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Ministério da Educação – MEC

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES


Diretoria de Educação a Distância – DED
Universidade Aberta do Brasil – UAB
Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP
Bacharelado em Administração Pública

TEXTOS COMPLEMENTARES
Liane Carly Hermes Zanella

2009
© 2009. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Todos os direitos reservados.
A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do(s) respectivos autor(es). O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e
gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFSC. O leitor se compromete a utilizar o
conteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos.
A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização
expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos
1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad

PRESIDENTE DA CAPES
Jorge Almeida Guimarães

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


REITOR
Álvaro Toubes Prata
VICE-REITOR
Carlos Alberto Justo da Silva
CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
DIRETOR
Ricardo José de Araújo Oliveira
VICE-DIRETOR
Alexandre Marino Costa
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO
CHEFE DO DEPARTAMENTO
João Nilo Linhares
SUBCHEFE DO DEPARTAMENTO
Gilberto de Oliveira Moritz
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Carlos Eduardo Bielschowsky
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DIRETOR DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Celso José da Costa
COORDENAÇÃO GERAL DE ARTICULAÇÃO ACADÊMICA
Nara Maria Pimentel
COORDENAÇÃO GERAL DE SUPERVISÃO E FOMENTO
Grace Tavares Vieira
COORDENAÇÃO GERAL DE INFRAESTRUTURA DE POLOS
Francisco das Chagas Miranda Silva
COORDENAÇÃO GERAL DE POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO
Adi Balbinot Junior
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO – PNAP
Alexandre Marino Costa
Claudinê Jordão de Carvalho
Eliane Moreira Sá de Souza
Marcos Tanure Sanabio
Maria Aparecida da Silva
Marina Isabel de Almeida
Oreste Preti
Teresa Cristina Janes Carneiro

METODOLOGIA PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Universidade Federal de Mato Grosso

COORDENAÇÃO TÉCNICA – DED


André Valente de Barros Barreto
Soraya Matos de Vasconcelos
Tatiane Michelon
Tatiane Pacanaro Trinca

AUTORA DO CONTEÚDO
Liane Carly Hermes Zanella

EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS CAD/UFSC


Coordenador do Projeto
Alexandre Marino Costa
Coordenação de Produção de Recursos Didáticos
Denise Aparecida Bunn
Supervisão de Produção de Recursos Didáticos
Flavia Maria de Oliveira
Designer Instrucional
Denise Aparecida Bunn
Andreza Regina Lopes da Silva
Supervisora Administrativa
Erika Alessandra Salmeron Silva
Capa
Alexandre Noronha
Ilustração
Igor Baranenko
Projeto Gráfico e Finalização
Annye Cristiny Tessaro
Editoração
Rita Castelan
Revisão Textual
Sergio Meira

Créditos da imagem da capa: extraída do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.
PREFÁCIO

Os dois principais desafios da atualidade na área


educacional do país são a qualificação dos professores que atuam
nas escolas de educação básica e a qualificação do quadro
funcional atuante na gestão do Estado Brasileiro, nas várias
instâncias administrativas. O Ministério da Educação está
enfrentando o primeiro desafio através do Plano Nacional de
Formação de Professores, que tem como objetivo qualificar mais
de 300.000 professores em exercício nas escolas de ensino
fundamental e médio, sendo metade desse esforço realizado pelo
Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Em relação ao
segundo desafio, o MEC, por meio da UAB/CAPES, lança o
Programa Nacional de Formação em Administração Pública
(PNAP). Esse Programa engloba um curso de bacharelado e três
especializações (Gestão Pública, Gestão Pública Municipal e
Gestão em Saúde) e visa colaborar com o esforço de qualificação
dos gestores públicos brasileiros, com especial atenção no
atendimento ao interior do país, através dos Polos da UAB.
O PNAP é um Programa com características especiais. Em
primeiro lugar, tal Programa surgiu do esforço e da reflexão de uma
rede composta pela Escola Nacional de Administração Pública
(ENAP), do Ministério do Planejamento, pelo Ministério da Saúde,
pelo Conselho Federal de Administração, pela Secretaria de
Educação a Distância (SEED) e por mais de 20 instituições públicas
de ensino superior, vinculadas à UAB, que colaboraram na
elaboração do Projeto Político Pedagógico dos cursos. Em segundo
lugar, esse Projeto será aplicado por todas as instituições e pretende
manter um padrão de qualidade em todo o país, mas abrindo
margem para que cada Instituição, que ofertará os cursos, possa
incluir assuntos em atendimento às diversidades econômicas e
culturais de sua região.
Outro elemento importante é a construção coletiva do
material didático. A UAB colocará à disposição das instituições
um material didático mínimo de referência para todas as disciplinas
obrigatórias e para algumas optativas. Esse material está sendo
elaborado por profissionais experientes da área da administração
pública de mais de 30 diferentes instituições, com apoio de equipe
multidisciplinar. Por último, a produção coletiva antecipada dos
materiais didáticos libera o corpo docente das instituições para uma
dedicação maior ao processo de gestão acadêmica dos cursos;
uniformiza um elevado patamar de qualidade para o material
didático e garante o desenvolvimento ininterrupto dos cursos, sem
paralisações que sempre comprometem o entusiasmo dos alunos.
Por tudo isso, estamos seguros de que mais um importante
passo em direção à democratização do ensino superior público e
de qualidade está sendo dado, desta vez contribuindo também para
a melhoria da gestão pública brasileira, compromisso deste governo.

Celso José da Costa


Diretor de Educação a Distância
Coordenador Nacional da UAB
CAPES-MEC
SUMÁRIO

Apresentação.................................................................................................... 9

Unidade 1 – Orientação para estudo, leitura, análise e interpretação de texto

35 periódicos que publicam artigos sobre Administração Pública........................ 13


Tipos de resumos................................................................................... 24

Unidade 4 – O processo de pesquisa

Planejamento da pesquisa......................................................................... 27
A execução da pesquisa................................................................................ 56
Elementos constitutivos de um projeto de pesquisa.............................................. 65

Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

Planejamento e construção do questionário......................................... 71


Tipos de entrevistas.............................................................................................. 87
Tipos de observação.............................................................................................. 92

Unidade 6 – Estrutura e organização de trabalhos científicos

Elementos constitutivos de um trabalho de conclusão de curso........................... 101

Referências.................................................................................................... 112
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

8 Bacharelado em Administração Pública


Apresentação

APRESENTAÇÃO

Olá!
A disciplina Metodologia de Estudo e de Pesquisa em
Administração, como você viu, aborda assuntos que o acompanham
não só durante o Bacharelado em Administração Pública,
modalidade a distância, como também na sua vida fora da
Universidade.
Em todas as situações de vida, seja ela acadêmica ou não,
devemos sempre ter como objetivo chegar o mais próximo possível
do que pode ser considerado ideal.
No entanto, o livro-texto apresenta um olhar sobre os assuntos
que envolvem a Metodologia de Estudo e de Pesquisa em
Administração, sem a intenção de esgotá-los, o que seria, realmente,
impossível!
Assim, como forma de chegar o mais perto da situação ideal,
mas com a consciência que de falta muito [mas, muito mesmo], foi
criado este documento denominado textos complementares. Ele foi
assim chamado, pois tem o objetivo de complementar o conteúdo
apresentado no livro-texto e mais uma vez chamamos a atenção de
que não tem a intenção de esgotar os assuntos, mas sim contribuir
na sua formação profissional.
Tenha uma boa leitura!

Professora Liane Carly Hermes Zanella

Módulo 1
9
UNIDADE 1

ORIENTAÇÃO PARA ESTUDO, LEITURA,


ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

12 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Orientação para estudo, leitura, análise e interpretação de texto

35 PERIÓDICOS QUE PUBLICAM ARTIGOS SOBRE


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Cadernos Fundap (Fundação do Desenvolvimento


Administrativo)

Os Cadernos Fundap publicam artigos, ensaios, relatos de


pesquisa, estudos de caso, inéditos, que tratam preferencialmente
de políticas sociais, economia e finanças, administração e gestão
em administração pública. Disponível em: <http://
www.fundap.sp.gov.br/>.

Cadernos EBAPE.BR

Os Cadernos EBAPE.BR constituem um periódico online


sobre a Administração Pública e de Empresas, da Escola Brasileira
de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio
Vargas. Disponível em: <http://www.ebape.fgv.br/cadernosebape/
asp/dsp_sobre_revista_apresentacao.asp>. Classificação Qualis: A
Nacional.

Cadernos de Saúde Pública

Cadernos de Saúde Pública é uma publicação mensal


editada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da
Fundação Oswaldo Cruz. Publica artigos originais nas áreas de
saúde pública em geral, serviços de saúde, saúde infantil, violência,
saúde da mulher, saúde indígena, mortalidade neonatal, gestão e
planejamento em saúde, entre outros. Disponível em: <http://
www4.ensp.fiocruz.br/csp/>. Classificação Qualis: C Nacional.

Módulo 1
13
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

READ – Revista Eletrônica de Administração UFRGS

Revista generalista na área de Administração de Empresas e


Administração Pública. Disponível em: <http://read.adm.ufrgs.br/>.
Classificação Qualis: A Nacional.

RAP – Revista Brasileira de Administração Pública

Revista generalista na área de Administração Pública.


Disponível em: <http://www.ebape.fgv.br/academico/asp/
dsp_rap_nesta_edicao.asp>. Classificação Qualis: A Nacional.

Revista de Sociologia e Política

A Revista de Sociologia e Política aceita artigos originais,


resenhas bibliográficas e prioriza manuscritos que tenham como
tema principal a Política.
Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/rsp/
index>. Classificação Qualis: C Nacional.

Revista Ciência & Saúde Coletiva

Editada pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em


Saúde Coletiva/Abrasco, a Revista Ciência & Saúde Coletiva é um
espaço científico para discussões, debates, apresentação de
pesquisas, exposição de novas ideias e de controvérsias sobre a área.
Disponível em: <http://www.abrasco.org.br/cienciaesaudecoletiva/
sobre/index.php>. Classificação Qualis: A Nacional.

Revista Res Pvblica

Publicação editada semestralmente pela Associação Nacional


dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental
(ANESP), a Revista Res Pvblica tem por objetivo estimular o debate
sobre temas relativos a políticas públicas, gestão governamental,

14 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Orientação para estudo, leitura, análise e interpretação de texto

organização do Estado, economia do setor público e às


macroquestões políticas, por meio da divulgação de trabalhos
produzidos por integrantes da carreira e outros especialistas.
Disponível em: <http://www.anesp.org.br/>.

Revista Contabilidade & Finanças

A Revista Contabilidade & Finanças é uma publicação


quadrimestral, do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/
USP, gratuita e conta com o suporte financeiro da Fundação Instituto
de Pesquisas Contábeis (FIPECAFI), Atuariais e Financeiras.
Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/>.
Classificação Qualis: A Nacional.

Revista do Serviço Público

A Revista do Serviço Público é uma publicação da Escola


Nacional de Administração Pública (ENAP), voltada para a
divulgação e debate de temas relacionados ao Estado, à
Administração Pública e à gestão governamental. Disseminar
conhecimento sobre a gestão de políticas públicas, estimular a
reflexão e o debate e promover o desenvolvimento de servidores e
seu compromisso com a cidadania é a missão da RSP. Disponível
em: <http://www.enap.gov.br/index.php?option=content&task
=view&id=257>. Classificação Qualis: C Nacional.

Estudos e Documentos

Com o propósito de subsidiar discussões, debates e


intervenções relativas aos temas Políticas Públicas, Finanças
Públicas, Gestão Governamental, Profissionalização da Função
Pública, Reforma do Estado e Administração Pública e Ciência
Política. A Associação Nacional dos Especialistas em Políticas
Públicas e Gestão Governamental (ANESP) disponibiliza através
da página eletrônica documentos, análises, estudos e propostas

Módulo 1
15
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

elaborados pelos integrantes da Carreira, seja em sua prática


profissional cotidiana, sejam em caráter autônomo e independente.
Disponível em: <http://www.anesp.org.br/?q=taxonomy/term/125>.

Revista de Gestão USP

A Revista de Gestão USP é uma publicação trimestral para


divulgação de trabalhos de natureza acadêmica relacionados com
temas em administração.
Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/
embaixo.htm>. Classificação Qualis: B Nacional.

Cadernos Gestão Pública e Cidadania

Organizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e


pela Fundação Ford, com apoio inicial do BNDES, a Base de
Experiências de Gestão Pública e Cidadania é o resultado de um
trabalho de dez anos na identificação de experiências inovadoras
de governos estaduais, municipais e de organizações indígenas no
Brasil, a partir de uma premiação anual aberta. As atividades
continuam hoje por meio de estudos de acompanhamento e
avaliação destas e de outras experiências. Disponível em: <http://
www.fgv.br/inovando/>. Classificação Qualis: C Local.

Publicações da Escola de Administração Fazendária (ESAF)

Na publicação Textos para Discussão da ESAF são


encontrados os resultados dos estudos realizados pela ESAF, bem
como aqueles realizados pelas instituições parceiras da Escola e
que tratam de temas de interesse fazendário. A ESAF também
contribui com a divulgação de estudos sobre finanças públicas por
meio da publicação do periódico Caderno de Finanças Públicas. A
revista tem como objetivo fomentar a pesquisa, o debate e a reflexão
sobre ideias, conceitos e práticas que, pautados nos mais elevados
valores democráticos e sob a égide do Estado de direito, promovam

16 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Orientação para estudo, leitura, análise e interpretação de texto

a cidadania e o desenvolvimento humano, em contexto de equilíbrio


das contas públicas e de crescimento econômico sustentável. O
Caderno de Finanças Públicas é uma publicação aberta ao público
em geral que pode submeter seus trabalhos ao Conselho Editorial
da ESAF. Disponível em: <http://www.esaf.fazenda.gov.br/>.

Revista de Economia Política

A Revista de Economia Política publica trabalhos de teoria


econômica e economia política com abordagem principalmente
histórico ou empírico-dedutiva, e trabalhos aplicados que
contenham análises relevantes, com prioridade para aqueles que
analisam países em desenvolvimento. Disponível em: <http://
www.rep.org.br>. Classificação Qualis: A Nacional.

Revista de Administração da Universidade de São Paulo

A Revista de Administração da Universidade de São Paulo


tem por objetivo publicar trabalhos conceituais, práticos e de
pesquisa que agreguem valor ao trabalho de acadêmicos e
praticantes de Administração, missão que vem cumprindo há mais
de 30 anos. Seus leitores são professores, alunos de graduação e
pós-graduação, consultores, empresários e profissionais de
empresas públicas e privadas. Disponível em: <http://
www.rausp.usp.br/>. Classificação Qualis: A Nacional.

Revista de Administração Contemporânea

A Revista de Administração Contemporânea – RAC tem como


missão contribuir para o entendimento aprofundado da
Administração mediante a divulgação de relevantes trabalhos de
pesquisa, análises teóricas, documentos, notas e resenhas
bibliográficas que possam subsidiar as atividades acadêmicas e a
ação administrativa em organizações públicas, privadas e do
terceiro setor. Disponível em: <http://anpad.org.br/periodicos/

Módulo 1
17
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

content/frame_base.php?revista=1>. Classificação Qualis: A


Nacional.

RAC-Eletrônica

A RAC-Eletrônica tem como missão contribuir para a difusão,


a reflexão e o entendimento aprofundado da Administração
mediante a divulgação de trabalhos de pesquisa empírica oriundos
da comunidade da Associação Nacional de Programas de Pós-
graduação e Pesquisa em Administração – ANPAD, incluindo a
área de Administração Pública e gestão social. Disponível em:
<http://www.anpad.org.br/publicacoes.php>.

Revista Brasileira em Promoção da Saúde

A Revista Brasileira em Promoção da Saúde (RBPS) tem


como objetivo divulgar o conhecimento científico sobre promoção
da saúde. Publica artigos que tratam de problemas relacionados
com a Administração Pública em Saúde. Disponível em: <http://
www.unifor.br/rbps>.

Revista de Ciências da Administração RCAD

A Revista de Ciências da Administração (RCAD) tem como


missão a construção de um espaço aberto para os pesquisadores,
professores e estudantes, que desejam trazer a sua reflexão e o
resultado de pesquisas sobre temas administrativos. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/adm> e <http://
www.cad.ufsc.br/revista.php3>. Classificação Qualis: B Nacional.

