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1
nto
A poesia do absurdo teve no Brasil um mome
ino, sobretu-
de particular interesse durante o Romantis
, que a
do entre os estudantes de Direito de São Paulo
Send o um jogo
denominaram “poesia pantagruélica”.
estributária
de grande força burlesca, foi também àsvez
seus aspectos pode
de outros registros, mas sob todos os
ividade, que é um
ser vista como manifestação de negat
ela é um modo de
traço romântico importante. Defato,
idades do dis-
contrariar tanto a ordem quanto as final
ado pela falta
curso, estabelecendo um antidiscurso marc
ficados pró-
de significado “norma * e a criação de signi
anto manifestação
prios, aberrantes a seu modo. É port
Ramos de-
de “anfiguri”, que Péricles Eugênio da Silva do
verso, de senti
fine assim: “Composição em prosa OU
endo quefoi praticado
absurdo ou disparatado”, esclarec
odo barroco,
em Portugal e no Brasil, sobretudo no perí
com finalidade cômica.!
e “Adínato” em Rai-
1. Ver os seus excelentes verbetes “Anfiguri” Rio de
Brasileiro, 2º ed.,
mundo de Meneses, Dicionário Literário
787.
Janeiro e São Paulo, ETC, 1978, pp. 751752 e
225
Este
to efiti no de disc
, x
urso não existe só no plano erudi. Amatia
to, 1 mbém no popular, do mesm
impo
. adínssfv
ato”eia
, istoe
é, > a “fig
guraura pela
l qual se áafirm Timbórica, morfia, ó persefessa,
ad am o dois
coisas
imposs » na definição do mesmo autor. Lembr meláina, andrófona, repitimbídia,
guinte, corriqueiro no meu tempo de é basilissa, ó scótia, maturlídia,
menino: . 2º amata cópria, calipígea, tressa
«p
numTanoit. e. O sol bril
:
hava nas trevas. Sentado de pé
num. ineo e pedra feito de pau, um de jardinatas nigras, pasifessa,
jovem ancião tuni-rosácea lambidando erídia, :
À que um surdo ouvir a um m i erínea, erítia, erótia, egídia,
um cego vira um coxo correr.” eurínoma, ambológera, donlessa.
ndo dizer que
Noplano erudito
: são f:amososos anfiguri Áres, Hefáistos, Adonísio, tutos
i
Carro,um dos quais considerado a obraprim alipigmaios, atilícios, futos
ado sê
: e Jabberwocky”, do livro Through the looki lívia damitata, organissanta,
glass.
ng
Eis a primeira estrofe, na
agonimais se esgorem morituros,
s notável tr adução de Au-
226 227
mplo, pode ser com
relli, cujo
c pseudônim o era À; depois de 1930, No período barroco, por exe então normal
do processo
também Barão de Itararé. Porely e, siderado uma exacerbação
a; um a prova à mais da sua ca-
de contorção da palavr
nheiro buscando o limite impos-
UmÃOSdosSeus pis i famosos praticantes foi o enge pacidade de jogo, como que rio.
criar um mundopróp
O ca da re ibeiro Marcondes Machado,
que Sb sível em que este jogo poderia a palavra procurava
Ena Tato oE Juó Bananere elaborou quando
uma uriosa Já no período neoclássico, m
gua
ng ffalo cla rez a, querendo se confundir co
a. seu liivro mais
i conh ecido
! é ) a forma direta e a ico , pia da de
recurso côm
enca (1924). Outro autor, Horácio Mendes o seu objeto, era sobretudo
Campos,
es
vej am no que dá quando saímos da
pos, com co o pseudôni
ôni mo de Furnand ã quem parecia dizer:
qntano ivro Caldu berde, do decênio um modo de ressaltar a im-
deL95O. pardos normalidade. Portanto, era
deimitação o sotaque de Portugal, faze portância desta.
ndo dia mas
aa partir de diferenças prosódicas entr
eo “da da tinham mudado. Havia
mesma 1 ingua - E; Eis uma Pp: paród:
r ja d o famoso No Romantismo as coisas alcadas
“Mal secre-
obscuras e rec
to”, de Raimundo Corrêa:
o desejo de manifestar as forças tério, sem medo
da alma, bem como de sugerir O mis
porção —, porque O Roman-
Mal sicreto da obscuridade e da despro ade.
foi marcado pela negativid
da RA tismo, como ficou dito, o
dacólera que põe danada a gente, além de ser um jogo, com
Por isso, nele o anfiguri,
qistr paz da bida disijada, recurso para pesquisar o
antes, torna-se também um negar
O que nos vilisca intiriormente elasticidade da palavra e
inconsciente, mostrar à e
suvisse à nossa cara, qu'istupada!
