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Profa.

Adriane Alves Byron de Souza


 Exame para verificação de parto e puerpério:
 Finalidade de fornecer prova material:
 No crime de infanticídio;
 Na investigação da maternidade e paternidade;
 No exame biométrico para concessão de licença
especial.

Nenhuma mulher pode reivindicar um filho ou apontar


um pai para seu filho sem se submeter a esse exame
ou provar a gravidez e o parto correspondente.
 As requisições devem partir das autoridades
policiais ou do Ministério Público, nos casos
criminais, e do Juiz de Direito, nos casos civis.

 Nos casos administrativos, cabe ao chefe


imediato o encaminhamento da puérpera para
exame biométrico.
 Exames subjetivo e objetivo:
 Reunir dados sobre a existência de parto, época do
último parto, o número de partos anteriores, as
complicações do parto, e o estado mental das
parturientes antes, no curso e depois do parto.
 Existência de parto => vestígios de parto natural ou
de parto cirúrgico;
 Época do parto => altura do fundo do útero, aspecto
do períneo, da vagina, do colo uterino, o tipo de
lóquio, colostro, leite, etc;
 Número de partos anteriores => cicatrizes no
períneo, estrias gravídicas;
 Exame subjetivo => estado mental,
desenvolvimento, alterações afetivas, etc.
 Parto “conjunto de fenômenos fisiológicos e
mecânicos cuja finalidade é a expulsão do
feto viável e dos anexos”

 Puerpério “espaço de tempo variável que


vai do desprendimento da placenta até a
volta do organismo materno às suas
condições anteriores ao processo
gestacional”

(Medicina Legal, 7ª edição, Rio de Janeiro:


