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INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL

Diplomas principais: Constituição Federal (art. 225), Constituições Estaduais, Lei 6.938/81 (Política
Nacional do Meio Ambiente), Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), Declarações Internacionais de
Estocolomo/72 e Rio/92

Legislação setorizada: Lei 4.771/65 (Código Florestal); Lei 5.197/67 (Lei de Proteção à Fauna);
Resoluções CONAMA etc.

- Art. 225 da CF: o meio ambiente ecologicamente equilibrado é essencial à sadia qualidade de vida
e, portanto, à dignidade humana (art. 1º, inc. III da CF)

- degradação ambiental e doenças

- finitude dos recursos

- uso dos recursos naturais além de sua capacidade de recomposição

Direitos humanos e meio ambiente

- direitos de 1ª geração (Revolução Francesa): vida, liberdade e igualdade (direitos do indivíduo frente o
Estado/direitos civis e políticos)
- direitos de 2ª geração (Revolução Industrial): bem-estar social (direitos de obter prestações do Estado)
- direitos de 3ª geração (Segunda Guerra Mundial): fraternidade ou solidariedade (proteção dos
grupos humanos)

Objeto do Direito Ambiental


- objeto mediato e imediato

Art. 3º, inc. I da Lei 6938/81: "O conjunto de condições, leis, influências e interações da ordem física,
química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas" (art. 3º, inc. I)

Meio ambiente natural (art. 225 da CF)

Meio ambiente artificial (art. 182 e ss. Da CF)

Meio ambiente cultural (arts. 215 e 216 da CF)

Meio ambiente do trabalho (art. 200 da CF)

O meio ambiente dentro de uma visão antropocêntrica

Princípio 1 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992): “Os
seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma
vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza”

Educação ambiental como instrumento de defesa ambiental

Ensino: INFORMAR – dar informações a respeito de um assunto


Educação: FORMAR – orientar, conduzir e, se possível, transformar (Maria Garcia)

“A META DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL É DESENVOLVER UM CIDADÃO CONSCIENTE DO AMBIENTE


TOTAL, PREOCUPADO COM OS PROBLEMAS ASSOCIADOS A ESSE AMBIENTE E QUE TENHA O
CONHECIMENTO, AS ATITUDES, MOTIVAÇÃO, ENVOLVIMENTO E HABILIDADES PARA

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TRABALHAR INDIVIDUAL E COLETIVAMENTE E BUSCA DE SOLUÇÕES PARA RESOLVER OS
PROBLEMAS ATUAIS E PREVENIR OS FUTUROS” (Carta de Belgrado, escrita em 1975 por 20
especialistas em educação ambiental de vários países)

Art. 2º, inc. X da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81): "A Política Nacional do
Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia
à vida, (...) atendidos os seguintes princípios: educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente"

Art. 225, §1º, inv. VI da CF/88: “...incumbe ao Poder Público: promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”

Lei 9.795, de 27 de abril de 1999 e Decreto 4.281/02: Política Nacional da Educação Ambiental

Lei estadual/SP nº 12.780/07: Política Estadual de Educação Ambiental

Resolução CONAMA 422/10: Estabelece diretrizes para conteúdos e procedimentos em ações, projetos,
campanhas e programas de informação, comunicação e educação ambiental no âmbito da educação
formal e nãoformal, realizadas por instituições públicas, privadas e da sociedade civil:

- publicidade abusiva e educação ambiental

“POLUIÇÃO E ECOLOGIA

Artigo 36 do Código Brasileiro de Auto-regulamentação publicitária, do CONAR

Não podendo a publicidade ficar alheia às atuais e prementes preocupações de toda a humanidade com
os problemas relacionados com qualidade de vida e a proteção do meio ambiente, serão vigorosamente
combatidos os anúncios que direta ou indiretamente estimulem:
a. a poluição do ar, das águas, das matas e dos demais recursos naturais;
b. a poluição do ambiente urbano;
c. a depredação da fauna, da flora e dos demais recursos naturais;
d. a poluição visual dos campos e da cidade;
e. a poluição sonora;
f. o desperdício de recursos naturais.”

Princípio do desenvolvimento sustentável

Art. 1º da Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento – Resolução 41/128, ONU (1986): "1. O
direito ao desenvolvimento é um inalienável direito humano, em virtude do qual toda pessoa humana
e todos os povos têm reconhecido seu direito de participar do desenvolvimento econômico, social, cultural
e político, a ele contribuir e dele desfrutar, e no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais
possam ser plenamente realizados"

Princípio 8 da Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente: "O desenvolvimento econômico e


social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e criar, na
Terra, as condições necessárias à melhoria da qualidade de vida".

Princípio 18 da Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente: "como parte de sua contribuição ao
desenvolvimento econômico e social, devem ser utilizadas a ciência e a tecnologia para descobrir, evitar
e combater os riscos que ameaçam o meio ambiente, para solucionar os problemas ambientais e para o
bem comum da humanidade"

Princípio 3 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992): “O


direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as
necessidades de gerações presentes e futuras”

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- greenwashing: apelo marqueteiro e falso

- proporcionalidade (o exemplo das construções de usinas altamente impactantes para a geração de


pouca energia elétrica ou para exportação)

Princípio da prevenção
Princípio da precaução

Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992): “Para
proteger o meio ambiente medidas de precaução devem ser largamente aplicadas pelos Estados segundo
suas capacidades. Em caso de risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica
absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando a prevenir a
degradação do meio ambiente”

Princípio da Participação Popular

Artigo 8º da Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento – Resolução 41/128, ONU (1986): ” 2.


Os Estados deveriam encorajar a participação popular em todas as esferas como um fator importante no
desenvolvimento e na plena realização de todos os direitos humanos”

Princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992): “A


melhor maneira de tratar questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos
os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a informações
relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações sobre
materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar em
processos de tomadas de decisões. Os Estados devem facilitar e estimular a conscientização e a
participação pública, colocando a informação à disposição de todos. Deve ser propiciado acesso efetivo a
mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que diz respeito à compensação e reparação de
danos”

Princípio da informação ambiental


Na Lei 6.938/81:Art. 6º, §3º. “Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão
fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa
legitimamente interessada.”

Na Lei 10.650/03:
Art. 2o Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, integrantes do
Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos
administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam
sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas a:
I - qualidade do meio ambiente;
II - políticas, planos e programas potencialmente causadores de impacto ambiental;
III - resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e de atividades
potencialmente poluidoras, bem como de planos e ações de recuperação de áreas degradadas;
IV - acidentes, situações de risco ou de emergência ambientais;
V - emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de resíduos sólidos;
VI - substâncias tóxicas e perigosas;
VII - diversidade biológica;
VIII - organismos geneticamente modificados.

§ 1o Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse específico, terá acesso às


informações de que trata esta Lei, mediante requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não
utilizar as informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da lei civil, penal, de direito autoral e
de propriedade industrial, assim como de citar as fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os
aludidos dados.

§ 2o É assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro ou qualquer outro sigilo protegido por lei, bem
como o relativo às comunicações internas dos órgãos e entidades governamentais.

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§ 5o No prazo de trinta dias, contado da data do pedido, deverá ser prestada a informação ou facultada a
consulta, nos termos deste artigo.

Art. 4o Deverão ser publicados em Diário Oficial e ficar disponíveis, no respectivo órgão, em local de fácil
acesso ao público, listagens e relações contendo os dados referentes aos seguintes assuntos:
I - pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão;
II - pedidos e licenças para supressão de vegetação;
III - autos de infrações e respectivas penalidades impostas pelos órgãos ambientais;
IV - lavratura de termos de compromisso de ajustamento de conduta;
V - reincidências em infrações ambientais;
VI - recursos interpostos em processo administrativo ambiental e respectivas decisões;
VII - registro de apresentação de estudos de impacto ambiental e sua aprovação ou rejeição.

Art. 5o O indeferimento de pedido de informações ou consulta a processos administrativos deverá ser


motivado, sujeitando-se a recurso hierárquico, no prazo de quinze dias, contado da ciência da decisão,
dada diretamente nos autos ou por meio de carta com aviso de recebimento, ou em caso de devolução
pelo Correio, por publicação em Diário Oficial.

Art. 9o As informações de que trata esta Lei serão prestadas mediante o recolhimento de valor
correspondente ao ressarcimento dos recursos despendidos para o seu fornecimento, observadas as
normas e tabelas específicas, fixadas pelo órgão competente em nível federal, estadual ou municipal.

Princípio da cooperação internacional

Princípio 2 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992): “Os
Estados, de conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de Direito Internacional,
têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio
ambiente e desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou
controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição
nacional”

- poluição transfronteiriça (entre países e entre cidades)

Princípio da ubiqüidade

Senadora Marina Silva: “...queremos que [a consciência ambiental] seja compreendida pela sociedade
brasileira e situado nas ações de governo: não como a preocupação exclusiva de um setor, um Ministério,
mas como um componente de todos os setores. A política ambiental do governo deve estar no Ministério
dos Transportes, da Agricultura, de Minas e Energia, em todas as ações de todos os setores. Dessa forma,
poderemos planejar a infra-estrutura pensando desde o princípio nas questões socioambientais e não
mais somente quando, uma vez o projeto pronto, o Governo tiver de submetê-lo ao processo de
licenciamento ambiental” (In: Justiça e Cidadania, edição 42, janeiro de 2004, p. 7/8)

Princípio do poluidor-pagador

- Definição dada pela Comunidade Econômica Européia: “as pessoas naturais ou jurídicas, sejam
regidas pelo direito público ou privado, devem pagar os custos das medidas que sejam necessárias para
eliminar a contaminação ou para reduzi-la ao limite fixado pelos padrões ou medidas equivalentes que
assegurem a qualidade de vida, inclusive os fixados pelo Poder Público competente”

Princípio 16 da Declaração da Rio/92: “Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o
custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem esforçar-se para promover a internalização
dos custos de proteção do meio ambiente e o uso dos instrumentos econômicos, levando-se em conta o
conceito de que o poluidor deve, em princípio, assumir o custo da poluição, tendo em vista o interesse
do público, sem desvirtuar o comércio e os investimentos internacionais”

Art. 170, inc. VI da CF: institui como princípio da ordem econômica a defesa do meio ambiente

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Princípio do protetor-recebedor -Pagamento ou compensação por serviços ambientais

A LEI DE CRIMES AMBIENTAIS

DIREITO PENAL AMBIENTAL

DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO PENAL MÍNIMO

DISPOSIÇÃO DAS NORMAS PENAIS AMBIENTAIS NO SISTEMA LEGISLATIVO BRASILEIRO


- Codigo Penal, leis especificas e Lei 9.605/98

4. TIPO PENAL AMBIENTAL

NORMA PENAL EM BRANCO

art. 38 da Lei 9.605/98: Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo
que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: [...]
Art. 29 da Lei 9.605/98. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos
ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida:
[...]
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;

TIPO PENAL ABERTO


- crimes que não apresentam a descrição típica completa, dependendo de uma interpretaçåo do juiz, como
os tipos penais culposos ou que apresentam elementos normativos, que presumem um juizo de valor.

Art. 32 da Lei 9.605/98. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos
ou domesticados, nativos ou exóticos:
CRIMES DE DANO E DE PERIGO
- perigo abstrato (ou presumido) e perigo concreto
- críticas aos crimes de perigo abstrato: ferem o princípio da lesividade

Ex. de crime de perigo: Art. 42 da lei 9.605/98: “Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que
possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer
tipo de assentamento humano:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.”

CRIMES AMBIENTAIS CULPOSOS

Antes da Lei 9.605/98, somente a Lei 7.802/89 previa crimes culposos, nos artigos 15 e 16

CRIMES DE BAGATELA

Princípio da lesividade (ou princípio da ofensividade)

- ofensa real ou potencial a bem jurídico, só merecendo atenção do direito penal os fatos que importem
em lesão ou, ao menos em perigo de lesão a um bem jurídico.

- lesividade e necessidade: não havendo lesão ou perigo de lesão a nenhum bem jurídico, a intervenção
do ordenamento jurídico penal não se faz necessária

Princípio da insignificância

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Sendo o crime uma ofensa a um bem jurídico relevante, a doutrina preocupou-se em estabelecer um
princípio para excluir do Direito Penal certas lesões insignificantes. A excludente da tipicidade pelo
princípio da bagatela não está prevista na lei brasileira, mas é aceita por analogia ou interpretação
integrativa (desde que não seja contra legem)

- O crime é um fato TÍPICO e ANTIJURÍDICO. A tipicidade se divide em formal (subsunção do fato ao tipo
penal) e material (lesividade a um bem jurídico).

- A finalidade do princípio da insignificância: exclusão da tipicidade material do fato (não se trata, portanto,
de exclusão da antijuridicidade, como dizem alguns)

- princípio da insignificância e princípio da intervenção mínima

Princípio da insignificância no Direito penal ambiental

- há lesões ambientais insignificantes?

- Decisões judiciais contra a aplicação do princípio da insignificância

“DIREITO PENAL AMBIENTAL. CAÇA. LEI 5.197/67, ART. 27, § 1º E ART. 10, LET. J. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA.

“CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE - Artigo 34 da Lei nº 9.605/98.

“PROCESSO PENAL – crime contra a fauna


2. Nos crimes contra a fauna o juiz deve propiciar ao infrator a possibilidade de transação (lei 9.099/95,
art. 76)
- Decisões judiciais a favor da aplicação do princípio da insignificância

PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. PESCA. APETRECHO PROIBIDO.

“Crime contra a fauna – Abate de apenas um animal da fauna silvestre – Ilícito penalmente
irrelevante se não demonstrado o dano ao equilíbrio ecológico e à preservação da espécie –
Interpretação da Lei 5.197/67 – Voto vencido.

“Princípio da insignificância – Crime contra a fauna – Abatimento de animal silvestre – Conduta


que não afetou potencialmente o meio ambiente e não colocou em risco a função ecológica da
fauna.

SUJEITO ATIVO DO CRIME AMBIENTAL


- pessoa física e pessoa jurídica

CRIMES PRATICADOS POR ÍNDIOS

Art. 4º do Estatuto do Índio (Lei 6001/73): “Os índios são considerados:


I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes
através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional;
II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos,
conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e
modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada
vez mais para o próprio sustento;
III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos
direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.”

CAPACIDADE DOS ÍNDIOS NO DIREITO PENAL

a) inimputabilidade

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Art. 26 do Código Penal: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Contrario sensu, se o índio for aculturado, responde pelo crime:

“Se o índio já é aculturado e tem desenvolvimento mental que lhe permite compreender a ilicitude de seus
atos, é plenamente imputável” (STF, Rel. Min. Carlos Madeira. In: RT 614/393)

a) comprovação da inimputabilidade: no caso dos silvícolas, a inimputabilidade deve ser demonstrada


por laudo pericial.

b) semi-imputabilidade

- redução de pena

Art. 26, parágrafo único do Código Penal: “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento”

c) imputabilidade

CRIMES PRATICADOS POR PESSOA JURÍDICA


- criminalidade moderna e o princípio Societas delinquere non potest
- adotada em diversos países como, p.ex. Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Holanda,
Dinamarca e Austrália

NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88

Art. 225, §3º da CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.

NA LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS

Art. 3º da Lei 9.605/98: “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-
autoras ou partícipes do mesmo fato”

TEORIAS ACERCA DA PESSOA JURÍDICA

a) Teoria da Ficção: criada por Savigny, professa que a pessoa jurídica é uma ficção, uma abstração,
sendo incapaz de delinqüir por faltar-lhe vontade e ação.

b) Teoria da Realidade Objetiva: criada por Otto Gierke, entende que a pessoa jurídica é um ente real,
com existência real, independente dos indivíduos que a compõem. Possui personalidade real e VONTADE
PRÓPRIA, a qual emite por meio de seus órgãos.

CAPACIDADE DE CONDUTA/CAPACIDADE DE VONTADE

- a vontade da empresa (vontade coletiva) desliga-se da vontade individual dos sócios.

INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

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- não é verdade que a criminalização da pessoa jurídica ultrapassa a pessoa do condenado, violando,
assim, o princípio da individualização da pena (artigo 5º, inciso XLV, da Constituição). Mas é verdade que
os seus sócios podem sofrer os efeitos da pena.

REQUISITOS DO ART. 3º DA LEI 9.605/98

(i) Interesse ou benefício da entidade

(ii) Decisão do representante legal ou contratual ou do órgão colegiado da empresa (co-autoria


necessária?)

RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO

- silêncio da norma

TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL

A via correta para o trancamento da ação penal contra pessoa jurídica é o mandado de segurança e não
o habeas corpus.
SANÇÕES PENAIS NA LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS

- A Lei dos Crimes Ambientais não prioriza a pena privativa de liberdade

Pena privativa de Liberdade

Suspensão condicional da pena – SURSIS

- no Código Penal, tem direito ao sursis apenas aquele que foi condenado a pena de até 2 anos de reclusão
ou detenção (1 Segundo o art. 77, §2º do CP, a execução da pena privativa de liberdade, não superior a
quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta
anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de
25.11.1998). Trata-se do sursis etário e do sursis humanitário), que não seja reincidente em crime doloso.
A pena ficará suspensa por 2 a 4 anos e o criminoso ficará sujeito ao cumprimento de determinadas
condições, durante o período do sursis, como a prestação de serviços à comunidade e limitação de fim de
semana.

- na Lei dos Crimes Ambientais:

Art. 16 da Lei 9.605/98: “Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser
aplicada nos casos de condenação a pena privativa não superior a três anos”

art. 17 da Lei 9.605/98 as condições do sursis a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a
proteção ao meio ambiente

- opção entre sursis e pena restritiva de direitos:


De acordo com o art. 77 do CP, o sursis deverá ser aplicado se não couber a substituição da pena privativa
de liberdade pela pena restritiva de direitos

Penas restritivas de direito

Podem ser:
a) diretas: aplicadas diretamente pelo juiz por previsão legal
b) substitutivas: aplicadas em substituição à pena privativa de liberdade

Penas restritivas de direitos no Código Penal

Art. 43 do CP: “As penas restritivas de direitos são:


I – prestação pecuniária;

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II – perda de bens e valores;
III – recolhimento domiciliar (VETADO);
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V – interdição temporária de direitos;
VI – limitação de fim de semana”

- substituição: de acordo com o art. 44 do CP a substituição da pena de prisão pela restritiva de direitos
só será possível se:
(a) a pena privativa de liberdade aplicada não for superior a 4 anos E o crime não tiver sido praticado com
violência ou grave ameaça à pessoa;
(b) o crime for culposo, independentemente da pena aplicada;
(c) o réu não for reincidente em crime doloso (isso se aplica às hipóteses “a” e “b”) e
(d) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, bem como os motivos
e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição será suficiente.

- condenação igual ou inferior a um ano: a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva
de direitos;

- condenação superior a um ano: a substituição pode ser feita por uma pena restritiva de direitos e multa
ou por duas restritivas de direitos.

Penas restritivas de direitos na Lei dos Crimes Ambientais

Art. 7º da Lei 9.605/98: “As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as penas privativas
de liberdade quando:
I – tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a 4 anos;
II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, bem como os motivos
e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e
prevenção do crime.

Parágrafo único da Lei 9.605/98: As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a
mesma duração da pena privativa de liberdade substituída”

Prestação de serviços à comunidade


Art. 46 do CP: “A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade.
§1º: A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas
gratuitas ao condenado.
§2º: A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas,
orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
§3º: As tarefas a que se refere o §1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho”

Art. 9º da Lei 9.605/98: “A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de


tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano a coisa
particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível”

Interdição temporária de direitos

Art. 10 da Lei 9.605/98: “As penas de interdição temporária de direitos são a proibição de o condenado
contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como
de participar de licitações, pelo prazo de 5 anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 anos, no caso de
crimes culposos”

Suspensão parcial ou total de atividades

Art. 11 da Lei 9.605/98: “A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem
obedecendo às prescrições legais”
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Prestação pecuniária
Art. 12 da Lei 9.605/98: “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à
entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário
mínimo nem superior a 360 salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual
reparação civil a que for condenado o infrator”
(o CP foi mais feliz pois, permite a dedução “se coincidentes os beneficiários” – art. 45, §1º).

Recolhimento domiciliar

Art. 13 da Lei 9.605/98: “O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de


responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer
atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer
local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória”

Pena de multa
- a fixação da multa é feita em duas etapas: 1ª fixa-se a QUANTIDADE DOS DIAS-MULTA (CP, art. 49,
caput), que varia entre dez e trezentos e sessenta; 2ª: fixa-se o VALOR DO DIA MULTA, de acordo com
a situação econômica do réu (CP, art. 60, caput), sendo o valor de cada dia-multa entre 1/30 e 5 vezes o
salário-mínimo.

Art. 6º, inc. III da Lei 9.605/98: “Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente
observará: III) a situação econômica do infrator, no caso de multa”

Art. 18 da Lei 9.605/98: “A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal (arts. 49 e 60*); se
revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em
vista o valor da vantagem econômica auferida”

●Art. 49 do CP: “A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na
sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa”

●Art. 60 do CP: “Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente à situação econômica
do réu.
§1º: A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica
do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo”

- destinação: fundo penitenciário

SANÇÕES PENAIS NA LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS - PESSOAS JURÍDICAS


Art. 21 da Lei 9.605/98: “As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas
jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:
I – multa;
II – restritiva de direitos;
III – prestação de serviços à comunidade”

Multa

Art. 18 da Lei 9.605/98: “A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal (art. 49); se revelar-
se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o
valor da vantagem econômica auferida”
Restritiva de direitos:
Art. 22 da Lei 9.605/98: “As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
I - suspensão parcial ou total de atividades (quando estiverem desobedecendo as disposições legais ou
regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente, segundo o §1º);
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; (quando estiver em funcionamento sem
a devida autorização ou em desacordo com esta, ou ainda com violação de disposição legal ou
regulamentar, segundo o §2º);
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações
(pelo prazo máximo de 10 anos, segundo o §3º)
10
Prestação de serviços à comunidade
Art. 23 da Lei 9.605/98: “A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas

TRANSAÇÃO PENAL
- crimes de menor potencial ofensivo: contravenções penais e crimes que tenham pena máxima, em
abstrato, não superior a 2 anos

Audiência preliminar e aplicação da pena

Art. 72 da Lei 9.099/95: “Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor
do fato e a vítima, e se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o juiz esclarecerá
sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena
não privativa de liberdade”

- a pena restritiva de direitos ou a multa aplicadas na transação penal não importarão em reincidência,
sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de 5 anos. E não constarão
de certidão de antecedentes criminais e não terão efeitos civis (i.e, não autorizam a execução no cível).

Enunciado nº 6: “O Juiz pode propor transação penal ou suspensão condicional do processo ao autor do
fato ou réu, quando o Ministério Público se recusar a fazê-lo sem justa motivação, inclusive nas hipóteses
de ação penal privada”

descumprimento da transação pelo réu: (im)possibilidade de oferecimento de denúncia

- conversão em pena privativa de liberdade: impossibilidade

- oferecimento da denúncia (desde que não homologada a transação com caráter extintivo)

Transação na Lei 9.605/98

Art. 27 da Lei 9.605/98: “Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação
imediata de pena restritiva de direito ou multa, prevista no art. 76 da Lei 9.099, de 26 de setembro de
1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de
que trata o art. 74 da mesma Lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade”

- composição do dano

O Direito Penal ambiental é um Direito Penal “reparador”

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (SURSIS PROCESSUAL)

- crimes de médio potencial ofensivo: crimes que tenham pena mínima, em abstrato, igual ou inferior a
1 ano

Art. 89 da Lei 9.099/95: “Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão
do processo, por 2 a 4 anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal)”

§1º da Lei 9.099/95: “Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as
seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
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III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades”
(as três últimas condições existem também para o sursis do art. 78, §2º)

Suspensão do processo na Lei 9.605/98

Art. 28 da lei 9.605/98: “As disposições do art. 89 da lei 9.099/95, aplicam-se aos crimes de menor
potencial ofensivo definidos nesta lei, com as seguintes modificações...”

Extinção da punibilidade:
Art. 89, §5º da lei 9.099/95: “Expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade”

- especificidades da Lei 9.605/98:


Art. 28 da lei 9.605/98: “As disposições do art. 89 da lei 9.099/95, aplicam-se aos crimes de menor
potencial ofensivo definidos nesta lei, com as seguintes modificações:
I – a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o §5º do artigo referido no caput, dependerá de
laudo de constatação de reparação de dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I
do §1º do mesmo artigo;
II – na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de
suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput,
acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;
IV – findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação
do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão,
até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;
V – esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de
laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação
integral do dano”

destinação: FDDD (regulamentado pela Lei Federal 9.008/95 (gerido pelo Conselho Federal Gestor
do Fundo de Defesa de Direitos Difusos)

Art. 13 da LACP: “Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariam ente
o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição
dos bens lesados”

compensação ambiental

NEXO DE CAUSALIDADE

- SUBJETIVA
Art. 927 do Código Civil de 2002: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187)*, causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo”
*Art. 186 do Código Civil: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”
Art. 187 do Código Civil: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes”

A responsabilidade subjetiva, ou aquiliana, tem como pressupostos: (a) ato ou omissão (ilícito) violador de
direito alheio; (b) dano a bem jurídico; (c) nexo de causalidade entre o ato ou omissão e o dano; (d) culpa
do agente.

- OBJETIVA (responsabilidade sem culpa) - aquele que causar um dano, é obrigado a repará-lo
INDEPENDENTEMENTE DE CULPA

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Art. 927, §único do Código Civil de 2002: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem” (não havia dispositivo dessa natureza
no Código Civil de 1916)

- a insuficiência da culpa
- o risco

Responsabilidade civil ambiental OBJETIVA

Art. 14, §1º da Lei 6.938/81: “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”

Art. 225, §3º da CF: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos”

TEORIA DO RISCO DA ATIVIDADE

- teoria do risco proveito, do risco criado e do risco integral


NEXO DE CAUSALIDADE E NEXO DE CONDICIONALIDADE

- identificação do nexo de causalidade

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. NATUREZA JURÍDICA DOS MANGUEZAIS E MARISMAS.


TERRENOS DE MARINHA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.
ATERRO ILEGAL DE LIXO. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.
OBRIGAÇÃO PROPTER REM. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
PAPEL DO JUIZ NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL. ATIVISMO JUDICIAL.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS. DESAFETAÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO JURÍDICA T ÁCITA. SÚMULA
282/STF. VIOLAÇÃO DO ART. 397 DO CPC NÃO CONFIGURADA. ART. 14, § 1°, DA LEI 6.938/1981.
[...]
13. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz,
quem não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, que m não se importa que façam, quem
financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem.

CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR: EXCLUDENTES DO DEVER DE INDENIZAR???

Art. 393 do Código Civil: “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força
maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era
possível evitar ou impedir”

- imprevisibilidade, irresistibilidade e exterioridade do evento: presentes os 3 fatores pode-se falar em


exclusão da responsabilidade civil.

IRRELEVÂNCIA DA LICITUDE DA ATIVIDADE

- a causação de dano jurídico é sempre ilícita

SOLIDARIEDADE

Art. 942 do Código Civil: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação”
 A solidariedade entre poluidores

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- dano preexistente

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL – CONSTRUÇÃO


DE HIDRELÉTRICA – RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA – ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º,
DA LEI 6.398/1981 – IRRETROATIVIDADE DA LEI – PREQUESTIONAMENTO AUSENTE: SÚMULA
282/STF – PRESCRIÇÃO – DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO: SÚMULA 284/STF –
INADMISSIBILIDADE.
1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a comprovação de culpa,
bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade.
2. Excetuam-se à regra, dispensando a prova do nexo de causalidade, a responsabilidade de adquirente
de imóvel já danificado porque, independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos
estragos, imputa-se ao novo proprietário a responsabilidade pelos danos. Precedentes do STJ.
3. A solidariedade nessa hipótese decorre da dicção dos arts. 3º, inc. IV, e 14, § 1º, da Lei 6.398/1981 (Lei
da Política Nacional do Meio Ambiente).
4. Se possível identificar o real causador do desastre ambiental, a ele cabe a responsabilidade de reparar
o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado.
5. Comprovado que a empresa Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente a ela cabe a
reparação, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica.
[...]
8. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.” (RECURSO ESPECIAL Nº 1.056.540 - GO
(2008/0102625-1), Rel. Min. Eliana Calmon, j. 25/08/2009)

 A solidariedade do Poder Público

- Responsabilidade civil do Estado


Art. 37, §6º da CF: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”

- por ação e por omissão (FAUTE DU SERVICE: a falta do serviço é diferente da falta do servidor).

 A solidariedade do Poder Público pelas licenças e autorizações concedidas


 A solidariedade do Poder Público diante da imposição de padrões ambientais insuficientes
 A solidariedade do Poder Público pela omissão na fiscalização
 A solidariedade das instituições financeiras

Art. 12 da Lei 6.938/81. “As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais


condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma desta
Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA.
Parágrafo único. As entidades e órgãos referidos no caput deste artigo deverão fazer constar
dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao controle de
degradação ambiental e a melhoria da qualidade do meio ambiente.”

Solidariedade e chamamento ao processo - no CPC

Art. 77 do CPC: “É admissível o chamamento ao processo:


I - do devedor, na ação em que o fiador for réu;
II - dos outros fiadores, quando para ação for citado apenas um deles;
III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou
totalmente, a dívida comum”

Art. 80 do CPC: “A sentença que julgar procedente a ação, condenando os devedores, valerá como título
executivo, em favor do que satisfizer a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada
um dos co-devedores a sua cota, na proporção que lhes tocar”

A IMPRESCRITIBILIDADE DAS AÇÕES DE REPARAÇÃO POR DANOS AMBIENTAIS

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Clóvis Beviláqua: “a prescrição é a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade
defensiva, em conseqüência do não uso dela, durante determinado espaço de tempo”.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Art. 4º da lei 9.605/98: “Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente”

Art. 1º, inciso I da Resolução CONAMA 237/97: LICENCIAMENTO AMBIENTAL é o “procedimento


administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,
considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicadas ao caso”

Art. 10 da Lei 6.938/81 (PNMA): “A construção, instalação, ampliação e funcionamento de


estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente
poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de
prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, e do IBAMA, em caráter
supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis”

Anexo I da Resolução Conama 237/97 (rol exemplificativo) e art. 57 do Decreto estadual/SP 8.468/76
(com a redação dada pelo Decreto estadual 47.397/02:
Extração e tratamento de minerais
Indústrias em geral
Rodovias, ferrovias, hidrovias
Estações de tratamento de água
Recuperação de áreas contaminadas ou degradadas
Marinas, portos e aeroportos
Complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos
Parcelamento do solo
Projetos de assentamento e colonização
Introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas

LEGISLAÇÃO SOBRE LICENCIAMENTO AMBIENTAL


Normas gerais sobre licenciamento ambiental:
Resolução Conama 237/1997
Resolução Conama 01/1986
Resolução Conama 09/1987
Lei estadual (SP) 9.509/1997
Decreto estadual (SP) 8.468/1976 (e alterações) e Decreto estadual (SP) 47.400/02, sendo que o primeiro
disciplina o licenciamento das fontes de poluição que especifica e o segundo todos os demais

FASES DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL


Fases definidas pela concessão de licenças distintas:

Art. 1º, inciso II da Resolução CONAMA 237/97: LICENÇA AMBIENTAL é o “ato administrativo pelo qual
o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que
deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e
operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental”

LICENÇA PRÉVIA

Art. 8º da Resolução CONAMA 237/97: O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,
expedirá as seguintes licenças:
I - LICENÇA PRÉVIA (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou
atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

15
LICENÇA DE INSTALAÇÃO
Art. 8º da Resolução CONAMA 237/97: O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,
expedirá as seguintes licenças:
II - LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo
com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de
controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

LICENÇA DE OPERAÇÃO
Art. 8º da Resolução CONAMA 237/97: O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,
expedirá as seguintes licenças:
III - LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a
verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes determinados para a operação.

PUBLICIDADE DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL


Art. 10, § 1º da Lei 6.938/1981. “Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão
serão publicados no jornal oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de grande
circulação”
Art. 17, §4º do Decreto 99.274/1990. “Resguardado o sigilo industrial, os pedidos de licenciamento, em
qualquer das suas modalidades, sua renovação e a respectiva concessão da licença serão objeto de
publicação resumida, paga pelo interessado, no jornal oficial do Estado e em um periódico de grande
circulação, regional ou local, conforme modelo aprovado pelo CONAMA.

