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FILOSOFIA E ÉTICA
2009
© 2009. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Todos os direitos reservados.
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1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie.
CDU: 174
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
PRESIDENTE DA CAPES
Jorge Almeida Guimarães
AUTOR DO CONTEÚDO
Selvino José Assmann
Créditos da imagem da capa: extraída do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.
PREFÁCIO
O que é filosofia?................................................................................................ 19
A atitude filosófica........................................................................................ 20
Especificidade do conhecimento filosófico...................................................... 23
Os gregos inventam a filosofia....................................................................... 25
O sentido da filosofia............................................................................... 28
Características gerais da História da Filosofia..................................................... 36
A filosofia antiga........................................................................................ 37
A filosofia medieval................................................................................. 39
A filosofia moderna....................................................................... 46
Sócrates e Platão: um confronto entre dois modos de entender a filosofia.............. 61
A concepção socrática de filosofia: busca de sabedoria............................... 62
A concepção platônica de filosofia: encontro da sabedoria.......................... 67
Filosofia e Ética
Unidade 2 – Ética
Referências.................................................................................................... 162
Minicurrículo.................................................................................................... 166
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A ÉTICA E A POLÍTICA
E então? Vamos discutir mais diretamente outro aspecto
importante: o da relação entre ética e política. Convém fazê-
lo precisamente porque estamos inseridos num curso de
Administração Pública, no qual a relação entre ética e
política é fundamental.
É hora de superarmos o lugar comum de que precisamos de
ética na política, sem nos perguntarmos se isso é possível
ou o que isso significa; e temos que superar também outro
lugar comum, o de que de nada adianta querermos
modificar, alicerçados na ética, o que se faz na política e em
todas as organizações públicas.
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Filosofia e Ética
X O poder corrompe.
X Todo poder é violência.
X Saber é poder.
Ou então:
v
espécie de violência sobre o outro.
Definimos também o poder de forma mais vaga, como
capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos. Muitas
vezes, até criticamos quando esta “capacidade” ou potencialidade
Alguém o tem, mesmo
não é exercida, como quando pedimos a um pai que “exerça seu que nunca o exerça.
poder” frente ao filho que comete uma transgressão social contra
terceiros, ou quando reclamamos de um governante por não tomar
decisões que “só” ele teria legitimidade de tomar. “Ele não tem
autoridade”, dizemos. Em todo caso, parece haver um conflito entre
poder e liberdade, mesmo que admitamos com certa facilidade que
pessoa livre é aquela que tem o poder para decidir sobre si mesma.
Outra confusão que comumente fazemos diz respeito a
“poder” e “política”, sobretudo quando repetimos que “o poder
corrompe”. É claro que a política sempre tem a ver com o poder.
E quem não “o quer”, obviamente não pode ser político.
Restringir o poder à política leva-nos a confundir a política
com a corrupção, da mesma forma que, neste caso, identificamos
poder com corrupção, mesmo que insistamos na reivindicação de
“ética na política”. O senso comum é capaz disso, de não ser muito
coerente nas suas afirmações: declara ao mesmo tempo que “o
poder (= a política) corrompe”, e que é possível a “ética na política”.
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organização, pública ou privada, haja uma que designa a política da ditadura que go-
vernou a Alemanha de 1933 a 1945, o Tercei-
hierarquia, estabelecendo quem manda e
ro Reich, sob o comando de Adolf Hitler.
quem obedece. No século XX houve, e ainda
O nazismo é freqüentemente associado ao
há, duas experiências históricas de exercício
fascismo. Fonte: Lacombe (2004).
de poder político que se tornaram exemplos
Estalinismo ou Stalinismo – sistema político
de confusão entre política e violência, em
e econômico socialista implementado na
que seguramente encontramos dificuldade União Soviética de 1924 a 1953 sob o coman-
de legitimar o direito de mandar e a do de Josef Stalin (1878-1953). Fonte: <http:/
obrigação de obedecer, e em que se torna / w w w. h o s t d i m e . c o m . b r / d i c i o n a r i o /
difícil aceitar que haja alguma vinculação estalinismo.html>. Acesso em: 18 jun. 2008.
entre ética e política. Falamos do nazismo
e do estalinismo.
extremo a ideia de que quem não obedece Acesso em: 18 jun. 2008.
