Adotando o sistema publicistico do pr fortalecendo a autori- dade do juiz, 0 Cédigo de Processo Ihe atribui também 0 poder de promover as provas que entender necessirias ou conve- nientes para a formagio de sua conviccio, e, pois, o autoriza, mes- mo sem provocagio das partes, determinar 0 depoimento de qual- quer delas, ou de-ambas Tal poder emana da regra contida no ast 179% daqule Cédigo: — 44 requerimenta ou ex oii, o juz poderd, em despacho motivado, ordenar as diligéncios nec 4 instrugo do processo e indeferir as iniiteis em: relagéo a seu objeto ou requeridas com propdsitos manifestamente protelatérios”. Em sama, 0 depoimento pessoal pode ser requerido por qual- quer dos litigantes, ou ordenado ex officio pelo j io, ativo ou passive, necessirio ou volun- arts, 88 ¢ 94),5% qualquer dos litigantes ia, no s6 porque, sero considerados em 65, CAMARA LeAt, 0. €., 0. 9; Canvarsio Santos, Cédigo de Process 30 Civit Interpretado, 3° v,, p. 292; Gaxsomner, 0. c., 2° V,, B. 287. 6, Vide ns. 84-90. 67. Vide n. 90. 68. Vide n. 91. 68-A. Anteprojeto cit, de AurnEv0 Buzar, art. 148, 68-B. Anteprojeto cit., de Aurazna Buzam, art, 55 © 58. Md ‘Mosovr Amanat Saxtos de Proc. Civil, art. $9),68-© como também porque “o direito de pro- mover os atos do processo cabe, indistintamente, a qualquer dos Titonsortes” (Cad de Proc. Civil, art. 92). +) — Quando qualquer das partes chama outrem a autoria, pode- rao verificar-se trés hipéteses: I— 0 chamado & autoria compazece © assume a defess; II ~ no comparee; IIT — comperoce e confesse © pedido, Na primeira hipétese, o denunciante deixou de ser parte na agio ©, conseqtientemente, nfo pode mais produzir provas, nao pode pedir © depoimento do adversitio. Mesino porque, em tal caso, “ defeso fo astor Itigar com o denunctante” (Cod. de Proc. Givi, art $1). Na segunda hipétese, porém, a causa continuaré como denun- ciante, que, como parte, a quem cumpriré defender a causa até final sob pena mesmo de perder o direfto & eviecio (Céd. de Proc. Civil, art, 98), poderd provocar o depoimento do adversério.” Ena terceira hipétese? O chamado & antoria atende a0 cha- mamento, mas confessa 0 pedido, Ao denunciante estio tragados pela lei os caminhos que podori seguir: “Se o denunciado con- fessar 0 pedido, poderd 0 denunciante prosseguir na defesa” (Céd. de Proc. Civil, art, 97).7°4 Explica Prono Barista Manmvs: “Se 0 deaunciado, entretanto, comparece e confessa o pedido, ao denun- ciante seré licite tomar qualquer das seguintes atitudes: conformar-se fe exercer logo 0 direlto decorrente da eviega0, ou nfo se conformar 0, quo poder ser fraudulenta, e, neste caso, prossoguir ‘Assumindo aquela atitude, deisou de ser parte no feito, ocorendo a Figura © as conseqiiéncias da primeira hipétese; assumindo esta atitude, como litigante que continua sendo, poders, como na segunda hipétese, solicitar o depoimento do adver (6-C._Anteprojeto cit, de Aurnsoo Buzaw, art. 57. Manguns, Instituicdes de ‘processuat Anunat. Santos, Primeiras linhas de direito processual ctvil, 2° v, 1. 303, Do DePORSENTO PEESOAL 5 ¢) — Nomeando 0 réu alguém A gutoria, ocorrem trés hipé- teses: I — 0 nomeado comparece ¢ aceita a nomeagio; II — com- parece, mas no aceita a qualldade que the foi ateibuida; UT — no comparece, Na primeira hipétese, aceita a nomeagéo. pelo nomeado, éste passa a Ser 0 réu, deixando de ser parte quem 0 nomeou. Ao no- teado, no ao réu primitive, pois, ser Keito requerer depoimento do sutor.72 Nas duas outras hipéteses, aplicarse-4 a xega do pardgrafo nico do art. 99, do Cbd, do Proo Civil. "So @ pessoa nomeeda nao comparece, ou se negar a qualidade que the fér atribuida, o autor poderé prosseguir conira 0 nomeante € 0 nomeado, assinando-se nove prazo para a contestagdo”. A situagio do nomeante e do nomeado dependerd, pois, da atitade do autor; se contra ambos prosseguir 2 acio, estabelecido o litiseonsérefo, qualquer déles po- der requerer o depoimento deste; se prosseguir apenas contra um déles, apenas a ésse ser& facultado usar do direito de requexé-lo. ) ~ Pela oposigéo, um terceiro, que se julgue com direito, no todo ou em parte, 20 objeto da causa, podert'intorvir no pro- cesso para excluir autor e réu (Céd, de Proc. Civil, art. 102)."28 O opoente 6 uma nova parte: parte numa verdadeira acZo contra a partes origindrias.”° Em conseqiiéncia, serthe-d Hfeito requerer 0 depoimento dos sous contendores — autor © réu."# e) — A figura da “assisténcia” consta de um tnico artigo (5d. cit, art. 93) € af mesmo, como acentua Loves pa Cosra, deliena- da de modo algo confuso."8 7. Chwara Lean, 0, ¢, m. 14; Ganarmn x Rezmxar Fino, Curso de aireito processuai civil, 1° tituigdes de diretto processual ‘20s, Primetras Umhas de diret "2-A, Anteprojeto elt, 72-B, Anteprojeto alt. 74, Canvanno Sanzos, 0. ¢ loc, cits; CAMARA Lest, 0. ¢, m. 12, 7S. Loves pa Costa, 0. c., 3° v, ms. 344-361. 