O anfiguri romântico pod
a ordem da razão oficial, na ver -
Si si . que se fazia antes, mas
Ea pudesse, a ialma padicente parecer quase igual ao se ir-
universo poético. Ele
pur traz de muita guergalhad dade corresponde a outro n-
o e à confiança no fragme
am gente “a a se rire
canta pi vestamente,
ente manaao gosto pelo absurd a de
do grotesco, à mistur
que era muito milhore estar calada! to, ao uso do contraste €
rarquias literárias, parecendo
gêneros e à quebra das hie
erimentação, que podelevar
afirmar a liberdade de exp
Canta gente só ri pra disfarçare
um do discurso.
a uma espécie de negação
um tu: reo àà porta
y que lhe vem cuvrare
quemisa, a ciloira, a mãia, u cinto
ânticos brasileiros
c +
antos há nesse mundo a três Visto assim o anfiguri dos rom inclusive porque
qque, tendoo à janta
por doi
mostra um a face de modernidade, seria
ita só cumido
u amrroZ
o o livre, que no século XX
rrotam p'ru, laitão e binho tinto! , tem muito de associaçã e o Sur-
proclamada método revelador pelo Dadaísmo
deve ser encarado apenas
Mas o anfiguri hão é par ódia, realismo. Portanto, ele não
e sim subversão do
é um dos seus aspectos.
discurso, com formas mais ou do ângulo da comicidade, que de
quisas futuras e o desejo
menos drást icas de n nega-
StIC.
ção do sentido. E é preciso fazer Há nele a semente de pes , que
mecanismos profundos
uma avaliação difer en-
cial do que ele signi desrecalque, de tocar nos o contem-
8! ficou nosdiversos momentos
limiar do mund
o Romantismo sugeriu no
n , pois o
seu papel € O seu intuito vari
aram conforme o contexto
histórico. porâneo.
229
228
Dei pe er-
2
i
Francisco de Paula Ferreirane Resende,
i res
Como vimos, a poesia do abs dos mesmos gos
urdo foi chamada reg a epartilhavam
“pantagruélica” pelos estudante fizessem Poemas
s de São Paulo no sécu- todos eles
lo * Naturalmente para evocar a des a anta ossível que a família es Ivares
med
ida do per- tos. É AA não se imagina
sonagem de Rabelais, mar junto co ma
cado pelo grotesco, a fars
obscenida de. O nome mais corrente par a, a gui sado, or exemplo, publicando g
dos vinte ano
deste tipo é “bestialógico”, mas, com a as produções e
terial q fotmou a póstuma Lira
dal que to, cuja
signação
o veremos, tal de- son: eto P picar: o ou u pa
ol tag ento morto,
éli
rué
gru rebe:
c o do do reb
lic
é ampla demais e não faz Just as boas normas.
digamos orgânico da poesia iça ao cunho era preciso alicerça
r se; gu ndo
pantagruélica. De qualquer 8lória
modo, é semprebom lembrar um conceito que Már deve ter havido produção
de Andrade gostava de mencionar io i ipó É
lo nesses géneros,
bestialógico
: entre a poesia e o a: e oeudantesde São Pau
há a distância de um fio de cabe tra s par tes as pesdtes
as aventuras com a palavra lo... É que e Tava tenham êxito nou
podem gerar um tipo de ivalen ainda iene rado.
te
discurso tão sui generis, que Visand ge obrir material equ
a determinação do signifi- o qualificativo Pp:
cado escapa aos moldes prev
istos. o e hovaordem convém reservar
as até
paulistana.
