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ASFIXIA

“Supressão da respiração.”

Prof. Hélio Gomes


CLASSIFICAÇÃO

Afrânio Peixoto

ASFIXIA PURA: resultante da anoxemia e


hipercapnéia.
a)Asfixia em ambientes por gases
irrespiráveis:
Confinamento;
Asfixia por monóxido de carbono;
Asfixia por outros vícios de
ambientes.
CONTINUAÇÃO
b) Obstaculação à penetração do ar nas
vias respiratórias:
Sufocação direta (obstrução dos
orifícios respiratórios);
Sufocação indireta (impedimentos da
expansão pulmonar);
CONTINUAÇÃO

c) Transformação do meio gasoso em


meio líquido (afogamento);

d) Transformação do meio gasoso em


meio sólido ou pulverulento
(soterramento).
CONTINUAÇÃO

ASFIXIA COMPLEXA : determinada pela


interrupção da circulação cerebral.
a) Constrição cervical passiva do pescoço
(enforcamento);
b) Constrição cervical ativa do pescoço
(estrangulamento).

ASFIXIA MISTA: ocorre pela superposição


dos fenômenos circulatórios,
respiratórios e nervosos (esganadura).
EXAME NECROSCÓPICO
O exame do cadáver por óbvio seguirá
regra centrípeta, isto é, do ambiente de
encontro do cadáver até a necropsia;
Do exame externo geral, para o exame
interno geral.
MANCHAS DE
HIPÓSTASE
CONGESTÃO
DA FACE
EQUIMOSES DA
PELE E DAS
MUCOSAS
FENÔMENOS CADAVÉRICOS
COGUMELO DE ESPUMA
PROTUSÃO DA
LÍNGUA E
EXOFTALMIA
EQUIMOSES VÍSCERAIS
“manchas de Tardieu”
FÍGADO CONGESTO E DISTENSÃO
ASFIXIA POR CONFINAMENTO
Provocada pela permanência de um ou
mais indivíduos num ambiente restrito ou
fechado, sem condições de renovação do
ar respirável, sendo consumido o oxigênio
pouco a pouco e o gás carbônico
acumulado gradativamente.
Na maioria das vezes é acidental,
podendo, no entanto, ser homicídio ou
suicida.
ASFIXIA POR MONÓXIDO DE
CARBONO
Provocada pela reação do monóxido de
carbono com a hemoglobina dos glóbulos
vermelhos, impedindo o transporte do
oxigênio aos diversos tecidos, levando,
em conseqüência, a um tipo especial de
asfixia por carboxiemoglobinemia.
É mais constante como forma suicida, e,
mais raramente acidental ou homicida.
SUFOCAÇÃO

Provocada pelo impedimento da


passagem do ar respirável por meio
direto ou indireto de obstrução.
SUFOCAÇÃO DIRETA
Determinada pela oclusão da boca e das
fossas nasais, com as mãos, travesseiro,
papel molhado, sacos plásticos, goma de
mascar, moedas, alimentos, vômitos e
prótese dentária.
A natureza jurídica pode ser de caráter
criminoso, acidental ou suicídio.
PEIXE NA
TRAQUÉIA

SUFOCAÇÃO DIRETA
SUFOCAÇÃO INDIRETA

A compressão, em
grau suficiente, do
tórax e abdome
impede os
movimentos
respiratórios, levando
em conseqüência, à
asfixia.

“máscara equimótica da
face”
SOTERRAMENTO
Provocado pela obstrução das vias
respiratórias por terra ou substâncias
pulverulentas;
É na maioria, acidental e, muito
raramente, homicida ou suicida,
sendo mais freqüente o
desmoronamento ou o desabamento.
SOTERRAMENTO

Laringe e faringe
obstruídas por lama
AFOGAMENTO
Produzido pela penetração de um meio líquido ou
semi-líquido nas vias respiratórias, impedindo a
passagem de ar até os pulmões.

A forma rápida, morrendo em cinco minutos;

A forma lenta, em que a vítima luta, reage, vai ao


fundo, retorna à superfície várias vezes, morrendo
depois de grande resistência.

O afogado passa por três fases: defesa, resistência e


exaustão e posteriormente a morte.

