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CAMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA
EDIÇÃO QUARTA
ADVERTÊNCIA:
Essa apostila é uma orientação introdutória aos projetos elétricos residenciais.
É fundamental a consulta às referências bibliográficas consolidadas e o adequado
conhecimento das normas brasileiras vigentes.
Nota do Autor
Essa apostila é um material de apoio didático utilizado pelo autor nas suas aulas das
disciplinas ministradas no Departamento Acadêmico de Eletrônica do Instituto Federal de
Santa Catarina (IFSC) – Campus Florianópolis.
O presente material didático não tem a pretensão de esgotar, tampouco inovar o
tratamento do assunto por ele abordado. O objetivo é facilitar a dinâmica de aula, com
expressivos ganhos de tempo, além de dar uma primeira orientação e compreensão aos
alunos sobre o assunto abordado. A apostila foi construída com base nas referências
bibliográficas citadas ao longo do texto, nas notas de aula e na experiência do autor na
abordagem do assunto com os seus alunos.
Em se tratando de um material didático elaborado por um professor de uma
Instituição Pública de Ensino, são permitidos o uso e a reprodução do texto, desde que a
fonte bibliográfica seja devidamente citada.
Para um melhor resultado no processo de aprendizagem, o aluno deve desenvolver
o hábito de consultar, estudar e, se possível, adquirir a Bibliografia Referenciada original.
Contribuições, correções e críticas ao trabalho serão bem-vindas pelo autor.
Agradeço àqueles que fizerem bom uso desse material. Especialmente aos
meus alunos, razão do meu trabalho.
Referência:
MUSSOI, Fernando L. R. (2022). Instalações elétricas. 4 ed. Florianópolis: Instituto
Federal de Santa Catarina (IFSC). 79 p.
Edições:
• Edição Primeira: 2014
• Edição Segunda: 2016
• Edição Terceira: 2020
• Edição Quarta: 2022
A solução desenvolvida em um projeto elétrico pode não ser única, pois geralmente há diversas
alternativas possíveis, e o projetista deve julgar aquela mais adequada a cada caso. Entretanto, um
projeto elétrico deve obrigatoriamente:
• Atender às normas técnicas vigentes;
• Garantir a segurança das instalações e dos usuários;
• Proporcionar funcionalidade e racionalidade na operação das instalações;
• Apresentar capacidade de reserva para expansões das instalações e das cargas;
• Atender satisfatoriamente aos aspectos técnicos e econômicos envolvidos.
A Figura 1-1 apresenta uma planta-baixa de um projeto civil e arquitetônico decorativo de uma
residência, enquanto a Figura 1-2 ilustra uma planta possível para projeto elétrico dessa instalação. A
simbologia gráfica a ser utilizada nos projetos elétricos deve atender às normas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), cujos principais elementos são apresentados na Tabela 1. Para outros
símbolos, consultar a norma NBR-5444/1989.
A norma NBR-5410/2004 da ABNT regulamenta as instalações elétricas de baixa tensão visando
garantir o funcionamento adequado das instalações, a segurança dos usuários e a conservação dos
bens físicos. Essa norma deve ser aplicada a todas as instalações novas e às existentes (no caso de
reformas, ampliações e substituição de equipamentos) e que operem em tensões até 1000 V e
frequências até 400 Hz, sendo específica para:
• Edificações Residenciais e Comerciais;
• Estabelecimentos Institucionais e Públicos;
• Instalações Industriais e Agropecuárias;
• Edificações pré-fabricadas, Trailers, Campings e Marinas;
• Obras, feiras, exposições, shows e outras instalações temporárias.
Botão no piso
Pontos de Iluminação
Dimensões em milímetros
Caixa de derivação ou passagem na parede
Se necessário indicar a altura
Quadros elétricos
Quadro terminal aparente na parede
2 Choque elétrico
O choque elétrico é o efeito fisiológico resultante da passagem da corrente elétrica através do
corpo de uma pessoa ou de um animal. A Tabela 2 apresenta os efeitos fisiológicos decorrentes da
passagem da corrente elétrica no corpo humano para diversos níveis de corrente.
No projeto da proteção contra os choques elétricos são considerados três elementos
fundamentais: parte viva, massa e elemento condutor estranho à instalação. A parte viva de um
componente ou de uma instalação é a parte condutora que apresenta diferença de potencial (tensão)
em relação à terra. Nas linhas elétricas os condutores vivos incluem os condutores de fase e neutro. A
massa de um componente ou de uma instalação é a parte condutora que pode ser tocada facilmente
e que normalmente não é viva, mas que pode tornar-se viva em condições de faltas ou defeitos
(carcaças e invólucros metálicos, eletrodutos metálicos etc.). Um elemento condutor estranho à
instalação é aquele que não faz parte da instalação, mas nela pode introduzir um potencial (elementos
metálicos das edificações, canalizações metálicas de água, gás, aquecimento, ar-condicionado e outros
Figura 2-1. Choque elétrico por contato direto e indireto (Fonte: Prysmian, 2010).
Recentemente, ações que garantam maior segurança para os usuários e empregados no ambiente
de trabalho têm se tornado mais frequentes. Na área da eletricidade, a Norma Regulamentadora NR-
10 dispõe sobre medidas de controle e sistemas preventivos a serem implantados de forma a garantir
a segurança e a saúde do trabalhador em instalações e serviços de eletricidade.
Em uma instalação elétrica a demanda é a potência total instantânea consumida, dada pela soma
das potências das cargas ligadas. A demanda média é o valor médio das potências consumidas pelas
cargas em um dado intervalo de tempo. Uma curva de carga representa o comportamento da demanda
instantânea ao longo do tempo. A área sob a curva de carga representa a energia total consumida
naquele intervalo de tempo.
