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Os Sapos Urra o sapo-boi:

- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"


- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". Os Sapos Urra o sapo-boi:
Manuel Bandeira, 1918
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
Brada em um assomo - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Enfunando os papos, O sapo-tanoeiro:
Manuel Bandeira, 1918
Saem da penumbra, - A grande arte é como Brada em um assomo
Aos pulos, os sapos. Lavor de joalheiro. Enfunando os papos, O sapo-tanoeiro:
A luz os deslumbra. Saem da penumbra, - A grande arte é como
Aos pulos, os sapos. Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Em ronco que aterra, A luz os deslumbra.
Tudo quanto é belo,
Berra o sapo-boi: Tudo quanto é vário, Ou bem de estatuário.
- "Meu pai foi à guerra!" Canta no martelo". Em ronco que aterra, Tudo quanto é belo,
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". Berra o sapo-boi: Tudo quanto é vário,
- "Meu pai foi à guerra!" Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
O sapo-tanoeiro, - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
(Um mal em si cabe),
Parnasiano aguado, Falam pelas tripas, Outros, sapos-pipas
Diz: - "Meu cancioneiro - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". O sapo-tanoeiro, (Um mal em si cabe),
É bem martelado. Parnasiano aguado, Falam pelas tripas,
Diz: - "Meu cancioneiro - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Vede como primo É bem martelado.
Lá onde mais densa
Em comer os hiatos! A noite infinita Longe dessa grita,
Que arte! E nunca rimo Veste a sombra imensa; Vede como primo Lá onde mais densa
Os termos cognatos. Em comer os hiatos! A noite infinita
Que arte! E nunca rimo Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
O meu verso é bom Os termos cognatos.
Sem glória, sem fé,
Frumento sem joio. No perau profundo Lá, fugido ao mundo,
Faço rimas com E solitário, é O meu verso é bom Sem glória, sem fé,
Consoantes de apoio. Frumento sem joio. No perau profundo
Faço rimas com E solitário, é
Que soluças tu,
Vai por cinquüenta anos Consoantes de apoio.
Transido de frio,
Que lhes dei a norma: Sapo-cururu Que soluças tu,
Reduzi sem danos Da beira do rio... Vai por cinquüenta anos Transido de frio,
A fôrmas a forma. Que lhes dei a norma: Sapo-cururu
Reduzi sem danos Da beira do rio...
Clame a saparia A fôrmas a forma.
Em críticas céticas:
Não há mais poesia, Clame a saparia
Mas há artes poéticas..." Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

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