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Miranda RicardoMelhado TCC
Miranda RicardoMelhado TCC
M672a
UNIVERSIDADE ESTADUAL IE
Campinas
2009
TCC/UNICAMP
M672a 1
1290004374/IE
Ricardo Melhado Miranda
Campinas
2009
2
Para Mariana,
3
RESUMO
ABSTRACT
This paper analyses the main aspects that should be considered during the
elaboration and execution of a hedge strategy of non financiai firms, as the potential
benefits obtained from it, resulting on the aggregation of value to the company. The
use of derivativas can be an important component to generate value to a firm, since
the operations made have the objective to reduce the business risks, being in line to
the long term strategy of the corporation. The importance of this work is enhanced by
the recent cases of massive financiai injuries caused by the bad use of derivatives,
which almost compromised the future operations of firms considered solid and big in
their sectors.
4
SUMÁRIO
Capítulo 1 -Introdução 7
Capítulo 2 ·Gestão de risco nas corporações e conceitos básicos
sobre os mercados de derivativos 1o
2.1 - O conceito de risco 11
2.2 -As quatro dimensões dos riscos corporativos 13
2.3- O mercado de derivativos 14
2.3.1- O que são derivativos 15
2.3.2- Surgimento dos derivativos 16
2.4- Mercados de negociação 16
2.4.1 -Mercado de bolsa no Brasil 21
2.5- Derivativos e seus mercados 22
2.5.1 -Contrato a termo 22
2.5.2 -Contrato Futuro 23
2.5.3 - Swap 27
2.5.4- Opção 28
2.6- Utilização dos derivativos 30
2.6.1 -Especulação 30
2.6.2 - Hedge 31
2.6.3 -Arbitragem 32
2.7- Função econômica dos Mercados Futuros 33
2.8- Considerações finais 33
Cap. 3 - O uso do hedge como elemento agregado r de valor 35
3.1 - O conceito de hedge 35
3.2 - O hedge como defesa ao risco 36
3.3- Tipos de Hedge 38
3.4 - O hedge e o valor da empresa 39
3.4.1 -Argumentos de que o hedge não adiciona valor à
empresa 39
3.4.2- Argumentos de que o hedge adiciona valor à
empresa 43
3.5- Observações empíricas 47
3.6 ·Considerações Finais 51
Cap.4- Política de Hedge 53
4.1 -Planejamento e Execução 54
5
4.2 • Experiências Recentes 62
4.3. Estudo de Caso- Cosan
4.3.1 ·A companhia- Cosan
4.3.2 ·Histórico da gestão de riscos- Gosan 65
4.3.3 ·A estratégia de gerenciamento de riscos da
empresa 68
4.4- Considerações finais 71
Cap. 5- Conclusões 72
Bibliografia 76
6
Capitulo 1 -Introdução
O cenário econômico mundial no período que antecedeu o início dos anos 1970 era
relativamente estável, no sentido de apresentar baixa volatilidade de importantes
variáveis econômicas, tais como taxas de câmbio e de juros. Nesta época a
previsibilidade dos preços de ativos financeiros manteve os riscos de mercado em
patamares que praticamente dispensavam esforços de gestão.
7
Além da desregulamentação financeira, o crescimento do mercado de derivativos
resultou também de fatores como a internacionalização dos fluxos financeiros,
decorrentes da liberalização das contas de capital dos balanços de pagamentos.
A crise financeira mundial que se inicia em 2008, e seus reflexos sobre a taxa de
câmbio brasileira trouxeram grande destaque na midia para as operações com
derivativos cambiais realizadas por empresas não financeiras. Companhias com
forte exposição das receitas ao dólar surpreenderam seus acionistas com perdas
relevantes, as quais comprometeram os resultados operacionais. Dentre essas.
pode-se citar Sadia, Aracruz, e muitas usinas de álcool e açúcar, que especularam
com derivativos cambiais, o que resultou em fortes prejuízos e destruição de valor.
8
O trabalho está divido na seguinte estrutura. O capítulo 2 vai explicitar os principais
conceitos e idéias relacionadas aos riscos que as empresas enfrentam, além dos
principais conceitos associados ao mercado de derivativos e seu desenvolvimento
com o tempo.
O capítulo 4 vai analisar como uma política de hedge deve ser planejada e
executada. Adicionalmente, um estudo de caso sobre a sucroalcooleira Cosan vai
ser utilizado para exemplificar o assunto.
9
Cap.2 - Gestão de risco nas corporações e conceitos básicos sobre os
mercados de derivativos
Este capitulo tem como objetivo explicitar as principais idéias associadas aos riscos
que as empresas enfrentam e os principais conceitos associados ao mercado de
derivativos. Para tanto, inicialmente se discute o conceito de risco para então
relacioná-lo com o ambiente empresarial. Posteriormente, são estudados os
conceitos e instrumentos associados ao mercado de derivativos, bem como suas
funções.
O objetivo estratégico das corporações é obter retorno sobre seu capital de forma a
satisfazer o desejo dos acionistas. As decisões estratégicas das corporações, na
prática, implicam em decisões de investimento e financiamento, tomadas em
condições de risco, ou seja, norteadas por expectativas e projeções que podem não
ocorrer. A não obtenção dos resultados esperados (lucratividade) pode gerar
conseqüências diversas, desde a queda da rentabilidade da empresa e de suas
ações até eventuais desastres financeiros. envolvendo processos de concordata
e/ou falência. É importante também, a manutenção de um quadro técnico
competente que possa avaliar e correlacionar as diretrizes e planos estratégicos
adequados a um planejamento financeiro. Diante dessa realidade, é tarefa dos
gestores financeiros lidarem com as questões de agency, de eficiência de
mercados, de assimetria de informação, riscos, modelos e instrumentos para a
eficiente gestão empresarial. (Rocha, 2007)
10
2.1 · O conceito de risco
Risco pode ser definido como possibilidade de "algo não dar certo", mas atualmente
se define risco como sendo a quantificação e qualificação da incerteza. tanto no que
diz respeito às perdas como aos ganhos, com relação ao rumo dos acontecimentos
planejados, seja por individuas. seja por organizações. Isso porque mesmo a
incerteza que não pode ser calculada representa um risco. (IBGC. 2008)
Por outro lado, uma concepção mais abrangente de risco não deve se concentrar
somente nos cenários negativos, como também nos resultados positivos.
considerando sua variabilidade (p. ex.: risco financeiro). (Damoradan. 2008)
Os riscos podem ser divididos quanto à sua origem em riscos externos (ou
conjunturais) e riscos internos. Os riscos externos estão associados à incerteza
proveniente do ambiente macroeconômico, político, social, natural ou setorial em
que a organização opera. Como a organização não tem controle sobre esses
eventos externos ela deve gerenciá-los de maneira ativa. Já os ricos internos estão
associados a eventos originados dentro da estrutura da organização, pelos seus
processos, seu quadro de funcionários ou de sua tecnologia. Nesse caso, a
organização deve intervir diretamente nos fatores geradores dos riscos, de forma a
mitigá-los. (IBGC, 2008)
11
A teoria das finanças também faz duas distinções importantes sobre os riscos que
uma corporação enfrenta que são importantes para o conteúdo deste trabalho. É a
definição de risco diversificável e risco não diversificável (ou risco sistêmico).
