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Elie Maltz

Designer 26

IED
Design de Produtos

Mackenzie
Desenho Industrial

Estudou técnicas de arte, criação, ergonomia, processos industriais e design a vida inteira.

Briefing
Desafio – Criar um produto icônico para a empresa A LOT OF BRASIL
DNA – Brasilidade, novos materiais, design for all, modulável.
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É pau, é pedra, é o fim do caminho Minha terra tem palmeiras, Vai-se a primeira pomba despertada… É a viga, é o vão, festa da cumeeira

Brasilidade
É um resto de toco, é um pouco sozinho Onde canta o Sabiá; Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas É a chuva chovendo, é conversa ribeira
É um caco de vidro, é a vida, é o sol As aves, que aqui gorjeiam, De pombas vão-se dos pombais, apenas Das águas de março, é o fim da canseira
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol Não gorjeiam como lá. Raia sanguínea e fresca a madrugada. É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
É peroba do campo, o nó da madeira Nosso céu tem mais estrelas, E à tarde, quando a rígida nortada Passarinho na mão, pedra de atiradeira
Caingá candeia, é o Matita-Pereira Nossas várzeas têm mais flores, Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Nossos bosques têm mais vida, Ruflando as asas, sacudindo as penas, É uma ave no céu, é uma ave no chão
É madeira de vento, tombo da ribanceira Nossa vida mais amores. Voltam todas em bando e em revoada. É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o mistério profundo, é o queira ou não queira Em cismar, sozinho, à noite, Também dos corações onde abotoam, É o fundo do poço, é o fim do caminho
É o vento ventando, é o fim da ladeira Mais prazer encontro eu lá; Os sonhos, um por um, céleres voam, No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
Como definir a identidade de uma nação tão rica etnicamente e culturalmente?
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam, No que
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
Das águas de março, é o fim da canseira Minha terra tem primores, Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
consiste o espirito brasileiro em essência em meio a miscigenação? NoÉÉ um
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
E eles aos corações não voltam mais.umhino egesto,
peixe, é um bandeira?
pingo pingando, é uma conta, é um conto
é uma prata brilhando
Passarinho na mão, pedra de atiradeira É a luz da manha, é o tijolo chegando
Tradicionais marchas do carnaval? Festas juninas?
É uma ave no céu, é uma ave no chão
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Capoeira? Futebol?É Costumes
Um barão assinalado
sem brasão, sem gume e fama
a lenha, é o dia, é o fim e tradições
da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
indígenas? Candomblé? Catolicismo? Religiosidade?
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
cumpre apenas o seuLendas?
amar, louvar sua dama,
fado: Folclores? Superstições?
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
Tapioca? Feijoada? Churrasco e chimarrão? Nas
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores que é defeiras
dia e noite navegar,
de rua? Na modernidade
aquém e de além-mar e riqueza das
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto Que não encontro por cá;
metrópoles
É um pluriculturais
pingo pingando, é uma conta, é um conto e multiétnicas? NaNobre
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
riquíssima
apenas de memórias,flora e fauna?SãoPraias
a ilha que busca e amor que ama.
e cachoeiras?
É um resto de mato na luz da manhã
as águas de março fechando o verão
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando vai lembrando de seus dias, É a promessa de vida no teu coração
É aNas ruas
luz da manha, das
é o tijolo favelas com
chegando suas crianças empinando dias que são as pipas
histórias, e jogando bola? Na beleza, alegria
É a lenha, é o dia, é o fim da picada Olha que coisa mais linda histórias que são porfias É pau, é pedra, é o fim do caminho
e simplicidade de
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
viver?
Mais
Nocheia
É ela menina sorriso
de graça
e simpatia? No
de passados jeito
e futuros,
naufrágios e outros apuros,
leve, humildeÉeum alegre
resto do toco, éde levar
um pouco sozinho a
É uma cobra, é um pau, é João, é José
vida? Ou seria tudo e mais
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
Num doceum balançopouco?
Que vem e que passa descobertas e alegrias.
Alegrias descobertas
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã A caminho do mar ou mesmo achadas, lá vão É a promessa de vida no teu coração
É um resto de mato na luz da manhã a todas as naus alertas
São as águas de março fechando o verão Moça do corpo dourado de vaia mastreação, É pau, é pedra, é o fim do caminho
A brasilidade é tão vasta
É a promessa de vida no teu coração que
Do sol ninguém consegue defini-la, é uma almaÉ um
de lpanema
O seu balançado é mais que um poema
espontânea
mastros que apoiam caminhos
resto de toco, é um pouco
a países de outros vinhos.
cheia
sozinho de
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
vida, assim como o Saci,
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto do toco, é um pouco sozinho
é cheia de faces, infinitas, se reinventa e se transforma,
É a coisa mais linda que eu já vi passar Está é a ébria embarcação.
É um belo horizonte, é uma
Barão ébrio, mas barão,
mas
febre terçã
São as águas de março fechando o verão
sempre com leveza,
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé umAh,
Ah,sorriso estampado
por que estou tão sozinho?
por que tudo é tão triste? e uma energia contagiante.É a promessa
Esse deévidaonoBrasil
de manchas condecorado;
entre o mar, o céu e o chão
teu coração
que
São as águas de março fechando o verão Ah, a beleza que existe
É adesejo trazer e personificar nesta obra - alegre, simples, mínimo e leve, É umporém
resto de toco, é novo, rico,
fala sem ser escutado
É pau, é pedra, é o fim do caminho
promessa de vida no teu coração A beleza que não é só minha a peixes, homens e aves, um pouco sozinho
Que também passa sozinha bocas e bicos, com chaves,
É pau, é pedra, é o fim do caminho
admirável,
É pau, elegante e moderno.
é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho Ah, se ela soubesse
e ele sem chaves na mão.
É um resto de toco, é um pouco sozinho
A ilha ninguém achou
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã Que quando ela passa porque todos o sabíamos. Pau, pedra, fim do caminho
É um belo horizonte, é uma febre terçã O mundo inteirinho se enche de graça Mesmo nos olhos havia Resto de toco, pouco sozinho
Este projeto consiste na criação de um ícone inspirado numa antiga folclore brasileira, talvez
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
E fica mais lindo
Por causa do amor
uma clara geografia.
Mesmo nesse fim de mar
Pau, pedra, fim do caminho
Resto de toco, pouco sozinho