Revista Ip – Informática Pública

A Revista Ip – Informática Pública é uma publicação da


Empresa de Informática e Informação do Município de Belo
Horizonte (PRODABEL). O objetivo da Revista Ip é contribuir para

18 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Orientação para estudo, leitura, análise e interpretação de texto

o avanço científico e tecnológico da informática para a área pública,


através do incentivo ao debate e da disseminação de artigos de
qualidade, com foco especial em políticas públicas de informação,
gerenciamento da informação pública, formação e capacitação em
informática para o setor público e aplicações da informática às
políticas públicas. Disponível em: <http://www.ip.pbh.gov.br/>.

Revista Economia & Gestão

A Revista Economia & Gestão foi criada em 2001 pelo


Instituto de Ciências Econômicas Gerenciais – ICEG. Tem como
missão contribuir para a evolução do conhecimento no campo das
ciências econômicas e gerenciais, contemplando aspectos relativos
às organizações empresariais, públicas e sociais. Disponível em:
<http://www.iceg.pucminas.br/espaco/revista>. Classificação
Qualis: A Nacional.

Contexto – Revista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Em


Contabilidade da UFRGS

A Revista Contexto é uma publicação semestral de pesquisas


originais, tanto de acadêmicos quanto de profissionais, das áreas
de Controladoria, Contábeis e Atuariais, do Departamento de
Ciências Contábeis e Atuariais e do Núcleo de Estudos e Pesquisas
em Contabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
UFRGS. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/necon/contexto.htm>.

Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências


Contábeis da UERJ (Online)

A Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências


Contábeis da UERJ (Online) é uma publicação do Programa de
Mestrado em Ciências Contábeis da Faculdade de Administração e
Finanças da Universidade do Estado do Rio Janeiro. Disponível
em: <http://www.faf.uerj.br/mestrado/mcc.htm>. Classificação
Qualis: B Local.

Módulo 1
19
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Pesquisa e Planejamento Econômico (PPE)

É uma publicação quadrimestral de análises teóricas e


empíricas sobre problemas econômicos elaboradas por
pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
e de outras instituições. A PPE é editada nos meses de abril, agosto
e dezembro. Disponível em: <http://ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe>.
Classificação Qualis: A Nacional.

Revista Alcance

A Revista Alcance foi fundada em 1997 pela Universidade


do Vale do Itajaí, e desde então se preocupa em disseminar o
conhecimento científico através de uma publicação que se
caracteriza pelo teor multitemático. A Revista Alcance tem
vinculação ao Programa de Pós-Graduação em Administração e
Turismo da Univali, numa linha editorial voltada para o tema de
Organizações e Sociedade, prioritariamente dentro das linhas de
pesquisa de Gestão Social e Estratégias e Tecnologias de Gestão.
Disponível em: <http://www.univali.br/alcance>. Classificação
Qualis: B Nacional.

Revista de Contabilidade Vista & Revista

A Revista de Contabilidade Vista & Revista é um periódico


trimestral do Departamento de Ciências Contábeis da Faculdade
de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Tem como missão divulgar e fomentar o conhecimento nas áreas
de Contabilidade, Auditoria, Controladoria e Finanças, priorizando
a produção científica elaborada por professores, alunos de
graduação e pós-graduação, pesquisadores e profissionais do Brasil
e do exterior, com qualidade e efetiva contribuição para o
desenvolvimento do conhecimento das Ciências Sociais Aplicadas.
Disponível em: <http://www.face.ufmg.br/
contabilidadevistaerevista/>. Classificação Qualis: B Nacional.

20 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Orientação para estudo, leitura, análise e interpretação de texto

CONTEXTUS: Revista Contemporânea de Economia e Gestão

A Contextus é uma revista de circulação semestral em âmbito


nacional, cujo objetivo é divulgar artigos de cunho científico em
suas áreas de atuação. Disponível em: <http://www.abep.org.br/
usuario/GerenciaNavegacao.php?texto_id=1983>. Classificação
Qualis: C Nacional.

RECITEC – Revista de Ciência e Tecnologia

A RECITEC tem como objetivo publicar, divulgar e estimular


a produção de alta qualidade nas áreas de Política e Gestão de
Ciência e Tecnologia em sua relação com Países e Regiões
Periféricos. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br/r tec/
rtecp.html>. Classificação Qualis: C Nacional.

Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação

A Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação


é um veículo voltado à disseminação de pesquisas de acadêmicos
e profissionais da área. Os artigos podem cobrir uma ampla gama
de temas que se relacionam com a Tecnologia de Informação, como:
Sistemas Integrados, Mudança Organizacional, Qualidade, Gestão,
Estratégia e Custos, entre outros. Disponível em: <http://
www.tecsi.fea.usp.br/revistatecsi/>. Classificação Qualis: A
Nacional

Revista Organizações Rurais & Agroindustriais

Revista Eletrônica de Administração da Universidade Federal


de Lavras (UFLA), um projeto do Departamento de Administração
e Economia. Organizações Rurais e Agroindustriais/Revista de
Administração da Universidade Federal de Lavras tem como missão
divulgar trabalhos científicos e ensaios desenvolvidos nas áreas de
“gestão de cadeias agroindustriais”, “gestão social, ambiente e

Módulo 1
21
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

desenvolvimento”, “organizações/associativismo”, “mudança e


gestão estratégica” e “economia, extensão e sociologia rural”.
Disponível em: <http://www.dae.ufla.br/revista/index.html>.

Revista Turismo em Análise

Turismo em Análise é uma publicação semestral (maio/


novembro) editada pela Editora Aleph e pelo Departamento de
Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA-USP. Tem por
objetivo publicar estudos, pesquisas e relatos de experiências de
docentes, pesquisadores e profissionais na área de Turismo e
Hotelaria. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/departam/crp/
cultext/revista_2.htm>. Classificação Qualis: A Nacional.

Revista Turismo – Visão e Ação

A Revista Turismo – Visão e Ação – está vinculada ao


Programa de Pós-Graduação em Administração e Turismo –
PPGAT, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). É um periódico
científico de publicação quadrimestral, interdisciplinar, de
circulação nacional e de alcance internacional. Disponível em:
<http://www.univali.br/revistaturismo>. Classificação Qualis: B
Nacional.

Revista Universo Contábil

A Revista Universo Contábil objetiva a divulgação por meio


eletrônico de produção científica relevante desta área, de forma
gratuita, aberta a todos os interessados. Na análise e seleção dos
originais são priorizadas a qualidade e a efetiva contribuição
científica dos artigos e trabalhos, produzidos por professores, alunos
de graduação e pós-graduação, pesquisadores e profissionais do
Brasil e do exterior. Os artigos devem abordar assuntos dentro das
seguintes áreas: Contabilidade para Usuários Externos;
Controladoria e Contabilidade Gerencial; Mercados Financeiro e

22 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Orientação para estudo, leitura, análise e interpretação de texto

Acionário; Educação e Pesquisa Contábil. Disponível em: <http://


proxy.furb.br/ojs/index.php/universocontabil/index>.
Classificação Qualis: B Nacional.

Revista Contemporânea de Contabilidade – RCC

A Revista Contemporânea de Contabilidade – RCC tem por


missão interagir com diferentes públicos e instituições no que diz
respeito aos conhecimentos contábeis, tanto em nível nacional como
internacional, divulgar e fomentar o desenvolvimento de
metodologias e procedimentos nas áreas do ensino, da pesquisa e
da extensão em atividades contábeis, e contribuir para a formação
humana e profissional nos limites das discussões e possibilidades
das Ciências Econômicas e Sócio-Aplicadas. Disponível em: <http:/
/www.periodicos.ufsc.br>. Classificação Qualis: C Nacional.

Módulo 1
23
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

TIPOS DE RESUMOS

Resumo descritivo ou indicativo

Esse tipo de resumo apenas descreve os pontos principais


de um texto, não dispensa a leitura do texto original para
compreensão do assunto. Um exemplo são as sinopses de filmes
publicadas nos jornais. Ali você tem apenas uma ideia do enredo
do filme.

Resumo informativo ou analítico

Esse tipo de resumo é o mais utilizado em trabalhos científicos


(teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso, monografias,
artigos científicos), pois informa o leitor sobre as características do
texto: tema, finalidade do trabalho, metodologia utilizada para a
construção do trabalho, resultados alcançados e conclusões. A
Associação Brasileira de Normas Técnicas, por meio da Norma
Brasileira NBR 6028 de 2003, padroniza o apresentação dos
Resumos. O resumo informativo dispensa a leitura do texto original
e é muito utilizado na leitura de reconhecimento e exploração de
dados bibliográficos.

Resumo crítico ou resenha

Resumo crítico ou resenha é a apresentação do conteúdo de


uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica. Consiste em
uma introdução onde o autor da resenha apresenta o assunto ou
tema foco da obra, a importância da obra e os objetivos. Segue a
descrição ou resumo da obra, sem apreciação ou juízo de valor do
autor da resenha. Em seguida, é apresentada a apreciação crítica
da obra, fundamentada na opinião de autores da comunidade
científica, experiência profissional, visão de mundo e noção
histórica do país.

24 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Orientação para estudo, leitura, análise e interpretação
Apresentação
de texto

UNIDADE 4
O PROCESSO DE PESQUISA

Módulo 1
25
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

26 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

PLANEJAMENTO DA PESQUISA

O planejamento da pesquisa é uma etapa que envolve


decisões sobre:

X O que pesquisar?
X Por que pesquisar?
X Para que pesquisar?
X Como pesquisar?
X Quando e com que recursos pesquisar?

Vamos ver o que os autores dizem sobre cada decisão!

O que pesquisar?

Uma investigação é algo que se procura, dizem os autores


Quivy e Campenhoult (1992). Para isso é preciso que você, aluno-
pesquisador do Curso de Graduação em Administração Pública,
modalidade a distância, tenha um ponto de partida, um fio condutor
que o acompanhará em todo o processo de investigação.
Você já leu diversas vezes que uma pesquisa cientifica inicia
com uma dúvida, uma curiosidade, uma interrogação sobre alguma
coisa. Essa dúvida, esse questionamento é a pergunta de partida, o
fio condutor que norteará o seu caminho.
Para que a pergunta de partida seja elaborada corretamente
é preciso que tenha clareza [precisão e c o n c i s ã o *],
*Concisão – é qualidade de
exequibilidade* [é preciso que seja real e executável] e pertinência conciso, breve, sucinto.
[é preciso que seja oportuna]. (QUIVY; CAMPENHOULT, 1992).
*Exequibilidade – é aqui-
No início da investigação é apenas uma pergunta provisória, lo que se pode executar,
mas com o levantamento de dados bibliográficos e documentais, realizável. Fonte:

com a focalização e delimitação do estudo a pergunta torna-se mais Ferreira (2004).

clara, exequível e pertinente – três qualidades necessárias à


construção da pergunta norteadora da pesquisa. Veja os exemplos:

Módulo 1
27
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

X Qual o impacto das mudanças na saúde na percepção


dos munícipes de Florianópolis/SC?
Essa pergunta apresenta duas qualidades apontadas por
Quivy e Campenhoult (1992): exequibilidade e pertinência, mas
não apresenta clareza. Quais são as mudanças que o pesquisador
se refere? Mudança no horário de atendimento da Unidade Básica
de Saúde? Na inclusão de novos serviços de saúde? Na inserção
de novas tecnologias organizacionais? Ou de novos equipamentos
de diagnóstico de saúde?

X O gestor da Gerência de Alimentação Escolar da


Secretaria Municipal de Educação da cidade de
Palmas (TO) tem as mesmas dificuldades no
gerenciamento da Unidade que os gestores de outros
municípios brasileiros?

Você pode rapidamente deduzir que essa pergunta está ampla


demais, que mesmo com um orçamento razoável, com equipes de
profissionais competentes, o pesquisador terá grandes dificuldades
de executá-la.
Mas, você pode perguntar:
E quando o aluno do Curso de Graduação em Administração
Pública, modalidade a distância, não tem uma pergunta para iniciar
uma pesquisa científica, o que deve fazer?
Nesse caso, o primeiro passo do planejamento é identificar
um assunto, um tema ou fenômeno de investigação de sua
preferência.
Luckesi et al. (1986) entendem que o assunto – em pesquisa
científica – se refere a uma área do conhecimento, portanto, mais
amplo, enquanto que o tema é mais específico e extraído de um
assunto genérico.
Assim, por exemplo: o assunto Planejamento é amplo e
abrangente. Agora, Planejamento estratégico e os fatores de sucesso
da campanha de extermínio do mosquito da Denge desenvolvida
no município de São José (SC) no ano de 2008, é o mesmo assunto
– planejamento –, no entanto, mais claramente definido, delimitado

28 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

e focalizado: fatores de sucesso da campanha de extermínio do


mosquito da Denge desenvolvida no município de São José (SC)
no ano de 2008. É o que os autores chamam de “um assunto
tematizado” (LUCKESI et al., 1986, p. 169).
As diferenças entre assunto, tema e fenômeno de pesquisas
em Administração Pública podem ser visualizadas no Quadro 1.
ASSUNTOS TEMAS OU FENÔMENOS
A ética e os conflitos gerenciais
A relação inter-organizacional e ética organizacional
Ética organizacional
Responsabilidade social e ética corporativa
A ética e a questão de gênero nas organizações públicas
Planejamento e fatores críticos de sucesso nas orga-
Planejamento e nizações públicas
programação na
Administração Planejamento estratégico e gestão de pessoas
Pública Planejamento pessoal e competitividade profissional
Estratégia organizacional e gestão financeira
Capacitação de recursos humanos no setor público
Gestão de pessoas O processo de ambientação, socialização e integração
no setor público das pessoas no serviço público
Carreiras no serviço público
O efeito da globalização para as políticas públicas
Políticas públicas e brasileiras
sociedade Política e racionalidade na Administração Pública
O Mercosul e o conflito de leis do setor agroindustrial

Quadro 1: Exemplos de assuntos e temas e fenômenos


Fonte: Elaborado pela autora

Independente de ser considerado ou tratado como assunto,


tema ou fenômeno, o mais importante é que a escolha seja o
resultado de uma reflexão sobre aspectos internos e externos que
tem relação com você. Os aspectos internos estão relacionados com
os seus interesses, suas preferências e curiosidades. Os fatores
externos são aspectos do ambiente geral, organizacional e de vida
que influenciam a sua decisão. Vamos ver com mais detalhes.
A seleção de um tema pode, inicialmente, nascer da sua
curiosidade. Essa curiosidade pode estar atrelada a uma
incompreensão teórica, uma dúvida ou mesmo um questionamento
relacionado aos processos rotineiros da organização, por exemplo.

Módulo 1
29
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Mas, é primordial que você faça uma reflexão sobre suas


habilidades, conhecimento, preferências, segurança, aptidões,
interesses e afinidade com o tema.
No entanto, refletir com base nas preferências pessoais não
basta! É preciso pensar no significado e na relevância do tema na
atualidade, na contribuição para a área de conhecimento e para a
solução do problema, na repercussão do estudo para o seu
conhecimento e para a sua organização. Retorno no futuro, tempo
necessário para o desenvolvimento do estudo, acesso às informações
e custos [financeiros, materiais, e pessoas] devem também ser
analisados e são, da mesma forma, essenciais!
A escolha do assunto ou tema de investigação é uma decisão
que implica em uma série de indagações que objetivam facilitar o
processo de escolha. Assim, é importante refletir sobre cada um
dos questionamentos abaixo:

a) o que desperta em mim maior interesse ou curiosidade?


b) ainda que seja interessante, é adequado para mim?
c) tenho afinidade com o tema?
d) tenho hoje possibilidades reais para executar o estudo?
e) o que conheço sobre o tema?
f) tenho segurança para desenvolver tal investigação?
g) o tema é relevante? Criativo? Inédito? Inovador? perti-
nente?
h) tenho facilidade de obter informações?
i) qual a contribuição teórica e/ou prática de minha in-
vestigação?
j) qual o retorno que terei com este estudo, ou melhor,
qual a repercussão deste estudo na minha vida profis-
sional ou pessoal?
k) existem recursos financeiros para a investigação deste
tema? e

30 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

l) terei tempo suficiente para investigar tal questão


(RÚDIO, 1986)?

Do ponto de vista instrumental, prático, como diz Triviños


(1987), a escolha do tema de pesquisa deve:

X cair diretamente no âmbito cultural da graduação [...]; e


X surgir da prática que o investigador realiza como
profissional.

