Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O erro que afeta o dolo no finalismo afeta a tipicidade, e o erro que afeta o
dolo no causalismo afeta a culpabilidade.
Para efeito de prova de concurso, a maioria dos livros não aponta essa
divergência entre Liszt e Beling e se limitam a dizer que o dolo, tanto do
causalismo clássico quanto do causalismo neoclássico, era normativo.
O que Liszt não aceitava era a presença da real consciência da ilicitude
dentro do dolo, advogando pelo dolo natural, ou seja, apenas com vontade e
representação do resultado. Por isso, para ele, o erro de direito não
beneficiava o autor, justamente porque o erro de direito incidia sobre a real
consciência da ilicitude: então, uma vez ausente a real consciência da
ilicitude no dolo, não havia como invocar o erro de direito como causa de
exclusão da culpabilidade (já que o dolo estava na culpabilidade nesse
momento).
Liszt acreditava que o erro de direito não beneficiava o réu, já que ele não
admitia a real consciência da ilicitude como elemento do dolo, rejeitando o
dolo normativo.
O erro sobre a elementar do tipo sempre afasta o dolo, mas pune por culpa
se evitável e se houver previsão de punição por culpa.
Se houver as expressões “proibido, ilícito, ilegal” no tipo penal, serão
elementares. Portanto, erro sobre as elementares do tipo são erro de tipo,
conforme art. 20, caput, CP.
Erro de tipo essencial: aquele que incide sobre elementares do tipo. Quando
o agente erra sobre alguma elementar do tipo, ele comete um erro de tipo
que afasta o dolo. Se o erro for inevitável, o agente não responde por crime
algum. Entretanto, se o erro for evitável, o agente responderá por crime
culposo se houver previsão da modalidade culposa. Esse erro é tratado no
caput do art. 20 do CP brasileiro.
Há erro de tipo porque falta a congruência entre o tipo objetivo e o tipo
subjetivo ou, dito de outro modo, entre as circunstâncias concretas do
evento e aquelas representadas pelo sujeito: o tipo penal é preenchido no
aspecto objetivo, mas não no subjetivo.
O erro de tipo não incide sobre elementar subjetiva especial (para si e para
outrem, pois não podemos errar sobre a nossa própria vontade). Ele
também não incide sobre o que alguns doutrinadores chamam de dolo
específico (para si ou para outrem no furto, com o fim de obter indevida
vantagem econômica lá na extorsão, com o fim de prejudicar direito ou
alterar a verdade de fato juridicamente relevante na falsidade ideológica).
Ele não incide sobre a elementar subjetiva especial.
Ressalta-se que o erro de tipo essencial incide sobre elementar do tipo, ou
seja, elementares objetivas, normativas e, inclusive, elementares com
características de ilicitude. O erro de tipo não incide sobre elementar
subjetiva que, porventura, faça parte do tipo, uma vez que o agente não
pode errar sobre a sua própria vontade. Exemplo: erro de tipo não incide
sobre a expressão para si ou para outrem, presente nas elementares do
crime de furto, art. 155, CP.
Destaque
Erro de tipo essencial
No estudo do erro de tipo essencial, a doutrina, ainda, aponta uma
classificação terminológica denominada de erro de tipo por incapacidade
psíquica, que ocorre quando:
“o agente não pode alcançar a consciência dos requisitos objetivos do tipo
em razão de uma incapacidade psíquica permanente ou momentânea.
Exemplo: louco ou criança que não consegue distinguir o que é coisa
própria ou alheia. Esse erro de tipo por incapacidade psíquica, como
enfatiza Zaffaroni, é também excludente do dolo. Afasta o tipo e o crime.
Erro de Proibição
Todavia, o nosso Código Penal trouxe uma exceção ao terceiro erro, erro
sobre os pressupostos fáticos. O nosso Código Penal mitigou o finalismo,
no que diz respeito ao erro sobre o pressuposto fático que está no parágrafo
1º do art. 20.
O nosso Código Penal, no parágrafo 1º do art. 20, ao tratar do erro sobre o
pressuposto fático, não buscou a solução no Welzel. Quem diz isso também
é a exposição de motivos da parte geral. A exposição de motivos, dos itens
17 a 19, diz que, quanto ao erro sobre os pressupostos fáticos, o nosso
Código adotou a Teoria Limitada da culpabilidade, e não a Teoria
Extremada da Culpabilidade. Então, nosso Código diz que o erro sobre os
pressupostos fáticos de uma excludente de ilicitude é um erro de tipo
permissivo. Sua resolução se dá da mesma forma que o erro de tipo. Se
escusável, afasta o dolo e consequentemente a tipicidade, isentando de
pena. Se inescusável, pode haver responsabilização a título de culpa que é
uma culpa imprópria, culpa por assimilação, por equiparação.
Há quem pense diferente. O Luiz Flávio Gomes em sua obra “Erro de Tipo
e Erro de Proibição”, adota a “Teoria do Erro que remete às suas
consequências”, que diz que este erro que afasta o dolo da culpabilidade.
Acontece que o nosso Código adotou o finalismo, e não há dolo na
culpabilidade no Finalismo. Por isso fica difícil sustentar a Teoria do Erro
que remete às suas consequências, embora reconheçamos que o art. 20, §
1º, trouxe uma exceção ao finalismo, mas não poderíamos falar numa
exceção à Teoria da Estrutura Analítica do crime, pois o dolo está na
conduta (art. 20, caput), o dolo não está na culpabilidade.
Bittencourt fala que é um erro sui generis, em sua obra “Erro de Tipo e
Erro de Proibição”, porque a letra da lei fala de isenção de pena e não de
afastamento do dolo, por isso, para ele, trata-se de erro sui generis. Um erro
totalmente diferente do erro de tipo tradicional e do erro de proibição
tradicionais.
ERROS ESSENCIAIS
Erro mandamental: erro que incide sobre norma omissiva, pode dizer
respeito a elementar do tipo ou pode ser erro que diz respeito à consciência
da ilicitude. Quando o erro diz respeito a omissão, chama-se erro
mandamental.