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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA

Campus Florianópolis
Departamento Acadêmico de Eletrônica

SINAIS SENOIDAIS :
Tensão e Corrente Alternadas

Prof. Fernando Luiz Rosa Mussoi

Edição Sétima

Florianópolis – abril, 2018.


Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 2

SINAIS SENOIDAIS: TENSÃO E CORRENTE ALTERNADAS


Prof. Fernando Luiz Rosa Mussoi
Versão 7.0 – atualizada em 1 de junho de 2022.

NOTA DO AUTOR
Este trabalho é um material de apoio didático utilizado pelo autor nas suas aulas das disciplinas
ministradas no Departamento Acadêmico de Eletrônica do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Santa Catarina – Campus Florianópolis (IFSC).
O autor não tem a pretensão de esgotar, tampouco inovar o tratamento do assunto por ele
abordado. Tem por objetivo facilitar a dinâmica de aula, com expressivos ganhos de tempo, além de dar
uma primeira orientação e compreensão aos alunos sobre o assunto abordado. O trabalho foi construído
com base nas referências bibliográficas, citadas ao longo do texto, nas notas de aula e na experiência do
autor na abordagem do assunto com os seus alunos.
O aluno deve desenvolver o hábito de consultar, estudar e adquirir a Bibliografia Referenciada
original, sempre que possível, a fim de obter os melhores resultados no processo de aprendizagem.
Em se tratando de um material didático elaborado por um professor de uma Instituição Pública
de Ensino, são permitidos o uso e a reprodução do texto, desde que a fonte seja devidamente citada.
Quaisquer contribuições, correções e críticas construtivas a este trabalho serão bem-vindas pelo autor.
Agradeço àqueles que fizerem bom uso deste material e, especialmente, aos meus alunos,
razão do meu trabalho.

Prof. Fernando Luiz Rosa Mussoi


mussoi@ifsc.edu.br

Referência Bibliográfica:
MUSSOI, Fernando L. R. (2018). Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas. 7. Ed. Florianópolis: Instituto
Federal de Santa Catarina (IFSC), 265 p.

• Sétima Edição: abril de 2018;


• Sexta Edição: junho de 2013;
• Quinta Edição: outubro de 2010;
• Quarta Edição: setembro de 2008;
• Terceira Edição: março de 2006;
• Segunda Edição: julho de 2004;
• Primeira Edição: setembro de 1999.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 3

ÍNDICE
NOTA DO AUTOR ............................................................................................................................... 2
ÍNDICE .................................................................................................................................................. 3
1. TENSÃO E CORRENTE ALTERNADAS SENOIDAIS .......................................................... 7
2. GERAÇÃO DE CORRENTE ALTERNADA ............................................................................ 8
2.1. INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA ...............................................................................................8
2.2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO GERADOR DE CORRENTE ALTERNADA. ......................10
2.3. TENSÃO E FREQUÊNCIA DO GERADOR .................................................................................13
2.4. GERADORES DE CORRENTE ALTERNADA .............................................................................15
3. PARÂMETROS DA ONDA SENOIDAL ................................................................................. 22
3.1. VALOR DE PICO: ...................................................................................................................22
3.2. PERÍODO (T): ........................................................................................................................23
3.3. FREQUÊNCIA (F): ..................................................................................................................23
3.4. FREQUÊNCIA ANGULAR OU VELOCIDADE ANGULAR ():.....................................................23
3.5. FUNÇÃO MATEMÁTICA DA TENSÃO E DA CORRENTE SENOIDAL ........................................25
3.5.1. Função tensão instantânea: .......................................................................................... 25
3.5.2. Função corrente instantânea: ....................................................................................... 26
3.6. VALOR MÉDIO ......................................................................................................................28
3.7. VALOR EFICAZ .....................................................................................................................31
3.8. FASE INICIAL E DEFASAGEM ANGULAR. ..............................................................................33
3.9. OSCILOSCÓPIO ......................................................................................................................37
3.10. FATORES DE FORMA, DE CRISTA E DE ONDULAÇÃO ............................................................38
3.11. SINAIS ELÉTRICOS ................................................................................................................39
3.12. EXERCÍCIOS: .........................................................................................................................42
4. NÚMEROS COMPLEXOS ........................................................................................................ 45
4.1. PLANO CARTESIANO COMPLEXO .........................................................................................45
4.2. FORMA RETANGULAR OU CARTESIANA ...............................................................................48
4.3. FORMA POLAR ......................................................................................................................49
4.4. FORMA DE EULER .................................................................................................................50
4.5. CONVERSÃO ENTRE FORMAS ................................................................................................51
4.5.1. Conversão de Retangular para Polar ........................................................................... 51
4.5.2. Conversão de Polar para Retangular ........................................................................... 52
4.6. OPERAÇÕES MATEMÁTICAS COM NÚMEROS COMPLEXOS ....................................................53
4.6.1. Conjugado Complexo .................................................................................................... 54
4.6.2. Recíproco ou Inverso de um número complexo............................................................. 54
4.6.3. Adição e Subtração de números complexos .................................................................. 54
4.6.4. Multiplicação de números complexos ........................................................................... 55
4.6.5. Divisão de números complexos ..................................................................................... 56
4.6.6. Potenciação de números complexos .............................................................................. 57
4.7. EXERCÍCIOS ..........................................................................................................................57
5. REPRESENTAÇÃO FASORIAL DE ONDAS SENOIDAIS ................................................. 60
5.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................60
5.2. FASOR ...................................................................................................................................61
5.3. REPRESENTAÇÃO FASORIAL COM NÚMEROS COMPLEXOS ..................................................64
5.4. OPERAÇÕES MATEMÁTICAS COM FASORES E DIAGRAMAS FASORIAIS ...............................67
5.5. TABELA RESUMO..................................................................................................................69
5.6. EXERCÍCIOS: .........................................................................................................................70

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6. RELAÇÕES ENTRE TENSÃO E CORRENTE ALTERNADAS NOS ELEMENTOS


PASSIVOS DE CIRCUITOS ............................................................................................................. 72
6.1. RESISTOR EM CORRENTE ALTERNADA ................................................................................72
6.1.1. Exercícios: ..................................................................................................................... 77
6.2. CAPACITOR EM CORRENTE ALTERNADA .............................................................................77
6.2.1. Reatância Capacitiva Xc: .............................................................................................. 82
6.2.2. Resposta em frequência da reatância capacitiva .......................................................... 86
6.2.3. Modelo do Capacitor Real ............................................................................................ 87
6.2.4. Exercícios: ..................................................................................................................... 87
6.3. INDUTOR EM CORRENTE ALTERNADA .................................................................................88
6.3.1. Reatância Indutiva XL: .................................................................................................. 94
6.3.2. Resposta em frequência da reatância indutiva.............................................................. 97
6.3.3. Modelo do Indutor Real................................................................................................. 98
6.3.4. Exercícios: ..................................................................................................................... 98
6.4. IMPEDÂNCIA .........................................................................................................................99
6.4.1. Diagrama de Impedâncias e Triângulo de Impedâncias............................................. 102
6.4.2. Associação de Impedâncias: ....................................................................................... 104
6.4.3. Tabelas-resumo ........................................................................................................... 107
6.4.4. Exercícios .................................................................................................................... 108
6.5. ADMITÂNCIA ......................................................................................................................108
6.5.1. Associações de Admitâncias ........................................................................................ 109
6.5.2. Diagrama de Admitâncias ........................................................................................... 111
6.6. ANÁLISE DE CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA .........................................................112
6.6.1. Análise de Circuitos RC .............................................................................................. 112
6.6.2. Análise de Circuitos RL ............................................................................................... 114
6.6.3. Análise de Circuitos RLC ............................................................................................ 116
6.6.4. Exercícios: ................................................................................................................... 121
7. POTÊNCIA E ENERGIA EM CORRENTE ALTERNADA ............................................... 123
7.1. POTÊNCIA INSTANTÂNEA ...................................................................................................124
7.2. POTÊNCIA MÉDIA OU POTÊNCIA ATIVA .............................................................................126
7.3. POTÊNCIA NOS ELEMENTOS PASSIVOS ...............................................................................126
7.3.1. Potência no Resistor .................................................................................................... 127
7.3.2. Potência no Indutor Ideal............................................................................................ 129
7.3.3. Potência no Capacitor Ideal ....................................................................................... 131
7.3.4. Potência na Impedância de um circuito misto ............................................................ 133
7.4. POTÊNCIA APARENTE E TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS..........................................................135
7.4.1. Triângulo de Potências ............................................................................................... 136
7.4.2. Composição de potências ............................................................................................ 137
7.5. POTÊNCIA COMPLEXA ........................................................................................................138
7.6. ENERGIA ELÉTRICA ............................................................................................................139
7.7. FATOR DE POTÊNCIA ..........................................................................................................140
7.8. CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA:.................................................................................146
7.9. EXERCÍCIOS ........................................................................................................................150
8. SISTEMAS TRIFÁSICOS ....................................................................................................... 152
8.1. GERADOR TRIFÁSICO .........................................................................................................153
8.2. GERADOR TRIFÁSICO CONECTADO EM ESTRELA (Y) ........................................................155
8.3. GERADOR TRIFÁSICO CONECTADO EM TRIÂNGULO () ....................................................158
8.4. CARGAS TRIFÁSICAS ...........................................................................................................160
8.4.1. Sistema Y-Y equilibrado .............................................................................................. 160
8.4.2. Sistema Y- equilibrado .............................................................................................. 162
8.4.3. Sistema - equilibrado .............................................................................................. 164
8.4.4. Sistema -Y equilibrado .............................................................................................. 166

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8.5. POTÊNCIA TRIFÁSICA .........................................................................................................168


8.5.1. Potência no sistema trifásico equilibrado ................................................................... 169
8.6. SISTEMA TRIFÁSICO DESEQUILIBRADO...............................................................................171
8.6.1. Sistema trifásico desequilibrado com condutor neutro ............................................... 171
8.6.2. Sistema trifásico desequilibrado sem condutor neutro ............................................... 172
8.7. QUADRO-RESUMO ..............................................................................................................174
8.8. EXERCÍCIOS ........................................................................................................................175
9. TRANSFORMADORES........................................................................................................... 177
9.1. TRANSFORMADOR IDEAL ...................................................................................................178
9.2. ANÁLISE DO CIRCUITO MAGNÉTICO DO TRANSFORMADOR NÃO IDEAL .............................182
9.2.1. Relação de transformação de tensão .......................................................................... 182
9.2.2. Relação de transformação de corrente ....................................................................... 186
9.2.3. Corrente de excitação do núcleo do transformador não ideal .................................... 188
9.3. PERDAS DE ENERGIA NO TRANSFORMADOR .......................................................................190
9.3.1. Perdas magnéticas no núcleo ...................................................................................... 190
9.3.2. Perdas elétricas nos condutores .................................................................................. 191
9.4. CIRCUITO EQUIVALENTE DO TRANSFORMADOR .................................................................191
9.5. OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS ELÉTRICOS DO TRANSFORMADOR ......................................196
9.5.1. Ensaio de continuidade ............................................................................................... 196
9.5.2. Ensaio a vazio (circuito aberto) .................................................................................. 196
9.5.3. Ensaio de curto-circuito .............................................................................................. 199
9.5.4. Ensaio com impedância de carga................................................................................ 201
9.5.5. Ensaio com carga plena .............................................................................................. 203
9.5.6. Determinação da polaridade magnética das bobinas ................................................. 207
9.6. EFEITO DA FREQUÊNCIA .....................................................................................................208
9.7. CONSTRUÇÃO DO TRANSFORMADOR .................................................................................209
9.8. TRANSFORMADOR PARA CASAMENTO DE IMPEDÂNCIAS ...................................................211
9.9. TRANSFORMADORES COM MÚLTIPLAS TENSÕES ................................................................212
9.10. AUTOTRANSFORMADOR .....................................................................................................215
9.10.1. Autotransformador ajustável (Variac) ........................................................................ 217
9.11. TRANSFORMADOR DE POTENCIAL (TP) ..............................................................................218
9.12. TRANSFORMADOR ISOLADOR (TI) ......................................................................................219
9.13. TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC) ..............................................................................220
9.14. TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS .......................................................................................223
9.15. TRANSFORMADOR COM NÚCLEO DE AR (LEITURA COMPLEMENTAR) ................................226
9.16. OUTROS TIPOS DE TRANSFORMADORES .............................................................................228
9.17. EXERCÍCIOS PROPOSTOS: ....................................................................................................231
10. PROBLEMAS PROPOSTOS............................................................................................... 233
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 253
12. APÊNDICES .......................................................................................................................... 254
12.1. RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS ..........................................................................................254
12.2. COMPONENTES LINEARES E NÃO LINEARES ......................................................................255
12.3. DERIVADA DE UMA FUNÇÃO SENOIDAL .............................................................................257
12.4. MEDIÇÃO DA DEFASAGEM ANGULAR COM O OSCILOSCÓPIO .............................................259
12.5. ESPECTRO DE FREQUÊNCIAS ..............................................................................................261
12.6. INFORMAÇÕES RELEVANTES ..............................................................................................262
12.6.1. Alfabeto grego: ............................................................................................................ 262
12.6.2. Múltiplos métricos:...................................................................................................... 262
12.6.3. Origem do nome dos prefixos: .................................................................................... 262
12.6.4. Constantes e grandezas importantes ........................................................................... 263
12.6.5. Símbolos matemáticos: ................................................................................................ 263
12.6.6. Conversões e equivalências de unidades: ................................................................... 264

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1. TENSÃO E CORRENTE ALTERNADAS SENOIDAIS


Uma forma de onda de tensão alternada é aquela onde a intensidade e a polaridade alteram-
se continuamente ao longo do tempo. A onda de corrente alternada tem a intensidade e sentido
alterando-se continuamente ao longo do tempo. Em geral são formas de onda periódicas, como as
ilustradas na Figura 1-1. A onda da tensão ou da corrente alternada senoidal é aquela cuja forma é
representada por uma senoide.

+ t + t + t

- - -
Figura 1-1. Formas de onda alternadas e periódicas
A forma de onda periódica mais importante e de maior interesse é a alternada senoidal, por
diversas razões. A maior parte da energia elétrica é gerada nas usinas e utilizada pelos equipamentos na
forma de tensões e correntes alternadas. Os sistemas elétricos de grande porte são construídos para
operar com elevados níveis de tensões e correntes alternadas senoidais, desde a geração nas usinas, a
transformação nas estações elevadoras e abaixadoras de tensão, a transmissão nas linhas de longas
distâncias e a distribuição aos consumidores residenciais, comerciais e industriais.
A principal razão pela qual a energia elétrica gerada e consumida em grande escala ser em
tensão e corrente alternadas senoidais é que ela apresenta maiores vantagens técnicas e econômicas para
geração, transformação, transmissão e distribuição. Os geradores de tensão alternada são mais simples
e eficientes. Para levar a energia gerada nas usinas a longas distâncias é necessário elevar as tensões a
níveis que chegam a 750 kV, a fim de reduzir as perdas no transporte (principalmente por Efeito Joule).
Para a energia ser distribuída nos centros consumidores a tensão é novamente reduzida. Os sistemas de
transmissão e os transformadores elevadores e abaixadores de tensão são mais simples e econômicos.
A maioria dos equipamentos elétricos faz uso de tensões e correntes alternadas senoidais. Os
motores elétricos de corrente alternada são construtivamente menos complexos e muito mais robustos
que os motores de corrente contínua. Essa é uma grande vantagem, pois reduz custos e cuidados com
manutenção. Por essa razão, são os tipos de motores mais utilizados, especialmente em aplicações
industriais.
Outra importante razão para o estudo das tensões e correntes alternadas senoidais é a
característica típica de comportamento dos circuitos elétricos e seus componentes passivos (resistores,
capacitores e indutores). Esses componentes quando submetidos a uma tensão senoidal respondem com
uma corrente também senoidal. A análise de circuitos em corrente alternada (CA) pode fazer uso dos
mesmos procedimentos matemáticos e teoremas utilizados para a análise de circuitos de corrente
contínua (CC).
Além disso, a forma de onda senoidal é importante porque é a base de todos os sinais
periódicos. Segundo o Teorema de Fourier, toda forma de onda periódica é, na verdade, composta por
um conjunto de ondas senoidais, chamadas de componentes harmônicos ou harmônicas. Assim, a análise
desses componentes harmônicos permite a interpretação do comportamento da forma de onda original.
O objetivo desta apostila é apresentar o processo de geração da forma de onda alternada
senoidal e especificar as suas características, parâmetros e terminologias, bem como introduzir os
processos matemáticos para análise do comportamento dos elementos passivos nos circuitos de corrente
alternada senoidal.

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2. GERAÇÃO DE CORRENTE ALTERNADA


Para entender a geração de uma onda de tensão alternada senoidal é necessário conhecer bem
os princípios da indução eletromagnética.

2.1. INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA


Do estudo do eletromagnetismo sabemos que todo condutor sujeito a uma variação de fluxo
magnético sofre uma indução de força eletromotriz (tensão). Se esse condutor estiver conectado a um
circuito elétrico, ocorre a circulação de uma corrente induzida devido à diferença de potencial elétrico
provocada pela tensão induzida. A indução eletromagnética é regida pelas Leis de Faraday e de Lenz.
A Lei de Faraday estabelece que o valor da força eletromotriz (FEM) induzida em uma bobina
é diretamente proporcional à taxa de variação do fluxo magnético no tempo e ao número de espiras. Ou
seja, quanto mais o fluxo variar num intervalo de tempo, tanto maior será a tensão induzida. A Lei de
Lenz diz que o sentido da corrente induzida resultante é tal que ela própria origina um fluxo magnético
induzido (efeito) que se opõe à variação do fluxo magnético indutor (causa). Essa oposição é expressa
por um sinal negativo na equação da Lei de Faraday. De acordo com as Leis de Faraday e Lenz, a força
eletromotriz induzida em função do tempo 𝒆(𝒕) pode ser calculada pela equação geral:
𝑑𝜙
𝑒(𝑡) = −𝑁 ∙
𝑑𝑡
Se a taxa variação do fluxo for linear (constante ao longo do tempo), podemos calcular o valor
da força eletromotriz induzida média 𝒆̅ pela equação:
Δ𝜙
𝑒̅ = −𝑁 ∙
Δ𝑡
Onde,
𝑒̅: força eletromotriz (tensão) induzida média [V];
Δ𝜙
Δ𝑡
: taxa de variação do fluxo magnético no tempo [Wb/s]
𝑁: número de espiras.
O fluxo magnético 𝜙 depende da intensidade do campo magnético, da área do condutor (ou
espira ou bobina) atingida pelas linhas do campo magnético e do ângulo de incidência das linhas de
campo nessa área, conforme a equação:
𝜙 = 𝐵 ∙ 𝐴 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃
Onde,
𝜙: fluxo magnético [Wb];
𝐵: densidade do campo magnético [T];
𝐴: área do condutor, espira ou bobina atingida pelo campo magnético [m2];
𝜃: ângulo de incidência das linhas na área [o ou rad].
Na Figura 2-1 o ímã parado não provoca variação do fluxo magnético na bobina e, portanto,
não ocorre indução de tensão. Já a aproximação do imã provoca um aumento do fluxo magnético na
bobina induzindo uma tensão em seus terminais. A polaridade da tensão induzida provoca uma corrente
na bobina cujo sentido produz um campo magnético induzido que se opõe à variação do fluxo magnético
indutor (aproximação do ímã). Quando o ímã se afasta, há uma redução do fluxo magnético. A
polaridade da tensão induzida agora provoca uma corrente cujo sentido produz um campo que se opõe
à redução do fluxo magnético indutor (afastamento do ímã). Percebemos que esse movimento alternou
o sentido da corrente induzida.

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N S S N N S N S N S

Corrente Nula Corrente I


(I=0) Corrente I

a) Ímã parado não induz corrente b) Ímã se aproximando c) Ímã se afastando

Figura 2-1. Indução eletromagnética


De forma análoga, um condutor (ou espira ou bobina) movimentando-se em relação a um
campo magnético também sofrerá indução eletromagnética de tensão. Quando o condutor se move
dentro de um campo magnético, cortando as linhas desse campo magnético, elétrons no condutor são
estimulados a moverem-se em uma direção ou outra, o que resulta em uma força eletromotriz induzida.
Portanto, há três condições fundamentais para ocorrer a indução eletromagnética:
• Deve haver um condutor (ou espira ou bobina) onde a tensão será induzida;
• Deve haver um campo magnético na vizinhança do condutor;
• Deve haver um movimento relativo entre o campo e o condutor (variação do fluxo
magnético).
O sentido da corrente induzida num condutor em movimento dentro de um campo magnético
pode ser determinado pela Regra da Mão Direita (Regra de Fleming), como indica a Figura 2-2. Essa
regra indica que deve haver uma relação ortogonal (90°) entre a direção do fluxo magnético, a direção
do movimento e a direção da corrente induzida.

Figura 2-2. Regra da Mão Direita: determinação do sentido da corrente induzida [2].
A Figura 2-3 indica que se a direção do movimento do conduto for a mesma direção do fluxo
magnético, não haverá indução eletromagnética. Se a direção do movimento for ortogonal ao fluxo a
indução será máxima. Em outras direções, apenas a componente ortogonal produzirá indução
eletromagnética e, portanto, o ângulo deverá ser considerado. A Figura 2-4 mostra que a direção do
movimento do condutor e a polaridade do campo magnético determinam o sentido da corrente induzida.

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N N N
• •

S S S

Corrente Corrente Induzida Corrente


Induzida Nula Máxima Induzida
(a) (b) (c)

Figura 2-3. Movimento de um condutor dentro de um campo magnético. A amplitude da corrente induzida
depende do ângulo no qual o condutor corta as linhas de fluxo.

N N S

S S N

(a) (b) (c)

Figura 2-4. Direção do movimento e polaridade do campo determinam o sentido da corrente induzida.

2.2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO GERADOR DE CORRENTE ALTERNADA.


Um gerador de corrente alternada funciona com base na indução de força eletromotriz num
condutor em movimento dentro de um campo magnético. Para entender o funcionamento considere o
esquema da Figura 2-5, onde uma espira gira em um campo magnético produzindo uma tensão (FEM)
induzida. Se um circuito elétrico fechado for conectado aos terminais, a tensão induzida produz uma
corrente na espira. A Figura 2-6(a) ilustra, passo a passo, a indução de tensão na espira do gerador
elementar da Figura 2-5.

Eixo
Espira B

a
N S

b
Terminais da Espira
Sentido de rotação

Figura 2-5. Gerador de Corrente Alternada Elementar: espira girando num campo magnético

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a  = 0o
Instante
t1 N S  = 0
b e=0

a
Instante N   0o
t2 N  S   0
S
b e0

Instante
N  = 90o
t3 N a b S  = máx
S e máx

Instante N
b   0o
t4 N S S   0
a e0

b  = 0o
Instante
t5 N S  = 0
a e=0
(a)

(b)
Figura 2-6. Geração de tensão alternada: (a) primeira meia volta da espira [1]; (b) forma de onda gerada.
Em 𝑡1 os condutores a e b estão se movimentando paralelamente ao fluxo magnético (com
sentidos opostos). Como nenhuma linha de fluxo é cortada 𝜃 = 0° = 180° e nenhuma tensão é induzida.
No instante 𝑡2 , o movimento dos condutores já corta as linhas de fluxo magnético em um determinado
ângulo 𝜃 e uma tensão é induzida, a qual proporciona uma corrente cujo sentido é determinado pela
regra da mão direita. No instante 𝑡3 o movimento dos condutores corta as linhas de fluxo
perpendicularmente (a 90°) e a variação do fluxo é máxima e, portanto, a tensão induzida. A corrente
mantém o sentido. Em 𝑡4 , o movimento dos condutores corta as linhas de fluxo magnético em um
determinado ângulo 𝜃 e uma tensão menor é induzida. Em 𝑡5 os condutores a e b estão novamente se
movimentando paralelamente ao fluxo magnético e nenhuma tensão é induzida. Neste ponto, a primeira
meia volta da espira produziu a forma de onda de tensão induzida apresentada na Figura 2-6(b). O eixo
vertical indica a o valor da tensão induzida em cada instante de tempo. O eixo horizontal indica os
instantes de tempo ou a posição angular do movimento da espira no campo magnético.

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Como 𝜙 = 𝐵 ∙ 𝐴 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃, a variação do ângulo devido ao movimento de giro da espira no


campo magnético produz uma variação do fluxo magnético 𝜙 proporcional ao seno do ângulo 𝜃. Uma
vez que a tensão induzida é proporcional à variação do fluxo (Lei de Faraday) provocado pelo
movimento giratório da espira, seu comportamento será determinado pelo seno do ângulo 𝜃 e sua forma
de onda será periódica e senoidal. A Figura 2-7 representa a segunda meia volta da espira. Nota-se
que, do instante 𝑡5 para 𝑡6 a direção na qual o condutor corta o fluxo é invertida. Portanto, a polaridade
da tensão induzida é invertida e, consequentemente, o sentido da corrente é alternado, formando, a partir
daí o semiciclo negativo da forma de onda alternada senoidal, pelo mesmo processo anterior.

o
Instante b =0
t5 N S  = 0
a e=0

b 0
o
Instante N
t6 N S   0
S
a e0

o
Instante N  = 90
t7 N b a S  = máx
S e = máx

o
Instante N
a 0
t8 N S S   0
b e0

o
Instante a =0
t9 N S  = 0
b e=0
(a)

(b)
Figura 2-7. Geração de tensão alternada: (a) segunda meia volta da espira [1]; (b) forma de onda gerada em
uma rotação completa.
A Figura 2-8 indica a forma de onda senoidal produzida pelo deslocamento de 360° (2 rad)
do condutor de uma espira em um campo magnético. O eixo vertical indica a amplitude da tensão (FEM)
induzida. O eixo horizontal pode representar o tempo que a forma de onda leva para completar um ciclo
inteiro (período). Cada instante de tempo está relacionado com a posição angular do condutor no campo

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 13

magnético. Quando o eixo horizontal indicar diretamente a posição angular em graus, chamamos de
ângulo elétrico. A vantagem de se indicar o eixo horizontal em graus em vez de unidades de tempo é
que os graus elétricos independem da velocidade com que a espira gira no campo magnético (e
consequentemente da frequência e do período).

N
Tensão Induzida

4 4
5 3
6 2 2 6
7 1
+ Tempo
1 7 1
8 12 8 - 12
x x
9 11
x 10 x 10
B x

Figura 2-8. Geração da onda senoidal pela rotação de um condutor dentro de um campo magnético.
A tensão alternada resultante do processo de indução eletromagnética no gerador estudado tem
a forma senoidal, isto é, a tensão varia periodicamente no tempo tanto em intensidade como em sentido,
a cada 360o, como indica a Figura 2-7(b). O mesmo ocorre para a corrente que circula pelo gerador
quando conectado a uma carga elétrica. A amplitude da tensão induzida no gerador:
• Do número de espiras das bobinas rotativas;
• Da velocidade na qual as bobinas se movimentam;
• Da densidade do fluxo do campo magnético.

2.3. TENSÃO E FREQUÊNCIA DO GERADOR


Observando a Figura 2-6 e a Figura 2-7 podemos concluir que o fluxo magnético na espira
varia de um máximo positivo (+𝜙𝑚𝑎𝑥 ) em 𝑡3 , a um máximo negativo (−𝜙𝑚𝑎𝑥 ) em 𝑡7 , passando por
zero a cada meia volta da espira no campo magnético. Assim, a amplitude total de variação do fluxo
magnético na espira em meia volta é dada por:
∆𝜙 = +𝜙𝑚𝑎𝑥 − (−𝜙𝑚𝑎𝑥 ) = 2𝜙𝑚𝑎𝑥
Essa variação a cada meia volta ocorre durante um intervalo de tempo 𝑡. Considerando a
velocidade do rotor 𝑛 em quantidade de rotações por minuto (rpm), temos a relação:
Δ𝑡 ↔ 1⁄2 rotação
1 min (60 s) ↔ 𝑛 rotações
Assim:
30
Δ𝑡 =
𝑛
No gerador da Figura 2-6 e da Figura 2-7 temos apenas dois polos magnéticos produzindo a
variação do fluxo (∆𝜙) a cada meia volta. Genericamente, para um número 𝑝 de polos:
∆𝜙 = 𝑝 ∙ 𝜙𝑚𝑎𝑥

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A força eletromotriz induzida 𝑒 é proporcional ao número de espiras (Lei de Faraday):


∆𝜙
𝑒 = −𝑁
Δ𝑡
Substituindo,
𝑝 ∙ 𝜙𝑚𝑎𝑥
𝑒 = −𝑁
30
𝑛
Assim:
𝑝 ∙ 𝑛 ∙ 𝜙𝑚𝑎𝑥
𝑒 = −𝑁
30
Onde,
𝑒: força eletromotriz (tensão) média induzida [V];
𝜙𝑚𝑎𝑥 : fluxo magnético máximo por polo [Wb];
𝑝: número de polos;
𝑛: velocidade [rpm];
𝑁: número de espiras
O gerador de dois polos da Figura 2-6 e da Figura 2-7 completa um ciclo elétrico a cada ciclo
mecânico (rotação). Sendo 𝑛 a velocidade em rotações por minuto (rpm), a velocidade em rotações por
segundo (rps) será dada por 𝑛⁄60. Assim:
2 polos  𝑛⁄60 (ciclos mecânicos por segundo, rps)
𝑝 polos  𝑓 (ciclos elétricos por segundo, Hz)
Equacionando, temos:
120 ∙ 𝑓
𝑛=
𝑝
Onde,
𝑛: velocidade de rotação do gerador [rpm].
𝑓: frequência da tensão induzida em ciclos elétricos por segundo [Hertz, Hz];
𝑝: número de polos magnéticos do gerador;
O número de ciclos elétricos por segundo é chamado de frequência (𝑓), cuja unidade é Hertz
(Hz).
Substituindo esta última equação na anterior, temos para a tensão induzida:
𝑒 = −4 ∙ 𝑁 ∙ 𝑓 ∙ 𝜙𝑚𝑎𝑥
A Figura 2-9 mostra dois geradores com o campo magnético girante no rotor e a armadura fixa
no estator. O primeiro apresenta 8 polos e o segundo 2 polos. Como ambos giram a mesma velocidade,
o gerador de mais polos produz um sinal de maior frequência do que o outro. Assim, para uma dada
frequência desejada (como 60Hz, por exemplo), um gerador de mais polos pode girar a uma velocidade
menor.
Nas usinas elétricas, a frequência e a tensão dos geradores devem ser mantidas constantes.
Para manter a frequência constante, a velocidade de rotação dos geradores deve ser mantida constante,
o que deve ser proporcionado pelo controle das turbinas. Para manter a tensão constante, o fluxo do
campo magnético no gerador deve ser controlado.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 15

Figura 2-9. Geradores de 2 e 8 polos girando na mesma velocidade: número de polos influencia a frequência da
tensão gerada. (Fonte: Internet).
Nos circuitos elétricos, fonte de tensão alternada senoidal e fonte de corrente alternada
senoidal são representadas como mostra a figura 2.4.2. Na convenção adotada, a polaridade da tensão
e o sentido da corrente indicado se referem ao semiciclo positivo.

+ +
+
v(t)
~
-
i(t)

-
~
Figura 2-10. Símbolo e convenção para polaridade de fontes de tensão e de corrente senoidais.

2.4. GERADORES DE CORRENTE ALTERNADA


A Figura 2-11 apresenta as partes essenciais de um gerador de corrente alternada elementar,
constituído por apenas uma espira. Um gerador real de corrente alternada, também chamado de
alternador, consiste em muitas espiras em série e em paralelo formando conjuntos de bobinas. O
conjunto das bobinas do gerador é chamado enrolamento, que é montado sobre um núcleo de aço silício
(material ferromagnético) constituindo a chamada armadura, onde é induzida a força eletromotriz
(tensão). O campo magnético no gerador elementar da Figura 2-11 é criado por um ímã permanente. Já
nos geradores comerciais de grande porte, o campo magnético é criado por eletroímãs constituídos por
bobinas alimentadas por corrente contínua.
O rotor é constituído pelas partes girantes do gerador, enquanto o estator é constituído pelas
partes estacionárias fixadas à carcaça. A armadura pode estar no rotor ou no estator. No gerador CA de
armadura giratória a tensão gerada é conectada às cargas elétricas através de anéis coletores e escovas
deslizantes, como mostra a Figura 2-11. A armadura giratória é encontrada somente em alternadores de
baixa potência devido à limitação de tensão e corrente nos anéis coletores e escovas. Nos geradores de
corrente alternada de grande potência encontrados nas usinas, a armadura é fixada ao estator, enquanto
o campo magnético é que gira em torno delas no rotor, como mostra a Figura 2-12. Como há um

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 16

movimento rotativo relativo entre o campo magnético e as bobinas, há a indução eletromagnética de


tensão alternada senoidal. A vantagem da armadura estacionária é que a tensão gerada pode ser
conectada à carga diretamente, sem necessidade de anéis coletores e escovas. Isso possibilita geração de
grandes potências.

Figura 2-11. Gerador CA. A espira em movimento é conectada à carga através de anéis coletores e escovas.
(www.feiradeciencias.com.br/sala13/)

Figura 2-12. Gerador de Corrente Alternada de Polos Girantes e Armadura Estacionária. (Fonte: Internet).
O estator consiste em um núcleo de ferro laminado com os enrolamentos da armadura
embutidos. A Figura 2-13 ilustra um estator de um pequeno gerador CA (alternador) usado em veículos
e um gerador de grande porte, como o da usina hidrelétrica de Itaipu.
Todos os geradores requerem uma fonte primária de energia mecânica para girar seus rotores
por meio de uma turbina. As fontes primárias são divididas em duas classes: para geradores de alta
velocidade e de baixa velocidade. As turbinas a vapor e a gás são fontes primárias de alta velocidade,
enquanto as turbinas hidráulicas em quedas de água, as turbinas eólicas (hélices) e as máquinas de
combustão interna (como motores a explosão) são fontes primárias de baixa velocidade. O tipo de fonte

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 17

primária tem um papel importante no projeto de alternadores, já que a velocidade na qual o rotor deve
girar determina certas características de construção e operação do gerador.

Figura 2-13. (a) armadura do Estator de um gerador de pequeno porte e (b) rotor e estator de um gerador da
usina hidrelétrica de Itaipu. (Fonte: Internet).
Nas usinas hidrelétricas a energia elétrica é gerada pela passagem da água através de uma
turbina hidráulica acoplada ao eixo do gerador. A Figura 2-14 e a Figura 2-15 ilustram uma turbina
hidráulica acionando um gerador. A quantidade de energia produzida é proporcional ao fluxo de água e
à altura da queda d´água, isto é, do nível da água e da altura do reservatório (barragem). No projeto de
hidrelétricas, deve-se levar em conta o histórico hidrológico, ou seja, a quantidade de chuvas em cada
estação do ano, para que a usina garanta operação adequada o ano inteiro. As turbinas dos geradores das
usinas hidrelétricas giram em velocidades relativamente baixas, na ordem de 100 a 300 rpm. Como
exemplo, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, no rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai, possui 20
turbinas com geradores cuja potência é 700 MW cada. Metade deles gera na frequência brasileira de 60
Hz, girando a 92,3 rpm e a outra metade gera na frequência paraguaia de 50 Hz, girando a 90,9 rpm.
Outro exemplo é a Usina Hidrelétrica de Itá, no rio Uruguai, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande
do Sul, composta por 5 turbinas com geradores de 290 MW, gerando em 60 Hz e girando a 128,57 rpm.

Figura 2-14. Turbina hidráulica acionando mecanicamente o gerador. (Fonte: Internet).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 18

Os alternadores são identificados de acordo com a tensão para a qual eles são projetados e pela
máxima corrente que são capazes de fornecer. O produto da tensão alternada pela corrente alternada de
projeto do gerador fornece a capacidade de potência gerada, cuja unidade é o Volt-Ampère. A corrente
máxima que pode ser fornecida por um alternador depende do máximo calor que ele pode suportar na
armadura. Esta perda de calor (que é uma potência elétrica perdida, principalmente por Efeito Joule) age
aquecendo os condutores e, se excessiva, destrói o seu isolamento, podendo causar má operação ou
curto-circuito. Sistemas de refrigeração são incorporados em grandes geradores para limitar o
aquecimento. Quando um alternador sai da fábrica, este já é destinado para um trabalho muito
específico. A velocidade para a qual é projetado para girar, a tensão a ser gerada, os seus limites de
corrente e outras características de operação são conhecidas. Essas informações são normalmente
estampadas em uma placa de especificações para que o usuário conheça suas características.

Figura 2-15. Turbina hidráulica acionando mecanicamente o gerador. (Fonte: Internet).


A Figura 2-16 mostra dois tipos de rotores para geradores de polos girantes e armadura
estacionária. O primeiro é adequado para turbinas de alta velocidade como aquelas acionadas por vapor
ou gás. A segunda é para turbinas de baixa velocidade como aquelas acionadas por turbinas hidráulicas
e motores de explosão.

Anéis
Coletores

Rotor de alta
velocidade
(>1200rpm)
Rotor de Pólos
Salientes para
baixa velocidade
Seção Transversal: (<1200rpm)

Linhas do Campo
Magnético

Figura 2-16. Tipos de rotores: (a) para turbinas de alta velocidade e (b) para turbinas de baixa velocidade.
(Fonte: Internet).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 19

As turbinas das usinas termoelétricas são acionadas pela queima de combustíveis fósseis
(carvão mineral, gás ou óleo combustível) ou biomassa (lenha, bagaço de cana etc.) na fornalha, que
aquece a água que vira vapor pressurizado a cerca de 550 °C na caldeira e é conduzido às turbinas. Esse
vapor superaquecido e pressurizado atravessa as pás da turbina fazendo-o girar e acionando o gerador.
As turbinas a vapor funcionam em velocidades mais altas (1800 a 3600 rpm) para frequências de 60 Hz.
Como exemplo, a Usina Termoelétrica Jorge Lacerda, em Santa Catarina, tem uma capacidade total de
832 MW em sete conjuntos turbogeradores de 60 Hz girando a 3600 rpm. Essa usina usa carvão mineral
extraído na região de Criciúma. A Figura 2-17 apresenta um esquema de uma usina termoelétrica.

Figura 2-17. Esquema de uma usina termoelétrica (www.alterima.com.br).


Nas Usinas Termonucleares, o calor necessário para converter a água em vapor pressurizado
é fornecido pela energia liberada da fissão nuclear, e não pela queima de combustíveis. A Figura 2-18
mostra o esquema de uma usina termoelétrica nuclear. O Brasil possui em funcionamento duas usinas
nucleares (2008). Angra I é capaz de gerar 657 MW, 60 Hz com turbinas girando a 1800 rpm. Angra II
(em operação) e Angra III (em construção) são capazes de gerar 1300 MW cada uma.

Figura 2-18. Esquema de uma usina termoelétrica nuclear (Fonte: Eletronuclear).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 20

No campo das fontes alternativas renováveis, o Brasil utiliza a força dos ventos para girar os
geradores e produzir energia elétrica nas Usinas Eólicas em regiões ventosas, como o litoral do Rio
Grande do Sul. Ainda há usinas em Santa Catarina, em Minas Gerais e no Ceará (2008). A Figura 2-19
apresenta algumas usinas eólicas no Brasil e a Figura 2-20 ilustra o sistema de um gerador eólico.

Figura 2-19. Usinas eólicas no Brasil. (Fonte: Internet).


As usinas solares utilizam a energia da luz solar para gerar corrente elétrica, chamadas de
usinas fotovoltaicas. Já as usinas termo solares (em operação na Espanha) utilizam a energia do calor
do sol para aquecer um fluido e produzir vapor pressurizado para geração elétrica. As usinas geotérmicas
usam o calor da água vulcânica (gêiser) para acionar as turbinas (em uso na Finlândia) e há ainda usinas
que usam a energia das marés, chamadas maremotrizes, como mostra a Figura 2-21. Nelas, quando a
maré é alta a água flui em um sentido, enchendo o reservatório e acionando o gerador. Quando a maré
baixa, a água flui em outro sentido, acionando o gerador. Também há as usinas maremotrizes que
utilizam o movimento das ondas para movimentar os geradores.

Figura 2-20. Esquema das hélices, engrenagens e gerador de uma usina eólica. (Fonte: Internet).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 21

Figura 2-21. Esquema de uma usina maremotriz. (Fonte: Internet).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 22

3. PARÂMETROS DA ONDA SENOIDAL


Para conhecermos corretamente a tensão e corrente alternadas, precisamos estudar os
parâmetros da forma de onda senoidal. Alguns destes parâmetros têm significado geral (para a
matemática e a física, por exemplo), mas quando estudados em eletricidade têm sentido específico. A
forma de onda é a curva descrita por uma quantidade (como tensão ou corrente) em função de alguma
variável como tempo, posição, ângulo etc. Essa quantidade assume um determinado valor (amplitude)
a instante de tempo, chamado de valor instantâneo e descrito por uma função matemática. O valor
de pico (ou amplitude máxima) é o máximo valor da forma de onda medido no eixo y a partir de seu
valor zero. Para o estudo do comportamento energético dos circuitos de corrente alternada, devemos
também conhecer o valor eficaz, valor médio, frequência e fase das tensões e correntes senoidais.
Esses e outros parâmetros importantes das formas de onda senoidais serão estudados neste capítulo.
As formas de onda de tensões e correntes elétricas periódicas não senoidais podem ser
decompostas em um conjunto de senoides chamadas de componentes harmônicos ou harmônicas mais
um valor médio CC (quando for o caso), que formam espectro de frequências do sinal analisado. Este
conjunto de sinais pode ser determinado por um processo matemático chamado de Séries de Fourier.

3.1. VALOR DE PICO:


No caso do gerador elementar de tensão alternada (estudado no capítulo anterior) composto
por apenas dois polos magnéticos, um ciclo elétrico é o conjunto de valores positivos e negativos de
uma sinusoide1 correspondentes a uma volta completa da espira no campo magnético, como ilustra a
Figura 3-1.

Período (T) : tempo para um ciclo


Eixo y: tensão (V) ou corrente (A)

pico

T/2
t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7 t8 T
0 45 90 135 180 225 270 315 360
pico a pico

vale
(fm)

Eixo x: posição angular (° ou rad) ou instante de tempo (s)


Figura 3-1. Forma de onda senoidal para tensão ou corrente
O Valor de Pico é a amplitude da forma de onda que corresponde ao valor máximo no eixo
vertical (y). O máximo valor da tensão é a Tensão de Pico (𝑽𝒑 ) e o máximo valor da corrente é a
Corrente de Pico (𝑰𝒑 ), geralmente simbolizados por letras maiúsculas. O Valor Pico a Pico para a
tensão (𝑽𝒑𝒑 ) e para a corrente (𝑰𝒑𝒑) é o valor correspondente entre o pico (amplitude máxima positiva)
e o vale (amplitude máxima negativa) e é exatamente o dobro do valor de pico numa forma de onda
senoidal simétrica ao eixo vertical (y).

1
Sinusoide: vem da palavra sinus (forma de sino) e refere-se às formas de onda senoidal ou cossenoidal.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 23

3.2. PERÍODO (T):


É o tempo necessário para a ocorrência de um ciclo completo de uma função periódica, como
mostra a Figura 3-1. Com relação ao gerador elementar de dois polos magnéticos (estudado no capítulo
anterior), o Período é o tempo necessário para a espira fazer uma rotação completa, ou seja, percorrer
360° (2 rad). A unidade do Período(𝑻) é o segundo (s).

3.3. FREQUÊNCIA (F):


A frequência (𝒇) quantifica a velocidade na qual os ciclos de uma onda periódica são
produzidos, ou seja, representa a quantidade de ciclos na unidade de tempo (a cada segundo). No
Sistema Internacional (SI) a unidade da Frequência, ciclos por segundo, é chamada Hertz2 (Hz). Assim,
um Hertz significa um ciclo completado em um segundo.
Se em um período um ciclo é completado, então em cada unidade de tempo (s), temos a
frequência. Relacionando:
𝑇 ↔ 1 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
1𝑠 ↔ 𝑓
Assim:
𝑇∙𝑓 =1∙1
1
𝑓=
𝑇
A frequência da rede elétrica comercial brasileira é 60 Hz, assim como nos Estados Unidos,
enquanto nos países vizinhos da América Latina e na Europa a frequência é 50 Hz. Sinais elétricos com
frequências entre 300 kHz e 300 GHz estão na faixa da chamada Radiofrequência e podem se propagar
no espaço. As frequências audíveis para o ser humano estão na faixa de 15 Hz (sons graves) a 20 kHz
(sons agudos). O chamado Espectro de Frequências está apresentado no ANEXO 12.5.

3.4. FREQUÊNCIA ANGULAR OU VELOCIDADE ANGULAR ():


Do estudo da matemática, sabemos que o valor de pi () é uma constante dada pela razão do
perímetro ou comprimento de uma circunferência (𝐶) pelo seu diâmetro (𝐷):
𝐶
𝜋= = 3,141592654 …
𝐷
Como o raio (𝑅) é o dobro do diâmetro, o comprimento de uma circunferência é:então:
𝐶 =2∙𝜋∙𝑅
O radiano é uma unidade de medida de ângulo definida por um quadrante de círculo onde a
distância percorrida na circunferência (arco) é igual ao raio, como mostra a Figura 3-2.
Essa relação fornece:
1 𝑟𝑎𝑑 = 57,296°
2𝜋 𝑟𝑎𝑑 = 6,28 𝑟𝑎𝑑 = 360°

2
Heinrich Rudolph Hertz: físico e professor (Alemanha, 1857-1894), pesquisou tensões e correntes
alternadas e seus efeitos nos elementos passivos, ondas eletromagnéticas e propagação.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 24

R
57,296o

R
1 radiano

Figura 3-2. Radiano como medida de ângulo.


Para fazermos a conversão de graus para radianos usamos a relação:
𝜋
𝑟𝑎𝑑 = ( ) ∙ 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠
180°
Para fazermos a conversão de radianos para graus usamos a relação:
180°
𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠 = ( ) ∙ 𝑟𝑎𝑑
𝜋
Uma forma de onda senoidal pode ser obtida a partir do comprimento da projeção vertical de
um vetor girando num movimento circular uniforme (MCU) em relação a um ponto fixo. Uma volta é
completada a cada período da senoide. A Figura 3-3 ilustra essa situação.

 +Amax

90o •

1
(o, rad)
0o 1 90o 180o 360o
0 1 2


(fm)

-Amax
Figura 3-3. A projeção de um vetor girando descreve uma senoide.
A frequência angular ou velocidade angular (𝝎), também chamada pulsação, fornece a
noção do deslocamento angular (∝) ao longo do tempo (𝒕) num movimento circular (movimento
harmônico). Como podemos medir ângulo em radianos, a frequência angular (𝜔) corresponde ao ângulo
descrito ou percorrido em radianos (𝑟𝑎𝑑) por unidade de tempo (𝑠):
𝛼
𝜔=
𝑡
A unidade de frequência angular é dada em radianos por segundo (𝑟𝑎𝑑/𝑠).
O ângulo (∝) também é chamado de posição angular e pode ser determinado por:
𝛼 =𝜔∙𝑡
Ao final de cada ciclo, o ângulo 𝜶 percorrido terá sido 2𝜋 𝑟𝑎𝑑 (360o) e o tempo 𝑡 terá sido um
período (𝑇). Assim:
1 𝑇 (𝑠) ↔ 2𝜋 (𝑟𝑎𝑑)
1 (𝑠) ↔ 𝜔 (𝑟𝑎𝑑/𝑠)

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 25

Portanto:
2𝜋
𝜔=
𝑇
Como a frequência (𝑓) é o inverso do período (𝑇), então:
𝜔 = 2𝜋 ∙ 𝑓
A frequência em e a frequência angular em radianos por segundo (𝑟𝑎𝑑/𝑠) são parâmetros que
fornecem uma informação da velocidade com que uma função periódica se repete.

3.5. FUNÇÃO MATEMÁTICA DA TENSÃO E DA CORRENTE SENOIDAL


A Figura 3-4 mostra a forma de onda geral para uma função periódica senoidal 𝑓(𝛼), onde sua
amplitude (𝐴𝑚𝑎𝑥 ) representa seu valor máximo (pico). Matematicamente, essa função pode ser descrita
em relação à posição angular (𝛼) por:
𝑓(𝛼) = 𝐴𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛼)

f()
+Amax

(o, rad)

0o 180o 360o
0 1 2

-Amax
Figura 3-4. Forma de onda para uma função senoidal.
Como a função é periódica no tempo, o período (𝑇), a frequência (𝑓) e a frequência angular
(𝜔) são constantes. Como 𝛼 = 𝜔 ∙ 𝑡, então a forma de onda também pode ser expressa em função do
tempo:
𝑓(𝑡) = 𝐴𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡)
Quando a função é expressa matematicamente em função da posição angular dizemos que ela
é descrita no domínio angular e, quando a função é expressa em função do instante de tempo ela é
descrita no domínio do tempo.
Podemos notar a relativa simplicidade da equação matemática que representa uma forma de
onda senoidal. Qualquer forma de onda periódica poderá ser representada por uma equação, mas pode
requerer vários ou infinitos termos senoidais para ser representada fielmente. Esse processo é
determinado pelas Séries de Fourier, assunto apresentado na Seção 3.11.

3.5.1. Função tensão instantânea:

Como estudado no capítulo anterior, a tensão induzida em um gerador rotativo tem a forma de
uma onda alternada senoidal e é função da posição angular das espiras no campo magnético. Portanto,
o valor da tensão induzida pode ser expresso matematicamente no domínio angular pela função senoidal:
𝑣(𝛼) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛼)

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 26

Em cada instante de tempo (𝑡) a posição angular (𝛼) das espiras no campo magnético do
gerador rotativo está relacionada com a velocidade de rotação (𝜔). Assim, o valor da tensão induzida
em cada instante de tempo pode ser expresso no domínio do tempo pela função senoidal:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡)
Onde:
𝑣(𝑡): tensão instantânea [V];
𝑉𝑝 : tensão de pico [V];
𝜔: frequência angular [rad/s];
𝑡: instante de tempo [s].
O valor instantâneo de uma grandeza senoidal é o valor que essa grandeza assume num dado
instante de tempo considerado. Portanto, a função tensão instantânea fornece os valores da tensão
alternada senoidal ao longo de um intervalo de tempo.

3.5.2. Função corrente instantânea:

A corrente alternada senoidal também pode ser expressa matematicamente no domínio do


tempo pela função corrente instantânea:
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡)
Onde:
𝑖(𝑡): corrente instantânea [A];
𝐼𝑝 : corrente de pico [A];
𝜔: frequência angular [rad/s];
𝑡: instante de tempo [s].
O valor instantâneo de uma grandeza senoidal é o valor que essa grandeza assume num dado
instante de tempo considerado. A função corrente instantânea fornece os valores da corrente alternada
senoidal ao longo de um intervalo de tempo.

Exemplo 3-1. Dada a função tensão instantânea 𝑣(𝑡) = 20 ∙ 𝑠𝑒𝑛(157,08 ∙ 𝑡) 𝑉, obtenha os parâmetros
da onda senoidal e trace o gráfico da tensão em função do tempo.
Solução: analisando a função tensão instantânea dada obtemos:
𝑉𝑝 = 20 𝑉
𝜔 = 157,08 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝜔 157,08
𝑓= = = 25 𝐻𝑧
2𝜋 2𝜋
1 1
𝑇= = = 0,040 𝑠 = 40 𝑚𝑠
𝑓 25
Para traçar um ciclo do gráfico da tensão em função do tempo devemos atribuir valores para a variável
independente 𝑡 num intervalo desde 0 até o valor de um período 𝑇 e calcular os respectivos valores da
variável dependente 𝑣(𝑡), conforme a equação da função. Se quisermos traçar dois ciclos, os valores da
variável 𝑡 deverá variar no intervalo de 0 até 2𝑇, e assim sucessivamente. A quantidade de pares de
valores deve ser suficiente para que o traçado do gráfico tenha uma boa definição. A Tabela 3-1

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 27

apresenta os valores atribuídos para o tempo e os respectivos valores de posição angular e da tensão
instantânea. A Figura 3-5 apresenta o gráfico resultante para a tensão instantânea do exemplo
Tabela 3-1. Valores da função 𝑣(𝑡).
Tempo 𝑡 Posição Angular 𝛼 Tensão instantânea 𝑣(𝑡)
(s) (rad) (graus) (V)
0 0,000 0,000 0,000
0,002 0,314 18,000 6,180
0,004 0,628 36,000 11,756
0,006 0,942 54,000 16,180
0,008 1,257 72,000 19,021
0,010 1,571 90,000 20,000
0,012 1,885 108,000 19,021
0,014 2,199 126,000 16,180
0,016 2,513 144,000 11,756
0,018 2,827 162,000 6,180
0,020 3,142 180,000 0,000
0,022 3,456 198,000 -6,180
0,024 3,770 216,001 -11,756
0,026 4,084 234,001 -16,180
0,028 4,398 252,001 -19,021
0,030 4,712 270,001 -20,000
0,032 5,027 288,001 -19,021
0,034 5,341 306,001 -16,180
0,036 5,655 324,001 -11,756
0,038 5,969 342,001 -6,180
0,040 6,283 360,001 0,000

30
Tensão instantânea (V)

20
10
0
0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045
-10
-20
-30
Instante de tempo (s)

Figura 3-5. Gráfico da tensão instantânea para o Exemplo 3-1.

Exemplo 3-2. Dada a forma de onda da Figura 3-6, obtenha a função matemática que a descreve.
Solução: analisando a forma de onda da Figura 3-6 obtemos:
𝑇 = 50 𝜇𝑠
1 1
= 𝑓=
= 20.000 𝐻𝑧 = 20 𝑘𝐻𝑧
𝑇 50 ∙ 10−6
125663,7𝑟𝑎𝑑
𝜔 = 2𝜋 ∙ 𝑓 = 2𝜋 ∙ 20.000 = = 125663,7 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑠
𝐼𝑝 = 20 𝑚𝐴
Então, a função matemática que descreve a corrente instantânea é dada por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 28

𝑖(𝑡) = 20 ∙ 𝑠𝑒𝑛(125663,7 ∙ 𝑡) 𝐴
i(mA)
+20

t(s)
0 25 50

-20

Figura 3-6. Forma de onda para o Exemplo 3-2.

3.6. VALOR MÉDIO


O valor médio de uma função representa o resultado líquido da variação de uma grandeza
física como deslocamento, temperatura, tensão, corrente etc. O valor médio não representa o resultado
energético, ou trabalho realizado, mas apenas a resultante líquida entre excursões positivas e negativas
para o valor de uma função, chamada média aritmética.
A média aritmética 𝑥̅ de um dado número finito de valores de eventos discretos (não contínuos)
é a soma algébrica dos valores desses eventos 𝑥𝑖 dividida pelo número de eventos 𝑛:
∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖
𝑥̅ =
𝑛
No caso de uma função linear por partes, o valor médio é dado pela soma das áreas positivas
e negativas que são descritas periodicamente ao longo do tempo. Assim, para uma forma de onda, como
mostra a Figura 3-7, o valor médio 𝑥̅ pode ser determinado pela área total da curva, dividido pelo período
da forma de onda:
∑ 𝐴𝑥 ∑𝑛𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 )
𝑥̅ = =
𝑇 𝑇
Onde:
𝑥̅ : valor médio da função;
𝑥𝑖 : valor da função no intervalo ∆𝑡𝑖 ;
∆𝑡𝑖 : intervalo da função;
𝑛: número de trechos compreendidos no intervalo total 𝑇;
𝑇: intervalo total;
𝑖: número de intervalos analisados.

Figura 3-7. Valor médio de uma forma de onda.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 29

Analisando a equação, pode-se concluir que toda função periódica simétrica ao eixo x terá
um valor médio nulo, pois as áreas positivas anulas as negativas.

Exemplo 3-3. Determinar o valor médio para a forma de onda da Figura 3-8.
Solução: a forma de onda é composta por 4 intervalos. Assim:
∑𝑛𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 ) ∑4𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 )
𝑥̅ = =
𝑇 8
(4 ∙ 2) + (−2 ∙ 2) + (3 ∙ 2) + (1 ∙ 2) 8 − 4 + 6 + 2 12
𝑥̅ = = = = 1,5
8 8 8

Figura 3-8. Forma de onda para o Exemplo 3-3.

Exemplo 3-4. Determinar o valor médio para a forma de onda da Figura 3-9.
Solução: a forma de onda é simétrica ao eixo x e composta por 2 intervalos. Assim:
∑𝑛𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 ) ∑2𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 ) (2 ∙ 1) + (−2 ∙ 1) 2 − 2 0
𝑥̅ = = = = = =0
𝑇 2 2 2 2

Figura 3-9. Forma de onda para o Exemplo 3-4.

Como a senoide é simétrica ao eixo das abscissas (x), para todos os valores do semiciclo
positivo, temos correspondentes valores no semiciclo negativo, o que faz com que o seu valor médio
seja nulo, ou seja, as áreas positivas são iguais às negativas, como ilustra a Figura 3-10.
𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0
O valor médio de uma tensão alternada senoidal é nulo, pois corresponde ao seu valor
contínuo constante. Para medir o valor médio de uma tensão alternada senoidal usa-se um voltímetro
CC. Da mesma forma, o valor médio de uma corrente alternada senoidal é nulo, pois corresponde
ao seu valor contínuo constante. Para medir o valor médio de uma corrente alternada senoidal usa-se um
amperímetro CC.
O valor médio em cada meio ciclo da onda senoidal é 63,7 % do seu valor de pico:
𝑉𝑚𝑒𝑑,𝜋 = 0,637 ∙ 𝑉𝑝

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 30

+Vp
63,7%Vp Vméd,
Área +
Vmédio (o, rad)

0o 180o 360o
0 1 Área - 2

-Vp
Figura 3-10. Valor médio de uma tensão senoidal.

Dedução: Tensão média.


No caso de uma função periódica contínua qualquer, o valor médio pode ser dado
genericamente por:
𝑡𝑓
1
𝑥̅ = ∫ 𝑥(𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝑇
𝑡𝑖

Para uma função periódica senoidal, como a tensão alternada senoidal apresentada na Figura
3-10, onde 𝑡𝑖 = 0 e 𝑡𝑓 = 𝑇, o valor para a tensão média é:
𝑡𝑓
1
𝑉𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝑇
𝑡𝑖

Substituindo a variável de integração para a posição angular:


𝜔𝑡𝑓
1
𝑉𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡
𝜔𝑇
𝜔𝑡𝑖
2𝜋 2𝜋
1 𝑉𝑝 𝑉𝑝
𝑉𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡 = ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡 = [−𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡)]2𝜋
0
2𝜋 2𝜋 2𝜋
0 0
𝑉𝑝 𝑉𝑝
𝑉𝑚𝑒𝑑 = [− cos(2𝜋) + cos(0)] = [−1 + 1] = 0
2𝜋 2𝜋
Usando o mesmo procedimento de cálculo pode-se determinar o valor médio para cada
semiciclo (meio período) da tensão alternada senoidal:
𝑡𝑓 𝜔𝑡𝑓
1 1
𝑉𝑚𝑒𝑑,𝜋 = ∫ 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝑡 = ∫ 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡
𝑇 𝜔𝑇
𝑡𝑖 𝜔𝑡𝑖
𝜋 𝜋
1 𝑉𝑝 𝑉𝑝
𝑉𝑚𝑒𝑑,𝜋 = ∫ 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡 = ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡 = [−𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡)]𝜋0
𝜋 𝜋 𝜋
0 0
𝑉𝑝 𝑉𝑝 2 ∙ 𝑉𝑝
𝑉𝑚𝑒𝑑,𝜋 = [− cos(𝜋) + cos(0)] = [−(−1) + 1] =
𝜋 𝜋 𝜋

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 31

𝑉𝑚𝑒𝑑,𝜋 = 0,637 ∙ 𝑉𝑝
O valor médio em cada meio ciclo de uma onda senoidal é 63,7 % do seu valor de pico.

3.7. VALOR EFICAZ


O valor eficaz de um conjunto de valores discretos é dado pela sua média quadrática.
Matematicamente, a média quadrática é calculada pela raiz quadrada da somatória dos quadrados dos
valores dos eventos discretos dividida pelo número de eventos:

∑𝑛 𝑥 2
𝑥𝑒𝑓 = √ 𝑖=1 𝑖
𝑛
O valor eficaz de uma função representa a capacidade de produção de trabalho efetivo de
uma grandeza variável no tempo entre as excursões positivas e negativas dessa função.
O valor eficaz de uma tensão alternada senoidal é determinado por:
𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 =
√2
Como:
𝑉𝑝 𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 = = = 0,707 ∙ 𝑉𝑝
√2 1,4142
Portanto, o valor eficaz de uma onda senoidal corresponde ao valor contínuo de 70,7 % do seu
valor de pico.
No gráfico da onda senoidal, o valor eficaz corresponde à altura de um retângulo de base igual
a um semiciclo e área equivalente a esse semiciclo, como mostra a Figura 3-11. O valor da tensão eficaz
é medido por um voltímetro de tensão alternada.

+Vp Valor Eficaz

0,707Vp

(o, rad)

0o 180o 360o
0 1 2

-Vp
Figura 3-11. Valor eficaz de uma tensão senoidal.

Dedução: Tensão eficaz.


Para uma função periódica contínua, o valor eficaz pode ser calculado pela média quadrática
dessa função através do uso da integral:
𝑡𝑓
1
𝑥𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑥 2 (𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝑇
𝑡𝑖

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 32

Para uma função periódica senoidal, como a tensão alternada senoidal apresentada na Figura
3-11, onde 𝑡𝑖 = 0 e 𝑡𝑓 = 𝑇, o valor para a tensão eficaz é:

𝑡𝑓
1 2
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ {𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)} ∙ 𝑑𝑡
𝑇
𝑡𝑖

Substituindo a variável de integração para a posição angular:


𝜔𝑡𝑓
1
𝑉𝑒𝑓 =√ ∫ 𝑉𝑝 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡
𝜔𝑇
𝜔𝑡𝑖

2𝜋 2𝜋
1 𝑉𝑝 2 𝑉𝑝 2 𝜔𝑡 cos (2𝜔𝑡) 2𝜋
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑉𝑝 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡 = √ ∫ 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡 = √ [ − ]
2𝜋 2𝜋 2𝜋 2 4 0
0 0

𝑉𝑝 2 2𝜋 cos(4π) 0 cos (0) 𝑉𝑝 2 2𝜋 𝑉𝑝 2 𝑉𝑝


𝑉𝑒𝑓 = √ [ − − + ]= √ [ ]= √ =
2𝜋 2 4 2 4 2𝜋 2 2 √2
Portanto, o valor eficaz de uma tensão alternada senoidal é determinado por:
𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 =
√2
Assim:
𝑉𝑝 𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 = = = 0,707 ∙ 𝑉𝑝
√2 1,4142
O valor eficaz de uma onda senoidal representa um valor contínuo de 70,7 % do valor de pico.

Para entendermos o significado físico do valor eficaz, analisaremos a potência elétrica


fornecida a um resistor, tanto em corrente alternada como em corrente contínua, como mostram os
circuitos da Figura 3-12. Nessa condição, qual seria a tensão alternada que faria com que o resistor R
dissipasse a mesma potência dissipada em tensão contínua? Na prática, para que haja a mesma
dissipação de potência, o valor da tensão contínua deverá ter o mesmo valor eficaz da tensão alternada,
como ilustra a Figura 3-13. Portanto:
O valor da tensão eficaz é aquele que produz numa resistência o mesmo efeito que uma tensão
contínua constante de mesmo valor.

ICC i(t)

VCC PCC R
~ v(t) PCA R

Figura 3-12. Valor eficaz: fontes de tensão contínua e alternada fornecendo a mesma potência média para um
resistor.
O mesmo conceito também é válido para o valor eficaz de corrente. Assim:
𝐼𝑝
𝐼𝑒𝑓 =
√2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 33

O valor da corrente eficaz é medido por um amperímetro de corrente alternada.


v(t) TENSÃO EFICAZ
+Vp
Tensão Contínua que fornece a
70,7%Vp mesma potência ao resistor

t
0 1 2 t

-Vp
Figura 3-13. A tensão eficaz equivale a uma tensão contínua que produz o mesmo efeito numa resistência.
O sistema de distribuição de energia no Brasil disponibiliza uma tensão alternada senoidal de
220 V em 60 Hz. Esse valor corresponde à tensão eficaz da onda senoidal, cujo valor de pico é:
𝑉𝑝 = √2 ∙ 𝑉𝑒𝑓 = √2 ∙ 220 = 311,13 𝑉
A função da tensão instantânea do sistema de distribuição de energia é dada por:
𝑣(𝑡) = √2 ∙ 220 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2 ∙ 𝜋 ∙ 60 ∙ 𝑡) = 311,13 ∙ 𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡) 𝑉
Na prática, o que se tem na rede elétrica é um sinal alternado senoidal de 60 ciclos por segundo
(Hz), cuja tensão varia a todo instante com amplitude de +311,13 V a -311,13 V, passando por zero a
cada meio ciclo. A tensão eficaz de 220 V representa o valor matemático correspondente a uma tensão
contínua constante que produziria o mesmo efeito da rede elétrica numa dada resistência.
Importante:
O valor eficaz para uma forma de onda contínua constante (de tensão ou corrente) o valor eficaz é igual
ao valor médio. O valor eficaz também é conhecido como Valor RMS ou valor quadrático médio (do
inglês, root mean square). Os instrumentos comuns de medição em corrente alternada (voltímetros,
amperímetros e multímetros) fornecem valores eficazes somente para sinais senoidais puros. Para
medir o valor eficaz de uma forma de onda de tensão (ou de corrente) periódica não perfeitamente
senoidal deverá ser usado um voltímetro (ou amperímetro) mais sofisticado, conhecido como True RMS
(Eficaz Verdadeiro) que é capaz de fazer a integração da forma de onda e fornecer o valor eficaz exato.

3.8. FASE INICIAL E DEFASAGEM ANGULAR.


As três tensões senoidais ilustradas na Figura 3-14 possuem o mesmo valor de pico (𝑉𝑝 ) e as
mesmas tensões eficazes (𝑉𝑒𝑓 ) e médias (𝑉𝑚𝑒𝑑 ). Essas tensões também possuem o mesmo período (𝑇)
e, consequentemente, a mesma frequência (𝑓) e mesma frequência angular (𝜔). Assim, poderia se
imaginar que todas teriam a mesma função tensão instantânea:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡)
A forma de onda da tensão 𝑣1 (𝑡) inicia seu semiciclo positivo na origem do gráfico da Figura
3-14. Entretanto, as formas de onda das tensões 𝑣2 (𝑡) e 𝑣3 (𝑡) estão deslocadas em relação à origem
do gráfico. A tensão 𝑣2 (𝑡) está adiantada, pois inicia o semiciclo positivo em um ângulo de −30° antes
da origem (à esquerda). Por outro lado, a tensão 𝑣3 (𝑡) está atrasada, pois inicia o semiciclo positivo
em um ângulo de +90° após a origem (à direita).
Esse deslocamento angular em relação à origem é chamado de ângulo de fase (𝜃) e é o
parâmetro que diferencia as três formas de onda de tensão ilustradas na Figura 3-14.
Ângulo fase (𝜽) é o deslocamento angular da forma de onda em relação à origem

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 34

Tensão Instantânea (V)


T

-30 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390

Posição Angular (graus) fm


V1 V2 V3

Figura 3-14. Tensões senoidais defasadas.


Portanto, o ângulo de fase é um parâmetro que deve ser adicionado às funções matemáticas
que descrevem as tensões e correntes alternadas senoidais, da seguinte forma:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 ± 𝜃𝑣 )
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 ± 𝜃𝑖 )
Se a forma de onda iniciar antes da origem ela estará adiantada e seu ângulo de fase será
positivo, como indica a Figura 3-15(a). A forma de onda estará atrasada se iniciar após a origem e seu
ângulo de fase será negativo, como ilustra a Figura 3-15(b). O ângulo (𝛼) indica a posição angular
instantânea (𝜔 ∙ 𝑡) ao longo do eixo 𝑥.
Forma de onda adiantada em relação à origem: ângulo de fase positivo (+𝜽)
Forma de onda atrasada em relação à origem: ângulo de fase negativo (−𝜽)
Pela análise da Figura 3-15 podemos concluir que o ângulo de fase (𝜃) é o ângulo da posição angular
instantânea (𝛼) em que começa o semiciclo positivo, com o sinal trocado.
𝜃 = −𝛼

Figura 3-15. Formas de onda: (a) adiantada em relação à origem; (b) atrasada em relação à origem.
Como é o ângulo de fase que diferencia as três formas de onda da Figura 3-14, esse parâmetro
deve ser incluído nas funções matemáticas que representam as tensões instantâneas. Assim:
𝑣1 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 0°)

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 35

𝜋
𝑣2 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 30°) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 ∙ 𝑡 + )
6
𝜋
𝑣3 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 − 90°) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 ∙ 𝑡 − )
2
Importante: Na função matemática, o ângulo de fase (𝜃) geralmente é informado em graus por
facilidade de interpretação, especialmente quando se trabalha com Fasores, assunto a ser tratado nos
próximos capítulos. Entretanto, é importante lembrar que o produto (𝜔 ∙ 𝑡) na equação é dado em
radianos e as operações matemáticas devem ser feitas sempre com a mesma unidade (ou ambos em
radianos ou ambos em graus).
A defasagem angular (𝝓) é o parâmetro que quantifica o deslocamento angular entre duas
formas de onda, dado pela diferença entre os seus ângulos de fase:
𝜙𝑥,𝑦 = 𝜃𝑥 − 𝜃𝑦
Se a defasagem angular (𝜙) for positiva, a forma de onda 𝑥 estará adiantada da forma de onda
𝑦. A forma de onda 𝑥 estará atrasada da forma de onda 𝑦 se a defasagem angular (𝜙) for negativa. Uma
forma de onda 𝑥 estará em fase com uma forma de onda 𝑦 se a defasagem angular (𝜙) for nula. A
defasagem angular pode ser informada tanto em graus como em radianos.
Se 𝝓𝒙,𝒚 for positivo: forma de onda 𝑥 está adiantada de 𝑦
Se 𝝓𝒙,𝒚 for negativo: forma de onda 𝑥 está atrasada de 𝑦
Se 𝝓𝒙,𝒚 = 𝟎: forma de onda 𝑥 está em fase com 𝑦
Observação: a defasagem só pode ser analisada para comparar os ângulos de fase de formas de onda de
mesma frequência.
A Figura 3-16 ilustra uma forma de onda senoidal defasada de 90° de outra. A forma de onda
que está adiantada de 90° representa uma função cossenoidal. Portanto:
𝑐𝑜𝑠(𝛼) = 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 90°)

Figura 3-16. A forma de onda do cosseno é uma forma de onda do seno adiantada de 90°.
Na análise de circuitos de corrente alternada senoidal haverá defasagens entre as tensões e as
correntes e, por essa razão é importante que os parâmetros ângulo de fase e defasagem sejam bem
compreendidos e operados matematicamente de forma correta.

Exemplo 3-5. Determine a defasagem entre os sinais 𝑣1 (𝑡) = 100 ∙ 𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 + 0°) 𝑉, 𝑣2 (𝑡) = 40 ∙
𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 − 30°) 𝑉 e 𝑖3 (𝑡) = 5 ∙ 𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 + 45°) 𝐴.
Solução: A tensão 𝑣1 (𝑡) é tomada como referência, pois tem ângulo de fase nulo. Assim a defasagem
entre 𝑣1 (𝑡) e 𝑣2 (𝑡) é dada por:
𝜙1,2 = 𝜃1 − 𝜃2 = 0 − (−30°) = +30°
Portanto, 𝑣1 (𝑡) está adiantada de 30° de 𝑣2 (𝑡). A defasagem entre 𝑣1 (𝑡) e 𝑖3 (𝑡) é dada por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 36

𝜙1,3 = 𝜃1 − 𝜃3 = 0 − 45° = −45°


Portanto, 𝑣1 (𝑡) está atrasada de 45° de 𝑖3 (𝑡).
Finalmente, a defasagem entre 𝑣2 (𝑡) e 𝑖3 (𝑡) é dada por:
𝜙2,3 = 𝜃2 − 𝜃3 = −30° − 45° = −75°
Portanto, 𝑣2 (𝑡) está atrasada de 75° de 𝑖3 (𝑡).

Exemplo 3-6. Obtenha os ângulos de fase para as formas de onda ilustradas na Figura 3-17 e determine
as defasagens das tensões em relação à corrente.

25,00
20,00
15,00
Tensão (V). Corrente (A)

10,00
5,00
0,00
-5,00 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
-10,00
-15,00
-20,00
-25,00
Instante de tempo (s)

v1(t) v2(t) i(t)

Figura 3-17. Tensões e corrente para o Exemplo 3-6.


Solução: O período de todas as formas de onda é 𝑇 = 20 𝑠. Assim a frequência angular é:
2𝜋
= 0,314 𝑟𝑎𝑑/𝑠 𝜔=
𝑇
A forma de onda de tensão 𝑣1 (𝑡) inicia o semiciclo positivo em 𝑡 = 0 𝑠. Assim, ∝𝑣1 = 𝜔 ∙
𝑡 = 0 𝑟𝑎𝑑 e o ângulo de fase é 𝜃𝑣1 = 0°.
A corrente está atrasada em relação à origem, pois o semiciclo positivo inicia à direita. A
escala do gráfico da corrente 𝑖(𝑡) indica que o semiciclo positivo inicia no instante 𝑡 = 3,3 𝑠. Assim,
∝𝑖 = 𝜔 ∙ 𝑡 = 0,314 ∙ 3,4 = 1,04 𝑟𝑎𝑑 = 60°. Portanto o ângulo de fase da corrente é 𝜃𝑖 = −60°.
Já tensão 𝑣2 (𝑡) éstá adiantada em relação à origem, pois o semiciclo positivo inicia à esquerda.
Como no gráfico não há escala à esquerda, pode-se analisar o início dos próximos semiciclos positivos
de 𝑣2 (𝑡) e de 𝑣1 (𝑡). A escala indica que o semiciclo positivo de 𝑣2 (𝑡) inicia 1,7 𝑠 antes de 𝑣1 (𝑡). Assim,
∝𝑣2 = 𝜔 ∙ 𝑡 = 0,314 ∙ 1,7 = 0,53 𝑟𝑎𝑑 = 30°. Portanto o ângulo de fase da tensão 𝑣2 (𝑡) é 𝜃𝑖 = +30°.
A defasagem entre 𝑣1 (𝑡) e a corrente 𝑖(𝑡) é:
𝜙𝑣1,𝑖 = 𝜃𝑣1 − 𝜃𝑖 = 0 − (−60°) = +60°
Portanto a tensão 𝑣1 (𝑡) está adiantada de 60° da corrente i(𝑡).
A defasagem entre 𝑣2 (𝑡) e a corrente 𝑖(𝑡) é:
𝜙𝑣2,𝑖 = 𝜃𝑣2 − 𝜃𝑖 = 30 − (−60°) = +90°
Portanto a tensão 𝑣2 (𝑡) está adiantada de 90° da corrente i(𝑡).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 37

3.9. OSCILOSCÓPIO
O osciloscópio é um instrumento que mostra formas de onda de tensão em função do tempo.
A Figura 3-18 apresenta o painel de um osciloscópio digital e a Figura 3-19 ilustra uma tela padrão de
osciloscópio.

