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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA

CAMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA

PROF. FERNANDO LUIZ ROSA MUSSOI

EDIÇÃO QUARTA

FLORIANÓPOLIS – JUNHO, 2022.


(em branco)

Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC Campus Florianópolis / DAELN 2


INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
Prof. Fernando Luiz Rosa Mussoi
Edição Quarta: junho, 2020
Última atualização: 29 de julho de 2023.

ADVERTÊNCIA:
Essa apostila é uma orientação introdutória aos projetos elétricos residenciais.
É fundamental a consulta às referências bibliográficas consolidadas e o adequado
conhecimento das normas brasileiras vigentes.

ATENÇÃO: Material em elaboração – comunique erros ou sugestões

Nota do Autor
Essa apostila é um material de apoio didático utilizado pelo autor nas suas aulas das
disciplinas ministradas no Departamento Acadêmico de Eletrônica do Instituto Federal de
Santa Catarina (IFSC) – Campus Florianópolis.
O presente material didático não tem a pretensão de esgotar, tampouco inovar o
tratamento do assunto por ele abordado. O objetivo é facilitar a dinâmica de aula, com
expressivos ganhos de tempo, além de dar uma primeira orientação e compreensão aos
alunos sobre o assunto abordado. A apostila foi construída com base nas referências
bibliográficas citadas ao longo do texto, nas notas de aula e na experiência do autor na
abordagem do assunto com os seus alunos.
Em se tratando de um material didático elaborado por um professor de uma
Instituição Pública de Ensino, são permitidos o uso e a reprodução do texto, desde que a
fonte bibliográfica seja devidamente citada.
Para um melhor resultado no processo de aprendizagem, o aluno deve desenvolver
o hábito de consultar, estudar e, se possível, adquirir a Bibliografia Referenciada original.
Contribuições, correções e críticas ao trabalho serão bem-vindas pelo autor.

Agradeço àqueles que fizerem bom uso desse material. Especialmente aos
meus alunos, razão do meu trabalho.

Prof. Fernando Luiz Rosa Mussoi


mussoi@ifsc.edu.br

Referência:
MUSSOI, Fernando L. R. (2022). Instalações elétricas. 4 ed. Florianópolis: Instituto
Federal de Santa Catarina (IFSC). 79 p.

Edições:
• Edição Primeira: 2014
• Edição Segunda: 2016
• Edição Terceira: 2020
• Edição Quarta: 2022

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(em branco)

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Sumário

Nota do Autor ................................................................................................................................. 3


Sumário .......................................................................................................................................... 5
1 Introdução.............................................................................................................................. 7
2 Choque elétrico.................................................................................................................... 10
2.1 Faltas elétricas ................................................................................................................. 11
3 Sistema elétrico de potência ............................................................................................... 12
4 Fornecimento de energia às unidades consumidoras ......................................................... 14
5 Quadros e circuitos elétricos ............................................................................................... 16
6 Diagramas elétricos ............................................................................................................. 17
7 Divisão dos circuitos da instalação elétrica ......................................................................... 23
8 Estimativa de carga .............................................................................................................. 24
8.1 Pontos de Luz ................................................................................................................... 25
8.2 Tomadas de Uso Geral (TUG) .......................................................................................... 26
8.3 Tomadas de Uso Específico (TUE).................................................................................... 27
8.4 Potência Instalada Total .................................................................................................. 27
8.5 Fator de Demanda (FD).................................................................................................... 28
8.6 Potência Demandada Total ............................................................................................. 29
8.7 Corrente Demandada ...................................................................................................... 30
8.8 Dimensionamento do Ramal de Entrada......................................................................... 31
9 Divisão dos circuitos terminais ............................................................................................ 32
10 Dimensionamento dos condutores dos circuitos ................................................................ 33
10.1 Forma de instalação dos condutores .............................................................................. 35
10.2 Fator de Temperatura...................................................................................................... 36
10.3 Fator de Agrupamento .................................................................................................... 37
10.4 Dimensionamento pelo critério da capacidade de corrente........................................... 37
10.5 Dimensionamento pelo critério da queda de tensão ...................................................... 40
11 Dimensionamento dos eletrodutos ..................................................................................... 41
12 Dispositivos de manobra e comando .................................................................................. 46
12.1 Chaves, interruptores e seccionadores ........................................................................... 46
12.2 Relés e contatores ........................................................................................................... 46
13 Dispositivos de proteção...................................................................................................... 47
13.1 Fusíveis............................................................................................................................. 47
13.2 Disjuntor termomagnético .............................................................................................. 47
13.3 Dispositivo diferencial-residual (DR) ............................................................................... 48
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14 Dimensionamento da proteção ........................................................................................... 51
14.1 Coordenação e seletividade dos dispositivos de proteção ............................................. 53
14.2 Proteção contra sobretensões......................................................................................... 54
15 Aterramento ........................................................................................................................ 55
16 Elaboração do projeto elétrico ............................................................................................ 58
16.1 Levantamento preliminar das cargas .............................................................................. 60
16.2 Quadro de cargas e planta do projeto elétrico ............................................................... 61
17 Exercícios propostos ............................................................................................................ 64
18 Referências bibliográficas .................................................................................................... 65
Anexo A: Projeto elétrico residencial básico ................................................................................ 66
Anexo B: Principais símbolos usados nos projetos elétricos ....................................................... 68
Anexo C: Dimensionamento da Entrada de Energia Elétrica – Padrão CELESC ........................... 71
Anexo D: Exemplos de Projeto Elétrico ........................................................................................ 72
Anexo E: Plantas baixas para projetos elétricos .......................................................................... 77

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1 Introdução
Um projeto de instalação elétrica predial é a representação gráfica e escrita das instalações
elétricas de uma edificação (ou de um local) onde é necessária a utilização da energia elétrica. Ele deve
garantir a transferência e a manobra da energia elétrica desde a fonte (rede de distribuição da
concessionária) até os pontos de utilização de forma segura e eficaz. O projeto elétrico deve levar em
conta o projeto civil e arquitetônico e consiste basicamente em:
• Prever e quantificar as cargas elétricas da instalação;
• Especificar e localizar os pontos de utilização da energia elétrica;
• Definir os circuitos elétricos da instalação;
• Dimensionar e definir o tipo e o trajeto dos condutores e tubulações (eletrodutos);
• Dimensionar e definir o tipo e a localização dos dispositivos de comando, proteção e medição
da energia elétrica.

A solução desenvolvida em um projeto elétrico pode não ser única, pois geralmente há diversas
alternativas possíveis, e o projetista deve julgar aquela mais adequada a cada caso. Entretanto, um
projeto elétrico deve obrigatoriamente:
• Atender às normas técnicas vigentes;
• Garantir a segurança das instalações e dos usuários;
• Proporcionar funcionalidade e racionalidade na operação das instalações;
• Apresentar capacidade de reserva para expansões das instalações e das cargas;
• Atender satisfatoriamente aos aspectos técnicos e econômicos envolvidos.

A Figura 1-1 apresenta uma planta-baixa de um projeto civil e arquitetônico decorativo de uma
residência, enquanto a Figura 1-2 ilustra uma planta possível para projeto elétrico dessa instalação. A
simbologia gráfica a ser utilizada nos projetos elétricos deve atender às normas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), cujos principais elementos são apresentados na Tabela 1. Para outros
símbolos, consultar a norma NBR-5444/1989.
A norma NBR-5410/2004 da ABNT regulamenta as instalações elétricas de baixa tensão visando
garantir o funcionamento adequado das instalações, a segurança dos usuários e a conservação dos
bens físicos. Essa norma deve ser aplicada a todas as instalações novas e às existentes (no caso de
reformas, ampliações e substituição de equipamentos) e que operem em tensões até 1000 V e
frequências até 400 Hz, sendo específica para:
• Edificações Residenciais e Comerciais;
• Estabelecimentos Institucionais e Públicos;
• Instalações Industriais e Agropecuárias;
• Edificações pré-fabricadas, Trailers, Campings e Marinas;
• Obras, feiras, exposições, shows e outras instalações temporárias.

A NBR-5410 não é aplicável às redes de distribuição de energia elétrica e iluminação pública.


Também não é aplicável a veículos, embarcações, aeronaves, sistemas de tração elétrica (trens,
metrôs, elevadores, esteiras e escadas rolantes), minas, cercas eletrificadas, supressão de
perturbações radioelétricas e proteções contra descargas atmosféricas.
A norma NBR-5410 é complementada pela NBR-13570 que trata dos requisitos específicos para as
instalações elétricas em locais de afluência de público e pela NBR-13534 que dispõe os requisitos
específicos para instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde.

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Figura 1-1. Exemplo de planta-baixa do projeto civil e arquitetônico decorativo (Bema Construtora).

Figura 1-2. Exemplo de planta do projeto elétrico (Bema Construtora).

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Tabela 1. Principais símbolos usados nos projetos de instalações elétricas prediais.
Símbolo Significado Observação
Tomadas
Tomada Baixa na parede
A potência aparente (VA) deve ser indicada,
(a 0,3 m do piso acabado)
exceto se for de 100 VA
Tomada Média na parede Se for TUE a potência ativa (W) deve ser
(a 1,3 m do piso acabado) indicada
O número do circuito terminal correspondente
Tomada Alta na parede
deve ser indicado
(a 2,0 m do piso acabado)
Alturas diferentes das padronizadas devem
Tomada no piso ser indicadas
Interruptores
Interruptor simples (uma seção)

Interruptor duplo (duas seções)

Interruptor triplo (três seções)


Letras minúsculas indicam os pontos
Interruptor Paralelo (Three-Way) comandados
Interruptor Intermediário (Four-Way)

Botão na parede (tipo campainha)

Botão no piso
Pontos de Iluminação

Ponto de luz incandescente no teto


Indicar a potência do ponto de luz
Número indica o circuito terminal
Ponto de luz incandescente na parede
Letra minúscula indica o ponto de comando
(arandela)
(interruptor)
Ponto de luz incandescente embutido Pontos na parede devem indicar a altura
no teto
Indicar a potência do ponto de luz e número
Ponto de luz fluorescente no teto de lâmpadas
Número entre traços indica o circuito terminal
Ponto de luz fluorescente na parede Letra minúscula indica o ponto de comando
(arandela) (interruptor)
Pontos na parede devem indicar a altura
Ponto de luz fluorescente embutida no
Indicar na planta o tipo de reator (starter,
teto
rápido ou eletrônico)
Linhas elétricas (dutos e condutores)
Eletroduto embutido no teto ou parede O diâmetro nominal em milímetros (mm)
O diâmetro pode ser omitido caso esteja
Eletroduto embutido no piso indicado na legenda
Condutor da fase no interior do
eletroduto Cada traço representa um condutor
Condutor do neutro no interior do Indicar seção transversal em mm2
eletroduto Indicar o número do circuito
Condutor do retorno no interior do Letra indica o comando do condutor retorno
eletroduto A seção pode ser omitida caso esteja
Condutor de proteção no interior do indicada na legenda
eletroduto (terra)

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Símbolo Significado Observação
Linhas elétricas (dutos e condutores)

Caixa de derivação ou passagem no piso


Dimensões em milímetros

Caixa de derivação ou passagem no teto

Dimensões em milímetros
Caixa de derivação ou passagem na parede
Se necessário indicar a altura
Quadros elétricos
Quadro terminal aparente na parede

Quadro terminal embutido na parede

Quadro de distribuição aparente na parede Indicar as potências totais (ativa e aparente)

Quadro de distribuição embutido na parede

Quadro geral e de medição


Fonte: Adaptado da NBR-5444/1989.

Os equipamentos de uma instalação elétrica são classificados em:


• Fixos (permanentes). Ex: transformador, ar-condicionado etc.;
• Estacionários (fixos em funcionamento). Ex: geladeira, lava-roupas etc.;
• Portáteis e Manuais (movimentáveis): Ex: liquidificador, furadeira, barbeador etc.;
• Iluminação. Ex: luminárias para lâmpada incandescente, descarga (fluorescente, vapor de
sódio, vapor de mercúrio), LED etc.;
• Linhas Elétricas. Ex: condutores, cabos, dutos, caixas, quadros etc.;
• Manobra. Ex: interruptores, chaves, botões, relés, contatores etc.;
• Proteção. Ex: fusíveis, disjuntores, diferencial-residual (DR), etc.;
• Comando. Ex: controladores de velocidade e de iluminação (dimmer), etc.;
• Sensores. Ex: detector de presença, fotocélula etc.;
• Atuadores e sinalizadores. Ex: campainha, alto-falante, fecho magnético, indicador luminoso
etc.

2 Choque elétrico
O choque elétrico é o efeito fisiológico resultante da passagem da corrente elétrica através do
corpo de uma pessoa ou de um animal. A Tabela 2 apresenta os efeitos fisiológicos decorrentes da
passagem da corrente elétrica no corpo humano para diversos níveis de corrente.
No projeto da proteção contra os choques elétricos são considerados três elementos
fundamentais: parte viva, massa e elemento condutor estranho à instalação. A parte viva de um
componente ou de uma instalação é a parte condutora que apresenta diferença de potencial (tensão)
em relação à terra. Nas linhas elétricas os condutores vivos incluem os condutores de fase e neutro. A
massa de um componente ou de uma instalação é a parte condutora que pode ser tocada facilmente
e que normalmente não é viva, mas que pode tornar-se viva em condições de faltas ou defeitos
(carcaças e invólucros metálicos, eletrodutos metálicos etc.). Um elemento condutor estranho à
instalação é aquele que não faz parte da instalação, mas nela pode introduzir um potencial (elementos
metálicos das edificações, canalizações metálicas de água, gás, aquecimento, ar-condicionado e outros

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materiais potencialmente condutores). Os choques elétricos podem ser causados por dois tipos de
contatos, como ilustra a Figura 2-1:
• Contatos diretos: são os contatos de pessoas ou animais com as partes vivas (com tensão) devido à
ruptura ou remoção indevida de elementos isolantes, ou por atitude acidental ou imprudente;
• Contatos indiretos: são os contatos de pessoas ou animais com as massas que eventualmente estão
vivas (com tensão) devido a uma falha ou deterioração do isolamento.

Tabela 2. Efeitos fisiológicos da corrente elétrica


CA de 15 a 100 Hz, trajeto entre extremidades do corpo, pessoas de 50 kg no mímino.
Faixa de
Reações fisiológicas habituais
corrente (mA)
0,1 a 0,5 Leve percepção superficial; habitualmente nenhum efeito
Ligeira paralisia nos músculos do braço, com início de tetanização; habitualmente nenhum
0,5 a 10
efeito perigoso
10 a 30 Nenhum efeito perigoso se houver interrupção em, no máximo, 5 segundos
Paralisia estendida aos músculos do tórax, com sensação de falta de ar e tontura;
30 a 500 possibilidade de fibrilação ventricular se a descarga elétrica se manifestar na fase crítica do
ciclo cardíaco e por tempo superior a 200 ms
Traumas cardíacos persistentes; nesse caso o efeito é letal, salvo intervenção imediata de
Acima de 500
pessoal especializado e com equipamento adequado
Fonte: Prysmian, 2010.

Figura 2-1. Choque elétrico por contato direto e indireto (Fonte: Prysmian, 2010).
Recentemente, ações que garantam maior segurança para os usuários e empregados no ambiente
de trabalho têm se tornado mais frequentes. Na área da eletricidade, a Norma Regulamentadora NR-
10 dispõe sobre medidas de controle e sistemas preventivos a serem implantados de forma a garantir
a segurança e a saúde do trabalhador em instalações e serviços de eletricidade.

2.1 Faltas elétricas


Quando em uma instalação ou equipamento duas ou mais partes que estejam sob potenciais
elétricos diferentes entram em contato acidentalmente entre si ou com uma parte aterrada por falha
de isolamento, ocorre uma falta elétrica. As faltas diretas ocorrem quando há um contato físico efetivo
entre os condutores vivos ou entre um condutor vivo e uma parte aterrada. As faltas não diretas
ocorrem quando não há contato físico efetivo, mas um arco voltaico (faísca) entre as partes. Quando
uma das partes for a terra há uma falta para terra.
Um curto-circuito é uma falta direta entre condutores vivos, ou seja, entre fases ou entre fase e
neutro, como ilustra a Figura 2-2. Uma sobrecorrente é qualquer corrente que exceda um valor
nominal prefixado e podem causar sobreaquecimento dos condutores, levando à deterioração da
isolação e à redução da vida útil. As sobrecorrentes podem ser causadas devido ao
subdimensionamento dos circuitos, adição de novos equipamentos (cargas), substituição de
equipamentos por outros de maior potência ou motores elétricos operando com excesso de carga
mecânica. As correntes de sobrecarga são sobrecorrentes não produzidas for faltas. As correntes de
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falta são aquelas que fluem de um condutor a outro e/ou para terra no caso de uma falta. As correntes
de curto-circuito geralmente são correntes de falta muito elevadas e, se não forem interrompidas
rapidamente, podem superaquecer e danificar os condutores, com riscos de procarem incêndios. As
correntes de fuga são aquelas que, por imperfeição da isolação, flui para a terra ou para elementos
condutores estranhos à instalação. Como não há materiais isolantes perfeitos, todo circuito apresenta
uma corrente de fuga, mas deve ser extremamente baixa, como apresentado na Tabela 3.

Figura 2-2. Falta direta: curto-circuito (Fonte: Prysmian, 2010).

