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Ano I

Num. 2 Práxis
Junho - 2006

Cor
Corrrente
Marxista
Revolucion ária
olucioná
do P-Sol

FRENTE CLASSISTA:
UM PASSO ADIANTE

Editorial 02 Frente Classista 08


MLST 03 Ataques São Paulo 10
Chile 03 Bolivia 12
CONAT 04 1 Venezuela 14
Conferencia P-SOL 06 Eleições 16
Práxis Editorial
Editorial

Vanguarda em marcha
O mês de junho chega trazendo construção de um perfil claro e dis- à esquerda de um setor, ainda que
com toda a força a questão das elei- tinto das demais centrais sindicais minoritário, de extrema importância,
ções de outubro, o que não significa existentes no Brasil, nesse sentido, visto que é com esse setor que de-
que não acontecerão greves e lutas nós de PRÁXIS nos pronunciamos vemos dialogar.
como as da SABESP, Saúde Esta- fortemente na necessidade do
CONAT se posicionar sobre o prin- Apesar de estarmos em minoria
dual em São Paulo ou ainda a da durante a Conferência, demos uma
Previdência Social, em nível nacio- cipal acontecimento do próximo pe-
ríodo: as eleições. Achamos um erro importante batalha no sentido de ter-
nal. A conjuntura atual está marcada mos um programa classista e de rup-
fundamentalmente pelo fato do go- gravíssimo, por parte do PSTU, se
negar a votar durante o Congresso tura. Infelizmente se votou um pro-
verno Lula ter conseguido fechar a grama de caráter democrático, que
crise do mensalão, mantido a esta- o apoio e chamado à conformação
da unidade dos trabalhadores e so- não faz a ponte entre as tarefas ime-
bilidade econômica, junto a isso po- diatas e transitórias, votamos con-
líticas de cunho compensatórias: cialistas nas eleições, que ao nosso
ver, se concretizava como uma fren- tra o programa sozinhos, achamos
bolsa escola, fome zero etc lhe ga- um erro a postura de camaradas,
rantem altos índices de popularida- te classista e socialista tendo Helo-
ísa Helena como presidente e Zé que mesmo se dizendo contrários,
de entre os setores mais marginali- se abstiveram.
zados. O governo e a burguesia têm Maria como vice, tendo ainda, um
conseguido até agora conter as con- programa de transição. Com tudo isso, o mais provável é
tradições macroeconômicas, ao Outra vitória importante foi a que apesar da expressiva votação
mesmo tempo em que o movimento aprovação na Conferência Nacio- de Heloísa Helena, Lula vá à ree-
de massas não tem conseguido sair nal do PSOL da Construção da Fren- leição, deixando para o próximo
às ruas com força. te Classista entre PSOL, PSTU e mandato os ataques à classe traba-
PCB para as eleições, em lhadora que não pôde realizar no pri-
Se junho trouxe as meiro mandato, devido
eleições, o mês de principalmente à crise
maio deixou duas im- do mensalão. Temos
portantes conquistas, que desde já, preparar
que embora sejam ao a resistência a mais
nível de vanguarda, esse ataque por parte
são de grande impor- do governo e dos pa-
tância: no terreno sin- trões.
dical a consolidação
da CONLUTAS Nesse sentido, nossa
como instrumento campanha eleitoral pre-
que possibilita a cisa estar a serviço des-
aglutinação dos sa resistência, temos
setores mais dinâmi- que ter um perfil de
cos da classe traba- classe - defendo as ban-
lhadora e da juventude brasileira. contraposição àqueles que defendi- deiras históricas do movimento, ao
Ao nosso ver a transformação ou am “ampliar” a aliança a partidos mesmo tempo em que precisamos
não da CONLUTAS em uma orga- não oriundos do mundo do trabalho, denunciar as intenções de Lula de
nização de massas dependerá do como PDT, PPS PV, expresso em realizar as contra-reformas traba-
desdobramento da luta de classe em artigo de jornais como Folha de São lhista, sindical e da educação, e não
si, insistimos que sem ascenso do Paulo pelo deputado federal Ivan ficarmos restritos a uma campanha
movimento dos trabalhadores será Valente, de nosso partido e perten- cujo eixo sejam as questões demo-
muito difícil avançar. Entretanto, a cente à APS. Os índices de inten- cráticas. Só assim poderemos dis-
direção da CONLUTAS, ou seja, o ção de voto na candidatura de He- putar a fundo a base operária que
PSTU, tem responsabilidade na loísa Helena são reflexo da ruptura ainda tem ilusões em Lula e no PT.
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Lutas - Movimento Práxis
LIBERDADE AOS PRESOS POLÍTICOS DO MLST

Como amplamente divulgado pela impren- de prioridade do governo, como pelo


sa na terça-feira dia 06 de junho, os atos posicionamento do legislativo e da justiça.
patrocinados pelo MLST (Movimento de Como socialistas revolucionários que so-
Libertação dos Sem Terra) levaram à pri- mos, não estamos no campo do pacifismo
são uma quantidade grande de integran- pequeno burguês que iguala a violência do
tes do movimento. No dia seguinte o Jor- oprimido à violência do opressor, entre um
nal Folha de São Paulo publicou um artigo e outro nos colocamos ao lado dos primei-
do Deputado, Presidente da Câmara e “co- ros. Fazemos a crítica como e entre com-
munista” Aldo Rebelo intitulado “Reagi em panheiros, para que possamos juntos avan-
respeito ao povo”. çar não só em relação à reforma agrária
Não se trata de apoiar a ação em si, rea- mas ao socialismo. Não podemos capitular
lizada pelo MLST, ao contrário achamos a classe media progressista que faz um si-
que a invasão da Câmara do jeito que foi nal de igual entre os lutadores sem terra e
realizada presta um dês-serviço tanto a a onda de violência que assolou São Paulo.
causa da Reforma Agrária como a luta Não titubeamos na defesa dos presos na
mais geral dos trabalhadores, ao mesmo ação, exigimos a imediata liberação de to-
tempo não podemos e não aceitamos a dos os presos e nos colocamos incondicio-
conclusão de que os integrantes do mo- nalmente na defesa da reforma agrária,
vimento seriam “marginais ou esse Congresso Nacional que absolveu os
baderneiros”, e que estes estariam reali- mensaleiros não tem autoridade moral para
zando um ataque a democracia em nos- mandar prender lutadores, os verdadeiros
so país. criminosos estão nos gabinetes do Con-
A equivocada ação do MLST não apaga o gresso, nos salões luxuosos da Esplanada
fato que a Reforma Agrária pouco avan- dos Ministérios e no Palácio do Planalto.
çou no Governo Lula seja pela total falta