Figura 3-18. Osciloscópio digital (fonte: Tektronix).


As telas dos osciloscópios apresentam linhas verticais e horizontais separadas por 1cm,
chamadas de divisão, que auxiliam na leitura das escalas de ajuste. Na tela dos osciloscópios há também
uma escala secundária nos eixos principais, chamada de subdivisão, para auxiliar na leitura mais precisa
dos valores. As escalas verticais definem as tensões associadas com cada divisão da tela, em Volts por
divisão (V/div). A escala horizontal define o período associado a cada divisão horizontal da tela, em
segundos, milissegundos ou microssegundos por divisão. O ajuste de offset permite o deslocamento
vertical da forma de onda em relação à referência horizontal para medição do valor médio.

Figura 3-19. Tela padrão de um osciloscópio (fonte: Boylestad, 2003).


Por exemplo, se a escala horizontal for 50 s/div e a vertical for 5 V/div podemos determinar
os parâmetros da forma de onda indicada na Figura 3-19. Lendo a escala horizontal podemos verificar
que o período corresponde a 4 divisões. Então o período é dado por:
𝜇𝑠
𝑇 = 4 ( 𝑑𝑖𝑣) ∙ 50 ( ) = 200 𝜇𝑠
𝑑𝑖𝑣
A frequência do sinal é determinada pelo inverso do período. Então:
1 1
𝑓= = = 5000 𝐻𝑧 = 5 𝑘𝐻𝑧
𝑇 200 ∙ 10−6
Na escala vertical, o sinal apresenta um valor de pico de 2 divisões. Assim:
𝑉
𝑉𝑝 = 2 (𝑑𝑖𝑣) ∙ 5 ( ) = 10 𝑉
𝑑𝑖𝑣
O valor da tensão eficaz é determinado a partir do valor de pico:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 38

𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 = = 7,07 𝑉
√2
Como o offset é nulo, a forma de onda está simétrica à referência horizontal. Portanto:
𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0 𝑉

3.10. FATORES DE FORMA, DE CRISTA E DE ONDULAÇÃO


O fator de forma de uma onda periódica é definido pela relação entre o valor eficaz e o valor
médio, geralmente relacionado por valores de corrente:
𝐼𝑒𝑓
𝐾𝑓 =
𝐼𝑚𝑒𝑑
O fator de forma de uma onda periódica é um número que fornece uma informação do fator
de utilização (aproveitamento útil) de um circuito eletroeletrônico. O fator de forma tem seu menor valor
(𝐾𝑓 = 1) para uma corrente contínua constante, pois o valor eficaz é igual ao valor médio. Nessa
condição, o trabalho elétrico realizado e a potência útil do circuito exigirão a menor corrente possível.
O uso desse fator está relacionado com circuitos retificadores e outros conversores CA-CC.
O fator de crista de uma onda periódica é definido pela relação entre o valor de pico e valor
eficaz, geralmente relacionado por valores de corrente:
𝐼𝑝
𝐾𝑝 =
𝐼𝑒𝑓
O fator de crista fornece uma informação do grau de distorção de uma forma de onda e o fator
de utilização de um circuito eletroeletrônico. Um fator de crista elevado indica que os componentes do
circuito devem ser especificados para poder operar com potências mais elevadas para realizar o trabalho
elétrico.
O fator de ondulação (ripple) de uma onda periódica é definido pela relação entre o valor da
tensão eficaz de sua componente alternada e o valor da tensão média:
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴)
𝐾𝑟 =
𝑉𝑚𝑒𝑑
O valor eficaz da componente alternada de uma onda é calculado pela equação:

2 2
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = √𝑉𝑒𝑓 − 𝑉𝑚𝑒𝑑

O fator de ondulação indica a presença de uma ondulação (ripple) em uma forma de onda de
tensão contínua (não constante). Esse fator é muito utilizado no projeto de circuitos retificadores e outros
conversores CA-CC.
A Tabela 3-2 apresenta algumas formas de onda, seus respectivos valores eficazes, médios e
de eficazes de componente alternada e os fatores de forma, de pico e de ondulação.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 39

Tabela 3-2. Formas de onda e fatores de forma, crista e ondulação


Forma de onda Parâmetros Fatores

𝑉𝑚𝑒𝑑 = 1 𝐾𝑓 = 1
𝑉𝑒𝑓 = 1 𝐾𝑝 = 1
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 0 𝐾𝑟 = 0

𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0,2 𝐾𝑓 = 2,235


𝑉𝑒𝑓 = 0,447 𝐾𝑝 = 2,237
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 0,4 𝐾𝑟 = 2

𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0,8 𝐾𝑓 = 1,118


𝑉𝑒𝑓 = 0,894 𝐾𝑝 = 1,118
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 0,4 𝐾𝑟 = 0,5

𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0 𝐾𝑓 = ∄
𝑉𝑒𝑓 = 1 𝐾𝑝 = 1
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 1 𝐾𝑟 = ∄

𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0 𝐾𝑓 = ∄
𝑉𝑒𝑓 = 0,707 𝐾𝑝 = 1,414
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 0,707 𝐾𝑟 = ∄

𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0,637 𝐾𝑓 = 1,106


𝑉𝑒𝑓 = 0,707 𝐾𝑝 = 1,414
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 0,309 𝐾𝑟 = 0,483

Fonte: adaptado de NAKASHIMA, K. (2008). Valor médio e eficaz (www.elt09.unifei.edu.br)

3.11. SINAIS ELÉTRICOS


Um sinal é qualquer quantidade física que transporta alguma informação (audível, visual ou
indicação de qualquer outra informação). Na área de eletrônica, um sinal refere-se à informação
transportada por ondas elétricas, tanto em um condutor como em um campo eletromagnético
(FLOYD; BUCHLA, 1999).
As ondas elétricas podem ser classificadas em ondas de potência e ondas de sinal. As ondas
de potência são aquelas destinadas a transportar quantidades significativas de energia ao longo do tempo
e são utilizadas para acionar as cargas elétricas. Já as ondas de sinal são utilizadas para transportar
alguma informação para os equipamentos eletroeletrônicos.
Os sinais podem ser contínuos ou discretos. Um sinal contínuo é um sinal ininterrupto, cujo
valor pode variar de forma suave ao longo do tempo. Um sinal discreto é um sinal não contínuo que
pode assumir apenas determinados valores (amplitude) ao longo do tempo. Os sinais analógicos são
aqueles cuja amplitude pode assumir uma faixa contínua de valores entre determinados limites ao longo
do tempo. Os sinais digitais são sinais discretos no tempo e em amplitude, ou seja, podem assumir um
conjunto finito de valores definidos para determinados instantes de tempo.
A conversão de um sinal analógico em digital (digitalização) é obtida em três processos:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 40

a) Amostragem: discretização do sinal analógico ao longo do tempo;


b) Quantização: discretização da amplitude do sinal amostrado;
c) Codificação: codificação (geralmente binária) das amplitudes do sinal quantizado.
Nesse processo ocorre uma certa degradação do sinal, pois a codificação digital não permite
uma representação fiel da informação analógica original, como ilustra a Figura 3-20. Entretanto, o sinal
digital é robusto e pode ser corrigido quando houver interferências, além de permitir a compactação da
informação para melhorar o processamento e o armazenamento.

Figura 3-20. Digitalização de um sinal analógico (Fonte: wikipedia).


O domínio de uma função são os valores possíveis para sua variável independente, geralmente
representados no eixo horizontal. Os sinais que variam ao longo do tempo (como a tensão e corrente,
entre outros), são representados no chamado domínio do tempo. Nesse caso, a variável independente
da função é o tempo. Algumas vezes é importante analisar um sinal onde a frequência é representada no
eixo horizontal e a amplitude é representada no eixo vertical, geralmente em escala logarítmica. Nesse
caso, a frequência é a variável independente da função e o sinal é representado no domínio da
frequência. A representação gráfica da amplitude em função do tempo é chamada de espectro de
frequências. O analisador de espectro é o instrumento usado para visualizar as componentes de um sinal
em termos da frequência. Essas componentes do sinal são chamadas de harmônicas ou componentes
harmônicas.
Um sinal de onda senoidal é definido por três parâmetros principais: amplitude (pico),
frequência e ângulo de fase. Um sinal senoidal contínuo (não discreto) é representado no domínio do
tempo (função do tempo) em termos desses três parâmetros. O mesmo sinal também pode ser
representado no domínio da frequência por uma linha vertical no espectro de frequências. A altura da
linha representa a amplitude do sinal e a localização na escala horizontal representa sua frequência. No
domínio da frequência o ângulo de fase não é representado. A Figura 3-21 ilustra um sinal senoidal
representado no domínio de tempo e da frequência.

Figura 3-21. Representação de um sinal senoidal: (a) domínio do tempo; (b) domínio da frequência. (Fonte:
FLOYD e BUCHLA, 1999).
Toda forma de onda periódica não senoidal é, na verdade, composta por um conjunto de
senoides de diversas frequências. A frequência da onda original é representada por uma senoide de
mesma frequência, chamada de frequência fundamental (𝑓0 ). As outras componentes são as
harmônicas ou componentes harmônicas, cujas frequências são múltiplas inteiras 𝑛 da fundamental. As
harmônicas ímpares possuem frequências múltiplas ímpares da frequência fundamental

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 41

(3𝑓0 ; 5𝑓0 , ; 7𝑓0 ; ⋯ ), enquanto as harmônicas pares possuem frequências múltiplas pares
(2𝑓0 ; 4𝑓0 , ; 6𝑓0 ; ⋯ ).
Qualquer distorção na forma de onda senoidal produz harmônicas. Algumas formas de ondas
possuem apenas harmônicas ímpares, outras apenas pares, ou ambas. A forma da onda é definida pelo
seu conteúdo harmônico. Geralmente, apenas a fundamental e algumas harmônicas são importantes
para caracterizar a forma da onda. A Figura 3-22 demonstra que uma forma de onda quadrada simétrica
ao eixo vertical é composta pela soma de um conjunto de harmônicas ímpares. Essa soma de
componentes é chamada de Série de Fourier.

Figura 3-22. Forma de onda quadrada composta por harmônicas ímpares. (Adaptado de: FLOYD e BUCHLA,
1999).
O espectro de frequências de uma Série de Fourier usualmente é visualizado em um gráfico
da amplitude das harmônicas (de tensão, corrente ou potência, por exemplo), em função de suas
frequências. A Figura 3-23 apresenta o espectro de frequências de uma onda quadrada simétrica ao eixo
vertical e a Figura 3-24 ilustra o espectro de frequência de uma onda retangular. A. Na Figura 3-25 é
apresentado o espectro de frequências de uma onda senoidal retificada.

Figura 3-23. Espectro de frequências de uma onda quadrada simétrica. (Fonte: FLOYD e BUCHLA, 1999).

Figura 3-24. Espectro de frequências de uma onda retangular. (Fonte: FLOYD e BUCHLA, 1999).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 42

Figura 3-25. Espectro de frequências de uma onda senoidal retificada. (Fonte: FLOYD e BUCHLA, 1999).
Sinais não periódicos, como a voz ou outras formas de ondas transitórias, também podem ser
representados por um espectro de frequências. Entretanto, esse espectro não é mais uma série de linhas,
como no caso dos sinais periódicos. As formas de onda transitórias são analisadas por um método
chamado de Transformada de Fourier. O espectro de frequências de uma forma de onda transitória é
contínuo, e não discreto como no caso das ondas periódicas. A Figura 3-26 apresenta o espectro de
frequências para uma onda não periódica.

Figura 3-26. Espectro de frequências de uma onda não periódica. (Adaptado de: FLOYD e BUCHLA, 1999).

3.12. EXERCÍCIOS:
3.1. Determine a frequência obtida em um gerador tetrapolar que gira a 2400 rpm.
3.2. Determine o período do ciclo para um sinal senoidal de frequência 60 Hz e de 1000 Hz.
3.3. Determine o tempo necessário para uma senoide de tensão da rede elétrica comercial, percorrer o
trecho compreendido entre 0 rad e /3 rad.
3.4. Determine o tempo que um sinal de tensão senoidal de 60 Hz leva para atingir 25 % do seu valor
máximo e o tempo para atingir seu valor eficaz. (Resp.: 0,67 ms; 2,08 ms).
3.5. Uma corrente alternada senoidal de valor eficaz 10 A / 60 Hz inicia seu semiciclo no instante t=0
s. Determine os instantes de tempo que a corrente atinge os valores de 5 A em um período.
3.6. Qual o valor máximo de uma tensão senoidal cujo valor é 10 V no instante t=4 ms, sendo sua
frequência 100 Hz.
3.7. Para uma tensão alternada senoidal cujo valor eficaz é 220 V / 60 Hz, determine:
a) Período, velocidade angular, valor de pico, pico a pico e médio;
b) Valor instantâneo para t = 10 ms. (Resp.: -182V)
c) Valor instantâneo na posição angular  = 60o; (Resp.: 269,4V).
3.8. Para cada uma das funções abaixo determine os valores de pico e eficaz, a frequência e o período.
a) 𝑣1 (𝑡) = 50𝑠𝑒𝑛(100𝑡) 𝑉. Resp.: 62,8 ms.
b) 𝑖1 (𝑡) = 2,5𝑠𝑒𝑛(300𝑡) 𝐴. Resp.: 20,9 ms.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 43

c) 𝑣2 (𝑡) = 2𝑠𝑒𝑛(5000𝑡) 𝑉. Resp.: 1,26 ms.


d) 𝑖2 (𝑡) = 0,4𝑠𝑒𝑛(250𝑡) 𝐴. Resp.: 25,13 ms.
e) 𝑣3 (𝑡) = 230𝑠𝑒𝑛(60𝑡) 𝑉. Resp.: 104,7 ms.
3.9. Represente graficamente as funções senoidais ao longo do tempo e especifique o valor das tensões
e correntes no instante 𝑡 = 5 𝑚𝑠 para as seguintes funções abaixo. Determine as defasagens em
relação à tensão 𝑣1 (𝑡).
a) 𝑣1 (𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(300𝑡 + 90°) 𝑉;
b) 𝑣2 (𝑡) = 6𝑠𝑒𝑛(300𝑡 − 45°) 𝑉;
c) 𝑣3 (𝑡) = 12𝑐𝑜𝑠(300𝑡 + 𝜋/3) 𝑉;
d) 𝑖1 (𝑡) = 4𝑠𝑒𝑛(300𝑡 + 0°) 𝐴;
e) 𝑖2 (𝑡) = 6𝑠𝑒𝑛(300𝑡 − 15°) 𝐴;
3.10. Para as curvas de tensão e corrente senoidais da Figura 3-27, determine os parâmetros:
a) Valor de pico e pico a pico;
b) Período, frequência, frequência angular e ângulo de fase inicial;
c) Função instantânea;
d) Defasagem em relação à tensão 𝑣1 (𝑡).
6
i1(t)
5

3
v1(t)
2
tensão (V), corrente (A)

1
i2(t)
0

-1

-2

-3

-4

-5

-6
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
tempo (ms)

Figura 3-27. Gráficos para o exercício 3.10.


3.11. Dadas as funções, determine os parâmetros e trace, no mesmo par de eixos, as curvas das tensões
e correntes. Faça os gráficos em função do tempo e da posição angular.
a) 𝑣1 (𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 30°) 𝑉, 𝑖2 (𝑡) = 3𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 180°) 𝐴 e 𝑣3 (𝑡) = 4,5𝑠𝑒𝑛(377𝑡) 𝑉
Resp.: 16,67 ms.
b) 𝑣1 (𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(50𝜋𝑡) 𝑉, 𝑣2 (𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛(50𝜋𝑡 + 90°) 𝑉 e 𝑖3 (𝑡) = 30𝑠𝑒𝑛(50𝜋𝑡 − 15°) 𝑚𝐴
Resp.: 6,28 ms.
3.12. Determine os parâmetros e as funções instantâneas para as formas de onda da Figura 3-28,
considerando 𝑓 = 100 𝐻𝑧.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 44

5
4

Tensão (V), Corrente (A)


3
2
1
/2  3/ 2
0
-1 2
-2
-3
-4
-5
Posição angular (rad)
v1(t) i(t) v2(t)
Figura 3-28. Gráficos para o exercício 3.12.
3.13. A Figura 3-29 apresenta diversas telas de osciloscópio. Determine os parâmetros dos sinais.

Figura 3-29. Telas de osciloscópio do exercício 3.13 (Adaptado: NAKASHIMA, K. Valor médio e eficaz. 2008).
3.14. Determine o fator de forma para uma tensão alternada senoidal com valor médio de meio ciclo
igual a 25 V e valor eficaz 32 V.
3.15. Determine o fator de forma de uma onda de tensão alternada triangular com amplitude 10V e
frequência de 1 kHz.
3.16. Determine os fatores de forma, crista e ondulação das formas de onda da Figura 3-29 e Figura
3-30.

Figura 3-30. Gráficos para o exercício 3.16 (Adaptado de: NAKASHIMA, K. Valor médio e eficaz. 2008.).
3.17. A Figura 3-31 apresenta diversas telas de osciloscópio. Determine os parâmetros dos sinais e
calcule os fatores de forma, de crista e de ondulação das formas de onda.

Figura 3-31. Telas de osciloscópio do exercício 3.17 (Adaptado: NAKASHIMA, K. Valor médio e eficaz. 2008).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 45

4. NÚMEROS COMPLEXOS
Para a análise dos circuitos de corrente alternada senoidal, assim como na análise dos circuitos
de corrente contínua, as tensões e correntes devem ser operadas algebricamente. Esta tarefa se torna
trabalhosa quando operamos algebricamente funções senoidais na forma trigonométrica. O uso de
números complexos permite relacionar funções senoidais e se constitui numa técnica prática, fácil e
precisa de se operar algebricamente essas funções. Os números complexos permitem a análise de
circuitos de corrente alternada usando-se os mesmos procedimentos e teoremas adotados na análise de
circuitos de corrente contínua.

4.1. PLANO CARTESIANO COMPLEXO


A Figura 4-1 representa os conjuntos numéricos já estudados em matemática, onde:
• Conjunto dos Números Naturais: ℕ = {0, 1, 2, 3, … }
• Conjunto dos Números Inteiros: ℤ = {… , −3, −2, −1, 0 , +1, +2, +3, … }
𝑎
• Conjunto dos Números Racionais: ℚ = {𝑥/ 𝑥 = ; 𝑎 ∈ ℝ, 𝑏 ∈ ℝ, 𝑏 ≠ 0}
𝑏
𝑎
• Conjuntos dos Número Irracionais: 𝕀 = {𝑥/ 𝑥 ≠ 𝑏 ; 𝑎 ∈ ℝ, 𝑏 ∈ ℝ, 𝑏 ≠ 0}

• Conjunto dos Números Reais: ℝ = {ℚ ∪ 𝕀}

Figura 4-1. Composição dos conjuntos numéricos.


Há equações matemáticas que não possuem solução dentro do conjunto dos números reais. Por
exemplo:
𝑥2 + 4 = 0
𝑥 2 = −4
𝑥 = ±√−4 ∉ ℝ
O resultado acima não pertence ao conjunto dos números reais.
Outro exemplo ajuda a visualizar este problema. Seja o sistema de equações:
𝑥−𝑦 = 8
{
𝑥𝑦 = −25
Resolvendo por substituição, temos:
𝑥 =8+𝑦
(8 + 𝑦)𝑦 = −25
𝑦 2 + 8𝑦 = −25
𝑦 2 + 8𝑦 + 25 = 0

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 46

−8 ± √82 − 4 ∙ (1) ∙ (25)


𝑦=
2 ∙ (1)
−8 ± √64 − 100 −8 ± √−36
𝑦= =
2 2
−8 ± √36 ∙ √−1
𝑦=
2
−8 ± 6√−1
𝑦= = −4 ± 3√−1
2
𝑥 = 8 + 𝑦 = 8 + (−4 ± 3√−1)
𝑦 = −4 ± 3√−1 ∉ ℝ
{
𝑥 = +4 ± 3√−1 ∉ ℝ
O resultado acima também não pertence ao conjunto dos números reais.
Para resolver equações semelhantes às apresentadas nos dois exemplos anteriores foi criado
um operador imaginário, simbolizado3 pela letra (𝑗), cujo valor é dado por:

𝑗 2 = −1 ↔ 𝑗 = √−1
Pode-se utilizar o operador imaginário para solucionar a equação do primeiro exemplo:
𝑥 = ±√−4 ∉ ℝ
𝑥 = ±√4 ∙ √−1
𝑥 = ±2 ∙ √−1
𝑥 = ±2 ∙ 𝑗
𝑥 = ±𝑗2 ∈ 𝕀𝑚
Há, portanto duas soluções para a equação: 𝑥′ = +𝑗2 e 𝑥′′ = −𝑗2.
Essas soluções pertencem ao Conjunto dos Números Imaginários (𝕀𝒎). Os números
imaginários são formados pelos números reais multiplicados pelo operador imaginário (𝑗).
Também pode-se utilizar o operador imaginário para solucionar o sistema de equações do
segundo exemplo:
𝑦 = −4 ± 3√−1 ∉ ℝ
𝑦 = −4 ± 3 ∙ 𝑗
𝑦 = −4 ± 𝑗3 ∈ ℂ
𝑥 = 8 + (−4 ± 3√−1) ∉ ℝ
𝑥 =4±3∙𝑗
𝑥 = 4 ± 𝑗3 ∈ ℂ
Neste caso, a solução é composta por uma parte onde o número é real (4 ∈ ℝ), e outra parte
cujo número é imaginário (±𝑗3 ∈ 𝕀𝑚). Esses números compostos pertencem ao Conjunto dos
Número Complexos (ℂ), que envolvem todos os números reais e o conjunto dos números imaginários.

3
Muitas bibliografias utilizam a letra (𝑖) para representação dos números imaginários. Na área de circuitos
elétricos é utilizada a letra (𝑗) para não causar confusão com a simbologia usada para a corrente.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 47

O conjunto dos números complexos contém o conjunto dos números reais e imaginários. Portanto, todos
os conjuntos numéricos estão contidos no conjunto dos números complexos, como ilustra a Figura 4-2.

Figura 4-2. Conjuntos Numéricos, incluindo os Números Complexos.


Os conjuntos dos números reais e imaginários podem ser organizados e representados em um
par de eixos cartesianos, onde o eixo horizontal (𝑥) representa o conjunto dos números reais e o eixo
vertical (𝑦) representa o conjunto dos números imaginários, como ilustra a Figura 4-3. Números reais à
esquerda da origem são negativos e à direita são positivos. Números imaginários acima da origem são
positivos e abaixo são negativos.
O plano formado pelos eixos real e imaginário é chamado Plano Cartesiano Complexo.
Assim, um ponto (𝐶̇ ) qualquer no Plano Cartesiano Complexo é composto por uma abscissa real (𝑥) e
uma correspondente ordenada imaginária (𝑦). Portanto, qualquer ponto no Plano Cartesiano Complexo
é um número complexo, composto por um par ordenado onde uma parte é um número real (𝑥) e a outra
parte é um número imaginário (𝑦), como ilustra a Figura 4-3.
Um número complexo corresponde a um ponto no Plano Cartesiano Complexo, composto por uma
parte real (𝑥) e uma parte imaginária (𝑦).
Cada número complexo corresponde a um e somente um ponto no plano cartesiano complexo
e, reciprocamente, cada ponto no plano cartesiano complexo corresponde a um e somente um número
complexo.
y – eixo imaginário
+
•C
z
y

x – eixo real
- x +
-
Figura 4-3. Plano Cartesiano Complexo, formado por um eixo real e um eixo imaginário.
Os pontos no plano cartesiano complexo podem ser representados de diversas formas: forma
retangular, a forma polar e a forma de Euler. As formas de representação dos números complexos
utilizam as componentes trigonométricas de um triângulo retângulo formado pelas projeções
cartesianas ortogonais aos eixos (𝑥) e (𝑦) de cada ponto complexo (𝐶̇ ), ou pela magnitude do vetor
radial (𝑧) traçado desde a origem até o ponto complexo (𝐶̇ ) e o ângulo (𝜃) formado desde o eixo real
(𝑥), como ilustra a Figura 4-3.
A projeção do ponto complexo (𝐶̇ )no eixo real (𝑥) é o cateto adjacente ao ângulo (𝜃).
A projeção do ponto complexo (𝐶̇ )no eixo imaginário (𝑦) é o cateto oposto ao ângulo (𝜃).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 48

A hipotenusa (𝑧) representa a distância do ponto complexo (𝐶̇ ) em relação à origem do plano.

4.2. FORMA RETANGULAR OU CARTESIANA


A forma retangular (ou forma cartesiana) para representar um número complexo é composta
pelas componentes trigonométricas do triângulo retângulo formado pelas projeções cartesianas nos eixos
(𝑥) e (𝑦) de cada ponto complexo (𝐶̇ ), como ilustra a Figura 4-3. Como as projeções cartesianas são
ortogonais entre si, o ponto complexo (𝐶̇ ) pode ser representado pela soma vetorial do número real em
(𝑥) e do número imaginário em (𝑦). Assim, a forma retangular ou cartesiana é dada pela soma vetorial:
𝐶̇ = 𝑥 + 𝑗𝑦
Onde:
𝐶̇ : número complexo na forma retangular;
𝑥: projeção do ponto complexo no eixo 𝑥 referente à parte real;
𝑗𝑦: projeção do ponto complexo no eixo 𝑦 referente à parte imaginária.
Portanto:
Um número complexo na forma retangular é composto pela soma da parte real com a parte imaginária

Exemplo 4-1. Represente os números complexos no plano cartesiano, na forma retangular.


a) 𝐶̇ = 5 + j3. Solução na Figura 4-4.
b) 𝐶̇ = −4 + 𝑗8. Solução na Figura 4-5.
̇
c) 𝐶 = 4 – 𝑗4. Solução na Figura 4-6
y, Im

+3 C = 5 +j3

x, Re
+5

Figura 4-4. Solução do Exemplo 4-1(a)

C = -4 + j8 y, Im
+8

x, Re
-4

Figura 4-5. Solução do Exemplo 4-1(b)

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 49

y, Im
+4
x, Re

-4 C = 4 – j4

Figura 4-6. Solução do Exemplo 4-1(c)

4.3. FORMA POLAR


A forma polar para representar um número complexo é composta pela magnitude do vetor
radial (𝑧) traçado desde a origem até o ponto complexo (𝐶̇ ) e o ângulo (𝜃) formado desde o eixo real
(𝑥), como ilustra a Figura 4-3. O vetor radial (𝑧) representa a hipotenusa e (𝜃) é o ângulo do triângulo
retângulo formado pelas projeções do ponto complexo(𝐶̇ ) nos eixos (𝑥) e (𝑦). Portanto, a parte real em
(𝑥) é o cateto adjacente e a parte imaginária é o cateto oposto do triângulo retângulo formado pelo ponto
complexo (𝐶̇ ) no plano cartesiano. Portanto, a forma polar é representada por:

𝐶̇ = 𝑧 ∠ 𝜃
Onde:
𝐶̇ : número complexo na forma polar;
𝑧: módulo do vetor radial traçado desde a origem do plano até o ponto complexo (𝐶̇ );
𝜃: ângulo descrito desde o eixo real (𝑥) até o vetor radial (𝑧), chamado de argumento;
∠: símbolo para indicar a forma polar (lê-se “com ângulo”).
Assim,
Um número complexo na forma polar é composto por um vetor (módulo) e um ângulo (argumento).
O ângulo do argumento (𝜃) é sempre obtido a partir do eixo das abscissas (𝑥), sendo adotada
a seguinte convenção:
Ângulos positivos (+𝜃) são medidos no sentido anti-horário a partir do eixo real (𝑥).
Ângulos negativos (−𝜃) são medidos no sentido horário a partir do eixo real (𝑥).
O ângulo do argumento de um número complexo na forma polar pode ser representado em
graus ou radianos.
A forma polar também é chamada de forma trigonométrica, forma radial ou de forma de
engenharia.
Observação: Um número complexo na forma polar com sinal negativo à frente indica uma direção
oposta, ou seja:
−𝐶̇ = −(𝑧  𝜃) = 𝑧  (𝜃 ± 180°)

Exemplo 4-2. Represente os números complexos no plano cartesiano, na forma polar.


a) 𝐶̇ = 5  30°. Solução na Figura 4-7.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 50

y, Im

C = 530o
z=5
 = 30o x, Re

Figura 4-7. Solução do Exemplo 4-2(a)


b) 𝐶̇ = 5  − 30°. Solução na Figura 4-8.

y, Im

x, Re
 = 30o
z=5 C = 5-30o

Figura 4-8. Solução do Exemplo 4-2(b)


c) 𝐶̇ = −(5 30° ) = 5 210°. Solução na Figura 4-9.
y, Im
 = +210o x, Re

z=5
C = 5210o

Figura 4-9. Solução do Exemplo 4-2(c)

4.4. FORMA DE EULER


A forma de Euler para representar um número complexo, assim como a forma polar, é
composta pela magnitude do vetor radial (𝑧) traçado desde a origem até o ponto complexo (𝐶̇ ) e o
ângulo (𝜃) formado desde o eixo real (𝑥), como ilustra a Figura 4-3. O vetor radial (𝑧) representa a
hipotenusa e (𝜃) é o ângulo do triângulo retângulo formado pelas projeções do ponto complexo(𝐶̇ ) nos
eixos (𝑥) e (𝑦), em radianos. A forma de Euler é representada por:
𝐶̇ = 𝑧 ∙ 𝑒 𝑗𝜃
Onde:
𝐶̇ : número complexo na forma polar;
𝑧: módulo do vetor radial traçado desde a origem do plano até o ponto complexo (𝐶̇ );
𝜃: ângulo descrito desde o eixo real (𝑥) até o vetor radial (𝑧), em radianos;
𝑒: número Neperiano, base dos logaritmos naturais (𝑒 = 2,718 … ).
Essa forma de representação de números complexos é baseada na Identidade de Euler:
𝑧 ∙ 𝑒 ±𝑗𝜃 = 𝑧 ∙ (𝑐𝑜𝑠𝜃 ± 𝑗𝑠𝑒𝑛𝜃)
Assim:
𝑧 ∙ 𝑒 ±𝑗𝜃 = 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 ± 𝑗𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 51

Como 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 é o cateto adjacente 𝑥 e 𝑗𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 é o cateto oposto 𝑦 do triângulo formado pelo
ponto 𝐶̇ da Figura 4-3, então a forma de Euler é equivalente à forma retangular:
𝑧 ∙ 𝑒 ±𝑗𝜃 = 𝑥 + 𝑗𝑦
Importante: O ângulo 𝜽 deve ser representado em radianos na forma de Euler.

4.5. CONVERSÃO ENTRE FORMAS


As formas de representação dos números complexos estão relacionadas pelo triângulo
retângulo formado pelas projeções do ponto complexo 𝐶̇ nos eixos do plano cartesiano complexo, como
ilustra a Figura 4-3. Como são equivalentes, as formas de representação dos números complexos podem
ser convertidas entre si.

4.5.1. Conversão de Retangular para Polar

Para converter um número complexo da forma retangular para a forma polar, desejamos obter
a hipotenusa 𝑧 e o ângulo do argumento 𝜃, a partir do cateto adjascente 𝑥 (parte real) e do cateto oposto
𝑦 (parte imaginária) do triângulo retângulo formado pelas projeções do ponto 𝐶̇ nos eixos do plano
cartesiano complexo, como ilustra a Figura 4-3. Essa conversão pode ser feita por meio das relações
trigonométricas.
Do Teorema de Pitágoras 𝑧 2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 obtém-se a hipotenusa, que é o módulo 𝑧 do número
complexo 𝐶̇ :

𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2
A tangente do ângulo 𝜃 é a relação entre o cateto oposto 𝑥 e o cateto adjascente 𝑦:
𝑦
𝑡𝑔𝜃 =
𝑥
Portanto, o ângulo do argumento 𝜃 é obtido pelo inverso da tangente (arcotangente):
𝑦
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( )
𝑥
Assim o número complexo 𝐶̇ na forma polar é obtido por:
𝑦
𝐶̇ = 𝑧∠𝜃 = (√𝑥 2 + 𝑦 2 ) ∠ (𝑡𝑔−1 )
𝑥
Na forma polar, o ângulo pode ser representado em graus ou radianos.

Exemplo 4-3. Converta os números complexos da forma retangular para a forma polar:
a) 𝐶̇ = 60 + 𝑗80:

𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2 = √602 + 802 = 100


𝑦 80
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 𝑡𝑔−1 ( ) = 53,13°
𝑥 60
𝐶̇ = 100∠53,13°
b) 𝐶̇ = 5 − 𝑗5:
𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2 = √52 + (−5)2 = √50 = 5√2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 52

𝑦 −5
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 𝑡𝑔−1 ( ) = −45°
𝑥 5
𝐶̇ = 5√2 ∠ − 45°
c) 𝐶̇ = −5 + 7𝑗:
𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2 = √(−5)2 + 72 = 8,6
𝑦 7
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 𝑡𝑔−1 ( ) = −54,46°
𝑥 −5
Como o número pertence ao segundo quadrante o ângulo deve ser corrigido, acrescentando-
se 180°:
𝐶̇ = 8,6∠ − 54,46° + 180°
𝐶̇ = 8,6∠ + 125,54°
d) 𝐶̇ = −3 − 4𝑗:
𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2 = √(−3)2 + (−4)2 = 5
𝑦 −4
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 𝑡𝑔−1 ( ) = 53,13°
𝑥 −3
Como o número pertence ao terceiro quadrante o ângulo deve ser corrigido, acrescentando-
se 180°:
𝐶̇ = 5∠ 53,13° + 180°
𝐶̇ = 5 ∠ + 233,13° = 5 ∠ − 126,87°

Importante:
Se o número complexo pertencer ao segundo ou ao terceiro quadrantes, o ângulo deve ser
corrigido acrescentando-se 180°.
Nas calculadoras científicas, a transformação da forma retangular para a forma polar não
necessita de correção.

4.5.2. Conversão de Polar para Retangular

Para converter um número complexo da forma polar para a forma retangular, deve-se obter o
cateto adjacente 𝑥 (parte real) e o cateto oposto 𝑦 (parte imaginária) a partir da hipotenusa 𝑧 e do ângulo
do argumento 𝜃 do triângulo retângulo formado pelas projeções do ponto 𝐶̇ nos eixos do plano cartesiano
complexo, como ilustra a Figura 4-3. Essa conversão pode ser feita usando as relações trigonométricas.
O cosseno do ângulo 𝜃 é a relação entre o cateto adjacente 𝑥 e a hipotenusa 𝑧:
𝑥
𝑐𝑜𝑠𝜃 =
𝑧
Portanto, a parte real é obtida por:
𝑥 = 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃
O seno do ângulo 𝜃 é a relação entre o cateto oposto 𝑦 e a hipotenusa 𝑧:
𝑦
𝑠𝑒𝑛𝜃 =
𝑧
Assim, a parte imaginária é obtida por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 53

𝑦 = 𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃
Portanto, o número complexo 𝐶̇ na forma retangular é obtido por:
𝐶̇ = 𝑥 + 𝑗𝑦 = (𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃) + 𝑗(𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃)
Todos os sinais devem ser considerados nos cálculos e nas representações dos números
complexos.

Exemplo 4-4. Converta os números complexos da forma polar para a forma retangular:
a) 𝐶̇ = 200 ∠ 60°:
𝑥 = 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 200 ∙ 𝑐𝑜𝑠60° = 100
𝑦 = 𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 200 ∙ 𝑠𝑒𝑛60° = 173,20
𝐶̇ = 100 + 𝑗173,20
b) 𝐶̇ = 30 ∠ − 240°:
𝑥 = 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 30 ∙ 𝑐𝑜𝑠 − 240° = −15
𝑦 = 𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 30 ∙ 𝑠𝑒𝑛 − 240° = 25,98
𝐶̇ = −15 + 𝑗25,98
c) 𝐶̇ = −(5 ∠53,13°):
𝑥 = −𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = −5 ∙ 𝑐𝑜𝑠53,13° = −3
𝑦 = −𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = −5 ∙ 𝑠𝑒𝑛53,1° = −4
𝐶̇ = −3 − 𝑗4

4.6. OPERAÇÕES MATEMÁTICAS COM NÚMEROS COMPLEXOS


Os números complexos permitem operações matemáticas entre si, porém são importantes
algumas relações aritméticas básicas. Como o operador imaginário é definido por:

𝑗 = √−1
Portanto:
𝑗 2 = −1
Fazendo:
1 1 𝑗 𝑗 𝑗
𝑗 −1 = = ∙( )= 2 = = −𝑗
𝑗 𝑗 𝑗 𝑗 −1
Portanto, o inverso do operador imaginário troca de sinal:
1
𝑗 −1 = = −𝑗
𝑗
O produto do operador imaginário pelo seu oposto é igual à unidade (1):
𝑗
𝑗 ∙ (−𝑗) = = 1
𝑗

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 54

4.6.1. Conjugado Complexo

O conjugado de um número complexo é determinado pela inversão do sinal da parte


imaginária (na forma retangular) ou do sinal do ângulo do argumento (na forma polar).
Dado o número complexo 𝐶̇ :
𝐶̇ = 𝑥 + 𝑗𝑦 = 𝑧 ∠ + 𝜃 = 𝑧 ∙ 𝑒 +𝑗𝜃
O seu conjugado complexo 𝐶̇ ∗ é:
𝐶̇ ∗ = 𝑥 − 𝑗𝑦 = 𝑧 ∠ − 𝜃 = 𝑧 ∙ 𝑒 −𝑗𝜃
O conjugado de um número complexo é indicado por um asterisco e representa o rebatimento
do número complexo em relação ao eixo 𝑥 do plano cartesiano.

Exemplo 4-5. Determine o conjugado dos números complexos:


a) 𝐶̇ = 5 + 𝑗7:
𝐶̇ ∗ = 5 − 𝑗7
b) 𝐶̇ = 100 ∠ − 30°:
𝐶̇ ∗ = 100 ∠ + 30°

4.6.2. Recíproco ou Inverso de um número complexo

O recíproco ou o inverso de um número complexo é dado por:


1
𝐶̇ −1 =
𝐶̇
Essa divisão de números complexos será estudada na Seção 0.

4.6.3. Adição e Subtração de números complexos

A adição ou subtração algébrica de números complexos deve ser feita sempre na forma
retangular. Não se somam ou se subtraem números complexos na forma polar. Se os números estiverem
na forma polar, devem primeiramente serem transformados para a forma retangular.
A soma (ou subtração) algébrica de números complexos é feita na forma retangular.
A regra para soma ou subtração de números complexos na forma retangular é:
Somam-se (ou subtraem-se) separadamente as partes reais e as partes imaginárias.
Assim:
𝐶1̇ ± 𝐶2̇ = (𝑥1 + 𝑗𝑦1 ) ± (𝑥2 + 𝑗𝑦2 ) = (𝑥1 ± 𝑥2 ) + 𝑗(𝑦1 ± 𝑦2 )
Importante: Todos os sinais devem ser sempre corretamente considerados.
Propriedade: Seja a soma de um número complexo pelo seu conjugado. Então
𝐶̇ + 𝐶̇ ∗ = (𝑥 + 𝑗𝑦) + (𝑥 − 𝑗𝑦) = 2𝑥

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 55

Exemplo 4-6. Efetue as operações algébricas com números complexos, sendo 𝐶1̇ = 3 + 𝑗4 e 𝐶2̇ = 5 +
𝑗6:
a) 𝐶3̇ = 𝐶1̇ + 𝐶2̇ :
𝐶3̇ = 𝐶1̇ + 𝐶2̇ = (3 + 𝑗4) + (5 + 𝑗6) = (3 + 5) + 𝑗(4 + 6) = 8 + 𝑗10
b) 𝐶4̇ = 𝐶1̇ − 𝐶2̇ :
𝐶4̇ = 𝐶1̇ − 𝐶2̇ = (3 + 𝑗4) − (5 + 𝑗6) = (3 − 5) + 𝑗(4 − 6) = −2 − 𝑗2

c) 𝐶5̇ = 𝐶1̇ + 𝐶2̇ :

𝐶5̇ = 𝐶1̇ + 𝐶2̇ = (3 + 𝑗4) + (5 − 𝑗6) = (3 + 5) + 𝑗(4 − 6) = 8 − 𝑗2

4.6.4. Multiplicação de números complexos

A multiplicação de números complexos deve ser feita preferencialmente na forma polar.


A multiplicação de números complexos é feita preferencialmente na forma polar.
A regra para a multiplicação de números complexos na forma polar é:
Multiplicam-se os módulos e somam-se algebricamente os ângulos.
Assim,
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (𝑧1 ∠ 𝜃1 ) ∙ (𝑧2 ∠ 𝜃2 ) = (𝑧1 ∙ 𝑧2 ) ∠ (𝜃1 + 𝜃2 )
Importante: todos os sinais devem ser sempre corretamente considerados.

Exemplo 4-7. Efetue as operações algébricas com números complexos, sendo 𝐶1̇ = 10∠45° e 𝐶2̇ =
20∠30°.
a) 𝐶3̇ = 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ :
𝐶3̇ = 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (10∠45°) ∙ (20∠30°) = 200∠75°

b) 𝐶4̇ = 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ :

𝐶4̇ = 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (10∠ − 45°) ∙ (20∠30°) = 200∠ − 15°

Em alguns casos podem-se multiplicar os números complexos na forma retangular utilizando


a propriedade distributiva da matemática:
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (𝑥1 + 𝑗𝑦1 ) ∙ (𝑥2 + 𝑗𝑦2 )
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = 𝑥1 𝑥2 + 𝑗(𝑥1 𝑦2 ) + 𝑗(𝑦1 𝑥2 ) + 𝑗 2 (𝑦1 𝑦2 )
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = 𝑥1 𝑥2 − 𝑦1 𝑦2 + 𝑗(𝑥1 𝑦2 + 𝑥2 𝑦1 )
Propriedade: o produto de um número complexo pelo seu conjugado é um número real.
Seja 𝐶̇ = 𝑥 + 𝑗𝑦, então:
𝐶̇ ∙ 𝐶̇ ∗ = (𝑥 + 𝑗𝑦) ∙ (𝑥 − 𝑗𝑦) = 𝑥 2 − 𝑗𝑥𝑦 + 𝑗𝑦𝑥 − 𝑗 2 𝑦 2
𝐶̇ ∙ 𝐶̇ ∗ = 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑧 2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 56

= O mesmo raciocínio é válido também para a forma polar:


𝐶̇ ∙ 𝐶̇ ∗ = (𝑧 ∠ 𝜃) ∙ (𝑧 ∠ − 𝜃) = 𝑧 2 ∠(𝜃 − 𝜃)
𝐶̇ ∙ 𝐶̇ ∗ = 𝑧 2

Dedução: Produto de números complexos na forma polar.


𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (𝑧1 ∠ 𝜃1 ) ∙ (𝑧2 ∠ 𝜃2 ) = (𝑥1 + 𝑗𝑦1 ) ∙ (𝑥2 + 𝑗𝑦2 )
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (𝑧1 𝑐𝑜𝑠𝜃1 + 𝑗𝑧1 𝑠𝑒𝑛𝜃1 ) ∙ (𝑧2 𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝑗𝑧2 𝑠𝑒𝑛𝜃2 )
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = 𝑧1 𝑧2 ∙ (𝑐𝑜𝑠𝜃1 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝜃1 ) ∙ (𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝜃2 )
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = 𝑧1 𝑧2 ∙ (𝑐𝑜𝑠𝜃1 𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝑗𝑐𝑜𝑠𝜃1 𝑠𝑒𝑛𝜃2 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝜃1 𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝑗 2 𝑠𝑒𝑛𝜃1 𝑠𝑒𝑛𝜃2 )
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = 𝑧1 𝑧2 ∙ (𝑐𝑜𝑠𝜃1 𝑐𝑜𝑠𝜃2 − 𝑠𝑒𝑛𝜃1 𝑠𝑒𝑛𝜃2 ) + 𝑗(𝑐𝑜𝑠𝜃1 𝑠𝑒𝑛𝜃2 + 𝑠𝑒𝑛𝜃1 𝑐𝑜𝑠𝜃2 )
Usando as identidades trigonométricas:
𝑐𝑜𝑠𝜃1 𝑐𝑜𝑠𝜃2 − 𝑠𝑒𝑛𝜃1 𝑠𝑒𝑛𝜃2 = cos (𝜃1 + 𝜃2 )
𝑐𝑜𝑠𝜃1 𝑠𝑒𝑛𝜃2 + 𝑠𝑒𝑛𝜃1 𝑐𝑜𝑠𝜃2 = sen (𝜃1 + 𝜃2 )
Substituindo:
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = 𝑧1 𝑧2 ∙ [𝑐𝑜𝑠(𝜃1 + 𝜃2 ) + 𝑗 𝑠𝑒𝑛(𝜃1 + 𝜃2 )]
Usando a Identidade de Euler:
𝑒 𝑗𝜃 = 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝜃
Substituindo para obter a forma de Euler:
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = 𝑧1 𝑧2 ∙ 𝑒 𝑗(𝜃1 +𝜃2 )
Na forma polar:
𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (𝑧1 ∠ 𝜃1 ) ∙ (𝑧2 ∠ 𝜃2 ) = (𝑧1 ∙ 𝑧2 ) ∠ (𝜃1 + 𝜃2 )

4.6.5. Divisão de números complexos

A divisão de números complexos deve ser feita preferencialmente na forma polar.


A divisão de números complexos é feita preferencialmente na forma polar.
A regra para a divisão de números complexos na forma polar é:
Dividem-se os módulos e subtraem-se algebricamente os ângulos.
Assim,
𝐶1̇ (𝑧1 ∠ 𝜃1 ) 𝑧1
= = ( ) ∠ (𝜃1 − 𝜃2 )
̇
𝐶2 (𝑧2 ∠ 𝜃2 ) 𝑧2
Importante: todos os sinais devem ser sempre corretamente considerados.

Exemplo 4-8. Efetue as operações algébricas com números complexos, sendo 𝐶1̇ = 10∠45° e 𝐶2̇ =
20∠30°.
a) 𝐶3̇ = 𝐶1̇ /𝐶2̇ :

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 57

𝐶1̇ (10∠45°)
𝐶3̇ = = = 0,5∠15°
𝐶2̇ (20∠30°)

b) 𝐶4̇ = 𝐶2̇ /𝐶1̇ :
𝐶2̇ (20∠30°)
𝐶4̇ = ∗ == = 2∠75°
𝐶1 (10∠ − 45°)

Em alguns casos podem-se dividir os números complexos na forma retangular, da seguinte


forma:

𝐶1̇ 𝐶1̇ 𝐶2̇
= ( ) ∙ ( ∗)
𝐶2̇ 𝐶2̇ 𝐶2̇
Ou seja:
𝐶1̇ 𝑥1 + 𝑗𝑦1 𝑥1 + 𝑗𝑦1 𝑥2 − 𝑗𝑦2 (𝑥1 + 𝑗𝑦1 ) ∙ (𝑥2 − 𝑗𝑦2 )
= =( )∙( )=
̇
𝐶2 𝑥2 + 𝑗𝑦2 𝑥2 + 𝑗𝑦2 𝑥2 − 𝑗𝑦2 𝑥2 + 𝑦2

4.6.6. Potenciação de números complexos

A potenciação de números complexos é mais conveniente na forma polar. Considere o


número complexo 𝐶̇ = 𝑧 ∠ 𝜃 e seja um número natural não nulo 𝑛. Então:
𝐶̇ 𝑛 = 𝐶̇ ∙ 𝐶̇ ⋯ 𝐶̇ = (𝑧 ∠ 𝜃) ∙ (𝑧 ∠ 𝜃) ⋯ (𝑧 ∠ 𝜃) = (𝑧 ∙ 𝑧 ⋯ 𝑧) (∠ 𝜃 + 𝜃 + ⋯ + 𝜃) = 𝑧 𝑛 ∠ 𝑛𝜃
𝐶̇ 𝑛 = 𝑧 𝑛 ∠ 𝑛𝜃
Esta equação é conhecida como Fórmula de Moivre.
A potenciação também pode ser feita na forma retangular por meio do produto de polinômios.
A radiciação de números complexos pode ser tratada como uma potenciação em um expoente
fracionário.

Exemplo 4-9. Efetue as operações:


a) 𝐶̇ = (2∠30°)3 :
𝐶̇ = (2∠30°)3 = 23 ∠(3 ∙ 30°) = 8∠90°
b) 𝐶̇ = (3 + 𝑗4)2 :
𝐶̇ = (3 + 𝑗4)2 = 32 + 2 ∙ 3 ∙ 𝑗4 + (𝑗4)2 = 9 + 𝑗24 − 16 = −7 + 𝑗24
c) 𝐶̇ = 3√27∠60° :
3
1 1 1 3 60°
𝐶̇ = √27∠60° = (27∠60°)3 = (273 ) ∠ ( ∙ 60°) = √27∠ ( ) = 3∠20°
3 3

4.7. EXERCÍCIOS
4.1. Represente os números complexos em um mesmo plano cartesiano e obtenha a forma polar:
a) 𝐶1̇ = 5 + 𝑗2;
b) 𝐶2̇ = 4 − 𝑗3;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 58

c) 𝐶3̇ = −3 + 𝑗4;
d) 𝐶4̇ = −5 − 𝑗5;
e) 𝐶5̇ = 4 + 𝑗0;
f) 𝐶6̇ = 𝑗√4;
4.2. Represente os números complexos num mesmo plano cartesiano e obtenha a forma retangular:
a) 𝐶1̇ = 5∠30°;
b) 𝐶2̇ = 2∠180°;
c) 𝐶3̇ = −4∠45°;
d) 𝐶4̇ = 3∠ − 60°;
e) 𝐶5̇ = 2∠280°;
f) 𝐶6̇ = 5∠90°;
4.3. Faça as operações algébricas com os números complexos:
a) 𝐶1̇ = (6 + 𝑗5) + (2 − 𝑗);
b) 𝐶2̇ = (6 − 𝑗2) − (4 + 𝑗3);
c) 𝐶3̇ = (−6 + 𝑗5) ∙ (2 − 2𝑗);
d) 𝐶4̇ = (10 + 𝑗8)/(1 − 1𝑗);
e) 𝐶5̇ = (6 + 𝑗5)2 + (2 − 2𝑗);
4.4. Seja 𝐶1̇ = 2∠135° , 𝐶2̇ = 4∠60° , 𝐶3̇ = 1∠ − 30° e 𝐶4̇ = 3 − 𝑗4, calcule:
a) 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ / 𝐶3̇ ;
b) 𝐶1̇ + 𝐶2̇ − 𝐶3̇ ;

c) 𝐶1̇ ∙ 𝐶3̇ − 𝐶2̇ ;
2
d) (𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ ) / 𝐶3̇ ;

e) √𝐶2̇ / 𝐶4̇ .
4.5. Dados os complexos 𝐶1̇ = 3 + 𝑗4 e 𝐶2̇ = 6 − 𝑗8, determine:
a) |𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ |;
b) |𝐶1̇ /𝐶2̇ |;
c) |𝐶1̇ − 𝐶2̇ |;
d) |(2𝐶̇1 + 𝐶2̇ )/(𝐶1̇ + 𝐶2̇ )|;
4.6. Calcule 𝑎 e 𝑏, para que (4 + 𝑗5) − (−1 + 𝑗3) = 𝑎 + 𝑏.
4.7. Determine o conjugado de:
a) 𝐶1̇ = (3 + 𝑗) − (2 + 𝑗5);
b) 𝐶2̇ = (1 − 𝑗) + (3 + 3𝑗) ∙ (−2𝑗);
4.8. Determine o 𝐶 ℂ, tal que: 2𝐶 + 3𝐶 ∗ = 4 − 𝑗.
4.9. Prove matematicamente (de forma literal, sem números) que o produto de um número complexo
na forma polar pelo seu conjugado é um número real igual ao módulo ao quadrado.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 59

4.10. Prove matematicamente (de forma literal, sem números) que:


𝐶1̇ 𝑧1 ∠𝜃1 𝑧1
= = ∠(𝜃1 − 𝜃2 ).
̇
𝐶2 𝑧2 ∠𝜃2 𝑧2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 60

5. REPRESENTAÇÃO FASORIAL DE ONDAS SENOIDAIS


Neste capítulo será apresentada uma prática ferramenta gráfica e matemática que permite e
facilita a interpretação e os cálculos necessários à aplicação dos métodos de análise de circuitos elétricos
que operam com tensões e correntes senoidais de mesma frequência. Este método faz uso de um vetor
radial girante denominado Fasor.

5.1. INTRODUÇÃO
As tensões e correntes alternadas senoidais podem ser representadas no domínio do tempo
pelas expressões trigonométricas:
• Tensão instantânea: 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 )
• Corrente instantânea: 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 )
Estas expressões trigonométricas domínio do tempo, não permitem métodos práticos para a
análise de circuitos elétricos, pois não são fáceis de serem algebricamente operadas. Por exemplo, para
determinar uma potência é necessário do produto entre a tensão e a corrente. Porém, essa operação
matemática usando as expressões trigonométricas não é trivial, como demonstra o Exemplo 5-1.

Exemplo 5-1. Obtenha a equação da potência elétrica instantânea 𝑝(𝑡) multiplicando a tensão
instantânea 𝑣(𝑡) = 20 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡) 𝑉 pela corrente instantânea 𝑖(𝑡) = 3 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡 + 60°) 𝐴.
Solução:
𝑝(𝑡) = 𝑣(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡)
𝜋 𝜋
𝑝(𝑡) = 20 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡) ∙ 3 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (100𝑡 + ) = 60 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (100𝑡 + )
3 3
Para essa operação é necessário utilizar as chamadas identidades trigonométricas. Algumas
delas são apresentadas no Anexo 12.1. Para o produto entre dois senos deve ser utilizada a seguinte
identidade trigonométrica:
1
𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽) = [cos(𝛼 − 𝛽) − cos (𝛼 + 𝛽)]
2
𝜋
No produto dado, 𝛼 = (100𝑡) e 𝛽 = (100𝑡 + 3 ). Então:
𝜋
𝑝(𝑡) = 60 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (100𝑡 + ) = 60 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽)
3
Substituindo:
1
𝑝(𝑡) = 60 { [cos(𝛼 − 𝛽) − cos(𝛼 + 𝛽)]}
2
1 𝜋 𝜋
𝑝(𝑡) = 60 { [cos (100𝑡 − (100𝑡 + )) − cos (100𝑡 + (100𝑡 + )]} =
2 3 3
𝜋 𝜋 𝜋
𝑝(𝑡) = 30 [cos(− ) −cos (200𝑡 + )] = 30 [0,5 − 𝑐𝑜𝑠(200𝑡 + )]
3 3 3
𝜋
𝑝(𝑡) = 15 − 30𝑐𝑜𝑠(200𝑡 + )
3

Portanto, como demonstra o Exemplo 5-1, um simples produto entre uma tensão e uma
corrente no domínio do tempo não é uma operação matemática trivial. O mesmo ocorre para somas e

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 61

subtrações entre tensões e correntes, necessárias para aplicar as Leis de Kirchhoff na análise dos
circuitos elétricos.
Este capítulo apresenta um método para representação de sinais senoidais de mesma
frequência que facilita as operações matemáticas necessárias à análise dos circuitos de corrente alternada
senoidal. Esse método é chamado Representação Fasorial de Sinais Senoidais.

5.2. FASOR
Do estudo da Física, sabemos que um ponto se deslocando em um movimento circular
uniforme (movimento harmônico) pode ser representado através de suas projeções num plano cartesiano
formando uma senoide, como ilustra a Figura 5-1.
Um movimento harmônico giratório pode ser descrito por uma senoide.
A recíproca também é verdadeira, ou seja, uma senoide pode ser representada pelas projeções
de seus pontos como um vetor radial girando em um movimento circular uniforme no sentido anti-
horário.
Uma senoide pode ser descrita por um vetor em movimento giratório.
Cada ponto de uma senoide pode ser representado por um vetor radial de módulo constante
em uma determinada posição, como indicado na Figura 5-1. O módulo do vetor radial é igual à amplitude
(valor de pico) da senoide. À medida que a senoide é descrita, o vetor radial gira assumindo diferentes
posições. Quando a senoide completa um ciclo, o vetor girante descreveu um giro completo e se
encontra novamente na mesma posição inicial. Como o ciclo da senoide é descrito no intervalo de tempo
de um período (𝑇), o vetor girante completou uma volta no mesmo período da senoide. Portanto, para
uma determinada frequência 𝑓 da onda senoidal, o movimento harmônico do vetor girante possui a
mesma frequência.
O vetor radial de módulo igual à amplitude gira no sentido anti-horário com a mesma frequência e
velocidade angular da senoide.
v(t)
90o
 +VP
o o
120 60

90o C C
150o 30o


210o 240o270o300o 330o 360o
o
180 VP 0 o
0 o
30 o o o o o
60 90 120 150 180 o
=t
(o, rad)

210o 330o

240o 300o
270o -VP

Figura 5-1. Projeções de valores instantâneos de um sinal senoidal [3].


A cada período um ciclo é completado e o vetor radial girante volta à sua posição inicial, que
corresponde ao ângulo de fase da senoide, como ilustra a Figura 5-1. Portanto, a posição de origem do
vetor girante é o ângulo de fase (𝜃) da senoide.
A posição de origem do vetor girante corresponde ao ângulo de fase da senoide
Se o ciclo da senoide iniciar adiantado em relação à origem (à esquerda), o ângulo de fase
inicial (𝜃) é positivo e a posição inicial do vetor é representada no primeiro quadrante, como ilustra a

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 62

Figura 5-2(a). Por outro lado, a Figura 5-2(b) ilustra que, se o ciclo da senoide iniciar atrasado em relação
à origem (à direita) o ângulo de fase inicial (𝜃) é negativo e a posição inicial do vetor é representada no
quarto quadrante.
Como o vetor radial girante analisado:
• Gira com velocidade igual à frequência angular (𝜔) da senoide de origem;
• Descreve uma volta completa a cada período (𝑇) da senoide de origem;
• Tem a mesma frequência (𝑓) da senoide de origem;
• Possui um módulo correspondente à amplitude (valo de pico) da senoide de origem;
• Parte de uma posição angular inicial correspondente ao ângulo de fase (𝜃) da senoide;
Portanto o vetor radial girante possui os mesmos parâmetros que descrevem a senoide de
origem. Se for conhecida a frequência angular (𝜔), ou a frequência (𝑓) ou o período (𝑇), então todos
esses parâmetros são conhecidos e a senóide pode ser descrita apenas pelo módulo do vetor radial girante
(correspondente à amplitude) e o ângulo de fase. Um vetor radial girante descrito pela amplitude e
ângulo de fase de uma senoide em uma determinada frequência é chamado de Fasor.
Fasor é um vetor radial girante descrito pela amplitude e ângulo de fase de uma senoide em uma
determinada frequência.
Assim, as tensões e correntes senoidais podem ser representadas por vetores radiais girantes,
chamados de Fasor Tensão e Fasor Corrente, como ilustra a Figura 5-2.

 v( t)
VP
VP
V0 V0
 t


-
(a)
 v( t)
VP

-
t
 
V0
V0
VP
(b)
Figura 5-2. Angulo inicial do vetor radial girante: (a) adiantado,  positivo; (b) atrasado,  negativo [3].
Um fasor é representado graficamente no plano cartesiano por seu módulo e ângulo de fase.
Essa representação gráfica é chamada de diagrama fasorial. A Figura 5-3 ilustra a representação gráfica
de um fasor de tensão no plano cartesiano e suas projeções nos eixos horizontal (𝑥) e vertical (𝑦). A
projeção do fasor no eixo vertical é um cateto oposto ao ângulo de fase (𝜃) e representa o
comportamento do valor instantâneo de uma função senoidal enquanto o vetor gira, em função de sua
posição angular (𝛼 = 𝜔 ∙ 𝑡). Já a projeção do fasor no eixo horizontal é um cateto adjacente ao ângulo
de fase (𝜃) e corresponde ao comportamento do valor instantâneo uma função cossenoidal. Ou seja:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝜃) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃) 𝑉

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 63

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝛼 + 𝜃) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃) 𝑉

v(t) 
Projeção y
função senoidal C
v(t) y Vp
Fasor
 vetor girante
t
0 x

Figura 5-3. Representação de um fasor e suas projeções no plano cartesiano.


Observação: Um diagrama fasorial pode conter vários fasores, desde que sejam todos de originados de
ondas de mesma frequência.

Exemplo 5-2. Represente o diagrama fasorial das ondas senoidais 𝑣(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(100𝑡 ) 𝑉 e 𝑖(𝑡) =
5𝑠𝑒𝑛(100𝑡 + 45°) 𝐴 e determine a defasagem entre a tensão e a corrente.
Solução: O fasor 𝑉̇ correspondente à tensão deve ser posicionado sobre o eixo 𝑥, pois o seu ângulo de
fase inicial é  = 0°, com módulo igual a 10 unidades na escala adotada. O fasor 𝐼 ̇ correspondente à
corrente deve ser posicionado a  = 45° a partir do eixo 𝑥 e deve ter módulo igual a 5 unidades na escala
adotada. A Figura 5-4 apresenta o diagrama fasorial resultante.
A defasagem entre a tensão é a corrente é 𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0 − 45° = −45°, ou seja, a tensão
está atrasada de 45° da corrente.

Figura 5-4. Diagrama fasorial para o Exemplo 5-2.

Exemplo 5-3. Uma tensão senoidal é representada por um fasor com módulo de 10 𝑉 e descreve uma
rotação completa em 0,02 𝑠 partindo da posição inicial −30°.
a) Represente graficamente o diagrama fasorial e a onda senoidal da tensão;
b) Determine o ângulo em que a tensão é 10 𝑉.
c) Determine a frequência angular e a expressão matemática tensão instantânea;
d) Calcule o valor da tensão para o instante 𝑡 = 0 𝑠;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 64

Solução: O fasor é representado por um vetor com módulo de 10 𝑉, fazendo um ângulo de −30° com
o eixo horizontal do plano cartesiano. Como o ângulo de fase é 𝜃 = −30°, a onda da senoide inicia o
semiciclo positivo atrasada (à direita) da origem, na posição angular 𝛼 = +30°, com valor de pico
correspondente ao módulo do fasor. A Figura 5-5 ilustra a representação gráfica do fasor e da forma de
onda resultante.
Como uma rotação é completada após um período 𝑇 = 0,02 𝑠, a frequência angular é:
2𝜋 2𝜋
𝜔 = 2𝜋𝑓 = = = 100𝜋 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑇 0,02
A função instantânea para a tensão é, então:
𝜋
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃) = 10𝑠𝑒𝑛 (100𝜋 ∙ 𝑡 + ) 𝑉
6
No instante 𝑡 = 0 𝑠 a função senoidal assume o valor:
𝜋 𝜋
𝑣(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛 (100𝜋 ∙ 0 + ) = 10𝑠𝑒𝑛 ( ) = 10 ∙ (−0,5) = −5 𝑉
6 6
O valor inicial da tensão também pode ser obtido por meio da projeção do fasor sobre o eixo
vertical (𝑦) do diagrama fasorial:
𝑣(0) = 10 ∙ 𝑠𝑒𝑛(−30°) = −5 𝑉

y v(t)

+10 •

 t(o)

-30o 0 30o 120o 210o 390o
v(0)=-5

10 -5

(a) • (b)
-10
Figura 5-5. Solução do Exemplo 5-3: (a) diagrama fasorial e (b) forma de onda

5.3. REPRESENTAÇÃO FASORIAL COM NÚMEROS COMPLEXOS


O fasor é um vetor radial girante que permite a representação gráfica de uma onda senoidal no
plano cartesiano. O módulo do fasor está relacionado à amplitude e o ângulo com o eixo horizontal
representa o ângulo de fase da senoide. O fasor gira na mesma velocidade angular da senoide. Se o fasor
for representado graficamente em um plano cartesiano complexo, como ilustra Figura 5-6, ele forma
um triângulo retângulo com suas projeções nos eixos real (𝑥) e imaginário (𝑦), cuja hipotenusa é o
módulo do fasor. Portanto, um fasor pode ser descrito por um número complexo na forma polar, onde o
módulo está relacionado ao valor de pico da onda senoidal e o ângulo formado com o eixo real é o
ângulo de fase da senoide.
Graficamente, o módulo do fasor está relacionado à amplitude (valor de pico) da onda
senoidal. Entretanto, por conveniência matemática, a representação do fasor por um número complexo
na forma polar utiliza como módulo o valor eficaz da onda senoidal, e não o seu valor de pico. Como
o valor eficaz de uma senoide é uma proporção constante dada por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 65

𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 = = 0,707 ∙ 𝑉𝑝
√2
Então o valor de pico e o valor eficaz podem ser determinados um em função do outro, sem
prejuízo à representação do fasor.
Um fasor é representado por um número complexo na forma polar, onde o módulo é o valor eficaz e o
argumento é o ângulo de fase da onda senoidal
Na análise de circuitos elétricos de corrente alternada senoidal essa convenção para
representação dos fasores é mais conveniente, pois facilita a interpretação e a análise matemática.
y – eixo imaginário

y
z
hipotenusa cateto oposto

x – eixo real
0 x

cateto adjacente

Figura 5-6. Representação de um fasor no plano cartesiano complexo.


Portanto, uma tensão ou uma corrente alternada senoidal, descrita por uma função no domínio
do tempo (tensão instantânea), pode ser transformada em um fasor representado por um número
complexo na forma polar, e vice-versa:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) ↔ 𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑣
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 ) ↔ 𝐼 ̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑖
As tensões e correntes descritas por fasores são representadas no chamado domínio da
frequência ou domínio fasorial, onde o valor da frequência está implícito na análise.
O valor da frequência está implícito na representação fasorial.
Importante: A análise e comparação de tensões e correntes senoidais por meio da representação fasorial
é válida somente para uma determinada frequência, ou seja, fasores de diferentes frequências não devem
ser comparados.
Como um número complexo na forma polar pode ser transformado na forma retangular, e vice-
versa, um fasor pode também ser representado na forma retangular.
Um fasor na forma polar pode ser transformado para a forma retangular e vice-versa.
Portanto:
𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑣 ↔ 𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑣 + 𝑗𝑉𝑒𝑓 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑣
𝐼 ̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑣 ↔ 𝐼 ̇ = 𝐼𝑒𝑓 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖 + 𝑗𝐼𝑒𝑓 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖
Essas transformações permitem que os fasores possam ser operados matematicamente da
mesma forma que os números complexos, o que facilita enormemente a análise de circuitos elétricos.
Embora a forma retangular seja muito útil para as operações matemáticas, a representação fasorial das
tensões e correntes é mais usual na forma polar, pois fornece informação direta sobre o valor eficaz e o
ângulo de fase.

Exemplo 5-4. Dadas as tensões e correntes no domínio do tempo, determine seus fasores na forma polar
e trace o diagrama fasorial.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 66

Dados: 𝑣1 (𝑡) = 12 ∙ 𝑠𝑒𝑛(500𝑡) 𝑉; 𝑣2 (𝑡) = 10√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(500𝑡 + 45°) 𝑉; 𝑖1 (𝑡) = 8 ∙ 𝑠𝑒𝑛(500𝑡 +


30°) 𝐴 e 𝑖2 (𝑡) = 5 ∙ 𝑠𝑒𝑛(500𝑡 − 30°) 𝐴.
Solução: As funções instantâneas são transformadas em fasores na forma polar obtendo-se os valores
eficazes e os ângulos de fase. Assim:
𝑉𝑝 12
𝑉1̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑣 = ∠ 𝜃𝑣 = ∠0° = 8,48∠0° 𝑉
√2 √2
𝑉𝑝 10√2
𝑉̇2 = 𝑉𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑣 = ∠ 𝜃𝑣 =∠45° = 10∠45° 𝑉
√2 √2
𝐼𝑝 8
𝐼1̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑖 = ∠ 𝜃𝑖 = ∠30° = 5,66∠30° 𝐴
√2 √2
𝐼𝑝 5
𝐼2̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑖 = ∠ 𝜃𝑖 = ∠ − 30° = 3,54∠ − 30° 𝐴
√2 √2
O diagrama fasorial resultante está representado na Figura 5-7.

𝑉̇2 = 10∠45° 𝑉

𝐼1̇ = 5,66∠30° 𝐴

𝑉1̇ = 8,48∠0° 𝑉
𝐼2̇ = 3,54∠ − 30° 𝐴

Figura 5-7. Diagrama fasorial para o Exemplo 5-4.

Exemplo 5-5. Transforme as funções do domínio do tempo para o domínio fasorial e represente os
fasores nas formas polar e retangular.
a) 𝑣1 (𝑡) = 311𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 45°) 𝑉 → 𝑉1̇ = 220∠ − 45° 𝑉 → 𝑉1̇ = 155,5 − 𝑗155,5 𝑉
𝜋 𝜋
b) 𝑣2 (𝑡) = 15√2𝑠𝑒𝑛 (200𝜋𝑡 + 6 ) 𝑉 → 𝑉̇2 = 15∠ 6 𝑉 → 𝑉1̇ = 13 + 𝑗7,5 𝑉

c) 𝑖1 (𝑡) = 20𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 60°) 𝐴 → 𝐼1̇ = 14,14∠60° 𝐴 → 𝑉1̇ = 7,07 − 𝑗12,25 𝐴


d) 𝑣3 (𝑡) = 50√2𝑐𝑜𝑠(500𝜋𝑡 − 30°) 𝑚𝑉 → 𝑉̇3 = 50∠60° 𝑚𝑉 → 𝑉1̇ = 25 + 𝑗43,3 𝑚𝑉

Exemplo 5-6. Transforme os fasores para o domínio do tempo.


a) 𝐼1̇ = 120∠60° 𝑚𝐴, 𝜔 = 100 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠 → 𝑖1 (𝑡) = 120√2𝑠𝑒𝑛(100𝑡 + 60°) 𝑚𝐴
𝜋
b) 𝑉1̇ = 110∠ 4 𝑉, 𝑓 = 50 𝐻𝑣1 (𝑡) = 110√2𝑠𝑒𝑛(100𝜋𝑡 + 45°) 𝑉

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 67

5.4. OPERAÇÕES MATEMÁTICAS COM FASORES E DIAGRAMAS FASORIAIS


A representação fasorial é importante na análise de circuitos elétricos, pois ela permite realizar
facilmente diversas operações matemáticas entre tensões, correntes e potências, sem usar a função
trigonométrica no domínio do tempo (função instantânea) ou a representação gráfica da onda. A
representação trigonométrica permite algumas operações matemáticas usando as equações chamadas
identidades trigonométricas, mas dificultam os cálculos.
Considerando que as tensões e correntes senoidais podem ser representadas por fasores
descritos por números complexos, tanto na forma polar como retangular, as operações matemáticas entre
fasores seguem as mesmas regras das operações com números complexos.
Fasores podem ser operados através da álgebra dos números complexos.
A transformação de um fasor na forma polar para a forma retangular e vice-versa é
representada na Figura 5-8.

𝑥 = 𝑉𝑒𝑓 𝑐𝑜𝑠𝜃; 𝑦 = 𝑉𝑒𝑓 𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠ ± 𝜃 𝑉̇ = 𝑥 ± 𝑗𝑦
𝑦
𝑉𝑒𝑓 = √𝑥 2 + 𝑦 2 ; 𝜃 = 𝑡𝑔−1
𝑥
FORMA POLAR FORMA RETANGULAR
Figura 5-8. Transformação de polar para retangular e vice-versa.
Na notação fasorial a função seno é sempre a referência e a frequência é uma informação
implícita, não sendo representada. É importante ter em mente que a álgebra fasorial é aplicável somente
para fasores de mesma frequência.
As operações matemáticas somente são permitidas entre fasores de mesma frequência
O diagrama fasorial permite operações de adição e subtração. Elas podem ser realizadas
pelo mesmo processo usado para soma e subtração de vetores, como por exemplo a Decomposição de
Vetores ou o Método do Paralelogramo, como ilustra Figura 5-9.

Y Z



X
Figura 5-9. Soma de fasores pelo método do paralelogramo.
Analiticamente, o fasor resultante 𝑍 da soma dos fasores 𝑋 e 𝑌 é dada pela equação:

𝑍 = √𝑋 2 + 𝑌 2 + 2 ∙ 𝑋 ∙ 𝑌 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛼
Onde (𝛼) é o ângulo entre os fasores 𝑋 e 𝑌. O ângulo do fasor resultante 𝑍 em relação ao eixo
horizontal é determinado por:
𝑌 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼
𝜑 = 𝑡𝑎𝑛−1 ( )
𝑋 + 𝑌 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛼

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Exemplo 5-7. Some e subtraia as tensões 𝑣1 (𝑡) = 20√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 45°) 𝑉 e 𝑣2 (𝑡) =


40√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 30°) 𝑉 e as represente no diagrama temporal.
Solução: Transformando as funções instantâneas em fasores na forma polar, temos:
𝑉1̇ = 20∠45° V e 𝑉̇2 = 40∠ − 30° V
Para somar e subtrair as tensões os respectivos fasores devem ser transformados para a forma
retangular:
𝑉1̇ = 14,14 + j14,14 V e 𝑉̇2 = 34,64 − j20 V
Somando e subtraindo na forma retangular e transformando novamente em polar:
𝑉1̇ + 𝑉̇2 = (14,14 + j14,14) + (34,64 − j20) = (14,14 + 34,64) + (j14,14 − j20) = 48,78 − j5,86
𝑉1̇ + 𝑉̇2 = 48,78 − j5,86 = 49,13∠ − 6,85° V
𝑉1̇ − 𝑉̇2 = (14,14 + j14,14) − (34,64 − j20) = (14,14 − 34,64) + (j14,14 + j20)
= −20,5 + 𝑗34,14
𝑉1̇ − 𝑉̇2 = −20,5 + 𝑗34,14 = 39,82∠120° V
Transformando para o domínio do tempo:
𝑣1 (𝑡) + 𝑣2 (𝑡) = 49,13√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 6,85°) 𝑉
𝑣1 (𝑡) − 𝑣2 (𝑡) = 39,82√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 120°) 𝑉
A Figura 5-10 apresenta as formas de onda das tensões.

80

60

40

20
tensão (V)

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-20

-40

-60

-80
graus
v1 v2 v1+v2 v1-v2

Figura 5-10. Tensões instantâneas para o Exemplo 5-7.

Exemplo 5-8. Some os fasores do Exemplo 5-7 graficamente e aplicando as equações trigonométricas
do método do paralelogramo.
Solução: Dados os fasores 𝑉1̇ = 20∠45° V e 𝑉̇2 = 40∠ − 30° V, o módulo resultante para a soma pelo
método do paralelogramo é dado por:

|𝑉1 + 𝑉2 | = √𝑉12 + 𝑉22 + 2 ∙ 𝑉1 ∙ 𝑉2 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛼 = √202 + 402 + 2 ∙ 20 ∙ 40 ∙ 𝑐𝑜𝑠(45° − (−30°))


= 49,13

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O ângulo do vetor resultante é determinado por:


𝑉1 𝑠𝑒𝑛𝛼 20𝑠𝑒𝑛75°
𝜑 = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 23,15°
𝑉2 + 𝑉1 𝑐𝑜𝑠𝛼 40 + 20𝑐𝑜𝑠75°
O ângulo (𝜑) é o ângulo entre a resultante e 𝑉2 . O ângulo a partir do eixo 𝑥 é obtido por:
𝛽 = 𝜃2 − 𝜑 = −30° + 23,15° = −6,85°
Portanto, o fasor resultante é:
|𝑉1 + 𝑉2 | = 49,13∠ − 6,85° V
A Figura 5-11 ilustra a soma gráfica dos fasores.