0. Anteprojeto ity_de Atempo Buzai, refoninula 0 Instituto da assisténcle (aris. 16 Moscyr Anant SiNTOs 0 assistente, embora equiparado ao litisconsorte, néo é litiseon- sorte, néo é parte, mas apenas assiste a uma das partes, Como nko é parte, mas tho 36 atstente da parte, seoundicio da relagio processual, nio pode pedir para si prop nem reconvir, nem allerar, restringir on ampliar 0 objeto da causa, Mas, porque se equipara ao litisconsorte facuiltativo, suas ative dades processuais nfo se subordinam as da parte assistida, om le se comporta como se fdsse um litigante distinto, igdes se acha autorizado a impulsionar © processo, legar, excepcionar, oferecer provas, arrazoar ou de- beater, recomes, ainda que o assistido soja revel, ou nada alegue ou prove, ou nio excepcione, nem discuta ou nao recorra.7® Decorre da propria feigho da assisténcia que ao assistente 6 dado promover 0 depoimento do adversario do assistido.”” f) ~ Por moio de embargos de terceiro (Céd. de Proc. Civil, art. 707), que so uma verdadeira agi, éste, por sofrer turbagio ‘on esbulho em sua posse, ou direito, por efeito de pechora, de. pésito, arresto, sequestro, venda judicial, arrecadacio, partilha ow apreensio judicial, poderd defender seus’ bens. Agio inchufda entre os processos acessérios pelo Cédigo (lv. 52, tit, VIL), neta o embargante é legitimno autor e, pois, osigio dos credores concorrentes, no concurso ere- le Proc. Civil, L017 a 1.030), em que se disputa preferéncia ou. rateio de eréditos, ¢ mesmo se discute nulidade, simulaggo, fraude ou falsidade das dividas ou contratos (Céd. de . Civil, art, 1.024), ¢ de natureza a permitir que cada um dos credores possa promover o depoimento de outro e, conforme os casos, como nos de simulagio fraude, mesmo do executado. A éste, sendo-lhe Kcito igualmente, impugnar créditos,78 também deve ser concodido o poder de requerer depoimento dos credores titalaros dos eréditos contra os quais se insuzge, 76, Peono Bansza Matus, 0. ,, 19 v, p. 295; Lopes ps Costs, 0. ¢, 8° v, ng. 844-861; Gann be Rezennk Friato, Curso de direito processuat ‘civii, 1.9 v, cap. XEXV: Faunsnico Matauss, instituicdes Ge direito processwal civil, 2° v.. § 19; MoacyR Ancatal, SANTOS, Primei~ ras Unhas de direito processual civil, 2.°¥., n. 319-0 65. Ti. CAMARA LRat, 0. ¢., 0. 11. 8. Frasca, Teoria ¢ Phatica na Brecuedo das Sentengas, p. 112; Aitcin pr Cistno, Comentarios ao Cadigo de Processo Civil, 10 v., 1. 501; Buzain (Alfredo), Do coneurso de credores no processo de exe upto, 1952; Moacrn Auchzat, Santos, Primetras linkas de direito pro- eessusl civil, 3° ¥, n. 913 6 &. Do peromtmito FEESOAL ur 96. Atribuindo ao juiz a faculdade de promover, ex officic sénclas necessérias 4 structo do proceso (Céd. de Proc. 117), no quis o legislador se substituam as partes por a no que diz respeito ao émus da prova. Em outras palavras, ao juiz nfo cabe, em regra, tomar a iniciativa © corrigir, no tocante & ins- teugio da causa, as fates deinades pelos Itgantesdisplcentes, des pcoeupalos, desprevenides ou manhowes As partes € que eumpre fomecer o material probatério de suas alegacées,”° nfo s6 propondo as provas com que pretendem demonstrar a verdade dos fatos em \dam 0 seu direito, como providenciando no sentido de sua Ss 0 juiz precisa, para decidir, formar convicgiio quanto aos igiosos. E poder acontecer que nas provas propostas pelas mesmo nas provas roduzidas, nfio encontre éle manancial fu meio suficiente @ satisfagio do seu espirito, que, em face da controvérsia_ou de circunstancias constantes dos autos, reclama, para formagao da convicgao, se esclarogam certas questées, ou certos pontos destas. Quando isso acontege, tem o jniz 0 poder, e mosmo ‘o dever, de ordenar, ex officio, as diligéncias necessérias 4 perfeita instrugao do processo, de forma a que possa afinal, com conviceio, bem decidi ~ quanto A proposigéo de provas, é pois suple- cast fingao 0. projeto de Codigo OP okeo , de Cannecurtr: “Se do resultado da prova produ. on ainda em curso, surgir a necessidade de completé-la ou de itir outro mofo instrutério relativamente a novas circunstineias, © juiz, a pedido da parte, ou ex officio © nos limites dos poderes que a lef The concede para a instrusio da cause, ordenarl as ne- cessirias providen Com ésse espirito, para esclarecer ou completar a prova, per mitir se clucidem circunstincias que desta resultaram imperfeita- mente demonstradas, quicd imprevistas ou imprevisiveis 4s partes, ou, ainda, com o de precisar e delimitar melhor os fatos controvertides ¢ assim facilitar a sua prova, bem como sempre que reclamé-lo o seu espirito para formacho de’ conviegio a respeito do litigio, ao juiz sempre 6 licito ordenar, ex officio, 0 depoimento de quaisquer ou de todos litigantes.8 48 ‘Moscya Amanat, Santos Ul = Do Supro po Dzpom=Nro: 97. Sujeito do depcimento pessoal, ou depoimento da parte, © priprio nome do instituto estf indicando, ao pode senlo. ser quem for parte no processo.