CHILE

OS “PINGUINS” VÃO ÀS RUAS CONTRA O GOVERNO


“PARTICIPATIVO” DE BACHELET
Resultado da falência do diálogo entre go- demandas fossem atendidas. bular e participação expressiva no conselho
verno e estudantes secundaristas, o dia 30 As primeiras respostas do governo às reivin- formado para discutir a reforma educacio-
de maio, sacudiu o território chileno com o dicações estudantis foram à repressão vio- nal.
desenrolar da maior manifestação popular lenta às manifestações e a prisão de 730 Como disse Maria Jesús Sanhuela, líder es-
desde 1972. pessoas somente no dia 30/5 e mais 262 no tudantil de 16 anos, “neste momento so-
Seiscentas mil pessoas, entre estudantes, pais dia 5/6 e a tentativa de ver refluir o movi- mos quem tem mais força para pressionar o
e professores, deram início a “revolta dos mento com o passar do tempo, não acredi- governo. Há que ter gente na rua e força
pingüins” (uma referência ao uniforme tando na capacidade de mobilização dos midiática e nós temos. Em 2005, tínhamos
com gravata dos secundaristas), saindo às estudantes. 30 colégios na assembléia e este ano tive-
ruas em torno das reivindicações pelo passe Utilizando o método de ocupação das esco- mos 500. Cresceu nossa capacidade de or-
livre, pelo fim da lei de educação de Pinochet las, realizavam assembléias locais, onde ti- ganização. Lógico que depende das condi-
que municipalizou o ensino público e per- ravam delegados que enviavam às reuniões ções de poder nacional, mas não foi cen-
mite que cada colégio escolha o seu currí- da coordenação nacional. tral, foi fruto da militância. Agora, os estu-
culo escolar e pela igualdade de concorrên- Aos poucos Bachelet, foi cedendo, anunci- dantes estão conscientes de que a Loce [lei
cia no vestibular. Iniciado no dia 29, além ando um pacote de 31 bilhões de pesos (R$ de educação] é muito nefasta. Ter consci-
de passeatas, os estudantes permaneceram 131 milhões), mais a emissão de passe livre ência desse tipo de coisa é muito mais difícil
em estado de greve permanente ocupando para uso nos transporte público no período do que saber que a ditadura é um mal, que
as escolas em que estudam, até adia 9 de de aulas, com tarifa liberada para os setores está muito mais visível”, afirma a dirigente
junho quando lograram alcançar que suas de baixa renda; gratuidade no exame vesti- que se auto-intitula marxista-leninista.
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Práxis Sindical

ESPECIAL CONAT
O DEBATE
O ano eleitoral polarizou bastante o Congresso, foi de ção das teses antes do inicio da discussão nos grupos, o
fato o debate político central. Infelizmente o PSTU, (for- caderno de teses na verdade era um “emendário” pré-
ça hegemônica no congresso) e outros setores com peso definido pela coordenação, várias propostas aprovadas
no Congresso votaram na proposta de que a Conlutas nos grupos não foram encaminhadas para as plenárias
não tivesse posição frente às eleições de outubro. gerais... No entanto, a principal manobra política buro-
A divisão entre luta econômica e política só interessa à crática foi a de bloquear a construção coletiva de uma
burguesia. Parte fundamental da ideologia desta classe é resposta política para a realidade no próximo período
que os trabalhadores não podem em sua luta direta le- da luta de classes no Brasil. Para ser mais claro: todos
vantar questões que são “próprias” da esfera política e, sabem que o PSTU vinha colocando como condição
da mesma forma, na luta política não se deve utilizar os essencial para compor a frente classista nas próximas
métodos de luta da classe trabalhadora. Assim, fica esta- eleições o lugar de vide-presidente na “chapa”, mas o
belecido, nesta construção ideológica, que nas greves por PSOL antes do Congresso já havia indicado na reunião
melhores salários, melhores condições de trabalho, re- da sua direção nacional outro nome. Assim, um
dução da jornada de trabalho e etc., não se colocam posicionamento da Conlutas pela frente classista nas con-
questões ligadas à disputa pelo poder político e, por dições postas não interessava ao PSTU que estava em
outro lado, na luta política não se coloca a necessária plena campanha pela vice-presidência ou outras vanta-
transformação radical na ordem social e política. Desta gens na composição da frente. Desta forma, o não
forma, os sindicatos e as centrais sindicais ficam restri- posicionamento frente às eleições foi utilizado como
tos ao economicismo e a ação política parlamentar ao chantagem política. Resumindo: o PSTU prestou um
politicismo. desserviço para o avanço da consciência política dos
O Grupo Práxis defendeu que o Conat incorporasse trabalhadores quando impediu que o congresso se de-
dentre as suas campanhas a construção de uma Frente clarasse a favor da política de constituição de uma fren-
de Esquerda Classista e Socialista nas Lutas e nas Elei- te classista.
ções, composta pelo PSOL, PSTU e PCB além dos mo- No debate sobre a organização houve seis propostas:
vimentos sociais e que esta frente se materializasse com definir a Conlutas como uma fração revolucionária da
a candidatura de Heloisa Helena para presidente e Zé CUT; constituir a nova entidade com um caráter mais
Maria para vice. Para nós esta formulação responde a amplo, incorporando movimentos sociais, setores não-
necessária unidade dos trabalhadores, pois poderia con- organizados da classe trabalhadora e entidades do mo-
tribuir para que o movimento avançasse rumo à cons- vimento estudantil; definir a Conlutas como central de
trução da unidade política dos lutadores, tanto nas lutas trabalhadores; criar a Cocep (Central Operária, Cam-
como nas eleições. ponesa, Estudantil e Popular); definir uma central do
Mas o problema central não é de formulação, éna ver- tipo soviética; definir a Conlutas como central sindical.
dade de concepção política e metodológica. De forma A manutenção do caráter da CONLUTAS enquanto
escandalosa o PSTU e demais organizações com a mes- coordenação de movimentos foi um grande acerto a
ma posição utilizaram como argumento que a unidade nosso ver (posição aprovadas por mais de 90% dos
estaria ameaçada, com isso a Conlutas sai do seu I Con- presentes). Neste ponto se deu uma polêmica com cor-
gresso sem posição para uma questão política central rentes ultra-sectárias que defendiam que a CONLUTAS
nos próximos meses. È lógico que a formulação para o se formasse enquanto uma Central de tipo soviética, nada
próximo período deve ser alvo de discussões, votações mais fora do contexto e da atual fase de construção da
e acordos políticos entre os participantes, mas o funda- Conlutas.
mental era votar uma política que indicasse para a classe Sobre o ponto direção foram defendidas apenas duas
trabalhadora uma posição classista e socialista frente às propostas. Alguns companheiros defenderam que esse
próximas eleições. Assim, discordamos tanto da “ultra- Congresso deveria eleger uma direção, respeitando a
esquerda” que caracterizava a frente PSOL/PSTU/PCB proporcionalidade da votação. Entretanto, a proposta
como sendo uma frente popular, quanto com o setor aprovada foi a de que a Conlutas, nesse atual estágio,
que defendia que o Congresso chamasse o voto nulo. deveria ter na sua coordenação nacional representantes
Afirmamos que o problema deste posicionamento é de de cada entidade que a compõem. O entendimento foi
fundo metodológico. Durante todo Congresso foram o de que essa é a única proposta que garante uma real
utilizados métodos antidemocráticos na condução dos representação das minorias dentro da entidade.
debates. Se não vejamos: não foi permitida a apresenta- Posicionamento que nos parece o mais acertado.

