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Tonico & Tinoco – 33 anos 1

33 anos
Tonico / José Caetano Erba

A velhinha do bolo da vida


São estrelas no céu a brilhar
É a graça por Deus concedida
É só ele que pode apagar

Eu nasci numa velha palhoça


O sertão foi meu berço e a escola
E seguindo evangelho da roça
Aprendi do ponteado da viola

A viola relembra o poeta


A mensagem que nunca esquecida
Violeiro caboclo profeta
Canta versos do livro da vida

Morena formosa e sadia


É o poema da eterna canção
Levando pro mundo a poesia
Paisagem do nosso sertão

O passado o presente saudando


Transmitindo a paz e o amor
Nossos trinta e três anos cantando
É a graça de nosso Senhor

À vocês estamos dedicando


Esses versos que o sertão nos deu
Desses trinta e três anos cantando
A idade que Cristo viveu

Paulista e mineiro
Carlito / Lourival dos Santos

Cantador de recortado São Paulo e Minas que tem


Sou mineiro e sou paulista, a mineira me quer bem
Sou paulista e sou mineiro as paulista me quer bem
Ai, as paulista me quer bem, e a mineira também

Eu nasci numa fazenda por nome de Bela Vista


Foi nascido na divisa, sou mineiro e sou paulista
Um paulista e um mineiro, na viola é dois artista
Ai, foi nascido na divisa, sou mineiro e sou paulista

Dois caboclo conhecido, campeão dos violeiro


A minha mãe é paulista, mas o meu pai é mineiro
Sou filho de dois Estado, cantando o Brasil inteiro
Ai, sempre fica uma saudade de um paulista e um mineiro

Rancho de palha
Tonico

Vida feliz da roça quer de noite, quer de dia


Do roçado a velha choça, onde tudo é poesia
O poeta sertanejo repica a viola e o violão
Cantando lindos solfejos as modinhas do sertão

www.ponteiocaipira.com.br - João Vilarim®


Tonico & Tinoco – 33 anos 2

Caboclo roceiro vive no sertão


Com mulher e filho, sua plantação
A roça de milho e seu alazão
Seu ranchinho novo pra lá do espigão

Domingo e dia santo vai no catira


As modas bonitas o povo admira
Disfarçando a mágoa na viola caipira
Os verso saudoso as morenas suspira

Nos dias de chuva o riacho se espalha


Vai na pescaria quando não trabalha
Acende seu pito e nada atrapalha
Caboclo é feliz no seu rancho de palha

O Brasil caboclo das mais lindas cenas


As tardes são preces, a noite é poema
O luar de prata, as manhãs serenas
Tudo é poesia cabocla morena

Filho de Mato Grosso


Anacleto Rosas Júnior

Sou filho de Mato Grosso criado no Paraguai


Minha coragem é um colosso e nisso puxei meu pai
E escuto um desaforo eu viro e volto pra trás
Ai pode ser meia dúzia que sem resposta não sai

Já dormi em baixo de árvore vendo o mundo amanhecer


Às vezes fico atrapalhado eu mesmo sei resolver
Eu topo qualquer parada e aconteça o que acontecer
É na escola do mundo que a gente aprende a viver

Tem certas coisas na vida ninguém pode compreender


Todos que você ajuda difícil reconhecer
Se quiser vencer na vida ninguém pode esmorecer
Água mole em pedra dura faz a pedra amolecer

Cada vida é um romance tão grande pra gente ler


Cada minuto que passa é uma folha pra escrever
Tem muitas histórias alegres e tem outras de entristecer
A página da saudade vai ficar quando eu morrer

Fogo na serra
Crioulo / Eddy Franco

Quando eu vejo uma boiada descendo pro baixadão


Meus olhos ficam chorando bate forte o coração
É o prenuncio da seca que chegou no meu sertão

Olha o fogo na serra, olha o fogo por lá


Boiadeiro trazendo a boiada pra cá

Assum preto piou fino de cortar o coração


É a seca que está queimando esturricando o sertão
Eu deixei a minha terra, o meu pai e os meus irmãos

Olha o fogo na serra, olha o fogo por lá


Boiadeiro trazendo a boiada pra cá

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Tonico & Tinoco – 33 anos 3

O Senhor meu Jesus Cristo manda chuva o mês inteiro


Pra verdejar nossa vida, sofrimento do roceiro
Cobrindo com vosso manto todo aquele que morreu

