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TOMO I. - DOMINGO, 18 DE ABRIL DE 1852.
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Modas, Littcratura, Bellas-Artes, Theatros e Critica. ¦^ l/b'/

C\5O0 programa e condicções deste jornal encontrâo-se na ultima pagina. GSO

UMA LAGRIMA pensamento tão beníseliã... emmudecer para


E. . ...
¦ sempre a meiga voz quo nos afagou com pala-
.
vras de ternura, com o canto sonoro dos Che-
Um tributo de amizade. rubins.... e isso tudo vamos ver cravar em uma
caixa estreita e solitária, para descer a uma
Ha quasi um mez que a redacção do nosso cova horrível e medonha, onde tudo vae con-
Jornal, perdeu uma das suas mais assíduas e verter-se em vermes e depois em ossos seccos
mais intelligentes çollaboradoras ! e informes.... . '
A sociedade perdeu um dos seus mais bellos Síní, é horrível isto tudo.... mas é a religião
ornamentos, a familia uma mãi, uma esposa,
uma filha, idolo querido de quantos a eercavão, quem deve sarar as nossas feridas, c o pensa-
mento de outro mundo melhor, onde forçosa-
e podião apreciar suas virtudes, sua instrueção mente havemos de encontrar aquelles que amá-
e as raras qualidades que a ornarão ! mos na nossa passagem terrestre...
E esta a vez prímeira,_4ue temos coragem de Morrer l por ventura morrem em nossa lem-
abafar o nosso pranto para preenchermos a branca aquelles, cujas virtudes deixão apoz de
triste tarefa de consagrar-lhe algumas linhas... si uma memória viva e.indelével ? Não, no ar-
morreu tão cedo! Só vinte dois annos de ida- cano í\o pensamento revive a imagem adorada ;
de !... E' necessário resignarmos. Os anjos pre- ali, nas horas em que evocamos os amores do
dilectos do Senhor, descem á terra, só para
revelar-nos, que a virtude não é uma palavra, passado, a fantasia nos recompõe essa imagem
que a morte nos robou; no silencio da noite,
que é uma qualidade divina, e que ella pôde en- podemos fallar á celeste visão que evocou a sau-
eontrar-se neste mundo, ainda que por um mo- dade, e podemos contar-lhe as penas nossas, e
mento.... e de passagem para a sua verdadeira
morada. pedir-lhe consolações que nos minorem a amar-
Comtudo, o nosso egoísmo revolta-se com gura... Tudo é mysterio em redor do homem!
Essas visões dos mortos, acaso serão ellas só
essa separação forçada, com esse adeus, cujo um sonho da nossa fantasia?... talvez!
termo é um arcano, tãolugubre e tãomudo,como Folheando as paginas do Jornal das Senhoras
o próprio túmulo U do passado trimestre, os nossos olhos encontra-
Sim, é dolororissimo, ver gélido einanimado rao t- pensamentos suaves e religiosos, onde
o ser adorado no qual cifravão-se todasas nossas uma almapiira eangelica se revela sem •
alfeições, iodas as esperanças de felicidade e de querer..
Sempre uma lagrima saudosa cotejará sobre a
faturo.... ver paraíizados aquelles olhos onde o pagma onde os artigos assignados por—E ve-

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mento, as sensações dos outros!... é uma triste