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Sindical Práxis
ESPECIAL CONAT

UM AVANÇO NA REORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES


Com mais de 2500 delegados de todas as regiões do país se realizou em Sumaré, cidade localizada a aproximada-
mente 120 km de São Paulo, capital, o Conat (Congresso Nacional dos trabalhadores), organizado pela CONLUTAS.
O sentimento unânime dos delegados de diversos sindicatos, centros estudantis e movimentos sociais foi o de que
é necessário construir uma ferramenta de luta que possibilite resistir aos ataques do governo e da burguesia e que
contribua para o avanço da luta pelas bandeiras imediatas e históricas da classe trabalhadora, visto que CUT, UNE
e várias outras organizações do movimento social no Brasil foram totalmente incorporadas à governabilidade
burguesa.
Apesar do grande número de delegados, não podemos perder de vista que o Congresso demonstrou que a
CONLUTAS reflete o movimento de ruptura de um pequeno setor da classe trabalhadora. A ausência da repre-
sentação de setores chave da classe trabalhadora no Brasil salta aos olhos. A Conlutas configura-se como um
movimento com peso apenas no movimento estudantil e no funcionalismo público federal estadual. Do ponto de
vista político mais estratégico atrair para o movimento setores operários de massa é uma tarefa decisiva para o
próximo período.

O PROBLEMA DA REPRESENTAÇÃO

Como foi dito acima, o Congresso teve uma participação bastante ampla, com 2.729 delegados presentes e 235
observadores, além de mais de 200 convidados. Entretanto, o exame mais detalhado dos números demonstra que
ainda temos muito a avançar na implementação da CONLUTAS como verdadeira alternativa de luta dos traba-
lhadores e do povo explorado.
A composição do encontro pouco representou os setores operários e os grandes batalhões da classe trabalhadora.
A ampla maioria dos delegados oriundos de sindicatos representavam em sua maioria funcionários públicos que
embora importantes, são insuficientes para fazer avançar a luta do conjunto dos trabalhadores. Só para se ter uma
idéia, no ABC paulista, região de grande concentração industrial e berço do PT e da CUT, dos quase 100 delega-
dos eleitos mais da metade era de movimento de moradias e outros tantos representavam servidores públicos
federais, estaduais e municipais e uma minúscula parte representava setores produtivos.

AVANÇAR NA CONSTRUÇÃO DA CONLUTAS

Somente iniciamos o processo de do. Assim, ter política clara para rea- ples e outras, será uma prova de
construção, estamos longe de uma lizar ações conjuntas de todos os fogo para a CONLUTAS e para
organização com peso de massas. setores em ruptura com o governo todos os lutadores. O desenvolvi-
Neste sentido, a construção da é uma tarefa decisiva. mento de uma alternativa de orga-
CONLUTAS é um importante ins- O Congresso demonstrou que já nização massiva classista e indepen-
trumento de aglutinação dos lutado- demos os primeiros passos na cons- dente depende em grande medida
res no próximo período, o que não trução da CONLUTAS, porém da capacidade de mobilizar e dar
significa que devemos desconsiderar muitos outros ainda terão que ser respostas políticas para amplos
outras iniciativas de resistência pre- dados. O segundo semestre será um setores da classe trabalhadora. É
sentes na realidade brasileira. Para período de campanhas salariais de preciso desde já organizar de for-
nós, é fundamental a unidade entre diversas categorias importantes ma unificada as campanhas salari-
todos os lutadores do movimento como petroleiros, bancários e cor- ais, juntos seremos mais fortes. Não
social – única maneira de fazer fren- reios, de luta contra demissões nas podemos deixar para a CUT gover-
te aos desafios colocados para a clas- montadoras, luta contra a reforma nista e a Força Sindical patronal a
se trabalhadora no próximo perío- trabalhista embutida no super-sim- condução das campanhas.
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Práxis Vida Partidária
Partidária

Conferência do PSOL
Entre os dias 26 e 28 de Maio PSOL, nos orgulhamos de não até o momento tem servido à
se realizou em Brasília Iª Con- termos entrado pela porta dos luta dos trabalhadores. Se por
ferencia Nacional do PSOL, em fundos, nem realizamos subter- um lado não concordamos que
substituição ao Congresso Naci- fúgios, temos dedicado grande para sermos revolucionários
onal, contando com a presença parte de nosso esforço militante temos que ter a posição mais a
de aproximadamente 160 dele- à tarefa de construir e fazer esquerda, por outro lado igual-
gados eleitos, representando avançar nosso partido estamos mente não nos inserimos entre
todas as regiões do país. O de- entre aqueles que comungam aqueles que acreditam que a
bate se deu em torno de 3 pon- que a construção do PSOL foi melhor forma de construir o
tos principais: programa eleito- um grande acerto e que signifi- PSOL é faze-lo de forma
ral, tática de aliança e constru- cou um passo adiante na não acrítica. Infelizmente, em nosso
ção partidária. Na verdade dispersão das forças de esquer- partido tem se construído uma
como demonstrou o debate o da socialista em nosso país e ideologia de que a unidade se
único tema que verdadeiramen- mais ainda, que de forma faz escondendo as diferenças,
te foi objeto de disputa foi a objetiva tem possibilitado apre- tal posição vai contra toda a
política de alianças, que resul- sentar ao conjunto da vanguar- história do socialismo revoluci-
tou na constituição da Frente da que se enfrentou com Lula e onário, basta vermos a história
Classista e Socialista, objeto de o Governo uma alternativa à do partido bolchevique, onde os