Segundo essa definição, todo ativo ou carteira de ativos apresenta um risco total,
que se divide em diversificável e não diversificável.
Apesar disso, nem todo o risco de mercado é não diversificável. Como veremos,
existe uma parcela do risco de mercado que pode ser mitigada através da
diversificação, e uma parcela que não é diversificável. Essa parcela não
diversificável deve ser coberta através de operações no mercado de derivativos.
Por fim, com relação à natureza dos riscos, estes podem ser estratégicos ou
financeiros. Os riscos estratégicos estão relacionados à má gestão empresarial, ou
seja, à tomada de decisão da alta administração e podem gerar perda no valor
econômico da organização. Os riscos financeiros são aqueles associados à
exposição das operações financeiras da organização, e cabe estudá-los mais
profundamente. (IBGC, 2008)
12
Assim, quando há incerteza com relação a materialização de expectativas quanto ao
resultado futuro de um investimento, fala-se em risco do investimento.
O risco legal é uma medida de incerteza relacionada aos retornos de uma instituição
por falta de um completo embasamento legal de suas operações. Este ocorre
quando as leis ou regulações não dão suporte às regras do sistema de liquidação
de valores mobiliários, à execução dos arranjos de liquidação relacionados ou aos
direitos de propriedade e outros interesses que são mantidos pelo sistema de
liquidação; ou quando essas leis ou regulações são pouco claras. (Bacen, 2009)
13
Em outras palavras, o risco de crédito pode ser definido como uma medida
numérica da incerteza relacionada ao recebimento de um valor
contratado/compromissado, a ser pago por um tomador de um empréstimo,
contraparte de um contrato ou emissor de um título, descontadas as expectativas de
recuperação e realização de garantias. (Duarte Jr. et ai. 2003)
Apesar de o termo derivativos ainda não existir a 30 anos atrás, contratos a termo
de arroz já eram negociados no século 17 no Japão e contratos futuros de produtos
agrícolas já eram negociados nas bolsas de Chicago em meados do século 19.
(Sanvicente, 2003)
A mais antiga bolsa de Chicago, a Chicago Board of Trade, iniciou suas atividades
em 13 de março de 1851 com a negociação de contratos de milho para a entrega
15
em junho daquele ano, por preço igual a 1 centavo de dólar a mais do que o preço
vigente em 13 de março. (Bessada et ai., 2005)
Pode-se notar pela tabela 1 e pelo gráfico 1 abaixo que os derivativos sobre indices
de ações são os mais negociados no mundo, representando 36% do total na média
2007/08. Em seguida vêm os derivativos sobre ações individuais com 30%, e os
sobre taxa de juros com 21%. As commodities agricolas representaram 5%, energia
e moedas 3% cada, e os metais preciosos e não preciosos 2% conjuntamente. O
interessante de se notar na tabela é que o grupo de metais não preciosos
(industriais) foi o que mais cresceu entre 2007/08, chegando a 64,5% de aumento
no volume de negociações. Em seguida vêm as commodities agricolas com 38,7%,
e moedas e ações individuais com 25,5 e 25,2% respectivamente.
Fonte: FIA
17
Gráfico 1 • Participação por categoria de derivativos no volume mundial negociado - média
2007/08
• Equity lndex
• Individual Equity
lnterest Rates
• Agricultura!
Energy
Currency
Metais
30%
Other
Fonte: FIA.
* O grupo metais inclui metais preciosos e industriais
%
Rank Bolsa 2008 2007 Variação
19
16 Bolsa de Futuros de Xangai 140.263.185 85.563.833 63.9%
*Outros consistem em bolsas na áfrica do Sul, Turquia , Israel e Dubai. Fonte: FIA.
18
• Demais bolsas
Vi 16
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Bolsas norte-americanas
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1998 1999 :2000 :2001 ~002 2003 :2004 :2005 2006 2007 .2008
Fonte: FIA
20
2.4.1 - Mercado de bolsa no Brasil
Nesse tipo de contrato caso haja diferença entre o preço previamente estabelecido
no contrato e o preço no mercado à vista (preço spot) o comprador pode ter lucro,
caso o preço spot for maior que o preço contratado, e o vendedor prejuízo e vice-
versa. (Bessada, 2003)
22
trade e a de liquidação. Para as moedas conversíveis existem os "Deliverable
Forwards".
Ao abrir uma posição na bolsa, o agente deve depositar valor estipulado pela
própria BM&F a fim de cobrir eventuais inadimplências.
As bolsas, por sua vez, devem fixar uma margem que não seja muito baixa, que não
seja suficiente para cobrir o período de um ou dois dias de uma eventual
inadimplência, nem muito alta, para não desestimular os clientes e exagerar na
segurança. (BM&F)
24
Tabela 3 -Contrato Futuro Míni de Café Arábica- Especificações
Taxa de câmbio Taxa de câmbio de reais por dólar
referencial BM&F: dos Estados Unidos
2. Objeto de negociação Café cru, em grão, de produção brasileira, coffea arabica, tipo 6 ou
melhor, bebida dura ou melhor, para entrega no
Município de São Paulo, SP,
Brasil.
3. Cotação Dólares dos Estados Unidos da América por saca de 60
quilos líquidos, com duas casas decimais.
4. Variação mínima de US$0,05 (cinco centavos de dólar dos Estados Unidos)
apregoação por saca de 60 quilos líquidos.
S. Oscilação máxima diária Para o primeiro vencimento, não haverá limite de oscilação nos
três últimos pregões anteriores ao vencimento.
A Bolsa poderá alterar o limite de oscilação de preços de qualquer
vencimento a qualquer tempo, mesmo no decurso
do pregão, mediante comunicação ao mercado
com 30 minutos de antecedência.
6. Unidade de negociação 10 sacas de 60 quilos
líquidos.
7. Meses de vencimento Março, maio, julho, setembro e
dezembro.
8. Número de Conforme autorização da Bolsa.
vencimentos em aberto
9. Data de vencimento e Dia útil anterior ao primeiro dia do
último dia de negociação mês de vencimento.
10. Dia útil Considera-se dia útil, para efeito deste contrato, o dia
em que há pregão na BM&F.