PUBLICIDADE DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL


Art. 4o da Lei 10.650/03 (Lei de Acesso à Informação Ambiental): Deverão ser publicados em Diário
Oficial e ficar disponíveis, no respectivo órgão, em local de fácil acesso ao público, listagens e relações
contendo os dados referentes aos seguintes assuntos:
I - pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão;
II - pedidos e licenças para supressão de vegetação;
III - autos de infrações e respectivas penalidades impostas pelos órgãos ambientais;
IV - lavratura de termos de compromisso de ajustamento de conduta;
V - reincidências em infrações ambientais;
VI - recursos interpostos em processo administrativo ambiental e respectivas decisões;
VII - registro de apresentação de estudos de impacto ambiental e sua aprovação ou rejeição.
Parágrafo único. As relações contendo os dados referidos neste artigo deverão estar disponíveis para o
público trinta dias após a publicação dos atos a que se referem.

PRAZO PARA ANÁLISE DAS LICENÇAS AMBIENTAIS


Arts. 14 a 17 da Res. Conama 237/97:
os prazos de análise cada modalidade de licença (LP, LI e LO) podem ser diferentes, em função das
peculiaridades da atividade ou empreendimento, mas não podem ultrapassar o prazo máximo de 6 (seis)
meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento
Quando houver EIA/RIMA ou audiência pública, o prazo máximo de análise será de até 12 (doze) meses.
A contagem do prazo de análise será suspensa durante a elaboração dos estudos ambientais
complementares ou preparação de esclarecimentos pelo empreendedor.
Quando o órgão ambiental solicitar esclarecimentos e complementações dos estudos, o empreendedor
deverá fazê-lo no prazo máximo de 4 meses, contados do recebimento da notificação (o prazo poderá
ser prorrogado, desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental)
Se o órgão ambiental não cumprir os prazos estabelecidos, o licenciamento ficará sujeito à ação do órgão
que detenha competência para atuar supletivamente
Se o empreendedor não cumprir os prazos estabelecidos, ficará sujeito ao arquivamento de seu pedido
de licença.
Se o licenciamento for arquivado, o empreendedor poderá apresentar novo pedido, mediante novo pgto
de custo de análise.

CONCESSÃO DA LICENÇA
Licenças ambientais não dispensam a exigência de outras licenças:

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O licenciamento ambiental não dispensa outras licenças, como, p.ex., a licença para construir (alvará de
construção, outorgado pelo município), a autorização para supressão de vegetação, a outorga de uso de
recursos hídricos etc.

VALIDADE E REVISÃO DA LICENÇA


Art. 18 da Res. CONAMA 237/97: estabelece prazo de validades mínimos e máximos para as licenças
ambientais:
I) LICENÇA PRÉVIA (LP): deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos
planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5
anos;
II) LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI): deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação
do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 anos;
III) LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO): deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no
mínimo, 4 anos e, no máximo, 10 anos”

RENOVAÇÃO DA LICENÇA DE OPERAÇÃO


Art. 18, §4º A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser
requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade,
fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do
órgão ambiental competente

ALTERAÇÃO, SUSPENSÃO E CANCELAMENTO DA LICENÇA


Art. 19 da Resolução CONAMA 237/97: autoriza o órgão ambiental competente, mediante decisão
motivada, a:
(i) modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação;
(ii) suspender uma licença ou
(iii) cancelar uma licença

QUANDO OCORRER:
(i) violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais;
(ii) omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença;
(iii) superveniência de graves riscos ambientais e de saúde

LICENCIAMENTO CORRETIVO
Empreendimentos que foram implantados quando não havia legislação exigindo o licenciamento ambiental
Empreendimentos que foram implantados ignorando a exigência legal do licenciamento ambiental

SANÇÕES APLICÁVEIS PELA AUSÊNCIA DE LICENÇA AMBIENTAL


Art. 60 da Lei 9.605/98: “Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do
território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou
autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares
pertinentes

PENA - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente

Art. 66 do Decreto 6.514/08. ”Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos,
atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença
obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes (redação dada pelo Decreto
6.686/08):

MULTA de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).


Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:
I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou serviço sujeito a
licenciamento ambiental localizado em unidade de conservação ou em sua zona de amortecimento ou em
áreas de proteção de mananciais legalmente estabelecidas, sem anuência do respectivo órgão gestor; e
(redação dada pelo Decreto 6.686/08)
II - deixa de atender a condicionantes estabelecidas na licença ambiental.
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“EMBARGO DE OBRA SEM O DEVIDO LICENCIAMENTO AMBIENTAL.

LICENÇA EM DESACORDO COM AS NORMAS AMBIENTAIS

Art. 67 da Lei 9.605/98: “Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo
com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato
autorizativo do Poder Público”
PENA – detenção, de um a três anos, e multa
Parágrafo único: Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da
multa

FALSAS INFORMAÇÕES NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL


Art. 66 da Lei 9.605/98: “Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade,
sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento
ambiental”
PENA – reclusão, de um a três anos, e multa

ESTUDOS AMBIENTAIS -AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA)


Art. 9º, inciso III da Lei 6.938/81: instrumento da política nacional de meio ambiente
Exame dos impactos de um projeto, programa, plano ou política
Caráter mais amplo que o do licenciamento ambiental e dos estudos ambientais

Art. 1º, inciso III da Resolução CONAMA 237/97: Estudos ambientais “são todos e quaisquer estudos
relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma
atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como:
relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco”

ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL-EPIA


Art. 225, §1º, inciso IV da CF: incumbe ao Poder Público “exigir, na forma da lei, para ins talação de obra
ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade”

IMPACTO AMBIENTAL
Art. 1º da Res. CONAMA 001/86: “considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem -
estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais”

SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL


Art. 2º da Resolução CONAMA 001/86: rol exemplificativo de atividades potencialmente causadoras de
impacto ambiental SIGNIFICATIVO: estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
ferrovias; portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; aeroportos, conforme definidos pelo
inciso I, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores
e emissários de esgotos sanitários; linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; aterros
sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos, dentre outros.
- presunção absoluta ou relativa???

AUSÊNCIA DO EPIA/RIMA
Nulidade do licenciamento e irreversibilidade da obra licenciada

DISPENSA DO EPIA/RIMA
Art. 3º da Resolução CONAMA 237/97: “A licença ambiental para empreendimentos e atividades
consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente
dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente

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(EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber,
de acordo com a regulamentação.

§único: “O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é


potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais
pertinentes ao respectivo processo de licenciamento”

CONTEÚDO DO EPIA
Art. 5º da Resolução CONAMA 001/86: “O estudo prévio de impacto ambiental, além de atender à
legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente,
obedecerá às seguintes diretrizes gerais:
I - contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a
hipótese de não execução do projeto;
II - identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e
operação da atividade;
III - definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada
área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual s e localiza;
IV - considerar os planos e programas governamentais propostos e em implantação na área de influência
do projeto, e sua compatibilidade

Art. 6º da Resolução CONAMA 001/86: “O EIA desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades


técnicas:
I - diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos
ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área,
antes da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os
tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes
atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da
qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de
preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, destacando
os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência
entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos;

II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão
da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo
prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e
sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais;
III - definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e
sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas;
IV - elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos,
indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.

INOBSERVÂNCIA DO CONTEÚDO DO EPIA

Álvaro Luiz Valery Mirra: “Diante de um EIA, impõe-se verificar se todas as análises previstas nos arts.
5º e 6º da Resolução n. 001/86 foram contempladas, pois o descuido do estudo com relação a qualquer
desses aspectos compromete a validade de todo o processo de licenciamento.
No caso do Rodoanel: “O Rodoanel Mário Covas, como sabido, consiste em obra viária de grande vulto,
sendo inegável sua importância do ponto de vista estratégico e econômico-social. Visa interligar diversas
rodovias federais e estaduais, facilitar o transporte de mercadorias entre os vários Estados da Federação,
além de contribuir para a racionalização e melhoria do intenso tráfego de veículos automotores na região
metropolitana da Grande São Paulo.
Todavia, a implantação do referido projeto, pelo seu porte, características e localização, enseja
impactos ambientais de significativa monta, a exigir um EIA-RIMA bem mais completo e abrangente que
o apresentado.

19
As deficiências do EIA-RIMA elaborado anteriormente são hoje incontroversas, tendo sido
suspensa sua análise em 19/08/03 para reavaliação, adequação e novos estudos, a fim de atender os
reclamos da sociedade civil, bem como analisar alguns aspectos recolhidos nas audiências públicas, as
contribuições da sociedade, da imprensa, das promotorias e de órgãos relacionados com o meio
ambiente.” (TRF, Proc. 2003.03.00.070460-9, AG 192647, Rel. Des. Consuelo Yoshida, j. 19.12.03)

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Art. 11 da Resolução CONAMA 237/97: “Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão
ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor.
§único: O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo
serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e
penais”

FALSAS INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR


Art. 69-A da Lei 9.605/98. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer
outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou
enganoso, inclusive por omissão: (crime introduzido pela Lei 11.284/06)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1o Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente,
em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa."

CUSTOS DO EPIA/RIMA
Art. 8º da Resolução CONAMA 001/86: “Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas
e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados
e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e
acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5
cópias”

Art. 17, §2º do Decreto 99.274/90: “O estudo de impacto ambiental será realizado por técnicos habilitados
e constituirá o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, correndo as despesas à conta do proponente do
projeto

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA


Art. 9º, §único da Resolução CONAMA 001/86: “O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e
adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas
por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam
entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua
implementação”

PUBLICIDADE E PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

pela CF, ao EPIA/RIMA será dada publicidade


Art. 11 da Res. CONAMA 001/86: “Respeitado o sigilo industrial, assim solicitado e demonstrado pelo
interessado, o RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados,
nos centros de documentação ou biblioteca da SEMA [foi extinta e suas atribuições hoje são do IBAMA] e
do órgão estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de análise técnica”

AUDIÊNCIA PÚBLICA

Art. 1º da Res. CONAMA 9/87: “A audiência pública referida na Res. CONAMA 001/86, tem por finalidade
expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e
recolhendo dos presentes críticas e sugestões a respeito”.
20
Exigibilidade:

Art. 11, §2º da Res. CONAMA 001/86: “Ao determinar a execução do estudo prévio de impacto ambiental
e apresentação do RIMA, o órgão estadual competente ou a SEMA ou, quando couber o município,
determinará prazo para o recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais
interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para
informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA”

Realização obrigatória

Art. 2º da Res. CONAMA 9/87: “Sempre que julgar necessário ou quando for solicitado por entidade civil,
pelo MP, ou por 50 ou mais cidadãos, o órgão do meio ambiente promoverá a realização de audiência
pública”

A Constituição do Estado de São Paulo, em seu art. 192, §2º, estabeleceu que, quando da aprovação
do EIA/RIMA, a este se dará publicidade, acrescentando que será “garantida a realização da audiência
pública”

Art. 19, §5º da Lei Estadual 9.509/97: “O CONSEMA convocará Audiência Pública para debater processo
de licenciamento ambiental sempre que julgar necessário ou quando requerido por:

a) órgãos da administração direta, indireta e fundacional da União, Estados e Municípios:


b) organizações não governamentais, legalmente constituídas, para a defesa dos interesses difusos
relacionados à proteção ao meio ambiente e dos recursos naturais;
c) por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos, devidamente identificados;
d) partidos políticos, Deputados Estaduais, Deputados Federais e Senadores eleitos em São Paulo;
e) organizações sindicais legalmente constituídas.”

Procedimento para a realização – Resolução CONAMA 9/87


Art. 2º, §1º. O órgão de meio ambiente, a partir da data do recebimento do RIMA, fixará em edital e
anunciará pela imprensa local a abertura de prazo que será no mínimo de 45 dias para solicitação de
audiência pública
§2º. No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do Órgão estadual não realizá-la, a
licença concedida não terá validade

§ 3º. Após este prazo, a convocação será feita pelo Órgão Licenciador, através de correspondência
registrada aos solicitantes e da divulgação em órgãos da imprensa local.

§4º. A audiência pública deverá ocorrer em local acessível aos interessados

§5º. Em função da localização geográfica dos solicitantes e da complexidade do tema, poderá haver mais
de uma audiência pública sobre o mesmo projeto de respectivo Relatório de Impacto Ambiental”

Resultados – Resolução CONAMA 9/87

Art 4º - Ao final de cada audiência pública será lavrara uma ata sucinta

Parágrafo Único - Serão anexadas à ata, todos os documentos escritos e assinados que forem
entregues ao presidente dos trabalhos durante a seção.

Art. 5º - A ata da(s) audiência(s) pública(s) e seus anexos, servirão de base, juntamente com o RIMA,
para a análise e parecer final do licenciador quanto à aprovação ou não do projeto.

SISTEMA NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - LEI 9.985/2000

ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

21
Art. 225, §1º, inc. III: impõe ao Poder Público o dever de definir, em todas as unidades da Federação,
ESPAÇOS TERRITORIAIS E SEUS COMPONENTES A SEREM ESPECIALMENTE PROTEGIDOS,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.

Art. 9º, VI da Lei 6.938/81: considera a instituição de espaços territorialmente protegidos um instrumento
da política ambiental, e exemplifica como tais: APA, ARIE e reservas extrativistas

PRINCIPAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

Áreas de Preservação Permanente (APP) – Código Florestal


Reserva Legal - Código Florestal
Unidades de Conservação – Lei 9.985/2000

ESPAÇOS TERRITORIAIS DO PATRIMÔNIO NACIONAL


Art. 225, §4º da CF: “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais”
Soberania nacional, sem afastamento da cooperação internacional

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
espécies de espaços territoriais especialmente protegidos, que, dependendo da categoria na qual se
encartem, terão um regime jurídico mais, ou menos, restritivo.

Art. 2º, inciso I da Lei 9.985/00 define unidade de conservação como: “espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”

SISTEMA NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - SNUC


Lei 9.985, de 18 de julho de 2000
Decreto 4.340, de 22 de agosto de 2002

CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


A Lei 9.985/00 divide as unidades de conservação em 2 grupos:

a)UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL e


b)UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL

UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL (uso indireto): seu objetivo básico é “preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.”
(art. 7º, §1º)

O art. 2º,VI da Lei 9.985/00 define proteção integral como “manutenção dos ecossistemas livres de
alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais”

O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de
conservação:
I - Estação Ecológica (32 federais);
II - Reserva Biológica (29 UCs federais);
III - Parque Nacional (62 UCs federais);
IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre (3 UCs federais)

* Número de UCs atualizado em dez/2006, pelo Ibama (www.ibama.gov.br)


22
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL

UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL (USO DIRETO): seu objetivo básico é “compatibilizar a conservação
da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais” (art. 7º, § 2º da Lei 9.985/00)

O art. 2º, inc. X da Lei 9985/00 define uso direto como “aquele que envolve coleta e uso, comercial ou
não, dos recursos naturais” e o inc. XI define uso sustentável como a “exploração do ambiente de maneira
a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a
biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável”

O grupo das Unidades de Uso Sustentável é composto pelas seguintes categorias de unidade de
conservação:
I - Área de Proteção Ambiental (31 UCs federais);
II - Área de Relevante Interesse Ecológico (17 UCs federais);
III - Floresta Nacional (73 UCs federais);
IV - Reserva Extrativista (50 UCs federais);
V - Reserva de Fauna;
VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável (1 UC federal)
VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural (429 UCs federais).

CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Ato do Poder Público: lei (Poder Legislativo) ou decreto (Poder Executivo), na esfera federal, estadual ou
municipal

Necessidade de estudos técnicos e de consulta pública (exceto para a criação de Estação Ecológica ou
Reserva Biológica) que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para
a unidade de conservação, devendo o Poder Público fornecer informações adequadas e inteligíveis à
população local e a outras partes interessadas.

Limitações administrativas provisórias

Art. 22-A da Lei 9.985/00. “O Poder Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras
atividades econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da lei, decretar limitações
administrativas provisórias ao exercício de atividades e empreendimentos efetiva ou potencialmente
causadores de degradação ambiental, para a realização de estudos com vistas na criação de Unidade de
Conservação, quando, a critério do órgão ambiental competente, houver risco de dano grave aos recursos
naturais ali existentes” (incluído pela Lei 11.132/05)

não serão permitidas atividades que importem em exploração a corte raso da floresta e demais formas de
vegetação nativa, na área em que foi estabelecida a limitação, as atividades agropecuárias e outras
atividades econômicas em andamento e obras públicas licenciadas

duração da limitação: prazo máximo de 7 meses, improrrogáveis

SUPRESSÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Art. 225, § 1º, inc. III da CF: apenas mediante lei
Art. 22, § 7o da Lei 9.985/00: “A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só
pode ser feita mediante lei específica”

TRANSFORMAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Aumento da área e mudança de categoria da menos para a mais restritiva: lei ou decreto
Redução da área e mudança de categoria da mais para a menos restritiva: (apenas) lei

Art. 22, § 5o da Lei 9.985/00: As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser
transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento

23
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos
de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.