outro artigo neste mesmo jornal. esquerda, aqueles que de forma debates e diferenças eram cons-
A militância partidária que por sectária não conseguem ver esse tantemente levados aos con-
mais de um ano esperou a reali- avanço, na maioria das vezes gressos partidários.
zação do I Congresso que pu- fazem o jogo do PT, de Lula e Base dispersa x Direção
desse resolver as debilidades e do Governo. O PSOL é parte Bonapartista
pressões a que estamos subme- de um fenômeno de reorganiza- Entre os graves problemas que
tidos teve que se contentar com ção por que passa a esquerda temos que enfrentar está à dis-
uma Conferência cujos debates em nível mundial e que em nos- persão de nossa base partidária.
já estavam “resolvidos”, ao nos- so sub-continente sul americano Até o momento não consegui-
so ver isso não contribui para tem entre outras expressões o mos organizar os diversos com-
fazer avançar o PSOL. PRS na Venezuela e o Instru- panheiros que vem rompendo
Acertos e Limites mento Político dos Trabalhado- com o PT, temos uma base
Práxis, desde o início está com- res na Bolívia e deve ser encara- atomizada, pouco politizada e
prometido com construção do do como um instrumento que ao mesmo tempo uma direção
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Vida Partidária
Partidária Práxis
que atua de forma bonapartista, com características reformistas o que poderia ter levado o pro-
onde os debates e diferenças composto pela APS e ENLA- grama à esquerda.
são resolvidas por cima, sem a CE, (expressou-se contra a ali- Nós de PRÁXIS temos insisti-
participação do conjunto dos ança com PSTU, pela ampliação do na necessidade de unificar o
militantes. A Conferência de- do espectro de aliança defen- conjunto da esquerda do partido
monstrou de forma cabal que dem um programa de caráter em um bloco político que possa
estamos a Kms de distância de democrático e popular cujo cen- contrapor as enormes pressões a
chegarmos a um partido com tro fosse a democratização do que estamos submetidos. O pro-
algum grau de organicidade. As Estado), esse setor conta com a cesso eleitoral pode servir para
plenárias que elegeram delega- maioria dos parlamentares do avançarmos rumo a tal bloco, se
dos a Conferência reuniram algo partido. No centro tivemos a formos capazes de cunhar um
em torno de 7000 militantes, presença do MES e do Poder programa para nossas candida-
muito longe dos números decla- Popular que como todo bloco turas de perfil à esquerda, de
rados pelo senso, sem falar em centrista vai de um lado ao ou- apoio as lutas dos trabalhadores
nosso cotidiano estado de falta tro da política, os companheiros e da juventude, um programa
de dinheiro, só para darmos um embora compartilhem a posição que articule as tarefas imediatas
exemplo, SP que
declarou no senso
1900 militantes,
reuniu pouco mais
de 600, e mesmo
tendo 12 vereado-
res e 2 Deputados
Federais, não con-
seguiu alugar um
ônibus para que os
delegados partici-
passem da Confe-
rência. Nosso parti-
do vive hoje uma
contradição perigo-
sa: um peso eleito-
ral e presença parla-
mentar despropor-
cional ao nosso
peso real orgânico,
aqui não cabe fazer
um discurso
antiparlamentar, ao contrário de democratização do Estado e históricas. Neste sentido te-
queremos ressaltar que se não votaram a favor da aliança com mos que defender: não paga-
nos construirmos na base dos o PSTU, verdade seja dita isso mento da divida externa com
movimentos estaremos constru- garantiu a vitória da Frente controle de capitais, reforma
indo um castelo de cartas que Classista. Infelizmente, a es- agrária sem indenização,
ao menor vento se vai ao chão. querda, embora com peso na reestatização das empresas
É preciso construir um bloco Conferência, não conseguiu se privatizadas, aumento de sa-
de esquerda socialista e revo- colocar de forma eficaz, tanto lário de acordo com o
lucionário os companheiros da CST, como DIEESE e redução da jorna-
Hoje no PSOL podemos dizer do CSol, por omissão não con- da de trabalho entre outras.
que existem dois blocos políti- seguiram unir o conjunto dos A serviço disso estaremos tra-
cos: um claramente à direita grupos e delegados da esquerda, balhando!!

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Práxis Eleitoral

FRENTE CLASSISTA: UM
PASSO ADIANTE...
Grande parte da vanguarda socialista acompanhou com interesse os debates ao redor da
construção de uma Frente Classista e Socialista que pudesse unificar o conjunto da
vanguarda, que no último período tem se enfrentado com o governo Lula e seus planos de
aprofundar as contra reformas neoliberais. Nós, de Práxis, desde o início da chamada crise
do mensalão, temos reiterado a necessidade de unir o conjunto da vanguarda nas lutas,
eleições sindicais e agora em que a eleição está na ordem do dia, também nesse terreno.
Nesse sentido, levantamos durante todo o período a necessidade de construirmos uma
verdadeira Frente Única que englobasse tanto os companheiros que se organizavam na
Assembléia Popular de Esquerda como na CONLUTAS.

O debate sobre a constituição da para o conjunto da vanguarda que Frente Classista ou


Frente Classista e Socialista ganhou vem rompendo com Lula e o PT, Frente Popular?
grande espaço na esquerda com uma alternativa unificada de es-
a aproximação das eleições de ou- querda e independente dos pa- Se por um lado tivemos que dar
tubro, qual seria a melhor política trões e do Estado, uma frente que uma batalha com setores que que-
dos socialistas revolucionários dian- apesar de suas limitações riam transforma a frente em um
te dessas eleições? programáticas, que explicaremos arremedo de frente policlassista,
Desde o interior de nosso partido mais abaixo, tem enorme valor por outro temos que enfrentar um
travamos uma batalha junto com educativo. A atual etapa da luta de setor da ultraesquerda, que com
outros camaradas e grupos, con- classe no Brasil, diferente de outros uma caracterização totalmente dis-
tra a real possibilidade de constru- países da América Latina, não con- tante da realidade, vem defenden-
ção de uma frente de caráter tou com Rebeliões Populares do o voto nulo com o discurso que
policlassista, que se expressava na como na Argentina, Bolívia, a frente PSOL, PSTU e PCB seria
posição da corrente APS e de seu Venezuela, isso faz com que a con- uma Frente Popular. Aqueles que
principal representante o deputa- juntura esteja profundamente defendem tal caracterização tem a
do federal Ivan Valente, que mes- mediada, o que por um lado expli- obrigação de explicar onde estão
mo depois da reunião da Direção ca os altos índices de intenção de colocadas as premissas da Frente
Nacional ter se pronunciado con- voto de Lula, podendo mesmo ga- Popular, repetem como papagaio
tra coligações com partidos bur- nhar ainda no primeiro turno. uma fraseologia totalmente
gueses e da base de sustentação deslocada da realidade tal como ela
do governo federal, deu entrevis- é, vale dizer que são esses mes-
ta em jornais defendendo uma co-
ligação com PDT, típico partido
burguês, fato que causou mal es-
tar entre os militantes do partido.
Para ser honesto, essa política de-
fendida mais explicitamente pela
APS e Ivan Valente também era,
com menos fervor, defendida por
outros setores mais à direita do
partido. A proibição de alianças
com partidos deste naipe foi uma
vitória da base do partido que se
insurgiu contra o ataque ao caráter
classista do partido.
A aprovação da aliança eleitoral en-
tre o PSOL, PSTU e PCB é de gran-
de importância, pois apresenta
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Eleitoral Práxis
mos que ainda hoje defendem que tinta. Lutamos pela constituição da isso, a candidatura de Heloisa He-
o governo Lula é um governo de Frente PSOL, PSTU e PCB e a sau- lena, em terceiro lugar nas inten-
Frente Popular, ora, cabe pergun- damos como uma vitória da van- ções de voto, contando com algo
tar quem são os setores burgue- guarda. Atuamos no PSOL desde em torno de 7% dos votos repre-
ses da frente: PSOL, PSTU ou PCB? seu início sem esconder ou esca- senta um setor de massa,
Lembremos que Trotsky quando motear seus limites e debilidades, minoritário que tem ido à esquer-
cunhou o termo de Frente Popu- e dentro dele damos uma batalha da.
lar, nos anos trinta do século pas- contra as grandes pressões a que Se é verdade que o PSOL é a ex-
sado, o fez para caracterizar um está submetido, nos orgulhamos pressão mais avançada do proces-
tipo específico de regime instável disso, não temos vergonha e não so de reorganização do ponto de
surgido como subpro-duto das sendo a principal expressão políti- vista político, não há a menor dú-
ações de massas, onde a burgue- ca de setores de vanguarda em vida que a CONLUTAS represen-
sia estava presente como sombra, ruptura com sua direção histórica, ta o mesmo no terreno sindical,
logo, para Trotsky, as frentes po- Lula e o PT, sendo esses setores nesse sentido a aliança PSOL e
pulares seriam a ante-sala da re- que hoje se encontram organiza- PSTU nas eleições tem também
volução ou da contra-revo- dos em seu interior, mais do que esse importante elemento, a uni-
lução. Aqui não cabem mei- dade desses dois
as palavras, apesar de importantes pro-
fraseologia de esquerda, cessos, uma vez
praticam uma política de di- que é incontestá-
reita, fragilizão a vanguarda, vel o fato de ser
dividem luta sindical de luta o PSTU o maior
política e fazem o jogo de impulsionador da
Lula e dos patrões. CONLUTAS e sua
Nós nos colocamos em uma direção.
perspectiva totalmente dis-

