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CONCEPGAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA 2.1, DEFINICAO E OBJETIVOS Entende-se por concepgao de sistema de abastecimento de égua, 0 conjunto de estudos e conclusées referentes ao estabelecimento de todas as diretrizes, parimetros ¢ definigdes necessérias e suficientes para a caracte- tizagio completa do sistema a projetar. ‘No conjunto de atividades que constitui a elaborago do projeto de um sistema de abastecimento de gua, a concepedo € elaborada na fase inicial do projeto. O estudo de concepgao pode, as vezes, ser precedido de um diagnéstico técnico e ambiental da drea em estudo ou, até mesmo, de um Plano Diretor da bacia hidrografica. Basicamente, a concepeio tem como objetivos: + Identificago e quantificagao de todos os fatores intervenientes com o sistema de abastecimento de égua; * Diagnéstico do sistema existente, considerando a situagio atual e futura; + Estabelecimento de todos os pardmetros bisicos de projeto; * Pré-dimensionamento das unidades dos sistemas, para as alternativas selecionadas; + Escolha da alternativa mais adequada mediante comparagdo técnica, econdmica ¢ ambiental, entre as alternativas; + Estabelecimento das diretrizes gerais de projeto e estimativas das quanti- dades de servigos que devem ser executados na fase de projeto. 2.2, PARTES DE UM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE AGUA ‘A concepgio deveré estender-se aos diversos componentes do sistema de abastecimento de Agua e definidas a seguir: + Manancial: € 0 corpo de 4gua superficial ou subterréneo, de onde ¢ retirada a égua para 0 abastecimento. Deve fomnecer vazio suficiente para atender a demanda de agua no perfodo de projeto, e a qualidade dessa 4gua deve ser adequada sob 0 ponto de vista sanitério. 10 ABASTECIMENTO DE AGUA * Captaciio: conjunto de estruturas ¢ dispositivos, construfdos ov montados junto ao manancial, para a retirada de 4gua destinada ao sistema de abastecimento. + Estagiio elevatéria: conjunto de obras ¢ equipa- ‘mentos destinados a recalcar a gua para a unida- de seguinte. Em sistemas de abastecimento de gua, geralmente hé varias estagies clevat6rias, tanto para o recalque de égua bruta, como para o recalque de agua tratada. Também € comum a estagio elevatéria, tipo “booster”, que se destina a. aumentar a pressio e/ou vaziio em adutoras ou redes de distribuigdo de égua Adutora: canalizag3o que se destina conduzir gua entre as unidades que precedem a rede de ibuigéo. Nao distribuem a égua aos consu- midores, mas podem existir as derivagdes que so as sub-adutoras, Estagiio de tratamento de égua: conjunto de uni- dads destinado a tratar a Agua de modo a adequat icas aos padrées de potabilidade. © elemento do sistema de distri- buigio de égua destinado a regularizar as variagées centre as vazbes de adugao ¢ de distribuigao c condi- cionar as presses na rede de distribuicéo. Rede de distribuicio: parte do sistema de abas- tecimento de agua formada de tubulagoes 6rgaos acessGrios, destinada a colocar agua potivel a disposigio dos consumidores, de forma ‘continua, em quantidade e pressio recomendada. objetivo principal do sistema de abasteci- mento de égua € fomnecer ao usuério uma agua de boa qualidade para seu uso, quantidade adequada e pressio suficiente. A Tabela 2.1 apresentaos indicadores de custo de implantagdo de sistema convencional de abastecimento de gua. 2.3. NORMAS PARA PROJETOS DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO. DE AGUA Asnormas da ABNT para projetos de sistemas de abastecimento de égua esto relacionadas a seguir: + NBR 12 211 ~ Estudos de Concepgao de Siste- mas Publicos de Abastecimento de Agua, pro- mulgada em 1992; * NBR 12 212 ~ Projeto de Pogo para Captagao de Agua Subterranea, promulgada em 1992; * NBR 12 213 — Projeto de Captagao de Agua de Superficie para Abastecimento Publico, promul- gada em 1992; + NBR 12 214 — Projeto de Sistema de Bombea- mento de Agua para Abastecimento Pablico, promulgada em 1992; * NBR 12 215 ~ Projeto de Adutora de Agua para Abastecimento Pablico, promulgada em 1991; * NBR 12 216 —Projeto de Estago de Tratamento de Agua para Abastecimento Publico, promulga- da em 1992; + NBR 12 217 —Projeto de Reservat6rio de Distri- buigéo de Agua para Abastecimento Péblico, promulgada em 1994; + NBR 12 218 ~ Projeto de Rede de Distribuigao de Agua para Abastecimento Péblico, promul- ada em 1994, Tabela 2.1 - Indicadores de custo do sistema convencional de abastecimento de agua. Partes Custo (%) constituintes : EEE do sistema P<10.000 _ 10,000100.000 Captagéo 30 20 8 3 Adugéo 8 9 an} W Bombeamento 6 5 5 1 Tratamento 12 9 is 5 Reservacéo 6 é 6 4 Distribuigéo. 38 51 61 76 P = populagéo em habitantes. Fonte: Teutiva (1998). CONCEPCAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA 11. 24, ESTUDODECONCEPCAO DESISTE- MA DE ABASTECIMENTO DE AGUA Para 0 estudo de concepgdo de sistemas de abastecimento de agua, 6 necessario 0 desen- volvimento de uma série de atividades, sendo as principais listadas a seguir. 2.4.1. Caracterizacio da area de estudo a) Caraeteristicas fisicas Mapa de localizagiio; Principais vias e estradas de acesso; ‘Topografia, relevo ¢ geologia; Vegetagai Bacia hidrografica. b) Uso e ocupaciio do solo + Planos diretores municipais e regionais; + Idemlificago de dreas protegidas ambiental- mente ou com restrigdes & ocupagiio; + Uso e ocupagao atual do solo, ©) Aspectos sociais e econdmicos * Atividades econdmicas; * Caracterizagiio do mercado de trabalho & mio-de-obra dispontvel; Distribuigéo da renda; Indicadores sécio-econdmicos. ) Sistemas de infra-estrutura e condigées sanitérias * Abastecimento de égua: indice de cobertura do sistema de abastecimento de dgua (popula ‘cdo atendida, indices de atendimento, volume produzido, etc); + Esgoto sanitério: indice de cobertura do siste- ma de esgoto (populagio atendida, indices de atendimento com coleta ¢ tratamento, volume coletado, volume tratado, ete); + Residuos sdlidos urbanos, industriais, hospi- talares e dos sistemas de saneamento: coleta, tratamento € disposicio final; + Apresentacio da situagilo de licenciamento ambiental e de outorga dos sistemas de sanea- mento do municipio, ou de programas de regularizagio ambiental, caso existentes; * Sistema de drenagem ¢ controle de cheias: canalizacées, barragens, etc; * Satide: indice de mortalidade infantil, ocorréncia de internamentos ¢ mortes por docngas de veiculagio hidrica; * Sistema visrio; + Energia elétrica. 