Exame para verificação de parto e puerpério: Finalidade de fornecer prova material: No crime de infanticídio; Na investigação da maternidade e paternidade; No exame biométrico para concessão de licença especial.
Nenhuma mulher pode reivindicar um filho ou apontar
um pai para seu filho sem se submeter a esse exame ou provar a gravidez e o parto correspondente. As requisições devem partir das autoridades policiais ou do Ministério Público, nos casos criminais, e do Juiz de Direito, nos casos civis.
Nos casos administrativos, cabe ao chefe
imediato o encaminhamento da puérpera para exame biométrico. Exames subjetivo e objetivo: Reunir dados sobre a existência de parto, época do último parto, o número de partos anteriores, as complicações do parto, e o estado mental das parturientes antes, no curso e depois do parto. Existência de parto => vestígios de parto natural ou de parto cirúrgico; Época do parto => altura do fundo do útero, aspecto do períneo, da vagina, do colo uterino, o tipo de lóquio, colostro, leite, etc; Número de partos anteriores => cicatrizes no períneo, estrias gravídicas; Exame subjetivo => estado mental, desenvolvimento, alterações afetivas, etc. Parto “conjunto de fenômenos fisiológicos e mecânicos cuja finalidade é a expulsão do feto viável e dos anexos”
Puerpério “espaço de tempo variável que
vai do desprendimento da placenta até a volta do organismo materno às suas condições anteriores ao processo gestacional”
(Medicina Legal, 7ª edição, Rio de Janeiro:
Editora Guanabara Koogan, 2004). Sinais de parto recente em mulher viva ou morta: Externos: Edema de vulva e grandes lábios, roturas himenais no primeiro parto, roturas do períneo, lóquios e variações, mamas túrgidas com colostro, altura uterina. Internos: Edema esgarçamento e equimoses da mucosa vaginal, colo uterino (mole, grosso, com orifício entreaberto), cavidade uterina globosa de coágulos, nas primeiras horas e depois lóquio. Parto antigo: Sinais externos: Cloasma gravídico, linha alba pigmentada, cicatrizes no períneo, carúnculas mirtiformes, colo uterino cônico e endurecido (com orifício irregular, em forma de fenda e com cicatrizes nos seus ângulos). Sinais internos: Útero que nunca engravidou tem a cavidade virtual triangular, mede 6cm de comprimento, pesa 50g, a espessura da parede é de 1cm e o colo tem 1cm de diâmetro; Útero que já engravidou tem a cavidade globosa, mede 9cm de comprimento, pesa 60g, a espessura da parede é de 2cm e o colo tem 3cm de diâmetro. Exame para investigação do vínculo genético: Tipo de perícia frequente nas varas de Família, mas, excepcionalmente, pode ser solicitada no foro Penal. Quesitos formulados pelo juiz e pelos advogados das partes (peculiares): O suposto pai tem ou tinha à época capacidade para fecundação? O estudo imuno-hematológico da série eritrocitária exclui com segurança a paternidade? O estudo imuno-hematológico da série leucocitária exclui com segurança a paternidade? O exame de DNA apresentou resultado positivo ou negativo e qual a probabilidade de acerto? Há semelhança ou dessemelhanças físicas bem definidas ou marcantes entre o suposto pai e o filho questionado? Especificar e ilustrar. Provas médico-legais não genéticas: Relacionadas com a capacidade de procriação das partes e com a compatibilidade cronológica dos fatos. Dados biológicos sobre a duração da gestação e desenvolvimento fetal; Virginidade, impotência; Esterilidade; Inexistência de parto; Maturidade ao nascer e tempo de gestação. Provas médico-legais genéticas: Provas médico-legais pré-mendelianas Baseadas no confronto entre os caracteres hereditários do filho e do suposto pai. Prova da semelhança fisionômica; Caracteres adquiridos; Impressões maternas; Telegonia ou “barriga suja”. Provas médico-legais genéticas: Provas médico-legais genéticas mendelianas: Provas genéticas não sanguíneas: Exame do pavilhão auricular: Lóbulo livre (LL ou Ll) / lóbulo preso (ll). Quando ambos os genitores têm lóbulos presos, todos os filhos nascem com lóbulo preso. “L” é dominante e “l” é recessivo. Provas genéticas não sanguíneas: Anomalia dos dedos: Fator B (anormal), por ser dominante, quando se junta ao fator b (normal) dá em consequência, um braquidátilo (Bb). Uma criança braquidátila filha de uma mãe normal terá um pai braquidátilo. Provas genéticas não sanguíneas: Cor dos olhos: Fator indiscutivelmente hereditário; Pais de olhos castanhos (CC ou Cc) poderão ter filhos de olhos castanhos ou azuis. Genitores de olhos azuis (cc) terão sempre filhos de olhos azuis; Provas genéticas não sanguíneas: Cabelos: Remoinha da esquerda para direita (dextrógira) dominante; Remoinha para esquerda (levógira) recessivo; Dois genitores levógiros não terão filhos dextrógiros. Provas genéticas não sanguíneas: Cor da pele: A tonalidade da pele humana depende de muitos fatores mendelianos por ação cumulativa; AABBCCDDEE preto puro / aabbccddee branco puro; Os híbridos resultantes da união de um branco puro com um preto puro terão todos como fórmula AaBbCcDdEe e serão de coloração intermediária, mulatos iguais entre si; No cruzamento de um mulato com um preto puro, os filhos não podem ser mais claros que o genitor mulato, e sim iguais a este ou mais escuros; No cruzamento de um mulato com um branco puro, os filhos não podem ser mais escuros que o genitor mulato, e sim iguais a este ou mais claros. Provas genéticas sanguíneas: Grupos sanguíneos (sistema ABO): Fenômeno da aglutinação; Grupo O – aglutinógeno O – aglutininas a e b (aglutina os glóbulos vermelhos dos 3 