® E isso mesmo diz'a lei (Céd. de Proc. Civil, art, 229 seus pardgrafos), ao regullar a matéria: — “O depoimento da parte srd sempre..." a parte cord inquie...5 “se « parte no comparecer.. Allés, é Wégico. Sendo 0 depoimento pessoal melo de provo- cagio da’ confissao, nfo se compreende possa depor quem nao se acha em condigdes de confessar. Donde, somente quem for parte no feito ¢ tenha capacidade para obrigar'se pode sér constrangido 1a prestar depoimento, assunto, jé devidamente ventilado anteriormente,®® nfo ne~ cossita venha aqui reproduzido. J se disse o bastante. Pode depor ‘quem possa confessar. ‘uma circunstincia diferencial apenas: a confissio pode ser feta por procurador da parte, com poderes especiais, enauanto quo o depoimento & ato exclusive da prépria parte, vedada sua produgio por meio do procurador.$¢ Proferida a sentenca, nao estando restrita & oportunidade do des- acho saneador, a que se refere 0 art, 295. Justificada a necessida- Ge da diligéncta assim ordenada, ‘edo contra 0 despacho, que a deter Gb’ processo™, (Aer. J, Distaito Federal, arquivo Judletdrio, 81/231; Direito, 8/381) as provuo requeridas ou produits elas’ partes, podende, por sus Inlelstiva, ordenar a reallzaedo das que ferem cabivels e’ necessa~ rias ao completo esclarecimento da controvérsia” (Ac. T. J. S30 Paulo, Revista dos Fribuncis, 190/660) jalidade de representante do Minis~ exercicld de suas fungdes, néo pode ser compelido a prestar depoimento pessoal, mesmo porque néo tem poderes para sar” (Ac. T. J. $40 Paulo, em Revista dos Tribu- 84. Vide n, 47. “Na justica comnm 0 depolmento pessoal é ato direto, da prd- ria parée, Nao se admite externado por procuradar” (Ac. 'T. de Algada do SGo Paulo, rel. des, Caxtipiano be Atwetps, em Revista dos ‘Tribunais, 230/378) “Na sistemAtica do Cédlgo de Process Civil Nacional o depol- ‘mento pessoal no pode ser prestado por intermédio de procuradnr” Do DEFOMENTO PESSOAL v9 98. Os tereeiros que intervém no processo, de forma que assu- io a posicao de parte, esto sujeitos a prestar depoimento. 44) = O chamado & autoria, vindo a juizo, toma a posigéo do demunciante, como seu substituto processual (Géd. de Proc. Civil, art. 97), e pois, como parte, deverd submeter-se & obrigagio de depor.8® 1) — Nos mesmos casos em que 20 nomeado & autoria 6 licito promover 0 depoimento do autor,3° poder sor constrangido a depor. Comparecendo a juizo ¢ accitando a nomoagio, toma a posigio de xéu; mio comperecondo ou comparecendo, mas negando a qua- lidade que Ihe foi atribuida, mas contra le prosseguindo a de- manda, também assume a posigio de réu, Em qualquer das hips- teses, néo poder eximir.se da obrigagio de depor. 2) = Bela mesma rao que 20 opocnte © depoimento dos contendores,*" se justifica a obrigagdo, que tom, de atender ao pedido de depor.® 4) — Diversa a sitvagio do tente, eis que nfo & parte no Conquanto equiparado ao litisconsorte do assistido, ao qual auxilia, néo pode prejudicé-lo nem ser condenado. Sua confissio, conseguintemente, seria inécua, donde, inttil provocé-la por meio de dopoimento.®* The. T, de Aleada de Sio Paulo, rel, o julz Anuaman ve Torsno Lyra, am Revista dos Tribunais, 236/301) “A. jurisprudéncia tem-se ado, pela inadmissibilidade de depoimento pessoal mediante procurador”. (Ac. T. J. de Sio Paulo, rel des. Ciro Pirro, em Revista dos Tr “Entendo que a confiss60 pode ser felta por meio de procurador, mas néo 0 depoimento pessoal. Cédigo de Proceso Civil trate, fo mesmo capitulo, do depoimento pessoal e da confissio, Dai 2. divide, Mag tenho como certo que, quando o art. 230 dispde que serd valida a confissio da parte ou de mandatario com poderes es- pociais, ae refere, quanto a esta ditima hipétese, & confissio me- Glante’peticao © ‘neo e que se faz em depoimento, Delxa-o ver 0 war que @ confissdo podera ser felts or peticéo on em “depoimento’ ‘do Supromo THbunal Federal, Fel iain ou Gators, em Arquivo Judiclri, 99/261) 8. CAMARA LEAL, 0. ¢., 1. 84. 150 Motcyr Antazat, Santos. regra, eximir-se de prestar depoimento. “Exatamente a obrigatbrie- dade de depor, do que mais adianto falar-so-4,9° & uma das carac- toristicas do insttuto, Mas, da mesma forma que sdmente pode ser constrangido a depor quem possa validamente confessar, todos aquéles que se nio acham habilitados a confessar, ¢ dos quais jé se tratou suficiente- mente,%! ficam inibidos de prestar depoimento. Se a parte, por defeits de capacidade juridica de obrigar-se, nao pode confesser, nfo 0 poderd tio pouco ser provocada a isso.82 100. Mesmo a parte nfo por vézes © em dadas hipéteses, Pode escusar-se de dar depoimento. Tais escusas, geralmente, sio do duas ordens: pessoais oa formais. a) — As escasas pessoais decorrem de condigéos fisieas ou mo- rais da parte, quo impogam 0 sou depoimento. X parte; ou por eafermidade, on por deito fsic, ou ainda por circunstiacias de natureza moral, ot mesmo por motivos outros jue a ésse se assemelhem, encontrando-se em estado de nao poder oper, assiste 0 aiteity do escusar-se ao interrogativio, “f neces- séro, porém, que o obstéculo, ou impedimento, seja legitimo, isto & que realmente a impega de depor. E peninitida @ eseusa para o depoimento pessoal mesmo depots de iniciada a audiénela para que éle fol designado” (Ac. T. J. 380 Paulo, Revista dos Tribunais, 129/608) . Quando a parte nao pode comparecer no dia designado, havendo motivo justo, requer 0 adiamento, mas uma vez