Limites do Programa
Como afirmamos acima, temos consciência de que o programa votado na Conferência está
muito aquém da real necessidade da classe trabalhadora, nesse sentido votamos sozinhos
contra o mesmo. O programa votado, em certa medida é contraditório com a composição
da Frente, uma vez que tem seu centro nas questões democráticas, que reconhecemos
importantes principalmente em um país extremamente autocrático como o Brasil, entretan-
to, as tarefas democráticas não podem estar desassociadas das tarefas propriamente socia-
listas, se quisermos estar à altura dos desafios que estão colocados precisamos apresentar
um programa diametralmente oposto, precisamos partir dos interesses imediatos da classe
trabalhadora e fazer uma ponte até as tarefas históricas. Após toda a experiência do PT não
podemos realizar mais uma divisão entre programa mínimo para o dia-a-dia e programa
máximo para os dias de festa. Reiteradas vezes apresentamos um programa alternativo, que
entre outras medidas colocasse claramente o não pagamento da dívida externa e o
controle de capitais; a reestatização das empresas privatizadas e sob o controle
dos trabalhadores; aumento de salários de acordo com o DIEESE e redução da
jornada de trabalho; aumento vertiginoso do investimento em saúde e educação;
e cancelamento das contra-reformas previdenciária e universitária.
MB
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Práxis Barbárie
A FACE OCULTA DO PROJETO NEO-LIBERAL
OS TRABALHADORES CERCADOS PELO CRIME
Coroamento trágico de um processo reação tardia a ação da Polícia paulista, e sacionalismo, dando espaços às mais
gerencial neo-liberal de 16 anos, os ata- que o PCC havia sido extinguido. estapafúrdias opiniões emitidas por em-
ques do Primeiro Comando da Capital – Enfim, enquanto o povo trabalhador fi- presários e socialites, que ao invés de es-
PCC – em São Paulo, colocaram o povo cava sem transporte em meio aos mais clarecer somente fizeram aumentar o cli-
trabalhador paulista em estado de enor- diversos boatos de toque de recolher, o ma de pânico e irracionalidade presente
me apreensão ao longo de 5 longos dias. governador Cláudio Lembo somente sa- no seio da população. Ao lado disso ju-
Refém das ordens e ações do crime orga- bia dizer que estava tudo sob controle, o ristas, jornalistas e políticos dos partidos
nizado por um lado e da violência policial que se deu tão somente após negociação burgueses, encenaram um debate em que
desmesurada de outro, assistimos a ata- entre a Polícia e o líder do PCC, Marcola. recuperaram a proposição de medidas de
ques a ônibus, bases policiais, viaturas, Mais do que nunca, a burguesia mostrou açodamento da lei no combate a
bancos, rebeliões em presídios e a morte a sua completa indiferença aos problemas criminalidade e em defesa da proprieda-
de civis (4), policiais (45) e de 115 suspei- da população trabalhadora, passando o de. Nesse sentido, as alterações legais pro-
tos de pertencerem ao PCC, 39 deles não tempo preocupada somente em discutir postas são sempre as mesmas: diminui-
pertencentes à organização e outros tan- quem era o maior culpado se o governo ção da idade de responsabilidade criminal
tos não identificados. Nos três dias que se federal ou o estadual, e como “combater de 18 para 16 anos; aumento dos efetivos
seguiram ao início dos ataques a ação da o crime nos limites da lei”, ou seja, como da polícia nos bairros de periferia; utiliza-
polícia incrementou o número de suspei- reforçar os instrumentos de repressão, in- ção de armamento automático por parte
tos mortos em confronto da média de vadindo bairros de periferia atacando dos policiais; aumento das penas e dimi-
quatro mortos por dia para trinta por dia, indiscriminadamente trabalhadores. No nuição de direitos dos presidiários;
atirando primeiro, perguntando de- parlamento, ao lado de ação do Senado criminalização das ocupações de terras e
pois. para aprovar a toque de caixa projetos de prédios públicos ou particulares; utiliza-
Tais números com- ção de forças fede-
paráveis ao dia a dia rais; relaxamento
do Iraque, apesar do da garantia de direi-
gigantismo, não tos individuais,
conseguem expres- para facilitação de
sar o sentimento de investigações e pri-
insegurança deixa- sões, entre outras.
ram à mostra a for- Todo este discurso
ma como as coisas da escondendo as re-
segurança são trata- ais causas do au-
das, e a similitude mento da violência
com as da crise em urbana, visa clara-
que chafurda o go- mente aumentar
verno Lula, sua base os instrumentos
de apoio e agora, com de coerção sobre as
o escândalo das am- camadas mais po-
bulâncias, o duo bres da população
PSDB/PFL. atendendo aos
Na tentativa de não anseios da classe
prejudicar a campanha eleitoral à presidên- lei endurecendo, principalmente, a legisla- dominante e cooptar para o seu campo de
cia do ex-governador Alckmin, a Polícia ção carcerária, os componentes da Câmara discussão os assustados setores das clas-
Civil, sabendo a algumas semanas da pos- já anunciavam que a próxima campanha ses médias.
sibilidade de ataques do PCC para o dia eleitoral terá como ponto principal a se- O que não se discutiu, foi o quanto a po-
das mães, tentou “esconder” o problema gurança. lítica neo-liberal de aumento da miséria e
com a transferência de 765 presos para A busca por respostas retirada dos direitos dos trabalhadores é
presídios de segurança máxima. Em reação Evidentemente, os momentos imediatos responsável pelo aumento da violência, e
a isso, e sabedores do plano através da ao choque provocado pela ação do PCC, principalmente o quanto é conivente com
compra de uma gravação de pronuncia- trouxeram ao palco as mais diversas ma- a existência desses grupos criminosos. Li-
mento secreto na Câmara federal do De- nifestações de todos os setores organiza- gados ao narcotráfico, tais grupos, corrom-
legado Geral de Polícia de São Paulo, o dos da sociedade, todas elas indignadas pem funcionários dos poderes legislativo,
PCC, reagiu executando de maneira con- com a impotência do Estado e exigindo executivo e judiciário.
tundente o ensaio que fizera anos antes. ações imediatas no âmbito do judiciário, Mais do que isso, o sistema burguês per-
À época o então governador Geraldo legislativo e do executivo. mite que tais criminosos assumam o pa-
Alckmin decretava que aquilo era uma A imprensa burguesa se refastelou no sen- pel de “benfeitores” de comunidades in-

