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Aurea Messias de Jesus - Ayonara Cristina da Silva

Daniela Freitas Borges - Ana Paula Santos da Silva

Engenharia em foco
Volume 04

Brazilian Journals Editora


2022
2022 by Brazilian Journals Editora
Copyright© Brazilian Journals Editora
Copyright do Texto© 2022 Os Autores
Copyright da Edição© 2022 Brazilian Journals Editora
Editora Executiva: Barbara Luzia Sartor Bonfim
Diagramação: Sabrina Binotti Alves
Edição de Arte: Sabrina Binotti Alves
Revisão: Os Autores

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Gerais, Brasil.
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Profª. Drª. Carolina de Castro Nadaf Leal - Universidade Estácio de Sá, Brasil.
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Sul Rio Grandense, Brasil.
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Prof. Dr. Wagner Corsino Enedino - Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil.
Profª. Msc. Scheila Daiana Severo Hollveg - Universidade Franciscana, Brasil.
Prof. Dr. José Alberto Yemal - Universidade Paulista, Brasil.
Profª. Drª. Adriana Estela Sanjuan Montebello - Universidade Federal de São Carlos,
Brasil.
Profª. Msc. Onofre Vargas Júnior - Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Goiano, Brasil.
Profª. Drª. Rita de Cássia da Silva Oliveira - Universidade Estadual de Ponta Grossa,
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Profª. Drª. Leticia Dias Lima Jedlicka - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará,
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Profª. Drª. Joseina Moutinho Tavares - Instituto Federal da Bahia, Brasil
Prof. Dr. Paulo Henrique de Miranda Montenegro - Universidade Federal da Paraíba,
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Prof. Dr. Claudinei de Souza Guimarães - Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Brasil.
Profª. Drª. Christiane Saraiva Ogrodowski - Universidade Federal do Rio Grande,
Brasil.
Profª. Drª. Celeide Pereira - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Brasil.
Profª. Msc. Alexandra da Rocha Gomes - Centro Universitário Unifacvest, Brasil.
Profª. Drª. Djanavia Azevêdo da Luz - Universidade Federal do Maranhão, Brasil.
Prof. Dr. Eduardo Dória Silva - Universidade Federal de Pernambuco, Brasil.
Profª. Msc. Juliane de Almeida Lira - Faculdade de Itaituba, Brasil.
Prof. Dr. Luiz Antonio Souza de Araujo - Universidade Federal Fluminense, Brasil.
Prof. Dr. Rafael de Almeida Schiavon - Universidade Estadual de Maringá, Brasil.
Profª. Drª. Rejane Marie Barbosa Davim - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Brasil.
Prof. Msc. Salvador Viana Gomes Junior - Universidade Potiguar, Brasil.
Prof. Dr. Caio Marcio Barros de Oliveira - Universidade Federal do Maranhão, Brasil.
Prof. Dr. Cleiseano Emanuel da Silva Paniagua - Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Goiás, Brasil.
Profª. Drª. Ercilia de Stefano - Universidade Federal Fluminense, Brasil.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Engenharias em foco [livro eletrônico]: vol. 04 / organização Aurea
Messias de Jesus, Daniela Freitas Borges, Ana Paula Santos
da Silva. -- 1. ed. -- São José dos Pinhais, PR: Brazilian
Journals, 2022.

PDF.
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN: 978-65-81028-70-1
DOI: 10.35587/brj.ed.0001866

1. Engenharia 2. Energia elétrica – Consumo 3. Energia elétrica


- Aspectos econômicos. 4. Redes elétricas 5. Resíduos -
Gestão I. Jesus, Aurea Messias de. II. Borges, Daniela Freitas.
III. Silva, Ana Paula Santos da.

22-133845 CDD-621.31

Brazilian Journals Editora


São José dos Pinhais – Paraná – Brasil
www.brazilianjournals.com.br
editora@brazilianjournals.com.br
APRESENTAÇÃO

A obra intitulada “Engenharias em foco vol.4”, publicada pela Brazilian


Journals Publicações de Periódicos e Editora, apresenta um conjunto de quinze
capítulos que visa abordar conhecimentos disciplinares ligadas à área temática
das Engenharias. A seguir seram apresentados os capítulos que compõem
este ebook. Dessa forma, agradecemos aos autores por todo esforço e
dedicação que contribuíram para a construção dessa obra, e esperamos que
este livro possa colabobrar para a discussão e entendimento de temas
relevantes para grande área da Engenharia, orientando docentes, estudantes,
gestores e pesquisadores à reflexão sobre os assuntos aqui apresentados.

Aurea Messias de Jesus


Daniela Freitas Borges
Ana Paula Santos da Silva
SUMÁRIO

CAPÍTULO 01 .................................................................................................... 1
CADESIMU – 4.0 – SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO CADESIMU
Gustavo Paulino Dayrell
Cleber Lima Nascimento
Delson José dos Santos
Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho
Angélica Lourenço Oliveira
Aurea Messias de Jesus
DOI: 10.35587/brj.ed.0001867

CAPÍTULO 02 .................................................................................................. 19
REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉRIA. COMPARATIVO ECONÔMICO ENTRE
A REDE CONVENCIONAL E COMPACTA
Gustavo Paulino Dayrell
Rodolfo Longo Fim Pimentel
Adriano Alves Arantes Freitas
Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho
Angélica Lourenço Oliveira
Aurea Messias de Jesus
DOI: 10.35587/brj.ed.0001868

CAPÍTULO 03 .................................................................................................. 28
PROTEUS – SEQUÊNCIA DIDÁTICA MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO
Sarah Vilela de Almeida
José Renato da Silva Fernandes
Tarcisio Amaro Augustinho
João Nilton Alves Rezende
Jefferson dos Santos Vieira
Aurea Messias de Jesus
DOI: 10.35587/brj.ed.0001869

CAPÍTULO 04 .................................................................................................. 55
GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA UTILIZANDO RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS PARA A CIDADE DE ITUIUTABA – MG
Higor Dias Macedo
Alan Hipólito Vieira da Silva
Daniela Freitas Borges
Humberto Cunha de Oliveira
Angelica Lourenço Oliveira
Aurea Messias de Jesus
DOI: 10.35587/brj.ed.0001870

CAPÍTULO 05 .................................................................................................. 74
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA: MÉTODOS REGULATÓRIOS E
ASPECTOS ECONÔMICOS
Matheus Felipe de Paula Lopes
Daniela Freitas Borges
Fernanda Sena Silva
Angelica Lourenço Oliveira
Aurea Messias de Jesus
Humberto Cunha de Oliveira
DOI: 10.35587/brj.ed.0001871

CAPÍTULO 06 .................................................................................................. 93
ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE ATERRAMENTO DO BLOCO
A2 DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – CAMPUS
ITUIUTABA
Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho
Euripedes Justino da Silva Junior
Aurea Messias de Jesus
Daniela Freitas Borges
Emerson Carlos Guimarães
Ayonara Cristina da Silva
DOI: 10.35587/brj.ed.0001872

CAPÍTULO 07 ................................................................................................ 118


INVERSORES DE FREQUÊNCIA E A SUA REVOLUÇÃO NO PROCESSO
DE ACIONAMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS
Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho
Cleber Lima Nascimento
Gustavo Paulino Dayrell
Angelica Lourenço Oliveira
Euripedes Justino da Silva Junior
Aurea Messias de Jesus
DOI: 10.35587/brj.ed.0001873

CAPÍTULO 08 ................................................................................................ 129


CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ATRAVÉS DE UTILIZAÇÃO DE
BANCOS DE CAPACITORES
Gustavo Paulino Dayrell
Adriano Alves Arantes Freitas
Cleber Lima Nascimento
Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho
Euripedes Justino da Silva Junior
Aurea Messias de Jesus
DOI: 10.35587/brj.ed.0001874

CAPÍTULO 09 ................................................................................................ 140


A ENERGIA FOTOVOLTAICA COMO ALTERNATIVA PARA MINIMIZAR O
CUSTO COM ENERGIA ELÉTRICA DURANTE A MANUTENÇÃO DE UMA
USINA SUCROALCOOLEIRA
Daniela Freitas Borges
Liliana de Paula Martins Tavares
Lucas Dejair de Araújo Souza
Jose Abadio da Costa Júnior
Emerson Carlos Guimarães
Perseu Aparecido Teixeira Brito
DOI: 10.35587/brj.ed.0001875
CAPÍTULO 10 ................................................................................................ 164
AS MUDANÇAS DO SISTEMA ELÉTRICO NO BRASIL PARA A
IMPLANTAÇÃO DAS REDES ELÉTRICAS INTELIGÊNCIAS – SMART GRID
Lara Raine Mendes da Silva
Aurea Messias de Jesus
Daniela Freitas Borges
Emerson Carlos Guimarães
Humberto Cunha de Oliveira
Jan Rieller Ferreira Silva
DOI: 10.35587/brj.ed.0001876

CAPÍTULO 11 ................................................................................................ 189


ESTUDO SOBRE PROTÓTIPO DE UM SENSOR MODALMÉTRICO DE
FIBRA ÓPTICA VERSUS DESCARGAS PARCIAIS
Tatiane Silva Vilela
Raiane Araujo Aleixo
Aurea Messias de Jesus
Jose Abadio da Costa Júnior
Jan Rieller Ferreira Silva
Fabiana da Silva Santos Franco
DOI: 10.35587/brj.ed.0001877

CAPÍTULO 12 ................................................................................................ 212


SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS -
SPDA – ESTUDO DA ABNT NBR 5419 E EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Henrique Pires de Sene Caetano
Aurea Messias de Jesus
Jan Rieller Ferreira Silva
Camila de Jesus Moreira
Eduardo Henrique Domingos de Morais
DOI: 10.35587/brj.ed.0001878

CAPÍTULO 13 ................................................................................................ 231


AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL UTILIZANDO O MÓDULO ESP32-CAM COM
CÂMERA OV2640 E ANTENA 3DI
Leonardo Vicente Araújo
William Santos Pires de Oliveira
Aurea Messias de Jesus
Jan Rieller Ferreira Silva
Camila de Jesus Moreira
Eduardo Henrique Domingos de Morais
DOI: 10.35587/brj.ed.0001879

CAPÍTULO 14 ................................................................................................ 252


PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL
Ana Paula Santos da Silva
Ayonara Cristina da Silva
Perseu Aparecido Teixeira Brito
Luciana Silva Maciel
Camila de Jesus Moreira
Eduardo Henrique Domingos de Morais
Jan Rieller Ferreira Silva
Aurea Messias de Jesus
Fabiana da Silva Santos Franco
Denise Carla de Oliveira Andrade
DOI: 10.35587/brj.ed.0001880

CAPÍTULO 15 ................................................................................................ 262


USO DOS BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL
Ana Paula Santos da Silva
Ayonara Cristina da Silva
Camila de Jesus Moreira
Eduardo Henrique Domingos de Morais
Jan Rieller Ferreira Silva
Perseu Aparecido Teixeira Brito
Luciana Silva Maciel
Denise Carla de Oliveira Andrade
Aurea Messias de Jesus
Fabiana da Silva Santos Franco
DOI: 10.35587/brj.ed.0001881

SOBRE AS ORGANIZADORAS.................................................................... 271


CAPÍTULO 01
CADESIMU – 4.0 – SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO CADESIMU

Gustavo Paulino Dayrell


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: gustavo.dayrell@gmail.com

Cleber Lima Nascimento


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: cle002house@hotmail.com

Delson José dos Santos


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: delson2354@gmail.com

Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aline.rodrigues1423@gmail.com

Angelica Lourenço Oliveira


Formação: Bacharel e Mestre em Matemática pela Universidade Federal de
Uberlândia
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: angelica.oliveira@uemg.br

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

RESUMO: O aperfeiçoamento no estudo de comandos elétricos é de suma


importância para os estudantes de engenharia que pretendem estar
preparados para trabalhar no setor industrial, pois ao se atuar na área de
elétrica é primordial o domínio prévio sobre as aplicações de comandos
elétricos para o acionamento seja manual ou automático de equipamentos
elétricos. Devido a sua extrema importância nas áreas tanto comerciais quanto
industriais, o presente trabalho tem como objetivo elaborar uma sequência
didática utilizando o software CadeSimu, para uma melhor compreensão dos

1
estudantes com as aplicações de comandos elétricos no acionamento de
motores de corrente contínua e alternada.

PALAVRAS-CHAVE: CADeSimu; Comandos elétricos; Sequência Didática;


Simulações.

ABSTRACT: The improvement in the study of electrical commands is of


paramount importance for engineering students who intend to be prepared to
work in the industrial sector, because when working in the electrical field, prior
knowledge of the applications of electrical commands for manual activation is
essential or automatic electrical equipment. Due to its extreme importance in
both commercial and industrial areas, the present work aims to develop a
didactic sequence using the CadeSimu software, for a better understanding of
the students with the applications of electrical commands in the activation of
direct and alternating current motors.

KEYWORDS: CADeSimu; Electrical commands; Didactic sequence;


Simulations.

2
1. INTRODUÇÃO

Para Lima Filho et al., (2017): “Dentre os programas digitais, um dos


mais conhecidos programas utilizados na disciplina de acionamentos elétricos
e comandos elétricos é o programa CADeSIMU, o qual permite a simulação de
esquemas elétricos de comando e força para acionamentos de motores
elétricos, um software livre e uma poderosa ferramenta de simulação.”
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma sequência didática
utilizando o software CadeSimu, para uma melhor compreensão dos
estudantes com as aplicações de comandos elétricos no acionamento de
motores de corrente alternada.

1.1. O que é o CADeSimu

O CADeSimu é um software utilizado por profissionais na área da


elétrica para criação de simulações de diagramas de comando elétricos. O
programa além de auxiliar fazer vários testes de acionamentos, também ajuda
na aprendizagem das ligações dos componentes caso seja do interesse do
usuário fazer essas ligações nas práticas, e caso tenha algum erro no
diagrama, o programa informa que há um curto no sistema, assim o usuário
pode fazer as correções necessárias.
Assim como outros softwares, o aplicativo possui uma extensão própria,
que é a extensão “.cad”. Com isso, também é possível converter diagramas e
salvá-los em PDF caso queira imprimir futuramente (MATTEDE, 2020).
A fim de utilizar tudo que o programa pode fornecer, faz-se necessário
conhecimentos básicos em eletricidade, e assuntos de elétrica, além da
necessidade do conhecimento em informática (MATTEDE, 2020).
A versão 4.0 do aplicativo possibilita fazer comandos elétricos, circuitos
pneumáticos e programação com CLP. Utilizando-se da linguagem LADDER,
podemos fazer partidas diretas de motores trifásicos com auxílio de Soft-Starter
e inversores de frequência (MACIEL, 2021).

2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente trabalho tem como primórdio a


sequência didática, que é uma estratégia educacional que busca auxiliar os

3
alunos na resolução de problemáticas sobre diferentes assuntos. Neste caso a
problemática gira em torno do software CADeSimu muito utilizado nas aulas
práticas de disciplinas da Engenharia Elétrica, onde é possível a aplicação dos
conhecimentos teóricos adquiridos. O trabalho adota também uma revisão
bibliográfica sobre o assunto, assim como as contribuições da utilização do
software no processo de aprendizado. As pesquisas foram realizadas em
artigos, monografias, manuais, sites e blogs da área técnica, entre outros.
O diferenciativo da sequência didática enquanto estratégia de
enriquecimento do aprendizado dos estudantes é que as atividades são
elaboradas e desenvolvidas seguindo uma lógica sequencial de
compartilhamento e evolução do conhecimento (E-DOCENTE, 2019).
Devido ao contexto em que a sequência didática se coloca como uma
melhoria capaz e eficiente, é preciso compreender como ela pode ser usada
em cada etapa da vida escolar do discente (E-DOCENTE, 2019).
O trabalho se inicia com as instruções iniciais que vão desde baixar o software
utilizado, as configurações iniciais, um entendimento sobre o programa e seus
componentes e por fim realizando a simulação de partidas, como: partida
direta, partida estrela-triângulo, partida compensadora, partida Soft-Starter e
partida com inversor de frequência.

2.1. Baixando o Programa

Para baixar o programa do CADeSimu no computador, acesse:


https://www.cadesimu.net/.
Depois que o aplicativo já estiver instalado, basta clicar para abri-lo, toda
vez que for entrar no CADeSimu irá pedir uma chave de acesso, no entanto, é
possível abrir o programa e fazer o diagrama sem colocar a chave de acesso,
porém, não será possível simular o circuito caso não tenha colocado a chave.
A chave é padronizada como 4962. Caso a versão instalada pelo usuário
seja outra, a nova senha estará no arquivo baixado ou mesmo na caixa de
mensagem onde pede a chave de acesso, como mostrado na Figura 1
(MACIEL, 2021).

4
Figura 1: Senha CADeSimu 4.0

Fonte: Os autores.

2.2. Entendendo o programa

Na parte superior esquerda do programa terá todos os componentes


necessários que precisaremos para fazer os diagramas de partidas, como pode
ser observado na Figura 2.

Figura 2: Componentes CADeSimu 4.0

Fonte: Os autores.

5
Como visualizado na Figura 2, temos na horizontal diversos
componentes que podem ser usados, sendo eles, em sequência:
Alimentação – São encontradas alimentações monofásicas, bifásica ou
trifásica como por exemplo fontes: fase, neutro, fase-neutro, fase-fase-fase-
neutro e até mesmo com proteção. Na Figura 3 é possível observar os
componentes mais utilizados em alimentação.

Figura 3: Componentes mais utilizados em alimentação.

Fonte: Os autores.

Fusíveis e seccionadores – São encontrados os fusíveis I, fusíveis IN


que são utilizados na proteção de circuito de comando e de potência. Na Figura
4 é possível observar os componentes mais utilizados em fusíveis e
seccionadores.

Figura 4: Componentes mais utilizados em fusíveis e seccionadores.

Fonte: Os autores.

Automáticos e disjuntores – São encontrados disjuntores


termomagnéticos, disjuntores motores que normalmente são utilizados na
proteção do circuito de força de um acionamento. Na Figura 5 é possível
observar os componentes mais utilizados em automáticos e disjuntores.

6
Figura 5: Componentes mais utilizados em automáticos e disjuntores.

Fonte: Os autores.

Contatores e comutadores – Utilizados na parte de comando e até


mesmo de força, pois fazem parte da lógica de acionamento, são utilizados
para selos e intertravamento. Na Figura 6 é possível observar os componentes
mais utilizados em contatores e comutadores.

Figura 6: Componentes mais utilizados em contatores e comutadores.

Fonte: Os autores.

Motores – Motores monofásicos, motores trifásicos de 3 pontas, 6


pontas (utilizados nas partidas estrela-triângulo), motores de Dahlander. Na
Figura 7 é possível observar os componentes mais utilizados em motores.

Figura 7: Componentes mais utilizados em motores.

Fonte: Os autores.

7
Soft-starter e inversores – São utilizadas nas partidas suaves e partidas
com inversão na frequência da rede. Na Figura 8 é possível observar os
componentes mais utilizados Soft-Starter e Inversores.

Figura 8: Componentes mais utilizados Soft-Starter e Inversores.

Fonte: Os autores.

Contatos auxiliares e contatos de timer – Contatos com tempo de


ativação ou desativação, bastante útil em partidas estrela-triângulo, pois faz-se
necessário a comutação de contatores a partir de um determinado tempo. Na
Figura 9 é possível observar os componentes mais utilizados em contatos de
timer e auxiliares.

Figura 9: Componentes mais utilizados em Contatos de timer e auxiliares.

Fonte: Os autores.

Botão de acionamento – Botões NA e NF utilizados com frequência na


parte de comando do diagrama. Na Figura 10 é possível observar os
componentes mais utilizados em botão de acionamento.

8
Figura 10: Componentes mais utilizados em Botão de acionamento.

Fonte: Os autores.

Detectores – Não são utilizados na parte de acionamento de máquinas.


Bobinas e sinais – Bobinas de contatores e de temporizadores, e sinais
luminosos da cor: verde, vermelho, azul, amarelo e cinza. Na Figura 11 é
possível observar os componentes mais utilizados em bobinas e sinais.

Figura 11: Componentes mais utilizados em Bobinas e Sinais

Fonte: Os autores.

Relés eletrônicos – Não são utilizados na parte de acionamento de


máquinas.
Logic – Portas lógicas AND, NOT, sinais digitais etc.
Ladder – Nesta parte se encontram os componentes que são vistos no
acionamento de máquinas e necessitam da linguagem Ladder, essa linguagem
de programa é utilizada em CLP’s.
Grafcet – Não são utilizados na parte de acionamento de máquinas.
Input e output: Onde encontramos os CLP’s para poder programar em
Ladder.
Atuadores pneumáticos: Não são utilizados na parte de acionamento de

9
máquinas.
Símbolos 2D: Botões e motores em 2D.
Símbolos 3D: Botões e motores em 3D.
Cabos e conexões: Cabos de alimentação fase, neutro, terra. Na Figura
12 é possível observar os componentes mais utilizados em cabos e conexões.

Figura 12: Componentes mais utilizados em Cabos e Conexões

Fonte: Os autores.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. Partida Direta

Na partida direta, a chave de partida é diretamente ligada ao motor. Esse


tipo de conexão faz com que a carga seja acelerada de maneira rápida. Logo,
os conjugados de correntes e partidas são plenos e, com isso, a tensão de
partida pode chegar a ser até 7 ou 8 vezes maior que a tensão nominal. Este
tipo de partida é utilizado em motores de pequenas potências, de no máximo
7,5 CV, em que os valores das correntes (A) são menores (BABOS, 2021).
Na figura 13 podemos observar a partida direta, com seu diagrama de
força e comando. Vale ressaltar que neste exemplo foi utilizado um botão NA
para acionamento do sistema (B1) o qual tem retorno por mola. Com isso foi
utilizado no sistema o selo (K1) para que o sistema pudesse continuar
alimentado e funcionando após o botão B1 voltar ao seu estado de repouso. Na
Figura 14 é possível observar o Diagrama de Força e Comando de uma partida
direta no CADeSimu.

10
Figura 13: Esquema de ligação de uma partida direta.

Fonte: (FRANCHI, 2008)

Figura 14: Diagrama de Força e Comando de uma partida direta no CADeSimu.

Fonte: Os autores.

3.2. Partida Estrela-Triângulo

Neste tipo de partida a alimentação do motor terá uma redução de


tensão nas bobinas durante a sua partida. Assim, o motor partirá inicialmente

11
em estrela, com uma tensão de 58 % da nominal. Em seguida, após um
determinado tempo de ligação, o motor é convertido pelos contatores para
triângulo e, por fim, assumirá a sua tensão nominal (FRANCHI, 2008).
Este tipo de partida é utilizado exclusivamente em partidas de máquinas
sem carga, pois o conjugado de partida é proporcional ao quadrado da tensão
de alimentação, logo será muito alto. Exclusivamente depois de ter atingido a
tensão nominal é que a carga poderá ser aplicada (FRANCHI, 2008).
Vale ressaltar que nessa partida primeiro temos K1 e K3 funcionando
fazendo a ligação em estrela e em seguida K1 e K2 funcionando e fornecendo
a tensão nominal em triângulo. K2 e K3 NF no nosso comando, funcionam
como nosso intertravamento pois não podemos ter os dois funcionando no
mesmo tempo. Caso contrário, isso acarretaria um curto no sistema. Na Figura
15 é possível observar o esquema de ligação de uma partida estrela-triângulo e
na Figura 16 podemos observar o diagrama de força e comando de uma
partida estrela-triângulo no CADeSimu.

Figura 15: Esquema de ligação de uma partida estrela-triângulo.

Fonte: (FRANCHI, 2008)

12
Figura 16: Diagrama de Força e Comando de uma partida estrela-triângulo noCADeSimu.

Fonte: Os autores.

3.3. Partida Compensadora

A partida compensadora é também conhecida como partida com


autotrafo. Com ela utilizamos um autotransformador na partida que possui um
núcleo magnético pleno com três enrolamentos e no final desses enrolamentos
são conectados em Y. Ao longo dos equipamentos tem os TAPS operacionais
que podem ser regulados em 50 %, 65 % e 80 % da tensão aplicada na fase
(FRANCHI, 2008).
Essa partida é utilizada normalmente em motores acima de 15 CV. Um
TAP de 65% reduzirá a tensão em 42 %, um TAP de 80 % reduzirá a tensão em
64%, podem ser utilizadas em motores que estejam com a sua carga acoplada,
uma das grandes vantagens na partida compensadora é não há necessidade
de um motor de 6 pontas, como na partida estrela-triângulo, no entanto, há um
custo elevado no autotransformador (FRANCHI, 2008).
Na Figura 17 é possível observar o esquema de ligação de uma partida
compensadora e na Figura 18 Diagrama de Força e Comando de uma partida
compensadora no CADeSimu.

13
Figura 17: Esquema de ligação de uma partida compensadora.

Fonte: (FRANCHI, 2008)

Figura 18: Diagrama de Força e Comando de uma partida compensadora no


CADeSimu.

Fonte: Os autores.

3.4. Partida Soft-Starter

A sessão Soft-Starter é destinada ao comando de motores de corrente


contínua ou alternada, assegurando a aceleração e desaceleração progressiva
do sistema por meio de rampa, é também conhecida como partida suave

14
(FRANCHI, 2008), são muito utilizadas atualmente em indústrias pelo fato de
serem mais seguras. No entanto, elas têm um custo elevado. Porém, em
indústrias o investimento é levado em consideração, pois uma falha em algum
motor pode ocasionar em perdas de dinheiro.
Outro ponto que podemos levar em consideração nesses tipos de
partida é que a redução de cabos é quase de 95%, e não há necessidade de
contatores e temporizadores para fazer comutações de ligações de diferentes
tensões. A única coisa que deve ser levada em consideração são os
parâmetros da máquina, que são dados pelo fabricante. Na Figura 19 é
possível observar o diagrama de comando de soft-starter e na Figura 20 o
diagrama de força e comando de uma partida soft-starter no CADeSimu.

Figura 19: Diagrama de comando de Soft-starter.

Fonte: (FRANCHI, 2008)

15
Figura 20: Diagrama de Força e Comando de uma partida Soft-Starter

Fonte: Os autores.

3.5. Partida com Inversor de Frequência

Partida com Inversor de Frequência é um método eficiente de controle


de velocidade em motores de indução trifásico sem que haja muitas perdas.
Com a variação de frequência da fonte de alimentação, utilizando inversores de
frequência, o motor pode ser controlado de modo que há um ajuste contínuo de
velocidade e conjugado com relação à carga mecânica (FRANCHI, 2008).
Os inversores garantem a variação da tensão aplicada e isso é feito de
forma automática através dos disparos dos transistores por sistemas de
microprocessador. Assim, faz com que a frequência seja alterada, e ela vai
aumentando ou diminuindo, de acordo com o que é programado. Quando
aumentamos a frequência, aumenta-se também a velocidade do motor, e
quando diminuímos a frequência, diminuímos a velocidade do motor. Quando
chegamos a 60Hz, estamos na velocidade nominal que é descrita pelo
fabricante do equipamento (FRANCHI, 2008). Na Figura 21 é possível observar
o diagrama de força e comando de uma partida com inversor de frequência.

16
Figura 21: Diagrama de Força e Comando de uma partida com inversor de frequência

Fonte: Os autores.

Não podemos afirmar que há uma partida melhor que a outra, pois cada
partida tem sua particularidade, vantagens e desvantagens. Tudo irá depender
de qual vai ser a sua aplicação, e do quanto deseja-se gastar, por exemplo, não
há necessidade de se gastar com a partida de uma bomba d’água em uma
fazenda uma partida com soft-starts, sendo que podemos usar a partida direta,
que se trata de motor com baixo CV e que vai atender à nossa demanda.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseando-se no levantamento de informações apresentadas ao longo


do trabalho, pode-se concluir a necessidade e importância do uso de softwares
para o aprendizado e também o exercício dos conceitos abordados em sala de
aula nas mais diversas disciplinas dos cursos de engenharia
Com o intuito de suprir a carência de conhecimento dos discentes de
engenharia, no que diz respeito aos comandos elétricos e acionamentos de
motores, esse trabalho se mostra útil ao introduzir e explicar o funcionamento
do software para realização de simulações.
Vale salientar que a utilização do software na construção do
conhecimento irá proporcionar um aprendizado mais dinâmico, estimulando a
busca pelo conhecimento prático a fim de aplicar os conhecimentos teóricos.

17
REFERÊNCIAS

BABOS, F. Partida Direta de Motores: Para que serve e como


funciona? Disponível em: <https://flaviobabos.com.br/partida-
direta/#:~:text=A%20partida%20direta%20deve%20ser,do%20que%207%2C5
%20c%20v.>. Acesso em: 5 ago. 2022.

E-DOCENTE. Sequência didática: como elaborar e executar | E-docente.


Disponível em: <https://www.edocente.com.br/blog/escola/sequencia-didatica-
para-educacao-basica/>. Acesso em: 5 ago. 2022.

FRANCHI, C. M. Acionamentos Elétricos. São Paulo: Érica, 2008.

MACIEL, G. Como usar o CADe SIMU – Passo-a-Passo Completo.


Disponível em:
<https://ligandoosfios.com.br/como-usar-o-cade-simu-passo-a-passo-
completo/>. Acesso em 25 jul. 2022.

MATTEDE, H. CADe Simu – O que é e para que serve. Disponível em:


<https://www.mundodaeletrica.com.br/cade-simu-o-que-e-para-que-
serve/#:~:text=O%20CADe%20Simu%20%C3%A9%20definido,%2C%20que%2
0% C3%A9%20a%20extens%C3%A3o%20%E2%80%9C.>. Acesso em 25 jul.
2022.

18
CAPÍTULO 02
REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉRIA. COMPARATIVO ECONÔMICO ENTRE
A REDE CONVENCIONAL E COMPACTA

Gustavo Paulino Dayrell


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: gustavo.dayrell@gmail.com

Rodolfo Longo Fim Pimentel


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: rodolfolongofim@gmail.com

Adriano Alves Arantes Freitas


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: adriano.1536023@discente.uemg.br

Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aline.rodrigues1423@gmail.com

Angelica Lourenço Oliveira


Formação: Bacharel e Mestre em Matemática pela Universidade Federal de
Uberlândia
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: angelica.oliveira@uemg.br

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

RESUMO: Os órgãos de regulamentação do sistema de energia elétrica


exigem cada vez mais eficiência das concessionárias, além de qualidade e
confiabilidade na rede. A rede aérea compacta ou a rede protegida é um
sistema de distribuição de energia elétrica em que todos os cabos se
encontram isolados, mesmo sendo distribuídos também de forma aérea. O
trabalho tem como objetivo comparar a utilização entre a Rede de Distribuição
Aérea Convencional e a Rede de Distribuição Compacta e Protegida, sendo a

19
RDP uma solução viável, além de aumentar a qualidade no fornecimento de
energia e minimizar o conflito entre rede e natureza.

PALAVRAS-CHAVE: Comparativo; RDA; RDP; Redes de Distribuição.

ABSTRACT: Electric power system regulatory bodies increasingly demand


efficiency from concessionaires, as well as quality and reliability in the network.
The compact aerial network or the protected network is an electrical energy
distribution system in which all cables are isolated, even though they are also
distributed aerially. The objective of this work is to compare the use between
the Conventional Aerial Distribution Network and the Compact and Protected
Distribution Network, with RDP being a viable solution, in addition to increasing
the quality of energy supply and minimizing the conflict between network and
nature.

KEYWORDS: Comparative; CAN; CPN; Distribution Networks.

20
1. INTRODUÇÃO

Vital para a vida humana desde a sua descoberta por Tales de Mileto
(624-548 a.C) no ano 600 a.C., o estudo sobre eletricidade tem avançado e,
consequentemente evoluído com o crescimento da globalização mundial,
principalmente pela sua capacidade de impulsionar o desenvolvimento
econômico com a utilização de maquinários de grande porte em indústrias,
criando assim uma comodidade para os seres humanos. Na contramão deste
crescimento, a falta de energia gera prejuízos econômicos para o setor
industrial e problemas para o consumidor residencial (CIPOLI, 1993).
Os órgãos de regulamentação do sistema de energia elétrica exigem
cada vez mais eficiência das concessionárias, além de qualidade e
confiabilidade na rede. Dessa forma, a Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) tem criado indicadores para monitorar a qualidade do fornecimento de
energia elétrica das empresas distribuidoras. Podemos citar indicadores
coletivos de Duração Equivalente de Continuidade (DEC) e o de Frequência
Equivalente de Continuidade (FEC) que registram respectivamente, quantas
horas em média por ano e quantas vezes o consumidor fica sem energia
elétrica. Se alguma das distribuidoras não respeitar a meta estabelecida pelos
responsáveis, ficam sujeitas a multa pelo órgão de regulamentação (ANEEL,
2017).
Existem no Brasil duas importantes redes de distribuição aéreas, as
convencionaise as protegidas, também conhecidas como rede aérea compacta.
O sistema com Redes de Distribuição Aérea (RDA) convencional foi
desenvolvido entre a década de 1950 e 1960 sendo atualmente um
dos modelos mais obsoletos em sistemas de distribuição. A rede
apresenta condutores não isolados e sua presença em locais
arborizados é ineficiente, pois ao entrar em contato com galhos pode
ocasionar curtos-circuitos e desligamentos súbitos da rede elétrica,
ainda ocorrem conflitos quando próximos de sacadas, marquises,
painéis dentre outros, podendo causar acidentes graves ou fatais.
(VELASCO, 2003)

As pesquisas no Brasil referentes às primeiras construções com Rede


de Distribuição Aérea Protegida (RDP) ocorreram no estado de Minas Gerais,
as quais foram estudadas pela Companhia Energética de Minas Gerais
(CEMIG) no ano de 1991 (VELASCO, 2003).
A rede aérea compacta ou a rede protegida é um sistema de distribuição

21
de energia elétrica em que todos os cabos se encontram isolados, mesmo
sendo distribuídos também de forma aérea. Na rede secundária são utilizados
cabos multiplexados. Já a rede primária é constituída de três condutores
cobertos por polietileno reticulado. Este arranjo é sustentado por cabo de aço
com 9,5mm de diâmetro e de alta resistência (VELASCO, 2003).
Embasado neste relato, o presente trabalho tem como objetivo comparar
a utilização entre a Rede de Distribuição Aérea Convencional e a Rede de
Distribuição Compacta e Protegida, sendo a RDP uma solução viável, além de
aumentar a qualidade no fornecimento de energia e minimizar o conflito entre
rede e natureza.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste artigo, a metodologia de estudo comparada é


utilizada como método de investigação da pesquisa com caráter qualitativo,
desenvolvida a partir de revisões bibliográficas de dissertações, teses, artigos
científicos, entre outros trabalhos acadêmicos.

2.1. Definições sobre rede aérea e comparativo da rede convencional e a


compacta

Segundo a pesquisa de Velasco (2003) a Companhia Paulista de Força


e Luz (CPFL) sustenta que uma rede aérea convencional é composta
basicamente por: (i) postes (concreto ou madeira); (ii) cruzetas; (iii) isoladores;
(iv) para-raios; (v) braço de iluminação pública; (vi) condutores; (vii)
transformadores de 15 kV; (viii) bancos capacitores; (ix) chaves corta-circuito;
(x) chaves a óleo (equipamentos destinados a estabelecer, conduzir e
interromper circuitos elétricos); (xi) Ponto Tele-controle Remoto (PTR’s); e (xii)
rede de cobre ou alumínio, que tem predominado. A fiação pode ser dividida
em: (i) primária, de 11,9 kV (quilovolts) e 13,8 kV, chamadas de classe 15 kV;
ou (ii) secundária, de 220 V e 127 V.
Castro (2000) afirma que esse sistema de distribuição pode causar
prejuízos em diversos setores da nossa sociedade, dentre eles podemos
destacar: (i) curtos-circuitos na média e baixa tensão; (ii) perdas de

22
faturamento; (iii) queima de aparelhos domésticos; (iv) queima de
equipamentos industriais; entre outros. Além disso, esse sistema ocasiona para
as concessionárias gastos acentuados com manutenção na rede.
A RDA é predominantemente o sistema mais utilizado no país, porém é
muito vulnerável para a ação de intempéries, pois apresenta a utilização de
cabos nus. Tal vulnerabilidade traz muitos problemas no fornecimento de
energia o qual podemos evidenciar: (i) curtos-circuitos; (ii) queima de
transformadores; (iii) queima de aparelhos domésticos e industriais; (iv)
desligamento da rede a qual pode trazer transtornos nos hospitais por exemplo;
(v) perdas financeiras; (vi) e do bem maior da população que é a vida
(VELASCO, 2003).
A ANEEL (2017) cita os principais problemas que levam as
concessionárias a realizarem a manutenção preventiva: (i) rompimento de
cabos em função de quedas de árvores; (ii) sobrecarga ou oxidação; (iii)
cruzetas e postes quebrados em função da incidência de ventos; (iv) colisões
de veículos com a estrutura; (v) transformadores queimados devido às
sobrecargas ou descargas atmosféricas; (vi) isoladores e para raios danificados
em função de descargas violentas ou por atos de vandalismo; e (vii) estas
arrebentados e chaves danificadas devido a desgastes.
Conforme a N.D 2.7 da CEMIG, as RDPs são feitas de cabos
multiplexados e autosustentados, instalados com postes tanto circular quanto
duplo T, retangular e de madeira. Além disso, vale ressaltar que, no estado de
Minas Gerais, os sistemas monofásicos e trifásicos de distribuição com tensões
secundárias de 120/240 volts, e 127/220 volts, apresentam, respectivamente,
tensões primárias de 7.967/13.800 volts.
A manutenção corretiva da RDC está em contato com problemas de
fixação dos cabos nos isoladores losangulares, cuja danificação é provocada
por agentes naturais como a ação dos ventos, quedas de galhos de árvores e
ressecamento do próprio material. Por outro lado, a manutenção preventiva vai
além de podas, inspeções visuais em seus diversos componentes como
isoladores, postes, cabos, chaves, para-raios, transformadores, entre outros
(NETO, 2011).
A CEMIG (1998) garante que quando comparada com a rede
convencional, as redes protegidas podem apresentar diversos benefícios,

23
sendo eles: (i) redução nas taxas de falhas; (ii) redução na manutenção da
rede; (iii) aumento de segurança para a sociedade e eletricistas em geral; (iv)
na possibilidade da melhora na qualidade de energia elétrica fornecida; (v) e
reconhecimento da empresa, não apenas pela a sociedade em geral, mas
também por grupos de entidades de defesa ambiental que visam o bem
estar social.
Entretanto, tais problemas já possuem a RDP como uma solução
viável, além de aumentar a qualidade no fornecimento de energia e
minimizar o conflito entre a natureza e a rede de distribuição. Esse
tipo de rede é menos vulnerável a interferências naturais tais como
chuva, ventos e árvores, torna o sistema mais confiável por usar
cabos protegidos por uma camada de polietileno reticulado termofixo
(XLPE) e ter uma estrutura mais resistente. Porém ainda não é
amplamente utilizada no sistema brasileiro de distribuição. (ALBANI e
COSTA, 2017)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Levantamento de custos

Para a implantação de redes convencionais da CEMIG, que são


estimativas feitas pela a própria concessionária, no ano de 2001 obteve os
seguintes custos, apresentados na Tabela 1 (VELASCO, 2001).

Tabela 1: Custo médio de implantação de RDA e RDP.


Tipo de rede Custo por KM (R$/KM)

RDA 54.188,89
RDP 62.215,99

Fonte: (Cemig, 2001)

Deflacionando os custos de 2001 para 2021 através da calculadora do


Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) disponível no site
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) obtivemos um
acréscimo de 209,3 %, como pode ser observado na Tabela 2.

Tabela 2: Custo médio corrigido de implantação de RDA e RDP.


Tipo de rede Custo por KM (R$/KM)

RDA 167.732,09
RDP 192.578,55

Fonte: Os autores.

24
Como podemos observar, vemos que o custo de implantação, preço por
km, dos tipos de rede RDA e RDP não têm tanta diferença de preço, podemos
assim, reforçar a tese que ao longo prazo teríamos um custo-benefício maior,
pois a rede compacta protegida exige menos manutenção, além de ser mais
segura e confiável (ANEEL, 2017).
Quando se fala na transformação de RDA para RDP, podemos
considerar o reaproveitamento dos materiais e o traçado já existentes da rede,
excetuando-se os cabos de alumínio.
De acordo com dados divulgados pela CPFL/SP no ano de 2001, o custo
de transformação da rede convencional para a compacta era de
R$35.000,00/km. Deflacionando este valor para os dias atuais temos
R$108.336,29/km.
Pode-se observar que a substituição das redes aéreas convencionais
para compactas traz uma economia maior do que a instalação de uma nova
rede compacta, dado a não necessidade de obras civis eo fato da troca da rede
elétrica ser feita de forma mais rápida.
Podemos também analisar que quando se utiliza a RDP, a necessidade
de podas de árvores diminui, tendo em vista que os cabos utilizados são
protegidos, logo, não ocorrendo curto no sistema. Podemos também enfatizar o
fato da melhora do FIC (Frequência das Interrupções do Consumidor), pois
quanto menor a quantidade de ocorrências de interrupções, menos prejuízo
terá a concessionária.
A Tabela 3 traz dados fornecidos pela CEMIG, com relação a custos de
manutenção preventiva e corretiva realizada em 1998.

Tabela 3: Custos de manutenção preventiva e corretiva em RDA e RDP, com e sem


arborização.
RDA RDP
Com Sem Com Sem
Manutenção arborização arborização arborização arborização
Preventiva
R$/KM 108,00 51,43 29,52 5,51
Corretiva R$/KM 15,41 3,19
Fonte: (Cemig, 1998)

Deflacionando os custos de 1998 para 2021 através da calculadora do


IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) disponível no site

25
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), temos um percentual
aumento de 283,55 %, como pode ser observado na Tabela 4.

Tabela 4: Custos corrigidos de manutenção preventiva e corretiva em RDA e RDP, com e sem
arborização.
RDA RDP
Com Sem Com Sem
Manutenção arborização arborização arborização arborização
Preventiva
R$/KM 525,86 250,43 83,17 26,81
Corretiva R$/KM 59,10 12,24
Fonte: Os autores.

Observando os dados das duas tabelas anteriores, temos um custo


menor de manutenção para a RDP em todos os casos. Estendendo a
economia com manutenção a longo prazo, esse tipo de rede consegue suprir
a diferença de valor de implantação.

4. CONCLUSÕES

No decorrer do artigo, foi apresentado que a utilização da RDP traz


muitos benefícios ao sistema de distribuição elétrico. Um dos benefícios
principais proporcionados pela utilização da RDP é o baixo valor nas
manutenções preventiva e corretiva, se pagando assim a longo prazo a
pequena diferença no momento da implantação ou mesmo da transformação
entre os tipos de redes. Do ponto de vista técnico, existe a melhora na
qualidade de energia e uma maior segurança para os eletricistas e usuários
em geral.
As vantagens da RDP não são apenas técnicas e econômicas, mas
também sociais, em razão da melhoria da imagem da empresa diante das
entidades ambientais, municipais e diante dos próprios consumidores que de
certa forma serão beneficiados.

26
REFERÊNCIAS

ALBANI, K.; COSTA, L. Rede de distribuição aérea: Comparativo técnico e


econômico entre a rede convencional e a compacta na região de
abrangência de uma concessionária de energia. 2017. Trabalho de
conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Elétrica) - Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), [S. l.], 2017. Disponível em:
<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/15521/1/CT_COELE_2017
_2_11. pdf>. Acesso em: 5 ago. 2021.

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em:


<http://www.aneel.gov.br/>. Acesso em 09 ago. 2021.

CIPOLI; J. A. Engenharia de Distribuição. Rio de Janeiro: Quality Mark. 1993.

ELETROPAULO. Guia de planejamento e manejo da arborização urbana.


São Paulo: Eletropaulo; CESP; CPFL, 1995. 38p.

VELASCO, G. Arborização Viária x Sistemas de Distribuição de Energia


Elétrica: Avaliação dos Custos, Estudo das Podas e Levantamento de
Problemas Fitotécnicos. Piracicaba-SP, 2003. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11136/tde10092003152108/publi
co/giuliana.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2021

IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. [S. l.], [21-].


Disponível em: <http://www.yahii.com.br/ipca.html>. Acesso em: 5 ago. 2021.

27
CAPÍTULO 03
PROTEUS – SEQUÊNCIA DIDÁTICA MOTOR DE INDUÇÃO
TRIFÁSICO

Sarah Vilela de Almeida


Formação: Bacharelanda em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: sarahvalmeida@hotmail.com

José Renato da Silva Fernandes


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: jrenato.fernandes53@gmail.com

Tarcisio Amaro Augustinho


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: tarciso.augustinho@gmail.com

João Nilton Alves Rezende


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: joao.nilton@gmail.com

Jefferson dos Santos Vieira


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: jeffvieira1999@gmail.com

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

RESUMO: A metodologia utilizada no presente trabalho tem como primórdio a


sequência didática, que é uma estratégia educacional que busca auxiliar os
alunos na resolução de problemáticas sobre diferentes assuntos. Com a
plataforma Proteus é possível a simulação SPICE de circuitos, além da
simulação de microcontroladores diversos, podendo executar o seu firmware
com opções de Debug e acesso aos registradores do microcontrolador. O
presente trabalho tem como objetivo elaborar uma sequência didática utilizando
o software Proteus, para uma melhor compreensão dos estudantes com as
aplicações de comandos elétricos no acionamento de motores de

28
corrente alternada.

PALAVRAS-CHAVE: Engenharia; Motores; Proteus; Simulação.

ABSTRACT: The methodology used in the present work has as its origin the
didactic sequence, which is an educational strategy that seeks to help students
in solving problems on different subjects. With the Proteus platform, SPICE
simulation of circuits is possible, in addition to the simulation of various
microcontrollers, being able to run its firmware with Debug options and access
to the microcontroller registers. The present work aims to develop a didactic
sequence using the Proteus software, for a better understanding of the students
with the applications of electrical commands in the activation of alternating
current motors.

KEYWORDS: Engineering; Engines; Proteus; Simulation.

29
1. INTRODUÇÃO

A área industrial é onde a maior parte dos profissionais da área da


elétrica desenvolvem suas atividades, que podem variar desde a manipulação
e controle dos equipamentos elétricos até o acionamento de circuitos utilizados
para proteção. Todos esses comandos elétricos apresentam em sua
composição um circuito de comando e outro de potência (MORAES, 2013).
Segundo Souza (2014) o programa Proteus é uma suíte de
desenvolvimento que agrega um programa para criação de circuitos, o ISIS, é
um programa para desenho de placa de circuito impresso, o ARES. Com a
plataforma Proteus é possível a simulação SPICE de circuitos, além da
simulação de microcontroladores diversos, podendo executar o seu firmware
com opções de Debug e acesso aos registradores do microcontrolador.
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma sequência didática
utilizando o software Proteus, para uma melhor compreensão dos estudantes
com as aplicações de comandos elétricos no acionamento de motores de
corrente alternada.

2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente trabalho tem como primórdio a


sequência didática, que é uma estratégia educacional que busca auxiliar os
alunos na resolução de problemáticas sobre diferentes assuntos. Neste caso a
problemática gira em torno do software Proteus muito utilizado nas aulas
práticas de disciplinas da Engenharia Elétrica, onde é possível os alunos
aplicarem os conhecimentos teóricos adquiridos. O trabalho adota também
uma revisão bibliográfica sobre o assunto, assim como as contribuições da
utilização do software no processo de aprendizado. As pesquisas foram
realizadas em artigos, monografias, manuais, sites e blogs da área técnica,
entre outros.
O diferenciativo da sequência didática enquanto estratégia de
enriquecimento do aprendizado dos estudantes é que as atividades são
elaboradas e desenvolvidas seguindo uma lógica sequencial de
compartilhamento e evolução do conhecimento (E-DOCENTE, 2019).

30
Devido ao contexto em que a sequência didática se coloca como uma
melhoria capaz e eficiente, é preciso compreender como ela pode ser usada
em cada etapa da vida escolar do discente (E-DOCENTE, 2019).
O trabalho se inicia com apresentação do programa, e as instruções
iniciais como as configurações iniciais, um entendimento sobre o programa e
seus componentes e por fim realizando a simulação utilizando motor de
indução trifásico.