11. Ajuste diário As posições em aberto ao final de cada pregão serão ajustadas
com base no preço de ajuste do dia, determinado
segundo regras estabelecidas pela Bolsa, com movimentação
financeira no dia útil subseqüente, observado, no
que couber.
14. Hedgers Cafeicultores, cooperativas de café, empresas de insumos, indústrias de
torrado e moído e de solúvel, maquinistas,
importadores e exportadores do
produto.
15. Margem de garantia Será exigida margem de garantia de todos os clientes com posição
em aberto, cujo valor será atualizado
diariamente pela Bolsa, de acordo com os critérios de
apuração de margem para contratos futuros.
A margem será devida no dia útil
subseqüente.
16. Ativos aceitos como Dinheiro e outros ativos, mediante
margem autorização prévia da Bolsa.
Fonte: BM&FBovespa
Quando o negócio é fechado, as partes não se relacionam mais entre si, pois a
câmara de compensação da bolsa assume a parte oposta. O objetivo da
padronização é conferir mais liquidez, facilitando sua transferência entre diferentes
25
participantes do mercado. Essa padronização constitui a característica básica que
torna os mercados futuros instrumentos de transferência de riscos. Porém, em
alguns casos, a padronização pode representar uma desvantagem em relação ao
mercado a termo, pois ela significa uma maior rigidez dos contratos que não podem
ser negociados de acordo com as especificações das partes envolvidas, e por isso
muitas vezes não atendem às necessidades de uma parte. (Bessada et ai., 2005)
2.5.3- Swap
Esse derivativo é um contrato de balcão que se caracteriza pela troca contábil das
dividas de cada parte e pela não transferência do principal- há apenas um fluxo de
26
caixa líquido para a parte ganhadora. O comprador e o vendedor determinam o
prazo e o tamanho do contrato livremente, sendo permitida sua liquidação
antecipada, parcial ou total. (Hull, 1996)
Assim, de fato a empresa estaria trocando um empréstimo pelo outro, sem cancelar
o primeiro e substituí-lo por outro.
27
O comprador deste papel é denominado de titular e o vendedor é conhecido por
lançador. Para adquirir o direito de compra ou de venda, este primeiro agente paga
um preço (chamado de prêmio) ao segundo. Neste sentido, ao receber o prêmio, o
lançador possui a obrigação de atender ao exercício da opção, caso o titular assim
realize. (Sanvicente, 2003)
1. Nas opções de compra, quando o valor do objeto a ser recebido for superior
ao preço de exercício da opção;
ii. Nas opções de venda, quando o valor do objeto a ser vendido for inferior ao
preço de exercício da opção.
Z9
Derivativos podem ser utilizados em operações de hedge, arbitragem e
especulação.
2.6.1 -Especulação
Em seus esforços para auferir lucros, os especuladores tentam prever, com a maior
precisão possivel, as oscilações futuras dos preços, taxas de juros ou câmbio.
Muitos deles empregam tempo e recursos para aperfeiçoar essas previsões,
analisando as informações disponíveis sobre a situação e perspectivas.
Outra função importante realizada pelos especuladores é sua contribuição para dar
liquidez ao mercado. Suas atividades aumentam muito o volume das transações nos
mercados de derivativos, aumentando assim a liquidez dos contratos. A maior
30
liquidez oferece maior facilidade a quem deseja cobrir-se (hedgers) para abrir e
fechar posições rapidamente e sem grandes perdas.
2.6.2 - Hedge
O hedger deseja realizar uma operação que será finalizada no futuro, mas não é
suficientemente especializado para inferir as expectativas de preços do mercado.
Sua meta no mercado futuro é realizar o hedge perfeito, procurando eliminar
completamente o risco. Normalmente, sua atividade econômica principal está
diretamente relacionada com a produção ou o consumo da mercadoria. (Hull, 1996)
31
Fazer hedge é proteger a posição assumida no mercado à vista. O agente até
poderia ter um ganho ou uma perda, mas sob qualquer circunstâncias estará
coberto ou travado. O hedge pode ser estático, onde a posição inicial assumida será
mantida até o vencimento do contrato, ou dinâmica, onde a posição é alterada ao
longo do tempo conforme as circunstâncias do mercado. (Sanvicente, 2003)
2.6.3 -Arbitragem
32
2.7- Função econômica dos Mercados Futuros
Neste capitulo, foi avaliado que o risco é um fator importante no dia-a-dia das
empresas. Trata-se de um fator de dupla importância para as empresas: por um
lado, é assumindo risco em suas operações que as empresas obtêm retorno sobre
seu capital; por outro, existem riscos que muitas vezes as empresas não querem
incorrer (na sua maioria riscos de mercado), mas que são inerentes as suas
atividades e que, portanto, devem ser alvo de mitigação via instrumentos
financeiros.
Desse modo, o processo de gestão de riscos não deve ser confundido com a
simples redução e mitigação de riscos. A gestão de riscos deve abarcar também, a
busca estratégica da exploração de riscos que gerem vantagens competitivas à
empresa.
33
Por outro lado, os riscos que as empresas não devem incorrer devem ser
ativamente reduzidos e mitigados, pois representam uma ameaça ao funcionamento
das corporações.
O próximo capítulo vai tratar da questão do uso do hedge por empresas não
financeiras e o impacto em suas atividades, explicitando seus custos e benefícios, e
os conceitos associados ao tema.
34
Cap. 3- O uso do hedge como elemento agregador de valor
Uma empresa para ser lucrativa deve ter um entendimento profundo daquilo que faz
de melhor, ou seja, de sua competência principal. A rentabilidade de qualquer
empresa está intrinsecamente ligada ao que ela faz de melhor. A compreensão do
negócio é fundamental para que a empresa foque naquilo que realmente é boa e
conquiste uma vantagem competitiva duradoura. Assim, saber aquilo que faz de
melhor, significa entender onde ela possui uma maior produtividade e maior
qualidade e, também, entender melhor os riscos do negócio e gerenciá-los de
maneira eficiente.
Uma compreensão clara daquilo que faz de melhor, da sua competência principal,
precede a estratégia de hedge a ser adotada pela empresa.
"O conce1to de !Jedge devera integrar objetivos comuns aos controladores e gestores
de uma corporação, perm1t1ndo simultaneamente o crescimento sustentado, por meio do cumprimento das metas orçadas e de
uma menor variânc1a nos fluxos de caixa esperados" (Rocha, 2007}.
O Glossary of Trading Terms (1982. p.14) define que hedge "é a tomada de posição
futura oposta à posição assumida no mercado à vista, para minimizar o risco de
perda financeira decorrente de alterações de preços adversas; a compra ou a venda
de futuros como substituta temporária de uma transação à vista que venha a ocorrer
mais tarde"
35
Outra definição, que não se restringe ao mercado futuro é dada por Oster (1981)
define hedge como: "a administração do risco. Em sentido amplo, o hedge não é
feito somente no mercado de futuros [ .. ] usar tanto o mercado físico quanto o
mercado de futuros, você estará reduzindo o risco[ ... ] nos movimentos abruptos de
preços. Fazer hedge é assumir posição igual e oposta nos mercados à vista e futuro
[ ... ] Fazer hedge é proteger-se contra os riscos dos preços das commodities
produzidas ou que precisam ser adquiridas para o giro do negócio.
