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Universidade Mandume Ya Ndemufayo

Escola Superior Politécnica Do Namibe

Disciplina: Construção e Cálculo das Máquinas


de Transporte.

Tema: Sistema de suspensão do automóvel.

Objectivo: Caracterizar o sistema de suspensão


do automóvel, identificando e classificando seus
elementos, para sua correcta exploração.
Para reduzir os efeitos incómodos das
irregularidades do caminho, os automóveis estão
dotados de um sistema de suspensão. O
objectivo deste sistema é evitar que estas
oscilações se transmitam aos passageiros ou a
carga. Isto se obtém através de um conjunto de
uniões elásticas bem elaboradas que constituem
o sistema de suspensão.
O sistema de suspensão começa no mesmo
pneumático, capaz de "alisar" as irregularidades
mas pequenas do caminho, devido a sua própria
natureza elástica, e termina no assento, último
elemento da cadeia caminho - passageiro
As funções da suspensão são:
1. Proteger os passageiros e bagagens das sacudidas.
2.Transmitir à carroçaria a força de marcha e de freada.
3.Suportar a carroçaria sobre os eixos e manter relação
geométrica.
4.Absorver e amortecer as vibrações, oscilações, e
sacudidas que se recebem das irregularidades.
A oscilação e as sacudidas, classificam-se em:
1. CABECEIO: Oscilações para cima e abaixo com
relação ao centro de gravidade.
2.BALANÇO: Oscilações de carroçaria em direcção
lateral.
3.REBOTE: Movimento para cima e abaixo (superfícies
onduladas).
4.PISCADA: Movimento para esquerda e direita em
relação ao centro de gravidade do veículo.
Oscilações e sua influência.

Durante o movimento de um veículo por um caminho se


podem produzir oscilações muito variáveis quanto a
amplitude e frequência, dependendo do caminho e a
velocidade do veículo. O fenómeno da influência das
oscilações na sensação de conforto da viagem foi
estudado a muito tempo.
Destes estudos se estabeleceu que as oscilações mas
prejudiciais são aquelas de baixa frequência (entre 20 e
150 Hz) que estão próximas às frequências naturais de
oscilação dos órgãos internos do ser humano.
Frequências mais altas ou mais baixo som mas
toleráveis, embora por isso não deixam de ser
incómodas.
Quando se fala de suspensão, estamo-nos referindo a
um sistema no qual, um objecto se mantém suspenso
no ar apoiado ou suspenso sobre uma união elástica
com outro objecto que serve de apoio sobre o chão.
O esquema (figura 1) amostra um corpo pesado que representa o
peso do automóvel suspenso por um elemento elástico (mola)
que se apoia sobre outro corpo mas ligeiro que representa os
pneumáticos.

Se agora aplicarmos uma força vertical de curta duração ao apoio


para levantá-lo, tal e como acontece quando um corpo em
movimento encontra uma protuberância do caminho, o apoio, de
pouca inércia reage com facilidade e se move em direcção
vertical copiando o perfil da protuberância. Mas não passa o
mesmo com o corpo pesado, pois oferece um maior resistência
ao movimento devido a sua elevada inércia, por isso a ascensão
do apoio se produz principalmente a gastos da contracção da
mola, reduzindo notavelmente o efeito de subida do corpo
pesado, não obstante o corpo pesado sempre se moverá alguma
quantidade. Este elementar esquema mecânico constitui a
essência dos sistemas de suspensão.
Amortecedor
O sistema de suspensão descrito acima adoece até de
um grande problema.
Quando um sistema elástico se tira de sua posição de
equilíbrio, quer dizer, estira-se ou encolhe a mola
separando ou juntando os corpos, e logo se solta, o
sistema não volta directamente para a posição de
equilíbrio, se não que começar a oscilar ao redor dela,
um tempo mas ou menos largo, em dependência da
resistência ao movimento que encontre. No caso que
nos ocupa, a resistência ao movimento do corpo pesado
se limita à resistência do ar que o rodeia e às perdas
internas do material da mola, esta resistência é em geral
muito pequena e o sistema se manterá oscilando por
longo tempo.
Este efeito de oscilação por longo tempo depois de ter
acontecido o evento perturbador é claramente
indesejável, e na prática resolve - se com o uso do
amortecedor.