Salomon (2004) indica outras fontes de inspiração e de


escolha do assunto: a observação direta do comportamento dos
fenômenos e dos fatos, o senso comum, a experiência pessoal, a
observação documental, o mercado de ideias, isto é, o mercado
das editoras na produção de livros, as descobertas por intuição e
insight*, e os seminários, dentre outros.
Além disso, é importante que você entre em contato com os *Insight – compreensão
repentina, em geral in-
professores do curso ou releia o conteúdo do material impresso
tuitiva, de suas próprias
disponibilizado por eles, além das sugestões indicadas nas seções atitudes e comporta-
Complementando e nas referências no final do livro-texto. mentos, de um proble-
ma, de uma situação.
Fonte: Ferreira (2004).

Dicas:
Formule um problema de pesquisa.
Teste esta pergunta com pessoas que o rodeiam para
confirmar se ela é clara e precisa e compreendida da
mesma forma por todos.
Reformule-a, caso não seja satisfatória, e recomece
todo o processo.

Após essa reflexão inicial e identificado o assunto ou o tema


a ser estudado, é preciso que você reúna dados e informações sobre
o mesmo, tanto bibliográficos como documentais.

Módulo 1
31
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

v
O levantamento preliminar de dados inclui, portanto, a
pesquisa bibliográfica e a documental.
Sobre esse assunto, leia Esse é o momento em que você amplia seu conhecimento
o capítulo A pesquisa do sobre o objeto de estudo.
material no livro de
Nessa etapa de planejamento da pesquisa o levantamento
Humberto Eco – Como se
Faz uma Tese; o capítulo –
de dados auxilia na formulação do problema de pesquisa [pergunta
Uso de biblioteca e de pesquisa/ problema de pesquisa], nos propósitos da investigação
documentação no livro – [objetivos], na indicação para o método e dos procedimentos
Como fazer uma
metodológicos mais adequados à solução do problema. Na etapa
monografia: elementos
de metodologia do
de execução da pesquisa o levantamento de dados bibliográficos e
trabalho científico de documentais dá sustentação para a análise dos dados e, conforme
Délcio Vieira Salomon; e diz Triviños (1987), ajuda na interpretação, na explicação e na
– o capítulo Uso da compreensão da realidade. Pode-se inferir, portanto, que o
biblioteca do livro de
levantamento de dados está presente do planejamento à execução
Antonio Carlos Gil –
Métodos e Técnicas de da pesquisa. Veja a Figura 1:
pesquisa social. Procure
ler essas indicações! Os
benefícios serão
somente seus!

Figura 1: O levantamento de dados e o processo de pesquisa


Fonte: Elaborada pela autora

A pesquisa bibliográfica possibilita descobrir o que existe


de publicação científica e quais as pesquisas que já foram
desenvolvidas ou estão em desenvolvimento sobre tal tema. É buscar

32 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

na literatura as contribuições teóricas já produzidas. Como orienta


Minayo (1996, p. 97) “[...] a primeira tarefa a que nos propomos é
um trabalho de pesquisa bibliográfica, capaz de projetar luz [...]”
ao objeto de estudo.
O passo inicial para a pesquisa bibliográfica é, naturalmente,
pesquisar o acervo de bibliotecas: livros, periódicos especializados
[revistas científicas], trabalhos acadêmicos [monografias, TCC,
dissertações e teses] e anais de eventos científicos. A busca de
diferentes correntes teóricas e pontos de vista de autores amplia e
sedimenta a posição que você adotará na investigação.
Como diz Limoeiro Cardoso (apud MINAYO, 1996, p. 89):

O conhecimento se faz a custo de muitas tentativas e da


incidência de muitos feixes de luz, multiplicando os pontos
de vista diferentes. A incidência de um único feixe de luz
não é suficiente para iluminar um objeto. [...] A incidência
a partir de outros pontos de vista e de outras intensidades
luminosas vai dando formas mais definidas ao objeto; vai
construindo um objeto que lhe é próprio. A utilização de ou-
tras fontes luminosas poderá formar um objeto inteiramente
diverso ou indicar dimensão inteiramente nova ao objeto.

A pesquisa documental inclui as publicações gerais [jornais


e revistas especializadas ou não], as governamentais [documentos
publicados pelos governos federal, estadual e municipal] e as
institucionais [ligadas a instituições de pesquisa, universidades e
organizações não-governamentais, dentre outras] (MATTAR, 1999).
No levantamento de dados você exercita o processo de leitura
e os métodos de estudo apresentados na Unidade 1:

X leitura exploratória de reconhecimento, cujo objetivo é


levantar o estado da arte sobre o tema, procurando
obter uma visão global do que foi publicado;
X leitura seletiva, feita de modo superficial, com o objetivo
de eliminar o dispensável, ficando-se no que é de real
importância;

Módulo 1
33
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

X leitura crítica ou reflexiva, em que o investigador penetra


no estudo com profundidade. É, segundo Cervo e
Bervian (2002), uma fase de reflexão, de percepção

v
dos significados, de análise, comparação e julgamento.
Nessa fase, inicia-se o fichamento das informações,
registrando-se as fontes de informações e as citações
diretas dos autores pesquisados; e
Volte à Unidade 1 e
releia o texto sobre X leitura interpretativa que finaliza o estudo, com o
fichamento de leitura julgamento do material pesquisado e com a construção
do quadro teórico referencial ou da fundamentação
teórica.

É importante também você observar os aspectos relacionados


com a redação do texto, como estrutura, estilo e apresentação gráfica,
e as normas de documentação da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), principalmente a:

X NBR 10520:2002 que trata sobre o uso de citação do


texto;
X NBR 6023:2002 que estabelece os elementos a serem
incluídos nas referências;
X NBR 6024:2003 que expõe sobre a numeração progressiva
de seções de um documento escrito;
X NBR 6028:2003 que apresenta os elementos necessários
para elaborar um resumo; e
X Norma Tabular do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), de 1993.

Depois do levantamento bibliográfico e documental você tem


melhores condições de delimitar e problematizar o tema.

34 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Delimitar o tema é colocar uma moldura, fazer um


recorte, é focar o tema em um ângulo específico, dizer o
que fica dentro e o que fica fora do estudo, é colocar de
fronteiras em relação às variáveis, ao tempo, ao objeto
de estudo e às pessoas que participarão da pesquisa.

Veja os Exemplos:
Assunto: comportamento dos usuários.
São várias as abordagens que podem ser dadas a esse assunto
amplo e genérico e, consequentemente, difícil de ser pesquisado.
Não esclarece, por exemplo:
X Comportamento de quem? → quem são os usuários?
X Consumidor de quê? → de qual (is) serviços? Produtos?
X Consumidor de onde? → de qual o mercado? Qual a
região geográfica?
X Consumidor quando? → o comportamento do usuário
em relação a que época do ano ou período?

Veja o exemplo no Quadro 2.

TEMA DELIMITAÇÃO DO TEMA


Comportamento 1. Fatores que influenciam a decisão da mãe na escolha
dos usuários da escola pública de ensino fundamental de seu filho,
em Florianópolis, no ano de 2008.
Comportamento de quem? Da mãe.
Consumidor de quê? Escola de ensino fundamental.
Consumidor de onde? Florianópolis.
Consumidor quando? Ano de 2008.
2. Comportamento dos usuários do Programa Saúde da
Família (PSF) no município de Pelotas (RS), no ano de
2006 a 2008.
Comportamento de quem? Dos usuários do Programa
Saúde da Família (PSF).
Consumidor de quê? do Programa de agentes comuni-
tários saúde.
Consumidor de onde? Do município de Pelotas (RS).
Consumidor quando? No ano de 2006 a 2008.

Quadro 2: Exemplos de tema e sua delimitação


Fonte: Elaborado pela autora

Módulo 1
35
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Você percebeu que o assunto/tema ou fenômeno ficam mais


claros, precisos e exequíveis com a delimitação da investigação?

Na pesquisa científica delimitar é a chave do sucesso!

Tendo delimitado o tema o pesquisador tem condições de


problematizá-lo, isto é, formular com mais propriedade o problema
de pesquisa.
Lembra da pergunta de partida citada no início desta
Unidade? Pois é, problematizar um tema, como você já viu, é,
segundo Quivy e Campenhoudt (1992), procurar enunciá-lo na
forma de uma pergunta de partida, mediante a qual o investigador
tenta exprimir o que procura saber, elucidar e compreender. O
problema de pesquisa é também chamado por alguns autores de
“questão norteadora da pesquisa” ou simplesmente questão de
pesquisa.

Na concepção de Luckesi et al. (1986, p. 178),


problematizar o tema “é sempre uma pergunta, uma
curiosidade, um desafio que move o homem a
investigar, a procurar saber, a desvendar os mistérios,
a superar interrogações, a vencer desafios.”

Na formulação de um problema de pesquisa, segundo Köche


(1997), você deve observar que:

X é sempre uma pergunta, um questionamento; assim, a


frase termina com um ponto de interrogação;

*Variável – é um concei- X o enunciado expressa a possível relação entre, no


to e, como conceito, é mínimo, duas variáveis* conhecidas, e essa relação
um substantivo que re-
pode não ser necessariamente de causa e efeito;
presenta classes de ob-
jetos. Fonte: Kerlinger X a pergunta deve ser clara e concisa; e
apud Richardson et al.
(2007). X a pergunta deve ser passível de solução.

36 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

No entanto, Gil (2007, p. 53) afirma que essas observações


não são regras rígidas, “são recomendações baseadas na
experiência de pesquisadores sociais que, quando aplicadas,
facilitam a formulação do problema”.
A delimitação e problematização do estudo identificam as
variáveis que serão estudadas. Essas variáveis são determinadas
com base na revisão bibliográfica e na análise preliminar do campo
empírico do estudo.
Variáveis são aspectos, propriedades e características
individuais de um tema. Na concepção de Kerlinger (1973 apud
RICHARDSON et al., 2007, p. 117) “variável é um conceito e como
conceito, é um substantivo que representa classes de um objeto,
como por exemplo, sexo, escolaridade, renda mensal, participação
política etc”. É qualquer coisa que pode ser classificada em duas
ou mais categorias. Como os autores salientam as variáveis – sexo,
escolaridade, renda mensal – são fáceis de identificar e conceituar,
mas participação política tem um conceito mais complexo.
As variáveis, segundo Richardson et al. (2007, p. 117)
apresentam duas características:

X são aspectos observáveis de um mesmo fenômeno, isto


é, são “características mensuráveis de um fenômeno,
que podem apresentar diferentes valores ou ser
agrupadas em categorias [...]” como, por exemplo,
idade [4 anos, 10...], e classe social [uma possibilidade
de categorizar é através da definição de alta, média,
baixa];
X devem expressar variações ou diferenças em relação
ao mesmo ou a outros fenômenos. Neste último caso,
a relação pode ser:

f de variação conjunta: covariação, isto é, as variáveis


mudam conjuntamente;

f de associação: “as variáveis podem mudar conjuntamente,


mas as mudanças em uma não produzem
necessariamente mudanças na outra” (p. 121);

Módulo 1
37
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

f de dependência: a variável 1 depende da variável 2; e


f de causalidade: “mudanças em uma variável produzem
mudanças na outra” (p. 121).

Assim, o enunciado de um problema de pesquisa é sempre


formulado como uma pergunta e expressa a possível relação entre
no mínimo duas variáveis conhecidas. Para enunciar um problema
de pesquisa é preciso definir as variáveis e as unidades de
obser vação. “Unidades de obser vação” são aspectos que
possibilitam identificar quem ou o quê deverá ser objeto de
observação, que características deverão ter o local e o período em
que será feita a observação (KÖCHE, 1997).
Para entender melhor, observe os exemplos:

Exemplo 1

Título do trabalho: Condições estressantes e tomada de


decisão de gestores em instituições financeiras públicas?
Autora da dissertação: Jaqueline Elisa Maldaner
Problema de pesquisa: Qual a relação entre as condições
estressantes e a tomada de decisão de gestores em instituições
financeiras públicas
Nesse exemplo, você pode verificar que o problema procura
entender a relação que existe entre duas variáveis:
Variável 1: condições estressantes
Variável 2: tomada de decisão
E o problema de pesquisa tem como unidade de observação
os gestores de instituições financeiras públicas.

Veja outros os exemplos de variáveis e unidades de observação de


problemas de pesquisa:

Exemplo 2

Título do trabalho: As condições hídricas e sócioambientais


e os reflexos na saúde da população do Ribeirão da Ilha -
Florianópolis/SC.

38 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Autora da dissertação: Márcia de Vicente Cesa


Problema de pesquisa: Qual a relação entre o ambiente, a
saúde e as políticas de saneamento ambiental nas bacias dos
rios Alto Ribeirão e Ribeirão do Porto, na Tapera da Base e
Alto Ribeirão, Distrito do Ribeirão da Ilha?
Variável 1: o ambiente e as políticas de saneamento ambiental
Variável 2: Saúde da população
Unidades de observação: bacias dos rios Alto Ribeirão e
Ribeirão do Porto, na Tapera da Base e Alto Ribeirão, Distrito
do Ribeirão da Ilha.

Exemplo 3

Título do trabalho: O gerenciamento do Hospital Universitário


da UFSC nos níveis estratégico, tático e operacional, na
percepção de seus dirigentes.
Autora da dissertação: Fabiana dos Santos Pereira
Problema de pesquisa: Que funções gerenciais são
desenvolvidas pelos gestores no Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina?
Variável 1: Funções gerenciais
Variável 2: não tem
Unidades de observação: níveis organizacionais [estratégico,
tático e operacional] e gestores no Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina.

Exemplo 4

Título do trabalho: As implicações dos Programas de


Responsabilidade Social da empresa Suzano Papel e Celulose
no IDH?M da sua região de influência no estado da Bahia -
Brasil.
Autora da dissertação: Jaceny Maria Reynaud
Problema de pesquisa: Os programas de Responsabilidade
Social da empresa Suzano Papel e Celulose conseguiram

Módulo 1
39
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

elevar o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDH-


M da região do extremo-sul do estado da Bahia, promovendo
consequentemente o Desenvolvimento Local Integrado e
Sustentável?
Variável 1: Programa de Responsabilidade Social
Variável 2: Índice de desenvolvimento Humano
Variável 3: Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável
Unidades de observação: Empresa Suzano Papel e Celulose
da região do extremo-sul do Estado do Bahia, Brasil.

Exemplo 5

Problema de pesquisa: De que forma o treinamento pode gerar


comprometimento com a qualidade?
Variáve1: treinamento
Variável 2: comprometimento com a qualidade
Unidades de observação: não tem

Observe nos exemplos apresentados que a frase que expressa


o problema de pesquisa sempre termina com um ponto de
interrogação, pois toda pesquisa inicia com uma dúvida, não é
mesmo?
Esse conhecimento é muito importante para todos
acadêmicos que, por exigência curricular ou não, terão de
desenvolver uma investigação de caráter científico.
Seguem mais dois exemplos de perguntas de pesquisa (ou
problemas de pesquisa, ou questões norteadoras). Faça uma reflexão
e descubra quais são as variáveis que cada questão de pesquisa
apresenta e a(s) unidade(s) de observação, se houver.

X Como se configura a relação entre os traços culturais


da empresa Alfa e a percepção de seus integrantes
sobre a gestão da diversidade cultural? (Pergunta de
pesquisa do TCC da aluna Silvana Ribeiro Santos –
CAD/UFSC 2006.2)

40 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Variável 1 :
Variável 2 :
Unidade(s) de observação:
X Qual o impacto de Acreditação Hospitalar no processo
de planejamento e qualidade na Gestão do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz (SP)? (Pergunta de pesquisa
do TCC da aluna Marília de Bettio – CAD/UFSC
2006.2)
Variável 1 : _____________________________
Variável 2 : _____________________________
Unidade(s) de observação:
Descobriu as variáveis e as unidades de análise? Socialize
seus acertos e também suas dúvidas. Discuta inicialmente com seu
grupo de trabalho. Entre em contato com o tutor. Exponha seu
pensamento, suas dúvidas!
Com a problematização do tema, surge a definição das
hipóteses do estudo. Pode-se dizer que hipóteses são afirmações
[ou respostas] provisórias sobre determinado fenômeno em estudo.
Segundo Goode e Hatt (1969), hipótese é uma proposição que pode
ser colocada à prova para determinar sua validade.

X Em relação ao problema o pesquisador pergunta: o


que investigar?
X Em relação à hipótese o pesquisador afirma: qual pode
ser a solução ao problema.

A função da hipótese é sugerir explicações para o problema.


