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Resumo - O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu

Sacks, Oliver W., 1933. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu
e outras histórias clínicas. Tradução: Laura Teixeira Motta. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997.

Em “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”, Sacks relata


sobre diversos casos clínicos de seus pacientes que tiveram lesões ou um
mau funcionamento do cérebro, em especial do hemisfério direito, isso
porque ele fala que as síndromes desse lado do cérebro são menos distintas e
perceptíveis do que os danos ocorridos no hemisfério esquerdo, já que as
síndromes do hemisfério direito estão mais relacionadas com os distúrbios
neurológicos que afetam a essência do indivíduo e sua sensibilidade
emocional e psicológica. E é dessa relação que ele destaca no livro,
síndromes que poderiam ser consideradas como uma patologia fisiológica
no cérebro e, como tal, ser diagnosticada e tratada, quando possível, pela
medicina como uma deficiência cerebral do sujeito, porém para Sacks, esses
distúrbios são mais que isso, não são apenas patologias de um sujeito sem
nome, mas sim histórias de pessoas que tiveram suas vidas totalmente
modificadas por um distúrbio no cérebro. Para ele, não basta somente
diagnosticar o caso, o importante entre a relação médico-paciente é
“entender” como se processa esse distúrbio, e isso só é possível quando o
médico acompanha de forma mais expressiva o cotidiano do paciente,
investigando as causas aparentes e evolução desse distúrbio no mesmo.
Conforme Sacks, infelizmente na atualidade vivemos um paradoxo, tendo
uma medicina avançada tecnologicamente podendo mapear cada
centímetro do nosso corpo, até mesmo do cérebro, reconhecendo onde está
alojado cada enfermidade ou distúrbio na fisiologia do indivíduo, mas essa
mesma medicina não o integra como pessoa, não consegue interagir com
esse indivíduo como uma pessoa única que tem um nome, uma vida que está
relacionada a essa patologia, e não somente um corpo dissecado pela ciência
para analisar suas partes. Assim, temos na primeira parte “Perdas”, que são
as histórias de pacientes com lesão ou mau funcionamento das áreas

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gnósicas(interpretação dos impulsos sensitivos) do cérebro que refletem em
perdas das funções de interpretação do indivíduo, como no capítulo do
Homem que Confundiu sua Mulher com o Chapéu que deu origem ao nome
do livro, que lesou as áreas de memória visual e partes da área visual e não
reconhece mais pessoas, lugares ou objetos, somente entende as formas
abstratas e geométricas sem conseguir relacioná-las com suas memórias, o
que nos permite dar sentido e emoção as coisas. Ou ainda, como no capítulo
da Mulher Desencarnada que perdeu a capacidade de sentir todo o seu
esquema corporal e se sente sem corpo, sem conseguir se relacionar com
ele. Na segunda parte, “Excessos”, são relatados os casos de pessoas que
por um desequilíbrio ou lesão do cérebro passaram a exercer com exagero
algumas funções, como no caso do paciente com Síndrome de Tourette com
distúrbios que o levam a excitação das emoções e paixões em demasia,
fazendo com que sinta raiva demais, alegria demais, exaltações que não
consegue controlar normalmente, vivendo sempre no excesso de suas
emoções. Já terceira parte, “Transportes”, vamos conhecer casos de
pessoas com anormalidades nos lobos temporais e sistema límbico do
cérebro que os transportam através de suas memórias e imagens mentais
para infância ou no mundo dos sonhos, como uma senhora um pouco surda
e que passou a ouvir uma sinfonia particular constante no seu íntimo, do seu
idioma natal, reminiscências de uma infância perdida e que não tinha acesso
por bloqueios psíquicos, o que possibilitou a ela um resgate inestimável de
um período de sua vida que achava não possuir. E, na última e quarta parte,
Sacks relata casos de pacientes com deficiência mental, a qual chama “O
Mundo dos Simples”, e nos traz um universo maravilhoso de possibilidades,
de pessoas consideradas incapacitadas socialmente e, no entanto,
apresentam habilidades extraordinárias em outras áreas que não intelectual
como, na música, pintura e no teatro. A cada caso, ele apresenta um paciente
com uma habilidade específica e que nos deslumbra e emociona ao mesmo
tempo, pois constatamos como o ser humano é único, maravilhoso e
complexo. O livro foi distribuído didaticamente por quatro partes, tendo
cada uma os relatos de histórias de pacientes com distúrbios em comum,
deixando o leitor a cada parte lida, estimulado e curioso para saber o que