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O poder, como tal, não é bom nem mau, mas é algo que
simplesmente existe. E existe em todas as relações entre pessoas
PODER E LIBERDADE
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v
estamos limitados de algum modo. Mas sermos limitados não
significa que estamos totalmente limitados. Aliás, nascemos
Se alguém fosse
dependentes, e é a convivência com os adultos, e a reação ou a
totalmente limitado
resistência diante do que os adultos determinam (pais e educadores) nunca perceberia que
que nos torna livres. Sem a experiência da dependência no início está limitado.
da vida, não haveria possibilidade de nos tornarmos livres. Por
exemplo, o que acontece com uma criança se esta for simplesmente
abandonada e excluída de qualquer convivência com outros seres
humanos e passar a viver com animais, como já aconteceu (caso
de crianças-lobo), o resultado não é maior liberdade, mas
exatamente o contrário: total ausência de liberdade, de
autodeterminação. Por isso tem sentido a frase de Kant, segundo a
qual tudo o que nós somos o devemos à educação.
Sendo assim, quando aceitamos na teoria e na prática que
o poder acontece entre pessoas livres, em que um quer
dirigir a conduta de outrem, e em que sempre é possível a
resistência, a desobediência, deixaremos de dizer que todos os
males se devem aos outros e não também a quem obedece.
E deixaremos de dizer que uns são só bons e outros – em geral os
outros – são sempre maus. Perceberemos, então, que o mundo que
temos é construído na relação de poder, no conjunto das relações
que se tecem na vida cotidiana, em tantas instâncias, desde aquelas
em que estamos envolvidos, até aquelas que, em geral, são
consideradas as únicas nas quais as coisas seriam decididas.
Percebemos então que não se trata de lutar contra o poder, que em
si não é mau nem bom, mas se trata de compreender e de,
eventualmente, mudar as relações de poder em que estamos
envolvidos todos nós. Trata-se de resistir mais e melhor.
É o jeito de exercemos o poder que vai definir se ele é bom
ou ruim. É o jeito de exercermos o poder que vai nos dizer se as
relações de poder são eticamente corretas ou não. Todos nós
poderemos percebê-lo em nosso local de trabalho, por exemplo: as
relações cotidianas na administração pública envolvem muitos
aspectos pessoais, envolvem seres livres, hierarquicamente dispostos,
podendo haver conflitos de interesses, resistências, acordos,
discórdias. Trata-se de um âmbito no qual há de fato uma rede de
poderezinhos entre todos os membros de cada instituição pública.
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Atividades de aprendizagem
Depois de toda esta análise sobre as relações entre ética e
política tendo em conta duas concepções bem diferentes
de poder, vamos exercitar? É importante que você procure
responder às questões. Conte conosco para auxiliá-lo!
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O PROBLEMA ÉTICO,
A “ÉTICA PROFISSIONAL” E A
RESPONSABILIDADE SOCIAL NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
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v
transformada em simples meio para o bom funcionamento da
economia, em tempos nos quais os interesses individuais se
sobrepõem de forma evidente a todo e qualquer interesse coletivo,
também a administração pública tem dificuldades enormes para
Os próprios cidadãos
pedem costumeiramente manter os interesses públicos acima dos interesses privados
da administração pública hegemônicos na sociedade. Quando as relações humanas, na sua
que atenda a interesses generalidade, são marcadas pelo individualismo, seguramente
privados.
também os administradores públicos e a administração pública
como tal sofrem as mesmas tendências. Neste contexto, também as
relações entre os próprios servidores públicos, além daquelas dos
administradores públicos com os cidadãos, também encontrarão
dificuldades para fugirem desse mesmo individualismo.
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Atividades de aprendizagem
Esperamos que você tenha compreendido os assuntos
expostos neste livro, pois são todos de suma importância
para sua vida pessoal e profissional. Para verificar seu
entendimento preparamos algumas questões para você
responder. Escreva com suas próprias palavras! Se precisar
de auxílio não deixe de fazer contato com seu tutor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Referências
ARENDT, H. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
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________. Beantwortung der Frage: Was ist Aufklärung? In: Schriften zur
Anthropologie, Geschichtsphilosophie, Politik und Pädagogik I. Frankfur:
Suhrkamp, 1977. (Há também traduções portuguesas parciais)
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Filosofia e Ética
M INICURRÍCULO
Selvino José Assmann