Você está na página 1de 35

Introdução a Avaliação Pós-

Ocupação
Profª Drª Nirce Saffer Medvedovski

Universidade Federal de Pelotas - PROGRAU

Pelotas, 2019
Avaliação Pós Ocupação - As relações
usuário /meio ambiente construído

Área de Concentração: ARQUITETURA, PATRIMÔNIO E SISTEMAS URBANOS


Obrigatória – não
Carga Horária ; 51
Número de Créditos: 3 créditos /3 horas semanais

Introdução às Relações Ambiente/Comportamento: necessidades,


expectativas e satisfação do Usuário; conceituação de qualidade e
desempenho do ambiente construído. Avaliação Pós Ocupação. Avaliação
dos especialistas x avaliação dos usuários. Métodos e técnicas: abordagem
interdisciplinar, qualitativa e quantitativa. A realimentação do projeto através
da Avaliação Pós Ocupação. Diretrizes para futuros projetos e indicadores
para a gestão da qualidade de ambientes construídos (uso, operação e a
manutenção). Estudos de casos exemplares de falta de qualidade no
ambiente construído: ênfase na habitação de interesse social.
Responsabilidade do poder público e a defesa do consumidor,
responsabilidade profissional.
Roteiro
I PARTE: Introdução a APO
Qualidade na Arquitetura e
Urbanismo
Conceituação de APO / Níveis
de APO
As relações Ambiente -
Comportamento
Histórico e situação atual da
APO. Instituições internacionais
– EDRA e IAPs
I PARTE – Introdução a APO
A produção de conhecimento sistematizado sobre o desenho do
meio ambiente depara-se com este duplo aspecto:
 conhecimento dos aspectos físicos (meio ambiente
físico, natural ou construído pelo homem)
 conhecimento sobre os aspectos de satisfação e
comportamento humano
Na avaliação da qualidade do Ambiente Construído, qualidade
é:
 Desempenho técnico satisfatório dos ambientes
 Desempenho satisfatório das relações Ambiente –
Comportamento: condições psico-corpontamentais dos
usuários do ambiente construído
Avaliação de Desempenho -
CSTB:
Segurança estrutural Conforto térmico
Segurança contra o fogo Conforto visual
Segurança de uso Conforto tátil
Estanqueidade Conforto antropodinâmico
Conforto Higrotérmico Higiene
Pureza do ar Adaptação ao uso
Conforto acústico Durabilidade
Economia

CSTB:Centre Scientifique et Technique du Bâtiment


www.cstb.fr
Qualidade no projeto
Qual a origem dos problemas patológicos nas edificações?
Em países desenvolvidos (Bélgica, Grã-Bretanha, Alemanha,
Dinamarca e outros) (fonte: Motteau,H.1987,Vol I:p12, apud
Ornstein,1992)

Falhas de projeto 36 a 49% das patologias


Falhas de execução 19 a 31% das patologias
Gestão da qualidade
ISO/NB 9000 a 9004
Gestão - sistemas de garantias de qualidade nas
diversas etapas da produção e uso do ambiente
construído.
 Redução das falhas durante a produção

 Fabricação de materiais e componentes

 Aumento da produtividade da mão de obra

 Redução do desperdício
Qualidade na etapa de projeto ?
Hoje ainda se privilegia o contratante, não o usuário final
Aedificação e seu entorno imediato não são encarados
como “produtos para o uso”
Raramente existem manuais de uso da edificação e
suas partes
Os sistemas prediais, a infra- estrutura urbana, na maior
parte “ocultos”, não são habitualmente considerados
como itens a serem operados e mantidos. Redes
“virtuaiis” são desconsideradas na manutenção.
Produção e uso do Ambiente
Construído
Planejamento

Projeto

Fabricação da materiais componentes

Construção e execução

Uso / operação / manutenção


A APO como realimentadora
das decisões de projeto

APO = CORRIGIR + REALIMENTAR


Resumindo: “a APO pode ser
entendida como um método interativo
que detecta patologias e determina
terapias no decorrer do processo de
produção e uso de ambientes
construídos, através de participação
intensa de todos os agentes
envolvidos na tomada de decisões"
(ORNSTEIN e ROMERO,1992:23) (grifo
nosso).
Variáveis do Ambiente construído a
serem considerados na APO