aplicada a pena nfo 6 mais possivel suspender os seus efeitos”. (Ac. T. J. Sao Paulo, Revista dos Pribunats, 199/218). “O curador de residuos, na qualidade de representante do Mi- nnistério Pablico e no exercicio de suas funedes, nfo pode ser com- pelido a prestar depoimento pessoal, mesmo porque nao tem poderes para transigir © confessar”. (Ac. T. J. Sao Paulo, em Revista dos Tribunais, 172/525) 98. Marriot (ChntaRa Leat, 0. Gy 2° v,, m. 763; Lessons, 0, ©, L° v., n, 582; ‘ns. 58 e ss Do DErOIEENTO PESSOAL wl vvigente, principalmente em face da confissto técita, ou presumida, canseqiiéneia do mio comparecimento da parte para depor ou re- cusa de prestar depoimento ¢, por isso mesmo, convém deixé-la para mais detido estado no desenvolvimento do capitulo seguinte. Por ora, basta se saiba if mento, nio é i ciente’ a imposstb Mas, por outro lado, um leve inedmodo, uma Imente siperivel no constituem motivos ponderasos para justificar a esousa.®® Em qualquer hip6- juiz compete indagar das razbes om que se funda o impe- dando-o por existente, ou no, segundo conviegio que elas the resultar. b) — Exerce certa influéneia a forma no institut do depoimen- to pessoal. Da falta de observincia de algumas de suas condigées formais, ou processuais, resulta direito & parte de escusar-se a depor, Das escusas formais, falar-se-& no capitulo xeferente ao procedi- mento da confissio.®” 101. Questo interessante, e que ovorre surgir com freqiién- cia na vida forenso, 6 a controvérsia quanto & admissibi do depoimento de certas pessoas que, niio sendo partes no feito, agem como representantes legais destas ou demonstram interdsse, embora mediaio, na solugio da causa Certo & que representantes legais de incapazes, quanto a neg6- ios déstes; falidos, com teferéncin a interdses da mass procera dores com poderes de administrago, no tocente a atos do admi- 7 jul alspensou 0 aulor de prestar depelmeno pessoal, por The parecbr de tod desnecesatin, park o enenrasiments da questa, es Pareto 00” demo ao a freuleace que ine aisbul o art. 17 do BEslgo ‘ae Brocesco Civ, ‘Alem do que, eat provado sero aulor pela homem de ayancada idade, doont, impoedblitado de prestar Bwecimentah he. TS. Sho Pula, oka Revlsta dos Tribunals, ise). 10 ead revelando “nfo se achar a autora em condicdes men~ Vide capitulo On OT, ‘Vide cap. ‘VIL 152 ‘Moscys Aacanat Santos nistado, mas por éles praticados; agentes de pessoas juridicas, sem capacidade para representi-las, mas que participaram da criagho do ato, @ ainda outras pessoas em condigoes semelhantes, sio, no eral das vézes, pessoas em condigges de melhor que’ ninguém esclarecer aquéles negécios, atos ou fatos, porque diretamente par- Yipes na sua formagio ou desenvolvimento, No entanto, como niio so partes, nfo podem ser forgadas a depor como estas 0 so, pelo principio de que sb as partes € Ifito exigir-se depoimento pessoal, Porque s6 elas podem validamente confessar.°% Contudo é principio, universalmente acatado ¢ reconhecido no sistema juridico by que 20 procasso cabe fomnecer ao juz 0 conhecimento da verdade relativamente aos fatos litigiosos. & nesse aquéle objetivo. Por outto lado, e ainda como conseqiiéncia do mesmo prine!- pio, @ todor quo stuam no proceso incumbe, indistintamente, 0 lever de dizer a verdade. © conhecimento da verdade poderd, quantas vézes, ser facili- fade, mesmo resultar das declaragdes press por aquelas pos soas que teriam sido parte na formagio do ato ou no desenvolvi- mento do fato controvertido, Delxar o juiz de ouvHes seria, velmente, sacrificar o fim objetivado pelo processo, com real pre- julzo a justiga © 2 ordem juridiea, Mas ouvi-las em dopoimento pessoal? Tal nfo Ihe seria a mitido, porque a prosti-lo s6 podem sor constrangidas as partes em pessoa, © mesmo entre estas exclusivamente as que tém capacidade para confessar. Ouvilas como testemunhas? Mas nessa qi nfo podersio aparccer no processo, porque proibidas’ de depor, Guindo mais nib sela por forem interessadas no objeto do itglo (Céd. Civil, art, 142, n. IV; C6d. de Proc. Civil, art. 235).2° a) — Em que qualidade pois? Cortamente, nao est o juiz impedido de interrogé-las, eis que no hé dispositivo legal vedando-The ésse poder. Ao contritio, se- gundo a rogra do art. 117, do Céd. de Proc, Civil" o juiz poders, 98. Vide n, 50, 99, Vide 8.2 v., ns, 60-69, Anteprofeto cit, de Aurmo Buzam, art. 440, 98-A, Anteprojefo cit., de ALFREDO BuzaD, art. 148. Do DEPODIENTO PESSOAL 153 mesmo ex officio, ordenar as diligtneias necessérias & instrugio do Processo, sem restrigao alguma, salvo as que ofendam a lei ou ao d= reito. Interrogando-as, quando necessério, atenderé a finalidade do Proceso, Além do que, o direito néo veda metos de instrugio néo espe- cificados na lei, tanto que o juiz formar livremente 0 seu conven- Cimento, apenas atendendo aos fatos e circunstincias eonstantes dos autos, ressalvada a hipétese da forma ser da substincia do ato (Céd. de Proc. Civil, art. 118).5° Assim, pareco que nada obsta posta o juiz tomar depoimento das pessoas em questo, denomine-se ésse ato simplesmente depgimento (aio depoimento da parte) ou mesmo depoimento de informante. © ato o meio pelo qual se informa quanto aos fatos de pessoas que, sendo terceiros, niio podem ser constrangidas a pres- tar depoimento | nem ser admitidas testemumhas. Tanto mais ser4 justificadamente admissivel o depoimento désses terceiros quando a éles houverem feito referénoia, como sa- Dedores dos fatos, quaisquer das partes ou testemunhas, Aplicar- -se-4, nesta hip6tese, a regra contida no art. 210, do Céd, de Proc. Gi- vil: — “O juiz poderdé ouvir terceiro, a quem as partes ow testemu- has hajam feito referéncia como sabedor de fatos ou circunstdn- cias que influam na decisio da causa...” Nao se diga, como Canvatno SaxTos © o préprio Pano Ba nnsra, Manmans, que 0 transcrito dispositive eogita da ostemanha referida”- Porque, para ouvia, 0 jul tem apoio legal no at Mais acertado seré interpretar-sc a Iei dando lo mesmo estatuto, © a0 sistema, por éste estabelecido, que 10 juiz. amplitude de poderes na instrugao da eausa, podend tal fim ouvir tercei- 0s, como aquelas pessoas 0 sio na realidade, uma vex necessérias as suas declaragses. b) — Porque tais depoimentos nao constituem depoimentos da parte, das declaragées déles constantes nio poder resultar confissio, mas tio sdmente “elementos de conviegio para a autoridade judt ante, os quais, unidos a outros elementos © a outras prosungées, Aecorrentes das circunstincias da causa, valeréo para completar 2 prova do fato” 100 Precisamente porque nfio constituem depoimento da parte, nfo podenn set ordenados sab pena de confisio” A obrigatbnedade de 00-B. “Anteprojeto cit., de Auraso Buzat, arts, 149, 361. 100. Canvanmo Sunr0s, 0, ¢, 3° v,, p. 178; Peoxo Barmera MARTIN, 0. ey 2° vp. 447. iol, Marmmoto, 0. ¢, 29 v, n. 772, 154 ‘MokcyR Auinan Santos semelhantes depoimentos apenas emana do dever que todos tém de em juizo dizer a vordade. O néo comparecimento, ow a zecusa de depor, poder, quando muito, acarretar indicio em favor da ver- dade dos fatos argitidos pelo adversitio da parte & qual 0 terceiro ‘esti ligado pelos lacos da representagio ou mesmo do interésse. IV — Do Osjet0 po Dzronsexro 162. Come o abjeto das demais expécies de prova, 0 objeto do depoimento da parte sio os fatos, nao 0 direlto.™ ‘Aligs, 0 objeto do depoimento © mesmo que o da contfissio que por éle se provoca, assunto ja suficientemente debatido no es- tudo feito dos elementos desta. 10% 103. Contudo, alguma coisa hd ainda a dizer-se quanto aos fatos objeto do depoimento. Constituem todos os fatos, em prinofpio, matéria de interroga- t6rio, mas dado o fim principal do depoimento da parte, que é ten- tar sua confissio, costuma-se, exatemente para que esta possa surti, cerclrlos de condigbes, cuj téncia acarretaré a inadmissibi- lidade do depoimento on o direito A parte de recusar-se a depor ou mesmo a responder. Reproduzindo © direito tradicional, constante das Ordenagées, liv. 32, tit. 53, do que jé se deu noticia pouco atras,! o Reg. n. 737, da 1880, act, 308, no que om seguido pea generalidade dos obaigoe do processo das unidades da Federagio,0 dispunba, expressamente: “Para que a parte seja obrigada a depor é essencial: § 2 — que os artigos sejam claros, precisos, no contraditérios, ‘néio criminosos, ¢ nem meramente negatives; § 29 — que os artigos versem sbbre matéria de fato, © sbbre coisa corta, e pertinente ou conexa com a causa”. Ord, liv, 3.9, bit. 53; Prusma'e Sous: 9, 67 § 428; RaMato, 0, en $ 30 ‘Monirero, 0. c., § 148; CisaRa Lean, © ¥., B. 288; Dz Puicto © S1:¥4, 0, ° Vi, B. 256. 105. Vide n. 84. Do perometo PESsoxt, 188, Estavam af claramente indicadas as condigdes cocxistir nos fatos, para que o depoimento fbsse gada ficands a parte de presté-lo sempre que di vadas a requisites legais obrigatérios, néo se & parte nfo compareser para depot, ou, compa a depor, sob a alegacao de que os artigos sio obseu estranhos 3 causa, contraditérios ou meramente negatives, © 0 entender que do fato o sfo, ficaré a parte isenta da pena de con- fessa, que niio the ser pelo juiz aplicada, visto como a aplicacio dessa pena supée a obrigacdo de depor, ¢, em tais casos, nio é a parte obrigada a depor”.2°" Muito embora io dis- potha de regra semelhante, nfo hé diivida que, com apoio na doutri- na, ficou a0 juiz conferido o poder de admitir o depoimento tio sd- mente quando verificadas aquelas condigées sem as quais 0 fim visado por ésse meio de prova se toa dificil, quigh imposstvel de ser al- cangado, Entre essas condigdes se acham as que dizem respeito & matéria do depoimento, Os fatos, além de serem da natureza da- queles que podem ser’ provados por confissio, pecisam ser apro- sentados ao depoento de modo tal que a recusa a depor ou a recusa a responder possam ser admitidas como técito reconhecimento de sua veracidade, Na falta de um dispositive do lei regulando as condigées que devem revestir os fatos e assim ser admitido o depoimento, urge apegarss, pas apontilas © citebles, 2 direto tricone, & dow tring e & jurisprudéncia, ‘Com ésses guias, chega-se & conclastio de que os fatos, objeto do depoimento, deve apresentar as seguintes condigoes: a) — ser pertinentes; b) — ser influentes; ¢) — ser precisos; 4) — néo sor meramente negativos. deveriam ie, 0 Céd. de Proc. Civil,i™ vam de fundamento & pretens30 do autor ou do ru ¢ quando, haaje nexo légico entre sua determinaciio 0 o direito por éstes invoeado.. 