O amortecedor é um dispositivo colocado entre o corpo


suspenso e o apoio, em paralelo com a mola, que
produz uma certa resistência ao movimento mútuo. Esta
resistência foi calculada e provada para influir pouco no
fenómeno de movimento mútuo quando se produz a
perturbação, mas que amortece rapidamente a
possibilidade da oscilação natural do sistema elástico
depois.
Fig. 2 Amortecedor telescópico.
Componentes da suspensão

Um sistema de suspensão moderno de um veículo de


estrada tem os componentes seguintes:

1. O pneumático
2. O mecanismo de suporte.
3. O amortecedor
4. A barra estabilizadora
5. Os suportes elásticos da carroçaria
6. O assento dos passageiros
O pneumático
O sistema de suspensão no automóvel começa
no contacto do pneumático com o caminho. A
própria elasticidade da borracha cheia de ar
proporciona um enlace muito elástico capaz de
mover-se por um caminho sem transmitir as
oscilações de pequena magnitude ao resto do
veículo. A pressão de inflado repercute muito na
capacidade do pneumático de evitar a
transmissão de ondulações ao veículo. Uma
pressão excessiva endurece o pneumático e esta
rigidez dificulta a absorção e se piora a
suspensão.
O mecanismo de suporte

Sempre, o elemento que suporta as rodas se conecta à


carroçaria através de um mecanismo muito elástico que
permite o movimento relativo das rodas e a carroçaria,
tal e como se representa esquematicamente no sistema
de suspensão elementar tratado acima como uma mola.
Este mecanismo na prática tem dois desenhos básicos.
1. Eixo de carga transversal com uma roda em cada
extremo, unido à carroçaria através de um elemento
elástico de suporte de carga.
2. Mecanismo trapezoidal independente por cada
roda, unido à carroçaria através de um elemento
elástico de suporte de carga. (conhecido como
suspensão independente).
Molas

As molas, são com muito, o elemento mas


importante na absorção das irregularidades do
terreno, estes elementos elásticos que
conviemos em chamar moles podem ser:

1. Molas de aço em espiral


2. Molas de aço em folhas superpostas.
3. Bolsas de ar.
4. Barra de torção
5. Combinações deles.
Molas de aço em espiral

Estes tipos de moles som os mas utilizados nos


automóveis ligeiros, resultam ser como se mostra na
figura 3, um grosso arame de aço ao manganês
temperado enrolado como um cilindro em espiral
ascendente, geralmente de diâmetro e passo
constantes.
As molas em espiral têm a característica de que a
distância de compressão é proporcional à carga que
suportam, quer dizer para carrega dobro se reduzem na
metade de tamanho.
No esquema da esquerda (figura 3) pode ver-se
uma típica montagem da mola em espiral, note-
se que está colocado dentro de um mecanismo
de alavancas em forma de forquilhas, que unem
o eixo da roda (aro vermelho) ao veículo, através
dos pontos de pivô (pontos vermelhos nas
forquilhas), Estas forquilhas podem pivotar
nesses pontos permitindo o movimento relativo
da roda em direcção vertical, mas impedem
movimento relativo em direcção horizontal, com
o que se garante que a roda e o veículo estejam
rigidamente unidos durante as freadas.
Fig. 4 Suspensão com mola helicoidal e amortecedor de gás.
Molas de folhas superpostas

Abundantemente utilizados nos veículos de carga por


sua simplicidade e larga duração, as molas de folhas ou
molas de suspensão (figura 5) estão construídos pela
superposição de folhas de aço ao manganês temperado
de diferentes longitudes.
A razão pela que se fabricam deste modo se explica
pelo seguinte: Estes moles funcionam como uma placa
plaina curvada que se flexiona ao lhe aplicar uma carga,
a prática demonstra que a figura geométrica deste tipo
mais elástica e ligeira é a placa plaina mais larga no
centro e terminada em ponta nos extremos tal e como
se mostra a seguir na figura 5.
Fig.. 5 Suspensão com molas de folhas.
A.- Mola de folha principal. B. Mola de folha auxiliar. C, D.-
Extremos da molha de folha auxiliar. E, F.- Batentes (quando
camião carregado).
Bolsas de ar