2.1. Componentes do programa

Na tela inicial temos algumas funcionalidades. O primeiro passo é a


criação de um novo projeto. Para tal deve-se ir em File e New Project.
Conforme pode ser visto na Figura 1.

Figura 1: File.

Fonte: Os autores.

Após isso é possível alterar o nome do projeto, para facilitar a


identificação do arquivo. Conforme pode ser visto na Figura 2.

Figura 2: Alterando o nome do projeto.

Fonte: Os autores.

31
Avançando para uma nova página é possível escolher a criação de um
schematic, caso seja possível, mas não sendo o caso. Conforme pode ser visto
na Figura 3.
Figura 3: Criando um novo projeto.

Fonte: Os autores.

Avançando para uma nova página é possível escolher a criação de um


layout de PCB, caso seja possível, mas não sendo o caso. Conforme pode ser
visto na Figura 4.
Figura 4: Avançando criação novo projeto

Fonte: Os autores.

Para conexão com microcontroladores é possível criar uma conexão,


como não é necessário deve-se escolher No Firmware Project. Conforme pode
ser visto na Figura 5.

32
Figura 5: Firmware Project.

Fonte: Os autores.

Após isto basta finalizar. Conforme pode ser visto na Figura 6.

Figura 6: Finalizando as configurações iniciais

Fonte: Os autores.

A página inicial do programa deve abrir. Nessa tela serão adicionados os


componentes da simulação, e todo circuito será construído e simulado. Na aba
lateral esquerda encontram-se os componentes que podem ser utilizados no
programa, sendo separados por categorias. Conforme pode ser visto na
Figura 7.

33
Figura 7: Página inicial Proteus.

Fonte: Os autores.

No lado superior esquerdo encontra-se a chamada vista panorâmica,


porém para movê-la, somente para o lado direito da janela, basta clicar na
coluna vertical que separa a janela de edição e arrastá-la até o outro lado,
lembrando que o seletor de objetos permanecerá junto dela. A vista
panorâmica, geralmente, mostra uma visão geral de todo o desenho que está
na janela de edição, porém também possui outras funções (ANACOM, 2010):
• A borda azul representa a borda da folha, já o retângulo verde
representa a área que está sendo visualizada na janela de edição. Clicando
com o botão esquerdo em qualquer ponto da vista panorâmica, o retângulo
verde será centralizado de acordo com este ponto, e a janela de edição terá
seus elementos “redesenhados”, para manter concordância com esta
movimentação, o que equivale a realizar um pan na janela de edição
(ANACOM, 2010).
A vista panorâmica também é utilizada para visualizar elementos que
estão selecionados, no seletor de objetos (ANACOM, 2010). Conforme pode
ser visto na Figura 8.

34
Figura 8: Vista panorâmica.

Fonte: Os autores.

No fim da página, no canto inferior esquerdo tem-se quatro atalhos de


ícones responsáveis pela simulação, rodar a simulação, avançar a simulação,
pausar a simulação e finalizar a simulação. Conforme pode ser visto na
Figura 9.
Figura 9: Simulação.

Fonte: Os autores.

Na aba File é possível criar um novo projeto, abrir um novo projeto,


importar arquivos, salvar o arquivo, fechar o projeto, importar uma imagem,
imprimir o design entre outros. Conforme pode ser visto na Figura 10.

Figura 10: Aba File

Fonte: Os autores.

35
Na Aba View é possível observar algumas formas de visualização, e
realizar alterações no tipo de linha, tipo de cursor, entre outras informações.
Conforme pode ser visto na Figura 11.

Figura 11: Aba View

Fonte: Os autores.

Para se adicionar componentes pode-se utilizar os dois atalhos a seguir.


O atalho P corresponde a Pick Devices, e o atalho L corresponde a Device
Libraries. Conforme pode ser visto na Figura 12.

Figura 12: Atalhos.

Fonte: Os autores.

Na categoria de Pick Devices os componentes estão divididos em


categorias e subcategorias, facilitando assim a procura dos componentes.
Nessa área são encontrados componentes mais comuns de circuitos elétricos,

36
e que são mais utilizados no caso em questão, como capacitores, conectores,
diodos, indutores, motores, resistores, transistores, entre outros. Conforme
pode ser visto na Figura 13.

Figura 13: Pick Devices.

Fonte: Os autores.

Na categoria Device Libraries os componentes são procurados de


acordo com a família em que se enquadram. Conforme pode ser visto na
Figura 14.
Figura 14: Device Libraries.

Fonte: Os autores.

Para conseguir inserir um componente, é necessário que o modo

37
Componente Mode esteja selecionado. Conforme pode ser visto na Figura 15.

Figura 15: Componente Mode.

Fonte: Os autores.

Subcircuit Mode. Conforme pode ser visto na Figura 16.

Figura 17: Subcircuit Mode.

Fonte: Os autores.

Terminals Mode. Conforme pode ser visto na Figura 17.

Figura 17: Terminals Mode

Fonte: Os autores.

38
Device Pins Mode. Conforme pode ser visto na Figura 18.

Figura 18: Device Pins Mode.

Fonte: Os autores.

Graph Mode. Conforme pode ser visto na Figura 19.

Figura 19: Graph Mode.

Fonte: Os autores.

Generator Mode. Conforme pode ser visto na Figura 20.

Figura 20: Generator Mode.

Fonte: Os autores.

39
Probes. Conforme pode ser visto na Figura 21.

Figura 21: Probes.

Fonte: Os autores.

2D Graphics Line Mode. Conforme pode ser visto na Figura 22.

Figura 22: 2D Graphics Line Mode.

Fonte: Os autores.
2.2. Sobre o Programa

Comandos de arquivo e impressão: Novo, abrir, salvar, imprimir, área de


impressão, importar seção e exportar seção. Conforme pode ser visto na
Figura 23.
Figura 23: Comandos de arquivo e impressão.

Fonte: (LABCENTER, 2002)

40
Comandos de exibição: Redesenhar, Grade, Origem falsa, Cursor, Pan,
Mais Zoom, Menos Zoom, Ver tudo, Visualizar área. Conforme pode ser visto
na Figura 24.
Figura 24: Comandos de exibição.

Fonte: (LABCENTER, 2002)

Ícones do modo principal: Componente, Ponto de junção, Wire Label,


Roteiro, Bus, Sub-circuito, Edição instantânea. Conforme pode ser visto na
Figura 25.

Figura 25: Ícones do modo principal.

Fonte: (LABCENTER, 2002)

Ícones de gadgets: Terminal, Pino do dispositivo, Gráfico, Tape,


Gerador, Medidor de tensão, medidor de corrente, Multímetro. Conforme pode
ser visto na Figura 26.

Figura 26: Ícones de gadgets

Fonte: (LABCENTER, 2002)

Gráficos 2D: Linha, Quadrado, Círculo, arco, Caminho 2D, texto,


símbolo, Marcador. Conforme pode ser visto na Figura 27.

Figura 27: Gráficos 2D

Fonte: (LABCENTER, 2002)

41
Ferramentas de design. Conforme pode ser visto na Figura 28.

Figura 28: Ferramentas de design.

Fonte: (LABCENTER, 2002)

Comandos de edição: Copiar bloco, mover bloco, deletar bloco,


rotacionar bloco, escolher dispositivo/símbolo, Fazer dispositivo, decompor,
Ferramenta de pacote, desfazer, refazer, cortar, copiar, colar. Conforme pode
ser visto na Figura 29.

Figura 29: Comandos de edição.

Fonte: (LABCENTER, 2002)

Girar e espelhar ícones: rotacionar no sentido horário, rotacionar no


sentido anti-horário, virar eixo X, virar eixo Y. Conforme pode ser visto na
Figura 30.

Figura 30: Girar e espelhar ícones.

Fonte: (LABCENTER, 2002)

Muitos usuários de CAD descartam a captura esquemática como um mal


necessário no processo de criação de layout de PCB, mas sempre
contestamos esse ponto de vista. Com o layout de PCB agora oferecendo
automação de posicionamento de componentes e roteamento de trilhas,
colocar o projeto no computador pode ser o elemento mais demorado do

42
exercício. E se você usar a simulação de circuitos para desenvolver suas
ideias, gastará ainda mais tempo trabalhando no esquema (LABCENTER,
2002).
O ISIS foi criado com isso em mente. Ele evoluiu ao longo de doze anos
de pesquisa e desenvolvimento e foi comprovado por milhares de usuários em
todo o mundo. A força de sua arquitetura nos permitiu integrar a primeira
simulação convencional baseada em grafos e agora – com o PROTEUS VSM –
simulação interativa de circuitos no ambiente de projeto. Pela primeira vez, é
possível desenhar um circuito completo para um sistema baseado em
microcontrolador e testá-lo interativamente, tudo dentro do mesmo software.
Enquanto isso, o ISIS mantém uma série de recursos voltados para o designer
de PCB, para que o mesmo design possa ser exportado para produção com
ARES ou outro software de layout de PCB (LABCENTER, 2002).
Para o usuário educacional e autor de engenharia, o ISIS também se
destaca na produção de esquemas atraentes como você vê nas revistas. Ele
fornece controle total da aparência do desenho em voltas de larguras de linha,
estilos de preenchimento, cores e fontes. Além disso, um sistema de modelos
permite definir um 'estilo de casa' e copiar a aparência de um desenho para
outro (LABCENTER, 2002).
Outras características gerais incluem:
• Funciona em Windows 98/Me/2k/XP e posterior;
• Roteamento automático de fios e colocação/remoção de pontos;
• Ferramentas poderosas para selecionar objetos e atribuir suas
propriedades;
• Suporte total para barramentos, incluindo pinos de componentes,
terminais entre folhas, portas de módulos e fios;
• Lista de materiais e relatórios de verificação de regras elétricas;
• Saídas Netlist para todas as ferramentas populares de layout de PCB
(LABCENTER, 2002).

2.3. Ísis e Simulação

O ISIS fornece o ambiente de desenvolvimento para o PROTEUS VSM,


nosso revolucionário simulador de nível de sistema interativo. Este produto

43
combina simulação de circuito de modo misto, modelos de microprocessadores
e modelos de componentes interativos para permitir a simulação de projetos
completos baseados em microcontroladores (LABCENTER, 2002).
O ISIS fornece os meios para inserir o design em primeiro lugar, a
arquitetura para simulação interativa em tempo real e um sistema para
gerenciar o código-fonte e o código-objeto associado a cada projeto. Além
disso, vários objetos de gráfico podem ser colocados no esquema para permitir
que a simulação convencional de tempo, frequência e variável de varredura
seja realizada (LABCENTER, 2002).

2.3.1. Barra de Menu

A Barra de Menu percorre a linha superior da tela e seu objetivo principal


(a seleção de comandos dos menus) é igual a qualquer outro aplicativo do
Windows. Além disso, a área da barra de título acima dos nomes dos menus é
usada para exibir certas mensagens de prompt que indicam quando o
programa entrou em um determinado modo de edição ou processamento
(LABCENTER, 2002).

2.3.2. Barras de Ferramentas

Assim como outros aplicativos modernos do Windows, o ISIS fornece


acesso a vários de seus comandos e modos através do uso de barras de
ferramentas. As barras de ferramentas podem ser arrastadas para qualquer
quatro bordas da janela do aplicativo ISIS (LABCENTER, 2002).
O grande diferencial do PROTEUS com relação a outros softwares é a
capacidade de simular circuitos elétricos e circuitos microcontrolados, pois
além de fornecer componentes animados, também possui as ferramentas
necessárias para depurar o software·desenvolvido para o microcontrolador,
acompanhando seu comportamento na simulação do hardware
(ANACOM, 2010).
No PROTEUS, quatro módulos trabalham em conjunto fornecendo todas
as ferramentas necessárias para o processo de desenvolvimento, veja abaixo
quais são eles (ANACOM, 2010):
ISIS – Inteligent Schematic Input System (Sistema de entrada de

44
esquemático inteligente) Ferramenta para desenvolvimento de esquemáticos,
sendo possível gerar projetos multi-sheet, gerar relatórios, entre outras
funcionalidades relacionadas ao desenvolvimento de esquemáticos
(ANACOM, 2010).
VSM – Virtual System Modeling (Modulação de Sistema Virtual) Este
módulo é responsável pelas simulações e animações de componentes e,
principalmente, na utilização de microcontroladores, já que é através desta
tecnologia que é possível emular microcontroladores no PROTEUS. O VSM
trabalha em conjunto com o ISIS, permitindo que diretamente no esquemático
sejam componentes animados, como motores, led’s, display’s, etc.
(ANACOM, 2010).
PRO-SPICE – SPICE3F5 para simulação matemática O PRO-SPICE
também trabalha em conjunto com o ISIS, utilizando modelos matemáticos
SPICE, permitindo que na simulação sejam utilizados instrumentos e gráficos.
ARES – Advanced Routing and Editing Software (Roteamento Avançado
e Edição de software) O desenvolvimento de layout's (PCB) é realizado no
ARES, onde através de uma interface própria, podemos importar o netlist do
ISIS, definir padrão de trilhas, pad's, vias, etc. O ARES permite desenvolver
projetos de um até 16 camadas, roteamento automático, auto-colocação, etc.
(ANACOM, 2010).
Apesar de termos quatro módulos trabalhando no PROTEUS,
efetivamente têm dois ambientes de trabalho, sendo o ISIS responsável pelo
esquemático, simulação e animação de componentes e o ARES ferramenta
para o desenvolvimento do layout.
O ISIS trabalha alguns tipos de arquivos sendo os mais importantes
(ANACOM, 2010):
• .DSN – Arquivo contendo os esquemáticos;
• .DBK – Arquivo de Backup;
• .SEC – Arquivo section contendo esquemáticos exportados;
• .MOD – Arquivo que contém as informações de projetos hierárquicos,
subcircuitos, etc;
• .LIB – Arquivo de Bibliotecas;
• .SDF – Arquivo contendo os Netlists.

45
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A ferramenta já está há um bom tempo no mercado e sempre trás


novidades em suas atualizações. A sua mais nova versão 8.1 apresenta
novidades como a visualização dos módulos em uma única janela através de
guias, facilitando o desenvolvimento do circuito e placa de circuito impresso e a
integração de um editor de firmware que permite ao desenvolvedor criar o
firmware do microcontrolador dentro do ambiente sem a necessidade de um
editor externo, bastando ter corretamente o compilador configurado na IDE
(SOUZA, 2014).

3.1. Simulação de Circuitos

O VSM do PROTEUS é responsável pela simulação e animação de


circuitos e componentes, utilizando componentes animados e instrumentos.
Será apresentado agora o funcionamento desta ferramenta acoplada ao ISIS
(ANACOM, 2010).
Ao iniciar a simulação, observa-se o aparecimento de alguns pontos
vermelhos e azuis, e os fios com cores diferentes (ANACOM, 2010).
Os pontos significam os estados lógicos, que por padrão ficam:
Vermelho = “1”
Azul = “0”
Os cabos indicam o sentido da corrente através das setas e a polaridade
através das cores (ANACOM, 2010).
No menu Set Animations Options, pode-se configurar também a
velocidade da animação, setando quantos quadros por segundo e quanto
tempo avançará para cada quadro. O importante neste item é manter uma
proporção entre as opções Frames per Second e Time Step per Frame, ou
seja, a relação abaixo deve ser mantida para que a simulação seja a mais real
possível (ANACOM, 2010).

3.2. Utilização de Instrumentos

As simulações e utilização de instrumentos no Proteus são gerenciadas


pelo módulo VSM, que oferece instrumentos de medição como: Osciloscópio,

46
voltímetro, amperímetro, analisador lógico e mais oito instrumentos
(ANACOM, 2010).
Os instrumentos de medição de tensão e corrente podem ser
adicionados clicando sobre o ícone Virtual instrument modes (ANACOM, 2010).
A utilização de instrumentos no Proteus é bastante intuitiva, já que todos
se assemelham com instrumentos reais, inclusive em seus parâmetros de
trabalho, por exemplo, em um voltímetro é possível alterar o valor da
resistência interna, possibilitando medições mais próximas do real
(ANACOM, 2010).

3.2.1. Análise Gráfica

Além da análise interativa no Proteus, é possível realizar análises


gráficas dos circuitos, para estudo das respostas de determinados
componentes, o que em uma simulação interativa muitas vezes não é possível.
Através do módulo PROSPICE, pode-se realizar 13 análises gráficas, por
exemplo, análise analógica, digital, frequência, Fourier, distorção, etc. Estas
análises envolvem sete estágios relacionados na Figura 31 (ANACOM, 2010).

Figura 31: Sete estágios de análise gráficas.

Fonte: (ANACOM, 2010)

3.3. Simulação de motores trifásicos no Proteus

Primeiro passo é selecionar as fontes que serão usadas. Para isso deve-
se ir em Componente Mode, Pick Devices e em Keywords, procurar por Vsine.
Conforme pode ser visto na Figura 32.

47
Figura 32: Seleção das fontes utilizadas.

Fonte: Os autores.

Após isso adicionar três fontes e conectá-las. Conforme pode ser visto
na Figura 33.
Figura 33: Conexão das fontes.

Fonte: Os autores.

Ir em Terminals Escolher output e adicionar 4 componentes iguais.


Conforme pode ser visto na Figura 34.

48
Figura 34: Outputs.

Fonte: Os autores.

Ir em Terminals e escolher imput. Conforme pode ser visto na Figura 35.

Figura 35: Imputs.

Fonte: Os autores.

As três fontes significam uma fonte trifásica que é necessária para o


funcionamento do motor trifásico.
Inicialmente escolhemos o motor. Indo em Component Mode. Pick
Devices. Em Keywords buscar por motor e escolher. Conforme pode ser visto
na Figura 36.

49
Figura 36: Escolha do motor.

Fonte: Os autores.

Conectar as entradas do motor nas fases da rede. Não é possível


configurar internamente se o motor está ligado em estrela ou delta. Conforme
pode ser visto na Figura 37.

Figura 37: Conexão do motor na rede.

Fonte: Os autores.

Para simulação do funcionamento basta apertar em iniciar a simulação


no canto inferior esquerdo. Conforme pode ser visto na Figura 38.

50
Figura 38: Simulação.

Fonte: Os autores.

Para alterar as configurações do motor basta clicar duas vezes em cima


do mesmo. Conforme pode ser visto na Figura 39.

Figura 39: Configurações do motor.

Fonte: Os autores.

Utilizando um relé para controle da inversão do giro do motor. A forma


de adicionar é a mesma do motor, basta digitar relay e adicionar.
Alterando as configurações. Conforme pode ser visto na Figura 40.

51
Figura 40: Configurando o relé.

Fonte: Os autores.

Para isso adicione também um botão. Conforme pode ser visto na 41.

Figura 41: Adicionando um botão.

Fonte: Os autores.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito principal deste artigo foi apresentar o conhecimento


envolvido no controle de motores de indução. Além disso, deve-se considerar o
conteúdo harmônico na saída dos conversores e o processamento necessário
para cada tipo de controle, que altera consideravelmente de acordo com o
método escolhido.

52
Baseando-se no levantamento de informações apresentadas ao longo
do trabalho, pode-se concluir a necessidade e importância do uso de softwares
para o aprendizado e também o exercício dos conceitos abordados em sala de
aula nas mais diversas disciplinas dos cursos de engenharia
Com o intuito de suprir a carência de conhecimento dos discentes de
engenharia, no que diz respeito a comandos elétricos e acionamentos de
motores, esse trabalho se mostra útil ao introduzir e explicar o funcionamento
do software para realização de simulações.
Vale salientar que a utilização do software na construção do
conhecimento irá proporcionar um aprendizado mais dinâmico, estimulando a
busca pelo conhecimento prático a fim de aplicar os conhecimentos teóricos.
Sem dúvida a plataforma Proteus é um ótimo ambiente para
desenvolvimento e simulação de projetos eletrônicos baseados em
microcontroladores. Possui diversos recursos que agilizam o processo de
criação e testes durante o desenvolvimento de um projeto. Com a integração
de um editor de código e a compilação do firmware, torna-se ainda mais
poderoso.

53
REFERÊNCIAS

ANACOM ELETRÔNICA LTDA. Treinamento Proteus VSM. Manuais Proteus,


LABSIS COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS EDUCACIONAIS LTDA. Versão:
7.6.0 – 11/2010.

E-DOCENTE. Sequência didática: como elaborar e executar | E-docente.


Disponível em: <https://www.edocente.com.br/blog/escola/sequencia-didatica-
para-educacao-basica/>. Acesso em: 5 ago. 2022.

LABCENTER ELECTRONICS. ISIS. Intelligent Schematic Input System.


User Manual. Issue 6.0 - November 2002, p. 477.
MORAES, Everton. Comandos Elétricos: Principais Fundamentos E
Aplicações. 2013. Disponível em:
<https://www.saladaeletrica.com.br/comandos-eletricos/>.

SOUZA, F. Arduino no Proteus 8.1. Embarcados. Disponível em:


<https://embarcados.com.br/arduino-proteus-8-1/>. Acesso em: 18 ago. 2022.

54
CAPÍTULO 04
GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA UTILIZANDO RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS PARA A CIDADE DE ITUIUTABA – MG

Higor Dias Macedo


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: higor.1502293@discente.uemg.br

Alan Hipólito Vieira da Silva


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: alan.1535390@discente.uemg.br

Daniela Freitas Borges


Formação: Mestre em Eletrônica de Potência (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: daniela.borges@uemg.br

Humberto Cunha de Oliveira


Formação: Bacharel e Mestre em Engenharia Elétrica (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: humberto.oliveira@ufu.br

Angelica Lourenço Oliveira


Formação: Bacharel e Mestre em Matemática pela Universidade Federal de
Uberlândia
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: angelica.oliveira@uemg.br

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

RESUMO: A Geração e acúmulo de resíduos sólidos está em constante


crescimento no cenário mundial, destacando – se o índice significativo do
aumento da população global. Se tornando um tema instigante e preocupante
na seara ambiental. Considerando os dados estudados na cidade de Ituiutaba-
MG, o presente trabalho envolve técnicas específicas para realização de
geração de energia elétrica, apontando suas vantagens e desvantagens,
colaborando assim, com a diminuição de rejeitos encaminhados para o aterro
sanitário, amortizando as consequências ambientais e sociais ao longo dos

55
anos. Tendo como parâmetro legal a LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE
2010.

PALAVRAS-CHAVE: Geração de energia.; Meio ambiente; Sustentabilidade;


Tratamento de Resíduos.

ABSTRACT: The generation and accumulation of solid waste is constantly


growing on the world stage, highlighting the significant rate of increase in global
population. Becoming a thought-provoking and worrying topic in the
environmental field. Considering the data studied in the city of Ituiutaba-MG, the
present work involves specific techniques for carrying out electric energy
generation, pointing out their advantages and disadvantages, thus collaborating
with the reduction of tailings sent to the sanitary landfill, mitigating the
environmental and social over the years. Having as a legal parameter LAW Nº.
12,305, OF AUGUST 2, 2010.

KEYWORDS: Power generation; Environment; Sustainability; Waste treatment.

56
1. INTRODUÇÃO

O lixo urbano quando denominado assim, é desconsiderado a diferença


que existe de um tipo de material para outro. Eles podem ser classificados
como Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) que se trata do material reaproveitável,
reciclável ou com possibilidade de reaproveitamento energético, como também
rejeitos, que se trata daquilo que não terá mais utilidade e assim,
consequentemente, será descartado de forma correta ou incorreta, em relação
ao aspecto meio ambiente, conforme foi citado em diversos artigos neste
trabalho, e analisados no referencial bibliográfico.
Dessa maneira, a produção de RSU está diretamente relacionada com
o consumo da população, e seu aumento significativo associado à contínua
evolução tecnológica mundial, além de um modelo de consumo que só
aumenta. Diante disso é nítido que, de tal forma, a quantidade de descarte
de resíduos sólidos se relaciona com o grau de desenvolvimento sócio
econômico e tecnológico de um país, justificando o grande impacto negativo
para o meio ambiente, trazendo comprometimento para a sociedade devido a
problemas que podem ser ocasionados, diretamente ou indiretamente pelo
fator primordial do descarte incorreto. Como exemplo, podemos ressaltar a
falta de saneamento básico, o que vem ocasionando diversos transtornos
sociais e ambientais. Sendo essa responsabilidade atribuída aos municípios,
todo o processo de gestão do lixo urbano, bem como os mecanismos da
coleta até seu destino final (SANTAELLA et al., 2014).
Conforme Szigethy Antenor (2020) foi publicado em 09 de julho de
2020, segundo Resíduos sólidos urbanos no Brasil: desafios tecnológicos,
políticos e econômicos, existe uma abordagem antiga sobre a gestão dos
resíduos, cuja a finalidade de manter atualizadas as melhores ações para
serem tomadas visando a solução do problema, para, desta forma preservar
o meio ambiente, evitando a poluição do mar, rios, solos, lençóis d’água,
dentre outros, culminando em uma preocupação de minimizar o aumento da
produção do lixo bem, como focar no manejo adequado.
Com base nas informações do Panorama dos Resíduos Sólidos no
Brasil 2020 publicado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza

57
Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), existe uma quantidade massiva
de lixo que cada brasileiro produz. Esse valor é, em média, 379,2 kg de lixo
por ano, o que corresponde a mais de 1 kg por dia.
Ligado a isso, temos o crescimento populacional. Para fins
comparativos, em 1991 a população brasileira, segundo o Censo
Demográfico, era de 146,8 milhões de habitantes, e em 2021 chegou a 213,3
milhões. Tendo em vista que esse assunto é de fato um problema atual, e
que tende a se agravar com o passar dos anos, em 2010 foi criada no Brasil
a Lei 12.305.
A Lei 12.305, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS). Entre os objetivos, estão a não geração, a redução, reutilização,
reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos - a parte que não pode ser
reaproveitada e tem de ir para aterros sanitários, locais bem diferentes de
lixões. Além disso, a PNRS exige a transparência no gerenciamento de
resíduos sólidos urbanos (RSU) dos setores públicos e privados, devido ao
aumento constante da geração de resíduos.
A PNRS também determinou datas para o fim dos lixões, onde as
capitais e cidades metropolitanas têm até 02 de Agosto de 2021. Cidades
com mais de 100 mil habitantes têm até 02 de Agosto de 2022. Municípios
entre 50 e 100 mil habitantes terão até 2023, enquanto as cidades com
menos de 50 mil habitantes terão até 2024 (BRASIL, 2010).
É notório o crescimento populacional, e proporcionalmente temos o
aumento da geração de lixo, bem como o aumento da demanda energética.
Segundo 26 de julho de 2018 – Cnseg, a população brasileira atingirá sua
quantidade máxima em 2047, onde teremos cerca de 233,2 milhões de
habitantes, ou seja, aproximadamente 30 milhões de toneladas de lixo a mais
serão produzidas.
Segundo (EPE, 2007), o consumo residencial totalizou 7.854 GW/h em
novembro de 2007, de forma que nesse mesmo intervalo o consumo médio por
residência foi de 147,6 KW/h. Contudo uma publicação no Indexmundi
apresenta o Consumo de eletricidade per capita em todo o mundo no ano
2020, o Brasil esta em nonagésima nona posição no consumo médio de
energia elétrica com 2405 KW/h.

58
Quando falamos de resíduos, temos um processo a seguir,
particularmente iniciado desde sua geração até onde será sua disposição final.
Portanto existe a necessidade de tratamento e destinação correta desse lixo e
o aproveitamento do seu potencial energético se torna extremamente benéfico.
De acordo com a PNRS, a destinação de resíduos consiste na
reutilização, compostagem, reciclagem, recuperação, aproveitamento
energético e outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do
SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente), do SNVS (Sistema Nacional
de Vigilância Sanitária) e do SUASA (Sistema Unificado de Atenção à
Sanidade Agropecuária), desde que respeitadas normas operacionais
específicas que evitem danos ou riscos à saúde e à segurança pública,
minimizando os impactos ambientais adversos. Enquanto a disposição final
consiste em distribuir ordenadamente os rejeitos em aterros, observando as
normas operacionais específicas que evitem danos ou riscos à saúde e à
segurança pública, minimizando os impactos ambientais adversos.
Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018/2019 realizado pela
Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), cerca de
8 % do lixo produzido no Brasil (6,3 milhões de toneladas) ainda não é sequer
coletado e 40 % do lixo que é coletado é descartado em lixões ou aterros que
não contam com medidas necessárias para garantir a segurança do meio
ambiente e a da população local. Esta é a realidade em cerca de 3.000 dos
mais de 5.500 municípios do País.
De acordo com esse mesmo panorama, se compararmos com os países
da América Latina, o Brasil é o campeão de geração de lixo, representando
40 % do total gerado na região (541 mil toneladas/dia, segundo a ONU Meio
Ambiente).
Portanto, faz-se necessária a destinação correta do lixo gerado,
utilizando um modelo viável para o destino final e reutilização energética.
Segundo o panorama 2021 da Abrelpe, grande parte dos resíduos sólidos são
deslocados de forma incorreta, sendo descartados em média 40 % da coleta de
lixo nos lixões e aterros controlados.
Diante dessa problemática é de suma importância para a comunidade, e
este trabalho apresenta um estudo dos modelos atuais de destinação dos
resíduos produzidos de forma geral, bem como também a situação encontrada

59
em Ituiutaba – MG, e ainda desperta as possibilidades de utilização desses
resíduos na geração de energia elétrica como também apresentar suas
respectivas vantagens e desvantagens.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para se tornar possível o desenvolvimento deste trabalho, foi


realizada pesquisa em sites e artigos relacionados à problemática para
obtenção de dados de geração de resíduos, bem como tratamento e
reaproveitamento dos mesmos, assim como uma visita técnica e entrevistas
com secretário de obras da cidade, gestor do aterro, presidente da
cooperativa e sócio da empresa Delta Bravo.
Tendo como foco o material divulgado pelo gestor e executado face a
este tema, foram realizadas as visitações, entrevistas e os cálculos
contabilizados que visam estimar a possível geração de energia usando o
aterro, e utilizando os dados obtidos. Contudo foi aferida a capacidade dos
modelos de geração propostos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O site da prefeitura trás informações de que Ituiutaba é


um município situado no interior do estado de Minas Gerais, mais precisamente
no pontal do triângulo mineiro e alto Paranaíba, emancipada no dia 16 de
setembro no ano de 1901. Sua população no censo de 2010 era de 97171
habitantes. Estimou-se que no ano de 2021 a cidade teria aproximadamente
105818 habitantes, tornando perceptível o aumento da população, o que
acarreta em maiores índices de produção de RSU (IBGE, 2017).
Para compararmos as possibilidades de tratamento e geração de
energia, precisamos entender a situação atual do município, com relação à
coleta e destinação dos resíduos, assim como as possíveis alternativas e suas
características.
Em pesquisa realizada presencialmente no aterro sanitário e na
cooperativa de reciclagem da cidade, constatamos que diante das várias
formas de descarte de resíduos, na cidade de Ituiutaba-MG se utiliza o método

60
de aterro sanitário, onde acompanhamos o processo de seu funcionamento.
De acordo com o responsável pela gestão do aterro:
eles recebem cerca de 80 toneladas de lixo urbano por dia, material
que ainda apresenta bastantes resíduos recicláveis, devido à falta de
conscientização e estímulo da população com relação à separação
do lixo, sem levar em conta os rejeitos de construção, que também
estão sendo alocados no aterro, em uma pilha diferente dos resíduos
(TOSTES, 2022).

Vale ressaltar que o entulho é passível de reutilização em construções,


e que muitas vezes ele se perde por ser descartado de forma irregular, sendo
misturados a outros tipos de lixos não reutilizáveis.
Existe em Ituiutaba uma cooperativa para tratar dos recicláveis, que se
chama Coopercicla, e atualmente recebe cerca de 80 toneladas de material por
mês, e possui 41 pessoas atuando nessa cooperativa, onde fazem a separação
do que pode e o que não pode ser reciclado, sendo posteriormente enviado
para o aterro sanitário da cidade (PRESIDENTE DA COOPERATIVA, 2022).
A cidade não possui nem um tipo de separação do lixo após ter sido
encaminhado para o aterro, e também não possui uma análise gravimétrica
desses resíduos, essa análise se trata de um método quantitativo, que consiste
na separação e pesagem dos resíduos por tipologia e o cálculo dos percentuais
de cada material em relação ao peso total da amostra.
Portanto, usaremos como base para os cálculos os padrões regionais,
de acordo com IPCC. O capítulo 2 do guia da (IPCC, 2019) fornece dados
sobre as frações do resíduo produzido por região do continente. Os valores são
dados em porcentagem como pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1: Frações do resíduo produzido na América do Sul.

Dados de composição em % de RSU – Padrões Regionais

Região Resíduo de Resíduos de Resíduos de Resíduos de Resíduos de


alimentos jardim Papel madeira tecidos
América
do Sul 54,1 3,3 12,4 0 1,7
Fonte: (IPCC, 2019)

Analisada a situação atual do município, vejamos agora as


possibilidades de destinação, tratamento e geração de energia utilizando esses
resíduos. Neste artigo, tratamos do aterro sanitário, incineração e da pirólise.

61
3.1. Aterro Sanitário

Se trata de um local correto para a disposição do lixo, onde o solo é


preparado (impermeabilizado). O lixo é compactado e colocado em camadas
intercaladas com a terra, esse processo é denominado de célula de resíduo,
diferente do que ocorre nos lixões, o que acaba evitando o mau cheiro,
proliferação de animais que podem trazer riscos à saúde humana como insetos
e ratos. Através da decomposição do material temos a geração de gás metano
(CH4), que pode ser descartado, (queimado) por saídas específicas, ou
utilizado na geração de energia elétrica.
A gestão dos aterros sanitários deve seguir a norma ABNT NBR
8419/1992, de forma que a sua vida útil seja de no mínimo dez anos. Após o
encerramento das atividades, o aterro deve ser monitorado por mais dez anos,
pois a produção de chorume e de gases tóxicos continua acontecendo.
Portanto entende-se que a criação e gerenciamento de um aterro
sanitário beneficiam o local de implementação no quesito espaço que esse lixo
está sendo destinado, pois o aterro precisa atender os requisitos da norma,
temos a diminuição da liberação de gás metano (conhecido como CH4) na
atmosfera. Esse gás consegue ser 21 vezes mais prejudicial para o
aquecimento global que o dióxido de carbono (CO2).
O não cumprimento das normas impostas pela ABNT acarretará em
graves consequências para o meio ambiente, fugindo do principal objetivo da
implantação de um aterro sanitário.
O modelo de cálculo proposto pelo IPCC (1996), nos mostra uma forma
de calcular a vazão de biogás que seja gerada no aterro em função da
quantidade de resíduo depositado em um ano. A vazão pode ser obtida através
da seguinte fórmula:

𝑄𝑡, 𝑥 = 𝑘 ∗ 𝑅𝑥 ∗ 𝐿0 ∗ 𝑒−𝐾(𝑇−𝑋), (1)

Onde:
Qt,x – Quantidade de metano gerado no ano em questão, dada em
(m3/ano).
K – Taxa de geração de metano (1 /ano).
Rx – Quantidade de resíduos depositada no ano x em toneladas (t/ano).

62
L0 – Potencial de geração de metano.
T – Ano em questão.
X – Ano em que o resíduo foi depositado.
Entretanto, há uma metodologia desenvolvida pela Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos que é recomendada para aterros sanitários que
ainda não estão em funcionamento, encontrando-se em fase de projeto, a
CETESB/SMA (2003), o qual usou para calcular a vazão de metano.
Para o aterro em funcionamento:
𝑄 = 𝐹 ∗ 𝑅 ∗ 𝐿0 ∗ (1 − 𝑒−𝐾𝑡) (2)

Após o fechamento do aterro:

𝑄 = 𝐹 ∗ 𝑅 ∗ 𝐿0 ∗ (𝑒−𝐾𝑐 − 𝑒−𝐾𝑡) (3)

Onde:

Q – Quantidade de metano gerado no ano em questão, dada em


(m3/ano).
F – Fração de metano presente no biogás.
R – Resíduos que serão depositados durante a vida útil do aterro em
Kg/ ano.
L0 – Potencial de geração de metano.
K – Constante de decaimento.
c – Tempo decorrido em anos desde que o aterro foi fechado.
t – Tempo decorrido em anos desde que o aterro foi aberto.
Para calcularmos o potencial de geração de metano dos resíduos (L0)
precisa ser calculado através da fórmula (4):
4
𝐿0 = 𝐹𝐶𝑀 ∗ 𝐶𝑂𝐷 ∗ 𝐶𝑂𝐷𝑓 ∗ 𝐹 ∗ (4)
3

Onde:
L0 – potencial de geração de metano dos resíduos em toneladas
(CH4/tonelada de resíduo);
FCM – fator de correção de metano;
COD – carbono orgânico degradável, em tonelada (C/ tonelada de
resíduo);
CODf – fração de COD dissociada;

63
F – fração do metano presente no biogás em volume;
(4/3) – se trata do fator de conversão do carbono em metano, dado
emtonelada de CH4/tonelada de C.
FCM é o fator de correção do metano, que varia de acordo com a
qualidade de compactação dos resíduos, pois considera que a maneira como
os resíduos são depositados influencia na geração de metano do aterro
sanitário (NECKER et al., 2013). Para aterros sanitários o valor de FCM é de
1, pois é um local adequado com deposição controlada dos resíduos.
COD é a quantidade de carbono degradável presentes nos resíduos e a
fração de COD dissociada (CODf), segundo Necker et al., (2013), podemos
calculá-las através das respectivas equações:
𝐶𝑂𝐷 = (0,4 ∗ 𝐴) + (0,17 ∗ 𝐵) + (0,15 ∗ 𝐶) + (0,4 ∗ 𝐷) + (0,3 ∗ 𝐸) (5)
Onde:
A – fração de papel e papelão dos resíduos;
B – fração de detritos de parques e jardins dos resíduos;
C – fração de alimentos dos resíduos;
D – fração de tecidos de resíduos;
E – fração de madeira dos resíduos.

𝐶𝑂𝐷𝑓 = 0,14𝑇 + 0,28 (6)

Onde:
T – temperatura na zona anaeróbia do aterro sanitário.
Portanto, para calcularmos COD, usamos a equação (5), detalhada
abaixo.
𝐶𝑂𝐷 = (0,4 ∗ 1,124) + (0,17 ∗ 0,033) + (0,15 ∗ 0,541) + (0,4 ∗ 0,017) + (0,3 ∗ 0)

𝐶𝑂𝐷 = 0,14316 (7)

Segundo Birgemer e Crutzen (1987) está sendo considerada a


temperatura de 35ºC, onde o autor afirma que a disposição dos resíduos
permanece nessa temperatura.
Usando a equação (6) temos:
𝐶𝑂𝐷𝑓 = 0,014 ∗ 35 + 0,28
𝐶𝑂𝐷𝑓 = 0,77 (8)

64
FCM = 1
F = (segundo Lins, Mito e Fernandes) a composição está entre 50 –
70 %, foi considerado 60 % para os cálculos.
Portanto substituindo os resultados (7) e (8) assim como os valores de
FCM e F na equação (4) temos:
4
𝐿0 = 1 ∗ 0,14316 ∗ 0,77 ∗ 0,6 ∗
3

𝐿0 = 0,088 CH4/ton (9)


Substituindo os resultados em (2) temos:
𝑄 = 0,6 ∗ 28800000 ∗ 0,088 ∗ (1 − 0,1)
𝑄 = 1.368.576 𝑚3/𝑎𝑛𝑜

Para o cálculo de potência elétrica que pode ser gerada utilizando essa
vazão, consideramos um motor ciclo Otto.
O motor ciclo Otto é um dos equipamentos mais utilizados para realizar
a queima do biogás, devido ao seu maior rendimento de energia elétrica e
menor custo quando comparado às tecnologias de outros motores. Para
realizar a queima de biogás nos motores ciclo Otto, é necessário fazer algumas
pequenas modificações no sistema, que são:
• Sistemas de alimentação;
• Ignição;
• Taxa de compressão.
Os motores a gás funcionam segundo os princípios dos motores a diesel
e a gasolina. De fato, alguns motores a gás são motores a diesel ou a gasolina,
convertidos para funcionar com gás. A conversão consiste em algumas
modificações nos sistemas de alimentação e de ignição e também na taxa de
compressão. Os motores a gás, de ignição por centelha, possuem uma
eficiência volumétrica menor que o equivalente motor com combustível de
petróleo, pelo fato da adição de gás reduzir o volume de ar aspirado. Contudo,
a menor eficiência volumétrica é, geralmente, compensada pelo fato de que os
motores a gás conseguem funcionar com taxas de compressão elevadas, 12-
13:1. Isto é possível porque o poder antidetonante do gás está ligado ao
número de metano, ou seja, quanto maior a quantidade de metano maior será
a resistência à detonação (ZAREH, 1998).
A equação que possibilita calcular a potência através do motor ciclo

65
Otto, é dada pela equação (10):

𝑃𝑜𝑡 = (𝑄 ∗ 𝑃𝐶𝐼 ∗ 𝑛)/860 (10)

Onde:
Pot - potência gerada;
Q - vazão de biogás em m3/h;
PCI - poder ccalorífico do biogás = 4.613 kcal/m3 (PRICE e
CHEREMISINOFF,1981);
n - eficiência elétrica do motor = 0,28;
860 - conversão kcal para kW
Considerando um motor ciclo Otto no processo, com rendimento de 28%
e substituindo na fórmula (10) temos:
1.368.576
( ∗ 4613 ∗ 28%)
𝑃𝑜𝑡 = 860
860
𝑃𝑜𝑡 = 234 𝐾𝑊 / ℎ
3.2. Incineração

A incineração do lixo, essa tem como finalidade reduzir a quantidade de


lixo, onde ocorre a queima dos resíduos a temperaturas acima de 900 º C, em
um ambiente rico em oxigênio, como resultado temos a diminuição do volume
total de resíduos equivalente entre 4 e 10 %, assim ocorrendo a transformação
desses resíduos em material inerte. Esta técnica vem sendo amplamente
utilizada e aperfeiçoada desde o seu surgimento na Inglaterra do século XVIII.
Entretanto, não se trata de uma simples queima de resíduos, a
incineração deve ser realizada em fornos especiais, que tenham capacidade de
atender as temperatura do processo, as características dos resíduos, e com
filtros para evitar a liberação de gases tóxicos na atmosfera, já que este, se
trata de um processo complexo, onde temos como resultado diversos gases,
incluindo dióxido de carbono, temos também a liberação de vapor d’água, além
de substâncias tóxicas, como metais pesados e poluentes orgânicos
persistentes (POPs), que são cancerígenos e extremamente resistentes à
degradação.
Portanto se trata de uma tecnologia antiga, que não sofreu grandes
alterações nos últimos 30 anos, onde o lixo é depositado em um fosso onde

66
possui uma garra (aranha) que pega esses resíduos e o encaminha para as
grelhas, onde o resíduo é incinerado. Após a incineração o resíduo se torna
cinzas inertes, que são transportadas por esteiras, essa cinza em
coprocessamento pode ser incorporada no cimento na construção civil, como
também no asfalto, podem ser separados também os óxidos metálicos, que
podem voltar para indústria.
Na liberação de energia temos o processo de caldeira, onde o calor
liberado aquece a água do sistema, que se transforma em vapor, que gira uma
turbina acoplada em um gerador, onde temos a geração de energia elétrica,
pode-se destacar também a possibilidade de aproveitamento da energia
térmica gerada. A água passa então pelo processo de resfriamento e faz o ciclo
novamente.
Este processo é mais usado nos casos de lixo hospitalar ou que
possuem algum tipo de contaminação perigosa, onde o descarte é ainda mais
complicado, devido ao risco de contaminação, onde é realizado em
incineradores apropriados, mantendo toda segurança possível. A fumaça
gerada deve passar por um sistema de filtragem para diminuir ao máximo a
poluição do ar.
Podemos destacar como vantagens da utilização dessa técnica, a
redução do volume dos resíduos, o que traz facilidade no descarte final, a
eliminação de características patogênicas dos resíduos de saúde, e também a
possibilidade do aproveitamento energético, podendo ser utilizado para
geração de eletricidade e calor.
Como desvantagens, podemos citar justamente a possível emissão
desses gases, já que os filtros requerem atenção e manutenção, para que não
haja risco para a população e para o meio ambiente, sendo uma das razões
pelas quais foram desativadas diversas unidades de incineração no país.
Outra questão é que esta prática não é considerada uma solução
sustentável para o problema dos resíduos, tendo em vista que não estimula
o consumo consciente e a redução do desperdício.
Segundo Renata Vieira (O Globo) existem quase 2.500 usinas de
incineração de lixo operantes no mundo. A China é a maior produtora de
energia térmica a partir do lixo — incinera 35 % dos resíduos que recolhe, em
339 usinas. Na Europa, são 522 em operação. Entre os emergentes, a Índia já

67
opera 20 usinas do tipo.
Segundo Wellington Pereira, Doutor em Biotecnologia, Mestre em
Físico-química em uma live feita 22/07/2021, um incinerador só se faz viável a
nível municipal, se tratando de no mínimo 500 mil habitantes, caso contrário o
investimento não se paga (PEREIRA et al., 2021).

3.3. Pirólise

A pirólise se trata da decomposição térmica de RSU, onde os resíduos


são expostos a altas temperaturas na ausência ou baixa concentração de
oxigênio. A palavra vem do Grego pyros (fogo) + lýsis (dissolução). Onde
podemos caracterizar de forma ampla como a alteração molecular de um
composto, através da ação do calor.
Utilizando o processo de pirólise para o tratamento dos resíduos, temos
alguns subprodutos, os quais podem ser divididos em alguns grupos, como
gases, combustíveis líquidos e um resíduo sólido constituído por carbono, e
também outros materiais considerados escória como vidros e metais.
Segundo Salman Zafar CEO da BioEnergy Consult os principais
produtos obtidos a partir da pirólise dos resíduos municipais são um gás de alto
valor calórico (gás síntese ou syngas), um biocombustível (óleo biológico ou
óleo de pirólise) e um resíduo sólido (char). Dependendo da temperatura final,
a pirólise MSW produzirá principalmente resíduos sólidos a baixas
temperaturas, menos de 450 °C, quando a taxa de aquecimento é bastante
lenta, e principalmente gases a altas temperaturas, maior que 800 °C, com
taxas de aquecimento rápidas. A uma temperatura intermediária e sob taxas de
aquecimento relativamente altas, o produto principal é um combustível líquido
popularmente conhecido como bio oil (BIOENERGY CONSULT, 2022).
Por conseguinte, temos a divisão em três tipos, sendo elas, lenta, rápida
e muito rápida. E esses modelos influenciam no subproduto assim como o tipo
de resíduo que está alimentando o sistema.
No processo não ocorre a queima dos resíduos, e sim um aquecimento
controlado, sem oxigênio, ou seja, um material que demoraria muitos anos para
se degradar no meio ambiente, seja em um aterro ou lixão, como exemplo de
um pneu, que demora 400 anos para ser reintegrado ao meio ambiente,

68
através do processo de pirólise essa transformação se dá em 20 horas.
Relacionado a reatores de pirólise, temos também sistemas que usam
plasma e plasma frio, são tecnologias muito interessantes e promissoras, que
estão em desenvolvimento e evolução, entretanto não aprofundaremos sobre
esses modelos neste artigo, tendo em vista que o objetivo é uma solução para
uma cidade de médio porte.
Conseguimos contato com a empresa Bravo Projetos e Participações
Ltda, que se trata de uma montadora e fabricante de equipamentos para
tratamento ecológico de Inservíveis Industriais e Resíduos Sólidos Urbanos.
Sempre precedidos de um Projeto Executivo realizado pela empresa, onde
determinam as melhores soluções ambientais para os casos analisados.
Priorizando a saúde e o bem estar da população; com fulcro na rentabilidade e
transformação desses materiais em energia.
Quem nos atendeu foi Dimas Nicolao, um dos Sócios da empresa, que
nos instruiu e nos auxiliou nas informações sobre um possível projeto para a
quantidade de resíduos disponíveis no município.
Onde, o custo de implantação de uma usina de tratamento para 80
toneladas de RSU por dia, tem um custo médio de R$4.000.000,00, sendo
esse um valor estimado, tendo em vista que um projeto executivo requer a
análise de vários fatores, como os vários subprodutos, a opção de optar por
mais ou menos dos mesmos, que são eles: Gás, produção de energia elétrica
utilizando gás ou processos térmicos, produção de óleo combustível apenas ou
destilando para diesel ou gasolina. Portanto essas definições podem deixar o
projeto mais caro ou mais barato.
Tratando da quantidade de geração, podemos fazer uma projeção
aproximada, assim como fizemos para o aterro, já que a produção de gás varia
de acordo com a composição do RSU. Seria necessário a Gravimetria para
termos um valor mais coerente com a realidade, porém podemos determinar
utilizando a média do RSU, o que nos leva que, a cada 1 tonelada de RSU
alimentando o sistema, temos em torno de 2.000 m 3 de Syngas.
Referindo ao potencial energético que pode ser proporcionado no
gaseificador pirolítico, temos que cada 1.5 toneladas de RSU que alimenta o
sistema por hora produzirá aproximadamente 1 MW/h (NICOLAO, 2022).
Considerando que das 80 toneladas disponíveis no município,

69
aproximadamente 55 % seria utilizado no gaseificador, portanto, 44 toneladas
dia, o que nos leva a uma geração de 29 MW/dia.
Sendo necessário levar em consideração que o RSU utilizado para
alimentar o processo, pode ter no máximo 20 % de umidade, assim como
partículas de 30 mm. Portanto, pode haver a necessidade de um secador e um
triturador antes da alimentação do sistema, o que também interfere no valor
final de instalação do projeto.
Mesmo existindo vários fatores que podem influenciar no potencial da
geração, os projetos realizados pela empresa apresentam payback sempre
abaixo de 30 meses. Eles contam com um projeto na cidade de Formiga, em
Minas Gerais, se tratando de um sistema de pirólise de pneus com destilaria,
onde terá como produto diesel e gasolina, com previsão de montagem em
setembro (NICOLAO, 2022).