36
Além desses, Carlton (2000, p.86) destaca outras respostas operacionais (o
chamado hedge natural) disponíveis a empresas não-financeiras para administrar
seus riscos:
Mais adiante, veremos que caso a empresa opte por não se proteger
completamente (hedge completo) de alguma exposição, esta será obrigada a
manter uma expertise sobre aquela posição ou variável.
37
É importante se destacar que os custos dos eventuais ajustes em função do tipo de
instrumento de hedge utilizado pode provocar uma redução nos fluxos de caixa
futuros e, assim, reduzir o lucro.
Caso a operação de gestão de risco seja feita somente com o propósito de reduzir
volatilidades, uma operação de hedge simplesmente, em que se recorrerá a
mercados vocacionados para a gestão de risco, então estaremos perante a um off
balance hedge. (lntermercados. 2008)
Pode ser realizado no mercado de balcão ou de bolsa e tem como objetivo mitigar
riscos de taxas de juros, câmbio ou variação de preço de commodities, chamado de
hedge sem caixa. Suas desvantagens são que quando realizado em mercado de
bolsa (mercado futuro), os prazos para a realização do hedge são menos flexíveis.
Além disso, são menos transparentes contabilmente e são bem mais complexos que
os com caixa. Como vantagem apresenta um menor grau de utilização do caixa da
firma. não prejudicando tanto sua gestão de liquidez.
38
3.4- O hedge e o valor da empresa
Imagine uma empresa e seu negócio com seus riscos inerentes, ou seja, um
conjunto de posições compradas e vendidas, em um grande número de ativos.
Por exemplo, uma fábrica de geladeiras pode ser entendida como comprada em
todo seu conjunto de geladeiras estocadas e precisa vendê-las. Se a fábrica
mantiver uma rede de lojas de sua propriedade para vender as geladeiras, ela
estará correndo o risco de não conseguir vender os ativos de sua posição
comprada. Mas se ela vender um conjunto de geladeiras para um frigorífico, com
entrega em um ano, ela corre o risco de não conseguir fabricar as geladeiras no
prazo contratado, ou seja. o risco da posição vendida. Assim, é vital que a empresa
defina qual é o seu negócio.
Se ela considera que seu negócio é fabricar e vender diretamente as geladeiras, ela
terá os riscos correspondentes e seu valor será resultado do valor presente de seus
fluxos de caixa ajustados ao risco. Mas se ela decide fazer hedge de suas vendas.
através de um contrato de obrigação de venda para uma loja de departamentos.
ocorrerá uma mudança no valor da empresa. Os fluxos de caixa vão ser menores,
pois ela não venderá mais diretamente ao consumidor final, mas a empresa terá
reduzido sua exposição a riscos.
Assim, o hedge deve ser entendido como um insumo da empresa. Isso suscita a
seguinte questão: O hedge adiciona ou não valor à empresa?
Segundo Wu (2006, p.45) existem três vertentes que argumentam que o hedge não
cria valor para a empresa. Estas se apóiam na teoria da paridade do poder de
compra (PPC), na proposição de irrelevância do financiamento sobre a estrutura de
capital de Modigliani & Mil ler. e no CAPM de Sharpe. Todos os modelos se baseiam
na hipótese do mercado financeiro perfeito:
• Todos os investidores são racionais, percebendo mais retorno como algo bom e
mais risco como algo ruim.
• Existe uma atuante arbitragem que força, rapidamente, ao equilíbrio os preços dos
ativos que são equivalentes em risco e retorno.
As três vertentes que argumentam que o hedge não cria valor para a empresa são:
40
PPC faça efeito. Além disso. a PPC só se mantém para o agregado do nivel de
preços de dois países, mas não para as partes individuais do agregado. Assim, o
argumento da PPC não se mostra substancial.
b) Modigliani & Miller: Segundo este modelo. num mercado perfeito, a politica de
financiamento de uma empresa não afeta seu valor, dado que os acionistas poderão
montar a estrutura desejada ao realizar ou tomar empréstimos.
Existe apenas um senão nessa teoria sobre a aplicação de hedge no mundo real.
No modelo, existe a hipótese de que os investidores individuais sabem exatamente
o mesmo que os administradores sobre os riscos incorridos pela empresa, sem
qualquer defasagem, ou seja, em prazo suficientemente curto para tomar sua de
decisão de hedge. Afora a presença dessa suposição não muito aderente à
realidade, os custos de transação e comissões serão menores quanto maiores
forem as transações, ou seja, haveria economias de escala. Assim, as imperfeições
de mercado são constatações que inviabilizam os resultados do M&M.
Para o hedge aumentar o valor da empresa é necessário que ele aumente os fluxos
ou reduza a taxa de desconto. Como fazer hedge implica num desembolso e,
portanto, numa redução dos fluxos de caixa, a única forma de ele aumentar o valor
da empresa é reduzindo a taxa de desconto.
Pelo CAPM, se todo um setor econômico não fizer hedge para o risco de mercado,
a empresa desse setor também não teria razão para fazê-lo. Isso ocorre porque o
hedge não seria observado ou poderia até mesmo ser considerado elemento
negativo para empresa, na visão dos investidores. Isso porque o ponto fundamental
na determinação do valor de seus ativos é a covariância entre os resultados da
empresa e do setor onde está inserida (Mendonça, 2006).
Smithson (1999, p.44) afirma que "nenhum estudo provê evidência significativa, mas
a maioria dos resultados tende a suportar a suposição de que o hedge aumenta o
valor da empresa".
Sendo assim, devemos analisar os principais argumentos de que fazer hedge seria
benéfico à empresa.
42
3.4.2- Argumentos de que o hedge adiciona valor à empresa
"A chave para adicionar valor à empresa é fazer bons investimentos. A chave para
realizar bons irwestimentos é gerar internamente fluxos de caixa que viabilizem os investimentos
realizados[ ... ] Os fluxos de caixa podem ser rompidos por oscilações de fatores externos. tais
como taxa de cámbio, juros, preços de commodi/185, comprometendo a capacidade de
investimento da empresa." Froot et ai. (1995, p.34)
Nesse caso, seria racional que a administração decidisse fazer o hedge. Isso se
reflete na politica de dividendos da empresa. Geralmente é preferivel dividendos
estáveis as invés de ganhos flutuantes, pois a administração envia uma
mensagem de boa gestão e competência aos acionistas.