§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus limites originais,
exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do
que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2 o deste
artigo.

§ 7o A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei
específica.

Reenquadramento de UC de proteção integral para UC de uso sustentável por decreto

Art. 40 do Decreto 4.340/02: ”A reavaliação de unidade de conservação prevista no art. 55 da Lei no


9.985, de 2000, será feita mediante ato normativo do mesmo nível hierárquico que a criou.”

ZONA DE AMORTECIMENTO
Todas as unidades de conservação, à exceção das APAs e das RPPNs, devem possuir uma zona de
amortecimento

Art. 2º, inc. XVIII da Lei 9.985/00 define zona de amortecimento como “o entorno de uma unidade de
conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o
propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”

Os limites da zona de amortecimento e as normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos


recursos da zona de amortecimento poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente.

Resolução Conama 428/2010:

LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS SUJEITOS AO EIA/RIMA: condiciona o


licenciamento de empreendimentos que possam afetar a unidade de conservação e sua zona de
amortecimento à autorização do órgão responsável pela administração da UC.

A autorização deve ser solicitada pelo próprio órgão ambiental licenciador, antes da emissão da primeira
licença prevista.

Resolução Conama 428/2010:

LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS NÃO SUJEITOS AO EIA/RIMA: exige apenas


que o órgão responsável pela administração da UC seja “CIENTIFICADO” caso o empreendimento possa
afetar a UC ou esteja localizado em sua zona de amortecimento

PLANO DE MANEJO

Todas as unidades de conservação devem ter um Plano de Manejo

O art. 2º, inc.XVII da Lei 9.985/00 define plano de manejo como o “documento técnico mediante o qual,
com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento
e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação
das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”

Abrangência: área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos,


incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades
vizinhas.

Prazo de elaboração: 5 (cinco) anos a partir da data da criação da unidade de conservação

24
Participação da população residente: garantida na elaboração do Plano de Manejo das Reservas
Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e, quando
couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico

Art. 28 da Lei 9.985/00: proíbe, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou
modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus
regulamentos.
Parágrafo único: dispõe que até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras
desenvolvidas nas unidades de conservação de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a
garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações
tradicionais porventura residentes na área as condições e os meios necessários para a satisfação de suas
necessidades materiais, sociais e culturais.

ZONEAMENTO

O Art. 2º, inciso XVI da Lei 9.985/00 conceitua zoneamento como: “definição de setores ou zonas em
uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de
proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de
forma harmônica e eficaz”

CONSELHO CONSULTIVO E DELIBERATIVO

Unidades de Conservação de Proteção Integral: devem ter, obrigatoriamente, um Conselho


Consultivo, constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por
proprietários de terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso,
e por populações tradicionais residentes (enquanto não reassentadas)

APA: deverá ter um Conselho (sem designação específica)


ARIE: a lei não exige a constituição de Conselho
Floresta Nacional: deverá ter um Conselho Consultivo
Reserva Extrativista: será gerida por um Conselho Deliberativo
Reserva de Fauna:a lei não exige a constituição de Conselho
Reserva de Desenvolvimento Sustentável: será gerida por um Conselho Deliberativo
RPPN:a lei não exige a constituição de Conselho

DESAPROPRIAÇÃO DIRETA E INDIRETA

Desapropriação obrigatória: parque, reserva biológica, estação ecológica, floresta nacional, reserva
extrativista e reserva de fauna

Desapropriação possível: monumento natural, refúgio de vida silvestre e reserva de desenvolvimento


sustentável

Art. 45 da Lei 9.985/00. “Excluem-se das indenizações referentes à regularização fundiária das unidades
de conservação, derivadas ou não de desapropriação:
(...)
III - as espécies arbóreas declaradas imunes de corte pelo Poder Público;
IV - expectativas de ganhos e lucro cessante;
V - o resultado de cálculo efetuado mediante a operação de juros compostos;
VI - as áreas que não tenham prova de domínio inequívoco e anterior à criação da unidade.

Veto aos dois primeiros incisos, que excluíam da indenização as vegetações de preservação permanente
e as reservas legais que não tivessem plano de manejo

A vegetação não deve ser dissociada da terra, na análise do valor do imóvel, pois não se trata de mera
benfeitoria

 “DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. MATA ATLÂNTICA.

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Prosseguindo o julgamento, a Turma, por maioria, após voto de desempate, afastou da indenização a
parte relativa à cobertura vegetal de mata atlântica. O proprietário desapropriado deverá ser indenizado
apenas pela terra nua. Não se considerou a alegação de impedimento para explorar economicamente a
extração da madeira, pois, mesmo antes dos Decretos Estaduais n. 10.251/77 e n. 13.316/79, que criaram
o Parque Estadual da Serra do Mar, declarando a área de utilidade pública, o Código Florestal (Lei n.
4.771/65) já impunha restrições àquela área. Além desse fato, o aproveitamento econômico da área para
extração de madeira seria inviável devido à topografia da região.” (REsp 122.114-SP, Rel. originário Min.
Paulo Gallotti, Rel. para acórdão Min. Franciulli Netto, julgado em 5/4/2001. In: www.stj.gov.br)

SUPERPOSIÇÃO DE ÁREAS INDÍGENAS E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Art. 57 da Lei 9.985/00. “Os órgãos federais responsáveis pela execução das políticas ambiental e
indigenista deverão instituir grupos de trabalho para, no prazo de cento e oitenta dias a partir da vigência
desta Lei, propor as diretrizes a serem adotadas com vistas à regularização das eventuais superposições
entre áreas indígenas e unidades de conservação”

POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Art. 3º, inc. I do Decreto 6.040/2007 (Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais) - define Povos e Comunidades Tradicionais: “grupos culturalmente
diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que
ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social,
religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos
pela tradição”

Art. 42 da Lei 9.985/00: “As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais
sua permanência não seja permitida serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e
devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e condições acordados entre as partes.”

§1º O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o reassentamento das populações
tradicionais a serem realocadas.

§2º Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão estabelecidas normas
e ações específicas destinadas a compatibilizar a presença das populações tradicionais residentes com
os objetivos da unidade, sem prejuízo dos modos de vida, das fontes de subsistência e dos locais de
moradia destas populações, assegurando-se a sua participação na elaboração das referidas normas e
ações.

Apenas as populações tradicionais residentes na unidade no momento da sua criação terão direito ao
reassentamento

Enquanto não forem reassentadas, as condições de permanência das populações tradicionais em


Unidade de Conservação de Proteção Integral serão reguladas por termo de compromisso, negociado
entre o órgão executor e as populações, ouvido o conselho da unidade de conservação.

GESTÃO COMPARTILHADA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Art. 30 da Lei 9.985/00. As unidades de conservação podem ser geridas por organizações da sociedade
civil de interesse público com objetivos afins aos da unidade, mediante instrumento a ser firmado com o
órgão responsável por sua gestão [termo de parceria]
Decreto estadual 48.766, de 1º de julho de 2004: institui o Programa de Gestão Compartilhada de
Unidades de Conservação do Estado de São Paulo por Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público - OSCIPs

Requisitos: (i) a OSCIP deve ter dentre seus objetivos institucionais a proteção do meio ambiente ou a
promoção do desenvolvimento sustentável; (ii) deve comprovar a realização de atividades de proteção do
meio ambiente ou desenvolvimento sustentável, preferencialmente na unidade de conservação ou no
mesmo bioma e (iii) não pode ter representação no conselho de unidade de conservação
Necessidade de edital (licitação) para seleção da OSCIP
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ICMS ECOLÓGICO

Não se trata de novo tributo mas de método de distribuição da receita do ICMS para os municípios,
visando compensá-los financeiramente pela existência de espaços territoriais especialmente protegidos
em seu território

Adotado em 10 Estados (p.ex., Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rondônia)

ICMS ECOLÓGICO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Art. 200 da Constituição do Estado de São Paulo. O Poder Público Estadual, mediante lei, criará
mecanismos de compensação financeira para Municípios que sofrerem restrições por força de instituição
de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Estado.
Lei estadual 8.510/93 (altera a Lei 3.201/81) e Lei estadual 9.146/95: 25% do total arrecadado com o
ICMS arrecadado pelo Estado são repassados aos municípios. Os restantes 75% ficam com o Estado,
conforme determina a Constituição Federal. O ICMS ecológico permite que 0,5% da parcela do ICMS vá
para os municípios com espaços territoriais especialmente protegidos.

o cálculo leva em conta apenas as áreas de preservação estaduais. Ficam de fora as áreas federais,
municipais e privadas

o recurso não está vinculado às ações de proteção do meio ambiente

Município mais beneficiado: Iguape, Vale do Ribeira

A PROTEÇÃO DA FLORA

Flora: Totalidade das espécies vegetais que compreende a vegetação de uma determinada região, sem
qualquer expressão de importância individual (dicionário Cetesb)

A FLORA NA CF/88

Art. 225, §1º, VII da CF/88: incumbe ao Poder Público “proteger a flora e a fauna, vedadas, na forma
da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou
submetam os animais à crueldade”

•Vedação das práticas que impeçam que a vegetação e os animais cumpram sua missão de contribuir
para a manutenção do equilíbrio ecológico, que comprometam a biodiversidade e que imponham dor e
sofrimento aos animais (sem necessidade)

FUNÇÃO ECOLÓGICA DA FLORA

• Missão que as florestas e demais formas de vegetação têm a cumprir para garantir o equilíbrio do
ecossistema, como, p.ex., manutenção da qualidade e quantidade de águas, fornecimento de oxigênio,
captação de carbono, manutenção da umidade do ar, controle de erosões, cadeia alimentar, habitat de
animais silvestres, estruturação e fertilidade do solo

APPS – ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE: MISSÃO DE PROTEGER AS ÁGUAS E O SOLO

•Art.2º do Código Florestal: APPs ex vi legis - áreas situadas em determinados acidentes geográficos
(topos de morro, áreas com alta declividade, beira de rios, lagos, nascentes etc.) cuja vegetação deve
ser preservada ou recuperada em razão da função que desempenha na proteção do solo e dos corpos
d’água e no combate à erosão.

•Resolução Conama 302/2002: APPs de reservatórios artificiais

27
•Resolução Conama 303/2002: definições, parâmetros e limites das APPs

•APPs em áreas urbanas

Art. 2º, parágrafo único da Lei 4.771/65 (redação dada pela Lei 7.803/89): “No caso de áreas
urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas
regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o
disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que
se refere este artigo”

• Supressão de APPs: permitida nas seguintes hipóteses:

• utilidade pública, nos termos definidos pelo art. 1º, §2º, inc. IV do Cód. Florestal e art. 2º, inc. I da
Resolução Conama 369/2006

social, nos termos definidos pelo art. 1º, §2º, inc. V do Cód. Florestal e art. 2º, inc. II da
• interesse
Resolução Conama 369/2006 (à exceção da vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e
mangues)

• baixoimpacto ambiental, nos termos definidos pelo art. 11 da Resolução Conama 369/2006, limitado
a 5% da APP a ser impactada, localizada na posse ou propriedade. Vide também Decreto estadual (SP)
49.566/2005.

• Supressão de APPs: requisitos

(i) inexistência de alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto (em caso de supressão
de baixo impacto, tal comprovação só será exigida se o órgão ambiental julgar necessário)

(ii) medidas mitigadoras e compensatórias (recomposição ou recuperação de APP localizada na mesma


sub-bacia hidrográfica, de preferência na área de influência do empreendimento ou na cabeceira dos
rios

(iii) autorização do órgão ambiental estadual e, em caso de APP na área urbana, do órgão municipal,
desde que o município possua conselho de meio ambiente com caráter deliberativo e plano diretor
(mediante anuência prévia do órgão estadual competente)

(iv) atendimento aos padrões aplicáveis aos corpos d’água

(v) averbação de Reserva Legal

(vi) inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão ou movimentos


acidentais de massa rochosa

• Uso irregular da APP e demolição

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Meio ambiente - Aterros de construção não licenciados à margem de rio - Área
de conservação permanente - Demolição do empreendimento e regeneração da vegetação -
Necessidade - Recurso não provido.
PROVA. Laudo pericial. Nulidade. Inocorrência. Falta de assinatura do termo de encerramento.
Irrelevância. Primeira folha subscrita e demais rubricadas. Preliminar rejeitada. Ementa oficial: Ação Civil
Pública Ambiental. Realização de aterros e de construção não licenciados à margem de rio. 1 - Inexiste
ilegalidade no julgamento antecipado, quando a pretendida prova oral mostra-se insuficiente para
comprovação de fato desconstitutivo. 2 - A ausência de assinatura do termo de encerramento do laudo
longe está de configurar nulidade, estando a primeira folha subscrita pelo responsável e rubricadas as
demais. 3 - As construções levadas a efeito em área de conservação permanente caracterizam dano ao
meio ambiente, subsistindo as obrigações de regeneração e de demolição do empreendimento. 4 -
Apelação desprovida. (TJSP - 1ª Câm. de Direito Público; ACi nº 243.924-5/8-00-Teodoro Sampaio-SP;
Rel. Des. Demóstenes Braga; j. 26/4/2005; v.u.) JTJ 293/29

28
EXTINÇÃO DE ESPÉCIES DA FLORA

•A proteção da biodiversidade pela Reserva Legal

RESERVA LEGAL: área com cobertura florestal que toda propriedade rural deve ter averbada no
registro do imóvel, na qual não se permitirá a supressão (corte raso), mas tão apenas o manejo florestal
sustentável.

Legislação aplicável: Arts. 16 e 44 do Código Florestal e Decreto estadual (SP) 53.939/2009

•Percentuais da Reserva Legal

AMAZÔNIA LEGAL – 80% (podendo ser reduzido para 50%, para fins de recomposição, desde que
indicado pelo ZEE e Zoneamento Agrícola e ouvidos o Conama, o MMA e o Ministério da Agricultura)

CERRADO NA AMAZÔNIA LEGAL – 35% (no mínimo 20% na própria propriedade, podendo o restante
estar representado na forma de “compensação”, na mesma micro-bacia)

CAMPOS GERAIS – 20%

DEMAIS REGIÕES DO PAÍS – 20%

• Cômputo das APPs na área de Reserva Legal

Art. 16, § 6o do Código Florestal: (acrescentado pela MP 2.166): “Será admitido, pelo órgão ambiental
competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação
permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas
áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação
permanente e reserva legal exceder a:

I - oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal;


II - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e
III - vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2 o do
art. 1o. (30 a 150 hectares, dependendo da região, explorado pelo proprietário com atividades
agroflorestais ou de extrativismo, respondendo por 80% de sua renda bruta)

•Averbação de Reserva Legal

A localização da RL é aprovada pelo órgão ambiental estadual, que levará em conta, dentre outros
elementos, a proximidade com outra RL, APP ou unidade de conservação

Art. 16, § 8o do Código Florestal: A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de
matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação,
nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as
exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

•Averbação de Reserva Legal

Condição para supressão de APP e vegetação nativa no Estado de São Paulo:

Art. 11 do Decreto estadual 53.939/09. “A emissão, pelo Departamento Estadual de Proteção dos
Recursos Naturais - DEPRN, de autorizações para a supressão de vegetação nativa ou para intervenção
em áreas consideradas de preservação permanente somente poderá ser efetivada observada a
legislação específica e mediante a comprovação da instituição regular da Reserva Legal.