O fator de demanda (FD) é a razão entre a soma das potências nominais de um conjunto de
equipamentos suscetíveis de operarem simultaneamente em determinado instante e a capacidade de
potência da instalação elétrica que os alimenta (potência instalada). Geralmente o instante
considerado é aquele em que ocorre a demanda máxima da instalação. O fator de demanda leva em
consideração a probabilidade de não simultaneidade no funcionamento das cargas. O fator de carga
(FC) é a razão entre a demanda média e a demanda máxima de uma instalação em um dado intervalo
de tempo, representando um fator percentual da potência consumida.
Instalações Elétricas Prof. Fernando L. R. Mussoi 13
A potência de alimentação de uma instalação elétrica deve corresponder à demanda máxima
presumida em um período de 24h. Segundo a NBR-5410, a determinação da potência de alimentação
é essencial para a concepção segura e econômica de uma instalação elétrica, dentro dos limites de
elevação de temperatura e de queda de tensão nos condutores das linhas elétricas. Na determinação
da potência de alimentação devem ser computadas as potências nominais dos equipamentos de
utilização e, em seguida, consideradas as possibilidades de não simultaneidade na operação desses
equipamentos, bem como a capacidade de reserva para futuras ampliações (COTRIM, 2009).
Figura 4-1. Visão geral de uma instalação elétrica residencial (Fonte: Prysmian).
Figura 4-2. Componentes da entrada de energia em uma unidade consumidora em BT (CREDER, 2012).
A Figura 4-3 ilustra uma entrada de energia em baixa tensão para uma unidade consumidora
residencial. O ponto de entrega, ponto de entrada, caixa de medição, aterramento, disjuntor
termomagnético e condutores devem seguir os padrões e dimensionamentos estabelecidos pelas
normas da concessionária de energia local, em função da categoria e do tipo de fornecimento.
Figura 4-3. Esquema de uma entrada de energia em baixa tensão (Cervelin e Cavalin, 2008).
Figura 5-1. Esquema geral de uma instalação elétrica residencial típica (Prysmian, 2010).
A Figura 5-2 ilustra a aparência externa de um quadro de distribuição, enquanto a Figura 5-3
apresenta o esquema das conexões internas. A Figura 5-4 apresenta o esquema geral de uma
instalação elétrica alimentada diretamente pela rede de distribuição primária em alta tensão, com
destaque para presença do transformador exclusivo.
Figura 5-4. Esquema geral típico de uma instalação elétrica alimentada em alta tensão (Prysmian, 2010).
6 Diagramas elétricos
Os diagramas são usados para representação gráfica dos componentes e conexões de uma
instalação elétrica. O Diagrama Funcional é usado para dar uma ideia física dos componentes e do
circuito elétrico de uma forma mais próxima da real. O Diagrama Multifilar representa de forma clara
todas as interligações do circuito elétrico e seus componentes. O Diagrama Unifilar é usado nos
projetos de instalações elétricas para representar a localização dos componentes, dutos e condutores
Figura 6-1. Diagrama funcional: lâmpada comandada por interruptor e tomada (Cervelin e Cavalin, 2008).
Figura 6-2. Diagrama multifilar: lâmpada comandada por interruptor e tomada (Cervelin e Cavalin, 2008).
Figura 6-3. Diagrama unifilar: lâmpada comandada por interruptor e tomada (Cervelin e Cavalin, 2008).
A Figura 6-4 apresenta o diagrama multifilar e unifilar para um ponto de luz no teto (100 VA)
comandado por um interruptor simples (a) no circuito terminal (-1-), o qual está inserido no eletroduto
que passa pelo ambiente. O condutor neutro (azul) deve sempre ser conectado diretamente à rosca
do soquete da lâmpada. O condutor de fase (vermelho) deve sempre ser conectado diretamente ao
interruptor. O condutor de retorno (preto) conecta o interruptor ao ponto mais interno do soquete da
lâmpada. O condutor de terra (verde-amarelo) deve ser conectado à massa (chassi) da luminária. A
instalação de dois pontos de luz no teto comandados pelo mesmo interruptor é representada nos
diagramas da Figura 6-5. As conexões são semelhantes, porém o condutor de retorno (preto) deve ser
levado aos dois pontos de luz.
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Figura 6-4. Diagramas de um ponto de luz comandado por interruptor simples.
Figura 6-5. Diagramas de dois pontos de luz no teto comandados pelo mesmo interruptor simples.
A Figura 6-6 apresenta do diagrama unifilar de dois pontos de luz no teto comandados de forma
independente por um interruptor duplo (duas teclas). Nesse caso deve haver dois retornos, um para
cada ponto de luz, conforme indica o diagrama.
A Figura 6-7 apresenta os diagramas da instalação de duas tomadas tripolares nas paredes. Nesse
caso, os condutores de fase (vermelho), neutro (azul) e terra (verde-amarelo) do circuito terminal (2)
devem ser todos levados diretamente às tomadas. O padrão brasileiro de tomadas tripolares (fase,
neutro e terra) deve obedecer a norma NBR-14136/2002.
Figura 6-8. Ponto de luz no teto comandado por dois interruptores paralelos.
Figura 6-10. Conexão de interruptores automáticos: (a) sensor de presença; (b) fotocélula.
No projeto da instalação elétrica da Figura 6-12 o quadro de distribuição (QD) alimenta três circuitos
terminais. O Circuito 1 alimenta os quatro pontos de luz no teto com condutores de 1,5 mm 2. No
ambiente maior, os pontos de luz são comandados independentemente por um interruptor duplo. O
Circuito 2 alimenta as quatro tomadas de uso geral (TUG) baixas (a 30 cm do piso) com condutores da
fase, neutro e de terra de 2,5 mm2. O circuito 3 alimenta uma tomada de uso exclusivo (TUE) alta (a 2
m do piso) com condutores de 2,5 mm2.
A norma NBR-5410 recomenda que os circuitos de tomadas sejam separados dos circuitos de
iluminação, como ilustra a Figura 7-1. Nas instalações alimentadas por rede bifásica ou trifásica os
Figura 7-2. Diagrama multifilar e unifilar de um quadro de distribuição trifásico (adaptado de: Cervelin e Cavalin, 2008).