Afogamento homicida é muito raro, a não ser que a


vítima seja muito inferior em forças ao agressor.
AFOGADO BRANCO DE PARROT
Casos em que o indivíduo, ao tocar na
água, morre por inibição, necessitando
para isso, de uma predisposição
constitucional, lesões cardiovasculares
agravadas pela ação térmica;
Nessa modalidade de afogamento, não se
encontra nenhum sinal de asfixia.
SINAIS EXTERNOS
São provenientes da permanência do
cadáver dentro da água e dos sinais vitais do
corpo dentro da massa líquida.
Temperatura baixa da pele: pelo contato com a
água e o equilíbrio térmico.
Pele anserina: “pele de galinha”, pelas
contrações dos delicados músculos erectores
dos pêlos, principalmente nos ombros, face
lateral das coxas e braços.
Retração do mamilo, do saco escrotal e do
pênis: pelos mesmos motivos da pele anserina.
SINAIS EXTERNOS

Maceração da epiderme: principalmente


nas mãos e nos pés devido à maior
espessura da epiderme, destacando-se
com se fossem verdadeiros dedos de
luva, inclusive desprendendo-se junto com
as unhas.
Tonalidade mais clara dos livores
cadavéricos: tonalidade rósea, devido as
modificações hemáticas.
SINAIS EXTERNOS
Cogumelo de espuma: bolhas sobre a boca e
narinas. Sua formação depende da entrada de
água no interior das vias respiratórias, do muco
e do ar.
Erosão nos dedos e presença de corpos
estranhos sob as unhas: na região palmar das
extremidades dos dedos e sob as unhas, como
grãos de areia, lama, lodo e corpos estranhos.
Lesões pos mortem produzidas por animais
aquáticos: principalmente nas pálpebras, lábios
e cartilagem do nariz e dos pavilhões
auriculares.
SINAIS INTERNOS
Hemorragia temporal: pelo extravasamento
sangüíneo no ouvido médio.
Hemorragia etmoidal: pelo extravasamento
sangüíneo do osso etmóide.
Diluição do sangue: devido a entrada de água
no sistema circulatório em nível do tecido
pulmonar.
Presença de líquido nas vias respiratórias:
presença de corpos estranhos, fungos, lama ou
material fecal, água doce ou salgada e líquido,
de forma de espuma branca ou rósea, amarela
ou sanguinolenta.
Presença de corpos estranhos no líquido
das vias respiratórias dos afogados: vegetais
ou animais que possam existir no líquido, cujo
conjunto se chama plâncton.
SINAIS INTERNOS
Lesões nos pulmões: pulmões aumentados,
crepitantes e distendidos; as manchas de
Tardieu são raras. As mais comuns são as
manchas de Paltauf de tonalidade vermelho-
escuro, explicada pela rotura das paredes
alveolares e capilares sangüíneos.
Presença de líquido no sistema digestivo:
principalmente no estômago e nas primeiras
porções do intestino delgado.
Presença de líquido na orelha média:
inclusive corpos estranhos podem ser
encontrados.
AFOGAMENTO

Enrugamento da pele da mão


AFOGAMENTO

Lesões post mortem


por crustáceos.
AFOGAMENTO

Volumoso cogumelo de espuma


AFOGAMENTO
Corpos estranhos na
luz dos brônquios
AFOGAMENTO
Lama do mangue
no estômago
AFOGAMENTO

Manchas de Paltauf
AFOGAMENTO

Tecido vegetal no pulmão


ENFORCAMENTO
Constrição por laço circundante apertado
pelo peso da vítima. Caracteriza-se o
enforcamento pelo laço que produz sulco
oblíquo situado na região cervical, há
interrupção pelo nó, há fratura do hióide
uni ou bilateralmente.
A causa jurídica da morte é geralmente o
suicídio, podendo ser acidental, o
homicídio e a execução penal.
ENFORCAMENTO
Observa-se o enforcamento em três períodos:
a) Período inicial: sensação de calor, zumbidos,
sensações luminosas na vista e perda da
consciência.
b) Segundo período: convulsões e excitação do
corpo.
c) Terceiro período: surgem sinais de morte
aparente, até o aparecimento da morte real,
com a cessação da respiração e da circulação.
SINAIS EXTERNOS
A sua maior importância está no sulco do
pescoço, de capital valor no diagnóstico do
enforcamento.
Na maioria das vezes, o sulco é único,
podendo, entretanto, apresentar-se duplo, triplo
ou múltiplo quando esse laço envolve várias
vezes o pescoço.
O sulco é obliquo, de baixo para cima e diante
para trás. A consistência do sulco depende dos
laços moles ou duros.
SINAIS INTERNOS
Lesões da parte profunda da pele e da tela
subcutânea do pescoço: caracterizadas por
sufusões hemorrágicas.
Lesões da artéria carótida:
Sinal de Amussat - secção transversal da túnica
íntima principalmente nas proximidades de sua
bifurcação.
Sinal de Étienne Martin - desgarramento da
túnica externa
Sinal de Friedberg - sufusão hemorrágica da
túnica externa.
SINAIS INTERNOS
Lesão do aparelho laríngeo: fratura das
cartilagens, tireóide e cricóide, e do osso
hióide.
Lesões da coluna vertebral: nos casos
de enforcamento com queda brusca do
corpo, podem surgir fraturas ou luxações
de vértebras cervicais, como acontece em
alguns dos enforcamentos por suplício.
ENFORCAMENTO

Projeção da língua, edema e cianose dos lábios.