10
Barbárie Práxis
teiras, substituindo o Estado, mantendo- va uma grande apatia. Ao lado de conclu- pliando a base de apoio a um projeto de
as isoladas e usando-as como escudos de sões acertadas, localizando as causas do reformas, através das eleições, é que pode-
segurança dos chefes do tráfico. Se de um problema na política aplicada pelos go- remos nos tornar referência de esquerda.
lado o falso moralismo das elites lhes faz vernos federal e estadual e na impunida- É verdade que a urgência de respostas exi-
declarar repugnância por essa ação da de, quando se trata de ações contra os pos- ge a apresentação de medidas de eficácia
criminalidade, de outro, seus interesses fa- suidores de grandes capitais, demonstra- imediata, no entanto, soluções do tipo:
zem com que fechem os olhos unificação das polícias ci-
para a ação de grupos policiais vil e militar; utilização de
de extermínio, que percorrem as monitoramento tecnoló-
periferias assassinando “suspei- gico nos presídios;
tos” e promovendo chacinas. monitoramento e contro-
Afinal, o fim precípuo do siste- le de todas as fronteiras e
ma repressor é a defesa da pro- identificação de simbiose
priedade e, por conseguinte, do com outras ati-vidades ile-
lucro e não da classe trabalhado- gais; re-estruturação e mu-
ra. danças de método de
Permite-se também que crimi- atuação do aparelho re-
nosos apresentem uma face le- pressivo do estado, são
gal assumindo setores inteiros importantes, mas, não são
da economia, como o da máfia suficientes. Como ficou
das cooperativas de ônibus al- claro, o crime organizado
ternativo e os de “investimen- é somente mais um tipo
to” em casas de bingo. Ao lado de negócio dentro do sis-
desses negócios os menores de tema capitalista, e portan-
rua são usados como “mulas” e to, não se resolve com al-
iniciados na rotina do tráfico e da prosti- va, também, um enorme desalento com a terações por dentro do sistema, ou seja,
tuição, que atende aos filhos das “famílias degeneração da vida, mas sem enxergar da ditadura do capital.
de bem” da elite nacional. Enquanto isso, numa ação própria de tomar as ruas e pro- Apesar da pressão para que nos apresse-
os jovens trabalhadores inapelavelmente mover as mudanças algo possível de ser mos a dar respostas às necessidades ur-
encarcerados por pequenos furtos, são realizada. gentes da classe trabalhadora e do povo
obrigados a escolher esta ou aquela facção Repetindo a mesma falta de mobilização oprimido, a realidade exige dos lutadores
criminosa para se alistar, se quiserem se observada durante a crise do mensalação, conseqüentes da esquerda, a unidade de
manter vivos dentro dos presídios. o trabalhador, mesmo agora num ataque ação e luta junto aos setores avançados da
Além das soluções físicas do aumento do mais direto a seus direitos, se encolheu. classe trabalhadora, com uma agenda de
número de cadeias; das mudanças legais; Mais uma vez ficou demonstrada a ur- encontros e manifestações capazes de mo-
da perpetração de slogans tais como “ban- gência de uma unidade de todos os luta- vimentar a classe na construção de um pro-
dido bom é bandido morto”, a classe dores de esquerda realmente comprome- grama conseqüente de transição e ruptura
dominante apresenta, através de ong’s e tida em resgatar os grandes momentos com o capital.
algumas ações governamentais, a propos- de luta da massa trabalhadora. Não cabe É preciso resgatar a combatividade da clas-
ta de educação das classes baixas para o mais tergiversação: na estratégia da luta se trabalhadora, liberá-la do peleguismo e
planejamento familiar, debitando a misé- pelo socialismo, o aspecto mais impor- lançá-la às ruas, que é onde realmente se
ria e a falta de emprego à “ignorância” do tante a ser tratado neste momento é a consegue as mudanças e a reconquista de
povo pobre em não controlar o aumento correta delimitação dos campos entre os direitos. É necessário que a frente classista
da natalidade. que defendem os reais interesses da classe montada para as eleições, suplante este es-
Acuado pelo desemprego e pela violência, e aqueles que acreditam que somente am- tágio, e agindo de maneira unitária, princi-
o povo trabalhador - com a palmente entre a juventu-
pressão ideológica imposta de trabalhadora e oprimi-
pelos meios de comunicação - da, aponte onde estão os
no desespero, acaba assumin- verdadeiros problemas,
do o discurso da classe domi- desmistifique a polarização
nante e de uma maneira con- PT/PSDB, inverta a atual
traditória volta-se contra si correlação da luta de classes
mesmo. e crie as condições para que
O desânimo da Classe tra- batalhões de trabalhadores
balhadora e a necessidade de em marcha derrotem o
ação unitária da esquerda banditismo capitalista seja
Passados os momentos mais de que tipo for.
difíceis, o povo trabalhador
mostrava mais do que inse-
gurança e insatisfação: mostra- Zé Roberto

11
Práxis Internacional
Bolívia:

Renegociação de contratos sem expropriação


A conjuntura internacional, num momento de clara debilidade do imperialismo norte-americano,
tem acrescido ao lodaçal do Iraque diversas situações existentes pelo mundo, tais como o
projeto nuclear do governo do Irã e o comportamento com características independentes do
governo Chaves e das medidas adotadas por Evo Morales, que apesar das limitações que
desenvolveremos mais abaixo, implica em virar o tabuleiro a respeito das regras do jogo que
haviam sido estabelecidas no apogeu do neoliberalismo puro e duro dos anos 90.

Tomando em conta a situação Baixo as pressões populares e pensão e empresas privadas de


regional, vivemos na América sintomas de crise de governo, aposentadoria.
Latina um momento de mudan- Evo se viu obrigado a promulgar No plano imediato, a
ça de proporções no ciclo de um decreto “nacionalizador”, po- renegociação dos contratos diz
rebeliões iniciadas no início do rém, as medidas tem alcance respeito aos dois campos petro-
século XXI, visto que no atual bastante limitado e seu efeito líferos mais importantes, San
momento o questionamento po- principal é o de renegociar con- Alberto e San Albano, ambos
pular ao “neoliberalismo” e a de- tratos com as multinacionais do pertencentes a Petrobrás, que
mocracia dos ricos têm adquiri- setor, entre elas a Petrobrás, transitoriamente e por 180 dias
do uma força antes não vista em aumentando o seu retorno de deverá entregar 82% da produ-
diversos países do continente. E renda dos atuais US$ 300 mi- ção ao Estado. No resto dos
é essa realidade que deve ser- lhões para algo em torno de US$ campos, o lucro continuará a
vir de base de análise da situa- 1 bilhão. No que tange a proprie- ser distribuído de acordo com a
ção particular do governo de dade, o decreto busca que o Lei dos Hidrocarbonetos votada
frente popular de Evo Morales, Estado Boliviano passe a formar pelo congresso em 2005. Ou
em relação ao seu ato de 1º de parte das empresas hidrocar- seja, somente ao final das ne-
Maio. Sem outubro de 2003 e as boníferas, que assumem um gociações saberemos o verda-
jornadas revolucionárias de caráter misto com capitais im- deiro alcance do decreto de “na-
maio-junho de 2005, não se pode perialistas, cumprindo um papel cionalização” de Evo Morales.
entender a iniciativa da “nacio- regulador e de controle, através De qualquer modo, analistas
nalização” dos hidrocarburos , da recuperação de títulos de pro- apontam que por mais duros
apresentada de maneira mais priedade “populares” anterior- que sejam as multinacionais,
radicalizada que o esperado. mente repassados a fundos de como no caso Venezuelano das
concessões da PDVSA,
poderão seguir fazendo
excelentes negócios, sem
grandes escoriações ao
regime de altos lucros.
Em primeiro lugar, o anun-
cio de que se estaria dian-
te “ da terceira e definitiva
nacionalização dos
hidrocarbonetos na Bolí-
via”, como afirmou Evo,
não passa de uma bravata
– as nacionalizações ante-
riores (1937 e 1969) foram
nacionalizações capitalis-
tas com indenização – pois
não determina indeni-
zações, mas também não
executa a expropriação e