8 Estimativa de carga
Os aparelhos de utilização a serem conectados à instalação elétrica representam cargas cujas
potências nominais devem ser corretamente previstas. A estimativa de carga deve quantificar a
Segundo a NBR-5410, a estimativa da carga de iluminação deve ser feita em função da área interna
de cada ambiente:
• Área até 6 m2: atribuir um mínimo de 100 VA ao ambiente;
• Área superior a 6 m2: atribuir um mínimo de 100 VA aos primeiros 6 m2, acrescidos de 60 VA
para cada aumento de 4 m2 inteiros;
Exemplo: Uma sala com área de 11 m2 terá prevista uma carga de iluminação de 160 VA, ou seja,
100 VA para os primeiros 6 m2 e 60 VA para os 5 m2 restantes (4 m2 inteiros + 1 m2). Um dormitório
com área de 9 m2 terá prevista uma carga de iluminação de 100 VA, pois aos primeiros 6 m2 são
atribuídos 100 VA, mas os 3 m2 restantes não completam os 4 m2 necessários para atribuir mais 60 VA.
A estimativa preliminar de carga para iluminação também pode ser feita pela Densidade de
Potência de Iluminação (VA/m2) que representa a quantidade de potência por unidade de área nos
ambientes que serão servidos pela instalação elétrica. Para tanto podem ser utilizados valores
aproximados, como apresentados na Tabela 5, desde que a potência estimada atenda às prescrições
mínimas da NBR-5410, anteriormente citadas.
No caso de escritórios e estabelecimentos comerciais, institucionais e industriais deve ser feito o
Projeto Luminotécnico, especialmente se a iluminação for fluorescente ou usar outros tipos de
lâmpadas de descarga (vapor de mercúrio ou de sódio). A norma NBR-5413 trata da Iluminação de
Interiores e apresenta as prescrições quanto às cargas de iluminação, indicando o nível de
iluminamento para os diversos tipos de locais.
Observação: O projeto luminotécnico não está no escopo deste material didático.
Exemplo: Dormitório de 10 m2 em uma residência: segundo a Tabela 5, deve ter uma densidade de
carga de iluminação de 4 VA/m2. Pelo critério da densidade de carga esse dormitório terá uma carga
de iluminação estimada em 10 m2 x 4 VA/m2, ou seja, um total de 40 W. Entretanto, pela norma NBR-
5410 esse dormitório deverá ter uma carga não inferior a 160 VA (6 m 2 + 4 m2 → 100 VA + 60 VA).
Nesse caso, para a estimativa de carga utiliza-se o valor determinado pela norma
Exemplo: Sala de aula de 30 m2: segundo a Tabela 5, deve ter uma densidade de carga de
iluminação entre 12 e 14 VA/m2. Assim a potência prevista deverá ser entre 30 m2 x 12 VA/m2 e 30 m2
Instalações Elétricas Prof. Fernando L. R. Mussoi 25
x 14 VA/m2, ou seja, entre 360 e 420 VA para o sistema de iluminação. Essa potência deverá ser
uniformemente distribuída em vários pontos de luz no teto.
Tabela 5. Limites para a Densidade de Potência dos Pontos de Iluminação (valores aproximados).
Densidade de Potência de Iluminação
Tipo de Local
(VA/m2)
Residências
Salas e Escritórios 10-12
Dormitórios 4
Copas e Cozinhas 10
Banheiros e outras dependências 6-10
Diversos
Escritórios e Salas de Aula 12-14
Lojas e estabelecimentos comerciais 9-18
Restaurantes, Refeitórios, Bares e Hotéis (conforme ambiente) 7-14
Salas de Espera e Áreas de Convivência 8
Sala de máquinas e equipamentos 6
Bancos e Bibliotecas 8-18
Igrejas e Templos (conforme ambiente) 7-16
Laboratórios (conforme atividade) 13-20
Corredores, Escadarias, Áreas de Circulação e Vestiários 7-8
Armazéns, Depósitos e Almoxarifados (conforme atividade) 7-10
Lavanderias e oficinas 6
Museus, Exposições e Galerias de Arte 11-15
Auditórios, cinemas e teatros (Plateia) 8-26
Hospitais (conforme ambiente) 7-25
Garagens 2
Ginásios e Academias (conforme ambiente) 7-32
Terminais de Transporte (conforme ambiente) 4-12
Fonte: LABEEE/UFSC. Relatório técnico do método de avaliação do sistema de iluminação do RTQ-C (2012).
Figura 8-1. Padrão de tomadas de três pinos, conforme NBR-14136 (Adaptado de Prysmian, 2016).
A norma NBR-5410 prescreve uma potência mínima para previsão da carga das tomadas de uso
geral (TUG):
• Banheiros, Cozinhas, Copas, Áreas de Serviço, Lavanderias e locais semelhantes: atribuir
no mínimo 600VA por tomada para as três primeiras, e atribuir 100VA para restantes,
considerando cada ambiente separadamente;
• Demais ambientes: atribuir no mínimo 100VA por tomada;
• Instalações Comerciais: atribuir no mínimo 200VA por tomada.
Atenção: O posicionamento das tomadas deve ser feito, preferencialmente, em função da provável
localização dos pontos de utilização, porém devem estar espaçadas no ambiente de forma mais
uniforme possível.
Atenção: o número e os locais onde serão instaladas as TUE deverão ser criteriosamente definidos,
de forma a assegurar conforto e segurança ao usuário.
No projeto de instalações elétricas residenciais básicas, caso não se conheça o valor exato, utiliza-
se um fator de potência aproximado para os pontos de utilização:
• Iluminação incandescente: 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 1;
• Iluminação fluorescente: 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 0,7;
• TUG: 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 0,8;
• TUE: adotar o fator de potência (𝑐𝑜𝑠𝜙) e o rendimento (𝜂) próprios do aparelho.