Olha o fogo na serra, olha o fogo por lá


Boiadeiro trazendo a boiada pra cá

Parabéns, parabéns, parabéns


José Russo / João Cioffi

Para você é um grande dia nós viemos festejar também


Juntamente com sua família, parabéns, parabéns, parabéns

Festa de grande amizade dos amigos que lhe querem bem


A você muita felicidade parabéns, parabéns, parabéns

Teu feliz aniversário, os anjos do céu digam amém


Uma conta mais no teu rosário parabéns, parabéns, parabéns

Esta data feliz de harmonia e que Deus lhe abençoe também


A você amor e alegria, parabéns, parabéns, parabéns

33 anos de glória
Mamarama

No bate-pé do catira, ao som da viola que chora


O meu coração delira, ouvindo a dupla caipira
Que todo Brasil adora

na primavera da vida, num sítio em São Manoel,


A dupla já era ouvida e por demais conhecida
Por todo um povo fiel

Repinicando no pinho, sob a noite enluarada,


Os irmãos Perez mocinhos lembravam dois passarinhos,
Cantando nas madrugadas

Deixando a roça deserta num triste dia nublado


A dupla foi descoberta num brado vivo de alerta
Pelo Capitão Furtado.

O Arraial da Curva Torta, dado a grandes promoções


Abrira feliz a porta à dupla que reconforta
Milhares de corações.

A sombra dum pé de angico sentado em cima dum toco


Capitão fez um fuxico chamando o João de Tonico
E o seu irmão de Tinoco

E hoje, quando descanta às cinco da madrugada,


Toda a gente se levanta, sentindo um nó na garganta.
Ouvindo a dupla encantada

Tonico e Tinoco, agora cantando só o que é bonito,


São dois numa voz que chora, lembrando a ave canora
Gorjeando pelo infinito

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Tonico & Tinoco – 33 anos 4

Para exaltar toda a história da dupla simples e gentil


Basta dizer da memória trinta e três anos de glória
Cantando para o Brasil

No Repique da Viola
Tonico / Silvano

No repique na viola é que nasce uma canção


Não se aprende na escola o catira do sertão
Um versinho pra morena no bater do coração, ai, ai
No repique da viola que se vê violeiro bom

No repique da viola a disparada ganhou


A poesia sertaneja o sertão todo cantou
No balanço do catira conquistei o meu amor, ai, ai,
No repique da viola se conhece o cantador

No repique da viola quem canta seu mal espanta


É na cantiga do galo a caboclinha levanta
Passarinho cantador o trinado é na garganta, ai, ai,
No repique da viola é que o sertanejo canta

No repique da viola eu dançava com você


Ficou tudo no passado, meu sertão do pé de ipê
Relembrando com saudade o catira amanhecer, ai, ai,
No repique da viola vou chorando sem querer

As Três cuiabanas
Zé Carreiro / Carreirinho

Eu nasci numa data feliz bem depois do dia dezesseis


Por eu ser um menino sem pai fui criado por tio Juarez
Titio era cuiabano nessa lida também me criei
Ele era criador de gado no seu regime eu acostumei
Tinha laço de couro de mateiro não escapava uma rês no mangueiro
Eu deixava correr trinta dia por mês

Eu viajei pra Matogrosso na comitiva de um calabrês


Titio meu deu um burro pampa que atendia por nome truquêz
Foi tirado da tropa Rio Grande outra escolha melhor não achei
Eu deixei pra mostrar minha ciência quando lá em Mato Grosso cheguei
Eu bambeei a rédea do pampa e o laço pegou pela guampa
Berrava na chincha o zebu jaguanês

Tinha três mocinhas na janela Juviliana, Clarice e Inês


Uma delas tava me gabando, o paulistinha ainda surra vocês
Cuiabano quiseram achar ruim o meu trinta na cinta eu bambeei
Pra mostrar minha ciência melhor por capricho o mestiço eu soltei
Ele tinha as guampas revessa e o laço escapou da cabeça
Pelas duas mãos eu lacei outra vez.