As sugestões formuladas podem ser as soluções para o problema
(SELLTIZ et al., 1972, p. 43, grifo dos autores).
As hipóteses podem surgir da teoria, dos resultados de
estudos anteriores, de observações, da experiência, da intuição ou
“palpite” do investigador. Independente da fonte, serve como guia
para o tipo de dados que precisam ser coligidos e a maneira de

Módulo 1
41
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

organizá-los de maneira mais eficiente na análise. Triviños (1987)


expõe algumas condições para a correta formulação das hipóteses:

X devem ser expressas com clareza e simplicidade;


X devem ter a qualidade de poder ser verificadas
empiricamente;
X devem ser específicas;
X devem ter apoio na teoria; e
X devem ter relação com o problema de pesquisa.

As hipóteses pertencem aos estudos experimentais e, nos


estudos descritivos e exploratórios de abordagem qualitativa, são
mais utilizadas questões de pesquisa. No entanto, podemos
encontrar estudos descritivos e exploratórios que determinam tanto
as questões de pesquisa como as hipóteses num mesmo estudo. O
importante é saber que ambas [questões de pesquisa e hipóteses]
da mesma forma orientam os caminhos direcionando a investigação
(TRIVIÑOS, 1987).
Com a problematização do tema e as hipóteses definidas
você tem condições de construir o embasamento teórico que
sustentará a pesquisa.
A elaboração da fundamentação teórica tem como
objetivo apresentar o que dizem os autores sobre o tema, ou
especificamente sobre o problema de pesquisa. Apresenta, portanto,
uma revisão da literatura existente, não só sobre as diferentes teorias
e suas críticas, como também a trabalhos realizados com base nestas
teorias.
Com o tema escolhido, problematizado e reunido o material
bibliográfico e delineada a revisão teórica, o pesquisador tem
condições de responder à próxima pergunta que envolve o processo
de pesquisa. Vejamos!

42 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Por que pesquisar?

A pesquisa está relacionada com a justificativa do estudo.


Existem várias razões de se fazer uma pesquisa, portanto não existe
uma regra rígida quanto ao conteúdo da justificativa
(RICHARDSON et al., 2007).
Vamos ver as colocações de alguns autores.
Gil (2007, p. 162) expõe esse aspecto da pesquisa de forma
bem clara. Diz ele que a justificativa pode incluir:

• fatores que determinaram a escolha do tema, sua rela-


ção com a experiência profissional ou acadêmica do au-
tor, assim como sua vinculação à área temática e a uma
das linhas de pesquisa do curso [...];
• argumentos relativos à importância da pesquisa, do pon-
to de vista teórico, metodológico ou empírico;
• referência a sua possível contribuição para o conheci-
mento de alguma questão teórica ou prática ainda não
solucionada.

A justificativa de um trabalho científico deve articular a


relevância intelectual e a prática do problema pesquisado, diz
Deslandes (2002), e “descreve os motivos vivenciais e teóricos que
impulsionaram a escolha do objetivo”, complementa Minayo (1996,
p. 99).
Para justificar a relevância da pesquisa a sugestão é que
você resgate o levantamento bibliográfico de pesquisas já realizado,
identificando os problemas que já foram e que ainda não foram
pesquisados. Quanto à relevância prática é importante informar os
benefícios que podem decorrer da resposta ao problema de pesquisa.
Castro (1978, p. 56) coloca que um trabalho pode ser
justificado a partir da sua importância, originalidade e viabilidade.
Para o autor um trabalho é importante

Módulo 1
43
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

[...] quando está de alguma forma ligado a uma questão


crucial que polariza ou afeta um segmento substancial da
sociedade. Um tema pode também ser importante se está
ligado a uma questão teórica que merece atenção continu-
ada na literatura especializada.

A originalidade está presente quando os resultados “têm o


potencial para surpreender”, diz o autor (p. 56). E a viabilidade é
considerada quanto aos fatores: prazo, recursos financeiros,
competência do autor e disponibilidade de informações sobre o tema.

Você pode verificar as diferentes maneiras de justificar um


estudo pesquisando em trabalhos acadêmicos, como
dissertações, teses, artigos científicos e trabalhos de conclusão
de curso. Pesquise! Leia! Comece a desenvolver suas
competências e habilidades! Você sabe que o compromisso
com o conhecimento é todo seu! Faça contato com nossa
equipe, pois estamos sempre prontos para ajudá-lo!

É importante aprofundar
esse assunto em outras
fontes. Por isso, leia o
A próxima etapa do processo de planejamento da pesquisa
capítulo 4 – Roteiro de responde à pergunta: Para que pesquisar? Vamos ver como é
um projeto de pesquisa – planejada?
do livro Pesquisa Social:
métodos e técnicas, de

v
Richardson et al. (2007), Para que pesquisar?
que está na biblioteca de
seu Pólo. Este capítulo
Para que pesquisar é a questão relacionada com os objetivos
aborda os assuntos
tratados nesta Unidade
da pesquisa, isto é, o que o pesquisador pretende alcançar com a
como: justificativa, realização do estudo.
definição de problema, Richardson et al. (2007) colocam que os objetivos são
objetivos da pesquisa,
decorrentes do problema de pesquisa, no entanto, muitas vezes o
hipóteses e definição
operacional de variáveis,
pesquisador só consegue estabelecer com clareza o problema de
entre outros. Lembre-se: pesquisa após a definição dos objetivos. Essa frase confirma que o
através da leitura você processo de pesquisa é um caminho de mão dupla! De ir e vir!
amplia seu universo de
conhecimento.

44 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Como você pode perceber, a correlação entre eles é intensa


e direta. Essa afirmação é confirmada quando observamos os
critérios para determinação dos objetivos e do problema de pesquisa:
clareza, precisão e realismo. Um objetivo é claro e preciso quando
exclui a possibilidade de que seu propósito seja confundido com
outro objetivo (GIL, 2007). Ao definir um objetivo, você deve ter
certeza de que irá alcançá-lo.

Se o problema de pesquisa é uma questão a investigar,


diz Vergara (1997), o objetivo é um resultado a
alcançar!

De uma forma geral, os objetivos são classificados em geral


e específicos:

X O objetivo geral tem dimensões mais amplas.


X Os objetivos específicos definem as etapas que devem
ser cumpridas para alcançar o objetivo geral
(RICHARDSON et al., 2007). Podemos dizer também
que o somatório dos objetivos específicos resulta no
objetivo geral.

Os objetivos, como refletem os propósitos a serem


alcançados, devem ser formulados usando verbos no infinitivo. Os
verbos possuem significados diferentes tanto em relação ao nível
em que se posicionam como em relação à sua complexidade,
conforme o Quadro 3. Segundo Benjamin Bloom (1974), esses
níveis são:

Módulo 1
45
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

NÍVEIS COMPLEXIDADE
l Conhecimento simples
2. Compreensão
intermediária
3. Aplicação
4. Análise
5. Síntese complexa
6. Avaliação

Quadro 3: Níveis e complexidade na determinação de objetivos


Fonte: Elaborado pela autora

O nível de conhecimento é o nível mais simples, portanto, de


baixa complexidade, e estabelece o ato ou efeito de conhecer, de
dar um discernimento, uma ideia, noção, apreciação. Para
determinar um objetivo com esse significado, você pode utilizar os
seguintes verbos: apontar, citar, classificar, descrever, enumerar,
especificar, estabelecer, identificar, expressar, reconhecer, conhecer
e relacionar, dentre outras.
O nível de compreensão, de complexidade intermediária,
expressa o ato de compreender, a faculdade de perceber, e, portanto,
o objetivo pode ser manifestado por meio das palavras como:
deduzir, interpretar, ilustrar, diferenciar, discutir, explicar, perceber
e compreender, dentre outras.
O nível de aplicação, de complexidade intermediária,
demonstra execução prática de uma teoria, cumprimento, emprego,
utilização, uso. Aplicar, demonstrar, desenvolver, relacionar,
inventariar, diagnosticar, estruturar, selecionar e construir são verbos
que podem ser utilizados para expressar objetivos de aplicação.
O nível de análise, de grande complexidade, expressa a
decomposição do todo em suas partes constituintes, exame de cada
parte de um todo, tendo em vista conhecer sua natureza, proporções,
funções e relações. Analisar, diferenciar, criticar, investigar e
examinar são palavras usadas para os objetivos que tem esse nível
de complexidade como propósito.
O nível de síntese, de grande complexidade, refere-se à fusão,
composição e resumo. Compor, reunir, organizar e propor são

46 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

palavras que podem ser usadas na determinação de objetivos com


esse nível de complexidade.
Por último, o nível de avaliação, de grande complexidade,
significa a avaliação de valor ou validade, estimar o merecimento
de, calcular, fazer ideia de, apreciar e reconhecer a grandeza, a
intensidade. Avaliar, validar e medir são palavras que expressam
esse nível.
Para compreender as diferenças entre objetivos gerais e
específicos, observe os exemplos:

Exemplo 1: extraído do Trabalho de Conclusão de Curso de


Antônio Gabriel Martins (CAD/UFSC)

Título do trabalho: Criatividade: do desencantamento do


mundo à resistência – um estudo de caso em duas
companhias de teatro de Florianópolis.
Pergunta de pesquisa: De que modo a criatividade é trabalhada
em diferentes organizações culturais da mesma natureza, mas
com enfoques diferentes quanto ao mercado cultural?
Para responder à pergunta de pesquisa, o acadêmico definiu
como objetivo geral:

X Analisar e comparar as práticas de participação dos


atores no processo criativo nas companhias de teatro
Danaíde e Alcione, considerando o processo de
montagem de uma peça teatral de cada companhia,
compreendendo o período entre abril e setembro de 2007.
Para alcançar o objetivo geral, o acadêmico definiu como
objetivos específicos:

X problematizar o tema criatividade e a relação deste


com o novo modo de acumulação de capital da
sociedade hodierna;
X verificar a relação das companhias teatrais com o
processo de mercantilização e qual a influência

Módulo 1
47
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

deste processo nas práticas organizacionais das


companhias; e
X analisar as políticas organizacionais quanto à
promoção da participação dos atores no processo
criativo das companhias Danaíde e Alcione.

Exemplo 2: extraído do Trabalho de Conclusão de Curso de


Miriana Valério dos Santos (CAD/UFSC).

Pergunta de pesquisa: Quais os impactos da mudança


organizacional implementada na COHAB a partir de 2003, na
estrutura organizacional, na comunicação interna e na estrutura física?
Para atender a essa pergunta de pesquisa, a acadêmica
construiu o seguinte objetivo geral:

X Analisar os impactos da mudança organizacional


implementada na COHAB/SC a partir de 2003, na
estrutura organizacional, na comunicação interna e
na estrutura física.
E, de forma bem simplificada, determinou três objetivos
específicos:

X identificar a estrutura organizacional anterior e a atual;


X identificar os impactos da mudança organizacional nos
meios de comunicação interna; e
X apontar e avaliar as mudanças geradas na estrutura
física devido à reestruturação do organograma.

Como você pode perceber nos exemplos, o objetivo geral


tem relação direta com a pergunta de pesquisa e o somatório dos
objetivos específicos resulta no objetivo geral.

Exemplo 3: vamos analisar o exemplo apresentado na dissertação


de Fabiana dos Santos Pereira.

48 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Título do trabalho: O gerenciamento do Hospital Universitário


da UFSC nos níveis estratégico, tático e operacional, na
percepção de seus dirigentes.
Problema de pesquisa: Que funções gerenciais são
desenvolvidas pelos gestores no Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina?
Partindo da pergunta de pesquisa, a autora definiu o objetivo
geral: Analisar as funções gerenciais nos níveis estratégico, tático e
operacional no Hospital Universitário da UFSC, na percepção de
seus dirigentes.
Como você pode perceber, os níveis estratégicos, tático e
operacional estão presentes somente no objetivo geral e não na
pergunta de pesquisa. Este aspecto coloca uma fronteira no foco
de observação da estrutura organizacional do HU, delimitando o
olhar do pesquisador quanto ao objeto de estudo. Se a autora
incluísse estas informações, o problema de pesquisa poderia ser
construído dessa forma:

X Quais são as funções gerenciais desenvolvidas pelos


gestores nos níveis estratégico, tático e operacional do
Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina?
Para responder o problema de pesquisa e alcançar o objetivo
geral, foram determinados os seguintes objetivos específicos:

X Descrever e refletir as funções gerenciais contidas no


Regimento Interno do Hospital Universitário da UFSC;
X Identificar as funções gerenciais realizadas no Hospital
Universitário da UFSC, na perspectiva dos gestores; e
X Comparar e apresentar uma reflexão crítica das funções
gerenciais encontradas no hospital, com o Regimento
Interno e o referencial teórico.

Módulo 1
49
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Exemplo 4: extraído da dissertação defendida por Jaceny Maria


Reynaud.

Título do trabalho: As implicações dos Programas de Respon-


sabilidade Social da Empresa Suzano Papel e Celulose no IDH-
M da sua Região de influência no estado da Bahia – Brasil.
Problema de Pesquisa: Os programas de Responsabilidade
Social da empresa Suzano Papel e Celulose conseguiram elevar o
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M da região
do extremo-sul do estado da Bahia, promovendo consequentemente
o Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável?
Objetivo Geral:

X Verificar se os programas de Responsabilidade Social


da empresa Suzano Papel e Celulose conseguiram ele-
var o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
– IDH-M da Região do Extremo-Sul do estado da
Bahia, promovendo, consequentemente, o Desenvol-
vimento Local Integrado e Sustentável.
Objetivos Específicos:
X Descrever a fundamentação conceitual relativa à
Responsabilidade Social, seus mecanismos de
avaliação, Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal – IDH-M, bem como a estrutura do
Programa de Desenvolvimento Local Integrado e
Sustentável DLIS – no Brasil;
X Identificar o processo de formação do espaço de gestão
da empresa Suzano Papel e Celulose, desde a Qualidade
Ambiental até a Responsabilidade Social; e
X Identificar, com base no Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal-IDH-M, se a referida empresa, através
dos projetos de Responsabilidade Social, promoveu o
desenvolvimento local na sua região de influência.

Tendo definido os objetivos do estudo, você precisa planejar


como a pesquisa será realizada. Vamos ver:

50 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Como pesquisar?

Para responder ao problema de pesquisa você precisa de


informações. Mas, você pode se perguntar?

X Quais são as informações necessárias para responder


ao problema de pesquisa?
X Quais são as fontes de informações disponíveis? Onde
elas estão?

f Nas pessoas? Quem são essas pessoas? Onde elas estão?


f Em documentos? Quais são esses documentos?
f Onde mais é possível encontrá-las?
X Como obter as informações?
X Como analisar essas informações?

As respostas a esses questionamentos exigem reflexões


pautadas inicialmente, nos Princípios de Conduta Ética na Pesquisa
que envolve seres humanos. Conforme Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, a eticidade da pesquisa implica em:

X consentimento livre e esclarecido dos sujeitos envolvidos


(tratá-los com dignidade, respeitá-los em sua
autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade);
X ponderação entre riscos e benefícios tanto atuais como
individuais ou coletivos; e
X relevância social da pesquisa com vantagens
significativas para os sujeitos da pesquisa com justiça
e equidade (BRASIL, 2009).

Com base nesses princípios, no problema de pesquisa, nos


objetivos do estudo e na base teórica de sustentação, você deve
planejar como fazer a investigação, isto é, definir o tipo de estudo,
a abordagem, os sujeitos participantes da investigação (universo e
amostra), as variáveis ou categorias de análise e os procedimentos
de coleta e análise de dados.

Módulo 1
51
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

O tipo de estudo e a abordagem

Vimos na Unidade 3 do livro-texto os diferentes tipos de


estudos que podem ser realizados em Administração Pública. Bem,
agora é hora de resgatar o conhecimento adquirido no estudo desta
Unidade.
Em função do interesse do pesquisador, a investigação segue
um caminho teórico [pesquisa pura ou básica] ou um caminho
empírico [pesquisa aplicada]. Você viu também que, mesmo tendo
como motivo resolver problemas práticos, a pesquisa tem uma base
teórica que sustenta os argumentos para responder à pergunta de
partida. Daí muitos autores chamarem a pesquisa aplicada de
teórico-empírica.
Então, qual é o seu interesse, enquanto pesquisador do Curso
de Graduação em Administração Pública na modalidade a
distância?
A sua resposta vai direcioná-lo a um caminho: ou teórico
ou teórico-empírico [aplicado]. Encontramos na academia muitos
professores e alunos que denominam essas duas modalidades de
pesquisa de: pesquisa teórica e pesquisa prática.
Outra decisão a ser tomada é quanto à abordagem sob a
qual o problema será tratado. A abordagem quantitativa enfatiza
Lembra desse tipo de
números ou informações conversíveis em números. Os dados são

v
pesquisa que foi
abordado na Unidade 3 analisados com apoio da estatística ou de outras técnicas
do livro-texto? Se você matemáticas. A abordagem qualitativa ou pesquisa qualitativa
ficou em dúvida quanto a trabalha com dados qualitativos, com informações expressas nas
esse assunto, volte na
palavras orais e escritas, em pinturas, em objetos, fotografias,
Unidade 3 e releia.
desenhos, filmes etc. Os resultados da coleta e da análise dos dados
não são expressos em números.

