Você está na página 1de 50

2008

Ergonomia Física aplicada ao


9º. Batalhão de Suprimento - EB

Leandro Bolzan de Rezende


Estudo de Caso
Campo Grande, MS
Sumário
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 2
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................................ 3
2.1. FATORES PESSOAIS ....................................................................................................................... 4
2.1.1. FATORES SENSORIAIS: VISÃO .................................................................................................... 4
2.1.2. FATORES SENSORIAIS: AUDIÇÃO ............................................................................................... 8
2.1.3. FATORES COGNITIVOS: ATENÇÃO ............................................................................................. 8
2.1.4. FATORES COGNITIVOS: PERCEPÇÃO ......................................................................................... 9
2.1.5. FATORES COGNITIVOS: MEMÓRIA .......................................................................................... 10
2.1.6. FATORES COGNITIVOS: DECISÃO ............................................................................................ 12
2.1.7. FATORES FÍSICOS: FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR ............................................................ 12
2.1.8. FATORES FÍSICOS: ANTROPOMETRIA ...................................................................................... 14
2.2. FATORES AMBIENTAIS ................................................................................................................ 15
2.2.1. FATORES AMBIENTAIS: ILUMINAÇÃO ..................................................................................... 15
2.2.2. FATORES AMBIENTAIS: TEMPERATURA .................................................................................. 17
2.2.3. FATORES AMBIENTAIS: RUÍDO ................................................................................................ 19
2.3. AMBIENTE DE TRABALHO IDEAL ................................................................................................ 20
2.3.1. CONDIÇÕES AMBIENTAIS ........................................................................................................ 21
2.3.2. POSIÇÃO PESSOAL DE CONFORTO .......................................................................................... 23
2.3.3. ORGANIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO ................................................................................. 25
2.3.3. PRECAUÇÕES GERAIS .............................................................................................................. 30
3 METODOLOGIA................................................................................................................................... 33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................................ 33
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 47
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 48

Página 1-49
ESTUDO DE CASO DE ERGONOMIA FÍSICA APLICADO AO 9° BATALHÃO DE
SUPRIMENTO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Leandro Bolzan de Rezende1

1. INTRODUÇÃO

O termo ergonomia é definido pelo dicionário Aurélio (ROADLINGUA, 2000) como o


“conjunto de estudos que visam à organização metódica do trabalho em função do fim
proposto e das relações entre o homem e a máquina”. A Associação Internacional de
Ergonomia (2000 apud WIKIPÉDIA, 2008, p. 1) define ergonomia como:
Disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre seres
humanos e outros elementos de um sistema, e também é a profissão que aplica
teoria, princípios, dados e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-estar
humano e o desempenho geral de um sistema.

A ergonomia tem como origem a obra “De Morbis Artificum” (doenças ocupacionais)
publicada em 1700 por Bernardino Ramazzini, médico italiano que viveu entre 1633 e 1714 e
que fora muito discriminado na época por fazer visitas aos locais de trabalho de seus
pacientes na busca por indícios para as causas de seus problemas.
O termo ergonomia, porém, surge somente em 1857 através de um artigo publicado
por Wojciech Jastrzebowski, tendo sua etimologia nas palavras gregas “ergon” (trabalho) e
“nomos” (lei natural).
As obras “Administração Científica” e “Estudos de Tempos e Movimentos” de
Frederick Winslow Taylor e Frank Bunker Gilbreth, respectivamente, contribuíram para o
aprimoramento dos estudos ergonômicos através da análise das ferramentas e métodos de
trabalho do homem.
A revolução industrial e a Segunda Guerra Mundial trouxeram grandes avanços
tecnológicos e consigo o aumento de máquinas e armas sofisticadas que demandavam

1
Acadêmico do Curso de Administração de Empresas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e
Especialista em Gerenciamento de Projetos (MBA Executivo) pela Universidade Gama Filho.
(lb_rezende@yahoo.com.br).
Página 2-49
muito mais atenção, tomada de decisões, análise situacional e coordenação entre mãos e
olhos.
O desenvolvimento moderno da ergonomia acontece a partir de 1949 com a criação
da primeira associação nacional de ergonomia, a Ergonomic Research Society, pelo inglês
K.F.H. Murrel. A associação reunia fisiologistas, psicólogos e engenheiros que se
interessavam pela adaptação do trabalho ao homem.
Nos tempos atuais, a Associação Internacional de Ergonomia divide o tema em três
domínios específicos, a saber:
 Ergonomia Física: lida com a interação do corpo humano com a carga física e
psicológica (arranjo físico de estações trabalho, fatores relacionados à repetição,
vibração, força e postura estática, dentre outros);
 Ergonomia Cognitiva: lida com os processos mentais que afetam as interações entre
seres humanos e outros elementos de um sistema (percepção, atenção, cognição,
controle motor, memória, dentre outros);
 Ergonomia Organizacional: lida com a otimização dos sistemas socio-técnicos, onde
se incluem estrutura organizacional, políticas e processos (supervisão, trabalho em
equipe, trabalho em turnos, dentre outros).
Nesse estudo de caso, se lida apenas com a ergonomia física, aplicando a teoria,
procurando verificar pontos a melhorar, ao caso da seção de compras do 9° Batalhão de
Suprimento, unidade de logística do Exército Brasileiro, situado em Campo Grande-MS.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Para o entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um


sistema, faz-se necessário a compreensão dos fatores pessoais e ambientais que rodeiam o
homem. Os fatores pessoais podem ser divididos em sensoriais, cognitivos e físicos,
enquanto os ambientais são divididos, dentre outros, em iluminação, temperatura, ruído e
vibração.

Página 3-49
2.1. FATORES PESSOAIS

Os fatores pessoais estão relacionados a como o ser humano recebe e processa


informações do sistema. Os fatores relacionados com a recepção de determinada
informação são os sensoriais e os cognitivos, sendo o primeiro referente aos cincos sentidos,
onde os mais relevantes para a ergonomia são a audição e a visão, e o segundo referente ao
processamento da informação, ou seja, a atenção, a percepção, a memória e a decisão. A
interação com o sistema fica por parte dos fatores físicos, que limitam o movimento do
corpo para o sentido desejado.

2.1.1. FATORES SENSORIAIS: VISÃO

O sentido da visão é o mais estudo e também o mais sobrecarregado no trabalho,


dado a gama de sistemas tecnológicos que o ser humano tem que interagir no dia-a-dia.
Pode-se afirmar que recebemos estímulos visuais de todas as direções, sejam estes diretos,
fruto da observação direta de uma situação ou objeto, ou indireto, através de televisão,
radar, computador, dentre outros.
A parte mais importante dos olhos é, sem dúvida, a retina, a qual cobre a parte
interna dos fundos dos olhos. A retina é a responsável pela transformação de luz em
impulsos elétricos para o cérebro através da captação dos estímulos visuais pelos cones e
bastonetes. Estes últimos são os responsáveis pela acuidade das imagens, diferenciando
tons pretos, brancos e coloridos. As características dos cones e bastonetes limitam a gama
de níveis de iluminação percebidos, variando a capacidade e eficiência, o que implica no
desenho das imagens.
A acomodação visual diz respeito à capacidade dos olhos em focar objetos a
diferentes distâncias através da alteração da forma dos cristalinos, e conseqüente
adequação focal da imagem na retina.
Com o passar do tempo os olhos perdem sua capacidade de acomodação devido à
perda da elasticidade dos cristalinos, o que pode ser percebido pela tabela 1, que representa
a habilidade de focar um objeto a distância mais próxima.

Página 4-49
Tabela 1 - Ponto de foco mais próximo em relação à idade
Idade Ponto mais próximo (cm)
10 7
15 8
30 11
45 25
50 50
60 85
70 100
Fonte: ATTWOOD, D.A.; DEEB, J.M.; DANZ-REECE, M.E. Ergonomic Solutions for the Process
Industries. Oxford: Elsevier, 2004. p. 32.

O campo de visão de uma pessoa pode ser definido como “o que ela pode ver
quando seus olhos estão fixos”. Pode-se dividir o campo de visão em três partes conforme
Grandjean (1988 apud ATTWOOD et al., 2004, p. 32-33):
 Campo ótimo: ângulo de visão de 1°, onde o objeto tem foco preciso e claro
 Campo médio: ângulo de visão variando entre 1° e 40°, onde o objeto não tem foco
preciso e claro, porém movimentos e diferenças de contrastes são notados; e
 Campo externo: ângulo de visão variando entre 40° e 70°, onde o foco não é definido
e os objetos precisam movimentar-se para serem percebidos.
Os olhos têm capacidade de se adaptarem a diferentes níveis de luminosidade,
porém esse processo acontece em tempos diferentes dependendo das situações encaradas.
A completa adaptação à ambientes escuros ocorre entre trinta minutos a uma hora,
dependendo dos níveis iniciais de luminosidade, enquanto o processo reverso, a adaptação a
ambientes claros, acontece entre um ou dois minutos. As implicações ao trabalho da
habilidade de adaptação a diferentes níveis de luminosidade são (ATTWOOD et al., 2004, p.
33)
 Destinar tempo suficiente para a adaptação dos olhos quando trabalhando em
ambientes escuros;
 Evitar mudanças excessivas entre ambientes escuros e claros para não fatigar os
olhos; e
 Evitar diferenças excessivas de brilho em superfícies importantes no campo de visão.
A habilidade de enxergar em cores permite uma infinidade de aplicação no trabalho,
especialmente através de codificações de objetos e medidas. Deve-se considerar na
organização do trabalho que o olho humano tem capacidades diferentes de perceber os tons