Tabela 3. Limites máximos das correntes de fuga em aparelhos domésticos.


Aparelho de utilização Corrente de Fuga máxima (mA) em 220 V
Eletrodomésticos com motor 3,5 (fixos) / 0,5 (portáteis)
Eletrodomésticos a aquecimento 3,0
Equipamentos para tratamento de pele 0,5
Ferramentas portáteis 0,5 (comuns) / 0,1 (Classe II)
Luminárias 0,1
Chuveiros e torneiras elétricas
3,0
(com resistência blindada e isolação Classe II)
Fonte: Prysmian, 2010.

3 Sistema elétrico de potência


Um sistema elétrico de potência é constituído pelos equipamentos e materiais necessários para
transportar a energia elétrica desde as usinas (fontes) até os pontos de utilização. Como ilustra a Figura
3-1, um sistema elétrico de potência é constituído por:
• Geração: conjunto de usinas hidroelétricas, termoelétricas (combustível fóssil, termonuclear,
termo solar e biomassa) e alternativas (eólicas e solares fotovoltaicas) conectadas ao sistema
elétrico;
• Transformação: conjunto de subestações elevadoras, abaixadoras e conversoras de tensão;
• Transmissão: conjunto de linhas elétricas CA trifásicas e CC eletrônicas responsáveis pelo
transporte da energia elétrica até os centros consumidores;
• Distribuição: conjunto de linhas (aéreas ou subterrâneas) e transformadores para alimentação
das cargas elétricas trifásicas e monofásicas das unidades consumidoras;

Os níveis de tensão dos sistemas elétricos são classificados em:


• Baixa Tensão (BT): ≤ 1000 Vca ou ≤ 1500 Vcc;
• Alta Tensão (AT): > 1000 Vca ou > 1500 Vcc;
• Extra Baixa Tensão (EBT): ≤ 50 Vca ou ≤ 120 Vcc;
• Extra Alta Tensão (EAT): > 35 kVca;
• Ultra Alta Tensão (UAT): > 350 kVca.
No Brasil geralmente são utilizadas as tensões indicadas na Tabela 4. A Figura 3-2 ilustra as
configurações dos sistemas de distribuição radial, em anel e duplo radial seletivo, sendo o sistema
radial o mais utilizado por sua simplicidade operacional.

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Figura 3-1. Exemplo de um sistema elétrico de potência (BEZ, D.M., 2016).

Tabela 4 – Níveis de tensão utilizados no sistema elétrico brasileiro.


Transmissão Distribuição Primária (AT) Distribuição Secundária (BT)
(kV) (kV) Trifásica (V) Monofásica*(V)
69 13,8 115 / 230 110 / 220
138 23 120 / 208 115 / 230
230 127 / 220 127 / 254
500 220 / 380 220 / 440
750 254 / 440 120 / 240
*Secundário com derivação central.

Figura 3-2. Principais tipos de sistemas de distribuição (CREDER, 2012).

Em uma instalação elétrica a demanda é a potência total instantânea consumida, dada pela soma
das potências das cargas ligadas. A demanda média é o valor médio das potências consumidas pelas
cargas em um dado intervalo de tempo. Uma curva de carga representa o comportamento da demanda
instantânea ao longo do tempo. A área sob a curva de carga representa a energia total consumida
naquele intervalo de tempo.
O fator de demanda (FD) é a razão entre a soma das potências nominais de um conjunto de
equipamentos suscetíveis de operarem simultaneamente em determinado instante e a capacidade de
potência da instalação elétrica que os alimenta (potência instalada). Geralmente o instante
considerado é aquele em que ocorre a demanda máxima da instalação. O fator de demanda leva em
consideração a probabilidade de não simultaneidade no funcionamento das cargas. O fator de carga
(FC) é a razão entre a demanda média e a demanda máxima de uma instalação em um dado intervalo
de tempo, representando um fator percentual da potência consumida.
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A potência de alimentação de uma instalação elétrica deve corresponder à demanda máxima
presumida em um período de 24h. Segundo a NBR-5410, a determinação da potência de alimentação
é essencial para a concepção segura e econômica de uma instalação elétrica, dentro dos limites de
elevação de temperatura e de queda de tensão nos condutores das linhas elétricas. Na determinação
da potência de alimentação devem ser computadas as potências nominais dos equipamentos de
utilização e, em seguida, consideradas as possibilidades de não simultaneidade na operação desses
equipamentos, bem como a capacidade de reserva para futuras ampliações (COTRIM, 2009).

4 Fornecimento de energia às unidades consumidoras


O fornecimento de energia às unidades consumidoras pode ser feito em alta ou baixa tensão,
dependendo da carga elétrica presumida da instalação (potência demandada). O fornecimento em
baixa tensão é feito diretamente da rede de distribuição secundária (BT), enquanto o fornecimento
em alta tensão é feito a partir da rede de distribuição primária (AT), devendo ser utilizado um
transformador exclusivo de propriedade da concessionária ou do consumidor. Algumas instalações
podem fazer uso de fontes autônomas (geradores). A Figura 4-1 apresenta uma visão geral de uma
instalação elétrica, cujo fornecimento é feito em baixa tensão.

Figura 4-1. Visão geral de uma instalação elétrica residencial (Fonte: Prysmian).

A norma E-321.0001 da CELESC estabelece os critérios de fornecimento e os padrões de entrada


de energia em baixa tensão, onde define (item 7.1 da norma):
• Sistema monofásico (2 fios): para carga instalada até 15 kW;
• Sistema bifásico (3 fios): para carga instalada de 15 a 25 kW;
• Sistema trifásico (4 fios): para carga instalada de 25 a 75 kW.

A tabela da norma é apresentada no Anexo C: Dimensionamento da Entrada de Energia Elétrica –


Padrão CELESC.

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A entrada de energia em alta tensão para unidades consumidoras com carga instalada acima de 75
kW, as quais requerem uso de um transformador exclusivo, é regulada pela norma NT-01AT da CELESC.
Conforme ilustra o esquema na Figura 4-2, uma instalação elétrica para a entrada de energia em
uma unidade consumidora é composta por (COTRIM, 2009):
• Entrada de serviço: conjunto de equipamentos, condutores e acessórios instalados entre o
ponto de derivação da rede de distribuição e o quadro de medição e proteção;
• Ponto de entrega: ponto da entrada de serviço até onde é responsabilidade da concessionária
e a partir do qual a responsabilidade é do consumidor;
• Entrada consumidora: conjunto de equipamentos, condutores e acessórios instalados entre o
ponto de entrega e o quadro de proteção e medição;
• Ramal de ligação: conjunto de condutores e acessórios instalados entre o ponto de derivação
da rede de distribuição e o ponto de entrega;
• Ramal de entrada: conjunto de condutores e acessórios instalados entre o ponto de entrega e
o quadro de proteção e medição.

Figura 4-2. Componentes da entrada de energia em uma unidade consumidora em BT (CREDER, 2012).

A Figura 4-3 ilustra uma entrada de energia em baixa tensão para uma unidade consumidora
residencial. O ponto de entrega, ponto de entrada, caixa de medição, aterramento, disjuntor
termomagnético e condutores devem seguir os padrões e dimensionamentos estabelecidos pelas
normas da concessionária de energia local, em função da categoria e do tipo de fornecimento.

Figura 4-3. Esquema de uma entrada de energia em baixa tensão (Cervelin e Cavalin, 2008).

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5 Quadros e circuitos elétricos
Um circuito de uma instalação elétrica é o conjunto de componentes da instalação alimentados
desde a mesma origem e protegidos pelo mesmo dispositivo de proteção. Um quadro de distribuição
é um equipamento que recebe energia elétrica e a distribui a um ou mais circuitos, podendo
desempenhar as funções de manobra, proteção, controle e medição. Um circuito de distribuição é
aquele que alimenta um ou mais quadros de distribuição. Um circuito terminal é aquele que está ligado
diretamente aos equipamentos de utilização ou a tomadas. Um quadro terminal é um quadro de
distribuição que alimenta exclusivamente os circuitos terminais (COTRIM, 2009). A Figura 5-1
apresenta o esquema geral de uma instalação elétrica residencial.

Figura 5-1. Esquema geral de uma instalação elétrica residencial típica (Prysmian, 2010).

A Figura 5-2 ilustra a aparência externa de um quadro de distribuição, enquanto a Figura 5-3
apresenta o esquema das conexões internas. A Figura 5-4 apresenta o esquema geral de uma
instalação elétrica alimentada diretamente pela rede de distribuição primária em alta tensão, com
destaque para presença do transformador exclusivo.

Figura 5-2. Aparência externa de um quadro de distribuição terminal (Internet, 2020).

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Figura 5-3. Conexões internas de um quadro de distribuição (Prysmian, 2006).

Figura 5-4. Esquema geral típico de uma instalação elétrica alimentada em alta tensão (Prysmian, 2010).

6 Diagramas elétricos
Os diagramas são usados para representação gráfica dos componentes e conexões de uma
instalação elétrica. O Diagrama Funcional é usado para dar uma ideia física dos componentes e do
circuito elétrico de uma forma mais próxima da real. O Diagrama Multifilar representa de forma clara
todas as interligações do circuito elétrico e seus componentes. O Diagrama Unifilar é usado nos
projetos de instalações elétricas para representar a localização dos componentes, dutos e condutores

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na planta baixa das edificações. A Figura 6-1 ilustra o diagrama funcional da conexão de uma lâmpada
comandada por um interruptor e de uma tomada tripolar (Fase, Neutro e Terra), enquanto a Figura 6-2
apresenta o correspondente diagrama multifilar e a Figura 6-3 destaca o diagrama unifilar dessa
instalação em uma planta baixa.

Figura 6-1. Diagrama funcional: lâmpada comandada por interruptor e tomada (Cervelin e Cavalin, 2008).

Figura 6-2. Diagrama multifilar: lâmpada comandada por interruptor e tomada (Cervelin e Cavalin, 2008).

Figura 6-3. Diagrama unifilar: lâmpada comandada por interruptor e tomada (Cervelin e Cavalin, 2008).

A Figura 6-4 apresenta o diagrama multifilar e unifilar para um ponto de luz no teto (100 VA)
comandado por um interruptor simples (a) no circuito terminal (-1-), o qual está inserido no eletroduto
que passa pelo ambiente. O condutor neutro (azul) deve sempre ser conectado diretamente à rosca
do soquete da lâmpada. O condutor de fase (vermelho) deve sempre ser conectado diretamente ao
interruptor. O condutor de retorno (preto) conecta o interruptor ao ponto mais interno do soquete da
lâmpada. O condutor de terra (verde-amarelo) deve ser conectado à massa (chassi) da luminária. A
instalação de dois pontos de luz no teto comandados pelo mesmo interruptor é representada nos
diagramas da Figura 6-5. As conexões são semelhantes, porém o condutor de retorno (preto) deve ser
levado aos dois pontos de luz.
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Figura 6-4. Diagramas de um ponto de luz comandado por interruptor simples.

Figura 6-5. Diagramas de dois pontos de luz no teto comandados pelo mesmo interruptor simples.

A Figura 6-6 apresenta do diagrama unifilar de dois pontos de luz no teto comandados de forma
independente por um interruptor duplo (duas teclas). Nesse caso deve haver dois retornos, um para
cada ponto de luz, conforme indica o diagrama.
A Figura 6-7 apresenta os diagramas da instalação de duas tomadas tripolares nas paredes. Nesse
caso, os condutores de fase (vermelho), neutro (azul) e terra (verde-amarelo) do circuito terminal (2)
devem ser todos levados diretamente às tomadas. O padrão brasileiro de tomadas tripolares (fase,
neutro e terra) deve obedecer a norma NBR-14136/2002.

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Figura 6-6. Diagrama unifilar de dois pontos de luz no teto comandados por um interruptor duplo.

Figura 6-7. Diagramas de duas tomadas tripolares nas paredes.

A Figura 6-8 apresenta os diagramas de ligação de interruptores paralelos (3 polos x 2 posições),


capazes de ligar e desligar uma carga elétrica a partir de dois pontos diferentes, sendo usados em
escadarias, quartos, salas, corredores etc. Nessa ligação, o condutor neutro (azul) sempre vai
conectado diretamente à rosca dos soquetes das lâmpadas. O condutor da fase (vermelho) sempre vai
diretamente conectado ao terminal central de um dos interruptores paralelos. A partir dos terminais
externos desse interruptor, seguem dois condutores de retorno (pretos) diretamente aos dois
terminais externos do outro interruptor paralelo. O terminal central desse segundo interruptor é
conectado ao soquete da lâmpada por meio de um terceiro condutor de retorno (preto).
A Figura 6-9 apresenta o diagrama multifilar para conexão de interruptores automáticos tipo
sensores de presença e fotocélulas (interruptores crepusculares fotossensíveis). Esses dispositivos
contêm três condutores para conexão, onde geralmente o neutro é branco, o da fase é preto e o de
comando é vermelho. Nesse caso, o condutor neutro deve ser conectado diretamente ao dispositivo e
à carga (rosca do soquete do ponto de luz). O condutor da fase é ligado diretamente ao dispositivo e o
condutor de comando (retorno) é conectado ao outro terminal da carga. Como pode haver diferença
nos modelos, as especificações do fabricante devem sempre ser consultadas. A Figura 6-10(a)
apresenta o diagrama unifilar para instalação de um sensor de presença para acionamento de um
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ponto de luz no teto, enquanto na Figura 6-10(b) é apresentado o diagrama para instalação de uma
fotocélula externa para acionamento de um ponto de luz na parede.

Figura 6-8. Ponto de luz no teto comandado por dois interruptores paralelos.

Figura 6-9. Esquema multifilar para conexão de interruptores de presença e fotocélulas.

Figura 6-10. Conexão de interruptores automáticos: (a) sensor de presença; (b) fotocélula.

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A Figura 6-11 apresenta um exemplo de projeto elétrico onde o Quadro de Distribuição (QD) é
alimentado diretamente do Quadro de Medição (QM) por meio dos condutores da fase, neutro e terra,
cuja bitola é especificada em 10 mm2. Por sua vez, o QD alimenta dois circuitos terminais. O circuito 1
alimenta o ponto de luz no teto (100 W) comandado pelo interruptor simples na parede (a) com
condutores de 1,5 mm2. Nos terminais do soquete do ponto de luz são conectados os condutores do
neutro e de retorno, enquanto nos terminais do interruptor são conectados os condutores da fase e
de retorno. O circuito 2 alimenta três tomadas tripolares de uso geral, cuja bitola dos condutores da
fase, neutro e terra é identificada como de 2,5 mm2.

Figura 6-11. Exemplo de planta baixa parcial de um projeto elétrico.

No projeto da instalação elétrica da Figura 6-12 o quadro de distribuição (QD) alimenta três circuitos
terminais. O Circuito 1 alimenta os quatro pontos de luz no teto com condutores de 1,5 mm 2. No
ambiente maior, os pontos de luz são comandados independentemente por um interruptor duplo. O
Circuito 2 alimenta as quatro tomadas de uso geral (TUG) baixas (a 30 cm do piso) com condutores da
fase, neutro e de terra de 2,5 mm2. O circuito 3 alimenta uma tomada de uso exclusivo (TUE) alta (a 2
m do piso) com condutores de 2,5 mm2.

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Figura 6-12. Exemplo de planta baixa de um projeto elétrico.

7 Divisão dos circuitos da instalação elétrica


Um circuito de uma instalação elétrica é o conjunto de componentes alimentados a partir da
mesma origem e protegidos pelo mesmo dispositivo de proteção (não inclui os equipamentos de
utilização). Os circuitos de distribuição alimentam os quadros de distribuição (QD) e quadros terminais
(QT). A norma NBR-5410 estabelece que cada circuito de distribuição deva alimentar um único quadro
(QD ou QT). Os circuitos terminais alimentam os Pontos de Iluminação, Tomadas de Uso Geral (TUG)
e Tomadas de Uso Específico (TUE), chamados de genericamente de pontos de utilização. Exceto os
circuitos para TUE, os demais circuitos terminais podem alimentar mais de um ponto de utilização. O
número de pontos de utilização é limitado pela capacidade de corrente dos condutores e da proteção
do circuito terminal, sendo não recomendável exceder 8 pontos de utilização (iluminação ou TUG)
(COTRIM, 2009).
Os circuitos terminais devem ser divididos por função (iluminação, TUG e TUE) e por área de
utilização (social, íntima, serviço etc.) para permitir a flexibilidade na operação e na expansão da
instalação elétrica, para limitar os efeitos de eventuais falhas e para facilitar inspeções e serviços de
manutenção. Segundo a norma NBR-5410:
• Circuitos de Tomadas de Uso Específico (TUE): são circuitos terminais obrigatórios e exclusivos
para alimentar equipamentos que operem com correntes superiores a 10 A, como chuveiros,
aquecedores, condicionadores de ar, motores etc.
• Circuitos de Tomadas de Uso Geral (TUG): devem alimentar no máximo 8 pontos de utilização
e a potência total de cada circuito terminal não deve exceder 4400 VA (20 A em 220 V);
• Circuitos de Iluminação: devem alimentar no máximo 8 pontos de utilização e a potência total
de cada circuito terminal não deve exceder 2200 VA (10 A em 220 V).

A norma NBR-5410 recomenda que os circuitos de tomadas sejam separados dos circuitos de
iluminação, como ilustra a Figura 7-1. Nas instalações alimentadas por rede bifásica ou trifásica os

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circuitos devem ser divididos de forma a assegurar o melhor equilíbrio de cargas entre as fases, como
ilustram os diagramas do quadro de distribuição dos circuitos terminais apresentados na Figura 7-2.

