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Campus Florianópolis
Departamento Acadêmico de Eletrônica
SINAIS SENOIDAIS :
Tensão e Corrente Alternadas
Edição Sétima
NOTA DO AUTOR
Este trabalho é um material de apoio didático utilizado pelo autor nas suas aulas das disciplinas
ministradas no Departamento Acadêmico de Eletrônica do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Santa Catarina – Campus Florianópolis (IFSC).
O autor não tem a pretensão de esgotar, tampouco inovar o tratamento do assunto por ele
abordado. Tem por objetivo facilitar a dinâmica de aula, com expressivos ganhos de tempo, além de dar
uma primeira orientação e compreensão aos alunos sobre o assunto abordado. O trabalho foi construído
com base nas referências bibliográficas, citadas ao longo do texto, nas notas de aula e na experiência do
autor na abordagem do assunto com os seus alunos.
O aluno deve desenvolver o hábito de consultar, estudar e adquirir a Bibliografia Referenciada
original, sempre que possível, a fim de obter os melhores resultados no processo de aprendizagem.
Em se tratando de um material didático elaborado por um professor de uma Instituição Pública
de Ensino, são permitidos o uso e a reprodução do texto, desde que a fonte seja devidamente citada.
Quaisquer contribuições, correções e críticas construtivas a este trabalho serão bem-vindas pelo autor.
Agradeço àqueles que fizerem bom uso deste material e, especialmente, aos meus alunos,
razão do meu trabalho.
Referência Bibliográfica:
MUSSOI, Fernando L. R. (2018). Sinais senoidais: tensão e corrente alternadas. 7. Ed. Florianópolis: Instituto
Federal de Santa Catarina (IFSC), 265 p.
ÍNDICE
NOTA DO AUTOR ............................................................................................................................... 2
ÍNDICE .................................................................................................................................................. 3
1. TENSÃO E CORRENTE ALTERNADAS SENOIDAIS .......................................................... 7
2. GERAÇÃO DE CORRENTE ALTERNADA ............................................................................ 8
2.1. INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA ...............................................................................................8
2.2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO GERADOR DE CORRENTE ALTERNADA. ......................10
2.3. TENSÃO E FREQUÊNCIA DO GERADOR .................................................................................13
2.4. GERADORES DE CORRENTE ALTERNADA .............................................................................15
3. PARÂMETROS DA ONDA SENOIDAL ................................................................................. 22
3.1. VALOR DE PICO: ...................................................................................................................22
3.2. PERÍODO (T): ........................................................................................................................23
3.3. FREQUÊNCIA (F): ..................................................................................................................23
3.4. FREQUÊNCIA ANGULAR OU VELOCIDADE ANGULAR ():.....................................................23
3.5. FUNÇÃO MATEMÁTICA DA TENSÃO E DA CORRENTE SENOIDAL ........................................25
3.5.1. Função tensão instantânea: .......................................................................................... 25
3.5.2. Função corrente instantânea: ....................................................................................... 26
3.6. VALOR MÉDIO ......................................................................................................................28
3.7. VALOR EFICAZ .....................................................................................................................31
3.8. FASE INICIAL E DEFASAGEM ANGULAR. ..............................................................................33
3.9. OSCILOSCÓPIO ......................................................................................................................37
3.10. FATORES DE FORMA, DE CRISTA E DE ONDULAÇÃO ............................................................38
3.11. SINAIS ELÉTRICOS ................................................................................................................39
3.12. EXERCÍCIOS: .........................................................................................................................42
4. NÚMEROS COMPLEXOS ........................................................................................................ 45
4.1. PLANO CARTESIANO COMPLEXO .........................................................................................45
4.2. FORMA RETANGULAR OU CARTESIANA ...............................................................................48
4.3. FORMA POLAR ......................................................................................................................49
4.4. FORMA DE EULER .................................................................................................................50
4.5. CONVERSÃO ENTRE FORMAS ................................................................................................51
4.5.1. Conversão de Retangular para Polar ........................................................................... 51
4.5.2. Conversão de Polar para Retangular ........................................................................... 52
4.6. OPERAÇÕES MATEMÁTICAS COM NÚMEROS COMPLEXOS ....................................................53
4.6.1. Conjugado Complexo .................................................................................................... 54
4.6.2. Recíproco ou Inverso de um número complexo............................................................. 54
4.6.3. Adição e Subtração de números complexos .................................................................. 54
4.6.4. Multiplicação de números complexos ........................................................................... 55
4.6.5. Divisão de números complexos ..................................................................................... 56
4.6.6. Potenciação de números complexos .............................................................................. 57
4.7. EXERCÍCIOS ..........................................................................................................................57
5. REPRESENTAÇÃO FASORIAL DE ONDAS SENOIDAIS ................................................. 60
5.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................60
5.2. FASOR ...................................................................................................................................61
5.3. REPRESENTAÇÃO FASORIAL COM NÚMEROS COMPLEXOS ..................................................64
5.4. OPERAÇÕES MATEMÁTICAS COM FASORES E DIAGRAMAS FASORIAIS ...............................67
5.5. TABELA RESUMO..................................................................................................................69
5.6. EXERCÍCIOS: .........................................................................................................................70
+ t + t + t
- - -
Figura 1-1. Formas de onda alternadas e periódicas
A forma de onda periódica mais importante e de maior interesse é a alternada senoidal, por
diversas razões. A maior parte da energia elétrica é gerada nas usinas e utilizada pelos equipamentos na
forma de tensões e correntes alternadas. Os sistemas elétricos de grande porte são construídos para
operar com elevados níveis de tensões e correntes alternadas senoidais, desde a geração nas usinas, a
transformação nas estações elevadoras e abaixadoras de tensão, a transmissão nas linhas de longas
distâncias e a distribuição aos consumidores residenciais, comerciais e industriais.
A principal razão pela qual a energia elétrica gerada e consumida em grande escala ser em
tensão e corrente alternadas senoidais é que ela apresenta maiores vantagens técnicas e econômicas para
geração, transformação, transmissão e distribuição. Os geradores de tensão alternada são mais simples
e eficientes. Para levar a energia gerada nas usinas a longas distâncias é necessário elevar as tensões a
níveis que chegam a 750 kV, a fim de reduzir as perdas no transporte (principalmente por Efeito Joule).
Para a energia ser distribuída nos centros consumidores a tensão é novamente reduzida. Os sistemas de
transmissão e os transformadores elevadores e abaixadores de tensão são mais simples e econômicos.
A maioria dos equipamentos elétricos faz uso de tensões e correntes alternadas senoidais. Os
motores elétricos de corrente alternada são construtivamente menos complexos e muito mais robustos
que os motores de corrente contínua. Essa é uma grande vantagem, pois reduz custos e cuidados com
manutenção. Por essa razão, são os tipos de motores mais utilizados, especialmente em aplicações
industriais.
Outra importante razão para o estudo das tensões e correntes alternadas senoidais é a
característica típica de comportamento dos circuitos elétricos e seus componentes passivos (resistores,
capacitores e indutores). Esses componentes quando submetidos a uma tensão senoidal respondem com
uma corrente também senoidal. A análise de circuitos em corrente alternada (CA) pode fazer uso dos
mesmos procedimentos matemáticos e teoremas utilizados para a análise de circuitos de corrente
contínua (CC).
Além disso, a forma de onda senoidal é importante porque é a base de todos os sinais
periódicos. Segundo o Teorema de Fourier, toda forma de onda periódica é, na verdade, composta por
um conjunto de ondas senoidais, chamadas de componentes harmônicos ou harmônicas. Assim, a análise
desses componentes harmônicos permite a interpretação do comportamento da forma de onda original.
O objetivo desta apostila é apresentar o processo de geração da forma de onda alternada
senoidal e especificar as suas características, parâmetros e terminologias, bem como introduzir os
processos matemáticos para análise do comportamento dos elementos passivos nos circuitos de corrente
alternada senoidal.
N S S N N S N S N S
Figura 2-2. Regra da Mão Direita: determinação do sentido da corrente induzida [2].
A Figura 2-3 indica que se a direção do movimento do conduto for a mesma direção do fluxo
magnético, não haverá indução eletromagnética. Se a direção do movimento for ortogonal ao fluxo a
indução será máxima. Em outras direções, apenas a componente ortogonal produzirá indução
eletromagnética e, portanto, o ângulo deverá ser considerado. A Figura 2-4 mostra que a direção do
movimento do condutor e a polaridade do campo magnético determinam o sentido da corrente induzida.
N N N
• •
S S S
Figura 2-3. Movimento de um condutor dentro de um campo magnético. A amplitude da corrente induzida
depende do ângulo no qual o condutor corta as linhas de fluxo.
N N S
•
S S N
Figura 2-4. Direção do movimento e polaridade do campo determinam o sentido da corrente induzida.
Eixo
Espira B
a
N S
b
Terminais da Espira
Sentido de rotação
Figura 2-5. Gerador de Corrente Alternada Elementar: espira girando num campo magnético
a = 0o
Instante
t1 N S = 0
b e=0
a
Instante N 0o
t2 N S 0
S
b e0
Instante
N = 90o
t3 N a b S = máx
S e máx
Instante N
b 0o
t4 N S S 0
a e0
b = 0o
Instante
t5 N S = 0
a e=0
(a)
(b)
Figura 2-6. Geração de tensão alternada: (a) primeira meia volta da espira [1]; (b) forma de onda gerada.
Em 𝑡1 os condutores a e b estão se movimentando paralelamente ao fluxo magnético (com
sentidos opostos). Como nenhuma linha de fluxo é cortada 𝜃 = 0° = 180° e nenhuma tensão é induzida.
No instante 𝑡2 , o movimento dos condutores já corta as linhas de fluxo magnético em um determinado
ângulo 𝜃 e uma tensão é induzida, a qual proporciona uma corrente cujo sentido é determinado pela
regra da mão direita. No instante 𝑡3 o movimento dos condutores corta as linhas de fluxo
perpendicularmente (a 90°) e a variação do fluxo é máxima e, portanto, a tensão induzida. A corrente
mantém o sentido. Em 𝑡4 , o movimento dos condutores corta as linhas de fluxo magnético em um
determinado ângulo 𝜃 e uma tensão menor é induzida. Em 𝑡5 os condutores a e b estão novamente se
movimentando paralelamente ao fluxo magnético e nenhuma tensão é induzida. Neste ponto, a primeira
meia volta da espira produziu a forma de onda de tensão induzida apresentada na Figura 2-6(b). O eixo
vertical indica a o valor da tensão induzida em cada instante de tempo. O eixo horizontal indica os
instantes de tempo ou a posição angular do movimento da espira no campo magnético.
o
Instante b =0
t5 N S = 0
a e=0
b 0
o
Instante N
t6 N S 0
S
a e0
o
Instante N = 90
t7 N b a S = máx
S e = máx
o
Instante N
a 0
t8 N S S 0
b e0
o
Instante a =0
t9 N S = 0
b e=0
(a)
(b)
Figura 2-7. Geração de tensão alternada: (a) segunda meia volta da espira [1]; (b) forma de onda gerada em
uma rotação completa.
A Figura 2-8 indica a forma de onda senoidal produzida pelo deslocamento de 360° (2 rad)
do condutor de uma espira em um campo magnético. O eixo vertical indica a amplitude da tensão (FEM)
induzida. O eixo horizontal pode representar o tempo que a forma de onda leva para completar um ciclo
inteiro (período). Cada instante de tempo está relacionado com a posição angular do condutor no campo
magnético. Quando o eixo horizontal indicar diretamente a posição angular em graus, chamamos de
ângulo elétrico. A vantagem de se indicar o eixo horizontal em graus em vez de unidades de tempo é
que os graus elétricos independem da velocidade com que a espira gira no campo magnético (e
consequentemente da frequência e do período).
N
Tensão Induzida
4 4
5 3
6 2 2 6
7 1
+ Tempo
1 7 1
8 12 8 - 12
x x
9 11
x 10 x 10
B x
Figura 2-8. Geração da onda senoidal pela rotação de um condutor dentro de um campo magnético.
A tensão alternada resultante do processo de indução eletromagnética no gerador estudado tem
a forma senoidal, isto é, a tensão varia periodicamente no tempo tanto em intensidade como em sentido,
a cada 360o, como indica a Figura 2-7(b). O mesmo ocorre para a corrente que circula pelo gerador
quando conectado a uma carga elétrica. A amplitude da tensão induzida no gerador:
• Do número de espiras das bobinas rotativas;
• Da velocidade na qual as bobinas se movimentam;
• Da densidade do fluxo do campo magnético.
Figura 2-9. Geradores de 2 e 8 polos girando na mesma velocidade: número de polos influencia a frequência da
tensão gerada. (Fonte: Internet).
Nos circuitos elétricos, fonte de tensão alternada senoidal e fonte de corrente alternada
senoidal são representadas como mostra a figura 2.4.2. Na convenção adotada, a polaridade da tensão
e o sentido da corrente indicado se referem ao semiciclo positivo.
+ +
+
v(t)
~
-
i(t)
-
~
Figura 2-10. Símbolo e convenção para polaridade de fontes de tensão e de corrente senoidais.
Figura 2-11. Gerador CA. A espira em movimento é conectada à carga através de anéis coletores e escovas.
(www.feiradeciencias.com.br/sala13/)
Figura 2-12. Gerador de Corrente Alternada de Polos Girantes e Armadura Estacionária. (Fonte: Internet).
O estator consiste em um núcleo de ferro laminado com os enrolamentos da armadura
embutidos. A Figura 2-13 ilustra um estator de um pequeno gerador CA (alternador) usado em veículos
e um gerador de grande porte, como o da usina hidrelétrica de Itaipu.
Todos os geradores requerem uma fonte primária de energia mecânica para girar seus rotores
por meio de uma turbina. As fontes primárias são divididas em duas classes: para geradores de alta
velocidade e de baixa velocidade. As turbinas a vapor e a gás são fontes primárias de alta velocidade,
enquanto as turbinas hidráulicas em quedas de água, as turbinas eólicas (hélices) e as máquinas de
combustão interna (como motores a explosão) são fontes primárias de baixa velocidade. O tipo de fonte
primária tem um papel importante no projeto de alternadores, já que a velocidade na qual o rotor deve
girar determina certas características de construção e operação do gerador.
Figura 2-13. (a) armadura do Estator de um gerador de pequeno porte e (b) rotor e estator de um gerador da
usina hidrelétrica de Itaipu. (Fonte: Internet).
Nas usinas hidrelétricas a energia elétrica é gerada pela passagem da água através de uma
turbina hidráulica acoplada ao eixo do gerador. A Figura 2-14 e a Figura 2-15 ilustram uma turbina
hidráulica acionando um gerador. A quantidade de energia produzida é proporcional ao fluxo de água e
à altura da queda d´água, isto é, do nível da água e da altura do reservatório (barragem). No projeto de
hidrelétricas, deve-se levar em conta o histórico hidrológico, ou seja, a quantidade de chuvas em cada
estação do ano, para que a usina garanta operação adequada o ano inteiro. As turbinas dos geradores das
usinas hidrelétricas giram em velocidades relativamente baixas, na ordem de 100 a 300 rpm. Como
exemplo, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, no rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai, possui 20
turbinas com geradores cuja potência é 700 MW cada. Metade deles gera na frequência brasileira de 60
Hz, girando a 92,3 rpm e a outra metade gera na frequência paraguaia de 50 Hz, girando a 90,9 rpm.
Outro exemplo é a Usina Hidrelétrica de Itá, no rio Uruguai, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande
do Sul, composta por 5 turbinas com geradores de 290 MW, gerando em 60 Hz e girando a 128,57 rpm.
Os alternadores são identificados de acordo com a tensão para a qual eles são projetados e pela
máxima corrente que são capazes de fornecer. O produto da tensão alternada pela corrente alternada de
projeto do gerador fornece a capacidade de potência gerada, cuja unidade é o Volt-Ampère. A corrente
máxima que pode ser fornecida por um alternador depende do máximo calor que ele pode suportar na
armadura. Esta perda de calor (que é uma potência elétrica perdida, principalmente por Efeito Joule) age
aquecendo os condutores e, se excessiva, destrói o seu isolamento, podendo causar má operação ou
curto-circuito. Sistemas de refrigeração são incorporados em grandes geradores para limitar o
aquecimento. Quando um alternador sai da fábrica, este já é destinado para um trabalho muito
específico. A velocidade para a qual é projetado para girar, a tensão a ser gerada, os seus limites de
corrente e outras características de operação são conhecidas. Essas informações são normalmente
estampadas em uma placa de especificações para que o usuário conheça suas características.
Anéis
Coletores
Rotor de alta
velocidade
(>1200rpm)
Rotor de Pólos
Salientes para
baixa velocidade
Seção Transversal: (<1200rpm)
Linhas do Campo
Magnético
Figura 2-16. Tipos de rotores: (a) para turbinas de alta velocidade e (b) para turbinas de baixa velocidade.
(Fonte: Internet).
As turbinas das usinas termoelétricas são acionadas pela queima de combustíveis fósseis
(carvão mineral, gás ou óleo combustível) ou biomassa (lenha, bagaço de cana etc.) na fornalha, que
aquece a água que vira vapor pressurizado a cerca de 550 °C na caldeira e é conduzido às turbinas. Esse
vapor superaquecido e pressurizado atravessa as pás da turbina fazendo-o girar e acionando o gerador.
As turbinas a vapor funcionam em velocidades mais altas (1800 a 3600 rpm) para frequências de 60 Hz.
Como exemplo, a Usina Termoelétrica Jorge Lacerda, em Santa Catarina, tem uma capacidade total de
832 MW em sete conjuntos turbogeradores de 60 Hz girando a 3600 rpm. Essa usina usa carvão mineral
extraído na região de Criciúma. A Figura 2-17 apresenta um esquema de uma usina termoelétrica.
No campo das fontes alternativas renováveis, o Brasil utiliza a força dos ventos para girar os
geradores e produzir energia elétrica nas Usinas Eólicas em regiões ventosas, como o litoral do Rio
Grande do Sul. Ainda há usinas em Santa Catarina, em Minas Gerais e no Ceará (2008). A Figura 2-19
apresenta algumas usinas eólicas no Brasil e a Figura 2-20 ilustra o sistema de um gerador eólico.
Figura 2-20. Esquema das hélices, engrenagens e gerador de uma usina eólica. (Fonte: Internet).
pico
T/2
t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7 t8 T
0 45 90 135 180 225 270 315 360
pico a pico
vale
(fm)
1
Sinusoide: vem da palavra sinus (forma de sino) e refere-se às formas de onda senoidal ou cossenoidal.
2
Heinrich Rudolph Hertz: físico e professor (Alemanha, 1857-1894), pesquisou tensões e correntes
alternadas e seus efeitos nos elementos passivos, ondas eletromagnéticas e propagação.
R
57,296o
R
1 radiano
+Amax
•
90o •
1
(o, rad)
0o 1 90o 180o 360o
0 1 2
•
(fm)
•
-Amax
Figura 3-3. A projeção de um vetor girando descreve uma senoide.
A frequência angular ou velocidade angular (𝝎), também chamada pulsação, fornece a
noção do deslocamento angular (∝) ao longo do tempo (𝒕) num movimento circular (movimento
harmônico). Como podemos medir ângulo em radianos, a frequência angular (𝜔) corresponde ao ângulo
descrito ou percorrido em radianos (𝑟𝑎𝑑) por unidade de tempo (𝑠):
𝛼
𝜔=
𝑡
A unidade de frequência angular é dada em radianos por segundo (𝑟𝑎𝑑/𝑠).
O ângulo (∝) também é chamado de posição angular e pode ser determinado por:
𝛼 =𝜔∙𝑡
Ao final de cada ciclo, o ângulo 𝜶 percorrido terá sido 2𝜋 𝑟𝑎𝑑 (360o) e o tempo 𝑡 terá sido um
período (𝑇). Assim:
1 𝑇 (𝑠) ↔ 2𝜋 (𝑟𝑎𝑑)
1 (𝑠) ↔ 𝜔 (𝑟𝑎𝑑/𝑠)
Portanto:
2𝜋
𝜔=
𝑇
Como a frequência (𝑓) é o inverso do período (𝑇), então:
𝜔 = 2𝜋 ∙ 𝑓
A frequência em e a frequência angular em radianos por segundo (𝑟𝑎𝑑/𝑠) são parâmetros que
fornecem uma informação da velocidade com que uma função periódica se repete.
f()
+Amax
(o, rad)
0o 180o 360o
0 1 2
-Amax
Figura 3-4. Forma de onda para uma função senoidal.
Como a função é periódica no tempo, o período (𝑇), a frequência (𝑓) e a frequência angular
(𝜔) são constantes. Como 𝛼 = 𝜔 ∙ 𝑡, então a forma de onda também pode ser expressa em função do
tempo:
𝑓(𝑡) = 𝐴𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡)
Quando a função é expressa matematicamente em função da posição angular dizemos que ela
é descrita no domínio angular e, quando a função é expressa em função do instante de tempo ela é
descrita no domínio do tempo.
Podemos notar a relativa simplicidade da equação matemática que representa uma forma de
onda senoidal. Qualquer forma de onda periódica poderá ser representada por uma equação, mas pode
requerer vários ou infinitos termos senoidais para ser representada fielmente. Esse processo é
determinado pelas Séries de Fourier, assunto apresentado na Seção 3.11.
Como estudado no capítulo anterior, a tensão induzida em um gerador rotativo tem a forma de
uma onda alternada senoidal e é função da posição angular das espiras no campo magnético. Portanto,
o valor da tensão induzida pode ser expresso matematicamente no domínio angular pela função senoidal:
𝑣(𝛼) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛼)
Em cada instante de tempo (𝑡) a posição angular (𝛼) das espiras no campo magnético do
gerador rotativo está relacionada com a velocidade de rotação (𝜔). Assim, o valor da tensão induzida
em cada instante de tempo pode ser expresso no domínio do tempo pela função senoidal:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡)
Onde:
𝑣(𝑡): tensão instantânea [V];
𝑉𝑝 : tensão de pico [V];
𝜔: frequência angular [rad/s];
𝑡: instante de tempo [s].
O valor instantâneo de uma grandeza senoidal é o valor que essa grandeza assume num dado
instante de tempo considerado. Portanto, a função tensão instantânea fornece os valores da tensão
alternada senoidal ao longo de um intervalo de tempo.
Exemplo 3-1. Dada a função tensão instantânea 𝑣(𝑡) = 20 ∙ 𝑠𝑒𝑛(157,08 ∙ 𝑡) 𝑉, obtenha os parâmetros
da onda senoidal e trace o gráfico da tensão em função do tempo.
Solução: analisando a função tensão instantânea dada obtemos:
𝑉𝑝 = 20 𝑉
𝜔 = 157,08 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝜔 157,08
𝑓= = = 25 𝐻𝑧
2𝜋 2𝜋
1 1
𝑇= = = 0,040 𝑠 = 40 𝑚𝑠
𝑓 25
Para traçar um ciclo do gráfico da tensão em função do tempo devemos atribuir valores para a variável
independente 𝑡 num intervalo desde 0 até o valor de um período 𝑇 e calcular os respectivos valores da
variável dependente 𝑣(𝑡), conforme a equação da função. Se quisermos traçar dois ciclos, os valores da
variável 𝑡 deverá variar no intervalo de 0 até 2𝑇, e assim sucessivamente. A quantidade de pares de
valores deve ser suficiente para que o traçado do gráfico tenha uma boa definição. A Tabela 3-1
apresenta os valores atribuídos para o tempo e os respectivos valores de posição angular e da tensão
instantânea. A Figura 3-5 apresenta o gráfico resultante para a tensão instantânea do exemplo
Tabela 3-1. Valores da função 𝑣(𝑡).
Tempo 𝑡 Posição Angular 𝛼 Tensão instantânea 𝑣(𝑡)
(s) (rad) (graus) (V)
0 0,000 0,000 0,000
0,002 0,314 18,000 6,180
0,004 0,628 36,000 11,756
0,006 0,942 54,000 16,180
0,008 1,257 72,000 19,021
0,010 1,571 90,000 20,000
0,012 1,885 108,000 19,021
0,014 2,199 126,000 16,180
0,016 2,513 144,000 11,756
0,018 2,827 162,000 6,180
0,020 3,142 180,000 0,000
0,022 3,456 198,000 -6,180
0,024 3,770 216,001 -11,756
0,026 4,084 234,001 -16,180
0,028 4,398 252,001 -19,021
0,030 4,712 270,001 -20,000
0,032 5,027 288,001 -19,021
0,034 5,341 306,001 -16,180
0,036 5,655 324,001 -11,756
0,038 5,969 342,001 -6,180
0,040 6,283 360,001 0,000
30
Tensão instantânea (V)
20
10
0
0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045
-10
-20
-30
Instante de tempo (s)
Exemplo 3-2. Dada a forma de onda da Figura 3-6, obtenha a função matemática que a descreve.
Solução: analisando a forma de onda da Figura 3-6 obtemos:
𝑇 = 50 𝜇𝑠
1 1
= 𝑓=
= 20.000 𝐻𝑧 = 20 𝑘𝐻𝑧
𝑇 50 ∙ 10−6
125663,7𝑟𝑎𝑑
𝜔 = 2𝜋 ∙ 𝑓 = 2𝜋 ∙ 20.000 = = 125663,7 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑠
𝐼𝑝 = 20 𝑚𝐴
Então, a função matemática que descreve a corrente instantânea é dada por:
𝑖(𝑡) = 20 ∙ 𝑠𝑒𝑛(125663,7 ∙ 𝑡) 𝐴
i(mA)
+20
t(s)
0 25 50
-20
Analisando a equação, pode-se concluir que toda função periódica simétrica ao eixo x terá
um valor médio nulo, pois as áreas positivas anulas as negativas.
Exemplo 3-3. Determinar o valor médio para a forma de onda da Figura 3-8.
Solução: a forma de onda é composta por 4 intervalos. Assim:
∑𝑛𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 ) ∑4𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 )
𝑥̅ = =
𝑇 8
(4 ∙ 2) + (−2 ∙ 2) + (3 ∙ 2) + (1 ∙ 2) 8 − 4 + 6 + 2 12
𝑥̅ = = = = 1,5
8 8 8
Exemplo 3-4. Determinar o valor médio para a forma de onda da Figura 3-9.
Solução: a forma de onda é simétrica ao eixo x e composta por 2 intervalos. Assim:
∑𝑛𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 ) ∑2𝑖=1(𝑥𝑖 ∙ ∆𝑡𝑖 ) (2 ∙ 1) + (−2 ∙ 1) 2 − 2 0
𝑥̅ = = = = = =0
𝑇 2 2 2 2
Como a senoide é simétrica ao eixo das abscissas (x), para todos os valores do semiciclo
positivo, temos correspondentes valores no semiciclo negativo, o que faz com que o seu valor médio
seja nulo, ou seja, as áreas positivas são iguais às negativas, como ilustra a Figura 3-10.
𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0
O valor médio de uma tensão alternada senoidal é nulo, pois corresponde ao seu valor
contínuo constante. Para medir o valor médio de uma tensão alternada senoidal usa-se um voltímetro
CC. Da mesma forma, o valor médio de uma corrente alternada senoidal é nulo, pois corresponde
ao seu valor contínuo constante. Para medir o valor médio de uma corrente alternada senoidal usa-se um
amperímetro CC.
O valor médio em cada meio ciclo da onda senoidal é 63,7 % do seu valor de pico:
𝑉𝑚𝑒𝑑,𝜋 = 0,637 ∙ 𝑉𝑝
+Vp
63,7%Vp Vméd,
Área +
Vmédio (o, rad)
0o 180o 360o
0 1 Área - 2
-Vp
Figura 3-10. Valor médio de uma tensão senoidal.
Para uma função periódica senoidal, como a tensão alternada senoidal apresentada na Figura
3-10, onde 𝑡𝑖 = 0 e 𝑡𝑓 = 𝑇, o valor para a tensão média é:
𝑡𝑓
1
𝑉𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝑇
𝑡𝑖
𝑉𝑚𝑒𝑑,𝜋 = 0,637 ∙ 𝑉𝑝
O valor médio em cada meio ciclo de uma onda senoidal é 63,7 % do seu valor de pico.
∑𝑛 𝑥 2
𝑥𝑒𝑓 = √ 𝑖=1 𝑖
𝑛
O valor eficaz de uma função representa a capacidade de produção de trabalho efetivo de
uma grandeza variável no tempo entre as excursões positivas e negativas dessa função.
O valor eficaz de uma tensão alternada senoidal é determinado por:
𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 =
√2
Como:
𝑉𝑝 𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 = = = 0,707 ∙ 𝑉𝑝
√2 1,4142
Portanto, o valor eficaz de uma onda senoidal corresponde ao valor contínuo de 70,7 % do seu
valor de pico.
No gráfico da onda senoidal, o valor eficaz corresponde à altura de um retângulo de base igual
a um semiciclo e área equivalente a esse semiciclo, como mostra a Figura 3-11. O valor da tensão eficaz
é medido por um voltímetro de tensão alternada.
0,707Vp
(o, rad)
0o 180o 360o
0 1 2
-Vp
Figura 3-11. Valor eficaz de uma tensão senoidal.
Para uma função periódica senoidal, como a tensão alternada senoidal apresentada na Figura
3-11, onde 𝑡𝑖 = 0 e 𝑡𝑓 = 𝑇, o valor para a tensão eficaz é:
𝑡𝑓
1 2
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ {𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)} ∙ 𝑑𝑡
𝑇
𝑡𝑖
2𝜋 2𝜋
1 𝑉𝑝 2 𝑉𝑝 2 𝜔𝑡 cos (2𝜔𝑡) 2𝜋
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑉𝑝 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡 = √ ∫ 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡) ∙ 𝑑𝜔𝑡 = √ [ − ]
2𝜋 2𝜋 2𝜋 2 4 0
0 0
ICC i(t)
VCC PCC R
~ v(t) PCA R
Figura 3-12. Valor eficaz: fontes de tensão contínua e alternada fornecendo a mesma potência média para um
resistor.
O mesmo conceito também é válido para o valor eficaz de corrente. Assim:
𝐼𝑝
𝐼𝑒𝑓 =
√2
t
0 1 2 t
-Vp
Figura 3-13. A tensão eficaz equivale a uma tensão contínua que produz o mesmo efeito numa resistência.
O sistema de distribuição de energia no Brasil disponibiliza uma tensão alternada senoidal de
220 V em 60 Hz. Esse valor corresponde à tensão eficaz da onda senoidal, cujo valor de pico é:
𝑉𝑝 = √2 ∙ 𝑉𝑒𝑓 = √2 ∙ 220 = 311,13 𝑉
A função da tensão instantânea do sistema de distribuição de energia é dada por:
𝑣(𝑡) = √2 ∙ 220 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2 ∙ 𝜋 ∙ 60 ∙ 𝑡) = 311,13 ∙ 𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡) 𝑉
Na prática, o que se tem na rede elétrica é um sinal alternado senoidal de 60 ciclos por segundo
(Hz), cuja tensão varia a todo instante com amplitude de +311,13 V a -311,13 V, passando por zero a
cada meio ciclo. A tensão eficaz de 220 V representa o valor matemático correspondente a uma tensão
contínua constante que produziria o mesmo efeito da rede elétrica numa dada resistência.
Importante:
O valor eficaz para uma forma de onda contínua constante (de tensão ou corrente) o valor eficaz é igual
ao valor médio. O valor eficaz também é conhecido como Valor RMS ou valor quadrático médio (do
inglês, root mean square). Os instrumentos comuns de medição em corrente alternada (voltímetros,
amperímetros e multímetros) fornecem valores eficazes somente para sinais senoidais puros. Para
medir o valor eficaz de uma forma de onda de tensão (ou de corrente) periódica não perfeitamente
senoidal deverá ser usado um voltímetro (ou amperímetro) mais sofisticado, conhecido como True RMS
(Eficaz Verdadeiro) que é capaz de fazer a integração da forma de onda e fornecer o valor eficaz exato.
-30 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
Figura 3-15. Formas de onda: (a) adiantada em relação à origem; (b) atrasada em relação à origem.
Como é o ângulo de fase que diferencia as três formas de onda da Figura 3-14, esse parâmetro
deve ser incluído nas funções matemáticas que representam as tensões instantâneas. Assim:
𝑣1 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 0°)
𝜋
𝑣2 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 30°) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 ∙ 𝑡 + )
6
𝜋
𝑣3 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 − 90°) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 ∙ 𝑡 − )
2
Importante: Na função matemática, o ângulo de fase (𝜃) geralmente é informado em graus por
facilidade de interpretação, especialmente quando se trabalha com Fasores, assunto a ser tratado nos
próximos capítulos. Entretanto, é importante lembrar que o produto (𝜔 ∙ 𝑡) na equação é dado em
radianos e as operações matemáticas devem ser feitas sempre com a mesma unidade (ou ambos em
radianos ou ambos em graus).
A defasagem angular (𝝓) é o parâmetro que quantifica o deslocamento angular entre duas
formas de onda, dado pela diferença entre os seus ângulos de fase:
𝜙𝑥,𝑦 = 𝜃𝑥 − 𝜃𝑦
Se a defasagem angular (𝜙) for positiva, a forma de onda 𝑥 estará adiantada da forma de onda
𝑦. A forma de onda 𝑥 estará atrasada da forma de onda 𝑦 se a defasagem angular (𝜙) for negativa. Uma
forma de onda 𝑥 estará em fase com uma forma de onda 𝑦 se a defasagem angular (𝜙) for nula. A
defasagem angular pode ser informada tanto em graus como em radianos.
Se 𝝓𝒙,𝒚 for positivo: forma de onda 𝑥 está adiantada de 𝑦
Se 𝝓𝒙,𝒚 for negativo: forma de onda 𝑥 está atrasada de 𝑦
Se 𝝓𝒙,𝒚 = 𝟎: forma de onda 𝑥 está em fase com 𝑦
Observação: a defasagem só pode ser analisada para comparar os ângulos de fase de formas de onda de
mesma frequência.
A Figura 3-16 ilustra uma forma de onda senoidal defasada de 90° de outra. A forma de onda
que está adiantada de 90° representa uma função cossenoidal. Portanto:
𝑐𝑜𝑠(𝛼) = 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 90°)
Figura 3-16. A forma de onda do cosseno é uma forma de onda do seno adiantada de 90°.
Na análise de circuitos de corrente alternada senoidal haverá defasagens entre as tensões e as
correntes e, por essa razão é importante que os parâmetros ângulo de fase e defasagem sejam bem
compreendidos e operados matematicamente de forma correta.
Exemplo 3-5. Determine a defasagem entre os sinais 𝑣1 (𝑡) = 100 ∙ 𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 + 0°) 𝑉, 𝑣2 (𝑡) = 40 ∙
𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 − 30°) 𝑉 e 𝑖3 (𝑡) = 5 ∙ 𝑠𝑒𝑛(200 ∙ 𝑡 + 45°) 𝐴.
Solução: A tensão 𝑣1 (𝑡) é tomada como referência, pois tem ângulo de fase nulo. Assim a defasagem
entre 𝑣1 (𝑡) e 𝑣2 (𝑡) é dada por:
𝜙1,2 = 𝜃1 − 𝜃2 = 0 − (−30°) = +30°
Portanto, 𝑣1 (𝑡) está adiantada de 30° de 𝑣2 (𝑡). A defasagem entre 𝑣1 (𝑡) e 𝑖3 (𝑡) é dada por:
Exemplo 3-6. Obtenha os ângulos de fase para as formas de onda ilustradas na Figura 3-17 e determine
as defasagens das tensões em relação à corrente.
25,00
20,00
15,00
Tensão (V). Corrente (A)
10,00
5,00
0,00
-5,00 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
-10,00
-15,00
-20,00
-25,00
Instante de tempo (s)
3.9. OSCILOSCÓPIO
O osciloscópio é um instrumento que mostra formas de onda de tensão em função do tempo.
A Figura 3-18 apresenta o painel de um osciloscópio digital e a Figura 3-19 ilustra uma tela padrão de
osciloscópio.
𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 = = 7,07 𝑉
√2
Como o offset é nulo, a forma de onda está simétrica à referência horizontal. Portanto:
𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0 𝑉
2 2
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = √𝑉𝑒𝑓 − 𝑉𝑚𝑒𝑑
O fator de ondulação indica a presença de uma ondulação (ripple) em uma forma de onda de
tensão contínua (não constante). Esse fator é muito utilizado no projeto de circuitos retificadores e outros
conversores CA-CC.
A Tabela 3-2 apresenta algumas formas de onda, seus respectivos valores eficazes, médios e
de eficazes de componente alternada e os fatores de forma, de pico e de ondulação.
𝑉𝑚𝑒𝑑 = 1 𝐾𝑓 = 1
𝑉𝑒𝑓 = 1 𝐾𝑝 = 1
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 0 𝐾𝑟 = 0
𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0 𝐾𝑓 = ∄
𝑉𝑒𝑓 = 1 𝐾𝑝 = 1
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 1 𝐾𝑟 = ∄
𝑉𝑚𝑒𝑑 = 0 𝐾𝑓 = ∄
𝑉𝑒𝑓 = 0,707 𝐾𝑝 = 1,414
𝑉𝑒𝑓(𝐶𝐴) = 0,707 𝐾𝑟 = ∄
Figura 3-21. Representação de um sinal senoidal: (a) domínio do tempo; (b) domínio da frequência. (Fonte:
FLOYD e BUCHLA, 1999).