Página 5-49
de vermelho e azul sob determinados níveis de iluminação. Em ambientes claros, os olhos
são mais sensíveis ao vermelho e menos ao azul e o contrário em ambientes escuros.
A acuidade visual é a habilidade de ver detalhes em objetos. Os termos visibilidade e
acuidade podem causar certa confusão, porém o primeiro refere-se à habilidade de
identificar um objeto, por exemplo, um medidor de pressão, enquanto a acuidade diz
respeito à capacidade de, no mesmo exemplo, identificar a escala do aparelho. A acuidade
visual varia conforme determinadas capacidades do indivíduo como acomodação dos olhos,
campo de visão, processo de adaptação, visão colorida, idade e fatores situacionais. Esses
últimos são citados por Attwood et al. (2004, p. 34-37) como:
 Tamanho e distância: obviamente o tamanho de determinado objeto influencia na
acuidade que com que a pessoa o vê. Soma-se a esta variável a distância, pois
quando mais distante um objeto, maior a dificuldade de focá-lo. Nas organizações, tal
fator se reflete na confecção de sinalizações, no posicionamento do monitor ou
televisão, dentre outros. Pode-se observar claramente na figura 1 um exemplo de
como o tamanho e a distância influenciam a acuidade, pois à distância solicitada a
pessoa não se consegue observar o que está escrito, sendo, portanto, ineficaz o
aviso;

Distância de segurança: 3 metros

Distância de
segurança: 3 metros
Figura 1 – Influência do tamanho na acuidade visual.
Fonte: Autor

 Contraste: as diferenças de brilho entre o objeto focado e o fundo determinam o


grau de contraste. A sobreposição de cores claras sobre escuras ou vice-versa
proporcionam condições mais adequadas de acuidade em um objeto. Pode-se

Página 6-49
observar claramente esse efeito na figura 2, onde a sentença escrita em caractere
preto sobre fundo claro é muito mais nítida que sobre o fundo escuro;

Letras escuras sobre superfícies escuras são difíceis de ler

Letras escuras sobre superfícies claras são fáceis de ler


Figura 2 – Influência do contraste na acuidade visual.
Fonte: ATTWOOD, D.A.; DEEB, J.M.; DANZ-REECE, M.E. Ergonomic Solutions for the Process
Industries. Oxford: Elsevier, 2004. p. 37 (tradução nossa).

 Iluminação: até certo ponto, o nível de acuidade aumenta com o aumento da


iluminação, porém, em alguns momentos, o excesso de claridade pode levar a falta
de nitidez da imagem ou a cegueira temporária. A figura 3 simula uma situação de
olhar uma fotografia em um ambiente de extrema luminosidade e em um ambiente
de luminosidade adequada;

Figura 3 – Influência da iluminação na acuidade visual.


Fonte: Autor

 Tempo de exposição: quão maior for o tempo de exposição de um objeto, maior é a


percepção de detalhes; e
 Movimento: a capacidade de acuidade da visão diminui conforme maior for o
movimento do objeto que se pretende focar, pois o tempo de exposição do objeto
fica reduzido.
A redução da capacidade visual conforme o avançar da idade é percebido em nosso
dia-a-dia. Os motivos que levam a essa limitação são decorrentes da alteração da estrutura
dos olhos, onde se pode citar (ATTWOOD et al., 2004, p. 37):
 Amarelamento dos cristalinos, resultando na redução da entrada de luz e
conseqüente diminuição da percepção pela retina;
Página 7-49
 Deterioração da musculatura responsável pela alteração da forma do cristalino,
ocasionando pouca capacidade de acomodação. Tal fato acontece por volta dos 40
anos e resulta na diminuição da percepção de profundidade e distância; e
 O nível de sensibilidade a pouca iluminação e a redução do campo de visão são
afetados por volta dos 60 anos com a mudança das características da retina e dos
nervos ópticos.

2.1.2. FATORES SENSORIAIS: AUDIÇÃO

A audição é a segunda maior fonte de absorção de sinais do ambiente, nos


propiciando junto com a visão a capacidade de entender e ajustar-se ao meio. Os estímulos
auditivos possuem como características a freqüência e a intensidade do som, que nada mais
são que o tom e a altura, respectivamente.
Para a ergonomia, os fatores que levam a escolha de uma mensagem auditiva podem
ser relacionados a natureza da mensagem (ex.: alarme), as características do transmissor e
do receptor (ex.: jovem, idoso) e as condições do ambiente onde a mensagem será
transmitida (ex.: barulhento, silencioso).

2.1.3. FATORES COGNITIVOS: ATENÇÃO

O ser humano é constantemente bombardeado com informações advindas do


ambiente, porém o corpo tem limitações quando a capacidade de recepção de informações,
motivo pelo qual ele seleciona as mais importantes e ignora o restante, podendo-se dizer
que ele presta atenção na atividade considerada primária e relega a segundo plano as
demais.
O corpo funciona como se fosse mono-canal, ou seja, processa somente uma
informação por vez, mesmo quando se imagina que se processam várias informações ao
mesmo tempo. Existem quatro tipos de situações quanto a direção da atenção (GOLDSTEIN
AND DORFMAN, 1978; BROADBENT, 1982; BROUWER ET AL., 1991; PARASURAMAN AND
NESTOR, 1991; WICKENS, 1992 apud ATTWOOD et al., 2004, p. 41):

Página 8-49
 Atenção seletiva: ocorre quando da necessidade de decidir consciente e
voluntariamente sobre atender a informações importantes (relacionadas ao
indivíduo);
 Atenção focada: ocorre quando da necessidade de filtrar informações não desejadas
e atender a uma fonte única de informação;
 Atenção dividida: ocorre quando da necessidade de atender a diversas fontes de
informação; e
 Atenção constante: ocorre quando da necessidade de vigiar determinada situação
por longo período.

2.1.4. FATORES COGNITIVOS: PERCEPÇÃO

O processo de percepção é a interpretação e transformação pelo cérebro dos


estímulos visuais e auditivo, por exemplo, em um padrão reconhecido de imagem ou som,
respectivamente. A percepção é altamente influenciada pelo indivíduo, ou seja, seu
conhecimento, sua experiência, suas expectativas, seus sentimentos e seus desejos
(ANDERSON, 1995 apud ATTWOOD et al., 2004, p. 41). Sobre a percepção, pode-se afirmar
que:
 Pode ocorrer com ou sem estímulo externo. Como estímulos internos pode-se
considerar uma dor na barriga, nos olhos ou qualquer outro sinal do corpo;
 Sobrepõe o que o indivíduo considera como verdade;
 Acontece sem qualquer aviso, isto é, inconscientemente; e
 Não precisa, necessariamente, corresponder a realidade.
O maior interesse para a ergonomia no campo da percepção é a projeção da possível
reação do indivíduo, onde se pode destacar a adaptação e a direção do movimento.
A adaptação é o processo pelo qual o indivíduo adéqua-se ao ambiente, o que altera,
portanto, as expectativas sobre decisões e respostas. Exemplo claro disso é a adaptação de
uma pessoa a um ambiente onde existe um excesso de alarmes falsos. É natural deduzir que
o próximo alarme é falso e não reagir como se deveria, em razão dessa adaptação ao
ambiente, o que pode ocasionar algum risco caso o sinal seja verdadeiro.

Página 9-49
A direção do movimento diz respeito à repetição intuitiva de determinada tarefa, isto
é, se o indivíduo está acostumado a sempre que quiser ascender uma lâmpada apertar o
interruptor para cima, é natural que em todo lugar que vá proceda da mesma forma para
iluminar o ambiente.

2.1.5. FATORES COGNITIVOS: MEMÓRIA

A memória é o processo pelo qual o cérebro armazena e recupera informações


armazenadas. A memorização de determinada informação passa por três etapas distintas. O
primeiro estágio é a captação e percepção dos estímulos pelos sentidos, os quais são
guardados na memória imediata. A atenção depreendida àquele determinado estímulo
permite, caso seja considerado relevante, ser armazenada na memória de curto prazo. Caso
o estímulo seja reforçado outras vezes a informação passa para a memória de longo prazo.
A memória imediata está diretamente relacionada aos sentidos do ser humano. As
imagens são guardadas na memória imediata visual por apenas um segundo, enquanto a
memória imediata auditiva armazena o estímulo entre três e cinco segundos antes da
memória se perder.
A memória de curto prazo é aquela na qual o cérebro armazena a informação
considerada importante e a qual se presta atenção diretamente. É na memória de curta
prazo que as informações são organizadas para se armazenarem na memória de longo
prazo. A memória de curto prazo tem como características:
 Pequena duração e perda: a memória de curto prazo, como o próprio nome diz,
armazena a informação por um pequeno período, após o qual a informação se perde.
Para executar determinadas tarefas o ser humano tem que, por vezes, repetir a
informação para que consiga lembrar e fazer o que pretende, como, por exemplo, é o
caso de discar um número de telefone recém lido na televisão;
 Distração, perturbação e interferência: a interferência em determinada ação pode
gerar a perda da memória de curto prazo, como é o caso de ser interrompido em um
telefonema e não lembrar o assunto após retornar a conversa; e
 Capacidade limitada: a capacidade de armazenagem da memória de curto prazo
varia entre cinco e nove independentemente da quantidade de pedaços. A

Página 10-49
associação da informação a conhecimentos preexistentes facilita o processo de
memorização. Attwood et al. (2004) exemplifica essa habilidade do cérebro através
de números de telefone:
o 8008474869 e 2255252752 (difícil de guardar);
o 800-847-4869 e 225-525-2752 (maior facilidade dado o agrupamento); e
o 800-VISIT-NY e CALL-ALASKA (facílimo de guardar).
O processo de armazenamento de informações na memória de longo prazo recai
sobre a atenção e a repetição ou associação. A retomada de determinadas informações
armazenas na memória de longo prazo pode ser tarefa difícil para a maioria (ex.: hora de
reuniões, nomes, datas de aniversários, etc.), porém o reconhecimento de determinada
informação já armazenada é mais fácil (ex.: faces, fotografia). As limitações sobre o processo
de retomada e reconhecimento de memória armazenada são apresentadas na tabela 2.
Tabela 2 – características da memória de longo prazo

Retomada Reconhecimento
Limitação Limitada Praticamente ilimitada
Capacidade de palavras Cerca de 2.000 palavras Cerca de 100.000 palavras
Capacidade de cores Cerca de 8 cores Cerca de 500 cores
Fonte: ATTWOOD, D.A.; DEEB, J.M.; DANZ-REECE, M.E. Ergonomic Solutions for the Process
Industries. Oxford: Elsevier, 2004. p. 45 (tradução nossa).