108. Jofo Mowzezro, 0. ¢ loc. eits.; CAmans Lea, 0, ¢,, 5. 26 ¢ $3.3 ALSINA, 0. 6, 2.0 ., p. 257 10%. Ciara Leas, Cédiyo de Processo Cuil e Comercial do Es- tado dé Sdo Paulo, 68. 1OT-A. Anteprofeto cit, de Ateneo Buzam, art. 377, 108. ‘Marrmoto, 0. c,, 2° v., n. 731; Chsana LeaL, Depotmento pessoal, n. 27; Lesser 19 ¥,, n. SLL; Neves # Casto, 0. ¢., n. 83. 156 Moscyn Amanat Satos Indispensivel & a pertinéncia dos fatos,2° mesmo porque de ada adinntariam depoimentos sobre fatos nfo concementes & cause E, por prinefpio probatério, néo se prova o quo é init A exigéncia sempre foi expressa no dircito anterior. Jé as Ordenagées, liv. 8°, tt 88, § 2 roelamavam como, condigao” para {que 08 artigos sejam pestencentes ao feito de que se : a, 737, de 1650, art, 208, repetia a exigéncia, no que era seguido pelas Ieis processuais das unidades da Federagéo." Mesmo os antigos doutrinadores proibiam positiones imperti- nentes, como tais sendo quae nec directe, lirecte, nec prae- sumplive, nec ullo modo ad causam conferu a 96 admitir as pertinentes, com \do “quae directe, indirecte, principa- ter, adminiculative, , conjuntive, vel quocumque alio Coavém acentusrse, no, entanto, quo a impertinenia, para eximir a parte da obrigagao de depor, deve sor absolutn © nO ro- Jativa, real e nfo aparente.122 Por outro lado, preciso 6 sé diga que a pertinéncia tanto pode ser direta como conexa, Por dirota se entende quando entre os relagdo direta ou imediata, “quando os fatos a 2 propria matéria do litigio”; pertinéncia por conexio se dé “quando os fatos, posto que no constituam a ma- téria imediata da demanda, tém contudo uma certa ligagéo ou de- pendéncia com o objeto da causa”. Uma e outra justificam a hdmissibilidade do depoimento. Nesse sentido jé dispunham as Ordenagées, liv. 39, tit, 53, §§ 2°, 3° © 4°, ¢ ensinavam Monass Canvauno ¢ outros’ ilustres praxistas."4 105. Os fatos devern ser infiventes, entendendo-se como tais 5 que reclamam prova pera a formagio da necessérla conviegio do juiz. “A prova nio tem outro escopo senio fornecer ao juiz 108, Marra, $¢ Joe, lis) ete, Oe panior, Chseaka Lest, 0, ¢ loc. cits; FaBRrcurrrss, 27; Neves = CastR0, co, art. 202; Bahia, art, 238, ‘Janeiro, art. 1.254, n, 3; Dist Santa’ Catarina, ‘art. 718, § 4. as, art. 278, n. 3. U2, Lessons, 0, ¢’Ioc. cits 11S, GAmana ‘Lest, Depoimento pessoal, n. 21. 11, Monats Canvirxo, 0. ¢., § 428; Sousa Puvzo, 0. ¢, § 1.101; RAMALHO, 0. ¢., § 180, nota’ e, Do DHRONKENTO PESSOAL 157 elementos de convicgio; conseqiientemente, basta que os fatos, que se queiram provar, sejam titeis & solugdo da causa, mesmo que néo a abranjam totalmente”. De nada adiantaria interrogar-se @ parte para indagar de fatos que, embora alegados, nenhuma influéneia exercam na deciséo do litigio. De aplicar-se aqui o brocardo — confessus pro tudicato habetur, no sentido de que ¢ initil interrogar-se a parte sbbre fatos que reconhecidos verdadeiros nao importem em confissio do inter- rogado. Como a matéria do depoimento deve ser influento, resulta, em conseqiiéncia, que nio deve ser ésse meio de prova admitido quan- do os fatos, ou obrigagées, que pretenda demonstrar, néo slo passi- ves de eotfissior 1)" por nip serem prépnos ¢ pessoais do de- jpoente; IL) por nao serem de natureza suscetivel de remincia; IIT) por serem de natureza que reclame forma especial.220 a) — Advirta-se, com GaRsonner, que, nfo obstante certos fatos nfo sejam suscetiveis de confisséo, como os relativos a questées de estado, podem, a critério do juiz certamente, constituir matéria ‘objeto de depoimento pessoal, nao para levar 0 depoente & confis- io, mas apenas para completar ou encaminhar a inquirigéo de tes- temunhas.27 b) — Sexo influentes ¢, pois, constituem objeto de depoimento fatos tidos ccmo inverossémeis? Alguns eseritores, como Rice, sio pela negativa.8 Contra a opiniio désses se insurgem outros, Marrmoto ¢ Lrssona 2 frente. Marmmoto, entendendo que um fato, s6 por parecer in simil, nfo deve doixar de set submetido A prova, argument gumnas vézes, 0 vordadoiro nfo 6 verossimil: a verossimilhanga 6 Gparéncia, nio realidade; ela constitui, pois, no méximo, uma pre- sungio, que deve ceder & prova em contririo, Por isso mesmo 0 juiz no pode recusar admissio & prova, seja por depoimento pes- soal, seja por testemunhas, oferecida precisamente para contrariar aquela presungso.42® 115. ‘Rrcot, Prove, n. 251. “Pode o juiz indeferir pergunta A pai desta, desde que se trate de indagacio supérflua” (Ae. T. de Algada de Sao Paulo, Bextor, em Revista dos Tribunais, 301/60: 116, Vide n. $0, Garsomnsr, 0. ¢ loc. ei 158 ‘Moacye Antara Suxvros Com ésse argumento, justamente louvado por Lrssowa,!2 pa- rece mais acertado consentir-se no depoimento de fatos tides como nverossimeis, Ademais, como