A Potência Instalada Total (𝑷𝒊𝒏𝒔𝒕 ) é calculada pela soma das potências ativas nominais de todos
os pontos de utilização (𝑃𝑛 ) previstos para a instalação elétrica:
𝑷𝒊𝒏𝒔𝒕 = ∑ 𝑷𝒏
A Potência Demandada é calculada pelo produto do Fator de Demanda pela Potência Instalada:
𝑃𝐷 = 𝐹𝐷 ∙ 𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡
Tabela 7 apresenta as faixas de potência e os valores do Fator de Demanda (𝑭𝑫𝟏 ) dos pontos de
luz e tomadas de uso geral (TUG) para instalações elétricas residenciais. A Tabela 8 apresenta os
Fatores de Demanda (𝑭𝑫𝟐 ) das tomadas de uso específico (TUE) para instalações residenciais, obtido
em função do número total de circuitos terminais exclusivos.
Onde: 𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 é a soma das potências dos pontos de iluminação; 𝑃𝑇𝑈𝐺 é a soma das potências dos
pontos de tomadas de uso geral; 𝑃𝑇𝑈𝐸 é a soma das potências dos pontos de tomadas de uso específico;
𝐹𝐷1 e 𝐹𝐷2 são os respectivos fatores de demanda, obtidos na
Tabela 7 e na Tabela 8.
O valor da potência demandada total é usado para definir o tipo de fornecimento de energia à
unidade consumidora, quanto ao número de fases e nível de tensão, como apresentado na Seção 4.
Em função da potência demandada, a norma E-321.0001 da CELESC estabelece os tipos de entrada de
energia em baixa tensão de distribuição nas unidades consumidoras no estado de Santa Catarina, como
apresentado na Tabela 9. Para alta tensão são utilizadas normas específicas.
Tabela 9. Tipo de fornecimento e nível de tensão das unidades consumidoras da CELESC (Santa Catarina)
Potência Demandada Tipo de Fornecimento Nível de tensão
Até 15 kW Monofásico (2 fios) BT 220 V
De 15 a 25 kW Bifásico (3 fios) BT 220/380 V
De 25 a 75 kW Trifásico (4 fios) BT 220/380 V
Acima de 75 kW Trifásico AT (transformador exclusivo)
Fonte: Celesc, 2015.
Exemplo: Uma residência tem previstos 5 pontos de luz incandescentes de 100 VA cada, com fator
de potência unitário; 3 TUG de 600 VA cada e 15 TUG de 100 VA cada, todas com fator de potência 0,8;
uma TUE de 5500 W para chuveiro com fator de potência unitário; e duas TUE de 1000 VA para ar-
condicionado com fator de potência de 0,85 e rendimento de 90%. Determine a potência total
demandada e o tipo de fornecimento.
Potência total dos pontos de iluminação:
𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 = 5 ∙ 100 ∙ 1 = 500 𝑊
Potência total das TUG:
𝑃𝑇𝑈𝐺 = 3 ∙ 600 ∙ 0,8 + 15 ∙ 100 ∙ 0,8 = 2640 𝑊
Potência total das TUE:
𝑃𝑇𝑈𝐸 = 5500 ∙ 1 + 2 ∙ (1000 ∙ 0,85⁄0,9) = 7390 𝑊
Potência total instalada:
𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡 = 𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 + 𝑃𝑇𝑈𝐺 + 𝑃𝑇𝑈𝐸 = 500 + 2640 + 7390 = 10530 𝑊
Fator de demanda dos pontos de iluminação e TUG (
Tabela 7):
𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 + 𝑃𝑇𝑈𝐺 = 3140 → 𝐹𝐷1 = 0,59
Fator de demanda para três TUE (Tabela 8):
𝐹𝐷2 = 0,84
Potência demandada total:
𝑃𝐷 = (𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 + 𝑃𝑇𝑈𝐺 ) ∙ 𝐹𝐷1 + 𝑃𝑇𝑈𝐸 ∙ 𝐹𝐷2 = 3140 ∙ 0,59 + 7390 ∙ 0,84 = 𝟖𝟎𝟔𝟎, 𝟐 𝑾
Portanto 8060,2 W é a potência provável de uso simultâneo na instalação.
De acordo com a Tabela 9, como a potência demandada é menor que 15 kW, o fornecimento de
energia deverá ser monofásico a dois fios (fase e neutro) com tensão de 220 V.
Unindo as duas expressões, a Corrente Demandada Total (𝑰𝑫 ) pode ser calculada por:
𝑷𝑫𝑻
𝑰𝑫 =
𝟎, 𝟗𝟓 ∙ 𝑵𝑭 ∙ 𝑽𝑭
A capacidade de condução de corrente do condutor (𝑰𝑪𝒐𝒏𝒅) do ramal de entrada deve ser sempre
superior à Corrente de Dimensionamento ( 𝐼𝐷𝐼𝑀 ) estimada:
𝑰𝒄𝒐𝒏𝒅 > 𝑰𝒅𝒊𝒎
A especificação da seção transversal (bitola) do condutor do ramal de entrada deve ser obtida em
tabelas e em função da corrente de dimensionamento, do tipo de condutor e da maneira de instalar a
linha elétrica.