Os fatores que alteram a capacidade de memorizar informações são (ATTWOOD et


al., 2004, p. 45-46):
 Conhecimento prévio: a capacidade de analisar, comparar e relacionar os estímulos
novos com as informações já armazenadas determinam a eficiência da memorização;
 Relevância da informação: a memorização de determinado estímulo depende se o
indivíduo considera ou não relevante a informação;
 Interferência: a alteração de determinada rotina memorizada por outra semelhante
limita o indivíduo quando voltar a executar a primeira (ex.: carro manual para
automático e o contrário); e
 Idade: a capacidade de memorização decai com o passar do tempo, alterando
consigo o tempo de resposta de uma pessoa.

Página 11-49
2.1.6. FATORES COGNITIVOS: DECISÃO

A decisão é processo pelo qual o indivíduo avalia alternativas e escolhe ações. O


processo decisório acontece com o recebimento do estímulo, cruzamento das informações
com as já armazenadas, estimativa de ocorrência das possíveis alternativas de ação e
previsão da conseqüência, para, então, escolher a ação a tomar.
A relação entre velocidade e correção no processo decisório é inversamente
proporcional, isto é, quanto mais rápido a pessoa decide, maior a possibilidade da resposta
ser errada.
Algumas ações podem melhorar a capacidade de decisão de uma pessoa, quais sejam
(ATTWOOD et al., 2004, p.46-47):
 Ferramentas de decisão: o encurtamento do processo decisório (retirar passos
desnecessários) e a diminuição do número de ações humanas reduz a possibilidade
de erro; e
 Treinamento: o treinamento é extremamente eficaz na preparação do indivíduo para
tomada de decisão em situações adversas, onde não existe no conhecimento
armazenado informação sobre como agir.

2.1.7. FATORES FÍSICOS: FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR

A musculatura é limitada pela força dos músculos e pela capacidade de resistir à


fadiga. O trabalho executado por um músculo pode ser classificado como estático, quando o
mesmo está sentado, por exemplo, ou dinâmico, quando está realizando algum movimento,
como andar, por exemplo.
Attwood et al. (2004) elenca os fatores que podem alterar a força de um músculo:
 Idade: a força de uma pessoa cresce rapidamente na juventude, alcançando o topo
por volta dos 35 anos e decaindo lentamente aos 40 anos e com maior intensidade
após os 50 e 60 anos;
 Sexo: a mulher tem em média 67% (variando entre 35 e 85%) da capacidade
muscular do homem. A força muscular de homens e mulheres é idêntica na
juventude e maior nos homens na velhice. Uma mulher treinada pode ter maior força
muscular que um homem não treinado;
Página 12-49
 Profissão: a ocupação determina o quanto a pessoa exercita seus músculos e, por
conseqüência, quanto a musculatura desenvolve em razão disso;
 Treinamento físico: o treinamento físico, em especial o levantamento de peso é
capaz de aumentar a força e a resistência de um músculo entre 30 e 50%; e
 Outros: alguns outros fatores influenciam o quanto uma pessoa consegue forçar sua
musculatura, bem como o quanto resiste no exercício dessa força:
o Luvas: a utilização de luvas reduz a capacidade de agarrar objetos em cerca
de 20%. Deve-se considerar que tal percentual varia conforme a grossura da
luva, sendo que quanto mais grossa maior a perda de força;
o Dimensão do corpo: peso e altura alteram a força do corpo. O peso altera a
capacidade de força dos braços, enquanto a altura alterar a capacidade de
puxar;
o Posição do corpo: a posição relativa do corpo em relação ao objeto que está
interagindo determina o grau de força disponível para o corpo. Em uma flexão
de braços, por exemplo, quando o corpo está embaixo, a 90°, a força é maior,
enquanto quando está fora dessa posição a força necessária é muito menor;
o Dieta: a alimentação inadequada do corpo reduz a capacidade muscular de
um indivíduo; e
o Outros: acrescentam-se a esta lista de fatores que interagem com a
capacidade dos músculos realizarem força, a genética, a saúde, a fadiga, as
drogas, a motivação, dentre outros.
A resistência muscular pode ser definida como a habilidade de um músculo continuar
trabalhando. Em trabalhos estáticos, refere-se ao tempo de duração da manutenção do
esforço, enquanto em trabalhos dinâmicos, refere-se a quantidade de repetições
suportadas.
A fadiga é conseqüência do uso do músculo, seja em trabalho dinâmico ou estático. A
fadiga muscular leva à dor, desconforto, distração e redução da performance, motivos pelos
quais tarefas que induzam a fadiga devem ser eliminadas.

Página 13-49
2.1.8. FATORES FÍSICOS: ANTROPOMETRIA

A antropometria é o estudo das medidas do corpo humano e é largamente utilizada


no desenho de ferramentas, equipamentos, roupas, calçados, dentre outros do gênero. O
termo antropometria vem da junção das palavras gregas “antropo”, homem, e “metricos”,
medida.
O desenho de determinado produto, espaço ou aviso deve ser orientado para se
adequar a maior parte da população que terá contato com o objeto ou situação. Nesse
sentido, algumas variáveis devem ser consideradas para o desenho adequado (ATTWOOD et
al., 2004, p.54-55)
 Sexo: Na maioria dos casos os homens têm dimensões do corpo mais largas que as
mulheres, como, por exemplo, nos dedos, onde os homens são 20% maiores na
espessura e 10% no tamanho;
 Idade: as dimensões do corpo crescem até por volta dos 30 anos, tornando constante
por volta do 40 anos e decrescendo mais tarde;
 Descendência: culturas diferentes possuem dimensões diferentes, como, por
exemplo, japoneses, norte americanos, africanos, dentre outros;
 Profissão: o grau de exercício da musculatura molda as medidas do corpo. As
diferenças encontradas podem ser decorrentes, ainda, de dieta, exercício, atividades
físicas impostas pelo trabalho ou adequabilidade (o indivíduo escolhe determinada
profissão por se sentir mais confortável no exercício daquela atividade); e
 Evolução: o ser humano, historicamente, tem aumentado suas dimensões com o
passar do tempo, o que pode ser conseqüência de melhor alimentação, cuidados
médicos, higiene e condições ambientais. Para se ter idéia, a média da altura de um
adulto do oeste europeu ou norte americano cresce cerca de um centímetro a cada
década.
Quando se realiza o desenho de determinado ambiente, produto ou processo deve-
se ter em mente que três princípios, excludentes, norteiam a escolha do profissional:
 Desenhar para a média: realizar o projeto considerando as dimensões de 50% da
população;
 Desenhar para as extremidades: o projeto contempla 95% (princípio comum para
homens) ou 5% (comum para mulheres) da população; e
Página 14-49
 Desenhar com capacidade de ajuste: esse tipo de projeto é utilizado para
contemplar indivíduos de todas as dimensões (carros, escritórios, etc.). Deve-se
atentar para que o custo da adaptabilidade não seja superior ao benefício.

2.2. FATORES AMBIENTAIS

Os fatores ambientais são aqueles que rondam o indivíduo, fornecendo estímulos


que podem alterar o comportamento no trabalho. Diversos estímulos interagem com as
pessoas, porém serão analisados somente a influência da iluminação, da temperatura e do
barulho sobre a saúde, a performance e o conforto.

2.2.1. FATORES AMBIENTAIS: ILUMINAÇÃO

O estímulo visual é caracterizado pela intensidade e comprimento de onda. A


intensidade do estímulo visual depende da fonte de luminosidade e sua intensidade, da
distância entre a fonte e a superfície refletora, o ângulo de incidência sobre a superfície e o
número de fontes de luminosidade e reflexão no ambiente.
A eficiência visual de cada pessoa varia conforme alguns fatores elencados por
Attwood et al. (2004):
 Quantidade de luminosidade: o aumento da luminosidade melhora a percepção da
imagem, entretanto, deve-se considerar que elevados níveis de luminosidade podem
afetar o desempenho dada a sobrecarga de luz nos olhos;
 Relacionados à tarefa: quanto mais detalhe visual a atividade requerer, maior a
necessidade de iluminação. A quantidade ideal de luminosidade varia conforme a
tarefa 3 a seguir:
Tabela 3 – níveis de luminosidade para diferentes tipos de atividades
Faixa de
Atividade
luminosidade (lux2)
Navegação em área pública 20-50
Tarefa visual ocasional 100-200

2
Unidade de medida de um lúmen (luminosidade de uma vela) por metro quadrado.
Página 15-49
Tarefa visual com objetos largos e de grande contraste, lendo
200-500
material impresso
Leitura de material de impressão fraca com contraste médio ou
500-1.000
pequenos objetos
Leitura de material de impressão muito fraca com contraste pequeno
1.000-2.000
e objeto muito pequeno por pequeno período de tempo
Leitura de material de impressão muito fraca com contraste pequeno
2.000-5.000
e objeto muito pequeno por longo período de tempo
Tarefa visual difícil com uma inspeção ou montagem minuciosa 5.000-10.000
Tarefa visual difícil com contraste muito pequeno e objetos muito
10.000-20.000
pequenos
Fonte: ATTWOOD, D.A.; DEEB, J.M.; DANZ-REECE, M.E. Ergonomic Solutions for the Process
Industries. Oxford: Elsevier, 2004. p. 115 (tradução nossa).