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nhão lembrar-nos. que D. Emilia Dulce Moncor-
vo de Figueredo; deixou de existir!... sciencia que só serve para desencantar o cora-
* . . . . . • . . , . . ... • . . • . çãoe enlutar a alma com o desalento mais com-
... pie to!
Publicamos aqui as suas ultimas producçõcs, Ah 1 se no meio d'esse mundo falaze mentiro-
ainda preparadas três dias antes cio dia fatal dos so não encontrássemos, esquecido e silencioso,
seus primeiros encommodos. o perfil suave d consolador da verdadeira virtu-
de, comprenderiamos ás vezes o attractivo até
PEr¥^4]fIKlVTOS (*) do suicídio, porque ha momentos de indizivei
fastioda vida para quéhi recebeu atriste pedes-
da Illm.* Sra. D. Emilia Dulce Moncor vo tinação de ler no coração dos outros !....
de Figueredo.
Sim, deixac esboçar-vos o quadro da vida da
—Pobre moça—escutai.
O inundo é um vasto mercado em que os Eu a conheci desde os mais ternos annos da
erros se vendem por verdades, os vicios por infância, foi muitas vezes camarada minha na-
virtudes.
quelles alegres brinquedos, naquelles dias que
não voltão jamais!
A verdadeira amizade encontra-se na estra- Era tão boa! Sempre fazia as vontades aos
da da vida, como a palmeira no deserto. outros: se erão impertinentes com ella, soífria-
os em silencio; nunca se queixava, nunca aceu-
O justo morrendo vae pedir a Deus a recom- ti d V ».i ......
E ninguém tinha a coragem de maitratal-a,
pensa do seu amor. E' um filho saudozo, que tem
viajado e volta para seu Pae. porque para as perversidades dos outros ella só
oppunha sua doce resignação !
virtude; é a E ás vezes um triste sorriso temperado por
A humildade sendo uma pedra uma lagrima!
de toque, é a verdadeira prova das outras vir- Orfàdepae muito cedo, desde a idade de sete
tudes. Em quanto não lordes humildes, não vos
annos ella cozia para ajudar a sua mãi a ganhar
reputeis virtuosos. o pão.
Todos os dias, a um grande armazém de tape-
Aos olhos de uma sociedade iliustrücla brilha éèíro, ellas ião cozer até ás seis horas da tarde.
menos uma soberana quando, rodeada dos gran- Com sol, com frio, com chuva, as duas pobres
des da sua corte, está assentada em um throno criaturas lá ião a pé, desde não pequena distan-
de ouro e diamantes, que quando, generosa e cia.
eompassiva, desce á morada da dor e dos ge- A mãi era tão boa lambem! Coitada, dos
midos para ouvír as vozes do infortúnio, obser- quatro filhos que tivera, três erão homens e em
var de perto as misérias humanas, e concorrer nada a ajudavão, só Joaninha, era a única que
para miuoral-as. era boa para com ella!
Joaninha, desde pequena era magrjnha, pai-
Aquillo que nós despendemos em superflui- lida, as bexigas tinhão-ihe marcado o rosto para
clades vem a fazer-nos falta : o que despende- sempre. Seus cabellos louros, mas de uma tinia
mosem esmolas, não. As esmolas são letras suave, erão sedosos e abundantes; seus olhos
saccadas sobre a eternidade. A' nossa chegada azues linhâo uma expressão angélica,
cada um as achará pagaveis á vista. Depois, alguns annos mais tarde, ja era uma
moça, mas seu rosto não mudara.
O estado natural do homem é o da sociedade; Era sempre aquelle rosto sereno, pallido e
do soffri-
mas ha situações excepcionaes da vida, em que cheio de bondade, onde a resignação
a solidão lhe é preferível. mento lhe estava impresso.
Quantas misérias, quantos trabalhos para a
triste criatura!
A Polive-moça* Era sua herança neste mundo! para ella [nio
devião haver amores, enfeites, prazeres!
Não ha nada lão silencioso e tão modesto no Levantar-se com o dia, trabalhar sempre sem
mundo como a virtude ! repouzo, e háda mais para o futuro.... que essa
Santa virtude! todos escarnecem de ti! a cada vicia árida, despida de esperanças e dedevião gozos !...
Um dia porém esses torineutos aug-
passo o vicio hyprocrita quer ostentar as luas mentar!
cândidas vestes. — ?.-'
Seres sem consciência! corações malvados, Um dia a mãi de Joaninha não viu mais!
que, não contentes com abrigar os sentimentos eega A desgraçada pelo excesso do trabalho, ficara
mais abjectos, querem cingir na-manchada fronte .1 ___
a coroa de rosas, emblema da Virtude ! Desde esse dia, necessário foi, despedirem-se
Ah! é fatigante o estudo do coração humano! do armazém onde trabalhavão ; a pobre cega já
Ler nos quasi invisíveis traços musculosos, no não podia mais ganhar o pão !
volver de olhos mais insignificante, o pensa- S sós na terra ! só a Deus por amigo I |
A pobre moça sabia muito çedinho, fazia a»
(*r Todos os outros que teôm sido publicados pertencem
ánjàíma. da mesma presadissima autora. pequenas compras para ella e a mãi, depois tra-
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balhava todo o dia e fazia o comer, cuidava da íi a excepção dos primos.
triste cega, e ás vezes levantando á cabeça do Pois o caso é que o tal meu parente chegou
trabalho, ao encarar o rosto de sua mãi, onde a outro diaá minha casa desesperado porque tinha
mais pia resignação sç observava, ao ver aquel- mandado em bora o seu criado.
les olhos que o trabalho e as lagrimas seccárão Mas créatura, porque o despediste, se
para sempre, Joaniuha cruzava os braços, le- tanta falta te faz?
rantava os olhos ao céo, e duas lagrimas lhe
rolavão pelas encovadase desbotadas faces! Porque? respondeu-me elle furioso, porque
é utii estúpido quadrado.
Agora, ja énecessasio tomar algumas horas Pois então meu caro o que é? o que acon-
de seu somno e coser também ánoite I
teceu?
Sim, olhai, dentro do seu pobre despido quarto Vocc não sabe?.... Pois eu lhe vou contar.
tudo está limpo e arrtimadinho. ¦'-.—-
Hontem, jantarão commigo alguns amigos; ja
Duas camas, uma em frente da oufrá^no estávamos á mesa, quando vejoqueo meu Tho-
meio uma mesa de trabalho. maz, (assim chama-seo tal criado de meu pri- iviv;