V1

20

+45o

-6,85o
o
-30
+23,15o 49,13 V1+V2

40

V2

Figura 5-11. Soma gráfica dos fasores do Exemplo 5-8.

5.5. TABELA RESUMO


Há quatro maneiras de representação de uma onda senoidal:
• Gráfico da forma da onda em função do tempo ou da posição angular;
• Função trigonométrica no domínio do tempo;
• Representação fasorial por número complexo no domínio da frequência;
• Diagrama fasorial.
A forma de onda é a representação mais visual, mostrando a variação da grandeza em função
do tempo ou da posição angular. O osciloscópio é o instrumento utilizado para visualização da forma de
onda de uma tensão senoidal.
A função trigonométrica representa o comportamento da grandeza no domínio do tempo e
permite a determinação de todos os parâmetros da forma de onda.
A representação fasorial de ondas senoidais utiliza números complexos e é a forma mais
simplificada da função, contendo apenas o valor eficaz e o ângulo de fase da senoide, onde a frequência
é uma informação implícita. Essa representação facilita as operações matemáticas, pois utiliza a álgebra
de números complexos.
O diagrama fasorial é uma forma gráfica simplificada de representação da onda senoidal e
permite a visualização rápida dos módulos e ângulos dos fasores.
A Tabela 5-1 apresenta um resumo das representações matemáticas para as tensões e correntes
senoidais.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 70

Tabela 5-1. Representações matemáticas das tensões e correntes senoidais.


Tensão (V) Corrente (A)
Função Instantânea
Forma Trigonométrica Domínio 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 )
do Tempo
Fasor
Forma Polar 𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑣 𝐼 ̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠ 𝜃𝑖
Domínio Fasorial
Fasor
Forma Retangular 𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑣 + 𝑗𝑉𝑒𝑓 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑣 𝐼 ̇ = 𝐼𝑒𝑓 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖 + 𝑗𝐼𝑒𝑓 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖
Domínio Fasorial
𝑉𝑝 𝐼𝑝
Valor Eficaz 𝑉𝑒𝑓 = = 0,707 ∙ 𝑉𝑝 𝐼𝑒𝑓 = = 0,707 ∙ 𝐼𝑝
√2 √2

5.6. EXERCÍCIOS:
5.1. Determine os fasores das funções senoidais (forma polar):
a) 𝑣1 (𝑡) = 15 ∙ 𝑠𝑒𝑛(120𝑡 + 30°) 𝑉
b) 𝑣2 (𝑡) = 12√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(120𝑡 − 90°) 𝑉
c) 𝑖1 (𝑡) = 10 ∙ 𝑠𝑒𝑛(120𝑡) 𝐴
𝜋
d) 𝑖2 (𝑡) = 5√2 ∙ 𝑐𝑜𝑠 (120𝑡 + 4 ) 𝐴

5.2. Dados os fasores 𝑉1̇ = 100∠0° 𝑉, 𝑉̇2 = 50∠ − 30° 𝑉 e 𝐼1̇ = 10∠45° 𝐴 para 𝑓 = 100 𝐻𝑧.
a) Determine as funções instantâneas;
b) Faça a soma e a subtração das tensões e determine a função instantânea resultante;
c) Divida cada tensão pela corrente e represente o valor resultante na forma retangular;

5.3. Considere o diagrama fasorial da Figura 5-12:


a) Escreva as expressões matemáticas no domínio do tempo (instantâneas);
b) Determine a defasagem e a frequência dos sinais.
=120 

10
V1
/4
0

-7/12
7
V2

Figura 5-12. Diagrama fasorial para o exercício 5.3.

5.4. Dadas as funções e os gráficos abaixo [1]:


a) Determine o período, frequência, velocidade angular, fase inicial, valor de pico, pico a pico,
valor eficaz e valor médio das senoides;
b) Determine os fasores na forma polar e retangular;
c) Esboce o diagrama fasorial para cada grupo de tensões e correntes;
d) Tome a tensão 𝑣1 (𝑡) como referência e determine as defasagens em cada grupo;
e) Utilize um programa computacional para traçar as formas de onda de cada grupo;
𝜋
i) 𝑣1 (𝑡) = 12𝑠𝑒𝑛(400𝜋𝑡 − 45°) 𝑉; 𝑖1 (𝑡) = 8√2𝑠𝑒𝑛 (400𝜋𝑡 + ) 𝐴; 𝑖3 (𝑡) =
6
7√2𝑐𝑜𝑠(400𝜋𝑡) 𝐴;

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ii) 𝑣1 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(120𝜋𝑡) 𝑉; 𝑣2 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(120𝜋𝑡 + 120°) 𝑉; 𝑣3 (𝑡) =


220√2𝑠𝑒𝑛(120𝜋𝑡 − 120°) 𝑉;

60

40

tensão (V), corrente (A) 20

0
0 5 10 15 20 25 30
-20

-40

-60
tempo (s)
v1 v2
iii)
Figura 5-13. Gráfico para o exercício 5.4.

160

120

80
tensão (V), corrente (A)

40

0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016 0,018 0,02 0,022 0,024 0,026 0,028 0,03
-40

-80

-120

-160
tempo (s)

v1 v2 i1
iv)
Figura 5-14. Gráfico para o exercício 5.4.

Frequência f = 200 Hz
10
8
6
tensão (V), corrente (A)

4
2
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-2
-4
-6
-8
-10
ângulo (graus)
v1 v2 i1
v)
Figura 5-15. Gráfico para o exercício 5.4.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 72

6. RELAÇÕES ENTRE TENSÃO E CORRENTE ALTERNADAS


NOS ELEMENTOS PASSIVOS DE CIRCUITOS

Um princípio da física afirma que toda causa produz um efeito, e esse efeito não ocorre sem
uma oposição, ou seja, a relação entre causa e efeito é uma oposição. Matematicamente:
Causa
Oposição=
Efeito
Essa relação é uma generalização da Lei de Ohm. Nos elementos dos circuitos elétricos a
causa pode ser entendida como a tensão aplicada, enquanto o efeito é o estabelecimento da corrente
elétrica. A oposição decorre da reação de uma resistência elétrica, por exemplo.
Neste capítulo será estudado o comportamento dos componentes passivos dos circuitos
elétricos (resistores, capacitores e indutores) quando submetidos a tensões e correntes alternadas
senoidais. A onda senoidal tem particular importância, pois associa naturalmente fenômenos físicos e
matemáticos relacionados aos circuitos elétricos. Sua forma senoidal não é afetada pelo comportamento
dos componentes passivos, ou seja, uma tensão senoidal sobre um resistor, capacitor ou indutor
produzirá uma corrente também senoidal. Com base na Lei de Ohm, serão analisadas as relações entre
tensões e correntes senoidais e as características da oposição oferecida pelos componentes passivos, seu
tratamento matemático e a influência da frequência em regime permanente. Essa análise é chamada de
resposta senoidal dos elementos passivos em regime permanente. O regime permanente ou
estacionário é a condição operacional dos circuitos elétricos atingida após o comportamento transitório.
O estudo da resposta senoidal em regime permanente e seu tratamento matemático, associado
ao uso da representação fasorial para tensões e correntes senoidais, permite que a análise dos circuitos
de corrente alternada seja feita a partir dos mesmos procedimentos e teoremas utilizados para a análise
dos circuitos de corrente contínua.

6.1. RESISTOR EM CORRENTE ALTERNADA


O resistor é um componente passivo que oferece uma oposição à passagem da corrente elétrica
em um circuito. Essa oposição é decorrente de sua resistência elétrica. Conforme a Lei de Ohm, a relação
entre causa e efeito é uma oposição. No resistor, a relação entre a tensão aplicada (causa) e a corrente
(efeito) é a sua resistência (oposição), como ilustra a Figura 6-1. Matematicamente, a Primeira Lei de
Ohm no resistor é dada por:
𝑉
𝑅=
𝐼
Onde:
𝑅: resistência elétrica do resistor [];
𝑉: tensão aplicada aos terminais do resistor [V];
𝐼: corrente que atravessa o resistor [A].

+ -
R
I
Figura 6-1. Tensão e corrente em um resistor.
A Segunda Lei de Ohm afirma que a resistência de um resistor é determinada por suas
características construtivas, ou seja:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 73

𝜌∙ℓ
𝑅=
𝐴
Onde:
𝑅: resistência elétrica do resistor [];
𝜌: resistividade elétrica do material [m];
ℓ: comprimento do elemento resistivo [m];
𝐴: seção transversal do elemento resistivo [m2].
Seja o circuito da Figura 6-2, onde uma fonte de tensão alternada senoidal é aplicada aos
terminais de um resistor ôhmico 𝑅. Como a tensão varia senoidalmente, a corrente varia
proporcionalmente no tempo, uma vez que a resistência é uma constante determinada por suas
características construtivas4.

i(t)

~ v(t) R

Figura 6-2. Tensão alternada senoidal aplicada aos terminais de um resistor.


Pela Lei de Ohm:
𝑣(𝑡)
𝑅=
𝑖(𝑡)
Assim:
𝑣(𝑡)
𝑖(𝑡) =
𝑅
Considerando a função instantânea da tensão alternada senoidal:
𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 )
𝑖(𝑡) =
𝑅
𝑉𝑝
𝑖(𝑡) = ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 )
𝑅
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 )
Onde:
𝑉𝑝
𝐼𝑝 =
𝑅
Portanto, uma tensão alternada senoidal produz no resistor uma corrente alternada também
senoidal e de mesma frequência.
Uma tensão senoidal produz no resistor uma corrente senoidal de mesma frequência.
Como
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 )

4
A resistência é uma constante para os resistores ôhmicos (lineares). A resistência dos resistores não ôhmicos (não
lineares) pode variar em função da tensão, corrente, temperatura, luz etc.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 74

Então:
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣
Portanto, a defasagem entre a tensão e a corrente nos terminais do resistor (𝜙𝑅 ) é nula:
𝜙𝑅 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0
A única diferença existente entre as funções senoidais 𝑣(𝑡) e 𝑖(𝑡) é o valor de pico. Isto ocorre
porque no resistor a corrente é diretamente proporcional à tensão. Portanto, não há diferença nos ângulos
de fases das duas funções, como ilustra a Figura 6-3. Como os ângulos de fase são iguais, a tensão e a
corrente estão em fase, ou seja, a defasagem é nula.
Nos terminais do resistor a corrente está sempre em fase com a tensão.
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣 → 𝜙𝑅 = 0

v(t)
i(t) +VP
+VP

+IP
+IP
3/4 2
o oo o o
210 240 270 300 330 360o
0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o =t
o
/2  ( , rad)

-IP
-IP

-VP
-VP

Figura 6-3. Corrente em fase com a tensão nos terminais de um resistor.


A mesma análise também pode ser feita no domínio fasorial, onde a Lei de Ohm pode ser
escrita como:
𝑉̇𝑅
𝑅=
𝐼𝑅̇
Onde:
𝑅: resistência do resistor [];
𝑉̇𝑅 : fasor tensão aplicada ao resistor [V];
𝐼𝑅̇ : fasor corrente no resistor [A].
Resolvendo para a corrente:
𝑉̇𝑅
𝐼𝑅̇ =
𝑅
Como a resistência 𝑅 é um número real:
𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 𝑉𝑒𝑓 𝑉𝑒𝑓
𝐼𝑅̇ = = ∠(𝜃𝑣 − 0°) = ∠𝜃𝑣
𝑅∠0° 𝑅 𝑅

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 75

Onde:
𝑉𝑒𝑓
𝐼𝑒𝑓 =
𝑅
Assim:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
Como:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
Portanto, a corrente no resistor é um fasor que possui o mesmo ângulo de fase da tensão, ou
seja, a tensão e a corrente nos terminais do resistor estão em fase:
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣 → 𝜙𝑅 = 0
É importante observar que a análise no domínio fasorial permite obter com maior facilidade
os mesmos resultados da análise no domínio do tempo.
Observação:
Neste material didático são considerados resistores ideais, ou seja, sua resistência é
constante e independente da frequência. Entretanto, em condições reais a resistência pode variar em
função de diversos parâmetros, como tensão, corrente, temperatura, luz etc. A resistência também pode
variar para determinadas faixas de frequência. O gráfico da Figura 6-4 ilustra o comportamento da
resistência dos resistores de filme de carbono em função da frequência. Esse comportamento é
decorrente das características construtivas reais do resistor, que gera uma pequena indutância e
capacitância parasitas as quais são sensíveis à frequência. Geralmente esse efeito é insignificante para
baixas frequências. Porém, para frequências na faixa de mega-hertz (MHz), o valor da resistência varia
de forma diferente para cada resistor e esse comportamento deve ser considerado.

R
(% do valor
nominal)

f (escala logarítmica)
Figura 6-4. Comportamento da resistência em função da frequência [Fonte: Boylestad, 2003].

Exemplo 6-1. Uma tensão senoidal de 12 V de valor eficaz e 60 Hz, com ângulo de fase inicial zero, é
aplicada a um resistor de 6 :
a) Determine a expressão trigonométrica da tensão instantânea e o fasor da tensão;
b) Determine a expressão trigonométrica da corrente instantânea e o fasor da corrente;
c) Trace as formas de onda para 𝑣(𝑡) e 𝑖(𝑡);

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 76

d) Trace o diagrama fasorial para a tensão e corrente.


Como a frequência é 60 Hz, então a frequência angular é determinada por:
𝜔 = 2𝜋 ∙ 𝑓 = 2𝜋 ∙ 60 = 377 𝑟𝑎𝑑/𝑠
A expressão da tensão instantânea é:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) = 12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡) = 16,97𝑠𝑒𝑛(377𝑡) 𝑉
E o fasor tensão:
𝑉̇𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 = 12∠0° 𝑉
O fasor corrente pode ser determinado pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝑅 12∠0°
𝐼𝑅̇ =
= = 2∠0° 𝐴
𝑅 6∠0°
A expressão da corrente instantânea é:
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 ) = 2√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡) = 2,83𝑠𝑒𝑛(377𝑡) 𝐴
A Figura 6-5 apresenta as formas de onda da tensão e da corrente em fase no resistor, pois
possuem os mesmos ângulos de fase. No diagrama fasorial da Figura 6-6, a tensão e a corrente estão em
fase e ambas possuem ângulo de fase igual a zero.

20

15
tensão (V), corrente (A)

10

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360

-5

-10

-15

-20

graus

v(t)x1 i(t)
Figura 6-5. Formas de onda da tensão e corrente em fase para o Exemplo 6-1.

I = 20 o  = 120 o
V

Figura 6-6. Diagrama fasorial para o Exemplo 6-1: tensão e corrente em fase no resistor.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 77

6.1.1. Exercícios:

Sejam os circuitos da Figura 6-7, determine:


a) O fasor tensão da fonte;
b) Resistência equivalente;
c) A corrente fornecida pela fonte na forma fasorial (use a Lei de Ohm);
d) A tensão e a corrente em cada resistor na forma fasorial (Leis de Kirchhoff);
Dados:𝑣1 (𝑡) = 100. 𝑠𝑒𝑛(400𝜋𝑡 + 60°)𝑉; 𝑅1 = 20 Ω; 𝑅2 = 30 Ω

I) II)
Figura 6-7. Circuitos para o Exercício 6.1.1.

6.2. CAPACITOR EM CORRENTE ALTERNADA


O capacitor é um componente passivo capaz de armazenar energia. Um capacitor é constituído
de duas placas metálicas condutoras, separadas por um material isolante chamado de dielétrico. Quando
os terminais de um capacitor são conectados a uma fonte de tensão contínua, como ilustra a Figura
6-8(a), os elétrons livres da placa metálica se deslocam para o positivo da fonte. Esta placa ficando mais
positiva atrai para a outra placa os elétrons livres do negativo da fonte. Assim, uma placa fica carregada
com cargas positivas e a outra com cargas negativas. Um campo elétrico é gerado e uma diferença de
potencial (tensão) é estabelecida entre as placas. Esse processo de movimentação de cargas por repulsão
eletrostática proporciona uma corrente elétrica no circuito enquanto o capacitor estiver sendo carregado.
Quanto mais carga armazenada nas placas, maior o campo elétrico e, portanto, maior a tensão entre as
placas.
IC
t=t1
IC
t=t3
+ +

(a) (b)

Figura 6-8. Transitório de carga e descarga do capacitor: (a) circuito para análise da carga; (b) circuito para
análise da descarga;
A capacitância 𝐶 de um capacitor é a medida da sua capacidade de armazenar energia no
campo elétrico sob a forma de tensão entre as placas. Matematicamente, a capacitância é a relação entre
a quantidade de carga 𝑄 armazenada e a tensão 𝑉 entre as placas:
𝑄
𝐶=
𝑉
A unidade de capacitância é o farad (𝐹).
O capacitor armazena energia no campo elétrico entre as placas sob a forma de tensão.
Fisicamente, a capacitância depende das características construtivas do capacitor:
𝐴
𝐶=𝜀∙
𝑑

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 78

Onde:
𝐶: capacitância do capacitor [F];
𝜀: permissividade elétrica do material dielétrico entre as placas do capacitor [F/m];
𝐴: área das placas metálicas condutoras do capacitor [m2 ];
𝑑: distância entre as placas do capacitor [m].
A energia elétrica (𝐸𝑛) armazenada no capacitor, em joules (𝐽), é determinada por:
𝐶𝑉 2
𝐸𝑛 =
2
A descarga de um capacitor ocorre quando há um circuito para os elétrons da placa negativa
fluírem para neutralizar as cargas da placa positiva, como ilustra a Figura 6-8(b). Enquanto o capacitor
estiver se descarregando, há uma corrente elétrica no circuito. O capacitor só admite corrente em seus
terminais enquanto estiver sendo carregado ou descarregado.
A Figura 6-9 apresenta o comportamento transitório da tensão e da corrente no capacitor para
os circuitos de carga e descarga, ilustrados na Figura 6-8(a) e Figura 6-8(b), respectivamente. No início
do processo de carga, quando o interruptor é acionado no instante 𝑡1 , há um pico de corrente devido à
grande movimentação de cargas. Nesse momento, o capacitor age como um curto-circuito (corrente
máxima, tensão nula). A função do resistor é limitar o pico de corrente no circuito.
O capacitor age como um curto-circuito no início do processo de carga.

Figura 6-9. Transitório de carga e descarga do capacitor: curvas da corrente e tensão no capacitor em função
do tempo.
A tensão no capacitor começa a aumentar exponencialmente até o final do processo de carga,
em 𝑡2 . Quando o capacitor estiver carregado, a partir do instante 𝑡2 , a tensão é máxima e a corrente é
nula. Nessa condição, chamada de regime permanente (ou estacionário), o capacitor age como um
circuito aberto (tensão máxima, corrente nula).
Em tensão contínua constante um capacitor carregado age como um circuito aberto.
Quando o interruptor é acionado para descarga, no instante 𝑡3 , um novo pico de corrente ocorre
devido ao grande fluxo de cargas para neutralização das placas. Esse pico de corrente é limitado pelo

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 79

resistor do circuito. A corrente de descarga tem um sentido oposto ao da corrente de carga. Nesse
instante, o capacitor possui tensão entre as placas e fornece corrente ao circuito, agindo como uma fonte
de energia por um pequeno intervalo de tempo.
Um capacitor descarregando age como uma fonte de energia para o circuito elétrico.
Após o instante 𝑡4 o capacitor está descarregado e não há tensão nem corrente no circuito.
Portanto, o capacitor admite corrente no circuito enquanto a tensão estiver variando, ou seja, enquanto
estiver sendo carregado ou descarregado.
O capacitor admite corrente no circuito enquanto a tensão varia.
Essa é uma conclusão importante para o entendimento do comportamento do capacitor em
tensão alternada senoidal.
Matematicamente, a corrente no capacitor em cada instante de tempo é função de sua
capacitância e do comportamento da variação da tensão no tempo:
𝑑𝑣
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 ∙
𝑑𝑡
Onde:
𝑖𝐶 (𝑡): corrente no capacitor em função do tempo [A];
𝐶: capacitância [F];
𝑑𝑣
: comportamento da variação da tensão em função do tempo [V/s].
𝑑𝑡

Essa equação indica que para uma dada capacitância, quanto maior a taxa de variação da
tensão sobre o capacitor, maior a corrente capacitiva. Se a tensão não varia, não há corrente em seus
terminais. Um aumento na frequência corresponde a um aumento na taxa de variação da tensão no
capacitor e a um aumento na sua corrente. A corrente no capacitor é, portanto, diretamente proporcional
à frequência da tensão e ao valor de sua capacitância.
A equação demonstra que o capacitor não admite variações instantâneas bruscas de tensão. Se
𝑑𝑡 → 0, a corrente tende a um valor muito alto (𝑖 → ∞), o que justifica o comportamento de um curto-
circuito no instante inicial de carregamento e a necessidade do resistor em série. Quando o capacitor
está carregado a tensão não varia (𝑑𝑣 → 0) e a corrrente também tende a zero (𝑖 → 0), o que confere o
comportamento de um circuito aberto.
O capacitor se opõe às variações de tensão no circuito.
No capacitor, quando a tensão é máxima, a corrente é nula. Da mesma forma, quando a
corrente é máxima, a tensão é nula, como ilustra a Figura 6-9.
A tensão é nula no capacitor quando a corrente é máxima, e vice-versa.
Como capacitância é uma medida da taxa com que um capacitor armazena carga nas suas
placas, para uma dada variação na tensão sobre o capacitor, quanto maior o valor da sua capacitância,
maior será a corrente capacitiva resultante.

Dedução: Corrente e tensão no capacitor em função do tempo.


𝑄
Diferenciando a equação básica da capacitância (𝐶 = 𝑉 ):
𝑑𝑞
𝐶=
𝑑𝑣
𝑑𝑞
Como 𝑖(𝑡) = 𝑑𝑡
, então:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 80

𝑑𝑞 𝑑𝑡 𝑑𝑞 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝐶= ∙ = ∙ = 𝑖(𝑡) ∙
𝑑𝑣 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑣 𝑑𝑣
Assim, a corrente no capacitor em função do tempo depende da variação da tensão:
𝑑𝑣
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 ∙
𝑑𝑡
Isolando a tensão:
1
𝑑𝑣 = ∙ 𝑖(𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝐶
Integrando a equação:
1
∫ 𝑑𝑣 = ∫ ( ∙ 𝑖(𝑡) ∙ 𝑑𝑡)
𝐶
Portanto, a tensão no capacitor em função do tempo é determinada por:
1
𝑣𝐶 (𝑡) = ∫ 𝑖(𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝐶
A integral representa o acúmulo de tensão no capacitor ao longo do tempo.

A Figura 6-10 apresenta um capacitor conectado a uma fonte de tensão alternada senoidal.
Quando o capacitor é submetido a uma tensão alternada senoidal o seu comportamento mantém as
características verificadas nos circuitos de corrente contínua. Como a tensão varia continuamente de
forma senoidal, o capacitor admite corrente continuamente e sua forma também será senoidal, como
ilustra a Figura 6-11.
Uma tensão alternada senoidal produz uma corrente alternada senoidal no capacitor.
i(t)
EFEITO

+
+
Capacitor
v(t)
CAUSA ~- vC(t)
OPOSIÇÃO

Figura 6-10. Capacitor alimentado por uma tensão alternada senoidal.


Como a tensão senoidal varia mais rapidamente nas proximidades do eixo horizontal do tempo
(maior inclinação da curva), a corrente assume seus valores máximos nesses instantes. Nas proximidades
do valor de pico a tensão varia menos no tempo (menor inclinação da curva) e a corrente assume valores
próximos de zero. Portanto, quando a tensão é nula, a corrente é máxima e quando a corrente é máxima
a tensão é nula. Esse comportamento faz com que a forma de onda da corrente esteja adiantada de 90°
em relação à forma de onda da tensão senoidal, como ilustra a Figura 6-11, ou seja, a tensão está atrasada
90° da corrente.
Nos terminais do capacitor a corrente senoidal está adiantada de 90° da tensão senoidal.
Esse comportamento do capacitor em relação à tensão e corrente alternadas senoidais pode ser
expresso matematicamente pelas funções trigonométricas instantâneas:
𝑣𝐶 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 ) 𝑉
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 ) 𝐴

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 81

vC(t)
iC( t) +V P
+V P

+IP

vC(t)
iC( t) 3/4 2
210 240 270 300 330 360o
o o o o o

-90o -60o-30o 0o 30o 60o 90o 120 o 150 o 180o  = t


o
-/2o /2  ( , rad)

i=+90°
-IP

-VP
- VP

Figura 6-11. Corrente e tensão senoidais no capacitor ideal: corrente adiantada de 90 o da tensão.
Na forma fasorial:
𝑉𝑐̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 𝑉
𝐼𝑐̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖 𝐴
Como a onda da corrente está adiantada de 90° da onda da tensão, então:
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 + 90°) 𝐴
𝐼𝑐̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠(𝜃𝑣 + 90°) 𝐴
Assim, o ângulo de fase da corrente nos terminais do capacitor é:
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣 + 90°
Portanto, a defasagem entre a onda da tensão e a onda da corrente no capacitor é:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = −90°
A defasagem entre a tensão e a corrente nos terminais do capacitor é 𝜙 = −90°.
A Figura 6-6 apresenta o diagrama fasorial da tensão atrasada de 90° da corrente nos terminais
de um capacitor.

IC

90o
VC

Figura 6-12. Diagrama Fasorial: corrente adiantada de 90 o da tensão nos terminais do capacitor.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 82

Dedução: Resposta de corrente no capacitor a uma tensão alternada senoidal.


A equação da corrente no capacitor (deduzida acima) é dada por:
𝑑𝑣
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 ∙
𝑑𝑡
Se a tensão alternada senoidal 𝑣𝐶 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 ) 𝑉 for aplicada ao capacitor, então:
𝑑(𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 ))
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 ∙
𝑑𝑡
A derivada de um seno é um cosseno. Derivando a equação da corrente:
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 ∙ 𝜔 ∙ 𝑉𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 )
Assim, o valor de pico da corrente é:
𝐼𝑝 = 𝐶 ∙ 𝜔 ∙ 𝑉𝑝
Portanto, a corrente máxima no capacitor depende de sua capacitância, da frequência e do
valor da tensão aplicada.
Reescrevendo a equação da corrente instantânea:
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 )
Sabendo que 𝑐𝑜𝑠(𝛼) = 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 90°), então
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 + 90°)
Como a corrente instantânea é escrita na forma:
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 )
Então, o ângulo de fase da corrente é:
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣 + 90°
Portanto, uma tensão alternada senoidal aplicada aos terminais de um capacitor produz uma
corrente também senoidal e adiantada de 90°.

6.2.1. Reatância Capacitiva Xc:

A Lei de Ohm afirma que a relação entre uma causa e seu efeito é uma oposição:
Causa
Oposição=
Efeito
Nos elementos dos circuitos elétricos a causa pode ser entendida como a tensão aplicada,
enquanto o efeito é o estabelecimento da corrente elétrica. A oposição representa a reação do circuito
ou componente. Analogamente, no circuito apresentado na Figura 6-10, o capacitor é alimentado por
uma tensão alternada senoidal que produz uma corrente também senoidal. A tensão corresponde à causa
e a corrente é o efeito. A oposição é a medida da reação do capacitor, chamada de reatância capacitiva
𝑿𝒄 , cuja unidade também é o ohm (Ω). Assim, aplicando a Lei de Ohm ao capacitor no domínio fasorial:
𝑉𝑐̇
𝑋𝑐 =
𝐼𝑐̇
Onde:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 83

𝑋𝑐 : reatância capacitiva [Ω];


𝑉𝑐̇ : fasor tensão no capacitor [V];
𝐼𝑐̇ : fasor corrente no capacitor [A].
A reatância capacitiva 𝑋𝑐 é a medida da reação do capacitor à variação da tensão senoidal.

Dedução: Reatância capacitiva.


Desenvolvendo a equação da Lei de Ohm para o capacitor em corrente alternada:
𝑉𝑝
̇𝑉𝑐 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 √2 ∠𝜃𝑣 𝑉𝑝 ∠𝜃𝑣 𝑉𝑝
𝑋𝑐 = = = = = | | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 )
𝐼𝑐̇ 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖 𝐼𝑝 𝐼𝑝 ∠𝜃𝑖 𝐼𝑝
∠𝜃𝑖
√2
Conforme a dedução anterior, a corrente de pico no capacitor é 𝐼𝑝 = 𝜔 ∙ 𝐶 ∙ 𝑉𝑝 . Então:
𝑉𝑝 𝑉𝑝 1
𝑋𝑐 = | | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = | | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = | | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 )
𝐼𝑝 𝜔 ∙ 𝐶 ∙ 𝑉𝑝 𝜔𝐶
A corrente no capacitor está adiantada de 90° da tensão. Assim o ângulo de fase da corrente é:
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣 + 90°. Então:
1 1
𝑋𝑐 = | | ∠(𝜃𝑣 − (𝜃𝑣 + 90°)) = | | ∠ − 90°
𝜔𝐶 𝜔𝐶
Portanto, a reatância capacitiva é um número imaginário negativo. Passando para a forma
retangular:
1 −𝑗 1
𝑋𝑐 = | | ∠ − 90° = =
𝜔𝐶 𝜔𝐶 𝑗 ∙ 𝜔𝐶
1 −𝑗
𝑋𝑐 = =
𝑗𝜔𝐶 𝜔𝐶

A reatância capacitiva (𝑋𝑐 ) é expressa por um número imaginário negativo, cujo valor
depende da capacitância (𝐶) e da frequência angular (𝜔).
A reatância capacitiva é um número imaginário negativo.
Como 𝜔 = 2𝜋𝑓, então:
1 1
𝑋𝑐 = =
𝑗𝜔𝐶 𝑗2𝜋𝑓𝐶
Onde:
𝑋𝑐 : reatância capacitiva [Ω];
𝐶: capacitância [F];
𝜔: frequência angular [rad/s];
𝑓: frequência [Hz];
𝑗: operador imaginário (√−1).
Importante: o operador imaginário positivo no denominador é negativo no numerador, pois:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 84

1 1 𝑗 𝑗 𝑗 1
𝑗 2 = −1 → = ∙ = 2= = −𝑗 → = −𝑗
𝑗 𝑗 𝑗 𝑗 −1 𝑗
A reatância capacitiva (𝑋𝑐 ) é inversamente proporcional à capacitância (𝐶) e à frequência (𝑓).
O módulo (valor absoluto) da reatância capacitiva é expresso por:
1 1
|𝑋𝑐 | = =
𝜔𝐶 2𝜋𝑓𝐶
Como a reatância capacitiva é inversamente proporcional à frequência, quanto maior a
frequência, menor o valor da reatância capacitiva (reação do capacitor) e maior será a corrente. Assim,
para frequências muito altas (𝑓 → ∞) o capacitor tende a agir como um curto-circuito (𝑋𝑐 → 0).
Inversamente, para baixas frequências a reatância capacitiva é maior e a corrente será menor. Portanto,
para frequências muito baixas (𝑓 → 0) o capacitor tende a agir como um circuito aberto (𝑋𝑐 → ∞). Por
essa razão, em corrente contínua (𝑓 = 0) após o transitório (em regime permanente) o capacitor é um
circuito aberto, como ilustrado na Figura 6-9.
Para altas frequências o capacitor age como um curto-circuito.
Para baixas frequências o capacitor age como um circuito aberto.
Nos capacitores a variação de tensão entre as suas placas é proporcional ao deslocamento das
cargas elétricas de uma à outra placa (repulsão eletrostática) e à quantidade de energia armazenada no
campo elétrico. A taxa de deslocamento das cargas elétricas determina a velocidade de transferência de
energia para o capacitor e, portanto, representa uma inércia elétrica (oposição) expressa pela reatância
capacitiva.
A reatância capacitiva é a oposição à variação da tensão, que resulta numa troca contínua de
energia entre a fonte e o campo elétrico entre placas do capacitor. Ao contrário do resistor, que dissipa
energia na forma de calor, a reatância capacitiva não dissipa energia (desde que os efeitos da
resistência das placas sejam ignorados).
O capacitor troca energia continuamente entre a fonte e o campo elétrico.

Exemplo 6-2. Determine a reatância de um capacitor de 𝐶 = 440 𝑛𝐹 aplicado a uma tensão senoidal
𝑉𝑐̇ = 50∠0° 𝑉 cujas frequências são 𝑓1 = 60 𝐻𝑧 e 𝑓2 = 10 𝑘𝐻𝑧. Calcule a corrente resultante e a
defasagem.
Solução: aplicando a equação da reatância capacitiva:
1 1 1
𝑋𝑐1 = = = = −𝑗6028,6 Ω
𝑗𝜔1 𝐶 𝑗2𝜋𝑓1 𝐶 𝑗2𝜋 ∙ 60 ∙ 440 ∙ 10−9
1 1 1
𝑋𝑐2 = = = = −𝑗36,2 Ω
𝑗𝜔2 𝐶 𝑗2𝜋𝑓2 𝐶 𝑗2𝜋 ∙ 10 ∙ 103 ∙ 440 ∙ 10−9
O resultado aponta que o capacitor apresenta uma reatância muito maior para a frequência
mais baixa.
Aplicando a Lei de Ohm no domínio fasorial:
𝑉𝑐̇ 𝑉𝑐̇
𝑋𝑐 = → 𝐼𝑐̇ =
𝐼𝑐̇ 𝑋𝑐
A corrente no capacitor será:
𝑉𝑐̇ 50∠0° 50∠0°
̇ =
𝐼𝑐1 = = = 0,0083∠90° 𝐴
𝑋𝑐1 −𝑗6028,6 6028,6∠ − 90°
𝑉𝑐̇ 50∠0° 50∠0°
̇ =
𝐼𝑐2 = = = 1,38∠90° 𝐴
𝑋𝑐2 −𝑗36,2 36,2∠ − 90°

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 85

Quando conectado à tensão senoidal, a corrente será muito maior para a frequência maior, e
vice-versa.
A defasagem, em ambos os casos, é dada por:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0 − 90° = −90°
Como a defasagem é negativa, a tensão está atrasada de 90° da corrente no capacitor.

Exemplo 6-3. Uma fonte de tensão eficaz de 12 𝑉 com frequência de 60 𝐻𝑧 e fase inicial nula é aplicada
aos terminais de um capacitor de 𝐶 = 620 𝐹.
a) Determine a forma trigonométrica e fasorial para a tensão aplicada ao capacitor;
b) Determine o valor da reatância desse capacitor;
c) Calcule o valor da corrente na forma fasorial e na forma trigonométrica;
d) Trace as formas de onda de tensão e corrente nos terminais do capacitor;
e) Trace o diagrama fasorial.
Solução: A frequência angular é determinada por:
𝜔 = 2𝜋𝑓 = 2𝜋 ∙ 60 = 377 𝑟𝑎𝑑/𝑠
A forma trigonométrica da tensão no capacitor é dada por:
𝑣𝑐 (𝑡) = 𝑉𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) = 12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 0°) 𝑉
O fasor tensão é a tensão eficaz com o ângulo de fase inicial:
𝑉𝑐̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 = 12∠0° 𝑉
A reatância capacitiva é determinada pela equação:
1 1 1
𝑋𝑐 = = = = −𝑗4,28 Ω
𝑗𝜔𝐶 𝑗 ∙ 377 ∙ 620 ∙ 10−6 𝑗0,234
A corrente é determinada pela Lei de Ohm:
𝑉𝑐̇ 12∠0° 12∠0°
𝐼𝑐̇ = = = = 2,8∠90° 𝐴
𝑋𝑐 −𝑗4,28 4,28∠ − 90°
Portanto, a expressão trigonométrica da corrente no domínio do tempo é:
𝑖𝑐 (𝑡) = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 ) = 2,8√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 90°) 𝐴
Utilizando as formas trigonométricas da tensão e da corrente no capacitor e atribuindo valores
para a variável tempo (𝑡) desde 0 até o valor de um período (𝑇), obtém-se as formas de onda para um
ciclo. Conforme ilustra a Figura 6-13, a corrente está adiantada de 90° da tensão no capacitor.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 86

20

16

12
tensão (V), corrente (A)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-4

-8

-12

-16

-20
tempo (ms)
v(t) i(t)

Figura 6-13. Curvas de tensão e corrente no capacitor para o Exemplo 6-3.


A Figura 6-14 apresenta o diagrama fasorial para a tensão e corrente no capacitor.

I = 2,8 + 90 o
C

+90o  = 120 o
VC

Figura 6-14. Diagrama fasorial do Exemplo 6-3: corrente adiantada de 90° da tensão no capacitor.

6.2.2. Resposta em frequência da reatância capacitiva

A resposta em frequência é o comportamento de uma grandeza relacionada a componente ou


circuito em função de uma faixa de variação da frequência.
O módulo da reatância capacitiva é inversamente proporcional à capacitância e à frequência:
1 1
|𝑋𝑐 | = =
𝜔𝐶 2𝜋𝑓𝐶
Considerando uma determinada capacitância constante, a equação pode ser reescrita:
1 1 𝑘
|𝑋𝑐 | = ∙ =
2𝜋𝐶 𝑓 𝑓
1
Onde 𝑘 = 2𝜋𝐶 é uma constante.
Assim, a reatância capacitiva pode ser escrita como uma função inversa da frequência:
|𝑋𝑐 | = 𝑘 ∙ 𝑓 −1
O comportamento da reatância capacitiva em função da frequência é a curva inversa ilustrada
na Figura 6-15. Quanto maior a frequência, menor a reatância capacitiva. Quanto maior a capacitância,
maior o decaimento da curva, ou seja, menor a reatância capacitiva.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 87

XC()

C2>C1
C1
C2 maior C

f(Hz)

Figura 6-15. Comportamento do módulo da reatância capacitiva em função da frequência.

6.2.3. Modelo do Capacitor Real

A Figura 6-16 apresenta o modelo utilizado para representar um capacitor real, onde 𝐶 é a
capacitância nominal, 𝑅𝑠 ou 𝑅𝑆𝐸 representa a resistência série equivalente do dielétrico (geralmente
maior que 1012 Ω) e 𝑅𝑝 é a resistência paralela produzida pelo encapsulamento. A indutância parasita
𝐿𝑠 é provocada pelo efeito magnético das placas e terminais metálicos do capacitor.
A composição dos efeitos da capacitância, da resistência série equivalente e da indutância
parasita é dada pela impedância5 equivalente do capacitor 𝑍𝑐 , que é função da frequência. Para
frequências muito altas o efeito da indutância e da resistência se torna mais pronunciado, reduzindo o
efeito final da capacitância. Isto define o tipo de capacitor a ser usado em função da frequência do
circuito. Por exemplo, capacitores eletrolíticos são geralmente usados em frequências até 10kHz e os
cerâmicos até 10MHz.
Neste material didático, o capacitor é considerado ideal.

ZC
Figura 6-16. Modelo de um capacitor real.

6.2.4. Exercícios:

1. Calcule a reatância de um capacitor 570 𝑛𝐹 nas frequências de 60 𝐻𝑧 e de 5 𝑘𝐻𝑧.


2. Um capacitor conectado à rede de 60 𝐻𝑧 apresenta reatância capacitiva de 200 . Determine a
capacitância.
3. Determine as frequências nas quais um capacitor de 33 𝐹 apresenta reatância de −𝑗20  e de
−𝑗10 𝑘
4. Dados os circuitos abaixo, determine:
a) O fasor tensão da fonte;
b) Reatância capacitiva equivalente (associe da mesma forma como associam-se resistores);
c) A corrente fornecida pela fonte na forma fasorial (use a Lei de Ohm);
d) A tensão e a corrente em cada capacitor na forma fasorial (use as Leis de Kirchhoff);
Dados: 𝑣(𝑡) = 100√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉; 𝐶1 = 5 𝜇𝐹; 𝐶2 = 10 𝜇𝐹

5
A Impedância será estudada no item 6.4.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 88

i) ii) iii)

Figura 6-17. Circuitos para o exercício 6.2.4.4.

6.3. INDUTOR EM CORRENTE ALTERNADA


O indutor é um componente passivo constituído por uma bobina de várias espiras enroladas
sobre um núcleo, geralmente de material ferromagnético. Uma corrente percorrendo as espiras produz
um fluxo magnético no núcleo e o indutor armazena energia no campo magnético. A indutância de um
indutor é a medida da sua capacidade de armazenar energia no campo magnético sob a forma de corrente
nas espiras. Matematicamente, a indutância 𝐿 é a relação entre o fluxo magnético 𝜙 produzido pela
corrente 𝐼 nas 𝑁 espiras do indutor:
𝜙
𝐿=𝑁∙
𝐼
A unidade de indutância é o henry (𝐻).
O indutor armazena energia no campo magnético das espiras sob a forma de corrente.
Fisicamente, a indutância depende das características construtivas do indutor, pela relação:
𝜇 ∙ 𝑁2 ∙ 𝐴
𝐿=

Onde:
𝐿: indutância do indutor [H];
𝑊𝑏
𝜇: permeabilidade magnética do material do núcleo do indutor [𝐴𝑚];

𝑁: número de espiras da bobina do indutor [esp];


𝐴: área das espiras [m2 ];
ℓ: comprimento longitudinal da bobina do indutor [m].
A energia (𝐸𝑛) armazenada no indutor, em joules (𝐽), é determinada por:
𝐿 ∙ 𝐼2
𝐸𝑛 =
2
Quando a corrente varia, o fluxo magnético também varia e o indutor produz uma tensão em
seus terminais de forma a se opor à variação do fluxo magnético produzida pela variação da corrente.
Esse processo é chamado de autoindução de tensão e é baseado nas Leis de Faraday e Lenz:
𝑑𝜙
𝑣𝐿 (𝑡) = −𝑁 ∙
𝑑𝑡
Onde:
𝑣𝐿 (𝑡): tensão autoinduzida no indutor [V];
𝑁: número de espiras da bobina;
𝑑𝜙
𝑑𝑡
: comportamento da variação do fluxo magnético em função do tempo [Wb/s].

O indutor autoinduz uma tensão para se opor à variação da corrente.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 89

A Figura 6-18(a) ilustra o circuito para análise do processo transitório6 de carregamento de um


indutor e a Figura 6-19 apresenta as curvas para o comportamento da tensão e da corrente. No início do
processo de carga, quando o interruptor é acionado no instante 𝑡1 , a fonte começa a impor corrente no
circuito e ocorre um pico de tensão autoinduzida no indutor para se opor à variação do fluxo magnético
provocado pela variação da corrente. Nesse momento o indutor age como um circuito aberto (tensão
máxima, corrente mínima). A função do resistor é limitar a corrente no circuito.
O indutor age como um circuito aberto no início do processo de carga.

IL
t=t1
t=t3
+ -
IL
- +
(a) (b)

Figura 6-18. Transitório de carga e descarga do indutor: (a) circuito para análise do carregamento; (b)
circuito para análise do descarregamento.
A corrente no indutor começa a aumentar exponencialmente até o final do processo de carga,
em 𝑡2 . Quando o indutor estiver carregado, a partir do instante 𝑡2 , a corrente é máxima e constante,
enquanto a tensão é nula. Nessa condição, chamada de regime permanente (ou estacionário), o indutor
age como um curto-circuito (corrente máxima, tensão nula).
Em corrente contínua constante um indutor carregado age como um curto-circuito.
Na Figura 6-18(b), quando o interruptor é acionado para descarga no instante 𝑡3 , um novo pico
de tensão autoinduzida ocorre devido à tendência de variação do fluxo magnético provocada pela
redução da corrente imposta pela fonte. A tensão autoinduzida na descarga tem uma polaridade oposta
à da tensão durante a carga, devido à Lei de Lenz. Nesse instante, o indutor possui tensão em seus
terminais e fornece corrente ao circuito, agindo como uma fonte de energia por um pequeno intervalo
de tempo.
Um indutor descarregando age como uma fonte de energia para o circuito elétrico.
Após o instante 𝑡4 o indutor está descarregado e não há tensão nem corrente no circuito.
Portanto, o indutor somente possui tensão nos seus terminais quando a corrente estiver variando, ou seja,
enquanto estiver sendo carregado ou descarregado.
O indutor possui tensão nos seus terminais enquanto a corrente varia.
Essa é uma conclusão importante para o entendimento do comportamento do indutor em
corrente alternada senoidal.

6
Este estudo é apresentado em: MUSSOI, F. L. R. (2016). Fundamentos de Eletromagnetismo. Florianópolis:
IFSC. 5. ed.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 90

+VLmáx ILmáx

Corrente Corrente Corrente Corrente


crescendo constante decaindo nula
Tensão Tensão Tensão Tensão
decaindo nula decaindo nula

t1 t2 t3 t4

-VLmáx

Figura 6-19. Transitório CC de carga e descarga do indutor: curvas da corrente e tensão no indutor em função
do tempo.
Matematicamente, a tensão autoinduzida no indutor é função de sua indutância e do
comportamento da variação da corrente no tempo:
𝑑𝑖
𝑣𝐿 (𝑡) = −𝐿 ∙
𝑑𝑡
Onde:
𝑣𝐿 (𝑡): tensão no indutor em função do tempo [A];
𝐿: indutância [H];
𝑑𝑖
𝑑𝑡
: comportamento da variação da corrente em função do tempo [A/s].
Essa equação indica que para uma dada indutância, quanto maior a taxa de variação da
corrente no indutor, maior a tensão autoinduzida. Se a corrente não varia, não há tensão em seus
terminais. Um aumento na frequência corresponde a um aumento na taxa de variação da corrente no
indutor e a um aumento na tensão autoinduzida. A tensão no indutor é, portanto, diretamente
proporcional à frequência da corrente e ao valor de sua indutância.
A equação da tensão autoinduzida demonstra que o indutor não admite variações instantâneas
bruscas de corrente. Se 𝑑𝑡 → 0, a tensão autoinduzida tende a um valor muito alto (𝑣 → ∞), o que
justifica o comportamento de um circuito aberto no instante inicial de carregamento. Quando o indutor
está carregado e a corrente não varia (𝑑𝑖 → 0) a tensão tende a zero (𝑣 → 0), o que confere o
comportamento de um curto-circuito. O resistor é necessário para limitar a corrente no circuito.
O indutor se opõe às variações de corrente no circuito.
No indutor, quando a corrente é máxima, a tensão é nula. Da mesma forma, quando a tensão
é máxima, a corrente é nula, como ilustra a Figura 6-19.
A corrente é nula no indutor quando a tensão é máxima, e vice-versa.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 91

Como indutância é uma medida da taxa com que um indutor armazena energia no campo
magnético de suas espiras, para uma dada variação na corrente do indutor, quanto maior o valor da sua
indutância, maior será a tensão autoinduzida resultante.

Dedução: Tensão e corrente no indutor em função do tempo.


De acordo com as Leis de Faraday e Lenz para a indução eletromagnética:
𝑑𝜙
𝑣(𝑡) = −𝑁 ∙
𝑑𝑡
Diferenciando a equação de definição da indutância:
𝑑𝜙
𝐿=𝑁∙
𝑑𝑖
Então:
𝑑𝜙 𝑑𝑖 𝑑𝜙 𝑑𝑖 𝑑𝑖
𝑣(𝑡) = −𝑁 ∙ ∙ = −𝑁 ∙ ∙ = −𝐿 ∙
𝑑𝑡 𝑑𝑖 𝑑𝑖 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Portanto, a tensão autoinduzida no indutor em função do tempo depende da indutância e do
comportamento da variação da corrente:
𝑑𝑖
𝑣𝐿 (𝑡) = −𝐿 ∙
𝑑𝑡
Isolando a corrente:
1
𝑑𝑖 = − ∙ 𝑣𝐿 (𝑡)𝑑𝑡
𝐿
Integrando em ambos os lados da equação:
1
∫ 𝑑𝑖 = ∫( − ∙ 𝑣𝐿 (𝑡)𝑑𝑡)
𝐿
Portanto, a corrente no indutor em função do tempo é determinada por:
1
𝑖𝐿 (𝑡) = − ∫ 𝑣𝐿 (𝑡)𝑑𝑡
𝐿
A integral representa o acúmulo de corrente no indutor ao longo do tempo.

A Figura 6-20 apresenta um indutor conectado a uma fonte de corrente alternada senoidal.
Quando o indutor é submetido a uma corrente alternada senoidal o seu comportamento mantém as
características verificadas nos circuitos de corrente contínua. Como a corrente varia continuamente de
forma senoidal, o indutor autoinduz tensão continuamente, cuja forma também será senoidal, como
ilustra a Figura 2-21.
Uma corrente alternada senoidal induz uma tensão alternada senoidal no indutor.
Como a corrente senoidal varia mais rapidamente nas proximidades do eixo horizontal do
tempo (maior inclinação da curva), a tensão induzida no indutor assume seus valores máximos nesses
instantes. Nas proximidades do valor de pico a corrente varia menos no tempo (menor inclinação da
curva) e a tensão induzida assume valores próximos de zero. Portanto, quando a corrente é nula, a tensão
é máxima e quando a tensão é máxima a corrente é nula. Esse comportamento faz com que a forma de
onda da tensão no indutor esteja adiantada de 90° em relação à forma de onda da corrente senoidal,
como ilustra a Figura 6-21, ou seja, a corrente está atrasada 90° da tensão nos terminais do indutor.
Nos terminais do indutor a corrente senoidal está atrasada de 90° da tensão senoidal.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 92

iL(t)
EFEITO

+
+
Indutor
v(t)
CAUSA ~- vL(t)
OPOSIÇÃO

Figura 6-20. Indutor alimentado por uma tensão alternada senoidal.

vC(t)
iC( t) +VP
+VP

+IP
3/4
vC(t) 2
iC( t) 270o
 210o 240 o 300o 330o 360o
o o
0 30 60 90o 120o 150o
o
=  t
/2 180o (o, rad)

- IP i=-90°
- IP

- VP
- VP

Figura 6-21. Corrente e tensão senoidais no indutor ideal: corrente atrasada de 90 o da tensão.
Esse comportamento do indutor em relação à tensão e corrente alternadas senoidais pode ser
expresso matematicamente pelas funções trigonométricas instantâneas:
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 ) 𝐴
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 ) 𝑉
Na forma fasorial:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖 𝐴
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 𝑉
Como a onda da tensão está adiantada de 90° da onda da corrente, então:
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 + 90°) 𝑉
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∠(𝜃𝑖 + 90°) 𝑉
Assim, o ângulo de fase da tensão nos terminais do indutor é:
𝜃𝑣 = 𝜃𝑖 + 90°
Portanto, a defasagem entre a onda da tensão e a onda da corrente no indutor é:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = +90°

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 93

A defasagem entre a tensão e a corrente nos terminais do capacitor é 𝜙 = +90°.


A Figura 6-22 apresenta o diagrama fasorial da corrente atrasada de 90° da tensão nos
terminais de um indutor.

-90
o VL

IL

Figura 6-22. Diagrama Fasorial: corrente atrasada de 90 o da tensão nos terminais do indutor.

Dedução: Resposta de tensão no indutor a uma corrente alternada senoidal.


A equação da tensão no indutor (deduzida acima) é dada por:
𝑑𝑖
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝐿 ∙
𝑑𝑡
Se for considerada a aplicação de uma corrente alternada senoidal no indutor:
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 ) 𝐴
Substituindo na equação da tensão no indutor:
𝑑(𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 ))
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝐿 ∙
𝑑𝑡
A derivada de um seno é um cosseno. Derivando a equação da tensão no indutor:
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝐿 ∙ 𝜔 ∙ 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 )
Assim, o valor de pico da tensão é:
𝑉𝑝 = 𝐿 ∙ 𝜔 ∙ 𝐼𝑝
Portanto, a tensão máxima no indutor depende de sua indutância, da frequência e do valor da
corrente que circula nas suas espiras.
Reescrevendo a equação da tensão instantânea:
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 )
Sabendo que 𝑐𝑜𝑠(𝛼) = 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 90°), então
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 + 90°)
Como a tensão instantânea é escrita na forma:
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 )
Então, o ângulo de fase da tensão no indutor é:
𝜃𝑣 = 𝜃𝑖 + 90°
Portanto, uma corrente alternada senoidal aplicada aos terminais de um indutor produz uma
tensão também senoidal e atrasada de 90°.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 94

6.3.1. Reatância Indutiva XL:

A Lei de Ohm afirma que a relação entre uma causa e seu efeito é uma oposição:
Causa
Oposição=
Efeito
Nos elementos dos circuitos elétricos a causa pode ser entendida como a tensão aplicada,
enquanto o efeito é o estabelecimento da corrente elétrica. A oposição representa a reação do circuito
ou componente. Analogamente, no circuito apresentado na Figura 6-20, o indutor é alimentado por uma
tensão alternada senoidal que produz uma corrente também senoidal. A tensão corresponde à causa e a
corrente é o efeito. A oposição é a medida da reação do indutor, chamada de reatância indutiva 𝑿𝑳 ,
cuja unidade também é o ohm (Ω). Assim, aplicando a Lei de Ohm ao indutor no domínio fasorial:
𝑉̇𝐿
𝑋𝐿 =
𝐼𝐿̇
Onde:
𝑋𝐿 : reatância indutiva [Ω];
𝑉̇𝐿 : fasor tensão no indutor [V];
𝐼𝐿̇ : fasor corrente no indutor [A].
A reatância indutiva 𝑋𝐿 é a medida da reação do indutor à variação da corrente senoidal.

Dedução: Reatância indutiva.


Desenvolvendo a equação da Lei de Ohm para o indutor em corrente alternada:
𝑉𝑝
̇𝑉𝐿 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 √2 ∠𝜃𝑣 𝑉𝑝 ∠𝜃𝑣 𝑉𝑝
𝑋𝐿 = = = = = | | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 )
̇𝐼𝐿 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖 𝐼𝑝 𝐼𝑝 ∠𝜃𝑖 𝐼𝑝
∠𝜃𝑖
√2
Conforme a dedução anterior, a tensão de pico no indutor é 𝑉𝑝 = 𝜔 ∙ 𝐿 ∙ 𝐼𝑝 . Então:
𝑉𝑝 𝜔 ∙ 𝐿 ∙ 𝐼𝑝
𝑋𝐿 = | | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = | | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = |𝜔𝐿|∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 )
𝐼𝑝 𝐼𝑝
A corrente no indutor está atrasada de 90° da tensão. Assim o ângulo de fase da tensão é: 𝜃𝑣 =
𝜃𝑖 + 90°. Então:
𝑋𝐿 = |𝜔𝐿|∠(𝜃𝑖 + 90° − 𝜃𝑖 ) = |𝜔𝐿|∠ + 90°
Portanto, a reatância indutiva é um número imaginário positivo. Passando para a forma
retangular:
𝑋𝐿 = |𝜔𝐿|∠ + 90° = 𝑗 ∙ 𝜔𝐿
𝑋𝐿 = 𝑗𝜔𝐿

A reatância indutiva (𝐿) é expressa por um número imaginário positivo, cujo valor depende
da indutância (𝐿) e da frequência angular (𝜔).
A reatância indutiva é um número imaginário positivo.
Como 𝜔 = 2𝜋𝑓, então:
𝑋𝐿 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗2𝜋𝑓𝐿

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 95

Onde:
𝑋𝐿 : reatância indutiva [Ω];
𝐿: indutância [H];
𝜔: frequência angular [rad/s];
𝑓: frequência [Hz];
𝑗: operador imaginário (√−1).
A reatância indutiva (𝑋𝐿 ) é diretamete proporcional à indutância (𝐿) e à frequência (𝑓). O
módulo (valor absoluto) da reatância indutiva é expresso por:
|𝑋𝐿 | = 2𝜋𝑓𝐿
Como a reatância indutiva é diretamente proporcional à frequência, quanto maior a frequência,
maior o valor da reatância indutiva (reação do indutor) e menor será a corrente. Assim, para frequências
muito altas (𝑓 → ∞) o indutor tende a agir como um circuito aberto (𝑋𝑐 → ∞). Inversamente, para
baixas frequências a reatância indutiva é menor e a corrente também será maior. Portanto, para
frequências muito baixas (𝑓 → 0) o indutor tende a agir como um curto-circuito (𝑋𝑐 → 0). Por essa
razão, em corrente contínua (𝑓 = 0) após o transitório (em regime permanente) o indutor é um curto-
circuito, como ilustrado na Figura 6-19.
Para altas frequências o indutor age como um circuito aberto.
Para baixas frequências o indutor age como um curto-circuito.
Nos indutores a variação de tensão autoinduzida é proporcional à variação da corrente e à
quantidade de energia armazenada no campo elétrico. A taxa de variação da corrente determina a
transferência de energia para o indutor e, portanto, representa uma inércia elétrica (oposição) expressa
pela reatância indutiva.
A reatância indutiva é a oposição à variação do fluxo de corrente, que resulta numa troca
contínua de energia entre a fonte e o campo magnético nas espiras da bobina do indutor. Ao contrário
do resistor, que dissipa energia na forma de calor, a reatância indutiva não dissipa energia (desde que
os efeitos da resistência dos fios da bobina sejam ignorados).
O indutor troca energia continuamente entre a fonte e o campo magnético.

Exemplo 6-4. Determine a reatância de um indutor de 𝐿 = 3,3 𝑚𝐻 aplicado a uma tensão senoidal 𝑉𝑐̇ =
50∠0° 𝑉 cujas frequências são 𝑓1 = 60 𝐻𝑧 e 𝑓2 = 10 𝑘𝐻𝑧. Calcule a corrente resultante e a defasagem.
Solução: aplicando a equação da reatância indutiva:
𝑋𝐿1 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗2𝜋𝑓1 𝐿 = 𝑗2𝜋 ∙ 60 ∙ 3,3 ∙ 10−3 = 𝑗1,24 Ω
𝑋𝐿2 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗2𝜋𝑓2 𝐿 = 𝑗2𝜋 ∙ 10 ∙ 103 ∙ 3,3 ∙ 10−3 = 𝑗207,3 Ω
O resultado aponta que o indutor apresenta uma reatância muito maior para a frequência mais
alta.
Aplicando a Lei de Ohm no domínio fasorial:
𝑉̇𝐿 𝑉̇𝐿
𝑋𝐿 = → 𝐼𝐿̇ =
𝐼𝐿̇ 𝑋𝐿
A corrente no indutor será:
𝑉̇𝐿 50∠0° 50∠0°
̇ =
𝐼𝐿1 = = = 40,32∠ − 90° 𝐴
𝑋𝐿1 𝑗1,24 1,24∠90°

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 96

𝑉𝑐̇ 50∠0° 50∠0°


̇ =
𝐼𝑐2 = = = 0,24∠ − 90° 𝐴
𝑋𝑐2 𝑗207,3 207,3∠90°
Quando conectado à tensão senoidal, a corrente será muito maior para a frequência menor, e
vice-versa.
A defasagem, em ambos os casos, é dada por:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0 − (−90°) = +90°
Como a defasagem é positiva, a tensão está adiantada de 90° da corrente no indutor.

Exemplo 6-5. Uma fonte de tensão eficaz de 12 𝑉 com frequência de 60 Hz e fase inicial nula é aplicada
aos terminais de um indutor de 𝐿 = 15 𝑚𝐻.
a) Determine a forma trigonométrica e fasorial para a tensão aplicada ao indutor;
b) Determine o valor da reatância desse indutor;
c) Calcule o valor da corrente na forma fasorial e na forma trigonométrica;
d) Trace as formas de onda de tensão e corrente nos terminais do indutor;
e) Trace o diagrama fasorial.
Solução: A frequência angular é determinada por:
𝜔 = 2𝜋𝑓 = 2𝜋 ∙ 60 = 377 𝑟𝑎𝑑/𝑠
A forma trigonométrica da tensão no indutor é dada por:
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) = 12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 0°) 𝑉
O fasor tensão é a tensão eficaz com o ângulo de fase inicial:
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 = 12∠0° 𝑉
A reatância indutiva é determinada pela equação:
𝑋𝐿 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗377 ∙ 15 ∙ 10−3 = 𝑗5,65 Ω
A corrente é determinada pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝐿 12∠0° 12∠0°
𝐼𝐿̇ = = = = 2,12∠ − 90° 𝐴
𝑋𝐿 𝑗5,65 5,65∠90°
Portanto, a expressão trigonométrica da corrente no domínio do tempo é:
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 ) = 2,12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 90°) 𝐴
A Figura 6-23 apresenta o diagrama fasorial para a tensão e corrente no capacitor.

VL = 120o
-90o
I = 2,12 − 90 o
L
Figura 6-23. Diagrama fasorial do Exemplo 6-5: corrente atrasada de 90° da tensão no indutor.
Utilizando as formas trigonométricas da tensão e da corrente no indutor e atribuindo valores
para a variável tempo (𝑡) desde 0 até o valor de um período (𝑇), obtém-se as formas de onda para um
ciclo. A Figura 6-24 demonstra que a corrente está atrasada de 90° da tensão no indutor.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 97

20

16

12
tensão (V), corrente (A)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-4

-8

-12

-16

-20
tempo (ms)

v(t) i(t)
Figura 6-24. Curvas de tensão e corrente no indutor para o Exemplo 6-5.

6.3.2. Resposta em frequência da reatância indutiva

A resposta em frequência é o comportamento de uma grandeza relacionada a componente ou


circuito em função de uma faixa de variação da frequência.
O módulo da reatância indutiva é diretamente proporcional à indutância e à frequência:
|𝑋𝐿 | = 2𝜋𝑓𝐿
Considerando uma determinada indutância constante, a equação pode ser reescrita:
|𝑋𝐿 | = 2𝜋𝐿 ∙ 𝑓 = 𝑘 ∙ 𝑓
Onde 𝑘 = 2𝜋𝐿 é uma constante. Assim, a reatância indutiva pode ser escrita como uma função
direta da frequência:
|𝑋𝑐 | = 𝑘 ∙ 𝑓
O comportamento da reatância indutiva em função da frequência é a reta crescente ilustrada
na Figura 6-25. Quanto maior a frequência, maior a reatância indutiva. Quanto maior a indutância, maior
a inclinação da reta, ou seja, maior a reatância indutiva.

|XL|()
L2
L2>L1

maior L
L1

f(Hz)

Figura 6-25. Comportamento do módulo da reatância indutiva em função da frequência.

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6.3.3. Modelo do Indutor Real

A Figura 6-26 apresenta o modelo utilizado para representar um indutor real, onde 𝐿 é a
indutância nominal, 𝑅𝑠 ou 𝑅𝑆𝐸 é a resistência série equivalente (geralmente baixa) que representa o
efeito das perdas nos condutores das espiras da bobina (Efeito Joule) e das perdas no núcleo (correntes
parasitas de Foucault e histerese magnética). A capacitância parasita 𝐶𝑃 é provocada pelo efeito
capacitivo do paralelismo dos condutores das espiras da bobina do indutor.
A composição dos efeitos da indutância, da resistência série equivalente e da capacitância
parasita é dada pela impedância7 equivalente do indutor real 𝑍𝐿 , que é função da frequência. Para
frequências muito altas o efeito da capacitância e da resistência se torna mais pronunciado, reduzindo o
efeito final da indutância. Isto define o tipo de indutor a ser usado em função da frequência do circuito.
Por exemplo, indutores com núcleos de ferrite ou de ar são geralmente utilizados para altas frequências.
Já os indutores com núcleos de aço silício são utilizados para frequências mais baixas. Neste material
didático, o indutor é considerado ideal.

ZL

Figura 6-26. Modelo de um indutor real.

6.3.4. Exercícios:

1. Calcule a reatância de um indutor de 200 𝜇𝐻 nas frequências de 60 𝐻𝑧 e 5 𝑘𝐻𝑧.


2. Um indutor conectado à rede de 60 𝐻𝑧 apresenta reatância capacitiva de 200 . Determine sua
indutância.
3. Determine as frequências nas quais um indutor de 100 𝑚𝐻 apresenta reatância de 𝑗20  e
𝑗10 𝑘.
4. Dados os circuitos abaixo, determine:
a) O fasor tensão da fonte;
b) Reatância indutiva equivalente (associe da mesma forma como associam-se resistores);
c) A corrente fornecida pela fonte na forma fasorial (use a Lei de Ohm);
d) A tensão e a corrente em cada indutor na forma fasorial (use as Leis de Kirchhoff);
Dados: 𝑣(𝑡) = 100√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉; 𝐿1 = 30 𝑚𝐻; 𝐿2 = 20 𝑚𝐻

i) ii) iii)

i) ii) iii)
Figura 6-27. Circuitos para o exercício 6.3.4.4.

7
A Impedância será estudada no item 6.4.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 99

6.4. IMPEDÂNCIA
Em um circuito real a resistência elétrica, que é uma propriedade física dos materiais, está
sempre presente. Ela pode ser minimizada, mas não eliminada. Portanto, os circuitos indutivos e
capacitivos reais terão também uma parcela resistiva. Esses circuitos formam redes do tipo RL, RC ou
RLC, cujas associações série, paralela ou mista dos componentes dependem da configuração do circuito
e da característica própria de cada componente. A combinação dos efeitos resistivos e reativos dá origem
à Impedância dos circuitos.
Seja o circuito de dois terminais A e B, representado por um bloco de carga, alimentado por
uma fonte de tensão senoidal, contendo qualquer elemento passivo (resistor, capacitor ou indutor) ou
uma combinação deles, como ilustra a Figura 6-28. Como a carga é composta por elementos passivos e
a tensão aplicada é alternada senoidal, a resposta de corrente também será alternada senoidal.

𝐼İ carga
A

+
𝑉V𝑓̇ F 𝑉̇V Z

B
Figura 6-28. Fonte de tensão alternada senoidal alimentando uma carga composta (RLC): impedância.
Conforme a Lei de Ohm, a relação entre uma causa e seu efeito é uma oposição:
Causa
Oposição=
Efeito
Nos elementos dos circuitos elétricos a causa pode ser entendida como a tensão aplicada,
enquanto o efeito é o estabelecimento da corrente elétrica. A oposição representa a reação do circuito
ou componente. Analogamente, no circuito da Figura 6-28, o bloco de carga composto por elementos
passivos é alimentado por uma tensão alternada senoidal que produz uma corrente também senoidal. A
tensão corresponde à causa e a corrente é o efeito. A oposição é a medida da reação carga, chamada de
impedância(𝒁), cuja unidade é o ohm (Ω).
A impedância (𝑍) é a medida da reação de um circuito à tensão e à corrente alternadas senoidais.
Assim, aplicando a Lei de Ohm no domínio fasorial ao circuito da Figura 6-28, a impedância
da carga é determinada pela relação entre o fasor tensão e o fasor corrente em seus terminais:
𝑽̇
𝒁̇ =
𝑰̇
Onde:
𝑍̇: impedância de uma carga [];
𝑉̇: fasor tensão nos terminais da carga [V];
𝐼 :̇ fasor corrente sobre a carga [A].
A impedância de uma carga é determinada pela relação entre o fasor tensão e o fasor corrente.
̇ e de corrente (𝐼)̇ são números complexos, a impedância (𝑍̇)
Como os fasores de tensão (𝑉)
também será um número complexo, mas não um fasor, pois não representa uma onda senoidal.

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A impedância (𝑍̇) é um número complexo.


Como a impedância é um número complexo, ela pode ser representada tanto na forma polar
como na forma retangular. Na forma polar o módulo é o valor absoluto da impedância equivalente
(|𝑍|), em Ohms, e o argumento é o ângulo da defasagem (𝜙) entre a tensão e a corrente nos terminais
dessa carga. Na forma retangular a parte real representa a resistência equivalente (𝑅) da impedância
e a parte imaginária representa a reatância equivalente (𝑋) dessa impedância:
𝒁̇ = |𝒁| ∠ ± 𝝓 = 𝑹 ± 𝒋𝑿
O sinal do argumento (ângulo de defasagem) e o sinal da parte imaginária (reatância) indicam
o teor da impedância. Se for positivo, o teor será indutivo. Se for negativo, o teor será capacitivo.
• Circuito resistivo puro:
Se o bloco de carga do circuito da Figura 6-28 for composto apenas por resistores ideais, o
circuito será resistivo puro. Como nos resistores ideais a tensão e a corrente estão sempre em fase
(𝜙 = 0°), a impedância será um número real positivo com valor igual à resistência equivalente da carga:
𝑉̇𝑅 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
𝑍̇𝑅 = = = |𝑍| ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = |𝑍|∠𝜙 = |𝑍|∠0° = 𝑅
𝐼𝑅̇ 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
A impedância de um resistor ideal é um número real positivo igual a sua própria resistência:
𝒁̇𝑹 = 𝑹
No plano cartesiano complexo, a representação da impedância de um resistor ideal é um vetor
sobre o eixo dos números reais positivos, como ilustra a Figura 6-29.
Im

ZR=R
Re

Figura 6-29. Impedância do resistor ideal: número real positivo no plano cartesiano complexo.
• Circuito indutivo puro:
Se o bloco de carga do circuito da Figura 6-28 for composto apenas por indutores ideais, o
circuito será indutivo puro. Como nos indutores ideais a tensão está sempre adiantada de 90° da corrente
(𝜙 = +90°), a impedância será um número imaginário positivo e igual à reatância equivalente da carga:
𝑉̇𝐿 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
𝑍̇𝐿 = = = |𝑍| ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = |𝑍|∠𝜙 = |𝑍|∠90° = |𝑋𝐿 |∠90° = +𝑗𝑋𝐿
𝐼𝐿̇ 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
A impedância de um indutor ideal é um número imaginário positivo igual a sua própria reatância:
𝒁̇𝑳 = +𝒋𝑿𝑳
No plano cartesiano complexo, a representação da impedância de um indutor ideal é um vetor
sobre o eixo dos números imaginários positivos, como ilustra a Figura 6-30.
Im
ZL=+j|XL|

+90o
Re

Figura 6-30. Impedância do indutor ideal: número imaginário positivo no plano cartesiano complexo.

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• Circuito capacitivo puro:


Se o bloco de carga do circuito da Figura 6-28 for composto apenas por capacitores ideais, o
circuito será capacitivo puro. Como nos capacitores ideais a tensão está sempre atrasada de 90° da
corrente (𝜙 = −90°), a impedância será um número imaginário negativo e igual à reatância equivalente
da carga:
𝑉̇𝐶 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
𝑍̇𝐶 = = = |𝑍| ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = |𝑍|∠𝜙 = |𝑍|∠ − 90° = |𝑋𝐶 |∠ − 90° = −𝑗𝑋𝐶
𝐼𝐶̇ 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
A impedância de um capacitor ideal é um número imaginário negativo igual sua própria reatância:
𝒁̇𝑪 = −𝒋𝑿𝑪
No plano cartesiano complexo, a representação da impedância de um capacitor ideal é um
vetor sobre o eixo dos números imaginários negativos, como ilustra a Figura 6-31.

Im

Re
-90o

ZC=-j|XC|

Figura 6-31. Impedância do capacitor ideal: número imaginário negativo no plano cartesiano complexo.
• Circuito misto:
Se o bloco de carga do circuito da Figura 6-28 for composto pela combinação de elementos
passivos (circuito misto), a tensão e a corrente terão ângulos de fase diferentes e estarão defasadas por
um determinado ângulo (𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) que depende das características de cada circuito e seus
respectivos componentes. Assim, a impedância equivalente de um circuito misto será um número
complexo da forma:
𝑉̇ 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
𝑍̇𝑒𝑞 = = = |𝑍𝑒𝑞 | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = |𝑍𝑒𝑞 |∠ ± 𝜙 = 𝑅 ± 𝑗𝑋
𝐼̇ 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
A impedância equivalente de um circuito misto é um número complexo:
𝒁̇𝒆𝒒 = |𝒁𝒆𝒒 |∠ ± 𝝓 = 𝑹 ± 𝒋𝑿
O sinal do argumento (ângulo de defasagem) e o sinal da parte imaginária (reatância) indicam
o teor da impedância equivalente. Se o sinal for positivo, o teor será indutivo. Se for negativo, o teor
será capacitivo. Se o ângulo e a parte imaginária forem nulos, o teor será resistivo.
O teor da impedância equivalente é determinado pelo sinal do argumento ou da parte imaginária:
(+) → teor indutivo (−) → teor capacitivo (0) → teor resistivo
No plano cartesiano complexo, a representação da impedância equivalente de um circuito
misto é um vetor traçado desde a origem formando um ângulo com o eixo real, cujas projeções ortogonais
compõem o chamado triângulo de impedâncias, como ilustra a Figura 6-32.
Como a impedância é um número complexo, ela pode ser representada tanto na forma polar
como na forma retangular. Normalmente as impedâncias são representadas na forma retangular, pois
essa forma indica diretamente os valores da resistência (parte real), da reatância (parte imaginária) e o
seu teor (sinal da parte imaginária). A forma polar indica diretamente o valor da impedância (módulo),
a defasagem (ângulo do argumento) e o teor (sinal do ângulo). Para os cálculos de análise de circuitos
as impedâncias na forma retangular podem ser facilmente transformadas para a forma polar, e vice-
versa, como ilustra o esquema da Figura 6-33.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 102

Im
R
Re
-
|Z|
-jXC Z=R-jXC
(a) (b)
Figura 6-32. Impedância de um circuito misto é um número complexo no plano cartesiano: (a) teor indutivo,
parte imaginária positiva; (b) teor capacitivo, parte imaginária negativa.

R = Z cos X = Z sen

Z = Z  Z = R + jX
X
Z = R2 + X 2  = arctg
R
FORMA POLAR FORMA RETANGULAR

Figura 6-33. Transformação de impedâncias da forma polar para a forma retangular e vice-versa.
Observação: As calculadoras científicas dispõem função que permite essas transformações. É
importante conhecer como fazê-las, para facilitar os cálculos necessários à análise de circuitos em CA.

6.4.1. Diagrama de Impedâncias e Triângulo de Impedâncias

Um diagrama de impedâncias é uma forma gráfica que auxilia na visualização das impedâncias
equivalentes dos circuitos. Este diagrama é construído no plano cartesiano complexo, onde as
resistências são representadas por um vetor sobre o eixo horizontal (números reais positivos) e as
reatâncias por um vetor sobre o eixo vertical (números imaginários), que podem ser positivas (indutivas)
ou negativas (capacitivas), como ilustra a Figura 6-34. Os dois eixos devem ter a mesma escala.
Im
+jXL

R
Re

-jXC

Figura 6-34. Diagrama de Impedâncias.


O Triângulo de Impedâncias é uma representação gráfica mais conveniente para o diagrama
de impedâncias. Na representação do triângulo de impedâncias o vetor da reatância (±𝑗𝑋) é
representado ao final do vetor da resistência (𝑅). Esses dois vetores compõem os catetos adjacente e
oposto de um triângulo retângulo. A hipotenusa é um vetor traçado desde a origem até o final do vetor
da reatância e representa o módulo da impedância (|𝑍|), como ilustra a Figura 6-35. O ângulo formado
entre a hipotenusa e o eixo horizontal representa o ângulo da impedância (𝜙). O ponto resultante no
plano cartesiano é o valor do número complexo que representa a impedância (𝑍̇), tanto na forma
retangular como polar.
No triângulo de impedâncias, a resistência é o cateto adjacente, a reatância é o cateto oposto, o módulo
da impedância é a hipotenusa e a defasagem é o ângulo.
Na Figura 6-35(a) o triângulo traçado no primeiro quadrante indica uma impedância com teor
indutivo. O triângulo de uma impedância com teor capacitivo é traçado no quarto quadrante, como

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 103

ilustra a Figura 6-35(b). A representação gráfica do triângulo de impedâncias demonstra que a soma
vetorial da resistência com a reatância é o módulo da impedância.
O módulo da impedância é a soma vetorial da resistência com a reatância.