A corrente nominal de especificação do disjuntor de proteção do ramal de entrada deve ser sempre
inferior à capacidade de corrente do condutor desse circuito:
𝑰𝒅𝒊𝒔𝒋 < 𝑰𝒄𝒐𝒏𝒅
A norma NBR-5410 prescreve as seguintes regras para divisão dos circuitos terminais:
• Os pontos de utilização (iluminação e tomadas) devem ser agrupados de modo que a carga
(potência nominal) dos circuitos terminais seja distribuída da forma mais equilibrada possível, tal
que cada fase do ramal de entrada tenha aproximadamente a mesma potência demandada;
• Cada circuito terminal deve possuir condutores de fase e neutro próprios. Não é permitido o
compartilhamento de condutores entre circuitos diferentes;
• Os circuitos de iluminação devem ser separados dos circuitos de tomadas (TUG);
• Equipamentos fixos, como chuveiros, torneiras elétricas, aquecedores, motores, aparelhos de ar-
condicionado etc., requerem circuitos terminais exclusivos;
• Cada tomada de uso específico (TUE) deve ser alimentada por um circuito terminal exclusivo;
• O conjunto de tomadas de cozinhas, copas e áreas de serviço deve ser alimentado por um circuito
terminal exclusivo;
• Sempre que possível, os circuitos terminais devem ser divididos por área e tipo de utilização
(dependências íntimas, dependências sociais e dependências de serviço);
• Residências devem ter, no mínimo, um circuito terminal para cada 60 m2 ou fração;
• Salas comerciais, lojas e escritórios devem ter, no mínimo, um circuito terminal para cada 50 m2 ou
fração;
Recomendações Práticas:
• Circuitos de iluminação: limitados a 10 A (2200 VA em 220 V) e a 8 pontos de iluminação. Usar
condutor de 1,5 mm2, no mínimo (capacidade de 17,5 A), com disjuntor de 15 A;
• Circuitos de TUG: limitados a 20 A (4400 VA em 220 V) e a 8 tomadas. Usar condutor de 2,5 mm2
no mínimo (capacidade de 24 A), com disjuntor de 20 A;
• Circuitos de TUE: exclusivos para aparelhos com corrente nominal superior a 10 A (2200 VA em 220
V). O condutor deve ser dimensionado em função da corrente nominal e o disjuntor em função da
capacidade de corrente do condutor;
A norma NBR-5410 determina que todo quadro de distribuição (geral, distribuição ou terminal)
deve ser projetado com espaço e capacidade de reserva, tal que permita ampliações futuras,
compatível com a quantidade e tipo de circuitos previstos inicialmente. A previsão de reserva de seguir
os seguintes critérios:
Figura 10-1. Tipos mais comuns de condutores: fio sólido e cabos flexíveis (Adaptado de Prysmian, 2016).
Os condutores nus não possuem revestimento, isolação ou cobertura, sendo empregados em locais
de difícil acesso, onde a ausência de camadas protetoras não represente risco elevado às pessoas e
equipamentos, como em linhas aéreas de transmissão e distribuição. Os cabos unipolares são
formados por apenas um condutor flexível isolado. Os cabos multipolares são formados por dois ou
mais condutores isolados (veias), rígidos ou flexíveis. Um cabo multipolar composto por um condutor
centralizado e por camadas isoladas de condutores posicionados de forma concêntrica é chamado de
cabo concêntrico ou coaxial. Os cabos multiplexados são compostos de dois ou mais condutores
isolados colocados de forma helicoidal e sem cobertura. Os cabos multiplexados do tipo
Instalações Elétricas Prof. Fernando L. R. Mussoi 33
autossustentado, contam com um condutor ou outro elemento de sustentação que pode ser isolado.
As cordoalhas são constituídas por um condutor muito flexível e em forma de tecido de fios metálicos.
Os cordões são cabos flexíveis compostos de alguns condutores isolados torcidos ou em paralelo,
usados para ligação de equipamentos portáteis. A Figura 10-2 ilustra alguns tipos de condutores e a
Figura 10-3 apresenta as partes constituintes dos cabos flexíveis unipolares e multipolares.
Nas instalações elétricas comerciais podem ser empregados condutores de alumínio com seções
iguais ou superiores a 50mm2, em locais de baixa densidade de ocupação e fácil condição de fuga, e a
instalação deve ser feita por profissionais qualificados. Condutores de alumínio não são permitidos em
locais de grande afluência de público e com condições de fuga difíceis, como hotéis, casas de show,
hospitais etc. Nas instalações elétricas industriais podem ser empregados condutores de alumínio
desde que atendidas todas as seguintes condições:
o Seção nominal 16mm2;
Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC Campus Florianópolis / DAELN 34
o A instalação deve ser alimentada por transformador ou gerador próprio;
o Instalação e manutenção qualificadas.
Figura 10-4. Aparência das cores padrão para os condutores, conforme NBR-5410 (Prysmian, 2010).
Tabela 11. Principais maneiras de instalação das linhas aéreas segundo a norma NBR-5410:2004
Referência
Maneira de para a
Esquema Ilustrativo Descrição
Instalação Capacidade
de Corrente
8) Determinar a seção transversal (mm2) dos condutores, utilizando as tabelas da norma NBR-
5410. Para condutores de cobre com isolação de PVC os valores podem ser consultados na
Tabela 15. O condutor a ser utilizado deve ter capacidade de condução de corrente
imediatamente superior ao valor da corrente de referência:
𝑰𝒄𝒐𝒏𝒅𝒖𝒕𝒐𝒓 > 𝑰𝒓𝒆𝒇
9) Verificar se a seção transversal (mm2) do condutor atende à seção mínima prescrita pela norma
NBR-5410 para cada tipo de circuito, conforme a Tabela 14. Caso não atenda, deve-se adotar a
seção mínima prescrita. Até 25mm2 a seção do condutor neutro (N) deve ser igual à seção do
condutor da fase (F) do circuito. Até 16mm2 a seção do condutor de proteção (PE) deve ser
igual à seção do condutor da fase do circuito (F). Para seções superiores, a norma NBR-5410
deve ser consultada;
10) Repetir o processo para cada circuito terminal (ou de distribuição) da instalação elétrica;
Exemplo: Um circuito terminal monofásico alimentado em 220 V com uma potência de projeto de
9900 VA e fator de potência 0,8, está agrupado a outros dois circuitos semelhantes em eletroduto de
PVC embutido em parede de alvenaria, cuja temperatura ambiente é de 35 °C. Dimensione a seção
transversal dos condutores de cobre com isolação de PVC.