Nesse sentido, a administração de risco pode ser vista como um substituto direto
para o capital próprio. A decisão de fazer hedge, portanto, deve ser tomada em
conjunto com a decisão da estrutura de capital, o que levaria a melhores
resultados por conta da redução dos custos de passivos.
e) Aversão ao risco dos stakeho/ders: Smith e Stulz (1985, p.99) afirmam que
funcionários, fornecedores e clientes, normalmente, não são capazes de
diversificar os seus riscos especificas dos seus direitos sobre a empresa. Assim,
esses stakeholders exigem uma compensação maior da empresa, por
incorrerem nesses riscos. Com uma política de hedge a empresa pode reduzir
esses riscos e, assim, reduzir a compensação cobrada pelos stakeholders dando
maior garantia a eles. Desse modo, o custo do hedge deve ser comparado com
a redução nas compensações dos stakeholders.
f) Impostos: Nas situações onde as empresas são taxadas por uma tabela de
imposto progressiva, isto é, quanto mais lucrarem maior é a alíquota a ser paga
e vice-versa, a redução da volatilidade dos resultados reduziria o total de
impostos a ser pago no final de um periodo.
Tomemos o seguinte exemplo, uma empresa que lucra 100 mil reais em média
por mês no período de um ano. Se ela não fazer hedge e deixar o lucro flutuar,
supomos que em determinado período ele pode chegar a 50 mil e em outro a
150 mil. A aliquota a ser paga com 50 mil é de 15%, a de 100 mil é 20% e de
150 mil é 30%. Fica fácil perceber que o que a empresa paga a menos de
imposto quando a lucratividade é menor não compensa o que ela paga a mais
de imposto quando o lucro é muito elevado. Desse modo, seria melhor
estabilizar o lucro em 100 mil por mês e no final do período a empresa teria
45
pagado menos imposto do que se sua lucratividade flutuasse.
Wu (2006, p. 56) diz que outra situação em que o hedge adicionaria valor à
empresa é quando esta possui benefícios fiscais que expirarão no curto prazo.
Assim, é melhor que a empresa faça o hedge e garanta a lucratividade e o uso
do benefício do que ela se arrisque a ter um lucro menor (ou prejuízo) e não
possa usufruir por completo do benefício fiscal.
Nesse sentido, Smith el ai (2002) propõe um modelo no qual o hedge tem dois
efeitos opostos. Primeiro o hedge reduz o fluxo de caixa da empresa e restringe
a política de investimentos de curto prazo. Depois o hedge diminui os custos de
desastre financeiro e aumenta a capacidade de endividamento da empresa, o
que aumenta a capacidade de investimento no longo prazo. O segundo efeito
tende a superar o primeiro quando o número de oportunidades de investimento
aumenta.
46
Assim, podemos concluir que o hedge mitiga o problema do underinvestment
pela redução do custo do capital externo e pela redução da dependência do
financiamento externo.
Bodnar et ai. (1995) realizaram urna pesquisa com empresas americanas não
financeiras a respeito do uso de derivativos. Do total de uma amostra aleatória de
2500 firmas. 350 firmas responderam sendo que 176 eram do setor de manufaturas.
77 do setor primário e 97 do setor de serviços.
Esse resultado é completamente compatível com as idéias que são mostradas neste
estudo. Firmas maiores realizam maiores operações que envolvem taxas de juros,
câmbio, tem mais fornecedores espalhados pelo mundo, vendem para diferentes
países e, portanto, são mais propensas a utilizarem derivativos. Além disso, o
tamanho dessas empresas permite que elas tenham economias de escala em sua
gestão de risco, trabalhando com operações maiores e mais freqüentes, alérn de
possuir pessoal mais preparado tecnicamente para lidar com o uso desses
instrumentos.
Outro resultado apontado pela pesquisa foi que o uso de derivativos foi rnaior entre
empresas do setor primário, chegando a 48%. Esse fato também não é
surpreendente, visto que os contratos futuros foram criados originalmente para
ajudar essas firmas a gerenciar os seus riscos de preços das commodities.
47
importadoras ou exportadoras, como firmas com operações no mercado externo,
Com relação aos tipos de risco e instrumentos utilizados para mitigá-los, a classe de
risco mais comumente hedgeada é a de risco cambial, com 76% dos usuários de
derivativos afirmando que fazem hedge contra esse risco. Nessa classe, o
instrumento mais comumente utilizado foram os contratos a termo, com 78% das
firmas utilizando esse instrumento, seguido pelas opções de câmbio com 50%.
A segunda classe de risco que mais preocupava as empresas era o risco de taxa de
juros. 73% das empresas usuárias de derivativos afirmaram gerenciar seu risco de
juros. Não surpreende que os swaps foram o instrumento mais utilizado para essa
classe com 95% das empresas afirmando que utilizavam esse instrumento.
Em estudo semelhante feito para o caso brasileiro Saito e Schiozer (2004) utilizaram
uma amostra de 378 firmas listadas na bolsa de valores. Desse total, 74 firmas
responderam (19,6%). No entanto, não foi possível separar as empresas por
tamanho e setor de atividade devido ao pequeno número de empresas
respondentes.
48
Dentre as empresas que afirmaram utilizar derivativos, 95% (40 empresas)
afirmaram fazer hedge contra risco cambial, sendo que destas 67% recorrem
exclusivamente ao mercado de balcão para realizá-lo, No entanto, a pesquisa
brasileira não aponta os instrumentos utilizados, apesar de o uso do mercado de
balcão indicar que os contratos a termo, tal como nos EUA, são os mais utilizados,
visto que os contratos futuros são sempre negociados em ambiente de bolsa.
Com relação ao risco de taxa de juros, 83% (35 empresas) afirmaram gerenciar
essa classe de risco, com 57% desse total recorrendo exclusivamente ao mercado
de balcão, o que indica que o uso de swaps é o instrumento mais comumente
utilizado no Brasil, tal como nos EUA, para mitigar essa classe de risco.
Já o fator que mais preocupava os gestores americanos era, em 1995, o cálculo dos
49
riscos associados ao uso de cada derivativo, o que Saito e Schiozer denominaram
de risco de mercado do derivativo, chegando a 67% de gestores que afirmaram
estar alta ou moderadamente preocupados com esse fator (no Brasil ficou na
terceira posição). Esse fator cai para a terceira posição na pesquisa de 1998,
quando o tratamento contábil assume a posição de maior preocupação nos EUA
(era o terceiro em 1995).
No Brasil, o tratamento contábil foi o segundo fator mais mencionado com mais de
80% dos gestores afirmando estar alta ou moderadamente preocupados, enquanto
que nos EUA o segundo fator mais mencionado em 1998 foi monitorar e avaliar os
resultados do uso de derivativos.