2.4.2, Anillise do sistema de abastecimento de agua existente a) Descrigio do sistema existente Identificago de todos os elementos do siste- ma existente com planta geral, croqui e descri¢ao de todas as unidades: manancial, captagiio, caixa de arcia, estagio clevatéria de Agua bruta, adutora de Agua bruta, estagio de tratamento de agua, estagio clevat6ria de Agua tratada, adutora de Agua tratada, reservat6rio, rede de distribuiglio de agua e ligagdo de dgua. Devem ser descritas as caracte- risticas principais das unidades, tais como: tipo, processo, didmetro, capacidade e poténcia, b) Diagnéstico do sistema existente Deve ser feito um diagnéstico das unidades do sistema, através de célculos de verificagao de capa- cidade, abordando aspectos de conservagao, desem- penho ¢ dificuldades operacionais, visando 0 reapro- veitamento das edificagdes c instalagdes existentes, Devem constar também avaliagdes sobre: » Area atendida; * Populagdo atendida e nivel de atendimento; + Regularidade de abastecimento por setor; + Consumo per capita © consumo por economia; + Niimero de ligagdes e consumo por categoria; + Perdas de Agua no sistema; © Manejo de lodos e demais r unidades de tratamento; + Qualidade da gua bruta e tratada, com base em dados histéricos. duos gerados nas 2.4.3. Levantamento dos estudos e planos existentes * Identificagao e anslise critica de todos os estu- dos, projetos e planos existentes que interfiram 12___ABASTECIMENTO DE AGUA neste estudo, tendo em vista embasar os parime- tros, critérios ¢ alternativas a serem propostas. 2.4.4, Estudos demograficos e de uso e ocupa- ho do solo Para a definico da drea de atendimento deve- ro ser observados os seguintes aspectos: * Dados censitétios; + Catalogagilo dos estudos populacionais exis- tentes; + Pesquisa de campo; + Levantamento da evolugio do uso do solo ¢ zoneamento da cidade; + Anélise sécio-ccondmica do municipio, bem como o papel deste na regitio; * Plano diretor da cidade, sua real utilizagdo, atua- lizagao e diretrizes futuras; * Projeto da populacio urbana baseada em méto- dos matematicos, analiticos, comparativos ¢ outros (ano a ano); * Anélise © conclusio das projegdes efetuadas; distribuigiio da populagio e suas respectivas densidades por zonas homogéneas e por setores de atendimento, 2.4.5. Critérios e pardmetros de projeto Os critérios e parametros de projetos a serem utilizados, listados a seguir, deverdo ser considera- dos devidamente justificados: * Consumo per capita; *+ Cocficientes de variagdo das varies: K,, K,, Ky; * Coeficiente de demanda industrial; *+ Niveis de atendimento no periodo de projeto; * Alcance do estudo. 2.4.6. Demanda de agua a) Estudo de demanda * Anélise do consumo e sua distribuicao nas cate- gorias: residencial, comercial, publica, industrial e especial; * Consumo per capita ou por economia, tendo ‘como base os consumos medidos, efetuando a Projecto da evolugdo desse parametro. Na falta dessa informagio, adotar os dados de comuni- dades de caracteristicas semelhantes; * Consumo comercial, piblico, industrial e espe- cial, tendo como base a pesquisa dos mesmos efetuando suas projegdes. Na falta dessa infor- ‘magdo, adotar os dados de atividades similares, b) Calcul das demandas 0 célculo da demanda média, méxima didria c hordria deve ser apresentado ano a ano, por setor de abastecimento e sazonalidade, e distribufdo em: residencial, comercial, piblica, industrial e especial, 2.4.7. Estudo de mananciais a) Manancial superficial * Estudos e levantamentos hidrol6gicos das bacias hidrogréticas; * Usos de recursos hidricos na Area de influéncia; *+ Caracterizagio da cota de inundagiio; + Caracterizagio sanitéria e ambiental da bacia, considerando: ~ Condigdes de protegao ¢ as tendéncias de ocu- pacio da bacia analisando interferéncias que possam afetara quantidade e qualidade da 4gua do manancial; ~ Abordagem do problema de transporte de sedi- mentos (erosdo e assoreamento); ~ Anélise dos impactos decorrentes da redugo da disponibilidade hidrica em fungao da capta- ‘cdo pretendida e dos possiveis conflitos pelo uso da égua; - Andlises fisico-quimicas, bacteriolégicas toxicolégicas das dguas do manancial, dados de monitoramento ¢ recomendagdes existen- tes, interpretando-os em funcZo da legislagaio pertinente ¢ da ocupagio da bacia de contribui- go em questo; ~ Avaliagiio de riscos decorrentes da proximi- dade de vias de circulago ou indistrias, em caso de acidentes com produtos quimicos t6xicos ou perigosos; + Caracterizagao topograifica e geotéenica na érea da captagio; * Condigées da bacia a montante a jusante; + Tratabilidade das éguas do manancial; + Compatibilizagao com diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor da Bacia Hidrogrifica. CONCEPCAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA___13 pb) Manancial subterréneo + Levantamento cadastral dos pogos existentes; « Catalogagao e estudos das condigies hidrogeo- I6gicas da regio em estudo; + Zoneamento de dreas de maior potencialidade explordvel; « Hist6rico do aproveitamento dos recursos hidricos na dea; « Caracterizagao ambiental da bacia de contri- buigho e de recarga; + Levantamento sanitério da bacia incluindo interpretagiio de andlises fisico-quimicas bacteriolégicas das dguas dos pogos da regiiio em estudo, dados de monitoramento e recomen- dacdes existentes, considerando a legislagao pertinente; + Uso e ocupagio atual do solo e tendéncias futu- 1as ou outros tipos de interferéncias que possam, afetar a qualidade e quantidade da agua dos mananciais; + Tratabilidade das 4guas do manancial; + Compatibilidade com as diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor da Bacia Hidrogrética. ¢) Selecdio de mananciais A selegio dos mananciais passiveis de utilizagdo deve ser precedida de andlise preliminar dos principais aspectos técnicos, econdmicos ambientais envolvidos, de forma a subsidiar a formulacio e apresentacao de alternativas factiveis para o sistema em questio. 