O patrão me chamou lá pra dentro eu entrei com meu jeito cortês


Eu entrei no salão de visita lá fiquei rodeado das três
Perguntou qual era a mais bonita veja só que apuro passei
Respondi todas as três são igual foi do jeito que eu desapurei
A mais velha é uma flor do campo, a do meio é um cravo vermelho
A mais nova é uma rosa quando tá de vez

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Tonico & Tinoco – 33 anos 5

E na hora da despedida foi preciso falar o português


O meu coração ficou roxo, ai, da cor de um alho chinês
Eu deixei pra dar meu suspiro quando o porto pra cá atravessei
As meninas me escreveram carta brevemente a resposta eu mandei
Vou tomar a linha Sorocabana quero ver as três cuiabanas,
Vou ver Juviliana, Clarice e Inês.

O Paraná
Tonico / Tinoco

Meu Paraná revestido na mata de Pinheirais


É um jardim florido, as grandes zonas rurais
O caboclo destemido cada vez plantando mais
Chão vermelho colorido a sombra dos cafezais
Vamos saudar o Paraná vamos saudar o Paraná.

Planalto que não arreda, monumento natural


A vila velha de pedra, o grande Rio Paraná
O salto das sete quedas o porto Paranaguá
Que visão da grande serra, Curitiba Capital
Vamos saudar o Paraná vamos saudar o Paraná

Lá no serrado distante a piada do inhambu


Grande mata verdejante, Brasil cruzeiro do sul
Paraná tudo é beleza, teu lindo céu azul
Enfeitando a natureza, Cataratas do Iguaçu
Vamos saudar o Paraná vamos saudar o Paraná

O governo confiança de mãos dadas prosseguir


Paraná verde esperança, onde a lavoura sorri
O progresso que avança caboclo forte gentil
O teu sertão que balança a grandeza do Brasil
Vamos saudar o Paraná vamos saudar o Paraná

Por grande que seja o filho


Goiá Júnior / Tonico / Tinoco

Não suba a gloria cabeça que um dia você cai


Seja sempre o que é tratando todos iguais
Mocidade é esperança e sempre estudando mais
Por grande que seja o filho nunca é maior que o pai

Menino deixou a palhoça e foi para a capital


O velho lutou na roça pro estudo do rapaz
Voltou formado doutor, conhecimentos gerais
Por grande que seja o filho nunca é maior que o pai

Não deu valor em mais nada, nem o anel que ele traz
Formatura de vaidade de tudo ele desfaz
Desconhecendo a humildade deixando de olhar pra trás
Por grande que seja o filho nunca é maior que o pai

Somos pequenos na terra, todos nós somos iguais


Nossa vida é passageira que passou não volta mais
Só quem é grade no mundo, os poderes são iguais
É grande Jesus que é o filho e grande Deus que é o pai

Desse jeito não dá


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Tonico & Tinoco – 33 anos 6

Nelsinho

Quem em vê não acredita que eu tenho passado


Vou tentar mudar de vida, estou desanimado
Trabalho o dia inteiro chego em casa cansado
A comida tá fria e o fogo apagado

Nem o meu carimbó não posso dançar


Desse jeito não dá, não dá, não dá...
Desse jeito não dá, não dá, não dá...
Desse jeito não dá, não dá, não dá...

Quando tudo vai bem a família me adora


Quando entro na pior a família estoura
Não tenho nem amigo, todo mundo dá o fora
Todo mundo dá palpite, ninguém colabora

Nem o meu carimbó não posso dançar


Desse jeito não dá, não dá, não dá...
Desse jeito não dá, não dá, não dá...
Desse jeito não dá, não dá, não dá...

Preciso de reforma lá no meu telhado


Quando chove, no meu quarto fico todo molhado
A porta tá sem tranca e o banheiro estragado
A cabrocha foi se embora pra outro povoado

Nem o meu carimbó não posso dançar


Desse jeito não dá, não dá, não dá...
Desse jeito não dá, não dá, não dá...
Desse jeito não dá, não dá, não dá...

Lá na loja do polaco estou devendo um bocado


Na venda do Joaquim só compro fiado
Em casa tenho a força, mas já foi cortada
A água tá vencendo e o aluguel atrasado

Nem o meu carimbó não posso dançar


Desse jeito não dá, não dá, não dá...
Desse jeito não dá, não dá, não dá...
Desse jeito não dá, não dá, não dá...

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