Você está na página 1de 41

INTRODUÇÃO

 O desenvolvimento acelerado dos países industrializados


ocorrido após a Segunda GM provocou graves problemas
de degradação ambiental e social.

 A crescente conscientização da sociedade sobre os


efeitos danosos da contaminação do meio ambiente
aumentou a pressão sobre os governos para que a
poluição fosse combatida com o objetivo de melhorar os
padrões da qualidade ambiental, através da adoção de
medidas preventivas e corretivas dos impactos causados
pelas atividades humanas.
 Os instrumentos tradicionais de avaliação e de
priorização de um determinado projeto, plano ou
programa encontravam-se, na época, limitados a análise
técnico-econômica, sem meios para identificar e
incorporar os impactos ambientais que acarretassem
degradação ao bem-estar social e ao meio natural no
entorno de suas instalações.
 A origem dos métodos de Avaliação de Impacto
Ambiental está relacionada a publicação, pelo governo
dos Estados Unidos, em 1969, da “National
Environmental Policy Act – NEPA” .

 Destinava-se à analise ambiental dos projetos, propostas


e ações de responsabilidade do governo americano com
significado potencial poluidor e degradador do meio
ambiente.
 A partir da Conferencia de Estocolmo (1972) o emprego
da Avaliação de Impacto Ambiental – AIA disseminou-se
rapidamente entre os países desenvolvidos, como
resposta às pressões sociais sobre as questões relativas
à poluição, e também por causa da limitação dos
critérios técnicos e econômicos utilizados na analise de
novos projetos, os quais, como apontado, não
consideravam os aspectos ambientais.
 No Brasil, a AIA foi empregada, primeiramente, como
exigência de órgãos financiadores internacionais para a
aprovação de empréstimos financeiros a projetos
governamentais.
 Posteriormente, passou a ser empregada como
instrumento de comunicação entre os agentes
poluidores e os órgãos de controle ambiental, na
fiscalização, licenciamento ou aprovação de projetos.
 Finalmente, a AIA tornou-se um dos instrumentos da
Política Nacional de Meio Ambiente, como a publicação
da lei numero 6938, de 31 de agosto de 1981. A
Constituição Federal de 1988 consolidou o papel da AIA,
exigindo, “para a instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, estudos prévios de impacto ambiental, a
que se dará publicidade” (Art.225, inciso IV...)
 A avaliação de Impacto Ambiental possui dois papéis
bem distintos:

(a) o de instrumento auxiliar do processo de decisão.


Nesse contexto, representa um método de analise
sistemática, realizada através de parâmetros técnico-
científicos dos impactos ambientais associados a um
determinado projeto;

(b) o de instrumento auxiliar ao processo de negociação.


Nesse contexto, exerce o papel de interlocutor entre os
empreendedores (publico ou privado) e a sociedade.
O conceito de avaliação de impacto ambiental

 Em meados da década de 60

graves problemas ambientais decorrentes do


desenvolvimento econômico nos países industrializados,
mobilização da opinião publica no sentido de exigir
que fossem tomadas medidas eficazes para a proteção
da saúde humana e dos recursos naturais.
 Houve pressão para que os agentes poluidores
adotassem equipamentos capazes de reduzir a poluição
a níveis aceitáveis ou mesmo reparar os danos
porventura causados.

 Entretanto, era urgente, ainda, prevenir os novos casos


de degradação ambiental que certamente viriam a
ocorrer a partir de novos investimentos.
 Dos instrumentos de política e gestão ambiental:

a avaliação de impacto ambiental (AIA) tem sido o


mais amplamente discutido e adotado em todo o
mundo.