Atenção: O dispositivo de proteção de um circuito terminal deve ser dimensionado em função da


capacidade de condução de corrente do condutor de menor bitola desse circuito.

Figura 7-1. Divisão dos circuitos terminais (Domingos Filho, 2003).

Figura 7-2. Diagrama multifilar e unifilar de um quadro de distribuição trifásico (adaptado de: Cervelin e Cavalin, 2008).

8 Estimativa de carga
Os aparelhos de utilização a serem conectados à instalação elétrica representam cargas cujas
potências nominais devem ser corretamente previstas. A estimativa de carga deve quantificar a

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potência nominal total da instalação elétrica. Essa estimativa deve sempre considerar os propósitos do
projeto elétrico, as características de utilização das instalações e os requisitos mínimos prescritos pelas
normas em vigor.

8.1 Pontos de Luz


A norma NBR-5410 prescreve uma quantidade mínima de pontos de luz para cada ambiente
interno:
• Pelo menos um ponto de luz no teto, comandado por um interruptor de parede;
• Pontos de luz na parede (arandelas) são opcionais. Se houver no banheiro, devem estar
distantes, no mínimo, a 60 cm do limite do boxe.

Segundo a NBR-5410, a estimativa da carga de iluminação deve ser feita em função da área interna
de cada ambiente:
• Área até 6 m2: atribuir um mínimo de 100 VA ao ambiente;
• Área superior a 6 m2: atribuir um mínimo de 100 VA aos primeiros 6 m2, acrescidos de 60 VA
para cada aumento de 4 m2 inteiros;

Os valores correspondem à potência prevista dos pontos de iluminação para efeito de


dimensionamento dos circuitos, e não necessariamente à potência nominal das lâmpadas que serão
utilizadas. Os pontos de iluminação devem estar uniformemente distribuídos no ambiente. A NBR-5410
não estabelece critérios para iluminação de áreas externas em residências, ficando a decisão por conta
do projetista e do cliente.

Exemplo: Uma sala com área de 11 m2 terá prevista uma carga de iluminação de 160 VA, ou seja,
100 VA para os primeiros 6 m2 e 60 VA para os 5 m2 restantes (4 m2 inteiros + 1 m2). Um dormitório
com área de 9 m2 terá prevista uma carga de iluminação de 100 VA, pois aos primeiros 6 m2 são
atribuídos 100 VA, mas os 3 m2 restantes não completam os 4 m2 necessários para atribuir mais 60 VA.

A estimativa preliminar de carga para iluminação também pode ser feita pela Densidade de
Potência de Iluminação (VA/m2) que representa a quantidade de potência por unidade de área nos
ambientes que serão servidos pela instalação elétrica. Para tanto podem ser utilizados valores
aproximados, como apresentados na Tabela 5, desde que a potência estimada atenda às prescrições
mínimas da NBR-5410, anteriormente citadas.
No caso de escritórios e estabelecimentos comerciais, institucionais e industriais deve ser feito o
Projeto Luminotécnico, especialmente se a iluminação for fluorescente ou usar outros tipos de
lâmpadas de descarga (vapor de mercúrio ou de sódio). A norma NBR-5413 trata da Iluminação de
Interiores e apresenta as prescrições quanto às cargas de iluminação, indicando o nível de
iluminamento para os diversos tipos de locais.
Observação: O projeto luminotécnico não está no escopo deste material didático.

Exemplo: Dormitório de 10 m2 em uma residência: segundo a Tabela 5, deve ter uma densidade de
carga de iluminação de 4 VA/m2. Pelo critério da densidade de carga esse dormitório terá uma carga
de iluminação estimada em 10 m2 x 4 VA/m2, ou seja, um total de 40 W. Entretanto, pela norma NBR-
5410 esse dormitório deverá ter uma carga não inferior a 160 VA (6 m 2 + 4 m2 → 100 VA + 60 VA).
Nesse caso, para a estimativa de carga utiliza-se o valor determinado pela norma

Exemplo: Sala de aula de 30 m2: segundo a Tabela 5, deve ter uma densidade de carga de
iluminação entre 12 e 14 VA/m2. Assim a potência prevista deverá ser entre 30 m2 x 12 VA/m2 e 30 m2
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x 14 VA/m2, ou seja, entre 360 e 420 VA para o sistema de iluminação. Essa potência deverá ser
uniformemente distribuída em vários pontos de luz no teto.

Tabela 5. Limites para a Densidade de Potência dos Pontos de Iluminação (valores aproximados).
Densidade de Potência de Iluminação
Tipo de Local
(VA/m2)
Residências
Salas e Escritórios 10-12
Dormitórios 4
Copas e Cozinhas 10
Banheiros e outras dependências 6-10
Diversos
Escritórios e Salas de Aula 12-14
Lojas e estabelecimentos comerciais 9-18
Restaurantes, Refeitórios, Bares e Hotéis (conforme ambiente) 7-14
Salas de Espera e Áreas de Convivência 8
Sala de máquinas e equipamentos 6
Bancos e Bibliotecas 8-18
Igrejas e Templos (conforme ambiente) 7-16
Laboratórios (conforme atividade) 13-20
Corredores, Escadarias, Áreas de Circulação e Vestiários 7-8
Armazéns, Depósitos e Almoxarifados (conforme atividade) 7-10
Lavanderias e oficinas 6
Museus, Exposições e Galerias de Arte 11-15
Auditórios, cinemas e teatros (Plateia) 8-26
Hospitais (conforme ambiente) 7-25
Garagens 2
Ginásios e Academias (conforme ambiente) 7-32
Terminais de Transporte (conforme ambiente) 4-12
Fonte: LABEEE/UFSC. Relatório técnico do método de avaliação do sistema de iluminação do RTQ-C (2012).

8.2 Tomadas de Uso Geral (TUG)


As Tomadas de Uso Geral (TUG) são os pontos utilizados para a conexão de diversos equipamentos
eletroeletrônicos. A Figura 8-1 ilustra o padrão brasileiro de tomadas de uso geral (TUG) com três pinos
(fase, neutro e terra) determinado pela NBR-14136, para níveis de corrente até 10 A e 20 A. O
posicionamento dos condutores neutro, terra e fase deve seguir o padrão apresentado na Figura 8-1.

Figura 8-1. Padrão de tomadas de três pinos, conforme NBR-14136 (Adaptado de Prysmian, 2016).

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A norma NBR-5410 prescreve uma quantidade mínima de tomadas de uso geral (TUG):
• Área até 6 m2: no mínimo uma tomada;
• Área superior a 6 m2: no mínimo uma tomada para cada 5 m ou fração de perímetro;
• Cozinhas, copas, áreas de serviço e locais semelhantes: no mínimo uma tomada para cada
3,5 m ou fração de perímetro, independente da área. Pelo menos duas TUG devem ser
posicionadas acima da bancada da pia;
• Banheiros e lavabos: no mínimo uma tomada de altura média junto ao lavatório, a uma
distância mínima de 60 cm do limite do boxe;
• Garagens, varandas, halls, escadarias, subsolos e sótãos: no mínimo uma tomada;
• Salas comerciais até 40m2: uma tomada para cada 3 m de perímetro ou fração, ou uma
tomada para cada 4 m2 ou fração. O maior dos dois;
• Salas comerciais acima de 40m2: 10 tomadas para os primeiros 40 m2, mais uma tomada
para cada 10 m2 ou fração.
• Lojas: uma tomada para cada 30 m2 ou fração, além das específicas para lâmpadas de
vitrines e demonstradores.

A norma NBR-5410 prescreve uma potência mínima para previsão da carga das tomadas de uso
geral (TUG):
• Banheiros, Cozinhas, Copas, Áreas de Serviço, Lavanderias e locais semelhantes: atribuir
no mínimo 600VA por tomada para as três primeiras, e atribuir 100VA para restantes,
considerando cada ambiente separadamente;
• Demais ambientes: atribuir no mínimo 100VA por tomada;
• Instalações Comerciais: atribuir no mínimo 200VA por tomada.

Atenção: O posicionamento das tomadas deve ser feito, preferencialmente, em função da provável
localização dos pontos de utilização, porém devem estar espaçadas no ambiente de forma mais
uniforme possível.

8.3 Tomadas de Uso Específico (TUE)


As Tomadas de Uso Específico (TUE) são circuitos terminais destinados à ligação exclusiva de
equipamentos fixos e estacionários, como chuveiros, torneiras elétricas, secadoras de roupa, aparelhos
de ar-condicionado, entre outros. A norma NBR-5410 estabelece que:
• Todo aparelho de utilização com corrente nominal superior a 10 A requer uma TUE alimentada por
um circuito terminal exclusivo;
• Deve ser atribuída à TUE, no mínimo, a potência nominal do aparelho de utilização a ela destinado;
• A quantidade de TUE depende do número de aparelhos de utilização que as requeiram;
• As TUE devem ser localizadas no máximo a 1,5 m de distância do aparelho de utilização a ser
acionado.

Atenção: o número e os locais onde serão instaladas as TUE deverão ser criteriosamente definidos,
de forma a assegurar conforto e segurança ao usuário.

8.4 Potência Instalada Total


A potência instalada total ou potência nominal de uma instalação, de um setor de utilização ou de
um circuito elétrico é a soma total das potências previstas para os pontos de utilização a eles
pertencentes. Para determinação da potência instalada é necessário que se conheça a potência ativa
nominal prevista (𝑃𝑛 ) de cada ponto de utilização. Para os pontos de utilização em que são conhecidas
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as potências aparentes (𝑆), deve-se utilizar o fator de potência (𝑐𝑜𝑠𝜙) para determinar a potência ativa
nominal:
𝑷𝒏 = 𝑺𝒏 ∙ 𝒄𝒐𝒔𝝓

No projeto de instalações elétricas residenciais básicas, caso não se conheça o valor exato, utiliza-
se um fator de potência aproximado para os pontos de utilização:
• Iluminação incandescente: 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 1;
• Iluminação fluorescente: 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 0,7;
• TUG: 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 0,8;
• TUE: adotar o fator de potência (𝑐𝑜𝑠𝜙) e o rendimento (𝜂) próprios do aparelho.

A Tabela 6 apresenta alguns valores típicos ou aproximados do fator de potência de diversos


equipamentos.
Tabela 6. Valores típicos do fator de potência e rendimento
Equipamento Fator de Potência (cos )
Iluminação
Lâmpadas Incandescentes 1,0
Lâmpadas LED 0,5~0,7
Lâmpadas Fluorescentes Compactas 0,7
Lâmpadas Mistas ~1,0
Vapor de Sódio baixa pressão: 8 a 180 W 0,85
Aparelhos de iluminação baixo fator de potência
Fluorescente com starter: 18 a 65 W 0,5
Fluorescente partida rápida: 20 a 110 W 0,5
Vapor de Mercúrio: 50 a 1000 W / 220 V 0,5
Vapor de Sódio alta pressão: 70 a 1000 W 0,4
Iodeto Metálico 0,6
Aparelhos de iluminação alto fator de potência
Fluorescente com starter: 18 a 65 W 0,85
Fluorescente partida rápida: 20 a 110 W 0,85
Vapor de Mercúrio: 50 a 1000 W / 220 V 0,85
Vapor de Sódio alta pressão: 70 a 1000 W 0,85
Iodeto Metálico 0,85
Motores de Indução Trifásicos
Até 600 W 0,5
De 1 a 4 CV 0,75
De 5 a 50 CV 0,85
Acima de 50 CV 0,9
Aquecimento
Resistivo 1,0
Fonte: adaptado de Prysmian, 2010.

A Potência Instalada Total (𝑷𝒊𝒏𝒔𝒕 ) é calculada pela soma das potências ativas nominais de todos
os pontos de utilização (𝑃𝑛 ) previstos para a instalação elétrica:
𝑷𝒊𝒏𝒔𝒕 = ∑ 𝑷𝒏

8.5 Fator de Demanda (FD)


Normalmente os pontos de luz e tomadas (TUG e TUE) não são todos utilizados ao mesmo tempo.
Portanto, deve ser adotado o Fator de Demanda que considera um percentual de uso simultâneo das
cargas. A Potência Demandada é a potência que provavelmente será utilizada na instalação, sendo

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sempre menor que a Potência Nominal Instalada prevista. Matematicamente, o Fator de Demanda
(𝐹𝐷) é definido pela relação entre a Potência Demandada (𝑃𝐷 ) e a Potência Nominal Instalada (𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡 ):
𝑃𝐷
𝐹𝐷 =
𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡

A Potência Demandada é calculada pelo produto do Fator de Demanda pela Potência Instalada:
𝑃𝐷 = 𝐹𝐷 ∙ 𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡

O Fator de Demanda é obtido em tabelas cujos valores são consagrados na prática. A

Tabela 7 apresenta as faixas de potência e os valores do Fator de Demanda (𝑭𝑫𝟏 ) dos pontos de
luz e tomadas de uso geral (TUG) para instalações elétricas residenciais. A Tabela 8 apresenta os
Fatores de Demanda (𝑭𝑫𝟐 ) das tomadas de uso específico (TUE) para instalações residenciais, obtido
em função do número total de circuitos terminais exclusivos.

Tabela 7. Fator de Demanda para Pontos de Luz e TUG residenciais


Faixa de Potência (W) Fator de Demanda Residencial (𝑭𝑫𝟏 )
até 1000 0,86
1000-2000 0,75
2000-3000 0,66
3000-4000 0,59
4000-5000 0,52
5000-6000 0,45
6000-7000 0,40
7000-8000 0,35
8000-9000 0,31
9000-10000 0,27
acima de 10000 0,24
Fonte: NBR-5410-2004

Tabela 8. Fator de Demanda das tomadas de uso específico (TUE) residenciais.


Quantidade de Fator de Demanda Residencial Quantidade de Fator de Demanda Residencial
TUE (𝑭𝑫𝟐 ) TUE (𝑭𝑫𝟐 )
1 1,00 14 0,45
2 1,00 15 0,44
3 0,84 16 0,43
4 0,76 17 0,42
5 0,70 18 0,41
6 0,65 19 0,40
7 0,60 20 0,40
8 0,57 21 0,39
9 0,54 22 0,39
10 0,52 23 0,39
11 0,49 24 0,38
12 0,48 25 0,38
13 0,46 ● ●
Fonte: Niskier, 1992.

8.6 Potência Demandada Total


A Potência Demandada Total é a potência provável de uso simultâneo em uma instalação elétrica.
O cálculo leva em consideração a Potência Total Instalada corrigida pelos respectivos fatores de
demanda. Assim, o valor da Potência Demandada Total (𝑃𝐷 ) é calculado pela expressão:

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𝑷𝑫 = (𝑷𝑰𝑳𝑼𝑴 + 𝑷𝑻𝑼𝑮 ) ∙ 𝑭𝑫𝟏 + 𝑷𝑻𝑼𝑬 ∙ 𝑭𝑫𝟐

Onde: 𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 é a soma das potências dos pontos de iluminação; 𝑃𝑇𝑈𝐺 é a soma das potências dos
pontos de tomadas de uso geral; 𝑃𝑇𝑈𝐸 é a soma das potências dos pontos de tomadas de uso específico;
𝐹𝐷1 e 𝐹𝐷2 são os respectivos fatores de demanda, obtidos na

Tabela 7 e na Tabela 8.
O valor da potência demandada total é usado para definir o tipo de fornecimento de energia à
unidade consumidora, quanto ao número de fases e nível de tensão, como apresentado na Seção 4.
Em função da potência demandada, a norma E-321.0001 da CELESC estabelece os tipos de entrada de
energia em baixa tensão de distribuição nas unidades consumidoras no estado de Santa Catarina, como
apresentado na Tabela 9. Para alta tensão são utilizadas normas específicas.

Tabela 9. Tipo de fornecimento e nível de tensão das unidades consumidoras da CELESC (Santa Catarina)
Potência Demandada Tipo de Fornecimento Nível de tensão
Até 15 kW Monofásico (2 fios) BT 220 V
De 15 a 25 kW Bifásico (3 fios) BT 220/380 V
De 25 a 75 kW Trifásico (4 fios) BT 220/380 V
Acima de 75 kW Trifásico AT (transformador exclusivo)
Fonte: Celesc, 2015.

Exemplo: Uma residência tem previstos 5 pontos de luz incandescentes de 100 VA cada, com fator
de potência unitário; 3 TUG de 600 VA cada e 15 TUG de 100 VA cada, todas com fator de potência 0,8;
uma TUE de 5500 W para chuveiro com fator de potência unitário; e duas TUE de 1000 VA para ar-
condicionado com fator de potência de 0,85 e rendimento de 90%. Determine a potência total
demandada e o tipo de fornecimento.
Potência total dos pontos de iluminação:
𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 = 5 ∙ 100 ∙ 1 = 500 𝑊
Potência total das TUG:
𝑃𝑇𝑈𝐺 = 3 ∙ 600 ∙ 0,8 + 15 ∙ 100 ∙ 0,8 = 2640 𝑊
Potência total das TUE:
𝑃𝑇𝑈𝐸 = 5500 ∙ 1 + 2 ∙ (1000 ∙ 0,85⁄0,9) = 7390 𝑊
Potência total instalada:
𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡 = 𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 + 𝑃𝑇𝑈𝐺 + 𝑃𝑇𝑈𝐸 = 500 + 2640 + 7390 = 10530 𝑊
Fator de demanda dos pontos de iluminação e TUG (

Tabela 7):
𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 + 𝑃𝑇𝑈𝐺 = 3140 → 𝐹𝐷1 = 0,59
Fator de demanda para três TUE (Tabela 8):
𝐹𝐷2 = 0,84
Potência demandada total:
𝑃𝐷 = (𝑃𝐼𝐿𝑈𝑀 + 𝑃𝑇𝑈𝐺 ) ∙ 𝐹𝐷1 + 𝑃𝑇𝑈𝐸 ∙ 𝐹𝐷2 = 3140 ∙ 0,59 + 7390 ∙ 0,84 = 𝟖𝟎𝟔𝟎, 𝟐 𝑾
Portanto 8060,2 W é a potência provável de uso simultâneo na instalação.
De acordo com a Tabela 9, como a potência demandada é menor que 15 kW, o fornecimento de
energia deverá ser monofásico a dois fios (fase e neutro) com tensão de 220 V.

