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M EDICINA B ASEADA EM E VIDÊNCIA

E E SPIRITUALIDADE :
O QUE TEMOS E PODEMOS
IMPLANTAR NA PRÁTICA CLÍNICA

Dr. Roberto Esporcatte


Prof. Adjunto Cardiologia – FCM UERJ
Coordenador – Unidade Coronariana H. Pró-Cardíaco
Vice-Presidente – GEMCA/DCC/SBC
2016
Medicina Baseada em Evidências e Espiritualidade

Roberto Esporcatte
Sem conflito de interesses
Meta-análise na População Sadia
NURSES’ HEALTH STUDY
N = 74.534 HR = 0.67 (95%CI, 0.62-0.71;
1º Questionário 1992/2012 P < .001
Sem DCV ou Câncer
• 84% de afiliação religiosa no mundo.
• FÉ: Força poderosa nas vidas de indivíduos e comunidades
• Plano individual de consumo e oferta: fé influencia saúde e
comportamento relevantes para prática médica e cuidados.
• Comunidade: estruturas e atores envolvidos em saúde e
desenvolvimento de atividades com interseção com
determinantes sociais de saúde
• Nacional: providers de saúde em diversos contextos
• Internacional: fé afeta e modela desenvolvimento de
agendas e respostas à pobreza e iniquidade.
• Entretanto, fatores relacionados a fé nem sempre são
considerados na saúde pública.

www.thelancet.com Published online July 7, 2015 http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(15)61036-4


www.thelancet.com Published online July 7, 2015
http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(15)60252-5
“A prática atual, muito comum, de censurar ou ignorar grupos religiosos,
muitas vezes com base em boatos, é totalmente inaceitável.”

www.thelancet.com Published online July 7, 2015


http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(15)60252-5
Espiritualidade
Estado mental e emocional, que norteia nossos
pensamentos, atitudes, ações e reações nas
circunstâncias da vida de relacionamento intra e
interpessoal.

[motivado ou não pela vontade, passível de observação e de mensuração]


2013 - INTERNATIONAL CONSENSUS CONFERENCE
ON IMPROVING THE SPIRITUAL DIMENSION OF WHOLE PERSON CARE:
THE TRANSFORMATIONAL ROLE OF COMPASSION, LOVE AND FORGIVENESS IN HEALTH CARE

E SPIRITUALIDADE
Parte dinâmica e intrínseca da humanidade através da qual as
pessoas procuram
um sentido final, um propósito, a transcendência e
experimentam relações
consigo, com a família, outros, comunidade, sociedade, natureza e o
significativo ou sagrado.
Espiritualidade é expressa através de
crenças, valores, tradições e práticas.

‘‘Spirituality is a dynamic and intrinsic aspect of humanity through which persons seek ultimate
meaning, purpose, and transcendence, and experience relationship to self, family, others,
community, society, nature, and the significant or sacred. Spirituality is expressed through
beliefs, values, traditions, and practices.’’
Religião, Religiosidade e Espiritualidade
ES P I R I T UA L I DA D E : C U I DA D O S N A A S S I ST Ê N C I A

1. As emoções dos profissionais não devem interferir nas


decisões médicas;
2. A espiritualidade pertence à área profundamente PESSOAL e
intensamente EMOCIONAL;
3. Não abordar conteúdos emocionais sem adequada formação;
4. Manter distanciamento adequado para facilitar a eficácia
terapêutica;
5. Não disponibilizar serviços religiosos sem a certeza da
necessidade do paciente;
6. Não realizar serviço religioso mesmo sendo da mesma crença;
7. Renúncia ao tratamento médico deve ser tratada com muita
habilidade; e
8. Não induzir culpa.
 3308 Adultos entre 18 e 30 anos por 15 anos: risco de Hipertensão 84% maior
para o quartil mais alto de Hostilidade do que para o quartil mais baixo
L. L. Yan - Psychosocial factors and risk of hypertension: the Coronary Artery Risk
Development in Young Adults (CARDIA) study. (JAMA, 290 – 2003)