2.4.8. Formulagio das alternativas de concepeiio As alternativas a serem formuladas a partir dos diagnésticos e-estudos apresentados, devem contemplar aspectos locacionais, tecnol6gicos ¢ operacionais, com a descrigao de todas as unidades componentes do sistema, Devem também ser apresentadas alternativas de aproveitamento total ou parcial de sistemas existentes, e também, recuperagio das Aguas de lavagem das unidades da estagio de tratamento de agua, sistema de tratamento e disposigao dos residuos s6lidos € estudos de andlise de risco. Para cada altemativa devem ser avaliados os impactos ambientais negativos e positivos das diversas fases de implantagio ¢ operagio do ‘empreendimento, os quais devem ser devidamente considerados na selegdo da alternativa, como também, 08 aspectos legais junto as entidades competentes. 2.4.9, Pré-dimensionamento das unidades dos istemas considerados para a escotha da alternativa Devem constar do pré-dimensionamento as memérias de cilculo c elementos gréficos para seu perfeito entendimento, a) Captagio * Localizagio e descrigio; + Pré-dimensionamento hidrdulico-sanitério da tomada de égua com identificagao do tipo e forma; + Identificagao de rede de energia elétrica e de telefonia no local, indicado suas caractertsticas; *+ Caracterizagio topogritica, batimétrica e geotéc- nica das éreas estudadas; + Delimitagdo da drea de inundagio e seus impactos; + [dentificagio da rea de desapropriagéo, b) Estagiio elevatéria e linha de recalque + Localizagio; + Pré-dimensionamento dos conjuntos elevatorios, incluindo curyas caracterfsticas da bomba e do sistema; + Pré-dimensionamento do pogo de sucgio da elevatéria, dimensGes ¢ formas geométricas; + Pré-dimensionamento hidréulico-sanitério de tubulacdes, pecas ¢ acessérios; + Identificagao das tubulagées, pegas ¢ acessérios (definigao do material); * Identificagio de travessias de rios, rodovias, ferrovias, de faixas de servidio/desapropriagdo ¢ reas de protegzio ambiental; + Identificagio de rede de energia elétrica © de telefonia no local, indicando suas caracteristicas; + Identificagdo de interferéncias e pontos notiveis; + Identificago de areas de desapropriagio e de protegdo ambiental. ©) Adutoras + Altermnativas de tragado; + Estudo técnico-econdmico de altemativas; 14 ABASTECIMENTO DE AGUA * Definicao do tragado; o das tubulagGes, pegas e acessérios (definiggio do material); * Identificagao de travessias de rios, rodovias, ferrovias, faixas de servidao/desapropriagdo e reas de protegio ambiental; + Identificagdo de interferéncias e pontos notéveis. 4d) Estagio de tratamento de ‘agua + Localizagio e tipo de tratamento; * Pré-dimensionamento hidréulico-sanitério das unidades das alternativas das ETAs; * Caracterizagao geotécnica das éreas estudadas através de sondagens; * Estudo técnico-econdmico de alternativas; * Estudo da locagao da ETA em funcio da topografia; + [dentificagio de rede de energia elétrica e de telefonia no local, indicando suas caracterfsticas; + Identificagao das tubulagdes, pecas, acessérios eguipamentos; * Identificagao das dreas de desapropriagio. e) Reservatorio *+ Estudo de alternativas técnicas e locacionais identificando tipo e capacidade; + Pré-dimensionamento hidrdulico-sanitério do reservatério incluindo tubulagdes, pegas € acessérios; *+ Identificagao de tubulagdes, pegas ¢ acessérios (definigao do material); *+ Caracterizagao geotécnica das dreas estudadas através de sondagens; * dentificagao da area de desapropriagio, £) Rede de distribuicao + Estudo de setorizacao; + Estudo de tragados da rede; * Pré-dimensionamento hidréulico-sanitario de tubulagdes principais; * Identificagdo de tubulagGes (definigo do material); * Identificagao de travessias de rios, rodovias, ferrovias, faixas de servidio/desapropriagio ¢ de freas de protego ambiental, 2.4.10, Estimativa de custo das alternativas propostas Para a estimativa de custo das alterativas deverdo ser consideradas as obras de 1* etapa, subdivididas em obras de implantago imediata ¢ obras de complementagéo da I* etapa e também, de 2* ctapa. As planithas de orgamento, memorial de célculo do orgamento e eventuais composigao de custos de servigos e propostas de materiais e equipamentos, com data base definida, fardo parte da apresentagio do custo de altemnativas. Para essa estimativa devem, também, ser considerados os custos operacionais, custos de manutengfo, custos de desapropriago e custos das medidas mitiga- doras ¢ compensat6rias para cada alternativa estudada, 24.11, Anilise das alternativas propostas Aaanflise ¢ efetuada através de estudo técnico, econdmico e ambiental, de modo que o cotejo entre as alternativas deve apresentar © elenco de vantagens e desvantagens. De um modo geral, as andlises devem estudar os seguintes aspectos: + Anélise técnica: deve considerar a compatibi- lidade entre a tecnologia empregada, a equipe operacional minima necesséria, a flexibilidade operacional, a vulnerabilidade do sistema ao Jongo da vida itl esperada, 0 prazo de execugio, entre outros aspectos relevantes para cada caso; + Anilise econdimica: deve considerar 0 estudo econémico a valor presente dos correspondentes investimentos previstos e das despesas de explo- ragio ¢ manutengio durante a vida itil dos com- ponentes de cada alternativa, adotando a taxa de desconto ¢ o perfodo do estudo definido pela contratante; + Anélise ambiental: identificar e avaliar os prin- cipais impactos inerentes a cada alternativa estu- dada e que podem ocorrer em fungiio das diver- sas agGes previstas para a implantaco e opera- io do empreendimento, Fomecer subsfdios para a escolha da melhor alternativa, devendo os impactos associados a alternativa escolhida serem melhor detalhados por ocasio da elabo- ragio dos estudos ambientais necessérios a0 licenciamento prévio; 8 BoShFo ae CONCEPCAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA___15 + Comparagéo técnica, econdmica e ambiental: ‘a concepgio mais adequada é definida a partir de um estudo comparativo de viabilidade téonica, econdmica, ambiental e institucional entre as alternativas estudadas, mediante apresentagdo do elenco das vantagens ¢ desvan- tagens inerentes a cada aspecto em considera- go. A avaliagiio do aspecto ambiental pode ser realizada a partir de uma matriz de impacto contemplando todas as alternativas propostas ce respectivas medidas mitigadoras e compensa- t6rias, como também os planos e programas ambientais necessérios. 