8.7 Corrente Demandada


Uma vez definido o tipo de fornecimento em função da potência demandada total, o circuito de
entrada de energia (ramal de entrada ou entrada de serviço) deverá ser dimensionado e instalado

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conforme os padrões estabelecidos pelas normas da concessionária local. Para tanto, é necessário
calcular a Potência Aparente Demandada e a Corrente Demandada.
A Potência Aparente Demandada (𝑺𝑫 ) é calculada em função da Potência Ativa Demandada e de
um fator de potência médio para a instalação pela expressão:
𝑷𝑫
𝑺𝑫 =
𝒄𝒐𝒔𝝓

Observação: usualmente é adotado 𝒄𝒐𝒔𝝓 = 𝟎, 𝟗𝟓.

A Corrente Demandada (𝑰𝑫 ), em Ampères (A), é calculada em função da Potência Aparente


Demandada (𝑆𝐷 ), da tensão de fase (𝑉𝐹 ) e do número de fases (𝑁𝐹) do circuito de fornecimento de
energia (ramal de entrada), usando-se a expressão:
𝑺𝑫
𝑰𝑫 =
𝑵𝑭 ∙ 𝑽𝑭

Unindo as duas expressões, a Corrente Demandada Total (𝑰𝑫 ) pode ser calculada por:
𝑷𝑫𝑻
𝑰𝑫 =
𝟎, 𝟗𝟓 ∙ 𝑵𝑭 ∙ 𝑽𝑭

8.8 Dimensionamento do Ramal de Entrada


A seção transversal em mm2 (bitola) do condutor do ramal de entrada é definida em função da sua
capacidade de condução de corrente, que deve suportar adequadamente a corrente demandada.
Assim, a Corrente de Dimensionamento ( 𝑰𝒅𝒊𝒎 ) do ramal de entrada a ser usada para consultar as
tabelas de capacidade de condução de corrente dos condutores pode ser estimada em função da
Corrente Demandada (𝐼𝐷 ) usando-se uma margem de segurança (geralmente de 25%):
𝑰𝒅𝒊𝒎 = 𝟏. 𝟐𝟓 ∙ 𝑰𝑫

A capacidade de condução de corrente do condutor (𝑰𝑪𝒐𝒏𝒅) do ramal de entrada deve ser sempre
superior à Corrente de Dimensionamento ( 𝐼𝐷𝐼𝑀 ) estimada:
𝑰𝒄𝒐𝒏𝒅 > 𝑰𝒅𝒊𝒎

A especificação da seção transversal (bitola) do condutor do ramal de entrada deve ser obtida em
tabelas e em função da corrente de dimensionamento, do tipo de condutor e da maneira de instalar a
linha elétrica.
A corrente nominal de especificação do disjuntor de proteção do ramal de entrada deve ser sempre
inferior à capacidade de corrente do condutor desse circuito:
𝑰𝒅𝒊𝒔𝒋 < 𝑰𝒄𝒐𝒏𝒅

Observação: Com o valor da Corrente Total Demandada é possível consultar a Tabela 15 e as


tabelas das normas da concessionária local (Norma E-321.0001 da CELESC) para definir a seção
transversal (bitola) do condutor do ramal de entrada em função de sua capacidade de condução de
corrente e a corrente nominal do disjuntor de proteção do ramal de entrada de energia da unidade
consumidora. Deve-se escolher o maior valor obtido entre as duas tabelas. Caso a extensão do ramal
de entrada seja significativa, deverá ser também utilizado o critério de dimensionamento pela Queda
de Tensão (Capítulo 0 e Tabela 16).

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9 Divisão dos circuitos terminais
Um circuito terminal de uma instalação elétrica é o conjunto de pontos de utilização alimentados
pelos mesmos condutores e conectados ao mesmo dispositivo de acionamento e proteção (disjuntor),
a partir de um determinado Quadro de Distribuição (ou Quadro Terminal). A instalação elétrica de uma
unidade consumidora deve ser dividida em vários circuitos terminais com a finalidade de:
• Não atribuir muitos pontos de utilização a um único circuito;
• Limitar as consequências de falhas, desligando apenas o circuito defeituoso;
• Facilitar as inspeções, ensaios e manutenção de cada circuito;
• Evitar perigos de uma falha geral, incluindo a iluminação, por exemplo.

A norma NBR-5410 prescreve as seguintes regras para divisão dos circuitos terminais:
• Os pontos de utilização (iluminação e tomadas) devem ser agrupados de modo que a carga
(potência nominal) dos circuitos terminais seja distribuída da forma mais equilibrada possível, tal
que cada fase do ramal de entrada tenha aproximadamente a mesma potência demandada;
• Cada circuito terminal deve possuir condutores de fase e neutro próprios. Não é permitido o
compartilhamento de condutores entre circuitos diferentes;
• Os circuitos de iluminação devem ser separados dos circuitos de tomadas (TUG);
• Equipamentos fixos, como chuveiros, torneiras elétricas, aquecedores, motores, aparelhos de ar-
condicionado etc., requerem circuitos terminais exclusivos;
• Cada tomada de uso específico (TUE) deve ser alimentada por um circuito terminal exclusivo;
• O conjunto de tomadas de cozinhas, copas e áreas de serviço deve ser alimentado por um circuito
terminal exclusivo;
• Sempre que possível, os circuitos terminais devem ser divididos por área e tipo de utilização
(dependências íntimas, dependências sociais e dependências de serviço);
• Residências devem ter, no mínimo, um circuito terminal para cada 60 m2 ou fração;
• Salas comerciais, lojas e escritórios devem ter, no mínimo, um circuito terminal para cada 50 m2 ou
fração;

Recomendações Práticas:
• Circuitos de iluminação: limitados a 10 A (2200 VA em 220 V) e a 8 pontos de iluminação. Usar
condutor de 1,5 mm2, no mínimo (capacidade de 17,5 A), com disjuntor de 15 A;
• Circuitos de TUG: limitados a 20 A (4400 VA em 220 V) e a 8 tomadas. Usar condutor de 2,5 mm2
no mínimo (capacidade de 24 A), com disjuntor de 20 A;
• Circuitos de TUE: exclusivos para aparelhos com corrente nominal superior a 10 A (2200 VA em 220
V). O condutor deve ser dimensionado em função da corrente nominal e o disjuntor em função da
capacidade de corrente do condutor;

A norma NBR-5410 determina que todo quadro de distribuição (geral, distribuição ou terminal)
deve ser projetado com espaço e capacidade de reserva, tal que permita ampliações futuras,
compatível com a quantidade e tipo de circuitos previstos inicialmente. A previsão de reserva de seguir
os seguintes critérios:

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Capacidade de Reserva:
• Quadros com até 6 circuitos: espaço reserva para 2 circuitos, no mínimo;
• Quadros de 7 a 12 circuitos: espaço reserva para 3 circuitos, no mínimo;
• Quadros de 13 a 30 circuitos: espaço reserva para 4 circuitos, no mínimo;
• Quadros com mais de 30 circuitos: espaço reserva mínimo de 15 % do número de circuitos.
• Importante: a potência da capacidade de reserva deve ser prevista no dimensionamento dos
condutores do circuito de alimentação do respectivo quadro elétrico.

10 Dimensionamento dos condutores dos circuitos


A função dos condutores é levar a energia elétrica de um ponto a outro de uma instalação de força
segura e com o mínimo de perdas. O correto dimensionamento dos condutores e de sua proteção
contra as correntes de sobrecarga e de curto-circuito é um problema essencialmente térmico para as
instalações de baixa tensão (COTRIM, 2009). Portanto, trata-se de limitar a corrente em regime
permanente e transitória, de modo que os condutores não atinjam, por efeito Joule, temperaturas que
possam afetar a integridade física, química e mecânica do metal e da isolação. A vida útil de um
condutor é de cerca de 20 anos, considerando sua utilização em temperaturas não superiores à
temperatura máxima de serviço contínuo. A cada aumento de 5 °C na temperatura operacional, a vida
útil do condutor reduz-se em aproximadamente 50 % (COTRIM, 2009).
Nas instalações elétricas de baixa tensão são utilizados condutores de cobre (ou alumínio, em casos
especiais), geralmente com isolação termoplástica de PVC (Cloreto de Polivinil), capaz de suportar
temperaturas operacionais de até 70°C. Os condutores com isolação de borracha termofixa XLPE
(Polietileno Reticulado) ou EPR (Etileno Propileno) são mais flexíveis e capazes de suportar
temperaturas operacionais até 90° em uso contínuo. O uso de polímeros mais modernos, como EVA
(Etileno Vinil Acetato), é crescente por serem livres de halogênios e emitirem pouca fumaça e gases
tóxicos em caso de incêndio. Nas instalações em locais de grande circulação e concentração de público
os condutores utilizados devem ter isolação não propagadora de chama, livre halogênio e com baixa
emissão de fumaça e gases tóxicos em casos de incêndio.
A flexibilidade dos condutores é importante durante a instalação devido à maior facilidade de
acomodação nos eletrodutos e em locais sinuosos. Atualmente, os condutores rígidos vêm sendo
substituídos pelos cabos flexíveis, os quais necessitam de menor esforço de puxamento para inserção
nos eletrodutos e, consequentemente, apresentam menor probabilidade de danos durante a
instalação. A Figura 10-1 ilustra os tipos de condutores mais comuns nas instalações elétricas.

Figura 10-1. Tipos mais comuns de condutores: fio sólido e cabos flexíveis (Adaptado de Prysmian, 2016).

Os condutores nus não possuem revestimento, isolação ou cobertura, sendo empregados em locais
de difícil acesso, onde a ausência de camadas protetoras não represente risco elevado às pessoas e
equipamentos, como em linhas aéreas de transmissão e distribuição. Os cabos unipolares são
formados por apenas um condutor flexível isolado. Os cabos multipolares são formados por dois ou
mais condutores isolados (veias), rígidos ou flexíveis. Um cabo multipolar composto por um condutor
centralizado e por camadas isoladas de condutores posicionados de forma concêntrica é chamado de
cabo concêntrico ou coaxial. Os cabos multiplexados são compostos de dois ou mais condutores
isolados colocados de forma helicoidal e sem cobertura. Os cabos multiplexados do tipo
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autossustentado, contam com um condutor ou outro elemento de sustentação que pode ser isolado.
As cordoalhas são constituídas por um condutor muito flexível e em forma de tecido de fios metálicos.
Os cordões são cabos flexíveis compostos de alguns condutores isolados torcidos ou em paralelo,
usados para ligação de equipamentos portáteis. A Figura 10-2 ilustra alguns tipos de condutores e a
Figura 10-3 apresenta as partes constituintes dos cabos flexíveis unipolares e multipolares.

Figura 10-2. Tipos de condutores (Adaptado de Prysmian, 2010).

A norma NBR-5410:2004 apresenta as tabelas com as capacidades de condução de corrente dos


condutores de cobre e alumínio com isolamento em PVC, EPR e XLPE para todos os métodos de
referência de instalação, em condições de operação com temperaturas de 70°C no condutor, 30°C no
ambiente (linhas não subterrâneas) e 20°C no solo (linhas subterrâneas). Caso as temperaturas de
operação sejam diferentes, devem ser utilizados os fatores de multiplicação para correção da
capacidade de corrente, apresentados nas tabelas da NBR-5410:2004.

Nas instalações elétricas residenciais só podem ser empregados condutores de cobre.

Figura 10-3. Cabo flexível unipolar e multipolar (Adaptado de Prysmian, 2010).


A norma NBR-5410 estabelece um padrão de cores para os condutores, conforme apresentado na
Tabela 10 e ilustra na Figura 10-4.
Tabela 10. Padrão de cores dos condutores.
Condutor Cor Padrão
Neutro Azul Claro
Proteção PE (terra) Verde ou Verde-Amarelo
Fase Vermelho, Preto, Branco ou Cinza
Retorno Cor diferente da fase
Fonte: Norma NBR-5410:2004.

Nas instalações elétricas comerciais podem ser empregados condutores de alumínio com seções
iguais ou superiores a 50mm2, em locais de baixa densidade de ocupação e fácil condição de fuga, e a
instalação deve ser feita por profissionais qualificados. Condutores de alumínio não são permitidos em
locais de grande afluência de público e com condições de fuga difíceis, como hotéis, casas de show,
hospitais etc. Nas instalações elétricas industriais podem ser empregados condutores de alumínio
desde que atendidas todas as seguintes condições:
o Seção nominal  16mm2;
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o A instalação deve ser alimentada por transformador ou gerador próprio;
o Instalação e manutenção qualificadas.

Figura 10-4. Aparência das cores padrão para os condutores, conforme NBR-5410 (Prysmian, 2010).

10.1 Forma de instalação dos condutores


A norma NBR-5410:2004 identifica as diversas maneiras de instalação das linhas elétricas, dentre
os quais a Tabela 11 destaca os mais usados nas instalações elétricas residenciais. Para outras maneiras
de instalar, a norma NBR-5410 deverá ser consultada.

Tabela 11. Principais maneiras de instalação das linhas aéreas segundo a norma NBR-5410:2004
Referência
Maneira de para a
Esquema Ilustrativo Descrição
Instalação Capacidade
de Corrente

Condutores isolados ou cabos unipolares em


1 eletroduto de seção circular embutido em A1
parede termicamente isolante

Cabo multipolar em eletroduto de seção


2 circular embutido em parede termicamente A2
isolante

Condutores isolados ou cabos unipolares em


eletroduto aparente de seção circular sobre
3 B1
parede ou espaçado desta menos de 30% do
diâmetro

Cabo multipolar em eletroduto aparente de


4 seção circular sobre parede ou espaçado B2
desta menos de 30% do diâmetro

Condutores isolados ou cabos unipolares em


5 eletroduto aparente de seção não circular B1
sobre parede

Cabo multipolar em eletroduto aparente de


6 B2
seção não circular sobre parede

Condutores isolados ou cabos unipolares em


7 eletroduto de seção circular embutido em B1
alvenaria

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Referência
Maneira de para a
Esquema Ilustrativo Descrição
Instalação Capacidade
de Corrente

Cabo multipolar em eletroduto de seção


8 B2
circular embutido em alvenaria

Cabos unipolares ou cabo multipolar sobre


11 parede ou espaçado desta menos de 30% do C
diâmetro

Cabos unipolares ou cabo multipolar fixado


11A C
diretamente no teto

Cabos unipolares ou cabo multipolar afastado


11B C
do teto mais de 30% do diâmetro do cabo

Cabos unipolares ou cabo multipolar embutido


52 diretamente em alvenaria sem proteção C
mecânica adicional

Cabo multipolar em eletroduto ou em canaleta


61 D
não ventilada enterrado(a)

Cabos unipolares em eletroduto ou em


61A D
canaleta não ventilada enterrado(a)

Condutores isolados em eletroduto, cabos


73 unipolares ou cabo multipolar embutidos em A1
caixilho de portas
Condutores isolados em eletroduto, cabos
74 unipolares ou cabo multipolar embutidos em A1
caixilho de janelas
Fonte: Adaptado da Tabela 33 da NBR-5410:2004.

10.2 Fator de Temperatura


O valor da temperatura ambiente a utilizar no dimensionamento é o da temperatura do meio
circundante, quando os condutores não estiverem operando. As tabelas de capacidade de corrente da
norma NBR-5410 consideram como temperaturas de referência 20 °C para linhas subterrâneas e 30 °C
para o ambiente nas demais maneiras de instalação. Se a temperatura ambiente ou do solo for
diferente das temperaturas de referência haverá alteração na capacidade de condução de corrente
dos condutores. Nesse caso, um fator de temperatura para correção da capacidade de condução
deverá ser aplicado, cujos valores são apresentados na Tabela 12.