Toda forma de onda periódica não senoidal é, na verdade, composta por um conjunto de
senoides de diversas frequências. A frequência da onda original é representada por uma senoide de
mesma frequência, chamada de frequência fundamental (𝑓0 ). As outras componentes são as
harmônicas ou componentes harmônicas, cujas frequências são múltiplas inteiras 𝑛 da fundamental. As
harmônicas ímpares possuem frequências múltiplas ímpares da frequência fundamental
(3𝑓0 ; 5𝑓0 , ; 7𝑓0 ; ⋯ ), enquanto as harmônicas pares possuem frequências múltiplas pares
(2𝑓0 ; 4𝑓0 , ; 6𝑓0 ; ⋯ ).
Qualquer distorção na forma de onda senoidal produz harmônicas. Algumas formas de ondas
possuem apenas harmônicas ímpares, outras apenas pares, ou ambas. A forma da onda é definida pelo
seu conteúdo harmônico. Geralmente, apenas a fundamental e algumas harmônicas são importantes
para caracterizar a forma da onda. A Figura 3-22 demonstra que uma forma de onda quadrada simétrica
ao eixo vertical é composta pela soma de um conjunto de harmônicas ímpares. Essa soma de
componentes é chamada de Série de Fourier.
Figura 3-22. Forma de onda quadrada composta por harmônicas ímpares. (Adaptado de: FLOYD e BUCHLA,
1999).
O espectro de frequências de uma Série de Fourier usualmente é visualizado em um gráfico
da amplitude das harmônicas (de tensão, corrente ou potência, por exemplo), em função de suas
frequências. A Figura 3-23 apresenta o espectro de frequências de uma onda quadrada simétrica ao eixo
vertical e a Figura 3-24 ilustra o espectro de frequência de uma onda retangular. A. Na Figura 3-25 é
apresentado o espectro de frequências de uma onda senoidal retificada.
Figura 3-23. Espectro de frequências de uma onda quadrada simétrica. (Fonte: FLOYD e BUCHLA, 1999).
Figura 3-24. Espectro de frequências de uma onda retangular. (Fonte: FLOYD e BUCHLA, 1999).
Figura 3-25. Espectro de frequências de uma onda senoidal retificada. (Fonte: FLOYD e BUCHLA, 1999).
Sinais não periódicos, como a voz ou outras formas de ondas transitórias, também podem ser
representados por um espectro de frequências. Entretanto, esse espectro não é mais uma série de linhas,
como no caso dos sinais periódicos. As formas de onda transitórias são analisadas por um método
chamado de Transformada de Fourier. O espectro de frequências de uma forma de onda transitória é
contínuo, e não discreto como no caso das ondas periódicas. A Figura 3-26 apresenta o espectro de
frequências para uma onda não periódica.
Figura 3-26. Espectro de frequências de uma onda não periódica. (Adaptado de: FLOYD e BUCHLA, 1999).
3.12. EXERCÍCIOS:
3.1. Determine a frequência obtida em um gerador tetrapolar que gira a 2400 rpm.
3.2. Determine o período do ciclo para um sinal senoidal de frequência 60 Hz e de 1000 Hz.
3.3. Determine o tempo necessário para uma senoide de tensão da rede elétrica comercial, percorrer o
trecho compreendido entre 0 rad e /3 rad.
3.4. Determine o tempo que um sinal de tensão senoidal de 60 Hz leva para atingir 25 % do seu valor
máximo e o tempo para atingir seu valor eficaz. (Resp.: 0,67 ms; 2,08 ms).
3.5. Uma corrente alternada senoidal de valor eficaz 10 A / 60 Hz inicia seu semiciclo no instante t=0
s. Determine os instantes de tempo que a corrente atinge os valores de 5 A em um período.
3.6. Qual o valor máximo de uma tensão senoidal cujo valor é 10 V no instante t=4 ms, sendo sua
frequência 100 Hz.
3.7. Para uma tensão alternada senoidal cujo valor eficaz é 220 V / 60 Hz, determine:
a) Período, velocidade angular, valor de pico, pico a pico e médio;
b) Valor instantâneo para t = 10 ms. (Resp.: -182V)
c) Valor instantâneo na posição angular = 60o; (Resp.: 269,4V).
3.8. Para cada uma das funções abaixo determine os valores de pico e eficaz, a frequência e o período.
a) 𝑣1 (𝑡) = 50𝑠𝑒𝑛(100𝑡) 𝑉. Resp.: 62,8 ms.
b) 𝑖1 (𝑡) = 2,5𝑠𝑒𝑛(300𝑡) 𝐴. Resp.: 20,9 ms.
3
v1(t)
2
tensão (V), corrente (A)
1
i2(t)
0
-1
-2
-3
-4
-5
-6
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
tempo (ms)
5
4
Figura 3-29. Telas de osciloscópio do exercício 3.13 (Adaptado: NAKASHIMA, K. Valor médio e eficaz. 2008).
3.14. Determine o fator de forma para uma tensão alternada senoidal com valor médio de meio ciclo
igual a 25 V e valor eficaz 32 V.
3.15. Determine o fator de forma de uma onda de tensão alternada triangular com amplitude 10V e
frequência de 1 kHz.
3.16. Determine os fatores de forma, crista e ondulação das formas de onda da Figura 3-29 e Figura
3-30.
Figura 3-30. Gráficos para o exercício 3.16 (Adaptado de: NAKASHIMA, K. Valor médio e eficaz. 2008.).
3.17. A Figura 3-31 apresenta diversas telas de osciloscópio. Determine os parâmetros dos sinais e
calcule os fatores de forma, de crista e de ondulação das formas de onda.
Figura 3-31. Telas de osciloscópio do exercício 3.17 (Adaptado: NAKASHIMA, K. Valor médio e eficaz. 2008).
4. NÚMEROS COMPLEXOS
Para a análise dos circuitos de corrente alternada senoidal, assim como na análise dos circuitos
de corrente contínua, as tensões e correntes devem ser operadas algebricamente. Esta tarefa se torna
trabalhosa quando operamos algebricamente funções senoidais na forma trigonométrica. O uso de
números complexos permite relacionar funções senoidais e se constitui numa técnica prática, fácil e
precisa de se operar algebricamente essas funções. Os números complexos permitem a análise de
circuitos de corrente alternada usando-se os mesmos procedimentos e teoremas adotados na análise de
circuitos de corrente contínua.
𝑗 2 = −1 ↔ 𝑗 = √−1
Pode-se utilizar o operador imaginário para solucionar a equação do primeiro exemplo:
𝑥 = ±√−4 ∉ ℝ
𝑥 = ±√4 ∙ √−1
𝑥 = ±2 ∙ √−1
𝑥 = ±2 ∙ 𝑗
𝑥 = ±𝑗2 ∈ 𝕀𝑚
Há, portanto duas soluções para a equação: 𝑥′ = +𝑗2 e 𝑥′′ = −𝑗2.
Essas soluções pertencem ao Conjunto dos Números Imaginários (𝕀𝒎). Os números
imaginários são formados pelos números reais multiplicados pelo operador imaginário (𝑗).
Também pode-se utilizar o operador imaginário para solucionar o sistema de equações do
segundo exemplo:
𝑦 = −4 ± 3√−1 ∉ ℝ
𝑦 = −4 ± 3 ∙ 𝑗
𝑦 = −4 ± 𝑗3 ∈ ℂ
𝑥 = 8 + (−4 ± 3√−1) ∉ ℝ
𝑥 =4±3∙𝑗
𝑥 = 4 ± 𝑗3 ∈ ℂ
Neste caso, a solução é composta por uma parte onde o número é real (4 ∈ ℝ), e outra parte
cujo número é imaginário (±𝑗3 ∈ 𝕀𝑚). Esses números compostos pertencem ao Conjunto dos
Número Complexos (ℂ), que envolvem todos os números reais e o conjunto dos números imaginários.
3
Muitas bibliografias utilizam a letra (𝑖) para representação dos números imaginários. Na área de circuitos
elétricos é utilizada a letra (𝑗) para não causar confusão com a simbologia usada para a corrente.
O conjunto dos números complexos contém o conjunto dos números reais e imaginários. Portanto, todos
os conjuntos numéricos estão contidos no conjunto dos números complexos, como ilustra a Figura 4-2.
A hipotenusa (𝑧) representa a distância do ponto complexo (𝐶̇ ) em relação à origem do plano.
+3 C = 5 +j3
x, Re
+5
C = -4 + j8 y, Im
+8
x, Re
-4
y, Im
+4
x, Re
-4 C = 4 – j4
𝐶̇ = 𝑧 ∠ 𝜃
Onde:
𝐶̇ : número complexo na forma polar;
𝑧: módulo do vetor radial traçado desde a origem do plano até o ponto complexo (𝐶̇ );
𝜃: ângulo descrito desde o eixo real (𝑥) até o vetor radial (𝑧), chamado de argumento;
∠: símbolo para indicar a forma polar (lê-se “com ângulo”).
Assim,
Um número complexo na forma polar é composto por um vetor (módulo) e um ângulo (argumento).
O ângulo do argumento (𝜃) é sempre obtido a partir do eixo das abscissas (𝑥), sendo adotada
a seguinte convenção:
Ângulos positivos (+𝜃) são medidos no sentido anti-horário a partir do eixo real (𝑥).
Ângulos negativos (−𝜃) são medidos no sentido horário a partir do eixo real (𝑥).
O ângulo do argumento de um número complexo na forma polar pode ser representado em
graus ou radianos.
A forma polar também é chamada de forma trigonométrica, forma radial ou de forma de
engenharia.
Observação: Um número complexo na forma polar com sinal negativo à frente indica uma direção
oposta, ou seja:
−𝐶̇ = −(𝑧 𝜃) = 𝑧 (𝜃 ± 180°)
y, Im
C = 530o
z=5
= 30o x, Re
y, Im
x, Re
= 30o
z=5 C = 5-30o
z=5
C = 5210o
Como 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 é o cateto adjacente 𝑥 e 𝑗𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 é o cateto oposto 𝑦 do triângulo formado pelo
ponto 𝐶̇ da Figura 4-3, então a forma de Euler é equivalente à forma retangular:
𝑧 ∙ 𝑒 ±𝑗𝜃 = 𝑥 + 𝑗𝑦
Importante: O ângulo 𝜽 deve ser representado em radianos na forma de Euler.
Para converter um número complexo da forma retangular para a forma polar, desejamos obter
a hipotenusa 𝑧 e o ângulo do argumento 𝜃, a partir do cateto adjascente 𝑥 (parte real) e do cateto oposto
𝑦 (parte imaginária) do triângulo retângulo formado pelas projeções do ponto 𝐶̇ nos eixos do plano
cartesiano complexo, como ilustra a Figura 4-3. Essa conversão pode ser feita por meio das relações
trigonométricas.
Do Teorema de Pitágoras 𝑧 2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 obtém-se a hipotenusa, que é o módulo 𝑧 do número
complexo 𝐶̇ :
𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2
A tangente do ângulo 𝜃 é a relação entre o cateto oposto 𝑥 e o cateto adjascente 𝑦:
𝑦
𝑡𝑔𝜃 =
𝑥
Portanto, o ângulo do argumento 𝜃 é obtido pelo inverso da tangente (arcotangente):
𝑦
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( )
𝑥
Assim o número complexo 𝐶̇ na forma polar é obtido por:
𝑦
𝐶̇ = 𝑧∠𝜃 = (√𝑥 2 + 𝑦 2 ) ∠ (𝑡𝑔−1 )
𝑥
Na forma polar, o ângulo pode ser representado em graus ou radianos.
Exemplo 4-3. Converta os números complexos da forma retangular para a forma polar:
a) 𝐶̇ = 60 + 𝑗80:
𝑦 −5
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 𝑡𝑔−1 ( ) = −45°
𝑥 5
𝐶̇ = 5√2 ∠ − 45°
c) 𝐶̇ = −5 + 7𝑗:
𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2 = √(−5)2 + 72 = 8,6
𝑦 7
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 𝑡𝑔−1 ( ) = −54,46°
𝑥 −5
Como o número pertence ao segundo quadrante o ângulo deve ser corrigido, acrescentando-
se 180°:
𝐶̇ = 8,6∠ − 54,46° + 180°
𝐶̇ = 8,6∠ + 125,54°
d) 𝐶̇ = −3 − 4𝑗:
𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2 = √(−3)2 + (−4)2 = 5
𝑦 −4
𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 𝑡𝑔−1 ( ) = 53,13°
𝑥 −3
Como o número pertence ao terceiro quadrante o ângulo deve ser corrigido, acrescentando-
se 180°:
𝐶̇ = 5∠ 53,13° + 180°
𝐶̇ = 5 ∠ + 233,13° = 5 ∠ − 126,87°
Importante:
Se o número complexo pertencer ao segundo ou ao terceiro quadrantes, o ângulo deve ser
corrigido acrescentando-se 180°.
Nas calculadoras científicas, a transformação da forma retangular para a forma polar não
necessita de correção.
Para converter um número complexo da forma polar para a forma retangular, deve-se obter o
cateto adjacente 𝑥 (parte real) e o cateto oposto 𝑦 (parte imaginária) a partir da hipotenusa 𝑧 e do ângulo
do argumento 𝜃 do triângulo retângulo formado pelas projeções do ponto 𝐶̇ nos eixos do plano cartesiano
complexo, como ilustra a Figura 4-3. Essa conversão pode ser feita usando as relações trigonométricas.
O cosseno do ângulo 𝜃 é a relação entre o cateto adjacente 𝑥 e a hipotenusa 𝑧:
𝑥
𝑐𝑜𝑠𝜃 =
𝑧
Portanto, a parte real é obtida por:
𝑥 = 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃
O seno do ângulo 𝜃 é a relação entre o cateto oposto 𝑦 e a hipotenusa 𝑧:
𝑦
𝑠𝑒𝑛𝜃 =
𝑧
Assim, a parte imaginária é obtida por:
𝑦 = 𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃
Portanto, o número complexo 𝐶̇ na forma retangular é obtido por:
𝐶̇ = 𝑥 + 𝑗𝑦 = (𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃) + 𝑗(𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃)
Todos os sinais devem ser considerados nos cálculos e nas representações dos números
complexos.
Exemplo 4-4. Converta os números complexos da forma polar para a forma retangular:
a) 𝐶̇ = 200 ∠ 60°:
𝑥 = 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 200 ∙ 𝑐𝑜𝑠60° = 100
𝑦 = 𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 200 ∙ 𝑠𝑒𝑛60° = 173,20
𝐶̇ = 100 + 𝑗173,20
b) 𝐶̇ = 30 ∠ − 240°:
𝑥 = 𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 30 ∙ 𝑐𝑜𝑠 − 240° = −15
𝑦 = 𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 30 ∙ 𝑠𝑒𝑛 − 240° = 25,98
𝐶̇ = −15 + 𝑗25,98
c) 𝐶̇ = −(5 ∠53,13°):
𝑥 = −𝑧 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = −5 ∙ 𝑐𝑜𝑠53,13° = −3
𝑦 = −𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = −5 ∙ 𝑠𝑒𝑛53,1° = −4
𝐶̇ = −3 − 𝑗4
𝑗 = √−1
Portanto:
𝑗 2 = −1
Fazendo:
1 1 𝑗 𝑗 𝑗
𝑗 −1 = = ∙( )= 2 = = −𝑗
𝑗 𝑗 𝑗 𝑗 −1
Portanto, o inverso do operador imaginário troca de sinal:
1
𝑗 −1 = = −𝑗
𝑗
O produto do operador imaginário pelo seu oposto é igual à unidade (1):
𝑗
𝑗 ∙ (−𝑗) = = 1
𝑗
A adição ou subtração algébrica de números complexos deve ser feita sempre na forma
retangular. Não se somam ou se subtraem números complexos na forma polar. Se os números estiverem
na forma polar, devem primeiramente serem transformados para a forma retangular.
A soma (ou subtração) algébrica de números complexos é feita na forma retangular.
A regra para soma ou subtração de números complexos na forma retangular é:
Somam-se (ou subtraem-se) separadamente as partes reais e as partes imaginárias.
Assim:
𝐶1̇ ± 𝐶2̇ = (𝑥1 + 𝑗𝑦1 ) ± (𝑥2 + 𝑗𝑦2 ) = (𝑥1 ± 𝑥2 ) + 𝑗(𝑦1 ± 𝑦2 )
Importante: Todos os sinais devem ser sempre corretamente considerados.
Propriedade: Seja a soma de um número complexo pelo seu conjugado. Então
𝐶̇ + 𝐶̇ ∗ = (𝑥 + 𝑗𝑦) + (𝑥 − 𝑗𝑦) = 2𝑥
Exemplo 4-6. Efetue as operações algébricas com números complexos, sendo 𝐶1̇ = 3 + 𝑗4 e 𝐶2̇ = 5 +
𝑗6:
a) 𝐶3̇ = 𝐶1̇ + 𝐶2̇ :
𝐶3̇ = 𝐶1̇ + 𝐶2̇ = (3 + 𝑗4) + (5 + 𝑗6) = (3 + 5) + 𝑗(4 + 6) = 8 + 𝑗10
b) 𝐶4̇ = 𝐶1̇ − 𝐶2̇ :
𝐶4̇ = 𝐶1̇ − 𝐶2̇ = (3 + 𝑗4) − (5 + 𝑗6) = (3 − 5) + 𝑗(4 − 6) = −2 − 𝑗2
∗
c) 𝐶5̇ = 𝐶1̇ + 𝐶2̇ :
∗
𝐶5̇ = 𝐶1̇ + 𝐶2̇ = (3 + 𝑗4) + (5 − 𝑗6) = (3 + 5) + 𝑗(4 − 6) = 8 − 𝑗2
Exemplo 4-7. Efetue as operações algébricas com números complexos, sendo 𝐶1̇ = 10∠45° e 𝐶2̇ =
20∠30°.
a) 𝐶3̇ = 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ :
𝐶3̇ = 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (10∠45°) ∙ (20∠30°) = 200∠75°
∗
b) 𝐶4̇ = 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ :
∗
𝐶4̇ = 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ = (10∠ − 45°) ∙ (20∠30°) = 200∠ − 15°
Exemplo 4-8. Efetue as operações algébricas com números complexos, sendo 𝐶1̇ = 10∠45° e 𝐶2̇ =
20∠30°.
a) 𝐶3̇ = 𝐶1̇ /𝐶2̇ :
𝐶1̇ (10∠45°)
𝐶3̇ = = = 0,5∠15°
𝐶2̇ (20∠30°)
∗
b) 𝐶4̇ = 𝐶2̇ /𝐶1̇ :
𝐶2̇ (20∠30°)
𝐶4̇ = ∗ == = 2∠75°
𝐶1 (10∠ − 45°)
4.7. EXERCÍCIOS
4.1. Represente os números complexos em um mesmo plano cartesiano e obtenha a forma polar:
a) 𝐶1̇ = 5 + 𝑗2;
b) 𝐶2̇ = 4 − 𝑗3;
c) 𝐶3̇ = −3 + 𝑗4;
d) 𝐶4̇ = −5 − 𝑗5;
e) 𝐶5̇ = 4 + 𝑗0;
f) 𝐶6̇ = 𝑗√4;
4.2. Represente os números complexos num mesmo plano cartesiano e obtenha a forma retangular:
a) 𝐶1̇ = 5∠30°;
b) 𝐶2̇ = 2∠180°;
c) 𝐶3̇ = −4∠45°;
d) 𝐶4̇ = 3∠ − 60°;
e) 𝐶5̇ = 2∠280°;
f) 𝐶6̇ = 5∠90°;
4.3. Faça as operações algébricas com os números complexos:
a) 𝐶1̇ = (6 + 𝑗5) + (2 − 𝑗);
b) 𝐶2̇ = (6 − 𝑗2) − (4 + 𝑗3);
c) 𝐶3̇ = (−6 + 𝑗5) ∙ (2 − 2𝑗);
d) 𝐶4̇ = (10 + 𝑗8)/(1 − 1𝑗);
e) 𝐶5̇ = (6 + 𝑗5)2 + (2 − 2𝑗);
4.4. Seja 𝐶1̇ = 2∠135° , 𝐶2̇ = 4∠60° , 𝐶3̇ = 1∠ − 30° e 𝐶4̇ = 3 − 𝑗4, calcule:
a) 𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ / 𝐶3̇ ;
b) 𝐶1̇ + 𝐶2̇ − 𝐶3̇ ;
∗
c) 𝐶1̇ ∙ 𝐶3̇ − 𝐶2̇ ;
2
d) (𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ ) / 𝐶3̇ ;
e) √𝐶2̇ / 𝐶4̇ .
4.5. Dados os complexos 𝐶1̇ = 3 + 𝑗4 e 𝐶2̇ = 6 − 𝑗8, determine:
a) |𝐶1̇ ∙ 𝐶2̇ |;
b) |𝐶1̇ /𝐶2̇ |;
c) |𝐶1̇ − 𝐶2̇ |;
d) |(2𝐶̇1 + 𝐶2̇ )/(𝐶1̇ + 𝐶2̇ )|;
4.6. Calcule 𝑎 e 𝑏, para que (4 + 𝑗5) − (−1 + 𝑗3) = 𝑎 + 𝑏.
4.7. Determine o conjugado de:
a) 𝐶1̇ = (3 + 𝑗) − (2 + 𝑗5);
b) 𝐶2̇ = (1 − 𝑗) + (3 + 3𝑗) ∙ (−2𝑗);
4.8. Determine o 𝐶 ℂ, tal que: 2𝐶 + 3𝐶 ∗ = 4 − 𝑗.
4.9. Prove matematicamente (de forma literal, sem números) que o produto de um número complexo
na forma polar pelo seu conjugado é um número real igual ao módulo ao quadrado.
5.1. INTRODUÇÃO
As tensões e correntes alternadas senoidais podem ser representadas no domínio do tempo
pelas expressões trigonométricas:
• Tensão instantânea: 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 )
• Corrente instantânea: 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 )
Estas expressões trigonométricas domínio do tempo, não permitem métodos práticos para a
análise de circuitos elétricos, pois não são fáceis de serem algebricamente operadas. Por exemplo, para
determinar uma potência é necessário do produto entre a tensão e a corrente. Porém, essa operação
matemática usando as expressões trigonométricas não é trivial, como demonstra o Exemplo 5-1.
Exemplo 5-1. Obtenha a equação da potência elétrica instantânea 𝑝(𝑡) multiplicando a tensão
instantânea 𝑣(𝑡) = 20 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡) 𝑉 pela corrente instantânea 𝑖(𝑡) = 3 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡 + 60°) 𝐴.
Solução:
𝑝(𝑡) = 𝑣(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡)
𝜋 𝜋
𝑝(𝑡) = 20 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡) ∙ 3 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (100𝑡 + ) = 60 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (100𝑡 + )
3 3
Para essa operação é necessário utilizar as chamadas identidades trigonométricas. Algumas
delas são apresentadas no Anexo 12.1. Para o produto entre dois senos deve ser utilizada a seguinte
identidade trigonométrica:
1
𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽) = [cos(𝛼 − 𝛽) − cos (𝛼 + 𝛽)]
2
𝜋
No produto dado, 𝛼 = (100𝑡) e 𝛽 = (100𝑡 + 3 ). Então:
𝜋
𝑝(𝑡) = 60 ∙ 𝑠𝑒𝑛(100𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (100𝑡 + ) = 60 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽)
3
Substituindo:
1
𝑝(𝑡) = 60 { [cos(𝛼 − 𝛽) − cos(𝛼 + 𝛽)]}
2
1 𝜋 𝜋
𝑝(𝑡) = 60 { [cos (100𝑡 − (100𝑡 + )) − cos (100𝑡 + (100𝑡 + )]} =
2 3 3
𝜋 𝜋 𝜋
𝑝(𝑡) = 30 [cos(− ) −cos (200𝑡 + )] = 30 [0,5 − 𝑐𝑜𝑠(200𝑡 + )]
3 3 3
𝜋
𝑝(𝑡) = 15 − 30𝑐𝑜𝑠(200𝑡 + )
3
Portanto, como demonstra o Exemplo 5-1, um simples produto entre uma tensão e uma
corrente no domínio do tempo não é uma operação matemática trivial. O mesmo ocorre para somas e
subtrações entre tensões e correntes, necessárias para aplicar as Leis de Kirchhoff na análise dos
circuitos elétricos.
Este capítulo apresenta um método para representação de sinais senoidais de mesma
frequência que facilita as operações matemáticas necessárias à análise dos circuitos de corrente alternada
senoidal. Esse método é chamado Representação Fasorial de Sinais Senoidais.
5.2. FASOR
Do estudo da Física, sabemos que um ponto se deslocando em um movimento circular
uniforme (movimento harmônico) pode ser representado através de suas projeções num plano cartesiano
formando uma senoide, como ilustra a Figura 5-1.
Um movimento harmônico giratório pode ser descrito por uma senoide.
A recíproca também é verdadeira, ou seja, uma senoide pode ser representada pelas projeções
de seus pontos como um vetor radial girando em um movimento circular uniforme no sentido anti-
horário.
Uma senoide pode ser descrita por um vetor em movimento giratório.
Cada ponto de uma senoide pode ser representado por um vetor radial de módulo constante
em uma determinada posição, como indicado na Figura 5-1. O módulo do vetor radial é igual à amplitude
(valor de pico) da senoide. À medida que a senoide é descrita, o vetor radial gira assumindo diferentes
posições. Quando a senoide completa um ciclo, o vetor girante descreveu um giro completo e se
encontra novamente na mesma posição inicial. Como o ciclo da senoide é descrito no intervalo de tempo
de um período (𝑇), o vetor girante completou uma volta no mesmo período da senoide. Portanto, para
uma determinada frequência 𝑓 da onda senoidal, o movimento harmônico do vetor girante possui a
mesma frequência.
O vetor radial de módulo igual à amplitude gira no sentido anti-horário com a mesma frequência e
velocidade angular da senoide.
v(t)
90o
+VP
o o
120 60
90o C C
150o 30o
210o 240o270o300o 330o 360o
o
180 VP 0 o
0 o
30 o o o o o
60 90 120 150 180 o
=t
(o, rad)
210o 330o
240o 300o
270o -VP
Figura 5-2(a). Por outro lado, a Figura 5-2(b) ilustra que, se o ciclo da senoide iniciar atrasado em relação
à origem (à direita) o ângulo de fase inicial (𝜃) é negativo e a posição inicial do vetor é representada no
quarto quadrante.
Como o vetor radial girante analisado:
• Gira com velocidade igual à frequência angular (𝜔) da senoide de origem;
• Descreve uma volta completa a cada período (𝑇) da senoide de origem;
• Tem a mesma frequência (𝑓) da senoide de origem;
• Possui um módulo correspondente à amplitude (valo de pico) da senoide de origem;
• Parte de uma posição angular inicial correspondente ao ângulo de fase (𝜃) da senoide;
Portanto o vetor radial girante possui os mesmos parâmetros que descrevem a senoide de
origem. Se for conhecida a frequência angular (𝜔), ou a frequência (𝑓) ou o período (𝑇), então todos
esses parâmetros são conhecidos e a senóide pode ser descrita apenas pelo módulo do vetor radial girante
(correspondente à amplitude) e o ângulo de fase. Um vetor radial girante descrito pela amplitude e
ângulo de fase de uma senoide em uma determinada frequência é chamado de Fasor.
Fasor é um vetor radial girante descrito pela amplitude e ângulo de fase de uma senoide em uma
determinada frequência.
Assim, as tensões e correntes senoidais podem ser representadas por vetores radiais girantes,
chamados de Fasor Tensão e Fasor Corrente, como ilustra a Figura 5-2.
v( t)
VP
VP
V0 V0
t
-
(a)
v( t)
VP
-
t
V0
V0
VP
(b)
Figura 5-2. Angulo inicial do vetor radial girante: (a) adiantado, positivo; (b) atrasado, negativo [3].
Um fasor é representado graficamente no plano cartesiano por seu módulo e ângulo de fase.
Essa representação gráfica é chamada de diagrama fasorial. A Figura 5-3 ilustra a representação gráfica
de um fasor de tensão no plano cartesiano e suas projeções nos eixos horizontal (𝑥) e vertical (𝑦). A
projeção do fasor no eixo vertical é um cateto oposto ao ângulo de fase (𝜃) e representa o
comportamento do valor instantâneo de uma função senoidal enquanto o vetor gira, em função de sua
posição angular (𝛼 = 𝜔 ∙ 𝑡). Já a projeção do fasor no eixo horizontal é um cateto adjacente ao ângulo
de fase (𝜃) e corresponde ao comportamento do valor instantâneo uma função cossenoidal. Ou seja:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝜃) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃) 𝑉
v(t)
Projeção y
função senoidal C
v(t) y Vp
Fasor
vetor girante
t
0 x
Exemplo 5-2. Represente o diagrama fasorial das ondas senoidais 𝑣(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(100𝑡 ) 𝑉 e 𝑖(𝑡) =
5𝑠𝑒𝑛(100𝑡 + 45°) 𝐴 e determine a defasagem entre a tensão e a corrente.
Solução: O fasor 𝑉̇ correspondente à tensão deve ser posicionado sobre o eixo 𝑥, pois o seu ângulo de
fase inicial é = 0°, com módulo igual a 10 unidades na escala adotada. O fasor 𝐼 ̇ correspondente à
corrente deve ser posicionado a = 45° a partir do eixo 𝑥 e deve ter módulo igual a 5 unidades na escala
adotada. A Figura 5-4 apresenta o diagrama fasorial resultante.
A defasagem entre a tensão é a corrente é 𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0 − 45° = −45°, ou seja, a tensão
está atrasada de 45° da corrente.
Exemplo 5-3. Uma tensão senoidal é representada por um fasor com módulo de 10 𝑉 e descreve uma
rotação completa em 0,02 𝑠 partindo da posição inicial −30°.
a) Represente graficamente o diagrama fasorial e a onda senoidal da tensão;
b) Determine o ângulo em que a tensão é 10 𝑉.
c) Determine a frequência angular e a expressão matemática tensão instantânea;
d) Calcule o valor da tensão para o instante 𝑡 = 0 𝑠;
Solução: O fasor é representado por um vetor com módulo de 10 𝑉, fazendo um ângulo de −30° com
o eixo horizontal do plano cartesiano. Como o ângulo de fase é 𝜃 = −30°, a onda da senoide inicia o
semiciclo positivo atrasada (à direita) da origem, na posição angular 𝛼 = +30°, com valor de pico
correspondente ao módulo do fasor. A Figura 5-5 ilustra a representação gráfica do fasor e da forma de
onda resultante.
Como uma rotação é completada após um período 𝑇 = 0,02 𝑠, a frequência angular é:
2𝜋 2𝜋
𝜔 = 2𝜋𝑓 = = = 100𝜋 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑇 0,02
A função instantânea para a tensão é, então:
𝜋
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃) = 10𝑠𝑒𝑛 (100𝜋 ∙ 𝑡 + ) 𝑉
6
No instante 𝑡 = 0 𝑠 a função senoidal assume o valor:
𝜋 𝜋
𝑣(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛 (100𝜋 ∙ 0 + ) = 10𝑠𝑒𝑛 ( ) = 10 ∙ (−0,5) = −5 𝑉
6 6
O valor inicial da tensão também pode ser obtido por meio da projeção do fasor sobre o eixo
vertical (𝑦) do diagrama fasorial:
𝑣(0) = 10 ∙ 𝑠𝑒𝑛(−30°) = −5 𝑉
y v(t)
+10 •
t(o)
•
-30o 0 30o 120o 210o 390o
v(0)=-5
•
10 -5
(a) • (b)
-10
Figura 5-5. Solução do Exemplo 5-3: (a) diagrama fasorial e (b) forma de onda
𝑉𝑝
𝑉𝑒𝑓 = = 0,707 ∙ 𝑉𝑝
√2
Então o valor de pico e o valor eficaz podem ser determinados um em função do outro, sem
prejuízo à representação do fasor.
Um fasor é representado por um número complexo na forma polar, onde o módulo é o valor eficaz e o
argumento é o ângulo de fase da onda senoidal
Na análise de circuitos elétricos de corrente alternada senoidal essa convenção para
representação dos fasores é mais conveniente, pois facilita a interpretação e a análise matemática.
y – eixo imaginário
y
z
hipotenusa cateto oposto
x – eixo real
0 x
cateto adjacente
Exemplo 5-4. Dadas as tensões e correntes no domínio do tempo, determine seus fasores na forma polar
e trace o diagrama fasorial.
𝑉̇2 = 10∠45° 𝑉
𝐼1̇ = 5,66∠30° 𝐴
𝑉1̇ = 8,48∠0° 𝑉
𝐼2̇ = 3,54∠ − 30° 𝐴
Exemplo 5-5. Transforme as funções do domínio do tempo para o domínio fasorial e represente os
fasores nas formas polar e retangular.
a) 𝑣1 (𝑡) = 311𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 45°) 𝑉 → 𝑉1̇ = 220∠ − 45° 𝑉 → 𝑉1̇ = 155,5 − 𝑗155,5 𝑉
𝜋 𝜋
b) 𝑣2 (𝑡) = 15√2𝑠𝑒𝑛 (200𝜋𝑡 + 6 ) 𝑉 → 𝑉̇2 = 15∠ 6 𝑉 → 𝑉1̇ = 13 + 𝑗7,5 𝑉
𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠ ± 𝜃 𝑉̇ = 𝑥 ± 𝑗𝑦
𝑦
𝑉𝑒𝑓 = √𝑥 2 + 𝑦 2 ; 𝜃 = 𝑡𝑔−1
𝑥
FORMA POLAR FORMA RETANGULAR
Figura 5-8. Transformação de polar para retangular e vice-versa.
Na notação fasorial a função seno é sempre a referência e a frequência é uma informação
implícita, não sendo representada. É importante ter em mente que a álgebra fasorial é aplicável somente
para fasores de mesma frequência.
As operações matemáticas somente são permitidas entre fasores de mesma frequência
O diagrama fasorial permite operações de adição e subtração. Elas podem ser realizadas
pelo mesmo processo usado para soma e subtração de vetores, como por exemplo a Decomposição de
Vetores ou o Método do Paralelogramo, como ilustra Figura 5-9.
Y Z
X
Figura 5-9. Soma de fasores pelo método do paralelogramo.
Analiticamente, o fasor resultante 𝑍 da soma dos fasores 𝑋 e 𝑌 é dada pela equação:
𝑍 = √𝑋 2 + 𝑌 2 + 2 ∙ 𝑋 ∙ 𝑌 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛼
Onde (𝛼) é o ângulo entre os fasores 𝑋 e 𝑌. O ângulo do fasor resultante 𝑍 em relação ao eixo
horizontal é determinado por:
𝑌 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼
𝜑 = 𝑡𝑎𝑛−1 ( )
𝑋 + 𝑌 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛼
80
60
40
20
tensão (V)
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-20
-40
-60
-80
graus
v1 v2 v1+v2 v1-v2
Exemplo 5-8. Some os fasores do Exemplo 5-7 graficamente e aplicando as equações trigonométricas
do método do paralelogramo.
Solução: Dados os fasores 𝑉1̇ = 20∠45° V e 𝑉̇2 = 40∠ − 30° V, o módulo resultante para a soma pelo
método do paralelogramo é dado por:
V1
20
+45o
-6,85o
o
-30
+23,15o 49,13 V1+V2
40
V2
5.6. EXERCÍCIOS:
5.1. Determine os fasores das funções senoidais (forma polar):
a) 𝑣1 (𝑡) = 15 ∙ 𝑠𝑒𝑛(120𝑡 + 30°) 𝑉
b) 𝑣2 (𝑡) = 12√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(120𝑡 − 90°) 𝑉
c) 𝑖1 (𝑡) = 10 ∙ 𝑠𝑒𝑛(120𝑡) 𝐴
𝜋
d) 𝑖2 (𝑡) = 5√2 ∙ 𝑐𝑜𝑠 (120𝑡 + 4 ) 𝐴
5.2. Dados os fasores 𝑉1̇ = 100∠0° 𝑉, 𝑉̇2 = 50∠ − 30° 𝑉 e 𝐼1̇ = 10∠45° 𝐴 para 𝑓 = 100 𝐻𝑧.
a) Determine as funções instantâneas;
b) Faça a soma e a subtração das tensões e determine a função instantânea resultante;
c) Divida cada tensão pela corrente e represente o valor resultante na forma retangular;
10
V1
/4
0
-7/12
7
V2
60
40
0
0 5 10 15 20 25 30
-20
-40
-60
tempo (s)
v1 v2
iii)
Figura 5-13. Gráfico para o exercício 5.4.
160
120
80
tensão (V), corrente (A)
40
0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016 0,018 0,02 0,022 0,024 0,026 0,028 0,03
-40
-80
-120
-160
tempo (s)
v1 v2 i1
iv)
Figura 5-14. Gráfico para o exercício 5.4.
Frequência f = 200 Hz
10
8
6
tensão (V), corrente (A)
4
2
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-2
-4
-6
-8
-10
ângulo (graus)
v1 v2 i1
v)
Figura 5-15. Gráfico para o exercício 5.4.
Um princípio da física afirma que toda causa produz um efeito, e esse efeito não ocorre sem
uma oposição, ou seja, a relação entre causa e efeito é uma oposição. Matematicamente:
Causa
Oposição=
Efeito
Essa relação é uma generalização da Lei de Ohm. Nos elementos dos circuitos elétricos a
causa pode ser entendida como a tensão aplicada, enquanto o efeito é o estabelecimento da corrente
elétrica. A oposição decorre da reação de uma resistência elétrica, por exemplo.