 3343 Jovens adultos por 05 anos: Escores de Depressão risco 2,8 vezes maior de
Hipertensão
K. Davidson - Do depression symptoms predict early hypertension
incidence in young adults in the CARDIA study? (Arc. Int. Med., 160 – 2000)

 11216 Homens sem evidência de doença cardiovascular por 18 anos: Depressão


Basal 2 vezes maior risco de morte por AVC
B. B. Gump - Depressive symptoms and mortality in men: results from the Multiple
Risk Factor Intervention Trial. (Stroke,36 - 2005)

 372 Pacientes sobreviventes de AVC por 03 a 05 anos: Fatalismo, desamparo e


desesperança associaram-se a menor sobrevivência
S. C. Lewis - Negative attitudes among short-term stroke
survivors predict worse long-term survival. (Stroke, 32- 2001)
Religiosidade e espiritualidade estão associadas a:

 valores pressóricos mais baixos (36/63 estudos);


 melhor função CV (risco CV, VFC, marc. inflamatórios, etc) (10/16)
 menos DAC (12/19)
 menor consumo de tabaco;
 aumento da atividade física;
 menor consumo de álcool;
 ↓taxas de depressão e recuperação mais rápida da depressão;
 menor comportamento de aversão diante do estresse;
 maior bem estar; menor estresse psicossocial (46/75)
 melhor interatividade com o ambiente.
 maior longevidade (46/63 estudos)

Koenig, H.G, et al., Handbook of Religion and Health, 2011;


INTERHEART: Risco de IAM associado com Fatores de Risco
na população global (52 países)

Fator de Risco % Cont % Casos RAP (IC 99%)


ApoB/ApoA-1 (5 v 1) 20.0 33.5 49.2 (43.8, 54.5)
Tabagismo 26.8 45.2 35.7,(32.5,39.1)
Diabetes 7.5 18.5 9.9 (8.5, 11.5)
Hipertensão 21.9 39.0 17.9 (15.7, 20.4)
Obesidade Abd(3v1) 33.3 46.3 20.1 (15.3, 26.0)
Psico-social - - 32.5 (25.1, 40.8)
Veg & frutas diariam. 42.4 35.8 13.7 (9.9, 18.6)
Exercício 19.3 14.3 12.2 (5.5, 25.1)
Álcool 24.5 24.0 6.7 (2.0, 20.2)
Combinados - - 90.4 (88.1, 92.4)

Yusuf S, Hawken S, Ôunpuu S, Dans T, Avezum A. Lancet 2004 Sept 11


FICA SPIRITUAL HISTORY TOOL
F – Fé / crença
– Você se considera religioso ou espiritualizado?
– Você tem crenças espirituais ou religiosas que te ajudam a lidar com problemas?
– Se não: o que te dá significado na vida?
I – Importância ou influência
– Que importância você dá para a fé ou crenças religiosas em sua vida?
– A fé ou crenças já influenciaram você a lidar com estresse ou problemas de saúde?
– Você tem alguma crença específica que pode afetar decisões médicas ou o seu
tratamento?
C – Comunidade
– Você faz parte de alguma comunidade religiosa ou espiritual?
– Ela te dá suporte, como?
– Existe algum grupo de pessoas que você “realmente” ama ou que seja importante
para você?
– Comunidades como igrejas, templos, centros, grupos de apoio são fontes de
suporte importante?
A – Ação no tratamento
– Como você gostaria que o seu médico ou profissional da área da saúde
considerasse a questão religiosidade / espiritualidade no seu tratamento?
– Indique, remeta a algum líder espiritual / religioso.
© Copyright, Christina M. Puchalski, MD, 1996
RI

RO

RNO

DUREL: Duke Religious Index


Arq Bras Cardiol. 2014 Apr;102(4):415
Avaliação de Riscos Psicossociais Prevention on Clinical Practice ESC 2012
Recomm.- Class IIa, level B, Grade Strong

Nivel educational?
Baixo nível Socioeconômico Trabalhador braçal?
Fa t o r e s P s i c o s s o c i a i s

Descontrole sobre como atender demandas?