: tagruélica” para a produção
O que conhecemos da poe
sia pantagruélica faz co que sabemos a
dela, essencialmente, um fen
ômeno da Faculdade de s (como
Direito de São Paulo,entre os respeiA devi a
to é E . m cachos de “coevo
decênios de 1840 e 1860. hist oria dor da
Pertence, por conseguinte, ao Conto de Magalh ãoães)é sobretudo a um
Romantismo paulistano, eida Nogueira, que no E
marcado pel o satanismo, o humor é Faculdade de São Paul o, Alm ant e* bre
à obscenidade, ex- a import
primindo sociabilidade esBecial
dum grupo de rapazes deste século publicou uma obr sinter
confinados nolimite estreito da s de bachar éis ? O mat erial que
cidadesinha provincia- dive Ss se ve o
3º e 8º. No 3º, tran
na e convencional, procur
ando libertar-se por atitudes dessaes ànosvolumes 9º
ido por um integran da
de negação. O que restou
dela é muito pouco, quase ooimen of ito a seu ped
de Meneses e Sousa, po a
nada. Tratando-se de um
discurso heterodoxo, os seu a e 1848, oão Cardoso
próprios praticantes não apenas s taine, Byron, e con
não lhe davam impor- ad a g uilo, La Fon
e bem humorado:
tância, mas, a partir do momento em
que entravam na segu: jono seu escrito agradável
da
vida prática, como advoga
dos, magistrados, funcio
rios, parlamentares, diplomatas óu sim ná- da a poesiia maiis tarde conhe cida
ples chefes de di; er disparates,,
família, punham de lado as
provas ue.c onsiste em diz
éli que
a e ético,
de loucura da moci- deza su
exigia agu
dade e com certeza as des
truíam, como fizeram com por ha OA ram: o que
poesia obscena, que jamais a o”, or
frito”.P isso , ach a queÀ este “género
pensariam em assumir e de ri 19)
muito menos (era)) o m ais difícil de todos”.
o (er
(p.
publicar, o que aliás seria imposs
ível no Rec ado
literári
tempo. Só Bernardo Guimarães
, bem menos convencio-
nai, guardou, publicou ou deixou
reproduzir algumas içõões e re minis-
das suas produções nesses set A Academia de São Paulo. Tradiç
ores condenados. Mas o
dant estudantadas
es, estudantões,
, 9 vols., São Pau-
quem lê doc umentos como as Minhas cênceid
3. Alm N
ias.a Estu
recordações, de to, 1907-1912.
280 231
ERASSe]
Couto de Magalhães, citado por Almeida Nogu José Corrêa de Jesus; provavelmente, José Bonifácio o
ei-
ra, deixa claro que o bestialógico podia ser
em pros Moço; talvez Aureliano Lessa e Álvares de Azevedo.
ou em verso, e considera Bernardo Guim a
arães “um ver-
dadeiro gênio neste gênero: subia acima
de uma cadeira Uma questão que vem ao espírito é a seguinte: onde
e começava a discorrer: foi numa dessas ocasi
ões que os estudantes de São Paulo foram buscarinspiração para
ele improvisou uma célebre poesia, em que
vinham o bestialógico pantagruélico, aquele que se pode chamar
toda a sorte de extravagâncias, e
que fez tal impressão sistemático, ou metódico se quisermosevocar a frase de
que tem
(ol E sido conservada na memória
169) ória d. dos estudantes”. Polonius quando diz que havia método na loucura de
”
Hamlet? A poesia anfigúrica, como vimos, vem de antes,
embora com sinal-diferente. Seria o caso de lembrar º
a Almeida Nogueira, que já não foi contempo
râne poeta José Joaquim da Silva, o chamado “Sapateiro Sil
o
essas produções, acha que o seu inventor
, ou introdu- va”, que floresceu no Rio de Janeiro do fim do século
tor em São Paulo foi Bernardo. E defi
ne: XVIII ao começo do século XIX e foi recentemente
objeto de um valioso estudo de Flora Sússekind e Rachel
“Obestialógico era um discurso em prosa ou Teixeira Valença, que reuniram o que sobrou dele: so-
compo-
sição em verso, de estilo empolado
e 'com proposi- netos convencionais e glosas divertidas, entre as quais
taes absurdos, engraçados pela extr as do tipo anfigúrico.*
avagância”. (E
estabelece umadiferença importante).