2.4.12. Concepgao escolhida Para a concepeao escolhida deverd ser elabo- rado o projeto hidréulico-sanitario das unidades do sistema. O projeto deverd conter além dos estudos ja claborados, os estudos discriminados a seguir, obedecendo-se no que couber, as normas técnicas brasileiras, Para todas as unidades do siste- maa ser projetado, devem ser realizados os levan- tamentos topograficos e investigagbes geotécnicas acompanhado do seu respectivo relatério, bem como a delimitagio de areas a serem desapro- priadas, faixas de servidio e Areas de protego ambiental. Deveriio ser apresentados em texto e em plantas todos os elementos constituintes das unida- des e das obras lineares previstas, de modo a possibilitar a caracterizagdo da futura obra, devendo conter informaces seguras como tipo de fundagdo, movimento de terra, escoramentos, equipamentos eletro-mecanicos, estrutura, método construtivo, jazidas, permitindo a correta previstio ‘orgamentitia e visdo global das atividades relativas a futura obra, 2.5. CONCEPCOES DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA De um modo geral, as concepgies de sistemas de abastecimento dependem principalmente do tipo de manancial, da topografia da drea e da populagdio a ser atendida. A seguir so apresentadas algumas concepgdes de sistemas de abastecimento de gua. 2.5.1. Concepgdes de sistemas de abasteci- mento de agua com captacio em manan- cial superficial As concepgées variam em funcdo do tipo de ccaptagio em manancial superficial, que podem ser: + Captagio cm curso de agua; + Captagio em represas; + Captagfio em manancial de serra. 2.5.1.1. Captagio em curso de gua A Figura 2.1 apresenta um sistema simples de abastecimento de gua, com captago em curso de Agua e com reservatério apoiado a montante. A Figura 2.2 apresenta a concepedo anterior, incluindo, neste caso, 0 reservatério clevado ‘a monfante. A Figura 2.3 apresenta um sistema de abastecimento de agua que atende a zona baixa, através de um reservat6rio apoiado, ¢ a zona alta, através de um reservatério elevado. A seguir, so apresentadas algumas concep- «Bes de sistemas de abastecimento de Agua opera- das pela SABESP, com captagdes em cursos de gua: * Sistema de abastecimento de agua da cidade de Boituya, Estado de Sio Paulo (Figura 2.4). * Sistema de abastecimento de égua da cidade de Franca, Estado de Sio Paulo (Figura 2.5) * Sistema principal de abastecimento de Agua da cidade de Ubatuba, Estado de So Paulo Figura 2.6). + Sistema de abastecimento de agua de Santos, Séo Vicente ¢ Cubatio, Estado de So Paulo (Figura 27). Sistema de abastecimento de 4gua de Santos, Siio Vicente e Cubatiio Esses trés munic{pios so abastecidos por dois, sistemas produtores. O sistema produtor Piles capta égua nos rios: Marcolino, Pedras, Kagado ¢ Passareuva, totalizando cerca de 600 é/s. O sistema produtor Cubatao, 0 mais importante da Baixada ‘Santista, capta 4gua no rio CubatZo, (barragem sub- 16 ABASTECIMENTO DE AGUA. a) Planta eee Estagiio de Rede de ‘Tratamento : distribuigao *i de Agua Reservatério Captagio ‘Adutora de ‘Adutora de C) gua brata gua tratada Estagtio elevatéria de agua bruta b) Perfil Estagiio de ‘Tratamento de Agua Estagiio clevatéria i de égua bruta Reservatério Curso de ciaae gua Figura 2.1 ~ Sistema de obastecimento de agua, com captagao em curso de dgua e com reservatério apoiado. Reservatério clevado Estagio Estaglio de Estagdio : elevatéria Tratamento efevatéria de Cidade Curso de 4° seuabruta deAgua — ggua tratada agua 2) [ C= Adutora de ‘Adutora de ‘gua bruta Reservatério Agua tratada enterrado Figura 2.2 ~ Sistema de abastecimento de agua com captagéie em curso de agua e com reser- vatério enterrado e elevado. Manancial ETA Lae elevatéria da ETA Adutora de égua brata por recalque Reservatério Adutos—* Fstagio CONCEPGAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA__17 Rede da zona baixa Adutora para 0 reservatétio da zona baixa por gravidade: elevatoria Rede da zona alta Adutora para o reservat6rio da zona alta por recalque Figura 2.3 = Sistema de abastecimento de égua que atende a zona baixa e a zona alta. Fonte: Orsini (1996). filvea) ¢ em frente aos canais de fuga da usina Henry Borden, totalizando aproximadamente 4,0 m/s. A Figura 2.7 apresenta os sistemas pro- dutores, as ETAs, reservatérios ¢ as adutoras do sistema integrado de abastecimento de agua de Santos, Sdo Vicente ¢ Cubatio, 2.5.1.2. Captagiio em represas e reservatérios Neste caso, a diferenga em relagilo & captago em curso de gua, consiste no fato de que a agua é captada em represa, reservatério ou lago. Como exemplo deste tipo de captagdo sera apresentado © sistema de abastecimento de égua da Regitio Metropolitana de Sao Paulo. A RMSP € abastecida através do Sistema Adutor Metropolitano (SAM) que é operada pela SABESP, sendo constituido de 8 estagdes de trata- mento de igua, 1200 km de adutoras e sub-adutoras, 135 reservat6rios, cerca de 24000 km de redes de distribuigao, além de uma grande quantidade de boosters ¢ estagies elevatérias, Esse sistema abaste- ce cerca de 17 milhdes de habitantes, distribuidos em 39 municfpios que formam a Regitio Metropoli- tana de Sto Paulo. A captaciio de agua é realizada em 8 sistemas produtores apresentados na Tabela 2.2, ‘A Figura 2.8 apresenta o sistema de abasteci- mento de Agua da Regidio Metropolitana de Sio Paulo. Tabela 2.2 - Sistemas produtores de agua da RMSP. Vaztio de produgéio Sistema (mss) Cantareira 33 Guarapiranga 14 Alto Tieté 10 Rio Grande 42 io Claro 3,6 Baixo Cotia 0,6 Alto Cotia 0,9 ‘Go da Estivo On Fonte: Pollachi (2002). 