a inverossimilhanga deve ser consi- derada objetivamente, no conhecimento do: proprio fato, mais uma rezio existe para producéo da prova relativa a éste. Feita, aquilo que era inverossimil passaré a ser verdade, segundo 0 grin de con- vicgdo que produzir no espirito do juiz. 106. Os fatos devem ser precisos, isto 6, determinados, de forma niio permitir se Ihes d8 sentido vago ou indeciso,! Preciso é 0 fato quando certo @ doterminado, devidamente os- pecificado, “Assim — observa Ciiacima Luan, — versan sobre bens, é necessirio que éles fiquem niti 08. méveis por seus caracteristicns, o3 iméve ¢ localizacao, os fungiveis por sua q Justteave a exgéncia desta condigio. Porque dificmente @ pare podria responder com seginanca quanto a ftos ou obriga- leterminados, nfo individuados com clareza, nem a0 juiz ito conferir cardter de confissio a respostas confirmatérias de fatos ou obrigagdes imprecisamente apresentados ao depoente.!®? condigao corresponde exatamente A prescrita nas Orde- 39, tt 53, pry — “que feitos sobre coisa certa” no Reg. n. 787, de 1850, art. 208 — “que os artigos ver- sem sobre coisa certa” — ¢ na generalidade dos eédligos de processo das unidades da Federagao.1%4 4) ~ Porque a confissio deva ser clara e certa 125 ou soja provir de uma declaragio isenta de qualquer ambigitidade, forgoso é que 08 fatos sobre os quais depde a parte sojam certos, determinades, precisos ¢ claramente expostos. 120. Lessona, 0, ¢., 19 v,, n. 513, 421, Ciara Lxat, Depoimento pessoal, n. 28, ¢ Cédigo de Pro- cesso Civil e Comercial do Estado de $40 Paulo, 2° v., p. 64; .a_parte sirva de confissio refiram, claramente, e de (he. FT. Bio Paulo, Arquivo de Broc. de Pernambuco, art. 292, 1.9 ¢ 3.9; Bahia, art. de Jancizo, art. 1.254, 1° e'2.°; Distitto Federal, , att, 284;" Santa Catarina, art. 713, § 49; Rio e"o"; Minas, art. 278, Lc e'3., 5. ¢s, $148; Revista dos Tribunais, 95/400. Do DEPOIMENTO FESSOAL 159 Da imprecisio dos fatos, ou da falta de clareza na sua expo- sigo ao dopoente, resulta que a sua confirmagio por éste nilo equi- vale A confissio, sogundo o precoito romano — semper in obsoutris, quod minimum est sequimur 2° Mesmo porque quem afirma coisas Jmprecisas, ambiguas ou obscuras, nio demonstra estar possufdo de animus confitendi, elemento indispensivel A confissio. 1b) — Como consequéncia, para que o depoimento se tone ad- missivel urge néo sejam os fatos contraditérios ou contraditéria- ‘mente apresentados ao depoente;#7 de modo que as afirmaghes se repilam. reciprocamente. Vale a pena, como elemento elucidativo, transcrever os pari- grafos 5.° ¢ 6° da citada Ordenagio do liv. 3°, tit. 53: “A terceira coisa que se requer & que os artigos nfo sejam em Si contri: porque sendo-o de mancira que a parte, que os fas néles se contradiz, a outra parte ndo sera obrigada a depor a éles. “-4 Contudo, & vista do sistema do Oéd. de Proc. Givil, ao juia seri Ticito nao admitir depoimento sébre tais fatos sempre 6 verifique imitil em relagio a0 objeto do processo. Mas o inde- ferimento do depoimento nio teri por fundamento a circunstincia de serem imorais ou criminosos os fatos ¢ sim por motivo a inutii- dade do depoimento (Céd. de Pros, Civil, art 117), como quando 1s fatos, por sua natureza, no sejam suscetiveis de confissio,!8°8 ‘V — Da Osnicatormpape no Derometo 109, $6 existe confissdo nas declar mesmo condigéo da confissio seja ela livre, ooluntdria.te+ No entanto, o depoimento, pelo qual se provoca a confissio, & de natureza obrigatéria, A parte, regularmente notifieada para depor, est’ obrigada a comparecer em juizo e prestar depoimento. Nessa’ obrigatériedade esti wma das caracteristicas do depoimnento essoal. Posstifia-se a obrigatbriedade Realmente, a parte no é em regra, obrigada a comparscer em pico. Tanto que o autor pode, propor s acio « em seguila aben- doni-la, sujeitando-se as conseqiiéncias do abandono; ¢ ao réu é le cito deixar corer o feito & revelia, Mas a Iiberdade da parte, quan- to A sua atuagio no desenvolvimento dos atos processuais, encon- tdriamente itas. 163. Vide Cap. vit. 183-a. Em contrario, Anteprojeto cit, de Aurasvo Buzam, ivel e Comercial, vol. Il, p. 185). E ora bem essa, ‘uma vez ja provados 08 fatos pelo dito de nume~ . T. J. de S30 Paulo, rel. des. Pavio Barsoss, Do verommwio PEssonL 169 tra em opos do adversario on o dever da Justi seja do Estado, de igo dos mesmos atos. Com requerer 0 depoimento do adversério, a parte visa, pro- vooando sun sonfised0, exonerar-se de mais provas dos fatos que alega. E um direito que Ihe assiste. So 6 certo que a todos eumpre o dever moral de dizer a verdade, ¢ desta tem ou deve ter ciéncia o litigante, parte que reclama surja a verdade assiste 0 direito de promover sua verifi depoimento daquele que espontaneamente nfo A ésse direlto néo pode opor-se impune- , OU ios da forma mais ripida o com 0 menor gasto possivel de atividades processuais 365 wwelmente, niio pode a parte, abusando da liberdade de participar ou néo do desenvolvimento dos atos processuais, fugir ao dever juridico, que The cumpre, de comparecer em juizo ¢ prestar as declaragdes que a Justica Ihe pede para o fim de atender aquele desejo, que decorre de necessidades sociats.1°° s — no capitulo seguinte desenvolvides — justificam a obra dos legisladores, nos diferentes sistemas processuais, opondo limites & lberdade das partes, tomando obrigatério seu depoimento, quando regularmente ordenado, 110, Mas, dizendo-se que a confissio deve ser voluntériamente feita e, por sua vez, que 0 depoimento pessoal, quando regularmente ardenado, 6 obrigléric,& primeira vista parece haver aatagoninne de prinefpios. Como conciliarse a obrigatdriedade do depoimento com a voluntariedade da confissto, quando aquéle tém por fim pri- macial a pravocagio desta? ‘Apenss aparente, porém, & 0 confit. “Exigindo 0 compareeimento da parte para o depoimento, visa a Jel to somente sua participagio num ato provessual de sume sig: nificagio para 0 direito do adversério e para o esclarecimento da justica. Visa principalmente, é certo, provocar a confissio da parte, medida sempre aconselhével para solugéo rapida do litigio, com 0 Ininimo de dispéudio do atividades processuais, Mas a lef nfo exige que 0 depoente confesse, tanto que Ihe concede tédas as garantias para que deponha livremente, Por isso mesmo é interogado pelo proprio julz e sobre muatéria perti- 165, Crrovenoa, Instituciones, 39 vn. 259. 166. CHTOVENDA, 0, Cy, 3° V» #44, NS. 266 @ 58; Joxox Amtunicano, @ Comercial, p. iaRvAEMO SANTOS, 0. Cc, 3° Vy DP. 298; Céd. do Processo Civil, Exposigio de Motivos, n.4; Cod. de Bro- cesso Civil, art. 112, 170 MoscrR Auanan Sunzos nente A causa (Céd. de Processo, art, 246), em audiéncia piblica (Céd. de Proc. Civil, arts, 263 ¢ 268); ‘&Ihe Vito responder afirmando ow negan dade plas inverdados que declarar; em suma, ira de dopor, aponas eon- Joncz Ammucano dirime a aparente contradigao, dizendo que na obrigatériedade do depoimento “néo hé nada que se considere noci- yo i voluntiriedade da confissdo, porque o constrangimento 6 apenas ra parte venha depor em juizo, mas nfo sébre a maneira oe nao h& sangéo legal que constranja a parte a confessar os fatos, serdo puramente moral a obigagio que tem do dizer a verdade, de no mentir. As respostas do depoente sio livres, fruto de sua vontade, ¢ se elas, no seu complexo, fio cons- tituem confissio dos fatos probandos, a tentativa do depoimento deve ser considerada como improdnoente, salvo a faculdade con- cedida ao juiz, atendendo As condigées peculiares de cada caso, do deduzir deles prosungSes ou indicios.195 11L. Para coagir a parte a atender ao chamamento judicial & prestar 0 depoimento, estabelecou-se, desde remotas logislagées, uma pena: a de ser a parte havida por confessa caso néio compare. ‘ga ov se recuse a dopor (C8d. de Proc. Civil, art. 229, § 2°), Quer dizer que a passividade da parte ou sua desatengio & or dem judicial, quer deixando de comparecer em juizo ou de dar res- ¢ so formuladas, importario na aplicagio da pena de confissa0, Dai resulta a chamada confissdo ficta, pre- sumida, ou técita, instituto que merece ventilado com certa largueza, © que Se faré no capitulo seguinte. 167, Jonox Amsarcano, 0, ¢ loc. elts. 168. Marrmoto, 0. ¢.,'29 v., 1.758. 169, Anteprojeto cit.) de Aivaino Buzaw, art. 972, § tnico. Carfroto VI DA CONFISSAO TACITA SUMARIO: 112 — O que seja. 113 ~ Dizeitos © deveres proces- suais. 114 — Conceito de confissio técita. 115 — Fontes roma- nas e direito estrangeiro. 116 ~ No direito pétrio anterior. 117 ~ No direito patrio vigente. 118 — Eficicia da confissio thcita 119 — Seu fundamento. 120 — Sua natureza. 121 — Admissio de ova em contririo, 122 — Requisitos da confissao ticita, 123 — lespostas inseguras, respostas vagas, falta de meméria, iguordn- cia, 124 — Austacia ¢ silencio escusiveis; justo impedimento. ~ Momento de decretactio da confissio ticita, 126 — Apre- clagio da confissio ticita pelo juiz. 127 — Efeito tinico da confissio técita ; 112. A confissdo se assenta num ato positive — numa declara- Go feite pelo coufitente, Fim certos casos, no entanto, como ex- Cego & regra, considera-se haver confissio no fato negative de nfo se verificat a declaragio da parte, quando esta devera ¢ pudera falar, Chama-se a isso confissio téciéa, porque decorzente do silén- cio; ou presumida, porque nao expressa e apenas admitida por pre- sungio; ou ficta, porque criada por uma fiegéo ju As razées do seu fundamento devem ser encontradas em certos, prinefpios da processualistica. 113. ‘Tendo por sujeitos o juiz ¢ as partes, hd direitos @ deveres processuais.t “Todos os direitos processuais — escreve Gounscamamwr. — so acham em relagio causal com um ato processual, cuja finalidade é evidenciar um fato ou, ao menos, com a existéncia de um meio de 108 as partes, tem-nos o juiz, quer impere no proceso ispositivo, quer 0 prinefpio inquisitive. Com 0 princ{= ivo, os direitos daquelas s40 mais numerosos ¢ extensos; pio dispositi 1. Cmrovms, instituciones, 3° v., § 48; Gounsemuns, Teoria ge- eral det proceso, ns. 22, 27 © $8. 2. Gouscuntivr, 0. 6, n. 27.

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