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Tabela 12. Fator de Temperatura (𝑓𝑡) para correção da capacidade de corrente dos condutores.
Temperatura Isolação Temperatura Isolação
Ambiente (°C) PVC EPR ou XLPE Solo (°C) PVC EPR ou XLPE
10 1,22 1,15 10 1,10 1,07
15 1,17 1,12 15 1,05 1,04
20 1,12 1,08 20 1,00 1,00
25 1,06 1,04 25 0,95 0,96
30 1,00 1,00 30 0,89 0,93
35 0,94 0,96 35 0,84 0,89
40 0,87 0,91 40 0,77 0,85
45 0,79 0,87 45 0,71 0,80
50 0,71 0,82 50 0,63 0,76
55 0,61 0,76 55 0,55 0,71
60 0,50 0,71 60 0,45 0,65
65 - 0,65 65 - 0,60
70 - 0,58 70 - 0,53
75 - 0,50 75 - 0,46
80 - 0,41 80 - 0,38
Fonte: Adaptado da Tabela 40 da NBR-5410:2004

10.3 Fator de Agrupamento


O Fator de Agrupamento deve ser aplicado para evitar um aquecimento excessivo dos condutores
quando vários circuitos estiverem agrupados em um mesmo eletroduto. Para determinar o Fator de
Agrupamento é necessário consultar a planta elétrica e verificar, para cada circuito, o número máximo
de circuitos que estão agrupados em um mesmo eletroduto e consultar a Tabela 13. Os fatores de
agrupamento são calculados admitindo-se todos os condutores de mesma seção transversal e
igualmente carregados, condições incomuns na prática. Nesse caso, podem-se omitir do agrupamento
os circuitos carregados com correntes inferiores a 30% da capacidade do condutor (COTRIM, 2009).

Tabela 13. Fator de Agrupamento (𝑓𝑎) de circuitos em eletrodutos


Número de Circuitos ou de Cabos Multipolares Agrupados
1 2 3 4 5 6 7 8 9-11 12-15 16-19 20
1,00 0,80 0,70 0,65 0,60 0,57 0,54 0,52 0,50 0,45 0,41 0,38
Fonte: Adaptado da Tabela 42 da NBR-5410:2004

10.4 Dimensionamento pelo critério da capacidade de corrente


A capacidade de condução de corrente de um condutor ou de um conjunto de condutores é a
corrente máxima que pode ser conduzida continuamente, em condições especificadas, sem que a sua
temperatura em regime permanente ultrapasse a temperatura máxima para serviço contínuo. Os
valores das capacidades de condução dos condutores são determinados pela norma NBR-11301. As
tabelas de capacidade de condução dos condutores que constam na norma NBR-5410 são
apresentadas em função do material do condutor (cobre ou alumínio), seção transversal (mm2), tipo
de isolação (PVC, EPR ou XLPE), tipo de linha elétrica (modo de instalação), número de condutores
carregados (2 ou 3), temperatura ambiente (30 °C) e temperatura (20 °C) e resistividade térmica do
solo para as linhas subterrâneas e agrupamento de circuitos.
Para o dimensionamento dos condutores pelo critério da capacidade de condução de corrente
(também chamado de critério de aquecimento) deve-se adotar o seguinte procedimento para cada
circuito terminal previsto para a instalação elétrica:
1) Identificar a maneira de instalação dos condutores do circuito, segundo a Tabela 11. Nas
instalações elétricas residenciais geralmente são utilizados condutores em eletrodutos
embutidos em parede de alvenaria (maneira de instalação 7-B1);

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2) Definir o tipo de condutor a ser utilizado e o material da isolação. Nas instalações elétricas
residenciais são utilizados condutores de cobre com isolação de PVC.
3) Calcular a potência ativa total (𝑷𝒄𝒊𝒓𝒄 ) do circuito somando-se as potências especificadas de
todos os pontos de utilização agrupados nesse circuito;
4) Calcular a corrente nominal do circuito (𝑰𝒄𝒊𝒓𝒄 ), em função da potência ativa total (𝑃𝑐𝑖𝑟𝑐 ) ou da
potência aparente total (𝑆𝑐𝑖𝑟𝑐 ) do circuito, da tensão de alimentação (𝑉) e do fator de potência
adotado para o circuito (𝑐𝑜𝑠𝜙):
𝑺𝒄𝒊𝒓𝒄 𝑷𝒄𝒊𝒓𝒄
𝑰𝒄𝒊𝒓𝒄 = =
𝑽 𝑽 ∙ 𝒄𝒐𝒔𝝓

5) Se a temperatura do ambiente for diferente de 30 °C, ou diferente de 20 °C no solo para linhas


subterrâneas, utilizar o fator temperatura para correção da capacidade de condução de
corrente dos condutores (Tabela 12);
6) Caso o circuito esteja agrupado a outros, utilizar o fator de agrupamento (Tabela 13);
7) Obter o valor da corrente de referência (𝑰𝒓𝒆𝒇 ) para dimensionamento dos condutores do
circuito aplicando o fator de temperatura (𝑓𝑡) e o fator de agrupamento (𝑓𝑎), pela expressão:
𝑰𝒄𝒊𝒓𝒄
𝑰𝒓𝒆𝒇 =
𝒇𝒕 ∙ 𝒇𝒂

8) Determinar a seção transversal (mm2) dos condutores, utilizando as tabelas da norma NBR-
5410. Para condutores de cobre com isolação de PVC os valores podem ser consultados na
Tabela 15. O condutor a ser utilizado deve ter capacidade de condução de corrente
imediatamente superior ao valor da corrente de referência:
𝑰𝒄𝒐𝒏𝒅𝒖𝒕𝒐𝒓 > 𝑰𝒓𝒆𝒇

9) Verificar se a seção transversal (mm2) do condutor atende à seção mínima prescrita pela norma
NBR-5410 para cada tipo de circuito, conforme a Tabela 14. Caso não atenda, deve-se adotar a
seção mínima prescrita. Até 25mm2 a seção do condutor neutro (N) deve ser igual à seção do
condutor da fase (F) do circuito. Até 16mm2 a seção do condutor de proteção (PE) deve ser
igual à seção do condutor da fase do circuito (F). Para seções superiores, a norma NBR-5410
deve ser consultada;

Tabela 14. Seção mínima dos condutores de cobre isolados.


Tipo de Circuito Seção Mínima (mm2)
Iluminação 1,5
Tomadas (TUG e TUE) 2,5
Chuveiros 4,0
Alimentação de equipamentos com cabos flexíveis 0,75
Sinalização e controle 0,5
Sinalização e controle em equipamentos eletrônicos 0,1
Fonte: Norma NBR-5410:2004.

10) Repetir o processo para cada circuito terminal (ou de distribuição) da instalação elétrica;

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Tabela 15. Capacidades de Condução de Corrente (A)
Condutores, cabos unipolares e multipolares de cobre com isolação de PVC
Maneiras de Instalar A1, A2, B1, B2, C e D
(referidas a temperaturas de 70°C no condutor, 30°C no ambiente e 20°C no solo)

Fonte: Tabela 36 da NBR-5410:2004.

Exemplo: Um circuito terminal monofásico alimentado em 220 V com uma potência de projeto de
9900 VA e fator de potência 0,8, está agrupado a outros dois circuitos semelhantes em eletroduto de
PVC embutido em parede de alvenaria, cuja temperatura ambiente é de 35 °C. Dimensione a seção
transversal dos condutores de cobre com isolação de PVC.
Solução:
A corrente de projeto é calculada pela equação:
𝑆𝑐𝑖𝑟𝑐 9900
𝐼𝑐𝑖𝑟𝑐 = = = 45 𝐴
𝑉 220
Como a temperatura do ambiente é de 35 °C, o fator de temperatura para condutores de PVC é
𝑓𝑡 = 0,94 (Tabela 12).
O fator de agrupamento para três circuitos agrupados é 𝑓𝑎 = 0,7 (Tabela 13).
Portanto, corrente de referência de dimensionamento dos condutores é calculada por:
𝐼𝑐𝑖𝑟𝑐 45
𝐼𝑟𝑒𝑓 = = = 68,34 𝐴
𝑓𝑡 ∙ 𝑓𝑎 0,94 ∙ 0,7
Consultando a tabela de capacidade de condução de corrente (Tabela 15):
- Condutores de cobre com isolação de PVC
- Maneira de instalar B1 (eletroduto embutido em parede de alvenaria)
- 2 condutores carregados
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O condutor de 16 mm2 com capacidade de corrente de 76 A atende às condições de projeto:
𝐼𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 > 𝐼𝑟𝑒𝑓 → 76 > 68,34 𝐴

10.5 Dimensionamento pelo critério da queda de tensão


Para que os aparelhos de utilização (lâmpadas, motores e equipamentos) possam funcionar
adequadamente, é necessário que o nível da tensão aplicada esteja dentro de determinados limites.
Ao longo dos circuitos, desde o fornecimento da energia ao quadro geral até os pontos de utilização,
ocorre uma queda de tensão provocada pela resistência elétrica dos condutores. Portanto, os
condutores devem ser dimensionados de forma que a queda de tensão ao longo dos circuitos de
alimentação não ultrapasse os limites estabelecidos pelas normas da ABNT e da concessionária local
de distribuição de energia. A norma NBR-5410 estabelece os seguintes limites máximos de queda de
tensão nos circuitos de uma instalação elétrica:
• Alimentação em Baixa Tensão: 5 %;
• Alimentação em Alta Tensão: 7 %;
• A queda de tensão nos circuitos terminais, desde o quadro de distribuição terminal até os
pontos de utilização, não deve ser superior a 4 %.

O esquema da Figura 10-5 ilustra os limites de queda de tensão nos condutores dos circuitos.

QT  5%

QT  4%
Alimentação em BT
Quadro Terminal Iluminação e Tomadas
Quadro
Geral
Quadro Terminal Motores Elétricos

QT  7%

Figura 10-5. Limites de quedas de tensão nos circuitos.

Para o dimensionamento dos condutores pelo critério da queda de tensão deve-se calcular o valor
da queda de tensão admissível máxima para o circuito (𝑸𝑻𝒂𝒅𝒎 ), segundo o limite percentual máximo
(𝑸𝑻%𝒎𝒂𝒙 ) adotado, conforme as normas. Para tanto deve ser utilizada a equação:

𝑸𝑻%𝒎𝒂𝒙 ∙ 𝑽
𝑸𝑻𝒂𝒅𝒎 =
𝟎, 𝟏 ∙ 𝓵 ∙ 𝑰𝒑𝒓𝒐𝒋

Onde 𝑸𝑻𝒂𝒅𝒎 é a queda de tensão admissível máxima para o condutor, especificada nas tabelas da
norma (V/A.km); 𝑰𝒑𝒓𝒐𝒋 é a corrente de projeto do circuito (A); 𝓵 é o comprimento dos condutores no
trecho analisado (m); e 𝑽 é a tensão nominal eficaz de alimentação do circuito (V).

A bitola do condutor deverá ser selecionada de forma que apresente um valor de queda de tensão
imediatamente inferior ao valor calculado para 𝑄𝑇𝑎𝑑𝑚 , conforme a Tabela 16.

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Tabela 16. Queda de tensão dos condutores em V/A.km.

Fonte: Pirelli

Exemplo: Dimensionar, pelo critério da queda de tensão, os condutores para um circuito terminal
monofásico em eletroduto de PVC embutido em parede de alvenaria, com uma potência de projeto de
9900 VA, alimentado em 220 V, com fator de potência 0,8 e distante 90 m do quadro terminal. Compare
os resultados com o exemplo anterior.
Solução:
A corrente de projeto é calculada pela equação:
𝑆𝑐𝑖𝑟𝑐 9900
𝐼𝑐𝑖𝑟𝑐 = = = 45 𝐴
𝑉 220
Como se trata de um circuito terminal, a queda de tensão percentual máxima é de 4 %. Assim a
queda de tensão máxima será:
𝑄𝑇%𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑉 4 ∙ 220 𝑉
𝑄𝑇𝑎𝑑𝑚 = = = 2,17
0,1 ∙ ℓ ∙ 𝐼𝑝𝑟𝑜𝑗 0,1 ∙ 90 ∙ 45 𝐴 ∙ 𝑘𝑚
Consultando a Tabela 16 na coluna de eletrodutos de PVC (não magnéticos) e circuitos monofásicos
com fator de potência 0,8 pode-se verificar que o condutor deve ser de 25 mm2, pois apresenta uma
queda de tensão de 1,51 V/A.km, valor imediatamente inferior à queda de tensão máxima calculada
(2,17 V/A.km).
No exemplo anterior, o condutor de 16 mm2 atendia ao critério da capacidade de condução de
corrente, porém esse condutor não atende ao critério da queda de tensão. Portanto o deve-se utilizar
o condutor de 25 mm2, pois este atende a ambos os critérios.

11 Dimensionamento dos eletrodutos


Um conduto elétrico é, genericamente, o elemento das linhas elétricas destinado a conter os
condutores. O eletroduto é o elemento das linhas elétricas destinado a conter os condutores providos

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de isolação, permitindo tanto a enfiação como a sua retirada (CREDER, 2009). Os eletrodutos são os
tipos mais comuns de condutos elétricos e têm por principais funções:
• Proteção dos condutores contra ações mecânicas e contra corrosão;
• Proteção do meio contra perigos de incêndios resultantes do superaquecimento dos condutores
ou de arcos elétricos.
Os eletrodutos podem ser metálicos de material magnético (aço-carbono) ou não magnético
(alumínio) ou de material isolante (PVC, Polietileno, Fibrocimento, etc.) e podem ser rígidos; curváveis;
transversalmente elásticos; ou flexíveis, com ilustra a Figura 11-1. O tipo mais utilizado é o eletroduto
de PVC rígido (rosqueável ou soldável), disponível em barras de 3 m de comprimento. Atualmente
também é muito utilizado o eletroduto de PVC flexível (conduíte), geralmente disponível em rolos. A
Figura 11-2 apresenta outros tipos de condutos elétricos. A norma NBR-5410 proíbe o uso de produtos
que não sejam reconhecidos legalmente como eletrodutos e que não atendam expressamente às
normas, como mangueiras ou materiais semelhantes.

Figura 11-1. Tipos de eletrodutos (Adaptado de Prysmia, 2010).

Figura 11-2. Tipos de condutos elétricos (Adaptado de Prysmian, 2010).

A norma NBR-5410 estabelece que:


• Nos eletrodutos são permitidos somente condutores e cabos unipolares e multipolares
isolados. Portanto, não é permitida a instalação de condutores sem isolação no interior dos
eletrodutos;
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• Circuitos diferentes podem dividir o mesmo eletroduto quando originados do mesmo
quadro de distribuição, os condutores tiverem a mesma tensão de isolação e as bitolas
apresentarem um intervalo máximo de três valores normalizados. Por exemplo, permitidos
no mesmo eletroduto condutores de 1,5 - 2,5 – 4,0 mm2, porém não são permitidos
condutores de 1,5 – 4,0 e 6,0 mm2, pois não apresentam um intervalo máximo de três
valores normalizados seguidos;
• Todos os pontos de utilização deverão conter caixas de derivação no final do trecho do
eletroduto, como ilustra a Figura 11-3. As caixas de derivação deverão estar localizadas em
pontos facilmente acessíveis e possuírem tampas ou espelhos (tomadas, interruptores e
similares), como ilustra a Figura 11-4.
• Cada trecho de eletroduto em linhas internas à edificação não deve ser superior a 15 m.
Para trechos maiores deverá haver caixas de derivação. Para trechos com curvas, essa
distância deve ser diminuída de 3 m para cada curva, limitado a três curvas.
• Não são permitidas emendas em condutores dentro dos eletrodutos. Todas as emendas de
condutores deverão ser feitas somente em caixas de derivação;

Figura 11-3. Caixa de derivação de conduletes próprios para instalações aparentes (Prysmian, 2010).

Figura 11-4. Caixas de derivação e espelhos (Prysmian, 2010).

A Figura 11-5 ilustra a instalação de eletrodutos embutidos em alvenaria, caixas de derivação e


curvas.

Figura 11-5. Instalações dos eletrodutos, curvas e caixas de derivação.

Os eletrodutos são caracterizados pelo seu diâmetro nominal externo (mm). Os eletrodutos rígidos
e flexíveis de PVC devem ser fabricados conforme especificações da norma NBR-15465, enquanto os

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eletrodutos rígidos de aço-carbono devem seguir as especificações das normas NBR-5597, NBR-5598 e
NBR-13067.
Quando houver condutores de diferentes bitolas num mesmo eletroduto, deve-se calcular a área
total ocupada pelos condutores com relação à área útil do eletroduto. A área total ocupada não deve
ultrapassar os limites de ocupação dos eletrodutos prescritos pela norma NBR-5410, em função do
número de condutores carregados, conforme os valores da Tabela 17.

Tabela 17. Limite de ocupação dos eletrodutos.


Condutores Carregados 1 2 3+
Limite de Ocupação 53% 31% 40%
Fonte: NBR-5410:2004.

A Tabela 18 apresenta a área total e a área útil dos eletrodutos de PVC rígidos. A área total ocupada
é a soma das áreas ocupadas por cada condutor, as quais podem ser calculadas pela equação:

𝝅 ∙ (𝑫𝒄𝒐𝒏𝒅 )𝟐
𝑨𝒄𝒐𝒏𝒅 =
𝟒
Onde 𝑨𝒄𝒐𝒏𝒅 é a seção transversal total do condutor, incluindo o isolamento (mm2) e 𝑫𝒄𝒐𝒏𝒅 é o
diâmetro total do condutor, incluindo o isolamento (mm).

Tabela 18. Área total e útil de eletrodutos de PVC rígidos.


Bitola Área Útil (mm2)
Diâmetro Interno Área Total
Nominal 1 condutor 2 condutores 3 ou mais condutores
(mm) (mm2)
(mm) (53%) (31%) (40%)
20 16 201,1 106,6 62,3 80,4
25 21 346,4 183,6 107,4 138,6
32 26,8 564,1 299 174,9 225,6
40 35 962,1 509,9 298,3 384,8
50 39,8 1244,1 659,4 385,7 497,6
60 50,2 1979,2 1049 613,6 791,7

Na Tabela 19 são apresentadas as áreas de ocupação dos condutores rígidos e flexíveis com a
isolação em PVC.