2.5.1.3. Captagio em manancial de serra Algumas cidades litordneas do Estado de Sao Paulo tém sua captagiio de égua em manancial de serra. A diferenca fundamental nesse tipo de captago consiste no fato de que essa 4gua, nfo passa por um tratamento convencional, podendo ser distribufda apenas com a aplica¢o de produtos quimicos (cloro e flor), ou passando por uma peneira estética para remogao de material em suspensiio e aplicacao de produtos quimicos (cloro ¢ fltior). Nesses sistemas geralmente niio hé neces- sidade de estagiio elevatéria junto & captagio. 18 ABASTECIMENTO DE AGUA IE pasoue EAT, a son }- RESIDENCIAL EEF sevagomuv —-i-[-F Sete ~~ i) oe ae EEAB-BR-ESTAGAO ELEVATORIA DE AGUA BRUTA.BAIXO RECALQUE, [EEAB-AR-ESTAGAO ELEVATORIA DE AGUA BRUTA-ALTO RECALQUE ETA-ESTAGAO DE TRATAMENTO DE AGUA RARESERVATORIO ‘T-TORRE OU RESERVATORIO ELEVADO EEAT-ESTAGAO ELEVATORIA DE AGUA TRATADA EPAT-ESTAGAO PRESSURIZADORA OE AGUA TRATADA Figura 2.4 - Sistema de abastecimento de égua da cidade de Boituva, interior do Estado de Sao Paulo. Fonte: SABESP (2000). CONCEPGAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA 19 ® ZAta 400m > t eas HEE ‘Sta Tereza [EAB ESTACAO ELEVATOR DE AGUA SRUTA ETAESTAGAO DF TRATAMENTO DE AGUA RRESERVATORO "L-TORRE OU RESERUATORIOELEVADO Canoae (© VALVULAMOTORIZADA ® VALWIADERETENGAO Figura 2.5 - Sistema de abastecimento de agua da cidade de Franca, interior do Estado de Sdo Paulo. Fonte: SABESP (2002) ABASTECIMENTO DE AGUA. 20 so ewer ( 9 puri ered basa diusi-va3 _ yes 4 wus -vaa % (01297 op Bed openeje oupyensosei no auoy - 4 ougrentosany - & ‘ony op euoneraye oBdeys3 - yaa enBy ep ojveweye)) ep opde3s3 - VL sooy sme! pues of opbeideg score sop o#seided Figura 2.6 - Sistema principal de distribuigéo de dgua da cidade de Ubatuba, litoral do Estado de Sao Paulo. Fonte: Tutiya e Davia (2002). 2 CONCEPCAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA g : 8 £ a (ovdeusu0, SouNYS 30 vive nawuto0 Oxon igua de Santos, Sao Vicente e Cubatéo. Fonte: Figura 2.7 = Sistema de abastecimento de 6 SABESP (1995). lo ABASTECIMENTO DE AGUA. 22 wo ORES nb ep one ep ors Figura 2.8 - Sistema de abastecimento de agua da Regiéo Metropolitana de Séo Paulo. Fonte: SABESP (1995). CONCEPGAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA. 23 A Figura 2.9 apresenta o sistema de abasteci mento de égua de Peruibe, que é abastecida através de dois sistemas: Cabugu e Guarat. O sistema Cabugu é composto por captagdes em mananciais superficiais de serra (Ribeirao do Cabucu, Ribeiro ‘Quatinga ¢ Ribeiro Sao Joao). Esse sistema conta com unidades de tratamento (peneiramento, desin- fecgfo € fluoretagio), reservagiio ¢ rede de dis buicdo. O sistema Guarad é constituido por peque- ‘no manancial de serra, desinfecgo por hipoctorito de s6dio ¢ adugao diretamente a rede de distribui- gio. O municipio de Guaryjé é abastecido pelo sistema Jurubatuba, composto pelos rios Jurubatu- ba e Jurubatuba-Mirim. O tratamento dessas éguas consiste em passar por peneiras estiticas, desin- feccdo por cloro, fluoretagio ¢ corregio de pH. A. Figura 2.10 apresenta o sistema de abastecimento caPTAGAO. MORRO D0 GUARAD wt ANA DIAS de Agua do Guaruja, ¢ os detalhes da pencira estatica sio apresentados na Foto 2.1 Foto 2.1 - Peneira esiética instalada na capta- Go de égua de Jurubatuba Mirim no Guaruja, litoral do Estado de Sao Paulo. 4 NotRe 4 PERUIBE Postoctonacho GUARAU RESERVATORIO PERUBE Exp sooo Figura 2.9 - Sistema de abastecimento de agua de Peruibe, litoral do Estado de Séo Paulo. Fonte: SABESP (1995). 24 ABASTECIMENTO DB AGUA. ‘cAPTAGHO URUBATURAAME ReseRATORO WeENTE De ermuico Figura 2.10 - Sistema de abastecimento de agua de Guarujé, litoral do Estado de Sao Paulo. Fonte: SABESP (1995). 2.5.2. Concepgies de sistemas de abastecimen- to de 4gua com captacéio em manancial subterraneo 2.5.2.1. Captagio através de caixas de tomada e drenos Quando o agiiffero é fredtico eo lengol aflora, como no caso de encostas formando minas de agua, a captagio poderd ser feita com caixas de tomada (Figura 2.11), e com drenos, quando o lengol aflora no terreno ou est A profundidade muito pequena (Figura 2.12). Essas altemnativas so geralmente utilizadas para pequenas comunidades, sendo que, esses casos, nao hd necessidade de uma ETA con- vencional ¢ a 4gua é clorada ¢ distribuida aos consumidores, 2.5.2.2. Captagiio através de pocos horizontais A captagio de Agua subterrfinea poderd ser feita através de pogos horizontais radiais, desde que as condigdes locais sejam favordveis a esse tipo de alternativa, Os pogos horizontais so dotados de placas filtrantes periféricas que permitem apenas a passagem da ‘gua e de um pré-filtro que é injetado a0 longo do seu comprimento, externamente as placas, no momento da sua execuggo, A construgdo deste tipo de captagdo minimiza os impactos ambientais durante a sua implantagzio e mesmo os 8 CONCEPGAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO. durante a sua vida Util, visto que nao ocorreré a inundagio de dreas resultante da elevagdo do nivel do rio, Além disso, em termos qualitativos, a égua captada por este tipo de estrutura poders ser, prova- velmente, distribuida diretamente para a populagio, sendo necessirio efetuar apenas a clorago, a fluoretagiio ¢ a corregio do pH. A Figura 2.13 apresenta um esquema de captagdo subterranea através de pocos horizontais. 