Im
R
Re
-
-jXC
|Z|
Z=R-jXC=|Z|-
(a) (b)
Figura 6-35. Triângulo de Impedâncias: (a) teor indutivo; (b) teor capacitivo.
Observação: Para um triângulo de impedâncias estar ou no segundo ou no terceiro quadrante, a
resistência deveria ser negativa. Isso só poderia ser produzido por uma ou mais fontes dependentes no
circuito. Este caso não será objeto de estudo neste trabalho.
Todas as relações trigonométricas são válidas para o triângulo de impedâncias. Portanto, os
catetos (resistência e reatância) podem ser obtidos a partir da hipotenusa (|𝑍|) e do ângulo (𝜙):
𝑅 = |𝑍| ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙
𝑋 = |𝑍| ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙
A hipotenusa (|𝑍|) pode ser obtida por Pitágoras:
|𝑍| = √𝑅 2 + |𝑋|2
O ângulo (𝜙) é determinado pela regra da tangente:
±𝑋 ±𝑋
𝑡𝑔𝜙 = → 𝜙 = 𝑡𝑔−1 ( )
𝑅 𝑅
Importante: os sinais da reatância devem ser considerados.

Exemplo 6-6. Na carga de um circuito de corrente alternada, a tensão 𝑣(𝑡) = 12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 15°) 𝑉
produz a corrente 𝑖(𝑡) = 3√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 45°) 𝐴:
a) Determine a impedância da carga, a defasagem entre tensão e corrente e o teor do circuito;
b) Trace o triângulo de impedância da carga
c) Trace as formas de onda da tensão e da corrente na carga.
Solução: A tensão e a corrente devem ser representadas no domínio fasorial:
𝑉̇ = 12∠15° 𝑉
𝐼 ̇ = 3∠ − 45° 𝐴
A impedância da carga é determinada pela relação entre o fasor tensão e o fasor corrente:
𝑉̇ 12∠15° 12
𝑍̇ = = = ∠(15° + 45°) = 4∠60° Ω
𝐼 ̇ 3∠ − 45° 3
Passando para forma retangular:
𝑍̇ = 2 + 𝑗3,46 Ω
Como o sinal do ângulo e da parte imaginária é positivo, o teor da impedância da carga é
indutivo. A defasagem 𝜙 entre a tensão e a corrente nos terminais da carga é o ângulo da impedância:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 15° − (−45°) = 60°

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 104

O triângulo de impedância está representado na Figura 6-36.


Im
Z=2+j3,46=460o

|Z|=4
XL=+j3,46
+=60o

Re
R=2

Figura 6-36. Triângulo de impedância para o Exemplo 6-6.


Para traçar as formas de onda, devem ser atribuídos valores para a variável tempo (desde zero
até o valor de um período T) nas funções trigonométricas da tensão e da corrente e calculados os
respectivos valores instantâneos. Utilizando um software para traçar as formas de onda são obtidas as
curvas da Figura 6-37, onde a corrente está atrasada de 60° da tensão, pois o circuito é indutivo.

20

16
12
8
tensão (V), corrente (A)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-4
-8
-12

-16
-20
tempo (ms)
v(t) i(t)

Figura 6-37. Formas de onda de tensão e corrente para o Exemplo 6-6.

6.4.2. Associação de Impedâncias:

Uma impedância é a medida da oposição de um circuito à passagem da corrente alternada,


cujo valor é determinado pela relação entre o fasor tensão e o fasor corrente, segundo a Lei de Ohm.
Nos circuitos elétricos as impedâncias podem ser associadas em série, em paralelo, ou em combinações.
Como nos circuitos de corrente alternada as Leis de Kirchhoff também são válidas, as associações de
impedâncias são tratadas da mesma forma que as associações de resistores nos circuitos de corrente
contínua, levando-se em conta as operações matemáticas com números complexos.
As associações de impedâncias são tratadas da mesma forma que as associações de resistores.
6.4.2.1. Associação Série de Impedâncias:
A Figura 6-38 ilustra uma associação série de 𝑛 impedâncias. Nas associações em série, os
elementos são percorridos pela mesma corrente e a tensão se divide proporcialmente ao valor deles.
Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff e a Lei de Ohm aos elementos da associação série e
considerando que todos são percorridos pela mesma corrente:
̇ = 𝑉1̇ + 𝑉̇2 + ⋯ + 𝑉𝑛̇ = 𝑍̇1 ∙ 𝐼1̇ + 𝑍̇2 ∙ 𝐼2̇ + ⋯ + 𝑍̇𝑛 ∙ 𝐼𝑛̇ = 𝐼𝑒𝑞
𝑉𝑒𝑞 ̇ ∙ (𝑍̇1 + 𝑍̇2 + ⋯ + 𝑍̇𝑛 )

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 105

Assim:
𝑉𝑒𝑞̇
= 𝑍̇𝑒𝑞 = (𝑍̇1 + 𝑍̇2 + ⋯ + 𝑍̇𝑛 )
̇
𝐼𝑒𝑞
Portanto, a impedância equivalente de uma associação série é determinada pela soma algébrica
das impedâncias dessa associação:
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇1 + 𝑍̇2 + 𝑍̇3 + ⋯ + 𝑍̇𝑛
A impedância equivalente de uma associação série é dada pela soma das impedâncias.

Figura 6-38. Associação série de impedâncias.


A impedância equivalente (𝑍̇𝑒𝑞 ) de 𝑛 impedâncias associadas em série é determinada por:
𝑛

𝑍̇𝑒𝑞 = ∑ 𝑍̇𝑖
𝑖=1

6.4.2.2. Associação Paralela de Impedâncias:


A Figura 6-39 ilustra uma associação paralela de 𝑛 impedâncias. Nas associações em paralelo,
os elementos são submetidos à mesma tensão e a corrente se divide proporcialmente ao valor deles.
Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff e a Lei de Ohm aos elementos da associação paralela e
considerando que todos são submetidos à mesma tensão:
𝑉1̇ 𝑉̇2 𝑉𝑛̇ 1 1 1
̇ = 𝐼1̇ + 𝐼2̇ + ⋯ + 𝐼𝑛̇ =
𝐼𝑒𝑞 + + ⋯+ ̇ ∙ ( + +⋯+ )
= 𝑉𝑒𝑞
𝑍̇1 𝑍̇2 𝑍̇𝑛 𝑍̇1 𝑍̇2 𝑍̇𝑛
Assim:
̇
𝐼𝑒𝑞 1 1 1 1
= = ( + + ⋯+ )
̇𝑉𝑒𝑞 𝑍̇𝑒𝑞 ̇ ̇
𝑍1 𝑍2 𝑍̇𝑛
Portanto, a impedância equivalente de uma associação paralela é determinada pelo inverso da
soma algébrica dos inversos das impedâncias dessa associação:
1 1 1 1
= ( + + ⋯+ )
𝑍̇𝑒𝑞 𝑍̇1 𝑍̇2 𝑍̇𝑛
A impedância equivalente de uma associação paralela é dada pelo inverso da soma dos inversos das
impedâncias.

Figura 6-39. Associação paralela de impedâncias.


A impedância equivalente (𝑍̇𝑒𝑞 ) de 𝑛 impedâncias associadas em paralelo é determinada por:
𝑛
1 1
=∑
𝑍̇𝑒𝑞 𝑍̇𝑖
𝑖=1

Para duas (e somente duas) impedâncias associadas em paralelo, é mais conveniente utilizar a
seguinte relação:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 106

𝑍̇1 ∙ 𝑍̇2
𝑍̇𝑒𝑞 =
𝑍̇1 + 𝑍̇2
Dessa forma, as associações de várias impedâncias em paralelo podem ser resolvidas por
partes, duas a duas de cada vez.
O valor equivalente de duas (e somente duas) impedâncias em paralelo é dada pela razão da soma pelo
produto dessas impedâncias.

Exemplo 6-7. Determine a impedância equivalente para as associações de impedâncias dos circuitos da
Figura 6-40, onde 𝑍̇1 = 10 + 𝑗30 Ω, 𝑍̇2 = 25 − 𝑗25 Ω, 𝑍̇3 = 50 Ω e 𝑍̇4 = −𝑗20 Ω.

Z1 Z2 Z1
Z1 Z2 Z3 Z2 Z4
Z4 Z3
(a) (b) (c)
Figura 6-40. Associações de impedâncias para o Exemplo 6-7: (a) série; (b) paralelo; (c) composta.
Solução: A impedância equivalente para a associação série do circuito da Figura 6-40(a) é determinada
pela soma algébrica das impedâncias:
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇1 + 𝑍̇2 + 𝑍̇3 + 𝑍̇4
𝑍̇𝑒𝑞 = (10 + 𝑗30) + (25 − 𝑗25) + (50) + (−𝑗25) = 85 − 𝑗15 Ω
𝑍̇𝑒𝑞 = 85 − 𝑗15 Ω
A impedância equivalente para a associação paralela do circuito da Figura 6-40(b) é
determinada pelo inverso da soma dos inversos:
1 1 1 1
=( + + )
𝑍̇𝑒𝑞 𝑍̇1 𝑍̇2 𝑍̇3
1 1 1 1 1∠0° 1∠0° 1∠0°
= + + = + +
̇
𝑍𝑒𝑞 10 + 𝑗30 25 − 𝑗25 50 31,6∠71,6° 35,35∠ − 45° 50∠0°
1
= (0,036∠ − 71,6°) + (0,02828∠45°) + 0,02 = (0,01 − 𝑗0,03) + (0,02 + 𝑗0,02) + 0,02
𝑍̇𝑒𝑞
1
= 0,05 − 𝑗0,01
𝑍̇𝑒𝑞
1 1∠0°
𝑍̇𝑒𝑞 = = = 19,61∠11,31°
0,05 − 𝑗0,01 0,051∠ − 11,31°
𝑍̇𝑒𝑞 = 19,61∠11,31° Ω
Para o circuito da Figura 6-40(c) a associação das impedâncias 𝑍̇2 e 𝑍̇4 em paralelo deve ser
resolvida primeiramente:
𝑍̇2 ∙ 𝑍̇4 (25 − 𝑗25) ∙ (−𝑗20) (35,35∠ − 45°) ∙ (20∠ − 90°) 707∠ − 135°
𝑍′̇ = = = =
𝑍̇2 + 𝑍̇4 (25 − 𝑗25) + (−𝑗20) 25 − 𝑗45 51,47∠ − 60,95°
𝑍′̇ = 13,74∠ − 74,05° = 3,78 − 𝑗13,21 Ω
Em seguida deve ser resolvida a associação série de 𝑍̇1 com 𝑍′̇:
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇1 + 𝑍′̇ = (3,78 − 𝑗13,21 ) + (10 + 𝑗30)
𝑍̇𝑒𝑞 = 13,78 + 𝑗16,79 Ω

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 107

6.4.3. Tabelas-resumo

Transformação da forma trigonométrica da função instantânea (domínio do tempo) para fasor


(domínio fasorial):
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 ) → 𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 ) → 𝐼 ̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
Onde:
𝑉𝑝 2𝜋
𝑉𝑒𝑓 = 𝜔 = 2𝜋 ∙ 𝑓 = 𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖
√2 𝑇

Relações entre Tensão e Corrente nos Elementos Passivos (RLC)


Domínio Fasorial
Elemento
Grandeza Unidade Relação Comportamento
𝑉𝑅̇
Resistor Resistência  𝑅= Corrente em fase com a tensão
𝐼𝑅̇
𝑉𝐶̇
Capacitor Reatância Capacitiva  𝑋𝐶 = Corrente adiantada 90o da tensão
𝐼𝐶̇
𝑉𝐿̇
Indutor Reatância Indutiva  𝑋𝐿 = Corrente atrasada 90o da tensão
𝐼𝐿̇
𝑉𝑍̇
Impedância Impedância  𝑍̇ = Corrente defasada da tensão
𝐼𝑍̇

Relações entre Tensão e Corrente nos Elementos Passivos (RLC)


Forma
Grandeza Unidade Natureza Módulo Forma Polar
Retangular
Resistência  Real 𝑅 𝑅 𝑅∠0°
Reatância Imaginário 1 1
 𝑋𝐶 = |𝑋𝐶 | = 𝑋𝐶 = |𝑋𝐶 |∠ − 90°
Capacitiva Negativo 𝑗𝜔𝐶 𝜔𝐶
Reatância Imaginário
 𝑋𝐿 = 𝑗𝜔𝐿 |𝑋𝐿 | = 𝜔𝐿 𝑋𝐿 = |𝑋𝐿 |∠90°
Indutiva Positivo
Impedância  Complexo 𝑍̇ = 𝑅 ± 𝑗𝑋 |𝑍| = √𝑅 2 + 𝑋 2 𝑍̇ = |𝑍|∠ ± 𝜙

Sendo:
𝑍̇𝑅 = 𝑅 ; 𝑍̇𝐿 = +𝑗|𝑋𝐿 | ; 𝑍̇𝐶 = −𝑗|𝑋𝐶 |.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 108

Convenção de Sinais
Positiva Teor Indutivo
Defasagem 𝜙 Negativa Teor Capacitivo
Zero Teor Resistivo

6.4.4. Exercícios

I. Dados os pares de tensão e corrente numa carga, calcule a impedância, desenhe o triângulo de
impedâncias e determine o teor da carga:
a) 𝑣1 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡) 𝑉 e 𝑖1 (𝑡) = 22√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 30°) 𝐴;
b) 𝑣2 (𝑡) = 50𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 20°) 𝑉 e 𝑖2 (𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 70°) 𝑚𝐴;
c) 𝑣3 (𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 10°) 𝑉 e 𝑖3 (𝑡) = 4𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 100°) 𝐴;
d) 𝑣4 (𝑡) = 300𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 30°) 𝑉 e 𝑖4 (𝑡) = 60𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 30°) 𝑚𝐴;
II. Dados os circuitos, determine a impedância equivalente, considerando uma frequência angular
𝜔 = 1000 𝑟𝑎𝑑/𝑠:
Dados: 𝑅1 = 50 Ω; 𝑅2 = 100 Ω; 𝐿1 = 50 𝑚𝐻; 𝐿3 = 20 𝑚𝐻; 𝐶 = 20 𝜇𝐹

a) b) c)
Figura 6-41. Circuitos para o Exercício II.

6.5. ADMITÂNCIA
A resistência 𝑅 é definida como a medida da oposição à passagem da corrente elétrica.
Inversamente, a condutância 𝐺 é a medida da facilidade oferecida por um elemento à passagem da
corrente elétrica, cuja unidade é o Siemens (𝑆).
A condutância 𝑮 é a medida da facilidade oferecida à passagem da corrente elétrica.
Matematicamente, a condutância é o inverso da resistência:
1
𝐺=
𝑅
A reatância 𝑋 é a medida da oposição de um capacitor à variação senoidal da tensão e de um
indutor à variação senoidal da corrente. Inversamente, a susceptância 𝐵 é a medida da facilidade
oferecida por um capacitor ou indutor à variação senoidal da tensão e da corrente, respectivamente. A
unidade de susceptância é o Siemens (𝑆).
A susceptância 𝐵 é a medida da facilidade oferecida à variação senoidal da tensão e da corrente.
Matematicamente, a susceptância é o inverso da reatância:
1
±𝑗𝐵 =
±𝑗𝑋

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 109

A susceptância é um número imaginário com sinal inverso ao da reatância, ou seja, se for


positivo a susceptância possui teor capacitivo e, se for negativo, a susceptância possui teor indutivo.
A susceptância 𝐵 é um número imaginário com sinal inverso ao da reatância 𝑋.
A impedância 𝑍̇ é a medida da reação (oposição) de um elemento ou circuito à relação de
causa (tensão) e efeito (corrente) nos circuitos elétricos. Inversamente, a admitância 𝑌̇ é a medida da
admissibilidade do efeito (corrente) provocada pela causa (tensão). A unidade de admitância é o Siemens
(𝑆).
A admitância 𝑌̇ é a medida da admissibilidade da corrente provocada por uma tensão senoidal.
Matematicamente, a admitância é o inverso da impedância:
1
𝑌̇ =
𝑍̇
Da mesma forma que a impedância, a admitância também é um número complexo. Na forma
polar o módulo (|𝑌|)representa o valor absoluto da admitância e o argumento (𝜑) é o ângulo de
defasagem entre a tensão e a corrente, com sinal invertido (𝜑 = −𝜙). Na forma retangular, a parte real
representa a condutância (𝐺) e a parte imaginária representa a susceptância (±𝑗𝐵).
𝑌̇ = |𝑌| ∠ ± 𝜑 = 𝐺 ± 𝑗𝐵
Portanto:
1
𝐺 ± 𝑗𝐵 =
(𝑅 ± 𝑗𝑋)
Importante: A equação acima deve ser analisada cuidadosamente, pois a admitância não é composta
pelos recíprocos matemáticos (inversos) das partes real e imaginária separadamente, ou seja:
1 1
𝐺 ± 𝑗𝐵 ≠ + (𝑎𝑡𝑒𝑛çã𝑜‼!)
𝑅 ±𝑗𝑋
Conforme a Lei de Ohm, a impedância é a relação entre o fasor tensão e o fasor corrente em
um elemento ou circuito. Portanto, de forma inversa, a admitância é a relação entre o fasor corrente e o
fasor tensão:
𝐼̇
𝑌̇ =
𝑉̇
O uso da admitância é muito útil na aplicação dos métodos de análise de circuitos em corrente
alternada senoidal, assunto a ser tratado posteriormente.

6.5.1. Associações de Admitâncias

Assim como as impedâncias podem ser associadas, as admitâncias também podem ser
associadas para obtenção de um valor de admitância equivalente.
A Figura 6-42 ilustra uma associação série de 𝑛 admitâncias. Nas associações em série, os
elementos são percorridos pela mesma corrente e a tensão se divide proporcionalmente ao valor deles.
Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff e a equação da admitância aos elementos da associação série
e considerando que todos são percorridos pela mesma corrente:
𝐼1̇ 𝐼2̇ 𝐼𝑛̇ 1 1 1
̇ = 𝑉1̇ + 𝑉̇2 + ⋯ + 𝑉𝑛̇ =
𝑉𝑒𝑞 ̇ ∙ ( + + ⋯+ )
+ + ⋯ + = 𝐼𝑒𝑞
𝑌1̇ 𝑌2̇ 𝑌𝑛̇ 𝑌1̇ 𝑌2̇ 𝑌𝑛̇
Assim:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 110

𝑉𝑒𝑞̇ 1 1 1 1
= = ( + + ⋯+ )
̇
𝐼𝑒𝑞 ̇
𝑌𝑒𝑞 𝑌1̇ 𝑌2̇ 𝑌𝑛̇
Portanto, a admitância equivalente de uma associação série é determinada pelo inverso da
soma algébrica dos inversos das admitâncias dessa associação:
1 1 1 1
= + + ⋯+
̇𝑌𝑒𝑞 𝑌1̇ ̇𝑌2 𝑌𝑛̇
A admitância equivalente de uma associação série é dada pelo inverso da soma algébrica dos inversos
das admitâncias.
̇ ) de uma associação de 𝑛 admitâncias em
De forma genérica, a admitância equivalente (𝑌𝑒𝑞
série é determinada por:
𝑛
1 1
=∑
̇
𝑌𝑒𝑞 𝑌𝑖̇
𝑖=1

Figura 6-42. Associação série de admitâncias.


A Figura 6-43 ilustra uma associação paralela de 𝑛 admitâncias. Nas associações em paralelo,
os elementos são submetidos à mesma tensão e a corrente se divide proporcionalmente ao valor deles.
Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff e a equação da admitância aos elementos da associação
paralela e considerando que todos são submetidos à mesma tensão:
̇ = 𝐼1̇ + 𝐼2̇ + ⋯ + 𝐼𝑛̇ = 𝑌1̇ ∙ 𝑉1̇ + 𝑌2̇ ∙ 𝑉̇2 + ⋯ + 𝑌𝑛̇ ∙ 𝑉𝑛̇ = 𝑉𝑒𝑞
𝐼𝑒𝑞 ̇ ∙ (𝑌1̇ + 𝑌2̇ + ⋯ + 𝑌𝑛̇ )

Assim:
̇
𝐼𝑒𝑞
̇ = (𝑌1̇ + 𝑌2̇ + ⋯ + 𝑌𝑛̇ )
= 𝑌𝑒𝑞
𝑉𝑒𝑞̇
Portanto, a admitância equivalente de uma associação paralela é determinada pela soma
algébrica das admitâncias dessa associação:
̇ = 𝑌1̇ + 𝑌2̇ + ⋯ + 𝑌𝑛̇
𝑌𝑒𝑞
A admitância equivalente de uma associação paralela é dada pela soma das admitâncias.
̇ ) de uma associação de 𝑛 admidâncias em
De forma genérica, a admitância equivalente (𝑌𝑒𝑞
paralelo é determinada por:
𝑛
̇ = ∑ 𝑌𝑖̇
𝑌𝑒𝑞
𝑖=1

Figura 6-43. Associação paralela de admitâncias.

Exemplo 6-8. Duas admitâncias 𝑌1̇ = 0,4 + 𝑗0,6 𝑆 e 𝑌2̇ = 0,3 − 𝑗0,2 𝑆 são associadas. Determine a
admitância equivalente e a impedância equivalente para as associações paralela e série:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 111

Solução: A admitância equivalente da associação paralela é dada pela soma das admitâncias:
̇ = 𝑌1̇ + 𝑌2̇ = (0,4 + 𝑗0,6) + (0,3 − 𝑗0,2) = 0,7 + 𝑗0,4 𝑆
𝑌𝑒𝑞
A impedância equivalente da associação paralela é o inverso da admitância equivalente:
1 1 1∠0°
𝑍̇𝑒𝑞 = = = = 1,23∠ − 29,7° = 1,07 − 𝑗0,61 Ω
̇
𝑌𝑒𝑞 (0,7 + 𝑗0,4) 0,81∠29,7°
Portanto, a admitância e a impedância equivalentes possuem teor capacitivo.
O valor equivalente da associação série de duas admitâncias pode ser determinado pela razão
do produto pela soma:
𝑌1̇ ∙ 𝑌2̇ (0,4 + 𝑗0,6) ∙ (0,3 − 𝑗0,2) (0,72∠56,31°) ∙ (0,36∠ − 33,69°)
̇ =
𝑌𝑒𝑞 = =
𝑌1̇ + 𝑌2̇ (0,4 + 𝑗0,6) + (0,3 − 𝑗0,2) (0,7 + 𝑗0,4)
0,26∠22,62°
̇ =
𝑌𝑒𝑞 = 0,32∠ − 7,08° = 0,32 − 𝑗0,04 𝑆
0,81∠29,7°
A impedância equivalente da associação série é o inverso da admitância equivalente:
1 1∠0°
𝑍̇𝑒𝑞 = = = 3,12∠7,08° = 3,1 + 𝑗0,38 Ω
̇
𝑌𝑒𝑞 0,32∠ − 7,08°
Portanto, a admitância e a impedância equivalentes possuem teor indutivo.

6.5.2. Diagrama de Admitâncias

Assim como as impedâncias, as admitâncias também podem ser representadas graficamente


por diagramas de admitâncias e triângulos de admitâncias como ilustra a Figura 6-44.
No diagrama de admitâncias, a condutância (𝐺) é representada por um vetor sobre o eixo dos
números reais positivos e a susceptância (±𝑗𝐵) é representada por um vetor sobre o eixo dos números
imaginários. Se a susceptância for capacitiva o vetor é positivo (para cima), e se for indutiva o vetor é
negativo (para baixo), como ilustra a Figura 6-44(a).
No triângulo de impedâncias, a susceptância (±𝑗𝐵) é representada por um vetor traçado a
partir do final do vetor da condutância (𝐺). Esses dois vetores compõem os catetos adjacente e oposto
de um triângulo retângulo. A hipotenusa é um vetor traçado desde a origem até o final do vetor da
reatância e representa o módulo da admitância (|𝑌|), como ilustra a Figura 6-44. O ângulo formado
entre a hipotenusa e o eixo horizontal representa o ângulo da admitância (𝜑). O ponto resultante no
plano cartesiano é o valor do número complexo que representa a admitância (𝑌̇), tanto na forma
retangular como polar.
No triângulo de admitâncias, a condutância é o cateto adjacente, a susceptância é o cateto oposto e o
módulo da admitância é a hipotenusa.
Na Figura 6-44 (b) o triângulo traçado no primeiro quadrante indica uma admitância com teor
capacitivo. O triângulo de uma admitância com teor indutivo é traçado no quarto quadrante, como ilustra
a Figura 6-44(c). A representação gráfica do triângulo de admitâncias demonstra que a soma vetorial da
condutância com a susceptância é o módulo da admitância.
O módulo da admitância é a soma vetorial da condutância com a susceptância.
Todas as relações trigonométricas são válidas para o triângulo de admitâncias. Portanto, os
catetos (condutância e susceptância) podem ser obtidos a partir da hipotenusa (|𝑌|) e do ângulo (𝜑):
𝐺 = |𝑌| ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 112

𝐵 = |𝑌| ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑
A hipotenusa (|𝑌|) pode ser obtida por Pitágoras:
|𝑌| = √𝐺 2 + |𝑌|2
O ângulo (𝜑) é determinado pela regra da tangente:
±𝐵 ±𝐵
𝑡𝑔𝜑 = → 𝜑 = 𝑡𝑔−1 ( )
𝐺 𝐺
Importante: os sinais da susceptância devem ser considerados.
Im
+jBC

G
Re

-jBL
(a) (b) (c)
Figura 6-44. (a) Diagrama de admitâncias; (b) triângulo de admitâncias para teor capacitivo; (c) triângulo de
admitâncias para teor indutivo.

6.6. ANÁLISE DE CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA


Os circuitos elétricos de corrente alternada podem, geralmente, ser analisados através dos
mesmos métodos e teoremas usados para a análise de circuitos de corrente contínua, utilizando-se para
tanto, a representação fasorial dos sinais senoidais e as operações algébricas dos números complexos. O
estudo detalhado dos métodos e teoremas para a análise de circuitos de corrente alternada será abordado
posteriormente, não sendo, portanto, objetivo deste trabalho. Na sequência serão apresentados exemplos
de análise de circuitos em corrente alternada por meio de técnicas mais simples, como a redução de
circuitos (associação de impedâncias), Lei de Ohm, Leis de Kirchhoff e divisores de tensão e corrente.

6.6.1. Análise de Circuitos RC

Exemplo 6-9. Uma tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉 é aplicada a um resistor ideal de 25 
associado em série com um capacitor ideal de 20 𝐹, como mostra a Figura 6-45.
a) Determine o valor dos componentes no domínio fasorial;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;
c) Determine as correntes e tensões nos elementos do circuito, nos domínios fasorial e temporal;
d) Trace o diagrama fasorial e as formas de onda.

Figura 6-45. Circuito RC série para o Exemplo 6-9.


Solução: No domínio fasorial, a impedância do resistor é a sua própria resistência:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 113

𝑍𝑅 = 𝑅 = 25 
A impedância do capacitor é a sua reatância capacitiva:
1 1
𝑍𝐶 = 𝑋𝐶 = = = −𝑗25 
𝑗𝜔𝐶 𝑗 ∙ 2000 ∙ 20 ∙ 10−6
Como o circuito é uma associação série, a impedância equivalente é a soma das impedâncias:
𝑍𝑒𝑞 = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐶 = 25 − 𝑗25 = 35,36∠ − 45° Ω
O triângulo de impedâncias resultante é apresentado na Figura 6-46. O teor é capacitivo, pois
o sinal da impedância é negativo.
R=25
=-45o

XC=-j25
|Z|=35,36

Figura 6-46. Triângulo de impedâncias para o Exemplo 6-9: teor capacitivo.


A corrente fasorial fornecida pela fonte é dada pela relação entre o fasor tensão da fonte e a
impedância equivalente do circuito:
𝑉𝑓̇ 200∠0°
𝐼𝑓̇ = = = 5,66∠45° 𝐴
𝑍𝑒𝑞 35,36∠ − 45°
Como o circuito é uma associação série, a corrente em todos os elementos é a mesma:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝐶̇ = 𝐼𝑓̇ = 5,66∠45° 𝐴
No domínio temporal, a corrente é dada na forma trigonométrica:
𝑖𝑓 (𝑡) = 5,66√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 45°) = 8𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 45°) 𝐴
A tensão fasorial nos terminais do resistor é obtida pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑅̇ = 25 ∙ 5,66∠45° = 141,5∠45° 𝑉
Na forma trigonométrica:
𝑣𝑅 (𝑡) = 141,5√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 45°) 𝑉
O fasor tensão e o fasor corrente nos terminais do resistor possuem o mesmo ângulo, o que
caracteriza que estão em fase (defasagem nula). A tensão nos terminais do capacitor é obtida pela Lei
de Ohm aplicada à reatância capacitiva:
𝑉̇𝐶 = 𝑋𝐶 ∙ 𝐼𝐶̇ = (−𝑗25) ∙ 5,66∠45° = (25∠ − 90°) ∙ (5,66∠45°) = 141,5∠ − 45° 𝑉
Na forma trigonométrica:
𝑣𝐶 (𝑡) = 141,5√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 45°) 𝑉
Como o ângulo da tensão nos terminais do capacitor é −45° e o ângulo da corrente é +45°, a
defasagem é −90°, o que indica que a corrente está adiantada de 90° da tensão.
A Figura 6-47 apresenta o diagrama fasorial do circuito, onde a tensão e a corrente no resistor
estão em fase e a corrente está adiantada de 90° da tensão no capacitor. Já nos terminais da fonte, a
corrente está adiantada 45° da tensão, caracterizando um circuito com teor capacitivo (RC).
A Figura 6-48 apresenta as formas de onda para as tensões e corrente do circuito da Figura
6-45, traçadas a partir das equações na forma trigonométrica. As curvas demonstram que a tensão e a
corrente estão em fase no resistor, a corrente está adiantada 90° da tensão no capacitor e a corrente na
fonte está adiantada 45° da tensão na fonte (teor capacitivo).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 114

VR

IF=IR=IC
+45o
VF
-45o

VC

Figura 6-47. Diagrama fasorial para o Exemplo 6-9.

300 10

250 8
200
6

Corrente (A)
150
Tensão (V)

4
100

50 2

0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-50 -2
-100
-4
-150
-6
-200

-250 -8

-300 -10
Posição Angular wt (graus)

Tensão Fonte Tensão Resistor Tensão Capacitor Corrente

Figura 6-48. Formas de onda de tensão e corrente para o circuito do Exemplo 6-9.

6.6.2. Análise de Circuitos RL

Exemplo 6-10. Uma tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉 é aplicada a um resistor ideal de
25  associado em série com um indutor ideal de 25 𝑚𝐻, como mostra a Figura 6-49.
a) Determine o valor dos componentes no domínio fasorial;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;
c) Determine as correntes e tensões nos elementos do circuito, nos domínios fasorial e temporal;
d) Trace o diagrama fasorial e as formas de onda.
Solução: No domínio fasorial, a impedância do resistor é a sua própria resistência:
𝑍𝑅 = 𝑅 = 25 
A impedância do indutor é a sua reatância indutiva:
𝑍𝐿 = 𝑋𝐿 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗 ∙ 2000 ∙ 25 ∙ 10−3 = +𝑗50 
Como o circuito é uma associação série, a impedância equivalente é a soma das impedâncias:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 115

𝑍𝑒𝑞 = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐿 = 25 + 𝑗50 = 55,9∠63,43° Ω

Figura 6-49. Circuito RL série para o Exemplo 6-10.


O triângulo de impedâncias resultante é apresentado na Figura 6-50. O teor é indutivo, pois o
sinal da impedância é positivo.

|Z|=55,9 XL=+j50

=63,43o

R=25

Figura 6-50. Triângulo de impedâncias para o Exemplo 6-10: teor indutivo.


O fasor da corrente fornecida pela fonte é obtido pela relação entre o fasor tensão na fonte e a
impedância equivalente do circuito:
𝑉𝑓̇ 200∠0°
𝐼𝑓̇ = = = 3,58∠ − 63,43° 𝐴
𝑍𝑒𝑞 55,9∠63,43°
Como o circuito é uma associação série, a corrente em todos os elementos é a mesma:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑓̇ = 3,58∠ − 63,43° 𝐴
No domínio temporal, a corrente é dada na forma trigonométrica:
𝑖𝑓 (𝑡) = 3,58√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 63,43°) = 5,06𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 63,43°) 𝐴
A tensão fasorial nos terminais do resistor é obtida pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑅̇ = 25 ∙ 3,58∠ − 63,43° = 89,5∠ − 63,43° 𝑉
Na forma trigonométrica:
𝑣𝑅 (𝑡) = 89,5√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 63,43°) 𝑉
O fasor tensão e o fasor corrente nos terminais do resistor possuem o mesmo ângulo, o que
caracteriza que estão em fase (defasagem nula). A tensão nos terminais do indutor é obtida pela Lei de
Ohm aplicada à reatância indutiva:
𝑉̇𝐿 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝐿̇ = (𝑗50) ∙ 3,58∠ − 63,43° = (50∠90°) ∙ (3,58∠ − 63,43°) = 179∠26,57° 𝑉
Na forma trigonométrica:
𝑣𝐿 (𝑡) = 179√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 26,57°) 𝑉
Como o ângulo da tensão nos terminais indutor é 26,57° e o ângulo da corrente é −63,43°, a
defasagem é +90°, o que indica que a corrente está atrasada 90° da tensão.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 116

A Figura 6-51 apresenta o diagrama fasorial do circuito, onde a tensão e a corrente no resistor
estão em fase e a corrente está atrasada 90° da tensão no indutor. Já nos terminais da fonte, a corrente
está atrasada 63,43° da tensão, caracterizando um circuito com teor indutivo (RL).

VL

+26,57 o
VF
o
-63,43
IF=IR=IL

VR

Figura 6-51. Diagrama fasorial para o Exemplo 6-10.


A Figura 6-52 apresenta as formas de onda para as tensões e corrente do circuito da Figura
6-49, traçadas a partir das equações na forma trigonométrica. As curvas demonstram que a tensão e a
corrente estão em fase no resistor, a corrente está atrasada 90° da tensão no indutor e a corrente na fonte
está atrasada 63,43° da tensão na fonte (teor indutivo).

300 6

250

200 4

150

Corrente (A)
Tensão (V)

100 2

50

0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-50

-100 -2

-150

-200 -4

-250

-300 -6
Posição Angular wt (graus)

Tensão Fonte Tensão Resistor Tensão Indutor Corrente

Figura 6-52. Formas de onda de tensão e corrente para o circuito do Exemplo 6-10.

6.6.3. Análise de Circuitos RLC

Exemplo 6-11. Uma tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉 é aplicada a um resistor ideal de
25  associado em série com um indutor ideal de 25 𝑚𝐻 e com um capacitor de 20 𝜇𝐹, como mostra
a Figura 6-53.
a) Determine o valor dos componentes no domínio fasorial;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 117

c) Determine as correntes e tensões nos elementos do circuito, nos domínios fasorial e temporal;
d) Trace o diagrama fasorial e as formas de onda.

Figura 6-53. Circuito RLC série para o Exemplo 6-11.


Solução: As reatâncias capacitiva e indutiva já foram determinadas no Exemplo 6-9 e no Exemplo 6-10,
respectivamente. Como o circuito é uma associação série, a impedância equivalente é determinada pela
soma das impedâncias dos componentes:
𝑍𝑒𝑞 = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐶 + 𝑍𝐿 = 25 − 𝑗25 + 𝑗50 = 25 + 𝑗25 = 35,36∠45° Ω
O triângulo de impedâncias resultante é apresentado na Figura 6-54. O teor do circuito é
indutivo, pois o sinal da impedância equivalente é positivo.

|Z|=35,36
XL=+j25

=45o

R=25

Figura 6-54. Triângulo de impedâncias para o Exemplo 6-11: teor indutivo.


A corrente fasorial fornecida pela fonte é determinada pela relação entre o fasor tensão da
fonte e a impedância equivalente do circuito:
𝑉𝑓̇ 200∠0°
𝐼𝑓̇ = = = 5,66∠ − 45° 𝐴
𝑍𝑒𝑞 35,36∠45°
Como o circuito é uma associação série, a corrente em todos os elementos é a mesma:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝐶̇ = 𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑓̇ = 5,66∠ − 45° 𝐴
No domínio temporal, a corrente é representada na forma trigonométrica:
𝑖𝑓 (𝑡) = 5,66√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 45°) = 8𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 45°) 𝐴
A tensão fasorial nos terminais do resistor é obtida pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑅̇ = 25 ∙ 5,66∠ − 45° = 141,5∠ − 45° 𝑉
Na forma trigonométrica:
𝑣𝑅 (𝑡) = 141,5√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 45°) 𝑉
O fasor tensão e o fasor corrente nos terminais do resistor possuem o mesmo ângulo, o que
caracteriza que estão em fase (defasagem nula). A tensão nos terminais do capacitor é obtida pela Lei
de Ohm aplicada à reatância capacitiva:
𝑉̇𝐶 = 𝑋𝐶 ∙ 𝐼𝐶̇ = (−𝑗25) ∙ 5,66∠ − 45° = (25∠ − 90°) ∙ (5,66∠ − 45°) = 141,5∠ − 135° 𝑉
Na forma trigonométrica:
𝑣𝐶 (𝑡) = 141,5√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 135°) 𝑉
A tensão nos terminais do indutor é obtida pela Lei de Ohm aplicada à reatância indutiva:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 118

𝑉̇𝐿 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝐿̇ = (𝑗50) ∙ 5,66∠ − 45° = (50∠90°) ∙ (5,66∠ − 45°) = 283∠45° 𝑉


Na forma trigonométrica:
𝑣𝐿 (𝑡) = 283√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 45°) 𝑉
Como o ângulo da tensão nos terminais indutor é 45° e o ângulo da corrente é −45°, a
defasagem é +90°, o que indica que a corrente está atrasada 90° da tensão.
A Figura 6-55 apresenta o diagrama fasorial para as tensões e corrente e a Figura 6-56
apresenta as formas de onda para o circuito da Figura 6-53, traçadas a partir das equações na forma
trigonométrica. A tensão e a corrente no resistor estão em fase, a corrente está adiantada 90° da tensão
nos terminais do capacitor e a corrente está atrasada 90° da tensão no indutor. Já nos terminais da fonte,
a corrente está atrasada 45° da tensão, caracterizando um circuito com teor indutivo (RL).

VL

+45o VF
-45
-135o IF=IR=IC=IL

VC
VR

Figura 6-55. Diagrama fasorial para o Exemplo 6-11.

450 10
400
350 8
300
6
250
Corrente (A)

200
4
Tensão (V)

150
100 2
50
0 0
-50 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360

-100 -2
-150
-4
-200
-250
-6
-300
-350 -8
-400
-450 -10

Posição Angular wt (graus)

Tensão Fonte Tensão Resistor Tensão Indutor Tensão Capacitor Corrente

Figura 6-56. Formas de onda de tensão e corrente para o circuito do Exemplo 6-11.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 119

Exemplo 6-12. Uma tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉 é aplicada a um resistor ideal de
25  associado em série com um indutor ideal de 25 𝑚𝐻, ambos em paralelo a um capacitor de 20 𝜇𝐹,
como mostra a Figura 6-57.
a) Determine o valor dos componentes no domínio fasorial;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;
c) Determine as correntes e tensões três elementos do circuito, nos domínios fasorial e temporal;
d) Trace o diagrama fasorial e as formas de onda.

Figura 6-57. Circuito RLC misto para o Exemplo 6-12.


Solução: As reatâncias capacitiva e indutiva já foram determinadas no Exemplo 6-9 e no Exemplo 6-10,
respectivamente. Como o circuito da Figura 6-57 é uma associação mista, a impedância equivalente é
obtida por partes. Primeiramente é obtida a impedância equivalente parcial 𝑍′ correspondente à
associação série do resistor com o indutor:
𝑍′ = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐿 = 25 + 𝑗50 = 55,9∠63,43° Ω
A impedância parcial 𝑍′ está associada em paralelo com a impedância do capacitor. Portanto,
a impedância equivalente do circuito 𝑍𝑒𝑞 é determinada por:
𝑍′ ∙ 𝑍𝐶 (55,9∠63,43°) ∙ (25∠ − 90° ) 1397∠ − 26,57° 1397∠ − 26,57°
𝑍𝑒𝑞 = ′
= = =
𝑍 + 𝑍𝐶 (25 + 𝑗50) + (−𝑗25) 25 + 𝑗25 35,36∠45°
𝑍𝑒𝑞 = 39,52∠ − 71,57° = 12,5 − j37,5 Ω
O triângulo de impedâncias resultante é apresentado na Figura 6-58. O teor do circuito é
capacitivo, pois o sinal da impedância equivalente é negativo. Embora os componentes sejam os mesmos
da associação série do Exemplo 6-11, onde o teor do circuito era indutivo, a forma como estão agora
associados permite que o teor capacitivo predomine.
R=12,5
=-71,57
o

|Z|=39,52 X=-j37,5

Figura 6-58. Triângulo de impedâncias para o circuito do Exemplo 6-12.


A corrente fasorial fornecida pela fonte é determinada pela relação entre o fasor tensão da
fonte e a impedância equivalente do circuito:
𝑉𝑓̇ 200∠0°
𝐼𝑓̇ = = = 5,06∠71,57° 𝐴
𝑍𝑒𝑞 39,52∠ − 71,57°

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 120

O circuito apresenta dois nós devido à conexão paralela do capacitor. Portanto, a corrente
fornecida pela fonte se divide em duas componentes: uma para o capacitor e outra para a impedância
equivalente parcial 𝑍′. A tensão nos terminais do capacitor é a mesma da fonte, pois está conectado em
paralelo. Assim, o fasor corrente no capacitor pode ser determinada pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝐶 𝑉𝑓̇ 200∠0°
𝐼𝐶̇ = = = = 8∠90° 𝐴
𝑍𝐶 𝑋𝐶 25∠ − 90°
A impedância equivalente parcial 𝑍′ também está conectada em paralelo com a fonte e,
portanto, está submetida à mesma tensão da fonte. Como essa impedância é composta pela associação
série do resistor com o capacitor, a corrente nesses elementos é a mesma e pode ser determinada pela
Lei de Ohm:
𝑉𝑓̇ 200∠0°
̇ = 𝐼𝑅̇ = 𝐼𝐿̇ =
𝐼𝑍′ = = 3,58∠ − 63,43° 𝐴
𝑍′ 55,9∠63,43°
No domínio temporal, as correntes são representadas na forma trigonométrica:
𝑖𝑓 (𝑡) = 5,06√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 71,57°) 𝐴
𝑖𝐶 (𝑡) = 8√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 90°) 𝐴
𝑖𝑅 (𝑡) = 𝑖𝐿 (𝑡) = 3,58√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 63,43°) 𝐴
A tensão no capacitor é a mesma da fonte, então na forma fasorial e trigonométrica:
𝑉̇𝐶 = 200∠0° 𝑉
𝑣𝐶 (𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝐴
A tensão no resistor é determinada pelo produto da corrente pela resistência (Lei de Ohm):
𝑉̇𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑅̇ = 25 ∙ (3,58∠ − 63,43° ) = 89,5∠ − 63,43° 𝑉
A tensão no indutor é determinada pelo produto da corrente pela impedância do indutor (Lei
de Ohm):
𝑉̇𝐿 = 𝑍𝐿 ∙ 𝐼𝐿̇ = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝐿̇ = (50∠90°) ∙ (3,58∠ − 63,43° ) = 179∠26,57° 𝑉
As tensões no resistor e no indutor na forma trigonométrica são, respectivamente:
𝑣𝑅 (𝑡) = 89,5√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 63,43°) 𝐴
𝑣𝐿 (𝑡) = 179√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 26,57°) 𝐴
A Figura 6-59 apresenta o diagrama fasorial e a Figura 6-60 apresenta as formas de onda de
tensão e corrente para o comportamento do circuito da Figura 6-57. A tensão e a corrente no resistor
estão em fase, pois possuem o mesmo ângulo (−63,43°). A corrente está adiantada 90° da tensão no
capacitor. No indutor, a corrente está atrasada 90° da tensão. Nos terminais da fonte, a corrente está
adiantada 71,57° da tensão, o que confere teor capacitivo ao circuito. A corrente no capacitor apresenta
valor eficaz (no fasor) e valor de pico (nas formas de onda) maiores que os da corrente na fonte. Isso
acontece porque o capacitor troca energia com o indutor no processo de carga e descarga. Pela Lei de
Kirchhoff para as correntes nos nós, a corrente fornecida pela fonte deve ser a soma das correntes no
capacitor e na impedância equivalente parcial 𝑍′:
𝐼𝑓̇ = 𝐼𝐶̇ + 𝐼𝑍′
̇ = (8∠90°) + (3,58∠ − 63,43°) = (0 + 𝑗8) + (1,6 − 𝑗3,2) = 1,6 + 𝑗4,8

𝐼𝑓̇ = 5,06∠71,6° 𝐴
Isso prova que o resultado está correto. É importante observar que a soma é fasorial e, portanto,
os módulos e ângulos devem ser considerados.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 121

IC
IF VL

o
+71,6o
90
+26,6o VF=VC
o
IR=IL -63,4

VR

Figura 6-59. Diagrama fasorial para o Exemplo 6-12.

300 24

250 20

200 16

150 12

100 8

50 4

Corrente (A)
Tensão (V)

0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-50 -4

-100 -8

-150 -12

-200 -16

-250 -20

-300 -24
Posição Angular wt (graus)

Tensão Fonte e Capacitor Tensão Resistor Tensão Indutor


Corrente Fonte Corrente Capacitor Corrente Resistor e Indutor

Figura 6-60. Formas de onda de tensão e corrente para o circuito do Exemplo 6-12.

6.6.4. Exercícios:

Para os circuitos abaixo:


a) Determine o valor da impedância de cada componente passivo do circuito;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;
c) Determine as correntes e tensões (fasores) nos elementos passivos do circuito e as respectivas
funções instantâneas;
d) Esboce o diagrama fasorial completo;
e) Trace as formas de onda (utilize um software matemático apropriado);
f) Simule os circuitos (em software de simulação eletrônica) para verificar as formas de onda
encontradas e conferir os valores calculados.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 122

Dados: 𝑣𝑓 (𝑡) = 12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡) 𝑉; 𝑅 = 2 Ω; 𝐿 = 10 𝑚𝐻; 𝐶 = 660 𝜇𝐹.

I) II)

III) IV)

V) VI)

VII) VIII)
Respostas:
I) 𝐼𝐹̇ = 2,67∠63,54° 𝐴 ; 𝑉𝑅̇ = 5,34∠63,54° 𝑉 ; 𝑉𝐶̇ = 10,74∠ − 26,43° 𝑉;
II) .
III) 𝐼𝐹̇ = 5,95∠7,09° 𝐴 ; 𝑉𝑅̇ = 11,91∠7,09° 𝑉 ; 𝑉𝐿̇ = 22,43∠97,1° 𝑉 ; 𝑉𝐶̇ = 23,9∠ − 82,93° 𝑉
IV) 𝐼𝐹̇ = 1,41∠20,88° 𝐴 ; 𝐼𝑅𝐿̇ = 2,81∠ − 62,09° 𝐴 ; 𝐼𝐶̇ = 2,99∠90° 𝐴 ; 𝑉𝑅̇ = 5,62∠ − 62,09° 𝑉 ; 𝑉𝐿̇ =
10,59∠27,91° 𝑉;
V) .
VI) .
VII) .
VIII) 𝐼𝐹̇ = 48,78∠82,93° 𝐴 ; 𝐼𝐿𝐶 ̇ = 48,4∠90° 𝐴 ; 𝑉𝐿̇ = 182,9∠180° 𝑉 ; 𝑉𝐶̇ = 194,5∠0° 𝑉.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 123

7. POTÊNCIA E ENERGIA EM CORRENTE ALTERNADA


A análise de circuitos tem por objetivo verificar o comportamento dos circuitos elétricos em
termos do fluxo de energia elétrica, ou seja, a quantidade de energia entregue pelas fontes e a energia
consumida ou armazenada nos seus componentes.
A energia elétrica é definida como o trabalho realizado pelo movimento das cargas elétricas.
Esse trabalho é realizado pela transformação da energia potencial elétrica (tensão) em energia cinética
das cargas elétricas (corrente).
Energia elétrica é o trabalho realizado pelo movimento das cargas elétricas.
A potência elétrica é a velocidade de transferência ou transformação da energia elétrica em um circuito,
ou seja, é o trabalho (energia) realizado em um intervalo de tempo.
Potência elétrica é a velocidade com que se realiza o trabalho elétrico.
Matematicamente:
𝐸𝑛
𝑃=
𝑡
Onde:
𝑃: potência elétrica, em watts [W];
𝐸𝑛: energia elétrica, em joules [J];
𝑡: intervalo de tempo, em segundos [s].
O trabalho realizado pela força elétrica para transportar entre dois pontos uma carga elétrica
𝑞, submetida a uma diferença de potencial elétrico 𝑉 é:
𝐸𝑛 = 𝑉 ∙ 𝑞
Substituindo na equação da potência:
𝐸𝑛 𝑉 ∙ 𝑞
𝑃= =
𝑡 𝑡
𝑞
Como a corrente elétrica é a relação entre carga e tempo (𝐼 = 𝑡 ), então:

𝑃 =𝑉∙𝐼
Portanto, a potência elétrica pode ser determinada pelo produto da tensão pela corrente.
Nos circuitos de corrente contínua, como ilustrado na Figura 7-1, como a tensão 𝑉 e a
corrente 𝐼 são contínuas constantes, a potência elétrica 𝑃 é um valor médio constante.

Figura 7-1. Fonte de tensão contínua alimentando uma resistência.


Aplicando a Lei de Ohm (𝑉 = 𝑅 ∙ 𝐼) à equação da potência, pode-se calcular a potência em
termos da resistência e da corrente:
𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐼2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 124

𝑉
Como 𝐼 = 𝑅, a potência também pode ser determinada a partir da resistência e da tensão:

𝑉2
𝑃=
𝑅

7.1. POTÊNCIA INSTANTÂNEA


Seja a fonte de tensão alternada senoidal 𝑣(𝑡) fornecendo uma corrente alternada senoidal 𝑖(𝑡)
a uma impedância de carga 𝑍, conforme o circuito da Figura 7-2. Na forma trigonométrica, a tensão e a
corrente instantâneas são expressas por:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 )
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 )

Figura 7-2. Fonte de tensão alternada senoidal alimentando uma impedância.


A potência é o produto da tensão pela corrente. Como em corrente alternada senoidal a tensão
e a corrente variam no tempo, a potência também varia no tempo. A potência instantânea 𝒑(𝒕) é
determinada pelo produto da tensão instantânea 𝑣(𝑡) pela corrente instantânea 𝑖(𝑡):
𝑝(𝑡) = 𝑣(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡)
Substituindo as funções:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) ∙ 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 )
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ [𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 )]
O produto de dois senos deve ser resolvido utilizando-se a seguinte identidade trigonométrica:
1 1
𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛽 = cos(𝛼 − 𝛽) − cos(𝛼 + 𝛽)
2 2
Sendo 𝛼 = 𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 e 𝛽 = 𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 e substituindo na equação da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ [ cos(𝛼 − 𝛽) − cos(𝛼 + 𝛽)]
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ [ cos((𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) − (𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 )) − cos((𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) + (𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 ))]
2 2
1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ [cos(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) − cos(2𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 + 𝜃𝑖 )]
2
Sendo 𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 e tomando a corrente como referência (𝜃𝑖 = 0°), então 𝜙 = 𝜃𝑣 . Assim:
1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ [cos 𝜙 − cos(2𝜔𝑡 + 𝜙)]
2
Portanto, a equação geral da potência instantânea em watts [W] é expressa por:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 125

Como 𝑉𝑝 = √2𝑉𝑒𝑓 e 𝐼𝑝 = √2𝐼𝑒𝑓 :


1 1
𝑝(𝑡) = √2𝑉𝑒𝑓 ∙ √2𝐼𝑒𝑓 ∙ cos 𝜙 − √2𝑉𝑒𝑓 ∙ √2𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
A equação geral da potência instantânea pode ser expressa em termos dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
A expressão para a potência instantânea é composta por dois termos. O primeiro termo 𝑝1 (𝑡)
é um valor constante, pois é independente do tempo:
𝑝1 (𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
O segundo termo 𝑝2 (𝑡) é variável pois é função do tempo 𝑡:
𝑝2 (𝑡) = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
Graficamente, o primeiro termo é representado por uma reta, pois é constante ao longo do
tempo. O segundo termo é representado por uma cossenóide negativa com o dobro da frequência (2)
da tensão e da corrente. Portanto, a potência instantânea 𝑝(𝑡) é a soma algébrica dos termos 𝑝1 (𝑡) e
𝑝2 (𝑡), como mostra a Figura 7-3.
12

10

0 45 90 135 180 225 270 315 360


-2

-4

-6

termo 1 termo 2 p(t)

Figura 7-3. Potência instantânea é formada por um termo constante e uma cossenoide negativa.
A análise da potência instantânea é importante para o dimensionamento da proteção dos
circuitos elétricos. Por exemplo, se a potência máxima instantânea num ponto do circuito é de 10 W,
não podemos colocar neste ponto um componente que suporte no máximo 5 W.
No segundo termo da equação geral da potência instantânea há um cosseno de uma soma de
ângulos. Utilizando a seguinte identidade trigonométrica:
cos(𝛼 + 𝛽) = 𝑐𝑜𝑠𝛼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛽 − 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛽
Substituindo na equação geral da potência:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ [𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡) ∙ 𝑐𝑜𝑠 (𝜙) − 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜙)]
2 2
1 1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡) ∙ 𝑐𝑜𝑠 (𝜙) + 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜙)
2 2 2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 126

1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) + 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
2 2
Rearranjando os termos, obtém-se a equação geral ampliada da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
2 2
Reescrevendo em função dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
O primeiro termo dessa equação é função do 𝑐𝑜𝑠 𝜙 e representa um número real no plano
cartesiano complexo, ou seja, a potência instantânea real. O segundo termo é função do 𝑠𝑒𝑛 𝜙 e
representa um número imaginário no plano cartesiano complexo, ou seja, a potência instantânea
imaginária. Portanto, a equação geral ampliada da potência instantânea demonstra que a potência pode
ser representada por um número complexo.

7.2. POTÊNCIA MÉDIA OU POTÊNCIA ATIVA


A potência média é a energia (trabalho elétrico) em um intervalo de tempo. Matematicamente,
a potência média 𝑃 é calculada pela média aritmética da potência instantânea 𝑝(𝑡) em um intervalo de
tempo, geralmente o período 𝑇 da função senoidal:
𝑇
1
𝑃= ∙ ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡
𝑇 0
Substituindo a equação geral da potência instantânea e resolvendo essa integral definida para
o intervalo de um período, a potência média, em termos dos valores de pico, é expressa por:
1
𝑃= ∙ 𝑉 ∙ 𝐼 ∙ cos 𝜙
2 𝑝 𝑝
A Figura 7-3 demonstra que a potência instantânea é composta por dois termos. A potência
média é representada pela linha constante ao longo do tempo e corresponde ao primeiro termo da
equação geral da potência instantânea. O segundo termo não contribui para a potência média, pois é
simétrico ao eixo horizontal e seu valor médio é nulo. Portanto, a potência média ou potência ativa 𝑷
é expressa por:
𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ cos 𝜙
A potência média também é chamada de potência real, potência efetiva, ou potência útil. É a
potência que realmente produz trabalho elétrico. Nos resistores, por exemplo, é a potência dissipada na
forma de calor por Efeito Joule. Nos motores, é a parcela da potência absorvida da fonte que realmente
é transferida para o eixo do motor na forma de potência mecânica.

7.3. POTÊNCIA NOS ELEMENTOS PASSIVOS


Para a análise do comportamento da potência nos elementos passivos (resistor, capacitor e
indutor), seja a fonte de tensão alternada senoidal 𝑣(𝑡) fornecendo uma corrente alternada senoidal 𝑖(𝑡)
a uma impedância de carga genérica 𝑍, conforme o circuito da Figura 7-4. Na forma trigonométrica, a
tensão aplicada e a corrente resultante são expressas por:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 )
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 )

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 127

Figura 7-4. Fonte de tensão alternada senoidal alimentando uma impedância genérica.

7.3.1. Potência no Resistor

Seja a impedância genérica 𝑍 do circuito da Figura 7-4 composta por um resistor ideal 𝑅:
𝑍=𝑅
Então a tensão nos terminais da impedância estará em fase com a corrente. Assim:
𝜃𝑣 = 𝜃𝑖
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0°
Substituindo na equação geral da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 0° − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 0°)
2 2
Portanto, a potência instantânea no resistor ideal é expressa por:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)
2 2
A potência instantânea no resistor também pode expressa em termos dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 − 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)
A Figura 7-5 descreve o comportamento da potência instantânea 𝑝(𝑡) no resistor, em função
da tensão instantânea 𝑣(𝑡) e da corrente instantânea 𝑖(𝑡). Como a tensão e a corrente estão em fase,
seus valores instantâneos serão simultaneamente ambos positivos ou negativos e, portanto, a potência
instantânea no resistor apresenta uma forma de onda sempre positiva com o dobro da frequência da
tensão e da corrente. Uma vez que a potência é sempre positiva, o resistor age com um receptor
dissipando energia na forma de calor, ou seja, o resistor sempre consome energia.
A potência instantânea no resistor é sempre positiva.
Analisando a equação da potência instantânea e o gráfico da Figura 7-5, a potência máxima
ou potência de pico no resistor é determinada por:
𝑝𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝
A expressão para a potência instantânea no resistor é composta por dois termos. O primeiro
termo 𝑝1 (𝑡) é um valor constante, pois é independente do tempo:
𝑝1 (𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
O segundo termo 𝑝2 (𝑡) é variável pois é função do tempo 𝑡:
𝑝2 (𝑡) = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)
Graficamente, o primeiro termo é representado por uma reta, pois é constante ao longo do
tempo. O segundo termo é representado por uma cossenóide negativa com o dobro da frequência (2)

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 128

da tensão e da corrente. Portanto, a potência instantânea 𝑝(𝑡) no resistor é a soma algébrica dos termos
𝑝1 (𝑡) e 𝑝2 (𝑡), como mostra a Figura 7-6.
12

10

0 45 90 135 180 225 270 315 360


-2

-4

v(t) i(t) p(t)


Figura 7-5. Comportamento da tensão, corrente e potência instantânea no resistor.
12

10

0 45 90 135 180 225 270 315 360


-2

-4

-6

termo 1 termo 2 p(t)


Figura 7-6. Composição dos termos da potência instantânea no resistor.
A potência média no resistor é representada pela linha constante ao longo do tempo e
corresponde ao primeiro termo da equação geral da potência instantânea. O segundo termo não contribui
para a potência média, pois é simétrico ao eixo horizontal e seu valor médio é nulo. Portanto, a potência
média ou potência ativa no resistor 𝑷𝑹 é expressa por:
𝑃𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
Utilizando a Lei de Ohm, a potência média no resistor pode ser expressa em termos da
resistência e da corrente eficaz:
𝑃𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑃𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓

𝑃𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑒𝑓 2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 129

Da mesma forma, a potência média no resistor também pode ser expressa em termos da
resistência e da tensão eficaz:
𝑃𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑉𝑒𝑓
𝑃𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙
𝑅
𝑉𝑒𝑓 2
𝑃𝑅 =
𝑅

7.3.2. Potência no Indutor Ideal

Seja a impedância genérica 𝑍 do circuito da Figura 7-4 composta por um indutor ideal com
uma reatância indutiva 𝑋𝐿 :
𝑍 = 𝑋𝐿
Então a tensão nos terminais da impedância estará adiantada 90° da corrente. Assim:
𝜙 = +90°
Substituindo na equação geral da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 90° − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 90°)
2 2
Sendo cos 90° = 0, então o primeiro termo é anulado:
1
𝑝(𝑡) = − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 90°)
2
Como cos(∝ +90°) = −𝑠𝑒𝑛(𝛼), a potência instantânea no indutor ideal é expressa por:
1
𝑝(𝑡) = + 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
2
A potência instantânea no indutor também pode expressa em termos dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = +𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
A potência instantânea no indutor é uma senoide positiva com o dobro da frequência (2),
como ilustra a Figura 7-7, cujo valor máximo (pico) é determinado por:
1
𝑝𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 = 𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓
2
Uma vez que a curva resultante para a potência instantânea é simétrica ao eixo horizontal, a
potência média ou potência ativa no indutor 𝑃𝐿 é nula:
𝑃𝐿 = 0
A área positiva da onda da potência no indutor representa a energia que está sendo armazenada
no campo magnético, enquanto a área negativa representa a energia que está sendo devolvida pelo
indutor ao circuito. Esta sequência ocorre duas vezes a cada ciclo da tensão, onde a fonte apenas troca
energia com o indutor e não há realização de trabalho efetivo. Portanto, como o fluxo líquido de energia
é nulo, um indutor ideal não dissipa potência.
A potência média ou ativa no indutor ideal é nula.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 130

A quantidade de energia envolvida neste processo é chamada de energia reativa indutiva.


Como o indutor ideal devolve integralmente a energia absorvida da fonte, há um custo de produção e
fornecimento associado, sem que essa quantidade de energia seja aproveitada para a realização de
trabalho elétrico efetivo e deve ser minimizada, sempre que possível.
Energia reativa indutiva é a quantidade de energia trocada entre a fonte e o indutor.
A quantidade de energia em joules (J) trocada pela fonte e o indutor ideal é dada por:
𝐿 ∙ 𝐼𝑝 2
𝐸𝑛 = = 𝐿 ∙ 𝐼𝑒𝑓 2
2
Onde 𝐿 é a indutância, em henry (H).
6

Tempo / Ângulo
0

-90 -45 0 45 90 135 180 225 270 315 360

-2

-4

-6
v(t) i(t) p(t)
Figura 7-7. Curvas de tensão, corrente e potência instantânea no indutor ideal.
Como a energia é o produto da potência pelo tempo, a energia reativa está relacionada à
chamada potência reativa, que corresponde ao segundo termo da equação geral ampliada da potência
instantânea:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Portanto, a potência reativa instantânea 𝑞(𝑡) é expressa por:
𝑞(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
A potência reativa 𝑸 envolvida no processo de troca de energia entre a fonte e o indutor é
definida como a amplitude (valor máximo) da potência reativa instantânea 𝑞(𝑡):
𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
A unidade de potência reativa é o volt-ampère-reativo (Var). O símbolo 𝑄 provém da relação
de quadratura (90o) em relação à potência ativa (𝑃), como será estudado na sequência.
Como no indutor 𝜙 = 90° e 𝑠𝑒𝑛90° = 1, então a potência reativa indutiva 𝑸𝑳 é:
𝑄𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
A potência reativa no indutor é um valor positivo. Por convenção, como a potência reativa é
positiva, considera-se que o indutor absorve potência reativa do circuito (embora essa potência seja
absorvida e devolvida ciclicamente).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 131

Utilizando a Lei de Ohm, a potência reativa no indutor pode ser expressa em termos da
reatância indutiva e da corrente eficaz:
𝑄𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑄𝐿 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓

𝑄𝐿 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝑒𝑓 2
Da mesma forma, a potência reativa no indutor também pode ser expressa em termos da
reatância indutiva e da tensão eficaz:
𝑄𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑉𝑒𝑓
𝑄𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∙
𝑋𝐿
𝑉𝑒𝑓 2
𝑄𝐿 =
𝑋𝐿

7.3.3. Potência no Capacitor Ideal

Seja a impedância genérica 𝑍 do circuito da Figura 7-4 composta por um capacitor ideal com
uma reatância capacitiva 𝑋𝑐 :
𝑍 = 𝑋𝑐
Então a tensão nos terminais da impedância estará atrasada 90° da corrente. Assim:
𝜙 = −90°
Substituindo na equação geral da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos(−90°) − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 − 90°)
2 2
Sendo cos( −90°) = 0, então o primeiro termo é anulado:
1
𝑝(𝑡) = − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 − 90°)
2
Como cos(∝ −90°) = +𝑠𝑒𝑛(𝛼), a potência instantânea no capacitor ideal é expressa por:
1
𝑝(𝑡) = − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
2
A potência instantânea no capacitor também pode expressa em termos dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = −𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
A potência instantânea no capacitor é uma senoide negativa com o dobro da frequência (2),
como ilustra a Figura 7-8, cujo valor máximo (pico) é determinado por:
1
𝑝𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 = 𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓
2
Uma vez que a curva resultante para a potência instantânea é simétrica ao eixo horizontal, a
potência média ou potência ativa no capacitor 𝑃𝑐 é nula:
𝑃𝑐 = 0

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 132

A área positiva da onda da potência no capacitor representa a energia que está sendo
armazenada no campo elétrico, enquanto a área negativa representa a energia que está sendo devolvida
pelo capacitor ao circuito. Esta sequência ocorre duas vezes a cada ciclo da tensão, onde a fonte apenas
troca energia com o capacitor e não há realização de trabalho efetivo. Portanto, como o fluxo líquido de
energia é nulo, um capacitor ideal não dissipa potência.
A potência média ou ativa no capacitor ideal é nula.
A quantidade de energia envolvida neste processo é chamada de energia reativa capacitiva.
Como o capacitor ideal devolve integralmente a energia absorvida da fonte, há um custo de produção e
fornecimento associado, sem que essa quantidade de energia seja aproveitada para a realização de
trabalho elétrico efetivo e deve ser minimizada, sempre que possível.
Energia reativa capacitiva é a quantidade de energia trocada entre a fonte e o capacitor.
A quantidade de energia em joules (J) trocada pela fonte e o capacitor ideal é dada por:
𝐶 ∙ 𝑉𝑝 2
𝐸𝑛 = = 𝐶 ∙ 𝑉𝑒𝑓 2
2
Onde 𝐶 é a capacitância, em farad (F).
6

Tempo / Ângulo
0

-90 -45 0 45 90 135 180 225 270 315 360

-2

-4

-6
v(t) i(t) p(t)
Figura 7-8. Curvas de tensão, corrente e potência instantânea no capacitor ideal.
Como energia é o produto da potência pelo tempo, a energia reativa está relacionada à chamada
potência reativa, que corresponde ao segundo termo da equação geral ampliada da potência instantânea:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Portanto, a potência reativa instantânea 𝑞(𝑡) é expressa por:
𝑞(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
A potência reativa 𝑸 envolvida no processo de troca de energia entre a fonte e o capacitor é
definida como a amplitude (valor máximo) da potência reativa instantânea 𝑞(𝑡):
𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
A unidade de potência reativa é o volt-ampère-reativo (Var). O símbolo 𝑄 provém da relação
de quadratura (90o) em relação à potência ativa (𝑃), como será estudado na sequência.
Como no capacitor 𝜙 = −90° e 𝑠𝑒𝑛(−90°) = −1, então a potência reativa capacitiva 𝑸𝑪 é
dada por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 133

𝑄𝑐 = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
A potência reativa no capacitor é um valor negativo. Por convenção, como a potência reativa
é negativa, considera-se que o capacitor fornece potência reativa para o circuito (embora essa potência
seja absorvida e devolvida ciclicamente).
Utilizando a Lei de Ohm, a potência reativa no capacitor pode ser expressa em termos da
reatância capacitiva e da corrente eficaz:
𝑄𝑐 = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑄𝑐 = −𝑋𝑐 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓

𝑄𝑐 = −𝑋𝑐 ∙ 𝐼𝑒𝑓 2
Da mesma forma, a potência reativa no capacitor também pode ser expressa em termos da
reatância capacitiva e da tensão eficaz:
𝑄𝑐 = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑉𝑒𝑓
𝑄𝑐 = −𝑉𝑒𝑓 ∙
𝑋𝑐
𝑉𝑒𝑓 2
𝑄𝑐 = −
𝑋𝑐

7.3.4. Potência na Impedância de um circuito misto

Seja a impedância genérica 𝑍 do circuito da Figura 7-4 composta por uma combinação
qualquer de elementos passivos (resistor, capacitor e indutor).
𝑍 = 𝑅 ± 𝑗𝑋 = |𝑍|∠𝜙
Então a tensão nos terminais da impedância estará defasada de um ângulo 𝜙 da corrente, onde
−90° ≤ 𝜙 ≤ 90°. Assim, a equação geral da potência instantânea é:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
O comportamento da potência instantânea depende do teor da carga, o qual é expresso pelo
ângulo de defasagem 𝜙.
A Figura 7-9 apresenta as curvas da tensão, corrente e potência instantânea para uma carga de
teor indutivo com ângulo de defasagem 𝜙 = +45°. A forma de onda da potência apresenta valores
instantâneos positivos e negativos ao longo de um período. Isso significa que há absorção e devolução
de energia (carga e descarga), o que representa a presença de elementos reativos (indutores) e, portanto,
fluxo de potência reativa no circuito. A forma de onda da potência instantânea possui uma parcela
positiva maior que a negativa. Como a forma de onda não é simétrica ao eixo horizontal, há um valor
médio que representa um fluxo de potência ativa da fonte para a carga, o que significa que há a presenta
de elementos resistivos dissipando energia no circuito.
De forma semelhante, a Figura 7-10 apresenta as curvas de tensão, corrente e potência
instantânea para uma carga de teor capacitivo com ângulo de defasagem 𝜙 = −45°. Nesse caso, a forma
de onda da potência instantânea também apresenta valores instantâneos positivos e negativos ao longo
de um período, devido ao fluxo de potência reativa decorrente da presença de elementos reativos
(capacitores). Como a forma de onda não é simétrica ao eixo horizontal, também há um valor médio que
representa o fluxo de potência ativa da fonte para a carga, devido à presença de elementos resistivos
dissipando energia no circuito.
Na carga mista há potência ativa e potência reativa

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 134

12

10

0 Tempo / Ângulo
-90 -45 0 45 90 135 180 225 270 315 360

-2

-4

v(t) i(t) p(t)


Figura 7-9. Tensão, corrente e potência instantânea numa carga com teor indutivo, 𝜙 = +45°.
12

10

0 Tempo / Ângulo
-90 -45 0 45 90 135 180 225 270 315 360
-2

-4

v(t) i(t) p(t)


Figura 7-10. Tensão, corrente e potência instantânea numa carga com teor capacitivo, 𝜙 = −45°.
Na Seção 7.1 foi deduzida a equação geral ampliada da potência instantânea 𝑝(𝑡):
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Na Seção 7.2 foi deduzida a expressão para a potência média ou potência ativa 𝑷:
𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
Nas Seções 7.3.2 e 7.3.3 foi deduzida a expressão para a potência reativa 𝑸:
𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Assim, equação geral ampliada da potência instantânea pode ser expressa por:
𝑝(𝑡) = 𝑃 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) + 𝑄 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 135

O primeiro termo da equação ampliada da potência instantânea expressa o comportamento da


potência ativa e o segundo termo expressa o comportamento da potência reativa de uma carga com
impedância genérica 𝑍.
Para cargas puramente resistivas (𝜙 = 0°), não há potência reativa (𝑄 = 0):
𝑝𝑅 (𝑡) = 𝑃 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡))
Para cargas puramente indutivas (𝜙 = +90°), não há potência ativa (𝑃 = 0):
𝑝𝐿 (𝑡) = 𝑄 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
Para cargas puramente capacitivas (𝜙 = −90°), não há potência ativa (𝑃 = 0):
𝑝𝑐 (𝑡) = −𝑄 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
Para cargas mistas (−90° ≤ 𝜙 ≤ +90°), há potência ativa e reativa:
𝑝(𝑡) = 𝑃 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) + 𝑄 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)

7.4. POTÊNCIA APARENTE E TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS


A potência aparente (𝑆) é definida como o produto da tensão eficaz (𝑉𝑒𝑓 ) pela corrente eficaz
(𝐼𝑒𝑓 ):
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
A unidade da potência aparente é o volt-ampère (VA).
Embora o produto da tensão eficaz pela corrente eficaz não represente a potência ativa
efetivamente dissipada em alguns casos, a potência aparente é importante para o dimensionamento e
operação dos circuitos e equipamentos elétricos. Quando a carga possui elementos reativos, a fonte deve
suprir a corrente necessária fornecer tanto a potência ativa como a potência reativa necessárias. Quando
um sistema elétrico não é capaz de atender à demanda de potência reativa necessária, pode haver uma
queda substancial nos níveis de tensão e levar a um colapso na operação.
Geralmente os equipamentos elétricos são especificados em termos de sua potência aparente
(VA ou kVA). Dada a especificação de potência aparente e de tensão eficaz, pode-se determinar a
especificação de corrente eficaz máxima.

Exemplo 7-1. Um condutor elétrico tem capacidade de corrente eficaz de até 25 𝐴. Considerando que
esse condutor será utilizado para acionar uma carga em tensão eficaz de 220 𝑉, determine a potência
aparente máxima dessa carga.
Solução: A potência aparente máxima é determinada pelo produto da tensão eficaz pela corrente eficaz:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑆 = 220 ∙ 25 = 5500 𝑉𝐴 = 5,5 𝑘𝑉𝐴

Exemplo 7-2. Um transformador com tensão eficaz de entrada de 220 𝑉 e tensão eficaz de saída de
110 𝑉 apresenta uma capacidade de potência aparente nominal de 500 𝑉𝐴. Desconsiderando as perdas,
determine a máxima corrente eficaz admissível no primário (entrada) e no secundário (saída).
Solução: A tensão eficaz no primário é 220 𝑉. Para uma potência aparente de 500 𝑉𝐴 a corrente eficaz
no primário 𝐼𝑒𝑓𝑝 é determinada por:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 136

𝑆 500
𝐼𝑒𝑓𝑝 = = = 2,27 𝐴
𝑉𝑒𝑓𝑝 220
A tensão eficaz no secundário é 110 𝑉. Para uma potência aparente de 500 𝑉𝐴 a corrente
eficaz no secundário 𝐼𝑒𝑓𝑠 é determinada por:
𝑆 500
𝐼𝑒𝑓𝑠 = = = 4,54 𝐴
𝑉𝑒𝑓𝑝 110

7.4.1. Triângulo de Potências

A potência aparente 𝑆 é definida pelo produto da tensão eficaz pela corrente eficaz:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
A potência ativa 𝑃 é expressa por:
𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
Então, a potência ativa pode ser expressa em termos da potência aparente:
𝑃 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
Matematicamente:
𝑃
𝑐𝑜𝑠 𝜙 =
𝑆
Como o cosseno é a relação entre o cateto adjacente e a hipotenusa de um triângulo retângulo,
então na equação acima a potência ativa é o cateto adjacente e a potência aparente é a hipotenusa desse
triângulo retângulo.
A potência reativa 𝑄 é expressa por:
𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Então, a potência reativa também pode ser expressa em termos da potência aparente:
𝑄 = 𝑆 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Matematicamente:
𝑄
𝑠𝑒𝑛 𝜙 =
𝑆
Como o seno é a relação entre o cateto oposto e a hipotenusa de um triângulo retângulo, então
na equação acima a potência reativa é o cateto oposto e a potência aparente é a hipotenusa do triângulo.
Portanto, as potências ativa, reativa e aparente de um circuito em corrente alternada formam
um triângulo retângulo, chamado de triângulo de potências, onde o ângulo é representado pelo ângulo
𝜙 da defasagem entre a tensão e a corrente, como ilustra a Figura 7-11. Se o circuito apresenta teor
indutivo, o ângulo 𝜙 é positivo e o triângulo de potências é para cima, como ilustra a Figura 7-11(a). Se
o circuito apresenta teor capacitivo, o ângulo 𝜙 é negativo e o triângulo de potências é para baixo, como
ilustra a Figura 7-11(b).
No triângulo de potências a hipotenusa é a potência aparente, o cateto adjacente é a potência ativa, o
cateto oposto é a potência reativa e o ângulo é a defasagem entre a tensão e a corrente.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 137

Potência Ativa (P)


Potência
Aparente 
(S) Potência Potência
Reativa Potência Reativa
Indutiva Aparente Capacitiva
 (+QL) (S) (-QC)

Potência Ativa (P)


(a) (b)
Figura 7-11. Triângulo de Potências: (a) teor indutivo; (b) teor capacitivo.
Da relação trigonométrica:
𝑠𝑒𝑛2 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙 = 1
Substituindo:
𝑄 2 𝑃 2
( ) +( ) =1
𝑆 𝑆
𝑄 2 + 𝑃2
=1
𝑆2
𝑄 2 + 𝑃2 = 𝑆 2
Portanto, as potências ativa, reativa e aparente se relacionam pelo Teorema de Pitágoras:
𝑆 2 = 𝑃2 + 𝑄 2
Como a potência ativa e a potência reativa são perpendiculares entre si, a potência aparente
pode ser expressa como uma soma vetorial da potência ativa com a potência reativa:

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2
O posicionamento em quadratura (deslocamento de 90o) entre a potência ativa 𝑃 e a potência
reativa 𝑄, justifica a letra utilizada para sua simbologia. Por essa razão, a potência reativa também é
conhecida como Potência de Quadratura.