12
Internacional Práxis
muito menos passa as empre- 3) transferir ao Estado a total exploração de seus próprios re-
sas ao controle dos trabalhado- atividade de exploração. Como cursos, mesmo naquilo que a
res, se constituindo pois numa salta aos olhos, isto é precisa- “radicalidade” do projeto tem pro-
manobra política, uma farsa di- mente o que NÃO ocorre com o vocado de embate com os inte-
ante das reivindicações e qua- decreto de Morales. resses capitalistas e imperialis-
se 100 mortes de outubro de Para além do aumento de ingres- tas. Entre a nação oprimida e
2003. Como bem afirma a atual sos, diga-se importantes, para o os opressores, estamos com
direção da COB, este decreto “ Estado boliviano, bem como o os oprimidos!!!
vem legalizar ou relegitimar as decreto expressar , a bem da ver- Assumimos esta posição políti-
explorações imperialistas” pela dade de maneira distorcida, a ca no marco de que não se
via das empresas de caráter pressão popular, é necessário deve confiar no governo
misto. afirmar os seus limites, o seu Morales, que apesar das me-
Em segundo lugar, está claro caráter inconseqüente e ,como didas que tem tomado conti-
que quem passa a controlar o vimos, a manobra política conti- nua sendo limitado e burgu-
recurso é o Estado capitalista da em si, que afasta o trabalha- ês, embora “atípico”.
boliviano e não os trabalhadores. dor da possibilidade de gerir e ad- Ao contrário, sustentamos que
Atitudes midiáticas de colocação ministrar o que é seu, não expro- para poder resolver de maneira
de tropas ocupando os campos, pria e não nacionaliza, apenas conseqüente tarefa como: pro-
apesar do impacto de soberania, negocia com as multinacionais priedade do gás, Assembléia
na verdade, chama o povo boli- ao invés de expulsa-las. Constituinte, liquidação do Es-
viano a apoiar passivamente as Nesses marcos, a posição dos tado racista, se deverá avançar
medidas da frente popular, ex- socialistas revolucionários dian- na experiência e ruptura com o
cluindo a participação ativa dos te da “nacionalização” de Evo Governo de Evo, na construção
trabalhadores, mantendo em se- Morales deve ser clara e cate- de um Instrumento Político dos
gurança nas mãos do Estado górica: a gestão e administra- Trabalhadores e de colocar de
Boliviano, uma parte importantís- ção operária são a única ga- pé uma Assembléia Nacional
sima dos recursos, que se rantia contra novas negocia- Popular e Originária. Que deve
dilapidará rapidamente. ções que estão pela frente. ter a perspectiva de um auten-
Não pode haver desenvolvimen- Não podemos pois dar nosso tico governo operário, ori-
to conseqüente das forças pro- apoio político ao decreto de Evo, ginário, camponês e popu-
dutivas do país tendo um gover- por tudo o que já foi demonstra- lar, superando a farsa que
no frente populista na cabeça do do, se não for garantido totalmen- representa o atual governo
Estado burguês, em associação te ao povo boliviano o direito in- de frente popular e sua
com as multinacionais, mesmo condicional de fixar os termos da constituinte.
que em novas condições.
Ainda mais que não se tra-
ta de qualquer Estado ca-
pitalista, se não de um Es-
tado capitalista semi-colo-
nial caracterizado dos pés
a cabeça pela compra e
venda de favores.
Se tomarmos tão somen-
te os pontos de vista jurí-
dico da legislação bolivia-
na, o decreto de “naciona-
lização” deveria estabele-
cer: 1) a subtração da
possibilidade de explora-
ção dos recursos naturais
pela iniciativa privada; 2)
passar ao domínio do es-
tado todos os bens com
que os empresários exe-
cutaram a sua atividade, e
13
Práxis Debate

Frente Única Antiimperialista


ou independência de classe?
O presente texto é continuação de um artigo publicado no site socialismo-o-barbarie.org

Como já tem ocorrido outras vezes exigem é uma estratégia de apoio trotskismo, justificaram capitulações
na história do movimento trotskista, político às medidas que o mesmo tremendas como no caso do POR
a via da capitulação se pavimenta com venha a tomar caso se considere que na Bolívia durante a revolução de
a “tática” de Frente Única estas medidas sejam “progressistas”. 1952.
Antiimperialista (FUA). Os compa- Ou seja, exigem dos socialistas revo- Sabendo destes graves antecedentes,
nheiros do MES sustentam que nas lucionários uma capitulação total, os companheiros de MES tentam
atuais condições de enfrentamento uma rendição incondicional frente ao “justificar teoricamente” a passagem
com o imperialismo, alguns dos no- Governo de Chaves, como a ‘me- de armas e bagagens e esta estraté-
vos governos da América Latina, lhor ou única “maneira de construir gia: “Nós revolucionários latino-america-
sobretudo no caso Chaves, o que se a organização revolucionária” tam- nos formados no trotskismo, temos aborda-
impõe é “não ser sectário” e traba- bém na própria Venezuela’ ao mes- do historicamente as tarefas antiimperialistas
lhar com a política de FUA. mo tempo em que se critica a direita com eixos claros que nos diferenciaram das
Os companheiros do MES colocam: do Partido Revolução e Socialismo. correntes que defendiam a revolução por etapa
“A situação latino-americana nos põem ques- O que temos visto no passado como (...). Sustentávamos e sustentamos que as
tões e novos processos que devemos
abordar de nosso ponto de vista soci-
alista e revolucionário. Com relação à
Venezuela a política é só defender o
país frente ao imperialismo, ou tam-
bém apoiamos a ALBA contra a
ALCA e as medidas de integração
latino-americana” (revista movi-
mento 12, pg 17). Ao que se
agrega: “isso exige dos revolucioná-
rios latino-americanos, uma política
audaz, uma política de apoio a
ALBA, as medidas progressistas do
governo venezuelano e ao mesmo tem-
po a defesa da nação venezuelana fren-
te ao imperialismo. Não se trata só
de um apoio circunstancial; para o
imperialismo a derrota do processo
bolivariano é uma questão estratégi-
ca. Ser parte dessa frente é a melhor
– ou a única – maneira de construir
a organização socialista, revolucioná-
ria independente também na própria tragédia pretende-se reeditar agora tarefas democráticas e antiimperialistas são
Venezuela”. (R.M. 12, pg. 18) como farsa. A orientação de “apoio tarefas que a burguesia não pode resolver
Os companheiros sustentam a tese às medidas progressistas” de um de- até o fim (...) que a classe trabalhadora (...)
de que não se trata somente da “defe- terminado governo burguês e a apli- que pode levar adiante um enfrentamento
sa da nação venezuelana frente ao imperia- cação desta “tática” de FUA, con- conseqüente com o imperialismo e fazer uma
lismo”, o que estamos incondicional- vertida em estratégia, levaram uma ponte com as tarefas conseqüentes”. (RM
mente a favor, ou a defesa circuns- após outra toda uma história de ca- 12 pg 17-18) Até aqui os companhei-
tancial do próprio governo Chaves pitulação a governos inimigos da ros se mantém no terreno do mar-
ante a qualquer nova tentativa golpista classe trabalhadora. Em nome desta xismo revolucionário. O problema
ou ataque do imperialismo, defesa orientação, o stalinismo e lamentavel- vem imediatamente depois: “Entre-
que igualmente sustentamos. O que mente várias correntes do tanto, vivemos situações onde governos bur-