25.2.3. Captagio através de pogos profundos Para abastecimento paiblico, a gua subterra- nea apresenta-se como notivel recurso em muitas regides onde existem condigdes favordveis para seu aproveitamento. a) Planta cx CF b) Corte saua 25 ‘Um néimero considerivel de cidades brasilei- Tas consome ‘gua obtida de pogos, principalmente do tipo tubular profundo, Somente no Estado de Sio Paulo ha mais de 300 cidades que extraem ¢ utilizam gua de lengdis subterraneos. As vantagens do aproveitamento de agua subterrnea podem ser resumidas nos seguintes pontos: *+ Possibilidade de ocoméncia préxima ao consumo; * Qualidade da agua, geralmente satisfat6ria para fins potdveis; * Relativa facilidade de extragio da égua. Quanto a qualidade, as Aguas de lengdis sub- terraneos apresentam geralmente caracteristicas Caixa de reunio = Cloragio Para consumo Figura 2.11 - Captacao em afloramentos de agua através de caixas de tomada. 26 ABASTECIMENTO DE AGUA i! a Caixa de eee 7 fae Leito drenante Tubos ae areia pera LY y perfurados = L/ ~ vev wiv f v |__Tubo cireular v Vv Vv -_ Vv | . 7 v Figura 2.12 - Captacdo através de drenos. fisicas perfeitamente compativeis com os padrées, de qualidade, Devido a agao de filtragdo lenta atra- vés de camadas permedveis, apresentam-se com baixos tcores de core turbidez, dispensando o trata- mento (menos cloragiio). Também so isentas de bactérias normalmente encontradas em éguas superficiais, a nfo ser que o lencol aproveitado esteja sendo atingido por uma fonte poluidora nas proximidades do ponto de captacio. Sob o aspecto quimico, a Agua de certos agi soltiveis em maiores propor- razo ser imprOpria para fins potd- veis, Também a dureza podera ser elevada em alguns casos e, assim, exigir um tralamento espe- cial de abrandamento ainda que, para fins potdveis, feros pode conter ges e, por es cla nao seja prejudicial. A relativa facilidade de captagio e a possibi- ide de localizagdo das obras nas proximidades dos centros de consumo concorrem para uma subs- tancial economia no custo da instalagio de sistemas de abastecimento. A Figura 2.14 apresenta esquematicamente, 0s tipos de aqiifferos ¢ de pogos, bem como as freas de realimentacao dos lengéis. Observa-se que 0 io € 0 ponto de descarga do lengol frestico. O lengol artesiano descarrega-se num ponto baixo aonde 0 mesmo ird novamente aflorar a superficie (ndo apresentado na figura). ‘ou surgente. des, evaporagao: Conforme se observa na Figura 2.14, 0 pogo perfurado em um aqiiifero fredtico ~ pogo fredtico = terd o nivel de 4gua em seu interior coincidente com o nfvel do lengol. Em um pogo que penetra num aqiifero artesiano — pogo artesiano — 0 nivel de gua em seu interior subiré acima da camada aguifera, Poderd, as vezes, atingir a boca do pogo ¢ produzir uma descarga continua. Neste caso particular, o pogo artesiano denomina-se jorrante ‘A Figura 2.15 apresenta um esquema tpico de captago de égua em um poco profundo ¢ 0 bombeamento para um reservat6rio de égua, As cidades de Jales e ‘Terra Roxa (interior do Estado de Sao Paulo), so exemplos de cidades ‘que utilizam a Agua subterrénea para seu abasteci mento. As Figuras 2.16 e 2.17 apresentam os esquemas de abastecimento de agua dessas cida- Em algumas regides do Estado de So Paulo onde a 4gua subterranea é captada através de pogos profundos, no aqiiffero Guarani, com profundidade acima de 1000m (cidade de Jales ¢ Fernand6polis), a égua extraida desses pogos tem temperatura de cerca de 55°C. Para o resfriamento da gua, a SABESP utiliza dois processos que se baseia na troca de calor égua-atmosfera por Larne CONCEPCAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA 27 ST WMH aoee Yili Figura 2.13 - Captacéo subterrénea através de pogos horizontais. Fonte: Adapiado de Murioz (2000). Linha Piezométrica Pogo $4, Pogo Artesiano do Aaiiifero Artesiano Artesiano Jorrante Recarga aan Pogo Fredtico do Aqiiifero t t Figura 2.14 - Tipos de agiifferos e de pogos. Fonte: Yasuda e Nogami (1976). — 28 ABASTECIMENTO DE AGUA Nivel do Terreno fa Reservatorio Nivel do, Terreno Nivel Dinami Pogo Profundo Figura 2.15 - Captacéo de agua subterrénea. + Torre de resfriamento de digua: a 4gua quente € distribuida por recalque na parte superior da unidade, de forma uniforme por toda a érea; apés a distribuigdo a 4gua escoa por gravidade através do enchimento otimizando 0 contato 4gua-ar; 0 I ventilador promove a remogao do ar timido do interior da torre ¢ a Agua resfriada é recolhida na parte inferior da torre (Foto 2.2). Foto 2.2 - Torre de resfriamento de dgua do Pogdo |e Il da cidade de Jales, interior do Es- todo de Séo Paulo. Conjunto Motor-Bomba Submersivel + Tanque de pulverizagio: a dgua é resfriada atra- vvés de bicos especiais, formando uma cortina de ‘gua que troca calor com a atmosfera (Foto 2.3). Muitas das cidades do interior do Estado de ‘So Paulo captam ‘igua no manancial superficial e no manancial subterréneo para 0 abastecimento de gua, conforme pode ser observado na Figura 2.18. Foto 2.3 - Tanque de pulverizacéio de égua do Pogo | ¢ Ill da cidade de Fernandépolis, rior do Estado de Sao Paulo. ie CONCEPCAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA 29 Pp2- 12,1m%/a T-500m ERAT R- 100m? : Pogo de i oso PP! -30m*h PP3 - 38,9m'n Rede de distribuigo da zona baixa pa - 33,2m°%h EBAB - EstagGo elevatéria de agua bruta BEAT - Estagdo elevatéria de égua tratada ‘ede de distribuigao PP - Pogo profundo «da zone alta R- Reservatorio ‘T+ Torre ou reservatério elevado . PP6 - 23,1m%h Torre de : resfriamento Pogdio 2 -350m"/h PPS -13,6mn°*h ae Pogdio 1 -290m'/h P10 14,6m% suegio EAB PS -13,5m%a +O PPT-17,5m%h PPO -24,7mn'fa 4 O pPii - 10,3m%7/h Figura 2.16 - Sistema de abastecimento de égua da cidade de Jales, interior do Estado de Sao Paulo. Fonte: SABESP (2000). — 30___ ABASTECIMENTO DE AGUA ZonaAta Zona Alta I | J. Monaco 45. S80 Pedro ‘Via Real PP-POGO PROFUNDO EEAT-ESTAGAO ELEVATORIA DE AGUA TRATADA, R-RESERVATORIO. "T-TORRE OU RESERVATORIO ELEVADO. Figura 2.17 - Sistema de abastecimento de égua da cidade de Terra Roxa, interior do Estado de Séo Paulo. Fonte: SABESP (7996). Captagio superficial ETA CONCEPCAO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA 31 . Reservatério Reservatério da zona alta da zona baixa s Rede da LS zona alta Rio ee elevatéria 7 Estagiio elevatéria Rede da zona baixa Captagio por ogos profundos Figura 2.18 - Sistema de abastecimento de égua com captagéo em manancial superficial € subterréneo. Fonte: Orsini (7996). 