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A Lei de Consórcios Públicos

(Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005)

Seminário da Frente Nacional dos Prefeitos


Porto Alegre , 2 e 3 de Agosto de 2005
Parte I

Conceitos Fundamentais
Seminários sobre a Lei de Consórcios Públicos – conceitos fundamentais

O federalismo moderno não se fundamenta apenas na autonomia


dos entes federativos, mas na possibilidade de que tenham uma
atuação concertada.

Federalismo dual Federalismo cooperativo


Seminário sobre a Lei de Consórcios Públicos – conceitos fundamentais

Conteúdo negativo
Princípio da Solidariedade
(Bundestreue)

Articulação Federativa

Conteúdo positivo
Princípio da colaboração federativa
Seminário sobre a Lei de Consórcios Públicos – conceitos fundamentais

colaboração federativa em sentido


estrito - obrigação de agir para que
outro possa agir

Princípio da colaboração coordenação federativa


Federativa - atuação conjunta compulsória

cooperação federativa
- atuação conjunta voluntária
Seminário sobre a Lei de Consórcios Públicos – conceitos fundamentais

Multiplicidade de instrumentos de cooperação

reuniões informais

convênios e consórcios administrativos

participação em órgãos colegiados de outros


entes

Cooperação convênios de cooperação


Federativa
empresas cujo capital pertença a mais de um
ente federativo

consórcios de direito privado

consórcios públicos
Seminário sobre a Lei de Consórcios Públicos – conceitos fundamentais

A cooperação é apenas uma das formas de articulação federativa.

Os consórcios públicos são apenas uma das formas de cooperação


federativa.
Parte II

Aspectos constitucionais
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – breves notas

1891 – 1ª. Constituição Federal brasileira: os consórcios eram


considerados contratos que, se celebrados entre Municípios, precisavam
da aprovação do Estado e, se celebrados entre Estados, precisavam da
aprovação da União. A situação se manteve em 1934 (2ª. Constituição
Federal brasileira).

1937 – A 3ª. Constituição Federal brasileira previu os consórcios


intermunicipais como pessoas jurídicas de direito público. Mas como a
Constituição de 1937 vigorou durante a ditadura do Estado Novo, o seu
reconhecimento era apenas formal.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – breves notas

1946 – Com a redemocratização, foi editada a 4ª. Constituição brasileira.


A sua ênfase era toda no resgate das liberdades democráticas e nas
autonomias federativas e dos entes locais.

1960 – Inicia-se debate sobre cooperação federativa, que se soma ao


debate sobre o desenvolvimento. Em 1961 é criado o BRDE – Banco
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, autarquia interfederativa
formada pelos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

1964 – Com o Golpe Militar, novamente o Brasil sofre processo de


centralização.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – breves notas

1967 – 5ª. Constituição Federal brasileira. Nesse período os consórcios


públicos são considerados meros pactos de colaboração, cujo
cumprimento não é obrigatório. Não se reconhece personalidade jurídica
aos consórcios públicos.

1988 – Com novo processo de redemocratização é editada a 6ª.


Constituição Federal brasileira.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – breves notas

Principais inovações da Constituição de 1988:

• Reconhece os Municípios e o Distrito Federal como entes federativos.

• Descentraliza receitas públicas.

• É muito tímida no que se refere à cooperação federativa.


Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A Emenda Constitucional n. 19/1998 - antecedentes

Em 1990, a legislação do SUS prevê expressamente a existência dos


consórcios públicos

Lei 8.080/1990

“Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em


conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.

§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da


direção única, e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância.

§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), poderá organizar-se em


distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura
total das ações de saúde.”
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998 - antecedentes
Lei 8.142/1990

Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como:


....................................................................................................................
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e
aprovados pelo Congresso Nacional;
...................................................................................................................
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei serão repassados de
forma regular e automática para os Municípios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os
critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
.................................................................................................................
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações e
serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos previstos no inciso IV
do art. 2° desta lei.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998 - antecedentes
Depois de 1988 o número de consórcios aumentou, especialmente os de saúde.