Tabela 19. Área de ocupação de cada condutor com isolação de PVC


Cabo Flexível – Isolação de PVC
Seção Diâmetro Área de Seção Diâmetro Área de Seção Diâmetro Área de
Nominal Externo Ocupação Nominal Externo Ocupação Nominal Externo Ocupação
(𝑚𝑚) (𝑚𝑚2 ) (𝑚𝑚) (𝑚𝑚2 ) (𝑚𝑚) (𝑚𝑚2 )
1,5 3,0 7,1 16 6,9 37,4 95 15,0 177,0
2,5 3,7 10,7 25 8,5 56,4 120 16,5 214,0
4 4,2 13,8 35 9,5 71,0 150 18,5 269,0
6 4,8 18,1 50 11,5 104,0 185 20,5 330,0
10 5,9 27,3 70 13,5 133,0 240 23,5 434,0
Condutor Rígido – Isolação PVC
Seção Diâmetro Área de Seção Diâmetro Área de Seção Diâmetro Área de
Nominal Externo Ocupação Nominal Externo Ocupação Nominal Externo Ocupação
(𝑚𝑚) (𝑚𝑚2 ) (𝑚𝑚) (𝑚𝑚2 ) (𝑚𝑚) (𝑚𝑚2 )
1,5 2,5 6,2 4 3,9 11,9 10 5,6 24,6
2,5 3,4 9,1 6 4,4 15,2
Fonte: foxlux.com.br

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Observação: Quando no eletroduto todos os condutores tiverem a mesma bitola, o
dimensionamento pode ser feito diretamente usando a Tabela 20. Caso não tenham a mesma bitola,
consideram-se todos com a maior bitola.

Tabela 20. Número máximo de condutores de mesma seção (isolação de PVC) em eletroduto de PVC.
Seção nominal Número de condutores de mesma bitola no eletroduto
do condutor 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(𝑚𝑚2 ) Bitola nominal do eletroduto (𝑚𝑚)
1,5 16 16 16 16 16 16 20 20 20
2,5 16 16 16 20 20 20 20 25 25
4 16 16 20 20 20 25 25 25 25
6 16 20 20 25 25 25 25 32 32
10 20 20 25 25 32 32 32 40 40
16 20 25 25 32 32 40 40 40 40
25 25 32 32 40 40 40 50 50 50
35 25 32 40 40 50 50 50 50 60
50 32 40 40 50 50 60 60 60 70
70 40 40 50 50 60 60 75 75 75
95 40 50 60 60 75 75 75 85 85
120 50 50 60 75 75 75 85 85 ●
150 50 60 75 75 85 85 ● ● ●
185 50 75 75 85 85 ● ● ● ●
240 60 75 85 ● ● ● ● ● ●
Fonte: Niskier, 1992.

A equivalência dos padrões de medidas de eletrodutos em polegadas (embora não oficial, mas
ainda muito utilizada na área) é apresentada na Tabela 21.

Tabela 21. Equivalência de eletrodutos medidos em polegadas.


Unidade Diâmetro nominal do eletroduto
𝑚𝑚 16 20 25 32 40 50 60 75 85
𝑝𝑜𝑙 3/8 1/2 3/4 1 1 1/4 1 1/2 2 2 1/2 3

A Figura 11-6 ilustra uma instalação típica embutida em alvenaria dos eletrodutos e das caixas de
derivação e seus respectivos tamanhos padrão.

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Figura 11-6. Instalação embutida em alvenaria dos eletrodutos e das caixas de derivação (Adaptado de Prysmian, 2016).

12 Dispositivos de manobra e comando


Os principais dispositivos de manobra e comando são as chaves, interruptores, relés e contatores.

12.1 Chaves, interruptores e seccionadores


A chave é um dispositivo mecânico de manobra que, na posição fechada permite a circulação da
corrente no circuito elétrico e, na posição aberta, interrompe a corrente e mantém uma distância de
isolação segura. O interruptor é uma chave capaz de estabelecer, conduzir e interromper a corrente
de um circuito em condições normais de operação. Um seccionador é um tipo de chave para manobra
de circuitos na ausência da corrente de carga, sendo geralmente associado a disjuntores e fusíveis.
Nos dispositivos de manobra ou proteção, a corrente nominal é o valor eficaz da corrente de regime
permanente que o dispositivo pode conduzir indefinidamente, sem que a elevação de temperatura em
seus componentes exceda os valores especificados. A corrente de operação é o valor de corrente no
qual um dispositivo de proteção atua e interrompe o circuito. A tensão nominal de um dispositivo de
manobra ou proteção é o valor eficaz da tensão pela qual ele é designado. O tempo de fusão de um
fusível é o intervalo de tempo que decorre entre o instante em que a corrente atinge o valor suficiente
para fundir o elemento fusível e o instante em que inicia a abertura do circuito. O tempo de abertura
de um dispositivo de manobra ou proteção é o intervalo de tempo entre o instante em que inicia a
abertura do circuito e o instante de interrupção da corrente. O tempo de interrupção é o intervalo de
tempo total desde o início do processo de abertura do circuito até a interrupção da corrente.

12.2 Relés e contatores


O relé é um dispositivo eletromagnético destinado a produzir modificações súbitas e
predeterminadas em um ou mais circuitos elétricos de saída, quando certas condições são satisfeitas
nos circuitos de entrada que controlam o dispositivo. O contator é um dispositivo eletromagnético de

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manobra que tem uma única posição de repouso e é capaz de estabelecer, conduzir e interromper a
corrente de um circuito em condições normais de operação.

13 Dispositivos de proteção
Os principais dispositivos de proteção são os fusíveis, os disjuntores termomagnéticos e os
dispositivos diferenciais-residuais (DR).

13.1 Fusíveis
O fusível é um dispositivo de proteção baseado na fusão de um elemento (estanho, cobre, prata,
chumbo ou liga) que interrompe a corrente do circuito quando esta excede um valor de referência
durante um tempo especificado. Os fusíveis são mais apropriados para proteção contra curto-circuito
e não para sobrecargas. As chaves-fusíveis usadas nas redes de distribuição além da proteção também
permitem a manobra do circuito.

13.2 Disjuntor termomagnético


O disjuntor termomagnético é um dispositivo de manobra e proteção capaz de estabelecer,
conduzir e interromper correntes em condições normais e em situação de sobrecarga ou curto-circuito.
A proteção contra sobrecarga é baseada em um disparador térmico (bimetal), enquanto a proteção
contra curto-circuito é baseada em um disparador eletromagnético (bobina). Os disjuntores
termomagnéticos são classificados em três faixas de atuação instantânea, identificadas no corpo do
dispositivo:
• Faixa B: o disjuntor deve atuar instantaneamente para correntes de curto-circuito entre
três e cinco vezes a corrente nominal. Usados para cargas resistivas com pequena corrente
de partida, como lâmpadas incandescentes, fornos e aquecedores elétricos.
• Faixa C: o disjuntor deve atuar instantaneamente para correntes de curto-circuito entre
cinco e dez vezes a corrente nominal. Usados para cargas de média corrente de partida,
como cargas com motores elétricos e lâmpadas fluorescentes.
• Faixa D: o disjuntor deve atuar instantaneamente para correntes de curto-circuito entre dez
e vinte vezes a corrente nominal. Usados para cargas com corrente de partida elevada,
como motores mais potentes e transformadores.

Os disjuntores de pequeno porte (mini disjuntores), disponíveis para correntes nominais entre 5 e
125 A, são os mais utilizados nos circuitos de distribuição e circuitos terminais das instalações elétricas
prediais, cuja aparência é ilustrada na Figura 13-1. A Figura 13-2 apresenta a curva característica de
tempo de atuação em função da corrente dos disjuntores termomagnéticos para as três faixas de
atuação instantânea.

Figura 13-1. Disjuntores termomagnéticos mono, bi e tripolar (Fonte: catálogo Siemens).


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Figura 13-2. Curva característica dos disjuntores termomagnéticos (Fonte: internet).

A Tabela 22 apresenta o comprimento máximo dos condutores de um circuito de forma a assegurar


a proteção do disjuntor contra sobrecorrente de curto-circuito. Essa tabela não é válida para análise
da proteção contra sobrecargas.

Tabela 22. Comprimento máximo do circuito para proteção do disjuntor contra curto-circuito(*).

(*) tensão de fase 220 V, condutores de cobre, disjuntores tipo B (NBR IEC 60898) e disparo magnético entre 3 e 5𝐼𝑛 .

13.3 Dispositivo diferencial-residual (DR)


O disjuntor e o interruptor diferencial-residual (DR) é um dispositivo de proteção que detecta a
existência de uma corrente diferencial (corrente de fuga ou choque elétrico) e abre o circuito quando
seu valor ultrapassa um valor preestabelecido durante um intervalo de tempo especificado.
Os componentes de um interruptor DR são mostrados na Figura 13-3. O principal componente é o
transformador de corrente (TC). Caso não haja nenhuma corrente de fuga, a corrente da fase e do
neutro serão iguais, mas com sentidos opostos. Neste caso, o campo eletromagnético gerado pela fase
e pelo neutro se anulam, não criando nenhum fluxo resultante no núcleo toroidal do TC e,
consequentemente, não gerando nenhuma corrente na bobina. Quando ocorre uma corrente de fuga
ou um choque elétrico, há uma diferença entre as correntes da fase e do neutro, gerando um fluxo
resultante no núcleo toroidal que induz uma corrente na bobina. A corrente gerada pela bobina do TC
opera um mecanismo de disparo sensível que abre os contatos do DR, interrompendo o circuito. Para

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poder detectar a corrente diferencial-residual, o dispositivo deve envolver todos os condutores vivos
(fases e neutro) do circuito, e deve ser conectado como ilustra a Figura 13-4.
O dispositivo DR é o meio mais eficaz de proteção contra os choques elétricos (diretos e indiretos)
e de proteção contra incêndios. Há dois tipos:
• Interruptor Diferencial-residual (IDR): apresenta baixa capacidade de interrupção, sendo
destinado unicamente à proteção contra os choques elétricos e deve ser utilizado sempre
em conjunto com a proteção contra sobrecorrente (disjuntores termomagnéticos).
• Disjuntor Diferencial-residual (DDR): tem maior capacidade de interrupção e garante
proteção contra os choques elétricos, curtos-circuitos e sobrecargas.
A corrente nominal do DR é o maior valor de corrente que pode circular continuamente sem danos
(valores típicos: 6; 10; 16; 20; 25; 40; 50; 63; 80; 100; 125; 160; 200 A). A corrente nominal de atuação
é a corrente diferencial-residual que provoca a atuação do dispositivo (Valores típicos: 0,006; 0,01;
0,03; 0,1; 0,3; 0,5; 1; 3; 5; 10; 20 A). O valor mais utilizado em instalações residenciais é de 30 mA, que
é a corrente de limiar do choque elétrico em humanos. A corrente nominal de não atuação é a corrente
diferencial-residual em que o dispositivo não atua, e acima da qual o dispositivo pode operar, sendo
fixada em 50% da corrente nominal de atuação. Os dispositivos DR são padronizados pela norma ABNT
NBR NM 61008 e pelas normas internacionais IEC 1008 e IEC 1009.

Figura 13-3. Funcionamento do dispositivo diferencial-residual


(Fonte: https://urps.eng.br/blog/2018/04/funcionamento-dos-dispositivos-dr/)

Figura 13-4. Formas de conexão de um dispositivo DR.


Instalação do dispositivo DR: (a) monofásico; (b) bifásico; (c) trifásico (Fonte: Siemens).

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A norma NBR-5410 prescreve como obrigatório o uso do dispositivo DR com corrente de atuação
menor ou igual a 30 mA:
• Nos circuitos de chuveiros e banheiras;
• Nos circuitos que alimentem tomadas ou equipamentos de uso externo;
• Nos circuitos que atendam às áreas úmidas da edificação (cozinhas, copas, lavanderias,
áreas de serviço, garagens etc.);

A Figura 13-5 apresenta a curva característica de tempo de atuação (ms) em função da corrente
(mA) para os dispositivos DR, enquanto a Figura 13-6 ilustra a aparência dos disjuntores DR para
circuitos monofásicos e trifásicos.

Figura 13-5. Curva característica do DR (Fonte: catálogo WEG).

O dispositivo DR tipo AC é sensível apenas a correntes alternadas senoidais, enquanto o DR tipo A


é sensível a correntes alternadas senoidais e contínuas pulsantes, e o DR tipo B é sensível a correntes
alternadas senoidais, contínuas pulsantes e contínuas constantes.
Em instalações residenciais o DR tipo AC é adequado, enquanto deve ser utilizado o tipo A ou B
nas instalações com forte presença de cargas eletrônicas.

A norma NBR-5410 permite o uso de um único disjuntor DR de alta sensibilidade (AS) na origem da
instalação (quadro geral) quando o esquema de aterramento for do tipo TT (condutor de proteção
terra PE separado) para proteção geral contra contatos diretos e indiretos.

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Figura 13-6. Disjuntor DR mono e trifásico (Fonte: catálogo WEG).

Para tanto, o DR não deve atuar com a corrente de fuga total normal da instalação, ou seja, a
corrente de fuga deve ser menor que 50% do valor da corrente de atuação. Quando não for possível
ou recomendável o uso de um único DR, deve-se instalar um DR de baixa sensibilidade (BS) como
proteção no quadro geral e disjuntores DR de alta sensibilidade (AS) nos circuitos terminais em que
sejam necessários (áreas úmidas, por exemplo), como ilustra a Figura 13-7.
Os disparos dos dispositivos DR geralmente são devidos ao uso de equipamentos com elevada
corrente de fuga (chuveiros elétricos metálicos, por exemplo), falhas em aparelhos eletrodomésticos
e de iluminação, umidade nos eletrodutos, inserção de objetos condutores em tomadas, danos nas
isolações de condutores mal instalados, ou mal conservados, e contatos diretos de pessoas com
condutores mal isolados de aparelhos elétricos. As correntes de fuga elevadas, além de aumentarem
as perdas de energia elétrica, podem provocar aquecimentos que causem incêndios. Portanto, o
dispositivo DR é um vigilante da qualidade e da segurança das instalações elétricas, sendo fundamental
sua utilização.

Figura 13-7. Dispositivos DR: (a) no quadro geral e (b) nos circuitos terminais (Prysmian, 2010).

14 Dimensionamento da proteção
Nas instalações elétricas, mesmo nas mais bem projetadas e executadas, ocorrem faltas que
resultam em sobrecorrentes elevadas. Nessas condições, os dispositivos de proteção devem atuar com
rapidez e segurança, isolando as faltas de forma a provocar o menor dano possível às linhas e aos
equipamentos e, se possível, sem alterar substancialmente o funcionamento global da instalação. Os
componentes dos circuitos elétricos devem suportar, por um determinado tempo, os efeitos térmicos
e mecânicos resultantes das sobrecorrentes (COTRIM, 2009). A avaliação e cálculo das possíveis
correntes de faltas é um problema complexo e não está no escopo desse material.
As sobrecorrentes são tradicionalmente divididas em correntes de sobrecarga, que ocorrem em
um circuito sem que haja falta, e correntes de curto-circuito, resultantes de faltas diretas entre
condutores vivos. A partida de alguns equipamentos (motores e lâmpadas de descarga, por exemplo)
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produz sobrecorrentes elevadas, caracterizadas como correntes de sobrecarga transitórias, que não
devem provocar a atuação dos dispositivos de proteção.
Uma corrente de sobrecarga da ordem de 10 a 20 % superior à capacidade de condução eleva a
temperatura dos condutores de 10 a 15 °C, contribuindo para a redução de sua vida útil. Quando
sobrecorrentes assumem valores muito elevados, como nos curtos-circuitos, temperaturas da ordem
de centenas de graus são atingidas pelos condutores em tempos muito pequenos, na ordem de
centésimos de segundo. Assim, para o estudo dos efeitos térmicos dessas correntes em tempos
extremamente curtos, não se pode separar a grandeza corrente da grandeza tempo. A Integral de Joule
(𝐼 2 𝑡) é a integral do quadrado da corrente em um intervalo de tempo especificado que representa a
energia térmica por unidade de resistência (J/) liberada em um circuito, sendo utilizada no
dimensionamento dos dispositivos de proteção (COTRIM, 2009).
Segundo as prescrições da norma NBR-5410, os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes
devem ser dimensionados exclusivamente para proteção dos condutores dos circuitos e não para
proteção dos aparelhos de utilização:

• O dimensionamento da proteção deve levar em consideração a capacidade de condução de


corrente e os limites de sobrecorrente dos condutores;
• Os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes devem ser previstos para todos os condutores
de fase e devem provocar a abertura do circuito em que uma sobrecorrente for detectada;
• Se o circuito utilizar mais de uma fase, o dispositivo de proteção deve ser multipolar;
• O condutor neutro não deve ser seccionado em nenhum ponto da instalação;

Um dispositivo de proteção ideal deve:

• Não atuar para correntes inferiores à capacidade de condução dos condutores;


• Atuar sempre para correntes de sobrecarga até 1,45 vezes a capacidade de condução dos
condutores, mesmo que em tempos longos;
• Atuar em tempos decrescentes para correntes de sobrecarga acima de 1,45 vezes a capacidade de
condução dos condutores;
• Atuar rapidamente no caso de correntes de curto-circuito.