7.4.2. Composição de potências

Quando há uma composição de diversas cargas em um mesmo circuito, as potências devem


ser totalizadas por meio de somas vetoriais. Nos triângulos de potências, as potências ativas são catetos
adjacentes sempre horizontais e positivos. Portanto as potências ativas podem ser somadas diretamente:
𝑛

𝑃𝑡 = ∑ 𝑃𝑖
𝑖=1

As potências reativas são catetos opostos sempre verticais e podem ser positivos (cargas
indutivas) ou negativos (cargas capacitivas). Portanto, as potências reativas são somadas algebricamente
considerando-se os seus respectivos sinais:
𝑛

𝑄𝑡 = ∑ ±𝑄𝑖
𝑖=1

As potências aparentes são hipotenusas e podem ter inclinações diferentes de acordo com a
composição de cada carga. Portanto as potências aparentes devem ser totalizadas a partir da potência
ativa total e da potência reativa total por meio do Teorema de Pitágoras.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 138

𝑆𝑡 = √𝑃𝑡2 + 𝑄𝑡2

As potências aparentes somente podem ser somadas diretamente se possuírem o mesmo ângulo
de defasagem 𝜙.

Exemplo 7-3. Um circuito elétrico é composto por três cargas. A primeira carga possui teor indutivo,
cuja potência ativa é 300 W e a potência reativa indutiva é 300 Var. A segunda carga possui teor
capacitivo, cuja potência ativa é 200 W e a potência reativa capacitiva é 100 Var. A terceira carga possui
teor resistivo com potência de 100 W. Totalize as potências do circuito e determine o triângulo de
potências resultante.
Solução: As potências ativas podem ser somadas diretamente:
𝑃𝑡 = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3 = 300 + 200 + 100 = 600 𝑊
Como a primeira carga possui teor indutivo, a potência reativa é positiva. A segunda carga
possui potência reativa negativa, pois o teor é capacitivo. A terceira carga é resistiva e não possui
potência reativa. Portanto, totalizando:
𝑄𝑡 = 𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 = 300 − 100 + 0 = 200 𝑉𝑎𝑟
A potência aparente é totalizada pela soma vetorial das potências ativa e reativa, utilizando-se
o Teorema de Pitágoras:

𝑆𝑡 = √𝑃𝑡2 + 𝑄𝑡2 = √6002 + 2002 = 632,46 𝑉𝐴

A Figura 7-12 apresenta a composição das potências e o triângulo de potências resultante para
a totalização das cargas.

𝑄1
𝑆𝑡 𝑆𝑡
𝑄𝑡 𝑄𝑡

𝜙1
𝑃1 𝑃2 𝑃3 𝜙𝑡
𝜙2 𝑃𝑡 𝑃𝑡
𝑄2 ©fm

Figura 7-12. Triângulo de potências para o Exemplo 7-3.

7.5. POTÊNCIA COMPLEXA


Como as potências se relacionam de forma trigonométrica, o triângulo de potências pode ser
traçado no plano cartesiano complexo, como ilustra a Figura 7-13. Dessa forma, a potência ativa 𝑃 está
sobre o eixo horizontal e, portanto, é um número real positivo. A potência reativa 𝑄 está no eixo vertical
e, portanto, é um número imaginário positivo ou negativo, conforme o teor da carga. A potência aparente
𝑆 é a soma vetorial das potências ativa e reativa e representa um ponto no plano cartesiano complexo.
Portanto, a potência aparente 𝑆̇ é um número complexo que pode ser expresso na forma polar ou
retangular:
𝑆̇ = |𝑆|∠ ± 𝜙 = 𝑃 ± 𝑗𝑄

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 139

𝐼𝑚 𝑆̇

+𝑄 +𝑄
𝑆

+𝜙 𝑃 𝑅𝑒
−𝜙

𝑆
−𝑄 −𝑄
𝑆̇ ©fm

Figura 7-13. Triângulo de potências no plano cartesiano complexo.


Como a potência aparente é definida pelo produto da tensão eficaz pela corrente eficaz, a
potência aparente complexa 𝑺̇ pode ser expressa pelo produto da tensão complexa 𝑉̇ (fasor tensão)
pela corrente complexa conjugada 𝐼 ∗̇ (fasor corrente conjugado):
𝑆̇ = 𝑉̇ ∙ 𝐼 ∗̇
O uso do conjugado complexo do fasor corrente é necessário para que o produto fasorial da
tensão pela corrente a soma dos ângulos de fase representem o ângulo de defasagem 𝜙.
A potência aparente complexa é o produto do fasor tensão pelo conjugado complexo do fasor corrente.
Dessa forma, as operações matemáticas com os números complexos permitem fazer os
cálculos para obtenção e composição das potências ativas, reativas e aparentes nos circuitos elétricos de
corrente alternada.

7.6. ENERGIA ELÉTRICA


A energia elétrica 𝜔 é a integração da potência instantânea 𝑝(𝑡) ao longo de um intervalo de
tempo 𝑇. Matematicamente:
𝑇
𝜔 = ∫ 𝑝(𝑡). 𝑑𝑡
𝑡0

De forma mais genérica, a energia elétrica média 𝐸𝑛 é o produto da potência média 𝑃 pelo
intervalo de tempo ∆𝑡:
𝐸𝑛 = 𝑃 ∙ ∆𝑡
Como em corrente alternada há três tipos de potência, então também há três tipos de energia.
A energia ativa 𝑬𝒏𝑷 é o produto da potência ativa 𝑃 pelo intervalo de tempo ∆𝑡, cuja unidade
usual é o quilowatt-hora (kWh):
𝐸𝑛𝑃 = 𝑃 ∙ ∆𝑡
A energia reativa 𝑬𝒏𝑸 é o produto da potência reativa 𝑄 pelo intervalo de tempo ∆𝑡, cuja
unidade usual é o quilovolt-ampère-reativo-hora (kvarh):
𝐸𝑛𝑄 = 𝑄 ∙ ∆𝑡
A energia aparente 𝑬𝒏𝑺 é o produto da potência aparente 𝑆 pelo intervalo de tempo ∆𝑡, cuja
unidade usual é o quilovolt-ampère-hora (kVAh):
𝐸𝑛𝑆 = 𝑆 ∙ ∆𝑡

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 140

Atualmente no Brasil, apenas a energia ativa é medida e tarifada nas unidades consumidoras
residenciais. Nos consumidores industriais, comerciais e institucionais de maior porte há várias classes
tarifárias e, em geral, a energia ativa e a energia aparente são medidas. A demanda de potência, que é a
quantidade de potência de pico também é tarifada em alguns consumidores.

7.7. FATOR DE POTÊNCIA


O Fator de Potência de uma carga ou circuito é definido como a relação entre a potência ativa
e a potência aparente.
O fator de potência é a relação entre a potência ativa e a potência aparente.
No triângulo de potências da Figura 7-13, a relação entre a potência ativa 𝑃 e a potência
aparente 𝑆 é uma relação entre o cateto adjascente e a hipotenusa do triângulo retângulo e corresponde
ao cosseno do ângulo 𝜙, que é a defasagem entre a tensão e a corrente na carga ou no circuito. Portanto:
𝑃
𝐹𝑃 = = 𝑐𝑜𝑠𝜙
𝑆
Observação: O 𝑐𝑜𝑠𝜙 é conhecido como fator de deslocamento e somente é igual ao fator de potência
nos circuitos submetidos a tensões e correntes puramente senoidais. Quando a forma de onda não for
senoidal, os dois fatores devem ser analisados separadamente.
O fator de potência é um número adimensional entre 0 e 1 e representa uma medida da
eficiência energética de uma carga, circuito ou instalação elétrica. Quando o fator de potência é alto
(mais próximo de 1), a maior parte da potência é ativa, que é aquela que produz trabalho útil. Quando o
fator de potência é baixo (mais próximo de 0), a maior parte da potência é reativa, que é absorvida e
devolvida para a fonte de energia e não realiza trabalho útil.
O fator de potência representa uma medida da eficiência energética.
Nas cargas puramente resistivas a potência aparente é igual à potência ativa e a defasagem
entre tensão e corrente é nula. Portanto, o fator de potência é unitário:
𝑃 𝑃
𝐹𝑃 =
= =1
𝑆 𝑃
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 𝑐𝑜𝑠0° = 1
Nas cargas puramente indutivas ou capacitivas a potência aparente é igual à potência reativa e
a potência ativa é nula. A tensão está defasada de ±90° da corrente. Portanto, o fator de potência é nulo:
𝑃 0
𝐹𝑃 =
= =0
𝑆 𝑆
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 𝑐𝑜𝑠 ± 90° = 0
A análise da potência reativa tem grande importância, pois tanto para os elementos indutivos
como capacitivos a energia elétrica deve ser suprida para o seu processo de carregamento e deve ser
reabsorvida durante o processo de descarga. Porém, para manter esse fluxo de energia elétrica outras
formas de energia primária foram utilizadas no processo de geração, como por exemplo, a queima de
carvão, óleo ou outros combustíveis nas usinas termoelétricas, turbinamento da água dos reservatórios
das usinas hidroelétricas, reação nuclear nas usinas atômicas, uso dos ventos nas usinas eólicas etc.
Porém, quando a energia elétrica é devolvida pelos elementos reativos, ela não retorna à sua forma
original e isso representa perdas energéticas e financeiras. Além disso, o fluxo de suprimento e
reabsorção da energia reativa sobrecarrega desnecessariamente a capacidade das instalações e sistemas
elétricos. Os custos associados a esses problemas são repassados pelas empresas aos consumidores. Os
consumidores do Grupo B, segundo a classificação da ANEEL8 (não residenciais) são obrigados a pagar

8
ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 141

por essa demanda de energia reativa, além do consumo da energia ativa, pois utilizam muitas cargas
compostas por equipamentos reativos (motores, transformadores, reatores de lâmpadas, fontes
eletrônicas, fornos de indução para fusão de metais etc.).
Para o consumidor, um fator de potência baixo também causa problemas como aumento das
perdas elétricas internas da instalação, quedas de tensão, sobreaquecimento de condutores, menor
aproveitamento da capacidade de transformadores etc.
Portanto, o fator de potência de uma instalação elétrica deve ser o mais alto possível. A
resolução 569/2013 da ANEEL9 estabelece o fator de potência mínimo de 0,92 para as unidades
consumidoras industriais, comerciais ou institucionais. Caso esse fator de potência mínimo não seja
atendido, a concessionária de energia elétrica automaticamente aplica multas ao consumidor. Essas
multas são acréscimos 𝐴$ cobrados no valor da fatura de energia elétrica 𝐹$ que calculados em função
do fator de potência medido na instalação elétrica do consumidor:
0,92
𝐴$ = 𝐹$ ∙ ( − 1)
𝐹𝑃
Para que o fator de potência de uma unidade consumidora esteja de acordo com as exigências,
é necessária a correção do fator de potência (Seção 7.8). A forma mais simples e prática para correção
do fator de potência é através da instalação de capacitores em paralelo com as cargas indutivas para
compensar a demanda de potência reativa indutiva. Os capacitores absorvem a energia dos indutores
num ciclo e devolvendo-a no ciclo seguinte, liberando a necessidade do fornecimento pelo sistema da
concessionária.

Exemplo 7-4. A carga de um circuito elétrico apresenta uma corrente eficaz de 20 𝐴, atrasada 45° da
tensão aplicada 𝑣(𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡)𝑉. Determine:
a) A impedância da carga;
b) A potência aparente, ativa e reativa da carga;
c) O triângulo de potências e o fator de potência do circuito.
Solução: A impedância equivalente da carga pode ser obtida pela relação entre os fasores tensão e
corrente. Como a corrente está atrasada o seu ângulo de fase é negativo. Assim:
𝑉̇ 220∠0°
𝑍̇ = = = 11∠45° = 7,78 + 𝑗7,78 Ω
𝐼 ̇ 20∠ − 45°
Como o ângulo da impedância é positivo, a carga apresenta teor indutivo.
A potência aparente é calculada pelo produto da tensão eficaz pela corrente eficaz:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 = 220 ∙ 20 = 4400 𝑉𝐴 = 4,4 𝑘𝑉𝐴
A potência ativa é determinada por:
𝑃 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 4400 ∙ 𝑐𝑜𝑠45° = 3111,27 𝑊
A potência reativa é determinada por:
𝑄 = 𝑆 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙 = 4400 ∙ 𝑠𝑒𝑛45° = 3111,27 𝑉𝑎𝑟
O fator de potência é obtido pela relação entre a potência ativa e a potência aparente:
𝑃 3111,27
𝐹𝑃 = = = 0,71
𝑆 4400
O fator de potência também pode ser obtido pelo cosseno do ângulo de defasagem 𝜙:

9
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2013569.pdf

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 142

𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 𝑐𝑜𝑠45° = 0,71


O triângulo de potências resultante é apresentado na Figura 7-14.

S=4400VA
Q=3111,27VAr

=45
o

P=3111,27W
Figura 7-14. Triângulo de potências para o Exemplo 7-4.

Exemplo 7-5. Analise as potências das cargas do circuito da Figura 7-15 e determine o triângulo de
potências resultante, o fator de potência total e a corrente fornecida pela fonte para a tensão de 220 𝑉.

VF = 2200oV Carga 3
0VAr
Carga 1 Carga 2
500W
~ 1000Var(C)
300W
600Var(L)
1000W
Carga 4
1500Var(L)
200W

Figura 7-15. Composição de cargas para o Exemplo 7-5.


Solução: A potência aparente de cada carga é determinada pelo Teorema de Pitágoras:

𝑆1 = √𝑃12 + 𝑄12 = √3002 + 10002 = 1044,03 𝑉𝐴 = 1,04 𝑘𝑉𝐴

𝑆2 = √𝑃22 + 𝑄22 = √10002 + 6002 = 1166,19 𝑉𝐴 = 1,17 𝑘𝑉𝐴

𝑆3 = √𝑃32 + 𝑄32 = √5002 + 02 = 500 𝑉𝐴 = 0,5 𝑘𝑉𝐴

𝑆4 = √𝑃42 + 𝑄42 = √2002 + 15002 = 1513,27 𝑉𝐴 = 1,51 𝑘𝑉𝐴

O ângulo 𝜙 das cargas pode ser determinado pela função inversa do cosseno (arco cosseno):
𝑃 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙
𝑃
𝜙 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( )
𝑆
𝑃1 300
𝜙1 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 73,30°
𝑆1 1044,03
𝑃2 1000
𝜙2 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 30,96°
𝑆2 1166,19
𝑃3 500
𝜙3 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 0°
𝑆3 500
𝑃4 200
𝜙4 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 82,41°
𝑆4 1513,27

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 143

Para a composição das cargas, a potência ativa total do circuito pode ser obtida pela soma
direta das potências ativas de cada carga:
𝑃𝑡 = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3 + 𝑃4 = 300 + 1000 + 500 + 200 = 2000 𝑊 = 2 𝑘𝑊
Essa potência ativa total representa a potência utilizada para a realização de trabalho útil pelas
cargas.
A potência reativa total pode ser obtida pela soma algébrica das potências reativas de cada
carga, considerando os respectivos sinais em função do teor indutivo ou capacitivo:
𝑄𝑡 = 𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 + 𝑄4 = −1000 + 600 + 0 + 1500 = 1100 𝑉𝑎𝑟 = 1,1 𝑘𝑉𝑎𝑟
A potência reativa total representa a potência que a fonte está trocando com as cargas de teor
reativo.
A potência aparente total deve ser obtida pelo Teorema de Pitágoras:

𝑆𝑡 = √𝑃𝑡2 + 𝑄𝑡2 = √20002 + 11002 = 2282,5 𝑉𝐴 = 2,28 𝑘𝑉𝐴

Esta é a potência aparente total na fonte e representa a capacidade elétrica utilizada.


O ângulo 𝜙𝑡 relativo à totalização das cargas pode ser determinado pela função inversa do
cosseno (arcocosseno):
𝑃𝑡 2000
𝜙𝑡 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 28,81°
𝑆𝑡 2282,5
O ângulo 𝜙𝑡 representa a defasagem entre a tensão e a corrente na fonte do circuito. Como o
ângulo resultante é positivo, o teor é indutivo e a tensão está adiantada 28,81° da corrente.
A potência complexa na forma polar é expressa pelo módulo da potência aparente total 𝑆𝑡 e
pelo ângulo de defasagem 𝜙𝑡 :
𝑆𝑡̇ = 𝑆𝑡 ∠±𝜙𝑡 = 2282,5∠28,81° 𝑉𝐴 = 2,28∠28,81° 𝑘𝑉𝐴
Na forma retangular, a potência complexa é expressa pela soma algébrica da potência ativa
real com a potência reativa imaginária:
𝑆𝑡̇ = 𝑃 ± 𝑗𝑄 = 2000 + 𝑗1100 𝑉𝐴 = 2 + 𝑗1,1 𝑘𝑉𝐴
A Figura 7-16 apresenta a composição das cargas e o triângulo de potência resultante.
O fator de potência resultante é obtido pela relação entre a potência ativa e a potência aparente:
𝑃𝑡 2000
𝐹𝑃𝑡 = = = 0,88
𝑆𝑡 2282,5
O fator de potência também pode ser obtido pelo cosseno do ângulo de defasagem 𝜙:
𝐹𝑃𝑡 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑡 = 𝑐𝑜𝑠28,81° = 0,88
Esse fator de potência significa que 88% de toda a potência aparente é potência ativa utilizada
na realização de trabalho útil.
A corrente eficaz na fonte é obtida pela relação entre a potência aparente total e a tensão eficaz
aplicada:
𝑆 2282,5
𝐼𝑒𝑓 = = = 10,38 𝐴
𝑉𝑒𝑓 220
A corrente eficaz também pode ser obtida pela potência complexa:
𝑆𝑡̇ = 𝑉̇ ∙ 𝐼 ∗̇

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 144

𝑆𝑡̇ 2282,5∠28,81°
𝐼 ∗̇ = = = 10,38∠28,81°
𝑉̇ 220∠0°
Como a corrente está expressa pelo conjugado complexo, voltando para a forma normal:
𝐼 ̇ = 10,38∠ − 28,81° 𝐴
O sinal negativa indica que a corrente está atrasada da tensão, pois o teor resultante é indutivo.

𝑆4 𝑄4

𝑆𝑡
𝑄𝑡

𝑄2
𝑆2

𝜙𝑡 𝜙4
𝑃1 𝜙2 𝑃2 𝑃3 𝑃4

𝜙1 𝑆3 𝑃𝑡

©fm

𝑆1 𝑄1

Figura 7-16. Composição das cargas e triângulo de potência resultante para o Exemplo 7-5.

Exemplo 7-6. Para o circuito misto da Figura 7-17, determine:


a) a impedância equivalente e ângulo de defasagem entre tensão e corrente na fonte;
b) o fasor corrente fornecido na fonte;
c) a potência aparente do circuito;
d) o triângulo de potências e fator de potência resultante;
e) a potência em cada elemento.
Solução: Como o circuito da Figura 7-17 é um circuito CA série, a impedância equivalente é obtida pela
soma das impedâncias dos elementos:
𝑍𝑒𝑞 = 𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍3 = 𝑅 + 𝑋𝑐 + 𝑋𝐿 = 40 + (−𝑗20) + 𝑗50 = 40 + 𝑗30
Na forma polar o valor da impedância equivalente é:
𝑍𝑒𝑞 = 50∠36,87° Ω
O ângulo de defasagem é o ângulo da impedância equivalente, portanto 𝜙 = 36,87°.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 145

R = 40

V = 2200o V XC = -j20
~
XL = +j50

Figura 7-17. Circuito misto para o Exemplo 7-6.


A corrente fornecida pela fonte é a relação entre o fasor tensão e a impedância equivalente:
𝑉𝑓̇ 220∠0°
𝐼𝑓̇ = = = 4,4∠ − 36,87° 𝐴
𝑍𝑒𝑞 50∠36,87°
A potência aparente na fonte é o produto da tensão eficaz pela corrente eficaz:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 = 220 ∙ 4,4 = 968 𝑉𝐴
A potência ativa é determinada por:
𝑃 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 968 ∙ 𝑐𝑜𝑠36,87° = 774,4 𝑊
A potência reativa é determinada por:
𝑄 = 𝑆 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙 = 968 ∙ 𝑠𝑒𝑛36,87° = 580,8 𝑉𝑎𝑟
As potências também podem ser obtidas a partir da potência complexa:
𝑆̇ = 𝑉̇ ∙ 𝐼 ∗̇ = (220∠0°) ∙ (4,4∠ + 36,87° ) = 968∠36,87° 𝑉𝐴
𝑆̇ = 𝑆∠ ± 𝜙 = 968∠36,87° 𝑉𝐴
A potência complexa na forma retangular fornece os valores das potências ativa e reativa:
𝑆̇ = 𝑃 ± 𝑗𝑄 = 774,4 + 𝑗580,8 𝑉𝐴
O triângulo de impedâncias resultante é apresentado na área hachurada da Figura 7-18.
O fator de potência é obtido pela relação entre a potência ativa e a potência aparente:
𝑃 774,4
𝐹𝑃 =
= = 0,8
𝑆 968
O fator de potência também pode ser obtido pelo cosseno do ângulo de defasagem:
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 𝑐𝑜𝑠36,87° = 0,8
Como o circuito é uma associação serie, todos os elementos são percorridos pela mesma
corrente fornecida pela fonte.
Nos resistores só há potência ativa. Portanto, a potência reativa é nula e a potência aparente é
igual à potência ativa:
𝑃𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑅2 = 40 ∙ 4,42 = 774,4 𝑊
𝑄𝑅 = 0 𝑉𝑎𝑟
𝑆𝑅 = 774,4 𝑉𝐴
Nos capacitores só há potência reativa negativa. Portanto, a potência ativa é nula e a potência
aparente é igual à potência reativa:
𝑃𝑐 = 0 𝑊
𝑄𝑐 = −|𝑋𝑐 | ∙ 𝐼𝑐2 = −20 ∙ 4,42 = −387,2 𝑉𝑎𝑟
𝑆𝑐 = 387,2 𝑉𝐴

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 146

Nos indutores só há potência reativa positiva. Portanto, a potência ativa é nula e a potência
aparente é igual à potência reativa:
𝑃𝐿 = 0 𝑊
𝑄𝐿 = |𝑋𝐿 | ∙ 𝐼𝐿2 = 50 ∙ 4,42 = 968 𝑉𝑎𝑟
𝑆𝐿 = 968 𝑉𝐴
A potência reativa líquida é a diferença entre a potência reativa indutiva e a capacitiva:
𝑄𝑡 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑐 = 968 − 387,2 = 580,8 𝑉𝑎𝑟

𝑄𝐿 = 968 𝑉𝑎𝑟

𝑆𝑡 = 968 𝑉𝐴 𝑄𝑡 = 580,8 𝑉𝑎𝑟

𝜙 = 36,87°
𝑃𝑡 = 774,4 𝑊

𝑄𝑐 = −387,2 𝑉𝑎𝑟

©fm

Figura 7-18. Composição das cargas e triângulo de potência para o Exemplo 7-6.

7.8. CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA:


A maioria das cargas das instalações elétricas industriais, comerciais e institucionais,
apresentam forte característica indutiva. Isto se deve, principalmente, ao acionamento de motores,
lâmpadas fluorescentes e equipamentos eletrônicos. É inevitável, então, a solicitação de uma grande
quantidade de energia reativa da rede de alimentação, o que provoca um baixo fator de potência nessas
instalações elétricas. Essa energia reativa é constantemente trocada entre a fonte e a carga, provocando
sobrecarga nos condutores e perdas de energia no sistema de transmissão e distribuição, além do
aumento dos custos de geração.
Para minimizar este problema, a energia reativa solicitada da rede de alimentação deve ser
reduzida através do processo conhecido por Correção do Fator de Potência. Atualmente as normas
brasileiras10 exigem que as unidades consumidoras industriais, comerciais e institucionais apresentem
um fator de potência superior a 0,92, estando sujeitas a multas e sobre tarifação se este valor não for
atingido (Seção 7.7). As instalações elétricas residenciais e as industriais, comerciais e institucionais de
pequeno porte ainda não se enquadram nessa exigência.
A maneira tradicional e ainda a mais econômica para a correção do fator de potência é a
inclusão de capacitores para a compensação da energia reativa indutiva. Esses capacitores são
conectados em paralelo com as cargas ou na entrada da instalação elétrica e constituem os chamados
bancos de capacitores para correção do fator de potência.

10
Segundo a Resolução n° 569 de 2013 da ANEEL.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 147

O projeto de circuitos elétricos depende muito da intensidade da corrente elétrica nas cargas
para o dimensionamento dos condutores e dos dispositivos de proteção (fusíveis, disjuntores etc.).
Correntes muito intensas aumentam as perdas de energia por aquecimento (efeito Joule), reduzem sua
vida útil, exigem condutores de maior bitola e equipamentos de maior capacidade e demandam maior
infraestrutura dos sistemas geração, transmissão e distribuição de energia, o que implica aumento de
custos e investimentos.
Portanto, esforços devem ser feitos no sentido de manter a corrente nas instalações elétricas
nos menores níveis possíveis. Como a tensão eficaz é um valor constante mantido pela concessionária,
a capacidade de potência aparente está diretamente relacionada com os níveis de corrente:
𝑆𝑡
𝐼𝑒𝑓 =
𝑉𝑒𝑓
Assim, quanto menor a potência aparente total de uma carga ou instalação elétrica, menores
os níveis de corrente nos condutores do circuito. O menor valor de potência aparente ocorre quando a
potência reativa for nula. Nesse caso, há somente potência ativa. A Figura 7-19 mostra que, quanto
menores os níveis de potência reativa, menor a demanda de potência aparente e, portanto, menor a
corrente na instalação elétrica.

𝑆𝑖
𝑄𝑖
𝐹𝑃𝑖 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖
𝐹𝑃𝑓 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑓

𝑄𝑐
𝑆𝑓

𝜙𝑖 𝑄𝑓
𝜙𝑓
𝑃𝑖 = 𝑃𝑓
©fm

Figura 7-19. Correção do Fator de Potência.


O objetivo do processo de correção do fator de potência é reduzir a potência reativa da
instalação elétrica, de forma que o fator de potência final esteja no nível requerido. A potência ativa não
deve ser alterada, pois é aquela que produz o trabalho útil desejado. Para aumentar o fator de potência,
o ângulo do triângulo de potências deve ser reduzido, como ilustra a Figura 7-19. Para tanto, a potência
reativa indutiva inicial 𝑄𝑖 deve ser reduzida por um valor de potência reativa capacitiva 𝑄𝑐 tal que a
potência reativa final 𝑄𝑓 , juntamente com a potência ativa 𝑃, formem um novo triângulo de potências
cujo cosseno do ângulo 𝜙𝑓 corresponda ao fator de potência desejado. Assim, a potência reativa
capacitiva a ser suprida pelos capacitores de correção do fator de potência é dada por:
𝑄𝑐 = 𝑄𝑖 − 𝑄𝑓
A potência reativa indutiva final desejada é função do ângulo 𝜙𝑓 do fator de potência desejado
e da potência aparente resultante final 𝑆𝑓 após a correção:
𝑄𝑓 = 𝑆𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙𝑓
O ângulo final 𝜙𝑓 é função do fator de potência desejado 𝐹𝑃𝑓 após a correção:
𝜙𝑓 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (𝐹𝑃𝑓 )
Como a potência reativa capacitiva pode ser determinada por:
2 2
𝑉𝑒𝑓 𝑉𝑒𝑓 2
𝑄𝑐 = = = 𝜔𝐶𝑉𝑒𝑓
|𝑋𝑐 | 1
𝜔𝐶

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 148

Onde 𝜔 = 2𝜋𝑓.
Então a capacitância necessária para correção do fator de potência é determinada por:
𝑄𝑐
𝐶= 2
2𝜋𝑓𝑉𝑒𝑓

A correção do fator de potência é, portanto, o processo no qual se introduz elementos


reativos no circuito para tornar o fator de potência o mais alto possível. Como a maioria das cargas
apresenta teor indutivo, o processo normalmente é feito com a inclusão de elementos capacitivos para
compensar (reduzir) a potência reativa total do circuito. Esses elementos geralmente são capacitores que
são conectados em paralelo com a carga, de tal forma que, tanto a carga como os capacitores são
alimentados pela mesma tensão. O processo de correção do fator de potência deve, portanto, determinar
o valor da capacitância dos capacitores do Banco de Capacitores para a compensação da energia reativa.

Exemplo 7-7. Um motor elétrico de 10 𝐶𝑉 de potência mecânica, cujo fator de potência é 0,75 e
rendimento de 90 % é alimentado com tensão eficaz de 220 𝑉 em 60 . Determine:
a) o triângulo de potência para a condição operacional deste motor;
b) o capacitor ideal a ser conectado em paralelo ao motor para elevar o fator de potência para 0,92;
c) a corrente elétrica antes e após a correção do fator de potência.
Solução: Sabendo que 1 𝐶𝑉 = 736 𝑊, o motor disponibiliza em seu eixo uma potência mecânica de:
𝑃𝑚𝑒𝑐 = 10 ∙ 736 = 7360 𝑊
Como o rendimento do motor é 90 %, significa que há perdas elétricas, magnéticas e
mecânicas. Então para o motor disponibilizar os 7360 𝑊 de potência mecânica no eixo (𝑃𝑚 ), a potência
elétrica ativa (𝑃𝑒 ) exigida da fonte será função da relação de rendimento 𝜂:
𝑃𝑚
𝜂% = ∙ 100
𝑃𝑒
Assim:
𝑃𝑚 7360
𝑃𝑒 = ∙ 100 = ∙ 100 = 8177,8 𝑊
𝜂% 90
Como o fator de potência é o cosseno do ângulo de defasagem (𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜙), a potência
aparente para a condição inicial pode ser obtida a partir da equação da potência ativa inicial:
𝑃𝑖 = 𝑆𝑖 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖
Então:
𝑃𝑖 8177,8
𝑆𝑖 = = = 10903,7 𝑉𝐴
𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖 0,75
O ângulo de defasagem para a condição inicial pode ser obtido pelo arco-cosseno:
𝐹𝑃𝑖 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖
𝜙𝑖 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (𝐹𝑃𝑖 ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,75) = 41,41°
A potência reativa indutiva para a condição inicial pode ser determinada por:
𝑄𝑖 = 𝑆𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙𝑖 = 10903,7 ∙ 𝑠𝑒𝑛(41,41°) = 7212,1 𝑉𝑎𝑟
Com as potências ativa, reativa e aparente iniciais, o triângulo de potências para a condição
inicial é ilustrado na Figura 7-20(a).
Como o fator de potência deve ser corrigido para 0,92 o ângulo final é determinado por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 149

𝐹𝑃𝑓 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑓
𝜙𝑓 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (𝐹𝑃𝑓 ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,92) = 23,07°
Após a correção, a potência ativa final deve ser a mesma potência ativa inicial:
𝑃𝑓 = 𝑃𝑖 = 8177,8 𝑊
Então, a potência aparente final é determinada por:
𝑃𝑓 8177,8
𝑆𝑓 = = = 8888,9 𝑉𝐴
𝑐𝑜𝑠𝜙𝑓 0,92
A potência reativa indutiva para a condição final é obtida por:
𝑄𝑓 = 𝑆𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙𝑓 = 8888,9 ∙ 𝑠𝑒𝑛(23,07°) = 3483,2 𝑉𝑎𝑟
Com as potências ativa, reativa e aparente finais, o triângulo de potências para a condição
final, após a correção, é ilustrado na Figura 7-20(b).

𝐹𝑃𝑖 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖 = 0,75 𝐹𝑃𝑓 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑓 = 0,92

𝑆𝑖 𝑄𝑖
𝑄𝑖 = 7212,1 𝑉𝑎𝑟
𝑄𝑐 = 3728,9 𝑉𝑎𝑟

𝑄𝑓 = 3483,2 𝑉𝑎𝑟
𝜙𝑖 = 41,41° 𝜙𝑓 = 23,07°
𝑃𝑖 = 8177,8 𝑊 𝑃𝑓 = 𝑃𝑖 = 8177,8 𝑊 ©fm
(𝑎) (𝑏)
Figura 7-20. Triângulo de potências para o Exemplo 7-7: (a) situação inicial; (b) FP corrigido.
A potência reativa a ser suprida pelo capacitor de correção do fator de potência é dada por:
𝑄𝑐 = 𝑄𝑖 − 𝑄𝑓 = 7212,1 − 3483,2 = 3728,9 𝑉𝑎𝑟
A capacitância a ser conectada em paralelo para correção do fator de potência é calculada em
função da potência reativa capacitiva necessária:
2 2
𝑉𝑒𝑓 𝑉𝑒𝑓 2
𝑄𝑐 = = = 𝜔𝐶𝑉𝑒𝑓
|𝑋𝑐 | 1
𝜔𝐶
Como 𝜔 = 2𝜋𝑓, então o valor do capacitor é obtido por:
𝑄𝑐 3728,9
𝐶= 2 = 2𝜋 ∙ 60 ∙ (220)2 = 204 𝜇𝐹
2𝜋𝑓𝑉𝑒𝑓
Esse valor de capacitância pode ser obtido pela associação paralela de capacitores, desde que
o valor resultante seja no mínimo 204 𝜇𝐹, de forma a atender ao fator de potência desejado de 0,92.
A corrente eficaz inicial exigida pelo motor antes da correção do fator de potência pode ser
obtida pela relação entre a potência aparente inicial e a tensão aplicada:
𝑆𝑖 10903,7
𝐼𝑖 = = = 49,6 𝐴
𝑉𝑒𝑓 220
Da mesma forma, a corrente eficaz final exigida pelo motor após a correção do fator de
potência pode ser obtida por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 150

𝑆𝑓 8888,9
𝐼𝑓 = = = 40,4 𝐴
𝑉𝑒𝑓 220
Portanto, a correção do fator de potência permite, nesse caso, reduzir a corrente exigida da
rede elétrica em aproximadamente 20 %.

7.9. EXERCÍCIOS
7.9.1. A potência instantânea absorvida por um circuito é 𝑝(𝑡) = 10 + 8𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 40°) 𝑊.
Obtenha a potência máxima, a potência média e o teor da carga.

7.9.2. Seja 𝑣(𝑡) = 300𝑠𝑒𝑛(20𝑡 + 60°) 𝑉 a tensão aplicada a uma carga que solicita a corrente 𝑖(𝑡) =
15𝑠𝑒𝑛(20𝑡 + 25°) 𝐴. Determine:
a) As potências máxima e média na carga; Resp.: 4093,1 𝑊
b) As potências aparente, ativa e reativa e o triângulo de potências; Resp.: 1843,1 𝑊
c) A impedância da carga e o fator de potência. Resp.: 0,82

7.9.3. Um indutor de 120 𝑚𝐻 em série com um resistor de 20 Ω é alimentado por uma tensão eficaz
de 120 𝑉 em 60 𝐻𝑧. Determine a equação da potência instantânea, as potências ativa, reativa e aparente
e a corrente exigida.

7.9.4. Determine as potências complexa, real, reativa e aparente em uma carga de 𝑍̇ = 30∠40° Ω
sujeita a uma corrente 𝐼 ̇ = 4∠20° A. Resp.: 367,7 + 𝑗308,5 𝑉𝐴.

7.9.5. Determine as componentes da potência de uma carga que solicita uma corrente 𝐼 ̇ = 20∠ −
30° A quando submetida a uma tensão 𝑉̇ = 240∠20° 𝑉.

7.9.6. Para os circuitos da Figura 7-21, determine:


a) A impedância equivalente e o triângulo de impedâncias;
b) A corrente fornecida pela fonte; Resp.: 1,77∠ − 45°; 11,89∠ − 13,5°; 4,95∠ − 0,81° 𝐴.
c) O triângulo de potências do circuito e o fator de potência; Resp.: 0,71; 0,97; 0,99.

i) ii) iii)
Figura 7-21. Circuitos para o Exercício 7.9.6.
7.9.7. Uma instalação elétrica industrial é composta pelas cargas da Figura 7-22.
a) Determine a potência ativa, reativa e aparente de cada carga;
b) Determine o triângulo de potências e o fator de potência da instalação; Resp.: 15,61 𝑘𝑉𝐴; 0,98.
c) Determine a corrente absorvida da fonte. Resp.: 70,96 𝐴.
Dados: 1 𝐶𝑉 = 736 𝑊

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 151

VF = 2200oV
Motobombas
Iluminação Caldeira Banco de Capacitores
5 x 2CV
~ 10 x 100W 2,5kW FP 0,78 ind
 = 85%
ZC = 5 - j7 

Figura 7-22. Circuito e cargas para o Exercício 7.9.7.

7.9.8. Um motor de 3 𝐶𝑉 de potência mecânica no eixo, fator de potência 0,65 e rendimento de 85 %


é alimentado por tensão eficaz de 220 𝑉 em 60 𝐻𝑧. Determine:
a) O triângulo de potência desse motor;
b) A corrente absorvida da rede elétrica;
c) A capacitância que necessária para corrigir o fator de potência para 0,96; Resp.: 124,9 µ𝐹
d) A corrente absorvida da rede elétrica após a correção do fator de potência.

7.9.9. Uma subestação alimenta por uma linha monofásica de 3,8 𝑘𝑉 em 60 𝐻𝑧 as seguintes cargas
em paralelo: 250 𝑘𝑊 com fator de potência unitário e 1500 𝑘𝑊 com fator de potência 0,6 indutivo.
a) Determine a corrente fornecida pela subestação e o fator de potência; Resp.: 700 𝐴; 0,657.
b) A potência reativa e a capacitância do banco de capacitores que deverá corrigir esse fator de
potência para 0,85. Resp.: 915 𝑘𝑣𝑎𝑟; 168 𝜇𝐹.

7.9.10. Uma carga indutiva formada por um sistema de iluminação fluorescente com reatores
eletromagnéticos com resistência total de 20  e indutância total de 150 𝑚𝐻 utiliza um banco atual de
capacitores com capacitância total de 177 𝜇𝐹 para correção do fator de potência. Determine o fator de
potência atual da instalação e a capacitância a ser acrescentada para que o fator de potência final seja
0,92.
Dados: 𝑉 = 220 𝑉; 𝑓 = 60 Prove que a capacitância para correção do fator de potência pode ser
calculada por:
𝑃
𝐶= 2 ∙ (𝑡𝑔𝜙𝑖 − 𝑡𝑔𝜙𝑓 )
𝜔 ∙ 𝑉𝑒𝑓

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 152

8. SISTEMAS TRIFÁSICOS
Conforme estudado no Capítulo 2, um gerador de corrente alternada é composto por uma
bobina girando dentro de um campo magnético, na qual é induzida uma tensão alternada senoidal devido
à variação do fluxo magnético provocada pelo movimento giratório. A Figura 8-1 ilustra o esquema
básico de um gerador de corrente alternada senoidal. O campo magnético é criado por ímãs permanentes
ou por uma bobina eletromagnética alimentada por uma fonte CC. A tensão alternada senoidal gerada é
coletada por meio de anéis e escovas, para que possa ser conectada à carga elétrica externa. Entretanto,
na maioria dos geradores de corrente alternada, a bobina onde é induzida a tensão senoidal está fixada
no estator e o campo magnético gira em torno dela, localizado no rotor, como apresentado na Figura
8-2. Dessa forma, é mantido o movimento rotacional relativo entre a bobina e o campo magnético
necessário à indução da tensão alternada senoidal.

fonte CC
corrente do campo
rotação magnético

bobina do campo
magnético

escovas espira ou bobina indutora


anéis

tensão senoidal induzida


Figura 8-1 - Esquema de um gerador de tensão alternada com campo magnético indutor no estator.

Figura 8-2 - Esquema de um gerador de tensão alternada monofásico com campo magnético indutor no rotor.
Um sistema elétrico monofásico é composto por um gerador de tensão alternada, onde um
dos terminais é conectado a um eletrodo de terra, para manter o potencial de referência em zero volt, e
o outro terminal mantém a tensão senoidal positiva e negativa com relação a essa referência. O terminal

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 153

conectado à terra é chamado de NEUTRO e o terminal com tensão é chamado de FASE, como ilustra
a Figura 8-2.

8.1. GERADOR TRIFÁSICO


Os geradores trifásicos são compostos por três bobinas indutoras idênticas e igualmente
espaçadas, de forma que sejam induzidas três tensões alternadas senoidais simultâneas de mesma
frequência e mesmo valor de pico, porém defasadas de 120o entre si. Nos geradores trifásicos as bobinas
indutoras geralmente são posicionadas no estator, enquanto o campo magnético é localizado no rotor,
como ilustra a Figura 8-3. O terminal comum das três bobinas é conectado ao eletrodo de terra para
formar o condutor NEUTRO. A tensão induzida em cada bobina é denominada de TENSÃO DE FASE.
Essas tensões são senoidais e estão defasadas de 120° entre si, como ilustra a Figura 8-4.

Figura 8-3 – Esquema simplificado de um gerador trifásico com campo magnético no rotor.

Figura 8-4 – Tensões alternadas senoidais trifásicas.


As tensões senoidais induzidas nas bobinas de cada fase do gerador trifásico podem ser
representadas matematicamente em função do tempo por:
𝑣𝑅 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 0°)
𝑣𝑆 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 − 120°)
𝑣𝑇 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 120°)
Onde:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 154

𝑣𝑅 (𝑡), 𝑣𝑆 (𝑡), 𝑣𝑇 (𝑡): tensões instantâneas das fases R, S e T, respectivamente [V];


𝑉𝑝 : tensão de pico [V];
𝜔 = 2𝜋𝑓: frequência angular [rad/s];
𝑡: instante de tempo [s].
A Figura 8-4 demonstra que a soma das tensões trifásica é nula em qualquer instante de tempo,
ou seja:
𝑣𝑅 (𝑡) + 𝑣𝑆 (𝑡) + 𝑣𝑇 (𝑡) = 0
Na representação fasorial, as tensões senoidais trifásicas das fases na forma polar são:
𝑉̇𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∠0°
𝑉𝑆̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠ − 120°
𝑉̇𝑇 = 𝑉𝑒𝑓 ∠ + 120°
Onde:
𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 = : tensão eficaz [V].
√2

A Figura 8-5 apresenta o diagrama fasorial das tensões em um gerador trifásico, onde se
observa o mesmo valor eficaz e uma defasagem de 120° entre as fases.

Figura 8-5 – Diagrama fasorial das tensões trifásicas (Adaptado de Boylestad, 2003).
Como uma soma de fasores é uma soma vetorial, graficamente deve-se posicionar o final de
um fasor no início do próximo a ser somado, respeitando seu módulo, direção e sentido. A Figura 8-6
representa graficamente a soma dos fasores trifásicos, cuja resultante é nula.

Figura 8-6 – Soma vetorial dos fasores trifásicos (Boylestad, 2003).


Matematicamente, a soma dos fasores das tensões trifásicas também é nula, ou seja:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 155

𝑉̇𝑅 + 𝑉𝑆̇ + 𝑉̇𝑇 = 0


O sistema trifásico é o mais utilizado na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica
por diversas razões (Adaptado de BOYLESTAD, 2003):
• Para transportar a mesma potência aparente (VA) em uma dada tensão, a corrente é dividida
entre as fases e os condutores utilizados podem ser mais finos, o que reduz substancialmente a
quantidade de material (Cobre ou Alumínio), o peso dos condutores e, especialmente, o custo
das linhas elétricas;
• Como a corrente é dividida entre as fases, as perdas elétricas por efeito Joule nos condutores
são substancialmente menores;
• Linhas elétricas mais leves são mais fáceis de instalar e as estruturas de transporte (postes e
torres de transmissão) podem ser menores e estar mais afastadas umas das outras, o que também
reduz o custo de construção;
• Os motores trifásicos apresentam melhores características operacionais e de partida em relação
aos motores monofásicos, são mais compactos para uma mesma potência mecânica e requerem
menor corrente das linhas elétricas.

8.2. GERADOR TRIFÁSICO CONECTADO EM ESTRELA (Y)


No gerador trifásico conectado em estrela (Y), os três terminais R’, S’ e T’ das bobinas na
Figura 8-3 são ligados em um ponto comum para formar o condutor NEUTRO. Os outros três terminais
(R, S e T) são chamados de Terminais de FASE. Os condutores que conectam os terminais das fases R,
S e T aos terminais da carga são chamados de Condutores de LINHA, como ilustra a Figura 8-7. A
tensão entre cada fase e o neutro é chamada de tensão e fase. A tensão entre duas fases é chamada de
tensão de linha.
A tensão entre uma fase e o neutro é chamada de Tensão de Fase (𝑽̇𝑭 ).
A tensão entre duas fases é chamada de Tensão de Linha (𝑽̇𝑳 ).

Figura 8-7 – Gerador trifásico conectado em estrela (Y).


Como ilustra Figura 8-7, na conexão estrela (Y) a corrente que circula nos condutores de linha
(𝐼𝐿 ) é igual à corrente nos condutores de fase (𝐼𝐹̇ ) das bobinas do gerador, assim:
̇

Na conexão estrela (Y) a corrente de linha é igual à corrente de fase:


𝑰̇𝑳 = 𝑰̇𝑭
Na conexão estrela (Y), a relação entre a tensão de linha e a tensão de fase é dada por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 156

𝑽̇𝑳 = 𝑽̇𝑭 ∙ (√𝟑∠ + 𝟑𝟎°)

Essa relação indica que as tensões de linha são 73,2% (√3) maiores que as tensões de fase e
estão deslocadas de +30° de cada tensão de fase tomada como referência.

Dedução: Relação entre as tensões de fase e de linha na conexão estrela (Y).


A tensão de linha é a diferença de potencial entre as tensões de duas fases e pode ser
determinada pela aplicação de Lei das Tensões de Kirchhoff em cada malha do sistema trifásico da
Figura 8-7. Assim:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 − 𝑉𝑆𝑁̇
̇ ̇
{ 𝑉𝑆𝑇 = 𝑉𝑆𝑁 − 𝑉𝑇𝑁̇
𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉̇𝑇𝑁 − 𝑉̇𝑅𝑁
Substituindo os valores genéricos dos fasores:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 − 𝑉𝑆𝑁
̇ = (𝑉𝑒𝑓 ∠0°) − (𝑉𝑒𝑓 ∠ − 120°)
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ − 𝑉̇𝑇𝑁 = (𝑉𝑒𝑓 ∠ − 120°) − (𝑉𝑒𝑓 ∠ + 120°)

𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉̇𝑇𝑁 − 𝑉̇𝑅𝑁 = (𝑉𝑒𝑓 ∠ + 120°) − (𝑉𝑒𝑓 ∠0°)


Colocando a tensão eficaz em evidência:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ [(1∠0°) − (1∠ − 120°)]
̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∙ [(1∠ − 120°) − (1∠ + 120°)]
𝑉𝑆𝑇
𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ [(1∠ + 120°) − (1∠0°)]
Transformando para a forma retangular:
1 √3
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ [1 − (− − 𝑗 )]
2 2
1 √3 1 √3
̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∙ [(− − 𝑗 ) − (− + 𝑗 )]
𝑉𝑆𝑇
2 2 2 2
1 √3
𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ [(− + 𝑗 ) − 1]
2 2
Efetuando a soma:
3 √3
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ ( + 𝑗 )
2 2
̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∙ (−𝑗√3)
𝑉𝑆𝑇
3 √3
𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ (− − 𝑗 )
2 2
Retornando para a forma polar, obtém-se as tensões de linha em função das tensões de fase:
𝑉̇𝑅𝑆 = √3 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∠ + 30°
̇ = √3 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∠ − 90°
{ 𝑉𝑆𝑇
𝑉̇𝑇𝑅 = √3 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∠ + 150°
Portanto, o fasor da tensão de linha pode ser determinado a partir do fasor da tensão de fase:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 157

𝑉̇𝐿 = 𝑉𝐹̇ ∙ (√3∠ + 30°)


As tensões de linha instantâneas são representadas na forma trigonométrica por:

𝑣𝑅𝑆 (𝑡) = √3 ∙ √2 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 30°)

𝑣𝑆𝑇 (𝑡) = √3 ∙ √2 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 − 90°)


𝑣𝑇𝑅 (𝑡) = √3 ∙ √2 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 150°)
Graficamente, as tensões de linha são obtidas pela subtração entre cada par de tensões de fase.
A Figura 8-8 ilustra a subtração entre os fasores das tensões de fase e o diagrama fasorial resultante para
as tensões de linha.

-VRN
VRS
VT
VTN
R
120° -VSN

+30°
VRN
120°

120°
VSN

-VTN
VST

Figura 8-8 – Diagrama fasorial das tensões trifásicas de fase e de linha.


A soma dos fasores das tensões de linha é nula, como demonstra a Figura 8-9, ou seja:
𝑉̇𝑅𝑆 + 𝑉𝑆𝑇
̇ + 𝑉̇𝑇𝑅 = 0

VST

VT
R

VRS

Figura 8-9 – Soma fasorial das tensões de linha.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 158

8.3. GERADOR TRIFÁSICO CONECTADO EM TRIÂNGULO ()


No gerador trifásico conectado em triângulo (), os terminais de cada bobina são conectados
de modo a formar um triângulo, como ilustra a Figura 8-10. Os condutores de LINHA são conectados
aos terminais formados pelos vértices do triângulo, onde estão conectadas as bobinas das fases do
gerador. Assim, na conexão triângulo () a tensão das linhas é a mesma tensão nas fases do gerador e
não há condutor de neutro.
Na conexão triângulo () a tensão de linha é igual à tensão de fase:
𝑉̇𝐿 = 𝑉̇𝐹

Figura 8-10 – Gerador trifásico conectado em triângulo ().


Considerando os ângulos de referência das tensões das fases:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 = 𝑉𝑒𝑓 ∠0°
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠ − 120°

𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉̇𝑇𝑁 = 𝑉𝑒𝑓 ∠ + 120°


As tensões instantâneas são, portanto:
𝑣𝑅𝑆 (𝑡) = √2 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡)
𝑣𝑆𝑇 (𝑡) = √2 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 − 120°)

𝑣𝑇𝑅 (𝑡) = √2 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 120°)


Na conexão triângulo (), a relação entre a corrente de linha e a corrente de fase é dada por:

𝐼𝐿̇ = 𝐼𝐹̇ ∙ (√3∠ − 30°)

Essa relação indica que as correntes de linha são 73,2% (√3) maiores que as correntes de fase
e estão deslocadas de −30° de cada corrente de fase tomada como referência.

Dedução: Relação entre as correntes de fase e de linha na conexão triângulo ().


A corrente na linha do sistema ligado em triângulo pode ser determinada pela aplicação da Lei
das Correntes de Kirchhoff a cada nó formado pelos vértices do triângulo, conforme a Figura 8-10.
Assim, aplicando a Lei das Correntes para o nó R tomado como referência:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 159

−𝐼𝐿̇ −𝐼𝑅𝑇
̇ + 𝐼𝑆𝑅
̇ =0
Então a corrente de linha é a subtração das correntes das duas fases:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑆𝑅
̇ −𝐼𝑅𝑇
̇
Substituindo os valores genéricos dos fasores na primeira equação:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑆𝑅
̇ − 𝐼𝑅𝑇
̇ = (𝐼𝑒𝑓 ∠0°) − (𝐼𝑒𝑓 ∠120°)

Colocando a corrente eficaz em evidência:


𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∙ [(1∠0°) − (1∠120°)]
Transformando para a forma retangular:
1 √3
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∙ [1 − (− + 𝑗 )]
2 2
Efetuando a soma:
3 √3
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∙ ( − 𝑗 )
2 2
Retornando para a forma polar, obtém-se a corrente de linha em função da corrente da fase de
referência:
𝐼𝐿̇ = √3 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∠ − 30
Aplicando o mesmo procedimento para as outras fases tomadas como referência, as correntes
das linhas são:
̇ = √3 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∠ − 30°
𝐼𝐿𝑅
̇ = √3 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∠ − 150°
{𝐼𝐿𝑆
̇ = √3 ∙ 𝑉𝑒𝑓 ∠ + 90°
𝐼𝐿𝑇
O diagrama fasorial resultante é representado na Figura 8-11, onde se observa que o módulo
da corrente de linha é 73,2 % (√3) maior que o módulo da corrente da fase de referência, com um
deslocamento angular de −30°.
T

-ITS
IL

IRT

120°

120°
ISR
-30°
120° -IRT
IL
ITS IL

S R
-ISR
Figura 8-11 – Diagrama fasorial das correntes trifásicas de fase e de linha na ligação triângulo ( ).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 160

Da mesma forma que no gerador conectado em Y, em um sistema com cargas equilibradas a


soma algébrica das correntes no gerador conectado em  é nula.

8.4. CARGAS TRIFÁSICAS


As cargas trifásicas são compostas por três impedâncias conectadas em estrela (Y) ou em
triângulo (). Se as três impedâncias forem idênticas a carga trifásica é dita equilibrada, caso contrário,
a carga trifásica é desequilibrada.
Uma carga trifásica equilibrada é composta por três impedâncias idênticas.
Um sistema elétrico trifásico é composto por geradores, linhas e cargas trifásicas. Para compor
um sistema elétrico trifásico, os geradores e as cargas podem ser interligados por combinações das
conexões estrela e triângulo.

8.4.1. Sistema Y-Y equilibrado

As cargas dos sistemas trifásicos podem ser conectadas em estrela (Y) ou triângulo (). Se as
cargas e o gerador estiverem conectados em estrela, o sistema é chamado Y-Y, como ilustra a Figura
8-12. Nesse sistema, a tensão nas impedâncias da carga é a mesma tensão nas bobinas de cada fase do
gerador:
𝑉1̇ = 𝑉̇𝑅𝑁 𝑉̇2 = 𝑉𝑆𝑁
̇ 𝑉̇3 = 𝑉̇𝑇𝑁
Na conexão Y, a tensão de linha é dada pela relação:

𝑉̇𝐿 = 𝑉𝐹̇ ∙ (√3∠ + 30°)

Figura 8-12 – Sistema Y-Y: gerador e cargas conectados em Estrela (Adaptado de Boylestad, 2003).
Como indica a Figura 8-12, a corrente que circula nas bobinas de cada fase do gerador é a
mesma corrente que circula nas linhas e nas impedâncias da carga. Portanto, no sistema trifásico em
conexão Y-Y a corrente de linha é igual à corrente de fase:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝐹̇
A corrente nas impedâncias da carga é calculada pela Lei de Ohm:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 161

𝑉̇
𝐼̇ =
𝑍̇
A corrente resultante no condutor neutro é obtida pela soma fasorial das correntes nas
impedâncias da carga:
𝐼𝑁̇ = 𝐼1̇ + 𝐼2̇ + 𝐼3̇
Quando as impedâncias das cargas são iguais (𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 ), o sistema trifásico é dito
equilibrado e, nesse caso, a corrente resultante no neutro é nula.
Um exemplo de carga equilibrada é o motor trifásico. Nesse caso, como a corrente no neutro
é nula, esse condutor pode ser eliminado do circuito elétrico. Entretanto, se as impedâncias da carga
forem diferentes, o sistema é dito desequilibrado. Nesse caso, há corrente circulando no neutro e esse
condutor não deve ser eliminado do sistema elétrico trifásico.

Exemplo 8-1. Um sistema gerador trifásico conectado em Y aciona uma carga equilibrada também
conectada em Y, conforme ilustra a Figura 8-12. Determine:
a) As tensões de linha do sistema trifásico;
b) As tensões de fase na carga;
c) As correntes de fase na carga;
d) As correntes de linha do sistema trifásico;
e) As correntes nas bobinas das fases do gerador;
f) A corrente resultante no condutor neutro.
Dados:
𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° V; 𝑉𝑆𝑁
̇ = 220∠ − 120° V; 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠120° V
𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 = (4 + 𝑗3) .
Solução: Como o gerador é conectado em estrela (Y), as tensões de linha do sistema trifásico são
calculadas por:
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝐹̇ ∙ (√3∠ + 30°)
Assim:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠0°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠30° 𝑉
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠ − 120°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠ − 90° 𝑉

𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉̇𝑇𝑁 ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠ + 120°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠150° 𝑉


No sistema Y-Y as impedâncias das cargas estão em paralelo com as bobinas do gerador.
Portanto, a tensão em cada impedância é igual à tensão de fase do gerador:
𝑉1̇ = 𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° 𝑉
𝑉̇2 = 𝑉𝑆𝑁
̇ = 220∠ − 120° 𝑉
𝑉̇3 = 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠120° 𝑉
A corrente em cada fase da carga é função da tensão e da impedância. Portanto, aplicando a
Lei de Ohm:
𝑉1̇ 220∠0° 220∠0
𝐼1̇ = = = = 44∠ − 36,87° 𝐴
̇
𝑍1 (4 + 𝑗3) 5∠36,87°

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 162

𝑉̇2 220∠ − 120° 220∠ − 120°


𝐼2̇ = = = = 44∠ − 156,87° 𝐴
𝑍̇2 (4 + 𝑗3) 5∠36,87°
𝑉̇3 220∠120° 220∠120°
𝐼3̇ = = = = 44∠83,13° 𝐴
𝑍̇3 (4 + 𝑗3) 5∠36,87°
As correntes nas linhas do sistema é a mesma corrente na carga conectada em Y:
̇ = 𝐼1̇ = 44∠ − 36,87° 𝐴
𝐼𝑅𝑎
̇ = 𝐼2̇ = 44∠ − 156,87° 𝐴
𝐼𝑆𝑏
̇ = 𝐼3̇ = 44∠83,13° 𝐴
𝐼𝑇𝑐
Como o gerador também está conectado em Y, as correntes nas bobinas das fases são as
mesmas nas linhas. Assim:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝑅𝑎
̇ = 44∠ − 36,87° 𝐴
𝐼𝑆̇ = 𝐼𝑅𝑏
̇ = 44∠ − 156,87° 𝐴
𝐼𝑇̇ = 𝐼𝑅𝑐
̇ = 44∠83,13° 𝐴
A corrente no neutro é a soma dos fasores das correntes nas impedâncias da carga, ou seja:
𝐼𝑁̇ = 𝐼1̇ + 𝐼2̇ + 𝐼3̇
𝐼𝑁̇ = (44∠ − 36,87°) + (44∠ − 156,87°) + (44∠83,13°)
𝐼𝑁̇ = (35,2 − 𝑗26,4) + (−40,46 − 𝑗17,28) + (5,26 + 𝑗43,68)
𝐼𝑁̇ = 0
Como a carga trifásica é equilibrada (impedâncias iguais), a corrente no neutro é nula.

8.4.2. Sistema Y- equilibrado

Quando o gerador é conectado em estrela (Y) e a carga é conectada em triângulo (), o sistema
trifásico é chamado Y-, como ilustra a Figura 8-13. Na conexão triângulo não há condutor neutro.

Figura 8-13 – Gerador conectado em Y e carga conectada em  (Adaptado de Boylestad, 2003).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 163

Na carga conectada em triângulo a tensão de fase em cada impedância é igual à tensão de linha
do sistema trifásico:
𝑉1̇ = 𝑉̇𝑅𝑆 𝑉̇2 = 𝑉𝑆𝑇
̇ 𝑉̇3 = 𝑉̇𝑇𝑅
A corrente de fase nas impedâncias da carga conectada em triângulo pode ser determinada
pela Lei de Ohm, ou seja:
𝑉1̇ 𝑉̇𝑅𝑆
𝐼1̇ = =
𝑍̇1 𝑍̇1
𝑉̇2 𝑉𝑆𝑇̇
𝐼2̇ = =
𝑍̇2 𝑍̇2
𝑉̇3 𝑉̇𝑇𝑅
𝐼3̇ = =
𝑍̇3 𝑍̇3
As correntes de linha podem ser determinadas pela Lei das Correntes de Kirchhoff em cada
nó da conexão triângulo. Assim, a corrente de linha é a diferença entre os fasores das correntes das fases
da carga:
̇ = 𝐼1̇ − 𝐼3̇
𝐼𝑅𝑎
̇ = 𝐼2̇ − 𝐼1̇
𝐼𝑆𝑏
̇ = 𝐼3̇ − 𝐼2̇
𝐼𝑇𝑐
De forma geral, quando a carga estiver conectada em triângulo, a corrente de linha pode ser
determinada por:

𝐼𝐿̇ = 𝐼𝐹̇ ∙ (√3∠ − 30°)

Exemplo 8-2. Um sistema gerador trifásico conectado em Y aciona uma carga equilibrada conectada
em triângulo (), conforme ilustra a Figura 8-13. Determine:
a) As tensões de linha do sistema trifásico;
b) As tensões de fase na carga;
c) As correntes de fase na carga;
d) As correntes de linha do sistema trifásico;
e) As correntes nas fases do gerador.
Dados:
𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° V; 𝑉𝑆𝑁
̇ = 220∠ − 120° V; 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠120° V
𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 = (4 + 𝑗3) 
Solução: Como o gerador é conectado em estrela (Y), as tensões de linha do sistema trifásico são
calculadas por:
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝐹̇ ∙ (√3∠ + 30°)
Assim:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠0°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠30° 𝑉
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠ − 120°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠ − 90° 𝑉

𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉̇𝑇𝑁 ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠ + 120°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠150° 𝑉

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 164

Na carga conectada em triângulo, a tensão de fase em cada impedância é igual à tensão de


linha do sistema trifásico, ou seja:
𝑉1̇ = 𝑉̇𝑅𝑆 = 380∠30° 𝑉
𝑉̇2 = 𝑉𝑆𝑇
̇ = 380∠ − 90° 𝑉
𝑉̇3 = 𝑉̇𝑇𝑅 = 380∠150° 𝑉
A corrente em cada fase da carga é função da tensão e da impedância. Assim:
𝑉1̇ 380∠30° 380∠30°
𝐼1̇ = = = = 76∠ − 6,87° 𝐴
𝑍̇1 (4 + 𝑗3) 5∠36,87°
𝑉̇2 380∠ − 90° 380∠ − 90°
𝐼2̇ = = = = 76∠ − 126,87° 𝐴
𝑍̇2 (4 + 𝑗3) 5∠36,87°
𝑉̇3 380∠150° 380∠150°
𝐼3̇ = = = = 76∠113,13° 𝐴
𝑍̇3 (4 + 𝑗3) 5∠36,87°
As correntes de linha do sistema trifásico são obtidas pela Lei das Correntes de Kirchhoff:
̇ = 𝐼1̇ − 𝐼3̇ = (76∠ − 6,87°) − (76∠113,13°) = (75,45 − 𝑗9,09) − (−29,85 + 𝑗69,89)
𝐼𝑅𝑎
= 105,3 − 𝑗78,98 = 131,63∠ − 36,87° 𝐴
̇ = 𝐼2̇ − 𝐼1̇ = (76∠ − 126,87°) − (76∠ − 6,87°) = (−45,6 − 𝑗60,8) − (75,45 − 𝑗9,09)
𝐼𝑆𝑏
= −121,05 − 𝑗51,71 = 131,63∠ − 156,87° 𝐴
̇ = 𝐼3̇ − 𝐼2̇ = (76∠113,13°) − (76∠ − 126,87°) = (−29,85 + 𝑗69,89) − (−45,6 − 𝑗60,8)
𝐼𝑇𝑐
= 15,75 + 𝑗130,69 = 131,63∠83,13° 𝐴
As correntes de linha também podem ser determinadas por:
̇ = 𝐼1̇ ∙ (√3∠ − 30°) = 76∠ − 6,87° ∙ (√3∠ − 30°) = 131,63∠ − 36,87° 𝐴
𝐼𝑅𝑎
̇ = 𝐼2̇ ∙ (√3∠ − 30°) = 76∠ − 126,87° ∙ (√3∠ − 30°) = 131,63∠ − 156,87° 𝐴
𝐼𝑆𝑏
̇ = 𝐼3̇ ∙ (√3∠ − 30°) = 76∠113,13° ∙ (√3∠ − 30°) = 131,63∠83,13° 𝐴
𝐼𝑇𝑐
Como o gerador está conectado em Y, a corrente de fase em cada bobina é igual à corrente na
linha do sistema trifásico. Portanto:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝑅𝑎
̇ = 131,63∠ − 36,87° 𝐴
𝐼𝑆̇ = 𝐼𝑅𝑏
̇ = 131,63∠ − 156,87° 𝐴
𝐼𝑇̇ = 𝐼𝑅𝑐
̇ = 131,63∠83,13° 𝐴

8.4.3. Sistema - equilibrado

Se o gerador e as cargas estiverem conectados em triângulo, o sistema é chamado -, como


ilustra a Figura 8-14. No sistema -, a tensão de fase nas impedâncias da carga é a mesma tensão de
linha. A corrente de fase pode ser determinada pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝐹
𝐼𝐹̇ =
𝑍̇𝐹
A corrente de linha é obtida por:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝐹̇ ∙ (√3∠ − 30°)

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 165

Figura 8-14 – Sistema -: gerador conectado em  e carga conectada em .

Exemplo 8-3. Um sistema gerador trifásico, conectado em , aciona uma carga equilibrada também
conectada em , conforme ilustra a Figura 8-14. Determine:
a) As tensões de linha do sistema trifásico;
b) As tensões de fase na carga;
c) As correntes de fase na carga;
d) As correntes de linha do sistema trifásico;
e) As correntes nas fases do gerador.
Dados:
𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° V; 𝑉𝑆𝑁
̇ = 220∠ − 120° V; 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠120° V;
𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 = (4 + 𝑗3) .
Solução: Como o gerador é conectado em , as tensões de linha são iguais às tensões de fase, ou seja:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° 𝑉
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ = 220∠ − 120° 𝑉
𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠ + 120° 𝑉
A carga também é conectada em , então a tensão de fase nas impedâncias da carga é a mesma
tensão de linha do sistema:
𝑉1̇ = 𝑉̇𝑅𝑆 = 220∠0° 𝑉
𝑉̇2 = 𝑉𝑆𝑇
̇ = 220∠ − 120° 𝑉
𝑉̇3 = 𝑉̇𝑇𝑅 = 220∠ + 120° 𝑉
A corrente de fase nas impedâncias da carga trifásica é calculada pela Lei de Ohm:
𝑉1̇ 220∠0° 220∠0°
𝐼1̇ = = = = 44∠ − 36,87° 𝐴
𝑍̇1 4 + 𝑗3 5∠36,87°
𝑉̇2 220∠ − 120° 220∠ − 120°
𝐼2̇ = = = = 44∠ − 156,87° 𝐴
𝑍̇2 4 + 𝑗3 5∠36,87°

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 166

𝑉̇3 220∠120° 220∠120°


𝐼3̇ = = = = 44∠ + 83,13° 𝐴
𝑍̇3 4 + 𝑗3 5∠36,87°
Como a carga é equilibrada, as correntes de linha são:
̇ = 𝐼1̇ ∙ (√3∠ − 30°) = (44∠ − 36,87° ) ∙ (√3∠ − 30°) = 76,21∠ − 66,87° 𝐴
𝐼𝑅𝑎
̇ = 𝐼2̇ ∙ (√3∠ − 30°) = (44∠ − 156,87° ) ∙ (√3∠ − 30°) = 76,21∠ − 186,87° 𝐴
𝐼𝑆𝑏
̇ = 𝐼3̇ ∙ (√3∠ − 30°) = (44∠ + 83,13° ) ∙ (√3∠ − 30°) = 76,21∠ + 53,13° 𝐴
𝐼𝑇𝑐
A corrente de fase do gerador é igual à corrente de fase da carga:
𝐼𝑅̇ = 44∠ − 36,87° 𝐴 ; 𝐼𝑆̇ = 44∠ − 156,87° 𝐴 ; 𝐼𝑇̇ = 44∠ + 83,13° 𝐴

8.4.4. Sistema -Y equilibrado

Quando o gerador é conectado em triângulo e a carga é conectada em estrela, o sistema trifásico é


chamado -Y, como ilustra a Figura 8-15.

Figura 8-15 – Sistema -Y: gerador conectado em triângulo e carga em estrela.


No sistema -Y, a corrente de linha é a mesma corrente de fase nas impedâncias da carga. A
tensão de linha é a mesma tensão de fase nas bobinas do gerador. A tensão de fase na impedância da
carga é dada por:
𝑉̇𝐿
𝑉𝐹̇ =
(√3∠ + 30°)
Como o gerador está conectado em triângulo, as correntes nas bobinas das fases do gerador
são calculadas por:
𝐼𝐿̇
𝐼𝐹̇ =
(√3∠ − 30°)

Exemplo 8-4. Um sistema gerador trifásico conectado em  aciona uma carga equilibrada conectada em
Y, conforme ilustra a Figura 8-15. Determine:
a) As tensões de linha do sistema trifásico;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 167

b) As tensões de fase na carga;


c) As correntes de fase na carga;
d) As correntes de linha do sistema trifásico;
e) As correntes nas fases do gerador;
f) A corrente resultante no condutor neutro.
Dados:
𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° V; 𝑉𝑆𝑁
̇ = 220∠ − 120° V; 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠120° V
𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 = (4 + 𝑗3) 
Solução: Como o gerador é conectado em , as tensões de linha são iguais às tensões de fase, ou seja:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° 𝑉
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ = 220∠ − 120° 𝑉
𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠ + 120° 𝑉
Como a carga é conectada em Y, as tensões de fase nas impedâncias da carga são:
𝑉̇𝑅𝑆 220∠0°
𝑉1̇ = = = 127,02∠ − 30° 𝑉
(√3∠ + 30°) √3∠ + 30°
̇
𝑉𝑆𝑇 220∠ − 120°
𝑉2̇ = = = 127,02∠ − 150° 𝑉
(√3∠ + 30°) √3∠ + 30°
𝑉̇𝑇𝑅 220∠ + 120°
𝑉3̇ = = = 127,02∠ + 90° 𝑉
(√3∠ + 30°) √3∠ + 30°
As correntes nas impedâncias da carga são determinadas pela Lei de Ohm:
𝑉1̇ 127,02∠ − 30° 127,02∠ − 30°
𝐼1̇ = = = = 25,4∠ − 66,87° 𝐴
𝑍̇1 4 + 𝑗3 5∠36,87°
𝑉̇2 127,02∠ − 150° 127,02∠ − 150°
𝐼2̇ = = = = 25,4∠ − 186,87° 𝐴
𝑍̇2 4 + 𝑗3 5∠36,87°
𝑉̇3 127,02∠ + 90° 127,02∠ + 90°
𝐼3̇ = = = = 25,4∠ + 53,13° 𝐴
𝑍̇3 4 + 𝑗3 5∠36,87°
Uma vez que a carga é conectada em Y, a corrente de linha é igual à corrente de fase:
̇ = 𝐼1̇ = 25,4∠ − 66,87° 𝐴
𝐼𝑅𝑎
̇ = 𝐼2̇ = 25,4∠ − 186,87° 𝐴
𝐼𝑆𝑏
̇ = 𝐼3̇ = 25,4∠ + 53,13° 𝐴
𝐼𝑇𝑐
As correntes nas bobinas de fase do gerador são determinadas pela relação:
𝐼𝐿̇
𝐼𝐹̇ =
(√3∠ − 30°)
Portanto:
̇
𝐼𝑅𝑎 25,4∠ − 66,87°
𝐼𝑅̇ = = = 14,66∠ − 36,87° 𝐴
(√3∠ − 30°) √3∠ − 30°

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 168

̇
𝐼𝑆𝑏 25,4∠ − 186,87°
𝐼𝑆̇ = = = 14,66∠ − 156,87° 𝐴
(√3∠ − 30°) √3∠ − 30°
̇
𝐼𝑇𝑐 25,4∠ + 53,13°
𝐼𝑇̇ = = = 14,66∠ + 83,13° 𝐴
(√3∠ − 30°) √3∠ − 30°
A corrente no neutro é a soma dos fasores das correntes nas impedâncias da carga, ou seja:
𝐼𝑁̇ = 𝐼1̇ + 𝐼2̇ + 𝐼3̇
𝐼𝑁̇ = (25,4∠ − 66,87° ) + (25,4∠ − 186,87°) + (25,4∠ + 53,13°)
𝐼𝑁̇ = (9,98 − 𝑗23,36) + (−25,22 + 𝑗3,04) + (15,24 + 𝑗20,32)
𝐼𝑁̇ = 0
Como a carga trifásica é equilibrada, a corrente no neutro é nula.