Tipo de consórcio Número de Municípios


Saúde................................................................................... 1.969
Aquisição e/ou uso de máquinas e equipamentos ............... 669
Educação.............................................................................. 241
Habitação .............................................................................. 64
Serviços de abastecimento de água...................................... 161
Serviços de esgotamento sanitário ....................................... 87
Tratamento ou disposição final de lixo .................................. 216
Processamento de dados ..................................................... 88
Fonte: Perfil dos Municípios Brasileiros – Gestão Pública (IBGE, 2001)
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998 - antecedentes

Apesar do aumento do número de experiências consorciais,


continuou a vigorar o entendimento do período constitucional 1967-
1988, de que os consórcios públicos são meros pactos de
cooperação, de natureza precária e sem personalidade jurídica – tal
como os convênios.

Os entes federativos passaram a reivindicar que os consórcios


tivessem tratamento jurídico mais adequado.

Por força disso, por meio da Emenda Constitucional n. 19, de 1998,


foi alterado a redação do art. 241 da Constituição Federal, que
passou a prever expressamente os consórcios públicos e os
convênios de cooperação.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998
A emenda Constitucional nº. 19, de 1998, conferiu nova
redação ao art. 241 da Constituição Federal:
“Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios
públicos e os convênios de cooperação entre os entes
federados, autorizando a gestão associada de serviços
públicos, bem como a transferência total ou parcial de
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade
dos serviços transferidos.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998

Principais mudanças da nova redação do art. 241 da CF:

• O consórcio público foi reconhecido como instrumento de cooperação


federativa horizontal e vertical.
• Introduzido o instituto do convênio de cooperação entre entes
federados.
• A exigência de que os consórcios públicos e os convênios de
cooperação sejam disciplinados por lei dos entes que cooperam entre si.
• Introduzido o conceito de gestão associada de serviços públicos.
• Reconhecida a possibilidade de que, na cooperação federativa, haja a
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998

O consórcio público foi reconhecido como instrumento de cooperação


federativa horizontal e vertical.

“Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão


por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os
entes federados (...)”.

Horizontal: exemplos: consórcios de Municípios com Municípios ou de Estados


com Estados.

Vertical: exemplos: consórcios de Estado com Municípios ou da União com os


Estados.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998

Introduzido o instituto do convênio de cooperação entre entes federados.

“Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão


por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os
entes federados (...)”.

A distinção entre os convênios de cooperação e os consórcios públicos é que os


consórcios públicos possuem personalidade jurídica e os convênios, mesmo os de
cooperação, são mero pactos de colaboração.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998

A exigência de que os consórcios públicos e os convênios de cooperação


sejam disciplinados por lei dos entes que cooperam entre si.

“Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão


por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os
entes federados (...)”.

Obrigatória a participação do Poder Legislativo local na disciplina dos consórcios


públicos e dos convênios de cooperação entre entes federados, especialmente
quando autorizam gestão associada de serviços públicos.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC n º. 19/1998

Introduzido o conceito de gestão associada de serviços públicos.

“Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão


por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os
entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos (...)”.

A gestão associada de serviços públicos, por limitações de tempo, não será


apreciada em nossa exposição.
Evolução do instituto consórcio público no direito constitucional
brasileiro – A EC nº. 19/1998

Reconhecida a possibilidade de que, na cooperação federativa, haja a


transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens.

“Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão


por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os
entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como
a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais
à continuidade dos serviços transferidos”.

A transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à


continuidade dos serviços transferidos é matéria vinculada à gestão associada de
serviços públicos.
Parte III

Principais inovações da Lei nº. 11.107,

de 6 de abril de 2005
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 - antecedentes.

Apesar da mudança no art. 241, continuou a prática de se criar


consórcios públicos como associações civis que não cumpriam
com os preceitos de direito público.

Alguns órgãos de controle e parte da doutrina jurídica não se


adequaram à inovação da Emenda Constitucional nº. 19, de
1998, defendendo o entendimento do período 1967-1988.
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 - Antecedentes.

O Governo Federal propôs ao Legislativo o Projeto de Lei nº. 3.884,


de 2004, fruto de Grupo Interministerial de Trabalho. O objetivo do
projeto era criar um ambiente normativo favorável à criação dos
Consórcios Públicos e à operacionalização da gestão associada de
serviços públicos, previstas na EC nº. 19/1998.

Porém, no Senado Federal havia Projeto de Lei em fase final de


tramitação, com o objetivo de regulamentar o novo art. 241 da CF.
Houve um acordo em que os conceitos do Projeto do Executivo
foram transpostos para o Projeto em tramitação.

Originou-se, assim, a Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005.