4. CONCLUSÕES

É evidente que a situação dos RSU é preocupante, e à medida que o


tempo passa, seus efeitos se tornam cada vez mais prejudiciais, portanto é
necessário um olhar meticuloso voltado para a gravidade do problema.
Em contrapartida, existem opções para o tratamento e ainda
aproveitamento energético, como demonstramos no decorrer deste artigo. É
imperativo, antes de tudo, a ênfase na conscientização da população com
relação a importância da reciclagem, pois ainda existe muito descarte irregular,
não havendo a separação correta do lixo, acarretando no descarte diretamente
no aterro.
Nesse estudo, em Ituiutaba, constatamos ainda a presença dos rejeitos
de construção civil, que os caçambeiros levam para o aterro, para uma pilha
destinada a eles. Esses rejeitos, estando em boas condições, poderiam ser
triturados e reutilizados, incorporados ao cimento destinado a piso de praças,
produção de meio-fio, utilizados na manutenção de estradas rurais, etc.,
trabalho que pouco é feito na cidade de Ituiutaba, foco do nosso trabalho.
No entanto tal manejo de aproveitamento dos rejeitos tem sido
dificultado pela baixa qualidade destes nas caçambas, pois há presença de
materiais diversos como, poda, lixo orgânico, madeira, o que torna difícil a

70
separação, pois simplesmente são descartados no monte de rejeitos materiais
que poderiam ser reciclados ou reaproveitados.
Para os Resíduos, vimos que o aterro é uma opção, e podemos
aproveitar o gás gerado. Entretanto é necessária uma grande área destinada
ao manejo e investimento econômico, pois após o fechamento de uma célula
de resíduos, é necessário iniciar outra e assim sucessivamente. Caso não
exista a possibilidade de investimento elevado para técnicas mais modernas e
adequadas ao manejo dos RSU, a construção de aterro se torna a solução
viável, na intenção de minimizar os impactos negativos dos chamados lixões.
Com relação ao resultado do estudo numérico para a produção de
energia elétrica oriunda dos RSU, vimos que a Pirólise tem considerável
espaço, com um enorme potencial, e comprovadamente viável, mesmo para
pequenas quantidades de material, o que levaria a possíveis soluções de
vários problemas, tais como a deposição do lixo, geração de empregos, e
aproveitamento energético de algo que normalmente é simplesmente jogado no
meio ambiente, seja de forma controlada em aterro ou pior ainda em lixões.
Relacionando o potencial de energia elétrica gerada através de ambas
as técnicas analisadas (Pirólise e Aterro Sanitário), para alimentar residências,
constatou-se que através da utilização do gás gerado no aterro, a energia
elétrica gerada seria de aproximadamente 168 MW/mês, portanto suficiente
para abastecer aproximadamente 1100 residências, enquanto a energia gerada
através da gaseificação pirolítica teria potencial para gerar 870 MW/mês,
capacidade para abastecer 5700 residências.
Comparando as duas técnicas analisadas, fica evidente a vantagem da
pirólise sobre o aterro sanitário, constatado pelo presente estudo.

71
REFERÊNCIAS

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73
CAPÍTULO 05
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA: MÉTODOS REGULATÓRIOS
E ASPECTOS ECONÔMICOS

Matheus Felipe de Paula Lopes


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: matheus_gma@hotmail.com

Daniela Freitas Borges


Formação: Mestre em Eletrônica de Potência (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: daniela.borges@uemg.br

Fernanda Sena Silva


Formação: Bacharelanda em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: fernanda.sena@hotmail.com

Angelica Lourenço Oliveira


Formação: Bacharel e Mestre em Matemática pela Universidade Federal de
Uberlândia
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: angelica.oliveira@uemg.br

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

Humberto Cunha de Oliveira


Formação: Bacharel e Mestre em Engenharia Elétrica (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: humberto.oliveira@ufu.br

RESUMO: Com o avanço e a adesão de fontes renováveis de energia, tem


crescido o interesse de empresas e investidores no mercado de
comercialização de energia elétrica brasileiro. Graças ao surgimento e
crescimento de sistemas de geração e cogeração distribuídos, o que vem
causando uma mudança no modo clássico de negociação entre gerador,
distribuidor e o consumidor final, formando assim uma gama enorme de
relações comerciais, o que por sua vez intensifica o setor econômico do país.
Deste modo, este trabalho apresenta um estudo acerca dos métodos

74
regulatórios, elencando as principais normativas estabelecidas pela ANEEL,
que norteia os procedimentos necessários para ingresso de empresas
geradoras no mercado livre e regulado, que serão acompanhados pela CCEE.
Esses órgãos pertencem ao pilar que forma o setor elétrico nacional, principal
setor responsável pelo desenvolvimento dos demais.

PALAVRAS-CHAVE: Comercialização de Energia; Geração Distribuída;


Transmissão.

ABSTRACT: With the advancement and adhesion of electric energy


companies, it has interest in the Brazilian energy commercialization market.
Thanks to its supplier and the distributed change negotiation mode, which
comes a huge range per change and the negotiation mode between the change
model and the final negotiation model, which forms a negotiation range between
the change model and the mode of commercial negotiation, the economic
sector of the country. In this way, it presents a study about the regulatory
methods, being the main normative, this market guides work by ANE the
procedures listed for theen try of generators as at the beginning of the CCEE
operation. These bodies belong to the pillar that forms the national electricity
sector, the main sector responsible for the development of the others.

KEYWORDS: Energy Trading; Distributed Generation; Energy Transmission.

75
1. INTRODUÇÃO

A comercialização é uma forma em que empresas que produzem um


excedente na sua capacidade de geração de energia elétrica são capazes de
negociar esses valores com empresas consumidoras, comercializadoras e
distribuidoras de energia.
Para isso existem procedimentos necessários para ingressar no
mercado de energia elétrica brasileiro. Tais procedimentos serão expostos e
esclarecidos neste trabalho, através das diretrizes básicas fundamentadas
nas resoluções dispostas pela ANEEL (Agência Nacional de Energia),
juntamente com mecanismos do ONS (Operador Nacional do Sistema
Elétrico) e das regras da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica -
CCEE.
Este mercado é abastecido por diferentes formas de usinas de
geração, visto que o Brasil tem uma vasta área territorial, com diversos
climas e vegetações, que produzem um leque variado de opções para
matéria-prima destas usinas, conforme pode ser observado na Figura 1.
Como por exemplo, a vasta malha de rios, que atravessam o país, e fazem
com que o potencial hidroelétrico se destaque em relação aos demais na
potência instalada gerada.

76
Figura 1: Evolução da capacidade instalada no SIN – Julho 2022/ Dezembro 2026.

Fonte: ONS, 2022.

Dessa forma, na Figura 1 pode-se perceber o grau elevado na diferença


entre as usinas hidroelétricas e os outros meios de geração de energia, como
também a perspectiva de crescimento de cada uma delas para os próximos
anos. Nota-se também o grande potencial para usinas termelétricas,
predominantemente na queima de combustíveis fósseis. Contudo, a energia
das termelétricas auxilia no caso de escassez de chuvas e, por consequência,
no baixo nível da água nos reservatórios, pois o impacto acarretado no meio
ambiente pelos gases que são produzidos nas termoelétricas a combustão é
muito nocivo, visto que muitos desses gases são ocasionadores do
efeito estufa.
Ainda assim, a quantidade de usinas térmicas é considerável, e por isso,
nos últimos anos, tem crescido relevantemente os investimentos e a adesão
em fontes de energias renováveis, tais como a eólica e a solar. Além disso, tem
crescido o investimento na cogeração, fortalecendo assim a micro e
minigeração distribuída de energia elétrica. Ou seja, o próprio consumidor é
responsável pela geração.
Nas palavras do diretor geral da Agência Nacional de Energia, André
Pepitone: “Além de propiciar a redução nas faturas dos consumidores, esse

77
modelo de micro e minigeração contribui para a matriz elétrica brasileira de
forma sustentável, pois são instalações de geração a partir de fontes
renováveis ou cogeração qualificada. A marca de 10 GW reflete o trabalho da
Agência para aumentar investimentos no setor elétrico e viabilizar o
empoderamento do consumidor”.
Expondo que o crescimento é exponencial da microgeração no pais, o
que favorece e propicia as relações comerciais no atual mercado energético,
que se constituem por dois métodos:
• Ambiente de Contratação Regulada (ACR);
• Ambiente de Contratação Livre (ACL).
O Ambiente de Contratação Regulada - ACR acontece através de
leilões, que são regulamentados e efetuados pela Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica, cumprindo a normativa da Agência Nacional de Energia.
Os leilões são um dos principais mecanismos de comercialização do país,
contando com compradores e investidores do ramo.
No Ambiente de Contratação Livre – ACL as comercializações são
bilaterais e relativamente bem mais simples. Onde o objetivo principal é o
acordo benéfico para ambas as partes. Desta forma um contrato será
elaborado pelo prestador do serviço (geradores ou comercializadores) e o
beneficiário (empresas consumidoras e distribuidoras).
Para entender esses ambientes citados anteriormente, neste trabalho
será apresentado um estudo exemplificando as vantagens de se negociar no
mercado livre, buscando esclarecer seu impacto na geração e cogeração de
energia elétrica de um panorama geral no Brasil. Tal estudo, visa também as
regulamentações, sustentabilidade, e os aspectos econômicos pela prospecção
de preços de energia.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Vale ressaltar um breve histórico do mercado de comercialização de


energia e sua evolução, uma vez que na década de 70, podemos observar um
grande arranco no setor elétrico devido a um regime tarifário favorável, onde o
governo instituiu a equalização tarifária (Decreto-Lei 1.383), que buscou
estabelecer tarifas iguais em todo o território nacional, ajustando a

78
remuneração de todas as concessionárias por meio da transferência de
recursos excedentes das empresas superavitárias para as deficitárias, pois até
esse momento a estrutura tarifária revelava disparidades no custo de geração e
distribuição entre as diversas regiões do país (BRASIL, 1974).
As concessionárias que operavam em regiões mais desenvolvidas
diluíam o custo do serviço por um número de consumidores muito maior. Isso
garantia estabilidade financeira e capacidade de investimento com uma tarifa
impraticável nas regiões que atendiam a mercados principiantes
(BRASIL, 1974).
Porém, na década de 90, o governo federal criou as leis como, 8.031
(Abril de 1990), 8.631 (Março de 1993), 8.987 e 9.074 (Fevereiro e Julho de
1995, respectivamente), pelas quais foram responsáveis por:
• Extinguir a equalização tarifária;
• Permitir os contratos de suprimento energético entre as empresas
distribuidoras e geradoras;
• Proporcionar a participação da iniciativa privada, onde foi criado o
conceito de PIE (Produtor Independente de Energia), em que empresas
privadas e investidores têm permissão para gerar e comercializar energia
elétrica;
• Criação do conceito de consumidor livre, que determina que o
consumidor poderia escolher o fornecedor de energia de sua preferência.
A criação das leis citadas acimas foram consideradas como marco, por
estabelecer os fundamentos do novo modelo, assentando a criação de um
mercado competitivo de energia, pois entre 1996 a 1998, o setor elétrico
passou por uma reestruturação, em que as empresas foram divididas em
setores de geração, transmissão e distribuição. Neste período, foram criados
alguns dos principais órgãos da matriz elétrica nacional atual, sendo um
regulador, a ANEEL (Agência Nacional de Energia), um operador, o ONS
(Operador Nacional do Sistema Elétrico) e um ambiente para realização das
negociações de compra e venda de energia, MAE (Mercado Atacadista de
Energia), que posteriormente foi sucedido pela CCEE (Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica).
No início dos anos 2000, o Brasil sofreu com a escassez de chuvas, o
que gerou o apagão de 2001, devido à alta demanda energética e à grande

79
dependência das hidrelétricas. Isso provocou uma sobrecarga no sistema
elétrico do país. A principal medida inicial tomada foi o racionamento de
energia, posteriormente o governo federal criou a instituição responsável pelo
planejamento do setor a longo prazo, a EPE (Empresa de Pesquisa Energética)
e uma instituição para avaliar a segurança do suprimento de energia elétrica, o
CMSE (Comitê de Monitoramento de Setor Elétrico).
Com as diversas mudanças pelo passar dos anos, criou-se o modelo de
Governança Corporativa no Setor Elétrica exposto na Figura 2.

Figura 2: Governança Corporativa no Setor Elétrica.

Fonte: ENERGISA, 2022.

Cada instituição é extremamente importante para o bom funcionamento


do setor como um todo, e cada uma atua em segmentos específicos dentro da
geração, transmissão ou distribuição de energia. Todos os segmentos estão
interligados pelo SIN (Sistema Interligado Nacional), que é constituído por
quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da
região Norte, conforme pode ser observado na Figura 3.

80
Figura 3: Sistema Interligado Nacional

Fonte: (ONS, 2022)

A interconexão dos sistemas elétricos, por meio da malha de


transmissão, propicia a transferência de energia entre subsistemas,
permite a obtenção de ganhos sinérgicos e explora a diversidade
entre os regimes hidrológicos das bacias. A integração dos recursos
de geração e transmissão permite o atendimento ao mercado com
segurança e economicidade. (ONS, 2019)

Como é dito pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, o SIN traz uma
confiabilidade para evitar crises como a de 2001, o que é importante visto que
o setor elétrico é responsável por potencializar o setor econômico Brasileiro.
Desta forma a integração por trás do SIN tem papel fundamental dentro
da malha energética, mas também dentro da comercialização de energia, e
para entender isto, é importante identificar os participantes destas negociações,
ou como são chamados, agentes.

2.1. Agentes de Geração

As concessionárias de serviço público de geração são pessoas jurídicas


ou consórcio de empresas que são titulares de serviço público federal
concedido pela ANEEL mediante licitação, na modalidade concorrência,

81
autorizados a explorar e prestar serviços públicos de energia elétrica conforme
previsto pela Lei nº 8.987/95;
Os produtores independentes de energia elétrica são agentes individuais
ou agrupados em consórcio, que recebem concessão, permissão ou
autorização da ANEEL para produzir energia elétrica destinada para a
comercialização por sua conta e risco.
Os autoprodutores (AP) são também agentes com concessão,
permissão ou autorização para produzir energia elétrica destinada
exclusivamente para seu uso podendo comercializar eventual excedente de
energia uma vez autorizado pela ANEEL.

2.2. Agentes de Transmissão

São classificados como agentes de transmissão os agentes


responsáveis por administrar as redes de transmissão que podem ser utilizadas
por qualquer um dos demais agentes, uma vez que consistem em linhas de uso
aberto, com a condição de que paguem pelo seu uso, tanto do sistema de
transmissão (TUST - Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão) quanto de
distribuição (TUSD - Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição).

2.3. Agentes de Distribuição

São definidos pelo Decreto nº 5.163/2004 como aqueles que são


titulares de concessão, permissão ou autorização de serviços e instalações de
distribuição para fornecer energia elétrica a consumidor final exclusivamente de
forma regulada.

2.4. Agentes de Comercialização

De acordo com a Resolução Normativa da ANEEL nº 109/2004,


classificam-se como agentes de comercialização os titulares de autorização,
concessão ou permissão para fins de realização de operações de compra e
venda de energia elétrica na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica –
CCEE. Eles se dividem em:

82
a) Comercializadores - compram e vendem energia através de contratos
bilaterais ou através de leilões;
b) Importadores e exportadores - detêm autorização da ANEEL para
realizar o comércio internacional de compra e venda de energia;
c) Consumidores livres - são os agentes que possuem uma demanda
mínima de 3.000 kW, em qualquer nível de tensão, ligados ao sistema após a
data de 07 de Julho de 1995 e podem escolher seu fornecedor de energia
elétrica através de livre negociação a ser firmada com os agentes geradores ou
com os comercializadores;
d) Consumidor especial – àqueles que demandarem potência entre 500
kW e 3 MW, em qualquer tensão, desde que a energia adquirida seja
proveniente de pequenas centrais hidrelétricas, empreendimentos com
potência instalada igual ou superior a 1.000 kW ou empreendimentos cuja fonte
primária de geração seja a biomassa, energia eólica ou solar, de potência
injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição menor ou igual a
30.000kW.
Como pode-se observar acima, e tendo em vista a estrutura do setor
elétrico Brasileiro, é possível entender melhor os ambientes onde essas
relações mercantis entre os agentes acontecem.
Onde no Ambiente de Contratação Regulada, a compra em leilões é
feita de forma conjunta e supervisionada pela Agência Nacional de Energia e
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, de forma que as
distribuidoras, buscam a comprar de energia a uma menor tarifa, para reduzir o
custo para os consumidores. Os leilões de energia são definidos de acordo
com o tipo de energia ofertada e o tempo decorrido entre a contratação e a
efetivação na entrega da mesma pelo gerador à distribuidora.
E por sua vez no Ambiente de Contratação Livre, a contratação de
energia se dá mediante operações de compra e venda envolvendo os agentes
vendedores (geradores ou comercializadores) e o consumidor final, que, neste
caso, é quem escolhe o seu fornecedor de energia por meio de contratos
bilaterais. As relações comerciais entre os agentes no Ambiente de
Contratação Livre são livremente pactuadas e regidas pelos contratos no qual
estarão estabelecidos: os prazos, volumes e flexibilidade.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica é a responsável por

83
administrar e manter o registro de todos os contratos, independente do
ambiente que ele foi comercializado. E para entender esses contratos é
necessário saber que independentemente da localização de certo agente, este
poderá firmar acordos com qualquer outro agente conectado ao SIN, sem
limitação física, sendo assim, um agente localizado em qualquer região do país
poderá comercializar energia com outro agente localizado em qualquer
outra região.
Na prática, no entanto, existem restrições para que essa energia seja
comercializada isso é levado em consideração pelo Operador Nacional do
Sistema Elétrico leva isso em consideração durante a operação do sistema.
Além disso, é permitido transitar com a energia entre todos os subsistemas.
Todavia, cada subsistema apresenta características distintas com relação à
sua capacidade física, e nem sempre é executável enviar toda a energia
demandada. Quando tal restrição ocorre é necessário acionar a geração
através de fontes locais.
Por exemplo, um gerador do subsistema Sul vendeu um contrato de
energia para um consumidor localizado no subsistema Norte. Fisicamente esta
energia não será deslocada entre eles e provavelmente o consumidor será
atendido por fontes de geração local enquanto que outros
consumidores,próximos ao gerador que vendeu o contrato, irão consumir
sua energia.
Logo, fica clara a importância da Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica em manter os registros dos contratos, para fiscalizar energia verificada
e contratada tendo como objetivo processar corretamente os resultados
correspondentes a cada um dos agentes e efetuar a contabilização no
mercado. Entre os modelos de contrato temos como exemplo:
• Contrato de Compra e Venda de Energia Elétrica no Ambiente de
Contratação Livre - CCEAL: Este contrato formaliza a compra e venda de
energia elétrica livremente negociada entre todos os agentes desde seja
respeitada a regulamentação vigente.
• Contrato de Compra de Energia Incentivada – CCEI: Também são
contratos livremente negociados entre os agentes geradores a partir de fontes
incentivadas, que são empreendimentos de geração de energia renovável com
potência instalada não superior a 30 MW, tais como: pequenas centrais

84
hidrelétricas, centrais geradoras eólicas, termelétricas a biomassa e usinas
fotovoltaicas.
• Contrato de Comercialização de energia elétrica no Ambiente
Regulado – CCEAR: Existe o CCEAR por quantidade e o CCEAR por
disponibilidade. Ambos têm como objetivo formalizar a contratação de energia
elétrica, através de leilões realizados de forma regulada, para atendimento da
demanda das distribuidoras.
• Contratos de Itaipu: A Itaipu Binacional foi criada em Abril de 1973
pelo Tratado de Itaipu que foi celebrado entre o Brasil e o Paraguai com o
objetivo de realizar o aproveitamento hidrelétrico dos recursos hídricos do rio
Paraná pertencente aos dois países. De acordo com a Lei nº 10.438/2002 a
Eletrobrás também passou a ser responsável pela comercialização da energia
gerada por Itaipu. Porém, como a área de atuação das subsidiárias da
Eletrobrás abrangem os subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste, somente as
distribuidoras destas regiões possuem cotas desta energia proporcionalmente
ao seu consumo. Sendo assim, os contratos que comercializam estas cotas
são chamados de Contratos de Itaipu e eles são registrados na CCEE
separadamente para cada cotista.
• Contratos de Cotas de Energia Nuclear – CCEN: O CCEN firma a
contratação de energia elétrica entre Angra I e Angra II, representadas pela
Eletrobrás, e as distribuidoras, que atendem suas demandas de acordo com
cotas-partes.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Cada contrato atende um modelo de comercialização, o que fortalece o


mercado livre de energia, que teve sua ascensão na metade da década
passada, e que hoje cativa ano após ano novos investidores e está em
constante expansão, ocupando cada vez mais o cenário do sistema elétrico
nacional. Entretanto, até o momento no Brasil, ao contrário de países mais
desenvolvidos, no Brasil, pessoas físicas e empresas com baixo consumo de
energia ainda não podem participar do mercado, que é restrito a médios e
grandes consumidores. Eles podem ser divididos em dois tipos: especial e livre.
O consumidor livre é definido por uma unidade consumidora que deve

85
ter sua demanda contratada mínima igual a 3.000 kW. Tal consumidor poderá
contratar energia convencional ou incentivada.
Já o consumidor especial, pode ser uma unidade ou um conjunto de
unidades consumidoras. Se for em unidades, devem ser em áreas próximas e
provenientes do mesmo CNPJ. Além disso, asoma das demandas da carga
contratadadeve ser maior ou igual a 500 kW. O consumidor especial poderá
negociar apenas energia proveniente de fontes incentivadas.
As fontes incentivadas são as pequenas centrais hidrelétricas, as usinas
térmicas de biomassa, as eólicas e as solares de até 50 MW ou cogeração
qualificada que tenha uma potência menor ou igual a 30.000 kW.
São consideradas fontes convencionais as usinas termelétricas acima de
50 MW e as grandes usinas hidrelétricas.
Para uma empresa geradora de energia, tanto de fontes convencionais
ou incentivadas, inserir-se no mercado de energia brasileiro, primeiramente é
necessário a obtenção da autorização através da requisição da outorga feita à
Agência Nacional de Energia, através da Resolução Normativa nº 390/2009.
A documentação, incluindo o preenchimento dos anexos da Resolução
citada acima e seus anexos, poderá ser elaborada pelo próprio corpo de
engenharia responsável pelas instalações da empresa. Uma vez obtida a
outorga é necessário solicitar à Agência Nacional de Energia ou ao Ministério
de Minas e Energia – MME, o cálculo da garantia física destas instalações para
posteriormente fazer adesão a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
para solicitar o acesso à rede de distribuição para as concessionárias das
áreas onde estão localizadas as instalações. Segue o PRODIST
(Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional) conforme mostrado na Figura 4.

86
Figura 4: Fluxograma para Celebração de Contrato.

Fonte: (PRODIST, 2021)

Somente após estes procedimentos uma empresa geradora de energia


poderá celebrar contratos com os demais agentes. Contudo como pode-se
perceber este tempo varia de empresa para empresa, devido a necessidade ou
não de obras, o que é um fator importante para investidores do ramo.
Contudo existem enormes vantagens dentro do mercado livre de energia
visto que há uma grande expectativa de que futuramente haja uma
flexibilização das normas dentro deste mercado em que todas as pessoas
jurídicas e físicas possam usufruir desse sistema. Na Câmara dos Deputados
existe o Projeto de Lei nº. 1917 defendendo a abertura gradual do mercado de
energia livre de alta e média tensão até 2026. O próximo passo é a viabilidade
para o segmento de baixa tensão e a portabilidade da conta de luz para todos
os usuários do país.
A principal vantagem é a redução de custos, em virtude da livre
negociação, pois há a busca por melhores preços. Dessa forma, pode-se
escolher e optar pelo melhor fornecedor para sua demanda, podendo também
estabelecer o tempo de contrato necessário e como também adequar melhor o
seu consumo.
Atrelado a esta redução, pode-se planejar o orçamento a longo prazo,
pois ao contrário do mercado regulado tradicional, onde as tarifas passam por
correções anuais pela Agência Nacional de Energia e o reajuste leva em conta
a inflação e os custos da compra de energia, no mercado livre existe a
previsibilidade de preços. O comprador, ao fechar um contrato, sabe quanto

87
pagará pela energia demandada no período requerido. Quem opta pelo
mercado não regulado negocia a compra de energia com antecedência e
estabelece os melhores preços e condições sem se sujeitar às variações e
bandeiras tarifárias.
E tendo em vista que os consumidores do mercado regulado não podem
escolher os fornecedores de energia e podem sofrer com os aumentos de
preço e tarifas estipuladas pela Agência Nacional de Energia, o que não
acontece no mercado livre, onde as operações de compra e venda acontecem
através de cláusulas contratuais flexíveis entre os agentes. Sendo assim, o
consumidor tem o poder de decisão de compra de energia, podendo escolher
livremente o fornecedor da energia demandada.
O que por fim acaba ocasionando a diminuição do impacto ambiental,
pois o consumidor livre é capaz de negociar com agentes geradores de fontes
renováveis. Ou seja, a energia incentivada, por exemplo, promovida pelo
governo brasileiro tem a intenção de estimular o crescimento de pequenas
centrais hidrelétricas (PCH), energia eólica e energia solar. O que torna o
mercado livre mais sustentável do que o mercado tradicional o que é tido como
um diferencial competitivo muito forte, impulsionado não apenas pelas
orientações de órgãos mundiais, mas por ser cada vez mais exigida pela
sociedade que, consciente sobre a importância do tema, passa a exigir atitudes
ambientalmente responsáveis das empresas que consomem e contratam.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, como dito, o mercado livre de energia é uma ferramenta


essencial para o desenvolvimento das empresas e indústrias brasileiras,
tornando-as competitivas no mercado internacional e seus produtos mais
acessíveis, devido à redução de custos de produção. A exemplo do mercado
europeu, onde já existem cerca de 27 países membros, onde atualmente o
mercado é totalmente aberto, ou seja, até mesmo os consumidores
residenciais podem escolher de quem deseja comprar energia.
Reformulações como esta, juntamente com as demais que aconteceram
nos últimos anos, tem o intuito de desenvolver o Brasil, o suficiente para suprir
as necessidades demandadas pelo mercado. Pois o crescimento econômico de

88
qualquer país está fortemente ligado às suas condições de infraestrutura. Um
dos principais fatores é a oferta de energia elétrica, que desempenha um papel
extremamente importante em diversas áreas econômicas. Situações
deficitárias e até mesmo a simples ameaça, como o apagão de 2001, geram
grandes prejuízos à economia, que poderiam levar muitos anos para se
recuperarem.
Assim, este trabalho atinge seu objetivo principal de apresentar as
diretrizes básicas para que qualquer empresa e graduando de Engenharia
Elétrica, compreenda as formas de comercialização de excedente de energia
dentro da estrutura atual do mercado de energia elétrica Brasileiro.
Além disso, fica evidenciado que o Brasil ainda está caminhando para
um cenário de negociações que seja de fácil acesso a quem deseja participar.
Atualmente não se nota um senso comum entre as empresas sobre a
percepção da possibilidade de se inserir neste mercado. Principalmente as de
médio porte, que estão habituadas a comprar energia de uma concessionária
como se fosse a única forma de fazê-la, ou seja, são consumidores cativos por
desconhecimento de alternativas.
O Brasil tem muito a caminhar para atingir um momento em que a
entrada no mercado de energia seja fácil e de imediata percepção, como
também para pessoas físicas e empresas de pequeno porte, o será
fundamental para desenvolvimento e crescimento do setor elétrico nacional.

89
REFERÊNCIAS

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https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-normativa-aneel-n-1.011-de-29-de-
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usinas hidrelétricas. Congresso Técnico Científico da Engenharia e da
Agronomia - CONTEC. Palmas/ TO, 2019. Disponível em:
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7%C3%83O%20DA%20ENERGIA%20ELETRICA%20E%20A%20IMPORTAN
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BRASIL. DECRETO-LEI Nº 1.383, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1974. Altera a


redação do artigo 4º da Lei nº 5.655, de 20 de maio de 1971 e dá outras
providências. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos
Jurídicos.

BRASIL. DECRETO-LEI Nº 8.031, DE 3 DE OUTUBRO DE 1945. Autoriza a


organização da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. Presidência da
República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.

BRASIL. LEI Nº 8.631, DE 4 DE MARÇO DE 1993. Dispõe sobre a fixação dos


níveis das tarifas para o serviço público de energia elétrica, extingue o regime
de remuneração garantida e dá outras providências. Presidência da República.
Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.

BRASIL. LEI Nº 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995. Dispõe sobre o


regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto
no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências. Presidência da
República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.

BRASIL. LEI Nº 9.074, DE 7 DE JULHO DE 1995. Estabelece normas para


outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e
dá outras providências. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para
Assuntos Jurídicos.

90
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https://www.ccee.org.br/web/guest/sobrenos>. Acesso em 24 de junho de 2022.

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%20Nota%20T%C3%A9cnica%20da%20Margem%20por%20Barramento%20-
%20Per%C3%ADodo%202023-
2027_Metodologia_Premissas%20e%20Crit%C3%A9rios.pdf>. Acesso em: 20
jul. 2022.

ONS. Evolução da capacidade instalada no SIN – Julho 2022/ Dez 2026.


Operador Nacional do Sistema Elétrico. Disponível em:
<http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/o-sistema-em-numeros>. Acesso
em: 05 jul. 2022.

ONS. MAPA INDICATIVO DA CAPACIDADE REMANESCENTE DO SIN. ONS


- Operador Nacional do Sistema Elétrico. Disponível em:
<http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas>. Acesso em: 20 jul. 2022.

ONS. O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL. Operador Nacional do Sistema


Elétrico, 2019. Disponível em: <http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/o-
que-e-o-sin>. Acesso em: 20 jul. 2022.

ONS. Sumário do Programa Mensal de Operação - PMO JULHO 2022 |


Semana Operativa de 02/07 a 08/07/2022. Disponível em:
<http://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/SUMARIO-
PMO-02_07%20a%2008_07.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2022.

91
PRODIST. Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional – PRODIST. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica,
2021. Disponível em: <https://antigo.aneel.gov.br/web/guest/prodist>. Acesso
em: 20 jul. 2022.

SAGGIO, C. G. Comercialização de energia elétrica no Brasil. Trabalho de


conclusão de curso (Bacharelado - Engenharia Mecânica) - Universidade
Estadual Paulista, 2013. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/120915>.
Acesso em: 05 jul. 2022.

SISTEMAS de Energia Elétrica: Análise e Operação. 1. ed. [S. l.]: LTC, 2011.
572 p. ISBN 8521618026.

92
CAPÍTULO 06
ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE ATERRAMENTO
DO BLOCO A2 DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS
GERAIS – CAMPUS ITUIUTABA

Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho


Formação: Bacharelanda em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aline.rodrigues1423@gmail.com

Euripedes Justino da Silva Junior


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: junioreuripedes746@gmail.com

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

Daniela Freitas Borges


Formação: Mestre em Eletrônica de Potência (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: daniela.borges@uemg.br

Emerson Carlos Guimarães


Formação: Mestrando em Engenharia Mecânica na Universidade Federal de
Uberlândia (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: emerson.guimaraes@uemg.br

Ayonara Cristina da Silva


Formação: Pós Graduanda em Engenharia de Controle e Automação Industrial,
Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: ayonara.cristina@gmail.com

RESUMO: Aterramento é o meio responsável pelo escoamento das correntes


de faltas, sejam elas por manobra ou por descargas atmosféricas, sem
provocar tensões perigosas e mantendo baixa a queda de tensão na
resistência da terra. Realizar uma revisão na literatura sobre sistemas de
aterramento, e realizar um estudo sobre sistema de aterramento existente no
bloco A2 da Universidade do Estado de Minas Gerais, realizando o

93
levantamento dos materiais utilizados e verificando também se é necessário
apresentar uma proposta de aperfeiçoamento para sistema de proteção do
local, com o objetivo de garantir mais segurança pessoal e prevenir prejuízos
futuros. No presente trabalho foi adotado como método o procedimento
experimental e comparativo, segundo modelos adotados por outros autores,
além da orientação por procedimentos já utilizados e trabalhos consolidados
como teses, artigos, artigos on-line, dissertações, livros, e normas
regulamentadoras.

PALAVRAS-CHAVE: Aterramento; Atualização; Bloco A2; Normas Técnicas.

ABSTRACT: Grounding is the means responsible for the flow of fault currents,
whether by switching or by atmospheric discharges, without causing dangerous
voltages and keeping the voltage drop in the earth resistance low. To carry out
a review of the literature on earthing systems, and to carry out a study on the
earthing system existing in block A2 of the Universidade do Estado de Minas
Gerais, carrying out a survey of the materials used and also verifying if it is
necessary to present a proposal for improvement for the earthing system.
protection of the place, with the objective of guaranteeing more personal safety
and preventing future damages. In the present work, the experimental and
comparative procedure was adopted as a method, according to models adopted
by other authors, in addition to guidance by procedures already used and
consolidated works such as theses, articles, online articles, dissertations,
books, and regulatory standards.

KEYWORDS: Grounding; Update; Block A2; Technical Standards.

94
1. INTRODUÇÃO

Aterramento é o meio responsável pelo escoamento das correntes de


faltas, sejam elas por manobra ou por descargas atmosféricas, sem provocar
tensões perigosas e mantendo baixa a queda de tensão na resistência da terra.
Também podemos dizer que aterramento é a arte de se fazer uma
conexão com a terra, sendo um conjunto de condutores, hastes e conectores,
circundados por elementos que dissipam para a terra as correntes impostas no
sistema. O aterramento é uma das partes de um sistema de proteção, que é
utilizado para proteção de equipamentos e vidas (COSTA e DOMINGUES,
2008).
Ele é um importante item de um sistema de energia elétrica, porém, as
pessoas não dão tanta importância a esse sistema de proteção. Somente
percebe-se a sua relevância quando sua falta causa prejuízos, seja material ou
pessoal. As causas mais comuns que ocasionam distúrbios e danos à
segurança de pessoas e equipamentos de telecomunicações são as descargas
atmosféricas, as sobretensões provenientes da rede elétrica comercial e
aquelas provocadas por diferenças de potenciais elétricos entre os
componentes dentro de uma estação de telecomunicação ou S/E, que são as
descargas atmosféricas e as sobretensões, provenientes da rede de baixa
tensão (COSTA e DOMINGUES, 2008).
De acordo com a norma ABNT NBR 5410 (2004), deve-se aterrar todas
as partes metálicas que possam ter contato com partes energizadas, pois
assim, se houver um contato da parte energizada com a carcaça de algum
equipamento, não ocorra nenhum acidente.
O objetivo principal do trabalho é realizar uma revisão na literatura sobre
sistemas den aterramento, e realizar um estudo sobre sistema de aterramento
existente no bloco A2 da Universidade do Estado de Minas Gerais, realizando o
levantamento dos materiais utilizados e verificando também se é necessário
apresentar uma proposta de aperfeiçoamento para sistema de proteção do
local, com o objetivo de garantir mais segurança pessoal e prevenir
prejuízos futuros.

95
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Sistema de Aterramento
2.1.1. Definição

Segundo Pinheiro (2003, p. 4) o aterramento é um sistema cuja


finalidade é dispor um caminho seguro, controlado e que possua baixa
impedância em direção à terra, a fim de proteger pessoas e animais da
exposição a potenciais perigosos. Esse sistema visa também evitar danos aos
bens patrimoniais causados por correntes destrutivas produzidas pela falha dos
isolamentos ou por conexões acidentais impróprias.
Dimensionado para atender a solicitações lentas, como as correntes de
curto-circuito. As frequências desse tipo de eventualidade são baixas, sendo
próximas da frequência fundamental dos sistemas de alimentação, na faixa de
60 ou 50 Hz (VISACRO FILHO, 2002, p. 23).
Segundo a ABNT NBR 5410 (2004) qualquer que seja a finalidade do
aterramento, seja de proteção ou funcional, o mesmo deve ser único em cada
local da instalação. Em casos específicos de acordo com as recomendações
da instalação, podem ser usados de forma separada, desde que se tome as
devidas precauções.
Pereira (2008) diz em seu trabalho:
A descarga atmosférica (raio) sobre qualquer ponto de impacto
provoca transitórios que se caracterizam por sua curta duração,
crescimento rápido e valores de crista muito elevados. É um
fenômeno absolutamente imprevisível e aleatório, tanto em relação às
suas características elétricas (corrente, tempo, etc) como na sua
ocorrência. Não existe proteção total (100%), mas seguindo as
determinações das Normas Brasileiras, pode-se atingir graus de
proteção da ordem de 98 % se houver um projeto SPDA bem
elaborado, com um sistema de aterramento elétrico adequado e
confiável. Um projeto bem elaborado leva em consideração a área da
edificação, sua altura, a densidade de descargas atmosféricas
previstas na região e o sistema de aterramento elétrico. As normas
que determinam os projetos e suas execuções no Brasil são NBR-
5410, NBR-5419 e NBR-7117.

Segundo a ABNT NBR 5419 (2005) que discorre sobre a proteção de


estruturas contra descargas atmosféricas, o SPDA é considerado como a
medida mais eficaz para a proteção de danos físicos e contra lesões aos seres
vivos, ocasionados pelos potenciais perigosos que são gerados durante uma
descarga elétrica de alta corrente.

96
De forma geral, o sistema de proteção contra descargas atmosféricas é
distinto em duas topologias de proteção, que são qualificadas quanto ao seu
uso interno e externo, e é categorizado em quatro classes e níveis de proteção,
que são relacionados à capacidade de redução da extensão dos danos
causados pelos parâmetros das correntes descarregadas (CAMILO, 2021).
Segundo Souza (2020) e Kafer (2018) um SPDA dimensionado de forma
incorreta pode causar prejuízos a estruturas e em certos casos nas pessoas,
no momento em que se encontram expostos à incidência direta e indireta de
descargas atmosféricas. É importante analisar o risco na implementação do
sistema, uma vez que, avaliações rápidas não são eficientes para demonstrar
os fatores necessários para uma boa execução.
A terra, portanto, é uma boa escolha como ponto de referência zero,
uma vez que ela nos circunda em todos os lugares. Quando alguém
está de pé em contato com a terra, seu corpo está aproximadamente
no potencial da terra. Se a estrutura metálica de uma edificação está
aterrada, então todos os seus componentes metálicos estão
aproximadamente no potencial de terra. (MORENO, 1999, p. 4)

Para Gazzana et al., (2014) métodos analíticos e numéricos foram


desenvolvidos e ajustados, para análise de aterramento procurando solucionar
as limitações existentes. As principais metodologias utilizadas são: método dos
elementos finitos (FEM), método dos momentos (MoM), aproximações por
linhas de transmissão integrada ao software EMTP e o método da modelagem
por linhas de transmissão (TLM). Dentre os métodos citados o TLM é o mais
estudado e aprimorado ao longo dos anos. Podem ser modelados através do
TLM: geometrias complexos, meios não homogêneos e com perdas, materiais
com parâmetros variáveis (não lineares, dispersivos e anisotrópicos).
O número de raios para a terra por quilômetros quadrados por ano é
denominado como densidade de descargas atmosféricas para a terra (Ng). O
valor de Ng para uma determinada região pode ser calculado pela equação:
Ng = 0,04 . Td1,25 [por km²/ano] onde Td é o número de dias de trovoada por
ano, que pode ser obtido através de mapas isocerâunicos (OUTÃO e
BARROS, 2009).

2.1.2. Estudo de necessidade de utilização de um SPDA

De acordo com a norma ABNT 5419 (2005, apud COTTA JR e SILVA,

97
2018) é orientado que antes de ocorrer a implantação de SPDA para proteção,
é necessário a realização de um estudo que consiste no gerenciamento de
riscos, para a comprovação de que é realmente necessário a instalação de um
SPDA. Certos locais possuem uma baixa probabilidade de queda de raios por
km², mas não se deve basear apenas nessa informação, pois outros fatores
são considerados, para que o estudo seja feito de forma satisfatória.
Para Silva e Marquez (2013) para se iniciar uma avaliação da
necessidade de implantação de um SPDA, deve ser analisado o risco de
exposição, que é definido como o risco da estrutura ser atingida por um raio, e
também alguns fatores sobre a estrutura, como: altura; localização; natureza de
sua construção; tipo de ocupação; e valor de seu conteúdo ou os efeitos
indiretos.

2.2. Método de medição da resistividade do solo


2.2.1. Método de de Wenner

Segundo Almeida e Oliveira (2013) o método utiliza um termômetro


(Megger) para medir os valores de resistência necessários para o cálculo da
resistividade do solo. Esse método é fundamentado no Teorema de Helmholtz,
que diz que sempre há uma interação entre as denominadas tomadas de terra.
O teorema define os coeficientes de resistência que medem tais interações e
entra em linha de conta com as elevações de potencial que ocorrem pela
passagem de corrente no meio de um solo de determinada resistividade.
O método consiste na fixação de quatro hastes em uma linha imaginária
que atravessa o terreno em que se deseja medir a resistividade. As hastes
devem ser colocadas em linha reta, e a distância entre as mesmas deve ser
estritamente respeitada (ALMEIDA, OLIVEIRA, 2013). O método pode ser
observado na Figura 1.

98
Figura 1: Método de Wenner.

Fonte: LENCIONI e LIMA, 2010.

2.2.2. Método de Franklin

Mamede Filho (2012) apresenta esse método que determina o volume


de proteção baseado em um cone, cujo ângulo da linha geratriz com a haste
varia segundo o nível de proteção para uma determinada altura da construção.
Quanto menor o ângulo maior a capacidade de proteção. A norma ABNT NBR-
5419 (2005) fornece a relação entre o nível de proteção e o ângulo de
formação do cone. O método pode ser observado na Figura 2.

Figura 2: Exemplo Método de Franklin.

Fonte: UNIVERSIDADE DA ELÉTRICA, 2016.

99
2.2.3. Método Gaiola de Faraday

Para Silva e Marquez (2013) o método Gaiola de Faraday é um dos mais


utilizados na proteção contra descargas atmosféricas, por ser um método
simples e de fácil aplicação, podendo ser utilizado em qualquer tipo de
edificação. Os fatores básicos a serem levados em consideração são a
extensão e a altura da edificação. O método é análogo ao teorema de faraday,
e apresenta-se de uma maneira uniforme os terminais aéreos de captação
pelas superfícies superiores do edifício, seguindo em direção ao subsistemas
de descidas e após para o subsistemas de aterramento, formando uma malha.

2.3. Tipos de Esquemas


2.3.1. Esquema TT

A norma ABNT NBR 5410 (2004, p. 6) diz que: “O esquema TT possui


um ponto da alimentação diretamente aterrado, estando as massas da
instalação ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos do
eletrodo de aterramento da alimentação.”

2.3.2. Esquema TN

A norma ABNT NBR 5410 (2004, p. 6) diz que: “Os esquemas TN


possuem um ponto da alimentação diretamente aterrado, sendo as massas
ligadas a este ponto através de condutores de proteção. Nesse esquema, toda
corrente de falta direta fase-massa é uma corrente de curto-circuito.”

2.3.2.1. Esquema TN-S

A norma ABNT NBR 5410 (2004, p. 6) diz que: “Esquema TN-S, no qual
o condutor neutro e o condutor de proteção são distintos. Neste esquema
representado na figura acima, trata-se de um Esquema TN-S, sendo que o
condutor neutro e condutor de proteção são separados ao longo de toda a
instalação.” O esquemático deste sistema pode ser observado na Figura 3.

100
Figura 3: Esquemático TN-S

Fonte: ABNT NBR 5410, 2004.

2.3.2.2. Esquema TN-C-S

A norma ABNT NBR 5410 (2004, p. 6) diz que: “Esquema TN-C-S, no


qual as funções de neutro e de proteção são combinadas em um único
condutor em uma parte da instalação. Já neste esquema, trata-se de um
Esquema TN-C-S, sendo que as funções do neutro e condutor de proteção são
combinadas em um único condutor em uma parte da instalação.” O
esquemático deste sistema pode ser observado na Figura 4.

Figura 4: Esquemático TN-C-S

Fonte: ABNT NBR 5410, 2004.

2.3.2.4. Esquema TN-C

A norma ABNT NBR 5410 (2004, p. 6) diz que: “O esquema TN-C, no


qual as funções de neutro e de proteção são combinadas em um único
condutor ao longo de toda a instalação. Neste esquema, é representado um

101
Esquema TN-C, sendo que as funções do neutro e condutor de proteção são
combinadas em um único condutor ao longo de toda a instalação.” O
esquemático deste sistema pode ser observado na Figura 5.

Figura 5: Esquemático TN-C.

Fonte: ABNT NBR 5410, 2004.

2.3.3. Esquema IT

A norma ABNT NBR 5410 (2004, p. 8) diz que: “O esquema IT não


possui qualquer ponto da alimentação diretamente aterrado, estando aterradas
as massas da instalação. Nesse esquema, a corrente resultante de uma única
falta fase-massa não deve ter intensidade suficiente para provocar o
surgimento de tensões de contato perigosas.” O esquemático deste sistema
pode ser observado na Figura 6.

Figura 6: Esquemático IT.

Fonte: ABNT NBR 5410, 2004.

102
2.4. Tipos de Hastes
2.4.1. Definição

De acordo com a Norma NBR-13571 (2005): “As hastes de aterramento


precisam ser de aço-cobreadas e seus acessórios (por exemplo o conector de
aterramento e a luva de emenda). Pela norma, o eletrodo de aterramento
constituído é por uma barra cilíndrica rígida de aço-cobreado sendo por
eletrodeposição. O seu comprimento pode variar entre 1,5 m e 4,0 m. Mas as
hastes de aterramento mais utilizadas são as de 2,5 m, devido ao pouco risco
de atingir dutos subterrâneos na instalação.” A geometria das hastes de
aterramento pode ser observada na Figura 7.

Figura 7: Geometria das Haste de Aterramento.

Fonte: MATTEDE, 2014.

2.4.2. Tipos de Hastes de Aterramento


2.4.2.1. Hastes Simples cravada no solo

Consiste em uma haste simples cravada no solo. Esses tipos de haste


são usadas em residências para aterramento da alimentação de entrada, e em
indústrias para aterramento de equipamentos diversos (FREITAS, 2015).

2.4.2.2. Hastes Alinhadas

Segundo Merlin (2017) esse tipo de haste necessita ter


aproximadamente 50 cm de comprimento, com diâmetro entre 10 e 15 cm,
estando sempre alinhadas e igualmente espaçadas, cravadas a uma mesma
profundidade, de 20 a 30 cm.

