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4 da manhã

– Oi! Estou indo ai te ver! – disse ela enquanto cortava o Rio Grande do Sul, em
direção ao Cassino. Talvez por ser o último dia de carnaval, aqueles dois corpos
se sentiam atraídos depois de algumas conversas em algum app de namoro.
Embora não se conhecessem pessoalmente, sentiam uma conexão muito
profunda, algo muito surreal para dois adultos com as carreiras construídas. Ele
editor de livros no Cassino e ela enfermeira chefe em sua cidade.
Dizem os poetas que os sentimentos crescem nos corações dos que estão
dispostos a se entregarem. E por isso, estes dois estavam tão apaixonados
mesmo antes de se conhecerem pessoalmente. Acha que falaram de sexo? Que
nada, tinham outras preocupações, queriam se conhecer, criar uma conexão. Se
pensavam em transar? É lógico, toda a paixão é ardente e picante. E traz
consigo os pensamentos mais impuros.
Passava das 13h quando, em seu carro, ela estacionara ao lado do carro dele
numa pousada. Tenho certeza de que os corações de ambos estavam a mil, que
havia ali uma grande insegurança por parte dele e dela – será que gostará de
mim? – era o pensamento recorrente, porém tão forte quanto o medo era o
desejo de estarem juntos, nem que fosse por uma noite apenas. Mal eles sabiam
que já estavam apaixonados, conectados por algo muito maior. E que toda
aquela insegurança inicial se dissiparia em breve. Ele alertou, minutos antes de
entrarem na pousada:
– Viciaremos um no outro!
Como se conhece a si próprio e ao desejo dela, este alerta dele, estava coberto de
uma grande verdade. Já estavam apaixonados mesmo antes de se conhecerem,
de darem o primeiro beijo, e foderem por horas naquele dia.

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