 Idade: o desgaste do corpo com o avançar da idade foi visto anteriormente, em


especial nos fatores pessoais quanto à redução da capacidade visual. As alterações
nas vistas demandam mudanças na interação homem-ambiente, ou seja, os mais
velhos precisam de maior luminosidade para realizar uma tarefa, bem como maior
contraste entre objeto e fundo; e
 Qualidade da luminosidade: a qualidade da luminosidade afeta drasticamente a
performance e a percepção da imagem pelo indivíduo. Como fatores de qualidade
que influenciam a visão pode-se citar:
o Cor: de um modo geral, a cor é determinada pelo nível de absorção da
superfície refletora;
o Claridade: a percepção da claridade ocorre quando determinado objeto é
mais brilhante que aquele que os olhos se adaptaram anteriormente. A
claridade pode causar desconforto, irritação ou distração, porém, não
necessariamente, afetar a visibilidade ou a performance visual. No entanto,
deve-se, sempre que possível, reduzir o nível de claridade no ambiente de
trabalho; e
o Variação de luminosidade: diz respeito ao nível diferente de luminosidade
entre ambientes, uma vez que essa diferença causa dificuldade de adaptação
das vistas ao meio, o que pode afetar a visibilidade, o conforto visual e a
performance. Para reduzir a variação de luminosidade, Grandjean (1988 apud
ATTWOOD et al., 2004) sugere que os níveis de reflexo de um ambiente de
trabalho sejam entre 80 e 90% para o teto, 40 e 60% para as paredes, 25 e

Página 16-49
45% para os móveis, 30 e 50% para máquinas e equipamentos e 20 e 40%
para o chão.

2.2.2. FATORES AMBIENTAIS: TEMPERATURA

O corpo humano procura regular constantemente sua temperatura entre 36,1 e


37,2°C através dos processos de conversão (ex.: ar – pele), condução (ex.: objeto – pele),
evaporação (suor) ou radiação (ex.: absorção de luz solar). A temperatura, somada aos
fatores esforço e humanidade, contribui para o grau de desgaste do corpo. Nesse sentido,
calor e frio produzem desempenhos diferentes no corpo, especialmente entre atividades
cognitivas e físicas.
Os efeitos do calor sobre a performance do ser humano são:
 Tarefas cognitivas: em tarefas simples, como contas matemáticas, a interferência é
nula, sendo observada em alguns casos uma pequena melhora. Em tarefas mais
complexas, o calor afeta negativamente o resultado, sendo possível observar
variações a partir de 30 e 33°C; e
 Atividades físicas: a realização de atividades em ambientes quentes e úmidos causa
maior fadiga muscular. Para exemplificar, Wyndham (1974 apud ATTWOOD et al.,
2004) realizou experimento com um homem escavando pedras a 28°C e observou
que ao chegar a 30°C a eficiência caia para 90% e em 34°C o índice chegava a 50%.
Além da maior fadiga muscular, indivíduos expostos a condições climáticas
desconfortáveis, fora de 17 a 23°C, podem apresentar comportamento agressivo.
Os efeitos do frio sobre a performance do ser humano são:
 Tarefas cognitivas: a performance é reduzida durante atividades cognitivas
complexas (alta concentração e forte utilização da memória de curto prazo) em
ambientes frios (BOWEN, 1968; ENANDER, 1987, 1989 apud ATTWOOD et al., 2004),
porém em indivíduos altamente motivados não exerce influência (BADDELEY et al.,
1975 apud ATTWOOD et al., 204). Isso ocorre por que o frio atua como um elemento
de distração para o ser humano (ENANDER, 1989 apud ATTWOOD et al., 2004); e
 Atividades físicas: o frio afeta significativamente as atividades físicas. Redução da
temperatura nos membros (braços e pernas) afeta a habilidade motora, o tato, o

Página 17-49
controle muscular dos mesmos, a força e a resistência muscular e a destreza
(LOCKHART, 1968; MORTON E PROVINS, 1960; ENANDER, 1989 apud ATTWOOD et
al., 2004). Quando o corpo como um todo é submetido à redução de temperatura, a
taxa de metabolização é reduzida, o que faz o corpo tremer, reduzindo a destreza do
indivíduo.
Os efeitos da temperatura sobre a saúde do ser humano são:
 Calor: o aumento da temperatura no corpo humano pode resultar em dois possíveis
danos a saúde: queimadura da pele pela incidência direta de calor (acima de 45°C) ou
hipertermia, que é o aumento da metabolização e conseqüente sobrecarga do corpo
através do aumento da temperatura interna (acima de 42°C). A tolerância ao calor
varia conforme alguns fatores (BURSE, 1979; STRYDOM, 1971; SANDERS E
MCCORMICK, 1993 apud ATTWOOD et al., 2004):
o Sexo: homens são mais tolerantes ao calor que mulheres;
o Idade: jovens são mais tolerantes ao calor que idosos;
o Condicionamento físico: pessoas exercitadas são mais tolerantes ao calor;
o Gordura corporal: a gordura atua como isolante, impedindo a saída do calor e
conseqüente aumento da temperatura interna; e
o Álcool: altera o sistema nervoso causando desidratação.
 Frio: as baixas temperaturas afetam sensivelmente o corpo humano, sendo o efeito
mais conhecido a hipotermia, que ocorre quando a temperatura interna fica abaixo
de 35°C., momento onde a pessoa começa a sofrer desorientação, alucinação, perda
da consciência e arritmia. Na tentativa de aumentar a temperatura interna o corpo
começa a tremer (até alcançar 30 a 33°C) e realiza a vasoconstrição (direcionamento
do sangue quente das extremidades para os órgãos vitais). Assim como o calor, a
sensibilidade ao frio varia conforme alguns fatores:
o Gordura corporal: como foi visto, a gordura atua como isolante, impedindo a
redução da temperatura corporal através da perda de energia para ambiente;
o Altura e peso: quão maior for o indivíduo, em termos de peso e altura, maior
a possibilidade do mesmo gerar calor tremendo o corpo; e
o Condicionamento físico: pessoas com melhor condicionamento têm maior
resistência quando tremendo o corpo e, por conseqüência, maior capacidade
de gerar calor.
Página 18-49
2.2.3. FATORES AMBIENTAIS: RUÍDO

O ruído pode ser considerado o som não necessário, e, portanto, indesejável para o
cumprimento da tarefa imediata.
A interferência do ruído na performance pode ocorrer de várias formas, sendo as
mais comuns:
 Comunicação: a comunicação depende da habilidade do ouvinte em receber e
decodificar a mensagem, portanto o indivíduo precisa receber claramente a
mensagem. O ruído mistura-se a mensagem, tornado-a incompreensiva; e
 Atividades cognitivas: conversas e ruídos podem alterar a performance,
especialmente quando o som é acima de 90dBA. A capacidade de monitorar fica
afetada com ruídos longos a partir de 100dBA. A memória de curto prazo é afetada
por ruídos muito altos. A capacidade de interferência é maior em atividades mais
complexas do que simples. Atividades repetitivas sem pausas também são afetadas.
Para a saúde, o efeito mais relevante e previsível é surdez. A definição de qual ruído é
responsável pela perda da capacidade auditiva é muito difícil, pois o ser humano está
diariamente exposto a ruídos no trânsito, trabalho, em casa, em todos os lugares. Apesar
dessa dificuldade, dois tipos de perdas da capacidade auditiva se apresentam com maior
clareza:
 Pela idade: a mudança do aparelho auditivo com o avançar da idade provoca
limitações na capacidade de ouvir da pessoa. Essa debilidade é mais pronunciada em
homens do que mulheres, bem como em sons de maior freqüência. A tabela 4
apresenta, tomando por base o experimento de Grandjean (1988 apud ATTWOOD et
al., 2004), que demonstrou a perda da capacidade auditiva com o avançar da idade
(freqüência base de 3.000 Hz); e
Tabela 4 – perda da capacidade auditiva com a idade
Perda auditiva esperada
Idade
(dBA)
50 10
60 25
70 35
Fonte: ATTWOOD, D.A.; DEEB, J.M.; DANZ-REECE, M.E. Ergonomic Solutions for the Process
Industries. Oxford: Elsevier, 2004. p. 138 (tradução nossa).

Página 19-49
 Por ruído: a perda da capacidade auditiva em razão de ruídos pode manifestar-se de
forma temporária ou permanente. Na primeira situação o indivíduo recupera a
capacidade após horas ou dias. Para exemplificar, uma pessoa exposta a 90dBA pode
perder 10dBA de audição, enquanto alguém exposto a 100dBA pode perder 60dBA. A
perda definitiva da capacidade auditiva ocorre, geralmente, pela exposição excessiva
e repetitiva a ruídos acima do limite do corpo humano. A manifestação imediata da
perda da capacidade auditiva permanente ocorre com sons na faixa de 4.000 Hz,
onde o corpo é mais sensível. A tabela 5 apresenta o tempo de exposição que o
corpo humano tolera até ser considerado nocivo.
Tabela 5 – exposição aceitável a ruídos

Tempo aceitável (horas) Nível do som (dBA)


16 85
8 90
6 92
4 95
2 100
1 105
0,5 110
Fonte: ATTWOOD, D.A.; DEEB, J.M.; DANZ-REECE, M.E. Ergonomic Solutions for the Process
Industries. Oxford: Elsevier, 2004. p. 140 (tradução nossa).

2.3. AMBIENTE DE TRABALHO IDEAL

Os fatores pessoais e ambientais nos permitem inferir como seria o ambiente de


trabalho ideal. No Brasil, existem normas que regulam os requisitos de um ambiente de
trabalho saudável, onde a mais conhecida e empregada é a NR-17. Além da norma referida,
existem outras regulamentações para partes específicas do conhecimento, como, por
exemplo, NBR-10152 (ruídos), NR-7 (controle médico de saúde ocupacional), NR-24 (água
potável), resolução RE n° 9, de 16/jan/2003 da ANVISA (qualidade do ar), NBR-5413 (norma
de iluminação), dentre outros.