Stress trabalho e família Reconhecimento adequado?
Sérios problemas conjugais?

Isolamento social Vive só?


Falta de confidente?

Depressão Sente-se pra baixo e deprimido ?


Perdeu interesses e prazer pela vida

Ansiedade Frequente/ nervoso, ansioso ou no limite?


Frequente/ incapaz de controlar
preocupação

Hostilidade Frequente/ zangado por pequenas coisas?


Frequente/ irritado pelos habitos dos
outros?

Personalidade tipo D Evita compartilhar pensamentos e


sentimentos?
Instrumentos para avaliação

• Risco psicossocial
• Estresse
• Depressão
• Ansiedade
• Qualidade de vida
• Bem estar psicológico – EBEP de Ryff
• Proposito de vida – EBEP de Ryff
• Gratidão
• Propensão ao perdão
Depressão

• Geriatric Depression Scale ( GDS) com 15 e 10 itens

• Montgomery-Asberg Depression Rating Scale (MADRS)

• ICD-10 para pesquisa

• DSM-V

• Self report depression scale (CES-D Scale)

• PHQ9 - AHA

• SF36

• EQ-5D
• Escalas de Beck – Inventário de Depressão/ Ansiedade, Escala de
Desesperança/ Ideação suicida
Qualidade de vida - SF-36
Domínios:
1. Limitação para atividades físicas por problemas de saúde
2. Limitação para atividades sociais por problemas físicos e emocionais
3. Limitação para atividades diárias por alterações físicas
4. Dor
5. Pior saúde mental geral - stress e bem estar
6. Limitação para atividades básicas por problemas emocionais
7. Menor vitalidade
8. Pior percepção de sua saúde
Escala de Esperança HOPE (Pacico et al., 2013)

Avalia a disposição emocional positiva direcionada ao futuro


8 frases afirmativas para que os participantes respondam o quanto cada uma delas se aplica a eles, em
uma escala de 5 pontos, sendo o 1 correspondente a totalmente falso e o 5 a totalmente verdadeiro.

Escala de OTIMISMO Life Orientation Test - LOT-Brazil (Bastianello et al., 2013)


Mede o otimismo definido em termos de expectativas positivas e negativas com relação a eventos
futuros.
10 frases afirmativas que os participantes respondem em escala de 5 pontos o quanto concordam com
elas, sendo o 1 correspondente a discordo plenamente e 5 a concordo plenamente.
Dentre os 10 itens, 3 declarações sobre o otimismo (itens 1, 4 e 10), 3 sobre pessimismo (itens 3, 7 e 9)
e 4 itens são distratores (2, 5, 6, 8) cujas pontuações não são computadas.

Escala de Disposição para Perdoar – DeShea (2003)


12 itens redigidos em forma de cenários, simulando situações de transgressões envolvendo pessoas
com as quais o indivíduo potencialmente convive. O respondente deve focar no ator principal da
transgressão e responder, em escala de 7 pontos, a disposição a perdoar (0=Nada disposto,
6=Totalmente disposto )
Escala de gratidão - Six Item Form (GQ-6)- McCullough
1. I have so much in life to be thankful for.

2. If I had to list everything that I felt grateful for, it would be a very long list.

3. When I look at the world, I don’t see much to be grateful for.*

4. I am grateful to a wide variety of people.

5. As I get older I find myself more able to appreciate the people, events, and situations that have been part of my life history.