a possibilidade que ela oferece de incorporar, no


mesmo processo, aspectos técnico-cientificos e
circunstancias políticas, podendo seus princípios
adaptarem-se a diferentes esquemas legais e
administrativos.
 Provavelmente, a mais importante causa de sua ampla
aceitação venha a ser o caráter democrático da AIA,
cuja adoção implica tanto a livre disponibilidade de
informações sobre um projeto e seus impactos
ambientais, quanto o envolvimento e a participação da
sociedade nas decisões governamentais.
 A AIA é, pois, um dos instrumentos para a execução da
política e do gerenciamento ambiental. De caráter
eminentemente preventivo, destina-se nos primeiros
momentos do planejamento de uma determinada
atividade poluidora – capaz de modificar o meio
ambiente ou que venha a utilizar intensivamente
recursos ambientais -, a subsidiar a decisão quanto às
alternativas de sua implementação.
 A partir da tomada de decisão, a AIA serve ao
acompanhamento e ao gerenciamento das ações
destinadas a fazer com que a implantação da atividade
obedeça aos princípios da proteção ambiental
previamente esperados.
 A AIA se traduz, assim, em um conjunto de
procedimentos, alguns de natureza técnico - cientifica,
outros de natureza administrativa, destinados
primeiramente a fazer com que os impactos ambientais
de um projeto sejam analisados.
 Em segundo lugar, tais procedimentos devem assegurar
que os resultados dessa análise influenciam a decisão
quanto a realizar ou não o projeto. No caso de concluir
pela realização, é necessário, ainda, que os
procedimentos garantam a adoção de medidas
destinadas ao controle dos efeitos ambientais esperados.
 No Brasil, em nível federal, o primeiro dispositivo legal
que explicitou o tema Avaliação de Impactos Ambientais
foi a Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, que
estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA) e criou, para a sua execução, o SISNAMA -
Sistema Nacional do Meio Ambiente.
 Com a edição da Resolução CONAMA nº 01, de 23 de
janeiro de 1986, e outras resoluções complementares,
ficaram estabelecidas as definições, as
responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes
gerais para uso e implementação da Avaliação de
Impactos Ambientais como um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente.
 Para isso, esses resultados, bem como os dados e
informações sobre o projeto, devem ser apresentados de
forma compreensiva a todos: as entidades
governamentais que tenham relação com o projeto,
principalmente as autoridades responsáveis pela
proteção do meio ambiente; as pessoas e os grupos
sociais que serão diretamente afetados pelo projeto ou
que se preocupem com a conservação dos recursos
ambientais a serem utilizados; a classe política; o publico
em geral.
 Portanto, o processo da AIA apresenta claramente duas
vertentes:

 a vertente técnica - cientifica

 a vertente político-institucional.
 A vertente técnica - cientifica se expressa nos estudos
de impacto ambientais propriamente ditos – os métodos,
as técnicas, as pesquisas e os dados vinculados a
previsão dos prováveis impactos ambientais gerados
pelas ações das diversas etapas de implementação de
um projeto e suas alternativas: o planejamento, a
construção, a operação e a desativação, sempre que a
característica da atividade a ser desenvolvida o
justifiquem.
 A vertente político-institucional diz respeito aos
procedimentos administrativos e ao aparato legal e
burocrático que os regulam. Os princípios e objetivos da
política ambiental vigente, as instituições
governamentais e a legislação protetora do meio
ambiente determinam as condições do processo de AIA.
 Assim, pode-se estabelecer sua aplicação apenas em
projetos individuais (uma unidade industrial, uma
rodovia, uma lavra de minério ou uma estação de
tratamento de esgotos sanitários), ou ainda a planos de
desenvolvimento (um novo distrito industrial, o
aproveitamento turístico de uma área costeira ou um
plano de renovação urbana) e a políticas ou programas
mais amplos (uma proposta legislativa para regular o
uso de agrotóxicos, um programa de desenvolvimento
de alternativas energéticas ou um programa de
desenvolvimento econômico regional).
 Para ser eficiente o projeto de AIA deve começar nos
estágios iniciais do planejamento do projeto, passando
pelas diretrizes para a orientação das etapas de
execução dos estudos, apresentação e discussão dos
resultados, pela tomada de decisão, tendo continuidade
através da implementação de medidas mitigadoras e da
criteriosa “monitoragem” dos impactos.
 Assim, enquanto instrumento da política e gestão, a AIA
tem como finalidade viabilizar o uso dos recursos
naturais e econômicos dentro dos processos de
desenvolvimento.
 O conhecimento prévio, a discussão e a analise imparcial
dos possíveis impactos ambientais de um
empreendimento, a AIA permite evitar alguns danos,
corrigir outros e otimizar os benefícios, aprimorando a
eficiência das soluções.
Aspectos gerais da Avaliação de Impacto
Ambiental e sua aplicação no Brasil