Já na pesquisa americana de 1995, o fator que ficou com o segundo lugar foi o risco
de crédito, que não aparece nem entre os quatro mais preocupantes em 1998. Esse
fato se explica pelas grandes perdas incorridas por várias empresas norte
americanas com o uso de derivativos em 1994, o que levou a uma série de defaults
de pagamentos por parte delas.
A preocupação com a questão tributária no Brasil também se revela como uma das
principais causas para não se utilizar derivativos. Dentre as empresas não usuárias
de derivativos, a tributação foi a terceira causa mais mencionada por não se utilizar
derivativos. A primeira foi "pouca exposição financeira" com 55% e a segunda foi
"exposição gerenciada por outros meios" com 50%.
Esse resultado foi semelhante ao dos EUA (1995), onde a causa mais mencionada
foi "pouca exposição financeira" com cerca de 65%, e a quarta mais mencionada foi
"exposição gerenciada por outros meios" com 35% das empresas não usuárias
afirmando estar esta entre as três maiores preocupações acerca do não uso de
derivativos. Isto indica que as firmas podem gerenciar seus riscos de outras
maneiras tais como: operar no mercado exportador, casar importações e
exportações, ou fazendo acordos contratuais que trocam ou dividem os riscos com
outra parte.
50
sobre o uso de derivativos" com 37%, e a quarta foi "preocupações com a
percepção do uso de derivativos" por investidores, reguladores, e o público em
geral.
Outro resultado interessante que mostra a pesquisa brasileira de 2004, é que o uso
de derivativos tem uma tendência de crescimento com o passar dos anos, e que
esse aumento é ainda maior nos anos mais "turbulentos". Esse fato está
completamente de acordo com as idéias mostradas neste estudo, em anos que as
taxas de juros, de câmbio, e os preços das commodities tendem a ser mais voláteis,
é sensato se concluir que o uso de derivativos vai ser maior para se proteger contra
essas oscilações.
Neste capitulo, foi visto que o conceito de hedge se associa a proteção dos
resultados da empresa, o que significa que quando se faz hedge não há chance de
ganhos e nem de perdas, ficando a empresa travada numa posição que considera
suficiente para garantir sua lucratividade mínima.
51
Também foi visto que o hedge pode ser feito via instrumentos financeiros
(derivativos) ou via instrumentos operacionais (hedge natural), que muitas vezes é a
saída para empresas que têm restrições orçamentárias ou não têm know-how com a
utilização de instrumentos derivativos.
O próximo capitulo vai explorar como deve ser feita uma boa estratégia de hedge,
fazendo um estudo de caso de empresas reais.
52
Cap.4 - Política de Hedge: Planejamento e Execução
Este capítulo tem como objetivo explicar a política de hedge das empresas. Para
isso, inicialmente será explicitado todas as etapas de planejamento e execução de
uma estratégia de hedge, para depois analisar um estudo de caso com um exemplo
real da estratégia de hedge da companhia sucroalcooleira Cosan.
53
4.1 - Planejamento e Execução
O primeiro passo para o gerenciamento de risco é que este deve estar alinhado com
os objetivos estratégicos mais amplos, que orientam como a organização deverá
trabalhar para criar valor a todos que investiram na organização (stakeho/ders).
Assim, deve ser feita pela corporação uma definição do penfil de riscos. O perfil de
riscos significa em quanta exposição ao risco se aceita incorrer, o que envolve tanto
o nível de apetite quanto o de tolerância a riscos. Este papel é feito pelo conselho
de administração que, por sua vez, reflete a posição dos acionistas. (IBGC, 2007)
Segundo Mark et a/. (2004) é necessário que a empresa tenha, claramente, os seus
objetivos em termos de risco e retorno. Além disso, metas claras e totalmente
analisadas e aceitas pela diretoria, fazem com que o conjunto de riscos escolhido
para ser mitigado traga beneficios previamente estabelecidos e conhecidos pela
diretoria à empresa.
54
Depois de listados os riscos, eles devem ser classificados em categorias simples,
que permitam maior facilidade na hora de gerenciá-lo; etapa importante para a
determinação das medidas a tomar para cada um deles. (Damoradan, 2008)
Outro fator importante que deve ser esclarecido numa política de hedge é o prazo
para os objetivos estabelecidos. O hedge vai ser planejado até o final do semestre
ou até o final do ano? Ou ainda, para os próximos dois anos? É importante lembrar
que o hedge de uma transação futura esperada via contrato de opção a longo prazo
ou de futuros tem implicações contábeis e tributárias. (Wu, 2005)
Por último pode haver também uma exposição tributária, resultante do impacto dos
tributos a serem pagos nos resultados da empresa. Para mitigar essa exposição a
empresa deve investir na qualificação de especialistas, buscando obter vantagens
ficais, mas respeitando os padrões da legalidade e da ética.
A integração das visões das diversas exposições e dos riscos a que uma empresa
está exposta, delimita qual estratégia de hedge deve ser implementada e qual o tipo
de hedge ou instrumento deve ser escolhido. (Rocha, 2007)
Depois que os objetivos forem estabelecidos e a natureza geral dos riscos a ser
gerenciados for definida, é necessário procurar associações dos riscos mapeados
em relação aos ativos ou passivos da empresa.
Para se definir qual o tratamento que será dado a determinado risco, o primeiro
passo consiste em determinar o seu efeito potencial, ou seja, o grau de exposição
da organização àquele risco. Esse grau leva em consideração pelo menos dois
aspectos: a probabilidade de ocorrência e o seu impacto (em geral medido pelo
impacto no desempenho econômico-financeiro do periodo). (IBGC, 2007)
No entanto, para fazer essa mensuração, é preciso primeiro decidir o que é afetado
pelos riscos. O impacto mais simples de se identificar é o impacto sobre os lucros.
Em um nível mais amplo, pode-se tentar capturar o impacto dos riscos sobre o valor
da empresa, entretanto o primeiro modo é o mais utilizado pela maior facilidade de
obtenção de dados. (Damoradan, 2008)
56
O mesmo tipo de mapeamento pode ser aplicado a outros fatores e posições de
risco, começando com o risco de atividade da empresa, antes de chegar aos seus
riscos de mercado e de crédito, passando também pelo risco operacional. (Wu,
2007)
A modelagem passa pela identificação detalhada de cada um dos fatores que afeta
as transações e indicadores de desempenho da organização, incluindo todos os
tipos de riscos identificados, e pela determinação da dinâmica de impacto de cada
uma das operações nas contas de resultados.
57
a identificação e o gerenciamento dos riscos integralmente, não apenas os riscos
isolados, mas também os riscos múltiplos e comuns a diferentes áreas.