103
2.4.2.3. Hastes em em triângulo

Segundo o site Faz Fácil (2012) neste tipo de haste, durante o


aterramento das mesmas, são posicionadas 3 hastes em triângulo, de forma
que tenha nesse triângulo uma distância mínima de 2,40 m, sendo interligadas
entre si com cabeamento de cobre nu de 50 mm², com conectores do tipo
grampo U em latão, ou solda exotérmica.

2.4.2.4. Hastes em em quadrado

As hastes em quadrado nada mais são do que um sistema de hastes


retas, que fazem o aterramento com seu formato quadrado, um aterramento
feito com 4 hastes por exemplo (LUIZ, 2020).

2.5. Componentes de um SPDA


2.5.1. Sistema Interno

A finalidade de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas é


evitar a ocorrência de centelhamentos perigosos na parte interna da edificação,
podendo provocar estragos às instalações. Uma alternativa para evitar os
centelhamentos perigosos são as ligações equipotenciais e a isolação elétrica
entre as partes (FISCHER, 2018).
Conjunto de dispositivos que reduzem os efeitos elétricos e
magnéticos da corrente de descarga atmosférica dentro do volume a
proteger. Em geral, componentes metálicos exteriores a um volume a
ser protegido podem interferir com a instalação do SPDA exterior e,
em consequência, devem ser considerados no estudo do SPDA.
Poderá ser necessário estabelecer ligações equipotenciais entre
esses elementos e o SPDA. (ABNT NBR 5419, 2005)

2.5.2. Sistema Externo

A norma ABNT NBR 5419 (2005) diz que: “Sistema que consiste em
subsistema de captores, subsistema de condutores de descida e subsistema
de aterramento. A probabilidade de penetração de uma descarga atmosférica
no volume a proteger é consideravelmente reduzida pela presença de um
subsistema de captação corretamente projetado.”

104
2.6. Aterramento da rede elétrica
2.6.1. Definição

Esse tipo de malha de aterramento possui diversos benefícios, como


proteger a rede elétrica de residências, prédios e os respectivos condomínios.
Para condomínios é obrigatório que cada edifício possua seu próprio
aterramento, e que todos estejam conectados entre os prédios, para garantir
seu correto funcionamento (BLOG C2E, 2021).

2.6.2. Resistência do aterramento

Segundo a ABNT NBR 5419 (2005), a resistência de aterramento


recomendada está entre 1 e 10 Ω, para eletrodos artificiais, a fim de que seja
assegurada a dispersão da corrente de descarga no solo sem que ocorram
sobretensões perigosas.
Dentre os tipos de solos existentes, cada um tem sua própria
característica, fazendo assim que cada tipo de solo tenha uma resistividade
diferente dos demais (ALMEIDA e OLIVEIRA, 2013).
A Tabela 1 mostra a variação da resistividade de alguns tipos de solos.

Tabela 1: Variação da resistividade do solo em naturezas distintas.


Tipo de Solo Resistividade [ Ω.m ]
Lama 5 a 100
Solos pantanosos 5 a 30
Argila seca 1.500 a 5.000
Argila com 40% de 80
umidade
Granito 100 a 10.000
Areia molhada 1.300
Areia seca 3.000 a 8.000
Calcário compacto 1.000 a 5.000
Calcário mole 100 a 400
Granito 100 a 10.000
Fonte: ALMEIDA e OLIVEIRA, 2013.

2.6.3. Efeito da temperatura no solo

A temperatura é um fator crucial, e que influencia na resistência no solo.


Um exemplo disso, e em algumas regiões mais frias, onde o gelo entra em uma

105
certa profundidade abaixo da superfície (ALMEIDA e OLIVEIRA, 2013). Na
Tabela 2 é possível observar a resistividade do solo de acordo com a
temperatura.

Tabela 2: Resistividade do solo com a variação da temperatura.

Temperatura (ºC) Resistividade [ Ω.m ]


(solo arenoso)
20 72
10 99
0 (água) 138
0 (gelo) 300
-5 790
- 15 3.300

Fonte: ALMEIDA e OLIVEIRA, 2013.

Como pode-se observar, quanto mais a temperatura estiver baixa, maior


será a resistividade relacionada para o mesmo solo. Isso ocorre pelo fato de o
material usado na fabricação das hastes ser bom condutor térmico,
ocasionando assim um grande aumento na resistividade de aterramento,
abaixo dos 0° graus.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

No presente trabalho foi adotado como método o procedimento


experimental e comparativo, visando um estudo sobre o sistema de
aterramento existente no bloco A2 da Universidade do Estado de Minas Gerais
Campus Ituiutaba, segundo modelos adotados por outros autores, além da
orientação por procedimentos já utilizados e trabalhos consolidados como
teses, artigos, artigos on-line, dissertações, livros, e normas regulamentadoras
como a NBR 5410 que regulamenta as Instalações elétricas de baixa tensão, a
NBR 7117 que regulamenta a medição de resistividade do solo através do
método de 4 pontos, a NBR 15751 que regulamenta os sistema de aterramento
de subestações, a NBR 15749 que regulamenta a medição de potenciais
superficiais (Toque e passo), a NBR 16527-1 que regulamenta o aterramento
para sistemas de distribuição de energia elétrica e a NBR 16254-1 que
regulamenta os materiais utilizados de aterramento.

106
Com a realização dos conceitos importantes e necessários para o
discernimento com o tema abordado neste trabalho, começaremos a tratar do
estudo de caso do aterramento do bloco A2 do Campus Universitário da UEMG
- Ituiutaba. Neste capítulo serão expostos os materiais que foram utilizados no
aterramento existente e o laudo técnico.
A medição de aterramento é realizada através de um terrômetro, um
aparelho capaz de medir, através de sensores, a resistência do aterramento e
do solo ao receber descargas elétricas. Por ser um equipamento delicado, seu
manuseio precisa ser feito com o máximo cuidado, a fim de não danificá-lo.

3.1. Aterramento da rede elétrica


3.1.1. Equipamento utilizado para medição

O terrômetro é o instrumento de medida clássico para medição da


resistência do da terra. Esse instrumento possui 2 hastes de referência, que
servem como divisores resistivos conforme mostrado na Figura 8.
O funcionamento ocorre da seguinte forma, o mesmo “injeta” uma
corrente pela terra que é transformada em “quedas” de tensão pelos resistores
formados pelas hastes de referência, e pela própria haste de terra. Através do
valor dessa queda de tensão, o mostrador é calibrado para indicar o valor
ôhmico da resistência do terra.
É possível observar o estado em que se encontra o local, sem medi-lo
propriamente, conforme Figura 9. Essa é um das soluções para locais que são
concretados onde não é possível ou inviável fazer dois furos no chão.
Segundo Capelli (2020):
Em primeiro lugar escolhemos uma fase qualquer, e a conectamos a
um pólo de uma lâmpada elétrica comum. Em segundo lugar, ligamos
o outro pólo da lâmpada na haste de terra que estamos analisando.
Quanto mais próximo do normal for o brilho da lâmpada, mais baixa é
a resistência de terra.

107
Figura 8: Exemplo de funcionamento de um Terrômetro.

Fonte: CAPELLI, 2020.

Figura 9: Exemplo de “Truque” de como fazer a medição.

Fonte: CAPELLI, 2020.

O terrômetro utilizado para medições da resistência da terra foi o alicate


terrômetro digital ET-4310 da MINIPA. O mesmo pode ser observado na
Figura 10.

Figura 10: Terrômetro utilizado.

Fonte: Os autores.

Segundo T&T (2022):


O Alicate Terrômetro da Minipa, ET-4310 permite medir resistência de
terra sem uso de hastes auxiliares. Também permite a medição de
corrente para assegurar a isolação do sistema. Acompanha loop de
aferição.Este instrumento está de acordo com a norma IEC 61010,
Categoria III 300V de Sobretensão. Como determinado pela norma de
segurança NR-10, utilize sempre equipamentos de proteção
individual.

108
3.1.2. Localização do Bloco A2

O bloco A2 da Universidade do Estado de Minas Gerais - Campus


Ituiutaba é onde foi realizado o Estudo de Caso do Aterramento. Através de
muita pesquisa, verificamos o aterramento existente no bloco, listamos o
material possuinte, verificando a estimativa das medições, as malhas, os tipos
de hastes, os cabeamentos, tudo para ter uma melhor precisão do estudo de
caso. Na Figura 11 é possível observar a localização do Bloco A02.

Figura 11: Localização do bloco A2.

Fonte: GOOGLE MAPS, 2022.

4. ANÁLISE E RESULTADOS

De acordo com a norma NBR 5410 que regulamenta que as pessoas e


os bens devem ser protegidos contra consequências prejudiciais, devidas a
uma falta elétrica que possa resultar em sobretensões, seja resultante de uma
manobra ou de fenômenos atmosféricos (ALMEIDA e OLIVEIRA, 2013).
No caso estudado, a maior preocupação é com a proteção de
equipamentos elétricos que estão situados no interior da edificação, como:
equipamentos de informática e comunicação de dados, equipamentos dos
laboratórios, equipamentos de multimídia e outros, que estão submetidos a
sobretensões.
O aterramento existente no bloco A2 da Universidade do Estado de
Minas Gerais - UEMG, possui um sistema de proteção muito antigo, feito em
2007. Devido a reforma do bloco e os equipamentos dos laboratórios que serão

109
utilizados, não suportará a demanda contratada que será instalada. Logo
necessita de uma atualização no sistema de proteção, onde se deve colocar
mais hastes de aterramento para equipotencializar a estrutura do bloco, para
suprir essa nova carga que será instalada no bloco. E caso algum equipamento
específico, ter um aterramento individualizado.

4.1. Levantamento do equipamento do aterramento existente

No Quadro 1 é possível analisar a medições apresentadas no laudo


técnico.
Quadro 1: Medições do laudo técnico.

Primeira Medição Segunda Medição

Haste A 18 Ohms 16 Ohms

Haste B 1,3 Ohms 1,5 Ohms

Haste C 0,7 Ohms 1,0 Ohms

Média da Resistência Ôhmica 7,0 Ohms 6,7 Ohms

Ângulo entre as medições 180 graus 180 graus

Temperatura do ambiente 30 ºC 27 ºC

Umidade relativa do ar 45% 43%

Data da medição 15/06/2022 20/07/2022


Fonte: Os autores.

4.2. aspecto da malha existente no Bloco A2

A malha de aterramento existente no bloco A2 é a do tipo radial em anel,


contém eletrodos do tipo “copperweld” com alta camada de cobre com
dimensão de 5/8 '' x 3,0 m, interligadas entre si por um cabo de alumínio nu de
35 mm². Esse cabo está sendo conectado aos eletrodos de aterramento
através de um conector simples ø 3/4''.

4.3. Levantamento do aterramento existente

• Caixa de Inspeção e Manutenção do Sistema de Aterramento, modelo


TEL 550 (Na caixa deverá ser deixado um rabicho de 60 cm para acesso a
malha).

110
• Cabo de Cobre Nu, que subirá ao sistema SPDA da construção
(Considerado na Fase 2).
• Cabo de Cobre Nu de 50 mm² em vala de profundidade mínima de 50
cm abaixo do nível nivelado.
• Haste tipo "COPPERWELD" 5/8” x 3,0m, modelo TEL-5814 (SUPER
CAMADA).
• Cabo de Cobre Nu que subirá ao sistema SPDA da construção
(Considerado na fase 2).
• Anodo de Zinco, de sacrifício, para vida útil de 20 anos. Opção de
solda no eletrodo ou no cabo da malha.
• Cabo de Cobre Nu que subirá ao sistema SPDA da construção
(Considerado na fase 2).
• Rabicho para interligação da malha com ao QDC-1.
• Solda Exotérmica Tipo T para interligação da malha de aterramento.
• Cabo de Cobre Nu de 50 mm² em vala de profundidade mínima de 50
cm abaixo do nível nivelado.
• Rabicho para interligação da Malha ao QDC-2.
• Rabicho para interligação da Malha ao QGBT.
• Solda Exotérmica Tipo T para interligação da malha de aterramento.
• Cabo de Cobre Nu que subirá ao sistema SPDA da construção
(Considerado na fase 2).

Lista de material:
• Cabo de Cobre Nu de 50 mm²;

• Cabo de Cobre Nu de 35 mm²;

• Vala de 50 cm x 30 cm (para cabos da malha de aterramento);

• Caixa de Inspeção do Tipo Solo de PVC com tampa de ferro 30 cm,

modelo TEL-550;
• Solda Exotérmica;

• Haste de Aterramento Tipo COPPERWELD SUPER CAMADA;

• Conector de medição Bimetálico, modelo TEL-560;

• Caixa de Inspeção Suspensa de PVC, modelo TEL-542;

• Abraçadeira de Alumínio BCU Ø3/4.

111
Quantitativo:
• 12 x Hastes do Tipo COPPERWELD;
• 4 x Caixas de inspeção e manutenção do sistema de aterramento;
• 4 x Anodo de Zinco;
• 7 x Cabos de Cobre Nu, que subirá ao Sistema SPDA da Construção;
• 24 x Soldas Exotérmica entre cabos de 50 mm² em T;
• Rabicho;
• QDC-1;
• QDC-2;
• QGBT.

Modelos:

Figura 12: Modelo no AutoCad de uma caixa de inspeção do Tipo Solo de PVC com tampa de
ferro.

Fonte: Os autores.

Figura 13: Modelo no AutoCad de uma vala.

Fonte: Os autores.

112
Figura 14: Modelo no AutoCad de uma solda exotérmica entre cabos em T.

Fonte: Os autores.

Figura 15: Modelo no AutoCad de uma conexão e solda da haste

Fonte: Os autores.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aterramento é um sistema utilizado para evitar desequilíbrios na


tensão elétrica de qualquer instalação. É usado também para a prevenção de
choques elétricos em seres humanos quando em contato com a parte elétrica
de uma instalação ou para eliminar as possíveis fugas de energia. O mesmo
permite a redução dos riscos de que os equipamentos elétricos queimem por
descargas elétricas atmosféricas (raios), o que costuma ser comum em locais
onde o aterramento não foi feito da maneira certa.
Com tudo isso, a importância principal do aterramento é proteger tanto
as pessoas quanto os equipamentos eletrônicos de possíveis falhas, ou curtos-
circuitos na instalação elétrica.

113
O intuito deste trabalho de conclusão de curso foi concluído, onde se
realizou uma revisão de literatura sobre os sistemas de aterramento, e realizou
também um estudo sobre sistema de aterramento existente no bloco A2 da
Universidade do Estado de Minas Gerais - Campus Ituiutaba, realizando o
levantamento dos materiais utilizados e verificando que o sistema precisa ser
aprimorado em decorrência do tempo de instalação, do aumento de carga da
instalação, e das especificações técnicas que os novos equipamentos
demandam, garantindo mais segurança pessoal e prevenção de
prejuízos futuros.

114
REFERÊNCIAS

ABNT. NBR - 13571: Haste de aterramento aço-cobreada e acessórios.


Associação Brasileira de normas técnicas: 2005.

ABNT. NBR-5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Associação


Brasileira de normas técnicas: versão corrigida, 2004.

ABNT. NBR-5419: Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas.


Associação Brasileira de normas técnicas: segunda edição, 2005.

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de Ituiutaba. Universidade do Estado de Minas Gerais. Instituto Superior de
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Disponível em: <https://c2e.com.br/aterramento-eletrico/>. Acesso em: 28 jul.
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Elétrica) - Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia.
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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kDTVihHu_gs>. Acesso
em: 26 jul. 2022.

VISACRO FILHO, Silvério. Aterramentos elétricos. 1. ed. São Paulo: Artliber,


2002. 160 p.

117
CAPÍTULO 07
INVERSORES DE FREQUÊNCIA E A SUA REVOLUÇÃO NO
PROCESSO DE ACIONAMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS

Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho


Formação: Bacharelanda em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aline.rodrigues1423@gmail.com

Cleber Lima Nascimento


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: cle002house@hotmail.com

Gustavo Paulino Dayrell


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: gustavo.dayrell@gmail.com

Angelica Lourenço Oliveira


Formação: Bacharel e Mestre em Matemática pela Universidade Federal de
Uberlândia
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: angelica.oliveira@uemg.br
Euripedes Justino da Silva Junior
Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: junioreuripedes746@gmail.com

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

RESUMO: O presente artigo teve por objetivo demonstrar como a utilização


dos inversores de frequência transformou o processo de acionamento dos
motores elétricos e a revolução que a sua implementação causou no setor
industrial. Foi possível verificar durante a nossa pesquisa, todos os aspectos
envolvidos desde o surgimento da tecnologia, o seu processo de
implementação e os resultados positivos obtidos, que possibilitaram que este
equipamento se tornasse um item presente em praticamente todos os grandes
ambientes industriais e processos que envolvem a aplicação de motores
elétricos.

118
PALAVRAS-CHAVE: Acionamentos; Inversores de Frequência; Motores
Elétricos.

ABSTRACT: The objective of this article is to demonstrate how the use of


frequency inverters transformed the drive process of electric motors and the
revolution that its implementation caused in the industrial sector. It was possible
to verify during our research, every aspects involved since the emergence of
the technology, its implementation process and the positive results obtained,
which enabled this equipment to become an item present in practically
everyone of large industrial environments and processes involving the
application of electric motors.

KEYWORDS: Drives; Frequency Inverters; Electric Motors.

119
1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a humanidade tem experimentado avanços


tecnológicos nunca antes vistos, em praticamente todas as áreas, setores e
níveis. Da medicina à engenharia, da pequena oficina até as grandes
indústrias, as mudanças ocasionadas na sociedade pelo aumento e
diversificação da produção de materiais e bens de consumo, impulsionada
sobretudo pela revolução industrial, introduziu o emprego da produção
industrial em larga escala e a substituição gradual dos processos manuais pelo
uso de maquinário, estabelecendo em definitivo os rumos que a humanidade
tomaria a partir daquele ponto.
E dentro deste contexto, em específico a produção industrial, podemos
dar grande destaque, sem sombra de dúvida, à revolução que a substituição do
trabalho humano pelas máquinas provocou no processo de avanço tecnológico
que se segue até os dias atuais. Primeiramente com as máquinas a vapor, e
posteriormente com o advento da eletricidade, os grandes e poderosos
maquinários vêm gradualmente ocupando mais espaço e se tornando parte
essencial de todo e qualquer processo industrial, com os motores elétricos
sendo a peça fundamental envolvida atualmente em todo esse conceito.
Os motores elétricos desde o seu surgimento têm proporcionado uma
gama bastante variada de aplicações, em diferentes setores, e em diferentes
escalas. Mas um dos pontos mais importantes e que sempre impactou na
forma como os motores são utilizados é a quantidade de energia elétrica que é
envolvida na sua operação, com o setor industrial sendo atualmente o maior
responsável pela demanda energética no Brasil, segundo dados da agência
nacional de energia elétrica (ANEEL).
Devido a isso, sempre foi um objetivo almejado pelas empresas a
possibilidade da utilização dos motores elétricos nos seus processos de formas
cada vez mais eficientes, com o menor consumo possível e com a máxima
capacidade de produção.
Com isso em mente, o mercado de equipamentos elétricos tratou logo
de encontrar soluções que pudessem atender a essa demanda das indústrias,
com esses esforços resultando no surgimento dos inversores de frequência,

120
também conhecidos como conversores de frequência.
Os inversores de frequência possibilitaram uma revolução no setor,
permitindo além da operação dos motores elétricos de forma mais eficiente, a
possibilidade do controle de velocidade dos motores de indução, que são os
mais largamente utilizados nas indústrias.
Este artigo tem por objetivo apresentar as principais características
presentes nos inversores, assim como as suas aplicações, vantagens,
desvantagens e aplicações, com toda a pesquisa envolvida tendo por propósito
elucidar de forma dinâmica e objetiva a importância que a introdução dos
inversores representou na evolução dos processos produtivos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Inversores de Frequência

Os inversores de frequência, resumidamente, são dispositivos


eletrônicos estáticos, que possuem a capacidade de regular e ajustar a
frequência da tensão advinda da rede elétrica, sendo por essa característica
utilizados largamente na indústria no acionamento de motores assíncronos.
O surgimento dos primeiros dispositivos capazes de controlar
eletronicamente a variação de velocidade dos motores assíncronos (que viriam
posteriormente a dar origem aos inversores como conhecemos hoje) pode ser
atribuído a meados das décadas de 80 e 90, estando diretamente ligado com o
início do avanço da tecnologia da eletrônica de potência, sobretudo das chaves
eletrônicas, com os inversores surgido a partir da necessidade de se realizar o
controle de forma eficiente (e principalmente econômica) dos processos que
envolviam a variação de velocidade em motores assíncronos.
Em vários setores, mas principalmente no industrial, vários processos
podem exigir o controle contínuo da velocidade nos motores elétricos
envolvidos, independente da variação do valor da carga acoplados a eles, com
esse controle podendo ser obtido através da utilização de motores de corrente
contínua CC (que são muito eficientes, mas possuem um custo mais elevado
em comparação aos motores CA assíncronos), ou da utilização de
equipamentos que possibilitem a variação da frequência da rede que alimenta
o motor. Neste caso, os inversores, que representaram um salto tecnológico

121
sem precedentes na indústria, substituindo o emprego de outros dispositivos
que eram utilizados para esse mesmo fim, (como polias e caixas de redução),
além de alguns modelos mais modernos também permitirem o controle de
outros parâmetros, como frenagem, monitoramento da corrente elétrica e
proteção contra sobrecorrentes. Na Figura 1 é possível observar um inversor
de frequência.
Figura 1: Inversor de frequência

Fonte: WEG, 2022.

2.2. Funcionamento

De forma básica, os inversores de frequência funcionam convertendo


primeiramente a tensão alternada (CA) da rede de alimentação do motor em
tensão contínua (CC), e depois convertendo essa tensão CC em CA
novamente, mas com a diferença de que na segunda conversão, a tensão CA
será convertida em um sinal de pulso e com largura modulada, possibilitando
assim que tanto a tensão como a frequência sejam ajustados, permitindo o
controle da velocidade do motor.

2.3. Estrutura

A estrutura completa de um inversor de frequência pode ser dividida em:


• Retificador: Este componente é constituído por uma ponte retificadora
trifásica, onde ligações de diodos irão retificar na entrada a tensão alternada
vinda da rede elétrica em 60 HZ em um sinal de tensão contínua.

122
• Filtro: O filtro é constituído por um barramento CC que tem por
objetivo suavizar as ondulações no sinal CC gerado pelo retificador.
• Capacitores: São os principais elementos que constituem o filtro,
responsáveis por realizar o processo de filtragem e de ajuste das ondulações
de tensão.
• Inversores: São semicondutores que funcionam em corte e saturação
(chaves abertas e fechadas respectivamente), fazendo a modulação do sinal
CC e o convertendo em um sinal de pulso com largura modulada. Na Figura 2
é possível observar o circuito interno de um inversor de frequência.

Figura 2: Circuito interno de um inversor de frequência.

Fonte: CITISYSTEMS, 2022.

2.4. Características
2.4.1. Rampas de aceleração e desaceleração

As denominadas rampas de aceleração e desaceleração são recursos


presentes nos inversores, desenvolvidos com o intuito de evitar o acionamento
e o desligamento abrupto do equipamento, preservando assim a sua vida útil.
O processo de acionamento por rampa em um inversor de frequência consiste
em nada mais do que partir o motor com uma velocidade inferior a configurada,
e ir o acelerando de forma gradual até que a atinja, dentro de um período de
tempo pré-programado.
Exemplo: Se a rampa de desaceleração foi definida no inversor em 20
segundos para uma frequência de 100 Hz, então o motor irá partir de um valor
nulo e irá aumentar a sua rotação conforme o valor de frequência for

123
aumentando, até que aos 20 segundos o equipamento atinja a velocidade
máxima correspondente ao valor de frequência definida em 100 Hz.
Já o processo de desaceleração por rampa funciona de maneira inversa,
desacelerando o motor de forma gradual dentro de um período também pré-
programado.
Essas funcionalidades, além de bastante versáteis e úteis, contribuem
de forma significativa na redução de custos com manutenção, pois ao não ser
necessário que o motor opere a máxima velocidade constantemente, ele irá
manter a sua integridade e a de outras estruturas presentes no processo ao
qual faz parte preservadas por mais tempo, reduzindo o desgaste dos materiais
e dispositivos envolvidos.

2.4.2. Economia de energia

Uma outra característica presente nos inversores é a possibilidade,


dependendo da aplicação, da redução de consumo de energia em comparação
com outros dispositivos de redução de velocidade (como redutores mecânicos).
Um exemplo a ser citado sendo os da partida de motores responsáveis por
processos de ventilação, compressão e bombeamento, em que o controle de
vazão é realizado por dampers e válvulas.
A substituição destes dispositivos pelo inversor de frequência pode
representar uma economia significativa de energia, uma vez que o inversor é
capaz de realizar o ajuste de velocidade do motor em períodos definidos,
diferentemente das válvulas, que somente realizam o controle da vazão
durante o período em que o motor está com velocidade constante.

2.4.3. Ganho de produtividade

Os inversores possibilitam através do uso de sensores e medidores


externos, que operações automáticas ligadas diretamente a variáveis do
processo (como temperatura e pressão) sejam programadas diretamente no
dispositivo através das suas portas de entrada, auxiliando assim no controle e
monitoramento do processo, tornando mais eficiente toda a cadeia
de produção.

124
2.4.4. Proteção

Os principais modelos disponíveis no mercado contam com sistemas de


proteção contra oscilações de tensão na rede e controle de corrente, o que
garantem uma vida útil maior ao equipamento.

2.5. Tipos de Inversores de Frequência

Os inversores de frequência podem ser divididos em dois tipos:


Escalares e vetoriais. Os inversores escalares operam em regime permanente,
obedecendo a parametrização da relação Tensão/Frequência (V/F), onde se é
estabelecido que tal relação deve ser diretamente proporcional entre ambas as
variáveis para que o torque fornecido à carga seja constante, ou seja, caso seja
realizada qualquer variação na frequência da alimentação do motor, o inversor
deve realizar a compensação dessa diferença variando também a tensão na
alimentação, e vice e versa, de forma a manter o equilíbrio dessa relação.
Este tipo de inversor não é capaz de fornecer altos torques em baixas
rotações, sendo mais empregado em motores de equipamentos que exigem
apenas partidas suaves e o controle da velocidade, como motores e
ventiladores.
Já os inversores vetoriais não possuem uma curva de parametrização
estabelecida, com ela variando conforme a necessidade do torque. Este tipo de
inversor possui um nível de controle consideravelmente mais complexo,
necessitando da inserção de outros parâmetros do motor na sua programação
(como resistência, indutância, correntes nominais do motor e do estator), com
essas informações sendo utilizadas para a realização de ajustes mais precisos
no torque do motor, com as suas principais aplicações sendo em equipamentos
que exijam um elevado nível de precisão no controle de velocidade, como em
elevadores, guinchos e máquinas que necessitem além da variação de
velocidade, o controle de torque e altas velocidades de resposta.

2.6. Vantagens e desvantagens dos inversores de frequência

Como já mencionado, a implementação dos inversores de frequência no

125
processo de acionamento e controle de motores de indução assíncronos
representou um salto tecnológico sem precedentes, e trouxe consigo diversas
vantagens em comparação aos métodos anteriormente utilizados, dentre as
quais podemos citar:
• Processo de instalação simples;
• Redução de consumo de energia em diversos processos, o que
representa uma economia significativa nos custos finais de produção;
• Redução dos valores de pico de corrente dos motores nas partidas;
• Ganho de produtividade, com o aumento da precisão e eficiência das
operações dentro do processo de produção;
• Proteção dos motores contra surtos vindos da rede de alimentação;
• Redução dos custos com manutenção, ao garantir uma vida útil
operacional maior ao motor e aos elementos presentes no processo ao qual faz
parte;
• Aumento da segurança ao substituir o uso de variadores mecânicos e
eletromagnéticos.
Mas como em todo dispositivo que é parte fundamental na operação de
um processo, a sua utilização também apresenta algumas desvantagens, que
apesar de inferiores em quantidade em comparação as vantagens,
representam pontos importantes que devem ser avaliados como:
• Custo de aquisição inicial consideravelmente alto, tornando-o não tão
atrativo para aplicações de pequena escala.
• Necessidade de manutenção especializada, pois como se trata de um
equipamento sofisticado, exige que a sua manutenção seja realizada por
técnicos especializados, o que acaba por gerar custos adicionais à sua
operação.

3. CONCLUSÕES

Como foi possível verificar ao longo do nosso estudo, o surgimento e a


implementação dos inversores de frequência proporcionaram uma verdadeira
revolução no acionamento de motores de indução trifásicos, abrindo espaço
para o surgimento de toda uma nova filosofia de automação voltada às
operações, principalmente na indústria.

126
Tais avanços possibilitaram, em comparação aos métodos anteriores de
acionamento, um nível muito maior de controle e gerenciamento dos
equipamentos envolvidos nos processos de produção, reduzindo custos,
otimizando recursos e aumentando a produtividade.

127
REFERÊNCIAS

Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. Disponível em:


<https://www.aneel.go v.br>. Acesso em: 20 jul. 2022.

Inversor de frequência e soft-starter em comandos elétricos: entenda a


diferença. 2020. Disponível em: <https://www.ocaenergia.com/blog/comandos-
eletricos/entenda-a- diferenca-entre-inversor-soft-starter-em-comandos-
eletricos/>. Acesso em: 20 jul. 2022.

Inversor de Frequência: Como Funciona, Tipos e Vantagens. 2022.


Disponível em: <https://blog.kalatec.com.br/inversor-de-frequencia/>. Acesso
em: 20 jul. 2022.

LEITE. Flávio A. Comparativo entre Variadores de Velocidade e Inversores de


Frequência. 2018, 60 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Engenharia de Automação Industrial) - Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais, Araxá, 2018. Disponível em: <https://www.eng-
automacao.araxa.cefetmg.br/wp- content/uploads/sites/152/2018/12/TCC-
Fl%c3%a1vio-Aparecido-Leite.pdf >. Acesso em: 20 de jul. 2022.

O que faz o Inversor de Frequência e como Especificar? 2016. Disponível


em: < https://www. citisystems.com.br/inversor-de-frequencia/>. Acesso em: 20
de jul. 2022.

128
CAPÍTULO 08
CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ATRAVÉS DE
UTILIZAÇÃO DE BANCOS DE CAPACITORES

Gustavo Paulino Dayrell


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: gustavo.dayrell@gmail.com

Adriano Alves Arantes Freitas


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: adriano.1536023@discente.uemg.br

Cleber Lima Nascimento


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: cle002house@hotmail.com

Aline Aparecida Rodrigues de Carvalho


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aline.rodrigues1423@gmail.com

Euripedes Justino da Silva Junior


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: junioreuripedes746@gmail.com

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

RESUMO: Este trabalho foi desenvolvido na disciplina Eletromagnetismo I


através de estudos e conhecimentos adquiridos ao decorrer do curso de
Bacharel em Engenharia Elétrica. A pesquisa originou-se a partir de uma
proposta de realização de um artigo sobre algum tema vinculado à ementa da
disciplina. Desse modo, utilizando o programa Laboratory Virtual Instrument
Engineering Workbench, conhecido pelo acrograma LabVIEW, para realizar a
correção do fator de potência. Sendo assim, a proposta da investigação é a
utilização futura, para auxiliar na modelagem matemática do Fator de Potência
(FP) e corrigindo-o com a utilização de capacitores.

129
PALAVRAS-CHAVE: Capacitores; Correção Fator de Potência; LabVIEW.

ABSTRACT: This work was developed in the discipline Electromagnetism I


through studies and knowledge acquired during the course of Bachelor in
Electrical Engineering. The research originated from a proposal to carry out an
article on a topic linked to the course syllabus. Thus, using the Laboratory
Virtual Instrument Engineering Workbench program, known by the LabVIEW
acrogram, to perform the power factor correction. Therefore, the proposal of the
investigation is the future use, to assist in the mathematical modeling of the
Power Factor (PF) and correcting it with the use of capacitors.

KEYWORDS: Capacitors; Power Factor Correction; LabVIEW.

130
1. INTRODUÇÃO

O trabalho apresenta um breve estudo sobre potências, fator de potência


e a correção do fator de potência em circuitos elétricos. Além disso, aponta as
necessidades, vantagens e métodos de se realizar tal correção.
No LabVIEW o Engenheiro tem a disposição um exemplo de aplicação
do assunto “Correção de Fator de Potência”, bem como as características da
carga do circuito (capacitiva ou indutiva), e ainda sugere a metodologia de
correção, para que o circuito trabalhe dentro das condições estipuladas pela
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL referentes ao valor do Fator de
Potência.
Com o manuseamento do programa, o tema abordado poderá ser
compreendido de maneira clara e objetiva, facilitando o entendimento da teoria
estudada em sala de aula.
Este artigo tem como objetivo geral colocar em prática estudos que
tivemos em circuitos elétricos II e eletromagnetismo I. E aponta como objetivo
específico unir os conhecimentos, de cálculos de Fator de Potência (FP) e
cálculos de capacitores.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A ANEEL estabelece as condições gerais de fornecimento de energia


elétrica de forma atualizada e consolidada pela resolução normativa nº
414/2010 em 9 de setembro de 2010.
A resolução normativa N° 569 de 23 de jul. de 2013 da Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL) cita em seu artigo 95 que:
O fator de potência de referência “fR”, indutivo ou capacitivo, tem
como limite mínimo permitido, para as unidades consumidoras do
grupo A o valor de 0,92.
Parágrafo único. Aos montantes de energia elétrica e demanda de
potência reativos que excederem o limite permitido, aplicam-se as
cobranças estabelecidas nos arts.96 e 97, a serem adicionadas ao
faturamento regular de unidades consumidoras do grupo A, incluídas
aquelas que optarem por faturamento com aplicação da tarifa do
grupo B nos termos do art. 100. (ANEEL, 2013)

Além disso, vale ressaltar que motores superdimensionados podem


obter uma economia de até 30 % de FP e rendimento, apesar de serem

131
grandezas diferentes, elas estão relacionadas, pois, se você aumenta o seu
FP, você aumentará o rendimento da sua máquina, conforme a tabela de
consumo/eficiência energética (IMETRO, 2019).

2.1. Potências Elétricas

Em circuito elétrico, a potência é o produto da diferença de potencial


entre os dois terminais analisados e a corrente que passa entre eles.
𝑃 = 𝑈 .𝐼
Se I está em amperes e a U em volts, a nossa potência será dada em
Watts.
Potência elétrica pode ser definida segundo Portal da Engenharia (2019)
como uma grandeza física que mede um determinado trabalho realizado em
um espaço de tempo.

2.1.1. Potência Ativa

A potência ativa é a potência que realiza o trabalho no sistema, sendo


calculada pelo produto da tensão, da corrente e do fator de potência que é
representado pelo cosseno do ângulo de defasagem do sistema. Sua
expressão é em Watts.
𝑃 = 𝑈 . 𝐼 . 𝐶𝑜𝑠 ∅

2.1.2. Potência Reativa

A potência reativa é a potência que é desperdiçada pelo sistema, ela é


uma potência que dissipa no sistema e não é convertida em trabalho. Seu
cálculo é dado pelo produto da tensão, da corrente e o seno do ângulo. Sua
expressão é em Volt-Ampere-Reativo, conhecido como Var.
𝑄 = 𝑈 . 𝐼 . 𝑆𝑒𝑛 ∅

2.1.3. Potência Aparente

A potência aparente é a potência total do sistema. Portanto é obtida com


o resultado da multiplicação entre tensão e corrente elétrica.

132
Segundo Portal da Engenharia (2019): “Nos circuitos que não são
resistivos, em corrente alternada, a potência aparente não é real, pois não irá
considerar a defasagem que existe entre a tensão e corrente.”
A potência aparente é identificada pela unidade de medida em Volt
Ampere (VA) e tem sua notação pela letra “S”.
𝑆 = 𝑈 .𝐼

2.2. Fator de Potência

Podemos afirmar que o Fator de Potência é uma relação entre a energia


ativa, aquela que realiza trabalho no sistema, e a energia aparente ou total, ou
seja:
𝑃
𝐹𝑃 = = 𝐶𝑜𝑠 ∅
|𝑆|

Quando o fator de potência está adequado pelo o que é previsto pela a


ANEEL (𝐹𝑃 ~ 0,92), o valor em 𝑘𝑊ℎ será o que é previsto na fatura da
concessionária de cada região.
Segundo a página web da concessionária de energia elétrica Copel, se o
fator de potência estiver abaixo de 0,92 a conta de energia elétrica irá sofrer um
acréscimo em reais, com base no seguinte cálculo:
0,92
𝐴𝑐𝑟é𝑠𝑐𝑖𝑚𝑜 = (𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎)𝑥 ( − 1)
(𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎)

A correção do fator de potência através, principalmente, da instalação de


capacitores tem sido alvo de muita atenção das áreas de projeto, manutenção
e finanças de empresas interessadas em racionalizar o consumo de seus
equipamentos elétricos.
Faz-se necessário sempre elevar o fator de potência para aproveitar ao
máximo as instalações elétricas do sistema ao qual irá analisar.
Podemos analogamente usar um triângulo de potência que facilitará
nossos estudos. Ele pode ser descrito da forma representada pela Figura 1.

133
Figura 1: Triângulo de potência.

Fonte: Os autores

2.3. Causa do baixo fator de potência

Segundo Engerey (2019) são exemplos de causas para o baixo fator de


potência os seguintes casos: (i) Motores e transformadores operando em vazio
ou com pequenas cargas; (ii)motores e transformadores superdimensionados;
(iii)grande quantidade de motores de pequena potência; (iv) máquinas de
soldas; (v)lâmpadas de descarga fluorescentes, vapor de mercúrio e vapor de
sódio sem reatores de alto fator de potência; e (vi)níveis de tensão acima do
valor nominal, provocando aumento no consumo de energia reativa.

2.4. Benefícios da correção do fator de potência

Segundo Chesp (2019) são exemplos de benefícios da correção do fator


de potência os seguintes casos quando: (i) as variações de tensão diminuem;
(ii)os condutores tornam-se menos aquecidos;(iii) as perdas de energia são
reduzidas;(iv) a capacidade de transformadores alcança melhor
aproveitamento; (v)aumento da vida útil dos equipamentos;(vi) utilização
racional da energia consumida; e (vii) fim da cobrança do consumo de energia
reativa excedente, que é cobrado na conta de energia.

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa é de cunho qualitativo, do tipo de trabalho de campo, a


fim de instigar a teoria acerca das potências elétricas, fator de potência e a
correção do fator de potência em circuitos elétricos. O escopo da pesquisa é
classificado como levantamento amostral, pois o instrumento da coleta de

134
dados proposta se constituirá da busca de informações em periódicos
científicos assim como um exemplo de aplicação no laboratório virtual.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Cálculo do capacitor

O efeito do banco de capacitores consiste em contrabalançar o atraso da


corrente em relação à tensão, que é gerado pelo o carácter indutivo do motor
em funcionamento através do fornecimento de corrente adiantada em relação
à tensão.
Para calcular a capacitância necessária que iremos inserir no circuito,
podemos fazer o uso da seguinte equação:
𝑃
𝐶=
𝑣 2 . 120𝜋

Vale ressaltar que neste caso o capacitor será inserido em paralelo, pois
quando os cálculos são feitos, empregamos a tensão que é injetada no circuito,
e sabemos que para a tensão ser a mesma os componentes devem ser ligados
em paralelo.

4.2. Layout do programa no LABVIEW

As figuras 2 e 3, são obtidas através do software LabView, a qual dá a


possibilidade do usuário inserir blocos de programação e visualizar o layout do
seu programa.

135
Figura 2: Bloco de programação.

Fonte: Os autores.

Figura 1: Layout do programa.

Fonte: Os autores

4.3. Exemplo de aplicação do laboratório virtual

1) São dados:
𝑍 = 100∟30º (Ω) 𝑒 𝑉(𝑇) = 440∟0º (𝑉)
Determine:
a) I, sendo a corrente que circula pelo sistema, na forma complexa
retangular e polar.

136
b) S, sendo a potência aparente na forma complexa retangular.
c) |S|, sendo o módulo da potência aparente.
d) P , sendo a potência ativa.
e) Q, sendo a potência reativa.
f) O valor do Fator de Potência desse sistema.
g) Se a correção necessária for adicionar banco de capacitores, indique
o valor desses capacitores que devem ser adicionados ao sistema em µ𝐹
(micro Faradays);
Como pode ser visto pela figura 4, ao utilizar o programa, podemos obter
todas as respostas necessárias, bastando inserir os dados recebidos.

Figura 4: Exercício resolvido.

Fonte: Os autores

a) 3,81 – 2,2J (A) / 4,4 ∟-30° (A)


b) 1676,63 + 968 J (VA)
c) 1936 (VA)
d) 1676,63 (W)
e) 968 (VAr)
f) 0,866025
g) 13,26 µF

137
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fator de potência é um evento muito relevante quando se trata do


fornecimento de energia para qualquer tipo de consumidor, principalmente
as indústrias.
Deve sempre estar atento para que o fator de potência se mantenha
dentro dos valores exigidos pela lei.Esta não é apenas uma preocupação que
leva a menores contas de consumo de energia. Conforme vimos, um fator de
potência baixo pode causar muitos outros problemas que tanto podem mexer
com o financeiro de quem é afetado, exigindo investimentos na instalação
como na sua correção, usando dispositivos apropriados (capacitores).
Esperamos que este artigo tenha esclarecido alguns pontos
fundamentais que podem ajudá-lo a solucionar os problemas que
eventualmente possam ocorrer com sua empresa ou na instalação que
você cuida.

138
REFERÊNCIAS

CHESP. Benefícios da Correção do Baixo Fator de Potência. Disponível


em: <https://www.chesp.com.br/pagina/institucional/44-beneficios-da-correcao-
do-baixo-fator-de-potencia>. Acessado em 12 de dez de 2019.

COPEL. FATOR DE POTÊNCIA: Em busca da eficiência energéticanas


instalações elétricas. Disponível em:
<https://www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/arquivos/fator_de_poten
cia/$FILE/fator_potencia.pdf>. Acessado em 12 de dez de 2019.

ENGEREY. Banco de Capacitores ou Painéis de Correção de Fator de


Potência. Disponível em: <http://www.engerey.com.br/paineis-eletricos/banco-
de-capacitores> Acessado em 12 de dez de 2019.

INMETRO. Tabelas de consumo/eficiência energética. Disponível em:


<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/pbetab11.asp>. Acessado em 12
de dez de 2019.

PORTAL DA ENGENHARIA. Veja o que é Potência Elétrica e os tipos em


CC e C. 2019. Disponível em: <https://portaldaengenharia.com/instalacao-
eletrica/o-que-e-potencia-eletrica/> Acessado em 12 de dez de 2019.

139
CAPÍTULO 09
A ENERGIA FOTOVOLTAICA COMO ALTERNATIVA PARA
MINIMIZAR O CUSTO COM ENERGIA ELÉTRICA DURANTE A
MANUTENÇÃO DE UMA USINA SUCROALCOOLEIRA

Daniela Freitas Borges


Formação: Mestre em Eletrônica de Potência (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: daniela.borges@uemg.br

Liliana de Paula Martins Tavares


Formação: Bacharel e Mestre em Engenharia Civil (UFU)
Instituição: Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Endereço: Av. João Naves de Ávila, 2121 - Santa Mônica, Uberlândia - MG
E-mail: tavareslpm@gmail.com

Lucas Dejair de Araújo Souza


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: lucasdj@hotmail.com

Jose Abadio da Costa Júnior


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: junior.novaeletrica@gmail.com

Emerson Carlos Guimarães


Formação: Mestrando em Engenharia Mecânica na Universidade Federal de
Uberlândia (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: emerson.guimaraes@uemg.br

Perseu Aparecido Teixeira Brito


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: perseu.brito.perseu@gmail.com

RESUMO: O trabalho surgiu diante da preocupação da Usina BP


Biocombustíveis localizada na cidade de Ituiutaba, no estado de Minas Gerais,
em minimizar o custo do consumo de energia elétrica durante o período de
entressafra – período em que a caldeira que produz vapor por meio da
biomassa (bagaço da cana-de-açúcar) está desativada. Verificou-se que a
geração de energia fotovoltaica contribui significativamente para uma redução
da emissão de carbono na atmosfera e a implantação do sistema atende

140
diretamente um dos objetivos da multinacional, que é a diminuição da emissão
de Gases do Efeito Estufa (GEE) no ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Energia; Solar; Fotovoltaica; Renovável.

ABSTRACT: The work arose from the concern of BP Biocombustíveis Plant


located in the city of Ituiutaba, in the state of Minas Gerais, to minimize the cost
of electricity consumption during the off-season - the period in which the boiler
that produces steam through biomass (bagasse) is deactivated. It has been
verified that the photovoltaic energy generation contributes significantly to a
reduction of carbon emission in the atmosphere and the implementation of the
system directly meets one of the objectives of the multinational, which is the
reduction of emission of greenhouse gases (GHG) in the environment.

KEYWORDS: Energy; Solar; Photovoltaic; Renewable.

141
1. INTRODUÇÃO

Frente às novas exigências da tecnologia e de um mundo cada vez mais


sustentável, é necessário que também profissionais da engenharia elétrica
estejam preparados para buscar novas alternativas que promovam o bem estar
das pessoas e o respeito ao meio ambiente. Para isso, precisam se valer, em
suas pesquisas científicas, de projetos inovadores, que divergem das
tecnologias arcaicas, em que o profissional é apenas simulador de práticas já
conhecidas.
Com a busca pela diversificação da matriz energética, países de todo o
mundo almejam investir cada vez mais em geração de energia elétrica por
meio de fontes renováveis, como a energia solar.
Segundo Brasil (2002), o Brasil, com toda sua riqueza em recursos
naturais, possui a maior matriz energética renovável do mundo industrializado,
podendo gerar energia proveniente de fontes hídricas, biomassa, solar e eólica.
Segundo o governo do país, há indícios de que o modelo energético brasileiro
possui forte potencial de ampliação devido aos diversos programas nacionais
de investimento implantados.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), em 2016 a energia
fotovoltaica global quase atingiu a marca de 310 TWh geradas, que representa
cerca de 1 % da energia gerada em todo o mundo. De acordo com a IEA, até o
ano de 2022, a energia solar fotovoltaica liderará o ranking de crescimento da
capacidade de eletricidade renovável, chegando a 440 GW.
A energia fotovoltaica é indiscutivelmente uma alternativa sustentável e
indispensável para atender as necessidades do desenvolvimento humano. O
Sol fornece de forma inesgotável sua energia em forma de luz ou de calor, que
promove o seu desfrute por meio de diversas tecnologias a fim de favorecer a
vida das pessoas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa e estudo


bibliográfico que proporcionou o conhecimento teórico necessário ao tema
proposto.

142
Foram feitas coletas de dados na Usina BP Biocombustíveis –
Ituiutaba/MG utilizados para o dimensionamento do sistema fotovoltaico;
necessário para a correta escolha dos componentes do sistema, e a verificação
da eficiência e dos custos de sua implantação.
Iremos inicialmente verificar em cenários ideais, quanto de energia
elétrica a unidade BP de Ituiutaba consome no período de entressafra,
viabilizando uma análise futura da possibilidade da geração de energia
fotovoltaica para a geração de crédito junto à concessionária e o abatimento do
custo com energia elétrica da unidade durante sua manutenção ou a instalação
de um sistema independente, que seja desconectado à rede elétrica,
abastecendo diretamente a demanda de carga na unidade consumidora,
eliminando a necessidade da aquisição e pagamento da energia proveniente
da concessionária.
Para este trabalho, foi utilizado o programa SunData, que está disponível
na página do Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito
(CRESESB) que teve o intuito de oferecer a ferramenta para auxílio no
dimensionamento de sistemas fotovoltaicos.
Após todo um levantamento de informações, desenvolvemos o
dimensionamento da estrutura proposta para entender qual seria o
investimento aplicado.
Finalizando, verificou-se a viabilidade do projeto e qual será o tempo
gasto para o pagamento do investimento e o início do retorno financeiro do
empreendimento.
Para se projetar um sistema fotovoltaico é necessário se ter um
profundo conhecimento da carga, suas características, perfil ao longo dos dias
e meses como também das características da radiação solar incidente no local.
O critério de dimensionamento pode ser o de menor custo, maximização da
energia suprida (confiabilidade) ou uma combinação de ambos (GEPEA, s/d).
Ainda segundo o GEPEA (s/d), o projeto para a elaboração de um
sistema fotovoltaico pode ser dividido nas seguintes etapas: avaliação do
recurso solar, estimativa de carga, escolha da configuração do sistema e o
dimensionamento dos componentes do sistema.
Para cada etapa, faremos uma breve introdução e apresentação de
dados importantes que foram coletados para o desenvolvimento deste trabalho.