 A AVALIAÇAO DE IMPACTO AMBIENTAL é um


instrumento de planejamento e gestão ambiental,
implementado pela Política Nacional do Meio Ambiente
com o objetivo de assegurar o exame de impactos
ambientais de planos, programas e projetos e de suas
alternativas tecnológicas e de localização, confrontando-
as com a hipótese de sua não execução.
 (I) diagnostico da área de influência antes da
implantação do projeto.
 (II) identificação de mecanismos de causa e efeito;
 (III) analise dos impactos ambientais;
 (IV) efetividade nas medidas mitigadoras a serem
implantadas.
 Em geral, o processo de AIA compreende as seguintes
fases: (a) seleção das ações sujeitas aos processos de
AIA; (b) definição dos objetivos e escopo dos estudos de
impacto ambiental; (c) elaboração do Estudo de Impacto
Ambiental – que inclui o diagnostico ambiental, a
identificação dos impactos prováveis, a previsão,
mensuração e interpretação dos impactos identificados,
a proposição de medidas mitigadoras, e a comunicação
dos resultados obtidos para a sociedade -; (d) a revisão
do EIA; (e) o monitoramento.
Evolução da política ambiental no Brasil

 A economia brasileira, desde os tempos coloniais,


caracterizou-se historicamente por “ciclos” que
enfatizavam a exploração de determinados recursos
naturais. Assim, a percepção e o valor atribuídos aos
recursos naturais teriam um papel mais decisivo nos
processos de tomada de decisão do que a percepção
cientifica do ambiente.
 As estratégias de desenvolvimento adotadas
desde os anos 50 também assumem essas
características ao privilegiar o crescimento
econômico a curto prazo, mediante a
modernização maciça e acelerada dos meios de
produção.
 A industrialização, a implantação de grandes
projetos de infra-estrutura e a exploração de
recursos minerais e agropecuários para fim de
exportação fazem parte dessas estratégias, que
têm produzido importantes impactos negativos
no meio ambiente.
 Dentre eles: super exploração de recursos naturais, a
poluição do ar, da água e do solo, problemas de erosão
e de assoreamento de cursos d’água, o desmatamento
indiscriminado etc. a escala crescente desses impactos
cria desequilíbrios globais que, a longo prazo, poderão
vir a comprometer a base material do desenvolvimento.
 Por outro lado, o processo acelerado de urbanização
promoveu grande concentração da população e a
conseqüente metropolização das grandes cidades
brasileiras.
 Podemos distinguir quatro abordagens estratégicas
básicas nas políticas ambientais brasileiras: a
administração dos recursos naturais, o controle da
poluição industrial, o planejamento territorial e a gestão
integrada de recursos, expressa na Política Nacional do
Meio Ambiente.
 Constata-se uma evolução significativa na concepção
das políticas ambientais brasileiras, não acompanhada,
na prática, porém, dos resultados esperados quanto a
manutenção e melhoria das condições de vida e
preservação dos recursos naturais.
 De modo geral, podemos observar uma grande
disparidade entre retórica e realidade: a legislação
ambiental acompanhou a evolução da experiência
internacional e dotou-se de novos instrumentos,
extremamente sofisticados. Assim, essa legislação é das
mais avançadas do mundo quanto a sua forma. No
entanto, as condições e os meios reais de sua aplicação
se apresentam muito limitados.
 Uma das possíveis causas dessas limitações seria a
dissociação entre os objetivos das políticas ambientais e
as estratégias de desenvolvimento adotadas.
 A inserção de parâmetros ambientais no processo
decisório depende da vontade política, que se exprimiria
em todos os níveis do planejamento, ou seja, no
estabelecimento de políticas, programas, planos e
projetos, nas leis e regulamentos e na partilha dos
recursos.
 Uma vez que a gestão do meio ambiente foi considerada
um objetivo marginal e até mesmo conflitante em
relação a objetivos mais imediatos, como o crescimento
econômico, a questão ambiental se viu relegada a
segundo plano nas prioridades governamentais.
 Outros fatores políticos deverão também ser
considerados, em especial os referentes à capacidade de
controle social das decisões que afetam o meio
ambiente.
 A presença de interesses sociais contraditórios também
deve ser considerada. Por um lado, há interesse, por
parte determinados atores sociais, em evitar a discussão
dos custos sociais e ecológicos, pois a inclusão desses
custos pode reduzir certas margens de lucro, ou mesmo
inviabilizar alguns projetos.
Avaliação de Impacto Ambiental no contexto das
políticas públicas

 Diferentemente dos paises desenvolvidos que


implantaram a AIA em resposta às pressões sociais e ao
avanço da consciência ambientalista, no Brasil ela foi
adotada, principalmente, por exigência dos organismos
multilaterais de financiamento (Banco Interamericano de
Desenvolvimento – BID e Banco Mundial – BIRD).

Você também pode gostar