Solução:
A corrente de projeto é calculada pela equação:
𝑆𝑐𝑖𝑟𝑐 9900
𝐼𝑐𝑖𝑟𝑐 = = = 45 𝐴
𝑉 220
Como a temperatura do ambiente é de 35 °C, o fator de temperatura para condutores de PVC é
𝑓𝑡 = 0,94 (Tabela 12).
O fator de agrupamento para três circuitos agrupados é 𝑓𝑎 = 0,7 (Tabela 13).
Portanto, corrente de referência de dimensionamento dos condutores é calculada por:
𝐼𝑐𝑖𝑟𝑐 45
𝐼𝑟𝑒𝑓 = = = 68,34 𝐴
𝑓𝑡 ∙ 𝑓𝑎 0,94 ∙ 0,7
Consultando a tabela de capacidade de condução de corrente (Tabela 15):
- Condutores de cobre com isolação de PVC
- Maneira de instalar B1 (eletroduto embutido em parede de alvenaria)
- 2 condutores carregados
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O condutor de 16 mm2 com capacidade de corrente de 76 A atende às condições de projeto:
𝐼𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 > 𝐼𝑟𝑒𝑓 → 76 > 68,34 𝐴
O esquema da Figura 10-5 ilustra os limites de queda de tensão nos condutores dos circuitos.
QT 5%
QT 4%
Alimentação em BT
Quadro Terminal Iluminação e Tomadas
Quadro
Geral
Quadro Terminal Motores Elétricos
QT 7%
Para o dimensionamento dos condutores pelo critério da queda de tensão deve-se calcular o valor
da queda de tensão admissível máxima para o circuito (𝑸𝑻𝒂𝒅𝒎 ), segundo o limite percentual máximo
(𝑸𝑻%𝒎𝒂𝒙 ) adotado, conforme as normas. Para tanto deve ser utilizada a equação:
𝑸𝑻%𝒎𝒂𝒙 ∙ 𝑽
𝑸𝑻𝒂𝒅𝒎 =
𝟎, 𝟏 ∙ 𝓵 ∙ 𝑰𝒑𝒓𝒐𝒋
Onde 𝑸𝑻𝒂𝒅𝒎 é a queda de tensão admissível máxima para o condutor, especificada nas tabelas da
norma (V/A.km); 𝑰𝒑𝒓𝒐𝒋 é a corrente de projeto do circuito (A); 𝓵 é o comprimento dos condutores no
trecho analisado (m); e 𝑽 é a tensão nominal eficaz de alimentação do circuito (V).
A bitola do condutor deverá ser selecionada de forma que apresente um valor de queda de tensão
imediatamente inferior ao valor calculado para 𝑄𝑇𝑎𝑑𝑚 , conforme a Tabela 16.
Fonte: Pirelli
Exemplo: Dimensionar, pelo critério da queda de tensão, os condutores para um circuito terminal
monofásico em eletroduto de PVC embutido em parede de alvenaria, com uma potência de projeto de
9900 VA, alimentado em 220 V, com fator de potência 0,8 e distante 90 m do quadro terminal. Compare
os resultados com o exemplo anterior.
Solução:
A corrente de projeto é calculada pela equação:
𝑆𝑐𝑖𝑟𝑐 9900
𝐼𝑐𝑖𝑟𝑐 = = = 45 𝐴
𝑉 220
Como se trata de um circuito terminal, a queda de tensão percentual máxima é de 4 %. Assim a
queda de tensão máxima será:
𝑄𝑇%𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑉 4 ∙ 220 𝑉
𝑄𝑇𝑎𝑑𝑚 = = = 2,17
0,1 ∙ ℓ ∙ 𝐼𝑝𝑟𝑜𝑗 0,1 ∙ 90 ∙ 45 𝐴 ∙ 𝑘𝑚
Consultando a Tabela 16 na coluna de eletrodutos de PVC (não magnéticos) e circuitos monofásicos
com fator de potência 0,8 pode-se verificar que o condutor deve ser de 25 mm2, pois apresenta uma
queda de tensão de 1,51 V/A.km, valor imediatamente inferior à queda de tensão máxima calculada
(2,17 V/A.km).
No exemplo anterior, o condutor de 16 mm2 atendia ao critério da capacidade de condução de
corrente, porém esse condutor não atende ao critério da queda de tensão. Portanto o deve-se utilizar
o condutor de 25 mm2, pois este atende a ambos os critérios.
Figura 11-3. Caixa de derivação de conduletes próprios para instalações aparentes (Prysmian, 2010).
Os eletrodutos são caracterizados pelo seu diâmetro nominal externo (mm). Os eletrodutos rígidos
e flexíveis de PVC devem ser fabricados conforme especificações da norma NBR-15465, enquanto os
A Tabela 18 apresenta a área total e a área útil dos eletrodutos de PVC rígidos. A área total ocupada
é a soma das áreas ocupadas por cada condutor, as quais podem ser calculadas pela equação:
𝝅 ∙ (𝑫𝒄𝒐𝒏𝒅 )𝟐
𝑨𝒄𝒐𝒏𝒅 =
𝟒
Onde 𝑨𝒄𝒐𝒏𝒅 é a seção transversal total do condutor, incluindo o isolamento (mm2) e 𝑫𝒄𝒐𝒏𝒅 é o
diâmetro total do condutor, incluindo o isolamento (mm).
Na Tabela 19 são apresentadas as áreas de ocupação dos condutores rígidos e flexíveis com a
isolação em PVC.
Tabela 20. Número máximo de condutores de mesma seção (isolação de PVC) em eletroduto de PVC.