“Por amplia-
ção também se dava esse qualificativo
a quaisquer O Sapateiro Silva deve ter influído nos estudantes
orações acadêmicas, por pouco que se
ressentissem de São Paulo. As suas décimas foram recolhidas pela
do tom enfático que era peculiar
a esse gênero.” primeira vez no Parnaso Brasileiro, de Januário da Cu-
(Vol. 8º, p. 209) nha Barbosa (1829-1830), que logo se esgotou; e de
novo em 1845 no Florilégio da Poesia Brasileira, de Var
é fla-
Defato, o bestialógico corrente é apen
as uma exa- nhagen, que os rapazes devem ter lido. De fato,
cerbação do discurso normal, ou
uma série de palavras grante a semelhança dos poemas de Silva com alguns
complicadas, que vão puxando outr
as e atuam pelo acú- de Bernardo Guimarães, como o “Mote estrambótico”,
mulo desconexo. O tipo que nosinter que começa assim:
essa tem esquema
perceptível e obedece a certa coer
ência, só que confor-
me a uma lógica absurda. Daí Das costelas de Sansão -
à “dificuldade” de que
fala Cardoso de Meneses, pois o disc Fez Ferrabrás um ponteiro,
urso pantagruélico Só para coser um cueiro
precisa ter certo poder de convicçã
o pelo avesso, como Do filho de Salomão.
se estivéssemos recebendo uma
mensagem que a seu
modo faz sentido, embora não possam
O vínculo é menos evidente, mas bastante sensível,
. ” 4
os definilo nos
termos correntes.
noutros poemas de Bernardo, como “Lembranças do
. Pelas informações desses autores nosso amor” e “Disparates rimados”. Se a hipótese va-
sabemos que eram
praticantes do gênero, em prosa
ou verso, certamente
Bernar do Guimarães, Cardoso de Men Rio
eses, João Silvei- 4. Flora Sússekind e Rachel Teixeira Valença, O Sapateiro Silva,
ra de Sousa, João Corrêa de de Janeiro, Fundação Casa de Rui Barbosa, 1983.
Moraes, Camilo de Brito,
,
232 283
eeterí:
ler, ría
mos umalinhi a contínua que vem do anfiguri Era no invérno. Os grilos da Turquia, .
nos co ao dos românticos, inclusive o tipo Sarapintados qual um burro frito,
panta ué.
EA Po na explicar até certos traços da' Pintavam com estólido palito
poes
ia de
pe ad
radea
. da
Sej como for, a poesia
i pantagruélica « ex- A casa do Amaral e Companhia.
pimeder ç: o € um novo espaço poét
ico por meio
pi da que não é apenas um recu Amassando um pedaço de harmonia,
rso para fazer Cantava o “Kirie” um lânguido cabrito,
à tar os padrões reina ntes. ÉÉ també
venç
ven ão, dentro do espír
i E fumando, raivoso, enorme pito,
Éfriito romântico em seus lado
ados she.
he- Pilatos encostou-se à gelosia.
doxos, de um universo absurdo que
Luas gi ' tus
define a sua
própria ló, Ica, libera as ambi
gúidades e pode costear o Eis, súbito, no céu troveja um raio;
E o pobre Ali Pachá, fugindo à chuva,
Monta, depressa, num cavalo baio.
234 235
tos Jogos abertos e des
conexos como o discur rando
nonstrativo de Silveira
de Sous a, que ficdu na
so de- cômica “mão do Fado” que o gigante está devo
são estudantil e pode ser
lid m Alm
tradi- não. é mais possível duvidar: trata-se de uma burla.
vol. 3º, p. 920: eid a Nog uei ra,
2º que tínha-
Neste momento, 08 versos anteriores,
são
Deus é fiilho do 4ho mem
;: P porém quem não mos lido com uma espécie de apreensão crescente,
da brinca-
contaminados em retrospecto pela explosão
ã é ho -
a mo não tem pai; logo
Deus foi criado. Logo Deu ando a sua natur eza de
existe, Dondue todas as s deira e a estrofe se defin e, revel
dos
anfiguri, aumentado pela ocorrência de um chavão no,
pedras são feitas de dive
sas combinaçõ r:
Ç: es de fatos históricos > com
mão do Desti
céllo
va ebredOCar
milos M
ngauO de Chumbo, mo
o di Zz O, textos românticos melodramáticos: a
ntado num cuja indicação apela para o tom cavernoso...