É importante salientar que a abordagem e o tipo de


pesquisa influenciam nas decisões que seguem:
escolha dos sujeitos de pesquisa, das variáveis ou
categorias de análise e das técnicas de coleta e de
análise de dados.

52 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

A escolha dos sujeitos de pesquisa

Sujeitos de pesquisa são as pessoas que fornecerão as


informações que você precisa para responder à pergunta norteadora
[problema de pesquisa], isto é, o universo ou população e, se
necessário, a amostra.
Na concepção de Vergara (1997, p. 48), a população é o
“conjunto de elementos (empresas, produtos ou pessoas) que
possuem as características que serão objetos de estudo” e a
amostra, uma parte representativa dessa população.
Na abordagem quantitativa de pesquisa “busca-se um

v
critério de representatividade numérica que possibilite a
generalização dos conceitos teóricos que se quer testar” diz Minayo A teoria da amostragem

(2002, p. 102, grifo nosso). será discutida, com mais


profundidade, na
Na pesquisa qualitativa a preocupação não está na disciplina Estatística
quantificacão da amostra e sim, na intencionalidade na escolha Aplicada à
dos sujeitos de pesquisa. A amostra, isto é, as pessoas que farão Administração.

parte de seu estudo fornecendo informações, é selecionada a partir


de critérios escolhidos por você pesquisador, como por exemplo:
conhecimento e envolvimento do sujeito de pesquisa com o
problema de pesquisa, esclarecimento sobre o assunto em pauta,
tempo disponível para a entrevista etc.

Variáveis e/ou categorias de análise

Variáveis em pesquisa, como você viu na seção que trata


sobre “o que pesquisar”, são aspectos, propriedades e características
individuais de um tema, que apresentam valores diferentes. Como
diz Triviños (1987), é algo que “varia”, que muda. É qualquer coisa
que pode ser classificada.
Categoria, em pesquisa, é um conceito que abrange elementos
ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre
si. “Essa palavra está ligada à ideia de classe ou série” (CRUZ
NETO, 2002, p. 70).
Analisando os dois conceitos podemos perceber que existe
similaridade entre eles:

Módulo 1
53
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

X Tanto o conceito de variável como o de categoria são


características de alguma coisa ou objeto, ou tema que
pode ser classificada.
No método quantitativo a variável deve ser medida e no
método qualitativo, a variável é descrita.
Por exemplo:
Idade é uma variável que apresenta valores diferentes: 1 ano,
2, 4 , 15, 30, 56 etc.
Estatura é uma variável que muda e apresenta valores
diferentes: 3, 45, 60, 98 metros etc.
Partidos políticos, é uma variável que muda: PMDB, PSDB,
PPS etc.
Agora, Partidos Políticos é também uma categoria que
apresenta características que se relacionam entre si: PMDB, PSDB,
PPS etc.

As técnicas de coleta e de análise de dados

Chizzotti (2001) afirma que a coleta de dados provém de


documentos, de observação ou por meio de respostas e declarações
de pessoas que contêm as informações necessárias aos objetivos
da pesquisa, permitindo posteriormente o registro e a análise de
tais informações.
Nesse sentido, as técnicas mais utilizadas que você dispõe
para a coleta de dados são: análise documental, entrevista,
questionário e observação. A opção por uma ou uma combinação
delas depende do tipo, da abordagem e do objetivo da investigação.
E a última decisão sobre os procedimentos metodológicos,
mas não por isso menos importante, é sobre o planejamento do
processo de análise de dados. Nas pesquisas de caráter quantitativo,
os dados são submetidos ao tratamento estatístico dos dados –
sofisticados ou não – e, nas de base qualitativa, as informações
materializam-se em forma de texto.

54 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Quando e com que recursos pesquisar

Quando pesquisar tem relação com o tempo necessário para *Cronograma – parte
a realização de cada uma das atividades determinadas na etapa dos programas e proje-
tos em que são
de planejamento. Trata-se da elaboração de um cronograma* de
estabelecidas as
execução. É prever a execução do trabalho ao longo de um período. sequências e os prazos
O mais usual é um quadro de dupla entrada onde se cruzam das atividades a serem

informações referentes ao tempo (mês, semanas, dias etc.) e as realizadas. Fonte:


Lacombe (2004).
tarefas necessárias para responder ao questionamento inicial.
O quadro 4 mostra um modelo de cronograma de pesquisa.

TEMPO MARÇO/2010 ABRIL /2010 M AIO/2010 J UNHO/2010


ATIVIDADES 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
1Revisão teórica X X X X X X X X X X X X X
2Elaboração dos
X
instrumentos
3 Pré-teste dos ins-
trumentos X

4Cálculo e seleção X
da amostra
5 Elaboração dos
instrumentos defi- X
nitivos
6 Coleta de dados X X X X
7 Tabulação e trata-
mento dos dados X

8Análise e interpre-
tação dos dados X X X

9Redação prelimi- X X X X X
nar do relatório
8Redação definitiva X X
9Correção do portu-
guês e normas da X
ABNT
10Revisão final X

Quadro 4: Cronograma de execução da pesquisa


Fonte: Elaborado pela autora

Módulo 1
55
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Quanto aos recursos necessários para a elaboração da


pesquisa, você pesquisador deve prever os gastos com:

X pessoal;
X material permanente: móveis, computadores e outros
equipamentos; e
X material de consumo: papel, caneta, clips.

É importante você conhecer as normas


Saiba mais CNPQ das Agências de fomento e de apoio à pesquisa,
O CNPQ <www.cnpq.br/> é uma agência do Instituições que financiam os projetos de
Ministério da Ciência e Tecnologia desti- pesquisa, como Conselho Nacional de
nada ao fomento da pesquisa científica e Desenvolvimento Científico e Tecnológico
tecnológica e à formação de recursos hu- (CNPQ), a Coordenação de Aperfeiçoamento
manos para a pesquisa no país. Concede de Pessoal de Nível Superior (CAPES), as
bolsas de Iniciação Científica, pesquisa Fundações de Apoio à Pesquisa (FAPS), os
de mestrado, doutorado e diversas outras Institutos de Pesquisa e o próprio Ministério da
modalidades de pesquisa, e apóia proje- Ciência e Tecnologia (MCT), organização
tos de pesquisas, eventos e publicações. governamental federal que possui programas
de apoio à pesquisa, pois cada instituição tem
CAPES
suas regras e critérios internos de
A CAPES é a agência vinculada ao Ministério financiamento.
da Educação <www.capes.gov.br/> e tem
como missão a expansão e consolidação da
pós-graduação stricto sensu (mestrado e dou-
torado) em todos os estados da Federação.
A EXECUÇÃO DA PESQUISA
FAPS

As Fundações de Apoio à Pesquisa (FAPS)


A execução da pesquisa envolve três
são entidades estaduais com o objetivo
momentos: a preparação do campo de
de apoiar atividades de pesquisas cientí-
pesquisa, a entrada no campo e a análise e
ficas e tecnológicas nos estados, desen-
interpretação dos dados.
volvidas por pesquisadores ligados às
Universidades. Os Institutos de Pesquisa,
como o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) a Financiadora de Estudos
e Projetos (FINEP), entre outros.

56 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

A preparação da entrada no campo

Os primeiros passos na preparação da entrada no campo


de pesquisa são:

X Buscar uma aproximação com as pessoas envolvidas


no campo espacial selecionado [uma organização, um
setor, um grupo de pessoas ou uma única pessoa,
dependendo do caso].
X Apresentar a proposta de estudo. Os envolvidos na
pesquisa devem ser esclarecidos sobre o que será
investigado, sempre respeitando os princípios éticos
da pesquisa. A apresentação da proposta de estudo
deve ser feita pessoalmente, pois se trata de uma
situação de troca baseada em diálogos, livre de
qualquer obrigatoriedade, num processo de efetiva
integração (CRUZ NETO, 2002).

Após o contato e a permissão para efetuar o estudo, você


deve iniciar a preparação dos instrumentos de coleta de dados:

X Entrevista: elaboração do roteiro, discussão,


submissão ao orientador para análise e redação
definitiva; providenciar equipamentos de gravação das
conversas a serem desenvolvidas com os sujeitos de
pesquisa.
X Questionário: construção do instrumento, aplicação
do pré-teste, reformulação, se necessário, formação da
equipe que irá realizar o levantamento de dados no
campo [recrutamento, seleção e treinamento] e
distribuição do trabalho entre a equipe.
X Observação: planejamento da observação: onde será
efetuada, quando será, quais os aspectos a serem
observados, entre outros, decisão pela forma de
obser vação, preparo do seu desenvolvimentos
[conhecimento prévio do que observar e das variáveis
a serem observadas].

Módulo 1
57
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

X Documentos internos e externos: providenciar o


levantamento e identificação dos documentos
necessários para a pesquisa.
X Registro das informações: providenciar o caderno
de campo, de anotações, ou diário de campo
(MINAYO, 1996) para registro das informações
observadas.
Com a aceitação da proposta e cumpridas essas atividades
você entra no campo de pesquisa.

A entrada no campo de pesquisa

É o momento de efetuar a coleta de dados, de estar face-a-


face com os sujeitos de pesquisa, com os documentos para leitura,
com o local para observação, isto é um processo de interação direta
com os atores sociais envolvidos na pesquisa.
Michel (2005) destaca alguns fatores para o êxito na pesquisa:

X indagação minuciosa do assunto;


X capacidade de selecionar o material bibliográfico e
documental;
X transcrição correta das informações;
X anotações claras e objetivas; e
X desenvolvimento ordenado e lógico dos fatos.

É importante que os dados, as informações e as opiniões


sejam registradas logo após a sua obtenção.

A análise e interpretação dos dados

Depois de coligir os dados você inicia o processo de análise


de interpretação dos dados (SELLTIZ et al., 1972).
É o momento de relacionar os dados coletados com o
problema, com os objetivos da pesquisa e com a teoria de

58 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

sustentação, possibilitando abstrações, conclusões, sugestões e


recomendações relevantes para solucionar ou ajudar na solução
do problema ou para sugerir a realização de novas pesquisas, como
mostra a Figura 2.

A análise e interpretação de
dados
E
S com o problema de pesquisa
T
Á

R
E
com os objetivos
L
A
C
I
O
com a teoria de sustentação
N
A
D
A
com as categorias de análise
C
O
M

Figura 2: Relação da análise com os elementos da pesquisa


Fonte: Elaborada pela autora

Selltiz et al. (1972) fazem uma distinção entre análise e


interpretação de dados.
Para os autores, a análise tem o objetivo de organizar e
sumariar* os dados de forma que possibilitem dar respostas ao *Sumariar – é sintetizar,
problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como resumir, dizer sumaria-
objetivo a busca do sentido mais amplo dos resultados, através de mente. Fonte: Ferreira

sua ligação a outros conhecimentos obtidos anteriormente. Esta (2004).

busca permite determinar dois aspectos importantes da pesquisa:

X a continuidade da pesquisa por meio da ligação entre


os resultados de um estudo com os de outro; e
X a interpretação conduz ao estabelecimento de novos
conceitos explicativos.

Mas, você pode perguntar: como iniciar, por onde começar


o processo de análise e interpretação dos dados?

Módulo 1
59
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Esse processo varia em função do problema de pesquisa,


dos objetivos, da abordagem e do tipo de dados que foram
coletados.

A análise e interpretação de dados nas pesquisas com


abordagem quantitativa

De maneira geral, Selltiz et al. (1972) e GIL (2007), indicam


alguns passos na análise e interpretação dos dados:

X estabelecimento de categorias;
X codificação;
X tabulação;
X análise estatística dos dados;
X avaliação das generalizações obtidas com os dados;
X inferências de relações causais; e
X interpretação dos dados.

Vamos ver cada uma das etapas.

X Estabelecimento de categorias: Você foi a campo,


coletou as informações e agora se depara com
inúmeras respostas dos sujeitos de pesquisa. Estas
respostas precisam ser agrupadas, ordenadas,
organizadas e classificadas em categorias.

“A pergunta de pesquisa ou as hipóteses – se


formuladas – apresentam a base para a escolha dos
princípios de classificação” (SELLTIZ et al., 1972, p. 441).

Um conjunto de categorias deve atender a três regras básicas:

60 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

X O conjunto de categorias deve ser derivado de um único


principio de classificação.
X O conjunto de categorias deve ser exaustivo; vale dizer,
deve ser possível colocar qualquer reposta numa das
categorias do conjunto.
X As categorias do conjunto devem ser mutuamente
exclusivas, não deve ser possível colocar determinada
resposta em mais de uma categoria do conjunto.
X Codificação: A codificação “é o processo técnico pelo
qual são categorizados os dados. Através da
codificação, os dados brutos são transformados em
símbolos – geralmente numerais – que podem ser
tabulados e contados” (SELLTIZ et al., 1972 , p. 452).
A codificação inicia com o participante da pesquisa.
É ele que escolhe a resposta da pergunta e assinala
aquela que corresponde à sua opinião: sim, não, não
sei, concordo, não concordo e assim por diante. E a
pessoa que colige* faz a categorização no momento
que está coligindo os dados.
X Tabulação: A tabulação “é uma parte do processo *Coligir – significa reunir
técnico na análise estatística dos dados” (SELLTIZ et em coleção, ajuntar, in-

al., 1972 , p. 458). Na tabulação é feita a contagem ferir, concluir. Fonte:


Ferreira (2004).
que determina quantas respostas foram escolhidas em
cada categoria. Pode ser manual ou com recursos de
software computacional, específico para ciências
sociais.
X Análise estatística dos dados: A análise estatística
dos dados é feita por meio de duas atividades: a
descrição dos dados e a avaliação das generalizações
obtidas com os dados. A descrição dos dados, segundo
Selltiz e seus colaboradores, envolve as seguintes
atividades:

f caracterizar o que é típico no grupo: média, mediana,

Módulo 1
61
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

moda, entre outras;

f indicar até que ponto variam os indivíduos do grupo;


f mostrar outros aspectos da maneira pela qual os
indivíduos se distribuem com relação à variável que
está sendo medida; e

v
f mostrar a relação, entre si, de diferentes variáveis nos
dados.

X Avaliação das generalizações obtidas com os


dados: É a etapa em que o pesquisador, com base na
Você vai ver esse assunto
amostra analisada, generaliza os dados ara a
na disciplina Estatística
Aplicada à Administração
população de onde foi extraída a amostra. É utilizado,
mais uma vez, o conhecimento da teoria estatística,
através de testes de hipótese, de significância, entre
outros.
X Inferências de relações causais: São procedimentos
estatísticos com o objetivo de estabelecer relações
entre muitas variáveis, como a análise fatorial e a
análise de trajetória.
X Interpretação dos dados: É o momento em que o
pesquisador associa os resultados da análise com
outros conhecimentos já obtidos. Não existem regras
ou normas matemáticas ou estatísticas de como fazer
a interpretação dos dados.

A análise e interpretação de dados nas pesquisas com


abordagem qualitativa

A análise e interpretação dos dados têm, segundo Minayo


(1996), três objetivos:

X compreender os dados coletados;


X responder às questões de pesquisa; e
X ampliar o conhecimento sobre o assunto.