Dão onze horas ao longe, é noite fria, como mo) esquecera-se de comprar rabanetes como
as ha no Prata, chuviscos fortes batem os vidros eu lhe ordenara antes, chamo-o de parte, dou-
da janella por intervallos. lhe cinco mil reis que não tinha mais troco, edi-
A cega dorme; sua cabeça toda branca, não go-ltie, vae, corre, troca este bilhete e compra
pela idade mas sim pelos desgostos, repousa as- meia patacade rabanetes.Isto feitosentamo-nos
sim mesmo com essa paz dojuslo que não altera á mesa, comemos a sopa, e eu a entreter os ra-
as magoas da existência ! pazese a olhar para a porta da escada.... mas
A pobre moça, vela, cose ao pé da mesa, á qual! nada de Thomaz ! Em fim principiamos a
luz acanhada da vela de sebo. jatilar, os meus amigos queixão-se da falta de
rabanetes; e eu a dizeí-lhés; elles já chegão,
Se deixa um instante o trabalho, é só para íi- não tardãopor ahi... mas qual, nem Thomaz,
tar seus olhos iVaquella cabeça veneravel que re- nem rabanetes ! Por fim, fomos esquecendo os
pousa a dois passos d'ella, cujo sustento depen- rabanetes, e principiou a conversa, e &c.
de do seu trabalho, da sua constância; e da sua Ja se sabe (interrompi eu) corlastenapelle
saúde que ella já sente vacillar!..
das pobres mulheres, que foi um gosto ?
E nunca se queixou! nunca contou a ninguém Não senhora, meus amigos fallárão, mas
tanta abnegação! nuncamormurouda sua sorte!
eu não sou capaz.
Não é formosa, por isso homem nenhum lhe Ah! você não ? e então porque sinhôzinho?
oííereceu seu amor.... Ninguém sabe que ella é
um anjo, porque ella é silenciosa e modesta e —- Porque tenho tanto medo d'ellas, que não
vive ignorada. quero dizer nem bem nem mal!
Pobre moça! e essa orfandade tão completa Ora vejão só.... pois faze-lhes uma cruz
acompanhal-a-ha sempre... e um dia morrerá quandopassaresperto deltas! M^s, anda,conti-
como viveu—-só e ignorada ! núa a tua historia.
A's vezes nos nossos momentos de extremos Meu primo tomou um ar mais serio que do
soíirirtVentps temos perguntado a Deus. costume e continuou :
Senhor de que servem neste mundo a virtude Estava-mos nós já no fim do jantar, quando
e a inteliigencia ? entra o meu Thomaz com um preto de ganho
àtraz, e todo suííbcado e suado. Eu olhei para
elle todo espantado, e pergunto-lhe oque é isso
IHEÍJ PRIMO EM APUROS. rapaz ?
Meu amo, cá estão, eu não pude achar á
meia pataca, mas acheiporquatorze vinténs.
Por quatorze vinténs? o que é que tu
Eu não sei se minhas queridas leitoras, sabarn achaste por quatorze vinténs ?
queeu tenho um primo: não ha cousa mais na- Os barretes que meu amo mandou buscar.
t tirai que ter um primo, nem ha neste mundo
E isto dizendo apresentou-me cinco mil reis de
quem não lenha primos. barretes!... , ¦
Naopinião de alguém de nossa amizade, não
hanadapeior do que os taes primos, porque a O diabo te carregue atieaos teus barretes,
titulo de parentes, gozão de certa franqueza.... axclamei! E os meus amigos a rirem-se, Thomaz
em fim este nosso, amigo jurava sempre que se a olhar para mim todo embatucado.... oh! Se-
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chegasse a casar daria um bill matrimonial pro- nhorquè besta!
hibindoo ingresso dos primos na sua casa. Eu desde a noticia dos barretes em troca de
Eu não duvido que elle tenha razão ; eu cá rabanetes, estava em uma convulsão de riso.,.
por mim o que sei é, que este tal meu primo é porém, mal viu meu primo que eu me ria a cho-
a mais exelente créatura do mundo ; é um ra- rar, augmentando-se seu desespero, sahiu a
correr e amaldiçoando o seu criado que lhe
paz que tomou ao serio a vida, que não gosta trouxe para casa um carregamento de barretes!
de brinquedos, ora vejãoj nem mesmo com as
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• Nesta aíllicção
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Jjl vlXl "0 Como aceudir?
Largar a filha
Para subir?
Unia joven mui. Já oreptil venenoso
Salve oh! virgem graciosa, .Sallo tentava fazer,.. .
v« MãideDeusOmnipotenle, Oh! pobre mãe que aíllicção!
Eu vos louvo, eu vos adoro A quem ha de soecorrer!
.« Junto com este innocente Como era mãe
Assim orava Tudo arrostou;
Mãi extremosa, A própria vida \
Tendo nos brrços, Ella arriscou V