143
2.1. Descrição do ambiente estudado e análise do recurso solar

O local utilizado para realizar a pesquisa pertence a uma empresa


multinacional conceituada no ramo de energia, sobretudo de petróleo e gás,
que tem sua sede situada no Reino Unido. A companhia British Petroleum (BP)
atualmente investe consideravelmente em seu sistema de negócio para
contribuir com o meio ambiente por meio da diminuição da emissão de carbono
em suas operações. Segundo a BP (s/d), a empresa preza pela produção de
energias renováveis que tendem a expandir no futuro, tais como os
biocombustíveis, energia solar, energia eólica e o que eles chamam de
Biopoder, que é a emissão de CO2 através da queima do bagaço – biomassa
produzida pelo esmagamento da cana-de-açúcar - compensada pela absorção
de CO2 realizada pela cana-de-açúcar durante o seu crescimento.
O trabalho foi desenvolvido na unidade BP localizada na zona rural do
município de Ituiutaba-MG, que tem como objetivo a produção de açúcar,
etanol e a geração de energia elétrica conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1: Visualização aérea da planta da Unidade BP de Ituiutaba.

Fonte: GOOGLE MAPS, 2018.

Utilizando o software Google Earth Pro (2018), realizamos a medição da


área disponível da proposta para a instalação dos painéis corresponde a
aproximadamente 43.000 m² sem eventuais possibilidades de sombreamento
por outras instalações conforme destacado na Figura 1.
Em torno da geração de energia, atualmente a unidade produz por meio
da queima do bagaço da cana-de-açúcar o vapor para a movimentação das
turbinas, podendo através deste trabalho analisar a viabilidade econômica de

144
uma nova alternativa renovável para a geração de energia limpa.
Evidentemente, para que haja a geração da energia solar com o máximo
rendimento possível, é necessária a irradiação do sol com maior frequência
disponível.
Para estabelecer este parâmetro, foi utilizado o software SunData
(CRESESB, 2018), que determina o cálculo da irradiação solar em todo o
território nacional por meio da inserção das coordenadas geográficas. O local
estudado está posicionado no sistema de coordenadas nas medidas
aproximadas com latitude 19°0'59.05"S e longitude 49°40'29.13"O, ambas
extraídas por meio do software Google Earth Pro (2018).
Ao inserir as coordenadas no software SunData disponível no site do
CRESESB, o sistema nos mostra o nível de irradiação mensalmente no ponto
inserido conforme a Figura 2.

Figura 2: Visualização do comportamento da irradiação solar incidida no ponto sobrea área da


instalação das placas fotovoltaicas.

Fonte: CRESESB, 2018.

O software nos mostra também o comportamento da irradiação em


relação ao ângulo de inclinação da placa, nos mostrando a melhor posição
para a instalação conforme a Figura 3.

145
Figura 3: Visualização do comportamento da irradiação solar incidida no ponto sobre a área da
instalação das placas fotovoltaicas – cálculo no plano inclinado.

Fonte: CRESESB, 2018.

Por meio das informações acima, podemos destacar que no período


onde existe o maior interesse em explorar a irradiação solar que é entre os
meses de dezembro e março são justamente os meses de maior incidência de
irradiação oferecida pelo sol, obtendo na média 5,26 kWh/m² por dia. Esta
informação será muito importante para o dimensionamento do sistema que
será instalado.

2.2. Estimativa de carga do período estudado

Para dimensionarmos o sistema, tentamos a coleta de informações e


análise de documentos da empresa, faturas de energia elétrica que são
emitidas pela concessionária dos meses de novembro a março do ano de 2017
para que possamos entender o consumo de energia elétrica compreendido
neste período. Devido à necessidade de assegurar o dever do sigilo das
documentações e valores das negociações realizadas no mercado pela
empresa estudada, não foi possível realizarmos as consultas das informações
internas na íntegra.
Com isso, buscamos fontes alternativas para capturar os dados
necessários a fim de compreender quanto de energia a empresa consome nos
períodos pretendidos neste trabalho. A Câmara de Comercialização de Energia

146
Elétrica (CCEE) é uma operadora do mercado de energia elétrica que divulga
informações importantes para o desenvolvimento do segmento da
comercialização da energia.
No âmbito operacional, uma das principais atividades da CCEE é
contabilizar as operações de compra e venda de energia elétrica, apurando
mensalmente as diferenças entre os montantes contratados e os montantes
efetivamente gerados ou consumidos pelos agentes de mercado. Para tanto,
registra os contratos firmados entre compradores e vendedores, além de medir
os montantes físicos de energia movimentados pelos agentes (CCEE, s/d).
Além do pagamento da quantidade consumida durante este período, a
companhia também possui uma demanda contratada de 3.000 KWh que faz
parte de seu contrato com a CEMIG. O consumo correspondente à instalação
ocorre conforme mostrado na Tabela 1 .

Tabela 1: Consumo de energia durante o período de entressafra 2016-2017 e 2017-2018.

Mês/Ano Energia
(Entressafra) consumida HP e
HFP (Mwh)
DEZ/2016 552,072
JAN/2017 542,852
FEV/2017 526,672
MAR/2017 694,926
DEZ/2017 640,257
JAN/2018 667,045
FEV/2018 565,425
MAR/2018 632,385
Média 602,704

Fonte: (CCEE, 2018)

Agora que foi possível entender qual é o consumo real da unidade


durante o período de entressafra, o próximo passo é identificar a quantidade de
placas suficientes para atender a esta demanda.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. Dimensionamento das placas fotovoltaicas

Para suprir a demanda durante todo o período de entressafra,


precisamos dimensionar o sistema de maneira que a quantidade de placas

147
fotovoltaicas instaladas consiga captar a quantidade de energia do sol
suficiente para atingir a média consumida. Para que possamos alcançar o
melhor número, precisamos considerar os seguintes cálculos:
CT= Consumo médio total
Conforme Tabela 1: 𝐶𝑇 ≅ 602.704 𝑘𝑊ℎ
CD= Consumo médio diário
𝐶𝑇
𝐶𝐷 =
30 𝑑𝑖𝑎𝑠

Assim:

602.704 𝑘𝑊ℎ
𝐶𝐷 = = 20.090 𝑘𝑊ℎ. 𝑑𝑖𝑎
30 𝑑𝑖𝑎𝑠
P = Potência

𝐶𝐷
𝑃=
𝐼𝑅
Sendo: IR= Incidência de irradiação solar

𝑘𝑊ℎ
𝐼𝑅 = 5,26
𝑚2

Assim:

20.090 𝑘𝑊ℎ. 𝑑𝑖𝑎


𝑃= = 3.819,3916 𝑘𝑊𝑝
𝑘𝑊ℎ
5,26 2
𝑚
Logo:
𝑃 = 3.819.391,6 𝑊𝑝

O valor da potência encontrado não considera o fator de perdas


correspondentes à eficiência do módulo fotovoltaico que será utilizado. Para
calcular a quantidade de módulos fotovoltaicos necessários com base na
potência P do sistema, precisamos determinar qual será o módulo utilizado.
No mercado, existem diversos módulos com potências variadas. Neste
trabalho iremos utilizá-los com potência de 330 Wp com eficiência de 17 %,

148
conforme mostra as especificações no Tabela 2.

Tabela 2: Especificações da placa utilizada para a montagem do sistema.

Marca Sinosola
Empresa NeoSolar
Tipo Policristalino
Modelo SA330-72P
Máxima potência 330 Wp
Tensão em máxima potência - Vmp 37,72
(V)
Corrente em máxima potência - Imp 8,75
(A)
Eficiência do módulo 17%
Fonte: NEOSOLAR s/d.

Sendo assim, como nosso sistema necessita da geração de 3.819.391,6


Wp de potência para conseguir suprir a demanda da companhia, recalculamos
considerando a eficiência dos módulos:

23.819.391,6 𝑊𝑝
𝑃=
0,83

Assim, teremos a potência necessária de geração de:

𝑃 = 4.601.676,63 𝑊𝑝

Como cada placa corresponde a 330 Wp, teremos aproximadamente:

4.601.676,63
𝑁º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =
330

𝑁º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 ≅ 13.945 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

Portanto, para que o nosso sistema consiga atender a demanda na


empresa, precisamos da instalação de 13.945 unidades de módulos
fotovoltaicos de 330 Wp cada. Adotemos a hipótese de que esta quantidade
possa variar dependendo das especificações técnicas do inversor.

3.2. Dimensionamento dos inversores

Para o dimensionamento dos inversores, primeiro escolhemos aquele de

149
maior potência de saída para que otimizemos a quantidade de dispositivos
instalados. Atualmente, no mercado existe o inversor com potência máxima de
entrada de 136 kWp e potência nominal de saída de 110 kW, conforme mostra
as especificações na Tabela 3.

Tabela 3: Especificações do inversor utilizado para a montagem do sistema.


Marca Ingetea
m
Empresa Comérci
o Solar
Modelo On-grid
Ingecon
Sun
3Play
Potência máxima de entrada – Pin máx (Wp) DC 136.000
Potência nominal de saída – Pout máx (W) AC 110.000
Tensão máxima - Vcc (V) 1.100
Tensão nominal de saída (V) 400 AC
Tensões nominais configuráveis (V) 360/380/
400/420/
440
Corrente máxima (A) DC 185
Configuração de saída Trifásica
Fonte: COMÉRCIO SOLAR s/d.

Levando em consideração a tensão máxima de entrada do inversor, que


são 1.100 V, definiremos a quantidade de placas que serão associadas em
série na composição do sistema. Sabendo que a placa fotovoltaica possui uma
tensão de 37,72 V, podemos calcular:
𝑉𝐷𝐶𝑖𝑛𝑣
𝑃𝐿𝑠é𝑟𝑖𝑒 =
𝑉𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎

Onde:
𝑃𝐿𝑠é𝑟𝑖𝑒 = Placas Ligadas em série
𝑉𝐷𝐶𝑖𝑛𝑣 = Tensão de entrada do inversor
𝑉𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 = Tensão da placa fotovoltaica
Sendo assim, teremos que:
1.100 𝑉
𝑃𝐿𝑠é𝑟𝑖𝑒 =
37,72𝑉

𝑃𝐿𝑠é𝑟𝑖𝑒 ≅ 29

150
Portanto, respeitando o limite de tensão de entrada do inversor,
trabalharemos com a hipótese de utilizarmos 29 placas fotovoltaicas ligadas em
série. A princípio, devido a associação ser em série, a corrente total
permanecerá a mesma.
Considerando Ptotal sendo a potência total resultante da ligação das 29
placas em série, teremos que:
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 29 ∗ 330 𝑊𝑝
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 9.570 𝑊𝑝

Como podemos verificar, a potência total estimada acima não


corresponde e nem mesmo se aproxima à potência nominal do inversor
utilizado. Sendo assim, para que a hipótese inicial de utilizarmos a ligação das
29 placas em série seja verdadeira, consideraremos uma nova hipótese, que é
a ligação do ramo contendo 29 placas fotovoltaicas ligadas em série sendo
ligado a outros ramos idênticos utilizando a associação em paralelo para a
instalação. Vejamos se a nova hipótese é verdadeira realizando o seguinte
cálculo:
𝑃𝐷𝐶𝑖𝑛𝑣
𝑄𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠 =
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Onde:
𝑄𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠 = Quantidade de ramos
𝑃𝐷𝐶𝑖𝑛𝑣 = Potência de entrada do inversor em Wp
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = Potência total resultante da ligação das 29 placas em série

Logo:
136.000 𝑊𝑝
𝑄𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠 =
9.570 𝑊𝑝

𝑄𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠 ≅ 14

Consequentemente, a corrente do circuito para cada inversor será a


seguinte:
𝐼𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 14 ∗ 8,75 𝐴 = 122,5 𝐴

151
E a quantidade de placas fotovoltaicas por inversor será de:
𝑄𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 = 𝑄𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠 ∗ 𝑃𝐿𝑠é𝑟𝑖𝑒

Onde:
𝑄𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 = Quantidade de placas por inversor
𝑄𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠 = Quantidade de ramos
𝑃𝐿𝑠é𝑟𝑖𝑒 = Placas ligadas em série

Logo:
𝑄𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 = 14 ∗ 29 = 406

Portanto, para que respeitemos as especificações técnicas de entrada


do inversor mostradas anteriormente no Quadro 1, serão conectados em
paralelo 14 ramos contendo 29 placas fotovoltaicas por inversor, que resultará
nas informações conforme resumo no Quadro 1 com a verificação mais
detalhada quanto às especificações do inversor utilizado.

Quadro 1: Verificação quanto às especificações do inversor.

Ligação em série de 29 placas fotovoltaicas


Aspectos Atende às especificações do inversor?
Corrente total 8,75A
Tensão total 1.093,88V
Potência total 9.570Wp
Ligação em paralelo de 14 ramos formados por 29 placas fotovoltaicas cada
Aspectos Atende às especificações do inversor?
Corrente total 122,50A
Tensão total 1.093,88V
Potência total 133.980Wp
Total de placas para cada inversor: 14 x 29= 406
Fonte: Os autores.

Para o cálculo da quantidade de inversores, usaremos a quantidade


inicial de placas calculadas (13.945), considerando a quantidade das mesmas
por inversor conforme método calculado no Quadro 1.
Sendo assim, a quantidade de inversores será de:

𝑁º 𝑑𝑒 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠
𝑁º 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 =
𝑁º 𝑑𝑒 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟

152
13.945
𝑁º 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 =
406
𝑁º 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 ≅ 34 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

Considerando os 34 inversores e as 406 unidades de placas por


inversor, teremos exatamente um total de 13.804 placas fotovoltaicas que
comporão todo o sistema. Devido às especificações técnicas do inversor,
tivemos uma diferença de cerca de 1 % (141 placas) para menos, comparado à
primeira estimativa realizada.
De acordo com a especificação técnica, como na saída do inversor
teremos 110 kW AC, os 34 inversores lançarão até a rede cerca de 3.740 kW:
34 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ 110 𝑘𝑊 = 3.740 𝑘𝑊

E conforme necessidade de potência diária calculada anteriormente CD,


que são de 20.090kWh, necessitará de 5h22min diárias de sol para suprir a
demanda necessária:

20.090 𝑘𝑊ℎ
= 5,37ℎ ou 5 horas e 22 minutos
3.740𝑘𝑊

Como mostrado na Tabela 3, a tensão de saída do inversor pode ser


configurada em 360, 380, 400, 420 e 440 V, sendo a última delas citadas que
será utilizada para o lançamento da energia até a rede elétrica.

3.3. Investimento em placas fotovoltaicas

Com a necessidade da aquisição de 13.804 unidades de placas


fotovoltaicas, buscamos a opção mais barata encontrada no mercado da
internet. A empresa NeoSolar comercializa a placa fotovoltaica de 330 Wp por
R$636,96 à vista com investimento total em placas de aproximadamente
R$8.882.407,20. A Tabela 4 mostra uma síntese do custo com as placas que
serão utilizadas.

Tabela 4: Estimativa de custo das placas fotovoltaicas.


Valor unitário R$ 636,96
Quantidade 13.804
Investimento total em placas R$ 8.792.595,84
Fonte: NEOSOLAR s/d.

153
3.4. Investimento em inversores

Com a quantidade de inversores encontrada, buscamos no mercado as


opções disponíveis para a compra, porém encontramos apenas uma carga na
potência necessária, como pode ser visto na Tabela 5.

Tabela 5: Custo total do inversor utilizado para a montagem do sistema


Valor unitário R$ 61.181,90
Quantidade 34
Investimento total em inversores R$ 2.080.184,60
Fonte: COMÉRCIO SOLAR s/d.

De acordo com a opção encontrada, a empresa investirá em 34


inversores, que serão necessários para o sistema cerca de R$2.080.184,60.

3.5. Investimento em suportes de fixação

Para a instalação das placas fotovoltaicas, buscamos no mercado a


opção mais barata encontrada de suporte. Este equipamento acomoda 4
unidades de placas e acompanha parafusos, porcas e ganchos. A Tabela 6 nos
mostra alguns detalhes da estrutura e o investimento total calculado para todo
o sistema.

Tabela 6: Especificações do suporte para placas fotovoltaicas utilizado e custo total


estimado.
Marca Romagnole
Empresa Americanas
Tipo Solo
Capacidade 4 placas
Valor unitário R$ 1.090,38
Quantidade 3.451
Investimento total em suportes R$ 3.732.901,38
Fonte: AMERICANAS s/d.

3.6. Custo estimado do consumo de energia

Devido a grande quantidade de energia consumida pela usina BP


também durante o período de entressafra, a empresa busca no mercado lotes
de energia ofertados por empresas geradoras, concessionárias, entre outros,
condições economicamente viáveis para atender sua demanda durante o
período de manutenção, enquanto não está produzindo sua própria energia
para consumo.

154
Os leilões de energia elétrica são a principal forma de contratação de
energia no Brasil e foram criados com a finalidade de assegurar o atendimento
da demanda no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). Os leilões são
realizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), por
delegação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
(TRADENER, 2017).
A realização de leilões para expansão da oferta de energia elétrica foi
um mecanismo introduzido na reforma do setor elétrico e consolidado com a
efetiva participação de várias instituições do Setor Elétrico Brasileiro, inclusive
a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Esses leilões constituem pilares do
arranjo institucional introduzido em 2004. Desde o primeiro leilão, tem sido
fundamental a participação da EPE, seja contribuindo para o aperfeiçoamento
das regras e dos parâmetros básicos definidos nas portarias de diretrizes do
Ministério de Minas e Energia (MME), seja conduzindo todo o processo de
habilitação técnica dos empreendimentos de geração participantes
(BRASIL, s/d).
A CCEE realiza mensalmente o cálculo da média mensal do Preço de
Liquidação das Diferenças (PLD). Segundo a CCEE (s/d), o cálculo considera
os preços semanais por patamar de carga ponderado pelo número de horas
em cada patamar e em cada semana do mês. Confira abaixo na Tabela 7 os
últimos cálculos da CCEE.

Tabela 7: Últimos preços médios calculados pela CCEE para cada submercado.
Submercado
Mês SE/CO S NE N
10/2018 271,83 271,83 271,83 271,83
09/2018 472,75 472,75 472,75 473,58
08/2018 505,18 505,18 505,18 505,18
07/2018 505,18 505,18 505,18 505,18
06/2018 472,87 472,87 441,96 441,96
05/2018 325,46 325,46 211,57 159,47
04/2018 109,71 109,71 108,64 51,13
03/2018 219,23 219,23 218,14 40,16
02/2018 188,79 188,54 178,54 42,91
01/2018 180,07 177,82 178,01 142,23
Fonte: (CCEE s/d)

Com base na realização destes cálculos, buscaremos registros

155
realizados com os valores praticados durante o período de manutenção da
usina para calcularmos o valor pago pela usina para a aquisição da energia. O
valor real pago não pôde ser divulgado pela empresa por motivos éticos que
regem a companhia.
A Tabela 8 nos mostra os valores mencionados para cada mês e o
respectivo consumo realizado pela BP.

Tabela 8: Estimativa do custo médio praticado pela BP durante as entressafras de 2016/2017 e


2017/2018.
Valor praticado no Estimativa do
Mês/Ano Consum
período valor total
(Entressafra) o (MWh) (PLD – SE/CO) (R$) pago (R$)
DEZ/2016 552,072 122,19 67.457,68
JAN/2017 542,852 121,44 65.923,95
FEV/2017 526,672 128,43 67.640,48
MAR/2017 694,926 216,24 150.270,80
DEZ/2017 640,257 235,07 150.505,20
JAN/2018 667,045 180,07 120.114,80
FEV/2018 565,425 188,79 106.746,60
MAR/2018 632,385 219,23 138.637,80
Média/mês 602,704 176,43 108.413,16
Fonte: CCEE s/d.

Com a estimativa apresentada na Tabela 8, podemos constatar que


houve um aumento considerável no preço do MWh se compararmos entre uma
entressafra e outra. A companhia, de uma manutenção para outra pagou
aproximadamente 47 % a mais em energia elétrica com relação à entressafra
anterior. Por esta significativa defasagem, adotaremos com referência a
somatória paga referente à última entressafra realizada. Vejamos na Tabela 9.

Tabela 9: Estimativa do custo praticado pela empresa durante as entressafras de2017/2018.


Valor praticado no Estimativa do valor
Mês/Ano Consumo período total
(Entressafra) (MWh) (PLD – SE/CO) (R$) pago (R$)
DEZ/2017 640,257 235,07 150.505,20
JAN/2018 667,045 180,07 120.114,80
FEV/2018 565,425 188,79 106.746,60
MAR/2018 632,385 219,23 138.637,80
Média/mês 2.505,112 823,16 516.004,40
Fonte: (CCEE s/d)

Podemos verificar que em cada manutenção que a empresa promove,


foram deixados de ser computados como uma despesa para à concessionária
de energia cerca de R$ 0,5 milhão de reais e sendo destinados para o
pagamento do investimento realizado na geração de energia solar fotovoltaica

156
como forma de compensação.
Análogo ao método de levantamento de custo na Tabela 9 foi estimado o
quanto a empresa pagou em energia nos últimos 12 meses, de acordo com seu
consumo realizado. Vejamos na Tabela 10 o quanto a companhia gastou.

Tabela 10: Estimativa do custo real praticado pela empresa nos últimos 12 meses
Valor praticado no Estimativa do
Mês/Ano Consumo
período valor total
(Entressafra) (MWh)
(PLD – SE/CO) (R$) pago (R$)
OUT/2017 140,385 533,82 74.940,32
NOV/2017 157,097 425,17 66.792,93
DEZ/2017 640,257 235,07 150.505,21
JAN/2018 667,045 180,07 120.114,79
FEV/2018 565,425 188,79 106.746,59
MAR/2018 632,385 219,23 138.637,76
ABR/2018 160,179 109,71 17.573,24
MAI/2018 240,533 325,46 78.283,87
JUN/2018 2,19 472,87 1.035,59
JUL/2018 22,095 505,18 11.161,95
AGO/2018 41,669 505,18 21.050,35
SET/2018 24,05 472,75 11.369,64
Total 3.293,31 4.173,3 798.212,23
Fonte: CCEE s/d.

Considerando o fornecimento de energia elétrica fotovoltaica à


concessionária durante os 12 meses do ano para a compensação de custos
referentes ao consumo da usina BP, poderemos no próximo tópico, realizar a
análise da viabilidade utilizando como hipótese o custo anual de R$ 798.212,23
reais em energia elétrica.

3.7. Avaliação econômica

O valor pago pela energia consumida atualmente na BP


Biocombustíveis da unidade de Ituiutaba-MG possui um valor financeiro
significativo para a companhia.
Para que a empresa não adquira a quantidade de energia para atender
sua demanda durante a entressafra, foi realizado todo o investimento pensando
em estabelecer o período de rentabilidade do empreendimento, ou seja,
buscando entender a partir de quanto tempo a companhia concluirá o
pagamento de todo o dinheiro aplicado e passará de fato convertê-lo em
benefício financeiro e ambiental.
Vamos entender qual será o comportamento do retorno do investimento

157
realizado pela usina sucroalcooleira na Tabela 11.

Tabela 11: Estimativa do período de início de retorno do investimento (Payback)


Custo estimado Valor equivalente aos 4 meses de
Payback
R$ 14.605.681,82 manutenção da usina
Placas R$ 8.792.595,84
fotovoltaicas
Inversores R$ 2.080.184,60
Suportes R$ 3.732.901,38
R$ 14.605.681,82
Ano 1 R$ 798.212,23 -R$ 13.807.469,59
Ano 2 R$ 798.212,23 -R$ 13.009.257,36
Ano 3 R$ 798.212,23 -R$ 12.211.045,13
Ano 4 R$ 798.212,23 -R$ 11.412.832,90
Ano 5 R$ 798.212,23 -R$ 10.614.620,67
Ano 6 R$ 798.212,23 -R$ 9.816.408,44
Ano 7 R$ 798.212,23 -R$ 9.018.196,21
Ano 8 R$ 798.212,23 -R$ 8.219.983,98
Ano 9 R$ 798.212,23 -R$ 7.421.771,75
Ano 10 R$ 798.212,23 -R$ 6.623.559,52
Ano 11 R$ 798.212,23 -R$ 5.825.347,29
Ano 12 R$ 798.212,23 -R$ 5.027.135,06
Ano 13 R$ 798.212,23 -R$ 4.228.922,83
Ano 14 R$ 798.212,23 -R$ 3.430.710,60
Ano 15 R$ 798.212,23 -R$ 2.632.498,37
Ano 16 R$ 798.212,23 -R$ 1.834.286,14
Ano 17 R$ 798.212,23 -R$ 1.036.073,91
Ano 18 R$ 798.212,23 -R$ 237.861,68
Ano 19 R$ 798.212,23 R$ 560.350,55
Ano 20 R$ 798.212,23 R$ 1.358.562,78
Ano 21 R$ 798.212,23 R$ 2.156.775,01
Ano 22 R$ 798.212,23 R$ 2.954.987,24
Ano 23 R$ 798.212,23 R$ 3.753.199,47
Ano 24 R$ 798.212,23 R$ 4.551.411,70
Ano 25 R$ 798.212,23 R$ 5.349.623,93
Fonte: Os autores.

Como podemos perceber, com todo o investimento empregado no


sistema de geração de energia fotovoltaica para suprir sua demanda de carga
durante suas manutenções, a BP Biocombustíveis de Ituiutaba-MG conseguirá
obter o retorno de seu investimento em 19 anos após a instalação e utilização
do sistema.

3.8. Vantagens ambientais

De acordo com Brasil (2018), o fator médio de emissão de CO2 deve ser
usado quando o objetivo de quantificar as emissões da energia elétrica que
está sendo gerada em determinado momento.

158
Sendo assim, com este fator, podemos realizar o levantamento estimado
que quanto a utilização da energia solar fotovoltaica pode colaborar para
impedir a emissão de CO2 na atmosfera durante o período da manutenção da
usina estuda para os próximos anos, com o sistema em funcionamento.
Consideraremos para os cálculos o Fator Médio Mensal do ano de 2017
conforme mostra o Quadro 2.

Quadro 2: Quantidade de dióxido de carbono emitido por MWh no setor energético.


Fator Médio Mensal (tCO2/MWh) Fator Médio Anual
MÊS (tCO2/MWh) 2016
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2016 0,0817
0,0960 0,0815 0,0710 0,075 0,0701 0,0760 0,0725 0,0836 0,0897 0,0925 0,1002 0,071
7 4
Fator Médio Anual
MÊS
(tCO2/MWh) 2017
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2017 0,0927
0,0566 0,0536 0,0696 0,081 0,0847 0,0676 0,0965 0,1312 0,1264 0,1366 0,1193 0,089
5 2
Fator Médio Anual
MÊS
(tCO2/MWh) 2018
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2018 -
0,0640 0,0608 0,0635 0,052 0,0607 0,0915 0,1076 0,1181 0,1182 - - -
3

Fonte: Adaptado BRASIL, 2018.

Para o início dos cálculos, com base na Tabela 1, que mostra o


consumo de energia durante o período de entressafra, será considerada a
demanda de carga de todos os meses do ano das safras de 2016/2017 e
2017/2018. A Tabela 12 nos revelará o quão importante é a utilização da
energia limpa para o planeta e também nos exibirá a quantidade dióxido de
carbono evitados, oriundos de outras usinas que geram energia e lançam GEE
na atmosfera. Consideraremos na Tabela 12 apenas os meses em que a usina
BP está em manutenção e não utilizará a energia proveniente de outras usinas
poluentes.

Tabela 12: Estimativa da quantidade de dióxido de carbono emitido de acordo com a demanda
de carga consumida e o Fator Médio Mensal.
Fator Médio
Mês/Ano Consumo Estimativa de CO2
Mensal
(Entressafra) (MWh) emitido (ton)
(tCO2/MWh)
DEZ/2016 552,072 0,0714 39,41794
JAN/2017 542,852 0,0566 30,72542
FEV/2017 526,672 0,0536 28,22962
MAR/2017 694,926 0,0696 48,36685
DEZ/2017 640,257 0,0892 57,11092
JAN/2018 667,045 0,0640 42,69088
FEV/2018 565,425 0,0608 34,37784

159
MAR/2018 632,385 0,0635 40,15645
Total 321,07592
Fonte: CCEE s/d.

Se considerarmos a hipótese de que durante as safras de 2016/2017 e


2017/2018 - períodos onde buscamos históricos de informações para este
trabalho - houvesse o sistema de geração de energia solar fotovoltaica
instalado e funcionando, a empresa deixaria de consumir a energia fornecida
por outras fontes emissoras de CO2 e pouparia dentro deste período a emissão
de cerca de 321,07 toneladas deste nocivo gás na atmosfera.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos objetivos deste trabalho foi apresentar a realidade de uma


multinacional do ramo de energia que havia a necessidade de buscar novas
alternativas para minimizar seus custos devido a utilização de energia
enquanto ela não se auto sustentasse. Pensando nisso, buscamos entender
melhor os aspectos fundamentais para alcançarmos alguma possibilidade de
mudança em seu real cenário.
Para a implantação do sistema de geração de energia solar fotovoltaica
serão necessárias 13.804 placas, 34 inversores, 3.451 suportes para as placas
fotovoltaicas, totalizando um custo de R$ 14.605.681,82. Ainda com o custo
anual de R$ 798.212,23 reais em energia elétrica, considerando os 2 anos
estudados, totaliza-se um investimento de aproximadamente R$
14.000.000,00. e ainda, dentro desse período, evitaria a emissão de cerca de
321,07 toneladas de CO2.
Considerando o custo estimado e o tempo de retorno do investimento
(19 anos), concluímos que o estudo da viabilidade para a implantação de um
complexo de geração de energia solar fotovoltaica requer propormos para
trabalhos futuros, a análise das variáveis de custo não previstos durante os 19
anos e também o estudo da real viabilidade considerando o tempo para o início
das manutenções. Em caso de resultados satisfatórios após esta pesquisa e
um provável potencial em estabelecer o retorno esperado, a implantação do
sistema solar fotovoltaico tornará a empresa um espelho para outras
companhias do segmento sucroalcooleiro e também para diversas áreas que

160
dependem da energia de outras fontes não renováveis. Todo o investimento a
ser realizado será amplamente diluído no grande retorno oriundo da geração
de energia limpa que será injetada na rede elétrica.
Um bônus para a conclusão deste trabalho foi conseguir mostrar a
colaboração significativa que a usina BP pode proporcionar a todos nós seres
vivos. Além de conseguir trazer o bem estar para as pessoas de forma indireta,
produzindo a energia para colocar em funcionamento aparelhos e
equipamentos que trazem nosso conforto e atendam nossas necessidades,
ainda potencializa um de seus compromissos com o planeta de reduzir a
emissão de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa que
consequentemente provocam o aquecimento de nosso planeta.

161
REFERÊNCIAS

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<https://www.americanas.com.br/produto/46659770/estrutura-solar-para-4-
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<http://www.comerciosolar.com.br/inversores/off-
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CRESESB, Centro de Referência Para Energia Solar e Eólica Sérgio de S.


Brito. Potencial Solar - SunData 3.0. 2018.
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162
agosto de 2018.

GEPEA – Grupo de Energia Escola Politécnica Universidade de São Paulo.


Energia Solar Fotovoltaica: Fundamentos, Conversão e Viabilidade
técnico-econômica. Disponível em:
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<https://www.google.com/maps/place/St.+Sul,+Ituiutaba+-
+MG/@-18.9873617,-
49.4685481,2847m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x94a23192e0e4857f:0x2b147
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12 de abril de 2018.

IEA - International Energy Agency. Key World Energy Statistics 2017.


Disponível em:
<https://www.iea.org/publications/freepublications/publication/KeyWorld2017.pd
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NEOSOLAR. Disponível em: <https://www.neosolar.com.br/loja/painel-solar-


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NEOSOLAR. Disponível em:


<https://www.neosolar.com.br/loja/fileuploader/download/download/?d=1&file=cu
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TRADENER – Comercialização de energia. Publicado em: 18 de agosto de


2017. Disponível em: <http://www.tradener.com.br/atualidades_detalhes/o-que-
sao-leiloes-de-energia>. Acesso em: 02 de novembro de 2018.

163
CAPÍTULO 10
AS MUDANÇAS DO SISTEMA ELÉTRICO NO BRASIL PARA A
IMPLANTAÇÃO DAS REDES ELÉTRICAS INTELIGÊNCIAS –
SMART GRID

Lara Raine Mendes da Silva


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: lararaine1997@hotmail.com

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

Daniela Freitas Borges


Formação: Mestre em Eletrônica de Potência (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: daniela.borges@uemg.br

Emerson Carlos Guimarães


Formação: Mestrando em Engenharia Mecânica na Universidade Federal de
Uberlândia (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: emerson.guimaraes@uemg.br

Humberto Cunha de Oliveira


Formação: Bacharel e Mestre em Engenharia Elétrica (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: humberto.oliveira@ufu.br

Jan Rieller Ferreira Silva


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: janriellerf@yahoo.com.br

RESUMO: O objetivo deste estudo foi discutir as mudanças que precisam


ocorrer para que o sistema elétrico brasileiro se torne um sistema de redes
elétricas inteligentes, conhecidas como smart grids. Nesta perspectiva, buscou-
se apresentar um panorama do sistema elétrico atual vigente no país e os
desafios que este sistema enfrenta na distribuição de energia e, a partir disto,
conceituar as redes elétricas inteligentes e apresentar as vantagens desse
sistema em comparação com a atual estrutura de distribuição de energia no

164
Brasil. Por fim, buscou-se pontuar os desafios, possibilidades e vantagens da
mudança do atual sistema para as redes elétricas inteligentes, discutindo os
principais requisitos para a implantação das smart grids. A metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica, caracterizando o estudo como de revisão,
construído a partir da seleção de livros, artigos e demais publicações sobre o
assunto central. A pesquisa mostrou que as principais vantagens da
implementação das redes elétricas inteligentes são a eficiência comercial e
energética, a segurança operacional e sistêmica, o aumento da confiabilidade
do sistema elétrico e a sustentabilidade econômica e ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Redes elétricas inteligentes; Sistema elétrico brasileiro;


Smart grids.

ABSTRACT: The objective of this study was to discuss the changes that need
to occur for the Brazilian electrical system to become a system of intelligent
electrical networks, known as smart grids. In this perspective, it was sought to
present an overview of the current electrical system in the country and the
challenges that this system faces in the distribution of energy and, from this, to
conceptualize the intelligent electrical networks and to present the advantages
of this system in comparison with the current structure. of energy distribution in
Brazil. Finally, we sought to point out the challenges, possibilities and
advantages of changing the current system to smart grids, discussing the main
requirements for the implementation of smart grids. The methodology used was
bibliographic research, characterizing the study as a review, built from the
selection of books, articles and other publications on the central subject. The
research showed that the main advantages of implementing smart grids are
commercial and energy efficiency, operational and systemic safety, increased
reliability of the electrical system and economic and environmental
sustainability.

KEYWORDS: Smart electrical grids; Brazilian electrical system; Smart grids.

165
1. INTRODUÇÃO

De acordo com a Associação Nacional dos Consumidores de Energia,


em dados fornecidos pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), as
interrupções de abastecimento de energia, consideradas graves, aumentaram
desde 2008. A Rede Brasil Atual publicou, no ano de 2009, que 18 estados
brasileiros sofreram um grande blecaute, na noite do dia 10 de novembro de
2009, afetando até o Paraguai.
Usa-se no Brasil a mesma rede de energia há mais de 100 anos, esta
que possui diversas limitações técnicas por utilizar uma tecnologia
ultrapassada, além de não atender às necessidades do século XXI. A primeira
usina hidrelétrica do país foi criada em 1883, construída no Ribeirão do Inferno,
afluente do rio Jequitinhonha, na cidade de Diamantina, no estado de Minas
Gerais para suprir a demanda de consumo de energia do cenário existente.
Com o crescimento da população foram construídas novas usinas hidrelétricas
e redes de transmissão para abastecer a população.
Esta rede elétrica é um dos sistemas mais complexos do mundo,
segundo dados do Operador Nacional do Sistema – ONS, contendo uma linha
de transmissão interligada que leva energia para 93,3% do território nacional,
que concentra aproximadamente 125.639 km de linhas de transmissão. Porém,
uma linha de transmissão tão extensa produz muitas perdas, fazendo-se
necessário implantar novas tecnologias junto ao setor elétrico para sua maior
eficácia. Neste contexto, surge o termo “Redes Elétricas Inteligentes”, ou do
inglês “smart grid”, que são uma nova arquitetura de distribuição de energia
elétrica, mais segura e inteligente, que integra e possibilita ações a todos os
usuários a ela conectados (CEMIG 2020). Esta vem para agregar tecnologia
de automação, comunicação, informação e Internet of Things – Internet das
coisas, permitindo que em tempo real se tenha acesso ao processamento e ao
armazenamento de dados entre o consumidor e o seu sistema de consumo de
energia. Isto permite maior autonomia ao usuário, diminuindo as perdas
técnicas e não técnicas que em 2018 chegou a 14%, segundo a Aneel.
Em uma demanda cada vez maior, os eletrodomésticos são mais
tecnológicos e a população tem maior interesse em uma energia mais eficaz,
sustentável, segura, adaptável, interativa, interligada e de menor impacto

166
ambiental. As redes elétricas inteligentes vêm para suprir estas necessidades.
Portanto indaga-se: para que estas modificações possam acontecer, quais as
mudanças devem ser tomadas?
O objetivo geral do trabalho é discutir as mudanças que precisam
ocorrer para que o sistema elétrico brasileiro se torne um sistema de redes
elétricas inteligentes, ou smart grid.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1. Panorama do sistema elétrico brasileiro atual

Tem-se verificado no Brasil o aumento dos investimentos no sistema


elétrico que abastece o país desde o início da utilização dessa fonte de
energia, em grande parte focados na rede de distribuição, visando o
atendimento de uma demanda que se mantém crescente, devido,
principalmente, ao desenvolvimento tecnológico, à expansão industrial e à
evolução do padrão de vida da população. O setor avançou muito e,
paralelamente, problemas e desafios surgiram e levam à busca constante por
alternativas para manter a eficiência do sistema.
Apesar destes investimentos, a rede de distribuição tem evoluído pouco
nos últimos anos e a energia continua chegando aos consumidores da mesma
forma, ou seja, via redes aéreas de cabos nus e transformadores, com fluxo de
dados unidirecional e características passivas (LEITE; CRUZ, 2017). Ainda de
acordo com os autores:
Recentemente, devido a novos desafios advindos das mudanças
modernas, tais como ameaças à segurança, uso de energias
intermitentes, metas de melhoria dos indicadores de qualidade,
redução dos picos de demanda e aumento da confiabilidade, fica
evidente a necessidade de evolução tecnológica das redes de
energia em geral, que permitam a integração de sensores e
medidores inteligentes na rede (LEITE; CRUZ, 2017, p.1).

Uma das grandes questões relacionadas ao crescimento da demanda é


a quantidade elevada de perdas inerentes aos sistemas de distribuição e
transmissão. Isso coloca em evidência a necessidade de agregar eficiência à
distribuição e ao consumo de energia elétrica mantendo as condições de
conforto e segurança, sobretudo, quando se considera a escassez de recursos
naturais para sua geração. Portanto, implementar novas tecnologias tem o viés

167
de promover melhorias na utilização garantindo eficiência e reduzindo a
inevitabilidade de implantar novos projetos de geração para acompanhar o
crescimento da demanda (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2010).
Entre maio de 2001 e fevereiro de 2002 ocorre o racionamento de
energia elétrica. Esse racionamento impactou o PIB (Produto Interno Bruto),
com perdas aproximadas de 25 bilhões de dólares, além de causar muita
insatisfação nos consumidores (CASTRO, 2003).
Diante desta nova situação, governo e empresas passaram a analisar
com mais cautela a situação da geração e distribuição de energia no país,
concentrando as preocupações na situação financeira das companhias e na
capacidade de geração e transmissão a médio e curto prazo. Vislumbrou-se
deficiências no setor que em relação ao crescimento da demanda poderia
chegar em um ponto de insuficiência energética, requerendo alternativas para
evitar o desabastecimento, conforme explica Castro (2003) que
acrescenta que:
O modelo do sistema elétrico implantado pelo governo FHC,
pretendia criar uma estrutura totalmente privatizada, retirando do
Estado qualquer poder ou capacidade de ação. Nesta perspectiva,
tentou-se estruturar um modelo em que a energia elétrica seria uma
mercadoria sujeita ao livre jogo das forças do mercado. O resultado
deste modelo foi a elevação substancial das tarifas, desmonte da
capacidade de planejamento do setor, proibição para investimentos
das empresas públicas, tudo isto contribuindo e culminando com a
crise de oferta de 2001 (CASTRO, 2003, p.14).

O racionamento de energia acabou por mudar padrões de consumo da


população receosa pela possibilidade de desabastecimento, como propagava
as mídias. O próprio governo passou a realizar campanhas de conscientização
para o consumo racional de energia elétrica. Essa mudança de comportamento
para um padrão de consumo mais racional viria a ser benéfica, sobretudo sob o
ponto de vista ambiental, mas, no momento em que ocorreu impactou
decisivamente na geração de receitas das companhias, que levaram tempo
para se reestruturarem e compensarem as perdas pela queda na demanda.
Conforme explica Castro (2003, p.3):
Diante de tal situação, as empresas do setor elétrico tentaram
recompor a sua situação financeira com uma revisão nas tarifas, mas
o programa não obteve êxito por completo. Entretanto, elas
equilibraram o seu fluxo de caixa à médio prazo. Além disso, foi
proposto também uma linha de financiamento com recursos do
Tesouro Nacional no valor de 8 bilhões de reais sob a forma de ações

168
preferenciais resgatáveis, que seriam remuneradas pelo IGP-M mais
juros de 6 % ao ano. Contudo, esta proposta foi rejeitada pelo governo
Lula, e caso fosse executada, provavelmente não seria em sua
totalidade.

Diante deste cenário, segundo Mattos (2001 apud WALVIS;


GONÇALVES, 2018), desde o racionamento, o governo vem pensando e
discutindo propostas para a implementação de uma reforma no setor elétrico
no país. Um dos vieses dessa mudança é o modelo inglês, considerando base
para se fazer uma primeira análise no caso brasileiro. A ideia central deste
modelo é a de que possa haver maior competição no setor visando aumentar
sua eficiência, embora nas áreas de transmissão e distribuição permaneceria a
presença dos monopólios naturais para dificultar a criação de um mercado
competitivo também nestes segmentos.
Do modelo inglês surgem duas propostas que foram apresentadas e
discutidas pelo governo Federal como base na elaboração de um Novo Modelo
para o setor no país:
• Administradora da Contratação de Energia: o objetivo desta proposta é
induzir, com intervenção estatal mínima, as distribuidoras a comprarem
contratos de energia de longo prazo com base nas previsões de demanda
feitas pelo governo. Como as empresas não são obrigadas a comprarem esses
contratos de longo prazo, podendo discordarem das previsões, isso poderia
deixar o setor sem o apoio de capital privado para novos investimentos
(TOLMASQUIM, 2015).
• Comprador Majoritário (Majos Dealer): esta proposta define que um
comprador majoritário pode realizar de forma independente as compras e
vendas de energia visando ao aprimoramento da competição pelo mercado,
que pode responder com a expansão do sistema devolvendo o centro dinâmico
do setor às geradoras, e não mais às distribuidoras (SAUER, 2003).
Retomando a abordagem ao panorama do sistema elétrico brasileiro,
tem-se que este é o maior da América Latina. O Brasil ocupa a oitava posição
entre os maiores consumidores de energia elétrica do mundo (GRIEBENOW;
OHARA, 2019). Segundo as autoras:
Ao final de 2018, a capacidade instalada de geração no Brasil
totalizava aproximadamente 164 GW, e mais de 84% da eletricidade
gerada foi baseada em fontes renováveis, dos quais 71% são de
usinas hidroelétricas. A segurança do suprimento é garantida pelo
seu diversificado mix energético, e se baseia principalmente nas

169
usinas termelétricas a combustíveis fósseis, que se tornaram mais
importantes na matriz elétrica devido aos recentes períodos
prolongados de seca. Usinas termelétricas à biomassa (a maior parte
utilizando bagaço de cana-de-açúcar como combustível) e usinas
eólicas têm contribuído cada vez mais para a geração de eletricidade,
enquanto a geração centralizada de energia solar fotovoltaica (FV)
representou cerca de 1,1% da capacidade instalada em 2018
(GRIEBENOW; OHARA, 2019, p.12).

A Figura 1 apresenta graficamente a capacidade instalada no Brasil de


geração de energia, por fonte.

Figura 1: Capacidade instalada de geração de energia por fonte (2018).

Fonte: (GRIEBENOW e OHARA, 2019)

Conforme mostra a Figura 1, a capacidade de geração de energia


instalada no Brasil no final de 2018 era de 164 GW, dos quais 82,5 % advém
de usinas de energias renováveis. Quanto à matriz elétrica, formada por
grandes usinas hidrelétricas, esta responde por 63,8 % da capacidade
instalada; as termelétricas à biomassa respondem por 9% da capacidade
instalada; a eólica responde por 8,8 %; e a fotovoltaica responde por 1,1 % da
capacidade instalada.
Com relação à geração de energia elétrica, esta totalizou, no ano de
2018, 601 TWh, dos quais 83,3 % advém de fontes renováveis. Destas fontes
renováveis, 64,7 % são hidrelétricas. Comparando os anos de 2017 e 2018,
houve um aumento na geração de energia eólica em 14,4 %. Houve, também,
aumento na geração de energia fotovoltaica de 2017 para 2018, na ordem de
300%. A geração de eletricidade a partir de gás natural e biomassa também
aumentaram de 2017 para 2018, na ordem de, respectivamente, 9,1% e 8,6 %
(GRIEBENOW; OHARA, 2019).

170
A Figura 2 apresenta o histórico da geração de energia elétrica no Brasil
nas últimas décadas.

Figura 2: Geração de eletricidade no Brasil, por fonte.

Fonte: (GRIEBENOW e OHARA, 2019)

Por fim, em relação ao consumo, o Brasil registrou um aumento de


1,4 % em 2018 em comparação com o ano anterior, chegando a um consumo
total de 535,4 TWh. Os dados históricos levantados por Griebenow e Ohara
(2019) demonstram que esse aumento do consumo tem sido constante nas
últimas décadas, a uma taxa média de 2,8 % ao ano. Ainda de acordo com as
autoras:
Segundo as últimas estimativas da EPE, o consumo de eletricidade
chegará a 802 TWh em 2029, com uma taxa média de 3,8% de
crescimento ao ano entre 2019 e 2029. Até 2050, espera-se que o
consumo de eletricidade mais que triplique, atingindo 1.605 TWh.
Com uma média de 2.543 kWh por habitante em 2018, o consumo
brasileiro per capita ainda é relativamente baixo em comparação com
outros países industrializados (GRIEBENOW; OHARA, 2019, p.14).

Estas estimativas denotam os desafios postos ao sistema elétrico


brasileiro, que vão desde a ampliação da capacidade de geração de
eletricidade à eficiência do sistema de distribuição. Neste último aspecto, o
presente estudo discute a implementação das redes elétricas inteligentes como
alternativa. Para tanto, tem-se na seção seguinte a descrição do que vem a ser
redes elétricas inteligentes e as vantagens desse sistema em comparação com
o atual sistema elétrico utilizado no Brasil.

2.2. Redes elétricas inteligentes – Smart Grid

Em face dos desafios postos ao sistema elétrico brasileiro, muito se tem

171
dedicado a reformulações estratégicas com o objetivo de melhorar a eficiência
do sistema e reduzir a possibilidade de intercorrências, como por exemplo,
eventuais interrupções no fornecimento de energia, quer seja pela escassez
hídrica, quer seja por falhas operacionais. Além disso, a necessidade de
agregar maior eficiência na gestão do sistema é mais uma questão que tem
estimulado a busca por alternativas de otimização.
Emerge desta discussão as Redes Elétricas Inteligentes (REIs), ou
Smart Grid (SG), percebidas como:
[...] a rede elétrica que utiliza tecnologia digital avançada para
observar e gerenciar o transporte de eletricidade em tempo real com
fluxo de energia e de informações bidirecionais entre o sistema de
fornecimento de energia e o cliente final. A inserção das REIs
proporciona uma variação de serviços novos (GALLOTTI, 2021, p.2).