•Propriedade sem Reserva Legal

O proprietário fica obrigado a adotar as seguintes alternativas, isolada ou cumulativamente:


29
•recomposição da reserva legal mediante o plantio, a cada três anos, de no mínimo 1/10 da área total
necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo
órgão ambiental estadual

•condução da regeneração natural da Reserva Legal

•compensação da Reserva Legal

•Compensação de Reserva Legal: proibida para quem desmatou área de Reserva Legal após
14/12/1998

•transformação, em
RL, de área equivalente em importância ecológica e extensão, desde que pertença
ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia ou, excepcionalmente, na mesma
bacia

•arrendamento de área sob regime de servidão florestal ou reserva legal

•aquisição de Cotas de Reserva Florestal

(iv) doação, ao Poder Público, de propriedade localizada no interior de unidade de conservação de


domínio público, pendente de regularização fundiária

•Reserva Legal e o Decreto 6.514/08 – infração administrativa ambiental

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas ou demais formas de vegetação nativa
em unidades de conservação ou outras áreas especialmente protegidas, quando couber, área de
preservação permanente, reserva legal ou demais locais cuja regeneração tenha sido indicada pela
autoridade ambiental competente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por hectare ou fração. (redação dada pelo Decreto 6.686/08)

Art. 51. Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de
espécies nativas plantadas, em área de reserva legal ou servidão florestal, de domínio público ou
privado, sem aprovação prévia do órgão ambiental competente ou em desacordo com a aprovação
concedida, inclusive em planos de manejo florestal sustentável:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração. (redação dada pelo Decreto 6.686/08)

Art. 55. Deixar de averbar a reserva legal:

Penalidade de advertência e multa diária de R$ 50,00 (cinqüenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais)
por hectare ou fração da área de reserva legal.

§ 1o O autuado será advertido para que, no prazo de cento e vinte dias, apresente termo de
compromisso de averbação e preservação da reserva legal firmado junto ao órgão ambiental
competente, definindo a averbação da reserva legal e, nos casos em que não houver vegetação nativa
suficiente, a recomposição, regeneração ou compensação da área devida consoante arts. 16 e 44 da Lei
no 4.771, de 15 de setembro de 1965.

§ 2o Durante o período previsto no § 1o, a multa diária será suspensa.

§ 3o Caso o autuado não apresente o termo de compromisso previsto no §1o nos cento e vinte dias
assinalados, deverá a autoridade ambiental cobrar a multa diária desde o dia da lavratura do auto de
infração, na forma estipulada neste Decreto.

§ 4o As sanções previstas neste artigo não serão aplicadas quando o prazo previsto não for cumprido
por culpa imputável exclusivamente ao órgão ambiental (redação dos parágrafos e da penalidade dada
pelo Decreto 6.686/08)
30
Art. 152. O disposto no art. 55 entrará em vigor em 11 de dezembro de 2009. (Redação dada pelo
Decreto nº 6.686, de 2008).

BIBLIOGRAFIA

• BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcellos. Reflexões sobre a hipertrofia do direito de propriedade


na tutela da reserva legal e das áreas de preservação permanente. In: Revista de Direito Ambiental. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, n. 4, p.41-60.

• COSTA NETO, Nicolau Dino de Castro e. Proteção Jurídica do Meio Ambiente I – Florestas. Belo
Horizonte: Del Rey, 2003

• DEUS, Teresa Cristina de. A tutela da flora no Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Juarez de
Oliveira

• FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de. A Propriedade no Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Adcoas,
2004

• LECEY,Eládio. Crimes e contravenções florestais: o impacto da Lei 9.605/98. Revista de Direito


Ambiental. São Paulo: RT, nº 16:35-48, 2001.

PROTEÇÃO DA FAUNA

A FAUNA NA CF/88

Art. 225, §1º, VII da CF/88: incumbe ao Poder Público “proteger a flora e a fauna, vedadas, na forma da
lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou
submetam os animais à crueldade”

- tratamento uniforme para toda a fauna (silvestre, aquática e doméstica. A diferenciação - fauna
silvestre, fauna aquática e fauna doméstica existe apenas nas leis ordinárias. Ex: Lei de Proteção à
Fauna (Lei 5.197/67) e Código de Pesca (Decreto-lei 221/67)

FUNÇÃO ECOLÓGICA DA FAUNA

Missão que os animais têm a cumprir para garantir o equilíbrio do ecossistema, como, p.ex.,
polinização de plantas, manutenção da cadeia alimentar etc.

Os morcegos, por exemplo, exercem sua função ecológica de várias formas: algumas espécies de
morcegos carnívoros comem escorpiões (e estima-se que em algumas regiões, a população de
escorpiões seria até 100% maior não fosse a intervenção dos morcegos); os morcegos insetívoros
auxiliam no combate às pragas; os morcegos frugívoros ajudam a espalhar sementes e os morcegos
nectarívoros prestam-se a polinizar as plantas.

EXTINÇÃO DAS ESPÉCIES

Espécie: grupo de organismos que se cruzam na natureza e cujos descendentes são férteis

Efeitos da extinção das espécies: desequilíbrio ambiental, perda da biodiversidade, superpopulação e


extinção de outras espécies da cadeia alimentar etc.

Causas da extinção das espécies: destruição do habitat, caça e comércio ilegal, introdução de
espécies exóticas e extinção em cadeia

INTRODUÇÃO DE ESPÉCIE EXÓTICA


31
fauna exótica invasora: “animais introduzidos a um ecossistema do qual não fazem parte
originalmente, mas onde se adaptam e passam a exercer dominância, prejudicando processos naturais
e espécies nativas, além de causar prejuízos de ordem econômica e social” (Instrução Normativa IBAMA
141/2006, que regulamenta o controle e o manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva)

Os perigos da introdução de uma espécie exótica (de outro ecossistema) ou alienígena (de outro país)
no ecossistema: causa de desequilíbrio ecológico e, eventualmente, extinção das espécies nativas.

considerada a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo, atrás apenas do


desmatamento (a primeira é a conversão dos habitats naturais das espécies para uso humano)

Sílvia R. Ziller (Presidente Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental): Invasões


biológicas ocorrem quando uma espécie exótica animal ou vegetal, introduzida em determinado
ambiente, se adapta, se estabelece, passa a se propagar e a dominar espécies nativas, expulsando-as e
gerando conseqüente perda de biodiversidade e alterações nos ciclos ecológicos naturais. Nem todas
espécies exóticas introduzidas a outros ambientes se tornam invasoras. A problemática não está ligada
ao número de espécies invasoras presentes numa área, mas sim em seu nível de agressividade e
dominação das espécies nativas. Isto quer dizer que uma única espécie pode causar estragos em
grandes áreas.”
(http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./noticias/index.php3&conteudo=./noticias/entre
vista/ziller.html)

INTRODUÇÃO DE ESPÉCIE EXÓTICA

Espécies invasoras no Brasil: mexilhão dourado (Ásia), javali (Europa), Aedes aegypti (Egito), caramujo
gigante (África), pombo (Europa)

Art. 4º da Lei 5.197/67 (Lei de Proteção à Fauna): “Nenhuma espécie poderá ser introduzida no país,
sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida na forma da lei”

Art. 31 da Lei 9.605/98: “Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e
licença expedida por autoridade competente – PENA: detenção de 3 meses a 1 ano e multa

Art. 25 do Decreto 6.514/08. Introduzir espécime animal no País, ou fora de sua área de distribuição
natural, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente:
Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de:
I - R$ 200,00 (duzentos reais), por indivíduo de espécie não constante em listas ofic iais de espécies em
risco ou ameaçadas de extinção;
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira
ameaçada de extinção, constante ou não da CITES.
§ 1o Entende-se por introdução de espécime animal no País, além do ato de ingresso nas fronteiras
nacionais, a guarda e manutenção continuada a qualquer tempo.
§ 2o Incorre nas mesmas penas quem reintroduz na natureza espécime da fauna silvestre sem parecer
técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente.

Art. 38 do Decreto 6.514/08. Importar ou exportar quaisquer espécies aquáticas, em qualquer estágio
de desenvolvimento, bem como introduzir espécies nativas, exóticas ou não autóctones em águas
jurisdicionais brasileiras, sem autorização ou licença do órgão competente, ou em desacordo com a
obtida:
Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), com acréscimo de R$ 20,00
(vinte reais) por quilo ou fração do produto da pescaria, ou por espécime quando se tratar de espécies
aquáticas, oriundas de produto de pesca para ornamentação.

§ 1o Incorre na mesma multa quem introduzir espécies nativas ou exóticas em águas jurisdicionais
brasileiras, sem autorização do órgão competente, ou em desacordo com a obtida.

§ 2o A multa de que trata o caput será aplicada em dobro se houver dano ou destruição de recife de
coral.
32
TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES

Tráfico de animais silvestres: movimenta de 15 a 20 bilhões de dólares por ano, sendo que o Brasil
participa com cerca de 10% deste valor (no Brasil, 12 milhões de animais são extraídos anualmente da
natureza)

Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens em Perigo de
Extinção - CITES (Washington, 1973)

objetivo: evitar e/ou controlar a o comércio internacional de espécies da flora e da fauna ameaçados
de extinção

Decreto 54, de 24 de junho de 1975 (ratificação da Convenção pelo Brasil) e Decreto 76.623, de
novembro de 1975 (promulgação)

Decreto 3.607, de 21 de setembro de 2000: dispõe sobre a implementação da CITES

EXTINÇÃO EM CADEIA

Também chamado de efeito dominó

Há espécies que dependem de outras espécies para sobreviver. As primeiras são as espécies
“afiliadas” e as segundas, espécies “hospedeiras”. O desaparecimento da hospedeira provoca a extinção
da afiliada.

LISTA DAS ESPÉCIES AMEAÇADAS

Instrução
Normativa MMA 3, de 27 de maio de 2003: Lista de Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçadas de Extinção (revogou a Portaria Ibama 1.522, de 19/12/89)

Instrução Normativa MMA 5, de 28 de maio de 2004: reconhece como espécies ameaçadas de


extinção e espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação, os invertebrados aquáticos e
peixes constantes dos Anexos da própria IN.

CRUELDADE CONTRA OS ANIMAIS

sujeito passivo da crueldade: a coletividade, ferida em seus sentimentos comuns de compaixão, de


“afetividade” para com os seres irracionais, de repúdio à violência etc.

conceito jurídico da crueldade: extraído a partir do critério da necessidade: crueldade, para a CF, é
submeter os animais a um mal (maltrato) além dos limites do estritamente necessário

Helita Barreira Custódio: pondera que a razão de ser da repressão à crueldade contra os animais ”é
a dupla exigência de tutelar o sentimento comum de piedade para com os animais e promover a
educação civil, evitando exemplos de crueldade que habituam a pessoa humana à dureza e à
insensibilidade para a dor dos outros” (parecer jurídico elaborado a requerimento da UIPA - União
Internacional Protetora dos Animais, fevereiro de 1997)

Decreto nº 24.645/34: dispõe sobre maus-tratos contra os animais

Art. 64 da Lei das Contravenções Penais: “Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho
excessivo:
Pena - prisão simples, de 10 dias a 1 mês, ou multa
§1º: Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, realiza, em lugar
público ou exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo”
33
§2º: Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado
com crueldade, em exibição ou espetáculo público”

Art.32, caput da Lei 9.605/98: “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou EXÓTICOS”
Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano e multa

Art.29 do Decreto 6.514/08: Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais) por indivíduo.

Art. 30 do Decreto 6.514/08: Molestar de forma intencional qualquer espécie de cetáceo [p.ex.baleia,
boto e golfinho], pinípede [p.ex., lobo e leão-marinho, foca e morsa] ou sirênio [p.ex., peixe-boi] em
águas jurisdicionais brasileiras:
Multa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

Art. 33. Explorar ou fazer uso comercial de imagem de animal silvestre mantido irregularmente em
cativeiro ou em situação de abuso ou maus-tratos:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica ao uso de imagem para fins jornalísticos,
informativos, acadêmicos, de pesquisas científicas e educacionais.

Lei estadual (SP) 11.977, de 25 de agosto de 2005: institui o Código Estadual de Proteção dos
animais.

O PL foi vetado pelo Governador Geraldo Alckmin mas a Assembléia Legislativa derrubou o veto.

ADIN 3595 (STF)

ADIN 127.275-0 (TJSP), proposta pela Federação da Agricultura do Estado de São Paulo: suspensão
de vários artigos da lei, liminarmente. Improvido o Agravo Regimental interposto pela ALESP contra a
liminar, com voto vencido do Des. Vallim Belocchi (fevereiro/2006)

Animais utilizados em experimentos científicos

Art. 32, §1º da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais): diz que é crime sujeito a pena de 3 meses

a 1 ano e multa realizar “experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou
científicos, quando existirem recursos alternativos”

Recursos/métodos alternativos: de acordo com o art. 2º, II do Decreto 6.899/09 (regulamenta a Lei
11.794/08): procedimentos validados e internacionalmente aceitos que garantam resultados
semelhantes e com reprodutibilidade para atingir, sempre que possível, a mesma meta dos
procedimentos substituídos por metodologias que:
a) não utilizem animais;
b) usem espécies de ordens inferiores;
c) empreguem menor número de animais;
d) utilizem sistemas orgânicos ex vivos; ou
e) diminuam ou eliminem o desconforto;

Animais utilizados em experimentos científicos

Lei 6.638/79 - dispõe sobre a vivissecção de animais (operação feita em animais vivos para estudos de

fenômenos fisiológicos). REVOGADA PELA LEI 11.794/09

Lei 11.794/08: regula a criação e a utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa científica,
em todo o território nacional

34
 Decreto 6.899/09: regulamenta a Lei 11.974/08

Abate de animais para consumo

 Segundo a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada aos 27 de janeiro de 1978, em
Assembléia da UNESCO (Bruxelas/Bélgica), “se a supressão de um animal é necessária, deve ser
instantânea, sem dor nem angústia” (art. 3º, 2).

A mesma Declaração pontifica que “no caso de criação para alimentação, o animal deve ser nutrido,
alojado, transportado e morto sem que disto resulte para ele ansiedade ou dor” (art. 9º).

Abate humanitário: É o conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bem-estar dos
animais desde a recepção até a operação de sangria (IN 3/2000, Ministério da Agricultura)

Lei paulista 7.705/92 (alterada pela Lei 10.470/99): institui normas para o abate de animais para o
consumo (abate humanitário)

Ex:“O choque elétrico, para mover animais no corredor de abate, terá a menor carga possível, usado
com o máximo critério, e não será aplicado, em qualquer circunstância, sobre as partes sensíveis do
animal, como mucosa, vulva, ânus, nariz e olhos” (art. 2º, §2º); “O corredor de abate será adequado à
espécie do animal a que se destina, visando facilitar seu deslocamento, sem provocar ferimentos ou
contusões” (art. 5º); “Os animais quando estiverem aguardando o abate, não poderão ser alvo de maus -
tratos, provocações ou outras formas de falsa diversão pública, ou ainda, sujeitos a qualquer condição
que provoque estresse ou sofrimento físico e psíquico” (art. 6º)

 Lei paulista 11.977/2005:

Artigo 19 - É obrigatório em todos os matadouros, matadouros-frigoríficos e abatedouros, estabelecidos


no Estado, o emprego de métodos científicos modernos de insensibilização aplicados antes da sangria
por instrumentos de percussão mecânica, por processamento químico, choque elétrico (eletronarcose)
ou, ainda, por outros métodos modernos que impeçam o abate cruel de qualquer tipo de animal
destinado ao consumo.
Parágrafo único - É vedado o uso de marreta e da picada de bulbo (choupa), bem como ferir ou mutilar
os animais antes da insensibilização.

 Dispositivo suspenso liminarmente, na ADIN 127.275-0, TJSP.

Criação de animais para consumo

 Lei estadual (SP) 11.977/05:

Art. 2º- É vedado:


[...]
II - manter animais em local desprovido de asseio ou que lhes impeça a movimentação, o descanso ou
os privem de ar e luminosidade;

Art. 18 - É vedado:
I - privar os animais da liberdade de movimentos, impedindo-lhes aqueles próprios da espécie;
II - submeter os animais a processos medicamentosos que levem à engorda ou crescimento artificiais;
III - impor aos animais condições reprodutivas artificiais que desrespeitem seus respectivos ciclos
biológicos naturais.

 Dispositivos suspensos liminarmente, na ADIN 127.275-0, TJSP.

“Reconhece-se o altruísmo de propósito na proteção dos animais, que tanto têm contribuído com a
subsistência e evolução do ser humano. Entretanto, os dispositivos legais hostilizados, ao interferir na
atividade de produção animal e no agronegócio, revela desarrazoada interferência na exploração

35
pecuária, ainda dependente de manejo que, pese o esforço na modernização do trato, não atenderiam
as exigências legais.
O excesso da proibição, para os fins almejados, aponta para a desproporcionalidade das normas
e recomenda a suspensão liminar, para evitar a ocorrência de dano de difícil reparação, caso mantida a
norma hostilizada no ordenamento jurídico, pela possibilidade de risco à ordem econômica do Estado,
alijado da competitividade da exploração agropecuária, não só nas pesquis as tecnológicas como
também na produção, tudo a atingir diretamente a população dependente da atividade cerceada pela
novel legislação.” (Des. Rel. Luiz Tâmbara, j.02.02.06)

Rodeios

-Lei 10.220/2001: considera o peão de rodeio atleta profissional

-Lei 10.519/2002: dispõe sobre a promoção e a fiscalização da defesa sanitária animal quando da
realização de rodeio

-Lei estadual 10.359/1999: Dispõe sobre normas a serem observadas na promoção e fiscalização da
defesa sanitária animal quando da realização de rodeios.