Neste capítulo será estudado o comportamento dos componentes passivos dos circuitos
elétricos (resistores, capacitores e indutores) quando submetidos a tensões e correntes alternadas
senoidais. A onda senoidal tem particular importância, pois associa naturalmente fenômenos físicos e
matemáticos relacionados aos circuitos elétricos. Sua forma senoidal não é afetada pelo comportamento
dos componentes passivos, ou seja, uma tensão senoidal sobre um resistor, capacitor ou indutor
produzirá uma corrente também senoidal. Com base na Lei de Ohm, serão analisadas as relações entre
tensões e correntes senoidais e as características da oposição oferecida pelos componentes passivos, seu
tratamento matemático e a influência da frequência em regime permanente. Essa análise é chamada de
resposta senoidal dos elementos passivos em regime permanente. O regime permanente ou
estacionário é a condição operacional dos circuitos elétricos atingida após o comportamento transitório.
O estudo da resposta senoidal em regime permanente e seu tratamento matemático, associado
ao uso da representação fasorial para tensões e correntes senoidais, permite que a análise dos circuitos
de corrente alternada seja feita a partir dos mesmos procedimentos e teoremas utilizados para a análise
dos circuitos de corrente contínua.
+ -
R
I
Figura 6-1. Tensão e corrente em um resistor.
A Segunda Lei de Ohm afirma que a resistência de um resistor é determinada por suas
características construtivas, ou seja:
𝜌∙ℓ
𝑅=
𝐴
Onde:
𝑅: resistência elétrica do resistor [];
𝜌: resistividade elétrica do material [m];
ℓ: comprimento do elemento resistivo [m];
𝐴: seção transversal do elemento resistivo [m2].
Seja o circuito da Figura 6-2, onde uma fonte de tensão alternada senoidal é aplicada aos
terminais de um resistor ôhmico 𝑅. Como a tensão varia senoidalmente, a corrente varia
proporcionalmente no tempo, uma vez que a resistência é uma constante determinada por suas
características construtivas4.
i(t)
~ v(t) R
4
A resistência é uma constante para os resistores ôhmicos (lineares). A resistência dos resistores não ôhmicos (não
lineares) pode variar em função da tensão, corrente, temperatura, luz etc.
Então:
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣
Portanto, a defasagem entre a tensão e a corrente nos terminais do resistor (𝜙𝑅 ) é nula:
𝜙𝑅 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0
A única diferença existente entre as funções senoidais 𝑣(𝑡) e 𝑖(𝑡) é o valor de pico. Isto ocorre
porque no resistor a corrente é diretamente proporcional à tensão. Portanto, não há diferença nos ângulos
de fases das duas funções, como ilustra a Figura 6-3. Como os ângulos de fase são iguais, a tensão e a
corrente estão em fase, ou seja, a defasagem é nula.
Nos terminais do resistor a corrente está sempre em fase com a tensão.
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣 → 𝜙𝑅 = 0
v(t)
i(t) +VP
+VP
+IP
+IP
3/4 2
o oo o o
210 240 270 300 330 360o
0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o =t
o
/2 ( , rad)
-IP
-IP
-VP
-VP
Onde:
𝑉𝑒𝑓
𝐼𝑒𝑓 =
𝑅
Assim:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
Como:
𝐼𝑅̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
Portanto, a corrente no resistor é um fasor que possui o mesmo ângulo de fase da tensão, ou
seja, a tensão e a corrente nos terminais do resistor estão em fase:
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣 → 𝜙𝑅 = 0
É importante observar que a análise no domínio fasorial permite obter com maior facilidade
os mesmos resultados da análise no domínio do tempo.
Observação:
Neste material didático são considerados resistores ideais, ou seja, sua resistência é
constante e independente da frequência. Entretanto, em condições reais a resistência pode variar em
função de diversos parâmetros, como tensão, corrente, temperatura, luz etc. A resistência também pode
variar para determinadas faixas de frequência. O gráfico da Figura 6-4 ilustra o comportamento da
resistência dos resistores de filme de carbono em função da frequência. Esse comportamento é
decorrente das características construtivas reais do resistor, que gera uma pequena indutância e
capacitância parasitas as quais são sensíveis à frequência. Geralmente esse efeito é insignificante para
baixas frequências. Porém, para frequências na faixa de mega-hertz (MHz), o valor da resistência varia
de forma diferente para cada resistor e esse comportamento deve ser considerado.
R
(% do valor
nominal)
f (escala logarítmica)
Figura 6-4. Comportamento da resistência em função da frequência [Fonte: Boylestad, 2003].
Exemplo 6-1. Uma tensão senoidal de 12 V de valor eficaz e 60 Hz, com ângulo de fase inicial zero, é
aplicada a um resistor de 6 :
a) Determine a expressão trigonométrica da tensão instantânea e o fasor da tensão;
b) Determine a expressão trigonométrica da corrente instantânea e o fasor da corrente;
c) Trace as formas de onda para 𝑣(𝑡) e 𝑖(𝑡);
20
15
tensão (V), corrente (A)
10
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-5
-10
-15
-20
graus
v(t)x1 i(t)
Figura 6-5. Formas de onda da tensão e corrente em fase para o Exemplo 6-1.
I = 20 o = 120 o
V
Figura 6-6. Diagrama fasorial para o Exemplo 6-1: tensão e corrente em fase no resistor.
6.1.1. Exercícios:
I) II)
Figura 6-7. Circuitos para o Exercício 6.1.1.
(a) (b)
Figura 6-8. Transitório de carga e descarga do capacitor: (a) circuito para análise da carga; (b) circuito para
análise da descarga;
A capacitância 𝐶 de um capacitor é a medida da sua capacidade de armazenar energia no
campo elétrico sob a forma de tensão entre as placas. Matematicamente, a capacitância é a relação entre
a quantidade de carga 𝑄 armazenada e a tensão 𝑉 entre as placas:
𝑄
𝐶=
𝑉
A unidade de capacitância é o farad (𝐹).
O capacitor armazena energia no campo elétrico entre as placas sob a forma de tensão.
Fisicamente, a capacitância depende das características construtivas do capacitor:
𝐴
𝐶=𝜀∙
𝑑
Onde:
𝐶: capacitância do capacitor [F];
𝜀: permissividade elétrica do material dielétrico entre as placas do capacitor [F/m];
𝐴: área das placas metálicas condutoras do capacitor [m2 ];
𝑑: distância entre as placas do capacitor [m].
A energia elétrica (𝐸𝑛) armazenada no capacitor, em joules (𝐽), é determinada por:
𝐶𝑉 2
𝐸𝑛 =
2
A descarga de um capacitor ocorre quando há um circuito para os elétrons da placa negativa
fluírem para neutralizar as cargas da placa positiva, como ilustra a Figura 6-8(b). Enquanto o capacitor
estiver se descarregando, há uma corrente elétrica no circuito. O capacitor só admite corrente em seus
terminais enquanto estiver sendo carregado ou descarregado.
A Figura 6-9 apresenta o comportamento transitório da tensão e da corrente no capacitor para
os circuitos de carga e descarga, ilustrados na Figura 6-8(a) e Figura 6-8(b), respectivamente. No início
do processo de carga, quando o interruptor é acionado no instante 𝑡1 , há um pico de corrente devido à
grande movimentação de cargas. Nesse momento, o capacitor age como um curto-circuito (corrente
máxima, tensão nula). A função do resistor é limitar o pico de corrente no circuito.
O capacitor age como um curto-circuito no início do processo de carga.
Figura 6-9. Transitório de carga e descarga do capacitor: curvas da corrente e tensão no capacitor em função
do tempo.
A tensão no capacitor começa a aumentar exponencialmente até o final do processo de carga,
em 𝑡2 . Quando o capacitor estiver carregado, a partir do instante 𝑡2 , a tensão é máxima e a corrente é
nula. Nessa condição, chamada de regime permanente (ou estacionário), o capacitor age como um
circuito aberto (tensão máxima, corrente nula).
Em tensão contínua constante um capacitor carregado age como um circuito aberto.
Quando o interruptor é acionado para descarga, no instante 𝑡3 , um novo pico de corrente ocorre
devido ao grande fluxo de cargas para neutralização das placas. Esse pico de corrente é limitado pelo
resistor do circuito. A corrente de descarga tem um sentido oposto ao da corrente de carga. Nesse
instante, o capacitor possui tensão entre as placas e fornece corrente ao circuito, agindo como uma fonte
de energia por um pequeno intervalo de tempo.
Um capacitor descarregando age como uma fonte de energia para o circuito elétrico.
Após o instante 𝑡4 o capacitor está descarregado e não há tensão nem corrente no circuito.
Portanto, o capacitor admite corrente no circuito enquanto a tensão estiver variando, ou seja, enquanto
estiver sendo carregado ou descarregado.
O capacitor admite corrente no circuito enquanto a tensão varia.
Essa é uma conclusão importante para o entendimento do comportamento do capacitor em
tensão alternada senoidal.
Matematicamente, a corrente no capacitor em cada instante de tempo é função de sua
capacitância e do comportamento da variação da tensão no tempo:
𝑑𝑣
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 ∙
𝑑𝑡
Onde:
𝑖𝐶 (𝑡): corrente no capacitor em função do tempo [A];
𝐶: capacitância [F];
𝑑𝑣
: comportamento da variação da tensão em função do tempo [V/s].
𝑑𝑡
Essa equação indica que para uma dada capacitância, quanto maior a taxa de variação da
tensão sobre o capacitor, maior a corrente capacitiva. Se a tensão não varia, não há corrente em seus
terminais. Um aumento na frequência corresponde a um aumento na taxa de variação da tensão no
capacitor e a um aumento na sua corrente. A corrente no capacitor é, portanto, diretamente proporcional
à frequência da tensão e ao valor de sua capacitância.
A equação demonstra que o capacitor não admite variações instantâneas bruscas de tensão. Se
𝑑𝑡 → 0, a corrente tende a um valor muito alto (𝑖 → ∞), o que justifica o comportamento de um curto-
circuito no instante inicial de carregamento e a necessidade do resistor em série. Quando o capacitor
está carregado a tensão não varia (𝑑𝑣 → 0) e a corrrente também tende a zero (𝑖 → 0), o que confere o
comportamento de um circuito aberto.
O capacitor se opõe às variações de tensão no circuito.
No capacitor, quando a tensão é máxima, a corrente é nula. Da mesma forma, quando a
corrente é máxima, a tensão é nula, como ilustra a Figura 6-9.
A tensão é nula no capacitor quando a corrente é máxima, e vice-versa.
Como capacitância é uma medida da taxa com que um capacitor armazena carga nas suas
placas, para uma dada variação na tensão sobre o capacitor, quanto maior o valor da sua capacitância,
maior será a corrente capacitiva resultante.
𝑑𝑞 𝑑𝑡 𝑑𝑞 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝐶= ∙ = ∙ = 𝑖(𝑡) ∙
𝑑𝑣 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑣 𝑑𝑣
Assim, a corrente no capacitor em função do tempo depende da variação da tensão:
𝑑𝑣
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 ∙
𝑑𝑡
Isolando a tensão:
1
𝑑𝑣 = ∙ 𝑖(𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝐶
Integrando a equação:
1
∫ 𝑑𝑣 = ∫ ( ∙ 𝑖(𝑡) ∙ 𝑑𝑡)
𝐶
Portanto, a tensão no capacitor em função do tempo é determinada por:
1
𝑣𝐶 (𝑡) = ∫ 𝑖(𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝐶
A integral representa o acúmulo de tensão no capacitor ao longo do tempo.
A Figura 6-10 apresenta um capacitor conectado a uma fonte de tensão alternada senoidal.
Quando o capacitor é submetido a uma tensão alternada senoidal o seu comportamento mantém as
características verificadas nos circuitos de corrente contínua. Como a tensão varia continuamente de
forma senoidal, o capacitor admite corrente continuamente e sua forma também será senoidal, como
ilustra a Figura 6-11.
Uma tensão alternada senoidal produz uma corrente alternada senoidal no capacitor.
i(t)
EFEITO
+
+
Capacitor
v(t)
CAUSA ~- vC(t)
OPOSIÇÃO
vC(t)
iC( t) +V P
+V P
+IP
vC(t)
iC( t) 3/4 2
210 240 270 300 330 360o
o o o o o
i=+90°
-IP
-VP
- VP
Figura 6-11. Corrente e tensão senoidais no capacitor ideal: corrente adiantada de 90 o da tensão.
Na forma fasorial:
𝑉𝑐̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 𝑉
𝐼𝑐̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖 𝐴
Como a onda da corrente está adiantada de 90° da onda da tensão, então:
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 + 90°) 𝐴
𝐼𝑐̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠(𝜃𝑣 + 90°) 𝐴
Assim, o ângulo de fase da corrente nos terminais do capacitor é:
𝜃𝑖 = 𝜃𝑣 + 90°
Portanto, a defasagem entre a onda da tensão e a onda da corrente no capacitor é:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = −90°
A defasagem entre a tensão e a corrente nos terminais do capacitor é 𝜙 = −90°.
A Figura 6-6 apresenta o diagrama fasorial da tensão atrasada de 90° da corrente nos terminais
de um capacitor.
IC
90o
VC
Figura 6-12. Diagrama Fasorial: corrente adiantada de 90 o da tensão nos terminais do capacitor.
A Lei de Ohm afirma que a relação entre uma causa e seu efeito é uma oposição:
Causa
Oposição=
Efeito
Nos elementos dos circuitos elétricos a causa pode ser entendida como a tensão aplicada,
enquanto o efeito é o estabelecimento da corrente elétrica. A oposição representa a reação do circuito
ou componente. Analogamente, no circuito apresentado na Figura 6-10, o capacitor é alimentado por
uma tensão alternada senoidal que produz uma corrente também senoidal. A tensão corresponde à causa
e a corrente é o efeito. A oposição é a medida da reação do capacitor, chamada de reatância capacitiva
𝑿𝒄 , cuja unidade também é o ohm (Ω). Assim, aplicando a Lei de Ohm ao capacitor no domínio fasorial:
𝑉𝑐̇
𝑋𝑐 =
𝐼𝑐̇
Onde:
A reatância capacitiva (𝑋𝑐 ) é expressa por um número imaginário negativo, cujo valor
depende da capacitância (𝐶) e da frequência angular (𝜔).
A reatância capacitiva é um número imaginário negativo.
Como 𝜔 = 2𝜋𝑓, então:
1 1
𝑋𝑐 = =
𝑗𝜔𝐶 𝑗2𝜋𝑓𝐶
Onde:
𝑋𝑐 : reatância capacitiva [Ω];
𝐶: capacitância [F];
𝜔: frequência angular [rad/s];
𝑓: frequência [Hz];
𝑗: operador imaginário (√−1).
Importante: o operador imaginário positivo no denominador é negativo no numerador, pois:
1 1 𝑗 𝑗 𝑗 1
𝑗 2 = −1 → = ∙ = 2= = −𝑗 → = −𝑗
𝑗 𝑗 𝑗 𝑗 −1 𝑗
A reatância capacitiva (𝑋𝑐 ) é inversamente proporcional à capacitância (𝐶) e à frequência (𝑓).
O módulo (valor absoluto) da reatância capacitiva é expresso por:
1 1
|𝑋𝑐 | = =
𝜔𝐶 2𝜋𝑓𝐶
Como a reatância capacitiva é inversamente proporcional à frequência, quanto maior a
frequência, menor o valor da reatância capacitiva (reação do capacitor) e maior será a corrente. Assim,
para frequências muito altas (𝑓 → ∞) o capacitor tende a agir como um curto-circuito (𝑋𝑐 → 0).
Inversamente, para baixas frequências a reatância capacitiva é maior e a corrente será menor. Portanto,
para frequências muito baixas (𝑓 → 0) o capacitor tende a agir como um circuito aberto (𝑋𝑐 → ∞). Por
essa razão, em corrente contínua (𝑓 = 0) após o transitório (em regime permanente) o capacitor é um
circuito aberto, como ilustrado na Figura 6-9.
Para altas frequências o capacitor age como um curto-circuito.
Para baixas frequências o capacitor age como um circuito aberto.
Nos capacitores a variação de tensão entre as suas placas é proporcional ao deslocamento das
cargas elétricas de uma à outra placa (repulsão eletrostática) e à quantidade de energia armazenada no
campo elétrico. A taxa de deslocamento das cargas elétricas determina a velocidade de transferência de
energia para o capacitor e, portanto, representa uma inércia elétrica (oposição) expressa pela reatância
capacitiva.
A reatância capacitiva é a oposição à variação da tensão, que resulta numa troca contínua de
energia entre a fonte e o campo elétrico entre placas do capacitor. Ao contrário do resistor, que dissipa
energia na forma de calor, a reatância capacitiva não dissipa energia (desde que os efeitos da
resistência das placas sejam ignorados).
O capacitor troca energia continuamente entre a fonte e o campo elétrico.
Exemplo 6-2. Determine a reatância de um capacitor de 𝐶 = 440 𝑛𝐹 aplicado a uma tensão senoidal
𝑉𝑐̇ = 50∠0° 𝑉 cujas frequências são 𝑓1 = 60 𝐻𝑧 e 𝑓2 = 10 𝑘𝐻𝑧. Calcule a corrente resultante e a
defasagem.
Solução: aplicando a equação da reatância capacitiva:
1 1 1
𝑋𝑐1 = = = = −𝑗6028,6 Ω
𝑗𝜔1 𝐶 𝑗2𝜋𝑓1 𝐶 𝑗2𝜋 ∙ 60 ∙ 440 ∙ 10−9
1 1 1
𝑋𝑐2 = = = = −𝑗36,2 Ω
𝑗𝜔2 𝐶 𝑗2𝜋𝑓2 𝐶 𝑗2𝜋 ∙ 10 ∙ 103 ∙ 440 ∙ 10−9
O resultado aponta que o capacitor apresenta uma reatância muito maior para a frequência
mais baixa.
Aplicando a Lei de Ohm no domínio fasorial:
𝑉𝑐̇ 𝑉𝑐̇
𝑋𝑐 = → 𝐼𝑐̇ =
𝐼𝑐̇ 𝑋𝑐
A corrente no capacitor será:
𝑉𝑐̇ 50∠0° 50∠0°
̇ =
𝐼𝑐1 = = = 0,0083∠90° 𝐴
𝑋𝑐1 −𝑗6028,6 6028,6∠ − 90°
𝑉𝑐̇ 50∠0° 50∠0°
̇ =
𝐼𝑐2 = = = 1,38∠90° 𝐴
𝑋𝑐2 −𝑗36,2 36,2∠ − 90°
Quando conectado à tensão senoidal, a corrente será muito maior para a frequência maior, e
vice-versa.
A defasagem, em ambos os casos, é dada por:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0 − 90° = −90°
Como a defasagem é negativa, a tensão está atrasada de 90° da corrente no capacitor.
Exemplo 6-3. Uma fonte de tensão eficaz de 12 𝑉 com frequência de 60 𝐻𝑧 e fase inicial nula é aplicada
aos terminais de um capacitor de 𝐶 = 620 𝐹.
a) Determine a forma trigonométrica e fasorial para a tensão aplicada ao capacitor;
b) Determine o valor da reatância desse capacitor;
c) Calcule o valor da corrente na forma fasorial e na forma trigonométrica;
d) Trace as formas de onda de tensão e corrente nos terminais do capacitor;
e) Trace o diagrama fasorial.
Solução: A frequência angular é determinada por:
𝜔 = 2𝜋𝑓 = 2𝜋 ∙ 60 = 377 𝑟𝑎𝑑/𝑠
A forma trigonométrica da tensão no capacitor é dada por:
𝑣𝑐 (𝑡) = 𝑉𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) = 12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 0°) 𝑉
O fasor tensão é a tensão eficaz com o ângulo de fase inicial:
𝑉𝑐̇ = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 = 12∠0° 𝑉
A reatância capacitiva é determinada pela equação:
1 1 1
𝑋𝑐 = = = = −𝑗4,28 Ω
𝑗𝜔𝐶 𝑗 ∙ 377 ∙ 620 ∙ 10−6 𝑗0,234
A corrente é determinada pela Lei de Ohm:
𝑉𝑐̇ 12∠0° 12∠0°
𝐼𝑐̇ = = = = 2,8∠90° 𝐴
𝑋𝑐 −𝑗4,28 4,28∠ − 90°
Portanto, a expressão trigonométrica da corrente no domínio do tempo é:
𝑖𝑐 (𝑡) = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 ) = 2,8√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 90°) 𝐴
Utilizando as formas trigonométricas da tensão e da corrente no capacitor e atribuindo valores
para a variável tempo (𝑡) desde 0 até o valor de um período (𝑇), obtém-se as formas de onda para um
ciclo. Conforme ilustra a Figura 6-13, a corrente está adiantada de 90° da tensão no capacitor.
20
16
12
tensão (V), corrente (A)
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-4
-8
-12
-16
-20
tempo (ms)
v(t) i(t)
I = 2,8 + 90 o
C
+90o = 120 o
VC
Figura 6-14. Diagrama fasorial do Exemplo 6-3: corrente adiantada de 90° da tensão no capacitor.
XC()
C2>C1
C1
C2 maior C
f(Hz)
A Figura 6-16 apresenta o modelo utilizado para representar um capacitor real, onde 𝐶 é a
capacitância nominal, 𝑅𝑠 ou 𝑅𝑆𝐸 representa a resistência série equivalente do dielétrico (geralmente
maior que 1012 Ω) e 𝑅𝑝 é a resistência paralela produzida pelo encapsulamento. A indutância parasita
𝐿𝑠 é provocada pelo efeito magnético das placas e terminais metálicos do capacitor.
A composição dos efeitos da capacitância, da resistência série equivalente e da indutância
parasita é dada pela impedância5 equivalente do capacitor 𝑍𝑐 , que é função da frequência. Para
frequências muito altas o efeito da indutância e da resistência se torna mais pronunciado, reduzindo o
efeito final da capacitância. Isto define o tipo de capacitor a ser usado em função da frequência do
circuito. Por exemplo, capacitores eletrolíticos são geralmente usados em frequências até 10kHz e os
cerâmicos até 10MHz.
Neste material didático, o capacitor é considerado ideal.
ZC
Figura 6-16. Modelo de um capacitor real.
6.2.4. Exercícios:
5
A Impedância será estudada no item 6.4.
i) ii) iii)
IL
t=t1
t=t3
+ -
IL
- +
(a) (b)
Figura 6-18. Transitório de carga e descarga do indutor: (a) circuito para análise do carregamento; (b)
circuito para análise do descarregamento.
A corrente no indutor começa a aumentar exponencialmente até o final do processo de carga,
em 𝑡2 . Quando o indutor estiver carregado, a partir do instante 𝑡2 , a corrente é máxima e constante,
enquanto a tensão é nula. Nessa condição, chamada de regime permanente (ou estacionário), o indutor
age como um curto-circuito (corrente máxima, tensão nula).
Em corrente contínua constante um indutor carregado age como um curto-circuito.
Na Figura 6-18(b), quando o interruptor é acionado para descarga no instante 𝑡3 , um novo pico
de tensão autoinduzida ocorre devido à tendência de variação do fluxo magnético provocada pela
redução da corrente imposta pela fonte. A tensão autoinduzida na descarga tem uma polaridade oposta
à da tensão durante a carga, devido à Lei de Lenz. Nesse instante, o indutor possui tensão em seus
terminais e fornece corrente ao circuito, agindo como uma fonte de energia por um pequeno intervalo
de tempo.
Um indutor descarregando age como uma fonte de energia para o circuito elétrico.
Após o instante 𝑡4 o indutor está descarregado e não há tensão nem corrente no circuito.
Portanto, o indutor somente possui tensão nos seus terminais quando a corrente estiver variando, ou seja,
enquanto estiver sendo carregado ou descarregado.
O indutor possui tensão nos seus terminais enquanto a corrente varia.
Essa é uma conclusão importante para o entendimento do comportamento do indutor em
corrente alternada senoidal.
6
Este estudo é apresentado em: MUSSOI, F. L. R. (2016). Fundamentos de Eletromagnetismo. Florianópolis:
IFSC. 5. ed.
+VLmáx ILmáx
t1 t2 t3 t4
-VLmáx
Figura 6-19. Transitório CC de carga e descarga do indutor: curvas da corrente e tensão no indutor em função
do tempo.
Matematicamente, a tensão autoinduzida no indutor é função de sua indutância e do
comportamento da variação da corrente no tempo:
𝑑𝑖
𝑣𝐿 (𝑡) = −𝐿 ∙
𝑑𝑡
Onde:
𝑣𝐿 (𝑡): tensão no indutor em função do tempo [A];
𝐿: indutância [H];
𝑑𝑖
𝑑𝑡
: comportamento da variação da corrente em função do tempo [A/s].
Essa equação indica que para uma dada indutância, quanto maior a taxa de variação da
corrente no indutor, maior a tensão autoinduzida. Se a corrente não varia, não há tensão em seus
terminais. Um aumento na frequência corresponde a um aumento na taxa de variação da corrente no
indutor e a um aumento na tensão autoinduzida. A tensão no indutor é, portanto, diretamente
proporcional à frequência da corrente e ao valor de sua indutância.
A equação da tensão autoinduzida demonstra que o indutor não admite variações instantâneas
bruscas de corrente. Se 𝑑𝑡 → 0, a tensão autoinduzida tende a um valor muito alto (𝑣 → ∞), o que
justifica o comportamento de um circuito aberto no instante inicial de carregamento. Quando o indutor
está carregado e a corrente não varia (𝑑𝑖 → 0) a tensão tende a zero (𝑣 → 0), o que confere o
comportamento de um curto-circuito. O resistor é necessário para limitar a corrente no circuito.
O indutor se opõe às variações de corrente no circuito.
No indutor, quando a corrente é máxima, a tensão é nula. Da mesma forma, quando a tensão
é máxima, a corrente é nula, como ilustra a Figura 6-19.
A corrente é nula no indutor quando a tensão é máxima, e vice-versa.
Como indutância é uma medida da taxa com que um indutor armazena energia no campo
magnético de suas espiras, para uma dada variação na corrente do indutor, quanto maior o valor da sua
indutância, maior será a tensão autoinduzida resultante.
A Figura 6-20 apresenta um indutor conectado a uma fonte de corrente alternada senoidal.
Quando o indutor é submetido a uma corrente alternada senoidal o seu comportamento mantém as
características verificadas nos circuitos de corrente contínua. Como a corrente varia continuamente de
forma senoidal, o indutor autoinduz tensão continuamente, cuja forma também será senoidal, como
ilustra a Figura 2-21.
Uma corrente alternada senoidal induz uma tensão alternada senoidal no indutor.
Como a corrente senoidal varia mais rapidamente nas proximidades do eixo horizontal do
tempo (maior inclinação da curva), a tensão induzida no indutor assume seus valores máximos nesses
instantes. Nas proximidades do valor de pico a corrente varia menos no tempo (menor inclinação da
curva) e a tensão induzida assume valores próximos de zero. Portanto, quando a corrente é nula, a tensão
é máxima e quando a tensão é máxima a corrente é nula. Esse comportamento faz com que a forma de
onda da tensão no indutor esteja adiantada de 90° em relação à forma de onda da corrente senoidal,
como ilustra a Figura 6-21, ou seja, a corrente está atrasada 90° da tensão nos terminais do indutor.
Nos terminais do indutor a corrente senoidal está atrasada de 90° da tensão senoidal.
iL(t)
EFEITO
+
+
Indutor
v(t)
CAUSA ~- vL(t)
OPOSIÇÃO
vC(t)
iC( t) +VP
+VP
+IP
3/4
vC(t) 2
iC( t) 270o
210o 240 o 300o 330o 360o
o o
0 30 60 90o 120o 150o
o
= t
/2 180o (o, rad)
- IP i=-90°
- IP
- VP
- VP
Figura 6-21. Corrente e tensão senoidais no indutor ideal: corrente atrasada de 90 o da tensão.
Esse comportamento do indutor em relação à tensão e corrente alternadas senoidais pode ser
expresso matematicamente pelas funções trigonométricas instantâneas:
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 ) 𝐴
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑣 ) 𝑉
Na forma fasorial:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖 𝐴
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 𝑉
Como a onda da tensão está adiantada de 90° da onda da corrente, então:
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 𝜃𝑖 + 90°) 𝑉
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∠(𝜃𝑖 + 90°) 𝑉
Assim, o ângulo de fase da tensão nos terminais do indutor é:
𝜃𝑣 = 𝜃𝑖 + 90°
Portanto, a defasagem entre a onda da tensão e a onda da corrente no indutor é:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = +90°
-90
o VL
IL
Figura 6-22. Diagrama Fasorial: corrente atrasada de 90 o da tensão nos terminais do indutor.
A Lei de Ohm afirma que a relação entre uma causa e seu efeito é uma oposição:
Causa
Oposição=
Efeito
Nos elementos dos circuitos elétricos a causa pode ser entendida como a tensão aplicada,
enquanto o efeito é o estabelecimento da corrente elétrica. A oposição representa a reação do circuito
ou componente. Analogamente, no circuito apresentado na Figura 6-20, o indutor é alimentado por uma
tensão alternada senoidal que produz uma corrente também senoidal. A tensão corresponde à causa e a
corrente é o efeito. A oposição é a medida da reação do indutor, chamada de reatância indutiva 𝑿𝑳 ,
cuja unidade também é o ohm (Ω). Assim, aplicando a Lei de Ohm ao indutor no domínio fasorial:
𝑉̇𝐿
𝑋𝐿 =
𝐼𝐿̇
Onde:
𝑋𝐿 : reatância indutiva [Ω];
𝑉̇𝐿 : fasor tensão no indutor [V];
𝐼𝐿̇ : fasor corrente no indutor [A].
A reatância indutiva 𝑋𝐿 é a medida da reação do indutor à variação da corrente senoidal.
A reatância indutiva (𝐿) é expressa por um número imaginário positivo, cujo valor depende
da indutância (𝐿) e da frequência angular (𝜔).
A reatância indutiva é um número imaginário positivo.
Como 𝜔 = 2𝜋𝑓, então:
𝑋𝐿 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗2𝜋𝑓𝐿
Onde:
𝑋𝐿 : reatância indutiva [Ω];
𝐿: indutância [H];
𝜔: frequência angular [rad/s];
𝑓: frequência [Hz];
𝑗: operador imaginário (√−1).
A reatância indutiva (𝑋𝐿 ) é diretamete proporcional à indutância (𝐿) e à frequência (𝑓). O
módulo (valor absoluto) da reatância indutiva é expresso por:
|𝑋𝐿 | = 2𝜋𝑓𝐿
Como a reatância indutiva é diretamente proporcional à frequência, quanto maior a frequência,
maior o valor da reatância indutiva (reação do indutor) e menor será a corrente. Assim, para frequências
muito altas (𝑓 → ∞) o indutor tende a agir como um circuito aberto (𝑋𝑐 → ∞). Inversamente, para
baixas frequências a reatância indutiva é menor e a corrente também será maior. Portanto, para
frequências muito baixas (𝑓 → 0) o indutor tende a agir como um curto-circuito (𝑋𝑐 → 0). Por essa
razão, em corrente contínua (𝑓 = 0) após o transitório (em regime permanente) o indutor é um curto-
circuito, como ilustrado na Figura 6-19.
Para altas frequências o indutor age como um circuito aberto.
Para baixas frequências o indutor age como um curto-circuito.
Nos indutores a variação de tensão autoinduzida é proporcional à variação da corrente e à
quantidade de energia armazenada no campo elétrico. A taxa de variação da corrente determina a
transferência de energia para o indutor e, portanto, representa uma inércia elétrica (oposição) expressa
pela reatância indutiva.
A reatância indutiva é a oposição à variação do fluxo de corrente, que resulta numa troca
contínua de energia entre a fonte e o campo magnético nas espiras da bobina do indutor. Ao contrário
do resistor, que dissipa energia na forma de calor, a reatância indutiva não dissipa energia (desde que
os efeitos da resistência dos fios da bobina sejam ignorados).
O indutor troca energia continuamente entre a fonte e o campo magnético.
Exemplo 6-4. Determine a reatância de um indutor de 𝐿 = 3,3 𝑚𝐻 aplicado a uma tensão senoidal 𝑉𝑐̇ =
50∠0° 𝑉 cujas frequências são 𝑓1 = 60 𝐻𝑧 e 𝑓2 = 10 𝑘𝐻𝑧. Calcule a corrente resultante e a defasagem.
Solução: aplicando a equação da reatância indutiva:
𝑋𝐿1 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗2𝜋𝑓1 𝐿 = 𝑗2𝜋 ∙ 60 ∙ 3,3 ∙ 10−3 = 𝑗1,24 Ω
𝑋𝐿2 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗2𝜋𝑓2 𝐿 = 𝑗2𝜋 ∙ 10 ∙ 103 ∙ 3,3 ∙ 10−3 = 𝑗207,3 Ω
O resultado aponta que o indutor apresenta uma reatância muito maior para a frequência mais
alta.
Aplicando a Lei de Ohm no domínio fasorial:
𝑉̇𝐿 𝑉̇𝐿
𝑋𝐿 = → 𝐼𝐿̇ =
𝐼𝐿̇ 𝑋𝐿
A corrente no indutor será:
𝑉̇𝐿 50∠0° 50∠0°
̇ =
𝐼𝐿1 = = = 40,32∠ − 90° 𝐴
𝑋𝐿1 𝑗1,24 1,24∠90°
Exemplo 6-5. Uma fonte de tensão eficaz de 12 𝑉 com frequência de 60 Hz e fase inicial nula é aplicada
aos terminais de um indutor de 𝐿 = 15 𝑚𝐻.
a) Determine a forma trigonométrica e fasorial para a tensão aplicada ao indutor;
b) Determine o valor da reatância desse indutor;
c) Calcule o valor da corrente na forma fasorial e na forma trigonométrica;
d) Trace as formas de onda de tensão e corrente nos terminais do indutor;
e) Trace o diagrama fasorial.
Solução: A frequência angular é determinada por:
𝜔 = 2𝜋𝑓 = 2𝜋 ∙ 60 = 377 𝑟𝑎𝑑/𝑠
A forma trigonométrica da tensão no indutor é dada por:
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝑉𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) = 12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 0°) 𝑉
O fasor tensão é a tensão eficaz com o ângulo de fase inicial:
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣 = 12∠0° 𝑉
A reatância indutiva é determinada pela equação:
𝑋𝐿 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗377 ∙ 15 ∙ 10−3 = 𝑗5,65 Ω
A corrente é determinada pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝐿 12∠0° 12∠0°
𝐼𝐿̇ = = = = 2,12∠ − 90° 𝐴
𝑋𝐿 𝑗5,65 5,65∠90°
Portanto, a expressão trigonométrica da corrente no domínio do tempo é:
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 ) = 2,12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 90°) 𝐴
A Figura 6-23 apresenta o diagrama fasorial para a tensão e corrente no capacitor.
VL = 120o
-90o
I = 2,12 − 90 o
L
Figura 6-23. Diagrama fasorial do Exemplo 6-5: corrente atrasada de 90° da tensão no indutor.
Utilizando as formas trigonométricas da tensão e da corrente no indutor e atribuindo valores
para a variável tempo (𝑡) desde 0 até o valor de um período (𝑇), obtém-se as formas de onda para um
ciclo. A Figura 6-24 demonstra que a corrente está atrasada de 90° da tensão no indutor.
20
16
12
tensão (V), corrente (A)
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-4
-8
-12
-16
-20
tempo (ms)
v(t) i(t)
Figura 6-24. Curvas de tensão e corrente no indutor para o Exemplo 6-5.
|XL|()
L2
L2>L1
maior L
L1
f(Hz)
A Figura 6-26 apresenta o modelo utilizado para representar um indutor real, onde 𝐿 é a
indutância nominal, 𝑅𝑠 ou 𝑅𝑆𝐸 é a resistência série equivalente (geralmente baixa) que representa o
efeito das perdas nos condutores das espiras da bobina (Efeito Joule) e das perdas no núcleo (correntes
parasitas de Foucault e histerese magnética). A capacitância parasita 𝐶𝑃 é provocada pelo efeito
capacitivo do paralelismo dos condutores das espiras da bobina do indutor.
A composição dos efeitos da indutância, da resistência série equivalente e da capacitância
parasita é dada pela impedância7 equivalente do indutor real 𝑍𝐿 , que é função da frequência. Para
frequências muito altas o efeito da capacitância e da resistência se torna mais pronunciado, reduzindo o
efeito final da indutância. Isto define o tipo de indutor a ser usado em função da frequência do circuito.
Por exemplo, indutores com núcleos de ferrite ou de ar são geralmente utilizados para altas frequências.
Já os indutores com núcleos de aço silício são utilizados para frequências mais baixas. Neste material
didático, o indutor é considerado ideal.
ZL
6.3.4. Exercícios:
i) ii) iii)
i) ii) iii)
Figura 6-27. Circuitos para o exercício 6.3.4.4.
7
A Impedância será estudada no item 6.4.
6.4. IMPEDÂNCIA
Em um circuito real a resistência elétrica, que é uma propriedade física dos materiais, está
sempre presente. Ela pode ser minimizada, mas não eliminada. Portanto, os circuitos indutivos e
capacitivos reais terão também uma parcela resistiva. Esses circuitos formam redes do tipo RL, RC ou
RLC, cujas associações série, paralela ou mista dos componentes dependem da configuração do circuito
e da característica própria de cada componente. A combinação dos efeitos resistivos e reativos dá origem
à Impedância dos circuitos.
Seja o circuito de dois terminais A e B, representado por um bloco de carga, alimentado por
uma fonte de tensão senoidal, contendo qualquer elemento passivo (resistor, capacitor ou indutor) ou
uma combinação deles, como ilustra a Figura 6-28. Como a carga é composta por elementos passivos e
a tensão aplicada é alternada senoidal, a resposta de corrente também será alternada senoidal.