6. Long amounts of time can go by before I feel grateful to something or someone.*

1 = strongly disagree
2 = disagree
3 = slightly disagree
4 = neutral
5 = slightly agree
6 = agree
7 = strongly agree
ESCALAS DE RELIGIOSIDADE VALIDADAS NO BRASIL- http://www.ufjf.br/nupes/escalas/

Escala de Religiosidade de Duke (DUREL): instrumento pequeno e de fácil aplicação, opção para estudos
epidemiológicos, porém aborda apenas três dimensões de religiosidade e não aborda espiritualidade
• Versão em português- Moreira-Almeida, A et al Revista de Psiquiatria Clinica, 2008, vol.35, no.1, p.31-32.
• Validação da versão brasileira- Taunay TCD, et al Revista de Psiquiatria Clinica 2012; 39 (4):130-135

Brief Multidimensional Measure of Religiousness and Spirituality (BMMRS-p):


• Validação da versão em Português - Dissertação Cristiane Schumann
• Tradução e Adaptação para o português - Dissertação Amanda Tostes

Inventário de Religiosidade Intrínseca (IRI):


• Development and validation- Taunay TC, et al. Rev Bras Psiquiatr. 2012 Mar;34(1):76-81.

Escala de Coping Religioso-Espiritual (CRE): instrumento extenso, de difícil uso


• Tradução, adaptação e validação da escala Rcope, abordando relações com saúde e qualidade de vida
Raquel Gehrke Panzini, Dissertação de Mestrado em Psicologia, UFRGS, 2004.
• Elaboração e validação de construto - Panzini, R et al Psicol. estud., Dez 2005, vol.10, no.3, p.507-516.

Instrumentos para obtenção da historia espiritual:


FICA; HOPE; ACP; CSI-MEMO Lucchetti G et al. Rev Bras Clin Med 2010; 8(2):154-8
R/E em Cardiopatas

• n = 259 (54% masc) Idade = 64±13 anos


• 50% clínico / ATC + RMC
• Índice Duke
 Crença em Deus: 99%
 Vida após a morte: 73,5%
 Participação em congregação: 40,5% / Católicos = 74,4%
 Fé importante ou principal da vida: 83,6%
 Religiosidade intrínseca elevada: 12,9±2,7 (3 a 15)
 Acredita em benefício da fé na saúde: 84,9%
 Usa religião como conforto na doença: 90,2%
 Gostaria da abordagem médica: 50%
 Recebeu abordagem médica: 24%

Pontes MRN e col. UFCSPA/S.Casa PA


R/E em Cardiologistas
• n = 100 (69% masc) Idade = 42±11 anos Brancos = 98% Cas: 62%
• Católicos: 51% / Kardecistas: 12% / ateus/agnósticos: 17%
• Índice Duke

 Crença em Deus: 90%


 Vida após a morte: 68%
 Participação em congregação: 28% / encontro ≥1 X/sem: 13%
 Oração/leitura ≥2 X/sem: 36%
 Religiosidade intrínseca elevada: 10,1±3,7 (3 a 15)
 Escala DUREL 15,9±5,9 (5 – 30)
 Acredita que fé e bem estar espiritual são benéficos: 90%
 Acredita que podem trazer malefício: 39%
 Acha adequado falar sobre religião: 62%
 Acha que o paciente gostaria de falar sobre religião: 53%
 Fala sobre religião: 17%
 Coletam historia espiritual: 10% / Encaminham capelão: 11,2%

Pontes MRN e col. UFCSPA/S.Casa PA


Fernando A. Lucchese, Harold G. Koenig
Rev Bras Cir Cardiovasc 2013;28(1):103-28
D ESFECHOS PA R A O PAC I E N T E D ESFECHOS PA R A O P ROFISSIONAIS
 PERCEPÇÃO DA COMPAIXÃO NO CUIDADO  SIGNIFICADO E OBJETIVOS NO TRABALHO
 PERCEPÇÃO DE CUIDADOS CENTRADOS NO PAC.  BEM-ESTAR ESPIRITUAL
 SATISFAÇÃO  MENOR FADIGA PELA COMPAIXÃO
 SENSAÇÃO CRESCENTE DE BEM-ESTAR/CUIDADOS  MENOS “BURNOUT”
Puchalski C
2013 - INTERNATIONAL CONSENSUS CONFERENCE
ON IMPROVING THE SPIRITUAL DIMENSION OF WHOLE PERSON CARE:
THE TRANSFORMATIONAL ROLE OF COMPASSION, LOVE AND FORGIVENESS IN HEALTH CARE

E SPIRITUALIDADE
Parte dinâmica e intrínseca da humanidade através da qual as
pessoas procuram
um sentido final, um propósito, a transcendência e
experimentam relações
consigo, com a família, outros, comunidade, sociedade, natureza e o
significativo ou sagrado.
Espiritualidade é expressa através de
crenças, valores, tradições e práticas.