62 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Na concepção de Minayo são três os obstáculos que poderão


interferir na análise qualitativa. A ilusão do pesquisador é o primeiro
deles. Muitas vezes, por ter bastante familiaridade com o objeto
pesquisado, o pesquisador pode tirar conclusões precipitadas,
prejudicando os resultados da investigação. O segundo obstáculo
que a autora chama a atenção é em relação ao envolvimento do
pesquisador com os métodos e técnicas esquecendo-se do
significado dos dados coletados. E o terceiro refere-se à dificuldade
de relacionar os resultados alcançados com outros conhecimentos.
Da mesma forma que nas pesquisas quantitativas, coligir os
dados em categorias é uma forma de facilitar a análise dos dados
na pesquisa qualitativa. “Agrupar elementos, ideias ou expressões
em torno de um conceito” é estabelecer classificações, diz Gomes
(2002), e deve seguir os três princípios mencionados na seção
anterior: um único princípio de classificação, o conjunto de
categorias deve ser exaustivo e as categorias devem ser mutuamente
exclusivas.
Segundo Triviños (1987), quando o pesquisador inicia a
análise das respostas dos sujeitos de pesquisa, sejam elas
conseguidas por meio de questionário aberto, entrevistas semi-
estruturadas ou observação livre, algumas normas devem ser
seguidas:

X leitura atenta das respostas à pergunta de número um


para em seguida ler a questão dois e assim por diante.
Deve ler seguindo as diferentes categorias de sujeitos
de pesquisa. Por exemplo, se a pesquisa envolve os
três níveis da organização: estratégico, tático e
operacional, a leitura deve ser feita por categoria;
X na segunda leitura irá sublinhar as ideias de tem relação
com a base teórica;
X tendo salientado a relação teoria X prática por meio
da técnica de sublinhar o pesquisador faz uma listagem
das respostas, por categorias dos sujeitos de pesquisa
e por pergunta. Assim o pesquisador terá uma listagem
das respostas de número um dos gestores estratégicos,

Módulo 1
63
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

dos intermediários e dos empregados do nível


operacional;
X após a listagem por categoria o pesquisador deverá
fazer a classificação das respostas por pergunta;
X segue a análise preliminar das respostas classificadas.
Essa análise possibilita identificar divergências e
convergências de opiniões, conflitos. Nesse momento
o pesquisador associa as informações registradas na
observação livre e nos documentos analisados; e
X com base na análise das respostas dos sujeitos de
pesquisa, dos documentos e da obser vação, o
pesquisador tem condições de interpretar os resultados
e responder ao problema de pesquisa.

64 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DE UM PROJETO DE


PESQUISA

X Elementos pré-textuais:
f Capa
f Folha de rosto
f Página de aprovação
f Sumário
X Elementos textuais, isto é, a estrutura básica:
f Introdução: informa o tema, problema de pesquisa,
objetivos e justificativa.

f Fundamentação teórica: resgata a discussão dos


autores e as pesquisas sobre o tema.

f Metodologia do trabalho: dispõe os procedimentos


utilizados para desenvolver o estudo.

f Cronograma de atividades: distribui as atividades


em uma dimensão temporal necessária ao cumprimento
da proposta.

f Orçamento ou Custos do Projeto.


X Elementos pós-textuais:
f Referências: lista as referências que estão citadas no
trabalho.

f Anexo (s): documentos não elaborados pelo autor do


trabalho, mas necessários para a compreensão do
estudo.

f Apêndice (s): documentos elaborados pelo autor do


trabalho, como, por exemplo, roteiro de entrevista,
estrutura do questionário e termo de consentimento.

Seguem os modelos dos elementos pré-textuais de um projeto


de pesquisa:

Módulo 1
65
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

66 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – O processo de pesquisa

Módulo 1
67
UNIDADE 5
INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE
COLETA E ANÁLISE DE DADOS
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

70 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

PLANEJAMENTO E CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Este texto é uma síntese dos capítulos 2 – Elaborando e


aplicando questionários – e 3 – Desenvolvendo perguntas para
pesquisas – do Livro Metodologia de Pesquisa: do planejamento à
execução de Louis M. Rea e Richard A.Parker, com algumas
complementações de Mattar (1999).
Segundo Rea e Parker (2002), para construir um questionário
é preciso:

X levantar dados preliminares a respeito do tema e da


população alvo da pesquisa;
X escolher as formas de aplicação do questionário;
X elaborar rascunho do questionário (introdução ou
preâmbulo do questionário, formato das perguntas e
das respostas, determinação do processo de medição
e as escalas, sequência das perguntas, determinação
da extensão do instrumento, cuidados na redação);
X aplicar o pré-teste;
X revisar o instrumento conforme resultado da validação
do instrumento;
X realizar o 2º pré teste, se necessário; e
X delinear o questionário final .

Vamos ver com mais detalhes cada atividade sugerida pelos


autores Rea e Parker.

Levantamento de dados preliminares a respeito do tema e


da população alvo da pesquisa

O levantamento de dados preliminares a respeito do tema e


da população são as primeiras atividades que o pesquisador
desenvolve. Os dados preliminares sobre o tema, ele [o pesquisador]

Módulo 1
71
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

os encontra na revisão da literatura efetuada. A revisão bibliográfica


também possibilita identificar as variáveis a serem levantadas. No
entanto, é essencial conhecer quais são os sujeitos [população] que
serão estudados: quem são, onde moram, grau de escolaridade,
entre outras informações. A linguagem do texto, tanto nas perguntas
como nas respostas, a forma de aplicação do instrumento, são
decisões que dependem de quem são esses sujeitos de pesquisa.

Escolha das formas de aplicação do questionário

Segundo Rea e Parker (2002), as informações podem ser


coletadas pelo correio, por telefone e por entrevistas pessoais.
A pesquisa pelo correio envolve a distribuição do
instrumento de coleta de dados a uma amostra de entrevistados em
potencial pré-selecionados. O processo de preenchimento é
individual, sem o auxilio de um entrevistador. As vantagens na
utilização deste tipo de pesquisa são: custos menores, conveniência
[o respondente preenche conforme sua conveniência], amplo prazo
para o preenchimento, anonimato [já que as respostas são dadas
sem a presença de um entrevistador], redução do viés induzido pelo
entrevistador. No entanto os autores salientam que o reduzido
número de respostas, prazo longo para devolução, autosseleção,
falta de envolvimento com o entrevistador [perguntas obscuras não
podem ser esclarecidas] e falta de perguntas abertas são algumas
desvantagens deste tipo de pesquisa.
A pesquisa por telefone possibilita coleta rápida de dados,
custo inferior que a entrevista pessoal, anonimato [por telefone é
mais anônima que a entrevista pessoal], facilidade de acesso em
grande escala e garantia de que as instruções são seguidas. No
entanto apresenta menor controle sobre a situação do que numa
entrevista pessoal, menor credibilidade e confiança do que teria
em uma entrevista pessoal, falta de material visual e limitação dos
entrevistados, ampla ação geográfica e garantia que as instruções
são seguidas.

72 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

As entrevistas pessoais são estruturadas com a presença


do entrevistador frente ao respondente. As vantagens são a
flexibilidade [mais detalhes e explicação das perguntas], maior
complexidade [pois o entrevistador pode dar explicações
esclarecendo as dúvidas], alto índice de respostas e garantia de
que as instruções são seguidas.

Elaboração do rascunho do questionário

Consiste em estruturar o instrumento para proceder ao pré-


teste. Compreende a redação da introdução, a escolha do formato
e sequência das perguntas, a definição do formato das respostas
isto é, a determinação do processo de medição e as escalas, a
definição da extensão do instrumento e a observação dos cuidados
na redação.

X A introdução ou preâmbulo do questionário: A


introdução [ou preâmbulo] do questionário deve ser
constituída por um texto informando a organização
ou instituição que conduz o estudo, os objetivos e metas
do estudo, a base da seleção da amostra, a
impor tância do resultado, a valorização da
participação do respondente, a confidencialidade
[participação protegida] e a garantia que não há
perguntas corretas ou incorretas.
Os autores apresentam um exemplo:

Caro Morador de Baytown [característica aplicável ao


entrevistado]

Precisamos de sua ajuda [valor participativo]. A


Prefeitura de Baytown [identificação da organização/
credibilidade] está realizando uma pesquisa junto aos domicílios
da cidade [base de seleção da amostra]. As informações que
você fornecer serão úteis para ajudar a Câmara Municipal a prover

Módulo 1
73
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

serviços e programas para satisfazer as necessidades e desejos dos


moradores [objetivos e metas].
Por favor, preencha o questionário em anexo. Não há
respostas corretas nem incorretas, somente suas importantes
opiniões [não há respostas certas nem erradas].
Este formulário contém um número de identificação que será
usado somente para acompanhamento. Todas as respostas serão
tratadas confidencialmente e não poderão ser atribuídas a nenhum
entrevistado individualmente [confidencialidade], uma vez
concluído o processo de pesquisa.
Por favor, coloque no correio seu envelope-resposta com
porte pago até 24 de junho [instruções para devolução].
Muito obrigado pela sua ajuda. O que você pensa é
importante para nós [valor participativo].
Sinceramente,
Jean M. Wilsom
Prefeito [credibilidade]

X O formato das perguntas: com respostas abertas ou


fechadas: O questionário pode ser construído com
perguntas com respostas abertas, e/ou fechadas
(dicotômicas, de escolha múltipla e de escala). A
maioria dos questionários é formatada a partir de
respostas fechadas. Nas perguntas com respostas
abertas os entrevistados expõem suas opiniões
escrevendo ou falando.
Qual é o seu sexo? _________________________
O que você entende por qualidade de vida no trabalho

Coloque neste espaço, suas sugestões e críticas

74 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

A pergunta aberta possibilita comentários e


explicações importantes para a interpretação e não
exige muito tempo na preparação do instrumento. No
entanto, provoca certo volume de informações muitas
vezes repetitivas e irrelevantes, além de apresentar
custos elevados, dificuldade de tabulação, problema
de autopreenchimento para as pessoas que têm
dificuldade de redação, e quando aplicada através da
técnica da entrevista pode apresentar viés pela
interferência da interpretação do entrevistador. Nas
perguntas com respostas fechadas o entrevistado
escolhe respostas [verbalmente ou assinalando
graficamente] dentre as opções oferecidas. As
perguntas fechadas podem ser:

f dicotômicas [sim/não, concordo/discordo, faço/não


faço, aprovo/desaprovo];

f de escolha múltipla [onde o respondente escolhe


uma alternativa ou por um número limitado de opções
ou por qualquer número de opções de respostas]; e

f ou de escala de intervalo.
As perguntas dicotômicas apresentam vantagens na
facilidade e rapidez na aplicação, na tabulação e na
análise, com pouca possibilidade de erros. Por outro
lado, apresentam como desvantagens erro de medição
e restrição nas opções.
Nas perguntas com respostas de escolha múltipla o
pesquisador deve se preocupar com o número de
alternativas oferecidas e os vieses de posição. Não
existe um número ideal de alternativas, mas existe um
mínimo de três. Nas pesquisas quantitativas por
amostragem enviadas pelo correio, Rea e Parker (1999)
recomendam no máximo quinze opções de respostas.
Por telefone, no máximo seis opções. No entanto, Mattar
(1999 p. 204) salienta que “Os estudiosos argumentam
que mais de sete confundem os respondentes sem

Módulo 1
75
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

incrementar a precisão da medição e menos de três


inviabiliza qualquer medição”.
Vantagens das perguntas com múltiplas escolhas:

f facilidade de aplicação, processamento e análise;


f facilidade de responder; e
f pouca possibilidade de erros.
Desvantagens:

f demora na preparação;
f custo elevado de preparação;
f possibilidade de incluir a categoria “Outros. Quais___”
como forma de suprir algum esquecimento; e

f tendência de introduzir vieses nos dados pelo fato de as


alternativas de respostas serem oferecidas aos
respondentes.

Nas perguntas com respostas múltiplas é preciso verificar se


as questões e opções estão adequadas aos objetivos da pesquisa;
se as opções de resposta são suficientes; se não está havendo
superposição de respostas; se as opções são adequadas, imparciais
e equilibradas; e por último, verificar a facilidade e/ou dificuldade
na tabulação dos dados. Recomenda-se consultar um profissional
da área de estatística para analisar o instrumento antes de introduzi-
lo no campo de pesquisa.
Exemplos:
De que maneira a Setor de Odontologia poderia melhorar
seu desempenho? Marque as duas mais importantes.

___ Melhor qualificação dos empregados no atendimento


por telefone.
___ Nenhuma melhoria é necessária.
___ Servindo água, café e bolacha.
___ Ampliando os serviços.
___ Outros, especificar: _________________.

76 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

___ Não sei.

Que serviços você gostaria de receber no Setor de


Odontologia? (Indique sua prioridade mais alta com 1, a segunda
com 2 e a terceira com 3.)
___ Raio X.
___ Atendimento domiciliar.
___ Outros, especificar: ___________.

X Sequência das perguntas: Um questionário mal


estruturado pode afetar o estudo como um todo. Rea
e Parker (2002) sugerem inicialmente perguntas
introdutórias, perguntas afins, perguntas que
possibilitam verificar a confiabilidade das respostas e
perguntas delicadas. As perguntas introdutórias devem
estar relacionadas ao assunto indicado na introdução
ou preâmbulo. Devem estimular o interesse em
preencher o instrumento e serem de fácil resposta,
básicas e descomplicadas.
Os autores apresentam um exemplo:
“1. A que tribo você pertence?
Pala ___ La Jolla ___ Pauma ___ San Pasqual ___ Rincón ___

2. Há quanto tempo você e sua família vivem na reserva?


Menos de um ano ___
De 1 a 5 anos ___
De 5 a 10 anos ___
De 10 a 20 anos ___
De 20 a 30 anos ___
De 30 a 50 anos ___
50 anos ou mais ___
3. Por favor, indique seu nível geral de satisfação com a vida
na reserva usando a escala baixo:

Módulo 1
77
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Altamente satisfeito ___


Satisfeito ___
Nem satisfeito nem insatisfeito ___
Insatisfeito ___
Altamente insatisfeito___”
As perguntas afins devem ser colocadas juntas em sequência,
para não confundir o entrevistado.
Os autores mostram um exemplo:

“1. Como você descreveria a atual relação entre a polícia


e sua comunidade?
___ Boa ___ Razoável ___ Ruim ___ Sem opinião
2. Durante os últimos cinco anos, você acha que essa
relação entre a polícia e sua comunidade:
___ melhorou ___ ficou mais ou menos igual ___
piorou ___ sem opinião
3. De que maneiras os policiais poderiam melhorar seu
desempenho?______________________________.”

As perguntas que buscam verificar a confiabilidade das


respostas, isto é, a repetição da mesma pergunta formulada de
maneira diferente e colocada em outro lugar do questionário, são
utilizadas em função da sua importância no estudo. Os autores
mostram dois exemplos:
“Por favor, indique a probabilidade de você optar por viver
na área central de San Diego.
_______ Muito possível
_______ Algo possível
_______ Não muito provável
_______ Altamente improvável.”

78 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

Em outra parte do questionário, mas com o mesmo objetivo,


outra pergunta aparece no instrumento:
“Quando pensa na possibilidade de viver na área central de
San Diego, você se sente:
_______ Animado
_______ Interessado
_______ Indiferente
_______ Pouco à vontade
_______ Assustado
_______ Outro, favor especificar ________________”.

As perguntas delicadas tratam de assuntos delicados


como religião, sexo, renda, opinião a respeito de
assuntos éticos e morais, e devem ser colocadas no
final do questionário, por duas razões. Primeiro, se o
entrevistado não quiser responder essas perguntas, as
que estão colocadas anteriormente poderão ser
utilizadas. Segundo, caso o questionário for aplicado
por entrevista ou por telefone e se for mantido um bom
relacionamento entre entrevistado-entrevistador, existe
grande possibilidade do primeiro responder às
perguntas delicadas.

A determinação do processo de medição e as escalas

Medir consiste em atribuir números a um objeto. O objeto


não é medido, mas sim suas características ou atributos. Cabe
salientar o que diz Mattar (1999, p. 194) sobre esse assunto: “nós
não medimos uma pessoa, mas sua renda, idade, sexo, nível de
escolaridade, estado civil, número de filhos, atitudes,
comportamentos etc”.
As escalas mais utilizadas são as nominais, ordinais e por
intervalo.

Módulo 1
79
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Na escala nominal os números são utilizados para nomear,


identificar ou categorizar dados sobre pessoas, objetos ou fatos,
não estando contidas, portanto, a ordenação ou a avaliação dos
dados.
Exemplo:
Sexo: (1) masculino (2) feminino
Preferência política: (1) PT (2) PSDB (3) PMDB, (4) PV etc.

Na escala ordinal os números servem para nomear,


identificar, categorizar e ordenar, segundo um processo de
comparação entre as pessoas, objetos ou fatos em relação a
determinada característica (MATTAR, 1999).
Exemplo:
Escolaridade:

(1) 1º grau completo (2) 1º grau incompleto


(3) 2º grau completo (4) 2º grau incompleto
(5) curso superior completo (6) curso superior incompleto

Na escala por intervalo os números são qualificados e


ordenados em unidades constantes de medição.
Exemplo:

X (1) aprovo inteiramente (2) aprovo (3) indeciso (não


aprovo e nem desaprovo) (4) desaprovo (5) desaprovo
inteiramente;
X (1) concordo totalmente (2) concordo em parte (3)
indeciso (4) discordo em parte (5) discordo totalmente;
X (1) concordo totalmente (2) concordo (3) indeciso (4)
discordo (5) discordo totalmente; e
X (1) muito favorável (2) um pouco favorável (3)
indiferente (4) um pouco desfavorável (5) muito
desfavorável.