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virá a seguir. Dessa forma também, fica mais claro o entendimento sobre as
consequências desses distúrbios para os leigos por estarem agrupados
dentro de uma mesma linha de raciocínio, o que nos permite uma análise e
reflexão maior dos casos e como ainda se tem muito a aprender dessa
máquina maravilhosa chamada cérebro, mas o que Sacks deixa claro nesse
livro é a ligação desse fascinante órgão não só com o seu corpo e suas
funções, como também, ou muito mais, com todo o seu campo emotivo e
subjetivo que envolve esse ser humano.
Luzinete 24/05/2012
www, skoob.com.br
O cientista e neurologista Oliver Sacks é também um excelente narrador,
dono do raro poder de compartilhar com o leitor leigo certos mundos que de
outro modo permaneceriam desconhecidos ou restritos aos especialistas.
Em “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” estamos diante
de pacientes que, imersos num mundo de sonhos e deficiências cerebrais,
preservam sua imaginação e constroem uma identidade moral própria. Aqui,
relatos clínicos são intencionalmente transformados em artefatos literários,
mostrando que somente a forma narrativa restitui à abstração da doença
uma feição humana, desvelando novas realidades para a investigação
científica e problematizando os limites entre o físico e o psíquico. O que
sabemos é que ao se fecharem as janelas químicas, outro despertar
aconteceu. O espírito humano é mais forte que qualquer remédio. E é isso
que precisa ser alimentado por meio do trabalho, lazer, da amizade e da
família. Isso é o que importa. Foi disso que nos esquecemos. Das coisas mais
simples. – Oliver Sacks. Se você me perguntar qual foi o melhor livro que li
nesse ano até o momento, eu vou pensar muito! Motivo: Eu vou querer
muito citar O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu de Oliver
Sacks como meu preferido. Pois esse livro mudou muito a forma com que eu
pensava sobre algumas coisas e principalmente, me lembrou algo que eu
teimo em tentar esconder: Eu amo a ciência. Eu sou de exatas e não sei qual é
o motivo pelo qual as humanas tentam me trazer pro clubinho. Só sei que o
que habita o meu coração são as exatas. ? (disse a menina que passou em
física, tentou engenharia de bioprocessos e biotecnologia e ficou orgulhosa

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do irmão quando ele falou que escolheu matemática industrial como curso
para tentar vestibular. Fazia muito tempo que eu queria ler algum livro do
Oliver Sacks. O Átila e o pessoal do Nerdcast falavam tanto sobre os livros
dele nos podcasts de ciência que eu era obrigada a ler alguma coisa dele.
Então, para começar, eu escolhi o clássico: “O Homem que Confundiu Sua
Mulher com um Chapéu” publicado pela editora Companhia das Letras. Que
na minha opinião, tem a melhor edição do livro.

Não estamos falando de um romance, mas ao mesmo tempo o livro mais


conhecido de Oliver Sacks não deixa de ser um clássico. Trazendo a ciência
de uma forma mais clara e simples, com uma linguagem mais fácil de ser
compreendida pelo grande público ele se consagra por desmistificar uma
informação que muitas vezes é prioridade de poucos. Conhecer ainda mais
sobre doenças que afligem toda uma população e não apenas parte dela é
algo louvável. Afinal, todo mundo corre o risco de ter uma das patologias
citadas por Sacks durante o livro.