‘‘Spirituality is a dynamic and intrinsic aspect of humanity through which persons seek ultimate
meaning, purpose, and transcendence, and experience relationship to self, family, others,
community, society, nature, and the significant or sacred. Spirituality is expressed through
beliefs, values, traditions, and practices.’’
Padrões Recomendados para Cuidado Espiritual

1. O CE é essencial para o cuidado de saúde compassivo, centrado na pessoa e


é um padrão para todas as configurações de saúde.

2. O CE é uma parte dos cuidados de rotina e integrada nas políticas de


admissão e avaliação continuada da angústia e do bem-estar espiritual.

3. Todos os prestadores de cuidados estão bem informados sobre as opções


para resolver as angústias e necessidades espirituais dos pacientes,
Incluindo os recursos e informações espirituais.

4. O desenvolvimento do CE é suportado pela pesquisa baseada em evidências.

5. Espiritualidade nos cuidados de saúde é desenvolvido em parceria com


tradições de fé e grupos de crenças.

6. Durante o treinamento, os prestadores de cuidados de saúde são instruídos


sobre os aspectos espirituais da saúde e como isso concerne para si, para os
outros, e para a prestação de cuidados compassivos.
Padrões Recomendados para Cuidado Espiritual

7. Os profissionais de saúde são treinados para realizar rastreamento ou história espiritual


como parte da rotina avaliação dos pacientes.

8. Todos os prestadores de cuidados de saúde são treinados na presença compassiva,


escuta ativa e sensibilidade cultural, e praticam essas competências como parte de uma
equipe interprofissional.

9. Todos os prestadores de cuidados de saúde são treinados em cuidados espirituais


proporcionais ao seu âmbito de prática, com referência a um modelo de cuidado
espiritual, e adaptados a diferentes contextos e configurações.

10. Os sistemas saúde e suas configurações oferecem oportunidades para desenvolver e


manter um senso de conexão com a comunidade que eles frequentam; profissionais de
saúde trabalham para criar ambientes de cuidado em seu trabalho e na comunidade.

11. Os sistemas saúde e suas configurações apoiam e incentivam os provedores de saúde


para o auto-cuidado, a prática reflexiva, o retiro e o cuidado de gestão de estresse.

12. Os sistemas de saúde e configurações focam na saúde e bem-estar e não apenas na


doença.
2013 - INTERNATIONAL CONSENSUS CONFERENCE
ON IMPROVING THE SPIRITUAL DIMENSION OF WHOLE PERSON CARE:
THE TRANSFORMATIONAL ROLE OF COMPASSION, LOVE AND FORGIVENESS IN HEALTH CARE

(1) pesquisa,

(2) cuidados clínicos,

( 3 ) e d u c a ç ã o,

( 4 ) p o l í t i c a e p ro m o ç ã o,

( 5 ) c o m u n i c a ç ã o, e

( 6 ) e nvo l v i m e nto d a c o m u n i d a d e
2013 - INTERNATIONAL CONSENSUS CONFERENCE
ON IMPROVING THE SPIRITUAL DIMENSION OF WHOLE PERSON CARE:
THE TRANSFORMATIONAL ROLE OF COMPASSION, LOVE AND FORGIVENESS IN HEALTH CARE

(2) Cuidados Clínicos

1. melhores práticas clínicas; validação para ferramentas clínicas,


tecnologias de informações de saúde e uso e aplicabilidade de
indicadores de qualidade.