A Tabela 23 permite efetuar um dimensionamento prático e rápido dos circuitos protegidos por
disjuntores termomagnéticos, sem levar em consideração a queda de tensão. Considerando
condutores de cobre com isolação de PVC nas condições indicadas, pode-se (COTRIM, 2009):
• Obter a corrente nominal do disjuntor para proteger um circuito a partir da seção dos condutores;
• Obter o disjuntor e a seção dos condutores a partir da corrente de referência de dimensionamento
do circuito;

Exemplo: Um circuito monofásico com condutores de cobre/PVC de 6 mm2 em eletroduto embutido


em parede de alvenaria com temperatura ambiente de 30 °C deve utilizar um disjuntor de 40 A.

Exemplo: Um valor de corrente de referência de dimensionamento calculada em 28 A para um


circuito monofásico em eletroduto embutido em alvenaria com outro circuito deve utilizar um disjuntor
de 30 A (próximo valor maior a 28 A, na coluna de 4 condutores em 2 circuitos) e um condutor de 6 mm2
(valor da seção na linha do disjunto de 30 A).

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Tabela 23. Corrente nominal máxima dos disjuntores para os condutores e cabos de cobre.
Corrente nominal máxima dos disjuntores
Seção nominal 4 condutores 6 condutores 6 condutores
2 condutores 3 condutores
do condutor carregados carregados carregados
carregados carregados
(mm2) (2 circuitos no (3 circuitos no (2 circuitos no
(monofásico) (trifásico)
eletroduto) eletroduto) eletroduto)
Condutores de cobre em eletroduto embutido em alvenaria (maneira de instalar B)
1,5 15 15 10 10 10
2,5 20 20 15 15 15
4 30 25 25 20 20
6 40 35 30 25 25
10 50 50 40 40 40
16 70 60 60 50 50
25 100 70 70 70 70
35 100 100 100 70 70
50 100 100 100 100 100
Condutores de cobre em eletroduto sobre parede ou teto (maneira de instalar C)
1,5 15 15 15 10 10
2,5 25 20 20 15 15
4 35 30 25 25 25
6 40 40 35 30 30
10 60 50 50 40 40
16 70 70 60 60 60
25 100 90 90 70 70
35 100 100 100 90 90
50 100 100 100 100 100
Condutores e cabos de cobre com isolação de PVC/70 °C, temperatura ambiente de 30°C e temperatura
máxima no local de instalação dos disjuntores de 40 °C (Fonte: Bticino; Cotrim, 2009).

14.1 Coordenação e seletividade dos dispositivos de proteção


Quando dois ou mais dispositivos de proteção contra sobrecorrentes forem instalados em série ao
longo dos circuitos (no quadro geral e no quadro terminal, por exemplo) suas características de atuação
devem ser escolhidas de modo que, no caso de circulação de uma sobrecorrente, atue apenas o
dispositivo de proteção mais próximo. Em geral é suficiente que os disjuntores a montante (mais
distantes) possuam uma curva característica tempo-corrente mais alta que o disjuntor mais próximo
do circuito com sobrecorrente. De forma prática, o disjuntor a jusante deve ter uma corrente nominal
não superior a 40% da corrente nominal do disjuntor a montante. Portanto, o disjuntor a montante
deve ter uma corrente nominal não inferior a 2,5 vezes a corrente nominal do disjuntor a jusante. Por
exemplo, se um circuito terminal for protegido por um disjuntor de 10 A o disjuntor do quadro geral
deverá ser de 25 A, no mínimo. A Tabela 24 apresenta, de maneira prática, a seletividade parcial entre
os disjuntores termomagnéticos usuais.

Tabela 24. Seletividade parcial entre disjuntores termomagnéticos usuais.


Disjuntor a montante (A)
Disjuntor a jusante (A)
15 20 25 30 35 40 50 60 70 90 100
6 ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
10 ● ● ● ● ● ● ● ● ●
15 ● ● ● ● ● ●
20 ● ● ● ● ●
25 ● ● ●
30 ● ●
35 ● ●
40 ●
● – disjuntor seletivo (Fonte: Cotrim, 2009).

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14.2 Proteção contra sobretensões
As sobretensões que podem ocorrer em uma instalação elétrica de baixa tensão são classificadas,
de acordo com sua origem em transitórias e temporárias. As sobretensões transitórias são aquelas
originadas principalmente por descargas atmosféricas e manobras nos circuitos. As sobretensões
provenientes de descargas atmosféricas que incidem diretamente nas edificações ou em redes
elétricas aéreas próximas produzem tensões conduzidas e induzidas com impulsos caracterizados pelo
seu valor de pico. As sobretensões causadas por manobras geralmente não dependem da intensidade
da corrente, mas de sua interrupção rápida e brusca em um circuito de indutância elevada (baixo fator
de potência). O valor da sobretensão é tanto maior quanto menor for o tempo real de abertura do
circuito e pode chegar a quatro ou cinco vezes a tensão nominal para tempos inferiores a 1 ms, como
na atuação de disjuntores rápidos e fusíveis. As sobretensões temporárias são caracterizadas por seu
valor eficaz e podem ser causadas por falhas de isolamento para outra instalação de tensão mais
elevada ou devido à perda do condutor neutro nos sistemas de aterramento TN e TT (COTRIM, 2009).
As condições mínimas para proteção da instalação contras surtos de tensão, segundo as normas
NBR-5410 e NBR-5419 são a existência de um eletrodo de aterramento eficiente, a instalação de um
sistema de proteção contra descargas atmosféricas – SPDA (para-raios) e de dispositivos de proteção
contra surtos – DPS (atenuadores de tensão ou supressores de surtos).
O DPS protege a instalação elétrica contra as sobretensões provocadas geralmente por descargas
atmosféricas (raios) diretamente na edificação ou na própria instalação ou provocadas indiretamente
por descargas atmosféricas nas proximidades. Em muitos casos, sobretensões podem ser provocadas
por manobras (chaveamentos) nas redes de distribuição ou de grandes cargas industriais. Os DPS são
classificados em classes (I a III) conforme a capacidade de suportar maiores ou menores sobretensões
(sensibilidade), como ilustra a Figura 14-1.

Figura 14-1. Tipos e classe de DPS (Adaptado de Prysmian, 2016).

Nas instalações residenciais, onde o condutor neutro é aterrado na entrada da edificação, os DPS
devem ser ligados entre os condutores fase e a barra de aterramento no quadro de distribuição. Caso
contrário, deve haver um DPS entre o neutro e a barra de aterramento. A instalação recomendada
para os DPS é antes do dispositivo de proteção geral, cujos condutores devem ter a mesma bitola das
fases. A Figura 14-2 exemplifica a forma de instalação de dispositivos de proteção contra sobretensões
(DPS) em esquemas de aterramento TN. A ligação de DPS em equipamentos monofásicos é
exemplificada na Figura 14-3.

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Figura 14-2. Instalação de dispositivos de proteção contra sobretensões (DPS) em esquemas de aterramento TN.

Figura 14-3. Ligação de DPS em equipamentos monofásicos (Guia EM da NBR-5410, 2001).

15 Aterramento
O aterramento é a ligação intencional de um condutor à terra. O aterramento direto é a ligação à
terra sem a interposição de qualquer impedância. O aterramento indireto há uma impedância entre o
condutor e a terra. O aterramento funcional consiste na ligação à terra de um dos condutores do
sistema (geralmente o neutro), com o objetivo de garantir o funcionamento correto, seguro e confiável
da instalação (Prysmian, 2010). O aterramento de proteção consiste na ligação à terra das massas e
dos elementos condutores estranhos à instalação, com o único objetivo de proporcionar proteção
contra contatos indiretos (Prysmian, 2010).
Os condutores de proteção elétrica (terra) devem sempre estar presentes nas instalações elétricas,
seja qual for o esquema de aterramento (TN, TT ou IT). Eles devem interligar as massas dos
equipamentos de utilização e os pinos de terra das tomadas aos terminais de aterramento dos quadros
terminais e estes aos terminais dos quadros de distribuição e ao quadro geral que, por sua vez, estará
conectado ao eletrodo de aterramento. A Figura 15-1 ilustra um sistema de aterramento em uma
instalação elétrica residencial

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Figura 15-1. Sistema de aterramento da instalação elétrica (Fonte: Prysmian).
A NBR-5410 (item 6.4.3.1.5) permite que um condutor de proteção seja comum a mais de um
circuito, desde que compartilhem o mesmo eletroduto. Nesse caso, o condutor de proteção deverá ser
dimensionado conforme o caso mais crítico entre os circuitos compartilhados. Por questões de
segurança é recomendável que cada circuito contenha seu próprio condutor de proteção.

Por segurança, deve-se utilizar um condutor de proteção (terra) individual para cada circuito.

Os condutores de proteção podem ser condutores isolados, cabos unipolares ou multipolares


isolados, sempre identificados na cor verde ou verde com listas amarelas e não devem ser
interrompidos por nenhum dispositivo de manobra. Não é permitido o uso de tubulações de água,
gases ou líquidos inflamáveis, estruturas e elementos da edificação ou eletrodutos não condutores. A
bitola dos condutores de proteção deve ser igual à maior bitola dos condutores dos circuitos terminais
ou de distribuição (até 16 mm2), salvo em situações previstas pela norma NBR-5410.
Um sistema de aterramento elétrico funcional é fundamental para a qualidade da energia elétrica
em qualquer instalação. Entretanto, ainda é comum encontrar diversos equívocos no uso do
aterramento elétrico, como por exemplo, o aterramento elétrico isolado, que representa um claro
perigo de vida para os usuários da instalação e que também coloca em risco os equipamentos. A norma
NBR-5410 prevê o uso de diversos tipos de aterramento (inclusive alguns não permitidos em outros
países), o que pode causar certa confusão por parte dos projetistas (CABRAL, 2010).
Na classificação dos sistemas de aterramento previstos pela NBR-5410, são utilizadas duas ou mais
letras, conforme a Tabela 25:
Os esquemas de aterramento TN possuem um ponto de alimentação diretamente aterrado, sendo
as massas ligadas a este ponto por meio de condutores de proteção (Condutor PE, Protective Earth).
Nesses esquemas, toda corrente de falta direta “fase-massa” é uma corrente de curto-circuito. Um
esquema comumente utilizado é o TN-C, ilustrado na Figura 15-2, onde o condutor de neutro tem a
função adicional de propiciar o aterramento das massas dos equipamentos, além de sua função
principal de propiciar o retorno das corres das cargas (condutor PEN). Embora comum, esse esquema
não é o melhor, pois em instalações longas (verticais ou horizontais), o potencial do condutor neutro
difere do potencial zero (de terra, na entrada) devido às correntes das cargas no condutor, o que pode
prejudicar a operação de equipamentos eletrônicos sensíveis. Além disso, o rompimento acidental do

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neutro possibilita a potencialização das massas dos equipamentos pela fase, podendo causar choques
elétricos. Esse esquema também induz à prática equivocada de conectar o fio de terra de
equipamentos junto ao neutro nas tomadas, o que pode causar a energização das massas por inversão
acidental dos conectores. Atualmente o esquema TN-C não é permitido para condutores de seção
inferior a 10 mm2 e para equipamentos portáteis.

Tabela 25 – Classificação dos sistemas de aterramento segundo a NBR-5410.


Primeira Letra: T Um ponto diretamente aterrado
Situação da alimentação elétrica em relação à terra I Isolada da terra
T Massas aterradas com terra próprio
Segunda Letra:
Massas ligadas diretamente ao ponto aterrado da
Situação das massas da instalação elétrica em N
fonte (normalmente o neutro em CA)
relação à terra.
I Isolada da terra
Outras Letras: Funções de neutro e de proteção asseguradas
S
Disposição do condutor neutro e do condutor de por condutores separados
proteção C Funções de neutro e de proteção comuns

O esquema TN-S é mais correto e recomendado, pois as funções de aterramento (proteção) e de


retorno de corrente (neutro) são desempenhadas por condutores distintos, conforme a Figura 15-3.
Nesse esquema, embora não haja corrente de carga (retorno) circulando pelo condutor de terra, a
elevação de seu potencial também pode ocorrer, ainda que em menor grau. Isso é causado
basicamente pelo acoplamento eletromagnético entre condutores de fase e de neutro, o que também
pode provocar a contaminação do condutor terra por ruídos elétricos. Uma solução possível para esse
problema é o aterramento do condutor de terra em vários pontos (como em ferragens estruturais, por
exemplo).

Figura 15-2. Esquema de aterramento TN-C (Cabral, 2010).

O esquema TN-C-S é um misto do TN-S com o TN-C. No esquema TT é utilizado um aterramento em


separado (ou isolado) somente para aterrar a massa metálica de cada um dos equipamentos, como
ilustra a Figura 15-4. O esquema IT é utilizado para aplicações específicas (como hospitais, por
exemplo). Além destes, há vários outros esquemas de aterramento que devem ser adotados conforme
as características de cada instalação elétrica.
Os aterramentos são feitos com eletrodos de aterramento que são condutores colocados em
contato com a terra para escoar as correntes de falta (hastes, perfis, barras, cabos nus, fitas etc.). A
NBR-5410 estabelece que o eletrodo de aterramento preferencial seja aquele constituído pelas
armaduras de ação embutidas no concreto das fundações das edificações.

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Figura 15-3. Esquema de aterramento TN-S (CABRAL, 2010).

Figura 15-4. Esquema de aterramento TT (CABRAL, 2010).

O condutor de proteção (PE) é o condutor prescrito em certas medidas de proteção contra os


choques elétricos e destinado a ligar eletricamente a massa, elementos condutores estranhos à
instalação, eletrodos de aterramento e pontos de alimentação ligados à terra ou ao ponto neutro
artificial. O condutor de proteção PEN é o condutor ligado à terra garantindo ao mesmo tempo as
funções de condutor de proteção e de condutor neutro; a designação PEN resulta da combinação de
PE (condutor de proteção) e N (de neutro); o condutor PEN não é considerado um condutor vivo.
O terminal (ou barra) de aterramento principal é o terminal (ou barra) destinado a ligar, ao
dispositivo de aterramento, os condutores de proteção, incluindo os condutores de equipotencialidade
e, eventualmente, os condutores que garantem um aterramento funcional. O condutor de
aterramento é o condutor de proteção que liga o terminal (ou barra) de aterramento principal ao
eletrodo de aterramento. A ligação equipotencial é a ligação elétrica destinada a colocar no mesmo
potencial, ou em potenciais vizinhos, as massas e os elementos condutores estranhos à instalação.
Uma instalação pode ter três tipos de ligação equipotencial: ligação equipotencial principal; ligações
equipotenciais suplementares; e ligações equipotenciais não ligadas à terra. O condutor de
equipotencialidade é o condutor de proteção que garante uma ligação equipotencial. O condutor de
proteção principal é o condutor de proteção que liga os diversos condutores de proteção da instalação
ao terminal de aterramento principal. A resistência de aterramento é a resistência elétrica entre o
terminal de aterramento principal de uma instalação elétrica e a terra.

Observação: os diferentes sistemas de aterramento são apresentados na norma NBR-5410.

16 Elaboração do projeto elétrico


Um projeto de instalação elétrica predial é composto basicamente por:
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• Quadro de cargas;
• Planta baixa com o diagrama unifilar da instalação elétrica;
• Diagrama esquemático dos quadros elétricos de medição e de distribuição;
• Detalhes construtivos e informações adicionais;
• Memorial descritivo;
• Memorial de cálculos;

O quadro de cargas é uma tabela que auxilia na estimativa das cargas, na divisão dos circuitos
terminais, e no dimensionamento dos condutores, proteções e eletrodutos da instalação elétrica. A
planta baixa com o diagrama unifilar é a representação dos componentes e da distribuição das linhas
elétricas (circuitos) da instalação com relação ao projeto arquitetônico. O diagrama esquemático
unifilar ou multifilar dos quadros elétricos descreve os componentes (condutores, eletrodutos e
proteções) e as conexões que compõem os quadros de medição e de distribuição. Os detalhes
construtivos e as informações adicionais são usados para detalhar e esclarecer possíveis dúvidas
quanto aos componentes, conexões, dimensionamentos, montagens etc. O memorial descritivo é
usado para relatar os objetivos e critérios adotados no projeto e os materiais que comporão a
instalação elétrica, entre outras informações. O memorial de cálculos é usado para registrar os
procedimentos adotados para o dimensionamento dos componentes da instalação elétrica. A Figura
16-1 detalha os elementos que devem constar na planta de um projeto de instalação elétrica.

Figura 16-1. Elementos da planta de um projeto de instalação elétrica.