A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações

• O consórcio serve para a cooperação horizontal e para a


cooperação vertical.

• O princípio da subsidiariedade.

• O consórcio sempre é voluntário.

• O consórcio é um plus nunca um minus.

• O consórcio possui personalidade jurídica de direito público ou


de direito privado.
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações

O consórcio serve para a cooperação horizontal e para a


cooperação vertical.

Nesse aspecto se seguiu a mudança da EC nº. 19/1998.

Torna-se, assim, possível as seguintes formas


consorciais:
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações

Consórcios Públicos: arranjos possíveis com a nova Lei:


Consórcios entre Municípios
Consórcios entre Estados
Consórcios entre Estado(s) e Distrito Federal
Consórcios entre Município(s) e Distrito Federal
Consórcios entre Estado(s) e Município(s)
Consórcios entre Estado(s), Distrito Federal e Município(s)
Consórcios entre União e Estado(s)
Consórcios entre União e Distrito Federal
Consórcios entre União, Estado(s) e Município(s)
Consórcios entre União, Estado(s), Distrito Federal e Município(s)
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações

O princípio da subsidiariedade.

“Art. 1º. ...............................................................................................................


§ 2º A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte
todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.
................................................................................................................................”

Colaborar com o Município pertence primeiro ao Estado e, somente


insuficiente a atuação deste, é que poderá a União atuar.
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações

O consórcio sempre é voluntário.


“Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos entes da
Federação que se consorciarem, observados os limites constitucionais.”
..................................................................................................................................

“Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio público dependerá de ato formal
de seu representante na assembléia geral, na forma previamente disciplinada por lei.
§ 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira somente serão revertidos
ou retrocedidos no caso de expressa previsão no contrato de consórcio público ou no instrumento de
transferência ou de alienação.
§ 2º A retirada ou a extinção do consórcio público não prejudicará as obrigações já constituídas,
inclusive os contratos de programa, cuja extinção dependerá do prévio pagamento das indenizações
eventualmente devidas.”

“Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e funcionamento dos consórcios
públicos serão disciplinados pela legislação que rege as associações civis.”
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações

O consórcio é um plus nunca um minus.

“Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos convênios de cooperação, contratos de
programa para gestão associada de serviços públicos ou instrumentos congêneres, que
tenham sido celebrados anteriormente a sua vigência.”

Respeita-se o princípio da multiplicidade dos instrumentos de cooperação federativa.


A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações

O consórcio possui personalidade jurídica de direito público ou de


direito privado.

“Art. 1º .........................................................................................................................
§ 1º O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito privado.
......................................................................................................................................”

“Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:

I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis de
ratificação do protocolo de intenções;

II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil.”

..................................................................................................................................”
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações
O consórcio possui personalidade jurídica de direito público ou de
direito privado.
“Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Código Civil, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:


.....................................................................................................................
IV – as autarquias, inclusive as associações públicas;
..............................................................................................................“(NR)

“Art. 6º ..................................................................................................................
§ 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o
consórcio público observará as normas de direito público no que concerne à
realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de
pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
A Lei nº. 11.107, de 6 de abril de 2005 – Principais inovações

O consórcio possui personalidade jurídica de direito público ou de


direito privado.
“Art. 9º A execução das receitas e despesas do consórcio público deverá obedecer
às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades públicas.

Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil,


operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas
do Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à
legalidade, legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de
receitas, sem prejuízo do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos
contratos de rateio.”
Parte IV

Como constituir um consórcio público


Como constituir um consórcio público

ETAPA 1 - Protocolo de Intenções

O protocolo de intenções é o documento inicial do consórcio público e seu conteúdo


mínimo deve obedecer ao previsto na Lei de Consórcios Públicos.

Ele é subscrito pelos Chefes do Poder Executivo de cada um dos consorciados, ou


seja, pelos Prefeitos, caso o consórcio envolva somente Municípios, pelo Governador, caso
haja o consorciamento de Estado ou do Distrito Federal, pelo Presidente da República, caso
a União figure também como consorciada.

O protocolo de intenções deverá ser publicado, para conhecimento público,


especialmente da sociedade civil de cada um dos entes federativos que o subscreve.
Como constituir um consórcio público

ETAPA 2 - Ratificação
A ratificação do protocolo de intenções se efetua por meio de lei, na qual cada
Legislativo aprova o Protocolo de Intenções.