Editora Guanabara Koogan, 2004).
 Sinais
de parto recente em mulher viva ou
morta:
 Externos:
 Edema de vulva e grandes lábios, roturas himenais no
primeiro parto, roturas do períneo, lóquios e
variações, mamas túrgidas com colostro, altura
uterina.
 Internos:
 Edema esgarçamento e equimoses da mucosa vaginal,
colo uterino (mole, grosso, com orifício entreaberto),
cavidade uterina globosa de coágulos, nas primeiras
horas e depois lóquio.
 Parto antigo:
 Sinais externos:
 Cloasma gravídico, linha alba pigmentada, cicatrizes
no períneo, carúnculas mirtiformes, colo uterino
cônico e endurecido (com orifício irregular, em forma
de fenda e com cicatrizes nos seus ângulos).
 Sinais internos:
 Útero que nunca engravidou tem a cavidade virtual
triangular, mede 6cm de comprimento, pesa 50g, a
espessura da parede é de 1cm e o colo tem 1cm de
diâmetro;
 Útero que já engravidou tem a cavidade globosa,
mede 9cm de comprimento, pesa 60g, a espessura da
parede é de 2cm e o colo tem 3cm de diâmetro.
 Exame para investigação do vínculo genético:
 Tipo de perícia frequente nas varas de Família, mas,
excepcionalmente, pode ser solicitada no foro Penal.
 Quesitos formulados pelo juiz e pelos advogados das
partes (peculiares):
 O suposto pai tem ou tinha à época capacidade para
fecundação?
 O estudo imuno-hematológico da série eritrocitária exclui
com segurança a paternidade?
 O estudo imuno-hematológico da série leucocitária exclui
com segurança a paternidade?
 O exame de DNA apresentou resultado positivo ou
negativo e qual a probabilidade de acerto?
 Há semelhança ou dessemelhanças físicas bem definidas
ou marcantes entre o suposto pai e o filho questionado?
Especificar e ilustrar.
 Provas médico-legais não genéticas:
 Relacionadas com a capacidade de procriação
das partes e com a compatibilidade cronológica
dos fatos.
 Dados biológicos sobre a duração da gestação e
desenvolvimento fetal;
 Virginidade, impotência;
 Esterilidade;
 Inexistência de parto;
 Maturidade ao nascer e tempo de gestação.
 Provas médico-legais genéticas:
 Provas médico-legais pré-mendelianas
 Baseadas no confronto entre os caracteres hereditários
do filho e do suposto pai.
 Prova da semelhança fisionômica;
 Caracteres adquiridos;
 Impressões maternas;
 Telegonia ou “barriga suja”.
 Provas médico-legais genéticas:
 Provas médico-legais genéticas mendelianas:
 Provas genéticas não sanguíneas:
 Exame do pavilhão auricular:
 Lóbulo livre (LL ou Ll) / lóbulo preso (ll).
 Quando ambos os genitores têm lóbulos presos, todos os
filhos nascem com lóbulo preso.
 “L” é dominante e “l” é recessivo.
 Provas genéticas não sanguíneas:
 Anomalia dos dedos:
 Fator B (anormal), por ser dominante, quando se junta
ao fator b (normal) dá em consequência, um
braquidátilo (Bb).
 Uma criança braquidátila filha de uma mãe normal terá
um pai braquidátilo.
 Provas genéticas não sanguíneas:
 Cor dos olhos:
 Fator indiscutivelmente hereditário;
 Pais de olhos castanhos (CC ou Cc) poderão ter filhos de
olhos castanhos ou azuis. Genitores de olhos azuis (cc)
terão sempre filhos de olhos azuis;
 Provas genéticas não sanguíneas:
 Cabelos:
 Remoinha da esquerda para direita (dextrógira)
dominante;
 Remoinha para esquerda (levógira) recessivo;
 Dois genitores levógiros não terão filhos dextrógiros.
 Provas genéticas não sanguíneas:
 Cor da pele:
 A tonalidade da pele humana depende de muitos
fatores mendelianos por ação cumulativa;
 AABBCCDDEE preto puro / aabbccddee branco puro;
 Os híbridos resultantes da união de um branco puro
com um preto puro terão todos como fórmula
AaBbCcDdEe e serão de coloração intermediária,
mulatos iguais entre si;
 No cruzamento de um mulato com um preto puro, os
filhos não podem ser mais claros que o genitor mulato,
e sim iguais a este ou mais escuros;
 No cruzamento de um mulato com um branco puro, os
filhos não podem ser mais escuros que o genitor
mulato, e sim iguais a este ou mais claros.
 Provas genéticas sanguíneas:
 Grupos sanguíneos (sistema ABO):
 Fenômeno da aglutinação;
 Grupo O – aglutinógeno O – aglutininas a e b (aglutina os
glóbulos vermelhos dos 3 outros grupos; suas hemácias
não são aglutinadas por nenhum outro soro).
 Grupo A – aglutinógeno A – aglutinina b (aglutina
hemácias dos grupos B e AB; suas hemácias são
aglutinadas pelos soros dos grupos O e B).
 Grupo B – aglutinógeno B – agluitnina a (aglutina as
hemácias dos grupos A e AB; suas hemácias são
aglutinadas pelos soros O e A).
 Grupo AB – aglutinógeno A e B – não tem aglutininas (
não aglutina hemácias de nenhum grupo; suas hemácias
são aglutinadas pelos soros dos grupos O, A e B).
 Sistema ABO:
 Os grupos sanguíneos são estáveis (desde o nascimento
até a morte);
 Propriedades sanguíneas resistem às influências do
meio exterior ou interior (mudanças de clima, de
alimentação, doenças, agentes físicos, agentes
químicos);
 Nada consegue transferir o sangue de um para outro
grupo;
 Os fatores A (AA ou AO) e B (BB ou BO) são dominantes
sobre o O (OO), mas quando unidos um ao outro, dão