FONTE: ORNSTEIN, ROMERO, 1992


Níveis de Serviços de
Avaliação
APO Indicativa ou de curto prazo – 30 a 60 dias
Rápidas visitas exploratórias do ambiente em estudo;
Entrevistas com usuários-chave
Efetua diagnóstico e recomendações – Aspectos físicos e comportamentais
APO Investigativa ou de médio prazo – + ou - 90 dias
Visitas exploratórias do ambiente em estudo;
Entrevistas com usuários-chave
Explicitação dos critérios referenciais de desempenho
Efetua diagnóstico e recomendações e especificações técnicas
APO Diagnóstico ou de longo prazo – em aberto
Define critérios de desempenho de forma detalhada
Aplica técnicas sofisticadas de medidas
Correlaciona medidas físicas com as avaliações e comportamento dos
usuários
Efetua diagnóstico e recomendações, especificações técnicas e
acompanhamento das intervenções
Dimensões de uma APO
 As APO se aplicam sobre unidades de território:
Escritórios, o conjunto habitacional, a fabrica, a praça, o bairro,
o shoping center,a sala de aula,etc.

 As APO se aplicam sobre a diversidade de usuários:


Idosos, incapacitados, mulheres , crianças de pré escolas, etc.

 As APO se aplicam sobre variáveis sócio-


comportamentais Conservação de energia, segurança, conforto,
acessibilidade, risco de incêndio, segurança do trabalho, uso,
operação e manutenção de edifícios, privacidade,
apropriação, etc
Qualidade na Arquitetura e Urbanismo sob o ponto
de vista da Gestão ( ou: como está a vida cotidiana?)

Exemplo para APO em Serviços Urbanos para Conjuntos


habitacionais - serviço de fornecimento de água ( Medvedovski ,
1988):
 Operação – manuseio dos sistemas necessários para que o
serviço ou equipamento cumpra sua finalidade;
Ex: manusear uma torneira para sair o líquido
 Manutenção – cuidados técnicos indispensáveis para o
funcionamento regular e permanente; conservação; manter
em funcionamento as instalações e equipamentos;
Ex: trocar a borracha de vedação
 Reparação – conserto; restauração de partes danificadas;
devolver a feição original das redes e equipamentos; Ex:
Trocar uma peça
 Melhoria – ampliação; expansão; pode referir-se à
extensão da prestação do serviço (maior número de
pessoas atingidas pelo serviço) ou ao seu
aprimoramento (a melhoria da qualidade da prestação
do serviço); pode acontecer através do aperfeiçoamento
das técnicas, dos equipamentos ou das instalações;
Ex: instalação de sistema temporizador para controle
do consumo
 Alteração – modificação; correção; reformulação; mudar
a prestação do serviço quando mudam as
necessidades; retificação dos serviços para atender
novas necessidades.
Ex: mudar para um sistema de aquecimento com
placas solares e eliminar o sistema de aquecimento
elétrico
As Relações
Ambiente/Comportamento
Cientistas sociais tipicamente efetuam amostras sobre indivíduos, não
sobre ambientes. Na pesquisa sobre o desenho do meio ambiente a
escolha recai freqüentemente sobre o território como principal unidade de
amostragem, porque esta é uma variável intrínseca (frequentemente
independente) no espaço da pesquisa. (BETCHEL, 1987).

Ex: padrões de comportamento dos usuários da orla de Salvador.


Domingo - 09/05/2004 15:00 h
Barra-Salvador
Novo calção comaprtilhado
O espaço como depositário de valores e
significações:

Sonia Barrios ( 1976)

Valor
Poder
Significado

Behaviour Setting como a a conjugação de :


Local/cenário
Usuário
Fenômeno sócio-comportamental
Behavior setting – certo padrão de
comportamento que ocorre num local
específico e a intervalos regulares:
eventos da vida cotidiana. Ex: padrões
de comportamento dos usuários das
ruas do Candial nos finais de semana

Candial : Domingo - 09/05/2004 10:00 h


Histórico da APO
Psicólogos ambientais - EUA / finais da década de 40
Em que medida o desempenho dos ambientes afeta o
comportamento humano?
Equipes Interdisciplinares ( arquitetos, engenheiros,
antropólogos, psicólogos, entre outros) - Década de 70
Avaliação da produção da Arquitetura moderna sob o ponto de
vida do comportamento e satisfação dos usuários
1951 - One Boy s Day (Baker e Wrigth)
1966 - The Hidden Dimension – Edward Hall
1977 - A pattern language - Cristopher Alexander
1988 - Post- Occupancy Evaluation ( Preiser et all)
Principais autores e respectivos trabalhos:

Barker e Wrigth (1951) – One’s Day Boy ( behaviour setting)