Nas perguntas com respostas em escala os números mostram


a posição e quanto as pessoas, objetos ou fatos estão distantes

80 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

entre si em relação à determinada característica. Os respondentes


escolhem a opção que tem melhor correspondência com sua opinião.
A escala de Likert é outra forma de medir a atitude do
pesquisado.

Determinação da extensão do instrumento

Essa é uma questão bastante discutida e as opiniões


divergem. O questionário deve ser o mais conciso possível, dizem
Rea e Parker (2002), pois quando é muito extenso pode desestimular
o respondente e aumentar os custos variáveis relacionados como o
tempo por entrevista, processamento de dados, custos de produção e
de distribuição. Como diretrizes gerais, os autores recomendam que:

X por telefone, a entrevista não deve durar mais que vinte


minutos. O ideal é 10 minutos;
X pelo correio, não deve tomar mais do que trinta minutos
do respondente. O ideal é 15 minutos; e
X entrevistas pessoais, devem ser limitas entre 45 minutos
e uma hora, sendo que o tempo ideal é de menos 30
minutos.

Cuidados na redação

Os cuidados na redação dos questionários estão


relacionados com o nível de linguagem, com palavras e frases não
específicas, com perguntas com múltiplas finalidades, com
informações manipulativas, com ênfase inadequada, com palavras
e frases emocionais.

X Nível de linguagem: Ao redigir um questionário o


pesquisador deve usar palavras simples e diretas, de
fácil compreensão, adequadas à escolaridade dos
respondentes, evitando frases muito técnicas e
delicadas, como sexo e etnias, entre outras. Alertam

Módulo 1
81
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

os autores Rea e Parker (2002, p. 58) que se as


perguntas não forem compreendidas podem ocorrer
três problemas:

f As informações fornecidas podem ser imprecisas.


f Pode haver um grande número de respostas “não sei”
ou “sem opinião”.

f O índice de recusa em preencher o questionário pode


ser excessivamente alto.

Para não ocorrer esses problemas a utilização do pré-


teste é essencial.
X Palavras e frases não específicas: Palavras ou
frases vagas são comuns nos questionários, mas
dificultam o entendimento do respondente e podem
prejudicar o resultado da pesquisa. Os autores
apresentam exemplos, se você quer saber o número
de pessoas que vivem em um domicílio, pode
perguntar:

f Quantas pessoas vivem em sua casa?


No entanto, essa pergunta não está clara: incluindo o
respondente ou não? A pergunta deve ser reformulada:

f Incluindo você, quantas pessoas vivem em sua casa?


Outro exemplo:

f Por favor, indique o número de organizações com as


quais você está envolvido.

Ora, entramos em contato com inúmeras organizações


em todos os momentos da vida, sendo difícil, e muitas
vezes, impossível, dimensionar o número delas.
Delimitando o foco da questão, temos uma pergunta
mais clara e objetiva como por exemplo: Por favor,
indique as organizações com as quais você mantém
vínculo profissional.
X Perguntas com múltiplas finalidades: As
perguntas devem ter uma única finalidade, sob pena

82 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

de confundir o respondente. Veja o exemplo: Você está


satisfeito com os serviços terceirizados de limpeza e
de segurança?
No exemplo acima a pergunta apresenta duas
finalidades: avaliar os serviços terceirizados de limpeza
e de segurança, podendo gerar confusão na resposta.
O respondente pode considerar “bom” o serviço de
limpeza, mas “péssimo” o de segurança, ou vice-versa.
Nesse caso, o correto é separar em duas questões, cada
uma com o seu objetivo:

f avaliar o serviço de limpeza; e


f avaliar o serviço de segurança.
X I n f o r m a ç õ e s m a n i p u l a t i v a s: Informações
manipulativas são comuns em questionários, mas
geram distorções nas respostas. Muitas vezes, com o
objetivo de explicar com detalhes uma questão, o
pesquisador manipula as resposta. Veja um exemplo:
O governo federal gasta aproximadamente R$
1.250,00 por pessoa com defesa nacional. Você
acredita que o governo está alocando de forma adequada
fundos para a preservação de parques nacionais
destinando R$ 10,00 por pessoa para este fim?
X Ênfase inadequada: O uso de palavras, frases
destacadas do texto com negrito, itálico, letras
maiúsculas ou sublinhadas pode dar uma ênfase
inadequada ao contexto da pergunta. Por exemplo:

f Sua cidade foi eleita como um dos dez melhores lugares


para se viver no sul do país. Por favor, classifique sua
cidade quanto ao atendimento das necessidades dos
moradores.
( ) muito boa
( ) boa
( ) neutra

Módulo 1
83
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

( ) fraca
( ) muito fraca

O destaque “um dos dez melhores lugares para


se viver” pode induzir o respondente a assinalar a
primeira opção.
X Palavras e frases emocionais: As perguntas devem
manter maior neutralidade possível, sem induzir o
respondente com palavras ou frases emocionais, como
por exemplo: Você acredita que as ar tes são
estimulantes para a comunidade?

Aplicação do Pré-teste

O pré-teste é a atividade que permite validar o instrumento


de coleta de dados. Com ele é possível:

X Observar a clareza da redação do questionário. Com


a aplicação do pré-teste o pesquisador tem condições
de avaliar se as perguntas estão claramente formuladas
e compreendidas da mesma maneira por todos os
respondentes. Esse aspecto é verificado também nas
respostas, isto é, se as opções de respostas estão claras
e se são suficientes para responder aos objetivos da
pesquisa;
X A abrangência do questionário. Diz respeito às
perguntas e respostas do instrumento. As perguntas e
opções de repostas são suficientes para responder aos
objetivos que o pesquisador quer alcançar? É preciso
ter cuidado com perguntas redundantes, incompletas,
irrelevantes, que não geram informações importantes
para o estudo, dizem os autores Rea e Parer (2002); e
X A aceitabilidade. Trata-se de aspectos relacionados com
o excesso, objetividade das perguntas e com o respeito
à privacidade do entrevistado.

84 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

De maneira geral, as perguntas que os pesquisadores fazem


em relação ao pré-teste é quanto ao tamanho da amostra e em
relação aos sujeitos de pesquisa.
Quanto ao tamanho da amostra, Rea e Parker (2002, p. 41)
dizem "que varia em geral entre quarenta e cinquenta entrevistados".
O importante não é o número, mas sim a avaliação quanto à
qualidade do instrumento.
Em relação aos sujeitos que devem responder ao pré-teste,
os autores recomendam que devem apresentar características com
razoável semelhança com a população e/ou amostra objeto de
estudo, mas não podem ser os mesmos sujeitos.

Revisão do instrumento conforme resultado da validação


do instrumento

Após a aplicação do pré-teste o pesquisador deve proceder


a revisão do instrumento, adequando-o aos apontamentos indicados
pelos respondentes.
É interessante elaborar um relatório do pré-teste assinalando
em cada pergunta as mudanças efetuadas, isto é, o que foi
acrescentado e o que foi retirado.

Realização do 2º pré-teste, se necessário

Caso seja necessário, deve ser aplicado o 2º pré-teste. Deve-


se ter cuidado de não aplicá-lo com as mesmas pessoas que fizeram
parte da primeira validação e muito menos com as pessoas que
fazem parte da população e amostra do estudo.

Delineamento do questionário final

O delineamento do questionário final se dá após as duas


validações. Após as correções deve ser dado ao instrumento o seu
formato final seguindo as orientações acima colocadas.

Módulo 1
85
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Referências

MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de marketing: metodologia,


planejamento. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

REA, Louis M.; PARKER, Richard A. Metodologia da pesquisa: do


planejamento à execução. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

86 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

TIPOS DE ENTREVISTAS

Vamos iniciar nossa conversa sobre os tipos de pesquisa


segundo os autores Richardson et al. (2007), Gil (2007), Triviños
(1987), Lakatos e Marconi (1991) e Quivy e Campenhoudt (1992).

NOME DO AUTOR MÁXIMA LIBERDADE MÉDIA LIBERDADE MÍNIMA LIBERDADE


Richardson et Não estruturada e/ Guiada Dirigida
al. (2007) ou não diretiva
Informal
Gil (2007) Focalizada (tema Por pautas Estruturada
específico
Triviños (1987) Não estruturada Semi-estruturada Estruturada
Lakatos e Despadronizada ou Padronizada ou
Marconi (1991) Não-estruturada Estruturada
Quivy e Entrevista Centrada Semi dirigida ou
Campenhoudt semidiretiva
(1992)
Quadro 5: Tipos de entrevista
Fonte: Autores citados

Como você pode verificar no Quadro 5, a diferença entre


elas está na liberdade que o entrevistador tem ao aplicar a técnica.
Assim, é da liberdade na condução da técnica de entrevista que
emergem os diferentes tipos de entrevistas.
Vamos ver cada caso específico: entrevistas com máxima,
média e mínima liberdade.

Entrevistas com máxima liberdade

As entrevistas com máxima liberdade assumem diferentes


denominações, como pode ser visto no quadro 4: não estruturada
ou despadronizada, não diretiva, informal, focalizada ou centrada.
Neste tipo de entrevista as perguntas e as respostas não são
preestabelecidas, o pesquisador, tem, portanto, máxima liberdade
e flexibilidade na condução da conversa com o participante da

Módulo 1
87
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

pesquisa. De maneira geral, esta técnica é mais utilizada para


conhecer as atitudes, opiniões, comportamento, emoções, valores
e percepções dos sujeitos envolvidos na investigação. Ressalta-se a
importância da observação como técnica auxiliar no levantamento
de dados e informações.
Apesar da liberdade de ação do entrevistador ser considerada
uma vantagem, Selltiz et al. (1972, p. 295) colocam que é “ao mesmo
tempo, a principal desvantagem de entrevistas desse tipo”, pois
dificulta a comparação entre uma entrevista e outra, a análise é
mais complexa e demorada, o que resulta em menor eficiência que
a entrevista padronizada.
A entrevista focalizada apresenta liberdade e flexibilidade
nas perguntas e respostas, mas o entrevistador deve focalizar a
conversa em um único assunto. O pesquisador deve conhecer
antecipadamente os aspectos de uma experiência ou fato e a
situação que deseja investigar.
A entrevista não diretiva quer dizer que, mesmo com
liberdade e flexibilidade na condução da conversa, o pesquisador
deve tomar o máximo de cuidado para não direcionar, viesar ou
orientar o entrevistado para uma ou outra resposta. Assim, a função
do entrevistado é fazer com que o entrevistado exponha suas
opiniões sem a utilização de perguntas diretas e orientadas. Os
autores Selltiz e seus colaboradores apresentam como exemplos de
questões não-diretivas:

X “Você acha que ....”


X “Diga mais alguma coisa....”
X “Por que?”
X “Interessante isso não?”

A entrevista informal é conduzida como uma conversação,


mas com um objetivo prédeterminado. É muito utilizada nos estudos
exploratórios, que buscam informações pouco ou nada conhecidas
dos pesquisadores.

88 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

Resumindo, este tipo de entrevista possui como


características:

X Máxima liberdade.
X Não sugere perguntas e sim tema geral.
X Entrevistador guia, ouve, não manifesta reações verbais
ou gestuais, usa de locuções como “sim”, “é”,
“entendo”, “veja”...

f Gostaria de falar sobre......?


f Gostaria de falar sobre sua experiência como...?
X Entrevistado tem liberdade de falar.

Entrevistas com média liberdade

As entrevistas com média liberdade recebem vários nomes -


guiada, por pautas, semiestruturada, semidirigida ou semidiretiva etc.
Por ser de média liberdade este tipo de entrevista não é nem
inteiramente livre nem possui um grande numero de perguntas. De
maneira geral o entrevistador dispõe de um roteiro-guia [ou uma
pauta], sem seguir a ordem estipulada e com a possibilidade de
incluir novos questionamentos durante o encontro, nunca perdendo
os objetivos da investigação.
Exemplo de um roteiro-guia de entrevista semi estruturada:

X Fale sobre sua história de vida.


X Fale sobre o seu trabalho na organização. Abordar:
f estrutura e funcionamento;
f política de pessoas; e
f política de atendimento ao cliente.
X O movimento de greve. Abordar:
f participação; e
f motivos da adesão e não adesão.

Módulo 1
89
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Resumindo temos:

X Certo grau de estruturação.


X Entrevistador pergunta, guia.
X Entrevistado responde com liberdade.

Entrevistas com mínima liberdade

As entrevistas com mínima liberdade são chamadas, pelos


autores indicados no Quadro 5, de dirigidas, estruturadas e
padronizadas.
Esse tipo de técnica, na sua estrutura, se assemelha muito
com o questionário. Pode ser constituída de perguntas abertas e
fechadas. Independente do tipo de pergunta, elas são apresentadas
da mesma maneira e na mesma ordem para todos os
participantes da pesquisa.
A vantagem de escolher a entrevista no lugar do questionário
está na possibilidade de conversar com pessoas incapazes de
preencher o questionário, no caso, os analfabetos ou pessoas com
necessidades especiais.
Nas perguntas abertas o respondente tem a liberdade de
responder de acordo com suas palavras, sem estrutura fixa de
resposta.
Por exemplo:

X Você que trabalha na Unidade Básica de Saúde do


Município de Ponta Grossa (PR), há 10 anos, poderia
me dizer o que acha do Programa de Incentivos e
Benefícios aos Empregados da Prefeitura?
X De que você mais gosta?
X De que você menos gosta?

Nas perguntas abertas a sequência, a maneira e a ordem


das perguntas são padronizadas, mas é permitido ao entrevistador
"repetir a pergunta se a resposta não for adequada ao que se

90 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

perguntou, bem como usar, segundo o seu critério, interrogações


não diretivas, como por exemplo: você teria mais alguma coisa a
dizer? De que maneira...? (SELLTIZ et al., 1972, p. 288). O
entrevistador deve estimular o entrevistado para expor suas opiniões,
registrando as respostas de acordo com as palavras do entrevistado.
Uma forma de manter a exatidão e fidelidade das respostas é por
meio de um gravador, que facilita o registro das informações.
Nas perguntas fechadas, com alternativas fixas, o
participante escolhe a resposta que melhor lhe convier.
Resumindo, temos que nas entrevistas com mínima liberdade:

X as perguntas são pré-formuladas, fixas;


X as respostas padronizadas;
X a ordem e sequência de perguntas é estabelecida;
X possibilita tratamento quantitativo;
X a aplicação rápida; e
X aproxima-se do questionário.

Módulo 1
91
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

TIPOS DE OBSERVAÇÃO

Como diz Selltiz et al. (1972), estamos sempre observando


[notando] o que ocorre à nossa volta, desde o momento que
acordamos até fechar os olhos para dormir. Enquanto estamos
acordados fazemos observações. Além de ser uma forma de obter
informações do cotidiano, também é um instrumento básico da
pesquisa científica.
No entanto, os autores salientam que a observação se torna
uma técnica científica na medida em que:

(1) serve a um objetivo formulado de pesquisa;


(2) é sistematicamente planejada;
(3) é sistematicamente registrada e ligada a proposições
mais gerais, em vez de ser apresentada como conjunto de
curiosidades interessantes; e
(4) é submetida a verificações e controles de vaidade e
precisão (SELLTIZ et al., 1972, p.225).

Assim como as entrevistas, a observação também apresenta


variantes na sua estrutura e forma de aplicação.
O quadro 6 mostra os tipos de observação, segundo os
autores indicados.
NOME DO AUTOR TIPOS DE PESQUISA
Selltiz et al. (1972) Assistemática Sistemática
Richardson et al. Participante/ Sistemática
(2007) Não-participante Assistemática
Quivy e Participante Não-participante
Campenhoudt
(1992)
Gil (2007) Sistemática Participante Simples
Triviños (1987) Estruturada ou pa- Livre
dronizada
Lakatos e Marconi Sistemática Não-participante Participante
(1991)
Quadro 6: Tipos de observação
Fonte: Autores citados

92 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

Como você pode perceber, basicamente existem, conforme


a classificação dos autores indicados:

X a observação assistemática e sistemática;


X estruturada, não estruturada e semiestruturada; e
X participante e não-participante.

Independente do objetivo da pesquisa, da estrutura e forma


de aplicação, os autores Selltiz et al. (1972, p. 230) sugerem que o
pesquisador questione:

X O que deve ser observado?