𝐼İ carga
A
+
𝑉V𝑓̇ F 𝑉̇V Z
B
Figura 6-28. Fonte de tensão alternada senoidal alimentando uma carga composta (RLC): impedância.
Conforme a Lei de Ohm, a relação entre uma causa e seu efeito é uma oposição:
Causa
Oposição=
Efeito
Nos elementos dos circuitos elétricos a causa pode ser entendida como a tensão aplicada,
enquanto o efeito é o estabelecimento da corrente elétrica. A oposição representa a reação do circuito
ou componente. Analogamente, no circuito da Figura 6-28, o bloco de carga composto por elementos
passivos é alimentado por uma tensão alternada senoidal que produz uma corrente também senoidal. A
tensão corresponde à causa e a corrente é o efeito. A oposição é a medida da reação carga, chamada de
impedância(𝒁), cuja unidade é o ohm (Ω).
A impedância (𝑍) é a medida da reação de um circuito à tensão e à corrente alternadas senoidais.
Assim, aplicando a Lei de Ohm no domínio fasorial ao circuito da Figura 6-28, a impedância
da carga é determinada pela relação entre o fasor tensão e o fasor corrente em seus terminais:
𝑽̇
𝒁̇ =
𝑰̇
Onde:
𝑍̇: impedância de uma carga [];
𝑉̇: fasor tensão nos terminais da carga [V];
𝐼 :̇ fasor corrente sobre a carga [A].
A impedância de uma carga é determinada pela relação entre o fasor tensão e o fasor corrente.
̇ e de corrente (𝐼)̇ são números complexos, a impedância (𝑍̇)
Como os fasores de tensão (𝑉)
também será um número complexo, mas não um fasor, pois não representa uma onda senoidal.
ZR=R
Re
Figura 6-29. Impedância do resistor ideal: número real positivo no plano cartesiano complexo.
• Circuito indutivo puro:
Se o bloco de carga do circuito da Figura 6-28 for composto apenas por indutores ideais, o
circuito será indutivo puro. Como nos indutores ideais a tensão está sempre adiantada de 90° da corrente
(𝜙 = +90°), a impedância será um número imaginário positivo e igual à reatância equivalente da carga:
𝑉̇𝐿 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
𝑍̇𝐿 = = = |𝑍| ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = |𝑍|∠𝜙 = |𝑍|∠90° = |𝑋𝐿 |∠90° = +𝑗𝑋𝐿
𝐼𝐿̇ 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
A impedância de um indutor ideal é um número imaginário positivo igual a sua própria reatância:
𝒁̇𝑳 = +𝒋𝑿𝑳
No plano cartesiano complexo, a representação da impedância de um indutor ideal é um vetor
sobre o eixo dos números imaginários positivos, como ilustra a Figura 6-30.
Im
ZL=+j|XL|
+90o
Re
Figura 6-30. Impedância do indutor ideal: número imaginário positivo no plano cartesiano complexo.
Im
Re
-90o
ZC=-j|XC|
Figura 6-31. Impedância do capacitor ideal: número imaginário negativo no plano cartesiano complexo.
• Circuito misto:
Se o bloco de carga do circuito da Figura 6-28 for composto pela combinação de elementos
passivos (circuito misto), a tensão e a corrente terão ângulos de fase diferentes e estarão defasadas por
um determinado ângulo (𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) que depende das características de cada circuito e seus
respectivos componentes. Assim, a impedância equivalente de um circuito misto será um número
complexo da forma:
𝑉̇ 𝑉𝑒𝑓 ∠𝜃𝑣
𝑍̇𝑒𝑞 = = = |𝑍𝑒𝑞 | ∠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) = |𝑍𝑒𝑞 |∠ ± 𝜙 = 𝑅 ± 𝑗𝑋
𝐼̇ 𝐼𝑒𝑓 ∠𝜃𝑖
A impedância equivalente de um circuito misto é um número complexo:
𝒁̇𝒆𝒒 = |𝒁𝒆𝒒 |∠ ± 𝝓 = 𝑹 ± 𝒋𝑿
O sinal do argumento (ângulo de defasagem) e o sinal da parte imaginária (reatância) indicam
o teor da impedância equivalente. Se o sinal for positivo, o teor será indutivo. Se for negativo, o teor
será capacitivo. Se o ângulo e a parte imaginária forem nulos, o teor será resistivo.
O teor da impedância equivalente é determinado pelo sinal do argumento ou da parte imaginária:
(+) → teor indutivo (−) → teor capacitivo (0) → teor resistivo
No plano cartesiano complexo, a representação da impedância equivalente de um circuito
misto é um vetor traçado desde a origem formando um ângulo com o eixo real, cujas projeções ortogonais
compõem o chamado triângulo de impedâncias, como ilustra a Figura 6-32.
Como a impedância é um número complexo, ela pode ser representada tanto na forma polar
como na forma retangular. Normalmente as impedâncias são representadas na forma retangular, pois
essa forma indica diretamente os valores da resistência (parte real), da reatância (parte imaginária) e o
seu teor (sinal da parte imaginária). A forma polar indica diretamente o valor da impedância (módulo),
a defasagem (ângulo do argumento) e o teor (sinal do ângulo). Para os cálculos de análise de circuitos
as impedâncias na forma retangular podem ser facilmente transformadas para a forma polar, e vice-
versa, como ilustra o esquema da Figura 6-33.
Im
R
Re
-
|Z|
-jXC Z=R-jXC
(a) (b)
Figura 6-32. Impedância de um circuito misto é um número complexo no plano cartesiano: (a) teor indutivo,
parte imaginária positiva; (b) teor capacitivo, parte imaginária negativa.
R = Z cos X = Z sen
Z = Z Z = R + jX
X
Z = R2 + X 2 = arctg
R
FORMA POLAR FORMA RETANGULAR
Figura 6-33. Transformação de impedâncias da forma polar para a forma retangular e vice-versa.
Observação: As calculadoras científicas dispõem função que permite essas transformações. É
importante conhecer como fazê-las, para facilitar os cálculos necessários à análise de circuitos em CA.
Um diagrama de impedâncias é uma forma gráfica que auxilia na visualização das impedâncias
equivalentes dos circuitos. Este diagrama é construído no plano cartesiano complexo, onde as
resistências são representadas por um vetor sobre o eixo horizontal (números reais positivos) e as
reatâncias por um vetor sobre o eixo vertical (números imaginários), que podem ser positivas (indutivas)
ou negativas (capacitivas), como ilustra a Figura 6-34. Os dois eixos devem ter a mesma escala.
Im
+jXL
R
Re
-jXC
ilustra a Figura 6-35(b). A representação gráfica do triângulo de impedâncias demonstra que a soma
vetorial da resistência com a reatância é o módulo da impedância.
O módulo da impedância é a soma vetorial da resistência com a reatância.
Im
R
Re
-
-jXC
|Z|
Z=R-jXC=|Z|-
(a) (b)
Figura 6-35. Triângulo de Impedâncias: (a) teor indutivo; (b) teor capacitivo.
Observação: Para um triângulo de impedâncias estar ou no segundo ou no terceiro quadrante, a
resistência deveria ser negativa. Isso só poderia ser produzido por uma ou mais fontes dependentes no
circuito. Este caso não será objeto de estudo neste trabalho.
Todas as relações trigonométricas são válidas para o triângulo de impedâncias. Portanto, os
catetos (resistência e reatância) podem ser obtidos a partir da hipotenusa (|𝑍|) e do ângulo (𝜙):
𝑅 = |𝑍| ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙
𝑋 = |𝑍| ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙
A hipotenusa (|𝑍|) pode ser obtida por Pitágoras:
|𝑍| = √𝑅 2 + |𝑋|2
O ângulo (𝜙) é determinado pela regra da tangente:
±𝑋 ±𝑋
𝑡𝑔𝜙 = → 𝜙 = 𝑡𝑔−1 ( )
𝑅 𝑅
Importante: os sinais da reatância devem ser considerados.
Exemplo 6-6. Na carga de um circuito de corrente alternada, a tensão 𝑣(𝑡) = 12√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 15°) 𝑉
produz a corrente 𝑖(𝑡) = 3√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 45°) 𝐴:
a) Determine a impedância da carga, a defasagem entre tensão e corrente e o teor do circuito;
b) Trace o triângulo de impedância da carga
c) Trace as formas de onda da tensão e da corrente na carga.
Solução: A tensão e a corrente devem ser representadas no domínio fasorial:
𝑉̇ = 12∠15° 𝑉
𝐼 ̇ = 3∠ − 45° 𝐴
A impedância da carga é determinada pela relação entre o fasor tensão e o fasor corrente:
𝑉̇ 12∠15° 12
𝑍̇ = = = ∠(15° + 45°) = 4∠60° Ω
𝐼 ̇ 3∠ − 45° 3
Passando para forma retangular:
𝑍̇ = 2 + 𝑗3,46 Ω
Como o sinal do ângulo e da parte imaginária é positivo, o teor da impedância da carga é
indutivo. A defasagem 𝜙 entre a tensão e a corrente nos terminais da carga é o ângulo da impedância:
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 15° − (−45°) = 60°
|Z|=4
XL=+j3,46
+=60o
Re
R=2
20
16
12
8
tensão (V), corrente (A)
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-4
-8
-12
-16
-20
tempo (ms)
v(t) i(t)
Assim:
𝑉𝑒𝑞̇
= 𝑍̇𝑒𝑞 = (𝑍̇1 + 𝑍̇2 + ⋯ + 𝑍̇𝑛 )
̇
𝐼𝑒𝑞
Portanto, a impedância equivalente de uma associação série é determinada pela soma algébrica
das impedâncias dessa associação:
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇1 + 𝑍̇2 + 𝑍̇3 + ⋯ + 𝑍̇𝑛
A impedância equivalente de uma associação série é dada pela soma das impedâncias.
𝑍̇𝑒𝑞 = ∑ 𝑍̇𝑖
𝑖=1
Para duas (e somente duas) impedâncias associadas em paralelo, é mais conveniente utilizar a
seguinte relação:
𝑍̇1 ∙ 𝑍̇2
𝑍̇𝑒𝑞 =
𝑍̇1 + 𝑍̇2
Dessa forma, as associações de várias impedâncias em paralelo podem ser resolvidas por
partes, duas a duas de cada vez.
O valor equivalente de duas (e somente duas) impedâncias em paralelo é dada pela razão da soma pelo
produto dessas impedâncias.
Exemplo 6-7. Determine a impedância equivalente para as associações de impedâncias dos circuitos da
Figura 6-40, onde 𝑍̇1 = 10 + 𝑗30 Ω, 𝑍̇2 = 25 − 𝑗25 Ω, 𝑍̇3 = 50 Ω e 𝑍̇4 = −𝑗20 Ω.
Z1 Z2 Z1
Z1 Z2 Z3 Z2 Z4
Z4 Z3
(a) (b) (c)
Figura 6-40. Associações de impedâncias para o Exemplo 6-7: (a) série; (b) paralelo; (c) composta.
Solução: A impedância equivalente para a associação série do circuito da Figura 6-40(a) é determinada
pela soma algébrica das impedâncias:
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇1 + 𝑍̇2 + 𝑍̇3 + 𝑍̇4
𝑍̇𝑒𝑞 = (10 + 𝑗30) + (25 − 𝑗25) + (50) + (−𝑗25) = 85 − 𝑗15 Ω
𝑍̇𝑒𝑞 = 85 − 𝑗15 Ω
A impedância equivalente para a associação paralela do circuito da Figura 6-40(b) é
determinada pelo inverso da soma dos inversos:
1 1 1 1
=( + + )
𝑍̇𝑒𝑞 𝑍̇1 𝑍̇2 𝑍̇3
1 1 1 1 1∠0° 1∠0° 1∠0°
= + + = + +
̇
𝑍𝑒𝑞 10 + 𝑗30 25 − 𝑗25 50 31,6∠71,6° 35,35∠ − 45° 50∠0°
1
= (0,036∠ − 71,6°) + (0,02828∠45°) + 0,02 = (0,01 − 𝑗0,03) + (0,02 + 𝑗0,02) + 0,02
𝑍̇𝑒𝑞
1
= 0,05 − 𝑗0,01
𝑍̇𝑒𝑞
1 1∠0°
𝑍̇𝑒𝑞 = = = 19,61∠11,31°
0,05 − 𝑗0,01 0,051∠ − 11,31°
𝑍̇𝑒𝑞 = 19,61∠11,31° Ω
Para o circuito da Figura 6-40(c) a associação das impedâncias 𝑍̇2 e 𝑍̇4 em paralelo deve ser
resolvida primeiramente:
𝑍̇2 ∙ 𝑍̇4 (25 − 𝑗25) ∙ (−𝑗20) (35,35∠ − 45°) ∙ (20∠ − 90°) 707∠ − 135°
𝑍′̇ = = = =
𝑍̇2 + 𝑍̇4 (25 − 𝑗25) + (−𝑗20) 25 − 𝑗45 51,47∠ − 60,95°
𝑍′̇ = 13,74∠ − 74,05° = 3,78 − 𝑗13,21 Ω
Em seguida deve ser resolvida a associação série de 𝑍̇1 com 𝑍′̇:
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇1 + 𝑍′̇ = (3,78 − 𝑗13,21 ) + (10 + 𝑗30)
𝑍̇𝑒𝑞 = 13,78 + 𝑗16,79 Ω
6.4.3. Tabelas-resumo
Sendo:
𝑍̇𝑅 = 𝑅 ; 𝑍̇𝐿 = +𝑗|𝑋𝐿 | ; 𝑍̇𝐶 = −𝑗|𝑋𝐶 |.
Convenção de Sinais
Positiva Teor Indutivo
Defasagem 𝜙 Negativa Teor Capacitivo
Zero Teor Resistivo
6.4.4. Exercícios
I. Dados os pares de tensão e corrente numa carga, calcule a impedância, desenhe o triângulo de
impedâncias e determine o teor da carga:
a) 𝑣1 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡) 𝑉 e 𝑖1 (𝑡) = 22√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 30°) 𝐴;
b) 𝑣2 (𝑡) = 50𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 20°) 𝑉 e 𝑖2 (𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 70°) 𝑚𝐴;
c) 𝑣3 (𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 10°) 𝑉 e 𝑖3 (𝑡) = 4𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 100°) 𝐴;
d) 𝑣4 (𝑡) = 300𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 30°) 𝑉 e 𝑖4 (𝑡) = 60𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 30°) 𝑚𝐴;
II. Dados os circuitos, determine a impedância equivalente, considerando uma frequência angular
𝜔 = 1000 𝑟𝑎𝑑/𝑠:
Dados: 𝑅1 = 50 Ω; 𝑅2 = 100 Ω; 𝐿1 = 50 𝑚𝐻; 𝐿3 = 20 𝑚𝐻; 𝐶 = 20 𝜇𝐹
a) b) c)
Figura 6-41. Circuitos para o Exercício II.
6.5. ADMITÂNCIA
A resistência 𝑅 é definida como a medida da oposição à passagem da corrente elétrica.
Inversamente, a condutância 𝐺 é a medida da facilidade oferecida por um elemento à passagem da
corrente elétrica, cuja unidade é o Siemens (𝑆).
A condutância 𝑮 é a medida da facilidade oferecida à passagem da corrente elétrica.
Matematicamente, a condutância é o inverso da resistência:
1
𝐺=
𝑅
A reatância 𝑋 é a medida da oposição de um capacitor à variação senoidal da tensão e de um
indutor à variação senoidal da corrente. Inversamente, a susceptância 𝐵 é a medida da facilidade
oferecida por um capacitor ou indutor à variação senoidal da tensão e da corrente, respectivamente. A
unidade de susceptância é o Siemens (𝑆).
A susceptância 𝐵 é a medida da facilidade oferecida à variação senoidal da tensão e da corrente.
Matematicamente, a susceptância é o inverso da reatância:
1
±𝑗𝐵 =
±𝑗𝑋
Assim como as impedâncias podem ser associadas, as admitâncias também podem ser
associadas para obtenção de um valor de admitância equivalente.
A Figura 6-42 ilustra uma associação série de 𝑛 admitâncias. Nas associações em série, os
elementos são percorridos pela mesma corrente e a tensão se divide proporcionalmente ao valor deles.
Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff e a equação da admitância aos elementos da associação série
e considerando que todos são percorridos pela mesma corrente:
𝐼1̇ 𝐼2̇ 𝐼𝑛̇ 1 1 1
̇ = 𝑉1̇ + 𝑉̇2 + ⋯ + 𝑉𝑛̇ =
𝑉𝑒𝑞 ̇ ∙ ( + + ⋯+ )
+ + ⋯ + = 𝐼𝑒𝑞
𝑌1̇ 𝑌2̇ 𝑌𝑛̇ 𝑌1̇ 𝑌2̇ 𝑌𝑛̇
Assim:
𝑉𝑒𝑞̇ 1 1 1 1
= = ( + + ⋯+ )
̇
𝐼𝑒𝑞 ̇
𝑌𝑒𝑞 𝑌1̇ 𝑌2̇ 𝑌𝑛̇
Portanto, a admitância equivalente de uma associação série é determinada pelo inverso da
soma algébrica dos inversos das admitâncias dessa associação:
1 1 1 1
= + + ⋯+
̇𝑌𝑒𝑞 𝑌1̇ ̇𝑌2 𝑌𝑛̇
A admitância equivalente de uma associação série é dada pelo inverso da soma algébrica dos inversos
das admitâncias.
̇ ) de uma associação de 𝑛 admitâncias em
De forma genérica, a admitância equivalente (𝑌𝑒𝑞
série é determinada por:
𝑛
1 1
=∑
̇
𝑌𝑒𝑞 𝑌𝑖̇
𝑖=1
Assim:
̇
𝐼𝑒𝑞
̇ = (𝑌1̇ + 𝑌2̇ + ⋯ + 𝑌𝑛̇ )
= 𝑌𝑒𝑞
𝑉𝑒𝑞̇
Portanto, a admitância equivalente de uma associação paralela é determinada pela soma
algébrica das admitâncias dessa associação:
̇ = 𝑌1̇ + 𝑌2̇ + ⋯ + 𝑌𝑛̇
𝑌𝑒𝑞
A admitância equivalente de uma associação paralela é dada pela soma das admitâncias.
̇ ) de uma associação de 𝑛 admidâncias em
De forma genérica, a admitância equivalente (𝑌𝑒𝑞
paralelo é determinada por:
𝑛
̇ = ∑ 𝑌𝑖̇
𝑌𝑒𝑞
𝑖=1
Exemplo 6-8. Duas admitâncias 𝑌1̇ = 0,4 + 𝑗0,6 𝑆 e 𝑌2̇ = 0,3 − 𝑗0,2 𝑆 são associadas. Determine a
admitância equivalente e a impedância equivalente para as associações paralela e série:
Solução: A admitância equivalente da associação paralela é dada pela soma das admitâncias:
̇ = 𝑌1̇ + 𝑌2̇ = (0,4 + 𝑗0,6) + (0,3 − 𝑗0,2) = 0,7 + 𝑗0,4 𝑆
𝑌𝑒𝑞
A impedância equivalente da associação paralela é o inverso da admitância equivalente:
1 1 1∠0°
𝑍̇𝑒𝑞 = = = = 1,23∠ − 29,7° = 1,07 − 𝑗0,61 Ω
̇
𝑌𝑒𝑞 (0,7 + 𝑗0,4) 0,81∠29,7°
Portanto, a admitância e a impedância equivalentes possuem teor capacitivo.
O valor equivalente da associação série de duas admitâncias pode ser determinado pela razão
do produto pela soma:
𝑌1̇ ∙ 𝑌2̇ (0,4 + 𝑗0,6) ∙ (0,3 − 𝑗0,2) (0,72∠56,31°) ∙ (0,36∠ − 33,69°)
̇ =
𝑌𝑒𝑞 = =
𝑌1̇ + 𝑌2̇ (0,4 + 𝑗0,6) + (0,3 − 𝑗0,2) (0,7 + 𝑗0,4)
0,26∠22,62°
̇ =
𝑌𝑒𝑞 = 0,32∠ − 7,08° = 0,32 − 𝑗0,04 𝑆
0,81∠29,7°
A impedância equivalente da associação série é o inverso da admitância equivalente:
1 1∠0°
𝑍̇𝑒𝑞 = = = 3,12∠7,08° = 3,1 + 𝑗0,38 Ω
̇
𝑌𝑒𝑞 0,32∠ − 7,08°
Portanto, a admitância e a impedância equivalentes possuem teor indutivo.
𝐵 = |𝑌| ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑
A hipotenusa (|𝑌|) pode ser obtida por Pitágoras:
|𝑌| = √𝐺 2 + |𝑌|2
O ângulo (𝜑) é determinado pela regra da tangente:
±𝐵 ±𝐵
𝑡𝑔𝜑 = → 𝜑 = 𝑡𝑔−1 ( )
𝐺 𝐺
Importante: os sinais da susceptância devem ser considerados.
Im
+jBC
G
Re
-jBL
(a) (b) (c)
Figura 6-44. (a) Diagrama de admitâncias; (b) triângulo de admitâncias para teor capacitivo; (c) triângulo de
admitâncias para teor indutivo.
Exemplo 6-9. Uma tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉 é aplicada a um resistor ideal de 25
associado em série com um capacitor ideal de 20 𝐹, como mostra a Figura 6-45.
a) Determine o valor dos componentes no domínio fasorial;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;
c) Determine as correntes e tensões nos elementos do circuito, nos domínios fasorial e temporal;
d) Trace o diagrama fasorial e as formas de onda.
𝑍𝑅 = 𝑅 = 25
A impedância do capacitor é a sua reatância capacitiva:
1 1
𝑍𝐶 = 𝑋𝐶 = = = −𝑗25
𝑗𝜔𝐶 𝑗 ∙ 2000 ∙ 20 ∙ 10−6
Como o circuito é uma associação série, a impedância equivalente é a soma das impedâncias:
𝑍𝑒𝑞 = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐶 = 25 − 𝑗25 = 35,36∠ − 45° Ω
O triângulo de impedâncias resultante é apresentado na Figura 6-46. O teor é capacitivo, pois
o sinal da impedância é negativo.
R=25
=-45o
XC=-j25
|Z|=35,36
VR
IF=IR=IC
+45o
VF
-45o
VC
300 10
250 8
200
6
Corrente (A)
150
Tensão (V)
4
100
50 2
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-50 -2
-100
-4
-150
-6
-200
-250 -8
-300 -10
Posição Angular wt (graus)
Figura 6-48. Formas de onda de tensão e corrente para o circuito do Exemplo 6-9.
Exemplo 6-10. Uma tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉 é aplicada a um resistor ideal de
25 associado em série com um indutor ideal de 25 𝑚𝐻, como mostra a Figura 6-49.
a) Determine o valor dos componentes no domínio fasorial;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;
c) Determine as correntes e tensões nos elementos do circuito, nos domínios fasorial e temporal;
d) Trace o diagrama fasorial e as formas de onda.
Solução: No domínio fasorial, a impedância do resistor é a sua própria resistência:
𝑍𝑅 = 𝑅 = 25
A impedância do indutor é a sua reatância indutiva:
𝑍𝐿 = 𝑋𝐿 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗 ∙ 2000 ∙ 25 ∙ 10−3 = +𝑗50
Como o circuito é uma associação série, a impedância equivalente é a soma das impedâncias:
|Z|=55,9 XL=+j50
=63,43o
R=25
A Figura 6-51 apresenta o diagrama fasorial do circuito, onde a tensão e a corrente no resistor
estão em fase e a corrente está atrasada 90° da tensão no indutor. Já nos terminais da fonte, a corrente
está atrasada 63,43° da tensão, caracterizando um circuito com teor indutivo (RL).
VL
+26,57 o
VF
o
-63,43
IF=IR=IL
VR
300 6
250
200 4
150
Corrente (A)
Tensão (V)
100 2
50
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-50
-100 -2
-150
-200 -4
-250
-300 -6
Posição Angular wt (graus)
Figura 6-52. Formas de onda de tensão e corrente para o circuito do Exemplo 6-10.
Exemplo 6-11. Uma tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉 é aplicada a um resistor ideal de
25 associado em série com um indutor ideal de 25 𝑚𝐻 e com um capacitor de 20 𝜇𝐹, como mostra
a Figura 6-53.
a) Determine o valor dos componentes no domínio fasorial;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;
c) Determine as correntes e tensões nos elementos do circuito, nos domínios fasorial e temporal;
d) Trace o diagrama fasorial e as formas de onda.
|Z|=35,36
XL=+j25
=45o
R=25
VL
+45o VF
-45
-135o IF=IR=IC=IL
VC
VR
450 10
400
350 8
300
6
250
Corrente (A)
200
4
Tensão (V)
150
100 2
50
0 0
-50 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-100 -2
-150
-4
-200
-250
-6
-300
-350 -8
-400
-450 -10
Figura 6-56. Formas de onda de tensão e corrente para o circuito do Exemplo 6-11.
Exemplo 6-12. Uma tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝑉 é aplicada a um resistor ideal de
25 associado em série com um indutor ideal de 25 𝑚𝐻, ambos em paralelo a um capacitor de 20 𝜇𝐹,
como mostra a Figura 6-57.
a) Determine o valor dos componentes no domínio fasorial;
b) Determine a impedância equivalente, o triângulo de impedâncias e o teor do circuito;
c) Determine as correntes e tensões três elementos do circuito, nos domínios fasorial e temporal;
d) Trace o diagrama fasorial e as formas de onda.
|Z|=39,52 X=-j37,5
O circuito apresenta dois nós devido à conexão paralela do capacitor. Portanto, a corrente
fornecida pela fonte se divide em duas componentes: uma para o capacitor e outra para a impedância
equivalente parcial 𝑍′. A tensão nos terminais do capacitor é a mesma da fonte, pois está conectado em
paralelo. Assim, o fasor corrente no capacitor pode ser determinada pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝐶 𝑉𝑓̇ 200∠0°
𝐼𝐶̇ = = = = 8∠90° 𝐴
𝑍𝐶 𝑋𝐶 25∠ − 90°
A impedância equivalente parcial 𝑍′ também está conectada em paralelo com a fonte e,
portanto, está submetida à mesma tensão da fonte. Como essa impedância é composta pela associação
série do resistor com o capacitor, a corrente nesses elementos é a mesma e pode ser determinada pela
Lei de Ohm:
𝑉𝑓̇ 200∠0°
̇ = 𝐼𝑅̇ = 𝐼𝐿̇ =
𝐼𝑍′ = = 3,58∠ − 63,43° 𝐴
𝑍′ 55,9∠63,43°
No domínio temporal, as correntes são representadas na forma trigonométrica:
𝑖𝑓 (𝑡) = 5,06√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 71,57°) 𝐴
𝑖𝐶 (𝑡) = 8√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 90°) 𝐴
𝑖𝑅 (𝑡) = 𝑖𝐿 (𝑡) = 3,58√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 63,43°) 𝐴
A tensão no capacitor é a mesma da fonte, então na forma fasorial e trigonométrica:
𝑉̇𝐶 = 200∠0° 𝑉
𝑣𝐶 (𝑡) = 200√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡) 𝐴
A tensão no resistor é determinada pelo produto da corrente pela resistência (Lei de Ohm):
𝑉̇𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑅̇ = 25 ∙ (3,58∠ − 63,43° ) = 89,5∠ − 63,43° 𝑉
A tensão no indutor é determinada pelo produto da corrente pela impedância do indutor (Lei
de Ohm):
𝑉̇𝐿 = 𝑍𝐿 ∙ 𝐼𝐿̇ = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝐿̇ = (50∠90°) ∙ (3,58∠ − 63,43° ) = 179∠26,57° 𝑉
As tensões no resistor e no indutor na forma trigonométrica são, respectivamente:
𝑣𝑅 (𝑡) = 89,5√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 − 63,43°) 𝐴
𝑣𝐿 (𝑡) = 179√2𝑠𝑒𝑛(2000𝑡 + 26,57°) 𝐴
A Figura 6-59 apresenta o diagrama fasorial e a Figura 6-60 apresenta as formas de onda de
tensão e corrente para o comportamento do circuito da Figura 6-57. A tensão e a corrente no resistor
estão em fase, pois possuem o mesmo ângulo (−63,43°). A corrente está adiantada 90° da tensão no
capacitor. No indutor, a corrente está atrasada 90° da tensão. Nos terminais da fonte, a corrente está
adiantada 71,57° da tensão, o que confere teor capacitivo ao circuito. A corrente no capacitor apresenta
valor eficaz (no fasor) e valor de pico (nas formas de onda) maiores que os da corrente na fonte. Isso
acontece porque o capacitor troca energia com o indutor no processo de carga e descarga. Pela Lei de
Kirchhoff para as correntes nos nós, a corrente fornecida pela fonte deve ser a soma das correntes no
capacitor e na impedância equivalente parcial 𝑍′:
𝐼𝑓̇ = 𝐼𝐶̇ + 𝐼𝑍′
̇ = (8∠90°) + (3,58∠ − 63,43°) = (0 + 𝑗8) + (1,6 − 𝑗3,2) = 1,6 + 𝑗4,8
𝐼𝑓̇ = 5,06∠71,6° 𝐴
Isso prova que o resultado está correto. É importante observar que a soma é fasorial e, portanto,
os módulos e ângulos devem ser considerados.
IC
IF VL
o
+71,6o
90
+26,6o VF=VC
o
IR=IL -63,4
VR
300 24
250 20
200 16
150 12
100 8
50 4
Corrente (A)
Tensão (V)
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-50 -4
-100 -8
-150 -12
-200 -16
-250 -20
-300 -24
Posição Angular wt (graus)
Figura 6-60. Formas de onda de tensão e corrente para o circuito do Exemplo 6-12.
6.6.4. Exercícios:
I) II)
III) IV)
V) VI)
VII) VIII)
Respostas:
I) 𝐼𝐹̇ = 2,67∠63,54° 𝐴 ; 𝑉𝑅̇ = 5,34∠63,54° 𝑉 ; 𝑉𝐶̇ = 10,74∠ − 26,43° 𝑉;
II) .
III) 𝐼𝐹̇ = 5,95∠7,09° 𝐴 ; 𝑉𝑅̇ = 11,91∠7,09° 𝑉 ; 𝑉𝐿̇ = 22,43∠97,1° 𝑉 ; 𝑉𝐶̇ = 23,9∠ − 82,93° 𝑉
IV) 𝐼𝐹̇ = 1,41∠20,88° 𝐴 ; 𝐼𝑅𝐿̇ = 2,81∠ − 62,09° 𝐴 ; 𝐼𝐶̇ = 2,99∠90° 𝐴 ; 𝑉𝑅̇ = 5,62∠ − 62,09° 𝑉 ; 𝑉𝐿̇ =
10,59∠27,91° 𝑉;
V) .
VI) .
VII) .
VIII) 𝐼𝐹̇ = 48,78∠82,93° 𝐴 ; 𝐼𝐿𝐶 ̇ = 48,4∠90° 𝐴 ; 𝑉𝐿̇ = 182,9∠180° 𝑉 ; 𝑉𝐶̇ = 194,5∠0° 𝑉.
𝑃 =𝑉∙𝐼
Portanto, a potência elétrica pode ser determinada pelo produto da tensão pela corrente.
Nos circuitos de corrente contínua, como ilustrado na Figura 7-1, como a tensão 𝑉 e a
corrente 𝐼 são contínuas constantes, a potência elétrica 𝑃 é um valor médio constante.
𝑉
Como 𝐼 = 𝑅, a potência também pode ser determinada a partir da resistência e da tensão:
𝑉2
𝑃=
𝑅
10
-4
-6
Figura 7-3. Potência instantânea é formada por um termo constante e uma cossenoide negativa.
A análise da potência instantânea é importante para o dimensionamento da proteção dos
circuitos elétricos. Por exemplo, se a potência máxima instantânea num ponto do circuito é de 10 W,
não podemos colocar neste ponto um componente que suporte no máximo 5 W.
No segundo termo da equação geral da potência instantânea há um cosseno de uma soma de
ângulos. Utilizando a seguinte identidade trigonométrica:
cos(𝛼 + 𝛽) = 𝑐𝑜𝑠𝛼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛽 − 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛽
Substituindo na equação geral da potência:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ [𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡) ∙ 𝑐𝑜𝑠 (𝜙) − 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜙)]
2 2
1 1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡) ∙ 𝑐𝑜𝑠 (𝜙) + 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜙)
2 2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) + 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
2 2
Rearranjando os termos, obtém-se a equação geral ampliada da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
2 2
Reescrevendo em função dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
O primeiro termo dessa equação é função do 𝑐𝑜𝑠 𝜙 e representa um número real no plano
cartesiano complexo, ou seja, a potência instantânea real. O segundo termo é função do 𝑠𝑒𝑛 𝜙 e
representa um número imaginário no plano cartesiano complexo, ou seja, a potência instantânea
imaginária. Portanto, a equação geral ampliada da potência instantânea demonstra que a potência pode
ser representada por um número complexo.
Figura 7-4. Fonte de tensão alternada senoidal alimentando uma impedância genérica.
Seja a impedância genérica 𝑍 do circuito da Figura 7-4 composta por um resistor ideal 𝑅:
𝑍=𝑅
Então a tensão nos terminais da impedância estará em fase com a corrente. Assim:
𝜃𝑣 = 𝜃𝑖
𝜙 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 = 0°
Substituindo na equação geral da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 0° − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 0°)
2 2
Portanto, a potência instantânea no resistor ideal é expressa por:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)
2 2
A potência instantânea no resistor também pode expressa em termos dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 − 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)
A Figura 7-5 descreve o comportamento da potência instantânea 𝑝(𝑡) no resistor, em função
da tensão instantânea 𝑣(𝑡) e da corrente instantânea 𝑖(𝑡). Como a tensão e a corrente estão em fase,
seus valores instantâneos serão simultaneamente ambos positivos ou negativos e, portanto, a potência
instantânea no resistor apresenta uma forma de onda sempre positiva com o dobro da frequência da
tensão e da corrente. Uma vez que a potência é sempre positiva, o resistor age com um receptor
dissipando energia na forma de calor, ou seja, o resistor sempre consome energia.
A potência instantânea no resistor é sempre positiva.
Analisando a equação da potência instantânea e o gráfico da Figura 7-5, a potência máxima
ou potência de pico no resistor é determinada por:
𝑝𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝
A expressão para a potência instantânea no resistor é composta por dois termos. O primeiro
termo 𝑝1 (𝑡) é um valor constante, pois é independente do tempo:
𝑝1 (𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
O segundo termo 𝑝2 (𝑡) é variável pois é função do tempo 𝑡:
𝑝2 (𝑡) = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)
Graficamente, o primeiro termo é representado por uma reta, pois é constante ao longo do
tempo. O segundo termo é representado por uma cossenóide negativa com o dobro da frequência (2)
da tensão e da corrente. Portanto, a potência instantânea 𝑝(𝑡) no resistor é a soma algébrica dos termos
𝑝1 (𝑡) e 𝑝2 (𝑡), como mostra a Figura 7-6.
12
10
-4
10
-4
-6
𝑃𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑒𝑓 2
Da mesma forma, a potência média no resistor também pode ser expressa em termos da
resistência e da tensão eficaz:
𝑃𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑉𝑒𝑓
𝑃𝑅 = 𝑉𝑒𝑓 ∙
𝑅
𝑉𝑒𝑓 2
𝑃𝑅 =
𝑅
Seja a impedância genérica 𝑍 do circuito da Figura 7-4 composta por um indutor ideal com
uma reatância indutiva 𝑋𝐿 :
𝑍 = 𝑋𝐿
Então a tensão nos terminais da impedância estará adiantada 90° da corrente. Assim:
𝜙 = +90°
Substituindo na equação geral da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 90° − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 90°)
2 2
Sendo cos 90° = 0, então o primeiro termo é anulado:
1
𝑝(𝑡) = − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 90°)
2
Como cos(∝ +90°) = −𝑠𝑒𝑛(𝛼), a potência instantânea no indutor ideal é expressa por:
1
𝑝(𝑡) = + 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
2
A potência instantânea no indutor também pode expressa em termos dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = +𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
A potência instantânea no indutor é uma senoide positiva com o dobro da frequência (2),
como ilustra a Figura 7-7, cujo valor máximo (pico) é determinado por:
1
𝑝𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 = 𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓
2
Uma vez que a curva resultante para a potência instantânea é simétrica ao eixo horizontal, a
potência média ou potência ativa no indutor 𝑃𝐿 é nula:
𝑃𝐿 = 0
A área positiva da onda da potência no indutor representa a energia que está sendo armazenada
no campo magnético, enquanto a área negativa representa a energia que está sendo devolvida pelo
indutor ao circuito. Esta sequência ocorre duas vezes a cada ciclo da tensão, onde a fonte apenas troca
energia com o indutor e não há realização de trabalho efetivo. Portanto, como o fluxo líquido de energia
é nulo, um indutor ideal não dissipa potência.
A potência média ou ativa no indutor ideal é nula.
Tempo / Ângulo
0
-2
-4
-6
v(t) i(t) p(t)
Figura 7-7. Curvas de tensão, corrente e potência instantânea no indutor ideal.
Como a energia é o produto da potência pelo tempo, a energia reativa está relacionada à
chamada potência reativa, que corresponde ao segundo termo da equação geral ampliada da potência
instantânea:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Portanto, a potência reativa instantânea 𝑞(𝑡) é expressa por:
𝑞(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
A potência reativa 𝑸 envolvida no processo de troca de energia entre a fonte e o indutor é
definida como a amplitude (valor máximo) da potência reativa instantânea 𝑞(𝑡):
𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
A unidade de potência reativa é o volt-ampère-reativo (Var). O símbolo 𝑄 provém da relação
de quadratura (90o) em relação à potência ativa (𝑃), como será estudado na sequência.