Filha mimosa: Prende nrum chalé a filhinha,
Com um sorrir d^nnocente, N^im galho de pitangueira;
Brando, meigo, lhe pagou Com uma vara que encontrou
Cara filhinha, os afagos Voa ao combate ligeira.
Que lhe fez, quando a beijou: A jararaca
Mãos delicadas,-^ Nellà saílou
Então alçando Mas de um só golpe
Da mãi o collo Morta fie ou!
Foi abraçando: Sobe ao tronco, arranha as faces,
« E eu mamai! Não te abraço ? Fere seu collo mimoso,
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¦f-- Diz o travesso irmãozinho— Solta o filhinho assustado
« Já me não amas mais, .não ? Salvo de lance assombroso:
« Por não ser pequenozinho ? Busca a filhinha
: Eternos beijos Que es lá chorando,
A' mãi roubando, Ambos no collo
Fugiu contente Os vae beijando
Foi-se brincando: Mas!. .. coitada! está exausta
Saltitava a irmãzinha, De soffrer tal commoção!
Que o travesso irmão seguia Mal chega á casa desmaia,
Co' avista, pois não andava, Logo que tem protecção.
E a boa mãi se sorria Qual avezinha
Entre contente Sem protecção,
E assustada, Salva o filhinho
Ora tranqüila, Do gavião
Ora enfadada. Tal pôde o amor malernal!
Brincava alegre o infante, Tanto heroísmo elle tem!
Airmãzinha seria; Que no auge do perigo
E a boa mãi contemplava Elle não teme a ninguém!
Este quadro de aleg ia. Ternos carinhos
Frondoso arbusto, Afago, amor,
Bell a mangueira, Doces meiguices,
Sombra espargia Até valor!
Fresca e fagueira. P. de L.
Olha mama! vou subir,
Buscar-te manga gostosa MISTÉRIOS DEL PLATA. (')
Bem bonita j para ti Com o mundo começou uma luta só
Que és p'ramuntão euremosa* com o mundo mesmo acabará, não que antes,
Dice e subiu a do homem contra a natureza , a do espirita
contra a matéria, a da liberdade contra a
Vrvo ligeiro, fatalidade. A historia não é outra coisa que
Colheu a frueta a relação desta interminável lueta.
Bemprazenteiro. Michblit, Historia de França.
Do tronco sêcco escabroso PARTE II.
Sáe jararaca ferina âfe SCENA DE INTERIOR.
One assusta a mãe que mal pode
As três horas da madrugada balem ao longe
Soccorrer sua menina! na Cathedral: é uma fria madrugada de outono.
O pobrezinho, A cidade dorme ainda.
Que a avistou, Vagão silenciosos os vigilantes serenos que re-
. Largou a manga,
desmaiou. petem as horas, e as luzes amarellas dos seus pe^
Despenhado da mangueira quenos lampeões são as únicas que brilhão em
meio da profunda obscuridade das ruas e das
N'um galho preso ficou, praças.
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Pelas roupas pendurado, Na rua do Restaurador, porém, no alio miran-
Que por forte não quebrou te de uma espaçosa casa, brilha lambem através
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H vide o n, 15,
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JORNALDAS SENHORAS
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das vidraças das jandlas uma luz solitária; esse I ros,crão os seus bufões naquella época, os quaes
de Rignão
mirante é uma grande sala, decorada com luxo já cíeiignambs ao leitor com os nomes
rlegante, ricos sofás estufados, poltronas a Luiz e o padre leigo. "" ;-
XV depostas comsymetria, grandes consolos, c Rosas abre os olhos,, espreguica-sc ; depois
todas a-; louçanias da moda .se oslentão ali; no depara com
passando um olhar em torno da salainfernal
meio da sala ha uma magnífica Secretária, carre- os dois bufões. Então um appetitc se lhe
gada de montes àè papeisdiífcrenles; ••.cartas, excita, e elle se prepara a gozar do prazer em ex-
o aman-
pêc lati va, com a mesma embriaguez queestende
joinaes, documentos de toda espécie. . . os
Ao pé da secretária, cm uma rica poltrona de te que, pfeto do seu bem querido,
veludo escarlate, está assen.ado um homem, en- braços para"apertal-a de encontro ao inflammado
volvido em largo chambre de veludo preto; alvo coração.
collariuho de finíssima camisa deixa ver entre- Rate com o punho fechado solire o escriptorio,
aberto um pescoço bem formado e branco. Na- o os dois doudos espantados se põe em pé, lan-
quelle momento, com os braços cruzados sobre canelo em redor olhares vagos, e que revelão o
o peito, a cabeça encostada para traz e os olhos wdo, apezar do somno que paralisa e envidrece