Página 20-49
2.3.1. CONDIÇÕES AMBIENTAIS

O ambiente de trabalho deve possuir condições adequadas de luminosidade, reflexo,


ruídos, temperatura, vento, aderência do piso, vibração, bem como diversos outros fatores
ambientais que influenciam a saúde e o desempenho do trabalhador.
As normas sobre ruídos estão estabelecidas na NBR-10152 e referenciada na NR-17,
sendo que podem ocorrer variações conforme a atividade, mas de um modo geral o nível de
ruído aceitável é de 65 dBA (SINTTEL-RIO, 2007). A tabela 6 elenca alguns espaços (aplicáveis
a instituição estudada) e seus respectivos níveis adequados de ruído conforme NRB-10152.
Tabela 6 – intervalos apropriados para o nível de ruído ambiente em dBA, num recinto de
edificação, conforme a finalidade mais característica de utilização desse recinto.
Nível de ruído
Tipo de Recinto
ambiente em dBA
Auditório para palestras (sem ocupação) 30-40
Consultórios médicos e dentários (sem ocupação) 35-45
Escritórios de atividades diversas 45-55
Escritórios para projeto 40-50
Escritórios privativos (sem ocupação) 35-45
Laboratórios 45-55
Restaurantes (outros), refeitórios, cantinas e lanchonetes 40-50
Restaurantes intimistas 35-45
Saguões em geral 45-55
Salas de aula (sem ocupação) 35-45
Salas de computadores 45-60
Salas de espera 40-50
Salas de reunião 30-40
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: acústica – avaliação do
ruído ambiente em recintos de edificação visando o conforto dos usuários – procedimentos.
Rio de Janeiro, 1999. p. 4.

A zona de conforto ideal para o corpo humano no que tange a temperatura é entre
20 e 25°C, com umidade relativa entre 30 e 70% e velocidade do ar entre 0,1 e 0,3m/s
(ATTWOOD et al., 2004), porém a NR-17 (BRASIL, 2007) coloca como índices aceitáveis a
temperatura entre 20 e 23°C, a umidade relativa não inferior a 40% e a velocidade do vento
não superior a 0,75m/s. A climatização do ambiente deve ser projetada para ocorrer de
forma homogênea quanto a temperatura e fluxo de ar.
A iluminação de ambientes de trabalho tem sua matéria regida pela NBR-5413 e a
NR-9 (normas de prevenção de riscos ambientais). A tabela 7 exemplifica as necessidades de
Página 21-49
iluminação conforme o ambiente e tarefa realizada. A figura 4 apresenta como evitar o
reflexo indesejado da iluminação ambiente em locais de trabalho.
Tabela 7 – iluminâncias em lux, por tipo de atividade (valores médios em serviço).
SITUAÇÃO3
AMBIENTE
A B C
Armazéns de volumes grandes 150 200 300
Auditório: platéia 100 150 200
Auditório: tribuna 300 500 700
Banheiros 100 150 200
Barbearias 150 200 300
Corredores e escadas 75 100 150
Local para leitura ou escrita 300 500 750
Sala de estar geral 100 150 200
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413: iluminância de
interiores. Rio de Janeiro, 1992. p. 3-13.

Figura 4 – forma de evitar o reflexo da iluminação em monitores


Fonte: ABOUT.COM. Ergonomic. Disponível em: <http://ergonomics.about.com/>. Acesso
em: 23 nov. 2008.

3
A: situação onde refletância ou contrastes são relativamente altos, a velocidade e/ou precisão não são
importantes ou a tarefa é executada ocasionalmente; B: valor que deve ser utilizado em todos os casos; C:
situação onde a tarefa se apresenta com refletâncias e contrastes bastantes baixos, erros são de difícil
correção, o trabalho visual é critico, alta produtividade ou precisão são de grande importância ou a capacidade
visual do observador está abaixo da média.
Página 22-49
2.3.2. POSIÇÃO PESSOAL DE CONFORTO

A posição adequada do assento depende muito da atividade que o indivíduo está


realizando, isto é, durante o trabalho a pessoa deve alternar de posição para adequar-se às
tarefas realizadas. As posições mais comuns são a reclinada, a reta e a em pé, conforme se
verifica pela figura 5.

Reclinada Reta Em pé
Figura 5 – posições de trabalho
Fonte: HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p.

Os pés devem ficar em pleno contato com o chão, sendo necessário, portanto, cadeia
ajustável aos diversos tipos de pessoas que compartilham o ambiente. Além da colocação
dos pés diretamente ao chão, a pessoa pode optar por utilizar suporte para os pés, sendo
esse adequado ao tamanho dos mesmos e de altura suficiente para não alterar
significativamente a posição das pernas, as quais devem permanecer em um ângulo entre 90
e 110°. A figura 6 mostra as posições correta e incorreta dos pés.

Correta Incorreta
Figura 6 – posições dos pés
Fonte: HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p.
Página 23-49
As costas da pessoa devem estar apoiadas no encosto da cadeira, a qual deve
possuir, preferencialmente, suporte ajustável para as costas. Deve-se, sempre, buscar apoiar
a curva natural da espinha dorsal à cadeira, visando distribuir o peso do corpo no mobiliário.
A figura 7 ilustra as posições corretas e incorretas das costas em uma cadeira.

Correta Incorreta
Figura 7 – posições das costas
Fonte: HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p.

Os ombros devem estar sempre relaxados e o cotovelo posicionado na altura do


teclado, de modo que ao digitar se mantenha uma linha reta entre o cotovelo e o teclado. A
figura 8 ilustra o modo correto de ajustar a altura dos cotovelos na cadeira.

Correto
Figura 8 – posições dos cotovelos
Fonte: HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p.

Cada pessoa possui um modo mais confortável de digitar, portanto outra opção é que
o cotovelo esteja ligeiramente mais alto que o teclado e este regulado para baixo, de modo
que se continue mantendo a linha reta anteriormente citada, não quebrando o pulso em

Página 24-49
hipótese alguma. A entorse dos pulsos pode ser realizada somente quando em uma pausa
para observar o monitor, por exemplo. Ao digitar, o indivíduo deve manter os pulsos
seguindo a linha cotovelo-teclado, sem dobrá-lo para baixo ou para os lados, conforme se
pode na figura 9.

Correto Incorreto

Correto Incorreto
Figura 9 – posições dos pulsos
Fonte: HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p.

2.3.3. ORGANIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO

O ajuste do monitor na área de trabalho contribui para a redução do estresse


muscular no pescoço, nos ombros e nas costas, além de diminuir o esforço dos olhos. O
monitor pode ser ajustado em três dimensões: posição, altura e inclinação.
A posição ideal de um monitor deve ser a um braço (com punho cerrado) de
distância, podendo haver pequenas variações em razão da habilidade visual de cada pessoa.
A altura do monitor deve ser ajustada de modo a permitir que a cabeça permaneça
facilmente equilibrada sobre o pescoço, sem, no entanto, grandes inclinações para frente ou

Página 25-49
para trás. O modo prático de ajustar a altura do monitor é colocar o centro do mesmo na
altura dos ombros, fazendo que o indivíduo, quando olhar reto, veja a parte superior do
texto digitado, e quando olhar pro centro do monitor incline somente um pouco da cabeça.
A inclinação do monitor deve ser paralela ao rosto do operador, ou seja, com o
monitor desligado a pessoa deve ser capaz de ver seu reflexo, quando sentada
corretamente, no centro da tela. Ao inclinar o monitor a pessoa deve ter cuidado para evitar
pontos de reflexo, podendo, para tal, minimizar o impacto através do uso de protetores de
tela. A figura 10 ilustra a posição que o monitor deve estar em relação à cabeça da pessoa.

Figura 10 – posição do monitor


Fonte: ABOUT.COM. Ergonomic. Disponível em: <http://ergonomics.about.com/>. Acesso
em: 23 nov. 2008.

O mouse e o teclado devem estar em posição que permitam o uso com o corpo de
forma relaxada e confortável.
O teclado deve estar diretamente a frente do operador, evitando que o mesmo tenha
que mover o corpo, saindo da posição de conforto, para digitar.
O mouse deve estar colocado imediatamente ao lado do teclado, seja ao lado
esquerdo ou direito, evitando que o braço tenha que ser esticado para alcançá-lo ou que ao
usá-lo a pessoa acabe dobrando o pulso.
A figura 11 mostra qual a posição correta do teclado e do mouse.

Página 26-49
Correto

Incorreto
Figura 11 – posição do teclado e do mouse
Fonte: ABOUT.COM. Ergonomic. Disponível em: <http://ergonomics.about.com/>. Acesso
em: 23 nov. 2008; HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo,
2002. 62 p.

Além dos equipamentos de informática, geralmente utilizam-se documentos,


anotações, livros e uma infinidade de item que auxiliam o trabalho. A organização desses
materiais no ambiente de trabalho contribui para a eficiência e para a ergonomia do espaço.
Livros e papéis que são utilizados com freqüência devem estar ao alcance fácil das
mãos, de modo que a pessoa não tenha que se inclinar para alcançar o objeto. A repetição
desse tipo de movimento pode causar dores nos ombros e nas costas ao final de uma
jornada de trabalho.
Pessoas que trabalham digitando com muita freqüência podem utilizar um suporte
para documentos, o qual deve estar, preferencialmente, na altura do monitor, permitindo
que apenas com o movimento dos olhos o operador leia o papel. Quando o indivíduo tem a
habilidade de digitar sem olhar para o monitor ou teclado, o suporte pode ser colocado
entre o teclado e o mouse, haja vista que em poucas vezes ele olhará para o monitor. A
figura 12 mostra a área de maior eficiência do ser humano em uma estação de trabalho.

Página 27-49
Incorreto

Figura 12 – área de maior eficiência e conforto em uma estação de trabalho


Fonte: HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p;
O.I.T. – Organizacion Internacional del Trabajo. Enciclopedia de salud y seguridad en el
trabajo. Genebra, 2006; RICCÓ. Ergonomia. Disponível em: <http://www.moveisricco.
com.br/produtos/ergonomia/ergonomia.htm#>. Acesso em: 23 nov. 2008.

Um dos aparelhos comumente espalhados pela mesa de trabalho é o telefone, o qual


deve estar igualmente disponível, se usado constantemente, ao alcance dos braços. Caso o
operador esteja constantemente utilizando o aparelho telefônico, uma opção viável é a
utilização de headfones, dispositivos semelhantes a fones de ouvidos com o adicional do
microfone. A figura 13 representa a solução para a utilização constante de aparelho
telefônico.