Como no indutor 𝜙 = 90° e 𝑠𝑒𝑛90° = 1, então a potência reativa indutiva 𝑸𝑳 é:
𝑄𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
A potência reativa no indutor é um valor positivo. Por convenção, como a potência reativa é
positiva, considera-se que o indutor absorve potência reativa do circuito (embora essa potência seja
absorvida e devolvida ciclicamente).
Utilizando a Lei de Ohm, a potência reativa no indutor pode ser expressa em termos da
reatância indutiva e da corrente eficaz:
𝑄𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑄𝐿 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑄𝐿 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝑒𝑓 2
Da mesma forma, a potência reativa no indutor também pode ser expressa em termos da
reatância indutiva e da tensão eficaz:
𝑄𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑉𝑒𝑓
𝑄𝐿 = 𝑉𝑒𝑓 ∙
𝑋𝐿
𝑉𝑒𝑓 2
𝑄𝐿 =
𝑋𝐿
Seja a impedância genérica 𝑍 do circuito da Figura 7-4 composta por um capacitor ideal com
uma reatância capacitiva 𝑋𝑐 :
𝑍 = 𝑋𝑐
Então a tensão nos terminais da impedância estará atrasada 90° da corrente. Assim:
𝜙 = −90°
Substituindo na equação geral da potência instantânea:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos(−90°) − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 − 90°)
2 2
Sendo cos( −90°) = 0, então o primeiro termo é anulado:
1
𝑝(𝑡) = − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 − 90°)
2
Como cos(∝ −90°) = +𝑠𝑒𝑛(𝛼), a potência instantânea no capacitor ideal é expressa por:
1
𝑝(𝑡) = − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
2
A potência instantânea no capacitor também pode expressa em termos dos valores eficazes:
𝑝(𝑡) = −𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
A potência instantânea no capacitor é uma senoide negativa com o dobro da frequência (2),
como ilustra a Figura 7-8, cujo valor máximo (pico) é determinado por:
1
𝑝𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 = 𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓
2
Uma vez que a curva resultante para a potência instantânea é simétrica ao eixo horizontal, a
potência média ou potência ativa no capacitor 𝑃𝑐 é nula:
𝑃𝑐 = 0
A área positiva da onda da potência no capacitor representa a energia que está sendo
armazenada no campo elétrico, enquanto a área negativa representa a energia que está sendo devolvida
pelo capacitor ao circuito. Esta sequência ocorre duas vezes a cada ciclo da tensão, onde a fonte apenas
troca energia com o capacitor e não há realização de trabalho efetivo. Portanto, como o fluxo líquido de
energia é nulo, um capacitor ideal não dissipa potência.
A potência média ou ativa no capacitor ideal é nula.
A quantidade de energia envolvida neste processo é chamada de energia reativa capacitiva.
Como o capacitor ideal devolve integralmente a energia absorvida da fonte, há um custo de produção e
fornecimento associado, sem que essa quantidade de energia seja aproveitada para a realização de
trabalho elétrico efetivo e deve ser minimizada, sempre que possível.
Energia reativa capacitiva é a quantidade de energia trocada entre a fonte e o capacitor.
A quantidade de energia em joules (J) trocada pela fonte e o capacitor ideal é dada por:
𝐶 ∙ 𝑉𝑝 2
𝐸𝑛 = = 𝐶 ∙ 𝑉𝑒𝑓 2
2
Onde 𝐶 é a capacitância, em farad (F).
6
Tempo / Ângulo
0
-2
-4
-6
v(t) i(t) p(t)
Figura 7-8. Curvas de tensão, corrente e potência instantânea no capacitor ideal.
Como energia é o produto da potência pelo tempo, a energia reativa está relacionada à chamada
potência reativa, que corresponde ao segundo termo da equação geral ampliada da potência instantânea:
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙 + 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Portanto, a potência reativa instantânea 𝑞(𝑡) é expressa por:
𝑞(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡)
A potência reativa 𝑸 envolvida no processo de troca de energia entre a fonte e o capacitor é
definida como a amplitude (valor máximo) da potência reativa instantânea 𝑞(𝑡):
𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
A unidade de potência reativa é o volt-ampère-reativo (Var). O símbolo 𝑄 provém da relação
de quadratura (90o) em relação à potência ativa (𝑃), como será estudado na sequência.
Como no capacitor 𝜙 = −90° e 𝑠𝑒𝑛(−90°) = −1, então a potência reativa capacitiva 𝑸𝑪 é
dada por:
𝑄𝑐 = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
A potência reativa no capacitor é um valor negativo. Por convenção, como a potência reativa
é negativa, considera-se que o capacitor fornece potência reativa para o circuito (embora essa potência
seja absorvida e devolvida ciclicamente).
Utilizando a Lei de Ohm, a potência reativa no capacitor pode ser expressa em termos da
reatância capacitiva e da corrente eficaz:
𝑄𝑐 = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑄𝑐 = −𝑋𝑐 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑄𝑐 = −𝑋𝑐 ∙ 𝐼𝑒𝑓 2
Da mesma forma, a potência reativa no capacitor também pode ser expressa em termos da
reatância capacitiva e da tensão eficaz:
𝑄𝑐 = −𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑉𝑒𝑓
𝑄𝑐 = −𝑉𝑒𝑓 ∙
𝑋𝑐
𝑉𝑒𝑓 2
𝑄𝑐 = −
𝑋𝑐
Seja a impedância genérica 𝑍 do circuito da Figura 7-4 composta por uma combinação
qualquer de elementos passivos (resistor, capacitor e indutor).
𝑍 = 𝑅 ± 𝑗𝑋 = |𝑍|∠𝜙
Então a tensão nos terminais da impedância estará defasada de um ângulo 𝜙 da corrente, onde
−90° ≤ 𝜙 ≤ 90°. Assim, a equação geral da potência instantânea é:
1 1
𝑝(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ cos 𝜙 − 𝑉𝑝 𝐼𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜙)
2 2
O comportamento da potência instantânea depende do teor da carga, o qual é expresso pelo
ângulo de defasagem 𝜙.
A Figura 7-9 apresenta as curvas da tensão, corrente e potência instantânea para uma carga de
teor indutivo com ângulo de defasagem 𝜙 = +45°. A forma de onda da potência apresenta valores
instantâneos positivos e negativos ao longo de um período. Isso significa que há absorção e devolução
de energia (carga e descarga), o que representa a presença de elementos reativos (indutores) e, portanto,
fluxo de potência reativa no circuito. A forma de onda da potência instantânea possui uma parcela
positiva maior que a negativa. Como a forma de onda não é simétrica ao eixo horizontal, há um valor
médio que representa um fluxo de potência ativa da fonte para a carga, o que significa que há a presenta
de elementos resistivos dissipando energia no circuito.
De forma semelhante, a Figura 7-10 apresenta as curvas de tensão, corrente e potência
instantânea para uma carga de teor capacitivo com ângulo de defasagem 𝜙 = −45°. Nesse caso, a forma
de onda da potência instantânea também apresenta valores instantâneos positivos e negativos ao longo
de um período, devido ao fluxo de potência reativa decorrente da presença de elementos reativos
(capacitores). Como a forma de onda não é simétrica ao eixo horizontal, também há um valor médio que
representa o fluxo de potência ativa da fonte para a carga, devido à presença de elementos resistivos
dissipando energia no circuito.
Na carga mista há potência ativa e potência reativa
12
10
0 Tempo / Ângulo
-90 -45 0 45 90 135 180 225 270 315 360
-2
-4
10
0 Tempo / Ângulo
-90 -45 0 45 90 135 180 225 270 315 360
-2
-4
Exemplo 7-1. Um condutor elétrico tem capacidade de corrente eficaz de até 25 𝐴. Considerando que
esse condutor será utilizado para acionar uma carga em tensão eficaz de 220 𝑉, determine a potência
aparente máxima dessa carga.
Solução: A potência aparente máxima é determinada pelo produto da tensão eficaz pela corrente eficaz:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑆 = 220 ∙ 25 = 5500 𝑉𝐴 = 5,5 𝑘𝑉𝐴
Exemplo 7-2. Um transformador com tensão eficaz de entrada de 220 𝑉 e tensão eficaz de saída de
110 𝑉 apresenta uma capacidade de potência aparente nominal de 500 𝑉𝐴. Desconsiderando as perdas,
determine a máxima corrente eficaz admissível no primário (entrada) e no secundário (saída).
Solução: A tensão eficaz no primário é 220 𝑉. Para uma potência aparente de 500 𝑉𝐴 a corrente eficaz
no primário 𝐼𝑒𝑓𝑝 é determinada por:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
𝑆 500
𝐼𝑒𝑓𝑝 = = = 2,27 𝐴
𝑉𝑒𝑓𝑝 220
A tensão eficaz no secundário é 110 𝑉. Para uma potência aparente de 500 𝑉𝐴 a corrente
eficaz no secundário 𝐼𝑒𝑓𝑠 é determinada por:
𝑆 500
𝐼𝑒𝑓𝑠 = = = 4,54 𝐴
𝑉𝑒𝑓𝑝 110
A potência aparente 𝑆 é definida pelo produto da tensão eficaz pela corrente eficaz:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓
A potência ativa 𝑃 é expressa por:
𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
Então, a potência ativa pode ser expressa em termos da potência aparente:
𝑃 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
Matematicamente:
𝑃
𝑐𝑜𝑠 𝜙 =
𝑆
Como o cosseno é a relação entre o cateto adjacente e a hipotenusa de um triângulo retângulo,
então na equação acima a potência ativa é o cateto adjacente e a potência aparente é a hipotenusa desse
triângulo retângulo.
A potência reativa 𝑄 é expressa por:
𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Então, a potência reativa também pode ser expressa em termos da potência aparente:
𝑄 = 𝑆 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
Matematicamente:
𝑄
𝑠𝑒𝑛 𝜙 =
𝑆
Como o seno é a relação entre o cateto oposto e a hipotenusa de um triângulo retângulo, então
na equação acima a potência reativa é o cateto oposto e a potência aparente é a hipotenusa do triângulo.
Portanto, as potências ativa, reativa e aparente de um circuito em corrente alternada formam
um triângulo retângulo, chamado de triângulo de potências, onde o ângulo é representado pelo ângulo
𝜙 da defasagem entre a tensão e a corrente, como ilustra a Figura 7-11. Se o circuito apresenta teor
indutivo, o ângulo 𝜙 é positivo e o triângulo de potências é para cima, como ilustra a Figura 7-11(a). Se
o circuito apresenta teor capacitivo, o ângulo 𝜙 é negativo e o triângulo de potências é para baixo, como
ilustra a Figura 7-11(b).
No triângulo de potências a hipotenusa é a potência aparente, o cateto adjacente é a potência ativa, o
cateto oposto é a potência reativa e o ângulo é a defasagem entre a tensão e a corrente.
𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2
O posicionamento em quadratura (deslocamento de 90o) entre a potência ativa 𝑃 e a potência
reativa 𝑄, justifica a letra utilizada para sua simbologia. Por essa razão, a potência reativa também é
conhecida como Potência de Quadratura.
𝑃𝑡 = ∑ 𝑃𝑖
𝑖=1
As potências reativas são catetos opostos sempre verticais e podem ser positivos (cargas
indutivas) ou negativos (cargas capacitivas). Portanto, as potências reativas são somadas algebricamente
considerando-se os seus respectivos sinais:
𝑛
𝑄𝑡 = ∑ ±𝑄𝑖
𝑖=1
As potências aparentes são hipotenusas e podem ter inclinações diferentes de acordo com a
composição de cada carga. Portanto as potências aparentes devem ser totalizadas a partir da potência
ativa total e da potência reativa total por meio do Teorema de Pitágoras.
𝑆𝑡 = √𝑃𝑡2 + 𝑄𝑡2
As potências aparentes somente podem ser somadas diretamente se possuírem o mesmo ângulo
de defasagem 𝜙.
Exemplo 7-3. Um circuito elétrico é composto por três cargas. A primeira carga possui teor indutivo,
cuja potência ativa é 300 W e a potência reativa indutiva é 300 Var. A segunda carga possui teor
capacitivo, cuja potência ativa é 200 W e a potência reativa capacitiva é 100 Var. A terceira carga possui
teor resistivo com potência de 100 W. Totalize as potências do circuito e determine o triângulo de
potências resultante.
Solução: As potências ativas podem ser somadas diretamente:
𝑃𝑡 = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3 = 300 + 200 + 100 = 600 𝑊
Como a primeira carga possui teor indutivo, a potência reativa é positiva. A segunda carga
possui potência reativa negativa, pois o teor é capacitivo. A terceira carga é resistiva e não possui
potência reativa. Portanto, totalizando:
𝑄𝑡 = 𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 = 300 − 100 + 0 = 200 𝑉𝑎𝑟
A potência aparente é totalizada pela soma vetorial das potências ativa e reativa, utilizando-se
o Teorema de Pitágoras:
A Figura 7-12 apresenta a composição das potências e o triângulo de potências resultante para
a totalização das cargas.
𝑄1
𝑆𝑡 𝑆𝑡
𝑄𝑡 𝑄𝑡
𝜙1
𝑃1 𝑃2 𝑃3 𝜙𝑡
𝜙2 𝑃𝑡 𝑃𝑡
𝑄2 ©fm
𝐼𝑚 𝑆̇
+𝑄 +𝑄
𝑆
+𝜙 𝑃 𝑅𝑒
−𝜙
𝑆
−𝑄 −𝑄
𝑆̇ ©fm
De forma mais genérica, a energia elétrica média 𝐸𝑛 é o produto da potência média 𝑃 pelo
intervalo de tempo ∆𝑡:
𝐸𝑛 = 𝑃 ∙ ∆𝑡
Como em corrente alternada há três tipos de potência, então também há três tipos de energia.
A energia ativa 𝑬𝒏𝑷 é o produto da potência ativa 𝑃 pelo intervalo de tempo ∆𝑡, cuja unidade
usual é o quilowatt-hora (kWh):
𝐸𝑛𝑃 = 𝑃 ∙ ∆𝑡
A energia reativa 𝑬𝒏𝑸 é o produto da potência reativa 𝑄 pelo intervalo de tempo ∆𝑡, cuja
unidade usual é o quilovolt-ampère-reativo-hora (kvarh):
𝐸𝑛𝑄 = 𝑄 ∙ ∆𝑡
A energia aparente 𝑬𝒏𝑺 é o produto da potência aparente 𝑆 pelo intervalo de tempo ∆𝑡, cuja
unidade usual é o quilovolt-ampère-hora (kVAh):
𝐸𝑛𝑆 = 𝑆 ∙ ∆𝑡
Atualmente no Brasil, apenas a energia ativa é medida e tarifada nas unidades consumidoras
residenciais. Nos consumidores industriais, comerciais e institucionais de maior porte há várias classes
tarifárias e, em geral, a energia ativa e a energia aparente são medidas. A demanda de potência, que é a
quantidade de potência de pico também é tarifada em alguns consumidores.
8
ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica.
por essa demanda de energia reativa, além do consumo da energia ativa, pois utilizam muitas cargas
compostas por equipamentos reativos (motores, transformadores, reatores de lâmpadas, fontes
eletrônicas, fornos de indução para fusão de metais etc.).
Para o consumidor, um fator de potência baixo também causa problemas como aumento das
perdas elétricas internas da instalação, quedas de tensão, sobreaquecimento de condutores, menor
aproveitamento da capacidade de transformadores etc.
Portanto, o fator de potência de uma instalação elétrica deve ser o mais alto possível. A
resolução 569/2013 da ANEEL9 estabelece o fator de potência mínimo de 0,92 para as unidades
consumidoras industriais, comerciais ou institucionais. Caso esse fator de potência mínimo não seja
atendido, a concessionária de energia elétrica automaticamente aplica multas ao consumidor. Essas
multas são acréscimos 𝐴$ cobrados no valor da fatura de energia elétrica 𝐹$ que calculados em função
do fator de potência medido na instalação elétrica do consumidor:
0,92
𝐴$ = 𝐹$ ∙ ( − 1)
𝐹𝑃
Para que o fator de potência de uma unidade consumidora esteja de acordo com as exigências,
é necessária a correção do fator de potência (Seção 7.8). A forma mais simples e prática para correção
do fator de potência é através da instalação de capacitores em paralelo com as cargas indutivas para
compensar a demanda de potência reativa indutiva. Os capacitores absorvem a energia dos indutores
num ciclo e devolvendo-a no ciclo seguinte, liberando a necessidade do fornecimento pelo sistema da
concessionária.
Exemplo 7-4. A carga de um circuito elétrico apresenta uma corrente eficaz de 20 𝐴, atrasada 45° da
tensão aplicada 𝑣(𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡)𝑉. Determine:
a) A impedância da carga;
b) A potência aparente, ativa e reativa da carga;
c) O triângulo de potências e o fator de potência do circuito.
Solução: A impedância equivalente da carga pode ser obtida pela relação entre os fasores tensão e
corrente. Como a corrente está atrasada o seu ângulo de fase é negativo. Assim:
𝑉̇ 220∠0°
𝑍̇ = = = 11∠45° = 7,78 + 𝑗7,78 Ω
𝐼 ̇ 20∠ − 45°
Como o ângulo da impedância é positivo, a carga apresenta teor indutivo.
A potência aparente é calculada pelo produto da tensão eficaz pela corrente eficaz:
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 ∙ 𝐼𝑒𝑓 = 220 ∙ 20 = 4400 𝑉𝐴 = 4,4 𝑘𝑉𝐴
A potência ativa é determinada por:
𝑃 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙 = 4400 ∙ 𝑐𝑜𝑠45° = 3111,27 𝑊
A potência reativa é determinada por:
𝑄 = 𝑆 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙 = 4400 ∙ 𝑠𝑒𝑛45° = 3111,27 𝑉𝑎𝑟
O fator de potência é obtido pela relação entre a potência ativa e a potência aparente:
𝑃 3111,27
𝐹𝑃 = = = 0,71
𝑆 4400
O fator de potência também pode ser obtido pelo cosseno do ângulo de defasagem 𝜙:
9
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2013569.pdf
S=4400VA
Q=3111,27VAr
=45
o
P=3111,27W
Figura 7-14. Triângulo de potências para o Exemplo 7-4.
Exemplo 7-5. Analise as potências das cargas do circuito da Figura 7-15 e determine o triângulo de
potências resultante, o fator de potência total e a corrente fornecida pela fonte para a tensão de 220 𝑉.
VF = 2200oV Carga 3
0VAr
Carga 1 Carga 2
500W
~ 1000Var(C)
300W
600Var(L)
1000W
Carga 4
1500Var(L)
200W
O ângulo 𝜙 das cargas pode ser determinado pela função inversa do cosseno (arco cosseno):
𝑃 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙
𝑃
𝜙 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( )
𝑆
𝑃1 300
𝜙1 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 73,30°
𝑆1 1044,03
𝑃2 1000
𝜙2 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 30,96°
𝑆2 1166,19
𝑃3 500
𝜙3 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 0°
𝑆3 500
𝑃4 200
𝜙4 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 82,41°
𝑆4 1513,27
Para a composição das cargas, a potência ativa total do circuito pode ser obtida pela soma
direta das potências ativas de cada carga:
𝑃𝑡 = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3 + 𝑃4 = 300 + 1000 + 500 + 200 = 2000 𝑊 = 2 𝑘𝑊
Essa potência ativa total representa a potência utilizada para a realização de trabalho útil pelas
cargas.
A potência reativa total pode ser obtida pela soma algébrica das potências reativas de cada
carga, considerando os respectivos sinais em função do teor indutivo ou capacitivo:
𝑄𝑡 = 𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 + 𝑄4 = −1000 + 600 + 0 + 1500 = 1100 𝑉𝑎𝑟 = 1,1 𝑘𝑉𝑎𝑟
A potência reativa total representa a potência que a fonte está trocando com as cargas de teor
reativo.
A potência aparente total deve ser obtida pelo Teorema de Pitágoras:
𝑆𝑡̇ 2282,5∠28,81°
𝐼 ∗̇ = = = 10,38∠28,81°
𝑉̇ 220∠0°
Como a corrente está expressa pelo conjugado complexo, voltando para a forma normal:
𝐼 ̇ = 10,38∠ − 28,81° 𝐴
O sinal negativa indica que a corrente está atrasada da tensão, pois o teor resultante é indutivo.
𝑆4 𝑄4
𝑆𝑡
𝑄𝑡
𝑄2
𝑆2
𝜙𝑡 𝜙4
𝑃1 𝜙2 𝑃2 𝑃3 𝑃4
𝜙1 𝑆3 𝑃𝑡
©fm
𝑆1 𝑄1
Figura 7-16. Composição das cargas e triângulo de potência resultante para o Exemplo 7-5.
R = 40
V = 2200o V XC = -j20
~
XL = +j50
Nos indutores só há potência reativa positiva. Portanto, a potência ativa é nula e a potência
aparente é igual à potência reativa:
𝑃𝐿 = 0 𝑊
𝑄𝐿 = |𝑋𝐿 | ∙ 𝐼𝐿2 = 50 ∙ 4,42 = 968 𝑉𝑎𝑟
𝑆𝐿 = 968 𝑉𝐴
A potência reativa líquida é a diferença entre a potência reativa indutiva e a capacitiva:
𝑄𝑡 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑐 = 968 − 387,2 = 580,8 𝑉𝑎𝑟
𝑄𝐿 = 968 𝑉𝑎𝑟
𝜙 = 36,87°
𝑃𝑡 = 774,4 𝑊
𝑄𝑐 = −387,2 𝑉𝑎𝑟
©fm
Figura 7-18. Composição das cargas e triângulo de potência para o Exemplo 7-6.
10
Segundo a Resolução n° 569 de 2013 da ANEEL.
O projeto de circuitos elétricos depende muito da intensidade da corrente elétrica nas cargas
para o dimensionamento dos condutores e dos dispositivos de proteção (fusíveis, disjuntores etc.).
Correntes muito intensas aumentam as perdas de energia por aquecimento (efeito Joule), reduzem sua
vida útil, exigem condutores de maior bitola e equipamentos de maior capacidade e demandam maior
infraestrutura dos sistemas geração, transmissão e distribuição de energia, o que implica aumento de
custos e investimentos.
Portanto, esforços devem ser feitos no sentido de manter a corrente nas instalações elétricas
nos menores níveis possíveis. Como a tensão eficaz é um valor constante mantido pela concessionária,
a capacidade de potência aparente está diretamente relacionada com os níveis de corrente:
𝑆𝑡
𝐼𝑒𝑓 =
𝑉𝑒𝑓
Assim, quanto menor a potência aparente total de uma carga ou instalação elétrica, menores
os níveis de corrente nos condutores do circuito. O menor valor de potência aparente ocorre quando a
potência reativa for nula. Nesse caso, há somente potência ativa. A Figura 7-19 mostra que, quanto
menores os níveis de potência reativa, menor a demanda de potência aparente e, portanto, menor a
corrente na instalação elétrica.
𝑆𝑖
𝑄𝑖
𝐹𝑃𝑖 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖
𝐹𝑃𝑓 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑓
𝑄𝑐
𝑆𝑓
𝜙𝑖 𝑄𝑓
𝜙𝑓
𝑃𝑖 = 𝑃𝑓
©fm
Onde 𝜔 = 2𝜋𝑓.
Então a capacitância necessária para correção do fator de potência é determinada por:
𝑄𝑐
𝐶= 2
2𝜋𝑓𝑉𝑒𝑓
Exemplo 7-7. Um motor elétrico de 10 𝐶𝑉 de potência mecânica, cujo fator de potência é 0,75 e
rendimento de 90 % é alimentado com tensão eficaz de 220 𝑉 em 60 . Determine:
a) o triângulo de potência para a condição operacional deste motor;
b) o capacitor ideal a ser conectado em paralelo ao motor para elevar o fator de potência para 0,92;
c) a corrente elétrica antes e após a correção do fator de potência.
Solução: Sabendo que 1 𝐶𝑉 = 736 𝑊, o motor disponibiliza em seu eixo uma potência mecânica de:
𝑃𝑚𝑒𝑐 = 10 ∙ 736 = 7360 𝑊
Como o rendimento do motor é 90 %, significa que há perdas elétricas, magnéticas e
mecânicas. Então para o motor disponibilizar os 7360 𝑊 de potência mecânica no eixo (𝑃𝑚 ), a potência
elétrica ativa (𝑃𝑒 ) exigida da fonte será função da relação de rendimento 𝜂:
𝑃𝑚
𝜂% = ∙ 100
𝑃𝑒
Assim:
𝑃𝑚 7360
𝑃𝑒 = ∙ 100 = ∙ 100 = 8177,8 𝑊
𝜂% 90
Como o fator de potência é o cosseno do ângulo de defasagem (𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜙), a potência
aparente para a condição inicial pode ser obtida a partir da equação da potência ativa inicial:
𝑃𝑖 = 𝑆𝑖 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖
Então:
𝑃𝑖 8177,8
𝑆𝑖 = = = 10903,7 𝑉𝐴
𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖 0,75
O ângulo de defasagem para a condição inicial pode ser obtido pelo arco-cosseno:
𝐹𝑃𝑖 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑖
𝜙𝑖 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (𝐹𝑃𝑖 ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,75) = 41,41°
A potência reativa indutiva para a condição inicial pode ser determinada por:
𝑄𝑖 = 𝑆𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙𝑖 = 10903,7 ∙ 𝑠𝑒𝑛(41,41°) = 7212,1 𝑉𝑎𝑟
Com as potências ativa, reativa e aparente iniciais, o triângulo de potências para a condição
inicial é ilustrado na Figura 7-20(a).
Como o fator de potência deve ser corrigido para 0,92 o ângulo final é determinado por:
𝐹𝑃𝑓 = 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑓
𝜙𝑓 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (𝐹𝑃𝑓 ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,92) = 23,07°
Após a correção, a potência ativa final deve ser a mesma potência ativa inicial:
𝑃𝑓 = 𝑃𝑖 = 8177,8 𝑊
Então, a potência aparente final é determinada por:
𝑃𝑓 8177,8
𝑆𝑓 = = = 8888,9 𝑉𝐴
𝑐𝑜𝑠𝜙𝑓 0,92
A potência reativa indutiva para a condição final é obtida por:
𝑄𝑓 = 𝑆𝑓 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙𝑓 = 8888,9 ∙ 𝑠𝑒𝑛(23,07°) = 3483,2 𝑉𝑎𝑟
Com as potências ativa, reativa e aparente finais, o triângulo de potências para a condição
final, após a correção, é ilustrado na Figura 7-20(b).
𝑆𝑖 𝑄𝑖
𝑄𝑖 = 7212,1 𝑉𝑎𝑟
𝑄𝑐 = 3728,9 𝑉𝑎𝑟
𝑄𝑓 = 3483,2 𝑉𝑎𝑟
𝜙𝑖 = 41,41° 𝜙𝑓 = 23,07°
𝑃𝑖 = 8177,8 𝑊 𝑃𝑓 = 𝑃𝑖 = 8177,8 𝑊 ©fm
(𝑎) (𝑏)
Figura 7-20. Triângulo de potências para o Exemplo 7-7: (a) situação inicial; (b) FP corrigido.
A potência reativa a ser suprida pelo capacitor de correção do fator de potência é dada por:
𝑄𝑐 = 𝑄𝑖 − 𝑄𝑓 = 7212,1 − 3483,2 = 3728,9 𝑉𝑎𝑟
A capacitância a ser conectada em paralelo para correção do fator de potência é calculada em
função da potência reativa capacitiva necessária:
2 2
𝑉𝑒𝑓 𝑉𝑒𝑓 2
𝑄𝑐 = = = 𝜔𝐶𝑉𝑒𝑓
|𝑋𝑐 | 1
𝜔𝐶
Como 𝜔 = 2𝜋𝑓, então o valor do capacitor é obtido por:
𝑄𝑐 3728,9
𝐶= 2 = 2𝜋 ∙ 60 ∙ (220)2 = 204 𝜇𝐹
2𝜋𝑓𝑉𝑒𝑓
Esse valor de capacitância pode ser obtido pela associação paralela de capacitores, desde que
o valor resultante seja no mínimo 204 𝜇𝐹, de forma a atender ao fator de potência desejado de 0,92.
A corrente eficaz inicial exigida pelo motor antes da correção do fator de potência pode ser
obtida pela relação entre a potência aparente inicial e a tensão aplicada:
𝑆𝑖 10903,7
𝐼𝑖 = = = 49,6 𝐴
𝑉𝑒𝑓 220
Da mesma forma, a corrente eficaz final exigida pelo motor após a correção do fator de
potência pode ser obtida por:
𝑆𝑓 8888,9
𝐼𝑓 = = = 40,4 𝐴
𝑉𝑒𝑓 220
Portanto, a correção do fator de potência permite, nesse caso, reduzir a corrente exigida da
rede elétrica em aproximadamente 20 %.
7.9. EXERCÍCIOS
7.9.1. A potência instantânea absorvida por um circuito é 𝑝(𝑡) = 10 + 8𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 40°) 𝑊.
Obtenha a potência máxima, a potência média e o teor da carga.
7.9.2. Seja 𝑣(𝑡) = 300𝑠𝑒𝑛(20𝑡 + 60°) 𝑉 a tensão aplicada a uma carga que solicita a corrente 𝑖(𝑡) =
15𝑠𝑒𝑛(20𝑡 + 25°) 𝐴. Determine:
a) As potências máxima e média na carga; Resp.: 4093,1 𝑊
b) As potências aparente, ativa e reativa e o triângulo de potências; Resp.: 1843,1 𝑊
c) A impedância da carga e o fator de potência. Resp.: 0,82
7.9.3. Um indutor de 120 𝑚𝐻 em série com um resistor de 20 Ω é alimentado por uma tensão eficaz
de 120 𝑉 em 60 𝐻𝑧. Determine a equação da potência instantânea, as potências ativa, reativa e aparente
e a corrente exigida.
7.9.4. Determine as potências complexa, real, reativa e aparente em uma carga de 𝑍̇ = 30∠40° Ω
sujeita a uma corrente 𝐼 ̇ = 4∠20° A. Resp.: 367,7 + 𝑗308,5 𝑉𝐴.
7.9.5. Determine as componentes da potência de uma carga que solicita uma corrente 𝐼 ̇ = 20∠ −
30° A quando submetida a uma tensão 𝑉̇ = 240∠20° 𝑉.
i) ii) iii)
Figura 7-21. Circuitos para o Exercício 7.9.6.
7.9.7. Uma instalação elétrica industrial é composta pelas cargas da Figura 7-22.
a) Determine a potência ativa, reativa e aparente de cada carga;
b) Determine o triângulo de potências e o fator de potência da instalação; Resp.: 15,61 𝑘𝑉𝐴; 0,98.
c) Determine a corrente absorvida da fonte. Resp.: 70,96 𝐴.
Dados: 1 𝐶𝑉 = 736 𝑊
VF = 2200oV
Motobombas
Iluminação Caldeira Banco de Capacitores
5 x 2CV
~ 10 x 100W 2,5kW FP 0,78 ind
= 85%
ZC = 5 - j7
7.9.9. Uma subestação alimenta por uma linha monofásica de 3,8 𝑘𝑉 em 60 𝐻𝑧 as seguintes cargas
em paralelo: 250 𝑘𝑊 com fator de potência unitário e 1500 𝑘𝑊 com fator de potência 0,6 indutivo.
a) Determine a corrente fornecida pela subestação e o fator de potência; Resp.: 700 𝐴; 0,657.
b) A potência reativa e a capacitância do banco de capacitores que deverá corrigir esse fator de
potência para 0,85. Resp.: 915 𝑘𝑣𝑎𝑟; 168 𝜇𝐹.
7.9.10. Uma carga indutiva formada por um sistema de iluminação fluorescente com reatores
eletromagnéticos com resistência total de 20 e indutância total de 150 𝑚𝐻 utiliza um banco atual de
capacitores com capacitância total de 177 𝜇𝐹 para correção do fator de potência. Determine o fator de
potência atual da instalação e a capacitância a ser acrescentada para que o fator de potência final seja
0,92.
Dados: 𝑉 = 220 𝑉; 𝑓 = 60 Prove que a capacitância para correção do fator de potência pode ser
calculada por:
𝑃
𝐶= 2 ∙ (𝑡𝑔𝜙𝑖 − 𝑡𝑔𝜙𝑓 )
𝜔 ∙ 𝑉𝑒𝑓
8. SISTEMAS TRIFÁSICOS
Conforme estudado no Capítulo 2, um gerador de corrente alternada é composto por uma
bobina girando dentro de um campo magnético, na qual é induzida uma tensão alternada senoidal devido
à variação do fluxo magnético provocada pelo movimento giratório. A Figura 8-1 ilustra o esquema
básico de um gerador de corrente alternada senoidal. O campo magnético é criado por ímãs permanentes
ou por uma bobina eletromagnética alimentada por uma fonte CC. A tensão alternada senoidal gerada é
coletada por meio de anéis e escovas, para que possa ser conectada à carga elétrica externa. Entretanto,
na maioria dos geradores de corrente alternada, a bobina onde é induzida a tensão senoidal está fixada
no estator e o campo magnético gira em torno dela, localizado no rotor, como apresentado na Figura
8-2. Dessa forma, é mantido o movimento rotacional relativo entre a bobina e o campo magnético
necessário à indução da tensão alternada senoidal.
fonte CC
corrente do campo
rotação magnético
bobina do campo
magnético
Figura 8-2 - Esquema de um gerador de tensão alternada monofásico com campo magnético indutor no rotor.
Um sistema elétrico monofásico é composto por um gerador de tensão alternada, onde um
dos terminais é conectado a um eletrodo de terra, para manter o potencial de referência em zero volt, e
o outro terminal mantém a tensão senoidal positiva e negativa com relação a essa referência. O terminal
conectado à terra é chamado de NEUTRO e o terminal com tensão é chamado de FASE, como ilustra
a Figura 8-2.
Figura 8-3 – Esquema simplificado de um gerador trifásico com campo magnético no rotor.
A Figura 8-5 apresenta o diagrama fasorial das tensões em um gerador trifásico, onde se
observa o mesmo valor eficaz e uma defasagem de 120° entre as fases.
Figura 8-5 – Diagrama fasorial das tensões trifásicas (Adaptado de Boylestad, 2003).
Como uma soma de fasores é uma soma vetorial, graficamente deve-se posicionar o final de
um fasor no início do próximo a ser somado, respeitando seu módulo, direção e sentido. A Figura 8-6
representa graficamente a soma dos fasores trifásicos, cuja resultante é nula.
Essa relação indica que as tensões de linha são 73,2% (√3) maiores que as tensões de fase e
estão deslocadas de +30° de cada tensão de fase tomada como referência.
-VRN
VRS
VT
VTN
R
120° -VSN
+30°
VRN
120°
120°
VSN
-VTN
VST
VST
VT
R
VRS
Essa relação indica que as correntes de linha são 73,2% (√3) maiores que as correntes de fase
e estão deslocadas de −30° de cada corrente de fase tomada como referência.
−𝐼𝐿̇ −𝐼𝑅𝑇
̇ + 𝐼𝑆𝑅
̇ =0
Então a corrente de linha é a subtração das correntes das duas fases:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑆𝑅
̇ −𝐼𝑅𝑇
̇
Substituindo os valores genéricos dos fasores na primeira equação:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝑆𝑅
̇ − 𝐼𝑅𝑇
̇ = (𝐼𝑒𝑓 ∠0°) − (𝐼𝑒𝑓 ∠120°)
-ITS
IL
IRT
120°
120°
ISR
-30°
120° -IRT
IL
ITS IL
S R
-ISR
Figura 8-11 – Diagrama fasorial das correntes trifásicas de fase e de linha na ligação triângulo ( ).
As cargas dos sistemas trifásicos podem ser conectadas em estrela (Y) ou triângulo (). Se as
cargas e o gerador estiverem conectados em estrela, o sistema é chamado Y-Y, como ilustra a Figura
8-12. Nesse sistema, a tensão nas impedâncias da carga é a mesma tensão nas bobinas de cada fase do
gerador:
𝑉1̇ = 𝑉̇𝑅𝑁 𝑉̇2 = 𝑉𝑆𝑁
̇ 𝑉̇3 = 𝑉̇𝑇𝑁
Na conexão Y, a tensão de linha é dada pela relação:
Figura 8-12 – Sistema Y-Y: gerador e cargas conectados em Estrela (Adaptado de Boylestad, 2003).
Como indica a Figura 8-12, a corrente que circula nas bobinas de cada fase do gerador é a
mesma corrente que circula nas linhas e nas impedâncias da carga. Portanto, no sistema trifásico em
conexão Y-Y a corrente de linha é igual à corrente de fase:
𝐼𝐿̇ = 𝐼𝐹̇
A corrente nas impedâncias da carga é calculada pela Lei de Ohm:
𝑉̇
𝐼̇ =
𝑍̇
A corrente resultante no condutor neutro é obtida pela soma fasorial das correntes nas
impedâncias da carga:
𝐼𝑁̇ = 𝐼1̇ + 𝐼2̇ + 𝐼3̇
Quando as impedâncias das cargas são iguais (𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 ), o sistema trifásico é dito
equilibrado e, nesse caso, a corrente resultante no neutro é nula.