meio fechados, parece ceder a um passageiro os olhos, como os olhos dos mesmos defuntos.
cançáço physico,a uma prostração de espirito in- Rosas considera-os um instante, c pela sua vez
venci vel. se põe em pé.
A luz do lampeão solar, que eslá sobre a secre- São horas de dormir e.tas, canalha! grila
tária, é amortecida por um-grande resguardo de Rosas com tom irritado. ^
seda verda, que projecta uma sombra suave so- Eu não dormia, responde Rignão, estava a
bre o rosto do nocturno trabalhador. pensar como farei para livrar-te dos teus inimi-
Encostado na lafga poltrona, pòdc-se assim gos, os selvagens unitários.
mesmo conhecer que é um homem alto e cheio K verdade isso que eslaes a dizer ahi
de corpo; seu rosto alvo c ligeiramente colorido Rignão ¦' *
Ora, se é verdade! é tão verdade como tu
parece agora mais pallido. As linhas da cabeça e
da região frontal são fortes e pronunciadas, reve- és o rcslaurador, que eu sou Rignão, Corvalan é
laudo uma intclligencia superior: o cabello, lou- Corvalan, e cada qual é quem é.
fó apagado, principia a alvejar nas fonles; o na- Amen! disse o padre leigo. Eu lambem não
riz fino e prolongado tem alguma coisa de Fer- dormia; divertia-me pensando quando mandará
nanclo VLI, e os contornos da boca são severos, e o padre prior a este seu humilde servo a algum
de tal sorte indicão a crueldade, que sem querer jantar, para fazer as suas vezes.... bem sabe que
revivem na mente o sinistro perfil de Tiberio e ¦ hoje foi dia de jejum, e que as minhas tripas
de Luiz XI. cantão que se desunhão.
Vocês são uns patifes! uns tratantes! o que
. Seus olhos, que o cançaço os fechou momenta-
neamente, são azues claros c lemaattracção mor- querem é comer e viver á larga l desavergonha-
lifera da serpente. dos 1 E acompanhava estas palavras torcendo as
Kis o general Rosas! 7uTeThlisdõ^^
Distantes alguns passos do dictador, acocora- gani es caretas.
Ai! dizia Rignão, ai, que me arrancas as
dos como dois cachorros, cuxilão os seus dois
loucos favoritos. orelhas! não seja V. Ex. tão burro, repare que
Rignão e o padre leigo. não sou nenhum selvagem unitário, para me es-
Não é só desde a sua asçcnção ao poder supre- quartejar assim.
Largue a minha orelha,padre prior! exclâ- -
mo, que data a mania de Rosas pelos doudos, e mava o outro doudo, que em troca promello em-
seu gosto pelas travessuras mais infernaes.
A imitação dos reis da idade media, Rosas tem penhar-me com o bispo para que te faça cardeal
seus büfões ; porém não os bufões espirituosos para o anno.
cujas respostas passarão á posteridade com os no- Rosas deu uma longa risada.
Vamos, disse elle, soltando as orelhas dos
mes de Francisco I ou de Luiz XI. bufões, façamos as pazes.... são perto de quatro
Os doudos de Rosas são estúpidos e estão ex- horas, a alvorada não tarda, e eu quero descan-
mieialmente destinados a servir de martyrcs,e car.... vamos, soldados á frente! marchem! ar-
os seus tormentos, as suas angustias, a divertir mas ao hombro, carregar ! preparar L.. fogo!!!
o seu senhor, o qual com uma mão lhes pródiga- Os doudos linhão obedecido ás vozes de man-
lisa immensos benefícios, ecom a outra açouta-os
¦ do, isto tudo fazendo caretas e dando pulos ri-
ou o sopra ate fazel-os rebentar.
um simples diculos. ^ ,.
Quando Rosas não era mais que bnitaes e À voz de fogo, começarão a fazer esforços e
cidadão, a noticia dos seus brinquedos conlõrçoês, os mais extravagantes, e quanto mais
sempre os
perigosos, já corria de boca em boca;soffrimenlos se esforçavão elles, mais ria-se Rosas.... por fim
incílalivos da sua hilandáde erão os com fingida surpresa exclamou:•-,
alheios. . Como é isto ? mando a ainbos fazer fogo, e
Desde que subiu ao poder, esse gosto parecia
redobrar, e suacasa era o receptacuio desses dou- só a espingarda do leigo disparou!
Não^não, commaudante, respondeu Rignão
dos inoííensivosque por toda a parte se encontrao, vermelho como um camarão, deixa-me preparar
dos idiotas e de todos os desgraçados, os quaes, a escorva, que a outra molhou-se....
conservando a forma de homens, degenerao em Bravo! exclamou Rosas applaudindo a res-
brutos.
Dois sujos-, inbecis, c grosseiros homens escu- posta do doudo, ao passo que Rignão desespera-