outros grupos; suas hemácias não são aglutinadas por nenhum outro soro). Grupo A – aglutinógeno A – aglutinina b (aglutina hemácias dos grupos B e AB; suas hemácias são aglutinadas pelos soros dos grupos O e B). Grupo B – aglutinógeno B – agluitnina a (aglutina as hemácias dos grupos A e AB; suas hemácias são aglutinadas pelos soros O e A). Grupo AB – aglutinógeno A e B – não tem aglutininas ( não aglutina hemácias de nenhum grupo; suas hemácias são aglutinadas pelos soros dos grupos O, A e B). Sistema ABO: Os grupos sanguíneos são estáveis (desde o nascimento até a morte); Propriedades sanguíneas resistem às influências do meio exterior ou interior (mudanças de clima, de alimentação, doenças, agentes físicos, agentes químicos); Nada consegue transferir o sangue de um para outro grupo; Os fatores A (AA ou AO) e B (BB ou BO) são dominantes sobre o O (OO), mas quando unidos um ao outro, dão um grupo diferente AB (AB); Pai e mãe do grupo O, filhos só poderão ser do grupo O. Provas genéticas sanguíneas: Fatores M e N; Fatores Rh e rh; Fator Hr; Haptoglobinas; Grupos P; Sistema HLA. Vínculo genético da filiação pelo DNA: DNA ou ácido desoxirribonucleico é a assinatura genética dos seres vivos; Cada ser vivo possui uma sequência de genes que compõem o seu DNA diferenciado e específico para os organismos mais complexos, como o homem – DNA fingerprints (impressão digital do DNA); Só há uma única possibilidade de o DNA ser igual em duas pessoas, qual seja, quando estas são irmãs gêmeas do mesmo ovo ou zigoto (gêmeos univitelinos); Saber quem é o próprio pai: Direito moral=> certeza de identidade e personalidade; Direito patrimonial => meio e amparo econômicos de ser sustentado até que possa fazê-lo por si próprio; Direito à vida => conhecer sua origem, questões médicas (doenças hereditárias ou transplantes). Método: Emprego mais abrangente (gotas de sangue fresco ou dessecado, fragmentos de tecidos humanos, traços de sêmen ou alguns fios de cabelo com bulbos capilares); Pode-se estabelecer uma paternidade ou uma maternidade, desde uma gestação até muitos anos depois da morte de um dos envolvidos; Estudo do material genético básico das pessoas – o DNA, representado por uma substância orgânica existente nos cromossomas que, por sua vez, são encontrados no interior da células. Código genético responsável pelas características de cada pessoa, representado pelo arranjo de quatro blocos de aminas (bases) : adenina (A), guanina (G), citosina (C) e tiamina (T). Adenina sempre se junta à timina, e a citosina, à guanina; Ao se conhecer a sequência de bases de um determinado trecho, pode-se conhecer com segurança a sequência do trecho correspondente a outra cadeia complementar => padrão de bandas => impressões digitais genéticas do DNA; Sequências individuais detectadas com auxílio de enzimas de restrição ou sondas de DNA. Os traçados exclusivos de cada indivíduo são imutáveis durante toda a vida, a exemplo das impressões datiloscópicas; Mesmo após a morte pode-se fazer a exumação e estudar o DNA de restos cadavéricos; Podem-se utilizar estas técnicas de vinculação genética da paternidade intraútero através do estudo de tecidos fetais obtidos pela amniocentese e pela amostra de vilo corial; Valor do perfil de DNA na vinculação genética de filiação (ideia de infalibilidade da prova). A prova em DNA vista pelos tribunais: Implicações de ordem ética e legal que se verificam na prática; Outros problemas no contexto da utilização da prova em DNA pelos Tribunais; Magistrados e advogados – perícia especializada, de métodos e técnicas complicados, aspecto analítico dos resultados; Empresas que fabricam o material dos testes – resultados de identificação de paternidade e maternidade infalíveis e inquestionáveis; Perigoso substituir um juízo de valor por uma prova cujo resultado permite certa margem de erro. Que as provas tradicionais não sejam de todo abandonadas, principalmente quando estas provas podem excluir de maneira categórica, como por exemplo, os sistema ABO, Rh, HLA etc., afastando assim a necessidade de utilização abusiva de técnicas tão sofisticadas como as em DNA; Sociedade Internacional de Genética Forense recomenda o exame em dois laboratórios diferentes e, quando há conflito de resultados, o lógico é conceder o benefício da dúvida “pró réu”. Recusado réu em submeter-se à investigação de paternidade: Constituição Federal – o indivíduo não está obrigado a oferecer provas que o condenem; Não existe nenhuma norma no ordenamento jurídico brasileiro que obrigue um réu a submeter-se ao exame pericial solicitado; Súmula 301 do STJ – “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”. O direito ao próprio corpo deixa de ser absoluto ou ilimitado – ordem pública e interesse social; Presunção de paternidade será apreciada em conjunto com o contexto probatório; Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 12.004, DE 29 DE JULHO DE 2009. Altera a Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Esta Lei estabelece a presunção de paternidade no caso de recusa do suposto pai em submeter-se ao exame de código genético - DNA. Art. 2o A Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 2 o-A: “Art. 2o-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.” Art. 3o Revoga-se a Lei no 883, de 21 de outubro de 1949. Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 29 de julho de 2009; 188o da Independência e 121o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Tarso Genro Este texto não substitui o publicado no DOU de 30.7.2009