8.5. POTÊNCIA TRIFÁSICA


Em um sistema trifásico, a potência elétrica em cada fase é determinada pelas equações
estudadas no Capítulo 7. Portanto, a potência aparente 𝑆𝐹 de cada fase (em VA) é o produto da tensão
eficaz pela corrente eficaz na impedância de cada fase do sistema trifásico:
𝑆𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹
A potência ativa 𝑃𝐹 de cada fase (em W) depende do cosseno do ângulo de defasagem  entre
a tensão e a corrente em cada fase (ângulo da impedância de fase):
𝑃𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 𝑆𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
Ou pelas equações:
𝑃𝐹 = 𝑅𝐹 ∙ 𝐼𝐹2
𝑉𝐹2
𝑃𝐹 =
𝑅𝐹
A potência reativa 𝑄𝐹 de cada fase (em Var) depende do seno do ângulo de defasagem  entre
a tensão e a corrente em cada fase (ângulo da impedância de fase):
𝑄𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 𝑆𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Ou pelas equações:
𝑄𝐹 = ±𝑋𝐹 ∙ 𝐼𝐹2
𝑉𝐹2
𝑄𝐹 =
±𝑋𝐹
Onde 𝑋𝐹 é positivo quando a reatância de fase for indutiva e negativo quando a reatância de
fase for capacitiva.
A potência ativa e reativa total em um sistema trifásico é a soma algébrica das potências nas
impedâncias de cada fase da carga:
𝑃3𝐹 = 𝑃𝑍1 + 𝑃𝑍2 + 𝑃𝑍3
𝑄3𝐹 = ±𝑄𝑍1 ± 𝑄𝑍2 ± 𝑄𝑍3
Onde 𝑄𝐹 é positivo quando o teor da impedância da fase for indutivo e negativo quando o teor
for capacitivo.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 169

A potência trifásica aparente total é determinada pelo Teorema de Pitágoras:

𝑆3𝐹 = √(𝑃3𝐹 )2 + (𝑄3𝐹 )2

8.5.1. Potência no sistema trifásico equilibrado

Quando o sistema trifásico é equilibrado, ou seja, quando as impedâncias de carga forem


iguais, então 𝑃𝑍1 = 𝑃𝑍2 = 𝑃𝑍3 e 𝑄𝑍1 = 𝑄𝑍2 = 𝑄𝑍3 . Portanto, as potências totais em um sistema
equilibrado podem ser calculadas em função da tensão e da corrente de fase por:
𝑃3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
𝑄3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
𝑆3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹
Ou ainda:
𝑉𝐹2
𝑃3𝐹 = 3 ∙ 𝑅𝐹 ∙ 𝐼𝐹2 = 3 ∙
𝑅𝐹
𝑉𝐹2
𝑄3𝐹 = 3 ∙ 𝑋𝐹 ∙ 𝐼𝐹2 = 3 ∙
𝑋𝐹
As potências totais em um sistema trifásico equilibrado também podem ser calculadas pelos
valores de tensão e corrente de linha. Como 𝑉𝐿 = √3 ∙ 𝑉𝐹 e 𝐼𝐿 = 𝐼𝐹 na conexão Y, então:
𝑉𝐿 𝑉𝐿 √3 √3
𝑆3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 = 3 ∙ ∙ 𝐼𝐿 = 3 ∙ ∙ ∙ 𝐼𝐿 = 3 ∙ ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿
√3 √3 √3 3
Portanto:
𝑆3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿
Como 𝑉𝐿 = 𝑉𝐹 e 𝐼𝐿 = √3 ∙ 𝐼𝐹 na conexão trifásica em , então:
𝐼𝐿
𝑆3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿
√3
Portanto:
𝑆3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿
O mesmo raciocínio pode ser utilizado para determinar as potências ativa e reativa. Assim, a
potência trifásica total em um sistema equilibrado pode ser calculada pela tensão e corrente de linha por:

𝑆3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿
𝑃3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
𝑄3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
No sistema trifásico equilibrado, o fator de potência é a relação entre a potência ativa total e a
potência aparente total:
𝑃3𝐹
𝐹𝑃3𝐹 = = 𝑐𝑜𝑠 𝜙
𝑆3𝐹

Exemplo 8-5. Para o sistema trifásico Y-Y do Exemplo 8-1, determine:


a) A potência aparente, ativa e reativa em cada impedância de fase;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 170

b) A potência aparente, ativa e reativa total do sistema trifásico;


c) O fator de potência do sistema trifásico.
Solução: A potência aparente em cada fase é obtida pelo produto da tensão de fase pela corrente de fase:
𝑆𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 = 220 ∙ 44 = 9680 𝑉𝐴
A potência ativa em cada fase é obtida por:
𝑃𝐹 = 𝑅𝐹 ∙ 𝐼𝐹2 = 4 ∙ (44)2 = 7744 𝑊
A potência reativa em cada fase é:
𝑄𝐹 = 𝑋𝐹 ∙ 𝐼𝐹2 = 3 ∙ (44)2 = 5808 𝑉𝐴𝑟
Como o ângulo 𝜙 da impedância é 36,87°, as potências de fase podem ser calculadas por:
𝑃𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 𝑆𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 9680 ∙ 𝑐𝑜𝑠(36,87°) = 7744 𝑊
𝑄𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 𝑆𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 9680 ∙ 𝑠𝑒𝑛(36,87°) = 5808 𝑉𝐴𝑟
A carga é equilibrada, portanto a potência aparente total pode ser determinada por:
𝑆3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 = 3 ∙ 220 ∙ 44 = 29040 𝑉𝐴 = 29,04 𝑘𝑉𝐴
A potência ativa trifásica total é:
𝑃3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 𝑆3𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 29040 ∙ 𝑐𝑜𝑠(36,87°) = 23231,97 𝑊
A potência reativa trifásica total é:
𝑄3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 𝑆3𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 29040 ∙ 𝑠𝑒𝑛(36,87°) = 17424,04 𝑉𝐴𝑟
O fator de potência é calculado pela relação entre as potências:
𝑃3𝐹 23231,97
𝐹𝑃3𝐹 = = = 0,8
𝑆3𝐹 29040
O fator de potência também pode ser obtido pelo cosseno do ângulo da impedância:
𝐹𝑃3𝐹 = 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = cos(36,87°) = 0,8

Exemplo 8-6. Para o sistema trifásico Y- do Exemplo 8-2, determine:


a) A potência aparente, ativa e reativa em cada impedância de fase;
b) A potência aparente, ativa e reativa total do sistema trifásico;
c) O fator de potência do sistema trifásico;
d) Compare os resultados com o Exemplo 8.5.
Solução: A carga é equilibrada e está conectada em triângulo. Assim, a tensão de fase em cada
impedância é igual à tensão de linha. A potência aparente em cada fase é dada pelo produto da tensão
pela corrente em cada fase:
𝑆𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 = 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐹 = 380 ∙ 76 = 28880 𝑉𝐴
A potência ativa em cada fase é:
𝑃𝐹 = 𝑅𝐹 ∙ 𝐼𝐹2 = 4 ∙ (76)2 = 23104 𝑊
A potência reativa em cada fase é:
𝑄𝐹 = 𝑋𝐹 ∙ 𝐼𝐹2 = 3 ∙ (76)2 = 17328 𝑉𝐴𝑟
Como o ângulo  da impedância é 36,87°, as potências de fase podem ser calculadas por:
𝑃𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 𝑆𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 28880 ∙ 𝑐𝑜𝑠(36,87°) = 23104 𝑊

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 171

𝑄𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 𝑆𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 28880 ∙ 𝑠𝑒𝑛(36,87°) = 17328 𝑉𝐴𝑟


Como a carga é equilibrada, a potência aparente total pode ser determinada por:
𝑆3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 = 3 ∙ 380 ∙ 76 = 86640 𝑉𝐴 = 86,64 𝑘𝑉𝐴
A potência ativa trifásica total é:
𝑃3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 𝑆3𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = 86640 ∙ 𝑐𝑜𝑠(36,87°) = 69312 𝑊
A potência reativa trifásica total é:
𝑄3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 𝑆3𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 = 86640 ∙ 𝑠𝑒𝑛(36,87°) = 51984 𝑉𝐴𝑟
O fator de potência é calculado pela relação entre as potências:
𝑃3𝐹 69312
𝐹𝑃3𝐹 = = = 0,8
𝑆3𝐹 86640
O fator de potência também pode ser obtido pelo cosseno do ângulo da impedância:
𝐹𝑃3𝐹 = 𝑐𝑜𝑠 𝜙 = cos(36,87°) = 0,8
Em comparação ao Exemplo 8-5, mantendo a carga e as mesmas tensões nas bobinas do
gerador, o sistema Y- fornece uma potência aparente de 86640 VA e o sistema Y-Y fornece 29040
VA. Portanto, o sistema Y- fornece uma potência três vezes maior. No entanto, as correntes nas linhas
no sistema Y- é de 131,63 A, contra 44 A no sistema Y-Y, ou seja, três vezes maior.

8.6. SISTEMA TRIFÁSICO DESEQUILIBRADO


Um sistema elétrico trifásico é desequilibrado quando as impedâncias da carga não forem
iguais. Nesse caso, a análise do circuito deve atender à configuração da conexão do sistema trifásico, e
pode se tornar bem mais complexa.

8.6.1. Sistema trifásico desequilibrado com condutor neutro

Se o sistema trifásico for conectado em Y-Y e possuir um condutor de neutro, a tensão nas
impedâncias da carga é a mesma tensão de fase da alimentação, como ilustra a Figura 8-16. Nesse caso,
as correntes nas impedâncias da carga podem ser determinadas diretamente pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝐹
̇ =
𝐼𝐹1
𝑍̇1
𝑉̇𝐹
̇ =
𝐼𝐹2
𝑍̇2
𝑉̇𝐹
̇ =
𝐼𝐹3
𝑍̇3
A corrente no neutro para qualquer sistema trifásico desequilibrado é a soma das correntes das
fases e pode obtida pela aplicação de Lei das Correntes de Kirchhoff:
𝐼𝑁̇ = 𝐼𝐹1
̇ + 𝐼𝐹2
̇ + 𝐼𝐹3
̇
Como a carga é conectada em Y, as correntes de linha do são iguais às correntes de fase.
O sistema trifásico conectado em Y é geralmente o mais utilizado, pois a existência do
condutor neutro permite assegurar tensões equilibradas nas impedâncias das cargas e oferece um
caminho para a circulação da corrente resultante das cargas desequilibradas.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 172

As distribuidoras de energia oferecem às instalações elétricas dos consumidores tipos de


alimentação monofásica, bifásica ou trifásica, dependendo das características e potências das cargas.
Entretanto, as distribuidoras buscam assegurar que o conjunto das instalações mantenham o melhor
equilíbrio possível na distribuição das cargas ligadas ao sistema trifásico, de forma a obter maior
eficiência na operação dos sistemas de geração, transmissão e distribuição da energia elétrica.

Figura 8-16 – Carga trifásica desequilibrada com condutor neutro (Adaptado de Boylestad, 2003).

8.6.2. Sistema trifásico desequilibrado sem condutor neutro

Em um sistema trifásico com cargas desequilibradas e sem o condutor neutro, a análise do


circuito é mais complexa e deve fazer uso de métodos a serem estudados posteriormente.

Figura 8-17 – Carga trifásica desequilibrada sem condutor neutro (Adaptado de Boylestad, 2003).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 173

Uma forma de análise de um sistema trifásico desequilibrado sem condutor neutro é o chamado Método
de Análise das Malhas, que faz uso da Lei das Tensões de Kirchhoff para compor um sistema de
equações lineares. Para aplicar o Método de Análise das Malhas ao sistema trifásico desequilibrado sem
condutor neutro da Figura 8-17 é necessário analisar duas das três malhas do circuito, uma vez que são
linearmente dependentes. Assim, aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff às malhas representadas
pelas correntes 𝐼𝑥̇ e 𝐼𝑦̇ :
̇ − 𝑍̇1 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇2 ∙ (𝐼𝑥̇ − 𝐼𝑦̇ ) = 0
𝑉𝐴𝐵
𝑉̇𝐵𝐶 − 𝑍̇2 ∙ (𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇ ) − 𝑍̇3 ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
Efetuando os produtos:
̇ − 𝑍̇1 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑥̇ + 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
𝑉𝐴𝐵
𝑉̇𝐵𝐶 − 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑦̇ + 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇3 ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
Organizando o sistema de equações:
(𝑍̇1 + 𝑍̇2 ) ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑦̇ = 𝑉𝐴𝐵
̇
{
−𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑥̇ + (𝑍̇2 + 𝑍̇3 ) ∙ 𝐼𝑦̇ = 𝑉̇𝐵𝐶
Há vários métodos para resolução de sistemas de equações lineares desse tipo, tais como
substituição, Cramer, escalonamento etc.
Esse sistema de equações também pode ser representado na forma matricial:
[𝑉̇ ] = [𝑍̇] ∙ [𝐼 ]̇
Assim:
̇
𝑉𝐴𝐵 (𝑍̇1 + 𝑍̇2 ) −𝑍̇2 𝐼𝑥̇
[ ]=[ ]∙[ ̇ ]
𝑉̇𝐵𝐶 −𝑍̇2 (𝑍̇2 + 𝑍̇3 ) 𝐼𝑦
Para resolver o sistema matricial e encontrar as correntes das malhas a matriz de impedância
deve ser invertida:
−1
[𝐼 ]̇ = [𝑍̇] ∙ [𝑉̇ ]
Ou seja:
−1
𝐼𝑥̇ (𝑍̇1 + 𝑍̇2 ) −𝑍̇2 𝑉̇
[ ̇ ]=[ ] ∙ [ 𝐴𝐵 ]
𝐼𝑦 −𝑍̇2 (𝑍̇2 + 𝑍̇3 ) 𝑉̇𝐵𝐶
−1
A matriz de impedâncias inversa [𝑍̇] compõe a chamada matriz de admitância [𝑌̇]. Para que
as correntes das malhas sejam obtidas, o sistema pode ser resolvido pelo produto [𝐼 ]̇ = [𝑌̇] ∙ [𝑉̇ ]. A
inversão da matriz de impedâncias e o produto das matrizes podem ser auxiliados por meio de programas
computacionais matemáticos, como o Matlab® ou Scilab®.
Uma vez obtidas as correntes das malhas, as correntes nas impedâncias de cada fase da carga
podem ser determinadas pela Lei das Correntes de Kirchhoff:
̇ = 𝐼𝑥̇
𝐼𝑎𝑛
{𝐼𝑏𝑛 = 𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇
̇
̇ = −𝐼𝑦̇
𝐼𝑐𝑛

Exemplo 8-7. Para o circuito trifásico com cargas desequilibradas conectadas em Y e sem neutro,
ilustrado na Figura 8-17, determine as correntes de fase nas impedâncias da carga;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 174

Dados:
̇ = 220∠0° 𝑉, 𝑉̇𝐵𝐶 = 220∠ − 120° 𝑉, 𝑉̇𝐶𝐴 = 220∠ + 120° 𝑉
𝑉𝐴𝐵
𝑍̇1 = 10 Ω, 𝑍̇2 = 5 + 𝑗5 Ω, 𝑍̇3 = 5 − 𝑗2 Ω
Solução: Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff às malhas do circuito:
̇ − 𝑍̇1 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇2 ∙ (𝐼𝑥̇ − 𝐼𝑦̇ ) = 0
𝑉𝐴𝐵
{
𝑉̇𝐵𝐶 − 𝑍̇2 ∙ (𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇ ) − 𝑍̇3 ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
Substituindo os valores:
220∠0° − 10 ∙ 𝐼𝑥̇ − (5 + 𝑗5) ∙ (𝐼𝑥̇ − 𝐼𝑦̇ ) = 0
{
220∠ − 120° − (5 + 𝑗5) ∙ (𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇ ) − (5 − 𝑗2) ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
Efetuando os produtos e isolando as tensões:
+10 ∙ 𝐼𝑥̇ + 5 ∙ 𝐼𝑥̇ − 5 ∙ 𝐼𝑦̇ + 𝑗5 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑗5 ∙ 𝐼𝑦̇ ) = 220∠0°
{
+5 ∙ 𝐼𝑦̇ − 5 ∙ 𝐼𝑥̇ + 𝑗5 ∙ 𝐼𝑦̇ − 𝑗5 ∙ 𝐼𝑥̇ + 5 ∙ 𝐼𝑦̇ − 𝑗2 ∙ 𝐼𝑦̇ = 220∠ − 120°
Organizando as equações:
(15 + 𝑗5) ∙ 𝐼𝑥̇ − (5 + 𝑗5) ∙ 𝐼𝑦̇ = 220∠0°
{
−(5 + 𝑗5) ∙ 𝐼𝑥̇ + (10 + 𝑗3) ∙ 𝐼𝑦̇ = 220∠ − 120°
Colocando na forma matricial:
(15 + 𝑗5) −(5 + 𝑗5) 𝐼𝑥̇ 220∠0°
[ ]∙[ ̇ ]=[ ]
−(5 + 𝑗5) (10 + 𝑗3) 𝐼𝑦 220∠ − 120°
Isolando as variáveis das correntes das malhas:
𝐼𝑥̇ (15 + 𝑗5) −(5 + 𝑗5) −1 220∠0°
[ ̇ ]=[ ] ∙[ ]
𝐼𝑦 −(5 + 𝑗5) (10 + 𝑗3) 220∠ − 120°
Invertendo a matriz de impedâncias:
𝐼𝑥̇ (0,0733 − 𝑗0,0022) (0,0444 + 𝑗0,0222) 220∠0°
[ ̇ ]=[ ]∙[ ]
𝐼𝑦 (0,0444 + 𝑗0,0222) (0.1111) 220∠ − 120°
Efetuando o produto:
𝐼𝑥̇ 1,2175 − 𝑗8,3562 8,44∠ − 81,71°
[ ̇ ]=[ ]=[ ]
𝐼𝑦 22,4918 − 𝑗10,3169 24,74∠ − 24,64°
Portanto, as correntes de fase nas impedâncias da carga são:
̇ = 𝐼𝑥̇ = 8,44∠ − 81,71° 𝐴
𝐼𝑎𝑛
̇ = 𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇ = (22,4918 − 𝑗10,3169) − (1,2175 − 𝑗8,3562) = 21,36∠ − 5,26° 𝐴
𝐼𝑏𝑛
̇ = −𝐼𝑦̇ = −(22,4918 − 𝑗10,3169) = 24,74∠155,36° 𝐴
𝐼𝑐𝑛

8.7. QUADRO-RESUMO
Considerando os valores de tensão e corrente disponíveis nos terminais de um elemento
trifásico do circuito, tem-se:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 175

Nos terminais do elemento conectado em Estrela (𝒀):


𝑉𝐿̇
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝐹̇ 𝑉𝐿̇ = 𝑉𝐹̇ ∙ (√3∠ + 30°) ∙ 𝑉𝐹̇ =
(√3∠ + 30°)
Nos terminais do elemento conectado em Triângulo (∆):
𝐼𝐿̇
𝑉𝐿̇ = 𝑉𝐹̇ 𝐼𝐿̇ = 𝐼𝐹̇ ∙ (√3∠ − 30°) ∙ 𝐼𝐹̇ =
(√3∠ − 30°)
Corrente no condutor neutro (quando houver)
𝐼𝑁̇ = 𝐼𝑍1
̇ + 𝐼𝑍2
̇ + 𝐼𝑍3
̇
Potências trifásicas
𝑃3𝐹 = 𝑃𝑍1 + 𝑃𝑍2 + 𝑃𝑍3 𝑄3𝐹 = ±𝑄𝑍1 ± 𝑄𝑍2 ± 𝑄𝑍3 𝑆3𝐹 = √(𝑃3𝐹 )2 + (𝑄3𝐹 )2
Potências trifásicas (sistema equilibrado)
𝑃3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙 𝑄3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙 𝑆3𝐹 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹
𝑃3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙 𝑄3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙 𝑆3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿
Fator de potência trifásico
𝑃3𝐹
𝐹𝑃3𝐹 =
𝑆3𝐹

8.8. EXERCÍCIOS
8.7.1. Dados os sistemas trifásicos da Figura 8-18, determine:
a) Tensões de fase e de linha na carga;
b) Correntes de fase e de linha na carga e no neutro;
c) Corrente de fase no gerador;
d) Trace o diagrama fasorial das tensões e correntes na carga;
e) Potência aparente, ativa e reativa em cada fase;
f) Potência aparente, ativa e reativa trifásica total;
g) Fator de potência do circuito trifásico.

(a)
Resp.: 120V, 208V, 12A, 12A, 0A, 12A, 1440VA, 1440W, 0Var, 4320VA, 4320W, 1. (Fonte: Albuquerque, 1997).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 176

(b)
Resp.: 12A; 10A, 6A, (4-j3,46) A. (Fonte: Albuquerque, 1997).

(c)
(Fonte: Boylestad, 2003).
Figura 8-18. Sistemas trifásicos para o Exercício 8.7.1
8.7.2. Determine para os sistemas trifásicos - e -Y do Exemplo 8-3 e Exemplo 8-4:
a) A potência aparente, ativa e reativa em cada impedância de fase;
b) A potência aparente, ativa e reativa total do sistema trifásico;
c) O fator de potência do sistema trifásico;
d) Compare os resultados com os valores obtidos para o Exemplo 8-6 e Exemplo 8-7.

8.7.3. A tensão eficaz de linha de um sistema trifásico ligado em estrela é 380 𝑉. Cada fase é
conectada a 20 lâmpadas de 100 𝑊. Calcule a corrente de cada fase.

8.7.4. Um forno elétrico possui três resistências de 50  ligadas em triângulo. Calcule a corrente de
linha e a potência ativa total, sendo 380 𝑉 a tensão eficaz de linha.

8.7.5. A potência de um motor trifásico é 8 𝑘𝑊 ligado em tensão eficaz de 380 𝑉. Calcule a corrente
de linha se o fator de potência for 0,85. Resp.: 14,3 𝐴.

8.7.6. Um motor com resistência de enrolamento de 6  e reatância indutiva de 8  é ligado em estrela


e a tensão eficaz de linha é de 220 𝑉. Determine:
a) A corrente de linha e de fase; Resp.: 12,7𝐴.
b) A potência ativa e aparente total; Resp.: 2,9 𝑘𝑊; 4,84 𝑘𝑉𝐴.
c) Determine os mesmos parâmetros para o motor ligado em triângulo e obtenha suas conclusões.
Resp.: 38,1 𝐴; 8,71 𝑘𝑊; 14,52 𝑘𝑉𝐴

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 177

9. TRANSFORMADORES
Uma das principais razões do uso da corrente alternada é a facilidade de geração,
transformação, transmissão e distribuição da energia elétrica. A transmissão da energia em altas tensões
reduz as perdas nas linhas e os custos das redes elétricas, especialmente em longas distâncias, como
ocorre no Brasil. As tensões dos geradores das usinas são elevadas para transmissão e, posteriormente,
são reduzidas a níveis seguros para distribuição e consumo. Esse processo é possível com o uso de
transformadores.
Basicamente, um transformador é composto por duas bobinas eletricamente isoladas e
magneticamente acopladas por um núcleo comum, como ilustra a Figura 9-1. A bobina que recebe a
tensão da fonte de alimentação é chamada de enrolamento primário e a bobina que fornece a tensão
para a carga é chamada de enrolamento secundário. O princípio de funcionamento dos transformadores
é baseado na Lei de Faraday. Quando uma tensão alternada de determinada frequência é aplicada no
primário, uma corrente alternada flui nas espiras da bobina estabelecendo um fluxo magnético variante
no tempo. O núcleo conduz esse fluxo magnético variante para as espiras do secundário, fazendo com
que uma tensão seja induzida nessa bobina. A transformação da tensão entre o primário e secundário é
obtida pela diferença no número de espiras das bobinas. A corrente resultante na impedância da carga
conectada ao enrolamento secundário permite o fluxo de energia elétrica no transformador.
O núcleo tem por função melhorar o coeficiente de acoplamento do circuito magnético,
concentrando o fluxo mútuo entre as bobinas. Nos núcleos são usados materiais ferromagnéticos de alta
permeabilidade e baixa histerese, como Aço-Silício (para baixas frequências) e Ferrite (para altas
frequências). Os núcleos metálicos devem ser laminados para reduzir as perdas magnéticas devido às
correntes parasitas de Foucault.
Dependendo do número de espiras das bobinas, os transformadores são capazes de elevar ou
abaixar os níveis de tensão, mantendo a frequência no primário e secundário. Os transformadores
também podem operar de forma reversa, dependendo em qual bobina a fonte de alimentação é
conectada. O primário atua como uma impedância para a fonte de alimentação e o secundário atua como
uma fonte de tensão para a impedância da carga a ser acionada. Idealmente, um transformador não afeta
a potência elétrica real fornecida. Se o transformador elevar o nível de tensão, a corrente no secundário
será diminuída para manter a potência do primário. Ao contrário, se a tensão for abaixada, então a
corrente no secundário será aumentada. Como na prática não alteram (substancialmente) a quantidade
de energia transferida do primário ao secundário, os transformadores reais são dispositivos
eletromagnéticos altamente eficientes, cujo rendimento pode ser superior a 99%.

fluxo magnético
ip(t)  is(t)

Np
vp(t) vs(t)
Ns
Primário Secundário
núcleo
Figura 9-1. Transformador básico (Adaptado de: www.mspc.eng.br).
Há transformadores de diversos tamanhos e capacidades de potência, desde os enormes
transformadores de subestações de energia até os pequenos transformadores usados em placas de
circuitos impressos de equipamentos eletrônicos. Um transformador também pode ser usado para
transformar correntes e impedâncias. Na verdade, a principal propriedade de um transformador é sua
capacidade de transformar impedâncias (COGDELL, 1996). Os transformadores de potência são vitais
para elevar e abaixar os níveis de tensão nos sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 178

Também são fundamentais nas fontes de alimentação e nos carregadores de bateria dos equipamentos
eletrônicos. O princípio dos transformadores também é usado nos equipamentos de solda elétrica a arco
voltaico. Nos equipamentos de áudio, os transformadores são usados para adaptar as impedâncias dos
alto-falantes e fones à impedância de saída dos amplificadores, de forma a obter a máxima transferência
de potência (casamento de impedâncias). Os transformadores também são usados nas bobinas de ignição
dos motores dos automóveis, de forma a permitir uma tensão suficiente para produzir uma faísca nas
velas de ignição da mistura de combustível e ar nas câmaras de explosão. Esse mesmo princípio é usado
nos reatores para acender as lâmpadas de descarga elétrica, como as fluorescentes, vapor de mercúrio e
vapor de sódio. Há também os transformadores para amostragem e medição de tensão (transformadores
de potencial) e de corrente (transformadores de corrente).

9.1. TRANSFORMADOR IDEAL


Um transformador ideal é aquele no qual se admite um funcionamento em condições perfeitas
e onde a transferência de energia do primário para o secundário se dá sem nenhuma perda. A Figura 9-2
apresenta os principais parâmetros de um transformador ideal, onde:
• 𝑣𝑝 (𝑡): tensão do primário;
• 𝑣𝑠 (𝑡): tensão do secundário;
• 𝑖𝑝 (𝑡): corrente do primário;
• 𝑖𝑠 (𝑡): corrente do secundário;
• 𝑁𝑝 : número de espiras do enrolamento primário;
• 𝑁𝑠 : número de espiras do enrolamento secundário;
• 𝑍𝐿 : impedância da carga;

ip(t) is(t)

vp(t) ZL vs(t)

Np : Ns
Figura 9-2. Parâmetros e símbolo do transformador ideal (Adaptado de: www.mspc.eng.br).
Quando uma tensão alternada senoidal é aplicada ao primário, a corrente que flui na bobina
estabelece um fluxo magnético também senoidal:
𝜙(𝑡) = 𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)
No transformador ideal, todo o fluxo magnético variante atravessa as espiras do primário e do
secundário, induzindo uma tensão nas bobinas, de acordo com a Lei de Faraday:
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣(𝑡) = −𝑁 ∙
𝑑𝑡
Como a variação do fluxo depende da frequência (𝜔 = 2𝜋𝑓), a tensão induzida nas bobinas
do primário e do secundário é diretamente proporcional à frequência 𝑓, ao número de espiras 𝑁 e ao
fluxo magnético máximo no núcleo 𝛷𝑚𝑎𝑥 . Como no transformador ideal todo o fluxo magnético do
primário está no secundário, então:
𝜙𝑝 (𝑡) = 𝜙𝑠 (𝑡) = 𝜙(𝑡)
Assim, a tensão induzida no primário e secundário é dada por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 179

𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑝 (𝑡) = −𝑁𝑝 ∙
𝑑𝑡
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑠 (𝑡) = −𝑁𝑠 ∙
𝑑𝑡
Relacionando as tensões do primário e secundário:
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑝 (𝑡) −𝑁𝑝 ∙ 𝑑𝑡 𝑁𝑝
= = =𝑎
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑑𝜙(𝑡) 𝑁𝑠
−𝑁𝑠 ∙
𝑑𝑡
𝑣𝑝 (𝑡) 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑁𝑠
Na forma fasorial, essa equação expressa a relação de transformação (𝒂):
𝑉𝑝̇ 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑉𝑠̇ 𝑁𝑠
A relação de transformação (ou relação de espiras) é uma constante adimensional que
representa a relação entre o número de espiras das bobinas ou entre a tensão do primário e do secundário.
Se 𝒂 > 𝟏 o número de espiras no primário é maior que no secundário e o transformador é abaixador de
tensão. Se 𝒂 < 𝟏 o número de espiras no primário é menor que no secundário e o transformador é
elevador de tensão. Se 𝑎 = 1 não há diferença de tensão e o transformador age apenas como isolador
galvânico (elétrico) entre o primário e o secundário.
Como no transformador ideal os ângulos das tensões no primário e secundário não se alteram,
a essa relação pode ser expressa em termos dos valores eficazes:
𝑉𝑝 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑉𝑠 𝑁𝑠
Os transformadores necessitam de um fluxo magnético alternado para induzir uma tensão no
secundário, e não podem ser usados com tensões contínuas. Se o primário for conectado a uma fonte de
tensão contínua (𝑓 = 0), o fluxo magnético constante não induz tensão e as reatâncias das bobinas são
anuladas (𝑋𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿 = 0). Se a resistência da bobina for baixa, a corrente drenada da fonte pode
provocar sobreaquecimento do condutor e queima do transformador.
Na análise do transformador ideal não são consideradas as perdas de energia e o coeficiente
de acoplamento é unitário, ou seja, não há dispersão das linhas de campo e todo o fluxo magnético nas
bobinas do primário e secundário se constitui no fluxo magnético mútuo. Portanto, pelo princípio da
conservação da energia, a potência aparente absorvida pelo primário (𝑆𝑝 ) é igual à potência fornecida
pelo secundário (𝑆𝑠 ):
𝑆𝑝 = 𝑆𝑠
Substituindo pelas tensões e correntes eficazes:
𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝 = 𝑉𝑠 ∙ 𝐼𝑠
Reescrevendo, temos a equação do transformador ideal:
𝑉𝑝 𝐼𝑠 𝑁𝑝
= = =𝑎
𝑉𝑠 𝐼𝑝 𝑁𝑠
Portanto, a bobina do transformador com maior número de espiras é o lado de maior tensão e
de menor corrente, e vice-versa. Assim, um transformador abaixador de tensão é constituído por um
primário com muitas espiras de condutor fino (menor corrente) e um secundário com poucas espiras de
condutor mais espesso (maior corrente).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 180

Como um transformador altera os níveis de tensão e corrente, ele também altera razão entre a
tensão e a corrente e, portanto, a impedância aparente de um elemento. Assim, dividindo a equação da
relação de tensão pela equação da relação de corrente:
𝑉𝑝 𝑁𝑝
𝑉𝑠 𝑁
= 𝑠
𝐼𝑝 𝑁𝑠
𝐼𝑠 𝑁𝑝

Reescrevendo:
𝑉𝑝 𝐼𝑠 𝑁𝑝 𝑁𝑝
∙ = ∙
𝑉𝑠 𝐼𝑝 𝑁𝑠 𝑁𝑠
𝑉𝑝 𝐼𝑠 𝑁𝑝 2
∙ =( )
𝐼𝑝 𝑉𝑠 𝑁𝑠
Como 𝑍̇ = 𝑉̇⁄𝐼 ̇ e 𝑁𝑝 ⁄𝑁𝑠 = 𝑎, então:
1
𝑍̇𝑝 ∙ = 𝑎2
𝑍̇𝑠
Assim, a relação de transformação das impedâncias no transformador é dada por:
𝑍̇𝑝
= 𝑎2
𝑍̇𝑠
No transformador ideal a impedância do secundário é a impedância da carga 𝑍𝐿 , cujo valor no
primário é dado por 𝑍′𝐿 :
𝑍̇′𝐿 = 𝑎2 ∙ 𝑍̇𝐿
Essa equação determina a impedância da carga referida ao primário (𝒁̇′𝑳 ), ou seja, a
impedância da carga vista pela fonte conectada ao primário, e descreve a capacidade dos
transformadores de adaptar diferentes impedâncias. Dessa forma, um transformador pode fazer uma
pequena impedância de carga parecer grande para a fonte de alimentação, ou vice-versa.
No transformador ideal não há perdas e os ângulos das tensões e correntes não são afetados.
Portanto as potências aparente, ativa e reativa são as mesmas no primário e secundário:
𝑆𝑝 = 𝑆𝑠
𝑃𝑝 = 𝑃𝑠
𝑄𝑝 = 𝑄𝑠
Onde 𝑆𝑝 = 𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝 ; 𝑆𝑠 = 𝑉𝑠 ∙ 𝐼𝑠 ; 𝑃𝑝 = 𝑆𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃; 𝑃𝑠 = 𝑆𝑠 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃; 𝑄𝑝 = 𝑄𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 e 𝑄𝑠 = 𝑆𝑠 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃.

Exemplo 9-1. O transformador ideal da Figura 9-2 deve fornecer no secundário uma tensão eficaz de
20 𝑉 e corrente de 400 𝑚𝐴, a partir da tensão eficaz de 220 𝑉 da rede elétrica aplicada ao primário.
Sabendo que a bobina primária é composta por 500 espiras, determine:
a) O número de espiras da bobina secundária;
b) A corrente requerida da rede elétrica no primário;
c) As potências aparentes no primário e no secundário;
d) Considerando que a impedância da carga é 5 , determine a impedância vista pela fonte.
Solução: A partir da equação da relação de transformação:
𝑉𝑝 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑉𝑠 𝑁𝑠

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 181

Reescrevendo e substituindo os valores, o número de espiras do secundário é obtido por:


𝑉𝑠 20
𝑁𝑠 = 𝑁𝑝 ∙ = 500 ∙ = 45,45 ≅ 46 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠
𝑉𝑝 220
A corrente no primário é obtida a partir da equação da relação de transformação de corrente:
𝐼𝑝 𝑁𝑠 𝑁𝑠 45,45
= → 𝐼𝑝 = 𝐼𝑠 ∙ = 0,4 ∙ = 36,4 𝑚𝐴
𝐼𝑠 𝑁𝑝 𝑁𝑝 500
A potência aparente no primário é calculada por:
𝑆𝑝 = 𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝 = 220 ∙ 0,0364 = 8 𝑉𝐴
Como o transformador é ideal, a potência no secundário é a mesma do primário:
𝑆𝑠 = 𝑉𝑠 ∙ 𝐼𝑠 = 20 ∙ 0,4 = 8 𝑉𝐴
Pela relação de transformação de impedâncias:
𝑁𝑝 2 500 2
𝑍̇′𝐿 = 𝑎2 ∙ 𝑍̇𝐿 = ( ̇
) ∙ 𝑍𝐿 = ( ) ∙ 5 = 605,1 Ω
𝑁𝑠 45,45
Portanto, a impedância de 5  da carga é vista pela fonte como uma impedância de 605,1 .

Exemplo 9-2. Para o circuito da Figura 9-3, determine a corrente no secundário do transformador.
Dados: 𝑉𝑓̇ = 25∠0° 𝑉, 𝑅1 = 20 Ω, 𝑅2 = 5 Ω, 𝑋𝐿 = 𝑗10 Ω, 𝑋𝐶 = −𝑗10 Ω

Figura 9-3. Circuito para o exemplo 9.2.


Solução: Para resolver um circuito com transformador ideal, a parte de um dos lados do transformador
deverá ser substituída por um circuito equivalente sem o transformador. Em seguida, a relação de
transformação é utilizada para obter os valores finais, com o transformador. Assim, primeiramente a
impedância da carga conectada ao secundário deve ser referida ao primário pela relação de
transformação de impedâncias:
𝑍̇′𝐿 = 𝑎2 ∙ 𝑍̇𝐿
Substituindo os valores dados:

̇ 𝑁𝑝 2 2 2
̇
𝑍′𝐿 = ( ) ∙ 𝑍𝐿 = ( ) ∙ (5 − 𝑗10) = 4 ∙ (5 − 𝑗10) = 20 − 𝑗40 Ω
𝑁𝑠 1
Portanto, a resistência da carga referida ao primário é 𝑅2𝑝 = 20Ω e a reatância capacitiva
referida ao primário é 𝑋𝐶𝑝 = −𝑗40Ω. O circuito equivalente resultante sem o transformador ideal é
apresentado na Figura 9-4. Como agora o circuito equivalente é composto por uma única malha, a
corrente no primário é calculada por:
𝑉𝑓̇ 𝑉𝑓̇ 25∠0° 25∠0° 25∠0°
𝐼𝑝̇ = = = = =
𝑍̇𝑒𝑞 (𝑅1 + 𝑋𝐿 + 𝑅2𝑝 + 𝑋𝐶𝑝 ) (20 + 𝑗10 + 20 − 𝑗40) (40 − 𝑗30) (50∠ − 36,87°)
𝐼𝑝̇ = 0,5∠ + 36,87° 𝐴
Pela relação de transformação de corrente, obtém-se a corrente no secundário:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 182

𝐼𝑠̇ 𝑁𝑝 𝑁𝑝 2
= = 𝑎 → 𝐼𝑠̇ = ∙ 𝐼𝑝̇ = ∙ (0,5∠ + 36,87°)
𝐼𝑝̇ 𝑁𝑠 𝑁𝑠 1
𝐼𝑠̇ = 1∠ + 36,87° 𝐴

Figura 9-4. Circuito equivalente referido ao primário para o circuito da Figura 9-3.

Exemplo 9-3. (Estudo Proposto) Um sistema elétrico monofásico consiste em uma fonte de tensão
senoidal de 480 𝑉 e 60 𝐻𝑧 alimentando uma impedância de carga 𝑍̇𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 4 + 𝑗3 Ω a por meio de
uma linha de transmissão de impedância de 𝑍̇𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 = 0,18 + 𝑗0,24 Ω
a) Se o sistema elétrico apresentar a configuração apresentada na Figura 9-5(a), determine a tensão
na carga e as perdas de potência ativa na linha de transmissão;
b) Se um transformador elevador T1 com relação de espiras 1: 10 for adicionado no início da linha
de transmissão e um transformador ideal abaixador T2 com relação de espiras de 10: 1 for
adicionado no final da linha de transmissão, como ilustra a Figura 9-5(b), determine a tensão
sobre a carga e as perdas na linha de transmissão;
c) Compare os sistemas e descreva suas conclusões.
̇
Resposta:𝑉𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 454∠ − 0,9° 𝑉; 𝑃𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 = 1484 𝑊; 𝑉𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ̇ = 479,7∠ − 0,01° 𝑉; 𝑃𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 = 16,7 𝑊

Figura 9-5. Sistema elétrico para o Exemplo 9-3: (a) sem transformador; (b) com transformador elevador e
abaixador de tensão. (Adaptado de CHAPMAN, 2013).

9.2. ANÁLISE DO CIRCUITO MAGNÉTICO DO TRANSFORMADOR NÃO IDEAL

9.2.1. Relação de transformação de tensão

Nos transformadores não ideais nem todo o fluxo magnético circula mutuamente nas duas
bobinas, pois há uma parcela de dispersão magnética através do ar, como ilustra a Figura 9-6. Assim, o
fluxo total em cada bobina é composto pelo fluxo mútuo 𝜙𝑚 que enlaça as duas bobinas e por uma
pequena parcela de fluxo de dispersão 𝜙𝑑 que passa pela bobina e retorna através do ar:
𝜙𝑝 = 𝜙𝑚 + 𝜙𝑑𝑝
𝜙𝑠 = 𝜙𝑚 + 𝜙𝑑𝑠

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 183

Figura 9-6. Circuito magnético do transformador não ideal. (Adaptado de wikipedia.org).


A tensão induzida em cada bobina será composta pela tensão induzida devido à variação do
fluxo mútuo e pela tensão induzida pela variação do fluxo de dispersão:
𝑑𝜙𝑚 𝑑𝜙𝑑𝑝
𝑣𝑝 (𝑡) = 𝑒𝑚 (𝑡) + 𝑒𝑑𝑝 (𝑡) = 𝑁𝑝 + 𝑁𝑝
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝜙𝑚 𝑑𝜙𝑑𝑠
𝑣𝑠 (𝑡) = 𝑒𝑚 (𝑡) + 𝑒𝑑𝑠 (𝑡) = 𝑁𝑠 + 𝑁𝑠
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Nos transformadores reais bem projetados, o fluxo de dispersão das bobinas é muito menor
que o fluxo mútuo, devido à qualidade do acoplamento magnético (𝑘 ≅ 1). Então:
𝑑𝜙𝑚
𝑣𝑝 (𝑡) ≅ 𝑁𝑝
𝑑𝑡
𝑑𝜙𝑚
𝑣𝑠 (𝑡) ≅ 𝑁𝑠
𝑑𝑡
Relacionando as duas equações:
𝑑𝜙𝑚
𝑣𝑝 (𝑡) 𝑁𝑝 𝑑𝑡 𝑁𝑝
= = =𝑎
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑁 𝑑𝜙𝑚 𝑁𝑠
𝑠 𝑑𝑡

Portanto, a razão entre a tensão primária e a tensão secundária causadas pelo fluxo mútuo é
igual à relação de espiras das bobinas, ou seja, a relação de transformação (𝒂):
𝑣𝑝 (𝑡) 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑁𝑠
A relação de transformação (𝑎) também pode ser expressa na forma fasorial:
𝑉𝑝̇ 𝑁𝑝
= =𝑎
̇𝑉𝑠 𝑁𝑠

Se 𝑎 > 1 o transformador é abaixador de tensão (𝑉𝑝 > 𝑉𝑠 ). Por outro lado, se 𝑎 < 1 o
transformador é elevador de tensão (𝑉𝑝 > 𝑉𝑠 ).

Dedução: Relação de transformação de tensão no transformador não ideal.


Seja agora o transformador não ideal da Figura 9-7, onde são conhecidos o comprimento
médio do circuito magnético (ℓ), a permeabilidade magnética (𝜇), a área da seção transversal do núcleo
(𝐴) e o número de espiras do primário (𝑁𝑝 ) e do secundário (𝑁𝑠 ). Admitindo o transformador operando

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 184

em regime permanente senoidal e um coeficiente de acoplamento magnético ideal (𝑘 = 1), o fluxo


magnético do primário é igual ao do secundário, ou seja, 𝜙𝑝 (𝑡) = 𝜙𝑠 (𝑡).

Figura 9-7. Circuito magnético do transformador (Adaptado de: www.wikienergia.pt).


Admitindo uma corrente senoidal 𝑖𝑝 (𝑡) = 𝐼𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡) na bobina do primário, o fluxo
magnético resultante será senoidal e proporcional à corrente:
𝜙𝑝 (𝑡) = 𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)
A tensão autoinduzida no primário é dada pela Lei de Faraday:
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑝 (𝑡) = 𝑁𝑝 ∙
𝑑𝑡
Substituindo e derivando:
𝑑(𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ sen 𝜔𝑡 )
𝑣𝑝 (𝑡) = 𝑁𝑝 ∙ = 𝜔 ∙ 𝑁𝑝 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ cos 𝜔𝑡
𝑑𝑡
Transformando o cosseno em seno, a tensão instantânea no primário é expressa por:
𝑣𝑝 (𝑡) = 𝜔 ∙ 𝑁𝑝 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 90°)
Portanto, a tensão está adiantada 90° da corrente na bobina do primário. O coeficiente
(𝑁𝑝 ∙ 𝜔 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥 ) representa o valor de pico da tensão. Assim o valor eficaz da tensão no primário é:
𝜔 ∙ 𝑁𝑝 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥 (2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑓) ∙ 𝑁𝑝 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥
𝑉𝑝 = =
√2 √2
Então a tensão eficaz autoinduzida na bobina do primário é expressa por:
𝑉𝑝 = 4,44 ∙ 𝑓 ∙ 𝑁𝑝 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥
Como no transformador com núcleo ferromagnético o coeficiente de acoplamento pode ser
considerado praticamente ideal (𝑘 = 1), todo o fluxo magnético produzido pela bobina do primário é
igual ao fluxo mútuo que atinge a bobina do secundário. Consequentemente, o mesmo raciocínio pode
ser aplicado para deduzir a tensão autoinduzida no secundário:
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑠 (𝑡) = 𝑁𝑠 ∙
𝑑𝑡
𝑑(𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ sen 𝜔𝑡 )
𝑣𝑠 (𝑡) = 𝑁𝑠 ∙ = 𝜔 ∙ 𝑁𝑠 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ cos 𝜔𝑡
𝑑𝑡
Transformando o cosseno em seno, a tensão instantânea no secundário é expressa por:

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𝑣𝑠 (𝑡) = 𝑁𝑠 ∙ 𝜔 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 90°)


O valor eficaz da tensão no secundário é determinado por:
𝜔 ∙ 𝑁𝑠 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥 (2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑓) ∙ 𝑁𝑠 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥
𝑉𝑠 = =
√2 √2
Assim, o valor eficaz da tensão autoinduzida na bobina do secundário é expresso por:
𝑉𝑠 = 4,44 ∙ 𝑓 ∙ 𝑁𝑠 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥
Portanto, a tensão autoinduzida nas bobinas do transformador depende da frequência, do
número de espiras e do fluxo magnético mútuo máximo.
A tensão nas bobinas do transformador depende da frequência, do número de espiras e do fluxo
magnético mútuo máximo.
Como 𝛷𝑚𝑎𝑥 = 𝐵 ∙ 𝐴, a tensão autoinduzida também depende da densidade de fluxo magnético
no núcleo e da área da bobina, que é a mesma área da seção transversal do núcleo. Para uma dada tensão
e corrente, quanto menor a frequência, maior deverá ser a área do núcleo ou o número de espiras ou a
densidade de fluxo. Essa é a razão de os transformadores para baixas frequências serem mais volumosos
e pesados que os transformadores para altas frequências.
A divisão das tensões do primário e secundário fornece a relação de transformação:
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑝 (𝑡) 𝑁𝑝 ∙ 𝑑𝑡
=
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑑𝜙(𝑡)
𝑁𝑠 ∙
𝑑𝑡
Assim, relação de transformação ou relação de espiras (𝒂) é expressa por:
𝑣𝑝 (𝑡) 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑁𝑠

Exemplo 9-4. Um transformador monofásico possui 800 espiras no primário e 100 espiras no
secundário. A densidade de fluxo magnético máxima no núcleo é de 1,5 𝑇 quando uma tensão de 1800 𝑉
em 60 𝐻𝑧 é aplicada no primário. Determine:
a) O fluxo máximo no núcleo;
b) A área da seção transversal do núcleo;
c) A tensão induzida no secundário.
Solução: A equação da tensão induzida no primário fornece o valor do fluxo máximo no núcleo:
𝑉𝑝 = 4,44 ∙ 𝑓 ∙ 𝑁𝑝 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥
Resolvendo para 𝛷𝑚𝑎𝑥 :
𝑉𝑝 1800
𝛷𝑚𝑎𝑥 = = = 8,44 𝑚𝑊𝑏
4,44 ∙ 𝑓 ∙ 𝑁𝑝 4,44 ∙ 60 ∙ 800
Como o fluxo é dado por 𝛷𝑚𝑎𝑥 = 𝐵 ∙ 𝐴 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃, então a área da seção transversal do núcleo é:
𝛷𝑚𝑎𝑥 0,00844
𝐴= = = 0,00563 𝑚2 = 56,3 𝑐𝑚2
𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 1,5 ∙ 𝑠𝑒𝑛90°
A tensão induzida no secundário pode ser determinada pela relação de transformação:

𝑉𝑝 𝑁𝑝 𝑁𝑠 100
= → 𝑉𝑠 = ∙ 𝑉𝑝 = ∙ 1800 = 225 𝑉
𝑉𝑠 𝑁𝑠 𝑁𝑝 800

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 186

A tensão induzida no secundário também pode ser determinada pela equação:

𝑉𝑠 = 4,44 ∙ 𝑓 ∙ 𝑁𝑠 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥 = 4,44 ∙ 60 ∙ 100 ∙ 0,00844 = 225 𝑉

9.2.2. Relação de transformação de corrente

A Figura 9-8 apresenta o circuito magnético equivalente do transformador da Figura 9-7.


FMM p FMM s

Figura 9-8. Circuito magnético equivalente para o transformador da Figura 9-7.


As correntes no primário e no secundário estão relacionadas pela malha do circuito magnético
equivalente do transformador. Segundo a Lei de Lenz, a força magneto-motriz do secundário (𝐹𝑀𝑀𝑠 )
se opõe à força magneto-motriz do primário (𝐹𝑀𝑀𝑝 ) e o sinal é negativo. Assim, a força magneto-
motriz líquida no núcleo (𝐹𝑀𝑀𝑛 ) do transformador é obtida pela aplicação da Lei de Kirchhoff na
malha do circuito magnético equivalente do transformador:
𝐹𝑀𝑀𝑛 = 𝐹𝑀𝑀𝑝 − 𝐹𝑀𝑀𝑠
A força magneto-motriz nas bobinas é função do produto da corrente pelo número de espiras
e a força magneto-motriz líquida no núcleo é o produto da relutância magnética do núcleo ℜ pelo fluxo
magnético líquido no núcleo. Assim:
ℜ ∙ 𝜙 = 𝑁𝑝 ∙ 𝐼𝑝̇ − 𝑁𝑠 ∙ 𝐼𝑠̇
Como a relutância magnética do núcleo de um transformador bem projetado é muito baixa
(aproximadamente zero), desde que o núcleo não esteja saturado, então:
𝑁𝑝 ∙ 𝐼𝑝̇ − 𝑁𝑠 ∙ 𝐼𝑠̇ ≅ 0
Assim, a relação entre as correntes do primário e do secundário na forma fasorial é expressa
pela relação de transformação de correntes:
𝐼𝑝̇ 𝑁𝑠 1
= =
̇𝐼𝑠 𝑁𝑝 𝑎
A relação entre as correntes é inversa à relação de espiras (𝑎). Essa equação somente é válida
se são desprezados os efeitos relutância magnética do núcleo.

Dedução: Relação de transformação de corrente do transformador.


A força magneto-motriz líquida no núcleo (𝐹𝑀𝑀𝑛 ) do transformador é obtida pela aplicação
da Lei de Kirchhoff na malha do circuito magnético equivalente do transformador:
𝐹𝑀𝑀𝑛 = 𝐹𝑀𝑀𝑝 − 𝐹𝑀𝑀𝑠
Como a força magneto-motriz nas bobinas é função do produto da corrente pelo número de
espiras e a força magneto-motriz líquida no núcleo é o produto da relutância magnética do núcleo ℜ
pelo fluxo magnético líquido no núcleo, então:
ℜ ∙ 𝜙 = 𝑁𝑝 ∙ 𝐼𝑝̇ − 𝑁𝑠 ∙ 𝐼𝑠̇

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 187

Resolvendo para 𝐼𝑝 :
𝛷 ∙ ℜ 𝑁𝑠
𝐼𝑝̇ = + ∙ 𝐼̇
𝑁𝑝 𝑁𝑝 𝑠
A indutância de uma bobina é expressa por:
𝜇 ∙ 𝐴 ∙ 𝑁2 𝑁2
𝐿= =
ℓ𝑛 ℜ
Assim:
𝑁2
ℜ=
𝐿
Então:
𝑁𝑝 2
𝛷∙
𝐼𝑝̇ = 𝐿 + 𝑁𝑠 ∙ 𝐼 ̇
𝑁𝑝 𝑁𝑝 𝑠
𝛷 ∙ 𝑁𝑝 𝑁𝑠
𝐼𝑝̇ = + ∙ 𝐼̇
𝐿 𝑁𝑝 𝑠
Como 𝑣𝑝 (𝑡) = 𝑁𝑝 𝜔𝛷𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 90°), então o fasor tensão do primário é dado por:
𝜔𝑁𝑝 𝛷𝑚𝑎𝑥
𝑉𝑝̇ = ∠90° = 𝑗(𝜔𝑁𝑝 𝛷)
√2
Assim:
𝑉𝑝̇
𝛷=
𝑗(𝜔𝑁𝑝 )
Substituindo e operando:
𝑉𝑝̇
∙ 𝑁𝑝
𝑗(𝜔𝑁𝑝 ) 𝑁𝑠
𝐼𝑝̇ = + ∙ 𝐼̇
𝐿 𝑁𝑝 𝑠
𝑉𝑝̇ 𝑁𝑠
𝐼𝑝̇ = + ∙ 𝐼̇
𝑗(𝜔𝐿) 𝑁𝑝 𝑠
Onde 𝐿 representa a indutância mútua do transformador, responsável pela energia armazenada
no fluxo magnético. Portanto, a corrente no primário na forma fasorial é expressa por:
𝑉𝑝̇ 𝐼𝑠̇
𝐼𝑝̇ = +
𝑋𝑚 𝑎
Onde 𝑋𝑚 é a reatância mútua do transformador e 𝑎 é a relação de espiras.
A corrente instantânea no primário é expressa por:
𝑖𝑠 (𝑡)
𝑖𝑝 (𝑡) = 𝑖𝜙 (𝑡) +
𝑎
Portanto, a corrente total no primário do transformado é composta por uma corrente de
magnetização 𝑖𝜙 (𝑡), responsável pelo estabelecimento do fluxo magnético mútuo no núcleo, e pela
corrente na bobina do secundário referida ao primário pela relação de transformação 𝑖𝑠 (𝑡)/𝑎. Essa
equação, baseada na Lei das Correntes de Kirchhoff, indica que o circuito equivalente de um
transformador deve ser representado por um transformador ideal em paralelo com a indutância
responsável pelo fluxo magnético mútuo, como ilustra a Figura 9-9.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 188

Figura 9-9. Modelo equivalente do transformador ideal.


A tensão induzida no secundário do transformador estabelece uma corrente no secundário
𝑖𝑠 (𝑡) que também circula pela impedância da carga 𝑍𝐿 . Quando a carga está presente, a corrente nas
espiras do secundário desenvolve um fluxo magnético que se opõe à variação do fluxo produzido pelas
espiras do primário. O fluxo magnético resultante no núcleo diminui, reduzindo a tensão autoinduzida
na bobina do primário que, por sua vez, enfraquece a oposição à passagem da corrente no primário.
Consequentemente a corrente no primário aumenta, contrabalançando o desequilíbrio do fluxo
magnético no núcleo provocado pela corrente no secundário. A parcela de corrente no primário
produzida pela ação da corrente do secundário é chamada de corrente do secundário referida ao primário.
Na situação de equilíbrio, a corrente total no primário é a soma das componentes:
𝑖𝑠 (𝑡)
𝑖𝑝 (𝑡) = 𝑖𝜙 (𝑡) +
𝑎
Entretanto, em muitas aplicações práticas a corrente do secundário referida ao primário é muito
maior que a corrente de magnetização (𝑖𝑠 (𝑡)/𝑎) ≫ 𝑖𝜙 (𝑡). Portanto, pode-se considerar:
𝑖𝑠 (𝑡)
𝑖𝑝 (𝑡) ≅
𝑎
Assim:
𝑖𝑠 (𝑡) 𝑁𝑠
𝑖𝑝 (𝑡) = = 𝑖𝑠 (𝑡)
𝑁𝑝 𝑁𝑝
𝑁𝑠
Portanto, a relação de transformação de corrente é expressa por:
𝑖𝑝 (𝑡) 𝑁𝑠 1
= =
𝑖𝑠 (𝑡) 𝑁𝑝 𝑎
A relação de transformação de corrente também pode ser expressa na forma fasorial:
𝐼𝑝̇ 𝑁𝑠 1
= =
𝐼𝑠̇ 𝑁𝑝 𝑎
A relação entre as correntes é inversa à relação de espiras. Essa equação somente é válida se
são desprezados os efeitos da corrente de magnetização 𝑖𝜙 (𝑡).

9.2.3. Corrente de excitação do núcleo do transformador não ideal

Quando o transformador da Figura 9-7 é conectado a uma fonte de tensão alternada, uma
corrente circula no circuito primário, mesmo quando o secundário estiver em circuito aberto (sem carga).
Essa é a corrente requerida para estabelecer o fluxo magnético no núcleo do transformador, e consiste
em duas componentes:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 189

• Corrente de magnetização 𝑖𝜙 (𝑡), que é a corrente necessária para estabelecer o fluxo


magnético mútuo no núcleo do transformador;
• Corrente de perdas no núcleo 𝑖ℎ𝑝 (𝑡), que é a corrente responsável pelas perdas magnéticas
devido à histerese e à indução de correntes parasitas no núcleo.
Desconsiderando os efeitos do fluxo de dispersão, o fluxo médio no núcleo é obtido por:
1
𝜙̅𝑝 = ∫ 𝑣𝑝 (𝑡)𝑑𝑡
𝑁𝑝
Sendo a tensão no primário expressa por 𝑣𝑝 (𝑡) = √2𝑉𝑝 cos(𝜔𝑡), então substituindo e
integrando a equação:
1
𝜙̅𝑝 = ∫ 𝑉𝑝 cos(𝜔𝑡) 𝑑𝑡
𝑁𝑝
Portanto, o fluxo magnético médio no núcleo do transformador é dado por:

√2𝑉𝑝
𝜙̅𝑝 = 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝜔𝑁𝑝
A Figura 9-10 ilustra a curva típica da corrente de magnetização 𝒊𝝓 (𝒕) do núcleo de um
transformador, obtida a partir da comparação das curvas de magnetização do material ferromagnético
do núcleo (𝜙 × 𝑓𝑚𝑚) e do fluxo magnético estabelecido pela corrente na bobina do primário (𝜙 × 𝑡).

Figura 9-10. Curva da corrente de magnetização do transformador (Adaptado de CHAPMAN, 2013).


A corrente de magnetização do transformador não é senoidal devido à saturação magnética do
núcleo. Quando o fluxo atinge o ponto de saturação do núcleo, um pequeno aumento no fluxo exigirá
um aumento muito maior na corrente de magnetização. Quanto mais saturado estiver o núcleo, maiores
serão as componentes harmônicas de alta frequência da curva da corrente de magnetização. A
componente fundamental da corrente de magnetização está atrasada 90° da tensão no primário.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 190

A corrente de perdas no núcleo 𝒊𝒉𝒑 (𝒕) é a corrente que fornece a potência para as perdas por
efeito da histerese magnética e das correntes parasitas induzidas no núcleo. Considerando o fluxo
magnético senoidal e sabendo que as correntes parasitas induzidas no núcleo são proporcionais à taxa
de variação do fluxo (𝑑𝜙/𝑑𝑡), a corrente de perdas será máxima quando o fluxo estiver passando por
zero, como ilustra a Figura 9-11. A corrente de perdas no núcleo não é linear devido aos efeitos não
lineares da histerese magnética e sua componente fundamental está em fase com a tensão aplicada.

Figura 9-11. Corrente de perdas no núcleo do transformador (Adaptado de CHAPMAN, 2013).


A corrente total de excitação 𝒊𝒆𝒙 (𝒕) do núcleo de um transformador típico é resultante da
soma da corrente de magnetização e da corrente de perdas:
𝑖𝑒𝑥 (𝑡) = 𝑖𝜙 (𝑡) + 𝑖ℎ𝑝 (𝑡)
A soma das curvas da corrente de magnetização da Figura 9-10 e da corrente de perdas da
Figura 9-11 resulta na curva da corrente de excitação do transformador ilustrada na Figura 9-12. Nos
transformadores de potência bem projetados, a corrente de excitação é muito menor do que a corrente
da plena carga. Por essa razão, em muitos casos a corrente de excitação pode ser desprezada.

Figura 9-12. Corrente de excitação do transformador (Adaptado de CHAPMAN, 2013).

9.3. PERDAS DE ENERGIA NO TRANSFORMADOR


Toda perda de energia provoca aquecimento. Como o transformador é um equipamento
estático, não há perdas mecânicas como em outras máquinas elétricas. Embora sejam altamente
eficientes, os transformadores estão sujeitos a outros tipos de perdas de energia, as chamadas perdas
elétricas e magnéticas. As perdas elétricas ocorrem pelo efeito Joule devido à circulação da corrente no
cobre dos condutores das bobinas. As perdas magnéticas ocorrem no circuito magnético do
transformador e são devidas à dispersão do fluxo por deficiência no acoplamento, às correntes parasitas
de Foucault induzidas no núcleo e ao efeito de histerese provocado pelo fluxo magnético alternado.

9.3.1. Perdas magnéticas no núcleo

A capacidade de um material concentrar o campo e conduzir o fluxo magnético é chamada de


permeabilidade magnética. Os materiais ferromagnéticos usados nos núcleos dos transformadores

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 191

apresentam permeabilidade muito superior à do ar (acima de 1500 vezes) e, consequentemente, a


relutância do circuito magnético é baixa e o coeficiente de acoplamento é alto. Portanto, as perdas devido
à relutância e à saturação magnética do núcleo são baixas e, geralmente, podem ser desprezadas nos
transformadores com núcleos ferromagnéticos. A dispersão magnética também provoca perdas, as quais
podem ser reduzidas melhorando a forma de enrolamento das bobinas e o formato dos núcleos. Além
disso, os núcleos apresentam as chamadas perdas devido à histerese magnética e às correntes parasitas
de Foucault. As perdas magnéticas no núcleo dos transformadores ocorrem sempre que o primário é
energizado, mesmo que nenhuma carga seja conectada ao secundário.
As perdas por histerese são causadas pelo atrito das moléculas provocado pelo alinhamento
dos domínios para magnetização de um material sujeito a um fluxo de linhas de campo magnético. Como
a corrente é alternada, o fluxo magnético varia em intensidade e sentido. Devido à frequência do
realinhamento dos domínios magnéticos, o atrito molecular provoca perdas de energia por aquecimento
do material e redução da vida útil do transformador devido à degradação do isolamento dos condutores.
Por essa razão, muitos transformadores requerem dissipadores de calor, líquidos de refrigeração e
ventiladores. As perdas por histerese são não lineares e proporcionais à frequência da tensão de
alimentação. A elevação da frequência e da densidade do fluxo magnético no núcleo aumenta o efeito
da histerese, o que provoca maiores perdas e reduz a capacidade de potência do transformador.
As perdas de energia por correntes de Foucault (Eddy Currents) são causadas pela indução de
correntes parasitas no núcleo devido à variação do fluxo magnético. Como o núcleo ferromagnético é
feito de material condutor, a circulação das correntes parasitas induzidas provoca aquecimento por efeito
Joule. As perdas por correntes de Foucault são diretamente proporcionais ao quadrado da frequência do
fluxo magnético e ao quadrado da seção transversal do núcleo. Para reduzir substancialmente essas
perdas, os núcleos são formados por um pacote de finas lâminas de Ferro ou Aço-Silício isoladas entre
si por uma fina camada de verniz. A redução da área das lâminas aumenta a resistência elétrica do
núcleo, reduzindo a circulação das correntes parasitas. Os núcleos de ferrite apresentam menores perdas
por correntes de Foucault devido sua baixa condutividade elétrica. Em alguns casos o núcleo contém
um entreferro (air gap) para evitar a circulação das correntes de Foucault. Como as perdas magnéticas
dependem da frequência de alimentação, os transformadores que operam em altas frequências devem
ser construídos com núcleos de ferrite, pois apresentam melhor resposta à histerese e às correntes de
Foucault nessas frequências.

9.3.2. Perdas elétricas nos condutores

Nos transformadores há também as perdas elétricas por efeito Joule, devidas ao aquecimento
provocado pela circulação da corrente nos condutores das bobinas do primário e secundário. As perdas
elétricas são diretamente proporcionais à resistência elétrica dos condutores e ao quadrado da corrente
nas bobinas (𝑅𝐼 2 ). Se a corrente dobra, as perdas elétricas quadruplicam.

9.4. CIRCUITO EQUIVALENTE DO TRANSFORMADOR


Os circuitos equivalentes (ou modelos) dos transformadores são usados para analisar as perdas
de energia e as quedas de tensão em diversas condições operacionais. O circuito equivalente de um
transformador real, além da capacidade de transformação representada pelo modelo ideal, também deve
considerar a energia armazenada, a dispersão magnética, as perdas elétricas nos condutores e as perdas
magnéticas no núcleo. O circuito equivalente que inclui todos esses efeitos em um transformador real é
apresentado na Figura 9-13.
No circuito equivalente da Figura 9-13, a capacidade de transformação de tensão é
representada por um transformador ideal, com a respectiva relação de espiras (𝑁𝑝 /𝑁𝑠 = 𝑎).
As perdas elétricas (ou perdas no cobre) são causadas pelo efeito Joule nas resistências dos
condutores das bobinas do transformador. Essas perdas são representadas no circuito equivalente por
resistências em série com as bobinas do primário (𝑅𝑃 ) e secundário (𝑅𝑠 ), como ilustra a Figura 9-13.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 192

Figura 9-13. Circuito equivalente completo do transformador real (Adaptado de Boylestad, 2003).
Como no transformador real o coeficiente de acoplamento magnético não é unitário (𝑘 < 1),
ocorre dispersão do fluxo magnético, ou seja, parte do fluxo em uma bobina não é conduzida pelo núcleo
à outra bobina. Como a maior parte do fluxo de dispersão ocorre através do ar, que tem relutância
constante muito maior que a do núcleo, então o fluxo de dispersão nas bobinas é proporcional à corrente:
𝑓𝑚𝑚𝑝 𝑁𝑝 𝑖𝑝
𝜙𝑑𝑝 = =
ℜ ℜ
𝑓𝑚𝑚𝑠 𝑁𝑠 𝑖𝑠
𝜙𝑑𝑠 = =
ℜ ℜ
Substituindo na equação da Lei de Faraday, as tensões induzidas nas bobinas no primário e
secundário devido ao fluxo de dispersão são expressas por:
𝑁𝑝 𝑖𝑝
𝑑𝜙𝑑𝑝 𝑑( ) 𝑁 2 𝑑𝑖 𝑑𝑖𝑝
ℜ 𝑝 𝑝
𝑒𝑑𝑝 (𝑡) = 𝑁𝑝 = 𝑁𝑝 = = 𝐿𝑝
𝑑𝑡 𝑑𝑡 ℜ 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑁𝑖
𝑑𝜙𝑑𝑠 𝑑 ( 𝑠 𝑠 ) 𝑁𝑠 2 𝑑𝑖𝑠 𝑑𝑖𝑠
𝑒𝑑𝑠 (𝑡) = 𝑁𝑠 = 𝑁𝑠 ℜ = = 𝐿𝑠
𝑑𝑡 𝑑𝑡 ℜ 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Onde 𝐿𝑝 e 𝐿𝑠 são as indutâncias de dispersão do primário e secundário, respectivamente.
Portanto, a energia associada à dispersão do fluxo magnético é modelada no circuito
equivalente do transformador real pelas indutâncias em série com o primário (𝐿𝑝 ) e secundário (𝐿𝑠 ),
como ilustra a Figura 9-13.
As perdas no núcleo são causadas pelas correntes parasitas de Foucault e pela histerese
magnética. As correntes de Foucault são correntes induzidas no núcleo pela variação do fluxo
magnético. Devido à resistência elétrica do material, essas correntes induzidas provocam aquecimento
do núcleo por efeito Joule. Essas perdas de energia são reduzidas quando o núcleo é composto por um
pacote de lâminas isoladas entre si. As perdas por histerese representam o esforço exercido pelo material
do núcleo para reorientar ciclicamente os seus domínios magnéticos.
A corrente de magnetização (𝑖𝜙𝑚 ) é a corrente necessária para estabelecer o fluxo magnético
no núcleo. Essa corrente é proporcional à tensão aplicada ao núcleo (na região não saturada) e atrasada
90°, de modo que pode ser modelada por uma reatância 𝑋𝑚 = 𝑗𝜔𝐿𝑚 , onde 𝐿𝑚 representa a indutância
mútua do transformador. As perdas no núcleo são praticamente proporcionais ao quadrado do fluxo
2 )
magnético máximo (𝛷𝑚𝑎𝑥 e, portanto, proporcionais ao quadrado da tensão do primário (𝑉𝑝2 ). A
corrente de perdas no núcleo (𝑖𝑝ℎ ) é a corrente que representa as perdas devido à histerese magnética
e às correntes parasitas induzidas no núcleo. Essa corrente está em fase com a tensão aplicada e é
proporcional à resistência (𝑅𝑝𝑛 ) que representa as perdas no núcleo. A indutância mútua 𝐿𝑚 e a
resistência das perdas no núcleo 𝑅𝑝𝑛 são representadas em paralelo com o primário do transformador,

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 193

como ilustra a Figura 9-13. Como a corrente de magnetização e a corrente de perdas não são lineares,
essas componentes do modelo são apenas aproximações dos efeitos reais.
As capacitâncias (𝐶𝑝 ) e (𝐶𝑠 ) representam o efeito capacitivo existente entre os condutores das
espiras do primário e do secundário, respectivamente. A capacitância (𝐶𝑏 ) representa o efeito capacitivo
entre as bobinas do primário e secundário. O efeito dessas capacitâncias é mais relevante quando o
transformador opera em alta frequência. Na frequência comercial (60 Hz) elas geralmente são
desprezadas.
Para analisar circuitos contendo transformadores, normalmente é necessário converter o
circuito inteiro em um circuito equivalente, com um único nível de tensão referido ao primário ou ao
secundário utilizando a relação de espiras (𝑎 = 𝑁𝑝 /𝑁𝑠 ). A Figura 9-14 apresenta o circuito equivalente
do transformador referido ao nível de tensão do primário, com as capacitâncias desprezadas. A
impedância da carga também é referida ao primário. Um circuito similar referido à tensão do secundário
também pode ser obtido.

Figura 9-14. Circuito equivalente referido ao nível de tensão do primário.


Embora os circuitos equivalentes completos das Figura 9-13 e Figura 9-14 sejam modelos
mais precisos, eles não são muito úteis na prática. O ramo de excitação do modelo acrescenta mais um
nó ao circuito que está sendo analisado, tornando a solução mais complexa que o necessário.
Frequentemente, modelos mais simples são suficientes para obter resultados satisfatórios em aplicações
práticas (CHAPMAN, 2013).
O ramo de excitação tem uma corrente muito pequena em comparação com a corrente de carga
dos transformadores de potência (tipicamente de 2 a 3 % da corrente de plena carga). Para simplificar o
modelo, o ramo de excitação é deslocado para a frente do modelo. Nessa configuração, as impedâncias
do primário e secundário ficam em série e podem ser somadas para compor uma impedância equivalente.
A impedância equivalente referida ao nível de tensão do primário é obtida por:
𝑍𝑒𝑞 = 𝑅𝑒𝑞 + 𝑗𝑋𝑒𝑞 = (𝑅𝑝 + 𝑎2 𝑅𝑠 ) + 𝑗(𝑋𝑝 + 𝑎2 𝑋𝑠 )
A Figura 9-15 apresenta o modelo simplificado do transformador, com o ramo de excitação à
frente e referido ao nível de tensão do primário. Um circuito similar referido à tensão do secundário
pode ser obtido.

Figura 9-15. Modelo simplificado do transformador referido ao nível de tensão do primário.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 194

Como a corrente de magnetização é muito pequena quando comparada com a corrente de


carga, em muitas aplicações o ramo de magnetização pode ser inteiramente desconsiderado para
simplificar o modelo sem causar grandes imprecisões. A Figura 9-16 apresenta o modelo simplificado
do transformador sem o ramo de excitação e sem as capacitâncias.

Figura 9-16. Modelo simplificado do transformador sem o ramo de excitação (Adaptado de Boylestad, 2003).
A Figura 9-17 apresenta o modelo simplificado do transformador sem o ramo de excitação e
referido ao nível de tensão do primário. Como esse circuito equivalente apresenta apenas uma malha
série, as técnicas de análise de circuitos podem ser aplicadas. Por exemplo, a tensão na carga pode ser
determinada por um divisor de tensão. Os elementos do primário também podem ser referidos ao
secundário por uma análise semelhante.

Figura 9-17. Circuito equivalente do transformador e carga referidos ao nível de tensão do primário.
A Figura 9-18 apresenta o diagrama fasorial do circuito equivalente simplificado referido ao
primário, onde o fasor corrente no primário (𝐼𝑝̇ ) é tomado como referência. As tensões na resistência
equivalente (𝑉̇𝑅𝑒 ) e na resistência da carga referida ao primário (𝑎𝑉̇𝐿 ) estão em fase com a corrente, e
a tensão na reatância equivalente (𝑉𝑋𝑒̇ ) está 90° adiantada. Pela Lei das Tensões de Kirchhoff, a soma
dessas tensões é a tensão da fonte, que deve estar adiantada da corrente:
𝑉𝑓̇ = 𝑉̇𝑅𝑒 + 𝑉𝑋𝑒
̇ + 𝑎𝑉̇𝐿 = 𝐼𝑝̇ 𝑅𝑒 + 𝑋𝑒 𝐼𝑝̇ + 𝑎𝑉̇𝐿

O diagrama fasorial da Figura 9-18 demonstra que a tensão e a corrente no primário do


transformador com carga resistiva estão defasadas por um ângulo 𝜙 devido à impedância equivalente.

Figura 9-18. Diagrama fasorial do circuito equivalente referido ao primário com carga resistiva.
Se a carga conectada no secundário for uma impedância com teor indutivo, o diagrama fasorial
resultante tem a aparência ilustrada na Figura 9-19, onde 𝜙 é a defasagem provocada pela impedância
equivalente do transformador e 𝜃 é o ângulo de atraso da corrente em relação à tensão na carga referida
ao primário, o qual é determinado pelo fator de potência da carga. Portanto, a corrente no primário está
atrasada da tensão por um ângulo 𝜙 + 𝜃. Se a carga apresentar teor capacitivo, um raciocínio semelhante

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 195

deve ser aplicado para obter o diagrama fasorial. No caso do transformador ideal, 𝑅𝑒𝑞 e 𝑋𝑒𝑞 são nulas e
a tensão na carga é dada em função da relação de transformação, pois 𝑉𝑓̇ = 𝑎𝑉̇𝐿 no diagrama fasorial.

Figura 9-19. Diagrama fasorial do circuito equivalente referido ao primário com carga indutiva.
A análise dos diagramas fasoriais demonstra que a tensão na carga referida ao primário (𝑎𝑉̇𝐿 )
é menor que a tensão no primário (𝑉𝑓̇ ). A diferença percentual entre essas tensões é chamada de
regulação de tensão do transformador. Nos transformadores com cargas indutivas a regulação de
tensão é maior, pois há maior diferença entre as tensões.

Exemplo 9-5. Seja o circuito equivalente simplificado do transformador da Figura 9-20. Determine:
a) As resistências e reatâncias equivalentes referidas ao primário;
b) A resistência da carga referida ao primário;
c) A tensão na carga e na fonte;
d) A magnitude da tensão na fonte necessária para estabelecer a mesma tensão na carga, caso o
transformador fosse considerado ideal.

Figura 9-20. Circuito equivalente do exemplo (Fonte: Boylestad, 2003).


Solução: A resistência e reatância equivalentes referidas ao primário são obtidas por:
2 2
𝑅𝑒𝑞 = 𝑅𝑝 + 𝑎2 ∙ 𝑅𝑠 = 1 + ( ) ∙ 1 = 5 Ω
1

2
2 2
𝑋𝑒𝑞 = 𝑋𝑝 + 𝑎 ∙ 𝑋𝑠 = 𝑗2 + ( ) ∙ 𝑗2 = 𝑗10 Ω
1
A resistência da carga referida ao primário é:

𝑝 2 2
𝑅𝐿 = 𝑎2 ∙ 𝑅𝐿 = ( ) ∙ 60 = 240 Ω
1
A tensão na carga referida ao primário é obtida pela Lei de Ohm:
𝑝 𝑝
𝑉𝐿 = 𝑅𝐿 ∙ 𝐼𝑝 = 240 ∙ (10∠0°) = 2400∠0° 𝑉
Assim, a tensão na carga, referida ao secundário é obtida pela relação de espiras:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 196

𝑝
𝑉𝐿 2400∠0°
𝑉𝐿 = = = 1200∠0° 𝑉
𝑎 2
A tensão na fonte pode ser determinada pela Lei de Kirchhoff:
𝑝
𝑉𝑓 = 𝐼𝑝 ∙ (𝑅𝑒𝑞 + 𝑋𝑒𝑞 + 𝑅𝐿 ) = (10∠0°)(5 + 𝑗10 + 240) = 2450 + 𝑗100 = 2452,04∠2,34° 𝑉
No transformador ideal, a impedância equivalente é nula, então:
𝑝 𝑝
𝑉𝑓 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 𝐼𝑝 ∙ (𝑅𝑒𝑞 + 𝑋𝑒𝑞 + 𝑅𝐿 ) = 𝐼𝑝 ∙ (0 + 0 + 𝑅𝐿 ) = (10∠0°) ∙ 240 = 2400∠0° 𝑉
No transformador real, devido à resistência e reatância equivalente, é necessário aumentar a
tensão da fonte em 52,04 𝑉 para que a tensão na carga seja a mesma do transformador ideal.