|Í| M
!___£J!
-125
—- Não quero Padre Prior.... estou muito zan-
do por não poder fazer fogo desatou a chorar ca-
hindo de socco velho sobre o padre leigo. gado, e amanhã vou dizer ao Bispo que não le
Rosas ria-se como um perdido. Quando pôde íaça mais cardeal para o anno.
Vamos! insistia Rosas ern tom conpungido,
moderar a sua hilaridade, disse:
Cala-te Rignão, não chores, ficas perdoado, perdoe-me vossa Reverencia... para outra vez
com uma condição porém.... locar-lhe-ha o folie á sua Reverencia e o verga-
Qual é ella V lho a Rignão....
Principia a déscompor, em regra, ca ao nos- Niclis!... nada de folie, nem de vergalhos...
so padre cego, emquanlo que sua reverencia por o Padre Prior não tem indulgência senão levan-
acto de humildade resa a ladainha que eu lhe te- tando-me amanhã a abstinência de comida em
nho ensinado; vamos, principiem lá que eu vou que estou.
—- Concedido padre cego ! prometto-lhe ama-
ver se durmo um bocadinho.
Rosas deitou-se em um sofá, e fechou os olhos; nliã que o farei comer até sua Reverencia tocai1
ao mesmo tempo os doudos derão execução ás com o dedo o comer nas guelas....
Antes isso, que jejuar e ser su.radoe não
suas ordens : Rignão proferindo as mais ho.riveis
blasphemias, eniquanto que o padre leigo, imi- dormir, mormurou o doudo.
O Padre leigo, pode recolher-se a descan-
tando o tom nasal dos frades, recitava a modo de
oração uma longa serie de palavras obscenas e çar, mas primeiro deite-me suas benções!
disparatadas. 2__ O doudo fez umas gatimonhas grotescas e sa-
hiu a correr.
Durante alguns minutos os doudos continua- Rosas chamou.
rão a sua tarefa, não sem espreitarem todos os Rignão?
movimentos do seu senhor. Com ludo em breve Não sei de nada ! não quero ouvir respon-
todos os indícios erão de que o seu atormenlador deu o doudo com ar zangado.
dormia profundamente : então elles, fazendo-se Estás mal commigo governador ?
acenos de inteiligencia, calarão-, e, e retirando-se Olé ! o que !... governador ?
cada um para o seu canto, ficarão adormecidos Vamo-, vem cá a fazer as pazes com leu
na realidade. velho João Manoel, e te prometto que na pri-
• Pela sua vez Rosas os espreitava : teve a pa-
chorra deos deixar adormecer, e, quando julgou meira função que houver agora, vasno meu lo-
que era tempo, levantou-se com cautela, e to- gar na sege, de chapéo armado e espada.
Bravo ! Muito bem; mas pehotreguas ao
mando um grande folies chegou-se a Rignão. O folie!
primeiro impulso do doudo foi grilar, mas um Concedido governador, paraoutravez, será
gesto terrível do seu carrasco o deteve em seus o padre cego e toucar-le-ha a sova.... heim?
gemidos, e Rosas começou a sopral-opela boca, que tal ?
afogado em riso, das coretas tragico-bufas do —Ne quaqão.., o que ? nada! não estou por isso!
desgraçado!.... Bom, eu não te farei nada, mando-te re-
Quando o doudo chegou a exaltação do fre-
nesi e do sofrimento Rosas retirou o folies, e lo- commendado a Coilinho, gostas.
Safa! não quero
mando um grosso1 ve galho foi ao pello do padre
leigo. Então não ha pazes e eu mepassoaos Unitários!
Não digas tal Rignão; anda, vae, deita-te
O infeliz bufão, tão'desabridamenle acordado,
desatou a chorar, que é o refugio dos que pade- e amanhã, sáe pelas ruas e dá beijos e abraços
cem ; porém Rosas ordenou-lhe que ri-se ás em todas as moças bonitas que enconlrares.
Viva o Resiàurador ! gritou o doudo, dando
gargalhadas, e o pobre coitado ria-se e chorava um pulo : adeus collega! boas noites! .
ao mesmo tempo, ao compasso da terrível sova A's ordens do Sr. Governador, respondeu
que lhe macerava cruelmente o corpo; e esta Rosas poncío-se em pé e retribuindo com outras
iestalodaera coroada pelos exercícios cie Rignão
que em pinotes gemendo e suando arrolava hor- tantas as mesuras 1 ediculas do bufão.
rivelmenle, expellindo o arque acabara derece- O dia raiava já no orisonte; Rosas tocou uma
ber no estômago.... E Rosas a rir que ja não po- campainha c pediu mate.
dia mais, e a continuar a farça, até que Rignão (Continua.)
não teve mais ar que despedir, e até que o padre
leigo cahiu no chão torcendo-se nas convulsões CHItOItlCA »A SEMANA,
da desesperarão e da dôr!
Era um momento de festa para o tyranno !... Confesso-vos minha estimavel D. Joanna que
era aquella aoccasião de divertir-se no interior ainda ouso escrever desta vez, porque muito me
da sua casa! tem animado o velho Santos, aquelle antigo
Os doudosmacerados, emoidos, meios choro- guarda portão da nossa casa: vós o conhecestes
sos ainda, olhavão para elle desconfiado;, desde antes de fazerdes a vossa viagem aos Estados-
o canio onde se ünhão refugiado.... seus gestos Unidos. Pois ainda é o mesmo. Songainoiiga vi-
seus trejeitos, as entrecortadas palavras que en- vorio, conhecendo a meio mundo, não conhece a
t èfsi trocavão, erão todavia um mcitativo á hi- ninguém, ouvindo ás mil maravilhas, é surdo re-
laridade do carrasco. Passados alguns minutos matado, muitas vezes quasi que diz que é cego,
RÒsas quebrou o silencio i quando elle é capaz de ver um mosquito no cor-
—Padre leigo? covado. *
Senhor! *' Em fim o Santos é aquelle mesmo Santos qi e
Venha sua Reverencia para aqui. cá deixastes ficar, e que ainda não se despediu