= Ora, se a alma hum ana
éu ã e com
gica, escapada dos vulcôes A partir daí aceitamos as regras do jogo
da luaà,q uan
, qu ando
doe a admitir
ests a-
a bri
aranaguá, segue-se que, ela a maluquice. Tanto assim que passamos
especial.
a umalógica diferente, própria de um universo
do primeiro
A devoração mencionada no último verso
estrofe seguinte,
quarteto dá coerência ao começo da
s que tam-
pois esta começa descrevendo iguarias, coisa
tufão gelado”.
bém podem ser devoradas: as “fatias de
pode muito
De fato, quem come a mão dó Destino
fatias, e quando
oscila
de galsob
inhre
a que
um hs
roch
ded
edod
o o tamanho de um bem comer como segundo prato essas
s do jogo,
dente
de fundamento razoável. admitimos isso já estamos dentro das regra
que é o da loucura consentida.
ae poiado de mais org
anizaç ão, a seu modo, o ambi-
B ar! do tem duas partes qu soneto Osversos seguintes abrem uma situação de
e se distinguem com podem indicar
facilidade: uma formad
a pelos quartetos, outra giuidade extrema, porque de um lado
formada o”, talvez uma
Pelos tercetos, sendo
que ne sta reina uma ass nova iguaria, o “sofisma ensangúentad
ociação eira. Mas o
mais livre, cujo elem
ento de amarração é caça especial ainda palpitando na sua sangu
cena”, “do-
ma
malu
l co
ar.adoQua ando começamos a
um diá logo fato do sofisma “campear”, isto é, “estar em
ler, o primeiro v etudo levando em
ou ia onteasenso:
pode ser alusão a algum minar”, sugere um personagem, sobr
, “envolto
adiamadpm OU a, cujo sentido espe
mito, conta que está, como se fosse mesmo gente
ramos perc bei rabis cos”... A
ita Por 9, como costuma aconte em manto”, embora este seja “de fatais
cer na e à de na qual o sujeito
Poemas, esperamos pel confusão aumenta na estrofe seguinte,
o se dirige
que enuncia dirige-se ao sofisma. Ou será que se
- completar o entendim gu ndo ver'soapara
e
ao gigante da primeira estrofe? A segilência mostra que
l :
jonga a Impressã =
o estranha do
se qualificará
Inquietude, confir o interlocutor é de fato o sofisma, que
or meio de atributos adequados à sua natureza. Com
mada D: pelo
lo i o, 59 que l lemo: “2
t erceir
pois del e depende que O quarto vai Ss já com
finalmente decidir, e certo
efeito, ele é um tipo de raciocínio aparentement
cien-
lêlo veriii
É camos qu1e nã mas no fundo errado,trazendo portanto alto coefi
o
n. o há
há sollu
v ção . E m fac verdade mas de
Tac e de ssa
s te de embuste, pois parece chegar à
236 237
fato a está desfigurando. Isto fica ã presentes na ! ite-
mais evidente quando, «
o gosto pelo implícito e o oculto, tão
interpelado, ele responde aludindo
um no plano dahistória e outro no plan
a dois outros erros, ratura do nosso tempo.
o da gramática: i «ent idos”
além de sofisma, é um “anacronismo”, isto sentidos,:
é, algo des- Sendo assim, não cabe aqui procurar
locado no tempo porerro de informaç au
ão ou por sobre-
vivência indevida. Mas anacronismo capa e sim aceitar a força do contra-senso e sua capaei
“a vil coorte dos sulfúreos ódios” num
z de sepultar de produzir efeitos poéticos (lembrando sempr
mos procu-
seja, num erro que deforma a ling
“solecismo”, ou -citado por Mário de Andrade...). Mas pode
i rso gratuiito, quen a
talvez
recíproco desses termos fecha o círc
uagem. O reforço ar molas eventuais desse discu
pro
so, pois ao raciocínio falso junta-se
ulo do contra-sen- nos permitam distinguir duas camadas de
o falso dado histó- de diferente.
rico e o discurso incorreto. Tudo fora
do lugar.