9.5. OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS ELÉTRICOS DO TRANSFORMADOR


Os principais parâmetros nominais dos transformadores são as tensões do primário e do
secundário, a potência aparente de saída e a impedância equivalente série (𝑅𝑒𝑞 + 𝑗𝑋𝑒𝑞 ). Nos
transformadores de pequeno porte é fornecida a corrente nominal do secundário, em vez da potência
nominal. As tensões nominais fornecem a relação de transformação, mas os outros parâmetros do
circuito equivalente devem ser medidos em ensaios laboratoriais. A tensão e corrente de operação
determinam as perdas no transformador. A operação fora dos parâmetros nominais podem causar
sobreaquecimento do transformador e deterioração do isolamento dos condutores, reduzindo o
rendimento e a vida útil.

9.5.1. Ensaio de continuidade

O ensaio laboratorial de continuidade tem por objetivo verificar o estado das bobinas e medir
a resistência elétrica do primário 𝑅𝑝 e do secundário 𝑅𝑠 . Os testes devem ser feitos como ilustra a Figura
9-21. Por ter um número maior de espiras, a bobina de alta tensão deve apresentar uma resistência maior
que a de baixa tensão. Se a resistência for muito elevada a bobina pode estar rompida. Por outro lado,
se a resistência for muito baixa, pode haver um curto-circuito nas espiras.

Figura 9-21. Ensaio de continuidade do transformador.


As perdas elétricas podem ser calculadas aproximadamente por:
𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡 ≅ 𝑅𝑝 ∙ 𝐼𝑝2 + 𝑅𝑠 ∙ 𝐼𝑠2

9.5.2. Ensaio a vazio (circuito aberto)

Um transformador “a vazio” é a situação de operação em que primário está conectado à fonte


de alimentação, mas sem carga conectada ao secundário. Nessa condição, o secundário é um circuito
aberto e sua corrente é nula. Entretanto, uma pequena corrente flui na bobina do primário devido à
presença da fonte de alimentação senoidal. Uma tensão é autoinduzida na indutância do primário que
limita a corrente da fonte de alimentação. Essa corrente a vazio é a corrente de magnetização 𝐼𝜙 do
transformador. Essa corrente apresenta uma componente em fase com a tensão de alimentação 𝑉𝑝 que
supre as perdas magnéticas no núcleo (correntes de Foucault e histerese) e uma componente defasada

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 197

de 90° da tensão de alimentação necessária para estabelecer o fluxo magnético no núcleo, como ilustra
o diagrama fasorial da Figura 9-22.

Figura 9-22. Diagrama fasorial para o transformador a vazio.


O ensaio laboratorial do transformador a vazio tem por objetivo determinar a corrente de
magnetização e os parâmetros da impedância de magnetização, dados pela resistência relativa às perdas
no núcleo (𝑅𝑝𝑛 ) e à indutância de magnetização (𝐿𝑚 ). No ensaio a vazio o primário deve ser alimentado
com tensão nominal (𝑉𝑝𝑛 ) e o secundário deve ser mantido em aberto (sem carga). Em seguida são
medidas a tensão do secundário (𝑉𝑠0 ), a corrente no primário (𝐼𝑝0 ) e a potência ativa (𝑃0 ) fornecida
pela fonte ao transformador a vazio, como ilustra a Figura 9-23. Essa potência corresponde apenas às
perdas magnéticas no núcleo pois, como a corrente é muito baixa, as perdas elétricas por efeito Joule
nos condutores da bobinas são desprezíveis. As medições obtidas permitem calcular a impedância de
magnetização do transformador.
No ensaio do transformador a vazio o secundário deve estar aberto e o primário deve ser alimentado
com tensão nominal para medir a corrente e a potência no primário.
Observação: Nos transformadores de alta tensão, o ensaio a vazio deve ser feito no lado de baixa tensão.

Figura 9-23. Ensaio do transformador em vazio no secundário.


A corrente na resistência relativa às perdas no núcleo (𝐼𝑅𝑝𝑛 ) está em fase com a tensão da
fonte de alimentação e pode ser calculada pela relação entre potência ativa a vazio (𝑃0 ) medida e a
tensão nominal aplicada ao primário (𝑉𝑝𝑛 ):
𝑃0
𝐼𝑅𝑝𝑛 =
𝑉𝑝𝑛
̇ ) é a soma vetorial da
Pelo diagrama fasorial da Figura 9-22, a corrente de magnetização (𝐼𝜙𝑚
̇ ̇ ):
corrente na resistência das perdas no núcleo (𝐼𝑅𝑝𝑛 ) com a corrente na indutância mútua (𝐼𝐿𝑚
𝐼𝜙𝑚 2 = 𝐼𝑅𝑝𝑛 2 + 𝐼𝐿𝑚 2

𝐼𝐿𝑚 = √𝐼𝜙𝑚 2 − 𝐼𝑅𝑝𝑛 2

Como a corrente de magnetização é a corrente a vazio (𝐼𝜙𝑚 = 𝐼𝑝0 ), substituindo:

2
2 𝑃0
𝐼𝐿𝑚 = √𝐼𝑝0 −( )
𝑉𝑝𝑛

Portanto, os parâmetros da impedância de magnetização podem ser calculados por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 198

𝑉𝑝𝑛
𝑅𝑝𝑛 =
𝐼𝑅𝑝𝑛
𝑉𝑝𝑛
𝑋𝐿𝑚 =
𝐼𝐿𝑚
𝑋𝐿𝑚
𝐿𝑚 =
2∙𝜋∙𝑓
O fator de potência do transformador a vazio pode ser calculado por:
𝑃0 𝐼𝑅𝑝𝑛
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑0 = =
𝑉𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑝0 𝐼𝜙𝑚
As perdas magnéticas no núcleo do transformador a vazio podem ser calculadas por:
𝑃0 = 𝑅𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑅𝑝𝑛 2
Os valores dos componentes do ramo de excitação também podem ser obtidos a partir da
admitância equivalente do ramo de excitação (𝑌𝐸 ), cujo teor é indutivo:
𝑌𝐸̇ = 𝐺𝑝𝑛 − 𝑗𝐵𝐿𝑚
Onde 𝐺𝑝𝑛 é a condutância das perdas e 𝐵𝐿𝑚 é a susceptância de magnetização, sabendo que:
1
𝑅𝑝𝑛 =
𝐺𝑝𝑛
1
𝑋𝐿𝑚 =
𝐵𝐿𝑚
O módulo da admitância do ramo de excitação (referido ao primário) é obtido por:
𝐼𝑝0
|𝑌𝐸 | =
𝑉𝑝𝑛
O ângulo 𝜑0 da admitância de excitação é obtido a partir do fator de potência a vazio:
𝑃0
𝜑0 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( )
𝑉𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑝0
Como o teor é indutivo, o sinal do ângulo da admitância de excitação é negativo:
𝐼𝑝0 1 1
𝑌𝐸̇ = ∠ − 𝜑0 = −𝑗
𝑉𝑝𝑛 𝑅𝑝𝑛 𝑋𝐿𝑚

A partir dessa equação a resistência das perdas no núcleo (𝑅𝑝𝑛 )e a indutância do circuito de
magnetização podem ser obtidas (𝐿𝑚 ).

Exemplo 9-6. Um transformador de potência de 200: 40 𝑉 com capacidade de 800 𝑉𝐴 foi submetido a
um ensaio a vazio. Aplicada a tensão nominal no primário, foi medida uma corrente a vazio de 200 𝑚𝐴
e uma potência a vazio de 8 𝑊.
a) Determine os parâmetros do ramo de excitação;
b) Determine o fator de potência e as perdas no transformador a vazio.
Solução: a corrente relativa às perdas no núcleo é obtida por:
𝑃0 8
𝐼𝑅𝑝𝑛 = = = 40 𝑚𝐴
𝑉𝑝𝑛 200
A corrente na indutância de magnetização é calculada por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 199

2
𝐼𝐿𝑚 = √𝐼𝑝0 2 −(𝐼𝑅𝑝𝑛 ) = √0,22 − 0,042 = 196 𝑚𝐴

Os parâmetros da impedância de excitação podem ser calculados por:


𝑉𝑝𝑛 200
𝑅𝑝𝑛 = = = 5 𝑘Ω
𝐼𝑅𝑝𝑛 0,04
𝑉𝑝𝑛 200
𝑋𝐿𝑚 = = = 1020 Ω
𝐼𝐿𝑚 0,196
𝑋𝐿𝑚 1020
𝐿𝑚 = = = 2,71 𝐻
2𝜋𝑓 2𝜋60
Esses parâmetros também podem ser obtidos pela admitância de excitação. O ângulo da
admitância de excitação é obtido por:
𝑃0 8
𝜑0 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 78,46°
𝑉𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑝0 200 ∙ 0,2
A admitância de excitação é calculada por:
𝐼𝑝0 0,2
𝑌𝐸̇ = ∠ − 𝜑0 = ∠ − 78,46° = 0,0002 − 𝑗0,00098 𝑆
𝑉𝑝𝑛 200
Como:
1 1
𝑌𝐸̇ = −𝑗 = 0,0002 − 𝑗0,00098 𝑆
𝑅𝑝𝑛 𝑋𝐿𝑚
Então:
1
𝑅𝑝𝑛 = = 5 𝑘Ω
0,0002
1
𝑋𝐿𝑚 = = +𝑗1020 Ω
−𝑗0,00098
O fator de potência a vazio é o cosseno do ângulo 𝜑0 :
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑0 = cos (78,46°) = 0,2
As perdas magnéticas no núcleo do transformador em aberto são calculadas por:
𝑃0 = 𝑅𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑅𝑝𝑛 2 = 5000 ∙ 0,042 = 8 𝑊

9.5.3. Ensaio de curto-circuito

O ensaio laboratorial do transformador em curto-circuito tem por objetivo determinar os


parâmetros da sua impedância equivalente, composta pela resistência equivalente dos condutores (𝑅𝑒𝑞 )
e pela reatância de dispersão (𝑋𝑒𝑞 ) das bobinas. Nesse ensaio, o secundário do transformador é
conectado em curto-circuito, porém a tensão de alimentação no primário (𝑉𝑐𝑐 ) deve ser ajustada
gradualmente de forma que a corrente no primário seja exatamente igual à nominal (𝐼𝑝 ), como ilustra a
Figura 9-24. Nessa condição, a potência ativa (𝑃𝑐𝑐 ) medida no primário representa as perdas elétricas
nos condutores, pois as perdas magnéticas no núcleo são desprezíveis no nível da tensão aplicada.
No ensaio do transformador em curto-circuito no secundário a tensão no primário deve ser ajustada
gradualmente para fazer circular a corrente nominal no primário e medir a potência no primário.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 200

Figura 9-24. Ensaio do transformador em curto-circuito.


Atenção!!! Como o secundário está em curto-circuito, a tensão do primário deve ajustada
gradualmente a partir de zero para não exceder o limite de corrente do transformador.
No ensaio do transformador em curto-circuito, os parâmetros da impedância equivalente
referidos ao primário são calculados a partir da Lei de Ohm. O módulo da impedância é dado por:
𝑉𝑐𝑐
|𝑍𝑒𝑞 | =
𝐼𝑝
O ângulo da impedância é obtido a partir do fator de potência em curto-circuito:
𝑃𝑐𝑐
𝜑𝑐𝑐 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( )
𝑉𝑐𝑐 ∙ 𝐼𝑝
Assim, a impedância equivalente referida ao primário é expressa por:
𝑍̇𝑒𝑞 = |𝑍𝑒𝑞 |∠𝜑𝑐𝑐 = 𝑅𝑒𝑞 + 𝑗𝑋𝑒𝑞
Onde 𝑅𝑒𝑞 é a resistência equivalente e 𝑋𝑒𝑞 é a reatância equivalente do transformador, onde:

|𝑋𝑒𝑞 |
𝐿𝑒𝑞 =
2𝜋𝑓
A impedância equivalente do transformador representa as resistências e reatâncias das bobinas
do primário e do secundário referido ao primário:
𝑍̇𝑒𝑞 = (𝑅𝑝 + 𝑎2 𝑅𝑠 ) + 𝑗(𝑋𝑝 + 𝑎2 𝑋𝑠 )
Geralmente não é necessário obter os valores individuais das resistências e reatâncias do
primário e secundário para proceder a análise de circuitos com transformadores.

Exemplo 9-7. O transformador do Exemplo 9-6, quando submetido ao ensaio de curto-circuito no


secundário, necessitou de uma tensão de 40 𝑉 aplicada ao primário para fazer circular a corrente nominal
de 4 𝐴, onde a potência medida foi de 50 𝑊.
a) Determine os parâmetros da impedância equivalente do transformador;
b) Determine o fator de potência e as perdas no transformador em curto-circuito;
c) Desenhe o circuito equivalente referido ao primário para esse transformador.
Solução: O módulo da impedância equivalente é obtido pela Lei de Ohm:
𝑉𝑐𝑐 40
|𝑍𝑒𝑞 | = = = 10 Ω
𝐼𝑝 4
O ângulo da impedância equivalente é obtido a partir de:
𝑃𝑐𝑐 50
𝜑𝑐𝑐 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,3125) = 71,79°
𝑉𝑐𝑐 ∙ 𝐼𝑝 40 ∙ 4
Assim, a impedância equivalente é expressa por:
𝑍̇𝑒𝑞 = |𝑍𝑒𝑞 |∠𝜑𝑐𝑐 = 10∠71,79° = 3,125 + 𝑗9,5 Ω

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 201

Portanto a 𝑅𝑒𝑞 = 3,125 Ω e a 𝑋𝑒𝑞 = 9,5 Ω. Assim:


|𝑋𝑒𝑞 | 9,5
𝐿𝑒𝑞 = = = 25,2 𝑚𝐻
2𝜋𝑓 2𝜋60
O fator de potência do transformador em curto-circuito é o cosseno do ângulo 𝜑𝑐𝑐 :
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑𝑐𝑐 = cos (71,79°) = 0,3125
As perdas magnéticas nas bobinas do transformador em curto-circuito são calculadas por:
𝑃𝑐𝑐 = 𝑅𝑒𝑞 ∙ 𝐼𝑝 2 = 3,125 ∙ 42 = 50 𝑊
O circuito equivalente simplificado do transformador é ilustrado na Figura 9-25.

Figura 9-25. Circuito equivalente simplificado para o transformador do Exemplo 9-7.

9.5.4. Ensaio com impedância de carga

Quando uma carga é conectada ao transformador uma corrente flui na bobina do secundário
devido à indução de tensão provocada pela variação do fluxo magnético criado pela corrente na bobina
do primário. A corrente no secundário (𝐼𝑠 ) depende das características da carga, como ilustra a Figura
9-26. Essa corrente no secundário, por sua vez, cria um fluxo magnético variante (𝜙𝑠 ) que se opõe à
variação do fluxo magnético do primário (𝜙𝑝 ). Tal oposição resulta em fluxo total no núcleo menor que
aquele produzido pelo primário quando o transformador está em vazio (sem carga). Essa redução do
fluxo total no núcleo diminui a tensão autoinduzida na bobina do primário (𝑒𝑝 ) que, por sua vez,
aumenta a corrente do primário (𝐼𝑝 ). Assim, a corrente no primário aumenta até que o fluxo magnético
no núcleo retorne ao seu valor original. Para que o transformador opere corretamente é necessária uma
condição de equilíbrio entre os fluxos magnéticos do primário e do secundário. Essa condição também
requer um equilíbrio nas potências do primário e do secundário. A corrente é inversamente proporcional
tanto à tensão como ao número de espiras. Para manter o equilíbrio de potência nas bobinas do
transformador com carga, quanto maior a tensão do secundário menor deve ser a corrente, e vice-versa.

Figura 9-26. Transformador com impedância de carga no secundário.


A corrente total absorvida da fonte pelo primário (𝐼𝑝 ) é a soma vetorial da corrente do
transformador a vazio (𝐼𝑝0 ) e a corrente adicional necessária (𝐼𝑝1 ) para suprir a carga conectada no

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 202

secundário. Essa corrente total no primário está atrasada da tensão de alimentação por um ângulo 𝜑𝑝 ,
como ilustra o diagrama fasorial da Figura 9-27.

Figura 9-27. Diagrama fasorial do transformador com carga.


Se a corrente no secundário (𝐼𝑠 ) e a corrente a vazio (𝐼𝑝0 ) são conhecidas, a corrente total no
primário (𝐼𝑝 ) é determinada pela relação trigonométrica apresentada na Figura 9-28, cujas componentes
das projeções horizontal e vertical são dadas por:
𝐼𝑥 = 𝐼0 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑0 + 𝐼𝑝1 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑𝑠
𝐼𝑦 = 𝐼0 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑0 + 𝐼𝑝1 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑𝑠
Onde 𝐼𝑝1 = 𝐼𝑠 /𝑎.

Figura 9-28. Relação trigonométrica das correntes no transformador com carga.


Assim, a corrente total no primário é a soma vetorial das projeções:
2
𝐼𝑝 = √𝐼𝑥 2 + 𝐼𝑦

O fator de potência no primário do transformador com carga é calculado por:


𝐼𝑦
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑𝑝 =
𝐼𝑝

Exemplo 9-8. Um transformador tem 2000 espiras no primário e 500 no secundário. A corrente a vazio
absorvida da fonte é 2 𝐴 com fator de potência 0,3 atrasado. Determine a corrente e o fator de potência
no primário quando a corrente no secundário for 50 𝐴 com uma carga de fator de potência 0,8 atrasado.
Solução: A corrente do secundário referida ao primário 𝐼𝑝1 é determinada pela relação de corrente:
𝑉𝑝 𝐼𝑠 𝑁𝑝
= = =𝑎
𝑉𝑠 𝐼𝑝 𝑁𝑠

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 203

𝐼𝑠 𝑁𝑠 500
𝐼𝑝1 = = 𝐼𝑠 ∙ = 50 ∙ = 12,5 𝐴
𝑎 𝑁𝑝 2000
Os ângulos dos fatores de potência a vazio e com carga são obtidos pelo arco-cosseno:
𝜑0 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,3) = 72,54°
𝜑𝑠 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,8) = 36,87°
As projeções das componentes das correntes são dadas por:
𝐼𝑥 = 𝐼0 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙0 + 𝐼1 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙𝑠
𝐼𝑥 = 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(72,54°) + 12,5 ∙ 𝑠𝑒𝑛(36,87°) = 2 ∙ 0,954 + 12,5 ∙ 0,6 = 9,408
𝐼𝑦 = 𝐼0 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑0 + I1 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑𝑠
𝐼𝑦 = 2 ∙ 𝑐𝑜𝑠(72,54°) + 12,5 ∙ 𝑐𝑜𝑠(36,87°) = 2 ∙ 0,3 + 12,5 ∙ 0,8 = 10,6
A corrente total no primário do transformador é obtida pela soma das componentes:
2
𝐼𝑝 = √𝐼𝑥 2 + 𝐼𝑦 = √9,4082 + 10,62 = 14,17 𝐴

O fator de potência do transformador com carga é determinado por:


𝐼𝑦 10,6
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑𝑝 = = = 0,748
𝐼𝑝 14,17
O ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente no primário é obtido do fator de potência:
𝜑𝑝 = cos−1(0,748) = 41,58°
O ângulo do primário (𝜑𝑝 ) é próximo do ângulo do secundário (𝜑𝑠 ), pois a corrente a vazio
(2 𝐴) é pequena quando comparada à corrente no primário com carga (12,5 𝐴).

9.5.5. Ensaio com carga plena

O ensaio em carga plena tem por objetivo determinar o rendimento e a regulação percentual
de tensão do transformador. Nesse ensaio, a tensão nominal é aplicada ao primário e uma carga resistiva
deve ser ajustada para exigir a corrente nominal no secundário, como ilustra a Figura 9-29. Para obtenção
do rendimento e da regulação devem ser medidas as tensões, correntes e potências no primário e no
secundário, sem carga e com carga plena.
No ensaio do transformador em plena carga o primário deve ser alimentado com tensão nominal e uma
carga resistiva deve ser ajustada de forma a circular a corrente nominal no secundário para medir as
tensões, correntes e potências no primário e no secundário.

Figura 9-29. Ensaio do transformador em carga plena.


Atenção!!! O ajuste gradual da carga deve iniciar a partir da máxima resistência, tomando cuidado
para não exceder a corrente nominal do secundário.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 204

Genericamente, o rendimento ou eficiência percentual é dado pela relação entre a potência de


entrada e a potência de saída:
𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝜂% = ∙ 100
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎
O rendimento do transformador é calculado pela relação entre a potência entregue à carga 𝑃𝐿
(saída) e a potência fornecida pela fonte de alimentação 𝑃𝑓 (entrada):
𝑃𝐿
𝜂% = ∙ 100
𝑃𝑓
A potência fornecida pela fonte é a soma da potência entregue à carga com as perdas elétricas
e magnéticas do transformador:
𝑃𝑓 = 𝑃𝐿 + 𝑃𝑚𝑎𝑔 + 𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡
Assim, o rendimento percentual do transformador pode ser calculado por:
𝑃𝐿
𝜂% = ∙ 100
𝑃𝐿 + 𝑃𝑚𝑎𝑔 + 𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡
O rendimento percentual também pode ser calculado em função da potência fornecida pela
fonte e as perdas elétricas e magnéticas:
𝑃𝑓 − (𝑃𝑚𝑎𝑔 + 𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡 )
𝜂% = ∙ 100
𝑃𝑓
O rendimento de um transformador ideal é 100%, pois não há perdas e toda a energia fornecida
ao primário é disponibilizada no secundário. Nos transformadores reais sempre haverá perdas e o
rendimento nunca será 100%. No entanto, como são equipamentos muito eficientes, o rendimento dos
transformadores reais a plena carga situa-se acima de 94%.
A regulação percentual de tensão do transformador é definida pela variação da tensão que
ocorre no secundário quando a carga for máxima, mantendo constante a tensão no primário, em relação
à tensão no secundário a vazio. O valor da regulação percentual de tensão é calculado pela expressão:
𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎
𝑉𝑠𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 − 𝑉𝑠
𝑅% = ∙ 100
𝑉𝑠𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜
Quando o valor da regulação percentual é alto, a tensão no secundário com carga máxima é
muito menor que o valor nominal esperado, o desempenho do transformador diminui e sua eficiência
energética fica comprometida. Um bom transformador deve apresentar uma regulação menor que 10%.
Os valores da tensão a vazio e em carga plena dependem das impedâncias das bobinas do
transformador, da corrente e do ângulo de fase da carga. A regulação percentual de tensão geralmente
piora (aumenta) quando o fator de potência da carga se torna mais indutivo (corrente atrasada). Os
transformadores com núcleo envolvente geralmente apresentam melhor (menor) regulação de tensão
que os com núcleo envolvido, devido à melhor distribuição do fluxo no circuito magnético.

Exemplo 9-9. Um transformador abaixador de 220: 20 𝑉 será usado para alimentar a etapa retificadora
de uma fonte CC de 4 𝐴. Quando submetido à tensão eficaz nominal do primário e sem carga o
transformador disponibiliza 21 𝑉 no secundário. Quando submetido à tensão eficaz nominal do primário
e com carga máxima (4 𝐴), a tensão no secundário cai para 16 𝑉. Determine a regulação percentual de
tensão do transformador. Sabendo que a tensão retificada mínima de entrada do regulador de tensão da
fonte CC é 22 𝑉, verifique se o transformador é adequado.
Solução: A regulação percentual de tensão do transformador é calculada por:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 205

𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎
𝑉𝑠𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 − 𝑉𝑠 21 − 16
𝑅% = ∙ 100 = ∙ 100 = 23,8 %
𝑉𝑠𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 21
Quando a carga for máxima, a tensão de pico no secundário do transformador será:
𝑉2𝑝𝑖𝑐𝑜 = √2 ∙ 𝑉2 = √2 ∙ 16 = 22,63 𝑉
Como a tensão na entrada do regulador deve ser maior que 22 𝑉 e considerando a queda de
tensão nos diodos retificadores (2 × 0,7 𝑉), esse transformador não é adequado para ser usado na fonte
CC, pois não apresenta boa regulação de tensão.

Exemplo 9-10. Um transformador monofásico de 600 𝑉𝐴 / 220: 50 𝑉 / 60 𝐻𝑧 é submetido a um ensaio


laboratorial para determinar o circuito equivalente.
a) Determine a relação de transformação e a corrente nominal do primário e secundário;
b) No ensaio de circuito aberto no secundário é aplicada a tensão nominal no primário. A corrente
a vazio medida no primário é 100 𝑚𝐴 e a potência absorvida da fonte é 11 𝑊. Obtenha os
parâmetros da impedância de magnetização;
c) No ensaio de curto-circuito é aplicada uma tensão de 10 𝑉 para circule a corrente nominal de
2,73 𝐴, sendo medida uma potência de 20 𝑊. Obtenha os parâmetros da impedância
equivalente do transformador;
d) No ensaio de carga plena, a tensão no secundário é de 47 𝑉 e a potência é 564 𝑊. No primário
é aplicada a tensão nominal e potência resultante é 590 𝑊. Com tensão nominal no primário e
sem carga, a tensão a vazio é de 52 𝑉. Determine o rendimento e a regulação percentual de
tensão;
e) Trace o circuito equivalente do transformador;
f) Usando o circuito equivalente, determine o rendimento desse transformador para uma carga
com teor indutivo de 500 𝑉𝐴 com fator de potência de 0,92 operando com 45 𝑉.
Solução: A relação de transformação é calculada por:
𝑁𝑝 𝑉𝑝 220
𝑎= = = = 4,4
𝑁𝑠 𝑉𝑠 50
As correntes nominais do primário e secundário são determinadas por:
𝑆𝑛 600
𝐼𝑝𝑛 = = = 2,73 𝐴
𝑉𝑝𝑛 220
𝑆𝑠 600
𝐼𝑠𝑛 = = = 12 𝐴
𝑉𝑠𝑛 50
No ensaio de circuito aberto, a corrente relativa às perdas no núcleo é obtida por:
𝑃0 11
𝐼𝑅𝑝𝑛 = = = 50 𝑚𝐴
𝑉𝑝𝑛 220
A corrente na indutância de magnetização é calculada por:

𝐼𝐿𝑚 = √𝐼𝑝0 2 − 𝐼𝑅𝑝𝑛 2 = √(0,1)2 − (0,05)2 = 86,6 𝑚𝐴

Os parâmetros da impedância de excitação podem ser calculados por:


𝑉𝑝𝑛 220
𝑅𝑝𝑛 = = = 4400 Ω
𝐼𝑅𝑝𝑛 0,05
𝑉𝑝𝑛 220
𝑋𝐿𝑚 = = = 2540 Ω
𝐼𝐿𝑚 0,0866

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 206

𝑋𝐿𝑚 2540
𝐿𝑚 = = = 6,74 𝐻
2𝜋𝑓 2𝜋60
Os parâmetros também podem ser obtidos pela admitância de excitação, cujo ângulo é:
𝑃0 11
𝜑0 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 60°
𝑉𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑝0 220 ∙ 0,1
A admitância de excitação é calculada por:
𝐼𝑝0 0,1
𝑌𝐸̇ = ∠ − 𝜑0 = ∠ − 60° = 0,00023 − 𝑗0,000394 𝑆
𝑉𝑝𝑛 220
Como:
1 1
𝑌𝐸̇ = −𝑗 = 0,00023 − 𝑗0,000394 𝑆
𝑅𝑝𝑛 𝑋𝐿𝑚
1
𝑅𝑝𝑛 = = 4400 Ω
0,00023
1
𝑋𝐿𝑚 = = +𝑗2450 Ω
−𝑗0,000394
No ensaio de Curto-Circuito o módulo da impedância equivalente é obtido pela Lei de Ohm:
𝑉𝑐𝑐 10
|𝑍𝑒𝑞 | = = = 3,663 Ω
𝐼𝑝 2,73
O ângulo da impedância equivalente é obtido a partir de:
𝑃𝑐𝑐 20
𝜑𝑐𝑐 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,733) = 42,9°
𝑉𝑐𝑐 ∙ 𝐼𝑝 10 ∙ 2,73
Assim, a impedância equivalente é expressa por:
𝑍̇𝑒𝑞 = |𝑍𝑒𝑞 |∠𝜑𝑐𝑐 = 3,663∠42,9° = 2,68 + 𝑗2,49 Ω
Portanto a 𝑅𝑒𝑞 = 3,7 Ω e a 𝑋𝑒𝑞 = 2,5 Ω. Assim:
|𝑋𝑒𝑞 | 2,5
𝐿𝑒𝑞 = = = 6,6 𝑚𝐻
2𝜋𝑓 2𝜋60
No ensaio de carga plena, o rendimento percentual é calculado por:
𝑃𝐿 564
𝜂% = ∙ 100 = ∙ 100 = 95,6 %
𝑃𝑓 590
A regulação percentual de tensão é obtida por:
𝑉𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 − 𝑉𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 52 − 47
𝑅% = ∙ 100 = = 9,6 %
𝑉𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 52
O circuito equivalente simplificado referido ao primário é apresentado na Figura 9-30.
O rendimento para a carga indutiva é calculado da seguinte forma:
𝑃𝐿 = 𝑆𝐿 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 = 500 ∙ 0,92 = 460 𝑊
𝑉𝑠 𝑝 = 𝑎 ∙ 𝑉𝑠 = 4,4 ∙ 45 = 198 𝑉
( 𝑉𝑠 𝑝 )2 1982
𝑃𝑚𝑎𝑔 = = = 8,91 𝑊
𝑅𝑝𝑛 4400

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 207

𝑆𝑠 500
𝐼𝑠 = = = 11,1 𝐴
𝑉𝑠 45
𝐼𝑠 11,1
𝐼𝑠 𝑝 = = = 2,53 𝐴
𝑎 4,4
𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡 = 𝑅𝑒𝑞 ∙ (𝐼𝑠 𝑝 )2 = 2,7 ∙ (2,53 )2 = 17,28 𝑊
𝑃𝐿 𝑃𝐿 460
𝜂% = ∙ 100 = ∙ 100 = ∙ 100 = 92,9 %
𝑃𝑓 𝑃𝐿 + 𝑃𝑚𝑎𝑔 + 𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡 460 + 17,82 + 17,28

Figura 9-30. Circuito equivalente do exemplo.

9.5.6. Determinação da polaridade magnética das bobinas

Em função do sentido em que as espiras são enroladas, um transformador pode apresentar uma
polaridade magnética aditiva ou subtrativa, caso as tensões do primário e do secundário estejam,
respectivamente, em fase ou fora de fase. A identificação da polaridade magnética é feita por uma
marcação de pontos nas bobinas, como ilustra a Figura 9-31. Se os pontos do primário e secundário são
adjacentes, a polaridade magnética é subtrativa. Caso contrário, a polaridade é aditiva.

Figura 9-31. Marcação da polaridade magnética (Adaptado de: www.electronics-tutorials.ws).


Para verificação da polaridade magnética do transformador deve ser usado o circuito
apresentado na Figura 9-32. Uma tensão menor que a tensão nominal deve ser aplicada ao primário. Se
a tensão entre os pontos A e B for maior que a tensão entre os pontos A e C o transformador apresenta
polaridade subtrativa. Caso contrário, a polaridade é aditiva.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 208

Figura 9-32. Verificação da polaridade magnética do transformador.

9.6. EFEITO DA FREQUÊNCIA


O efeito da frequência no comportamento de um circuito elétrico é chamado de Resposta à
Frequência. Os efeitos sobre alguns parâmetros do circuito equivalente do transformador, apresentado
na Figura 9-13, não podem ser desprezados em determinadas faixas de frequência.
Na faixa de baixas frequências, as reatâncias de dispersão do primário (𝑋𝑝 ) e secundário
(𝑋𝑠 ) assumem valores muito pequenos e, como estão conectadas em série, podem ser desprezadas. A
indutância de magnetização (𝐿𝑚 ) está conectada em paralelo e deve ser considerada, pois pode ter um
efeito significativo no comportamento da tensão do secundário do transformador. Se a frequência for
nula, a reatância de magnetização age como um curto-circuito, anulando a tensão no secundário. Em
baixas frequências os capacitores tendem ao comportamento de um circuito aberto e, portanto, as
capacitâncias do modelo podem ser desprezadas. Entretanto, as resistências relativas às perdas elétricas
e magnéticas não podem ser ignoradas. Portanto, o circuito equivalente simplificado referido ao primário
do transformador na faixa de baixas frequências, pode ser representado como ilustrado na Figura 9-33.

Figura 9-33. Circuito equivalente referido ao primário do transformador na faixa de baixas frequências
(Adaptado de Boylestad, 2003).
Na faixa de médias frequências todos os elementos reativos podem ser desconsiderados. A
Figura 9-34 apresenta o modelo equivalente simplificado do transformador, referido ao primário, para a
faixa de médias frequências.

Figura 9-34. Circuito equivalente referido ao primário do transformador na faixa de médias frequências
(Adaptado de Boylestad, 2003).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 209

Na faixa de altas frequências as reatâncias de dispersão do primário (𝑋𝑝 ) e secundário (𝑋𝑠 )


assumem valores elevados e devem ser consideradas. Nessas frequências, as reatâncias capacitivas
tendem ao comportamento de um curto-circuito e reduzem a tensão do secundário do transformador. O
efeito das reatâncias capacitivas para a faixa de altas frequências deve ser considerado e pode ser
agregado em uma única capacitância no circuito equivalente do transformador, referido ao primário,
como demonstra a Figura 9-35.

Figura 9-35. Circuito equivalente referido ao primário do transformador na faixa de altas frequências
(Adaptado de Boylestad, 2003).
A Figura 9-36 apresenta uma curva típica de resposta à frequência de um transformador com
núcleo ferromagnético. Na região de baixas frequências a tensão do secundário diminui devido ao efeito
da reatância de magnetização. A tensão do secundário também diminui na região de altas frequências
devido ao efeito das reatâncias capacitivas. O pico de tensão que ocorre em uma faixa frequência é
proporcionado pelo efeito de ressonância série entre os elementos indutivos e capacitivos do
transformador. Na faixa de médias frequências a tensão no secundário é praticamente constante, sendo
geralmente a região da frequência nominal de operação do transformador.

Figura 9-36. Curva típica de resposta à frequência do transformador (Adaptado de Boylestad, 2003).

9.7. CONSTRUÇÃO DO TRANSFORMADOR


Um transformador típico geralmente é constituído por duas bobinas isoladas e enroladas sobre
um núcleo ferromagnético. O circuito magnético do núcleo proporciona um caminho para o fluxo
magnético variante para que ocorra a indução de tensão nas bobinas. Na configuração básica, os
enrolamentos primário e secundário ficam separados e o acoplamento magnético não é muito eficiente,
devido à dispersão do fluxo magnético. Uma forma de construção que permite reduzir a dispersão do
fluxo e melhorar o acoplamento magnético é enrolar as bobinas bem próximas, ou uma sobre a outra.
Todos os núcleos de transformadores são construídos com materiais de alta permeabilidade
magnética. Além de proporcionar um caminho de baixa relutância para o fluxo magnético, o núcleo
deve evitar a circulação de correntes parasitas de Foucault. Essas correntes são induzidas no núcleo pela
variação do fluxo magnético, provocando aquecimento e perdas de energia que reduzem a eficiência do
transformador. Uma forma de reduzir essas perdas é usar núcleos de aço-silício laminados e isolados
entre si, como ilustra a Figura 9-37. O silício é agregado ao aço para aumentar a resistência elétrica do
material. As lâminas dos núcleos apresentam uma espessura em torno de 0,25 a 0,75 mm.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 210

Figura 9-37. Núcleo de aço silício laminado (Adaptado de: www.electronics-tutorials.ws).


Os formatos mais comuns de núcleos de transformadores são ilustrados na Figura 9-38. O
formato chamado de núcleo fechado envolvido (Closed-type Core) possui uma única janela e as bobinas
são enroladas nos braços externos. O formado chamado de núcleo envolvente ou encouraçado (Shell-
type Core) possui duas janelas e as bobinas são enroladas uma sobre a outra no braço interno. Os dois
tipos de construção permitem um acoplamento eficiente e baixa dispersão do fluxo magnético. No
núcleo envolvido, metade das espiras de cada bobina é enrolada em cada braço externo do núcleo. No
núcleo envolvente, todas as espiras das bobinas são enroladas sobre o braço interno e o fluxo magnético
gerado se divide pela metade em cada braço externo. Como o fluxo é menor nos braços externos, as
perdas magnéticas são menores e a eficiência dos transformadores com núcleo envolvente é maior.

Figura 9-38. Tipos comuns de núcleos de transformadores (Adaptado de: www.electronics-tutorials.ws).


As bobinas são enroladas em um molde (geralmente um carretel plástico) com seção
transversal quadrada, retangular, oval ou cilíndrica, de forma a encaixar perfeitamente nos braços do
núcleo laminado, o qual é montado em peças com formatos de letras, como apresentado na Figura 9-39.
As peças são alternadamente encaixadas no carretel de bobinas e fortemente fixadas, formando uma
peça sólida, a fim de reduzir a relutância do circuito magnético, como ilustra a Figura 9-40.

Figura 9-39. Lâminas para núcleos de transformadores (Adaptado de: www.electronics-tutorials.ws).


Os enrolamentos são uma parte importante na construção dos transformadores. O condutor das
bobinas geralmente é de cobre. Embora mais leves e baratos, os condutores de alumínio necessitam de
uma bitola maior devido à resistividade maior que a do cobre. O isolamento dos condutores geralmente
é uma fina camada de esmalte ou então são envolvidos em um tipo de papel ou fibra impregnada de óleo
isolante. Geralmente as bobinas de maior corrente são enroladas na parte mais interna para melhorar o
acoplamento magnético.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 211

Figura 9-40. Montagem do transformador (Adaptado de: www.sayedsaad.com).

9.8. TRANSFORMADOR PARA CASAMENTO DE IMPEDÂNCIAS


Alguns transformadores são úteis para assegurar que uma carga receba a máxima potência de
uma fonte. A condição de máxima transferência de potência exige o casamento de impedâncias, ou seja,
a impedância da carga deve ser igual ao conjugado complexo da impedância interna da fonte. Mesmo
que um perfeito casamento de impedâncias não seja possível, a aproximação dos valores melhora
substancialmente a transferência de potência e a eficiência do sistema. A relação de espiras dos
transformadores permite auxiliar nesse processo, de forma que a impedância da carga refletida ao
primário seja igual (ou o mais próximo possível) do valor da impedância interna da fonte:
𝑝
𝑍𝐿 = 𝑎2 ∙ 𝑍𝐿
Os transformadores para casamento de impedâncias são muito utilizados na saída de
amplificadores de áudio e para adaptar as impedâncias dos cabos paralelos (300) e coaxiais (75) de
antenas de televisão, com ilustra a Figura 9-41 e Figura 9-42.

Figura 9-41. Casamento de impedâncias dos cabos de antena de televisão (Boylestad, 2003).

Figura 9-42. Transformadores de impedância de cabos de televisão (Fonte: internet).

Exemplo 9-11. O amplificador da Figura 9-43 apresenta tensão de 50 𝑉 e impedância interna de 200 
e está conectado a um alto-falante de 8 . Determine:
a) A potência transferida para a carga nessa condição;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 212

b) A relação de espiras de um transformador para casamento das impedâncias;


c) A potência transferida para a carga com o uso do transformador.
Solução: A corrente na fonte e a potência fornecida sem o transformador são calculadas por:
𝑉𝑔 50
𝐼= = = 240,4 𝑚𝐴
𝑅𝑒𝑞 (200 + 8)
𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐼 2 = 8 ∙ (0,2404)2 = 462 𝑚𝑊
Para haver a máxima transferência de potência com o transformador, a impedância no primário
deve ser igual à da fonte (200 ). Assim:
𝑝
𝑍𝐿 = 𝑎2 ∙ 𝑍𝐿
200 = 𝑎2 ∙ 8

200
𝑎=√ =5
8

Então, a corrente na fonte e a potência fornecida com o transformador são calculadas por:
𝑉𝑔 50
𝐼= = = 125 𝑚𝐴
𝑅𝑒𝑞 (200 + 200)
𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐼 2 = 200 ∙ (0,125)2 = 3,125 𝑊
Com o uso do transformador para casamento de impedâncias a potência transferida para o alto-
falante aumenta mais de 6 vezes.

Figura 9-43 – Transferência de potência: (a) sem transformador; (b) com transformador para casamento de
impedâncias (Adaptado de Boylestad, 2003).

9.9. TRANSFORMADORES COM MÚLTIPLAS TENSÕES


Alguns transformadores apresentam derivações (taps) nas bobinas do primário e do secundário
que permitem diferentes relações de transformação de tensão, conforme necessário, como ilustra a
Figura 9-44. Esses transformadores, chamados multitap, são usados em reguladores e estabilizadores de
tensão, nos circuitos eletrônicos e no sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica.

Figura 9-44. Símbolo do transformador com múltiplas derivações no primário e no secundário.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 213

Há também os transformadores construídos com diversas bobinas independentes no primário


ou no secundário que permitem a operação simultânea com diversas tensões de entrada ou de saída,
como ilustra a Figura 9-45. Nesses transformadores, as tensões e correntes do primário e do secundário
e as relações de transformação são calculadas de forma semelhante. No entanto, a tensão, a corrente e a
polaridade magnética (aditiva ou subtrativa) de cada bobina do primário e secundário devem ser
observadas nas conexões. Como o funcionamento dos transformadores é baseado na indutância mútua,
cada bobina é submetida à mesma tensão por espira, e o produto tensão por corrente (potência aparente)
é a mesma, onde todas as relações de espiras de cada bobina são relativas ao primário. Os
transformadores com múltiplas bobinas são usados nas fontes de alimentação de circuitos eletrônicos e
nos sistemas elétricos trifásicos.

Figura 9-45 – Símbolo e aparência de um transformador com múltiplas bobinas (Fonte: www.electronics-
tutorials.ws; Boylestad, 2003).
Os transformadores bivolt (ou dupla tensão) são aqueles que possuem duas bobinas idênticas
no primário e/ou no secundário, como apresentado na Figura 9-46. Nesses transformadores as bobinas
do primário ou do secundário podem ser conectadas em série, para permitir maior tensão, ou em paralelo,
para permitir maior capacidade de corrente. Porém, é fundamental observar as polaridades magnéticas
das bobinas para não provocar curto-circuito.

Figura 9-46 – Transformador bivolt (Adaptado de: www.electronics-tutorials.ws).


A Figura 9-47 apresenta um transformador bivolt (110 + 110): (12 + 12) 𝑉 / 1 𝐴, muito
usado em circuitos eletrônicos. As duas bobinas do primário e do secundário são idênticas e suportam a
mesma tensão e corrente nominal. Se a tensão de alimentação for 220 V, as bobinas do primário devem
ser conectadas em série. Para obter 24 V na saída do transformador, as bobinas do secundário devem
ser conectadas em série. Nessa conexão, ilustrada na Figura 9-47(a), o transformador opera com a
relação de transformação de 220:24 V, sendo capaz de fornecer 1 A no secundário. Na Figura 9-47(b) o
primário do transformador bivolt é conectado em série, para uma tensão de alimentação de 220 V, e o
secundário é conectado em paralelo, de forma a fornecer 12 V na saída. Nessa configuração a capacidade
total de corrente no secundário é de 2 A.
Outro transformador muito utilizado em circuitos eletrônicos apresenta o secundário com
derivação central (central tap), como ilustra a Figura 9-48. Essa configuração de três terminais permite
duas tensões com polaridades invertidas (𝑉𝑎 e 𝑉𝑏 ) e um ponto comum de referência no secundário. A
capacidade de potência em cada bobina é a mesma. Nessa configuração é importante que as cargas

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 214

conectadas no secundário drenem a mesma corrente em ambas as bobinas para evitar assimetrias no
terminal central.

Figura 9-47 – Transformador bivolt: (a) conexão série; (b) conexão paralela no secundário

Figura 9-48 – Transformador bivolt com derivação central no secundário.


Considerando um transformador com uma bobina no primário e duas bobinas no secundário,
a relação de transformação em função das tensões é dada pela equação (COGDEL, 1996):
𝑉𝑝 𝑉𝑠1 𝑉𝑠2
= =
𝑁𝑝 𝑁𝑠1 𝑁𝑠2
Para as correntes, a relação de transformação é (COGDEL, 1996):
𝑁𝑝 ∙ 𝐼𝑝 = 𝑁𝑠1 ∙ 𝐼𝑠1 + 𝑁𝑠2 ∙ 𝐼𝑠2
Dividindo essa equação pela anterior:
𝑁𝑝 ∙ 𝐼𝑝 𝑁𝑠1 ∙ 𝐼𝑠1 𝑁𝑠2 ∙ 𝐼𝑠2
= +
𝑉𝑝 𝑉𝑠1 𝑉𝑠2
𝑁𝑝 𝑁 𝑠1 𝑁 𝑠2

𝑁𝑝 2 ∙ 𝐼𝑝 𝑁𝑠1 2 ∙ 𝐼𝑠1 𝑁𝑠2 2 ∙ 𝐼𝑠2


= +
𝑉𝑝 𝑉𝑠1 𝑉𝑠2
1 1 1
𝑁𝑝 2 ∙ = 𝑁𝑠1 2 ∙ + 𝑁𝑠2 2 ∙
𝑍𝑝 𝑍𝑠1 𝑍𝑠2
Portanto, a impedância do secundário vista pelo primário é dada pela associação paralela das
impedâncias do secundário referidas ao primário.

Exemplo 9-12. Um amplificador de áudio com impedância de 16  aciona dois alto-falantes, um de 4 


e outro de 8 , conforme a Figura 9-49. Determine a relação de espiras de um transformador com duas
bobinas no secundário de forma que o amplificador transfira a máxima potência para os alto-falantes.
Solução: Para que a máxima potência seja transferida do amplificador para os alto-falantes, a
impedância total da carga vista no primário deve ser igual à impedância interna. Referindo ao primário:
𝑝 𝑝
𝑍𝑠1 = 𝑍𝑠2

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 215

𝑁𝑝 2 𝑁𝑝 2
( ) ∙ 𝑍𝑠1 = ( ) ∙ 𝑍𝑠2
𝑁𝑠1 𝑁𝑠2

𝑁𝑠1 𝑍𝑠1
=√
𝑁𝑠2 𝑍𝑠2

𝑁𝑠1 8
= √ = √2
𝑁𝑠2 4

Para que a impedância total no primário seja 16 , cada alto-falante deve aparecer no primário
com 32 , pois são as impedâncias das bobinas secundárias são associadas em paralelo:
𝑁𝑝 2
( ) ∙ 8 = 32
𝑁𝑠1

𝑁𝑝 32
= √ = √4 = 2
𝑁𝑠1 8

𝑁𝑝 2
( ) ∙ 4 = 32
𝑁𝑠2

𝑁𝑝 32
= √ = √8 = 2√2
𝑁𝑠2 4

Figura 9-49 – Transformador do Exemplo 9-12.

9.10. AUTOTRANSFORMADOR
Um autotransformador é um transformador especial, composto por uma única bobina ou duas
ligadas em série com uma derivação, como ilustra a Figura 9-50. Portanto, no autotransformador há uma
conexão elétrica e magnética entre o primário e secundário. Assim, parte da energia transferida para a
carga é feita pela conexão elétrica e parte é feita pela transformação proporcionada pelo acoplamento
magnético. Essa característica faz com que os autotransformadores sejam energeticamente mais
eficientes. O autotransformador também é reversível, ou seja, ele pode ser usado para elevar ou abaixar
as tensões, de acordo com o lado no qual é conectado à fonte de tensão. Nos autotransformadores, a
relação de transformação é dada pela equação:
𝑉𝑝̇ 𝐼𝑠̇ 𝑁𝑝
= =
̇𝑉𝑠 𝐼𝑝̇ 𝑁𝑠

Um autotransformador também pode ser construído com várias derivações, de forma a


proporcionar diversas tensões de saída, menores ou maiores que a tensão de entrada, como ilustra a

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 216

Figura 9-51. Esse princípio é utilizado nos estabilizadores de tensão, onde a derivação do secundário é
chaveada eletronicamente, de acordo com a tensão de entrada, de forma a manter a tensão de saída o
mais estável possível.

Figura 9-50 – Autotransformador: (a) abaixador de tensão; (b) elevador de tensão (Adaptado de:
www.electronics-tutorials.ws).

Figura 9-51 – Autotransformador com múltiplas tensões de saída (Adaptado de: Wikipédia).
As principais vantagens dos autotransformadores são a maior capacidade de potência aparente,
baixo custo e menor peso e volume que um transformador com dois enrolamentos isolados. Como utiliza
menor ferro no núcleo e cobre nos enrolamentos, as perdas magnéticas e elétricas são menores, o que
confere aos autotransformadores maior eficiência energética e melhor regulação percentual de tensão.
Os autotransformadores são muito utilizados para adaptar os padrões de tensão de distribuição
(220: 127 𝑉), nos estabilizadores eletrônicos de tensão, como reguladores de tensão nos sistemas de
transmissão de energia, em dispositivos de partida de motores elétricos de corrente alternada, variadores
de tensão alternada (varivolt) usados em laboratórios de eletricidade e eletrônica, entre outras.
A principal desvantagem de um autotransformador é a inexistência de isolamento elétrico entre
o primário e o secundário. Por essa razão, o uso de autotransformadores como abaixadores de tensão
para pequenas cargas não é seguro, como em circuitos eletrônicos. Como a conexão do neutro é comum
ao primário e ao secundário, o aterramento do primário automaticamente aterrará o secundário, o que
pode ser problemático especialmente para alguns circuitos que necessitam diferentes pontos de
referência. Se o enrolamento secundário se tornar um circuito aberto, a corrente para de circular no
primário e a ação de transformação cessa, o que provoca aplicação de toda a tensão do primário sobre a
carga. Se o secundário estiver em curto-circuito, a corrente no primário será muito maior que seria em
um transformador com bobinas isoladas, podendo danificar o autotransformador.
Os autotransformadores são mais eficientes apenas para transformação de tensões com valores
próximos, ou seja, para pequenas relações de transformação, geralmente no intervalo 0,25 ≤ 𝑎 ≤ 4.
Um autotransformador também pode ser construído a partir de um transformador convencional
de duas bobinas isoladas, conectando-se em série o primário e o secundário. Se a conexão for aditiva ou
subtrativa, a tensão do secundário será, respectivamente, somada ou subtraída à do primário. Essas
possibilidades são exemplificadas na Figura 9-52. Entretanto, isso nem sempre é possível devido ao

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 217

limite de isolação da bobina de baixa tensão, que poderá não suportar o maior nível de tensão de
operação. A bobina de um autotransformador é construída para suportar a maior tensão nominal.

Figura 9-52 – Transformador convencional como autotransformador: (a) elevador; (b) abaixador.

Exemplo 9-13. Um transformador de 200 𝑉𝐴 e 220: 25 𝑉 deve ser conectado para operar como um
autotransformador elevador, com tensão primária de 220 𝑉. Determine (Adaptado de Chapman, 2013):
a) A tensão do secundário;
b) A máxima especificação nominal de potência aparente nesse modo de operação;
c) A vantagem de potência aparente nominal dessa conexão em relação à conexão convencional.
̇ é obtida pela relação de transformação.
Solução: a tensão do secundário como autotransformador 𝑉𝑠𝑎
̇
𝑉𝑝𝑎 𝑁𝑝𝑎 𝑁 𝑁 + 𝑁𝑠𝑡 220 + 25
= → 𝑉𝑠𝑎 ̇ = ( 𝑝𝑡
̇ = ( 𝑠𝑎 ) 𝑉𝑝𝑎 ̇ =(
) 𝑉𝑝𝑎 ) 220 = 245 𝑉
̇𝑉𝑠𝑎 𝑁𝑠𝑎 𝑁𝑝𝑎 𝑁𝑝𝑡 220
Como a potência aparente nominal do transformador 𝑆𝑡 é 200 𝑉𝐴 em ambas as bobinas, então
̇ é dada por:
a corrente máxima do secundário do transformador 𝐼𝑠𝑡
𝑆𝑡 200
̇ =
𝐼𝑠𝑡 = =8𝐴
𝑉̇𝑠𝑡 25
Assim, a potência aparente total 𝑆𝑎 no secundário da conexão como autotransformador é:
̇ ∙ 𝐼𝑠𝑎
𝑆𝑎 = 𝑉𝑠𝑎 ̇ = 245 ∙ 8 = 1960 𝑉𝐴
Essa deve ser a mesma potência no primário do autotransformador. Portanto, a vantagem de
potência aparente nominal é determinada por:
𝑆𝑎 1960
= = 9,8
𝑆𝑡 200
Portanto, o transformador conectado como autotransformador permite uma potência aparente
9,76 vezes maior que a conexão convencional. Esse comportamento é o que caracteriza a eficiência
energética e o menor volume, peso e custo dos autotransformadores.

9.10.1. Autotransformador ajustável (Variac)

O princípio do autotransformador também pode ser usado para ajustar tensões eficazes. Um
autotransformador ajustável, conhecido como Varivolt ou Variac, é constituído por uma bobina primária
enrolada sobre um núcleo magnético laminado toroidal, onde a derivação para o secundário é obtida por
meio de um contato móvel (escova). Esse contato móvel desliza sobre uma face não isolada das espiras
da bobina primária, fazendo a conexão para um terminal do secundário, propiciando a variação da
relação de transformação e, consequentemente, o ajuste da tensão do secundário. A Figura 9-53 ilustra
o esquema simplificado de um autotransformador ajustável. O número de espiras da bobina primária é
significativo, de forma a produzir uma tensão no secundário que possa ser ajustada com boa precisão.
Se a tensão de alimentação for aplicada em um ponto intermediário do primário, a tensão do secundário
também poderá ser ajustada para um valor maior que a tensão do primário. A Figura 9-54 apresenta
alguns autotransformadores ajustáveis usados em laboratórios de eletrônica.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 218

Figura 9-53 – Autotransformador ajustável (Adaptado de: www.123rf.com).

Figura 9-54 – Aparência de alguns autotransformadores ajustáveis (Fonte: internet).

Exemplo 9-14. O autotransformador da Figura 9-55 deve elevar a tensão de 220 𝑉 para 250 𝑉, usando
uma bobina com um total de 2000 espiras. Determine a posição da derivação do primário e as correntes
de entrada e saída para uma carga de 10 𝑘𝑉𝐴.
Solução: A posição de derivação é obtida pela relação de transformação:
𝑉𝑝 𝑁𝑝 𝑉𝑝 ∙ 𝑁𝑠 220 ∙ 2000
= → 𝑁𝑝 = = = 1750 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠
𝑉𝑠 𝑁𝑠 𝑉𝑠 250
As correntes do primário e do secundário são obtidas a partir da equação da potência aparente:
𝑆𝑠 10000
𝑆𝑠 = 𝑉𝑠 ∙ 𝐼𝑠 → 𝐼𝑠 = = = 40 𝐴
𝑉𝑠 250
𝑆𝑝 10000
𝑆𝑝 = 𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝 → 𝐼𝑝 = = = 45,45 𝐴
𝑉𝑝 220

Figura 9-55 – Autotransformador elevador do Exemplo 9-14 (Adaptado de: www.electronics-tutorials.ws).

9.11. TRANSFORMADOR DE POTENCIAL (TP)


O transformador de potencial (TP) é especialmente construído com um primário de alta tensão
e um secundário de baixa tensão. Ele apresenta uma potência nominal muito baixa e sua única finalidade
é fornecer uma amostra de tensão para instrumentos de medição ou monitoramento. Como o propósito

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 219

principal do TP é a amostragem de tensão, ele deve ser muito exato para não distorcer os valores da
tensão amostrada. Há transformadores de potencial de diversas classes de isolamento e de exatidão,
dependendo dos níveis de tensão e de quão exatas devem ser as amostras para uma dada aplicação
(CHAPMAN, 2013). Nos sistemas de energia elétrica, os transformadores de potencial são usados para
medir as elevadas tensões das linhas de transmissão e distribuição, como ilustra a Figura 9-56. Nesse
caso, o TP faz o isolamento elétrico do circuito de alta tensão e, por meio da relação de transformação,
permite uma medição proporcional da tensão da linha de forma segura. Usualmente a relação de
transformação dos transformadores de potencial é 𝑉𝑝 : 100. A Figura 9-57 ilustra a aparência dos
transformadores de potencial usados nas subestações de transmissão de energia elétrica.

Figura 9-56 – Transformador de potencial (Adaptado de Boylestad, 2003).

Figura 9-57 – Transformadores de potencial em uma subestação de transmissão (Fonte: internet).

9.12. TRANSFORMADOR ISOLADOR (TI)


O transformador isolador (TI) tem por função básica isolar eletricamente dois circuitos
elétricos ou eletrônicos, geralmente com relação de transformação unitária, onde são necessários pontos
de aterramento ou referência de tensão diferentes. Por exemplo, se um osciloscópio for conectado para
medir a tensão 𝑉𝑥 em uma impedância 𝑍1 , como ilustra a Figura 9-58, a ponteira de referência provocará
um curto-circuito na impedância 𝑍2 , pois os pontos de aterramento são os mesmos. Além de uma
medição errada, essa conexão poderá provocar danos nos componentes do circuito por sobrecorrente.
Ao contrário, se for utilizada uma ponteira isolada constituída por um transformador isolador, como
ilustra a Figura 9-59, os pontos de referência estarão isolados e a tensão 𝑉𝑥 pode ser apropriadamente
medida. Há também os transformadores isoladores com relação de transformação unitária para alimentar
um equipamento de forma isolada e com diferentes pontos de referência, como ilustra a Figura 9-60.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 220

Figura 9-58 – Conexão inapropriada para medição da tensão Vx (Adaptado de Boylestad, 2003).

Figura 9-59 – Medição de Vx com ponteira isolada por um TI (Adaptado de Boylestad, 2003).

Figura 9-60. Medição de Vx com TI na alimentação do osciloscópio (Adaptado de Boylestad, 2003).

9.13. TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC)


O transformador de corrente (TC) é um dispositivo que produz no secundário uma amostra
proporcional da corrente que flui no primário. O TC permite reduzir correntes elevadas para valores
seguros e compatíveis com os instrumentos de medição convencionais. Os transformadores de corrente
são usados para medição e monitoração da corrente que flui nas linhas de energia, em máquinas elétricas,
wattímetros, medidores de fator de potência, dispositivos e relés de proteção, entre diversas outras
aplicações. A Figura 9-61 ilustra a aparência dos transformadores de corrente de pequeno porte,
geralmente usados em instalações industriais, enquanto a Figura 9-62 apresenta os transformadores de
corrente usados nas subestações de energia elétrica.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 221

Figura 9-61 – Aparência dos transformadores de corrente de pequeno porte (Fonte: internet).

Figura 9-62 – Transformador de corrente para subestações de transmissão de energia (Fonte: internet).
Um transformador de corrente consiste em uma bobina secundária enrolada sobre um núcleo
ferromagnético em forma de anel, e um primário composto por poucas espiras ou apenas um condutor
retilíneo inserido no núcleo, como ilustra a Figura 9-63. O campo magnético criado pela passagem da
corrente no condutor do primário é concentrado pelo núcleo ferromagnético. Como a corrente é
alternada, o fluxo magnético variante induz uma tensão e corrente no secundário, proporcional à relação
de espiras. Quanto maior a corrente no primário, maior o fluxo magnético e maior a corrente no
secundário. A bobina do secundário é enrolada sobre um núcleo ferromagnético de seção transversal
suficiente para que a densidade de fluxo seja baixa e não provoque saturação magnética. O secundário
deve conter um número bem maior de espiras, de acordo com a relação de transformação de corrente
requerida. Quanto maior o número de espiras do secundário, menor o nível de corrente na saída, como
demonstra a relação de transformação:
𝑁𝑝
𝐼𝑠 = 𝐼𝑝 ∙
𝑁𝑠

Figura 9-63 – Transformador de corrente (Adaptado de: www.electronics-tutorials.ws).


Um TC pode reduzir os níveis de corrente de milhares de ampères no primário para valores
nominais padronizados no secundário, geralmente 𝐼𝑝 : 5 𝐴, como ilustra a Figura 9-64. Esses níveis de

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 222

corrente no secundário são seguros e compatíveis com os instrumentos de medição e monitoramento,


pois estarão isolados dos níveis de tensão e corrente do primário.

Figura 9-64 – Relação de transformação do transformador de corrente.


Os transformadores de corrente com espiras no primário são conectados em série com o
circuito que se deseja medir a corrente. Por essa razão, também são chamados de transformadores-série.
Em alguns transformadores de corrente o próprio condutor do circuito a ser medido compõe o primário,
inserido na janela do núcleo e totalmente isolado do secundário. Há transformadores de corrente em que
o núcleo que pode ser aberto para introduzir o condutor onde se deseja medir a corrente, sem a
necessidade de abrir o circuito. Esse princípio é utilizado nos multímetros tipo alicate.
O secundário dos transformadores de corrente deve estar permanentemente em curto-circuito ou então
conectado a um amperímetro, pois tensões extremamente elevadas e perigosas podem ser induzidas se
o secundário estiver em aberto.

Exemplo 9-15. Um transformador de corrente com o condutor primário passando por dentro do núcleo
tem 100 espiras no secundário e deve ser conectado a um amperímetro com resistência interna de 0,2 .
O amperímetro deve indicar o valor máximo de escala quando a corrente no primário for 500 𝐴.
Determine a corrente máxima no secundário e a tensão no amperímetro. Se o amperímetro for removido,
determine a tensão no secundário em aberto, considerando uma tensão de 380 𝑉 no primário.
Solução: A corrente do secundário é obtida pela relação de transformação de corrente:
𝑁𝑝 1
𝐼𝑠 = 𝐼𝑝 ∙ = 500 ∙ =5𝐴
𝑁𝑠 100
A tensão no secundário aplicada ao amperímetro é obtida pela Lei de Ohm:
𝑉𝑠 = 𝑅𝑎𝑚𝑝 ∙ 𝐼𝑠 = 0,2 ∙ 5 = 1 𝑉
Como o amperímetro tem uma resistência interna muito pequena, a tensão no secundário do
TC é baixa, mesmo quando a corrente no primário for máxima. Entretanto, se o amperímetro for
removido e o secundário ficar em aberto, o TC se transforma em um transformador elevador. O resultado
é uma tensão muito alta no secundário, cujo valor aproximado é obtido pela relação de transformação:
𝑉𝑝 𝑁𝑝 𝑁𝑠 100
≈ → 𝑉𝑠 ≈ 𝑉𝑝 ∙ ≈ 380 ∙ ≈ 3,8 𝑘𝑉
𝑉𝑠 𝑁𝑠 𝑁𝑝 1
Essa tensão ocorre pela saturação magnética do núcleo do TC provocada pelo secundário em
circuito aberto. Esses níveis altos de tensão danificam o isolamento do TC e podem causar choques
elétricos perigosos ou fatais!!!
CUIDADO!!! Um transformador de corrente NUNCA deve ser operado com o secundário em
ABERTO. Se o circuito ou amperímetro do secundário deve ser removido, primeiramente deve-se
fazer um CURTO-CIRCUITO no secundário do TC.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 223

9.14. TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS


Os transformadores também podem ser construídos para operar nos sistemas elétricos
trifásicos. Também há transformadores bifásicos ou combinados em seis ou 24 fases para acionar
retificadores CA-CC polifásicos. Porém, a configuração mais comum é a trifásica, usada nos sistemas
de geração, transmissão e distribuição de energia e nos motores elétricos de maior potência.
Basicamente, um transformador trifásico pode ser obtido a partir da conexão de três
transformadores monofásicos de dois enrolamentos cada. Essa configuração é conhecida como banco
trifásico de transformadores monofásicos. Um transformador trifásico também pode ser
apropriadamente construído com três pares de bobinas independentes montadas sobre um mesmo núcleo
ferromagnético laminado. A vantagem de um transformador trifásico único é o menor peso, volume e
custo para uma mesma potência nominal (kVA), quando comparado a um banco trifásico de
transformadores monofásicos. Já a vantagem do banco trifásico é a flexibilidade operacional em caso
de manutenção ou falhas.
As conexões possíveis para o conjunto das bobinas do primário e do secundário são as mesmas
tanto para o transformador trifásico único como para o banco trifásico. As formas possíveis são as
ligações estrela (Y), triângulo () e estrela interconectada ou zig-zag (Z) e suas combinações. A Figura
9-65 apresenta a configuração -, enquanto a configuração -Y é ilustrada na Figura 9-66. A
configuração Y-Y é apresentada na Figura 9-67 e a configuração Y- na Figura 9-68. Nos sistemas de
distribuição de energia elétrica, o lado de alta tensão geralmente é conectado em  e o lado de baixa
tensão em Y. Dessa forma, a alta tensão é distribuída apenas com três condutores de fase e a baixa tensão
é fornecida por meio de quatro condutores (três fases e um neutro).

Figura 9-65 – Transformador trifásico: conexão -.

Figura 9-66 – Transformador trifásico: conexão -Y.


Um transformador trifásico geralmente possui três circuitos magnéticos integrados de forma a
proporcionar uma distribuição uniforme do fluxo magnético entre as bobinas do primário e do
secundário. A Figura 9-69 apresenta dois tipos de núcleos de transformadores trifásicos. O tipo mais
usado é o núcleo envolvido (Core Type). O núcleo envolvente (Shell Type) é mais caro e pesado e, por
essa razão, é usado em transformadores trifásicos para potências muito altas. Em ambos os tipos de
núcleos as bobinas primárias e secundárias são enroladas umas sobre as outras para melhorar o

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 224

acoplamento magnético. A Figura 9-70 apresenta a aparência de dois tipos de transformadores trifásicos
comuns.

Figura 9-67 – Transformador trifásico: conexão Y-Y.

Figura 9-68 – Transformador trifásico: conexão Y-.


No banco trifásico de transformadores monofásicos o fluxo magnético está defasado de 120°
em cada transformador. No transformador trifásico único há três fluxos magnéticos simultâneos no
núcleo, os quais estão defasados de 120° entre si. Da mesma forma, as tensões e as correntes nos
primários e secundários também estão defasadas de 120° entre si.

Figura 9-69 – Tipos de núcleos de transformadores trifásico (Adaptado de Wikipédia).


A análise de qualquer banco de transformadores trifásicos deve partir de um único
transformador do banco, uma vez que o comportamento é idêntico ao dos transformadores monofásicos
já estudados. Para análise dos transformadores trifásicos, os cálculos dos parâmetros são realizados
tomando uma fase de cada vez e fazem uso das mesmas técnicas usadas para os monofásicos
(CHAPMAN, 2013).
A relação entre as tensões e correntes de linha e de fase em um transformador trifásico é
resumida na Tabela 9-1. A
Tabela 9-2 apresenta as tensões e correntes de linha para as diferentes conexões em função da relação
do número de espiras, onde 𝑎 = 𝑁𝑝 ⁄𝑁𝑠 .

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 225

A conexões que apresenta melhor desempenho e menos problemas operacionais são a -,
pois não provoca deslocamentos de fase e não tem problemas de cargas desequilibradas ou harmônicas.
As vantagens e desvantagens e as características técnicas e operacionais das diferentes configurações
das conexões dos bancos te transformadores trifásicos são apresentadas e discutidas em Chapman
(2013), cuja consulta é recomendada.

Figura 9-70 – Aparência dos transformadores trifásicos (Fonte: Wikipédia).

Tabela 9-1. Tensões e correntes nas conexões do transformador trifásico.

Tensão de Fase Tensão de Linha Corrente de Fase Corrente de Linha


Conexão
𝑉𝐹 𝑉𝐿 𝐼𝐹 𝐼𝐿
𝑉𝐿
Estrela (Y) 𝑉𝐹 = 𝑉𝐿 = √3 ∙ 𝑉𝐹 𝐼𝐹 = 𝐼𝐿 𝐼𝐿 = 𝐼𝐹
√3
𝐼𝐿
Delta () 𝑉𝐹 = 𝑉𝐿 𝑉𝐿 = 𝑉𝐹 𝐼𝐹 = 𝐼𝐿 = √3 ∙ 𝐼𝐹
√3

Tabela 9-2. Tensão e corrente de linha no secundário do transformador trifásico.

Tensão de Linha Corrente de Linha


Conexão
𝑉𝐿𝑠 𝐼𝐿𝑠
𝑉𝐿𝑝
→ 𝑉𝐿𝑠 = 𝐼𝐿𝑠 = 𝑎 ∙ 𝐼𝐿𝑝
𝑎
√3 ∙ 𝑉𝐿𝑝 𝑎 ∙ 𝐼𝐿𝑝
→Y 𝑉𝐿𝑠 = 𝐼𝐿𝑠 =
𝑎 √3
𝑉𝐿𝑝
Y→ 𝑉𝐿𝑠 = 𝐼𝐿𝑠 = √3 ∙ 𝑎 ∙ 𝐼𝐿𝑝
√3 ∙ 𝑎
𝑉𝐿𝑝
Y→ Y 𝑉𝐿𝑠 = 𝐼𝐿𝑠 = 𝑎 ∙ 𝐼𝐿𝑝
𝑎

Além das conexões comuns dos transformadores trifásicos, há maneiras de realizar a


transformação trifásica com apenas dois transformadores, porém com capacidade de potência menor
(em torno de 58 % da capacidade nominal). Isso pode ser necessário para remoção ou por falha de um
dos transformadores de um banco trifásico ou ainda para criar potência trifásica onde não há rede
trifásica disponível, como em áreas rurais, por exemplo. As ligações com dois transformadores mais
importantes são a  aberta (ou V-V), Y- abertas e as ligações T de Scott e T trifásica. Esse assunto é
detalhado em Chapman (2013).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 226

Exemplo 9-16. Um transformador trifásico de 50 𝑘𝑉𝐴 / 60 𝐻𝑧 com 6000 espiras no primário e 97


espiras no secundário é conectado em →Y. Sendo a tensão de linha primária de 13,8 𝑘𝑉, determine a
tensão e a corrente nominal de linha e de fase no secundário.
Solução: A relação de transformação é determinada pelo número de espiras:
𝑁𝑝 6000
𝑎= = = 62,9
𝑁𝑠 97
A Tabela 9-2 fornece a relação de transformação de tensão do transformador →Y:
√3 ∙ 𝑉𝐿𝑝 √3 ∙ 13800
𝑉𝐿𝑠 = = = 380 𝑉
𝑎 62,9
Como o secundário está conectado em Y, a tensão de fase é obtida da relação da Tabela 9-1:
𝑉𝐿𝑠 380
𝑉𝐹𝑠 = = = 220 𝑉
√3 √3
A potência aparente é calculada por:
𝑆3 = √3 ∙ 𝑉𝐿𝑝 ∙ 𝐼𝐿𝑝 = 3 ∙ 𝑉𝐹𝑝 ∙ 𝐼𝐹𝑝
A corrente de linha no primário é função da potência aparente:
𝑆 50000
𝐼𝐿𝑝 = = = 2,09 𝐴
𝑉𝐿𝑝 13800
A corrente de linha no secundário é obtida da relação da Tabela 9-2:
𝑎 ∙ 𝐼𝐿𝑝 62,9 ∙ 2,09
𝐼𝐿𝑠 = = = 75,9 𝐴
√3 √3

9.15. TRANSFORMADOR COM NÚCLEO DE AR (LEITURA COMPLEMENTAR)


Os transformadores com núcleo de ar são usados geralmente nos circuitos que operam com
frequências acima de 20 𝑘𝐻𝑧. Esse tipo de transformador de ar não possui um coeficiente de
acoplamento tão alto como os transformadores com núcleos ferromagnéticos. Portanto, as bobinas dos
transformadores com núcleo de ar devem ser posicionadas suficientemente próximas para que haja um
acoplamento magnético adequado. A Figura 9-71 apresenta o circuito equivalente de um transformador
com núcleo de ar, cuja polaridade magnética da indutância mútua das bobinas é positiva.

Figura 9-71 – Transformador com núcleo de ar (Adaptado de Boylestad, 2003).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 227

Do estudo de acoplamento magnético, a tensão autoinduzida no primário é dada por:


𝑑𝑖𝑝 (𝑡) 𝑑𝑖𝑠 (𝑡)
𝑒𝑝 (𝑡) = 𝐿𝑝 ∙ +𝑀∙
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Na forma fasorial:
𝐸̇𝑝 = 𝐼𝑝̇ ∙ 𝑗𝑋𝑝 + 𝐼𝑠̇ ∙ 𝑗𝑋𝑀
Onde 𝑋𝑝 = 𝜔𝐿𝑝 e 𝑋𝑀 = 𝜔𝑀.
Portanto, a tensão na fonte de alimentação é:
𝑉𝑓̇ = 𝐼𝑝̇ ∙ (𝑅𝑝 + 𝑗𝑋𝑝 ) + 𝐼𝑠̇ ∙ 𝑗𝑋𝑀
Do lado do secundário:
𝐸̇𝑠 = 𝐼𝑠̇ ∙ 𝑗𝑋𝑠 + 𝐼𝑝̇ ∙ 𝑗𝑋𝑀
Portanto, a tensão na carga é:
𝑉̇𝐿 = 𝐼𝑠̇ ∙ (𝑅𝑠 + 𝑗𝑋𝑠 ) + 𝐼𝑝̇ ∙ 𝑗𝑋𝑀
Como 𝑉̇𝐿 = −𝐼𝑠̇ ∙ 𝑍𝐿 , substituindo e desenvolvendo para 𝐼𝑠̇ :
−𝐼𝑠̇ ∙ 𝑍̇𝐿 = 𝐼𝑠̇ ∙ (𝑅𝑠 + 𝑗𝑋𝑠 ) + 𝐼𝑝̇ ∙ 𝑗𝑋𝑀
𝐼𝑠̇ ∙ (𝑅𝑠 + 𝑗𝑋𝑠 + 𝑍̇𝐿 ) + 𝐼𝑝̇ ∙ 𝑗𝑋𝑀 = 0
−𝐼𝑝̇ ∙ 𝑗𝑋𝑀
𝐼𝑠̇ =
(𝑅𝑠 + 𝑗𝑋𝑠 + 𝑍̇𝐿 )
Portanto:
−𝐼𝑝̇ ∙ 𝑗𝑋𝑀
𝑉𝑓̇ = 𝐼𝑝̇ ∙ (𝑅𝑝 + 𝑗𝑋𝑝 ) + ( ) ∙ 𝑋𝑀
𝑅𝑠 + 𝑗𝑋𝑠 + 𝑍̇𝐿
(𝑗𝑋𝑀 )2
𝑉𝑓̇ = 𝐼𝑝̇ ∙ (𝑅𝑝 + 𝑗𝑋𝑝 ) − 𝐼𝑝̇ ∙ ( )
𝑅𝑠 + 𝑗𝑋𝑠 + 𝑍̇𝐿
𝑉𝑓̇ (𝑗𝑋𝑀 )2
= (𝑅𝑝 + 𝑗𝑋𝑝 ) − ( )
𝐼𝑝̇ 𝑅𝑠 + 𝑗𝑋𝑠 + 𝑍̇𝐿
Substituindo e resolvendo para 𝑍̇𝑒𝑞 :
𝑉𝑓̇ (𝑗𝑋𝑀 )2
𝑍̇𝑒𝑞 = = (𝑅𝑝 + 𝑗𝑋𝑝 ) − ( )
𝐼𝑝̇ 𝑅𝑠 + 𝑗𝑋𝑠 + 𝑍̇𝐿
(𝜔𝑀)2
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇𝑝 +
𝑍̇𝑠 + 𝑍̇𝐿
A impedância equivalente do transformador com núcleo de ar é composta pela impedância do
primário (primeiro termo) e pela impedância do acoplamento magnético (segundo termo), como ilustra
a Figura 9-72.