Edward Hall (1954) – The Silent Language
(1966) The Hidden Dimension
Kevin Lynch (1960) – Image of the City
Sommer (1969) – Personal space: The Behavioral Basis of Design
Amos Rapaport (1977) – Human Aspects of Urban Form : Towards a
Man-Environment Approach to Urban Form and Design
Kevin Lynch ( 1960) – Image of the City
Claire Cooper Marcus – (1968) Easter Hill Villagge: Some Social
Implications of Design
(1974) The House as a Simbol of the Self
Bachelard e Korosek Serfaty - Fenomenologia
Felipe Boudon – Avaliação de Pessac de l’Corbusier
Isidoro Berenstein- Psicanálise e antropologia
Carlos Nelson dos Santos - Arquitetura e Antropologia
Roberto da Matta – Antropologia e espaço
Wolfgang Preiser -Learning from Our Buildings: A State-of-the-
Practice - Summary of Post-OccupancyEvaluation
Livros texto:

• Betchel et al (1987) - Methods in Environmental and Behavioral


Design
• Wolfang Preiser et al (2001) – Learning from our buildings - A State-
of-the-Practice Summary of Post-Occupancy Evaluation
• John Zeisel ( 2001) - Inquiry by Design: Tools for Environment-
behaviour Research
• Sheila W. Ornstein e Marcelo Romero (colab.) (1992) – APO do
Ambiente Construído
• Simone Barbosa Villa, Sheila Walbe Ornstein ( 2013) . Qualidade
Ambiental Na Habitação: Avaliação E Pós-Ocupação
• Jan Gehl . Cidades para pessoas. Editora: PERSPECTIVA. 2014
Histórico e situação atual da
APO no Brasil

No Brasil, destaca-se o trabalho pioneiro de Motta e Del


Carlo no IPT.
Desde 1984, a APO vem sendo consolidada e aprimorada
como atividade acadêmica de ensino e pesquisa na USP,
com a atuação de Del Carlo, Ornstein, Serra e Romero.
1992 - Avaliação Pós Ocupação do Ambiente Construído
(Onstein e Romero)
ANTAC
Associação Nacional de Tecnologia do
Ambiente Construído

Fundada em 1987, a ANTAC é uma associação técnico-científica,


de caráter multidisciplinar, que reúne pesquisadores e técnicos
envolvidos com a produção e transferência de conhecimentos na
área de tecnologia do ambiente construído. Esta área integra
profissionais das mais diversas especialidades, tais como
Engenheiros, Arquitetos, Físicos, Químicos e Sociólogos, que
atuam em Construção Civil, Tecnologia de Arquitetura e
Habitação.
GT Qualidade do Projeto- ANTAC

 GT unifica em 2009 os GT APO e GT Qualidade


 GT APO – ANTAC -Criado em 1993, o grupo de trabalho
promoveu o primeiro Workshop para estruturação da
pesquisa a nível nacional, em agosto de 1994 em SP.
 Workshop “Os rumos da APO”, outubro 2002, em Pelotas
 Reuniões do GT na promoção dos encontros do NUTAU – USP
e nos ENTAC – Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído.
Tem abordado de forma interdisciplinar, sob o enfoque das
relações Ambiente – Comportamento o tema de edificações
escolares, prédios de escritório, casas bancárias, espaços
institucionais como universidades e museus, habitações de
interesse social, empreendimentos habitacionais, espaços
públicos, entre outros.

Possui fortes vínculos com os GT de Qualidade e Conforto


Ambiental e Eficiência Energética da ANTAC.
ANTAC: http://www.antac.org.br/
Instituições Internacionais
EDRA
Environmental Design Research Association
Fundada em 1969, nos EUA, a EDRA é uma organização de carácter
multidisciplinar que envolve arquitetos, pesquisadores, educadores e
demais profissionais envolvidos no projeto e gerenciamento do
ambiente físico. Seu objetivo é o desenvolvimento e a divulgação de
conhecimento sobre a relação das pessoas com os ambientes,
promovendo assim, a criação de ambientes que respondam as
necessidades dos usuários.
Instituições Internacionais
IAPS
International Association for People
Environment Studies

Fundada em1982 em Barcelona, a IAPS tem como objetivo:


- Facilitar a comunicação entre os profissionais que trabalham com a
relação entre as pessoas e o ambiente.
- Estimular a pesquisa e a inovação para o melhoramento do bem estar
dos usuários e o ambiente.
- Promover a integração da pesquisa, educação e prática.
NAUrb
http://faurb.ufpel.edu.br/naurb/

Profa. Nirce Saffer Medvedovski


nirce.sul@gmail.com

Você também pode gostar