A primeira é feita de jessonânciasdaspiade
O interlocutor é portanto constituído
por defor- a s
mações em vários planos, mas o emissor estudantes oi eeoBsma”. “silogismo”, “anacronis-
do discurso
pretende um rigor desilogismo, que se sões à ra-
manifesta comi
camente-na “voz” com que interpela o outr mo” olbciemo” tecendo uma rede de agres
certa s tendê ncias
mo pressupõe umarigorosa marcha do
o. O silogis- são "Ace cunda camada seria devida a
do se ma roe
aqui tam
raciocínio, mas do Romantismo paulistano, impregna
bém ele entra pela esfera da maluquei vara eo
o sujeito está “cercado de episódios” ra, pois sadismo, como é visível na obra de !
238 239
pode ver em poemas como
“A orgia dos duendes” e o
brutal “A origem do mênstr soneto “Eu vi dos pólos”: sadismo, crueldade sanglind
uo”,
ria, profanação. Faz cerca de trinta anos levantei arpó
tese que “A orgia dos duendes não é apenas um Pe ma
engraçado, como se dizia, masuma composição na q !
4 ressaltam esses elementosterríveis. Ele seria afloramen
“A orgia dos duendes” é um to de camadas recalcadas da personalidade, irrupção a
longo de 244 versos dividi
po ema relativamente inconsciente traduzida em cenas, falas e situações e
dos em 61 estrofes de quatro
organizados em quatro par , grave violência, disfarçadas pelo tom de brincadeira mas
tes, com marcação de per
nagens que falam: Rainha so- atuantes devido à ambiguidade. Sem falar na eficiência
, Getirana, Taturana, Esquel
ula-sem-cabeça etc, É um dos eto, devida à fatura, regida por uma imaginação fulgurante.
mais notáveis p Como amostra, veja-se o começo da 2º parte:
240
241
o
.
Assentado nos pés da rainha
Lobisome batia a batuta , efetuando o aprofundamento das camadasama ignifi-
designif
Co'a canela de um frade, que ' cado, surgindo
i o a nfigurii como !caso 6e xtremo
? ) 1sso--
tin
Inda um pouco de carne corrut ha ciação
iaçã que abre u m universo
i : oculto. om dd fei
efeito, q euro
a. - to àà natureza ele se ca racteriza por umac: micidadeque
Note-se a riqueza sonora,
o baque das palavras se-
i para o grotes co
transita e deste Do
para urtesca
o sádico; qindo des.
cas reforçando o insólito
dos instru
àà escrita,
i caracteriza-se
iza-se p pela associação burlescascaquedes
qu
mentos infernais —,
campainha feita de crânio, ten liza
i rumo ao contra-sen:ra-senso e desanda
: O au! anatismos,,
nos
do por badalo um casco
de burro; contrabaixo feito co ue liberam
i o desrecalq )
Ique do inconsciente. > oque
q
m a caixa toráxica, tendo
por cordasas tripas do bar convém encarar também a poesia pantagruélica au
ão. E tudo aumentado pelo
ritmo invariável, obsessivo
, do verso que no Romant menos assim, para não ficar apenas no seu nív
mo brasileiro mais se is- de discurso engraçado.
prestou aos efeitos mac
novessílabo anapéstico, co abr os, o
m acentos constantes na
6º e 9º. Se analisarmos as 32,
falas dos figurantes, veremo
além do assassínio vulgar s,
e da tortura, o amor sacríl
o estupro, a antropofagia ego ,
erótica, a prepotência mal
sa, O iricesto, que aparec do-
e de maneira' horripilante
quadra da bruxa Taturana: nesta
De