2.6. LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE AGUA Maria do Carmo Aleantara (*) 2.6.1. Consideragies gerais © Licenciamento Ambiental “é um proce- dimento administrativo pelo qual o érgdo ambien- tal competente licencia a localizagio, instalagio operagio de empreendimentos ¢ atividades utili- zadoras de recursos ambientais, consideradas cfetivamente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradagio ambiental, considerando as disposigses legais e regulamentares e as normas técnicas aplicdveis a0 caso” (Resolugio CONAMA n° 237 de dezembro de 1997), Para o processo de licenciamento ambiental entende-se por sistema de abastecimento de gua, todo os seu componentes: captagao (eventuais barragens), aducdio, tratamento, reservagiio ¢ distri- buigio. O licenciamento ambiental pode ser feito para todo o sistema a ser implantado ou para alguma etapa a ser implantada emergencialmente ou mo caso de ampliagées, Os sistemas de abastecimento de gua so objeto de licenciamento ambiental por utilizarem recursos ambientais, por serem obras de saneamen- to que podem causar modificagdes ambientais, por conterem unidades de tratamento geradoras de resfduos consideradas como fonte de poluigdo pela legislago estadual. A legislagdo federal (Resolugio CONAMA 001 de 1986), institui a obrigatoriedade do Estudo de Impacto Ambiental ~ EIA ¢ Relatério de Impacto Ambiental ~ RIMA, para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, mas os procedimentos para o licenciamento ambiental sao estabelecidos pela legislagao estadual. Parao Estado de Sao Paulo, a Resolugo SMA 42.de 1994 instituiu dois instrumentos prefiminares a0 EIA RIMA, o Relatério Ambiental Preliminar ~RAPe 0 Termo de Referéncia~TR, eestabeleceu que o licenciamento ambiental é feito em 3 etapas, definidas a seguir: + Licenca Prévia (LP): deve ser solicitada na fase de planejamento da atividade, aprovando sua localizagao e concepgao. E emitida contendo os requisitos bésicos a serem atendidos nas fases (9 Go6grafa pela Faculdade de Filosofia Ciéncias e Letras da Universidade de Sao Paulo. Especialista em Gestio Ambiental pela Faculdade de Saide Piblica da USP. Gestor de Meio Ambiente no Departamento de Projetos Licenciamento Ambiental 4a Superintendéncia de Gestio de Empreendimentos de Sistemas Regionais da SABESP. E-mail: maloantara@sabesp.comn.br. 32 ABASTECIMENTO DE AGUA de instalagdo e operagiio. A LP atesta a viabili- dade ambiental do sistema a ser implantado. + Licenga de Instalagio (LI): deve ser solicitada apds a emissio da LP, na fase de detalhamento do projeto e deve atender as solicitagdes e exigén- cias feitas pelo érgio ambiental na LP, para a fase de LI. A Licenga de Instalago autoriza a instala- cdo do cmpreendimento ou atividades de acordo com as especificagdes constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo medi- das de controle ambiental e demais condicionantes. * Licenga de Operagio (LO): deve ser solicitada apés a implantagao do empreendimento, autoriza a operagiio do empreendimento apds a verifica- a0 do efetivo cumprimento das exigéncias soli- citadas nas licengas anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determi- nadas para a operagiio. 2.6.2, Licenga Prévia ORAP 0 primeiro documento para iniciar 0 proceso do licenciamento ambiental de sistemas de abastecimento de Agua. A funcao do RAP é de instruir a decisio de exigéncia ou nao de BIA RIMA para obtengao da Licenga Prévia. O érgao ambiental analisaré 0 RAP, podendo: indeferir 0 pedido de licenga por razGes técnicas ou legais, exigit ou dispensar de ELA-RIMA. O contetido minimo, definido pelo érgo am- biental, a ser contemplado no escopo de um RAP para sistemas de abastecimento de agua deve considerar: * 0 objeto do licenciamento: os componentes do sistema a ser implantado, os mananciais e vazSes a serem captadas ¢ distribuidas; * A justificativa do empreendimento com as possiveis altemativas tecnolégicas e de localiza- fo das edificagdes; * A caracterizagio do empreendimento, de forma a permitir uma avaliagdo do projeto proposto; © Um diagnéstico ambiental preliminar da 4rea de influéncia do empreendimento, refletindo as condigdes atuais dos meios: fisico, biolégico e sécio-econdmico, inter-relacionadas; ® A identificagao e avaliagdo dos impactos ambientais possiveis de serem gerados pelo empreendimento; © As medidas mitigadoras e compensatérias e/ou de controle ambiental em fungzio dos impactos previstos; * A apresentagiio de manifestagbes e/ou autoriza- ‘ges de outros érgdos (DEPRN, DUSM, IF, etc) ‘ou parceiros (Prefeitura, DABE, CONDEPHAAT, etc) do processo. Caso se configure a exigéncia de EIA - RIMA, ojinteressado submete & Secretaria do Meio Ambiente - SMA 0 Plano de Trabalho para elaboragio do EIA — RIMA, no prazo maximo de 180 dias apés a publicagdo da decisio de exigir sua apresentagdio. Com base no Plano de Trabalho apresentado e das informagdes disponiveis, 0 6rgdo licenciador (SMA) definira o Termo de Referéncia do EIA — RIMA, onde 0 empreendedor sera informado dos elementos minimos a serem abor- dados ¢ do prazo para sua elaboragiio. O Estudo de Impacto Ambiental é um estudo que pretende avaliar possiveis alteragGes ambien- tais que ocorram com a implantagio do empreendi- mento ou atividade, que de forma direta ou indireta possam afetar a satide, o bem estar, a seguranga da populacdo, as atividades sociais e econémicas, & biota, as condigdes estéticas € sanitérias do meio ambiente ¢ a qualidade dos recursos ambiemtais. As diretrizes gerais e as atividades técnicas a serem desenvolvidas na elaboragdo de um BIA 6 definido pela Resolugio CONAMA n° 01, de 23 de janeiro de 1986, entre as diretrizes importantes, destaca- se lembrar que 0 estudo de impacto ambiental deverd ser realizado por equipe multidisciplinar habilitada, nao dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que sera responsdvel tecnicamente pelos resultados apresentados. O Relatério de Impacto