Seção nominal Número de condutores de mesma bitola no eletroduto
do condutor 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(𝑚𝑚2 ) Bitola nominal do eletroduto (𝑚𝑚)
1,5 16 16 16 16 16 16 20 20 20
2,5 16 16 16 20 20 20 20 25 25
4 16 16 20 20 20 25 25 25 25
6 16 20 20 25 25 25 25 32 32
10 20 20 25 25 32 32 32 40 40
16 20 25 25 32 32 40 40 40 40
25 25 32 32 40 40 40 50 50 50
35 25 32 40 40 50 50 50 50 60
50 32 40 40 50 50 60 60 60 70
70 40 40 50 50 60 60 75 75 75
95 40 50 60 60 75 75 75 85 85
120 50 50 60 75 75 75 85 85 ●
150 50 60 75 75 85 85 ● ● ●
185 50 75 75 85 85 ● ● ● ●
240 60 75 85 ● ● ● ● ● ●
Fonte: Niskier, 1992.
A equivalência dos padrões de medidas de eletrodutos em polegadas (embora não oficial, mas
ainda muito utilizada na área) é apresentada na Tabela 21.
A Figura 11-6 ilustra uma instalação típica embutida em alvenaria dos eletrodutos e das caixas de
derivação e seus respectivos tamanhos padrão.
13 Dispositivos de proteção
Os principais dispositivos de proteção são os fusíveis, os disjuntores termomagnéticos e os
dispositivos diferenciais-residuais (DR).
13.1 Fusíveis
O fusível é um dispositivo de proteção baseado na fusão de um elemento (estanho, cobre, prata,
chumbo ou liga) que interrompe a corrente do circuito quando esta excede um valor de referência
durante um tempo especificado. Os fusíveis são mais apropriados para proteção contra curto-circuito
e não para sobrecargas. As chaves-fusíveis usadas nas redes de distribuição além da proteção também
permitem a manobra do circuito.
Os disjuntores de pequeno porte (mini disjuntores), disponíveis para correntes nominais entre 5 e
125 A, são os mais utilizados nos circuitos de distribuição e circuitos terminais das instalações elétricas
prediais, cuja aparência é ilustrada na Figura 13-1. A Figura 13-2 apresenta a curva característica de
tempo de atuação em função da corrente dos disjuntores termomagnéticos para as três faixas de
atuação instantânea.
Tabela 22. Comprimento máximo do circuito para proteção do disjuntor contra curto-circuito(*).
(*) tensão de fase 220 V, condutores de cobre, disjuntores tipo B (NBR IEC 60898) e disparo magnético entre 3 e 5𝐼𝑛 .
A Figura 13-5 apresenta a curva característica de tempo de atuação (ms) em função da corrente
(mA) para os dispositivos DR, enquanto a Figura 13-6 ilustra a aparência dos disjuntores DR para
circuitos monofásicos e trifásicos.
A norma NBR-5410 permite o uso de um único disjuntor DR de alta sensibilidade (AS) na origem da
instalação (quadro geral) quando o esquema de aterramento for do tipo TT (condutor de proteção
terra PE separado) para proteção geral contra contatos diretos e indiretos.
Para tanto, o DR não deve atuar com a corrente de fuga total normal da instalação, ou seja, a
corrente de fuga deve ser menor que 50% do valor da corrente de atuação. Quando não for possível
ou recomendável o uso de um único DR, deve-se instalar um DR de baixa sensibilidade (BS) como
proteção no quadro geral e disjuntores DR de alta sensibilidade (AS) nos circuitos terminais em que
sejam necessários (áreas úmidas, por exemplo), como ilustra a Figura 13-7.
Os disparos dos dispositivos DR geralmente são devidos ao uso de equipamentos com elevada
corrente de fuga (chuveiros elétricos metálicos, por exemplo), falhas em aparelhos eletrodomésticos
e de iluminação, umidade nos eletrodutos, inserção de objetos condutores em tomadas, danos nas
isolações de condutores mal instalados, ou mal conservados, e contatos diretos de pessoas com
condutores mal isolados de aparelhos elétricos. As correntes de fuga elevadas, além de aumentarem
as perdas de energia elétrica, podem provocar aquecimentos que causem incêndios. Portanto, o
dispositivo DR é um vigilante da qualidade e da segurança das instalações elétricas, sendo fundamental
sua utilização.
Figura 13-7. Dispositivos DR: (a) no quadro geral e (b) nos circuitos terminais (Prysmian, 2010).
14 Dimensionamento da proteção
Nas instalações elétricas, mesmo nas mais bem projetadas e executadas, ocorrem faltas que
resultam em sobrecorrentes elevadas. Nessas condições, os dispositivos de proteção devem atuar com
rapidez e segurança, isolando as faltas de forma a provocar o menor dano possível às linhas e aos
equipamentos e, se possível, sem alterar substancialmente o funcionamento global da instalação. Os
componentes dos circuitos elétricos devem suportar, por um determinado tempo, os efeitos térmicos
e mecânicos resultantes das sobrecorrentes (COTRIM, 2009). A avaliação e cálculo das possíveis
correntes de faltas é um problema complexo e não está no escopo desse material.
As sobrecorrentes são tradicionalmente divididas em correntes de sobrecarga, que ocorrem em
um circuito sem que haja falta, e correntes de curto-circuito, resultantes de faltas diretas entre
condutores vivos. A partida de alguns equipamentos (motores e lâmpadas de descarga, por exemplo)
Instalações Elétricas Prof. Fernando L. R. Mussoi 51
produz sobrecorrentes elevadas, caracterizadas como correntes de sobrecarga transitórias, que não
devem provocar a atuação dos dispositivos de proteção.
Uma corrente de sobrecarga da ordem de 10 a 20 % superior à capacidade de condução eleva a
temperatura dos condutores de 10 a 15 °C, contribuindo para a redução de sua vida útil. Quando
sobrecorrentes assumem valores muito elevados, como nos curtos-circuitos, temperaturas da ordem
de centenas de graus são atingidas pelos condutores em tempos muito pequenos, na ordem de
centésimos de segundo. Assim, para o estudo dos efeitos térmicos dessas correntes em tempos
extremamente curtos, não se pode separar a grandeza corrente da grandeza tempo. A Integral de Joule
(𝐼 2 𝑡) é a integral do quadrado da corrente em um intervalo de tempo especificado que representa a
energia térmica por unidade de resistência (J/) liberada em um circuito, sendo utilizada no
dimensionamento dos dispositivos de proteção (COTRIM, 2009).