um grupo diferente AB (AB);
 Pai e mãe do grupo O, filhos só poderão ser do grupo O.
 Provas genéticas sanguíneas:
 Fatores M e N;
 Fatores Rh e rh;
 Fator Hr;
 Haptoglobinas;
 Grupos P;
 Sistema HLA.
 Vínculo genético da filiação pelo DNA:
 DNA ou ácido desoxirribonucleico é a assinatura
genética dos seres vivos;
 Cada ser vivo possui uma sequência de genes que
compõem o seu DNA diferenciado e específico
para os organismos mais complexos, como o
homem – DNA fingerprints (impressão digital do
DNA);
 Só há uma única possibilidade de o DNA ser igual
em duas pessoas, qual seja, quando estas são
irmãs gêmeas do mesmo ovo ou zigoto (gêmeos
univitelinos);
 Saber quem é o próprio pai:
 Direito moral=> certeza de identidade e
personalidade;
 Direito patrimonial => meio e amparo econômicos de
ser sustentado até que possa fazê-lo por si próprio;
 Direito à vida => conhecer sua origem, questões
médicas (doenças hereditárias ou transplantes).
 Método:
 Emprego mais abrangente (gotas de sangue fresco ou
dessecado, fragmentos de tecidos humanos, traços de
sêmen ou alguns fios de cabelo com bulbos capilares);
 Pode-se estabelecer uma paternidade ou uma
maternidade, desde uma gestação até muitos anos
depois da morte de um dos envolvidos;
 Estudo do material genético básico das pessoas – o
DNA, representado por uma substância orgânica
existente nos cromossomas que, por sua vez, são
encontrados no interior da células.
 Código genético responsável pelas características de
cada pessoa, representado pelo arranjo de quatro
blocos de aminas (bases) : adenina (A), guanina (G),
citosina (C) e tiamina (T).
 Adenina sempre se junta à timina, e a citosina, à
guanina;
 Ao se conhecer a sequência de bases de um
determinado trecho, pode-se conhecer com segurança
a sequência do trecho correspondente a outra cadeia
complementar => padrão de bandas => impressões
digitais genéticas do DNA;
 Sequências individuais detectadas com auxílio de
enzimas de restrição ou sondas de DNA.
 Os traçados exclusivos de cada indivíduo são
imutáveis durante toda a vida, a exemplo das
impressões datiloscópicas;
 Mesmo após a morte pode-se fazer a exumação e
estudar o DNA de restos cadavéricos;
 Podem-se utilizar estas técnicas de vinculação
genética da paternidade intraútero através do
estudo de tecidos fetais obtidos pela
amniocentese e pela amostra de vilo corial;
 Valor do perfil de DNA na vinculação genética de
filiação (ideia de infalibilidade da prova).
 A prova em DNA vista pelos tribunais:
 Implicações de ordem ética e legal que se verificam
na prática;
 Outros problemas no contexto da utilização da prova
em DNA pelos Tribunais;
 Magistrados e advogados – perícia especializada, de
métodos e técnicas complicados, aspecto analítico
dos resultados;
 Empresas que fabricam o material dos testes –
resultados de identificação de paternidade e
maternidade infalíveis e inquestionáveis;
 Perigoso substituir um juízo de valor por uma prova
cujo resultado permite certa margem de erro.
 Que as provas tradicionais não sejam de todo
abandonadas, principalmente quando estas
provas podem excluir de maneira categórica,
como por exemplo, os sistema ABO, Rh, HLA etc.,
afastando assim a necessidade de utilização
abusiva de técnicas tão sofisticadas como as em
DNA;
 Sociedade Internacional de Genética Forense
recomenda o exame em dois laboratórios
diferentes e, quando há conflito de resultados, o
lógico é conceder o benefício da dúvida “pró
réu”.
 Recusado réu em submeter-se à investigação
de paternidade:
 Constituição Federal – o indivíduo não está
obrigado a oferecer provas que o condenem;
 Não existe nenhuma norma no ordenamento
jurídico brasileiro que obrigue um réu a
submeter-se ao exame pericial solicitado;
 Súmula 301 do STJ – “Em ação investigatória, a
recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de
DNA induz presunção juris tantum de
paternidade”.
 O direito ao próprio corpo deixa de ser absoluto
ou ilimitado – ordem pública e interesse social;
 Presunção de paternidade será apreciada em
conjunto com o contexto probatório;
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 12.004, DE 29 DE JULHO DE 2009.
Altera a Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação de paternidade dos
filhos havidos fora do casamento e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Art. 1o Esta Lei estabelece a presunção de paternidade no caso de recusa do suposto pai em
submeter-se ao exame de código genético - DNA.
Art. 2o A Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 2 o-A:
“Art. 2o-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos.
Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a
presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.”
Art. 3o Revoga-se a Lei no 883, de 21 de outubro de 1949.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 29 de julho de 2009; 188o da Independência e 121o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
Este texto não substitui o publicado no DOU de 30.7.2009

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