Página 28-49
Correto Incorreto
Figura 13 – headfone e telefone
Fonte: HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p.

Em diversas organizações os colaboradores trabalham em notebooks, o que dificulta


o desenho de ambientes ergonômicos, haja vista a variedade de modelos e tamanhos dos
aparelhos. O usuário de notebook deve orientar-se pelos mesmos princípios dos
computadores de mesa. Aquele que usa o computador portátil por longos períodos no
trabalho deve providenciar um apoio que eleve a posição do equipamento, bem como
mouse e teclado externos. A figura 14 apresenta a solução para usuários de notebooks e o
motivo da utilização do acessório.

Incorreto Solução
Figura 14 – suporte para notebook e postura sem suporte
Fonte: MERCADOLIVRE. Suporte Vertical Ergonômico para notebook – notebook stand:
catálogo. Disponível em: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-84126968-suporte-
vertical-ergonmico-para-notebook-notebook-stand-_JM>. Acesso em: 23 nov. 2008; PORTAL
EM FOCO. Notebooks merecem nota zero no quesito ergonomia. Disponível em:

Página 29-49
<http://www.portalemfoco.com.br/artigos.php?pag=artigo&artigoid=654>. Acesso em: 23
nov. 2008.

2.3.3. PRECAUÇÕES GERAIS

Além dos equipamentos e dos fatores advindos do ambiente, os hábitos de trabalho


influenciam o desempenho e a saúde das pessoas. Para reduzir o impacto da rotina de
trabalho no ser humano, algumas tarefas devem ser realizadas:
 Intervalos: ao trabalhar em computadores deve-se, a cada 50 minutos, descansar 10
minutos e, sempre que possível, evitar trabalhar a frente do computador por mais de
5 horas. Existem vários softwares que lembram a pessoa de realizar o intervalo nos
tempos programados;
 Alterar tarefas: sempre que for possível, alterar a posição de execução da tarefa,
bem como a própria tarefa, alternando-a entre estáticas e dinâmicas;
 Reduzir fontes de tensão: devem-se levantar quais os pontos de tensão do ambiente
para que se procure retirá-los; e
 Controle da respiração: durante o uso de computadores o corpo tende a prender a
respiração ou respirar sem profundidade, por isso, deve-se procurar respirar de
forma regular e profunda, aumentando, assim, a capacidade mental.
Durante o intervalo referido anteriormente a pessoa deve procurar executar alguns
exercícios que proporcionam melhores condições ao retornar ao trabalho. As figuras de 15 a
21 mostram alguns alongamentos que podem ser executados em intervalos de trabalho.

1. Estenda os braços à frente do corpo;


2. Entrelace os dedos;
3. Eleve os braços acima da cabeça;
4. Distenda-se o máximo possível;
5. Segure e conte até 10; e
6. Repita o exercício.

Figura 15 – Alongamento ergonômico n° 1


Fonte: PUBLICSPACE.NET. Ergonomic stretch # 1: make yourself tall. Disponível em:
<http://www.publicspace.net/blog/ergonomic/2006/04/24/ergonomic-stretch-1-make-
yourself-tall/>. Acesso em 23 nov. 2008 (tradução nossa).
Página 30-49
1. Leve ambos os braços para trás das costas;
2. Agarre o pulso esquerdo com a mão direita e
gentilmente puxe seu braço esquerdo para baixo e para
a direita;
3. Vire seu pescoço para a direita até sentir alongá-lo;
4. Segure e conte até 10; e
5. Repita o exercício para o outro lado.

Figura 16 – Alongamento ergonômico n° 2


Fonte: PUBLICSPACE.NET. Ergonomic stretch # 2: lateral neck stretch. Disponível em:
<http://www.publicspace.net/blog/ergonomic/2006/05/10/ergostretch2/>. Acesso em 23
nov. 2008 (tradução nossa).

1. Entrelace os dedos na frente do corpo;


2. Lentamente rode seus pulsos em sentido horário;
3. Comece com pequenos círculos e deixe que fiquem
maiores a cada rotação; e
4. Repita o exercício no sentido inverso.

Figura 17 – Alongamento ergonômico n° 3


Fonte: PUBLICSPACE.NET. Ergonomic stretch # 3: wrist rotation. Disponível em:
<http://www.publicspace.net/blog/ergonomic/2006/06/12/ergonomic-stretch-3-wrist-
rotation/>. Acesso em 23 nov. 2008 (tradução nossa).

1. Levante;
2. Lentamente rode os ombros para trás algumas vezes; e
3. Repita o exercício no sentido inverso.

Figura 18 – Alongamento ergonômico n° 4


Fonte: PUBLICSPACE.NET. Ergonomic stretch # 4: shoulder rotation. Disponível em:
<http://www.publicspace.net/blog/ergonomic/2006/06/22/ergonomic-stretch-4-shoulder-
rotation/>. Acesso em 23 nov. 2008 (tradução nossa).

Página 31-49
1. Entrelace os dedos atrás da cabeça e force-a para
frente;
2. Use o peso do braço para intensificar o alongamento,
se necessário;
3. Sinta o alongamento;
4. Segure e conte até 10; e
5. Repita o exercício.

Figura 19 – Alongamento ergonômico n° 5


Fonte: PUBLICSPACE.NET. Ergonomic stretch # 5: shoulder rotation. Disponível em:
<http://www.publicspace.net/blog/ergonomic/2006/07/04/ergonomic-stretch-5-shoulder-
rotation/>. Acesso em 23 nov. 2008 (tradução nossa).

1. Fique de pé com as mãos atrás das costas;


2. Incline a cabeça para a esquerda até sentir o
alongamento;
3. Segure e conte até 10; e
4. Repita o exercício no sentido inverso.

Figura 20 – Alongamento ergonômico n° 6


Fonte: PUBLICSPACE.NET. Ergonomic stretch # 6: lateral neck stretch. Disponível em:
<http://www.publicspace.net/blog/ergonomic/2006/07/12/ergonomic-stretch-6-lateral-
neck-stretch/>. Acesso em 23 nov. 2008 (tradução nossa).

1. Agarre o braço direito pelo cotovelo em frente ao


corpo e deixe a mão direita cair sobre o ombro
esquerdo;
2. Use a mão esquerda no cotovelo direito para empurrar
o braço direito contra e para fora do corpo, até sentir
o alongamento;
3. Segure e conte por 10 segundos; e
4. Repita o exercício no sentido inverso.

Figura 21 – Alongamento ergonômico n° 7


Fonte: PUBLICSPACE.NET. Ergonomic stretch # 7: shoulder pull. Disponível em:
<http://www.publicspace.net/blog/ergonomic/2006/07/20/ergonomic-stretch-7-shoulder-
pull/>. Acesso em 23 nov. 2008 (tradução nossa).

Página 32-49
3 METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado com o objetivo de uma pesquisa teórica e prática, aos
modos de uma pesquisa descritiva e como forma de objeto a pesquisa bibliográfica e
pesquisa de campo.
A parte bibliográfica e teórica alicerçou-se sobre os estudos “Soluções Ergonômicas
para Processos Industriais” de Attwood et al. (tradução nossa) e na “Enciclopédia de Saúde e
Segurança no Trabalho” da Organização Internacional do Trabalho (tradução nossa) no que
diz respeito a como e quais fatores afetam o ser humano na sua percepção, bem como no
“Guia de Segurança e Conforto” da empresa Hewlett-Packard Company, para a
determinação dos padrões ideais de um ambiente de trabalho.
A parte prática e de pesquisa de campo foi realizada através de questionário sobre a
percepção das conseqüências de um ambiente não ergonômico e da observação in loco de
uma seção de trabalho dentro do aquartelamento estudado.
Para identificar os possíveis benefícios da implementação de um projeto de
ergonomia no 9° Batalhão de Suprimento somaram-se aos dados provenientes da pesquisa
de campo, os indicadores do estudo “Resultado da Intervenção Ergonômica em Usuários de
Computador XI INIC / VII EPG – UNIVAP 2007” de LOPES et al.
A amostra da pesquisa de campo foi de 45 pessoas, sendo 44 homens e 1 mulher,
variando entre 22 e 52 anos.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise do ambiente de trabalho do 9° Batalhão de Suprimento teve por base os


critérios elencados pela empresa Hewlett-Packard Company em seu Guia de Segurança e
Conforto, sendo apontada para cada pergunta a resposta sim ou não. A tabela 8 apresenta a
lista de verificação de segurança e conforto utilizada na pesquisa e seus respectivos
resultados.