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16.1 Levantamento preliminar das cargas
O levantamento preliminar de cargas é a primeira etapa na determinação do quadro de cargas do
projeto da instalação elétrica. A Tabela 26 exemplifica um quadro para levantamento preliminar das
cargas do projeto elétrico. A Tabela 27 exemplifica um exemplo de quadro de cargas que deverá
constar da planta do projeto da instalação elétrica. Para o levantamento do quadro preliminar, o
seguinte procedimento é recomendado:

1) Identificar os ambientes de utilização e determinar as suas dimensões (área e perímetro), de


acordo com a planta baixa do projeto arquitetônico;
2) Determinar a quantidade e a potência aparente (VA) dos pontos de iluminação desejados em cada
ambiente, desde que atenda aos valores mínimos prescritos pela norma NBR-5410 (Seção 8.1). O
critério da densidade de carga (Tabela 5) também pode ser utilizado, mas deve atender ao mínimo
prescrito pela norma NBR-5410;
3) Determinar a quantidade e a potência aparente (VA) das TUG desejadas em cada ambiente, desde
que atenda aos valores mínimos prescritos pela norma NBR-5410 (Seção 8.2);
4) Determinar a quantidade e a potência ativa (W) das TUE desejadas em cada ambiente, desde que
atenda aos valores mínimos prescritos pela norma NBR-5410 (Seção 8.3), e identificar sua
destinação na Tabela 26; A obtenção da potência ativa de cada TUE em Watts deve considerar a
potência aparente (VA), o fator de potência e o rendimento, quando for o caso (Seção 8.4);
5) Totalizar a quantidade e a potência de cada item (área, pontos de luz, TUG e TUE);
6) Calcular a potência ativa instalada total (W) dos pontos de luz, TUG e TUE, usando os fatores de
potência adequados para os pontos de utilização (Seção 8.4);
Obter o fator de demanda para os pontos de luz e TUG (

7) Tabela 7) e o fator de demanda para as TUE (Tabela 8);


8) Calcular a potência ativa demandada total (W) da instalação elétrica (Seção 8.6);
9) Determinar o tipo de fornecimento de energia (tensão e número de fases), de acordo com as
normas da concessionária local (Seção 8.6);
10) Calcular a potência aparente demandada total (VA) da instalação elétrica utilizando um fator de
potência médio (Seção 8.7);
11) Calcular a corrente total demandada (A) da instalação elétrica em função da potência aparente
total demandada, tensão de alimentação e número de fases (Seção 8.7);
12) Calcular a corrente de dimensionamento do ramal de entrada (Seção 8.7);
13) Determinar o tipo de instalação do ramal de entrada, segundo os critérios e projeto e padrões da
concessionária local;
14) Determinar a seção transversal (bitola) e o tipo de condutor do ramal de entrada prescrito pelas
normas da concessionária local;
15) Determinar a corrente nominal do disjuntor de proteção do ramal de entrada prescrita pelas
normas da concessionária local;

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Tabela 26. Levantamento preliminar do quadro de cargas da instalação elétrica
Dimensões Iluminação TUG TUE
Ambiente Potência Potência
Área Perímetro Quant. Quant. Potência Potência
Mínima* Atribuída Quant. Identificação
(m2) (m) Mínima* Atribuída (VA) (W)
(VA) (VA)

Total
Pot Ativa Total (W)
Fator de Demanda Iluminação+TUG TUE

Potência Ativa Total Demandada (W)


Tensão de Alimentação (V)
Número de Fases
Potência Aparente Total Demandada (VA)
Corrente Total Demandada (A)
Corrente para dimensionamento (A)
Tipo de instalação do ramal de entrada Padrão Mínimo Celesc**
Condutor do ramal de entrada (tipo e mm2)
Disjuntor do ramal de entrada (A)
(*) mínima pela norma NBR-5410
(**) Norma Técnica Celesc N-321.0001 (acesse aqui)

16.2 Quadro de cargas e planta do projeto elétrico


Para determinação do quadro de cargas do projeto da instalação que deverá constar da planta
elétrica, como exemplificado na Tabela 27, o seguinte procedimento é recomendado:
1) Localizar de forma racional e desenhar na planta baixa do projeto elétrico os pontos de luz e os
pontos de tomadas (TUG e TUE) previamente definidos, usando a simbologia padronizada pelas
normas (Tabela 1);
2) Agrupar os pontos de luz em um ou mais circuitos terminais, segundo as prescrições das normas
(Seção 9), identificando na planta-baixa o número do circuito ao qual pertence cada ponto de luz.
3) Localizar de forma racional e desenhar na planta-baixa do projeto elétrico os interruptores dos
pontos de luz (simples, duplos, triplos ou paralelos), usando a simbologia padronizada pelas
normas (Tabela 1). Identificar com letras os interruptores e seus respectivos pontos de luz;
4) Agrupar as TUG em circuitos terminais, segundo as prescrições das normas (Seção 9), identificando
na planta-baixa o número do circuito ao qual cada tomada pertence;
5) Atribuir um circuito terminal para cada TUE e identificar na planta-baixa o número do circuito ao
qual cada tomada pertence;

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6) Identificar graficamente na planta baixa o número do circuito ao qual pertence cada ponto de
utilização;
7) Totalizar a potência total instalada de cada circuito terminal de iluminação e das TUG e TUE. Nos
circuitos de distribuição e terminais não é utilizado o fator de demanda;
8) Atribuir uma fase a cada circuito, de forma a equilibrar a distribuição das cargas entre as fases (no
caso de fornecimento não monofásico). Caso não seja possível obter uma boa distribuição de carga
entre as fases, as cargas devem ser redistribuídas e os circuitos terminais redimensionados;
9) Localizar de forma racional e representar na planta baixa os quadros elétricos e os eletrodutos do
ramal de entrada de energia, usando a simbologia adequada (Tabela 1);
10) Representar graficamente na planta baixa o traçado dos eletrodutos, de forma a interconectar de
forma racional os quadros elétricos, os pontos de utilização e os interruptores, usando a
simbologia adequada (Tabela 1). O trajeto dos eletrodutos desde o quadro de distribuição até os
pontos de utilização e de comando deve ser o mais curto possível, levando em consideração as
possibilidades e os obstáculos do projeto arquitetônico. Os circuitos terminais podem estar
agrupados em um mesmo eletroduto;
11) Representar na planta-baixa todos os condutores da fase, neutro, retorno e terra de cada circuito
terminal, desde os quadros elétricos até os pontos de utilização e de comando, em todos dos
trechos de eletrodutos e usando a simbologia adequada (Tabela 1). Os condutores devem ser
identificados com o número do circuito ao qual pertencem. Os interruptores, seus
correspondentes pontos de utilização comandados e os respectivos condutores de retorno devem
ser identificados com letras minúsculas.
12) Definir o tipo de condutor e o padrão de cores a ser utilizado na instalação elétrica, segundo as
prescrições da norma NBR-5410 (Seção 0);
13) Estabelecer a maneira de instalar os condutores de cada circuito (Tabela 11);
14) Definir o tipo de eletroduto a ser utilizado na instalação;
15) Verificar os requisitos de temperatura do projeto e determinar o fator de temperatura (Seção
10.2) para a pior condição de cada circuito;
16) Analisar o traçado dos circuitos nos eletrodutos e determinar o fator de agrupamento para a pior
condição de cada circuito (Tabela 13);
17) Dimensionar a seção transversal (mm2) dos condutores de cada circuito terminal pelo critério da
capacidade de condução de corrente, segundo as prescrições e tabelas da norma NBR-5410, e de
acordo com o procedimento proposto na Seção 10.4;
18) Dimensionar a seção transversal (mm2) dos condutores de cada circuito terminal pelo critério da
queda de tensão, segundo as prescrições e tabelas da norma NBR-5410, e de acordo com o
procedimento proposto na Seção 10.4. Para cada circuito, a análise deve ser feita apenas para o
ponto de utilização mais distante do quadro de distribuição. A distância deve ser estimada levando
em consideração o trajeto dos eletrodutos no teto, nas paredes e no chão (quando for o caso);
19) Comparar o dimensionamento dos condutores obtidos em ambos os critérios com os mínimos
prescritos pela NBR-5410 (Tabela 14) e adotar a maior seção transversal. A seção dos condutores
de cada circuito terminal deve estar indicada no quadro de cargas ou, quando puder haver dúvidas,
diretamente na planta baixa;
20) Determinar o tipo e a corrente nominal do disjuntor termomagnético de proteção de cada circuito
(Seção 14);
21) Analisar a coordenação e seletividade dos dispositivos de proteção (Seção 14.1);
22) Dimensionar o diâmetro dos eletrodutos em cada trecho da instalação, segundo as prescrições da
Seção 11. O diâmetro dos eletrodutos deve estar identificado no quadro de cargas ou, quando
puder haver dúvidas, diretamente na planta baixa. Não é recomendável mais de 4 circuitos
agrupados no mesmo eletroduto.
23) Definir o sistema de aterramento da instalação (Seção 15);
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24) Determinar a localização dos dispositivos de proteção contra choques elétricos e especificar o tipo,
a corrente nominal e a corrente de atuação dos disjuntores ou interruptores DR (Seção 13.3);
25) Desenhar na planta baixa o diagrama esquemático unifilar (ou multifilar) dos quadros elétricos
com os respectivos circuitos terminais, identificando o dimensionamento dos condutores,
proteções e eletrodutos;
26) Detalhar na planta baixa o ramal de entrada de energia, segundo os padrões das normas da
concessionária local;
27) Descrever na planta baixa detalhes e informações adicionais sobre o projeto;
28) Elaborar o memorial de cálculo do projeto;
29) Elaborar o memorial descritivo do projeto;

Tabela 27. Quadro de cargas do projeto de instalação elétrica


Circuitos Terminais Iluminação TUG TUE Condutor Disjuntor Proteção Dutos*
Fase
N° Identificação (VA) (VA) (W) (mm2) (A) DR (mm)

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮
Potência Ativa Total (W)
Potência Demandada (W)
Ramal de Entrada
(*) maior bitola requerida no circuito

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17 Exercícios propostos
Em elaboração
1. Numa residência construída, o quadro terminal está localizado a 30m do quadro geral. Este
quadro terminal alimenta um chuveiro elétrico de 5600 W/220 V distante 10 m e uma
motobomba para água que está a 40 m deste QT e é acionada por um motor de indução
monofásico de 1CV/220V/FP=0,8. Dimensione os condutores dos ramais terminais e o condutor
de interligação dos quadros pelos critérios da capacidade de corrente e da queda de tensão
admissível.
2. Um circuito trifásico em 230 V, com 45 m de comprimento, alimenta um quadro terminal e este
serve a diversos motores (fp=0,8). A corrente nominal total é de 132 A. Pretende-se usar
eletrodutos de aço galvanizado. Dimensionar os condutores e os eletrodutos do circuito de
distribuição, desde o quadro geral até o quadro terminal. [Niskier]
3. Um quadro geral de uma instalação elétrica industrial está localizado a 35m do quadro terminal
(QT). O QT alimenta um sistema de iluminação fluorescente distante 10m deste e composto
por 60 lâmpadas de 40 W/220 V com reatores eletromagnéticos de FP=0,6. O QT também
alimenta dois motores elétricos trifásicos de 1 CV/380 V/FP=0,8. Estes motores estão a 35 m do
QT. Dimensione os condutores e os eletrodutos dos circuitos terminais e do ramal que liga o
QG ao QT.

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18 Referências bibliográficas
CABRAL, S. H. L. (2010). Esquemas elétricos de aterramento: análise comparativa de funcionalidades.
Revista O Setor Elétrico. Disponível: http://www.osetoreletrico.com.br

CELESC (2015). Norma Técnica N-321.0001: Fornecimento de energia elétrica em tensão secundária
de distribuição. CELESC Distribuição S.A. 120 p.

COTRIM, A. A. M. B. (2009). Instalações elétricas. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall.
DOMINGOS FILHO, L. L. (2003). Projetos de instalações elétricas prediais. 8 ed. São Paulo: Érica.

NISKIER, J. (1992). Instalações elétricas. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

PRYSMIAN (2006). Dicas: instalações elétricas residenciais. 8 ed. Prysmian Cables & Systems.
Disponível: http://prysmiangroup.com. Acesso em 02/2014.

PRYSMIAN (2010). Manual Prysmian de instalações elétricas. Prysmian Cables & Systems. Disponível:
http://prysmiangroup.com. Acesso em 02/2014.

PRYSMIAN (2016). Instalações elétricas residenciais. Prysmian Cables & Systems. Disponível:
http://prysmiangroup.com. Acesso em 11/2020.

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Anexo A: Projeto elétrico residencial básico
Preencher as tabelas com os mínimos prescritos na NBR-5410 e elaborar a planta elétrica.

Levantamento preliminar do quadro de cargas da instalação elétrica


Dimensões Iluminação TUG TUE
Ambiente Potência Potência
Área Perímetro Quant. Quant. Potência Potência
Mínima* Atribuída Quant. Identificação
(m2) (m) Mínima* Atribuída (VA) (W)
(VA) (VA)
Dormitório 1
Dormitório 2
Sala Ar Condic. 1200
Cozinha
Banheiro Chuveiro 5500
Circulação

Total
Pot Ativa Total (W)
Fator de Demanda Iluminação+TUG TUE

Potência Ativa Total Demandada (W)


Tensão de Alimentação (V) 220 V
Número de Fases
Potência Aparente Total Demandada (VA)
Corrente Total Demandada (A)
Corrente para dimensionamento (A)
Tipo de instalação do ramal de entrada Eletroduto em alvenaria – modo 7 – tipo B1 Padrão Mínimo Celesc**
Condutor do ramal de entrada (tipo e mm2)
Disjuntor do ramal de entrada (A)
(*) mínima pela norma NBR-5410
(**) Norma Técnica Celesc N-321.0001 (acesse aqui)

Quadro de cargas do projeto elétrico residencial básico


Circuitos Terminais Iluminação TUG TUE Condutor Disjuntor Proteção Dutos*
Fase
N° Identificação (VA) (VA) (W) (mm2) (A) DR (mm)

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮
Potência Ativa Total (W)
Potência Demandada (W)
Ramal de Entrada
(*) maior bitola requerida no circuito

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Planta baixa para elaboração do projeto elétrico (Fonte: selectablocos.com.br).

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Anexo B: Principais símbolos usados nos projetos elétricos
Símbolo Significado Observação
Tomadas

Tomada Baixa na parede


(a 0,3 m do piso acabado)
A potência aparente (VA) deve ser indicada,
exceto se for de 100 VA
Tomada Média na parede Se for TUE a potência ativa (W) deve ser
(a 1,3 m do piso acabado) indicada
O número do circuito terminal correspondente
Tomada Alta na parede deve ser indicado
(a 2,0 m do piso acabado) Alturas diferentes das padronizadas devem
ser indicadas

Tomada no piso

Interruptores
Interruptor simples
(uma seção)
Interruptor duplo
(duas seções)

Interruptor triplo
(três seções)

Interruptor Paralelo Letras minúsculas indicam os pontos


(Three-Way) comandados

Interruptor Intermediário
(Four-Way)
Botão pulsador na parede
(tipo campainha)

Botão pulsador no piso

Pontos de Iluminação
Ponto de luz incandescente no
teto
Indicar a potência do ponto de luz
Ponto de luz incandescente na Número indica o circuito terminal
parede Letra minúscula indica o ponto de comando
(arandela) (interruptor)
Pontos na parede devem indicar a altura
Ponto de luz incandescente
embutido no teto

Ponto de luz fluorescente no


Indicar a potência do ponto de luz e número
teto
de lâmpadas
Número entre traços indica o circuito terminal
Ponto de luz fluorescente na Letra minúscula indica o ponto de comando
parede (interruptor)
(arandela) Pontos na parede devem indicar a altura
Indicar na planta o tipo de reator (starter,
Ponto de luz fluorescente rápido ou eletrônico)
embutida no teto

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Símbolo Significado Observação
Linhas elétricas (dutos e condutores)
Eletroduto embutido no teto ou na
parede O diâmetro nominal deve ser indicado em
milímetros (mm)
O diâmetro pode ser omitido caso esteja
Eletroduto embutido no piso indicado na legenda

Condutor da fase no interior do


eletroduto
Condutor do neutro no interior do Cada traço representa um condutor
eletroduto Indicar a seção transversal (mm2)
Indicar o número do circuito
Condutor do retorno no interior do A seção pode ser omitida caso esteja indicada
eletroduto na legenda
Condutor de proteção no interior do
eletroduto
(terra)

Caixa de derivação ou passagem


no piso

Dimensões em milímetros

Caixa de derivação ou passagem


no teto

Caixa de derivação ou passagem Dimensões em milímetros


na parede Se necessário indicar a altura

Quadros elétricos
Quadro terminal aparente na
parede
Quadro terminal embutido na
parede
Quadro de distribuição aparente na
Indicar as potências totais (ativa e aparente)
parede
Quadro de distribuição embutido na
parede

Quadro geral e de medição

Fonte: Adaptado da NBR-5444/1989.

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Anexo C: Dimensionamento da Entrada de Energia Elétrica – Padrão CELESC
Fonte: Norma Técnica N-321-0001 - CELESC

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Anexo D: Exemplos de Projeto Elétrico
Fonte: Elaborado e gentilmente cedido pelos alunos Matheus Imlau (Curso Técnico em Eletrônica Integrado, 2016).

Projeto arquitetônico-decorativo proposto (Fonte: Internet, 2016).

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Planta Elétrica em folha A3 (Fonte: IMLAU, 2016).

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Fonte: Elaborado e gentilmente cedido pelos alunos Daniel Dutra Oliveira e Gil Joffily Ribas (Curso Técnico em Eletrônica
Integrado, 2022-1).

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Fonte: Elaborado e gentilmente cedido pelo aluno Matheus Schösser Alexandre (Curso Superior de Tecnologia em
Eletrônica Industrial, 2017).

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Fonte: Elaborado e gentilmente cedido pelo aluno Nicolas Danielsky da Silva (Curso Técnico em Eletrônica Integrado, 2020).

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Anexo E: Plantas baixas para projetos elétricos

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(final)

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