Dentre os fundamentos que vêm motivando a inserção das SG no Brasil


destacam-se “a eficiência comercial e energética, a segurança operacional e
sistêmica, o aumento da confiabilidade do sistema elétrico e a sustentabilidade
econômica e ambiental” (GALLOTTI, 2021, p.2). Tem ainda o fenômeno da
transformação energética, como cita Muller (2016), que é uma das prioridades
mundiais quando o assunto é o fornecimento de energia elétrica. Segundo esse
autor, tais transformações são constantes e indispensáveis, inclusive para a
evolução e desenvolvimento da sociedade.
Portanto, as tendências para o futuro do setor energético mundial são:
produção de energia renovável, automação, gerenciamento do consumo
industrial, mobilidade elétrica, digitalização de redes elétricas e tecnologias de
armazenamento e geração de energia descentralizadas. Neste âmbito,
segundo Gallotti (2021), a transformação energética foi denominada de 3Ds
(Descentralização, Digitalização, Descarbonização). Tal padrão de
transformação encontra na SG terreno fértil para mudanças estruturais no
sistema elétrico e que podem trazer os benefícios esperados em termos de
eficiência energética, operacional e comercial.
Explicando os 3Ds da transformação energética, tem-se:
• Descentralização: o consumidor é também gerador de energia a partir
do seu poder de decidir sobre o consumo, cuja resposta do sistema ocorrerá
em tempo real. Noutras palavras, de modo imediato, o consumidor apresenta
sua demanda de consumo e o sistema se move na direção da geração

172
daquela energia demandada (GALLOTTI, 2021).
• Digitalização: as operações ocorrendo em ambiente digital
permitem maior controle de dados em tempo real, tanto por parte da
distribuidora e comercializadora de energia, quanto por parte dos próprios
consumidores. Significa que a ociosidade e estagnação no fluxo de
transmissão de energia deixa de existir por se vincular diretamente à
demanda, analisada em tempo real e suprida no menor tempo possível. Tal
eficiência se dá por meio dos medidores e sensores inteligentes,
sincrofazores, automação, machine learning, big data and analytcs e
blockchain. (GALLOTTI, 2021).
• Descarbonização: representa a substituição das termelétricas por
fontes renováveis de energia, o que provoca a diminuição do uso de
combustíveis fósseis agregando benefícios ao meio ambiente e se alinhando
aos princípios do desenvolvimento sustentável (GALLOTTI, 2021).
Para alguns autores, dentre eles Kagan, Oliveira e Robba (2010), as
redes elétricas inteligentes são o futuro da distribuição de energia, uma vez que
promovem uma atualização da infraestrutura já instalada. Esta atualização
resulta em adequações para que o sistema elétrico ganhe mais eficiência,
fornecendo energia no momento em que esta é requerida pelos clientes,
garantindo qualidade e o mínimo de interrupções, independentemente do tipo
de cliente conectado à rede.
Esse olhar para o futuro da distribuição de energia, no Brasil e no
mundo, reflete perspectivas que encontram nas redes elétricas inteligentes as
bases para a adesão às características do que se espera que seja o sistema
elétrico do futuro, isto é:
[...] geração variável e distribuída; estabilidade reduzida devido às
novas fontes; sistema de controle distribuído, flexível e resiliente;
dinâmica muito mais rápida; carga flexível e transacional; modelo de
negócios baseado em serviços; resposta à crescente expectativa dos
clientes em relação à qualidade do fornecimento de energia, assim
como, aos anseios do regulador e das demais autoridades; a
tendência de competição no mercado de energia elétrica direta ou
indiretamente; e a necessidade da diminuição dos custos
operacionais, como, exemplificando, aqueles relativos a perdas e
inadimplência (GALLOTTI, 2021, p.3).

Tais prerrogativas vêm orientando estudos e projetos de implementação


de mudanças que visam a modernização do sistema elétrico, adaptando-o à

173
nova realidade de geração e consumo com o olhar na eficiência operacional
como resposta direta ao crescimento da demanda. Manter a atual estrutura do
sistema elétrico representa a manutenção dos problemas que já são
conhecidos e que a cada nova ocorrência coloca em xeque a capacidade do
sistema em assegurar a distribuição permanente de energia elétrica. Basta
pensar nos episódios de interrupção do fornecimento e na demora para o
restabelecimento do serviço.
Portanto, reitera-se a necessidade de modernização do sistema elétrico
com a implementação das REIs, ou SG, para otimizar a produção, distribuição
e consumo, com eficiência e qualidade agregados pelo uso intensivo da
tecnologia.
Conceitualmente, conforme descrito por Schettino (2014 apud LEITE;
CRUZ, 2017, p.47):
A Smart Grid, ou rede inteligente é o sistema de transmissão e
distribuição de energia elétrica capacitado de tecnologias que
possibilitam um elevado grau de automação. A utilização dessa
tecnologia garante uma ampla gama de benefícios aos consumidores
e concessionarias de energia, possibilitando ampliar
substancialmente a eficiência operacional, garantindo uma resposta
rápida às demandas inerentes ao sistema.

Pode-se afirmar que as REIs são um tipo de solução viável para os


principais problemas de interrupções de energia no sistema de distribuição,
dado o nível de automação que essa tecnologia permite para o gerenciamento
do sistema elétrico e resolução de intercorrências. As novas tecnologias de
automação, computação e comunicação que o sistema agrega permitem o
monitoramento e a operacionalidade das redes de transmissão em tempo real,
o que amplia o nível de controle e eficiência (FALCÃO, 2011).
Outro conceito para Smart Grid levado em conta neste estudo foi
apresentado pela IEA (International Energy Agency), que assim descreve as
redes elétricas inteligentes:
A Smart grid é um sistema de rede elétrica que usa tecnologia digital
para monitorar e gerenciar o transporte de eletricidade de todas as
fontes de geração para atender às demandas variáveis de energia
elétrica dos usuários finais. Estas redes são capazes de coordenar
as necessidades e as capacidades de todos os geradores,
operadores de redes, utilizadores finais e partes interessadas no
mercado da eletricidade, de modo a otimizar a utilização e a operação
dos ativos no processo, minimizando os custos e impactos ambientais
enquanto mantendo a confiabilidade, resiliência e estabilidade do
sistema (FALCÃO, 2011, p.19).

174
Dos conceitos apresentados, infere-se que as REIs são implementadas
visando a otimização da transmissão, distribuição e consumo de energia
elétrica. As mudanças trazidas pela implantação das SG agregam melhorias
significativas em termos de monitoramento, gestão e qualidade da energia
oferecida aos consumidores, uma vez que a principal característica das redes
elétricas inteligentes é o uso maciço da tecnologia.
Quanto aos elementos e funcionalidades das redes elétricas inteligentes,
tem-se, segundo Rivera, Esposito e Teixeira (2013): automação e eficiência
operacional, geração e armazenamento distribuídos, iluminação eficiente,
dentre outros. A Figura 3 traz um esquema destes elementos e
funcionalidades.

Figura 3: Elementos e funcionalidades das redes elétricas inteligentes.

Fonte: RIVERA, ESPOSITO e TEIXEIRA, 2013.

Com a implementação das redes elétricas inteligentes é possível tornar


o sistema de distribuição mais seguro e confiável, pois, uma de suas
prerrogativas operacionais é o seccionamento eficiente dos circuitos, o que
permite manter o maior número de consumidores conectados e isolar os
defeitos da rede em pouquíssimo tempo, em questão de segundos (LEITE,
CRUZ, 2017).
Contudo, ainda segundo os autores:
A viabilidade dessa solução depende do aumento da inteligência do
sistema, bem como da aplicação do conceito de Self Healing, que
proporciona a transferência automática de cargas, em
contextualização com a Smart Grid, tornando dessa forma o fluxo da
comunicação bidirecional entre os sensores, atuadores e o centro de
comando, controlando a interação entre geradores distribuidores e
consumidores (LEITE; CRUZ, 2017, p.43).

Conceituar Self Heanling, segundo Amin e Schewe (2008), em uma rede

175
elétrica é a capacidade de reconfiguração automática da rede através da coleta
de dados do sistema em tempo real, com um alto grau de processamento
destes dados a ponto de evitar possíveis cortes de fornecimento de energia.
Sua utilização permite às smart grids três objetivos fundamentais:
• A capacidade de monitoramento em tempo real com capacidade de
tomada de decisão;
• Antecipação. Deverá, constantemente, procurar por possíveis
problemas que possam trazer perturbações;
• Isolação. Deverá ser capaz de isolar partes do sistema que
apresentam defeitos e reestabelecer o fornecimento de energia a partes não
afetadas;
• Benefícios: retorno ao modo de operação do sistema em um curto
período de tempo. reestabelecimento do fornecimento de energia para maior
parte das cargas afetadas e menor necessidade do envio de equipes ao
campo.
Nota-se, pelo exposto nesta seção do estudo, que a implantação de
redes elétricas inteligentes é um caminho viável para se alcançar melhorias no
sistema elétrico de modo a beneficiar os usuários do serviço. Levando-se em
conta o aumento crescente do consumo, o que torna necessário que haja um
padrão de gerenciamento desse recurso de maneira responsável, eficiente e
sustentável. Portanto, evoluir as tecnologias e técnicas de gestão operacional,
se apresenta como uma necessidade para que se alcance o máximo de
benefícios da exploração e uso desse tipo de energia.
Deste modo, a seção seguinte do estudo aborda os desafios,
possibilidades e vantagens da mudança do sistema elétrico no Brasil para a
implantação das redes elétricas inteligentes.

2.3. Desafios, possibilidades e vantagens da mudança do sistema elétrico no


brasil para as redes elétricas inteligentes

A peça chave para implantar este modelo foi o desenvolvimento de um


medidor inteligente, que é uma nova tecnologia para substituir os vulgarmente
conhecidos relógios de luz. Dentro de suas inovações, permite que
distribuidora e cliente troquem fluxo de energia, assim como informações de

176
status tanto no sentido distribuidora para cliente, quanto no inverso
(BARRETTO, 2018).
As modificações para o consumidor são: programas de conscientização
quanto aos benefícios das redes inteligentes; acesso do consumidor a
informações de consumo em tempo real; avaliação do consumidor em controlar
seu consumo de energia, buscando a eficiência energética; identificação de
serviços como gerenciamento de energia, fornecimento de serviços de
comunicação, carregamento de veículos elétricos etc.; incentivo à instalação de
micro geração distribuída nas residências, possibilitando a venda à
distribuidora (ANEEL, 2010).
No lado das concessionárias, há uma recepção passiva de dados que
permite mapeamento da rede e gerenciamento de falhas e quedas de energia,
gestão de ativos e um serviço de melhor qualidade e confiabilidade
(BARRETTO, 2018).
No ano de 2012, a ANEEL aprovou a Resolução Normativa n. 482, que
“Estabelece as condições gerais para o acesso de micro geração e mini
geração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema
de compensação de energia elétrica, e dá outras providências”. Foi o marco
inicial, para o Brasil, do sistema que permite que consumidores possam
produzir sua própria energia através de painéis fotovoltaicos ou microturbinas
eólicas para participar ativamente da rede elétrica, fornecendo força produtiva
de energia em troca de compensação na conta de luz (BARRETTO, 2018,
p.45).
Dentre as várias tecnologias que propiciam a inserção de uma Smart
Grid, pode-se citar:

a) Geração Distribuída e Micro Geração: Aplicada mediante


necessidade dos consumidores e com o objetivo de atender a
sustentabilidade. Energia solar e eólica são exemplos de aplicação de
geração distribuída.
b) Infraestrutura Automática de Medição (AMI): Consiste em sistemas
autônomos de coleta de dados através de medidores inteligentes, permitindo
análises e respostas imediatas a respeito de demandas, sem intervenção
humana, e sim através da atuação em dispositivos nas instalações dos

177
consumidores. Utilizam-se os chamados Smart Meters, os quais são
medidores eletrônicos com funcionalidade ampliada e capacidade de
comunicação bidirecionais.
c) Equipamentos Prediais e Eletrodomésticos Inteligentes: São
equipamentos elétricos para uso em residências e estabelecimentos
comerciais que estão sendo equipados com recursos de controle capazes de
alterar sua demanda em função de sinais de preço ou relacionados com a
confiabilidade do sistema elétrico.
De acordo com Falcão (2011), para os consumidores finais, com a
introdução do conceito de Smart Grid, particularmente devido à introdução dos
Smart Meters e da micro geração (geração de pequeno porte instalada em
residências e pequenos edifícios), as tarifas, antes passivas, agora passam a
ser ativas podendo, inclusive, serem de forma instantânea e dinâmica.
As principais modificações virão de:

a) Equipamentos Prediais e Eletrodomésticos Inteligentes: que


permitirão o controle da demanda dos consumidores mediante o envio de
sinais através dos sistemas de comunicações bidirecional;
b) Micro geração: disponibilização de geração de pequeno porte e
médio porte, através do uso de painéis solares, micro geradores eólicos,
células a combustível etc., capazes de produzir energia para subsistência e
compensação para a concessionária;
c) Sistemas Prediais de Gerenciamento de Energia: sistemas para
monitoramento e potencialização da demanda de residências e edifícios de
forma isolada ou através da internet.
No caso de micro redes residenciais inteligentes que representam a
evolução da rede de distribuição de baixa tensão, pode-se colocar uma
infinidade de recursos energéticos distribuídos (solar, eólica, baterias, células
a combustível, microturbinas). Neste contexto, cada fonte de energia está
ligada à rede de distribuição por um conversor eletrônico de potência (CEP). O
funcionamento da micro rede pode ser melhorado através de um controle
sinérgico de tais processadores de energia.
Desta forma, é necessário desenvolver uma arquitetura de Tecnologia
da Informação e Comunicações (TIC) para o controle dos CEP distribuídos. Em

178
uma abordagem Plug & Play de controle, cada CEP tem que identificar a rede
ao redor e se comunicar com os consumidores vizinhos para estabelecer uma
regra de controle distribuído e próximo do ideal. Com esse procedimento,
torna-se possível explorar amplamente todas as fontes de energia existentes,
reduzir a perda local de distribuição e estabilizar as tensões da rede
(BONALDO et al., 2013).
É notório que ainda há muitos desafios para serem superados e
tecnologia a ser ampliada para conseguir suprir tal inovação. Porém, de acordo
com o exposto nesta seção, tem-se os desafios e as possibilidades para
realizar de maneira satisfatória a implantação das Smart Grids. Ter nas mãos o
controle dos gastos energéticos da sua residência, geração de energia
residencial e venda às concessionarias, poder escolher de onde virá a energia,
tendo a consciência de quanto está sendo pago em cada kWh, são algumas
das vantagens das redes elétricas inteligentes. Saber o quanto cada
eletrodoméstico está consumindo de energia, por meio de eletrodomésticos
inteligentes, gera ao consumidor final um poderio de informações e decisão
muito desejado. Tendo em vista suprir essas necessidades, surgem as
Smarts Grids.

3. ESTADO DA ARTE
3.1. Fichamento

Foram analisados artigos dentre as referências levantadas para este


estudo, considerados mais representativos sobre o tema proposto e os
objetivos da pesquisa.
Artigo 1: Integração de tecnologias para viabilização da smart grid (FALCÃO,
2011).
• Smart grid significa o uso intensivo de tecnologia de automação,
computação e comunicação na rede elétrica, favorecendo maior eficiência
nas estratégias de controle e otimização da rede.
• A introdução do conceito de smart grid provocará uma convergência
acentuada entre a infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de
energia e a infraestrutura de comunicações digitais e processamento de
dados. Isto permitirá a troca de informações e ações de controle entre os

179
diversos segmentos da rede elétrica.
• Características atribuídas às smart grids: auto recuperação,
empoderamento dos consumidores, tolerância a ataques externos, qualidade
de energia, acomodação de uma grande variedade de fontes e demandas,
redução de impactos ambientais do sistema produtor de eletricidade, melhor
resposta à demanda mediante a atuação remota em dispositivos dos
consumidores e viabilização de mercados competitivos de energia,
beneficiando-se deles e favorecendo o mercado varejista e a microgeração.
• A evolução do processo de implantação das smart grids deve seguir
os seguintes passos: instalação da infraestrutura de dispositivos inteligentes,
instalação da infraestrutura de comunicações, integração e interoperabilidade,
disponibilização de ferramentas analíticas e disponibilização e otimização
operativa.
• Tecnologias já existentes que viabilizam a implantação de uma smart
grid: Geração Distribuída e Microgeração; Infraestrutura Automática de
Medição (AMI); Precificação Dinâmica; Equipamentos Prediais e
Eletrodomésticos Inteligentes; Dispositivos Eletrônicos Inteligentes (IEDs); e
Medição Fasorial Sincronizada (PMU).
Artigo 2: Redes elétricas inteligentes (smart grid): oportunidade para
adensamento produtivo e tecnológico local (RIVERA; EXPOSITO; TEIXEIRA,
2013).
• As redes elétricas inteligentes têm como objetivo otimizar a produção,
distribuição e consumo de energia, viabilizando a entrada de novos
fornecedores e consumidores na rede, com melhorias significativas em
monitoramento, gestão, automação e qualidade da energia ofertada, por meio
de uma rede elétrica caracterizada pelo uso intensivo de tecnologias da
informação e comunicação.
• O conceito de smart grid traz uma mudança no paradigma do setor
elétrico frente a necessidade de tornar o sistema mais interativo.
• As necessidades de incorporar diferentes fontes de energia na rede e
de introduzir novos consumidores, além da necessidade de melhorar a
eficiência e o dimensionamento da rede, estão entre os motivos da crescente
aplicação de inteligência no sistema elétrico no mundo.
•A implantação das redes elétricas inteligentes pode ser

180
compreendida em três dimensões: agregar inteligência ao sistema de
fornecimento de energia elétrica; extrair benefícios da substituição dos
medidores eletromecânicos por eletrônicos inteligentes; uso de inteligência
nos centros consumidores.
• No Brasil e no mundo, as redes elétricas inteligentes se encontram
ainda em estágio de evolução embrionário. Os planos de substituição de
medidores inteligentes dos Estados Unidos, da Europa e do Japão apontam
para conclusão entre 2022 e 2030, o que não significa, necessariamente, a
implantação do conceito integral de redes elétricas inteligentes.
• A implantação de redes inteligentes no Brasil demandará grandes
investimentos. Estes investimentos podem alcançar de R$ 46 bilhões a R$ 91
bilhões até 2030.
• Os principais motivadores para a implantação de redes inteligentes
no Brasil são: busca das eficiências comercial e energética; aumento da
confiabilidade do sistema elétrico; segurança operacional e sistêmica; e
sustentabilidade econômica e ambiental.
• Além destes motivadores, o Plano Nacional de Energia prevê a
redução do consumo final de energia elétrica em 10% em 2030 por meio de
medidas indutoras de eficiência energética. Portanto, a eficiência operacional
é o grande vetor para os investimentos em redes elétricas inteligentes.
• A implantação das redes elétricas inteligentes no Brasil representa
uma grande oportunidade de mercado para fornecedores de tecnologia.
Artigo 3: Estudo e aplicação da smart grid no sistema elétrico de
distribuição brasileiro (LEITE; CRUZ, 2017).
• A rede de energia elétrica de distribuição tem evoluído pouco nos
últimos anos, mas, devido a novos desafios provocados pelas mudanças
modernas, como ameaças à segurança, uso de energias intermitentes, metas
de melhoria dos indicadores de qualidade, redução dos picos de demanda e
aumento da confiabilidade, emerge a necessidade de evolução tecnológica
com a integração de sensores e mediadores inteligentes na rede.
• A demanda de energia elétrica nacional vem crescendo muito nos
últimos anos, e esse aumento da demanda traz consigo perdas relevantes
inerentes aos atuais sistemas de distribuição e transmissão. A implantação de
novas tecnologias pode trazer melhorias na utilização de energia, tornando o

181
sistema mais eficiente e reduzindo as perdas.
• A smart grid é o sistema de transmissão e distribuição de energia
capacitado de tecnologias que possibilitam um elevado grau de automação,
garantindo ampla gama de benefícios aos consumidores concessionárias de
energia, ampliando a eficiência operacional, garantindo uma resposta rápida
às demandas inerentes ao sistema.
• A rede inteligente é o futuro da distribuição de energia elétrica, pois, a
partir da utilização da infraestrutura já existente possibilita a eficiência mais
adequada para o sistema elétrico.
• O sistema permite identificar de forma instantânea e precisa as falhas
e quedas no fornecimento de energia elétrica. Possibilita também o
conhecimento mais aprofundado do comportamento do consumo de cada
cliente garantindo melhor planejamento da ampliação da oferta.
•O sistema garante, ainda, maior controle por parte das
concessionárias, melhorando a apuração de fraudes ou perdas operacionais
no sistema.
• As redes inteligentes são citadas como uma solução viável para
alguns dos problemas das interrupções de energia no sistema de distribuição,
já que otimizam a transmissão, distribuição e o consumo de energia elétrica,
agregando melhorias em monitoramento, gestão, automação e qualidade da
energia ofertada pelo uso intensivo de tecnologias de informação e
comunicação.
• O sistema elétrico atual faz uso de um modelo antigo, com
instalações formadas por equipamentos fisicamente robustos sem muitas das
facilidades que as novas tecnologias podem proporcionar. Este padrão
representa, no longo prazo, riscos para as operações.
• Analisando pelo aumento da demanda, a defasagem da infraestrutura
da rede é uma das causas do aumento dos índices de frequência e duração
das interrupções, o que traz prejuízos à continuidade da prestação do serviço.
• A rede atual sofre com a falta de infraestrutura de comunicação
efetiva, monitoramento e diagnóstico de falhas, o que aumenta a
possibilidade de colapso do sistema devido ao efeito cascada iniciado por
uma única falha.
• Estes aspectos fazem parte do conjunto de fatores que motivam a

182
mudança do sistema tradicional para as redes elétricas inteligentes, embora
sua implantação seja algo complexo e que envolve elevados investimentos.
• Apesar disso, as redes inteligentes já são uma realidade internacional.
➢ Nos Estados Unidos foi aprovado, em 2008, uma legislação sobre
redes inteligentes, e em 2009 foi inserido o montante de $ 4 bilhões em um
pacote de incentivos ao desenvolvimento dessas redes.

➢ Europa e Ásia: o parlamento europeu fixou, em 2011, a meta de


atingir a implantação de 80 % de medidores inteligentes até 2020. A China
tem investido no desenvolvimento de redes inteligentes e sua infraestrutura,
com a pretensão de substituir todos os medidores convencionais até 2020.
Não se verificou se estas metas foram alcançadas [grifo da autora].
• No Brasil, os principais motivadores para a mudança do sistema
tradicional para a implantação de redes inteligentes são: eficiência comercial
e energética; melhoria da confiabilidade do sistema; garantia de segurança
operacional.
• Um dos grandes desafios para a implantação destas redes
inteligentes no Brasil é o custo do sistema em larga escala, com a instalação
dos sistemas de sensoriamento, telecomunicação e processamento.
Artigo 4: Redes elétricas inteligentes (Smart Grid) (GALLOTTI, 2021).
• Define-se redes elétricas inteligentes como sendo as redes que
utilizam tecnologia digital avançada para observar e gerenciar o transporte de
eletricidade em tempo real com fluxo de energia e informações bidirecionais
entre o sistema de fornecimento de energia e o cliente final. Novos serviços
podem ser incorporados com a inserção das redes inteligentes.
• Motivações para a implantação das redes elétricas inteligentes:
➢ Eficiência comercial e energética: diminuição de perdas técnicas e
comerciais, aperfeiçoamento na característica da energia ofertada ao
consumidor e comando do horário da consumação de energia pelo
consumidor.
➢ Segurança operacional e sistêmica: controle de acesso dos usuários
de rede, da diminuição de energia não distribuída, das perdas por fraudes,
tolerância de ataques físicos e cibernéticos, diminuição da interrupção no
fornecimento.
➢ Aumento da confiabilidade do sistema elétrico: prevenção dos

183
problemas relacionados aos equipamentos e competência de suportar
distúrbios.
➢ Sustentabilidade econômica e ambiental: modificação dos negócios
e das viabilidades para novos serviços de custo agregado concedidos pelas
concessionárias, assim como a atual regulamentação do net metering e uso
de veículos elétricos e híbridos conectados às redes.
• O sistema elétrico do futuro é caracterizado por:
➢ Geração variável e distribuída.
➢ Estabilidade reduzida devido às novas fontes.
➢ Sistema de controle distribuído, flexível e resiliente.
➢ Dinâmica muito mais rápida.
➢ Carga flexível e transacional.
➢ Modelo de negócios baseado em serviços.
➢ Resposta a crescente expectativa dos clientes em relação à
qualidade do fornecimento de energia, assim como, aos anseios do regulador
e das demais autoridades.
➢ Tendência de competição no mercado de energia elétrica direta ou
indiretamente.
➢ Necessidade da diminuição de custos operacionais, especialmente
aqueles relativos a perdas e inadimplência.
• Essa modernização do sistema elétrico encontra na implantação das
redes elétricas inteligentes sua forma de se operacionalizar e se viabilizar.
• No Brasil, os propósitos da implantação das redes elétricas
inteligentes podem ser assim resumidos:
➢ Diminuir as perdas técnicas e comerciais.
➢ Aprimorar a qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras.
➢ Reduzir os custos operacionais.
➢ Melhorar o planejamento da expansão da rede.
➢ Aperfeiçoar a gestão dos ativos.
➢ Impulsionar a eficiência energética.
➢ Desenvolver a inovação e a indústria tecnológica.
• Alguns benefícios da implantação das redes elétricas inteligentes:
➢ Maior flexibilidade e confiabilidade.
➢ Menos lançamento de gases de efeito estufa.
➢ Atenuação dos gastos de geração.

184
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa abordou um tema ainda em desenvolvimento, em


que são notórios os pontos que devem passar por alterações e
aperfeiçoamento para a implantação das smart grids no Brasil. Também foram
pontuados como o sistema elétrico brasileiro atual é antigo e como sofreu
poucas inovações ao longo do tempo. Um sistema muito extenso que possui
muitas perdas técnicas e não técnicas, pouca eficiência, quedas de energia
recorrentes, e o consumidor final tem poucas informações sobre seu consumo,
além de não ser um sistema articulado, tanto para o consumidor quanto para as
concessionárias.
Como premissa de uma solução para estes relevantes problemas
surgem as smart grids, que são o monitoramento e gerenciamento do
transporte de energia de alta performance e desempenho com a utilização da
tecnologia digital avançada e alto nível de automação, com fluxo de
informações bidimensional. É a junção de tecnologias de automação,
computação e comunicação permitindo monitoramento e operacionalidade em
tempo real, para maior controle e eficiência.
Este estudo mostrou como está o sistema elétrico brasileiro e trouxe
uma análise sobre a possibilidade da inserção das smart grids para otimizar a
produção, distribuição e consumo, proporcionando melhorias significativas na
vida dos brasileiros, tais como: eficiência, fornecimento por meio de
requerimento do cliente, maior qualidade, manutenção eficaz e rápida, mínima
ocorrência de interrupção de energia, sustentabilidade econômica e ambiental
e maior transparência ao consumidor final sobre sua conta de energia.
Avalia-se ainda as dificuldades para a viabilidade dessa tecnologia, tais
como: aplicação do conceito de Self Healing, que é a transferência automática
de carga elétrica; a introdução dos Smart Meters, medidor inteligente,
tecnologia para que haja um fluxo de informação bidimensional para o
consumidor final e as concessionárias; fazer com que a micro geração de
energia entre na rede de forma satisfatória sem causar prejuízo à distribuição
local.
Portanto, para que as modificações no atual sistema de distribuição de
energia elétrica no país possam se efetivar, as mudanças necessárias dizem

185
respeito à infraestrutura de transmissão e de tecnologia. Para tanto, são
necessários investimentos que viabilizem a mudança do sistema de modo
paralelo e incorporado, ou seja, aproveitando-se do atual modelo e migrando
gradualmente para a nova estrutura, mais tecnológica, de redes elétricas
inteligentes.
Considerando as vantagens da implementação das smart grids, pode-se
ponderar que tais investimentos são viáveis no longo prazo, pois, o ganho de
eficiência associado à redução de perdas operacionais e de minimização de
impactos ambientais justificam a mudança e podem valorar a análise dos
investimentos necessários. Assim, quando se analisa o aumento contínuo da
demanda por energia elétrica, o que em contrapartida aumenta o nível das
perdas operacionais, a mudança do atual sistema para a implementação das
redes elétricas inteligentes, neste aspecto, já se mostra viável.
O estudo realizado mostrou que os projetos de implantação das smart
grids são ainda embrionários e que um longo caminho ainda tem que ser
percorrido. No entanto, as mudanças estão sendo implementadas gradualmente
e pelo que foi levantado nos artigos, livros e outros trabalhos acadêmicos sobre
o tema, as perspectivas são boas para a efetivamente e funcionamento das
redes elétricas inteligentes no Brasil.

186
REFERÊNCIAS

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Acesso em: 10 jun. 2022.

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Brasileiro de Rede Elétrica Inteligente. Brasília: ANEEL, jul.
2010. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/PeD_2008-ChamadaPE11-2010.pdf>.
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Graduação – Bacharelado em Engenharia de Produção]. Rio de Janeiro: UFRJ,
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CASTRO, Nivalde José de. Avanços na reestruturação do setor de energia


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<http://www.eletrica.ufpr.br/odilon/te339/artigo_SMART_GRID.PDF>. Acesso
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GALLOTTI, Verônica Dias Moreira. Redes de energia elétrica inteligentes


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GRIEBENOW, Carola; OHARA, Amanda. Panorama do sistema elétrico


brasileiro – Versão 2019. E Transição Energética. 2019. Disponível em:
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– Seminário Estudantil de Produção Acadêmica. Salvador: UNIFACS, 2017.
Disponível em:
<https://revistas.unifacs.br/index.php/sepa/article/view/4902/3294>. Acesso em:
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MULLER, Glaysson de Mello. Impacto de novas tecnologias e smart grids


na demanda de longo prazo do sistema elétrico brasileiro. [Tese –
Doutorado em Engenharia Elétrica]. Rio de Janeiro: UFRJ, 2016. Disponível

187
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OLIVEIRA, Atelmo Ferreira de. Setor Elétrico: perspectivas e desafios para a


Contabilidade de Custos. VII Congresso Brasileiro de Custos. Recife, 2000.
Disponível em: <https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/3029>.
Acesso em: 10 mai. 2021.

RIVERA, Ricardo; ESPOSITO, Alexandre Siciliano; TEIXEIRA, Ingrid. Redes


elétricas inteligentes (smart grid): Oportunidade para adensamento produtivo e
tecnológico local. Revista do BNDES, n.40, dez. 2013. Disponível em:
<https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/2927>. Acesso em: 15 jan.
2022.

188
CAPÍTULO 11
ESTUDO SOBRE PROTÓTIPO DE UM SENSOR
MODALMÉTRICO DE FIBRA ÓPTICA VERSUS DESCARGAS
PARCIAIS

Tatiane Silva Vilela


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: tatianesilvavilela@hotmail.com

Raiane Araujo Aleixo


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: tec.raianearaujo@gmail.com

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

Jose Abadio da Costa Júnior


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: junior.novaeletrica@gmail.com

Jan Rieller Ferreira Silva


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: janriellerf@yahoo.com.br

Fabiana da Silva Santos Franco


Formação: Pós graduada em Tecnologia em Sistema de Informação (Universo)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: fabiana.franco@uemg.br

RESUMO: O objetivo do trabalho foi estudar o funcionamento do protótipo de


um sensor modalmétrico de fibra óptica para detecção de descargas parciais
em transformadores e comparar os meios utilizados na forma detecção das
descargas parciais em dez trabalhos publicados nos últimos anos. Concluímos
através das pesquisas bibliográficas que existem muitos estudos relacionados
com as descargas parciais e métodos de prevenção e detecção dessas falhas
em transformadores. Porém os métodos aplicados na detecção dessas
descargas ainda não eficiente quando se trata da análise dessas falhas durante

189
a operação do transformador e que protótipo do sensor de fibra óptica
apresentou como o método mais eficiente na prevenção de falhas em
transformadores porque é capaz de captação sinais descargas parciais,
mesmo com transformadores em operação.

PALAVRAS-CHAVE: Descargas parciais; Fibra óptica; Multimodo; Sensores.

ABSTRACT: The aim of the course conclusion work was to study the prototype
operation of a fiber optic modalmetric sensor for detection of partial discharges
in transformers and to compare the means used in the detection of partial
discharges in ten works published in recent years. We conclude through
bibliographical research that there are many studies related to partial
discharges and methods of prevention and detection of these failures in
transformers. However, the methods applied in the detection of these
discharges are still not efficient when it comes to the analysis of these failures
during the operation of the transformer and which prototype of the fiber optic
sensor presented as the most efficient method in the prevention of failures in
transformers because it is capable of capturing discharge signals partial, even
with transformers in operation.

KEYWORDS: Partial discharges; Optical fiber; Multimode; Sensors.

190
1. INTRODUÇÃO

O transformador é um equipamento essencial nos sistemas de energia,


sendo atribuído a ele, basicamente, a tarefa de conversão de energia com
elevados níveis de eficiência. Nos transformadores de potência, assim como
em outros equipamentos do sistema de energia, falhas inesperadas não são
aceitáveis, uma vez que a interrupção do fornecimento de energia implica em
severas punições pelo órgão regulamentador de energia. A ocorrência de
deformidades no sistema isolante provenientes de bolhas ou fissuras, podem
implicar na redução da distância efetiva de isolamento, causando o surgimento
de descargas parciais e diminuindo a vida útil do equipamento (AMERICO,
2013).
Com a identificação do local de ocorrência de descargas parciais na
parte interna do transformador, obtêm-se uma valiosa informação indicando
uma região de estresse no enrolamento, possibilitando ações corretivas no
projeto, tal como alterações de geometria e/ou intensificação do isolamento,
com intuito de reduzir a degradação do enrolamento e assim propiciando a
elevação de sua vida útil bem como a do transformador (SCHWAB, 1972).
Assim, o objetivo geral desta pesquisa foi a interpretação e descrição do
funcionamento do desenvolvimento do Protótipo de um sensor modalmétrrico
de fibra óptica para detecção de descargas parciais em transformadores. Para
se alcançar o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram
determinados:
• Estudar os conceitos básicos sobre os referenciais teóricos sobre o
tema abordado;
• Descrever o esquema construtivo do sensor modalmétrico para
detecção de descargas parciais e mostrar seu funcionamento através da
realização de dois ensaios testes;
• Comparar os meios utilizados na forma detecção de discargas parciais
em dez trabalhos publicados nos últimos dez anos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Transformador

“Um transformador é constituído basicamente de dois enrolamentos

191
onde o fluxo magnético, variável, produzido em um age sobre o outro. O
enrolamento no qual a fonte é aplicada é o primário e o enrolamento onde a
carga é conectada é o secundário (ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2016). Para Silva et al., (2012)
transformadores em geral são equipamento fundamental para ativação de
“sistemas de conversão e distribuição de energia elétrica e estão presentes
desde a planta geradora, elevando a tensão para níveis adequados à
transmissão a longas distâncias, até a distribuição, reduzindo a tensão para
níveis de consumo residencial”.
Um transformador é composto basicamente de dois enrolamentos, no
qual, a variável e o fluxo magnético formado, age um sobre o outro. O
enrolamento, onde a fonte é instalada é o primário do transformador e o
enrolamento onde a carga é conectada é o secundário. De modo geral, a
função de um transformador é a de reduzir as perdas em transmissão por
redução da corrente requerida para transmitir uma determinada potência
elétrica (NINÄS, 2004).
Transformadores de potência são equipamentos elétricos onde o
princípio básico de seu funcionamento é converter os diferentes níveis de
tensão entre a fonte, ligada ao circuito primário, e a carga alimentada ligada, ao
secundário. Sua principal função é a transformação de tensão e correntes
alternadas entre os circuitos, sem alterar a frequência, também muito utilizado
para compatibilizar os níveis de tensão do circuito primário ao circuito
secundário. A proporção entre as correntes primária e secundária depende da
relação entre o número de voltas (espiras) em cada um dos enrolamentos
(SOARES, 2011).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho, a metodologia empregada foi de


caráter quantitativo, pois usou uma abordagem de pesquisa bibliográfica
descritiva.
A pesquisa apresenta como objetivo a interpretação do funcionamento
do protótipo de um sensor modalmétrrico de fibra óptica para detecção de
descargas parciais em transformadores e reatores de potência.

192
O material utilizado para desenvolvimento da pesquisa foi concedido
através de uma licença teórica emitida pelo setor responsável pela criação do
protótipo.

3.1. Definição sensor modalmétrico

O sistema sensorial da fibra modalmétrica comporta-se como se fosse


um nervo de vidro capaz de captar sinais acústicos das ondas mecânicas,
causado por falhas de arcos elétricos, ou fenômenos térmicos e mecânicos,
que podem ser ocasionados por descargas parciais podendo se propagar
através do óleo isolante com frequência na faixa de 20 a 200 kHz. A Figura 1
corresponde ao protótipo do sensor modalmétrico.

Figura 1: Protótipo do sensor óptico.

Fonte: ARANTES et al., 2021.

3.2. Funcionamento do sensor modalmétrico

a) A fonte óptica é um laser semicondutor. A luz desta fonte é


transmitida por uma fibra monomodo (fibra azul) até atingir o circulador óptico.
b) A luz, chegando ao circulador, passa por este para o outro trecho de
fibra monomodo (fibra azul) até atingir a fibra multimodo (fibra vermelha).
c) A luz se propaga pela fibra multimodo até atingir um espelho na ponta
desta, e assim retornando para a fibra monomodo.
d) O trecho de fibra multimodo é o sensor óptico. Dependendo da

193
vibração mecânica sentida por esse trecho multimodo, ocorrerá um rearranjo
da luz dentro desta fibra, este novo rearranjo modificará a luz reacoplada na
fibra monomodo.
e) A intensidade de luz reacoplada na fibra monomodo será proporcional
à intensidade da vibração mecânica.
f) Após o reacoplamento na fibra monomodo, a luz voltará a atingir o
circulador óptico.
g) A partir do circulador óptico a luz chegará ao fotodetector.
h) Após o fotodetector, são selecionadas somente as componentes de
alta frequência que são características das descargas parciais.
i) O sinal filtrado pode ser gravado, através de uma conversor
analógico/digital, ou visto através de um analisador espectral elétrico
(ARANTES, 2021, p.12).
O esquema de funcionamento do sensor modalmétrico pode ser
observado na Figura 2.

Figura 2: Esquema de funcionamento do sensor modalmétrico

Fonte: (ARANTES et al., , 2021)

3.3. Algoritmo de análise

As análises das falhas são realizadas através dos ruídos coletados dos
transformadores. Os parâmetros analisados através dos ruídos são frequência,
energia e amplitude. As descargas parciais podem ser identificadas através da

194
duração da amplitude dos ruídos, conforme pode-se observar na Figura 3.

Figura 3: Diferença de amplitude entre o ruído base e a descarga parcial.

Fonte: ARANTES et al., 2015.

As descargas parciais são observadas através de uma sequência de


descargas com duração de aproximadamente de 50 milissegundos. Como
pode-se observar nas Figuras 4 e 5.

Figura 4: Sequência de Descargas.

Fonte: ARANTES et al., 2015.

Figura 5: Sequência de descarga de baixa amplitude.

Fonte: ARANTES et al., 2015.

195
3.4. Ensaios

Para a realização dos testes da DPs, o CEPEL, através do LABDIG,


montou um transformador de 500 kVA, de relação nominal de 13200/216,5
volts, usado em sistemas subterrâneos.
Uma das pontas do sensor foi instalada entre o enrolamento de alta
tensão próximo a carcaça do transformador, local estratégico de onde foi
retirado parte do óleo, para facilitar a simulação das DPs. Para realizar a
simulação foi necessário injetar gradualmente a tensão na fase X2 do lado da
baixa tensão, utilizando um variac, para esse controle. Conforme observado na
Figura 6.
Figura 6: Transformador preparado para ensaio de descargas parciais.

Fonte: (ARANTES et al., 2015)

O controle do aumento da pressão pode determinar o valor da tensão


que as DPs se iniciam, isso pode ser observado através de um divisor de
tensão instalado do lado da alta tensão ligado a um voltímetro.
O sensor modalmétrico, de fibra óptica, foi instalado na parte externa da
saída de alta tensão do transformador, junto a outros dois sensores
piezoelétricos do CEPEL, para fins de comparação, conforme mostrado na
Figura 7.
Figura 7: Detalhe do divisor de tensão, medidor e sensores.

Fonte: ARANTES et al., , 2015)

196
Para analisar os ruídos das DPs foi necessário primeiro fazer medições
dos ruídos e vibrações locais sem o funcionamento do transformador e
colocação de filtros porque em campo o sensor foi aplicado a distâncias
maiores que 100 metros.
De acordo com Arantes (2015):
concentração grande do ruído na frequência de 103.5 kHz. Para
captação dos dados quando da aplicação de tensão no secundário do
transformador, projetou-se um filtro para eliminar as frequências de
ruído, sem grandes perdas do sinal da vibração do transformador.

3.5. Ensaio Eletronorte Subestação Imperatriz

Dois transformadores de corrente tipo pedestal de 500 KV foram


indicados pela Eletronorte através de ensaios de cromatografia gasosa para a
realização dos testes DPs:

• TC 702 _V do DJ701
• TC 702 _B do DJ701
O TC 702_V do DJ701 apresentava fortes atividades de DPs que foram
detectadas através de ensaio do Cepel e análise cromatográfica de gases.
TC 702_B do DJ701, foi medido para ser a referência de um
equipamento de baixa atividade de DP. Pode-se observar o local de
acoplamento do sensor na Figura 8.

Figura 8: Sensor acoplado no TC 550 KV.

Fonte: ARANTES et al., 2015.

Os ensaios realizados nos dois transformadores foram gravados através

197
de 60 milhões de registros durante um minuto de gravação que corresponde ao
valor da tensão transduzida pelo ruído na faixa do ultrassom, a cada µs. Na
Figura 9 é possível observar o local de acoplação do sensor e também os
equipamentos utilizados para os ensaios.

Figura 9: Sensor instalado no TC702_V do DJ701, telemetria integrada e distância do TC à


casa de relés.

Fonte: ARANTES et al., 2015.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Resultados de ensaios no CEPEL

A análise dos ensaios se inicia com aplicação de uma tensão inicial de


500 volts do lado do primário que foi aumentada até 2500 volts de forma
gradual. Foram observados em ambos sensores piezelétricos do Cepel fortes
vibrações e a taxa de amostragem do sensor modalmétrico é de 1 Mega
sample por seg. Conforme pode-se observar na Figura 10.

Figura 10: Ruído (azul) x Captação em 2000 V (vermelho).

Fonte: ARANTES et al., 2015.

198
Pode-se observar na Figura 11 que as frequências dos ruídos
predominam em quase todas as faixas de captação do sinal, para filtrar os
ruídos predominantes foi usado um filtro passa baixa com frequência de corte
de 80 KHz. A Figura 11 mostra a ação do filtro na captação dos sinais. Em
amarelo o sinal sem filtro e em azul o sinal filtrado.

Figura 11: Sinal sem filtro (amarelo) x sinal com filtro (azul).

Fonte: ARANTES et al., 2015.

Com aumento da tensão no primário (VPT):


• Os sensores piezelétricos conseguem detectar as DPs em tensões
acima de 2600 (VTP);
• A tensão de vibração (VV) e a tensão no primário (VPT) se mantém
constante até o ponto que se inicia as DPs, isto acontece após aplicação acima
de 2000 volts de tensão aplicados no primário o que confirma o resultado do
sensor do CEPEL.
• O intervalo de tempo entre duas sequências de descarga diminui com
o aumento da tensão. Conforme pode-se observar na Figura 12.

Figura 12: Vibração x Tensão no primário do transformador.

Fonte: ARANTES et al., 2015.

199
4.2. Resultados de ensaios em Imperatriz

Para o ensaio na subestação de Imperatriz foi utilizado um programa


para avaliar as condições de operação dos dois transformadores sob stress
causado pelo aumento da tensão (VTP). O programa com as condições iniciais
acima definidas (amp, tmin, tesp e sevmin) gastou 673 segundos para varrer os
40 minutos de dados coletados, de 1 em 1 microssegundo, resultando em um
total de 2.400.000.000 (dois bilhões e quatrocentos milhões) de dados.

4.3. Principais causas de falhas em transformadores

Assim como todo tipo de equipamento elétrico, os transformadores


começam a apresentar falhas de funcionamento à medida que envelhecem,
porém alguns equipamentos também podem apresentar defeitos no início da
sua vida útil, devido a problemas de fabricação ou de recuperação de
equipamentos já usados (BECHARA, 2010). Alguns dos fatores que favorecem
a esse tipo de falhas são:
• Falha no processo de secagem da parte ativa do transformador,
apresentando umidade no papel isolante;
• Utilização de fio esmaltado com capacidade térmica inferior a 180°C;
• Deterioração precoce do óleo ou do papel isolante do sistema;
• Presença de corpos estranhos ou má instalação (desajustes) o que
dificulta a circulação do óleo no interior do transformador, provocando assim o
mal funcionamento do equipamento.

4.4. Inadequação da Instalação

Alguns transformadores também podem apresentar falhas em seu


funcionamento devido à má instalação ou instalação inadequada do mesmo,
isso ocorre quando a instalação não segue o padrão ou foge das normas do
projeto de montagem, desta forma o transformador não fica adequadamente
protegido ou não estar apropriado para o recebimento da carga (BECHARA,
2010). Algumas dessas falhas mais comuns são:

200
• Ausência de um pára-raios, ou o mesmo desconectado ou fora do
padrão necessário;
• Falta de aterramento;
• Aterramento de resistência elevada (superior a 100 ohms);
• Fusível desajustado;
• Erro na posição do contador de tensão;
• Carga superior a potência.

4.5. Fadiga

A maior parte da falha nos transformadores de distribuição está


associada à falta de capacidade de isolamento ou interrupção das bobinas.
Devido às altas temperaturas, o papel isolante e o óleo tendem a se degradar
de forma química e mecânica, esse aquecimento tende a apresentar falhas
precoces no transformador (BECHARA, 2010).
Além dos choques térmicos de aquecimento, pode ocorrer choques
térmicos de resfriamentos, quando rotineiramente no verão, caem chuvas
sobre o transformador, ou por redução de temperatura no ambiente onde o
transformador está instalado, provocando efeito dielétrico para o isolamento
(BECHARA, 2010).
A elevação de temperatura dos transformadores devido a curto circuitos
externos, também pode provocar formação de gases indesejáveis devido ao
óleo e o papel isolante, podendo causar recozimento dos condutores. Quanto
maior a quantidade de curtos sofridos pelo transformador, maior a sua chance
de provocar falhas (BECHARA, 2010).

4.6. Surtos

Descargas atmosféricas diretas ou indiretas que possam ocorrer


próximos a um transformador, são impostos surtos de tensão de corrente no
primário e no secundário. Surtos induzidos possuem certa dependência com o
próprio sistema elétrico, tais como: aterramento, comprimento do secundário,
tipo de carga, sistema de proteção, dentre outros. Estudos apontam, que 60 %

201
dos eventos de sobretensão de um transformador é provocado por descargas
atmosféricas, e 40 % por outros motivos, como: degradação do isolamento
devido a descargas anteriores, choques térmicos, fadigas acumuladas, ou grau
de perda de vedação (BECHARA, 2010).

4.7. Descargas Parciais

“Define as descargas parciais como sendo sucessões de descargas


elétricas incompletas, rápidas e intermitentes, que ocorrem em um meio
gasoso em série com isolantes sólidos ou líquidos.” (CUENCA, 2005;
AMERICO et al, 2017. p. 2)
Estes pulsos podem ocorrer em cavidades gasosas, isolantes
gasosos, líquidos e sólidos, ou ainda em superfícies e em pontas de
materiais sólidos. Sua ocorrência tem sido analisada como parâmetro
para a avaliação do desempenho dos equipamentos elétricos de alta
tensão (AMERICO et al, 2017. p. 2).