2. triagem espiritual e ferramentas de avaliação e protocolos para fins de


treinamento e amplo uso clínico

3. projetar desenvolvimento e implementação de padrões e ferramentas.


Taxas de readmissão, satisfação do paciente e retenção de pessoal.

4. longo prazo: prestadores de cuidados espirituais profissionais.

5. consciência da importância do cuidado espiritual entre os


profissionais de saúde, através de parcerias com a educação.
Espiritualidade e Saúde: Recomendações Básicas

1. Razões para diálogo R/S:


 Pacientes são religiosos, tem necessidades espirituais, desejam que o PS
conheça suas crenças e que elas façam parte do seu tratamento;
 R/S pode influenciar a capacidade de enfrentamento da doença e o PS devem
ter ciência deste fato;
 Isolamento de comunidade/líderes religiosos durante internação;
 Crenças, práticas e tradições podem impactar (contrapor) à prática médica;
 PS também tem crenças que podem influenciar a prática e gerar conflitos;
 R/S relaciona-se a saúde física e mental e altera desfechos clínicos;
 Religião influencia suporte e cuidados recebidos na comunidade e adesão
 Desconhecer R/S afeta custos, pp/ cuidados final de vida;
 Protocolos de acreditação e pagamentos.
Espiritualidade e Saúde: Recomendações Básicas

2. Anamnese R/S e tradições (ou falta de):


 Admissão por doenças graves ou crônicas
 Primeira consulta de novos pacientes
  familiaridade e identificação de demandas.
3. PS devem rastrear necessidade e antecipar conflitos com plano terapêutico.
4. Registrar história em prontuário (evita repetição), registrar condutas e
evolução (capelão ou outros).
5. Anamnese pelo médico ou outro PS (definido).
6. Respeito a R/S e crenças. Compor com plano terapêutico, se não prejudicial.
7. Necessidade ou conflitos, riscos ou prejuízos: acionar profissional (capelão)
ou aconselhar-se (se paciente recusar)
Espiritualidade e Saúde: Recomendações Básicas

8. Conhecer capacitação técnica do capelão ou outros PS. Trabalho multi-


disciplinar.
9. PS (sem proficiência) deve evitar abordagem pessoal das demandas R/S
10. Rastreamento R/S centrado e de acordo com desejos do paciente (incluindo
recusa).
11. PS NÃO deve solicitar aos pacientes para rezar com eles, MAS pode informar
se desejado e com comunicação posteiror (não coercitivo)
12. Atenção as zonas limítrofes e transição (pp saúde mental). Nunca tentar
mudar orientações ou evangelização. Caso haja preocupação com danos ou
riscos, consultar capelão.
13. R/S e crenças (ou ausência de) dos PS não deve alterar respeito ou
orientações. Dificuldades são vencidas com treinamento.
Espiritualidade e Saúde: Recomendações Básicas

14. Familiaridade com tradições dos grupos mais comuns.


15. Acompanhar se necessidades foram atendidas. Considerar planejamento de
cuidados espirituais pós-alta.
16. NUNCA discutir sobre R/S, mesmo com conflito de condutas. Compreensão e
respeito. Encaminhamento ou consultoria própria.
N ENGL J MED 2015;373:747-55.
ICC

N ENGL J MED 2015;373:747-55.


National Consensus Project for Quality Palliative Care.

National Consensus Project for Quality Palliative Care.


N ENGL J MED 2015;373:747-55.
E x p e r i ê n c i a Q u a s e M o r te

Eventos psicológicos profundos com


elementos transcendentais e místicos, ocorrendo
tipicamente em indivíduos próximos a morte ou em
situações de intenso perigo físico ou emocional
Fenomenologia da EQM
(modif Agrillo, 2011)

1. Consciência de estar morto;


2. Aumento do humor: euforia, felicidade, bem-esta, ausência de dor;
3. Experiência extracorporal;
4. Entrada em estrutura semelhante a tunel;
5. Percepção de luz;
6. Percepção de paisagem como paraíso ou infernal;
7. Encontro com parentes falecidos, figuras religiosas ou seres de luz;
8. Retrospecto da vida;
9. Percepção temporal modificada; e
10. Percepção de sons musicais.