naé pedra,
É pau, mais é o fimantiga,
do caminho mística, Demágica e misteriosa
tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
de todas. Um objeto comPedra,
virtudes
qualquer ilha se encontrava,
mesmo sem mar e sem fim, caminho brasileiras
É um resto de toco, é um pouco sozinho mesmo sem terra e sem mim.
Pouco sozinho
contemporâneas
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
refletindo
Que mesmo o emjeitinho leve, alegre e espontâneo do brasileiro
face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Pedra, caminho no Saci.
Mesmo sem naus e sem rumos,
mesmo sem vagas e areias, Pouco sozinho
Quero vivê-lo em cada vão momento há sempre um copo de mar Pedra, caminho
Pau, pedra, fim do caminho E em louvor hei de espalhar meu canto para um homem navegar. É o toco...
Resto de toco, pouco sozinho E rir meu riso e derramar meu pranto
O Saci
O Saci (do tupi - sa'sï, onomatopeia do pio do
pássaro matinta-pereira - Tapera Naevia) é um
dos personagem mais importantes do folclore
brasileiro, mais conhecido como saci-pererê, é
popular na forma de um negro com uma só
perna. Escolhi o Saci porque é fruto da típica
convergência de culturas brasileira. Tem sua
origem dos indígenas do sul, a mitologia
africana no norte o transformou num menino
negro que perdeu a perna lutando capoeira,
herdou também da cultura africana o pito
(cachimbo) e da mitologia europeia o píleo
(gorro do trasgo). A figura do saci pode ser de
um espirito maléfico, mas também brincalhão
ou até gracioso conforme as versões do sul.

Assim como o Brasil e sua nação, o Saci se


transforma e reinventa sua identidade
constantemente.
O Mati
No folclore brasileiro, o matinta-pereira é
considerado um pássaro de mau agouro:
segundo a lenda, feiticeiros e pajés se
transformam nesse pássaro. Acreditavam que
o grito agourento do pássaro vinha de um
velho de uma só perna, que andava aos pulos.
O saci-pererê na forma de ave. Na região
carioca acreditava-se que o caipora andava
com um pássaro noturno de um pé só, o saci-
pereira. Os mandarucus diziam que era sob a
forma de “matintaperera” que a alma dos
mortos vinha passear sobre a terra, o mesmo
diziam os chiriguanos. Os guaraiús sempre
tiveram cuidado por esse pássaro, dizendo que
ele vinha da terra dos ancestrais.

O Saci e Mati são frutos da mesma lenda e


sempre tiveram alma e DNA brasileiro.
Conceito
O Saci é Brasileiro

O pio “sa'sï” do matinta-pereira soa melancólico e agourento. Os


assobios noturnos na antiguidade eram considerados manifestações
de espíritos negativos e demônios, no Brasil foram associados a este
pássaro “invisível”, tímido e misterioso. O Saci simbolizou o
desconhecido, algo que desencadeava medo e desconfiança.