Ambiental € um relat6rio destinado 20 piiblico, reflete as conclusdes do EIA, é um relatério acessivel ao pablico, disponibilizado no rgio ambiental estadual para 8 interessados, as informagdes devern ser apresen- tadas em linguagem acessivel, de modo a se enten- der as vantagens ¢ desvantagens do projeto, bem como todas as conseqiiéncias ambientais da sua implantagao. Aprovado o estudo que comprova a viabili- dade ambiental do sistema de agua a ser implanta- do, a SMA emite a Licenga Prévia LP, com prazo fixado (maximo de 5 anos) ¢ indicagdo do Greéio ies Jou stos iza- 2te) Aq, nes eio ara git so cia CONCEPGAO DE SISTEMAS BE ABASTECIMENTO DE AGUA 33. aque se responsabilizard pelas demais fases do licen- ciamento, qual sejam a Licenga de Instalag3o - LI ea Licenga de Operacdo - LO. 2.6.3. Licenga de Instalacio A Licenga de Instalacao € solicitada pelo empreendedor, no drgao especificado pela LP, por meio de requerimento e comprovagao do cumpri- mento das exigéncias formuladas na mesma, Um dos pré-requisitos para emissao da LI para sistemas de abastecimento de gua & a emissio pelo érgio gestor dos Recursos Hidricos da Autorizacao de Implantago de Empreendimento (AIE do DAEE) ou Outorga Prévia (da ANA). Este documento informa ao érgéo de meio ambiente que aquele recurso hidrico esta disponfvel e reservado para uso deste empreendimento. A LI emitida fixando. prizo de validade para o empreendedor iniciar a obra (até 3 anos), podendo ser renovada por igual perfodo, caso seja necessétio. 2.6.4. Licenca de Operaciio A Licenga de Operagio 6 solicitada apés a conclusio das obras, por meio de requerimento e comprovacio das exigéncias formuladas nas LP ¢ LL. O 6rgao licenciador indicado, apés vistoria atestard 0 cumprimento das exigéncias ¢ a LI é emitida, pela SMA ou CETESB com prazo de validade determinado. 2.6.5. Outros aspectos do licenciamento ambiental Alguns aspectos importantes a screm consi- derados nos estudos ambientais para o licenciamento ambiental de sistemas de abastecimento de dgua so: © Os recursos hidricos: disponibilidade, qualidade, usos a montante e a juzante, interferéncias (barra- mentos, diques), operagio e manuteng&io da qualidade da aguas dos reservatsrios artificial * A unidade de tratamento (ETA), o destino das Aguas de lavagem dos filtros e o tratamento e disposigao final do lodo gerado; ‘* A compatibilidade do projeto do uso do manan- cial com planos e programas aprovados pelo Comité da Bacia; * Os posstveis conflitos de uso do solo e da égua, © suas principais conseqléncias: erosdes € assoreamentos; + Os documentos de aprovagio de uso dos recursos hidricos emitidos pelo érgio gestor destes recursos, 0 DABE (para rios estaduais) € ‘a Agéncia Nacional das Aguas— ANA (para rios federais) Para obras de pequeno porte com pequeno potencial de impacto ambiental, ou para captagées a fio d’égua que retirem menos de 20% da vazio minima de referéncia do manancial, é possivel obter uma dispensa de licenciamento. Para isso, deve-se encaminhar uma consulta prévia ao Depar- tamento de Avaliagao de Impactos — DAIA da SMA, para que se manifeste a respeito As captagdes subterraneas (perfuragio de pogos) nio so objeto de licenciamento ambiental, sio consideradas como uso de recursos hidricos, desta forma, apenas sujeitos a solicitagio de outorga de uso ao DAE. Para o licenciamento da maioria das obras de sistemas de abastecimento de 4gua em municfpios operados pela SABESP, tem sido exigido © RAP, visto que, ndo ha (como no caso dos sistemas de esgotamento sanitdrio) uma legislagio para simpli- ficar 0s procedimentos de licenciamento destes siste- mas. E, apenas projetos de sistemas que contem- plam barragens, diques, alagamento de Areas, trans- posigdes de bacias, tem sido objeto de EIA~RIMA. Um dos 6rgdos importantes do processo de licenciamento ambiental 6 0 Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA que entre as suas muitas atribuigdes, aprecia os EIA - RIMA. Bs apreciagio é feita por uma das cAmaras técnicas, apés a anélise do DAIA, ouvindo o interessado, 0s téenicos da SMA e demais segmentos sociais envolvidos. Apés a anélise, a cémara técnica emite um parecer técnico aprovando ou reprovando © empreendimento, que ainda sera submetido a plendria do CONSEMA onde poderd acaté-lo, modificé-lo ou até recusé-lo, reservando para si a deliberagdo final. Outro aspecto muito importante relacionado com 0 licenciamento ambiental foi a promulgagao cm fevereiro de 1998, da Lei n° 9605, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, que dispde sobre as sangées penais e administrativas derivadas de 34 ABASTECIMENTO DE AGUA condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. A partir desta data incidem penas a quem de qualquer forma, concorrer para a pratica dos crimes, contra a fauna, a flora, 0 ordenamento urbano ¢ o patriménio cultural, aadministra¢o ambiental ou causar poluicao. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS MUNOZ, AZ. 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Vice Presidéneia do Interior, 2000. Pela Lei de Crimes Ambientais caracteriza-se como infragio administrativa, sujeita a punigio (embargo, multas), a implantago de componentes de sistemas de abastecimento de agua, passfveis de licenciamento ambiental, sem as devidas licencas. SABESP Sistema de abastecimento de dgua de Franca. Unidade de Negécio Pardo e Grande. Vice Presidéncia do Interior, 2000, SABESP Fstudo de concepedo do sistema de abastecimen- 10 de &gua. Norma Técnica NTS 061. So Paulo, 2002. SBCCO, C.K.Z. Operacde de sistemas de abastecimento com limitagdo de produgdo de dgua: Estudo de caso da Regio Metropolitana de Stio Paulo. Dissertagio de Mestrado. Esco- la Politécnica da Universidade de $40 Paulo. Departamento, de Engenharia Hidréulica e Sanitiria, So Paulo, 2002. TSUTIVA, M. Tet al. Procedimento para elaboracio de estudos de concepgao de sistemas de abastecimento de dgua. Superintendéncia de Planejamento Técnico. Diretoria de Engenharia, SABESP. 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