Página 33-49
Tabela 8 – lista de verificação de segurança e conforto
QUESITO SIM NÃO
POSIÇÃO DO ASSENTO
 Você encontrou opções de postura e de assento nas quais se sente
X
mais confortável?
 Você costuma mudar de posição dentro da sua “área pessoal de
X
conforto” ao longo do dia, especialmente à tarde?
 Os pés estão totalmente apoiados no chão? X
 Os músculos posteriores das coxas, perto dos joelhos, estão
X
relaxados?
 Os músculos das panturrilhas estão relaxados? X
 Existe espaço suficiente para os joelhos e as pernas embaixo da área
X
de trabalho?
 A parte inferior das costas está apoiada? X
OMBROS, BRAÇOS, PULSOS E MÃOS
 Os ombros estão relaxados? X
 As mãos, os pulsos e os antebraços estão em uma posição neutra e
X
confortável?
 Caso utilize suportes para os braços, esses suportes estão ajustados
de forma que os ombros permaneçam relaxados e os pulsos X
mantenham-se em uma posição neutra e confortável?
 Os cotovelos estão aproximadamente na mesma altura da base do
X
teclado?
 Você evita apoiar as mãos e os pulsos enquanto digita ou utiliza o
X
dispositivo apontador?
 Você evita apoiar as mãos e os pulsos em quinas ou outras superfícies
X
pontiagudas?
 Você evita segurar o telefone entre o ouvido e o ombro? X
 Os itens utilizados com mais freqüência, como o telefone ou
X
materiais de referência, estão em um local de fácil acesso?
OLHOS
 Você costuma descansar os olhos com freqüência focalizando-os em
X
um ponto distante?
 Você consulta um oftalmologista regularmente? X
 Você pisca os olhos com uma freqüência suficiente? X
ESTILO DE DIGITAÇÃO
 Você costuma se policiar no sentido de digitar de forma mais suave
X
quando percebe que está pressionando as teclas com muita força?
 Caso não conheça as técnicas de datilografia, está tentando aprendê-
X
las?
 Você costuma alongar e massagear todos os dedos, inclusive os que
não utiliza para digitar e mover o dispositivo apontador, para relaxá- X
los quando estão tensos?
 Você movimenta todo o braço para alcançar as teclas que estão
X
distantes da base do teclado?
Página 34-49
TECLADO E DISPOSITIVO APONTADOR
 O teclado está posicionado diretamente na sua frente? X
 A altura e a inclinação do teclado estão ajustadas de forma que os
ombros permaneçam relaxados e os pulsos mantenham-se em uma X
posição neutra e confortável?
 Se costuma utilizar um mouse ou um TrackBall separado, ele está
X
colocado logo à direita ou à esquerda do teclado?
 Se costuma utilizar um dispositivo apontador, você está segurando
X
esse dispositivo suavemente com a mão relaxada?
 Você solta o dispositivo apontador quando não o está utilizando? X
 Você costuma clicar suavemente nos botões do dispositivo apontador
X
(mouse, trackball, touchpad ou bastão apontador)?
 Você costuma limpar o mouse ou o trackball com freqüência? X
MONITOR
 O monitor está posicionado na sua frente a uma distância de
visualização confortável de, aproximadamente, um braço? Ou, se
você costuma olhar mais para documentos impressos do que para o X
monitor, o suporte para documentos está na sua frente com o
monitor posicionado em um dos lados?
 Os brilhos e reflexos de luz do monitor foram eliminados sem
X
comprometer a sua postura?
 Toda a área de visualização do monitor está posicionada logo abaixo
X
da altura dos olhos?
 O monitor está inclinado paralelamente ao seu rosto? X
 Você ajustou os controles de brilho e contraste para melhorar a
X
qualidade de textos e gráficos?
 O suporte para documentos está posicionado perto e na mesma
X
distância, altura e ângulo do monitor?
NOTEBOOK
 Você muda de postura com freqüência, procurando deixar os ombros
relaxados ao mesmo tempo em que mantém o pescoço em uma X
postura confortável?
 Ao trabalhar durante longos períodos, você já experimentou levantar
o notebook com um suporte ou livro ou já tentou utilizar um teclado X
e um dispositivo apontador externos?
PRECAUÇÕES GERAIS
 Você faz intervalos e caminha um pouco, pelo menos uma vez por
X
hora?
 Você pratica exercícios regularmente? X
 Você avalia periodicamente os momentos de estresse pelos quais já
X
passou e tenta mudar tudo o que estiver no seu alcance?
 Se você apresenta qualquer sintoma que possa estar relacionado ao
uso do computador, seja durante o trabalho ou em outras ocasiões,
X
já consultou um médico e, se disponível, o departamento de saúde e
segurança da sua empresa?

Página 35-49
FATORES AMBIENTAIS
 O nível de ruído está abaixo de 65 dBA? X
 A temperatura ambiente está entre 20 e 23°C? X
 A temperatura ambiente está distribuída igualmente? X
 A velocidade do vento está abaixo de 0,75m/s? X
 A umidade do ar está entre 40 e 70%? X
 A iluminação é adequada? X
Fonte: HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p
(adaptado).

A partir da análise da tabela 8, pode-se verificar que a seção de compras do 9°


Batalhão de Suprimento cumpre 40,4% dos quesitos de ergonomia e segurança orientados,
o que mostra que o quadro apresentado naquele aquartelamento é passível de melhoria,
fins de tornar o trabalho seguro e confortável.
As figuras de 22 a 29 mostram o ambiente de trabalho pesquisado e sob quais
ângulos foram analisados os quesitos elencados na tabela 8.

Figura 22 – fotografia do ambiente estudado n° 1


Fonte: Autor.

Página 36-49
Figura 23 – fotografia do ambiente estudado n° 2
Fonte: Autor.

Figura 24 – fotografia do ambiente estudado n° 3


Fonte: Autor.
Página 37-49
Figura 25 – fotografia do ambiente estudado n° 4
Fonte: Autor.

Figura 26 – fotografia do ambiente estudado n° 5


Fonte: Autor.
Página 38-49
Figura 27 – fotografia do ambiente estudado n° 6
Fonte: Autor.

Figura 28 – fotografia do ambiente estudado n° 7


Fonte: Autor.
Página 39-49
Figura 29 – fotografia do ambiente estudado n° 8
Fonte: Autor.
Analisando as figuras de 22 a 29 podem-se apontar os seguintes acertos e erros:
 Certo:
A. luminosidade: a entrada de iluminação que poderia refletir no monitor foi
quebrada através de persiana que permite a entrada mínima de luz;
B. Postura: colaborador trabalha com a coluna ereta;
C. Pausa: apesar de não sistematizado, a seção dispões de espaço para que os
colaboradores façam pausas durante o trabalho para tomar água ou café;
D. Área útil: o telefone, o qual é de uso freqüente, foi colocado em local onde
dois colaboradores podem acessá-lo, sem que para tal precisem esticar-se
para fora de sua área útil;
E. Organização: as mesas de apoio ao lado do computador permitem que o
colaborador organize os materiais que mais usa em um espaço de fácil
acesso;
F. Teclado/mouse: o teclado e mouse estão posicionados um ao lado do outro,
permitindo ao colaborador acessá-los sem que para tal precise mover
amplamente o braço;
Página 40-49
G. Pés: os pés estão completamente apoiados no chão, distribuindo igualmente
a pressão do corpo sobre os pés;
H. Adaptabilidade: a cadeira disponível permite a regulagem de altura,
adequando-se a qualquer colaborador que a use.
 Errado:
I. Computador: os gabinetes dos computadores, que são utilizados com pouca
freqüência, estão posicionados na mesa, impedindo a utilização adequada do
mouse, bem como ocupando espaço útil que poderia ser destinado a material
amplamente usado;
J. Monitor: os monitores estão posicionados muito abaixo da altura
recomendada, fazendo que os colaboradores tenham que olhar para baixo
para utilizar o equipamento, e, por conseqüência, forçando a região cervical.
A colocação do monitor sobre um suporte permite, ainda, a liberação do
espaço abaixo do monitor para colocação de materiais que são utilizados com
freqüência;
K. Pulsos: os pulsos estão apoiados nas quinas da mesa, saindo da postura
correta (cotovelo-pulso-teclado). Os pulsos devem ser apoiados na mesa ou
em apoio destinado para tal, somente quando em momentos de descanso;
L. Olhar baixo: a inadequação da posição dos monitores obriga o colaborador
olhar para baixo, forçando a região cervical;
M. Velocidade do ar: como o ambiente não possui distribuição homogênea da
temperatura, os colaboradores ligam o ventilador posicionado ao fundo da
seção, aumentado os níveis de ruído e velocidade do ar;
N. Apoio da coluna: as cadeiras disponíveis não permitem o apoio completo da
coluna sobre o mobiliário, impedindo a distribuição do peso do corpo de
forma mais espalhada e confortável;
O. Leitura: a leitura de qualquer documento ou realização de outra atividade
deve ser realizada com a coluna alinhada, a exemplo da execução de
trabalhos ao computador;
P. Apoio para os braços: as cadeiras disponíveis não possuem apoio para os
braços, não permitindo o descanso dos braços ao digitar e provocando o
desalinhamento da postura de digitação (cotovelo-pulso-teclado);
Página 41-49
Q. Pés fora do chão: ao se analisar a fotografia 26, observa-se que os rodízios da
cadeira estão sujos em razão da colocação dos pés sobre os mesmos. Ao
mudar a posição dos pés o colaborador tira seu apoio do chão, forçando a
região posterior da coxa próxima ao joelho;
R. Mouse: o mouse está posicionado fora da área útil do colaborador, forçando
o mesmo, ao utilizá-lo, flexionar sua coluna para frente, perdendo assim o
apoio das costas e conseqüente falta de distribuição do peso e
desalinhamento dos pulsos e coluna para a direita;
S. Temperatura: a temperatura ambiente não é distribuída homogeneamente
pelo ambiente, em razão de existir somente um condicionador de ar
posicionado no canto da sala. Como visto anteriormente, esta falta de
distribuição ocasiona o acionamento do ventilador e conseqüente aumento
da velocidade do ar e do ruído;
T. Notebook: a utilização direta de notebook impossibilita a adequação do
homem à máquina. Usuários de computadores portáteis devem utilizar
suporte para elevar a posição do monitor, bem como mouse e teclado
externos;
U. Apoio para os braços fixos: os apoios para os braços da cadeira da fotografia
28 são fixos, impedindo a adaptação do mobiliário ao usuário. Como
conseqüência dessa inadequação, o usuário fica com a posição de digitação
prejudicada, pois fica sem apoio para os cotovelos e acontece o
desalinhamento na posição de digitação;
V. Pés inclinados: apesar dos pés estarem apoiados por completo no chão, ao
inclinar a perna os pés acabam tendo que se dobrar para ficarem
complemente apoiados ao chão. O uso de apoio para os pés se faz necessário
para correção da posição ao sentar, pois as pernas do colaborador estão em
posição adequada, sendo equivocada somente a posição dos pés.
Após a análise das figuras de 22 a 29, deve-se projetar medidas de modo que as
estações de trabalhos fiquem, após a intervenção, minimamente conforme exemplifica a
figura 30.

Página 42-49
Figura 30 – condições mínimas de ergonomia
Fonte: SDT1. Conselhos ergonômicos. Disponível em: <http://studium.ppg.br/blog/index.
php?s=posicion%C3%A1>. Acesso em: 23 nov. 2008.