Figura 9-72 – Circuito equivalente do transformador com núcleo de ar (Adaptado de Boylestad, 2003).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 228

Exemplo 9-17. Determine a impedância equivalente para o circuito da Figura 9-73, composto por um
transformador com núcleo de ar e uma carga resistiva (BOYLESTAD, 2003).
Solução: A impedância equivalente é calculada pela equação:
(𝜔𝑀)2
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇𝑝 +
𝑍̇𝑠 + 𝑍̇𝐿
(𝑗𝜔𝑀)2 (400 ∙ 0,9)2
𝑍̇𝑒𝑞 = (𝑅𝑝 + 𝑗𝜔𝐿𝑝 ) + = (3 + 𝑗2400) +
(𝑅𝑠 + 𝑗𝜔𝐿𝑠 ) + 𝑅𝐿 (0,5 + j400) + 40
𝑍̇𝑒𝑞 ≅ 𝑗2400 + (325 − 𝑗320,8)
Com uma carga resistiva a impedância de acoplamento (segundo termo) apresenta teor
capacitivo (parte imaginária negativa), reduzindo a impedância equivalente do transformador:
𝑍̇𝑒𝑞 ≅ 32,5 + 𝑗2079 Ω = 2079,25 ∠89,1° Ω

Figura 9-73 – Circuito para o exemplo (Fonte: Boylestad, 2003).

9.16. OUTROS TIPOS DE TRANSFORMADORES


Há diversos tipos, formas e tamanhos de transformadores, cada qual projetado para os
requisitos específicos de uma determinada aplicação. A Figura 9-74 apresenta os símbolos de alguns
tipos de transformadores. Os tipos mais comuns são o transformador de potência, autotransformador,
transformador de potencial (TP), transformador de corrente (TC), transformador de radiofrequência
(RF) e transformador de frequência intermediária (FI).

Figura 9-74 – Símbolos dos principais tipos de transformadores (Adaptado de Boylestad, 2003).
Os transformadores dos sistemas de transmissão e distribuição de energia são projetados para
grandes potências e altas tensões e operam com rendimento acima de 98%. Esses transformadores de
potência geralmente são trifásicos ou operam em bancos compostos por três transformadores
monofásicos interligados. Seus núcleos são feitos de Aço-Silício laminado e as bobinas são imersas em
óleo isolante. Esse óleo circula por aletas para auxiliar na refrigeração, muitas vezes reforçada por
sistemas de ventiladores, como ilustra Figura 9-75.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 229

(a) (b)
Figura 9-75 – Transformadores trifásicos: (a) distribuição; (b) subestação (Fonte: cemec.com.br).
Os transformadores de alimentação são usados na entrada das fontes retificadas para adaptar
a tensão da rede de distribuição aos níveis requeridos pelos circuitos eletrônicos. Geralmente são de
baixa potência e, quando operam na frequência de 50 ou 60 Hz, seus núcleos são compostos por lâminas
de Aço-Silício, como na Figura 9-76. Os transformadores usados nas fontes de alimentação chaveadas
são mais compactos, pois operam em alta frequência e seus núcleos geralmente são feitos de ferrite,
como ilustra a Figura 9-77.

Figura 9-76 – Transformadores de alimentação para baixas frequências (Fonte:infoescola.com.br).

Figura 9-77 – Transformadores com núcleo de ferrite para alta frequência (Fonte: internet).
Os transformadores de audiofrequência (AF) operam com sinais na faixa de frequências
audíveis (entre 15 𝐻𝑧 e 20 𝑘𝐻𝑧). São construídos com muitas espiras nas bobinas e o material do núcleo
é Aço-Silício laminado ou ferrite, como ilustra a Figura 9-78. Esses transformadores são usados nos
circuitos de acoplamento e casamento de impedâncias entre a etapa amplificadora e a saída para os alto-
falantes, para permitir a máxima transferência de potência para a carga, como exemplifica o circuito da
Figura 9-79. Mesmo usando materiais de alta qualidade no núcleo sua resposta em frequência não é
perfeitamente plana, o que limita sua aplicação.

Figura 9-78 – Transformadores para audiofrequências (Fonte: internet).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 230

Figura 9-79 – Amplificador de áudio com saída acoplada por transformador (Fonte: internet).
Os transformadores de radiofrequência (RF) e frequência intermediária (FI) são usados para
acoplar impedâncias entre entrada e saída dos estágios amplificadores ou como filtros passa-faixa
(associados a capacitores) em circuitos com frequências entre 50 𝑘𝐻𝑧 e 200 𝑀𝐻𝑧, para proporcionar
seletividade do sinal em receptores de rádio (transformador de antena), como ilustra a Figura 9-80. São
transformadores de baixa potência e geralmente possuem poucas espiras com núcleo de ar ou ferrite e
uma blindagem metálica externa, como ilustra a Figura 9-81. O capacitor em paralelo com a bobina
pode ser variável, ou a sintonia pode ser calibrada por um parafuso que movimenta o núcleo de ferrite
para alterar a indutância das bobinas do transformador. Em alguns transformadores tanto o primário
como o secundário são sintonizados por capacitores e, em outros, somente o primário ou o secundário.

Figura 9-80 – Transformador e capacitores atuando como filtro passa faixa.

Figura 9-81 – Símbolo e aspectos construtivos dos transformadores de RF e FI (Fonte: internet).


Os transformadores de pulsos são usados para isolamento elétrico e acoplamento magnético
entre as etapas de controle e de potência em circuitos de chaveamento eletrônico, como o circuito da
Figura 9-82. Eles são capazes de transferir pulsos de grande amplitude e longa duração sem saturação
do núcleo de ferrite, necessários para acionamento de tiristores, triacs e transistores de potência. Os
transformadores de pulso são pequenos e apresentam relação de transformação entre 1: 1 a 25: 1, para
até 240 𝑉/60 𝐻𝑧 com potências na faixa de 100 𝑚𝑊. Se um pulso retangular é aplicado ao primário,
esse sinal é transferido ao secundário com uma forma semelhante à da Figura 9-83. A Figura 9-84
apresenta a aparência dos transformadores de pulsos.

Figura 9-82 – Acoplamento dos circuitos de controle e potência com transformador de pulsos.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 231

Figura 9-83 – Transformador de pulsos: (a) sinal de entrada; (b) sinal de saída (Fonte:
www.electriciantheory.blogspot.com.br).

Figura 9-84 – Aparência dos transformadores de pulsos (Fonte: internet).

9.17. EXERCÍCIOS PROPOSTOS:


9.17.1. Um transformador ideal é construído com 120 espiras no primário e 240 espiras no secundário.
Sendo 220 𝑉 a tensão eficaz de alimentação, determine a corrente no primário e no secundário para uma
carga resistiva de 12 . Resp.: 73,33 𝐴; 36,67 𝐴.

9.17.2. Uma resistência de 8  é conectada a um transformador 3: 2 alimentado com 30 𝑉 no primário.


Determine a tensão no secundário, as correntes no primário e no secundário e a potência absorvida da
fonte de alimentação. Resp.: 20; 1,67; 2,5; 50.

9.17.3. Um transformador ideal 3: 1 é alimentado por uma tensão eficaz de 60 𝑉 e aciona uma carga
cuja impedância é 𝑍𝑠 = (2,2 − 𝑗1 )Ω. Determine a tensão no secundário, as correntes no primário e
secundário e a potência absorvida da fonte de alimentação. Resp.: 20 𝑉; 2,76∠24,44° 𝐴; 165,5 𝑉𝐴.

9.17.4. O primário de um transformador ideal 2: 1 é conectado em série com uma impedância capacitiva
𝑍1 = −𝑗25Ω e a uma fonte de 220∠0° 𝑉. O secundário é conectado a uma resistência de 12 .
Determine a corrente no primário, a tensão na carga e a potência na fonte.

9.17.5. O primário de um transformador ideal 3: 1 é conectado em série com uma impedância indutiva
𝑍1 = 𝑗100Ω e o secundário a uma impedância 𝑍2 = (10 − 𝑗6)Ω. Determine a tensão eficaz da fonte
para que a potência ativa na carga seja 1000 𝑊. Nessa condição, determine a corrente no primário, a
potência aparente na fonte e tensão no secundário. Resp.: 337; 0,33; 1123,3; 116,6∠ − 31°

9.17.6. O primário de um transformador 1: 2 é conectado em série com um resistor de 10  e


alimentado em 60 𝐻𝑧 por uma tensão de 220∠0° 𝑉. A carga do secundário é uma impedância 𝑍2 =
(50 + 𝑗40) Ω. Determine a potência ativa e aparente na carga. Se o valor de um capacitor a ser conectado
em série com o resistor do primário de forma que a potência transferida para a carga seja a máxima
possível.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 232

9.17.7. Uma reatância capacitiva de – j100  é ligada em série com o primário de um transformador,
alimentados por 120 𝑉 (eficaz). Determine a relação de transformação que para a corrente seja de 2 𝐴
(eficaz) em um resistor de 10  ligado ao secundário. Resp.: 5,74; 1,74.

9.17.8. Um transformador de 15 𝑘𝑉𝐴 e 2300/230 𝑉 foi testado para obtenção dos parâmetros do seu
circuito equivalente, cujos valores obtidos são apresentados na Tabela 9-3 (CHAPMAN, 2013).
a) Obtenha os parâmetros e desenhe os circuitos equivalentes do transformador referidos ao lado
de tensão do primário e do secundário;
b) Calcule a regulação de tensão a plena carga para os fatores de potência 1,0 e 0,8 atrasado;
c) Determine o rendimento do transformador a plena carga para um fator de potência 0,8 atrasado.
d) Use o computador para traçar um gráfico do comportamento da regulação de tensão à medida
em que a carga é aumentada, desde a vazio até a plena carga, para os fatores de potência 1,0 e
0,8 atrasado.
Respostas: 105 𝑘Ω; 𝑗11 𝑘Ω; 4,45 Ω; 𝑗6,45 Ω; 1,28 %; 2,1 %; 98,03%
Tabela 9-3. Dados do ensaio do transformador do Exercício 9.17.8.
Ensaio a vazio (lado BT) Ensaio de curto-circuito (lado AT)
𝑉0 = 230 𝑉 𝑉𝑐𝑐 = 47 𝑉
𝐼0 = 2,1 𝐴 𝐼𝑐𝑐 = 6 𝐴
𝑃0 = 50 𝑊 𝑃𝑐𝑐 = 160 𝑊

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 233

10. PROBLEMAS PROPOSTOS


GERAÇÃO DE CORRENTE ALTERNADA:
P-1. Um gerador de 10 polos tem um fluxo magnético de 40 𝑚𝑊𝑏 por polo. O rotor gira a 720 𝑟𝑝𝑚.
Determine a tensão induzida média para 30 espiras. R: −288 𝑉.
P-2. A tensão induzida em 20 espiras de um gerador de dois polos é 60 𝑉. Determine o fluxo
magnético desta máquina sabendo que a velocidade é 3600 𝑟𝑝𝑚. R: 12,5 𝑚𝑊𝑏.
P-3. O movimento relativo de um campo magnético de 20 pólos com relação às bobinas de um gerador
é 360 𝑟𝑝𝑚. Qual deve ser o fluxo por polo para que seja gerada uma tensão de 0,5 𝑉 por espira?
R: 2,083 𝑚𝑊𝑏.
P-4. Um gerador de 8 polos pode fornecer energia normalmente girando entre 700 a 900 𝑟𝑝𝑚. O fluxo
por polo é de 0,03 𝑊𝑏. Em que velocidade haverá máxima tensão gerada por espira? Neste caso,
qual a frequência da tensão gerada e qual a frequência da menor tensão gerada? R: 900 𝑟𝑝𝑚;
60 𝐻𝑧; 46,67 𝐻𝑧.

PARÂMETROS DA ONDA SENOIDAL:


P-5. Para as formas de onda da Figura 10-1, determine:
a) Número de ciclos representados;
b) Período 𝑇 e a frequência 𝑓;
c) Amplitude positiva máxima e valor de pico a pico;
d) Fator de forma.
v(t)
20

t(ms)
250 500

-20
(a)

100

t(s)
0 10 20

-100
(b)
i(mA)
50

0 5 15 t(s)

(c)
Figura 10-1. Formas de onda para o problema P-5.
P-6. Determinar o período e a frequência angular para as frequências:

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 234

a) 20 𝐻𝑧;
b) 93,7 𝑀𝐻𝑧;
c) 720 𝑘𝐻𝑧;
d) 0,5 𝐻𝑧;
P-7. Determinar a frequência e a frequência angular para os períodos dados:
1
a) 60
𝑠;
b) 10 𝑚𝑠;
c) 50 𝑠;
d) 5 𝑠;
e) 50 𝑚𝑖𝑛;
f) 40 ciclos em 5 segundos.
P-8. Converta de graus para radianos:
a) 30°;
b) 45°;
c) 90°;
d) 120°;
e) 320°;
f) 100°.
P-9. Converta de radianos para graus:

a) 𝑟𝑎𝑑;
2
3
b) 𝑟𝑎𝑑
4
c) 5 𝑟𝑎𝑑;
d) 1 𝑟𝑎𝑑;
e) 6,28 𝑟𝑎𝑑.
P-10. Dada uma frequência de 60 𝐻𝑧, determine o tempo da forma senoidal para percorrer 30°. Resp.:
1,4 𝑚𝑠.
P-11. Determine a amplitude e a frequência e esboce as formas de onda para a abscissa em graus,
radianos e tempo:
a) 𝑣(𝑡) = 200𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡) 𝑉;
b) 𝑣(𝑡) = √2 ∙ 220𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡) 𝑉;
c) 𝑖(𝑡) = −30𝑠𝑒𝑛(12,56 ∙ 𝑡) 𝑚𝐴
P-12. Para o problema P-11. , determine para cada função o valor instantâneo para:
a) 𝑡 = 10 𝑚𝑠;
b) 𝑡 = 2 𝑠;
c) ¼ ciclo;
d) 𝜔𝑡 = 70°;
e) 𝜔𝑡 = 1,5 𝑟𝑎𝑑.
P-13. Determine os ângulos quando 𝑣(∝) = 6 𝑚𝑉 para a função tensão senoidal 𝑣(𝑡) =
30. 𝑠𝑒𝑛() 𝑚𝑉.
P-14. Se 𝑣 = 220 𝑉 em  = 37,5° e 𝑓 = 60 𝐻𝑧, determine a função matemática para o sinal senoidal.
P-15. Trace os gráficos para os sinais:
a) 𝑣(𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 30°) 𝑉;
b) 𝑖(𝑡) = −20𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 − 𝜋⁄3) 𝑚𝐴;
c) 𝑖(𝑡) = 5𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 + 10°) 𝐴;
d) 𝑣(𝑡) = 80𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 1,5𝜋) 𝑚𝑉.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 235

P-16. Verifique as defasagens entre os sinais senoidais e identifique aquele que está adiantado:
a) 𝑣(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 + 0°) e 𝑖(𝑡) = 6𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 + 30°);
b) 𝑣(𝑡) = 25𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 − 30°) e 𝑖(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 + 60°);
c) 𝑣1 (𝑡) = −10𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 + 30°) e 𝑣2 (𝑡) = 2𝑐𝑜𝑠(𝑤𝑡 − /4).
P-17. Determine todos os parâmetros possíveis e a função matemática para os sinais nas telas do
osciloscópio ilustradas na Figura 10-2, conforme as escalas indicadas:

(a)
horizontal 0,2 ms/divisão e vertical 2 V/divisão, com a ponteira 𝑥10.

(b)
horizontal 0,2 ms/divisão e vertical 2 V/divisão, com a ponteira 𝑥10.

(c)
horizontal 1 µs/divisão e vertical 5 V/divisão, com a ponteira 𝑥1.
Figura 10-2. Tela do osciloscópio para o problema P-17. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-18. Determine a função matemática para as ondas senoidais ilustradas na Figura 10-3:

(a) (b)
Figura 10-3. Ondas senoidais para o problema P-18. (Fonte: Boylestad, 2003).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 236

P-19. Determine o valor da tensão média e da tensão eficaz e o fator de forma para os sinais alternados
periódicos da Figura 10-4: Resp. (b) eficaz: 2,16V.

(a)

(b)
Figura 10-4. Sinais periódicos para o problema P-19. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-20. Para as formas de onda ilustradas na abaixo, determine:
a) Período e Frequência;
b) Valor médio e eficaz (R: 17,13mV)
c) Trace as formas de onda apresentadas nas telas de osciloscópio, considerando agora que o canal
vertical foi chaveado de CC para CA.

(a)
Escala de tempo 10 s/div e escala de tensão 10 mV/div.

(b)
Escala de tempo 50 s/div e escala de tensão 0,2 V/div. Resp.: Vmed = -0,3V; Vef = 367mV
Figura 10-5. Formas de onda para o problema P-20. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-21. Determine os parâmetros e calcule o fator de forma, de crista e de ondulação das formas de onda
representadas nas telas de osciloscópio ilustradas na Figura 10-6.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 237

Figura 10-6. Telas de osciloscópio do problema P-21. (Fonte: adaptado de NAKASHIMA, K. Valor médio e
eficaz. 2008. Em: www.elt09.unifei.edu.br).
P-22. DESAFIO! Determine o valor médio e eficaz para a curva de tensão de carga e descarga de um
capacitor representada no gráfico da Figura 10-7.

Figura 10-7. Curva de tensão de carga e descarga de um capacitor para o problema P-22. (Boylestad, 2003).

REPRESENTAÇÃO FASORIAL DE ONDAS SENOIDAIS


P-23. Represente na forma fasorial (polar e retangular) os seguintes sinais senoidais:
a) 𝑣1 (𝑡) = 277𝑠𝑒𝑛(500𝑡 + 30°) 𝑉;
b) 𝑖1 (𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 60°) 𝐴;
c) 𝑣2 (𝑡) = 400𝑠𝑒𝑛(277𝑡) 𝑉;
d) 𝑖2 (𝑡) = 0,35𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 120°) 𝐴.
e) 𝑣3 (𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(5𝑡 + 45°);
𝜋
f) 𝑣4 (𝑡) = 110√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 3 );
g) 𝑖3 (𝑡) = 1,41𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 60°) 𝑚𝐴;
𝜋
h) 𝑖4 (𝑡) = 20√2 cos (200𝑡 − ) 𝑚𝐴.
4

P-24. Represente os fasores de tensão e corrente no domínio do tempo, considerando uma frequência
de 100 𝐻𝑧:
a) 𝐼1̇ = 20∠120° 𝜇𝐴;
3𝜋
b) 𝑉1̇ = 5∠ − 2 𝑉;
c) 𝑉̇2 = 3√2∠90° 𝑉;
d) 𝐼2̇ = 25∠ − 30° 𝐴;
P-25. Dados os sinais senoidais dados abaixo, determine:
a) Valores de pico, pico a pico, eficaz, período, frequência, frequência angular, fase inicial e
defasagem;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 238

b) Fasor (polar e retangular);


c) Diagrama fasorial completo.
Dados: 𝑣1 (𝑡) = 500𝑠𝑒𝑛(700𝑡) 𝑉; 𝑣2 (𝑡) = 250𝑠𝑒𝑛(700𝑡 + 90°) 𝑉; 𝑖1 (𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(700𝑡 − 30°) 𝐴;
𝑖2 (𝑡) = 200𝑠𝑒𝑛(700𝑡 + 60°) 𝐴.

RELAÇÕES ENTRE TENSÃO E CORRENTE NOS ELEMENTOS PASSIVOS


P-26. Seja uma fonte de tensão alternada senoidal 𝑉𝑓̇ = 156∠0° 𝑉/60 𝐻𝑧 alimentando um circuito com
um indutor ideal de 200 𝑚𝐻 determinar:
a) Reatância do indutor (forma retangular e polar);
b) Corrente na bobina (domínio do tempo e da frequência);
c) Trace as formas de onda da tensão e da corrente no indutor (no computador);
d) Diagrama fasorial.
P-27. Seja uma fonte de tensão alternada 𝑉𝑓̇ = 10∠0° 𝑉 (500 𝐻𝑧) alimentando um resistor em série
com um indutor. Sabendo que a fonte fornece 20 𝑚𝐴 atrasada de 35° para o circuito, determine:
a) A reatância indutiva e a indutância do indutor;
b) A impedância total do circuito (retangular e polar);
c) O diagrama fasorial;
P-28. Em qual frequência uma indutância de 56 𝑚𝐻 apresenta reatância de 100 ?
P-29. Em qual frequência um capacitor de 2000 𝐹 apresenta uma reatância de 100?
P-30. Em qual frequência um indutor de 5 𝑚𝐻 tem a mesma reatância de um capacitor de 0,1𝐹? Resp.:
7,12 𝑘𝐻𝑧.
P-31. Determine a expressão da corrente nos resistores de 100 e 2𝑘2  para as tensões:
a) 𝑣(𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡) 𝑉;
b) 𝑣(𝑡) = 15𝑠𝑒𝑛(100 ∙ 𝑡 + 30°) 𝑉.
P-32. Seja um indutor de 500 𝑚𝐻 e um capacitor de 1000 𝐹, determine as suas reatâncias em:
a) Corrente contínua;
b) 𝑓 = 60 𝐻𝑧;
c) 𝑇 = 0,1 𝑚𝑠.
P-33. Determine a indutância e a capacitância para os valores de reatâncias dados:
a) 100 , 60 𝐻𝑧;
b) 5 𝑘, 1000 𝐻𝑧;
P-34. Seja 𝐿 = 500 𝑚𝐻 e 𝐶 = 1000𝐹, determine as correntes sobre esses elementos sendo:
a) 𝑣(𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡) 𝑉;
b) 𝑣(𝑡) = 15𝑠𝑒𝑛(100 ∙ 𝑡 + 30°) 𝑉.
P-35. As tensões e correntes abaixo são aplicadas a um bloco de carga. Determine a defasagem entre as
ondas senoidais, os tipos de carga e os valores dos componentes correspondentes: Resp.: 26,52
mH; 1000 F; 6 .
a) 𝑣(𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡 + 30°) 𝑉 e 𝑖(𝑡) = 31,1𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡 − 60°) 𝐴;
b) 𝑣(𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 − 10°) 𝑉 e 𝑖(𝑡) = 20𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 + 80°) 𝐴;
c) 𝑣(𝑡) = 30𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 + 90°) 𝑉 e 𝑖(𝑡) = 5𝑐𝑜𝑠(200 ∙ 𝑡) 𝐴;
P-36. Para o circuito da Figura 10-8 , determine o valor de 𝑣𝑓 (𝑡) sendo 𝑣1 (𝑡) = 6√2𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡 +
30°) 𝑉 e 𝑣2 (𝑡) = 10√2𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡 − 45°) 𝑉. Sendo 𝑖(𝑡) = 2√2𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡 − 60°) 𝐴,
determine o teor dos elementos do circuito.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 239

Z1
+ v1 -
+ +
i
vf
~
-
v2 Z2
-

Figura 10-8. Circuito para o problema P-36.


P-37. Seja o circuito da Figura 10-9, onde 𝑖(𝑡) = 2𝑠𝑒𝑛(120𝑡 + 32°) 𝐴, R = 8,47 ; 𝐿 = 25 𝑚𝐻 e
𝐶 = 180 𝐹. Determine:
a) as reatâncias capacitiva e indutiva;
b) a impedância equivalente do circuito: Resp.: 8,47 − 𝑗5,32 
c) as tensões nos terminais do resistor, do capacitor e do indutor;
d) a tensão nos terminais da fonte senoidal: Resp.: 14,140° 𝑉
e) trace o diagrama fasorial do circuito;
f) trace o triângulo de impedâncias e determine o teor do circuito.

Figura 10-9. Circuito para o problema P-37.


P-38. Descreva um procedimento para determinar experimentalmente a indutância de um indutor e a
capacitância de capacitor quando conectados a um circuito de corrente alternada.
P-39. No circuito da Figura 10-10, para cada valor de frequência dado, determine:
a) A impedância equivalente;
b) A corrente total fornecida pelo gerador;
c) O ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente e o teor do circuito;
d) Explique o comportamento deste circuito com relação à variação da frequência.
Dados: 𝑉𝑓̇ = 15∠0° 𝑉; 𝑅1 = 150  ; 𝐶 = 100 𝑛𝐹 ; 𝐿 = 1 𝑚𝐻; 𝑓1 = 80 𝑘𝐻𝑧; 𝑓2 = 100 𝑘𝐻𝑧; 𝑓3 =
120 𝑘𝐻𝑧.

Figura 10-10. Circuito para o problema P-39.


P-40. Qual o teor do circuito da Figura 10-11 quando a fonte opera com uma frequência da 1 𝑘𝐻𝑧? Qual
o valor da capacitância?
Dados: 𝑉𝑓̇ = 10∠0° 𝑉; 𝑅1 = 500  ; 𝐿 = 32 𝑚𝐻; 𝑋𝑐 = −𝑗500 

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 240

Figura 10-11. Circuito para o problema P-40.


P-41. Determinar a tensão no resistor 𝑅2 da Figura 10-12. Explique o resultado.
Dados: 𝑉𝑓̇ = 60∠0° 𝑉; 𝑓 = 159 𝐻𝑧; 𝑅1 = 20 Ω; 𝑅2 = 60 Ω; L = 1 H; C = 1 μF.

Figura 10-12. Circuito para o problema P-41.


P-42. Determinar o valor da impedância 𝑍1 no circuito da Figura 10-13. Esta impedância pode ser
considerada um resistor e um indutor em série? Explique.
Dados: 𝑉𝑓̇ = 50∠30° 𝑉; 𝐼𝐶̇ = 0,5∠60° A; 𝑅1 = 3 Ω; 𝑅2 = 5 Ω; 𝑋𝑐 = −𝑗4 Ω.

Figura 10-13. Circuito para o problema P-42.


P-43. Um indutor desconhecido deve ser analisado em laboratório para verificar suas características
nominais de indutância e resistência. Sugira um processo simplificado para determiná-las usando
apenas multímetro, osciloscópio e gerador de sinais.

POTÊNCIA E ENERGIA EM CORRENTE ALTERNADA


P-44. Para o circuito da Figura 10-14, determinar:
a) Impedância total do circuito (equivalente);
b) Ângulo de defasagem entre tensão e corrente, teor do circuito e fator de potência;
c) Corrente total fornecida pela fonte e as correntes nos resistores;
d) Diagrama fasorial completo;
e) Potência nos resistores e o triângulo de potências na fonte;
f) Some as potências nos resistores e compare com a potência aparente e ativa total. Explique.
Dados: 𝑉𝑓̇ = 110∠80° 𝑉; 𝑅1 = 4 Ω; 𝑅2 = 3 Ω; 𝑋𝐿 = 𝑗3 Ω; 𝑋𝑐 = −𝑗4 Ω.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 241

Figura 10-14. Circuito para o problema P-44.


P-45. Para o circuito da Figura 10-15, determinar:
a) Impedância total do circuito (equivalente);
b) Ângulo de defasagem entre tensão e corrente, teor do circuito e fator de potência;
c) Corrente total fornecida pela fonte e as correntes nos capacitores;
d) Diagrama fasorial completo;
e) Potências nos capacitores e o triângulo de potências na fonte;
f) Some as potências reativas nos capacitores e compare com a potência aparente total e reativa
total. Explique.
Dados: 𝑉𝑓̇ = 110∠0° 𝑉; 𝑅1 = 10 Ω; 𝑅2 = 8 Ω; 𝑋1 = 𝑗5 Ω; 𝑋2 = −𝑗5 Ω; 𝑋3 = −𝑗5 Ω; 𝑋4 = 𝑗10 Ω.

Figura 10-15. Circuito para o problema P-45.


P-46. Para o circuito da Figura 10-16, determinar:
a) Impedância total do circuito (equivalente);
b) Ângulo de defasagem entre tensão e corrente na fonte, teor do circuito e fator de potência;
c) Correntes em todos os elementos do circuito;
d) Potência total fornecida pela fonte (triângulo de potências);
e) Some as correntes no indutor e no resistor e compare com a corrente total. Explique.
f) Por que a potência ativa é positiva e a reativa negativa?
Dados: 𝑉𝑓̇ = 70,71∠0° 𝑉; 𝑅1 = 10 Ω; 𝑋1 = −𝑗10 Ω; 𝑋2 = 𝑗20 Ω; 𝑋3 = −𝑗10 Ω.

Figura 10-16. Circuito para o problema P-46.


P-47. Para o circuito da Figura 10-17, determinar:
a) A corrente que circula na reatância capacitiva de 𝑋c = −𝑗10 Ω, sabendo que a corrente na
reatância indutiva 𝑋L = 𝑗8 Ω é de 𝐼𝐿̇ = 5∠ − 50° A;
b) A corrente total e a tensão da fonte;
c) A potência dissipada nos resistores;
d) Por que as potências são diferentes se os resistores são iguais?
e) Qual a potência dissipada total e a potência aparente total. Há diferença entre elas?
Dados: 𝑅1 = 𝑅2 = 10 Ω; 𝑋1 = −𝑗5 Ω; 𝑋2 = 𝑗8 Ω; 𝑋3 = −𝑗10 Ω; 𝑋4 = 𝑗15 Ω.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 242

Figura 10-17. Circuito para o problema P-47.


P-48. Para o circuito da Figura 10-18, determine:
a) a impedância equivalente do circuito;
b) a corrente total no circuito;
c) a tensão no resistor R2;
d) a defasagem entre a tensão e a corrente, o teor do circuito e o fator de potência;
e) o triângulo de potência na fonte;
f) as potências reativas nos componentes.
Dados: 𝑣𝑓 (𝑓) = 100𝑠𝑒𝑛(3000𝑡 + 60°) 𝑉; 𝑅1 = 𝑅2 = 1 Ω; 𝐿 = 1 𝑚𝐻; 𝐶 = 20 𝜇𝐹.

Figura 10-18. Circuito para o problema P-48.


P-49. Para o circuito da Figura 10-19, determine:
a) a impedância equivalente e o teor do circuito;
b) a corrente total fornecida pela fonte;
c) a corrente sobre cada elemento;
d) a potência sobre cada elemento;
e) a potência total dissipada pelo circuito;
f) a potência total dissipada pelo circuito, se a fonte CA for substituída por uma fonte CC de
70,71 𝑉. Qual a diferença? Por quê?
Dados: 𝑣𝑓 (𝑓) = 100𝑠𝑒𝑛(20000𝑡) 𝑉; 𝑅1 = 2 Ω; 𝑅2 = 1 Ω; 𝑅3 = 5 Ω; 𝐿 = 0.3 𝑚𝐻; 𝐶 = 5 𝜇𝐹.

Figura 10-19. Circuito para o problema P-49.


P-50. Dado um circuito RLC série alimentado por uma fonte CA de 60 𝐻𝑧, e sabendo-se que o módulo
da impedância total é 200 , a defasagem entre a tensão e a corrente na fonte é de 60° e 𝑋𝑐 =
2𝑋𝐿 , determine: Resp.: 100 ; 7,66 𝐹, 459 𝑚𝐻
a) O teor do circuito;
b) O valor de R, L e C;
c) O diagrama fasorial e o triângulo de impedâncias;
d) O fator de potência.
P-51. Um motor absorve da rede elétrica uma potência de 5 𝑘𝑊 em tensão eficaz de 220 𝑉 (60 𝐻𝑧)
com 𝑓𝑝 = 0,6. Determine o capacitor para aumentar o fator de potência para 0,9. Resp.: 230 𝐹

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 243

P-52. Uma carga indutiva dissipa 1 𝑘𝑊 com corrente eficaz de 10 𝐴 em 60 𝐻𝑧 com  = 60°: Resp.:
74 𝐹; 5,88 𝐴; 2 𝑘𝑉𝐴.
a) Determine o capacitor para corrigir o fator de potência para 0,85;
b) Calcule a corrente total fornecida pela fonte após a correção;
c) Determine a potência aparente total após a correção.
P-53. Uma carga indutiva é formada por um sistema de iluminação fluorescente com reatores
eletromagnéticos e utiliza um banco de capacitores para correção do fator de potência. De acordo
com as normas do Sistema Elétrico, o fator de potência deverá ser superior a 0,92. Calcule o valor
do capacitor que deverá ser conectado e como, para que a solução seja técnica e economicamente
viável.
Dados: 𝑉 = 220 𝑉(60 𝐻𝑧); Carga de iluminação: 20  e 53 𝑚𝐻; Capacitância do Banco: 177 𝐹.
P-54. Uma subestação alimenta, por uma linha monofásica a 3,8 𝑘𝑉, as seguintes cargas: 250 𝑘𝑊 a
fator de potência unitário e 1500 𝑘𝑊 a fator de potência 0,6 atrasado. Determine: Resp.:
700 𝐴; 0,657; 9,5 𝑉𝑎𝑟; 15,8 
a) A corrente fornecida pela subestação e o fator de potência da carga que ela aciona;
b) A potência reativa e a reatância do banco de capacitores que corrige o fator de potência para
0,85.
P-55. Em uma instalação fabril há uma subestação de 1500 𝑘𝑊 com 𝑓𝑝 = 0,8, uma carga de 250 𝑘𝑊
com 𝑓𝑝 = 0,85 deve ser adicionada. Qual a potência reativa do capacitor a ser adicionada para
que a subestação não seja sobrecarregada? Resp.: 616 𝑘𝑉𝑎𝑟.
P-56. Para praticar Inglês Técnico [Boylestad]: A small industrial plant has a 10 𝑘𝑊 heating load and
a 20 𝑘𝑉𝐴 inductive load due to a bank of induction motors. The heating elements are considered
purely resistive (𝑝𝑓 = 1), and the induction motors have a lagging power factor of 0.7. If the
supply is 1000 𝑉 at 60 𝐻𝑧, determine the capacitive element required to raise the power factor
to 0.95. Compare the levels of current drawn from the supply. Resp.: 16.93 𝐹; 25.27 𝐴.
P-57. Para praticar Inglês Técnico [Boylestad]: The lighting and motor loads of a small factory establish
a 10 𝑘𝑉𝐴 power demand at a 0.7 lagging power factor on a 208 𝑉, 60 𝐻𝑧 supply.
a) Establish the power triangle for the load;
b) Determine the power-factor capacitor that must be placed in parallel with the load to raise de
power factor to unity;
c) Determine the change in supply current from the uncompensated to the compensated system;
d) Repeat parts (b) and (c) if the power factor is increased to 0.9.
P-58. Para praticar Inglês Técnico [Boylestad]: The load on a 120 𝑉, 60 𝐻𝑧 supply is 5 𝑘𝑊 (resistive),
8 𝑘𝑉𝑎𝑟 (inductive), and 2 𝑘𝑉𝑎𝑟 (capacitive). Resp.: 7.81 𝑘𝑉𝐴; 0.64 (lagging); 65.08 𝐴;
1105 𝐹; 41.67 𝐴.
a) Find the total kilovolt-ampères;
b) Determine the power factor of the combined loads;
c) Find the current drawn from the supply;
d) Calculate the capacitance necessary to establish a unity power factor;
e) Find the current drawn from the supply at unity power factor and compare it to the
uncompensated level.
P-59. Para o circuito da Figura 10-20, determine: Resp.: 26,7 ; 2,91 𝐴; 4,71 𝐴; 5,53 𝐴; 0,97; 0,53;
21,5 𝐹.
a) O valor de 𝑅𝑣 para que o fator de potência seja 0,85;
b) As correntes em todos os ramos do circuito na condição fator de potência 0,85;
c) Se 𝑅𝑣 = 0 , qual o fator de potência? Se for menor que 0,85 calcule o capacitor.
d) Se 𝑅𝑣 = 100 ,, qual o fator de potência? Se for menor que 0,85 calcule o capacitor.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 244



200mH
220Vef
60Hz Rv
−

Figura 10-20. Circuito para o problema P-59.

SISTEMAS TRIFÁSICOS
P-60. Um sistema trifásico Y-Y com neutro com tensão de linha eficaz de 208 𝑉 alimenta uma carga
equilibrada cuja impedância é 20∠ − 30° Ω. Determine as correntes de linha e trace o diagrama
fasorial das tensões e correntes de fase e de linha. Resp.: 6∠ − 60°; 6∠60°; 6∠180°.
P-61. Um sistema trifásico com tensão eficaz de linha de 110 𝑉 alimenta uma carga conectada em
triângulo com impedância de 5∠45° Ω por fase. Determine as correntes de linha e trace o
diagrama fasorial das tensões e correntes de fase e de linha. Resp.: 38,1∠45°; 38,1∠ − 75°;
38,1∠165°.
P-62. Um forno elétrico trifásico tem uma potência total de 9 𝑘𝑊 quando ligado em triângulo. Sabendo-
se que a tensão eficaz de linha é 380 𝑉, calcule a corrente de linha.
P-63. Dados os sistemas trifásicos da Figura 10-21, determine:
a) Tensões de fase e de linha na carga;
b) Correntes de fase e de linha na carga e no neutro;
c) Corrente de fase no gerador;
d) Trace o diagrama fasorial das tensões e correntes na carga;
e) Potência aparente, ativa e reativa em cada fase;
f) Potência aparente, ativa e reativa trifásica total;
g) Fator de potência do circuito trifásico.

(a)
Resp.: 𝐼𝑎𝑛 = 2,89∠ − 35° 𝐴; 𝑃3𝐹 = 600 𝑊; 𝑓𝑝 = 1.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 245

(b)

(c)

(d)
Resp.: 𝐼𝐴𝑎 = 29,94∠ − 75° 𝐴; 𝑃3𝐹 = 7260 𝑊; 𝑓𝑝 = 0,707.
Figura 10-21. Circuitos para o problema P-63. (Fonte: Boylestad, 2003).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 246

P-64. Um wattímetro ligado a uma carga trifásica constituída só de lâmpadas indica 13,2 𝑘𝑊. A carga
é equilibrada e ligada em triângulo com uma tensão eficaz de linha de 220 𝑉. Sabendo-se que
cada lâmpada consome 0,5 𝐴, qual o número total de lâmpadas?
P-65. O sistema trifásico Y-Y aterrado da Figura 10-22 apresenta tensão de linha de 380 𝑉 na saída do
gerador. As linhas apresentam uma impedância de 15 + 𝑗20  e a carga equilibrada uma
impedância de 5 + 𝑗4 , conforme a figura abaixo. Determine:
a) A corrente de fase e de linha;
b) A tensão de fase na impedância de carga;
c) A queda de tensão na impedância da linha;
d) A potência trifásica na carga;
e) A perda de potência na linha;
f) O fator de potência da carga.

Resp.: 𝐼𝐴𝑎 = 7∠ − 50,2° 𝐴; 𝑉𝑎𝑛 = 44,8∠ − 11,54° 𝑉; 𝑉𝐴𝑎 = 175∠2,93° 𝑉; 𝑃3𝐹 = 735 𝑊; 𝑃𝐴𝑎 = 2205 𝑊.
Figura 10-22. Circuito para o problema P-65. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-66. Determine a potência aparente, ativa e reativa total para o sistema trifásico da Figura 10-23:

Figura 10-23. Circuito para o problema P-66. (Fonte: Boylestad, 2003).


P-67. No circuito da Figura 10-24 o secundário de um transformador está conectado a uma carga
composta por um motor trifásico de 5 𝑘𝑊, 𝑓𝑝 = 0,85 e mais três motores monofásicos de 2 𝑘𝑊,
𝑓𝑝 = 0,8 cada um ligado a uma fase. Determine:
a) A potência ativa, aparente e reativa total; Resp.: 11 𝑘𝑊; 7,6 𝑘𝑉𝐴; 13,37 𝑘𝑉𝐴.
b) A corrente de linha total; Resp.: 60,78 𝐴.
c) O fator de potência total. Resp.: 0,823.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 247

Figura 10-24. Circuito para o problema P-67. (Fonte: Albuquerque, 1997).


P-68. Um sistema trifásico com tensão eficaz de linha de 208 𝑉 alimenta uma carga desequilibrada
conectada em Y aterrado com 𝑍̇1 = 6∠0°, 𝑍̇2 = 6∠30° e 𝑍̇3 = 5∠45° Ω. Determine as correntes
̇ = 20∠ − 90°, 𝐼𝑆𝑏
de linha e no neutro. Resp.: 𝐼𝑅𝑎 ̇ = 20∠0°, 𝐼𝑇𝑐̇ = 24∠105° e 𝐼𝑁̇ = 14,1∠ −
166,9°
P-69. Um sistema trifásico com tensão eficaz de linha de 208 𝑉 alimenta uma carga desequilibrada
conectada em Y sem neutro com 𝑍̇1 = 6∠0°, 𝑍̇2 = 6∠30° e 𝑍̇3 = 5∠45° Ω. Determine as
̇ = 23,3∠261,1°, 𝐼𝑆𝑏
correntes de linha e a tensão em cada impedância. Resp.: 𝐼𝑅𝑎 ̇ = 15,45∠ −
2,5°, 𝐼𝑇𝑐 ̇
̇ = 26,5∠116,6°, 𝑉1̇ = 139,8∠261,1°, 𝑉2 = 92,7∠27,5°, 𝑉̇2 = 132,5∠161,6°.
P-70. Um sistema trifásico com tensão eficaz de linha de 240 𝑉 alimenta uma carga desequilibrada
conectada em triângulo com 𝑍̇1 = 10∠0°, 𝑍̇2 = 10∠30° e 𝑍̇3 = 15∠ − 30° Ω. Calcule as
̇ = 38,7∠108,1°, 𝐼𝑆𝑏
correntes em cada linha. Resp.: 𝐼𝑅𝑎 ̇ = 46,4∠ − 45° e 𝐼𝑇𝑐
̇ = 21,2∠190,9°.
P-71. Para os sistemas trifásicos Y-Y e cargas desequilibradas da Figura 10-25, determine:
a) A tensão de fase nas impedâncias da carga;
b) A corrente nas impedâncias da carga;
c) A corrente no condutor neutro;
d) A potência aparente, ativa e reativa total do sistema trifásico;
e) O fator de potência do circuito;
f) O diagrama fasorial do circuito

(a)
Resp.: 𝐼𝑎𝑛 = 8,49∠ − 75° 𝐴; 𝐼𝑁 = 34,67∠49,97° 𝐴; 𝑃3𝐹 = 4921 𝑊; 𝑓𝑝 = 0,707 .

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 248

(b)
Resp.: 𝑉𝑎𝑛 = 195∠ − 23,03° 𝑉; 𝑉𝑏𝑛 = 79∠ − 105,04° 𝑉; 𝑉𝑐𝑛 = 125,3∠50,63° 𝑉; 𝑃3𝐹 = 2925,6 𝑊; 𝑓𝑝 = 0,967
Figura 10-25. Circuitos para o problema P-70. (Fonte: Boylestad, 2003).

TRANSFORMADORES
P-72. Para o transformador com núcleo ferromagnético e coeficiente de acoplamento ideal (k=1) da
Figura 10-26:
a) Determine a magnitude da tensão induzida no secundário Es ;
b) Determine o fluxo magnético máximo;
c) Repita os itens (a) e (b) considerando 𝑁𝑝 = 500 e 𝑁𝑠 = 250;
d) Repita os itens (a) e (b) considerando 𝐸𝑝 = 220 𝑉, 𝑁𝑝 = 200 e 𝑁𝑠 = 40;
e) Se o fluxo máximo no núcleo do transformador da figura for 10 𝑚𝑊𝑏, determine a frequência
da tensão do primário.

Figura 10-26. Transformador para o problema P-72. (Fonte: Boylestad, 2003).


P-73. Determine a tensão aplicada a um transformador com núcleo ferromagnético se a tensão do
secundário for 24 𝑉 e Np = 400 e Ns = 40;
P-74. Para o transformador da Figura 10-27:
a) Determine o módulo da corrente e da tensão em uma carga de 4 , considerando uma relação
de espiras de 0,5 e uma corrente no primário de 5 𝐴;
b) Determine a impedância equivalente no primário;
c) Determine a impedância equivalente no primário considerando uma relação de espiras de 2: 1,
corrente no primário de 10 𝐴 e tensão da fonte de 380 𝑉;
d) Determine a tensão da fonte e a corrente no primário se a impedância equivalente for 10 ,
tensão na carga de 1000 𝑉 e relação de espiras de 0,1;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 249

e) Determine o número de espiras do primário se a tensão na carga de 10  for 120 𝑉, a corrente


no primário for 25 𝑚𝐴 e o número de espiras do secundário for 25;
f) Determine a corrente no primário e a tensão e a corrente em uma carga 𝑍𝐿 = 4 + 𝑗3 Ω se 𝑁𝑝 =
300, 𝑁𝑠 = 1200 e 𝑉𝑔 = 220 𝑉.

Figura 10-27. Circuito com transformador para o problema P-74. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-75. Para o circuito da Figura 10-28:
a) Determine a relação de transformação necessária para que a fonte de 32 𝑉 com impedância
interna de 64  transfira a máxima potência para o alto-falante de 4 ;
b) Determine a potência transferida para o alto-falante com e sem o transformador;
c) Repita os itens (a) e (b) considerando um alto-falante de 16  e uma fonte de 20 𝑉 com
impedância interna de 4 ;

Figura 10-28. Circuito com transformador para o problema P-75. Fonte: Boylestad, 2003
P-76. Para o transformador da Figura 10-29, sendo 𝑅𝑝 = 5 Ω, 𝑋𝑝 = 15 Ω, 𝑅𝑠 = 3 Ω, 𝑋𝑠 = 4 Ω, 𝑅𝐿 =
10 Ω, 𝑎 = 10 e 𝑉𝑔 = 220∠0° 𝑉:
a) Determine a impedância equivalente no primário;
b) Determine o circuito equivalente referido ao primário;
c) Determine a corrente no primário;
d) Determine a tensão, corrente e potência na carga;
e) Trace o diagrama fasorial referido ao primário;
f) Recalcule os itens (c) e (d) considerando um transformador ideal e compare os resultados;
g) Repita o problema considerando 𝑅𝑝 = 2 Ω, 𝑋𝑝 = 5 Ω, 𝑅𝑠 = 4 Ω, 𝑋𝑠 = 12 Ω, 𝑅𝐿 = 20 Ω, 𝑎 =
0,4 e 𝑉𝑔 = 20∠0° 𝑉;

Figura 10-29. Modelo de transformador para o problema P-76. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-77. Repita os itens (a) até (e) do problema P-76. :
a) Considerando uma carga indutiva 𝑍𝐿 = 𝑗15 Ω;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 250

b) Considerando uma carga capacitiva e 𝑍𝐿 = −𝑗15 Ω;


c) Considerando uma carga mista de 𝑍𝐿 = 15 + 𝑗10 Ω.
P-78. Determine as tensões e correntes do primário e secundário do autotransformador da Figura 10-30:

Figura 10-30. Autotransformador para o problema P-78. (Fonte: Boylestad, 2003).


P-79. Para um transformador com derivação central no primário, onde 𝑁𝑝 = 200, 𝑁𝑠 = 50, 𝑍𝐿 = 10Ω
e 𝑉𝑓 = 220∠0° 𝑉:
a) Determine a tensão e a corrente na carga;
b) Determine a impedância equivalente na entrada;
c) Determine a impedância de cada bobina do primário;
P-80. Para um transformador com derivação central no secundário, onde 𝑁𝑝 = 200, 𝑁𝑠 = 50, 𝑍𝐿 =
10Ω e 𝑉𝑓 = 220∠0° 𝑉:
a) Determine a tensão e a corrente na carga;
b) Determine a corrente no primário;
c) Determine a impedância equivalente na entrada;
P-81. Para um transformador com duas bobinas no secundário, sendo 𝑁𝑝 = 200, 𝑁𝑠1 = 20, 𝑁𝑠2 = 30,
𝑍𝐿1 = 10Ω, 𝑍𝐿2 = 20Ω e 𝑉𝑓 = 220∠0° 𝑉:
a) Determine as tensões e correntes nas cargas;
b) Determine a impedância do primário;
P-82. Para o transformador com núcleo de ar da Figura 10-31:
a) Determine a impedância equivalente no primário;
b) Desenhe o circuito equivalente referido ao primário.

Figura 10-31. Transformador para o problema P-82. (Fonte: Boylestad, 2003).

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 251

TRABALHOS PROPOSTOS
Para traçar os gráficos dos trabalhos utilize uma planilha de cálculos (como o Excel ou Calc) ou
programa matemático (Matlab, SciLab, Mathcad, Graph etc.):
P-83. TRABALHO: Trace no computador as formas de ondas senoidais em um mesmo gráfico:
a) 𝑣1 (𝑡) = 20𝑠𝑒𝑛(10𝜋𝑡) 𝑉;
b) 𝑣2 (𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(10𝜋𝑡 − 30°) 𝑉;
𝜋
c) 𝑖1 (𝑡) = 4𝑠𝑒𝑛 (10𝜋𝑡 + 4 ) 𝐴;
3𝜋
d) 𝑖2 (𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛 (10𝜋𝑡 − 4
) 𝐴
P-84. TRABALHO: Traçar as formas de onda senoidais e obter a forma de onda da somatória dos sinais,
colocando todas as curvas no mesmo gráfico, para a frequência dada:
Dados: 𝑣1 (𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡); 𝑣3 (𝑡) = 33𝑠𝑒𝑛(3𝜔𝑡); 𝑣5 (𝑡) = 20𝑠𝑒𝑛(5𝜔𝑡); 𝑣7 (𝑡) = 14𝑠𝑒𝑛(7𝜔𝑡);
𝑣9 (𝑡) = 11𝑠𝑒𝑛(9𝜔𝑡); 𝑣11 (𝑡) = 9𝑠𝑒𝑛(11𝜔𝑡); 𝑓 = 10 𝑘𝐻𝑧
P-85. TRABALHO: Utilize um programa computacional para traçar a função matemática que
representa uma tensão instantânea não senoidal composta por uma série de harmônicas (sinais
senoidais múltiplos da frequência fundamental). Trace no mesmo gráfico as harmônicas e o sinal
resultante, para 𝑓 = 1 𝑘𝐻𝑧.
10 10 10 10 10
𝑣(𝑡) = 5 − 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛3𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛4𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛5𝜔𝑡 − ⋯
𝜋 2𝜋 3𝜋 4𝜋 5𝜋
P-86. TRABALHO: Para as três formas de onda de tensão senoidal 𝑣1 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡);
𝑣2 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 120°); 𝑣3 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 120°) 𝑉:
a) Determine todos os parâmetros possíveis das formas de onda de tensão;
b) Traçar o diagrama fasorial com os três sinais, identificando os valores;
c) Traçar as três ondas senoidais em um mesmo gráfico, em função do tempo;
d) Traçar as tensões 𝑣12 (𝑡) = 𝑣1 (𝑡) − 𝑣2 (𝑡), 𝑣23 (𝑡) = 𝑣2 (𝑡) − 𝑣3 (𝑡) e 𝑣31 (𝑡) = 𝑣3 (𝑡) − 𝑣1 (𝑡)
no mesmo gráfico do item anterior;
e) Represente o diagrama fasorial das tensões do item anterior.
P-87. TRABALHO: Dada as funções senoidais 𝑣1 (𝑡) = 8𝑠𝑒𝑛(500𝑡 + 45°) 𝑉, 𝑣2 (𝑡) = 12𝑠𝑒𝑛(500𝑡 −
30°) 𝑉 e 𝑖(𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛(500𝑡 − 60°) 𝐴:
a) Determine o valor de pico, pico a pico, frequência angular, período e frequência, fase inicial,
valor eficaz, valor médio e fator de forma;
b) Determine a defasagem angular entre a corrente e as tensões;
c) Trace as formas de onda em um mesmo par de eixos utilizando software adequado;
d) Determine os fasores na forma polar e retangular e trace o diagrama fasorial;
e) Obtenha graficamente as formas de onda para as funções 𝑣3 (𝑡) = 𝑣1 (𝑡) + 𝑣2 (𝑡), 𝑝1 (𝑡) =
𝑣1 (𝑡) ∙ 𝑖(𝑡) e 𝑝2 (𝑡) = 𝑣2 (𝑡) ∙ 𝑖(𝑡) no mesmo gráfico anterior. Analise e compare as formas de
onda resultantes.
P-88. TRABALHO: Para os circuitos RL, RC e RLC típicos da Figura 10-32:
a) Determine os parâmetros possíveis para a tensão senoidal da fonte;
b) Determine as reatâncias e a impedâncias de cada componente;
c) Calcule a impedância equivalente e desenhe o triângulo da impedância equivalente;
d) Obtenha a corrente total na fonte de tensão (forma fasorial e trigonométrica);
e) Calcule as correntes e as tensões em cada componente;
f) Trace o diagrama fasorial completo (tensões e correntes em todos os componentes);
g) Trace as formas de onda das correntes e tensões em todos os componentes do circuito, em um
mesmo gráfico (atenção para as escalas);
h) Determine a defasagem da tensão em relação à corrente na fonte do circuito;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 252

i) Simule no computador os circuitos e determine as tensões e correntes (pico, eficaz e média) em


cada elemento (utilize um programa de simulação sugerido pelo professor);
j) No simulador, verifique as formas de onda de tensão e corrente em cada elemento e as
defasagens entre tensão e corrente em cada elemento do circuito;
k) Comparar os resultados calculados com os simulados e elaborar suas conclusões sobre o
comportamento dos componentes em CA, diferenças entre os circuitos típicos, formas de onda
e defasagens.
Dados: 𝑣𝑓 (𝑡) = 20√2𝑠𝑒𝑛(1000𝑡)𝑉; 𝑅1 = 20 Ω; 𝐿1 = 50 𝑚𝐻; 𝐶1 = 250 𝜇𝐹.

Figura 10-32. Circuitos para o problema P-88.


P-89. TRABALHO: Trace no computador o valor de 𝑋𝐿 , 𝑋𝐶 e 𝑅 para uma faixa de frequências desde
0 𝐻𝑧 até 100 𝑘𝐻𝑧, sendo 𝐿 = 5 𝑚𝐻; 𝐶 = 125 𝑛𝐹 e 𝑅 = 100 .
a) Determine 𝑋𝐿 , 𝑋𝐶 e 𝑅 para 𝑓 = 30 𝑘𝐻𝑧;
b) Determine as frequências em que 𝑋𝐿 = 𝑅 e 𝑋𝐶 = 𝑅;
c) Determine a frequência em que 𝑋𝐿 = 𝑋𝐶 ;
d) Determine a frequência em que 𝑋𝐿 = 2𝑋𝐶 ;
e) Determine a frequência em que 𝑋𝐶 = 5𝑋𝐿 ;

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 253

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALBUQUERQUE, R. O. (1997). Circuitos em corrente alternada. Série Estude e Use. São Paulo:
Érica Ltda.
BOYLESTAD, R. L. (2003). Introductory circuit analysis. 10. ed. USA: Prentice Hall.
CAETANO, S. (1995). Notas de aula. São José: ETFSC-Uned.
CHAPMAN, S. J. (2103). Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: AMGH.
COGDELL, J. R. (1996). Foundations of electrical engineering. 2. ed. New Jersey: Prentice Hall.
FLOYD, T. L.; BUCHLA, D. (1999). Basic operational amplifiers and linear integrated circuits. 2.
Ed. New Jersey: Prentice Hall.
FOWLER, R.J. (1992). Eletricidade – princípios e aplicações. Vol. 2. São Paulo: Makron Books.
GIANCOLI, D. C. (2000). Physics for scientists and engineers. 3. ed. USA: Prentice Hall.
RANGEL, P. R. T. (2004). Notas de aula. Florianópolis: CEFET/SC.
STORR, W. (2013). Basic electronics tutorials. Disponível em: http://www.electronics-tutorials.ws/.
Acesso em 09/2013.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 254

12. APÊNDICES

12.1. RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS


Algumas Relações Trigonométricas úteis:

𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 90°) = 𝑐𝑜𝑠 (𝛼)

𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 90°) = −𝑐𝑜𝑠 (𝛼)

𝑐𝑜𝑠(𝛼 + 90°) = −𝑠𝑒𝑛(𝛼)

𝑐𝑜𝑠(𝛼 − 90°) = 𝑠𝑒𝑛(𝛼)

𝑠𝑒𝑛(−𝛼) = −𝑠𝑒𝑛(𝛼)

𝑐𝑜𝑠(−𝛼) = 𝑐𝑜𝑠 (𝛼)

1
𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽) = ∙ [𝑐𝑜𝑠(𝛼 − 𝛽) − 𝑐𝑜𝑠 (𝛼 + 𝛽)]
2

𝑐𝑜𝑠(𝛼 + 𝛽) = 𝑐𝑜𝑠(𝛼) ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝛽) − 𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽)

𝑐𝑜𝑠(𝛼 − 𝛽) = 𝑐𝑜𝑠(𝛼) ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝛽) + 𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽)

𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝛽) = 𝑐𝑜𝑠(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽) + 𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝛽)

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 255

12.2. COMPONENTES LINEARES E NÃO LINEARES


Uma equação algébrica linear é aquela cujo gráfico resulta em uma linha reta e apresenta a
seguinte forma:
𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑎 ∙ 𝑥 + 𝑏
Onde:
𝑦: variável dependente (função de 𝑥);
𝑥: variável independente;
𝑎: coeficiente angular (inclinação da reta);
𝑏: coeficiente linear (interceptação do eixo 𝑦).
Se a linha reta parte da origem dos eixos do gráfico, como ilustra a Figura 12-1, o valor do
coeficiente linear é zero e a equação assume a forma:
𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑎 ∙ 𝑥
Essa é a forma da equação da Lei de Ohm:
1
𝐼=∙𝑉
𝑅
A corrente (𝐼) é a variável dependente, a tensão (𝑉) é a variável independente e o inverso da
resistência (1⁄𝑅) é o coeficiente angular que define a inclinação da reta. Como o inverso da resistência
é a condutância (𝐺), a equação da Lei de Ohm resulta em:
𝐼 =𝐺∙𝑉
Um componente linear é aquele no qual um aumento na tensão aplicada resulta em um
aumento proporcional na corrente. O gráfico que demonstra a relação entre duas variáveis de um
componente é chamado de curva característica. Na maioria dos componentes elétricos ou eletrônicos
a curva característica refere-se ao comportamento da corrente em função da tensão. Por exemplo, um
resistor apresenta uma curva característica (𝐼 × 𝑉) descrita por uma reta partindo da origem cuja
inclinação é dada pela condutância (inverso da resistência), como ilustra a Figura 12-1.

Figura 12-1. Curva característica 𝐼 × 𝑉 de resistores lineares (Floyd e Buchla, 1999).


A relação entre a tensão e a corrente em cada ponto da curva característica fornece o valor da
resistência CC ou resistência média do resistor (identificada por um 𝑅 maiúsculo):
𝑉
𝑅=
𝐼

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 256

Em um componente não linear a curva característica não é uma reta, pois a corrente não é
diretamente proporcional à tensão aplicada. Esse é o comportamento de diversos componentes
eletrônicos, como os diodos. A Figura 12-2 mostra uma curva característica (𝐼 × 𝑉) de um diodo.

Figura 12-2. Curva característica de um componente não linear: diodo (Floyd e Buchla, 1999).
Para os componentes não lineares geralmente é necessário determinar a sua resistência não
linear ou resistência CA pela relação entre uma pequena variação na tensão e a respectiva variação na
corrente, como demonstra a equação:
∆𝑉
𝑟𝐶𝐴 =
∆𝐼
A resistência interna de um componente não linear (identificada por um 𝑟 minúsculo) também
é conhecida como resistência dinâmica, ou small signal resistance e bulk resistance em inglês, e seu
valor depende de um ponto particular da curva característica onde é feita a medição da tensão e da
corrente.

Referência:
FLOYD, T. L.; BUCHLA, D. (1999). Basic operational amplifiers and linear integrated circuits.
Upper Saddle River: Prentice-Hall Inc. 2 ed.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 257

12.3. DERIVADA DE UMA FUNÇÃO SENOIDAL


O conceito de derivada é importante para o entendimento do comportamento da resposta
senoidal dos elementos passivos.
A derivada 𝑑𝑥/𝑑𝑡 é definida como a taxa de variação de 𝑥 com relação ao tempo 𝑡. Se 𝑥 não
varia num determinado instante de tempo 𝑡, 𝑑𝑥 = 0 e a derivada é zero. Para a onda senoidal 𝑑𝑥/𝑑𝑡 é
zero somente nos picos positivos e negativos, quando 𝜔𝑡 = 𝜋/2 e 𝜔𝑡 = 3𝜋/2, pois 𝑥 não varia nesses
instantes, como mostra a Figura 12-3.

dx
=0
x dt
+xmax •

dx
= max
dt

t(o, rad)
• • •
0o 90o 180o 270o 360o
0 /2 1 3/2 2

Função
-xmax •
dx Senoidal
=0
dt

Figura 12-3. Derivadas máxima e mínima para a função seno.


A derivada 𝑑𝑥/𝑑𝑡 representa a inclinação da curva em cada instante de tempo. Um exame da
curva senoidal indicará que a maior variação de 𝑥 ocorre nos instantes 𝜔𝑡 = 0, 𝜔𝑡 = 𝜋 e 𝜔𝑡 = 2𝜋.
Portanto, nesses pontos a derivada é máxima. Em 𝜔𝑡 = 0 e 𝜔𝑡 = 2𝜋 o valor de 𝑥 aumenta com a mesma
taxa de variação e a derivada é positiva já que 𝑥 aumenta com o tempo. Em 𝜔𝑡 = 𝜋, o valor de 𝑑𝑥/𝑑𝑡
diminui na mesma taxa de variação, mas a derivada é negativa pois 𝑥 diminui com o tempo.
A derivada representa a inclinação de uma curva.
Para vários valores de 𝜔𝑡 entre esses pontos de máximos e mínimos, a derivada assumirá
valores intermediários. Transpondo esses valores para o gráfico da Figura 12-4, obtemos a curva da
derivada da função senoidal, que é uma curva cossenoidal. Daí concluímos:
A derivada de uma função senoidal é uma função cossenoidal.
O valor de pico da onda cossenoidal da Figura 12-4 está diretamente relacionado com a
frequência da onda senoidal original. Quanto maior a frequência, maior a inclinação da curva com
relação ao eixo horizontal (tempo) e, portanto, maior o valor da derivada 𝑑𝑥/𝑑𝑡, como mostra a Figura
12-5. Podemos observar que, para um mesmo valor de pico 𝑥𝑚á𝑥 da função senoidal, uma frequência
maior produz um pico maior para a derivada. A derivada de uma função senoidal tem o mesmo período
e frequência que a função original. Assim, para a função senoidal:
𝑥(𝑡) = 𝑥𝑚á𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 ± 𝜃)
A sua derivada pode ser determinada por cálculo diferencial11:

11
o processo de cálculo diferencial não será discutido aqui.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 258

𝑑𝑥(𝑡) 𝑑(𝑥𝑚á𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 ± 𝜃)) 𝑥𝑚á𝑥 ∙ 𝑑(𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 ± 𝜃))


= =
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑥(𝑡)
= 𝜔 ∙ 𝑥𝑚á𝑥 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 ± 𝜃) = 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑓 ∙ 𝑥𝑚á𝑥 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 ± 𝜃)
𝑑𝑡
dx/dt
dx
+ = max
dt
dx
=0
dt

t(o, rad)
• •
0o 90o 180o 270o 360o
0 /2 1 3/2 2

dx Função
− = max Cossenoidal
dt
Figura 12-4. Curva da derivada da função seno.

maior
menor
inclinação
Xmax inclinação

maior
pico

dx/dt
dx/dt

menor
pico

Figura 12-5. Quanto maior a frequência maior o valor da derivada da função seno.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 259

12.4. MEDIÇÃO DA DEFASAGEM ANGULAR COM O OSCILOSCÓPIO


O osciloscópio é um instrumento usado para observar e medir formas de onda de tensões
periódicas em função do tempo.
Como estudado na Seção 6.1, a corrente num resistor está sempre em fase com a tensão a ele
aplicada. Assim, o ângulo de fase associado com a tensão em um resistor é o mesmo ângulo de fase da
corrente. Para encontrar o ângulo de defasagem em um dado circuito, como indica a Figura 12-6, um
resistor em série deve ser adicionado e um osciloscópio de duplo traço (2 canais) deve ser utilizado.
Esse resistor série, chamado Resistor Sensor (ou Shunt) deve ser de precisão e ter resistência de baixo
valor para não afetar significativamente as características do circuito.

iZ +

~ Z ~ vZ Z Ch1
Ch2
GND
iZ Rsensor -

(a) - vR + (b)

Figura 12-6. (a) circuito para medição da defasagem; (b) ligação do resistor sensor e do osciloscópio.
Um canal do osciloscópio deve mostrar a forma de onda da tensão na impedância e o outro a
forma de onda da tensão no resistor sensor, como ilustra a Figura 12-7.

Tensão na impedância

Tensão no
resistor sensor

∆𝒕 𝑻

Figura 12-7. Tela do osciloscópio para determinação da defasagem angular.


Como a tensão e a corrente no resistor sensor estão em fase, o ângulo de fase da corrente é
igual ao da tensão no resistor. Como o resistor está em série, a corrente na impedância é a mesma do
resistor. Assim, a forma de onda da tensão no resistor sensor representa a forma de onda da corrente
na impedância.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 260

O valor da corrente na impedância (𝐼𝑍 ) é obtido pela divisão do valor da tensão no resistor
sensor (𝑉𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟 ) pelo valor da sua resistência (𝑅𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟 ):
𝑉𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟
𝐼𝑍 =
𝑅𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟
O ângulo de defasagem 𝜑 entre as formas de onda pode ser calculado através da regra:
𝑇 ↔ 360°
∆𝑡 ↔ 𝜑
Onde 𝑇 é o período das formas de onda, ∆𝑡 corresponde ao intervalo de tempo da defasagem
entre a onda da tensão na impedância e da tensão no resistor sensor e 𝜑 será a defasagem angular
resultante, como indicado na Figura 12-7.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 261

12.5. ESPECTRO DE FREQUÊNCIAS


Fonte: BOYLESTAD, R. L. Introductory circuit analysis. 10.ed. USA: Prentice Hall, 2003.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 262

12.6. INFORMAÇÕES RELEVANTES

12.6.1. Alfabeto grego:

Alfa   Iota   Rô  
Beta   Capa   Sigma   
Gama   Lambda   Tau  
Delta   Mi   Ípsilon  
Épsilon   Ni   Fi  
Dzeta   Csi   Qui  
Eta   Ômicron   Psi  
Teta   Pi   Ômega  

12.6.2. Múltiplos métricos:

Prefixo Símbolo Valor Prefixo Símbolo Valor


Yotta Y 1024 Deci d 10−1
Zetta Z 1021 Centi c 10−2
Exa E 1018 Mili m 10−3
Peta P 1015 Micro  10−6
Tera T 1012 Nano n 10−9
Giga G 109 Pico p 10−12
Mega M 106 Femto f 10−15
Kilo k 103 Atto a 10−18
Hecto h 102 Zepto Z 10−21
Deca da 101 Yocto Y 10−24

12.6.3. Origem do nome dos prefixos:

• Exa: deriva da palavra grega 'hexa' que significa 'seis'.


• Penta: deriva da palavra grega 'pente' que significa 'cinco'.
• Tera: do grego 'téras' que significa 'monstro'.
• Giga: do grego 'gígas' que significa 'gigante'.
• Mega: do grego 'mégas' que significa 'grande'.
• Hecto: do grego 'hekatón' que significa 'cem'.
• Deca: do grego 'déka' que significa 'dez'.
• Deci: do latim 'decimu' que significa 'décimo'.
• Mili: do latim 'millesimu' que significa 'milésimo'.
• Micro: do grego 'mikrós' que significa 'pequeno'.
• Nano: do grego 'nánnos' que significa 'anão'.
• Pico: do italiano 'piccolo' que significa 'pequeno'.
• Femto: do dinamarquês 'femten' que significa 'quinze'.
• Atto: do dinamarquês 'atten' que significa 'dezoito'.
• Zepto e Zetta: derivam do latim 'septem' que significa 'sete'.
• Yocto e Yotta: derivam do latim 'octo' que significa 'oito'.

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 263

12.6.4. Constantes e grandezas importantes

Grandeza Símbolo Unidade Valor mais preciso Valor Usual12


Velocidade da luz no vácuo 𝑐 𝑚/𝑠 2,99792458 ∙ 108 3,00 ∙ 108
Aceleração gravitacional 𝑔 𝑚/𝑠 2 9,80665 9,8
Constante gravitacional 𝐺 𝑁𝑚2 /𝑘𝑔2 6,67 ∙ 10−11
Carga do elétron 𝑒̅ 𝐶 1,60217733 ∙ 10−19 1,60 ∙ 10−19
Permeabilidade do vácuo 0 𝑇𝑚/𝐴 4𝜋 ∙ 10−7
Permissividade do vácuo13 𝜀0 𝐶 2 /𝑁𝑚2 8,854187817 ∙ 10−12 8,85 ∙ 10−12
Massa do elétron 𝑚𝑒 𝑘𝑔 9,11 ∙ 10−31
Massa do próton 𝑚𝑝 𝑘𝑔 1,6726 ∙ 10−27
Massa do nêutron 𝑚𝑛 𝑘𝑔 1,6749 ∙ 10−27
Massa atômica 𝑚𝑎 𝑘𝑔 1,6605 ∙ 10−27
Caloria 𝑐𝑎𝑙 𝐽 4,186
Zero absoluto 0𝐾 °𝐶 −273,15
Ângulo ∡ 𝑟𝑎𝑑 57,2957795°
Pi  3,1415927
Neperiano 𝑒 2,7182818

12.6.5. Símbolos matemáticos:

∝ proporcional a ≥ maior ou igual a


= igual a ≤ menor ou igual a
≈ aproximadamente igual a  soma de (somatória)
≠ não igual a (diferente de) 𝑥̅ valor médio de 𝑥
> maior que ∆𝑥 variação em 𝑥
>> muito maior que ∆𝑥 → 0 ∆𝑥 tende a zero
< menor que ⊥ perpendicular a
<< muito menor que

12
Os valores usuais são aproximações dos valores mais precisos obtidos atualmente e que estão disponíveis na
referência bibliográfica [Giancoli].
1
13
ε0 = c2 ∙μ .
0

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Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas 264

12.6.6. Conversões e equivalências de unidades:

Matemáticas: Ângulo: Comprimento:


√2 = 1,4142136 1 𝑟𝑎𝑑 = 57,30° = 180°/𝜋 1 𝑝𝑜𝑙𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎 (𝑖𝑛) = 2,54 𝑐𝑚
√3 = 1,7320508 1° = 0,01745 𝑟𝑎𝑑 1 𝑝é (𝑓𝑡) = 30,48 𝑐𝑚
1 𝑟𝑎𝑑 = 57,2957795° 1 𝑟𝑝𝑚 = 0,1047 𝑟𝑎𝑑/𝑠 1 𝑚𝑖𝑙ℎ𝑎 (𝑚𝑖) = 1,61 𝑘𝑚
1° = 0,01745 𝑟𝑎𝑑 Área: 1 𝑚𝑖𝑙ℎ𝑎 𝑚𝑎𝑟í𝑡𝑖𝑚𝑎 = 1,852 𝑘𝑚
1 𝑟𝑝𝑚 = 0,1047 𝑟𝑎𝑑/𝑠 1 𝑖𝑛2 = 6,452 𝑐𝑚2 1 𝑗𝑎𝑟𝑑𝑎 = 0,9144 𝑚
2 2
Tempo: 1 𝑓𝑡 = 0,0929 𝑚 1 â𝑛𝑔𝑠𝑡𝑟𝑜𝑛 (Å) = 1 ∙ 10−10 𝑚
1 𝑚𝑖𝑛 = 60 𝑠 1 ℎ𝑒𝑐𝑡𝑎𝑟𝑒 (ℎ𝑎) = 10.000 𝑚2 1 𝑎𝑛𝑜𝑙𝑢𝑧 = 9,46 ∙ 1015 𝑚
1 ℎ = 3600 𝑠 Energia: Pressão:
1 𝑑𝑖𝑎 = 86400 𝑠 1 𝐽 = 0,239 𝑐𝑎𝑙 1 𝑎𝑡𝑚 = 1,013 ∙ 105 𝑁/𝑚2
1 𝑎𝑛𝑜 = 365,24 𝑑𝑖𝑎𝑠 1 𝑐𝑎𝑙 = 4,18 𝐽 1 𝑃𝑎 = 1 𝑁/𝑚2
Potência: 1 𝑘𝑐𝑎𝑙 = 4,18 𝑘𝐽 = 3,97 𝐵𝑇𝑈 1 𝑙𝑏/𝑚2 = 6,9 ∙ 103 𝑁/𝑚2
1 𝑊 = 3,42 𝐵𝑇𝑈/ℎ 1 𝑘𝑊ℎ = 860 𝑘𝑐𝑎𝑙 1 𝑙𝑏/𝑓𝑡 2 = 47,88 𝑃𝑎
1 𝐵𝑇𝑈/ℎ = 0,293 𝑊 1 𝑘𝑊ℎ = 3,6 ∙ 106 𝐽 1 𝑙𝑏/𝑓𝑡 2 = 6895 𝑃𝑎
1 𝐻𝑃 = 746 𝑊 1 𝐵𝑇𝑈 = 1055 𝐽 Velocidade:
1 𝐶𝑉 = 736 𝑊 1 𝑒𝑉 = 1,602 ∙ 10−19 𝐽 1 𝑘𝑚/ℎ = 0,278 𝑚/𝑠
Volume: Força: 1 𝑚𝑖/ℎ = 1,609 𝑘𝑚/ℎ
3 1 𝑙𝑖𝑏𝑟𝑎𝑓𝑜𝑟ç𝑎 (𝑙𝑏𝑓) = 4,45 𝑁
1 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜 (𝐿) = 1000 𝑐𝑚 1 𝑚/𝑠 = 3,60 𝑘𝑚/ℎ
1 𝑔𝑎𝑙ã𝑜 𝑎𝑚𝑒𝑟𝑖𝑐𝑎𝑛𝑜 = 3,79 𝐿 1 𝑑𝑖𝑛𝑎 (𝑑𝑖𝑛) = 10−5 𝑁 1 𝑓𝑡/𝑠 = 0,3048 𝑚/𝑠
1 𝑝é 𝑐ú𝑏𝑖𝑐𝑜 (𝑓𝑡 3 ) = 28,32 𝐿 Massa:
3 3 1 𝑙𝑖𝑏𝑟𝑎 (𝑙𝑏) = 0,4536 𝑘𝑔
1 𝑓𝑡 = 0,0283 𝑚

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