Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
=
!
\.j s
\r'\
,l
Éi
-l
FÍl
F{
a
U
i ,,,
(1s24)
l, i
.I
i1
_!
t
I
I
H
Qlrando as casas baixarem cle preço, ôh, que pra 1á da serra caxingam os dinosauros!
Você há-cle ter a vossa, Laura Moura,
Lá na cidade em que trabalho. . . Em breve a noite abrirá os corpos,
Há-de sel born, pousanclo o rosto eur vosso cck;,
r\'Íe entediar feito um clono,
As embaúbas vão se refazer.. .
N{a} escutando as maguas de vocô.
A gente escapa da vontade.
Laura Moura viverá bem sosscgada, Os seres mancham apenas a luz dos olhares,
Iúe servindo, Se sobrevoam feito músicas escuras.
Toda 1:uxada pelo Piauí.
Nurn longing quase born, E a vida, como viola deshonesta,
Comenclo alimentos comprados, Viola a morte do aldor, e se dedilha. . .
Laura N{oura falará de Teresina Fraca.
II das boiadas e dos boiadeiros
E cla polvadeira sêca do Piauí,
TODA
Quando as cilsns baixrrrem de preço,
Laura Moura, plclcla minha, ( 1e32)
Unra clelas será sua sem {tavor.
Lá fóra a bulha cla ciclaCe
Disfarçará rlosso p'razer. . . No outro lado da cidade,
E a gente, luma recle maranhense, Não sei o quê, foi o vento,
Ao som clum jaz bern blue, O vento me dispersou.
Bzrlnncearemos no calor cla noite.
Solhando com o soltão. Viagei por terras estranhas
Entre flores espantosas,
Tive coragem pra tudo
\ICN,{EN'TO No outro lado da cidade,
Sem tomar cuidado em mim.
( 1e2e ) Passeava com tais perícias,
Punha girafas na esquina,
O mundo que se inulda claro em vultcls roxos Quantos milagres na viagem,
No cáos profundo em que a tristura Meu coração de ninguem!
Tange mansinho os ventos aos mulambos. E pude estar sem perigo
,, Por entre aconchegos pagos,
A geute escapa da vontacle. Em que o carinho mais velho
Se sente prazeres futuros, Inda guardava agressão.
Chegar €m casâ, Busquei São Paulo no mapa,
Ileconhecer-se em naturezas-mortas. . . Mas tuclq com cara nova,
16
r I
II _ OS GATOS
(a)
( 14-X-33 )
irt
Vamos enrolados pelas enxurradas Como um qato clrinês criado através de séculos de posse e
Em que boiam corpos, em que boiam os mortos, de aproveitamentos,
Ern que vão putrefatos milhares de gatos. . . Pnril meu gôso só, pra meu enfeite só de mim,
Das casas cai mentira, Pra mim, pra mim, tu foste feita, ôh Chinal
Nós vamos com as enxurradas, Estou te saboreando, és gato china que apanhei vagamundo
Corn a perfeita inocência dos fenômenos da terra, na ,rua,
Voluphlosamente mortos, oh Chiha! ôh minha triste China,
Os sem ciàrcia mais nenhurna de que a vida Estarei pesando, te fazendo llezar seln rnotivq
Está horrenda, querendo ser, erglrendo os rabos Estou... estava, ôh minha triste sina,
Fnr trás cla noite, em companhia dos milhóes de gatos verdes. Até que fui guardal nos teus cabelos perdidos
Lágrima que não pucle sem chorar.
T :-
Você é lindíssima! É polida e cadencial feito uma lei! Lábios, lábios para o encontro em
-que
ca-ntareis fatalmente,
Mas eu sou o Grão Cão que te marquei um bocado com Arneaçados pelà fome que espia detrás da cochilha,
crime dos mundos! A clôr, a cairichosa dôti desoõupaiia que desde milhões de
E agora nem de perdão carecemos existências
No mesmo abraço desaparecidos. Brrsca a razáo de ser.
(15-X-33) (27-XIi-33 )
A cidade está mais agitada a meidia. À vida é para mim, está se vendo,
Âs ruas devastam minha virgindade Urna felicidade sem rep'ouso;
E os cidadãos talvez marquem encontro nos melrs lábios. Eu nem sei mais si goso, pois que o gôso
N{inlra boca é o peixe nracho e clerramo núcleos cle amor Só pode ser medÍdo-em sc softettdo.
peltrs ruas.
Quc irão fecrrnrlar os ovários cla vida algum dia, Bem sei que tudo é engano, mas sabendo
Disso, períisto em me enganar. . . Eu ouso
Eu venho das altas tôrres, venho dos matos alagaclos, Dizer' (rre a vida foi o bem precioso __
Com meus passos conduzidos pelo fogo do Grã Cáo! Qrie eri adorei. Foi meu pecado... Horrendo
Mas pra viver na cidade de São Paulo escondi na corrente
de prata Seria. agora que a vellrice avança,
A inutil semente do milho, a manivâ, Quo-me" sintci completo e além da sorte,
E enroupei de acerba seda o arlequinal do meu dizer.. . ú" ugur.o. a esta-vida fementida.
E agora apontai-me, janelas do Martinell i, Vou fazer do meu fim minha esperança,
Calçadas, ruas, ruas, ladeiras rodanfes, viadutos, C)h sono, vem!. . . Qr" eu quero amar a morte
Onde estão os judeus de conciência lívida? Com o mesmo engano com que amei a vida.
Os tortuosos iaponeses que flertam São Paulo?
Os ageis brasileiros do Nordeste? os coloridos?
Onde estão os coloridos italianos? onde estão os turcomanos?
ÀdOMENTO
Onde estão os pardais, madame la Françoise,
Ergo, egq Ega, égua, agua, iota, calúnia e notícias,
Balouçantes nas marquesas dos roxos arranhacéus?... (Abril de 1937)
Não vos trago a fala de ]esus nem o escuclo de Àquiles, O rfunto corta os sêres Pelo meio.
Nem a casinha pequenina ou a sombra do jatobá. Só um deseio de nitidei ampara o mundo" '
Tudo escoúdi no caminho da corrente de prata. Faz sol. Fez chuva. E a ventania
Ivlas eu venho das altas tôrres trazido ao facho do Grã Cão, Esparrama os trombones das nuvens no azul'
254 1\{ÂRIO DE ANDIlADIl POESIAS COT\{PLETAS zbi)
I
-
Na solidão solitude,
Na solidão entrei,
Na soiidão perdi-me.
Nunca me alegrarei.
I.IVRO AZUL
,1
l7