Segundo a norma IEC 60270 (2000) pode-se definir uma descarga


parcial como uma descarga elétrica localizada, que curto-circuita parcialmente
a isolação entre condutores e que, pode ou não ocorrer nas adjacências de um
condutor. De acordo com a norma IEC, também pode-se definir um pulso de
descarga parcial como sendo um pulso de tensão ou corrente resultante de
uma descarga parcial que ocorreu em um determinado isolamento sob teste.
A descarga parcial é um pulso elétrico que pode ocorrer, no caso de
isolantes líquidos, dentro de bolhas repletas de gases (PAOLETTI, 2001;
BOGGS, 1990).
Este pulso faz uma ponte, completando apenas parcialmente o circuito
entre as fases ou entre a fase e o aterramento, através do núcleo ou da
carcaça do transformador (PAOLETTI, 2001).

4.8. Descarga Parcial interna

Descargas internas ocorrem em uma ou mais cavidades no interior de


um material dielétrico isolante. Dentre as principais razões para o aparecimento
de descargas internas no interior de cavidades, pode-se citar as menores
rigidez dielétrica e permissividade dielétrica dos gases quando comparadas às

202
dos isolamentos líquidos ou sólidos e a consequente intensificação do campo
elétrico no interior da cavidade com menor tensão de ruptura. As descargas
parciais internas podem ocorrer em qualquer parte do dielétrico, como por
exemplo, na junção de dois materiais dielétricos diferentes e nas regiões
adjacentes ao eletrodo. Contudo, torna-se necessário a presença de uma
cavidade no dielétrico. Além disso, as descargas parciais são de curta duração
em relação ao período da tensão senoidal aplicada, são repetitivas e têm o
tempo de subida muito curto, podendo ser modeladas idealmente como uma
função impulso ou delta de Dirac δ(t) (ZINGALES, 2000).
O surgimento de vazios na estrutura desses materiais pode ser devido a
causas distintas, dependendo da natureza do material e do processo de
fabricação. A Figura 13, ilustra uma DPs interna (MACEDO, 2014).

Figura 13: Exemplo de isolamento com falhas que podem causar DPs.

Fonte: (MACEDO, 2014)

4.9. Descarga parcial superficial

É a descarga que ocorre na superfície de um material dielétrico,


normalmente partindo de um eletrodo para a superfície. Quando o campo
elétrico paralelo à superfície excede um certo valor crítico, inicia-se o processo
de descarga superficial elétrica (BECHARA, 2010). A Figura 14, ilustra uma
DPs superficial (MACEDO, 2014).

203
Figura 14: Exemplo DPs superficial.

Fonte: (MACEDO, 2014)

4.10. Efeito Corona

É caracterizado por descargas parciais que ocorrem em pontas agudas


em eletrodos metálicos. Pequenos raios de curvatura, geram regiões nas
vizinhanças do condutor com campo elétrico elevado, o qual ultrapassa o valor
crítico, dando origem a descargas parciais elétricas (BECHARA, 2010).
Descargas corona ocorrem em meios gasosos quando há uma intensificação
do campo elétrico nas proximidades de um eletrodo, quando o gradiente
elétrico excede um determinado limiar, mas as condições ainda são
insuficientes para causar um arco elétrico. A tensão de iniciação das descargas
depende do raio de curvatura da ponta do eletrodo e da tensão aplicada
(MACEDO, 2014. p. 24). A Figura 15 ilustra uma DPs tipo corona.

Figura 15: Exemplo de configuração que pode gerar descargas tipo corona.

Fonte: (MACEDO, 2014)

4.11. Métodos de Medição de Descargas Parciais

Existem diversos métodos de medição de descargas parciais que

204
diferem entre si, em função dos diversos fenômenos físicos e químicos
originados a partir da ocorrência das descargas. Dessa forma, é possível se
analisar diversas características que auxiliam na detecção. Podendo-se citar,
por exemplo (KEMP, 1995; JAMES et al., 2008; AGARWAL et al., 1995;
AMERICO et al., 2017):
a) Elétricos- A IEC 60270 estabelece três configurações de ensaio,
sendo que estas variações consistem na detecção da queda de tensão sobre a
impedância de medição. A primeira configuração baseia-se na impedância de
medição em série com o objeto em análise. Conforme mostra a Figura 16
(AMERICO et al., 2017. p.2).

Figura 16: Configuração de ensaio 1

Fonte: (IEC 60270)

A segunda configuração utiliza a impedância de medição em série com o


capacitor de acoplamento, conforme a Figura 17 (AMERICO et al., 2017, p. 3).

Figura 17: Configuração de ensaio 2

Fonte: (IEC 60270)

A terceira configuração tem o lado de baixa tensão do objeto sob ensaio


e do capacitor de acoplamento isolado do referencial terra através das

205
impedâncias de medição 1 e 2. Este circuito apresenta vantagens no que se
refere aos problemas de interferências externas. Conforme se observa na
Figura 18.
Figura 18: Configuração de ensaio 3.

Fonte: (IEC 60270)


b) Químicos
c) Acústicos
d) UHF (Ultra High Frequency)
e) Radiação eletromagnética;
f) Emissão de luz;
g) Variações térmicas (calor);
h) Variações mecânicas, etc
A representação gráfica dos fenômenos físicos e os métodos de
detecção associados à ocorrência das descargas parciais é apresentada na
Figura 19.

Figura 19: Fenômenos associados à ocorrência de descargas parciais

Fonte: (MACEDO, 2014. p. 29)

206
4.12. Descargas parciais em transformadores

A ocorrência de descargas parciais em transformadores de potência é


um dos fatores mais importantes para a constatação da degradação do
isolamento (GROSS, 2004).
Em transformadores, descargas parciais incidem predominantemente
em fendas cheias de gás ou espaços vazios no material de isolamento sólido,
bolhas de gás no óleo, ou bolhas dentro das camadas de papel (AZEVEDO,
2009; GROSS, 2004).
Esse processo de degradação da isolação, quando aliado à circulação
do óleo junto ao aumento de temperatura dos enrolamentos e à diferença de
condutividade elétrica entre isolantes líquido e sólido, provoca o fenômeno de
movimentação de cargas espaciais (elétrons livres), em volta das bolhas que
estejam dissolvidas no óleo isolante (LUNDGAARD et al., 2000).

4.13. Análise das descargas parciais

Uma das principais causas de falhas em transformadores imersos em


líquido isolante, são as descargas parciais, que advém da degradação física e
química do sistema de isolação devido à diversos fatores tais como
sobrecarga, cargas não-lineares, chaveamento e superaquecimento.
Descargas parciais são descargas elétricas incompletas, rápidas e
intermitentes, sua ocorrência em transformadores de potência está diretamente
relacionada às condições de seu sistema de isolamento. Descarga parcial é um
tipo de falta comum em transformadores de potência. Ela indica o estado do
material isolante dos equipamentos e sua identificação não é uma tarefa fácil.
A investigação de descargas parciais (PDs) nos enrolamentos de
transformadores pode proporcionar uma identificação antecipada e localização
de falhas nestes equipamentos, tanto em equipamentos novos quanto em
equipamentos em operação. Fato que pode evitar consideráveis perdas
financeiras (GUTNIK, 2017; ROMUALDO, 2014; JÚNIOR, 2016; CASTRO,
2016; BARBOSA, 2017).

207
4.14. Métodos de detecção de descargas parciais

Foram observados nos artigos publicados que vários são os métodos


aplicados na detecção e análises das DPs, como por exemplo:
• “Classificador capaz de estimar o nível de descargas parciais em
transformadores de potência, que utilizam o método de emissão acústica.”
(AMERICO, 2017)
• “Método elétrico.” (PALHARES, 2012)
• “Método de localização e identificação de descargas parciais em
transformador de potência através de sensores piezelétricos de baixo custo.”
(GUTNIK, 2017)
• “Métodos, identificação, mensuração e localização tridimensional, que
fomentam a elaboração de uma solução computacional para o diagnóstico de
transformadores utilizando-se dados provenientes dos ensaios de emissão
acústica.” (ROMUALDO, 2014)
• “Sensor Virtual para detecção de descargas parciais on-line.”
(BARBOSA, 2010)
• “Método de localização de descargas parciais, em transformadores de
potência, baseado no algoritmo GPS (Global Positioning System).” (VILHENA,
2015)
• “Por meio de sinais simulados, os resultados mostram, ainda que
visualmente, que as características estatísticas apresentam uma melhor
separação espacial dos sinais de corrente das PDs, sendo portanto mais
adequadas para a localização destas descargas.” (JÚNIOR, 2015)
• “Foram aplicadas métricas de processamento de sinais aos sinais
acústicos gerados a partir de descargas parciais e obtidos através de sensores
piezelétricos de baixo custo instalados no lado externo do tanque do
transformador.” (CASTRO, 2016)
• “A localização da descarga parcial gerada no interior do transformador
é feita por meio de cápsulas piezelétricas, fixadas externamente na caixa do
transformador de potência, bem como, através do uso de sistemas inteligentes
como redes neurais artificiais.” (CLERICE, 2014)

208
4.15. Análise de desempenho do protótipo do sensor modalmétrico de fibra
óptica na detecção de descargas parciais

De acordo com a análise descritiva do funcionamento do protótipo do


sensor modalmétrico, podemos dizer que o sensor desempenha com eficácia
as funções ao qual foi destinado. Seu funcionamento entra em ação quando
um diagnóstico de rotina acusa alguma falha mais agressiva no sistema dos
transformadores ou mesmo para avaliar o funcionamento de transformadores
com tempo reduzido de vida útil.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados conclui-se que existe uma relação entre o


estado do transformador e as características de suas descargas e que os
parâmetros das descargas parciais são capazes de apresentar as operações
defeituosas de um transformador.
Comparando a análise dos resultados da eficiência de operação do
protótipo do sensor óptico modalmétrico em estudo, com estudo bibliográfico
referente ao tema do trabalho, chegou-se a conclusão que existem muitos
estudos relacionados com as falhas referente às descargas parciais, mas os
métodos aplicados na detecção dessas descargas ainda não são eficientes
quando se trata da análise dessas falhas durante a operação do transformador.
O protótipo do sensor óptico modalmétrico ainda não está sendo
comercializado, mas em breve estará no mercado e será o sensor mais
sensível na captação de sinais que estão fora do limite de segurança, sendo
capaz de sinalizar uma possível necessidade de intervenção para uma
manutenção preventiva no transformador.

209
REFERÊNCIAS

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Insulation Magazine, v. 11, n. 3, p. 37-43, 1995.

AZEVEDO, C. H. B. Metodologia para a eficácia da detecção de descargas


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211
CAPÍTULO 12
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS
ATMOSFÉRICAS - SPDA – ESTUDO DA ABNT NBR 5419 E
EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Henrique Pires de Sene Caetano


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: henriquepsene@gmail.com

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

Jan Rieller Ferreira Silva


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: janriellerf@yahoo.com.br

Camila de Jesus Moreira


Formação: Bacharelanda em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: camila.1592584@discente.uemg.br

Eduardo Henrique Domingos de Morais


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: eduardohenrique.engenharia@gmail.com

RESUMO: Neste trabalho, apresenta-se um estudo de um sistema de proteção


contra descargas atmosféricas, propondo-se uma aplicação prática no bloco C
do Campus Universitário da UEMG, com base na Norma Brasileira ABNT NBR
5419, de onde foram obtidos os dados necessários para estudo e
desenvolvimento do projeto em questão. Foram realizados levantamentos para
reprodução da planta arquitetônica do prédio, com o intuito de representar de
forma real, em escala reduzida, as dimensões da edificação. O foco principal
deste trabalho é descrever os métodos de proteção empregados nos sistemas
de proteção contra descargas atmosféricas e a abordagem de um exemplo
prático, mostrando o projeto de instalação do SPDA interno e externo, com a
finalidade de proteger as instalações elétricas e os equipamentos localizados
no bloco C, bem como resguardar a vida humana em caso de tempestade de
raios.

212
PALAVRAS-CHAVE: Descargas atmosféricas; Malha de aterramento;
Proteção de sistemas elétricos; SPDA.

ABSTRACT: In this work, we present a study of a lightning protection system,


proposing a practice application in pavilion C of Campus Universitário of
FEIT/UEMG, grounded in Brazilian Standard ABNT NBR 5419, where data
necessary were obtained for research and development of project in question.
Was performed surveys to reproduce the architectural plan of construction, with
the intention to represent in real form, in reduced scale, the dimensions of
building. The main focus of this work is describe the protection methods
employed in lightning protection systems and the approach of a practice
example, showing the installation project of internal and external LPS, with the
finality to protect the electrical installation and the equipment located in pavilion
C, and guards the human life in case of thunderstorms.

KEYWORDS: Atmosferic discharges; Grounding grid; Protection of electrical


systems; SPDA.

213
1. INTRODUÇÃO

A incidência direta ou indireta de descargas atmosféricas pode ser


extremamente danosa a sistemas elétricos e de telecomunicações. Um raio
ao atingir uma rede de distribuição poderá causar um curto-circuito
desequilibrado e deixar um quarteirão inteiro sem energia, além de danificar
equipamentos elétricos, queimando seus componentes devido à alta corrente
ou ao intenso campo eletromagnético gerado. As consequências são
maiores quando um raio atinge uma linha de transmissão ou em uma
subestação, por exemplo, pois podem acarretar em perdas inestimáveis e
grandes prejuízos às concessionários de energia elétrica (SIMOMURA,
2022).

Mesmo que as incidências não sejam diretamente em sistemas elétricos


ou de telecomunicações, pode haver, ainda, danos em ambos, devido ao
campo eletromagnético, causando interferência eletromagnética, ou às
correntes residuais que ficam no solo nos arredores da queda do raio, podendo
estas ainda penetrar em subsistemas de aterramento mal dimensionados e/ou
mal executados, queimando equipamentos elétricos conectados ao barramento
de equipotencialização (KINDERMAN, 1992).
Os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas ou,
simplesmente SPDA, são conjuntos de instalações e equipamentos utilizados
com a finalidade de reduzir as possibilidades de danos ocasionados por
descargas atmosféricas às instalações elétricas, equipamentos
eletroeletrônicos e resguardar a vida humana da incidência direta ou indireta de
raios. Seu princípio de funcionamento é basicamente atrair e conduzir a
corrente elétrica proveniente de uma descarga atmosférica para a terra. Um
SPDA é composto por sistemas interligados entre si, chamados subsistemas,
que garantem individualmente a eficiência no desempenho da função de
proteção geral (CREDER, 2007).
A elaboração, instalação e manutenção de um projeto de SPDA devem
ser executadas seguindo a norma brasileira ABNT NBR 5419 “Proteção de
estruturas contra descargas atmosféricas”, 2ª edição, 2005.
O Art. 14 da Lei 4645, de 20 de maio de 2008 estabelece a
obrigatoriedade da instalação de SPDA: “É obrigatória a instalação de Sistema

214
de Proteção Contra Descargas Atmosféricas – SPDA, nos termos da NR 10, do
Ministério do Trabalho, e NBR 5419, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas.”
Este trabalho tem por objetivo realizar um estudo sobre os sistemas de
proteção contra descargas atmosféricas, embasados na norma brasileira ABNT
NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas, abordando
seus principais tópicos, e aprofundando nos itens descritivos dos métodos de
proteção.
Outro propósito deste trabalho é apresentar um projeto prático, no qual
foi utilizado o bloco C do Campus Universitário da UEMG como exemplo de
aplicação, justificando tecnicamente a necessidade de instalação de um SPDA,
dimensionando os subsistemas de acordo com a ABNT NBR 5419 e
apresentando uma lista de materiais, caso seja decidida a implantação do
projeto.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A ABNT NBR 5419 (2001) é aplicável às edificações agrícolas,


administrativas, comerciais, industriais, institucionais e residenciais, estruturas
com quatro ou mais pavimentos ou área maior ou igual a 750,00 m² e chaminés
cuja altura seja superior a 20 m e/ou sua seção transversal seja maior que 0,30
m². A aplicação da NBR 5419 não implica na dispensa das observações
referentes à regulamentação de órgãos e entidades pertinentes, cujas
exigências devem ser atendidas pela instalação do sistema.
Um sistema de proteção contra descargas atmosféricas pode aplicar três
métodos de proteção, que são: Captores de Franklin; Gaiola de Faraday e
Eletrogeométrico. No presente trabalho o método escolhido foi o da Gaiola de
Faraday.

2.1. Método da gaiola de Faraday

O método da proteção gaiola de Faraday é baseado no experimento


realizado pelo físico-químico inglês Michael Faraday, em que provou que um
condutor eletrizado possui campo elétrico zero em seu interior, pois os elétrons
circulam pela superfície externa (CREDER, 2007).

215
Nesse método, os terminais aéreos de captação são dispostos
uniformemente pelas superfícies superiores do edifício e seguem para o
subsistema de descidas e, em seguida, para o subsistema de aterramento,
formando uma malha, análoga ao teorema de Faraday. A Figura 1 ilustra uma
casa que utiliza o método de proteção da gaiola de Faraday (SIT
ENGENHARIA, 2021).

Figura 1: Ilustração de uma residência protegida pelo método da gaiola de Faraday.

Fonte: SIT ENGENHARIA, 2021.

O método de proteção por gaiola de Faraday protege apenas o que está


no interior da estrutura, pois esta se torna um condutor conduzindo corrente
elétrica, quando atingida por uma descarga atmosférica (CREDER, 2007).
Os terminais aéreos deverão ser instalados na cobertura da edificação
ou nas platibandas, no caso de estruturas com telhado escondido por paredes,
inclusive em níveis diferentes. As perfurações feitas para fixação dos captores
deverão ser impermeabilizadas com silicone ou produto similar (CREDER,
2007).
A distância de separação entre dois terminais retilíneos deverá ser a
mesma para todos e a quantidade de captores deverá ser satisfatória no que
diz respeito à extensão em que os mesmos serão instalados (CREDER, 2007).
Todos os terminais aéreos deverão estar interligados, formando um anel
fechado, que é a malha de captação, abrangendo alturas diferentes, se for o
caso (CREDER, 2007).

2.2. Equalização de potenciais

A equalização de potencial é obtida mediante condutores de ligação

216
equipotencial, eventualmente incluindo DPS (dispositivo de proteção contra
surtos), interligando o SPDA, a armadura metálica da estrutura, as instalações
metálicas, as massas e os condutores dos sistemas elétricos de potência e de
sinal, dentro do volume a proteger (ABNT NBR 5419, 2005, p. 17).

2.3. Necessidade de proteção

O projeto de um SPDA deverá levar em consideração fatores que


determinam o tipo de proteção a ser empregada que protegerá adequadamente
a estrutura. São eles:
• Tipo de ocupação;
• Tipo de construção;
• Conteúdo a edificação e os efeitos indiretos das descargas
atmosféricas;
• Localização do prédio;
• Topografia local;
• Índice isocerâunico.

2.4. Determinação da necessidade de instalação de um SPDA

A necessidade de instalação de um sistema de proteção contra


descargas atmosféricas, segundo Leite e Leite (1994), é dada pela equação:

𝑁 = 𝐴AE ∙ 𝑁g ∙ 10−6 [raios/ano] (1)

N é o índice de necessidade de instalação de um SPDA;


𝐴AE é a área de atração de descargas da edificação, em metros
quadrados;
𝑁g é a densidade de descargas atmosféricas, em raios-ano por
quilômetro quadrado.
A densidade de descargas atmosféricas é definida pela equação 2:

𝑁g = 4 ∙ 10−2 ∙ 𝐼𝑐1,25 (2)

Após o cálculo do índice de necessidade, calcula-se a avaliação de risco


pela equação 3, de acordo com a ABNT NBR 5419 (2005), em função dos
fatores A, B, C, D e E.

217
𝑁𝑑 = 𝑁 * 𝐴 * 𝐵 * 𝐶 * 𝐷 * 𝐸 (3)

Onde:
𝑁𝑑 é a avaliação de risco para determinada estrutura;
N é o índice de necessidade de instalação de um SPDA;
A é o fator correspondente ao tipo de ocupação da estrutura;
B é o fator correspondente ao tipo de construção;
C é o coeficiente correspondente ao conteúdo da edificação e os efeitos
indiretos das descargas atmosféricas que ela comporta;
D é fator referente à localização do prédio;
E é o fator referente à topografia do terreno onde o prédio se encontra.

2.5. Quantidade de descidas

A quantidade de condutores de descida é uma grandeza física


dependente do perímetro da edificação e, claro, do respectivo nível de
proteção. A equação 4 nos fornece a quantidade de condutores de descida:
𝑷𝒆
𝑸𝒅 = (4)
𝑬𝒎

Onde:
Qd é a quantidade de descidas;
Pe é o perímetro da edificação, em metros;
Em é o espaçamento médio entre os condutores de descida, em metros,
de acordo com o nível de proteção.

2.6. Níveis de proteção

Na elaboração de um projeto de SPDA, o nível de proteção a ser


adotado é função do tipo de edificação e é mostrado abaixo segundo Fergütz
(2019):
Nível I: Depósitos de materiais nucleares, explosivos, inflamáveis,
químicos, bioquímicos, fábricas de materiais bélicos, pirotécnicos, estações de
telecomunicações, usinas elétricas, refinarias de petróleo e demais prédios
com risco de incêndio iminente;
Nível II: Edifícios comerciais, bancários, sítios arqueológicos, museus,
teatros, presídios, hospitais, escolas, templos religiosos, locais de práticas
esportivas, etc.;

218
Nível III: Edifícios residenciais, industriais com baixo risco de incêndio,
estabelecimentos agropecuários, áreas rurais de médio porte com estruturas
em madeira, etc.;
Nível IV: Depósitos de sucatas, áreas rurais de pequeno porte com
estruturas em madeira, etc.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A instalação de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas é


obrigatória em edifícios comerciais e residenciais acima de quatro pavimentos
ou com área construída igual ou superior a 750 m².
O bloco C do Campus Universitário da FEIT/UEMG não possui nenhum
tipo de proteção contra descargas atmosféricas. A edificação possui uma área
construída em planta de 1.193,05 m² e é destinada a fins educacionais, fato
que exige a instalação de um SPDA, pois nela há concentração de público, o
que torna elevada a possibilidade de um aluno ou funcionário da instituição
estar sujeito direta ou indiretamente às consequências de uma descarga
elétrica atmosférica.
A densidade de descargas atmosféricas para a região de Ituiutaba – MG,
no Triângulo Mineiro, dado o respectivo índice cerâunico, que é de
aproximadamente 30 dias de trovoada por ano, pode ser calculada pela
equação 2, demonstrado abaixo.

𝑁g = 4 * 10−2 * 𝐼𝑐1,25
𝑁g = 4 * 10−2 * 301,25
𝑁g =2,8084 [(raios*ano)/𝑘𝑚2]

Desta forma, e arredondando o resultado para facilitar nos cálculos, a


densidade de descargas atmosféricas é de três raios por quilômetro quadrado
por ano, isto significa que, em um ano, podem ocorrer até três descargas
atmosféricas entre nuvem e solo em uma área de 1 km².
Depois de realizado o levantamento do bloco C, juntamente com a
cantina de funcionários, o software AutoCAD® foi utilizado para representar a
planta baixa e elaborar o projeto de SPDA. A estrutura tem a altura máxima de
12 metros, entre o plano do solo e a caixa d’água. A cantina, no nível do piso

219
da passarela do pavimento imediatamente superior, tem uma altura de 3
metros. A partir dessas alturas medidas, o valor da área de atração de
descargas atmosféricas calculado foi de 3.816,20 m².
Com a área de atração e a densidade de descargas, calculamos o índice
de necessidade de instalação de um SPDA, através da equação 1,
desenvolvida abaixo.

𝑁 = 𝐴AE * 𝑁g * 10−6

𝑁 = 3816,2 * 3 * 10−6
𝑁 = 11,4486 * 10−3 [raios/ano]

Realizado o cálculo para determinar a necessidade de instalação de um


sistema de proteção contra descargas atmosféricas, determinamos a avaliação
de risco para a edificação, considerando os fatores A, B, C, D e E, através da
equação 3.
• Tipo de ocupação da estrutura: Escola/universidade. Fator A = 1,7;
• Tipo de construção: Alvenaria ou concreto simples, dotada de
cobertura em telhas de fibrocimento. Fator B = 1,0;
• Conteúdo da edificação: Escola/universidade. Fator C = 1,7;
• Localização: Área extensa com edificações e árvores de mesma altura
ou superior. Fator D = 0,4;
• Topografia local: Planície. Fator E = 0,3.

𝑁𝑑 = 𝑁 * 𝐴 * 𝐵 * 𝐶 * 𝐷 * 𝐸
𝑁𝑑 = 11,4486 * 10−3 * 1,7 * 1 * 1,7 * 0,4 * 0,3
𝑁𝑑 = 3,9704 * 10−3

A condição para que seja irrefutavelmente necessário instalar um SPDA


é que a avaliação de risco Nd seja igual ou maior que 10-3 (SANTOS, 2021).
No caso do bloco C, o valor calculado foi de quase o quádruplo da condição
obrigatória, portanto, deve-se instalar um sistema de proteção contra
descargas atmosféricas.

3.1. O subsistema de captação

A determinação do subsistema de captores foi realizada considerando a


extensa área de cobertura do bloco, que tem 73,05 por 15,15 metros. O telhado

220
é em telhas de fibrocimento do modelo Canaleta 90. O compartimento onde
está localizada a caixa d’água encontra-se exatamente no centro da estrutura,
tem dimensões de 4,25 por 5,60 por 2,00 metros de altura e não possui
telhado, apenas uma laje plana impermeabilizada.
Os condutores da malha de captação escolhidos foram em forma de
barra chata de cobre de 3/4” x 3/16” e os terminais aéreos deverão ser de base
plana, galvanizados a quente, de 35 cm de comprimento.
Na torre da caixa d’água, serão instalados oito terminais aéreos, sendo
localizados nos centros e nos vértices do referido plano, parafusados de baixo
para cima na barra de cobre, com parafusos inoxidáveis e apertados com
porcas também em aço inox. A barra de cobre, por sua vez, será fixada à laje
da torre por meio de parafusos inoxidáveis e buchas de nylon cravadas na laje.
No telhado principal, serão instalados 37 terminais aéreos em cada lado
de 73,05 m, com uma distância média de 2 metros entre eles. Nos lados de
15,15 m, serão colocados sete terminais de captação, já descontando um em
cada extremidade, contabilizado anteriormente na face perpendicular, com 2,17
metros de espaçamento médio. Na cumeeira do telhado, foram projetados 16
terminais, subtraindo um em cada extremidade, contabilizado anteriormente no
lado de 15,15 metros, também com 2 metros de espaçamento. A fixação dos
terminais aéreos na barra de cobre deverá ser realizada da forma citada
anteriormente, e a barra deverá ser parafusada na telha de fibrocimento
utilizando parafusos e porcas de aço inox. A Figura 2 ilustra como os terminais
deverão ser fixados no telhado do bloco C.

Figura 2: Detalhe de fixação do terminal aéreo e da barra de cobre nas telhas de fibrocimento.

Fonte: Os autores.

O total de terminais captores a instalar no telhado será 120, somando


com os oito a instalar na torre da caixa d’água, teremos o subsistema de

221
captação composto por 128 terminais aéreos, mostrado abaixo, na planta baixa
da malha de captação, como pode ser observado na Figura 3.

Figura 3: Planta baixa da malha de captação (sem escala).

Fonte: Os autores.

3.2. O subsistema de descidas

O bloco C está enquadrado no nível de proteção II (escola/universidade),


segundo a ABNT NBR 5419 de 2005. Para esse nível de proteção, o
espaçamento médio entre os condutores de descida é de 15 metros.
A quantidade de descidas é calculada pela equação 4, utilizando o
perímetro da estrutura, que é de 167,40 m, e o espaçamento médio entre as
descidas.
2 ∗ (15,15 + 73,05)
𝑄𝑑 =
15
176,4
𝑄𝑑 =
15

222
𝑄𝑑 = 11,76
𝑄𝑑 ≅ 12

Esse número de descidas refere-se ao prédio principal. Na torre da caixa


d’água, serão instalados quatro condutores de descida nas faces de 4,25
metros. No hall inferior à passarela, para aterramento do guarda corpo,
deverão ser utilizadas as duas descidas fixadas nos pilares de sustentação.
Nesta etapa do projeto, foi optado por utilizar o bom senso para determinar a
quantidade de descidas a serem instaladas na torre da caixa d’água, pois o
resultado obtido com a equação 4, neste caso, não foi satisfatório.
O guarda corpo da passarela é conectado à malha de aterramento
através da descida em cabo de cobre, de acordo com o detalhe mostrado na
Figura 4.

Figura 4: Detalhe da interligação do guarda corpo ao subsistema de descida.

Fonte: Os autores.

Onde:
1.Condutor de cobre nu 16 mm², vem do subsistema de captação e
conecta-se à malha de aterramento;
2.Condutor de cobre nu 16 mm² para aterramento do guarda corpo;
3.Parte metálica fixa do guarda corpo;
4.Terminal a compressão estanhado 16 mm²;
5.Conector de pressão 16 mm².
Os condutores do subsistema de descida escolhidos foram em cabos de

223
cobre nu de 16 mm² e em barras chatas condutoras, também de cobre, de 3/4”
x 3/16”. As barras chatas condutoras interligam a captação ao subsistema de
aterramento, terminando a uma altura de 3 metros acima do nível do solo, a
partir de onde a descida é continuada com um cabo de cobre de 16 mm², como
ilustra a Figura 5.

Figura 5: Detalhe de condutor de descida com proteção mecânica.

Fonte: Os autores.
Onde:
1. Cabo de cobre nu 16 mm², vem do subsistema de captação e
conecta-se à malha de aterramento;
2. Barra chata condutora de cobre 3/4” x 3/16”;
3.Tubo de PVC Ø 1” x 3,00 m;
4. Abraçadeira tipo “D”;
5. Parafuso de aço inoxidável Philips de 4,2 x 32 mm;
6. Bucha de nylon nº 8;
7. Terminal a compressão estanhado 16 mm²;
8. Parafuso de aço inoxidável de 1/4” x 7/8”;
9. Porca de aço inoxidável de 1/4”.

3.3. O subsistema de aterramento

O subsistema de aterramento projetado é constituído de 62 hastes de


alta camada, de 3/4” por 3 metros de comprimento. O tipo de arranjo a ser
empregado na malha é o “B”, pois a edificação possui mais de 25 metros de

224
perímetro.
Os condutores de malha deverão ser de cobre nu de 50 mm², enterrados
a 50 cm de profundidade com a terra compactada.
As conexões entre os condutores de descida, condutores de malha e
hastes de aterramento deverão ser realizadas exclusivamente através de solda
exotérmica, a uma profundidade de aproximadamente 30 cm. As soldas
exotérmicas aplicadas na confecção da malha são do tipo cabo/haste,
cabo/cabo “T” e cabo/cabo na horizontal, onde a emenda de condutores se faz
necessária.
A resistência de aterramento medida foi de 9,8 Ω, através do método da
queda de potencial, fato que não exige nenhum tratamento de correção de
resistividade do solo local.
A malha de aterramento, com uma área de 1.350,00 m², envolve o
prédio principal, e possui uma distância entre hastes de exatamente 3 metros,
para que não haja gradientes de tensão que possam vir a provocar tensões de
passo perigosas para quem se encontra no interior da malha. A Figura 6 ilustra
a planta baixa da malha de aterramento, onde a região não hachurada
representa a área compreendida entre o final do guarda corpo da passarela e o
início do passeio, a região em vermelho representa toda a construção e a
região em verde representa a abrangência da malha, e todas as medidas estão
em metros.

Figura 6: Planta baixa da malha de aterramento (sem escala).

Fonte: Os autores.

Para manutenções na malha e vistoria nas hastes, deverão ser


instaladas 14 caixas de inspeção de PVC com tampa de ferro fundido Ø 30 cm
onde há conexão entre descida e condutor de malha e nos vértices.

225
Na Figura 7 é mostrada a caixa de inspeção descrita acima, que deverá
ser aplicada na malha de aterramento do bloco C.

Figura 7: Haste de aterramento e caixa de inspeção aplicadas na malha do bloco C.

Fonte: Os autores.
Onde:
1. Haste de aterramento alta camada (254 microns) de 3/4” por 3 metros
de comprimento;
2. Cabo de cobre nu 16 mm². Vem do subsistema de descida;
3. Cabo de cobre nu 50 mm². Vem do subsistema de aterramento;
4. Caixa de inspeção Ø 30 cm em PVC;
5. Tampa de ferro fundido.

3.4. Equalização de potenciais

A necessidade de ter um barramento de equalização de potenciais


instalado no bloco C é determinada pela vulnerabilidade dos equipamentos
localizados em seu interior em serem afetados por diferenças de potenciais
originárias das descargas atmosféricas. Os equipamentos eletroeletrônicos
contemplados pela proteção através da equalização de potencial são centrais
de voz e dados, data-shows, DVD players, impressoras, microcomputadores,
servidores, televisores, videocassetes, entre outros.
Uma caixa de equalização de potencial deverá ser instalada em cada
ala, dos três andares, totalizando seis caixas na edificação. O barramento de
cobre das caixas do segundo pavimento conectar-se-á ao barramento do

226
primeiro pavimento, que, por sua vez, conectar-se- á ao barramento do
pavimento térreo e este, ao subsistema de aterramento, e a esses barramentos
deverão ser conectados:
• Carcaça de quadros de distribuição e derivação;
• Eletrodutos e encanamentos metálicos;
• Ferragens sobressalentes, acima do nível da laje;
• Terra de todos os equipamentos elétricos.
O uso de dispositivo de proteção contra surtos no bloco C é dispensável,
pois na rede de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais –
CEMIG há para-raios de baixa tensão, que tornam o sistema elétrico em
edificações seguro contra surtos de tensão provocados por incidência de
descargas atmosféricas.
Todas as interligações entre as caixas de equalização e a malha de
aterramento deverão ser efetuadas por condutores de cobre nu de 50 mm² e
deverão obedecer à seguinte hierarquia, mostrada pela Figura 8.

Figura 8: Hierarquia das caixas de equalização de potencial.

Fonte: Os autores.

Na planta baixa da Figura 9 é mostrada a ala direita do pavimento térreo,


onde uma caixa deverá ser instalada. Na ala esquerda, assim como nos dois
pavimentos superiores, outras caixas deverão ser instaladas, também entre

227
duas salas.

Figura 9: Planta baixa da localização da caixa de equalização de potenciais – ala direita,


pavimento térreo (sem escala).

Fonte: Os autores.

Na cantina de funcionários, no pavimento térreo, não haverá caixa de


equipotencialização instalada, pois há poucos equipamentos elétricos nela
inseridos, com geladeira, liquidificadores e cafeteiras, que são cargas
relativamente insignificantes, se comparadas às protegidas na secretaria,
auditório e sala de multimídia, e não representam risco de prejuízo significativo.
Para a edificação ser dispensada da instalação de um SPDA, a
avaliação de risco deverá ter um índice menor que 10-5. Se a avaliação de risco
fornecer um número entre 10-5 e 10-3, a instalação de um sistema de proteção é
facultativa. Se o índice da avaliação de risco resultar em um valor acima de 10-
3
, a edificação deverá ter um SPDA instalado.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No desenvolvimento deste trabalho, verifica-se que a necessidade de


instalação de um SPDA em qualquer edificação está diretamente relacionada
com o índice cerâunico, com a densidade de descargas atmosféricas, com a
altura da edificação, com sua área em planta e, calculando a área de atração
de descargas atmosféricas, é possível determinar esse índice, assim como a
avaliação de risco, que é função do tipo de ocupação e construção da
estrutura, do conteúdo armazenado por ela e sua localização e topografia local.
Após a determinação de todos os dados necessários para a elaboração
do projeto, o método de proteção escolhido para ser implantado foi a gaiola de
Faraday, que é o mais confiável dentre os três aqui mencionados.

228
Embora o método da gaiola de Faraday seja o mais eficiente entre os
três utilizados para proteção contra descargas atmosféricas, há também a
opção de projetar um SPDA utilizando a combinação com o método dos
captores Franklin. Essa combinação aumenta o custo da implantação do
sistema e não aumenta sua eficiência, pois o captor Franklin atrairá descargas
atmosféricas para a estrutura, que poderá ser captada por ele ou pelos
terminais aéreos e a gaiola de Faraday por si só já é suficiente para proteger a
estrutura contra os efeitos danosos da incidência de raios.
O projeto utilizado como exemplo de aplicação neste trabalho teve um
índice de necessidade de instalação que já obriga a instalação de um sistema
de proteção contra descargas atmosféricas, e a edificação é destinada a fins
educacionais, fato que agrava o previsto na ABNT NBR 5419 de 2005.
Por se tratar de uma edificação existente, não foi utilizado o SPDA
estrutural, e todo o projeto foi elaborado em conformidade com a norma
brasileira ABNT NBR 5419.
O subsistema de captores foi dimensionado, posicionando-se os
captores de forma mais simétrica possível, e os condutores da malha de
captação foram escolhidos em forma de barras chatas condutoras de cobre.

229
REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5419 - Proteção


de estruturas contra descargas atmosféricas. 2001.

CREDER, H. Instalações Elétricas; 15ª edição; Rio de Janeiro; LTC Editora;


2007.

FERGÜTZ, M. Sistemas de Proteção Contra Descargas Atmosféricas SPDA.


NBR 5419-3:2015 Danos Físicos a Estrutura e Perigos à Vida. 2019.

KINDERMAN, G. Descargas Atmosféricas; 1ª edição; Rio Grande do Sul;


Sagra-DC Luzzatto Editores; 1992.

LEITE, D. M.; LEITE, C. M. Proteção Contra Descargas Atmosféricas. Volume I


– Edificações, Baixa Tensão e Linhas de Dados; 2ª edição; São Paulo; Officina
de Mydia Editora Ltda.; 1994.

SANTOS, K. C. B. M. Como determinar o Nível de proteção em um projeto para


a NBR5419/2015? AltoQi SPDA. 2021. Disponível em:
<https://suporte.altoqi.com.br/hc/pt-br/articles/115002339494-Como-determinar-
o-N%C3%ADvel-de-prote%C3%A7%C3%A3o-em-um-projeto-para-a-
NBR5419-2015->. Acesso em: 1 jul. 2022.

SIMOMURA, C. ELAT - Grupo de Eletricidade Atmosférica. Disponível em:


<http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/infor/relampagos.e.efeitos/sistem
a.eletrico.php>. Acesso em: 1 jul. 2021.

SIT ENGENHARIA. Sistemas de Proteção Contra Descargas Atmosféricas.


Disponível em: <www.sitengenharia.com.br>. Acesso em: 1 jul. 2021.

230
CAPÍTULO 13
AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL UTILIZANDO O MÓDULO ESP32-
CAM COM CÂMERA OV2640 E ANTENA 3DI

Leonardo Vicente Araújo


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: leonardoaraujo756@gmail.com

William Santos Pires de Oliveira


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: william.1502130@discente.uemg.br

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

Jan Rieller Ferreira Silva


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: janriellerf@yahoo.com.br

Camila de Jesus Moreira


Formação: Bacharelanda em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: camila.1592584@discente.uemg.br

Eduardo Henrique Domingos de Morais


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: eduardohenrique.engenharia@gmail.com

RESUMO: A segurança hoje é motivo de preocupação para as famílias, seja


em casas ou apartamentos, independente da classe social. Desta forma, a
escolha do tema foi motivada pela necessidade de melhorar as condições de
segurança das pessoas em suas residênciais, buscando tornar estes sistemas
de baixo custo e de fácil acesso à sociedade. O sistema construído utiliza o
módulo ESP32-CAM com uma câmera OV2640 2MP, sendo este capaz de
filmar ou tirar fotos e enviá-las para a Internet, módulo conta com conexão WIFI
e possui suporte para cartão SD. Como local de implantação e estudos tem-se
a área externa e interna de uma residência, onde foi possível realizar o

231
monitoramento em tempo real, através da Internet. A análise da viabilidade
econômica demonstrou que o projeto apresenta baixo custo em relação a
sistemas existentes no mercado, cumprindo assim as premissas iniciais do
presente trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Baixo custo; Monitoramento; Protótipo; Segurança.

ABSTRACT: Security is now a matter of concern for families, whether in


houses or apartments, regardless of social class. Thus, the choice of theme
was motivated by the need to improve the safety conditions of people in their
homes, seeking to make these systems low-cost and easily accessible to
society. The built system uses the ESP32-CAM module with an OV2640 2MP
camera, which is capable of filming or taking pictures and uploading them to the
Internet, the module has a WIFI connection and supports an SD card. As a
place of implantation and studies, there is the external and internal area of a
residence, where it was possible to carry out monitoring in real time, through the
Internet. The economic feasibility analysis showed that the project has a low
cost in relation to existing systems on the market, thus fulfilling the initial
premises of the preset work.

KEYWORDS: Low cost; Monitoring; Prototype; Safety.

232
1. INTRODUÇÃO

A domótica é a integração de equipamentos ou sistemas para efetuar


determinadas atividades como criar, coletar, manipular, armazenar, transferir
e até mesmo facilitar o acesso de pessoas com necessidades especiais e
idosos (BOLZANI, 2004).
Em geral, pode ser automatizada qualquer atividade ou equipamentos
eletrônicos de uma residência como lâmpadas, portas, portões, TV, som,
entre outros que não exige ponderação humana, na tomada de decisão. A
domótica, é uma tecnologia que vem crescendo nos últimos anos, porque as
pessoas estão em uma busca por conforto, segurança, economia de energia,
e até entretenimento nas suas casas. Uma das aplicações bem interessante
da domótica é a automação dos sistemas de segurança. Estes tipos de
sistema tem ajudado na proteção da sociedade como um todo, devido às
ondas de furtos e assaltos. A segurança hoje é motivo de preocupação para
as famílias em suas residências, seja em casas ou apartamentos,
independente da classe social.
Partindo dessas premissas, fica evidente que a automatização de
equipamentos residenciais para atender a segurança é fundamental para
melhorar a qualidade de vida das pessoas.
O módulo ESP32-CAM com Câmera OV2640 2 MP é a placa ideal
para se fazer a câmera IP. Nessa placa extremamente compacta com o
poderoso ESP32 que possui conexão WIFI, é possível filmar e tirar fotos, e
enviar diretamente para a Internet. O módulo ESP32 é um módulo de alta
performance para aplicações envolvendo WIFI, contando com um baixíssimo
consumo de energia (GUSE, 2021).
Segundo Autocore Robótica (2021) o módulo com câmera permite o
uso em projetos de robótica, automação residencial entre outros, com a
possibilidade de uso para reconhecimento de imagem, detecção facial,
captura de imagens e vídeos entre outros. O mesmo possui um LED de alta
potência para utilização em ambientes de pouca luminosidade.
Para Junior e Farinelli (2019) controlar dispositivos de forma
inteligente não é uma idéia nova. Em 1894, o sérvio naturalizado
estadunidense Nikola Tesla demonstrou os primeiros experimentos de

233
comunicação sem fio.
Domótica é a automatização e o controle aplicados à residência. Esta
automatização e controle se realizam mediante o uso de
equipamentos que dispõem de capacidade para se comunicar
interativamente entre eles e com capacidade de seguir as instruções
de um programa previamente estabelecido pelo usuário da residência
e com possibilidades de alterações conforme seus interesses. Em
consequência, a domótica permite maior qualidade de vida, reduz o
trabalho doméstico, aumenta o bem-estar e a segurança, racionaliza
o consumo de energia e, além disso, sua evolução permite oferecer
continuamente novas aplicações (AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL,
2011).

Segundo Camargo (2014) o objetivo da automação residencial é a


melhoria no conforto e na segurança de residências e condomínios,
utilizando o controle de luzes, porteiro eletrônico, portão automático, controle
de acesso por meio de biometria, circuitos de monitoramento por vídeo,
controle da temperatura ambiente, dentre outros.
Existem diversos dispositivos desenvolvidos para automatizar as
tarefas rotineiras em uma casa, interligados entre si, gerando um sistema
amplo de execução de serviços. Na domótica atual é possível ter controle
sobre diversas tarefas realizadas pelo homem em sua residência (MUNDO
EDUCAÇÃO, 2020).
O objetivo geral do trabalho foi o desenvolvimento de um protótipo de
automação residencial de baixo custo, visando a segurança da residência
onde o mesmo será instalado.
Desta forma, a escolha do tema foi motivada pela necessidade de
melhorar as condições de segurança das pessoas em suas residênciais,
buscando tornar estes sistemas de baixo custo e de fácil acesso à
sociedade.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Componentes de Hardware

O Módulo ESP32-CAM com Câmera OV2640 2 MP é uma placa


extremamente compacta que conta com o microcontrolador ESP32, que possui
conexão WIFI, onde é possível filmar ou tirar fotos e enviá-las diretamente para
a Internet. Além da câmera, o mesmo vem com um LED para flash e possui
suporte para cartão SD (GUSE, 2022).

234
Este componente é uma placa de desenvolvimento de modo duplo,
contando com WIFI e bluetooth que usa antenas e núcleos de PCB baseados
em ESP32-S, faixa de ajuste de frequência principal de 80 MHz a 240 MHz,
sensor no chip, sensor Hall, sensor de temperatura, entre outros. Amplamente
utilizado em aplicações de IoT é adequado para dispositivos inteligentes
domésticos, monitoramento sem fio, reconhecimento facial e outras aplicações
da Internet das coisas (TRAY TECNOLOGIA, 2022). Na Figura 1 pode ser
observado o módulo ESP32-CAM.

Figura 1: Módulo ESP32-CAM.

Fonte: TRAY TECNOLOGIA, 2022.

Na Figura 2 pode-se observar a câmera utilizada pelo módulo ESP32-


CAM (TRAY TECNOLOGIA, 2022), a mesma é vendida juntamente com o
módulo, ou de forma separada, dependendo da necessidade do usuário.

Figura 2: Câmera Módulo ESP32-CAM.

Fonte: TRAY TECNOLOGIA, 2022.

235
Analisando a pinagem do módulo em questão pode-se verificar que o
mesmo conta com diversos GPIOs para conexão de periféricos. O mesmo
possui três pinos GND coloridos em preto, e dois pinos de alimentação
representados em vermelho, de 3.3 V e 5 V (RANDOM NERD TUTORIALS,
2020), o que é representado na Figura 3.

Figura 3: Pinagem Módulo ESP32-CAM.

Fonte: RANDOM NERD TUTORIALS, 2020.

A Placa FTDI FT232RL Conversor USB Serial é um módulo conversor


capaz de converter sinais USB em sinais Serial de nível TTL e RS232 para
facilitar a comunicação entre computadores e microcontroladores (OEM, 2022).
Esta placa é baseada no chip FT232RL e sua pinagem foi distribuída da
mesma forma que um cabo FTDI, auxiliando por exemplo na gravação de
Arduinos que operam em 3,3 e 5 V (FILIPEFLOP, 2022). Na Figura 4 é
possível observar a placa.

Figura 4: Placa FTDI FT232RL Conversor USB Serial.

Fonte: (FILIPEFLOP, 2022)

236
2.2. Componentes de software

IDE Arduino como é conhecida, do inglês IDE significa Integrated


Development Environment ou Ambiente de Desenvolvimento Integrado. É um
ambiente de programação desenvolvido para que se tenha tudo que é preciso
para programar a placa desejada nessa plataforma (QUINTINO, 2021). Na
Figura 5 é possível observar como funciona a IDE do Arduino.

Figura 5: Funcionamento IDE Arduino.

Fonte: QUINTINO, 2021.

Umas das alternativas de software mais simples utilizadas no


desenvolvimento inicial de programações em placas ESP tem sido a plataforma
de desenvolvimento Arduino. A transferência de programações a qualquer
microcontrolador, exigirá a seleção de pelo menos um dos modelos de placas
compatíveis com o software, no caso de placas ESP32 ou similares, será
preciso adicionar um novo conjunto nas opções de gerenciamento de placas,
no menu Arquivo >> Preferência (CURTO CIRCUITO, 2018).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Pesquisa exploratória para conhecimento sobre automação residencial e


sobre os componentes utilizados no projeto. A pesquisa bibliográfica foi

237
realizada em livros, revistas, artigos e outros. A segunda parte do trabalho
consiste na escolha do local de instalação e construção do protótipo de
segurança. Após essa etapa é feita a coleta e análise de dados.