Depois de identificar os fatores que tem maior impactam mais adversamente com os
objetivos da corporação e maior probabilidade de ocorrer, deve-se avaliar também o
custo da operação de hedge e os possíveis resultados gerados pela variação do
fator de risco. Muitas vezes não é possível se fazer hedge sobre todas as posições
de risco, o que obriga as empresas a escolherem aqueles que a auxiliam a atingir
seus objetivos.
Com relação a isso, Damoradan (2008) lembra que existem custos explícitos (hedge
com caixa) que reduzem os lucros do exercício (no momento) em que o instrumento
de proteção é adquirido (p. ex.: opções, seguros), e os custos implícitos (hedge sem
caixa) que manifestam-se somente nos lucros futuros, reduzindo os exercícios
subseqüentes (p. ex.: contratos futuros ou a termo).
Assim, têm-se uma medida dos impactos potenciais que permite aos gestores
identificar a relevância do hedge e os benefícios de uma ação defensiva.
(Mendonça, 2006)
Quanto à exposição a riscos, a empresa pode decidir por: evitar o risco, não se
evolvendo ou agindo de forma a se retirar de uma situação de risco; reter o risco,
mantendo o risco no nível atual de impacto e probabilidade, assumindo que as
possíveis perdas são toleráveis; reduzir o risco, tomando ações que minimizam a
probabilidade e/ou impacto dos riscos (p. ex: comprando parte de seus
componentes no mercado local); transferir e/ou compartilhar os riscos,
realizando atividades que visam reduzir o impacto e/ou a probabilidade de
ocorrência do risco através da transferência ou, em alguns casos, do
compartilhamento de uma parte do risco (via instrumentos de hedge); explorar o
risco, aumentando o grau de exposição ao risco na medida em que isso
proporciona vantagens competitivas à empresa. (IBGC, 2007)
Vale lembrar que é possível reduzir ou eliminar o risco por meio das escolhas de
investimento e financiamento, ou por meio de apólices de seguros, além da
utilização de derivativos. Nem todas as alternativas são executáveis ou econômicas
contra todos os tipos de risco, por isso, vale à pena fazer uma lista de todas as
alternativas disponíveis para cada um, facilitando a escolha da melhor dentre elas.
(Damoradan, 2008)
Em relação à estratégia adotada pela empresa. ela pode ser estática ou dinâmica.
Em uma estratégia estática, um instrumento de hedge é adquirido em relação a uma
posição de risco e mantido enquanto tal posição existir (via contratos futuros ou a
termo). Na estratégia dinâmica vai haver uma série contínua de negociações
utilizadas para a calibragem da combinação entre a exposição (se relaciona com a
variabilidade do objeto hedgeado) e posição do derivativo. Esta exige que o gestor
59
ajuste a posição dos derivativos diária ou semanalmente, aumentando ou reduzindo
a quantidade de contratos e, possivelmente, mudando para outros tipos. (Wu, 2005)
Outro aspecto que deve ser levado em consideração quando da escolha dos
instrumentos e da estratégia de hedge a ser adotada é o aspecto tributário.
Diferentes instrumentos derivativos possuem diferentes prazos de vencimento e
resultam em obrigações tributárias diferentes. Além disso, o tratamento tributário
difere de país para país.
Com relação a esse fato, Wu (2007) afirma que ao aceitar um porcentual da posição
de risco, a empresa se obriga a manter uma expertize em relação a esse risco que
está assumindo.
60
Além disso, cabe à empresa a monitoração continua das posições assumidas com
derivativos no caso do hedge dinâmico, pois ela deve avaliar constantemente suas
posições assumidas em relação às mudanças diárias e tendências que se revelam
no mercado, mudando de posições quando julgar necessário para que sua
estratégia de hedge seja efetiva de fato.
61
receber R$ 16,04 milhões e não R$ 14 milhões (caso o dólar caia a R$1 ,40, por
exemplo), pelos mesmos US$ 10 milhões. É um hedge de seus ativos. Caso o dólar
suba acima disso, chegue a R$ 2, não há problemas: a empresa deixa de ganhar,
mas não perde, pois recebeu todo os US$ 1o milhões que teria de pagar (para
receber a taxa de 1 ,604) ao banco. Não terá de comprar no mercado a R$ 2, pois já
obteve sua receita em dólar.
O caso recente de Sadia e Aracruz, que registraram altas perdas com derivativos,
exemplifica o que ocorreu com as empresas que utilizaram largamente instrumentos
target forward, e o efeito devastador que o uso especulativo de derivativos pode ter.
A tentação do ganho financeiro nessas empresas superou a mera busca pelo
equilibrio do lado operacional, num cenário que era considerado previsivel e,
portanto, uma oportunidade de lucro certo.
63
utilização dos target forwards praticamente dobrava a exposição dessas empresa à
flutuação do dólar.
Se sabiam que estavam expostas a um risco cambial gigante, por qual razão as
empresas vendiam as arriscadas opções de compra aos bancos acopladas com o
dólar a termo?
Primeiro, não acreditavam que o dólar fosse subir tanto no curto prazo de forma a
ultrapassar a cotação "targef' (alvo), no nosso caso os R$ 1,73. Depois, porque no
"target forward'' a empresa não apenas se protegia, mas também conseguia
ganhos.
O que se mostrava ser uma oportunidade de ganho fácil se revelou um grande erro,
quando finalmente em meados de julho de 2008 a crise subprime se deflagrava e o
real assumiu uma trajetória de desvalorização até o final do ano.
Neste mesmo mês, a Aracruz Celulose, que se envolveu num esquema parecido
com o da Sadia, divulgou um comunicado informando que a exposição da
companhia a instrumentos de derivativos foi "fortemente" afetada pelo dólar e que
contratou uma empresa especializada para verificar o tamanho do estrago, e seu
diretor financeiro pediu licença do cargo. (PortaiExame, 2008)
64
nacional fazia com que as vendas pagassem cada vez menos os custos. Desde que
começou a fazer esse tipo de operação, em 2004, a companhia ganhou com elas
R$ 630 milhões, o que equivale a mais de 13% do lucro liquido realizado até junho
de 2008, antes que esses contratos se transformassem na perda de R$ 1,9 bilhão,
já em outubro de 2008. (Estratégia e Mercado, 2008)
No exemplo da Sadia fica claro a falta de coerência das ações do setor financeiro da
empresa com o perfil de riscos a que a empresa poderia se submeter. Neste caso, a
falta de um controle mais efetivo por pare do Conselho de Administração colocou
em grande risco até mesmo a parte operacional da empresa, que poderia se ver
impedida de funcionar devido à falta de capital.
A Cosan teve sua fundação em 1936, com a construção da Usina Costa Pinto, em
Piracicaba (SP). A partir da década de 80 iniciou-se um processo de expansão
baseado principalmente em aquisição de empresas do setor. Recentemente, com a
aquisição dos ativos de distribuição de combustiveis e produção e distribuição de
lubrificantes da Essa no Brasil tornou-se a primeira empresa verticalizada do setor.