Artigo 8º da Lei estadual 10.359/1999: “Ficam especialmente proibidas as seguintes práticas lesivas às
condições de sanidade dos animais:
I - privação de alimentos;
II - uso, na condução e domínio dos animais, ou durante as montarias, dos seguintes equipamentos:
a) qualquer tipo de aparelho que provoque choques elétricos;
b) esporas com rosetas que contenham pontas, quinas ou ganchos perfurantes;
c) sedém fora de especificações técnicas, que cause lesão física ao animal;
d) barrigueira que igualmente não atenda às especificações técnicas ora recomendadas.

Parágrafo único - Não haverá restrições à utilização de:


1 - esporas segundo modelos não agressores, usados internacionalmente e aprovados por associações
de rodeio de outros países;
2 - sedém confeccionado em material que não fira o animal. No sedém a ser usado em montaria, o
segmento que ficar em contato com a parte interior do corpo do animal deve ser de material macio (lã ou
algodão), excluídos, em qualquer caso, acessórios que importem em lesões físicas;
3 - barrigueira confeccionada em largura de, no mínimo 17,0 centímetros, que não cause desconforto ao
animal em montarias de modalidade “sela americana”, “bareback” e “cutiano”.

Art. 22 da Lei estadual/SP 11.977/05: “São vedadas provas de rodeio e espetáculos similares que
envolvam o uso de instrumentos que visem induzir o animal à realização de atividade ou comportamento
que não se produziria naturalmente sem o emprego de artifícios.”

Dispositivo suspenso liminarmente, na ADIN 127.275-0, TJSP.

 Art. 1º da Lei municipal (São Paulo) nº 11.359/93: “Fica proibido, no âmbito deste Município, a
realização de rodeios, touradas ou eventos similares que envolvam maus-tratos e crueldade de animais

§único: Excetua-se do disposto neste artigo, a exposição de animais, provas hípicas, utilização de
animais em procissões religiosas e desfiles cívicos e militares’
(Sanção: multa no valor de 200 Unidades Fiscais do Município (UFMs)

“Com efeito, a utilização daqueles instrumentos cruéis nos rodeios não servem ao atendimento
de nenhuma necessidade humana que não possa ser atendida de outra forma, sem o emprego da
violência comprovada pelo autor e com respeito à legislação em vigor.
De ressaltar-se que não se pretende aqui proibir a realização dos rodeios, nem esse é o objetivo da
ação civil pública ajuizada. O que não se admite, e a Lei terminantemente proíbe inclusive no âmbito
penal, é que os animais sejam tratados com a crueldade demonstrada pelo emprego dos instrumentos
mencionados.
A importância cultural dos rodeios bem com a sua indiscutível relevância econômica não constituem
salvo-conduto daqueles espetáculos ”
36
(Processo 326/1990 – 5ª Vara de Itu, Juiz Fábio Marcelo Holanda, j. 31.3.00)

Prova do laço
(imagem extraída de http://verdedentro.wordpress.com/2009/03/04/Verde Dentro)

Farra do boi

O Supremo Tribunal Federal decidiu, em pronunciamento definitivo, que a “Farra do Boi” é uma prática
INCONSTITUCIONAL, por submeter os animais à crueldade e, via de consequência, infringir o disposto
no art. 225, §1º, inc. VII, in fine da Lei Maior. (RE 153.531-8/SC - j. 03.06.97)

Votovencido: arrimado nos arts. 215 e 216 da Constituição Federal, sustentou que a “Farra do Boi” era
uma manifestação cultural.

Lei estadual nº 11.365/2000: permitia a farra do boi, mas foi declarada inconstitucional pelo TJSC
(dezembro/2002)

Farra do boi

Apesar disso:

“Desde o início de 2009, a Polícia Militar (PM) registrou 223 ocorrências de farra do boi em Santa
Catarina, 25,9% a mais do que em 2008. Apenas na Semana Santa, 81 farras foram identificadas. A
apreensão de bois usados na prática também aumentou de 14 para 57.
De acordo com o capitão do Centro de Comunicação Social da PM, Alessandro Marques, o aumento
das ocorrências deve-se a um maior monitoramento da atividade. Apesar disso, o número de farristas
detidos caiu de 28 para 13.
Marques ressalta que em 9 de abril as viaturas policiais foram recebidas com pedradas em Governador
Celso Ramos, na Grande Florianópolis. Cerca de 300 farristas enfrentaram a PM, mas ninguém foi
preso.” (Diário Catarinense de 13 de abril de 2009)

Caça esportiva (amadora)

“Quando um homem quer matar um tigre, diz que é esporte. Quando um tigre quer matá-lo, diz que é
ferocidade” (George Bernard Shaw, escritor irlandês)

Lei 5.197/67 (Lei de Proteção à Fauna): incentiva a caça esportiva

Lei Estadual/SP 7.407/91: proíbe “a realização de qualquer concurso, competição, torneio, certame,
disputa ou treinamento que tenha por finalidade a prática de tiro ao alvo, com sacrifício de aves ou
animais”

Art. 8º da Lei estadual/SP 11.977/05: “São vedadas, em todo território do Estado, as seguintes
modalidades de caça:
[...]
II - amadorista ou esportiva, aquela praticada por prazer, sem finalidade lucrativa ou de caráter
competitivo ou simplesmente recreativo.

“AMBIENTAL. CAÇA AMADORÍSTICA. Embargos infringentes em face de acórdão que, reformando a


sentença de parcial procedência em ação civil pública ajuizada com vistas à vedação da caça
amadorista no Rio Grande do Sul, deu provimento às apelações para julgar improcedente a actio.
Prática cruel expressamente proibida pelo inciso VII do § 1° do art. 225 da Constituição e pelo art. 11 da
Declaração universal dos direitos dos animais, proclamada em 1978 pela assembléia da UNESCO, a
qual ofende não só i. o senso comum, quando contrastado o direito à vida animal com o direito
fundamental ao lazer do homem (que pode ser suprido de muitas outras formas) e ii. os princípios da
prevenção e da precaução, mas também apresenta risco concreto de dano ao meio ambiente,
representado pelo potencial tóxico do chumbo, metal utilizado na munição de caça. pelo provimento dos
embargos infringentes, nos termos do voto divergente.” (Embargos Infringentes em AC nº
2004.71.00.021481-2/RS, Rel. Des. Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, j. 2008)
37
Briga de galo

O Decreto 50.620/61 proibia em todo o território nacional a realização ou promoção de ‘brigas de galo’
ou quaisquer outras lutas entre animais da mesma espécie ou de espécies diferentes , mas foi revogado
pelo Decreto 1.233/62
O Decreto federal 24.645/34 proíbe a prática de maus-tratos aos animais, como, por exemplo “realizar
ou promover lutas entre animais da mesma espécie ou de espécie diferente, touradas e simulacros,
ainda mesmo em lugar privado” (art. 3º, inc.XXIX)

Art. 20 da Lei estadual/SP 11.977/05: “É vedado realizar ou promover lutas entre animais da mesma
espécie ou de espécies diferentes, touradas, simulacros de tourada e vaquejadas, em locais públicos e
privados”

ADIN 1856-6: “BRIGA DE GALOS. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar. Suspensão da


eficácia de lei estadual [lei 2.895, de 20.03.1998, do Estado do Rio de Janeiro]. Legislação que autoriza
e disciplina a realização de competições entre ‘galos combatentes’. Inconstitucionalidade por submeter
os animais a tratamento cruel. Inteligência do art. 225, §1º, VII da CF. (STF, j. 03.09.98, rel. Min. Carlos
Velloso)
ADIN 2514: STF julgou inconstitucional lei estadual de Santa Catarina, que criou normas para a

criação, exposição e realização de competições entre aves combatentes da espécie "Galus-Galus” (j.
29.6.05)
ADIN 3776: STF julgou inconstitucional lei estadual de Rio Grande do Norte, que autorizava a “criação,

a realização de exposições e as competições entre aves das raças combatentes (fauna não silvestre)
para preservar e defender o patrimônio genético da espécie Gallus-Gallus". (j. junho.07)
ADIN 880-8: TJBA julgou inconstitucional a Lei municipal de Salvador 4.149/90, que autorizava a briga

de galos
TJRS: julgou inconstitucional diversas leis municipais que autorizavam a briga de galo

Briga de galo e de cães


(Fonte fotos: http://www.pea.org.br/crueldade/rinhas/fotos.htm)

Circos

Os animais vivem fora de seu habitat, em acomodações inadequadas e realizando atividades que não
são inerentes a sua espécie

Art. 10 da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, promulgada pela Unesco em 1978:
"Nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem. As exibições e espetáculos que
utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal".

Lei estadual/SP 11.977/05 (art. 21): veda a apresentação ou utilização de animais em espetáculos
circenses.

Lei municipal/SP 14.014/05: proíbe, no âmbito do Município de São Paulo, a utilização de animais de
qualquer espécie em apresentação de circos e congêneres. O descumprimento ao disposto nesta lei
implicará em multa no valor de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais), dobrada na reincidência, com
a posterior cassação da licença de funcionamento, sem prejuízo de outras penalidades previstas em lei.

Decreto municipal/SP 46.987/06, alterado pelo Decreto 47.803/06 (regulamenta a Lei 14.014/05):
condiciona o licenciamento para circos e congêneres que possuam animais à assinatura de Termo de
Compromisso e Responsabilidade de Não-Exibição de Animais

38
POLUIÇÃO POR RESÍDUOS SÓLIDOS

1. Legislação:

Lei 12.305/2010 e Decreto 7.404/2010 - PNRS


Lei estadual 12.300/06 - PERS

2. Conceito

Lei 12.305/2010 (PNRS):

Art. 3º, XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e
recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada;

Art. 3º, XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a
proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;

3. Destinação final do lixo

3.1 Depósito a céu aberto

- proliferação de parasitas (moscas, baratas, ratos - peste negra), odores incômodos, exposição à doenças
e poluição do lençol freático e do solo pelo chorume

- proibido desde 1976, pelo art. 52 do Decreto estadual (SP) 8.468/76

- Artigo 14 da Lei estadual 12.300/06 (PERS): “São proibidas as seguintes formas de destinação e
utilização de resíduos sólidos:
I - lançamento "in natura" a céu aberto;
II - deposição inadequada no solo

- Art. 47 da Lei 12.305/2010 (PNRS): São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição
final de resíduos sólidos ou rejeitos:
I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;

- Art. 62 do Decreto 6.514/2008: Incorre nas mesmas multas do art. 61 [Multa de R$ 5.000,00 a R$
50.000.000,00] quem:
[...]
X - lançar resíduos sólidos ou rejeitos in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;
(Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

3.2. Aterro

a) Sanitário;

b) Controlado;

- não dispõe de impermeabilização da base e não dispõe de sistemas de tratamento de chorume ou de


dispersão dos gases gerados

- Lei estadual 12.300/06:


39
Artigo 3º - São objetivos da Política Estadual de Resíduos Sólidos:
(...)
III - reduzir a quantidade e a nocividade dos resíduos sólidos, evitar os problemas ambientais e de saúde
pública por eles gerados e erradicar os "lixões", "aterros controlados", "bota-foras" e demais destinações
inadequadas

c) Energético

- drenagem de gás metano e sulfuroso (contribuem para o aquecimento global e podem causar explosões
e incêndios), para geração de energia

- Usina Termelétrica Bandeirantes: a maior usina de biogás do mundo

- Lei 12.305/2010:

Art. 9o , § 1o Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos
urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de
programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.

Decreto 6.514/2008:

Art. 62: Incorre nas mesmas multas do art. 61 [Multa de R$ 5.000,00 a R$ 50.000.000,00] quem:
[...]
XIV - destinar resíduos sólidos urbanos à recuperação energética em desconformidade com o § 1o do art.
9o da Lei no 12.305, de 2010, e respectivo regulamento; (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

3.2.1 Vedações

Art. 48 da Lei 12.305/2010. São proibidas, nas áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos, as
seguintes atividades:

I - utilização dos rejeitos dispostos como alimentação;

II - catação, observado o disposto no inciso V do art. 17;

III - criação de animais domésticos;

IV - fixação de habitações temporárias ou permanentes;

V - outras atividades vedadas pelo poder público.

3.2.2 Licenciamento ambiental de aterro

- Resolução Conama 001/86: art. 2º, inc. X e Resolução Conama 237/97: Anexo I

- Resolução Conama 404/2008: licenciamento simplificado de aterros sanitários de pequeno porte, a


saber: disposição diária de até 20 toneladas/dia, de resíduos sólidos URBANOS. Regra: dispensa de
EPIA/RIMA

3.3 Incineração

- reduz o volume do lixo e a necessidade de espaço para aterro

- pode ocasionar poluição atmosférica, em caso de combustão incompleta

- Decreto estadual (SP) 8.468/76:

40
Art. 26: “Fica proibida a queima ao ar livre de resíduos sólidos, líquidos ou de qualquer outro material
combustível, exceto mediante autorização prévia da CETESB, para:
I) treinamento de combate a incêndio;
II) evitar o desenvolvimento de espécies indesejáveis, animais ou vegetais, para proteção à agricultura e
à pecuária

Art. 27: Fica proibida a instalação e o funcionamento de incineradores domiciliares ou prediais de


quaisquer tipos”

- Lei estadual 12.300/06 (Política Estadual de Resíduos Sólidos):

Artigo 14 - São proibidas as seguintes formas de destinação e utilização de resíduos sólidos:


III - queima a céu aberto
(...)
§ 1º - Em situações excepcionais de emergência sanitária e fitossanitária, os órgãos da saúde e de controle
ambiental competentes poderão autorizar a queima de resíduos a céu aberto ou outra forma de tratamento
que utilize tecnologia alternativa.

- Lei 12.305/2010:

Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou
rejeitos:

III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa
finalidade;

§ 1o Quando decretada emergência sanitária, a queima de resíduos a céu aberto pode ser realizada,
desde que autorizada e acompanhada pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e, quando
couber, do Suasa.

- Decreto 6.514/2008:

Art. 62: Incorre nas mesmas multas do art. 61 [Multa de R$ 5.000,00 a R$ 50.000.000,00] quem:
[...]
XI - queimar resíduos sólidos ou rejeitos a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não
licenciados para a atividade; (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

3.3.1 Tratamento térmico de resíduos (industriais, de saúde, agrotóxicos etc.) e cadáveres

Resolução Conama nº 316, de 29 de outubro de 2002: procedimentos e critérios para o funcionamento


de sistemas de tratamento térmico de resíduos e cadáveres

3.4 Compostagem

3.5 Reutilização e reciclagem

- a política dos 3 Rs – REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR

Art. 9o da Lei 12.305/10: Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte
ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

- principais benefícios: (a) economia de energia, de água, de matéria-prima; (b) reaproveitamento de


produtos que levam tempo muito grande para se degradar; (c) economia de espaço dos aterros; (d)
geração de renda

3.5.1. Coleta seletiva

41
- Lei 12.305/10:

Art. 35. Sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos e na aplicação do art. 33, os consumidores são obrigados a:
I - acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados;
II - disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução.

Parágrafo único. O poder público municipal pode instituir incentivos econômicos aos consumidores que
participam do sistema de coleta seletiva referido no caput, na forma de lei municipal.

- Lei estadual (SP) 12.528/2007: obriga a implantação da coleta seletiva em shoppings centers e outros
estabelecimentos:

Artigo 1º - Ficam os shopping centers do Estado, que possuam um número superior a cinqüenta
estabelecimentos comerciais, obrigados a implantar processo de coleta seletiva de lixo.

Artigo 4º - A obrigatoriedade prevista nesta lei também se aplica:


I - a empresas de grande porte;
II - a condomínios industriais com, no mínimo, 50 (cinqüenta) estabelecimentos;
III - a condomínios residenciais com, no mínimo, 50 (cinqüenta) habitações;
IV - a repartições públicas, nos termos de regulamento.