"3
I

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sp: — 12G—

Considera-te, Santos, em com-.


do nosso serviço, porque diz, que nos ama muito so guardae portão.
e que me viu pequenina. missão, seguro no teu emprego.
é rccommendavel. Isio é que é fallar claro com a gente. En-
Esta ultima parte áencoinmén-
Com eífeito parece que assim é: depois que lão ou vou ver se tenho geilo para o sobresen-
vos levou os meus primeiros originaese o reca- dinha, e depois veremos^ que tal é
do que vos mandei, dizendo-vos que não podia pto. Avs o.rdéns de V. Ex.
Vae Santos; cuidado que ninguém te pilhe.
continuar a escrever a semana por não ter quem
esse fim me fornecesse certos dados, que Sempre entendi que o Santos era capaz de
para e o geito
nós mulheres não podemos estar com essas con- muito, vonheeo-lhe as predisposições o cutreniejlcr-sc em
sas; voltou no dia seguinte "baixa, pela manhã á mi- que tem para ageilar-sc
nhasala, e com a cabeça mastigando todo, mas não lhe dava tanta habilidade! Janta
muito as palavras disseme o seguinte : íiiHira ! Hoje o tenho em grande conta : é um
Minha ama saberá que ioda a santa noite destes homens perigosos e convenientes, que vi-
classe
não pude pregar olho! lenho levado a malucar vem desconhecidos, girando na mesma
até agora ifaquelle recado que mandou á Sra. toda a sua vida.
Noronha.... acolá ha dente de coelho... Tem desencovado mortos, e enterrado vivos;
E que te importas tu, Santos, que os meus de mil cousas está ao lacto; até já me falia em
recados não fiquem ao alcance da tua iutelligen- negócios políticos, em subida e descida de cam-
cia! desde que os entregas fielmente, nada mais bios, compra de apólices, &c. <ke.
tens que fazer, e eu estou satisfeita. Deixemos porém o velho Sanios instalado em
Ah senhora...- mas não é por ahi que vae o seu novo emprego, e vamos conversar com as
devem estar
o gato aos iilhozcs... ò-que me fez martelar a condescendentes leitoras, que já
cabeça toda a nõiíe, foi a Sra... com licença da impacientes.
Sra., foi a Sra. mandar dizer no fim—nós mu- E então, não gozastes de uma semana tão fres-
lheres não podemos estar com estas cousas. Eis ca, de manhãas tão bellas, de noites tão tempe-
ahi está. radas ? Que Paschoa! que dias tão tentadores!
Mas o que tem isso para te causar essa Que medizeis da alegre madrugada de Domin-
atrapalhação toda? gopasssado? oh! eu não preguei olho.apinhado
O que tem ? tem cá para o vosso velho Os sinos todos a repicareni, o povo
criado, que vos viu pequenina e que vos estima nas ruas, a; cruzar os largos, a lua clara e ar-
até o gasganele, uns riscos de afronta, assim gentiha, como é a lua da nossa terra", uniins-
como quem diz: tenho um criado que me podia ianie mais,os batalhões que se ap/oxhnão para
servir, mas não me serve porque não presta, é acompanharem as Procissões com sua musica
estúpido! alegre e influente, (Pahi a pouco foguetes do ar,
Perdi-me de riso a ouvir estas observações cânticos solenmes..,. La vem sahindo um im-
do Santos. Não pude entretanto deixar de lhe menso grupo de luzes da porta principal da
reconhecer mais uma prova de dedicação, ou de Igreja do Bom Jesus! E' a Procissão da Ressur-
refinada curiosidade de querer descubrir em reiçao, acompanhada com toda a pompa, que vae
da cidade. E aquelle
que consiste a nossa correspondência; e para percorrer algumas seruas divisa ia d'aquelle outro
ènsaial-o sem entrarem declarações, respondi- grande clarão que
lhe apenas. ]f\ lado? E' uma igual Procissão que sahiu da Or-
musica bri-
Está bem, Santos, não te afllijas por isso ; dera Terceira da Penitencia:vemque
do contrario. De hoje em lhante que ella traz ! como bem disputa !
eu vou dar-te provas "Todas
essas ruas da cidade as Freguezias lambem praticarão a
diante deves passear por solemnidade; apenas S. Francisco de
como ; conversa, escu- mesma
quando e quizeres pára,
para as dez horas da manhã.
ta, dá fé de tudo, mas, que ninguém te suspei- Paula reservou-se isto, benevolas leitoras, em uma ma-
te, sentido Santos ! depois volta quando enten- Mas tudo
clara fresca e serena, é lindíssimo para
deres que assim o deves fazer, e dá-me conta drugãda de saúde, livre de desgostos e com-
do que viste e ouviste durante o dia. Ora ahi quem está amatorios. Debaixo dos finissi-
/ tens tu um meio com que podes provar que não promettinienios
certo não se goza de uma destas
és estúpido e que prestas ainda para um bom mos lençoes por madrugadas : como é bello i o co-
serviço. encantadoras
"retomaalegremente, a alma espande-se, o
Ah... isso agora já me agrada. V. Ex. pre- ração pulsa
seu velho criado lhe andar por corpo o seu antigo vigor, e trasborda-
cisa deste para humor e um indisivel prazer, que o
ahi biscoitando as novidades desse inundo de lhes o bom
explicar quem o sente, mas o frite com
Christo, com tanto que ninguém rriè bispe no não pôde \
atalho. E\ ou não, isto que minha ama deter- ehcias.
'
mina ? Quereis saber de uma coisa? Pois o Santos
da madru-
Comprchendcste, é isso mesmo o que eu nào encontrou a essa hora (í- horas ao eólio a
dar hoje aos teus gada!) crianças de peito e meninos
quero ; mas deves principio
trabalhos, que não ha tempo a perder. berrar, a chorar nos apertões das Igrejas e nos
Estou sempre prompto ao serviço de \. eneontrões das Procissões!!! Ora é muita erueí-
Ex. Porém... esta nova incumbência não me dade ! Não basta obrigar as innoccntes criatun-
? isto é só per- nhas a acordar a taes horas, ainda em cima as
tira o meu emprego perguntar; ficar entaladas em alguma esquina ;
ama o atrevimento. sacrificão a
doe minha !
Por certo que não; tu sei ás sempre o nos- \ ou esmagadas pelos pés do povo em confuzão
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127