Segundo as prescrições da norma NBR-5410, os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes
devem ser dimensionados exclusivamente para proteção dos condutores dos circuitos e não para
proteção dos aparelhos de utilização:
A Tabela 23 permite efetuar um dimensionamento prático e rápido dos circuitos protegidos por
disjuntores termomagnéticos, sem levar em consideração a queda de tensão. Considerando
condutores de cobre com isolação de PVC nas condições indicadas, pode-se (COTRIM, 2009):
• Obter a corrente nominal do disjuntor para proteger um circuito a partir da seção dos condutores;
• Obter o disjuntor e a seção dos condutores a partir da corrente de referência de dimensionamento
do circuito;
Nas instalações residenciais, onde o condutor neutro é aterrado na entrada da edificação, os DPS
devem ser ligados entre os condutores fase e a barra de aterramento no quadro de distribuição. Caso
contrário, deve haver um DPS entre o neutro e a barra de aterramento. A instalação recomendada
para os DPS é antes do dispositivo de proteção geral, cujos condutores devem ter a mesma bitola das
fases. A Figura 14-2 exemplifica a forma de instalação de dispositivos de proteção contra sobretensões
(DPS) em esquemas de aterramento TN. A ligação de DPS em equipamentos monofásicos é
exemplificada na Figura 14-3.
15 Aterramento
O aterramento é a ligação intencional de um condutor à terra. O aterramento direto é a ligação à
terra sem a interposição de qualquer impedância. O aterramento indireto há uma impedância entre o
condutor e a terra. O aterramento funcional consiste na ligação à terra de um dos condutores do
sistema (geralmente o neutro), com o objetivo de garantir o funcionamento correto, seguro e confiável
da instalação (Prysmian, 2010). O aterramento de proteção consiste na ligação à terra das massas e
dos elementos condutores estranhos à instalação, com o único objetivo de proporcionar proteção
contra contatos indiretos (Prysmian, 2010).
Os condutores de proteção elétrica (terra) devem sempre estar presentes nas instalações elétricas,
seja qual for o esquema de aterramento (TN, TT ou IT). Eles devem interligar as massas dos
equipamentos de utilização e os pinos de terra das tomadas aos terminais de aterramento dos quadros
terminais e estes aos terminais dos quadros de distribuição e ao quadro geral que, por sua vez, estará
conectado ao eletrodo de aterramento. A Figura 15-1 ilustra um sistema de aterramento em uma
instalação elétrica residencial
Por segurança, deve-se utilizar um condutor de proteção (terra) individual para cada circuito.
O quadro de cargas é uma tabela que auxilia na estimativa das cargas, na divisão dos circuitos
terminais, e no dimensionamento dos condutores, proteções e eletrodutos da instalação elétrica. A
planta baixa com o diagrama unifilar é a representação dos componentes e da distribuição das linhas
elétricas (circuitos) da instalação com relação ao projeto arquitetônico. O diagrama esquemático
unifilar ou multifilar dos quadros elétricos descreve os componentes (condutores, eletrodutos e
proteções) e as conexões que compõem os quadros de medição e de distribuição. Os detalhes
construtivos e as informações adicionais são usados para detalhar e esclarecer possíveis dúvidas
quanto aos componentes, conexões, dimensionamentos, montagens etc. O memorial descritivo é
usado para relatar os objetivos e critérios adotados no projeto e os materiais que comporão a
instalação elétrica, entre outras informações. O memorial de cálculos é usado para registrar os
procedimentos adotados para o dimensionamento dos componentes da instalação elétrica. A Figura
16-1 detalha os elementos que devem constar na planta de um projeto de instalação elétrica.
Total
Pot Ativa Total (W)
Fator de Demanda Iluminação+TUG TUE
⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮
Potência Ativa Total (W)
Potência Demandada (W)
Ramal de Entrada
(*) maior bitola requerida no circuito
CELESC (2015). Norma Técnica N-321.0001: Fornecimento de energia elétrica em tensão secundária
de distribuição. CELESC Distribuição S.A. 120 p.
COTRIM, A. A. M. B. (2009). Instalações elétricas. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall.
DOMINGOS FILHO, L. L. (2003). Projetos de instalações elétricas prediais. 8 ed. São Paulo: Érica.
PRYSMIAN (2006). Dicas: instalações elétricas residenciais. 8 ed. Prysmian Cables & Systems.
Disponível: http://prysmiangroup.com. Acesso em 02/2014.
PRYSMIAN (2010). Manual Prysmian de instalações elétricas. Prysmian Cables & Systems. Disponível:
http://prysmiangroup.com. Acesso em 02/2014.
PRYSMIAN (2016). Instalações elétricas residenciais. Prysmian Cables & Systems. Disponível:
http://prysmiangroup.com. Acesso em 11/2020.
Total
Pot Ativa Total (W)
Fator de Demanda Iluminação+TUG TUE
⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮
Potência Ativa Total (W)
Potência Demandada (W)
Ramal de Entrada
(*) maior bitola requerida no circuito
Tomada no piso
Interruptores
Interruptor simples
(uma seção)
Interruptor duplo
(duas seções)
Interruptor triplo
(três seções)
Interruptor Intermediário
(Four-Way)
Botão pulsador na parede
(tipo campainha)
Pontos de Iluminação
Ponto de luz incandescente no
teto
Indicar a potência do ponto de luz
Ponto de luz incandescente na Número indica o circuito terminal
parede Letra minúscula indica o ponto de comando
(arandela) (interruptor)
Pontos na parede devem indicar a altura
Ponto de luz incandescente
embutido no teto
Dimensões em milímetros
Quadros elétricos
Quadro terminal aparente na
parede
Quadro terminal embutido na
parede
Quadro de distribuição aparente na
Indicar as potências totais (ativa e aparente)
parede
Quadro de distribuição embutido na
parede