O brasileiro sofre preconceito e passa por momentos obscuros, privações e dificuldades, o


mundo em geral e o Brasil em particular passa por uma fase turbulenta, o amanha é incerto,
muitos não sabem se chegarão em casa em meio a pobreza e violência, muitos, nem sabem
se terão o que comer. Como atrair boas energias e almejar a felicidade em meio a tanta
obscuridade?

Por trás do assobio misterioso do Saci que ecoa e reverbera pelas profundezas das florestas
brasileiras, existe um belo pássaro, um espirito alegre e esvoaçante, por trás da melancolia e
medo existe uma felicidade incondicional e pura. Por trás do Saci, existe um brasileiro alegre.

Em momentos de escuridão uma única fagulha floresce luz e esperança. O brasileiro supera
as dificuldades com a felicidade incondicional, algo puro e independente, um estado de
espirito aventurado que supera barreiras, o verdadeiro espirito brasileiro.
Conceito Forma
Conceito Forma
LESS IS MORE
Das possibilidades estudadas busquei as formas e linhas mais simples e minimalistas possíveis. A forma
fina do pé é elegante e remete a delicadeza da pata do pássaro matinta-pereira, o corpo da cadeira assim
como o do pássaro é mais colorido e volumoso que seus pés, dando sequencia ao conceito da energia
positiva que emana de algo simples, quem olha a estrutura fina acha que ela esta flutuando como um
pássaro e inicialmente duvida de sua resistência, como um pássaro em seu primeiro voo, até o usuário
sentar na cadeira acoplada em sua sólida base de aço, sente um frio na barriga. O corpo da cadeira imita
as linhas do Saci como podemos ver claramente e com o pássaro subliminarmente. Não obstante, a
convergência de dois pés em um não apenas sugere as lendas do Saci, Mati ou o pé saltitante dos dois,
mas vai muito além, nos lembra a forma da arvore da vida descrita na Cabalá, pela qual recebemos a
emanação do divino e boas vibrações para este mundo, tornando a cadeira uma antena e receptáculo
destas energias positivas, ou seja, do divino, além disso, sua forma semelhante as letras do hebraico
“Lamed” e “Bet” formam a palavra coração, berço dos nossos sentimentos de fé. A cadeira pode ser
giratória ou não, pois a forma redonda em si nos lembra o redemoinho do Saci, e quanto menos
movimentos, melhor para a coluna vertebral, pois esta cadeira foi elaborada ergonomicamente para
evitar lesões na mesma. Como todo ícone, esta cadeira poderá ser usada e reproduzida de infinitas
formas para ambientes diversos e sua interface na versão mais básica poderá servir de canvas para que
artistas gráficos explorem ainda mais a criatividade e brasilidade da mesma. Afinal, o Saci se transforma.
Sketches
Sketch
3D
Render
Materiais
Foto tirada ao lado do primeiro carro superesportivo do Brasil para mostrar dimensões do modelo

Modelo 1:1
Protótipos
2cm

Detalhes
40cm
42cm

40cm 42cm

2cm 83cm

29cm
41cm 43cm

10cm
2cm

60cm

2cm

42cm 40cm

42cm
Ergonomia
Logo

A cadeira SASY foi nomeada sem a letra C para que seu nome seja pronunciado corretamente no
mundo inteiro, especialmente na feira de Milão - Itália, com o som do “S” e não “TCH” típico italiano.
A letra Y usada apenas numa bem antiga também remete a atemporalidade da mesma e a forma da
cadeira. As linhas delicadas lembram a leveza do design usado no produto e dos finos galhos usados
nos ninhos dos pássaros. As duas sílabas são de tamanhos diferentes simbolizando as duas notas
musicais do pássaro saci e ambas formam dois pés virados a esquerda. As letras A e Y simbolizam o
pássaro (Y) cantando em frente a casa (A), assim como na lenda, este em destaque emanando uma
áurea amarela transformando a letra A na cadeira em sua forma final enquanto as todas outras letras
lembram formas da mesma. As letras S-S e A-Y estão alinhadas todas apontam para cor amarela da
cadeira fechando o significado principal do mesmo, a cadeira Sasy.
Conclusão

A cadeira SASY representa a alegria de superação do brasileiro, a vitória sobre os medos, na fé pura que
todos brasileiros compartilham independente de sua etnia, religião ou origem.
Sentimento leve, porém firme e forte.

Demonstrei aqui apenas algumas das inúmeras possibilidades que esta forma icônica pode tomar,
algumas que remetem os valores e outros itens já existentes na empresa, porém as aplicações da mesma
podem ir muito além, como vestir o esqueleto da mesma com tecido ou couro com bolsos, base com
cortes a laser, etc, de forma que a mesma converse e complemente mais produtos da A Lot Of Brasil.

Muito obrigado!

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