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COMUNICADO DO CONSELHO DOS REITORES DAS UNIVERSIDADES

PORTUGUESAS

http://jvcosta.planetaclix.pt/RJIES_CRUP.doc

Em reunião realizada na passada terça-feira, dia 15 de Maio, solicitou o Sr. Ministro da


Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que o Conselho dos Reitores das Universidades
Portuguesas (CRUP) se pronunciasse até hoje, dia 18 de Maio, sobre um documento de
trabalho versando o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior,
disponibilizado no início da semana a este mesmo Conselho.

Sem prejuízo de futuras tomadas de posição sobre o assunto, o CRUP entende,


desde já, esclarecer o seguinte:

1 – o período de análise que o Sr. Ministro concedeu ao CRUP, sendo compatível com o
calendário aparentemente definido pelo Governo para apresentar o documento à
Assembleia da República a tempo de ele ser aprovado na actual sessão legislativa, é
incompatível com uma análise aprofundada que a importância desta lei justifica;

2 – como tal, do ponto de vista do CRUP, não faz sentido, neste momento, senão
estabilizar os princípios que entendemos ser fundamental consagrar no futuro
diploma:

2.1 -AUTONOMIA – o CRUP entende que a integração num único documento dos
sub-sistemas universitário e politécnico desvaloriza o princípio da autonomia
universitária constitucionalmente consagrado;

2.2 – DIVERSIDADE – o CRUP considera que a diversidade das universidades


portuguesas não se encontra suficientemente contemplada no documento de
trabalho em apreciação;

2.3 - COMPETÊNCIAS DO CONSELHO GERAL – o CRUP não apoia a


atribuição a este órgão de competências de gestão académica;

2.4 – CONSELHO UNIVERSITÁRIO - o CRUP, de acordo com o que se encontra


consignado na Carta de Princípios, considera imprescindível a existência de um
órgão colegial de natureza académica com uma maioria de doutorados, presidido
pelo Reitor, que assegure a coesão universitária;

2.5 – PRINCÍPIO DE ELEIÇÃO DO REITOR – o CRUP advoga o princípio da


eleição do Reitor por um colégio eleitoral alargado de forma a permitir uma
consulta ampla à comunidade universitária;

2.6 – AUTONOMIZAÇÃO DE UMA UNIDADE ORGÂNICA – o CRUP considera


inaceitável que uma unidade orgânica de uma universidade possa negociar
directamente com o Governo a sua autonomização e separação, sem qualquer
intervenção dos órgãos da instituição (e eventualmente contra a sua vontade);

2.7 – MODELO FUNDACIONAL – o CRUP considera imprudente que se legisle


sobre esta matéria, antes de estar publicado um quadro legal específico para as
Fundações de Direito privado instituídas pelo Estado;

2.8 – ENSINO E INVESTIGAÇÃO – o CRUP não considera aceitável que as


unidades orgânicas de investigação se possam tornar independentes das
universidades;

2.9 – PERÍODO TRANSITÓRIO – o CRUP considera imprescindível que se


encontre forma de garantir a necessária estabilidade institucional e de assegurar a
governabilidade da universidade e as condições de exercício das funções reitorais,
incluindo a eficaz condução do processo de transição.

3 – o CRUP aproveita a oportunidade para reafirmar a sua vontade de contribuir para


uma reforma efectiva e não apenas para a preparação e publicação de uma lei. No
entendimento do CRUP o quadro geral desta mudança deve ser o da defesa da
diversidade organizacional e o da liberdade, exercida com responsabilidade nos limites
da lei e sempre sujeita a escrutínio, auditoria e controlo pelos órgãos competentes do
Estado.

Lisboa, 18 de Maio de 2007.

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