3.5.2 Obrigação do consumidor

Art. 62 do Decreto 6.514/2008: Incorre nas mesmas multas do art. 61 [Multa de R$ 5.000,00 a R$
50.000.000,00] quem:
[...]
XIII - deixar de segregar resíduos sólidos na forma estabelecida para a coleta seletiva, quando a referida
coleta for instituída pelo titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;

§ 2o Os consumidores que descumprirem as respectivas obrigações previstas nos sistemas de logístic a


reversa e de coleta seletiva estarão sujeitos à penalidade de advertência.

§ 3o No caso de reincidência no cometimento da infração prevista no § 2o, poderá ser aplicada a penalidade
de multa, no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais).

§ 4o A multa simples a que se refere o § 3o pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade do meio ambiente.(inciso e parágrafos introduzidos pelo Decreto 7.404/10)

4. Importação de resíduos

- Convenção da Basiléia: ratificada pelo Brasil pelo Decreto 875/93: estabelece mecanismos de
controle de movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e seu depósito

Os objetivos da Convenção da Basiléia são:


 minimizar a geração de resíduos perigosos (quantidade e periculosidade);
 controlar e reduzir movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos;
 dispor os resíduos o mais próximo possível da fonte geradora;
 proibir o transporte de resíduos perigosos para países sem capacitação técnica, administrativa e
legal para tratar os resíduos de forma ambientalmente adequada;
 proibir a exportação de resíduos perigosos para as Partes que baniram sua importação
 auxiliar os países em desenvolvimento e com economias em transição na gestão dos resíduos
perigosos por eles gerados;
 trocar informações e tecnologias relacionadas ao gerenciamento ambientalmente adequado de
resíduos perigosos.

Artigo 40: As Partes devem proibir a exportação de resíduos perigosos para as Partes que baniram sua
importação; para resíduos que não tenham sido especificamente proibidos pelo país importador, as Partes

42
devem proibir a exportação de resíduos perigosos se o país destinatário não consentir por escrito com
aquela importação; as Partes devem impedir a importação de resíduos perigosos se acreditarem que os
resíduos em questão não serão gerenciados de forma ambientalmente adequada; as Partes não devem
permitir a exportação ou importação de resíduos perigosos envolvendo um país que não é Parte da
Convenção;

- o consentimento prévio da “importadora” é obrigatório

- Lei 12.305/2010:

Art. 49. É proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como de resíduos sólidos
cujas características causem dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal,
ainda que para tratamento, reforma, reúso, reutilização ou recuperação.

- Decreto 6.514/2008:

Art. 71-A. Importar resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como os resíduos sólidos cujas
características causem dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que
para tratamento, reforma, reuso, reutilização ou recuperação:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).” (introduzido pelo
Decreto 7.404/10)

4.1 Importação de pneus usados

(i) Resolução CONAMA 23/1996 e Resolução CONAMA 235/97: proíbem a importação de pneumáticos
usados (resíduos classe III – inertes)

(ii) Decreto 6.514/08:

Art. 70. Importar pneu usado ou reformado em desacordo com a legislação: (O pneu reformado não pode
ser remanufaturado, por isso tem vida útil muito curta)

Multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais), por unidade.

§ 1o Incorre na mesma multa quem comercializa, transporta, armazena, guarda ou mantém em depósito
pneu usado ou reformado, importado nessas condições.

§ 2o Ficam isentas do pagamento da multa a que se refere este artigo as importações de pneumáticos
reformados classificados nas NCM 4012.1100, 4012.1200, 4012.1300 e 4012.1900, procedentes dos Estados
Partes do MERCOSUL, ao amparo do Acordo de Complementação Econômica n o 18.”

- Tribunal Arbitral do MERCOSUL: obrigou o Brasil a aceitar a importação de pneus remoldados (2003)

- OMC aceitou a proibição do Brasil mas determinou que a proibição se estendesse também aos países
do Mercosul

- ADPF (Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental) nº 101: ajuizada pelo Presidente da


República questionando decisões judiciais que permitiam importação de pneus usados. Foi julgada
parcialmente procedente, em junho de 2009: STF declarou inconstitucionais, com efeitos ex tunc, as
interpretações, incluídas as judicialmente acolhidas, que permitiram ou permitem a importação de
pneus usados de qualquer espécie, aí insertos os remoldados. Ficaram ressalvados os
provimentos judiciais transitados em julgado, com teor já executado e objeto completamente
exaurido

4.2 Importação entre Estados brasileiros

Lei estadual (SP) 12.300/06:

43
Artigo 17 - A importação, a exportação e o transporte interestadual de resíduos, no Estado, dependerão
de prévia autorização dos órgãos ambientais competentes.

Parágrafo único - Os resíduos sólidos gerados no Estado somente poderão ser enviados para outros
Estados da Federação, mediante prévia aprovação do órgão ambiental do Estado receptor.

5. Responsabilidade pós-consumo (responsabilidade estendida do produtor)

- logística reversa: do “berço à cova”

5.1 Obrigação legal, em ordem cronológica

5.1.1. Pilhas e baterias

- oxidação, rompimento e vazamento de metais (níquel, cádmio e chumbo)

- Resolução Conama 257/1997, substituída pela 401/2008. Ambas determinam redução nos limites de
mercúrio, cádmio e chumbo permitidos na composição das pilhas e baterias (esta última, a partir de julho
de 2009). Além disso, impõem aos fabricantes ou importadores o dever de dar destinação final adequada
à 100% das pilhas e/ou baterias usadas, recolhidas em estabelecimentos comerciais e/ou redes de
assistência técnica autorizada

5.1.2 Pneumáticos

- resíduos inertes

- Resolução Conama 258/1999: metas para coleta, destinação final e reciclagem pneus, para fabricantes
e importadores de pneus novos e reformados. Substituída pela Resolução 416/2009:

Art. 3º A partir da entrada em vigor desta resolução, para cada pneu novo comercializado para o mercado
de reposição, as empresas fabricantes ou importadoras deverão dar destinação adequada a um pneu
inservível.

Art. 5º, § 3º Cumprida a meta de destinação estabelecida no art. 3º desta Resolução, o excedente poderá
ser utilizado para os períodos subsequentes.

§ 4º O descumprimento da meta de destinação acarretará acúmulo de obrigação para o período


subsequente, sem prejuízo da aplicação das sanções cabíveis.

Art. 9º Os estabelecimentos de comercialização de pneus são obrigados, no ato da troca de um pneu


usado por um pneu novo ou reformado, a receber e armazenar temporariamente os pneus usados
entregues pelo consumidor, sem qualquer tipo de ônus para este, adotando procedimentos de controle
que identifiquem a sua origem e destino.

Art. 14. É vedada a destinação final de pneus usados que ainda se prestam para processos de reforma,
segundo normas técnicas em vigor.

- reaproveitamento dos pneus: (i) reforma; (ii) combustível para fornos de cimento; (iii) asfalto; (iv) processo
Petrobras-six (mistura de pneus e xisto betuminoso para obtenção de óleo e gás natural)

5.1.3 Lâmpadas fluorescentes

Lei estadual/SP 10.888/2001:

Artigo 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a criar, em parceria com a iniciativa privada, condições para
as empresas, que comercializem produtos potencialmente perigosos ao resíduo urbano, adotarem um
sistema de coleta em recipientes próprios, que acondicionem o referido lixo.

44
§ 1º - Para fins do cumprimento desta lei, entende-se por produtos potencialmente perigosos do resíduo
urbano, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e frascos de aerosóis em geral.

§ 2º - Estes produtos, quando descartados, deverão ser separados e acondicionados em recipientes


adequados para destinação específica.

Artigo 2º - Os fabricantes, distribuidores, importadores, comerciantes ou revendedores de produtos


potencialmente perigosos do resíduo urbano serão responsáveis pelo recolhimento, pela
descontaminação e pela destinação final destes resíduos, o que deverá ser feito de forma a não violar o
meio ambiente.

Parágrafo único - Os recipientes de coleta serão instalados em locais visíveis e, de modo explícito,
deverão conter dizeres que venham alertar e despertar a conscientização do usuário sobre a importância
e necessidade do correto fim dos produtos e os riscos que representam à saúde e ao meio ambiente
quando não tratados com a devida correção.

5.1.4 Resíduos variados na PERS

Lei estadual (SP) 12.300/2006:

Artigo 53 - Os fabricantes, distribuidores ou importadores de produtos que, por suas características,


exijam ou possam exigir sistemas especiais para acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte,
tratamento ou destinação final, de forma a evitar danos ao meio ambiente e à saúde pública, mesmo após
o consumo de seus resíduos desses itens, são responsáveis pelo atendimento de exigências
estabelecidas pelo órgão ambiental.

Decreto estadual (SP) 54.645/2009

Artigo 19 - Os fabricantes, distribuidores ou importadores de produtos que, por suas características,


venham a gerar resíduos sólidos de significativo impacto ambiental, mesmo após o consumo desses
produtos, ficam responsáveis, conforme o disposto no artigo 53 da Lei nº 12.300, de 16 de março de 2006,
pelo atendimento das exigências estabelecidas pelos órgãos ambientais e de saúde, espec ialmente para
fins de eliminação, recolhimento, tratamento e disposição final desses resíduos, bem como para a
mitigação dos efeitos nocivos que causem ao meio ambiente ou à saúde pública.

Parágrafo único - A Secretaria do Meio Ambiente publicará, mediante resolução, a relação dos produtos
a que se refere o “caput” deste artigo.

Resolução SMA (SP) 24/2010:

Artigo 3º - para fins de cumprimento do disposto nesta Resolução, os produtos de que trata o artigo 1º,
sujeitos à responsabilidade pós-consumo estabelecida pelo artigo 19 do Decreto Estadual 54.645, de 05-
08-2009, consistem em:

I - Filtros de óleo lubrificante automotivo;


II - Embalagens de óleo lubrificante automotivo;
III - Lâmpadas fluorescentes;
IV - Baterias automotivas;
V - Pneus;
VI - Produtos eletroeletrônicos;
VII - Embalagens primárias, secundárias e terciárias de:
a) alimentos e bebidas;
b) produtos de higiene pessoal;
c) produtos de limpeza;
d) bens de consumo duráveis.

Parágrafo único - a relação de produtos de que trata o caput poderá ser atualizada pela Comissão
Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos.

45
Artigo 4º - Ficam os fabricantes, distribuidores ou importadores dos produtos relacionados nos incisos I a
VII do artigo 3º desta Resolução obrigados a:

I - Manter, individualmente ou sob a forma de parcerias, postos de entrega voluntária para os resíduos
pós-consumo;
II - Orientar os consumidores quanto à necessidade de devolução dos resíduos pós -consumo;
III - Cumprir metas de recolhimento;
IV - Declarar a quantidade de produtos listados nos Incisos de I a VII do artigo 3º produzidos, a
quantidade de resíduos recolhidos e sua destinação no Sistema Declaratório Anual de Resíduos
Sólidos, a partir do estabelecimento das metas de recolhimento.

§ 1º - Os resíduos recolhidos deverão ser encaminhados para reciclagem, recuperação energética,


reutilização ou outra destinação permitida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB.

§ 2º - As metas de recolhimento de que trata o inciso III deste artigo deverão ser estabelecidas pela
Comissão Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos até 31-12-2010.

5.1.5 Lixo tecnológico

Lei estadual/SP nº 13.576, de 6 de julho de 2009:

Artigo 1º - Os produtos e os componentes eletroeletrônicos considerados lixo tecnológico devem receber


destinação final adequada que não provoque danos ou impactos negativos ao meio ambiente e à
sociedade.

Parágrafo único - A responsabilidade pela destinação final é solidária entre as empresas que produzam,
comercializem ou importem produtos e componentes eletroeletrônicos.

Artigo 2º - Para os efeitos desta lei, consideram-se lixo tecnológico os aparelhos eletrodomésticos e os
equipamentos e componentes eletroeletrônicos de uso doméstico, industrial, comercial ou no setor de
serviços que estejam em desuso e sujeitos à disposição final, tais como:
I - componentes e periféricos de computadores;
II - monitores e televisores;
III - acumuladores de energia (baterias e pilhas);
IV - produtos magnetizados.

Artigo 3º - A destinação final do lixo tecnológico, ambientalmente adequada, dar-se-á mediante:

I - processos de reciclagem e aproveitamento do produto ou componentes para a finalidade original ou


diversa;
II - práticas de reutilização total ou parcial de produtos e componentes tecnológicos;
III - neutralização e disposição final apropriada dos componentes tecnológicos equiparados a lixo químico.

Artigo 4º - Os produtos e componentes eletroeletrônicos comercializados no Estado devem indicar com


destaque, na embalagem ou rótulo, as seguintes informações ao consumidor:
I - advertência de que não sejam descartados em lixo comum;
II - orientação sobre postos de entrega do lixo tecnológico;
III - endereço e telefone de contato dos responsáveis pelo descarte do material em desuso e sujeito à
disposição final;
IV - alerta sobre a existência de metais pesados ou substâncias tóxicas entre os componentes do produto.

Artigo 5º - É de responsabilidade da empresa que fabrica, importa ou comercializa produtos tecnológicos


eletroeletrônicos manter pontos de coleta para receber o lixo tecnológico a ser descartado pelo
consumidor.

5.1.6 Na Política Nacional de Resíduos Sólidos

46
Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos
produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de
manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso,
constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em
lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em
normas técnicas;

II - pilhas e baterias;

III - pneus;

IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista (será implementada


progressivamente segundo cronograma estabelecido em regulamento, nos termos do art. 56);

VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes (será implementada progressivamente segundo


cronograma estabelecido em regulamento, nos termos do art. 56)

§ 1o Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados


entre o poder público e o setor empresarial, os sistemas previstos no caput serão estendidos a produtos
comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens,
considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos
resíduos gerados.

§ 2o A definição dos produtos e embalagens a que se refere o § 1 o considerará a viabilidade técnica e


econômica da logística reversa, bem como o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio
ambiente dos resíduos gerados.

§ 3o Sem prejuízo de exigências específicas fixadas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas


pelos órgãos do Sisnama e do SNVS, ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre
o poder público e o setor empresarial, cabe aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes
dos produtos a que se referem os incisos II, III, V e VI ou dos produtos e embalagens a que se referem os
incisos I e IV do caput e o § 1o tomar todas as medidas necessárias para assegurar a implementação e
operacionalização do sistema de logística reversa sob seu encargo, consoante o estabelecido neste artigo,
podendo, entre outras medidas:

I - implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados;


II - disponibilizar postos de entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis;
III - atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis, nos casos de que trata o § 1o.

§ 4o Os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos
produtos e das embalagens a que se referem os incisos I a VI do caput, e de outros produtos ou
embalagens objeto de logística reversa, na forma do § 1o.

§ 5o Os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a devolução aos fabricantes ou aos importadores


dos produtos e embalagens reunidos ou devolvidos na forma dos §§ 3 o e 4o.

§ 6o Os fabricantes e os importadores darão destinação ambientalmente adequada aos produtos e às


embalagens reunidos ou devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente
adequada, na forma estabelecida pelo órgão competente do Sisnama e, se houver, pelo plano municipal
de gestão integrada de resíduos sólidos.

§ 7o Se o titular do serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, por acordo setorial
ou termo de compromisso firmado com o setor empresarial, encarregar-se de atividades de
responsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes nos sistemas de logística
47
reversa dos produtos e embalagens a que se refere este artigo, as ações do poder público serão
devidamente remuneradas, na forma previamente acordada entre as partes.