O livro é quase separado em “contos”.Ele relata vários casos clínicos de


pessoas com danos no hemisfério direito do cérebro. Oliver conta as
histórias de como descobriu que o paciente sofria daquele caso específico e
como era a vivência do mesmo.“Na maior parte dos casos, as alucinações
não são evidência de loucura. Quando emoções extremas estão envolvidas,
qualquer um pode alucinar” – Oliver Sacks

Este é um livro que provavelmente você nunca vai se arrepender de ter lido.
Ele consegue trazer tantos questionamentos e clarezas para a sua vida que
não importa se você é apenas um leigo apaixonado pelo assunto ou um
profissional graduado. Oliver Sacks vai conseguir te prender e seduzir com
essas histórias com uma boa escrita, narrativa e conhecimento sobre o
assunto.

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Eu já disse antes, mas continuo afirmando: a edição da Editora Companhia
das Letras é a mais bonita (que eu já vi) desse livro. Vale a pena pelo efeito da
jacket de plástico com o título do livro. É um amor. Agora… boa leitura!

Os mistérios da mente humana

Se ser "normal" já é tão difícil, um acidente ou disfunção mental pode


tornar tudo muito complicado para o paciente e as pessoas que o cercam.
Mas pode ser, também, que o paciente nem sequer tenha consciência de ser
"diferente". E, afinal, o que é ser "normal"? Esse é o tema do neurologista
inglês Oliver Sacks em O homem que confundiu sua mulher com um chapéu
- e outras histórias clínicas. Lançado em 1985, o livro reúne 24 ensaios
sobre casos de perda parcial ou total da memória e problemas mentais como
o autismo.
Os casos são desconcertantes, como a da mulher de 27 anos e dois filhos que
perdeu a consciência do próprio corpo: se estivesse sentada e fechasse os
olhos, caía da cadeira. Só conseguia se mover com segurança se estivesse
olhando para os pés ou para as mãos. Não tinha a capacidade de perceber o
próprio corpo, sua localização no espaço, a posição de cada parte em relação
às outras. Perdera a propriocepção.Sem ser sensacionalista ou cair na
armadilha do psiquismo, Sacks relata as histórias e tratamentos de
pacientes que passaram por seu consultório. Como o caso da mulher de 89
anos que passou a viver uma euforia com a vida, e foi diagnosticada com "a
doença do cupido", manifestação de sífilis neurológica contraída 60 anos
antes. Ela pede para não ser curada, pois está feliz. "Investigamos os
problemas físicos e mentais de nossos pacientes, não os seus talentos",
comenta o autor no caso da moça alienada criada pela avó. Após a morte de
sua tutora, quando tudo poderia dar errado, a jovem já em tratamento se
revela excelente atriz de teatro.O neurologista e autor vive nos EUA há
muitos anos. Além de grande médico e pesquisador, é excelente escritor;
transforma as histórias clínicas não em curiosidades mórbidas, mas em
relatos tocantes que, muitas vezes, questionam a própria ciência e instigam
a reflexão. De sua vasta obra, li e recomendo muito também Um antropólogo

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em Marte, de 1995, que reúne mais casos clínicos extraordinários e
contribui para demolir preconceitos. Você pode precisar confiar sua vida a
um cirurgião, e gostaria que ele fosse um dos melhores, certo? E se soubesse
que ele sofre de uma síndrome que o acomete de tiques mentais e físicos?A
obra de Sacks vem inspirando roteiristas e adaptações para o cinema. Tempo
de despertar (1990), com Robin Williams e Robert De Niro, foi adaptado de
seu livro lançado em 1997 que tem o mesmo título em português.Oliver
Sacks, que completou 82 anos de idade em 9 de julho, recebeu no começo
deste ano a notícia de que tem apenas alguns meses de vida. Sofre com a
metástase de um câncer em estágio avançado no fígado. Em 19 de fevereiro,
publicou um artigo de despedida no jornal The New York Times, em que
admite sentir medo, mas afirma que seu maior sentimento é de
gratidão:"Sinto-me intensamente vivo, e quero e espero, no tempo que me
resta, aprofundar minhas amizades, dizer adeus aos que amo, escrever
mais, viajar, se eu tiver forças, alcançar novos níveis de compreensão e
entendimento."Vale conferir a bela homenagem a Oliver Sacks feita por
Maria Popova em seu site Brain Pickings.

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