Um exemplo de carga equilibrada é o motor trifásico. Nesse caso, como a corrente no neutro
é nula, esse condutor pode ser eliminado do circuito elétrico. Entretanto, se as impedâncias da carga
forem diferentes, o sistema é dito desequilibrado. Nesse caso, há corrente circulando no neutro e esse
condutor não deve ser eliminado do sistema elétrico trifásico.
Exemplo 8-1. Um sistema gerador trifásico conectado em Y aciona uma carga equilibrada também
conectada em Y, conforme ilustra a Figura 8-12. Determine:
a) As tensões de linha do sistema trifásico;
b) As tensões de fase na carga;
c) As correntes de fase na carga;
d) As correntes de linha do sistema trifásico;
e) As correntes nas bobinas das fases do gerador;
f) A corrente resultante no condutor neutro.
Dados:
𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° V; 𝑉𝑆𝑁
̇ = 220∠ − 120° V; 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠120° V
𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 = (4 + 𝑗3) .
Solução: Como o gerador é conectado em estrela (Y), as tensões de linha do sistema trifásico são
calculadas por:
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝐹̇ ∙ (√3∠ + 30°)
Assim:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠0°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠30° 𝑉
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠ − 120°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠ − 90° 𝑉
Quando o gerador é conectado em estrela (Y) e a carga é conectada em triângulo (), o sistema
trifásico é chamado Y-, como ilustra a Figura 8-13. Na conexão triângulo não há condutor neutro.
Na carga conectada em triângulo a tensão de fase em cada impedância é igual à tensão de linha
do sistema trifásico:
𝑉1̇ = 𝑉̇𝑅𝑆 𝑉̇2 = 𝑉𝑆𝑇
̇ 𝑉̇3 = 𝑉̇𝑇𝑅
A corrente de fase nas impedâncias da carga conectada em triângulo pode ser determinada
pela Lei de Ohm, ou seja:
𝑉1̇ 𝑉̇𝑅𝑆
𝐼1̇ = =
𝑍̇1 𝑍̇1
𝑉̇2 𝑉𝑆𝑇̇
𝐼2̇ = =
𝑍̇2 𝑍̇2
𝑉̇3 𝑉̇𝑇𝑅
𝐼3̇ = =
𝑍̇3 𝑍̇3
As correntes de linha podem ser determinadas pela Lei das Correntes de Kirchhoff em cada
nó da conexão triângulo. Assim, a corrente de linha é a diferença entre os fasores das correntes das fases
da carga:
̇ = 𝐼1̇ − 𝐼3̇
𝐼𝑅𝑎
̇ = 𝐼2̇ − 𝐼1̇
𝐼𝑆𝑏
̇ = 𝐼3̇ − 𝐼2̇
𝐼𝑇𝑐
De forma geral, quando a carga estiver conectada em triângulo, a corrente de linha pode ser
determinada por:
Exemplo 8-2. Um sistema gerador trifásico conectado em Y aciona uma carga equilibrada conectada
em triângulo (), conforme ilustra a Figura 8-13. Determine:
a) As tensões de linha do sistema trifásico;
b) As tensões de fase na carga;
c) As correntes de fase na carga;
d) As correntes de linha do sistema trifásico;
e) As correntes nas fases do gerador.
Dados:
𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° V; 𝑉𝑆𝑁
̇ = 220∠ − 120° V; 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠120° V
𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 = (4 + 𝑗3)
Solução: Como o gerador é conectado em estrela (Y), as tensões de linha do sistema trifásico são
calculadas por:
𝑉̇𝐿 = 𝑉𝐹̇ ∙ (√3∠ + 30°)
Assim:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠0°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠30° 𝑉
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ ∙ (√3∠ + 30°) = (220∠ − 120°) ∙ (√3∠ + 30°) = 380∠ − 90° 𝑉
Exemplo 8-3. Um sistema gerador trifásico, conectado em , aciona uma carga equilibrada também
conectada em , conforme ilustra a Figura 8-14. Determine:
a) As tensões de linha do sistema trifásico;
b) As tensões de fase na carga;
c) As correntes de fase na carga;
d) As correntes de linha do sistema trifásico;
e) As correntes nas fases do gerador.
Dados:
𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° V; 𝑉𝑆𝑁
̇ = 220∠ − 120° V; 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠120° V;
𝑍̇1 = 𝑍̇2 = 𝑍̇3 = (4 + 𝑗3) .
Solução: Como o gerador é conectado em , as tensões de linha são iguais às tensões de fase, ou seja:
𝑉̇𝑅𝑆 = 𝑉̇𝑅𝑁 = 220∠0° 𝑉
̇ = 𝑉𝑆𝑁
𝑉𝑆𝑇 ̇ = 220∠ − 120° 𝑉
𝑉̇𝑇𝑅 = 𝑉̇𝑇𝑁 = 220∠ + 120° 𝑉
A carga também é conectada em , então a tensão de fase nas impedâncias da carga é a mesma
tensão de linha do sistema:
𝑉1̇ = 𝑉̇𝑅𝑆 = 220∠0° 𝑉
𝑉̇2 = 𝑉𝑆𝑇
̇ = 220∠ − 120° 𝑉
𝑉̇3 = 𝑉̇𝑇𝑅 = 220∠ + 120° 𝑉
A corrente de fase nas impedâncias da carga trifásica é calculada pela Lei de Ohm:
𝑉1̇ 220∠0° 220∠0°
𝐼1̇ = = = = 44∠ − 36,87° 𝐴
𝑍̇1 4 + 𝑗3 5∠36,87°
𝑉̇2 220∠ − 120° 220∠ − 120°
𝐼2̇ = = = = 44∠ − 156,87° 𝐴
𝑍̇2 4 + 𝑗3 5∠36,87°
Exemplo 8-4. Um sistema gerador trifásico conectado em aciona uma carga equilibrada conectada em
Y, conforme ilustra a Figura 8-15. Determine:
a) As tensões de linha do sistema trifásico;
̇
𝐼𝑆𝑏 25,4∠ − 186,87°
𝐼𝑆̇ = = = 14,66∠ − 156,87° 𝐴
(√3∠ − 30°) √3∠ − 30°
̇
𝐼𝑇𝑐 25,4∠ + 53,13°
𝐼𝑇̇ = = = 14,66∠ + 83,13° 𝐴
(√3∠ − 30°) √3∠ − 30°
A corrente no neutro é a soma dos fasores das correntes nas impedâncias da carga, ou seja:
𝐼𝑁̇ = 𝐼1̇ + 𝐼2̇ + 𝐼3̇
𝐼𝑁̇ = (25,4∠ − 66,87° ) + (25,4∠ − 186,87°) + (25,4∠ + 53,13°)
𝐼𝑁̇ = (9,98 − 𝑗23,36) + (−25,22 + 𝑗3,04) + (15,24 + 𝑗20,32)
𝐼𝑁̇ = 0
Como a carga trifásica é equilibrada, a corrente no neutro é nula.
𝑆3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿
𝑃3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜙
𝑄3𝐹 = √3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜙
No sistema trifásico equilibrado, o fator de potência é a relação entre a potência ativa total e a
potência aparente total:
𝑃3𝐹
𝐹𝑃3𝐹 = = 𝑐𝑜𝑠 𝜙
𝑆3𝐹
Se o sistema trifásico for conectado em Y-Y e possuir um condutor de neutro, a tensão nas
impedâncias da carga é a mesma tensão de fase da alimentação, como ilustra a Figura 8-16. Nesse caso,
as correntes nas impedâncias da carga podem ser determinadas diretamente pela Lei de Ohm:
𝑉̇𝐹
̇ =
𝐼𝐹1
𝑍̇1
𝑉̇𝐹
̇ =
𝐼𝐹2
𝑍̇2
𝑉̇𝐹
̇ =
𝐼𝐹3
𝑍̇3
A corrente no neutro para qualquer sistema trifásico desequilibrado é a soma das correntes das
fases e pode obtida pela aplicação de Lei das Correntes de Kirchhoff:
𝐼𝑁̇ = 𝐼𝐹1
̇ + 𝐼𝐹2
̇ + 𝐼𝐹3
̇
Como a carga é conectada em Y, as correntes de linha do são iguais às correntes de fase.
O sistema trifásico conectado em Y é geralmente o mais utilizado, pois a existência do
condutor neutro permite assegurar tensões equilibradas nas impedâncias das cargas e oferece um
caminho para a circulação da corrente resultante das cargas desequilibradas.
Figura 8-16 – Carga trifásica desequilibrada com condutor neutro (Adaptado de Boylestad, 2003).
Figura 8-17 – Carga trifásica desequilibrada sem condutor neutro (Adaptado de Boylestad, 2003).
Uma forma de análise de um sistema trifásico desequilibrado sem condutor neutro é o chamado Método
de Análise das Malhas, que faz uso da Lei das Tensões de Kirchhoff para compor um sistema de
equações lineares. Para aplicar o Método de Análise das Malhas ao sistema trifásico desequilibrado sem
condutor neutro da Figura 8-17 é necessário analisar duas das três malhas do circuito, uma vez que são
linearmente dependentes. Assim, aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff às malhas representadas
pelas correntes 𝐼𝑥̇ e 𝐼𝑦̇ :
̇ − 𝑍̇1 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇2 ∙ (𝐼𝑥̇ − 𝐼𝑦̇ ) = 0
𝑉𝐴𝐵
𝑉̇𝐵𝐶 − 𝑍̇2 ∙ (𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇ ) − 𝑍̇3 ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
Efetuando os produtos:
̇ − 𝑍̇1 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑥̇ + 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
𝑉𝐴𝐵
𝑉̇𝐵𝐶 − 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑦̇ + 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇3 ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
Organizando o sistema de equações:
(𝑍̇1 + 𝑍̇2 ) ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑦̇ = 𝑉𝐴𝐵
̇
{
−𝑍̇2 ∙ 𝐼𝑥̇ + (𝑍̇2 + 𝑍̇3 ) ∙ 𝐼𝑦̇ = 𝑉̇𝐵𝐶
Há vários métodos para resolução de sistemas de equações lineares desse tipo, tais como
substituição, Cramer, escalonamento etc.
Esse sistema de equações também pode ser representado na forma matricial:
[𝑉̇ ] = [𝑍̇] ∙ [𝐼 ]̇
Assim:
̇
𝑉𝐴𝐵 (𝑍̇1 + 𝑍̇2 ) −𝑍̇2 𝐼𝑥̇
[ ]=[ ]∙[ ̇ ]
𝑉̇𝐵𝐶 −𝑍̇2 (𝑍̇2 + 𝑍̇3 ) 𝐼𝑦
Para resolver o sistema matricial e encontrar as correntes das malhas a matriz de impedância
deve ser invertida:
−1
[𝐼 ]̇ = [𝑍̇] ∙ [𝑉̇ ]
Ou seja:
−1
𝐼𝑥̇ (𝑍̇1 + 𝑍̇2 ) −𝑍̇2 𝑉̇
[ ̇ ]=[ ] ∙ [ 𝐴𝐵 ]
𝐼𝑦 −𝑍̇2 (𝑍̇2 + 𝑍̇3 ) 𝑉̇𝐵𝐶
−1
A matriz de impedâncias inversa [𝑍̇] compõe a chamada matriz de admitância [𝑌̇]. Para que
as correntes das malhas sejam obtidas, o sistema pode ser resolvido pelo produto [𝐼 ]̇ = [𝑌̇] ∙ [𝑉̇ ]. A
inversão da matriz de impedâncias e o produto das matrizes podem ser auxiliados por meio de programas
computacionais matemáticos, como o Matlab® ou Scilab®.
Uma vez obtidas as correntes das malhas, as correntes nas impedâncias de cada fase da carga
podem ser determinadas pela Lei das Correntes de Kirchhoff:
̇ = 𝐼𝑥̇
𝐼𝑎𝑛
{𝐼𝑏𝑛 = 𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇
̇
̇ = −𝐼𝑦̇
𝐼𝑐𝑛
Exemplo 8-7. Para o circuito trifásico com cargas desequilibradas conectadas em Y e sem neutro,
ilustrado na Figura 8-17, determine as correntes de fase nas impedâncias da carga;
Dados:
̇ = 220∠0° 𝑉, 𝑉̇𝐵𝐶 = 220∠ − 120° 𝑉, 𝑉̇𝐶𝐴 = 220∠ + 120° 𝑉
𝑉𝐴𝐵
𝑍̇1 = 10 Ω, 𝑍̇2 = 5 + 𝑗5 Ω, 𝑍̇3 = 5 − 𝑗2 Ω
Solução: Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff às malhas do circuito:
̇ − 𝑍̇1 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑍̇2 ∙ (𝐼𝑥̇ − 𝐼𝑦̇ ) = 0
𝑉𝐴𝐵
{
𝑉̇𝐵𝐶 − 𝑍̇2 ∙ (𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇ ) − 𝑍̇3 ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
Substituindo os valores:
220∠0° − 10 ∙ 𝐼𝑥̇ − (5 + 𝑗5) ∙ (𝐼𝑥̇ − 𝐼𝑦̇ ) = 0
{
220∠ − 120° − (5 + 𝑗5) ∙ (𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇ ) − (5 − 𝑗2) ∙ 𝐼𝑦̇ = 0
Efetuando os produtos e isolando as tensões:
+10 ∙ 𝐼𝑥̇ + 5 ∙ 𝐼𝑥̇ − 5 ∙ 𝐼𝑦̇ + 𝑗5 ∙ 𝐼𝑥̇ − 𝑗5 ∙ 𝐼𝑦̇ ) = 220∠0°
{
+5 ∙ 𝐼𝑦̇ − 5 ∙ 𝐼𝑥̇ + 𝑗5 ∙ 𝐼𝑦̇ − 𝑗5 ∙ 𝐼𝑥̇ + 5 ∙ 𝐼𝑦̇ − 𝑗2 ∙ 𝐼𝑦̇ = 220∠ − 120°
Organizando as equações:
(15 + 𝑗5) ∙ 𝐼𝑥̇ − (5 + 𝑗5) ∙ 𝐼𝑦̇ = 220∠0°
{
−(5 + 𝑗5) ∙ 𝐼𝑥̇ + (10 + 𝑗3) ∙ 𝐼𝑦̇ = 220∠ − 120°
Colocando na forma matricial:
(15 + 𝑗5) −(5 + 𝑗5) 𝐼𝑥̇ 220∠0°
[ ]∙[ ̇ ]=[ ]
−(5 + 𝑗5) (10 + 𝑗3) 𝐼𝑦 220∠ − 120°
Isolando as variáveis das correntes das malhas:
𝐼𝑥̇ (15 + 𝑗5) −(5 + 𝑗5) −1 220∠0°
[ ̇ ]=[ ] ∙[ ]
𝐼𝑦 −(5 + 𝑗5) (10 + 𝑗3) 220∠ − 120°
Invertendo a matriz de impedâncias:
𝐼𝑥̇ (0,0733 − 𝑗0,0022) (0,0444 + 𝑗0,0222) 220∠0°
[ ̇ ]=[ ]∙[ ]
𝐼𝑦 (0,0444 + 𝑗0,0222) (0.1111) 220∠ − 120°
Efetuando o produto:
𝐼𝑥̇ 1,2175 − 𝑗8,3562 8,44∠ − 81,71°
[ ̇ ]=[ ]=[ ]
𝐼𝑦 22,4918 − 𝑗10,3169 24,74∠ − 24,64°
Portanto, as correntes de fase nas impedâncias da carga são:
̇ = 𝐼𝑥̇ = 8,44∠ − 81,71° 𝐴
𝐼𝑎𝑛
̇ = 𝐼𝑦̇ − 𝐼𝑥̇ = (22,4918 − 𝑗10,3169) − (1,2175 − 𝑗8,3562) = 21,36∠ − 5,26° 𝐴
𝐼𝑏𝑛
̇ = −𝐼𝑦̇ = −(22,4918 − 𝑗10,3169) = 24,74∠155,36° 𝐴
𝐼𝑐𝑛
8.7. QUADRO-RESUMO
Considerando os valores de tensão e corrente disponíveis nos terminais de um elemento
trifásico do circuito, tem-se:
8.8. EXERCÍCIOS
8.7.1. Dados os sistemas trifásicos da Figura 8-18, determine:
a) Tensões de fase e de linha na carga;
b) Correntes de fase e de linha na carga e no neutro;
c) Corrente de fase no gerador;
d) Trace o diagrama fasorial das tensões e correntes na carga;
e) Potência aparente, ativa e reativa em cada fase;
f) Potência aparente, ativa e reativa trifásica total;
g) Fator de potência do circuito trifásico.
(a)
Resp.: 120V, 208V, 12A, 12A, 0A, 12A, 1440VA, 1440W, 0Var, 4320VA, 4320W, 1. (Fonte: Albuquerque, 1997).
(b)
Resp.: 12A; 10A, 6A, (4-j3,46) A. (Fonte: Albuquerque, 1997).
(c)
(Fonte: Boylestad, 2003).
Figura 8-18. Sistemas trifásicos para o Exercício 8.7.1
8.7.2. Determine para os sistemas trifásicos - e -Y do Exemplo 8-3 e Exemplo 8-4:
a) A potência aparente, ativa e reativa em cada impedância de fase;
b) A potência aparente, ativa e reativa total do sistema trifásico;
c) O fator de potência do sistema trifásico;
d) Compare os resultados com os valores obtidos para o Exemplo 8-6 e Exemplo 8-7.
8.7.3. A tensão eficaz de linha de um sistema trifásico ligado em estrela é 380 𝑉. Cada fase é
conectada a 20 lâmpadas de 100 𝑊. Calcule a corrente de cada fase.
8.7.4. Um forno elétrico possui três resistências de 50 ligadas em triângulo. Calcule a corrente de
linha e a potência ativa total, sendo 380 𝑉 a tensão eficaz de linha.
8.7.5. A potência de um motor trifásico é 8 𝑘𝑊 ligado em tensão eficaz de 380 𝑉. Calcule a corrente
de linha se o fator de potência for 0,85. Resp.: 14,3 𝐴.
9. TRANSFORMADORES
Uma das principais razões do uso da corrente alternada é a facilidade de geração,
transformação, transmissão e distribuição da energia elétrica. A transmissão da energia em altas tensões
reduz as perdas nas linhas e os custos das redes elétricas, especialmente em longas distâncias, como
ocorre no Brasil. As tensões dos geradores das usinas são elevadas para transmissão e, posteriormente,
são reduzidas a níveis seguros para distribuição e consumo. Esse processo é possível com o uso de
transformadores.
Basicamente, um transformador é composto por duas bobinas eletricamente isoladas e
magneticamente acopladas por um núcleo comum, como ilustra a Figura 9-1. A bobina que recebe a
tensão da fonte de alimentação é chamada de enrolamento primário e a bobina que fornece a tensão
para a carga é chamada de enrolamento secundário. O princípio de funcionamento dos transformadores
é baseado na Lei de Faraday. Quando uma tensão alternada de determinada frequência é aplicada no
primário, uma corrente alternada flui nas espiras da bobina estabelecendo um fluxo magnético variante
no tempo. O núcleo conduz esse fluxo magnético variante para as espiras do secundário, fazendo com
que uma tensão seja induzida nessa bobina. A transformação da tensão entre o primário e secundário é
obtida pela diferença no número de espiras das bobinas. A corrente resultante na impedância da carga
conectada ao enrolamento secundário permite o fluxo de energia elétrica no transformador.
O núcleo tem por função melhorar o coeficiente de acoplamento do circuito magnético,
concentrando o fluxo mútuo entre as bobinas. Nos núcleos são usados materiais ferromagnéticos de alta
permeabilidade e baixa histerese, como Aço-Silício (para baixas frequências) e Ferrite (para altas
frequências). Os núcleos metálicos devem ser laminados para reduzir as perdas magnéticas devido às
correntes parasitas de Foucault.
Dependendo do número de espiras das bobinas, os transformadores são capazes de elevar ou
abaixar os níveis de tensão, mantendo a frequência no primário e secundário. Os transformadores
também podem operar de forma reversa, dependendo em qual bobina a fonte de alimentação é
conectada. O primário atua como uma impedância para a fonte de alimentação e o secundário atua como
uma fonte de tensão para a impedância da carga a ser acionada. Idealmente, um transformador não afeta
a potência elétrica real fornecida. Se o transformador elevar o nível de tensão, a corrente no secundário
será diminuída para manter a potência do primário. Ao contrário, se a tensão for abaixada, então a
corrente no secundário será aumentada. Como na prática não alteram (substancialmente) a quantidade
de energia transferida do primário ao secundário, os transformadores reais são dispositivos
eletromagnéticos altamente eficientes, cujo rendimento pode ser superior a 99%.
fluxo magnético
ip(t) is(t)
Np
vp(t) vs(t)
Ns
Primário Secundário
núcleo
Figura 9-1. Transformador básico (Adaptado de: www.mspc.eng.br).
Há transformadores de diversos tamanhos e capacidades de potência, desde os enormes
transformadores de subestações de energia até os pequenos transformadores usados em placas de
circuitos impressos de equipamentos eletrônicos. Um transformador também pode ser usado para
transformar correntes e impedâncias. Na verdade, a principal propriedade de um transformador é sua
capacidade de transformar impedâncias (COGDELL, 1996). Os transformadores de potência são vitais
para elevar e abaixar os níveis de tensão nos sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica.
Também são fundamentais nas fontes de alimentação e nos carregadores de bateria dos equipamentos
eletrônicos. O princípio dos transformadores também é usado nos equipamentos de solda elétrica a arco
voltaico. Nos equipamentos de áudio, os transformadores são usados para adaptar as impedâncias dos
alto-falantes e fones à impedância de saída dos amplificadores, de forma a obter a máxima transferência
de potência (casamento de impedâncias). Os transformadores também são usados nas bobinas de ignição
dos motores dos automóveis, de forma a permitir uma tensão suficiente para produzir uma faísca nas
velas de ignição da mistura de combustível e ar nas câmaras de explosão. Esse mesmo princípio é usado
nos reatores para acender as lâmpadas de descarga elétrica, como as fluorescentes, vapor de mercúrio e
vapor de sódio. Há também os transformadores para amostragem e medição de tensão (transformadores
de potencial) e de corrente (transformadores de corrente).
ip(t) is(t)
vp(t) ZL vs(t)
Np : Ns
Figura 9-2. Parâmetros e símbolo do transformador ideal (Adaptado de: www.mspc.eng.br).
Quando uma tensão alternada senoidal é aplicada ao primário, a corrente que flui na bobina
estabelece um fluxo magnético também senoidal:
𝜙(𝑡) = 𝛷𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)
No transformador ideal, todo o fluxo magnético variante atravessa as espiras do primário e do
secundário, induzindo uma tensão nas bobinas, de acordo com a Lei de Faraday:
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣(𝑡) = −𝑁 ∙
𝑑𝑡
Como a variação do fluxo depende da frequência (𝜔 = 2𝜋𝑓), a tensão induzida nas bobinas
do primário e do secundário é diretamente proporcional à frequência 𝑓, ao número de espiras 𝑁 e ao
fluxo magnético máximo no núcleo 𝛷𝑚𝑎𝑥 . Como no transformador ideal todo o fluxo magnético do
primário está no secundário, então:
𝜙𝑝 (𝑡) = 𝜙𝑠 (𝑡) = 𝜙(𝑡)
Assim, a tensão induzida no primário e secundário é dada por:
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑝 (𝑡) = −𝑁𝑝 ∙
𝑑𝑡
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑠 (𝑡) = −𝑁𝑠 ∙
𝑑𝑡
Relacionando as tensões do primário e secundário:
𝑑𝜙(𝑡)
𝑣𝑝 (𝑡) −𝑁𝑝 ∙ 𝑑𝑡 𝑁𝑝
= = =𝑎
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑑𝜙(𝑡) 𝑁𝑠
−𝑁𝑠 ∙
𝑑𝑡
𝑣𝑝 (𝑡) 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑁𝑠
Na forma fasorial, essa equação expressa a relação de transformação (𝒂):
𝑉𝑝̇ 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑉𝑠̇ 𝑁𝑠
A relação de transformação (ou relação de espiras) é uma constante adimensional que
representa a relação entre o número de espiras das bobinas ou entre a tensão do primário e do secundário.
Se 𝒂 > 𝟏 o número de espiras no primário é maior que no secundário e o transformador é abaixador de
tensão. Se 𝒂 < 𝟏 o número de espiras no primário é menor que no secundário e o transformador é
elevador de tensão. Se 𝑎 = 1 não há diferença de tensão e o transformador age apenas como isolador
galvânico (elétrico) entre o primário e o secundário.
Como no transformador ideal os ângulos das tensões no primário e secundário não se alteram,
a essa relação pode ser expressa em termos dos valores eficazes:
𝑉𝑝 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑉𝑠 𝑁𝑠
Os transformadores necessitam de um fluxo magnético alternado para induzir uma tensão no
secundário, e não podem ser usados com tensões contínuas. Se o primário for conectado a uma fonte de
tensão contínua (𝑓 = 0), o fluxo magnético constante não induz tensão e as reatâncias das bobinas são
anuladas (𝑋𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿 = 0). Se a resistência da bobina for baixa, a corrente drenada da fonte pode
provocar sobreaquecimento do condutor e queima do transformador.
Na análise do transformador ideal não são consideradas as perdas de energia e o coeficiente
de acoplamento é unitário, ou seja, não há dispersão das linhas de campo e todo o fluxo magnético nas
bobinas do primário e secundário se constitui no fluxo magnético mútuo. Portanto, pelo princípio da
conservação da energia, a potência aparente absorvida pelo primário (𝑆𝑝 ) é igual à potência fornecida
pelo secundário (𝑆𝑠 ):
𝑆𝑝 = 𝑆𝑠
Substituindo pelas tensões e correntes eficazes:
𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝 = 𝑉𝑠 ∙ 𝐼𝑠
Reescrevendo, temos a equação do transformador ideal:
𝑉𝑝 𝐼𝑠 𝑁𝑝
= = =𝑎
𝑉𝑠 𝐼𝑝 𝑁𝑠
Portanto, a bobina do transformador com maior número de espiras é o lado de maior tensão e
de menor corrente, e vice-versa. Assim, um transformador abaixador de tensão é constituído por um
primário com muitas espiras de condutor fino (menor corrente) e um secundário com poucas espiras de
condutor mais espesso (maior corrente).
Como um transformador altera os níveis de tensão e corrente, ele também altera razão entre a
tensão e a corrente e, portanto, a impedância aparente de um elemento. Assim, dividindo a equação da
relação de tensão pela equação da relação de corrente:
𝑉𝑝 𝑁𝑝
𝑉𝑠 𝑁
= 𝑠
𝐼𝑝 𝑁𝑠
𝐼𝑠 𝑁𝑝
Reescrevendo:
𝑉𝑝 𝐼𝑠 𝑁𝑝 𝑁𝑝
∙ = ∙
𝑉𝑠 𝐼𝑝 𝑁𝑠 𝑁𝑠
𝑉𝑝 𝐼𝑠 𝑁𝑝 2
∙ =( )
𝐼𝑝 𝑉𝑠 𝑁𝑠
Como 𝑍̇ = 𝑉̇⁄𝐼 ̇ e 𝑁𝑝 ⁄𝑁𝑠 = 𝑎, então:
1
𝑍̇𝑝 ∙ = 𝑎2
𝑍̇𝑠
Assim, a relação de transformação das impedâncias no transformador é dada por:
𝑍̇𝑝
= 𝑎2
𝑍̇𝑠
No transformador ideal a impedância do secundário é a impedância da carga 𝑍𝐿 , cujo valor no
primário é dado por 𝑍′𝐿 :
𝑍̇′𝐿 = 𝑎2 ∙ 𝑍̇𝐿
Essa equação determina a impedância da carga referida ao primário (𝒁̇′𝑳 ), ou seja, a
impedância da carga vista pela fonte conectada ao primário, e descreve a capacidade dos
transformadores de adaptar diferentes impedâncias. Dessa forma, um transformador pode fazer uma
pequena impedância de carga parecer grande para a fonte de alimentação, ou vice-versa.
No transformador ideal não há perdas e os ângulos das tensões e correntes não são afetados.
Portanto as potências aparente, ativa e reativa são as mesmas no primário e secundário:
𝑆𝑝 = 𝑆𝑠
𝑃𝑝 = 𝑃𝑠
𝑄𝑝 = 𝑄𝑠
Onde 𝑆𝑝 = 𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝 ; 𝑆𝑠 = 𝑉𝑠 ∙ 𝐼𝑠 ; 𝑃𝑝 = 𝑆𝑝 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃; 𝑃𝑠 = 𝑆𝑠 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃; 𝑄𝑝 = 𝑄𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 e 𝑄𝑠 = 𝑆𝑠 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃.
Exemplo 9-1. O transformador ideal da Figura 9-2 deve fornecer no secundário uma tensão eficaz de
20 𝑉 e corrente de 400 𝑚𝐴, a partir da tensão eficaz de 220 𝑉 da rede elétrica aplicada ao primário.
Sabendo que a bobina primária é composta por 500 espiras, determine:
a) O número de espiras da bobina secundária;
b) A corrente requerida da rede elétrica no primário;
c) As potências aparentes no primário e no secundário;
d) Considerando que a impedância da carga é 5 , determine a impedância vista pela fonte.
Solução: A partir da equação da relação de transformação:
𝑉𝑝 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑉𝑠 𝑁𝑠
Exemplo 9-2. Para o circuito da Figura 9-3, determine a corrente no secundário do transformador.
Dados: 𝑉𝑓̇ = 25∠0° 𝑉, 𝑅1 = 20 Ω, 𝑅2 = 5 Ω, 𝑋𝐿 = 𝑗10 Ω, 𝑋𝐶 = −𝑗10 Ω
̇ 𝑁𝑝 2 2 2
̇
𝑍′𝐿 = ( ) ∙ 𝑍𝐿 = ( ) ∙ (5 − 𝑗10) = 4 ∙ (5 − 𝑗10) = 20 − 𝑗40 Ω
𝑁𝑠 1
Portanto, a resistência da carga referida ao primário é 𝑅2𝑝 = 20Ω e a reatância capacitiva
referida ao primário é 𝑋𝐶𝑝 = −𝑗40Ω. O circuito equivalente resultante sem o transformador ideal é
apresentado na Figura 9-4. Como agora o circuito equivalente é composto por uma única malha, a
corrente no primário é calculada por:
𝑉𝑓̇ 𝑉𝑓̇ 25∠0° 25∠0° 25∠0°
𝐼𝑝̇ = = = = =
𝑍̇𝑒𝑞 (𝑅1 + 𝑋𝐿 + 𝑅2𝑝 + 𝑋𝐶𝑝 ) (20 + 𝑗10 + 20 − 𝑗40) (40 − 𝑗30) (50∠ − 36,87°)
𝐼𝑝̇ = 0,5∠ + 36,87° 𝐴
Pela relação de transformação de corrente, obtém-se a corrente no secundário:
𝐼𝑠̇ 𝑁𝑝 𝑁𝑝 2
= = 𝑎 → 𝐼𝑠̇ = ∙ 𝐼𝑝̇ = ∙ (0,5∠ + 36,87°)
𝐼𝑝̇ 𝑁𝑠 𝑁𝑠 1
𝐼𝑠̇ = 1∠ + 36,87° 𝐴
Figura 9-4. Circuito equivalente referido ao primário para o circuito da Figura 9-3.
Exemplo 9-3. (Estudo Proposto) Um sistema elétrico monofásico consiste em uma fonte de tensão
senoidal de 480 𝑉 e 60 𝐻𝑧 alimentando uma impedância de carga 𝑍̇𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 4 + 𝑗3 Ω a por meio de
uma linha de transmissão de impedância de 𝑍̇𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 = 0,18 + 𝑗0,24 Ω
a) Se o sistema elétrico apresentar a configuração apresentada na Figura 9-5(a), determine a tensão
na carga e as perdas de potência ativa na linha de transmissão;
b) Se um transformador elevador T1 com relação de espiras 1: 10 for adicionado no início da linha
de transmissão e um transformador ideal abaixador T2 com relação de espiras de 10: 1 for
adicionado no final da linha de transmissão, como ilustra a Figura 9-5(b), determine a tensão
sobre a carga e as perdas na linha de transmissão;
c) Compare os sistemas e descreva suas conclusões.
̇
Resposta:𝑉𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 454∠ − 0,9° 𝑉; 𝑃𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 = 1484 𝑊; 𝑉𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ̇ = 479,7∠ − 0,01° 𝑉; 𝑃𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 = 16,7 𝑊
Figura 9-5. Sistema elétrico para o Exemplo 9-3: (a) sem transformador; (b) com transformador elevador e
abaixador de tensão. (Adaptado de CHAPMAN, 2013).
Nos transformadores não ideais nem todo o fluxo magnético circula mutuamente nas duas
bobinas, pois há uma parcela de dispersão magnética através do ar, como ilustra a Figura 9-6. Assim, o
fluxo total em cada bobina é composto pelo fluxo mútuo 𝜙𝑚 que enlaça as duas bobinas e por uma
pequena parcela de fluxo de dispersão 𝜙𝑑 que passa pela bobina e retorna através do ar:
𝜙𝑝 = 𝜙𝑚 + 𝜙𝑑𝑝
𝜙𝑠 = 𝜙𝑚 + 𝜙𝑑𝑠
Portanto, a razão entre a tensão primária e a tensão secundária causadas pelo fluxo mútuo é
igual à relação de espiras das bobinas, ou seja, a relação de transformação (𝒂):
𝑣𝑝 (𝑡) 𝑁𝑝
= =𝑎
𝑣𝑠 (𝑡) 𝑁𝑠
A relação de transformação (𝑎) também pode ser expressa na forma fasorial:
𝑉𝑝̇ 𝑁𝑝
= =𝑎
̇𝑉𝑠 𝑁𝑠
Se 𝑎 > 1 o transformador é abaixador de tensão (𝑉𝑝 > 𝑉𝑠 ). Por outro lado, se 𝑎 < 1 o
transformador é elevador de tensão (𝑉𝑝 > 𝑉𝑠 ).
Exemplo 9-4. Um transformador monofásico possui 800 espiras no primário e 100 espiras no
secundário. A densidade de fluxo magnético máxima no núcleo é de 1,5 𝑇 quando uma tensão de 1800 𝑉
em 60 𝐻𝑧 é aplicada no primário. Determine:
a) O fluxo máximo no núcleo;
b) A área da seção transversal do núcleo;
c) A tensão induzida no secundário.
Solução: A equação da tensão induzida no primário fornece o valor do fluxo máximo no núcleo:
𝑉𝑝 = 4,44 ∙ 𝑓 ∙ 𝑁𝑝 ∙ 𝛷𝑚𝑎𝑥
Resolvendo para 𝛷𝑚𝑎𝑥 :
𝑉𝑝 1800
𝛷𝑚𝑎𝑥 = = = 8,44 𝑚𝑊𝑏
4,44 ∙ 𝑓 ∙ 𝑁𝑝 4,44 ∙ 60 ∙ 800
Como o fluxo é dado por 𝛷𝑚𝑎𝑥 = 𝐵 ∙ 𝐴 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃, então a área da seção transversal do núcleo é:
𝛷𝑚𝑎𝑥 0,00844
𝐴= = = 0,00563 𝑚2 = 56,3 𝑐𝑚2
𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 1,5 ∙ 𝑠𝑒𝑛90°
A tensão induzida no secundário pode ser determinada pela relação de transformação:
𝑉𝑝 𝑁𝑝 𝑁𝑠 100
= → 𝑉𝑠 = ∙ 𝑉𝑝 = ∙ 1800 = 225 𝑉
𝑉𝑠 𝑁𝑠 𝑁𝑝 800
FMM p FMM s
Resolvendo para 𝐼𝑝 :
𝛷 ∙ ℜ 𝑁𝑠
𝐼𝑝̇ = + ∙ 𝐼̇
𝑁𝑝 𝑁𝑝 𝑠
A indutância de uma bobina é expressa por:
𝜇 ∙ 𝐴 ∙ 𝑁2 𝑁2
𝐿= =
ℓ𝑛 ℜ
Assim:
𝑁2
ℜ=
𝐿
Então:
𝑁𝑝 2
𝛷∙
𝐼𝑝̇ = 𝐿 + 𝑁𝑠 ∙ 𝐼 ̇
𝑁𝑝 𝑁𝑝 𝑠
𝛷 ∙ 𝑁𝑝 𝑁𝑠
𝐼𝑝̇ = + ∙ 𝐼̇
𝐿 𝑁𝑝 𝑠
Como 𝑣𝑝 (𝑡) = 𝑁𝑝 𝜔𝛷𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 90°), então o fasor tensão do primário é dado por:
𝜔𝑁𝑝 𝛷𝑚𝑎𝑥
𝑉𝑝̇ = ∠90° = 𝑗(𝜔𝑁𝑝 𝛷)
√2
Assim:
𝑉𝑝̇
𝛷=
𝑗(𝜔𝑁𝑝 )
Substituindo e operando:
𝑉𝑝̇
∙ 𝑁𝑝
𝑗(𝜔𝑁𝑝 ) 𝑁𝑠
𝐼𝑝̇ = + ∙ 𝐼̇
𝐿 𝑁𝑝 𝑠
𝑉𝑝̇ 𝑁𝑠
𝐼𝑝̇ = + ∙ 𝐼̇
𝑗(𝜔𝐿) 𝑁𝑝 𝑠
Onde 𝐿 representa a indutância mútua do transformador, responsável pela energia armazenada
no fluxo magnético. Portanto, a corrente no primário na forma fasorial é expressa por:
𝑉𝑝̇ 𝐼𝑠̇
𝐼𝑝̇ = +
𝑋𝑚 𝑎
Onde 𝑋𝑚 é a reatância mútua do transformador e 𝑎 é a relação de espiras.