Caso previsto, o consórcio público pode ser constituído sem que seja necessária a
ratificação de todos os que assinaram o protocolo.

Por exemplo: se um protocolo de intenções foi assinado por cinco Municípios, pode se
prever que o consórcio público será constituído com a ratificação de apenas três
Municípios, que não precisarão ficar aguardando a ratificação dos outros dois que, somente
depois de ratificarem, poderão ingressar.

A ratificação pode ser efetuada com reservas. Caso haja sido publicada lei antes da
celebração do protocolo de intenções, poderá ser dispensada a ratificação posterior.
Como constituir um consórcio público

ETAPA 3 - Estatutos
O protocolo de intenções, após a ratificação, converte-se no contrato de constituição
do consórcio público.

Após as etapas 1 e 2, será convocada a assembléia geral do consórcio público, que


decidirá sobre os seus estatutos que deverão obedecer ao estatuído no contrato de
constituição do consórcio público.

No caso de consórcios públicos de direito privado, a personalidade jurídica do


consórcio será adquirida mediante o registro dos estatutos no registro civil.

Os estatutos poderão dispor sobre a organização do consórcio, esclarecendo quais são


seus órgãos internos, a lotação e demais regras para o pessoal, regras essenciais para as
compras etc.
Parte V

Finalidades do consórcio público


Finalidades dos consórcios públicos - Introdução

Com a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, os consórcios públicos poderão


concretizar muito mais objetivos do que os que se dedicam hoje.

Evidentemente que haverá matérias que são indelegáveis e não podem ser
transferidas aos consórcios públicos como, por exemplo, a elaboração de leis municipais.
Porém, nada impede que o consórcio público produza estudos técnicos que, acolhidos pelos
Legislativos locais, venham a tomar a forma de leis, como códigos tributários ou planos
diretores.

Os consórcios públicos de direito privado não podem exercer todas as


competências que um consórcio público de direito público porque, por se revestir do direito
privado, está em posição de igualdade com os demais particulares, pelo que não pode
exercer sobre eles poderes de autoridade. Por isso, não podem tomar decisões de cunho
obrigatório, nem tomar medidas que, unilateralmente, venham a atingir direitos de
particulares (por exemplo, não podem exercer a regulação de serviços públicos).
Finalidades dos consórcios públicos - alguns exemplos

3. Compras conjuntas (de uma licitação vários contratos).

5. Agência reguladora regional.

7. Escola de Governo Regional.

9. Compartilhamento de equipamentos e de pessoal técnico.

11. Serviços conjuntos de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

13. Unidades de saúde consorciais (hospitais, centros clínicos, etc).

8. Destinação final de resíduos sólidos


Parte VI

Gestão financeira do consórcio público


Gestão financeira do consórcio público

Os consórcios públicos poderão receber recursos públicos por quatro


meios:

1. ser contratado pelos consorciados.

2. arrecadar receitas advindas da gestão


associada de serviços públicos.

3. receitas de contrato de rateio.

4. receitas de convênios com entes não


consorciados.
Gestão financeira do consórcio público

ser contratado pelos consorciados

“Art. 2º .................................................................................................

§ 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá:

...........................................................................................................

III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação
consorciados, dispensada a licitação.

............................................................................................................”
Gestão financeira do consórcio público
arrecadar receitas advindas da gestão associada de serviços
públicos.
“Art. 2º ..................................................................................................
§ 2º Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer
atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços ou
pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles administrados ou, mediante
autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.

§ 3º Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou


autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista no contrato de
consórcio público, que deverá indicar de forma específica o objeto da concessão,
permissão ou autorização e as condições a que deverá atender, observada a legislação de
normas gerais em vigor.
Gestão financeira do consórcio público
receitas de contrato de rateio
“Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público mediante
contrato de rateio.

§ 1º O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro e seu prazo de


vigência não será superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos contratos que
tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e ações
contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de serviços públicos custeados
por tarifas ou outros preços públicos.

§ 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio para o
atendimento de despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de crédito.
§ 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o consórcio público,
são partes legítimas para exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato de
rateio.
Gestão financeira do consórcio público

receitas de contrato de rateio

“Art. 8º ...............................................................................................