Em principio, estas bolsas de ar se montam da mesma


maneira que as molas em espiral, substituindo estes,
mas acompanhadas de um sensível mecanismo
pneumo - mecânico de controlo de pressão.
Na foto (figura 6) pode ver-se uma típica montagem das
bolsas de ar em um caminhão pesado. Estas bolsas de
ar não sustentam o eixo em seu sítio tal e como as
molas em espiral, por isso o uso de tensores de suporte
são necessários.
Os extremos da folha mais larga, conhecida como
mestre foram dobrados para formar um cilindro pequeno
por onde se une ao veículo, utilizando um casquilho de
borracha dura.
Fig 6. Suspensão com bolsas de ar.
Barra de torção
A barra de torção como elemento de suporte da carga é
também muito utilizada. Neste caso a roda está
montada em um mecanismo oscilante que pivota em
algum ponto de união à carroçaria tal e como se viu no
caso das molas de espiral. Esta peça pivota para
mover-se com respeito à carroçaria tem que torcer uma
barra de aço temperado que está fixa no outro extremo
ao veículo, de maneira que o peso do automóvel
mantém a barra parcialmente torcida, com os aumentos
e diminuições da carga ao transitar pelas irregularidades
do caminho a barra absorve os movimentos verticais do
pneumático torcendo-se mais ou menos.
Estas barras de torção podem estar transversais ou
longitudinalmente ao veículo.
Amortecedores:
A deformação do meio elástico, como consequência das
irregularidades do terreno, dá lugar a umas oscilações
de todo o conjunto. Quando desaparece a irregularidade
que produz a deformação e, de não frear as oscilações,
faria balançar toda a carroçaria. Esse freio, em número e
amplitude, das oscilações se realiza por meio dos
amortecedores. Os amortecedores transformam a
energia mecânica do mole em energia calorífica,
esquentando um fluido contido no interior do
amortecedor ao ter que acontecer determinados passos
estreitos. Podem ser de fricção ou hidráulicos, embora
na actualidade só se usam estes últimos. Os hidráulicos,
a sua vez podem ser giratórios, de pistão ou
telescópicos; embora todos estão apoiados no mesmo
fundamento. O mais estendido é o telescópico.
Fig. 8 Vistas de amortecedor telescópico hidráulico -
Componentes do amortecedor telescópico.

Compõe-se de dois tubos concêntricos, fechados em


seu extremo superior por um empacotamento, através
da qual passa uma vergôntea, que em seu extremo
exterior termina em um anel pelo que se une ao
bastidor. A vergôntea, em seu extremo interior, termina
em um pistão, com orifícios calibrados e válvulas
deslizantes. O tubo interior leva em sua parte inferior
duas válvulas de efeito contrário. O tubo exterior leva em
sua parte inferior um anel pelo que se une ao eixo da
roda. Um terceiro tubo, a modo de sino e fixo à
vergôntea, serve de coberta ou guarda polvo. Se
formam três câmaras; as duas em que divide o êmbolo
ao cilindro interior, e a anular, entre ambos cilindros.
FUNCIONAMENTO:

Durante a flexão da mola de suspensão, baixa o bastidor, e com


ele, a vergôntea, comprimindo o líquido na câmara inferior, que é
obrigado a passar pelos orifícios do êmbolo à câmara superior,
mas não tudo, pois a vergôntea ocupa lugar; portanto, a outra
parte do líquido passa pela válvula da parte inferior do cilindro
interior à câmara anular. Este passa obrigado, do líquido a uma e
outra câmara, freia o movimento oscilante, amortecendo a acção
de molas de suspensão e moles de suspensão. Quando
aconteceu o obstáculo, o bastidor atira da vergôntea, sobe o
pistão e o líquido se vê forçado a percorrer o mesmo caminho,
mas à inversa, dificultado pela acção das válvulas, com o que se
freia a acção rebote. A acção deste amortecedor é em ambos
sentidos, por isso lhe denomina “de efeito duplo”.
AMORTECEDOR DE GÁS: O amortecedor cheio
de gás a baixa pressão é um amortecedor do tipo
de dois tubos que está parcialmente cheio de gás
a baixa pressão (0,1 … 1,5 MPa).
Com este sistema se evita a geração do ruído
anormal devido à cavitação e a aeração que têm
lugar em amortecedores utilizam só líquido.
Minimizar a cavitação e da aeração faz também
possível obter uma força de amortização mais
estável, melhorando o conforto e a estabilidade
da marcha. O funcionamento deste tipo de
amortecedor é semelhante ao tubo duplo.
Barras estabilizadoras.
Não todos os veículos estão dotados de barra
estabilizadora, este componente joga um papel menos
importante no sistema de suspensão, não obstante seu
uso representa claras vantagens na estabilidade do
veículo.
Este elemento é essencialmente uma barra de aço
elástica em forma de U alargada conectada em um
extremo, ao mecanismo de suspensão de um lado do
veículo, e no outro extremo ao outro lado do mecanismo
de suspensão da outra roda, representada de cor
laranja na figura de abaixo.
Esta barra torcendo-se, transfere parte da carga
adicional aplicada à suspensão do um lado, à
suspensão do outro lado, quando o veículo faz um giro,
reduzindo notavelmente a inclinação da carroçaria.
Quando o veículo entra em uma curva, a carroçaria
tende a inclinar-se para fora. Isto provoca que as rodas
que vão pela parte exterior da curva sejam submetidas
a uma maior força dinâmica, que se traduz em um maior
peso sobre a suspensão. Inversamente, as rodas
internas se descarregam. Por isso se pode observar
uma compressão da suspensão do lado externo e uma
extensão pelo lado interno.

Este efeito pode chegar a fazer que alguma das rodas


internas perca o contacto com o pavimento.
Fig. 10 Barra estabilizadora.

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