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Alm’arco-íris da cultura do Pará

Franz Kreüther Pereira


Quer saber? Meu coração é ribeirinho
Vermelho como as penas do guará.
É o remo da canoa que bubuia
Atravessando a baia do Guajará.
Pirarucu escapando da zagaia
É onça pintada, é boto, é passarinho
É uma cuia de açaí com tapioca
Um pote de cerâmica marajoara
Cheio das cores, aromas e burburinho
Das bancas e barracas do Veropa.

Meu coração é visagem beira-rio


É o tremor do jambu no tacacá
Um boto banhado em patchouli
Espalhando pitiú no Rio Guamá.
É mandioca espremida no tipiti
É o veneno extraído da maniva
Cozinhada sete dias sem parar.
É o lanche de pupunha com café
O Boi Bumbá com sua comitiva
É o Arco-iris da cultura popular.

Meu coração é o calor do meio dia


Que de tarde a chuva vem aliviar.
É um brinquedo feito de miriti
A talagada que encerra o jantar.
É vinho de cupu, de bacuri
É um pai’dégua paneiro de saudade
E digo mais: é o chocalho do pajé
Que afasta a panemice do caboco.
É a berlinda no auto da cidade
Na festança que começa lá na Sé.

Meu coração é curtido no tucupi


É a toada do maestro Waldemar
A visagem que inspira o Walcyr
E o assobio da Matinta pelo ar.
É o Curupira cavalgando um tapir
É tudo que já foi e tudo que é
Dois amantes e a rede na maloca
O amor na lenda do Tamba-Tajá
Um copo de pinga de Abaeté
Mil acres plantado com mandioca.

Meu coração é o couro do curimbó


Na floresta de sons do Grão Pará.
É a chuva pinicando na mangueira
É o riso na risada de Fafá.
É a guitarrada de Mestre Vieira
Carimbó de Curica e Verequete
E o som tecnobrega da aparelhagem
É o Mangueirão com Remo e Paysandu
A pimenta no som de Dona Onete
Tripa e boi do Arraial do Pavulagem.

Meu coração é o ronco da pororoca


Banho de ervas que afasta todo mal
É o horizonte do poente mais belo
O Goeldi, o Bosque, as Docas, o Mangal.
É um cabano ocupando o Castelo
E a fé dos que vivem no deus dará.
Está no rádio, na TV e Internet
Na rede que cobre todo estado
Meu coração é a cultura do Pará
Pulsando a 93,7.

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