3.1. Local de instalação

A ideia inicial era a instalação em um local que pudesse monitorar o


portão de entrada da casa. O protótipo foi instalado em dois locais distintos,
inicialmente em uma janela, no lado externo da casa, de forma que fosse
possível monitorar a rua, e também o portão de entrada da casa. Para fixação
do projeto na parede, foi utilizado uma protoboard para fixação do Módulo
ESP32-CAM, de modo que a fonte de alimentação, os cabos e a fonte de
alimentação permanecessem do lado interno da casa, como pode ser
observado na Figura 6.

Figura 6: Fixação do protótipo lado externo

Fonte: Os autores.

A segunda montagem foi realizada na parte interna da casa, o protótipo


foi fixado na parede ao lado da porta, para que o módulo ESP32-CAM pudesse
monitorar a movimentação do quintal e também a entrada do portão, onde da
mesma forma que a instalação do lado externo, a fonte de alimentação, os
cabos e a fonte de alimentação permanecessem do lado interno da casa, como
mostra a Figura 7.

238
Figura 7: Fixação do protótipo lado interno.

Fonte: Os autores.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Configurações IDE Arduino

Para a criação do código do projeto é necessária a instalação e


configuração da IDE do Arduino, os passos são demonstrados abaixo:
1º) O primeiro passo é a instalação da IDE do Arduino, que pode ser
encontrada no site: https://www.arduino.cc/en/software
Na Figura 8 é possível observar a versão mais nova a ser instalada,
assim como os sistemas operacionais disponíveis para download.

Figura 8: Baixando a IDE do Arduino.

Fonte: Os autores.

239
2º) Com o download finalizado basta clicar sobre o arquivo, e autorizar o
programa.
3º) Após essa etapa é preciso aceitar os termos de uso do programa,
como pode ser visto na Figura 9.

Figura 9: Iniciando a instalação do programa.

Fonte: Os autores.

4º) Após o término da instalação a IDE do Arduino é inicializada, como


pode ser visto na Figura 10, mas para utilizar o módulo Módulo ESP32-CAM se
faz necessário algumas configurações a mais.

Figura 10: Iniciando a IDE do Arduino.

Fonte: Os autores.

240
5º) O primeiro passo para iniciar a configuração é indo em Arquivo e
depois Preferências, como pode ser observado na Figura 11.

Figura 11: Configurações Iniciais da IDE do Arduino.

Fonte: Os autores.

6º) Em URLs Adicionais para Gerenciadores de Placas, é preciso


colocar o seguinte link: https://dl.espressif.com/dl/package_esp32_index.json.
Esse processo é importante uma vez que é responsável por relacionar os
pacotes de placas com a IDE, como pode ser observado na Figura 12.

Figura 12: Relacionando a IDE do Arduino com as placas ESP32.

Fonte: Os autores.

241
7º) Após esse processo é preciso baixar as bibliotecas do módulo, para
isso deve-se ir em Ferramentas>Placa>Gerenciador de Placas, como pode ser
observado na Figura 13.

Figura 13: Baixando as bibliotecas do módulo.

Fonte: Os autores.

8º) Para encontrar as Placas é necessário pesquisar por esp32 e clicar


em instalar, como pode ser observado na Figura 14.

Figura 14: Baixando o pacote ESP32.

Fonte: Os autores.

242
9º) Após essa configuração, as placas da família ESP32 estão
disponíveis para uso na IDE do Arduino.
10º) Para verificar que o pacote de placas foi instalado corretamente, basta
seguir o mesmo processo do tópico 7, e as placas disponíveis podem ser
observadas, como mostra a Figura 15.

Figura 15: Verificando a instalação das Placas ESP32.

Fonte: Os autores.

11º) Para se usar o módulo é preciso selecionar a opção ESP32 Wrover


Module, como pode ser observado na Figura 16.

Figura 16: Escolha da Placa a ser utilizada

Fonte: Os autores.

243
12º) Algumas informações precisam ser modificadas para o
funcionamento correto, em Ferramentas>Partition Scheme, e escolher a opção
mostrada na Figura 17.

Figura 17: Configurações Finais.

Fonte: Os autores.

13º) Em Ferramentas>Porta, é possível selecionar a porta em que o


módulo está conectado. Para que o computador reconheça a porta em que o
módulo está instalado é preciso baixar um conversor USB serial CP210x. Esse
arquivo pode ser baixado através do site:
https://www.robocore.net/tutoriais/instalando-driver-do-nodemcu. Onde é
possível selecionar o sistema operacional a ser utilizado.

14º) Com o arquivo baixado de acordo com o sistema operacional é


necessário descompactar o conteúdo do arquivo e acessar a pasta criada. Na
pasta existem dois arquivos, um para 32 e outro para 64 bits, basta executar o
arquivo correspondente a quantidade de bits do computador utilizado. Ao
executar o arquivo, uma tela de instalação aparecerá, como pode ser
observado na Figura 18.

244
Figura 18: Instalação do driver.

Fonte: Os autores.

15º) A instalação deve ser feita de forma convencional, e deve ser


concluída de acordo com a Figura 19.

Figura 19: Conclusão da instalação.

Fonte: Os autores.

16º) Instalação do conversor USB serial CH340G (V3), o link para baixar
pode ser encontrado no site: https://www.robocore.net/tutoriais/instalando-

245
driver-do-nodemcu. Após ser baixado o arquivo deve ser descompactado, e
executado, como mostra a Figura 20.

Figura 20: Instalação do conversor USB serial CH340G.

Fonte: Os autores.
4.2. Código do Arduino

O código foi realizado baseado no site Filipeflop (2022). Inicialmente são


incluídas as bibliotecas a serem utilizadas no código. Após isso são definidas
as configurações da rede WIFI, como nome e senha.
Logo após essa etapa é feita uma configuração do modelo da câmera
utilizada. São realizadas comparações ao longo do código para verificar se
ocorreu falha na câmera, ou algum erro ao longo do percurso. Também é
realizada uma conexão WIFI no código, mostrando se o mesmo foi conectado
ou se ocorreu algum tipo de erro. Com as configurações realizadas é iniciada a
transmissão.

4.3. Montagem do circuito

A conexão entre o módulo ESP32-CAM e a placa FTDI FT232RL


Conversor USB Serial, foram realizados de acordo com Isaac (2021), como
mostra a Figura 21.

246
Figura 21: Conexão módulo ESP32 CAM com o Conversor USB Serial.

Fonte: Os autores.

Para integração do módulo ESP32 CAM com o FTDI FT232RL é


realizada a conexão de acordo com as informações da Tabela 1.

Tabela 1: Conexão entre o módulo ESP32 CAM e o Conversor USB Serial.

Módulo ESP32 CAM Conversor USB Serial


5V Vcc
GND GND
GPIO 3 (U0RXD) TX0
GPIO 1 (U0TXD) RXI
Fonte: Os autores.

Tendo as informações de como o módulo deve ser conectado com o


conversor USB Serial, e com o auxílio de jumper fêmea-fêmea, a ligação dos
componentes foi realizada, como mostra a Figura 22.

Figura 22: Conexão dos componentes.

Fonte: Os autores.

247
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1. Funcionamento do protótipo

Com o código carregado no módulo e todas as configurações


necessárias realizadas na IDE do Arduino, é possível observar o
funcionamento do protótipo. Para tal é necessário abrir o Monitor Serial da IDE
do Arduino e observar as informações apareceram. Com a conexão WIFI
realizada de forma satisfatória, o código gera um endereço IP onde é possível
observar o funcionamento do mesmo.
A Figura 23 mostra a imagem capturada durante a transmissão de vídeo,
onde é possível observar o monitoramento da área externa da residência.

Figura 23: Monitoramento da parte externa da residência.

Fonte: Os autores.

A Figura 24 mostra a imagem capturada durante a transmissão de vídeo,


onde é possível observar o monitoramento da área interna da residência.

248
Figura 24: Monitoramento da parte interna da residência.

Fonte: Os autores.

5.2. Análise da viabilidade econômica

Para verificar a viabilidade do protótipo em relação a outros sistemas de


monitoramento encontrados na Internet, foi realizada uma pesquisa em
diferentes sites, sobre os componentes utilizados, é feita uma média de
valores, entre 3 diferentes valores, como pode ser observado na Tabela 2.

Tabela 2: Lista de componentes.

Componente Valor
Módulo ESP32-CAM com Câmera OV2640 2MP R$85,00
Placa FTDI FT232RL Conversor USB Serial R$20,00
Jumper Fêmea-Fêmea R$10,00
Fonte 5V R$19,00
Protoboard R$11,00
Total:
R$145,00
Fonte: Os autores.

O protótipo apresenta um baixo custo, se comparado com outros


sistemas de monitoramento de vídeo para residências, uma vez que em sua
maioria são vendidos sistemas com mais de uma câmera. Os preços variam de

249
R$1000,00 a R$1200,00 para sistemas com 4 câmeras e um monitor. Sistemas
mais simples, com 2 a 4 câmeras tem seu preço de R$385,00 a R$655,00,
podendo variar em decorrência de marca, qualidade das câmeras e outros
acessórios adicionais.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os objetivos propostos inicialmente, com os resultados


adquiridos no decorrer do desenvolvimento deste trabalho, o sistema se
mostrou eficiente sendo um protótipo para monitoramento de baixo custo. O
projeto é muito versátil, podendo ser instalado em diferentes locais,
dependendo das necessidades do usuário.
Analisando os sistemas de monitoramento existentes no mercado é
possível perceber que o protótipo tem um tamanho reduzido, sendo discreto e
não interferindo na estética do ambiente a ser instalado.
Uma das propostas para trabalhos futuros é a construção de um local
para alocar o protótipo de forma que o funcionamento do mesmo não sofra
interferências externas, como chuva, ventos, poeira, que podem comprometer
o mesmo, diminuindo sua vida útil e sua eficiência.
Uma proposta para trabalhos futuros é a criação de um aplicativo que
seja capaz de controlar o processo do protótipo, como salvar imagens, realizar
gravações, uma vez que o módulo ESP32-CAM possui um compartimento para
micro SD.

250
REFERÊNCIAS

AUTOCORE ROBÓTICA. Módulo ESP32-CAM com Câmera OV2640 2MP.

Automação residencial: Automação residencial: histórico, definições e conceitos.


[S. l.]: O Setor Elétrico, 2011.

BOLZANI, C. A. M. Residências Inteligentes: Domótica; Redes Domésticas;


Automação Residencial. 4. ed. São Paulo: Livraria da Física, 2004.

CAMARGO, V. L. A. Elementos de automação. 1 ed. São Paulo: Érica, 2014.

CURTO CIRCUITO. Conhecendo o ESP32. Blog, 2018. Disponível em:


<https://www.curtocircuito.com.br/blog/Categoria%20IoT/conhecendo-esp32>.
Acesso em: 27 jan. 2022.

FILIPEFLOP. Placa FTDI FT232RL Conversor USB Serial. Disponível em:


<https://www.filipeflop.com/produto/placa-ftdi-ft232rl-conversor-usb-serial/>.
Acesso em: 28 jan. 2022.

GUSE, R. Módulo ESP32-CAM com Camera OV2640 2MP. Disponível em:


<https://www.filipeflop.com/produto/modulo-esp32-cam-com-camera-ov2640-
2mp/>. Acesso em: 26 jan. 2022.

ISAAC. ESP32-CAM: O que você deve saber sobre este módulo. Disponível
em: <https://www.hwlibre.com/pt/c%C3%A2mera-esp32/>. Acesso em: 13 fev.
2022.

JUNIOR, S. L. S; FARINELLI, F. A. Domótica: Automação Residencial e Casas


Inteligentes com Arduino e ESP8266. 1 ed. São Paulo: Érica, 2019.

MUNDO DA EDUCAÇÃO. Domótica. Disponível em:


<https://mundoeducacao.uol.com.br/informatica/domotica.htm#:~:text=%C3%89%
20a%20tecnologia%20respons%C3%A1vel%20pela,automatizar%20(realizar%20
a%C3%A7%C3%B5es%20maquinalmente).>. Acesso em: 26 jan. 2022.

OEM. Placa FTDI FT232RL Conversor USB Serial. Disponível em:


<https://www.saravati.com.br/placa-ftdi-ft232rl-conversor-usb-serial>. Acesso em:
28 jan. 2022.

QUINTINO, E. C. O que é IDE Arduino? 2021. Disponível em:


<https://www.filipeflop.com/blog/o-que-e-ide-arduino/>. Acesso em: 28 jan. 2022.

RANDOM NERD TUTORIALS. ESP32-CAM AI-Thinker Pinout Guide: GPIOs


Usage Explained. 2020. Disponível em: <https://randomnerdtutorials.com/esp32-
cam-ai-thinker-pinout/#comment-700194>. Acesso em: 27 jan. 2022.

TRAY TECNOLOGIA. ESP32-CAM com Camera OV2640 2MP. Disponível em:


<https://www.marinostore.com/wireless-iot/esp32-cam-com-camera-ov2640-2mp>.
Acesso em: 26 jan. 2022.

251
CAPÍTULO 14
PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL

Ana Paula Santos da Silva


Formação: Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade
Federal de Uberlândia (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: ana.paula@uemg.br

Ayonara Cristina da Silva


Formação: Pós Graduanda em Engenharia de Controle e Automação Industrial,
Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: ayonara.cristina@gmail.com

Perseu Aparecido Teixeira Brito


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: perseu.brito.perseu@gmail.com

Luciana Silva Maciel


Formação: Licenciada em Educação Física (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: luciana.maciel@uemg.br

Camila de Jesus Moreira


Formação: Bacharelanda em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: camila.1592584@discente.uemg.br

Eduardo Henrique Domingos de Morais


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: eduardohenrique.engenharia@gmail.com

Jan Rieller Ferreira Silva


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: janriellerf@yahoo.com.br

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)

252
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

Fabiana da Silva Santos Franco


Formação: Pós graduada em Tecnologia em Sistema de Informação (Universo)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: fabiana.franco@uemg.br

Denise Carla de Oliveira Andrade


Formação: Licenciada em Computação (IFTM)
Instituição: Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM)
Endereço: Rua Belarmino Vilela Junqueira s/nº, Novo Tempo 2, Ituiutaba – MG
E-mail: denisecomputacao@gmail.com

RESUMO: O biodiesel é um biocombustível derivado de fonte renovável que


contribui para a redução da temperatura global do planeta. O objetivo do
presente trabalho é apresentar os principais processos de produção do
biodiesel. Toda substância que contém triglicerídeos em sua composição pode
ser utilizada para produção do biodiesel. Os processos mais conhecidos para
produção do biodiesel são a transesterificação e o craqueamento térmico. O
biodiesel é uma alternativa econômica, tendo a vantagem de ser confiável e
renovável.

PALAVRAS-CHAVE: Biocombustível; Biodiesel; Processos de produção.

ABSTRACT: Biodiesel is a biofuel derived from a renewable source that


contributes to reducing the global temperature of the planet. The objective of
the present work is to present the main processes of biodiesel production. Any
substance that contains triglycerides in its composition can be used to produce
biodiesel. The best known processes for producing biodiesel are
transesterification and thermal cracking. Biodiesel is an economical alternative,
having the advantage of being reliable and renewable.

KEYWORDS: Biofuel; Biodiesel; Production processes.

253
1. INTRODUÇÃO

O biodiesel, é um biocombustível derivado de fonte renovável para uso


em motores a combustão interna com ignição por compressão, contribui para a
redução da temperatura global do planeta, proporciona emprego e renda, é
totalmente miscível em óleo diesel mineral, aumenta a lubricidade do
combustível melhorando o desempenho do motor, é biodegradável e não tóxico
(ENCARNAÇÃO, 2007).
Devido à sua luminosidade, temperatura média anual e a disponibilidade
de recursos hídricos, o Brasil é um país privilegiado em questões de produção
de biodiesel. Óleo de girassol, de amendoim, de mamona, de soja, de milho, de
dendê ou palma são muito comuns de serem encontrados no Brasil
(TOMÉ, 2019).
A obtenção deste biocombustível se dá através da reação entre matéria
graxa e um álcool. O tipo do álcool que vai reagir define o tipo de rota. Os
álcoois mais comumente utilizados são o metanol e o etanol, denominando,
respectivamente, os processos de rota metílica e etílica (ENCARNAÇÃO,
2007).
Como dito, o biodiesel é obtido através de fontes renováveis, desde que
atenda as especificações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis), órgão regulador das atividades que integram as indústrias
de petróleo e gás natural e de biocombustíveis no Brasil (TOMÉ, 2019).
O objetivo do presente trabalho é apresentar os principais processos de
produção do biodiesel.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, cuja investigação adota


uma abordagem baseada no estado da arte (revisão bibliográfica)
considerando os seguintes materiais de pesquisa coletados em bancos de
dados, artigos de periódicos, dissertações, teses, trabalhos apresentados em
congressos, relatórios, especificações técnicas apresentadas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

254
2.1. Definição e matérias primas

A Lei nº 11.097/2005, que dispõe sobre a introdução do biodiesel na


matriz energética brasileira, define biodiesel como sendo um:
biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores
a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme
regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa
substituir parcial ou totalmente combustível de origem fóssil (D.O.U,
2015).

Inicialmente, toda substância que contém triglicerídeos em sua


composição pode ser utilizada para produção do biodiesel. Os triglicerídeos
são encontrados em óleos vegetais e gorduras animais, além de óleos e
gorduras residuais. Além dos triglicerídeos, os ácidos graxos também são
fontes para a produção de biodiesel. Holanda (2004) define as matérias primas
para obtenção do biocombustível em quatro categorias: óleos e gorduras de
origem animal, óleos e gorduras de origem vegetal, óleos residuais de fritura, e
matérias graxas de esgoto. Na Tabela 1 é possível observar essas categorias.

Tabela 1: Matérias primas para obtenção de biodiesel.


Categoria Origem Obtenção
Óleos e gorduras de
Matadouros, frigoríficos e Extração com água e
origem animal
curtumes vapor
Óleos e gorduras de Agricultura temporária e Extração mecânica por
origem animal permanente solvente ou mista
Óleos residuais de frituras Cocções comerciais e industriais Acumulações e coletas
Matérias graxas de Águas residuais de cidades e Processo em fase de
esgotos industriais pesquisa
Fonte: Os autores.

De acordo com Biodiesel Brasil (2018), o óleo vegetal é uma das


principais matérias primas do biodiesel, o mesmo é composto por três
moléculas de ácidos graxos ligadas a uma de glicerina (subproduto convertido
em sabão). Estima-se que 20 % do óleo de origem vegetal é formado por
glicerol e durante a produção, o composto é removido do biocombustível
tornando o óleo mais fino e menos viscoso. Existem três processos conhecidos
para a produção do biodiesel: a transesterificação e o craqueamento térmico.

255
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Processos de fabricação do biodiesel

Em todos os métodos de fabricação do biodiesel é criada uma reação


química de óleo e álcool estimulada por um catalisador. O processo é
conduzido em um reator com agitação enérgica que resulta na formação de
sabão, a reação é considerada completa quando retorna à sua coloração
original (BIODIESEL BRASIL, 2018).
O catalisador mais comum é obtido da mistura com 0,5 % de soda
cáustica em relação ao peso do óleo. Catalisadores básicos aceleram a reação
aproximadamente 4 mil vezes e são mais viáveis financeiramente do que os
catalisadores ácidos (BIODIESEL BRASIL, 2018).
O combustível obtido pelo craqueamento de óleos e gorduras não é
considerado biodiesel pela nomenclatura internacional. A Embrapa adotou o
termo ecodiesel para combustíveis obtidos a partir da pirólise dos triglicerídeos.
Mas o termo mais utilizado é biodiesel craqueado, diferenciando assim do
obtido pela rota da transesterificação (JARDINE; BARROS, 2022).
A produção do biodiesel se inicia com o pré tratamento da matéria prima
utilizada, onde é feita uma filtragem dos óleos, seja ele alimentar ou puro. A
filtragem remove as contaminações sólidas e elimina a maior quantidade de
água para evitar a hidrólise, processo responsável por carregar a formação de
um glicerol e três moléculas de ácidos graxos (BIODIESEL BRASIL, 2018).
Durante a segunda etapa de preparação é feita a determinação e o
tratamento dos ácidos graxos livres, a amostra de óleo puro se transforma na
base padronizada da mistura e no óleo residual é realizada uma análise para
determinar a quantidade de ácidos graxos presentes na amostra. Os ácidos
encontrados são esterificados e os glicerídeos são removidos através da
neutralização (BIODIESEL BRASIL, 2018).
As reações acontecem na terceira etapa, onde a base padronizada é
adicionada lentamente a um excesso de metanol, ou etanol, e agitada até se
dissolver. O álcool é adicionado em excesso para aumentar o rendimento de
ésteres, permitindo assim, a formação da fase do processo que separa
biodiesel do glicerol (BIODIESEL BRASIL, 2018).
Na quarta e última etapa acontece a purificação do biodiesel, ou seja, é

256
feita a remoção dos produtos gerados durante a sua fabricação. Entre eles
estão: glicerina, água residual e ésteres metílicos (BIODIESEL BRASIL, 2018).
Uma alternativa para remoção de impurezas do biocombustível é a
lavagem com água quente. A lavagem com água acidificada neutraliza o
catalisador básico. Os compostos líquidos podem ser separados dos ésteres
por decantação e em seguida é feito o aquecimento para a secagem e a
remoção da umidade (BIODIESEL BRASIL, 2018).

3.2. Transesterificação

O processo mais comum de produção de biodiesel é a transesterificação


utilizando catalisadores básicos homogêneos (MA; HANNA, 1999).
Os experimentos com transesterificação, foram iniciados na
Universidade Federal do Ceará 1979, estimulados pelas propostas
apresentadas pelo professor Melvin Calvin (Prêmio Nobel de Química) no
Seminário Internacional de Biomassa ocorrido em 1978, em Fortaleza
(ENCARNAÇÃO, 2007). A cadeia de produção do biodiesel através do
processo de transesterificação pode ser observada na Figura 1.

Figura 1: Cadeia produtiva do biodiesel.

Fonte: (COMUNICAÇÃO UBRABIO, 2018)

A transesterificação é a reação química que ocorre entre um éster e um


álcool, com formação de um novo éster e álcool (MAGALHÃES, 2022). O
método é o mais utilizado, pois, acontece em apenas uma etapa, onde o
composto orgânico se processa na presença de um catalisador (BIODIESEL
BRASIL, 2018).
Conforme o tipo de substância que reage com o éster, temos os

257
seguintes tipos de transesterificação: alcoólise, que é a reação entre álcool e
éster; acidólise, reação entre éster e ácido carboxílico; e interesterificação,
reação entre dois ésteres (MAGALHÃES, 2022).
Conforme o tipo de substância que reage com o éster, temos os
seguintes tipos de transesterificação: alcoólise, que é a reação entre álcool e
éster; acidólise, reação entre éster e ácido carboxílico; e interesterificação,
reação entre dois ésteres (MAGALHÃES, 2022).

3.3. Craqueamento térmico

O craqueamento térmico ou pirólise é a conversão de uma substância


em outra por meio do uso de calor, isto é, pelo aquecimento da substância, na
ausência de ar ou oxigênio, a temperaturas superiores a 450 graus centígrados
(NETO, 2007). É provocada a quebra das moléculas por aquecimento,
resultando em uma mistura de compostos químicos semelhante ao diesel de
petróleo (BIODIESEL BRASIL, 2018).
Distintivamente da mistura direta, gorduras podem ser objeto de pirólise
para a produção de compostos de menores cadeias. A pirólise de gorduras tem
sido investigada há mais de 100 anos, especialmente em países com
pequenas reservas de petróleo. Catalisadores típicos para serem empregados
na pirólise são o óxido de silício – SiO2 e o óxido de alumínio – Al2O3 (NETO,
2007).
O equipamento para pirólise ou craqueamento térmico é caro. Contudo,
os produtos finais são similares quimicamente ao óleo diesel (NETO, 2007).

3.4. Hidroesterificação

O processo permite o uso de qualquer matéria-prima graxa (gordura


animal, óleo vegetal, óleo de fritura usado, borras ácidas de refino de óleos
vegetais, entre outros) independente da acidez e da umidade que possuem. O
que é um grande diferencial quando comparado ao processo convencional de
transesterificação que gera, inevitavelmente, sabões afetando o rendimento
dessas plantas e dificultando a separação biodiesel/glicerina (ENCARNAÇÃO,
2007).

258
A hidroesterificação é um processo que envolve uma etapa de hidrólise
seguida de uma etapa de esterificação (ENCARNAÇÃO, 2007).
Encarnação (2007) diz:
A hidrólise consiste numa reação química entre a gordura ou o óleo
com a água, gerando-se glicerina e ácidos graxos. Independente da
acidez e da umidade da matéria-prima, o produto final da hidrólise
possui acidez superior a 99 %. Portanto, ao invés de diminuir a acidez
através de um refino, a hidrólise aumenta propositadamente a acidez
da matéria-prima. Além disso, obtém-se uma glicerina muito mais
pura que a glicerina advinda da transesterificação. Matérias-primas de
grau alimentício geram glicerinas de grau alimentício a partir da
hidroesterificação. Isso jamais ocorre na transesterificação, onde um
significativo teor de sais, álcoois e outras impurezas encontram-se
presente na glicerina. Atualmente, as três plantas de hidrólise (SGS,
em Ponta Grossa-PR; Irgovel – Indústria Rio Grandense de Óleos
Vegetais, em Pelotas-RS; e ICSG – Indústria Campineira de Sabão e
Glicerina, em Campinas - SP), em operação no Brasil, atingem
conversões superiores a 99 %.

Após a reação de hidrólise a glicerina é removida e os ácidos graxos


gerados são então esterificados com um álcool que “neutraliza” a acidez
presente. O biodiesel é gerado com elevada pureza, sem necessidade de
etapas de lavagem que geram efluentes e elevado consumo de compostos
químicos. Na reação também se obtém, como subproduto, a água, que retorna
para o processo de hidrólise (ENCARNAÇÃO, 2007).

5. CONCLUSÕES

O Brasil é um país favorecido em relação ao cultivo de plantações, que


podem ser utilizadas para fabricação do biodiesel, com um baixo custo de
produção.
Com a elevação do preço da gasolina, o preço do diesel e de outros
derivados do petróleo tendem a subir. O uso desse tipo de combustível
aumenta as emissões de dióxido de carbono, contribuindo para o aquecimento
global.
Tendo em vista tais fatores o biodiesel apresenta diversas vantagens
com seu uso. Por ser um ótimo lubrificante para motores, pode aumentar a vida
útil dos mesmos. Devido ao seu menor risco de explosão, seu armazenamento
e transporte são mais fáceis, do que se tratando de combustíveis derivados do
petróleo.
O biodiesel é um substituto do diesel, não precisando de nenhuma

259
modificação nos motores, além de ter sua viabilidade comprovada na avaliação
dos componentes do motor, não tendo apresentado nenhum tipo de resíduo
que comprometesse o desempenho.
A maior parte dos veículos utilizados na indústria são movidos a diesel.
O biodiesel é uma alternativa econômica, tendo a vantagem de ser confiável,
renovável e fortalecer a economia do país gerando mais empregos.

260
REFERÊNCIAS

BIODIESEL BRASIL. Produção do biodiesel: Conheça as etapas do processo.


2018. Disponível em: <https://biodieselbrasil.com.br/producao-do-
biodiesel/#:~:text=Existem%20tr%C3%AAs%20processos%20conhecidos%20p
ara,carbolix%C3%ADlico)%20a%20partir%20de%20outro.>. Acesso em: 8 abr.
2022.

COMUNICAÇÃO UBRABIO. Biocombustíveis: Aliados do Brasil na transição


para a energia limpa - Ubrabio. Disponível em:
<https://ubrabio.com.br/2018/08/30/biocombustiveis-aliados-do-brasil-na-busca-
da-transicao-para-a-energia-limpa/>. Acesso em: 11 ago. 2022.

D.O.U. de 14.01.2005. Lei nº 11.097/2005 de 13 de janeiro de 2005. P. 8.


Disponível em:
<https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=11097&ano=200
5&ato=d18QTVE5EMRpWT68f>. Acesso em: 14 abr. 2022.

ENCARNAÇÃO, A. P. G. Geração de Biodiesel pelos Processos de


Transesterificação e Hidroesterificação, Uma Avaliação Econômica.
Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Escola de Química - EQ,
2007.

HOLANDA, A. O Biodiesel e a inclusão social. Brasília: Câmara dos


deputados, Coordenação de Publicações, Série de estudos científicos e
tecnológicos, n.1, 2004. 1-24 ISBN 85-7365-339-6

JARDINE, J. G.; BARROS, T. D. Craqueamento. Agência Embrapa de


Informação Tecnológica - Craqueamento. Embrapa.br, 2022.

MAGALHÃES, L. Transesterificação. Toda Matéria. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/transesterificacao/>. Acesso em 08 de Maio
de 2022.

TOMÉ, M. Biodiesel – o que é, como é feito, vantagens, desvantagens,


produção no Brasil. Canal Bioenergia. Disponível em:
<https://www.canalbioenergia.com.br/biodiesel-o-que-e-como-e-feito-
vantagens-desvantagens-producao-no-brasil/>. Acesso em: 8 abr. 2022.

261
CAPÍTULO 15
USO DOS BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL

Ana Paula Santos da Silva


Formação: Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade
Federal de Uberlândia (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: ana.paula@uemg.br

Ayonara Cristina da Silva


Formação: Pós Graduanda em Engenharia de Controle e Automação Industrial,
Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: ayonara.cristina@gmail.com

Camila de Jesus Moreira


Formação: Bacharelanda em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: camila.1592584@discente.uemg.br

Eduardo Henrique Domingos de Morais


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: eduardohenrique.engenharia@gmail.com

Jan Rieller Ferreira Silva


Formação: Bacharelando em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: janriellerf@yahoo.com.br

Perseu Aparecido Teixeira Brito


Formação: Bacharel em Engenharia Elétrica (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: perseu.brito.perseu@gmail.com

Luciana Silva Maciel


Formação: Licenciada em Educação Física (UEMG)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: luciana.maciel@uemg.br

Denise Carla de Oliveira Andrade


Formação: Licenciada em Computação (IFTM)

262
Instituição: Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM)
Endereço: Rua Belarmino Vilela Junqueira s/nº, Novo Tempo 2, Ituiutaba – MG
E-mail: denisecomputacao@gmail.com

Aurea Messias de Jesus


Formação: Mestranda em Engenharia Química (UFU)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: aurea.jesus@uemg.br

Fabiana da Silva Santos Franco


Formação: Pós graduada em Tecnologia em Sistema de Informação (Universo)
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Endereço: Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba – MG
E-mail: fabiana.franco@uemg.br

RESUMO: As motivações para o interesse do uso dos biocombustíveis são


variadas e se diversificam de um país para o outro, dentre elas estão a redução
da dependência externa do petróleo e a minimização da poluição,
principalmente em grandes centros urbanos. O Brasil possui um destaque
significativo no cenário mundial de produção e uso de biocombustíveis,
particularmente em relação ao etanol produzido a partir de cana-de-açúcar e o
biodiesel derivado de óleos vegetais ou de gorduras animais.

PALAVRAS-CHAVE: Biocombustíveis; Biodiesel; Etanol.

ABSTRACT: The motivations for the interest in the use of biofuels are varied
and diversify from one country to another, among them are the reduction of
external dependence on oil and the minimization of pollution, especially in large
urban centers. Brazil has a significant prominence in the world scenario of
production and use of biofuels, particularly in relation to ethanol produced from
sugarcane and biodiesel derived from vegetable oils or animal fats.

KEYWORDS: Biofuels; Biodiesel; Ethanol.

263
1. INTRODUÇÃO

As políticas energéticas no Brasil começaram a ser implementadas a


partir do início da década de 1970, tendo sido fundamentais para inserção do
álcool e do biodiesel na matriz energética do país (VIDAL, 2019).
O Brasil possui um destaque significativo no cenário mundial de
produção e uso de biocombustíveis, particularmente em relação ao etanol
produzido a partir de cana-de-açúcar e o biodiesel derivado de óleos vegetais
ou de gorduras animais (VIDAL, 2019).
O presente trabalho se trata de um estudo sobre o uso dos
biocombustíveis no Brasil, abordando o contexto histórico da inserção dos
mesmos no mercado, e outras informações relevantes.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, cuja investigação adota


uma abordagem baseada no estado da arte (revisão bibliográfica)
considerando os seguintes materiais de pesquisa coletados em bancos de
dados, artigos de periódicos, dissertações, teses, trabalhos apresentados em
congressos, relatórios, especificações técnicas apresentadas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. Programa Nacional do álcool (PROÁLCOOL)

Criado após o primeiro choque do petróleo, em 1975, o programa teve


como objetivo principal a redução da dependência nacional das importações de
petróleo e seus derivados. O governo forneceu incentivo através desse
programa, estabelecendo uma delegação para adição de etanol à gasolina
(VIDAL, 2019).

3.2. Política Nacional de Biocombustíveis (RENOVABIO)

A Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), teve como objetivo


estimular o aumento da produção de biocombustíveis no país em padrões

264
sustentáveis e contribuir para o cumprimento das metas de redução de
emissões com as quais o Brasil se comprometeu no Acordo de Paris (VIDAL,
2019).
As principais metas relacionadas aos biocombustíveis a serem
alcançadas até 2030 foram: redução de 43 % das emissões de gases de efeito
estufa, participação de 45 % de energias renováveis e de 18 % da bioenergia
na matriz energética (BRASIL, 2017).
A Lei criou o CBIO (Crédito de Descarbonização), um ativo financeiro,
negociado em bolsa, emitido pelos produtores e importadores de
biocombustível a partir da comercialização. Os distribuidores de combustíveis
serão obrigados a adquirir os CBIOs para cumprir sua meta de
descarbonização que será estipulada anualmente pelo Governo (VIDAL, 2019).
O Renovabio teve data para começar a ser implementado efetivamente:
janeiro de 2020. A resolução do Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE), de junho de 2018, estabeleceu a meta de redução para
comercialização de combustíveis de 10,1 % de redução de CO2, em 2028
(GROBA, 2018).

3.3. Biodiesel no Brasil

A criação de combustíveis para substituição do diesel, foi tentada


afincamente no início do Proálcool, a fim da redução do uso do petróleo
(LEITE; LEAL, 2007).
A soja foi a oleaginosa que deu início à produção de biodiesel
(SAMPAIO; BONACELLI, 2018).
Brasil (2005) diz que:
Em 2005, o biodiesel foi introduzido na matriz energética brasileira,
através da Lei 11.097, de 13 de janeiro de 2005 que fixou para todo o
território nacional o percentual mínimo obrigatório de adição de
biodiesel ao diesel de 2 % (B2) em volume ao diesel vendido ao
consumidor final, a partir de janeiro de 2008 e de 5 % (B5) a partir de
janeiro de 2013 e estabeleceu o modo de utilização e o regime
tributário distinguido por região de plantio, por oleaginosa e por
categoria de produção, agronegócio e agricultura familiar.

Na Tabela 1 pode-se observar a produção de biodiesel por região, nos


anos de 2020 e 2021, segundo dados da ANP (2022).

265
Tabela 1: Capacidade de produção de biodiesel (B1000 no Brasil por região (m3/ano), nos
anos de 2020 e 2021.

Região Produção 2020 Produção 2021


Norte 148.611 144.422
Nordeste 478.224 452.821
Sudeste 506.121 425.277
Centro-Oeste 2.388.445 2.391.648
Sul 2.923.589 3.351.682
Brasil 6.444.990 6.765.850
Fonte: (ANP, 2022)

Os estados do Mato Grosso e Rio Grande do Sul foram os maiores


produtores de biodiesel nos anos de 2020 e 2021, juntos corresponderam a
49,27 % no ano de 2020 e 46,96 % da produção total do país. A Tabela 2
mostra dados segundo a ANP (2022) sobre os principais estados produtores de
biodiesel.

Tabela 2: Principais estados produtores de biodiesel nos anos de 2020 e 2021.

UF Produção 2020 Produção 2021


Rio Grande do Sul 11.271.219 11.672.549
Mato Grosso 8.701.225 8.312.576
Goiás 5.525.586 6.067.406
Paraná 5.090.568 7.702.580
Bahia 2.758.591 2.581.524
Total 40.537.760 42.555.912

Fonte: (ANP, 2022)

No Brasil, a comercialização do biodiesel é feita por meio de leilões


públicos organizados pela ANP. É nos leilões que as refinarias e importadores
de óleo diesel compram biodiesel, para atendimento ao percentual mínimo
obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel e para fins de uso voluntário
(GROBA, 2018).
O óleo de soja continua respondendo por um percentual superior a
65,74 % da matéria-prima usada para produção de biodiesel no Brasil, como
pode ser observado na Figura 1, segundo a ANP (2022). A Figura 2 mostra os
outros tipos de matéria-prima utilizada para a produção do biodiesel, segundo a
ANP (2022).

266
Figura 1: Matéria-prima utilizada na produção de biodiesel (B100) no Brasil (m3).

Fonte: (ANP, 2022)

Figura 2: Outras matéria-primas utilizada na produção de biodiesel (B100) no Brasil (m3)

Fonte: (ANP, 2022)

3.4. Etanol no Brasil

Segundo previsões de mercado da EPE, com a nova política, a


tendência é de expansão do mercado de etanol combustível, de 26,7 bilhões
de litros em 2018, para 47,1 bilhões de litros em 2028. Para o biodiesel, a
expansão prevista é de 5,7 para 11,1 bilhões de litros, no mesmo período
(GROBA, 2018).
O país detém uma posição avançada na tecnologia e produção de álcool
de cana-de-açúcar, sendo pioneiro no mundo na utilização do etanol em larga
escala como combustível. Há algumas décadas, a mistura de etanol à gasolina
no Brasil é superior a 20 % (VIDAL, 2019).

267
3.5. Projeções positivas para o Biodiesel e Etanol no Brasil

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e, na safra


2020/21, foi responsável pela produção de 654,5 milhões de toneladas
destinados à produção de 41,2 milhões de toneladas de açúcar e 29,7 bilhões
de litros de etanol (CONAB, 2021).
O Estado de São Paulo, que lidera a produção no país, respondeu por
54,1 % da quantidade produzida na safra 2020/21, e foi responsável pela
produção de 48,4 % de etanol (14,3 bilhões de litros) (NACHILUK, 2021).
O volume comercializado no país de etanol hidratado pelas
distribuidoras em 2020 foi 14,6 % menor que em 2019, em função das
restrições impostas pela pandemia (ANP, 2021).
Projeção realizada pelo Greenpeace supõe que em 2050 a matriz
energética brasileira pode ser composta com 93 % de fontes renováveis
(BIODIESEL BRASIL, 2018).
Na Tabela 3 é possível observar a produção de etanol anidro e hidratado
no país, nos anos de 2020, 2021 e até março de 2022.

Tabela 3: Unidades de produção de biodiesel na área de atuação do BNB e capacidade de


produção.
Tipo Produção 2020 Produção 2021 Produção 2022
Etanol Anidro 10.233.138 11.422.815 398.165
Etanol Hidratado 22.454.556 18.556.856 966.831

Fonte: (ANP, 2022)

Em relação a produção de etanol anidro houve um aumento em relação


ao ano de 2020, e ocorreu o inverso na produção de etanol hidratado, onde
ocorreu uma queda em relação ao ano anterior.
Em 2021, foram vendidos 16,7 bilhões de litros de etanol, 13 % menos
que em 2020, e valor bem abaixo do recorde de 22 bilhões de litros de 2016. Já
a gasolina teve um consumo de 39,3 bilhões de litros em 2021, ou 9,7 % a
mais do que em 2020 (SENA, 2022).

4. CONCLUSÕES

Os biocombustíveis começaram a ser utilizados como alternativa ao uso


do petróleo, em decorrência do aumento de preço, e a preocupação com as

268
emissões de gases do efeito estufa e com a poluição ambiental.
O Brasil é um dos destaques no cenário mundial de produção de
biocombustíveis, particularmente em relação ao etanol produzido através da
cana de açúcar, em que o país lidera a produção mundial, e o biodiesel
produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais.
Passados mais de 10 anos da implantação do Programa, o óleo de soja
continua respondendo por um percentual superior a 65,74 % da matéria-prima
usada para produção de biodiesel. Os estados do Mato Grosso e Rio Grande
do Sul foram os maiores produtores de biodiesel nos anos de 2020 e 2021,
juntos corresponderam a 49,27 % no ano de 2020 e 46,96 % da produção total
do país.

269
REFERÊNCIAS

________Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a introdução do


biodiesel na matriz energética brasileira. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 14 jan. 2005. Seção I, p. 8. Disponível em: <
https://www.jusbrasil.com.br/diarios/425092/pg8-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-
de-14-01-2005>. Acesso em: 16 mai. 2019.

________Lei nº 13.576, de 26 de dezembro de 2017. Dispõe sobre a Política


Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e dá outras providências. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 dez. 2017. Seção I, p. 4-5.
Disponível em: . Acesso em: 22 mai. 2019.

ANP - AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Biocombustíveis. Disponível em: .


Acesso em: 18 mar. 2019a.

BIODIESEL BRASIL. O impacto do biodiesel no Brasil. 2018. Disponível em:


<https://biodieselbrasil.com.br/impacto-biodiesel-brasil/>. Acesso em: 8 abr. 2022.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Série Histórica das


Safras. Brasília: 2021. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-
agro/safras/serie-historica-das-safras. Acesso em: 19 maio 2021.

GROBA, P. Biocombustíveis: Aliados do Brasil na transição para a energia limpa.


Ubrabio, 2018. Disponível em: <https://ubrabio.com.br/2018/08/30/biocombustiveis-
aliados-do-brasil-na-busca-da-transicao-para-a-energia-limpa/>. Acesso em: 8 abr.
2022.

LEITE, R. C. C; LEAL, M. R. L. V. O Biocombustível no Brasil. NOVOS ESTUDOS


CEBRAP 78, julho 2007 pp. 15-21.

NACHILUK, K. Alta na Produção e Exportações de Açúcar Marcam a Safra 2020/21


de Cana. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 6, jun.
2021, p. 1-5. Disponível em: <
http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=15925>. Acesso em: 04 mai.
2022.

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promoção dos biocombustíveis no Brasil. Revista Gestão & Conexões
Management and Connections Journal, Vitória (ES), v. 7, n. 1 jan./jun. 2018 ISSN
2317-5087 DOI: 10.13071/ regec.2317-5087.2018.7.1.17141.137-160. Disponível
em: . Acesso em: 28 mar. 2019.

SENA, V. Com gasolina alta, o Brasil pode usar etanol para driblar os preços?
Disponível em: <https://exame.com/esg/com-gasolina-alta-brasil-pode-usar-etanol-
para-driblar-os-precos/>. Acesso em: 13 abr. 2022.

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Setorial ETENE - Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste.
Banco do Nordeste. Ano 4, nº 79, maio, 2019.

270
SOBRE AS ORGANIZADORAS

Aurea Messias de Jesus - Mestranda em Engenharia Química na


Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialização em 2014 de
Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Estadual de Minas
Gerais (UEMG). Complementação Pedagógica-Licenciatura Plena em Física no
ano de 2012 pelo Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes -
Universidade de Franca-(UNIFRAN) e Bacharelada em Engenharia Elétrica em
2011 pelo Instituto Superior de Ensino e Pesquisa de Ituiutaba - ISEPI /
Fundação Educacional de Ituiutaba – FEIT. Membro titular do NDE –Núcleo
Docente Estruturante do curso de Engenharia Elétrica da Universidade
Estadual de Minas Gerais conforme SEI/GOV/MG Portaria Nº 31642906, no
período de mar/2018 a jun/2021. Membro titular do curso de Engenharia
Elétrica da Universidade Estadual de Minas Gerais-Unidade Ituiutaba, no
período de out/2014 até presente momento. Membro titular (CPA) representado
o curso de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Minas Gerais-
Unidade Ituiutaba, no período de nov/2020 até presente momento.
Coordenadora do Laboratório de Materiais Elétricos do curso de Engenharia
Elétrica da Universidade do Estado de Minas Gerais- Unidade de Ituiutaba
desde mar/2020 até o presente momento. Esteve como professora da
Educação Básica no ensino de Física e Matemática da rede educacional do
Estado de Minas Gerais no período de 2010 a 2018. Atualmente professora na
Universidade do Estado de Minas Gerais / UEMG - Unidade Ituiutaba,
ministrando aulas nos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia da
Computação, Sistemas da Informação e curso de Química, nas disciplinas de
Eletrônica 2, Laboratório de Circuitos Lógicos, Algebra. É membro do Grupo de
pesquisa GPTEX - Grupo de Pesquisas em Engenharia, Tecnologia e Ciências
Exatas, atuando principalmente nas linhas de pesquisas: Educação e
Tecnologia, Computação e Tecnologia, Automoção e Controle de Processos
Industriais.

Ayonara Cristina da Silva - Pós Graduanda em Engenharia de Controle e


Automação Industrial - Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI).
Bacharel em Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado de Minas Gerais
(UEMG) em 2022. Técnica em Informática pelo Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia – Campus Ituiutaba (IFTM) em 2014. Foi membro da
CEEL – Empresa Júnior de Consultoria em Engenharia Elétrica da
Universidade do Estado de Minas Gerais no período de 2018 a 2020.

Daniela Freitas Borges - Engenheira Eletricista graduada em 1992 pelo


Instituto Superior de Ensino e Pesquisa de Ituiutaba - ISEPI / Fundação
Educacional de Ituiutaba - FEIT. Possui Mestrado em Engenharia Elétrica na
área de Eletrônica de Potência, pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
(2004). Atualmente professora na Universidade do Estado de Minas Gerais /
UEMG - Unidade Ituiutaba, nos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia da
Computação e Sistemas da Informação, onde atua desde 1994. Ministrando,
ou tendo já ministrado anteriormente,as disciplinas Eletromagnetismo,
Eletrônica de Potência, Circuitos Elétricos, Eletrônica II, Laboratório de
Circuitos Lógicos, Álgebra linear e Geometria Analítica, entre outras. Esteve
como Coordenadora do Curso de Engenharia Elétrica da Universidade de

271
Ituiutaba / UEMG - Unidade de Ituiutaba, no período de 2018 a 2019.
Anteriormente, atuou como professora do ensino superior na Fundação
Educacional de Ituiutaba FEIT/UEMG no período de 2004 até 2014.Professora
de Física substituta na universidade Federal de Uberlândia - UFU no período
de 2011 a 2012, e no ensino Médio e Fundamental, no Colégio GVC, desde
2011 até atualmente. É membro do Grupo de pesquisa GPTEX - Grupo de
Pesquisas em Engenharia, Tecnologia e Ciências Exatas, atuando
principalmente nos temas: Circuitos Fotométricos, Self-healing e Smart Grid,
Motores de Indução trifásica, Inversores, Circuitos Eletrônicos, Energia
Fotovoltaica, Domótica e Comunicação Sem Fio.

Ana Paula Santos da Silva - Possui graduação em Ciências Biológicas pela


Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, Campus Ituiutaba-MG
(2011). Especialista em Higiene e Segurança Alimentar pelo Instituto Federal
do Triângulo Mineiro - IFTM, Campus Ituiutaba (2012). Especialista em Gestão
Escolar pela Universidade Pitágoras Unopar, Campus Ituiutaba (2019).
Especialista em Educação Especial pela Universidade Pitágoras Unopar,
Campus Ituiutaba (2020). Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela
Universidade Federal de Uberlândia (2020). Atualmente graduanda do curso de
Pedagogia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Tem experiência
na área de alimento, com ênfase no controle da qualidade no setor industrial
alimentício. É membro do Grupo de Pesquisa Laboratório de Meio Ambiente,
Ciência e Educação – LAMACE, atuando com pesquisas na área da Educação
Ambiental. É membro do Grupo Núcleo de Pesquisa e Extensão em
Entomologia- NuPEEN, atuando com pesquisas na área de Entomologia,
Agroecologia pela Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, Campus
Ituiutaba-MG e atua na Educação Especial como Educadora Social na
Instituição Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, na
Instituição de Ituiutaba/MG.

272
Agência Brasileira ISBN
ISBN: 978-65-81028-70-1

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