- descumprimento:

Decreto 6.514/2008

Art. 62. Incorre nas mesmas multas do art. 61 [Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00
(cinqüenta milhões de reais)] quem:
(...)
VI - deixar, aquele que tem obrigação, de dar destinação ambientalmente adequada a produtos,
subprodutos, embalagens, resíduos ou substâncias quando assim determinar a lei ou ato normativo.
(...)
XII - descumprir obrigação prevista no sistema de logística reversa implantado nos termos da Lei n o
12.305, de 2010, consoante as responsabilidades específicas estabelecidas para o referido sistema (inciso
introduzido pelo Decreto 6.514/10)

ÁGUAS

Legislação Principal: Lei 9.433/97 – Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos; Lei Estadual (SP)
7.663/97 – Política Estadual de Recursos Hídricos

Água: bem essencial e finito;

Enquadramento: Todo curso d’água existente no Brasil tem que ser enquadrado numa classe
específica, de acordo com a pureza.
 Usos múltiplos;
 Diferentes graus de pureza para diferentes usos;
 Resolução Conama 357/05 (águas superficiais) e Resolução Conama 369/08 (águas
subterrâneas).
Balneabilidade: quando o Poder Público percebe que as águas estão impróprias para o banho, ele
pode interditá-las.
 Resolução Conama 274/00;
 Interdição
Poluição:
 Destruição de habitats aquáticos. Ex: poluição por plástico;
 Crise no abastecimento
 Doenças de Veiculação Hídrica. Ex: Cólera, leptospirose, etc..
Poluentes:
a) Detergentes: os biodegradáveis são altamente prejudiciais aos corpos d’água. Eles criam
membranas nos corpos d’água que prejudicam a fauna e a flora;
Lei 7.365/85: Lei que proíbe a importação, produção e utilização de detergente biodegradável;
b) Óleo de cozinha
c) Esgotos Domiciliares e Industriais: Demanda bioquímica de Oxigênio e DBO (microrganismos
na água que consomem muito oxigênio e se proliferam muito devido excesso de esgoto);
 Tratamento obrigatório (art. 208 da CESP e art. 3º da Resolução Conama 430/11. O esgoto
somente segue para o corpo d’água após o tratamento e isso é obrigação do poder público;
 Ocupação de Mananciais
d) Agrotóxico.
48
Reuso da água: pegar água de esgoto, submetê-la a tratamento e usá-las em coisas que não exijam
que tenha 100% de potabilidade.

Outorga: art. 11 a 18 da Lei 9433/97: água é sempre um bem público. Mesmo que as águas estejam
em propriedade privada. Lençóis freáticos também não podem ser de particulares.

Cobrança: art. 19 e seguintes da Lei 9433/97: hoje, paga-se apenas o serviço de tratamento de água
e esgoto, mas não pela quantidade de água usada. Futuramente, há intenção de ser cobrada, pois está
previsto em lei, restando apenas ser implantada.

ÁGUAS

1. Legislação aplicável

- Código de Águas - Decreto 24.643/1934


- Lei 9.433/1997
- Lei estadual (SP) 7.661/1997
- Resolução Conama 274/200
- Resolução Conama 357/2005 e 369/2008
- Resolução Conama 430/2011

2. Água: bem essencial e finito

- direito humano básico


- dificuldade de aproveitamento das águas salinas (97%) e das subterrâneas
- hidroguerras e hidropirataria

3. Enquadramento dos corpos d´água

a) usos múltiplos (art. 1º, incs. III e IV da Lei 9.433/97)

Art. 1º, inc. IV da Lei 9.433/97: “A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes
fundamentos:
[...]
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas”

b) diferentes graus de pureza para os diferentes usos

c) enquadramento

Art. 9º da Lei 9.433/97 (institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos): “O


enquadramento dos corpos d’água em classes segundo os usos preponderantes da água visa a:
I) assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem
destinadas;
II) diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas
permanentes”

Resolução Conama 357/2005 (alterada pela Resolução 430/2011): águas doces (5 classes),
salinas (4 classes) e salobras (4 classes)

Resolução Conama 396/2008: águas subterrâneas (6 classes)


49
- Enquadramento pelo uso preponderante:

Art. 38, § 1º da Res. 357/2005: “O enquadramento do corpo hídrico será definido pelos usos
preponderantes mais restritivos da água, atuais ou pretendidos.”

- Busca da qualidade determinada pelo uso preponderante

Art. 38, § 2º da Res. 357/2005: Nas bacias hidrográficas em que a condição de qualidade dos
corpos de água esteja em desacordo com os usos preponderantes pretendidos, deverão ser
estabelecidas metas obrigatórias, intermediárias e final, de melhoria da qualidade da água para
efetivação dos respectivos enquadramentos, excetuados nos parâmetros que excedam aos
limites devido às condições naturais.”

4. Balneabilidade das águas

Resolução Conama 274/2000: próprias e impróprias

- interdição deve ser determinada pelo órgão ambiental competente:

Artigo 3º “Os trechos das praias e dos balneários serão interditados se o órgão de controle
ambiental, em quaisquer das suas instâncias (municipal, estadual ou federal), constatar que a má
qualidade das águas de recreação de contato primário justifica a medida.

§1º Consideram-se como passíveis de interdição os trechos em que ocorram acidentes de médio
e grande porte, tais como: derramamento de óleo e extravasamento de esgoto, a ocorrência de
toxicidade ou formação de nata decorrente de floração de algas ou outros organismos e, no caso
de águas doces, a presença de moluscos transmissores potenciais de esquistossomose e outras
doenças de veiculação hídrica.”

- divulgação

Artigo 9º da Resolução Conama 274/2000: “Aos órgãos de controle ambiental compete a


aplicação desta Resolução, cabendo-lhes a divulgação das condições de balneabilidade das
praias e dos balneários e a fiscalização para o cumprimento da legislação pertinente.”

Lei estadual (SP) 10.484/1999: dispõe sobre a análise das águas nas praias do Estado:

Art. 2º: “A cada ano, no período entre 15 de dezembro a 15 de março do ano seguinte, a CETESB
deverá efetuar e divulgar os resultados das análises realizadas nas águas das mencionadas
Estâncias.
§único: A divulgação será feita através da publicação no Diário Oficial do Estado, bem como da
remessa dos resultados das análises a, pelo menos, 3 (três) órgãos de comunicação de massa”

Art. 3º: “A CETESB deverá colocar painéis, próximos às praias, informando das condições
próprias ou impróprias para banho, de forma que os usuários possam orientar-se a respeito das
condições de balneabilidade das praias”

5. Poluição das águas

- destruição de habitats aquáticos (ex: plásticos nos oceanos)

- crise no abastecimento

50
- doenças de veiculação hídrica (cerca de 80% das doenças dos países em desenvolvimento
(como o Brasil) são provenientes da água de qualidade ruim. Enfermidades mais comuns
transmitidas pela água: Febre Tifóide, Disenteria, Cólera, Diarréia, Hepatite, Leptospirose e
Giardíase)

a) Código de Águas

Art. 109: “A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não consome, com prejuízo
de terceiros”

Art. 110: “Os trabalhos para a salubridade das águas serão executados à custa dos infratores,
que, além da responsabilidade criminal, se houver, responderão pelas perdas e danos que
causarem e pelas multas que lhes forem impostas nos regulamentos administrativos”

b) Lei 6.938/1981

5.1 Poluentes

a) detergente sintético (não biodegradável) - Lei 7.365/85: determina às empresas


industriais do setor de detergentes a produção exclusiva de detergentes não poluidores -
biodegradáveis - e proíbe a importação de detergentes não biodegradáveis

b) óleo de cozinha (Um litro de óleo pode poluir mais de 20 mil litros de água)

c) esgotos domiciliares e industriais

- morte da vida aquática pela DBO

- morte de pessoas: a falta de saneamento causa a morte de 42.000 pessoas no mundo por
semana

- Cada real investido em saneamento corresponde a quatro reais economizados em saúde

- tratamento obrigatório antes do despejo em corpos receptores: ato vinculado ou discricionário?

Art. 208 da Constituição do Estado de São Paulo: “Fica vedado o lançamento de efluentes e
esgotos urbanos e industriais, sem o devido tratamento, em qualquer corpo d’água”

Art. 3º da Resolução Conama 430/2011: Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente


poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que
obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas
aplicáveis.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, a qualquer momento, mediante
fundamentação técnica:
I - acrescentar outras condições e padrões para o lançamento de efluentes, ou torná-los mais
restritivos, tendo em vista as condições do corpo receptor; ou
II - exigir tecnologia ambientalmente adequada e economicamente viável para o tratamento dos
efluentes, compatível com as condições do respectivo corpo receptor.

- ligação obrigatória à rede de esgoto

Lei 11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico):

51
Art. 45. Ressalvadas as disposições em contrário das normas do titular, da entidade de
regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana será conectada às redes
públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário disponíveis e sujeita ao
pagamento das tarifas e de outros preços públicos decorrentes da conexão e do uso desses
serviços.

Decreto 7.217/2010 (regulamenta a Lei do Saneamento Básico):

Lei municipal/SP 13.369/2002

Art. 1º - É obrigatória para todas as edificações existentes a ligação da canalização do esgoto à


rede coletora pública nos logradouros providos desta rede.

§ 2º - Os proprietários de edificações terão um prazo de um ano para adaptar o imóvel às


exigências previstas na presente lei.

§ 3º - Fica estabelecida a multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) devida pelo não cumprimento
do disposto na presente lei, que terá seu valor dobrado na reincidência.

- a poluição dos mananciais pela ocupação irregular

5.2 Reuso da água

Lei municipal (SP) 13.309/02:

Art. 1º. O Município de São Paulo utilizará água de reuso, não potável, proveniente das Estações
de Tratamento de Esgoto, para a lavagem de ruas, praças públicas, passeios públicos, próprios
municipais e outros logradouros, bem como para a irrigação de jardins, praças, campos
esportivos e outros equipamentos, considerando o custo benefício dessas operações.

6. Outorga e cobrança

LEI 9.433/97:

Art. 11 da Lei 9.433/97: “O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como
objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício
dos direitos de acesso à água”

Art. 12:”Estão sujeitos à outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos
hídricos:
I) derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final,
inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II) extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo
produtivo; (p.ex., poços)
III) lançamento em corpo d’água de esgotos e demais resíduos líquidos e gasosos, tratados ou
não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
IV) aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V) outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo
d’água.
§1º: Independem da outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento:
I) o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos
populacionais, distribuídos no meio rural;
II) as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
52
III) as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes” 1

Art. 16: “Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á pelo prazo não excedente
a 35 anos, renovável”

Art. 18: “A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples
direito de seu uso”

- suspensão da outorga

Art. 15 da Lei 9.433/97: “A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa
parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as
decorrentes de condições climáticas adversas;
IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se
disponha de fontes alternativas;
VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água.”

LEI ESTADUAL/SP 7.663/91

Art. 10: “Dependerá de cadastramento e da outorga do direito de uso a derivação de água de


seu curso ou depósito superficial ou subterrâneo, para fins de utilização no abastecimento urbano,
industrial, agrícola e outros, bem como o lançamento de efluentes nos corpos d’água, obedecida
a legislação federal e estadual pertinentes e atendidos os critérios e normas estabelecidas no
regulamento”

DECRETO ESTADUAL/SP 41.258/96

Art. 1º, § 1º - Independem de outorga:


I - o uso de recursos hídricos destinados às necessidades domésticas de propriedades e de
pequenos núcleos populacionais localizados no meio rural;
II - as acumulações de volumes de água, as vazões derivadas, captadas ou extraídas e os
lançamentos de efluentes que, isolados ou em conjunto, por seu
pequeno impacto na quantidade de água dos corpos hídricos, possam ser considerados
insignificantes.
§ 2º - Os critérios específicos de vazões ou acumulações de volume de água considerados
insignificantes, serão estabelecidos nos planos de recursos hídricos, devidamente aprovados
pelos correspondentes CBHs ou na inexistência destes pelo
DAEE.(parágrafos acrescentados pelo Decreto 50.667/06)

9. COBRANÇA

LEI 9.433/97:

Art. 19 da Lei 9.433/97: ”A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:


I) reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário indicação de seu real valor;
II) incentivar a racionalização do uso da água;

1Conjugando-se este §1º com o art. 20 desta mesma Lei, percebe-se que os usos da água aqui descritos não estão
sujeitos à qualquer tipo de cobrança.
53
III) obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados
nos planos de recursos hídricos”

Art. 20. “Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga nos termos do art. 12
desta lei”

- responsabilidade pela cobrança: ANA

- destinação dos recursos

Art. 22 da Lei 9.433/1997. “Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos
hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica2 em que foram gerados e serão
utilizados:
I) no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos
Hídricos;
II) no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades
integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos”
§1º. A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a 7,5% do total
arrecadado.

LEI ESTADUAL/SP 12.183/05

Art. 2º, § 1° - O produto da cobrança estará vinculado às bacias hidrográficas em que for
arrecadado, e será aplicado em financiamentos, empréstimos, ou a fundo perdido, em
conformidade com o aprovado pelo respectivo Comitê de Bacia, tendo como agente financeiro
instituição de crédito designada pela Junta de Coordenação Financeira, da Secretaria da
Fazenda do Estado de São Paulo, nas condições a serem definidas em regulamento.

§ 2° - Poderão obter recursos financeiros provenientes da cobrança os usuários de recursos


hídricos, inclusive os da iniciativa privada, e os órgãos e entidades participantes de ati vidades
afetas ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos, na forma definida em
regulamento, exceto os usuários isentos por lei.

§ 3° - Desde que haja proporcional benefício para a bacia sob sua jurisdição, o Comitê poderá,
excepcionalmente, decidir pela aplicação em outra bacia de parte do montante arrecadado.

§ 4° - Deverá ser aplicada parte dos recursos arrecadados na conservação do solo e na


preservação da água em zona rural da Bacia, nos termos da regulamentação, respeitando-se o
estabelecido no respectivo Plano de Bacias, obedecidas as características de cada uma delas.

Art. 3° - A implantação da cobrança prevista nesta lei será feita com a participação dos Comitês
de Bacia, de forma gradativa e com a organização de um cadastro específico de usuários de
recursos hídricos.

Art. 5º, § 1° - A utilização de recursos hídricos destinada às necessidades domésticas de


propriedades e de pequenos núcleos populacionais distribuídos no meio rural estará isenta de
cobrança quando independer de outorga de direito de uso, conforme legislação específica.

2 Bacia hidrográfica: um rio principal, diversos afluentes e mesma foz (lugar no qual o rio desemboca) É a área cujo
escoamento das águas superficiais contribui para um único exutório, ou, ainda, grande superfície limitada por
divisores de águas e drenadas por um rio e seus tributários.

54
§2°- Os responsáveis pelos serviços públicos de distribuição de água não repassarão a parcela
relativa à cobrança pelo volume captado dos recursos hídricos aos usuários finais residenciais,
desde que seja comprovado o estado de baixa renda do consumidor, nas condições a serem
definidas em regulamento.

§ 4° - A utilização de recursos hídricos por micro e pequenos produtores rurais será isenta de
cobrança, conforme dispuser a regulamentação.

Art. 7º - A cobrança será realizada:


I- pela entidade responsável pela outorga de direito de uso nas Bacias Hidrográficas
desprovidas de Agêndas de Bacias;
II- pelas Agências de Bacias.

Art. 9º, § 3° - Serão adotados mecanismos de compensação e incentivos para os usuários que
devolverem a água em qualidade superior àquela determinada em legislação e normas
regulamentares.

Art. 1° (das disposições transitórias)- Os usuários urbanos e Industriais dos recursos hídricos
estarão sujeitos à cobrança efetiva somente a partir de 1º de janeiro do ano de 2006.

Parágrafo único - Os demais usuários estarão sujeitos á cobrança somente a partir de 1° de


Janeiro do ano de 2010.

DECRETO ESTADUAL/SP 50.667/2006

§ 1º - Ficam isentos da cobrança prevista no "caput" deste artigo:


1. os usuários que se utilizam da água para uso doméstico de propriedades ou pequenos núcleos
populacionais distribuídos no meio rural quando independer de outorga de direito de uso,
conforme dispuser ato administrativo do Departamento de Águas e Energia Elétri ca - DAEE, nos
termos dos §§ 1º e 2º do artigo 1º do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 41.258, de 31 de
outubro de 1996, acrescentados pelo artigo 36 deste decreto.
2.os usuários com extração de água subterrânea em vazão inferior a cinco metros cúbicos por
dia que independem de outorga, conforme disposto no artigo 31, § 3º, do Decreto nº 32.955, de
07 de fevereiro de 1991.

§ 2º - Serão considerados usuários finais de baixa renda, aos quais os serviços públicos de
distribuição de água não repassarão a parcela relativa à cobrança pelo volume captado dos
recursos hídricos, nos termos do § 2º do artigo 5º da Lei nº 12.183 de 29 de dezembro de 2005,
aqueles que se enquadrarem nas seguintes condições:
1. os classificados na categoria .tarifa social. ou equivalente, nos respectivos cadastros das
concessionárias públicas ou privadas dos serviços de água e esgoto no seu município;
2. nos municípios onde a estrutura tarifária não contemple a .tarifa social. Ou equivalente, os
inscritos nos cadastros institucionalmente estabelecidos dos programas sociais dos Governos
Municipais, Estadual ou Federal ou que estejam cadastrados como potenciais beneficiários
desses programas

55

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