Em Lopes et al. (2007) o percentual de melhora em dois anos de intervenção foi de


26% pontos percentuais, passando de 81% de colaboradores com reclamações de dores em
2004 para 55% em 2006. A tabela 9 apresenta o resultado da pesquisa realizada no 9°
Batalhão de Suprimento.
Tabela 9 – localização de dor ou desconforto relatada pelos funcionários
CLASSIFICAÇÃO APONTAMENTOS
Homens 44
Mulheres 1
Cervical 16
Dorsal 8
Joelhos 2
Lombar 18
Mãos 9
Olhos 17
Ombros 12
Pernas 3
Pulsos 10
Sem queixa nenhuma 10
Fonte: Autor.
A tabela 10 apresenta a análise dos dados da tabela 9, de modo a verificar possíveis
causas relacionadas à ergonomia do ambiente de trabalho que possam gerar as dores e
desconfortos apontados.

Página 43-49
Tabela 10 – dores X possíveis causas

INCIDÊNCIA CLASSIFICAÇÃO QTD POSSÍVEL CAUSA


 Cadeira sem apoio para a região
lombar;
 Postura ao sentar mais deitada,
1° Lombar 18
procurando adequar-se a posição do
monitor e, conseqüente, desapoio da
região lombar.
 Utilização de computador por mais 5
horas sem a realização dos devidos
intervalos;
 Resolução da tela do computador
2° Olhos 17 muito alta, diminuindo o tamanho
dos objetos projetados;
 Leitura excessiva de documentos
sem a utilização de óculos
específicos ou de descanso.
 Monitor posicionado abaixo da
altura recomendada, obrigando o
3° Cervical 16
colaborador a baixar a vista,
forçando a cervical.
 Falta de apoio para os braços,
obrigando o colaborador a manter os
4° Ombros 12
braços levantados por longo período,
uma vez que não se fazem intervalos.
 Apoio dos pulsos nas mesas ao
digitar e/ou movimentar o mouse;
5° Pulsos 10
 Dobrar os pulsos ao digitar e/ou
movimentar o mouse.
 Grande parte da população
pesquisada tem idade entre 22 e 29
anos e pratica atividade física
6° Sem queixa nenhuma 10 regularmente, o que contribui para a
resistência muscular e, conseqüente,
aumento da capacidade de resistir às
condições do ambiente de trabalho.
 Apoio dos pulsos para digitar, o que
obriga o colaborador a flexionar os
dedos para trás para conseguir
7° Mãos 9
digitar, forçando, portanto, aquela
região. O correto é digitar
flexionando os dedos para frente.
 Falta de apoio completo para a
região das costas, não permitindo
8° Dorsal 8
que o peso do corpo se espelhe de
modo homogêneo.
Página 44-49
 Cadeira desregulada ou sem recurso
de ajuste de posição;
 Entrelaçamento dos pés junto aos
9° Pernas 3
pés-da-cadeira, forçando a região
posterior da coxa próxima aos
joelhos.
 Espaço disponível para as pernas
muito pequeno, fazendo que os
10° Joelhos 2
joelhos do colaborador fiquem em
contato com a parede ou a mesa.
Fonte: Autor.
Como se pode verificar através da comparação da realidade apresentada e da teoria
sobre o ambiente ideal de trabalho, a situação de ergonomia no 9° Batalhão de Suprimento
possui ponto passíveis de melhoria, fins de proporcionar melhoria nas condições de trabalho
e redução dos índices de reclamações identificados pela tabela 9. Caso seja mantida a
proporção observada em Lopes et al. (2007) o índice de reclamações, que hoje figura na casa
de 77,78%, pode ser reduzido para 52,81%, o que representa 24,97% pontos percentuais de
melhoria.
Apesar da existência de alguns mobiliários ajustáveis, de um modo geral o
conhecimento de como utilizá-los não é difundido, reduzindo a performance possível de ser
alcançada com o material existente.
A análise da seção de compras do 9° Batalhão de Suprimento revelou a existência de
diversos pontos a melhorar, onde se pode citar:
 Ambiente:
o Temperatura homogênea: distribuir a temperatura no ambiente através da
instalação de um novo condicionador de ar no lado oposto da seção.
o Velocidade do ar: como o ambiente não tem a temperatura igualmente
distribuída, os colaboradores ligam o ventilador para amenizar a temperatura,
o que acaba aumentado a velocidade do ar dentro do ambiente de trabalho
acima do valor recomendado.
 Rotina de trabalho:
o Pausas: instituir pausas durante o trabalho para que se façam os exercícios
recomendados e que os colaboradores conversem, diminuindo assim o
estresse do trabalho. Para lembrar os integrantes da seção do momento para

Página 45-49
realizar a pausa, deve-se instalar um software que dê alerta quando
transcorrido o tempo designado.
 Capacitação:
o Orientação: orientar os colaboradores dos benefícios a saúde e os resultados
do trabalho em ambientes ergonômicos, contribuindo para que os próprios
funcionários se policiem e busquem sempre estar em posições adequadas de
trabalho.
o Organização: organizar as estações de trabalho para que cumpram os
requisitos mínimos de ergonomia, proporcionando condições adequadas de
conforto e segurança, resultando em melhor performance e saúde dos
colaboradores.
 Mobiliário:
o Cadeiras, mesas e apoios: criar políticas de compras de mobiliários
ergonômicos. Dentre os itens a serem contemplados no estudo destacam-se
cadeiras e mesas ajustáveis, apoios para os pés e pulsos (mouse e teclado),
suporte de monitores e documentos, monitores com caixa de som integrada
(liberar espaço nas mesas), suporte para notebooks, dentre outros.
Grande parte das intervenções são possíveis de serem realizadas apenas com o
treinamento e orientação dos colaboradores, sendo poucas as medidas que demandam
investimento de recursos financeiros. A alocação de recursos para ergonomia não se
configura como custo, mas sim como investimento. A revista Exame (1995) apresenta que a
cada dólar investido em ergonomia, obtém-se o retorno de 4 dólares em produção. A
instituição analisada tem como ponto forte, que colabora para a redução dos custos de
implantação de um projeto dessa matéria, a existência de uma seção de marcenaria, a qual
seria capaz de confeccionar os apoios para monitor, pés e notebooks (conforme figura 31), o
que reduz drasticamente o número de itens e valor a ser investido.

Página 46-49
Apoio para os pé Suporte de monitor Suporte para notebook
Figura 31 – acessórios para ergonomia
Fonte: GOOGLE. Imagens. Disponível em: <www.google.com.br>. Acesso em: 23 nov. 2008.

5 CONCLUSÃO

A implantação de ambientes ergonomicamente corretos é matéria antiga nas


empresas privadas, porém, mais recentemente, tem ganhado espaço dentro os órgãos
públicos.
O Ministério do Trabalho e Emprego edita as normas e fiscaliza se as empresas estão
cumprindo os requisitos de ergonomia previstos na NR-17, na CLT e demais normas. O 9°
Batalhão de Suprimento, apesar de estar vinculado a outras regras empregatícias, que não
as previstas na CLT, possui condições de aplicar os conceitos de ergonomia para melhorar a
saúde e a performance dos colaboradores, cumprindo, assim, o princípio constitucional da
eficiência.
A quantidade de estudos e obras disponíveis para a elaboração de um Programa de
Ergonomia são suficientes e elucidadoras, permitindo a qualquer instituição fazê-lo sem
problemas. Existem, ainda, diversos acessórios para adaptação das estações de trabalho,
bem como softwares de apoio que permitem a completa adequação do ambiente de
trabalho.
As técnicas de ergonomia já foram satisfatoriamente experimentadas por diversas
empresas e órgãos públicos, concluindo ser um investimento viável e de mútuo retorno, a
exemplo do que foi demonstrado por Lopes et al. (2007).
Página 47-49
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABOUT.COM. Ergonomic. Disponível em: <http://ergonomics.about.com/>. Acesso em: 23


nov. 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: acústica – avaliação do ruído


ambiente em recintos de edificação visando o conforto dos usuários – procedimentos. Rio
de Janeiro, 1999.

________ NBR 5413: iluminância de interiores. Rio de Janeiro, 1992

ATTWOOD, D.A.; DEEB, J.M.; DANZ-REECE, M.E. Ergonomic Solutions for the Process
Industries. Oxford: Elsevier, 2004.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 17 – Ergonomia. Brasília, 2007.

HP – Hewlett-Packard Company. Guia de Segurança e Conforto. São Paulo, 2002. 62 p.

LOPES. M.C.F. et al. Resultado da intervenção ergonômica em usuários de computador XI


INIC / VII EPG – UNIVAP 2007. Resende, 2007.

MERCADOLIVRE. Suporte Vertical Ergonômico para notebook – notebook stand: catálogo.


Disponível em: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-84126968-suporte-vertical-
ergonmico-para-notebook-notebook-stand-_JM>. Acesso em: 23 nov. 2008;

O.I.T. – Organizacion Internacional del Trabajo. Enciclopedia de salud y seguridad en el


trabajo. Genebra, 2006;

PORTAL EM FOCO. Notebooks merecem nota zero no quesito ergonomia. Disponível em:
<http://www.portalemfoco.com.br/artigos.php?pag=artigo&artigoid=654>. Acesso em: 23
nov. 2008.

RICCÓ. Ergonomia. Disponível em: <http://www.moveisricco.com.br/produtos/ergonomia/


ergonomia.htm#>. Acesso em: 23 nov. 2008.

Página 48-49
ROADLINGUA: dicionário eletrônico Aurélio. Versão 1.0. AbsoluteWord, 2000. Palm OS 4.0.

SDT1. Conselhos ergonômicos. Disponível em: <http://studium.ppg.br/blog/index.php?s=po


sicion%C3%A1>. Acesso em: 23 nov. 2008.

SINTTEL-RIO – Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Estado do


Rio de Janeiro. Anexo II NR 17: Regulamenta as condições de trabalho em Call Center. Rio de
Janeiro, 2007.

WIKIPÉDIA. Ergonomia. Disponível em: <www.wikipedia.org>. Acesso em: 23 nov. 2008.

Página 49-49

Você também pode gostar