(Cosan, 2009)
65
Com suas vinte e três unidades, quatro refinarias e dois terminais portuários, a
Cosan é um dos maiores produtores e vendedores de açúcar e álcool do mundo. A
Companhia cultiva, colhe e processa a cana-de-açúcar - principal matéria-prima
utilizada na produção de açúcar e álcool. No exercício social de 2009, as vendas
líquidas totais consolidadas foram de R$6.270, 1 milhões e EBITDA de R$718,0
milhões. (Cosan, 2009)
A Cosan também aponta que essa mesma desvalorização do dólar, que provocou
os efeitos não-caixa de variação sobre as dívidas, também provocou redução nas
67
receitas de exportações. No entanto, essa redução foi compensada pela estratégia
de hedge da companhia, o que gerou ganhos financeiros com derivativos cambiais
no montante de R$ 289,2 milhões no decorrer do trimestre. (O Globo, 2009)
68
a) Identificação dos riscos
Taxa de juros: A maior parte do endividamento da companhia foi emitida a uma taxa
de juros pré-fixada, composta por Senior Notes, um título de dívida de longo prazo,
com vencimento em 2017, portanto a Cosan tem baixa exposição ao risco da taxa
de juros nesta parte do passivo. O resto de sua dívida é, majoritariamente, atrelado
ao CDI (Certificado de Depósitos lnterbancários) e à TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), esta última em contratos de financiamento obtidos junto ao BNDES.
69
líquida, afetando adversamente suas margens operacionais. Outra exposição à taxa
de câmbio se encontra no passivo da empresa, pois uma parte considerável da
dívida da companhia está denominada em dólares e, portanto, exposta ao risco das
flutuações cambias dólar/real.
70
remunerados à Taxa Referencial (TR). Atualmente, a empresa não tem operações
com derivativos buscando mitigar o risco de taxas de juros.
e) Monitoramento
Fica claro pela análise da estratégia de hedge da Cosan que é de suma importância
a presença de um conselho de administração competente e capaz de delinear
objetivos e metas claras a serem seguidos, além de um perfil de riscos aceitável e
compatível com as atividades da corporação. Dentre esses mecanismos, o
estabelecimento de sistemas de controle e a definição de limites de exposição se
fazem eficazes para atingir o objetivo da estratégia de hedge.
71
Cap. 5- Conclusões
Em primeiro lugar, é preciso que as empresas tenham claro que o risco é um fator
que oferece oportunidades ao mesmo tempo em que expõe a empresa a resultados
indesejáveis. Por isso, é fundamental que as corporações tenham claro quais são os
riscos que fazem parte de seu negócio, aqueles que às oferecem suas vantagens
competitivas, os quais possuem maior expertise em seu tratamento e que, portanto,
devem ser explorados ativamente pela empresa. Por outro lado, tão importante
quanto saber quais os riscos que devem ser explorados, é saber identificar que
existem outros riscos que também são inerentes às suas atividades (riscos de
mercado em sua maioria), mas que não são desejáveis, pois não representam
vantagens estratégicas ou oportunidades para a empresa, e que, portanto devem
ser mitigados via operações de hedge, seja pelo hedge natural ou utilizando
instrumentos financeiros.
Desse modo, a gestão de riscos tomada em seu modo mais amplo, não pode ser
equiparada a simples redução ou mitigação de riscos. Deve englobar também, quais
riscos devem ser explorados e qual a melhor maneira de fazê-lo.
Também foi visto que tais instrumentos financeiros são os chamados derivativos,
que permitem o gerenciamento de riscos de mercado, e se dividem em quatro tipos
principais: opções, contratos a termo, contratos futuros e swaps; além dos
derivativos exóticos que combinam mais de um tipo de derivativo em um único
instrumento. Tais instrumentos têm características distintas que os adéquam a
diferentes situações de risco, e podem ser negociados em ambientes de bolsa ou
em mercados de balcão. Além disso, esses papéis se constituem em instrumentos
altamente alavancados, e por isso também podem ser usados para especulação,
com alto potencial destrutivo, o que muitas vezes vem sendo associado
erroneamente à operações de hedge. É preciso então, desvincular a idéia do mau
uso dos derivativos para especulação, do conceito de gestão de riscos (hedge), pois
72
este tem papel fundamental para a longevidade da empresa, enquanto o outro tem
um potencial altamente destrutivo.
O conceito de hedge deixa claro esta confusão que normalmente é feita. Fazer
hedge significa controlar, limitar ou reduzir a exposição da empresa à volatilidade
dos preços ou flutuação de taxas utilizando derivativos ou outros instrumentos. É a
gestão de riscos no seu sentido mais estrito. Quando se faz hedge, portanto, a
empresa se trava numa posição, que considera suficiente para garantir sua
lucratividade média mínima, não havendo ganhos e nem perdas (a não ser o custo
de tais operações).
As principais razões para não se usar derivativos foram: pouca exposição financeira,
exposição gerenciada por outros meios (hedge natural), falta de conhecimento
sobre o uso de derivativos, além de preocupações de ordem tributária.
Como já foi exposto a grande gama de benefícios que se pode obter com o hedge,
cabe aqui então se chamar atenção para os principais problemas brasileiros que
vêm limitando o uso do hedge. Primeiro, é importante que o assunto seja
extensamente debatido e difundido entre gestores, e que se formem cada vez mais
técnicos especialistas no assunto, pois a falta de conhecimento sobre o tema limita
um grande número de empresas de obter os beneficios do uso do hedge. Segundo,
a questão do tratamento contábil dos instrumentos derivativos é pouca clara no
Brasil, o que também desestimula o seu uso. Por último, a alta incidência de
impostos sobre os mercados futuros e falta de regras mais específicas sobre o
tratamento tributário, também se mostra um empecilho ao uso de derivativos.
Como solução, regras contábeis mais claras e um sistema tributário que estimule a
utilização de derivativos visando o hedge, e desestimule a especulação, devem ser
analisadas e estipuladas pelas autoridades reguladoras, o que estimularia a gestão
de riscos com vistas à criação de valor.
74
hedge. Por último, o monitoramento das posições assumidas é de suma importância
para se obter uma estratégia de hedge efetiva.
Por último, os critérios de avaliação e remuneração dos gestores não podem ser
unicamente baseados no lucro. Critérios como esse estimulam a especulação com
os recursos da empresa, o que aumenta ainda mais sua exposição a riscos
indesejáveis. Dado que é fundamental para a perenidade das empresas uma gestão
efetiva dos riscos, tais critérios devem se embasar na redução da volatilidade dos
resultados quando comparados a um benchmark, e no desempenho alcançado
ajustado ao risco (lucro ajustado à volatilidade).
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