14
Debate Práxis
gueses ou pequenos burgueses mantiveram opostas a do camarada Pedro. às medidas progressistas” de um go-
importantes embates com o imperialismo e “Uma das expressões específicas mais im- verno burguês, ainda que anormal,
em determinado momento desempenharam portantes da teoria dos campos burgueses como o caso de Chaves. Isto é cri-
um papel progressista. Trotsky apoiava en- progressivos foi formulada pela própria In- me que lesa o socialismo revolucio-
tusiasticamente a nacionalização do petró- ternacional Comunista: a Frente Única nário, lesa o trotskismo e inclusive a
leo realizada pelo governo Lázaro Antiimperialista. Posteriormente, esta teo- melhor tradição da corrente
Cárdenas.” (RM12, p 18) Avança com ria foi desenvolvida de maneira oportunista morenista.
as Teses do Oriente da III Internaci- por Stalin e Mao e pelas correntes Moreno também se refere explicita-
onal que “é indispensável forçar os revisionistas do marxismo e do trotskismo mente ao tema: “A pergunta é: é possível
partidos burgueses nacionalistas a (...). O conteúdo principal dessa teoria pode apoiar aos passos medidas progressistas de
adotar a maior parte possível deste sintetizar-se assim: o eixo estratégico do par- um governo burguês e não apoiar o dito
programa agrário e nacionalista”. tido revolucionário nos países atrasados é a governo? Nós acreditamos com Trotsky, que
(RM 12, pg 18) conformação de uma frente única não apoiar os “passos e medidas” de um
Estas definições concentram vários antiimperialista com a burguesia nacional governo burguês é solidarizar-se politicamen-
problemas, uma não menor é que en- (...). O eixo da política (...) não é lograr a te com o mesmo (...). Quanto aos “passos ou
tre outras tantas se leva a cabo uma independência de classe do proletariado e, medidas” jamais os apoiamos, porém te-
estratégia completamente incongru- nesse marco, estudar a conveniência tática mos a obrigação de utilizar-los, qualquer
ente com nossa perspectiva socialis- de fazer tal ou qual acordo limitado e cir- que seja o caráter do governo burguês que
ta geral. cunstancial com algum setor da burguesia”. os outorgue(...). Como marxistas revolucio-
Por um lado, já temos deixado assi- (N. Moreno, La traición de la OCI, cap. nários, não podemos julgar cada medida de
nalado que a estratégia “etapista” para 3)”. um governo por separado: está é boa eu
o Oriente e o mundo semicolonial Parece escrito para as polêmicas de apoio; está é má, a rechaço, ao contrário
foi deixada de lado pelos revolucio- hoje. Porque precisamente o compa- temos que nos prender a sua política de con-
junto. Se um governo é burguês (...) tam-
bém são todas as suas medidas, por mais
progressista que pareçam. Em síntese, jul-
gamos cada medida de um governo no mar-
co de sua política geral e em relação à luta
de classes, jamais isoladamente (...). Nada
disto significa que não lutaremos por medi-
das progressistas, porém entendendo sempre
que essas são um subproduto da mobilização
revolucionária da classe trabalhadora”. (N.
Moreno, cit. Cap 11).
Em síntese, o “apoio às medidas pro-
gressistas” e a “frente única
antiimperialista” com o governo
chavista são um desastre político que
só pode operar como subterfúgio,
servindo ao próprio Chaves, cotidi-
anamente, de álibi, frente ao caráter
de classe burguês de seu governo. O
que está colocada é outra coisa: uma
nários a partir da experiência da se- nheiro Pedro Fuentes levanta o dedo estratégia intransigente de indepen-
gunda revolução chinesa (1925-1927) acusador contra os que sustentam a dência política de classe, e nesse mar-
e a formulação final das Teses da Re- frente única só “circunstancialmente” co é uma obrigação a defesa, incon-
volução Permanente. em caso de ataque golpista ou mili- dicional, porém “circunstancial” do
Neste mesmo sentido, existe um va- tar ao governo Chaves. Isso é assim governo de Chaves frente a qualquer
lioso e educativo texto de Nahuel porque para Pedro “o permanente, embate militar ou golpista do impe-
Moreno que, obviamente o camara- o estratégico” é o acordo, ou a fren- rialismo.
da Pedro Fuentes não desconhece: te única antiimperialista com o
A traição da OCI, referindo-se a capi- chavismo, e não “construir a inde-
tulação dessa organização trotskista pendência de classe do proletariado”.
francesa ao governo de Miterrand O mesmo cabe a respeito da total-
em 1981. Ali se sustentam posições mente oportunista política de “apoio Roberto Saens
15
Práxis
Impulsionemos Candidaturas Socialistas
e Revolucionárias

Toninho – Pré-candidato Deputado Federal São Paulo Mara – Pré-candidata Deputada Estadual São Paulo

Estamos agora na fase de escolha dos candidatos às eleições proporcionais, deputados federais e estaduais, Práxis
está comprometido com o lançamento, apoio e organização de candidaturas na maior parte de lugares quanto
possíveis, temos que construir um perfil distinto dos candidatos dos setores à direita do partido. Queremos cons-
truir um perfil de esquerda, anti-regime, proletário, anticapitalista, ou seja, socialista, precisamos dizer em alto e
bom som que as eleições são importantes, mas que só a luta muda à vida, que não basta eleger esse ou aquele can-
didato, temos que nos auto-organizar e sair às ruas. Outra característica que temos que ter é de colocar a candidatu-
ra a serviço das lutas que venham a surgir durante a campanha, divulgando nos programas de televisão e rádio,
dando todo o apoio. Defenderemos também o programa que explicitamos acima, só assim poderemos fazer
avançar a luta e a organização da classe trabalhadora.

Flávio – Pré-candidato Deputado Distrital Brasília Cláudio – Pré-candidato Deputado Estadual São Paulo
Plínio – Pré-candidato Governador São Paulo

Soma teu esforço à Construção do Práxis.

SP (11) 9485-2044 ABC (11) 7155-7371 Baixada Santista (11) 7811-5573


RJ (21) 9102-8382 MS (67) 9287- 8938

praxis_psol@yahoo.com.br www.grupopraxis.org www.socialismo-o-barbarie.org


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