X Como registrar as observações?
X Que processos devem ser usados para tentar garantir
a exatidão das observações?
X Que relação deve existir entre o observador e o
observado, e como é possível estabelecer tal relação?

Vamos ver detalhes de cada tipo de observação.

Observação assistemática

A observação assistemática é aquele que segue os objetivos


da pesquisa sem se ater a um plano específico e rígido. Este tipo de
observação é também chamado de não-estruturada.
Para entender melhor o que é observação assistemática,
vamos seguir os questionamentos sugeridos por Selltiz et al.: o
conteúdo da observação, o registro da observação, o aumento da
exatidão da observação e a relação entre observador e observado.

O conteúdo da observação

O conteúdo da observação remete à primeira pergunta do


pesquisador: o que deve ser observado? Os autores indicam cinco
aspectos que deverão ser observados e adaptados a cada situação:

Módulo 1
93
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

X Os participantes: quem são? Quantos são? Caracterís-


ticas [sexo, idade, profissão, atuação no grupo]. Como
ser relacionam [são estranhos ou se conhecem]? Etc.
X A situação: onde ocorre a observação, por exemplo, se
no local de trabalho, no bar onde costumam frequentar,
na festa de fraternização anual etc. Além de observar
o ambiente o observador deve considerar “que tipos
de comportamento permitem, estimulam ou impedem”
o relacionamento e se tendem “a ser percebidos como
esperados ou inesperados, aprovados ou condenados,
conformistas ou divergentes” (p. 234).
X O objetivo: Qual o objetivo do encontro? Como os
participantes reagem a esse objetivo? Os objetivos da
organização vão ao encontro dos objetivos
individuais?
X O comportamento social: o que os participantes fazem,
como fazem, com quem e com que o fazem, sugerem
os autores.
X A frequência e duração da observação: quando foi que
a situação ocorreu, quanto tempo durou, se é frequente
ou não etc.

O registro da observação

Quando devem ser feitas as anotações e como tomá-las, essas


são as duas questões básicas quanto ao registro das observações.
O melhor momento é durante o acontecimento, mas nem
sempre é possível. Quando não é possível registrar no momento da
ocor rência do fato ou fenômeno, a memória pode ficar
sobrecarregada de informações. Nesse caso, o pesquisador deve
ter criatividade para registrar as palavras-chave sem chamar a
atenção para o ato de anotar as informações.
De qualquer forma, é importante o pesquisador registrar suas
impressões assim que finalizar a observação.

94 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

O aumento da exatidão da observação

Para aumentar a exatidão da observação é sugerido pelos


autores a comparação entre o que foi observado com o registro
feito por um gravador, pois este equipamento grava o que foi dito e
o observador registra na sua memória o que foi visto, como gestos
e expressões.
Outra sugestão é observar a situação com duas ou mais
pessoas e depois comparar o que foi registrado.

A relação entre observador e observado

A primeira dúvida quanto ao aspecto da relação entre


observado e observador é se o segundo deve se apresentar ou não
como observador. Essa dúvida é bastante comum entre os
pesquisadores, mas Selltiz e seus colaboradores sugerem que ela [a
relação] deve ser clara e transparente. Essa atitude aumenta a
possibilidade do observador obter maior número de informações,
pois pode circular no ambiente que está sendo observado com maior
tranquilidade e desenvoltura.
Por ouro lado, a presença do observador pode inibir os
observados. Essa fragilidade é eliminada por meio de atitudes e
posturas como delicadeza no agir, caminhar, falar e registrar.

Observação sistemática

A observação sistemática apresenta uma estrutura


prédeterminada e segue um plano específico na sua aplicação. Este
tipo de observação é também chamado de observação estruturada.
Vamos analisar este tipo de observação considerando os
mesmos questionamentos da observação assistemática.

Módulo 1
95
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

O conteúdo da observação

Usando a técnica da observação sistemática o pesquisador,


seguindo o problema de pesquisa, os objetivos gerais e específicos
e a base teórica de sustentação estabelece categorias de observação.

O registro da observação

O registro das categorias determinadas deve seguir o plano


previamente estruturado. Selltiz et al. (1972) afirmam que não existe
um método que seja o melhor para o registro das observações. Cada
pesquisador deve descobrir o seu método, desde que seja o mais
simples e mais econômico. O mais utilizado é uma folha de papel,
ou mesmo, um caderno ou diário de campo onde o pesquisador,
seguindo as categorias anotadas, registra sua percepção sobre o
fato observado.

O aumento da exatidão da observação

Uma forma de aumentar a exatidão da observação é através


de treinamento adequado aos observadores. Isto significa que todos
devem interpretar o fato observado de forma semelhante, e com
prática, rapidez e precisão no registro.

A relação entre observador e observado

Da mesma forma que a observação assistemática é


necessário esclarecer aos participantes da pesquisa as razões e
motivos da presença do pesquisador no ambiente pesquisado,
mantendo uma postura clara, transparente e de confiança.

96 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados

Observação participante

Nesse tipo de observação o observador “assume, pelo menos


até certo ponto”, dizem Selltiz et al. (1972, p. 232), o papel de um
membro do grupo e participa de sua atuação.
A observação participante, segundo Gil (2007), assume duas
formas:

X Natural, quando o pesquisador pertence, faz parte do


fato ou fenômeno pesquisado; e
X Artificial, quando o pesquisador participa do fenômeno
somente durante o período de investigação.

Você, como observador, usando este tipo de técnica de coleta


de dados tem a vantagem de ter acesso rápido aos dados [já que
pertence à comunidade/organização/fato ou fenômeno pesquisado]
e, associado com a técnica da entrevista, pode captar as palavras
manifestadas pelos observados.
Por outro lado, o fato de fazer parte do objeto de estudo,
pode inibir os outros participantes da pesquisa, ou mesmo gerar
desconfiança, limitando com isso o número e a qualidade das
informações obtidas.

Observação não participante

Neste tipo de observação o pesquisador atua como espectador


atento, dizem Richardson et al. (2007). É uma técnica indicada
para estudos exploratórios (SELLTIZ et al., 1972; RICHARDSON
et al., 2007) e segue as recomendações dos outros tipos de
observação.

Módulo 1
97
UNIDADE 6
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

100 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 6 – Estrutura e organização de trabalhos científicos

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DE UM TRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO

Segundo essa norma, a estrutura e apresentação de trabalhos


acadêmicos compreendem os elementos pré-textuais, textuais e pós-
textuais, que podem ser visualizados no Quadro 7.

TIPO ELEMENTOS
Capa (obrigatório)
Lombada (opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Dedicatória (opcional)
Agradecimentos (opcional)
Pré-textuais
Epígrafe (opcional)
Resumo na língua vernácula (obrigatório)
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
Introdução (obrigatório)
Textuais Desenvolvimento (obrigatório)
Conclusão (obrigatório)
Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Pós-textuais Apêndice (opcional)
Anexo (opcional)
Índice(s) (opcional)

Quadro 7: Elementos constitutivos de um TCC


Fonte: Adaptado da NBR 14724 (ABNT, 2005a)

Módulo 1
101
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Elementos pré-textuais

X Capa: Elemento obrigatório para proteção externa do


trabalho. As informações constantes na capa devem
seguir esta ordem: nome da instituição (opcional);
nome do autor; título; subtítulo se houver; número de
volumes se houver; local (cidade) da instituição onde
deve ser apresentado; e ano de depósito (da entrega).
A disposição das informações na folha não está
determinada na NBR 14724, mas usualmente elas são
centralizadas em relação às margens.

v
X Lombada: Elemento opcional que deve seguir a
NBR 12225 de 2004. O nome do autor deve ser
impresso longitudinalmente do alto para o pé da
lombada, o título do trabalho deve ser impresso da
A NBR 12225 estabelece
mesma forma que o nome do autor e os elementos
os requisitos para a
apresentação de alfanuméricos.
lombadas
X Folha de rosto: Elemento obrigatório que apresenta
informações essenciais à identificação do trabalho. No
anverso da folha de rosto constam:

f nome do autor;
f título e subtítulo, se houver, [o subtítulo deve estar
subordinado ao título principal e separado por dois
pontos];

f número de volumes [se houver mais de um volume,


deve constar em cada folha de rosto a especificação
do respectivo volume];

f a natureza [como por exemplo,Trabalho de Conclusão


de Curso], o objetivo [aprovação em disciplina, grau
pretendido e outros], nome da instituição e área de
concentração;

f nome do orientador e co-orientador, se houver;


f local (cidade) de apresentação; e
f o ano de depósito (da entrega).

102 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 6 – Estrutura e organização de trabalhos científicos

O texto que apresenta a natureza, o objetivo, nome da


instituição e a área de concentração é digitado em espaço simples,
alinhado do meio da mancha para a margem direita. No verso da
folha de rosto, deve constar a ficha catalográfica, conforme o Código
de Catalogação Anglo-Americano vigente.

X Errata: É elemento opcional, apresentado em folha


avulsa ou encartada, acrescido ao trabalho depois de
impresso, após a folha de rosto. No alto da folha, deve
aparecer a referência do trabalho, seguida do texto da
errata.
X Folha de aprovação: Elemento obrigatório que
apresenta as informações essenciais à aprovação do
trabalho: nome do autor; título e subtítulo (se houver);
natureza; objetivo; nome da instituição a que é
submetido; área de concentração; data de aprovação;
nome e titulação dos membros componentes da banca
examinadora e instituição a que pertencem. A
assinatura e a data de aprovação são colocadas após
a aprovação do trabalho.
X Dedicatória: trata-se de uma homenagem do autor
do trabalho. É um elemento opcional. A palavra
"dedicatória" não aparece na folha, pois o texto dá o
significado, a intenção, e sucede a folha de aprovação.
X Agradecimentos: elemento opcional colocado após a
folha da Dedicatória. É um espaço dirigido às pessoas
que contribuíram para a concretização do trabalho.
X Epígrafe: Elemento opcional colocado após a folha
dos Agradecimentos, que apresenta uma citação ou
um pensamento que tem relação com o tema do
trabalho, podendo aparecer também nas folhas de
abertura das seções primárias. A disposição na folha
é livre, no entanto, sugere-se que se mantenha
uniformização gráfica. Assim, as informações
constantes nesses três elementos opcionais –

Módulo 1
103
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Dedicatória, Agradecimento e Epígrafe -, se forem


apresentados, devem aparecer na mesma posição na
folha, com a mesma distribuição gráfica.
X Resumo na língua vernácula: Elemento obrigatório
que deve seguir a NBR 6028 de 2003 LINK A NBR
6028 de 2003 estabelece os requisitos para redação e
apresentação de Resumos FIM DO LINK. Apresenta
uma visão clara do conteúdo e das conclusões do
trabalho. Sobre ele, é importante lembrar que:

f é uma apresentação condensada de um texto;


f apresenta na primeira frase o tema e a finalidade do
estudo, isto é, o objetivo seguido da metodologia, de
resultados e da conclusão;

f não apresenta comentário pessoal, crítica ou julgamento


de valor;

f não apresenta todos os assuntos colocados pelo autor;


f é texto único de até 500 palavras, com redação contínua,
sem abertura de parágrafos e em espaço simples;

f título é centralizado em letras maiúsculas, sem indicativo


numérico;

f apresenta palavras-chave representativas do conteúdo


do trabalho, separadas por ponto; e

f deve-se evitar frases negativas, gráficos e tabelas.


Quanto à disposição na folha, aparece, em primeiro
lugar, a referência bibliográfica do trabalho,
especificada conforme a NBR 6023 de 2002, seguida
do resumo e, por último, as palavras-chave.
As palavras-chave seguem a norma NBR 6028 de
2003. Elas devem ser no mínimo três e no máximo
cinco, separadas por ponto final.
X Resumo em língua estrangeira: é elemento
obrigatório, que apresenta uma versão do Resumo em
um dos três idiomas: inglês (Abstract), francês

104 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 6 – Estrutura e organização de trabalhos científicos

(Résumé) ou espanhol (Resumen), seguida das


palavras-chave na língua escolhida. O título é
centralizado, em letras maiúsculas, sem indicativo
numérico, seguindo o modelo do Resumo na língua
vernácula.
X Lista de ilustrações: é elemento opcional e segue a
ordem das ilustrações apresentadas no texto,
acompanhadas do número da página correspondente.
A NBR 14724 de 2005, que trata da apresentação de
trabalhos acadêmicos, recomenda que, quando
necessário, deve-se abrir uma lista própria para cada
tipo de ilustração: desenhos, esquemas, quadros,
lâminas, plantas, fotografias, gráficos, organogramas,
fluxogramas, mapas, retratos e outros, seguindo-se essa
ordem de apresentação.
X Lista de tabelas: é a lista das tabelas que aparecem
no trabalho, elaborada de acordo com a ordem
apresentada no texto, com nome específico e a página
onde se encontram. É um elemento opcional.
X Lista de abreviaturas e siglas: elemento opcional
que apresenta a relação alfabética das abreviaturas e
siglas seguidas das palavras ou expressões por extenso.
A norma recomenda abrir uma lista própria para cada
tipo.
A NBR 6027 de 2003
X Lista de símbolos: elemento opcional, elaborado de estabelece os requisitos
acordo com a ordem apresentada no texto, com o para apresentação de

v
respectivo significado. sumário de documentos
que exijam visão de
X Sumário: Elemento obrigatório, que segue a NBR 6027 conjunto e facilidade de
de 2003. O Sumário apresenta as divisões, seções e localização das seções e

outras partes de uma publicação, com a mesma ordem outras partes

e a grafia do texto, acompanhadas do número da


página onde se localizam. “Quando houver mais de
um volume, deve ser incluído o sumário de toda a obra
em todos os volumes, de forma que se tenha

Módulo 1
105
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

conhecimento do conteúdo, independentemente do


volume consultado” (ABNT, 2003c, p. 2). As regras
gerais de apresentação do Sumário seguem as
orientações colocadas no capítulo que trata do projeto
de pesquisa.

Elementos textuais

Os elementos textuais incluem, segundo a NBR 14724 de


2005, a introdução, o desenvolvimento do trabalho e a conclusão,
conforme explanado anteriormente.
Quanto à forma de apresentação das informações na folha:

X os títulos tanto do capítulo como das seções secundárias


e outras, se houver, estão posicionados na margem
esquerda da folha (respeitando os 3cm da borda da
folha, conforme a NBR 14724 de 2005);
X o nome do capítulo é redigido com letras maiúsculas,
usando-se o destaque negrito: introdução, precedido
do indicativo numérico 1, por ser o primeiro capítulo
textual; e
X o espaçamento entre linhas é 1,5, seguindo-se a
orientação da NBR 14724 de 2005.

Elementos pós-textuais

Os elementos pós-textuais complementam o trabalho. São


formados por Referências, Glossário, Apêndices, Anexos e Índices.

Referências
Elemento obrigatório que, segundo a NBR 14724 de 2005,
deve ser elaborado de acordo com a NBR 6023 da ABNT.

106 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 6 – Estrutura e organização de trabalhos científicos

Glossário
Elemento opcional elaborado em ordem alfabética.

Apêndice
Elemento opcional, que consiste em um texto ou documento
elaborado pelo autor do trabalho, com o objetivo de complementar
o argumento apresentado. Aparece com letras maiúsculas, travessão
e o respectivo título.

APÊNDICE A – Nome do apêndice


APÊNDICE B – Nome do apêndice

Anexo
Elemento opcional, que consiste em um texto ou documento
não elaborado pelo autor do trabalho, mas que ser ve de
fundamentação, comprovação ou ilustração. Aparece em letras
maiúsculas, travessão e o título.

ANEXO A – Nome do anexo


ANEXO B – Nome do anexo

Índice
Elemento opcional, elaborado segundo a NBR 6034 de
2004, que estabelece os requisitos de apresentação e
os critérios básicos para a elaboração de índices.
Segue o modelo das paginas preliminares de um trabalho
de conclusão de curso:

Módulo 1
107
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

108 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 6 – Estrutura e organização de trabalhos científicos

Módulo 1
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Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

110 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 6 – Estrutura e organização de trabalhos científicos

Módulo 1
111
Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração

Referências¨
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de
Janeiro, 2002.

_______. NBR 6027: informação e documentação: sumário:


apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

_______. NBR 6028: informação e documentação: resumo:


apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

_______. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos


acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro: 2005a.

_______. NBR 15287: informação e documentação: Projeto de pesquisa:


apresentação. Rio de Janeiro: 2005b.

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