ENFORCAMENTO

Projeção da língua, edema e cianose dos lábios.


ENFORCAMENTO

Sulco ascendente desaparecendo no couro


cabeludo
ENFORCAMENTO

Sulco não interrompido Sulco profundo, oblíquo e


anteriormente. ascendente
ENFORCAMENTO
Vista lateral direita do
sulco oblíquo
ascendente
ENFORCAMENTO

Sinais de Friedberg e de Amussat


ESTRANGULAMENTO
Constrição por laço cervical apertado pela
força de terceiro, o sulco posiciona-se
transversal e perpendicularmente ao
maior eixo cervical (longitudinal)
geralmente sem fratura do hióide.
A causa jurídica de morte é geralmente o
homicídio, raramente suicídio e acidente.
Normalmente, o estrangulamento passa
por três períodos: resistência, perda da
consciência e convulsões, asfixia e morte
aparente. Depois, a morte real.
SINAIS EXTERNOS
Aspecto da face e do pescoço: a face se
mostra tumefeita e violácea pela obstrução
completa da circulação. A língua se projeta além
das arcadas dentárias e é extremamente
escura. Equimoses pequenas na face, nas
conjuntivas, pescoço e face anterior do tórax.
Sulco: pode ser único, duplo ou múltiplo;
A direção é diferente do enforcamento, pois se
apresenta no sentido horizontal, podendo ser
ascendente ou descendente. A sua
profundidade é uniforme e não há
descontinuidade.
SINAIS INTERNOS
Infiltração hemorrágica dos tecidos
moles do pescoço.
Lesões da faringe: podem acarretar
lesões nas cartilagens tireóide e cricóide e
no osso hióide.
Lesões das artérias carótidas: porém
em ambos os lados, pelos sinais de
Amussat, Friedberg e de Ètienne Martin.
ESTRANGULAMENTO

Estrangulamento por corda fina Sulco horizontal de profundidade


regular
ESTRANGULAMENTO

Estrangulamento com fio de


telefone e auxílio do torniquete Vista anterior
ESTRANGULAMENTO
Infiltração hemorrágica
na musculatura do pescoço
CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS
DO SULCO (BONNET)
Enforcamento Estrangulamento
Oblíquo ascendente Horizontal
Variável segundo a Uniforme em toda a
zona do pescoço periferia do pescoço
Interrompido ao nível Contínuo
do nó
Em geral, único Freqüentemente múltiplo
Por cima da cartilagem Por baixo da cartilagem
tireóidea tireóidea
Quase sempre Excepcionalmente
apergaminhado apergaminhado
De profundidade desigual De profundidade uniforme
ESGANADURA
Constrição cervical apertada pelas mãos do
agressor.
A causa jurídica da morte é sempre homicida,
sendo impossível a forma suicida ou acidental.
A esganadura vem sempre acompanhada de
outras lesões, principalmente as traumáticas,
provenientes de outras agressões como
ferimento na região posterior da cabeça,
equimoses em redor da boca, escoriações nas
mãos e nos antebraços, todas elas decorrentes
da luta e, por isso, chamadas de lesões de
defesa.
SINAIS EXTERNOS
Os mais importantes são os produzidos
pelas unhas do agressor, teoricamente de
forma semilunar, conhecidas estigmas
ungueais.
Se o criminoso usou a mão direita,
aparecem essas marcas em maior
quantidade no lado esquerdo do pescoço
da vítima
SINAIS INTERNOS
Infiltrações hemorrágicas das estruturas
profundas do pescoço: principalmente na tela
subcutânea e na musculatura cervical.
Lesões do aparelho laríngeo por fraturas de
cartilagens tireóide e cricóide e do osso hióide,
mais freqüentes que no enforcamento e
estrangulamento. Muito raramente ocorre fratura
de cartilagens da traquéia.
Lesões de vasos do pescoço: é muito raro,
mas podemos encontrar roturas da túnica íntima
da carótida comum em forma de meia-lua
(Marcas de França).
ESGANADURA

Marcas ungueais Foco de hemorragia na borda


direita da língua
ESGANADURA

Dois focos hemorrágicos no


terço inferior da musculatura
do pescoço por unhas
OBRIGADO!!

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