Escala de GREYSON (1983): padrão ouro


Escala de Greyson (1983) EQM ≥7 pontos
Pin van Lommel:

“People feel transformed while those around them


remain the same.”
Changes after NDE: “a desire for silence”

ANTES DEPOIS
Sem religião 46% 84%
Valor da religião organizada 36% 20%
Frequência a igreja 38% 20%
Preces 48% 74%
Meditação 12% 60%
Quest. valores espirituais 20% 88%
Guidance 32% 86%

Ausência de medo da morte:


Sutherland: 16% 98%
Grey: 37% 100%
Opdebeeck: 55% 100%

Crença em vida após a morte:


Sutherland: 38% 100%
Grey: 24% 76%
Opdebeeck: 25% 96%
Musgrave: 22% 92%
Dossey L. EXPLORE 2009; 5:127

EXPLORE: The Journal of Science and Healing (Executive Editor)


Era I Era II Era III

Larry Dossey EXPLORE 2009; 5:127


 Prece intercessória a  Prece intercessória próxima
distância (oração com pacientes)
BMJ
Altern Ther Health Med
Am Heart J
Arch Intern Med
10%
8% South Med J
39% 6% J Altern Complement Med
6% MedGenMed

6% Cochrane Database Syst Rev

5% Explore (NY)
4% Acad Med
3% 3%
Arch. clin. psychiatry (São Paulo, Impr.)
2%
2% Nursingconnections
2% 2% Perspect Biol Med
2%
West Indian Med J
Outros

http://brasil.bvs.br Acesso em 10/04/2016


 Desenho do estudo: ECR
 População: pacientes internados em unidades coronarianas
 Intervenção: prece intercessória (PI) diária da admissão até a alta por 3
– 7 intercessores cristãos.
 Tempo de seguimento: 10 meses
 Resultados:
- 393 pacientes randomizados;
- 192 PI e 201 grupo controle;

South Med J Jul 81(7):826-829,1988.


South Med J
Jul 81(7):826-
829,1988.
 Desenho: ECR duplo cego  Desfecho: MAHI-CCU Score

 Intervenção: prece intercessória


diária por 4 semanas.
Intercessores cristãos.

 População: pacientes
consecutivos admitidos em
uma UCI nos EUA

Arch Intern Med. 1999;159:2273 - 2278


Arch Intern Med. 1999;159:2273 - 2278
 Desenho: ECR (piloto)  Desfechos hospitalares:
- isquemia pós ICP
 Intervenções: - morte
- relaxamento
- IAM
- imagem
- Insuf. Cardíaca
- toque terapêutico
- Revascularização de
- oração (8 congregações,
cristãos, judeus, budistas) emergência

 População:  Desfechos após a alta:


- SCA - morte em 6 meses
- ICP eletiva
- CAT eletivo
 Desenho: ECR  Desfecho primário: composto
de MACE na internação + re-
 População: 748 pacientes internação em 6 meses + óbito
submetidos à ICP ou CAT
eletivo em 9 centros nos EUA
 Desfechos secundários:
- MACE em 6 meses
 Intervenções:
- Prece intercessória por 5 – 30 - Readmissão ou morte em 6
dias (cristãos, muçulmanos, meses
judeus e budistas). - Mortalidade em 6 meses
- MIT (musicoterapia, imagem
e toque terapêutico) na MACE: morte, IAM novo, IC nova,
randomização e pré- nova ICP ou CRVM.
intervenção
 Desenho do estudo: ECR - 14 dias, grupos cristãos