§ 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos dispositivos da Lei Complementar


nº 101, de 4 de maio de 2000, o consórcio público deve fornecer as informações
necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorciados, todas as
despesas realizadas com os recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de forma
que possam ser contabilizadas nas contas de cada ente da Federação na conformidade dos
elementos econômicos e das atividades ou projetos atendidos.”
Gestão financeira do consórcio público
receitas de convênios com entes não consorciados.
Lei de Consórcios Públicos

“Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os consórcios públicos, com o objetivo de
viabilizar a descentralização e a prestação de políticas públicas em escalas adequadas.”

Lei 8.142/1990

Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como:


....................................................................................................................
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e
aprovados pelo Congresso Nacional;
...................................................................................................................
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei serão repassados de forma
regular e automática para os Municípios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
.................................................................................................................
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações e serviços de
saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.”
Parte VII
A Gestão Associada de
Serviços Públicos
CONSTITUIÇÃO FEDERAL

“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,


diretamente ou sob o regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação
de serviços públicos.

Parágrafo único. ......................................................”


CONSTITUIÇÃO FEDERAL

“Art. 30. Compete aos Municípios:


..................................................................................
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, os serviços públicos de
interesse local, incluído o transporte coletivo, que
tem caráter essencial;
................................................................................”
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
“Art. 30. Compete à União:
.....................................................................................................................
XXII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão:
a) os serviços de radiofusão sonora de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento
energético dos curso de água, em articulação com os Estados onde
se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos
brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de
um Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional
de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
....................................................................................................................

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
(REDAÇÃO DA EC 19/1998 -
EMENDA DA “REFORMA ADMINISTRATIVA”)

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios disciplinarão por meio de lei os
consórcios públicos e os convênios de cooperação
entre ente federados, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a
transferência total ou parcial de encargos, serviços,
pessoal e bens essenciais aos serviços transferidos.
régie direta
Centralizada
régie indireta
Direta
autarquia
Descentralizada (outorga) empresa pública
soc. econ. mista
fundação
Prestação de
Serviço Público concessão
Indireta permissão
(delegação) autorização

consórcio público contrato de


Gestão associada
convênio de cooperação programa
Disciplina legal do contrato de programa

Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de


programa, como condição de sua validade, as obrigações que um
ente da Federação constituir para com outro ente da Federação ou
para com consórcio público no âmbito de gestão associada em que
haja a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou
parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à
continuidade dos serviços transferidos.
Disciplina legal do contrato de programa

Art. 13 ...............................................................................

§ 1º O contrato de programa deverá:

I – atender à legislação de concessões e permissões de serviços


públicos e, especialmente no que se refere ao cálculo de tarifas e de outros
preços públicos, à de regulação dos serviços a serem prestados; e

II – prever procedimentos que garantam a transparência da gestão


econômica e financeira de cada serviço em relação a cada um de seus
titulares.
Disciplina legal do contrato de programa

Art. 13 ...............................................................................

§ 3º É nula a cláusula de contrato de programa que atribuir ao


contratado o exercício dos poderes de planejamento, regulação e fiscalização
dos serviços por ele próprio prestados.

§ 4º O contrato de programa continuará vigente mesmo quando


extinto o consórcio público ou o convênio de cooperação que autorizou a
gestão associada de serviços públicos.
Disciplina legal do contrato de programa

Art. 13 ......................................................................

§ 5º Mediante previsão do contrato de consórcio público, ou de


convênio de cooperação, o contrato de programa poderá ser celebrado por
entidades de direito público ou privado que integrem a administração indireta de
qualquer dos entes da Federação consorciados ou conveniados.

§ 6º O contrato celebrado na forma prevista no § 5º deste artigo será


automaticamente extinto no caso de o contratado não mais integrar a
administração indireta do ente da Federação que autorizou a gestão associada de
serviços públicos por meio de consórcio público ou de convênio de cooperação.
Tipos de contrato de programa

Modelo A
consórcio público ou
convênio de cooperação
Estado ------------------------------------------------Município
| |
| |
| contrato de programa |
Companhia estadual ---------------------------------------
Tipos de contrato de programa

Modelo B
contrato de programa ou
de concessão

Consórcio Público ----------------------------


|
|
Companhia estadual
|
|
|
Município A Município B Estado -------------------
Tipos de contrato de programa

Modelo C

Consórcio Público
contrato

de programa

contrato
de programa

Município A Município B Estado


Obrigado!

Wladimir António Ribeiro


Consultor em Direito Público

wladimir_ribeiro@hotmail.com

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