A corrente instantânea no primário é expressa por:
𝑖𝑠 (𝑡)
𝑖𝑝 (𝑡) = 𝑖𝜙 (𝑡) +
𝑎
Portanto, a corrente total no primário do transformado é composta por uma corrente de
magnetização 𝑖𝜙 (𝑡), responsável pelo estabelecimento do fluxo magnético mútuo no núcleo, e pela
corrente na bobina do secundário referida ao primário pela relação de transformação 𝑖𝑠 (𝑡)/𝑎. Essa
equação, baseada na Lei das Correntes de Kirchhoff, indica que o circuito equivalente de um
transformador deve ser representado por um transformador ideal em paralelo com a indutância
responsável pelo fluxo magnético mútuo, como ilustra a Figura 9-9.
Quando o transformador da Figura 9-7 é conectado a uma fonte de tensão alternada, uma
corrente circula no circuito primário, mesmo quando o secundário estiver em circuito aberto (sem carga).
Essa é a corrente requerida para estabelecer o fluxo magnético no núcleo do transformador, e consiste
em duas componentes:
√2𝑉𝑝
𝜙̅𝑝 = 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝜔𝑁𝑝
A Figura 9-10 ilustra a curva típica da corrente de magnetização 𝒊𝝓 (𝒕) do núcleo de um
transformador, obtida a partir da comparação das curvas de magnetização do material ferromagnético
do núcleo (𝜙 × 𝑓𝑚𝑚) e do fluxo magnético estabelecido pela corrente na bobina do primário (𝜙 × 𝑡).
A corrente de perdas no núcleo 𝒊𝒉𝒑 (𝒕) é a corrente que fornece a potência para as perdas por
efeito da histerese magnética e das correntes parasitas induzidas no núcleo. Considerando o fluxo
magnético senoidal e sabendo que as correntes parasitas induzidas no núcleo são proporcionais à taxa
de variação do fluxo (𝑑𝜙/𝑑𝑡), a corrente de perdas será máxima quando o fluxo estiver passando por
zero, como ilustra a Figura 9-11. A corrente de perdas no núcleo não é linear devido aos efeitos não
lineares da histerese magnética e sua componente fundamental está em fase com a tensão aplicada.
Nos transformadores há também as perdas elétricas por efeito Joule, devidas ao aquecimento
provocado pela circulação da corrente nos condutores das bobinas do primário e secundário. As perdas
elétricas são diretamente proporcionais à resistência elétrica dos condutores e ao quadrado da corrente
nas bobinas (𝑅𝐼 2 ). Se a corrente dobra, as perdas elétricas quadruplicam.
Figura 9-13. Circuito equivalente completo do transformador real (Adaptado de Boylestad, 2003).
Como no transformador real o coeficiente de acoplamento magnético não é unitário (𝑘 < 1),
ocorre dispersão do fluxo magnético, ou seja, parte do fluxo em uma bobina não é conduzida pelo núcleo
à outra bobina. Como a maior parte do fluxo de dispersão ocorre através do ar, que tem relutância
constante muito maior que a do núcleo, então o fluxo de dispersão nas bobinas é proporcional à corrente:
𝑓𝑚𝑚𝑝 𝑁𝑝 𝑖𝑝
𝜙𝑑𝑝 = =
ℜ ℜ
𝑓𝑚𝑚𝑠 𝑁𝑠 𝑖𝑠
𝜙𝑑𝑠 = =
ℜ ℜ
Substituindo na equação da Lei de Faraday, as tensões induzidas nas bobinas no primário e
secundário devido ao fluxo de dispersão são expressas por:
𝑁𝑝 𝑖𝑝
𝑑𝜙𝑑𝑝 𝑑( ) 𝑁 2 𝑑𝑖 𝑑𝑖𝑝
ℜ 𝑝 𝑝
𝑒𝑑𝑝 (𝑡) = 𝑁𝑝 = 𝑁𝑝 = = 𝐿𝑝
𝑑𝑡 𝑑𝑡 ℜ 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑁𝑖
𝑑𝜙𝑑𝑠 𝑑 ( 𝑠 𝑠 ) 𝑁𝑠 2 𝑑𝑖𝑠 𝑑𝑖𝑠
𝑒𝑑𝑠 (𝑡) = 𝑁𝑠 = 𝑁𝑠 ℜ = = 𝐿𝑠
𝑑𝑡 𝑑𝑡 ℜ 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Onde 𝐿𝑝 e 𝐿𝑠 são as indutâncias de dispersão do primário e secundário, respectivamente.
Portanto, a energia associada à dispersão do fluxo magnético é modelada no circuito
equivalente do transformador real pelas indutâncias em série com o primário (𝐿𝑝 ) e secundário (𝐿𝑠 ),
como ilustra a Figura 9-13.
As perdas no núcleo são causadas pelas correntes parasitas de Foucault e pela histerese
magnética. As correntes de Foucault são correntes induzidas no núcleo pela variação do fluxo
magnético. Devido à resistência elétrica do material, essas correntes induzidas provocam aquecimento
do núcleo por efeito Joule. Essas perdas de energia são reduzidas quando o núcleo é composto por um
pacote de lâminas isoladas entre si. As perdas por histerese representam o esforço exercido pelo material
do núcleo para reorientar ciclicamente os seus domínios magnéticos.
A corrente de magnetização (𝑖𝜙𝑚 ) é a corrente necessária para estabelecer o fluxo magnético
no núcleo. Essa corrente é proporcional à tensão aplicada ao núcleo (na região não saturada) e atrasada
90°, de modo que pode ser modelada por uma reatância 𝑋𝑚 = 𝑗𝜔𝐿𝑚 , onde 𝐿𝑚 representa a indutância
mútua do transformador. As perdas no núcleo são praticamente proporcionais ao quadrado do fluxo
2 )
magnético máximo (𝛷𝑚𝑎𝑥 e, portanto, proporcionais ao quadrado da tensão do primário (𝑉𝑝2 ). A
corrente de perdas no núcleo (𝑖𝑝ℎ ) é a corrente que representa as perdas devido à histerese magnética
e às correntes parasitas induzidas no núcleo. Essa corrente está em fase com a tensão aplicada e é
proporcional à resistência (𝑅𝑝𝑛 ) que representa as perdas no núcleo. A indutância mútua 𝐿𝑚 e a
resistência das perdas no núcleo 𝑅𝑝𝑛 são representadas em paralelo com o primário do transformador,
como ilustra a Figura 9-13. Como a corrente de magnetização e a corrente de perdas não são lineares,
essas componentes do modelo são apenas aproximações dos efeitos reais.
As capacitâncias (𝐶𝑝 ) e (𝐶𝑠 ) representam o efeito capacitivo existente entre os condutores das
espiras do primário e do secundário, respectivamente. A capacitância (𝐶𝑏 ) representa o efeito capacitivo
entre as bobinas do primário e secundário. O efeito dessas capacitâncias é mais relevante quando o
transformador opera em alta frequência. Na frequência comercial (60 Hz) elas geralmente são
desprezadas.
Para analisar circuitos contendo transformadores, normalmente é necessário converter o
circuito inteiro em um circuito equivalente, com um único nível de tensão referido ao primário ou ao
secundário utilizando a relação de espiras (𝑎 = 𝑁𝑝 /𝑁𝑠 ). A Figura 9-14 apresenta o circuito equivalente
do transformador referido ao nível de tensão do primário, com as capacitâncias desprezadas. A
impedância da carga também é referida ao primário. Um circuito similar referido à tensão do secundário
também pode ser obtido.
Figura 9-16. Modelo simplificado do transformador sem o ramo de excitação (Adaptado de Boylestad, 2003).
A Figura 9-17 apresenta o modelo simplificado do transformador sem o ramo de excitação e
referido ao nível de tensão do primário. Como esse circuito equivalente apresenta apenas uma malha
série, as técnicas de análise de circuitos podem ser aplicadas. Por exemplo, a tensão na carga pode ser
determinada por um divisor de tensão. Os elementos do primário também podem ser referidos ao
secundário por uma análise semelhante.
Figura 9-17. Circuito equivalente do transformador e carga referidos ao nível de tensão do primário.
A Figura 9-18 apresenta o diagrama fasorial do circuito equivalente simplificado referido ao
primário, onde o fasor corrente no primário (𝐼𝑝̇ ) é tomado como referência. As tensões na resistência
equivalente (𝑉̇𝑅𝑒 ) e na resistência da carga referida ao primário (𝑎𝑉̇𝐿 ) estão em fase com a corrente, e
a tensão na reatância equivalente (𝑉𝑋𝑒̇ ) está 90° adiantada. Pela Lei das Tensões de Kirchhoff, a soma
dessas tensões é a tensão da fonte, que deve estar adiantada da corrente:
𝑉𝑓̇ = 𝑉̇𝑅𝑒 + 𝑉𝑋𝑒
̇ + 𝑎𝑉̇𝐿 = 𝐼𝑝̇ 𝑅𝑒 + 𝑋𝑒 𝐼𝑝̇ + 𝑎𝑉̇𝐿
Figura 9-18. Diagrama fasorial do circuito equivalente referido ao primário com carga resistiva.
Se a carga conectada no secundário for uma impedância com teor indutivo, o diagrama fasorial
resultante tem a aparência ilustrada na Figura 9-19, onde 𝜙 é a defasagem provocada pela impedância
equivalente do transformador e 𝜃 é o ângulo de atraso da corrente em relação à tensão na carga referida
ao primário, o qual é determinado pelo fator de potência da carga. Portanto, a corrente no primário está
atrasada da tensão por um ângulo 𝜙 + 𝜃. Se a carga apresentar teor capacitivo, um raciocínio semelhante
deve ser aplicado para obter o diagrama fasorial. No caso do transformador ideal, 𝑅𝑒𝑞 e 𝑋𝑒𝑞 são nulas e
a tensão na carga é dada em função da relação de transformação, pois 𝑉𝑓̇ = 𝑎𝑉̇𝐿 no diagrama fasorial.
Figura 9-19. Diagrama fasorial do circuito equivalente referido ao primário com carga indutiva.
A análise dos diagramas fasoriais demonstra que a tensão na carga referida ao primário (𝑎𝑉̇𝐿 )
é menor que a tensão no primário (𝑉𝑓̇ ). A diferença percentual entre essas tensões é chamada de
regulação de tensão do transformador. Nos transformadores com cargas indutivas a regulação de
tensão é maior, pois há maior diferença entre as tensões.
Exemplo 9-5. Seja o circuito equivalente simplificado do transformador da Figura 9-20. Determine:
a) As resistências e reatâncias equivalentes referidas ao primário;
b) A resistência da carga referida ao primário;
c) A tensão na carga e na fonte;
d) A magnitude da tensão na fonte necessária para estabelecer a mesma tensão na carga, caso o
transformador fosse considerado ideal.
2
2 2
𝑋𝑒𝑞 = 𝑋𝑝 + 𝑎 ∙ 𝑋𝑠 = 𝑗2 + ( ) ∙ 𝑗2 = 𝑗10 Ω
1
A resistência da carga referida ao primário é:
𝑝 2 2
𝑅𝐿 = 𝑎2 ∙ 𝑅𝐿 = ( ) ∙ 60 = 240 Ω
1
A tensão na carga referida ao primário é obtida pela Lei de Ohm:
𝑝 𝑝
𝑉𝐿 = 𝑅𝐿 ∙ 𝐼𝑝 = 240 ∙ (10∠0°) = 2400∠0° 𝑉
Assim, a tensão na carga, referida ao secundário é obtida pela relação de espiras:
𝑝
𝑉𝐿 2400∠0°
𝑉𝐿 = = = 1200∠0° 𝑉
𝑎 2
A tensão na fonte pode ser determinada pela Lei de Kirchhoff:
𝑝
𝑉𝑓 = 𝐼𝑝 ∙ (𝑅𝑒𝑞 + 𝑋𝑒𝑞 + 𝑅𝐿 ) = (10∠0°)(5 + 𝑗10 + 240) = 2450 + 𝑗100 = 2452,04∠2,34° 𝑉
No transformador ideal, a impedância equivalente é nula, então:
𝑝 𝑝
𝑉𝑓 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 𝐼𝑝 ∙ (𝑅𝑒𝑞 + 𝑋𝑒𝑞 + 𝑅𝐿 ) = 𝐼𝑝 ∙ (0 + 0 + 𝑅𝐿 ) = (10∠0°) ∙ 240 = 2400∠0° 𝑉
No transformador real, devido à resistência e reatância equivalente, é necessário aumentar a
tensão da fonte em 52,04 𝑉 para que a tensão na carga seja a mesma do transformador ideal.
O ensaio laboratorial de continuidade tem por objetivo verificar o estado das bobinas e medir
a resistência elétrica do primário 𝑅𝑝 e do secundário 𝑅𝑠 . Os testes devem ser feitos como ilustra a Figura
9-21. Por ter um número maior de espiras, a bobina de alta tensão deve apresentar uma resistência maior
que a de baixa tensão. Se a resistência for muito elevada a bobina pode estar rompida. Por outro lado,
se a resistência for muito baixa, pode haver um curto-circuito nas espiras.
de 90° da tensão de alimentação necessária para estabelecer o fluxo magnético no núcleo, como ilustra
o diagrama fasorial da Figura 9-22.
2
2 𝑃0
𝐼𝐿𝑚 = √𝐼𝑝0 −( )
𝑉𝑝𝑛
𝑉𝑝𝑛
𝑅𝑝𝑛 =
𝐼𝑅𝑝𝑛
𝑉𝑝𝑛
𝑋𝐿𝑚 =
𝐼𝐿𝑚
𝑋𝐿𝑚
𝐿𝑚 =
2∙𝜋∙𝑓
O fator de potência do transformador a vazio pode ser calculado por:
𝑃0 𝐼𝑅𝑝𝑛
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑0 = =
𝑉𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑝0 𝐼𝜙𝑚
As perdas magnéticas no núcleo do transformador a vazio podem ser calculadas por:
𝑃0 = 𝑅𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑅𝑝𝑛 2
Os valores dos componentes do ramo de excitação também podem ser obtidos a partir da
admitância equivalente do ramo de excitação (𝑌𝐸 ), cujo teor é indutivo:
𝑌𝐸̇ = 𝐺𝑝𝑛 − 𝑗𝐵𝐿𝑚
Onde 𝐺𝑝𝑛 é a condutância das perdas e 𝐵𝐿𝑚 é a susceptância de magnetização, sabendo que:
1
𝑅𝑝𝑛 =
𝐺𝑝𝑛
1
𝑋𝐿𝑚 =
𝐵𝐿𝑚
O módulo da admitância do ramo de excitação (referido ao primário) é obtido por:
𝐼𝑝0
|𝑌𝐸 | =
𝑉𝑝𝑛
O ângulo 𝜑0 da admitância de excitação é obtido a partir do fator de potência a vazio:
𝑃0
𝜑0 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( )
𝑉𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑝0
Como o teor é indutivo, o sinal do ângulo da admitância de excitação é negativo:
𝐼𝑝0 1 1
𝑌𝐸̇ = ∠ − 𝜑0 = −𝑗
𝑉𝑝𝑛 𝑅𝑝𝑛 𝑋𝐿𝑚
A partir dessa equação a resistência das perdas no núcleo (𝑅𝑝𝑛 )e a indutância do circuito de
magnetização podem ser obtidas (𝐿𝑚 ).
Exemplo 9-6. Um transformador de potência de 200: 40 𝑉 com capacidade de 800 𝑉𝐴 foi submetido a
um ensaio a vazio. Aplicada a tensão nominal no primário, foi medida uma corrente a vazio de 200 𝑚𝐴
e uma potência a vazio de 8 𝑊.
a) Determine os parâmetros do ramo de excitação;
b) Determine o fator de potência e as perdas no transformador a vazio.
Solução: a corrente relativa às perdas no núcleo é obtida por:
𝑃0 8
𝐼𝑅𝑝𝑛 = = = 40 𝑚𝐴
𝑉𝑝𝑛 200
A corrente na indutância de magnetização é calculada por:
2
𝐼𝐿𝑚 = √𝐼𝑝0 2 −(𝐼𝑅𝑝𝑛 ) = √0,22 − 0,042 = 196 𝑚𝐴
|𝑋𝑒𝑞 |
𝐿𝑒𝑞 =
2𝜋𝑓
A impedância equivalente do transformador representa as resistências e reatâncias das bobinas
do primário e do secundário referido ao primário:
𝑍̇𝑒𝑞 = (𝑅𝑝 + 𝑎2 𝑅𝑠 ) + 𝑗(𝑋𝑝 + 𝑎2 𝑋𝑠 )
Geralmente não é necessário obter os valores individuais das resistências e reatâncias do
primário e secundário para proceder a análise de circuitos com transformadores.
Quando uma carga é conectada ao transformador uma corrente flui na bobina do secundário
devido à indução de tensão provocada pela variação do fluxo magnético criado pela corrente na bobina
do primário. A corrente no secundário (𝐼𝑠 ) depende das características da carga, como ilustra a Figura
9-26. Essa corrente no secundário, por sua vez, cria um fluxo magnético variante (𝜙𝑠 ) que se opõe à
variação do fluxo magnético do primário (𝜙𝑝 ). Tal oposição resulta em fluxo total no núcleo menor que
aquele produzido pelo primário quando o transformador está em vazio (sem carga). Essa redução do
fluxo total no núcleo diminui a tensão autoinduzida na bobina do primário (𝑒𝑝 ) que, por sua vez,
aumenta a corrente do primário (𝐼𝑝 ). Assim, a corrente no primário aumenta até que o fluxo magnético
no núcleo retorne ao seu valor original. Para que o transformador opere corretamente é necessária uma
condição de equilíbrio entre os fluxos magnéticos do primário e do secundário. Essa condição também
requer um equilíbrio nas potências do primário e do secundário. A corrente é inversamente proporcional
tanto à tensão como ao número de espiras. Para manter o equilíbrio de potência nas bobinas do
transformador com carga, quanto maior a tensão do secundário menor deve ser a corrente, e vice-versa.
secundário. Essa corrente total no primário está atrasada da tensão de alimentação por um ângulo 𝜑𝑝 ,
como ilustra o diagrama fasorial da Figura 9-27.
Exemplo 9-8. Um transformador tem 2000 espiras no primário e 500 no secundário. A corrente a vazio
absorvida da fonte é 2 𝐴 com fator de potência 0,3 atrasado. Determine a corrente e o fator de potência
no primário quando a corrente no secundário for 50 𝐴 com uma carga de fator de potência 0,8 atrasado.
Solução: A corrente do secundário referida ao primário 𝐼𝑝1 é determinada pela relação de corrente:
𝑉𝑝 𝐼𝑠 𝑁𝑝
= = =𝑎
𝑉𝑠 𝐼𝑝 𝑁𝑠
𝐼𝑠 𝑁𝑠 500
𝐼𝑝1 = = 𝐼𝑠 ∙ = 50 ∙ = 12,5 𝐴
𝑎 𝑁𝑝 2000
Os ângulos dos fatores de potência a vazio e com carga são obtidos pelo arco-cosseno:
𝜑0 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,3) = 72,54°
𝜑𝑠 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,8) = 36,87°
As projeções das componentes das correntes são dadas por:
𝐼𝑥 = 𝐼0 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙0 + 𝐼1 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜙𝑠
𝐼𝑥 = 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(72,54°) + 12,5 ∙ 𝑠𝑒𝑛(36,87°) = 2 ∙ 0,954 + 12,5 ∙ 0,6 = 9,408
𝐼𝑦 = 𝐼0 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑0 + I1 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑𝑠
𝐼𝑦 = 2 ∙ 𝑐𝑜𝑠(72,54°) + 12,5 ∙ 𝑐𝑜𝑠(36,87°) = 2 ∙ 0,3 + 12,5 ∙ 0,8 = 10,6
A corrente total no primário do transformador é obtida pela soma das componentes:
2
𝐼𝑝 = √𝐼𝑥 2 + 𝐼𝑦 = √9,4082 + 10,62 = 14,17 𝐴
O ensaio em carga plena tem por objetivo determinar o rendimento e a regulação percentual
de tensão do transformador. Nesse ensaio, a tensão nominal é aplicada ao primário e uma carga resistiva
deve ser ajustada para exigir a corrente nominal no secundário, como ilustra a Figura 9-29. Para obtenção
do rendimento e da regulação devem ser medidas as tensões, correntes e potências no primário e no
secundário, sem carga e com carga plena.
No ensaio do transformador em plena carga o primário deve ser alimentado com tensão nominal e uma
carga resistiva deve ser ajustada de forma a circular a corrente nominal no secundário para medir as
tensões, correntes e potências no primário e no secundário.
Exemplo 9-9. Um transformador abaixador de 220: 20 𝑉 será usado para alimentar a etapa retificadora
de uma fonte CC de 4 𝐴. Quando submetido à tensão eficaz nominal do primário e sem carga o
transformador disponibiliza 21 𝑉 no secundário. Quando submetido à tensão eficaz nominal do primário
e com carga máxima (4 𝐴), a tensão no secundário cai para 16 𝑉. Determine a regulação percentual de
tensão do transformador. Sabendo que a tensão retificada mínima de entrada do regulador de tensão da
fonte CC é 22 𝑉, verifique se o transformador é adequado.
Solução: A regulação percentual de tensão do transformador é calculada por:
𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎
𝑉𝑠𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 − 𝑉𝑠 21 − 16
𝑅% = ∙ 100 = ∙ 100 = 23,8 %
𝑉𝑠𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 21
Quando a carga for máxima, a tensão de pico no secundário do transformador será:
𝑉2𝑝𝑖𝑐𝑜 = √2 ∙ 𝑉2 = √2 ∙ 16 = 22,63 𝑉
Como a tensão na entrada do regulador deve ser maior que 22 𝑉 e considerando a queda de
tensão nos diodos retificadores (2 × 0,7 𝑉), esse transformador não é adequado para ser usado na fonte
CC, pois não apresenta boa regulação de tensão.
𝑋𝐿𝑚 2540
𝐿𝑚 = = = 6,74 𝐻
2𝜋𝑓 2𝜋60
Os parâmetros também podem ser obtidos pela admitância de excitação, cujo ângulo é:
𝑃0 11
𝜑0 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 60°
𝑉𝑝𝑛 ∙ 𝐼𝑝0 220 ∙ 0,1
A admitância de excitação é calculada por:
𝐼𝑝0 0,1
𝑌𝐸̇ = ∠ − 𝜑0 = ∠ − 60° = 0,00023 − 𝑗0,000394 𝑆
𝑉𝑝𝑛 220
Como:
1 1
𝑌𝐸̇ = −𝑗 = 0,00023 − 𝑗0,000394 𝑆
𝑅𝑝𝑛 𝑋𝐿𝑚
1
𝑅𝑝𝑛 = = 4400 Ω
0,00023
1
𝑋𝐿𝑚 = = +𝑗2450 Ω
−𝑗0,000394
No ensaio de Curto-Circuito o módulo da impedância equivalente é obtido pela Lei de Ohm:
𝑉𝑐𝑐 10
|𝑍𝑒𝑞 | = = = 3,663 Ω
𝐼𝑝 2,73
O ângulo da impedância equivalente é obtido a partir de:
𝑃𝑐𝑐 20
𝜑𝑐𝑐 = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 ( ) = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,733) = 42,9°
𝑉𝑐𝑐 ∙ 𝐼𝑝 10 ∙ 2,73
Assim, a impedância equivalente é expressa por:
𝑍̇𝑒𝑞 = |𝑍𝑒𝑞 |∠𝜑𝑐𝑐 = 3,663∠42,9° = 2,68 + 𝑗2,49 Ω
Portanto a 𝑅𝑒𝑞 = 3,7 Ω e a 𝑋𝑒𝑞 = 2,5 Ω. Assim:
|𝑋𝑒𝑞 | 2,5
𝐿𝑒𝑞 = = = 6,6 𝑚𝐻
2𝜋𝑓 2𝜋60
No ensaio de carga plena, o rendimento percentual é calculado por:
𝑃𝐿 564
𝜂% = ∙ 100 = ∙ 100 = 95,6 %
𝑃𝑓 590
A regulação percentual de tensão é obtida por:
𝑉𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 − 𝑉𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 52 − 47
𝑅% = ∙ 100 = = 9,6 %
𝑉𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 52
O circuito equivalente simplificado referido ao primário é apresentado na Figura 9-30.
O rendimento para a carga indutiva é calculado da seguinte forma:
𝑃𝐿 = 𝑆𝐿 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 = 500 ∙ 0,92 = 460 𝑊
𝑉𝑠 𝑝 = 𝑎 ∙ 𝑉𝑠 = 4,4 ∙ 45 = 198 𝑉
( 𝑉𝑠 𝑝 )2 1982
𝑃𝑚𝑎𝑔 = = = 8,91 𝑊
𝑅𝑝𝑛 4400
𝑆𝑠 500
𝐼𝑠 = = = 11,1 𝐴
𝑉𝑠 45
𝐼𝑠 11,1
𝐼𝑠 𝑝 = = = 2,53 𝐴
𝑎 4,4
𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡 = 𝑅𝑒𝑞 ∙ (𝐼𝑠 𝑝 )2 = 2,7 ∙ (2,53 )2 = 17,28 𝑊
𝑃𝐿 𝑃𝐿 460
𝜂% = ∙ 100 = ∙ 100 = ∙ 100 = 92,9 %
𝑃𝑓 𝑃𝐿 + 𝑃𝑚𝑎𝑔 + 𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡 460 + 17,82 + 17,28
Em função do sentido em que as espiras são enroladas, um transformador pode apresentar uma
polaridade magnética aditiva ou subtrativa, caso as tensões do primário e do secundário estejam,
respectivamente, em fase ou fora de fase. A identificação da polaridade magnética é feita por uma
marcação de pontos nas bobinas, como ilustra a Figura 9-31. Se os pontos do primário e secundário são
adjacentes, a polaridade magnética é subtrativa. Caso contrário, a polaridade é aditiva.
Figura 9-33. Circuito equivalente referido ao primário do transformador na faixa de baixas frequências
(Adaptado de Boylestad, 2003).
Na faixa de médias frequências todos os elementos reativos podem ser desconsiderados. A
Figura 9-34 apresenta o modelo equivalente simplificado do transformador, referido ao primário, para a
faixa de médias frequências.
Figura 9-34. Circuito equivalente referido ao primário do transformador na faixa de médias frequências
(Adaptado de Boylestad, 2003).
Figura 9-35. Circuito equivalente referido ao primário do transformador na faixa de altas frequências
(Adaptado de Boylestad, 2003).
A Figura 9-36 apresenta uma curva típica de resposta à frequência de um transformador com
núcleo ferromagnético. Na região de baixas frequências a tensão do secundário diminui devido ao efeito
da reatância de magnetização. A tensão do secundário também diminui na região de altas frequências
devido ao efeito das reatâncias capacitivas. O pico de tensão que ocorre em uma faixa frequência é
proporcionado pelo efeito de ressonância série entre os elementos indutivos e capacitivos do
transformador. Na faixa de médias frequências a tensão no secundário é praticamente constante, sendo
geralmente a região da frequência nominal de operação do transformador.
Figura 9-36. Curva típica de resposta à frequência do transformador (Adaptado de Boylestad, 2003).
Figura 9-41. Casamento de impedâncias dos cabos de antena de televisão (Boylestad, 2003).
Exemplo 9-11. O amplificador da Figura 9-43 apresenta tensão de 50 𝑉 e impedância interna de 200
e está conectado a um alto-falante de 8 . Determine:
a) A potência transferida para a carga nessa condição;
200
𝑎=√ =5
8
Então, a corrente na fonte e a potência fornecida com o transformador são calculadas por:
𝑉𝑔 50
𝐼= = = 125 𝑚𝐴
𝑅𝑒𝑞 (200 + 200)
𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐼 2 = 200 ∙ (0,125)2 = 3,125 𝑊
Com o uso do transformador para casamento de impedâncias a potência transferida para o alto-
falante aumenta mais de 6 vezes.
Figura 9-43 – Transferência de potência: (a) sem transformador; (b) com transformador para casamento de
impedâncias (Adaptado de Boylestad, 2003).
Figura 9-45 – Símbolo e aparência de um transformador com múltiplas bobinas (Fonte: www.electronics-
tutorials.ws; Boylestad, 2003).
Os transformadores bivolt (ou dupla tensão) são aqueles que possuem duas bobinas idênticas
no primário e/ou no secundário, como apresentado na Figura 9-46. Nesses transformadores as bobinas
do primário ou do secundário podem ser conectadas em série, para permitir maior tensão, ou em paralelo,
para permitir maior capacidade de corrente. Porém, é fundamental observar as polaridades magnéticas
das bobinas para não provocar curto-circuito.
conectadas no secundário drenem a mesma corrente em ambas as bobinas para evitar assimetrias no
terminal central.
Figura 9-47 – Transformador bivolt: (a) conexão série; (b) conexão paralela no secundário
𝑁𝑝 2 𝑁𝑝 2
( ) ∙ 𝑍𝑠1 = ( ) ∙ 𝑍𝑠2
𝑁𝑠1 𝑁𝑠2
𝑁𝑠1 𝑍𝑠1
=√
𝑁𝑠2 𝑍𝑠2
𝑁𝑠1 8
= √ = √2
𝑁𝑠2 4
Para que a impedância total no primário seja 16 , cada alto-falante deve aparecer no primário
com 32 , pois são as impedâncias das bobinas secundárias são associadas em paralelo:
𝑁𝑝 2
( ) ∙ 8 = 32
𝑁𝑠1
𝑁𝑝 32
= √ = √4 = 2
𝑁𝑠1 8
𝑁𝑝 2
( ) ∙ 4 = 32
𝑁𝑠2
𝑁𝑝 32
= √ = √8 = 2√2
𝑁𝑠2 4
9.10. AUTOTRANSFORMADOR
Um autotransformador é um transformador especial, composto por uma única bobina ou duas
ligadas em série com uma derivação, como ilustra a Figura 9-50. Portanto, no autotransformador há uma
conexão elétrica e magnética entre o primário e secundário. Assim, parte da energia transferida para a
carga é feita pela conexão elétrica e parte é feita pela transformação proporcionada pelo acoplamento
magnético. Essa característica faz com que os autotransformadores sejam energeticamente mais
eficientes. O autotransformador também é reversível, ou seja, ele pode ser usado para elevar ou abaixar
as tensões, de acordo com o lado no qual é conectado à fonte de tensão. Nos autotransformadores, a
relação de transformação é dada pela equação:
𝑉𝑝̇ 𝐼𝑠̇ 𝑁𝑝
= =
̇𝑉𝑠 𝐼𝑝̇ 𝑁𝑠
Figura 9-51. Esse princípio é utilizado nos estabilizadores de tensão, onde a derivação do secundário é
chaveada eletronicamente, de acordo com a tensão de entrada, de forma a manter a tensão de saída o
mais estável possível.
Figura 9-50 – Autotransformador: (a) abaixador de tensão; (b) elevador de tensão (Adaptado de:
www.electronics-tutorials.ws).
Figura 9-51 – Autotransformador com múltiplas tensões de saída (Adaptado de: Wikipédia).
As principais vantagens dos autotransformadores são a maior capacidade de potência aparente,
baixo custo e menor peso e volume que um transformador com dois enrolamentos isolados. Como utiliza
menor ferro no núcleo e cobre nos enrolamentos, as perdas magnéticas e elétricas são menores, o que
confere aos autotransformadores maior eficiência energética e melhor regulação percentual de tensão.
Os autotransformadores são muito utilizados para adaptar os padrões de tensão de distribuição
(220: 127 𝑉), nos estabilizadores eletrônicos de tensão, como reguladores de tensão nos sistemas de
transmissão de energia, em dispositivos de partida de motores elétricos de corrente alternada, variadores
de tensão alternada (varivolt) usados em laboratórios de eletricidade e eletrônica, entre outras.
A principal desvantagem de um autotransformador é a inexistência de isolamento elétrico entre
o primário e o secundário. Por essa razão, o uso de autotransformadores como abaixadores de tensão
para pequenas cargas não é seguro, como em circuitos eletrônicos. Como a conexão do neutro é comum
ao primário e ao secundário, o aterramento do primário automaticamente aterrará o secundário, o que
pode ser problemático especialmente para alguns circuitos que necessitam diferentes pontos de
referência. Se o enrolamento secundário se tornar um circuito aberto, a corrente para de circular no
primário e a ação de transformação cessa, o que provoca aplicação de toda a tensão do primário sobre a
carga. Se o secundário estiver em curto-circuito, a corrente no primário será muito maior que seria em
um transformador com bobinas isoladas, podendo danificar o autotransformador.
Os autotransformadores são mais eficientes apenas para transformação de tensões com valores
próximos, ou seja, para pequenas relações de transformação, geralmente no intervalo 0,25 ≤ 𝑎 ≤ 4.
Um autotransformador também pode ser construído a partir de um transformador convencional
de duas bobinas isoladas, conectando-se em série o primário e o secundário. Se a conexão for aditiva ou
subtrativa, a tensão do secundário será, respectivamente, somada ou subtraída à do primário. Essas
possibilidades são exemplificadas na Figura 9-52. Entretanto, isso nem sempre é possível devido ao
limite de isolação da bobina de baixa tensão, que poderá não suportar o maior nível de tensão de
operação. A bobina de um autotransformador é construída para suportar a maior tensão nominal.
Figura 9-52 – Transformador convencional como autotransformador: (a) elevador; (b) abaixador.
Exemplo 9-13. Um transformador de 200 𝑉𝐴 e 220: 25 𝑉 deve ser conectado para operar como um
autotransformador elevador, com tensão primária de 220 𝑉. Determine (Adaptado de Chapman, 2013):
a) A tensão do secundário;
b) A máxima especificação nominal de potência aparente nesse modo de operação;
c) A vantagem de potência aparente nominal dessa conexão em relação à conexão convencional.
̇ é obtida pela relação de transformação.
Solução: a tensão do secundário como autotransformador 𝑉𝑠𝑎
̇
𝑉𝑝𝑎 𝑁𝑝𝑎 𝑁 𝑁 + 𝑁𝑠𝑡 220 + 25
= → 𝑉𝑠𝑎 ̇ = ( 𝑝𝑡
̇ = ( 𝑠𝑎 ) 𝑉𝑝𝑎 ̇ =(
) 𝑉𝑝𝑎 ) 220 = 245 𝑉
̇𝑉𝑠𝑎 𝑁𝑠𝑎 𝑁𝑝𝑎 𝑁𝑝𝑡 220
Como a potência aparente nominal do transformador 𝑆𝑡 é 200 𝑉𝐴 em ambas as bobinas, então
̇ é dada por:
a corrente máxima do secundário do transformador 𝐼𝑠𝑡
𝑆𝑡 200
̇ =
𝐼𝑠𝑡 = =8𝐴
𝑉̇𝑠𝑡 25
Assim, a potência aparente total 𝑆𝑎 no secundário da conexão como autotransformador é:
̇ ∙ 𝐼𝑠𝑎
𝑆𝑎 = 𝑉𝑠𝑎 ̇ = 245 ∙ 8 = 1960 𝑉𝐴
Essa deve ser a mesma potência no primário do autotransformador. Portanto, a vantagem de
potência aparente nominal é determinada por:
𝑆𝑎 1960
= = 9,8
𝑆𝑡 200
Portanto, o transformador conectado como autotransformador permite uma potência aparente
9,76 vezes maior que a conexão convencional. Esse comportamento é o que caracteriza a eficiência
energética e o menor volume, peso e custo dos autotransformadores.
O princípio do autotransformador também pode ser usado para ajustar tensões eficazes. Um
autotransformador ajustável, conhecido como Varivolt ou Variac, é constituído por uma bobina primária
enrolada sobre um núcleo magnético laminado toroidal, onde a derivação para o secundário é obtida por
meio de um contato móvel (escova). Esse contato móvel desliza sobre uma face não isolada das espiras
da bobina primária, fazendo a conexão para um terminal do secundário, propiciando a variação da
relação de transformação e, consequentemente, o ajuste da tensão do secundário. A Figura 9-53 ilustra
o esquema simplificado de um autotransformador ajustável. O número de espiras da bobina primária é
significativo, de forma a produzir uma tensão no secundário que possa ser ajustada com boa precisão.
Se a tensão de alimentação for aplicada em um ponto intermediário do primário, a tensão do secundário
também poderá ser ajustada para um valor maior que a tensão do primário. A Figura 9-54 apresenta
alguns autotransformadores ajustáveis usados em laboratórios de eletrônica.
Exemplo 9-14. O autotransformador da Figura 9-55 deve elevar a tensão de 220 𝑉 para 250 𝑉, usando
uma bobina com um total de 2000 espiras. Determine a posição da derivação do primário e as correntes
de entrada e saída para uma carga de 10 𝑘𝑉𝐴.