 População: Cirurgia de RVM em 6  Desfecho primário: qualquer


centros dos EUA complicação até 30 dias da
cirurgia
 Intervenção:
- PI após ser informado que  Desfechos secundários:
receberia a mesma - qualquer evento maior
- PI após ser informado que - mortalidade
receberia ou não a mesma
- sem PI após ser informado
que receberia ou não a (Am Heart J 2006;151:934-42)
mesma doi:10.1016/j.ahj.2005.05.028
(Am Heart J 2006;151:934-42)
doi:10.1016/j.ahj.2005.05.028
(Am Heart J 2006;151:934-42)
doi:10.1016/j.ahj.2005.05.028
(Am Heart J 2006;151:934-42)
doi:10.1016/j.ahj.2005.05.028
 Desfechos avaliados:
- Mortalidade geral
- Estado clínico geral
- Readmissão em UCI
- Re-internação
- Qualidade de vida
- Satisfação com o tratamento

 Resultados:
- 10 estudos incluídos
- N 7646 pacientes
Cochrane Database of Systematic Reviews
15 APR 2009 DOI: 10.1002/14651858.CD000368.pub3
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD000368.pub3/full#CD000368-fig-0001
Cochrane Database of Systematic Reviews
15 APR 2009 DOI: 10.1002/14651858.CD000368.pub3
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD000368.pub3/full#CD000368-fig-0001
 ECR é o modelo de estudo mais adequado para avaliar o efeito
da PI?

 Oração seria somente mais um remédio?

 Qual seu mecanismo de ação?

 Como controlar a intervenção?

 Como garantir que o estudo de PI seja cego?

 Qual o tempo necessário de seguimento?

 Qual o papel da espiritualidade do paciente?


Robson Pinheiro, Joseph Gleber. in A Alma da Medicina 2014
A C U S AÇÕ ES F E I TA S A G I O R DA N O B R U N O
P E L A I N Q U I S I Ç ÃO R O M A N A

 sustentar opiniões contrárias à fé católica e contestar seus ministros;


 sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre a Trindade, a
divindade de Cristo e a encarnação;
 sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre Jesus como Cristo;
 sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre a virgindade de Maria,
mãe de Jesus;
 sustentar opiniões contrárias à fé católica tanto sobre
a Transubstanciação quanto a Missa;
 reivindicar a existência de uma pluralidade de mundos e suas
eternidades;
 acreditar em metempsicose e na transmigração da alma humana em
brutos, e;
 envolvimento com magia e adivinhação.

Luigi Firpo, Il processo di Giordano Bruno, 1993.


G I O R DA N O B R U N O
• 8 de fevereiro de 1600: último interrogatório pela Inquisição do Santo Ofício
• Condenação à morte, na fogueira.
“MAIORI FORSAN CUM TIMORE SENTENTIAM IN ME FERTIS QUAM EGO ACCIPIAM”
(Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la)
• 17 de fevereiro de 1600: execução.
• Voz calada por um objeto de madeira posto em sua boca

O Julgamento de Giordano Bruno


Relevo em bronze
Ettore Ferrari (Campo de Fiori, Roma)
Monumento Campo de Fiore, Roma (Bronze – Ettore Ferrari, 1889)
Erguido por círculos maçônicos italianos
Max Karl Ernst Ludwig Planck
(1858 – 1947)
Física Quântica (Nobel de Física, 1918)

“Para os crentes, Deus está no princípio das coisas.


Para os cientistas, no final de toda reflexão”

“A ciência é a aproximação progressiva do homem com o mundo real“

“Uma importante inovação científica raramente faz seu caminho


vencendo gradualmente e convertendo seus oponentes: raramente
acontece que 'Saulo' se torne 'Paulo'.

O que realmente acontece é que os seus oponentes morrem


gradualmente e a geração que cresce está familiarizada com a idéia
desde o início” (The philosophy of physics, 1936)
M EDICINA B ASEADA EM E VIDÊNCIA
E E SPIRITUALIDADE :
O QUE TEMOS E PODEMOS
IMPLANTAR NA PRÁTICA CLÍNICA

Dr. Roberto Esporcatte


Prof. Adjunto Cardiologia – FCM UERJ
Coordenador – Unidade Coronariana H. Pró-Cardíaco
Vice-Presidente – GEMCA/DCC/SBC
2016

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