Forte gente desnudada : convencerão-se que o * de Mine. Rosiiía Stoltz, ópera de sua paixão, ern
verdadeiro amor de mãe consiste em andar com (juefaz brilhaturas; o de S. Januário ensaia três
os-filhos ao pescoço, e ninguém as ar, ecla cUali! árias de grande novidade para o jocoso Martinho
Uma das mais interessantes noticias que (lesempenhal-as; o de S. Francisco um drama
vos posso dar, é sem duvida a de duas senhoras novo, o de S. Pedro acerta o madeiramento inte-
francezas que ultimamente se formarão em me- l-ior e prepara as tintas para começar sua pintura.
diéina pela Universidade de Moupellier. Evito Quizera dar-vos conta das fazendas c modas de
comineutar este fado, para não entrar em (lesa- Paris chegadas no Severn, mas até o fazer desta
gradaveis comparações. Nem quero que algum' ainda não tinhão saindo d'Alfândega; ficará para
praguenlo diga por ahi, que a chronica da se- o numero que vem.
mana só louva as mulheres, por ser do mesmo A estréia do baile do Cassino este anno eleve ser
sexo, Deus me defenda de tal tenção, por isso elegantíssima á vista dos lindos vestidos que já
vou' declarando desde já que louvo também os se preparão nas casas das nossas primeiras mo-
francezes que—dão o seu a seu dono. distas do bom-lom. Creio ^er o dia 26 do correnie
Eu que sou tão sensível ásdespedidas... ora o que nos trará essa desejada noite de cnlevos e
não pude deixar de ter saudades dos inuitòs pás- feitiços. Esperemos pois mais uns dias.
sageiros do Severa que se despedirão tão atteu- Neste momento cliega-me a noticia do Grande
ciosamente pelo Jornal de H do correníc; ao banquete brazileiro em Paris dado pelo Ministro
mesmo tempo invejei-lhes a viagem em compa- Plenipotençiario do Brazil, o cavalheiro Lisboa,
nhia de tão excellente capitão, que me dizem ser em a grande e magestosa sala des freires proveu-
homem muito amável. Boa viagem tenhão elles, çaux, no Palais-Royal, sala reservada aos banque-
A emigração para Petropolis, esse jardim les do Corpo Diplomático. Foi um suinptuoso
encantador do Rio de Janeiro, foi imínensa du- banquete cm tudo digno, da representação do
rahtè as festas da Pasehoa; a contarmos com nosso ministro. O cavalheiro Lisboa reuniu a flor
a gente que antes lá se refugiara da febre, a dos residentes brazileiros em Paris e mais algumas
qual de4a vez, graças ao allissimo, não chegou outras notabilidades, estrangeiras ao todo qua-
a amarellecer deveras, lemos oítoçentas e tantas renta pessoas, na tarde de 25 de Fevereiro, e lhes
pessoas da cidade em Petropolis. Calculo feito oíTereceu unidos mais esplendidos festins que
pelo Santos e o mestre da barca. o celebre estabelecimento culinário tem prepa-
Entre muitas noticias que me trouxe o Santos, rado. Honra ao cavalheiro Lisboa. Sinto tão aca-
das quaes algumas irei publicando, outras ficão nhadamente apreseníar-vos estas e outras ndli-
esperadas, e outras archivadâs, ha a seguinte que cias, cm que o coração brasileiro, quer de homem
vale apena referir-vos já. E' um testamento feito quer cie mulher, pulsa com tanta alegria, pese-
a 11 de Abril de 1852 por uma alma bem-fazeja java contar-vos tudo tin tim por Un thn.
que se retirou para Europa. Esse testamento cs- Os negociantes brasileiros em Montevideo não
tabeiece por sua herdeira universal a uma cria- deixarão passar desapercebido o nosso dia 25 de
lura, que lhe servia de enfermeira por espaço de Março; também n'essa noite derão um magni-
anno e meio na moléstia das mais frenéticas cio fico e brilhante baile recamado de todos os cnlevos
corpo humano—com a cláusula porém d'ella re- que requer uma função de primeira ordem.
ceber por mão do seu testamenteiro a quantia so- FecliO'Csta dando-vos parle que em breve tere-
mente de 800& rs. annuaes em quanto viva for, mospor ca o celebre e insigne artista Talherg, e
nunca podendo exigir toda a fortuna, de que íi- talvez, talvez o BoscoQsse endemoninhado pres-
cará sendo herdeira, se Deus chamar o testador a tidigitador, que tem feito furor cm Paris.
contas finaes, senão no caso de professar no con- Santos!
vento de Santa Thcrcsa! Minha ama !
E muito de suppor que ella não tenha vocação Vae levar esla papelada toda á mui ^cligna
alguma para a vida de freira, e que para isso Redactòra em chefe úo Jornal das Senhoras, e
muito influirá o afortunado testamenteiro. dize-lhe que o dito, dito : pedra em cima, se lhe
Os theatros, depois do feriado da quaresma, não agraciar.
estão todos em serviço. 16 de Abril.
O provisório ensaia a Favorita, para a estréia , Bellona.

S9S M /*"V #ffl~^ gg-i

PuBLiÇÀ-SH todos os Domingos ; o primeiro numero de cada mez vae acompanhado de um lindo figurino de melhor
tom em Bar-is, e os outros seguintes de um engraçado landa ou terna modinha brasíle:-ra-rxomances francezes
em musica..
moldes e' riscos de bordados. s' ,. '
St;b5crsve-sb para este jornal- nas casas dos..Srs. Wàllerstein e Comi», n. 70, A. e r. Desmarais n. 8G,
Síoncie n. 87
rua do Ouvidor; e na Typographia de Santos e Silva Júnior, rua da Carioca n. 32.
Toda a .correspondência, é dirigida em carta fechada á Redactòra em chefe a •
qualquer das easas mencionadas.
Piüjço da Assignatura : Por três mezes 3U00Q rs. na Corte, 4UOO0 rs.
para as Províncias.
Os trimestres centão-se em Janeiro, Abril, Julho e Outubro, e
pagão-se adiantados.

Rio de Janeiro.—Typographia de Santos e Silva Júnior, Rua da Carioca n.° 32.


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