Solução: A posição de derivação é obtida pela relação de transformação:
𝑉𝑝 𝑁𝑝 𝑉𝑝 ∙ 𝑁𝑠 220 ∙ 2000
= → 𝑁𝑝 = = = 1750 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠
𝑉𝑠 𝑁𝑠 𝑉𝑠 250
As correntes do primário e do secundário são obtidas a partir da equação da potência aparente:
𝑆𝑠 10000
𝑆𝑠 = 𝑉𝑠 ∙ 𝐼𝑠 → 𝐼𝑠 = = = 40 𝐴
𝑉𝑠 250
𝑆𝑝 10000
𝑆𝑝 = 𝑉𝑝 ∙ 𝐼𝑝 → 𝐼𝑝 = = = 45,45 𝐴
𝑉𝑝 220
principal do TP é a amostragem de tensão, ele deve ser muito exato para não distorcer os valores da
tensão amostrada. Há transformadores de potencial de diversas classes de isolamento e de exatidão,
dependendo dos níveis de tensão e de quão exatas devem ser as amostras para uma dada aplicação
(CHAPMAN, 2013). Nos sistemas de energia elétrica, os transformadores de potencial são usados para
medir as elevadas tensões das linhas de transmissão e distribuição, como ilustra a Figura 9-56. Nesse
caso, o TP faz o isolamento elétrico do circuito de alta tensão e, por meio da relação de transformação,
permite uma medição proporcional da tensão da linha de forma segura. Usualmente a relação de
transformação dos transformadores de potencial é 𝑉𝑝 : 100. A Figura 9-57 ilustra a aparência dos
transformadores de potencial usados nas subestações de transmissão de energia elétrica.
Figura 9-58 – Conexão inapropriada para medição da tensão Vx (Adaptado de Boylestad, 2003).
Figura 9-59 – Medição de Vx com ponteira isolada por um TI (Adaptado de Boylestad, 2003).
Figura 9-61 – Aparência dos transformadores de corrente de pequeno porte (Fonte: internet).
Figura 9-62 – Transformador de corrente para subestações de transmissão de energia (Fonte: internet).
Um transformador de corrente consiste em uma bobina secundária enrolada sobre um núcleo
ferromagnético em forma de anel, e um primário composto por poucas espiras ou apenas um condutor
retilíneo inserido no núcleo, como ilustra a Figura 9-63. O campo magnético criado pela passagem da
corrente no condutor do primário é concentrado pelo núcleo ferromagnético. Como a corrente é
alternada, o fluxo magnético variante induz uma tensão e corrente no secundário, proporcional à relação
de espiras. Quanto maior a corrente no primário, maior o fluxo magnético e maior a corrente no
secundário. A bobina do secundário é enrolada sobre um núcleo ferromagnético de seção transversal
suficiente para que a densidade de fluxo seja baixa e não provoque saturação magnética. O secundário
deve conter um número bem maior de espiras, de acordo com a relação de transformação de corrente
requerida. Quanto maior o número de espiras do secundário, menor o nível de corrente na saída, como
demonstra a relação de transformação:
𝑁𝑝
𝐼𝑠 = 𝐼𝑝 ∙
𝑁𝑠
Exemplo 9-15. Um transformador de corrente com o condutor primário passando por dentro do núcleo
tem 100 espiras no secundário e deve ser conectado a um amperímetro com resistência interna de 0,2 .
O amperímetro deve indicar o valor máximo de escala quando a corrente no primário for 500 𝐴.
Determine a corrente máxima no secundário e a tensão no amperímetro. Se o amperímetro for removido,
determine a tensão no secundário em aberto, considerando uma tensão de 380 𝑉 no primário.
Solução: A corrente do secundário é obtida pela relação de transformação de corrente:
𝑁𝑝 1
𝐼𝑠 = 𝐼𝑝 ∙ = 500 ∙ =5𝐴
𝑁𝑠 100
A tensão no secundário aplicada ao amperímetro é obtida pela Lei de Ohm:
𝑉𝑠 = 𝑅𝑎𝑚𝑝 ∙ 𝐼𝑠 = 0,2 ∙ 5 = 1 𝑉
Como o amperímetro tem uma resistência interna muito pequena, a tensão no secundário do
TC é baixa, mesmo quando a corrente no primário for máxima. Entretanto, se o amperímetro for
removido e o secundário ficar em aberto, o TC se transforma em um transformador elevador. O resultado
é uma tensão muito alta no secundário, cujo valor aproximado é obtido pela relação de transformação:
𝑉𝑝 𝑁𝑝 𝑁𝑠 100
≈ → 𝑉𝑠 ≈ 𝑉𝑝 ∙ ≈ 380 ∙ ≈ 3,8 𝑘𝑉
𝑉𝑠 𝑁𝑠 𝑁𝑝 1
Essa tensão ocorre pela saturação magnética do núcleo do TC provocada pelo secundário em
circuito aberto. Esses níveis altos de tensão danificam o isolamento do TC e podem causar choques
elétricos perigosos ou fatais!!!
CUIDADO!!! Um transformador de corrente NUNCA deve ser operado com o secundário em
ABERTO. Se o circuito ou amperímetro do secundário deve ser removido, primeiramente deve-se
fazer um CURTO-CIRCUITO no secundário do TC.
acoplamento magnético. A Figura 9-70 apresenta a aparência de dois tipos de transformadores trifásicos
comuns.
A conexões que apresenta melhor desempenho e menos problemas operacionais são a -,
pois não provoca deslocamentos de fase e não tem problemas de cargas desequilibradas ou harmônicas.
As vantagens e desvantagens e as características técnicas e operacionais das diferentes configurações
das conexões dos bancos te transformadores trifásicos são apresentadas e discutidas em Chapman
(2013), cuja consulta é recomendada.
Figura 9-72 – Circuito equivalente do transformador com núcleo de ar (Adaptado de Boylestad, 2003).
Exemplo 9-17. Determine a impedância equivalente para o circuito da Figura 9-73, composto por um
transformador com núcleo de ar e uma carga resistiva (BOYLESTAD, 2003).
Solução: A impedância equivalente é calculada pela equação:
(𝜔𝑀)2
𝑍̇𝑒𝑞 = 𝑍̇𝑝 +
𝑍̇𝑠 + 𝑍̇𝐿
(𝑗𝜔𝑀)2 (400 ∙ 0,9)2
𝑍̇𝑒𝑞 = (𝑅𝑝 + 𝑗𝜔𝐿𝑝 ) + = (3 + 𝑗2400) +
(𝑅𝑠 + 𝑗𝜔𝐿𝑠 ) + 𝑅𝐿 (0,5 + j400) + 40
𝑍̇𝑒𝑞 ≅ 𝑗2400 + (325 − 𝑗320,8)
Com uma carga resistiva a impedância de acoplamento (segundo termo) apresenta teor
capacitivo (parte imaginária negativa), reduzindo a impedância equivalente do transformador:
𝑍̇𝑒𝑞 ≅ 32,5 + 𝑗2079 Ω = 2079,25 ∠89,1° Ω
Figura 9-74 – Símbolos dos principais tipos de transformadores (Adaptado de Boylestad, 2003).
Os transformadores dos sistemas de transmissão e distribuição de energia são projetados para
grandes potências e altas tensões e operam com rendimento acima de 98%. Esses transformadores de
potência geralmente são trifásicos ou operam em bancos compostos por três transformadores
monofásicos interligados. Seus núcleos são feitos de Aço-Silício laminado e as bobinas são imersas em
óleo isolante. Esse óleo circula por aletas para auxiliar na refrigeração, muitas vezes reforçada por
sistemas de ventiladores, como ilustra Figura 9-75.
(a) (b)
Figura 9-75 – Transformadores trifásicos: (a) distribuição; (b) subestação (Fonte: cemec.com.br).
Os transformadores de alimentação são usados na entrada das fontes retificadas para adaptar
a tensão da rede de distribuição aos níveis requeridos pelos circuitos eletrônicos. Geralmente são de
baixa potência e, quando operam na frequência de 50 ou 60 Hz, seus núcleos são compostos por lâminas
de Aço-Silício, como na Figura 9-76. Os transformadores usados nas fontes de alimentação chaveadas
são mais compactos, pois operam em alta frequência e seus núcleos geralmente são feitos de ferrite,
como ilustra a Figura 9-77.
Figura 9-77 – Transformadores com núcleo de ferrite para alta frequência (Fonte: internet).
Os transformadores de audiofrequência (AF) operam com sinais na faixa de frequências
audíveis (entre 15 𝐻𝑧 e 20 𝑘𝐻𝑧). São construídos com muitas espiras nas bobinas e o material do núcleo
é Aço-Silício laminado ou ferrite, como ilustra a Figura 9-78. Esses transformadores são usados nos
circuitos de acoplamento e casamento de impedâncias entre a etapa amplificadora e a saída para os alto-
falantes, para permitir a máxima transferência de potência para a carga, como exemplifica o circuito da
Figura 9-79. Mesmo usando materiais de alta qualidade no núcleo sua resposta em frequência não é
perfeitamente plana, o que limita sua aplicação.
Figura 9-79 – Amplificador de áudio com saída acoplada por transformador (Fonte: internet).
Os transformadores de radiofrequência (RF) e frequência intermediária (FI) são usados para
acoplar impedâncias entre entrada e saída dos estágios amplificadores ou como filtros passa-faixa
(associados a capacitores) em circuitos com frequências entre 50 𝑘𝐻𝑧 e 200 𝑀𝐻𝑧, para proporcionar
seletividade do sinal em receptores de rádio (transformador de antena), como ilustra a Figura 9-80. São
transformadores de baixa potência e geralmente possuem poucas espiras com núcleo de ar ou ferrite e
uma blindagem metálica externa, como ilustra a Figura 9-81. O capacitor em paralelo com a bobina
pode ser variável, ou a sintonia pode ser calibrada por um parafuso que movimenta o núcleo de ferrite
para alterar a indutância das bobinas do transformador. Em alguns transformadores tanto o primário
como o secundário são sintonizados por capacitores e, em outros, somente o primário ou o secundário.
Figura 9-82 – Acoplamento dos circuitos de controle e potência com transformador de pulsos.
Figura 9-83 – Transformador de pulsos: (a) sinal de entrada; (b) sinal de saída (Fonte:
www.electriciantheory.blogspot.com.br).
9.17.3. Um transformador ideal 3: 1 é alimentado por uma tensão eficaz de 60 𝑉 e aciona uma carga
cuja impedância é 𝑍𝑠 = (2,2 − 𝑗1 )Ω. Determine a tensão no secundário, as correntes no primário e
secundário e a potência absorvida da fonte de alimentação. Resp.: 20 𝑉; 2,76∠24,44° 𝐴; 165,5 𝑉𝐴.
9.17.4. O primário de um transformador ideal 2: 1 é conectado em série com uma impedância capacitiva
𝑍1 = −𝑗25Ω e a uma fonte de 220∠0° 𝑉. O secundário é conectado a uma resistência de 12 .
Determine a corrente no primário, a tensão na carga e a potência na fonte.
9.17.5. O primário de um transformador ideal 3: 1 é conectado em série com uma impedância indutiva
𝑍1 = 𝑗100Ω e o secundário a uma impedância 𝑍2 = (10 − 𝑗6)Ω. Determine a tensão eficaz da fonte
para que a potência ativa na carga seja 1000 𝑊. Nessa condição, determine a corrente no primário, a
potência aparente na fonte e tensão no secundário. Resp.: 337; 0,33; 1123,3; 116,6∠ − 31°
9.17.7. Uma reatância capacitiva de – j100 é ligada em série com o primário de um transformador,
alimentados por 120 𝑉 (eficaz). Determine a relação de transformação que para a corrente seja de 2 𝐴
(eficaz) em um resistor de 10 ligado ao secundário. Resp.: 5,74; 1,74.
9.17.8. Um transformador de 15 𝑘𝑉𝐴 e 2300/230 𝑉 foi testado para obtenção dos parâmetros do seu
circuito equivalente, cujos valores obtidos são apresentados na Tabela 9-3 (CHAPMAN, 2013).
a) Obtenha os parâmetros e desenhe os circuitos equivalentes do transformador referidos ao lado
de tensão do primário e do secundário;
b) Calcule a regulação de tensão a plena carga para os fatores de potência 1,0 e 0,8 atrasado;
c) Determine o rendimento do transformador a plena carga para um fator de potência 0,8 atrasado.
d) Use o computador para traçar um gráfico do comportamento da regulação de tensão à medida
em que a carga é aumentada, desde a vazio até a plena carga, para os fatores de potência 1,0 e
0,8 atrasado.
Respostas: 105 𝑘Ω; 𝑗11 𝑘Ω; 4,45 Ω; 𝑗6,45 Ω; 1,28 %; 2,1 %; 98,03%
Tabela 9-3. Dados do ensaio do transformador do Exercício 9.17.8.
Ensaio a vazio (lado BT) Ensaio de curto-circuito (lado AT)
𝑉0 = 230 𝑉 𝑉𝑐𝑐 = 47 𝑉
𝐼0 = 2,1 𝐴 𝐼𝑐𝑐 = 6 𝐴
𝑃0 = 50 𝑊 𝑃𝑐𝑐 = 160 𝑊
t(ms)
250 500
-20
(a)
100
t(s)
0 10 20
-100
(b)
i(mA)
50
0 5 15 t(s)
(c)
Figura 10-1. Formas de onda para o problema P-5.
P-6. Determinar o período e a frequência angular para as frequências:
a) 20 𝐻𝑧;
b) 93,7 𝑀𝐻𝑧;
c) 720 𝑘𝐻𝑧;
d) 0,5 𝐻𝑧;
P-7. Determinar a frequência e a frequência angular para os períodos dados:
1
a) 60
𝑠;
b) 10 𝑚𝑠;
c) 50 𝑠;
d) 5 𝑠;
e) 50 𝑚𝑖𝑛;
f) 40 ciclos em 5 segundos.
P-8. Converta de graus para radianos:
a) 30°;
b) 45°;
c) 90°;
d) 120°;
e) 320°;
f) 100°.
P-9. Converta de radianos para graus:
a) 𝑟𝑎𝑑;
2
3
b) 𝑟𝑎𝑑
4
c) 5 𝑟𝑎𝑑;
d) 1 𝑟𝑎𝑑;
e) 6,28 𝑟𝑎𝑑.
P-10. Dada uma frequência de 60 𝐻𝑧, determine o tempo da forma senoidal para percorrer 30°. Resp.:
1,4 𝑚𝑠.
P-11. Determine a amplitude e a frequência e esboce as formas de onda para a abscissa em graus,
radianos e tempo:
a) 𝑣(𝑡) = 200𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡) 𝑉;
b) 𝑣(𝑡) = √2 ∙ 220𝑠𝑒𝑛(377 ∙ 𝑡) 𝑉;
c) 𝑖(𝑡) = −30𝑠𝑒𝑛(12,56 ∙ 𝑡) 𝑚𝐴
P-12. Para o problema P-11. , determine para cada função o valor instantâneo para:
a) 𝑡 = 10 𝑚𝑠;
b) 𝑡 = 2 𝑠;
c) ¼ ciclo;
d) 𝜔𝑡 = 70°;
e) 𝜔𝑡 = 1,5 𝑟𝑎𝑑.
P-13. Determine os ângulos quando 𝑣(∝) = 6 𝑚𝑉 para a função tensão senoidal 𝑣(𝑡) =
30. 𝑠𝑒𝑛() 𝑚𝑉.
P-14. Se 𝑣 = 220 𝑉 em = 37,5° e 𝑓 = 60 𝐻𝑧, determine a função matemática para o sinal senoidal.
P-15. Trace os gráficos para os sinais:
a) 𝑣(𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 30°) 𝑉;
b) 𝑖(𝑡) = −20𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 − 𝜋⁄3) 𝑚𝐴;
c) 𝑖(𝑡) = 5𝑐𝑜𝑠(𝜔 ∙ 𝑡 + 10°) 𝐴;
d) 𝑣(𝑡) = 80𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∙ 𝑡 + 1,5𝜋) 𝑚𝑉.
P-16. Verifique as defasagens entre os sinais senoidais e identifique aquele que está adiantado:
a) 𝑣(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 + 0°) e 𝑖(𝑡) = 6𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 + 30°);
b) 𝑣(𝑡) = 25𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 − 30°) e 𝑖(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 + 60°);
c) 𝑣1 (𝑡) = −10𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡 + 30°) e 𝑣2 (𝑡) = 2𝑐𝑜𝑠(𝑤𝑡 − /4).
P-17. Determine todos os parâmetros possíveis e a função matemática para os sinais nas telas do
osciloscópio ilustradas na Figura 10-2, conforme as escalas indicadas:
(a)
horizontal 0,2 ms/divisão e vertical 2 V/divisão, com a ponteira 𝑥10.
(b)
horizontal 0,2 ms/divisão e vertical 2 V/divisão, com a ponteira 𝑥10.
(c)
horizontal 1 µs/divisão e vertical 5 V/divisão, com a ponteira 𝑥1.
Figura 10-2. Tela do osciloscópio para o problema P-17. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-18. Determine a função matemática para as ondas senoidais ilustradas na Figura 10-3:
(a) (b)
Figura 10-3. Ondas senoidais para o problema P-18. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-19. Determine o valor da tensão média e da tensão eficaz e o fator de forma para os sinais alternados
periódicos da Figura 10-4: Resp. (b) eficaz: 2,16V.
(a)
(b)
Figura 10-4. Sinais periódicos para o problema P-19. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-20. Para as formas de onda ilustradas na abaixo, determine:
a) Período e Frequência;
b) Valor médio e eficaz (R: 17,13mV)
c) Trace as formas de onda apresentadas nas telas de osciloscópio, considerando agora que o canal
vertical foi chaveado de CC para CA.
(a)
Escala de tempo 10 s/div e escala de tensão 10 mV/div.
(b)
Escala de tempo 50 s/div e escala de tensão 0,2 V/div. Resp.: Vmed = -0,3V; Vef = 367mV
Figura 10-5. Formas de onda para o problema P-20. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-21. Determine os parâmetros e calcule o fator de forma, de crista e de ondulação das formas de onda
representadas nas telas de osciloscópio ilustradas na Figura 10-6.
Figura 10-6. Telas de osciloscópio do problema P-21. (Fonte: adaptado de NAKASHIMA, K. Valor médio e
eficaz. 2008. Em: www.elt09.unifei.edu.br).
P-22. DESAFIO! Determine o valor médio e eficaz para a curva de tensão de carga e descarga de um
capacitor representada no gráfico da Figura 10-7.
Figura 10-7. Curva de tensão de carga e descarga de um capacitor para o problema P-22. (Boylestad, 2003).
P-24. Represente os fasores de tensão e corrente no domínio do tempo, considerando uma frequência
de 100 𝐻𝑧:
a) 𝐼1̇ = 20∠120° 𝜇𝐴;
3𝜋
b) 𝑉1̇ = 5∠ − 2 𝑉;
c) 𝑉̇2 = 3√2∠90° 𝑉;
d) 𝐼2̇ = 25∠ − 30° 𝐴;
P-25. Dados os sinais senoidais dados abaixo, determine:
a) Valores de pico, pico a pico, eficaz, período, frequência, frequência angular, fase inicial e
defasagem;
Z1
+ v1 -
+ +
i
vf
~
-
v2 Z2
-
P-52. Uma carga indutiva dissipa 1 𝑘𝑊 com corrente eficaz de 10 𝐴 em 60 𝐻𝑧 com = 60°: Resp.:
74 𝐹; 5,88 𝐴; 2 𝑘𝑉𝐴.
a) Determine o capacitor para corrigir o fator de potência para 0,85;
b) Calcule a corrente total fornecida pela fonte após a correção;
c) Determine a potência aparente total após a correção.
P-53. Uma carga indutiva é formada por um sistema de iluminação fluorescente com reatores
eletromagnéticos e utiliza um banco de capacitores para correção do fator de potência. De acordo
com as normas do Sistema Elétrico, o fator de potência deverá ser superior a 0,92. Calcule o valor
do capacitor que deverá ser conectado e como, para que a solução seja técnica e economicamente
viável.
Dados: 𝑉 = 220 𝑉(60 𝐻𝑧); Carga de iluminação: 20 e 53 𝑚𝐻; Capacitância do Banco: 177 𝐹.
P-54. Uma subestação alimenta, por uma linha monofásica a 3,8 𝑘𝑉, as seguintes cargas: 250 𝑘𝑊 a
fator de potência unitário e 1500 𝑘𝑊 a fator de potência 0,6 atrasado. Determine: Resp.:
700 𝐴; 0,657; 9,5 𝑉𝑎𝑟; 15,8
a) A corrente fornecida pela subestação e o fator de potência da carga que ela aciona;
b) A potência reativa e a reatância do banco de capacitores que corrige o fator de potência para
0,85.
P-55. Em uma instalação fabril há uma subestação de 1500 𝑘𝑊 com 𝑓𝑝 = 0,8, uma carga de 250 𝑘𝑊
com 𝑓𝑝 = 0,85 deve ser adicionada. Qual a potência reativa do capacitor a ser adicionada para
que a subestação não seja sobrecarregada? Resp.: 616 𝑘𝑉𝑎𝑟.
P-56. Para praticar Inglês Técnico [Boylestad]: A small industrial plant has a 10 𝑘𝑊 heating load and
a 20 𝑘𝑉𝐴 inductive load due to a bank of induction motors. The heating elements are considered
purely resistive (𝑝𝑓 = 1), and the induction motors have a lagging power factor of 0.7. If the
supply is 1000 𝑉 at 60 𝐻𝑧, determine the capacitive element required to raise the power factor
to 0.95. Compare the levels of current drawn from the supply. Resp.: 16.93 𝐹; 25.27 𝐴.
P-57. Para praticar Inglês Técnico [Boylestad]: The lighting and motor loads of a small factory establish
a 10 𝑘𝑉𝐴 power demand at a 0.7 lagging power factor on a 208 𝑉, 60 𝐻𝑧 supply.
a) Establish the power triangle for the load;
b) Determine the power-factor capacitor that must be placed in parallel with the load to raise de
power factor to unity;
c) Determine the change in supply current from the uncompensated to the compensated system;
d) Repeat parts (b) and (c) if the power factor is increased to 0.9.
P-58. Para praticar Inglês Técnico [Boylestad]: The load on a 120 𝑉, 60 𝐻𝑧 supply is 5 𝑘𝑊 (resistive),
8 𝑘𝑉𝑎𝑟 (inductive), and 2 𝑘𝑉𝑎𝑟 (capacitive). Resp.: 7.81 𝑘𝑉𝐴; 0.64 (lagging); 65.08 𝐴;
1105 𝐹; 41.67 𝐴.
a) Find the total kilovolt-ampères;
b) Determine the power factor of the combined loads;
c) Find the current drawn from the supply;
d) Calculate the capacitance necessary to establish a unity power factor;
e) Find the current drawn from the supply at unity power factor and compare it to the
uncompensated level.
P-59. Para o circuito da Figura 10-20, determine: Resp.: 26,7 ; 2,91 𝐴; 4,71 𝐴; 5,53 𝐴; 0,97; 0,53;
21,5 𝐹.
a) O valor de 𝑅𝑣 para que o fator de potência seja 0,85;
b) As correntes em todos os ramos do circuito na condição fator de potência 0,85;
c) Se 𝑅𝑣 = 0 , qual o fator de potência? Se for menor que 0,85 calcule o capacitor.
d) Se 𝑅𝑣 = 100 ,, qual o fator de potência? Se for menor que 0,85 calcule o capacitor.
200mH
220Vef
60Hz Rv
−
SISTEMAS TRIFÁSICOS
P-60. Um sistema trifásico Y-Y com neutro com tensão de linha eficaz de 208 𝑉 alimenta uma carga
equilibrada cuja impedância é 20∠ − 30° Ω. Determine as correntes de linha e trace o diagrama
fasorial das tensões e correntes de fase e de linha. Resp.: 6∠ − 60°; 6∠60°; 6∠180°.
P-61. Um sistema trifásico com tensão eficaz de linha de 110 𝑉 alimenta uma carga conectada em
triângulo com impedância de 5∠45° Ω por fase. Determine as correntes de linha e trace o
diagrama fasorial das tensões e correntes de fase e de linha. Resp.: 38,1∠45°; 38,1∠ − 75°;
38,1∠165°.
P-62. Um forno elétrico trifásico tem uma potência total de 9 𝑘𝑊 quando ligado em triângulo. Sabendo-
se que a tensão eficaz de linha é 380 𝑉, calcule a corrente de linha.
P-63. Dados os sistemas trifásicos da Figura 10-21, determine:
a) Tensões de fase e de linha na carga;
b) Correntes de fase e de linha na carga e no neutro;
c) Corrente de fase no gerador;
d) Trace o diagrama fasorial das tensões e correntes na carga;
e) Potência aparente, ativa e reativa em cada fase;
f) Potência aparente, ativa e reativa trifásica total;
g) Fator de potência do circuito trifásico.
(a)
Resp.: 𝐼𝑎𝑛 = 2,89∠ − 35° 𝐴; 𝑃3𝐹 = 600 𝑊; 𝑓𝑝 = 1.
(b)
(c)
(d)
Resp.: 𝐼𝐴𝑎 = 29,94∠ − 75° 𝐴; 𝑃3𝐹 = 7260 𝑊; 𝑓𝑝 = 0,707.
Figura 10-21. Circuitos para o problema P-63. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-64. Um wattímetro ligado a uma carga trifásica constituída só de lâmpadas indica 13,2 𝑘𝑊. A carga
é equilibrada e ligada em triângulo com uma tensão eficaz de linha de 220 𝑉. Sabendo-se que
cada lâmpada consome 0,5 𝐴, qual o número total de lâmpadas?
P-65. O sistema trifásico Y-Y aterrado da Figura 10-22 apresenta tensão de linha de 380 𝑉 na saída do
gerador. As linhas apresentam uma impedância de 15 + 𝑗20 e a carga equilibrada uma
impedância de 5 + 𝑗4 , conforme a figura abaixo. Determine:
a) A corrente de fase e de linha;
b) A tensão de fase na impedância de carga;
c) A queda de tensão na impedância da linha;
d) A potência trifásica na carga;
e) A perda de potência na linha;
f) O fator de potência da carga.
Resp.: 𝐼𝐴𝑎 = 7∠ − 50,2° 𝐴; 𝑉𝑎𝑛 = 44,8∠ − 11,54° 𝑉; 𝑉𝐴𝑎 = 175∠2,93° 𝑉; 𝑃3𝐹 = 735 𝑊; 𝑃𝐴𝑎 = 2205 𝑊.
Figura 10-22. Circuito para o problema P-65. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-66. Determine a potência aparente, ativa e reativa total para o sistema trifásico da Figura 10-23:
(a)
Resp.: 𝐼𝑎𝑛 = 8,49∠ − 75° 𝐴; 𝐼𝑁 = 34,67∠49,97° 𝐴; 𝑃3𝐹 = 4921 𝑊; 𝑓𝑝 = 0,707 .
(b)
Resp.: 𝑉𝑎𝑛 = 195∠ − 23,03° 𝑉; 𝑉𝑏𝑛 = 79∠ − 105,04° 𝑉; 𝑉𝑐𝑛 = 125,3∠50,63° 𝑉; 𝑃3𝐹 = 2925,6 𝑊; 𝑓𝑝 = 0,967
Figura 10-25. Circuitos para o problema P-70. (Fonte: Boylestad, 2003).
TRANSFORMADORES
P-72. Para o transformador com núcleo ferromagnético e coeficiente de acoplamento ideal (k=1) da
Figura 10-26:
a) Determine a magnitude da tensão induzida no secundário Es ;
b) Determine o fluxo magnético máximo;
c) Repita os itens (a) e (b) considerando 𝑁𝑝 = 500 e 𝑁𝑠 = 250;
d) Repita os itens (a) e (b) considerando 𝐸𝑝 = 220 𝑉, 𝑁𝑝 = 200 e 𝑁𝑠 = 40;
e) Se o fluxo máximo no núcleo do transformador da figura for 10 𝑚𝑊𝑏, determine a frequência
da tensão do primário.
Figura 10-27. Circuito com transformador para o problema P-74. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-75. Para o circuito da Figura 10-28:
a) Determine a relação de transformação necessária para que a fonte de 32 𝑉 com impedância
interna de 64 transfira a máxima potência para o alto-falante de 4 ;
b) Determine a potência transferida para o alto-falante com e sem o transformador;
c) Repita os itens (a) e (b) considerando um alto-falante de 16 e uma fonte de 20 𝑉 com
impedância interna de 4 ;
Figura 10-28. Circuito com transformador para o problema P-75. Fonte: Boylestad, 2003
P-76. Para o transformador da Figura 10-29, sendo 𝑅𝑝 = 5 Ω, 𝑋𝑝 = 15 Ω, 𝑅𝑠 = 3 Ω, 𝑋𝑠 = 4 Ω, 𝑅𝐿 =
10 Ω, 𝑎 = 10 e 𝑉𝑔 = 220∠0° 𝑉:
a) Determine a impedância equivalente no primário;
b) Determine o circuito equivalente referido ao primário;
c) Determine a corrente no primário;
d) Determine a tensão, corrente e potência na carga;
e) Trace o diagrama fasorial referido ao primário;
f) Recalcule os itens (c) e (d) considerando um transformador ideal e compare os resultados;
g) Repita o problema considerando 𝑅𝑝 = 2 Ω, 𝑋𝑝 = 5 Ω, 𝑅𝑠 = 4 Ω, 𝑋𝑠 = 12 Ω, 𝑅𝐿 = 20 Ω, 𝑎 =
0,4 e 𝑉𝑔 = 20∠0° 𝑉;
Figura 10-29. Modelo de transformador para o problema P-76. (Fonte: Boylestad, 2003).
P-77. Repita os itens (a) até (e) do problema P-76. :
a) Considerando uma carga indutiva 𝑍𝐿 = 𝑗15 Ω;
TRABALHOS PROPOSTOS
Para traçar os gráficos dos trabalhos utilize uma planilha de cálculos (como o Excel ou Calc) ou
programa matemático (Matlab, SciLab, Mathcad, Graph etc.):
P-83. TRABALHO: Trace no computador as formas de ondas senoidais em um mesmo gráfico:
a) 𝑣1 (𝑡) = 20𝑠𝑒𝑛(10𝜋𝑡) 𝑉;
b) 𝑣2 (𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(10𝜋𝑡 − 30°) 𝑉;
𝜋
c) 𝑖1 (𝑡) = 4𝑠𝑒𝑛 (10𝜋𝑡 + 4 ) 𝐴;
3𝜋
d) 𝑖2 (𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛 (10𝜋𝑡 − 4
) 𝐴
P-84. TRABALHO: Traçar as formas de onda senoidais e obter a forma de onda da somatória dos sinais,
colocando todas as curvas no mesmo gráfico, para a frequência dada:
Dados: 𝑣1 (𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡); 𝑣3 (𝑡) = 33𝑠𝑒𝑛(3𝜔𝑡); 𝑣5 (𝑡) = 20𝑠𝑒𝑛(5𝜔𝑡); 𝑣7 (𝑡) = 14𝑠𝑒𝑛(7𝜔𝑡);
𝑣9 (𝑡) = 11𝑠𝑒𝑛(9𝜔𝑡); 𝑣11 (𝑡) = 9𝑠𝑒𝑛(11𝜔𝑡); 𝑓 = 10 𝑘𝐻𝑧
P-85. TRABALHO: Utilize um programa computacional para traçar a função matemática que
representa uma tensão instantânea não senoidal composta por uma série de harmônicas (sinais
senoidais múltiplos da frequência fundamental). Trace no mesmo gráfico as harmônicas e o sinal
resultante, para 𝑓 = 1 𝑘𝐻𝑧.
10 10 10 10 10
𝑣(𝑡) = 5 − 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛3𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛4𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛5𝜔𝑡 − ⋯
𝜋 2𝜋 3𝜋 4𝜋 5𝜋
P-86. TRABALHO: Para as três formas de onda de tensão senoidal 𝑣1 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡);
𝑣2 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 120°); 𝑣3 (𝑡) = 220√2𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 120°) 𝑉:
a) Determine todos os parâmetros possíveis das formas de onda de tensão;
b) Traçar o diagrama fasorial com os três sinais, identificando os valores;
c) Traçar as três ondas senoidais em um mesmo gráfico, em função do tempo;
d) Traçar as tensões 𝑣12 (𝑡) = 𝑣1 (𝑡) − 𝑣2 (𝑡), 𝑣23 (𝑡) = 𝑣2 (𝑡) − 𝑣3 (𝑡) e 𝑣31 (𝑡) = 𝑣3 (𝑡) − 𝑣1 (𝑡)
no mesmo gráfico do item anterior;
e) Represente o diagrama fasorial das tensões do item anterior.
P-87. TRABALHO: Dada as funções senoidais 𝑣1 (𝑡) = 8𝑠𝑒𝑛(500𝑡 + 45°) 𝑉, 𝑣2 (𝑡) = 12𝑠𝑒𝑛(500𝑡 −
30°) 𝑉 e 𝑖(𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛(500𝑡 − 60°) 𝐴:
a) Determine o valor de pico, pico a pico, frequência angular, período e frequência, fase inicial,
valor eficaz, valor médio e fator de forma;
b) Determine a defasagem angular entre a corrente e as tensões;
c) Trace as formas de onda em um mesmo par de eixos utilizando software adequado;
d) Determine os fasores na forma polar e retangular e trace o diagrama fasorial;
e) Obtenha graficamente as formas de onda para as funções 𝑣3 (𝑡) = 𝑣1 (𝑡) + 𝑣2 (𝑡), 𝑝1 (𝑡) =
𝑣1 (𝑡) ∙ 𝑖(𝑡) e 𝑝2 (𝑡) = 𝑣2 (𝑡) ∙ 𝑖(𝑡) no mesmo gráfico anterior. Analise e compare as formas de
onda resultantes.
P-88. TRABALHO: Para os circuitos RL, RC e RLC típicos da Figura 10-32:
a) Determine os parâmetros possíveis para a tensão senoidal da fonte;
b) Determine as reatâncias e a impedâncias de cada componente;
c) Calcule a impedância equivalente e desenhe o triângulo da impedância equivalente;
d) Obtenha a corrente total na fonte de tensão (forma fasorial e trigonométrica);
e) Calcule as correntes e as tensões em cada componente;
f) Trace o diagrama fasorial completo (tensões e correntes em todos os componentes);
g) Trace as formas de onda das correntes e tensões em todos os componentes do circuito, em um
mesmo gráfico (atenção para as escalas);
h) Determine a defasagem da tensão em relação à corrente na fonte do circuito;
12. APÊNDICES
𝑠𝑒𝑛(−𝛼) = −𝑠𝑒𝑛(𝛼)
1
𝑠𝑒𝑛(𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽) = ∙ [𝑐𝑜𝑠(𝛼 − 𝛽) − 𝑐𝑜𝑠 (𝛼 + 𝛽)]
2
Em um componente não linear a curva característica não é uma reta, pois a corrente não é
diretamente proporcional à tensão aplicada. Esse é o comportamento de diversos componentes
eletrônicos, como os diodos. A Figura 12-2 mostra uma curva característica (𝐼 × 𝑉) de um diodo.
Figura 12-2. Curva característica de um componente não linear: diodo (Floyd e Buchla, 1999).
Para os componentes não lineares geralmente é necessário determinar a sua resistência não
linear ou resistência CA pela relação entre uma pequena variação na tensão e a respectiva variação na
corrente, como demonstra a equação:
∆𝑉
𝑟𝐶𝐴 =
∆𝐼
A resistência interna de um componente não linear (identificada por um 𝑟 minúsculo) também
é conhecida como resistência dinâmica, ou small signal resistance e bulk resistance em inglês, e seu
valor depende de um ponto particular da curva característica onde é feita a medição da tensão e da
corrente.
Referência:
FLOYD, T. L.; BUCHLA, D. (1999). Basic operational amplifiers and linear integrated circuits.
Upper Saddle River: Prentice-Hall Inc. 2 ed.
dx
=0
x dt
+xmax •
dx
= max
dt
t(o, rad)
• • •
0o 90o 180o 270o 360o
0 /2 1 3/2 2
Função
-xmax •
dx Senoidal
=0
dt
11
o processo de cálculo diferencial não será discutido aqui.
t(o, rad)
• •
0o 90o 180o 270o 360o
0 /2 1 3/2 2
dx Função
− = max Cossenoidal
dt
Figura 12-4. Curva da derivada da função seno.
maior
menor
inclinação
Xmax inclinação
maior
pico
dx/dt
dx/dt
menor
pico
Figura 12-5. Quanto maior a frequência maior o valor da derivada da função seno.
iZ +
~ Z ~ vZ Z Ch1
Ch2
GND
iZ Rsensor -
(a) - vR + (b)
Figura 12-6. (a) circuito para medição da defasagem; (b) ligação do resistor sensor e do osciloscópio.
Um canal do osciloscópio deve mostrar a forma de onda da tensão na impedância e o outro a
forma de onda da tensão no resistor sensor, como ilustra a Figura 12-7.
Tensão na impedância
Tensão no
resistor sensor
∆𝒕 𝑻
O valor da corrente na impedância (𝐼𝑍 ) é obtido pela divisão do valor da tensão no resistor
sensor (𝑉𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟 ) pelo valor da sua resistência (𝑅𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟 ):
𝑉𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟
𝐼𝑍 =
𝑅𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟
O ângulo de defasagem 𝜑 entre as formas de onda pode ser calculado através da regra:
𝑇 ↔ 360°
∆𝑡 ↔ 𝜑
Onde 𝑇 é o período das formas de onda, ∆𝑡 corresponde ao intervalo de tempo da defasagem
entre a onda da tensão na impedância e da tensão no resistor sensor e 𝜑 será a defasagem angular
resultante, como indicado na Figura 12-7.
Alfa Iota Rô
Beta Capa Sigma
Gama Lambda Tau
Delta Mi Ípsilon
Épsilon Ni Fi
Dzeta Csi Qui
Eta Ômicron Psi
Teta Pi Ômega
12
Os valores usuais são aproximações dos valores mais precisos obtidos atualmente e que estão disponíveis na
referência bibliográfica [Giancoli].
1
13
ε0 = c2 ∙μ .
0
[em branco]